TII - Final

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Este texto é o trabalho individual final, necessário para a aprovação no Curso de Auditor de Defesa Nacional, que frequentei em 2007-2008..Dados os conhecimentos que eu tinha de Timor e as boas relações que tive com os militares portugueses que ali estiveram, com destaque para o Agrupamento HOTEL, na pessoa do seu Comandante, escolhi o tema “AS FORÇAS ARMADAS PORTUGUESAS EM TIMOR NO PÓS – INDEPENDÊNCIA”.Aqui são apresentadas todas as actividades que eles ali desenvolveram, no campo do apoio social às populações. O texto está documentado com fotos obtidas a partir da internet, sendo que, a maior parte delas, foram feitas por mim, em visitas aos locais.Torno público este texto, ao abrigo do artº19º do Regulamento do CDN – Curso de Defesa Nacional, por me parecer que pode ser mais um contributo para dar a conhecer o muito que os militares portugueses fazem de bom, mesmo em tempo de paz.

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TII TRABALHO DE INVESTIGAO INDIVIDUAL

AS FORAS ARMADAS PORTUGUESAS EM TIMOR NO PS - INDEPENDNCIA

CDN 2007 - 2008

Manuel Ressurreio Cordeiro

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NDICE1 - Introduo 1.1 Motivao 1.2 Objectivos 1.3 Estrutura do Trabalho 2 - PKF Peace Keeping Force 3 - Militares Portugueses em Timor 3.1 - A Companhia de Fuzileiros na INTERFET 3.2 1 BATALHO DE INFANTARIA PRAQUEDISTA/BAI 3.3 2 Batalho de Infantaria Pra-Quedista /BAI 3.4 2 Batalho de Infantaria da Brigada Ligeira de Interveno 3.5 1 Batalho de Infantaria Pra-Quedista /BAI 3.6 2 Batalho de Infantaria da brigada ligeira de Interveno 3.7 1 Batalho de Infantaria Mecanizada da Brigada Mista de Interveno 15 3.8 Agrupamento FOXTROT/BLI 3.9 Agrupamento HOTEL da BLI Brigada Ligeira de Interveno 4 Projectos de Apoio Social 4.1 Companhia de Fuzileiros na INTERFET 4.1.1 Em Oecussi 4.1.2 Em Manatuto 4.1.2.1 Apoio Mdico sanitrio 4.1.2.2 Recuperao da Escola secundria 4.1.2.3 Festa de Natal 4.2 - 1 Batalho de Infantaria Pra-Quedista 14/02/2000 a 13/08/2000 4.2.1 Formao Tcnica Individual 15 16 17 17 17 19 20 20 21 22 23 1 2 2 3 5 7 8 9 13 14 14 14

4.2.2 Sade Pblica 4.2.3 Construo Horizontal e Vertical 4.2.4 Desenvolvimento Agrcola Regional 4.2.5 Ensino e Educao a Nvel regional 4.2.6 Educao Fsica 4.2.7 Educao Cvica/Informao Pblica 4.2.8 Visita de Srgio vieira de Melo a Same 4.2.9 Apoio Sanitrio 4.2.10 Escuteiros Catlicos da Diocese de Dli

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4.2.11 Reunio com os Chefes do Posto Administrativo e de Suco de Hato Bulico 33 4.2.12 Entrega de Diplomas 4.2.13 Recuperao da Pousada de Maubisse 4.2.14 Espectculo Cultural em Ainaro 4.2.15 - 1 Fora de Fuzileiros FZ - TIMOR (CF-22) a) Primeiros jogos Infantis b) Missa em Liqui c) Visita a Oecussi 33 33 34 35 36 36 37

4.3 2 Batalho de Infantaria Pra-Quedista/BAI - 14 de Agosto de 2000 a 20 de Fevereiro de 2001 4.3.1 Campanha Nacional de Vacinao contra a Poliomielite 4.3.2 Natal de 2000 37 38 39

4.4 - 2 Batalho de Infantaria da Brigada Ligeira de Interveno 21 de Fevereiro a 7 de Outubro de 2001 4.5 - 1 Batalho de Infantaria Pra-Quedista/BLI 08/10/2001 a 07/06/2002 40 41

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4.5.1 Reconstruo de escolas e Monumentos 4.5.2 Formao Profissional 4.5.3 Programas de Carcter Cultural 4.6 - 2 Brigada de Infantaria Pra-Quedista BMI 08/06/2002 a 22/01/2003 4.7 - 1 Brigada de Interveno Mecanizada BMI 23/01/2003 a 22/07/2003 4.8 Agrupamento FOXTROT BLI 2/07/2003 a 24/01/2004 4.9 Agrupamento HOTEL 25/01/2004 a 11/06/2004 4.9.1 Aces Humanitrias 4.9.2 Obras de Engenharia 5 Concluses Anexo 1 Textos Vrios Anexo 2 Depoimento de Comandantes Anexo 3 Monumentos Recuperados Anexo 4 Outras Iniciativas Anexo 5 Bibliografia

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INTRODUO

A frequncia do Curso de Auditor de Defesa Nacional complementa-se com um trabalho de investigao individual (TII) cujo tema sugerido pela direco do curso. Tendo frequentado o curso de 2007-2008, propus-me tratar o tema AS FORAS ARMADAS PORTUGUESAS EM TIMOR NO PS-INDEPENDNCIA, destacando as actividades desenvolvidas no campo social, de apoio s populaes. Pareceu-me ser importante dar a conhecer a outra faceta das foras armadas, ou seja, o papel por elas desempenhado em cenrios de no guerra, a caminho da paz. Ajudar povos de jovens pases como Timor-leste a escolherem o seu prprio caminho criando-lhes condies de paz, so objectivos que, nos tempos que correm, fazem parte, ou pelo menos deviam fazer, dos grandes objectivos que umas foras armadas devem ter. claro que nunca devem descurar o principal objectivo que preside sua existncia: fazer a guerra quando for preciso e manter a paz sempre que a isso sejam chamadas.

1.1 - MOTIVAO medida que o curso ia decorrendo fui cimentando a ideia de que devia fazer um trabalho que traduzisse, por um lado, a minha viso sobre aquilo que, para mim, so ou devem ser os objectivos complementares das foras armadas no contexto em que Timor-leste se encontra

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desde 1999, ano em que ascendeu independncia e passou a ser o 191 Estado membro das Naes Unidas; por outro a minha experincia resultante da presena regular em Timor desde Novembro de 2001, em actividades de docncia e de apoio social. Neste momento muitos daqueles que foram meus alunos ocupam lugares em pontos decisivos para o desenvolvimento de Timor, como sejam as comunicaes, a energia, a informtica e os ministrios.

1.2 - OBJECTIVOS Com este trabalho foram vrios os objectivos a atingir podendo ser resumidos nos seguintes: Saber se a preparao dos militares portugueses adequada s novas funes que lhe so atribudas. Historiar a sua presena em Timor Conhecer a opinio dos vrios comandantes dessas foras Auscultar a opinio de algumas entidades timorenses sobre a aco que elas ali desenvolveram Conhecer quais os projectos de apoio social que foram levados a cabo em Timor pelas foras armadas portuguesas Avaliar o grau de colaborao que houve entre elas e os timorenses Dar um testemunho pessoal sobre como se podem criar parcerias com as foras armadas e implementar projectos de apoio social em pases como Timor

1.3 - ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho comea por uma apresentao das foras armadas internacionais que, a mando das Naes Unidas, tiveram a misso de impor a ordem, criar condies para que se pudessem realizar eleies livres e justas e ajudar os timorenses a escolher o seu prprio caminho para o futuro.

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De seguida feita uma resenha histrica da presena das foras armadas portuguesas que ali estiveram, enumerando os vrios agrupamentos, a sua constituio, o perodo em que l estiveram bem como as vrias actividades de apoio social que desenvolveram. Pretende-se destacar o papel que desempenharam no perodo em anlise, dando realce quilo que pode e, na opinio de muitos, deve ser o papel de umas foras armadas a actuar em cenrios de no guerra declarada, mas de manuteno da paz e apoio s populaes. O trabalho s baseado em documentos escritos e/ou falados, consequncia de pesquisa bibliogrfica feita na Internet e em jornais de diferentes pases, pondo em destaque os jornais timorenses e os jornais australianos. Tambm sero feitas pesquisas na rdio e na televiso tanto de Timor-leste como de Portugal. Foi tambm solicitada a resposta a um Questionrio com o fim de saber qual a opinio dos vrios Comandantes das foras armadas que ali serviram sob a bandeira das Naes Unidas. As respostas dos dois Comandantes so parte integrante deste trabalho Com elas ficmos a saber com alguns dos comandantes das tropas portuguesas para ali destacadas entenderam e /ou entendem qual o papel que lhes est reservado em situaes similares. Faz tambm parte deste trabalho uma anlise pessoal resultante dos vrios meses em que o estive em Timor, desde Novembro de 2001, com uma envolvncia com as populaes e com os militares portugueses que considero muito profcua e muito for e que resultou na implementao de alguns projectos de apoio social. Alguns textos que escrevi e publiquei no Jornal A Voz de Trs-os-Montes, onde so descritas as actividades de apoio social que, enquanto rotrio, desenvolvi em Timor e que tiveram o apoio de alguns dos nossos militares, foram tambm includos por me parecer que podem contribuir para dar a conhecer o muito que eles fizeram em Timor. A recuperao de alguns monumentos de grande significado histrico tanto para portugueses como para timorenses, so includos em Anexo.

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As escolas que foram reconstrudas ou recuperadas, em nmero muito significativo, o Hospital de Liqui e tantos outros edifcios, aparecem tambm porque a rea da educao e a da sade tiveram um enfoque muito grande da parte de todos os agrupamentos.

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2CONSTITUIO

PKF PEACE KEEPING FORCE

A estrutura militar internacional que foi para Timor foi organizada de acordo com a Resoluo do Conselho de Segurana 1272 e 1338 (extenso do mandato at 31 Janeiro de 2001). Foi designada por PKF - Peace Keeping Force e foi-lhe confiada a misso de apoiar a manuteno de um ambiente seguro em Timor Leste e apoiar a UNTAET - United Nations Transitional Administration in East Timor, de acordo com as necessidades, na realizao de eleies livres e democrticas e apoiar a ETTA - East Timor Transitorial Administration, dentro das suas capacidades, no desenvolvimento em Timor Leste de organizaes e infraestruturas sustentadas. O dispositivo territorial da PKF assentava em quatro sectores (Este, Central e Oeste) e outro no enclave de Ocussi/Ambeno. O comando do Sector Oeste foi confiado Austrlia e tinha uma rea de responsabilidade definida pelos distritos de Covalima e de Bobonaro, compreendendo um Batalho sob comando Neozelands (NZBATT), com tropas dos Fidji, Singapura e Irlanda, e um Batalho Australiano (AUSBATT), respectivamente.

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O Sector Central foi atribudo a Portugal e compreendia 6 Distritos: Dli, incluindo a ilha de Ataro, Liquia, Ermera, Aileu, Ainaro e Manufahi. A responsabilidade pelo Distrito de Ermera coube Companhia Queniana (KENCET) e os restantes ao Batalho Portugus (PORBATT). Neste Sector habitavam cerca de 359.021 habitantes, num total de 737.811 registados em todo o territrio. O Sector Este ficou sob o comando tailands e era composto por um Batalho filipino (PHILLBATT), um Batalho tailands (THAIBATT) e um Batalho Coreano (ROKBATT), tendo a seu cargo a responsabilidade dos distritos de Manatuto, de Baucau e Viqueque, e o de Lautm, respectivamente. Portugal participou nesta misso de paz com um Contingente de aproximadamente 911 militares que integraram as estruturas do Quartel-General da PKF (11 elementos), do Comando do Sector Central (52 elementos), do 2 Batalho de Infantaria da Brigada Ligeira de Interveno (PORBATT com 823 elementos) e do Destacamento da Fora Area (PORAVN com 25 elementos). O Sector Central contava com um Batalho portugus (PORBATT), uma Companhia queniana (KENCET) e uma Companhia de Polcia Militar brasileira (MP BRAZIL), com um efectivo de 1219 homens.

