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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Enfermagem TÂNIA REGINA SANCINETTI ABSENTEÍSMO POR DOENÇA NA EQUIPE DE ENFERMAGEM: TAXA, DIAGNÓSTICO MÉDICO E PERFIL DOS PROFISSIONAIS SÃO PAULO 2009

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO Escola de Enfermagem

    TNIA REGINA SANCINETTI

    ABSENTESMO POR DOENA NA EQUIPE DE ENFERMAGEM: TAXA, DIAGNSTICO MDICO E

    PERFIL DOS PROFISSIONAIS

    SO PAULO 2009

  • TNIA REGINA SANCINETTI

    ABSENTESMO POR DOENA NA EQUIPE DE ENFERMAGEM: TAXA, DIAGNSTICO MDICO E

    PERFIL DOS PROFISSIONAIS

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo, para obteno do ttulo de Doutor em Enfermagem.

    rea de concentrao: Enfermagem

    Orientadora: Prof. Dr. Raquel Rapone Gaidzinski

    So Paulo 2009

  • Autorizo a reproduo total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrnico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada

    a fonte.

    Assinatura: __________________________ Data: ___/___/___

    Catalogao na Publicao (CIP) Biblioteca "Wanda de Aguiar Horta"

    Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo

    Sancinetti, Tnia Regina. Absentesmo por doena na equipe de enfermagem: taxa,

    diagnstico mdico e perfil dos profissionais. / Tnia Regina Sancinetti. So Paulo, 2009.

    113 p.

    Tese (Doutorado) - Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo. Orientadora: Prof Dr Raquel Rapone Gaidzinski.

    1. Sade ocupacional 2. Profissionais de enfermagem 3. Licenas (taxas) 4. Trabalho 5. Hospitais universitrios. I. Ttulo.

  • Tnia Regina Sancinetti

    Absentesmo por doena na equipe de enfermagem: taxa, diagnstico mdico e perfil dos profissionais

    Tese apresentada Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Doutor em Enfermagem.

    Aprovado em: ___/___/___

    Banca Examinadora

    Prof. Dr. ____________________________ Instituio: _____________ Julgamento: ________________________ Assinatura: ____________

    Prof. Dr. ____________________________ Instituio: _____________ Julgamento: ________________________ Assinatura: ____________

    Prof. Dr. ____________________________ Instituio: _____________ Julgamento: ________________________ Assinatura: ____________

    Prof. Dr. ____________________________ Instituio: _____________ Julgamento: ________________________ Assinatura: ____________

    Prof. Dr. ____________________________ Instituio: _____________ Julgamento: ________________________ Assinatura: ____________

  • Aos Profissionais de Enfermagem do Hospital Universitrio da Universidade de So Paulo.

    Aos meus filhos, Rafael e Luciana.

  • AGRADECIMENTOS

    Prof. Dra. Raquel Rapone Gaidzinski, pelo exemplo de vida.

    Ao Prof. Dr. Paulo Andrade Lotufo, Superintendente do Hospital Universitrio, por apoiar a realizao da pesquisa.

    s Professoras Doutoras Fernanda Togeiro Fugulin e Vanda Elisa Andres Felli, pelas sugestes durante o exame de qualificao.

    Aos Diretores da Diviso de Enfermagem Clnica, Cirrgica Materno-Infantil, meus amigos Antonio, Noemi e Alda, pelo apoio incondicional.

    A Adriana Nori, Martha Rumiko Kayo Hashismoto, Ana Lucia Mendes Lopes, Claudia Moraes, pela unio das equipes.

    A Lgia Fumiko Minami, Ana Cristina Balsamo e enfermeiras do Servio de Apoio Educacional, pelas conversas reanimadoras.

    Ao Senhor Raul Gaidzinski, pela dedicao na realizao do tratamento estatstico deste estudo.

    A Jane Prado, pelo valioso auxlio no decorrer da tese.

    A Elisabete Bueno, pela memria.

    s Docentes da Escola de Enfermagem da USP, pelo conhecimento compartilhado.

    Aos funcionrios do Hospital Universitrio da USP, pela convivncia.

  • Sancinetti TR. Absentesmo por doena na equipe de enfermagem: taxa, diagnstico mdico e perfil dos profissionais. [tese] So Paulo (SP): Escola de Enfermagem, Universidade de So Paulo; 2009.

    RESUMO

    Estudo de natureza quantitativa, descritiva, transversal, elaborado com o objetivo de identificar e analisar o absentesmo por doena, dos profissionais de enfermagem do Hospital Universitrio da USP, no perodo de janeiro a dezembro de 2007. A metodologia foi desenvolvida em duas etapas: caracterizao demogrfica dos profissionais e anlise e caracterizao das ausncias quanto aos tipos de afastamento, aos diagnsticos mdicos, taxa de absentesmo por doena, relao com a taxa de ocupao do Hospital e ao custo mdio estimado. O quadro de profissionais foi constitudo, em mdia, de 647 profissionais, destes 362 apresentaram absentesmo por doena: 69 (19,1%) enfermeiros, 212 (58,6%) tcnicos de enfermagem, 78 (21,5%) auxiliares de enfermagem e trs (0,8%) atendentes. Os afastamentos por doena foram classificados em: licena por falta abonada (FA); licena por falta compensada por folga (FO), licena-mdica com at 15 dias (LM), licena- mdica acima de 15 dias (INS) e licena-mdica acima de 15 dias, porm iniciadas antes de 2007 (IN). A idade mdia dos profissionais ausentes por doena, o sexo e o tempo de experincia no condicionaram o absentesmo por doena. Possuem em mdia 1,5 filhos, 83% reportaram trabalhar em um emprego e despenderem cerca de 50min no trajeto para o trabalho. O salrio bruto, dos enfermeiros foi de R$ 4.958,32, dos tcnicos/auxiliares de enfermagem R$ 2.650.07 e de R$ 1.360,94 para os atendentes de enfermagem. A quantidade de licenas concedidas, em 2007, aos 362 profissionais foram 762 licenas que representaram 6.245 dias de absentesmo por doena ao trabalho, correspondendo a LM 67,6%, FA 10,8%, FO 12,1%, INS 5,0% e IN 4,5%. Os tcnicos de enfermagem apresentaram a maior quantidade de licenas por doena, e os auxiliares de enfermagem a maior de dias de ausncias. Quanto unidade de origem, os maiores percentuais de licenas ocorreram na Clnica Cirrgica, no Pronto-Socorro Adulto e na Clnica Mdica. Na unidade de Pronto-Socorro Adulto, proporcionalmente ao quadro da unidade, ocorreu a maior quantidade de profissionais ausentes por doena. Na Clinica Mdica, 73 licenas geraram a quantidade mais elevada de dias de ausncias (1.216). O total do tempo em dias de ausncia por doena foi de 11.948 dias, no ano, sendo: 5.757 dias (48,2%) IN; 3.552 dias (29,7%) INS e 2.470 dias (20,75%) LM; 101 dias (0,8%) FO; 68 dias (0,6%) FA. A menor ocorrncia de licenas por doena foi no turno da noite e a maior no turno da manh. As doenas sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo representaram 4.957 dias (41,5%) de ausncias e os transtornos mentais e comportamentais 3.393 dias (28,4%). As LM representaram 83,5% do custo estimado. O percentual mensal de licenas por doena foi inversamente proporcional taxa de ocupao. A taxa de absentesmo por doena da equipe de enfermagem, em 2007, foi 5,3%, as licenas INSS representaram 4,2% e as LM 1,1%. A poltica de cobertura, por contratao temporria, do absentesmo por doena poder contribuir para diminuir a sobrecarga de trabalho, possibilitando condies mais seguras de trabalho aos profissionais de enfermagem.

    PALAVRAS-CHAVE: Absentesmo. Recursos Humanos (Dimensionamento). Profissionais de Enfermagem. Licenas (Taxas). Gerenciamento em Enfermagem. Trabalho.

  • Sancinetti TR. Sickness absenteeism among hospital nursing staff: rate, medical diagnosis and professional profile [thesis]. So Paulo (SP), Brasil: Escola de Enfermagem, Universidade de So Paulo; 2009.

    ABSTRACT

    The aim of this quantitative, descriptive and transversal study was to identify and analyze sickness absenteeism in the nursing staff of the University Hospital-USP, from January to December 2007. Methodology was carried-out in two phases: professionals demographic characterization and analyze and characterization of absences regarding type of leave, medical diagnosis, rate of sickness absenteeism, relationship with rate of Hospital occupation and with the mean estimated cost. The professional chart consisted of, on average, 647 professionals, of which 362 presented sickness absenteeism: 69 (19.1%) nurses, 212 (58.6%) nursing technicians, 78 (21.5%) nursing assistants and three (0.8%) hospital attendants. Sick leaves were classified into: leave due to excused absence (EA); leave of absence, performing overtime work in non-work days (NW), medical leave up to 15 days (ML), and medical leave for more than 15 days (EML) and medical leave more than 15 days but started before 2007 (BML). The professionals mean age for sickness absenteeism, sex and expertise time did not correlated absenteeism to disease. The professionals had an average of 1.5 children, 83% reported to have a job and they expended about 50 minutes in the way to the workplace. The gross income of the nurses was R$ 4,958.32 and R$ 2,650.07 for technicians/nursing assistants and R$ 1,360.94 for nursing attendants. The total of leaves granted in 2007, for the 362 professionals was 762 leaves representing 6.245 days related to sickness absenteeism, corresponding to ML 67.6%, EA10.8%, NW 12.1%, EML 5.0% and BML 4.5%. The nursing technicians presented the greater rates of sick leaves and nursing assistants presented the greatest rate of absences. Regarding unit of origin of the greatest leave rates occurred in Surgical Clinic, Adult First-Aid Clinic and Medical Clinic. In the Adult First-Aid, proportionally in relation to the unit size, occurred the greatest number of sick leaves. In the Medical Clinic 73 leaves triggered a greater rate of absent days (1,216). The total amount of days on sick leave was 11,948 days, per year, of which: 5,757 days (48.2%) BML; 3,552 days (29.7%) EML and 2,470 days (20.765%) ML; 101 days (0.8%) NW; 68 days (0.6%) EA. The lower occurrence due to disease was observed at the night shifts and the greater in the morning shifts. Diseases of the osteomuscular system and connective tissue represented 4.957 days (41.5%) of absences and psychological and behavioral disorders 3,393 days (28.4%). The ML represented 83.5% of the estimated cost. Monthly percentage of leaves per disease was inversely proportional to the occupation rate. Sick absenteeism rate in the nursing staff, in 2007, was 5.3%, INSS* leaves represented 4.2% and MD 1.1%. Coverage Policies for temporary contract, sickness absenteeism may contribute to decrease work overload, allowing more safe conditions of working for the nursing professionals.

