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ESTUDO DA QUALIDADE E EFICIÊNCIA DE LAVA-ROUPAS DESENVOLVIDO
USANDO SABÃO OBTIDO DA SAPONIFICAÇÃO DO ÓLEO DE FRITURA RESIDUAL
EM COMPARAÇÃO COM MARCAS COMERCIAIS
FREDERICO VENÂNCIO MARTINS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DA
COORDENAÇÃO DO CURSO DE QUÍMICA INDUSTRIAL DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE GOIÁS COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM QUÍMICA INDUSTRIAL
ANÁPOLIS, GO – BRASIL
DEZEMBRO DE 2009
ii
ESTUDO DA QUALIDADE E EFICIÊNCIA DE LAVA-ROUPAS DESENVOLVIDO
USANDO SABÃO OBTIDO DA SAPONIFICAÇÃO DO ÓLEO DE FRITURA RESIDUAL
EM COMPARAÇÃO COM MARCAS COMERCIAIS
Frederico Venâncio Martins
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO À COORDENAÇÃO DO CURSO DE QUÍMICA
INDUSTRIAL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A
OBTENÇÃO DO TÍTULO DE BACHAREL EM QUÍMICA INDUSTRIAL.
Aprovada por:
_ Prof. MSc. Lauro Bernardino Coelho Jr.
(Orientador)
_
Prof. MSc. Mariana Ferreira Oliveira (Membro)
_
Prof. MSc. Maria Nelcina da Silva (Membro)
ANÁPOLIS, GO – BRASIL
DEZEMBRO DE 2009
iii
MARTINS, FREDERICO VENÂNCIO
Estudo da Qualidade e Eficiência de Lava-Roupas
Desenvolvido Usando Sabão Obtido da
Saponificação do Óleo de Fritura Residual em
Comparação com Marcas Comerciais [Anápolis]
2009
XIII, 70 p. 29,7 cm (UnUCET/UEG, Bacharel,
Química Industrial)
Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade
Estadual de Goiás, UnUCET
1. Sabão e detergente. 2. Lava-roupas. 3. Óleo de
fritura residual.
I. UnUCET/UEG II. Título (série)
iv
Dedicado a todos que duvidaram.
v
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Afrânio e Edina, e familiares, por sempre me incentivarem e acreditarem no meu potencial.
A minha namorada, pelos longos anos de convivência e paciência.
Aos meus amigos, colegas de faculdade, professores e técnicos.
Ao Paulo “Fonfas” Afonso, pela amizade, pelas portas abertas e pela oportunidade de trabalho oferecida na Psiu Indústria e Comércio de Produtos de Limpeza LTDA.
vi
Resumo do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à UnUCET/UEG como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Bacharel em Química Industrial.
ESTUDO DA QUALIDADE E EFICIÊNCIA DE LAVA-ROUPAS DESENVOLVIDO
USANDO SABÃO OBTIDO DA SAPONIFICAÇÃO DO ÓLEO DE FRITURA RESIDUAL
EM COMPARAÇÃO COM MARCAS COMERCIAIS
Frederico Venâncio Martins
Dezembro/2009
Orientador: Prof. MSc. Lauro Bernardino Coelho Júnior
Curso: Química Industrial
RESUMO
Óleos são ésteres de ácidos graxos e glicerol obtido de diversas fontes vegetais. O uso
de óleos vegetais no preparo de alimentos através de fritura tornou-se indispensável para
dieta humana. Entretanto a perda de qualidade deste óleo devido à degradação oxidativa
e termolítica durante os períodos de fritura, produz um resíduo que no ambiente torna-se
um poderoso poluente. Esse resíduo é a matéria prima para produção de sabão. Assim
como os tensoativos sintéticos, como ácido sulfônico, o sabão também serve como
principio ativo de lava-roupas líquido. Objetivou-se nesse trabalho desenvolver três
formulações de lava-roupas líquido usando o sabão obtido da saponificação do óleo de
fritura residual como substituto do acido sulfônico. Obteve-se uma amostra de óleo de
fritura residual e determinou-se seu parâmetros de qualidade como índice de acidez,
índice de peróxido e índice de saponificação. Com o índice de saponificação de 98,6 mg
de KOH/g de óleo, determinou-se a quantidade de NaOH necessária para saponificar o
óleo. O sabão obtido, seco, foi diluído na proporção de 13 % p/p no desenvolvimento de
três formulações. Adicionou-se reforçadores de espuma, removedores de dureza ou
builders, solvente, conservante, corante e fragrância. Comparou-se as três formulações
desenvolvidas com três formulações comerciais que usam o ácido sulfônico como
principio ativo, através do teste de lavagem de tecido de algodão sujo com catchup e
poeira. Os lava-roupas desenvolvidos com sabão de óleo de fritura apresentaram bom
desempenho na remoção das sujeiras, com eficácia levemente superior às formulações
comerciais.
vii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
2. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 3
2.1 ÓLEOS E GORDURAS ........................................................................................... 3
2.1.1 COMPOSIÇÃO ................................................................................................. 3
2.1.1.1 Glicerídeos ................................................................................................. 4
2.1.1.2 Não glicerídeos ........................................................................................... 5
2.1.2 CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................. 5
2.1.2.1 Gorduras do leite ........................................................................................ 6
2.1.2.2 Ácido láurico ............................................................................................... 6
2.1.2.3 Manteigas vegetais ..................................................................................... 6
2.1.2.4 Ácido oléico e linoléico................................................................................ 6
2.1.2.5 Ácido linolênico ........................................................................................... 7
2.1.2.6 Gorduras animais ....................................................................................... 7
2.1.2.7 Óleos Marinhos........................................................................................... 7
2.1.3 PRODUÇÃO NACIONAL DE ÓLEOS VEGETAIS ............................................. 9
2.1.4 MODOS DE UTILIZAÇÃO DE ÓLEOS ............................................................ 10
2.1.5 PROCESSO DE FRITURA .............................................................................. 11
2.1.6 QUÍMICA DE FRITURA .................................................................................. 11
2.1.6.1 Hidrolise.................................................................................................... 12
2.1.6.2 Polimerização ........................................................................................... 12
2.1.6.3 Oxidação .................................................................................................. 13
2.1.6.4 O efeito da temperatura ............................................................................ 13
2.1.6.5 Decomposição oxidativa de ácidos graxos saturados ............................... 13
2.1.6.6 Decomposição oxidativa de ácidos graxos insaturados ............................ 14
2.1.6.5 Outros fatores ........................................................................................... 15
2.1.7 PARÂMETROS DE QUALIDADE DOS ÓLEOS .............................................. 15
viii
2.1.7.1 Índice de acidez ........................................................................................ 15
2.1.7.2 Índice de peróxido .................................................................................... 16
2.1.8 RESÍDUOS DE ÓLEOS NO MEIO AMBIENTE ............................................... 17
2.1.9 DESTINO E USOS DO ÓLEO DE FRITURA RESIDUAL ................................ 18
2.2 SABÃO .................................................................................................................. 19
2.2.1 HISTÓRIA DO SABÃO .................................................................................... 20
2.2.2 MATÉRIAS PRIMAS PARA OBTENÇÃO DO SABÃO. ................................... 21
2.2.2.1 Matérias graxas ........................................................................................ 21
2.2.2.2 Álcalis e soda cáustica .............................................................................. 22
2.2.3 CLASSIFICAÇÕES DOS SABÕES ................................................................. 23
2.2.4 SOLUBILIDADE DOS SABÕES ...................................................................... 23
2.3 TENSOATIVOS SINTÉTICOS ............................................................................... 24
2.3.1 CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................... 25
2.3.2 PROPRIEDADES DAS SOLUÇÕES AQUOSAS DE TENSOATIVOS............. 26
2.3.3 REOLOGIA ..................................................................................................... 27
2.3.4 SOLUBILIDADE E TEMPERATURA KRAFFT ................................................ 28
2.3.5 O EFEITO DO TENSOATIVO NA TENSÃO SUPERFICIAL DA ÁGUA ........... 29
2.3.5.1 Formação de espuma ............................................................................... 29
2.3.6 AÇÃO DE LIMPEZA ........................................................................................ 30
2.4 LAVAGEM DE ROUPAS ....................................................................................... 30
2.5 FORMULAÇÕES DE DETERGENTES LAVA-ROUPAS........................................ 34
2.5.1 MATÉRIA ATIVA ............................................................................................. 35
2.5.1.1 Tensoativos .............................................................................................. 35
2.5.2 REGULADORES DE ESPUMA ....................................................................... 36
2.5.2.1 Lauril Éter Sulfato de Sódio ...................................................................... 36
2.5.2.2 Amida 60 .................................................................................................. 37
2.5.3 REFORÇADORES DE LIMPEZA OU BUILDERS ........................................... 37
2.5.3.1 Problemas ambientais .............................................................................. 38
2.5.3.2 Substitutos de fosfatos inorgânicos........................................................... 38
ix
2.5.4 AGENTES COMPLEXANTES ......................................................................... 39
2.5.5 SOLVENTES................................................................................................... 39
2.5.6 CONSERVADORES ....................................................................................... 40
2.5.6.1 Formol e seus substitutos ......................................................................... 40
2.5.7 CORANTES .................................................................................................... 41
2.5.7 FRAGRÂNCIAS .............................................................................................. 41
2.5.8 ÁGUA .............................................................................................................. 42
3. UNIDADE EXPERIMENTAL ........................................................................................ 43
3.1 ANÁLISE DO ÓLEO RESIDUAL ............................................................................ 43
3.1.1 FILTRAÇÃO DO ÓLEO USADO ..................................................................... 43
3.1.2 ÍNDICE DE ACIDEZ ........................................................................................ 43
3.1.2.1 Material ..................................................................................................... 43
3.1.2.2 Reagentes ................................................................................................ 43
3.1.2.3 Procedimento ........................................................................................... 44
3.1.2.4 Cálculos .................................................................................................... 44
3.1.3 ÍNDICE DE PERÓXIDO .................................................................................. 44
3.1.3.1 Material ..................................................................................................... 44
3.1.3.2 Reagentes ................................................................................................ 44
3.1.3.3 Procedimento ........................................................................................... 45
3.1.3.4 Cálculo ..................................................................................................... 45
3.1.4 ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO ........................................................................ 46
3.1.4.1 Material ..................................................................................................... 46
3.1.4.2 Reagentes ................................................................................................ 46
3.1.4.3 Procedimento ........................................................................................... 46
3.1.4.4 Cálculo ..................................................................................................... 46
3.1.5 PESO MOLECULAR MÉDIO .......................................................................... 47
3.1.6 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE ESTERIFICAÇÃO ..................................... 47
3.1.7 RENDIMENTO EM GLICERINA ...................................................................... 47
x
3.2 SAPONIFICAÇÃO DO ÓLEO DE FRITURA USADO ............................................ 47
3.2.1 MATERIAIS ..................................................................................................... 47
3.2.2 REAGENTES .................................................................................................. 47
3.2.3 PROCEDIMENTO ........................................................................................... 48
3.2.4 SECAGEM DO SABÃO ................................................................................... 49
3.2.5 RENDIMENTO DO SABÃO ............................................................................. 49
3.3 FORMULAÇÃO DO LAVA ROUPAS ..................................................................... 49
3.3.1 PROCEDIMENTO ........................................................................................... 49
3.4 ANÁLISE DO LAVA-ROUPAS ............................................................................... 49
3.4.1 pH ................................................................................................................... 49
3.4.2 VISCOSIDADE ................................................................................................ 50
3.4.3 PODER ESPUMANTE .................................................................................... 50
3.4.4 DESEMPENHO DE LAVAGEM ....................................................................... 50
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 51
4.1 ANÁLISE DO ÓLEO RESIDUAL ............................................................................ 51
4.1.1 ÍNDICE DE ACIDEZ ........................................................................................ 51
4.1.2 ÍNDICE DE PERÓXIDO .................................................................................. 52
4.1.3 ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO ........................................................................ 52
4.2 SAPONIFICAÇÃO DO ÓLEO DE FRITURA .......................................................... 53
4.2.1 SECAGEM DO SABÃO ................................................................................... 53
4.2.2 RENDIMENTO DO SABÃO ............................................................................. 53
4.3 FORMULAÇÃO DO LAVA-ROUPAS ................................................................. 53
4.4 ANÁLISE DO LAVA-ROUPAS ............................................................................... 55
4.4.1 TESTE DE PH E VISCOSIDADE .................................................................... 55
4.4.2 PODER ESPUMANTE .................................................................................... 56
4.4.3 TESTE DE LAVAGEM .................................................................................... 58
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 64
xi
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 65
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Reação de esterificação. .................................................................................... 3
Figura 2: Reação de hidrólise de triglicerídeos ................................................................ 12
Figura 3: Reação de saponificação. ................................................................................ 19
Figura 4: A estrutura molecular de um tensoativo inclui o grupo hidrofóbico, com pouca atração pela água (ou solvente) e a hidrofílica, com fortes interações com a água (ou o solvente). ........................................................................................................................ 25
Figura 5: Curva de variação de viscosidade em função da concentração de sal, comumente conhecida como reserva de viscosidade. .................................................... 27
Figura 6; Relação temperatura/solubilidade para tensoativos iônicos típicos. ................. 28
Figura 7: Círculo de Sinner. ............................................................................................ 31
Figura 8: Linear dodecilbenzeno sulfonato de sodio. ....................................................... 36
Figura 9: Lauril Éter Sulfato de Sódio. ............................................................................. 37
Figura 10: Representação esquemática do processo de saponificação realizado em laboratório. ...................................................................................................................... 48
Figura 11: Volumes de espuma atingidos após agitação vigorosa durante 5 segundos de soluções aquosas de lava-roupas a 2g/L. ....................................................................... 57
Figura 12: Tecidos sujos com poeira e catchup (esquerda) antes e depois (direita) da lavagem com a Formulação 1. ........................................................................................ 59
Figura 13: Tecidos sujos com poeira e catchup (esquerda) antes e depois (direita) da lavagem com a Formulação 2. ........................................................................................ 59
Figura 14: Tecidos sujos com poeira e catchup (esquerda) antes e depois (direita) da lavagem com a Formulação 3. ........................................................................................ 60
Figura 15: Tecidos sujos com poeira e catchup (esquerda) antes e depois (direita) da lavagem com a Marca A. ................................................................................................. 61
Figura 16: Tecidos sujos com poeira e catchup (esquerda) antes e depois (direita) da lavagem com a Marca B. ................................................................................................. 62
Figura 17: Tecidos sujos com poeira e catchup (esquerda) antes e depois (direita) da lavagem com a Marca C. ................................................................................................ 62
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Composição de ácidos graxos de gorduras e óleos comuns. ............................ 4
Tabela 2: Principais categorias de óleos e suas aplicações. ............................................. 8
Tabela 3: Índice de saponificação de algumas matérias graxas. ..................................... 16
Tabela 4: Porcentagens e as massas das matérias primas para obtenção do sabão. ..... 48
Tabela 5: Resultados obtidos pela análise do índice de acidez. ...................................... 51
Tabela 6: Resultados obtidos pela análise do índice de peróxido. .................................. 52
Tabela 7: Formulações desenvolvidas com suas composições em porcentagens. ......... 54
Tabela 8: Resultados obtidos da leitura do pHmetro e do viscosímetro. ......................... 55
1
1. INTRODUÇÃO
O consumo de óleos vegetais é cada vez mais crescente. Obtido de diversas
fontes, este produto tornou-se indispensável para a sociedade moderna e para dieta
humana. Com o óleo são preparados diversos alimentos, todos os dias, em praticamente
todos os lares, restaurantes, redes de fast food e indústrias. Seu uso principal se dá na
fritura dos alimentos, pois facilita e agiliza o preparo dos mesmos, conferindo aos
alimentos fritos características únicas de saciedade, aroma, sabor e palatabilidade. No
entanto, o consumo excessivo de alimentos fritos passou a ser associado como a causa
de diversas doenças, como obesidade, hipertensão e problemas cardíacos, tornando-se
o foco de pesquisas de muitos profissionais em varias áreas do conhecimento,
confirmando que os óleos se degradam em muitas substâncias agressivas durante o
processo de fritura, fazendo com que o óleo seja inapropriado para o consumo.
