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Gilwell e a Insígnia de Madeira

Na história do Escutismo, o Parque de Gilwell e a Insígnia de Madeira têm um lugar de destaque pela sua longevidade e importância no Movimento. O parque é

um local mítico que todos os Escuteiros procuram visitar quando vão a Inglaterra, sempre repleto de

jovens e adultos nas mais diversas actividades. Foi aqui que surgiu a Insígnia de Madeira, no curso de formação de dirigentes que, entretanto, se espalhou pelo mundo.

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Gilwell… um nome

O mais antigo registo de terras pertencentes ao Parque de Gilwell (ou Gillwell, como se escrevia

antigamente) remonta a 1407, quando faziam parte da Paróquia de Waltham Abbey. O seu proprietário era John Crow, que chamava às

suas terras “Gyldiefords”. As terras mudaram de dono poucos anos mais tarde e, como era hábito na época, o novo dono (Richard Rolfe) alterou o nome das terras para “Gillrolfes”, usando o seu

próprio apelido.

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Gilwell… um nome

O prefixo “Gill” vem de uma palavra do inglês

antigo que significava vale ou depressão. Pouco

depois da morte de Richard Rolfe, em 1422, as

terras foram separadas em dois campos,

conhecidos como Great Gilwell e Little Gilwell.

O sufixo “well” vem do inglês antigo “wella”, que

significava nascente ou ribeiro. Assim, Gilwell

seria um vale com uma nascente ou ribeiro.

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Gilwell… um parque com história

Ao longo dos vários séculos, as terras que hoje constituem o Parque de Gilwell mudaram de

proprietário diversas vezes, tendo sido agregadas e divididas várias vezes. Na década de 1730, as terras de Gilwell foram guarida para um

mítico salteador inglês, Dick Turpin.

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Gilwell… um parque com história

Em 1793, a família Chinnery mudou-se para Gilwell, tendo sido os mais importantes

ocupantes do parque. Esta família era um modelo da alta sociedade londrina, dinâmicos, enérgicos e ligados às artes. William Chinnery, um jovem

ambicioso com um rápido sucesso profissional, foi agregando à propriedade outros terrenos ao

redor que iam aparecendo para venda.

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Gilwell… um parque com história

Margaret Chinnery transformou os terrenos em magníficos jardins e decorou o edifício

principal a rigor, organizando frequentemente serões,

chamando, assim, as atenções da alta sociedade. Até os membros

da família real eram frequentadores de Gilwell, como

o Rei Jorge III, o Príncipe Regente e o Duque de Cambridge.

Margaret Chinnery

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Em 1812, foram descobertos os

estratagemas fraudulentos que William Chinnery usava

para desviar enormes quantias de dinheiro dos cofres do reino e assim

alimentar a glamorosa vida social da família, tendo-lhe sido confiscado o Parque

de Gilwell.

Gilwell… um parque com história

Margaret Chinnery

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Gilwell… um parque com história

Gilwell foi posto à venda através de um leilão, mas, por causa do escândalo com os anteriores donos, só foi comprado em 1815, por Gilpin Gorst, pelo preço de 4940 libras.

Cartaz anunciando o leilão de várias

propriedades

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Gilwell… um parque com história

Cartaz anunciando o leilão da propriedade em

quatro lotes

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Gilwell… um parque com história

A propriedade voltou a mudar de dono várias vezes. Em 1858, foi

comprada por William Gibbs, um industrial excêntrico, poeta e inventor. A sua invenção de maior sucesso foi a pasta

dentífrica “Gibbs”, produzida na sua própria fábrica.

Após a sua morte, em 1900, mulher e filhos viram-se incapazes de manter a propriedade em boas condições, dados os elevados custos de

manutenção, acabando por vendê-la.