    * INSS= (Social Security Office in Brazil)

    KEYWORDS: Absenteeism. Human Resources (Dimensioning). Nursing professionals. Leave (Rate). Nursing Management. Work.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Quadro de pessoal do Departamento de Enfermagem por Diviso, HU-USP. So Paulo (2007).................................................................................38

    Figura 2 - Tipos de licenas doena concedidas aos profissionais de enfermagem, HU-USP. So Paulo (2007)....................................................47

    Figura 3 - Distribuio por categoria profissional dos profissionais ausentes por doena e da equipe de enfermagem, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).................................................................................52

    Figura 4 - Comparao da distribuio percentual dos ausentes por doena com a equipe de enfermagem, perodo de jan-dez 2007, conforme faixas de idade, HU-USP. So Paulo (2007). ..............................................................53

    Figura 5 - Distribuio dos profissionais ausentes e da equipe de enfermagem conforme o sexo, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). ...........................................................................................................55

    Figura 6 - Estado civil dos profissionais de enfermagem ausentes por doena, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).................................56

    Figura 7 - Distribuio da quantidade de filhos dos profissionais ausentes por doena, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007)...................58

    Figura 8 - Distribuio da experincia profissional dos ausentes por doena e da equipe de enfermagem, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). ...........................................................................................................60

    Figura 9 - Distribuio percentual dos ausentes, conforme o intervalo de tempo de deslocamento de casa ao trabalho (minutos), perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). ...............................................................62

    Figura 10 - Distribuio dos profissionais de enfermagem da equipe e ausentes conforme as unidades de origem, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). .........................................................................................66

    Figura 11- Proporo das ausncias em relao ao quadro da equipe de enfermagem das unidades, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007)..................................................................................................67

  • Figura 12 - Distribuio dos profissionais ausentes por doena, da quantidade de licenas concedidas por tipo e tempo (em dias) das ausncias, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007)..............................................69

    Figura 13 - Distribuio da frequncia e do tempo das ausncias por doena em relao aos turnos de trabalho, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007)..................................................................................................71

    Figura 14 - Distribuio dos principais diagnsticos que motivaram licenas autorizadas pela chefia (falta abonada), perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).................................................................................74

    Figura 15 - Distribuio dos principais diagnsticos que motivaram licenas compensadas por folgas, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007)..................................................................................................74

    Figura 16 - Distribuio dos principais diagnsticos mdicos que motivaram licenas com o benefcio do INSS, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). .........................................................................................75

    Figura 17 - Distribuio dos diagnsticos mdicos que motivaram as licenas-mdicas, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). ................76

    Figura 18 - Proporo dos grupos das doenas relacionadas no CID-10 que geram dias de ausncias no servio, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007)..................................................................................................78

    Figura 19 - Composio do grupo de doenas do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (41,5% das ausncias), perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).................................................................................80

    Figura 20 - Representao grfica da Distribuio dos subgrupos transtornos mentais e de comportamento em relao a quantidade de licenas e ao tempo em dias, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). ...........................................................................................................82

    Figura 21 - Distribuio das licenas por doena e da taxa mdia de ocupao mensal, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007)...................85

    Figura 22 - Valor percentual de absentesmo por doena conforme a categoria profissional da equipe de enfermagem, perodo de jan-dez 2007. So Paulo (2007)..................................................................................................87

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Distribuio da taxa mdia mensal da ocupao das unidades de internao do HU-USP em 2007. .................................................................49

    Tabela 2 - Distribuio da quantidade mdia dos profissionais que apresentaram licena por doena e mdia dos profissionais da equipe no perodo, conforme a categoria profissional, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). .........................................................................................51

    Tabela 3 - Distribuio das idades dos profissionais ausentes por doena e da equipe de enfermagem, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). ...........................................................................................................53

    Tabela 4 - Sexo dos profissionais ausentes por doena e da equipe de enfermagem, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). .........54

    Tabela 5 - Distribuio do estado civil dos profissionais ausentes por doena, HU-USP, perodo de jan-dez 2007. So Paulo (2007). ......................................56

    Tabela 6 - Distribuio dos profissionais ausentes por doena conforme a quantidade de filhos, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). ...........................................................................................................57

    Tabela 7 - Distribuio dos profissionais ausentes por doena conforme a quantidade de empregos, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007)..................................................................................................59

    Tabela 8 - Distribuio da experincia profissional dos ausentes, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). ........................................................60

    Tabela 9 - Distribuio do tempo de deslocamento at o servio, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). ........................................................61

    Tabela 10 - Valor mdio das faixas salariais dos profissionais ausentes por doena, com base no salrio mdio de 2007, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).................................................................................63

  • Tabela 11 - Distribuio de profissionais da equipe, profissionais ausentes, das licenas e do tempo em dias de ausncias, segundo unidade de origem, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). ..................64

    Tabela 12 - Distribuio dos profissionais ausentes por doena, da equipe de enfermagem e da relao percentual, segundo a unidade de origem, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).................................65

    Tabela 13 - Distribuio do total de profissionais ausentes por doena, da quantidade de licenas concedidas por tipo e do tempo (em dias) das ausncias, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). .............68

    Tabela 14 - Distribuio da quantidade de profissionais da equipe de enfermagem; das licenas por doena e dos dias de ausncia dos profissionais ausentes conforme o turno de trabalho, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).................................................................................70

    Tabela 15 - Demonstrativo da quantidade e tipo de licena de acordo com os diagnsticos mdicos (CID) referidos, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).................................................................................72

    Tabela 16 - Relao dos principais grupos de doenas que acometem os profissionais com relao quantidade de licenas e de dias de ausncia, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007)................77

    Tabela 17 - Distribuio dos subgrupos das doenas do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo em relao quantidade de licenas e ao tempo em dias, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007)..................79

    Tabela 18 - Distribuio dos subgrupos transtornos mentais e de comportamento em relao quantidade de licenas e ao tempo em dias, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). ..................................................81

    Tabela 19 - Estimativa do custo em R$ referente aos dias de absentesmo por doenas, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).................83

    Tabela 20 - Ausncias ocorridas mensalmente e taxa mdia de ocupao, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007)..............................................84

  • LISTA DE APNDICES

    Apndice A. Instrumento I - Coleta de Dados Demogrficos ................................101

    Apndice B. Instrumento II - Planilha de Ausncias por Doena...........................102

    Apndice C. Formulrio Access............................................................................103

    Apndice D. Total das doenas relacionadas ao CID-10 ocorridas nas licenas e o tempo em dias de ausncia ..........................................................104

  • LISTA DE ANEXOS

    Anexo A. Organograma do Departamento de Enfermagem..................................111

    Anexo B. Parecer da Comisso de tica em Pesquisa.........................................112 Anexo C. Encargos sociais e trabalhistas incidentes sobre o salrio bruto

    mensal dos celetistas .........................................................................113

  • LISTA DE ABREVIATURAS

    AC Alojamento Conjunto AHA American Heart Association AMB Ambulatrio BER Berrio BML Medical leave for more than 15 days but started before 2007 CC Centro Cirrgico CCIH Controle de infeco hospitalar CD Conselho Deliberativo do HU-USP CDE Conselho Deliberativo de Enfermagem CEP Comit de tica em Pesquisa CEPEUSP Centro de Prticas Esportivas da USP CGE Conselho Gestor de Enfermagem CLC Clnica Cirrgica CLM Clnica Mdica CLT Consolidao das Leis Trabalhistas CME Central de Material e Esterilizao CNPq Conselho Nacional de Pesquisa Cientfica CO Centro Obsttrico COMEP Comisso de Ensino e Pesquisa COSEAS Coordenadoria de Assistncia Social CTE Conselho Tcnico de Enfermagem DE Departamento de Enfermagem DEC Diviso de Enfermagem Cirrgica DECLI Diviso de Enfermagem Clnica DEMI Diviso de Enfermagem Materno-Infantil DEPE Diviso de Enfermagem Pacientes Externos DIAL Hemodilise EA Excused absence EEUSP Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo ELE Eletroencefalograma EML Medical leave for more than 15 days ENDO Endoscopia FA Licena por Faltas Abonadas FO Licena compensada por folgas

  • HD Hospital-Dia HU-USP Hospital Universitrio da Universidade de So Paulo IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IC Intervalo de confiana IN Licena-mdica acima de 15 dias, porm iniciada antes de 2007 INS Licena-mdica acima de 15 dias, concedidas em 2007 INSS Instituto Nacional do Seguro Social IST ndice de Segurana Tcnica LM Licena-mdica com at 15 dias ML Medical leave up to 15days NW Non-work days OIT Organizao Internacional do Trabalho OMS Organizao Mundial da Sade PAD Assistncia domiciliar PED Unidade de Pediatria PSA Pronto-Socorro Adultos PSI Pronto-Socorro Infantil RAD Servio de Radiologia RH Recursos Humanos SAME Servio de Arquivo Mdico e Estatstica SEd Servio de Apoio Educacional SHE Servio de Higiene Especializada SISUSP Sistema Integrado de Sade da Universidade de So Paulo SND Servio de Nutrio e Diettica SRA Sala de Recuperao Anestsica SUPER Assessoria Superintendncia SUS Sistema nico de Sade UBAS Unidade Bsica de Assistncia Sade UBS Unidade Bsica de Sade UTIA Unidade de Terapia Intensiva Adulto UTIP Unidade de Terapia Intensiva Peditrica UTIs Unidades de Terapia Intensiva

  • SUMRIO

    Apresentao .........................................................................................................17

    1 INTRODUO.....................................................................................................21

    2 OBJETIVOS ........................................................................................................32 2.1 Geral.................................................................................................................33 2.2 Especficos .......................................................................................................33

    3 METODOLOGIA..................................................................................................34 3.1 TIPO DE ESTUDO............................................................................................35 3.2 CENRIO DA PESQUISA ................................................................................35 3.3 ASPECTOS TICOS........................................................................................44 3.4 POPULAO / AMOSTRA DO ESTUDO.........................................................44 3.5 ETAPAS METODOLGICAS DO ESTUDO .....................................................45 3.5.1 Caracterizao dos profissionais ausentes por doena .................................45 3.5.2 Identificao do absentesmo por doena......................................................46 3.5.2.1 Clculo da taxa de absentesmo por doena ..............................................48

    4 RESULTADOS E DISCUSSO ...........................................................................50 4.1 CARACTERSTICAS DEMOGRFICAS...........................................................51 4.1.1 Categoria profissional ....................................................................................51 4.1.2 Idade..............................................................................................................52 4.1.3 Sexo ..............................................................................................................54 4.1.4 Estado Civil....................................................................................................56 4.1.5 Quantidade de Filhos.....................................................................................57 4.1.6 Quantidade de Empregos ..............................................................................58 4.1.7 Tempo de Experincia Profissional................................................................59 4.1.8 Tempo de Deslocamento para o Hospital ......................................................61 4.1.9 Faixa salarial..................................................................................................62 4.2 CARACTERIZAO DO ABSENTESMO POR DOENA ...............................63 4.2.1 Unidade de origem.........................................................................................63 4.2.2 Tipos de licena por profissionais ausentes...................................................67

  • 4.2.3 Tipos de licena por turno de trabalho ...........................................................70 4.2.4 Diagnsticos mdicos atestados ou referidos ................................................71 4.2.4.1 Principais grupos de doenas, quantidade de licenas e os dias de ausncias ...............................................................................................................76 4.2.5 Levantamento do custo mdio anual estimado por absentesmo por doena....................................................................................................................82 4.2.6 Relao da proporo de licenas por doena em funo da taxa de ocupao do Hospital .............................................................................................83 4.2.7 Taxa de absentesmo por doena..................................................................85

    5 CONCLUSO......................................................................................................88

    REFERNCIAS ......................................................................................................92 APNDICES.........................................................................................................100 ANEXOS ..............................................................................................................112

  • APRESENTAO

  • Apresentao 18

    A motivao para a presente investigao nasceu das experincias da pesquisadora ao longo de sua trajetria profissional, em suas vrias inseres no Hospital Universitrio da Universidade de So Paulo (HU-USP) que lhe proporcionaram um olhar crtico-reflexivo s questes que se referem ao gerenciamento de pessoas nas atividades de trabalho.

