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Correio SÁBADO 26 MAIO 2018 | Director PAULO MONTEIRO | Ano LXXX Série VI N.º 10737 DIÁRIO € 0.85 IVA Inc. Publicidade do Minho .pt Publicidade BRAGA ROMANA CORTEJO TRIUNFAL DO IMPÉRIO ‘BRACARA AUGUSTA TRIUMPHALIS’ ATRAIU MILHARES AO CENTRO Págs. 4 e 5 SUPLEMENTO CONFERÊNCIA ORGANIZADA PELO CORREIO DO MINHO/ANTENA MINHO E EIXO ATLÂNTICO COOPERAÇÃO É VITAL PARA A EURO-REGIÃO ROSA SANTOS BARCELOS IPCA reforça aposta na tecnologia com Centro I&D em Inteligência Artificial Pág. 12 Publicidade PONTE DE LIMA Festival Internacional de Jardins alerta para as mudanças do clima Pág. 16 POUPE 30 % POUPE EM TODOS O S OS SOLARES 30 % 0 % POUPE Veja mais marcas abra EM TODOS O angidas nos espaços BemEstar S OS SOLARES FLÁVIO FREITAS DR FLÁVIO FREITAS

SUPLEMENTO CONFERÊNCIA ORGANIZADA PELO CORREIO DO MINHO ... Foro Braga... · Correio do Minho26 de MAIO 2018 3. Este novo regime de incêndios ex-tremos — como ocorreu em 2017

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Page 1: SUPLEMENTO CONFERÊNCIA ORGANIZADA PELO CORREIO DO MINHO ... Foro Braga... · Correio do Minho26 de MAIO 2018 3. Este novo regime de incêndios ex-tremos — como ocorreu em 2017

CorreioSÁBADO 26 MAIO 2018 | Director PAULO MONTEIRO | Ano LXXX Série VI N.º 10737 DIÁRIO € 0.85 IVA Inc.

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do Minho.pt

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BRAGA ROMANACORTEJO TRIUNFAL DO IMPÉRIO

‘BRACARA AUGUSTA TRIUMPHALIS’ATRAIU MILHARES AO CENTRO

Págs. 4 e 5

SUPLEMENTO CONFERÊNCIA ORGANIZADA PELO CORREIO DO MINHO/ANTENA MINHO E EIXO ATLÂNTICO

COOPERAÇÃO É VITAL PARA A EURO-REGIÃO

ROSA

SANT

OS

BARCELOS

IPCA reforça aposta na tecnologia comCentro I&D em Inteligência Artificial Pág. 12

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PONTE DE LIMA

Festival Internacional de Jardinsalerta para as mudanças do clima Pág. 16

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CO-ORGANIZAÇÃO APOIO

CONFERÊNCIA

PALÁCIO DO RAIO | BRAGA

ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE DA EDIÇÃO DO JORNAL CORREIO DO MINHO DE 26 DE MAIO DE 2018 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

COOPERAÇÃO, UNIÃO E PREVENÇÃO

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CM 27 de MAIO 2017 A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO .32 26 de MAIO 2018 Correio do Minho

“Oque podemos fazer para me-lhorar na prevenção e com-bate? O que é importante fa-

zer para trabalharmos em conjunto?”.Estas foram algumas das perguntas queontem foram respondidas na conferência‘Segurança Transfronteiriça - LigaçõesNorte Portugal/Galiza’, organizada pelojornal Correio do Minho e rádio AntenaMinho e que uniu altos responsáveis pelaprotecção civil dos dois lados da fronteira.

Foram cerca de três horas em que o temafoi debatido e analisado, com várias su-gestões, ideias, avisos e soluções a seremapresentadas por aqueles que têm traba-lhado para garantir a qualidade e seguran-ça dos sistemas de protecção civil.

Paulo Monteiro, director do jornal Cor-reio do Minho e da rádio Antena Minho,deu início ao evento, começando porapresentar as origens desta conferênciade colaboração entre o Norte de Portugale Galiza. “O tempo passa demasiado de-pressa. Já vamos na 4.ª conferência orga-nizada pelo Grupo Arcada Nova, em res-posta a um desafio colocado pelo EixoAtlântico, por Xoan Mao, para que se rea-lizasse uma conferência que juntasse oNorte de Portugal e a Galiza, com temascomuns e que interessassem aos dois. Aprimeira, em 2015, no Mosteiro de Ti-bães, com o tema ‘Potencial Económicodos Caminhos de Santiago’. Em 2016, noMuseu dos Biscainhos, discutiu-se ‘O Fu-turo do Minho’. Foram dois sucessos es-trondosos onde se discutiram temas ac-tuais e interessantes, com a participaçãodas grandes entidades e empresas dosdois lados da fronteira. No ano passado,no Museu Nogueira da Silva, discutiu-see debateu-se se a ‘Regionalização temFuturo?’”, recordou o director, acrescen-tando que o objectivo de “voltar a juntar oNorte de Portugal e a Galiza com um no-vo tema: ‘Segurança Transfronteiriça -Ligações Norte Portugal/Galiza’” ajudoua levantar e responder a várias perguntasque necessitavam de resposta urgente:“Será que existe segurança? Será que anão existência de fronteiras para qualquerum de nós, que passa a ponte do rio Mi-nho como se os dois países fossem um só,num claro demonstrativo de união e umaverdadeira união europeia, também o épara as forças de segurança e para os sol-dados da paz?”

Recordando vários episódios recentes

em que o país foi fustigado por tragédiascomo os incêndios (que tiveram váriosmortos e feridos, para além da área quei-mada e de casas destruídas), Paulo Mon-teiro afirmou que “o que aconteceu nãopode voltar a acontecer e é preciso recor-dar para não esquecer. As tragédias tam-bém passaram pelo Minho e pela Galiza,onde morreram três pessoas. Num dia fa-tídico, o fogo saltou o rio Minho... Ou se-rá que não? O ano de 2017 foi para esque-cer em Portugal e na Galiza. É necessáriosaber o que podemos fazer e trabalhar emconjunto. Juntos na prevenção, combate,ajuda e interajuda. Tudo é importante, ounão pertencessemos a uma União Euro-peia que se quer cada vez mais solidária,coesa e unida. Aliás, esta Euro-região, deseis milhões de habitantes é exemplo emtodo o Mundo. São faladas em Bruxelasas sinergias entre localidades dos dois la-dos do rio Minho, onde se dividem tare-fas, onde se utilizam os mesmos transpor-tes, partilham pavilhões ou piscinas e

onde até constroem pontes... de Amizade.E porque não unir esses esforços tambémna segurança transfronteiriça? Se vive-mos numa Europa sem fronteiras, porquenão partilhar recursos no que diz respeitoà protecção civil”.

No resumo de uma conferência que seesperava muito proveitosa, foi possível“abrir-se ao diálogo a partilha de expe-riências e conhecimento dos dois lados dafronteira, que não devia existir quando fa-lamos de sistemas de protecção civil. Efoi possível responder a questões fulcraise arranjar soluções para perguntas como:o que podemos fazer para melhorar naprevenção e no combate? O que é impor-tante fazer para trabalhar em conjunto? Éisso que tentámos responder nesta confe-rência de partilha e de pensar pela positi-va. E foi por isso que procurámos fazerdesta conferência um marco e um contri-buto para não voltarmos a noticiar este ti-po de acontecimentos tristes”, finalizouPaulo Monteiro.

