Transcript
Page 1: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

RECUPERACcedilAtildeODO COELHO-BRAVO(Oryctolagus cuniculus)E DA LEBRE(Lepus granatensis)

MANUAL DEBOAS PRAacuteTICASSANITAacuteRIAS

Manual financiado pelo FUNDO FLORESTAL PERMANENTE no acircmbito do Projeto ldquo+COELHO Avaliaccedilatildeo Ecossanitaacuteria das Populaccedilotildees Naturais de Coelho-Bravo visando o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viralrdquo

FICHA TEacuteCNICA

Contribuiccedilotildees

ANPC Joatildeo Carvalho

Ilustraccedilotildees Patriacutecia Francisco

CNCP Fernando Castanheira Pinto

Design graacutefico Sofia Fradique

Ediccedilatildeo Grupo de Trabalho +Coelho (2018)

DGAV Cirila Almeida Helena Maia Maria Rita Amador Neacutelio Cebola Patriacutecia Tavares Santos Rui Valentim Susana Santos

ICNF Ana Hora

Depoacutesito Legal 44587018

FENCACcedilA Jacinto Amaro

Produccedilatildeo GM Artes Graacuteficas Lda

INIAV Carina Carvalho Jacinto Gomes Madalena Monteiro

Coordenaccedilatildeo da Ediccedilatildeo Yolanda Vaz (DGAV) Margarida Duarte (INIAV IP) Moacutenica V Cunha (INIAV IP)

GT +Coelho (2018) Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo (Oryctolagus cuniculus) e da Lebre (Lepus granatensis) Manual de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias Grupo de Trabalho +Coelho Fundo Florestal Permanente

Citaccedilatildeo recomendada

RECUPERACcedilAtildeO DO COELHO-BRAVO (Oryctolagus cuniculus)

E DA LEBRE (Lepus granatensis)

MANUAL DE BOAS PRAacuteTICASSANITAacuteRIAS

2018

PreacircmbuloDefiniccedilotildees1 Introduccedilatildeo2 Doenccedilas importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicaccedilotildees na sauacutede puacuteblica 21 Doenccedilas causadas por viacuterus 211 Mixomatose 212 Doenccedila hemorraacutegica viral do coelho 213 Controlo de doenccedilas virais do coelho 2131 Recomendaccedilotildees para as zonas de caccedila afetadas por doenccedilas virais 2132 Recomendaccedilotildees para a prevenccedilatildeo e controlo de doenccedilas virais nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo 22 Doenccedilas causadas por bacteacuterias 221 Tulareacutemia 222 Pasteurelose 223 Salmonelose 224 Necrobacilose 225 Pseudotuberculose 226 Controlo de doenccedilas bacterianas do coelho 23 Doenccedilas causadas por parasitas 231 Cisticercose 232 Cenurose 233 Hidatidose 234 Coccidiose 235 Sarnas 236 Outras parasitoses 237 Controlo de doenccedilas parasitaacuterias do coelho

467888

101213

14151517181819202121222223242526

IacuteNDICE

24 Doenccedilas causadas por fungos 241 Dermatofitoses 242 Encefalitozoonose 243 Controlo de doenccedilas fuacutengicas3 Boas Praacuteticas do gestor cinegeacutetico e do caccedilador 31 Controlo e prevenccedilatildeo das doenccedilas na gestatildeo dos recursos cinegeacuteticos e no ato venatoacuterio 32 Boas praacuteticas na recolha de amostras bioloacutegicas para diagnoacutestico laboratorial 33 Boas praacuteticas na manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo das carcaccedilas 34 Boas praacuteticas no encaminhamento e eliminaccedilatildeo de animais mortos e subprodutos animais 341 Encaminhamento para unidade de tratamento de subprodutos 342 Enterramento 343 Naturalizaccedilatildeo de exemplares 344 Alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas 35 Cuidados recomendados com os catildees de caccedila4 Consideraccedilotildees finais5 Bibliografia6 Sites consultados7 Legislaccedilatildeo8 Sites de interesse 81 Nacionais 82 Internacionais

272728282929323335363637373838393940414141

O Manual pretende dar resposta agraves duacutevidas e dificuldades sentidas no setor da caccedila facilitar a intervenccedilatildeo de gestores guardas outros teacutecnicos e caccediladores atraveacutes da disponibilizaccedilatildeo de um conjunto de informaccedilotildees e procedimentos praacuteticos e assim contribuir para a recuperaccedilatildeo do coelho-bravo no territoacuterio nacional

O presente Manual tem como objetivo reunir informaccedilatildeo simples e sistematizada sobre as medidas sanitaacuterias recomendadas para a prevenccedilatildeo reduccedilatildeo da disseminaccedilatildeo e controlo dos principais agentes patogeacutenicos que afetam os leporiacutedeos em Portugal com enfacircse para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus)

Assim ao abrigo do Despacho nordm 47572017 de 31 de maio foi criado um Grupo de Trabalho (GT) designado Grupo de Trabalho +Coelho que elaborou e colocou em curso em Portugal um Plano de Accedilatildeo para o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos com o objetivo principal de reverter o decliacutenio preocupante desta espeacutecie

As recomendaccedilotildees e procedimentos aqui compilados enquadram-se nos regulamentos legais listados no final do Manual

Com o aparecimento em Portugal em 2012 da nova variante do viacuterus da doenccedila hemorraacutegica viral (DHV) dos coelhos (RHDV2 ou GI2) que provocou elevada morbilidade e mortalidade do coelho-bravo (tambeacutem designado coelho-europeu) afetando todas as faixas etaacuterias da espeacutecie tornou-se necessaacuterio adotar uma nova estrateacutegia que implementasse e reforccedilasse as medidas de controlo desta doenccedila por forma a diminuir o seu impacto nas populaccedilotildees naturais de coelho

Os objetivos gerais as medidas especiacuteficas e as atividades desenvolvidas no acircmbito do projeto +Coelho podem ser conhecidos em maior detalhe no site do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos)

Algumas medidas deste Plano estatildeo a decorrer desde agosto de 2017 financiadas pelo Fundo Florestal Permanente atraveacutes do Projeto +Coelho Avaliaccedilatildeo Ecossanitaacuteria das Populaccedilotildees Naturais de Coelho-Bravo Visando o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral Este projeto reuacutene parceiros da administraccedilatildeo puacuteblica e da academia em estreita articulaccedilatildeo com as organizaccedilotildees do setor da caccedila (OSC) de primeiro niacutevel e constitui uma nova plataforma conceptual e operacional para a recuperaccedilatildeo do coelho-bravo

O Plano desenvolve-se em trecircs eixos de intervenccedilatildeo nomeadamente Programa de Investigaccedilatildeo Boas Praacuteticas de Gestatildeo e Medidas de Controlo Sanitaacuterio e com uma componente transversal de Comunicaccedilatildeo Sensibilizaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo tendo como objetivos o conhecimento monitorizaccedilatildeo e controlo da mortalidade associada agrave DHV o fomento de populaccedilotildees viaacuteveis e autossustentaacuteveis de coelho-bravo o incremento das populaccedilotildees atraveacutes de praacuteticas de gestatildeo adequadas e integradas e o aumento da consciecircncia social sobre a importacircncia ecoloacutegica do coelho-bravo e implicaccedilotildees das boas praacuteticas de gestatildeo Este Plano prioriza a comunicaccedilatildeo e a disseminaccedilatildeo do conhecimento teacutecnico-cientiacutefico gerado para os proprietaacuterios produtores caccediladores gestores e demais utilizadores do territoacuterio

PREAcircMBULO

4

O Grupo de Trabalho +Coelho eacute coordenado pelo Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV IP) e eacute constituiacutedo por representantes do Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e Florestas (ICNF IP) Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) Ordem dos Meacutedicos Veterinaacuterios (OMV) Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) e Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA)

Este Manual de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias previsto para o primeiro ano de atividades constitui um dos indicadores de execuccedilatildeo do projeto

5

Agente patogeacutenico organismo microscoacutepico ou natildeo capaz de produzir doenccedila numa determinada espeacutecie hospedeira Pode ser um viacuterus uma bacteacuteria um fungo ou um parasita

Agente zoonoacutetico organismo patogeacutenico que afeta animais e que pode ser transmissiacutevel ao Homem (ou vice-versa)

Caccedila menor no acircmbito deste Manual refere-se aos lagomorfos cinegeacuteticos especificamente ao coelho-bravo e agrave lebre

Cadaacutever corpo do animal por morte no decurso de doenccedila ou por outras causas que natildeo a caccedila

Carcaccedila corpo de um animal depois do abate e da preparaccedilatildeo (evisceraccedilatildeo remoccedilatildeo das extremidades dos membros e da cabeccedila)

Consumo domeacutestico privado (autoconsumo) Consumo (de peccedilas de caccedila) pelo proacuteprio caccedilador eou seu agregado familiar

Espeacutecies cinegeacuteticas espeacutecies de ungulados carniacutevoros lagomorfos aves sedentaacuterias e aves migradoras ou parcialmente migradoras identificadas no anexo I do Decreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto na sua versatildeo atual

Exame inicial exame macroscoacutepico das peccedilas de caccedila apoacutes o abate em ato venatoacuterio por indiviacuteduo devidamente formado em sanidade e higiene da carne de caccedila

Estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem estabelecimento aprovado pela DGAV em que as peccedilas de caccedila apoacutes o ato venatoacuterio satildeo preparadas e sujeitas a inspeccedilatildeo post-mortem com vista agrave sua colocaccedilatildeo no mercado ou ao consumo domeacutestico privado

Peccedila de caccedila corpo de um animal depois do abate e antes da preparaccedilatildeo

Pessoa devidamente formada para efetuar o exame inicial Caccedilador Guarda de Recursos Florestais ou Gestor Cinegeacutetico que frequentaram um curso de formaccedilatildeo especiacutefica em sanidade e higiene dos produtos de origem animal de espeacutecies cinegeacuteticas aprovado pela DGAV

selvagem atraveacutes de curso reconhecido pela autoridade competente (DGAV) para identificar eventuais alteraccedilotildees comportamentais das espeacutecies cinegeacuteticas antes do abate eou alteraccedilotildees das caracteriacutesticas das peccedilas de caccedila devido a doenccedilas contaminaccedilatildeo ambiental ou outros fatores que possam constituir risco sanitaacuterio e afetar a sauacutede humana pela manipulaccedilatildeo ou pelo consumo

Viacutesceras oacutergatildeos das cavidades toraacutecica abdominal e peacutelvica bem como a traqueia e o esoacutefago

DEFINICcedilOtildeES (no acircmbito do presente Guia)

6

Aspeto dos oacutergatildeos da cavidade abdominalde um coelho-bravo saudaacutevel (foto INIAV)

A legislaccedilatildeo comunitaacuteria reconhece-o e determina que sejam estabelecidas Boas Praacuteticas na produccedilatildeo primaacuteria de geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

No sentido de assegurar uma melhor sauacutede das espeacutecies cinegeacuteticas e a qualidade da carne de caccedila as Boas Praacuteticas devem ser divulgadas a todos os sistemas econoacutemicos e agentes associados direta e indiretamente agrave atividade cinegeacutetica

A implementaccedilatildeo de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias constitui uma ferramenta muito importante na prevenccedilatildeo e autocontrolo dos riscos alimentares A higiene e a sanidade da carne de coelho-bravo e de lebre assumem particular relevacircncia uma vez que satildeo muito apreciadas e consumidas pelos Portugueses

A alimentaccedilatildeo a sanidade e o maneio dos animais de espeacutecies pecuaacuterias e cinegeacuteticas satildeo determinantes da qualidade e da seguranccedila dos produtos finais destinados ao consumidor

Tambeacutem no caso das espeacutecies cinegeacuteticas a colocaccedilatildeo da carne de caccedila selvagem no mercado ou o consumo domeacutestico privado estatildeo sujeitos a regras legislaccedilatildeo e disposiccedilotildees administrativas especiacuteficas relativas agraves condiccedilotildees de higiene e de sauacutede puacuteblica e sanidade animal

As qualidades nutricionais da carne de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) e de lebre (Lepus granatensis) duas das espeacutecies cinegeacuteticas mais importantes no quadro venatoacuterio nacional e Ibeacuterico estatildeo diretamente ligadas agrave sauacutede dos animais que lhe deram origem pelo que desta depende a resposta agraves expetativas do consumidor final

O coelho-bravo eacute originaacuterio da Peniacutensula Ibeacuterica No passado a densidade populacional desta espeacutecie no nosso territoacuterio era elevada havendo registos de visualizaccedilatildeo de ateacute 40 coelhos por hectare Nas uacuteltimas deacutecadas e em especial nos uacuteltimos anos as populaccedilotildees de coelho-bravo sofreram uma diminuiccedilatildeo acentuada quer em nuacutemero quer em distribuiccedilatildeo geograacutefica Estima-se que atualmente subsista apenas 5 a 10 do tamanho da populaccedilatildeo que existia haacute 50 anos atraacutes Em Portugal e Espanha o coelho-bravo eacute uma das espeacutecies chave dos ecossistemas mediterracircnicos sendo uma das principais presas de pelo menos 27 espeacutecies de aves de rapina 11 espeacutecies de carniacutevoros e 2 espeacutecies de serpentes Entre estas destacam-se algumas espeacutecies emblemaacuteticas como o lince-ibeacuterico (Lynx pardinus) e a aacuteguia-imperial (Aquila adalberti) ambos com estatuto de conservaccedilatildeo ameaccedilado em parte devido agrave diminuiccedilatildeo draacutestica da abundacircncia da principal espeacutecie-presa o coelho-bravo

Torna-se assim fundamental recuperar e manter o equiliacutebrio de alguns ecossistemas adequados ao coelho-bravo em Portugal dos quais depende a sobrevivecircncia desta espeacutecie emblemaacutetica cujo estatuto atual de conservaccedilatildeo eacute de quase ameaccedilado (NT) muito resultante da emergecircncia de um novo viacuterus da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (RHDV2 ou GI2)

O decliacutenio das populaccedilotildees de coelho-bravo deve-se a um conjunto de fatores tais como a perturbaccedilatildeo humana a perda de habitat e sua fragmentaccedilatildeo resultantes da alteraccedilatildeo das praacuteticas de pecuaacuteria agricultura e silvicultura da desertificaccedilatildeo do mundo rural dos incecircndios rurais do desajuste da pressatildeo cinegeacutetica e principalmente das epizootias causadas pelos viacuterus da Mixomatose e da DHV

1 INTRODUCcedilAtildeO

7

As principais doenccedilas que afetam os leporiacutedeos satildeo a Mixomatose a Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) e a Tulareacutemia As primeiras de etiologia viral tecircm causado uma diminuiccedilatildeo alarmante das populaccedilotildees de coelho-bravo em Portugal e de um modo geral em toda a Peniacutensula Ibeacuterica A mixomatose tem sido raramente reportada em lebres e a doenccedila hemorraacutegica viral dos coelhos natildeo foi ateacute agrave data observada na espeacutecie de lebre que existe em Portugal (Lepus granatensis) embora outras espeacutecies existentes na Europa (por exemplo a lebre-castanha - Lepus europaeus) desenvolvam doenccedila semelhante agrave registada no coelho-bravo A relevacircncia da Tulareacutemia uma doenccedila de origem bacteriana que afeta a principalmente a lebre mas tambeacutem o coelho e outras espeacutecies prende-se com o risco para a sauacutede puacuteblica dado o seu caraacuteter zoonoacutetico Podem ainda ocorrer no coelho e na lebre doenccedilas parasitaacuterias como a Cisticercose a Coccidiose a Sarna e a Hidatidose ou doenccedilas causadas por fungos como as Dermatofitoses

DOENCcedilAS IMPORTANTES PARA O COELHO-BRAVOE A LEBRE E IMPLICACcedilOtildeES NA SAUacuteDE PUacuteBLICA 2

8

O viacuterus da Mixomatose eacute transmitido por via direta atraveacutes do contato com coelhos doentes ou por via indireta atraveacutes de vetores artroacutepodes (mosquitos pulgas carraccedilas ou piolhos) que proporcionam uma transmissatildeo mecacircnica do viacuterus ou ainda atraveacutes do contacto com jaulas agulhas comedouros ou alimentos contaminados por excreccedilotildees e exsudados nasais e lacrimais de animais infetados

Trata-se de uma doenccedila de etiologia viral altamente contagiosa causada pelo viacuterus da Mixomatose pertencente agrave famiacutelia Poxviridae Quando infetados os coelhos desenvolvem doenccedila que pode ser fatal A lebre quando infetada raramente apresenta sintomatologia sendo essencialmente portadora do viacuterus No entanto recentemente (VeratildeoOutono de 2018) tem sido reportada em Portugal e Espanha a ocorrecircncia de mortalidade de lebres exibindo mixomas inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras

211 MIXOMATOSE21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Esta doenccedila provoca elevados prejuiacutezos econoacutemicos e ambientais As taxas de mortalidade registadas inicialmente chegaram a ser de 99 tendo a virulecircncia do agente vindo a diminuir progressivamente como resultado da coevoluccedilatildeo viacuterus-hospedeiro desempenhando algumas estirpes menos virulentas um papel fundamental na aquisiccedilatildeo de imunidade funcionando como vacinas naturais Apesar da diminuiccedilatildeo da incidecircncia da Mixomatose esta doenccedila eacute ainda responsaacutevel direta ou indiretamente pela morte de cerca de 35 dos coelhos mais jovens uma vez que facilita a predaccedilatildeo dos animais debilitados pela infeccedilatildeo

A Mixomatose ocorre em surtos epideacutemicos anuais dependendo do clima da regiatildeo e da distribuiccedilatildeo e densidade de insetos vetores presentes Os meses mais quentes e huacutemidos (primavera veratildeo e outono) satildeo os periacuteodos de maior risco

211 MIXOMATOSE

9

Figura 1 - MixomatoseNoacutedulos nos pavilhotildees auriculares (foto INIAV)

Figura 2 - Mixomatose Corrimento ocular purulentoinflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (foto DGAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A doenccedila pode apresentar-se nas formas nodular ou respiratoacuteria (amiotomatosa) caracterizando-se respetivamente pela formaccedilatildeo de noacutedulos macroscoacutepicos na pele (mixomas) (Figura 1) e por dispneia (dificuldades respiratoacuterias) devido a edema do pulmatildeo Na forma nodular claacutessica os principais sinais incluem conjuntivite com corrimento ocular fluido ou purulento inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (Figura 2) orelhas laacutebios e focinho (cabeccedila inchada) inflamaccedilatildeo e edema do acircnus e vulva e tumefaccedilatildeo do escroto (Figura 3) Devido ao edema das vias respiratoacuterias os animais podem tambeacutem apresentar dispneia Outros sinais satildeo febre baixa emagrecimento e esplenomegalia (aumento do baccedilo) A morte ocorre geralmente ao fim de 8 a 15 dias apoacutes o aparecimento dos primeiros sinaisQuando o animal sobrevive agrave infeccedilatildeo persistem noacutedulos fibroacuteticos no focinho orelhas e patas dianteiras durante vaacuterias semanas que desaparecem ao fim de algum tempo Na forma respiratoacuteria os mixomas podem ser de reduzida dimensatildeo e passar despercebidos

Figura 3 - MixomatoseEdema na regiatildeo ano-genital (foto INIAV)

por exposiccedilatildeo a cadaacuteveres de animais infetados e tambeacutem por transmissatildeo indireta quer por insetos aves e mamiacuteferos que podem atuar como vetores mecacircnicos importantes quer atraveacutes de veiacuteculos equipamento utensiacutelios camas alimentos e aacutegua contaminados O Homem pode tambeacutem desempenhar um papel importante na disseminaccedilatildeo da doenccedila nomeadamente atraveacutes de repovoamentos com animais infetados introduzindo assim o viacuterus em novos locais

O sinal cliacutenico mais evidente da infeccedilatildeo por RHDV2 eacute a morte suacutebita e raacutepida (periacuteodo de incubaccedilatildeo de 24-72 horas) dos coelhos adultos e jovens Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz (epistaxis Figura 4) boca e acircnus As lesotildees internas podem incluir edema hemorragia e congestatildeo da traqueia (Figura 5)e pulmatildeo (pneumonia hemorraacutegica Figura 6) hemorragias generalizadas em vaacuterios oacutergatildeos (baccedilo coraccedilatildeo e tecido linfaacutetico) e focos de necrose no fiacutegado com descoloraccedilatildeo deste oacutergatildeo (Figura 7)

Devido agrave sua elevada mortalidade (50 a 100) a DHV eacute considerada atualmente o principal fator responsaacutevel pela elevada reduccedilatildeo do coelho-bravo na Peniacutensula Ibeacuterica contribuindo para o desequiliacutebrio do ecossistema mediterracircnico e exercendo efeitos em cascata nomeadamente sobre as espeacutecies predadoras do coelho-bravo

Para aleacutem do coelho domeacutestico e do coelho-bravo foi descrita a infeccedilatildeo de algumas espeacutecies de lebre por RHDV2

A transmissatildeo ocorre atraveacutes do contacto direto com coelhos infetados (via oral conjuntival e respiratoacuteria) ou

A Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) eacute uma doenccedila altamente contagiosa provocada por um Lagovirus da famiacutelia Caliciviridae (RHDV) que foi identificado pela primeira vez na China em 1984

Em 1986 surge na Europa disseminando-se rapidamente a partir de 1988 tendo sido nesse ano identificada pela primeira vez em Portugal Atualmente a doenccedila eacute endeacutemica em quase todo o mundo

Uma nova variante do viacuterus (RHDV2 atualmente designada por GI2) altamente contagiosa foi detetada em 2010 em Franccedila em 2011 em Espanha e em 2012 em Portugal nas regiotildees Norte (Valpaccedilos) Alentejo (Barrancos) e Algarve causando elevada morbilidade e mortalidade afetando os coelhos de todas as faixas etaacuterias tanto domeacutesticos como selvagens

Desde entatildeo disseminou-se por toda a Europa Austraacutelia Aacutefrica e Canadaacute substituindo as estirpes existentes na maioria dos paiacuteses onde emergiu

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 4 ndash DHVSangue nas narinas (Epistaxis) (foto INIAV)

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

10

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 2: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

Manual financiado pelo FUNDO FLORESTAL PERMANENTE no acircmbito do Projeto ldquo+COELHO Avaliaccedilatildeo Ecossanitaacuteria das Populaccedilotildees Naturais de Coelho-Bravo visando o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viralrdquo

FICHA TEacuteCNICA

Contribuiccedilotildees

ANPC Joatildeo Carvalho

Ilustraccedilotildees Patriacutecia Francisco

CNCP Fernando Castanheira Pinto

Design graacutefico Sofia Fradique

Ediccedilatildeo Grupo de Trabalho +Coelho (2018)

DGAV Cirila Almeida Helena Maia Maria Rita Amador Neacutelio Cebola Patriacutecia Tavares Santos Rui Valentim Susana Santos

ICNF Ana Hora

Depoacutesito Legal 44587018

FENCACcedilA Jacinto Amaro

Produccedilatildeo GM Artes Graacuteficas Lda

INIAV Carina Carvalho Jacinto Gomes Madalena Monteiro

Coordenaccedilatildeo da Ediccedilatildeo Yolanda Vaz (DGAV) Margarida Duarte (INIAV IP) Moacutenica V Cunha (INIAV IP)

GT +Coelho (2018) Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo (Oryctolagus cuniculus) e da Lebre (Lepus granatensis) Manual de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias Grupo de Trabalho +Coelho Fundo Florestal Permanente

Citaccedilatildeo recomendada

RECUPERACcedilAtildeO DO COELHO-BRAVO (Oryctolagus cuniculus)

E DA LEBRE (Lepus granatensis)

MANUAL DE BOAS PRAacuteTICASSANITAacuteRIAS

2018

PreacircmbuloDefiniccedilotildees1 Introduccedilatildeo2 Doenccedilas importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicaccedilotildees na sauacutede puacuteblica 21 Doenccedilas causadas por viacuterus 211 Mixomatose 212 Doenccedila hemorraacutegica viral do coelho 213 Controlo de doenccedilas virais do coelho 2131 Recomendaccedilotildees para as zonas de caccedila afetadas por doenccedilas virais 2132 Recomendaccedilotildees para a prevenccedilatildeo e controlo de doenccedilas virais nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo 22 Doenccedilas causadas por bacteacuterias 221 Tulareacutemia 222 Pasteurelose 223 Salmonelose 224 Necrobacilose 225 Pseudotuberculose 226 Controlo de doenccedilas bacterianas do coelho 23 Doenccedilas causadas por parasitas 231 Cisticercose 232 Cenurose 233 Hidatidose 234 Coccidiose 235 Sarnas 236 Outras parasitoses 237 Controlo de doenccedilas parasitaacuterias do coelho

467888

101213

14151517181819202121222223242526

IacuteNDICE

24 Doenccedilas causadas por fungos 241 Dermatofitoses 242 Encefalitozoonose 243 Controlo de doenccedilas fuacutengicas3 Boas Praacuteticas do gestor cinegeacutetico e do caccedilador 31 Controlo e prevenccedilatildeo das doenccedilas na gestatildeo dos recursos cinegeacuteticos e no ato venatoacuterio 32 Boas praacuteticas na recolha de amostras bioloacutegicas para diagnoacutestico laboratorial 33 Boas praacuteticas na manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo das carcaccedilas 34 Boas praacuteticas no encaminhamento e eliminaccedilatildeo de animais mortos e subprodutos animais 341 Encaminhamento para unidade de tratamento de subprodutos 342 Enterramento 343 Naturalizaccedilatildeo de exemplares 344 Alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas 35 Cuidados recomendados com os catildees de caccedila4 Consideraccedilotildees finais5 Bibliografia6 Sites consultados7 Legislaccedilatildeo8 Sites de interesse 81 Nacionais 82 Internacionais

272728282929323335363637373838393940414141

O Manual pretende dar resposta agraves duacutevidas e dificuldades sentidas no setor da caccedila facilitar a intervenccedilatildeo de gestores guardas outros teacutecnicos e caccediladores atraveacutes da disponibilizaccedilatildeo de um conjunto de informaccedilotildees e procedimentos praacuteticos e assim contribuir para a recuperaccedilatildeo do coelho-bravo no territoacuterio nacional

O presente Manual tem como objetivo reunir informaccedilatildeo simples e sistematizada sobre as medidas sanitaacuterias recomendadas para a prevenccedilatildeo reduccedilatildeo da disseminaccedilatildeo e controlo dos principais agentes patogeacutenicos que afetam os leporiacutedeos em Portugal com enfacircse para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus)

Assim ao abrigo do Despacho nordm 47572017 de 31 de maio foi criado um Grupo de Trabalho (GT) designado Grupo de Trabalho +Coelho que elaborou e colocou em curso em Portugal um Plano de Accedilatildeo para o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos com o objetivo principal de reverter o decliacutenio preocupante desta espeacutecie

As recomendaccedilotildees e procedimentos aqui compilados enquadram-se nos regulamentos legais listados no final do Manual

Com o aparecimento em Portugal em 2012 da nova variante do viacuterus da doenccedila hemorraacutegica viral (DHV) dos coelhos (RHDV2 ou GI2) que provocou elevada morbilidade e mortalidade do coelho-bravo (tambeacutem designado coelho-europeu) afetando todas as faixas etaacuterias da espeacutecie tornou-se necessaacuterio adotar uma nova estrateacutegia que implementasse e reforccedilasse as medidas de controlo desta doenccedila por forma a diminuir o seu impacto nas populaccedilotildees naturais de coelho

Os objetivos gerais as medidas especiacuteficas e as atividades desenvolvidas no acircmbito do projeto +Coelho podem ser conhecidos em maior detalhe no site do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos)

Algumas medidas deste Plano estatildeo a decorrer desde agosto de 2017 financiadas pelo Fundo Florestal Permanente atraveacutes do Projeto +Coelho Avaliaccedilatildeo Ecossanitaacuteria das Populaccedilotildees Naturais de Coelho-Bravo Visando o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral Este projeto reuacutene parceiros da administraccedilatildeo puacuteblica e da academia em estreita articulaccedilatildeo com as organizaccedilotildees do setor da caccedila (OSC) de primeiro niacutevel e constitui uma nova plataforma conceptual e operacional para a recuperaccedilatildeo do coelho-bravo

O Plano desenvolve-se em trecircs eixos de intervenccedilatildeo nomeadamente Programa de Investigaccedilatildeo Boas Praacuteticas de Gestatildeo e Medidas de Controlo Sanitaacuterio e com uma componente transversal de Comunicaccedilatildeo Sensibilizaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo tendo como objetivos o conhecimento monitorizaccedilatildeo e controlo da mortalidade associada agrave DHV o fomento de populaccedilotildees viaacuteveis e autossustentaacuteveis de coelho-bravo o incremento das populaccedilotildees atraveacutes de praacuteticas de gestatildeo adequadas e integradas e o aumento da consciecircncia social sobre a importacircncia ecoloacutegica do coelho-bravo e implicaccedilotildees das boas praacuteticas de gestatildeo Este Plano prioriza a comunicaccedilatildeo e a disseminaccedilatildeo do conhecimento teacutecnico-cientiacutefico gerado para os proprietaacuterios produtores caccediladores gestores e demais utilizadores do territoacuterio

PREAcircMBULO

4

O Grupo de Trabalho +Coelho eacute coordenado pelo Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV IP) e eacute constituiacutedo por representantes do Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e Florestas (ICNF IP) Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) Ordem dos Meacutedicos Veterinaacuterios (OMV) Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) e Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA)

Este Manual de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias previsto para o primeiro ano de atividades constitui um dos indicadores de execuccedilatildeo do projeto

5

Agente patogeacutenico organismo microscoacutepico ou natildeo capaz de produzir doenccedila numa determinada espeacutecie hospedeira Pode ser um viacuterus uma bacteacuteria um fungo ou um parasita

Agente zoonoacutetico organismo patogeacutenico que afeta animais e que pode ser transmissiacutevel ao Homem (ou vice-versa)

Caccedila menor no acircmbito deste Manual refere-se aos lagomorfos cinegeacuteticos especificamente ao coelho-bravo e agrave lebre

Cadaacutever corpo do animal por morte no decurso de doenccedila ou por outras causas que natildeo a caccedila

Carcaccedila corpo de um animal depois do abate e da preparaccedilatildeo (evisceraccedilatildeo remoccedilatildeo das extremidades dos membros e da cabeccedila)

Consumo domeacutestico privado (autoconsumo) Consumo (de peccedilas de caccedila) pelo proacuteprio caccedilador eou seu agregado familiar

Espeacutecies cinegeacuteticas espeacutecies de ungulados carniacutevoros lagomorfos aves sedentaacuterias e aves migradoras ou parcialmente migradoras identificadas no anexo I do Decreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto na sua versatildeo atual

Exame inicial exame macroscoacutepico das peccedilas de caccedila apoacutes o abate em ato venatoacuterio por indiviacuteduo devidamente formado em sanidade e higiene da carne de caccedila

Estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem estabelecimento aprovado pela DGAV em que as peccedilas de caccedila apoacutes o ato venatoacuterio satildeo preparadas e sujeitas a inspeccedilatildeo post-mortem com vista agrave sua colocaccedilatildeo no mercado ou ao consumo domeacutestico privado

Peccedila de caccedila corpo de um animal depois do abate e antes da preparaccedilatildeo

Pessoa devidamente formada para efetuar o exame inicial Caccedilador Guarda de Recursos Florestais ou Gestor Cinegeacutetico que frequentaram um curso de formaccedilatildeo especiacutefica em sanidade e higiene dos produtos de origem animal de espeacutecies cinegeacuteticas aprovado pela DGAV

selvagem atraveacutes de curso reconhecido pela autoridade competente (DGAV) para identificar eventuais alteraccedilotildees comportamentais das espeacutecies cinegeacuteticas antes do abate eou alteraccedilotildees das caracteriacutesticas das peccedilas de caccedila devido a doenccedilas contaminaccedilatildeo ambiental ou outros fatores que possam constituir risco sanitaacuterio e afetar a sauacutede humana pela manipulaccedilatildeo ou pelo consumo

Viacutesceras oacutergatildeos das cavidades toraacutecica abdominal e peacutelvica bem como a traqueia e o esoacutefago

DEFINICcedilOtildeES (no acircmbito do presente Guia)

6

Aspeto dos oacutergatildeos da cavidade abdominalde um coelho-bravo saudaacutevel (foto INIAV)

A legislaccedilatildeo comunitaacuteria reconhece-o e determina que sejam estabelecidas Boas Praacuteticas na produccedilatildeo primaacuteria de geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

No sentido de assegurar uma melhor sauacutede das espeacutecies cinegeacuteticas e a qualidade da carne de caccedila as Boas Praacuteticas devem ser divulgadas a todos os sistemas econoacutemicos e agentes associados direta e indiretamente agrave atividade cinegeacutetica

A implementaccedilatildeo de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias constitui uma ferramenta muito importante na prevenccedilatildeo e autocontrolo dos riscos alimentares A higiene e a sanidade da carne de coelho-bravo e de lebre assumem particular relevacircncia uma vez que satildeo muito apreciadas e consumidas pelos Portugueses

A alimentaccedilatildeo a sanidade e o maneio dos animais de espeacutecies pecuaacuterias e cinegeacuteticas satildeo determinantes da qualidade e da seguranccedila dos produtos finais destinados ao consumidor

Tambeacutem no caso das espeacutecies cinegeacuteticas a colocaccedilatildeo da carne de caccedila selvagem no mercado ou o consumo domeacutestico privado estatildeo sujeitos a regras legislaccedilatildeo e disposiccedilotildees administrativas especiacuteficas relativas agraves condiccedilotildees de higiene e de sauacutede puacuteblica e sanidade animal

As qualidades nutricionais da carne de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) e de lebre (Lepus granatensis) duas das espeacutecies cinegeacuteticas mais importantes no quadro venatoacuterio nacional e Ibeacuterico estatildeo diretamente ligadas agrave sauacutede dos animais que lhe deram origem pelo que desta depende a resposta agraves expetativas do consumidor final

O coelho-bravo eacute originaacuterio da Peniacutensula Ibeacuterica No passado a densidade populacional desta espeacutecie no nosso territoacuterio era elevada havendo registos de visualizaccedilatildeo de ateacute 40 coelhos por hectare Nas uacuteltimas deacutecadas e em especial nos uacuteltimos anos as populaccedilotildees de coelho-bravo sofreram uma diminuiccedilatildeo acentuada quer em nuacutemero quer em distribuiccedilatildeo geograacutefica Estima-se que atualmente subsista apenas 5 a 10 do tamanho da populaccedilatildeo que existia haacute 50 anos atraacutes Em Portugal e Espanha o coelho-bravo eacute uma das espeacutecies chave dos ecossistemas mediterracircnicos sendo uma das principais presas de pelo menos 27 espeacutecies de aves de rapina 11 espeacutecies de carniacutevoros e 2 espeacutecies de serpentes Entre estas destacam-se algumas espeacutecies emblemaacuteticas como o lince-ibeacuterico (Lynx pardinus) e a aacuteguia-imperial (Aquila adalberti) ambos com estatuto de conservaccedilatildeo ameaccedilado em parte devido agrave diminuiccedilatildeo draacutestica da abundacircncia da principal espeacutecie-presa o coelho-bravo

Torna-se assim fundamental recuperar e manter o equiliacutebrio de alguns ecossistemas adequados ao coelho-bravo em Portugal dos quais depende a sobrevivecircncia desta espeacutecie emblemaacutetica cujo estatuto atual de conservaccedilatildeo eacute de quase ameaccedilado (NT) muito resultante da emergecircncia de um novo viacuterus da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (RHDV2 ou GI2)

O decliacutenio das populaccedilotildees de coelho-bravo deve-se a um conjunto de fatores tais como a perturbaccedilatildeo humana a perda de habitat e sua fragmentaccedilatildeo resultantes da alteraccedilatildeo das praacuteticas de pecuaacuteria agricultura e silvicultura da desertificaccedilatildeo do mundo rural dos incecircndios rurais do desajuste da pressatildeo cinegeacutetica e principalmente das epizootias causadas pelos viacuterus da Mixomatose e da DHV

1 INTRODUCcedilAtildeO

7

As principais doenccedilas que afetam os leporiacutedeos satildeo a Mixomatose a Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) e a Tulareacutemia As primeiras de etiologia viral tecircm causado uma diminuiccedilatildeo alarmante das populaccedilotildees de coelho-bravo em Portugal e de um modo geral em toda a Peniacutensula Ibeacuterica A mixomatose tem sido raramente reportada em lebres e a doenccedila hemorraacutegica viral dos coelhos natildeo foi ateacute agrave data observada na espeacutecie de lebre que existe em Portugal (Lepus granatensis) embora outras espeacutecies existentes na Europa (por exemplo a lebre-castanha - Lepus europaeus) desenvolvam doenccedila semelhante agrave registada no coelho-bravo A relevacircncia da Tulareacutemia uma doenccedila de origem bacteriana que afeta a principalmente a lebre mas tambeacutem o coelho e outras espeacutecies prende-se com o risco para a sauacutede puacuteblica dado o seu caraacuteter zoonoacutetico Podem ainda ocorrer no coelho e na lebre doenccedilas parasitaacuterias como a Cisticercose a Coccidiose a Sarna e a Hidatidose ou doenccedilas causadas por fungos como as Dermatofitoses

DOENCcedilAS IMPORTANTES PARA O COELHO-BRAVOE A LEBRE E IMPLICACcedilOtildeES NA SAUacuteDE PUacuteBLICA 2

8

O viacuterus da Mixomatose eacute transmitido por via direta atraveacutes do contato com coelhos doentes ou por via indireta atraveacutes de vetores artroacutepodes (mosquitos pulgas carraccedilas ou piolhos) que proporcionam uma transmissatildeo mecacircnica do viacuterus ou ainda atraveacutes do contacto com jaulas agulhas comedouros ou alimentos contaminados por excreccedilotildees e exsudados nasais e lacrimais de animais infetados

Trata-se de uma doenccedila de etiologia viral altamente contagiosa causada pelo viacuterus da Mixomatose pertencente agrave famiacutelia Poxviridae Quando infetados os coelhos desenvolvem doenccedila que pode ser fatal A lebre quando infetada raramente apresenta sintomatologia sendo essencialmente portadora do viacuterus No entanto recentemente (VeratildeoOutono de 2018) tem sido reportada em Portugal e Espanha a ocorrecircncia de mortalidade de lebres exibindo mixomas inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras

211 MIXOMATOSE21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Esta doenccedila provoca elevados prejuiacutezos econoacutemicos e ambientais As taxas de mortalidade registadas inicialmente chegaram a ser de 99 tendo a virulecircncia do agente vindo a diminuir progressivamente como resultado da coevoluccedilatildeo viacuterus-hospedeiro desempenhando algumas estirpes menos virulentas um papel fundamental na aquisiccedilatildeo de imunidade funcionando como vacinas naturais Apesar da diminuiccedilatildeo da incidecircncia da Mixomatose esta doenccedila eacute ainda responsaacutevel direta ou indiretamente pela morte de cerca de 35 dos coelhos mais jovens uma vez que facilita a predaccedilatildeo dos animais debilitados pela infeccedilatildeo

A Mixomatose ocorre em surtos epideacutemicos anuais dependendo do clima da regiatildeo e da distribuiccedilatildeo e densidade de insetos vetores presentes Os meses mais quentes e huacutemidos (primavera veratildeo e outono) satildeo os periacuteodos de maior risco

211 MIXOMATOSE

9

Figura 1 - MixomatoseNoacutedulos nos pavilhotildees auriculares (foto INIAV)

Figura 2 - Mixomatose Corrimento ocular purulentoinflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (foto DGAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A doenccedila pode apresentar-se nas formas nodular ou respiratoacuteria (amiotomatosa) caracterizando-se respetivamente pela formaccedilatildeo de noacutedulos macroscoacutepicos na pele (mixomas) (Figura 1) e por dispneia (dificuldades respiratoacuterias) devido a edema do pulmatildeo Na forma nodular claacutessica os principais sinais incluem conjuntivite com corrimento ocular fluido ou purulento inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (Figura 2) orelhas laacutebios e focinho (cabeccedila inchada) inflamaccedilatildeo e edema do acircnus e vulva e tumefaccedilatildeo do escroto (Figura 3) Devido ao edema das vias respiratoacuterias os animais podem tambeacutem apresentar dispneia Outros sinais satildeo febre baixa emagrecimento e esplenomegalia (aumento do baccedilo) A morte ocorre geralmente ao fim de 8 a 15 dias apoacutes o aparecimento dos primeiros sinaisQuando o animal sobrevive agrave infeccedilatildeo persistem noacutedulos fibroacuteticos no focinho orelhas e patas dianteiras durante vaacuterias semanas que desaparecem ao fim de algum tempo Na forma respiratoacuteria os mixomas podem ser de reduzida dimensatildeo e passar despercebidos

Figura 3 - MixomatoseEdema na regiatildeo ano-genital (foto INIAV)

por exposiccedilatildeo a cadaacuteveres de animais infetados e tambeacutem por transmissatildeo indireta quer por insetos aves e mamiacuteferos que podem atuar como vetores mecacircnicos importantes quer atraveacutes de veiacuteculos equipamento utensiacutelios camas alimentos e aacutegua contaminados O Homem pode tambeacutem desempenhar um papel importante na disseminaccedilatildeo da doenccedila nomeadamente atraveacutes de repovoamentos com animais infetados introduzindo assim o viacuterus em novos locais

O sinal cliacutenico mais evidente da infeccedilatildeo por RHDV2 eacute a morte suacutebita e raacutepida (periacuteodo de incubaccedilatildeo de 24-72 horas) dos coelhos adultos e jovens Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz (epistaxis Figura 4) boca e acircnus As lesotildees internas podem incluir edema hemorragia e congestatildeo da traqueia (Figura 5)e pulmatildeo (pneumonia hemorraacutegica Figura 6) hemorragias generalizadas em vaacuterios oacutergatildeos (baccedilo coraccedilatildeo e tecido linfaacutetico) e focos de necrose no fiacutegado com descoloraccedilatildeo deste oacutergatildeo (Figura 7)

Devido agrave sua elevada mortalidade (50 a 100) a DHV eacute considerada atualmente o principal fator responsaacutevel pela elevada reduccedilatildeo do coelho-bravo na Peniacutensula Ibeacuterica contribuindo para o desequiliacutebrio do ecossistema mediterracircnico e exercendo efeitos em cascata nomeadamente sobre as espeacutecies predadoras do coelho-bravo

Para aleacutem do coelho domeacutestico e do coelho-bravo foi descrita a infeccedilatildeo de algumas espeacutecies de lebre por RHDV2

A transmissatildeo ocorre atraveacutes do contacto direto com coelhos infetados (via oral conjuntival e respiratoacuteria) ou

A Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) eacute uma doenccedila altamente contagiosa provocada por um Lagovirus da famiacutelia Caliciviridae (RHDV) que foi identificado pela primeira vez na China em 1984

Em 1986 surge na Europa disseminando-se rapidamente a partir de 1988 tendo sido nesse ano identificada pela primeira vez em Portugal Atualmente a doenccedila eacute endeacutemica em quase todo o mundo

Uma nova variante do viacuterus (RHDV2 atualmente designada por GI2) altamente contagiosa foi detetada em 2010 em Franccedila em 2011 em Espanha e em 2012 em Portugal nas regiotildees Norte (Valpaccedilos) Alentejo (Barrancos) e Algarve causando elevada morbilidade e mortalidade afetando os coelhos de todas as faixas etaacuterias tanto domeacutesticos como selvagens

Desde entatildeo disseminou-se por toda a Europa Austraacutelia Aacutefrica e Canadaacute substituindo as estirpes existentes na maioria dos paiacuteses onde emergiu

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 4 ndash DHVSangue nas narinas (Epistaxis) (foto INIAV)

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

10

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 3: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

RECUPERACcedilAtildeO DO COELHO-BRAVO (Oryctolagus cuniculus)

E DA LEBRE (Lepus granatensis)

MANUAL DE BOAS PRAacuteTICASSANITAacuteRIAS

2018

PreacircmbuloDefiniccedilotildees1 Introduccedilatildeo2 Doenccedilas importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicaccedilotildees na sauacutede puacuteblica 21 Doenccedilas causadas por viacuterus 211 Mixomatose 212 Doenccedila hemorraacutegica viral do coelho 213 Controlo de doenccedilas virais do coelho 2131 Recomendaccedilotildees para as zonas de caccedila afetadas por doenccedilas virais 2132 Recomendaccedilotildees para a prevenccedilatildeo e controlo de doenccedilas virais nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo 22 Doenccedilas causadas por bacteacuterias 221 Tulareacutemia 222 Pasteurelose 223 Salmonelose 224 Necrobacilose 225 Pseudotuberculose 226 Controlo de doenccedilas bacterianas do coelho 23 Doenccedilas causadas por parasitas 231 Cisticercose 232 Cenurose 233 Hidatidose 234 Coccidiose 235 Sarnas 236 Outras parasitoses 237 Controlo de doenccedilas parasitaacuterias do coelho

467888

101213

14151517181819202121222223242526

IacuteNDICE

24 Doenccedilas causadas por fungos 241 Dermatofitoses 242 Encefalitozoonose 243 Controlo de doenccedilas fuacutengicas3 Boas Praacuteticas do gestor cinegeacutetico e do caccedilador 31 Controlo e prevenccedilatildeo das doenccedilas na gestatildeo dos recursos cinegeacuteticos e no ato venatoacuterio 32 Boas praacuteticas na recolha de amostras bioloacutegicas para diagnoacutestico laboratorial 33 Boas praacuteticas na manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo das carcaccedilas 34 Boas praacuteticas no encaminhamento e eliminaccedilatildeo de animais mortos e subprodutos animais 341 Encaminhamento para unidade de tratamento de subprodutos 342 Enterramento 343 Naturalizaccedilatildeo de exemplares 344 Alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas 35 Cuidados recomendados com os catildees de caccedila4 Consideraccedilotildees finais5 Bibliografia6 Sites consultados7 Legislaccedilatildeo8 Sites de interesse 81 Nacionais 82 Internacionais

272728282929323335363637373838393940414141

O Manual pretende dar resposta agraves duacutevidas e dificuldades sentidas no setor da caccedila facilitar a intervenccedilatildeo de gestores guardas outros teacutecnicos e caccediladores atraveacutes da disponibilizaccedilatildeo de um conjunto de informaccedilotildees e procedimentos praacuteticos e assim contribuir para a recuperaccedilatildeo do coelho-bravo no territoacuterio nacional

O presente Manual tem como objetivo reunir informaccedilatildeo simples e sistematizada sobre as medidas sanitaacuterias recomendadas para a prevenccedilatildeo reduccedilatildeo da disseminaccedilatildeo e controlo dos principais agentes patogeacutenicos que afetam os leporiacutedeos em Portugal com enfacircse para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus)

Assim ao abrigo do Despacho nordm 47572017 de 31 de maio foi criado um Grupo de Trabalho (GT) designado Grupo de Trabalho +Coelho que elaborou e colocou em curso em Portugal um Plano de Accedilatildeo para o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos com o objetivo principal de reverter o decliacutenio preocupante desta espeacutecie

As recomendaccedilotildees e procedimentos aqui compilados enquadram-se nos regulamentos legais listados no final do Manual

Com o aparecimento em Portugal em 2012 da nova variante do viacuterus da doenccedila hemorraacutegica viral (DHV) dos coelhos (RHDV2 ou GI2) que provocou elevada morbilidade e mortalidade do coelho-bravo (tambeacutem designado coelho-europeu) afetando todas as faixas etaacuterias da espeacutecie tornou-se necessaacuterio adotar uma nova estrateacutegia que implementasse e reforccedilasse as medidas de controlo desta doenccedila por forma a diminuir o seu impacto nas populaccedilotildees naturais de coelho

Os objetivos gerais as medidas especiacuteficas e as atividades desenvolvidas no acircmbito do projeto +Coelho podem ser conhecidos em maior detalhe no site do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos)

Algumas medidas deste Plano estatildeo a decorrer desde agosto de 2017 financiadas pelo Fundo Florestal Permanente atraveacutes do Projeto +Coelho Avaliaccedilatildeo Ecossanitaacuteria das Populaccedilotildees Naturais de Coelho-Bravo Visando o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral Este projeto reuacutene parceiros da administraccedilatildeo puacuteblica e da academia em estreita articulaccedilatildeo com as organizaccedilotildees do setor da caccedila (OSC) de primeiro niacutevel e constitui uma nova plataforma conceptual e operacional para a recuperaccedilatildeo do coelho-bravo

O Plano desenvolve-se em trecircs eixos de intervenccedilatildeo nomeadamente Programa de Investigaccedilatildeo Boas Praacuteticas de Gestatildeo e Medidas de Controlo Sanitaacuterio e com uma componente transversal de Comunicaccedilatildeo Sensibilizaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo tendo como objetivos o conhecimento monitorizaccedilatildeo e controlo da mortalidade associada agrave DHV o fomento de populaccedilotildees viaacuteveis e autossustentaacuteveis de coelho-bravo o incremento das populaccedilotildees atraveacutes de praacuteticas de gestatildeo adequadas e integradas e o aumento da consciecircncia social sobre a importacircncia ecoloacutegica do coelho-bravo e implicaccedilotildees das boas praacuteticas de gestatildeo Este Plano prioriza a comunicaccedilatildeo e a disseminaccedilatildeo do conhecimento teacutecnico-cientiacutefico gerado para os proprietaacuterios produtores caccediladores gestores e demais utilizadores do territoacuterio

PREAcircMBULO

4

O Grupo de Trabalho +Coelho eacute coordenado pelo Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV IP) e eacute constituiacutedo por representantes do Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e Florestas (ICNF IP) Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) Ordem dos Meacutedicos Veterinaacuterios (OMV) Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) e Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA)

Este Manual de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias previsto para o primeiro ano de atividades constitui um dos indicadores de execuccedilatildeo do projeto

5

Agente patogeacutenico organismo microscoacutepico ou natildeo capaz de produzir doenccedila numa determinada espeacutecie hospedeira Pode ser um viacuterus uma bacteacuteria um fungo ou um parasita

Agente zoonoacutetico organismo patogeacutenico que afeta animais e que pode ser transmissiacutevel ao Homem (ou vice-versa)

Caccedila menor no acircmbito deste Manual refere-se aos lagomorfos cinegeacuteticos especificamente ao coelho-bravo e agrave lebre

Cadaacutever corpo do animal por morte no decurso de doenccedila ou por outras causas que natildeo a caccedila

Carcaccedila corpo de um animal depois do abate e da preparaccedilatildeo (evisceraccedilatildeo remoccedilatildeo das extremidades dos membros e da cabeccedila)

Consumo domeacutestico privado (autoconsumo) Consumo (de peccedilas de caccedila) pelo proacuteprio caccedilador eou seu agregado familiar

Espeacutecies cinegeacuteticas espeacutecies de ungulados carniacutevoros lagomorfos aves sedentaacuterias e aves migradoras ou parcialmente migradoras identificadas no anexo I do Decreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto na sua versatildeo atual

Exame inicial exame macroscoacutepico das peccedilas de caccedila apoacutes o abate em ato venatoacuterio por indiviacuteduo devidamente formado em sanidade e higiene da carne de caccedila

Estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem estabelecimento aprovado pela DGAV em que as peccedilas de caccedila apoacutes o ato venatoacuterio satildeo preparadas e sujeitas a inspeccedilatildeo post-mortem com vista agrave sua colocaccedilatildeo no mercado ou ao consumo domeacutestico privado

Peccedila de caccedila corpo de um animal depois do abate e antes da preparaccedilatildeo

Pessoa devidamente formada para efetuar o exame inicial Caccedilador Guarda de Recursos Florestais ou Gestor Cinegeacutetico que frequentaram um curso de formaccedilatildeo especiacutefica em sanidade e higiene dos produtos de origem animal de espeacutecies cinegeacuteticas aprovado pela DGAV

selvagem atraveacutes de curso reconhecido pela autoridade competente (DGAV) para identificar eventuais alteraccedilotildees comportamentais das espeacutecies cinegeacuteticas antes do abate eou alteraccedilotildees das caracteriacutesticas das peccedilas de caccedila devido a doenccedilas contaminaccedilatildeo ambiental ou outros fatores que possam constituir risco sanitaacuterio e afetar a sauacutede humana pela manipulaccedilatildeo ou pelo consumo

Viacutesceras oacutergatildeos das cavidades toraacutecica abdominal e peacutelvica bem como a traqueia e o esoacutefago

DEFINICcedilOtildeES (no acircmbito do presente Guia)

6

Aspeto dos oacutergatildeos da cavidade abdominalde um coelho-bravo saudaacutevel (foto INIAV)

A legislaccedilatildeo comunitaacuteria reconhece-o e determina que sejam estabelecidas Boas Praacuteticas na produccedilatildeo primaacuteria de geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

No sentido de assegurar uma melhor sauacutede das espeacutecies cinegeacuteticas e a qualidade da carne de caccedila as Boas Praacuteticas devem ser divulgadas a todos os sistemas econoacutemicos e agentes associados direta e indiretamente agrave atividade cinegeacutetica

A implementaccedilatildeo de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias constitui uma ferramenta muito importante na prevenccedilatildeo e autocontrolo dos riscos alimentares A higiene e a sanidade da carne de coelho-bravo e de lebre assumem particular relevacircncia uma vez que satildeo muito apreciadas e consumidas pelos Portugueses

A alimentaccedilatildeo a sanidade e o maneio dos animais de espeacutecies pecuaacuterias e cinegeacuteticas satildeo determinantes da qualidade e da seguranccedila dos produtos finais destinados ao consumidor

Tambeacutem no caso das espeacutecies cinegeacuteticas a colocaccedilatildeo da carne de caccedila selvagem no mercado ou o consumo domeacutestico privado estatildeo sujeitos a regras legislaccedilatildeo e disposiccedilotildees administrativas especiacuteficas relativas agraves condiccedilotildees de higiene e de sauacutede puacuteblica e sanidade animal

As qualidades nutricionais da carne de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) e de lebre (Lepus granatensis) duas das espeacutecies cinegeacuteticas mais importantes no quadro venatoacuterio nacional e Ibeacuterico estatildeo diretamente ligadas agrave sauacutede dos animais que lhe deram origem pelo que desta depende a resposta agraves expetativas do consumidor final

O coelho-bravo eacute originaacuterio da Peniacutensula Ibeacuterica No passado a densidade populacional desta espeacutecie no nosso territoacuterio era elevada havendo registos de visualizaccedilatildeo de ateacute 40 coelhos por hectare Nas uacuteltimas deacutecadas e em especial nos uacuteltimos anos as populaccedilotildees de coelho-bravo sofreram uma diminuiccedilatildeo acentuada quer em nuacutemero quer em distribuiccedilatildeo geograacutefica Estima-se que atualmente subsista apenas 5 a 10 do tamanho da populaccedilatildeo que existia haacute 50 anos atraacutes Em Portugal e Espanha o coelho-bravo eacute uma das espeacutecies chave dos ecossistemas mediterracircnicos sendo uma das principais presas de pelo menos 27 espeacutecies de aves de rapina 11 espeacutecies de carniacutevoros e 2 espeacutecies de serpentes Entre estas destacam-se algumas espeacutecies emblemaacuteticas como o lince-ibeacuterico (Lynx pardinus) e a aacuteguia-imperial (Aquila adalberti) ambos com estatuto de conservaccedilatildeo ameaccedilado em parte devido agrave diminuiccedilatildeo draacutestica da abundacircncia da principal espeacutecie-presa o coelho-bravo

Torna-se assim fundamental recuperar e manter o equiliacutebrio de alguns ecossistemas adequados ao coelho-bravo em Portugal dos quais depende a sobrevivecircncia desta espeacutecie emblemaacutetica cujo estatuto atual de conservaccedilatildeo eacute de quase ameaccedilado (NT) muito resultante da emergecircncia de um novo viacuterus da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (RHDV2 ou GI2)

O decliacutenio das populaccedilotildees de coelho-bravo deve-se a um conjunto de fatores tais como a perturbaccedilatildeo humana a perda de habitat e sua fragmentaccedilatildeo resultantes da alteraccedilatildeo das praacuteticas de pecuaacuteria agricultura e silvicultura da desertificaccedilatildeo do mundo rural dos incecircndios rurais do desajuste da pressatildeo cinegeacutetica e principalmente das epizootias causadas pelos viacuterus da Mixomatose e da DHV

1 INTRODUCcedilAtildeO

7

As principais doenccedilas que afetam os leporiacutedeos satildeo a Mixomatose a Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) e a Tulareacutemia As primeiras de etiologia viral tecircm causado uma diminuiccedilatildeo alarmante das populaccedilotildees de coelho-bravo em Portugal e de um modo geral em toda a Peniacutensula Ibeacuterica A mixomatose tem sido raramente reportada em lebres e a doenccedila hemorraacutegica viral dos coelhos natildeo foi ateacute agrave data observada na espeacutecie de lebre que existe em Portugal (Lepus granatensis) embora outras espeacutecies existentes na Europa (por exemplo a lebre-castanha - Lepus europaeus) desenvolvam doenccedila semelhante agrave registada no coelho-bravo A relevacircncia da Tulareacutemia uma doenccedila de origem bacteriana que afeta a principalmente a lebre mas tambeacutem o coelho e outras espeacutecies prende-se com o risco para a sauacutede puacuteblica dado o seu caraacuteter zoonoacutetico Podem ainda ocorrer no coelho e na lebre doenccedilas parasitaacuterias como a Cisticercose a Coccidiose a Sarna e a Hidatidose ou doenccedilas causadas por fungos como as Dermatofitoses

DOENCcedilAS IMPORTANTES PARA O COELHO-BRAVOE A LEBRE E IMPLICACcedilOtildeES NA SAUacuteDE PUacuteBLICA 2

8

O viacuterus da Mixomatose eacute transmitido por via direta atraveacutes do contato com coelhos doentes ou por via indireta atraveacutes de vetores artroacutepodes (mosquitos pulgas carraccedilas ou piolhos) que proporcionam uma transmissatildeo mecacircnica do viacuterus ou ainda atraveacutes do contacto com jaulas agulhas comedouros ou alimentos contaminados por excreccedilotildees e exsudados nasais e lacrimais de animais infetados

Trata-se de uma doenccedila de etiologia viral altamente contagiosa causada pelo viacuterus da Mixomatose pertencente agrave famiacutelia Poxviridae Quando infetados os coelhos desenvolvem doenccedila que pode ser fatal A lebre quando infetada raramente apresenta sintomatologia sendo essencialmente portadora do viacuterus No entanto recentemente (VeratildeoOutono de 2018) tem sido reportada em Portugal e Espanha a ocorrecircncia de mortalidade de lebres exibindo mixomas inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras

211 MIXOMATOSE21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Esta doenccedila provoca elevados prejuiacutezos econoacutemicos e ambientais As taxas de mortalidade registadas inicialmente chegaram a ser de 99 tendo a virulecircncia do agente vindo a diminuir progressivamente como resultado da coevoluccedilatildeo viacuterus-hospedeiro desempenhando algumas estirpes menos virulentas um papel fundamental na aquisiccedilatildeo de imunidade funcionando como vacinas naturais Apesar da diminuiccedilatildeo da incidecircncia da Mixomatose esta doenccedila eacute ainda responsaacutevel direta ou indiretamente pela morte de cerca de 35 dos coelhos mais jovens uma vez que facilita a predaccedilatildeo dos animais debilitados pela infeccedilatildeo

A Mixomatose ocorre em surtos epideacutemicos anuais dependendo do clima da regiatildeo e da distribuiccedilatildeo e densidade de insetos vetores presentes Os meses mais quentes e huacutemidos (primavera veratildeo e outono) satildeo os periacuteodos de maior risco

211 MIXOMATOSE

9

Figura 1 - MixomatoseNoacutedulos nos pavilhotildees auriculares (foto INIAV)

Figura 2 - Mixomatose Corrimento ocular purulentoinflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (foto DGAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A doenccedila pode apresentar-se nas formas nodular ou respiratoacuteria (amiotomatosa) caracterizando-se respetivamente pela formaccedilatildeo de noacutedulos macroscoacutepicos na pele (mixomas) (Figura 1) e por dispneia (dificuldades respiratoacuterias) devido a edema do pulmatildeo Na forma nodular claacutessica os principais sinais incluem conjuntivite com corrimento ocular fluido ou purulento inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (Figura 2) orelhas laacutebios e focinho (cabeccedila inchada) inflamaccedilatildeo e edema do acircnus e vulva e tumefaccedilatildeo do escroto (Figura 3) Devido ao edema das vias respiratoacuterias os animais podem tambeacutem apresentar dispneia Outros sinais satildeo febre baixa emagrecimento e esplenomegalia (aumento do baccedilo) A morte ocorre geralmente ao fim de 8 a 15 dias apoacutes o aparecimento dos primeiros sinaisQuando o animal sobrevive agrave infeccedilatildeo persistem noacutedulos fibroacuteticos no focinho orelhas e patas dianteiras durante vaacuterias semanas que desaparecem ao fim de algum tempo Na forma respiratoacuteria os mixomas podem ser de reduzida dimensatildeo e passar despercebidos

Figura 3 - MixomatoseEdema na regiatildeo ano-genital (foto INIAV)

por exposiccedilatildeo a cadaacuteveres de animais infetados e tambeacutem por transmissatildeo indireta quer por insetos aves e mamiacuteferos que podem atuar como vetores mecacircnicos importantes quer atraveacutes de veiacuteculos equipamento utensiacutelios camas alimentos e aacutegua contaminados O Homem pode tambeacutem desempenhar um papel importante na disseminaccedilatildeo da doenccedila nomeadamente atraveacutes de repovoamentos com animais infetados introduzindo assim o viacuterus em novos locais