    O dia-a-dia da grande parte das pessoas engajadas no trabalho organizacional caracterizado por muitos confrontos entre a vida privada, a vida pblica e a vida profissional.

    A conciliao dos interesses e expectativas das pessoas com os da organizao uma questo complexa. H dificuldade de formulao de instrumentos e prticas de gesto que permitam a conciliao satisfatria. A busca da valorizao humana no trabalho essencial para sustentar a gesto de pessoas (Dutra, 2004).

    Gesto de pessoas o conjunto das aes gerenciais que visam a gerao de resultados organizacionais pela integrao de diferentes perfis ocupacionais, pelo atendimento de expectativas, pelo conhecimento de interesses e assimilao da cultura de uma unidade ou ambiente coletivo. Portanto, gerenciar pessoas integrar capacidades, visando a resultados (Limongi-Frana, 2008).

    As exigncias do trabalho pressionam os profissionais a se tornarem peas-chave nos resultados das instituies, obrigando-os ao desempenho eficaz que depende de aprendizagem e empreendedorismo, condio que muitos profissionais no conseguem atingir (Malvezzi, 2002).

    A preocupao com o fortalecimento dos valores e da cultura da empresa tem pressionado adequar a cultura do trabalhador na empresa, o que promove o "desmanche" da cultura do indivduo.

  • Apresentao 19

    Nesse contexto e considerando o atual desmanche da cultura, verifica-se a importncia do indivduo construir sua prpria biografia, com o propsito de se guiar, direcionar e articular na sociedade diferentes modalidades e formas de trabalho. Nessa jornada, imprescindvel a utilizao e interiorizao de conceitos, como moral: qualidade de vida e eficcia (Malvezzi, 1994).

    Dutra (2004) considera que os efeitos perversos mais encontrados so: desarticulao conceitual, explorao do trabalhador, deslocamento estratgico e desunio das pessoas.

    O olhar reflexivo sobre o gerenciamento dos profissionais de enfermagem tem possibilitado evidenciar que apesar das estratgias de gesto participativa e do aprimoramento contnuo das relaes e das condies de vida no trabalho adotadas no hospital, onde h 25 anos atuo, tem havido aumento gradativo na taxa de absentesmo por motivo de doena desses profissionais.

    O preocupante cenrio vem sendo tema de pesquisas, sob vrios enfoques, que podem contribuir para que as aes adotadas nas mudanas organizacionais sejam promovidas de forma responsvel, respeitando os tempos e realidades diferentes das pessoas nelas inseridas.

    Dessa forma, na gerncia do Departamento de Enfermagem do HU-USP, senti-me motivada para estudar o comportamento das ausncias por motivo de doena, na perspectiva de contribuir para o conhecimento e colaborar na proposio de estratgias de mudanas dessa realidade.

    Este estudo parte do projeto de pesquisa Mtodos de dimensionamento de profissionais de sade: desenvolvimento de programa aplicativo, financiado pelo CNPq sob n 409359/2006-8, que tem como objetivo o desenvolvimento metodolgico de elaborao e avaliao de um programa aplicativo, destinado integrao e sistematizao dos modelos para dimensionar os profissionais de enfermagem.

  • Apresentao 20

    Assim, insere-se na linha de pesquisa Gerenciamento de recursos humanos em sade e enfermagem e na produo do Grupo de Pesquisa: Gerenciamento de recursos humanos: conceitos e indicadores do processo de dimensionar pessoal de sade.

    Nessa perspectiva, a realizao do presente estudo justifica-se pela necessidade de aprofundar o conhecimento da interface entre o dimensionamento de profissionais de enfermagem e a sade do trabalhador.

    Por fim, importante contribuio poder ser dada com esta investigao, no sentido de sugerir possibilidades para o avano da gesto do trabalho s pessoas que atuam na rea de enfermagem.

  • 1 INTRODUO

  • Introduo 22

    Na enfermagem brasileira, sobretudo nas organizaes de sade pblica, o absentesmo tem merecido ateno, pois vem sendo referido, pelos gerentes e na literatura, como de alto ndice de ocorrncia.

    Vrias abordagens e definies aparecem na literatura para a expresso absentesmo. O termo originou-se de absentismo, aplicado aos proprietrios rurais que abandonavam o campo para viver na cidade. No perodo industrial, a palavra foi usada para definir os trabalhadores que faltavam ao servio (Quick e Lapertosa, 1982).

    Os conceitos e abordagens referentes ao absentesmo so condicionados pela valorizao de diferentes aspectos do fenmeno, sendo assim existem diversas definies para o mesmo termo.

    Para Chiavenato (2000), o absentesmo refere-se frequncia ou durao do tempo de trabalho perdido quando os profissionais no comparecem ao servio. Corresponde s ausncias quando se esperava que estivessem presentes ao trabalho e constitui a soma dos perodos em que os funcionrios se encontram ausentes do trabalho, seja por falta, atraso ou outro motivo interveniente.

    Gaidzinski (1998) considera que o absentesmo comporta-se como varivel aleatria no processo de dimensionamento do pessoal de enfermagem, pois pode ocorrer em qualquer dia do ano. Para uma avaliao das condies de cada unidade, o Servio de Enfermagem poder identificar o quantitativo de ausncias por trabalhador por meio dos registros da instituio durante o perodo de um ou mais anos.

    Conhecer o comportamento dos profissionais em relao a essa varivel e estabelecer ndices compatveis com cada realidade so partes do processo gerencial para determinar a quantidade de profissionais que deve ser acrescentada ao nmero total de trabalhadores de cada categoria para cobertura das ausncias, bem como as medidas necessrias para conter os ndices encontrados (Fugulin, Gaidzinski e Kurcgant, 2003; Johnson, Croghan e Crawford, 2003).

    No presente estudo, os conceitos e a classificao de Gaidzinski (1998) foram adotados para qualificar as ausncias em previstas e no

  • Introduo 23

    previstas. As ausncias previstas so aquelas que podem ser planejadas com antecedncia, como: frias, folgas e feriados e as no previstas caracterizam o absentesmo por no serem previsveis, como: as faltas abonadas, as justificadas e as injustificadas, licena-mdica, maternidade, paternidade, acidentes de trabalho ou outras licenas amparadas por lei (Brasil, 2005) e/ou de direito do trabalhador (nojo, gala, congresso) (Brasil, 1988).

    Em unidades de sade com assistncia ininterrupta, verificou-se que o ndice de reposio esperado, para uma carga horria semanal de 36 horas, foi, em mdia, de 35%, correspondendo: 17% para cobertura das folgas por descanso remunerado; 3,5% para cobertura dos dias de feriados no coincidentes aos domingos; 7,5% para cobertura dos dias de frias e 4% para a cobertura de faltas e licenas (maternidade, mdica, nojo, gala, etc.) (Gaidzinski, Fugulin, Castilho, 2005).

    Pesquisas desenvolvidas por vrios autores (Fugulin, 1997; Gaidzinski et al., 1998; Belm e Gaidzinski, 1998; Farias, Silva e Gaidzinski, 2000; Pavani, 2000; Possari, 2001; Fugulin, Gaidzinski e Kurcgant, 2003; Rogenski, 2006), em diferentes realidades institucionais, demonstraram que as ausncias previstas (folgas e frias) representam o maior percentual na cobertura de pessoal. Dentre essas ausncias, observa-se a predominncia de ausncias por folgas.

    Gaidzinski, Fugulin e Castilho (2005) denominam como ndice de Segurana Tcnica (IST) a quantidade de pessoal necessria para cobertura das ausncias previstas (folgas por descanso remunerado semanal; folgas por feriados no coincidentes aos domingos e frias) e das ausncias no previstas (absentesmo por faltas e por licenas) dos profissionais.

    Em um hospital de grande porte no Municpio de So Paulo, o estudo realizado por Belm e Gaidzinski (1998) demonstrou que a taxa de ausncia prevista foi significativamente maior que as ausncias no previstas. Para a primeira, foi encontrado 52,53% e segunda, 3%.

    O estudo das taxas de ausncias previstas e no previstas uma temtica de grande importncia para o gerenciamento, visto que a qualidade

  • Introduo 24

    dos servios prestados diretamente afetada pela reduo do quadro profissional de qualquer instituio, seja ela de sade ou no (Fugulin, 2002).

    A motivao para a assiduidade atingida pelas prticas organizacionais (recompensas assiduidade e punies ao absentesmo), pela cultura de ausncia (quando as faltas ou atrasos so considerados aceitveis ou inaceitveis) e pelas atitudes, valores e objetivos dos profissionais, evidenciando que a quantidade e a durao das ausncias podem estar relacionadas com a satisfao no trabalho (Chiavenato, 2000).

    As organizaes devem possuir programas de controle de ausncias que focalizem as causas do absentesmo, verifiquem as justificativas das ausncias, definam e comuniquem regras sobre o evento e recompensa dos bons registros de assiduidade, pois cada pequena reduo nesse ndice pode trazer razovel economia organizao (Chiavenato, 2000).

    Na enfermagem, essas ausncias desestruturam a dinmica dos servios, causam sobrecarga de trabalho, alteram a qualidade da assistncia e geram conflitos de equipe e insatisfao (Quick e Lapertosa, 1982; Alves, Godoy, Santana, 2006; Dall'inha, 2006). Alm disso, o absentesmo um problema que compromete seriamente a organizao do trabalho, tanto na questo econmica como na questo humana e que deve ser estudado profundamente no sentido de buscar solues e melhorias para o trabalhador e empregador (Matos, 2003).