PAULO MONTEIRO LOUVOU RESPOSTAS E SOLUÇÕES DEBATIDAS

“Conferência é marco e contributopara a cooperação transfronteiriça”

ROSA SANTOS

Paulo Monteiro, director do jornal Correio do Minho e rádio Antena Minho, louvou as soluções apresentadas na conferência

“Será que existe segurança?Será que a não existência defronteiras para qualquer umde nós, que passa a ponte dorio Minho como se os dois paí-ses fossem um só, num clarodemonstrativo de união e ver-dadeira união europeia, tam-bém o é para as forças de se-gurança e soldados da paz?”“O que aconteceu em 2017em Portugal e na Galiza nãopode voltar a acontecer. Porisso, é necessário fazer destaconferência um marco e umcontributo para não voltar-mos a noticiar este tipo deacontecimentos tristes.”

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2. A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO 27 de MAIO 2017 CMCM 27 de MAIO 2017 A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO .3

Depois dos incêndios que assola-ram o país e a Galiza em Outubropassado e da explosão de uma fá-

brica ilegal de pirotecnia em Tui esta se-mana, a segurança transfronteiriça está,mais do que nunca, na ordem do dia. “Sóse fala de falta de segurança quando elafalha. Temos de exigir mais meios, maisrecursos humanos, mais informação emais partilha de dados, tudo o resto é hi-pocrisia política”, acusou o secretário ge-ral do Eixo Atlântico do Noroeste Penin-sular, Xóan Vásquez Mao, na sessão deabertura da conferência promovida ontempelo jornal Correio do Minho, pela rádioAntena Minho e por aquela associaçãotransfronteiriça.

‘Segurança transfronteiriça - ligaçõesNorte de Portugal/Galiza’ foi a temáticada conferência deste ano e Xóan Maoconsidera “fundamental que, dos dois la-dos da fronteira, haja capacidade e paraisso é necessário que as forças de segu-rança de um país possam entrar no outropaís, porque o fogo não conhece frontei-ras”. Mas, continuou Xóan Mao, “infeliz-mente não há grandes recursos”. Logo, osecretário geral deixou o repto: “partilhe-mos os meios que temos dos dois lados dafronteira”.

Já não é de agora, que o Eixo Atlântico,organização transfronteiriça que une oNorte de Portugal e a Galiza (Espanha),reclama a criação de uma “entidade coor-denadora de emergência”, que congreguerecursos dos dois países em matéria decombate a incêndios e ao crime. “Precisa-mos de mais cooperação e de mecanis-mos mais ágeis e daí a proposta de criaruma entidade coordenadora de emergên-cia com comando dos recursos dos doispaíses”, confirmou ainda o secretário-ge-ral do Eixo Atlântico.

Aquele responsável apontou tambémcomo problema no combate aos incêndiose à criminalidade na zona transfronteiriçaNorte de Portugal/Galiza a falta de inves-timento e o pouco crédito dado à investi-gação como meio de prevenção.

Ainda durante o discurso de abertura daconferência, Xóan Mao defendeu issomesmo, já que a segurança é fulcral paracriar condições de vida e trazer investi-mento. “Se não há segurança não há de-senvolvimento nem qualidade de vida pa-ra os cidadãos”. E referindo-se à maisrecente tragédia que afectou Tui, o res-ponsável daquela associação transfrontei-

riça acusou: “não falhou a prevenção. Alié clara e nítida a hipocrisia política. Todaa gente sabia que existia ali uma empresailegal de fogo de artifício. Agora é quevão fazer investigação? Por que não a fi-zeram antes? Se se sabia por que não secumpriu a lei antes?”.

Perante este cenário, o secretário gerallembrou que somos sete milhões de pes-soas e com toda esta massa crítica é preci-so mostrar trabalho para que os jovensnão tenham que continuar a sair do país.E a segurança, voltou a evidenciar XóanMao, “é fulcral para se conseguir ter con-dições de vida e de investimento”.

A política florestal, lamentou o secretá-rio geral, “está para favorecer as empre-sas e os interesses económicos não paraconservar o ambiente nem a natureza. Aspolíticas florestais estão do lado dos in-cendários. A prevenção é determinantepara não se continuar todos os anos a teros pastos em chamas”.

O certo é que a política florestal tem queter “mais recursos e mais meios, melhorescondições de trabalho e partilha de da-dos”. E um bom exemplo disso foi o casoda explosão que abalou Tui ainda esta se-

mana. “Temos de reclamar mais meiosem conjunto e o caso de Tui foi o exem-plo de cooperação transfronteiriça com aprotecção civil de Viana do Castelo quefoi ajudar”.

E sobre o terrorismo na Europa, aqueleresponsável foi peremptório: “não secombate, reestabelecendo as fronteiras,nao podemos mudar a nossa forma de vi-ver por causa dos terroristas, isso seriauma vitória para eles”. E Xóan Mao ati-rou: “estamos sempre a pressionar parafazerem grandes obras, isso é bom, mastambém é preciso mais meios de seguran-ça. Por isso, este debate é muito impor-tante ser levado à sociedade. As coisastêm de ser chamadas pelos nomes e aclasse política tem que ser consciente eperceber a realidade”.

Quando a esta iniciativa, que se realizapelo quarto ano consecutivo em parceriacom o Eixo Atlântico, Xóan Mao afirmoucom convicção: “o jornal Correio do Mi-nho e a rádio Antena Minho têm a capaci-dade de levar o debate a quem não conse-guiu ou não teve oportunidade a assistir àconferência e ajudar neste despertar im-portante de consciências”.

XÓAN VÁSQUEZ MAO SECRETÁRIO GERAL DO EIXO ATLÂNTICO

Prevenção e combate conjuntospara acabar com hipocrisia política

ROSA SANTOS

Xoan Vásquez Mao, secretário geral do Eixo Atlântico, lamenta “hipocrisia políticia”

“No plano científico temosum grupo de investigadoresnas nossas universidadesextraordinariamenteimportante e competentes,qualificados, que estão afazer um trabalho óptimo na análise das causas dosincêndios. Só que,infelizmente, não estamos a dar ouvidos aos cientistas,nem estamos a dedicar osfundos necessários para a investigação”, lamentou o secretário geral do EixoAtlântico do NoroestePeninsular, Xóan Mao,deixando o recado:”sabemos que há interesseseconómicos no combate e, àsvezes, a linha divisória não émuito clara".

Correio do Minho 26 de MAIO 2018 3

Page 5: SUPLEMENTO CONFERÊNCIA ORGANIZADA PELO CORREIO DO MINHO ... Foro Braga... · Correio do Minho26 de MAIO 2018 3. Este novo regime de incêndios ex-tremos — como ocorreu em 2017

Este novo regime de incêndios ex-

tremos — como ocorreu em 2017

— deverá tornar-se a nova realida-

de. O alerta foi partilhado por António

Bento Gonçalves e Juan Picos, professo-

res das Universidades do Minho e de Vi-

go, respectivamente, no primeiro painel

da Conferência ‘Segurança Transfrontei-

riça - Ligações Norte de Portugal/Galiza’,

sessão que contou ainda com a interven-

ção de João Felgueiras, comandante dos

Bombeiros Sapadores de Braga.

António Bento Gonçalves, o primeiro

convidado a intervir, alertou para as ocor-

rências cada vez mais frequentes de in-

cêndios extremos, constatando que “os

sistemas actuais de combate a incêndios

florestais não estão preparados para en-

frentar este novo regime de incêndios ex-

tremos”.

O investigador da Universidade do Mi-

nho criticou também o facto de, em Por-

tugal, se legislar para o país e não para a

região.

