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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
GUILHERME BRUGGER CASTADEL
O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM UMA COOPERATIVA DE TRABALHO
MÉDICO DE JUIZ DE FORA: ESTUDO DE CASO
JUIZ DE FORA
2016
GUILHERME BRUGGER CASTADEL
O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM UMA COOPERATIVA DE
TRABALHO MÉDICO DE JUIZ DE FORA: ESTUDO DE CASO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado a Faculdade de Engenharia da
Universidade Federal de Juiz de Fora, como
requisito parcial para a obtenção do título
de Engenheiro de Produção.
Orientador: Dsc. Luiz Henrique Dias Alves
JUIZ DE FORA
2016
GUILHERME BRUGGER CASTADEL
O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM UMA COOPERATIVA DE
TRABALHO MÉDICO DE JUIZ DE FORA: ESTUDO DE CASO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado a Faculdade de Engenharia da
Universidade Federal de Juiz de Fora, como
requisito parcial para a obtenção do título
de Engenheiro de Produção.
Aprovada em 03 de março de 2016.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
DSc., Luiz Henrique Alves
Universidade Federal de Juiz de Fora
___________________________________________________
DSc., Bruno Milanez
Universidade Federal de Juiz de Fora
___________________________________________________
Bruno Gomes da Silva
Administrador de Empresas
RESUMO
O presente trabalho foi desenvolvido pela necessidade identificada de sistematizar a
forma como o planejamento estratégico ocorre na cooperativa. Sendo assim, tem-se
como objetivo desenvolver e aplicar uma proposta de metodologia. A necessidade para
que esse tipo de trabalho seja feito está atrelada à crescente competitividade do setor de
saúde suplementar, às constantes mudanças promovidas pela agência reguladora e à
busca pela excelência da gestão. Para que esse objetivo pudesse ser atendido, descreveu-
se o conceito e algumas ferramentas do planejamento estratégico; identificou-se os
pontos de melhoria na prática atual da cooperativa. O referencial teórico do trabalho é
baseado nos conceitos e ferramentas do Planejamento Estratégico e nos conceitos do
Modelo de Excelência da Gestão com um enfoque na dimensão Estratégia e Planos. A
análise do setor de saúde suplementar utilizou dados disponibilizados pela agência
reguladora. A análise da prática atual foi feita através do resultado dos questionamentos
do Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas. E, a partir da
implantação da metodologia proposta foi possível observar que nova prática está
totalmente aderente aos preceitos da excelência da gestão para o processo de
planejamento estratégico.
Palavras Chave: cooperativa de trabalho; modelo de excelência da gestão; operadora de
plano de saúde, planejamento estratégico.
ABSTRACT
The present paper was developed from the identified need to systematize how strategic
planning takes place in the cooperative. Therefore, the objective is to develop and
implement a proposed methodology. The need for this type of paper to be done is linked
to the growing competitiveness of the private health sector, the constant changes
promoted by the regulatory agency and the pursuit of excellence in management. In
order to achieve this objective, I had to describe the concept and some tools of strategic
planning; to identify improvement points in the current cooperative practice. The
theoretical reference of the paper is based on the concepts and tools of strategic
planning and concepts of Management Excellence Model with focus on Strategic and
Plans dimension. The analysis of private health sector used data provided by the
regulatory agency. The analysis of the current cooperative practice was made from the
outcome of the Developing Management of Cooperatives Program. From the
implementation of the methodology was possible to observe that the new practice is
fully adhering to the principles of management excellence for strategic planning process.
Keywords: Cooperative Work; Management Excellence Model; Health Plan Operator;
Strategic Planning.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção ................... 14
Figura 2 – Modelo das 5 Forças com os respectivos determinantes ................ 19
Figura 3 – Matriz SWOT.................................................................................. 19
Figura 4 – Modelo de representação de Mapa BSC ......................................... 21
Figura 5 – Representação dos critérios do MEG .............................................. 24
Figura 6 – Os três níveis de análise ambiental ................................................. 27
Figura 7 – Metodologia de Planejamento Estratégico ...................................... 43
Figura 8 – Exemplo de Planilha PEST ............................................................. 47
Figura 9 – Exemplo de Planilha Insumos Estratégicos .................................... 47
Figura 10 – Tela da Planilha de Análise SWOT .............................................. 51
Figura 11 - Estratificação das Forças x Nível ................................................. 51
Figura 12 – Estratificação das Fraquezas x Nível ............................................ 52
Figura 13 – Estratificação das Oportunidades x Nível ..................................... 52
Figura 14 – Estratificação Ameaças x Nível .................................................... 53
Figura 15 – Estratificação Ações x Nível ......................................................... 59
Figura 16 – Estratificação Projetos x Nível...................................................... 60
Figura 17 – Mapa Estratégico .......................................................................... 63
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Matriz SWOT ................................................................................. 53
Tabela 2 – Cruzamento Oportunidades x Fatores Internos .............................. 56
Tabela 3 – Cruzamento Ameaças x Fatores Internos ....................................... 58
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – PIB do Brasil gasto em saúde (em %) ........................................... 30
Gráfico 2 – Total gasto em saúde – Participação Gasto Público vs. Gasto
Privado ............................................................................................................................ 31
Gráfico 3 – Número de operadoras em atividade ............................................. 31
Gráfico 4 – Distribuição de beneficiários de planos de saúde por modalidade de
operadora ........................................................................................................................ 32
Gráfico 5 – Comparação entre receita e despesa assistenciais por modalidade
de operadora ................................................................................................................... 33
Gráfico 6 – Índice de Sinistralidade por modalidade de operadora ................. 33
Gráfico 7 – Market Share de planos de saúde por modalidade de operadora na
cidade de Juiz de Fora .................................................................................................... 34
Gráfico 8 – Comparação Ticket Médio e Sinistralidade para planos Coletivo
Empresarial ..................................................................................................................... 35
Gráfico 9 - Comparação Ticket Médio e Sinistralidade para planos Coletivo
por adesão ....................................................................................................................... 35
Gráfico 10 - Comparação Ticket Médio e Sinistralidade para planos
Individual/Familiar ......................................................................................................... 36
Gráfico 11 – Desempenho da Cooperativa – Auto avaliação PDGC 2015 ...... 42
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
5W2H – What (o quê?), Who (quem?), Why (por quê?), When (quando?),
Where (onde?), How (como?), How much (quanto custa?)
ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar
BSC – Balanced Scorecard
CNSeg - Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência
Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização
CONASS - Conselho Nacional dos Secretários de Saúde
Desosp – Programa de Desospitalização
EFQM - European Foundation for Quality Management
ERP - Enterprise Resource Planning
FNQ – Fundação Nacional da Qualidade
ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IDSS - Índice de Desempenho da Saúde Suplementar
ISO – International Organization for Standardization
MEG - Modelo de Excelência da Gestão
MP – Medida Provisória
NGUTIR – Nível, Gravidade, Urgência, Tendência, Idade, Retorno Financeiro
OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras
OPME - Órteses, Próteses e Materiais Especiais
PDA – Plano Diretor Administrativo
PDI – Plano Diretor de Informática
PDGC – Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas
PEST – Política, Econômica, Social e Tecnológica
PIB – Produto Interno Bruto
PROMOPREV - Promoção da saúde e prevenção da doença
SADT - Serviços de Apoio à Diagnose e Terapia
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SESCOOP - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo
SUSEP - Superintendência de Seguros Privados
SWOT – Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities
(oportunidades), Threats (ameaças)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 12
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 13
1.4 ESCOPO DO TRABALHO ............................................................................................. 13
1.5 METODOLOGIA ............................................................................................................ 13
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................................... 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 16
2.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO .............................................................................. 16
2.1.1 CONCEITUAÇÃO DE PLANEJAMENTO .............................................................................. 16
2.1.2 TIPOS DE PLANEJAMENTO .................................................................................................. 16
2.1.3 FERRAMENTAS ...................................................................................................................... 16
2.2 MODELO DE EXCELENCIA DA GESTÃO (MEG) ..................................................... 21
2.2.1 A DIMENSÃO ESTRATÉGIA E PLANOS .............................................................................. 26
2.3 SETOR DE SAÚDE SUPLEMENTAR ........................................................................... 28
2.3.1 DADOS DO SETOR DE SAÚDE SUPLEMENTAR ................................................................ 30
2.3.2 DADOS DO SETOR DE SAÚDE SUPLEMENTAR EM JUIZ DE FORA .............................. 34
2.4 COOPERATIVISMO ...................................................................................................... 37
3 ESTUDO DE CASO......................................................................................................... 41
3.1 METODOLOGIA PROPOSTA ....................................................................................... 43
3.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA .............................................................................. 45
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS..................................................................................... 64
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 65
6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 66
7 ANEXOS: REQUISITOS PDGC DIMENSÕES LIDERANÇA, ESTRATÉGIA
E PLANOS E RESULTADOS .............................................................................................. 69
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O setor de saúde suplementar do Brasil possui 50 milhões de beneficiários divididos
para pouco mais de 1000 operadoras de planos de saúde, portanto, a concorrência é grande e
para agravar ainda esse cenário começou-se recentemente um movimento de
internacionalização do capital. Em 2015 foi promulgada a lei permitindo a entrada de capital
estrangeiro para controlar parcial ou totalmente empresas do setor. Nesse setor, existe, ainda,
a intervenção de uma agência reguladora em diversos aspectos, tais como, nos preços e
reajustes praticados, nos tipos de serviços oferecidos em cada produto, na relação com os
prestadores de serviços, etc.
Ao contrário das empresas mercantis, uma cooperativa tem como principal objetivo
melhorar a remuneração de seus cooperados, não visando ao lucro. E como uma das formas
de melhorar essa remuneração é ajustar valores de consulta médica, os custos assistenciais
tendem a ser elevados. Por isso ela precisa sempre estar se desenvolvendo, reduzindo custos,
melhorando processos, aumentando a eficácia operacional para que os impactos sejam cada
vez menores.
Para conseguir se desenvolver, as empresas precisam utilizar ferramentas e
metodologias que as guiarão ao longo desse processo, para isso, se destaca o planejamento
estratégico, pois é através dele que a empresa conseguirá visualizar seu horizonte e traçar os
caminhos a seguir para atingir o objetivo principal.
1.2 OBJETIVOS
O trabalho tem como objetivo principal avaliar e propor uma metodologia para
padronizar e sistematizar o Planejamento Estratégico na cooperativa.
Para atingir esse objetivo principal são propostos os seguintes objetivos secundários:
Descrever o conceito e algumas ferramentas do planejamento estratégico no
contexto do setor de saúde suplementar no Brasil;
Identificar pontos de melhoria na prática atual da cooperativa;
Desenhar uma metodologia que possa ser utilizada pela cooperativa;
Aplicar a metodologia desenhada;
13
1.3 JUSTIFICATIVA
O Planejamento Estratégico é uma prática que tem sido foco da alta direção das
empresas, pois ele apresenta meios de se aproveitar as oportunidades e mitigar as ameaças que
o ambiente apresenta.
Padronizar e sistematizar essa prática é uma forma de garantir que ela será feita de
maneira adequada, o que é proveitoso na tomada de decisões. As razões para que essa
sistematização seja feita são muitas, como por exemplo, o fato do ambiente mudar
constantemente e que revisões e reajustes são necessários frequentemente.
Neste contexto, este trabalho contribui para a criação de uma metodologia capaz de
sistematizar o Planejamento Estratégico na cooperativa em estudo.
1.4 ESCOPO DO TRABALHO
O problema principal de estudo é: como sistematizar uma metodologia de Planejamento
Estratégico em uma cooperativa de trabalho médico situada na cidade de Juiz de Fora?
Para tanto, será proposta uma metodologia de implantação e a mesma será aplicada na
cooperativa em estudo. Contudo, por limitações de tempo e dependência do ritmo da
cooperativa, a implantação da fase de Desdobramento da Estratégia não será detalhada.
Apesar de a cooperativa fazer parte de um sistema com alcance nacional, esse estudo
apenas irá contemplar a cooperativa da cidade de Juiz de Fora.
