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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE GUARATINGUETÁ TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS URUGUAI Arlindo Francisco Valentim de Souza Daniela Cardoso Eliana Zácaro Cabral Érica Alves de Carvalho Mariane de Lima Natália Nogueira Trabalho apresentado à Faculdade de Tecnologia de Guaratinguetá, para graduação no Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial. Guaratinguetá - SP 2010

Uruguai 29032010 Doc

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Page 1: Uruguai 29032010 Doc

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE GUARATINGUETÁ

TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

URUGUAI

Arlindo Francisco Valentim de SouzaDaniela Cardoso

Eliana Zácaro CabralÉrica Alves de Carvalho

Mariane de LimaNatália Nogueira

Trabalho apresentado à Faculdade de Tecnologia de Guaratinguetá, para graduação no Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial.

Guaratinguetá - SP2010

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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE GUARATINGUETÁ

TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

URUGUAI

Arlindo Francisco Valentim de SouzaDaniela Cardoso

Eliana Zácaro CabralÉrica Alves de Carvalho

Mariane de LimaNatália Nogueira

Trabalho apresentado à Faculdade de Tecnologia de Guaratinguetá, para graduação no Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial.

Área de Concentração: Teoria das Relações InternacionaisProfessor: João Geraldo

Guaratinguetá – SP2010

Page 3: Uruguai 29032010 Doc

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................32. O URUGUAI .........................................................................................................................4

2.1 Dados importantes sobre o Uruguai .....................................................................52.2 Geografia.......................................................................................................................62.3 Clima...............................................................................................................................7

3. HISTÓRIA.............................................................................................................................83.1 Colonização ..................................................................................................................83.2 O Uruguai já pertenceu ao Brasil ...........................................................................93.3 Província Cisplatina .................................................................................................103.4 A Suiça da América ..................................................................................................11

4. A GUERRA GRANDE ......................................................................................................125. A TRÍPLICE ALIANÇA ....................................................................................................146. DESENVOLVIMENTO SÓCIO ECONÔMICO .............................................................157. O URUGUAI CONTEMPORÂNEO ................................................................................168. POLÍTICA ...........................................................................................................................18

8.1 Tabaré x Mujica .........................................................................................................189. ECONOMIA........................................................................................................................21

9.1 Recursos naturais.....................................................................................................219.2 Agricultura e pecuária .............................................................................................219.3 Silvicultura e pesca ..................................................................................................229.4 Indústria.......................................................................................................................229.5 Serviços.......................................................................................................................229.6 Comércio .....................................................................................................................23

10. CULTURA ........................................................................................................................2410.1 Folclore......................................................................................................................2410.2 Música e Dança .......................................................................................................2510.3 Culinária ....................................................................................................................2510.4 Educação ..................................................................................................................2510.5 Esporte ......................................................................................................................2610.6 Carnaval ....................................................................................................................26

11. RELAÇÃO MERCOSUL................................................................................................2812. RELAÇÃO COM O BRASIL .........................................................................................3013. ETIQUETA EMPRESARIAL .........................................................................................3413.1 O Modelo de Hofstede ...............................................................................................3514. CURIOSIDADES .............................................................................................................3616 CONCLUSÃO ...................................................................................................................38FONTES CONSULTADAS ..................................................................................................39

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho descreve e analisa o contexto histórico da República Oriental do

Uruguai; seu aspecto geográfico, econômico, cultural, político, social e demográfico. Seu

potencial de exportação e importação, a relação Mercosul e a relação com o Brasil, etiqueta

empresarial e curiosidades.

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2. O URUGUAI

A República Oriental do Uruguai é um país que possui uma superfície de 176.215

quilômetros quadrados (área que cabe 48 vezes no território brasileiro) e estima-se uma

população de 3.494.382 habitantes (Julho/2009 est.) (cerca de 50 vezes inferior à população

brasileira). Está localizado na parte centro-sul da América do Sul e é limitado a norte pelo

Estado do Rio Grande do Sul, Federação Brasileira; a leste pelo Oceano Atlântico, a sul pelo

Rio da Prata e a oeste pela Argentina. Sua capital e maior cidade é Montevidéu.

O nome Uruguai provém da língua guarani e significa “Rio dos pássaros pintados”.

Sua bandeira é inspirada na bandeira dos Estados Unidos da América, as listras azuis

representam os nove primeiros departamentos, possui assim como a Argentina, o “Sol de

Maio” referente a independência do Vice-reino do Rio da Prata da Espanha. O significado da

bandeira é a expressão de seus ideais revolucionários: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

O Uruguai é uma república democrática com um sistema presidencialista governada

por uma constituição nacional cuja última reforma foi realizada em 1996. Seu sistema de

governo é baseada em três ramos: executivo, legislativo e judicial. O poder executivo é

representado pelo presidente e seus ministros, o Poder Legislativo é representado pela

Assembléia Geral, composta pela Câmara dos Representantes e do Senado e do Poder

Judiciário composto pelo Supremo Tribunal Federal e dos tribunais localizados em todo o

país. Representantes do governo são votados pelo povo uruguaio cada 5 anos.

O Estado está organizado em 19 departamentos administrada por um prefeito

municipal também eleito pelo voto. A cidade de Montevidéu, capital do país, encontra-se no

Rio de La Plata.

O PIB uruguaio atingiu US$ 37,05 bilhões em 2007. Isso representou um PIB por

habitante de US$ 10.602 dólares fazendo assim com que o Uruguai ostente uma das

maiores rendas per capita e uma das menores taxas de pobreza da América Latina, aliando

a isso um índice de analfabetismo dos mais baixos da região. O Uruguai é uma economia

aberta, cuja estrutura produtiva se baseia no setor agroindustrial dirigido à exportação.

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País pioneiro na América do Sul na adoção de políticas sociais e o primeiro da região

a criar um sistema de previdência. Além de seu elevado índice de desenvolvimento humano

frente aos demais países do continente, o Uruguai também é um modelo no setor de

assistência aos idosos, que formam parte significativa da população.

Até a década de 1960, o Uruguai era chamado de "a Suíça sul-americana" por ter um

perfil de país desenvolvido, com altos índices sociais e estabilidade política. Após a década

de 1970, a escassez de recursos minerais e energéticos, a carência de tecnologia e a queda

do preço da lã e da carne no mercado internacional, contribuíram para a desestabilização

econômica no Uruguai.

Em 1973, ocorreu um golpe militar com dura repressão por parte do governo e que

favoreceu o surgimento de movimentos de oposição e de guerrilha, como o dos Tupamaros.

A ditadura militar durou até o ano de 1984 e, mesmo com o restabelecimento

democrático, os problemas econômicos continuaram. O declínio econômico e a instabilidade

política provocaram uma grande emigração de jovens.

