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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE TERMINAÇÕES POLIMÉRICAS DE CABOS ISOLADOS DE MÉDIA TENSÃO GIOVANI ALMEIDA DÁVI CURITIBA 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO

DE TERMINAÇÕES POLIMÉRICAS DE CABOS

ISOLADOS DE MÉDIA TENSÃO

GIOVANI ALMEIDA DÁVI

CURITIBA

2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

GIOVANI ALMEIDA DÁVI

METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE

TERMINAÇÕES POLIMÉRICAS DE CABOS ISOLADOS DE

MÉDIA TENSÃO

Trabalho de graduação apresentado à disciplina de Projeto de Graduação como requisito parcial à conclusão do curso de Graduação de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Fernando Piazza

CURITIBA

2008

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TERMO DE APROVAÇÃO

GIOVANI ALMEIDA DÁVI

METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE

TERMINAÇÕES POLIMÉRICAS DE CABOS ISOLADOS DE

MÉDIA TENSÃO

Trabalho de graduação apresentado à disciplina de Projeto de Graduação como

requisito parcial à conclusão do curso de Graduação de Engenharia Elétrica da

Universidade Federal do Paraná.

________________________________________________________

Fernando Piazza

________________________________________________________

Joaquim Antônio Dalledone Neto

________________________________________________________

Nelson M. da S. Santos

Curitiba, dezembro de 2008

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, pelo apoio e consideração em tudo que foi

necessário na minha vida pessoal e profissional.

Agradeço ao professor orientador Fernando Piazza pela paciência e

dedicação na elaboração deste trabalho.

Agradeço ao professor/pesquisador Guilherme Cunha pela ajuda e

colaboração neste trabalho.

Agradeço aos meus amigos e colegas do LACTEC e da UFPR.

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RESUMO

A qualidade das terminações poliméricas para cabos de média tensão deve

ser avaliada antes de sua colocação em serviço. As técnicas atuais de construção

têm evoluído, mas diferem entre fabricantes e ainda são susceptíveis à falhas.

Neste trabalho foi desenvolvida uma metodologia para avaliação de

desempenho e qualificação de materiais de terminações poliméricas utilizadas em

cabos isolados de média tensão. Tal metodologia está baseada em ensaios

elétricos e físico-químicos realizados nos laboratórios do Instituto de Pesquisa

para o Desenvolvimento (LACTEC), localizado em Curitiba, estado do Paraná,

Brasil. Ainda foi elaborado um plano de método de falhas para determinar a

confiabilidade dos processos de montagem das terminações.

Foram selecionados os ensaios mais significativos para determinar a

qualidade das terminações e foi gerado como resultado uma especificação técnica

de aquisição de terminações poliméricas para cabos de média tensão.

Palavras-chave: Materiais Isolantes. Terminações poliméricas. Cabos de média tensão

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ABSTRACT

The quality of polymer terminations for medium-voltage cables should be

assessed before they are put into service. The current construction techniques

have evolved, but differ between manufacturers and are still susceptible to failure.

This work was developed a methodology for assessing the performance

and qualifications of polymeric terminations used in cables of medium voltage. This

methodology is based on electrical and physical-chemical tests made in

laboratories of the Institute of Reserch for the Development (LACTEC), located in

Curitiba, Parana state, Brazil. Still, it was elaborated a plan of method of failures to

determine the reliability of the processes of assembly of terminations.

Were selected the most significant tests to determine the quality of

terminations and was created as a result of an specification of acquisition of

polymer terminations for medium-voltage cables.

Key-words: Insulation materials. Polymer terminations. Medium-voltage cables.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..................................................................................................I

LISTA DE TABELAS.................................................................................................II

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13

2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 15

2.1. CABOS ISOLADOS DE MÉDIA TENSÃO ................................................... 15

2.2. TERMINAÇÕES POLIMÉRICAS ................................................................. 17

2.2.1. TERMINAÇÕES TERMOCONTRÁTEIS................................................... 19

2.2.2. TERMINAÇÕES CONTRÁTEIS A FRIO ................................................... 20

2.2.3. TERMINAÇÕES PUSH-ON ...................................................................... 21

2.2.4. TERMINAÇÕES MODULARES ................................................................ 21

2.3. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ............................................................ 22

2.4. MATERIAIS POLIMÉRICOS EMPREGADOS NAS TERMINAÇÕES ......... 25

2.4.1. POLIETILENO .......................................................................................... 25

2.4.2. BORRACHA DE SILICONE ...................................................................... 27

2.5. MECANISMOS DE ENVELHECIMENTO E DETERIORAÇÃO ................... 28

2.6. FERRAMENTAS PARA AVALIAÇÃO DE CONFIABILIDADE NOS

PROCESSOS DE MONTAGEM DAS TERMINAÇÕES ........................................ 30

2.6.1. ANÁLISE DE ÁRVORE DE FALHAS (AAF) ............................................. 30

2.6.2. METODOLOGIA ....................................................................................... 31

2.6.3. SIMBOLOGIA ........................................................................................... 32

2.6.4. ANÁLISE DE MODO DE FALHAS E EFEITOS - FMEA .......................... 33

3. EXPERIMENTAL ............................................................................................ 36

3.1. ENSAIOS TÉRMICOS ................................................................................. 37

3.1.1. ENSAIO DE CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC).. 37

3.1.2. ENSAIO DE TERMOGRAVIMETRIA (TGA) ............................................. 39

3.2. ENSAIOS FÍSICO-QUÍMICOS ..................................................................... 40

3.2.1. ENSAIO DE IDENTIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS POR

ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO (FTIR) ............................................ 40

3.2.2. ENSAIO DE NÉVOA SALINA ................................................................... 40

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3.2.3. ENSAIO DE HIDROFOBICIDADE ............................................................ 42

3.3. ENSAIOS ELÉTRICOS................................................................................ 43

3.3.1. ENSAIO DE CAPACITÂNCIA E FATOR DE DISSIPAÇÃO ...................... 43

3.4. ENSAIOS MECÂNICOS .............................................................................. 45

3.4.1. ENSAIO DE DUREZA .............................................................................. 45

3.4.2. ENSAIO DE TRAÇÃO E ALONGAMENTO NA RUPTURA ...................... 46

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 46

4.1. RESULTADOS DOS ENSAIOS ................................................................... 47

4.1.1. CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC) ...................... 47

4.1.2. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA) ............................................... 49

4.1.3. IDENTIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS POR

ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO (FTIR) ............................................ 50

4.1.4. ENSAIO DE NÉVOA SALINA ................................................................... 51

4.2. ENSAIO DE HIDROFOBICIDADE ............................................................... 53

4.2.1. ENSAIO DE CAPACITÂNCIA E FATOR DE DISSIPAÇÃO ...................... 54

4.2.2. ENSAIO DE DUREZA .............................................................................. 56

4.2.3. ENSAIO DE TRAÇÃO E ALONGAMENTO NA RUPTURA ...................... 57

4.3. RESULTADOS DOS MÉTODOS DE FTA E FMEA ..................................... 58

4.3.1. MÉTODO FTA .......................................................................................... 58

4.3.2. MÉTODO FMEA ....................................................................................... 63

4.3.2.1 Processo A: Instalação de terminações termocontráteis ........................ 64

4.3.2.2 Processo B: Instalação das terminações contráteis a frio ...................... 65

4.3.2.3 Processo C: Instalação de terminações push-on .................................... 66

4.3.2.4 Processo D: Instalação de terminações modulares ................................ 67

4.3.2.5 Processo E: Proteção externa ................................................................ 68

5. ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA ......................................................................... 69

6. CONCLUSÕES .............................................................................................. 71

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................III

ANEXO....................................................................................................................IV

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UM CABO ISOLADO ........ 15

FIGURA 2. LINHAS DE CAMPO ELÉTRICO EM UM CABO ISOLADO. .............. 16

FIGURA 3. ARCO ELÉTRICO FORMADO NA REGIÃO COMPREENDIDA ENTRE

A BLINDAGEM METÁLICA E O CONDUTOR. ..................................................... 17

FIGURA 4. TERMINAÇÃO POLIMÉRICA SINGELA. ........................................... 17

FIGURA 5. TERMINAÇÃO POLIMÉRICA TRIFÁSICA. ........................................ 18

FIGURA 6. MUFLA TERMINAL INTERNA. ........................................................... 18

FIGURA 7. MUFLA TERMINAL EXTERNA. .......................................................... 19

FIGURA 8. (A) TUBO DE ALÍVIO DE CAMPO ELÉTRICO (B) TUBO ISOLANTE

TERMOCONTRÁTIL (C) SAIAS POLIMÉRICAS (D) MUFLA

TERMONCONTRÁTIL COMPLETA. ..................................................................... 20

FIGURA 9. TERMINAÇÃO CONTRÁTIL A FRIO. ................................................. 21

FIGURA 10. TERMINAÇÃO PUSH-ON................................................................. 21

FIGURA 11. (A) TUBO TVR, (B) COBERTURA DE ATERRAMENTO, (C) SAIAS E

TERMINAÇÃO COMPLETA. ................................................................................. 22

FIGURA 12. DISTRIBUIÇÃO DAS LINHAS DE CAMPO ELÉTRICO NA

TERMINAÇÃO DE UM CABO SECCIONADO. ..................................................... 23

FIGURA 13. CONE OU TUBO DE ALÍVIO DE TENSÃO. ..................................... 23

FIGURA 14. DETALHE DA SUPERFÍCIE SEMICONDUTORA DE UMA MUFLA

DE BORRACHA DE SILICONE. ........................................................................... 24

FIGURA 15. DISTRIBUIÇÃO DAS LINHAS DE CAMPO ELÉTRICO NA

TERMINAÇÃO DE UM CABO COM A CONEXÃO DE UMA MUFLA. .................. 24

FIGURA 16. ESTÁGIOS DE POLIMERIZAÇÃO DO ETILENO. ............................ 25

FIGURA 17. ETAPAS DA GERAÇÃO DO POLIDIMETILSILANO. ....................... 28

FIGURA 18. ILUSTRAÇÃO DO MECANISMO DE PROCESSO DE

TRILHAMENTO ELÉTRICO PROPOSTO POR MALIK. ....................................... 30

FIGURA 19. PORTA LÓGICA “OU” (OR).............................................................. 32

FIGURA 20. PORTA LÓGICA “E” (AND). ............................................................. 32

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FIGURA 21. SIMBOLOGIA ASSOCIADA AOS EVENTOS DA ANÁLISE DE

ÁRVORE DE FALHAS. ......................................................................................... 33

FIGURA 22. TERMOGRAMA TÍPICO DE DSC. ................................................... 38

FIGURA 23. CURVA TERMOGRAVIMÉTRICA OBTIDA DE MATERIAL DE

TERMINAÇÃO PUSH-ON. .................................................................................... 39

FIGURA 24. CIRCUITO DE ENSAIO SIMPLIFICADO E DETALHES DA

MONTAGEM DENTRO DA CÂMARA DE NÉVOA SALINA. ................................. 41

FIGURA 25. ESCALA DE HIDROFOBICIDADE CONFORME PADRÕES STRI. . 43

FIGURA 26. REPRESENTAÇÃO FASORIAL DO CIRCUTIO EM PARALELO .... 44

FIGURA 27. ARRANJO DE TESTE DE CAPACITÂNCIA E FATOR DISSIPAÇÃO.

