Wolton (2012) - Capítulo 1

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    1/30

    C PiTULO

    comunicar  o no corarao da o ernidade

    UM DEBATE

    TEORICO

    FUNDAMENTAL

    Poucos serores tao vitais para a sociedade

    contemporanea

    como

    a comunicayao tecnol6gica sao tambem tao recenres, uma vez

    qu

    e, do inicio ao fim , a

    hi

    st6r

    ia

    do telefone, do ci nema, do radio,

    da tel

    ev

    isao, da inf

    or

    ma

    ti

    ca tern apenas urn sec

    ul

    o de existencia.

    Mas as ruptu

    ras

    inr rod uz

    id

    as por essas tecnicas foram tao violentas

    levadas em urn ritmo tao rapido, que

    se

    tern a impressao de que es

    tao ai desde

    se

    mpre

    ainda que a chegad

    a

    para o gra

    nd

    e publico, do

    trans istor data de 1955, 1

    9

    0 para a televisao e d

    os

    an

    os

    70 para o

    computador. Cerram

    ent

    e, h

    av

    ia antes disso a impren

    sa

    e

    as

    edito r

    as

    m

    as

    sua inscriyao na sociedade e mais a

    nt

    iga

    e

    p

    ri

    ncipalmenre nao

    atingia a todos.

    A

    es

    peci   ci dade das tecnologias de co

    muni

    cayao

     

    do sec

    ul

    o

    XX com a transmissao do som e da imagem e a de alcanya r todos OS

    publicos,

    ro

    d

    os

    os mei

    os

    sociais e culturai

    s.

    Por principia,

    as

    midi

    as

    do

    sec

    ul

    o XX

    es

    tao in

    sc

    rit

    as

    na 16gica da maio

    ria.

    E

    se

    ha um s

    imb

    olo

    da sociedade de hoje

    es

    te e realme

    nt

    e o trip

    e:

    sociedade de c

    on

    s

    um

    o,

    democr

    ac

    ia ae ffiassa e midia-;de m

    as

    sa. £esse tripe que coloca no

    c

    or

    ayao da sociedade conrempod.nea a qu

    es

    tao tao essenc

    ial

    , e tao

    pou

    co

    anali

    sa

    d

    a

    da maio

    ri

    a e das massas.

    Os meios de comunicayao de massa sao, na o rdem da cultura

    e da comunicayao, o cor

    res

    po

    nd

    ente

    aques

    tao da maiori

    a qu

    e surgiu

    c

    om

    a democr

    ac

    ia de m

    assa eo

    sufragio uni

    ve

    rs

    al

    . Dito de

    outr

    a ma

    neira , o gra

    nd

    e publico d

    as

    m di

    as

    de massa

    eo

    equiv

    al

    e

    nt

    e

    na

    ord

    em

    da cul tur

    a

    ao sufragio uni

    ve

    rs

    al

    na ordem da politic

    a.

    Sao conceitos

    norma

    ti

    vos centrais ant

    es

    de

    se

    rem element

    os

    empiricos.

    A revolu

    ya

    o da comunicayao e entao ao mesmo te

    mpo

    urn

    fenomeno recente uma ruptura radical, como tambem uma realidade

    adaptada

    a

    sociedade de m

    assa

    do

    se

    culo XX, da qual e em parte o

    29

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    2/30

    s

    imb

    olo. Nunca mais nada serd como antes

    do

    surgimento dos meios de

    comunicardo de massa . M as , ao mes

    mo

    te

    mp

    o, tem-se a

    impr

    essao de

    qu

    e a rev olu

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    3/30

    felicidade individual e coletiva a capacidade

    de

    estar plugado e

    multiconectado

    Com o seguinte

    complemento:

    qualquer critica,

    qualquer ceticismo exprime e manifesta um

    recusa

    ao progresso e ao

    futuro um vez que

    atualmente

    a ideia de progresso esra

    estritamente

    identificada com as novas tecnologias de comunica

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    4/30

    sociedade ao ritmo das novas tecnologias. As midias

    que

    comentam

    essas

    evolus;6es

    tem sua parte de responsabilidade na co rrida para a

    revolus;ao da comunicas;ao, pois nao tem di

    stinc

    ia critica e retomam

    para si o discurso dos industriais . A imprensa, normalmente cetica,

    fi

    ca devendo nesse caso. Para nenhum outro dominio da sociedade

    a imprensa aceitaria, a este ponto ,

    se

    transformar em simples

    int

    er

    medii ria dos

    int

    eres ses e dos discursos de industriais da informas;ao

    e da comunicas;ao. E e exatamente o

    qu

    e faz hi mais de

    uma

    decada,

    publica

    ndo

    um

    num

    ero incalculivel de suplementos escritos

    ou

    audiovisuais sobre

    as

    novas tecnologias, cit

    ando

    cons

    tantememe

    os

    Esrados Unidos como urn modelo a seguir, denunciando o atraso das

    mentalidad

    es

    na Frans;a . Esses suplementos constituem na realidade,

    nem mais, nem menos, informes publicitirios. Ninguem, nos ultimos

    dez anos, ousou problematizar esse adesismo inacreditivel com medo

    de rornar-se suspeito de hosrilidad

    es

    contra essa revolu

    s;ao. Dito

    de

    Outra forma,

    0

    umping

    ideofogi o

    e tal que mesmo

    S

    jornalistas assi

    miJaram essa am

    eas;a:

    questionar, ser critico e se r hostil ao progresso.