    Os profissionais de enfermagem, nas instituies hospitalares, representam a maior fora de trabalho (AHA, 2001; McCue, Mark, Harless, 2003; Castilho, Fugulin e Gaidzinski, 2005).

    Salrios e encargos sociais aplicados aos recursos humanos representam 60% das despesas (Porter e Teisberg, 2004).

    Backes, Lunardi Filho e Lunardi (2006) salientam que o hospital constitui um ambiente onde os profissionais liberam suas potencialidades e compartilham metas. A forma como este espao moldado influencia significativamente na qualidade de vida e satisfao das pessoas.

  • Introduo 25

    O termo qualidade de vida inclui uma variedade de condies que podem afetar a percepo do indivduo, seus sentimentos e comportamentos relacionados com seu funcionamento dirio, incluindo, mas no se limitando, sua condio de sade e s intervenes mdicas (Bullinger, 1993).

    Ciampone, Kurcgant (2005); Marziale (1995); Siqueira, Watanabe e Ventola (1995); Tamayo (1997); Felli e Tronchin (2005) evidenciaram que a natureza do trabalho do cuidado a pessoas, por necessariamente implicar lidar com o sofrimento, dor e morte, desencadeia nos profissionais de enfermagem desgaste psquico intenso, caracterizado pelo estresse, fadiga, desgaste fsico e mental, burnout, sofrimento psquico ou depresso.

    A literatura atribui como principal tipo de absentesmo a incapacidade por doena e os acidentes de trabalho, que abrangem 75% ou a totalidade das ausncias na indstria, sendo justificadas por atestados mdicos, de acordo com as normas legais da Seguridade Social (OIT, 1989).

    Semelhantes resultados foram encontrados para os profissionais de enfermagem (Silva, 1983; Robazzi et al., 1990; Alves, 1994; Echer et al., 1999; Pavani, 2000; Possari, 2001; Fugulin, 2002; Nascimento, 2003; Farias, 2003; Laus, 2003; Matsushita, 2003; Rogenski, 2006; Becker, Oliveira, 2008). Percebe-se, portanto, que as justificativas para a maioria das ausncias ao trabalho, por meio de atestados mdicos so fenmenos mundiais que vm sendo aceitos sem uma anlise mais criteriosa pelas organizaes, como j referido por Alves (1996).

    A legislao brasileira (Brasil, 2005) considera licena-sade as ocorrncias para tratamento, conferidas por meio de atestados mdicos e conhecidas pelos profissionais como licena-mdica, aquela de curta durao paga pela empresa, ou licena Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), quela cujo perodo superior a 15 dias e remunerada pelo INSS e a licena por acidente de trabalho ou em decorrncia do trabalho.

    No HU-USP, foi realizado um extenso estudo por Rogenski (2006) sobre carga de trabalho em enfermagem, chamou a ateno em relao ao absentesmo, pois as licenas-mdicas constituam o tipo mais frequente de

  • Introduo 26

    ausncias. Esse estudo apontou, no perodo de 2001 a 2005, ndices variveis de absentesmo por doena em diferentes unidades de internao.

    Verifica-se nesse estudo, que a mdia encontrada nos ndices de ausncia no prevista na categoria enfermeira variou pouco no perodo (3,2; 2,14; 4,02; 3,98 e 3,87), na categoria tcnico/auxiliar de enfermagem os ndices foram 4,61; 5,54; 6,8; 6,0 e 10,22, demonstrando aumento significativo de ausncia no prevista nessas categorias.

    O estudo de Alves (1996) revelou que, em hospitais pblicos, os ndices de absentesmo total variaram de 4,78 % a 8,98% e, nos privados, de 0,25% a 5,44%. A autora comenta que isso leva a inferir que podem estar ocorrendo maiores mecanismos de controle nos hospitais privados.

    Observa-se tambm que nos hospitais privados existe a prtica de cobertura das ausncias prolongadas (mdica e maternidade) por contratao temporria ou pagamento de horas extras.

    Essa prtica nem sempre possvel nas instituies governamentais em razo da legislao vigente, entretanto a no reposio das ausncias por tempo prolongado causa diminuio do contingente de profissionais e, conseqentemente, h aumento da carga de trabalho para os profissionais de enfermagem, o que poder causar desgaste fsico e emocional para os trabalhadores.

    Vrios autores reconhecem na etiologia do absentesmo um carter multifatorial que contribui para aumentar sua complexidade. Apontam-no como decorrente de uma ou mais classes de fatores causais, tais como: fatores de trabalho, sociais, culturais, de personalidade e doena (Couto, 1987; Gehring Junior, Correa Filho, Vieira Neto, et al., 2007); geogrficos, organizacionais e individuais (OIT, 1989; Johnson, Croghan e Crawford, 2003; Gaidzinski, Fugulin e Castilho, 2005); fsicos, psquicos e sociais (Quick e Lapertosa, 1982); doenas, causas ocupacionais e sociais (McEwan, 1991); fatores ambientais, organizacionais, caractersticas individuais e de personalidade (Borofsky e Smith 1993).

    Essas classes de fatores causais do absentesmo modificam-se dependendo do autor ou tipo de estudo (Chiavenato,1991), tendo sido

  • Introduo 27

    agrupadas causas em razo de doenas efetivamente comprovadas, doenas no comprovadas, razes de carter familiar, atrasos involuntrios, faltas voluntrias por motivos pessoais, dificuldade e problema de transporte, baixa motivao para trabalhar, superviso precria e polticas organizacionais inadequadas.

    Para Valtorta, Sidi e Bianchi (1985), as causas de ausncias possuem componentes culturais e sociais marcantes. Pesquisa realizada com profissionais de um hospital, incluindo a equipe de enfermagem, aponta como fatores explicativos do absentesmo as seguintes circunstncias agravantes: a predominncia do sexo feminino na profisso, a necessidade de exercer outra atividade profissional para complementar a renda familiar, dificuldades para ascender na carreira e sobrecarga de atividades no dia-a-dia. Os autores observaram, tambm, que as licenas de sade, somente 30% estavam relacionadas s causas mdicas e 70% referiam-se a causas sociais.

    Otero (1993) corrobora com esse dado quando, em seu estudo, verificou que a maioria das ausncias no trabalho justificada por atestado mdico, entretanto considerou que isso no significava que todas fossem sempre decorrentes de doenas.

    O fato foi reafirmado em outro estudo indicando que o atestado mdico uma vlvula de escape que o trabalhador encontra para fugir de situaes indesejveis, conflituosas ou at mesmo para demonstrar insatisfao no trabalho (Otero, 1993; Alves, 1996).

    Nessa perspectiva de compreenso, algumas situaes de trabalho emergem como possveis fatores desencadeadores de desgaste, tais como: o ritmo acelerado, as presses da chefia, a falta de reconhecimento do desempenho profissional, a falta de autonomia, a necessidade de ateno constante no desempenho das atividades e o alto nvel de responsabilidade.

    Um grande desafio quanto gesto de pessoas verifica-se no mbito do processo de trabalho da rea da sade, em que a misso

  • Introduo 28

    possibilitar o trabalho das pessoas com atitudes e resultados saudveis (Limongi-Frana, 2008).

    Recentemente psiclogos sociais norte-americanos desenvolveram, com base no conceito de estresse, o conceito de uma sndrome especial de esgotamento profissional - sndrome de burnout - uma reao tenso emocional crnica de pessoas que tratam excessivamente com outros seres humanos. Segundo Tamayo (1997), existe um constructo multidimensional que compreende trs componentes relacionados, mas independentes: exausto emocional, despersonalizao e diminuio da realizao pessoal.

    A Psicodinmica do Trabalho, que tem como principal representante Christophe Dejours, nas dcadas de 1980-1990, tem como preocupao central a relao entre a organizao do trabalho e a sade mental do trabalhador.

    Na primeira fase, os estudos nessa rea tinham a preocupao de investigar o sofrimento e seu surgimento apoiados no confronto do psiquismo/organizao do trabalho. Assim, os pesquisadores do grupo de Dejours centravam sua ateno na dinmica geradora desse sofrimento e na anlise das estratgias individuais e coletivas suscitadas pelo sofrimento advindo do trabalho (Dejours, 2003).

    Na segunda fase, Dejours e sua equipe de pesquisadores passaram a se preocupar com o desdobramento do sofrimento em direo ao polo sade. Nessa perspectiva, as condies para o direcionamento da dinmica da sade mental passam pela constituio de outra instncia - o coletivo de regra. Esta uma estratgia construda pelos prprios trabalhadores, para tentar atenuar o sofrimento no trabalho, no qual estes passam a partilhar a cooperao, a confiana e regras comuns, ou seja, ocorre a instaurao de uma tica em que so estabelecidos alicerces de confiana recproca entre eles (Dejours, 2003).

    Este espao de compartilhamento representa para os trabalhadores o lugar da fala, da expresso coletiva do sofrimento e da busca de mecanismos de transformao da situao vigente. Os

  • Introduo 29

    mecanismos adotados pelos trabalhadores auxiliam no fortalecimento da identidade grupal, pois todos os sujeitos sentem-se reconhecidos e respeitados em suas capacidades e sentimentos.

    Para esses autores, a investigao fornece subsdios para a compreenso de algumas das mais srias dificuldades que se opem conscientizao no processo necessrio transformao do trabalho nocivo em trabalho saudvel e prazeroso.

    Dejours (2003) afirma ainda que este processo contribui para a construo de sentido do trabalho na vida mental do trabalhador, fundamental para a mobilizao conjunta de sentimentos para a sublimao e criatividade.

    Com relao a estudos voltados para o desgaste no trabalho da enfermagem, Zanon, Marziale (2000) buscaram compreender o processo sade-doena vivenciado pelos trabalhadores de enfermagem de um hospital pblico e de ensino no desempenho de seu trabalho.

    A exposio dos trabalhadores de enfermagem a diferentes tipos de cargas, gera processos de desgaste e diminuio da capacidade de trabalho, tanto fsica como psquica. Esses desgastes, condicionados ao perfil da profisso e da pessoa, podem ser evitados se aliados a aes que promovam melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e identificados os processos destrutivos da integridade corporal ou biopsquica para substitu-los por processos favorveis aprendizagem no s de conhecimentos, mas tambm de relaes sociais, de formao de uma identidade social e pessoal e do desenvolvimento das capacidades (Felli e Tronchin, 2005).

    Tais processos no se referem, necessariamente, s doenas diagnosticadas, mas sim ao processo que as concretiza, uma vez que possvel recuperar as perdas e capacidades, bem como desenvolver as potencialidades dos trabalhadores (Felli e Tronchin, 2005).

    Outros estudos tm revelado que o trabalho do cuidado ao paciente remete vivncia tanto do sofrimento como do prazer (Pitta, 1999;

  • Introduo 30

    Takahashi, 1991; Padilha, Vaghetti e Brodersen, 2006; Lunardi e Mazzilli, 1996; Shimizu, 1996; Barboza, 2001).