.............................................................................................................................. 45

FIGURA 28. CURVA CALORIMÉTRICA OBTIDA PARA O MATERIAL DA

TERMINAÇÃO A. .................................................................................................. 48

FIGURA 29. CURVA CALORIMÉTRICA OBTIDA PARA O MATERIAL DA

TERMINAÇÃO B. .................................................................................................. 48

FIGURA 30. CURVA CALORIMÉTRICA OBTIDA PARA O MATERIAL DA

TERMINAÇÃO C. .................................................................................................. 48

FIGURA 31. CURVA CALORIMÉTRICA OBTIDA PARA O MATERIAL DA

TERMINAÇÃO D. .................................................................................................. 49

FIGURA 32. CURVA CALORIMÉTRICA OBTIDA PARA O MATERIAL DA

TERMINAÇÃO E. .................................................................................................. 49

FIGURA 33. RESULTADO DO ENSAIO DE NÉVOA SALINA: TERMINAÇÃO A. 51

FIGURA 34. RESULTADO DO ENSAIO DE NÉVOA SALINA: TERMINAÇÃO B. 52

FIGURA 35. RESULTADO DO ENSAIO DE NÉVOA SALINA: TERMINAÇÃO C. 52

FIGURA 36. RESULTADO DO ENSAIO DE NÉVOA SALINA: TERMINAÇÃO F. 52

FIGURA 37. RESULTADOS DO ENSAIO DE

HIDROFOBICIDADE:TERMINAÇÕES: (A) F, (B) E, (C) D, (D) C, (E) A, (F) B. .... 54

FIGURA 38. RESULTADOS DO ENSAIO DE CAPACITÂNCIA: DESEMPENHO

DAS TERMINAÇÕES (A) SECAS. (B) UMEDECIDAS. ........................................ 55

FIGURA 39. RESULTADOS DO ENSAIO DE FATOR DE DISSIPAÇÃO:

DESEMPENHO DAS TERMINAÇÕES (A) SECAS. (B) UMEDECIDAS. .............. 56

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FIGURA 40. (A) REMOÇÃO DA CAPA EXTERNA (B) CORTE DA

SEMICONDUTORA PARA INÍCIO DA REMOÇÃO (C) REMOÇÃO DA CAMADA

SEMICONDUTOR A QUENTE (D) CABO ISOLADO APÓS A REMOÇÃO DA

CAMADA SEMICONDUTORA (E) PROCESSO DE RETIRADA DA ISOLAÇÃO

PARA INSERÇÃO DO CONECTOR TERMINAL (F) APLICAÇÃO DO CONECTOR

TERMINAL POR COMPRESSÃO. ........................................................................ 59

FIGURA 41. MÉTODO DE ÁRVORE DE FALHAS PARA ANÁLISE DE

SOBREAQUECIMENTO. ...................................................................................... 60

FIGURA 42. (A) APLICAÇÃO DA CINTA-MOLA (B) APLICAÇÃO DE ESTANHO

NA CORDOALHA DE ATERRAMENTO (C) CORDOALHA DE ATERRAMENTO

SOBRE A CINTA-MOLA. (D) FITA MASTIC SOBRE A CORDOALHA. ................ 61

FIGURA 43. MÉTODO DE FTA PARA ANÁLISE DE DESCARGAS

SUPERFICIAIS E TRILHAMENTO ELÉTRICO. .................................................... 62

FIGURA 44. (A) LIMPEZA DA ISOLAÇÃO (B) FITA SEMICONDUTORA ENTRE A

BLINDAGEM E CAMADA SEMICONDUTORA. .................................................... 62

FIGURA 45. MÉTODO DE FTA PARA ANÁLISE DE DESCARGAS

SUPERFICIAIS. .................................................................................................... 63

FIGURA 46. (A) TUBO TERMOCONTRÁTIL (PRETO, SEMICONDUTOR) (B)

CONTRAÇÃO DO TUBO TERMOCONTRÁTIL COM O SOPRADOR, (C) TUBO

TERMOCONTRÁTIL CONTRAÍDO (D) COLOCAÇÃO DAS SAIAS. .................... 65

FIGURA 47. (A) DETALHES DA INSTALAÇÃO DE TERMINAÇÕES

CONTRÁTEIS A FRIO (B) INSTALAÇÃO FINALIZADA. ...................................... 66

FIGURA 48. (A) COLOCAÇÃO DA MUFLA (B) PUXAMENTO DO CORDÃO. ..... 67

FIGURA 49. (A) COLOCAÇÃO DO TUBO TVR, (B) COLOCAÇÃO DA

COBERTURA DE ATERRAMENTO, (C) MONTAGEM DAS SAIAS E

TERMINAÇÃO FINALIZADA. ................................................................................ 68

FIGURA 50. FITA AUTO-FUSÃO NA REGIÃO PRÓXIMA AO CONECTOR

TERMINAL. ........................................................................................................... 69

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. PROPRIEDADES DO POLIETILENO. ............................................... 27

TABELA 2. PROPRIEDADES DA BORRACHA DE SILICONE. ........................... 28

TABELA 3. TABELA DE SEVERIDADE. ............................................................... 35

TABELA 4. TABELA DE OCORRÊNCIA. .............................................................. 35

TABELA 5. TABELA DE DETECÇÃO. .................................................................. 36

TABELA 6. IDENTIFICAÇÃO DAS TERMINAÇÕES POLIMÉRICAS SUBMETIDAS

A TESTES. ............................................................................................................ 37

TABELA 7. RESULTADOS DE PERDA DE MASSA OBTIDOS NO ENSAIO DE

TERMOGRAVIMETRIA. ........................................................................................ 50

TABELA 8. IDENTIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS DAS

TERMINAÇÕES. ................................................................................................... 51

TABELA 9. CLASSIFICAÇÃO DAS TERMINAÇÕES EM RELAÇÃO À

HIDROFOBICIDADE. ............................................................................................ 54

TABELA 10. RESULTADOS DO ENSAIO DE DUREZA. ....................................... 57

TABELA 11. RESULTADOS DO ENSAIO DE TRAÇÃO E ALONGAMENTO NA

RUPTURA. ............................................................................................................ 57

TABELA 12. ANÁLISE DE FMEA PARA O PROCESSO A................................... 65

TABELA 13. ANÁLISE DE FMEA PARA O PROCESSO B................................... 66

TABELA 14. ANÁLISE DE FMEA PARA O PROCESSO C. ................................. 67

TABELA 15. ANÁLISE DE FMEA PARA O PROCESSO D. ................................. 68

TABELA 16. ANÁLISE DE FMEA PARA O PROCESSO E....................................69

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1. INTRODUÇÃO

As técnicas de construção dos acessórios dos sistemas de distribuição de

energia elétrica têm avançado nos últimos anos e vêm utilizando cada vez mais os

materiais poliméricos, principalmente nas etapas de processos de matérias-prima

e produtos acabados. Atualmente os polímeros estão sendo utilizados em um

grande número de aplicações de uso geral e de engenharia. Em muitas destas

aplicações os polímeros estão cada vez mais substituindo outras classes de

materiais que eram tradicionalmente empregadas, como cerâmica e metais. Essa

substituição é normalmente baseada no conjunto de propriedades e

características apresentadas pelos polímeros. Os mecanismos de degradação de

materiais poliméricos são muitos, mas normalmente são divididos em estresses

elétricos, térmicos, mecânicos e ambientais. Eles devem ser considerados em

conjunto, pois os estresses normalmente agem ao mesmo tempo e variam de

acordo com o tipo de polímero e adição de compósitos, tensão aplicada e fatores

ambientais, como chuva, poluição e umidade.

Neste trabalho serão escolhidos, e justificados, a escolha de alguns ensaios

importantes para a geração de uma especificação técnica, para que sejam

estabelecidos critérios de avaliação da qualidade das terminações de uso interno

e externo para cabos de 3,6/6 kV a 27/35 kV. Serão analisadas as terminações

mais eficientes em termos de suportabilidade, dureza, resistência ao

envelhecimento, estabilidade na degradação térmica ou na formação de erosão.

A motivação deste trabalho foi o estudo das terminações poliméricas de

alguns fabricantes encontrados nos sistemas de distribuição de energia elétrica

para melhoramento das especificações técnicas das concessionárias e também

avaliações de ocorrência de falhas de algumas terminações poliméricas devido a

baixa qualidade. Foi solicitado ao LACTEC, por um cliente, a realização da

avaliação de terminações poliméricas visando determinar a causa dos defeitos nos

dispositivos. Estes ensaios foram realizados em conjunto com os pesquisadores

do LACTEC e o autor deste trabalho.

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O histórico mostrava a ocorrência de trilhamento elétrico e perda de

massa, a ruptura térmica em relativa baixa tensão, formação de arco elétrico no

isolador, falha na isolação em ambientes com névoa salina e poluição e

envelhecimento do isolador polimérico.

Para a realização deste trabalho é apresentada no capítulo 2 uma revisão

bibliográfica que aborda os principais conceitos utilizados neste estudo. As

terminações poliméricas são brevemente descritos e classificados no item 2.2,

destacando as principais características destes dispositivos. Os materiais que

constituem as terminações são apresentados no item 2.5. As ferramentas para

determinar a confiabilidade nos processos de montagem das terminações são

descritas no item 2.7. No Capítulo 3 são abordados alguns dos principais ensaios

elétricos realizados no LACTEC utilizados na identificação de problemas nas

terminações poliméricas de alguns fabricantes. No capítulo 4, são apresentados

os resultados destes ensaios e a discussão sobre eles, procurando verificar o

estado das amostras e suas características e, como conseqüência, determinar as

eventuais causas que as levaram à falha dos dispositivos. Finalmente no capítulo

5, procurou-se estabelecer uma especificação técnica, produto deste trabalho,

justificando os ensaios escolhidos e criando um documento, em ANEXO,

descrevendo os procedimentos e os resultados esperados destes ensaios.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. CABOS ISOLADOS DE MÉDIA TENSÃO

Os principais componentes de um cabo de potência em média tensão são o

condutor, o material dielétrico isolante ou isolação, a capa ou proteção externa, a

blindagem metálica e as camadas semicondutoras externa e interna, conforme

indicado na Figura 1.

FIGURA 1. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UM CABO ISOLADO FONTE: [1]

A proteção externa tem a finalidade de proteger os demais elementos contra

esforços mecânicos e penetração de umidade. Os materiais poliméricos utilizados

na cobertura dos cabos são o polietileno reticulado (XLPE) e o polietileno de alta

densidade (HDPE). Atualmente podem ser encontrados cabos com cobertura em

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dupla camada, sendo a camada interna de polietileno de baixa densidade (LDPE)

ou XLPE e externa em HDPE.

No caso de cabos de média tensão, a blindagem metálica serve como um

condutor para transporte das correntes de carga capacitiva e de curto-circuito do

sistema [2].

Efetuando uma análise na secção transversal do cabo, observa-se que o

campo elétrico é radial e uniforme:

FIGURA 2. LINHAS DE CAMPO ELÉTRICO EM UM CABO ISOLADO. FONTE: [3]

As linhas equipotenciais também radiais surgem no meio dielétrico, cuja

densidade é maior nas proximidades do condutor e menor na superfície de

isolamento. Dessa forma, percebe-se claramente que as solicitações de um

isolamento estão nas camadas elementares próximas ao material condutor.

Quando o cabo está em operação, o material dielétrico isolante é responsável

pela isolação elétrica do condutor. O material dielétrico isolante fica sujeito ao

campo elétrico gerado entre o condutor e a blindagem metálica devido à diferença

de potencial gerada entre eles.

As camadas semicondutoras têm a função de homogeneizar o campo elétrico

compreendido entre a blindagem elétrica e o condutor.

Analisando uma das extremidades de um cabo isolado em funcionamento,

sujeito as condições interpéricas do ar e sob uma diferença de potencial aplicada

constata-se que o ar interposto entre a blindagem metálica e o condutor

energizado seco está sujeito à formação de íons carregados (ionização). A

ionização é iniciada pela colisão de elétrons livres, seguida por uma avalanche

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elétrica. A tensão atravessa o espaço ionizado e diminui com uma descarga e

finalmente torna-se um arco de corrente (flash over) (Figura 3). Este fato é

resultante da quebra da ruptura dielétrica do ar.

O meio ambiente, contendo partículas condutoras em suspensão, ou a

umidade relativa do ar favorecem a ruptura dielétrica do ar.

