49
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 1

XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

Embed Size (px)

DESCRIPTION

O desenvolvimento do senso moral, crítico e estético é de enorme importância para a formação integral e sólida do indivíduo, enquanto pessoa e ser social. Essa preocupação norteia a proposta pedagógica do IDR, ao longo de 18 anos de trabalho educativo na comunidade manauara. Crianças e jovens têm acesso a diversos recursos metodológicos que lhes proporcionam uma aprendizagem integral e sólida, capaz de promover a inserção no mundo contemporâneo de forma equilibrada e não unilateral com preocupação apenas relacionada a conhecimentos técnicos e científicos. A leitura deve ser uma prática constante e muito diversificada, a fim de que o universo cultural seja ampliado de forma gradativa e prazerosa. A poesia, por suas diversas e diferentes características, é uma alternativa extremamente interessante como recurso pedagógico, pois o contato intenso com os textos poéticos

Citation preview

Page 1: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 1

Page 2: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 2

XvI – MOSTRA DE POESIA

João cabral de melo neto

Poesia com gosto de realidade

‘‘E não há melhor resposta

que o espetáculo da vida

mesmo quando é a explosão

de uma vida severina.’’

Page 3: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 3

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

DIREÇÃO GERAL: MANOEL SERQUEIRA

DIRETORA PEDAGÓGICA: PROFª VERALÚCIA SERQUEIRA (SEDE)

DIRETORA PEDAGÓGICA: PROFª MARIA O. DE ABREU (UNIDADE I)

EQUIPE PEDAGÓGICA:

MARIA DO ROSARIO FIGUEIREDO

ANTÔNIO ROCKLANE S. REBELO

ALCEMIRA PEREIRA MAIA

MARIA O. DE ABREU

EQUIPE DE LÍNGUA PORTUGUESA, ARTE E LITERATURA

PROFª.ALCIONE ALVES DE OLIVEIRA

PROFª NEIDE FUGOLARI

PROFª MARLU CORTEZ DANTAS

PROF. JANNISE LUIZ

PARTE MUSICAL: ROBSON SILVA E JOZUER BRANDÃO

ARTE GRÁFICA: FELIPE THIAGO

COMISSÃO ORGANIZADORA:

VERALUCIA SERQUEIRA

MARIA DE ABREU

LIVIA SERQUEIRA

ROBSON ROSSI

FELIPE THIAGO

ALCEMIRA MAIA

OUTUBRO DE 2012

Page 4: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 4

XVI MOSTRA DE POESIA – 2012

JOÃO CABRAL DE MELO NETO

A POESIA COM GOSTO DE REALIDADE

A educação pela pedra

Uma educação pela pedra: por lições;

para aprender da pedra, frequentá-la;

captar sua voz inenfática, impessoal

(pela de dicção ela começa as aulas).

A lição de moral, sua resistência fria

ao que flui e a fluir, a ser maleada;

a de poética, sua carnadura concreta;

a de economia, seu adensar-se compacta:

lições da pedra (de fora para dentro,

cartilha muda), para quem soletrá-la.

Page 5: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 5

Page 6: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 6

APRESENTAÇÃO

O desenvolvimento do senso moral, crítico e estético é de enorme importância para a

formação integral e sólida do indivíduo, enquanto pessoa e ser social. Essa preocupação

norteia a proposta pedagógica do IDR, ao longo de 18 anos de trabalho educativo na

comunidade manauara. Crianças e jovens têm acesso a diversos recursos metodológicos

que lhes proporcionam uma aprendizagem integral e sólida, capaz de promover a inserção

no mundo contemporâneo de forma equilibrada e não unilateral com preocupação apenas

relacionada a conhecimentos técnicos e científicos.

A leitura deve ser uma prática constante e muito diversificada, a fim de que o universo

cultural seja ampliado de forma gradativa e prazerosa.

A poesia, por suas diversas e diferentes características, é uma alternativa extremamente

interessante como recurso pedagógico, pois o contato intenso com os textos poéticos

possibilita a expansão da sensibilidade, da perspicácia, da reflexão e do imaginário.

O projeto de 2012 tem como foco principal a obra poética de JOÃO CABRAL DE MELO

NETO, escritor nascido em Recife e que muito contribuiu para a arte literária do Brasil.

“João Cabral é um escritor singular dentro da literatura brasileira. Seu trabalho poético

não é fruto apenas de uma “inspiração” ou de alguma espécie de momento criativo, mas,

ao contrário, ele declarava que a poesia se encontra no rigor de sua construção e na

organização do texto em si. O ideal artístico desse poeta é o da “simetria”, algo que só

poderia ser conseguido através de um exaustivo exercício autocrítico e de um trabalho

linguístico rigoroso. Por conta disso, João Cabral, muitas vezes é chamado de “arquiteto

das palavras” ou de “poeta engenheiro.”

Apesar de sua formação clássica, isto é, dentro de padrões rígidos, ele se mostra bastante

objetivo e claro, pretendendo atingir os leitores pelas sensações que provoca com as

imagens sugeridas. Suas construções estilísticas parecem, muitas vezes, caminhos por onde

se desvendam mistérios que a vida apresenta.”

Neste livro, apresentamos textos representativos de todas as turmas do Ensino

Fundamental II ( Sede ) e Ensino Médio ( Unidade I ). Neles, podemos perceber a marca da

sensibilidade e da imaginação, ambas aliadas a reflexões sobre o mundo contemporâneo.

Professora Maria de Abreu

Page 7: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 7

Agradecimento

Façamos valer nossa luz, fazendo de cada situação um momento sagrado de aprendizado.

Não estamos desamparados, pois a fé é o nosso estandarte elevamos no peito a alegria e a

responsabilidade.