“Faz-se a mesma legislação para Algar-

ve, para o Alentejo e para o Minho, sem

se conhecer o terreno. Quem conhece o

terreno sabe que a floresta no Minho é

muito diferente da floresta da região do

Sul e até da do centro do país. A nossa

floresta tem mais semelhanças com a ga-

lega do que com o resto do país”, realçou,

reivindicando que o que faria sentido era

“haver legislação para o Norte de Portu-

gal e da Galiza em termos de ordenamen-

to florestal e também em termos de pre-

venção e de combate a fogos florestais.

A título de exemplo, referiu que, no Mi-

nho, “a área florestal que foi limpa em

Fevereiro está agora em condições para

arder”, pois a região tem a particularidade

de ser muito verde no Inverno e particu-

larmente seca no Verão. Tal já não aconte-

ce no resto do país.

Em Portugal, actualmente o risco de in-

cêndio é o único que tem vindo a aumen-

tar em Portugal, ao contrário de todos os

outros riscos. O panorama não é anima-

dor, fruto de muitas circunstâncias, como

relatou o especialista que teme que em

2020 já não exista memória da tragédia

que foi 2017 para o país.

O investigador louvou o trabalho dos

bombeiros, realçando que 2017 só não foi

mais trágico graças à actuação dos solda-

dos da paz. E para exemplificar que os in-

cêndios que ocorreram foram mesmo ex-

tremos, referiu que os dados mais recen-

tes mostram que 1,1% das ocorrências de

incêndio registadas, no ano passado, em

Portugal, foram responsáveis por 93% da

área ardida. “Ou seja, os bombeiros, a

protecção civil, conseguiram debelar

99% dos incêndios”. No ano passado, as

estatísticas dizem que arderam 389.000

hectares de floresta em Portugal.

Crítico do trabalho de secretaria feito

por quem não está nem conhece o terreno,

António Bento Gonçalves considera que

é urgente apostar num novo ordenamento

do território, na gestão florestal e no pla-

neamento florestal.

Sustentou igualmente que é necessário

apostar na educação, algo que não se tem

feito. Actualmente, a matéria dos incên-

dios florestais e a sua prevenção passa

“ao lado” dos currículos do ensino básico

e do secundário.

E em matéria de educação aproveitou

para lembrar que a Universidade do Mi-

nho tem preparada para iniciar, com todas

e aproveações necessárias, uma licencia-

tira em Protecção Civil. Só ainda não

avançou porque o Governo ainda não au-

torizou.

PAINEL SOBRE FOGOS FLORESTAIS

Incêndiosextremos são anova realidade,alertam osespecialistas

Licenciatura em Protecção Civilaguarda luz verde do GovernoA Universidade do Minhoaguarda apenas “luz verde”do Governo para avançar coma Licenciatura em ProtecçãoCivil e Gestão do Territórioque está pronta para ser ministrada, referiu, ontem, António Bento Gonçalves. Aprovado pela A3ES - Agên-cia de Avaliação e Acredita-ção do Ensino Superior e re-gistado pela Direcção-Geraldo Ensino Superior já em2015, o projecto tem-se man-tido na gaveta desde então.A Licenciatura em ProtecçãoCivil e Gestão do Território éum projecto conjunto do Insti-tuto de Ciências Sociais e daEscola de Engenharia.

Investigador daUMinho criticacobertura televisivados incêndiosO investigador António BentoGonçalves considerou ontemque as televisões fizeram umtrabalho execrável na cober-tura dos incêndios que asso-laram Portugal. “Fizeramuma cobertura televisiva cen-trada na espectacularizaçãodo fogo e do drama humano”,criticou. Já no caso das rádios e daimprensa escrita consideraque foi feita uma coberturarigorosa e útil para a popula-ção.

GIPS atentos na Conferência sobre SegurançaTransfronteiriçaA Conferência sobre Segu-rança Transfronteiriça - Liga-ções Norte de Portugal/Gali-za contou, na assistência,com a participação de milita-res da 4.ª Companhia dosGIPS - Grupo de Intervençãode Protecção e Socorro daGNR que fazem a coberturada região, nomeadamente nazona transfronteiriça.

CONFERÊNCIA 1

CM 27 de MAIO 2017 A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO .34 26 de MAIO 2018 Correio do Minho

“A legislação não pode serigual para todo o país. Eu nãoposso defender a minhafloresta no Minho como noAlgarve ou no Alentejo. (...) O mesmo acontece com alimpeza dos terrenos. Aquiloque se limpou em Fevereiro,no Minho, em Julho estápronto para arder.”

ANTÓNIO BENTO GONÇALVES

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Já na parte do debate, o investigador da

Universidade do Minho sublinhou “que a

defesa da floresta tem de ser feita com as

pessoas e não contra as pessoas”. E para

evidenciar a importância do papel das

pessoas considerou que foi “um crime”

retirar as pessoas do pinhal de Leiria, que

em Outubro ardeu 80%. “Não se pode

proibir as pessoas de ir lá, de recolher as

pinhas e a caruma. Isso faz parte da lim-

peza”. Ou seja, “temos de fazer a limpeza

da floresta com as pessoas e não contra as

pessoas”.

Em concreto sobre o tema da conferên-

cia, considerou que é imprescindível

apostar na cooperação transfronteiriça,

uma cooperação que se quer pró-activa

para se apostar na prevenção dos incên-

dios florestais. Lembrou que os incêndios

têm atingido formas cada vez mais devas-

tadoras com projecções que ultrapassam

os 30 Km, como já aconteceu na Austrá-

lia. “Cá em Braga, nos incêndios de Outu-

bro, há registo de saltos de fogo (projec-

ções) de 3 Km”, exemplificou.

Estas projecções explicam a razão pela

qual, por exemplo, um rio, como o rio

Minho, não é barreira para a propagação

das chamas. E exemplo disso é o que

aconteceu a 15 de Outubro, quando um

incêndio em Monção “galgou” o rio Mi-

nho e propagou-se pela região galega de

As Neves.

A cooperação, que deve ser a todos os

níveis, desde a investigação ao combate,

passando pela prevenção.

Na mesma linha, o investigador galego

Juan Picos referiu que “também na Galiza

a memória é curta” no que toca a incên-

dios florestais, aludindo aos mais graves

que assolam a Galiza. No entanto, vincou

que 2017 acaba mesmo por ficar marcado

como “o pior ano de incêndios” não só

em Portugal e na Galiza, como também a

nível mundial, “com o benefício de, nesse

ano, na Austrália os fogos não terem sido

tão devastadores como é habitual”.

O investigador da Universidade de Vigo

referiu que o que se passou em 2017 em

matéria de incêndios florestais, se tivesse

tradução na escala de Richter equivaleria

a incêndios “de grau 9 ou mais”. Ou seja,

ocorreram incêndios que rebentariam a

escala.

Juan Picos deixou ainda uma alerta de

que “é para estes fenómenos extremos

que temos de nos preparar. Temos de estar

preparados para tudo. Temos de ensinar

as pessoas a estar preparadas para tudo”.

Juan Picos referiu ainda que os protoco-

los de actuação são diferentes em Portu-

gal e na Galiza, embora existe uma faixa

de 15 Km, para cada lado da fronteira, em

que pode ser accionada a actuação co-

mum.

Numa altura em que as projecções dos

incêndios são cada vez mais graves fica

patente a necessidade de reforçar este

protocolo de actuação e de previlegiar o

trabalho em rede.