A década de 1990 foi marcada por privatizações, diminuição dos gastos públicos e

elevação da taxa de desemprego. E, em tentativa de melhorar esta crise e diversificar as

atividades econômicas no Uruguai, o governo criou uma legislação favorável à implantação

de instituições financeiras, que acabou atraindo várias empresas do setor, transformando o

Uruguai em país de destaque no setor bancário.

2.1 Dados importantes sobre o Uruguai

Área – 176, 215 km2

Capital – Montevidéu

Governo – República parlamentar (2 Câmaras: Senado e Câmara de

Representantes), sistema presidencialista

Presidente – José “Pepe” Mujica (março/2010)

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Divisão administrativa – 19 departamentos

Feriado nacional – 25 de Agosto (Declaração da Independência)

Distribuição étnica – 54% Espanhóis, 22% Italianos e minorias de outros países da

Europa

Sistema educativo oficial – Laico, gratuito e obrigatório

Índice de alfabetização – 98%

PIB – $37.05 bilhões (2007 est.)

Religião –56,2% são Católicos, 38,3% Não religiosos, 2% Protestantes, e 1,7%

Judeus.

Língua oficial – Espanhol

Moeda – Peso uruguaio (R$1,00 = $10, 911 pesos)

População – 3.494.382 habitantes (Julho/2009 est.)

Taxa de desemprego: 9,2% (2007 est.)

Expectativa de vida (anos) – mulheres, 79; homens, 73 (est. 2009)

Produções – gado bovino e ovino, trigo, arroz, milho; ametistas, topázios, mármore.

Atividades econômicas – agricultura, transformação de carne, curtumes e artigos de

cabedal (couro manufaturado para calçados, sola), lã e têxteis, cimento, pesca,

turismo, refinação de petróleo.

Exportações – carne e derivados da mesma, couros, lãs, têxteis, peixe e marisco

Clima – temperado; as temperaturas em Montevidéu variam entre 6º e 14ºC, em

Julho e 17º e 28ºC, em Janeiro

2.2 Geografia

O Uruguai é o segundo menor país da América do Sul e a sua paisagem é

constituída principalmente por planícies e colinas baixas (coxilhas), possui uma planície

costeira fértil. A terra está ocupada na sua maior parte por pradarias, ideais para a criação

de bovinos e ovinos. O ponto mais elevado do país é o Cerro Catedral, com 514 m. Ao sul

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situa-se o rio de La Plata (rio da Prata), onde está o Porto de Montevidéu. O Rio da Prata é

o estuário formado pelo rio Uruguai, que constitui a fronteira ocidental do país, e pelo rio

Paraná, fora do Uruguai, formador da mesopotâmia argentina. O país tem apenas um rio

importante que o atravessa, o rio Negro, com hidrelétricas. Tem ainda parte da Lagoa Mirim,

que divide com o Brasil e algumas lagoas na costa do Atlântico.

2.3 Clima

O clima é cálido no norte pela diminuição da latitude (de 35 para 30 graus). Pela

influência do mar, as isotermas vão do SL ao NO. Em Montevidéu o mês mais cálido é

janeiro e o mais frio é Julho, com uma margem de diferença de 14 graus. A temperatura

máxima está perto dos 15 graus no inverno e 32 no verão. O mês com menos chuva é

dezembro ao longo de todo o país, mais ou menos 100 mm. Os dias com névoa são

freqüentes no inverno, principalmente no sul e centro do país. A umidade média é de 70% e

75%. O mês mais seco é janeiro.

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3. HISTÓRIA

3.1 Colonização

Descoberto pelos espanhóis em 1516, o território que hoje ocupa o Uruguai obtém

sua independência tanto de espanhóis quanto de portugueses em 1825 e, jura sua primeira

Constituição em 1830.

Desde finais do século XIX até a segunda metade do século XX, o Uruguai recebeu

as correntes imigratórias mais importantes na sua constituição. Os espanhóis e os italianos

fortaleceram o substrato cultural dos nossos dias.

Contingentes menos numerosos de imigrantes provenientes da França e de outras

regiões da Europa e da Ásia chegaram também ao Uruguai tentando um melhor porvir.

Sorte muito diferente explica a presença dos afro-uruguaios, descendentes, na sua imensa

maioria, daqueles que foram trazidos desde a África como escravos no período colonial.

Antes do descobrimento do Uruguai pelos espanhóis, em 1516, os habitantes

daquela terra eram os índios charruas, chanaés e guaranis, entre outros. Dos milhares de

índios que lá habitavam, a maioria era da tribo charrua.

Os primeiros europeus chegaram à área no início do século XVI, tanto a Espanha

como Portugal procuraram colonizar o futuro Uruguai. Portugal tinha por base a Colônia do

Sacramento (na margem oposta a Buenos Aires, no rio da Prata), enquanto a Espanha

ocupava Montevidéu, fundada no século XVIII e que veio a se tornar a capital do futuro país.

Durante todo esse período da colonização e de disputas entre os europeus,

gradativamente o número de indígenas foi diminuindo devido a doenças e as desavenças

com os brancos que resultavam em morte. Em 1832, a nação indígena charruas foi

dizimada.

O início do século XIX viu o surgimento de movimentos de independência por toda a

América do Sul, incluindo o Uruguai, então conhecido como a Banda Oriental del Uruguay

(isto é, "faixa a leste do rio Uruguai"), cujo território foi disputado pelos estados nascentes do

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Brasil, herdeiro de Portugal, e da República Argentina, com capital em Buenos Aires,

herdeira do Vice-reinado do Prata da Espanha.

O Brasil havia recuperado a área em 1811 e anexado-a em 1821. A Banda Oriental

passou a fazer parte do Brasil como seu território mais austral (extremo sul). Em 1822, com

a independência do Brasil, a região passou a fazer parte do nascente império, havendo

Montevidéu jurado a Constituição Imperial de 1824. A 23 de Agosto de 1825, no entanto,

setores descontentes de Montevidéu organizaram revoltas contra o governo da corte do Rio

de Janeiro.

A província austral (extremo sul) se tornaria independente com a assinatura do

Tratado de Montevidéu, em 1828. As negociações para a independência tiveram a

mediação de George Canning, então chefe do Foreign Office ou Ministério do Exterior

britânico, que visava consolidar a livre-navegação do rio da Prata.

De modo a se criar símbolos nacionais ao novo país independente, o sentimento

separatista foi vinculado ao General Artigas, que sustentou as lutas contra a anexação da

Banda Oriental seja pelo Brasil seja pelas Províncias Unidas do Rio da Prata, entre 1810 e

1820. Se a independência foi satisfatória para os partidários blancos, vinculados aos

estancieiros do interior, a separação não desagradou aos colorados de Montevidéu, que

tiveram o primeiro presidente constitucional entre seus quadros e se entendiam mal

governados pela corte brasileira.