Agradecemos a Deus e a todos que colaboraram para a realização da XVI MOSTRA DE

POESIA

Equipe Denizard Rivail

Page 8: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 8

João cabral de melo neto – Biografia

Page 9: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 9

João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de janeiro de 1920, na rua da Jaqueira (depois Leonardo Cavalcanti), segundo filho de Luiz Antônio Cabral de Melo e de Carmem Carneiro-Leão Cabral de Melo. Primo, pelo lado paterno, de Manuel Bandeira e, pelo lado materno, de Gilberto Freyre. Passa a infância em engenhos de açúcar. Primeiro no Poço do Aleixo, em São Lourenço da Mata, e depois nos engenhos Pacoval e Dois Irmãos, no município de Moreno. Em 1930, com a mudança da família para Recife, inicia o curso primário no Colégio Marista. João Cabral era um amante do futebol, tendo sido campeão juvenil pelo Santa Cruz Futebol Clube em 1935. Foi na Associação Comercial de Pernambuco, em 1937, que obteve seu primeiro emprego, tendo depois trabalhado no Departamento de Estatística do

Estado. Já com 18 anos, começa a freqüentar a roda literária do Café Lafayette, que se reúne em volta de Willy Lewin e do pintor Vicente do Rego Monteiro, que regressara de Paris por causa da guerra.

Em 1940 viaja com a família para o Rio de Janeiro, onde conhece Murilo Mendes. Esse o apresenta a Carlos Drummond de Andrade e ao círculo de intelectuais que se reunia no consultório de Jorge de Lima. No ano seguinte, participa do Congresso de Poesia do Recife, ocasião em que apresenta suas Considerações sobre o poeta dormindo.

1942 marca a publicação de seu primeiro livro, Pedra do Sono. Em novembro viaja, por terra, para o Rio de Janeiro. Convocado para servir à Força Expedicionária Brasileira (FEB), é dispensado por motivo de saúde. Mas permanece no Rio, sendo aprovado em concurso e nomeado Assistente de Seleção do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público). Frequenta, então, os intelectuais que se reuniam no Café Amarelinho e Café Vermelhinho, no Centro do Rio de Janeiro. Publica Os três mal-amados na Revista do Brasil.

O engenheiro é publicado em 1945, em edição custeada por Augusto Frederico Schmidt. Faz concurso para a carreira diplomática, para a qual é nomeado em dezembro. Começa a trabalhar em 1946, no Departamento Cultural do Itamaraty, depois no Departamento Político e, posteriormente, na comissão de Organismos Internacionais. Em fevereiro, casa-se com Stella Maria Barbosa de Oliveira, no Rio de Janeiro. Em dezembro, nasce seu primeiro filho, Rodrigo.

É removido, em 1947, para o Consulado Geral em Barcelona, como vice-cônsul. Adquire uma pequena tipografia artesanal, com a qual publica livros de poetas brasileiros e espanhóis. Nessa prensa manual imprime Psicologia da composição. Nos dois anos seguintes ganha dois filhos: Inês e Luiz, respectivamente. Residindo na Catalunha, escreve seu ensaio sobre Joan Miró, cujo estúdio frequenta. Miró faz publicar o ensaio com texto em português, com suas primeiras gravuras em madeira.

Removido para o Consulado Geral em Londres, em 1950, publica O cão sem plumas. Dois anos depois retorna ao Brasil para responder por inquérito onde é acusado de subversão. Escreve o livro O rio, em 1953, com o qual recebe o Prêmio José de Anchieta do IV Centenário de São Paulo (em 1954). É colocado em disponibilidade pelo Itamaraty, sem rendimentos, enquanto responde ao inquérito, período em que trabalha como secretário de redação do Jornal A Vanguarda, dirigido por Joel Silveira. Arquivado o inquérito policial, a pedido do promotor público, vai para Pernambuco com a família. Lá, é recebido em sessão solene pela Câmara Municipal do Recife.

Page 10: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 10

Em 1954 é convidado a participar do Congresso Internacional de Escritores, em São Paulo. Participa também do Congresso Brasileiro de Poesia, reunido na mesma época. A Editora Orfeu publica seus Poemas Reunidos. Reintegrado à carreira diplomática pelo Supremo Tribunal Federal, passa a trabalhar no Departamento Cultural do Itamaraty.

Duas alegrias em 1955: o nascimento de sua filha Isabel e o recebimento do Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. A Editora José Olympio publica, em 1956, Duas águas, volume que reúne seus livros anteriores e os inéditos: Morte e vida severina, Paisagens com figuras e Uma faca só lâmina. Removido para Barcelona, como cônsul adjunto, vai com a missão de fazer pesquisas históricas no Arquivo das Índias de Sevilha, onde passa a residir.

Em 1958 é removido para o Consulado Geral em Marselha. Recebe o prêmio de melhor autor no Festival de Teatro do Estudante, realizado no Recife. Publica em Lisboa seu livro Quaderna, em 1960. É removido para Madri, como primeiro secretário da embaixada. Publica, em Madri, Dois parlamentos.

Em 1961 é nomeado chefe de gabinete do ministro da Agricultura, Romero Cabral da Costa, e passa a residir em Brasília. Com o fim do governo Jânio Quadros, poucos meses depois, é removido outra vez para a embaixada em Madri. A Editora do Autor, de Rubem Braga e Fernando Sabino, publica Terceira feira, livro que reúne Quaderna, Dois parlamentos, ainda inéditos no Brasil, e um novo livro: Serial.

Com a mudança do consulado brasileiro de Cádiz para Sevilha, João Cabral muda-se para essa cidade, onde reside pela segunda vez. Continuando seu vai-e-vem pelo mundo, em 1964 é removido como conselheiro para a Delegação do Brasil junto às Nações Unidas, em Genebra. Nesse ano nasce seu quinto filho, João.

Como ministro conselheiro, em 1966, muda-se para Berna. O Teatro da Universidade Católica de São Paulo produz o auto Morte e Vida Severina, com música de Chico Buarque de Holanda, primeiro encenado em várias cidades brasileiras e depois no Festival de Nancy, no Théatre des Nations, em Paris e, posteriormente, em Lisboa, Coimbra e Porto. Em Nancy recebe o prêmio de Melhor Autor Vivo do Festival. Publica A educação pela pedra, que recebe os prêmios Jabuti; da União de Escritores de São Paulo; Luisa Cláudio de Souza, do Pen Club; e o prêmio do Instituto Nacional do Livro. É designado pelo Itamaraty para representar o Brasil na Bienal de Knock-le-Zontew, na Bélgica.

1967 marca sua volta a Barcelona, como cônsul geral. No ano seguinte é publicada a primeira edição de Poesias completas. É eleito, em 15 de agosto de 1968, para a Academia Brasileira de Letras na vaga de Assis Chateaubriand. É recebido em sessão solene pela Assembléia Legislativa de Pernambuco como membro do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT).