No entanto, avisou, este trabalho em re-

de só faz sentido se houver financiamento

que o acompanhe. “Não vale a pena estar-

mos a estudar e definir linhas de coopera-

ção, se posteriormente não houver dinhei-

ro para as concretizar”, disse, num recado

a quem decide sobre estas matérias.

Este trabalho em rede deve também ser

feito no contexto europeu, uma vez que

aquilo que se passa na Península Ibérica

acaba por ter repercussões no resto da

Europa e prova disso são os fumos/gases

libertados pelos incêndios de Outubro

que, desde o Minho e da Galiza, se espa-

lharam por todo o Norte da Europa.

O último interveniente neste painel,

João Felgueiras, traçou um quadro daqui-

lo que foram os incêndios em Portugal

nos últimos 75 anos para evidenciar como

estes se tem vindo a tornar mais devasta-

dores. Referiu que 69% da superfície do

país potencia a eclosão de incêndios e

deixou duras críticas às políticas de orde-

namento florestal que tem permitido o

crescimento das plantações de eucaliptos

e de outras espécies exóticas que além de

resistentes ao fogo contribuem para a sua

propagação, caso das acácias e das

‘ákeas’. E não resistiu a deixar um desa-

bafo: “Temo que um dia se fale no euca-

liptal de Leiria”.

O comandante dos Bombeiros Sapado-

res é radical ao defender que o eucalipto

deve ser tratado como se tratam as ervas

daninhas num jardim, porque os seus pre-

juízos, concretamente em termos de in-

cêndios florestais, são mais graves do que

os benefícios.

Referiu ainda que actualmente os bom-

beiros, no combate ao fogo no terreno,

encontram nos arbustos um grande obstá-

culo à sua actuação. Por arbustos referia-

se sobretudo ao mato, que antigamente as

pessoas cortavam para aproveitar para as

cortes dos animais, mas que agora alastra

na nossa floresta e que dificulta a acção

dos bombeiros e ajuda a propagar o fogo.

E concluiu realçando que actualmente

mais do que a defesa da floresta contra os

incêndios passamos para a defesa das

pessoas contra os incêndios das florestas.

ROSA SANTOS

Primeiro painel debateu os ‘Incêndios’ e contou com a participação de Bento Gonçalves, Juan Picos e João Felgueiras. A moderação esteve a cargo de Rui Alberto Sequeira

“Não vale a pena definirlinhas e estratégias decooperação se depois não háfinancia-mento para asconcretizar. A cooperação justifica-se, mas tem de ser concretizada.”

JUAN PICOS

2. A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO 27 de MAIO 2017 CMCM 27 de MAIO 2017 A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO .3Correio do Minho 26 de MAIO 2018 5

“O que eu observo é que nosincêndios em eucaliptaltemos projecções quechegam aos 30 Km naAustrália. Em Portugal, a Universidade de Trás-os-Montes já mediuuma projecção superior a 7 Km que provocou umincêndio. Cá, em Braga em15 de Outubro, eu assisti a uma projecção de umincêndio que terá tido umadistância de 3Km. Foi de umincêndio em eucaliptal.”

JOÃO FELGUEIRAS

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Um bom exemplo de cooperaçãoentre o Norte de Portugal e a Ga-liza está no Centro de Coopera-

ção Policial e Aduaneira de Valença/Tui,um dos cinco criados na fronteira entrePortugal e Espanha como solução paraexercer algum controlo nas zonas trans-fronteiriças.

O coordenador do Centro de Coopera-ção Policial e Aduaneira (CCPA) de Va-lença/Tui, o inspector de polícia, RudigerOya Steinbruggen, abordou ontem a‘Resposta ante as emergências transfron-teiriças’ no âmbito do segundo painel daconferência sobre ‘Segurança Transfron-teiriça - ligações Norte de Portugal/Gali-za’.

Numa Europa que não tem fronteiras,uma das soluções passa por criar centrosde cooperação, aponta o coordenador doCCPA de Valença/Tui que admite que “aszonas transfronteiriças são as mais com-plicadas porque os criminosos podempassar de um lado para o outro”.

E se é fácil passar de um lado para o ou-tro, para quem trabalha no terreno - in-cluindo-se aqui todo um conjunto de enti-dades e forças de segurança - “háproblemas de soberania nacional” reco-nhece Rudiger Oya Steinbruggen, queconsidera que “a troca de informação aonível da cooperação policial e aduaneirapermite ter acesso ao máximo de infor-mação possível logo na primeira inter-venção”.

No CCPA de Valença/Tui são oito enti-dades a cooperar no quadro do reforço dasegurança previsto no acordo de Shen-gen.

“Já que não há fronteira tem que haverforma de exercer algum controlo” explicao inspector, exemplificando com opera-ções de controlo móvel e a criação de pa-trulhas mistas num raio de 50 quilóme-tros, a par do apoio à vigilância eperseguição transfronteiriça.

Face ao trabalho que já se faz no terre-no, Rudiger Oya Steinbruggen defende anecessidade de “trabalhar em acordos bi-laterais que se vão actualizando e aperfei-çoando para que a coordenação e a eficá-cia sejam cada vez maiores”.

A 2.º comandante operacional distritalde Braga, Marinha Esteves, que represen-tou a Autoridade Nacional de ProtecçãoCivil, historiou que a cooperação bilate-ral entre a República de Portugal e o Rei-no de Espanha iniciou-se na década de80 fruto dos laços históricos e dos riscoscomuns entre os dois países.

Esta cooperação evoluiu para a assistên-cia recíproca em caso de emergênciasprotocolada em 2011 e para uma normaloperacional permanente, em 2012, sem-pre com o objectivo de que os interve-nientes saibam como proceder perante asocorrências.

O protocolo de actuação é diferente con-forme as ocorrências se localizem dentroou fora da zona fronteiriça, mas, em qual-quer caso, “actuamos primeiro e informa-mos depois” garantiu a 2.º CODIS.

No raio de 15 quilómetros fronteiriçosacordados entre os dois países, se houveralerta de incêndio o comandante distritalacciona os meios para o ataque inicial einforma o Comando Nacional de Opera-

ções de Socorro (CNOS) e o representan-te do Governo Regional da Galiza, no ca-so do Minho/Galiza.

Sempre que há meios portuguses a inter-vir em Espanha, é aberta uma ocorrênciano sistema de apoio à decisão operacio-nal.

Marinha Esteves sinaliza que uma dasmaiores áreas de perigo de incêndio flo-restal fica na zona de fronteira partilhadapelo Parque Nacional da Peneda-Gerês epelo Parque Natural Baixa Límia - Serrado Xurés, uma área de conservação muitoimportante que exige “proactividade” nasua protecção.

Foi o que aconteceu a 10 de Outubro doano passado, com a aproximação de umincêndio que deflagrou em território es-panhol, na zona da Portela do Homem.

O incêndio estava a ser monitorizadopelas autoridades portuguesas, mas“achamos por bem sermos proactivos edeslocar meios para a Galiza” explicou a2.º CODIS.

Foi montado um posto de comando emobilizados 113 operacionais e 39 veícu-los portugueses bem como dois meios áe-reos que, sempre em coordenação com osmeios espanhóis, conseguiram que “pou-co ou nada” entrasse em território portu-guês.

O incêndio que deflagrou emterritório espanhol, a 10 deOutubro do ano passado, masque estava próximo daPortela do Homem, em plenoParque Nacional da Peneda-Gerês, obrigou a uma atitude“proactiva” e a deslocarmeios para a Galiza, explicoua 2.º comandante operacionaldistrital, Marinha Esteves.

