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Flambagem por Compressão

Conceito de estabilidade do equilíbrio.De forma bastante comum ocorrer confusão entre o que é equilíbrio e o que é

estabilidade. Uma estrutura pode ser instável estando em equilíbrio.

Tome, por exemplo, um lápis apontado e tente coloca-lo apoiado em um planohorizontal apoiado pela ponta. Nesta situação, embora ele esteja em equilíbrio, este é muitoinstável. Quando se apóia o lápis pela base, o equilíbrio é estável. Isto pode ser observado nafigura 1

P P

Figura 1 – Equilíbrio estável e instável

Em geral, o equilíbrio de uma estrutura pode ser classificado como: estável; instável ouindiferente.

Um modo bastante simples de observar este fato é analisar as três situações deequilíbrio apresentadas na figura 2.

a b c

Q Q Q

Figura 2 – Situações de equilíbrio

A situação a representa o equilíbrio indiferente. Nela, ao se aplicar a força Q na esfera, queestá sobre um plano, representado pela linha horizontal, ocorrerá uma nova posição deequilíbrio, semelhante a esta em um outro ponto qualquer do plano.

Na situação b, o equilíbrio é instável. A força Q promove um deslocamento na esferaque rola sobre a superfície não existindo mais a possibilidade de retorno a esta posição deequilíbrio. Uma estrutura com este tipo de equilíbrio não suporta perturbações de nenhumanatureza.

Na situação c, o equilíbrio é estável. A força Q promove um deslocamento na esferaque rola sobre a superfície oscilando em torno da posição de equilíbrio inicial.

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Conceito de Carga Crítica

Ao ser projetado, um elemento deve satisfazer as condições de resistência, deslocamentoslimites e estabilidade. Alguns elementos podem estar submetidos a cargas compressivas, ese esses elementos forem longos ou esbeltos, o carregamento pode ser suficientementeelevado para causar uma instabilidade lateral. Especificamente, elementos longos e esbeltossujeitos a cargas axiais compressivas são chamados de colunas e seus deslocamentoslaterais são caracterizados através do fenômeno conhecido como flambagem.A carga axial máxima que uma coluna pode suportar quando atinge a iminência de flambar échamada de carga crítica, Pcr.

A capacidade de uma coluna suportar uma carga aumenta com o aumento do momentode inércia (J ou I )da seção transversal. Assim, as colunas eficientes são projetadas de formaque a maior parte da área da seção transversal seja afastada, tanto possível, de seus eixosprincipais centróides. Esta é a razão pela qual as seções tubulares são mais econômicas queas seções maciças. É também importante lembrarmos que uma coluna flambarárelativamente ao eixo principal da seção transversal com o menor momento de inércia (eixomais fraco). Por exemplo, uma coluna com seção transversal retangular, veja figura abaixo,flambará em relação ao eixo b - b e não em relação ao eixo a - a.

Conseqüentemente, os Tecnólogos aos dimensionar as seções transversais dos elementosestruturais procuram atender à condição de momentos de inércia idênticos em todas asdireções. Assim, do ponto de vista geométrico, os tubos circulares são excelentes colunas. Aequação de flambagem para colunas apoiadas em rótulas ou pinos pode ser escrita sob aforma da ação de Eüler:

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ação de Eüler

A carga é uma força normal de compressão, o módulo da tensão normal desenvolvida nospontos das seções transversais da barra prismática é:

A

Pcrit=σ (0)

onde A é a área da seção transversal da barra.

A esta tensão se dá o nome de Tensão de Flambagem que é indicada por σfl.

A

Pcritfl =σ � (1)

A tensão de flambagem é, portanto a tensão que muda o estado de equilíbrio da barra,ou seja, com tensões iguais a este valor o equilíbrio é instável.

Fazendo o valor da carga crítica, encontrado por Euller a expressão, então tem-se:

A

E2

2

fll

Ι××π

=σ �

A

E2

2

fl ×Ι××π=σ

l (2)

Sabendo-se que o raio de giração de uma figura (i) é igual a:

Ai

Ι= � A

i2 Ι= (3)

a expressão 2 fica:

2

22

fl

iE

l

××π=σ (4)

Observe-se que na expressão 4 l é o comprimento da barra e i é uma propriedade desua seção transversal.Podemos escrever esta expressão então como:

2

2

2

fl

i

E

l

×π=σ � 2

2

fl

i

E

×π=σl

(5)

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Na expressão 5, o quociente il é chamado de Índice de Esbeltez da barra e indicado

pela letra λ (lâmbda).

il=λ (6)

O índice de esbeltez é uma medida relativa entre o comprimento da barra e sua seçãotransversal. Uma barra é esbelta quando seu comprimento é grande perante sua seçãotransversal.

Assim, a expressão 5 fica:

2

2

fl

E

λ×π=σ (7)

Esta expressão é conhecida como Equação de Eüler.

OBS:-1. A tensão de flambagem é um valor de tensão que, se atingido, muda o estado de

equilíbrio da barra, isto é; a barra flamba.