3.2 O Uruguai já pertenceu ao Brasil

A primeira investida brasileira sobre o território vizinho aconteceu em 1811, no

governo de Dom João. A invasão era uma medida preventiva, pois o monarca temia que o

movimento pela independência daquele local - liderado por José Artigas e que se alastrava

em direção às Províncias Unidas do Rio da Prata, atual Argentina - chegasse ao país. Para

a época, o discurso republicano e abolicionista era uma ameaça ao nosso governo

absolutista e à maneira como a estrutura produtiva do Brasil estava organizada, assentada

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sobre o trabalho escravo. Como pretexto para a invasão, Dom João se apoiou no fato de

sua esposa, Carlota Joaquina, ser espanhola e reivindicar para seu país o governo da

região. Porém, um ano depois da tomada do território, o governo brasileiro foi forçado a

retirar suas tropas. Já em 1817, Dom João - coroado como Dom João VI - decidiu pôr nova

ocupação militar para afastar de vez a possibilidade de um golpe, movido por forças

antiabsolutistas e antiescravistas. Cinco anos mais tarde, o Uruguai foi oficialmente

incorporado ao território brasileiro, com o nome de Província Cisplatina, tendo permanecido

nessa condição até 1828. Portanto, o controle brasileiro sobre a região, somando-se as

duas invasões, totalizou 13 anos. O Uruguai só conquistou a independência do Império do

Brasil graças ao movimento separatista local, que proclamou em 1828 a República Oriental

do Uruguai.

3.3 Província Cisplatina

A primeira colônia se estabeleceu em 1624, em Soriano. Os colonizadores eram

espanhóis. Em 1860, um grupo de portugueses fundou a colônia de Sacramento. Logo os

espanhóis expulsaram os portugueses. A época da colonização do Uruguai foi marcada pela

constante disputa entre espanhóis e portugueses.

A cidade de Montevidéu foi fundada pelos espanhóis entre 1724 e 1750. Em 1800

surgiu o sentimento nacionalista nos uruguaios, o que levou o militar uruguaio José Gervazio

Artigas a partir para a luta armada, dominando a cidade de Montevidéu de 1810 a 1814. Em

1816, Artigas foi derrotado.

Em 1821, o Uruguai foi ocupado e anexado ao território brasileiro, a partir de uma

aliança entre os brasileiros e os portugueses. A região foi chamada de Província Cisplatina.

Em 1825 os brasileiros foram expulsos com a liderança do uruguaio Juan Antonio

Lavalleja, ajudado por tropas argentinas. Juan Antonio Lavalleja proclamou a independência

uruguaia na mesma ocasião, o que só foi reconhecido por brasileiros e argentinos em 1828,

através do tratado de Montevidéu.

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3.4 A Suiça da América

No começo do século XX, era considerado como a “Suíça da América”, por ser o

país mais vanguardista política e culturalmente da América do Sul. A época de bonança

vivida durante estes anos viu-se acompanhada do edifício mais alto da América Latina em

1925 (Palácio Salvo), do maior estádio do mundo (Estádio Centenário), de excelentes níveis

sanitários e do triunfo nos campeonatos de futebol nos Jogos Olímpicos (Paris 1924 e

Amsterdã 1928) e os mundiais de futebol de 1930 (cuja sede foi a cidade de Montevidéu) e

1950, no Brasil, façanhas que contribuíram a perpetuar o mito da “idade do ouro” do

Uruguai.

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4. A GUERRA GRANDE

O espectro político no Uruguai ficou dividido entre dois partidos, os conservadores

Blancos ("brancos", Partido Nacional) e os liberais Colorados ("vermelhos"). Os Colorados

eram liderados por Fructuoso Rivera e representavam os interesses econômicos de

Montevidéu, enquanto que os Blancos eram liderados por Manuel Oribe e representavam os

interesses dos agricultores e promoviam o protecionismo. Os grupos herdaram os nomes

das cores das braçadeiras que usavam, inicialmente os Colorados eram azuis, mas depois

de a braçadeira desbotar ao Sol adotaram o vermelho.

Os partidos uruguaios associaram-se às facções políticas que guerreavam na vizinha

Argentina. Os Colorados eram a favor dos exilados liberais, Unitários, muitos dos quais

tinham buscado refúgio em Montevidéu, enquanto o líder Blanco, Manuel Oribe, era um

amigo próximo do ditador argentino, Juan Manuel de Rosas. Oribe ficou ao lado de Rosas

quando a marinha francesa bloqueou Buenos Aires em 1838, o que levou os Colorados e os

exilados Unitários a procurarem ajuda francesa contra Oribe e, a 15 de Junho de 1838, um

exército liderado por Fructuoso Rivera, derrubou o presidente que se refugiou na Argentina.

Os Unitários formaram um governo exilado em Montevidéu e, com o apoio secreto

dos franceses, Rivera declarou guerra a Rosas em 1839. Este conflito iria durar treze anos e

ficar conhecido como a Guerra Grande.

Em 1840, um exército de Unitários exilados tentou invadir o norte da Argentina

vindos do Uruguai, mas com pouco sucesso. Dois anos depois o exército argentino invadiu o

Uruguai a favor de Oribe. Tendo tomado o controlo da maior parte do país, embora não

tenham conseguido capturar a capital. O cerco de Montevidéu começou em Fevereiro de

1843 e iria durar nove anos e captar as atenções e a imaginação do mundo inteiro.

Alexandre Dumas comparou-o com uma nova guerra de Tróia.

Os Uruguaios cercados pediram ajuda aos estrangeiros residentes, tendo-se

formado uma legião francesa e outra italiana. A italiana era liderada por Giuseppe Garibaldi,

que estava a lecionar matemática em Montevidéu quando a guerra estalou, Garibaldi foi

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ainda nomeado chefe da marinha uruguaia e esteve envolvido em muitos atos famosos

durante a guerra, nomeadamente a batalha de San Antonio, que o fez obter uma reputação

de nível mundial como formidável líder de guerrilha.

O bloqueio argentino a Montevidéu foi ineficaz, pois Rosas tentou não interferir com

o trânsito internacional de navios no Rio da Prata. Mas em 1845, quando o acesso ao

Paraguai foi bloqueado, o Reino Unido e a França aliaram-se contra Rosas, capturaram a

sua frota e iniciaram um bloqueio a Buenos Aires, enquanto o Brasil se aliava à Argentina.

Rosas conseguiu negociar acordos de paz com a Grã Bretanha (em 1849) e com a França

(em 1850), tendo esta última concordado em retirar a sua legião se as tropas de Rosas

saíssem do Uruguai.

