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8/13/2019 Sonho de Cinderela - C. B http://slidepdf.com/reader/full/sonho-de-cinderela-c-b 1/158 Sonho de Cinderela Duke Most Wanted Celeste Bradley 3º livro da série As Noivas Herdeiras Inglaterra, 1815 No jogo do amor... O avô de Sophie Blake deixou sua fortuna em testamento para a primeira de suas netas que se casasse com um duque. Como sua prima, Deirdre, está prestes a cumprir a cláusula, a tranquila e intelectual Sophie pode deixar de lado a ideia e dedicarse ao !nico homem a quem ama de verdade" #raham Candevish. $%o que esse charmoso li&ertino tenha planos com rela'%o a ela, Sophie sa&e disso... (as ela se contenta em estar )unto dele, trocar ideias, venc*lo nos )o+os de cartas... e sondar os mistrios que se ocultam por trás daquele sorriso sensual... ...Deve-se agir com o coração! - ent%o, inesperadamente, #raham herda um ttulo de no&re/a e uma propriedade 0 &eira da runa, afundada em dvidas. Sua !nica chance de salva'%o encontrar uma mulher rica, o mais rápido possvel1 2uando a procura de #raham por uma noiva come'a, Sophie perce&e que nem mesmo tem chance de ser uma pretendente. Su&itamente cansada de ser i+norada, ela passa por uma impressionante transforma'%o e se torna a &ela da noite.  3odos os olhares se voltam em sua dire'%o, inclusive o de #raham. (as essa &eldade tam&m +uarda se+redos... -la será sua salva'%o ou sua runa4...

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Sonho de CinderelaDuke Most Wanted 

Celeste Bradley

3º livro da série As Noivas Herdeiras

Inglaterra, 1815No jogo do amor...O avô de Sophie Blake deixou sua fortuna em testamento para a

primeira de suas netas que se casasse com um duque. Como sua prima,Deirdre, está prestes a cumprir a cláusula, a tranquila e intelectual Sophiepode deixar de lado a ideia e dedicarse ao !nico homem a quem ama de

verdade" #raham Candevish. $%o que esse charmoso li&ertino tenha planoscom rela'%o a ela, Sophie sa&e disso... (as ela se contenta em estar )untodele, trocar ideias, venc*lo nos )o+os de cartas... e sondar os mistrios que seocultam por trás daquele sorriso sensual...

...Deve-se agir com o coração!- ent%o, inesperadamente, #raham herda um ttulo de no&re/a e uma

propriedade 0 &eira da runa, afundada em dvidas. Sua !nica chance desalva'%o encontrar uma mulher rica, o mais rápido possvel1 2uando aprocura de #raham por uma noiva come'a, Sophie perce&e que nem mesmotem chance de ser uma pretendente. Su&itamente cansada de ser i+norada,ela passa por uma impressionante transforma'%o e se torna a &ela da noite.

 3odos os olhares se voltam em sua dire'%o, inclusive o de #raham. (as essa&eldade tam&m +uarda se+redos... -la será sua salva'%o ou sua runa4...

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

Querida leitora,Celeste Bradley encerra a trilogia  As Noivas Herdeiras com este romance

encantador! Se você leu os outros dois livros - Procura-se um Duque (ClássicosHistóricos 417) e No Quarto ao ado (Clássicos Históricos 4!") -, você vai vibrar coma história de Sophie. Se você não leu, vai vibrar do mesmo jeito, porue, como em todas

as trilogias, as historias são independentes, embora relacionadas, e podem ser lidasseparadamente.

 ssim como suas primas, Sophie sabe ue só herdar" a #ortuna do av$ auela uese casar com um duue. % #ato de &eirdre estar prestes a cumprir a cl"usula ', de certa#orma, um al(vio, porue Sophie não consegue se imaginar casada com outro homem uenão seja )raham, ue al'm de não estar interessado nela, est" longe de ser um duue.Bem, pelo menos, por enuanto, porue h" algumas surpresas aguardando esses dois aolongo do caminho...

Leonice Pompônio Editora

Copyright ©2008 por Celeste BradleyOriginalmente publicado em 2008 por St !artin"s Press

P#BL$C%&O SOB %CO'&O CO! S( !%'($)"S P'ESS )*+ )* , #S%(odos os direitos reser-ados

(odos os personagens desta obra s.o /ictcios 1ualuer semelhan3a com pessoas -i-asou mortas ter4 sido mera coincid5ncia

(6(#LO O'$7$)%L &#9E !OS( :%)(E&E&$(O'%

Leonice Pomponio %SS$S(E)(ES E&$(O'$%$SPatrcia Cha-es Sil-ia !oreira

E&$;<O=(E>(O(radu3.o 'achel Sch?art@

 %'(E!ônica !aldonado

!%'9E($)7=CO!E'C$%L %ndrAa 'iccelli

P'O&#;<O 7'$C%Sônia Sassi

P%7$)%;<O

 %na Beatri@ P4duaCopyrigh © 20D0 Editora )o-a Cultural Ltda

'ua Butant.+ 00 , F andar , CEP 0G2GH000 , S.o Paulo H SP???no-aculturalcombr 

$mpress.o e acabamento '' &onnelley

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

Prólogo

-ra uma ve/, em um lindo dia de primavera, tr*s menininhas que&rincavam lado a lado, em uma casa de campo in+lesa. -ram primas e futurasconcorrentes.

7 mais velha, Sophie examinava um inseto, a+achada desa)eitadamenteno ch%o, su)ando a &ainha do vestido. 7 do meio, 8hoe&e, mei+a e traquinas,perse+uia uma &or&oleta. 7 mais nova, Deirdre, de uma &ele/a impressionantedesde cedo, pe+ou o inseto que Sophie examinava e pôs na &oca, i+norando os+ritos de protesto da prima.

Suas m%es, a de Sophie, uma vi!va frustrada e ressentida9 a de 8hoe&e,uma &ondosa e so&recarre+ada esposa de vi+ário9 e a de Deirdre, uma &eldadedelicada e doentia, o&servavam as meninas. -stavam sentadas so&re umamanta, colocada 0 som&ra de uma árvore, para o piquenique.

7 m%e de Sophie, que era prima das outras duas, irritada, deu um tapano inseto que su&ia, so& o vestido, por uma de suas pernas.

: 2ue pssima idia : ela reclamou. : Detesto comer ao ar livre.

7 m%e de 8hoe&e, a !nica cu)as m%os mostravam o há&ito do tra&alho,tirou com delicade/a a inoportuna criatura da perna da prima e a devolveu ao+ramado. -la sorriu ao ver a filha &rincando com tanta ale+ria.

: Com ou sem insetos, adoro estarmos aqui reunidas.

7 m%e de Deirdre a&anou o rosto pálido e tam&m sorriu.

: - eu, como n%o tenho sado muito ultimamente, fico feli/ de ver asmeninas )untas.

7 m%e de Sophie olhou para a pr;pria filha por um lon+o instante edepois pousou os olhos nas lindas filhas de suas primas. -m&ora nin+umcomentasse, sua filha o&viamente n%o teria a &ele/a das outras duas.

$enhuma delas tampouco mencionou a fortuna de 8ickerin+. <mpossvel

que desde )á n%o pensassem que suas filhas teriam a chance que elas pr;priasinfeli/mente haviam perdido.

Se &em que uma delas havia encontrado um homem &astante rico,apesar de estar lon+e de ser um duque.

7 outra havia optado por um vi+ário1

-la mesma n%o se sara muito melhor, pois, apesar do falecido marido t*la deixado relativamente &em, se contasse seus tost=es a+ora, n%o estava emposi'%o melhor do que no incio da vida.

$%o, a disputa ficara para a +era'%o se+uinte.

