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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA MORAL

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Narciso, de Caravaggio, Narciso, de Caravaggio, 1598-99. O mito Grego de 1598-99. O mito Grego de Narciso, personagem que Narciso, personagem que morreu enamorado pela morreu enamorado pela própria imagem refletida própria imagem refletida na água, representa na água, representa aqueles que não aqueles que não conseguem sair de si conseguem sair de si mesmos e descobrir a mesmos e descobrir a alteridade: ser moral é alteridade: ser moral é reconhecer o outro como reconhecer o outro como outro.outro.

ÉTICA

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1. O homem é um ser consciente Isso é imoral; movimento pela ética na política;

ética profissional dos médicos – essas expressões demonstram que a moral e a ética estão presentes em nosso dia-a-dia, seja na vida particular, na família, na educação, no trabalho ou na política.

O fenômeno moral é tão antigo quanto a história da humanidade ex. as máximas de Ptahotep (2.500 a.C). Essa obra reúne aforismas de Ptahotep, ministro de um faraó, compôs para orientar a educação do filho, aconselhando a ser leal, tolerante, bondoso, reto e justo.

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Sobre a consciência É de uso frequente, você perdeu a

consciência, você agiu de acordo com a consciência.

Perder a consciência é perder o sentido da existência de nós mesmos e do mundo.

Trata-se da consciência psicológica, que é conhecimento de nós mesmos, quem somos, o que fazemos e o mundo que nos cerca.

Na segunda situação, agir de acordo com a consciência, trata-se da consciência moral;

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A consciência moral é o pensamento interior que nos orienta, de maneira pessoal, sobre o que devemos fazer em uma determinada situação.

Antes de uma determinada ação, a consciência moral emite um determinado juízo que aconselha ou proíbe.

Após a realização da ação, a consciência moral se manifesta como um sentimento de satisfação (força recompensadora), ou arrependimento, remorso (força condenatória).

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A consciência psicológica e a moral estão relacionadas.

Na realidade, se o problema moral é colocado, é porque ele possui consciência psicológica.

O animal não possui consciência psicológica, as suas respostas estão prontas nos seus reflexos e instintos.

Já o homem, para decidir, escolher, enfim, exercer a liberdade, o homem precisa estar consciente.

Enquanto a consciência psicológica possibilita ao homem escolher, a consciência moral, com seus valores e normas, orienta a escolha.

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Três componentes fundamentais da vida moral> CONSCIÊNCIA – LIBERDADE – RESPONSABILIDADE.

Assim temos que qualquer coação interna ou externa anula a liberdade de uma pessoa, e a exime da responsabilidade moral.

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VALORES “Preço”, “Valor de alguma coisa” Valores estão na base de todas as nossas Valores estão na base de todas as nossas

ações, portanto importante na práxis ações, portanto importante na práxis educativa.educativa.

Desde o nascimento nos encontramos envoltos por valores herdados.

Mundo cultural é um sistema de significados estabelecidos por outros.

Sempre estamos fazendo juízos de valor (bom ou mal, belo ou feio, etc.)

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Friederich Nietzsche propôs a transvaloração dos valores: indaga sobre o “valor dos valores”.

Os valores não são, no sentido em que dizemos que as coisas são.

Os valores não são, mas valem. Diante das pessoas que nos cercam sempre

atribuímos valores: verdadeiro e falso, generoso e mesquinho, etc.

A valoração é, pois, a experiência axiológica de um sujeito dentro de uma situação concreta (situação vivida).

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As normas morais são elaboradas a partir dos valores.

Ou seja, a sociedade cria regras para cuidar/proteger aquilo que lhe é caro/importante (que tem valor).

Ex.: A VIDA!

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O QUE É MORAL?

É o conjunto de regras de conduta adotado pelos indivíduos de um grupo social com a finalidade de organizar as relações interpessoais segundo os valores do bem e do mal.

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MORAL Ser moral não significa receber passivamente as

regras de grupo. Aceitá-las ou recusá-las livre e conscientemente. O ser humano não nasce moral, torna-se moral. Aprender a ser moral não tem nada a ver com

“aulas de moral”. Depende da interação entre seres sociais, ou

seja, pelo convívio humano. Imposição de regras não basta, mas sim reflexão

crítica a medida em que nos desenvolvemos moralmente.

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Moral e Ética Embora este dois conceitos andem associados,

em termos filosóficos, tem sido feita a seguinte distinção: 

1- Ética. Trata-se de uma disciplina normativa que tem como objetivo estabelecer os princípios, regras e valores que devem regular a ação humana, tendo em vista a sua harmonia.

Num grande número de filosofias estes princípios, regras e valores aspiram a afirmarem-se como "imperativos" da consciência como valor universal.

A ética preocupa-se não como os homens são, mas como devem ser. Em qualquer  caso o homem é entendido como a autoridade última das suas decisões.

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Moral e Ética 2- Moral. Trata-se do conjunto de

valores que uma dada sociedade ao longo dos tempos foi formando e que os indivíduos tendem  a sentir como uma obrigação que lhes é exterior.  

Esta distinção está longe de ser consensual. Para alguns filósofos trata-se apenas de dois aspectos de uma só coisa. A ética é a teoria e a moral é a sua realização prática. 

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Nós e os Outros  O homem vive em sociedade. Viver é, não

apenas estar no mundo, mas relacionar-se com outros, conviver. A multiplicidade destas relações (de coexistência, de convivência, de colaboração, de conflito, de confronto, etc.), permanentemente faz emergir a necessidade de se estabelecerem e acatarem normas, padrões e valores que possibilitem harmonizar ações muito distintas.