O sinal cliacutenico mais evidente da infeccedilatildeo por RHDV2 eacute a morte suacutebita e raacutepida (periacuteodo de incubaccedilatildeo de 24-72 horas) dos coelhos adultos e jovens Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz (epistaxis Figura 4) boca e acircnus As lesotildees internas podem incluir edema hemorragia e congestatildeo da traqueia (Figura 5)e pulmatildeo (pneumonia hemorraacutegica Figura 6) hemorragias generalizadas em vaacuterios oacutergatildeos (baccedilo coraccedilatildeo e tecido linfaacutetico) e focos de necrose no fiacutegado com descoloraccedilatildeo deste oacutergatildeo (Figura 7)

Devido agrave sua elevada mortalidade (50 a 100) a DHV eacute considerada atualmente o principal fator responsaacutevel pela elevada reduccedilatildeo do coelho-bravo na Peniacutensula Ibeacuterica contribuindo para o desequiliacutebrio do ecossistema mediterracircnico e exercendo efeitos em cascata nomeadamente sobre as espeacutecies predadoras do coelho-bravo

Para aleacutem do coelho domeacutestico e do coelho-bravo foi descrita a infeccedilatildeo de algumas espeacutecies de lebre por RHDV2

A transmissatildeo ocorre atraveacutes do contacto direto com coelhos infetados (via oral conjuntival e respiratoacuteria) ou

A Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) eacute uma doenccedila altamente contagiosa provocada por um Lagovirus da famiacutelia Caliciviridae (RHDV) que foi identificado pela primeira vez na China em 1984

Em 1986 surge na Europa disseminando-se rapidamente a partir de 1988 tendo sido nesse ano identificada pela primeira vez em Portugal Atualmente a doenccedila eacute endeacutemica em quase todo o mundo

Uma nova variante do viacuterus (RHDV2 atualmente designada por GI2) altamente contagiosa foi detetada em 2010 em Franccedila em 2011 em Espanha e em 2012 em Portugal nas regiotildees Norte (Valpaccedilos) Alentejo (Barrancos) e Algarve causando elevada morbilidade e mortalidade afetando os coelhos de todas as faixas etaacuterias tanto domeacutesticos como selvagens

Desde entatildeo disseminou-se por toda a Europa Austraacutelia Aacutefrica e Canadaacute substituindo as estirpes existentes na maioria dos paiacuteses onde emergiu

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 4 ndash DHVSangue nas narinas (Epistaxis) (foto INIAV)

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

10

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 4: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

PreacircmbuloDefiniccedilotildees1 Introduccedilatildeo2 Doenccedilas importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicaccedilotildees na sauacutede puacuteblica 21 Doenccedilas causadas por viacuterus 211 Mixomatose 212 Doenccedila hemorraacutegica viral do coelho 213 Controlo de doenccedilas virais do coelho 2131 Recomendaccedilotildees para as zonas de caccedila afetadas por doenccedilas virais 2132 Recomendaccedilotildees para a prevenccedilatildeo e controlo de doenccedilas virais nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo 22 Doenccedilas causadas por bacteacuterias 221 Tulareacutemia 222 Pasteurelose 223 Salmonelose 224 Necrobacilose 225 Pseudotuberculose 226 Controlo de doenccedilas bacterianas do coelho 23 Doenccedilas causadas por parasitas 231 Cisticercose 232 Cenurose 233 Hidatidose 234 Coccidiose 235 Sarnas 236 Outras parasitoses 237 Controlo de doenccedilas parasitaacuterias do coelho

467888

101213

14151517181819202121222223242526

IacuteNDICE

24 Doenccedilas causadas por fungos 241 Dermatofitoses 242 Encefalitozoonose 243 Controlo de doenccedilas fuacutengicas3 Boas Praacuteticas do gestor cinegeacutetico e do caccedilador 31 Controlo e prevenccedilatildeo das doenccedilas na gestatildeo dos recursos cinegeacuteticos e no ato venatoacuterio 32 Boas praacuteticas na recolha de amostras bioloacutegicas para diagnoacutestico laboratorial 33 Boas praacuteticas na manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo das carcaccedilas 34 Boas praacuteticas no encaminhamento e eliminaccedilatildeo de animais mortos e subprodutos animais 341 Encaminhamento para unidade de tratamento de subprodutos 342 Enterramento 343 Naturalizaccedilatildeo de exemplares 344 Alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas 35 Cuidados recomendados com os catildees de caccedila4 Consideraccedilotildees finais5 Bibliografia6 Sites consultados7 Legislaccedilatildeo8 Sites de interesse 81 Nacionais 82 Internacionais

272728282929323335363637373838393940414141

O Manual pretende dar resposta agraves duacutevidas e dificuldades sentidas no setor da caccedila facilitar a intervenccedilatildeo de gestores guardas outros teacutecnicos e caccediladores atraveacutes da disponibilizaccedilatildeo de um conjunto de informaccedilotildees e procedimentos praacuteticos e assim contribuir para a recuperaccedilatildeo do coelho-bravo no territoacuterio nacional

O presente Manual tem como objetivo reunir informaccedilatildeo simples e sistematizada sobre as medidas sanitaacuterias recomendadas para a prevenccedilatildeo reduccedilatildeo da disseminaccedilatildeo e controlo dos principais agentes patogeacutenicos que afetam os leporiacutedeos em Portugal com enfacircse para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus)

Assim ao abrigo do Despacho nordm 47572017 de 31 de maio foi criado um Grupo de Trabalho (GT) designado Grupo de Trabalho +Coelho que elaborou e colocou em curso em Portugal um Plano de Accedilatildeo para o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos com o objetivo principal de reverter o decliacutenio preocupante desta espeacutecie

As recomendaccedilotildees e procedimentos aqui compilados enquadram-se nos regulamentos legais listados no final do Manual

Com o aparecimento em Portugal em 2012 da nova variante do viacuterus da doenccedila hemorraacutegica viral (DHV) dos coelhos (RHDV2 ou GI2) que provocou elevada morbilidade e mortalidade do coelho-bravo (tambeacutem designado coelho-europeu) afetando todas as faixas etaacuterias da espeacutecie tornou-se necessaacuterio adotar uma nova estrateacutegia que implementasse e reforccedilasse as medidas de controlo desta doenccedila por forma a diminuir o seu impacto nas populaccedilotildees naturais de coelho

Os objetivos gerais as medidas especiacuteficas e as atividades desenvolvidas no acircmbito do projeto +Coelho podem ser conhecidos em maior detalhe no site do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos)

Algumas medidas deste Plano estatildeo a decorrer desde agosto de 2017 financiadas pelo Fundo Florestal Permanente atraveacutes do Projeto +Coelho Avaliaccedilatildeo Ecossanitaacuteria das Populaccedilotildees Naturais de Coelho-Bravo Visando o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral Este projeto reuacutene parceiros da administraccedilatildeo puacuteblica e da academia em estreita articulaccedilatildeo com as organizaccedilotildees do setor da caccedila (OSC) de primeiro niacutevel e constitui uma nova plataforma conceptual e operacional para a recuperaccedilatildeo do coelho-bravo

O Plano desenvolve-se em trecircs eixos de intervenccedilatildeo nomeadamente Programa de Investigaccedilatildeo Boas Praacuteticas de Gestatildeo e Medidas de Controlo Sanitaacuterio e com uma componente transversal de Comunicaccedilatildeo Sensibilizaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo tendo como objetivos o conhecimento monitorizaccedilatildeo e controlo da mortalidade associada agrave DHV o fomento de populaccedilotildees viaacuteveis e autossustentaacuteveis de coelho-bravo o incremento das populaccedilotildees atraveacutes de praacuteticas de gestatildeo adequadas e integradas e o aumento da consciecircncia social sobre a importacircncia ecoloacutegica do coelho-bravo e implicaccedilotildees das boas praacuteticas de gestatildeo Este Plano prioriza a comunicaccedilatildeo e a disseminaccedilatildeo do conhecimento teacutecnico-cientiacutefico gerado para os proprietaacuterios produtores caccediladores gestores e demais utilizadores do territoacuterio

PREAcircMBULO

4

O Grupo de Trabalho +Coelho eacute coordenado pelo Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV IP) e eacute constituiacutedo por representantes do Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e Florestas (ICNF IP) Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) Ordem dos Meacutedicos Veterinaacuterios (OMV) Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) e Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA)

Este Manual de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias previsto para o primeiro ano de atividades constitui um dos indicadores de execuccedilatildeo do projeto

5

Agente patogeacutenico organismo microscoacutepico ou natildeo capaz de produzir doenccedila numa determinada espeacutecie hospedeira Pode ser um viacuterus uma bacteacuteria um fungo ou um parasita

Agente zoonoacutetico organismo patogeacutenico que afeta animais e que pode ser transmissiacutevel ao Homem (ou vice-versa)

Caccedila menor no acircmbito deste Manual refere-se aos lagomorfos cinegeacuteticos especificamente ao coelho-bravo e agrave lebre

Cadaacutever corpo do animal por morte no decurso de doenccedila ou por outras causas que natildeo a caccedila

Carcaccedila corpo de um animal depois do abate e da preparaccedilatildeo (evisceraccedilatildeo remoccedilatildeo das extremidades dos membros e da cabeccedila)

Consumo domeacutestico privado (autoconsumo) Consumo (de peccedilas de caccedila) pelo proacuteprio caccedilador eou seu agregado familiar

Espeacutecies cinegeacuteticas espeacutecies de ungulados carniacutevoros lagomorfos aves sedentaacuterias e aves migradoras ou parcialmente migradoras identificadas no anexo I do Decreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto na sua versatildeo atual

Exame inicial exame macroscoacutepico das peccedilas de caccedila apoacutes o abate em ato venatoacuterio por indiviacuteduo devidamente formado em sanidade e higiene da carne de caccedila

Estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem estabelecimento aprovado pela DGAV em que as peccedilas de caccedila apoacutes o ato venatoacuterio satildeo preparadas e sujeitas a inspeccedilatildeo post-mortem com vista agrave sua colocaccedilatildeo no mercado ou ao consumo domeacutestico privado

Peccedila de caccedila corpo de um animal depois do abate e antes da preparaccedilatildeo

Pessoa devidamente formada para efetuar o exame inicial Caccedilador Guarda de Recursos Florestais ou Gestor Cinegeacutetico que frequentaram um curso de formaccedilatildeo especiacutefica em sanidade e higiene dos produtos de origem animal de espeacutecies cinegeacuteticas aprovado pela DGAV

selvagem atraveacutes de curso reconhecido pela autoridade competente (DGAV) para identificar eventuais alteraccedilotildees comportamentais das espeacutecies cinegeacuteticas antes do abate eou alteraccedilotildees das caracteriacutesticas das peccedilas de caccedila devido a doenccedilas contaminaccedilatildeo ambiental ou outros fatores que possam constituir risco sanitaacuterio e afetar a sauacutede humana pela manipulaccedilatildeo ou pelo consumo

Viacutesceras oacutergatildeos das cavidades toraacutecica abdominal e peacutelvica bem como a traqueia e o esoacutefago

DEFINICcedilOtildeES (no acircmbito do presente Guia)

6

Aspeto dos oacutergatildeos da cavidade abdominalde um coelho-bravo saudaacutevel (foto INIAV)

A legislaccedilatildeo comunitaacuteria reconhece-o e determina que sejam estabelecidas Boas Praacuteticas na produccedilatildeo primaacuteria de geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

No sentido de assegurar uma melhor sauacutede das espeacutecies cinegeacuteticas e a qualidade da carne de caccedila as Boas Praacuteticas devem ser divulgadas a todos os sistemas econoacutemicos e agentes associados direta e indiretamente agrave atividade cinegeacutetica

A implementaccedilatildeo de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias constitui uma ferramenta muito importante na prevenccedilatildeo e autocontrolo dos riscos alimentares A higiene e a sanidade da carne de coelho-bravo e de lebre assumem particular relevacircncia uma vez que satildeo muito apreciadas e consumidas pelos Portugueses

A alimentaccedilatildeo a sanidade e o maneio dos animais de espeacutecies pecuaacuterias e cinegeacuteticas satildeo determinantes da qualidade e da seguranccedila dos produtos finais destinados ao consumidor

Tambeacutem no caso das espeacutecies cinegeacuteticas a colocaccedilatildeo da carne de caccedila selvagem no mercado ou o consumo domeacutestico privado estatildeo sujeitos a regras legislaccedilatildeo e disposiccedilotildees administrativas especiacuteficas relativas agraves condiccedilotildees de higiene e de sauacutede puacuteblica e sanidade animal

As qualidades nutricionais da carne de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) e de lebre (Lepus granatensis) duas das espeacutecies cinegeacuteticas mais importantes no quadro venatoacuterio nacional e Ibeacuterico estatildeo diretamente ligadas agrave sauacutede dos animais que lhe deram origem pelo que desta depende a resposta agraves expetativas do consumidor final

O coelho-bravo eacute originaacuterio da Peniacutensula Ibeacuterica No passado a densidade populacional desta espeacutecie no nosso territoacuterio era elevada havendo registos de visualizaccedilatildeo de ateacute 40 coelhos por hectare Nas uacuteltimas deacutecadas e em especial nos uacuteltimos anos as populaccedilotildees de coelho-bravo sofreram uma diminuiccedilatildeo acentuada quer em nuacutemero quer em distribuiccedilatildeo geograacutefica Estima-se que atualmente subsista apenas 5 a 10 do tamanho da populaccedilatildeo que existia haacute 50 anos atraacutes Em Portugal e Espanha o coelho-bravo eacute uma das espeacutecies chave dos ecossistemas mediterracircnicos sendo uma das principais presas de pelo menos 27 espeacutecies de aves de rapina 11 espeacutecies de carniacutevoros e 2 espeacutecies de serpentes Entre estas destacam-se algumas espeacutecies emblemaacuteticas como o lince-ibeacuterico (Lynx pardinus) e a aacuteguia-imperial (Aquila adalberti) ambos com estatuto de conservaccedilatildeo ameaccedilado em parte devido agrave diminuiccedilatildeo draacutestica da abundacircncia da principal espeacutecie-presa o coelho-bravo

Torna-se assim fundamental recuperar e manter o equiliacutebrio de alguns ecossistemas adequados ao coelho-bravo em Portugal dos quais depende a sobrevivecircncia desta espeacutecie emblemaacutetica cujo estatuto atual de conservaccedilatildeo eacute de quase ameaccedilado (NT) muito resultante da emergecircncia de um novo viacuterus da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (RHDV2 ou GI2)

O decliacutenio das populaccedilotildees de coelho-bravo deve-se a um conjunto de fatores tais como a perturbaccedilatildeo humana a perda de habitat e sua fragmentaccedilatildeo resultantes da alteraccedilatildeo das praacuteticas de pecuaacuteria agricultura e silvicultura da desertificaccedilatildeo do mundo rural dos incecircndios rurais do desajuste da pressatildeo cinegeacutetica e principalmente das epizootias causadas pelos viacuterus da Mixomatose e da DHV

1 INTRODUCcedilAtildeO

7

As principais doenccedilas que afetam os leporiacutedeos satildeo a Mixomatose a Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) e a Tulareacutemia As primeiras de etiologia viral tecircm causado uma diminuiccedilatildeo alarmante das populaccedilotildees de coelho-bravo em Portugal e de um modo geral em toda a Peniacutensula Ibeacuterica A mixomatose tem sido raramente reportada em lebres e a doenccedila hemorraacutegica viral dos coelhos natildeo foi ateacute agrave data observada na espeacutecie de lebre que existe em Portugal (Lepus granatensis) embora outras espeacutecies existentes na Europa (por exemplo a lebre-castanha - Lepus europaeus) desenvolvam doenccedila semelhante agrave registada no coelho-bravo A relevacircncia da Tulareacutemia uma doenccedila de origem bacteriana que afeta a principalmente a lebre mas tambeacutem o coelho e outras espeacutecies prende-se com o risco para a sauacutede puacuteblica dado o seu caraacuteter zoonoacutetico Podem ainda ocorrer no coelho e na lebre doenccedilas parasitaacuterias como a Cisticercose a Coccidiose a Sarna e a Hidatidose ou doenccedilas causadas por fungos como as Dermatofitoses

DOENCcedilAS IMPORTANTES PARA O COELHO-BRAVOE A LEBRE E IMPLICACcedilOtildeES NA SAUacuteDE PUacuteBLICA 2

8

O viacuterus da Mixomatose eacute transmitido por via direta atraveacutes do contato com coelhos doentes ou por via indireta atraveacutes de vetores artroacutepodes (mosquitos pulgas carraccedilas ou piolhos) que proporcionam uma transmissatildeo mecacircnica do viacuterus ou ainda atraveacutes do contacto com jaulas agulhas comedouros ou alimentos contaminados por excreccedilotildees e exsudados nasais e lacrimais de animais infetados

Trata-se de uma doenccedila de etiologia viral altamente contagiosa causada pelo viacuterus da Mixomatose pertencente agrave famiacutelia Poxviridae Quando infetados os coelhos desenvolvem doenccedila que pode ser fatal A lebre quando infetada raramente apresenta sintomatologia sendo essencialmente portadora do viacuterus No entanto recentemente (VeratildeoOutono de 2018) tem sido reportada em Portugal e Espanha a ocorrecircncia de mortalidade de lebres exibindo mixomas inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras

211 MIXOMATOSE21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Esta doenccedila provoca elevados prejuiacutezos econoacutemicos e ambientais As taxas de mortalidade registadas inicialmente chegaram a ser de 99 tendo a virulecircncia do agente vindo a diminuir progressivamente como resultado da coevoluccedilatildeo viacuterus-hospedeiro desempenhando algumas estirpes menos virulentas um papel fundamental na aquisiccedilatildeo de imunidade funcionando como vacinas naturais Apesar da diminuiccedilatildeo da incidecircncia da Mixomatose esta doenccedila eacute ainda responsaacutevel direta ou indiretamente pela morte de cerca de 35 dos coelhos mais jovens uma vez que facilita a predaccedilatildeo dos animais debilitados pela infeccedilatildeo

A Mixomatose ocorre em surtos epideacutemicos anuais dependendo do clima da regiatildeo e da distribuiccedilatildeo e densidade de insetos vetores presentes Os meses mais quentes e huacutemidos (primavera veratildeo e outono) satildeo os periacuteodos de maior risco

211 MIXOMATOSE

9

Figura 1 - MixomatoseNoacutedulos nos pavilhotildees auriculares (foto INIAV)

Figura 2 - Mixomatose Corrimento ocular purulentoinflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (foto DGAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A doenccedila pode apresentar-se nas formas nodular ou respiratoacuteria (amiotomatosa) caracterizando-se respetivamente pela formaccedilatildeo de noacutedulos macroscoacutepicos na pele (mixomas) (Figura 1) e por dispneia (dificuldades respiratoacuterias) devido a edema do pulmatildeo Na forma nodular claacutessica os principais sinais incluem conjuntivite com corrimento ocular fluido ou purulento inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (Figura 2) orelhas laacutebios e focinho (cabeccedila inchada) inflamaccedilatildeo e edema do acircnus e vulva e tumefaccedilatildeo do escroto (Figura 3) Devido ao edema das vias respiratoacuterias os animais podem tambeacutem apresentar dispneia Outros sinais satildeo febre baixa emagrecimento e esplenomegalia (aumento do baccedilo) A morte ocorre geralmente ao fim de 8 a 15 dias apoacutes o aparecimento dos primeiros sinaisQuando o animal sobrevive agrave infeccedilatildeo persistem noacutedulos fibroacuteticos no focinho orelhas e patas dianteiras durante vaacuterias semanas que desaparecem ao fim de algum tempo Na forma respiratoacuteria os mixomas podem ser de reduzida dimensatildeo e passar despercebidos

Figura 3 - MixomatoseEdema na regiatildeo ano-genital (foto INIAV)

por exposiccedilatildeo a cadaacuteveres de animais infetados e tambeacutem por transmissatildeo indireta quer por insetos aves e mamiacuteferos que podem atuar como vetores mecacircnicos importantes quer atraveacutes de veiacuteculos equipamento utensiacutelios camas alimentos e aacutegua contaminados O Homem pode tambeacutem desempenhar um papel importante na disseminaccedilatildeo da doenccedila nomeadamente atraveacutes de repovoamentos com animais infetados introduzindo assim o viacuterus em novos locais

O sinal cliacutenico mais evidente da infeccedilatildeo por RHDV2 eacute a morte suacutebita e raacutepida (periacuteodo de incubaccedilatildeo de 24-72 horas) dos coelhos adultos e jovens Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz (epistaxis Figura 4) boca e acircnus As lesotildees internas podem incluir edema hemorragia e congestatildeo da traqueia (Figura 5)e pulmatildeo (pneumonia hemorraacutegica Figura 6) hemorragias generalizadas em vaacuterios oacutergatildeos (baccedilo coraccedilatildeo e tecido linfaacutetico) e focos de necrose no fiacutegado com descoloraccedilatildeo deste oacutergatildeo (Figura 7)

Devido agrave sua elevada mortalidade (50 a 100) a DHV eacute considerada atualmente o principal fator responsaacutevel pela elevada reduccedilatildeo do coelho-bravo na Peniacutensula Ibeacuterica contribuindo para o desequiliacutebrio do ecossistema mediterracircnico e exercendo efeitos em cascata nomeadamente sobre as espeacutecies predadoras do coelho-bravo

Para aleacutem do coelho domeacutestico e do coelho-bravo foi descrita a infeccedilatildeo de algumas espeacutecies de lebre por RHDV2

A transmissatildeo ocorre atraveacutes do contacto direto com coelhos infetados (via oral conjuntival e respiratoacuteria) ou

A Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) eacute uma doenccedila altamente contagiosa provocada por um Lagovirus da famiacutelia Caliciviridae (RHDV) que foi identificado pela primeira vez na China em 1984

Em 1986 surge na Europa disseminando-se rapidamente a partir de 1988 tendo sido nesse ano identificada pela primeira vez em Portugal Atualmente a doenccedila eacute endeacutemica em quase todo o mundo

Uma nova variante do viacuterus (RHDV2 atualmente designada por GI2) altamente contagiosa foi detetada em 2010 em Franccedila em 2011 em Espanha e em 2012 em Portugal nas regiotildees Norte (Valpaccedilos) Alentejo (Barrancos) e Algarve causando elevada morbilidade e mortalidade afetando os coelhos de todas as faixas etaacuterias tanto domeacutesticos como selvagens

Desde entatildeo disseminou-se por toda a Europa Austraacutelia Aacutefrica e Canadaacute substituindo as estirpes existentes na maioria dos paiacuteses onde emergiu

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 4 ndash DHVSangue nas narinas (Epistaxis) (foto INIAV)

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

10

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 5: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

24 Doenccedilas causadas por fungos 241 Dermatofitoses 242 Encefalitozoonose 243 Controlo de doenccedilas fuacutengicas3 Boas Praacuteticas do gestor cinegeacutetico e do caccedilador 31 Controlo e prevenccedilatildeo das doenccedilas na gestatildeo dos recursos cinegeacuteticos e no ato venatoacuterio 32 Boas praacuteticas na recolha de amostras bioloacutegicas para diagnoacutestico laboratorial 33 Boas praacuteticas na manipulaccedilatildeo e preparaccedilatildeo das carcaccedilas 34 Boas praacuteticas no encaminhamento e eliminaccedilatildeo de animais mortos e subprodutos animais 341 Encaminhamento para unidade de tratamento de subprodutos 342 Enterramento 343 Naturalizaccedilatildeo de exemplares 344 Alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas 35 Cuidados recomendados com os catildees de caccedila4 Consideraccedilotildees finais5 Bibliografia6 Sites consultados7 Legislaccedilatildeo8 Sites de interesse 81 Nacionais 82 Internacionais

272728282929323335363637373838393940414141

O Manual pretende dar resposta agraves duacutevidas e dificuldades sentidas no setor da caccedila facilitar a intervenccedilatildeo de gestores guardas outros teacutecnicos e caccediladores atraveacutes da disponibilizaccedilatildeo de um conjunto de informaccedilotildees e procedimentos praacuteticos e assim contribuir para a recuperaccedilatildeo do coelho-bravo no territoacuterio nacional

O presente Manual tem como objetivo reunir informaccedilatildeo simples e sistematizada sobre as medidas sanitaacuterias recomendadas para a prevenccedilatildeo reduccedilatildeo da disseminaccedilatildeo e controlo dos principais agentes patogeacutenicos que afetam os leporiacutedeos em Portugal com enfacircse para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus)

Assim ao abrigo do Despacho nordm 47572017 de 31 de maio foi criado um Grupo de Trabalho (GT) designado Grupo de Trabalho +Coelho que elaborou e colocou em curso em Portugal um Plano de Accedilatildeo para o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos com o objetivo principal de reverter o decliacutenio preocupante desta espeacutecie

As recomendaccedilotildees e procedimentos aqui compilados enquadram-se nos regulamentos legais listados no final do Manual

Com o aparecimento em Portugal em 2012 da nova variante do viacuterus da doenccedila hemorraacutegica viral (DHV) dos coelhos (RHDV2 ou GI2) que provocou elevada morbilidade e mortalidade do coelho-bravo (tambeacutem designado coelho-europeu) afetando todas as faixas etaacuterias da espeacutecie tornou-se necessaacuterio adotar uma nova estrateacutegia que implementasse e reforccedilasse as medidas de controlo desta doenccedila por forma a diminuir o seu impacto nas populaccedilotildees naturais de coelho

Os objetivos gerais as medidas especiacuteficas e as atividades desenvolvidas no acircmbito do projeto +Coelho podem ser conhecidos em maior detalhe no site do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos)

Algumas medidas deste Plano estatildeo a decorrer desde agosto de 2017 financiadas pelo Fundo Florestal Permanente atraveacutes do Projeto +Coelho Avaliaccedilatildeo Ecossanitaacuteria das Populaccedilotildees Naturais de Coelho-Bravo Visando o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral Este projeto reuacutene parceiros da administraccedilatildeo puacuteblica e da academia em estreita articulaccedilatildeo com as organizaccedilotildees do setor da caccedila (OSC) de primeiro niacutevel e constitui uma nova plataforma conceptual e operacional para a recuperaccedilatildeo do coelho-bravo

O Plano desenvolve-se em trecircs eixos de intervenccedilatildeo nomeadamente Programa de Investigaccedilatildeo Boas Praacuteticas de Gestatildeo e Medidas de Controlo Sanitaacuterio e com uma componente transversal de Comunicaccedilatildeo Sensibilizaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo tendo como objetivos o conhecimento monitorizaccedilatildeo e controlo da mortalidade associada agrave DHV o fomento de populaccedilotildees viaacuteveis e autossustentaacuteveis de coelho-bravo o incremento das populaccedilotildees atraveacutes de praacuteticas de gestatildeo adequadas e integradas e o aumento da consciecircncia social sobre a importacircncia ecoloacutegica do coelho-bravo e implicaccedilotildees das boas praacuteticas de gestatildeo Este Plano prioriza a comunicaccedilatildeo e a disseminaccedilatildeo do conhecimento teacutecnico-cientiacutefico gerado para os proprietaacuterios produtores caccediladores gestores e demais utilizadores do territoacuterio

PREAcircMBULO

4

O Grupo de Trabalho +Coelho eacute coordenado pelo Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV IP) e eacute constituiacutedo por representantes do Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e Florestas (ICNF IP) Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) Ordem dos Meacutedicos Veterinaacuterios (OMV) Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) e Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA)

Este Manual de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias previsto para o primeiro ano de atividades constitui um dos indicadores de execuccedilatildeo do projeto

5

Agente patogeacutenico organismo microscoacutepico ou natildeo capaz de produzir doenccedila numa determinada espeacutecie hospedeira Pode ser um viacuterus uma bacteacuteria um fungo ou um parasita

Agente zoonoacutetico organismo patogeacutenico que afeta animais e que pode ser transmissiacutevel ao Homem (ou vice-versa)

Caccedila menor no acircmbito deste Manual refere-se aos lagomorfos cinegeacuteticos especificamente ao coelho-bravo e agrave lebre

Cadaacutever corpo do animal por morte no decurso de doenccedila ou por outras causas que natildeo a caccedila

Carcaccedila corpo de um animal depois do abate e da preparaccedilatildeo (evisceraccedilatildeo remoccedilatildeo das extremidades dos membros e da cabeccedila)

Consumo domeacutestico privado (autoconsumo) Consumo (de peccedilas de caccedila) pelo proacuteprio caccedilador eou seu agregado familiar

Espeacutecies cinegeacuteticas espeacutecies de ungulados carniacutevoros lagomorfos aves sedentaacuterias e aves migradoras ou parcialmente migradoras identificadas no anexo I do Decreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto na sua versatildeo atual

Exame inicial exame macroscoacutepico das peccedilas de caccedila apoacutes o abate em ato venatoacuterio por indiviacuteduo devidamente formado em sanidade e higiene da carne de caccedila

Estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem estabelecimento aprovado pela DGAV em que as peccedilas de caccedila apoacutes o ato venatoacuterio satildeo preparadas e sujeitas a inspeccedilatildeo post-mortem com vista agrave sua colocaccedilatildeo no mercado ou ao consumo domeacutestico privado

Peccedila de caccedila corpo de um animal depois do abate e antes da preparaccedilatildeo

Pessoa devidamente formada para efetuar o exame inicial Caccedilador Guarda de Recursos Florestais ou Gestor Cinegeacutetico que frequentaram um curso de formaccedilatildeo especiacutefica em sanidade e higiene dos produtos de origem animal de espeacutecies cinegeacuteticas aprovado pela DGAV

selvagem atraveacutes de curso reconhecido pela autoridade competente (DGAV) para identificar eventuais alteraccedilotildees comportamentais das espeacutecies cinegeacuteticas antes do abate eou alteraccedilotildees das caracteriacutesticas das peccedilas de caccedila devido a doenccedilas contaminaccedilatildeo ambiental ou outros fatores que possam constituir risco sanitaacuterio e afetar a sauacutede humana pela manipulaccedilatildeo ou pelo consumo

Viacutesceras oacutergatildeos das cavidades toraacutecica abdominal e peacutelvica bem como a traqueia e o esoacutefago

DEFINICcedilOtildeES (no acircmbito do presente Guia)

6

Aspeto dos oacutergatildeos da cavidade abdominalde um coelho-bravo saudaacutevel (foto INIAV)

A legislaccedilatildeo comunitaacuteria reconhece-o e determina que sejam estabelecidas Boas Praacuteticas na produccedilatildeo primaacuteria de geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

No sentido de assegurar uma melhor sauacutede das espeacutecies cinegeacuteticas e a qualidade da carne de caccedila as Boas Praacuteticas devem ser divulgadas a todos os sistemas econoacutemicos e agentes associados direta e indiretamente agrave atividade cinegeacutetica

A implementaccedilatildeo de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias constitui uma ferramenta muito importante na prevenccedilatildeo e autocontrolo dos riscos alimentares A higiene e a sanidade da carne de coelho-bravo e de lebre assumem particular relevacircncia uma vez que satildeo muito apreciadas e consumidas pelos Portugueses