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MILITARES PORTUGUESES EM TIMOR

No dia 30 de Agosto de 1999 teve lugar o referendo sobre a independncia de Timor-leste, que decorreu sob a responsabilidade da UNAMET - United Nations Mission in East Timor. Os 78,5% de votos a favor da independncia nunca foi o resultado esperado pelo poder indonsio que apoiou o desencadear de uma onda de violncia sem precedentes por parte das milcias integracionistas. Com o caos instalado, as Naes Unidas decidiram constituir uma fora internacional para repor a lei e a ordem, forando a paz. A INTERFET - International Force in East Timor sob comando australiano com o acordo indonsio, entrou em Dli no dia 20 de Setembro de 1999. No seguimento das eleies foi criada a UNTAET pela resoluo do Conselho de Segurana CS 1272 de 25 de Outubro de 1999 que assumiu a administrao do territrio sob a tutela das Naes Unidas a partir de 28 de Fevereiro de 2000. A Indonsia revogou a anexao da 27 Provncia, Timor Leste, a 19 de Outubro de 1999. Como pas da NATO e, em especial, pas com responsabilidades de governao em Timorleste at 1975, Portugal disponibilizou-se, desde o incio, a fazer parte das foras armadas que para ali fossem enviadas, desde que o fossem sob a gide das Naes Unidas. Foram vrios os agrupamentos de militares portugueses que estiveram em Timor-leste desde a independncia at hoje. No dia 14 de Fevereiro de 2000 iniciou-se essa participao com a7

chegada do 1 Contingente Nacional e terminou no dia 11 de Junho de 2004 com o regresso do Agrupamento HOTEL. Neste captulo so apresentados os vrios agrupamentos de militares portugueses que serviram em Timor sob a bandeira das Naes Unidas qual Portugal pertence de pleno direito.

3.1 - A COMPANHIA DE FUZILEIROS NA INTERFET As Foras Armadas portuguesas iniciaram a sua participao nos esforos de paz em Timor no dia 16 de Novembro de 1999, com a participao da Fragata Vasco da Gama no contingente da INTERFET International Force for East Timor (!999 2001) que tambm tinha poderes administrativos. O contingente nacional foi composto por 201 fuzileiros. INTERFET foi atribuda a misso de preparar o processo de transio para a independncia de Timor sob a superviso das Naes Unidas. Era uma fora de manuteno de paz e era multidimensional e integrada, e tinha por misso a responsabilidade global da administrao de Timor-leste. As responsabilidades que as Naes Unidas atriburam INTERFET foram sintetizadas em quatro pontos: Operar como Dli Guard Ship (DGS), com a finalidade primria de dar proteco ao embarque/desembarque dos navios envolvidos em aces de apoio humanitrio que entravam e saam do porto de Dili e acompanhar, registar e relatar os movimentos na rea martima adjacente ao porto; Escoltar navios de apoio logstico/humanitrio na costa Norte de Timor-Leste; Actuar na zona martima ao largo do enclave de Oecussi, em aco de presena naval e apoio aos militares da INTERFET e comunidade local; Efectuar evacuaes mdicas por helicptero, quando necessrio.

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A Fragata Vasco da Gama teve misses em Dli, Oecussi e Manatuto.

3.2 1 BATALHO DE INFANTARIA PRAQUEDISTA/BAI

"No vamos para combater mas para obter uma vitria humanitria. Devemos fazer tudo o que pudermos para evitar a primeira situao e obter a segunda" Cordeiro Simes (Tomar 20 Dez99)Em resposta ao apelo das Naes Unidas Portugal disponibilizou-se desde o primeiro momento a integrar militares portugueses em contingentes por elas liderados e que se destinassem a criar condies para que a paz fosse uma realidade em Timor. Portugal fora durante sculos responsvel pelos destinos de Timor pelo que constitua sua obrigao moral tudo fazer para que Timor chegasse independncia e pudesse trilhar os caminhos da liberdade rumo ao futuro. Este primeiro agrupamento de militares portugueses integrava militares dos trs ramos das Foras Armadas, Marinha, Exrcito e Fora Area, e foi designado por CNT Contingente Nacional para Timor. A UNTAET dividiu o pas em sectores tendo sido entregue s nossas foras o Sector Central pelo que o nosso contingente era constitudo por um Comando onde estavam representados os trs ramos, por um Batalho de Infantaria Pra-quedista, com elementos do Exrcito e da Marinha, por um Destacamento de helicpteros Allouette II, da Fora Area e um Destacamento de C-130 em Darwin, da Fora Area e por uma Companhia de Fuzileiros com a fragata Hermenegildo Capelo, da Marinha. O total de militares envolvidos foi de 971 dos quais 579 eram do Exrcito, 340 da Marinha e 52 da Fora Area. Estiveram em Timor entre 14 de Fevereiro e 13 de Agosto de 2000. Deslocar um nmero significativo de militares e, em especial, o equipamento inerente execuo das tarefas que lhe so confiadas, difcil e muito dispendioso pelo que, sendo esta misso de nvel mundial, foram as Naes Unidas que se encarregaram desse transporte,

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utilizando meios areos prprios e meios areos disponibilizados por Portugal. Por curiosidade, o primeiro meio areo transportando material saiu de Lisboa a 30 de Janeiro tendo o primeiro transporte de pessoal acontecido a 7 de Fevereiro. Os materiais pesados foram transportados em navio fretado pelas Naes Unidas, tendo chegado a Timor no incio do ms de Maro. O PORBATT era inicialmente constitudo por um Comando e Estado Maior, 2 Companhias de Atiradores Pra-quedistas, 1 Companhia de Comando e Servios e 1 Destacamento de Engenharia. Mais tarde foi reforado com 1 Companhia de Fuzileiros da Armada. Entre os seus objectivos encontravam-se a prestao de apoio em actividades humanitrias. O 1 Batalho de Infantaria Pra-quedista foi comandado pelo Tenente-Coronel Jos Alberto Cordeiro Simes. A 1 Companhia de Atiradores tinha o seu comando em Maubisse e era formada por um peloto em Ainaro e outro em Aileu e tinha como rea de responsabilidade os distritos com os mesmos nomes. A 2 Companhia tinha a responsabilidade pelo distrito de Liqui, onde instalou o comando, e pelos sub-distritos de Hera e Metinaro. A 21 Companhia de Fuzileiros ficou com a responsabilidade do distrito de Manufahi e com o comando em Same, competindo ao Esquadro de Reconhecimento o distrito de Dli. Depois de ganharem a confiana das populaes locais implementaram vrias aces que levaram realizao de eleies que decorreram com normalidade e foram consideradas livres e justas. O PORBATT para alm das responsabilidades que lhe foram atribudas, ainda tinha que manter uma estreita ligao com a CIVPOL (Polcia Civil das Naes Unidas) no reforo da Lei e da Ordem, e com a ETTA e a Administrao local. O Batalho portugus foi ainda responsvel por garantir: um peloto de reserva

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uma fora de reaco rpida uma Unidade de escalo Companhia como reserva do Force Comander; a segurana dos pontos sensveis de Dli Local de reabastecimento de gua; Heliporto; Aeroporto de Comoro; Hospital Militar; centro de trnsito de retornados

companhia queniana, parte integrante do PORBATT, foram atribudas estas mesmas tarefas, mas no distrito de Ermera. A Polcia Militar brasileira ficou com a responsabilidade de garantir a segurana do aquartelamento do Comando do Sector Central, conduzir escoltas de segurana; executar postos de controlo de viaturas (VCP); garantir a segurana pessoal (CPP) ao Brigadeiro General Taur Matan Ruak; conduzir investigaes policiais e manter uma estreita ligao com a CIVPOL. As actividades CMA - Civil Military Affairs, desenvolvidas pelos nossos agrupamentos militares foram-lhes atribudas pelas Naes Unidas, aquando da criao da PKF onde se pode ler o conceito de operaes definido para cumprir a misso deste Comando portugus est assente no patrulhamento de reconhecimento e segurana em reas remotas em conjugao com actividades CMA, utilizando infiltrao e exfiltrao area; na monitorizao de actividades polticas desenvolvidas; no providenciar assistncia mdica populao local; no efectuar de operaes conjuntas com unidades do sector, CIVPOL e servio de fronteiras, para detectar a posse ilegal de armamento; e no efectuar de patrulhas martimas na costa sul da rea de responsabilidade do Sector. Ao nvel destas actividades, os militares emparceiraram-se com a administrao distrital e com as autoridades locais, fazendo a ligao e a gesto dos pedidos das Organizaes Internacionais e das ONGs, com quem realizaram projectos comuns.

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No Sector Central as unidades de sade eram muito escassas e as que existiam estavam em muito mau estado de conservao. Havia apenas hospitais em Dli, em Maubisse e em Liquia Em Timor, dadas as condies climatricas naturais e o mau estado de conservao das casas, dos esgotos, das guas pluviais e outras, proliferam muitas doenas, com destaque para a malria, o paludismo, a tuberculose, o dengue e as doenas das vias respiratrias. Assim, no admira que uma das actividades CMA de que as Naes Unidas incumbiram as foras armadas foi a assistncia mdica s populaes. Os mdicos das sub-unidades do Sector, alm de participarem activamente nas patrulhas CMA deslocaram-se a zonas remotas para apoiarem sanitariamente os timorenses, dando consultas em diversas ONG e nos prprios aquartelamentos. Foi-lhes tambm atribuda a monitorizao do movimento dos refugiados, pois o seu regresso implicava no s a sua segurana, mas tambm a sua reintegrao social. O processo foi coordenado pela UNHCR United Nations High Commissioner for Refugees e pela IOM International Organization for Migration, que se responsabilizaram pelo processamento e transporte, respectivamente. PKF competiu apenas a segurana dos seus movimentos. O apoio transferncia do Mercado Central de Dili para os mercados de Comoro, Bcora e Taibessi, que era uma das prioridades da ETTA, foi uma operao cujo incio foi sucessivamente adiado no tempo, nomeadamente devido falta de deciso poltica para se efectuar. Os receios eram inmeros, esperava-se grande oposio da populao e das famlias que vendiam e habitavam no local (cerca de 6 mil vendedores e respectivas famlias). A surpresa foi total, dada a normalidade com que tudo decorreu. Devido campanha de informao desencadeada pelos rgos distritais e CIVPOL, coordenao do Sector e ao apoio do PORBATT, a operao decorreu em apenas trs semanas, sem qualquer incidente. O sucesso desta operao levou a ETTA a solicitar, de novo, apoio para a transferncia do Mercado do Peixe, que tambm decorreu de forma pacfica. Esta foi mais uma situao em

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que a populao timorense demonstrou grande civismo e vontade de colaborar na construo do seu pas. A ilha de Ataro foi tambm uma das grandes preocupaes no campo das CMA do Sector Central, pois, devido ao seu isolamento, as necessidades eram ainda mais gritantes e qualquer pequena aco tinha efeitos imediatos e de grande visibilidade, nomeadamente o apoio mdico/sanitrio e mesmo a distribuio de roupas e material escolar. O Sector ainda foi responsvel pelo acompanhamento e coordenao de outras actividades como a de ministrar cursos de informtica, fazer a reparao das estradas e melhoramentos de escolas e apoiar projectos de reabilitao de edifcios; fazer o acompanhamento da campanha e acto eleitoral e garantir apoio a viveiros de caf e centros de melhoramento de caf, onde se procedeu ao melhoramento de sementes para garantir uma produo de melhor qualidade.