Oribe manteve um cerco pouco apertado à capital. Em 1851, o caudilho argentino

Urquiza virou-se contra Rosas e assinou um pacto com os exilados Unitarios, os uruguaios

Colorados e com o Brasil contra Rosas. Urquiza, com o apoio do exército brasileiro sob o

comando do Duque de Caxias, entrou no Uruguai, derrotou Oribe e levantou o cerco a

Montevidéu, seguidamente derrubou Rosas na Batalha de Monte Caseros, a 3 de Fevereiro

de 1852. Com Rosas derrotado e exilado a Guerra Grande chegou finalmente ao fim.

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5. A TRÍPLICE ALIANÇA

Em 1855, um novo conflito estalou entre os partidos, e atingiu o seu ponto alto

durante a Guerra da Tripla Aliança (ou Guerra do Paraguai). Em 1863, o general dos

Colorados Venancio Flores organizou um levantamento armado contra o presidente Blanco,

Bernardo Prudencio Berro. Flores saiu vitorioso, com o apoio do Brasil e da Argentina, que

lhe cederam tropas e armas, enquanto Berro forjou uma aliança com o líder paraguaio

Francisco Solano López. Quando o governo de Berro foi derrubado, em 1864, com o apoio

brasileiro, López declarou guerra ao Brasil.

O resultado foi a Guerra da Tripla Aliança, um conflito de cinco anos onde o Uruguai,

o Brasil e a Argentina combateram o Paraguai, em que Flores acabou por sair vencedor,

mas perdendo 95% das suas tropas. Flores não saboreou a sua vitória pírrica (vitória pírrica

ou vitória de Pirro é uma expressão utilizada para expressar uma vitória obtida a alto preço,

potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis) por muito tempo, pois foi

assassinado em 1868, no mesmo dia que o seu rival Berro.

Ambos os partidos estavam conscientes do caos. Em 1870 chegaram a um acordo

para definir as esferas de influência de cada um: os Colorados controlariam Montevidéu e a

região costeira, já os Blancos controlariam o interior com os seus espaços agrícolas. Além

disto, os Blancos receberam meio milhão de dólares para os compensar pela perda de

Montevidéu. Contudo a figura do caudilho foi difícil de apagar do Uruguai e os feudos

políticos continuaram.

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6. DESENVOLVIMENTO SÓCIO ECONÔMICO

Depois da Guerra Grande, houve um aumento assinalável da imigração, sobretudo

de Espanha e Itália, em 1860 os imigrantes representavam 48% da população, e 68% em

1868. Na década de 1870 entraram no Uruguai mais de 100.000 europeus, pelo que em

1879 viviam cerca de 438.000 pessoas no Uruguai, um quarto das quais em Montevidéu.

Em 1857 o primeiro banco abriu, três anos depois iniciou-se a construção de um

sistema de canais e em 1860 a primeira linha de telégrafo foi instalada e construíram-se

ligações ferroviárias entre a capital e a província.

A economia viveu um acelerado crescimento depois da Guerra Grande, sobretudo na

criação e exportação de gado. Entre 1860 e 1868, o número de ovelhas passou de três para

dezessete milhões, devendo-se o aumento sobretudo aos novos métodos trazidos pelos

imigrantes europeus.

Montevidéu tornou-se um grande centro econômico, graças ao seu porto natural

tornou-se um entreposto para mercadorias da Argentina, do Brasil e do Paraguai. Também

as cidades de Paysandú e Salto, ambas situadas no Rio Uruguai, viveram um

desenvolvimento semelhante.

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7. O URUGUAI CONTEMPORÂNEO

As reformas econômicas de Sanguinetti visavam atrair o investimento e capital

estrangeiro e tiveram algum sucesso na estabilização da economia. Para a promoção da

reconciliação nacional e facilitar o retorno ao funcionamento democrático das instituições,

Sanguinetti conseguiu aprovar por plebiscito uma controversa anistia geral aos líderes

militares acusados de violações dos direitos humanos durante a ditadura, e acelerou a

libertação dos antigos guerrilheiros.

As eleições de 1989 foram vencidas por Luís Alberto Lacalle, do Nacional, que

governou no período de 1990 a 1995. Lacalle, além de fazer o Uruguai aderir ao Mercosul

em 1991, empreendeu grandes reformas estruturais liberalizando e privatizando a

economia, apesar de algum sucesso econômico, estas medidas deram origem a uma

grande oposição política, que chegou a conseguir anular algumas das reformas por

referendo.

Nas eleições de 1994 Sanguinetti voltou a ser eleito, embora sem maioria no

parlamento, tendo por isso o Colorado e o Nacional encetado uma coligação governamental.

As reformas econômicas continuaram e o sistema eleitoral, a segurança social, a educação

e a segurança pública foram também revistos. A economia cresceu de forma estável durante

a maior parte do mandato até que os baixos preços das mercadorias e dificuldades

econômicas nos maiores mercados para os quais o Uruguai exportava conduziram a uma

recessão em 1999 que continuou até 2002.

As eleições de 1999 decorreram-se sob as alterações introduzidas pela revisão

constitucional de 1996. Primárias em Abril decidiram candidatos únicos para cada partido e

as eleições decorridas em Outubro determinaram a representação para a legislatura. Como

nenhum candidato obteve maioria, em Novembro houve uma segunda volta na qual Jorge

Batlle Ibáñez do Colorado e com o apoio do Nacional, derrotou Tabaré Vázquez o candidato

da Frente Amplio. Os partidos vencedores continuaram a sua coligação legislativa, pois

isoladamente não conseguiam ultrapassar os 40% da Frente Amplio, esta coligação acabou

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em Novembro de 2002, quando os Blancos se retiraram dos seus ministérios, embora

continuassem a apoiar os colorados na maioria dos temas.

O mandato de Batlle foi marcado pela recessão e incerteza econômica, pela

desvalorização do real no Brasil em 1999, os surtos de febre aftosa em 2001 e finalmente

com o colapso político-econômico da Argentina. O desemprego elevou-se para perto dos

vinte por cento, o valor real dos salários diminuiu e o peso desvalorizou-se, tendo sido

relegados para a pobreza quase quarenta por cento dos uruguaios.

Com o piorar das condições econômicas a opinião pública virou-se contra as

políticas econômicas de mercado comum, adotadas pelo governo de Batlle e os seus

antecessores, levando à rejeição em plebiscito das propostas para a privatização da

companhia estatal de petróleo em 2003 e da companhia estatal de água em 2004.

Em 2004 os uruguaios elegeram Tabaré Vázquez como presidente, dando à Frente

Amplio, a maioria nas duas câmaras do parlamento. O governo comprometeu-se a continuar

os pagamentos da dívida externa do Uruguai e também prometeu combater fortemente os

problemas generalizados da pobreza e do desemprego.