Por dificuldade de se obter dados recentes do setor especificamente para a cidade de
Juiz de Fora, a análise será feita a nível nacional.
1.5 METODOLOGIA
Quanto à definição da metodologia a ser desenvolvida, a classificação pode ser feita
conforme sugerida por Miguel (2010), quanto à natureza, objetivos, abordagem e método.
Essa divisão proposta pelo autor visa auxiliar na identificação das características, propostas e
dos pontos chaves do trabalho, assim favorecendo a condução do mesmo.
14
Figura 1 - Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção
Fonte: Miguel, 2010 - Adaptado.
Para as dimensões apresentadas na figura 1, com relação à natureza, o presente trabalho
se classifica em uma pesquisa aplicada, visto que será gerado conhecimento para aplicação
prática, de modo que solucione problemas específicos (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). No
caso desse estudo, o levantamento teórico é feito para o entendimento sobre Planejamento
Estratégico e o Setor de Saúde.
Com relação aos objetivos, o trabalho é classificado como exploratório, uma vez que
pretende, por meio da pesquisa de campo, identificar a utilização dos conceitos de Gestão
Estratégica na cooperativa e também pode se classificar, como sendo normativo, visto que o
trabalho busca desenvolver estratégias e ações para aperfeiçoar os resultados (BERTRAND;
FRANSOO, 2002). Quanto à abordagem, será qualitativo por meio de estudo de caso em que
informações serão colhidas através de e-mails com Assessor Estratégico, Gerentes, consulta à
planejamentos anteriores, e na participação ativa da implantação do Planejamento Estratégico.
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho foi desenvolvido em três partes. A primeira consiste na revisão bibliográfica
sobre questões relativas ao objetivo da pesquisa. A segunda parte se constitui da análise do
setor de saúde suplementar no Brasil. Por fim, a terceira é o desenvolvimento, proposta e
aplicação da metodologia para o Planejamento Estratégico da cooperativa.
15
O presente trabalho é composto por cinco capítulos. O primeiro capítulo apresenta as
considerações iniciais, objetivos, justificativa, escopo e a metodologia de pesquisa.
O segundo capítulo contém o referencial teórico para o desenvolvimento do trabalho,
ele está dividido em quatro partes. Na primeira, fala-se sobre o planejamento estratégico e
suas ferramentas de elaboração, na segunda apresenta o MEG com destaque para a dimensão
Estratégias e Planos. A terceira parte trata do setor de saúde suplementar no Brasil, na última,
sobre o cooperativismo.
O terceiro capítulo apresenta a cooperativa em que o trabalho se desenvolve, a
metodologia proposta e a aplicação da mesma. O quarto capítulo apresenta a análise dos
resultados.
Por fim, o quinto capítulo apresenta as considerações finais do trabalho.
16
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
2.1.1 CONCEITUAÇÃO DE PLANEJAMENTO
Segundo Steiner (1969) apud Oliveira (2014) existem cinco dimensões de
planejamento. A primeira dimensão corresponde às funções desempenhadas pelas empresas,
podendo ser produção, pesquisa, novos produtos, finanças, entre outras. A segunda dimensão
corresponde aos elementos do planejamento, como por exemplo, objetivos, estratégias,
políticas, etc. A terceira dimensão tem relação com o tempo do planejamento, podendo ser
curto, médio ou longo prazo.
Outra dimensão corresponde à divisão das unidades organizacionais que pode
compreender o planejamento corporativo de grupos funcionais, de departamentos, de produtos,
de subsidiárias, entre outros. E por fim, uma quinta dimensão que corresponde às
características do planejamento, podendo ele ser complexo ou simples, qualitativo ou
quantitativo, estratégico, tático ou operacional, etc.
Ainda de acordo com Oliveira (2014), as cinco dimensões citadas não
necessariamente são excludentes, portanto, o referido autor conceitua planejamento como
sendo:
“Um processo – considerando os aspectos abordados pelas cinco dimensões
- desenvolvido para o alcance de uma situação futura desejada, de um modo
mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e
recursos pela empresa (p.33).”
2.1.2 TIPOS DE PLANEJAMENTO
Ao considerar os grandes níveis hierárquicos organizacionais, podem-se distinguir
três tipos de planejamento de acordo com as decisões tomadas por eles. Decisões estratégicas
requerem um planejamento estratégico, para as decisões táticas, planejamento tático e para as
decisões operacionais, planejamento operacional (OLIVEIRA, 2014).
2.1.3 FERRAMENTAS
2.1.3.1 DIRECIONADORES ESTRATÉGICOS
Os direcionadores estratégicos são responsáveis por definir o negócio, a missão, a
visão e os valores da empresa.
17
O negócio da empresa é definido como sendo aquilo que a empresa faz para
satisfazer um desejo ou uma necessidade do cliente. A missão determina o motivo central da
existência da empresa, representando a sua razão de ser. Ela também pode envolver a
expectativa dos acionistas e principais executivos da empresa (OLIVEIRA, 2014).
A visão representa o patamar que a empresa quer atingir ou o que ela quer ser em
futuro próximo ou distante. E os valores da empresa representam os princípios, crenças e
questões éticas que fornecem sustentação às decisões empresariais (OLIVEIRA, 2014).
2.1.3.2 ANÁLISE AMBIENTAL
A análise ambiental externa estuda a relação da empresa com seu ambiente em
termos de política, economia, sociedade e tecnologia – fatores que formam o acrônimo PEST.
A análise PEST é necessária para que a organização saiba o impacto gerado por mudanças
nesses ambientes (HOOLEY ET AL., 2001).
De acordo com Hooley et al. (2001), para as análises do momento político-
econômico que o país está passando, temos as seguintes considerações a fazer:
Índice de crescimento econômico;
Emprego e desemprego;
Governos nacionais e transnacionais;
Internacionalização e globalização;
Comércio Regional e áreas de comércio;
Tributação e política fiscal;
Taxa de Juros, confiança do consumidor e das empresas.
Questões legais e regulamentárias;
Da mesma forma, temos as seguintes considerações a fazer para as questões
socioculturais do país:
18
Mudanças demográficas;
O mercado dos jovens;
Mudanças nos estilos e nos padrões de vida;
Sociedade multiétnicas;
Pluralidade religiosa;
O mercado dos cabelos brancos (amadurecimento da população);
E por fim, ao se falar das questões tecnológicas, é importante se considerar a
aceleração do ritmo de mudanças e as oportunidades para inovação (HOOLEY ET AL., 2001).
Na análise do ambiente setorial, uma ferramenta que pode ser utilizada é a análise
das Cinco Forças de Porter, desenvolvida por Michael Porter em 1980. Para Porter apud
Oliveira (2014), existem conjuntos de fatores que influenciam a lucratividade das empresas:
Rivalidade entre os concorrentes: a competição é maior quando se tem um
grande número de concorrentes equiparáveis em tamanho, nicho de mercado,
estrutura de custos parecida, e quando produto e serviço são considerados
commodities.
Pressão de produtos substitutos: essa força trata da facilidade em que o
consumidor pode substituir o produto oferecido por uma empresa por outro novo
no mercado, especialmente se o novo produto oferecer melhor custo/benefício.
Poder de barganha dos compradores: Clientes que compram maior volume
produtos mais padronizados, que não sofrem com custos de troca normalmente
tem mais poder.
Poder de barganha dos fornecedores: Os fornecedores também se diferenciam
quando se trata de poder, fatores que podem influenciar seu poder são: grau de
concentração, especificidade do produto, número de clientes, possibilidade de
integração futura.
Ameaça de novos concorrentes: O número de empresas atuantes em um
mercado tem correlação com o nível de atratividade no mercado. Segundo Porter,
as barreiras que podem dificultar a entrada desses novos concorrentes são
economia de escala, diferenciação do produto, exigências de capital, custo de
troca, acesso aos canais de distribuição, desvantagem independente de escala e
política governamental.
A Figura 2, adaptada de Porter (1989, p.5) apresenta o modelo das 5 forças bem
como os determinantes de cada força.
19
Figura 2 – Modelo das 5 Forças com os respectivos determinantes
Fonte: Porter, 1989 - Adaptado
Ainda analisando o ambiente, é comum ver a utilização da Matriz SWOT que
demonstra as Forças (Strengths), as Fraquezas (Weaknesses), as Oportunidades
(Opportunities) e as Ameaças (Threats) de uma empresa.
A figura 3 mostra um exemplo de Matriz SWOT:
Figura 3 – Matriz SWOT
Fonte: Webglobal, 2013
A partir do preenchimento da matriz verifica-se a relação existente entre essas quatro
classificações, por exemplo, o que a empresa enxerga como Oportunidade e Força deve ser
20
melhorado continuamente para garantir a posição de liderança. Já o que é enxergado como
Oportunidade e Fraqueza é algo que se deve investir para que a Fraqueza não lhe traga
problemas no futuro e para que essa Fraqueza se torne uma Força dentro da empresa. Quando
se analisa as Ameaças com relação às Forças, é preciso usá-las de modo a mitigar os riscos
relacionados a essas Ameaças e quando se tem Ameaças e Fraquezas, a empresa precisa estar
atenta a essa situação, pois nela os riscos são os maiores e a qualquer momento isso pode vir a
prejudicar a posição da empresa no mercado.
2.1.3.3 BALANCED SCORECARD (BSC)
Após todo esse processo de análise ambiental, uma forma de compilar e controlar os
objetivos estratégicos que irão orientar a empresa a atingir sua visão é por meio do Balanced
Scorecard. O BSC proposto por Kaplan e Norton é composto de quatro perspectivas:
Perspectiva Financeira, Perspectiva do Cliente, Perspectiva de Aprendizado e Crescimento e
Perspectiva de Processos internos.
Segundo Kaplan e Norton (2006) ao montar o BSC, a Perspectiva Financeira deve
responder ao questionamento sobre as expectativas dos acionistas em termos de desempenho
financeiro, já para a Perspectiva do Cliente, a pergunta é como criar valor para os clientes
para que os objetivos financeiros sejam atingidos. Para a Perspectiva de Aprendizado e
Crescimento, deve-se questionar como os ativos intangíveis, como pessoas, sistemas e cultura,
podem ser alinhados de forma a melhorar os processos críticos. E para a Perspectiva dos
Processos internos, a pergunta é sobre quais processos de uma empresa devem ser excelentes
para satisfazer os clientes e os acionistas.
Como se pode observar, existe uma ligação entre cada uma dessas perspectivas como
se fosse uma cadeia de relações de causa e efeito. Por exemplo, um programa de treinamento
visando aperfeiçoar as habilidades dos colaboradores irá contribuir para a melhoria nos
processos, causando um ganho de qualidade nos produtos ou na prestação de serviço, o que
irá gerar maior satisfação dos clientes, que irão se fidelizar e com isso aumentar a receita e as
margens (KAPLAN; NORTON, 2006).
O modelo de representação de mapa BSC pode ser visto na figura 4.
21
Figura 4 – Modelo de representação de Mapa BSC
Fonte: ANTUNES, L. C.; ALVES, L.H D, 2014
2.1.3.4 PLANO DE AÇÃO
Com o BSC montado, o próximo passo é transformar esses objetivos estratégicos em
ações que irão movimentar a empresa no sentido da visão estipulada ao longo do
planejamento estratégico.
Uma ferramenta utilizada nessa etapa é chamada de 5W2H que são sete perguntas
em inglês que compõem informações básicas de uma ação. As perguntas que formam o nome
da ferramenta são: What? (o que vai ser feito?), Why? (por que vai ser feito?), Where? (onde
vai ser feito?), Who? (quem irá fazer?), When? (quando, ou até quando, vai ser feito?), How?
(como vai ser feito?), How much? (quanto custa fazer?).
Respondendo a esses questionamentos, as ações ficam organizadas, claras e com
maior possibilidade de controle para todos os envolvidos.
