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Zine Amendoim #1

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Zine amendoim e a versao on_line do primeiro Volume.

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VOLUME 01

ZINE

VOLUME 01

ZINE

Amendoim

Editorial:

O amendoim trata da existência humana;é um trabalho em arte.Este pouco, este simples, é muitonão é tudo – sendo humano, é estar sempre em aberto.

Somos inquietos, temos angústias,e o fervor das perguntas sem resposta;o hábito de perguntar sem sabersequer o porquê de uma pergunta,o fato de caminhar diariamente sobre concretoe ver organizada uma existência em cidade,com política, universidade, fomesdesnecessidades, compras, pontos e vistas;e tanta gente que anda – tantas pernas em diferentes horários,constroem-nos.

Somos inquietos, temos angústias,e comprometidos com todos os sentimen-tosmesmo sem entendê-los, mesmo com o nóno estômago, no peito, na vozna hora de expressar com o corpo e a mãono corpo, somos humanos.O amendoim é um engasgoque insistiu em exteriorizar-se.Nem ao menos tenta ser fechado, só se realiza pela necessidade inerente ao ser humanoDe ser angústia e transformar-se em arte.

Inclui em seu projeto, estar abertoe demanda fundamentalmente, construção coletiva.esperamos ansiosamente que outros unsem existência sentimental-expressiva, humanase integrem ao projeto em processo AMENDOIM.

o conceitoO existencialismo pressupõe que a vida seja uma jornada de aqui-sição gradual de conhecimento sobre a essência do ser, por esta razão ela seria mais importante que a substância humana. Seus seguidores não crêem, assim, que o homem tenha sido criado com um propósito determinado, mas sim que ele se construa à medida que percorre sua camin-hada existencial. Portanto, não é possível alcançar o porquê de tudo que ocorre na esfera em que vivemos, pois não se pode racio-nalizar o mundo como nós o per-cebemos. Esta visão dá margem a uma angústia existencial diante do que não se pode compreender e conceder um sentido. Resta a liberdade humana, característica básica do Existencialismo, a qual

não se pode negar.

Repentinamente

Azar:Asas largaspara voo incerto,da superfícieao profundo, vou.Rumo ao abismo.Único, certodas asas que ganho em pensamento.Que ruma incorretopois, tais asasrimam melhor com “erre”:Azar:...

Amendoim

Editorial:

O amendoim trata da existência humana;é um trabalho em arte.Este pouco, este simples, é muitonão é tudo – sendo humano, é estar sempre em aberto.

Somos inquietos, temos angústias,e o fervor das perguntas sem resposta;o hábito de perguntar sem sabersequer o porquê de uma pergunta,o fato de caminhar diariamente sobre concretoe ver organizada uma existência em cidade,com política, universidade, fomesdesnecessidades, compras, pontos e vistas;e tanta gente que anda – tantas pernas em diferentes horários,constroem-nos.

Somos inquietos, temos angústias,e comprometidos com todos os sentimen-tosmesmo sem entendê-los, mesmo com o nóno estômago, no peito, na vozna hora de expressar com o corpo e a mãono corpo, somos humanos.O amendoim é um engasgoque insistiu em exteriorizar-se.Nem ao menos tenta ser fechado, só se realiza pela necessidade inerente ao ser humanoDe ser angústia e transformar-se em arte.

Inclui em seu projeto, estar abertoe demanda fundamentalmente, construção coletiva.esperamos ansiosamente que outros unsem existência sentimental-expressiva, humanase integrem ao projeto em processo AMENDOIM.

o conceitoO existencialismo pressupõe que a vida seja uma jornada de aqui-sição gradual de conhecimento sobre a essência do ser, por esta razão ela seria mais importante que a substância humana. Seus seguidores não crêem, assim, que o homem tenha sido criado com um propósito determinado, mas sim que ele se construa à medida que percorre sua camin-hada existencial. Portanto, não é possível alcançar o porquê de tudo que ocorre na esfera em que vivemos, pois não se pode racio-nalizar o mundo como nós o per-cebemos. Esta visão dá margem a uma angústia existencial diante do que não se pode compreender e conceder um sentido. Resta a liberdade humana, característica básica do Existencialismo, a qual

não se pode negar.