    Silva; Marziale (2000) realizaram investigao das ausncias por licena-doena, registradas durante um ano, analisaram o adoecimento da equipe de enfermagem de um hospital-escola pela incidncia do absentesmo por doena justificada por atestado ou laudo mdico. Os ndices de absentesmo por doena representaram 72,6% das ausncias no previstas, configurando 494 ausncias que resultaram em 1.491 dias perdidos de trabalho em um ano.

    A qualidade de vida dos trabalhadores de enfermagem depende do modo de organizao e operao de seu trabalho e das estratgias de enfrentamento do grupo, referente s contradies existentes entre os aspectos saudveis e protetores de que esse grupo desfruta e os aspectos destrutivos de que padece, de acordo com sua insero histrica e especfica na produo da sade (Silva; Massarollo, 1998; Peduzzi, Ciampone, 2005).

    O contedo das tarefas e a qualidade das relaes com os colegas de trabalho e com as chefias devem ser analisados, pois podem ser fatores desencadeantes de sofrimento psquico do trabalhador ou fonte de prazer. A transformao do sofrimento em criatividade e, consequentemente, em prazer depende de dois elementos: a ressonncia simblica e espao para discusso coletiva das dificuldades relacionadas ao trabalho (Dejours, 2003).

    Shimizu (1996) verificou que as enfermeiras das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) vivenciavam permanentemente sentimentos de angstia intensa, por causa do medo de que alguma coisa errada pudesse acontecer com os pacientes.

    A autora relata que a maior manifestao de medo foi pelo sentimento de pouco controle sobre a possibilidade de erros, que pudessem ser ocasionados pelos outros elementos da equipe.

    Assim, verificou que os profissionais de enfermagem de nvel mdio, alm de enfrentarem as diversas dificuldades relacionadas

  • Introduo 31

    complexidade tcnica da assistncia aos pacientes crticos, esto expostos, diariamente, s exigncias dos pacientes, familiares e mdicos. No entanto, comumente so pouco valorizados pelos pacientes, pelos superiores e pela instituio, por executarem atividades caracterizadas, como trabalho manual, trabalho este desvalorizado em relao ao trabalho intelectual. Estes, possivelmente, so alguns dos fatores geradores de sofrimento no trabalho.

    Alm disso, observa-se, atualmente, um rpido desenvolvimento tecnolgico e cientfico que vem impulsionando a introduo de grande nmero de equipamentos sofisticados e complexos nos hospitais. A situao faz com que todos os trabalhadores de enfermagem, independente de seu grau de qualificao, enfrentem no dia-a-dia de trabalho as vrias mudanas impostas pela introduo das novas tecnologias.

    O medo e a insegurana so sentimentos, por muitas vezes, despertados pelo desconhecido (Pichon-Rivire, 1986). A inovao ameaa a ordem das coisas j estabelecidas e acomodadas, abala a aparente tranquilidade do ambiente e exige a reestruturao da organizao interna dos profissionais.

    Diante do exposto, delineia-se como questionamento principal: Qual o quantitativo de profissionais de enfermagem que se ausenta do trabalho por doena, no HU-USP? Esta questo conduz aos seguintes desdobramentos: Quais as caractersticas demogrficas e profissionais dos trabalhadores de enfermagem que adoecem? Quais as doenas prevalecentes desse grupo de trabalhadores? Qual o impacto do absentesmo na carga de trabalho da unidade aos profissionais de enfermagem? Quanto representa o custo das ausncias por doena?

    A partir dessas ponderaes, delimita-se o seguinte pressuposto terico: o absentesmo por doena gera sobrecarga de trabalho, comprometendo a segurana do paciente e do profissional de enfermagem.

  • 2 OBJETIVOS

  • Objetivos 33

    2.1 Geral

    Caracterizar o absentesmo dos profissionais de enfermagem por doena de um hospital pblico de ensino.

    2.2 Especficos

    Identificar as caractersticas demogrficas dos profissionais de enfermagem com absentesmo por doena;

    Identificar os tipos de afastamento que determinam o absentesmo por doena;

    Identificar os diagnsticos mdicos que causam o absentesmo por doena;

    Calcular a taxa de absentesmo por doena dos profissionais de enfermagem;

    Comparar a taxa de absentesmo por doena, com a taxa de ocupao das unidades do Departamento de Enfermagem;

    Levantar o custo mdio anual estimado por absentesmo por doena.

  • 3 METODOLOGIA

  • Metodologia 35

    3.1 TIPO DE ESTUDO

    Estudo de natureza quantitativa, descritiva, com investigao do tipo transversal.

    3.2 CENRIO DA PESQUISA

    O cenrio para o desenvolvimento desta pesquisa, o Hospital Universitrio da Universidade de So Paulo (HU-USP), ocupa lugar de destaque no Municpio de So Paulo, considerado como referncia de servio de mdia complexidade, representa excelncia na rea de enfermagem no contexto dos hospitais pblicos de ensino.

    O HU-USP um rgo da USP, integrante do Sistema nico de Sade, inserido na Coordenadoria Regional de Sade Centro-Oeste e tem seus objetivos consolidados por meio do ensino, da pesquisa e da extenso de servios comunidade. Localiza-se no campus da USP, na zona oeste da cidade de So Paulo, ocupando uma rea fsica de 36.000m. um hospital geral de ateno secundria, que dispe de 247 leitos distribudos nas quatro especialidades bsicas: mdica, cirrgica, obsttrica e peditrica.

    Constitui o campo de estgio das faculdades de Medicina, Sade Pblica, Enfermagem, Farmcia e Odontologia. Atualmente, presta assistncia de sade tanto comunidade USP que engloba os servidores, alunos e dependentes, os moradores do Distrito do Butant, servindo de referncia s Unidades Bsicas de Sade (UBS) da regio. Os recursos financeiros so provenientes de dotao oramentria da USP e dos servios prestados ao Sistema Unitrio de Sade (SUS).

    Os rgos da Administrao Superior do HU-USP so o Conselho Deliberativo (CD) e a Superintendncia. O CD constitudo pelos diretores da Faculdade de Medicina, Faculdade de Cincias Farmacuticas, Faculdade de Sade Pblica, Faculdade de Odontologia, Escola de Enfermagem e Instituto de Psicologia, pelo superintendente do HU-USP,

  • Metodologia 36

    pela representao discente e por um representante da comunidade. Uma das principais funes do CD definir as diretrizes bsicas da assistncia mdico-hospitalar, da pesquisa, da cooperao didtica e da prestao de servios mdico-hospitalares comunidade.

    A Superintendncia o rgo de direo executiva que coordena, supervisiona e controla todas as atividades do HU-USP.

    O estatuto do HU-USP assegura que o cargo de Diretor de Departamento de Enfermagem seja necessariamente exercido por um docente da Escola de Enfermagem da Universidade, essa condio objetiva a integrao da assistncia, ensino e pesquisa na rea de enfermagem.

    O Departamento de Enfermagem (DE), com participao efetiva no desenvolvimento e na consecuo dos objetivos institucionais tem sua estrutura organizacional composta de quatro divises: Diviso de Enfermagem Cirrgica (DEC), Diviso de Enfermagem Clnica (DECLI), Diviso de Enfermagem Materno-Infantil (DEMI) e Diviso de Pacientes Externos (DEPE). Estas quatro divises congregam 13 sees e trs setores. O DE agrega, ainda, o Servio de Apoio Educacional (SEd), responsvel pela seleo, treinamento, desenvolvimento e avaliao de desempenho de pessoal.

    A estrutura organizacional do DE apresentada no Anexo A. O DE adota um modelo de gesto participativa, composta por

    Conselhos e rgos de assessoria como a Comisso de tica e Grupos de Estudos. Possui trs Conselhos: Deliberativo de Enfermagem; Gestor de Enfermagem e Tcnico de Enfermagem.

    Os Conselhos tm como finalidade assessorar o DE nas decises relativas ao gerenciamento da equipe de enfermagem, dos recursos materiais e financeiros necessrios para garantir a qualidade do cuidado de enfermagem.

  • Metodologia 37

    O Conselho Deliberativo de Enfermagem (CDE) constitudo por: Diretores do DE, das Divises de Enfermagem e do Servio de Apoio Educacional.

    O Conselho Gestor de Enfermagem (CGE) formado pelos Membros do Conselho Deliberativo de Enfermagem, Chefes de todas as Sees do DE e enfermeiras dos Setores: Hemodilise; Hospital Dia, Programa de Atendimento Domiciliar, Comisso de Controle de Infeco Hospitalar, Unidade Bsica de Assistncia Sade - Campus So Paulo e Gerenciamento de Materiais.

    O Conselho Tcnico de Enfermagem (CTE) constitudo pelos Membros do Conselho Gestor de Enfermagem (CGE) e Tcnicos/Auxiliares de Enfermagem, representantes das sees e setores. Os membros e respectivos suplentes dos Tcnicos e Auxiliares de Enfermagem das Sees/Setores so eleitos por seus pares.

    Desde 1981, o Departamento de Enfermagem adota como proposta assistencial o Processo de Enfermagem de Wanda Aguiar Horta, como um importante norteador da assistncia, do ensino e da pesquisa, contemplando as fases do Histrico de Enfermagem; Prescrio de Enfermagem e Evoluo de Enfermagem e, a partir de 2003, implantou o Sistema de Classificao de Diagnsticos de Enfermagem da North American Nursing Association International - NANDA-I em todas as unidades do HU-USP.

    A equipe de enfermagem prevista composta por 692 membros, representando 40% do total de funcionrios do Hospital.

  • Metodologia 38

    O quadro de profissionais de enfermagem est apresentado na Figura 1.

    DIVISO/SERVIO FUNO DE SEd DECLI DEC DEMI DEPE Diretor de Departamento 01 - - - - - Diretor de Diviso 04 - - - - - Diretor de Servio - 01 - - - - Chefe de Seo - - 2 3 5 04 Enfermeiro 06* 03 37 26 61 34 Tcnico de Enfermagem - - 63 70 99 62 Auxiliar de Enfermagem - - 35 40 68 41 Secretria 02 01 1 - 1 - Tcnico Administrativo - - 2 4 5 2 Tcnico de Apoio Educativo - - - - 1 - Atendente de Enfermagem - - 1 3 3 1 Total 13 05 141 146 243 144

    Figura 1 - Quadro de pessoal do Departamento de Enfermagem por Diviso, HU-USP. So Paulo (2007). Fonte: Servio de Apoio Educacional, HU-USP.

    A Diviso de Enfermagem Clnica (DECLI) integra as unidades: - Clnica Mdica (CLM): possui 44 leitos para atendimento de pacientes, na

    maioria idosos e portadores de doenas crnico-degenerativas. - Terapia Intensiva Adulto (UTIA): composta por 20 leitos, sendo 12

    destinados aos Cuidados Intensivos e oito leitos aos Cuidados Semi- Intensivos.