2.2 MODELO DE EXCELENCIA DA GESTÃO (MEG)
Uma empresa que visa a excelência da gestão tem no planejamento estratégico um
forte aliado para atingir os seus objetivos. Pensando nisso, a Fundação Nacional da Qualidade
desenvolveu o Modelo de Excelência da Gestão.
22
O Modelo de Excelência da Gestão encontra-se na 20ª Edição sendo uma
metodologia de avaliação, autoavaliação e reconhecimento de boas práticas. Mas antes de ser
consolidada como MEG, a FNQ adotava outras metodologias internacionais.
Segundo a FNQ (2014), de 1992 a 1996 o modelo seguido foi o americano da
Fundação Baldrigde da Gestão Qualidade Total. Algumas mudanças foram sendo realizadas a
partir de 1995, mas a estrutura do Malcolm Baldrigde National Quality Awards foi
acompanhada até 2000.
Em 2001, após estudos de outros modelos de excelência por parte do Núcleo Técnico
Critérios de Excelência, da FNQ, constituiu-se o denominado Modelo de Excelência da
Gestão (FNQ, 2014).
A cada ano o modelo é aperfeiçoado a partir de feedback de usuários do MEG,
examinadores e especialistas, além das análises de novidades de prêmios internacionais, como
por exemplo, Malcolm Baldridge, EFQM Excellence Model, Singapure Quality Award,
Japan Quality Award e Australian Quality Award.
A FNQ baseia o MEG em um conjunto de treze fundamentos e oito conceitos que
expressam práticas, processos e fatores de desempenho encontrado em organizações classe
mundial. Os fundamentos e as descrições podem ser encontrados abaixo (FNQ, 2014):
Pensamento Sistêmico: Compreensão e tratamento das relações de
interdependência e seus efeitos entre os diversos componentes que formam a
organização, bem como entre eles e o ambiente com o qual interagem.
Atuação em Rede: Desenvolvimento de relações e atividades em cooperação
entre organizações ou indivíduos com interesses comuns e competências
complementares.
Aprendizado Organizacional: Busca de maior eficácia e eficiência dos processos
da organização e alcance de um novo patamar de competência, por meio da
percepção, reflexão, avaliação e do compartilhamento de conhecimento e
experiências.
Inovação: Promoção de um ambiente favorável à criatividade, experimentação e
implementação de novas ideias capazes de gerar ganhos de competitividade com
desenvolvimento sustentável.
Agilidade: Flexibilidade e rapidez de adaptação a novas demandas das partes
interessadas e mudanças do ambiente, considerando a velocidade de assimilação e
o tempo de ciclo dos processos.
23
Liderança Transformadora: Atuação dos líderes de forma inspiradora, exemplar,
realizadora e com constância de propósito, estimulando as pessoas em torno de
valores, princípios e objetivos da organização, explorando as potencialidades das
culturas presentes, preparando líderes e interagindo com as partes interessadas.
Olhar para o futuro: Projeção e compreensão de cenários e tendências prováveis
do ambiente e dos possíveis efeitos sobre a organização, no curto e longo prazo,
avaliando alternativas e adotando estratégias mais apropriadas.
Conhecimento sobre clientes e mercados: Interação com clientes e mercados e
entendimento de necessidades, expectativas e comportamentos, explícitos e
potenciais, criando valor de forma sustentável.
Responsabilidade Social: Dever da organização de responder pelos impactos de
suas decisões e atividades, na sociedade e no meio ambiente, e de contribuir para
a melhoria das condições de vida, por meio de um comportamento ético e
transparente, visando ao desenvolvimento sustentável.
Valorização das pessoas e cultura: Criação de condições positivas e seguras para
as pessoas se desenvolverem integralmente, com ênfase na maximização do
desempenho, na diversidade e no fortalecimento de crenças, costumes e
comportamentos favoráveis a excelência.
Decisões fundamentadas: Deliberações sobre direções a seguir e ações a executar,
utilizando o conhecimento gerado a partir do tratamento de informações obtidas
em medições, avaliações e análises de desempenho, de riscos, de
retroalimentações e de experiências.
Orientação por processos: Busca de eficiência e eficácia nos conjuntos de
atividades que formam a cadeia de agregação de valor para os clientes e demais
partes interessadas.
Geração de Valor: Alcance de resultados econômicos, sociais e ambientais, bem
como de resultados dos processos que os potencializam, em níveis de excelência,
e que atendam às necessidades das partes interessadas.
Os oito critérios estão representados na mandala do modelo representada na figura 5
e pode ser entendida da seguinte forma: os clientes e a sociedade criam demandas, a liderança
é responsável por elaborar estratégias e planos que são executados pelas pessoas e processos
sempre com foco em gerar resultado. E o resultado é atingido se as informações e os
24
conhecimentos estiverem envolvendo todos os critérios, variáveis e a organização
(FNQ,2014).
Figura 5 – Representação dos critérios do MEG
Fonte: FNQ (2014)
Ainda segundo o FNQ (2014), podemos descrever os critérios da seguinte forma
(FNQ, 2014):
Clientes: Análise e desenvolvimento de mercado, entendimento das necessidades
e expectativas dos clientes atuais e potenciais, gerenciamento da marca e imagem
da organização e relacionamento com clientes.
Pessoas: Sistemas de trabalho, identificação de competências, seleção e
integração de pessoas, avaliação de desempenho, remuneração e reconhecimento,
capacitação e desenvolvimento, preparação de novos líderes e qualidade de vida.
Liderança: Cultura organizacional e desenvolvimento da gestão, da governança,
dos riscos, da interação com as partes interessadas, do exercício da liderança e da
análise do desempenho da organização.
Estratégias e Planos: Formulação e implementação das estratégias, por meio de
análise dos ambientes interno e externo, ativos intangíveis, como a definição de
indicadores e metas, desdobramentos de planos de ação.
25
Sociedade: Responsabilidade socioambiental e desenvolvimento social, que
incluem identificação das necessidades e expectativas da sociedade, atendimento à
legislação.
Processos: Processos da cadeia de valor em interação, projetados para atender aos
requisitos de produtos, das partes interessadas, que realizam as transformações e
entregas da organização, considerando em destaque os relativos a fornecedores e
os econômico-financeiros.
Resultados: Apresentação de resultados estratégicos e operacionais relevantes
para a organização, na forma de indicadores que permitam avaliar, no conjunto, a
melhoria dos resultados, o nível de competitividade e o cumprimento de
compromissos com requisitos de partes interessadas, nas perspectivas econômico-
financeira, socioambientais e relativas a clientes e mercados, a pessoas e aos
processos da cadeia de valor.
Informações e conhecimento: Informações da organização, desde a identificação
de necessidades até a implantação do sistema de informação, e gestão do
conhecimento organizacional, ao identificar, desenvolver, reter e proteger,
difundir e utilizar os conhecimentos necessários para a implementação das
estratégias.
Os oito critérios de excelência são divididos em vinte e três itens de avaliação
(dezoito processos gerenciais e cinco resultados organizacionais) que “garantem à
organização uma melhor compreensão do sistema gerencial, além de proporcionar uma visão
sistêmica da gestão, do mercado e do cenário local ou global onde a empresa atua e se
relaciona.” (FNQ, 2014).
Para as cooperativas, o SESCOOP desenvolveu o Programa de Desenvolvimento da
Gestão das Cooperativas (PDGC) que tem a metodologia toda baseada no MEG e que através
de um Diagnóstico para verificar a conformidade da cooperativa com a Lei 5764/71 e
Questionário de Auto avaliação é possível diagnosticar o grau de maturidade da gestão
(SESCOOP, 2012).
Para este trabalho, optou-se por dar maior ênfase no critério Estratégia e Planos, mas
observando a correlação com os critérios Liderança, Resultados.
26
2.2.1 A DIMENSÃO ESTRATÉGIA E PLANOS
Segundo a Fundação Nacional da Qualidade (2008), o critério Estratégia e Planos
tem relação direta com o fundamento da excelência Visão de Futuro, pois neste critério se
analisa fatores do ambiente interno e externo em que a organização está inserida e que afetam
sua atuação no curto e longo prazo.
O critério Estratégia e Planos é representado no Modelo de Excelência da Gestão por
meio da seta central integradora apontada para o critério Resultados. Estratégias e Planos tem
relação com o critério Liderança, pois define em que objetivos e metas as pessoas devem ser
motivadas pelas lideranças. Atender as necessidades de Clientes e Sociedade relaciona-se com
os respectivos critérios e referência a criação de valor a partir da gestão das Pessoas e
Processos (FNQ, 2008).
A FNQ divide esta dimensão em duas partes: Formulação das Estratégias, que
abrange o entendimento dos ambientes externos e internos da companhia e Implementação
das Estratégias, que aborda as ações executadas em direção a estratégia formulada com
indicadores, metas para que a companhia alinhe seus processos, acompanhe seu êxito e revise
suas estratégias.
2.2.1.1 FORMULAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS
A formulação das estratégias ocorre geralmente seguindo uma ordem controlada de
eventos com início nas análises ambientais e fim com as estratégias definidas (FNQ, 2008).
Essas análises abrangem características do Macroambiente, onde se faz uso da Análise PEST
que leva em consideração fatores Políticos, Econômicos, Sociais e Tecnológicos;
características do Ambiente Organizacional, com análise de Fornecedores, Clientes,
Concorrentes e Mercado Alvo, e também utilizando a análise das Forças de Porter, como pode
ser visto na figura 6.
27
Figura 6 – Os três níveis de análise ambiental
Fonte: FNQ (2014)
2.2.1.2 IMPLEMENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS
Segundo a Fundação Nacional de Qualidade (2008), a implementação das estratégias
é um dos aspectos mais críticos para o sucesso de uma organização no longo prazo. Nessa
etapa, inclui-se o planejamento das ações, a definição das metas necessárias utilizando a
comparação com o setor ou requisitos das partes interessadas, de modo que o estabelecimento
destas seja com base em fatos e dados gerando credibilidade e comprometimento.
Sobre os indicadores, a FNQ (2008) afirma que as medições de progresso utilizando
indicadores individuais para cada estratégia facilitam a tomada de decisão, enquanto os
indicadores integradores, aqueles usados para medir o êxito de agrupamentos ou blocos de
estratégias, promove uma visão sintética para a Direção.
A natureza das medições varia de acordo com a natureza das estratégias. Um
mecanismo utilizado para determinar os indicadores é por meio de brainstorming
considerando aspectos como relevância, acessibilidade, objetividade e comparabilidade. Outro
mecanismo é tentar correlacionar e classificar os indicadores em resultantes ou direcionadores.
(FNQ, 2008)
O planejamento das ações caracteriza-se por ser um conjunto de iniciativas que
guiam a implementação das estratégias formuladas. Segundo a FNQ (2008), muitas das
organizações que venceram o Prêmio Nacional da Qualidade, o planejamento das ações
ocorre de forma que as ações e as metas estratégicas são desdobradas pela Direção para seus
28
subordinados diretos, que, são responsáveis por detalhar os indicadores, metas, prazos,
responsabilidades e orçamento para o nível tático e operacional. Esta abordagem possibilita a
participação de diversas pessoas, o que contribui para que todos estejam engajados em prol da
equipe e da empresa.
Outra forma de engajar as pessoas é com a comunicação interna das estratégias,
metas e seus indicadores e planos de ação. Essa comunicação, segundo a FNQ (2008), não
deve ser apenas de cima para baixo, mas também horizontal, através de diversos canais de
informação, como por exemplo, a intranet, quadros de avisos, artigos na imprensa interna,
entre outros. Ela lembra ainda que quando ocorre à comunicação para a força de trabalho e
para públicos externos, geralmente, é necessário que se faça uma transformação para uma
linguagem mais simplificada, facilitando a compreensão pelos diversos níveis da organização.
2.3 SETOR DE SAÚDE SUPLEMENTAR
Iniciando as análises ambientais para o Planejamento Estratégico, este tópico tem
como objetivo levantar informações sobre o setor de saúde suplementar no Brasil.
