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REVISTA DE VIAGENS PRODUZIDA POR EDSON WALKER CHINA TEMPLOS, JARDINS, PALÁCIOS, COMIDAS ESQUISITAS, CAVERNAS BUDISTAS E ROTA DA SEDA.

Walker Travels Magazine | 06 | China

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Zhong Guo, em chinês, significa Centro da Terra. Marco Polo, quando chegou aqui, pensava que o centro era na Europa. Viajantes como ele acabam naturalmente mudando seus pontos de referência. Os elementos ao seu redor mudam de forma e sua identidade sofre durante a luta de adaptação às novas culturas. O viajante é aquele que está em constante construção e destruição de suas certezas, e a força da energia desse país faz com que esses processos sejam ainda mais intensos. A China pulsa num ritmo diferente em seu peito. É veloz, porém nem sempre cadenciada. Um dragão com muitas transformações. Imprevisível e complexo em sua aparente simplicidade. É difícil prever algo assim que muda tão rapidamente de aparência. O materialismo parece consumir até mesmo sua cultura milenar, e os templos estão cheios de turistas.

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REVISTA DE VIAGENS PRODUZIDA POREDSON WALKER

CHINA TEMPLOS, JARDINS, PALÁCIOS,COMIDAS ESQUISITAS, C AV E R N A S B U D I S TA S E R O TA D A S E D A .

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edição, diagramaçãofotos e textos

edson walkerrevisão ortográfica

tânia ottonijulho 2013

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Zhong Guo, em chinês, significa Centro da Ter-ra. Marco Polo, quando chegou aqui, pensava que o centro era na Europa. Viajantes como ele acabam naturalmente mudando seus pon-tos de referência. Os elementos ao seu redor mudam de forma e sua identidade sofre du-rante a luta de adaptação às novas culturas. O viajante é aquele que está em constante construção e destruição de suas certezas, e a força da energia desse país faz com que es-ses processos sejam ainda mais intensos. A China pulsa num ritmo diferente em seu peito. É veloz, porém nem sempre cadenciada. Um dragão com muitas transformações. Imprevisí-vel e complexo em sua aparente simplicidade. É difícil prever algo assim que muda tão rapi-damente de aparência. O materialismo parece consumir até mesmo sua cultura milenar, e os templos estão cheios de turistas.

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sem medo de ser feliz

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beijing china

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boneca de porcelana chinesa

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praça tiananmen: we are watching you

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marcha soldado, cabeça de papel

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fantasias burguesas

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propaganda de cigarros

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muita coisa mudou por aqui

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os famosos patos de pequim

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reflexos chineses

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praça tiananmen

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o parque como palco

Cheguei aqui em Beijing na madrugada da última quinta-feira. O ônibus-leito (e aqui são leitos mesmo, com 3 fileiras de beliches onde você realmente pode esticar as per-nas) parou num estacionamento às 2:00h da madrugada e todo mundo continuou lá, dormindo. Pudemos ficar dormindo até o sol nascer, apesar de, por aqui, ele geralmente aparecer quando já está longe do horizonte devido à espessa camada de poluição que cobre a cidade. Acordei num local total-mente desconhecido. Na primeira hora da manhã, a cidade já pulsava intensamente e eu reconhecia novamente o cheiro da China. Pelo menos isso não havia mudado desde a minha primeira viagem, em 2010. Beijing é uma cidade monumental. Apesar da poluição do ar, possui vários parques bem cuidados e inúmeros locais históricos para se visitar, como a Cidade Proibida e o parque da Olimpíada. O complexo de edifí-cios, jardins e templos da Cidade Proibida é realmente impressionante. Na verdade, a China impressiona o tempo todo. É uma nação que, apesar de tão modernizada, ainda preserva uma cultura bem diferente da nossa. Ela dá constantemente ao viajante a sensação de estar descobrindo algo novo.