7 m%e o&servou os )oelhos ossudos e os movimentos desen+on'ados deSophie. Como se n%o &astasse, ela ainda havia herdado o nari/ dos 8ickerin+1

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

Será que ela se tornaria o tipo de )ovem capa/ de atrair um duque4

Eu, sir Hamish Pickering, em pleno domínio de minhas faculdadesmentais, mas já com a saúde deilitada, e!presso a"ui, neste testamento,minha última #ontade$ %scendi & mais alta posi'(o "ue um mísero pleeu pode

sonhar, emora tenha duas #e)es mais c*rero, saedoria e determina'(o do"ue a indolente aristocracia$$$

+em sei "ue uma mulher, no entanto, pode simplesmente fa)er umcasamento & altura de sua ele)a e at* mesmo con"uistar um título$

as, nisso, minhas filhas me decepcionaram terri#elmente$

orag e -inella, in#esti muito dinheiro para "ue fi)essem um .timocasamento, mas #oc/s n(o corresponderam &s minhas e!pectati#as$Preferiram esperar "ue o mundo lhes fosse entregue de m(o eijada$

0endo assim, "ual"uer mulher da minha família "ue deseje um tost(o

"ue seja do meu dinheiro terá de se esfor'ar por merec/lo$Para isso declaro "ue toda a minha fortuna seja resguardada de minha

imprestá#eis filhas, e mantida so cust.dia para "ual"uer neta ou isnetaminha "ue se casar com um du"ue da Inglaterra, ou com algu*m "ue #enha ase tornar du"ue por heran'a, ocasi(o em "ue a cust.dia lhe será lierada$2aso essa minha neta ou isneta tenha irm(s ou primas "ue por#entura n(otenham se casado, cada uma destas poderá ter uma renda #italícia de "uin)eliras por ano$ 0e ti#er irm(os ou primos, emora a família tenda a serformada por mulheres, o "ue * uma pena, cada um desses receerá cincoliras, pois essa era toda a "uantia em meu olso "uando cheguei a 3ondres$

4ra, "ual"uer escoc/s "ue se pre)e pode transformar cinco liras em"uinhentas, em poucos anos$

m determinado #alor tam*m será entregue a cada don)ela da família"ue fi)er seu deute na sociedade, para os gastos com #estidos de festa ou o"ue desejarem$

as, se por tr/s gera'6es as jo#ens Pickering n(o forem emsucedidas,eu la#o as minhas m(os$ E o #alor total de "uin)e mil liras será usado para pagar multas e e#entuais dificuldades dos "ue desacataram a fiscali)a'(o deimpostos para e!portar o e!celente uís"ue escoc/s, o "ual foi meu únicoconsolo em meio a esta família de imecis$

 %h, se sua pore e santa m(e pudesse #/las agora7

 %ssinado,

0ir Hamish Pickering

estemunhas9

+$:$ 0tickle; 

 %$ <olfe

 %d#ogados da firma 0tickle; = <olfe

2uase vinte anos depois, as tr*s )ovens, acompanhadas pela madrastade Deirdre, fixaram resid*ncia em ?ondres para de&utar na sociedade.

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<nicialmente, tudo indicava que a &onita e cordial 8hoe&e seria avitoriosa na conquista de um quase duque. (as ela fu+iu com o meioirm%o&astardo dele, e a voluntariosa Deirdre o a+arrou, casandose com ele empoucas semanas.

Deirdre talve/ amasse o marido imensamente, mas ele, em princpio, n%oficou lá muito satisfeito com ela. 8or sorte, quando ela se recusou a ser a m%eda filha dele, (e++ie, uma crian'a re&elde e fora de controle, voaram chispaspor todos os lados... e a chama que &rotou entre os dois se tornou incandescente.

Com o atraente lorde de Deirdre em vias de herdar o ttulo de duque deBrookmoor, todos ima+inaram que fosse apenas uma quest%o de tempo e elatomaria posse da enorme quantia em dinheiro, da qual realmente nemprecisava.

Sophie, alta, sem +ra'a e retrada socialmente, )amais teve qualqueresperan'a de +anhar a heran'a. 7final, no meio acad*mico em que circulava,

ela sequer tinha visto um duque1

Capítulo I

Inglaterra, 1815

Se al+um tivesse dito a Sophie um ano antes que nessa noite ela estariaesparramada no tapete, diante da lareira, com um dos mais atraentes eco&i'ados homens de ?ondres, ela teria dado uma +ar+alhada.

(as lá estava ela, espre+ui'andose no calor do fo+o e olhandocarinhosamente para lorde #raham Cavendish, um homem de estatura alta esem&lante espirituoso, que percorria os dedos lon+os pela palma de sua m%o...

: 7i1 : Sophie puxou a m%o de supet%o.

: Conse+ui1 : #raham levantou a m%o, triunfante, e examinou a lascade vidro a/ul, com expressivos olhos verdes. : Como voc* conse+uiu enfiarisso na m%o4

8ara Sophie, a quest%o n%o era como tinha conse+uido e, sim, por quen%o &rilhava como a )anela de vidro colorido depois de que&rar tantos o&)etosde valor com seus modos desa)eitados durante vinte e sete lon+os anos. -lasimplesmente deu de om&ros e respondeu a #raham"

: $%o tenho a mnima idia. (as o&ri+ada, isso estava me incomodandomuito.

-le fe/ uma mesura, &emhumorado.: 3udo por causa de um &om dia de tra&alho. : -le se afastou ent%o dalareira, para onde havia arrastado Sophie por causa da lu/.

A

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Os dois estavam na sala de visita da casa alu+ada na 8rimrose Street,perto do distrito da moda de (ayfair, em&ora n%o exatamente nele.

Sophie n%o tivera escolha quanto a casa, mas &em que +ostaria que atia, lady 3essa, n%o morasse lá, como sua acompanhante.

$%o que a falsa e insolente 3essa passasse muito tempo a ciceroneála...

+ra'as a Deus, n%o1... pois lo+o ficava entediada e sumia por semanas com oamante da ocasi%o.

Como 3essa acreditasse que Sophie estava em ?ondres para arrumar umdos poucos duques solteiros e competir pela heran'a, essa talve/ tam&mfosse uma estrat+ia sutil de rele+ála a uma vida solitária, sem ter al+umque a acompanhasse aos muitos eventos e &ailes a que teria o direito defreqentar.

O que 3essa e nin+um mais sa&iam era que Sophie nunca tivera ainten'%o de concorrer 0 fortuna e nem sequer encontrar al+um para se casar.-la a+arrara, sem pensar duas ve/es no que estava fa/endo, a oportunidade de

se livrar do tra&alho penoso em 7cton.2uando a carta de 3essa havia che+ado, anunciando o plano de levar as

tr*s primas a ?ondres para tentar +anhar a fortuna de 8ickerin+, Sophiearrumara sua &a+a+em em uma hora partira no mesmo dia, sem comentarcom nin+um.

ma ve/ em ?ondres, sem permiss%o ou prop;sito, livre pela primeirave/ na vida para fa/er o que &em entendesse, deixando de ser apenas a malapreciada criada de uma mulher exi+ente que n%o tinha a menor considera'%opor ela, Sophie n%o contou a nin+um sua verdadeira inten'%o.

-la queria se divertir. $ada surpreendente que sua divers%o n%o fosse afavorita da maioria, mas ela sa&oreava mesmo assim o valor da li&erdade parafinalmente cuidar de seus pr;prios interesses e usufruir de seus pra/eres" lerpor horas, sem interrup'%o e conversar com +ente nova e interessante.

$a verdade, ela n%o estava ainda muito preparada nesse sentido, mastinha toda a inten'%o de melhorar isso um dia, quando n%o houvesse nadaque&rável por perto. - ver um pouco do mundo antes de voltar para a tristevida de servid%o. O desaforo de 3essa era muito oportuno.