Page 11: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Escuteiros compram Gilwell

William Frederick de Bois Maclaren era um generoso

empresário escocês e também escuteiro, sendo Comissário Distrital (dos

escuteiros) de Roseneath, em Dumbartonshire. Foi director de uma empresa ligada às plantações de

borracha, café e cacau, nas colónias britânicas.

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Escuteiros compram Gilwell

William Pertencia ao clã escocês dos Maclaren, que remonta ao século XIII, cujo tartan

encontramos no Lenço de Gilwell. Faleceu em Junho de 1921.

Tartan dos Maclaren Brasão dos Maclaren

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Escuteiros compram Gilwell

Numa visita que fez a Londres, Maclaren impressionou-se ao ver os escuteiros londrinos fazerem as suas actividades em ruelas e terrenos baldios. Em Novembro

de 1918, Maclaren contactou B-P, manifestando-lhe o seu desejo de

comprar um campo escutista para a associação, que ficasse

perto de Londres e acessível aos escuteiros da parte oriental da

cidade.

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Escuteiros compram Gilwell

B-P falou nesta ideia a Percy Bantock Nevill, na altura Comissário para Londres

Oriental. Ainda em Novembro, Maclaren e Nevill juntaram-se

para discutir o assunto e, após estudar várias opções,

acordaram em procurar uma propriedade em Hainault

Forest ou em Epping Forest, tendo Maclaren oferecido 7 mil

libras para a compra. Percy Nevill

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Vários grupos de Caminheiros procuraram propriedades em ambas as áreas durante algum tempo, sem sucesso, até que, um dia, o dirigente John Gayfer sugeriu a Nevill o Parque de Gilwell,

perto da vila de Chingford, onde costumava ir observar aves, e que estava à venda. Nevill

visitou o local e ficou bem impressionado, apesar do aspecto deplorável em que se encontrava o

parque. A propriedade, com um total de 53 acres, estava à venda por exactamente 7 mil libras. B-P

visitou o local a 22 de Novembro.

Escuteiros compram Gilwell

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Feita a compra, Nevill levou para Gilwell os seus Caminheiros, na Quinta-feira Santa de

1919, para começarem uma operação de limpeza e recuperação durante as

férias da Páscoa. Os edifícios estavam degradados e a

vegetação desgovernada cobria os terrenos.

Escuteiros compram Gilwell

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Escuteiros compram Gilwell

Na primeira noite, descobriram que os

terrenos eram demasiado húmidos para montar tendas,

por isso ficaram numa velha cabana de jardinagem que

baptizaram de “The Pigsty” (a pocilga),

que ainda hoje existe.

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As despesas com a recuperação do edifício principal foram subestimadas, mas Maclaren,

entusiasmadíssimo com os trabalhos, doou mais 3 mil libras. Durante vários fins-de-semana, Escuteiros e Caminheiros deslocaram-se ao

Parque de Gilwell para participar nos trabalhos.

Escuteiros compram Gilwell

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Em Maio de 1919, Francis Gidney

foi nomeado Chefe de Campo,

orientando de forma mais

consistente e direccionada os

trabalhos de recuperação.

Escuteiros compram Gilwell

A inauguração oficial do Parque de Gilwell

deu-se a 26 de Julho de 1919. A esposa de

Maclaren cortou as fitas e o próprio Maclaren

foi condecorado por B-P com o Lobo de Prata.

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Escuteiros compram Gilwell

O parque evoluiu muito desde 1919 até hoje,

com novas construções, reconstruções e marcos

importantes.

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Durante a Segunda Guerra Mundial, o parque foi requisitado pelo Ministério da Guerra para centro de treino de armas anti-aéreas e quartel-general para a defesa de instalações militares próximas.

Por causa disto, o parque foi alvo de bombardeamentos inimigos, tendo, num dos

ataques, caído três bombas.

Escuteiros compram Gilwell

Uma delas deu origem ao lago conhecido por “Bomb Hole”, o qual foi alargado posteriormente para se poder fazer canoagem.