3.3 2 BATALHO DE INFANTARIA PARAQUEDISTA/BAI Em Agosto de 2000 termina a sua misso o 1 Batalho de Infantaria Pra-quedista e chega a Timor em sua substituio o 2 Batalho de Infantaria Aerotransportada que, tal como o contingente anterior, ir fazer parte das foras da Naes Unidas no mbito da UNTAET/PKF. Iniciou as suas funes em 14 de Agosto de 2000 e terminou-as a 20 de Fevereiro de 2001. Este agrupamento foi reforado com uma Companhia de Fuzileiros, um Destacamento de Engenharia e uma Equipa de Operaes Especiais. Assumiu o seu comando o TenenteCoronel Para Joo Francisco Braga Marquilhas. Era formado por 501 militares do Exrcito a que se juntaram 156 da Armada. Foi operacionalizado pela rea Militar de S. Jacinto, CTAT/BAI. Tinha tambm uma Companhia de fuzileiros, CF n 23.

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3.4

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BATALHO

DE

INFANTARIA

DA

BRIGADA

LIGEIRA

DE

INTERVENO Comea a sua misso em 21 de Fevereiro de 2001 e termina a 7 de Outubro do mesmo ano. Chegou a Timor depois de ter feito uma comisso na Bsnia. Era constitudo por 697 militares do Exrcito e 155 da Armada. Foi mobilizado pelo Regimento de Infantaria 14, Chaves, RMN/BLI Regio Militar Norte/Brigada Ligeira de Interveno e era comandado pelo Tenente-Coronel Fernando Antnio Pereira de Figueiredo. Durante esta misso o batalho foi pioneiro e responsvel pelas principais aces com vista ao desenvolvimento do territrio, integrao dos oficiais de ligao das FALINTIL - Foras Armadas de Libertao e Independncia de Timor-Leste, execuo de aces de combate com vista ao restabelecimento do estado de segurana e participao no processo de formao da Fora de Defesa de Timor Leste (FDTL). No cumprimento da sua misso destacam-se as aces de manuteno de um ambiente seguro com particular incidncia nas situaes verificadas em Baucau, em 25 de Novembro e em Dli a 04 de Dezembro.

3.5 1 BATALHO DE INFANTARIA PRAQUEDISTA/BLI Chegou a Timor em 8 de Outubro de 2001 e regressou a Portugal a 7 de Junho de 2002. Foi constitudo por 693 militares do Exrcito e 155 da Armada. Foi mobilizado pelo Regimento de Infantaria 13, RMN/BLI e foi comandado pelo Tenente-Coronel Jos Antnio da Fonseca e Sousa

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3.6

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BATALHO

DE

INFANTARIA

DA

BRIGADA

LIGEIRA

DE

INTERVENO Este agrupamento regressou a Timor a 8 de Junho de 2002 para cumprir uma nova misso, aps a fase de aprontamento na rea Militar de S. Jacinto, para onde embarcou para cumprir, mais uma vez, a sua misso integrando a PKF/UNMISET. Esteve em Timor at 22 de Janeiro de 2003 e foi identificado como 2 BATALHO DE INFANTARIA PARA DA BRIGADA LIGEIRA DE INTERVENO. Foi constitudo por 495 militares do Exrcito e uma Companhia de Fuzileiros formada por 150 militares. Tinha tambm um Destacamento de Engenharia e uma Equipa de Operaes Especiais e foi participar na nova misso das Naes Unidas, a UNMISET - United Nations Mission of Support to East Timor. no novo estado independente. O Batalho regressou a Portugal e a S. Jacinto em Janeiro de 2003. Foi mobilizado pela rea Militar de S. Jacinto, CTAT/BAI. Foi comandado pelo Tenente-Coronel Pires da Silva.

3.7 1 BATALHO DE INFANTARIA MECANIZADA DA BRIGADA MISTA DE INTERVENO Esteve em Timor entre 23 de Janeiro e 22 de Julho de 2003. Foi constitudo por 495 militares do Exrcito e 150 da Armada, formando uma Companhia. Foi mobilizado pelo 1 Batalho de Infantaria Mecanizado/BMI Tenente-Coronel Eugnio Francisco Nunes Henriques

3.8 AGRUPAMENTO FOXTROT/BLI Esteve em Timor entre 23 de Julho de 2003 e 24 de Janeiro de 2004. Foi constitudo por 495 militares do Exrcito e uma Companhia de Fuzileiros de 150 homens. Mais tarde foi reduzido a 501, com o regresso a Portugal de 153, em Dezembro de 2003.

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Foi mobilizado pelo Regimento de Infantaria 19/BLI, Chaves e foi comandado pelo Tenente Coronel Artur Carabau Brs.

3.9 AGRUPAMENTO HOTEL DA BLI BRIGADA LIGEIRA DE INTERVENO Em Timor entre 25 de Janeiro e 11 de Junho de 2004. Constitudo por 388 militares do Exrcito e uma Companhia de Fuzileiros com 117 homens, denominada Companhia de Fuzileiros n 23 (Reforada) e tinha um efectivo de 5 Oficiais, 15 Sargentos e 91 Praas e foi comandada pelo 1 TEN FZ Antnio Carlos Esquetim Marques, constituindo, conjuntamente com 02 Oficiais, 02 sargentos, 02 Praas e o Capelo Licnio Silva, a 8 Fora FZ Timor. Foi mobilizado pelo Regimento de Infantaria 13/BLI e esteve sob o comando do Tenente-Coronel Francisco Xavier Ferreira de Sousa e ficou aquartelado em Dli, Baucau e Aileu. Elegeu as crianas timorenses como sendo o seu centro de atenes.

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PROJECTOS DE APOIO SOCIAL

O principal objectivo deste trabalho o de divulgar as actividades de apoio s populaes, chamadas CMA Civil Military Affairs, que os vrios agrupamentos de militares portugueses implementaram em Timor. Neste captulo sero referidos os muitos projectos que cada um dos agrupamentos desenvolveu durante a sua permanncia em terras do sol nascente.

4.1 COMPANHIA DE FUZILEIROS NA INTERFET Tudo comeou com a participao da Fragata Vasco da Gama com uma Companhia de Fuzileiros na INTERFET. Tinha a sua base em Darwin e em Dli de onde partia para efectuar as suas misses que se desenvolveram em Dli, em Oecussi e em Manatuto. Em qualquer destas misses houve aces de apoio s populaes. Como foi em Oecussi e Manatuto que estes fuzileiros mais aces desenvolveram, apresentam-se de seguida.

4.1.1 - EM OECUSSI

Em Oecussi, aonde se deslocaram alguns fuzileiros dos servios tcnicos e dos servios gerais, vindos da fragata, foi feito o levantamento do nmero de casas que apresentavam alguma destruio, nomeadamente casas sem tectos, portas ou janelas e constatou-se que deveriam ser cerca de 95%. Pela cidade foi possvel ver grandes quantidades de entulho espalhadas pelas ruas e as redes elctricas, as de abastecimento de gua e de saneamento

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bsico, quase completamente inoperacionais. Assim os militares resolveram proceder limpeza e reparao provisria de alguns edifcios e infra-estruturas, procurando assegurar condies mnimas de alojamento e conforto ao elevado nmero de deslocados que, com a estabilizao da situao, regressavam a suas casas, necessitando de um acrescido apoio mdico-sanitrio. Face ao observado foram pensadas um conjunto de aces a pr em prtica a partir do dia seguinte, das quais se destacam: Reparao provisria da cobertura de edifcios para albergar IDPs - Internally Displaced Persons; Efectuar limpeza interior da clnica e remoo do entulho acumulado nas zonas adjacentes; Efectuar uma distribuio alimentar populao; Proceder entrega de medicamentos na clnica local e apoiar as instituies mdicas em terra na prestao de assistncia mdica.

A nvel da distribuio de produtos alimentares foram distribudas vrias centenas de sanduches, bolos, chocolates e refrigerantes a todos os que ali se encontravam. O apoio sanitrio foi prestado a mais de 500 pessoas que apresentavam situaes vrias de problemas de sade. Fizeram tambm uma evacuao de emergncia, por helicptero para Dli e regresso. Como a tarefa de levar Timor-leste paz foi de foras militares de vrios pases, os fuzileiros trabalharam em cooperao com Foras Australianas e com ONG Organizaes No Governamentais. Estas forneceram uma boa parte do material de reconstruo utilizado.

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Aps este perodo de intensa actividade, o navio rumou a Darwin, para reabastecer e permitir o descanso da guarnio. Retornou rea de operaes no dia 28 de Novembro onde se manteve por cerca de quinze dias.

4.1.2 - EM MANATUTO

No dia 25 de Novembro o 1 Corpo de Fuzileiros chegou a Timor, a bordo da fragata Vasco da Gama, e encaminhou-se para Manatuto com o objectivo de prestar ajuda humanitria s populaes. Ali chegados fizeram uma avaliao das condies em que iriam desenvolver a sua actividade. A primeira impresso foi a de que Manatuto tinha um elevado grau de destruio de casas e outras infra-estruturas. Os sistemas de distribuio de gua e energia elctrica, apresentavam uma total inoperacionalidade. O hospital tambm foi visitado e no era excepo tal era o grau de destruio que apresentava. Trabalhando em estreita colaborao com o pessoal da AMI Associao Mdica Internacional, da UNTAET, o Comando filipino da INTERFET e a UNICEF, foi delineado um plano de aco que consistiu em apoiar desde logo as reas de abastecimento de electricidade e electromecnica, executar trabalhos de limpeza e arrumao em edifcios pblicos identificando, de imediato, uma escola e uma clnica como locais onde este tipo de interveno poderia ser til, assim como a colaborao na prestao de cuidados mdicos no hospital local, prontamente iniciada. Depois de identificarem os problemas elegeram aquele que seria o seu principal projecto, a recuperao da Escola Preparatria a qual baptizaram de Escola Vasco da Gama em homenagem Fragata a que pertenciam, meteram mos obra e deram incio aos trabalhos, pois tinham-se comprometido entreg-la em condies de l funcionarem de novo as aulas antes de partirem para outras misses. Em pases to depauperados e devastados como estava Timor-leste muito difcil efectuar obras deste tipo pois h escassez de todo o tipo de material de construo, pelo que foi19

necessrio aproveitar as vrias escalas em Darwin para proceder sua compra e ainda comprar tintas, ferramentas e consumveis (madeiras, pregos, cimento, etc.) fundamentais para a continuao dos trabalhos que se prolongaram at 12 de Fevereiro quando foram dados por terminados. Nesse dia a escola estava finalmente em condies de ser ocupada de novo por alunos e professores. Tudo tinha sido restaurado desde as paredes, as portas, as janelas com as respectivas redes mosquiteiras, os muros, etc. Tendo sido a primeira obra dos militares portugueses em Timor, a sua inaugurao revestiuse de grande solenidade e simbolismo. Esteve presente o Ministro da Defesa Nacional (MDN), Dr. Castro Caldas, que presidiu sesso e fez a entrega simblica das chaves das portas e de um dicionrio de Portugus ao futuro director, Sr. Alberto Costa, e descerrou um padro com o nome da escola, que a partir daquele dia passou a denominar-se Escola Vasco da Gama, por sugesto dos representantes da comunidade local, CNRT e da parquia de Manatuto

4.1.2.1 - APOIO MDICO SANITRIO

A colaborao com o hospital local foi muito til para a populao. Uma equipa mdica de bordo comeou a dar consultas o que veio contribuir para o aumento da capacidade de atendimento de doentes no hospital. A ajuda no tinha que ver apenas com consultas, mas ainda com o transporte e transferncia de material para aquela unidade hospitalar, ao qual foram cedidos artigos diversos de higiene e limpeza sabonetes, sabo, desinfectantes, etc

4.1.2.2 - RECUPERAO DA ESCOLA SECUNDRIA

A prestao de apoio s populaes fazia parte do mandato das Naes Unidas e foi levado muito a srio pelos agrupamentos de militares portugueses que integraram as foras militares que ali serviram. Foi assim que surgiu a hiptese de os fuzileiros portugueses liderarem a

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recuperao das instalaes de outra escola da cidade, que entrou ao servio dos jovens timorenses no incio de 2000. Para que os trabalhos fossem mais eficientes e rpidos, o recinto da escola foi dividido em cinco reas e foi feito o levantamento dos trabalhos necessrios sendo-lhes atribudo prioridades de interveno. Os grupos puderam assim ser empregues de forma sistematizada e coordenada, maximizando-se esforos e o material disponvel a cada instante. Comearam pela remoo do entulho e vidros das salas e ptios, bem como substncias perigosas resultantes da destruio dos antigos laboratrios, de modo a criar condies de segurana fsica adequados utilizao do recinto pelos alunos. Como havia 11 salas de aula que tinham telhado, deram prioridade limpeza da rea circundante da escola, reparao do sistema elctrico, pintura interior e exterior dos vrios edifcios, reparao do pavimento e colocao da rede do campo de voleibol, uma modalidade muito querida dos jovens e adolescentes timorenses. Em paralelo procederam distribuio de alimentos tanto na escola primria como na pr-primria.