A alimentaccedilatildeo a sanidade e o maneio dos animais de espeacutecies pecuaacuterias e cinegeacuteticas satildeo determinantes da qualidade e da seguranccedila dos produtos finais destinados ao consumidor

Tambeacutem no caso das espeacutecies cinegeacuteticas a colocaccedilatildeo da carne de caccedila selvagem no mercado ou o consumo domeacutestico privado estatildeo sujeitos a regras legislaccedilatildeo e disposiccedilotildees administrativas especiacuteficas relativas agraves condiccedilotildees de higiene e de sauacutede puacuteblica e sanidade animal

As qualidades nutricionais da carne de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) e de lebre (Lepus granatensis) duas das espeacutecies cinegeacuteticas mais importantes no quadro venatoacuterio nacional e Ibeacuterico estatildeo diretamente ligadas agrave sauacutede dos animais que lhe deram origem pelo que desta depende a resposta agraves expetativas do consumidor final

O coelho-bravo eacute originaacuterio da Peniacutensula Ibeacuterica No passado a densidade populacional desta espeacutecie no nosso territoacuterio era elevada havendo registos de visualizaccedilatildeo de ateacute 40 coelhos por hectare Nas uacuteltimas deacutecadas e em especial nos uacuteltimos anos as populaccedilotildees de coelho-bravo sofreram uma diminuiccedilatildeo acentuada quer em nuacutemero quer em distribuiccedilatildeo geograacutefica Estima-se que atualmente subsista apenas 5 a 10 do tamanho da populaccedilatildeo que existia haacute 50 anos atraacutes Em Portugal e Espanha o coelho-bravo eacute uma das espeacutecies chave dos ecossistemas mediterracircnicos sendo uma das principais presas de pelo menos 27 espeacutecies de aves de rapina 11 espeacutecies de carniacutevoros e 2 espeacutecies de serpentes Entre estas destacam-se algumas espeacutecies emblemaacuteticas como o lince-ibeacuterico (Lynx pardinus) e a aacuteguia-imperial (Aquila adalberti) ambos com estatuto de conservaccedilatildeo ameaccedilado em parte devido agrave diminuiccedilatildeo draacutestica da abundacircncia da principal espeacutecie-presa o coelho-bravo

Torna-se assim fundamental recuperar e manter o equiliacutebrio de alguns ecossistemas adequados ao coelho-bravo em Portugal dos quais depende a sobrevivecircncia desta espeacutecie emblemaacutetica cujo estatuto atual de conservaccedilatildeo eacute de quase ameaccedilado (NT) muito resultante da emergecircncia de um novo viacuterus da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (RHDV2 ou GI2)

O decliacutenio das populaccedilotildees de coelho-bravo deve-se a um conjunto de fatores tais como a perturbaccedilatildeo humana a perda de habitat e sua fragmentaccedilatildeo resultantes da alteraccedilatildeo das praacuteticas de pecuaacuteria agricultura e silvicultura da desertificaccedilatildeo do mundo rural dos incecircndios rurais do desajuste da pressatildeo cinegeacutetica e principalmente das epizootias causadas pelos viacuterus da Mixomatose e da DHV

1 INTRODUCcedilAtildeO

7

As principais doenccedilas que afetam os leporiacutedeos satildeo a Mixomatose a Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) e a Tulareacutemia As primeiras de etiologia viral tecircm causado uma diminuiccedilatildeo alarmante das populaccedilotildees de coelho-bravo em Portugal e de um modo geral em toda a Peniacutensula Ibeacuterica A mixomatose tem sido raramente reportada em lebres e a doenccedila hemorraacutegica viral dos coelhos natildeo foi ateacute agrave data observada na espeacutecie de lebre que existe em Portugal (Lepus granatensis) embora outras espeacutecies existentes na Europa (por exemplo a lebre-castanha - Lepus europaeus) desenvolvam doenccedila semelhante agrave registada no coelho-bravo A relevacircncia da Tulareacutemia uma doenccedila de origem bacteriana que afeta a principalmente a lebre mas tambeacutem o coelho e outras espeacutecies prende-se com o risco para a sauacutede puacuteblica dado o seu caraacuteter zoonoacutetico Podem ainda ocorrer no coelho e na lebre doenccedilas parasitaacuterias como a Cisticercose a Coccidiose a Sarna e a Hidatidose ou doenccedilas causadas por fungos como as Dermatofitoses

DOENCcedilAS IMPORTANTES PARA O COELHO-BRAVOE A LEBRE E IMPLICACcedilOtildeES NA SAUacuteDE PUacuteBLICA 2

8

O viacuterus da Mixomatose eacute transmitido por via direta atraveacutes do contato com coelhos doentes ou por via indireta atraveacutes de vetores artroacutepodes (mosquitos pulgas carraccedilas ou piolhos) que proporcionam uma transmissatildeo mecacircnica do viacuterus ou ainda atraveacutes do contacto com jaulas agulhas comedouros ou alimentos contaminados por excreccedilotildees e exsudados nasais e lacrimais de animais infetados

Trata-se de uma doenccedila de etiologia viral altamente contagiosa causada pelo viacuterus da Mixomatose pertencente agrave famiacutelia Poxviridae Quando infetados os coelhos desenvolvem doenccedila que pode ser fatal A lebre quando infetada raramente apresenta sintomatologia sendo essencialmente portadora do viacuterus No entanto recentemente (VeratildeoOutono de 2018) tem sido reportada em Portugal e Espanha a ocorrecircncia de mortalidade de lebres exibindo mixomas inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras

211 MIXOMATOSE21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Esta doenccedila provoca elevados prejuiacutezos econoacutemicos e ambientais As taxas de mortalidade registadas inicialmente chegaram a ser de 99 tendo a virulecircncia do agente vindo a diminuir progressivamente como resultado da coevoluccedilatildeo viacuterus-hospedeiro desempenhando algumas estirpes menos virulentas um papel fundamental na aquisiccedilatildeo de imunidade funcionando como vacinas naturais Apesar da diminuiccedilatildeo da incidecircncia da Mixomatose esta doenccedila eacute ainda responsaacutevel direta ou indiretamente pela morte de cerca de 35 dos coelhos mais jovens uma vez que facilita a predaccedilatildeo dos animais debilitados pela infeccedilatildeo

A Mixomatose ocorre em surtos epideacutemicos anuais dependendo do clima da regiatildeo e da distribuiccedilatildeo e densidade de insetos vetores presentes Os meses mais quentes e huacutemidos (primavera veratildeo e outono) satildeo os periacuteodos de maior risco

211 MIXOMATOSE

9

Figura 1 - MixomatoseNoacutedulos nos pavilhotildees auriculares (foto INIAV)

Figura 2 - Mixomatose Corrimento ocular purulentoinflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (foto DGAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A doenccedila pode apresentar-se nas formas nodular ou respiratoacuteria (amiotomatosa) caracterizando-se respetivamente pela formaccedilatildeo de noacutedulos macroscoacutepicos na pele (mixomas) (Figura 1) e por dispneia (dificuldades respiratoacuterias) devido a edema do pulmatildeo Na forma nodular claacutessica os principais sinais incluem conjuntivite com corrimento ocular fluido ou purulento inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (Figura 2) orelhas laacutebios e focinho (cabeccedila inchada) inflamaccedilatildeo e edema do acircnus e vulva e tumefaccedilatildeo do escroto (Figura 3) Devido ao edema das vias respiratoacuterias os animais podem tambeacutem apresentar dispneia Outros sinais satildeo febre baixa emagrecimento e esplenomegalia (aumento do baccedilo) A morte ocorre geralmente ao fim de 8 a 15 dias apoacutes o aparecimento dos primeiros sinaisQuando o animal sobrevive agrave infeccedilatildeo persistem noacutedulos fibroacuteticos no focinho orelhas e patas dianteiras durante vaacuterias semanas que desaparecem ao fim de algum tempo Na forma respiratoacuteria os mixomas podem ser de reduzida dimensatildeo e passar despercebidos

Figura 3 - MixomatoseEdema na regiatildeo ano-genital (foto INIAV)

por exposiccedilatildeo a cadaacuteveres de animais infetados e tambeacutem por transmissatildeo indireta quer por insetos aves e mamiacuteferos que podem atuar como vetores mecacircnicos importantes quer atraveacutes de veiacuteculos equipamento utensiacutelios camas alimentos e aacutegua contaminados O Homem pode tambeacutem desempenhar um papel importante na disseminaccedilatildeo da doenccedila nomeadamente atraveacutes de repovoamentos com animais infetados introduzindo assim o viacuterus em novos locais

O sinal cliacutenico mais evidente da infeccedilatildeo por RHDV2 eacute a morte suacutebita e raacutepida (periacuteodo de incubaccedilatildeo de 24-72 horas) dos coelhos adultos e jovens Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz (epistaxis Figura 4) boca e acircnus As lesotildees internas podem incluir edema hemorragia e congestatildeo da traqueia (Figura 5)e pulmatildeo (pneumonia hemorraacutegica Figura 6) hemorragias generalizadas em vaacuterios oacutergatildeos (baccedilo coraccedilatildeo e tecido linfaacutetico) e focos de necrose no fiacutegado com descoloraccedilatildeo deste oacutergatildeo (Figura 7)

Devido agrave sua elevada mortalidade (50 a 100) a DHV eacute considerada atualmente o principal fator responsaacutevel pela elevada reduccedilatildeo do coelho-bravo na Peniacutensula Ibeacuterica contribuindo para o desequiliacutebrio do ecossistema mediterracircnico e exercendo efeitos em cascata nomeadamente sobre as espeacutecies predadoras do coelho-bravo

Para aleacutem do coelho domeacutestico e do coelho-bravo foi descrita a infeccedilatildeo de algumas espeacutecies de lebre por RHDV2

A transmissatildeo ocorre atraveacutes do contacto direto com coelhos infetados (via oral conjuntival e respiratoacuteria) ou

A Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) eacute uma doenccedila altamente contagiosa provocada por um Lagovirus da famiacutelia Caliciviridae (RHDV) que foi identificado pela primeira vez na China em 1984

Em 1986 surge na Europa disseminando-se rapidamente a partir de 1988 tendo sido nesse ano identificada pela primeira vez em Portugal Atualmente a doenccedila eacute endeacutemica em quase todo o mundo

Uma nova variante do viacuterus (RHDV2 atualmente designada por GI2) altamente contagiosa foi detetada em 2010 em Franccedila em 2011 em Espanha e em 2012 em Portugal nas regiotildees Norte (Valpaccedilos) Alentejo (Barrancos) e Algarve causando elevada morbilidade e mortalidade afetando os coelhos de todas as faixas etaacuterias tanto domeacutesticos como selvagens

Desde entatildeo disseminou-se por toda a Europa Austraacutelia Aacutefrica e Canadaacute substituindo as estirpes existentes na maioria dos paiacuteses onde emergiu

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 4 ndash DHVSangue nas narinas (Epistaxis) (foto INIAV)

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

10

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 6: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

O Manual pretende dar resposta agraves duacutevidas e dificuldades sentidas no setor da caccedila facilitar a intervenccedilatildeo de gestores guardas outros teacutecnicos e caccediladores atraveacutes da disponibilizaccedilatildeo de um conjunto de informaccedilotildees e procedimentos praacuteticos e assim contribuir para a recuperaccedilatildeo do coelho-bravo no territoacuterio nacional

O presente Manual tem como objetivo reunir informaccedilatildeo simples e sistematizada sobre as medidas sanitaacuterias recomendadas para a prevenccedilatildeo reduccedilatildeo da disseminaccedilatildeo e controlo dos principais agentes patogeacutenicos que afetam os leporiacutedeos em Portugal com enfacircse para o coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus)

Assim ao abrigo do Despacho nordm 47572017 de 31 de maio foi criado um Grupo de Trabalho (GT) designado Grupo de Trabalho +Coelho que elaborou e colocou em curso em Portugal um Plano de Accedilatildeo para o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos com o objetivo principal de reverter o decliacutenio preocupante desta espeacutecie

As recomendaccedilotildees e procedimentos aqui compilados enquadram-se nos regulamentos legais listados no final do Manual

Com o aparecimento em Portugal em 2012 da nova variante do viacuterus da doenccedila hemorraacutegica viral (DHV) dos coelhos (RHDV2 ou GI2) que provocou elevada morbilidade e mortalidade do coelho-bravo (tambeacutem designado coelho-europeu) afetando todas as faixas etaacuterias da espeacutecie tornou-se necessaacuterio adotar uma nova estrateacutegia que implementasse e reforccedilasse as medidas de controlo desta doenccedila por forma a diminuir o seu impacto nas populaccedilotildees naturais de coelho

Os objetivos gerais as medidas especiacuteficas e as atividades desenvolvidas no acircmbito do projeto +Coelho podem ser conhecidos em maior detalhe no site do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos)

Algumas medidas deste Plano estatildeo a decorrer desde agosto de 2017 financiadas pelo Fundo Florestal Permanente atraveacutes do Projeto +Coelho Avaliaccedilatildeo Ecossanitaacuteria das Populaccedilotildees Naturais de Coelho-Bravo Visando o Controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral Este projeto reuacutene parceiros da administraccedilatildeo puacuteblica e da academia em estreita articulaccedilatildeo com as organizaccedilotildees do setor da caccedila (OSC) de primeiro niacutevel e constitui uma nova plataforma conceptual e operacional para a recuperaccedilatildeo do coelho-bravo

O Plano desenvolve-se em trecircs eixos de intervenccedilatildeo nomeadamente Programa de Investigaccedilatildeo Boas Praacuteticas de Gestatildeo e Medidas de Controlo Sanitaacuterio e com uma componente transversal de Comunicaccedilatildeo Sensibilizaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo tendo como objetivos o conhecimento monitorizaccedilatildeo e controlo da mortalidade associada agrave DHV o fomento de populaccedilotildees viaacuteveis e autossustentaacuteveis de coelho-bravo o incremento das populaccedilotildees atraveacutes de praacuteticas de gestatildeo adequadas e integradas e o aumento da consciecircncia social sobre a importacircncia ecoloacutegica do coelho-bravo e implicaccedilotildees das boas praacuteticas de gestatildeo Este Plano prioriza a comunicaccedilatildeo e a disseminaccedilatildeo do conhecimento teacutecnico-cientiacutefico gerado para os proprietaacuterios produtores caccediladores gestores e demais utilizadores do territoacuterio

PREAcircMBULO

4

O Grupo de Trabalho +Coelho eacute coordenado pelo Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV IP) e eacute constituiacutedo por representantes do Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e Florestas (ICNF IP) Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) Ordem dos Meacutedicos Veterinaacuterios (OMV) Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) e Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA)

Este Manual de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias previsto para o primeiro ano de atividades constitui um dos indicadores de execuccedilatildeo do projeto

5

Agente patogeacutenico organismo microscoacutepico ou natildeo capaz de produzir doenccedila numa determinada espeacutecie hospedeira Pode ser um viacuterus uma bacteacuteria um fungo ou um parasita

Agente zoonoacutetico organismo patogeacutenico que afeta animais e que pode ser transmissiacutevel ao Homem (ou vice-versa)

Caccedila menor no acircmbito deste Manual refere-se aos lagomorfos cinegeacuteticos especificamente ao coelho-bravo e agrave lebre

Cadaacutever corpo do animal por morte no decurso de doenccedila ou por outras causas que natildeo a caccedila

Carcaccedila corpo de um animal depois do abate e da preparaccedilatildeo (evisceraccedilatildeo remoccedilatildeo das extremidades dos membros e da cabeccedila)

Consumo domeacutestico privado (autoconsumo) Consumo (de peccedilas de caccedila) pelo proacuteprio caccedilador eou seu agregado familiar

Espeacutecies cinegeacuteticas espeacutecies de ungulados carniacutevoros lagomorfos aves sedentaacuterias e aves migradoras ou parcialmente migradoras identificadas no anexo I do Decreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto na sua versatildeo atual

Exame inicial exame macroscoacutepico das peccedilas de caccedila apoacutes o abate em ato venatoacuterio por indiviacuteduo devidamente formado em sanidade e higiene da carne de caccedila

Estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem estabelecimento aprovado pela DGAV em que as peccedilas de caccedila apoacutes o ato venatoacuterio satildeo preparadas e sujeitas a inspeccedilatildeo post-mortem com vista agrave sua colocaccedilatildeo no mercado ou ao consumo domeacutestico privado

Peccedila de caccedila corpo de um animal depois do abate e antes da preparaccedilatildeo

Pessoa devidamente formada para efetuar o exame inicial Caccedilador Guarda de Recursos Florestais ou Gestor Cinegeacutetico que frequentaram um curso de formaccedilatildeo especiacutefica em sanidade e higiene dos produtos de origem animal de espeacutecies cinegeacuteticas aprovado pela DGAV

selvagem atraveacutes de curso reconhecido pela autoridade competente (DGAV) para identificar eventuais alteraccedilotildees comportamentais das espeacutecies cinegeacuteticas antes do abate eou alteraccedilotildees das caracteriacutesticas das peccedilas de caccedila devido a doenccedilas contaminaccedilatildeo ambiental ou outros fatores que possam constituir risco sanitaacuterio e afetar a sauacutede humana pela manipulaccedilatildeo ou pelo consumo

Viacutesceras oacutergatildeos das cavidades toraacutecica abdominal e peacutelvica bem como a traqueia e o esoacutefago

DEFINICcedilOtildeES (no acircmbito do presente Guia)

6

Aspeto dos oacutergatildeos da cavidade abdominalde um coelho-bravo saudaacutevel (foto INIAV)

A legislaccedilatildeo comunitaacuteria reconhece-o e determina que sejam estabelecidas Boas Praacuteticas na produccedilatildeo primaacuteria de geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

No sentido de assegurar uma melhor sauacutede das espeacutecies cinegeacuteticas e a qualidade da carne de caccedila as Boas Praacuteticas devem ser divulgadas a todos os sistemas econoacutemicos e agentes associados direta e indiretamente agrave atividade cinegeacutetica

A implementaccedilatildeo de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias constitui uma ferramenta muito importante na prevenccedilatildeo e autocontrolo dos riscos alimentares A higiene e a sanidade da carne de coelho-bravo e de lebre assumem particular relevacircncia uma vez que satildeo muito apreciadas e consumidas pelos Portugueses

A alimentaccedilatildeo a sanidade e o maneio dos animais de espeacutecies pecuaacuterias e cinegeacuteticas satildeo determinantes da qualidade e da seguranccedila dos produtos finais destinados ao consumidor

Tambeacutem no caso das espeacutecies cinegeacuteticas a colocaccedilatildeo da carne de caccedila selvagem no mercado ou o consumo domeacutestico privado estatildeo sujeitos a regras legislaccedilatildeo e disposiccedilotildees administrativas especiacuteficas relativas agraves condiccedilotildees de higiene e de sauacutede puacuteblica e sanidade animal

As qualidades nutricionais da carne de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) e de lebre (Lepus granatensis) duas das espeacutecies cinegeacuteticas mais importantes no quadro venatoacuterio nacional e Ibeacuterico estatildeo diretamente ligadas agrave sauacutede dos animais que lhe deram origem pelo que desta depende a resposta agraves expetativas do consumidor final

O coelho-bravo eacute originaacuterio da Peniacutensula Ibeacuterica No passado a densidade populacional desta espeacutecie no nosso territoacuterio era elevada havendo registos de visualizaccedilatildeo de ateacute 40 coelhos por hectare Nas uacuteltimas deacutecadas e em especial nos uacuteltimos anos as populaccedilotildees de coelho-bravo sofreram uma diminuiccedilatildeo acentuada quer em nuacutemero quer em distribuiccedilatildeo geograacutefica Estima-se que atualmente subsista apenas 5 a 10 do tamanho da populaccedilatildeo que existia haacute 50 anos atraacutes Em Portugal e Espanha o coelho-bravo eacute uma das espeacutecies chave dos ecossistemas mediterracircnicos sendo uma das principais presas de pelo menos 27 espeacutecies de aves de rapina 11 espeacutecies de carniacutevoros e 2 espeacutecies de serpentes Entre estas destacam-se algumas espeacutecies emblemaacuteticas como o lince-ibeacuterico (Lynx pardinus) e a aacuteguia-imperial (Aquila adalberti) ambos com estatuto de conservaccedilatildeo ameaccedilado em parte devido agrave diminuiccedilatildeo draacutestica da abundacircncia da principal espeacutecie-presa o coelho-bravo

Torna-se assim fundamental recuperar e manter o equiliacutebrio de alguns ecossistemas adequados ao coelho-bravo em Portugal dos quais depende a sobrevivecircncia desta espeacutecie emblemaacutetica cujo estatuto atual de conservaccedilatildeo eacute de quase ameaccedilado (NT) muito resultante da emergecircncia de um novo viacuterus da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (RHDV2 ou GI2)

O decliacutenio das populaccedilotildees de coelho-bravo deve-se a um conjunto de fatores tais como a perturbaccedilatildeo humana a perda de habitat e sua fragmentaccedilatildeo resultantes da alteraccedilatildeo das praacuteticas de pecuaacuteria agricultura e silvicultura da desertificaccedilatildeo do mundo rural dos incecircndios rurais do desajuste da pressatildeo cinegeacutetica e principalmente das epizootias causadas pelos viacuterus da Mixomatose e da DHV

1 INTRODUCcedilAtildeO

7

As principais doenccedilas que afetam os leporiacutedeos satildeo a Mixomatose a Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) e a Tulareacutemia As primeiras de etiologia viral tecircm causado uma diminuiccedilatildeo alarmante das populaccedilotildees de coelho-bravo em Portugal e de um modo geral em toda a Peniacutensula Ibeacuterica A mixomatose tem sido raramente reportada em lebres e a doenccedila hemorraacutegica viral dos coelhos natildeo foi ateacute agrave data observada na espeacutecie de lebre que existe em Portugal (Lepus granatensis) embora outras espeacutecies existentes na Europa (por exemplo a lebre-castanha - Lepus europaeus) desenvolvam doenccedila semelhante agrave registada no coelho-bravo A relevacircncia da Tulareacutemia uma doenccedila de origem bacteriana que afeta a principalmente a lebre mas tambeacutem o coelho e outras espeacutecies prende-se com o risco para a sauacutede puacuteblica dado o seu caraacuteter zoonoacutetico Podem ainda ocorrer no coelho e na lebre doenccedilas parasitaacuterias como a Cisticercose a Coccidiose a Sarna e a Hidatidose ou doenccedilas causadas por fungos como as Dermatofitoses

DOENCcedilAS IMPORTANTES PARA O COELHO-BRAVOE A LEBRE E IMPLICACcedilOtildeES NA SAUacuteDE PUacuteBLICA 2

8

O viacuterus da Mixomatose eacute transmitido por via direta atraveacutes do contato com coelhos doentes ou por via indireta atraveacutes de vetores artroacutepodes (mosquitos pulgas carraccedilas ou piolhos) que proporcionam uma transmissatildeo mecacircnica do viacuterus ou ainda atraveacutes do contacto com jaulas agulhas comedouros ou alimentos contaminados por excreccedilotildees e exsudados nasais e lacrimais de animais infetados

Trata-se de uma doenccedila de etiologia viral altamente contagiosa causada pelo viacuterus da Mixomatose pertencente agrave famiacutelia Poxviridae Quando infetados os coelhos desenvolvem doenccedila que pode ser fatal A lebre quando infetada raramente apresenta sintomatologia sendo essencialmente portadora do viacuterus No entanto recentemente (VeratildeoOutono de 2018) tem sido reportada em Portugal e Espanha a ocorrecircncia de mortalidade de lebres exibindo mixomas inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras

211 MIXOMATOSE21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Esta doenccedila provoca elevados prejuiacutezos econoacutemicos e ambientais As taxas de mortalidade registadas inicialmente chegaram a ser de 99 tendo a virulecircncia do agente vindo a diminuir progressivamente como resultado da coevoluccedilatildeo viacuterus-hospedeiro desempenhando algumas estirpes menos virulentas um papel fundamental na aquisiccedilatildeo de imunidade funcionando como vacinas naturais Apesar da diminuiccedilatildeo da incidecircncia da Mixomatose esta doenccedila eacute ainda responsaacutevel direta ou indiretamente pela morte de cerca de 35 dos coelhos mais jovens uma vez que facilita a predaccedilatildeo dos animais debilitados pela infeccedilatildeo

A Mixomatose ocorre em surtos epideacutemicos anuais dependendo do clima da regiatildeo e da distribuiccedilatildeo e densidade de insetos vetores presentes Os meses mais quentes e huacutemidos (primavera veratildeo e outono) satildeo os periacuteodos de maior risco

211 MIXOMATOSE

9

Figura 1 - MixomatoseNoacutedulos nos pavilhotildees auriculares (foto INIAV)

Figura 2 - Mixomatose Corrimento ocular purulentoinflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (foto DGAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A doenccedila pode apresentar-se nas formas nodular ou respiratoacuteria (amiotomatosa) caracterizando-se respetivamente pela formaccedilatildeo de noacutedulos macroscoacutepicos na pele (mixomas) (Figura 1) e por dispneia (dificuldades respiratoacuterias) devido a edema do pulmatildeo Na forma nodular claacutessica os principais sinais incluem conjuntivite com corrimento ocular fluido ou purulento inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (Figura 2) orelhas laacutebios e focinho (cabeccedila inchada) inflamaccedilatildeo e edema do acircnus e vulva e tumefaccedilatildeo do escroto (Figura 3) Devido ao edema das vias respiratoacuterias os animais podem tambeacutem apresentar dispneia Outros sinais satildeo febre baixa emagrecimento e esplenomegalia (aumento do baccedilo) A morte ocorre geralmente ao fim de 8 a 15 dias apoacutes o aparecimento dos primeiros sinaisQuando o animal sobrevive agrave infeccedilatildeo persistem noacutedulos fibroacuteticos no focinho orelhas e patas dianteiras durante vaacuterias semanas que desaparecem ao fim de algum tempo Na forma respiratoacuteria os mixomas podem ser de reduzida dimensatildeo e passar despercebidos

Figura 3 - MixomatoseEdema na regiatildeo ano-genital (foto INIAV)

por exposiccedilatildeo a cadaacuteveres de animais infetados e tambeacutem por transmissatildeo indireta quer por insetos aves e mamiacuteferos que podem atuar como vetores mecacircnicos importantes quer atraveacutes de veiacuteculos equipamento utensiacutelios camas alimentos e aacutegua contaminados O Homem pode tambeacutem desempenhar um papel importante na disseminaccedilatildeo da doenccedila nomeadamente atraveacutes de repovoamentos com animais infetados introduzindo assim o viacuterus em novos locais

O sinal cliacutenico mais evidente da infeccedilatildeo por RHDV2 eacute a morte suacutebita e raacutepida (periacuteodo de incubaccedilatildeo de 24-72 horas) dos coelhos adultos e jovens Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz (epistaxis Figura 4) boca e acircnus As lesotildees internas podem incluir edema hemorragia e congestatildeo da traqueia (Figura 5)e pulmatildeo (pneumonia hemorraacutegica Figura 6) hemorragias generalizadas em vaacuterios oacutergatildeos (baccedilo coraccedilatildeo e tecido linfaacutetico) e focos de necrose no fiacutegado com descoloraccedilatildeo deste oacutergatildeo (Figura 7)

Devido agrave sua elevada mortalidade (50 a 100) a DHV eacute considerada atualmente o principal fator responsaacutevel pela elevada reduccedilatildeo do coelho-bravo na Peniacutensula Ibeacuterica contribuindo para o desequiliacutebrio do ecossistema mediterracircnico e exercendo efeitos em cascata nomeadamente sobre as espeacutecies predadoras do coelho-bravo

Para aleacutem do coelho domeacutestico e do coelho-bravo foi descrita a infeccedilatildeo de algumas espeacutecies de lebre por RHDV2

A transmissatildeo ocorre atraveacutes do contacto direto com coelhos infetados (via oral conjuntival e respiratoacuteria) ou

A Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) eacute uma doenccedila altamente contagiosa provocada por um Lagovirus da famiacutelia Caliciviridae (RHDV) que foi identificado pela primeira vez na China em 1984

Em 1986 surge na Europa disseminando-se rapidamente a partir de 1988 tendo sido nesse ano identificada pela primeira vez em Portugal Atualmente a doenccedila eacute endeacutemica em quase todo o mundo

Uma nova variante do viacuterus (RHDV2 atualmente designada por GI2) altamente contagiosa foi detetada em 2010 em Franccedila em 2011 em Espanha e em 2012 em Portugal nas regiotildees Norte (Valpaccedilos) Alentejo (Barrancos) e Algarve causando elevada morbilidade e mortalidade afetando os coelhos de todas as faixas etaacuterias tanto domeacutesticos como selvagens

Desde entatildeo disseminou-se por toda a Europa Austraacutelia Aacutefrica e Canadaacute substituindo as estirpes existentes na maioria dos paiacuteses onde emergiu

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 4 ndash DHVSangue nas narinas (Epistaxis) (foto INIAV)

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

10

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 7: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

O Grupo de Trabalho +Coelho eacute coordenado pelo Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV IP) e eacute constituiacutedo por representantes do Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e Florestas (ICNF IP) Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) Ordem dos Meacutedicos Veterinaacuterios (OMV) Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) e Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA)

Este Manual de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias previsto para o primeiro ano de atividades constitui um dos indicadores de execuccedilatildeo do projeto

5

Agente patogeacutenico organismo microscoacutepico ou natildeo capaz de produzir doenccedila numa determinada espeacutecie hospedeira Pode ser um viacuterus uma bacteacuteria um fungo ou um parasita

Agente zoonoacutetico organismo patogeacutenico que afeta animais e que pode ser transmissiacutevel ao Homem (ou vice-versa)

Caccedila menor no acircmbito deste Manual refere-se aos lagomorfos cinegeacuteticos especificamente ao coelho-bravo e agrave lebre

Cadaacutever corpo do animal por morte no decurso de doenccedila ou por outras causas que natildeo a caccedila

Carcaccedila corpo de um animal depois do abate e da preparaccedilatildeo (evisceraccedilatildeo remoccedilatildeo das extremidades dos membros e da cabeccedila)

Consumo domeacutestico privado (autoconsumo) Consumo (de peccedilas de caccedila) pelo proacuteprio caccedilador eou seu agregado familiar

Espeacutecies cinegeacuteticas espeacutecies de ungulados carniacutevoros lagomorfos aves sedentaacuterias e aves migradoras ou parcialmente migradoras identificadas no anexo I do Decreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto na sua versatildeo atual

Exame inicial exame macroscoacutepico das peccedilas de caccedila apoacutes o abate em ato venatoacuterio por indiviacuteduo devidamente formado em sanidade e higiene da carne de caccedila

Estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem estabelecimento aprovado pela DGAV em que as peccedilas de caccedila apoacutes o ato venatoacuterio satildeo preparadas e sujeitas a inspeccedilatildeo post-mortem com vista agrave sua colocaccedilatildeo no mercado ou ao consumo domeacutestico privado