Repentinamente

Azar:Asas largaspara voo incerto,da superfícieao profundo, vou.Rumo ao abismo.Único, certodas asas que ganho em pensamento.Que ruma incorretopois, tais asasrimam melhor com “erre”:Azar:...

Confissão II

Dos numerosos trabalhos sobraram-me apenas as dores,A compreensão, o carinho, os olhos úmidos, ficaram nas máquinas.

Fitaram-me o corpo tenso,Viram-me os olhos pensos,Sobre minha própria invasão.Sangrei-me os membros tímidos,Para livrar-lhes as máculas.De nada adiantou.Tomei pílulas.Vomitei meus miúdos.E de nada adiantou.

Vieram nascimentosVieram formaturasE as memórias continuam taciturnasPreso aos velhos momentos,Nos instantes de fratura,Padeço aos pedaçosJunto às moscas e ratosOriundos dos meus poços

Rasgo-me a carneFutrico com as feridasRabisco-me de estriasPara que, quem sabe, A manhã se abreE o sol venha tocar meu rosto

E não adianta dizer-me roto,A confissão não redime o pecado,Enquanto os dedos realizam o movimento intrincadoE a expressão não mascara o rostoQue continua sujo

Poética préfica

Enquanto a vida estoura do lado de foraÉ no espelho que vejo o mundo em colapso.Canso da minha metáfora, canso do meu “Embora”E recomeço mais um lapso.

E ainda fico perplexo!

A vida, por vezes, nem me parece vida...

Quem sabe já estou morto?E só me resta a despedidaQuem sabe já estou morto?E só esqueci de cair!

Não vejo futuro no brandir das espadasJá me basta o quanto luto por mimJá basta o meu luto

Vocação para carpideira...

Talvez seja isso!

Confissão II

Dos numerosos trabalhos sobraram-me apenas as dores,A compreensão, o carinho, os olhos úmidos, ficaram nas máquinas.

Fitaram-me o corpo tenso,Viram-me os olhos pensos,Sobre minha própria invasão.Sangrei-me os membros tímidos,Para livrar-lhes as máculas.De nada adiantou.Tomei pílulas.Vomitei meus miúdos.E de nada adiantou.

Vieram nascimentosVieram formaturasE as memórias continuam taciturnasPreso aos velhos momentos,Nos instantes de fratura,Padeço aos pedaçosJunto às moscas e ratosOriundos dos meus poços

Rasgo-me a carneFutrico com as feridasRabisco-me de estriasPara que, quem sabe, A manhã se abreE o sol venha tocar meu rosto

E não adianta dizer-me roto,A confissão não redime o pecado,Enquanto os dedos realizam o movimento intrincadoE a expressão não mascara o rostoQue continua sujo

Poética préfica

Enquanto a vida estoura do lado de foraÉ no espelho que vejo o mundo em colapso.Canso da minha metáfora, canso do meu “Embora”E recomeço mais um lapso.

E ainda fico perplexo!

A vida, por vezes, nem me parece vida...

Quem sabe já estou morto?E só me resta a despedidaQuem sabe já estou morto?E só esqueci de cair!

Não vejo futuro no brandir das espadasJá me basta o quanto luto por mimJá basta o meu luto

Vocação para carpideira...

Talvez seja isso!

Meu coração é criança.Ele chama muro de escadae sabe que qualquer barreiraé simples, igual brincadeira de roda.

Meu coração não se deixa levarpelo barulho das ondas, pelo caminho do mar.É igual criança. Não esquece o que quer,não se deixa calar.

Meu coração é sincero, não conta mentira, não fala palavrão.

Meu coração vê através dos sonhos.Atravessa o espelho,e não se deixa prender por ilusão.

Brota do silencio, surge em tons de cinzaTudo que não viviClaras linhas tortas, tecem em carne vivaCicatrizes que nem sentiLeva junto ao vento um presente intensoAbortado ao seu partirE agora calmo, na saudade, imersoContemplo esvair As nuvens que outrora desenheiAs fotos que só eu mesmo enxergueiAs cores que em seus olhos vi nascerE agora sinto o diluir do brilho das manhãs, Que, sem teu corpo entre os meus lençóisParecem frias noites, onde me vejo findo e só

Meu coração é criança.Ele chama muro de escadae sabe que qualquer barreiraé simples, igual brincadeira de roda.