Apesar de tanta coisa imponente constru-ída pelo homem para ser vista, até agora o que mais me emocionou foi, num parque, ver pessoas reunidas cantando na tarde de domingo. Eram canções antigas que traziam aos rostos lembranças de seu passado. Lindo vê-los cantando regidos por um maestro e embalados pela música de um antigo acor-deão. Cantavam com tanta alegria e empol-gação, que me faziam lembrar novamente

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beijing china

do que faz ser tão apaixonante viajar. Esses encontros com pessoas fazendo algo genu-íno são as minhas mais valiosas memórias. Muitas coisas já me chamaram a atenção nesta primeira semana em Beijing. Eu adoro a simplicidade do povo chinês. Apesar de haver também patricinhas tirando fotos delas mesmas com seus iPhones (triste essa neces-sidade de alimentar o ego com tanta regula-ridade) nas ruas, aqui vale tudo, até sair de pijamas. Designers de moda ocidentais fica-riam assustados com tanta variedade. Nos restaurantes, homens comem sem camisa enquanto bebem cerveja em pequenos copos de vidro e fumam. Os menus podem impressionar também pela variedade de pratos e tipos de carne. Come-se de tudo! Segundo dizem na minha cidade natal, nada além do berro do animal é desperdiçado. Uma vez perguntei a um japonês como ele conseguia reconhecer um chinês de outro povo asiático. “Fácil”, ele disse: “Falam alto e vestem-se mal”. Tirando o fato de que japoneses não gostam de chineses (e vice-versa), isso é bem verdade. Pior ainda quando decidem ter uma discussão perto da porta do seu quarto, como aconteceu na primeira manhã aqui no meu albergue. Nas

ruas há muito barulho. Eles parecem não se importar com isso. Tem ruídos por todo lado. Alguns vendedores possuem alto-falantes que anunciam continuamente seus produtos. A marcha-ré dos carros e motos também possui uma mensagem de alerta em chinês que se repete de forma ensurde-cedora. Até mesmo as

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calculadoras falam os números digitados. O povo chinês adora os ocidentais. Muitos deles pedem para tirar fotos com a gente. Na primeira noite aqui, num restaurante, uma mulher pediu gentilmente para tirar uma foto comigo. “Claro que sim”, respondi. No dia seguinte tirei mais umas 5 fotos com pessoas diferentes nas ruas. No início é até divertido, mas depois acaba perdendo a graça. Ser famoso não parece ser tão legal assim. Ainda não consigo entender bem o motivo, pois às vezes nem sequer pergun-tam seu nome e nem sabem de onde você vem.

Ao redor da Cidade Proibida, um pouco de atenção é necessária, pois como em qual-quer país, nem todo mundo é tão legal assim. É seguro andar pelas ruas. Quase impossí-vel você ser assaltado à mão armada. Os poucos bandidos são tão expertos que não precisam usar recursos tão extremos. O principal golpe da cidade é aplicado por pessoas que começam a puxar uma con-versa amigável na rua e logo lhe convidam para tomar algo ou comer no restaurante que faz parte do esquema. Quando o negó-cio está consumado, e você bebeu e comeu com seus novos “amigos”, vem a conta da sua ingenuidade. Os valores são absurdos e você logo percebe que o único jeito de sair da armadilha é lutar fisicamente com toda a quadrilha, ou pagar e evitar que o problema fique ainda maior. Esse é um golpe manjado na Ásia e felizmente até agora consegui evi-tá-lo. Fica muito mais fácil viajar com expe-riência. Aliás, esta viagem, até aqui, está sensacional. Tudo correndo naturalmente. Sinto-me num fluxo contínuo que me leva sempre para os lugares certos. Não acho que o mundo mudou desde que comecei a viajar. Acho que a mudança foi minha, inter-namente.

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beijing china

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a china antiga sobrevive

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a cidade proibida

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1,3 bilhão de chineses

Viajar sempre me dava aquele prazer que sentimos quando aprendemos algo novo. Aquela sensação de conquista do conhe-cimento sobre o mundo no qual vivemos. Porém, viajando pela China, tudo aquilo que já aprendi sobre o mundo parece não fazer mais sentido, e volto a sentir aquele senti-mento de frustração diante do incompreen-sível. É um mundo muito diferente do nosso. Talvez precise apenas de um pouco mais de tempo para processar toda a informação que já absorvi durante essas duas sema-nas aqui no país mais populoso do mundo. Mas, segundo as novas estimativas de crescimento populacional, não será mais por muito tempo, pois a Índia, já em 2028, vai ultrapassá-la e continuar crescendo sem qualquer concorrente. Em 2050 tere-mos mais de 9 bilhões de habitantes no planeta, 3 dos quais apenas de chineses e indianos. Felizmente, ou infelizmente, como dizia meu professor de biologia no curso pré-vestibular em Santa Maria, não estaremos vivos para ver os resultados disso tudo. Enquanto isso, nos EUA, uma empresa trabalha num projeto comercial de colonização de Marte, e aqui na China está cada vez mais difícil tirar fotos de atrações turísticas sem um monte de gente na frente da câmera e alguém atrás de você cutu-cando pedindo para dar um passo de lado.