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B-P deu os primeiros passos na formação de dirigentes, organizando palestras no

início da década de 1910. Era evidente que esta formação era demasiado teórica e era

necessária uma vertente mais prática, só possível com um

local adequado.

Formação de Dirigentes

B-P convenceu Maclaren de que o Parque de Gilwell era suficiente para albergar também um

centro de formação de dirigentes.

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Seguindo as linhas orientadoras definidas por B-P, Gidney dirigiu o primeiro curso de formação de

dirigentes em Gilwell, de 8 a 19 de Setembro de 1919, com 18 formandos.

Formação de Dirigentes

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Formação de Dirigentes

Fizeram parte dos conteúdos temas como organização de patrulhas, pioneirismo, faca e

machado, formaturas, marcha, bandeiras, higiene e saúde em campo, latrinas, fogueiras,

tendas, campismo, pontes, fauna e flora, morse e homógrafo, pistas, jogos, medição de

distâncias, mapas, etc.

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O curso foi um sucesso, ficando conhecido como curso da “Insígnia de Madeira”, devido à

certificação que era dada a quem o concluísse.

Formação de Dirigentes

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Nos primeiros cursos, os formandos eram divididos em patrulhas e aprendiam como treinar os seus rapazes através de jogos. As actividades

práticas, ao ar livre, eram a tónica principal.

Formação de Dirigentes

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Francis Gidney começou um dos primeiros grupos

de Escuteiros em Inglaterra, em 1908, aos 16 anos. Terminou os

estudos na Universidade de Cambridge em 1914, tendo-se voluntariado para a Guerra Mundial que, entretanto, tinha

começado.

Francis Gidney, o “homem-rapaz”

Page 28: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Gidney foi enviado para França, onde foi promovido ao posto de capitão, mas foi ferido

com gravidade em combate e regressou a Inglaterra antes do Armistício.

Francis Gidney, o “homem-rapaz”

Interior da “Gidney Cabin”, no Parque de Gilwell

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A sua escolha para Chefe de Campo em Gilwell deveu-se muito

à sua personalidade jovem e divertida, e ao seu transbordante

entusiasmo pelo Escutismo, enfim, um autêntico “homem-

rapaz”, como B-P o descrevia.

Francis Gidney, o “homem-rapaz”

O seu fascínio por trepar às árvores, construir cabanas de madeira, fazer representações

teatrais e truques com facas e machados nos fogos de conselho, dava a Gilwell o ambiente de “escutismo em acção” com que B-P sonhava.

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Todos os que passavam em Gilwell sentiam

uma adoração por Gidney. Colaborou ainda

com James West, nos Estados Unidos, na

elaboração dos cursos de Insígnia de Madeira

dos Boy Scouts of America. Algumas

desavenças com a direcção da associação

escutista levaram-no a abandonar Gilwell, em

1923, e, passados cinco anos, acabou por

falecer devido ao agravamento dos ferimentos

de guerra, aos 38 anos.

Francis Gidney, o “homem-rapaz”

Page 31: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Gidney não foi “apenas” o primeiro a dirigir um curso de Insígnia de Madeira. Foi ele que criou

o 1º Grupo de Gilwell para os portadores da Insígnia de Madeira, bem como o lenço de

Gilwell e o modelo das Reuniões de Gilwell que ainda hoje se realizam.

Francis Gidney, o “homem-rapaz”

Page 32: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Francis Gidney, o “homem-rapaz”

Usando o pseudónimo “Gilcraft”, ele e outros dirigentes escreveram uma longa série de

artigos nas publicações escutistas oficiais, tendo posteriormente editado vários livros na famosa “Série Gilcraft”, começando com um

primeiro da sua autoria, “Spare Time Activities”.

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Francis Gidney, o “homem-rapaz”

Foi ele que popularizou o termo “woggle” para a anilha de Gilwell, que hoje é usado no mundo inteiro para as

anilhas que usamos no lenço.