Peccedila de caccedila corpo de um animal depois do abate e antes da preparaccedilatildeo

Pessoa devidamente formada para efetuar o exame inicial Caccedilador Guarda de Recursos Florestais ou Gestor Cinegeacutetico que frequentaram um curso de formaccedilatildeo especiacutefica em sanidade e higiene dos produtos de origem animal de espeacutecies cinegeacuteticas aprovado pela DGAV

selvagem atraveacutes de curso reconhecido pela autoridade competente (DGAV) para identificar eventuais alteraccedilotildees comportamentais das espeacutecies cinegeacuteticas antes do abate eou alteraccedilotildees das caracteriacutesticas das peccedilas de caccedila devido a doenccedilas contaminaccedilatildeo ambiental ou outros fatores que possam constituir risco sanitaacuterio e afetar a sauacutede humana pela manipulaccedilatildeo ou pelo consumo

Viacutesceras oacutergatildeos das cavidades toraacutecica abdominal e peacutelvica bem como a traqueia e o esoacutefago

DEFINICcedilOtildeES (no acircmbito do presente Guia)

6

Aspeto dos oacutergatildeos da cavidade abdominalde um coelho-bravo saudaacutevel (foto INIAV)

A legislaccedilatildeo comunitaacuteria reconhece-o e determina que sejam estabelecidas Boas Praacuteticas na produccedilatildeo primaacuteria de geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

No sentido de assegurar uma melhor sauacutede das espeacutecies cinegeacuteticas e a qualidade da carne de caccedila as Boas Praacuteticas devem ser divulgadas a todos os sistemas econoacutemicos e agentes associados direta e indiretamente agrave atividade cinegeacutetica

A implementaccedilatildeo de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias constitui uma ferramenta muito importante na prevenccedilatildeo e autocontrolo dos riscos alimentares A higiene e a sanidade da carne de coelho-bravo e de lebre assumem particular relevacircncia uma vez que satildeo muito apreciadas e consumidas pelos Portugueses

A alimentaccedilatildeo a sanidade e o maneio dos animais de espeacutecies pecuaacuterias e cinegeacuteticas satildeo determinantes da qualidade e da seguranccedila dos produtos finais destinados ao consumidor

Tambeacutem no caso das espeacutecies cinegeacuteticas a colocaccedilatildeo da carne de caccedila selvagem no mercado ou o consumo domeacutestico privado estatildeo sujeitos a regras legislaccedilatildeo e disposiccedilotildees administrativas especiacuteficas relativas agraves condiccedilotildees de higiene e de sauacutede puacuteblica e sanidade animal

As qualidades nutricionais da carne de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) e de lebre (Lepus granatensis) duas das espeacutecies cinegeacuteticas mais importantes no quadro venatoacuterio nacional e Ibeacuterico estatildeo diretamente ligadas agrave sauacutede dos animais que lhe deram origem pelo que desta depende a resposta agraves expetativas do consumidor final

O coelho-bravo eacute originaacuterio da Peniacutensula Ibeacuterica No passado a densidade populacional desta espeacutecie no nosso territoacuterio era elevada havendo registos de visualizaccedilatildeo de ateacute 40 coelhos por hectare Nas uacuteltimas deacutecadas e em especial nos uacuteltimos anos as populaccedilotildees de coelho-bravo sofreram uma diminuiccedilatildeo acentuada quer em nuacutemero quer em distribuiccedilatildeo geograacutefica Estima-se que atualmente subsista apenas 5 a 10 do tamanho da populaccedilatildeo que existia haacute 50 anos atraacutes Em Portugal e Espanha o coelho-bravo eacute uma das espeacutecies chave dos ecossistemas mediterracircnicos sendo uma das principais presas de pelo menos 27 espeacutecies de aves de rapina 11 espeacutecies de carniacutevoros e 2 espeacutecies de serpentes Entre estas destacam-se algumas espeacutecies emblemaacuteticas como o lince-ibeacuterico (Lynx pardinus) e a aacuteguia-imperial (Aquila adalberti) ambos com estatuto de conservaccedilatildeo ameaccedilado em parte devido agrave diminuiccedilatildeo draacutestica da abundacircncia da principal espeacutecie-presa o coelho-bravo

Torna-se assim fundamental recuperar e manter o equiliacutebrio de alguns ecossistemas adequados ao coelho-bravo em Portugal dos quais depende a sobrevivecircncia desta espeacutecie emblemaacutetica cujo estatuto atual de conservaccedilatildeo eacute de quase ameaccedilado (NT) muito resultante da emergecircncia de um novo viacuterus da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (RHDV2 ou GI2)

O decliacutenio das populaccedilotildees de coelho-bravo deve-se a um conjunto de fatores tais como a perturbaccedilatildeo humana a perda de habitat e sua fragmentaccedilatildeo resultantes da alteraccedilatildeo das praacuteticas de pecuaacuteria agricultura e silvicultura da desertificaccedilatildeo do mundo rural dos incecircndios rurais do desajuste da pressatildeo cinegeacutetica e principalmente das epizootias causadas pelos viacuterus da Mixomatose e da DHV

1 INTRODUCcedilAtildeO

7

As principais doenccedilas que afetam os leporiacutedeos satildeo a Mixomatose a Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) e a Tulareacutemia As primeiras de etiologia viral tecircm causado uma diminuiccedilatildeo alarmante das populaccedilotildees de coelho-bravo em Portugal e de um modo geral em toda a Peniacutensula Ibeacuterica A mixomatose tem sido raramente reportada em lebres e a doenccedila hemorraacutegica viral dos coelhos natildeo foi ateacute agrave data observada na espeacutecie de lebre que existe em Portugal (Lepus granatensis) embora outras espeacutecies existentes na Europa (por exemplo a lebre-castanha - Lepus europaeus) desenvolvam doenccedila semelhante agrave registada no coelho-bravo A relevacircncia da Tulareacutemia uma doenccedila de origem bacteriana que afeta a principalmente a lebre mas tambeacutem o coelho e outras espeacutecies prende-se com o risco para a sauacutede puacuteblica dado o seu caraacuteter zoonoacutetico Podem ainda ocorrer no coelho e na lebre doenccedilas parasitaacuterias como a Cisticercose a Coccidiose a Sarna e a Hidatidose ou doenccedilas causadas por fungos como as Dermatofitoses

DOENCcedilAS IMPORTANTES PARA O COELHO-BRAVOE A LEBRE E IMPLICACcedilOtildeES NA SAUacuteDE PUacuteBLICA 2

8

O viacuterus da Mixomatose eacute transmitido por via direta atraveacutes do contato com coelhos doentes ou por via indireta atraveacutes de vetores artroacutepodes (mosquitos pulgas carraccedilas ou piolhos) que proporcionam uma transmissatildeo mecacircnica do viacuterus ou ainda atraveacutes do contacto com jaulas agulhas comedouros ou alimentos contaminados por excreccedilotildees e exsudados nasais e lacrimais de animais infetados

Trata-se de uma doenccedila de etiologia viral altamente contagiosa causada pelo viacuterus da Mixomatose pertencente agrave famiacutelia Poxviridae Quando infetados os coelhos desenvolvem doenccedila que pode ser fatal A lebre quando infetada raramente apresenta sintomatologia sendo essencialmente portadora do viacuterus No entanto recentemente (VeratildeoOutono de 2018) tem sido reportada em Portugal e Espanha a ocorrecircncia de mortalidade de lebres exibindo mixomas inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras

211 MIXOMATOSE21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Esta doenccedila provoca elevados prejuiacutezos econoacutemicos e ambientais As taxas de mortalidade registadas inicialmente chegaram a ser de 99 tendo a virulecircncia do agente vindo a diminuir progressivamente como resultado da coevoluccedilatildeo viacuterus-hospedeiro desempenhando algumas estirpes menos virulentas um papel fundamental na aquisiccedilatildeo de imunidade funcionando como vacinas naturais Apesar da diminuiccedilatildeo da incidecircncia da Mixomatose esta doenccedila eacute ainda responsaacutevel direta ou indiretamente pela morte de cerca de 35 dos coelhos mais jovens uma vez que facilita a predaccedilatildeo dos animais debilitados pela infeccedilatildeo

A Mixomatose ocorre em surtos epideacutemicos anuais dependendo do clima da regiatildeo e da distribuiccedilatildeo e densidade de insetos vetores presentes Os meses mais quentes e huacutemidos (primavera veratildeo e outono) satildeo os periacuteodos de maior risco

211 MIXOMATOSE

9

Figura 1 - MixomatoseNoacutedulos nos pavilhotildees auriculares (foto INIAV)

Figura 2 - Mixomatose Corrimento ocular purulentoinflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (foto DGAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A doenccedila pode apresentar-se nas formas nodular ou respiratoacuteria (amiotomatosa) caracterizando-se respetivamente pela formaccedilatildeo de noacutedulos macroscoacutepicos na pele (mixomas) (Figura 1) e por dispneia (dificuldades respiratoacuterias) devido a edema do pulmatildeo Na forma nodular claacutessica os principais sinais incluem conjuntivite com corrimento ocular fluido ou purulento inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (Figura 2) orelhas laacutebios e focinho (cabeccedila inchada) inflamaccedilatildeo e edema do acircnus e vulva e tumefaccedilatildeo do escroto (Figura 3) Devido ao edema das vias respiratoacuterias os animais podem tambeacutem apresentar dispneia Outros sinais satildeo febre baixa emagrecimento e esplenomegalia (aumento do baccedilo) A morte ocorre geralmente ao fim de 8 a 15 dias apoacutes o aparecimento dos primeiros sinaisQuando o animal sobrevive agrave infeccedilatildeo persistem noacutedulos fibroacuteticos no focinho orelhas e patas dianteiras durante vaacuterias semanas que desaparecem ao fim de algum tempo Na forma respiratoacuteria os mixomas podem ser de reduzida dimensatildeo e passar despercebidos

Figura 3 - MixomatoseEdema na regiatildeo ano-genital (foto INIAV)

por exposiccedilatildeo a cadaacuteveres de animais infetados e tambeacutem por transmissatildeo indireta quer por insetos aves e mamiacuteferos que podem atuar como vetores mecacircnicos importantes quer atraveacutes de veiacuteculos equipamento utensiacutelios camas alimentos e aacutegua contaminados O Homem pode tambeacutem desempenhar um papel importante na disseminaccedilatildeo da doenccedila nomeadamente atraveacutes de repovoamentos com animais infetados introduzindo assim o viacuterus em novos locais

O sinal cliacutenico mais evidente da infeccedilatildeo por RHDV2 eacute a morte suacutebita e raacutepida (periacuteodo de incubaccedilatildeo de 24-72 horas) dos coelhos adultos e jovens Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz (epistaxis Figura 4) boca e acircnus As lesotildees internas podem incluir edema hemorragia e congestatildeo da traqueia (Figura 5)e pulmatildeo (pneumonia hemorraacutegica Figura 6) hemorragias generalizadas em vaacuterios oacutergatildeos (baccedilo coraccedilatildeo e tecido linfaacutetico) e focos de necrose no fiacutegado com descoloraccedilatildeo deste oacutergatildeo (Figura 7)

Devido agrave sua elevada mortalidade (50 a 100) a DHV eacute considerada atualmente o principal fator responsaacutevel pela elevada reduccedilatildeo do coelho-bravo na Peniacutensula Ibeacuterica contribuindo para o desequiliacutebrio do ecossistema mediterracircnico e exercendo efeitos em cascata nomeadamente sobre as espeacutecies predadoras do coelho-bravo

Para aleacutem do coelho domeacutestico e do coelho-bravo foi descrita a infeccedilatildeo de algumas espeacutecies de lebre por RHDV2

A transmissatildeo ocorre atraveacutes do contacto direto com coelhos infetados (via oral conjuntival e respiratoacuteria) ou

A Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) eacute uma doenccedila altamente contagiosa provocada por um Lagovirus da famiacutelia Caliciviridae (RHDV) que foi identificado pela primeira vez na China em 1984

Em 1986 surge na Europa disseminando-se rapidamente a partir de 1988 tendo sido nesse ano identificada pela primeira vez em Portugal Atualmente a doenccedila eacute endeacutemica em quase todo o mundo

Uma nova variante do viacuterus (RHDV2 atualmente designada por GI2) altamente contagiosa foi detetada em 2010 em Franccedila em 2011 em Espanha e em 2012 em Portugal nas regiotildees Norte (Valpaccedilos) Alentejo (Barrancos) e Algarve causando elevada morbilidade e mortalidade afetando os coelhos de todas as faixas etaacuterias tanto domeacutesticos como selvagens

Desde entatildeo disseminou-se por toda a Europa Austraacutelia Aacutefrica e Canadaacute substituindo as estirpes existentes na maioria dos paiacuteses onde emergiu

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 4 ndash DHVSangue nas narinas (Epistaxis) (foto INIAV)

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

10

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 8: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

Agente patogeacutenico organismo microscoacutepico ou natildeo capaz de produzir doenccedila numa determinada espeacutecie hospedeira Pode ser um viacuterus uma bacteacuteria um fungo ou um parasita

Agente zoonoacutetico organismo patogeacutenico que afeta animais e que pode ser transmissiacutevel ao Homem (ou vice-versa)

Caccedila menor no acircmbito deste Manual refere-se aos lagomorfos cinegeacuteticos especificamente ao coelho-bravo e agrave lebre

Cadaacutever corpo do animal por morte no decurso de doenccedila ou por outras causas que natildeo a caccedila

Carcaccedila corpo de um animal depois do abate e da preparaccedilatildeo (evisceraccedilatildeo remoccedilatildeo das extremidades dos membros e da cabeccedila)

Consumo domeacutestico privado (autoconsumo) Consumo (de peccedilas de caccedila) pelo proacuteprio caccedilador eou seu agregado familiar

Espeacutecies cinegeacuteticas espeacutecies de ungulados carniacutevoros lagomorfos aves sedentaacuterias e aves migradoras ou parcialmente migradoras identificadas no anexo I do Decreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto na sua versatildeo atual

Exame inicial exame macroscoacutepico das peccedilas de caccedila apoacutes o abate em ato venatoacuterio por indiviacuteduo devidamente formado em sanidade e higiene da carne de caccedila

Estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem estabelecimento aprovado pela DGAV em que as peccedilas de caccedila apoacutes o ato venatoacuterio satildeo preparadas e sujeitas a inspeccedilatildeo post-mortem com vista agrave sua colocaccedilatildeo no mercado ou ao consumo domeacutestico privado

Peccedila de caccedila corpo de um animal depois do abate e antes da preparaccedilatildeo

Pessoa devidamente formada para efetuar o exame inicial Caccedilador Guarda de Recursos Florestais ou Gestor Cinegeacutetico que frequentaram um curso de formaccedilatildeo especiacutefica em sanidade e higiene dos produtos de origem animal de espeacutecies cinegeacuteticas aprovado pela DGAV

selvagem atraveacutes de curso reconhecido pela autoridade competente (DGAV) para identificar eventuais alteraccedilotildees comportamentais das espeacutecies cinegeacuteticas antes do abate eou alteraccedilotildees das caracteriacutesticas das peccedilas de caccedila devido a doenccedilas contaminaccedilatildeo ambiental ou outros fatores que possam constituir risco sanitaacuterio e afetar a sauacutede humana pela manipulaccedilatildeo ou pelo consumo

Viacutesceras oacutergatildeos das cavidades toraacutecica abdominal e peacutelvica bem como a traqueia e o esoacutefago

DEFINICcedilOtildeES (no acircmbito do presente Guia)

6

Aspeto dos oacutergatildeos da cavidade abdominalde um coelho-bravo saudaacutevel (foto INIAV)

A legislaccedilatildeo comunitaacuteria reconhece-o e determina que sejam estabelecidas Boas Praacuteticas na produccedilatildeo primaacuteria de geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

No sentido de assegurar uma melhor sauacutede das espeacutecies cinegeacuteticas e a qualidade da carne de caccedila as Boas Praacuteticas devem ser divulgadas a todos os sistemas econoacutemicos e agentes associados direta e indiretamente agrave atividade cinegeacutetica

A implementaccedilatildeo de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias constitui uma ferramenta muito importante na prevenccedilatildeo e autocontrolo dos riscos alimentares A higiene e a sanidade da carne de coelho-bravo e de lebre assumem particular relevacircncia uma vez que satildeo muito apreciadas e consumidas pelos Portugueses

A alimentaccedilatildeo a sanidade e o maneio dos animais de espeacutecies pecuaacuterias e cinegeacuteticas satildeo determinantes da qualidade e da seguranccedila dos produtos finais destinados ao consumidor

Tambeacutem no caso das espeacutecies cinegeacuteticas a colocaccedilatildeo da carne de caccedila selvagem no mercado ou o consumo domeacutestico privado estatildeo sujeitos a regras legislaccedilatildeo e disposiccedilotildees administrativas especiacuteficas relativas agraves condiccedilotildees de higiene e de sauacutede puacuteblica e sanidade animal

As qualidades nutricionais da carne de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) e de lebre (Lepus granatensis) duas das espeacutecies cinegeacuteticas mais importantes no quadro venatoacuterio nacional e Ibeacuterico estatildeo diretamente ligadas agrave sauacutede dos animais que lhe deram origem pelo que desta depende a resposta agraves expetativas do consumidor final

O coelho-bravo eacute originaacuterio da Peniacutensula Ibeacuterica No passado a densidade populacional desta espeacutecie no nosso territoacuterio era elevada havendo registos de visualizaccedilatildeo de ateacute 40 coelhos por hectare Nas uacuteltimas deacutecadas e em especial nos uacuteltimos anos as populaccedilotildees de coelho-bravo sofreram uma diminuiccedilatildeo acentuada quer em nuacutemero quer em distribuiccedilatildeo geograacutefica Estima-se que atualmente subsista apenas 5 a 10 do tamanho da populaccedilatildeo que existia haacute 50 anos atraacutes Em Portugal e Espanha o coelho-bravo eacute uma das espeacutecies chave dos ecossistemas mediterracircnicos sendo uma das principais presas de pelo menos 27 espeacutecies de aves de rapina 11 espeacutecies de carniacutevoros e 2 espeacutecies de serpentes Entre estas destacam-se algumas espeacutecies emblemaacuteticas como o lince-ibeacuterico (Lynx pardinus) e a aacuteguia-imperial (Aquila adalberti) ambos com estatuto de conservaccedilatildeo ameaccedilado em parte devido agrave diminuiccedilatildeo draacutestica da abundacircncia da principal espeacutecie-presa o coelho-bravo

Torna-se assim fundamental recuperar e manter o equiliacutebrio de alguns ecossistemas adequados ao coelho-bravo em Portugal dos quais depende a sobrevivecircncia desta espeacutecie emblemaacutetica cujo estatuto atual de conservaccedilatildeo eacute de quase ameaccedilado (NT) muito resultante da emergecircncia de um novo viacuterus da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (RHDV2 ou GI2)

O decliacutenio das populaccedilotildees de coelho-bravo deve-se a um conjunto de fatores tais como a perturbaccedilatildeo humana a perda de habitat e sua fragmentaccedilatildeo resultantes da alteraccedilatildeo das praacuteticas de pecuaacuteria agricultura e silvicultura da desertificaccedilatildeo do mundo rural dos incecircndios rurais do desajuste da pressatildeo cinegeacutetica e principalmente das epizootias causadas pelos viacuterus da Mixomatose e da DHV

1 INTRODUCcedilAtildeO

7

As principais doenccedilas que afetam os leporiacutedeos satildeo a Mixomatose a Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) e a Tulareacutemia As primeiras de etiologia viral tecircm causado uma diminuiccedilatildeo alarmante das populaccedilotildees de coelho-bravo em Portugal e de um modo geral em toda a Peniacutensula Ibeacuterica A mixomatose tem sido raramente reportada em lebres e a doenccedila hemorraacutegica viral dos coelhos natildeo foi ateacute agrave data observada na espeacutecie de lebre que existe em Portugal (Lepus granatensis) embora outras espeacutecies existentes na Europa (por exemplo a lebre-castanha - Lepus europaeus) desenvolvam doenccedila semelhante agrave registada no coelho-bravo A relevacircncia da Tulareacutemia uma doenccedila de origem bacteriana que afeta a principalmente a lebre mas tambeacutem o coelho e outras espeacutecies prende-se com o risco para a sauacutede puacuteblica dado o seu caraacuteter zoonoacutetico Podem ainda ocorrer no coelho e na lebre doenccedilas parasitaacuterias como a Cisticercose a Coccidiose a Sarna e a Hidatidose ou doenccedilas causadas por fungos como as Dermatofitoses

DOENCcedilAS IMPORTANTES PARA O COELHO-BRAVOE A LEBRE E IMPLICACcedilOtildeES NA SAUacuteDE PUacuteBLICA 2

8

O viacuterus da Mixomatose eacute transmitido por via direta atraveacutes do contato com coelhos doentes ou por via indireta atraveacutes de vetores artroacutepodes (mosquitos pulgas carraccedilas ou piolhos) que proporcionam uma transmissatildeo mecacircnica do viacuterus ou ainda atraveacutes do contacto com jaulas agulhas comedouros ou alimentos contaminados por excreccedilotildees e exsudados nasais e lacrimais de animais infetados

Trata-se de uma doenccedila de etiologia viral altamente contagiosa causada pelo viacuterus da Mixomatose pertencente agrave famiacutelia Poxviridae Quando infetados os coelhos desenvolvem doenccedila que pode ser fatal A lebre quando infetada raramente apresenta sintomatologia sendo essencialmente portadora do viacuterus No entanto recentemente (VeratildeoOutono de 2018) tem sido reportada em Portugal e Espanha a ocorrecircncia de mortalidade de lebres exibindo mixomas inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras

211 MIXOMATOSE21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Esta doenccedila provoca elevados prejuiacutezos econoacutemicos e ambientais As taxas de mortalidade registadas inicialmente chegaram a ser de 99 tendo a virulecircncia do agente vindo a diminuir progressivamente como resultado da coevoluccedilatildeo viacuterus-hospedeiro desempenhando algumas estirpes menos virulentas um papel fundamental na aquisiccedilatildeo de imunidade funcionando como vacinas naturais Apesar da diminuiccedilatildeo da incidecircncia da Mixomatose esta doenccedila eacute ainda responsaacutevel direta ou indiretamente pela morte de cerca de 35 dos coelhos mais jovens uma vez que facilita a predaccedilatildeo dos animais debilitados pela infeccedilatildeo

A Mixomatose ocorre em surtos epideacutemicos anuais dependendo do clima da regiatildeo e da distribuiccedilatildeo e densidade de insetos vetores presentes Os meses mais quentes e huacutemidos (primavera veratildeo e outono) satildeo os periacuteodos de maior risco

211 MIXOMATOSE

9

Figura 1 - MixomatoseNoacutedulos nos pavilhotildees auriculares (foto INIAV)

Figura 2 - Mixomatose Corrimento ocular purulentoinflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (foto DGAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A doenccedila pode apresentar-se nas formas nodular ou respiratoacuteria (amiotomatosa) caracterizando-se respetivamente pela formaccedilatildeo de noacutedulos macroscoacutepicos na pele (mixomas) (Figura 1) e por dispneia (dificuldades respiratoacuterias) devido a edema do pulmatildeo Na forma nodular claacutessica os principais sinais incluem conjuntivite com corrimento ocular fluido ou purulento inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (Figura 2) orelhas laacutebios e focinho (cabeccedila inchada) inflamaccedilatildeo e edema do acircnus e vulva e tumefaccedilatildeo do escroto (Figura 3) Devido ao edema das vias respiratoacuterias os animais podem tambeacutem apresentar dispneia Outros sinais satildeo febre baixa emagrecimento e esplenomegalia (aumento do baccedilo) A morte ocorre geralmente ao fim de 8 a 15 dias apoacutes o aparecimento dos primeiros sinaisQuando o animal sobrevive agrave infeccedilatildeo persistem noacutedulos fibroacuteticos no focinho orelhas e patas dianteiras durante vaacuterias semanas que desaparecem ao fim de algum tempo Na forma respiratoacuteria os mixomas podem ser de reduzida dimensatildeo e passar despercebidos

Figura 3 - MixomatoseEdema na regiatildeo ano-genital (foto INIAV)

por exposiccedilatildeo a cadaacuteveres de animais infetados e tambeacutem por transmissatildeo indireta quer por insetos aves e mamiacuteferos que podem atuar como vetores mecacircnicos importantes quer atraveacutes de veiacuteculos equipamento utensiacutelios camas alimentos e aacutegua contaminados O Homem pode tambeacutem desempenhar um papel importante na disseminaccedilatildeo da doenccedila nomeadamente atraveacutes de repovoamentos com animais infetados introduzindo assim o viacuterus em novos locais

O sinal cliacutenico mais evidente da infeccedilatildeo por RHDV2 eacute a morte suacutebita e raacutepida (periacuteodo de incubaccedilatildeo de 24-72 horas) dos coelhos adultos e jovens Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz (epistaxis Figura 4) boca e acircnus As lesotildees internas podem incluir edema hemorragia e congestatildeo da traqueia (Figura 5)e pulmatildeo (pneumonia hemorraacutegica Figura 6) hemorragias generalizadas em vaacuterios oacutergatildeos (baccedilo coraccedilatildeo e tecido linfaacutetico) e focos de necrose no fiacutegado com descoloraccedilatildeo deste oacutergatildeo (Figura 7)

Devido agrave sua elevada mortalidade (50 a 100) a DHV eacute considerada atualmente o principal fator responsaacutevel pela elevada reduccedilatildeo do coelho-bravo na Peniacutensula Ibeacuterica contribuindo para o desequiliacutebrio do ecossistema mediterracircnico e exercendo efeitos em cascata nomeadamente sobre as espeacutecies predadoras do coelho-bravo

Para aleacutem do coelho domeacutestico e do coelho-bravo foi descrita a infeccedilatildeo de algumas espeacutecies de lebre por RHDV2

A transmissatildeo ocorre atraveacutes do contacto direto com coelhos infetados (via oral conjuntival e respiratoacuteria) ou

A Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) eacute uma doenccedila altamente contagiosa provocada por um Lagovirus da famiacutelia Caliciviridae (RHDV) que foi identificado pela primeira vez na China em 1984

Em 1986 surge na Europa disseminando-se rapidamente a partir de 1988 tendo sido nesse ano identificada pela primeira vez em Portugal Atualmente a doenccedila eacute endeacutemica em quase todo o mundo

Uma nova variante do viacuterus (RHDV2 atualmente designada por GI2) altamente contagiosa foi detetada em 2010 em Franccedila em 2011 em Espanha e em 2012 em Portugal nas regiotildees Norte (Valpaccedilos) Alentejo (Barrancos) e Algarve causando elevada morbilidade e mortalidade afetando os coelhos de todas as faixas etaacuterias tanto domeacutesticos como selvagens

Desde entatildeo disseminou-se por toda a Europa Austraacutelia Aacutefrica e Canadaacute substituindo as estirpes existentes na maioria dos paiacuteses onde emergiu

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 4 ndash DHVSangue nas narinas (Epistaxis) (foto INIAV)

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

10

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 9: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

A legislaccedilatildeo comunitaacuteria reconhece-o e determina que sejam estabelecidas Boas Praacuteticas na produccedilatildeo primaacuteria de geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

No sentido de assegurar uma melhor sauacutede das espeacutecies cinegeacuteticas e a qualidade da carne de caccedila as Boas Praacuteticas devem ser divulgadas a todos os sistemas econoacutemicos e agentes associados direta e indiretamente agrave atividade cinegeacutetica

A implementaccedilatildeo de Boas Praacuteticas Sanitaacuterias constitui uma ferramenta muito importante na prevenccedilatildeo e autocontrolo dos riscos alimentares A higiene e a sanidade da carne de coelho-bravo e de lebre assumem particular relevacircncia uma vez que satildeo muito apreciadas e consumidas pelos Portugueses

A alimentaccedilatildeo a sanidade e o maneio dos animais de espeacutecies pecuaacuterias e cinegeacuteticas satildeo determinantes da qualidade e da seguranccedila dos produtos finais destinados ao consumidor

Tambeacutem no caso das espeacutecies cinegeacuteticas a colocaccedilatildeo da carne de caccedila selvagem no mercado ou o consumo domeacutestico privado estatildeo sujeitos a regras legislaccedilatildeo e disposiccedilotildees administrativas especiacuteficas relativas agraves condiccedilotildees de higiene e de sauacutede puacuteblica e sanidade animal

As qualidades nutricionais da carne de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) e de lebre (Lepus granatensis) duas das espeacutecies cinegeacuteticas mais importantes no quadro venatoacuterio nacional e Ibeacuterico estatildeo diretamente ligadas agrave sauacutede dos animais que lhe deram origem pelo que desta depende a resposta agraves expetativas do consumidor final

O coelho-bravo eacute originaacuterio da Peniacutensula Ibeacuterica No passado a densidade populacional desta espeacutecie no nosso territoacuterio era elevada havendo registos de visualizaccedilatildeo de ateacute 40 coelhos por hectare Nas uacuteltimas deacutecadas e em especial nos uacuteltimos anos as populaccedilotildees de coelho-bravo sofreram uma diminuiccedilatildeo acentuada quer em nuacutemero quer em distribuiccedilatildeo geograacutefica Estima-se que atualmente subsista apenas 5 a 10 do tamanho da populaccedilatildeo que existia haacute 50 anos atraacutes Em Portugal e Espanha o coelho-bravo eacute uma das espeacutecies chave dos ecossistemas mediterracircnicos sendo uma das principais presas de pelo menos 27 espeacutecies de aves de rapina 11 espeacutecies de carniacutevoros e 2 espeacutecies de serpentes Entre estas destacam-se algumas espeacutecies emblemaacuteticas como o lince-ibeacuterico (Lynx pardinus) e a aacuteguia-imperial (Aquila adalberti) ambos com estatuto de conservaccedilatildeo ameaccedilado em parte devido agrave diminuiccedilatildeo draacutestica da abundacircncia da principal espeacutecie-presa o coelho-bravo

Torna-se assim fundamental recuperar e manter o equiliacutebrio de alguns ecossistemas adequados ao coelho-bravo em Portugal dos quais depende a sobrevivecircncia desta espeacutecie emblemaacutetica cujo estatuto atual de conservaccedilatildeo eacute de quase ameaccedilado (NT) muito resultante da emergecircncia de um novo viacuterus da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (RHDV2 ou GI2)

O decliacutenio das populaccedilotildees de coelho-bravo deve-se a um conjunto de fatores tais como a perturbaccedilatildeo humana a perda de habitat e sua fragmentaccedilatildeo resultantes da alteraccedilatildeo das praacuteticas de pecuaacuteria agricultura e silvicultura da desertificaccedilatildeo do mundo rural dos incecircndios rurais do desajuste da pressatildeo cinegeacutetica e principalmente das epizootias causadas pelos viacuterus da Mixomatose e da DHV