Com o óleo degradado é rejeitado para o consumo, este torna-se um resíduo
muito comum e gerado em grandes quantidades. O efeito do descarte indiscriminado de
óleo no meio ambiente é desastroso, principalmente nos corpos d’água. Um litro de óleo
polui um milhão de litros de água. Por isso este resíduo deve ser encaminhado para um
tratamento que elimine ou, pelo menos, reduza os efeitos nocivos do mesmo no
ambiente. Com esse apelo ambiental, associado ao econômico, diversas indústrias
passaram a incorporar o óleo residual como matéria prima em seus processos, tendo
destaque a produção de biodisel. Essas indústrias compram o óleo recolhido por ONG’s e
entidades de defesa do meio ambiente e produzem o biodisel.
O óleo também é aproveitado por donas de casa na fabricação de sabão. O
“sabão caseiro” ou “sabão de soda”, como é conhecido devido o uso da soda caustica na
saponificação do óleo, é um produto muito popular e difundido no Brasil, usado na
lavagem de louças e roupas. Por ter uma produção barata e relativamente simples,
muitas donas de casa têm suas próprias receitas e fabricam o sabão no fundo de seus
quintais. Porem falta-lhes conhecimento técnico que viabilize a produção de um sabão de
qualidade e com eficiência comprovada. Atentando para o fato de que estes sabões
obtidos de óleo de fritura residual não possuem qualidade e eficiência atestada surgiu a
motivação para realização deste estudo.
Os objetivos deste trabalho é desenvolver três formulações de lava-roupas
líquido usando o sabão obtido da saponificação do óleo de fritura residual com substituto
2
do ácido sulfônico, atestando sua qualidade e eficiência em comparação com três marcas
comerciais.
3
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 ÓLEOS E GORDURAS
Os óleos e gorduras são substâncias insolúveis em água (hidrofóbicas), de
origem animal ou vegetal, formados predominantemente por ésteres de triacilgliceróis,
produtos resultantes da esterificação entre o glicerol e ácidos graxos (Figura 1). Os
triacilgliceróis incluem óleos de vegetais e gorduras de origem animal, como o óleo de
amendoim, o óleo de soja, o óleo de milho, o óleo de girassol, a manteiga, a banha e o
sebo. Os triacilgliceróis são compostos insolúveis em água e à temperatura ambiente,
possuem uma consistência de líquido para sólido. Se à temperatura ambiente forem
líquidos, são chamados de óleos; se forem sólidos, são chamados de gorduras
(SOLOMONS E FRYHLE, 2006; REDA E CARNEIRO, 2007).
Figura 1: Reação de esterificação.
Fonte: SOLOMONS E FRYHLE (2006).
2.1.1 COMPOSIÇÃO
A Tabela 1 fornece a composição de ácidos graxos de um numero de gorduras e
óleos comuns. Os óleos e gorduras apresentam como componentes substâncias que
podem ser reunidas em duas grandes categorias: glicerídeos e não-glicerídeos (REDA E
CARNEIRO, 2007).
4
Tabela 1: Composição de ácidos graxos de gorduras e óleos comuns.
Óleo/GorduraC4 ácido butírico
C6 ácido capróico
C8 ácido caprílico
C10 ácido
cáprico
C12 ácido
láurico
C14 ácido
mirístico
C16 ácido
palmítico
C18 ácido esteárico
C16 ácido palmitoléico
C18 ácido oléico
C18 ácido
linoléico
C18 ácido linolênico
Gorduras animaisManteiga 3-4 1-2 0-1 2-3 2-5 8-15 25-29 9-12 4-6 18-33 2-4Banha 1-2 25-30 12-18 4-6 48-60 6-12 0-1Sebo de boi 2-5 24-34 15-30 35-45 1-3 0-1Óleos vegetaisOliva 0-1 5-15 1-4 67-84 8-12Amandoim 7-12 2-6 30-60 20-38Milho 1-2 7-11 3-4 1-2 25-35 50-60Semente de algodão 1-2 18-25 1-2 1-3 17-38 45-55Soja 1-2 6-10 2-4 20-30 50-58 5-10Linhaça 4-7 2-4 14-30 14-25 45-60Coco 0-1 5-7 7-9 40-50 15-20 9-12 2-4 0-1 6-9 0-1Óleos marinhosFígado de bacalhau 5-7 8-10 0-1 18-22 27-33 27-32
Composição média de ácidos graxos (mol%)InsaturadaSaturada
Fonte: SOLOMONS E FRYHLE (2006).
2.1.1.1 Glicerídeos
Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos de cadeia longa, livres ou
esterificados, constituindo os óleos e gorduras. São definidos como produtos da
esterificação de uma molécula de glicerol com até três moléculas de ácidos graxos, ou
seja, 1 mol de glicerol esterificados com 3 mol, 2 mol, ou 1 mol de ácidos graxos,
produzindo tri, di e monoglicerídeos, respectivamente. Gorduras que ocorrem
naturalmente contêm cerca de 97% de triglicerídeos, diglicerídeos até 3% e até 1% de
monoglicerídeos (THOMAS, 2002; REDA E CARNEIRO, 2007).
As propriedades químicas, físicas e biológicas de óleos e gorduras são
determinados pelo tipo de grupos de ácidos graxos e sua distribuição através das
moléculas de triglicérides. O ponto de fusão geralmente aumenta com o aumento da
proporção de ácidos graxos de cadeia longa ou diminuindo a proporção de cadeia curta
ou ácidos graxos insaturados. Quando saturados possuem apenas ligações simples entre
os carbonos e possuem pouca reatividade química. Já os ácidos graxos insaturados,
contêm uma ou mais ligações duplas no seu esqueleto carbônico; são mais reativos e
mais suscetíveis a termo-oxidação (THOMAS, 2002; REDA E CARNEIRO, 2007).
5
2.1.1.2 Não glicerídeos
Em todos os óleos e gorduras, encontramos pequenas quantidades de
componentes não-glicerídeos. Os óleos vegetais brutos possuem menos de 5% e os
óleos refinados menos de 2%. No refino, alguns desses componentes são removidos
completamente, outros parcialmente. Aqueles que ainda permanecem no óleo refinado,
ainda que em traços, podem afetar as características dos óleos devido a alguma
propriedade peculiar, como apresentar ação pró ou antioxidante, ser fortemente
odorífero, ter sabor acentuado ou ser altamente colorido. Alguns exemplos de grupos
não-glicerídeos são os fosfatídeos (lecitinas, cefalinas, fosfatidil inositol); esteróis
(estigmasterol); ceras (palmitato de cetila); hidrocarbonetos insolúveis (esqualeno);
carotenóides; clorofila; tocoferóis (vitamina E); lactonas e metilcetonas (REDA E
CARNEIRO, 2007).
2.1.2 CLASSIFICAÇÃO
A Instrução Normativa Nº49, de 22 de Dezembro de 2006, do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), conceitua como óleo vegetal comestível o
produto alimentício constituído principalmente por triglicerídeos de ácidos graxos, obtidos
unicamente de materia-prima vegetal, refinado mediante o emprego de processos
tecnológicos adequados. Poderão conter pequenas quantidades de outros lipídios, tais
como fosfolipídeos, constituintes insaponificáveis e ácidos graxos livres, naturalmente
presentes no óleo vegetal. Estes óleos vegetais serão classificados em dois tipos, de
acordo com a sua qualidade, em função dos parâmetros e respectivos limites de
tolerância estabelecidos (BRASIL, 2006).
Segundo Fennema (1996), a classe mais abundante de lipídios dos alimentos
são os triacilgliceróis, que dominam a composição do depósito de gorduras animais e
plantas. Este mesmo autor classifica as gorduras comestíveis no seguintes subgrupos:
6
2.1.2.1 Gorduras do leite
Derivadas do leite de ruminantes, especialmente vacas leiteiras. Embora os
principais ácidos graxos da gordura do leite são o palmítico, o oléico e o esteárico, esta
gordura é única entre as gorduras animais na medida em que contém quantidades
apreciáveis de ácidos de cadeia curta C4 a C12, pequenas quantidades de ramificados,
ácidos ímpares, e ligações duplas trans (FENNEMA, 1996).
2.1.2.2 Ácido láurico
Gorduras deste grupo são derivadas de certas espécies de palmeiras, como
coco e babaçu. As gorduras são caracterizadas pela seu alto teor de ácido láurico (40-
50%), quantidades moderadas de C6, C8, e ácidos graxos C10, baixo teor de ácidos
insaturados, e baixa pontos de fusão (FENNEMA, 1996).
2.1.2.3 Manteigas vegetais
Gorduras deste grupo são derivadas de sementes de diversas árvores tropicais
e são distinguidas pelo seu estreito intervalo de fusão, devido principalmente ao arranjo
dos ácidos graxos nas moléculas de triacilglicerol. Apesar de sua grande proporção de
ácidos graxos saturados e insaturados, acilgliceróis tri-saturados não estão presentes. As
manteigas vegetais são amplamente utilizadas na fabricação de confeitos, com a
manteiga de cacau, sendo o membro mais importante do grupo (FENNEMA, 1996).
2.1.2.4 Ácido oléico e linoléico
Gorduras deste grupo são as mais abundantes. Os óleos são todos de origem
vegetal e contém grandes quantidades de ácidos oléico e linoléico e menos de 20% de
ácidos graxos saturados. Os membros mais importantes deste grupo são os óleos de
algodão, milho, amendoim, girassol, açafrão, oliva, palma, e os óleos de gergelim
(FENNEMA, 1996).
7
2.1.2.5 Ácido linolênico
Gorduras neste grupo contêm quantidades consideráveis de ácido linolênico.
Soja, canola e linhaça, gérmen de trigo, cânhamo são exemplos, com a soja, sendo a
mais importante. A abundância de ácido linolênico em óleo de soja é responsável para o
desenvolvimento de um problema do sabor conhecido como reversão do sabor
(FENNEMA, 1996).
2.1.2.6 Gorduras animais
Este grupo é constituído por depósitos de gorduras internas em animais
terrestres (por exemplo, banha e sebo), todos contendo grandes quantidades de C16 e
C18 de ácidos graxos, montantes médios de ácidos insaturados, principalmente oléicos e
linoléicos, e pequenas quantidades de ácidos ímpares. Essas gorduras também contêm
quantidades apreciáveis de triacilgliceróis completamente saturados e apresentam pontos
de fusão relativamente altos (FENNEMA, 1996).
2.1.2.7 Óleos Marinhos
Estes óleos normalmente contêm grandes quantidades de cadeia longa ômega-
3, ácidos graxos poliinsaturados, com até seis ligações duplas e são normalmente são
ricos em vitaminas A e D. Devido ao seu alto grau de insaturação, são menos resistentes
à oxidação do outros animais ou óleos vegetais (FENNEMA, 1996).
Outra classificação para óleos, proposta por Carioca e Arora (1985), encontra-se
na Tabela 2.
8
Tabela 2: Principais categorias de óleos e suas aplicações.
GRUPO PRINCIPAIS ÓLEOS
CARACTERÍSTICAS APLICAÇÕES
Láurico Coco Dendê (óleo de
palmiste) Babaçu
Alto conteúdo de ácido láurico (40-50%). Pequenas quantidades de
ácidos saturados de 8, 10, 14 e 18
carbonos. Grupo de menor teor de
insaturados. Óleos líquidos na
temperatura ambiente devido ao
baixo peso molecular.
Óleos comestíveis Gorduras
hidrogenadas (“gordura de coco”)
Sabões e sabonetes
Produção de ácidos graxos puros de
baixo peso molecular (C6 a
C12) e seus derivados químicos
Manteiga vegetal Manteiga de cacau Conteúdo elevado (≥50%) de ácidos
saturados C14-C18, sempre associados a oléico ou linoléico na
molécula do triglicerídeo, o que
origina a consistência
pastosa.
Chocolates Doces
Produtos farmacêuticos
Oléico/Linoléico Oliva Amendoim
Dendê (óleo de palma)
Algodão Sésamo
Milho Girassol
Grupo mais numeroso e variado em características. Predominam ácidos insaturados (oléico e
linoléico) muitas vezes ultrapassando 80% do total, o que
resulta em consistência líquida
à temperatura ambiente.
Óleos comestíveis de alta qualidade
Gorduras hidrogenadas Sabões em
misturam com óleos mais
saturados para elevar o ponto de
fusão
Erúcico Colza Alto teor de ácido erúcico (13-
decosenóico), alcançando até 55%
do total.
Formulação de lubrificantes
Produção de ácidos graxos e derivados para uso industrial
Uso comestível apenas de
variedades com baixo teor de
erúcico Fonte: Carioca e Arora (1985).
9
Tabela 2: Principais categorias de óleos e suas aplicações (Continuação).
Linolênico Soja Linhaça
Teor significativo de ácido linolênico e em menor grau,
ácidos oléico e linoléico, originando
propriedades secativas.
Uso em tintas e produtos similares,
devido às propriedades significativas
Uso em pequeno em saboaria, dado o baixo ponto de fusão dos sabões
Acido Conjugado Tungue Oiticica
Possuem ácidos com duplas
ligações conjugadas
(eleosteárico no tungue e licânico na oiticica), que
favorecem a secagem rápida (via oxidação e polimerização).
Fabricação de vernizes, lacas e
outros formadores de película
Hidroxiácidos Mamona (exclusivamente)
Contém cerca de 90% de ácido ricinoléico (12-
hidroxi, 9-octadecanóico) e
pequenas quantidades de
ácido 9, 10-dihidroxiesteárico.
Uso lubrificante Fluido para sistemas
hidráulicos Matéria-prima para
sulfonação Produção de
vernizes e lacas a partir do derivado
com duplas ligações
conjugadas obtido por desidratação
catalítica Fonte: Carioca e Arora (1985).
2.1.3 PRODUÇÃO NACIONAL DE ÓLEOS VEGETAIS
De acordo com a ABIOVE (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos
Vegetais) (2009), no ano de 2008 foram produzidos no Brasil 6,2 milhões de toneladas de
óleo de soja, dos quais, 4,1 milhões de toneladas foram destinadas ao consumo interno,
enquanto que, o restante foi exportado.
Levando em conta a capacidade de processamento e refino de óleos vegetais no
Brasil, em toneladas/dia por estado e total do país, contemplando as unidades ativas e
10
paradas, as indústrias brasileiras, em 2008, processaram e refinaram 155.449 e 21.550
toneladas de óleo de soja por dia, respectivamente. Entre os estados, Goiás figura como
o 4º estado em processamento, com 12,4% (19.250 t/dia), ficando atrás do Paraná, com
22,6% (35.150 t/dia), do Rio Grande do Sul, com 16,6% (25.800 t/dia) e Mato Grosso,
com 16,0% (24.800 t/dia). No que se refere à capacidade de refino, Goiás ficou com 2º
lugar, finando 3.510 toneladas de óleo por dia (16,3%). São Paulo, o estado com maior
capacidade de refino, refinou 5.920 toneladas de óleo por dia, ou seja, 27,5% do
montante nacional (ABIOVE, 2009).
2.1.4 MODOS DE UTILIZAÇÃO DE ÓLEOS
Para os homens, as gorduras e os óleos sempre tiveram um papel essencial
como alimento. Além disso, o mundo industrial moderno descobriu diversas aplicações
para ambos. A maior quantidade de gorduras como matérias-prima de indústrias
químicas destina-se à fabricação de ácidos graxos. Os óleos são saponificados,
hidrogenados, epoxidados, e sulfonados, dando um grande número de produtos úteis; as
gorduras são isomerizadas e interesterificadas, visando a produção de óleos e gorduras
de melhor qualidade. Alguns dos diversos usos e aplicações de óleos vegetais se
encontram na Tabela 2 (SHREVE e BRINK JR, 1974).