    - Hemodilise (DIAL): atende de segunda-feira a sbado, das 7 s 19 horas e est organizada para dialisar dez pacientes ambulatoriais por dia e pacientes internados sem condies clnicas de encaminhamento.

    *

    Duas enfermeiras na Superintendncia; uma enfermeira no Gerenciamento de Materiais; duas enfermeiras na Comisso de Controle de Infeco Hospitalar e uma enfermeira no Servio de Higienizao Especializada.

  • Metodologia 39

    A Diviso de Enfermagem Cirrgica (DEC) formada pelas unidades: - Clnica Cirrgica (CLC): dispe de 44 leitos, predominantemente

    ocupados por pacientes submetidos cirurgia geral e ortopdica. A essa clnica, est vinculado o Hospital-Dia (HD), com dez leitos para pacientes cirrgicos e recebe, tambm, pacientes clnicos com necessidade de medicao diria, o atendimento nesse setor ocorre de segunda sexta-feira das 7 s 19 horas.

    - Centro Cirrgico (CC): composto por dez salas operatrias e sete leitos Recuperao Anestsica (SRA), realizam-se cirurgias gerais de pequeno e mdio portes, eletivas, de urgncia e de emergncia.

    - Central de Material e Esterilizao (CME): fornece materiais mdico-odonto-hospitalares para todo o Hospital. O arsenal de instrumentais e utenslios de higiene preparado e distribudo em forma de pacotes e caixas cirrgicas.

    A Diviso de Enfermagem Materno-Infantil (DEMI) integra as unidades: - Centro Obsttrico (CO): com trs reas distintas: o Pronto-Atendimento

    Obsttrico; Pr-Parto, com oito leitos e a rea Restrita, com quatro salas de parto e recuperao ps-parto, segue os princpios que fundamentam o Sistema de Alojamento Conjunto me-filho.

    - Alojamento Conjunto (AC): dispe de 52 leitos sendo 47 leitos para atendimento do binmio me-filho e cinco para intercorrncias obsttricas.

    - Berrio (BER): possui 24 leitos, destinados a recm-nascidos com necessidade de cuidados intermedirios e semi-intensivos ou por motivos maternos.

    - Terapia Intensiva Peditrica e Neonatal (UTIP): dispe de 16 leitos, dez para crianas de 29 dias a 14 anos, 11 meses e 29 dias, e seis leitos para recm-nascido de zero a 28 dias de vida.

    - Pediatria (PED): assiste a pacientes entre 29 dias de vida e 15 anos incompletos, conta com 36 leitos.

  • Metodologia 40

    Todas as unidades possuem sala para preparo de medicao, para procedimentos, copa, rea de apoio administrativo e de materiais.

    A Diviso de Enfermagem Pacientes Externos (DEPE) engloba: - Pronto-Socorro Adulto (PSA): conta com rea para procedimentos

    inerentes a sua destinao e com 11 boxes para observao. O perodo de permanncia em observao varivel e depende da gravidade do paciente, necessidade de internao e disponibilidade de leitos na rede pblica hospitalar.

    - Pronto-Socorro Infantil (PSI): alm das salas de medicao e emergncia, possui dez boxes individuais e dois quartos privativos, para pacientes de zero a 15 anos incompletos que necessitem de observao.

    - Ambulatrio (AMB): de ateno secundria sade, nas reas de Pediatria, Clnica Mdica, Cirrgica, Ginecologia e Obstetrcia, dispe de 52 consultrios, salas para realizao de grupos multiprofissionais de Educao para Sade e salas de medicao, gesso, curativos e para pequenas cirurgias.

    - Endoscopia (END): existem trs salas de exames, duas de preparo e local para observao ps-sedao com quatro boxes. Os procedimentos de emergncia, no perodo noturno e finais de semana, so acompanhados por profissional de enfermagem da Unidade solicitante.

    - Programa de Atendimento Domiciliar (PAD): em mdia 100 pacientes, ficam sob os cuidados da equipe multiprofissional no perodo de estudo. A mdia de permanncia no programa de 6 meses.

    - Servio de Radiologia (RAD): em fase de expanso do parque tecnolgico, rea e pessoal, conta com rea especfica de atendimento a pacientes com necessidade de cuidados de enfermagem.

    - Unidade Bsica de Assistncia Sade (UBAS): destina-se a assistncia primria dos servidores da Universidade de So Paulo.

  • Metodologia 41

    A carga semanal de trabalho dos profissionais de enfermagem do DE de 36 horas semanais. Os profissionais de enfermagem, lotados nas reas de assistncia ininterrupta trabalham em quatro turnos de 6 horas: manh e tarde e nos noturnos 12x36 horas. Durante 2007, cada profissional teve direito a 76 folgas correspondendo s folgas por descanso remunerado semanal, feriados e passagem de planto (esta folga dada aos enfermeiros e profissionais das unidades onde existe a passagem de planto).

    Os profissionais no docentes so regulamentados pela Consolidao das Leis Trabalhistas (CLT).

    Benefcios Quanto aos benefcios financeiros, recebem adicional por jornada

    diria de 12 horas, os profissionais que trabalham no turno da noite, nos finais de semana ou feriados. Adicional de insalubridade ou periculosidade, conforme o setor que est lotado; adicional de tempo de servio, conforme a legislao estadual. O Hospital oferece vale-alimentao (cesta bsica) no valor de R$ 240,00 para os servidores com vencimento base inferior a R$ 6.205,54 (valor correspondente ao nvel Superior II-J da Tabela de vencimentos de dezembro de 2007).

    Gratificao por planto

    Os profissionais que trabalham em esquema de planto de 12 horas, noite, nos finais de semana e feriados recebem uma gratificao por planto de R$ 60,00 para enfermeiros e R$ 50,00 para tcnicos/auxiliares de enfermagem.

    Assistncia sade

    Todos os profissionais contratados pela instituio e seus dependentes tm direito a assistncia sade na Instituio, dentro de seu perfil de ateno secundria, quando h necessidade de assistncia de

  • Metodologia 42

    maior complexidade que o perfil de atendimento do HU-USP so encaminhados s instituies de referncia por meio do SUS ou do Sistema Integrado de Sade da Universidade de So Paulo (SISUSP).

    As licenas-mdicas so atestadas por mdicos do Hospital, pois no h um servio especializado para avaliao e acompanhamento dessas ausncias e das concesses recebidas, com exceo a acidentes de trabalho.

    Alimentao

    Por meio do Servio de Nutrio e Diettica (SND), o HU-USP oferece, gratuitamente, caf da manh aos funcionrios do hospital; o almoo ou jantar subsidiado em 0,15% do salrio, limitado a R$ 2,50 reais por refeio.

    Creches

    O Servio Social da Coordenadoria de Assistncia Social (COSEAS) realiza seleo de carter socioeconmico para concesso de vagas nas creches aos filhos de funcionrios. So quatro creches em So Paulo que aceitam crianas de 4 meses a 6 anos e 11 meses de idade. As inscries ficam abertas permanentemente.

    Alm destas, o HU-USP possui creche para os filhos de funcionrias que amamentam. As crianas permanecem at completar 18 meses.

    Auxilio-Creche

    O funcionrio poder optar pelo valor do auxlio-creche, definido de acordo com a jornada de trabalho do beneficiado com o valor de R$ 373,80 por dependente.

  • Metodologia 43

    Auxlio transporte

    Para concesso do auxlio-transporte, mensalmente apurado o montante das despesas de conduo, multiplicando-se o valor dirio da conduo de sua regio pelo nmero de dias efetivamente trabalhados por servidor.

    O benefcio concedido caso o valor no ms seja superior a 6% da sua remunerao mensal, que corresponder diferena entre o montante das despesas de conduo do servidor e a parcela equivalente a 6% de sua remunerao.

    Atividades esportivas

    O Centro de Prticas Esportivas da USP (CEPEUSP) com rea de 540.000 metros quadrados e uma estrutura dirigida ao esporte e recreao, programas regulares de atividades fsicas, de esportes, de reabilitao fsica e de eventos esportivos. Conta com um estdio de futebol, piscina olmpica, tanque de saltos e conjunto de piscinas mltiplas, veldromo e raia olmpica para remo e canoagem.

    Alm disso, o CEPEUSP possui pista de atletismo, de jogging, minicampo de futebol, quadras de tnis e poliesportivas, alm de ginsio coberto, contendo mdulos para esportes coletivos, ginstica artstica e lutas. Diferentes e variadas modalidades esportivas podem ser praticadas, tais como: atletismo, basquetebol, canoagem, carat, ciclismo, condicionamento fsico, dana aerbica, futebol de campo, ginstica aerbica, ginstica artstica (olmpica), handebol, ioga, jud, musculao, natao, pedestrianismo (jogging), plo aqutico, remo, tnis de campo, voleibol e jogos cooperativos. As programaes podem ser utilizadas por alunos, servidores e seus dependentes (at 18 anos incompletos ou cnjuges), estendendo-se comunidade que participa dos cursos destinados a pessoas no vinculadas USP.

  • Metodologia 44

    H tambm no campus O Parque Esporte para Todos, tambm administrado pelo CEPEUSP, um bosque de 26.632 metros quadrados, com circuito de 1.000 metros para jogging, com aparelhos, sendo sua entrada liberada ao pblico, em geral.

    O Clube dos Funcionrios um espao criado dentro da Universidade com o objetivo de oferecer aos servidores no docentes e seus dependentes oportunidade de lazer.

    3.3 ASPECTOS TICOS

    O projeto de pesquisa foi apresentado Comisso de Ensino e Pesquisa (COMEP) e ao Comit de tica em Pesquisa (CEP) do HU-USP, sendo iniciada a coleta de dados somente aps a aprovao por esses rgos (Anexo B).

    A fim de preservar o anonimato do profissional, as informaes inseridas no formulrio de armazenamento dos dados foram tratadas nas planilhas, a partir do nmero funcional do trabalhador que, aps a conferncia dos referidos dados, foi substitudo por nmero de ordem.

    3.4 POPULAO / AMOSTRA DO ESTUDO

    A populao do estudo constituiu-se de todos os profissionais de enfermagem do DE.

    A amostra do estudo baseou-se nos profissionais de enfermagem, representados pelos enfermeiros assistenciais, tcnicos, auxiliares e atendentes de enfermagem lotados no DE, de janeiro a dezembro de 2007. Nesse perodo, havia, em mdia, 647 profissionais de enfermagem sendo: 174 enfermeiros; 257 tcnicos de enfermagem; 208 auxiliares de enfermagem e oito atendentes de enfermagem.

  • Metodologia 45

    3.5 ETAPAS METODOLGICAS DO ESTUDO

    O estudo foi desenvolvido em duas etapas. A primeira objetivou a caracterizao demogrfica dos profissionais de enfermagem ausentes por doena denominados profissionais ausentes e a segunda, a caracterizao e anlise do absentesmo por doena.