Eu pensava nessas coisas ontem, em cima da bicicleta alugada, quando saí do centro no intuito de encontrar algum lugar mais calmo, sem tanta gente e barulho. Estou agora na cidade de Xi’na, que já foi capi-tal de vários impérios da China antiga e tem mais de 3100 anos de história. Aqui era o destino final da famosa Rota da Seda e foi

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daqui também que partiu o monge budista Xuanzang, no século VII, rumo à Índia, para buscar manuscritos para a nova reli-gião que florescia também aqui na China. Pedalei por mais de 1 hora no meio de uma cidade massiva, de trânsito caótico e em contínuo crescimento. Carros realmente não fazem parte dos meus conceitos de evolu-ção e desenvolvimento. Segui em direção ao norte por puro instinto e casualidade. Imaginava que se seguisse qualquer dire-ção, uma hora ou outra chegaria ao final da cidade. Devo confessar que cansei, até che-gar a um parque onde os prédios pareciam distantes, quase desaparecendo na densa camada de poluição que as condições cli-máticas do dia impediam de se dissipar. Era um dia cinza e quente. Daqueles dias em que você tenta até respirar menos para ina-lar menos poluição. No parque deserto de humanos, uma pequena trilha cercada por chorões dividia dois campos com diferen-tes tipos de flores que cobriam o chão. Do meio das flores saíam centenas de pássa-ros que ficavam cantarolando ao redor, e até um faisão com seus dois filhotes voa-ram em disparada quando me aproximei do lugar onde se escondiam. O ar estava tão pesado, o horizonte tão cinza com a silhueta de vários prédios em construção, mas eu sorria quando respirava e sentia o cheiro de todas aquelas flores ali ao meu redor.

xi’an china

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1,3 bilhão de chineses

Desse parque cheguei a uma imensa ave-nida no sentido leste-oeste e segui por ela, porque ao norte chegaria apenas ao aero-porto, nem tão distante dali, mas já total-mente escondido pela camada de poluição do ar. Seguindo em direção ao oeste por essa larga e totalmente arborizada avenida notei algo estranho. Havia menos tráfego que na avenida principal da vila onde cresci, e eu cantarolava feliz naquela plana imen-sidão. O governo chinês já está se prepa-rando para o futuro. Ao redor dessa ave-nida, no meio de plantações de frutas ou verduras, imensos complexos imobiliários brotam rapidamente do chão. Dezenas, ou melhor, centenas, de novos prédios de 30 a 40 andares podem ser vistos por todos os lados, tanto no centro como ao redor do perímetro urbano que cresce a cada ano. E isso não é só aqui em Xi’na, mas tam-bém por toda a China. Alguns desses pro-jetos chegam a formar até mesmo cidades satélites para mais de 350 mil habitantes, com toda a infraestrutura de uma cidade moderna. Em muitos desses casos, as cidades estão prontas já para receber mora-dores, mas são poucos ainda os que pos-suem condições de comprar seu pedaço de paraíso nesse sonho americano na China.

É desconcertante ver a velocidade do desen-volvimento econômico da China. Enquanto o Brasil dorme, eles trabalham. E não estou falando apenas da diferença de fuso horário. Hoje de manhã, pela TV estatal, os chineses acompanhavam a chegada de seus 3 astro-nautas que passaram 15 dias em órbita da Terra. Mas onde vai parar todo esse rápido desenvolvimento? Aqui da China, fico pen-