Na nutrição humana, os óleos e as gorduras apresentam uma importância
significativa. Fornecerem calorias, são ricos em ácidos graxos essenciais insaturados
(ácido oléico, ácido linoléico e alfa-linoléico) e, conseqüentemente, pobres em ácidos
graxos saturados, além de ser veiculadores de vitaminas lipossolúveis como A, D, E e K1
(CASTRO et al., 2004; MENDONÇA et al., 2008).
Os óleos vegetais são larga e universalmente consumidos para a preparação de
alimentos nos domicílios, estabelecimentos industriais e comerciais. A importância da
utilização de óleos no preparo de alimentos é, hoje, indiscutível. A fritura é uma operação
de preparação rápida, conferindo aos alimentos fritos, características únicas de
saciedade, aroma, sabor e palatabilidade (REIS et al., 2007).
11
2.1.5 PROCESSO DE FRITURA
A fritura por imersão é um processo que utiliza óleos ou gorduras vegetais como
meio de transferência de calor, cuja importância é indiscutível para a produção de
alimentos em lanchonetes e restaurantes comerciais ou industriais a nível mundial. Em
estabelecimentos comerciais, utilizam-se fritadeiras elétricas descontínuas com
capacidades que variam de 15 a 350 litros, cuja operação normalmente atinge
temperaturas entre 180 a 200°C. Já em indústrias de produção de empanados,
salgadinhos e congêneres, o processo de fritura é normalmente contínuo e a capacidade
das fritadeiras pode ultrapassar 1000 litros (COSTA NETO et al., 2000). Esta forma de
aquecimento é mais eficiente que o cozimento por ar quente em fornos e mais rápido que
o cozimento em água, já que as temperaturas alcançadas pelo óleo, em processo de
fritura, são superiores às alcançadas pela água em ebulição (ANS et al., 1999).
2.1.6 QUÍMICA DE FRITURA
No curso de fritura, os alimentos entram em contato com o óleo a cerca de
180°C, que é parcialmente exposto ao ar durante vários períodos de tempo. Assim, a
fritura, mais do que qualquer outro processo ou método de manipulação de alimentos,
tem o maior potencial para causar alterações químicas nas gorduras, e considerável
quantidade desta gordura é carregada com o alimento (5 a 40% em peso de gordura é
absorvido) (FENNEMA, 1996).
Durante o processo de fritura, óleos e gorduras estão expostos à ação de três
agentes que contribuem para diminuir sua qualidade e modificar sua estrutura: a umidade
proveniente dos alimentos, que é a causa da alteração hidrolítica; o oxigênio do ar, que
entra na massa de óleo através da superfície do recipiente possibilitando a alteração
oxidativa e, finalmente, a elevada temperatura em que ocorre a operação, por volta de
180°C, que provoca a alteração térmica (JORGE et al., 2005).
O mecanismo das alterações termoxidativas e hidrolíticas de um óleo usado
para fritura depende de uma série de fatores dependentes do próprio processo, como o
tipo de equipamento utilizado, a temperatura, o tempo e o método de fritura. A
degradação durante um processo de fritura será tanto maior quanto mais prolongado for
o período de utilização do óleo e/ou da gordura e quanto maior for sua insaturação
(JORGE et al., 2005). Fatores extrínsecos ao mesmo, se relacionam com o tipo de óleo
12
ou gordura utilizada, sua composição, suas características físico-químicas, a presença de
aditivos, contaminantes, etc., assim como a natureza do alimento, sua relação
superfície/volume, peso/volume, tipo de preparação: empanados, pré-fritos, etc. (DAMY e
JORGE, 2003).
O aquecimento do óleo no processo de fritura inicia uma série complexa de
reações que produzem numerosos compostos de degradação. Com o decorrer das
reações, a qualidade funcional, sensorial e nutricional do óleo se modifica e pode chegar
a níveis em que não se consegue mais produzir alimentos de qualidade (ANS et al.,
1999).
2.1.6.1 Hidrolise
A hidrólise envolve inicialmente a quebra de ligações do éster no glicerídio com
formação de ácidos graxos livres, monoglicerídios, diglicerídios e glicerol. Essa reação
(Figura 2) é favorecida com a presença de água em altas temperaturas, podendo resultar
em produtos com alta volatilidade e alta reatividade química (VERGARA et al., 2006).
Figura 2: Reação de hidrólise de triglicerídeos
Fonte: Thomas (2002).
2.1.6.2 Polimerização
Compostos poliméricos, diméricos e oligoméricos são formadas pelo
aquecimento de ácidos graxos insaturados a 200-300°C. A taxa de polimerização
aumenta com o crescente grau de insaturação, ácidos graxos saturados não podem ser
polimerizados. A polimerização térmica de grupos de ácidos graxos poliinsaturados é
normalmente precedida de isomerização e de conjugação de duplas ligações. A
polimerização térmica envolve a formação de nova ligação C-C pela combinação de
radicais acila e por reações de Diels-Alder, enquanto a polimerização oxidativa envolve a
formação de ligações C-O-C (THOMAS, 2002). Os polímeros resultantes promovem
13
aumento na viscosidade do óleo, que favorece maior encharcamento na superfície da
massa de certos alimentos, causando impressão visual e alteração sensorial bastante
desagradáveis (VERGARA et al., 2006).
2.1.6.3 Oxidação
A oxidação consiste no processo degradativo que ocorre quando o oxigênio
atmosférico ou dissolvido no óleo reage com ácidos graxos insaturados. As reações
químicas envolvidas no processo de oxidação de óleos são extremamente complexas e
geram em seus estados intermediários produtos sensorialmente inaceitáveis, com odores
e sabores desagradáveis para o consumo humano. O processo pode ser catalisado por
resíduos de metais ou alta temperatura (VERGARA et al., 2006).
2.1.6.4 O efeito da temperatura
A influência da temperatura sobre a alteração em óleos foi demonstrada por
muitos autores, os quais constataram que em temperaturas superiores a 200°C o efeito é
muito mais drástico e há decomposição máxima dos óleos (JORGE et al., 2005; REDA E
CARNEIRO, 2007).
As reações da química de oxidação lipídica em altas temperaturas são
complicadas pelo fato de que tanto reações termolíticas e oxidativas são
simultaneamente envolvidas. Ambos os ácidos graxos saturados e insaturados sofrem
decomposição química quando expostos ao calor em presença de oxigênio. (FENNEMA,
1996).
2.1.6.5 Decomposição oxidativa de ácidos graxos saturados
Ácidos graxos saturados e seus ésteres são consideravelmente mais estáveis do
que seus análogos insaturados. No entanto, quando aquecidos com ar a temperaturas
superiores a 150°C eles sofrem oxidação, dando origem a um complexo padrão de
decomposição. Os principais produtos oxidativos consistem em uma série homóloga de
ácidos carboxílicos, alcanos, lactonas, e alcenos (FENNEMA, 1996).
14
2.1.6.6 Decomposição oxidativa de ácidos graxos insaturados
Ácidos graxos insaturados são muito mais suscetíveis à oxidação do que os
seus análogos saturados. Em temperaturas elevadas, a sua decomposição oxidativa,
procede-se muito rapidamente (FENNEMA, 1996).
No aquecimento intermitente há formação de peróxidos que se decompõe
durante o ciclo de resfriamento, produzindo muitos radicais livres, conseqüentemente,
severa deterioração dos óleos (REDA E CARNEIRO, 2007). A formação e decomposição
de intermediários peróxidos, previsíveis de acordo com a localização da dupla ligação,
parece ocorrer sobre uma ampla faixa de temperatura. No entanto, em temperaturas
elevadas, a decomposição de peróxidos e oxidações secundárias ocorrem em taxas
extremamente rápidas. A quantidade de um determinado produto de decomposição, em
um dado momento durante o processo de oxidação, é determinada pelo saldo líquido
entre os efeitos complexos de muitos fatores. A estrutura do peróxido, a temperatura, o
grau de insaturação e a estabilidade dos produtos de decomposição, sem dúvida,
exercem uma maior influência sobre o padrão quantitativo final (FENNEMA, 1996).
A insaturação da gordura tem sido considerada há muito tempo, como uma das
variáveis mais importantes, devido à distinta reatividade dos ácidos graxos insaturados. A
maioria dos autores recomenda a utilização de gorduras de insaturação média ou baixa,
de elevada qualidade inicial. Quando se dispõe de várias gorduras com baixo grau de
insaturação ou semelhante, deve-se esperar alta estabilidade para as mesmas (JORGE
et al., 2005).
Estudos com óleos aquecidos por longos períodos, sob temperaturas elevadas,
demonstraram que os produtos resultantes contêm mais de 50% de compostos polares,
que são os produtos de degradação dos triglicerídios (polímeros, dímeros, ácidos graxos
oxidados, diglicerídios e ácidos graxos livres) (JORGE e JANIERI, 2005).
15
2.1.6.5 Outros fatores
A qualidade inicial do óleo também é resultante de efeitos do processamento
(temperaturas, adição de ácido cítrico, agentes anti-espumantes), assim como a
presença de componentes menores e antioxidantes naturais, sendo estes fatores
importantes na estabilidade dos meios de fritura (JORGE et al., 2005).
2.1.7 PARÂMETROS DE QUALIDADE DOS ÓLEOS
As reações descritas anteriormente são responsáveis por uma variedade de
mudanças físicas e químicas que podem ser observados no óleo durante o curso de
fritura. Estas alterações incluem aumento da viscosidade e do teor de ácidos graxos
livres, o desenvolvimento de uma cor escura, diminuição do índice de iodo e tensão
superficial, mudanças no índice de refração e uma maior tendência a formação de
espuma (FENNEMA, 1996).
As formas de se determinar quando um óleo chegou ao ponto de descarte não
são simples. Muitos alimentos diferentes são fritos em diferentes tipos de óleo, em
diversos tipos de fritadeiras e condições de operação. A combinação de todas estas
variáveis é que determina a taxa em que as reações de degradação ocorrem e, portanto,
um método específico pode ser bom para avaliar em determinado sistema e não ser
aplicável a outros. Portanto, é necessário dispor de métodos de controle para avaliar a
alteração produzida, assim como buscar critérios objetivos para definir quando os óleos
devem ser descartados. (ANS et al., 1999).
2.1.7.1 Índice de acidez
A determinação da acidez fornece um dado importante na avaliação do estado
de conservação de um óleo. Um processo de decomposição, seja por hidrólise ou
oxidação, quase sempre altera a concentração de íons hidrogênio. A decomposição dos
triacilgliceróis, acelerada por aquecimento e pela luz, é acompanhada pela formação de
ácidos graxos livres. Estes são freqüentemente expressos em termos de índice de
acidez, podendo sê-lo também em mililitros de solução normal por cento ou em gramas
do componente ácido principal, geralmente o ácido oléico. Os regulamentos técnicos
costumam adotar esta última forma de expressão da acidez. O índice de acidez é
definido como o número de miligramas de hidróxido de potássio necessário para
16
neutralizar um grama da amostra. O método é aplicável a óleos brutos e refinados,
vegetais e animais, e gorduras animais. Os métodos que avaliam a acidez titulável
resumem-se em titular com soluções de álcali-padrão a acidez do produto ou soluções
aquoso-alcoólicas do produto, assim como ácidos graxos e lipídeos (INSTITUTO
ADOLFO LUTZ, 2005).
2.1.7.2 Índice de peróxido
Este método determina todas as substâncias, em termos de miliequivalentes de
peróxido por 1000 g de amostra, que oxidam o iodeto de potássio nas condições do teste.
Estas substâncias são geralmente consideradas como peróxidos ou outros produtos
similares resultantes da oxidação da gordura. E aplicável a todos os óleos e gorduras
normais, incluindo margarina e creme vegetal, porém é suscetível a erros analíticos,
como a perda de iodo por volatilidade e a oxidação do mesmo frente ao oxigênio do ar,
sendo essa reação catalisada pela luz solar. Portanto, qualquer variação no
procedimento do teste pode alterar o resultado da análise (INSTITUTO ADOLFO LUTZ,
2005).
2.1.7.3 Determinação do índice de saponificação
O índice de saponificação é a quantidade de álcali necessário para saponificar
uma quantidade definida de amostra. Este método e aplicável a todos os óleos e
gorduras e expressa o numero de miligramas de hidróxido de potássio necessário para
saponificar um grama de amostra (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2005).
O indice saponificação de algumas matérias graxas encontram-se na Tabela 3.
Tabela 3: Índice de saponificação de algumas matérias graxas.
Matéria graxa Índice de saponificação
Girassol 193,5
Milho 191
Soja 192
Algodão 194
Coco 253
Fonte: Siviero (1994).
17
2.1.8 RESÍDUOS DE ÓLEOS NO MEIO AMBIENTE
A maior parte dos óleos e gorduras alimentares usados, gerados diariamente
nos lares, indústrias e estabelecimentos do país, tem como principal destino, devido à
falta de informação da população, o despejo direto em rios e riachos ou simplesmente em
pias e vasos sanitários, indo parar nos sistemas de esgoto (PITTA JR et al., 2009).
Quando colocados em aterro tratam-se de um resíduo facilmente biodegradável, porém
este também não é o destino mais adequado. (VELOSO, 2007).
Este descarte incorreto dos resíduos de óleo vegetal é um problema antigo.
Cada litro de óleo (presente no esgoto) lançado em rios, baías, lagos e demais cursos
d’água tem capacidade para poluir cerca de um milhão de litros de água, o que torna este
fato uma questão de saúde pública (CABRAL et al., 2008; FERNANDES et al., 2008).
A presença destes óleos e gorduras alimentares usados nas águas residuais
contribui para o aumento significativo dos níveis de DBO (Demanda Bioquímica de
Oxigênio), DQO (Demanda Química de Oxigênio) e SST (Sólidos Suspensos Totais),
dificultando assim o correto desempenho/funcionamento dos sistemas de tratamento. O
aumento da concentração destes parâmetros obriga a um aumento significativo do
consumo de energia e frequência das operações de manutenção e limpeza dos
equipamentos de separação de óleos e gorduras que são bastante dispendiosas. O óleo
também provoca corrosão das canalizações e entupimentos dos condutos nas estações
de tratamento de esgoto (VELOSO, 2007). Ao ser jogado no esgoto encarece o
tratamento dos resíduos em até 45% (FERNANDES et al., 2008).
Os óleos emulsificam-se com a matéria orgânica quando lançados diretamente
em bocas-de-lobo e em caixas de gordura, ocasionando entupimentos obstruções nessas
tubulações, em função da formação de “pastas”, inclusive retendo resíduos sólidos. Na
rede de esgotos os entupimentos podem ocasionar pressões que conduzem à infiltração
do esgoto no solo, poluindo o lençol freático ou ocasionando refluxo à superfície (REIS et
al., 2007).
Em alguns casos a desobstrução de tubulações necessita da alocação de
produtos químicos tóxicos (REIS et al., 2007). Para retirar o óleo e desentupir são
empregados produtos químicos altamente tóxicos, o que acaba criando uma cadeia
perniciosa. Além de causar danos irreparáveis ao meio ambiente constitui uma prática
ilegal punível por lei (ALBERICI E PONTES, 2005).
18
Em grande parte dos municípios brasileiros há ligação da rede de esgotos
cloacais à rede pluvial e a arroios. Muitos estabelecimentos comerciais (restaurantes,
bares, lanchonetes, pastelarias, hotéis) e residências jogam o óleo comestível (de
cozinha) usado na rede de esgoto, que então atinge corpos hídricos. Nesses corpos
hídricos, em função de imiscibilidade do óleo com a água e sua inferior densidade, há
tendência à formação de filmes oleosos na superfície, o que dificulta a troca de gases da
água com a atmosfera, ocasionando depleção das concentrações de oxigênio e
anaerobiose. resultando em morte de peixes e outras criaturas aeróbias (REIS et al.,
2007; ALBERICI E PONTES, 2005). Sua presença nos rios cria uma barreira que dificulta
a entrada de luz e a oxigenação da água, comprometendo assim, a base da cadeia
alimentar aquática, resultando em morte de peixes e outras criaturas aeróbias e
contribuindo para a ocorrência de enchentes (FERNANDES et al., 2008).