Toma posse na Academia em 06 de maio de 1969, na cadeira número 6, sendo recebido por José Américo de Almeida. A Companhia Paulo Autran encena Morte e vida severina em diversas cidades do Brasil. É removido para a embaixada de Assunção, no Paraguai, como ministro conselheiro. Torna-se membro da Hispania Society of America e recebe a comenda da Ordem de Mérito Pernambucano.

Após três anos em Assunção, é nomeado embaixador em Dacar, no Senegal, cargo que exerce cumulativamente com o de embaixador da Mauritânia, no Mali e na Giné-Conakry.

Page 11: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 11

Em 1974 é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco. No ano seguinte publica Museu de Tudo, que recebe o Grande Prêmio de Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte. É agraciado com a Medalha de Humanidades do Nordeste.

Em 1976 é condecorado Grande Oficial da Ordem do Mérito do Senegal e, em 1979. como Grande Oficial da Ordem do Leão do Senegal. É nomeado embaixador em Quito, Equador e publica A escola das facas.

A convite do governador de Pernambuco, vai a Recife (em 1980) para fazer o discurso inaugural da Ordem do Mérito de Guararapes, sendo condecorado com a Grã- Cruz da Ordem. Ali é inaugurada uma exposição bibliográfica de sua obra, no Palácio do Governo de Pernambuco, organizada por Zila Mamede. Recebe a Comenda do Mérito Aeronáutico e a Grã-Cruz do Equador.

No ano seguinte vai para Honduras, como embaixador. Publica a antologia Poesia crítica.

Em 1982 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Vai para a cidade do Porto, em Portugal, como cônsul geral. Recebe o Prêmio Golfinho de Ouro do Estado do Rio de Janeiro. Publica Auto do frade, escrito em Tegucigalpa.

Ganha o Prêmio Moinho Recife, em 1984 e, no ano seguinte, publica os poemas de Agrestes. Nesse livro há uma sessão dedicada à morte ("A indesejada das gentes"). Em 1986 é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco. Sua esposa, Stella Maria, falece no Rio de Janeiro. João Cabral reassume o Consulado Geral no Porto. Casa-se em segundas núpcias com a poeta Marly de Oliveira.

Em 1987 publica Crime na Calle Relator, poemas narrativos. Recebe o prêmio da União Brasileira de Escritores. É removido para o Rio de Janeiro.

Em Recife, no ano de 1988, lança sua antologia Poemas pernambucanos. Publica, também, o segundo volume de poesias completas: Museu de tudo e depois.Recebe o Prêmio da Bienal Nestlé de Literatura pelo conjunto da obra, e o Prêmio Lily de Carvalho da ABCL, Rio de Janeiro.

Aposenta-se como embaixador em 1990 e publica Sevilha andando. É eleito para a Academia Pernambucana de Letras, da qual havia recebido, anos antes, a medalha Carneiro Vilela. Recebe os seguintes prêmios: Criadores de Cultura da Prefeitura do Recife, Luis de Camões (concedido conjuntamente pelos governos de Portugal e do Brasil), em Lisboa. É condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário e do Trabalho. A Faculdade Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro publica Primeiros Poemas.

Outros prêmios: Pedro Nava (1991) pelo livro Sevilha andando; Casa das Américas, concedido pelo Estado de São Paulo (1992); e também nesse ano o Neustadt International Prize for Literature, da Universidade de Oklahoma. Viaja a Sevilha para representar o presidente da República nas comemorações do dia 7 de Setembro, que tiveram lugar na Exposição do IV Centenário da Descoberta da América. No Pavilhão do Brasil, foi distribuída sua antologia Poemas sevilhanos, em edição especial. No Rio de Janeiro, na Casa da Espanha, recebe do embaixador espanhol a Grã-Cruz da Ordem de Isabel, a Católica.

Em 1993 recebe o Prêmio Jabuti, instituído pela Câmara Brasileira do Livro.

Page 12: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 12

João Cabral era atormentado por uma dor de cabeça que não o deixava de forma alguma. Ao saber, anos atrás, que sofria de uma doença degenerativa incurável, que faria sua visão desaparecer aos poucos, o poeta anunciou que ia parar de escrever. Já em 1990, com a finalidade de ajudá-lo a vencer os males físicos e a depressão, Marly, sua segunda esposa, passa a escrever alguns textos tidos como de autoria do biografado. Conforme declarações de amigos, escreveu o discurso de agradecimento feito pelo autor ao receber o Prêmio Luis de Camões, considerado o mais importante prêmio concedido a escritores da língua portuguesa, entre outros. Foi a forma encontrada para tentar tirá-lo do estado depressivo em que se encontrava. Como não admirava a música, o autor foi perdendo também a vontade de falar ("Não tenho muito o que dizer", argumentava). Era, sem dúvida, o nosso mais forte concorrente ao prêmio Nobel, com diversas indicações dos mais variados segmentos de nossa sociedade.

Page 13: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 13

Page 14: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 14

Transcrevemos abaixo o discurso proferido por Arnaldo Niskier, presidente da Academia Brasileira de Letras, por ocasião da morte do poeta, em 09-10-99:

" ADEUS A JOÃO CABRAL "

"Severino retirante, deixe agora que lhe diga: eu não sei bem a resposta da pergunta que fazia, se não vale mais saltar fora da ponte e da vida; nem conheço essa resposta, se quer mesmo que lhe diga; é difícil defender, só com palavras, a vida, ainda mais quando ela é esta que vê, Severina; mas se responder não pude à pergunta que fazia ela, a vida, a respondeu com sua presença viva."

“Vida que foi para João Cabral uma bonita e ao mesmo tempo sofrida obra de engenharia

poética, como demonstrou no seu inesquecível Morte e Vida Severina.

Aqui está o poeta João Cabral de Melo Neto, presente pela última vez na Academia

Brasileira de Letras, de que foi, por 30 anos, uma das figuras fundamentais. Aos 79 anos,

apaga-se a voz de significação universal, com a singularidade do seu verso, tantas vezes

lembrado para a glória do Prêmio Nobel de Literatura.

João Cabral, o poeta João, que não se conformava em perfumar a flor, é o mesmo que

escreveu aos 22 anos o livro Pedra do Sono, para depois nos brindar, entre outros, com O

engenheiro, O cão sem plumas, Poesias completas, A educação pela pedra e o antológico

Morte e Vida Severina, com versões no teatro e na mídia eletrônica.