FIGURA 3. ARCO ELÉTRICO FORMADO NA REGIÃO COMPREENDIDA ENTRE A BLINDAGEM METÁLICA E O CONDUTOR.

2.2. TERMINAÇÕES POLIMÉRICAS

Terminação ou mufla terminal é um dispositivo isolante destinado a

restabelecer as condições de isolação de um condutor quando este é conectado a

um outro condutor, a um equipamento elétrico ou a um barramento.

As muflas podem ser singelas ou trifásicas. A primeira destina-se a cabos

unipolares e a segunda a cabos tripolares. A Figura 4 e Figura 5 mostram uma

mufla singela e trifásica, respectivamente.

FIGURA 4. TERMINAÇÃO POLIMÉRICA SINGELA.

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FIGURA 5. TERMINAÇÃO POLIMÉRICA TRIFÁSICA.

Conforme o ambiente de uso as muflas podem ser classificadas como

internas ou externas. As muflas terminais internas são ideais para espaços

confinados, em locais onde o conjunto caboo-terminação não fica exposto às

condições intempéricas. A Figura 6 mostra a configuração de uma mufla terminal

interna.

Muflas terminais externas são utilizadas em ambientes sujeitos a exposição

de radiação ultra-violeta, chuva, névoa salina, poeira, etc. A Figura 7 mostra a

configuração de uma mufla terminal externa.

As muflas podem também ser classificadas como termocontráteis,

contráteis a frio, push-on ou modulares.

FIGURA 6. MUFLA TERMINAL INTERNA.

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FIGURA 7. MUFLA TERMINAL EXTERNA.

2.2.1. TERMINAÇÕES TERMOCONTRÁTEIS

Atualmente, as terminações constituídas de material termocontrátil, têm

sido utilizadas com muito sucesso, em substituição às tradicionais muflas de

porcelana. As muflas termocontráteis apresentam boa estabilidade térmica, com

temperatura de fusão na ordem de 50 a 100ºC. São constituídas na grande

maioria de copolímeros de poliolefinas. Essas terminações apresentam também

aditivos em sua constituição, como antioxidantes, estabilizantes contra raios

ultravioletas, plastificantes, pigmentos, agentes de cura, retardantes de chamas e

catalisadores1 [4]. Um aditivo freqüentemente usado para a resistência ao

trilhamento elétrico e erosão é o hidróxido de alumínio, Al(OH)32. Este aditivo

trabalha na decomposição térmica e é consumido durante o aquecimento

superficial [5].

Uma terminação termocontrátil é constituída de um tubo de alívio de campo,

feita de um material semicondutor com alta rigidez dielétrica, um tubo isolante

termocontrátil e as saias, que possuem a função de aumentar a distância de

escoamento da corrente de fuga.

1 É uma substância que a afeta a velocidade de uma reação, promovendo um caminho molecular

diferente para a reação.

2 Forma mais estável de alumínio nas condições normais. Ele é encontrado na natureza como o

mineral gibbsita (também conhecido como hidrargilita).

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20

A Figura 8 mostra os acessórios que compõe uma mufla termocontrátil e

uma mufla termocontrátil completa instalada no cabo.

(a)

(b)

(c)

(d)

FIGURA 8. (a) TUBO DE ALÍVIO DE CAMPO ELÉTRICO (b) TUBO ISOLANTE TERMOCONTRÁTIL (c) SAIAS POLIMÉRICAS (d) MUFLA TERMONCONTRÁTIL COMPLETA.

2.2.2. TERMINAÇÕES CONTRÁTEIS A FRIO

As terminações contráteis a frio são terminações feitas geralmente de

compostos elastosméricos de borracha de silicone. A flexibilidade do silicone

facilita os processos de montagem, podendo ser usadas em diferentes seções

transversais de condutores. A Figura 9 mostra uma terminação contrátil a frio.

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21

FIGURA 9. TERMINAÇÃO CONTRÁTIL A FRIO.

2.2.3. TERMINAÇÕES PUSH-ON

As terminações do tipo push-on são constituídas na sua grande maioria de

borracha de silicone e possuem um cordão plástico na parte interna do dispositivo

com a função de contrair a terminação no cabo quando o operador puxar o

cordão. A Figura 10 mostra os detalhes de uma terminação push-on.

FIGURA 10. TERMINAÇÃO PUSH-ON.

2.2.4. TERMINAÇÕES MODULARES

As terminações modulares são constituídas geralmente de borracha de

silicone. Estas terminações são compostas de um tubo de alívio de campo

elétrico, uma cobertura de aterramento e das saias poliméricas. A Figura 11

mostra os componentes de uma mufla modular.

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22

(a)

(b)

(C)

FIGURA 11. (A) TUBO TVR, (B) COBERTURA DE ATERRAMENTO, (C) SAIAS E TERMINAÇÃO COMPLETA.

2.3. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Quando um cabo é seccionado, para proceder-se uma emenda ou para a

conexão a um equipamento, as linhas de campo radial convergem com grande

intensidade para a extremidade da blindagem metálica, conforme ilustrado na

Figura 12:

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23

FIGURA 12. DISTRIBUIÇÃO DAS LINHAS DE CAMPO ELÉTRICO NA TERMINAÇÃO DE UM CABO SECCIONADO.

Se aumentarmos o diâmetro no ponto P na terminação do cabo, através de

um cone, conforme mostra a Figura 13, reduziremos gradativamente a intensidade

de campo elétrico. Na prática aumenta-se a espessura do material dielétrico

isolante, a partir do corte da blindagem até um determinado ponto da extremidade

do cabo, formamos o que se denomina de cone ou tubo de alívio de tensão.

FIGURA 13. CONE OU TUBO DE ALÍVIO DE TENSÃO.

O tubo de alívio de tensão possui em seu interior um material semicondutor

que possui a mesma função da camada semicondutora do cabo, ou seja,

homogeneizar o campo elétrico entre a blindagem metálica e o condutor. Por essa

razão, a camada semicondutora da mufla deve ser instalada na continuação da

camada semicondutora do cabo.

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24

FIGURA 14. DETALHE DA SUPERFÍCIE SEMICONDUTORA DE UMA MUFLA DE BORRACHA DE SILICONE.

Se não houver uma uniformidade das linhas de campo, as linhas de fluxo

elétrico aumentam gradualmente a condutividade da superfície do material

isolante. A condutividade continuando a aumentar pode ultrapassar o valor

máximo de resistência dielétrica do material, ocorrendo a ruptura dielétrica. Sendo

assim, o campo elétrico quebrando a barreira de ruptura existente entre o condutor

e o dielétrico pode produzir íons pela perda ou ganho de elétrons a partir de

átomos ou moléculas neutras e assim tornar o dielétrico um condutor.

A Figura 15 mostra a distribuição das linhas campo elétrico com a conexão

de uma mufla na terminação no cabo. Note que agora as linhas de campo

distribuíam-se uniformemente ao longo do comprimento da superfície condutora,

reduzindo consideravelmente a concentração do fluxo de tensão na blindagem

eletrostática do cabo.

FIGURA 15. DISTRIBUIÇÃO DAS LINHAS DE CAMPO ELÉTRICO NA TERMINAÇÃO DE UM CABO COM A CONEXÃO DE UMA MUFLA.

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25

2.4. MATERIAIS POLIMÉRICOS EMPREGADOS NAS TERMINAÇÕES

Os principais materiais utilizados na confecção das terminações poliméricas

são os são os copolímeros de poliolefina, cujo material base é o polietileno e a

borracha de silicone. A seguir serão descritas as características e propriedades

destes polímeros.

2.4.1. POLIETILENO

O polietileno é um polímero termoplástico e pertence à série dos compostos

chamados poliolefinas. Suas propriedades básicas são controladas pela estrutura,

tamanho e uniformidade das moléculas. O polietileno é formado pelo gás etileno

quando este é polimerizado por reação em cadeia, a temperatura e pressão

elevadas e em presença de pequenas quantidades de oxigênio gasoso. Os

estágios de polimerização do etileno se desenvolvem conforme o esquema a

seguir:

FIGURA 16. ESTÁGIOS DE POLIMERIZAÇÃO DO ETILENO.

O polietileno pode ser formado também pela desidratação do etanol ou

hidrogenação do acetileno.

Os produtos em polietileno podem ser parcialmente cristalinos devidos a

sua ramificação extensiva [6]. A parte cristalina é constituída de moléculas

regularmente organizadas dentro de lamelas. A espessura das lamelas é da

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26

ordem de 10 nm, tendo de 10 a 20 m de comprimento. As lamelas são

interconectadas por moléculas de interligação, as quais formam pontes

interlamelares que constituem as regiões amorfas [7].

Dependendo do processo de polimerização pode-se obter o polietileno de

baixa densidade (LDPE), o polietileno linear de baixa densidade (LLDPE) e de alta

densidade (HDPE).

O LDPE normalmente é preparado por uma reação típica de processo de

polimerização por radical livre em altas temperaturas e pressão. Utilizando como

iniciadores da reação Azoisobutironitrilo (AIBN), peróxido de benzoila (BP) ou

oxigênio (10-100 ppm). De um modo geral o HDPE tem excelente resistência ao

ataque de produtos químicos e a solventes, boas propriedades elétricas,

especialmente baixa permissividade e alta rigidez dielétrica. No entanto, há

necessidade de aditivação com antioxidantes para evitar a degradação oxidativa

durante o processamento. A resistência ao intemperismo e à radiação ultravioleta

é adquirida pela aditivação com compostos que retardam os processos de

degradação, permitindo a aplicação deste polímero em ambientes externos [8]. O

XLPE é obtido por reação de reticulação do PE, realizada por iniciadores que

promovem ligações químicas entre as macromoléculas do polietileno, formando

uma rede tridimensional termofixa, não podendo ser reprocessado ou dissolvido,

sem que ocorra a degradação do polímero. Com a reticulação o polímero

resultante suporta, sem deformação térmica, temperaturas mais altas, porém,

passa a ter uma grande quantidade de carbonos terciários, menos estáveis

quimicamente e bastante suscetíveis a degradação por radiação [8]. Algumas

propriedades do XLPE em comparação com o LDPE e HDPE são dadas na

Tabela 1 a seguir:

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27

TABELA 1. PROPRIEDADES DO POLIETILENO.

Propriedades LDPE HDPE XLPE

Rigidez dielétrica (kV/mm) 75 100 50

Resistividade volumétrica (.cm) 5 x 1017 5 x 1017 1016

Fator de dissipação (1 MHz) 2 x 10-4 10-3 10-3

Densidade (g/cm3) 0,92 0,95 0,92

Condutividade térmica (W/K.m) 0,3 0,4 0,3

Coeficiente de expansão térmica linear (x 106 /K) 320 150 320

Resistência ao dobramento (N/mm2) 15 30 -

Módulo de Elasticidade (kN/mm2) 0,15 0,7 0,1

Cristalinidade (%) 50 90 -

2.4.2. BORRACHA DE SILICONE

A borracha de silicone é classificada como um elastômero orgânico-

inorgânico obtido através da polimerização de siloxanos orgânicos. As borrachas

de silicone foram primeiramente desenvolvidas em 1943 e são empregadas em

dispositivos que necessitem de uma boa estabilidade térmica. A estrutura básica

da borracha de silicone é mostrada na Figura 17.

Os elastômeros de silicone apresentam uma particularidade única com

respeito às outra borrachas, pois na sua cadeia principal não apresentam o

carbono, mais sim o silício ligado ao oxigênio. A energia da ligação do silício com

o oxigênio é muito maior do que as ligações carbono-carbono e carbono–oxigênio,

o que lhe permite propriedades térmicas superiores.

A síntese do poli (dimetil siloxano) se realiza por reação do silício (obtido

por fusão da sílica ou areia como carbono em forno elétrico com cloreto de metila,

que gera o dimetildiclorosilano, que posteriormente se hidrolisa a dimetilsilanol,

instável que se condensa para dar origem ao polidimetilsilano segundo o

esquema mostrado na Figura [9, 10].