1 INTRODUCcedilAtildeO

7

As principais doenccedilas que afetam os leporiacutedeos satildeo a Mixomatose a Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) e a Tulareacutemia As primeiras de etiologia viral tecircm causado uma diminuiccedilatildeo alarmante das populaccedilotildees de coelho-bravo em Portugal e de um modo geral em toda a Peniacutensula Ibeacuterica A mixomatose tem sido raramente reportada em lebres e a doenccedila hemorraacutegica viral dos coelhos natildeo foi ateacute agrave data observada na espeacutecie de lebre que existe em Portugal (Lepus granatensis) embora outras espeacutecies existentes na Europa (por exemplo a lebre-castanha - Lepus europaeus) desenvolvam doenccedila semelhante agrave registada no coelho-bravo A relevacircncia da Tulareacutemia uma doenccedila de origem bacteriana que afeta a principalmente a lebre mas tambeacutem o coelho e outras espeacutecies prende-se com o risco para a sauacutede puacuteblica dado o seu caraacuteter zoonoacutetico Podem ainda ocorrer no coelho e na lebre doenccedilas parasitaacuterias como a Cisticercose a Coccidiose a Sarna e a Hidatidose ou doenccedilas causadas por fungos como as Dermatofitoses

DOENCcedilAS IMPORTANTES PARA O COELHO-BRAVOE A LEBRE E IMPLICACcedilOtildeES NA SAUacuteDE PUacuteBLICA 2

8

O viacuterus da Mixomatose eacute transmitido por via direta atraveacutes do contato com coelhos doentes ou por via indireta atraveacutes de vetores artroacutepodes (mosquitos pulgas carraccedilas ou piolhos) que proporcionam uma transmissatildeo mecacircnica do viacuterus ou ainda atraveacutes do contacto com jaulas agulhas comedouros ou alimentos contaminados por excreccedilotildees e exsudados nasais e lacrimais de animais infetados

Trata-se de uma doenccedila de etiologia viral altamente contagiosa causada pelo viacuterus da Mixomatose pertencente agrave famiacutelia Poxviridae Quando infetados os coelhos desenvolvem doenccedila que pode ser fatal A lebre quando infetada raramente apresenta sintomatologia sendo essencialmente portadora do viacuterus No entanto recentemente (VeratildeoOutono de 2018) tem sido reportada em Portugal e Espanha a ocorrecircncia de mortalidade de lebres exibindo mixomas inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras

211 MIXOMATOSE21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Esta doenccedila provoca elevados prejuiacutezos econoacutemicos e ambientais As taxas de mortalidade registadas inicialmente chegaram a ser de 99 tendo a virulecircncia do agente vindo a diminuir progressivamente como resultado da coevoluccedilatildeo viacuterus-hospedeiro desempenhando algumas estirpes menos virulentas um papel fundamental na aquisiccedilatildeo de imunidade funcionando como vacinas naturais Apesar da diminuiccedilatildeo da incidecircncia da Mixomatose esta doenccedila eacute ainda responsaacutevel direta ou indiretamente pela morte de cerca de 35 dos coelhos mais jovens uma vez que facilita a predaccedilatildeo dos animais debilitados pela infeccedilatildeo

A Mixomatose ocorre em surtos epideacutemicos anuais dependendo do clima da regiatildeo e da distribuiccedilatildeo e densidade de insetos vetores presentes Os meses mais quentes e huacutemidos (primavera veratildeo e outono) satildeo os periacuteodos de maior risco

211 MIXOMATOSE

9

Figura 1 - MixomatoseNoacutedulos nos pavilhotildees auriculares (foto INIAV)

Figura 2 - Mixomatose Corrimento ocular purulentoinflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (foto DGAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A doenccedila pode apresentar-se nas formas nodular ou respiratoacuteria (amiotomatosa) caracterizando-se respetivamente pela formaccedilatildeo de noacutedulos macroscoacutepicos na pele (mixomas) (Figura 1) e por dispneia (dificuldades respiratoacuterias) devido a edema do pulmatildeo Na forma nodular claacutessica os principais sinais incluem conjuntivite com corrimento ocular fluido ou purulento inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (Figura 2) orelhas laacutebios e focinho (cabeccedila inchada) inflamaccedilatildeo e edema do acircnus e vulva e tumefaccedilatildeo do escroto (Figura 3) Devido ao edema das vias respiratoacuterias os animais podem tambeacutem apresentar dispneia Outros sinais satildeo febre baixa emagrecimento e esplenomegalia (aumento do baccedilo) A morte ocorre geralmente ao fim de 8 a 15 dias apoacutes o aparecimento dos primeiros sinaisQuando o animal sobrevive agrave infeccedilatildeo persistem noacutedulos fibroacuteticos no focinho orelhas e patas dianteiras durante vaacuterias semanas que desaparecem ao fim de algum tempo Na forma respiratoacuteria os mixomas podem ser de reduzida dimensatildeo e passar despercebidos

Figura 3 - MixomatoseEdema na regiatildeo ano-genital (foto INIAV)

por exposiccedilatildeo a cadaacuteveres de animais infetados e tambeacutem por transmissatildeo indireta quer por insetos aves e mamiacuteferos que podem atuar como vetores mecacircnicos importantes quer atraveacutes de veiacuteculos equipamento utensiacutelios camas alimentos e aacutegua contaminados O Homem pode tambeacutem desempenhar um papel importante na disseminaccedilatildeo da doenccedila nomeadamente atraveacutes de repovoamentos com animais infetados introduzindo assim o viacuterus em novos locais

O sinal cliacutenico mais evidente da infeccedilatildeo por RHDV2 eacute a morte suacutebita e raacutepida (periacuteodo de incubaccedilatildeo de 24-72 horas) dos coelhos adultos e jovens Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz (epistaxis Figura 4) boca e acircnus As lesotildees internas podem incluir edema hemorragia e congestatildeo da traqueia (Figura 5)e pulmatildeo (pneumonia hemorraacutegica Figura 6) hemorragias generalizadas em vaacuterios oacutergatildeos (baccedilo coraccedilatildeo e tecido linfaacutetico) e focos de necrose no fiacutegado com descoloraccedilatildeo deste oacutergatildeo (Figura 7)

Devido agrave sua elevada mortalidade (50 a 100) a DHV eacute considerada atualmente o principal fator responsaacutevel pela elevada reduccedilatildeo do coelho-bravo na Peniacutensula Ibeacuterica contribuindo para o desequiliacutebrio do ecossistema mediterracircnico e exercendo efeitos em cascata nomeadamente sobre as espeacutecies predadoras do coelho-bravo

Para aleacutem do coelho domeacutestico e do coelho-bravo foi descrita a infeccedilatildeo de algumas espeacutecies de lebre por RHDV2

A transmissatildeo ocorre atraveacutes do contacto direto com coelhos infetados (via oral conjuntival e respiratoacuteria) ou

A Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) eacute uma doenccedila altamente contagiosa provocada por um Lagovirus da famiacutelia Caliciviridae (RHDV) que foi identificado pela primeira vez na China em 1984

Em 1986 surge na Europa disseminando-se rapidamente a partir de 1988 tendo sido nesse ano identificada pela primeira vez em Portugal Atualmente a doenccedila eacute endeacutemica em quase todo o mundo

Uma nova variante do viacuterus (RHDV2 atualmente designada por GI2) altamente contagiosa foi detetada em 2010 em Franccedila em 2011 em Espanha e em 2012 em Portugal nas regiotildees Norte (Valpaccedilos) Alentejo (Barrancos) e Algarve causando elevada morbilidade e mortalidade afetando os coelhos de todas as faixas etaacuterias tanto domeacutesticos como selvagens

Desde entatildeo disseminou-se por toda a Europa Austraacutelia Aacutefrica e Canadaacute substituindo as estirpes existentes na maioria dos paiacuteses onde emergiu

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 4 ndash DHVSangue nas narinas (Epistaxis) (foto INIAV)

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

10

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 10: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

As principais doenccedilas que afetam os leporiacutedeos satildeo a Mixomatose a Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) e a Tulareacutemia As primeiras de etiologia viral tecircm causado uma diminuiccedilatildeo alarmante das populaccedilotildees de coelho-bravo em Portugal e de um modo geral em toda a Peniacutensula Ibeacuterica A mixomatose tem sido raramente reportada em lebres e a doenccedila hemorraacutegica viral dos coelhos natildeo foi ateacute agrave data observada na espeacutecie de lebre que existe em Portugal (Lepus granatensis) embora outras espeacutecies existentes na Europa (por exemplo a lebre-castanha - Lepus europaeus) desenvolvam doenccedila semelhante agrave registada no coelho-bravo A relevacircncia da Tulareacutemia uma doenccedila de origem bacteriana que afeta a principalmente a lebre mas tambeacutem o coelho e outras espeacutecies prende-se com o risco para a sauacutede puacuteblica dado o seu caraacuteter zoonoacutetico Podem ainda ocorrer no coelho e na lebre doenccedilas parasitaacuterias como a Cisticercose a Coccidiose a Sarna e a Hidatidose ou doenccedilas causadas por fungos como as Dermatofitoses

DOENCcedilAS IMPORTANTES PARA O COELHO-BRAVOE A LEBRE E IMPLICACcedilOtildeES NA SAUacuteDE PUacuteBLICA 2

8

O viacuterus da Mixomatose eacute transmitido por via direta atraveacutes do contato com coelhos doentes ou por via indireta atraveacutes de vetores artroacutepodes (mosquitos pulgas carraccedilas ou piolhos) que proporcionam uma transmissatildeo mecacircnica do viacuterus ou ainda atraveacutes do contacto com jaulas agulhas comedouros ou alimentos contaminados por excreccedilotildees e exsudados nasais e lacrimais de animais infetados

Trata-se de uma doenccedila de etiologia viral altamente contagiosa causada pelo viacuterus da Mixomatose pertencente agrave famiacutelia Poxviridae Quando infetados os coelhos desenvolvem doenccedila que pode ser fatal A lebre quando infetada raramente apresenta sintomatologia sendo essencialmente portadora do viacuterus No entanto recentemente (VeratildeoOutono de 2018) tem sido reportada em Portugal e Espanha a ocorrecircncia de mortalidade de lebres exibindo mixomas inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras

211 MIXOMATOSE21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Esta doenccedila provoca elevados prejuiacutezos econoacutemicos e ambientais As taxas de mortalidade registadas inicialmente chegaram a ser de 99 tendo a virulecircncia do agente vindo a diminuir progressivamente como resultado da coevoluccedilatildeo viacuterus-hospedeiro desempenhando algumas estirpes menos virulentas um papel fundamental na aquisiccedilatildeo de imunidade funcionando como vacinas naturais Apesar da diminuiccedilatildeo da incidecircncia da Mixomatose esta doenccedila eacute ainda responsaacutevel direta ou indiretamente pela morte de cerca de 35 dos coelhos mais jovens uma vez que facilita a predaccedilatildeo dos animais debilitados pela infeccedilatildeo

A Mixomatose ocorre em surtos epideacutemicos anuais dependendo do clima da regiatildeo e da distribuiccedilatildeo e densidade de insetos vetores presentes Os meses mais quentes e huacutemidos (primavera veratildeo e outono) satildeo os periacuteodos de maior risco

211 MIXOMATOSE

9

Figura 1 - MixomatoseNoacutedulos nos pavilhotildees auriculares (foto INIAV)

Figura 2 - Mixomatose Corrimento ocular purulentoinflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (foto DGAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A doenccedila pode apresentar-se nas formas nodular ou respiratoacuteria (amiotomatosa) caracterizando-se respetivamente pela formaccedilatildeo de noacutedulos macroscoacutepicos na pele (mixomas) (Figura 1) e por dispneia (dificuldades respiratoacuterias) devido a edema do pulmatildeo Na forma nodular claacutessica os principais sinais incluem conjuntivite com corrimento ocular fluido ou purulento inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (Figura 2) orelhas laacutebios e focinho (cabeccedila inchada) inflamaccedilatildeo e edema do acircnus e vulva e tumefaccedilatildeo do escroto (Figura 3) Devido ao edema das vias respiratoacuterias os animais podem tambeacutem apresentar dispneia Outros sinais satildeo febre baixa emagrecimento e esplenomegalia (aumento do baccedilo) A morte ocorre geralmente ao fim de 8 a 15 dias apoacutes o aparecimento dos primeiros sinaisQuando o animal sobrevive agrave infeccedilatildeo persistem noacutedulos fibroacuteticos no focinho orelhas e patas dianteiras durante vaacuterias semanas que desaparecem ao fim de algum tempo Na forma respiratoacuteria os mixomas podem ser de reduzida dimensatildeo e passar despercebidos

Figura 3 - MixomatoseEdema na regiatildeo ano-genital (foto INIAV)

por exposiccedilatildeo a cadaacuteveres de animais infetados e tambeacutem por transmissatildeo indireta quer por insetos aves e mamiacuteferos que podem atuar como vetores mecacircnicos importantes quer atraveacutes de veiacuteculos equipamento utensiacutelios camas alimentos e aacutegua contaminados O Homem pode tambeacutem desempenhar um papel importante na disseminaccedilatildeo da doenccedila nomeadamente atraveacutes de repovoamentos com animais infetados introduzindo assim o viacuterus em novos locais

O sinal cliacutenico mais evidente da infeccedilatildeo por RHDV2 eacute a morte suacutebita e raacutepida (periacuteodo de incubaccedilatildeo de 24-72 horas) dos coelhos adultos e jovens Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz (epistaxis Figura 4) boca e acircnus As lesotildees internas podem incluir edema hemorragia e congestatildeo da traqueia (Figura 5)e pulmatildeo (pneumonia hemorraacutegica Figura 6) hemorragias generalizadas em vaacuterios oacutergatildeos (baccedilo coraccedilatildeo e tecido linfaacutetico) e focos de necrose no fiacutegado com descoloraccedilatildeo deste oacutergatildeo (Figura 7)

Devido agrave sua elevada mortalidade (50 a 100) a DHV eacute considerada atualmente o principal fator responsaacutevel pela elevada reduccedilatildeo do coelho-bravo na Peniacutensula Ibeacuterica contribuindo para o desequiliacutebrio do ecossistema mediterracircnico e exercendo efeitos em cascata nomeadamente sobre as espeacutecies predadoras do coelho-bravo

Para aleacutem do coelho domeacutestico e do coelho-bravo foi descrita a infeccedilatildeo de algumas espeacutecies de lebre por RHDV2

A transmissatildeo ocorre atraveacutes do contacto direto com coelhos infetados (via oral conjuntival e respiratoacuteria) ou

A Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) eacute uma doenccedila altamente contagiosa provocada por um Lagovirus da famiacutelia Caliciviridae (RHDV) que foi identificado pela primeira vez na China em 1984

Em 1986 surge na Europa disseminando-se rapidamente a partir de 1988 tendo sido nesse ano identificada pela primeira vez em Portugal Atualmente a doenccedila eacute endeacutemica em quase todo o mundo

Uma nova variante do viacuterus (RHDV2 atualmente designada por GI2) altamente contagiosa foi detetada em 2010 em Franccedila em 2011 em Espanha e em 2012 em Portugal nas regiotildees Norte (Valpaccedilos) Alentejo (Barrancos) e Algarve causando elevada morbilidade e mortalidade afetando os coelhos de todas as faixas etaacuterias tanto domeacutesticos como selvagens

Desde entatildeo disseminou-se por toda a Europa Austraacutelia Aacutefrica e Canadaacute substituindo as estirpes existentes na maioria dos paiacuteses onde emergiu

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 4 ndash DHVSangue nas narinas (Epistaxis) (foto INIAV)

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

10

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 11: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

211 MIXOMATOSE

9

Figura 1 - MixomatoseNoacutedulos nos pavilhotildees auriculares (foto INIAV)

Figura 2 - Mixomatose Corrimento ocular purulentoinflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (foto DGAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A doenccedila pode apresentar-se nas formas nodular ou respiratoacuteria (amiotomatosa) caracterizando-se respetivamente pela formaccedilatildeo de noacutedulos macroscoacutepicos na pele (mixomas) (Figura 1) e por dispneia (dificuldades respiratoacuterias) devido a edema do pulmatildeo Na forma nodular claacutessica os principais sinais incluem conjuntivite com corrimento ocular fluido ou purulento inflamaccedilatildeo e edema das paacutelpebras (Figura 2) orelhas laacutebios e focinho (cabeccedila inchada) inflamaccedilatildeo e edema do acircnus e vulva e tumefaccedilatildeo do escroto (Figura 3) Devido ao edema das vias respiratoacuterias os animais podem tambeacutem apresentar dispneia Outros sinais satildeo febre baixa emagrecimento e esplenomegalia (aumento do baccedilo) A morte ocorre geralmente ao fim de 8 a 15 dias apoacutes o aparecimento dos primeiros sinaisQuando o animal sobrevive agrave infeccedilatildeo persistem noacutedulos fibroacuteticos no focinho orelhas e patas dianteiras durante vaacuterias semanas que desaparecem ao fim de algum tempo Na forma respiratoacuteria os mixomas podem ser de reduzida dimensatildeo e passar despercebidos

Figura 3 - MixomatoseEdema na regiatildeo ano-genital (foto INIAV)

por exposiccedilatildeo a cadaacuteveres de animais infetados e tambeacutem por transmissatildeo indireta quer por insetos aves e mamiacuteferos que podem atuar como vetores mecacircnicos importantes quer atraveacutes de veiacuteculos equipamento utensiacutelios camas alimentos e aacutegua contaminados O Homem pode tambeacutem desempenhar um papel importante na disseminaccedilatildeo da doenccedila nomeadamente atraveacutes de repovoamentos com animais infetados introduzindo assim o viacuterus em novos locais

O sinal cliacutenico mais evidente da infeccedilatildeo por RHDV2 eacute a morte suacutebita e raacutepida (periacuteodo de incubaccedilatildeo de 24-72 horas) dos coelhos adultos e jovens Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz (epistaxis Figura 4) boca e acircnus As lesotildees internas podem incluir edema hemorragia e congestatildeo da traqueia (Figura 5)e pulmatildeo (pneumonia hemorraacutegica Figura 6) hemorragias generalizadas em vaacuterios oacutergatildeos (baccedilo coraccedilatildeo e tecido linfaacutetico) e focos de necrose no fiacutegado com descoloraccedilatildeo deste oacutergatildeo (Figura 7)

Devido agrave sua elevada mortalidade (50 a 100) a DHV eacute considerada atualmente o principal fator responsaacutevel pela elevada reduccedilatildeo do coelho-bravo na Peniacutensula Ibeacuterica contribuindo para o desequiliacutebrio do ecossistema mediterracircnico e exercendo efeitos em cascata nomeadamente sobre as espeacutecies predadoras do coelho-bravo

Para aleacutem do coelho domeacutestico e do coelho-bravo foi descrita a infeccedilatildeo de algumas espeacutecies de lebre por RHDV2

A transmissatildeo ocorre atraveacutes do contacto direto com coelhos infetados (via oral conjuntival e respiratoacuteria) ou

A Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) eacute uma doenccedila altamente contagiosa provocada por um Lagovirus da famiacutelia Caliciviridae (RHDV) que foi identificado pela primeira vez na China em 1984

Em 1986 surge na Europa disseminando-se rapidamente a partir de 1988 tendo sido nesse ano identificada pela primeira vez em Portugal Atualmente a doenccedila eacute endeacutemica em quase todo o mundo

Uma nova variante do viacuterus (RHDV2 atualmente designada por GI2) altamente contagiosa foi detetada em 2010 em Franccedila em 2011 em Espanha e em 2012 em Portugal nas regiotildees Norte (Valpaccedilos) Alentejo (Barrancos) e Algarve causando elevada morbilidade e mortalidade afetando os coelhos de todas as faixas etaacuterias tanto domeacutesticos como selvagens

Desde entatildeo disseminou-se por toda a Europa Austraacutelia Aacutefrica e Canadaacute substituindo as estirpes existentes na maioria dos paiacuteses onde emergiu

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 4 ndash DHVSangue nas narinas (Epistaxis) (foto INIAV)

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

10

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 12: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

por exposiccedilatildeo a cadaacuteveres de animais infetados e tambeacutem por transmissatildeo indireta quer por insetos aves e mamiacuteferos que podem atuar como vetores mecacircnicos importantes quer atraveacutes de veiacuteculos equipamento utensiacutelios camas alimentos e aacutegua contaminados O Homem pode tambeacutem desempenhar um papel importante na disseminaccedilatildeo da doenccedila nomeadamente atraveacutes de repovoamentos com animais infetados introduzindo assim o viacuterus em novos locais

O sinal cliacutenico mais evidente da infeccedilatildeo por RHDV2 eacute a morte suacutebita e raacutepida (periacuteodo de incubaccedilatildeo de 24-72 horas) dos coelhos adultos e jovens Alguns animais podem apresentar sangue espumoso no nariz (epistaxis Figura 4) boca e acircnus As lesotildees internas podem incluir edema hemorragia e congestatildeo da traqueia (Figura 5)e pulmatildeo (pneumonia hemorraacutegica Figura 6) hemorragias generalizadas em vaacuterios oacutergatildeos (baccedilo coraccedilatildeo e tecido linfaacutetico) e focos de necrose no fiacutegado com descoloraccedilatildeo deste oacutergatildeo (Figura 7)

Devido agrave sua elevada mortalidade (50 a 100) a DHV eacute considerada atualmente o principal fator responsaacutevel pela elevada reduccedilatildeo do coelho-bravo na Peniacutensula Ibeacuterica contribuindo para o desequiliacutebrio do ecossistema mediterracircnico e exercendo efeitos em cascata nomeadamente sobre as espeacutecies predadoras do coelho-bravo

Para aleacutem do coelho domeacutestico e do coelho-bravo foi descrita a infeccedilatildeo de algumas espeacutecies de lebre por RHDV2

A transmissatildeo ocorre atraveacutes do contacto direto com coelhos infetados (via oral conjuntival e respiratoacuteria) ou

A Doenccedila Hemorraacutegica Viral (DHV) eacute uma doenccedila altamente contagiosa provocada por um Lagovirus da famiacutelia Caliciviridae (RHDV) que foi identificado pela primeira vez na China em 1984

Em 1986 surge na Europa disseminando-se rapidamente a partir de 1988 tendo sido nesse ano identificada pela primeira vez em Portugal Atualmente a doenccedila eacute endeacutemica em quase todo o mundo

Uma nova variante do viacuterus (RHDV2 atualmente designada por GI2) altamente contagiosa foi detetada em 2010 em Franccedila em 2011 em Espanha e em 2012 em Portugal nas regiotildees Norte (Valpaccedilos) Alentejo (Barrancos) e Algarve causando elevada morbilidade e mortalidade afetando os coelhos de todas as faixas etaacuterias tanto domeacutesticos como selvagens

Desde entatildeo disseminou-se por toda a Europa Austraacutelia Aacutefrica e Canadaacute substituindo as estirpes existentes na maioria dos paiacuteses onde emergiu

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 4 ndash DHVSangue nas narinas (Epistaxis) (foto INIAV)

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

10

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 13: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

212 DOENCcedilA HEMORRAacuteGICA VIRAL DO COELHO

A doenccedila de evoluccedilatildeo subaguda ou croacutenica caracteriza-se por icteriacutecia generalizada e descoloraccedilatildeo das orelhas conjuntiva e mucosas perda de peso e apatia

Eacute no inverno e primavera que ocorre o maior nuacutemero de surtos de DHV

O viacuterus eacute muito resistente no meio ambiente podendo permanecer infecioso na mateacuteria orgacircnica nos campos entre trecircs a sete meses resistindo agrave congelaccedilatildeo a temperaturas elevadas (uma hora a 50 degC) e mantendo-se estaacutevel em ambientes aacutecidos e alcalinos (pH entre 45 e 105) O viacuterus pode persistir durante meses na carne de coelho refrigerada ou congelada bem como no meio ambiente em cadaacuteveres em decomposiccedilatildeoO viacuterus eacute sensiacutevel ao hidroacutexido de soacutedio a 1 (soda caacuteustica) ao formol a 1-2 e ao hipoclorito de soacutedio (componente base da lixiacutevia) a 05 podendo ser inativado nestas condiccedilotildees

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Figura 6 ndash DHVCongestatildeo pulmonar (foto INIAV)

11

Figura 7 ndash DHVDescoloraccedilatildeo do fiacutegado em coelho domeacutestico (esquerda)

e bravo (direita) (foto INIAV)

Fiacutegado Fiacutegado

Figura 5 ndash DHVCongestatildeo e hemorragias no epiteacutelio da traqueia (foto INIAV)

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 14: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

A vacinaccedilatildeo eacute permitida e autorizada nas exploraccedilotildees industriais (cuniculturas) e detenccedilotildees caseiras de coelho domeacutestico e nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo existindo na atualidade vaacuterias vacinas comerciais para a prevenccedilatildeo da Mixomatose e da DHV

No caso da DHV o niacutevel de proteccedilatildeo cruzada induzida pela vacinaccedilatildeo com vacinas contra as estirpes claacutessicas que circularam ateacute 2010 natildeo eacute eficaz para a nova variante (RHDV2) uma vez que natildeo previne infeccedilotildees por este novo viacuterus e consequentemente as perdas devido agrave doenccedila No entanto existem no mercado vacinas inativadas especiacuteficas para RHDV2 para administraccedilatildeo subcutacircnea ou intramuscular que induzem imunidade protetora mas curta (entre 6 meses a 1 ano)

Contudo a aplicaccedilatildeo destas vacinas no controlo da Mixomatose e da DHV nas populaccedilotildees cinegeacuteticas revela-se pouco eficaz por razotildees vaacuterias

Assim as vacinas atualmente disponiacuteveis para a DHV (incluindo a RHDV2) e a mixomatose apenas satildeo adequadas agrave cunicultura industrial agrave criaccedilatildeo tradicional de coelho domeacutestico produzido para consumo domeacutestico privado aos animais de companhia e agraves exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo

Satildeo necessaacuterias revacinaccedilotildees perioacutedicas (6-12 meses)

Requerem uma administraccedilatildeo individualizada para cada animal o que envolve capturas e recapturas dos mesmos animais e manipulaccedilatildeo individual dos mesmos que por si soacute podem causar a morte Natildeo existe qualquer transmissatildeo horizontal (ie para a comunidade) da resistecircncia adquirida aos viacuterus A transmissatildeo vertical (ie para a descendecircncia) de imunidade eacute limitada e curta

Eacute necessaacuterio que os coelhos a vacinar estejam em boas condiccedilotildees fiacutesicas livres de parasitas e de qualquer doenccedila e que natildeo sejam submetidos a stress a fim de se assegurar uma boa resposta imunitaacuteria

213 CONTROLO DE DOENCcedilAS VIRAIS DO COELHO

No acircmbito do projeto +Coelho pretende-se desenvolver uma vacina para prevenir a DHV causada por RHDV2 baseada na administraccedilatildeo oral de partiacuteculas do tipo viral (VLPs) contendo apenas o exterior do viacuterus (caacutepside) sendo destituiacutedas de material geneacutetico Esta seraacute uma vacina potencialmente ajustaacutevel agrave evoluccedilatildeo das estirpes de campo de RHDV2 e contendo apenas a componente estrutural do viacuterus pelo que natildeo implicaraacute a libertaccedilatildeo de viacuterus infecioso (com capacidade de infetar) ou de material geneacutetico (RNA) do viacuterus na natureza sendo por isso uma vacina inoacutecua e segura Uma vez suspensa a vacinaccedilatildeo o rasto imunoloacutegico induzido pela vacina seraacute eliminado em 6 meses a 1 ano permitindo avaliar atraveacutes de testes seroloacutegicos se os viacuterus de campo continuam em circulaccedilatildeo A administraccedilatildeo desta vacina por incorporaccedilatildeo em isco possibilitaraacute a sua aplicaccedilatildeo generalizada no campo nas zonas onde o viacuterus circula sem necessidade de captura e manipulaccedilatildeo dos animais sendo por isso uma vacina adequada ao coelho-bravo de vida livre

12

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 15: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

2131RECOMENDACcedilOtildeES PARA AS ZONAS DE CACcedilAAFETADAS POR DOENCcedilAS VIRAIS21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

Para evitar a contaminaccedilatildeo ambiental e a disseminaccedilatildeo destes viacuterus particularmente de RHDV2 listam-se algumas recomendaccedilotildees de profilaxia sanitaacuteria aplicaacutevel nas aacutereas onde seja confirmada a sua circulaccedilatildeo

Intensificaccedilatildeo da prospeccedilatildeo de mortalidade e remoccedilatildeo sistemaacutetica dos cadaacuteveres encontrados para diminuiccedilatildeo da transmissatildeo os cadaacuteveres deveratildeo ser enviados p ara os definidos no acircmbito do projeto pontos de recolha +Coelho

I nterrupccedilatildeo da suplementaccedilatildeo de alimento por forma a desfavorecer a proximidade entre animais

I ncentivo agrave vacinaccedilatildeo dos coelhos domeacutesticos das aacutereas vizinhas e ao uso de redes mosquiteiras para evitar a transmissatildeo de agentes entre coelho domeacutestico e coelho-bravo

D esinfeccedilatildeo semanal com desinfetantes aprovados dos bebedouros existentes

R educcedilatildeo da contaminaccedilatildeo ambiental atraveacutes da eliminaccedilatildeo das viacutesceras de coelhos e lebres das aacutereas afetadas conforme procedimentos estabelecidos no ponto 34 deste manual

E visceraccedilatildeo dos animais em ato venatoacuterio sobre um plaacutestico por forma a evitar pingos de sangue no chatildeo D esinfeccedilatildeo das solas das botas equipamentos robustos e rodas dos veiacuteculos atraveacutes de pediluacutevios ou rodoluacutevios com desinfetantes aprovados antes da saiacuteda da zona de caccedila afetada tendo em conta a possibilidade de transporte mecacircnico do viacuterus atraveacutes de catildees pessoas equipamentos e veiacuteculos contaminados C ontrolo de vetores nas aberturas das tocas uma vez que o viacuterus pode ser disseminado mecanicamente por insetos A s aacutereas conhecidas como afetadas devem ser as uacuteltimas a ser percorridas na jornada de caccedila Neste caso os animais caccedilados deveratildeo ser amostrados e as respetivas amostras bioloacutegicas enviadas para o INIAV atraveacutes dos pontos de recolha referidos acima

Recomenda-se muita atenccedilatildeo agrave contaminaccedilatildeo indiretaatraveacutes dos utensiacutelios gaiolas e jaulas pessoal

forragens e alimentos provenientes de zonas infetadas

13

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 16: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

21 DOENCcedilAS CAUSADAS POR VIacuteRUS

No caso das exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se que todos os animais utilizados para repovoamento sejam vacinados contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas inativadas para administraccedilatildeo parenteral atualmente disponiacuteveis no mercado sendo espectaacutevel o desenvolvimento de imunidade a partir de 8 dias apoacutes vacinaccedilatildeo e a induccedilatildeo de uma proteccedilatildeo imunitaacuteria por um periacuteodo miacutenimo de 6 meses

Sempre que possiacutevel deve efetuar-se o controlo de pragas (insetos e roedores) uma vez que estes constituem vetores mecacircnicos muito eficientes na transmissatildeo destas viroses