Traçar um plano de emergênciatransfronteiriço O administrador executivo doHospital de Braga, João Fer-reira, manifestou ontem adisponibilidade da unidade desaúde para participar numplano de emergência trans-fronteiriça, até para que cadaentidade saiba qual é o seupapel em caso de uma emer-gência transfronteiriça.João Ferreira foi um dos in-tervenientes, ontem, no se-gundo painel da conferência‘Segurança transfronteiriça -ligações Norte dePortugal/Galiza’ co-organiza-da pelo jornal Correio do Mi-nho/Rádio Antena Minho epelo Eixo Atlântico do No-roeste Peninsular.

Vários cenáriostestados em simulacrosDesde 2012 que o Hospital deBraga realiza, todos os anos,um simulacro para testar aresposta, tendo já testadouma multiplicidade de cená-rios, a maioria relacionadoscom situações internas, ex-plicou ontem o administra-dor-executivo, João Ferreira.Incêndios em diferentesáreas do hospital, ameaçasde bomba; queda de um heli-cóptero e uma explosão noslaboratórios estão entre assituações cuja resposta já foisimulada.Só situações de nível 3 têm oenvolvimento de entidadesexternas e também essa si-tuaçao já foi testada.

Plano de Catástrofeidentifica riscos e vulnerabilidades O Plano de Catástrofe doHospital de Braga é uma exi-gência que surgiu com a pri-meira acreditação na área daqualidade, logo em 2001.O plano, que já foi testado pordiversas vezes, passa poridentificar riscos e vulnerabi-lidades, internas e externas.

CONFERÊNCIA 2

OGrupo de Intervenção de Protecção eSocorro (GIPS) da GNR é uma das forçasprojectadas para a primeira intervençãoem incêndios florestais no Parque Nacio-nal da Peneda-Gerês (PNPG), uma daszonas de fronteira que merece uma aten-ção especial.

Distribuída pelos distritos de Braga,Viana do Castelo e agora também Porto, a4.ª Companhia do GIPS tem a missão deactuar na primeira intervenção de incên-dios com recurso a meios terrestres emeios aéreos, através das brigadas heli-transportadas.

O comandante da 4.ª Companhia doGIPS, Capitão Manuel Moreira, partici-pou ontem no segundo painel da confe-rência ‘Segurança transfronteiriça - liga-ções Norte de Portugal/Galiza’ ondemostrou um vídeo de uma intervençãoda brigada helitransportada que evidenciao “trabalho que acarreta um enorme risco,não só pelo combate, mas por operar ummeio aéreo” afirmou.

Em matéria de riscos, o Norte de Portu-gal e a Galiza têm muito em comum, re-conhece o comandante do GIPS que ga-rante que “há vasos comunicantespermanentes” com diversas entidades queincluem o Centro de Cooperação Policiale Aduaneira de Valença/Tui e o Centro de

Operações de Socorro de Ourense.A presença dos militares do GIPS na

proximidade da zona de fronteira da Por-tela do Homem já os levou a intervir emdiferentes situações, incluindo num aci-dente de viação em que um dos meios desocorro também sofreu um acidente a ca-minho do local.

A intervenção do GIPS não se limita aosincêndios florestais, sendo uma força pre-parada para intervir em operações de bus-ca e resgate em montanha, outra caracte-rística do Parque Nacional.

Aliás, tem vindo a aumentar o númerode missões realizadas pelo GIPS nesta

área.A 4.ª Companhia integra 14 especialis-

tas em busca e resgate em montanha,apoiados por duas viaturas e já realizouum total de 144 missões com localizaçãoe/ou resgate de 300 vítimas, revelou on-tem o comandante, que descreveu que al-gumas destas vítimas são provenientes davizinha Espanha.

No que toca à busca e resgate em mon-tanha, o Capitão Manuel Moreira lembraque a montanha tem condições muito par-ticulares, que podem ser bastante adver-sas em condições meteorológicas inten-sas, com pouca cobertura de rede decomunicações e falta de pontos de orien-tação.

Da parte do GIPS, a aposta passa por re-cursos humanos preparados e em acçõesde reconhecimento na área do PNPG,com a colaboração do Instituto de Con-servação da Natureza e das Florestas paraum melhor conhecimento do território.

Em termos de formação, o comandanteda 4.ª Companhia realça a exigência paraintegrar o GIPS, uma exigência que “ser-ve de filtro” para aprimorar a capacidadefísica e psicológica dos militares” e lem-bra que a condição física em teatro deoperações em zona de montanha é funda-mental para os operacionais envolvidos.

ROSA SANTOS

A resposta às emergências, que também podem ser transfronteiriças, foi abordada por diferentes entidades, no segundo painel composto por João Ferreira, Marinha Esteves, Manuel Moreira, Rudiger Oye Steinbruggen e moderado por Rui Miguel Graça

A 4.ª Companhia do Grupo deIntervenção de Protecção eSocorro (GIPS) da GNR queintervém na região, desde acriação desta força, écomposta por cerca de 80militares, dez veículosligeiros e duas viaturasespecíficas para busca eresgate em montanha. Tem intervenção em cerca demil incêndios por ano.

GIPS já esteveenvolvido em 40 mil incêndiosCriado em 2006, o Grupo deIntervenção de Protecção eSocorro (GIPS) da GNR temcomo missão a prevenção ereacção em cenários de pri-meira linha, onde se inclui aprimeira intervenção no com-bate a incêndios florestais.O comandante da 4.ª Compa-nhia do GIPS, Capitão ManuelMoreira, destaca a “elevadaqualidade técnica e física dosmilitares” desta força que seenquadra numa “estruturahierárquica bem definida eestruturada”.Desde a sua criação até à da-ta, o GIPS já esteve envolvidoem 40 mil incêndios florestaise, em conjunto e sinergia deesforços com os outros agen-tes de Protecção Civil, amaioria dos incêndios foi de-belada nos primeiros 90 mi-nutos, apontou o Capitão Ma-nuel Moreira.

Hospital de referência para o Minho Por ser o hospital de referên-cia para todo o Minho, o Hos-pital de Braga tem como mis-são “dar resposta a toda estaregião” assume o administra-dor-executivo, João Ferreira.A resposta à região incluicontactos com o outro lado dafronteira, admite João Ferrei-ra, que reforça: “temos queestar preparados para parti-cipar, para intervir, de formaefectiva, em rede, caso hajauma emergência”.O administrador-executivoexemplificou com o incêndioque a 15 de Outubro do anopassado atingiu várias fre-guesias do perímetro urbanoda cidade de Braga e queameaçou um dos hospitaisprivados. “Estávamos prepa-rados para receber os doen-tes daquele hospital se elefosse evacuado” garantiu oresponsável do Hospital deBraga.

CONFERÊNCIA 2

CM 27 de MAIO 2017 A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO .36 26 de MAIO 2018 Correio do Minho 2. A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO 27 de MAIO 2017 CMCM 27 de MAIO 2017 A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO .3Correio do Minho 26 de MAIO 2018 7

TRABALHO NO TERRENO

Cooperação bilateral já se faz na prática na áreadas emergências

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Acriação de um Centro Coordena-dor de Emergência de Fronteirasfoi apontado, por José Maria Cos-

ta, como de criação extremamente neces-sária e urgente. Para o presidente da Câ-mara Municipal de Viana do Castelo etambém presidente da Assembleia Geralda Rede Ibérica Transfronteiriça (RIET),apesar da “consciência, trabalho e profis-sionalismo de muitas entidades - o quenos dá garantias de que estamos prepara-dos para pensarmos para a frente -, somosum país com uma fronteira terrestre de900 km, mas também uma vasta fronteiraaérea e marítima. E há a preocupação deter cada vez mais espaços de cooperaçãotransfronteiriços”.