    Inicialmente, a pesquisadora orientou o grupo de enfermeiros-chefe das unidades do DE, em reunio previamente agendada quanto aos objetivos da pesquisa e forma de registro nos instrumentos de coleta de dados (Apndice A) referentes caracterizao demogrfica e ao levantamento do absentesmo por doena dos profissionais de enfermagem (Apndice B) e solicitou que a informao fosse repassada aos demais profissionais de enfermagem, nas passagens de planto sobre a pesquisa que seria realizada durante 2007.

    Ao final de cada ms, a pesquisadora recolhia os instrumentos de coleta de dados, conferia e armazenava as informaes em banco de dados construdo com o programa Microsoft Access (Apndice C).

    3.5.1 Caracterizao dos profissionais ausentes por doena

    Para identificao das caractersticas demogrficas dos profissionais de enfermagem que se ausentaram por doena, foi elaborado um instrumento contendo: nome, unidade de trabalho, nmero funcional, idade, sexo, estado civil, nmero de filhos, nmero de empregos atuais, tempo de experincia na funo, salrio, tempo que percorre de casa ao trabalho (Apndice A).

    Este instrumento foi encaminhado aos enfermeiros-chefes de cada unidade do DE para ser preenchido, quando qualquer profissional de enfermagem apresentasse absentesmo por doena.

    As informaes dos profissionais que no retornaram ao trabalho, excedendo salrio, foram complementadas pelos chefes com os dados fornecidos pelo Setor de Pessoal e pelo SEd do DE.

  • Metodologia 46

    Em respeito questo tica para estimar o salrio dos que no responderam, foi verificado por meio de uma planilha do SEd o tempo de trabalho no Hospital e procedeu-se da seguinte forma: acrescentou-se sobre o salrio base 5% a cada 5 anos de casa (referente aos quinqunios) e, a partir de 20 anos de servio, aumento de um sexto no salrio, chamada sexta parte; no foi includo o vale alimentao nem houve condies de considerar o acrscimo aos salrios referente aos acessos carreira da USP. Estas informaes foram obtidas no site da Universidade de So Paulo (http://www.usp.br/drh).

    As informaes demogrficas referentes a toda equipe de enfermagem do Hospital foram coletadas no SEd.

    3.5.2 Identificao do absentesmo por doena

    Para o levantamento mensal da quantidade e da descrio das ausncias por doena dos profissionais de enfermagem (absentesmo por doena) foi organizado um instrumento em forma de planilha, a ser preenchido pelos enfermeiros-chefe das unidades (Apndice B).

    Os dados que constaram no instrumento foram: nome da unidade, ms, nmero funcional do profissional, categoria funcional, turno de trabalho, tipo de afastamento por doena, data de incio do afastamento, nmero de dias e motivo (diagnstico mdico referido ou citado no atestado - CID).

    No presente estudo, o absentesmo por doena foi categorizado de acordo com o quadro a seguir com os seguintes tipos de licenas concedidas pela chefia ou pelo mdico, como justificativa do perodo de ausncia.

    As licenas por acidente de trabalho foram tratadas como licenas mdicas em razo do baixo registro.

  • Metodologia 47

    Licena chefia c/ falta abonada (FA) ausncia autorizada pela chefia do servio de enfermagem

    Licena chefia c/ falta compensada (FO)

    ausncia autorizada pela chefia do servio de enfermagem com o compromisso do profissional recuperar o dia perdido com dia de folga que no seja a folga semanal remunerada

    Licena-mdica 15 dias em 2007 (INS)

    ausncia autorizada pelo mdico, quando a durao for superior a 15 dias em funo da gravidade da doena, o contrato de trabalho do profissional suspenso, ficando o mesmo com o benefcio da auxilio doena do servio de previdncia social

    Licena-mdica > 15 dias antes 2007 (IN)

    ausncia por licena-mdica semelhante anterior, porm quando iniciada antes do perodo da amostra

    Figura 2 - Tipos de licenas doena concedidas aos profissionais de enfermagem, HU-USP. So Paulo (2007). Fonte: Arquivo da pesquisadora

    Os enfermeiros-chefes foram orientados, quando no houvesse informao sobre o cdigo do CID-10, que deveriam registrar o diagnstico informado pelo profissional como justificativa da ausncia. Isso possibilitou que a pesquisadora transcrevesse o diagnstico referido para o cdigo do CID-10.

    A dcima reviso da Classificao Internacional de Doenas (CID-10) e de problemas relacionados sade da Organizao Mundial da Sade (OMS, 1997) foi utilizada como estrutura de organizao do diagnstico mdico referido pelo profissional quando apresentava a ausncia, se no houvesse a citao do cdigo do CID-10 no atestado mdico.

    Os captulos do CID-10 foram utilizados com base nos ttulos dos 21 captulos e na descrio dos agrupamentos das categorias de trs caracteres. Nos casos em que os atestados apresentavam o cdigo do CID-10 completo, apenas os trs caracteres iniciais foram usados.

    Os diagnsticos das licenas-mdicas no identificados, por serem de longo tempo, foram levantados no SEd ou Servio de Pessoal do HU-USP.

  • Metodologia 48

    iiak

    A estimativa do custo das ausncias por doena, em 2007, foi calculada com base nos seguintes critrios: a) o salrio mensal dos profissionais que receberam licena por doena, foi tomado pelo valor mdio dos salrios da equipe de enfermagem; b) as faltas compensadas no demandam custo, pois as horas de trabalho so repostas; c) as ausncias com benefcio do INSS, ocorridas antes de 2007, no so computadas no clculo do custo; d) so consideradas 6 horas de trabalho de cada dia de ausncia; e) os primeiros 15 dias das ausncias com benefcio do INSS, ocorridas em 2007, foram consideradas no custo, pois o custo dos demais dias so cobertos pelo INSS; f) os dias em que ocorreram faltas abonadas por doena e licenas-mdicas foram computados no custo; e g) encargos referentes aos custos dos dias de ausncia, cobertos pelo Hospital, cuja composio mostrada no Anexo C.

    3.5.2.1 Clculo da taxa de absentesmo por doena

    Para calcular a taxa de absentesmo por doena, por categoria profissional, de cada unidade de trabalho foi aplicada a equao proposta por Gaidzinski (1998).

    100%,

    ,

    =

    iik

    iik

    kaD

    a

    A

    Onde: Ak% = percentual de absentesmo, segundo a categoria profissional k (enfermeiro, tcnico, auxiliar e atendente de enfermagem); = somatria dos dias de ausncias por doena por categoria profissional estudada k; e segundo todos os tipos de licenas-doena (i); D = dias do ano, 365 dias.

  • Metodologia 49

    Utilizou-se a taxa mdia mensal de ocupao das unidades de internao (Tabela 1), fornecida pelo Servio de Arquivo Mdico e Estatstica (SAME), como parmetro de carga de trabalho de enfermagem com a finalidade de verificar a correlao entre as ausncias por doena com a taxa de ocupao.

    Tabela 1 - Distribuio da taxa mdia mensal da ocupao das unidades de internao do HU-USP em 2007.

    MS JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL

    Taxa de ocupao

    70% 79% 80% 73% 75% 75% 75% 76% 79% 76% 80% 73% 76%

    Fonte: Arquivo da pesquisadora

  • 4 RESULTADOS E DISCUSSO

  • Resultados e Discusso 51

    4.1 CARACTERSTICAS DEMOGRFICAS

    Durante o ano de 2007, a equipe de enfermagem constitua-se, em mdia, de 647 profissionais. Desses, 362 apresentaram, pelo menos, uma licena por doena no perodo.

    Os resultados referentes caracterizao dos profissionais que apresentaram absentesmo por doena foram comparados, sempre que possvel com o total de profissionais da equipe de enfermagem.

    4.1.1 Categoria profissional

    Os 362 profissionais ausentes por doena que compuseram a amostra, e o total de profissionais da equipe de enfermagem aparecem proporcionalmente distribudos nas categorias profissionais, apresentadas nos dados da Tabela 2.

    Tabela 2 - Distribuio da quantidade mdia dos profissionais que apresentaram licena por doena e mdia dos profissionais da equipe no perodo, conforme a categoria profissional, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).

    PROFISSIONAIS AUSENTES QUADRO MDIO DA EQUIPE CATEGORIA PROFISSIONAL QTDE. PROPORO QTDE. PROPORO Enfermeira 69 19,1% 174 26,9%

    Tcnico 212 58,6% 257 39,7%

    Auxiliar 78 21,5% 208 32,1%

    Atendente 3 0,8% 8 1,2%

    Total 362 100,0% 647 100,0%

    Fonte: Arquivo da pesquisadora

    Estes valores podem ser melhor visualizados na figura 3 a seguir.

  • Resultados e Discusso 52

    19,1%

    58,6%

    21,5%

    0,8%

    26,9%

    39,7%

    32,1%

    1,2%0,0%

    10,0%

    20,0%

    30,0%

    40,0%

    50,0%

    60,0%

    70,0%

    ENFERMEIRA TCNICO AUXILIAR ATENDENTE

    AUSENTESEQUIPE

    Figura 3 - Distribuio por categoria profissional dos profissionais ausentes por doena e da equipe de enfermagem, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). Fonte: Arquivo da pesquisadora

    A comparao da proporo entre os profissionais da equipe de enfermagem em relao queles que apresentaram ausncia por doena, evidencia diferena significativa (p

  • Resultados e Discusso 53

    Tabela 3 - Distribuio das idades dos profissionais ausentes por doena e da equipe de enfermagem, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).

    AUSENTES POR DOENA EQUIPE DE ENFERMAGEM INTERVALO DE CLASSE QUANTIDADE PROPORO QUANTIDADE PROPORO 19 |---- 28 52 14,4% 90 13,9% 28 |---- 35 61 16,9% 106 16,4% 35 |---- 42 67 18,5% 122 18,9% 42 |---- 49 109 30,1% 195 30,1% 49 |---- 56 55 15,2% 101 15,6% 56 |---- 64 18 5,0% 33 5,1%

    SOMA 362 100,0% 647 100,0% Fonte: Arquivo da pesquisadora

    14%

    19%

    30%

    14%16%

    5%

    17%

    5%

    15%

    30%

    19%

    16%

    0%

    2%

    4%

    6%

    8%

    10%

    12%

    14%

    16%

    18%

    20%

    22%

    24%

    26%

    28%

    30%

    32%

    19 |---- 28 28 |---- 35 35 |---- 42 42 |---- 49 49 |---- 56 56 |---- 64FAIXA DE IDADE

    Perc

    entu

    al de

    pr

    ofis

    sio

    na

    is

    AUSENTES EQUIPE

    Figura 4 - Comparao da distribuio percentual dos ausentes por doena com a equipe de enfermagem, perodo de jan-dez 2007, conforme faixas de idade, HU-USP. So Paulo (2007). Fonte: Arquivo da pesquisadora

    A comparao entre a distribuio por idade dos 362 profissionais que se ausentaram por doena, em 2007, e a distribuio por idade do total

  • Resultados e Discusso 54

    dos 647 profissionais de enfermagem da equipe de enfermagem foi realizada mediante a aplicao de um teste de significncia para propores. Portanto, pode-se afirmar que, estatisticamente, no houve diferena significativa (p>0,5) com a distribuio de idade da equipe de enfermagem. Essa constatao permite afirmar que as ausncias por doena no foram condicionadas pela idade.