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28

FIGURA 17. ETAPAS DA GERAÇÃO DO POLIDIMETILSILANO.

FONTE: [9]

Na maioria das borrachas comerciais o valor de x na figura x é de 3000 a

10000. As borrachas de silicone são reticuladas exclusivamente por peróxidos e

necessitam de cargas para melhorar suas características mecânicas, como sílica

amorfa.

As borrachas de silicone são resistentes ao ozônio, radiação ultravioleta,

solventes e óleos. A característica hidrofóbica garante correntes de fuga de pouca

intensidade o que resulta em excelente comportamento em meios poluídos [11].

Algumas propriedades do silicone são dadas na Tabela 2 a seguir:

Tabela 2. Propriedades da Borracha de Silicone.

Propriedades

Dureza (Shore A) 40-80

Resistência à Tração (Kg/cm2) 77-95

Alongamento (%) 275-780

Rigidez dielétrica (KV/mm) 20

Resistividade volumétrica (.cm) 2-10x 1014

Temperatura de trabalho (ºC) -60ºC+250ºC

2.5. MECANISMOS DE ENVELHECIMENTO E DETERIORAÇÃO

Tem sido observado que os materiais poliméricos podem ser afetados pelas

variações climáticas como temperatura e intensidade de radiação solar, umidade,

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29

poluição atmosférica, ciclo térmico e índice pluviométrico. Como as terminações

poliméricas em estudo estão sujeitas, além dos efeitos ambientais, a campos

elétricos, aquecimento por efeito Joule e esforços mecânicos, que são fatores que

podem promover a degradação do material, pode-se considerar desta forma que

estes dispositivos estão sob solicitações múltiplas.

É constatado através de dados experimentais que os principais

mecanismos de degradação dos materiais poliméricos são o trilhamento elétrico, a

erosão e a fotodegradação. Um possível processo para a ruptura por trilhamento

elétrico sob condições úmidas pode ser descrito como:

1- Contaminação e umedecimento da superfície do material, formando

uma camada condutora com baixa resistência superficial;

2- Passagem de corrente superficial com alta dissipação de calor,

causando perda não uniforme da solução da camada condutora,

favorecendo a formação das bandas secas;

3- Interrupção do fluxo de corrente superficial devido à presença da banda

seca, causando aumento da tensão elétrica através da banda seca e

iniciando-se as descargas superficiais;

4- Devido às descargas superficiais a superfície do isolante alcança

elevadas temperaturas, causando a formação de resíduos carbonizados

levando a gradual erosão3;

5- Propagação da trilha de resíduo de carbono;

6- Ruptura completa da superfície do material isolante de maneira que o

isolante restante é incapaz de apresentar resistência à tensão elétrica

aplicada [12].

Um esquema ilustrativo destes processos numerados de 1 a 6 pode ser

observado na Figura 18.

A fotodegração é causada pela exposição do material à radiação solar

causada pela atuação de fótons na faixa de energia do ultra-violeta.

3 Perda localizada e gradual de massa que ocorre pela ação de descargas superficiais

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30

1

3

5 6

4

2

FIGURA 18. ILUSTRAÇÃO DO MECANISMO DE PROCESSO DE TRILHAMENTO ELÉTRICO PROPOSTO POR MALIK [13].

É extremamente importante que não fiquem vazios ou cavidades no contato

da mufla com o cabo, pois estas cavidades possuem constante dielétrica diferente

da do material que o rodeia. Quando submetemos este material a um campo

elétrico, este se distribui pelo material, submetendo a cavidade ou inclusão a um

gradiente de tensão em excesso ao gradiente máximo suportável pela mesma.

Este fenômeno dará origem a pequenas descargas disruptivas no interior da

cavidade, acarretando um processo temporal de deterioração progressiva do

material e eventualmente a falha do dispositivo.

2.6. FERRAMENTAS PARA AVALIAÇÃO DE CONFIABILIDADE NOS

PROCESSOS DE MONTAGEM DAS TERMINAÇÕES

2.6.1. ANÁLISE DE ÁRVORE DE FALHAS (AAF)

A análise de árvore de falhas (AAF) ou failure tree analysis (FTA) determina

as causas básicas de um evento ou a seqüência que levou ao mesmo e pode ser

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31

aplicada a qualquer evento indesejado, especialmente eventos e/ou sistemas

complexos. [14]

O objetivo da análise de falhas é a obtenção através de um diagrama lógico

do conjunto mínimo de causas (falhas) que levaram ao evento em estudo. [14]

2.6.2. METODOLOGIA

Os princípios básicos da metodologia consistem dos seguintes passos:

a) Seleção do Evento Topo ou Evento Falha: é o evento principal da análise.

Todos os processos do diagrama possuem relação direta com este evento;

b) Determinação dos fatores contribuintes: são os fatores relacionados as

sequências de eventos que levam o sistema à falhas ou a acidente. Os fatores

contribuintes podem ser:

- Evento Básico: é um evento que ocorre com bastante frequência e geralmente leva

à ocorrência de falhas;

- Evento Não Desenvolvido: é um evento que caracteriza uma técnica ou sequência

do processo que não foi realizada;

- Evento Normal: é um evento falha que já está presente no processo. Devem sempre

ser tomadas medidas preventivas para este tipo de evento.

c) Diagramação lógica: as sequências de eventos são construídas com o auxílio

de portas lógicas AND (E), OR (OU);

d) Simplificação booleana: consiste na aplicação da lógica booleana de acordo

com a tabela verdade das portas lógicas utilizadas, conforme Figura 19 e Figura

20 a seguir:

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32

FIGURA 19. PORTA LÓGICA “OU” (OR).

FONTE: [14]

FIGURA 20. PORTA LÓGICA “E” (AND).

FONTE: [14]

2.6.3. SIMBOLOGIA

Na Figura 21 são apresentados os símbolos mais usados para caracterizar

os diferentes eventos, com seus respectivos significados.

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33

Simbologia Função

EVENTO FALHA

Porta lógica:

E (.)

OU (+)

Evento Básico

Evento Não

Desenvolvido

Evento Normal

FIGURA 21. SIMBOLOGIA ASSOCIADA AOS EVENTOS DA ANÁLISE DE ÁRVORE DE FALHAS.

2.6.4. ANÁLISE DE MODO DE FALHAS E EFEITOS - FMEA

A análise de Modos de Falhas e Efeitos (Failure Mode and Effect Analysis –

FMEA) é uma ferramenta usada para aumentar a confiabilidade de um certo

produto durante a fase de projeto ou processo. A ferramenta consiste basicamente

em sistematizar um grupo de atividades para detectar possíveis falhas e avaliar os

efeitos das mesmas para o projeto/processo. A partir dessas possíveis falhas,

identificam-se ações a serem tomadas para eliminar ou reduzir a probabilidade de

que as mesmas ocorram. Essas ações também podem objetivar aumentar a

probabilidade de detecção dessas falhas, para que os produtos que apresentam

inconformidades não cheguem ao cliente.

É extremamente importante se definir o que está sendo analisado (uma

área, atividade, equipamento). Depois verifica-se se o sistema será analisado

inteiro ou partes dele, e quais são os alvos a serem considerados (pessoal,

produto).

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34

As unidades de análise do FMEA descritas a seguir são os sistemas,

subsistemas e componentes, assim divididas a fim de sistematizar todo o projeto.

a) Processo: Define o sistema a ser analisado obtendo dados concretos, como

fotografias, desenhos, diagramas ou listas de componentes.

b) Etapa do processo ou Item: Define a etapa do processo ou item que será

analisado isoladamente.

c) Funções do processo: Define as atividades que o item desempenha sob o ponto

de vista operacional; cada função tem uma medida associada.

d) Modo de falha em potencial: É a descrição da maneira pela qual um item falha

em cumprir com a sua função.

e) Efeito de falha em potencial: É a consequência que o modo de falha tem sobre

a operação, função ou estado do item [14].

f) Causa da falha em potencial:

Descreve as possíveis causas que ocasionaram as falhas;

A análise deve manter-se dentro do escopo definido (sistema que está sendo

analisado e interface com outros sistemas);

As causas devem ser identificadas para um modo de falha, e não para um

efeito individual.

g) Severidade (S): É o índice que deve refletir a gravidade do efeito da falha sobre

o cliente, assumindo que o tipo de falha ocorra; [14] Os índices de severidade

devem corresponder, de preferência, aos índices pré-definidos na Tabela 3.

j) Número de prioridade de risco (R): Os riscos em uma análise de FMEA podem

ser quantificados através do conceito do número de prioridade de risco (R), que é

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35

obtido pelo resultado da multiplicação dos índices de severidade, ocorrência e

detecção.

TABELA 3. TABELA DE SEVERIDADE.

TABELA 4. TABELA DE OCORRÊNCIA.

Probabilidade Probabilidade de falha Índice

Muito Alto: A falha é quase inevitável

>1 em 2 10

1 em 3 9

Alto: muitas falhas

1 em 8 8

1 em 20 7

Moderado: falhas ocasionais

1 em 80 6

1 em 400 5

1 em 2.000 4

Baixo: poucas falhas

1 em 15.000 3

1 em 150.000 2

Remota: A falha é improvável de ocorrer <1 em 1.500.000 1

Severidade Descrição do efeito de falha Índice

Perigoso sem avisos Ranking de severidade muito alto quando um efeito de modo de

falha em potencial de um sistema de segurança opera sem avisos

(compromete a segurança)

10

Perigoso com aviso Ranking de severidade muito alto quando um efeito de modo de

falha em potencial de um sistema de segurança opera com avisos

(compromete a segurança)

9

Muito Alto Sistema inoperável com falha destrutiva sem comprometer a

segurança

8

Alto Sistema inoperável com danos ao produto 7

Moderado Sistema inoperável com dano mínimo 6

Baixo Sistema inoperável sem dano 5

Muito baixo Sistema operável com degradação significante da performance 4

Mínimo Sistema operável com degradação da performance 3

Quase nulo Sistema operável com interferência mínima 2

Nulo Nenhum efeito 1

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TABELA 5. TABELA DE DETECÇÃO.

Detecção Probabilidade de detecção pelo projeto de controle Índice

Nula O projeto de controle não pode detectar potencial causa/mecanismo e

subsequente modo de falha

10

Muito Remota Probabilidade muito remota de que o projeto de controle detecte

potencial causa/mecanismo e subsequente modo de falha

9

Remota Probabilidade remota de que o projeto de controle detecte potencial

causa/mecanismo e subsequente modo de falha

8

Muito baixa Probabilidade muito baixa de que o projeto de controle detecte potencial

causa/mecanismo e subsequente modo de falha

7

Baixa Probabilidade baixa de que o projeto de controle detecte potencial

causa/mecanismo e subsequente modo de falha

6

Moderada Probabilidade moderada de que o projeto de controle detecte potencial

causa/mecanismo e subsequente modo de falha

5

Moderada/alta Probabilidade moderada/alta de que o projeto de controle detecte

potencial causa/mecanismo e subsequente modo de falha

4

Alta Probabilidade alta de que o projeto de controle detecte potencial

causa/mecanismo e subsequente modo de falha

3

Muito alta Probabilidade muito alta de que o projeto de controle detecte potencial

causa/mecanismo e subsequente modo de falha

2

Quase certeza O projeto de controle detectará potencial causa/mecanismo e

subsequente modo de falha

1

3. EXPERIMENTAL

Na elaboração deste trabalho, foram selecionados diversos ensaios com o

objetivo de avaliar as terminações poliméricas, levando-se em conta os aspectos

de solicitações de esforços mecânicos, elétricos e de resistência ao intemperismo,

a que são submetidos esses dispositivos.

Os ensaios foram escolhidos baseando-se em normas nacionais e

internacionais levando-se em conta: (a) sua viabilidade técnica e econômica, (b)

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relevância das informações dos parâmetros medidos, (c) possibilidade de

avaliação de desempenho dos materiais sob condições múltiplas.