Fecham-se os olhos cansados do poeta João e não conseguimos realizar o sonho que

agora desvendo: ver o América Futebol Clube voltar aos seus dias de glória. Nem o daqui

do Rio, nem aquele que era a sua verdadeira paixão: o América do Recife.”

Page 15: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 15

Tecendo a Manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito de um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

Page 16: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 16

O Cão Sem Plumas

A cidade é passada pelo rio como uma rua

é passada por um cachorro; uma fruta

por uma espada.

O rio ora lembrava a língua mansa de um cão

ora o ventre triste de um cão, ora o outro rio

de aquoso pano sujo dos olhos de um cão.

Aquele rio era como um cão sem plumas.

Nada sabia da chuva azul, da fonte cor-de-rosa,

da água do copo de água, da água de cântaro, dos peixes de água,

da brisa na água.

Sabia dos caranguejos de lodo e ferrugem.

Sabia da lama como de uma mucosa. Devia saber dos povos.

Sabia seguramente da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio jamais se abre aos peixes,

ao brilho, à inquietação de faca

que há nos peixes. Jamais se abre em peixes.

Estátua de João Cabral de Melo Neto (Recife-PE)

Page 17: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 17

Análise da obra de João Cabral de Melo Neto

A poética de João Cabral João Cabral de Melo Neto é um escritor singular dentro da literatura brasileira. Para ele, o trabalho poético não é fruto de uma “inspiração” ou alguma espécie de mero momento criativo, como é comum pensar-se sobre o ato de fazer poemas. Ao contrário, João Cabral declarava que a poesia se encontra no rigor de sua construção e na organização do texto em si. O ideal artístico do poeta é o da “simetria”, algo que só poderia ser conseguido através de um exercício autocrítico e de um trabalho linguístico rigoroso. Por conta disso, João Cabral muitas vezes é chamado de “arquiteto das palavras” ou de “o poeta engenheiro”. Além de ir contra a ideia de que o fazer poético é fruto de uma inspiração do escritor, o que dá à poesia um caráter extremamente subjetivo, João Cabral buscou construir um poema objetivo, cuja visão não vem mais carregada de sentimentalismo (como acontecia por exemplo com os poetas românticos), mas sim com dados objetivos da realidade. João Cabral procura aniquilar o individualismo e a subjetividade típica dos poetas românticos – cuja voz poética era explícita dentro do poema – para que o poema comunique por si só, de forma objetiva e direta, sem o intermédio do “eu” pessoal do poeta. A luta de João Cabral contra o individualismo dos poetas que só se preocupam com seu “eu íntimo”, levou-o a buscar novas formas de comunicação. Por conta disso, o poeta se aproximou das cantigas populares nordestinas, ao cordel, trovas medievais e uma série de formas poéticas, próprias da tradição popular, utilizando inclusive as técnicas de composição empregadas nessas formas de poesia popular – como, por exemplo, a repetição de palavras, algo muito presente no cordel nordestino. Poemas representativos “Pedra do sono” Publicado originalmente em 1942, este livro foi a primeira coletânea do poeta e reúne diversos poemas escritos durante sua adolescência em Pernambuco. Este seu primeiro livro já traz alguns temas e imagens que serão tratados por João Cabral posteriormente, mas ainda de forma não muito desenvolvida. Nos poemas de “Pedra do sono” há uma intenção de experimentação poética, com algumas tentativas de caráter surrealista (como sugere a palavra “sono” do título do livro), mas há o racionalismo e a construção laboriosa que será a marca de João Cabral posteriormente (o que é demarcado pela palavra “pedra”, que será um símbolo recorrente em João Cabral). Nesse sentido, embora o livro pareça a um primeiro momento ter mais ligações com o Surrealismo, há no fundo grande influência cubista, cuja preocupação está mais na construção do poema e no objeto do qual se fala. “Psicologia da composição” Este poema faz parte da trilogia publicada em 1947, Psicologia da composição, Fábula de Anfion e Antiode. Este trabalho de João Cabral dá continuidade ao antilirismo de sua obra anterior, O Engenheiro, e marca uma ruptura maior com o surrealismo presente em Pedra do sono. “Psicologia da composição” é um poema que traz reflexões sobre a própria criação poética, que é uma constante dentro da obra de João Cabral. “Morte e Vida Severina (auto de natal Pernambucano)” Escrito entre 1954 e 1955 (e publicado nesse ano), é o livro mais famoso e popular de João Cabral. “Morte e Vida Severina” retrata em forma de um poema dramático a trajetória de um

Page 18: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 18

retirante do sertão nordestino em busca de uma vida melhor no litoral. O poema é construído em redondilha maior (sete sílabas poéticas) e é dividido em duas partes: a primeira, “caminho ou fuga da morte”, passa-se antes do protagonista chegar à capital Recife; e a segunda, “presépio ou encontro da vida”, é após a chegada à cidade. Assim, o poema dramático é centrado em duas linhas narrativas que seguem a dicotomia existente no próprio título da obra: “morte” e “vida”. O subtítulo do poema, “auto de natal Pernambucano”, liga este texto aos autos medievais, que são textos de linguagem simples, muitas vezes com elementos cômicos e uma intenção moralizadora. Uma característica importante dos autos é que suas personagens são alegóricas e representam virtudes e pecados, o bem e o mal, etc. Em língua portuguesa, o maior representante desse tipo de literatura é Gil Vicente, poeta português do século XVI. “A educação pela pedra” Este livro reúne 48 poemas e foi publicado pela primeira vez em 1966. A educação pela pedra é um marco na dentro da obra de João Cabral e é considerado um dos livros mais importantes da literatura brasileira. Nessa obra, o poeta atinge o ápice de seu estilo de composição poética e é um dos últimos livros em que João Cabral propôs uma “arquitetura” ao escrever – o escritor decidia antes de escrever qual seria o plano do livro, decidindo o número de poemas, temas tratados, forma etc. Ou seja, os poemas foram tratados de um modo rigoroso e sistemático, para que possam obter a consistência e objetividade de uma “pedra”. O poema que recebe o mesmo título do livro, “A educação pela pedra”, é central na obra e funciona como seu núcleo temático. Nesse poema, existem duas lições que podem ser aprendidas através da pedra. A primeira dela diz respeito ao exercício da linguagem e ao fazer poético. Essa lição se inicia com a aprendizagem dos sons, da “dicção”, e vai passando pela moral, poética e economia. Essas lições falam muito sobre a economia verbal de João Cabral, cujos poemas são construídos com uma linguagem seca, dura e objetiva, fugindo de sentimentalismos, ela é precisa e concisa. Já a segunda pedra diz respeito à pedra em si e à dura realidade do Nordeste brasileiro. Assim, ela simboliza a aridez geográfica que acaba por tornar o ser humano árido também. Esta pedra é de nascença, ou seja, o homem que nasce no sertão não consegue escapar de seu destino de aprender a viver naquele ambiente hostil – o que é reforçado também pelo “entranha na alma”. Apesar de uma formação clássica, isto é, dentro de padrões rígidos, João Cabral de Melo Neto se mostra bastante objetivo e claro, pretendendo atingir os leitores pelas sensações que provoca com as imagens sugeridas. Suas construções parecem, muitas vezes, caminhos por onde se desvendam mistérios que a vida apresenta. Um exemplo disso está no poema “Tecendo a Manhã”, em que o eu-lírico nos adverte que as coisas não se constroem sem a participação de um grupo, que o individuo só se completa em outros. Comentário da professora Prof a. Augusta Aparecida Barbosa, do Cursinho do XI