Meu coração não se deixa levarpelo barulho das ondas, pelo caminho do mar.É igual criança. Não esquece o que quer,não se deixa calar.

Meu coração é sincero, não conta mentira, não fala palavrão.

Meu coração vê através dos sonhos.Atravessa o espelho,e não se deixa prender por ilusão.

Brota do silencio, surge em tons de cinzaTudo que não viviClaras linhas tortas, tecem em carne vivaCicatrizes que nem sentiLeva junto ao vento um presente intensoAbortado ao seu partirE agora calmo, na saudade, imersoContemplo esvair As nuvens que outrora desenheiAs fotos que só eu mesmo enxergueiAs cores que em seus olhos vi nascerE agora sinto o diluir do brilho das manhãs, Que, sem teu corpo entre os meus lençóisParecem frias noites, onde me vejo findo e só

Devaneio #82

Tem dias que me pego pensando. Às vezes encontro a som-bra rajada de uma frondosa árvore, raios de sol distintos que atravessam sua copa e banham de salpique meu pensamento longo, movidos pelo vento que faz dançar a árvore em meu ser. A brisa é leve não incomoda, pelo contrário, estimula. Procuro manter os olhos fechados, pois cada farrapo de tempo pede pra ser aproveitado. Tenho apreço por esse gosto de retorno à infância, de épocas mais calmas, de águas mais claras e gente mais limpa. De emoções mais rústicas e de jogos em que não existem perdedores, apenas o prazer de es-tar lá, se jogar, viver sem saber. A mente se aguça, ganha fio e perde essência, ser criança é ser essência... Detalhes que somente são claros para os ouvidos que atinam a se perder, sem retorno na profundidade da canção.

Devaneio #82

Tem dias que me pego pensando. Às vezes encontro a som-bra rajada de uma frondosa árvore, raios de sol distintos que atravessam sua copa e banham de salpique meu pensamento longo, movidos pelo vento que faz dançar a árvore em meu ser. A brisa é leve não incomoda, pelo contrário, estimula. Procuro manter os olhos fechados, pois cada farrapo de tempo pede pra ser aproveitado. Tenho apreço por esse gosto de retorno à infância, de épocas mais calmas, de águas mais claras e gente mais limpa. De emoções mais rústicas e de jogos em que não existem perdedores, apenas o prazer de es-tar lá, se jogar, viver sem saber. A mente se aguça, ganha fio e perde essência, ser criança é ser essência... Detalhes que somente são claros para os ouvidos que atinam a se perder, sem retorno na profundidade da canção.

O parasita não exita.Para e cita suas bobagens.Bobo ou não, tem coragemE êxito.Como age,Ganha suas insígnias de bravura.Para qualquer bravo à altura,Insignificantes.Mas não para o parasita,Que insiste em agir.Contenta-se com a imagem.Quem a faz?Qualquer um com menos coragem.Imaginam ser importante a altura do som,Que atordoa.Não importa quem engole a lavagem,Ou a quem doa.O parasita continuará abraçado à sua coroa

Preto e branco

Em preto e branco vejo tudoFeito num filme mudoComo se o céu perdesse a corE as nuvens parecessem imóveis

No movimento preciso da balaNo momento incisivo da dorNa boca a palavra que calaNo peito o começo do nadaNas mãos o declínio do amor

Preto e branco

Em preto e branco vejo tudoFeito num filme mudoComo se o céu perdesse a corE as nuvens parecessem imóveis

No movimento preciso da balaNo momento incisivo da dorNa boca a palavra que calaNo peito o começo do nadaNas mãos o declínio do amor

Soneto da Fugacidade (da Efemeridade)

Ó - almas inertes,Ó – cavaleiro do Norte,estranha-me como te divertesquando bate na tua porta, a morte.

Tu, mui garboso e temido,com escudo e espada dourada,aquele a quem foi concedidoo dom de não temer nada.

Ris sempre, e hoje mais ainda,ri, mas saiba – Ó cavaleiro – que a luz da tua estrela já é finda.