2uando suas primas, 8hoe&e e Deirdre, ainda estavam solteiras, as tr*shaviam se divertido &astante tentando evitar a companhia venenosa de 3essa,

porm a+ora que n%o moravam mais em ?ondres, ela n%o tinha companhiaal+uma, a n%o ser #raham.

$aturalmente, #raham tinha sua pr;pria casa em ?ondres, ou, melhordi/endo, a casa do pai dele, duque de -dencourt, enorme e ma)estosa.

7pesar disso, #raham evitava estar em casa o máximo possvel. 7shist;rias que ele contava so&re os tr*s irm%os mais velhos s; contri&uam paraque Sophie ficasse feli/ de ser filha !nica.

- o tempo que passavam )untos fa/ia com que ela se sentisse ainda maisfeli/ de ter optado pela solid%o. Com #raham, ela nunca se sentia diferente por

ser t%o alta, pois ele era t%o alto quanto ela, e nem a ridiculari/ava pela faltade +osto ou por sua inclina'%o literária. 2uando o fa/ia, era de maneira carinhosa como se, na realidade, aprovasse.

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-le era um homem muito inteli+ente, em&ora raramente procurasse seexi&ir, e a despreocupa'%o dele era um antdoto &emvindo 0 sua nature/amais preocupada.

 3am&m era uma delcia olhar para #raham. 7lto e ma+ro, pormmusculoso, seus palet;s de requintado corte caam impecavelmente em seusom&ros lar+os. Sem falar, no contraste de seus ca&elos castanhoclaros com osolhos verdes da cor do mar, que &rilhavam em um rosto de tra'os perfeitos. -la+ostaria de poder retri&uir o favor que ele lhe fi/era.

Sophie o&servou #raham, em p 0 sua frente, limpar com cuidado acal'a na altura dos )oelhos. -ra mesmo preciso, pois, como lady 3essa n%otratava os criados &em, quer em &oas maneiras ou remunera'%o, tinha emservi'o o que merecia.

Sophie desistira de tentar manter tudo limpo e arrumado, com exce'%ode seu quarto e da sala em que estavam, onde passava raros e preciososmomentos com #raham.

O que fa/er4 -sses eram os momentos que ele rou&ava de sua atri&uladaa+enda de )o+atina, &e&edeiras e mulheres, ou se)a, correspondendo a suareputa'%o de filho li&ertino do duque de -dencourt. Como #raham di/ia, comtr*s irm%os mais velhos interpondose entre ele e o ttulo, essas erampraticamente as atividades que lhe restavam para se ocupar1

: 7final de contas, al+um tem que vestir a roupa de ovelha ne+ra. :-le suspirava melodramaticamente, depois ria. : - eu fico muito &em depreto.

7+ora Sophie, ainda sentada no tapete com as lon+as pernas do&radasso& o corpo, tocava distrada no ponto dolorida da m%o, contemplando ohomem mais inteli+ente, difcil e contradit;rio que tivera o pra/er de conhecer.

$%o que ela tivesse conhecido muitos. 7t vir para ?ondres, haviapassado anos sem falar com nin+um, a n%o ser com sua preceptora e ascriadas de 7cton (anor.

-la se sentia &astante 0 vontade com os homens com que suas primashaviam se casado. 8elo menos n%o que&rava nada quando eles estavampresentes. -ntretanto, somente com #raham ela veioa conhecer um homemde fato.

Foi o pr;prio #raham que a deixara 0 vontade quando tinham se

conhecido ao di/er": $%o estou no mercado 0 procura de esposa. Gamais1 - tam&m n%o

estou 0 altura de milady. 8ortanto, podemos muito &em ser ami+os, pois n%ohá sequer uma chance de que possamos ser qualquer outra coisa alm disso.

 3ranqili/ada por essas palavras e cativada por uma mente que,finalmente, se equiparava a dela, Sophie ficara &astante satisfeita em t*locomo ami+o.

Ou quase.

#raham era uma excelente companhia... quando se lem&rava de

aparecer. -le era atraente demais para sua pr;pria sorte, com aquelamand&ula &em definida e um sorriso safado, que depunha contra seu caráter,mas que fa/ia qualquer mulher perdoálo por tudo. De antem%o.

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?amentavelmente com ela n%o era diferente. $o momento, ele n%o davanenhum sinal de que voltaria a se sentar. Sophie conhecia os sinais.

-le estava ficando ind;cil. -ra sempre assim. 2uando se cansava dos )o+os e das pequenas maquina'=es da sociedade, procurava por ela. -lao&servava seus om&ros relaxar e seu sorriso se tornar mais a&erto.

-nt%o, passavam &rilhantes noitadas de conversa'%o e )o+os de cartasonde ele trapaceava e ela tam&m, s; que melhor. Iavia ainda mexericosescandalosos, por parte dele, n%o dela, que s; conhecia os se+redos de lady 3essa que tam&m era prima de #raham.

2uando ela come'ava a esperar que n%o aconteceria novamente, eleficava inquieto, precisando de a'%o e divers%o. $aturalmente, ela n%o davamostras de que estava triste em v*lo ir em&ora. O menor sinal de queestivesse ficando ape+ada a ele o faria fu+ir para lon+e dela, possivelmentepara sempre.

- ela n%o estava ape+ada. $%o de maneira sria, de )eito nenhum1 Como

poderia estar se #raham era t%o inacessvel4 - ela n%o passava de uma mulherque estava ali so& falsos prop;sitos.

7o deixar 7cton no meio da noite, sem di/er uma palavra a nin+um,levando o dinheiro que lady 3essa lhe mandara de acordo com o testamentode 8ickerin+, a !nica coisa de que tinha certe/a era a de que morreria sepermanecesse naquele lu+ar por mais tempo.

-la n%o era nin+um, alm de ser uma mulher sem muitos atrativos parase casar. 3am&m muito despreparada para tra&alhar. Somente uma mulhertola se deixaria sedu/ir por um homem que nunca poderia ter.

- Sophie n%o era tola. Comum e po&re, Sophie, a JvarapauJ comocostumavam chamála, sa&ia que a temporada em ?ondres era pura má+ica.7final os sonhos aca&am quando se acorda, e que era melhor que al+umas )ovens aprendessem que nunca deveriam sonhar.

7ssim, ela diri+iu a #raham um olhar de amistoso desdm.

: Koc* está indo ver de novo aquela sua amante que &a&a por voc*, n%o4 : uito om$ 0oou como se #oc/ n(o se importasse nem um pouco$

-le respondeu com um olhar de reprova'%o ao mesmo tempo em queendireitava o colete.

: Koc* n%o deve falar so&re o que n%o sa&e, Sophie. 7lm disso, lady?ilah Christie n%o &a&a coisa nenhuma.

Sophie estreitou os olhos. ?ady ?ilah Christie, uma aluna ávida deaprender todas as coisas er;ticas e sensuais, mulher de uma &ele/aexu&erante e vi!va recente, havia sido casada com o !nico homem em?ondres suficientemente rico para sustentála e ce+o o &astante para n%oenxer+ar suas aventuras extracon)un+ais.

<mpossvel que ele n%o sou&esse, pois cada passo de ?ilah, e a+oratam&m de #raham, como seu amante atual, era vi+iado e incessantementenoticiado pelo onipresente )ornal % >o) da 0ociedade$

 3odas as noites, Sophie )urava a si mesma que i+noraria a coluna social,mas todas as manh%s ela se apressava a pôr as m%os no )ornal antes que estedesaparecesse na &ande)a do caf da manh% de 3essa.

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-la sa&ia que n%o era educado, porm era mais forte do que ela... e a!nica maneira de sa&er o que se passava na vida de #raham.

Sem d!vida, ela poderia comparecer a todos os &ailes e eventos em queele estivesse, pois, como prima da nova marquesa de Brookhaven, ela teria asportas a&ertas. $a verdade, al+umas ve/es tinha de ir, o&ri+ada por um sensotardio de dever de 3essa.