Page 19: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 19

Produção de Textos Poéticos

Ensino Fundamental 2

Page 20: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 20

MÃE

Me perco num mundo irreal

Sem você nada é igual,

Choro por ti toda noite,

Pois não posso te dar boa noite.

O brilho do sol não é o mesmo,

Nunca esquecerei o teu beijo.

Lembro aquela noite escura

Que fui das estrelas à lua.

Teus conselhos me fazem lembrar

Que desta vida nada posso levar

Seu jeito de mulher

Delicado e amável, MÃE!

Rafael Freitas Caldas

8° Ano - Aristóteles

Page 21: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 21

MOSTRAR-SE

Tire tua máscara

Deixe-me ver-te como realmente és

Não tenhas medo

Todos somos misteriosos por dentro

Não adianta enganar-te

Fingir que conheces a ti mesmo

Olhe teu reflexo no espelho,

Consegues enxergar quem realmente és?

Tentar esconder-se

Atrás de uma máscara, não adianta,

Sejas quem és, independente da opinião dos demais

Isso não trará nada além de frustrações,

Pois não importa o que façamos,

Seremos sempre julgados

E desaprovados em algo.

Maria Eliza de Almeida Borghezan

9° Ano - Victor Hugo

Page 22: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 22

FAMÍLIA

Família, o maior

Presente da humanidade

Gestos simples de bondade

Garantem a felicidade!

Família grande

Pequena, humilde.

Mas com amor fraterno, solidário,

Não existe nada igual

Cada um faz sua parte,

E assim tudo

Se reparte.

Em uma família,

Não existe diferença

Cada um traz

Alegria com sua presença.

Maria Chaves

6° Ano - Emanuel

Page 23: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 23

AMIGOS

Os amigos são como pedras preciosas,

Devemos dar muito valor.

Eles nos dão alegria,

Paz, amor, carinho e harmonia.

Eles são tudo para nós,

Sem os amigos não somos nada.

Às vezes brigamos por coisas bobas,

E é por essas coisas bobas,

Que voltamos a dar amor,

Que sentimos um pelo outro em dobro.

Alguns não sabem o quanto eles são

Importantes para nós

E nos tratam de qualquer jeito

Não sabendo que isso irá nos machucar

Valorize seus amigos

E nunca permita que sua amizade possa

Acabar.

Bianca Menezes Souza

7° Ano - Bezerra de Menezes

Page 24: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 24

ACREDITE!

Há muitas pessoas no mundo

Que desistem de algo sem pensar

Eu digo a estas pessoas

Que nelas precisam acreditar.

Acredite em si mesmo

Nunca desista de alguma coisa que deseja realizar

Pois acreditando que pode,

O impossível você fará.

Dos seus sonhos nunca desista

É só você acreditar!

Nosso sonho é a razão

Viva-o com muita emoção.

Uma palavra pode mudar a sua vida

Acredite em você!

O melhor sempre vai acontecer.

Leonardo de Albuquerque Tiago

7° Ano - Bezerra de Menezes

Page 25: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 25

DESENHO

Em uma folha de papel em branco

Penso no que desenhar

Desenho o claro céu azul

E as nuvens de algodão-doce.

Desenho a natureza

E o verde das árvores

E o cheiro da terra molhada

Com fauna e flora ricas e belas.

Desenhei também o infinito oceano

Rico em coral e recifes

E peixes acenando

Porque minha imaginação tudo pode.

Sabrina Brasil Ribeiro

7° Ano - Léon Denis

Page 26: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 26

UM DIA DE VERÃO

Joguei-me no mar...

Mesmo não sabendo nadar

Pela primeira vez meus olhos começaram a brilhar.

Pude sentir a brisa gostosa me tocando

E o sol como sempre, irradiando.

Lembrar esse dia me faz sonhar

Um sentimento que não da pra imaginar

Se um dia você for lá...

Garanto que vai gostar.

Lembro-me da areia...

E daquela brincadeira

Como é gostoso lembrar

Amo esse passado maravilhoso

Que até me faz contar.

Samie S. Nakamura

6° Ano - André Luiz

Page 27: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 27

TECNOLOGIA

A tecnologia é tudo de bom...

Mesmo sem internet ou com...

Quando eu fico muito na internet,

mamãe briga comigo...

É difícil sair de perto do notebook

Para não perder nada do facebook

O Orkut está ultrapassado...

E muitos já deixaram de lado...

A tecnologia é boa, às vezes, ruim

Ela boa para mim que uso para pesquisar

E sempre pretendendo agir assim...

Thainá Débora

6° Ano - André Luiz

Page 28: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 28

ESTRADA SEM FIM

Sentada nessa calçada,

Vejo minha vida passar.

Será que vou conseguir parar

De pensar naquela coisa

Que me faz sonhar

E não querer acordar?

Mas gente! Só uso

Pra sonhar e depois lamentar...

Por que continuar?

Se isso só vai prejudicar.

Todos dizem

Que não preciso disso,

Então! Por que não

Consigo diminuir e nem parar?

Toda hora

Estou querendo

Consumir...