Page 34: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Francis Gidney, o “homem-rapaz”

O machado cravado num tronco, símbolo do Parque de Gilwell, foi escolha sua. Em sua

honra, foi construída uma cabana no parque, com o seu nome, ainda hoje usada.

“Gidney Cabin”, no Parque de Gilwell

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O Parque de Gilwell e o Curso da O Parque de Gilwell e o Curso da Insígnia de Madeira trouxeram ao Insígnia de Madeira trouxeram ao

Escutismo uma série de Escutismo uma série de símbolossímbolos que que nos são, ainda hoje, bastante familiares: nos são, ainda hoje, bastante familiares:

o lenço, a anilha, o colar de contas, o o lenço, a anilha, o colar de contas, o portão dos leopardos e o machado portão dos leopardos e o machado

enterrado no tronco. enterrado no tronco.

Page 36: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Gidney criou o chamado 1º Grupo de Gilwell e o respectivo lenço, em 1921. Fazem parte deste

grupo, por tradição, todos os dirigentes, de todo o mundo, portadores da Insígnia de Madeira. Aos

primeiros formandos dos cursos era entregue um lenço, de cor exterior cinzenta (cor da

humildade) e interior rosa-vermelho, pertença do parque, passando a usar todos um lenço igual, independentemente da posição que ocupassem no escutismo. No final do curso, os lenços eram

devolvidos ao parque.

O lenço

Page 37: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Posteriormente, o cinzento exterior foi substituído por um tom bege-areia, não havendo registo de quando passou a ser usada esta cor. Chegou a ser usado um lenço feito totalmente

com o tartan do clã Maclaren, em homenagem ao homem que doou o dinheiro necessário para a

compra do parque, mas, devido ao custo excessivo do tecido, o tartan passou a figurar apenas num rectângulo no vértice do lenço.

O lenço

Page 38: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Inicialmente, o lenço do 1º Grupo era também usado pelo staff do parque, mas, a partir de

1924, passou a ser restrito aos portadores da Insígnia de Madeira. O tartan é propriedade

registada do clã Maclaren. O seu uso é permitido apenas no lenço de Gilwell e não

pode ser usado para outro fim.

O lenço

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Originalmente, B-P tinha pensado em oferecer aos formandos do curso dois pendões para o

chapéu, à semelhança do que os oficiais americanos usavam.

O colar

Page 40: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Entretanto, enquanto vasculhava nas recordações que tinha trazido de África e da

Índia, encontrou um colar com contas de madeira, tendo optado por estas. Ainda assim, as suas primeiras ideias para o uso das contas foram

para o chapéu, a imitar os pendões, ou na casa de um dos botões do casaco.

O colar

Desenhos de B-P sugerindo o uso das contas

Page 41: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Em breve, B-P decidiu alterar estas ideias, provavelmente pelo facto de que os portadores da Insígnia de Madeira só poderiam usar as

contas quando estivessem com o chapéu (ao ar livre) ou de casaco.

O colar

O uso das contas num colar, usando um atilho de couro, permitiria aos seus portadores usá-

las em todas as circunstâncias. A ideia do atilho e do colar poderá ter tido origem noutra

recordação que B-P trouxe de África.

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Durante o Cerco de Mafeking, numa das rondas que B-P fazia frequentemente pela cidade, um

idoso indígena interpelou-o, admirado por ele não andar a assobiar e sorrindo, como era costume.

Numa breve troca de palavras, em que B-P se mostrou menos esperançado quanto ao futuro, dadas as condições adversas e dramáticas do cerco, o idoso ofereceu-lhe um atilho de couro, que lhe tinha sido dado pela mãe à nascença,

para dar sorte e afastar os maus espíritos.

O colar

Page 43: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Nesse mesmo dia, a cidade recebeu a notícia de que o Coronel Plumer e as suas tropas iriam

chegar a Mafeking nos próximos dias, libertando a cidade do penoso cerco dos Boéres.