No final da quarentena os coelhos devem ser desparasitados e vacinados e devem aguardar 8 dias antes da sua libertaccedilatildeo a qual soacute deveraacute ocorrer caso os animais se encontrem em boas condiccedilotildees fiacutesicas

No caso de suspeita de doenccedila eou ocorrecircncia de mortalidade nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo deve ser efetuado o diagnoacutestico laboratorial e uma vez confirmada a suspeita proceder-se agrave eutanaacutesia dos animais afetados e incineraccedilatildeo dos cadaacuteveres bem como agrave desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e ao combate dos insetos e outros vetores evitando-se assim que mais animais sejam contaminados Nos parques de reproduccedilatildeodetenccedilatildeo de coelho-bravo o solo deveraacute ser desinfetado com cal em poacute ou hidratada

Estando estes agentes infeciosos distribuiacutedos por toda a Peniacutensula Ibeacuterica nunca devem ser efetuados repovoamentos ou translocaccedilotildees com coelhos capturados em outras zonas de caccedila ou provenientes de criadores que natildeo adotem medidas sanitaacuterias adequadas sem o respeito de uma quarentena miacutenima de 3 semanas em parques proacuteprios e isolados para que se evite a introduccedilatildeo inadvertida de animais infetados nas Zonas de Caccedila

O protocolo de vacinaccedilatildeo deve ser aplicado de acordo com as indicaccedilotildees do Meacutedico Veterinaacuterio Assistente e a vacina utilizada

2132

RECOMENDACcedilOtildeES PARA A PREVENCcedilAtildeO E CONTROLODE DOENCcedilAS VIRAIS NAS EXPLORACcedilOtildeESDE PRODUCcedilAtildeO CINEGEacuteTICA DE COELHO-BRAVO

14

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 17: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

O Homem infeta-se com a bacteacuteria por diferentes vias (Figura 8) P icada de carraccedilas mosquitos moscas

I ngestatildeo de aacutegua contaminada ou de carne mal cozinhada proveniente de animais infetados

C ontacto direto com carne fezes urina ou partes do corpo de animais infetados

M ordedura de carniacutevoro infetado (raramente)

I nalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou seu contato com o saco conjuntival

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Este agente jaacute foi detetado em vaacuterias espeacutecies de animais incluindo lagomorfos roedores carniacutevoros aves peixes e reacutepteis As lebres e coelhos e os roedores satildeo considerados os principais reservatoacuterios da bacteacuteria na natureza

As lesotildees observadas consistem habitualmente no aumento do tamanho do fiacutegado e do baccedilo na presenccedila de granulomas nos pulmotildees pericaacuterdio e rins ou alternativamente na congestatildeo e em lesotildees hemorraacutegicas em vaacuterios oacutergatildeos podendo ainda ser observados sinais de pneumonia Nos casos de evoluccedilatildeo mais arrastada da doenccedila (infeccedilatildeo subaguda e croacutenica) as lesotildees podem fazer lembrar a tuberculose com granulomas croacutenicos no fiacutegado baccedilo rim e pulmatildeo

Nos animais as manifestaccedilotildees cliacutenicas dependem da suscetibilidade da espeacutecie agrave bacteacuteria da via de infeccedilatildeo e da estirpe da bacteacuteria envolvida No iniacutecio da infeccedilatildeo os animais afetados podem natildeo aparentar doenccedila Quando surgem os sinais incluem febre alta letargia anorexia perda de peso taquipneia taquicardia e hipertensatildeo A prostraccedilatildeo e morte advecircm de septiceacutemia e coagulaccedilatildeo intravascular disseminada

A Tulareacutemia eacute uma zoonose que tem como agente etioloacutegico a bacteacuteria Francisella tularensis sendo transmitida por contato direto com outros animais infetados ingestatildeo de alimentos ou aacutegua contaminados inalaccedilatildeo de aerossoacuteis ou picada de artroacutepodes hematoacutefagos (carraccedilas mosquitos ou moscas)

Figura 8 ndash TulareacutemiaCiclo de transmissatildeo da F tularensis

(Adaptado de Jane E Sykes and Bruno B Chomel httpsveteriankeycom)

Mordedurade carniacutevoro

Inalaccedilatildeo

Animais reservatoacuteriosda doenccedila

IngestatildeoInoculaccedilatildeo cutacircnea

15

Ingestatildeo de leporiacutedeosinfetados por carniacutevoros

Artroacutepodeshematoacutefagos

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 18: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 221 TULAREacuteMIA

Esta doenccedila eacute altamente contagiosa e potencialmente fatal para o Homem Os sintomas aparecem entre 1 a 20 dias apoacutes a infeccedilatildeo (em meacutedia 3 a 5 dias) e assemelham-se a um quadro de tipo gripal que cursa frequentemente com febre dor de cabeccedila calafrios dores musculares inchaccedilo e dor dos gacircnglios linfaacuteticos No caso da infeccedilatildeo por via cutacircnea resultante do manuseamento de carcaccedilas contaminadas ou da picada de artroacutepodes vetores surge uma paacutepula cutacircnea no local de inoculaccedilatildeo que se torna purulenta e ulcerada (Figura 9) em simultacircneo com outros sintomas generalizados

Certos grupos de atividade como caccediladores agricultores meacutedicos veterinaacuterios taxidermistas teacutecnicos de laboratoacuterio e pessoas que manipulem carne crua natildeo controlada apresentam maior risco de contrair Tulareacutemia devido agrave probabilidade de contato com a bacteacuteria ou com os seus hospedeiros e vetores Os caccediladores podem infetar-se na esfola e manuseamento da carne das lebres e coelhos

Devido agrave gravidade desta zoonose eacute muito importante que na presenccedila destes sintomas seja procurado atendimento meacutedico urgente e sejam informados os serviccedilos veterinaacuterios regionais sobre animais encontrados mortos ou que manifestem os sinais compatiacuteveis com esta doenccedila

16

Figura 9 ndash TulareacutemiaPaacutepula cutacircnea em humano (foto Wikipedia)

des o rip su cr oG

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 19: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

O quadro lesional pode incluir rinite aguda otite meacutedia conjuntivite broncopneumonia (Figura 11) que pode tomar a forma de pneumonia lobar pleurisia pericardite focos necroacuteticos no ouvido pioacutemetra (infeccedilatildeo do uacutetero) orquite (inflamaccedilatildeoinfeccedilatildeo dos testiacuteculos) abcessos subcutacircneos ou disseminados em oacutergatildeos internos e septiceacutemia

Pasteurelose eacute o nome geneacuterico dado a um conjunto de afeccedilotildees que incidem sobretudo no trato respiratoacuterio dos coelhos e que satildeo causadas pela bacteacuteria Pasteurella multocida muitas vezes em associaccedilatildeo com outras bacteacuterias tais como Escherichia coli Bordetella bronchiseptica Haemophilus spp ou com vaacuterias outras espeacutecies de estreptococos e estafilococos ou ainda pela infeccedilatildeo concomitante com viacuterus

Os principais sinais cliacutenicos satildeo espirros dispneia descargas nasais torcicolo (Figura 10) e alteraccedilotildees decorrentes de infeccedilotildees genitais

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 222 PASTEURELOSE

Quando a doenccedila aparece nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo recomenda-se a eutanaacutesia dos animais afetados e eliminaccedilatildeo conforme estabelecido no ponto 34 deste manual bem como a desinfeccedilatildeo de todas as instalaccedilotildees e o controlo do acesso dos insetos e outros vetores evitando-se a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico

Esta bacteacuteria eacute frequentemente encontrada naturalmente nos seios paranasais de coelhos saudaacuteveis pelo que os animais portadores constituem um problema uma vez que perpetuam a circulaccedilatildeo do agente no meio ambiente

Pode desenvolver-se um quadro de septicemia aguda resultando rapidamente em morte quase sem registo de sinais cliacutenicos preacutevios

Durante os atos venatoacuterios os animais encontrados mortos ou que apresentem lesotildees sugestivas de pasteurelose devem ser eliminados conforme estabelecido no ponto 34 deste manual

Figura 10 ndash PasteureloseTorcicolo em coelho domeacutestico

(httptowncentrevetcahead-tilt-and-your-rabbit)

Figura 11 ndash PasteurelosePleuropneumonia purulenta (foto INIAV)

17

Pulmotildees

Pleura

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 20: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 223 SALMONELOSE

Eacute uma doenccedila zoonoacutetica que ocorre na maioria das espeacutecies animais sendo os principais agentes etioloacutegicos Salmonella enterica serovares Typhimurium ou Enteritidis Transmitem-se atraveacutes da ingestatildeo de alimentos e aacutegua contaminados por fezes e do contacto com outros animais infetados

O diagnoacutestico cliacutenico eacute confirmado laboratorialmente pelo isolamento e identificaccedilatildeo do agente

Esta doenccedila natildeo eacute caraterizada por sinais cliacutenicos especiacuteficos Os animais demonstram debilidade geral crescente e eventualmente diarreia As lesotildees incluem aumento e congestatildeo do baccedilo pequenos focos de necrose hepaacutetica ulceraccedilatildeo do intestino e enterite hemorraacutegica

O tratamento natildeo eacute recomendado pois perpetua a disseminaccedilatildeo do agente patogeacutenico no ambiente Eacute aconselhada a utilizaccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene na manipulaccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de animais doentes ou portadores para evitar a transmissatildeo ao Homem atraveacutes de contaminaccedilatildeo fecal-oral (pela ingestatildeo de alimentos contaminados ingeridos crus ou mal cozinhados ou de aacutegua contaminada)

224 NECROBACILOSE

Eacute uma doenccedila pouco comum nos coelhos causada por Fusobacterium necrophorum agente habitualmente presente na pele dos animais

O diagnoacutestico cliacutenico deve ser confirmado por diagnoacutestico laboratorial que consiste no isolamento do agente

A doenccedila caracteriza-se por ulceraccedilotildees progressivas da pele sobretudo na face e na cavidade bucal Podem ocorrer necrose local edemas crostas e abcessos podendo evoluir para linfadenite e pneumonia O animais apresentam anorexia (falta de apetite) e maacute condiccedilatildeo corporal

Geralmente a adoccedilatildeo de boas praacuteticas de higiene ajuda no controlo desta doenccedila O Homem pode constituir fonte de infeccedilatildeo quando natildeo se adotam bons haacutebitos de higiene pessoal visto que o agente tambeacutem coloniza a pele humana

18

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 21: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS 225 PSEUDOTUBERCULOSE

O diagnoacutestico eacute baseado na presenccedila das lesotildees caracteriacutesticas (noacutedulos caseosos) e no isolamento do agente patogeacutenico Natildeo eacute recomendada a instituiccedilatildeo de tratamento nos coelhos de produccedilatildeo

A doenccedila manifesta-se por depreciaccedilatildeo geral da condiccedilatildeo corporal pelo aparecimento de edemas nas articulaccedilotildees e muitas vezes de noacutedulos abdominais palpaacuteveis

Eacute a afeccedilatildeo de origem bacteriana mais comum entre os coelhos-bravos O agente etioloacutegico eacute Yersinia pseudotuberculosis transmitido por roedores selvagens Esta bacteacuteria eacute eliminada atraveacutes das fezes entrando no organismo por via oral

A doenccedila evolui lentamente Na fase de evoluccedilatildeo terminal nota-se caquexia anorexia e dispneia Na necropsia observam-se noacutedulos caseosos nos gacircnglios e oacutergatildeos linfaacuteticos O baccedilo fiacutegado pulmotildees e intestino estatildeo tambeacutem quase sempre afetados (Figura 12)

19

Figura 12 ndash PseudotuberculoseFocos de necrose no baccedilo e intestino (foto INIAV)

Intestino delgadoBaccedilo

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 22: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

22 DOENCcedilAS CAUSADAS POR BACTEacuteRIAS

Relativamente ao controlo das doenccedilas bacterianas e prevenccedilatildeo da disseminaccedilatildeo de bacteacuterias potencialmente patogeacutenicas no ambiente e entre animais eou ao Homem recomenda-se o cumprimento de um conjunto de medidas adequadas

P roceder agrave desinfeccedilatildeo regular das instalaccedilotildees material e equipamento com desinfetantes agrave base de hipoclorito de soacutedio eou de formalina

U sar repelentes de insetos E vitar picadas de insetos e outros artroacutepodes principalmente de carraccedilas e usar roupas de mangas compridas e calccedilas em vez de calccedilotildees

A o manusear ou esfolar qualquer animal selvagem usar equipamento de proteccedilatildeo individual tal como luvas descartaacuteveis seguidamente lavar bem as matildeos e desinfetar os utensiacutelios e as superfiacutecies utilizadas

I nspecionar o corpo frequentemente e remover adequadamente as carraccedilas que se agarrem agrave roupa e agrave pele

P roceder agrave eliminaccedilatildeo dos animais encontrados mortos ou outros subprodutos animais conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

I nformar os serviccedilos veterinaacuterios regionais da zona de caccedila sobre eventuais animais encontrados com sinais cliacutenicos ou lesotildees compatiacuteveis com as doenccedilas enunciadas

P romover o controlo de artroacutepodes e roedores

C ozinhar bem a carne dos animais caccedilados

226 CONTROLO DE DOENCcedilAS BACTERIANAS DO COELHO

20

Remoccedilatildeo de carraccedilasPara reduzir as hipoacuteteses de transmissatildeo de agentes infeciosos apoacutes a descoberta de uma carraccedila fixa agrave pele esta deve ser prontamente removida Contudo uma remoccedilatildeo atempada eacute tatildeo importante como fazecirc-lo corretamente Assim deve-se prender a carraccedila o mais proacuteximo possiacutevel da pele com uma pinccedila de ponta fina ou com o polegar e o indicador utilizando papel ou algodatildeo para evitar o contato direto com os dedos rodar 90ordm (14 de volta) e puxar ateacute que se solte O objetivo eacute por um lado natildeo pressionar o corpo da carraccedila para que o seu conteuacutedo natildeo seja injetado na pele e por outro remover o oacutergatildeo de fixaccedilatildeo na pele retirando-a completamente Seguidamente desinfetar o local da picada Deve evitar envolver a carraccedila com uma substacircncia gordurosa (ex azeite) aproximar uma fonte de calor ou perfurar o corpo da carraccedila porque estas teacutecnicas podem aumentar a salivaccedilatildeo da carraccedila ou resultar na libertaccedilatildeo dos seus fluiacutedos corporais que satildeo potencialmente infetantes

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 23: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

A Cisticercose eacute uma parasitose comum em coelhos e lebres originada por larvas de dois parasitas da classe dos Ceacutestodes vulgarmente designados por teacutenias Estas larvas de parasitas apresentam-se como estruturas vesiculares contendo um fluido transparente com uma pequena larva de cor branca no seu interior As larvas que se encontram agrupadas na cavidade abdominal e junto do fiacutegado satildeo designadas Cysticercus pisiformis (forma larvar quiacutestica da Taenia pisiformis do catildeo Figura 13) As larvas que se encontram inseridas na estrutura do fiacutegado de ocorrecircncia menos comum satildeo Cysticercus fasciolaris (forma larvar quiacutestica da Taenia taeniaeformis do gato Figura 14)

Para aleacutem de catildees e gatos as formas adultas tambeacutem infetam outros carniacutevoros selvagens principalmente raposas O parasita adulto encontra-se no intestino dos hospedeiros definitivos e os ovos satildeo disseminados pelas fezes

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 231 CISTICERCOSE

Os coelhos e as lebres infestam-se ao ingerirem vegetaccedilatildeo contaminada com os ovos de T pisiformis ou T taeniaeformis Apoacutes a ingestatildeo dos ovos de T pisiformis estes eclodem no intestino e as larvas migram disseminando-se pela cavidade abdominal alojando-se especialmente no fiacutegado e no mesenteacuterio ocasionalmente no muacutesculo e no pulmatildeo em aglomerados de vesiacuteculas do tamanho de ervilhas No caso da ingestatildeo de ovos de T taeniaeformis as estruturas larvares encontram-se inseridas no fiacutegado satildeo maiores e contecircm uma estrutura semelhante a uma pequena teacutenia O ciclo de vida deste parasita eacute perpetuado se os carniacutevoros ingerirem viacutesceras de coelhos e lebres infestados com estas formas larvares (Figura 15) Estas lesotildees satildeo frequentemente observadas pelos caccediladores causando preocupaccedilatildeo e alguma confusatildeo com a doenccedila do quisto hidaacutetico ou hidatidose esta uacuteltima extremamente perigosa para o Homem

Figura 14 ndash Cisticercose hepaacutetica (foto DGAV)

Figura 13 ndash Cisticercose abdominal (foto INIAV)

21

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 24: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 232 CENUROSE

Esta parasitose eacute devida agrave infestaccedilatildeo por formas larvares de duas espeacutecies de teacutenias cujas formas adultas ocorrem no intestino de carniacutevoros particularmente catildeo e raposa mas tambeacutem em outros caniacutedeos como o lobo Estas teacutenias designam-se Taenia serialis e T multiceps e as suas formas larvares ocorrem respetivamente no tecido subcutacircneo e muscular (Coenurus serialis Figura 16) e ceacuterebro (Coenurus cerebralis) dos coelhos O ciclo bioloacutegico eacute semelhante ao das teacutenias que causam cisticercose (Figura 17) A forma de Coenurus serialis eacute frequentemente encontrada quando se faz a esfola dos animais caccedilados enquanto a forma de C cerebralis eacute de difiacutecil visualizaccedilatildeo e menos descrita nos coelhos

Figura 16 ndash Cenurose C serialis(foto httpwwwthehuntinglifecom)

22

233 HIDATIDOSE

Eacute uma parasitose provocada pela forma larvar do parasita Echinococcus granulosus cuja forma adulta se aloja no intestino dos catildees (hospedeiro definitivo)O ciclo de vida deste parasita eacute semelhante ao da cisticercose e da cenurose (Figura 18) Os ovos satildeo

Esta parasitose eacute no entanto mais frequente em ruminantes e suiacutenos sendo muito rara em coelhos e

disseminados pelas fezes dos catildees podendo os coelhos e as lebres infestar-se quando ingerem vegetaccedilatildeo contaminada

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 25: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

233 HIDATIDOSE

lebres Os humanos tambeacutem podem infestar-se com este parasita atraveacutes das fezes dos catildees A transmissatildeo ao Homem ocorre atraveacutes da ingestatildeo de ovos do parasita disseminados pelas fezes dos catildees Os quistos hidaacuteticos (forma larvar) encontram-se sobretudo no fiacutegado e pulmatildeo dos hospedeiros intermediaacuterios (ovinos caprinos bovinos suiacutenos e por vezes espeacutecies cinegeacuteticas) mas natildeo satildeo fonte de infeccedilatildeo para o Homem

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Existe uma espeacutecie (Eimeria stiedae) que infeta os canais biliares e que pode causar lesotildees graves no fiacutegado (Figura 19 e Figura 20)

incluem apetite reduzido polidipsia (aumento da ingestatildeo de aacutegua) depressatildeo dor abdominal e mucosas paacutelidas Os coelhos jovens apresentam um atraso no crescimento devido a diarreia (mucoide aguada ou hemorraacutegica) Na necropsia observam-se com frequecircncia muacuteltiplas manchas brancas ou uacutelceras na superfiacutecie da mucosa do intestino delgado ou grosso

O parasita tem um ciclo de vida que dura de 4 a 14 dias Apoacutes a ingestatildeo os esporozoiacutetos satildeo libertados no estocircmago e multiplicam-se na mucosa intestinal (ou canaliacuteculos biliares) provocando erosatildeo epitelial e ulceraccedilatildeo A parede intestinal fica por isso inflamada e a sua espessura aumentadaA Coccidiose hepaacutetica afeta coelhos de todas as idades e

A forma intestinal de Coccidiose afeta principalmente animais jovens de 6 semanas a 5 meses sendo sobretudo observada em coelhos jovens receacutem-desmamados No entanto tambeacutem pode ser encontrada em coelhos mais velhos embora os adultos possam desenvolver infeccedilotildees sem expressatildeo clinica A gravidade da Coccidiose depende do nuacutemero de oocistos ingeridos Os sinais cliacutenicos

A Coccidiose eacute uma parasitose altamente contagiosa em coelhos causada por vaacuterias espeacutecies de parasitas protozoaacuterios do geacutenero Eimeria Apesar de natildeo ter impacto na sauacutede puacuteblica a Coccidiose pode provocar elevada mortalidade em coelhos Coelhos e lebres saudaacuteveis podem ser portadores assintomaacuteticos destes protozoaacuterios Os oocistos (ovos) de Eimeria spp disseminados pelas fezes contaminam o ambiente a vegetaccedilatildeo e a aacutegua e os animais infestam-se por ingestatildeo dos oocistos esporulados

234 COCCIDIOSE

23

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 26: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

Na necropsia o parecircnquima do fiacutegado dos animais afetados apresenta pequenas granulaccedilotildees cor de marfim multifocais contendo exsudado amarelado causadas pela proliferaccedilatildeo dos parasitas no epiteacutelio dos ductos biliares Haacute hepatomegalia em infestaccedilotildees intensas As lesotildees mais antigas agrupam-se e formam grandes massas caseosas Ocasionalmente observa-se distensatildeo da vesiacutecula biliar e retenccedilatildeo de biacutelis

caracteriza-se por apatia polidipsia e aumento do volume abdominal Esta forma de Coccidiose caso natildeo leve agrave morte em poucos dias pode evoluir para forma croacutenica Os sinais cliacutenicos satildeo mais evidentes em coelhos jovens e podem incluir anorexia debilidade e abdoacutemen pendular A mortalidade eacute baixa exceto em coelhos jovens

23 DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS 234 COCCIDIOSE

Outros ectoparasitas menos prevalentes mas que podem assumir alguma importacircncia em certas populaccedilotildees de determinadas regiotildees geograacuteficas satildeo os aacutecaros Sarcoptes scabiei Notoedres cati var cuniculi e Cheyletiella yasguri As infestaccedilotildees devem ser tratadas com acaricidas

A primeira manifestaccedilatildeo da sarna das orelhas comeccedila por elevado prurido (comichatildeo) e aparecimento de forte irritaccedilatildeo local no interior dos canais auditivos do coelho seguida de inflamaccedilatildeo e formaccedilatildeo de uma secreccedilatildeo espessa que em poucos dias passa a serosa amarelada Esta infestaccedilatildeo poderaacute ser causadora de infeccedilatildeo dos restantes coelhos que coabitam as imediaccedilotildees do territoacuterio em virtude do contacto proacuteximo que se estabelece entre os animais de uma mesma comunidade

Os principais agentes responsaacuteveis pelas ectoparasitoses do coelho-bravo satildeo Psoroptes cuniculi e Chorioptes cuniculi Estes aacutecaros localizam-se dentro do canal auditivo do coelho sobretudo na parte mais profunda da pele provocando formas de otite de gravidade diversa (Figura 21) e algumas vezes alteraccedilotildees neuroloacutegicas perdas de equiliacutebrio torcicolo e em casos mais extremos a morte do animal

Figura 21 ndash Sarna psoroacuteptica (foto httpmedirabbitcom)

235 SARNAS

O tratamento da Coccidiose eacute difiacutecil e as recidivas satildeo frequentes devido agrave normal coprofagia (ingestatildeo de fezes) dos coelhos pelo que a prevenccedilatildeo eacute muito importante

Figura 19 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto INIAV)

Figura 20 ndash Coccidiosehepaacutetica (foto DGAV)

24

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 27: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

23 236 OUTRAS PARASITOSES

Existem muitas espeacutecies de parasitas que podem ser observadas em leporiacutedeos sendo a sua diversidade e frequecircncia muito variaacutevel entre regiotildees geograacuteficas Apesar de muitos dos leporiacutedeos se encontrarem parasitados existe naturalmente um equiliacutebrio entre o hospedeiro e as populaccedilotildees destes parasitas No entanto em certas situaccedilotildees nomeadamente de carecircncia nutricional ou infeccedilatildeo concomitante com outros agentes poderatildeo ocorrer desequiliacutebrios e o nuacutemero de parasitas nos oacutergatildeos dos animais aumentar substancialmente causando doenccedila Este desequiliacutebrio poderaacute ser devido a doenccedila viral bacteriana ou outra mas tambeacutem quando ocorre sobrepopulaccedilatildeo em determinadas regiotildees perpetuando os ciclos de infeccedilatildeo facilitados pelo maior contacto entre os animaisOs lagomorfos podem ser hospedeiros definitivos (da forma adulta dos parasitas) ou intermediaacuterios (da forma larvar) de outras espeacutecies que podem afetar a condiccedilatildeo corporal dos animais (Figura 22) Para aleacutem da ocorrecircncia de formas larvares de ceacutestodes os leporiacutedeos podem ser hospedeiros de formas adultas (Figura 23) nomeadamente de teacutenias da famiacutelia Anoplocephalidae como as espeacutecies Cittotaenia ctenoides e Andrya cuniculi transmitidas pela ingestatildeo de aacutecaros de vida livre (hospedeiros intermediaacuterios) Pela sua dimensatildeo as teacutenias quando em nuacutemero elevado podem causar obstruccedilatildeo intestinal e maacute condiccedilatildeo corporal dos animaisOs leporiacutedeos satildeo tambeacutem hospedeiros definitivos de vaacuterias espeacutecies de nemaacutetodes (vermes redondos) das quais se destaca pela sua frequecircncia e gravidade a espeacutecie Graphidium strigosum (Figura 24) que parasita o estocircmago e que nas infeccedilotildees severas pode originar gastrites hemorraacutegicas resultando em anemia diarreia e morte Tambeacutem satildeo frequentes os oxiuriacutedeos da espeacutecie

Figura 23 - Teacutenias Forma adulta no intestino de coelho-bravo (esquerda)e espeacutecimes de Cittotaenia ctenoides (centro e direita) (foto INIAV)

25

DOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 28: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

26

237CONTROLO DE DOENCcedilASPARASITAacuteRIAS DO COELHO

O papel dos caccediladores na prevenccedilatildeo da transmissatildeo dos parasitas eacute extremamente importante e deve ter em conta o seguinte

E vitar a sobrepopulaccedilatildeo de animais em cercados e em exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica

O s caccediladores natildeo devem permitir que os catildees (e gatos) se alimentem de viacutesceras e carnes cruas dos animais caccedilados A s viacutesceras com lesotildees devem ser eliminadas de forma a impedir que os catildees e outros animais lhes possam ter acesso conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual P revenir a contaminaccedilatildeo indireta atraveacutes dos utensiacutelios meios de transporte pessoal e alimentos N as exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica de coelho-bravo higienizar e desinfetar as instalaccedilotildees com a regularidade adequada e ter cuidados redobrados com os alimentos e aacutegua disponibilizados

Importa realccedilar que a desparasitaccedilatildeo dos carniacutevoros nem sempre eacute eficaz na destruiccedilatildeo dos ovos dos parasitas induzindo apenas a sua eliminaccedilatildeo nas fezes onde permanecem infeciosos Por esta razatildeo apoacutes a desparasitaccedilatildeo os carniacutevoros devem ser colocados em local fechado pelo menos durante 24 horas e todas as fezes recolhidas com precauccedilatildeo e queimadas Os catildees devem ser lavados em seguida com a utilizaccedilatildeo de luvas descartaacuteveis O local onde os animais permaneceram deve tambeacutem ser lavado e desinfetado com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio (lixiacutevia diluiacuteda)

23 236 OUTRAS PARASITOSESDOENCcedilAS CAUSADAS POR PARASITAS

Passalurus ambiguus e com menor frequecircncia a espeacutecie Dermatoxys veligera responsaacuteveis por inflamaccedilatildeo intestinal e do ceco Um outro parasita de localizaccedilatildeo intestinal (ceco) eacute a espeacutecie Trichuris leporis (Figura 25) de menor gravidade para os animais Estas espeacutecies de nematodes tecircm o ciclo direto no qual os animais se infetam quando ingerem ovos dos parasitas que satildeo excretados nas fezes de outros coelhos

Figura 25 - Formasadultas de Trichurisleporis (foto INIAV)

Figura 24 - Graphidium strigosum Estocircmago de coelhocontendo formas adultas na mucosa do estocircmago distendido(esquerda) e formas adultas do parasita (direita) (foto INIAV)

Estocircmago

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 29: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

O Homem pode servir de fonte de infeccedilatildeo como tambeacutem se pode contaminar sendo necessaacuteria adequada higienizaccedilatildeo antes e depois da manipulaccedilatildeo dos animais para controlo da doenccedila

24 DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS 241 DERMATOFITOSES

Impotildee-se a necessidade de diagnoacutestico diferencial para sarna carecircncia geneacutetica de pecirclo muda da pelagem ou arrancamento da pelagem de ordem comportamental

As dermatofitoses tinhas ou micoses superficiais satildeo doenccedilas causadas por fungos mas pouco comuns nos coelhos Os agentes mais frequentemente envolvidos satildeo os fungos Trichophyton mentagrophytes Microsporum canis e Trichophyton gypseum A transmissatildeo ocorre pelo contato direto com animais doentes

Nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica como medida de controlo recomenda-se isolar e tratar os animais doentes e evitar o contato com outros animais

Os animais satildeo geralmente afetados isoladamente No exame anaacutetomo-patoloacutegico as lesotildees demonstram espessamento da camada mais superficial da epiderme (hiperqueratose) e infiltrado mononuclear na derme

Clinicamente observa-se prurido e lesotildees na pele da cabeccedila ou orelhas que se estendem para outras regiotildees do corpo (Figura 26) As lesotildees apresentam crostas hiperemia (aumento local do aporte de sangue tornando a zona avermelhada) e alopeacutecia (perda de pecirclo)

Figura 26 - Dermatite micoacuteticaAlopeacutecias (falta de pelo) no focinhopaacutelpebras e pavilhotildees auricularesem coelho domeacutestico (foto INIAV)

27

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 30: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

24 242 ENCEFALITOZOONOSE

A encefalitozoonose eacute causada pelo fungo intracelular Encephalitozoon cuniculi o qual eacute eliminado pela urina e transmitido entre animais pela ingestatildeo dos esporos que permanecem na vegetaccedilatildeo solo e aacutegua A infeccedilatildeo geralmente ocorre na forma latente natildeo se observando sinais cliacutenicos No entanto em infeccedilotildees severas podem observar-se sinais neuroloacutegicos (torcicolo convulsotildees tremores paresia posterior) e edema Em casos agudos os rins estatildeo hipertrofiados As lesotildees macroscoacutepicas satildeo mais frequentes nas formas croacutenicas e incluem aacutereas multifocais pontiagudas e brancas na superfiacutecie dos rins

243

Devido ao potencial zoonoacutetico das doenccedilas anteriormente enumeradas deve tomar-se especial cuidado na manipulaccedilatildeo dos animais que possam estar acometidos destas afeccedilotildees