A questão da segurança é extremamenteimportante para a cooperação transfron-teiriça e, para o orador, é-o ainda mais“quando estamos confrontados com alte-rações climáticas, com problemas quenão tínhamos no passado, com o facto determos um trânsito áereo e marítimo mui-

to maior - sendo que este último vai cres-cer ainda mais com o alargamento do Ca-nal do Panamá -, temos problemas novosque precisam de soluções novas”.

Segundo José Maria Costa, nos últimosanos foi feita uma boa e positiva evoluçãona cooperação entre Portugal e Espanha,mas o autarca afirma não ser “compreen-sível que, numa situação de emergência,existam ainda cinco procedimentos admi-nistrativos antes de chegarmos às ocor-rências. É este tipo de coisas que temosque resolver e encontrar soluções. Porquetemos muitas questões de segurança quepodem ocorrer e para as quais temos queestar preparados como as questões dos in-cêndios, das barragens, dos derrames, dascentrais nucleares, da segurança das pes-cas, da poluição marítima, da questão dasegurança e também dos acidentes aéreos”.

Por isso mesmo, o responsável da RIETanunciou estar “na altura de dar um passoem frente e a RIET tem reflectido sobreisso. Vamos propor para ser apresentada

há próxima cimeira ibérica, a constituiçãode um Centro Coordenador de Emergên-cia de Fronteiras”. “Este organismo vaipermitir que tenhamos uma acção concre-ta, rápida, eficiente e em tempo útil da-quilo que são os diversos problemas quetêm a ver com a afectação de recursos e amobilização de meios de forma mais rápi-da”, considerou o autarca, acrescentandoainda que as zonas de “fronteira estão en-velhecidas, pouco povoadas e com pou-cos meios de combate. É fundamental queque esta rapidez e a celeridade necessáriaseja criada o mais rápido possível”.

Mas José Maria Costa aproveitou a pre-sença do eurodeputado José Maria Fer-nandes para deixar um recado, lembrandoque é preciso ter da Europa “uma atençãomuito grande para responder a estas ques-tões e esse centro de combate poderia aju-dar e muito ao que é necessário. É precisotambém uma eficácia maior a nível euro-peu. É uma área muito relevante, que me-rece e precisa de atenção”.

JOSÉ MARIA COSTA, PRESIDENTE DA CM VIANA DO CASTELO E DA AG DA RIET

“Centro coordenador de urgênciasé solução necessária e imediata”

ROSA SANTOS

José Maria Costa revelou que a Rede Ibérica Transfronteiriça (RIET) vai propor a criação de um Centro Coordenador de Emergência de Fronteiras

“Foi feita, nos últimos anos,uma evolução positiva de coo-peração com Espanha. Masnão é compreensível que, nu-ma situação de emergência,existam ainda cinco procedi-mentos administrativos antesde chegarmos às ocorrências.É este tipo de situações quetemos que resolver e encon-trar soluções.”“Está na altura de dar umpasso em frente e a RIET temreflectido sobre isso. Vamospropor, para ser apresentadana próxima Cimeira Ibérica, aconstituição de um CentroCoordenador de Emergênciade Fronteiras.”

CM 27 de MAIO 2017 A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO .38 26 de MAIO 2018 Correio do Minho

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Correio do Minho 26 de MAIO 2018 9

O“orgulhosamente sós não funcio-na” em matérias como a Protec-ção Civil, assumiu ontem o euro-

deputado ao Parlamento Europeu, JoséManuel Fernandes na conferência ‘Segu-rança transfronteiriça - ligações Norte dePortugal/Galiza’, onde defendeu que “fa-ce a desafios globais que ultrapassam asfronteiras, devemos actuar em conjunto”.

O eurodeputado e também relator para oFundo de Solidariedade da União Euro-peia (UE) ‘desmonta’ o argumento da so-berania nacional ao afirmar que “a parti-lha de soberania nestas área significa umreforço de soberania, mas também pou-pança e eficiência”.

José Manuel Fernandes lembra que,com as alterações climáticas, os fenóme-nos extremos vão acontecer cada vezmais, daí a relevância de um novo Meca-nismo Europeu de Protecção Civil que,no entender do eurodeputado, “deve sersupletivo” e ser aplicado não só nos in-cêndios florestais, mas também no casode outras emergências como um ataqueterrorista ou um terramoto.

O novo mecanismo prevê meios parti-lhados à escala europeia, uma partilha vo-luntária dos Estados-membros “até por-que se trata de competências nacionais enão europeias” realça o eurodeputado.

Para exemplificar a eficácia da partilhade meios, José Manuel Fernandes refereque 15 aviões, geridos a nível central, têma mesma aficácia que 50 geridos pelos di-ferentes Estados-membros.

Para o eurodeputado, é a eficiência man-tendo o princípio da subsidiaridade.

Na qualidade de relator para o Fundo deSolidariedade da UE, lembra que, na pró-xima semana, vão ser votados apoios de50,6 milhões de euros para Portugal umaajuda “pós-catástrofe”, sendo que a Gali-za vai receber também apoios por “contá-gio de Portugal” explica José ManuelFernandes que apela à prevenção.

“Devemo-nos virar para a prevenção”reforça o eurodeputado lembrando ascontas feitas pela Comissão Europeia quemostram que um euro investido na pre-venção na Protecção Civil poupa 7 eurosnas danos evitados.

Neste contexto, é preciso utilizar os fun-dos disponíveis para a prevenção e que seincluem no envelope financeiro de 26 milmilhões de euros previstos para Portugal,em que uma das linhas está relacionada

com o ambiente.José Manuel Fernandes identifica uma

dificuldade de Portugal, em relação a Es-panha, e que tem a ver com as competên-cias das regiões autonómicas, como é ocaso da Galiza.

“Os nossos municípios têm competên-cias limitadas” aponta o eurodeputado,sustentando que valeria a pena, no quadroda descentralização administrativa, pen-sar na descentralização de competênciaspara os municípios da raia fronteiriça“para que não haja a necessidade de estara espera de autorização face a uma ocor-rência dramática”.

“Tem que haver mecanismos expeditosde acção” defendeu José Manuel Fernan-des que lembrou os bombeiros espanhóisque estavam disponíveis para apoiar ocombate em Portugal e que não tiveramautorização.

Ainda no que toca a verbas disponíveis,o eurodeputado - que foi também relatordo Plano Juncker - lembrou que os pro-

jectos transfronteiriços contam com uma“adicionalidade reforçada”.

“A valorização da floresta não pode serpensada em comum, criando, por exem-plo, centrais de biomassa devidamente di-mensionadas?” questionou ontem o euro-deputado.

No caso do Fundo Europeu de Desen-volvimento Regional (FEDER), que fi-nancia a cooperação transfronteiriça, háum aumento de dois por cento, explicouJosé Manuel Fernandes que alertou para aa necessidade de definir, desde já, o tipode projectos essenciais neste domínio.

O eurodeputado revela que Espanha “ti-ra muito mais partido dos programas decooperação tranfronteiriça”.

Para José Manuel Fernandes, “há desa-fios que só conseguimos vencer se os en-frentarmos em conjunto”, mas “há umtrabalho enorme a fazer” nas intercone-xões de infraestruturas rodoviárias e fer-roviárias, na energia, “até para melhorar omercado interno e a segurança”.