7pesar disso, como era sua primeira temporada e provavelmente a!ltima na alta sociedade londrina, Sophie n%o estava a par do outro lado davida da cidade. 7parentemente havia um outro mundo, o mundo da )o+atina ede amantes ardentes, e era por ele que #raham transitava nas horas em quen%o estava em sua companhia.

7ssina ela esperava que em &reve ele se cansasse dos apelos a&aixo doa&dômen e mantinha a sala de estar a mais convidativa possvel. -la usufruaao máximo dessas noites em que #raham se esparramava na poltrona emfrente 0 lareira e a provocava, fa/endoa rir com as hist;rias deploráveis so&re

seus irm%os de peitos peludos e sua o&sess%o por ca'adas, ou tocava pianocom extrema ha&ilidade sem precisar se concentrar no teclado, i+norandocomo o cora'%o dela su&ia 0s alturas com a m!sica.

#raham fumava os ci+arros que ela comprava com o dinheiroeconomi/ado para comprar mais livros e &e&ia o usque que ela haviasurrupiado da casa de Deirdre, quando a prima e o marqu*s de Brookhavenn%o estavam por perto.

Se al+um ousasse fa/er qualquer o&serva'%o de que n%o era adequadouma )ovem passar tantas horas acompanhada de al+um como o not;rio lorde#raham Cavendish, Sophie responderia com sarcasmo que, sendo primo de

lady 3essa, #raham era praticamente da famlia. Desse modo, a pessoa sesentiria enver+onhada por fa/er tal )ul+amento.

-ra um discurso muito &em ensaiado, mas como nin+um nesse mundodava a mnima importMncia para as virtudes de uma )ovem alta e comum quen%o tinha outras expectativas na vida alm de ser uma solteirona culta, Sophienunca tivera a oportunidade de usálo.

7final de contas, n%o tinha nenhum futuro pretendente a perder, e#raham, que n%o levava nada e nin+um a srio, incluindo ?ilah, +ra'as aosdeuses, tam&m n%o arriscava nada com isso.

7quela ami/ade clandestina n%o pre)udicava nin+um e &eneficiava osdois imensamente.

8or toda uma temporada, Sophie decidiu fa/er s; o que +ostava" exploraros museus e as &i&liotecas e se divertir com #raham.

7s coisas seriam diferentes se ela estivesse seriamente empenhada emarrumar marido ou se #raham dese)asse um dia se casar e ter um herdeiro.

Feli/mente, n%o havia ra/%o para que quisesse, pois seus irm%ospretendiam procriar muito, assim que tivessem matado um !ltimo elefante,capturado mais um rinoceronte, a&atido mais um ti+re... ou se)a, n%o haviamotivo para que as coisas n%o continuassem exatamente do mesmo )eito, para

sempre.Depois de visitar Sophie na casa da 8rimrose Street, lorde #raham

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Cavendish entrou asso&iando em Pden Iouse, a casa londrina do duque de-dencourt.

O nome -dencourt era anti+o e respeitável e sua propriedade vasta e&elssima. $o entanto, as !ltimas +era'=es n%o tinham conse+uido manter o&om +osto e o comedimento. 7+ora o nome de -dencourt era associado a umcomportamento escandaloso e +rosseiro e a uma predisposi'%o de morrer porexcesso de &e&ida ou por conta de armas de fo+o... al+umas ve/es pelos dois.

7 casa em si continuava a mesma, a n%o ser por exi&ir mais al+unsinfeli/es trofus nas )á so&recarre+adas paredes, por isso #raham, havia muito,deixara de o&servar as decadentes condi'=es e o estado precário da ele+antemo&lia, devido ao uso a&rutalhado dos residentes atuais.

O piso de mármore achavase des+astado e os painis e ornamentos demadeira escura estavam danificados por o&)etos atirados ou arrancadas deles.Os tapetes estavam +astos e os sofás tinham as molas saltadas por a+entaros +randalh=es se esparramar so&re eles por anos a fio.

#raham meramente entrava e saa da casa e evitava se encontrar comos irm%os. $aquela noite, se conse+uisse se trocar com rapide/, ele poderiaestar 0 mesa dentro de uma hora. Como era seu há&ito, ele parou no hall deentrada e ficou ouvindo por um lon+o instante.

$enhuma +ar+alhada estridente. $enhum cheiro de fumo. $enhum&arulho de corpos arre&entando as molas do sofá.

Sim, a casa estava inteiramente va/ia, exceto pelo min+uado +rupo decriados.

#ra'as a Deus, sua famlia ainda estava &em lon+e1

O mordomo do pai veio pe+ar seu chapu e luvas. #raham sorriu paraele.

: -nt%o os que&rapeitos ainda est%o ausentes, hein, $ichols4

Depois de quarenta anos de servi'o, $ichols era indiscutivelmente umhomem leal ao duque. Sua usual express%o so&er&a ficou a/eda diante daspalavras de #raham.

: Boa noite, milorde. Sua #ra'a e seus irm%os mais velhos ainda n%omandaram notcia al+uma so&re quando voltar%o da ca'ada na Qfrica. m talsr. 7&&ott, porm, a+uarda pelo senhor no escrit;rio de seu pai.

#ranam piscou os olhos, estranhando.: 8or mim4 8ara qu*4

: $%o tenho idia, milorde : o mordomo respondeu, como se n%opudesse ima+inar o que al+um teria a falar com #raham.

#raham n%o podia culpálo, pois a atitude do mordomo apenas refletia ado pai que n%o trocara com ele mais do que uma d!/ia de palavras naqueleano.

Relutante, ele se diri+iu ao escrit;rio do pai.

O lu+ar podia ser considerado deplorável a qualquer momento, pois cadaparede hospedava um /ool;+ico de animais empalhados.

Durante o dia, a sala era deprimente. noite, quando o reflexo das

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chamas da lareira &rilhava nos olhares vin+ativos dos animais, evocavalem&ran'as da infMncia onde a amea'a da m%o pesada do pai conse+uia fa/*lo pôr os ps lá dentro.

(esmo a+ora, homemfeito, ele hesitava ao entrar. Depois de respirarfundo, a&riu a porta, sorrindo ao ver o )ovem cavalheiro de apar*ncia cansadaque o a+uardava. 7final, n%o era o duque que estava lá. $%o havia necessidadede se preparar psicolo+icamente para entrar.

Contudo, ele n%o poderia estar mais errado.

7 hist;ria prosse+uiu da se+uinte maneira...

mar+em da savana, no continente ne+ro da Qfrica, o homem era umacriatura frá+il e delicada, em um am&iente selva+em e hostil. Os homensinteli+entes movimentavamse com muita cautela e +eralmente so&reviviam. 7tend*ncia era que os est!pidos morressem.

(uito mal.

-m um acampamento de ca'a, no pas africano 2u*nia, um mdico depele &astante escurecida pelo sol e apar*ncia cansada entrou na +rande&arraca e parou no crculo de lu/ formado por uma fo+ueira central e váriastochas circundantes.

 3r*s in+leses musculosos a+uardavam, do lado de fora do crculo, que elese pronunciasse.

: Como está o duque4 -le so&reviverá4

: 2ue dia&o, homem, fale1

O mdico suspirou, er+uendo o corpo.

: ?amentavelmente os ferimentos que Sua #ra'a sofreu ao seratropelado pelo elefante foram +raves demais... e ele n%o resistiu.

Depois de um momento de estupefa'%o, um lon+o momento, pois os tr*sfilhos mais velhos do duque n%o tinham mentes muito á+eis, um dos maismo'os olhou para o mais velho, cheio de respeito.

: 7+ora voc* o duque.

O mais velho, e o menos inteli+ente dos tr*s, lentamente estufou o peito.