A construção de uma fábrica de papel em Fray Bentos - o maior investimento da

história do país, feito pela empresa finlandesa Botnia, de 1,7 bilhões de dólares - às

margens do rio Uruguai provocou grande tensão entre o governo dos dois países ao longo

de 2006. A Argentina levou representação contra a instalação da indústria ao Tribunal

Internacional de Haia em 2006; todavia, a decisão favoreceu o Uruguai. Moradores da

localidade argentina de Gualeguaychú, localizada na outra margem do rio, bloquearam por

diversas vezes a ponte que une os dois países, alegando prejuízo ambiental e turístico

diante da poluição gerada no processamento da celulose.

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8. POLÍTICA

8.1 Tabaré x Mujica

Tabaré

Tabaré Ramón Vázquez Rosas (Montevidéu, 17 de janeiro de 1940), médico e

político uruguaio. Foi presidente da República Oriental do Uruguai de 2005 até 2010.

Vázquez, de tendência socialista, é líder da principal coalizão de esquerda do país, a

Frente Amplio. Vázquez foi eleito presidente em 31 de outubro de 2004 e teve sua posse

realizada em 1º de março de 2005, tornando-se o primeiro presidente de esquerda da

história do Uruguai.

Nascido no bairro de La Teja em Montevidéu, Vázquez estudou medicina na escola

médica da Universidad de La República graduando-se como especialista em oncologia em

1972. Em 1976 ganhou uma concessão do governo francês para receber treinamento

adicional em Paris.

De 1990 a 1995, Vázquez foi o primeiro prefeito de Montevidéu da coalizão Frente

Amplio. Em 1994, concorreu sem sucesso ao cargo de presidente do Uruguai, recebendo

30,6% da porcentagem total de votos. Concorreu novamente em 1999, recebendo 48% dos

votos na eleição do segundo turno, perdendo para Jorge Batlle Ibáñez. Nas eleições de

2004, venceu com 50,45% do total (1.124.761 votos) na primeira contagem, eliminando a

necessidade de segundo turno.

Segundo dados oficiais, durante os quase cinco anos do governo de Tabaré

Vázquez, que assumiu a Presidência em 2005, o Produto Interno Bruto (PIB) do Uruguai

cresceu mais de 30%, a pobreza passou de 31,9% para cerca de 20%, e o desemprego caiu

de 13,1% para 7%. A expansão econômica incluiu crescimento recorde das exportações

agropecuárias e o incremento, inédito, da produção industrial.

O governo de Tabaré estabeleceu as bases do crescimento econômico com

distribuição de riqueza. Os sistemas público e privado de saúde foram integrados para que

todos sejam atendidos da mesma forma, além da reforma tributária e também foram

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19

aprovadas no Congresso Nacional medidas como a autorização para casamento de

pessoas do mesmo sexo e para que casais gays adotem bebês, além de medidas como a

distribuição de um laptop para cada um dos 369 mil alunos do ensino fundamental.

José Alberto Mujica Cordano

Nascido em Montevidéu em 20 de maio de 1935, Mujica começou sua trajetória no

Partido Nacional, chamado pelos uruguaios de Blanco, hoje de centro-direita. Mas logo

passou a integrar o grupo guerrilheiro Tupamaros, que combateu governos ditatoriais do

país usando assaltos e sequestros como instrumento de pressão.

Depois de participar de ações ousadas promovidas pelos ativistas, Mujica passou à

clandestinidade em 1963 e anos mais tarde acabou preso pela primeira vez.

Na cadeia, diz ele, os maiores sinais de vida que via eram pequenas rãs que se

aninhavam em um buraco em sua cela. Fugiu em 1971, mas acabou recapturado pouco

depois de conhecer sua mulher, a também ex-militante socialista Lucía Topolansky, com

quem se casou oficialmente apenas há quatro anos - o casal não tem filhos. Só deixaria a

prisão em 1985, com o fim da ditadura.

Assim que saiu da cadeia, Mujica se instalou com sua mulher em uma fazenda que

ganhou o nome de "Pueblada" ("povão", em tradução livre), onde vive até hoje - agora na

companhia de alguns sem-teto que lhe pediram abrigo. Nesse lugar, ele se dedica a suas

paixões: a agricultura e a floricultura, que aprendeu com a mãe e repassou a Lucía. Além da

paixão pelas plantas, Mujica também é adepto de um hobby muito comum no Uruguai:

andar de lambreta.

Mujica conseguiu 51% dos votos e dá continuidade ao governo de esquerda do

antecessor Ramón Tabaré Vázquez.

José "Pepe" Mujica, 74, se transformará no presidente mais velho dos 196 anos de

história do Uruguai, após uma vida marcada por seu passado de guerrilheiro, cheia de

ataques e tiroteios, e de preso político, que lhe custou torturas na prisão por mais de uma

década.

Page 21: Uruguai 29032010 Doc

20

Mujica venceu no segundo turno das eleições o ex-governante conservador Luis

Alberto Lacalle, de 68 anos, amparado em seu enorme apoio entre as classes populares,

com quem se identifica plenamente.

Mujica, que até então já tinha sido eleito primeiro deputado em 1994 e depois

senador nas eleições de 1999 e 2004, ocupou na gestão de Vázquez a pasta de Pecuária,

Agricultura e Pesca.

Como ministro, sua popularidade se manteve e, em 2008, renunciou para se dedicar

exclusivamente a sua candidatura à Presidência, apesar da oposição do presidente, que

preferia como sucessor Danilo Astori, ex-ministro da Economia.

Durante a luta interna pela candidatura da esquerda, a popularidade de Mujica se

impôs e Astori terminou integrando a chapa como candidato a vice-presidente.

Page 22: Uruguai 29032010 Doc

21

9. ECONOMIA

A economia do Uruguai é caracterizada por um setor agrícola orientado para a

exportação, com uma força de trabalho bem educada, com altos níveis de investimentos

sociais. Pastagens para rebanhos de bovinos e ovinos cobrem cerca de 80% da área do

país.

A origem setorial da produção uruguaia mostra um claro predomínio do setor de

serviços, que tem cerca de 70% do total do PIB. Isto reflete, entre outros aspectos, o grande

peso do setor público, a relativa importância do setor financeiro apesar da crise, e o grande

volume de recursos dedicados a saúde e educação.

EXPORTAÇÃO: carne, lã e pele de bovinos e ovinos são os principais produtos de

exportação.

IMPORTAÇÃO: máquinas, petróleo cru, produtos químicos, veículos

9.1 Recursos naturais

O Uruguai tem escassos minerais, sendo seu principal recurso natural os agrícolas.

No geral, seus solos são muito férteis, com exceção dos pântanos da costa oriental. A

energia hidroelétrica é de fundamental importância para o país. Destacam-se a Central

Hidroelétrica de Salto Grande, sobre o rio Uruguai, que comparte com Argentina, e a do

Rincón del Bonete, sobre o rio Negro, a de maior aproveitamento hidrelétrico do país. O

setor elétrico está nacionalizado.