Para realização dos ensaios foram utilizadas terminações de distintos

fabricantes, identificados conforme Tabela 6 a seguir:

TABELA 6. IDENTIFICAÇÃO DAS TERMINAÇÕES POLIMÉRICAS SUBMETIDAS A TESTES.

Terminação Tipo

A Termocontrátil

B Termocontrátil

C Contrátil a frio

D Contrátil a frio

E Push-on

F Modular

3.1. ENSAIOS TÉRMICOS

A estrutura cristalina e/ou a composição dos materiais podem mudar

durante o aquecimento ou resfriamento, pela análise térmica é possível observar

estas variações. Nos polímeros podem ser observadas propriedades como

transição vítrea, temperatura de fusão e cristalização, perda de massa, reações

químicas, e outras.

3.1.1. ENSAIO DE CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC)

A calorimetria diferencial de varredura, conforme norma ASTM D 3418 [15],

é um método direto e quantitativo de medida da transferência de calor e das

mudanças de entalpia (dh/dt) envolvidas nas transições sofridas pelo material.

Nesta técnica mede-se a diferença de temperatura entre a amostra e a referência

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38

(material inerte), que é proporcional a diferença de fluxo de calor entre os dois.

Envolvendo processos exotérmicos e endotérmicos o ensaio nos fornece

informações sobre a temperatura de transição vítrea (Tg), que é a temperatura de

na qual o polímero passa de um estado rígido para um estado flexível,

temperatura de cristalização (Tk), ponto de fusão, pureza, temperatura de

oxidação e temperatura na qual ocorre a degradação do material (Td).

FIGURA 22. TERMOGRAMA TÍPICO DE DSC.

O ensaio de calorimetria diferencial de varredura foi realizado em amostras

de materiais retirados das terminações com o objetivo de obter as principais

transições que estes materiais sofrem. Estes resultados são importantes na

caracterização e para posterior avaliação do desempenho de materiais.

O equipamento utilizado no ensaio foi um calorímetro NETZSCH DSC,

modelo 204 F1. O ensaio foi realizado na faixa de temperatura de -150 oC a 20 ºC

para as borrachas de silicone e na faixa de -100 ºC a 200 ºC para os materiais

termocontrácteis. A taxa de aquecimento utilizada foi de 10ºC/ min.

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39

3.1.2. ENSAIO DE TERMOGRAVIMETRIA (TGA)

A análise termogravimétrica, conforme a norma ASTM E 1640 [16], é uma

técnica que caracteriza o perfil de degradação dos polímeros, em função da

temperatura. Consiste em um processo contínuo resultante de uma transformação

física ou química que resulta em perda de massa. A aplicação típica desta técnica

está na avaliação da estabilidade térmica e temperatura de decomposição, se

estendendo para cura e condensação, composição, porcentagem de cargas em

polímeros, entre outras informações. Os dados são obtidos através de um

termograma que registra a variação de massa da amostra analisada em função da

temperatura, podendo esta análise ser efetuada para diferentes atmosferas

(inerte, oxidante ou redutora). A Figura 23 mostra um exemplo de uma análise

termogravimétrica obtida do material de uma terminação push-on.

FIGURA 23. CURVA TERMOGRAVIMÉTRICA OBTIDA DE MATERIAL DE TERMINAÇÃO PUSH-ON.

O equipamento utilizado no ensaio foi um analisador termogravimétrico

NETZSCH, modelo TG 209.

O ensaio foi realizado com o seguinte procedimento: as amostras foram

aquecidas a uma taxa de 20 ºC/min para que todo material orgânico possa ser

queimado, restando apenas cinzas.

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40

As condições de ensaio utilizadas foram: faixa de temperatura em

atmosfera inerte (N2) = 20 ºC a 550 ºC e faixa de temperatura em atmosfera

oxidante (O2) = 550 ºC a 850 ºC.

3.2. ENSAIOS FÍSICO-QUÍMICOS

3.2.1. ENSAIO DE IDENTIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS POR

ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO (FTIR)

Diferentes tipos de polímeros são utilizados na confecção das terminações.

Sendo assim, a identificação do tipo do polímero é uma importante ferramenta

para avaliação de suas características elétricas, mecânicas e de resistência ao

envelhecimento. Para identificação dos compostos orgânicos dos materiais das

terminações foi realizado ensaio de FTIR, normalizada pela ASTM E 1252 [17].

Para a realização do ensaio foi utilizado o seguinte equipamento:

Espectrofotômetro de infravermelho marca Bomem, modelo MB100.

Para o ensaio as amostras foram misturadas em brometo de potássio (KBr)

e submetidas à pressão de 8 toneladas, durante 10 minutos, em acessório

especial. Com este procedimento foram obtidas pastilhas, as quais foram

submetidas à análise no espectrofotômetro de infravermelho.

3.2.2. ENSAIO DE NÉVOA SALINA

O ensaio de névoa salina é um ensaio baseado na norma NBR 9314 [18] e

seu objetivo é medir a variação da corrente de fuga de terminações externas

operando em ambientes com névoa salina ou com materiais orgânicos

depositados na superfície. O cloreto de sódio ou os materiais orgânicos

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41

depositados sobre as terminações aumentam a condutividade dos materiais

diminuindo a ação isolante do dispositivo.

Terminações de distintos fabricantes foram montadas em cabos isolados,

com bitola de 400 mm2 e 3 m de comprimento. Os testes foram realizados no

interior de uma câmara de acrílico com volume de aproximadamente 10 m3. A

névoa salina foi produzida no interior da câmara pela nebulização de uma solução

de cloreto de sódio em água destilada (10 g/L), utilizando-se dois bicos

nebulizadores acionados por ar comprimido. A condutividade medida da solução

foi de 1600 mS/m. A névoa foi produzida com uma vazão de 0,2 L/h/m3, a qual foi

controlada pela dosagem da solução salina por meio de uma bomba peristáltica.

Um transformador de distribuição de 25 kV/440-220 V, 10 kVA, ligado de maneira

reversa, foi utilizado como fonte de tensão.

O ensaio consistiu na aplicação simultânea de tensão elétrica (16 kV fase-

terra) e névoa salina por um período de 168 h. Por intermédio de um circuito de

proteção ligado em série com o aterramento, foram efetuados registros de

corrente de fuga durante as últimas horas de ensaio. Terminadas as 168 h as

terminações foram inspecionadas visualmente.

A Figura 24 apresenta o circuito simplificado do ensaio e os detalhes da

montagem.

FIGURA 24. CIRCUITO DE ENSAIO SIMPLIFICADO E DETALHES DA MONTAGEM DENTRO DA CÂMARA DE NÉVOA SALINA.

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42

3.2.3. ENSAIO DE HIDROFOBICIDADE

A hidrofobicidade é uma propriedade dos materiais poliméricos e se refere à

sua capacidade em repelir água evitando que, em presença de umidade, ocorra

formação de zonas molhadas na sua superfície. Esta propriedade, presente em

todos os materiais poliméricos quando novos (quando recém-instalados na rede),

proporciona a supressão da corrente de fuga superficial e aumento da

suportabilidade a descargas disruptivas, melhorando como consequência o

desempenho dos materiais sob condições de poluição e umidade. Assim, a

hidrofobicidade, quando presente, pode ser vista como uma propriedade que

reforça a capacidade isolante de um material [19].

Sob a ação de intemperismo (radiação UV, calor e umidade), poluição e

descargas elétricas superficiais, os materiais poliméricos podem perder a

hidrofobicidade que possuíam inicialmente. O EPDM é um exemplo de material

polimérico que perde definitivamente a hidrofobicidade pouco tempo depois de ser

exposto ao ambiente externo. O silicone, ao contrário, é um exemplo de material

que permanece hidrofóbico por longos períodos de tempo, mesmo em condições

de intemperismo severo e na presença de poluição ambiental [19,20].

A avaliação da hidrofobicidade foi efetuada pelo método descrito no guia

STRI [5] e na Norma IEC TS 62073 [21], os quais prescrevem uma maneira de

classificar a superfície de isoladores dentro de uma escala de classes de

hidrofobicidade. Esta escala se inicia com a classe HC1 (completamente

hidrofóbico) e termina com a classe HC7 (completamente hidrofílico).

O procedimento consistiu em borrifar água sobre o isolador, com o auxílio

de um pulverizador manual e, em seguida, fotografar sua superfície.

Posteriormente, as fotos obtidas foram comparadas com fotos padrões presentes

no guia 1, 92/1 do STRI as quais definem uma escala de hidrofobicidade. Os

padrões do STRI estão apresentados na Figura 25.

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FIGURA 25. ESCALA DE HIDROFOBICIDADE CONFORME PADRÕES STRI.

FONTE: STRI

3.3. ENSAIOS ELÉTRICOS

3.3.1. ENSAIO DE CAPACITÂNCIA E FATOR DE DISSIPAÇÃO

O fator de dissipação fornece indicações de perdas no dielétrico. Certos

processos de degradação, como a deterioração térmica e a absorção de umidade

aumentam essas perdas.

Para representar as perdas dielétricas inerentes a uma estrutura isolante

quando submetida a um campo elétrico alternado pode-se representar um isolante

por um capacitor em paralelo com um resistor.

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FIGURA 26. REPRESENTAÇÃO FASORIAL DO CIRCUTIO EM PARALELO. FONTE: [22]

Onde Ic é a corrente de carga e Ir é a corrente residual. A partir deste

diagrama fasorial obtemos a relação:

ppp

p

c

r

CRCU

RU

I

Itg

1 [1]

onde tg representa o fator de dissipação, representando a energia dissipada por

ciclo de tensão senoidal em função da energia armazenada.

Entre as razões para determinar o fator de dissipação estão: pesquisa

básica no desenvolvimento de materiais isolantes, utilização em laboratório, para

controle de qualidade durante a produção de cabos, transformadores e outros

equipamentos, para manutenção preventiva e para testes em campo.

O equipamento utilizado no teste foi uma Ponte TETTEX, Test Set, tipo

5284. A representação esquemática do arranjo de teste utilizado está apresentada

na Figura 27. O procedimento adotado neste novo teste consistiu na aplicação de

tensão (fase-terra) em degraus de 4 kV, iniciando em 4 kV e terminando em 36 kV.

Para cada patamar de tensão foram registrados os valores de capacitância (em

pF) e fator de dissipação (em %). Ainda, estas medidas foram realizadas com as

terminações secas e com as terminações umedecidas. O umedecimento das

terminações foi realizado com borrifador.

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FIGURA 27. ARRANJO DE TESTE DE CAPACITÂNCIA E FATOR DISSIPAÇÃO.

Vale ressaltar que as medidas de capacitância e fator de dissipação dizem

respeito ao conjunto cabo-terminação. Para fins de comparação de desempenho

de terminações estas foram montadas em cabos de mesmo comprimento e

mesma bitola.

3.4. ENSAIOS MECÂNICOS

As variáveis externas que afetam o comportamento mecânico dos

polímeros são: temperatura; tempo ou velocidade de deformação (ou velocidade

de aplicação de tensão); nível da solicitação mecânica; tipo de solicitação;

natureza da atmosfera vizinha, abrangendo umidade e outros agentes

quimicamente agressivos ao polímero avaliado.

Os ensaios mecânicos têm o objetivo de avaliar as propriedades mecânicas

do material polimérico novo e também observar as variações causadas pela

solicitação a que são submetidos, exigida pela aplicação em serviço.

3.4.1. ENSAIO DE DUREZA

O ensaio de dureza tem como objetivo a determinação da resistência dos

materiais poliméricos contra a penetração de umidade. É baseado na penetração de

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46

um indentador com formato específico durante um período de tempo e carga pré-

definidos, conforme a norma ASTM D 2240 [23].