O colar

Page 44: Gilwell e a Insígnia de Madeira

De 1922 a 1925, aos

formandos do curso para

Chefes de Alcateia que

terminassem com sucesso,

era oferecido um dente

canino de lobo - A Insígnia

de Aquelá -, em vez das

contas de madeira. Os

formadores destes cursos

recebiam dois dentes.

A Insígnia de Aquelá

Page 45: Gilwell e a Insígnia de Madeira

O padre Jacques Sevin, fundador dos Scouts de France, foi um dos recebeu a Insígnia de Aquelá.

A Insígnia de Aquelá

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Em 1925, a mesma comissão que decidiu acabar com o uso

do dente, instituiu o uso de uma pequena conta colorida,

imediatamente acima do nó do colar, para identificar a secção a

que respeitava o curso tirado: amarela para lobitos, verde para

escuteiros e vermelha para caminheiros. Em 1927, a mesma

comissão decidiu-se por cancelar o uso da conta.

A Insígnia de Aquelá

Exemplar de Insígnia de Madeira de um curso

para Chefes de Clã

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Quando os primeiros países estrangeiros começaram a ministrar os seus próprios

cursos de Insígnia de Madeira, os directores desses cursos

eram nomeados representantes do Parque de Gilwell nos seus países, usando um colar com

cinco contas, uma suposta tradição lançada por B-P. O

próprio B-P usava um colar com seis contas.

Colares com mais de 4 contas

Colar de 6 contas de B-P

Page 48: Gilwell e a Insígnia de Madeira

O outro colar de seis contas que surgiu foi oferecido por B-P a Sir

Percy Everett, que o auxiliou desde os primeiros dias do

escutismo e esteve directamente ligado à formação de dirigentes.

Colares com mais de 4 contas

Em 1949, Everett entregou o seu colar de seis contas ao Chefe de Campo do Parque de Gilwell,

John Thurman, para ser usado pela pessoa responsável pela formação de adultos em

Inglaterra, tradição que se mantém ainda hoje.

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A anilha

No início da década de 1920, B-P terá sugerido ao staff do

parque a criação de uma anilha especial para ser usada com o

lenço de Gilwell.

William Shankley, um australiano de 18 anos, membro do staff do parque, terá usado um

atilho de couro (muito usados para fazer fogo por fricção, uma prática comum nos primeiros

cursos) para produzir um Nó de Cabeça de Turco com duas voltas, que foi adoptado como

anilha oficial de Gilwell.

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A anilha

O termo “woggle”, que não é usado fora do escutismo, pode ter sido ideia do próprio

Shankley, mas Gidney tornou-o popular, ao publicar um artigo sobre o assunto na revista

“The Scout”, em 1923.

Em 1943, o Chefe de Campo, John Thurman, instituiu a atribuição da anilha aos dirigentes que completassem a primeira parte (formação básica)

do curso, sendo o lenço e o colar de contas atribuídos no final da segunda parte do curso

(formação avançada).

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O machado no tronco

Francis Gidney, o primeiro Chefe de Campo em Gilwell, procurava um símbolo especial para o parque, que marcasse uma grande diferença entre este e a sede nacional, apesar de ser,

também, propriedade da associação.

Gidney queria que o símbolo representasse bem as actividades ao ar livre e a técnica

escutista, que eram vividas em Gilwell, em contraste com o ambiente administrativo e

comercial dos serviços centrais.

Page 52: Gilwell e a Insígnia de Madeira

O machado no tronco

Os cursos ministrados no parque eram muito práticos e o uso do machado era frequente,

sendo dada muita importância a questões de segurança com estes e outras ferramentas.

Sempre que não estavam a uso, os machados deviam ser cravados num tronco, para evitar

acidentes, pelo que havia bastantes machados em troncos espalhados pelo parque.

Foi neles que Gidney se inspirou ao criar o símbolo

de Gilwell.