9.2 Agricultura e pecuária

A criação de gado é a principal atividade agropecuária do Uruguai e o pilar de sua

economia, já que constitui mais de 40% em exportações anuais de carne, lã e peles. O clima

moderado, de poucas variações, e a distribuição homogênea das chuvas permite a criação

de gado durante todo o ano.

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Apenas 8% do território estão dedicados ao cultivo da agricultura, essa superfície

aumenta gradualmente no decorrer dos anos. Os principais produtos agrícolas são: arroz,

trigo, milho, cana de açúcar, batata, aveia e beterraba.

9.3 Silvicultura e pesca

As terras uruguaias são no geral fecundas, apesar de que apenas 4,7% da superfície

do país estão florestadas. Uma boa capa de relva proporciona grandes quantidades de

matéria orgânica e a chuva moderada, distribuída uniformemente durante o ano, não gera

um lavado excessivo de nutrientes.

As explorações de milhões de cabeças de bovinos e ovinos provocam corrosão nas

terras, mas o nível desta não é alarmante.

Em 2002 foram obtidos 5,67 milhões de m³ de madeira. Aproximadamente 90%

dessa produção é utilizada para produzir combustível.

O setor pesqueiro se expandiu de forma impressionante durante a década de 1970.

9.4 Indústria

A produção de minérios no Uruguai é muito reduzida; a principal atividade se centra

nos canteiros de areia e argila. O governo promoveu o desenvolvimento de indústrias

orientadas à exportação, sendo as principais as fábricas de têxtil, de lã, algodão e sintéticos,

indústria de peleteria, de carnes e de outros produtos de alimentação. A refinagem do

petróleo, a fabricação de cimento e a produção de ferro, alumínio, equipamentos elétricos e

produtos químicos são também importantes.

9.5 Serviços

O Ministério da Saúde Pública e suas diversas comissões criaram centros sanitários

e clínicas, controlando os brotes de tuberculoses e reduzindo a taxa de mortalidade infantil.

O país é destaque por seus avançados programas de bem estar social, cuja cobertura

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engloba acidentes, doenças laborais, incapacidade, jubilação, maternidade e subsídios à

infância. Um fundo especial proporciona empréstimos às famílias e o governo aprovou leis

para proteção da mulher e do menor.

9.6 Comércio

A unidade monetária do Uruguai é o peso, dividido em 100 centésimos. O país tem

um sistema bancário avançado e que conta com numerosos bancos privados. O Banco da

República é o banco estatal e o agente financeiro do governo. O Banco Central do Uruguai é

o organismo responsável pela emissão de dinheiro e de regular a banca privada.

As exportações têm um papel importante na economia uruguaia. Os principais sócios

comerciais são: Brasil, Argentina, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, China e Itália.

Confecções, têxtil, carne, arroz e peles são os principais produtos de exportação. O país

importa: alimentos, químicos, plásticos e resinas sintéticas, maquinaria e veículos. O

turismo, especialmente o que provém da Argentina, é um importante gerador de divisas.

Page 25: Uruguai 29032010 Doc

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10. CULTURA

Como a Argentina, o Uruguai tem cultura marcadamente européia, com

características parecidas na linguagem e nos costumes. Ao contrário de muitos países da

América do Sul, a influência indígena é extremamente distante. As tradições gaúchas têm

grande importância no folclore de ambos os países. São inúmeras as instituições culturais,

públicas e privadas, sobretudo em Montevidéu.

Algumas das manifestações que fazem parte do patrimônio cultural do Uruguai são

as que foram deixadas pelos nascidos nesse território, destacando-se no campo das letras,

pensamento, arte e ciência. Exemplo disso é Mario Benedetti, nascido em Montevidéu em

1920, entre suas publicações encontram-se "La Trégua" e seus poemas "Viento del exílio".

Outro é Eduardo Galeano, autor de vários livros, traduzidos a mais de vinte línguas e de

importante obra jornalística.

10.1 Folclore

O folclore uruguaio apresenta distintas manifestações. Por um lado estão as canções

e danças que nascem e se nutrem no âmbito campesino como a Vidalita, a Milonga, a

Payada e o Pericón, sempre acompanhadas pelo violão, instrumento musical introduzido

durante o período da dominação espanhola e inseparável de todo cantor do campo e

expressão gauchesca, assim como também o acordeón que imprimi um gracioso ritmo às

suas danças. Por outro, as danças e rituais de origem africana deram lugar a um rico

folclore afro-uruguaio onde se destaca o famoso candombe, a grande dança dos cidadãos

de Montevidéu imortalizada nos quadros de Fiagri. É um espetáculo de chamar atenção e

de muita animação onde seus espectadores se convertem em participantes.

Anualmente, se celebram grandes festas folclóricas tais como a de “Minas e Abril”

para recriar as melhores tradições gaúchas.

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25

10.2 Música e Dança

Assim como na Argentina, as músicas e danças folclóricas são semelhantes e o

gaúcho é o motivo principal.

A Milonga, canção e dança nascida em Montevidéu, logo se estendeu para sua

vizinha Buenos Aires. O governo e a classe média apóiam as atividades teatrais e musicais,

um dos grupos de maior tradição é o Teatro Circular de Montevidéu.

10.3 Culinária

A culinária uruguaia é bastante semelhante à da Argentina. Os Uruguaios são

vorazes devoradores de carne, e a Parrillada e o Matambre, tal como na Guatemala e na

Argentina, são os pratos regionais mais populares. Mas também o Chivito, um delicioso

sanduíche de bife suculento, é bastante conhecido. Dentre os petiscos típicos, são de

salientar os Olímpicos (club sandwiches) e os Húngaros (salsicha picante enrolada em

massa ou pão, tipo cachorro quente).

O chá e o Mate são ingeridos em quantidades astronômicas, assim como o Clericó,

uma mistura de vinho branco com sumo de frutas, gênero sangria branca. Como sugestões

do Comezainas, ficam as receitas de Carne Estufada e de Garrapiñada.

10.4 Educação

O Uruguai foi o primeiro país das Américas a ter uma educação primária universal,

gratuita e obrigatória, sob a influência do presidente José Pedro Varela (1875 - 1876), que

convenceu o governo a fazer a lei da educação comum de 1877. O modelo adotado para a

escola pública foi baseado no sistema francês, e assim foi estabelecido um sistema

centralizado cobrindo todo o país. Foi criada então uma rígida separação em três ramos de

educação: primária, secundária e superior.

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10.5 Esporte

O Uruguai tem tradição em desportos como futebol, basquete, rugby, atletismo,

ciclismo e hockey, e seus atletas são conhecidos como os Celestes.

A Seleção Uruguaia de Futebol foi campeã da Copa do Mundo de Futebol em 1930 e

1950 e campeã olímpica em 1924 e 1928 além de ser a maior vencedora da Copa América

junto à Argentina com 14 títulos.