: Sim, sou o duque a+ora, mas s; assumirei a propriedade e o ttulo

depois de vin+ar meu pai e aca&ar com o elefante assassino. : -le deu umsoco no ar. : O elefante tem que morrer1

O se+undo filho, um pouco mais ca&e'adura ainda e meio &*&ado,concordou de imediato"

: ma &atalha pelo morto1

O +uia queniano, um experiente homem da savana, tentou evitar acatástrofe.

: (ilordes, esse elefanta muito peri+oso. P melhor fu+ir do territ;riodele e levar o corpo de seu pai de volta...

: Fu+ir4 : O terceiro filho, que ate ent%o ponderava de formasemelhante, teve os &rios ati'ados pelo comentário que )ul+ou covarde. : 8orDeus, homem, os filhos de -dencourt n%o fo+em de nada. : -le se uniu aos

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irm%os, levantando a espin+arda, &em alto. : 2ue se)a 0 morte1

<nfeli/mente, assim foi.

Koltando ao l!+u&re escrit;rio do falecido duque de -dencourt, seu filhomais novo fantasiava que os olhos dos animais empanados e os do )ovemadvo+ado de rosto redondo, tinham um &rilho de satisfa'%o cruel.

: 3odos os tr*s4 : #raham recostouse na poltrona do pai e passou am%o no rosto : S; podia ser. -les formavam uma unidade indivisvel. (ortospela pr;pria estupide/.

O sr. 7&&ott aquiesceu com a ca&e'a.

: 7ssim foi. O +uia tentou salválos, mas somente ele e dois de seushomens escaparam com vida.

: $%o havia nada que ele pudesse fa/er. : #raham +esticulou. : Opo&re homem n%o conse+uiria impedilos. $in+um conse+uiu, nunca. : -lesacudiu a ca&e'a, ainda chocado demais para se desesperar. 8elo menos, era o

que achava.$unca fora muito pr;ximo do pai ou dos irm%os, pois eram de uma

estirpe de homens inteiramente diferente da dele.

2uando ainda menino, os irm%os ou conspiravam contra ele, ou oi+noravam. Desse modo, com o tempo ele aprendeu que o melhor a fa/er eraevitálos o máximo possvel.

7o se tornar adulto e +anhar a reputa'%o de mulheren+o, #rahaman+ariou um tipo de respeito inve)oso, pois os que&rapeitos sempresa&oreavam uma ca'ada, qualquer que ela fosse. 7 tr+ua, entretanto, era

sempre cheia de desconfian'a e durava pouco dos dois lados.: Kossa #ra'a, devo informálo de que...

O mundo de #raham parou de repente, depois passou a +irar em umavelocidade nauseante.

>ossa ?ra'a$

-le en+oliu em seco. Cam&aleante, pôsse de p e atravessou o escrit;rioat a mesa onde estava a +arrafa de usque de seu pai. $%o, a+ora era dele1

#raham tomou uma dose para molhar a +ar+anta seca e uma se+undapara tirar o +osto da primeira. Depois se serviu de mais uma, s; para ficar

olhando. -nt%o ele se voltou para 7&&ott.: 2uer di/er que a+ora sou o duque de -dencourt.

: P, sim, Kossa #ra'a.

#raham voltou a se sentar na poltrona do pai, depois se encolheu todo,pensando que n%o tinha autoridade al+uma.

: Sou o duque de -dencourt : informou para o copo. 2ue dro+a, estavanovamente va/io1

7&&ot tirou o copo da m%o dele.

: Kossa #ra'a...: -i, eu estava &e&endo1

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7&&ott atirou o copo contra a lareira, espatifandoo.

#raham perce&eu pela primeira ve/ que o advo+ado n%o estava apenascansado. O homem tinha os lá&ios cerrados e os olhos cheios de revolta eindi+na'%o.

: Kossa #ra'a, minha famlia tem servido a sua, como advo+ados e

homens de ne+;cios que somos, por cinco +era'=es. Seu avô nunca conse+uiunos pa+ar nem pontual nem completamente, e seu pai nunca nos pa+ou de )eito nenhum. O conselho que estou para lhe dar o primeiro e o !ltimo queterá de um 7&&ott, por isso ou'a com aten'%o.

#raham recuou, finalmente fixando o olhar no homem.

: -stou ouvindo. 7&&ott endireitou o corpo.

: 7ssuma lo+o suas responsa&ilidades, sem perda de tempo. Suapropriedade está em runas e suas terras ociosas. Seus criados est%o sofrendo,e seu d&ito descomunal. - se n%o houver um +rande fluxo de caixa em-dencourt o mais &reve possvel, o senhor n%o terá mais nada para salvar. O!nico recurso que lhe resta encontrar uma mulher rica e casar rapidamente,antes que se)a tarde demais. Falta menos de um m*s para a temporadaterminar. Su+iro ent%o que se apresse.

Di/endo isso, 7&&ott se virou e saiu do escrit;rio e de Pden Iouse.

#raham o o&servou sair, va+amente consciente, devido ao choquesofrido, de que com 7&&ott se esvaa qualquer esperan'a de o&ter a)uda com avasta e enferma propriedade de -dencourt, so&re a qual ele nunca se dera otra&alho de sa&er o que quer que fosse.

-le fechou os olhos e pousou a testa no vidro frio da )anela.

: -stou completamente arruinado.

Como era possvel que Pden Iouse, )á t%o va/ia, parecesse mais va/iaainda4 #raham percorreu inquieto os sal=es no escuro. -m todos havia umestranho eco de desola'%o que ele nunca perce&era antes.

Será que a mera expectativa da che+ada do pai enchia os sal=es devida4 Ou seria seu desape+o pela famlia que o impedia de se sentir solitário47ntes s; do que com eles1

7+ora estava definitivamente so/inho. O va/io da casa, sua casa a+ora,era uma evidente manifesta'%o do va/io de sua vida toda. m homem n%o se

tornava um duque da noite para o dia. - lá estava ele, assumindo uma posi'%oque nem em seus mais loucos sonhos havia sonhado, e n%o tinha nin+umpara contar.

-xceto Sophie, claro. -sse pensamento era reconfortante. Sophieouviria a horrvel hist;ria do fim de seu pai e irm%os e entenderia o a&surdo dasitua'%o. -la lhe diria al+uma coisa amar+a e sensata, que viria de encontro aoque ele estava pensando. - como sempre, instantaneamente ele se sentiriamenos s;. -ntretanto, ela era a !nica. 3oda uma vida +asta em divertimentos esomente uma &oa companheira para se a&rir.

-le parou no quarto da m%e, um lindo cômodo que havia sido poupadodo mau uso de uma casa cheia de homens. O cortinado de seda, &astanteempoeirado, que pendia em volta da cama era de um rosa anti+o muito &onito,e os m;veis eram finos e ele+antes. #raham lem&rouse de que haviam

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pertencido a sua av;.

So&re a penteadeira pousava uma pequena caixa de );ias de uso diário.#raham duvidava de que a m%e tivesse possudo quaisquer outras, pois oscofres de -dencourt )á tinham sido esva/iados anos antes de ela entrar para ocl% dos Cavendish. -le a&riu a tampa com um dedo, mas a caixa, comoima+inava, estava va/ia.

-ra um &onito quarto, mas apenas um quarto. Iouve uma poca em quetivera si+nificado para ele, assim como para seu pai, em&ora o duque )amaistivesse falado so&re ela. 7pesar de ele n%o ter se casado novamente, #raham+ostaria de pensar que, uma ve/ na vida, o pai tivesse sido capa/ de umsentimento mais profundo.

-le suspirou, pensativo. 8rovavelmente n%o. O pai fora exatamente comoaparentava ser" a+ressivo e +rosseiro.

Koltandose para sair, #ranam es&arrou no canto da penteadeira com oquadril. Sendo &em mais anti+a do que estável, a pe'a &alan'ou. Com um

+esto rápido, ele conse+uiu impedir que esta tom&asse, mas a caixa de );iasescorre+ou e caiu no ch%o.