4.1.2.3 - FESTA DE NATAL

O pessoal da fragata Vasco da Gama, ofereceu uma festa de Natal aos midos de Manatuto, no dia 21 de Dezembro. Foram oferecidas vrias prendas nomeadamente pequenos brinquedos, livros para pintar, cadernos e lpis de cor. Compareceram cerca de 1000 crianas da primria e pr-primria. A colaborao do Batalho de Pra-quedista filipino foi importante pois cedeu um gerador elctrico que permitiu que a festa se prolongasse. Foram projectados vrios filmes de desenhos animados. No final o Almirante CEMA fez entrega de um exemplar dos Lusadas

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4.2 - 1 BATALHO DE INFANTARIA PRA-QUEDISTA 14 de Fevereiro a 13 de Agosto de 2000 Em prol do povo timorense, em nome de Portugal No N 194/Outubro/Dezembro de 2000 da Revista Boina Verde o Major Paraquedista Miguel Silva Machado escreveu um artigo onde reala a especificidade da misso dos praquedistas em Timor. Pode ler-se: em Timor-Leste, a misso "diferente de todas as outras" para os portugueses, foi cumprida pelos pra-quedistas com a vontade e o nimo de sempre. Desta vez integrados numa fora multinacional de caractersticas muito diferentes da NATO, o contingente portugus, na sua quase totalidade composto por pra-quedistas e integrando uma companhia de fuzileiros, um destacamento de engenharia, um pequeno ncleo de operaes especiais e um destacamento de helicpteros, assumiu-se, no contexto local, como uma fora de primordial importncia. Os militares que formavam este batalho tinham sob sua responsabilidade uma rea que abrangia os Distritos de Dli, Ailu, Same e Ainaro, onde muitas infraestruturas privadas e pblicas tinham sido destrudas, pelo que tinham um campo de actuao muito vasto. Era necessrio ajudar as autoridades e os cidados a recuper-las. Em consequncia disso muitas populaes se deslocaram para fora dos lugares onde viveram at essa altura. Embora fosse sua misso prioritria a manuteno da segurana s populaes, foi sua inteno, concretizada, afectar recursos misso de apoio social. O seu plano de aco tinha como prioridade apoiar as actividades de reconstruo e desenvolvimento de Timor na sua rea de Operaes (Dli, Aileu, Ainaro e Same) garantindo que as aces realizadas fossem um contributo inequvoco de valorizao do povo Timorense. Para implementar este plano foram definidas as seguintes reas de actuao: Formao tcnica individual

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Sade pblica (Prestao de apoio mdico na rea de cuidados primrios e

secundrios) Construo horizontal e vertical Desenvolvimento econmico regional Ensino e educao a nvel regional Educao cvica e Informao pblica Educao fsica

De seguida feita uma apresentao mais pormenorizada sobre cada destes pontos.

4.2.1 - FORMAO TCNICA INDIVIDUAL

Dada a constituio do Batalho, em que havia valncias tcnicas de vrias reas, foi fcil constituir equipas destinadas a dar formao aos timorenses que mostrassem interesse em adquirir ou aumentar um conjunto de competncias tcnicas individuais. As reas eleitas foram: Mecnica Construo civil, Electricidade, Operao de equipamento pesado de Engenharia Informtica Culinria Estgio de Enfermagem Carpintaria Serralharia

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As aces de formao foram frequentadas por cerca de 40 formandos. De salientar de entre estas reas a da operao de mquinas de engenharia pois o estado de destruio com que os militares encontraram as estradas, os caminhos e os vrios acessos, privados ou pblicos, bem o justificaram.

4.2.2 - SADE PBLICA

A logstica de um Batalho bastante complexa e cobre todas as reas, incluindo a da sade. Assim sendo foi interessante disponibilizar o pessoal mdico e o respectivo equipamento para apoio s populaes. Por exemplo o equipamento de Raios X pode ser utilizado para implementar um programa de preveno e luta contra a tuberculose. A sua utilizao nas consultas efectuadas foi uma constante tendo sido necessrio, em alguns casos, deslocar o equipamento para outros locais onde era mais apropriado fazer as consultas. Fazer uso de aparelhos como estes exige conhecimentos tcnicos que os enfermeiros timorenses no tinham. Para rentabilizar o seu uso e melhorar a eficcia do diagnstico e do consequente receiturio foram ministrados cursos de formao a enfermeiros, a tcnicos de raio X e a fisioterapeutas. Na rea da formao de carcter geral sobre medicina preventiva foram feitas cerca de 20 aces tendo a primeira decorrido em Dli onde os problemas de sade mais se punham, devido maior concentrao de pessoas, muitas vindo do interior. Como sabido as populaes timorenses vivem muito prximo do limiar da pobreza, sem acesso a gua potvel nem s medidas mnimas de higiene, sem saneamento, convivendo as crianas e os adultos com os animais, o que facilita o aparecimento de doenas, nomeadamente a tuberculose. Para minorar estes problemas o batalho deu formao a vrios enfermeiros timorenses incutindoos a pr em prtica novas tcnicas de sade, destacando-se: Actualizao de conhecimentos a enfermeiros locais Formao de tcnicos de Radiologia24

Formao de Fisioterapeutas

O ministrar consultas mdicas e fazer tratamentos s populaes, foi feito de acordo com as disponibilidades do pessoal de sade. Dar formao elementar na rea da medicina preventiva s populaes foi uma prtica corrente seguida. Como muitas das escolas frequentadas pelas crianas da rea de interveno do batalho estavam degradadas, sem condies mnimas de funcionamento, constituiu tambm preocupao a sua recuperao. Assim foram recuperadas vrias delas, criando melhores condies de frequncia das aulas. Os maus acessos s escolas so, muitas vezes, motivo para que as crianas no tenham vontade de as frequentar. Ento foram recuperados e feita a manuteno em muitos desses itinerrios.

4.2.3 - CONSTRUO HORIZONTAL E VERTICAL

Dada a destruio massiva de casas, caminhos, estradas, escolas e outras infraestruturas durante a guerra civil natural que os militares da 1 BAI, servindo-se do material de engenharia que possuam, metessem mos obra e iniciassem um programa de recuperao que criasse condies para que os timorenses pudessem desenvolver a sua actividade diria com normalidade. Foi assim que fizeram a recuperao e beneficiao de vrios itinerrios localizados na sua rea de interveno como sejam as estradas Dili-Hera; Aileu-Maubisse; Maubisse- Same e Iantuto-Ainaro. A prioridade dada recuperao de estradas justifica-se pelo papel que elas desempenham na movimentao de pessoas e bens e, consequentemente, na economia local. Sem estradas transitveis os agricultores no podem levar os seus produtos para os locais de venda, dificultando assim a sua vida e diminuindo os seus rendimentos.

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Os trabalhos respeitantes recuperao da estrada Dli - Hera, iniciaram-se no dia 22 de Fevereiro de 2000. As equipas de trabalho integraram os militares do Destacamento de Engenharia e integraram, tambm, 11 civis locais. Os trabalhos efectuados concentraram-se na construo de drenagens longitudinais, na regularizao da superfcie de drenagem, na limpeza das drenagens longitudinais e transversais e na reconstruo de muros de suporte. Seguiu-se a estrada Fatobossa Maubisse que une o Distrito de Dli com o de Ainaro passando pelo de Maubisse e uma via considerada a espinha dorsal das comunicaes virias para esta zona de montanhas. O seu estado de degradao era muito elevado, estando pouco menos que intransitvel. Os trabalhos nela efectuados focaram-se na limpeza e desmatao das bermas, na construo de drenagens longitudinais, regularizao da superfcie de drenagem, limpeza das drenagens longitudinais e transversais e reconstruo de muros de suporte. Os trabalhos foram iniciados a 6 de Maro de 2000 e envolveram, alem do Destacamento de Engenharia, cerca de 80 timorenses trabalhando diariamente e recrutados na regio de Maubisse. Com estradas melhoradas mais fcil ter um desenvolvimento integrado e sustentado, disponibilizando o acesso a bens essenciais para o seu desenvolvimento. O acesso gua em condies de salubridade aceitvel foi das primeiras preocupaes e mereceu alguma prioridade de actuao. Sabe-se quo importante a gua para a vida humana. Assim foram feitas limpeza e drenagem de algumas linhas de gua. Dar condies s crianas em idade escolar para frequentarem as suas escolas fez parte, tambm, da sua preocupao. Algumas das escolas que foram objecto de intervenes, mais ou menos profundas, dependendo do estado de degradao, foram sujeitas a obras de recuperao, estando entre elas as de Hera e Fatu-Ahi, ambas localizadas perto de Dli, sada para Baucau, e mais 13 em vrios locais. Sobre a de Hera pode ler-se o que escreveram os militares do Batalho no seu site:

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INAUGURAO DE ESCOLA PRIMRIA DE HERA Foi inaugurada no dia 6 de Junho a primeira escola primria de Timor na localidade de HERA perto da cidade de DILI. Esta escola foi recuperada pelo 1 BI PARA destacado em Timor integrado no contingente da PAZ da UNTAET em TIMOR LOROSAE, estando presentes o comandante do batalho, TENENTE CORONEL CORDEIRO SIMES, o comissrio para TIMOR Dr. PERES METELO, a Dr. MARIA CARRILHO responsvel pelos professores de Portugus em TIMOR, o Dr. RUI da SILVA responsvel pelo comissariado portugus em TIMOR, o director da respectiva escola Sr. ESTABILAU TILUARI e ainda o responsvel local de HERA. Esta obra foi mais uma das muitas que o 1 BIPara tem realizado e continua a realizar em terras de TIMOR LOROSAE. Esta escola foi totalmente recuperada dos estragos sofridos com os acontecimentos trgicos que aconteceram em terras de TIMOR em Agosto e Setembro de 1999 pelas milcias, incluindo cadeiras e secretrias para alunos e professores. Na prxima Quinta-feira dia 8 de Junho ir ser inaugurada a segunda escola primria recuperada em TIMOR pelo 1 BI PARA esta localizada em FATUHAI, perto de DILI, esta tambm recuperada na totalidade, parecendo nova, tal foi a perfeio do trabalho executado. Mais uma vez, os militares portugueses honraram o nome de PORTUGAL em terras de TIMOR LOROSAE, fazendo juz s expectativas deste povo irmo na solidariedade Portuguesa.