    Minha hip6tese e simpl

    es

    : toda mudans;a tecnica, ou es trutu

    ras;ao de um novo mercado, nao e uma ruptura na economia geral da

    comuni

    cas;ao

    pois uma economia da comunicas;ao em escala individual

    ou

    soc

    ial

    e algo bem distinto de uma tecnologia. Se

    um

    a tecnologia de

    com uni

    cas;ao

    dese

    mp

    enha um papel essenc

    ial

    , e porque

    si

    mboliza, ou

    catalisa, uma ruprura radical de ordem cultural ocorrendo simultane

    amente na sociedad

    e. Nao

    foi a imprensa que por si, transformou a

    Europa, mas sim, a ligas;ao entre essa e o profundo movimento que

    subverteu

    0

    poder da lgreja Cat

    li

    ca. Ea reforma que deu sentido

    a

    revolu

    s;ao

    da imprensa e nao a imprensa que permitiu a Reforma.

    Da

    m

    es

    ma forma o ridio e depois a televisao, que tiveram tal impacto

    por estarem ligad

    as

    ao profundo movimento em favor da democrac

    ia

    de massas .

    Dito de outra forma , de

    um

    a tecnologia de comunica

    s;ao

    o essencial e menos a performance da ferramenta

    do que

    a ligas;ao

    ex

    isten te e

    ntr

    e essa tecnica, o modelo cultural de relacioname

    nto

    dos

    individuos e o projeto para o qual essa tecnologia

    es

    ti destinada. A

    32

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    5/30

    tecnica nao eo suficiente para

    mudar

    a comunicac;:ao

    na

    sociedade,

    e

    por essa razao que numerosas revoluc;:6es das tecnologias de co

    muni

    cac;:ao nao tiveram o impacto esperado

    2

    , simplesmente

    porque

    nao estavam em sintonia c

    om

    nenhum

    movimento

    mais geral relativo

    aevoluc;:ao do modelo cultural de comunicac;:ao.

    E entao certamente a recusa em pensar verdadeiramente a

    comunicac;:ao que explica a ascendencia excessiva do discurso tecnico

    e econ6mico. Eassim que

    se reforc;:a

    a ideologia tecnol6gica atual, a

    qual considera que uma revoluc;:ao nas tecnicas e a

    cond

    ic;:ao para

    uma

    revoluc;:ao n

    as relac;:6es

    humanas e sociais. Se houvesse urn pouco mais

    de interesse atribufdo aos trabalhos existentes

    so

    bre a televisao, as mf

    dias, as novas tecnologias eo papel de cada

    uma

    delas na sociedade

    3

    ,

    nao haveria

    ta

    l adesismo tecnol6gico e econ mico nos ultimos vinte

    anos. Essas duas ideologias que atualmente saturam a problematica

    da comunicac;:ao sao o sintoma mais visfvel da recusa em aceitar que

    es

    sa

    se

    ja ourra coisa que nao tecnologi

    as

    e urn mercado.

    Em s

    uma

    , se

    as

    tecnologias sao o elemento mais _visfvel

    _

    d

     ?

    comunicac;:ao,

    o essencial e com certeza o modelo-GH ltural

    qu@

    @

    .as

    veiculam e

    0

    proje_ o relativo ~ papel e

    a

    organizac;:ao

    do

    siste

    ma

    d

    e.

    comunicac;:ao de uma sociedade. Mas es ta corrida contra o tempo das

    tecnicas apresenta o trunfo consideravel de evitar uma reAexao do

    conjunto

    e de oferecer uma co

    mpr

    eensao aparentemente imediata.

    R

    es

    ultado? Observa-se uma sucessao de modismos, cada urn

    ma

    is

    efemero que

    0

    outro. Vejamos OS dos ultimos quinze anos:

    primeiro

    foi

    a se

    du

    c;:ao pelo

    s

    t rprivado A tele

    vi

    sao privada deveria

    mudar co

    mpl

    eta mente tudo e tornar definitivamente obsoleta a

    tel

    ev

    isao publica. Ficarfamos surpresos caso retomassemos urn certo

    num

    ero de declarac;:6es

    fe

    itas ha

    quin

    ze anos que clamavam pela

    li-

    berdade  da televisao privada. Atualmente, descobrem-se as exigencias

    dr

    asticas das leis

    do

    mercado, pois, be

    rn

    e

    nt

    endido, o merca

    do

    nao

    resol

    ve

    u,

    como

    p

    or

    urn passe de magica, codas as dificuldades atri

    buidas anteriormente a elevisao publica. D epois

    foi

    a chegada das

    midias tematicas. Tudo o que as midias generalistas nao conseguiram

    transmitir o seria pela radio e a televisao tematicas. D eve ainda

    es

    tar

    33

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    6/30

    na memoria o que a

    televisdo a c bo

    deveria mudar nos anos 70 e 80.

    s

    rel

    a

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    7/30

    uma

    individualiza

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    8/30

    e o d

    es

    tinatario

    sempr

    e

    pr

    o

    nt

    o a crer em

    tudo qu

    e lhe di

    ze

    m,

    se

    m

    a

    uton

    omi a nem disd.nc

    ia

    cririca. N ega-se ta

    nto

    a disrancia cririca

    do

    emi

    ss

    or quanto a dimensao normativa do emissor, isto e, a po

    ss

    ibi

    lidade de

    uma

    cerra

    int

    erc

    ompr

    een

    sa

    o.