@eus, sou t(o desastrado "uanto 0ophie7

7&aixouse para pe+ar a caixa. m canto havia se que&rado. #rahamfran/iu o cenho, contrariado, ao ver a fenda na madeira. $%o que tivesse+rande valor pessoal para ele, mas odiava ter de )o+ála fora.

Foi ent%o que ele perce&eu um &rilho de metal atravs da fenda. Sacudiua caixa, mas nada caiu. Olhando mais de perto, ele puxou o revestimento develudo daquele canto. - qual n%o foi sua surpresa ao ver que o veludo escondia

um anel de ouro.$%o havia nada de extraordinário na );ia. 3inha um &rilhante n%o muito

+rande en+astado, mas o anel n%o era de rara &ele/a. 7pesar disso, era muito&onito. m anel simples e despretensioso, do tipo que uma mulher +ostaria deter pelo mero pra/er de usálo.

#raham mal se recordava da m%e. ?em&ravase de que ela era muitoperfumada e possua ma vo/ suave. <sso era tudo. Duvidava de que elafi/esse quest%o de que ele usasse aquela quinquilharia como anel de noivado.$%o era adequado para oferecer a al+um que dese)asse tornar sua duquesa.

7pesar disso, ele o enfiou no &olso. 7final de contas, precisava tanto deuma )ovem quanto de um anel. 3alve/ o )eito fosse encontrar al+um em quemcou&esse o anel que )á possua, e n%o o contrário.

-ra raro haver qualquer dist!r&io na tranqila rua em que estava situadaa respeitável firma de advocacia de Stickley T Uolfe. -m&ora nenhumapersonalidade importante houvesse recorrido a eles havia anos. O escrit;rioficava no andar superior, acima de uma lo)a de luvas, no trreo, e de umaa+*ncia de coloca'%o de empre+ados no piso se+uinte. 7mplas )anelas davampara a rua, mas, mesmo durante o dia, quase n%o se ouvia &arulho.

Se al+um tivesse descido a rua &em tarde naquela noite teria visto a lu/de uma vela acesa onde n%o deveria haver.

8ara sorte do intruso n%o havia nin+um na rua.

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O homem alto, que )á fora muito &onito, parado ali dentro do escrit;rio,poderia facilmente dar a impress%o de que n%o tinha nada a ver com o lu+ar,pois tra)ava uma roupa escura que lhe dava a apar*ncia suspeita de um ladr%o.

7 &em da verdade, porm, ele tinha todo o direito. $%o poderia se di/erque Uolfe fosse um advo+ado de fato. $a escola ele havia colado mais do queestudado e a&usado de su&ornos, alem de ter um pra/er todo especial dechanta+ear o reitor. (as pouco importava sua falta de compet*ncia, uma ve/que ele e o s;cio possuam apenas um cliente.

Seu s;cio, Stickley, n%o era pessoa de sua escolha. Os pais de am&oshaviam sido s;cios no passado. Stickley, porm, fora um +*nio ao cuidar eaumentar a cust;dia deixada por sir Iamish 8ickerin+. 7s quin/e mil li&rasori+inais totali/avam a+ora cerca de trinta mil.

Uolfe +ostaria muito de se apossar ao menos um pouco daquelemontante.

 Gá1

O cofre n%o estava escondido. 3ratavase de uma pe'a de ferrosuficientemente +rande para conter todo o dinheiro, pelo menos era o queUolfe supunha. -le n%o esquentava a ca&e'a com pequenos detalhes so&re odinheiro em si. Deixava isso para o s;cio.

Stickley tam&m era o encarre+ado de dividir a comiss%o destinada aUolfe em quantias mensais i+uais. - no m*s corrente, o dinheiro havia duradosomente tr*s dias. -le )á havia convencido Stickley a lhe dar al+um extra e,como sempre, ouvira um serm%o so&re tal irresponsa&ilidade. Depoisconse+uira arrancar mais um pouco do incauto s;cio, porm a quantia haviadurado somente uma semana.

- sua situa'%o a+ora era pior ainda. -stava devendo para +ente peri+osa,que mantinha esta&elecimentos escusos, freqentado por clientesinescrupulosos.

S; de pensar em qual seria seu destino, caso n%o pa+asse, fe/ com quelevantasse as ferramentas que havia tra/ido para arre&entar o cofre, pois n%ose lem&rava da com&ina'%o numrica. Gá havia feito al+umas tentativas queaca&aram pôr dar em nada. Ocorreulhe uma va+a lem&ran'a de que a senhatinha a ver com o aniversário do pai, cu)a data tampouco se lem&rava. 7 !nicacoisa que lhe vinha 0 mente era o olhar desapontado do pai.

-le se conteve depois de um momento, pois +olpear o cofre n%o a)udariamuito. 7inda n%o estava preparado para simular um rou&o. 3udo o quedese)ava naquele momento era o suficiente para acalmar os credores at queconse+uisse tirar de Stickley o restante do dinheiro.

Deixando o cofre de lado por um momento, Uolfe se encaminhou parasua escrivaninha, que ficava de frente para a do s;cio, como se os doisrealmente tra&alhassem )untos, e se )o+ou na poltrona finamente revestida emcouro. ?ar+ando as ferramentas no ch%o, ele esfre+ou o rosto.

-vitara de &e&er, para estar um passo 0 frente de seus perse+uidores,mas sua ca&e'a late)ava e ele se sentia um pouco tr*mulo. 8recisava tomar

um tra+o de usque, mas n%o se atrevia a pe+ar.Come'ou a mexer na escrivaninha onde s; havia tinteiros secos e penas

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de caneta ainda da poca de seu pai. 8or fim, encontrou um centavo preso nofundo de uma +aveta e lo+o colocou no &olso do colete. 8ousando os cotovelosso&re a escrivaninha, ele contemplou a poltrona va/ia do s;cio. Como odiavaStickley1 Desde a infMncia, tinham sido impostos um ao outro, com +randesexpectativas pesando nos om&ros dos dois.

Stickley, há&il &a)ulador que era, havia sido muito estudioso. Gá Uolfefora for'ado a a&ra'ar a profiss%o do pai por n%o haver dinheiro suficiente paralhe +arantir uma vida de no&re.

Iaveria maior desperdcio do que deixar aquelas lindas pilhas de ouropara uma ca'adora de ttulo de no&re/a4

Os dedos de Uolfe cocavam de am&i'%o.

-le se levantou e caminhou deva+ar at o lado da escrivaninha do s;cio.

Stickley podia se chato e presun'oso, mas n%o era &urro. $%o deixaria acom&ina'%o do cofre 0 vista na +aveta da escrivaninha, n%o mesmo4

2ue inferno1 $%o tinha outro lu+ar para ficar. Sua moradia estava sendoo&servada, tinha certe/a. 7lm disso, devia ao locador. 3alve/ 0quela alturasuas coisas )á tivessem sido )o+adas na rua.

7ssim, por mera curiosidade, ele a&riu a primeira +aveta da escrivaninhado s;cio.

?ápis perfeitamente alinhados e fileiras de tinteiros separavam pilhas depapel alma'o. m horror.

7 +aveta se+uinte continha &locos de papel de carta e envelopes. Comose Stickley tivesse al+um a quem escrever1

$a terceira e !ltima +aveta estava uma pasta de couro amarrada comum cord%o. <nteressante.

Uolfe se sentou na poltrona do s;cio e tirou a pasta da +aveta. -le n%oera +rande leitor, mas conhecia a cali+rafia de Stickley t%o &em quanto a sua.

Ora, ora... m outro testamento. Dessa ve/, o de Stickley. Iavia umalon+a lista de +rupos acad*micos que deveriam rece&er uma ou outra pe'a dacole'%o dele. $ada que parecesse muito interessante ou valioso para Uolfe,at que ele leu al+o que o fe/ levantarse, surpreso.