4.2.4 - DESENVOLVIMENTO AGRCOLA REGIONAL

Dadas as condies de degradao em que Timor ficou aps e durante a invaso indonsia, justificou-se a opo dos responsveis por este batalho, no sentido de centrar alguns dos seus meios de engenharia militar no apoio agricultura e ao comrcio. Timor um pas27

essencialmente agrcola, no muito longe da agricultura de subsistncia. Foi assim que, em conjunto com alguns agricultores, elegeram algumas culturas mais de acordo com a situao e foram feitos planos de interveno agrcola com vista a aumentar a qualidade e a produo agrcola. Procederam obteno de sementes e plantas para florestao, pois o solo timorense tem muitas aptides para a floresta. Foram recuperados e reorganizados sistemas de explorao e armazenamento de gua e fizeram sesses de esclarecimento aos agricultores alertando-os para mtodos de explorao agrcola que podiam melhorar as suas produes. Na vertente do comrcio dinamizaram sesses de esclarecimento com vista a apoiar o estabelecimento de actividades que concitassem o empenhamento das populaes locais. Foi feita a recuperao de exploraes industriais como as de cermica, panificao e talhos. Para desenvolver estas e outras actividades o batalho contou sempre com o empenhamento de recursos humanos locais. S assim se conseguem implementar projectos que sejam do seu total interesse e deles possam tirar, efectivamente, proveito. Fruto de uma aco levada a cabo na parte final da sua preparao para ir para Timor e apoiada por rgos de comunicao social regional portugueses, o Batalho conseguiu reunir vrias embalagens de sementes que trouxe para Timor. Tendo a regio de Ainaro condies ptimas para a agricultura e dando resposta afirmativa aos rgos polticos locais, foi escolhido este distrito para implementar este Projecto. A entrega destas sementes foi feita em Maubisse na presena dos Chefes dos Sucos deste Posto Administrativo ou seus representantes, ao Sr. Humberto M. da C. Silva, responsvel pela rea Agrcola deste Posto. Esta aco, no dizer de timorenses envolvidos e com algum exagero, marcou a fase de viragem para o desenvolvimento agrcola desta regio. Em simultneo foram entregues sessenta conjuntos de alfaias agrcolas, constitudos por enxadas, picaretas, ancinhos e ps que se encontravam no depsito da Misso Humanitria

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Portuguesa, dependente do Comissariado para o Apoio Transio em Timor Leste, e que foram entregues ao Batalho para serem empregues neste projecto e nesta rea. As sementes eram de espcies muito variadas como couve flor, alface, brcolos, abboras, repolhos, cebolas, etc. Para a comunidade local foi um dia festivo. Consideraram mesmo a primeira sementeira de um pas livre. As condies naturais da regio de Maubisse, com grande aptido para a agricultura, pois tem bons solos e muita gua, so a garantia de que este projecto pode dar bons frutos e que foi uma boa aposta do Batalho.

42.5 - ENSINO E EDUCAO A NVEL REGIONAL

A educao o motor de desenvolvimento de qualquer pas. Timor no excepo. Assim, correspondendo aos interesses dos governantes timorenses e de Portugal, foi-lhe dado enfoque especial, com destaque para o ensino da lngua portuguesa. Foram leccionadas aulas de portugus em vrias escolas da sua rea de interveno, a saber, as escolas piloto de Hera e Fatu-Ahi, que decorreram entre 28 de Fevereiro e 10 de Maro, tendo tido como alvo cerca de 560 crianas. Esta experincia foi posta em prtica em mais 6 escolas de Dli, entre 13 de Maro e 30 de Julho; em 9 escolas localizadas em Maubisse, Same, Ainaro, Turiscai, Manahalu e Fatobossa. Foi, sem dvida, uma contribuio muito importante para que a lngua portuguesa possa perdurar no tempo, em Timor. A par foram tambm leccionadas aulas de aritmtica. No dia 8 de Julho foram entregues livros ao Centro de Educao de Adultos em Same, no mbito do plano de aco humanitria do agrupamento. A entrega de material escolar a vrias escolas da rea operacional do Batalho, fez tambm parte do seu plano para o Apoio ao Desenvolvimento do Ensino em Timor. Mais uma vez o contributo do povo portugus, atravs das escolas primrias de Constncia, Entroncamento, Paio Pires, Praia do Ribatejo, algumas empresas de Tomar e pessoas annimas, foram29

determinantes para o xito desta actividade. A entrega deste material foi saudado de forma muito especial pelos alunos, professores e demais elementos da comunidade para quem estas iniciativas so motivo de grande satisfao. Complementando a entrega deste material, os militares do Batalho leccionaram aulas de Portugus, Aritmtica e Educao Fsica nas escolas primrias da rea onde se encontravam. Para desenvolver hbitos de leitura nas crianas o 1BIPara organizou uma biblioteca itinerante constituda por livros de diversas reas que foi inaugurada na segunda quinzena de Abril.

4.2.6 - EDUCAO FSICA

medida que iam sendo ministradas as aulas de portugus e aritmtica, para descontrair e criar boas condies de aprendizagem, foram leccionadas aulas de educao fsica que decorreram nas mesmas escolas e no mesmo perodo. Foram leccionadas aulas de iniciao ginstica e foram organizados jogos tradicionais portugueses e timorenses. Organizaram provas de atletismo em vrias especialidades como o salto em comprimento, o lanamento do peso e corrida, bem como provas de judo, de futebol e voleibol. Como complemento, e pondo em prtica os ensinamentos aprendidos, realizaram torneios inter-turmas de cada escola e inter-escolas em Junho e Julho, no final das aulas. Foi o culminar de actividades de carcter social que muito dignificaram as foras armadas portuguesas e todos os portugueses.

4.2.7 - EDUCAO CVICA/INFORMAO PBLICA

Neste campo o batalho desenvolveu algumas actividades destacando-se entre elas o apoio a aces de formao da juventude timorense, centradas na cidadania. Apoiaram o CNE Timor, Conselho Nacional de Eleies, no esclarecimento das pessoas e em aspectos de

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organizao. Foram feitas vrias aces de esclarecimento populao em geral nos vrios campos de interveno social. Vrias foram as iniciativas que o batalho levou a cabo, abertas s populaes locais e, em alguns casos, com o seu real envolvimento. De entre eles destacam-se os seguintes, que se podem encontrar no site do agrupamento: A comemorao do Dia de Portugal e das Comunidades, decorreu com muita honra e dignidade em Maubisse, nas montanhas de Timor Lorosae com a participao de todas as unidades portuguesas que integraram a fora dos capacetes azuis da UNTAET, em Dli, Liqui, Same e Maubisse. Do programa destacou-se a formatura geral do contingente feita na praa dos Templrios, construda por eles, tendo sido cantado o hino nacional e feito o hastear da bandeira Nacional Portuguesa. A missa tambm se realizou nessa praa e foi celebrada pelo padre Portugus Jos Martins, que veio de Dli. Houve uma corrida da Paz, uma quermesse, jogos para crianas, voleibol feminino e masculino e corridas equestres. No final houve confraternizao com as crianas presentes tendo sido distribudos sumos e bolos. Ao almoo estiveram presentes cerca de 450 convidados do Batalho. De tarde a Praa dos Templrios foi palco da actuao de grupos de danas e cantares tradicionais timorenses. As comemoraes terminaram com alocues de algumas autoridades presentes sendo o TCor Cordeiro Simes, Comandante do Batalho, o primeiro a intervir seguindo-se o Subchefe do Estado Maior das FALINTIL, que agradeceu o apoio que o Batalho deu ao povo de Maubisse. De seguida realizou-se um almoo de confraternizao em que se comeu sardinha assada Portuguesa, febras, bifes de bfalo, caldo verde, regado com vinho portugus e vinho do Porto. A festa terminou com um baile em que a actuou o Agrupamento musical do Batalho. A presena de cerca de 8000 pessoas demonstra bem o entrosamento perfeito entre os nossos militares e a populao. Os militares tambm se associaram s comemoraes do Dia Mundial da Criana.

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4.2.8 - VISITA DE SRGIO VIEIRA DE MELO A SAME

Srgio Vieira de Melo, em visita a Same, aproveitou para visitar o 1 Batalho BIPra para se inteirar das actividades de apoio reconstruo de infra-estruturas em curso bem como as futuras actividades a desenvolver no distrito.

4.2.9 - APOIO SANITRIO

O 1 Batalho de Infantaria Para levou a efeito um programa de aco humanitria que expressava todo o movimento de solidariedade sentido pela populao portuguesa durante o difcil perodo do SET99 (Setembro de 1999). No dia 5 de Junho foi efectuada mais uma Patrulha sanitria nas montanhas da cordilheira de Ramelau entre a regio de Aileu e Maubisse. A Patrulha dirigiu-se ao lugar de Koulau, onde a situao sanitria da populao muito precria. Aps a concluso de alguns tratamentos e recolhidas algumas das principais carncias da populao houve necessidade de evacuar trs Timorenses doentes para o Hospital Portugus de Maubisse, devido gravidade desses doentes. Assim mais uma vez pudemos ver o apoio que as nossas tropas deram ao povo de TIMOR LOROSAE.

4.2.10 - ESCUTEIROS CATLICOS DA DIOCESE DE DILI

Foram estabelecidos contactos com um grupo de escuteiros de Dli, facilitados pelo facto de alguns militares que foram e/ou so escuteiros em Portugal, com vista a dar um contributo na criao da futura associao de escuteiros de Timor. Na sequncia destes contactos foi celebrado em conjunto, na Catedral de Dili, no dia 22 de Fevereiro, o 143 Aniversrio de Lord Badden Powell, fundador do movimento escutista.

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4.2.11 - REUNIO COM OS CHEFES DO POSTO ADMINISTRATIVO E DE SUCO DO HATO BUILICO

No 25 de Maro, na escola de Hato Builico, decorreu uma reunio entre o comando do Batalho e os Chefes do Posto Administrativo e de Suco locais que teve como objectivo, a coordenao das actividades de segurana e a distribuio de publicaes em portugus para iniciar a constituio de uma Biblioteca na escola e que servir cerca de 700 alunos e 16 professores repartidos por 3 escolas primrias. Reunio idntica foi feita em Maubisse no dia anterior.

4.2.12 - ENTREGA DE DIPLOMAS

A culminar os cursos ministrados pelos militares do Batalho, realizou-se, no dia 2 de Junho de 2000, em Bcora, Dli, no Posto de Comando recuado, a cerimnia de entrega dos respectivos diplomas. Presidiu cerimnia o Comandante do 1. BIPara em Timor, TCOR Cordeiro Simes. Os cursos em questo foram: Enfermagem, Electricidade, Culinria, Serralharia, Construo Civil, Carpintaria e Operadores de Mquinas de Engenharia. Alm destes cursos foram ministrados ainda os de Informtica, a cinco timorenses, e Mecnica abrangendo um total de 46 formandos. Pode dizer-se que, com estas aces, Portugal est a preparar os futuros obreiros de TIMOR LOROSAE livre, e Independente.

4.2.13 - RECUPERAO DA POUSADA DE MAUBISSE

Aquela que agora a Pousada de Maubisse foi construda no tempo de Administrao portuguesa na dcada de 1950 e era considerada o ex-libris de Timor naquele tempo, estava em total abandono e muito degradada. A chegada dos militares portugueses foi a sua salvao. No seu Programa de Aco Humanitria e Desenvolvimento Econmico para a regio de Maubisse, o Batalho incluiu a sua recuperao. Para tal, alm dos recursos

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humanos e de equipamento do batalho, foi usada mo-de-obra local nas reas de carpintaria, electricidade e canalizao.