    A antiga

    d e c o n f i n ~

    em

    ~

    o acomunica

    r

    ao e ainda mais

    paradoxa  na medida em

    qu

    e

    a comunicariio

    e

    u valor de eman

    ci

    -

    pariio no dmago da cu  tura ocidenta .

    D

    es

    de o sec

    ul

    o XVI

    ,

    el a e o

    co mpleme

    nt

    o e a co ndi

    r :ao

    de todas as emancipar :oes do individuo.

    A reivindi

    car :ao

    da liberdade de comunicar e evidenremente fruto da

    lon ga batalha iniciada na Renascen

    r :a

    pelas liberdad

    es

    de c

    on

    scien

    cia, de pensamento, de

    ex

    pressao, depois a partir dos seculos XVII

    e XVIII pela liberdade edito rial e de imprensa. No seculo XJX, a

    reenconrramos na lura pelas liberd ades de associ

    ar :a

    o, de manifes r

    ar :ao

    e de parricipar :ao politica. No sec

    ul

    o XX, ela es t i diretamente ligada

    ao s

    ur

    gimento da democracia de massa, com o s

    uf

    ragio universal e

    a

    inf

    o rm

    ar :ao

    para todos. Em suma,

    OS

    tr

    es

    seculos

    pr

    ecede

    nt

    es,

    qu

    e

    viram a lu

    ra

    pela liberdade individual, depois pela igualdade, sao

    ind issociaveis da probl emarica da co

    muni

    car :ao. Nao hi sociedade

    aberta nem democra tica sem liberdade de informar :ao e de co

    mu

    n i c ~ o e as batalhas pela democracia, pela liberdade de imprensa;

    depois do

    ra

    dio e da rel ev isao, sempre tiveram sua ar :ao inscrita nes ta

    perspectiva de emancipar :ao do homem .

    0

    paradoxa da comunicariio

    e entao 0 se

    guint

    e: trata-se de urn

    dos valores essenciais da cultura politica ocid ental da mesma maneira

    que os conceitos de

    iberdade, igua dade e ftaternidad

    e. Mas el a

    nun

    ca

    co nquistou a m

    es

    ma legirimidad

    e.

    Ass im ,

    as

    tecnologias e as midias

    de massa encontram-se re

    du

    zidas a urn processo de tra nsferencia de

    inAuencia e de manipul ar :ao. N o Iu gar de

    ve

    r n

    as

    defasagens inco m

    preensi

    ve

    is e

    ntre

    a 16gica do emisso r, da mensagem e do recepto r a

    prova da liberdade do homem, acredi to u-se detectar o efeito de uma

    "

    rn

    a comuni

    car :ao

    ". Tem-se entao, natura

    lm

    ent

    e

    medo d

    as

    m idias

    de massa

    e esqu

    ecendo as defasagens inevitaveis entre as tr

    es

    1

      g

    icas,

    acred itou-se que as

    mi

    dias de massa, por su

    as

    pe

    rf

    ormances tecnicas,

    raciona

    li

    zassem ainda mais a comuni

    car :ao

    e

    es

    tabelecessem uma

    36

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    9/30

    transmissao ainda mais eficaz entre emissor, mensagem e receptor. No

    mesmo movimenro, acreditou-se que essa transmissao mais eficaz acen

    tuaria os mecan ismos de influencia e como se passava da sociedade

    liberal individualista a sociedade ig

    ualitiri

    a de massa, es

    ti

    gmatizou

    se com mais

    razao o efeito de padronizac;:ao e de manipulac;:ao das

    midi

    as

    de massa. Ve-se isso

    muit

    o

    nitidam

    ente com o exe

    mplo da

    comunicariio politica  Essa e idenrificada

    com

    o marketing politico, a

    publicidade e a manipulac;:ao, a

    ind

    a

    que

    a exisrencia da comun

    icac;:ao

    politica seja diretamente ligada a democracia de massa e as mfdias

    de

    massa.

    Como

    real

    mente

    imaginar o

    funcionamenro da

    de

    mo-

    cracia de massa sem comuni

    cac;:ao publi

    ca em grande escala?