Page 53: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Portão dos Leopardos

Construído por Don Potter, membro do

staff do parque, em

1928, é, ainda hoje, um elemento

simbólico do Parque de Gilwell.

As cancelas têm cerca de 1,70 m de altura.

Page 54: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Portão dos Leopardos

O portão marca a entrada do Parque de Gilwell,

embora não seja usado. Tem este nome por causa

de dois pequenos leopardos, esculpidos em madeira, no topo de cada

uma das cancelas. Don Potter ao lado de B-P

Os dois leopardos

Page 55: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Portão dos Leopardos

Um dos leopardos desapareceu, há muitos anos atrás, tendo sido substituído, mas voltou a

desaparecer, tendo Potter feito outro, em 1997, quase aos cem anos de idade. Potter fez parte do

staff de Gilwell durante vários anos, tendo-se especializado no trabalho com madeiras.

Page 56: Gilwell e a Insígnia de Madeira

A A origem das pequenas contas de madeiraorigem das pequenas contas de madeira está envolta num misto de história e lenda, está envolta num misto de história e lenda,

romantizada por estórias passadas de romantizada por estórias passadas de década para década. Embora haja dúvidas década para década. Embora haja dúvidas

quanto à veracidade de alguns quanto à veracidade de alguns acontecimentos frequentemente relatados, acontecimentos frequentemente relatados, o certo é que estas contas não são umas o certo é que estas contas não são umas

contas quaisquer. contas quaisquer.

Page 57: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Isiqu, a “medalha” dos Zulus

Os relatos mais antigos remontam ao tempo de Shaka

kaSenzangakhona (1787-1828), o famoso rei que

transformou várias tribos dispersas da África do Sul na

imponente nação Zulu.

Shaka, rei dos Zulus

Page 58: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Isiqu, a “medalha” dos Zulus

Zululândia (1885)

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Isiqu, a “medalha” dos Zulus

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Isiqu, a “medalha” dos Zulus

Page 61: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Isiqu, a “medalha” dos Zulus

As tácticas militares inovadoras e a alteração que fez no armamento dos seus guerreiros,

permitiram-lhe criar um exército impressionante, organizado, disciplinado e eficiente.

Page 62: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Isiqu, a “medalha” dos Zulus

Page 63: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Isiqu, a “medalha” dos Zulus

Page 64: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Isiqu, a “medalha” dos Zulus

Os mais bravos, tendo protagonizado

feitos em batalha merecedores de destaque, eram

“condecorados” pelo rei Shaka, em

cerimónias públicas, com colares feitos de contas de madeira -

os “isiqu”.

Page 65: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Isiqu, a “medalha” dos Zulus

A madeira destas contas, amarelada,

provinha de um salgueiro selvagem

(Salix mucronata), a que os indígenas chamavam

“um-Nyezane”, considerada “real” e

para uso exclusivo do rei Zulu. Após a morte

de Shaka, a tradição ter-se-á mantido.

Salgueiro Salix mucronata

Page 66: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Isiqu, a “medalha” dos Zulus

Alguns historiadores sugerem que as contas seriam confeccionadas pelos próprios

guerreiros distinguidos, originando colares “isiqu” de aspecto diferente, mas com um

traço comum: encaixadas umas nas outras, perpendicularmente.

Sistema de encaixe das contas do “isiqu”(ilustração de uma revista militar)

Page 67: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Isiqu, a “medalha” dos Zulus

Os colares de contas são muito utilizados na cultura Zulu, ainda

hoje, sendo usados materiais naturais tais como madeira, sementes, marfim ou osso.

Page 68: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Isiqu, a “medalha” dos ZulusGuerreiro Zulu, fotografado nos finais do século XIX, com dois “isiqu” cruzados no tronco

Pintura retratando Maphelu, um guerreiro fiel a Dinizulu, com

um colar “isiqu”

Page 69: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Isiqu, a “medalha” dos Zulus

Em 1999, foi construído um monumento em bronze, em

Isandlwana, na África do Sul, em memória dos Zulus que tombaram numa sangrenta batalha naquele local, em

1879, contra o exército britânico. O monumento

representa, precisamente, um “isiqu”.