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xi’an china

sando que talvez devamos repensar nossos sonhos para o futuro e parar de consumir tanta coisa de plástico que pisca e faz barulho. Parece uma hipnose coletiva. Os tem-plos aqui na China são preservados ape-nas porque dão dinheiro com o turismo. Os monumentos históricos são preserva-dos e logo ao seu redor planejam-se par-ques de diversão com um monte de luzes piscando, restaurantes e uma porção de bugigangas de artesanato industrial. Tudo parece tão vazio! Trabalha-se apenas para poder consumir mais. Trabalha-se demais para alimentar esse sonho consumista, onde existimos apenas se consumimos. Depois de outro dia de vários quilômetros caminhados, no meio de tanta gente, de tanto barulho e de tanto plástico, eu estava cansado. Frustrado por ter que pagar para entrar nos templos que queria ver, já estava desistindo daquele dia e voltando para o ar condicionado do meu albergue. No caminho, parei para comer algo na rua, um pastel redondo e gorduroso com carne de porco (pelo menos eu espero que seja) e, enquanto pensava que na China havia pouca gente cantando nas ruas, comecei

a ouvir alguém cantando na praça ao lado. Era um jovem que tocava violão e cantava uma música em chinês, tão melodiosa que fazia parar muita gente. Cantava com tanta emoção que acalmava até os loucos da praça e fazia os casais de namorados aper-tarem ainda mais o abraço. Tive que segurar a emoção depois de algo tão belo e sincero naquele dia tão cheio de novas informações e falta de sentido.

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templos chineses

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veias urbanas

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novas cadeias de montanhas

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imagens do passado

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caminhos de flores

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viadutos chineses

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peixes dourados

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mercado muçulmano uygur

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modelos muçulmanos

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vendendo doce na feira

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mesquita muçulmana

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jogatina de todos os dias

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pagode do ganso branco

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dormindo em serviço

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enfeitiçada pela luz

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o curioso mundo da moda

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na rota da seda

Depois de duas semanas respirando o ar pesado de grandes cidades chinesas como Beijing e Xi’na, me deparei ontem respirando um ar tão fresco e puro que dava até von-tade de engarrafá-lo e guardá-lo como lem-brança dessa viagem à China. Estou agora em uma cidade do deserto de Gobi, um oásis com mais de 4 mil anos de história, grande parte dela como importante centro comercial e religioso da antiga Rota da Seda. Dunhuang é como um paraíso no meio do deserto. Até onde a água alcança, o verde predomina. Ao norte, estende-se uma imen-sidão desértica e plana e ao sul, uma longa cadeia de montanhas rochosas. Caminhei ontem entre imensos pomares de damas-cos, peras e uvas. Pequenas estradas asfal-tadas com canais de irrigação ao seu redor ligam as diferentes propriedades. O verde impera e a umidade da água dá ao ar um frescor inesquecível mantido entre a copa das árvores e o chão. Entre as árvores fru-tíferas e os ciprestes usados para conter o vento, o andarilho caminha sorridente ao provar alguns dos damascos já maduros da estação. Lá fora o calor impera e, por entre as árvores, é possível ver no horizonte as gigantescas dunas de areia ilumina-das pelos últimos raios do sol daquele dia.

Aqui, as casas possuem sempre um sofá velho ao lado da entrada, para o cochilo vespertino e um pátio interno utilizado para estacionar os pequenos tratores, secar fru-tas, ou jogar bola no inverno. Nas portas, é possível ver duas imagens de deuses pro-tetores que afastam os maus espíritos com suas espadas e caras feias. Algumas dessas

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dunhuang china

casas possuem também currais onde guar-dam seus camelos, usados para transportar turistas pelas dunas vizinhas. Calmamente, eles olham para quem passa pela estrada, enquanto mastigam suas porções de avica fresca. O cheiro dessa planta me faz sem-pre ter saudades de casa. Cheiro de interior. Por aqui já passaram milhares de viajantes. Um ponto importante de encontro de comer-ciantes e peregrinos. Marco Polo escreveu, no início do século 13, sobre Dunhuang: “A maioria dos seus moradores são idólatras (budistas), mas há também alguns cristãos e sarracenos (muçulmanos).” O interesse dos comerciantes era sempre o mesmo (comprar e vender mercadorias), mas suas crenças religiosas variavam, já que vinham de lugares diferentes. Mas, foi mesmo o budismo que mais floresceu em Dunhuang e passou a ser um ponto de morada ou pas-sagem de vários peregrinos que viajavam do leste da China para a Índia em busca de iluminação. Hoje, há também por aqui mui-tos muçulmanos mas, na verdade, parece mais que todos se renderam ao materia-lismo, como em praticamente todo o país. Dunhuang é um verdadeiro cruzamento da história. Nessa região, ainda podem ser vis-tas as centenas de cavernas que antiga-

mente abrigavam os monges de fé inaba-lável. Hoje, mais uma grande atividade para a fervorosa indústria do turismo chinesa, algumas dessas cavernas podem ser visita-das pelo público sempre acompanhado por guias do governo chinês.