4.2.14 - ESPECTCULO CULTURAL EM AINARO

natural que as populaes locais retribuam tudo o que os militares portugueses por eles fizeram. Assim, no dia 2 de Abril de 2000, realizou-se um espectculo cultural de danas e cantares tradicionais, organizado pelo Centro Cultural de Ainaro e que teve lugar no Pr Seminrio So Lus Gonzaga da Diocese de Dli, em Ainaro. O programa foi muito variado e teve cinco momentos: a Cirgala; Vender flores, Bua Malus, Cano do jovem Sira e DAHUR. A Cirgala consiste numa dana e numa cano guerreira, em que se alude necessidade das Falintil defenderem Timor Lorosae e a dana para vender flores foi apresentada por um grupo de crianas que frequentam o jardim-escola. Bua Malus uma dana tradicional com msica de fundo, com a participao de trs jovens, que traduz a amizade dos Timorenses a quem os visita. No final oferecem aos espectadores uma substncia para mascar que consiste numa folha Malus, que envolve uma semente Bua e cal viva. A cano do jovem Sira, foi interpretada por jovens da parquia que acompanharam com duas guitarras. DAHUR uma dana acompanhada por uma cano para recepo constituda por seis pares, os rapazes danam para se prepararem para a guerra e as jovens tocam vrios instrumentos (5 batuques e 1 prato metlico). A letra da cano conta-nos que em 30 de Agosto houve um acontecimento muito importante (referendo), que foi: " Sabermos que finalmente amos ser livres. A 4 de Setembro, os irmos foram separados. Uns foram para a montanha e outros para a costa Sul. Com a nossa fora, conseguimos expulsar os Javaneses de Timor, ns somos os

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naturais de Timor e desejamos a independncia e se for preciso com derramamento de sangue".

4.2.15 - 1 FORA DE FUZILEIROS FZ - TIMOR (CF-22)

No plano de actividades desta companhia estava o contacto com a populao e a formao escolar dos timorenses, sendo esta ltima feita em escolas localizadas na sua rea de interveno. A companhia foi dividida em dois ncleos, com um a actuar no Distrito de Liqui, destinado defesa e a assegurar algum suporte logstico guarnio do NRP "Hermenegildo Capelo" no desempenho do seu trabalho ao nvel da ajuda sanitria e na recuperao do Hospital desta localidade. O ensino da lngua portuguesa no foi descurado tendo sido ministradas vrias aulas. Poucos dias aps a chegada o navio que transportava os militares da companhia, foi para Manatuto onde ancorou para retirar o material de apoio s populaes locais. Transportadas nos botes desde o navio at terra, seguiram quadros de ardsia, livros, canetas, lpis e giz, recolhidos pelo Servio de assistncia Religiosa da Companhia. O destino foi a Escola Vasco da Gama, assim baptizada por ter sido recuperada pela Companhia de Fuzileiros da fragata Vasco da Gama que aqui esteve ao servio da INTERFET. Vrios pares de sapatos deixados pela Companhia anterior, foram tambm entregues. A AMI Associao Mdica Internacional colaborou com a Companhia no transporte de jipe destes bens e na sua guarda, na igreja local, pois a escola no oferecia segurana. A entrega destes bens foi feita pelo Comandante, indo propositadamente a Manatuto, acompanhado de uma delegao de oficiais, sargentos e praas do navio e revestiu-se de alguma solenidade pois estiveram presentes o proco, a quem foi feita a entrega, o director da escola e as professoras. De regresso a Liqui, onde chegaram a 20 de Abril, entrou em aco a equipa responsvel pela organizao do concurso de desenho infantil cujo tema foi "A Marinha Portuguesa em

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Liqui" e teve 87 participantes e havia vrios prmios em jogo como bons, tshirts, fatos de treino, cadernos escolares, caixas de lpis de cor e rebuados. Outras aces foram iniciadas como as aulas de Portugus, ministradas por dois oficiais do navio, no mbito de uma aco de formao de cinquenta professores do distrito de Liqui. Aces deste tipo davam corpo recomendao dada pelas Naes Unidas, para que os militares desenvolvessem aces de carcter humanitrio e de apoio reconstruo do territrio.

a) PRIMEIROS JOGOS INFANTIS

A praia de Liqui foi palco da realizao dos Primeiros Jogos Infantis que foram organizados por um grupo de voluntrios de entre os fuzileiros ali sedeados. Foram vrias as modalidades em competio com destaque para a traco corda, as corridas de sacos, o "tiro" s latas. Participaram cerca de 300 crianas a quem foi entregue um diploma e prmios de participao. Aos 12 melhores competidores foi oferecida uma visita guiada ao navio seguida de um lanche.

b) MISSA EM LIQUI

No dia seguinte foi celebrada uma missa nas instalaes da Companhia, em Liqui, com a presena de uma delegao de bordo. O navio tinha entretanto ido para Dli onde j se encontrava atracado. Esta missa foi muito mais do que isso. Revestiu-se de uma grande solenidade pois os militares aproveitaram-na para fazer a entrega de cerca de 10 toneladas de produtos alimentares oferecidos pela Marinha onde constavam conservas, bolachas, detergentes e raes de combate, formalizada pelo Sr. Comandante do navio aos delegados do CNRT para os trs sub-distritos de Liqui.

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c) VISITA A OECUSSI

A visita a Oecussi foi classificada pelos elementos desta Companhia como novidade. Foi necessrio vencer uma distncia de cerca de 30 kilmetros que demoraram volta de 5 horas. Foi uma visita em que a Companhia aproveitou para fazer a entrega de cerca de 30 toneladas de material de construo civil destinado reconstruo de edifcios, oferecido pelo Ministro da Defesa Nacional e havia sido prometido pelo Ministro da Defesa de Portugal aquando da sua visita a Timor, no perodo da Pscoa. Houve confraternizao e foram oferecidas, aos timorenses presentes, pacotes de leite, bolachas, raes de combate e alguns cigarros.

4.3 2 BATALHO DE INFANTARIA PARAQUEDISTA/BAI - 14 de Agosto de 2000 a 20 de Fevereiro de 2001 Em Agosto de 2000, o 2 BIPara reforado com uma Companhia de Fuzileiros, um Destacamento de Engenharia e uma Equipa de Operaes Especiais, e comandado pelo Tenente-Coronel Para Marquilhas chegou a Timor com o mesmo objectivo que os anteriores, ou seja, com vontade de levar a cabo o mximo de aces de apoio social possvel. Pode ler-se no blog dos pra-quedistas, com o ttulo Fotos de Timor 200-2001, escrito por um deles que esteve em Timor neste perodo, de nome Antnio Rebelo, o seguinte: um dos grandes desafios na misso Timor 2000/2001, foi a falta de infrastruturas quer ao nvel de habitaes, quer ao nvel de estradas e pontes. A nossa Companhia de Engenharia, teve um papel muito importante nesta vertente, reconstruram muitas dessas infrastruturas.

Vrias foram as escolas, outros edifcios, as estradas e as pontes que estes militares recuperaram, com maior ou menor dificuldade. Tambm a colaborao de associaes humanitrias portuguesas foi determinante no cumprimento das tarefas de ajudar as populaes. Assim foram distribudas cerca de 3

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toneladas de roupas, livros e brinquedos que foram conseguidos pela APLS - Associao Portugal Timor Lorosae. Integrada neste Batalho estava a 3 ora de Fuzileiros FZ TIMOR, a quem coube a tarefa de dar segurana e desenvolver aces de apoio social no Distrito de Manufahi. Das muitas CMA que levaram a cabo, em reas to diversificadas como a assistncia mdica e humanitria, incluram a distribuio ou ajuda alimentar s populaes mais carenciadas, a reabilitao e construo de infraestruturas, o apoio educao e ao desenvolvimento da agricultura, a assistncia a refugiados, retornados e deslocados, destacam-se as apresentadas a seguir.

4.3.1 - CAMPANHA NACIONAL DE VACINAO CONTRA A POLIOMIELITE

Por iniciativa da Diviso de Servios de Sade da UNTAET em coordenao com as actividades sanitrias das administraes dos distritos foi organizada uma campanha de vacinao que teve, tambm, a colaborao de organizaes no governamentais (ONGs) da rea da sade e que em Same, no Distrito de Manufhai, foi organizada pela Companhia de Fuzileiros. Tudo comeou com a concentrao de todos os participantes junto ao edifcio da administrao distrital tendo sido formadas 8 equipas tendo sido atribuda uma determinada rea de interveno que englobavam vrios aldeamentos. A cada equipa foi entregue uma mala trmica na qual estavam armazenadas as vacinas e equipamentos de comunicaes, para o comando saber a sua posio no terreno e para o informarem dos resultados da aco. Os chefes de Suco tiveram um papel importante no aviso s populaes e na sua sensibilizao para comparecerem. Esta CMA teve tambm a colaborao da ONG OIKOS, com uma delegao em Same, neste Distrito.

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A tarefa de vacinar alguns milhares de crianas exige uma boa organizao. Para o efeito convidaram-se os pais a concentrarem-se nas escolas primrias com os filhos para sinalizar cada uma delas com uma marca para depois ser vacinada e ajudaram na organizao.. Para esta actividade foram necessrias 5 viaturas que percorreram cerca de 750 km e 2 helicpteros das Naes Unidas, estes para transportar as vacinas e dar apoio logstico.

4.3.2 - NATAL DE 2000

Passar o Natal fora da famlia sempre uma forte provao. Os fuzileiros no fogem regra. Em Same, no aquartelamento onde estavam instalados, tudo fizeram para criar condies que minorassem o facto de estarem longe de casa num dia to festivo e com tanto significado como o Natal. Para a ceia de Natal foram convidadas 2 professoras portuguesas que ali se encontravam a leccionar. meia noite foi rezada missa do galo na igreja de local. A cerimnia foi concelebrada pelo Capelo da Companhia, Padre Licnio Silva e pelo proco local o Padre timorense Gelsio da Silva. A missa foi rezada em portugus e em ttum. A afluncia das pessoas locais foi muito elevada pelo que a igreja se encheu completamente. No dia 25 houve missa festiva de Natal. Terminada a missa o Capelo portugus ofereceu parquia de Same, em nome do Chefe de Servio da Assistncia Religiosa da Marinha, uma imagem de Nossa Senhora do Mar. Dia de Natal dia em que no podem faltar as prendas. A sua distribuio foi feita ao final da manh e contemplou dezenas de crianas e todos os fuzileiros desta Companhia. Para o almoo foram convidadas vrias crianas, alguns membros das administraes locais timorenses, os chefes de suco e famlias e todos os fuzileiros.

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4.4

-

2

BATALHO

DE

INFANTARIA

DA

BRIGADA

LIGEIRA

DE

INTERVENO 21 de Fevereiro a 7 de Outubro de 2001 A exemplo dos agrupamentos anteriores, este tambm tinha uma Companhia de Fuzileiros que, tal como a anterior, ficou sedeada em Same e estava integrada no 2 Batalho de Infantaria da Brigada Ligeira de Interveno (2BI/BLI). As CMA desenvolvidas foram muito diversificadas, mas no muito diferentes das anteriores pelo que se centraram na distribuio de livros, material escolar, distribuio de roupas, reparao de estradas e na reabilitao de antigas instalaes de tratamento do caf, a construo de viveiros de caf, a recuperao de reas pblicas destinadas futura administrao, a ajuda em materiais diversos destinados reconstruo de um depsito de captao de gua colectivo, de um campo desportivo, de uma passagem area sobre um ribeiro facilitando o transito de crianas para a escola, o apoio Radiodifuso PortuguesaAntena 1 na preparao do processo e distribuio de 5.000 rdios, etc. Procederam distribuio de 900 pares de sapatos que foram doados APLS Associao Portugal Loro Sae pela firma NORFARMA - Comrcio Importao e Exportao e que foram transportados por eles. Estes sapatos foram distribudos, a pedido da APLS directamente s populaes em Dli, Aileu, Maubisse, Ainaro, Ermera e Liqui e foram ajudados nesta tarefa por alguns guerrilheiros das Falintil que entretanto tinham sido desmobilizados. A comprovar o interesse com que as Naes Unidas viam as actividades CMA dos nossos militares est o Press Release a seguir apresentado e emanado do Quartel General da PKF.