Quando não houver tratamento de esgotos prévio ao lançamento no corpo
receptor, elevam-se as concentrações de óleos totais no mesmo, depreciando sua
qualidade para vários fins, podendo verificar-se modificação pontual de pH e diminuição
da taxa de trocas gasosas da água com a atmosfera. A temperatura do óleo sob o sol
pode chegar a 60ºC, matando animais e vegetais microscópicos (REIS et al., 2007).
No ambiente, em condições anaeróbias, pode haver metanização dos óleos
(REIS et al., 2007). A decomposição do óleo de cozinha emite metano na atmosfera, gás
inodoro e incolor, que quando adicionado ao ar atmosférico em grandes concentrações
transforma-se numa mistura de alto teor explosivo. O metano é um dos principais gases
que causam o efeito estufa contribuindo para o aquecimento da Terra (FERNANDES et
al., 2008).
2.1.9 DESTINO E USOS DO ÓLEO DE FRITURA RESIDUAL
A reciclagem de resíduos atualmente tende cada vez mais a ganhar espaço, não
somente porque os resíduos representam “matérias primas” de baixo custo, mas,
principalmente porque o meio ambiente já está necessitando da reciclagem de todo tipo
de resíduo possível. Ao contrário da grande maioria dos resíduos, os óleos exauridos,
tanto de origem vegetal quanto animal, possuem valor econômico positivo, e podem ser
aproveitados em seu potencial mássico e energético. Do ponto de vista econômico, a
purificação do óleo com materiais adsorventes não é viável. Os principais
19
aproveitamentos de tais óleos são: a saponificação, com aproveitamento do subproduto
da reação, a glicerina; a padronização para a composição de tintas (óleos vegetais
insaturados – secativos); a produção de massa de vidraceiro; a produção de farinha
básica para ração animal; a queima em caldeira; e a produção de biodiesel, obtendo-se
glicerina como subproduto (COSTA NETO, 2000; REIS et al., 2007).
2.2 SABÃO
O sabão é um produto obtido a partir da reação química de um álcali e uma
matéria graxa, usualmente chamada de reação de saponificação (Figura 3). O seu grupo
polar é representado pelo grupamento carbonilíco e a parte não polar por um radical, que
é usualmente uma cadeia de carbono linear com quantidade variável de átomos de
carbono. O grupo polar tem características semelhantes em todos os sabões, de modo
que o radical é o responsável pelas diferentes propriedades dos mesmos. Os melhores
sabões são aqueles que apresentam de 12 a 18 átomos de carbono no radical, sendo
suas características tensoativas aproveitadas quando ele está em solução aquosa e
temperatura elevada (ZANIN et al., 2001).
Figura 3: Reação de saponificação.
Fonte: SBRT (2007).
20
2.2.1 HISTÓRIA DO SABÃO
O sabão é o primeiro produto químico com finalidade de limpeza conhecido pelo
homem (SERVIÇO BRASILEIRO DE RESPOSTAS TÉCNICAS – SBRT, 2007). Os
sabões são conhecidos desde muito antes da era cristã, porém o seu uso amplo para
limpeza e banho é bem mais recente. Segundo uma antiga lenda romana, o nome sabão
(“sapo” em latim, “sapone” em italiano, “soap” em inglês) deriva do monte Sapo, onde
eram sacrificados animais. O sabão, na verdade, nunca foi “descoberto”, mas surgiu
gradualmente de misturas brutas de materiais alcalinos e matérias graxas. As águas das
chuvas arrastavam uma mistura de gorduras dos animais e cinzas de madeira das
fogueiras pelas encostas do monte até o solo argiloso beirando o Rio Tibre. As mulheres
perceberam que essa argila facilitava o seu trabalho de lavagem de roupas,
proporcionando maior eficiência com menor esforço (OSORIO e OLIVEIRA, 2001;
SHREVE e BRINK JR, 1997).
Plínio, o Velho, descreveu a fabricação do sabão duro e do sabão mole, no
século I (SHREVE e BRINK JR, 1997). Segundo ele, os fenícios já preparavam o sabão a
partir do sebo de cabras e cinzas de madeira por volta do ano 600 a.C. e era às vezes
usado como um artigo de escambo com os gauleses. Era amplamente conhecido por
todo o Império Romano, mas não se sabe ao certo se os romanos aprenderam o uso do
produto com povos antigos do Mediterrâneo, ou com o povo celta (SERVIÇO
BRASILEIRO DE RESPOSTAS TÉCNICAS – SBRT, 2007).
Na Europa, durante a Idade Média, a produção de sabão se concentrou
inicialmente em Marselha (França), depois em Gênova (Itália) e então em Veneza (Itália).
Embora tenham se implantado algumas fábricas de sabão na Alemanha, naquela época
a substância era pouco usada na Europa Central (SERVIÇO BRASILEIRO DE
RESPOSTAS TÉCNICAS – SBRT, 2007).
Foi somente a partir do século XIII que o sabão passou a ser produzido em
quantidades suficientes para ser considerado uma indústria, época em que se
reconheceu a existência de microorganismos patogênicos e a necessidade de hábitos de
higiene e limpeza para combater a sua proliferação (OSORIO e OLIVEIRA, 2001;
SHREVE e BRINK JR, 1997). As primeiras fábricas de sabão surgiram na Inglaterra no
final do séc. XII, em Bristol. Nos séc. XIII e XIV, surgiu uma pequena comunidade de
21
fábricas nos arredores de Cheapside, em Londres (SERVIÇO BRASILEIRO DE
RESPOSTAS TÉCNICAS – SBRT, 2007).
Até os princípios do século XIX, pensava-se que o sabão fosse uma mistura
mecânica de gordura e álcali, até que Chevreul, químico francês, mostrou que a
formação do sabão era na realidade uma reação química. Domeier completou estas
pesquisas, recuperando a glicerina das misturas da saponificação. O álcali necessário à
saponificação era obtido pela lixiviação bruta de cinzas de madeira, ou pela evaporação
de águas alcalinas naturais, até a descoberta importante de Leblanc, com a produção de
barrilha a baixo custo, a partir do cloreto de sódio (SHREVE e BRINK JR, 1997).
Durante 2000 anos, os processos básicos da fabricação de sabões
permaneceram praticamente imutáveis, pois sempre envolviam a saponificação
descontinua dos óleos e gorduras, mediante um álcali, seguida pela salga, para separar o
sabão. As modificações maiores ocorreram no pré-tratamento das gorduras e dos óleos,
obtendo-se novas e melhores matérias-primas mediante a hidrólise, a hidrogenação, a
extração em fase líquida e a cristalização a solvente. Modificações também ocorreram no
processo de fabricação e no acabamento do sabão, por exemplo, na secagem a
atomização. Os processos contínuos datam de 1937, quando Procter & Gamble
instalaram um processo contínuo de neutralização e hidrolise a alta pressão. O passo
seguinte foi o processo de saponificação continua, desenvolvido, em conjunto, por
Sharples e pelos irmãos Lever, em 1945. Desde então, foram erguidas instalações de
ambos os tipos. Estes processos contínuos de fabricação de sabão, embora sendo
desenvolvimentos tecnológicos de extrema importância, foram parcialmente superados
pela introdução dos detergentes sintéticos. No entanto, entre as diversas indústrias
químicas, nenhuma teve modificação fundamental de matérias-primas tão grande quanto
a indústria da saboaria (SHREVE e BRINK JR, 1997).
2.2.2 MATÉRIAS PRIMAS PARA OBTENÇÃO DO SABÃO.
2.2.2.1 Matérias graxas
Os triglicerideos são as matérias de partida mais importantes para a fabricação
de sabão, porque eles são facilmente transportados e não estão sujeitos à perda de
qualidade durante o transporte. Numerosas gorduras animais e óleos vegetais que
22
ocorrem naturalmente podem ser utilizados como matérias-primas na fabricação de
sabão, principalmente o sebo bovino, óleo de palma, óleo de coco e azeite de dendê.
Composição de ácidos graxos para essas gorduras neutras são apresentados na Tabela
1. Óleo de amendoim e azeite, bem como a banha também são utilizados em menor
escala.. A composição dos ácidos graxos das matérias-primas varia dependendo da
finalidade do sabão. Normalmente, 75-85% de sebo bovino e de 15-25 óleo de coco%
constituem os principais componentes (SCHUMANN e SIEKMANN, 2002).
Os ácidos graxos livres também podem servir como matérias-primas, mas os
destilados empregados deve ser o mais fresco possível. Tais destilados nem sempre
estão disponíveis em uma qualidade adequada e a um preço razoável. Transporte e
armazenamento desempenham um papel importante na indústria de sabão. Triglicérideos
são preferidos em relação aos ácidos graxos livres como matérias-primas para a
produção de sabão talvez pela recuperação do glicerol, subproduto valioso (SCHUMANN
e SIEKMANN, 2002).
2.2.2.2 Álcalis e soda cáustica
O hidróxido de sódio é o álcali mais importante empregado na indústria. É
fabricado em grande escala pela eletrólise de uma solução aquosa de NaOH (salmoura),
numa célula de diafragma ou cátodo de mercúrio. O NaOH produzido dessa maneira
sempre contem uma certa quantidade de NaCl. Isso pode ou não ser importante,
dependendo do uso a que se destina o NaOH. No passado, também foi obtido a partir do
Na2CO3 (barrilha) pelo processo calcário-soda cáustica. Atualmente, esse processo é
pouco usado, pois é economicamente inviável comparado a outros processos (LEE,
1999).
É um produto básico da indústria química moderna. Por suas qualidades de
alcalinidade, reatividade e solubilidade em água, a soda cáustica líquida comercial é
utilizada em aplicações em geral. É empregada na produção de alumínio, celulose e
papel, sabões e detergentes, intermediária químicos, dentre outras aplicações
(BRASKEN, 2009).
Para maioria das aplicações industriais, o produto é vendido na forma de
solução, pois os custos do processo de evaporação para se obter o solido excedem os
custos adicionais de transporte da solução (LEE, 1999). Apresenta-se como um líquido
23
de aparência viscosa, coloração clara e translúcida e odor brando e característico
contendo 50% em peso de NaOH (BRASKEN, 2009).
2.2.3 CLASSIFICAÇÕES DOS SABÕES
Os sabões podem ser classificados em três categorias. Os sabões duros, que,
quase sempre, são fabricados com soda (hidróxido ou carbonato de sódio); constituem a
maior parte dos sabões comuns e podem ser brancos, corados ou marmorizados. Os
sabões moles, que, pelo contrário, são fabricados com potassa (hidróxido ou carbonato
de potássio). Os sabões deste tipo são viscosos e, em geral, de cor verde, castanha ou
amarelo clara. Podem conter pequenas quantidades (que geralmente não ultrapassam
5%) de produtos orgânicos tensoativos sintéticos. Os sabões líquidos, que consistem
numa solução aquosa de sabão eventualmente adicionada de pequenas quantidades
(que em geral não ultrapassam 5%) de álcool ou de glicerol, mas que não contêm
produtos orgânicos tensoativos sintéticos (SERVIÇO BRASILEIRO DE RESPOSTAS
TÉCNICAS – SBRT, 2007).
2.2.4 SOLUBILIDADE DOS SABÕES
A água quente torna a solução límpida e transparente, enquanto que a água fria
torna a solução turva. Na dissolução observa-se inicialmente um amolecimento. No inicio
ainda verifica-se que os sabões de ácidos graxos não saturados já dão soluções
límpidas, enquanto que os saturados so chegam a isto quando em ebulição (SIVIERO,
1994).
O sabão em solução aquosa está sujeito a hidrólise e neste caso ele separa-se
em ácido graxo e álcali livre. O ácido graxo livre, porem combina-se imediatamente com o
sabão não decomposto a saponato ácido de sódio, comportando-se como sais alcalinos
de ácidos fracos (SIVIERO, 1994).
RNa + HOH ↔ NaOH + HR
HR + RNa ↔ RNaRH
O sabão ácido é insolúvel na água fria, portanto o sabão deve turvar-se ao
esfriar. A adição de álcali livre ou álcool inibe ou até rompe a hidrólise. Sabendo-se que o
espumejar de uma solução de sabão consiste em se ter um sabão dissolvido em
24
presença de ácido graxo livre, ou seja, um sabão ácido, interrompendo essa dissociação,
a solução não espumará. Uma solução alcoólica de sabão não espuma (SIVIERO, 1994).
2.3 TENSOATIVOS SINTÉTICOS
Os sabões apresentam, porém, o inconveniente de não atuar bem em meios
ácidos e em águas duras. Em meio ácido, formam o ácido graxo, insolúvel em água,
enquanto as águas duras contêm íons de cálcio, magnésio e ferro que formam
precipitados com os ânions carboxilatos dos sabões, produzindo uma escuma que adere
a tecidos, pias, banheiras, etc. (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001).
Para contornar isso foram desenvolvidos novos produtos, derivados da indústria
petroquímica, os chamados detergentes sintéticos, que não apresentam as desvantagens
citadas em grau tão acentuado (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001). Um detergente é qualquer
composto que pode ser utilizado como agente de limpeza. Embora o sabão seja um
detergente, esse termo geralmente é usado para designar os substitutos sintéticos do
sabão. O nome genérico para essa classe de compostos é ‘agentes tensoativos’. Assim,
agente tensoativo é qualquer composto que reduz a tensão superficial da água,
permitindo que óleos e gorduras possam ser emulsionados (BARBOSA e DA SILVA,
1995).
Tensoativos são compostos orgânicos que possuem comportamento anfifílico,
isto é, possuem duas regiões, hidrofóbica e hidrofílica (Figura 4). A parte hidrofóbica do
tensoativo geralmente é composta de cadeias alquílicas ou alquilfenílicas, contendo de
10 a 18 átomos de carbono. A região hidrofílica é constituída por grupos iônicos ou não-
iônicos ligados à cadeia carbônica. Entre as conseqüências importantes da referida
estrutura anfifílica podem-se destacar a adsorção nas interfaces, por ex., solução/ar, e a
formação de diferentes estruturas coloidais, micelas, cristais líquidos liotrópicos e
vesículas, entre outras. Tais propriedades são a base de uma gama de aplicações
importantes, por ex., na formulação de agroquímicos, fármacos e produtos de consumo
(xampus, condicionadores), no combate de vazamento de petróleo4 e, ainda, em alguns
usos específicos (PENTEADO et al., 2006).
25
Figura 4: A estrutura molecular de um tensoativo inclui o grupo hidrofóbico, com pouca atração pela água (ou solvente) e a hidrofílica, com fortes interações com a água (ou o
solvente).
Fonte: Myers (1999).
2.3.1 CLASSIFICAÇÃO
Um dos regimes mais comuns utiliza a classificação pela aplicação em questão,
de modo que tensoativos podem ser classificados como emulsionantes, agentes
espumantes, agentes molhantes, agentes dispersantes, ou similares. Surfactantes
também podem ser geralmente classificados de acordo com algumas características
físicas, tais como grau de solubilidade em água ou óleo, ou a sua estabilidade em duras
ambientes. . Como alternativa, alguns aspectos específicos da estrutura química das
matérias em questão podem servir de base primária para a classificação. Talvez o
esquema mais útil baseia-se na química global estrutura dos materiais em questão, em
particular o seu caráter iônico. Em tal sistema de classificação é mais fácil para
correlacionar estruturas químicas com atividade interfacial e, assim, desenvolver algumas
regras gerais da estrutura do surfactante relações de desempenho. Os quatro grupos
gerais de surfactantes são definidos como segue (MYERS, 1999):
1. Aniônicos, com o grupo hidrofílico carregando uma carga negativa, como
carboxila (RCOO- M+), sulfonato (RSO3- M+), ou sulfato (ROSO3
- M+).