Stickley deixava tudo o mais, inclusive uma considerável economia e

todas as futuras retiradas da comiss%o de 8ickerin+ para o filho do s;cio do pai.$o caso, Uolfe.

O homem que havia sido uma tortura em sua infMncia e dificultava suavida adulta.

Era o "ue meu pai esperaria de mim$

Uolfe piscou várias ve/es, surpreso. -m se+uida um sorriso &rincou emseu rosto atraente, mas emaciado. Stickely estava deixando tudo para ele.

Aue idiota7

2uando Stickley apareceu al+umas horas mais tarde, descansado e &em

vestido, como s; poderia estar quem se levantava cedo, ele se deparou comUolfe sentado im;vel na pr;pria poltrona, com os cotovelos apoiados naescrivaninha e o rosto so&re as m%os.

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: Dia&os, voc* caiu da cama4

: 8ois 1 :foi o !nico comentário de Uolfe.

Stickley se encaminhou para seu lado do escrit;rio, ondecuidadosamente +uardou a pasta que todos os dias o acompanhava na ida ena volta do escrit;rio.

Uolfe ficava intri+ado com o que Stickley levaria para casa todas asnoites, uma ve/ que somente tinham uma conta para cuidar.

: 8ensei em lhe mandar um recado : disse Stickley. : Rece&emos uma;tima notcia o outro dia. O duque de Brookmoor se recuperou1 $%o umamaravilha4 3alve/ ele ainda viva muitos anos. #anhamos tempo para en+ordarmais um pouco a conta de 8ickerin+, n%o 4

Uolfe, que n%o dava ouvidos a fuxicos, )á tinha ouvido falar que omarqu*s de Brookhaven havia feito uma visita ao tio, Brookmoor. 3am&mficara sa&endo que Brookmoor procurara um outro mdico e que,aparentemente, tivera uma recupera'%o mila+rosa.

Uolfe, porm, n%o acreditava em mila+res. -ra pra+mático. -le serecostou na poltrona, que ran+eu.

: Stick, meu velho... voc* mudou a com&ina'%o do cofre4 O s;cioconcordou, com os olhos &rilhantes.

: (udei, sim. Iá anos. 2uando tivemos aquele auxiliar por um tempo,lem&rase4 Rapa/ in!til. Depois que ele &e&eu seu usque e vomitou em minhamesa, eu o despedi. (udei a com&ina'%o ent%o, s; por +arantia.

: Koc* n%o acha &om eu sa&er a nova com&ina'%o4

: 8ara qu*4 -u sempre posso a&rir para voc*. Uolfe levantou os olhospara o s;cio.

: - se acontecer al+o a voc*, velho ami+o4 Se, por exemplo, trope'ar nafrente de uma carrua+em em velocidade4 Ou se um ladr%o de rua lhe der umafacada no caminho para o tra&alho4

Stickley hesitou diante do olhar amea'ador de Uolfe.

: -u... eu )á me certifiquei de que voc* tenha tudo o que precisa paraadministrar a firma, caso al+o desse tipo me aconte'a. : -le fe/ uma pausa. :-m meu testamento. Koc*... voc* +ostaria de v*lo4

Uolfe sorriu ent%o, um sorriso charmoso que havia desarmado muitoshomens em vias de atacálo e muitas mulheres em vias de pedir socorro.

: $%o se)a tolo, Stick ami+o. $%o preciso v*lo. Confio em voc*plenamente.

7final, ele )á sa&ia de tudo o que precisava sa&er.

O fim do ver%o em ?ondres se assemelhava a qualquer outro. 7 qualquermomento do dia chovia e a umidade mais &aixa s; fa/ia piorar o mau cheirodos es+otos.

7s flores, porm, enfeitavam )ardins muito verdes e os pássaroscantavam ale+res nas árvores &em cuidadas que cercavam as resid*ncias mais

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no&res. Govens +raciosas, com chapus de cores vivas, caminhavam de &ra'osdados com rapa/es &emvestidos, se+uidas por criadas e lacaiosso&recarre+ados de pacotes.

(esmo na vi/inha menos ele+ante e fronteiri'a a (ayfair, em&orahouvesse mais )ardineiras do que )ardins, as casas exi&iam muitas flores emseus terra'os.

8or volta do meiodia, parado do lado de fora da casa alu+ada por lady 3essa, #raham estava pouco se importando com flores ou pássaros ou atmesmo com )ovens &onitas. $%o dormira a noite toda, procurando ler as pilhasde papis deixados por 7&&ott.

-m&ora tivesse plena consci*ncia de n%o ser nenhum i+norante, eraassim que se sentia naquela manh%. Como poderia a&sorver de uma hora paraoutra toda uma vida de informa'=es e treinamentos que seriam necessáriospara salvar -dencourt4

- será que ele queria4 $%o seria mais fácil simplesmente a&rir m%o de

tudo47parentemente, era o que o pai fi/era. 7t ler so&re as condi'=es em que

os poucos lavradores viviam, pela primeira ve/ na vida, #raham estiverapropenso a pensar como o pai.

$o entanto, eram lavradores de sua propriedade. #ente so& suaresponsa&ilidade.

O que era insano, pensando &em. 2ue sistema de heran'a mais idiotaera esse que o deixava encarre+ado de cuidar de seres humanos4 $uncacuidara sequer de um &ichinho de estima'%o1

7pesar disso, o peso da responsa&ilidade, uma ve/ assumido, n%o davasosse+o. -le tentara arma/enar na mente o máximo possvel de informa'=es edepois sara a peram&ular por (ayfair at che+ar ali.

 3udo o que conse+uia pensar era que Sophie sa&eria o que fa/er. (aisuma &o&a+em, claro. Sophie era uma )ovem &emcriada, proveniente de umapequena mans%o no campo. -ra, sem d!vida, inteli+ente, mas tradu'=esliterárias n%o poderiam ser de a)uda para ele naquele momento.

-ntretanto, ela era a !nica pessoa em ?ondres que de fato se importavacom ele. - isso com certe/a mudaria. 7ssim que seu ttulo fosse anunciado, elerepentinamente +anharia uma srie de Jami+osJ. $%o tantos quanto teria setivesse ficado rico, mas o suficiente para incomodálo.

7t lá, queria ter mais um dia simplesmente como lorde #rahamCavendish. 7o su&ir os de+raus da casa, n%o lhe ocorreu per+untar a si mesmoo motivo de querer passar aquele !ltimo dia com mais nin+um a n%o ser asrta. Sophie Blake.

#raham entrou na sala de m!sica.

: Sophie4

Os papis de Sophie estavam espalhados por todo lado, em uma ordemca;tica que somente ela entendia. - ai de quem tirasse uma !nica folha dolu+ar1

$ada de Sophie. -le )á estava para ir procurála em outro cômodo

NL

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quando avistou seus chinelos pr;ximos 0 )anela e os ps com meiasaparecendo so& a cortina, que escondia parcialmente a )anela tipo a;BindoB$

: 7h, a está voc*1

-le se aproximou. -la estava recostada, dormindo, com papis so&re os

 )oelhos encolhidos e os ;culos tortos no rosto. O sorriso de #raham sesuavi/ou. 8o&re/inha. -stava tra&alhando muito nas malditas tradu'=es, eprovavelmente vivendo um inferno com 3essa.

Cuidadosamente, #raham tirou as folhas do colo dela e as colocou delado, mantendoas na mesma ordem, claro. -nt%o, com toda delicade/a,tiroulhe os ;culos do rosto.

Sem os ;culos, as fei'=es familiares de Sophie lhe pareceram vulneráveise desconhecidas. 8ernas intermináveis do&radas como se fosse uma recmnascida, dedos su)os de tinta e unhas rodas e os ca&elos... ah, aqueles ca&elosloiros...