O setor de saúde suplementar no Brasil é regulado pela Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS). Regulação pode ser entendida como a capacidade de interferir em
processos de prestação de serviços através de mecanismos indutores, normatizados,
regulamentos ou restritos (ANS, 2008).
No ano 2000, a ANS surgiu a partir da MP n. 1928, aprovada pelo Congresso
Nacional e convertida na Lei 9961/2000. Vinculada ao Ministério da Saúde, tem sede na
cidade do Rio de Janeiro e tem como principal atividade cuidar de um setor sobre o qual o
Estado não continha informações e a sua criação se caracterizou pela regulação e fiscalização
de uma agência vinculada ao Ministério da Saúde (ANS, 2009).
A regulação pode ser dividida em três fases. A primeira é caracterizada pela criação
do marco legal da regulamentação. Na segunda fase, a ANS se responsabiliza por garantir as
interferências na economia e na assistência. Já a terceira fase é o início da regulação do campo
microrregulatório exercido pelas operadoras de planos de saúde no relacionamento com
prestadores de serviço e beneficiários, através de regras próprias (DA SILVA, 2014).
No processo, a ANS definiu as modalidades como tipos de operadoras de acordo
com as principais características de suas atividades, como por exemplo, Autogestão, Medicina
de Grupo, Seguradora Especializada em Saúde, Filantropia, Cooperativa Médica (com ou sem
Odontologia) e Administradora de Benefícios (DA SILVA, 2014).
29
As operadoras do tipo Autogestão possuem serviços que estão voltados para os
empregados de empresas e seus familiares, e são organizados pelos próprios empregados, por
meio de caixas de assistências ou pelas próprias empresas (NICOLETTI, 2007). Como
exemplo, pode-se citar a operadora Cemig Saúde.
Nas operadoras do tipo Medicina de Grupo a gestão dos planos é feita por uma
empresa privada, criada historicamente por proprietários ou sócios de unidades hospitalares.
Essas operadoras possuem como clientes indivíduos e empresas que podem ser atendidos em
unidades próprias onde os profissionais são empregados da medicina de grupo, ou através de
unidades credenciadas por esta (NICOLETTI, 2007). Como exemplo, pode-se citar as
operadoras Amil, Hapvida, Golden Cross.
As seguradoras funcionavam como previsto no Decreto-Lei n. 73, de 1966, que
garantia exclusivamente o reembolso de pagamentos pelos serviços de assistência médica.
Esse modelo foi ultrapassado com a criação pela SUSEP do “Seguro de Assistência Médica”
onde o objetivo principal da apólice era a garantia da assistência médica e não mais apenas o
reembolso (NICOLETTI, 2007). Como exemplo, pode-se citar as operadoras Bradesco Saúde,
Porto Seguro, Allianz Saúde.
As operadoras de Filantropia operam planos privados, mas são entidades sem fins
lucrativos e devem obter certificado de entidade filantrópica com o Conselho Nacional de
Assistência Social e obter, também, uma declaração de utilidade pública federal, estadual ou
municipal junto aos órgãos competentes (CNSeg, 2015). Como exemplo, pode-se citar a
operadora Santa Casa Belo Horizonte.
As Cooperativas Médicas possuem gestão de plano de saúde semelhante a das
medicinas de grupo, ou seja, existe uma organização que administra os planos. O que difere é
que as cooperativas são formadas por profissionais vinculados a entidades, chamados
cooperados, enquanto as “medicinas de grupo” são empresas limitadas. Algumas cooperativas
possuem recursos próprios como hospitais, farmácia, centro de medicina preventiva e a
clientela é formada por indivíduos e empresas. Elas são representadas pela Unimed do Brasil,
que tem a responsabilidade de padronizar questões relativas à marca, mas são organizadas de
forma independente, por isso há diferenças entre tipos de plano, preços cobrados
(NICOLETTI, 2007). Como exemplo, pode-se citar as operadoras Unimed Belo Horizonte,
Unimed Porto Alegre, Unimed Vale do Taquari e Rio Pardo.
30
As Administradoras de benefício foram criadas pela Resolução Normativa 196 de
Julho de 2009 e caracterizadas por ser pessoa jurídica que viabilizam e administram
benefícios coletivos (plano de saúde e odontológico) para categorias profissionais e empresas
(QUALICORP, 2015). Como exemplo, pode-se citar a Qualicorp.
2.3.1 DADOS DO SETOR DE SAÚDE SUPLEMENTAR
O perfil de gasto do Brasil com relação à saúde pode ser visto nos gráficos 1:
Gráfico 1 – PIB do Brasil gasto em saúde (em %)
Fonte: Global Health Observatory, 2014 – Adaptado
O gasto do Brasil com saúde tem aumentado em relação ao PIB, saindo do patamar
de 7,2% em 2000 para 9,3% 2012 devido a maior ênfase do Governo Federal no investimento
em saúde. A participação de gasto público tem aumentado em relação ao privado e esses
totais de gasto em saúde pode-se dividir como sendo 40% público e 60% privado em 2000 e
46% público e 54% privado em 2012, conforme gráfico 2.
31
Gráfico 2 – Total gasto em saúde – Participação Gasto Público vs. Gasto Privado
Fonte: Global Health Observatory, 2014 - Adaptado
Desde o início das atividades da ANS em 2000, o número de operadoras de planos de
saúde privado vem reduzindo, saindo de 1991 operadoras em 2001 para 1055 em 2014 como
mostra o gráfico 3:
Gráfico 3 – Número de operadoras em atividade
Fonte: ANS, 2014 – Adaptado
32
Em 2014, dos 200 milhões de habitantes no Brasil, 50,6 milhões eram beneficiários
de planos médico-hospitalares, ou seja, 25% da população brasileira. O setor teve um
crescimento de 2% de 2013 para 2014 e de 62,4% entre 2000 e 2014 (ANS, 2014).
Os beneficiários de planos de saúde estão divididos da seguinte forma entre os tipos
de operadoras: 39% estão com Cooperativas Médicas, 33% com Medicinas de Grupo, 15%
com Seguradoras, 12% com Autogestão e 2% com Filantropia (ANS, 2014), conforme gráfico
4:
Gráfico 4 – Distribuição de beneficiários de planos de saúde por modalidade de operadora
Fonte: ANS, 2014 – Adaptado
As despesas assistenciais das operadoras médico-hospitalares em 2013 ficaram assim
divididas: do total de R$90,9 bilhões, R$31,8 bilhões foram das Cooperativas Médicas, R$26
bilhões foram das Medicinas de Grupo, R$19,8 bilhões foram das Seguradoras, R$11,4
bilhões das Autogestões e R$1,9 bilhões das empresas de Filantropia.
Já as receitas, em 2013, de um total de R$108,5 bilhões, R$38 bilhões foram das
Cooperativas Médicas, R$31,6 bilhões das Medicinas de Grupo, R$24,3 bilhões das
Seguradoras, R$12,3 bilhões das Autogestões e R$2,3 bilhões das Filantrópicas.
A comparação entre elas pode ser visualizada no gráfico 5:
33
Gráfico 5 – Comparação entre receita e despesa assistenciais por modalidade de operadora
Fonte: ANS, 2014 – Adaptado
Com esses dados, é possível obter um importante indicador do mercado de saúde
suplementar, as sinistralidades que são a relação entre as despesas assistenciais e as receitas.
Outro índice é a sinistralidade composta, que além das despesas assistenciais, engloba
também as despesas operacionais. Portanto, quanto menor os índices de sinistralidade ou
sinistralidade composta, melhor para a empresa.
No gráfico 6, temos a sinistralidade calculada para cada tipo de modalidade:
Gráfico 6 – Índice de Sinistralidade por modalidade de operadora
Fonte: ANS, 2014 – Adaptado
34
O gráfico 6 nos mostra que na média as operadoras que compõem cada modalidade
está numa faixa considerada segura (80-85%) de sinistralidade, exceto as operadoras de
autogestão que possuem 93% de suas receitas transformadas em custos assistenciais.
2.3.2 DADOS DO SETOR DE SAÚDE SUPLEMENTAR EM JUIZ DE FORA
O setor de saúde suplementar de Juiz de Fora possui, segundo a ANS (2016), na
competência de dezembro/2015 o total de 252.802 beneficiários. A cidade possui operadoras
dos tipos Medicina de Grupo, Filantropia, Seguradora, Autogestão e Cooperativa Médica.
O Market Share por modalidade de operadora, considerando o número de
beneficiários é mostrado no gráfico 7:
Gráfico 7 – Market Share de planos de saúde por modalidade de operadora na cidade de Juiz de Fora
Fonte: ANS, 2016 - Adaptado
O gráfico 7 mostra que a Cooperativa Médica possui a liderança no mercado de Juiz
de Fora considerando o número total de beneficiários. Diferente do apresentado no gráfico 4,
na cidade mineira, a modalidade Filantropia aparece com quase 20% do mercado, a
modalidade Medicina de Grupo representa menos de 10%. Para a análise de Juiz de Fora
somou-se os beneficiários de Autogestão e Seguradoras, pela limitação de segregar e trabalhar
os dados disponibilizados, contudo, pode-se observar que elas apresentam comportamento
parecido à distribuição nacional.
A ANS não exige a divulgação dos dados econômico-financeiros para operadoras de
pequeno porte, por isso a comparação de ticket médio e sinistralidade, por tipo de contratação,
35
entre as operadoras e a média do setor apresenta duas das maiores operadoras da cidade. Essa
comparação pode ser vista nos gráficos 8, 9 e 10 abaixo.
Gráfico 8 – Comparação Ticket Médio e Sinistralidade para planos Coletivo Empresarial
Fonte: ANS, 2016 - Adaptado
Gráfico 9 - Comparação Ticket Médio e Sinistralidade para planos Coletivo por adesão
Fonte: ANS, 2016 - Adaptado
36
Gráfico 10 - Comparação Ticket Médio e Sinistralidade para planos Individual/Familiar
Fonte: ANS, 2016 - Adaptado
A partir dos gráficos, pode-se observar que para planos Coletivo Empresarial, a
operadora da modalidade Filantropia possui ticket médio maior que a Cooperativa Médica, o
que contribui para a sinistralidade estar em 62%. A Cooperativa Médica por adotar um ticket
médio menor, acaba tendo uma sinistralidade mais elevada, ultrapassando inclusive a média
do setor que é de 81%. Outro fato importante de se ressaltar é que as duas operadoras estão
praticando preços abaixo da média do setor para esse tipo de contratação.
Para planos Coletivo por adesão, a Cooperativa Médica possui um ticket médio
elevado, fato que contribui para que a sinistralidade esteja bem abaixo do que a operadora
comparada e a média do setor. A operadora da modalidade Filantropia pratica preços menores
que a média do setor e possui índice de sinistralidade também abaixo da média.
Já para planos Individual / Familiar, a Cooperativa Médica possui índice de
sinistralidade próximo à média do setor e maior do que a operadora comparada. O ticket
médio novamente é maior ao se comparar tanto com a operadora de Filantropia quanto à
média do setor.
A partir da análise dos gráficos, é possível afirmar que o desempenho das carteiras da
Cooperativa Médica é pior do que a operadora Filantropia em 2 dos 3 tipos de contratação. A
pior situação, no momento, parece ser os planos Coletivo Empresarial onde fica clara a prática
de preços muito abaixo da média nacional e abaixo também da operadora concorrente o que
gera uma sinistralidade muito alta e dependendo da proporção de beneficiários com esse tipo
de contratação, pode gerar impactos negativos no curto / médio prazo.
37
2.4 COOPERATIVISMO
O cooperativismo possui algumas particularidades com relação às empresas
mercantis, como por exemplo, enquanto as empresas privadas visam ao lucro proporcional ao
número de ações para seus donos, as cooperativas visam ter o retorno sobre os excedentes
(sobras) proporcional à produção.