JOSÉ MANUEL FERNANDES APONTA POSSIBILIDADES DO ORÇAMENTO DA UE

Há mais verbas para reforçar a união entre fronteiras

ROSA SANTOS

José Manuel Fernandes falou dos programas comunitários que podem apoiar projectos de cooperação entre as regiões fronteiriças

O eurodeputado aoParlamento Europeu, JoséManuel Fernandes, felicitouontem a organização pela“excelente iniciativa” que foi a conferência ‘Segurançatransfronteiriça - ligaçõesNorte de Portugal/Galiza’lembrando que “falar desegurança é também falar da protecção da vida que é ovalor supremo a proteger”numa sociedade. A confe-rência foi coorganizada pelojornal Correio do Minho//Rádio Antena Minho e peloEixo Atlântico do NoroestePeninsular.

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Acooperação transfronteiriça entreNorte de Portugal e a Galiza “estáaquém daquilo que seria desejá-

vel”, lamentou o presidente da Assem-bleia do Eixo Atlântico, Ricardo Rio, nasessão de encerramento da conferência‘Segurança Transfronteiriça’, promovidaontem pelo jornal Correio do Minho e pe-la rádio Antena Minho, em co-organiza-ção com o Eixo Atlântico do Noroeste Pe-ninsular.

O também presidente da Câmara Muni-cipal de Braga referiu que perante a es-cassez de recursos, os meios existentes dooutro lado da fronteira podiam ser apro-veitados, suprimindo as barreiras existen-tes. “Se trabalhamos do ponto de vista damobilidade social e da cultura, por exem-plo, como é que ainda temos barreiras ad-ministrativas?”, questionou o autarca, de-fendendo que “é preciso partilhar recur-sos para não se colocar em causa a segu-rança de bens e pessoas”.

Por isso, Ricardo Rio considerou que“fazia todo o sentido, e não apenas entre oNorte de Portugal e a Galiza, a criação de

estruturas de coordenação supranacionalentre os territórios de fronteira de forma aviabilizarem este estreitar de laços trans-fronteiriços para uma resposta mais ca-bal”. O edil bracarense admitiu mesmoque a resposta às emergências “é umaquestão crítica, não só nesta zona de fron-teira, mas é transversal a toda a fronteirade Portugal com Espanha”.

E o presidente do Município e Bragaapontou o dedo: “o ano passado, tivemosmeios que estavam disponíveis e não fo-ram utilizados. Perante este tipo de situa-ções é preciso estimular a colaboração naóptica de prevenção e do combate. O pla-neamento é o segredo do sucesso para asegurança da população. Se as situaçõesocorrem e tivermos resposta mais integra-da seguramente que a populações estarãomelhores servidas”, defendeu o autarcabracarense.

E Ricardo Rio foi mais longe: “esta [se-gurança e combate a incêndio] é uma áreaem que os recursos são manifestamenteinsuficientes e seria muito importantepartilhar respostas dos dois lados da fron-

teira. Mas, infelizmente, até por condicio-nalismo de natureza legal, isso não é pos-sível”.

“Satisfeito” com esta quarta conferên-cia, promovida pelo jornal Correio do Mi-nho e a rádio Antena Minho, em co-orga-nização com o Eixo Atlântico, RicardoRio saudou a própria associação trans-fronteiriça por “cumprir em pleno os finspara que foi criada há 25 anos, sendo umagente de colaboração entre instituições,sobretudo, nesta visão integrada de toda aeurorregião”. O presidente da Assembleiado eixo Atlântico acredita mesmo que sepode “definitivamente fazer a diferença”.

Ainda no discurso de encerramento daconferência, Ricardo Rio deixou aindauma “saudação especial” ao jornal Cor-reio do Minho e à rádio Antena Minhopor terem “trazido a debate esta dimensãoda cooperação transfronteiriça, no caso dasegurança, rasgando e ultrapassando fron-teiras e, ao mesmo tempo, ajudando acriar consciência pública destas matérias,trabalhando sempre a comunicação deforma muito positiva”.

RICARDO RIO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE BRAGA

Cooperação transfronteiriça “aquém daquilo que é desejável”

ROSA SANTOS

Presidente da Assembleia do Eixo Atlântico e da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, deu os parabéns ao Correio do Minho e à Antena Minho pela organização desta conferência em co-organização com o Eixo Atlântico

“Não podemos ficarindiferentes a notícias comoas que vimos no ano passadoe que davam conta da existência de meiosdisponíveis do outro lado da fronteira, mas que devidoa barreiras burocráticas, nãoforam utilizados no combatea fogos quer na Galiza, querno Norte de Portugal.Mesmos que escassos, os recursos têm de seraproveitados em pleno numa questão de lógica deracionalização e de utilizaçãoeficiente de recursos”,assumiu o presidente daCâmara Municipal de Braga,Ricardo Rio.

CM 27 de MAIO 2017 A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO .310 26 de MAIO 2018 Correio do Minho

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Depois do ano trágico de 2017, “tinha que sefazer alguma coisa”, mas o caminho queestá a ser seguido “não é o mais adequa-

do”. Pelo menos esta é a opinião de alguns dosconvidados que participaram ontem na conferência‘Segurança transfronteiriça - ligação Norte de Por-tugal e a Galiza’, promovida pelo jornal Correio doMinho, pela rádio Antena Minho e o Eixo Atlânti-co do Noroeste Peninsular.

A abordagem e discussão técnica e científica so-bre os incêndios florestais e a prevenção são temá-ticas cada vez mais pertinentes e para o chefe daDivisão Municipal de Protecção Civil de Braga,Vítor Azevedo, “é preciso sair dos gabinetes”, por-que “as regras não podem ser decididas na centrali-dade de Lisboa e aplicadas a régua e esquadra a to-do o país”. Por isso, este tipo de debate “éfundamental, porque é preciso descer ao nívelcientífico e técnico já que os territórios têm carac-terísticas completamente diferentes e a realidadedo Minho e Galiza é diferente da do Alentejo”, de-fendeu Vítor Azevedo, destacando a importânciada cooperação entre as várias entidades ao nível doconhecimento científico e técnico. “Estamos numpaís demasiado pequeno para tanta centralidade epara tratar as cosias a nível tão superior. Há neces-sidade de envolver cada vez mais e dar mais com-petências, porque responsabilidades já têm, ao ní-vel dos municípios e das freguesias”, apelouaquele responsável. E para Vítor Azevedo não bas-ta criar unidades locais de protecção civil e oficiaisde segurança das aldeias. “Apesar da pertinênciadas medidas é necessário dotar os municípios decompetências na área, competências de organiza-ção e coordenação ao nível do próprio municípiosem ter que estar dependente de uma decisão dis-trital e nacional, porque como o território do Mi-nho não é igual ao do Alentejo também o concelhode Braga não tem, por exemplo, a mesma realidadeque Vieira do Minho ou Cabeceiras de Basto”, de-safiou aquele responsável.

Também presente na conferência esteve o verea-dor do Ambiente da Câmara Municipal de Braga,Altino Bessa, que considerou o tema “pertinente”,dando os parabéns ao jornal Correio do Minho, àrádio Antena Minho e ao Eixo Atlântico pela orga-nização.

Perante a realidade a actual, Altino Bessa admitiuque “não há soluções definitivas e aquilo que está aser feito do ponto de vista teórico é muito bonito,mas do ponto de vista prático simplesmente nãofunciona, continua a não funcionar”. E o vereadorexemplificou: “já tivemos uma série de incêndiosnos últimos dias e tinham que estar cá os meios aé-reos e simplesmente não estão. Aconteceu exacta-mente o mesmo que o ano passado”.