Mas na realidade,

Nem sempre posso fugir!

Continuo nessa estrada

Com um triste fim!

Hilze Maria Carvalho Coutinho Viana

8° Ano - Aristóteles

SERTÃO

Minha vida começou aqui

E quero que aqui seja o fim,

Sofro de seca e calor

Nada a avistar, aqui estou.

Montanhas a se esconderem de mim

Mistérios e segredos sem fim,

Sem me preocupar com o que ter,

Onde tudo era viver.

Esse é o meu sertão,

Esse é o nosso sertão.

Como vou viver sem você?

Nunca conseguirei compreender

Tanta seca nesse sertão vereda.

Jamais te perderia,

Se água existisse aqui.

Para mim és o ar,

O céu, a terra,

O meu eterno mar.

Igor Gabriel Coutinho

9° Ano - Victor Hugo

Page 29: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 29

O PODER DO AMOR

Eu costumava ser fria por dentro

Gostava do silêncio, mas era solitária,

Eu sentia uma dor no coração, um vazio,

E por conta da minha frieza...

Eu estava sozinha no mundo.

Um dia encontrei meu anjo

Que me salvou da solidão eterna.

Ele viu o que ninguém via,

Meu corpo pedindo por salvação.

Não sinto saudade do que fui

A dor que sentia no coração sumiu,

E aquele estranho vazio

Foi preenchido com amor.

Eu disse adeus ao meu

Antigo eu. No fundo,

Acho que nasci de novo

Hoje me sinto completa

Mais humana.

Ana Valeria Leal Para

8° Ano - Platão

POESIA

Poesia é viajar no tempo,

Sem limites, sem hora para voltar

Voando pelas nuvens ou

descansando,

Em um barco a navegar.

O poeta conhece novos mundos

Com apenas papel e caneta

Viaja pelo universo,

Sem passagem, sem maleta.

Embarque nessa viagem,

Longe vamos estar

Pelas ondas estaremos flutuando,

O que importa é sonhar.

Lorena Fortes Teodoro

7° Ano - Léon Denis

Page 30: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 30

POVO DO SERTÃO

No sertão é um calorão

Com fome de montão

Muita gente está doente,

Com esse nordeste muito quente.

O povo não tem alimentação,

Então! Aguenta coração!

E antes de acabar.

Tenho um aviso para dar.

Brasil! Ajude o Sertão,

Porque ele também faz parte

Do teu coração.

Lembrando que é um grande irmão.

Atenção!

É tempo de eleição.

Que tal um sacolão?

Emanuelle Guedes Cavalcante

8° Ano - Platão

SERTÃO NORDESTINO

A seca começou e a

Água já acabou.

Os seres humanos

Estão sofrendo

Os animais estão morrendo.

As crianças desnutridas,

Sem água e sem comida.

A mãe muito cansada

Vai longe buscar água.

Mas o ser humano

Contribuiu para a seca aumentar,

Queimando e desmatando

A vida vai acabar.

A seca vai embora

A chuva vem atrás

trazendo alegria e muito mais.

Dhayane Lemes Reis

6° Ano - Emanuel

Page 31: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 31

EU

Até agora não sei o que se passa

Em meu coração

Talvez o destino quisesse assim, ou,

Apenas o tempo pudesse definir.

Tristeza, alegria, melancolia.

Sei lá! Sentimento, qualquer um pode

furtar.

Apenas sei que meu estado é lastimável

Por não ter você todo o tempo ao meu

lado.

Quem sabe o tempo cure

A dor que há em meu coração

Agora só me resta esperar

Pelo futuro que eu não sei.

Julianne Martins Souza

7° Ano - Sócrates DROGA

Se envolver, pra quê?

Você vai se enganar,

Se esconder e se arrepender,

Você pode até morrer!

A droga vai enganar

Porque ela pode viciar,

Fazer você refém e matar.

Só queria arrumar uma forma

De avisar,

Dizer pra você, não usar,

Se droga fosse bom,

Não se chamaria droga.

Larissa

7° Ano - Sócrates

Page 32: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 32

NOSSA AMIZADE

Eu e você somos amigos!

Amigos de fé, amigos do peito,

Somos amigos de qualquer jeito.

Não somos iguais,

Não somos perfeitos,

Mas sempre damos um jeito.

Como qualquer um,

Brigamos e choramos,

Mas no final das contas,

Tudo dá certo.

Mesmo com todos os defeitos,

Eu preciso admitir,

Amigo, minha vida,

Nada seria sem você.

Juliana Guimarães

9° Ano - João Evangelista

TE AMO

Mãe, ouço a tua voz,

Beijo teus cabelos,

Percebo a tua doçura.

A beleza de Maria,

Que acalenta o filho,

Até o fim do dia.

Sinto a saudade,

Que bate no meu peito,

Dos pés à cabeça,

E me deparo com a solidão.

Quero para sempre,

Permanecer ao teu lado,

Para sempre te dizer

Te amo!

Robson Paiva

9° Ano - João Evangelista

Page 33: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 33

Produção de Textos Poéticos

Ensino médio

Page 34: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 34

IMAGINEI

Sabe aquele olhar de carinho?

Foi pura imaginação.

Inventei uma viagem sem caminho,

Para fugir da solidão.

Foi sonho de carícias trocadas

O profundo beijo que não ganhei,

As juras de amor...

Foi vontade que inventei.

Criei vazios que me envolvem

Das horas que ao seu lado não fiquei

Quantas perguntas sem respostas!

Para o nada eu olhei...

João Bosco

2° Ano - Ney Lobo

Page 35: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 35

UM OLHAR

Teus olhos me chamam a atenção

Pois és minha inspiração!

Quando brilharam, algo falou!

Foi o meu coração que te encontrou.

Foi assim que me apaixonei,

Com um simples olhar eu te amei.

Minha musa e minha paixão,

És a dona do meu coração;

Posso morrer, mas contigo vou estar,

Pois do meu coração nunca sairás.

Armando Correia de Oliveira Neto

1° Ano - João Nunes

Page 36: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 36

TENHO MEDO DE PERDER

Tenho medo de perder

Lutei tanto pra ti querer

Com tantas ilusões

Acreditei apenas nas minhas orações.

Tenho medo de sonhar

Com medo de não realizar

Com esse mundo lá fora

Só consigo ir embora.