As maiores equipes do país são o Club Nacional de Football e o Club Atlético

Peñarol, que juntos somam 8 títulos da Copa Libertadores da América (fazendo do Uruguai

o terceiro maior vencedor dessa competição), com 3 e 5 títulos respectivamente. Além

disso, ambos os clubes, sediados em Montevidéu, venceram o Campeonato Mundial

Interclubes 3 vezes cada.

A Seleção Uruguaia de Rugby está entre as 20 melhores do mundo e é a segunda

melhor da América Latina, sendo superada apenas pela da Argentina.

10.6 Carnaval

O Uruguai se gaba de ter o mais longo carnaval do mundo, são quase 40 dias de

muita diversão e folia. O desfile acontece na principal avenida de Montevidéu, a Avenida 18

de Julho.

Participam da festa 84 grupos e a festa vai até a primeira semana de março.

Conjuntos, carroças alegóricas e as rainhas das festas de Momo desfilam durante horas

diante de milhares de pessoas na avenida e são seguidos por boa parte dos uruguaios

através da televisão.

Tomam parte do “corso” agrupamentos de candombe, murgas, parodistas e

humoristas, que percorrem os bairros da cidade para apresentar seus espetáculos.

Diferentemente de outros carnavais do mundo, que se centram nos desfiles de rua, a festa

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27

uruguaia está concebida como um grande festival de teatro ao ar livre assistido por toda a

família, de crianças até idosos. Os tablados funcionam em bairros periféricos e a preços

populares, com o subsídio do estado, mas também são instalados nas zonas costeiras onde

vivem as classes médias. Além das atuações nos tablados ao ar livre, os grupos competem

num concurso que se desenvolve no Teatro de Verão de Montevidéu.

Page 29: Uruguai 29032010 Doc

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11. RELAÇÃO MERCOSUL

O Mercosul é um processo de integração econômica entre Argentina, Brasil,

Paraguai e Uruguai, iniciado com a assinatura do Tratado de Assunção, que tem como

objetivo a conformação de um mercado comum com:

livre circulação de bens, serviços, trabalhadores e capital, por meio, entre outros, da

redução das barreiras tarifárias e não-tarifárias e de medidas de efeito equivalente;

política comercial uniforme comum em relação a terceiros países/blocos, com a

adoção de uma tarifa externa comum;

coordenação das políticas macroeconômicas e harmonização das políticas

alfandegária, tributária, fiscal, cambial, monetária, de investimentos, de comércio

exterior, de serviços, de transportes, de comunicações, agrícola, industrial,

trabalhista, entre outras;

harmonização dos códigos legislativos dos países-membros nas áreas definidas

como pertinentes ao processo de integração.

Além desses objetivos gerais, o Mercosul desenvolve suas ações para os seguintes

objetivos específicos:

aumento e diversificação da oferta de bens e serviços com padrões comuns de

qualidade e seguindo normas internacionais, propiciando economias de escala;

promoção de modo coordenado do desenvolvimento científico e tecnológico;

busca permanente de pautas comuns para o desenvolvimento sustentável dos

recursos regionais;

aumento da participação dos setores privados no processo de integração.

O Uruguai tornou-se membro do Mercosul a partir da assinatura do Tratado de

Assunção em 1991. O objetivo era estabelecer um mercado comum entre os países

acordados, formando então o popularmente conhecido Mercosul, Mercado comum do sul.

Mais tarde, em 1994, o Protocolo de Ouro Preto foi assinado como um complemento do

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29

Tratado, estabelecendo que o Tratado de Assunção fosse reconhecido jurídica e

internacionalmente como uma organização. Com isso os fluxos de comércio no interior do

bloco aumentaram significativamente.

Em 1999 o bloco perdeu parte da sua importância comercial para o país. A crise

econômica afetou todos os Estados do Mercosul, mas principalmente a Argentina e o

Uruguai. O impacto da recessão que começou em 1999 foi estendia até o final de 2002,

provocando a maior crise econômica na história do Uruguai. A crise evidenciou a

necessidade de trabalhar conjuntamente as políticas macroeconômicas dos países sócios.

Inaugurando um período de reflexões e indagações a cerca da continuidade e dos

benefícios do Mercosul para o conjunto dos seus países, em especial para os países

pequenos como o Uruguai.

Com o fim da crise no final de 2002, surgiram rumores que o Uruguai poderia vir a

assinar acordos bilaterais com os Estados Unidos, que seria o “Tratado de livre comércio”.

Que é um acordo internacional entre países distintos para conceder uma série de

determinados benefícios de forma mútua caracterizando um livre comércio. O Tratado tem

como característica:

eliminar barreiras que afetem ou atrapalhem o comércio;

incrementar as oportunidades de inversão;

oferecer soluções controvérsias;

estabelecer processos efetivos para o estímulo da produção nacional entre outras.

O governo do Uruguai apesar de em alguns momentos ter optado por estratégias

que ameaçaram a unidade, sempre foi favorável à permanência do país no Mercosul. O

bloco tem uma importância estratégia fundamental para o Uruguai.

Apesar das críticas diversas, das imperfeições e dos objetivos não cumpridos, o

Mercosul é uma inserção internacional do Uruguai.

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12. RELAÇÃO COM O BRASIL

O Brasil e o Uruguai são economias que em muitos aspectos se complementam. O

comércio bilateral reflete essa situação: o Brasil vende ao Uruguai insumos industriais,

maquinaria, automóveis, equipamentos de transporte e produtos tropicais e uma parte

significativa das compras nesse país corresponde a produtos agro-industriais de clima

temperado (arroz, carne bovina, laticínios, cevada, etc.).

Desde 2004 a relação comercial entre o Brasil e Uruguai tem aumentado. Em 2005 o

intercâmbio comercial entre Brasil e Uruguai foi de 853.137.754, passando para

1.012.597.766 em 2006 e em 2007 chegando a 1.288.439.665. Já as importações, feitas

pelo Brasil, apesar da queda em 2005 voltaram a crescer em 2006 e 2007. O Uruguai se

encontra, segundo a CIA, em 104º lugar no ranking de exportadores mundiais e em 106º

nas importações mundiais.