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a place that you can not “fotet”

Grande parte dessas cavernas possui murais com figuras e desenhos budistas, a maior parte deles feitos nos séculos IX e XII. O valor artístico e histórico desses murais e estátuas é impressionante, pois, além de sua beleza estética, contam também o desenvolvimento dessa religião na China. No início do século XX, foi descoberta uma sala secreta, chamada pelos explorado-res de biblioteca, contendo centenas de valiosos manuscritos e pinturas de ima-gens religiosas. Praticamente a maioria foi comprada por exploradores ingleses, fran-ceses, americanos e japoneses. Pouco sobrou e o museu daqui possui poucos desses originais, sendo que a maioria dos documentos expostos são cópias. Nes-ses manuscritos podem ser encontrados documentos em diversas línguas como, por exemplo, uma bíblia escrita numa antiga língua falada na Síria. Há também tratados de astrologia e medicina, afinal, esses anti-gos centros de prática e estudos religiosos foram também as nossas primeiras uni-versidades, centros de prática do conhe-cimento existente nas diferentes épocas.

Você sabe o que significa a expressão “chin-glish”? Não é difícil deparar-se com essa forma, muitas vezes incompreensível, da mistura de duas línguas tão diferentes uma da outra. Os chineses tendem geralmente a traduzir literalmente e criam algumas vezes textos engraçados como, por exemplo, o dessa embalagem de um doce de nozes (ipsis litteris conforme impresso):”Best Enjoyment. It is new taste we need qualty and we need the dest food here. You are the new man, how delicious can not fotet”. Pois é, caro leitor, está na hora de aprender inglês!

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dunhuang china

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a indústria do turismo chinesa e suas cercas

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a indústria do turismo chinesa e suas cercas dunhuang china

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o deserto contra o oásis

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o deserto contra o oásis

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animais selvagens do deserto

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anjos chineses

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cavernas budistas de mogao

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cavernas budistas de mogao

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deserto próximo às cavernas de mogao

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deserto próximo às cavernas de mogao dunhuang china

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chamado para a oração

Quando a tira do seu chinelo Havaianas, “Made in Brazil”, rompe-se enquanto você caminha despreocupadamente por uma agitada avenida de uma grande cidade chi-nesa, a primeira coisa que você pensa é: “O dia estava bom demais para ser ver-dade”. Sem perder o otimismo, você olha ao redor para ver se consegue encontrar uma loja com Havaianas “Made in China”, mas não há nada por perto. O terceiro pensamento é: “Eu tenho um canivete”. Nunca viaje sem um, pois há muito mais coisas para fazer com ele do que apenas descascar frutas. Não existe MacGyver sem um canivete. Encontro uma tira de plástico no chão, faço um furo na tira, alguns nós e sigo o meu caminho em direção ao mer-cado noturno Uygur, minoria muçulmana da cidade de Urumchi, na província de Xinjiang, noroeste da China.

O sol acabava de esconder-se por entre os prédios e, ao passar por um restaurante e ver pedaços de melancia em cima de uma mesa colocada perto da calçada, penso: “É exatamente disso que eu preciso”. Olho ao redor para encontrar o vendedor e vejo 3 homens sentados na mesa ao lado, sor-rindo, fazem sinais para que eu pegue um pedaço. “Cortesia? E ainda por cima gelada?” É tão fácil fazer o dia de alguém mais feliz e geralmente custa tão pouco!

Continuando pela rua, encontrei o mercado, cheio de vendedores de frutas e peque-nos restaurantes de rua. Havia muita gente andando de um lado para outro. A grande maioria, muçulmanos com feições da Ásia