A história do cooperativismo (OCB, 2015), começa em 1844 no bairro de Rochdale
em Manchester na Inglaterra. Em meio a Revolução Industrial, em que a mão-de-obra perdeu
poder de troca e os salários eram baixos com jornadas de trabalho cada vez mais longas, um
grupo de 28 tecelões se reuniu para fundar, com base nos ideias de respeito aos valores do ser
humano, praticando regras, normas e princípios próprios, a primeira cooperativa no mundo, a
chamada Sociedade dos Pioneiros de Rochdale (Rochdale Society of Equitable Pioneers). Ela
criou os princípios morais e a conduta que são alicerce dos princípios cooperativistas até hoje.
Os sete princípios estão relacionados abaixo (OCB,2015):
Adesão voluntária e livre: As cooperativas são organizações voluntárias, abertas
a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades
como membros, sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas.
Gestão democrática: As cooperativas são organizações democráticas,
controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das
suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como
representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes.
Participação econômica dos membros: Os membros contribuem
equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no
democraticamente. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais
finalidades como por exemplo, desenvolvimento da cooperativa, benefícios aos
membros na proporção das suas transações com a cooperativa, apoio a outras
atividades aprovadas pelos membros.
Autonomia e independência: As cooperativas são organizações autônomas, de
ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras
organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo,
devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus
membros e mantenham a autonomia da cooperativa.
Educação, formação e informação: As cooperativas promovem a educação e a
formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de
38
forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas
cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes
de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.
Intercooperação: As cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus
membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto,
através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.
Interesse pela comunidade: As cooperativas trabalham para o desenvolvimento
sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros.
No Brasil, o movimento cooperativista surgiu no final do século XIX. A primeira
cooperativa brasileira que se tem registro é chamada Sociedade Cooperativa Econômica dos
Funcionários Públicos de Ouro Preto, no ano de 1889, e a partir disso foi se expandindo Brasil
a fora. Com influência de imigrantes europeus, em 1902, surgiram cooperativas de crédito no
sul do país e em 1906, as cooperativas no meio rural (OCB,2015).
As cooperativas foram se expandindo num modelo autônomo, mas com a dificuldade
de se obter materiais didáticos sobre o assunto, poucas pessoas eram informadas, o que foi um
grande entrave para a propagação do sistema cooperativo (OCB,2015).
Em 1969 foi criada a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) que é a
organização responsável por representar e defender os direitos das cooperativas. Em 1971, a
Lei 5.5764 disciplinou a criação de cooperativas, mas restringiu a autonomia dos associados,
fato que foi superado pela Constituição de 1988 (OCB,2015).
Em 1998, nascia o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop),
com foco em ensino, formação profissional dos trabalhadores, associados e funcionários das
cooperativas brasileiras (OCB,2015).
Hoje no Brasil tem-se 13 ramos do cooperativismo que são divididos da
seguinte forma (UNIMED DO BRASIL, 2015):
Agropecuário: Reunindo produtores rurais, agropastoris e de pesca. As
cooperativas caracterizavam-se pelos serviços prestados aos associados, como
recebimento ou comercialização da produção conjunta, armazenamento e
industrialização, além da assistência técnica, educacional e até social.
Consumo: Inicialmente formado por cooperativas fechadas (exclusivas para
atender a funcionários de empresas), chegou a ter centenas em meados do século
20. Porém, o início da incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS), a partir do Decreto-Lei 406/68, atingiu duramente o ramo. Os
39
preços deixaram de ser competitivos e a maioria das cooperativas fechou as portas.
As que resistiram tornaram-se abertas (atendem toda a comunidade).
Crédito: Um dos primeiros ramos a se organizar no país atua no crédito rural e
urbano. Foi praticamente extinto pelo governo, entre as décadas de 1960 e 1980.
Nos anos 1990, o ramo se reestruturou. Com o objetivo de facilitar o acesso dos
associados ao mercado financeiro com melhores condições que as instituições
bancárias tradicionais.
Educacional: O objetivo das cooperativas educacionais é unir ensino de boa
qualidade e preço justo. Assim, pais de alunos ou professores formam e
administram as escolas cooperativas, promovendo a educação com base na
democracia e na cooperação, sem estimular a competição.
Especial: Fundamentado pela lei 9.867/99, esse ramo se constitui de cooperativas
formadas por pessoas em situação de desvantagem, como deficiência física,
sensorial e psíquica, ex-condenados ou condenados a penas alternativas,
dependentes químicos e adolescentes a partir de 16 anos em difícil situação
familiar, econômica, social ou afetiva. As cooperativas atuam visando à inserção
no mercado de trabalho desses indivíduos, geração de renda e a conquista da sua
cidadania.
Habitacional: As cooperativas habitacionais têm como objetivo viabilizar
moradia aos associados. Seu diferencial é a construção de habitações a preço justo,
abaixo do de mercado, pois não visam ao lucro.
Infraestrutura: Formado hoje por cooperativas de eletrificação rural, atende,
principalmente, às pequenas e médias propriedades rurais. As cooperativas
preenchem uma lacuna das concessionárias de energia nas regiões de baixo
consumo. Além da construção de redes, as cooperativas são responsáveis pela
produção, geração, manutenção, operação e distribuição da energia elétrica.
Mineral: Previsto na Constituição Federal de 1988, esse ramo atua na pesquisa,
extração, lavra, industrialização, comércio, importação e exportação de produtos
minerais. De grande alcance social, está presente, principalmente, nas pequenas e
médias jazidas, que não despertam interesse das grandes mineradoras.
Produção: Estimula o empreendedorismo em que um grupo de profissionais, com
objetivos comuns na exploração de diversas atividades produtivas, se reúne para
produzir bens e produtos como donos do seu próprio negócio. A ênfase maior do
40
ramo Produção está nos setores da primário e secundário (Por exemplo:
Cooperativa dos Produtores de Leite).
Saúde: As cooperativas médicas existiam há três décadas quando o ramo,
genuinamente brasileiro, foi desmembrado do ramo Trabalho, em 1996, devido à
sua força e representatividade. Reúne profissionais especializados na promoção da
saúde humana, como médicos, dentistas, psicólogos e outros profissionais.
Trabalho: Associação de profissionais de atividades afins para a prestação de
serviços (setor terciário).
Transporte: Composto por cooperativas de transporte de carga e passageiros -
táxis e vans inclusos - é outro desmembramento do ramo Trabalho. Mais novo dos
ramos, foi criado em 2002. Já nasceu forte e estruturado, com uma frota de cinco
mil veículos.
Turismo e Lazer: Em processo de estruturação, foi criado em 2000, durante
Assembleia Geral Ordinária da OCB. Respaldado no enorme potencial turístico
brasileiro, visa à prestação de serviços turísticos, artísticos, de entretenimento,
esportes e hotelaria por profissionais dessas áreas.
Uma das vantagens de se criar uma cooperativa, passa, segundo o SEBRAE (2009),
pelos benefícios fiscais, pois, embora não exista diferença entre os tributos incidentes sobre
produtos e serviços vendidos por uma cooperativa ou por uma empresa mercantil, a principal
diferença é que, ao trabalhar para a cooperativa, o cooperado não gera vínculo empregatício
com a mesma e seus produtos entregues à cooperativa também não geram tributação. É o
chamado ato cooperativo, e está definido na Lei 5.764/71, art. 79 e Parágrafo Único. No
entanto, ao vender essa mercadoria ao consumidor ou serviço para uma empresa, há
incidência de impostos.
Outra vantagem é possibilitar que trabalhadores aumentem a competitividade e
possam melhorar a condição financeira e de trabalho ao se juntarem e enfrentarem o mercado
não mais isoladamente (SEBRAE, 2009).
41
3 ESTUDO DE CASO
O trabalho proposto foi desenvolvido em uma cooperativa de trabalho médico que
atua no ramo de Operadoras de Plano de Saúde na cidade de Juiz de Fora. A cooperativa foi
fundada em 1973, possui mais de 1300 médicos cooperados atendendo a mais de 110 mil
beneficiários e possuindo também 142 prestadores credenciados entre hospitais, clínicas e
laboratórios atuando em 19 municípios, sendo referência para outras singulares das regiões da
Zona da Mata, Vertentes e Centro-Sul Fluminense que somam mais de 200 mil beneficiários.
Além disso, por meio de um sistema de intercâmbio com as demais 352 cooperativas, a
cooperativa de Juiz de Fora oferece acesso à saúde para seus beneficiários em todos os
estados do país.
A cooperativa possui, atualmente, 397 colaboradores alocados na matriz onde
ocorrem os processos administrativos e nos recursos próprios que atuam no ramo da Medicina
Preventiva (promoção da saúde e prevenção da doença – PROMOPREV), Atenção Domiciliar
e ambulatorial, a cooperativa possui ainda um Hospital em construção com previsão de início
das operações para 2018.
Segundo o Organograma disponível na intranet, a cooperativa possui, atualmente, a
Assembleia Geral, Conselhos de Administração, Fiscal e Técnico-Ético, a Diretoria Executiva
que é formada pelos diretores Presidente, Relacionamento com Mercado, Provimento de
Saúde e Administrativo-Financeiro. Seguindo a hierarquia, as gerências estão divididas em
Qualidade em Atendimento, Mercado, Provimento de Saúde, Financeiro, Contabilidade,
Tecnologia da Informação, Pessoas e Administrativo. Existe ainda, algumas assessorias
diretamente ligadas à Diretoria Executiva, como por exemplo, a de Comunicação e
Marketing, Gestão de Relacionamento com o Cooperado, Ouvidoria e a de Gestão Estratégica
que é desmembrada em Núcleos de Informação e Qualidade, Regulação e Acreditação,
Projetos e Obras.
A Gestão da Qualidade tem o Núcleo de Regulação e Acreditação como gestor e está
voltada o para atendimento dos requisitos da ISO 9001, Acreditação de Operadoras descrita
na Resolução Normativa 277 da ANS, do Selo de Governança Cooperativa e
Sustentabilidade, do Programa Integridade do Instituto Ethos e do Programa de
Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas (PDGC).
42
Ao responder o questionário de auto avaliação do PDGC, a cooperativa de trabalho
médico de Juiz de Fora obteve o resultado mostrado abaixo, no gráfico 11.
Gráfico 11 – Desempenho da Cooperativa – Auto avaliação PDGC 2015
Fonte: Autor
A cooperativa atingiu 100% da pontuação na dimensão Liderança, 90% da pontuação
na dimensão Estratégia e Planos e 80% na dimensão Resultado mas ainda assim, percebeu-se
a necessidade de melhorar a maneira como o Planejamento Estratégico era realizado até o
momento – como por exemplo, no estabelecimento de planos de ação para atingimento de
todas as metas dos objetivos estratégicos, melhorar a disseminação para todos os
colaboradores, aprimorar o controle dos objetivos, envolver o orçamento no momento certo,
pois ocorria antes mesmo do planejamento estratégico começar a ser desenvolvido, por isso,
foi proposta uma metodologia, que pode ser encontrada na figura 7. As questões avaliadas
para essas dimensões podem ser encontradas na seção Anexos.
A partir dessa auto avaliação, pode-se identificar, também, outras oportunidades de
melhoria, como por exemplo, na dimensão Informações e Conhecimento que demonstra uma
fraqueza observada em outras avaliações, que é a baixa formalização dos registros, baixa
documentação e padronização dos processos, o que acabou impactando também no resultado
da dimensão Processos. A dimensão Pessoas é, também, um outro ponto a se observar para
43
que melhorias sejam implantadas. As dimensões Clientes e Sociedade que já são consideradas
estratégicas desde outros planejamentos obtiveram bons resultados.
Embora o foco esteja na Dimensão Estratégia e Planos, todas essas dimensões
deverão ser levadas em consideração ao montar o mapa estratégico.