2. Catiônica, com o grupo hidrofílico carregando uma carga positiva, como por exemplo,
os haletos de amônio quaternário (R4N+ X-).
3. Não-iônico, onde os grupos hidrofílicos não tem carga, mas retira a sua solubilidade
em água de grupos altamente polares como polioxietileno (─OCH2CH2O─), açúcares ou
de grupos semelhantes.
26
4. Anfótero, em que a molécula tem, ou pode ter, uma carga negativa e uma carga
positiva na cadeia principal (em oposição para um contra-íon, X- ou M+), como as
sulfobetaínas, RN(CH3)2CH2CH2SO.
2.3.2 PROPRIEDADES DAS SOLUÇÕES AQUOSAS DE TENSOATIVOS
A atividade de superfície dos surfactantes é devido à adsorção, concentração e
orientação de suas moléculas nas interfaces e à aglomeração e orientação destas no
interior da solução, formando as micelas. A magnitude destes efeitos depende do balanço
de solubilidade entre as partes fílica e fóbica das sua moléculas ou íons, trazendo como
conseqüências as propriedades funcionais em solução aquosa, tais como: redução da
tensão superficial e interfacial, emulsionante, dispersante, umectante, espumante,
antiespumante, solubilizante, etc. (SANCTIS, 1997).
As micelas são estruturas geralmente esféricas, de natureza coloidal, formadas
de tal modo que as partes não polares do detergente se orientam para o interior da
mesma, criando assim, uma superfície iônica. Podemos dizer que as soluções de
tensoativos formam sistemas dinâmicos onde as micelas estão continuamente sendo
formadas e destruídas. Essa característica das soluções de detergentes é importante
para o processo de remoção das sujidades, que envolve o deslocamento das partículas
de sujeiras de natureza lipofílica para o interior das micelas e a estabilização das
mesmas de modo a mantê-las em suspensão, evitando que a sujeira volte a depositar-se
sobre a superfície que está sendo limpa (MISIRLI, 2002).
A agregação de moléculas de surfactante ou íons em micelas ocorre em um
intervalo de característica estritamente limitado de concentração de cada tensoativo; se a
concentração de surfactante aumenta ainda mais, aumenta o número de micelas por
unidade de volume, mas não, no entanto, o número de moléculas ou íons monodispersos
dissolvidos do surfactante. A tensão superficial torna-se independente de qualquer
aumento na concentração de volume, e uma medição da tensão superficial em função da
concentração representa um método simples de determinar a chamada concentração
micelar crítica (CMC), na qual micelização ou formação de micelas começa (KOSSWIG,
2002).
27
2.3.3 REOLOGIA
As estruturas do tensoativo assim como a natureza dos aditivos normalmente
presentes em formulações determinam sua viscosidade a uma dada concentração. A
viscosidade pode também ser aumentada pelo uso de sal ou por um aumento na
concentração do tensoativo, tais efeitos sendo maiores na presença de alcanolamidas e
amidobetaínas. Uma explicação para o efeito do sal se deve à compressão da dupla
camada elétrica existente entre duas superfícies micelares carregadas, o que leva à
redução de sua carga efetiva e menores forças intermicelares repulsivas. A micela não
mais restrita a sua forma esférica pode agora “crescer” e passar para uma forma
cilíndrica pela inclusão de moléculas adicionais de monômeros. As esferas podem mover-
se livremente devido à densidade de empacotamento reduzida, porém os cilindros têm
um movimento lateral e translacional mais restrito, resultando em uma maior viscosidade.
O excesso de sal pode, entretanto, levar a uma diminuição da viscosidade após atingir
um máximo (Figura 5) (PEDRO, 2008b).
Figura 5: Curva de variação de viscosidade em função da concentração de sal, comumente conhecida como reserva de viscosidade.
Fonte: Pedro (2008b).
28
2.3.4 SOLUBILIDADE E TEMPERATURA KRAFFT
A micela pode ser vista como um arranjo estruturalmente semelhante a um
cristal sólido ou hidrato cristalino, de maneira que a mudança de energia quando se
passa do cristal para a micela é menor que a mudança para as espécies monoméricas
em solução. Termodinamicamente, então, a formação de micelas favorece um
incremento na solubilidade. A concentração dos tensoativos na forma monomérica pode
aumentar ou decrescer muito gradualmente em concentrações mais altas e temperatura
constante, mas as micelas são as formas predominantes do tensoativo acima de uma
concentração crítica de tensoativo. A solubilidade total do tensoativo (e sua
aplicabilidade) depende, então, não somente da solubilidade do material monomérico,
mas também da “solubilidade” das micelas. Uma representação esquemática da relação
temperatura/solubilidade de tensoativos iônicos é mostrada na Figura 6 (PEDRO, 2007).
Figura 6; Relação temperatura/solubilidade para tensoativos iônicos típicos.
Fonte: Pedro (2007).
Enquanto muitos tensoativos têm uma apreciável solubilidade em água, tal
característica pode mudar significativamente com mudanças no comprimento da cadeia
hidrofóbica, com a natureza do grupo hidrofílico, com a valência do contra-íon e com o
”ambiente” da solução. Para muitas substâncias iônicas, por exemplo, tem-se verificado
que a solubilidade do material em água aumenta como o aumento da temperatura. Este
efeito é resultante das características físicas da fase sólida, ou melhor, da energia do
29
retículo cristalino e do calor de hidratação do material que está sendo dissolvido. No caso
de tensoativos iônicos, é freqüentemente observado que a solubilidade do material sofre
um aumento brusco e descontínuo a uma determinada temperatura, comumente referida
como temperatura de Krafft, TK. Abaixo desta temperatura a solubilidade do tensoativo é
determinada pela energia cristalina e calor de hidratação do sistema. A concentração das
espécies monoméricas em solução é limitada a um valor de equilíbrio determinado por
tais propriedades. Acima da temperatura de Krafft a solubilidade do monômero aumenta
até o ponto no qual tem-se o início do processo de micelização (ou formação de micelas)
e as espécies agregadas passam a ser a forma termodinamicamente favorecida
(PEDRO, 2007).
2.3.5 O EFEITO DO TENSOATIVO NA TENSÃO SUPERFICIAL DA ÁGUA
As moléculas que constituem o tensoativo possuem característica polar e apolar.
Estas moléculas, quando entram em contato com líquidos, polares ou apolares
dissolvem-se, interagindo com as moléculas deste líquido. Ocorre, então, uma redução
do número de interações entre as moléculas do líquido dissolvente e, como
conseqüência, reduz-se amplamente sua tensão superficial. Por esse motivo, sabões e
detergentes são chamados de substâncias tensoativas. Como efeito, observa-se que
quando colocamos sabão em água e agitamos a solução, forma-se espuma em sua
superfície (NETO e DEL PINO, 199-?).
2.3.5.1 Formação de espuma
A espuma resulta de uma estrutura regular de moléculas de tensoativos ligados
na interface à molécula de água. A formação e a estabilidade da espuma é uma
característica que depende das propriedades dos grupos polar e apolar dos tensoativos,
segundo consta na literatura, grupos lipofílicos insaturados formam uma espuma superior
àquela derivada de tensoativos de cadeia saturada, sendo a formação da espuma
facilitada pelo abaixamento da tensão superficial (PINHEIRO et al., 2006).
Sabões alcalinos são mais eficientes que os próximos da neutralidade. Seu
poder de limpeza é maior devido ao aumento de interações que realizam com as
sujidades. Por outro lado, a alcalinidade excessiva torna-o impróprio para a utilização,
devido a sua ação cáustica. O poder espumante de um sabão está ligado diretamente ao
efeito detergente, mas a espuma nem sempre é sinal de poder de limpeza. Muitas vezes
30
as indústrias de produção de sabões podem adicionar espessantes ao produto final.
Essas substâncias reduzem mais ainda a tensão superficial produzida pelo sabão,
aumentando, com isso, a produção de espuma. O contrário também é verificado, certos
sabões recebem uma carga de aditivos que reduzem seu poder espumante (sabões em
pó para máquinas de lavar roupa, por exemplo) (ZAGO NETO e DEL PINO, 199-?).
Em um produto detergente, espuma pode ser necessária ou indesejável,
dependendo da aplicação destinada ao produto e, geralmente está relacionada ao
processo de lavagem de roupas, manual ou automático, respectivamente. No processo
de lavagem manual a espuma atua como um colchão de ar impedindo o atrito excessivo
na roupa e flotando a sujeira para longe da superfície do tecido. No processo automático,
este colchão de ar impede a agitação mecânica, prejudicando a detergência (SANCTIS,
1997).
2.3.6 AÇÃO DE LIMPEZA
O processo de limpeza consiste na molhagem completa da sujeira e da superfície
do material que esta sendo lavado pela solução de sabão, seguida da remoção da sujeira
da superfície e manutenção da sujeira numa solução ou numa suspensão estável. Na
água de lavagem, o sabão aumenta a molhabilidade da água, de modo que ela pode
penetrar mais facilmente nos tecidos e atingir a sujeira. Principia, então, a remoção do
sujo. Cada molécula da solução de limpeza pode ser considerada uma comprida cadeia.
Uma extremidade da cadeia é hidrofílica e a outra hidrófoba (e solúvel em gorduras). As
extremidades de algumas dessas moléculas são atraídas por uma partícula de sujeira e a
envolvem. Ao mesmo tempo, as extremidades hidrófilas puxam as moléculas e as
partículas de sujeira, presas ao tecido, e lançam-nas na água de lavagem. Esta é uma
ação que, combinada com a agitação mecânica, como a da maquina de lavar, faz com
que o sabão remova a sujeira, suspenda-a na água e impeça que se deposite novamente
no tecido (SHREVE e BRINK JR, 1997).
2.4 LAVAGEM DE ROUPAS
A lavagem é uma operação que visa devolver à roupa o seu aspecto original. Para
tal, é necessário eliminar as sujeiras que estão fixadas, restituindo-lhes um nível
bacteriológico aceitável, de forma a preservar as fibras e cores mantendo a maciez e
elasticidade (BARTOLOMEU, 1998).
31
Lavagem e limpeza em meio aquoso é um processo complexo que envolve a
interação cooperativa de numerosas influências físicas e químicas. No sentido mais
amplo, a lavagem pode ser definida como a remoção pela água ou por uma solução
aquosa de surfactante de substâncias pouco solúveis e dissolução de impurezas solúveis
em água de superfícies têxteis (SMULDERS et al., 2002).
O desempenho da lavagem é altamente sensível a fatores como propriedades
têxteis, tipo de sujeira, qualidade da água, técnica de lavagem (quantidade e tipo de
entrada mecânica, tempo e temperatura), e composição detergente. Este conjunto de
princípios pode ser melhor visualizado através do círculo de Sinner (Figura 7), onde o
processo de lavar pode ser representado como um todo. Nem todos esses fatores inter-
relacionados entre si são passíveis de variação aleatória, na verdade, eles são
geralmente limitados dentro de limites muito estreitos. (BARTOLOMEU, 1998;
SMULDERS et al., 2002).
Figura 7: Círculo de Sinner.
Fonte: Bartolomeu (1998).
A diminuição de uma força exige o aumento das demais para a obtenção do
mesmo resultado. Por isso, à medida que diminui-se os produtos químicos e a
temperatura, precisa-se aumentar ainda mais a ação mecânica e o tempo, enquanto que,
à medida que se diminui a temperatura, deve-se aumentar a ação mecânica, os produtos
químicos e o tempo (BARTOLOMEU, 1998).
De particular importância é a composição do detergente (SMULDERS et al.,
2002). Na limpeza de materiais têxteis com tensoativos aniônicos, por exemplo, a
adsorção do tensoativo na fibra e na sujeira introduz interações eletrostáticas repulsivas
que tendem a reduzir a adesão ente a sujeira e a fibra, suspendendo a sujeira e evitando
a sua redeposição. . Com tensoativos não-iônicos o mecanismo é menos nítido.
Entretanto, a repulsão estérica entre camadas de tensoativos adsorvidas e a
solubilização são de extrema importância (PEDRO, 2008a).
32
Uma vez que em água a maioria dos tipos de sujeira e fibras têxteis são
negativamente carregadas, a adição de tensoativos catiônicos pode ter um efeito
prejudicial na detergência. Em tais casos, a adsorção do tensoativo, usualmente, é o
resultado de interações eletrostáticas específicas entre os grupos iônicos, levando à
redução da carga negativa líquida e a uma separação ineficiente da sujeira ou mesmo
sua redeposição. Somente em concentrações muito altas de tensoativos, onde a
adsorção de multicamadas pode produzir a reversão de cargas, tais efeitos podem ser
úteis na ação detergente. Após a remoção da sujeira, entretanto, a ação de materiais
catiônicos adsorvidos pode ser bastante desejável, como evidenciado pela sua
popularidade como amaciantes têxteis, adicionados normalmente no enxágüe (PEDRO,
2008a).
A capacidade de um detergente para remover a sujeira depende também do tipo
de substrato têxtil. Fibras têxteis que têm um elevado teor de cálcio na sua superfície (por
exemplo, do algodão) se comportam de forma muito diferente a partir de fibras sintéticas,
com um baixo teor de cálcio. O tipo de fibra tem uma influência dramática sobre o grau de
hidrofobicidade/hidrofilicidade, a molhabilidade, e o grau de remoção da sujeira
(SMULDERS et al., 2002). Fibra é a unidade básica utilizada na fabricação de fios e
gêneros têxteis. Estas podem ser de origem natural, artificial ou sintética. As de origem
natural podem ser animais (lã e seda), vegetais (linho, algodão, rami, etc.), ou minerais
(asbesto, vidro). As fibras de origem artificial podem ser regenerada (viscose) ou
modificada (acetato). Enquanto que as fibras sintéticas podem ser de origem de
policondensação (poliéster e poliamida), polimerização (acrílico) e poliadição
(poliuretano) (BARTOLOMEU, 1998).
Em geral há dois tipos de sujeira encontrados nas situações de detergência:
materiais líquidos e oleosos e materiais sólidos particulados. As interações interfaciais de
cada um destes com o substrato sólido são, usualmente, muito diferentes e os
mecanismos de remoção de sujeira podem ser, correspondentemente, diferentes. As
sujeiras sólidas podem consistir de proteínas, argilas, carbono (fuligem) de várias
características de superfície, óxidos metálicos, etc. As sujeiras líquidas podem conter
gorduras da pele (sebo), álcoois e ácidos graxos, óleos minerais e vegetais, óleos
sintéticos e componentes líquidos de cremes e produtos cosméticos. Assim como para as
sujeiras sólidas, as características das sujeiras líquidas podem variam muito e ainda não
foi desenvolvida teoria única de detergência que permita uma generalização do processo,
mesmo que haja algumas similaridades entre os dois tipos de sujeira (PEDRO, 2008a).
33
A adesão de ambas as sujeiras a substratos sólidos é o resultado de interações
de Van der Waals. A adesão por interações eletrostáticas é muito menos importante,
especialmente para os sistemas de sujeiras líquidas, mas pode se tornar importante em
alguns sistemas de sujeiras sólidas. A adsorção devido a outras forças polares, tais como
interações ácido-base ou ligações hidrogênio, é, também, usualmente, de menor
importância. Entretanto, quando isto ocorre, o resultado pode ser uma maior dificuldade
de remoção pelos processos de limpeza normais. Devido à adsorção de sujeira ser
predominantemente através de interações de Van der Waals, os materiais não polares,
tais como óleos hidrocarbônicos, podem ser especialmente difíceis de remover das
superfícies hidrofóbicas, tais como poliésteres. As sujeiras hidrofílicas (argilas, ácidos
graxos, etc.), por outro lado, podem ser mais difíceis de remover das superfícies
hidrofílicas, tais como algodão. As forças mecânicas também podem inibir a ação de
limpeza, especialmente em materiais fibrosos com particulados sólidos, devido ao
aprisionamento da sujeira entre as fibras. É óbvio, então, que o processo de limpeza
pode ser extremamente complexo e resultados ótimos são possíveis somente para
sistemas extremamente definidos, sendo que o detergente universal parece fora do
alcance tecnológico (PEDRO, 2008a).