O Outro foi durante muito tempo entendido como o "próximo", aquele sobre o qual recaíam as nossas ações. Hoje o Outro é também a própria Humanidade, dadas as consequências globais que as nossas ações quotidianas podem assumir.

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Experiência Moral Quotidianamente somos confrontados com

situações em que temos que decidir sobre coisas que interferem na liberdade de outros. A simples coexistência coloca a questão da necessidade de cumprir normas. É por isso que nas nossas decisões temos em conta valores, princípios, normas ou regras de conduta que impomos a nós mesmos, mas também esperamos que os outros as sigam, ou pelo menos, as aceitem. Se os outros manifestam um comportamento diverso daquele que à luz destes ideais julgamos que deveriam ter, afirmamos que não agiram corretamente, não têm valores, princípios ou mesmo "moral". 

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Experiência Moral Há situações-limite em que revelamos

profundas dúvidas sobre a opção mais correta que devemos tomar. Estão neste caso as situações que envolvem dilemas de difícil resolução, como a droga, o aborto, a clonagem, eutanásia, o roubo ou a fecundação in vitro.

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O Dilema de Henrique Numa cidade da Europa, uma mulher estava para morrer de

cancro. Um medicamento descoberto recentemente por um farmacêutico dessa cidade podia salvar-lhe a vida. A descoberta desse medicamento tinha custado muito dinheiro ao farmacêutico, que agora pedia dez vezes mais por uma pequena porção desse remédio. Henrique, o marido da mulher que estava à morte, foi ter com as pessoas, suas conhecidas, para lhe emprestarem  dinheiro e, assim, poder comprar o medicamento. Apenas conseguiu juntar metade do dinheiro pedido pelo farmacêutico . Foi, ter, então, com ele, contou-lhe que a sua mulher estava morrendo e pediu-lhe para lhe vender o medicamento mais barato. O farmacêutico respondeu que não, que tinha descoberto o medicamento e que queria ganhar o dinheiro com a sua descoberta. O Henrique, que tinha feito tudo ao seu alcance para comprar o medicamento, ficou desesperado e estava pensando em assaltar a farmácia e roubar o medicamento para a sua mulher", L. Kohlberg, Tradução de.O.M. Lourenço. Deve ou não Henrique assaltar a farmácia e roubar o medicamento? Justifique a resposta.

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A Liberdade e Responsabilidade como fundamento da moralidade A maioria das teorias éticas pressupõem que todos nós,

enquanto agentes morais: a) Temos liberdade de escolha das nossas ações. Liberdade

implica não apenas sabermos distinguir o bem do mal, o justo do injusto, mas sobretudo de agir em função de valores que nós próprios escolhemos. Não há comportamento moral sem certa liberdade.

b) Somos responsáveis pelas nossas decisões, e portanto, pelas consequências das mesmas. A responsabilidade implica, em sentido global, sermos responsáveis por nós próprios, mas também pelas outras pessoas.

Um ato moral pressupõe um sujeito dotado de uma consciência moral, isto é, uma pessoa cuja consciência é capaz de distinguir o bem do mal, de orientar os seus atos e julgá-los segundo o seu valor.

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DIMENSÃO ÉTICA DO AGIR (Síntese)

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Princípios e Dever Moral 

A consciência moral implica que o homem ultrapasse uma dimensão meramente egoísta na sua conduta. O Outro deve ser tido sempre em conta na sua ação moral. Os princípios morais são normas que orientam e fundamentam a sua conduta, pois são assumidos como os mais adequados para a harmonia global e a felicidade individual.

Exemplo de um princípio moral: "Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti".

Uma vez definidos livremente estes princípios, por respeito e coerência com os mesmos, certos atos passam a ser assumidos como obrigações interiores, isto é, como deveres morais. Se não os fizermos sentimos que estamos a trair as nossas convicções, aquilo em que acreditamos.

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Estrutura do ato moralO ato moral é normativo e fatual: Normativo: são as normas ou regras de

ação e os imperativos que enunciam o “dever ser”;

Fatual: são os atos humanos enquanto se realizam efetivamente.

São pólos distintos mas inseparáveis. Supõe a consciência moral autônoma.

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Desejo e vontade

Um ato moral é um ato voluntário, de vontade, fruto de uma decisão;

O desejo não resulta da escolha (surge como força e exigência de realização);

Seguir o impulso do desejo é negar a ação moral;

A vontade tem o poder de frear o desejo.

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Responsabilidade, dever e liberdade Responsável é aquele que responde

pelos seus atos. Liberdade no campo prático da ação

Sujeito social Pessoal: Age de maneira pessoal e

autônoma; Social: Pertence a um grupo no qual se

insere (coletivo); A vida em sociedade impõe um

dever/compromisso para com ela.

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A virtude (vir, virtus - virilidade, poder, potência) É a permanente disposição para querer o

bem... Implica na coragem de assumir os valores escolhidos e enfrentar os obstáculos que dificultam a ação.

A vida moral sugere a repetição do agir moral – hábito da prática.

PARA A PRÓXIMA AULA; Texto 01. ARANHA;MARTINS. Filosofando. 3. ed. rev.

2003. p. 300-306 (cap. 23). - Responder Questões de compreensão

(Exercício nº 1.)