Figura 7 – Metodologia de Planejamento Estratégico
Fonte: Autor
3.1 METODOLOGIA PROPOSTA
A metodologia proposta surgiu a partir do estudo do referencial teórico e de reuniões
com o Assessor Estratégico para que houvesse um alinhamento com o modelo adotado até
então. Ela separa o Planejamento Estratégico em duas etapas, conforme o MEG, Formulação
Estratégica e Desdobramento da Estratégia. Como a cooperativa já possui um histórico de
Definir Direcionadores
Estratégicos Analisar
Ambiente
Elaborar e Analisar Matriz
SWOT
Definir Objetivos
Estratégicos
Consolidar Mapa
Estratégico
Aprovar junto à Diretoria
Definir Indicadores e
Metas
Definir Portfólio de Projetos
Definir Planejamento
Financeiro
Aprovar junto ao Conselho de
Administração
Desdobrar planos da
gestão
Disseminar para as partes interessadas
Monitorar estratégia
Analisar estratégias emergentes
Revisar planejamento
44
Planejamento Estratégico, a metodologia proposta nasce com a revisão do último
planejamento existente. A etapa seguinte é a de Definição dos Direcionadores Estratégicos,
em que é definida a missão, visão, valores da cooperativa, entre outros fatores.
A próxima etapa é a análise do ambiente, em que o resultado final são as análises
PEST e das forças de Porter, essas análises servem de insumo para a elaboração da matriz
SWOT que terá seus fatores cadastrados de acordo com a Perspectiva do Mapa Estratégico;
Macroprocesso; Processo; Área e a Classificação SWOT. Eles também são ponderados de
acordo com uma série de elementos como: Nível (estratégico – com ou sem impacto no
resultado, tático, operacional – com ou sem impacto no resultado); Gravidade; Urgência;
Tendência; Idade (há quanto tempo esse fator existe); Retorno financeiro atrelado àquele
fator. Essas ponderações podem receber os valores 10; 7,5; 5; 2,5 e 1, os quais são
multiplicados e assim, forma-se um ranking dos fatores mais relevantes. Essa escala foi
escolhida em consenso com a equipe para que a diferença na pontuação entre os fatores
cadastrados fosse tal que não gerasse dúvidas sobre quais os fatores mais relevantes.
A partir da análise da Matriz SWOT, que consiste em comparar como os fatores de
força e fraqueza se relacionam com as oportunidades e ameaças, é possível consolidar os
Objetivos Estratégicos que irão compor o Mapa Estratégico. O mapa é levado para aprovação
junto à Diretoria Executiva e o mesmo pode sofrer adaptações que forem julgadas necessárias,
mas a partir da aprovação do mapa, são definidos os indicadores e as metas para cada objetivo
a ser monitorado.
A próxima etapa é a de seleção dos projetos que irão compor o portfólio daquele
Planejamento Estratégico e deverá ser analisado o investimento inicial, o custo operacional e
a estimativa do retorno financeiro para cada projeto levantado, pois esses projetos irão se unir
às previsões de receitas e despesas para compor o Planejamento Financeiro para o horizonte
temporal determinado. Com o Planejamento Financeiro finalizado, o próximo passo é buscar
a aprovação do Conselho de Administração.
Após a aprovação, tem início o Desdobramento da Estratégia que passa pela etapa de
criar os planos de ação para que todos os níveis hierárquicos e setores da cooperativa se vejam
incluídos na estratégia e a posterior disseminação para as partes interessadas (colaboradores,
cooperados, clientes, fornecedores, comunidade) por meio de reuniões, divulgação nos meios
45
de comunicação interno, espaço no website contemplado o mapa estratégico, apresentação do
Planejamento Estratégico em assembleias ordinárias ou extraordinárias.
O monitoramento da estratégia é realizado mensalmente por meio de reuniões da
Diretoria Executiva com os Gerentes e Gestores onde os indicadores estratégicos são
mostrados e analisados de acordo com o resultado daquele período. Além desse
monitoramento, existe a possibilidade de surgirem estratégias emergentes, seja por demanda
do mercado, seja por demanda da Diretoria, portanto é necessário analisar o impacto dessa
nova estratégia no Planejamento Estratégico vigente para que o resultado ainda esteja dentro
do previsto ou até melhor, caso essa estratégia emergente traga algum retorno imediato.
E assim, volta-se à revisão do Planejamento Estratégico que deverá ocorrer
anualmente para fins de ajuste de rota para que a visão estabelecida seja atingida no prazo
desejado.
3.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA
O Planejamento Estratégico cooperativa teve seu início em agosto de 2015 com uma
reunião do Comitê Estratégico formado por Gerentes, Gestores, Assessor Estratégico,
membros do Núcleo de Regulação e Acreditação e do corpo técnicos de diversos setores. Na
reunião foi explicada a nova metodologia a ser empregada. As etapas da elaboração, revisão e
acompanhamento da estratégia estão demonstradas nos fluxos em anexo.
O primeiro passo para o PE foi definir os direcionadores estratégicos:
Horizonte Temporal: Anos 2016-2017
Definiu-se apenas dois anos como horizonte temporal desse Planejamento Estratégico,
pois com o fim da construção e início da operação do hospital datado para 2018, haverá uma
mudança enorme em tudo relacionado à cooperativa, desde organograma, número de
funcionários até receitas e despesas, por isso, no ano de 2017 haverá um momento específico
para tratar dessas mudanças e alinhar um novo planejamento estratégico com maior horizonte
temporal.
Missão: Gerir risco em saúde, proporcionando serviços com segurança, tranquilidade
e bem-estar para os clientes, valorizando o trabalho médico e dos colaboradores, com
responsabilidade social.
Negócio: Gestão de Risco em Saúde.
46
Visão 2017: Garantir a posição de liderança e inovação da cooperativa médica de Juiz
de Fora por meio da qualidade percebida pelos clientes e beneficiários, pelo desenvolvimento
contínuo de um modelo de gestão integrado de atenção e cuidados no indivíduo, e pela
atuação dos seus médicos cooperados.
Crença e Valores: Conduta ética; Promoção da Saúde; Cuidado com as pessoas;
Respeito à filosofia cooperativista; Responsabilidade Socioambiental; Compromisso com a
inovação; Parceria com os prestadores de serviço; Estímulo à educação continuada de
cooperados e colaboradores.
Política da Qualidade: Buscar a excelência dos produtos e serviços prestados, com
melhoria contínua dos processos de negócio, observando as exigências legais e seguindo os
princípios cooperativistas e da gestão da qualidade com foco na satisfação dos clientes,
colaboradores, fornecedores, prestadores de serviço e cooperados.
Posicionamento Estratégico: A cooperativa médica de Juiz de Fora gera valor para
clientes que buscam qualidade com baixo custo nos seus produtos tipo “Fácil” e também gera
valor para clientes que buscam produtos completos, com serviços inovadores.
Em seguida, os gerentes e gestores foram orientados a darem início às análises do
ambiente, como guia foram elaboradas duas planilhas, uma contendo a ferramenta PEST e a
outra contendo questões de insumos estratégicos dividida em sete dimensões: Clientes,
Mercado, Assistência, Econômico, Tecnologia e Processos, Pessoas e Estrutura,
Sustentabilidade e Responsabilidade Social.
Exemplos da planilha PEST e da planilha de Insumos Estratégicos podem ser vistos
nas figuras 8 e 9:
47
Figura 8 – Exemplo de Planilha PEST
Fonte: Autor
Figura 9 – Exemplo de Planilha Insumos Estratégicos
Fonte: Autor
Os resultados dos levantamentos seguem abaixo:
Político: Para operadoras de planos de saúde, como mencionado anteriormente,
existe a regulação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que cria e
modifica as regras do setor visando a melhor prestação dos serviços. E pela
cooperativa participar de um sistema nacional de cooperativas de trabalho médico,
ela precisa ter aderência também a essas regras para que ela possa operar
utilizando a marca. Quanto às mudanças no cenário político, a fase de
instabilidade não tem tido reflexos para o setor de saúde suplementar.
48
Econômico: O Brasil passa por um momento de recessão econômica e isso tem
afetado o número de beneficiários, causando cancelamentos especialmente de
clientes empresariais. Para conseguir crescer na crise será necessário inovar cada
vez mais e explorar a marca e os diferenciais.
Social: Saúde é considerada um dos “bens” mais preciosos das pessoas e o
mercado de planos de saúde possui empresas que pretendem cuidar da saúde dos
cidadãos, por isso é importante demonstrar interesse em manter seus beneficiários
saudáveis e desenvolver programas de promoção da saúde.
Tecnológico: A relação entre saúde e tecnologia está cada vez mais forte. Novas
tecnologias surgem a cada ano fazendo com que haja melhor tratamento para as
doenças. Contudo, para as operadoras de planos de saúde, essas novas tecnologias
representam, também, um aumento no custo visto que Órteses, Próteses e
Materiais Especiais (OPMEs) possuem alto valor de mercado e a falta de
padronização e de regulação nos preços fazem com que eles custem milhões de
reais para as operadoras a cada ano.
Para a análise das Forças de Porter, temos:
Ameaça de novos concorrentes: Por ser um mercado regulado pela ANS, o
capital necessário para se iniciar no mercado é grande e a capacidade da rede
prestadora de atender à lista de procedimentos mínimos que a ANS determina, faz
com que não seja comum a criação de novas operadoras de planos de saúde. A
ameaça que poderia existir seria a de operadoras mercantis de grande porte
entrarem no mercado de Juiz de Fora, mas no momento essa ameaça não foi
detectada.
Pressão de produtos substitutos: Nos estudos realizados pelo Comitê
Estratégico, poucos produtos substitutos foram encontrados, um deles foi a
formação de cooperativas de especialidades médicas, mas o movimento ainda é
muito pequeno. Outra possível substituição viria da inovação tecnológica, nos
Estados Unidos está sendo lançado um aplicativo onde pessoas doentes
solicitariam médicos cadastrados nesse aplicativo e os mesmos as visitariam em
casa. E por fim, a substituição que tem capacidade de fazer maior pressão no
médio prazo é a criação de clínicas de baixo custo e menor complexidade, em que
49
as pessoas iriam a consultas pagando um preço muito abaixo do praticado pelo
mercado visto que o foco delas é apenas atendimentos de baixa complexidade, a
aposta no caso, seria no alto volume de atendimento. Contudo no momento, essa
pressão é baixa.
Poder de barganha dos compradores: Existem dois tipos de compradores de
plano de saúde, eles podem ser clientes Pessoa Física ou Jurídica. Para clientes PF
- ou seja, de contrato individual/familiar - a ANS é quem determina o percentual
máximo de reajuste anual dos contratos de acordo com a média dos percentuais de
reajustes aplicados pelas operadoras aos planos coletivos com mais de 30 vidas.
Para clientes PJ – ou seja, de contrato coletivo por adesão ou empresarial – o
reajuste é dividido da seguinte forma: para clientes PJ com menos de 30 vidas e
que aceitaram entrar no agrupamento do Pool de Risco – grupo de contratos que
recebem o mesmo reajuste – tem o reajuste conforme o desempenho
(sinistralidade) de todos os contratos participantes desse agrupamento, no aditivo
contratual há a fórmula que subsidia o cálculo. Para clientes PJ com menos de 30
vidas que não aceitaram fazer parte do Pool de Risco e para outros clientes de
planos coletivos (empresariais e por adesão) os contratos são reajustados
individualmente, observando-se a cláusula contratual, sinistralidade e a livre
negociação entre as partes e nesse tipo de reajuste é onde existe uma maior
pressão por parte dos compradores. Existem ainda os clientes com contratos
anteriores à criação da ANS, que são, portanto, contratos não regulamentados pela
agência, neste caso, os reajustes, as coberturas de procedimentos e o índice de
reajuste estão vinculados exclusivamente ao que está previsto em contrato. Outra
forma de exercer pressão nas operadoras de planos de saúde que tem sido utilizada
pelos beneficiários é através da justiça. Dessa forma, os juízes, por meio de
liminares, determinam que as operadoras liberem procedimentos e medicamentos
que não estão previstos nos contratos e nem fazem parte da lista de procedimentos
que a ANS determina.