O Estado, continuou Altino Bessa, “tem colocadoimposições, pressão e legislação para obrigar osgrandes prevaricadores daquilo que é a prevenção

de incêndios. Mas o Estado não dá o exemplo”. Em Braga, exemplificou Altino Bessa, “o Estado

é proprietário da antiga estação agrária de Lama-çães, situada num centro urbano, e está com silva-do enorme e não é limpa. Pior foi notificada pelacâmara e não deram resposta. O mesmo acontececom antiga escola Luís de Castro”. O Estado“abandonou as pessoas nos incêndios e não dá oexemplo este ano. Vêm-se mais reforços, mas naprática não se sente isso”, apontou o dedo.

Carlos Cação, presidente da Associação FlorestalCávado, realçou a qualidade dos oradores e a perti-nência do tema trazido à agenda. Até agora, “pas-sou-se a imagem que era preciso limpar, mas issonão chega e a ideia de limpar a todo o custo nãofunciona. É preciso dar ordem de comando e re-pensar tudo novamente, porque uma reacção ime-diata como foi feita não funciona”, criticou. O pre-sidente daquela associação concorda que “algumacoisa tinha de ser feita, mas é preciso pensar numprojecto a longo prazo e nao a tão curto prazo co-mo está a ser feito”.

Carlos Neves, ex-vice-presidente da CCDR-N,também partilha da mesma opinião. “A consequên-cia imediata das tragédias é disparar legislação pa-ra todo o lado”. Mas Carlos Neves não concorda:“lançamos um conjunto de medidas, acreditandoque tudo isso resolverá o problema e aliviamos as-sim a nossa consciência. O certo é que na realidadeisso não funciona, a história demonstra que passa-dos alguns tempos os acontecimentos repetem-se”.Perante a realidade, aquele responsável foi pe-remptório: “se não analisarmos os dados de tudo oque aconteceu provavelmente no futuro vamos tersituações mais graves e danosos para todos nós”.

Outro aspecto importante da conferência realiza-da ontem é a importância que tem para informar eeducar. “O que está a ser feito não está a resultar. Alimpeza das matas e florestas é relevante, mas épreciso perceber se estamos a fazer a limpeza co-mo deve ser e da forma mais inteligente”. ParaCarlos Neves “é preciso envolver todos, desde lo-go as autarquias, as pessoas e a academia que temum conhecimento produzido e técnicas estudadasque demonstram que podem ser colocadas ao ser-viço das populações e autoridades”. A propósito, asautoridades têm que se articular de forma diferen-te, porque, ainda na opinião daquele convidado,“falta muita articulação e coordenação”.

Também a cooperação com Galiza é, ainda naspalavras de Carlos Neves, “crítica”. E continuou:“O Norte de Portugal e a Galiza têm problemasmuito comuns e essa cooperação tem que existir eser incentivada e isso significa que é fundamentalolhar para o território, para as pessoas e para a ca-pacidade que temos. Essa especialização territorialtem de ser feita pelas autarquias e pessoas que es-tão no terreno, nao vale a pena associar para o ladoporque o problema está à nossa porta”.

TESTEMUNHOS

Não chega limpar as florestas é preciso dotar municípios de competências e coordenação

ROSA SANTOS

Vítor Azevedo, chefe de Divisão Municipal da Protecção Civil de Braga

ROSA SANTOS

Altino Bessa, vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Braga

ROSA SANTOS

Carlos Cação, presidente da Associação Florestal do Cávado

ROSA SANTOS

Carlos Neves, ex-vice-presidente da CCDR-N

2. A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO 27 de MAIO 2017 CMCM 27 de MAIO 2017 A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO .3Correio do Minho 26 de MAIO 2018 11

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Organizada pelo jornal Correio do

Minho e pela rádio Antena Mi-

nho, em parceria com a Associa-

ção Eixo Atlântico do Noroeste Peninsu-

lar, a Conferência sobre Segurança

Transfronteiriça - Ligações Norte de Por-

tugal/Galiza fez-se também um vasto le-

que de apoios que contribuíram para o su-

cesso desta iniciativa.

A conferência decorreu no Auditório de

São Marcos da Santa Casa da Misericór-

dia de Braga. O provedor, Bernardo Reis,

realçou que a Misericórdia tem a particu-

laridade de “gostar de fazer parcerias,

dentro de um espírito solidário, privile-

giando o trabalho em rede, seja com insti-

tuições de solidariedade, autarquias ou

outras forças vivas”, como é o caso do

Correio do Minho e da Antena Minho.

Bernardo Reis realçou que para a Santa

Casa “é um orgulho colaborar com o Cor-

reio do Minho e com a Antena Minho”,

considerando que são órgãos de informa-

ção “de referência na cidade e na região”.

“No caso concreto do Correio do Minho

sou um leitor assíduo da edição em papel.

Não abdico da imprensa escrita, sobretu-

do da regional”, vincou o provedor, que

elogiou ainda a temática da conferência

por abordar as relações transfronteiriças,

tão importantes nos dias de hoje.

Na abertura da conferência, Paulo Mon-

teiro, director do Correio do Minho e da

Antena Minho, agradeceu à Misericórdia

de Braga por ter sido “fantástica e inexce-

dível” na organização desta conferência,

agradecimentos que se estenderam aos

restantes parceiros que apoiaram o even-

to. Um desses parceiros é a Uselabel Pu-

blicidade. João Gama Ribeiro, gerente da

empresa, realça que a Uselabel “tem todo

o interesse em marcar presença nos gran-

des eventos da sua cidade”, destacando

que no caso concreto este é um evento

que extravasa as fronteiras de Braga.

Criada em 1998 com o nome Servip

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Na realização desta conferência, conta-

mos ainda com os preciosos apoios da

Cavagri, da Tipografia de Priscos e do

Pingo Doce Braga Parque.

APOIOS

Parceiros contribuírampara sucesso da Conferência

ROSA SANTOS

Bernardo Reis, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga, marcou presença na conferência

ROSA SANTOS

Manuel Freitas Costa, presidente do CA da Arcada Nova, também marcou presença

ROSA SANTOS

Um momento de convívio no intervalo da conferência

ROSA SANTOS

Iniciativa suscitou a curiosidade dos GIPS da GNR

ROSA SANTOS

Debate serviu para troca de impressões entre participantes

CM 27 de MAIO 2017 A REGIONALIZAÇÃO TEM FUTURO .312 26 de MAIO 2018 Correio do Minho

FICHA TÉCNICAArcada Nova - Comunicação, Marketing e Publicidade, SA. Pessoa colectiva n.º 504 265 342. Capital social: 150 mil euros. N.º matrícula 6096 Conservatória do Registo Comercial de Braga

DIRECTOR DO JORNAL Paulo Monteiro (CP 1838) CHEFE DE REDACÇÃO Rui Miguel Graça (CP 4797-A)SUB-CHEFE DE REDACÇÃO Miguel Machado (CP 7631)TEXTOS Carlos Costinha Sousa (CP8872), Marlene Cerqueira(CP5505), Patrícia Sousa (CP 5948) e Teresa Marques da Costa

(CP 3710-A)FOTOGRAFIA Rosa SantosGRAFISMO Rui Palmeira e Filipe LeiteIMPRIME: Naveprinter, Indústria Gráfica do Norte, SA Tiragem: 12.000 exemplares