Salgueiro Salix mucronata

“Isiqu” do Monumento de

Isandlwana

Page 70: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Dinizulu

Dinizulu kaCetshwayo (1868-1913) era sobrinho-neto de

Shaka e filho de Cetshwayo (o último rei Zulu reconhecido

pelos britânicos).

Dinizulu, entre 1883 e 1884, com um colar “isiqu” enrolado no tronco

Page 71: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Dinizulu

Depois da Guerra Anglo-Zulu de 1878-79, os

britânicos acabaram com o reino Zulu e dividiram a

Zululândia em 13 distritos, cabendo um destes a

Dinizulu, herdeiro do trono, que não tardou começar a

“conquistar” pela força das armas outros distritos,

pretendendo assumir-se como rei dos Zulus.

Page 72: Gilwell e a Insígnia de Madeira

Dinizulu

Desavenças com mercenários Bóeres que ele próprio contratou

e com os britânicos a quem, entretanto, pediu ajuda, levaram

a que fosse procurado por tropas britânicas enviadas pelo

Governador da Província do Natal, em 1888. Baden-Powell foi escolhido para oficial do estado-

maior das tropas comandadas pelo Major McKean, que perseguiriam Dinizulu.

Baden-Powell em 1888

Page 73: Gilwell e a Insígnia de Madeira

A lenda do colar de Dinizulu

Quando B-P chegou a uma zona de penhascos,

bastante arborizada e com cavernas, chamada

“Ceza Bush”, identificada como baluarte de Dinizulu

e dos seus homens, já estes tinham escapado

para a República do Transvaal.

Ilustração feita por B-P, representando o avanço sobre um refúgio de Dinizulu

Page 74: Gilwell e a Insígnia de Madeira

A lenda do colar de Dinizulu

Os britânicos só encontraram cavernas

abandonadas e cabanas queimadas, numa das

quais B-P terá - segundo contou ele próprio em 1925 -

encontrado o colar “isiqu” de onde

provieram as primeiras contas da Insígnia de

Madeira.

“Just before attacking I went

into position with my Scouts at

early dawn and found that the

enemy had just hurriedly

evacuated it, leaving most of

their food and kit behind, and

had crossed the border into the

Transvaal, where of course we

could not follow them. In the hut

which had been put up for

Dinizulu to live in, I found

among other things his

necklace of wooden beads.”

Page 75: Gilwell e a Insígnia de Madeira

A lenda do colar de Dinizulu

Dinizulu entregou-se 3 meses mais tarde ao Governador do

Natal, em casa da família Colenso, que apoiava a causa Zulu.

Harriette Colenso

Dinizulu em 1908 e durante o exílio, na Ilha de Santa Helena

Page 76: Gilwell e a Insígnia de Madeira

A lenda do colar de Dinizulu

Diz a “lenda” que foi o próprio Dinizulu quem ofereceu o colar a B-P. Esta versão foi passada

pela associação escutista inglesa, a partir da década de

50, devido ao embaraço causado pela versão anterior, segundo a qual B-P ter-se-ia

apoderado do colar, abandonado por Dinizulu

numa cabana especialmente preparada para ele.

Réplica do suposto colar “isiqu” de

Dinizulu, existente no Museu de Gilwell

Page 77: Gilwell e a Insígnia de Madeira

A lenda do colar de Dinizulu

No seu livro “Lessons from the Varsity of Life” (1933, capítulo V

- Zululândia), B-P relata o incidente em “Ceza Bush”, mas não faz qualquer referência ao colar “isiqu”. Curiosamente,

nesse mesmo texto, conta como se apoderou de um colar de contas de uma rapariga Zulu que foi atingida por uma bala perdida e faleceu durante a

noite, mesmo ao lado de B-P.