As medidas foram realizadas a temperatura ambiente, com auxílio do

durômetro Bareiss, modelo HPE – D e A, utilizando carga de 5 kgf para dureza

shore D e 1 kgf para dureza shore A. A leitura do medidor do durômetro é realizada

5 segundos após a estabilização do indicador do aparelho.

3.4.2. ENSAIO DE TRAÇÃO E ALONGAMENTO NA RUPTURA

Este ensaio baseado na norma ASTM D 638 [24] é importante para a

caracterização do material, pois os polímeros utilizados na confecção de cabos e

acessórios devem possuir determinadas características mecânicas iniciais, para

que possam atender a solicitações de serviço e manuseio.

Materiais muito rígidos podem sofrer trincas durante a instalação ou por

esforços da própria rede comprometendo o desempenho dos mesmos. Materiais

com pouca resistência mecânica podem sofrer deformação, a qual também pode

comprometer seu desempenho.

Por meio deste ensaio foram obtidos os valores de tensão máxima e

alongamento na ruptura. Cinco corpos-de-prova na forma de gravatas foram

retirados das amostras dos materiais poliméricos obtidos das terminações. Os

corpos-de-prova foram submetidos ao ensaio de à tração à ruptura, em

equipamento Instron 4467, com célula de carga 100 kN, velocidade do travessão

de 50 mm/min, L0 de 10 mm. Todos os testes foram realizados na temperatura

ambiente.

Os corpos-de-prova foram submetidos a envelhecimento térmico em estufa

durante 7 dias, na temperatura de 130 ºC.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

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Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos nos ensaios

térmicos, físico-químicos, elétricos e mecânicos. Serão apresentados ainda, os

resultados obtidos dos métodos de FTA e FMEA.

4.1. RESULTADOS DOS ENSAIOS

4.1.1. CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC)

Os resultados, obtidos através do calorímetro NETZSCH DSC - 204 F1

estão apresentados na Figura 32 a Figura 29. Pode ser observado que os

materiais das terminações D e E apresentam comportamento térmico muito

parecido, com transição vítrea entre -107 ºC e -109 ºC e temperatura de fusão em

- 38 ºC (Figura 31 e Figura 32).

As propriedades físicas, mecânicas e termodinâmicas dos polímeros

dependem do grau de cristalinidade. A cristalinidade aumenta a rigidez e a

densidade dos materiais, mas diminui a flexibilidade e a resistência ao impacto. A

cristalinidade para estes materiais só ocorre em baixa temperatura, sendo o

mesmo amorfo na temperatura ambiente.

O polímero usado na terminação C (Figura 30) apresenta comportamento

diferente em relação aos materiais das terminações D e E. Este possui transição

vítrea em -117 ºC, sendo possível observar a cristalização do material em -96ºC. A

temperatura de fusão ocorre em temperatura mais baixa que a dos anteriores: - 44

ºC.

Da Figura 28 e Figura 29 podem ser vistos que os materiais termocontráteis

(terminações A e B) apresentaram comportamento térmico bastante diferenciado

dos anteriores. Estes possuem cristalinidade, a qual deve sofrer um aumento após

a aplicação de temperatura. Ainda, a temperatura de fusão destes materiais variou

de 55 ºC a 103 º.

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FIGURA 28. CURVA CALORIMÉTRICA OBTIDA PARA O MATERIAL DA TERMINAÇÃO A.

FIGURA 29. CURVA CALORIMÉTRICA OBTIDA PARA O MATERIAL DA TERMINAÇÃO B.

FIGURA 30. CURVA CALORIMÉTRICA OBTIDA PARA O MATERIAL DA TERMINAÇÃO C.

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FIGURA 31. CURVA CALORIMÉTRICA OBTIDA PARA O MATERIAL DA TERMINAÇÃO D.

FIGURA 32. CURVA CALORIMÉTRICA OBTIDA PARA O MATERIAL DA TERMINAÇÃO E.

4.1.2. ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA)

Os resultados dos ensaios de termogravimetria dos materiais das

terminações estão apresentados na

Tabela 7.

A perda de massa até 400 ºC pode corresponder a saída de plastificantes,

óleos e/ou cadeias pequenas do polímero; a perda de massa entre 400 ºC e 800

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ºC corresponde a pirólise do material polimérico. O resíduo final, descrito como

teor de cinzas, corresponde a quantidade de material inorgânico presente na

formulação. No caso dos materiais formulados com silicone parte deste resíduo é

formado pela oxidação do silício presente na cadeia. Nota-se que as perdas de

massa para as terminações a frio (C, D e E) são bastante similares, indicando

formulações parecidas. As amostras dos materiais termocontráteis (A e B)

apresentam resultados bem diferentes, tanto com relação à quantidade de carga

(teor de cinzas) quanto em relação à quantidade de plastificante.

TABELA 7. RESULTADOS DE PERDA DE MASSA OBTIDOS NO ENSAIO DE TERMOGRAVIMETRIA.

Amostra Perda de massa até

400 ºC (%)

Perda de massa entre

400 e 800 ºC (%)

Teor de

cinzas (%)

A 15,08 62,88 22,04

B 19,83 48,59 31,58

C 1,91 32,82 64,6

D 3,03 29,11 67,98

E 3,4 33,95 62,10

4.1.3. IDENTIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS POR

ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO (FTIR)

Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 8. Nota-se que os

compostos orgânicos que constituem as terminações são mesmo o polietileno e a

borracha de silicone como pressuposto inicialmente, porém, existem aditivos

misturados, como antioxidantes e catalisadores.

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TABELA 8. IDENTIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS DAS TERMINAÇÕES.

Fabricante Composto orgânico

A Polietileno/Poliolefinas

B Polietileno/Poliolefinas

C Borracha de silicone

D Borracha de silicone

E Borracha de silicone

4.1.4. ENSAIO DE NÉVOA SALINA

Na Figura 33 são apresentadas as fotos da terminação A após o teste. Foi

observada, nas proximidades da saia superior, a ocorrência de erosão profunda

do revestimento polimérico. Nenhuma alteração significativa nos valores de

corrente de fuga foi observada.

FIGURA 33. RESULTADO DO ENSAIO DE NÉVOA SALINA: TERMINAÇÃO A.

A Figura 34 mostra a terminação B após o teste. Não foi observada

alteração da superfície do material, trilhamento elétrico ou erosão. Ainda,

nenhuma alteração significativa nos valores de corrente de fuga foi observada.

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FIGURA 34. RESULTADO DO ENSAIO DE NÉVOA SALINA: TERMINAÇÃO B.

A Figura 35 mostra a terminação C após o teste. Não foi observada

alteração da superfície do material, trilhamento elétrico ou erosão.

FIGURA 35. RESULTADO DO ENSAIO DE NÉVOA SALINA: TERMINAÇÃO C.

A Figura 36 mostra a terminação F após o teste. Não foi observada

alteração da superfície do material, trilhamento elétrico ou erosão.

FIGURA 36. RESULTADO DO ENSAIO DE NÉVOA SALINA: TERMINAÇÃO F.

Vale ressaltar que as condições impostas neste estudo são bastante

similares às condições impostas no ensaio normalizado (tensão aplicada = 15 kV,

condutividade = 1600 mS/m 200 mS/m e vazão = 0,4 L/h/m3 0,1 L/h/m3).

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Todavia, o procedimento de teste é bastante divergente com relação ao prescrito

na norma NBR 9314 [18].

Através dos experimentos conclui-se que as terminações da B, C e F

apresentaram bom desempenho frente a concentração de névoa salina, não

implicante em trilhamento elétrico e erosão. Em relação a terminação A observou-

se trilhamento elétrico e erosão grave, o que quer dizer que esta terminação não é

resistente à condições intempéricas acentuadas.

Os valores de corrente de fuga não foram alterados significativamente nas

terminações colocadas sob teste.

4.2. ENSAIO DE HIDROFOBICIDADE

Os resultados da avaliação da hidrofobicidade das terminações estão

apresentados na Figura 37. Pela comparação com o padrão do STRI podem-se

classificar as terminações avaliadas de acordo com a Tabela 9. É possível

observar que a terminação A foi a que apresentou pior desempenho, mostrando-

se hidrofílica. Todas as demais terminações estão adequadas ao uso, com

destaque para as terminações B, C e F.

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FIGURA 37. RESULTADOS DO ENSAIO DE HIDROFOBICIDADE: TERMINAÇÕES: (a) F, (b) E, (c) D, (d) C, (e) A, (f) B.

TABELA 9. CLASSIFICAÇÃO DAS TERMINAÇÕES EM RELAÇÃO À HIDROFOBICIDADE.

Fabricante Índice de

Hidrofobicidade

A HC6

B HC1

C HC1

D HC2

E HC2

F HC1

4.2.1. ENSAIO DE CAPACITÂNCIA E FATOR DE DISSIPAÇÃO

São apresentados os resultados obtidos para cada um dos conjuntos cabo-

terminação. O conjunto B apresentou variação pouco significativa da capacitância

e do fator de dissipação nas condições seco e úmido.

O conjunto A apresentou variação bastante significativa da capacitância e

do fator de dissipação depois de umedecido, isto é, o fator de dissipação chegou a

triplicar de valor, tendo uma variação de 0,46 para 1,61 em 10 kV. Além disto, esta

terminação apresentou o maior valor de fator de dissipação, sendo de até 10

vezes o valor da terminação com menor fator de dissipação.

O conjunto C apresentou uma variação significativa da capacitância e do

fator de dissipação depois de umedecido (o fator de dissipação dobrou de valor).

Apesar deste aumento, este o conjunto é o que apresentou o menor fator de

dissipação entre todos os conjuntos e, mesmo umedecido, este parâmetro é ainda

cerca de 10 vezes menor do que o observado para o conjunto A.

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Os conjuntos D e E apresentaram variação pouco significativa da

capacitância e do fator de dissipação depois de umedecidos.

A Figura 38 e Figura 39 apresentam os resultados das terminações no

estado seco e úmido.

(a)

(b)

FIGURA 38. RESULTADOS DO ENSAIO DE CAPACITÂNCIA: DESEMPENHO DAS TERMINAÇÕES (a) SECAS. (b) UMEDECIDAS.

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(a)

(b)

FIGURA 39. RESULTADOS DO ENSAIO DE FATOR DE DISSIPAÇÃO: DESEMPENHO DAS TERMINAÇÕES (A) SECAS. (B) UMEDECIDAS.

4.2.2. ENSAIO DE DUREZA

Os resultados das medidas de dureza estão apresentados na Tabela 10.

Nota-se que não foi possível usar a mesma escala de dureza para todas as

terminações avaliadas devido às diferentes características existentes entre as

formulações termocontráteis e as contráteis a frio. O método A descrito na tabela é

utilizado para materiais moles e o método B para materiais rígidos.

Os resultados mostram que não houve variação significa da dureza nas

amostras testadas

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TABELA 10. RESULTADOS DO ENSAIO DE DUREZA.

Dureza

Terminação Dureza Shore A Dureza Shore D

A - 41,6 0,9

B - 31,7 0,9

C 41,6 0,8 -

D 38,4 0,7 -

E 43,5 1,0 -

4.2.3. ENSAIO DE TRAÇÃO E ALONGAMENTO NA RUPTURA

Os materiais das terminações D e E apresentaram variação muito pequena

nas propriedades mecânicas mostrando ótima estabilidade à degradação térmica.

Apesar da pequena variação da resistência à tração o material da terminação C

apresentou perda percentual de 18,3% no alongamento a ruptura.

Os materiais das terminações A e B foram os que apresentaram maior

perda percentual das propriedades mecânicas. O material que apresentou perdas

percentuais das propriedades mecânicas superiores a 20% foi o da terminação A.

A Tabela 11 nos dá os valores médios de elongação e tensão máxima e a

variação percentual antes e após o envelhecimento térmico dos cinco corpos-de-

prova testados para cada amostra de terminação.