    Como

    organizar urn de

    bat

    e polftico em nfvel

    de

    rodo urn pal

    s,

    resultado

    co nquista

    do

    duramente depois

    de

    dois seculos de batalhas politicas,

    sem urn

    espac;:o publi

    co estimulado pela

    comu

    nica

    c;:ao

    politica? A

    comunicac;:ao politica

    eo

    terceiro pe

    da

    democracia, com o sufd.gio

    universal e

    as

    mfdias

    de

    massa, a

    ind

    a

    que

    seja objeto de constanres

    suspeitas, alimentadas, e verdade, pelos publicid.rios e assesso res,

    qua

    nd

    o,

    por

    vaidade,

    atr

    ibuem a suas fo rmul

    as

    uma tal vitoria

    do

    sufragio universal. Essas

    br

    avat

    as

    inevid.veis nao deveriam obscurecer

    o papel essencial

    desempenhado

    pela comunicac;:ao politica co

    mo

    co ndi c;:ao da democracia de massa. Mas apesar desse papel essencial,

    a comunicac;:ao politi ca desfr

    ut

    a de

    uma

    fraqufssima leg

    itimidad

    e,

    ainda mais fraca

    qu

    e a das mfdia

    s,

    simplesmenre porque pesa sobre

    ela, talvez ainda mais que as outras, o es tereotipo da manipulac;:ao.

    E. ali as, a insuficiente valorizac;:ao dos co nceitos de

    co

    muni-

    cac;:ao e a desco nfian

    c;:a

    recorrente em relac;:ao as mfdias generalistas

    que exp li cam a situ

    ac;:

    ao arual: a--sed_us_ao lJ e las novas tecnologias.

    Essas estao imbufdas de rodas as

    virrude

    s negadas as mfdias de

    massa. Talvez porque o cararer individual e ludico par

    ec;:a

    iniciar

    uma nova etapa, ainda

    qu

    e a utilizac;:ao individual press uponha

    uma

    enorme infraestrutura Essa e imperceptive pa ra o usuario ,

    qu

    e ve

    somente o terminal. Entretanro, para permitir uma tal interconexao,

    ela

    e necessa riamente muiro g

    rand

    e. M as fica re

    tido

    apenas o uso

    individual, ve-se so

    ment

    e 0 te

    cl

    ado.

    37

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    10/30

    Agora se pode resumir os

    quatro tempos

    desra anriga descon

    fian

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    11/30

    se com uma co munica

    c,:ao

    em grande escala mais performatica

    qu

    e

    a comunicac,:ao humana. Ao mesmo

    tempo

    desconnamos dela por

    ser justamente em gra

    nd

    e escala. Descobre-se flnalmente

    qu

    e ela nos

    influencia pesso

    almente

    menos

    do qu

    e se diz, mas

    ai

    nda se

    mantem

    a

    certeza de

    qu

    e e

    la

    influencia o vizinho.

    4. A inversdo da problemdtica com s novas tecnologias. Tudo

    parece possfvel novamente . A pe

    rformance

    das ferramentas faz co m

    qu

    e se esquec,:am as dinculdades

    da com

    uni

    cac,:ao

    interpessoal , e a

    individuali

    zac,:ao

    ace ntua ainda mais este se

    ntimento:

    flnalmente e

    o indivfduo so, livre,

    qu

    e inicia a co

    muni

    cac,:ao.

    Em

    meno

    s de

    de

    z

    anos se oscila da desconflan

    c :a

    para a connanc :a: as novas tecnologias,

    por se u desco

    mpromi

    sso e performance, terao ex ito onde

    OS

    homens

    jam

    ais co nsegu

    iram

    . Esquece-se a ferramenta para

    sonhar

    com

    uma

    comunicac,:ao humana

    e social diret

    a.

    Alias, nao dizem

    que

    a

    int

    era

    tividade da

    et

    e

    superior

      a

    int

    eratividade humana?

    A desconflan

    c :a

    p

    erman

    e

    nc

    e em rela

    c,:ao

    as

    midias

    de

    ma

    ssa e

    tao desproporcional

    quanto

    a connanc :a abso

    luta

    em relac,:ao as novas

    tecno l

    og

    i

    as. m b a ~

    rraduzem os problemas

    nunc

    a

    bem

    resolvidos da

    comunicac;:ao interpessoal e da desconflan

    c;:a

    em

    relac;:ao

    a

    qualqu

    er

    comunicac;:ao em gra

    nde

    escala.

    Na real idade, a questao e sempre a m

    es

    ma. A comunicac;:ao

    sempre ambfgua no plano da

    ex

    perienc

    ia

    precisa ser mediatizada pelo

    conhecimento. Construir teorias, compr

    ee

    nder os lac;:os exjstentes entre

    teo ria da comunicac;:ao e teo ria da sociedade, entre tecnicas e necessidades

    hum

    ana

    s,

    permitem um distanciamento em

    relac;:ao

    ao excesso de pro

    messas. Em suma, fazer uma triagem entre a comunicac;:ao normativa e

    a comunicac;:ao funcional, entre as promessas e a realidade, entre o irreal

    da comunicayao e suas diflculdades concretas.

    A distinc;:ao

    entre

    os dois tipos de comunicac;:ao, a ideal e a

    simpl

    es

    necessidade, e

    fundam

    ental e nao so

    br

    ep6e, alias, a oposic;:ao

    comunicac;:ao

    direta e comunicac;:ao medi

    at

    izada pela tecnica.

    Tanto

    se pode ter co municac,:ao normativa em um processo de comunica

    c;:ao

    mediatizada pelas tecnologias

    qu

    anto co municac;:ao funcional nas

    trocas diretas .

    A oposifdo ndo eentre a boa comunicafdO

    humana

    e

    39

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    12/30

    a md comunicarao

    tecnica

    .