Chega de oração

De decepção

Hoje só quero ir atrás do meu coração.

Cayan Castro Corrêa

1° Ano - João Nunes

Page 37: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 37

ESTOU TRISTE, MAS CANTO....

Estou triste, mas canto as mais belas canções

Canto para me sentir melhor Aliviada...

Canções levam um pouco da minha dor.

Dor que escorre pelos olhos E vai embora...

Mas, logo volta... Volta e fica cravada dentro de mim.

E mais uma vez eu canto

Fazendo-a ir embora E libertar-me

Mas ela insiste em voltar

Vou aprendendo a conviver com ela E a cada dia que passa

Nos aproximamos mais e mais.

Silvia Helen

1° Ano - Jerônimo Mendonça

Page 38: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 38

ESCADA DA VIDA

Você está aqui,

Justamente quando mais preciso,

Me acolhe nos problemas,

Me aconselha quando erro.

Obrigado mais uma vez!

Sem ti estaria afundada na escuridão,

Perdida no meio das trevas, sem rumo,

Como um soldado em meio ao tiroteio, baleado.

Graças a ti há cores no meu mundo,

Sorrisos estampados em meu rosto no dia a dia,

Coragem de subir um degrau na escada da vida.

Laís Dimas

1° Ano - Pedro Alcântara

Page 39: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 39

AMOR ENCUBADO

Meu olhar reflete meu amor

Essa maldita distância me impede de te provar

Vem aqui meu amor, vem me dar o seu calor

Você saiu do céu enquanto eu me afundava no mar

Meu pequeno grande anjo que veio me salvar

Pele clara, bochechas rosadas, olhos claros

Se você ficar, eu juro nunca te deixar

Me agarre, me beije, me prenda em seus braços

Minha felicidade se resume em seu sorriso

Uma voz tão suave, capaz de me acalmar

Me imagino ao seu lado como em um paraíso

Durmo querendo te encontrar

Mostre suas asas, pequeno anjo, vamos voar!

Voando no céu do infinito pra gente se amar.

Jade Almeida

1° Ano - Irmã Sheila

Page 40: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 40

MINHA VIDA DE ATOR

Os pássaros da manhã Ainda sonolentos

O sol, se segurando Nos montes.

A lua exibicionista,

Não quer deixar seu palco azul As cores ainda escuras

A vida ainda engatinhando.

De manhã para a escola De tarde para a faculdade

À noite eu conquisto meu sonho.

Os pássaros dormindo Deixa eles, já acordei

O sol não brilha mais que eu.

Lua achou alguém para competir. Num palco de qualquer cor,

Dou vida a uma vida multicolorida.

Gabriel Ponce 3° Ano - Herculano Pires

Page 41: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 41

DESILUSÕES

Partiu sem ser percebido

Chegou o amanhã iludido

Pensou que seria escolhido

Foi apenas mais um dia vivido

Faço planos, cometo enganos,

Vou me esforçando até sair

ganhando

Dias, meses e anos se passam,

Continuo tentando, mas tropeço no

cotidiano.

Num piscar de olhos o tempo passou

Alguma coisa se aproveitou

Talvez uma dor, talvez um amor.

Beatriz Assis Barbosa

2° Ano - Joana D'arc

DORES DO PERDIDO

Tristeza que me consome,

Tristeza que não se aplaca

Tristeza que me mata!

Presa numa dor

Numa dor parasita

Que se impregna e se espalha

Dor que não acaba!

Me afogo em minhas lágrimas

Me debato, luto para respirar

Mas é sempre a mesma coisa

E eu a deixo me levar

Pensamentos me assombram

Atormentam minha mente

E eu quero destruí-los

Deixá-los esquecidos

Mas não consigo

Eu desisto!

A solidão me persegue

Luto para afastá-la

Mas no fundo eu a quero

Pois é ela que me salva.

Amanda Taísa M. Pacífico

3° Ano - Herculano Pires

Page 42: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 42

BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL

Às vezes me pego olhando as estrelas,

sozinho,

São muitas, brilhantes, reluzentes, lindas,

Mas tem uma que brilha mais que as

outras

Todas as noites ela está naquele mesmo

lugar.

Me pergunto se conseguirei chegar perto

Mas a distância que nos separa é enorme

Maior que qualquer coisa existente

Mas eu nunca desistirei.....

Jordi Lacerda Lopes

3° Ano - Tereza D'Ávila

MULHERES E SUAS LOJAS

As mulheres sempre belas

Em um mundo só delas

Correm para as lojas

Querem ser felizes

São como aprendizes

Da moda

Elas são como essas lojas

Cheias de novidades

E poucas são de verdade

Daniel Castro

2° Ano - Joana D'arc

Page 43: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 43

EU PROCURO...

Procuro um estilo de vida

Uma vida boa,

A “pessoa certa,” talvez...

Procuro um futuro,

Uma vida longa,

Uma casa,

Cachorros no quintal.

Uma cadeira de embalo

Apenas para passar

O resto da velhice.

Walessa Caldas

1° Ano - Irmã Sheila

SE UM DIA

Eu queria um motivo,

Um motivo para acordar sorrindo,

Para não derramar mais lágrimas,

Ah! Não seria bonito?

E se um dia,

Esse dia chegar?

Vou estar preparado,

Para tanta coisa mudar?

Continuo esperando,

Esperando e sonhando...

Fazendo planos meio exagerados

Continuo desejando,

O dia em que viverei ao seu lado.

Bruno Carvalho

1° Ano - Pedro Alcântara

Page 44: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 44

PERDÃO

Posso ir a qualquer lugar

Meu amor me libertou

Felicidade maior não há

Eu não sei aonde vou

Mas vou devagar

Lembrar-me de você eu quero

Se precisar é só chamar

Não sei se é amor

Mas que dure para sempre

Lembrar-me de você eu vou

É o que me faz contente

Você me libertou

Eu agora posso ir

Não sei aonde vou

Mas meu caminho vai surgir

Eu não quero nada

Não pedi nada

Tenho meus amigos

E apenas isso me basta

Mas se tenho algo a ganhar

Então eu digo

Sim, obrigada

Se quiser me acompanhar

Terei prazer em dizer sim

Não preciso de mais nada

Minha vida é você.

Rita de Cássia S. da Silva

3° Ano - Tereza D'Ávila

DIAS ATRÁS

Alguns dias atrás

Eu nasci,

Dei os primeiros passos,

Falei minha primeira palavra.