TABELA 11. RESULTADOS DO ENSAIO DE TRAÇÃO E ALONGAMENTO NA RUPTURA.

Tração e Alongamento na Ruptura

Antes do

envelhecimento

Após o

envelhecimento

Variação Percentual

Elongação

(%)

Tensão

máxima

Elongação

(%)

Tensão

máxima

Elongação

(%)

Tensão

máxima

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(Mpa) (Mpa) (Mpa)

A 592,6 12,4 439,4 9,8 -25,9 -21,0

B 469,3 18,1 411,0 15,0 -12,4 -17,1

C 516,8 6,7 422,2 6,1 -18,3 -9,0

D 645,8 6,9 595,8 6,7 -7,7 -2,9

E 578,6 7,1 568,6 6,4 -1,7 -9,9

4.3. RESULTADOS DOS MÉTODOS DE FTA E FMEA

Os métodos de FTA e FMEA foram aplicados para avaliar a confiabilidade

nos processos de montagem das terminações.

4.3.1. MÉTODO FTA

O método de árvore de falhas (FTA) foi aplicado para a análise da

preparação do cabo, na conexão do conector terminal e na preparação para saída

de aterramento, onde estas etapas são comuns a todos os conjuntos cabo-

terminação analisados.

Aplicou-se o método de FTA nestas etapas por este ser um método que

identifica eventos de alto nível causados por eventos de baixo nível, por analisar

falhas múltiplas, ter menos restrições e mais fácil de seguir e identificar influências

externas.

Através do estudo de caso verificou-se que algumas falhas na preparação

do cabo e na inserção do conector terminal podem gerar sobreaquecimento. O

sobreaquecimento implica em degradação e ruptura do isolamento.

A Figura 40 a seguir mostra os detalhes da preparação do cabo e da

inserção do conector terminal. Em seguida é apresentado os resultados da análise

de árvores de falhas para estas etapas de instalação.

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(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

FIGURA 40. (a) REMOÇÃO DA CAPA EXTERNA (b) CORTE DA SEMICONDUTORA PARA INÍCIO DA REMOÇÃO (c) REMOÇÃO DA CAMADA SEMICONDUTORA A QUENTE (d) CABO ISOLADO APÓS A REMOÇÃO DA CAMADA SEMICONDUTORA (e) PROCESSO DE RETIRADA DA ISOLAÇÃO PARA INSERÇÃO DO CONECTOR TERMINAL (f) APLICAÇÃO DO CONECTOR TERMINAL POR COMPRESSÃO.

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FIGURA 41. MÉTODO DE ÁRVORE DE FALHAS PARA ANÁLISE DE SOBREAQUECIMENTO.

O estudo de caso mostrou também que a preparação para a saída de

aterramento pode apresentar falhas se não seguir alguns critérios específicos,

podendo gerar descargas superficiais entre a cordoalha de aterramento e a cinta-

mola e trilhamento elétrico devido à concentração de tensão elétrica nas bandas

secas formadas pela perda não uniforme da solução da camada condutora.

A Figura 42 a seguir mostra os detalhes da preparação para a saída de

aterramento. Em seguida são apresentados os resultados da análise de árvore de

falhas.

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(a)

(b)

(c)

(d)

FIGURA 42. (a) APLICAÇÃO DA CINTA-MOLA (b) APLICAÇÃO DE ESTANHO NA CORDOALHA DE ATERRAMENTO (c) CORDOALHA DE ATERRAMENTO SOBRE A CINTA-MOLA. (d) FITA MASTIC SOBRE A CORDOALHA.

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FIGURA 43. MÉTODO DE FTA PARA ANÁLISE DE DESCARGAS SUPERFICIAIS E

TRILHAMENTO ELÉTRICO.

O último caso analisa o fenômeno das descargas superficiais que podem

ocorrer no conjunto se não houver critérios específicos na instalação. As

descargas superficiais podem levar a perda das propriedades isolantes e a uma

gradual erosão. Para evitar o fenômeno das descargas superficiais é necessário

aplicar uma fita semicondutora entre a camada semicondutora e a isolação do

cabo. Este critério reduz consideravelmente a concentração de campo elétrico na

região compreendida entre a blindagem e a camada semicondutora.

Após a remoção da camada semicondutora a isolação do cabo deve ser

limpa com um pano embebido com solvente. Se este procedimento não for feito

corretamente a isolação pode ser contaminada pelos resíduos contidos na

camada semicondutora e provocar descargas na superfície da isolação do cabo.

A Figura 44 a seguir mostra os detalhes da limpeza da isolação antes da

conexão da mufla e da aplicação da fita semicondutora. A análise de árvore de

falhas é mostrada na sequência.

(a)

(b)

FIGURA 44. (a) LIMPEZA DA ISOLAÇÃO (b) FITA SEMICONDUTORA ENTRE A BLINDAGEM E CAMADA SEMICONDUTORA.

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FIGURA 45. MÉTODO DE FTA PARA ANÁLISE DE DESCARGAS SUPERFICIAIS.

4.3.2. MÉTODO FMEA

As etapas do processo de instalação das terminações que envolvem a

instalação do isolador polimérico e a proteção externa contra a penetração de

umidade são diferentes dentre as terminações analisadas. Com isso o método de

FMEA foi aplicado com o objetivo de avaliar e detectar as possíveis falhas que

possam ocorrer nas terminações nestas etapas.

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Aplicou-se o método de FMEA nestas etapas da instalação por este

identificar os modos e efeitos das falhas potenciais de cada processo

isoladamente, por ter uma abrangência maior ao analisar uma falha e por

identificar características críticas do processo além de atribuir índices de

severidade, ocorrência e detecção para determinar a gravidade das falhas

analisadas.

A seguir são apresentados os métodos de FMEA para cada processo de

instalação das terminações poliméricas em análise.

4.3.2.1 Processo A: Instalação de terminações termocontráteis

Nas terminações termocontráteis primeiramente instala-se o tubo

termocontrátil (preto, semicondutor), para controle do campo elétrico. Em seguida

é efetuada a contração utilizando um soprador térmico. Depois é instalado o tubo

termocontrátil vermelho. Este também é contraído com o soprador, conforme

mostra a Figura 46 (b). A montagem das saias é o último passo. Para isso deve

ser observada com cuidado a aderência das saias com o tubo termocontrátil para

evitar que vazios no contato gerem descargas parciais. A Figura 46 demonstra os

detalhes de instalação das terminações termocontráteis e a Tabela 12 mostra a

análise FMEA.

(a)

(b)

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(c)

(d)

FIGURA 46. (a) TUBO TERMOCONTRÁTIL (PRETO, SEMICONDUTOR) (b) CONTRAÇÃO DO TUBO TERMOCONTRÁTIL COM O SOPRADOR, (c) TUBO TERMOCONTRÁTIL CONTRAÍDO (d) COLOCAÇÃO DAS SAIAS.

TABELA 12. ANÁLISE DE FMEA PARA O PROCESSO A.

4.3.2.2 Processo B: Instalação das terminações contráteis a frio

As terminações contráteis a frio são simplesmente encaixadas nos cabos.

Para isto os fabricantes fornecem tubos com graxa de silicone. A Figura 47 mostra

os detalhes de uma terminação contrátil a frio sendo colocada no cabo. A análise

de FMEA é mostrada na Tabela 13.

.

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(A)

(b)

FIGURA 47. (a) DETALHES DA INSTALAÇÃO DE TERMINAÇÕES CONTRÁTEIS A FRIO (b) INSTALAÇÃO FINALIZADA.

TABELA 13. ANÁLISE DE FMEA PARA O PROCESSO B.

4.3.2.3 Processo C: Instalação de terminações push-on

As terminações do tipo push-on como dito anteriormente possuem um

cordão plástico localizado na parte interna da terminação que tem por objetivo

contrair o tubo de alívio de campo elétrico no cabo. A Figura 48 demonstra os

detalhes da colocação da mufla no cabo e do puxamento do cordão. A análise de

FMEA é mostrada na Tabela 14.

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(a) (b)

FIGURA 48. (a) COLOCAÇÃO DA MUFLA (b) PUXAMENTO DO

CORDÃO.

TABELA 14. ANÁLISE DE FMEA PARA O PROCESSO C.

4.3.2.4 Processo D: Instalação de terminações modulares

Nestas terminações devem-se instalar primeiramente o tubo de alívio de

campo elétrico. Para isto o fabricante fornece um tubo com graxa de glicol. Depois

disto instala-se a cobertura de aterramento. A montagem das saias é o último

passo e segue o mesmo procedimento que a colocação da cobertura de

aterramento. A Figura 49 mostra os detalhes da instalação. A análise de FMEA é

mostrada na Tabela 15.

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(a)

(b)

(C)

FIGURA 49. (A) COLOCAÇÃO DO TUBO TVR, (B) COLOCAÇÃO DA COBERTURA DE ATERRAMENTO, (C) MONTAGEM DAS SAIAS E TERMINAÇÃO FINALIZADA.

TABELA 15. ANÁLISE DE FMEA PARA O PROCESSO D.

4.3.2.5 Processo E: Proteção externa

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O processo de proteção externa tem como objetivo evitar a penetração de

umidade no conjunto cabo-terminação. A penetração de umidade pode ocasionar

concentração de campo elétrico entre o corpo da terminação e o conector terminal

comprometendo o desempenho do dispositivo. Este processo é comum a todas as

terminações e envolve a aplicação de fita auto-fusão no contato entre a

terminação e conector terminal, conforme mostra a Figura 50. A análise de FMEA

é mostrada na Tabela 16.

FIGURA 50. FITA AUTO-FUSÃO NA REGIÃO PRÓXIMA AO CONECTOR TERMINAL.

TABELA 16. ANÁLISE DE FMEA PARA O PROCESSO E.

5. ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA

A especificação técnica, em ANEXO, foi criada, como trabalho de

engenharia, buscando complementar métodos de avaliação de terminações

poliméricas já existentes. Os ensaios podem ser realizados para avaliar as

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terminações poliméricas ainda em fábrica, que podem ser exigidos pelos clientes.

Muitos destes ensaios podem ser utilizados em campo para a avaliação da

operação e da degradação das terminações polimérica.

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6. CONCLUSÕES

Este trabalho teve como objetivo criar uma especificação de terminações

poliméricas de cabos de média tensão utilizados nos sistemas de distribuição de

energia elétrica baseado na revisão bibliográfica e no estudo de caso.

Foram apresentados os principais conceitos que envolvem as terminações

dentre elas os materiais poliméricos utilizados na fabricação, as propriedades dos

materiais dielétricos, os conceitos e princípios de funcionamento do conjunto cabo-

terminação, as técnicas de avaliação dos processos de instalação das muflas para

detecção de possíveis falhas e os ensaios que obtiveram resultados relevantes

quanto ao desempenho das terminações. Foi visto que as terminações B, C, D, E

e F apresentaram bom desempenho nos testes realizados, apresentando pouca

variação dos parâmetros avaliados. Porém, a terminação A reprovou nos ensaios

de névoa salina, capacitância e fator de dissipação e hidrofobicidade.

O ensaio de calorimetria diferencial de varredura mostrou que as

terminações termocontráteis (A e B) possuem comportamento diferente em

relação às terminações a frio (C, D, E e F). As terminações termocontráteis

possuem estrutura cristalina a temperatura ambiente, o que quer dizer que são

menos flexíveis e resistentes ao impacto.

A análise termogravimétrica também mostrou diferenças. As terminações

termocontráteis apresentaram maior perda de massa (saída de plastificantes, óleo

e/ou cadeias pequenas do polímero) e maior quantidade de material inorgânico na

composição.

Outro ensaio que apresentou discrepâncias foi o ensaio de tração e

alongamento na ruptura. As terminações termocontráteis obtiveram maior perda

percentual das propriedades mecânicas. A terminação A apresentou perdas

percentuais de 20%.