    Seria falso e muiro simples. A

    oposi

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    13/30

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    14/30

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    15/30

    niveis da prodl (

     

    ao - difusao e recepc;:ao de imagens- distinguir nas

    imagens aquelas que remetem a ealidade daquelas que sao provenien

    ces da simula

    c;:ao

    .

    5

    Nisto reside seguramente o perigo mais serio das

    mutac;:oes atuais, pois, para alem do debate filos6fico essencial sobre

    o

    que

    e realidade e experiencia, uma tal mescla de generos pode ter

    consequencias culturais e principalmente, politicas graves.

    Ora, curiosamente, essa distinc;:ao essencial, tipo de £statuto

    intangivel minimo* devendo ser objeto de uma regulamentac;:ao

    "internacional", se impondo a todos OS agentes da imagem, nao e

    levada adiante. Como se, na longa tradic;:ao de suas

    relac;:oes

    cop1

    a imagem, os homens agora considerassem vantajoso deixar que

    se entrelacem imagimirio e realidade, ficc;:ao e real, simulac;:ao e

    materialidade .. Evidentemente tal £statuto seria

    extremamente

    complexo: quem poderia decidir o que e

    uma

    "boa'' imagem? A partir

    de quais criterios? Deveria-se aplici-la a todas

    as

    imagens, mesmo

    as

    produzidas no

    campo

    artistico

    ou

    cientifico? Se urn acordo parece

    dificil, o debate nesse meio-tempo teria o merito de ser

    lanc;:ado

    as

    questoes seriam colocadas e poder-se-ia ao menos tentar aplicar os

    prindpios gerais do direito ao problema das novas imagens.

    Percebe-se o paradoxa de tal situac;:ao. Ecuriosamente sobre

    o terreno mais

    movedic;:o das novas tecnologias - a distinc;:ao entre

    o real e o virtual - que o silencio te6rico mais se

    faz

    sentir, quando,

    mesmo entre os que se interessam pelas novas tecnologias, parece que

    ninguem sequer sonha em questionar suas performances e urilizac;:ao.

    Nao se tern razao

    quando

    se desconfia

    da

    imagem, exceto sobre urn

    ponto, o virtual, nao identificado como tal, enquanto paralelamente

    nao

    se

    desconfia das novas midias que, justamente, sao urn dos locais

    privilegiados do virtual.

    rscuRsos

    INFLAMADos E SILENcro TE Rrco

    Uma das maiores dificuldades vern do fato de que a

    comu

    nicac;:ao atualmente e objeto de um grande numero de discursos. Se

    todos esses tem uma legitimidade, eles permanecem, no

    conjunto

    parciais. Nao por tratarem apenas de uma parte do problema, mas

    4

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    16/30

    porque tern a tendencia de

    se

    tornarem, por si mesmos, teorias , ou

    ao menos de

    se

    apresentarem como autossuficientes.

    Em ordem cronol6gica, pode-se citar o discurso dos politicos

    seguido daquele

    dos

    juristas.

    Tanto os de esquerda

    quanto

    os de direita

    defendiam a prindpio

    uma

    orienta

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    17/30

    tendeu a retomar a 16gica propria do mercado, sem ter claro que a

    pressao

    do

    mercado nao impedia que se mantivessem os objetivos

    do servi

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    18/30

    d6lares, eles fazem e desfazem imperios, concentram e fazem fus6es,

    fascinando os observadores como fascinavam capitaes dos imperios

    siderurgicos do seculo XIX.

    6

    omo

    OS grandes grupos mundiais de

    comunica

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    19/30

    do que das elites. Para muitos deles, reclamar

    uma

    politica de con

    unto

    para o audiovisual tern incontestavelmente urn perfume de arcaismo

    0 mais surpreendente e

    que tudo

    isso aconteceu

    muito

    rapi

    do

    , em menos de

    uma

    gera

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    20/30

    fraternidade- explica em boa parte a desconfian

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    21/30

    Ao mesmo tempo que a desejamos, dela desconfiamos, visto que a

    performance tecnica parece resolver as dificuldades da co

    muni

    cayao

    direra,

    simulraneamente

    amplificando seus riscos.

    Diro

    de

    outra

    forma a resistencia aanalise fo i

    0

    contraponto ao sucesso ripido e

    popular das tecnicas. Uma maneira inadequada de exprimir a des

    confianya em

    relayaO

    acomunicayaO.

    2. Segue-se a dificuldade de analise Todo processo de

    comu

    nicayao,

    uma

    vez que integra

    as

    relay6es entre emissor, mensagem

    e receptor, e comp lexo. Nao existe nenhuma conti

    nuid

    ade , nem

    complementaridade entre essas

    t r c ~ s

    l6gicas, e a recepyao e a mais

    complicada para se compreender. A ausencia de tradiyio intelectual,

    a dificuldade em integrar os trabalhos anteriores em materia de lire

    ratura, lingu1stica, ret6rica, a fragilidade dos rrabalhos pragmaticos

    e S recentes problemas colocados pelo radio, depois pela televisao e

    atualmente pelas novas recnologias, explicam o

    fa

    to de a comunicay

    io

    mediatica ser urn dom nio ainda mais vasto e entao mais complicado

    de se entender

    do

    que a comunicayio humana ou a co

    muni

    cayio

    por

    textos. lsso porque cada nova tecnica vern

    acompanhada

    de urn

    discurso relativo a urn "novo" v ncuro entre comunicayao e s-ocledade;

    ·

    u

    e nao simplifica em nada a analise.