O papel mais óbvio da água é servir como um solvente, tanto para o detergente
quanto para sais solúveis na sujeira. A qualidade da água a ser utilizada na lavagem das
roupas é muito importante para conseguir um bom resultado. Ela deve ser mole, pois a
água dura contém sais de cálcio e magnésio, e sua utilização na lavagem da roupa
produz desperdício de produtos à base de sabão, além da destruição prematura da roupa
e diminuição da capacidade de absorção do tecido, tornando a roupa áspera e
acinzentada. Também não deve conter ferro ou manganês, pois eles amarelam a roupa e
danificam as máquinas. Estes íons podem catalisar a decomposição dos agentes
clareadores, durante o processo de lavagem. devendo portanto, serem eliminados por
meio de filtragem. Pro fim não deve conter matéria orgânica, que também deve ser
eliminada por meio de filtragem (BARTOLOMEU, 1998).
A dureza da água também tem uma influência significativa nos resultados do
processo de lavagem. As águas duras caracterizam-se pela dificuldade em produzir
espuma com sabões. Adicionando-se sabão em pedra à água dura forma-se inicialmente
um produto gelatinoso, menos denso do que a água. Apenas com excesso de sabão,
obtém-se espuma. A dureza da água é definida em termos da quantidade de sais de
cálcio e magnésio presentes, medido em milimoles por litro (mmol / L). A dureza de cálcio
34
de 1 mmol / L corresponde a 40,08 mg de íons de cálcio por litro de água. Em presença
dos íons metálicos da água dura, formam-se carboxilatos insolúveis, como por exemplo,
o estearato de cálcio, consumindo o sabão:
Ca2+(aq) + 2 CH3(CH2)16COO-(aq) → Ca(C18H35O2)2(s)
Enquanto esses cátions não forem totalmente removidos não se forma espuma,
o que representa um desperdício no uso do sabão (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001;
SMULDERS et al., 2002).
As características marcantes das condições de lavagem brasileiras são a baixa
temperatura, em torno de 10 a 25°C, a dureza da água, sendo extremamente baixa (25
ppm em média no Centro-Oeste e Sudeste), dispensa o uso de grandes quantidades de
sequestrantes e surfactantes na formulação, alem de favorecer a baixa dosagem do
produto na lavagem (SANCTIS, 1997).
Entretanto Olmedo et al. (1996), citado por Sanctis (1997), afirmaram que a
dureza média da água do Brasil é de 150 ppm de CaCO3, a temperatura de lavagem é de
20°C e a concentração de lavagem é de 15g/kg de roupa.
Os diferentes hábitos de lavagem, práticas e condições de lavagem, bem como
os tipos de maquinas de lavar influenciam diretamente no desenvolvimento da
formulação detergente. Por exemplo, lavagem exclusivamente em maquina requer baixo
poder espumante; regiões em que a água tem alta dureza requerem formulações com
maior teor de surfactantes e builders ou o uso de surfactantes mais resistentes à dureza
da água, como não iônicos e lauril éter sulfato de sódio (LESS) (SANCTIS, 1997).
2.5 FORMULAÇÕES DE DETERGENTES LAVA-ROUPAS
Detergentes para uso doméstico e institucional são formulações complexas
contendo até mais de 25 ingredientes diferentes. Cada um dos componentes de um
detergente tem suas próprias funções muito específicas no processo de lavagem. Até
certo ponto eles têm efeitos sinérgicos uns sobre os outros. Além dos ingredientes acima,
certos aditivos são tornadas necessárias por razões de produção, enquanto que outros
materiais podem ser adicionados para melhorar a aparência do produto (SMULDERS et
al. 2002).
35
2.5.1 MATÉRIA ATIVA
No caso do detergente refere-se ao total de tensoativo presente na formulação,
expresso em % (m/m). A matéria ativa de um produto pode possuir características
aniônicas, catiônicas ou anfotéricas, de acordo com a estrutura da matéria-prima
empregada (MISIRLI, 2002).
2.5.1.1 Tensoativos
Tensoativos aniônicos são os ingredientes mais comuns em detergentes
projetados para lavanderia, lavagem e limpeza geral. Tensoativos aniônicos como alcoóis
etoxilados adquiriram grande importância nas últimas décadas. O uso de tensoativo
catiônico é restrito a amaciadores, devido à incompatibilidade fundamental destes
materiais com tensoativos aniônicos e sua eficiência de limpeza pobre. Surfactantes
anfotéricos ainda faltam um lugar significativo no mercado. Volta ao mundo uma notável
variabilidade nos tipos de surfactantes utilizados nos produtos para fins semelhantes
podem ser vistos. As razões podem ser encontradas nas variações nos tipos de tecidos
encontrados em todo mundo, a diversidade da tecnologia da máquina de lavar roupa, e
diferentes hábitos regionais e cuidados para uso de tecido (SMULDERS et al. 2002).
O linear dodecil benzeno sulfonato de sódio (LASNa) é o tensoativo mais
utilizado, comumente chamado de ácido sulfônico (Figura 8). Praticamente, todos, os
detergentes são formulados a partir dele, onde é neutralizado com uma base (hidróxido
de sódio, monoetanolamina, trietanolamina, hidróxido de potássio, etc.). Sua
popularidade se deve tanto ao baixo custo de produção como a sua excelência como
detergente, agente emulsionante, promotor de espuma e agente molhante. O LASNa
apresenta uma elevada capacidade de remoção da gordura de constituição das mãos.
São muito resistentes a presença de sais de cálcio e magnésio, razão pela qual podem
ser utilizados em águas duras (com elevado teor de sais de Ca+2 e Mg+2). Pode ser,
também, utilizado sob a forma de sais de amônia, de trietanolamina, de potássio e outras
bases orgânicas ou inorgânicas. São todos excelentes agentes molhantes, espumantes e
emulsificantes, sendo assim, também são, utilizados em uma série de outras aplicações.
São compostos biodegradáveis (MISIRLI, 2002; PERES, 2005).
36
Figura 8: Linear dodecilbenzeno sulfonato de sodio.
Fonte: Peres (2005).
2.5.2 REGULADORES DE ESPUMA
Em regiões com baixa renda per capita no mundo inteiro, a espuma é entendida
como uma medida importante para a lavagem de desempenho. A razão para isso parece
ser em grande parte psicológico, ou seja, a espuma fornece evidências da atividade
detergente, pois ela esconde a sujeira (SMULDERS, 2002).
Um regulador de espuma, que pode ser um estabilizador ou um supressor, é
usado frequentemente como surfactante. Estes materiais não têm uma mesma natureza
química e muitas vezes são específicos para certos surfactantes. Exemplos de sistemas
surfactantes estabilizadores são a etanolamida láurica e um alquilbenzenosulfonato, ou o
sistema álcool láurico e sulfato de alquila. Os supressores de espuma são em geral
substancias hidrófobas, e entre elas nomeiam-se os ácidos graxos de cadeia longa, os
silicones e os surfactantes hidrófobos não iônicos (SHREVE e BRINK JR, 1974).
2.5.2.1 Lauril Éter Sulfato de Sódio
Obtido através da reação de álcoois graxos etoxilados (Álcool graxo + óxido de
eteno) com agentes sulfatantes como o SO3. O lauril éter sulfato de sódio (LESS),
representado na Figura 9, apresenta uma baixa capacidade de remoção da gordura de
constituição da pele. A associação entre o LESS e o LASNa, acarreta numa melhoria do
poder de espessamento, diminuição da irritabilidade dérmica e melhoria da performance
de limpeza. Possui também, uma grande resposta a eletrólitos e uma alta reserva de
viscosidade. Sendo de origem agrícola as suas principais matérias-primas, os derivados
do lauril éter sulfato atendem aos requisitos de desenvolvimento sustentável e por serem,
37
também facilmente biodegradáveis, atende aos conceitos de qualidade ambiental
(MISIRLI, 2002).
Figura 9: Lauril Éter Sulfato de Sódio.
Fonte: Peres (2005).
2.5.2.2 Amida 60
A amida 60 é um tensoativo não iônico compatível com a maioria dos
tensoativos aniônicos, catiônicos, anfotéricos. Indicado para fabricação de detergentes
líquidos e produtos de limpeza em geral, proporcionando espessamento, ação emoliente,
sobreengordurante, devolvendo a oleosidade natural da pele. Em concentrações normais
de uso, promove e estabiliza a espuma. Em misturas com LASNa e Alquil Éter Sulfatos,
exerce ação sinérgica potencializando a detergência (TEBRAS, 2009).
Quando utilizados em conjunto com álcool laurílico sulfatado, com LESS e com
LASNa, neutralizado, em formulações de detergentes líquidos, ocorre forte interação
entre o grupo amida e os íons sulfato e sulfonato dos tensoativos aniônicos,
proporcionando aumento da solubilidade e da espuma, do espessamento do sistema. É
especialmente importante em condições de lavagem com presença de gorduras, porque
modificam a estrutura da espuma, tornando-a rica, densa e com grande número de
bolhas de pequeno tamanho (OXITENO, 2009).
2.5.3 REFORÇADORES DE LIMPEZA OU BUILDERS
Builders são de grande importância para muitas aplicações em detergentes. A
principal função de um Builder é fornecer um amolecimento rápido e eficiente da água de
lavagem em uma ampla gama de condições (BAUER, 2009). Dentre os fosfatos, duas
formas de fosfatos de sódio têm sido usados como builders de detergentes: tripolifosfato
de sódio - Na5P3O10 - (STPP), que é a forma mais comumente usados, e pirofosfato
tetrassódico - Na4P2O7 - (TSPP). STPP, um dos construtores que é comumente utilizado
38
em detergentes, principalmente para suavizar a água pelo seqüestro de íons de dureza,
formando complexos estáveis e solúveis com os cátions causadores de dureza da água
na solução de lavagem e impedindo a sua deposição no tecido e na máquina de
lavagem. Também é eficaz na remoção de partículas. Além disso, ajuda a prevenir a
redeposição da sujeira sobre os tecidos lavados e fornece um tampão para o solução de
lavagem em um pH desejado, proporcionado alcalinidade à solução. A composição de
fosfato no detergente é normalmente formulada para eficácia em regiões de água dura e
macia (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001; RANEY, 2009).
2.5.3.1 Problemas ambientais
Fosfatos, apesar de um bom desempenho como builders, estão sob maior
escrutínio devido aos seus efeitos adversos sobre o ambiente. Uma vez que os fosfatos
são nutrientes, a sua presença no despejo de água pode resultar em um processo de
eutrofização, que causa o crescimento de organismos vegetais em a água, levando a
uma quantidade reduzida de oxigênio disponível para a vida aquática. Isto tem levado a
esforços para reduzir o nível de fosfatos em detergentes de forma a limitar tais efeitos
nocivos ao meio ambiente (RANEY, 2009).
A Resolução CONAMA nº 359 de 2005 regulamentou o teor de fósforo e
estabeleceu os critérios para a utilização de fósforo na formulação de detergentes em pó
para o uso no mercado nacional, visando a redução e a eventual eliminação do aporte de
fósforo dessa fonte nos corpos d’água. Ficou estabelecido que o limite máximo de P2O5
em formulações deve ser de 10,99% e o limite máximo de fósforo deve ser de 4,80%
(BRASIL, 2005).
2.5.3.2 Substitutos de fosfatos inorgânicos
Os substitutos mais promissores para os fosfatos são as zeólitas,
aluminossilicatos cristalinos que substituem os cátions causadores da dureza por cátions
de sódio (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001).
Ca2+(aq) + 2 Na-zeólita(s) 2 Na+(aq) + Ca-zeólita(s)
A composição química da zeólita na forma sódica pode ser representada pela
fórmula genérica Nax {(AlO2)x(SiO2)y} z H2O (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001).
39
Em termos de volume de produção, Na-zeólita tipo A é um dos mais importantes
builders em formulações de lavagens domésticas. Por exemplo, a capacidade de ligação
do cálcio é de 165 mg de CaO por grama de zeólita. A capacidade de ligação de um
zeólito de íons multivalentes remonta à sua estrutura cristalina particular. A estrutura
porosa é construída a partir gaiolas ligadas por canais, e os íons de sódio constituintes
são trocadas facilmente contra íons divalentes de dureza da água (BAUER, 2009).
2.5.4 AGENTES COMPLEXANTES
Assim como vários polifosfatos são usados no tratamento da dureza da água, o
acido etilenodiaminotetracético (EDTA) também é usado para a mesma função nos
detergentes. O EDTA é um agente complexante forte, que possui quatro átomos de
oxigênio e dois átomos de nitrogênio coordenantes em cada molécula. O EDTA forma
complexos hexacoordenados com a maioria dos íons metálicos em solução, desde que o
pH seja corretamente ajustado. O cálcio e o magnésio são facilmente complexados pelo
EDTA, por isso seu emprego como complexante da dureza da água (LEE,1999).
Os agentes sequestrantes têm a função de complexar íons responsáveis pela
dureza da água, principalmente os íons Cálcio (Ca+2), Magnésio (Mg+2) e Ferro (Fe+3).
São responsáveis portanto, pelo aumento da estabilidade dos sistemas onde os mesmos
são empregados. Entre os principais sequestrantes utilizados na formulação de um
detergente lava-louça, destacam-se o EDTA, EHDP e o Heptanoato de Sódio. O
sequestrante também exerce outro papel muito importante, que é o da potencialização do
sistema conservante. Este fato ocorre, pois, retirando os íons do meio, essenciais ao
crescimento das bactérias dificultam mais ainda o aparecimento das mesmas (MISIRLI,
2002).
2.5.5 SOLVENTES
Os detergentes são projetados para efeitos especiais, incluindo o reforço da
detergência pela incorporação de vários tipos de solventes. Para cuidar dos vários
aspectos relativos às aplicações de detergentes, formulações utilizando certos tipos de
solventes são concebidas tendo em vista os fatores que influenciam a detergência. Além
disso, ajuda a inibição do poder de espuma e estabilidade de espuma, além de
40
proporcionar estabilidade à forma física da composição detergente (KANDHAL et al.,
2009).
A presença de solventes nas formulações de detergentes traz várias influências
positivas ao desempenho de detergentes (KANDHAL et al., 2009):
1. Aprimoramento da atividade surfactante;
2. Aumento da resistência à dureza da água e construtores;
3. Efeito anti-redeposição;
4. Solubilização da sujeira líquida;
5. Dispersão de sujeiras sólidas por difusão.
2.5.6 CONSERVADORES
O propósito dos conservadores é proteger todos aspectos dos produtos contra o
ataque microbiológico antes e durante o consumo. A integridade dos produtos em termos
de eficácia, fragrância, aparência e estabilidade devem ser mantidas. São numerosos,
mas apenas poucos são regularmente vistos no mercado. Eles são escolhidos pela sua
eficácia (permitem o uso de baixos níveis), pelo longo prazo de estabilidade (até 3 anos)
e pela segurança à saúde humana e ao meio ambiente (SIQUET, 1999).
2.5.6.1 Formol e seus substitutos
O formaldeído é um conservante largamente utilizado por ser barato, muito
estável e compatível com quase todos as matérias-primas usadas para formulação de
produtos de limpeza. É efetivo contra bactérias, mofos e leveduras (SIQUET, 1999).