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urumchi china

Central, muito diferentes dos chineses que controlam o país. Crianças brincavam feli-zes nas ruas. Duas meninas vestidas com roupas típicas e véus cobrindo a cabeça defendiam-se com pedaços de pau do “bullying” dos meninos ao redor. Vende-dores de melancia, alguns com suas lon-gas barbas hirsutas, ofereciam pedaços para quem quisesse provar. Havia uma boa energia no local, pessoas sorriam com mais frequência do que nas outras cidades chi-nesas que eu havia visitado anteriormente. A mesquita na entrada da rua chamava agora para a última oração do dia e os homens apressavam-se para entrar. Da entrada, tirei uma foto com os homens já ali-nhados e com seus sapatos colocados ao redor do tapete à frente. Nesse momento, a minha sorte mudou completamente. Um homem chinês me cumprimentou, pergun-tou a minha nacionalidade e fez sinal para que eu o acompanhasse até o outro lado da rua. Lá, outros policiais, disfarçados, con-versavam sentados em pequenos acentos. Não demonstravam sinais de agressividade. Pareciam querer apenas conversar, só que preferiram fazer isso na delegacia ali perto. Ninguém falava inglês e eu só pensando: “Que ridículo! Outra vez não!” Nesse momento, me lembrei de que estava sem o meu passaporte. Eu o havia deixado no consulado do Cazaquistão, naquela manhã,

para a emissão do visto para a continuação da viagem. E, para piorar, a cópia que havia feito para essas situações estava na minha

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“time de baseball” da polícia local

pasta de documentos no quarto do hotel. Para piorar ainda mais, se pedissem para ver as últimas fotos na câmera, provavel-mente veriam uma que tirei algumas horas antes de um grupo de policiais andando em fila indiana carregando pedaços de pau do tamanho de tacos de baseball. Sentado na delegacia, lembrei-me do comentário de um francês feito naquela manhã no consulado cazaque: “Você tem uma cara de jornalista!” Levou algum tempo até que eu conseguisse explicar o motivo por estar sem o passaporte. Um policial me passou o celular para falar com seu amigo que falava um pouco de espanhol. Não adianta, pouca gente no mundo sabe que falamos português e a China realmente sabe muito pouco sobre o mundo. Depois de alguns minutos de espera, chegou um jovem policial, também à paisana, e come-çou a conversar comigo em um inglês quase fluente. Eles queriam saber o motivo de eu estar tirando fotos naquela rua. “Ah”, pensei. “É apenas essa mania conspirató-ria chinesa de que jornalistas internacio-nais vem aqui e escrevem o que pensam sem o consentimento do governo chinês”. O oficial estava tranquilo. Pediu para ver as últimas fotos que tirei e, felizmente, não tive que ir muito adiante. Fez mais um monte de perguntas, anotou informações minhas e, provavelmente, hoje tenho ficha aqui na

China também. A província de Xinjiang, onde moram os muçulmanos do país, pos-sui um sistema de controle da polícia e do exército muito maior até do que o de Israel. Tem polícia pra todo lado, câmeras insta-ladas em vários pontos (cerca de 10.000

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urumchi china

só na cidade de Urumchi) e, quando você não vê nenhum policial ao seu redor, pro-vavelmente pode haver algum à paisana lhe observando. Há duas semanas, numa cidade vizinha, houve um ataque uygur con-tra policiais, no qual morreram 37 pessoas. Quando cheguei a Urumchi, na sexta-feira passada, havia tanques nas ruas e ainda hoje grupos de soldados estão espalha-dos por vários pontos da cidade. Aqui na China, não tem essa de manifestação nas ruas como no Brasil. O punho é de ferro, as balas não são de borracha e o casse-tete do tamanho de tacos de baseball! Depois de sair da delegacia, fui comer algo num restaurante ali perto. Comi um delicioso calzone de carne de carneiro assado num forno à lenha. Para sobremesa, um pedaço de melão comprado de um vendedor na rua ao lado. Enquanto comia, escuto alguém perguntando em inglês se o melão estava doce. Olho para o lado e encontro o jovem oficial que havia me interrogado. Ele, des-contraído, começa a falar sobre futebol e Ronaldinho. Conversamos por cerca de 15 minutos. Uma conversa agradável e amigá-vel. Até cheguei a dar um dos meus cartões de visita a ele. Não adianta, eu tento, mas, no final, não consigo odiar esses chineses. É uma verdadeira relação de amor e ódio.

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bullying comigo não!

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urumchi china

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bairro muçulmano uygur

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preparando um shaslik

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restaurante uygur

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pôr do sol

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urumchi china

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pequinês, mistura de leão com macaco (segundo a lenda)

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pequinês, mistura de leão com macaco (segundo a lenda) urumchi china

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entardecer

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pose para a foto

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cidades chinesas

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urumchi china

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