    3. A terceira razao diz respeito avontade de ber sobre essas

    mut

    ay6es. Ela e menos vis vel do que hi trinta anos, como se o su

    cesso d

    as

    novas m dias trouxesse com ele

    as

    resposras aos problemas

    colocados. Os mercados responderam",

    pod

    eria se d ize

    r.

    Resta

    realme

    nt

    e algo em que pensar? Urn exemplo dessa fragil vontade de

    saber: a dificuldade em pensar o estaruto da

    identidade

    Ontem, a

    identidade estava no lado da ordem e da tradiyio, a comunicayio no

    lado da aberrura e

    da

    emancipayio. Hoje, em

    uma

    sociedade aberra,

    o problema da identidade se coloca   u i d d pois quanto m i .

    ha comuni

    cayiO, mais e preciso reforyar a identidade individual e

    C

     

    le tiva. No entanto, esse terreno te6rico, consided.vel e apaixonante,

    nao e em nada engajado, pois se continua a considerar a identidade,

    como hi urn seculo, urn freio ao progresso. E e e  

    s r i o

    entao- re- .

    "'--

    valorizar a problematica da identidade e relembrar incessantemente

    49

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    22/30

    que

    falar em identidade individual ou coletiva e remeter sempre a

    ideia de

    uma

    identidade dinamica  conceito indispensavel

    quando

    se

    quer

    en

    tender

    alguma coisa sobre a modernidade.

    4. A quarta razao e a ideia ligada a o n i p r e s e n ~ da tecnologia

    em todos os atos da vida cotidiana. A partir

    do momenta

    em que a

    tecnologia esta presente no escrit6rio em casa na prestac;:ao de servic;:o

    e

    no

    lazer a banalizac;:ao daf resultante e tranquilizadora. Mais vale

    aprender a tirar proveito da tecnologia visto

    qu

    e e cada vez mais se

    dutora barata performatica . Por que nao aproveitar esses servic;:os que

    nos fascinam? Nesse caso nao sao somente

    os

    mercados

    ou

    o discurso

    dos industriais que invalidam a necessidade de

    conhecimento

    sao

    os atos mesmo da vida cotidiana na sua:\Janalidade mais E_ :ofunda.

    A utilizac;:ao parece ser a melhor resposta -para as necessidades de

    conhecimento.

    5. A quinta razao dessa resistencia a analise vern dos meios

    intelectuais.

    Esses se

    sentiram

    erroneamente ameac;:ados

    em

    sua

    cultura

    de elite ate em seu papel   com o surgimento das mfdias

    generalistas que   quase automaticamente

    mudaram

    as

    front

    eiras

    entre cultura de elite cultura media cultura de massa e

    cultura

    p rti ul

    y l,

    sem

    quesrionar alias seus papeis. Eles nem mesmo

    viram como o alargamento

    da

    comunicac;:ao lhes beneficiaria 

    uma

    vez

    que

    em urn segundo

    momenta

    esse

    alargamento

    se

    traduziu

    por

    uma

    demanda

    de

    conhecimento

    a seu respeito.

    Em

    todo

    o caso

    OS

    meios

    intelectuais

    se

    inquietaram

    logo que surgiu

    0

    radio nos

    anos

    30 pois acreditaram

    desde

    ja que seria uma ameac;:a ao livro

    e ao

    jornal.

    0 silencio e

    depois

    a critica se instalaram.

    Quanto

    a

    imprensa escrita que tambem falava das virtudes da democracia  

    essa desconfiou enormemente da comunicac;:ao de massa vendo-a

    essencialmente como uma

    concorrente.

    Talvez seja a reticencia

    em

    relac;:ao

    a questao da maioria

    que

    explique em contrapartida

    a frequente adesao as novas tecnologias.

    6. A sexta razao e a dificuLdade teorica em se vincular proble

    maticas muito antigas relativas aos modelos psicol6gicos filos6ficos  

    literarios e a comunicac;:ao

    humana

    classica assim como a explosao da

    50

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    23/30

    comunicac;:ao tecnol6gica em que

    as mudanc;:as

    foram prodigiosamen-

    te rapidas em meio seculo. A imensidao do campo te6rico, o

    es

    pac; o

    crescente ocupado pela tecnologia , alterando fundamentos ancestrais

    da comuni

    cac;:ao

    provocaram urn fenomeno de transigencia , vis to

    que

    tudo

    isso se faz acompanhar do medo de ser ultrapassado , nao

    estar mais na onda''.

    Quanto

    mais a comunicac;:ao tern dificuldade

    em se

    impor

    como desafio cientifico e te6rico , mais a ideologia da

    mod

    ernidade se imp6e com

    forc;:a.

    E e assim que as mesmas elites

    culturais

    que

    eram fortemente

    ho

    stis as midias de massa se con-

    verteram ruidosamente

    as

    vi

    rtud

    es

    das no

    vas

    tecnologias, da

    ndo

    0

    sentimento de que nao ex istia problematica de conjunto nesse setor e

    que as inovac;:6es tecnicas permitiam fazer a economia de uma analise

    sempre dificil de empree

    nd

    er.