2. Para que em uma barra não ocorra a flambagem, o valor de tensão desenvolvida pelaforça de compressão atuante, deve ser menor que o da tensão de flambagem. Isto é:

flAP σ≤=σ (8)

onde

s

flfl

σ=σ (9)

e s é o coeficiente de segurança que se deseja usar.

3. O estudo do raio de giração é de grande importância já que, se não existir restrição abarra tende a flambar de maneira que a seção gire em torno do eixo central de inérciade menor momento e, portanto, de menor raio de giração

4. A mudança na forma de apoio da barra, provoca alteração na solução da expressão 3.Esta alteração, pode ser expressa por meio do índice de esbeltez.

5. A forma geral do índice de esbeltez é:

ik

l×=λ (10)

onde k é um coeficiente que depende da forma de apoio da barra.

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6. Os valores de k para diferentes formas de apoio são as mostradas na figura 4.

k = 2

k = 0 , 7

k = 1

k = 0 , 5

Figura 4 – Coeficientes k para diferentes formas de apoio.

Flambagem Elástica e Flambagem Inelástica.A expressão 7 mostra que a tensão de flambagem é função do índice de esbeltez da

barra. Com ela, é possível traçar o gráfico da figura 5.

σf l (Mpa)

0,0

200,0

400,0

600,0

800,0

1000,0

1200,0

1400,0

0 50 100 150 200 250λ

Figura 5– Gráfico da tensão de flambagem em função do índice de esbeltez para E=200GPa.

Pela figura 5é possível observar que barras com esbeltez muito pequena necessitamde uma tensão muito grande para que ocorra a flambagem.

Deve-se levar em conta também que, as expressões até aqui obtidas possuem comopremissa a validade da lei de Hooke. Esta lei tem validade desde que a tensão não ultrapassea tensão limite de proporcionalidade do material (σp).

Assim, a equação de Eüler possui validade para tensões abaixo de σp.

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σp

λlim

σ

λ

Validade da equação de Eüler

Figura 6 – Gráfico da tensão de flambagem em função do índice de esbeltez mostrando avalidade da Equação de Eüler.

Na figura 6 está indicado o valor para σ onde a tensão necessária para a flambagem éσp. A este valor, se dá o nome de Índice de esbeltez limite e se indica por λlim.

A primeira vista, se pode imaginar que barras com esbeltez menor que o limite nãoapresenta o fenômeno da flambagem. Isto não é verdade, estas barras também podemapresentar flambagem. Para barras com índice de esbeltez muito pequeno, a falha porcompressão pode ocorrer antes da mudança de estado de equilíbrio.

As equações que traduzem estes efeitos não podem estar baseadas na Lei de Hooke, já quea tensão desenvolvida é maior que a tensão limite de proporcionalidade.Assim, é feita uma distinção entre a flambagem que segue a equação de Eüler – chamada deFlambagem Elástica – e a que não segue – chamada de Flambagem Inelástica .

Como já foi mencionada, a flambagem elástica segue a equação de Eüler, já aflambagem inelástica segue outro padrão de comportamento.

O padrão de comportamento da flambagem inelástica é muito dependente do material eos resultados possuem uma grande dispersão.

Algumas equações de aproximação são usadas para traduzir este comportamento.Uma das importantes aproximações foi feita por Tetmajer que aproxima o comportamento àfunção:

2fl cba λ+λ−=σ (11)

onde a; b e c são constantes que dependem do material da barra.

A tabela 1 mostra os valores das constantes para alguns materiais.

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Tabela 1 – Constantes a; b e c para alguns materiais para tensões em MPa.

Material λlim a b c

Aço st37 105 303 1,16 0

Aço st50

89 329 0,63 0

FerroFundido 80 764 12,2 0,05

Madeira 100 287 0,20 0

Aço aoNiquel 86 461 2,34 0

Alumínio 66 139 0,89 0

Uma outra aproximação importante foi feita por Telêmaco V. Langendonck , quepropõe o comportamento como sendo uma parábola com vértice na tensão limite deescoamento (σe).

A figura 7 representa este comportamento.

σp

λlim

σ

λ

σe

Validade da equação de Eüler

Aproximação por uma parábola

Figura 7 – Gráfico mostrando a validade da Equação de Eüler e a aproximação pela parábola.

A equação proposta por Telêmaco, para uma barra com um índice de esbeltez menorque limite é:

22lim

peefl λ×

λσ−σ

−σ=σ (12)

As aproximações que aqui são apresentadas não são as únicas existentes. Muitasoutras são aceitas e para o dimensionamento de pilares existem normas, como as da AISC ea NBR 8800, que usam outras descrições matemáticas.

De uma maneira geral, se pode dizer que quando a flambagem for elástica, a equaçãoa ser usada é a Equação de Eüler. Quando ela for inelástica se pode usar uma dasaproximações.

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EXEMPLO DE CALCULO

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