Porem considerando a necessidade de estabelecer lista de conservantes e
respectivas concentrações para utilização na formulação de produtos saneantes e
considerando a necessidade de banir o conservante formaldeído das formulações de
produtos saneantes, devido a sua reconhecida carcinogenicidade e atual classificação
toxicológica pela IARC (International Agency for Research on Cancer), a ANVISA
publicou em 2008 a Resolução RDC Nº35, que proibe o uso do formaldeído em produtos
saneantes, assim como concentrações dos demais conservantes superiores às
permitidas (BRASIL, 2008).
41
As isotiazolinonas tornaram-se as substâncias mais indicadas para substituir o
formaldeído. São conservantes muito efetivos em níveis baixíssimos de uso, também
compatíveis com quase todas as matérias-primas de produtos domissanitários, podendo
atuar em faixa de pH ácido a moderadamente básico e largo espectro de atividade
microbiana (SIQUET, 1999).
2.5.7 CORANTES
Fabricantes de sabões e detergentes por muitos anos têm dado a seus produtos
uma aparência atrativa única, com apelo consumidor, provendo seus produtos com cores
distintas. Na verdade, algumas cores são tão associadas com dado produto, que os dois
tornam-se sinônimos. Um segundo beneficio do uso de corantes é esconder a cor natural
dos ingredientes da formulação. Sabões e detergentes líquidos, por exemplo,
freqüentemente têm cor de palha ou âmbar. Conseqüentemente, a adição de corantes dá
um brilho muito mais chamativo ao produto (MAHAFFEY JR, 1999).
A tonalidade da cor é influenciada pelo tipo e aspecto da formulação e pela
compatibilidade do corante com componentes da formulação. Assim, um estudo do
boletim técnico do corante poderá ser de grande ajuda. A escolha da tonalidade pode
muitas vezes estar relacionada à experiência do formulador e sua percepção das cores
(PEDRO, 2006a).
Os principais fatores que influenciam a estabilidade de um corante na
formulação são: (i) solubilidade na formulação, (ii) compatibilidade com substâncias
aniônicas ou catiônicas ou mesmo oxidantes, (iii) compatibilidade do corante com o pH do
meio, (iv) concentração, (v) contaminação por microrganismos e (vi) estabilidade do
corante quanto à exposição à luz e ao calor. Testes rigorosos de estabilidade acelerada
em estufas ou câmaras climatizadas em diferentes temperaturas e na presença de luz
devem ser realizados no sentido de se avaliar a resistência dos corantes no produto final
e influência que sofrem das embalagens (PEDRO, 2006a).
2.5.7 FRAGRÂNCIAS
O termo fragrância está relacionado ao perfume, aroma, cheiro e odor produzido
por uma substância ou mistura de substâncias, que pode(m) ser de origem natural ou
sintética. As fragrâncias constituem um dos principais modificadores das características
42
organolépticas dos produtos cosméticos e sua função vai além da necessidade de
mascarar o odor da base, que em alguns casos pode ser desagradável. Atualmente, a
fragrância é um ponto fundamental no desenvolvimento de um novo produto e precisa
harmonizar-se com seus atributos e com as expectativas e psicologia do consumidor
(PEDRO, 2006b).
2.5.8 ÁGUA
A água é considerada, em termos de quantidade, como uma das principais
matérias-primas na fabricação de produtos de limpeza. Além da incorporação em muitos
produtos, a água também é utilizada em sistemas de resfriamento, na geração de vapor,
bem como em procedimentos de limpeza e sanitização de máquinas, equipamentos,
tubulações de transferência e mangueiras (SÃO PAULO, 2000).
43
3. UNIDADE EXPERIMENTAL
Este trabalho foi desenvolvido durante um estágio realizado na Psiu Indústria e
Comércio de Produtos de Limpeza, localizada Rua Odorico Nery com Deputado Juracy,
s/n, Qd. 30 Lt. 16, na Vila Maria, em Aparecida de Goiânia (GO), durante o período de
janeiro a novembro de 2009. Inicialmente fez-se uma revisão de literatura sobre o
aproveitamento de óleos residuais para produção de sabão, em seguida foram feitas nos
laboratórios de química da UEG análises da qualidade do óleo de fritura e do sabão
obtido. A parte de desenvolvimento do produto e finalmente os testes de desempenho
foram realizados no laboratório da empresa.
3.1 ANÁLISE DO ÓLEO RESIDUAL
Obteve-se para realização do experimento uma amostra de 2 litros de óleo de
cozinha de várias matrizes vegetais (soja, milho e girassol) utilizados em fritura. A
amostra foi filtrada e os índices de acidez, de peróxido e de saponificação determinados
pelos métodos de analise de óleos do Instituto Adolfo Lutz. O peso molecular médio, o
índice de esterificação e o teor de glicerina do sabão foram determinados seguindo a
metodologia sugerida por Siviero (1994).
3.1.1 FILTRAÇÃO DO ÓLEO USADO
A amostra de óleo, que estava à temperatura ambiente, foi filtrada com algodão
em funil de vidro, retirando os resíduos de alimentos que havia.
3.1.2 ÍNDICE DE ACIDEZ
3.1.2.1 Material
Balança analítica, frasco Erlenmeyer de 125 mL, proveta de 50 mL e bureta de
10 mL.
3.1.2.2 Reagentes
Solução de éter-álcool (2:1) neutra
44
Solução fenolftaleína
Solução de hidróxido de sódio 0,1 M
3.1.2.3 Procedimento
Pesou-se 2 g da amostra em frasco Erlenmeyer de 125 mL. Adicionou-se 25 mL
de solução de éter-álcool (2:1) neutra. Adicionaram-se duas gotas do indicador
fenolftaleína. Titulou-se com solução de hidróxido de sódio 0,1 mol/L ate o aparecimento
da coloração rósea, a qual devera persistir por 30 segundos.
3.1.2.4 Cálculos
Em que:
v = volume em mL de solução de hidróxido de sódio 0,1 mol/L gasto na titulação
f = fator da solução de hidróxido de sódio
P = massa em grama da amostra
3.1.3 ÍNDICE DE PERÓXIDO
3.1.3.1 Material
Balança analítica, frasco Erlenmeyer de 125 ou 250 mL com tampa esmerilhada,
proveta de 50 mL, pipeta graduada de 1 mL, bureta de 10 mL com sub-divisões de 0,05
mL.
3.1.3.2 Reagentes
Acido acético
45
Clorofórmio
Solução de tiossulfato de sódio 0,01 N
Amido solúvel
Iodeto de potássio
Solução de acido acético-clorofórmio (3:2) v/v
Solução saturada de iodeto de potássio – 30 g de iodeto de potássio em 21 mL de água
destilada. Conservada em frasco âmbar e preparada no mesmo dia de sua utilização.
Solução de amido 1% m/v
3.1.3.3 Procedimento
Pesou-se (5 ± 0,05) g da amostra em um frasco Erlenmeyer de 250 mL.
Adicionou-se 30 mL da solução acido acético-clorofórmio 3:2 e agitou-se até a dissolução
da amostra. Adicionou-se 0,5 mL da solução saturada de KI e deixou-se em repouso ao
abrigo da luz por exatamente um minuto. Acrescentou-se 30 mL de água e titulou-se com
solução de tiossulfato de sódio 0,01 N, com constante agitação. Continuou-se a titulação
ate que a coloração amarela tenha quase desaparecida. Adicionou-se 0,5 mL de solução
de amido indicadora e continuou-se a titulação até o completo desaparecimento da
coloração azul. Preparou-se uma prova em branco, nas mesmas condições e titulou-se.
3.1.3.4 Cálculo
Em que:
A = volume em mL da solução de tiossulfato de sódio 0,01N gasto na titulação da
amostra
B = volume em mL da solução de tiossulfato de sódio 0,01 N gasto na titulação do branco
N = normalidade da solução de tiossulfato de sódio
f = fator da solução de tiossulfato de sódio.
P = massa em gramas da amostra
46
3.1.4 ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO
3.1.4.1 Material
Frascos Erlenmeyer de 250 mL, condensador de água e banho-maria ou chapa
aquecedora com controle de temperatura.
3.1.4.2 Reagentes
Solução de ácido clorídrico 0,5 mol/L
Hidróxido de potássio
Solução de fenolftaleína
Álcool
Solução alcoólica de hidróxido de potássio a 4% m/v
3.1.4.3 Procedimento
Pesou-se uma quantidade de amostra, de tal modo que sua titulação
correspondeu de 45 a 55% da titulação do branco, 4,505 gramas. Adicionou-se 50 mL da
solução alcoólica de KOH. Preparou-se um branco e procedeu-se ao andamento
analítico, simultaneamente com a amostra. Conectou-se o condensador e deixou ferver
suavemente até a completa saponificação da amostra (aproximadamente uma hora, para
amostras normais). Apos o resfriamento do frasco, lavou-se a parte interna do
condensador com um pouco de água. Desconectou-se o condensador, adicionou-se 1 mL
do indicador e titulou-se com a solução de acido clorídrico 0,5 mol/L até o
desaparecimento da cor rósea.
3.1.4.4 Cálculo
A = volume gasto em mL na titulação da amostra
B = volume gasto em mL na titulação do branco
f = fator da solução de HCl 0,5 mol/L
P = massa em gramas da amostra
47
3.1.5 PESO MOLECULAR MÉDIO
O peso molecular médio é foi obtido através do índice saponificação, pois o
produto dos dois é 56.000.
Índice de saponificação x Peso molecular médio = 56.000
3.1.6 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE ESTERIFICAÇÃO
Em gorduras completamente neutras o índice de esterificação é igual é igual ao
índice de saponificação. Caso a gordura não seja neutra, o índice de esterificação é a
diferença entre a saponificação e a acidez.
Índice de saponificação – Índice de acidez = índice de esterificação
3.1.7 RENDIMENTO EM GLICERINA
A partir do índice de esterificação obteve-se o teor de glicerina.
Teor de glicerina = 0,547 x Índice de esterificação
3.2 SAPONIFICAÇÃO DO ÓLEO DE FRITURA USADO
3.2.1 MATERIAIS
Manta aquecedora, balão de destilação de 2000 mL e condensador de refluxo.
3.2.2 REAGENTES
Água destilada
Álcool etílico 95°GL
Hidróxido de sódio
Óleo de fritura usado
48
3.2.3 PROCEDIMENTO
Para saponificação do óleo vegetal, pesou-se 55,31 g de NaOH (quantidade
determinada pelo índice de saponificação) com excesso de 20 % e dissolveu-se em
66,38 g de água destilada formando uma solução 50 % (m/m). Depois, em um balão de
fundo redondo de 2000 mL, colocou-se 400 g do óleo vegetal, 300 mL de álcool etílico
96°GL e a solução de NaOH. Acoplou-se o balão a um condensador de refluxo e
aqueceu-se em uma manta por 2 horas (Figura 10).
Figura 10: Representação esquemática do processo de saponificação realizado em
laboratório.
As porcentagens e as massas das matérias primas para obtenção do sabão
encontram-se na Tabela 4.
Tabela 4: Porcentagens e as massas das matérias primas para obtenção do sabão.
Matéria prima Massa (g) %
Óleo de fritura 400 48
Álcool etílico 96°GL 300 36
NaOH 66,38 8
Água destilada 66,38 8
Total 832,8 100
49
3.2.4 SECAGEM DO SABÃO
Secou-se o sabão obtido do óleo de fritura em temperatura ambiente até que
mesmo atingisse peso constante, obtendo-se um sabão base.
3.2.5 RENDIMENTO DO SABÃO
O rendimento foi calculado dividindo-se a massa do sabão seco obtido pela
massa teórica do sabão. Pesou-se 32,4 g sabão não-seco e deixou-se secar até peso
constante.
3.3 FORMULAÇÃO DO LAVA ROUPAS
Para a formulação do lava-roupas líquido, primeiramente, estudou-se diversas
formulações possíveis, levando em conta o efeito de cada ingrediente nas proporções
propostas e custos das mesmas para o produto final.
3.3.1 PROCEDIMENTO
Produziu-se 400g de cada formulação. O sabão base foi dissolvido em água
destilada fervida. As massas dos componentes para cada fórmula foram obtidas
multiplicando-se a massa final pela porcentagem de cada componente nas fórmulas.
3.4 ANÁLISE DO LAVA-ROUPAS
Para comparar as formulações de lava-roupas líquido produzidas a partir do
sabão, adquiriu-se três amostras de lava-roupas produzidas a partir de ácido sulfônico. A
amostra da Marca A, ainda não foi lançada no mercado. As amostras das Marcas B e C
já figuram nas gôndolas de supermercados.
3.4.1 pH
Preparou-se uma solução a 10% dissolvendo 5g do lava-roupas em 45 mL de
água destilada, em seguida mediu-se o pH em pHmetro Tecnal modelo Tec-3MP.
50
Repetiu-se o procedimento para todas formulações obtidas e para as amostras das
marcas A, B e C.
3.4.2 VISCOSIDADE
A viscosidade dinâmica foi medida em viscosímetro Brookfield modelo LV +/-.
Dependendo da faixa de viscosidade da amostra, seleciona-se o fuso (spindle)
adequado. A seguir, mergulha-se o fuso diagonalmente na amostra com temperatura
estabilizada, conforme especificado, isenta de bolhas, até a marca (sulco) da haste do
fuso, e nivela-se o aparelho. Verificada a ausência de bolhas junto ao fuso, procede-se à
leitura da viscosidade, de acordo com o procedimento operacional do aparelho.
3.4.3 PODER ESPUMANTE
Para o teste de poder espumante fez-se uma solução 2g/ L de todas as
amostras. O poder espumante foi obtido pela agitação vigorosa de um cilindro graduado
(proveta) de 30 mL durante 5 segundos, medindo-se a altura ou volume da espuma após
cessar a agitação.
3.4.4 DESEMPENHO DE LAVAGEM
Para testar o desempenho de lavagem, sujaram-se dois tecidos de algodão de
25 cm2, um com 10 g de molho catchup e outro, molhado com água, sujo com poeira
aderida na superfície de vidro de janelas. Os tecidos foram deixados ao sol para
secagem. Em seguida foram lavados em máquina de lavar (tanquinho), usando 130 g de
lava-roupas em 12 litros de água, durante 10 minutos. Após a lavagem, enxaguou-se em
água corrente e deixou-se para secar em temperatura ambiente. Realizou-se o
procedimento para cada um dos lava-roupas.
Para comparar o efeito de limpeza de cada um dos lava-roupas, fotografou-se
cada tecido, antes e depois das lavagens.
51
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 ANÁLISE DO ÓLEO RESIDUAL
A amostra de óleo de fritura apresentou-se escuro, turvo e com resíduos de
alimentos. Após ser filtrado, apresentou aspecto límpido e transparente, porem ainda com
coloração escura quando comparado com óleos vegetais refinados sem uso. A coloração
indica que este óleo sofreu degradação durante os períodos em que este foi usado em
frituras.
4.1.1 ÍNDICE DE ACIDEZ
Os resultados obtidos pelo ensaio do índice de acidez encontram-se na Tabela
5.
Tabela 5: Resultados obtidos pela análise do índice de acidez.
Amostra Massa (g) Volume
(mL)
Índice de
acidez
Índice de
acidez em
soluçao
molar (v/m)
Índice de
acidez em
ácido
oléico
(m/m)
1 2,024 3,10 0,82 1,46 0,41
2 2,005 3,15 0,84 1,50 0,42
3 2,005 2,90 0,78 1,38 0,39
Média 2,011 3,05 0,81 1,45 0,41
[NaOH] (mol/L) 0,1 Fator de
correção 0,095541401
O índice de acidez de 0,81 está acima do valor máximo (0,60) permitido pela
Instrução Normativa Nº49, de 22 de Dezembro de 2006, do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA). Esse valor indica que este óleo sofreu hidrólise das
ligações ésteres nos triglicerídeos, durante o aquecimento a altas temperaturas na
presença da umidade proveniente dos alimentos.
52
4.1.2 ÍNDICE DE PERÓXIDO
Os resultados obtidos pelo ensaio do índice de peróxido encontram-se na Tabela
6.