Alguns dias atrás

Fui ao meu primeiro dia de aula,

Aprendi a somar e subtrair,

Conheci meus primeiros amigos.

Alguns dias atrás

Cheguei ao Ensino Fundamental

Fui ao Ensino Médio.

E hoje, aqui estou,

Guardando a infância,

No bolso mais próximo,

Para nunca esquecê-la.

Caio Arthur

2° Ano - Ney Lobo

Page 45: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 45

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................................... 5

AGRADECIMENTO ................................................................................................................................................................ 6

BIOGRAFIA JOÃO CABRAL DE MELO NETO .................................................................................................................. 8

POEMAS................................................................................................................................................................................. 12

ANÁLISE DA OBRA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO ............................................................................................ 16

PRODUÇÃO DE TEXTOS POÉTICOS – ENSINO FUNDAMENTAL 2 ........................................................................... 18

PRODUÇÃO DE TEXTOS POÉTICOS – ENSINO MÉDIO ............................................................................................... 28

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................................... 45

Page 46: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 46

Referências http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/melhores-poemas-joao-cabral-melo-

neto-analise-obra-joao-cabral-melo-neto-703765.shtml - pesquisado em 23/10/2012 às 10h

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/2080760 - pesquisado em 23/10/2012 às

11h

http://www.revistabula.com/posts/listas/os-10-melhores-poemas-de-joao-cabral-de-melo-

neto - pesquisado em 23/10/2012 às 12h

Page 47: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 47

Uma Faca só Lâmina

Assim como uma bala

enterrada no corpo,

fazendo mais espesso

um dos lados do morto;

assim como uma bala

do chumbo mais pesado,

no músculo de um homem

pesando-o mais de um lado;

qual bala que tivesse um

vivo mecanismo,

bala que possuísse

um coração ativo

igual ao de um relógio

submerso em algum corpo,

ao de um relógio vivo

e também revoltoso,

relógio que tivesse

o gume de uma faca

e toda a impiedade

de lâmina azulada;

assim como uma faca

que sem bolso ou bainha

se transformasse em parte

de vossa anatomia;

qual uma faca íntima

ou faca de uso interno,

habitando num corpo

como o próprio esqueleto

de um homem que o tivesse,

e sempre, doloroso

de homem que se ferisse

contra seus próprios ossos.

Alguns Toureiros

Eu vi Manolo Gonzáles

e Pepe Luís, de Sevilha:

precisão doce de flor,

graciosa, porém precisa.

Vi também Julio Aparício,

de Madrid, como Parrita:

ciência fácil de flor,

espontânea, porém estrita.

Vi Miguel Báez, Litri,

dos confins da Andaluzia,

que cultiva uma outra flor:

angustiosa de explosiva.

E também Antonio Ordóñez,

que cultiva flor antiga:

perfume de renda velha,

de flor em livro dormida.

Mas eu vi Manuel Rodríguez,

Manolete, o mais deserto,

o toureiro mais agudo,

mais mineral e desperto,

o de nervos de madeira,

de punhos secos de fibra

o da figura de lenha

lenha seca de caatinga,

o que melhor calculava

o fluido aceiro da vida,

o que com mais precisão

roçava a morte em sua fímbria,

o que à tragédia deu número,

à vertigem, geometria

decimais à emoção

e ao susto, peso e medida,

Page 48: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 48

1.

Ao redor da vida do homem há certas caixas de vidro, dentro das quais, como em jaula, se ouve palpitar um bicho. Se são jaulas não é certo;

mais perto estão das gaiolas ao menos, pelo tamanho e quadradiço de forma. Uma vezes, tais gaiolas vão penduradas nos muros;

outras vezes, mais privadas, vão num bolso, num dos pulsos. Mas onde esteja: a gaiola será de pássaro ou pássara:

é alada a palpitação, a saltação que ela guarda;

e de pássaro cantor, não pássaro de plumagem: pois delas se emite um canto de uma tal continuidade que continua cantando

se deixa de ouvi-lo a gente: como a gente às vezes canta para sentir-se existente. 2.

O que eles cantam, se pássaros,

é diferente de todos: cantam numa linha baixa, com voz de pássaro rouco; desconhecem as variantes

e o estilo numeroso dos pássaros que sabemos, estejam presos ou soltos; têm sempre o mesmo compasso horizontal e monótono, e nunca, em nenhum momento,

variam de repertório: dir-se-ia que não importa a nenhum ser escutado. Assim, que não são artistas

nem artesãos, mas operários

para quem tudo o que cantam é simplesmente trabalho, trabalho rotina, em série, impessoal, não assinado, de operário que executa

seu martelo regular proibido (ou sem querer) do mínimo variar.

3.

A mão daquele martelo

nunca muda de compasso.

Mas tão igual sem fadiga,

mal deve ser de operário;

ela é por demais precisa

para não ser mão de máquina,

a máquina independente

de operação operária.

De máquina, mas movida

por uma força qualquer

que a move passando nela,

regular, sem decrescer:

quem sabe se algum monjolo

ou antiga roda de água

que vai rodando, passiva,

graçar a um fluido que a passa;

que fluido é ninguém vê:

da água não mostra os senões:

além de igual, é contínuo,

sem marés, sem estações.

E porque tampouco cabe,

por isso, pensar que é o vento,

há de ser um outro fluido

que a move: quem sabe, o tempo.

4.

Quando por algum motivo

a roda de água se rompe,

outra máquina se escuta:

agora, de dentro do homem;

outra máquina de dentro,

imediata, a reveza,

soando nas veias, no fundo

de poça no corpo, imersa.

Então se sente que o som

da máquina, ora interior,

nada possui de passivo,

de roda de água: é motor;

se descobre nele o afogo

de quem, ao fazer, se esforça,

e que ele, dentro, afinal,

revela vontade própria,

incapaz, agora, dentro,

de ainda disfarçar que nasce

daquela bomba motor

(coração, noutra linguagem)

que, sem nenhum coração,

vive a esgotar, gôta a gôta,

o que o homem, de reserva,

possa ter na íntima poça.

Page 49: XVI Mostra de Poesia - Poesia com gosto de realidade 2012

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROF. DENIZARD RIVAIL

IDR – XVI MOSTRA DE POESIA – 2012 49

Anotações