Capa do livro “Lessons from the

Varsity of Life”

Page 78: Gilwell e a Insígnia de Madeira

A lenda do colar de Dinizulu

Nos diários onde Baden-Powell descrevia

detalhadamente todos os pormenores da sua vida,

também não foi feita nenhuma referência ao colar.

Certo é, que B-P nunca conheceu Dinizulu. Se o colar

“isiqu” que B-P levou para Inglaterra era mesmo de

Dinizulu, fica à imaginação de cada um.

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A lenda do colar de Dinizulu

Vitrina no Museu de Gilwell, sobre o tema da Insígnia de Madeira, com uma réplica gigantesca do colar de contas original

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Formato das contas

As contas que hoje ostentamos nos nossos colares da Insígnia de Madeira, são um pouco

diferentes das primeiras. Estas, tinham um formado mais delgado na zona onde passa o fio

de couro, para o encaixe entre elas.

Formato das primeiras contas

Formato das contas actualmente

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Formato das contas

A “falha” nas extremidades é natural. Ao fazer os cortes em “V” nas extremidades,

que seriam queimados, o interior do cerne da madeira de salgueiro desfazia-se, dando

origem às pequenas “falhas”, características, também em “V”.

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Formato das contas

Algumas das contas que são produzidas hoje em dia, não trazem estas pequenas “falhas”, sendo

os cortes apenas pintados, e não queimados, excepto na zona da “falha”, que fica da cor da

madeira.

Exemplos de contas actuais, com tonalidades diferentes, algumas das quais sem a “falha” nas extremidades

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Volto a Gilwell

A canção “Volto a

Gilwell” é o conhecido

hino dos cursos da

Insígnia de Madeira.

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O Nó de Cabeça de Turco

11

22

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O Nó de Cabeça de Turco

33

44

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O Nó de Cabeça de Turco

55

66

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O Nó de Cabeça de Turco

77 88

A marca (+) sinaliza o centro do nó. A partir do passo 8, a espia volta ao início, seguindo lado

a lado com as voltas iniciais, até fazer o percurso todo novamente.

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O Nó de Cabeça de Turco

99Podes fazer o percurso

várias vezes, para conseguires uma anilha

com mais voltas.

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Nós para o Colar

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Nós para o Colar

O nó simples no colar por ser substituído por outro, mais elaborado. O próprio B-P usava, no seu colar, um nó de pinha de saco ou nó de diamante.

A imaginação é o limite, desde que não se exceda a discrição. Ficam algumas sugestões.

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Nós para o Colar

Os nós aqui apresentados foram criados por marinheiros para

ornamentar as cordas que usavam ao pescoço das quais pendiam canivetes ou apitos. Todos têm em comum a entrada e saída

de dois chicotes - dois para o pescoço e os outros dois para as

contas.

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Nós para o Colar

1

42

3

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Nós para o Colar

1 2

3

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Nós para o Colar

12

3

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Nós para o Colar

1

4

2

3

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Nós para o Colar

12

3

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Nós para o Colar

12

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Nós para o Colar

1

2

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Localização geográfica

Gilwell Park fica a 1,5 Km da

Estação de Comboios de

Chingford, perto de Londres

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Localização geográficaVista aérea do Parque de Gilwell

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Gilwell em imagens…

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Gilwell em imagens…

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Gilwell em imagens…

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Gilwell em imagens…

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Gilwell em imagens…

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Gilwell em imagens…

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Gilwell em imagens…

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Gilwell em imagens…

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Gilwell em imagens…

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Gilwell em imagens…

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Museu de Gilwell

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Museu de Gilwell

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Museu de Gilwell

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Museu de Gilwell

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Museu de Gilwell

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Museu de Gilwell

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Museu de Gilwell

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Museu de Gilwell

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Museu de Gilwell

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Museu de Gilwell

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