Tabela 6: Resultados obtidos pela análise do índice de peróxido.
Amostra Massa (g) Volume (mL) Índice de peróxido
(mEq/kg)
1 5,008 6,25 10,78
2 5,002 6,65 13,29
3 5,008 6,55 13,08
Média 5,006 6,48 12,95
Branco 0,000 0,85 -
Normalidade 0,01 Fator de
correção 1
O índice de peróxido de 12,95 mEq/kg indica que este óleo sofreu elevada
alteração oxidativa, pois este valor cinco vezes maior que o máximo permitido pela
legislação. Alteração que tem como origem o alto teor de ácidos graxos insaturados
presentes nos óleos de soja, milho e girassol, variando de 20 a 35% de ácido oléico e 50
a 60% de ácido linoléico. Estes ácidos graxos decompõem-se rapidamente em peróxidos,
gerando radicais livres, quando expostos a temperaturas altas.
4.1.3 ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO
O índice de saponificação obtido foi 98,6 mg de KOH/g de óleo. Esse valor é
baixo, se comparado com os valores de óleos refinados (Tabela 3), o que indica que este
óleo pode ter sofrido reação de polimerização, pois quanto maior o peso molecular,
menor é o índice de saponificação. Essa provável polimerização ocorre por isomerização
e conjugação das duplas ligações muito presentes nesse óleo.
53
A partir do índice de saponificação obteve-se o peso molecular médio de ácidos
graxos, 567,95 g/mol, um valor alto que corrobora com a polimerização, e então, ácidos
graxos com longas cadeias carbônicas e/ou ramificadas. Na seqüência, calculou-se o
índice de esterificação, obtendo o valor de 97,79, e a partir deste valor chegou-se ao teor
de glicerina de 53,49 mg/g ou 5,349% de rendimento.
4.2 SAPONIFICAÇÃO DO ÓLEO DE FRITURA
Na saponificação do óleo de fritura, o uso de 20% de excesso em peso de
NaOH garantiu a saponificação total do óleo. Após o período de saponificação (2 horas)
se encerrar, obteve-se o sabão com o resfriar do meio reacional. O sabão obtido
apresentou consistência de “pudim”, de coloração creme e forte odor alcoólico.
4.2.1 SECAGEM DO SABÃO
O sabão foi deixado para secar em temperatura ambiente para que todo álcool
do meio reacional evaporasse, e assim obteve-se o “sabão base”. Este sabão base
apresentou-se seco e de consistência dura.
4.2.2 RENDIMENTO DO SABÃO
Das 32,4 g do sabão deixadas para secar, após 10 dias, obteve-se uma massa
de 20,4 g, ou seja, 37% da massa original evaporou-se, que condiz com os 36% de álcool
usados na saponificação, mais certa quantidade de presente no sabão. O rendimento
obtido do sabão foi de 98,4%.
4.3 FORMULAÇÃO DO LAVA-ROUPAS
Depois de estudadas diversas possibilidades de formulações, chegou-se às
seguintes formulações (Tabela 7).
54
Tabela 7: Formulações desenvolvidas com suas composições em porcentagens.
Componente
Formulação (%, p/p)
1 2 3
Água destilada 84,9 83,7 83,4
Sabão base 13 13 13
LESS 27¹ 0,8 1 0,8
Álcool etílico 0 2 0
EDTA² 0,1 0,1 0,1
STPP³ 1 1 2,5
Corante q.s.p.* q.s.p.* q.s.p.*
Fragrância 0,1 0,1 0,1
Formol 37% 0,1 0,1 0,1
¹Lauril éter sulfato de sódio 27% (p/p)
²Tetrassódico
³Tripolifosfato de sódio
*q.s.p.=quantidade suficiente para o produto
Na dissolução do sabão base, a adição de água quente aumenta solubilidade do
sabão e a velocidade com que este se dissolve. Depois de dissolvido, obteve-se uma
solução de coloração amarelada, ligeiramente viscosa e translúcida e com odor
característico de sabão. Depois de adicionada as outras matérias primas, na ordem em
que aparecem na Tabela 7, obtiveram-se os lava-roupas projetados. Visualmente todas
as formulações apresentaram aspecto translúcido de coloração verde azulada, devido o
uso de corante turquesa. Olfativamente, todas as formulações apresentaram acentuado
odor característico da fragrância utilizada. Esses fatos indicam que tanto o corante
quanto a fragrância foram eficientes no mascaramento da cor e do odor originais do
sabão.
O uso de sabão a 13% em peso se deve ao fato de que este se torna insolúvel
em solução aquosa quando ultrapassa 15%. A porcentagem escolhida é suficiente para
comparar com qualquer lava-roupas líquido convencional, e ainda garantir que não ocorra
a turvação das formulações desenvolvidas devido à precipitação do sabão. As
porcentagens dos outros componentes foram escolhidas de acordo com os efeitos
desejados e previstos dos mesmos.
55
4.4 ANÁLISE DO LAVA-ROUPAS
4.4.1 TESTE DE PH E VISCOSIDADE
Os resultados dos teste de pH e viscosidade se encontram na Tabela 8.
Tabela 8: Resultados obtidos da leitura do pHmetro e do viscosímetro.
Fórmulação
pH Viscosidade Dinâmica
pH
(10%) T (°C) mPa Torque rpm T (°C) Fator
Viscosidade
(cP)
1 9,80 26,1 61,2 19,6 60 29,3 20 1224,0
2 9,80 26,1 91,2 14,6 30 29,3 2 182,4
3 9,79 26,0 85,6 13,8 30 29,3 40 3424,0
Marca A 8,24 25,9 72,5 11,6 30 29,3 40 2900,0
Marca B 7,92 26,0 309,9 49,7 30 29,3 2 619,8
Marca C 8,29 26,1 407,7 26,1 12 29,3 100 40770,0
Pela análise da Tabela percebe-se que o pH das soluções a 10% dos lava-
roupas desenvolvidos com sabão apresentam valores de pH praticamente iguais entre si.
Analisando o pH dos lava-roupas comerciais, a Marca C apresentou valor mais alto
dentre elas e a Marca B o menor, porém são menos básicos que os lava-roupas de
sabão. O pH alcalino colabora para o uso do formol, pois as izotiazolinonas, substitutas
mais promissoras do formol, são instáveis em pH alcalino, como o dos lava-roupas
desenvolvidos com sabão, alem de encarecerem o preço final dos produtos.
Deve-se ressaltar que todas as amostras a 10%, apresentam pH inferior ao
máximo permitido de 11,5 para uma solução a 1%, como consta na Resolução Normativa
nº. 1, de 25 de outubro de 1978 da ANVISA (BRASIL, 1978)
Em relação à viscosidade, a ordem crescente é: Formulação 2 < Marca B <
Formulação1 < Marca A < Formulação 3 < Marca C. A menor viscosidade da Formulação
2 se deve a presença de álcool a 2%, que solubiliza as micelas, mesmo com um
acréscimo de 0,2% de LESS 27. Comparando-se a Formulação 1 com a Formulação 3, o
aumento da viscosidade se deve ao aumento 1% para 2,5% em peso de tripolifosfato de
56
sódio de uma formulação para a outra. O aumento na concentração desse eletrólito
promove um maior empacotamento das micelas formadas pelo sabão em solução.
Quanto maior a viscosidade do lava-roupas, mais aceito ele é pelo consumidor,
pois este tende a crer que um produto mais “grosso” (viscoso) é um produto mais
concentrado e com maior capacidade limpeza. De certa forma, esse conceito é
verdadeiro, pois os aumentos na concentração de agente ativo, de reguladores de
espuma e de reforçadores de limpeza aumentam a viscosidade. Algumas substâncias,
como carboximetilcelulose, são usadas para aumentar a viscosidade do produto, porém
sem aumento no poder de detergência, o que seria uma forma de “enganar” o
consumidor.
Quanto aos lava-roupas comerciais, é difícil fazer uma análise apurada dos
valores de viscosidade para os mesmos, pois as composições de suas formulações são
segredos industriais e não são revelados para o publico. O alto e discrepante valor de
viscosidade encontrado para formulação da Marca C, pode ser motivado por possíveis
bolhas de ar no interior do líquido durante a análise, já que este lava-roupas tem
coloração branca e opaca, que impede a visualização das bolhas, interferindo na leitura
desse parâmetro.
4.4.2 PODER ESPUMANTE
O poder espumante testado para as formulações com sabão e para as
formulações comerciais apresentaram resultados extremamente diferentes entre os dois
grupos. Os volumes de espuma obtidos no teste estão demonstrados na Figura 11.
57
Figura 11: Volumes de espuma atingidos após agitação vigorosa durante 5 segundos de soluções aquosas de lava-roupas a 2g/L.
O poder espumante das formulações de sabão obtido pelo ensaio é
insignificante se comparado aos resultados encontrados para as formulações comerciais.
No grupo das formulações com sabão, o maior volume de espuma,1,0 mL, foi conseguido
pela Formulação 1, e o menor volume de espuma, 0,4 mL, obtido para a Formulação 2 é
condizente com a presença do álcool na formulação. O álcool inibe o poder espumante
ao cessar a hidrólise do sabão em solução aquosa. O excesso de STPP na Formulação 3
também inibiu o poder espumante, atingindo 0,6 mL. O baixo poder espumante dos
sabões tem justificativa no longo comprimento da cadeia carbônica apolar. Os melhores
sabões espumantes são aqueles produzidos com óleo de coco. Este óleo é composto em
sua maioria de ácidos graxos de comprimento curto, com 12 átomos de carbono, como o
acido láurico. No grupo dos lava-roupas com acido sulfônico, as três marcas
apresentaram poder espumante praticamente idêntico, 12,0 mL para as Marcas B e C. A
Marca A apresentou 10,0 mL de espuma.
Em média, as formulações comerciais apresentaram poder espumante 17 vezes
maior que o poder espumante das formulações com sabão. O alto poder espumante das
formulações comerciais tem a ver com o apelo consumidor desses produtos. Como
donas de casa e consumidores têm a falsa impressão de que quanto mais espuma se
produz, mais eficiente é a limpeza, o fabricantes adicionam em suas formulações
reforçadores e estabilizantes de espuma, como alcoóis graxos etoxilados (lauril éter
sulfato de sódio, amidas, betaínas, etc.).
58
4.4.3 TESTE DE LAVAGEM
Os testes de lavagem apresentaram resultados significativos do ponto de vista
da comparação do desempenho de lavagem das formulações desenvolvidas com sabão
de óleo residual em relação às formulações comerciais compostas de ácido sulfônico,
pois nenhum dos tecidos foi limpo por completo. Isso não quer dizer que estes produtos
não desempenham seu papel com qualidade, mas que o método empregado na lavagem
pode não ser o mais adequado e que necessita de ajustes. Como o tempo de lavagem foi
limitado a 10 minutos pode não ter ocorrido a difusão completa da sujeira na solução de
lavagem ou a velocidade de remoção da sujeira é lenta.
A ineficiência do método não influencia a avaliação da limpeza das formulações
testadas, visto todas foram testadas em condições iguais. Também se considera que os
tipos de sujeiras empregadas requerem um pouco mais de esforço para serem removidas
por completo durante lavagens reais.
Fazendo um comparativo das fotografias dos tecidos sujos, antes e depois das
lavagens, percebe-se uma melhor limpeza nos tecidos lavados com os lava-roupas de
sabão. A Formulação 1, como pode ser visto na Figura 12, teve desempenho satisfatório,
eliminando quase toda sujeira sólida e quase toda sujeira líquida, restando apenas
manchas claras.
A Formulação 2 teve desempenho bom, para ambas sujeiras. principalmente na
remoção da mancha de catchup (Figura 13). A explicação que se tem é que o álcool
presente em 2% atua solubilizando as sujeiras liquidas, no caso do catchup e tem papel
anti-redeposição sobre as sujeiras sólidas.
59
Figura 12: Tecidos sujos com poeira e catchup (esquerda) antes e depois (direita) da lavagem com a Formulação 1.
Figura 13: Tecidos sujos com poeira e catchup (esquerda) antes e depois (direita) da lavagem com a Formulação 2.
60
No caso da Formulação 3, obteve-se bom desempenho na remoção da sujeira
líquida e para sujeira sólida um resultado não tão bom quando comparada às
Formulações 1 e 2 (Figura 14). Visto que esta formulação contem 2,5% em peso de
STPP, enquanto que as outras possuem apenas 1%, esperava-se que esta formulação
lavasse melhor, pois o aumento da concentração desse eletrólito causa uma diminuição
da concentração micelar crítica, significando um efeito mais forte na detergência.
Figura 14: Tecidos sujos com poeira e catchup (esquerda) antes e depois (direita) da lavagem com a Formulação 3.
Para as lavagens com lava-roupas comerciais de ativo sintético a Marca A teve bom desempenho eliminando quase todas as manchas, sendo que este resultado foi melhor para a sujeira líquida (Figura 15). Comparando com os resultados já apresentados para as formulações com sabão, esta teve resultado similar ao da Formulação 1.
61
Figura 15: Tecidos sujos com poeira e catchup (esquerda) antes e depois (direita) da lavagem com a Marca A.
As manchas remanescentes, muito fortes e evidentes para os dois tipos de
sujeira, indicam que o desempenho da Marca B (Figura 16) foi consideravelmente,
insatisfatório e inesperado, visto que esta última é bem difundida no mercado. Esse
produto obteve a pior lavagem dentre as formulações testadas.
O lava-roupas da Marca C, obteve resultado similar ao lava-roupas da Marca A,
com leve vantagem na limpeza da sujeira sólida (Figura 17).
Fazendo um comparativo entre todas as formulações testadas, a Formulação 2
destacou-se com o melhor desempenho de lavagem entre as formulações desenvolvidas
com sabão de óleo de fritura residual, também apresentando desempenho superior às
formulações comerciais.
62
Figura 16: Tecidos sujos com poeira e catchup (esquerda) antes e depois (direita) da lavagem com a Marca B.
Figura 17: Tecidos sujos com poeira e catchup (esquerda) antes e depois (direita) da lavagem com a Marca C.
63
Há de se ressaltar que as formulações desenvolvidas espumaram bem durante o
teste de lavagem, algo que parece contraditório levando em consideração os resultados
obtidos pelo poder espumante dessas formulações. No teste de lavagem, a solução
aquosa de limpeza estava mais concentrada que a usada na determinação do poder
espumante além da agitação vigorosa que a maquina de lavar impõe nesse meio, porém
as espumas produzidas pelas formulações comerciais apresentaram-se intensas que as
últimas.
A grande quantidade de espuma produzida pelas formulações comerciais, pode
ter interferido no processo de limpeza, pois a camada de ar criada pela espuma interfere
no processo de detergência ao dificultar a agitação mecânica. Para as formulações com
sabão, a baixa produção de espuma tornou-se vantajoso para o processo de detergência,
agindo de forma oposta a que ocorreu no caso dos lava roupas comerciais.
64
5. CONCLUSÃO
Ficou demonstrado, com os resultados obtidos nesse trabalho que é possível,
desenvolver um produto de qualidade e eficaz, usando como matéria prima óleo de fritura
residual, um produto nocivo tanto para a saúde quanto para o meio ambiente. Os lava-
roupas cumpriram a função para a qual foram desenvolvidos, lavando tecidos e
promovendo a limpeza de modo igual ou melhor que os lava-roupas comerciais. A
Formulação 1 foi a que melhor retirou a sujeira sólida (poeira), a Formulação 3 é a que
melhor retirou sujeira líquida (catchup) e a Formulação 2 apresentou bom desempenho
para ambas sujeira. Fazendo um balanço entre essas formulações, tem-se que a mais
eficiente foi a formulação 2. Conclui-se então que o lava-roupas desenvolvido com sabão
a partir do óleo de fritura residual é um produto com qualidade e desmpenho comparável
aos lava-roupas comercias que usam em sua composição o ácido sulfônico como agente
ativo.
65
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