Poder de barganha dos fornecedores: Os fornecedores podem ser divididos em
três grandes grupos: os prestadores de serviço de saúde (clínicas, laboratórios,
hospitais), os fornecedores de materiais médicos (OPMEs, remédios, etc.) e os de
materiais de escritório. Estes não exercem pressão na cooperativa visto que o
volume é alto e existe uma diversidade grande de fornecedores. Os fornecedores
50
de materiais médicos já conseguem exercer uma maior pressão devido a
especificidade dos produtos e pelos outros fatores apontados, anteriormente, na
análise tecnológica do setor, mas em geral, os produtos são cotados pela
operadora mas comprados pelos prestadores. Além desse poder adquirido na
compra dos OPMEs, os prestadores de serviço de saúde detêm um grande poder
de barganha para com a cooperativa, pois os concorrentes em determinados tipos
de serviço se unem no momento da negociação e por falta de parâmetros de
avaliação da qualidade do serviço prestado, é difícil conseguir negociar valores
individualmente.
Rivalidade entre os concorrentes: A cooperativa atua tanto no segmento popular
quanto no mercado premium, neste mercado não existe no momento nenhuma
concorrência que abale a sua liderança visto que seu relacionamento com os
clientes é um de seus diferenciais, além dos produtos adicionais serem de alta
qualidade (transporte aero médico, SOS, ambulatórios, programas promoção da
saúde e prevenção da doença, atenção domiciliar, etc.). No segmento popular, a
cooperativa enfrenta a concorrência de uma operadora de planos de saúde da
modalidade filantropia, nesse segmento a disputa é preço, portanto, a operadora
que tiver menor custo conseguirá obter um preço mais competitivo.
A partir dos levantamentos de cada setor, uma planilha para análise SWOT foi
elaborada para cadastrar, classificar e priorizar os fatores conforme as contribuições dadas.
Cada fator foi classificado em:
● Perspectiva do Mapa Estratégico (Financeiro, Cliente e Mercado, Processo,
Pessoas);
● Tipo de Processo (Liderança, Negócio, Suporte);
● Macroprocesso;
● Processo;
● Área;
● Classificação (Força, Fraqueza, Ameaça ou Oportunidade)
● Nível (Estratégico com meta de resultado, Estratégico, Tático, Operacional e
Operacional com meta de resultado);
● Ano em que foi identificado.
E para as priorizações, foi levado em consideração a Matriz GUT e outras
ponderações como Nível, Idade, e Retorno financeiro, formando assim a Matriz NGUTIR.
51
Um exemplo da planilha de análise SWOT pode ser visto na figura 10:
Figura 10 – Tela da Planilha de Análise SWOT
Fonte: Autor
Do total de 319 itens foram cadastradas 67 forças, 155 fraquezas, 45 oportunidades e
52 ameaças, divididas por nível, conforme figuras 11 a 14:
Figura 11 - Estratificação das Forças x Nível
Fonte: Autor
52
Figura 12 – Estratificação das Fraquezas x Nível
Fonte: Autor
Figura 13 – Estratificação das Oportunidades x Nível
Fonte: Autor
53
Figura 14 – Estratificação Ameaças x Nível
Fonte: Autor
É possível observar que o número de fraquezas e ameaças superam os de forças e
oportunidades, portanto, é imprescindível fazer um Planejamento Estratégico que consiga
mitigar isso para tornar o cenário melhor para o próximo ciclo. Outra observação importante é
que a maior parte das forças identificadas estão no nível operacional, já as fraquezas estão em
sua maioria no nível estratégico. Para as oportunidades e ameaças, a distribuição dos
requisitos é bem parecida, sendo o nível estratégico com a maior parte dos fatores.
Sendo que os principais itens pontuados estão mostrados na tabela 1:
Tabela 1 – Matriz SWOT
Positivos Negativos
54
F
a
t
o
r
e
s
I
n
t
e
r
n
o
s
Forças
● Marca e capilaridade do
sistema da cooperativa
● Alto índice de satisfação dos
clientes
● Diferenciais da cooperativa
(SOS / PROMOPREV /
Atenção Domiciliar / Ambulatórios)
6º Lugar no IDSS para
operadoras de grande porte
Capacidade de Inovação
Fraquezas
Dependência da Mais Valia
Sistema de Gestão (ERP)
ficando obsoleto
Ausência de processos
certificáveis para a Acreditação
Resolução Normativa 277 e ISO 9001
Custos Assistenciais
elevados
Solicitações de
procedimentos fora do rol pelos
médicos assistentes
F
a
t
o
r
e
s
E
x
t
e
r
n
o
s
Oportunidades
Importância do Plano de
Saúde para a população
Demanda por novos
produtos e mercados ainda não
atendidos
Expansão para carteiras da
Zona da Mata
Mercado de Pessoa Física e
PME com espaço para crescer
Ameaças
Concorrência de operadoras
seguindo lógica mercantil
Alta concentração da rede
prestadora: SADT e Hospitais
Exposição do sistema da
cooperativa em casos de carteiras
deficitárias
Judicialização da saúde
Envelhecimento da
População
Fonte: Autor
A marca e a capilaridade do Sistema de cooperativa são grandes forças. A
possibilidade de se ter, além do plano municipal, um plano de saúde regional ou até mesmo
nacional utilizando a rede prestadora gerenciada por outra singular do sistema faz com que a
cooperativa tenha garantia de acesso em mais de 80% do território nacional.
De acordo com a pesquisa de satisfação realizada por uma empresa contratada, em
2015, o índice de satisfação geral com a cooperativa somando as respostas “Muito Satisfeito”
55
e “Satisfeito” atingiu mais de 95%. Os serviços próprios e os adicionais são diferenciais no
mercado, por isso, são considerados uma força.
No Índice de Desenvolvimento das Operadoras 2015 (ano base 2014), que mede a
eficácia da operadora em 4 dimensões (Atenção à Saúde, Econômico-Financeira, Estrutura e
Operação e Satisfação do Beneficiário), divulgado pela ANS, a cooperativa ficou na sexta
posição entre as operadoras de grande porte (mais de cem mil beneficiários) de um total de 82
operadoras.
Como oportunidade, uma pesquisa do Ibope Inteligência (2015) sobre desejos do
brasileiro constatou que plano de saúde é o terceiro maior desejo dos brasileiros, atrás apenas
de casa própria e educação. Tem-se também novos produtos sendo demandados pelo mercado
como os de Atenção Primária. Para crescimento da carteira, existe a possibilidade de expandir
para outras cidades da Zona da Mata e também buscar novos clientes de Pequenas e Médias
Empresas e Pessoas Físicas.
Uma das fraquezas identificadas na análise de cenário foi a dependência da Mais Valia
proveniente das operações de intercâmbio (atendimento de clientes de outras cooperativas na
área de abrangência da cooperativa de Juiz de Fora), em caso de mudanças nos valores
cobrados nessas operações, é possível que esse ganho seja minimizado ou até mesmo
eliminado. Outra fraqueza está relacionada à ausência de processos certificáveis para a
Acreditação Resolução Normativa 277 e ISO 9001 visto que a falta de formalização e
padronização dos procedimentos gera uma perda de produtividade e acurácia dos processos e
controles. O Sistema de Gestão (ERP) adotado na cooperativa está ficando obsoleto devido à
empresa que o desenvolveu estar focando em outros segmentos de mercado, um dos
problemas que isso acarreta é mudanças na regulamentação da ANS necessitar de atualização
do sistema e isso não ocorrer ou demorar mais do que deveria devido a outros projetos da
empresa. Além disso, o alto custo assistencial das carteiras da cooperativa é uma fraqueza
pois com o cenário de crise fica muito difícil reajustar os contratos de acordo a sinistralidade
calculada. Por fim, as solicitações de procedimentos fora do rol (lista de procedimentos
determinados pela ANS) pelos médicos assistentes.
Uma ameaça identificada é a concorrência seguindo a lógica mercantil onde ela
consegue reduzir custos através da contenção da remuneração das despesas assistenciais,
tendo assim, um ticket médio menor e maior competitividade no mercado, algo que vai de
56
encontro à lógica cooperativista, pois a mesma visa remunerar cada vez melhor o seu
cooperado, no caso, aumentando a remuneração das despesas assistenciais, gerando um ticket
médio maior e podendo perder competitividade de custo.
Outra ameaça é proveniente da alta concentração da rede prestadora de Serviços de
Apoio à Diagnose e Terapia (SADT) e de hospitais que reduz o poder da cooperativa em
negociar com determinados prestadores. Temos ainda a ameaça de outras cooperativas
ficarem com carteiras deficitárias e essa exposição afetar a imagem de todo o sistema, ainda
que cada cooperativa tenha sua gestão independente. A judicialização da saúde é como vem
sendo chamadas as interferências do setor judiciário na cobertura de serviços de saúde não
previstos em contrato, isso gera um aumento de custos assistenciais, o que acaba prejudicando
o resultado. E, por fim, a ameaça de envelhecimento da população, esse fator também faz com
que os custos fiquem cada vez mais elevados, visto que pessoas mais idosas necessitam de
maior assistência.
Após a elaboração da Matriz SWOT, o Comitê Estratégico definiu para cada uma das
contribuições se seria necessário tomar alguma ação ou desenvolver um projeto bem como a
descrição da iniciativa e quais indicadores iriam demonstrar que a melhoria estava ocorrendo.
O portfólio de projetos gerado servirá para os próximos Planejamentos Estratégicos da
cooperativa e deverá ser atualizado ao longo do ano.
Do cruzamento das oportunidades com as forças e fraquezas, temos a tabela 2:
Tabela 2 – Cruzamento Oportunidades x Fatores Internos
Oportunidades Fatores Internos Consequência
Importância do Plano
de Saúde para a
população
Marca e capilaridade do sistema da
cooperativa Preferência na
escolha dos novos
clientes
Alto índice de satisfação dos clientes
Diferenciais da cooperativa
Sistema de Gestão (ERP) ficando
obsoleto
Perda de qualidade
com aumento de
volume de demanda
devido a processos
manuais
57
Ausência de processos certificáveis
para a Acreditação Resolução
Normativa 277 e ISO 9001
Perda de qualidade
com aumento de
volume de demanda
devido a não
padronização dos
processos.
Demanda por novos
produtos e mercados
ainda não atendidos
Diferenciais da cooperativa
Expansão dos
programas
diferenciais da
cooperativa
Capacidade de Inovação Criação de novos
produtos
Sistema de Gestão (ERP) ficando
obsoleto
Dificuldade de
parametrizar novos
produtos no sistema
Custos assistenciais elevados Dificuldade em criar
produtos rentáveis
Expansão para
carteiras da Zona da
Mata
Marca e capilaridade do sistema da
cooperativa
Novos clientes já
acostumados a
utilizar a rede de
prestadores da
cooperativa de Juiz
de Fora
Alto índice de satisfação dos clientes
Novos clientes terem
certeza de que o
serviço prestado será
de qualidade
Diferenciais da cooperativa
Novos clientes terem
acesso aos
diferenciais da
cooperativa
Dependência da Mais Valia
Perda da Mais Valia
gerada por essas
carteiras
Mercado de Pessoa
Física e PME com
espaço para crescer
Marca e capilaridade do sistema da
cooperativa
Possibilidade de
utilizar a rede
prestadora de outras
cooperativas
Alto índice de satisfação dos clientes
Novos clientes terem
certeza de que o
serviço prestado será
de qualidade
Capacidade de Inovação Novos produtos
desenvolvidos
58
Ausência de processos certificáveis
para a Acreditação Resolução
Normativa 277 e ISO 9001
Perda de qualidade
com aumento de
volume de demanda
devido a não
padronização dos
processos.
Sistema de Gestão (ERP) ficando
obsoleto
Perda de qualidade
com aumento de
volume de demanda
devido a processos
manuais
Fonte: Autor
Do cruzamento das ameaças com as forças e ameaças, temos na tabela 3:
Tabela 3 – Cruzamento Ameaças x Fatores Internos
Ameaças Fatores Internos Consequência
Concorrência de
operadoras seguindo
lógica mercantil
Marca e capilaridade do sistema da
cooperativa
Ganha a concorrência
Alto índice de satisfação dos clientes
Diferenciais da cooperativa
6º Lugar no IDSS para operadoras de
grande porte
Capacidade de Inovação
Dependência da Mais Valia Alto custo
operacional
Sistema de Gestão (ERP) ficando
obsoleto Perda da
concorrência devido à
queda na qualidade Ausência de processos certificáveis
para a Acreditação Resolução
Normativa 277 e ISO 9001
Custos assistenciais elevados
Perda da
concorrência pelo ao
alto custo de
mensalidade.