Nunca mais no céu luzirá,pois ao fim do Universo - Ó cavaleiro – nem mesmo tua glória sobreviverá.

Zunido

Digo o que quero, ouço só avesso.Páreo que não vence, tira o meu sossego.Dedos que descruzo, faço estripulia.Jogo que começo, deixo à revelia.

Copos que estalam, pedras que sorriem.Nuvens que desenham, vento que progride.Corpos que se esbarram, meio a ganido.Coro que estala, preces e gemidos.

Sangue que me ferve, rubro que me escorre.Rio que deságua, nós que não se pode.Voz que não se cala, inunda pensamento. Conta-se até dez, e volta-se ao alento.

Soneto da Fugacidade (da Efemeridade)

Ó - almas inertes,Ó – cavaleiro do Norte,estranha-me como te divertesquando bate na tua porta, a morte.

Tu, mui garboso e temido,com escudo e espada dourada,aquele a quem foi concedidoo dom de não temer nada.

Ris sempre, e hoje mais ainda,ri, mas saiba – Ó cavaleiro – que a luz da tua estrela já é finda.

Nunca mais no céu luzirá,pois ao fim do Universo - Ó cavaleiro – nem mesmo tua glória sobreviverá.

Zunido

Digo o que quero, ouço só avesso.Páreo que não vence, tira o meu sossego.Dedos que descruzo, faço estripulia.Jogo que começo, deixo à revelia.

Copos que estalam, pedras que sorriem.Nuvens que desenham, vento que progride.Corpos que se esbarram, meio a ganido.Coro que estala, preces e gemidos.

Sangue que me ferve, rubro que me escorre.Rio que deságua, nós que não se pode.Voz que não se cala, inunda pensamento. Conta-se até dez, e volta-se ao alento.

O parasita não exita.Para e cita suas bobagens.Bobo ou não, tem coragemE êxito.Como age,Ganha suas insígnias de bravura.Para qualquer bravo à altura,Insignificantes.Mas não para o parasita,Que insiste em agir.Contenta-se com a imagem.Quem a faz?Qualquer um com menos coragem.Imaginam ser importante a altura do som,Que atordoa.Não importa quem engole a lavagem,Ou a quem doa.O parasita continuará abraçado à sua coroa

O parasita não exita.Para e cita suas bobagens.Bobo ou não, tem coragemE êxito.Como age,Ganha suas insígnias de bravura.Para qualquer bravo à altura,Insignificantes.Mas não para o parasita,Que insiste em agir.Contenta-se com a imagem.Quem a faz?Qualquer um com menos coragem.Imaginam ser importante a altura do som,Que atordoa.Não importa quem engole a lavagem,Ou a quem doa.O parasita continuará abraçado à sua coroa

Devaneio.

Refresco-meCom suco de uvaSacio-meNa água da chuvaAfogo-meNo prazer da vulvaTransformo-meNum vadio da vida.

Devaneio.

Refresco-meCom suco de uvaSacio-meNa água da chuvaAfogo-meNo prazer da vulvaTransformo-meNum vadio da vida.

finalzine.pdf

AGRADECIMENTOS:

O coletivo AMENDOIM conta com a organiza-ção de El Sánchez, Vítor Diniz, Vinícius Amaral, Paulo Baraldi e Pablo Rodrigues (Smith)

A ideia é publicar arte de maneira aberta com participação de quem quiser publicar!

Nesta primeira edição além dos organizadores, o zine contará com publicações de Rafael Du-tra Matheus Ossiliere, Henrique coral, Marcelo Jardim (Olecram) e algumas ilustrações coletivas.

AGRADECIMENTOS:

O coletivo AMENDOIM conta com a organiza-ção de El Sánchez, Vítor Diniz, Vinícius Amaral, Paulo Baraldi e Pablo Rodrigues (Smith)

A ideia é publicar arte de maneira aberta com participação de quem quiser publicar!

Nesta primeira edição além dos organizadores, o zine contará com publicações de Rafael Du-tra Matheus Ossiliere, Henrique coral, Marcelo Jardim (Olecram) e algumas ilustrações coletivas.

CONTATO: [email protected]