    7. A setima razao diz respeito a comun icac;:ao como objeto do

    sab

    er A comunicac;:ao nunca e urn objeto neutro para n6s, pois a

    comunica

    c;:ao

    esta sempre em debito conosco.

    Cons

    tituriva de nossa

    relac;:ao com o

    mundo

    ela cr

    ia tanto

    projetos

    quanto

    decep

    c;:6es

    e

    reveses,

    tanto sonhos quanta desilus6es. Nesse caso mais do que nos

    ourros, n6s somos credores. 0

    hom

    em nunca esta neutro em rel

    ac;:ao

    a comunicac;:ao e raramente fica a vontad

    e

    0

    qu

    e explica,

    se

    m duvid

    a

    urn

    pou

    co da corrida contra o te

    mpo

    das novas tecnologias . N ao se

    quer saber muito  so bre a co

    municac;:ao

    porque essa

    no

    s alcan

    c; a

    sempre, com

    no

    ssos sucessos e

    no

    ssos fracassos, e

    nqu

    a

    nto

    a tecno-

    logia, por suas performanc

    es

    e sua racionalidade, da a impressao de

    urn

    dominio

    possivel do te

    mpo

    e do

    es

    p

    ac; o

    .

    8. A oitava razao e fr c dem nd

    de

    conhecimento por parte

    da sociedade. O s mercados

    es

    tao de tal forma em expansao que as

    quest6es colocadas alimentam mais o mercado do que os

    es

    tudos: uti-

    lizamos os se rvic;:os; dominamos os mercados; avaliamos a demanda;

    prestamos mais aten

    c; ao

    na imagem do

    que

    na ana

    lis

    e, visto

    que

    por

    enquanto nao ha nem conflitos nem c

    ri

    ses serias obrigando a urn

    distanciamento.

    E

    urn pouco a politica do avestruz, pe

    rf

    eitamente

    compativel com a existencia de urn setor em expansao, considerado

    como simbolo da modernidade.

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    24/30

    9. A

    nona

    razao e a mplitude do movimento

    com

    o qual as

    elites assim como os politicos e os jornalistas

    contrariamente

    ao

    que

    aconteceu

    com

    as

    midias

    de

    massa se mobilizam pelas novas

    tecnologias. 0 modismo e a fascina

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    25/30

    legitimidade cultural e intelectual.

    Nao

    apenas pela falta de urn grande

    interesse pelas teorias da comunica

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    26/30

    levisao publica era iminente.

    Que

    surpresa constatar que hoje, em

    quase toda parte , nao apenas a televisao publica estag

    nou

    a

    qued

    a

    de audiencia, mas principalme

    nt

    e

    qu

    e o seu publico co

    ntinu

    a

    fi

    e

     .

    Em

    quase todos os pafses da Europa a audiencia do setor publico

    representava, em 1998, entre

    40

    e 50 . Alias ,

    foi

    o publico que,

    dia ap6s dia, deu seu voto para

    as

    mfdias

    do

    setor publico, pois tanto

    a esquerda como a direita, tanto as el ites

    quanta

    a classe politica,

    nin

    guem hi dez anos visl umbrava urn futuro para as mfdias

    do

    setor publico. Co

    mo se, no territ6rio sem bussola

    dess

    a imensa

    revolw; ao da

    co

    munica

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    27/30

    tersubjetividade,

    de suas fragilidades, de seus reveses, mas tambem dos

    seus ideais qu e se encontram os principais desafios da comunicac;:ao.

    0RIENTA

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    28/30

    ECO , Umberro. La Structure absente. Mercure de France, 1992.

    EHRENBERG , A La Fatigued ·hre soi.

    Odil

    e Jacob, 1998.

    ELIADE, M. Images et symboles. Ga llimard, Co

    li.

    T

    el

    ", 1979.

    E

    LI

    AS, N.

    Engagement et distanciation.

    Pocket , 1996.

    ELIAS, N. La societe des individus.

    Fa

    ya rd, 1991.

    ESCARPIT,

    R.

    L'Information et a communication. Theorie generate. Hacherre Edu

    cation, 199 1

    ESCARP T, R. Theoriegenerale de 'information et de Ia communication. Aubier, 1983.

    ESCARP T, Rober r. L'Ecrit et fa Conununication. PUF, 1993.

    FURET,

    F.

    Lepasse d 'une illusion: essai sur 'idee communiste au XX siecle, LGF, 1996.

    GAILLARD,

    F.

    POULAJN, /. , SC

    HU

    ST ERMAN, R.

    so

    us Ia dir. de). LaModemite

    en questions.

    Le

    Ce rf 1998.

    G

    IDD

    ENS,

    A.

    ,

    The Transformations of ntimacy.

    Stanford University Press, 1992.

    GOODY, Jack. Entre l'oralite et Lecriture. PUF, 1994.

    HABERMAS, Ji.irge n. Le Discours philosophique de Ia modernite.

    12

    conferences.

    Ga

    ll

    imard , 1988.