Alta concentração da
rede prestadora:
SADT e Hospitais
Marca e capilaridade do sistema da
cooperativa
Possibilidade de usar
prestadores de outras
cidades
Ausência de processos certificáveis
para a Acreditação Resolução
Normativa 277 e ISO 9001
Não avaliação dos
fornecedores /
prestadores
Sistema de Gestão (ERP) ficando
obsoleto
Dificuldade de
parametrizar regras
de negociação
59
Exposição do sistema
da cooperativa em
casos de carteiras
deficitárias
Dependência da Mais Valia
Queda na receita de
intercâmbio /
Inadimplência de
outras cooperativas
Judicialização da
saúde
Diferenciais da Cooperativa
Redução da
judicialização devido
ao bom
relacionamento com
clientes
Solicitações de procedimentos fora do
rol pelos médicos assistentes
Aumento da
judicialização por
incitamento dos
beneficiários a entrar
na justiça
Envelhecimento da
População Diferenciais da cooperativa
Redução de Custo
Assistencial no médio
prazo
Fonte: Autor
Focando nos níveis “Estratégico com meta de resultado”, “Estratégico” e “Operacional
com meta de resultado”, a formulação de ações e projetos ficou dividida conforme figuras 15
e 16:
Figura 15 – Estratificação Ações x Nível
Fonte: Autor
60
Figura 16 – Estratificação Projetos x Nível
Fonte: Autor
Dentre as 45 ações e os projetos de nível estratégico com meta de resultado foram
selecionados para aumentar as forças, reduzir as fraquezas, aproveitar as oportunidades e
mitigar as ameaças, as ações e projetos abaixo:
Melhorar distribuição da verba de marketing, publicidade e propaganda tanto
institucional quanto para vendas;
Criar programas de cuidado com a saúde do idoso;
Maior investimento no Programa de Desospitalização;
Desenvolvimento de Novos Produtos;
Verticalização
Estudo de viabilidade e acordos operacionais com outras operadoras da Zona da
Mata;
Controle e redução dos custos assistenciais;
Troca do Sistema de Gestão (ERP);
Finalizar a implantação do Sistema Integrado de Gestão da Qualidade;
Após a apresentação da análise do cenário e da Matriz SWOT, a Diretoria definiu as
premissas globais para o Planejamento Estratégico. As principais premissas são melhorar a
remuneração dos cooperados, que pode ser feita de duas formas, alterando o valor da consulta
61
médica (que funciona como uma espécie de antecipação da sobra) ou distribuir maior volume
da sobra ao fim do exercício.
Outra premissa é manter a sustentabilidade do negócio, para tal, será necessário
compor a Margem de Solvência, que corresponde à suficiência do Patrimônio Líquido ou
Patrimônio Social ajustado (ANS, 2009), ou seja, uma forma que a agência reguladora
encontrou para garantir que a operadora tem condições de atuar no mercado. Com isso, será
necessário gerar uma sobra de pelo menos R$10mi para que os compromissos assumidos
junto aos bancos que estão financiando a construção do hospital sejam honrados e o restante
da sobra seja incorporada ao Patrimônio Líquido. Para fins de melhoria da eficácia
operacional também será necessário que se reduza a dependência de receitas financeiras e da
Mais Valia.
Definidas as premissas, os objetivos estratégicos e indicadores são definidos para a
consolidação do Mapa Estratégico, a proposta de mapa pode ser vista na figura 17.
Perspectiva Pessoas e Aprendizado:
o Operacionalizar o "20 / 70 / 10"
Proporção de Funcionários “20 / 70 / 10” medidos na análise de
desempenho;
o Desenvolver estratégia para captação e retenção de talentos:
Turn Over;
Aprovações em período de experiência;
o Implantar Gestão por Competências:
Nota 70 na auditoria de Acreditação na Dimensão 7;
o Preparar a cooperativa para a Acreditação:
Nota 70 em todas as 7 dimensões na auditoria;
Perspectiva Processos:
o Implantar portal de compras de OPME:
Custo evitado a partir da implantação;
o Desenvolver Processo de Gestão de Fornecedores:
Variação do custo com fornecedores a partir da implantação;
o Trocar Sistema de Gestão (ERP):
62
Cronograma do projeto;
o Otimizar Despesas Administrativas:
Variação do crescimento da Despesa Administração com relação à receita;
o Desenvolver Análise de Desempenho Médico:
Variação do custo assistencial a partir da implantação da ferramenta;
Perspectiva Clientes e Mercado:
o Ampliar programas PROMOPREV e Desosp:
Redução do custo com internação;
o Ampliar área de atuação e estrutura de serviços próprios:
Crescimento do número de vidas decorrente de acordos operacionais;
Cronograma construção de recurso/serviço próprio;
o Desenvolver produtos competitivos e inovadores:
Crescimento do número de vidas
Perspectiva Financeira:
o Compor a Margem de Solvência, incluindo quitação do financiamento;
Receita Líquida Operacional;
Sobra;
o Alcançar equilíbrio operacional das carteiras:
Rentabilidade dos produtos;
o Melhorar remuneração do cooperado:
Valor da consulta;
Sobra a ser distribuída/incorporada ao Patrimônio Líquido;
63
Figura 17 – Mapa Estratégico
Fonte: Autor
A partir desse alinhamento, o Comitê Estratégico junto ao setor de Orçamento e
Custos, começou a elaborar o Planejamento Financeiro para 2016 estabelecendo previsões de
receitas, despesas e investimentos necessários para os novos projetos estratégicos e para o
estabelecimento do Plano Diretor de Informática (PDI) com foco em inovações tecnológicas
(sistemas e infraestrutura de TI) e do Plano Diretor Administrativo (PDA) visando melhorias
na infraestrutura da cooperativa.
Com o alinhamento entre o Planejamento Estratégico e o Planejamento Financeiro, dá-
se fim a etapa de Formulação Estratégica e início do Desdobramento da Estratégia.
64
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A partir da implantação da nova metodologia do Planejamento Estratégico, pode-se
observar que dos 45 fatores estratégicos com impacto no resultado levantados pelo Comitê
Estratégico, 60% foram contemplados no Planejamento Estratégico e Financeiro de 2016-
2017, sendo essa, uma medida de efetividade do Planejamento Estratégico.
As ações que não foram contempladas nesse orçamento, tiveram como principais razões
o fato de a ANS ainda não ter regulamentado uma norma dizendo como proceder, ou que não
obteve autorização da diretoria para esse ano, ou ainda, casos em que outras ações e projetos
sejam necessários antes de implementar determinado fator, por exemplo, a ausência de
pagamento por performance que é entendido como uma fraqueza, mas que para implementar é
necessário todo um investimento em estrutura e mudança cultural dos cooperados e da
cooperativa.
Ao comparar o resultado do PDGC adquirido anteriormente com o resultado esperado
com a implantação deste novo modelo, pode-se observar um aumento de aderência de 90%
para os 100% na dimensão Estratégia e Planos e para a dimensão Resultados, o mesmo deverá
ser compilado ao término do ano, contudo, a metodologia foi desenhada para estar em
conformidade com os preceitos de excelência da gestão, embora melhorias deverão ser
sempre encontradas e implantadas a cada ciclo.
65
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Modificar a forma como o Planejamento Estratégico é feito numa empresa é um grande
desafio de mudança cultural. Algumas vezes atropela-se certas etapas pois a ansiedade de
chegar logo a determinado passo é muito grande, mas no geral, foi possível ser fiel aos passos
determinados. O tempo de implantação ainda é uma dificuldade a ser vencida, mas acredita-se
que a partir do próximo planejamento, com maior atenção às questões do ambiente e dos
fatores SWOT ao longo do ano, as primeiras etapas ocorram de maneira mais ágil,
minimizando o tempo necessário para a formulação estratégica.
Uma das formas de otimizar a metodologia é o desenvolvimento de um portal de
formulação estratégica que possa substituir a planilha utilizada nesse projeto e ser utilizado ao
longo do ano para preparar a cooperativa para o início do planejamento. Outra melhoria que
esse portal poderá nos proporcionar é utilizar os fatores cadastrados como táticos e
operacionais para gerar mapas para cada um dos setores e assim, conseguir, de fato, uma
gestão integrada da estratégia.
Ainda falando de melhorias para o próximo ciclo, percebeu-se a necessidade e
importância de se fazer um Planejamento Estratégico com horizonte temporal maior e assim,
conseguir realizar o Orçamento Plurianual, algo que não é praticado na cooperativa. O
orçamento plurianual permite visualizar os impactos dos projetos no médio prazo, facilitando
assim, a escolha da melhor estratégia.
A fase de desdobramento da estratégia poderá ser tópico de estudos futuros visto que
também é algo necessário e ainda não praticado conforme os requisitos de excelência da
gestão.
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6 REFERÊNCIAS
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2008.
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7 ANEXOS: REQUISITOS PDGC DIMENSÕES LIDERANÇA, ESTRATÉGIA
E PLANOS E RESULTADOS
Dimensão Liderança:
1. A missão da cooperativa está definida, validada pelos cooperados e é conhecida
pelos colaboradores?
2. A análise do desempenho da cooperativa é realizada e permite uma visão abrangente
de seu desenvolvimento?
3. Os dirigentes compartilham informações com os colaboradores?
4. As práticas de gestão da cooperativa são controladas com base em padrões
documentados?
5. É promovida a melhoria nos processos, práticas de gestão, produtos e serviços da
cooperativa?
Dimensão Estratégia e Planos:
6. A visão da cooperativa está definida, validada pelos cooperados e é conhecida pelos
colaboradores?
7. As estratégias que permitem alcançar os objetivos da cooperativa estão definidas e
validadas?
8. Os indicadores e metas relacionadas às estratégias estão estabelecidos?
9. Os planos de ação, visando alcançar as metas da cooperativa relacionadas às
estratégias, estão definidos?
10. A implementação dos planos de ação é monitorada?
Dimensão Resultados
11. Existem resultados relativos à satisfação dos clientes?
12. Existem resultados relativos a reclamações de clientes?
13. Existem resultados relativos à satisfação dos colaboradores?
14. Existem resultados relativos à satisfação dos cooperados?
15. Existem resultados relativos ao ingresso por cooperado?
16. Existem resultados relativos ao percentual de sobras?
17. Existem resultados relativos à participação dos atos não cooperativos?
18. Existem resultados relativos à lucratividade dos atos não cooperativos?
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
FACULDADE DE ENGENHARIA
Termo de Declaração de Autenticidade de Autoria Declaro, sob as penas da lei e para os devidos fins, junto à Universidade Federal de Juiz de Fora, que meu Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Graduação em Engenharia de Produção é original, de minha única e exclusiva autoria. E não se trata de cópia integral ou parcial de textos e trabalhos de autoria de outrem, seja em formato de papel, eletrônico, digital, áudio-visual ou qualquer outro meio. Declaro ainda ter total conhecimento e compreensão do que é considerado plágio, não apenas a cópia integral do trabalho, mas também de parte dele, inclusive de artigos e/ou parágrafos, sem citação do autor ou de sua fonte. Declaro, por fim, ter total conhecimento e compreensão das punições decorrentes da prática de plágio, através das sanções civis previstas na lei do direito autoral1 e criminais previstas no Código Penal 2 , além das cominações administrativas e acadêmicas que poderão resultar em reprovação no Trabalho de Conclusão de Curso. Juiz de Fora, _____ de _______________ de 20____.
_______________________________________ ________________________
NOME LEGÍVEL DO ALUNO (A) Matrícula
_______________________________________ ________________________
ASSINATURA CPF
1 LEI N° 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e
dá outras providências. 2 Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
ou multa.