Exportações Brasil - Uruguai

Período US$ FOB Peso Líquido (kg)

2005 853.137.754 782.572.001

2006 1.012.597.766 1.025.253.309

2007 1.288.439.665 1.177.863.743

Fonte: Aliceweb

Importações Brasil - Uruguai

Período US$ FOB Peso Líquido (kg)

2005 493.653.258 910.276.167

2006 618.224.941 1.090.238.177

2007 786.338.029 1.218.178.636

Fonte: Aliceweb

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31

Balança Comercial Brasil - Uruguai/ 2008Valores em US$ FOB

Mês Exportação Importação Saldo Corrente de Comércio

JAN 115.540.541 85.635.071 29.905.470 201.175.612

FEV 105.600.947 71.777.074 33.823.873 177.378.021

MAR 109.923.531 73.029.908 36.893.623 182.953.439

ABR 103.846.308 66.639.024 37.207.284 170.485.332

MAI 164.016.942 87.792.786 76.224.156 251.809.728

JUN 158.599.842 93.395.302 65.204.540 251.995.144

JUL 159.334.702 84.406.241 74.928.461 243.740.943

AGO 209.824.356 88.028.436 121.795.920 297.852.792

SET 147.295.573 99.250.327 48.045.246 246.545.900

OUT 137.999.862 100.752.689 37.247.173 238.752.551

NOV 116.708.823 81.653.280 35.055.543 198.362.103

DEZ 115.434.287 85.838.941 29.595.346 201.273.228

Acumulado 1.644.125.714 1.018.199.079 625.926.635 2.662.324.793

Fonte: MDIC/SECEX

Fonte: MDIC/SECEX

Page 33: Uruguai 29032010 Doc

32

Fonte: MDIC/SECEX

Fonte: MDIC/SECEX

Page 34: Uruguai 29032010 Doc

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Fonte: MDIC/SECEX

Fonte: Braziltradenet

Fonte: Braziltradenet

Page 35: Uruguai 29032010 Doc

34

13. ETIQUETA EMPRESARIAL

No Uruguai, assim como em todos os países latinos, os cumprimentos são calorosos

entre as pessoas;

A proximidade física é comum, tanto em situações sociais quanto de negócios;

Há pontualidade nos encontros de negócios;

Os negociadores são normalmente impacientes, querendo resultados imediatos;

No que diz respeito a comunicação, o inglês é bem utilizado nos círculos

empresariais e turísticos mas é inestimável ter conhecimento do espanhol;

Os cartões de negócio são essenciais em negociações e é uma vantagem ter o

verso impresso em espanhol;

Evite visitas durante a semana de carnaval;

Apesar de buscarem o resultado imediato, isso não significa que os negociadores

serão agressivos, e sim, que serão persistentes até determinado ponto;

Dependendo das condições do ambiente, após alguns encontros, as pessoas

passam a ser tratadas como se fossem muito conhecidas ou quase como amigas;

As mulheres tem presença marcante nas áreas comerciais e atividades econômicas

em geral;

A apresentação do vestuário é um item importante tanto para os homens como as

mulheres; deve-se evitar roupas extravagantes em modelos e cores, preferindo-se as

cores sóbrias. Os empresários devem usar ternos e gravatas conservadoras.

Faça perguntas sobre o Uruguai. As pessoas são muito orgulhosas de seu país;

Não confunda o Paraguai e o Uruguai;

Dar presentes não é uma parte importante nas negociações. Mas se for presentear,

dê scotch (Black Label ou Chivas Regal)

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13.1 O Modelo de Hofstede

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14. CURIOSIDADES

A primeira edição da Copa do Mundo foi realizada no Uruguai em 1930.

A maioria das pessoas são de classe média, os extremos de riqueza e pobreza

encontradas na maioria dos outros países sul-americanos não existem.

Uruguaios têm uma abordagem pragmática, utilitária e materialista da vida.

Eles têm uma confiança inerente nas pessoas e uma forte crença na justiça social.

As pessoas não cumprimentam estranhos ao passar na rua. Saudação ou sorrir para

um estranho pode ser mal interpretado.

Um convite para jantar às 21:00h normalmente significa para chegar até às 22:00h,

uruguaios normalmente jantam às 21:00h ou 22:00h.

O Uruguai é um dos poucos países no mundo que adotou três bandeiras como

símbolo nacional. As três bandeiras são levantadas em conjunto em ocasiões

festivas nacionais, permanecendo alinhadas durante todo o dia. Nos colégios e

instituições de ensino tanto privadas como públicas, escolhem-se três alunos com

melhor rendimento acadêmico e lhes designam uma bandeira a cada um: a Nacional,

a de Artigas e a dos Treinta y Tres Orientales. Outros seis estudantes também

recebem homenagens, dividindo-os dessa forma em abandeirados.

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Feriados

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16 CONCLUSÃO

No presente trabalho, é importante ressaltar que dado o interesse da matéria, Teoria

das Relações Internacionais, é de suma importância conhecer outros países e outras

culturas, e tão mais importante estudar e aprender sobre os países que nos cercam, “nossos

vizinhos”. Neste, nos foi permitido estudar sobre “A República Oriental do Uruguai”, ou

somente Uruguai, nosso vizinho de fronteira. Foi possível conhecer sua origem, sua história

e ter uma visão, embora que superficial, de sua cultura, de sua formação social e do seu

estado atual como nação. Mesmo sendo um país pequeno e tendo sua economia

fundamentada na agricultura e pecuária é bem desenvolvido socialmente, principalmente na

área da educação, também mostra ser um país com muito potencial turístico, com belas

paisagens naturais e muita riqueza cultural.

Para finalizar, acreditamos que o Brasil tem muito que aprender com o Uruguai,

sobretudo em relação ao espírito social do povo e orgulho nacional, que é bem explícito no

povo uruguaio.

(...) O conhecimento das forças que determinam a política entre as nações, e das

maneiras pelas quais se desenrolam as relações políticas, revela a ambiguidade dos fatos

atinentes à política internacional. Em qualquer situação política, estarão em jogo tendências

contraditórias. Em determinadas condições, algumas dessas tendências terão maiores

probabilidades de predominar, mas, dentre essas várias possibilidades, saber qual delas irá

realmente ocorrer constitui área que fica aberta a capacidade de especulação de cada um.

(...)

(Morgenthan, 2003, p. 38)

Page 40: Uruguai 29032010 Doc

39

FONTES CONSULTADAS

http://comexsc.blogspot.com/2009/07/conhecendo-o-uruguai.htmlhttp://www.turismo.gub.uy/index.php?option=com_content&view=article&id=15&Itemid=29&lang=pthttp://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/verdade-uruguai-parte-brasil-historia- america-latina-528975.shtmlhttp://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/uruguai/historia-do-uruguai-2.phphttp://www.voyagesphotosmanu.com/historia_do_uruguai.htmlhttp://uruguay.costasur.com/pt/historia.htmlhttp://www.azores.gov.pt/NR/exeres/ACE7521B-DBE3-43CC-9E52-3815E0558939.htmhttp://www.mundi.com.br/Wiki-Uruguai-36.htmlhttp://www.indexmundi.com/map/?v=66&l=pthttp://www.angelfire.com/comics/spiderfriend/page9.htmlhttp://www.geert-hofstede.com/hofstede_dimensions.php?culture1=11&culture2=96http://www.ediplomat.com/np/cultural_etiquette/ce_uy.htmhttp://mundorama.net/2010/01/11/o-uruguai-e-o-mercosul-novos-desafios-de-jose-mojica-por-pedro-ernesto-fagundes/