    HABERMAS,

    Ji.ir

    gen. Morale et communication. Flammarion , coli. « Champs ». 1999.

    HAWKING, Stephen. Une breve histoire du temps. Flammarion, 1989.

    HERM

    ES,

    no 15116, Argumentation et rheto rique ».

    CN

    RS Ed itions, 1995.

    HIRSCHMAM , A. Les Passions et les fnterets. Minuit, 1985.

    HORKH EIM ER, M. , ADORNO , T W. La Dialectique de Ia raison, fragments

    philosophiques.

    Ga

    lli

    mard, 1985.

    JOCAS, Yves de. lheorie generate de 'information. Assises formelles du savoir et de Ia

    connaissance. Montreal , Logiques. 1996.

    KEKENBOSCH,

    C

    La Memoire et

    le

    Langage.

    Nat

    han, 1994.

    KLINKENBERG, Jea n-Marie. Precis de semiotique generate. Bru xe

    ll

    es, De Boeck

    Un ive rsit

    e,

    1996.

    L'Annee sociologique, Argumenration dans les scien

    ces

    sociales   , val. 44, PUF, 1994.

    LAFOREST, G., LARA, P. d

    e.

    (sous

    Ia

    d ir. de) , Charles Taylor et 'interpretation de

    l'identite moderne. Le Ce

    rf

    , 1

    998

    .

    Le Portique,

    Revue de philosophie et de scien

    ces

    humaines, La Modernite

    »,

    no I ,

    1 semes tre 1998.

    LEFORT,

    C

    L'fnvention democratique. Fayard, 198 1.

    LEMAIRE, Paul

    -Ma

    rce

    l. Communication et Culture.

    Quebec, Presses de l'universite

    Laval , 1

    989

    .

    LEVl-STRAUSS, C Anthropologie structurale. va

    l.

    I . Pion , 1973 .

    LEVI -STRAUSS, C La Pensee sauvage. Pocket, 1985.

    LEVI-STRAUSS, C Le Regard eloignt. Pio n, 1983.

    LYOTARD, F. La Condition postmoderne.

    Minuit

    , 1979 .

    MARC

    USE. H .

    L"Homme unidimensionnel; e

    tud

    e s

    ur

    l'ideologie de

    a

    societe indus

    trielle avancee.

    Minuit

    , 1968 .

    MART

    IN, Michele. (sous Ia dir. de). Communication informatisee

    et

    societe. Sa inte

    Fay, Tde-U niversite, 1995.

    MATTELART. Armand. La Communication-monde. Histoire des idees et des strategies.

    La

    Decouverte, 1991.

    MATTELART, Armand. L fnvention de fa communication. La Decouverte, 1997.

    MAUSS, M . Ecrits politiques, textes reunis et presenres par Marcel Fournier. Fayard ,

    1997.

    56

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    29/30

    MESURE. S., RENAUD , A. La Guerre des Dieux. Essai sur

    a

    querelle des valeurs.

    Grasser, 1996.

    M

    EUN

    IER, Jean-P ier re, PERAYA, D ani e

    l.

    Introduction aux theories de

    a commu

    ni

    cation. Bruxe lles, De Boeck, 1993.

    MIEGE

    Be

    rnard . La Pensee communicationnet/

    e.

    Presses un ive rsitai res de Greno

    bl e,

    199

    5.

    M IEGE Be rnard . La Societe conquise par a communication . Presses universitaires

    de G renob le, 1987.

    MOLES, A. 7heorie structurale de a communication de a societe. Masson, 1986.

    M OLIN fER,

    P

    Images et representations sociales. Presses universiraires

    de

    G renoble,

    1996 .

    M

    UCCHI

    ELLI, A. Les Sciences de 'information et de

    a

    communication. H achette,

    1995.

    M

    UCC

    HI

    ELLI,

    Al

    ex,

    CO

    RB

    ALAN , Jean-An to in

    e,

    FERRAN

    D

    EZ

    Valeri

    e. Theorie

    d

    es

    p

    rocessus

    de a communication. Arma nd Co lin, 1

    998.

    O  Sul

    liva

    n, T im eta .

    , K

    ey

    Concepts

    in Communica

    tion

    and

    Cultural Studies.

    New

    Yo rk, Rourledge, 1

    994.

    PAILLIA.RD, I (sous Ia dir. de).

    L'Espace

    public

    et Emprise de a communication.

    Gren

    ob

    le, Ellug, 1995.

    RENAUT A. L'Ere de l'individu. Contribution une histoire de

    a

    subject

    iv i

    t

    t?

    Ga

    ll

    imard , 1989.

    RENAUT,

    A. L'Jndividu.

    Racier, 1995.

    Raison presente,

    «Avons-nous ra ison d etre universal isre ?» 2° trimesrre 1

    997

    no 1

    22

    .

    Sciences humaines,

  • 8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1

    30/30

    NoTAS

    I.

    O

    bras

    so

    br

    e esse tema sao bas ta

    nt

    e

    num

    ero sas . Uma sel ec;:iio de urn cerro

    num

    ero

    de drulos disponiveis em

    fr

    ances

    see

    nco

    ntr

    a na bibliogra

    fi

    a do

    ca

    pitulo 2. A

    est