Portuguese PKF Cares For Health & Welfare UN PKF Headquarters; PUBLIC INFORMATION CELL, NEWS RELEASE Portugal provides the second largest Peacekeeping troop contingent in East Timor. The Portuguese contingent operates in the Central Sector of the country including Liquica,

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Emera, Ainaro, Same, and the capital, Dili. While the Portuguese troops focus on providing the security, they also consider the health and welfare of the East Timorese. In the remote area of Same, last week, PORBATT's 21st Marine Company donated some essential hospital equipment to Same Hospital where the equipment is needed for patients. This will improve the public health and welfare facilities for the East Timorese people. PORBATT organised a simple ceremony to deliver the equipment which was attended by the Force Commander, Lieutenant General Boonsrang Niumpradit, Sector Central Commander Colonel Diamantino Correia, Mr. Alberto Martins, District Health Officer, and other East Timorese guests. Later in the day, at COTALALA, PORBATT restored an essential water supply for the people in the village. PORBATT renovated and improved a water point located deep in the mountain and the Fore Commander officially opened the Coffee Benefit Centre for East Timorese coffee farmers. While East Timor needs assistance and help, it is vital for East Timorese youth and children to receive education and knowledge. As part of Civil/Military Activities, PKF Sector Central has conducted a computer training course for "Comunidade Amigos de Jesus". 25 students are attending the course that will run until October. In July, PKF Sector Central also gave medical assistance to more than 240 East Timorese people in the region. This support will continue as part of the PKF's health care and welfare service to the East Timorese people.

4.5 - 1 BATALHO DE INFANTARIA PRAQUEDISTA/BLI 8 de Outubro de 2001 a 7 de Junho de 2002 As principais metas traadas pelos responsveis da 1 Brigada Independente tiveram como denominador comum, a exemplo das anteriores e das seguintes, uma ateno especial

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educao, formao profissional e cultura. De seguida elencam-se as vrias intervenes em cada uma dessas reas.

4.5.1 - RECONSTRUO DE ESCOLAS E MONUMENTOS

Muitas foram as escolas, Primrias ou Secundrias e monumentos evocativos da presena portuguesa em Timor, que foram objecto de interveno, mais ou menos aprofundada, por parte deste agrupamento de militares. De entre todas as aces destacam-se: Reparao da Escolas do Alto do Hospital, de Maubara, de Ainaro, de So Jos de Balide, de Same, do Turiscai, do Bairro do Pit, de Comoro e da Pala sendo nesta feita s a reparao de mveis. Reparao do Centro Juvenil de So Tarcsio em Dli. Melhorias no Jardim 20 de Maio. Reconstruo do Tribunal de Gleno. Melhoramento do aeroporto e a construo de estrado para a ordenao de sacerdotes. Recuperao do Orfanato de Maubara. Materiais para a escola Primria Anita Sun, Suco do Alto do Hospital, a escola do Alto do Hospital, a Igreja de Balide Apoio administrao de Dli Limpeza e reconstruo de espaos pblicos Distribuio de alimentos Construo de redes de arame farpado Remoo de sucata Construo de uma eira, terraplanagem e limpeza de terrenos em Aileu.

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Sobre o Orfanato de Maubara diz o site da APLS Associao Portugal Loro Sae, o seguinte: militares portugueses trocam armas por ferramentas e apresenta vrias fotos do decorrer das obras onde se podem ver os militares em plena actividade laboral.

4.5.2 - FORMAO PROFISSIONAL

Foram vrias as reas de formao contempladas no plano de actuao destes militares. Desde a formao tcnica de prestadores de Primeiros Socorros at de Tcnicos de Canalizao, passando pela de Tcnicos de Mecnica, Carpintaria, Electricidade e Servios, todas mereceram ateno especial. sabido como a formao profissional importante no desenvolvimento de pessoas e, consequentemente, de estados. A envolvncia de pessoas e estruturas locais em projectos deste tipo fundamental para que tenham xito. Assim foram feitas vrias parcerias de entre as quais merece destaque a que foi feita com a Misso Agrcola Portuguesa. Foi feita a instalao de dois viveiros de plantas de caf em Maubisse e Same, com vista a criar condies para a implementao de programas educacionais na rea da agricultura e no melhoramento dessas espcies. Tambm a Educao Fsica, o Ambiente, intimamente ligado actividade agrcola e, como natural, a Lngua Portuguesa, mereceram a sua ateno. Estas actividades, para alm de capacitar os formandos para o desempenho de funes tcnicas, sensibiliza-os, e s populaes, para as questes da preservao do meio ambiente, preservando os ecossistemas.

4.5.3 - PROGRAMAS DE CARCTER CULTURAL

Para um pas to jovem como Timor, sem qualquer experincia de organizao de eleies e outros eventos de manifestao cvica, o apoio que o agrupamento prestou s autoridades responsveis, na preparao para as eleies presidenciais, no dia da independncia e na organizao de eventos desportivos foram muito importantes. Foram organizados vrios

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programas de carcter cultural para as populaes em vrias reas como a msica e teatro que permitiram estabelecer relaes mais prximas com a populao e divulgar a lngua portuguesa. Foram tambm organizadas aces de formao para as Irms Canossianas e para alguns grupos de escuteiros. O contingente portugus, foi agraciado no dia 21 de Maro de 2002, pelas 17 horas em Timor Leste, em cerimnia realizada no Quartel-General do PORBATT (Batalho Portugus), em Becora - Dili, com a Imposio de Medalhas das Naes Unidas.

4.6 - 2 BRIGADA DE INFANTARIA PRA-QUEDISTA BMI - 8 de Junho de 2002 a 22 de Janeiro de 2003 A Companhia de Fuzileiros que incorporou este Batalho ficou sedeada em Liqui, pelo que as suas actividades de apoio social foram realizadas nessa cidade ou em cidades vizinhas. As aces de apoio social desenvolvidas podem sintetizar-se nas seguintes: Na rea do apoio mdico foram dadas cerca de 10 consultas dirias populao no quartel de Liqui Os socorristas do agrupamento participaram em vrias patrulhas que levaram auxlio mdico a zonas do interior. Levaram cinema a Bazartete, Maubara e Liqui, utilizando geradores, projector de multimdia, colunas de some vdeo. Estas actividades foram muito participadas pela populao. Ajudaram na recuperao de viaturas civis acidentadas. Prestaram apoios diversos administrao local sempre que esta lhos solicitou. Recuperaram vrios edifcios em Liqui para alargamento das capacidades do quartel, ficando esses edifcios para a administrao pblica enriquecendo, assim, o seu patrimnio.44

Foram construdos dois novos espaos de lazer para os militares, utilizando tcnicas de construo tradicionais, um ginsio de musculao, hangar de botes com oficina de reparao de motores fora de borda e tanque de rotina que foram entregues no final s autoridades civis..

4.7 - 1 BRIGADA DE INTERVENO MECANIZADA BMI - 23 de Janeiro a 22 de Julho de 2003 O apoio s populaes incluiu cuidados de sade por enfermeiros e socorristas do Batalho. Foram feitas vrias sesses de esclarecimento sobre dengue e malria, doenas muito comuns em Timor. Acompanharam as comunidades locais na organizao de vrios eventos de ndole desportiva, quer participando na organizao quer disponibilizando equipamento para a criao de condies de prtica desportiva. Dando consequncia ao esprito de solidariedade que os nossos militares sempre demonstraram, reuniram as condies necessrias para que a cozinheira pudesse visitar os seus familiares que vivem em Portugal e que j h muito tempo no via. Nesta aco tiveram o apoio da Force Commander e do Comandante do PORBATT.

4.8 - AGRUPAMENTO FOXTROT BLI 23 de Julho de 2003 a 24 de Janeiro de 2004 A rea de actuao do Agrupamento FOXTROT abrangeu cerca de 7.400 quilmetros quadrados, que englobavam os distritos de Dili, Aileu, Manatuto, Manufahi, Baucau, Viqueque e Maubisse, tal como aconteceu com as misses anteriores. A rea que lhes foi atribuda corresponde a mais de metade do territrio de Timor. As CMA, aces de apoio s populaes, constituram uma preocupao de todos os agrupamentos de militares portugueses que serviram em Timor. Normalmente so consideradas tarefas com

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alguma especificidade e, portanto, necessitam de actuaes apropriadas e de homens preparados para o efeito. Talvez por isso so aquelas que os militares mais gostam de fazer e, portanto, so facilmente mobilizveis para as implementar. Estas aces de apoio social abarcam vrias reas como a assistncia mdica, a distribuio de material escolar, a distribuio de roupa, de calado, de brinquedos, de produtos alimentares e outros. As actividades que mais interessaram os militares foram as que se destinavam s crianas para quem organizaram festas, jogos, msica, lanches, etc. Apoiar a populao e as autoridades locais, sempre que estes os solicitavam, foi a regra do dia a dia. As solicitaes foram para as mais diversas situaes como desentendimentos familiares ou de vizinhos e acidentes de viao. Tambm foram disponibilizadas viaturas para transportar materiais das mais diversas espcies e foram dadas consultas e auxlio mdico s populaes tendo, uma das vezes, sido solicitados para assistir a um parto difcil. Prestaram, tambm, ajuda ao agrupamento de escuteiros catlicos de Manatuto. A algumas das actividades que desenvolveram foi dada relevncia pela PKF atravs deste Press Release: PKF soldiers donate school books to Timorese children (Dili, 2 October) Members of the Portuguese Battalion (PORBATT) yesterday presented children on the island of Ataro with school books and clothes as part of their community assistance programme [Civil Military Activities]. More than 100 children, from toddlers to teenagers, formed a noisy and excited gathering around the soldiers to receive reading and maths books, notebooks, pens, t-shirts, shorts, flip-flops and sweets. Their mothers too received clothing and other goods. The school books and stationery were donated by the soldiers themselves. Before we left Portugal, I asked each soldier to set aside 2kg out of the 40kg baggage allowance we were

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each entitled, and bring with them school books, story books, pens...things for the children, explains the PORBATT Commander, Lieutenant-Colonel Artur Carabau Brs. He got an enthusiastic response, and when the 648-strong current PORBATT arrived in Dili a couple of months ago, they brought with them over one tonne of goods for the Timorese children. Lt.Col. Brs also encouraged school children in Chaves [northern Portugal], his Battalions home base, to write a note and send a gift to a Timorese child. They now distribute these goods during their community assistance visits in the areas under their responsibility [Dili, Baucau, Manufahi, Manatuto, Aileu and Viqueque districts]. During the visits, the community assistance team also distributes food, offers basic health care and even dispenses haircuts. The PKF Commander, Lieutenant-General Khairuddin Mat Yusof, who kicked off the goods distribution in Ataro, says that community assistance is an integral part of PKFs work. Of course our main role is security, for example, PORBATT patrols here in Ataro every week. But PKF also provides assistance to the Timorese in many other areas, from road repairs and other engineering work to emergency medical evacuations. We help the communities up and down the country in every way we can. We see it as part of our job but mostly, the soldiers do it because they genuinely enjoy it, especially when it comes to doing things for the kids, sums up Lt.-Gen. Khairuddin. For further information contact: Marcia Poole, Spokesperson/UNMISET

4.9 - AGRUPAMENTO HOTEL 25 de Janeiro a 11 de Junho de 2004 Sob o comando do Tenente Coronel Francisco Xavier de Sousa, este agrupamento esteve em Timor na fase final da presena de militares portugueses. Coincidi em Timor com estes militares e testemunhei muitas das actividades que desenvolveram, tendo colaborado em algumas delas, nomeadamente aquela que a menina dos olhos deste Batalho, a Escola Agrupamento HOTEL.47