    Braga (2000) constatou que a idade dos trabalhadores da equipe de enfermagem variou entre 21 e 53 anos, com mdia de idade de 36 anos (+ou- 8 anos).

    No estudo de Riboldi (2008), 40,6% dos profissionais de enfermagem que apresentaram absentesmo encontravam-se na faixa de 41 a 50 anos, valor que similar ao encontrado na presente investigao.

    4.1.3 Sexo

    A comparao entre a caracterstica dos profissionais ausentes por doena e da equipe de enfermagem no apresentou diferena significativa (p>0,5), indicando que o sexo no influenciou o absentesmo por doena.

    A distribuio em relao ao sexo est apresentada nos dados da Tabela 4.

    Tabela 4 - Sexo dos profissionais ausentes por doena e da equipe de enfermagem, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).

    AUSENTES POR DOENA EQUIPE DE ENFERMAGEM SEXO

    QTDE. PROPORO QTDE. PROPORO Feminino 333 92,0% 590 91,2%

    Masculino 29 8,0% 57 8,8%

    SOMA 362 100,0% 647 100,0%

    Fonte: Arquivo da pesquisadora

  • Resultados e Discusso 55

    No trabalho de enfermagem, como esperado, houve predominncia (92%) dos profissionais de enfermagem do sexo feminino na composio da equipe de enfermagem do HU-USP.

    Os valores sintetizados nos dados da Tabela 4 so melhores visualizados na Figura 5 a seguir.

    92,0%

    8,0%

    91,2%

    8,8%

    0,0%

    20,0%

    40,0%

    60,0%

    80,0%

    100,0%

    Feminino Masculino

    AUSENTESEQUIPE

    Figura 5 - Distribuio dos profissionais ausentes e da equipe de enfermagem conforme o sexo, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). Fonte: Arquivo da pesquisadora

    Este dado foi semelhante aos estudos de Riboldi (2008) e Barboza, Soler (2003).

    No entanto, os dados encontrados por Alves, Godoy (2001); Reis et al., (2003), evidenciaram porcentuais de absentesmo das mulheres superiores aos dos homens, talvez isso tenha sido constatado em virtude do expressivo contingente feminino na profisso.

  • Resultados e Discusso 56

    4.1.4 Estado Civil

    Quanto ao estado civil, os dados da Tabela 5 apresentam a distribuio dos profissionais ausentes por doena.

    Tabela 5 - Distribuio do estado civil dos profissionais ausentes por doena, HU-USP, perodo de jan-dez 2007. So Paulo (2007).

    ESTADO CIVIL AUSENTES POR DOENA PROPORO Solteiro 108 30%

    Casado 194 54%

    Separado 51 14%

    Vivo 9 2%

    SOMA 362 100%

    Fonte: Arquivo da pesquisadora

    Estes dados podem ser melhor visualizados na Figura 6: VIVO

    2% SOLTEIRO30%

    SEPARADO14%

    CASADO54%

    Figura 6 - Estado civil dos profissionais de enfermagem ausentes por doena, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). Fonte: Arquivo da pesquisadora

  • Resultados e Discusso 57

    Tendo em vista a inexistncia de referncia quanto ao estado civil do total de profissionais da equipe de enfermagem do HU-USP, em 2007, que servisse para comparao com esta mesma caracterstica da amostra de ausentes por doena, no foi possvel a realizao da comparao.

    4.1.5 Quantidade de Filhos

    Os profissionais ausentes por doena possuem em mdia 1,48 filhos dentro do IC 95% (1,34 a 1,62) filhos, os dados da Tabela 6 resumem os valores encontrados na amostra.

    Tabela 6 - Distribuio dos profissionais ausentes por doena conforme a quantidade de filhos, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).

    FILHOS AUSENTES POR DOENA PROPORO 0 122 33,7% 1 70 19,3% 2 87 24,0% 3 53 14,6% 4 22 6,1% 5 5 1,4% 6 3 0,8%

    SOMA 362 100,0% Fonte: Arquivo da pesquisadora

    A Figura 7 mostra a distribuio percentual da caracterstica de filhos dos profissionais ausentes por doena.

  • Resultados e Discusso 58

    33,7%

    19,3%

    24,0%

    14,6%

    6,1%

    1,4% 0,8%

    0,0%

    5,0%

    10,0%

    15,0%

    20,0%

    25,0%

    30,0%

    35,0%

    40,0%

    0 1 2 3 4 5 6

    Figura 7 - Distribuio da quantidade de filhos dos profissionais ausentes por doena, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). Fonte: Arquivo da pesquisadora

    Novamente, tendo em vista a falta de informaes a respeito da quantidade de filhos da equipe de enfermagem do HU-USP, em 2007, que servisse de referncia na comparao com esta mesma caracterstica da amostra de profissionais ausentes por doena, no foi possvel comparar, porm este dado est prximo ao da populao em geral (1,8), segundo o Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto (IBGE, 2005).

    4.1.6 Quantidade de Empregos

    Os profissionais ausentes por doena possuem em mdia 1,17 empregos dentro do IC 95% (1,13 a 1,21) (Tabela 7).

  • Resultados e Discusso 59

    Tabela 7 - Distribuio dos profissionais ausentes por doena conforme a quantidade de empregos, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).

    EMPREGOS PROFISSIONAIS AUSENTES PROPORO

    1 301 83,1%

    2 59 16,3%

    3 2 0,6%

    SOMA 362 100,0%

    Fonte: Arquivo da pesquisadora

    Predominantemente, 83% dos profissionais ausentes por doena reportaram que s trabalham em um emprego. Como no existem dados disponveis referentes a esta caracterstica para o total de profissionais da equipe de enfermagem, no foi possvel realizar uma comparao.

    Fischer et al. (2006) em estudo, encontraram que 68,5% dos profissionais participantes tinham apenas um trabalho.

    4.1.7 Tempo de Experincia Profissional

    A experincia profissional mdia dos 362 profissionais ausentes por doena foi de 12,4 anos dentro do IC 95% (11,8 a 13) anos.

    No estudo de Riboldi (2008), no que se refere ao vnculo empregatcio, trabalhadores de enfermagem com maior tempo de servio ausentam-se mais das atividades laborais, resultado semelhante aos estudos de Jorge (1995) e Becker, Oliveira (2008). Neste ltimo, o tempo de trabalho na instituio foi maior que 20 anos para metade da equipe de enfermagem.

    Os dados da Tabela 8 apresentam a distribuio da experincia profissional dos ausentes por doena e do total de profissionais da equipe de enfermagem em oito intervalos de classe.

  • Resultados e Discusso 60

    Tabela 8 - Distribuio da experincia profissional dos ausentes, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).

    INTERVALOS (anos)

    AUSENTES POR

    DOENA DISTRIBUIO EQUIPE DISTRIBUIO

    0 --------| 1 8 2,2% 26 4,0% 1 ---------| 5 59 16,3% 113 17,5%

    5 ---------| 10 99 27,3% 132 20,4% 10 ---------| 15 69 19,1% 133 20,6% 15 ---------| 20 50 13,8% 104 16,1% 20 ---------| 25 58 16,0% 104 16,1% 25 ---------| 30 17 4,7% 33 5,1% 30 ---------| 35 2 0,6% 2 0,3%

    SOMA 362 100,0% 647 100,0% Fonte: Arquivo da pesquisadora

    As diferenas das propores observadas, dentro de cada um dos intervalos de classe da experincia dos ausentes por doena e do total da equipe de enfermagem, podem ser vistas na Figura 8:

    2,2%

    16,3%

    27,3%

    4,7%

    0,6%

    17,5%

    20,4% 20,6%

    16,1%

    5,1%

    0,3%

    19,1%

    13,8%16,0%

    4,0%

    16,1%

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    0 --------| 1 1 ---------| 5 5 ---------| 10 10 ---------| 15 15 ---------| 20 20 ---------| 25 25 ---------| 30INTERVALOS DE MESES DE EXPERINCIA

    AUSENTESEQUIPE

    Figura 8 - Distribuio da experincia profissional dos ausentes por doena e da equipe de enfermagem, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007). Fonte: Arquivo da pesquisadora

  • Resultados e Discusso 61

    Pela comparao estatstica entre as propores do tempo de experincia dos profissionais ausentes por doena e a proporo da experincia dos profissionais da equipe de enfermagem, pode-se afirmar que a caracterstica experincia profissional no condicionou diferena significativa (p>0,08) entre distribuio da experincia dos profissionais ausentes e da equipe de enfermagem.

    4.1.8 Tempo de Deslocamento para o Hospital

    O tempo mdio de deslocamento at o trabalho dos profissionais ausentes por doena foi de 48 minutos dentro do IC 95% (45,3 a 50,7).

    Tabela 9 - Distribuio do tempo de deslocamento at o servio, perodo de jan-dez 2007. HU-USP. So Paulo (2007).

    INTERVALOS DE TEMPO (minutos)

    PROFISSIONAIS/AMOS-TRA AUSENTES DISTRIBUIO %

    4 -----| 20 82 22,7% 20 -----| 35 78 21,5% 35 -----| 50 78 21,5% 50 -----| 65 49 13,5% 65 -----| 80 17 4,7% 80 -----| 95 28 7,7%

    95 -----| 110 4 1,1% 110 -----| 125 21 5,8% 125 -----| 140 1 0,3% 140 -----| 155 3 0,8% 155 -----| 180 1 0,3%

    SOMA 362 100,0% Fonte: Arquivo da pesquisadora

  • Resultados e Discusso 62

    Verifica-se que 65,7% dos profissionais ausentes por doena percorrem at 50 minutos para chegar ao trabalho.

    Pela observao da Figura 8, pode-se inferir que 44% residem em reas circunscritas ao hospital pois o tempo de deslocamento de at 35 minutos pequeno em relao s caractersticas de transporte da cidade.

    O fator transporte pode ter uma grande influncia na motivao do trabalhador em se ausentar do trabalho em razo dos grandes congestionamentos, distncia entre a residncia e o local de trabalho e o precrio sistema de transporte coletivo (Oliveira, Souza, 2005).

    22,7%21,5% 21,5%

    13,5%

    4,7%

    7,7%

    1,1%

    5,8%

    0,3%0,8%

    0,3%0,0%

    5,0%

    10,0%

    15,0%

    20,0%

    25,0%