O estudo de caso mostrou que as etapas de instalação das muflas devem

seguir alguns critérios específicos para que não ocorram falhas quando estiverem

em funcionamento. Um simples erro na instalação pelo operador pode

comprometer o desempenho das terminações. Os métodos de FMEA e FTA foram

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capazes de prever as falhas nas etapas dos processos que envolvem a instalação

das terminações, dentre elas a preparação do cabo, a conexão do conector

terminal, a preparação para a saída de aterramento, a conexão do isolador

polimérico e a proteção contra a penetração de umidade. Esses resultados podem

ser utilizados pelas equipes de manutenção e operação de concessionárias de

energia elétrica como auxílio nos processos de instalações de terminações

poliméricas em cabos de média tensão.

O estudo de caso mostrou também que algumas terminações possuem

algumas vantagens em relação às outras. As terminações contráteis a frio são

exemplos, onde podem ser retiradas dos cabos e reaproveitadas quando isso for

necessário, o que não acontece com as outras terminações analisadas, pois

nestas, uma vez feita a instalação não podem ser reutilizadas.

Na especificação foram abordados ensaios conclusivos que permitam a

avaliação de terminações poliméricas de cabos de média tensão. Foram reunidos

os seguintes ensaios elétricos, baseados nas normas e bibliografia:

Ensaio de Névoa Salina;

Ensaio de Hidrofobicidade;

Ensaio de Capacitância e Fator de Dissipação;

Ensaio de identificação dos compostos orgânicos por espectroscopia no

infravermelho (FTIR);

Ensaio de Dureza;

Ensaio de Tração e Alongamento na Ruptura.

Os ensaios térmicos se mostraram conclusivos na análise dos materiais que

constituem as terminações, por isso foram também inclusos os seguintes ensaios:

Ensaio de calorimetria diferencial de varredura (DSC);

Ensaio de termogravimetria (TGA);

Dessa maneira procurou-se estabelecer diferentes procedimentos de

análise e aceitação para a compra de terminações poliméricas utilizadas em cabos

de média tensão. Equipes de concessionárias de energia elétrica podem utilizar

este trabalho como prática ao planejamento e normalização de terminações

poliméricas.

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Considera-se como um trabalho futuro uma análise de custos ou uma

especificação de custos onde deverá ser feita uma comparação entre terminações

de distintos fabricantes para analisar a quantidade de material que é necessária

para instalar os dispositivos no cabo, a mão de obra e a qualidade dos mesmos,

relacionando esses fatores aos custos finais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 NAHUILI BRESSAN, B. Desenvolvimento de sistema e metodologia para avaliar a influência da temperatura em medidas de tensão de retorno em cabos isolados em XLPE. Dissertação (mestrado) – PIPE, UFPR, Curitiba, 2006. 2 TEIXEIRA JR., M. D. R. Cabos de Energia. São Paulo: ArtLiber Editora, 2004.

3 FILHO, J. M. Manual de Equipamentos Elétricos. Vol.1, 2ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 1994.

4 BROWN, M. “Compounding of Ethylene-Propylene Polymers for Electrical Applicantions”, IEEE Electrical Insulation Magazine, Vol 10, No 1. 1994. pp. 16-22.

5 TYCO ELECTRONICS. Energy Division. Outdoor Polymer Insulating Material

Considerations.

6 GUY, A.G. Ciência dos materiais. Universidade da Flórida. Flórida, 1976. Tradução de José Roberto G. da Silva.

7 HALL, C. Polymer materials – An introduction for technologists and

scientists. London, 1989.

8 MODERN PLASTICS MAGAZINE. Plastics Handbook. New York: MacGraw-Hill, Inc., 1994, 237 p.

9 ROYO, J. Manual de Tecnologia del Caucho. 2ª Ed., Barcelona: Reclamo Técnico, S.A . 1989, 446p.

10 BUDENBERG, E. R. Especialização em compostos de silicone e fluorelastômeros. Apostila para consulta de curso.

11 NEO ELECTRICAL EQUIPMENT PROPERTIES AND ADVANTAGES OF ELBI SILICONE RUBBER INSULATION. Capturado em fev. 2002. Online. Disponível na internet http://www.neo.co.yu/silicone_rubber.html

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12 YOSHIMURA, N.; NISHIDA, M; NOTO, F., Influence of the electrolyte on tracking breakdown of organic insulating materials. IEEE Electrical Insulation Magazine, [s.l.], v.16, n.6, p. 510 – 520, dec. 1981.

13 MALIK, N. H.; AL-ARAINY, A. A.; QURESHI, M. I. Electrical Insulation in Power Sistems. Marcel Dekker, Inc. New York, 1998.

14 LAFRAIA, J. R. B. Manual de Confiabilidade, Mantenabilidade e Disponibilidade. Rio de Janeiro: Qualitymark: Petrobrás, 2001.

15 AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D 3418: Standard test method for transition temperatures of polymers by differential scanning calorimetry. 2003.

16 AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM E 1640: Standard test method for assignment of the glass transition temperature by dynamic mechanical analysis. 2004.

17 AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM E 1252: Standard practice for general techniques for obtaining infrared spectra for qualitative analysis. 1998.

18 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Emendas e terminais para cabos de potência com isolação para tensões de 3,6/6 kV a 27/35 kV. NBR 9314, 2006.

19 HACKAM, R. Outdoor HV Composite Insulators. IEEE TDEI, v. 6, p. 557-585, 1999. 20 HILBORG, H.; GEDDE, U. W. Hydrophobicity Recovery of Polydimethilsiloxane After Exposure to Corona Discharges. Polymer, v. 39, p. 1991-1998, 1998.

21 INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. IEC TS 62073: Guidance on the Measurement of Wettability of Insulator Surfaces. First edition 2003 – 06.

22 TEIXEIRA JÙNIOR, J. A. Determinação do fator de dissipação: Perdas dielétricas. Curitiba: COPEL/LACTEC. Apostila didática.

23 AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D 2240:

Standard Test Method for Rubber Property Durometer Hardness. 1986.

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24 AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D 638:

Standard Test Method fo Tensile Properties of Plastics. 2002.

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ANEXO

ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA

APRESENTAÇÃO

Este documento tem por objetivo estabelecer as condições mínimas

exigíveis, para o fornecimento de terminações poliméricas para cabos isolados de

média tensão.

NORMAS E DOCUMENTOS COMPLEMENTARES

Para fins de projeto, seleção de matéria-prima, normas de fabricação,

acabamento, critérios de qualidade e métodos de ensaio, para os dispositivos

fornecidos, esta especificação adota as normas abaixo relacionadas, bem como

as normas nelas citadas onde deverão satisfazer as condições exigidas nesta

Especificação e, nos pontos omissos, as últimas revisões aprovadas das normas

ABNT, IEC, e ASTM.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 9314:

Emendas e terminais para cabos de potência com isolação para tensões de

3,6/6 kV a 27/35 kV . Rio de Janeiro, 2006. 13p;

INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. IEC 61442. Test

methods for accessories for power cables with rated voltages from 6 kV (Um =

7,2 kV) up to 30 kV (Um = 36 kV). Geneva, 2005. Second edition;

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5

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D 3418:

Standard test method for transition temperatures of polymers by differential

scanning calorimetry. 2003;

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM E 1640:

Standard test method for assignment of the glass transition temperature by

dynamic mechanical analysis. 2004;

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM E 1252:

Standard practice for general techniques for obtaining infrared spectra for

qualitative analysis. 1998;

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D 2240:

Standard Test Method for Rubber Property Durometer Hardness. 1986.

INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION. IEC TS 62073:

Guidance on the Measurement of Wettability of Insulator Surfaces. First edition

2003 – 06.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D 638:

Standard Test Method fo Tensile Properties of Plastics. 2002.

ENSAIOS

Os métodos de ensaios dos dispositivos deverão estar de acordo com as

normas indicadas em suas últimas revisões aprovadas. As características dos

equipamentos, aparelhos e instrumentos, durante os ensaios, não deverão ser

afetadas com as variações de freqüência, corrente ou tensão dos circuitos que os

alimentam. Todas as correções necessárias deverão ser feitas para satisfazer às

condições padronizadas.

Caso qualquer dos dispositivos falhe ou não satisfaça aos ensaios, o

mesmo será rejeitado, devendo o fornecedor corrigir os defeitos ou falhas

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encontradas e submeter novamente esta unidade a todos os ensaios

especificados.

1. Ensaio de Calorimetria diferencial de varredura (DSC)

Procedimento

O procedimento deste ensaio é dado pela norma ASTM D 3418.

Resultados

A temperatura de transição vítrea (Tg), deve ser menor que temperatura

máxima de operação do dispositivo.

2. Ensaio de termogravimetria (TGA)

Procedimento

O procedimento deste ensaio é dado pela norma ASTM E 1640-94.

Resultados

Os compósitos que constituem as terminações poliméricas são

determinados no ensaio de termogravimetria para garantir o controle da expansão

térmica associada as demais solicitações térmicas, elétricas e mecânicas.

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3. Identificação dos compostos orgânicos por espectroscopia

no infravermelho (FTIR)

Procedimento

O procedimento deste ensaio é dado pela norma ASTM E 1252.

Resultados

O polímero presente na terminação, identificado pelo ensaio, deve ser

adequada a tecnologia empregada pelo fabricante. Não deve estar presente na

composição das terminações materiais contaminantes, como hidrocarbonetos

alifáticos, componente típico de óleos lubrificantes. As amostras devem retiradas

em diferentes pontos da amostra.

4. Ensaio de Névoa Salina

Procedimento

O procedimento deste ensaio é dado pela norma ABNT NBR 9314.

Resultados

Considera-se que o acessório é aprovado no ensaio de névoa salina se nas

aplicações de tensão, não ocorrer descargas completa ao longo do comprimento

do terminal, em mais de uma aplicação, e não houver perfuração do dielétrico. As

ocorrências e os valores das descargas externas devem estar registrados no

relatório de ensaio, assim como a condição dos terminais, particularmente

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qualquer trilhamento ou erosão após o término do ensaio. Fotografias coloridas

devem ser utilizadas para mostrar claramente as condições e sinais de descargas

na superfície do isolador.

5. Ensaio de Hidrofobicidade

Procedimento

O procedimento deste ensaio é descrito pela norma IEC TS 62073 ou

através do uso da escala de hidrofobicidade do padrão STRI.

Resultados

Devem ser comparadas fotografias coloridas tiradas da superfície das

terminações secas e molhadas através da escala de hidrofobicidade fornecida no

padrão STRI ou através do comparativo de molhabilidade do método C descrito na

norma IEC TS 62073.

6. Ensaio de Capacitância e Fator de Dissipação

Procedimento

Aplica-se tensão (fase-terra) no conjunto cabo-terminação em degraus de 4

kV, iniciando em 4 kV e terminando em 36 kV. Para cada patamar de tensão

registra-se os valores de capacitância (em pF) e fator de dissipação (em %). Estas

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medidas são realizadas com as terminações secas e umedecidas. O

umedecimento das terminações deve ser realizado com um borrifador.

Para efetuar as medições as terminações devem ser montadas em cabos

de mesmo comprimento e mesma bitola.

Resultados

Comparam-se as variações da capacitância e do fator de dissipação nas

terminações secas e umidecidas. As terminações que apresentarem pouca

variação dos parâmetros analisados estarão aprovadas no ensaio.

7. Ensaio de Dureza

Procedimento

O procedimento deste ensaio é dado pela norma ASTM D 2240.

Resultados

Os resultados do ensaio de dureza obtidos devem ser comparados com a

especificação de dureza dos materiais que constituem as terminações em análise.

8. Ensaio de Tração e Alongamento na Ruptura

Procedimento

O procedimento deste ensaio é dado pela norma ASTM D 638.

Resultados

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Os resultados do ensaio de tração e alongamento na ruptura obtidos devem

ser comparados com a especificação da variação percentual da elongação e

tensão máxima dos materiais que constituem as terminações em análise.