Em anexo encontra-se um texto que escrevi e foi publicado no jornal A Voz de Trs-osMontes, Vila Real, onde se faz o historial dessa iniciativa. A minha ligao com este agrupamento foi iniciada antes da sua partida para Timor, aquando da sua formao no RI 13 de Vila Real. Por solicitao do Senhor Comandante fiz uma apresentao sobre Timor no Rotary Club de Vila Real, ao qual perteno. O objectivo era familiarizar os nossos militares para a realidade de Timor pois altura, j tinha ali passado trs perodos de dois meses. Foi o incio de uma colaborao que se estendeu a Timor, com algumas das CMA que levaram a cabo a serem sugeridas por mim, como intermedirio de pessoas e instituies que a eles recorreram para resolver alguns dos seus problemas. Recordo com muita saudade as visitas que fiz ao aquartelamento em Caicoli, onde jantei algumas vezes. A amabilidade dos homens que governavam o Batalho, personalizada no seu Comandante, permitiu-me conhecer melhor o meio militar e o papel que os nossos militares desempenham representando dignamente o nosso Pas. De seguida apresenta-se uma resenha das vrias actividades CMA por eles desenvolvidas. De entre todas destacam-se: Prestao de cuidados de sade e acompanhamento nas campanhas de vacinao Colaborao com as ONG nas actividades de ajuda humanitria e incrementao da distribuio de alimentos e outros bens de primeira necessidade s populaes Apoio a Aces de Formao nas reas da Informtica, Desporto, Medicina de Preveno de doenas tropicais e outras, proteco civil Implementao de programas educacionais na rea do desporto e Lngua Portuguesa, com vista a sensibilizar as populaes para estas vertentes

4.9.1 - ACES HUMANITRIAS

Foram vrias as aces que desenvolveram no mbito do apoio s populaes da sua rea de Operaes. Distriburam livros e diverso material escolar a vrias escolas, das quais merece48

destaque a entrega de material Escola Amigos de Jesus, pertencente aos Jesutas e situada em Taibessi. Este material havia sido entregue por uma Associao de Amizade Portugal Timor sedeada em Lamego e pelo Rotary Club de Vila Real, no decorrer da cerimnia de despedida efectuada no RI 13 em Vila Real. Tive o prazer de acompanhar os militares na cerimnia de entrega do material escolar a esta escola, tendo na ocasio o Padre Joo Felgueiras agradecido a ajuda que este representava para os alunos da sua escola. A distribuio de alimentos, considerados como excedentes para o dia a dia do agrupamento, bem como alguns bens de primeira necessidade, foram prtica corrente. Foi prestada assistncia mdica a muitas pessoas que dela necessitaram. Outras actividades que foram regra e fizeram parte do dia a dia do agrupamento foram actividades culturais e a realizao da eucaristia pelo capelo do Agrupamento em vrias igrejas de Timor, especialmente em Dli. Como o Batalho tinha uma Companhia de Engenharia foram vrios os trabalhos que foram realizados, umas vezes por sua iniciativa e responsabilidade, outras vezes apoiando ONG e OI Organizaes Internacionais, mas sempre tendo como objectivo a melhoria das condies de vida dos timorenses. Foram construdas tribunas, bancadas, palcos, coberturas, foi instalada iluminao elctrica para apoio a projectos culturais, em locais para serem celebradas missas, em eventos e cerimnias pblicas. Foi feita uma interveno na Escola de Paiol que consistiu na retirada de terras que deslizaram do monte envolvente. Apoiaram escolas e igrejas como a doao de materiais de construo e instituies que trabalham na rea da sade pblica com a doao de material sanitrio. Tambm a misso agrcola de Portugal em Aileu foi apoiada. Levaram a cabo vrias aces destinadas ao combate aos vectores areos de propagao de doenas endgenos como a malria e o dengue. Foram dadas algumas centenas de consultas e foram feitos mais de 2500 tratamentos.

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4.9.2 - OBRAS DE ENGENHARIA

Foram vrias as actividades desenvolvidas na rea das obras de engenharia destacando-se as seguintes: Recuperao do edifcio da Biblioteca Distrital de Aileu Construo da Escola a que deram o nome de Agrupamento Hotel Recuperao do edifcio da Biblioteca Distrital de Aileu Reparao de buracos nas estradas de Dli ensinando elementos dos Ministrios dos Transportes, Comunicaes e Obras Pblicas Remodelao do edifcio (Ludoteca) para as crianas de Balide Dli, dos Leigos para o desenvolvimento Estudo para a reconstruo da igreja de Laga Quelicai (PJD)

Para mim, falar das actividades desenvolvidas pelo agrupamento HOTEL muito fcil e muito gratificante. Algumas delas foram realizadas a meu pedido. Recordo as reunies que tive com o Senhor Comandante, na altura Tenente-Coronel Xavier de Sousa, onde lhe expunha situaes reais de oportunidade de ajuda s populaes. Foi assim que foi feita uma remoo de terras e entulho na Escola do Paiol, correspondendo a um pedido do seu Director e veiculado pela Professora Dulce que me acompanhou reunio. A Escola Agrupamento Hotel que resultou de uma reunio que tive, acompanhado da mesma Professora e da Dona Erclia, responsvel pela escola anterior. Ela s pediu que lhe compusessem a rua em frente escola e teve a surpresa de ver nascer uma escola nova. O estudo para a reconstruo da igreja de Laga, fruto de uma reunio em que fui acompanhado pelo Padre Joo de Deus. Finalmente, a entrega de material escolar escola Amigos de Jesus, onde tambm estive presente. Enfim, foi uma cooperao muito prspera ainda que fosse feita s ao nvel da intermediao. Foi inaugurada solenemente, no dia 10 de Abril, por D. Jaime Torgal Ferreira, Bispo das Foras armadas e das Foras de Segurana Portuguesas.50

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CONCLUSES

Certamente ficaram por referir algumas CMA feitas pelos vrios agrupamentos de militares portugueses que estiveram em Timor. Pode, em alguns casos, parecer que algumas actividades esto atribudas a mais de agrupamento. Isso consequncia, em grande parte, do farto de terem sido comeadas por uns e terminadas por outros. Sendo este trabalho baseado em pesquisa bibliogrfica, feita na Internet e em jornais portugueses e timorenses, e em conhecimentos que eu adquiri das vrias vezes que aqui estive com os militares, certamente houve actividades que foram feitas e que no constam deste trabalho. Do facto peo desculpas. Tambm acontece que em relao a alguns agrupamentos, foi mais fcil encontrar dados pois tiveram a preocupao de alimentar sites na Internet ou publicaram, com alguma regularidade, relatos do que ia acontecendo. Realo neste ltimo caso os Fuzileiros, que publicaram, regularmente, na Revista da Armada, o que iam fazendo.

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A-1

TEXTOS VRIOS

CORRESPONDNCIA DE TIMOR 13 de Maio de 2004, Jornal A Voz de Trs-os-Montes, Vila Real Finalmente chegou o dia de cumprir a tarefa de entregar o material escolar Escola Nova de Santo Aleixo, Amigos de Jesus, fundada pelo Padre Joo Felgueiras, constitudo por seis volumes e enviado pelo Rotary Clube de Vila Real. Terminada a aula, j com a mquina a tiracolo, tomei um txi e passados cinco minutos estava entrada do aquartelamento das tropas portuguesas. Na minha companhia estavam uma colega e um colega que tinham manifestado interesse em acompanhar-me. Feitas as formalidades entrada, l me encaminhei, acompanhado do militar de nome Agudo, at ao edifcio do comando. Como civil que sou, compreendo muito bem as regras que as instituies militares tm, principalmente no que segurana respeita. Assim, e depois de vir o chefe de viatura, Sargento Ajudante M. Costa, natural de Chaves, mas a viver em Vila Real, de enorme e espontnea simpatia, fomos em direco a Taibesse. A j se encontrava o Padre Joo Felgueiras acompanhado de algumas das senhoras professoras e com os alunos nas respectivas salas, pois as aulas s terminam s

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2H00. De imediato os seis volumes do equipamento foram descarregados do jipe militar e foram colocados numa das salas. Seguiu-se uma pequena cerimnia, que foi grande no significado que teve paras as instituies envolvidas: Escola, Rotary Clube de Vila Real e Agrupamento militar portugus HOTEL. Foi colocado nos ombros de cada um de ns uma salenda, entregue a pessoas que os timorenses consideram importantes, ou seja, de dignidade reconhecida. O Rotary Clube de Vila Real e todos os seus membros e respectivas esposas, esto de parabns. Levaram a cabo uma tarefa que muito vai ajudar criao de condies para que muitas crianas timorenses tenham acesso ao ensino. O Agrupamento HOTEL, mostrou que os militares no servem s para fazer a guerra. Tambm so capazes de actuar em tempo de paz. A eles, na pessoa do seu Comandante, Tenente Coronel Xavier de Sousa, endosso os meus agradecimentos pessoais e os do meu clube, pois estou certo de que esse o sentimento do nosso Presidente Lus Pizarro. O Padre Joo Felgueiras fez questo de solenizar o momento e leu um texto escrito do qual vou transcrever algumas passagens. Comeou por dizer, vejo na vossa presena uma expresso de grande amizade. mesmo essa a grande oferta, o grande presente que nos fazeis. Mais adiante expressou o desejo de que esta amizade entre ns perdure atravs dos anos, e nos ligue como amigos. Criar amizade entre as pessoas, foi o plano de Deus. Referiu que esse o objectivo da Comunidade Amigos de Jesus, por si criada. Terminou a sua interveno com um voto de que a nossa amizade vos tornar membros efectivos desta Comunidade Amigos de Jesus, agora e para sempre. No que a mim respeita, sem dvida que essa amizade por um homem da envergadura moral do Padre Felgueiras, pela sua obra, por tudo quanto tem feito pelos timorenses mais frgeis, as crianas, tem vindo a fortalecer-se. De seguida fomos visitar o espao onde vai ser construda a escola nova. A fiz entrega do dinheiro que obtivemos, graas generosidade dos membros do nosso clube, no jantar de reis.

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O nosso clube contraiu mais responsabilidades pois passou a fazer parte, por desejo do Padre Felgueiras, do grupo da Comunidade dos Amigos de Jesus. Eu por mim aceito esta responsabilidade e estou certo de que o mesmo se passa com todos quantos ao clube esto ligados.

ROARY CLUBE DE VILA REAL - MISSO TIMOR 20 de Maio de 2004, Jornal A Voz de Trs-os-Montes, Vila Real Qualquer rotrio tem a obrigao de aproveitar as facilidades que a sua actividade profissional lhe proporciona para desenvolver contactos no sentido de ser til a quem precisa, independentemente do local onde se encontre. Este tem sido o meu lema desde que me tornei membro do Rotary Clube de Vila Real em finais de 2001. Em consequncia desta postura tenho aproveitado para desenvolver vrias actividades de cariz social, bem conhecidas dos leitores deste jornal. Aqui tenho divulgado sistematicamente tudo o que tenho feito em Timor, por incumbncia do meu clube representado pelo seu Presidente, neste momento o companheiro Lus Pizarro. tambm apangio de qualquer clube rotrio, os seus membros partilharem todas as iniciativas com os outros companheiros e com o pblico em geral. Assim sendo, respondendo solicitao do companheiro presidente, fiz uma conferncia realizada no Hotel Mira Corgo na passada quinta feira, com o ttulo de Misso em Timor.

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Comecei por fazer uma breve introduo sobre o que o movimento rotrio e sobre as vrias iniciativas de grande significado mundial que tem desenvolvido, destacando-se o combate poliomielite, malria e outras doenas, a criao de condies para que mais gente tenha acesso a gua potvel, os intercmbios culturais