Deste modo importa salientar alguns aspetos

CONTROLO DE DOENCcedilAS FUacuteNGICAS

28

DOENCcedilAS CAUSADAS POR FUNGOS

U tilizar produtos para desinfeccedilatildeo agrave base de aacutelcool aacutelcool iodado ou amoacutenias quaternaacuterias

P roceder ao isolamento dos animais doentes ou suspeitos N atildeo manusear estes animais sem material de proteccedilatildeo individual adequado E vitar que os catildees de caccedila ou outros animais entrem em contacto direto com animais doentes D esinfetar os materiais eou instalaccedilotildees utilizados para isolamento ou contenccedilatildeo

E vitar sobrepopulaccedilatildeo de animais como forma de evitar a propagaccedilatildeo de fungos por contato

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

Na Gestatildeo Cinegeacutetica do coelho-bravo recomendam-se as seguintes medidas praacuteticas de acircmbito mais geral

Atualmente a gestatildeo cinegeacutetica exige uma accedilatildeo constante dedicada persistente baseada na gestatildeo e no conhecimento dos recursos naturais

G arantir locais de abrigo e refuacutegio na zona de caccedila de modo a favorecer uma populaccedilatildeo com melhor condiccedilatildeo corporal e mais saudaacutevel

I mplementar medidas de gestatildeo de habitat (culturas para a fauna promoccedilatildeo de mosaicos etc)

P romover a instalaccedilatildeo de bebedouros artificiais ou naturais de aacuteguas renovadas e de boa qualidade regularmente dispersos na zona de caccedila

E vitar locais de aacuteguas estagnadas ou proceder agrave drenagem de terrenos huacutemidos uma vez que favorecem a proliferaccedilatildeo de mosquitos e outros insetos

C riar parques de reproduccedilatildeo recorrendo agrave instalaccedilatildeo de morouccedilos artificiais preacute-fabricados ou improvisados com materiais naturais (Figura 27) pois aleacutem de funcionarem como uma excelente maternidade e abrigo permitem capturar os coelhos para proceder agrave sua vacinaccedilatildeo e desparasitaccedilatildeo

C onstruir tocas em locais secos e destruir tocas contaminadas

D isponibilizar boas condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo e ao longo do ano privilegiando sempre a alimentaccedilatildeo natural

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

As Organizaccedilotildees do Setor da Caccedila (OSC) e os seus associados enquanto observadores privilegiados no terreno em articulaccedilatildeo com outras entidades ligadas agrave sauacutede animal e agrave preservaccedilatildeo da natureza devem no acircmbito da garantia da sanidade e higiene da caccedila providenciar e estimular a formaccedilatildeo dos caccediladores e de outros intervenientes nas atividades da caccedila recomendando-lhes a frequecircncia de cursos de formaccedilatildeo especiacutefica nessas aacutereas especificamente destinados a gestores cinegeacuteticos guardas de recursos florestais e caccediladores

31

29

3

Figura 27 - Morouccedilos construiacutedos com materiais naturais (foto INIAV)

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Na gestatildeo cinegeacutetica do coelho-bravo existe um conjunto de medidas que deve ser implementado de modo a minimizar os efeitos nefastos das doenccedilas que o afetam tendo sempre presente que uma gestatildeo cinegeacutetica eficaz tambeacutem envolve

G arantir a introduccedilatildeo de coelho-bravo geneticamente adequado (subespeacutecie O cuniculus algirus) e bom estado sanitaacuterio nos repovoamentos reforccedilos populacionais ou introduccedilatildeo de novos efetivos S olicitar ao criador no momento da aquisiccedilatildeo o certificado sanitaacuterio e geneacutetico (subespeacutecie O cuniculus algirus) dos coelhos-bravos antes da sua introduccedilatildeo para fins de repovoamentos ou largadas

E fetuar a recolha ativa e destruiccedilatildeo de todos os coelhos mortos ou moribundos encontrados ou abatidos que sejam suspeitos de doenccedilas Adverte-se que por mais repugnante que possa ser um coelho capturado com lesotildees de Mixomatose o caccedilador nunca o deve abandonar no campo nem o dar a comer aos seus catildees

M anter densidades corretas e o equiliacutebrio das populaccedilotildees animais

P roceder ao repovoamento equilibrado do coelho-bravo e agrave gestatildeo da populaccedilatildeo de predadores selvagens nunca esquecendo que no caso da DHV os predadores do coelho-bravo podem excretar o viacuterus nas fezes apoacutes a ingestatildeo de coelhos infetados

A ssegurar um controlo da predaccedilatildeo adequado e equilibrado os predadores exercem um serviccedilo de ecossistema fundamental relacionado com a captura preferencial dos animais doentes ou fracos favorecendo populaccedilotildees mais saudaacuteveis

M onitorizar e vigiar o estado de sauacutede das populaccedilotildees naturais e introduzidas

R eportar ao Gestor Cinegeacutetico ou ao Guarda de Recursos Florestais devidamente formados ou a um Meacutedico Veterinaacuterio caso se detete algum comportamento anormal do coelho-bravo antes deste ser abatido pois esse facto pode ser revelador da presenccedila de uma doenccedila

31

30

3

Em situaccedilotildees de sobrepopulaccedilatildeo as populaccedilotildees devem ser controladas e reduzidas estando previstas accedilotildees de desbaste para as espeacutecies cinegeacuteticas

Em casos excecionais o crescimento excessivo de uma populaccedilatildeo aliada agrave escassez de alimento promove o aumento de contatos intraespeciacuteficos (entre a mesma espeacutecie) e interespeciacuteficos (entre espeacutecies diferentes) quer entre os animais da fauna selvagem quer com os animais domeacutesticos aumentando assim o risco de propagaccedilatildeo de doenccedilas nestas interfaces De facto no que toca ao coelho-bravo e a DHV a caracterizaccedilatildeo geneacutetica das estirpes do viacuterus RHDV2 demonstrou em alguns casos a circulaccedilatildeo simultacircnea da mesma estirpe em populaccedilotildees domeacutesticas e selvagens geograficamente proacuteximas

31

CONTROLO E PREVENCcedilAtildeO DAS DOENCcedilASNA GESTAtildeO DOS RECURSOS CINEGEacuteTICOSE NO ATO VENATOacuteRIO

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

31

3

A vigilacircncia da Doenccedila Hemorraacutegica Viral atraveacutes de observaccedilatildeo dos animais doentes e colheita de amostras em animais doentes e satildeos na cunicultura industrial e nas populaccedilotildees selvagens permite conhecer o estado sanitaacuterio dos animais e adequar as medidas de intervenccedilatildeo

Embora a erradicaccedilatildeo natildeo seja possiacutevel podem ser implementadas algumas medidas de controlo da DHV sendo a vacina o principal instrumento reconhecido como eficaz para o controlo da doenccedila estando no entanto a sua aplicaccedilatildeo sistemaacutetica ainda limitada agrave cunicultura industrial

C omunicar de imediato qualquer suspeita de doenccedila aos e ao Projeto +Coelho Serviccedilos Regionais da DGAV( )maiscoelhoiniavpt

R egistar e comunicar as ocorrecircncias de alteraccedilotildees do estado de sauacutede da fauna cinegeacutetica de vida livre ou em cativeiro agrave Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) ou ao Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) C olaborar na recolha de amostras para posterior diagnoacutestico laboratorial

N atildeo confecionar e ingerir em quaisquer circunstacircncias cadaacuteveres encontrados no campo ou coelhos moribundos S alvaguardar de contactos com espeacutecies pecuaacuterias

32BOAS PRAacuteTICAS NA RECOLHA DE AMOSTRASBIOLOacuteGICAS PARA DIAGNOacuteSTICO LABORATORIAL

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Durante a recolha de amostras para diagnoacutestico laboratorial (Figura 28) os gestores de caccedila caccediladores e teacutecnicos das Zonas de Caccedila deveratildeo ter os seguintes cuidados

O conhecimento do estado sanitaacuterio das populaccedilotildees de coelho-bravo e lebre eacute imprescindiacutevel para se perceber o impacto das doenccedilas nestas populaccedilotildees e para que possam ser identificadas e aplicadas medidas de controlo adequadas A amostragem destas populaccedilotildees eacute por isso muito importante Para a recolha de cadaacuteveres encontrados no campo (em qualquer altura do ano) e a colheita de material bioloacutegico de coelho caccedilado (durante periacuteodo venatoacuterio) existe no portal do INIAV (httpwwwiniavptdoenca-hemorragica-viral-dos-coelhos Ficha de identificaccedilatildeo) uma das amostras o Protocolo de Colheita de amostras um viacutedeo demonstrativo dos procedimentos de recolha e acondicionamento bem como a indicaccedilatildeo da localizaccedilatildeo dos de coelho-bravo e lebre que constituem pontos de receccedilatildeo de amostras bioloacutegicasa rede continental de recolha e armazenamento temporaacuterio no frio e onde poderatildeo ser entregues as amostras

U sar luvas de latex ou borracha que devem ser substituiacutedas sempre que se rasguem ou perfurem e corretamente eliminadas

U sar desinfetantes proacuteprios para as matildeos e para os utensiacutelios

I dentificar os materiais atraveacutes do preenchimento de (uma por cada animal)Ficha de identificaccedilatildeo U sar facas adequadas ou bisturis incluiacutedos nos kits de colheita produzidos para o efeito

N o caso do uso de luvas de accedilo estas devem ser lavadas e desinfetadas juntamente com os restantes utensiacutelios apoacutes manipulaccedilatildeo L avar bem as matildeos e desinfetar os instrumentos de corte entre a preparaccedilatildeo de cada animal (com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio por exemplo)

M anter os materiais bioloacutegicos refrigerados ou congelados

N atildeo deixar sangue ou viacutesceras no campo nem nos locais onde foi efetuada a colheita colocar num saco de plaacutestico e eliminar posteriormente conforme o estabelecido no ponto 34 deste manual

32

3

Figura 28 - Colheita de material bioloacutegico em coelho-bravo (foto INIAV)

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A manipulaccedilatildeo das peccedilas de caccedila deve ser feita de modo a evitar-se a sua contaminaccedilatildeo e a contaminaccedilatildeo do ambiente

Durante a evisceraccedilatildeo e esfola da carcaccedila os operadores devem ter cuidado com os equipamentos e com a sua proteccedilatildeo pessoal

O exame inicial natildeo eacute obrigatoacuterio quando as peccedilas de caccedila se destinem a consumo domeacutestico privado do caccedilador e seu agregado familiar No entanto o caccedilador deve evitar consumir exemplares de caccedila que natildeo tenham sido previamente examinados O consumo domeacutestico privado decorre por responsabilidade proacutepria e pode incluir risco para a sauacutede

O exame inicial destina-se a verificar se o animal apresenta sinais que indiquem que o seu consumo ou manipulaccedilatildeo podem constituir um risco sanitaacuterio Deve ser tido em consideraccedilatildeo que

No caso de peccedilas de caccedila destinadas a serem comercializadas o exame inicial soacute eacute obrigatoacuterio se as peccedilas de caccedila forem transportadas para o estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila sem as suas viacutesceras Se natildeo for realizado o exame inicial e os animais forem eviscerados antes do envio ao estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila as viacutesceras devem ser acondicionadas e identificadas de modo a manter a relaccedilatildeo com a carcaccedila respetiva

O exame inicial deve ser efetuado por pessoa devidamente formada que tenha tido uma formaccedilatildeo especiacutefica devidamente autorizada pela DGAV Esta pessoa pode ser um caccedilador gestor cinegeacutetico guarda de recursos florestais ou um Meacutedico Veterinaacuterio O exame das peccedilas de caccedila e respetivas viacutesceras deveraacute ser executado o mais cedo apoacutes a morte dos animais O caccedilador deve colaborar com a pessoa devidamente formada transmitindo as informaccedilotildees que considere importantes e seguindo os conselhos que lhe satildeo transmitidos C aso o caccedilador tenha detetado algum comportamento anormal do animal antes de ser abatido deve reportar tal facto agrave pessoa que vai proceder ao exame inicial pois tal alteraccedilatildeo pode indiciar a presenccedila de doenccedila O resultado do exame inicial deve ser registado no que deve ser disponibilizado ao destinataacuterio Modelo 972DGAVdas peccedilas de caccedila examinadas

No final do exame inicial as peccedilas de caccedila que se destinam a ser comercializadas devem ser enviadas para um estabelecimento de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem para serem sujeitas a inspeccedilatildeo post mortem por um Meacutedico Veterinaacuterio OficialNo site da DGAV estaacute disponiacutevel a lista dos estabelecimentos de manipulaccedilatildeo de caccedila selvagem aprovados

33

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Os locais de evisceraccedilatildeo e de exame inicial devem

D ispor de meios de acondicionamento de subprodutos

D ispor de aacutegua potaacutevel para lavagens a fim de prevenir qualquer contaminaccedilatildeo

E star limpos e se possiacutevel desinfetados (por exemplo com desinfetante agrave base de hipoclorito de soacutedio) bem como todo o equipamento e utensiacutelios nomeadamente contentores tabuleiros e veiacuteculos

D ispor de iluminaccedilatildeo adequada de modo a assegurar a visualizaccedilatildeo de qualquer alteraccedilatildeo dos exemplares abatidos e das suas viacutesceras

D ispor de meios adequados que evitem a contaminaccedilatildeo dos exemplares (contentores para subprodutos equipamento para suspender os animais abatidos)

D ispor de meios de higienizaccedilatildeo dos equipamentos e dos manipuladores

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

E vitar a acumulaccedilatildeo de liacutequidos e escorrecircncias no solo

A evisceraccedilatildeo (remoccedilatildeo do estocircmago intestinos e outros oacutergatildeos) deve ser feita logo que possiacutevel acautelando-se as medidas de proteccedilatildeo individual e a higiene das peccedilas de caccedila nomeadamente

N a presenccedila da pessoa devidamente formada para identificar alteraccedilotildees das peccedilas de caccedila no caso de ser feito exame inicial

O mais breve possiacutevel apoacutes a morte (desejavelmente nas 6 horas seguintes) C om o acautelamento das medidas de proteccedilatildeo individual A ssegurando a correspondecircncia entre a identificaccedilatildeo das viacutesceras retiradas e a identificaccedilatildeo do animal de onde satildeo provenientes

E m local destinado para o efeito que garanta a higiene das operaccedilotildees

D ispor de condiccedilotildees que impeccedilam o livre acesso de animais nomeadamente de catildees

A refrigeraccedilatildeo deve comeccedilar assim que possiacutevel apoacutes o abate e atingir uma temperatura em toda a carne natildeo superior a 4 degC Quando as condiccedilotildees ambientais o permitirem natildeo eacute necessaacuteria refrigeraccedilatildeo ativa

34

3

33BOAS PRAacuteTICAS NA MANIPULACcedilAtildeOE PREPARACcedilAtildeO DAS CARCACcedilAS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

A Portaria nordm 742014 de 20 de marccedilo regulamenta as condiccedilotildees a que deve obedecer o fornecimento direto ao consumidor final ou ao comeacutercio a retalho local que abastece diretamente o consumidor final de produtos da produccedilatildeo primaacuteria

Esta Portaria autoriza o fornecimento de pequenas quantidades de caccedila menor com os limites indicados no seu Artigo 7ordm sendo as espeacutecies permitidas para o efeito as identificadas em portaria do Ministro da Agricultura Florestas e Desenvolvimento Rural para cada eacutepoca venatoacuteria Neste caso o caccedilador deve entregar ao consumidor final ou ao estabelecimento de comeacutercio retalhista ao qual forneccedila peccedilas de caccedila diretamente o documento de acompanhamento de peccedilas de caccedila menor - Modelo 719ADGV

34

Os coelhos-bravos e lebres encontrados mortos as viacutesceras e outras partes natildeo aproveitadas dos animais caccedilados bem como os animais mortos nas exploraccedilotildees de produccedilatildeo cinegeacutetica nunca devem ser abandonados no campo ou nos cercados devendo sempre ser encaminhados ou eliminados de acordo com os procedimentos referidos nos pontos seguintes

Caso contraacuterio todas as viacutesceras cadaacuteveres ou suas partes contaminados ou com suspeita de doenccedila devem ser enterrados ou enviados para uma unidade de tratamento de subprodutos

Sempre que estiver em vigor um Plano de Vigilacircncia que preveja a recolha de cadaacuteveres ou de amostras de animais suspeitos ou doentes para diagnoacutestico laboratorial (como eacute o caso do Projeto +Coelho) devem ser seguidos procedimentos definidos para o efeito (ver ponto 32 deste manual) competindo aos laboratoacuterios de diagnoacutestico a correta eliminaccedilatildeo dos subprodutos animais

Ateacute ao seu encaminhamento ou eliminaccedilatildeo os subprodutos animais devem ser mantidos em sacos plaacutesticos ou recipientes que impeccedilam o acesso de outros animais ou a contaminaccedilatildeo ambiental

BOAS PRAacuteTICAS NO ENCAMINHAMENTOE ELIMINACcedilAtildeO DE ANIMAIS MORTOSE SUBPRODUTOS ANIMAIS

35

3

Natildeo eacute permitida aleacutem da evisceraccedilatildeo qualquer operaccedilatildeo de preparaccedilatildeo das carcaccedilasO fornecimento pelo caccedilador deve ser efetuado no prazo maacuteximo de vinte e quatro horas apoacutes a caccedilada

Este fornecimento estaacute condicionado ao registo preacutevio na Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

341ENCAMINHAMENTO PARA UNIDADEDE TRATAMENTO DE SUBPRODUTOS

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Podem ser encaminhados para eliminaccedilatildeo num estabelecimento aprovado para processamento de subprodutos todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila Os subprodutos animais devem ser enviados em contentores ou veiacuteculos estanques cobertos e identificados e com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua rastreabilidadeModelo 376DGAVAs listas de e de aprovadas podem ser unidades de processamento de subprodutos unidades de incineraccedilatildeoconsultadas no portal da DGAV

342 ENTERRAMENTO

Deveraacute ser antecipadamente prevista a abertura de uma vala de dimensatildeo e profundidade suficientes que permita enterrar e cobrir as viacutesceras e os cadaacuteveres de modo a impedir a sua remoccedilatildeo por outros animais

A escolha do local deve garantir a distacircncia necessaacuteria para salvaguarda da biosseguranccedila das exploraccedilotildees pecuaacuterias das instalaccedilotildees e habitaccedilotildees de cursos e captaccedilotildees de aacutegua de modo a evitar a contaminaccedilatildeo de lenccediloacuteis freaacuteticos qualquer dano ao meio ambiente ou incoacutemodo para a populaccedilatildeo local

A vala deve ser escavada com as paredes inclinadas para evitar desmoronamentos O fundo da vala deve ser previamente revestido com cal em poacute ou hidratada

Sobre os subprodutos deve ser colocada cal em poacute ou hidratada sendo depois cobertos com terra formando uma camada que natildeo permita o acesso a outros animais

36

3

Podem ser enterrados todos os cadaacuteveres de animais caccedilados ou encontrados mortos respetivas partes natildeo aproveitadas e viacutesceras inclusivamente no caso de haver suspeita de doenccedila

343 NATURALIZACcedilAtildeO DE EXEMPLARESBOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

Compete agrave DGAV o registo dos estabelecimentos onde se procede agrave taxidermia A estaacute lista destes estabelecimentosdisponiacutevel no portal da DGAV

Quando as peccedilas de caccedila se destinam agrave naturalizaccedilatildeo o seu encaminhamento para taxidermistas deve ser efetuado juntamente com uma guia de acompanhamento de subprodutos ( ) por forma a assegurar a sua Modelo 376DGAVrastreabilidade

344 ALIMENTACcedilAtildeO DE AVES NECROacuteFAGAS

Os subprodutos animais relativamente aos quais natildeo haja suspeita ou confirmaccedilatildeo da presenccedila de doenccedila transmissiacutevel ao Homem ou aos animais podem ser encaminhados para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas nos campos autorizados Manual de procedimentos para utilizaccedilatildeo de subprodutos e em cumprimento dos requisitos previstos no animais para alimentaccedilatildeo de aves necroacutefagas disponiacutevel no portal da DGAV

37

3

Eacute obrigatoacuteria a identificaccedilatildeo eletroacutenica e a vacinaccedilatildeo contra a Raiva

Aconselha-se que os catildees de caccedila sejam devidamente acompanhados por Meacutedico Veterinaacuterio que teraacute em conta os aspetos especiacuteficos destes animais nomeadamente no que se refere agraves desparasitaccedilotildees perioacutedicas internas e externas que devem ser sempre efetuadas depois da eacutepoca de caccedila

Os caccediladores natildeo devem permitir que os catildees comam animais mortos nem partes ou viacutesceras dos animais caccedilados a menos que tenham sido previamente cozinhadas (fervidas durante pelo menos 20 minutos)

35CUIDADOS RECOMENDADOSCOM OS CAtildeES DE CACcedilA3

BOAS PRAacuteTICAS DO GESTORCINEGEacuteTICO E DO CACcedilADOR

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Importa tambeacutem que reconheccedilam o valor de accedilotildees destinadas agrave prevenccedilatildeo das doenccedilas infeciosas e parasitaacuterias dessas espeacutecies associadas a noccedilotildees baacutesicas de higiene e de proteccedilatildeo individual de todos os participantes nos atos da caccedila

O gestor cinegeacutetico e o caccedilador vigilantes e defensores das espeacutecies cinegeacuteticas e de outras espeacutecies selvagens colaborantes da produccedilatildeo pecuaacuteria e de outras atividades do meio rural conservadores da natureza contribuem potencialmente para o conhecimento das doenccedilas da fauna selvagem o que por sua vez lhes permite adotar e ajustar medidas sustentadas junto das espeacutecies ameaccediladas rentabilizando-as e salvaguardando a sauacutede animal e a sauacutede puacuteblica

O reconhecimento por parte de todos os intervenientes destes aspetos como uma mais-valia para a proteccedilatildeo da natureza e do Homem e para a obtenccedilatildeo de animais de caccedila saudaacuteveis deve ser aliado a uma praacutetica rigorosa e sistemaacutetica do conjunto de medidas recomendadas pois soacute assim seraacute possiacutevel conciliar todos os interesses e atingir os objetivos desejados

Para a concretizaccedilatildeo destes objetivos eacute importante recorrer ao apoio de profissionais habilitados e promover a disseminaccedilatildeo do conhecimento atraveacutes da formaccedilatildeo de todos os parceiros

Para aleacutem das questotildees de sauacutede animal estes agentes devem ainda contar com os desafios e especificidades proacuteprios impostos pela natureza contribuindo ativamente para a preservaccedilatildeo das espeacutecies selvagens e da diversidade bioloacutegica dos ecossistemas onde se inserem com o objetivo paralelo de garantir o consumo seguro das suas carnes e promover a proteccedilatildeo do ambiente

38

Os catildees de caccedila ao contactarem com cadaacuteveres ou viacutesceras de animais doentes ou suspeitos de doenccedila ou com animais abatidos abandonados podem tornar-se potenciais transmissores de agentes patogeacutenicos Este facto torna-se mais grave se esses catildees partilham apoacutes a caccedilada o ambiente familiar dos caccediladores

Alves PC Barroso I Beja P Fernandes M Freitas L Mathias ML Mira A Palmeirim J Prieto R Rainho A Santos-Reis M Sequeira M Rodrigues L Queiroz AI (2006) Oryctolagus cuniculus (Linnaeus 1758) Coelho-bravo In Cabral MJ Almeida J Almeida PR Dellinger T Ferrand de Almeida N Oliveira ME Palmeirim JM Queiroacutes AI Rogado L Santos-Reis M (eds) Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas Lisboa pp 479ndash480Carvalho CL Zeacute-Zeacute L Lopes de Carvalho I Duarte EL (2014) Tularemia a challenging zoonosis Comparative Immunology and Infectious Diseases 37(2)85-96 doi 101016jcimid201401002

Almeida T Lopes AM Magalhatildees MJ Neves F Pinheiro A Gonccedilalves D Leitatildeo M Esteves P Abrantes J (2015) Tracking the evolution of the G1RHDVb recombinant strains introduced from the Iberian Peninsula to the Azores islands Portugal Infect Genet Evol 34 307ndash313

Abrantes J van der Loo W Le Pendu J amp Esteves PJ (2012) Rabbit haemorrhagic disease (RHD) and rabbit haemorrhagic disease virus (RHDV) a review Veterinary Research 4312

5 BIBLIOGRAFIA

Lebas F Henaff R Marionnet D (1991) La production du lapin 3 ed Lempedes Franccedila

Ellis J Oyston PCF Green M Titball RW (2002) Tularemia Clin Microbiol Rev doi101128CMR154631-6462002 Lebas F Coudert P Rochembeau H Theacutebaut RG (1996) El conejo ndash criacutea y patologia Coleccioacuten FAO Produccioacuten y sanidade animal Nordm19 Roma ISSN 1014-6423

Mandell GL Bennett JE Dolin R (2005) Mandell Douglas and Bennets principles and practice of infectious diseases vol 2 Elsevier Churchill Livingstone pp 2674ndash83Monterroso P Abrantes J Carvalho J Serronha A Maio E Rodrigues MM Magalhatildees M Neto R Capelo M Esteves PJ amp Alves PC (2016) SOS COELHO Bases para a Conservaccedilatildeo de uma Espeacutecie Chave nos Ecossistemas Ibeacutericos Relatoacuterio Final CIBIOInBIO ICETA ANPC CNCP Fundo para a Conservaccedilatildeo da Natureza e da Biodiversidade ICNF OIE (2018) Manual of Diagnostic Tests and Vaccines for Terrestrial Animals Office International des EpizootiesOrganizacioacuten Panamericana de la Salud (1976) Temas selecionados sobre Medicina de Animales de Laboratoacuterio el conejo Rio de Janeiro CPFAOPSOMSTaumlrnvik A (2007) WHO Guidelines on Tularaemia Geneva WHOCDSEPR20077

6 SITES CONSULTADOS

MediRabbit (consultado em agosto de 2018)httpwwwmedirabbitcom OIE-World Organisation for Animal Health (consultado em agosto de 2018)httpwwwoieinten

Centers for Disease Control and Prevention (consultado em agosto de 2018)httpwwwcdcgov European Wildlife Disease Association (consultado em agosto de 2018)httpewdaorgdiagnosis-cards

39

7 LEGISLACcedilAtildeO

R egulamento (CE) nordm 8522004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 20490 de 20 de junho que define campos de alimentaccedilatildeo para aves necroacutefagas

D ecreto-Lei nordm 2022004 de 18 de agosto que estabelece o regime juriacutedico da conservaccedilatildeo fomento e exploraccedilatildeo dos recursos cinegeacuteticos com vista agrave sua gestatildeo sustentaacutevel bem como os princiacutepios reguladores da atividade cinegeacutetica

R egulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) nordm 17742002 (regulamento relativo aos subprodutos animais) R egulamento (CE) nordm 1422011 de 25 de fevereiro que aplica o Regulamento (CE) nordm 10692009 do Parlamento Europeu e do Conselho que define regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano e que aplica a Diretiva nordm 9778CE do Conselho no que se refere a certas amostras e certos artigos isentos de controlos veterinaacuterios nas fronteiras ao abrigo da referida diretiva P ortaria nordm 742014 de 20 de marccedilo que regulamenta as derrogaccedilotildees e medidas nacionais previstas nos

osRegulamentos (CE) n 8522004 e 8532004

R egulamento (CE) nordm 8542004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de organizaccedilatildeo dos controlos oficiais de produtos de origem animal destinados ao consumo humano

D ecreto-Lei nordm 332017 de 23 de marccedilo que assegura a execuccedilatildeo e garante o cumprimento das disposiccedilotildees do Regulamento (CE) nordm 10692009 de 21 de outubro de 2009 que define as regras sanitaacuterias relativas a subprodutos animais e produtos derivados natildeo destinados ao consumo humano

D espacho nordm 47572017 de 31 de maio que cria um grupo de trabalho (GT) com o objetivo de desenvolver uma estrateacutegia e medidas de controlo da Doenccedila Hemorraacutegica Viral dos Coelhos (DHV)

D espacho nordm 2962007 de 13 de dezembro de 2006 publicado no Diaacuterio da Repuacuteblica 2 seacuterie de 8 de janeiro de 2007 que cria o Programa de Recuperaccedilatildeo do Coelho-Bravo

D espacho nordm 38442017 de 8 de maio que define as aacutereas remotas para efeitos de enterramentos de subprodutos de origem animal

R egulamento (CE) nordm 8532004 de 29 de abril que estabelece regras especiacuteficas de higiene aplicaacuteveis aos geacuteneros alimentiacutecios de origem animal

40

81 NACIONAIS8 SITES DE INTERESSE

Ordem do Meacutedicos Veterinaacuterios httpswwwomvpt

Associaccedilatildeo Nacional de Proprietaacuterios Rurais Gestatildeo Cinegeacutetica e Biodiversidade (ANPC) httpwwwanpcpt Centro de Competecircncias para o Estudo Gestatildeo e Sustentabilidade das Espeacutecies Cinegeacuteticas e Biodiversidade httpMaisFaunainiavpt

Instituto de Biologia Experimental e Tecnoloacutegica (iBET) httpwwwibetpt

Confederaccedilatildeo Nacional dos Caccediladores Portugueses (CNCP) httpwwwcncppt

Federaccedilatildeo Portuguesa de Caccedila (FENCACcedilA) httppaginafencacapt

S ociedade Euro-Mediterracircnica de Vigilacircncia da Fauna Selvagem (WAVES-Portugal) httpwavesportugalblogspotcom

Direccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria (DGAV) httpswwwdgavpt

Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo Agraacuteria e Veterinaacuteria (INIAV) httpwwwiniavpt

Rede de Vigilacircncia de Vetores (REVIVE) httpwwwinsamin-saudeptcategoryareas-de-atuacaodoencas-infeciosasrevive-rede-de-vigilancia-de-vetores

Centro de Investigaccedilatildeo em Biodiversidade e Recursos Geneacuteticos (CIBIO) da Universidade do Porto httpscibiouppt

Instituto da Conservaccedilatildeo da Natureza e das Florestas (ICNF) httpicnfpt

82 INTERNACIONAIS

European Federation for Hunting and Conservation (FACE) httpswwwfaceeu

Wild Animal Health Information (WAHIS-Wild) httpwwwoieintwahis_2publicwahidwildphp Wildlife Disease Association (WDA) httpwwwwildlifediseaseorg

International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC) httpwwwcic-wildlifeorg European Wildlife Disease Association (EWDA) httpewdaorg

41

DGAVDireccedilatildeo Geral de Alimentaccedilatildeo e Veterinaacuteria

Campo Grande 501700-093 Lisboa Portugal

Tel +351 213 239 500Fax +351 213 463 518

e-mail dirgeraldgavpt

wwwdgavpt

Page 31: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 32: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 33: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 34: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 35: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 36: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 37: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 38: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 39: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 40: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 41: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 42: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 43: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus
Page 44: Oryctolagus cuniculus Lepus granatensis): MANUAL DE BOAS ...2. Doenças importantes para o coelho-bravo e a lebre e implicações na saúde pública 2.1. Doenças causadas por vírus

Recommended