-ra a primeira ve/ que os via meio soltos. Iaviam vencido a luta contraos +rampos e a +ravidade, e tran'as desmanchadas caam so&re o peito daami+a.

Curioso, #raham pe+ou uma tran'a e a desfe/. 7 sensa'%o daqueleca&elo sedoso e macio em sua m%o provocou um inesperado so&ressalto emsua ne+li+enciada masculinidade.

-le fechou os olhos, quase entontecido de puro pra/er sensual. -nrolouuma mecha de ca&elo no pulso at aproximála do queixo de Sophie. 7o sentiro contato, ela virou a ca&e'a, encostando o rosto na m%o dele e deixando

escapar um pequeno suspiro. $aquele momento ele se deu conta do quenunca havia notado antes. -la exalava um perfume realmente delicioso.

7o perce&er um pequeno movimento nas pálpe&ras de Sophie, #rahamsoltou a mecha e endireitou o corpo. -la se espre+ui'ou e finalmente a&riu osolhos, dando com ele de p, +uardando a devida distMncia, e lhe sorrindo damaneira afável de sempre.

8ensando &em, ela era somente Sophie, e ele simplesmente precisava deuma visita ur+ente a ?ilah. S; isso.

: #ray4 O que voc* está fa/endo aqui4

-le inclinou a ca&e'a e, em ve/ de responder, per+untou": Koc* nunca cortou o ca&elo4

Surpresa, ela deuse conta de que suas trancas haviam despencado.Corando como se fosse al+o do que tivesse de se enver+onhar, elarapidamente se sentou e procurou prender os ca&elos. 3%o em&ara'ada semostrou, que #raham, educadamente, fin+iu olhar pela )anela at que elaestivesse recomposta. 3%o lo+o viu os ca&elos de Sophie novamente presos,ele teve uma inexplicável vontade de soltálos outra ve/.

-le pi+arreou.

C(o seja maleducado$ Ela morreria de susto se #oc/ fi)esse uma coisadessas$

Sua Sophie desconhecia completamente o mundo e todos os seus

5

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demônios. - ele preferia que ela continuasse assim, mesmo que ele pr;priofosse um desses demônios. 7+ora ela o olhava, curiosa.

De repente, ele sentiu que n%o queria contar a ela so&re sua famlia e ottulo. 2ueria fa/er de conta que nada havia mudado, pelo menos por maisal+uns minutos. Sentiase 0 vontade com o modo que as coisas estavam.

-nt%o, em ve/ de responder, ele pe+ou uma das pá+inas dela. 7dmirouse com a linda escrita, mas antes que tivesse a chance de ler o que estavaescrito em alem%o, ela lhe tirou o papel das m%os.

: $%o para ler. S%o apenas anota'=es. $%o +osto que minhastradu'=es saiam da ordem. Koc* entenderia se ocupasse um pouco melhor suamente.

-la o censurava a+ora. -le sorriu, reconfortado pelo malhumorado tomfamiliar. (uitas pessoas se deixavam cativar apenas por suas &oas maneiras e,com isso, ele perdera a f no discernimento da humanidade. Somente Sophie ovia exatamente como era e com ra/%o demonstrava desa+rado.

-le alar+ou o sorriso, feli/ de ser J#ray, seu vadio in!tilJ, at seesquecendo de mascarálo com sua ha&itual ironia.

$otando, porm, a surpresa no olhar de Sophie, reco&rou a costumeiraatitude de imediato.

#raham se a)eitou ao lado dela )unto 0 )anela, amontoando de prop;sitoas folhas at ela o repreender mais uma ve/.

: Kamos, Sophie, em que voc* está tra&alhando4 Conteme a hist;ria.

-la o olhou, desconfiada, e ordenou as anota'=es.

: Koc* está falando srio ou quer me ridiculari/ar4-le encostou a ca&e'a no &atente da )anela e fechou os olhos.

: 7mada Sophie, estou cansado demais para &rincadeiras. S; querodescansar aqui, ouvindo voc* falar.

Sophie odiava quando ele a chamava de JamadaJ ou JqueridaJ. Odiavaporque seu cora'%o muito i+norante quase saltava do peito todas as ve/es. -tam&m porque saa muito fácil da &oca dele. <n!meras mulheres deviam serassim chamadas por lorde #raham Cavendish, tanto no sal%o de &aile quantona cama.

- ela odiava ser mais uma delas.7pesar disso, havia al+uma coisa diferente em #raham naquele dia. -le

estava visivelmente cansado, e n%o era por causa de excesso de &e&ida ou deuma noitada com mulheres.

-le parecia a&orrecido e cansado, como se sua mente estivessepreocupada demais para ter descanso.

7inda assim, ele estava ali e queria sa&er em que ela estavatra&alhando. -la a)eitou os papis uma !ltima ve/.

: $%o terminei ainda... mas acho que minha lenda favorita at a+ora.

#raham murmurou al+uma coisa encora)adora, por isso ela respirou ecome'ou a ler. -le ouviu em sil*ncio e aos poucos foi se acalmando.

5N

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: J... e o homem rico se casou pela se+unda ve/, e a nova esposa trouxecom ela suas duas filhas. -las tinham &elas fei'=es, mas cora'=es malvados...J

-le deu uma risada de de&oche. Sophie levantou os olhos.

: O que há de t%o en+ra'ado4 Sem a&rir os olhos, ele comentou"

: 8or que, nessas suas hist;rias de fada, as meninas s%o sempre lindas

e cruis4Sophie es&o'ou um sorriso.

: 7h, a pura verdade. -le a&riu os olhos.

: Deirdre &onita e muito mei+a.

Sophie deu de om&ros. Sua prima Deirdre tinha a &ele/a loira de umadeusa, sem ser alta demais, e era &em versada nas pequenas nuances dasociedade +ra'as 0 tutela 0s ve/es cruel de 3essa. -ra tam&m sedutora evoluntariosa. Somente um homem forte e se+uro de si, como lordeBrookhaven, poderia do&rar a teimosa Deirdre.

Sophie havia se afei'oado a ela, porque, o cora'%o da prima era t%ocaloroso quanto determinado, mas Deirdre n%o era exatamente Jmei+aJ. (asela n%o iria discutir so&re isso.

: Deirdre meramente a exce'%o que confirma a re+ra : ela retrucou,com convic'%o.

#raham revirou os olhos.

: Odeio quando as pessoas di/em isso. O que si+nifica4 ma coisa ou a re+ra, ou n%o . 7s exce'=es n%o provam nada.

Sophie a&riu a &oca para fa/er pouco caso da ha&ilidade dear+umenta'%o dele, mas parou.

: $unca considerei isso antes.

8onto +anho, ele ent%o, com todo o charme, se contradisse"

: Dessa maneira, 3essa confirma a re+ra que vale para qualquer um.

Os dois riram. 3%o &onita quanto Deirdre, mas conhecida por suamaldade, as atitudes de 3essa propiciavam que ela fosse /om&ada

Sophie achou duplamente tentador contar a #raham so&re a maisrecente investida sexual de 3essa, mas se conteve. -m&ora ela fosse muitodesa+radável, tam&m era a !nica acompanhante de que dispunha. Sem 3essa, ela teria de retornar lo+o a 7cton. - isso era impensável.

 3ratou, ent%o, de mudar o assunto.

: Iá muitas verdades nessas hist;rias. 7prendi &astante so&re a vidaem +eral.

-le riu descrente ao ouvir aquilo.

: Kerdades4 -las entret*m, com certe/a, e confortante ouvir que o&em sempre vence o mal, mas elas nada t*m de vida real.

as eu "uero "ue o em #en'a$$%o, #raham tinha ra/%o. Sophie a&aixou os papis.

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: $%o sou t%o in+*nua assim, #ray: disse, com ar srio.

: Sei perfeitamente &em que as 3essas e as ?ilahs fatalmente aca&am+anhando. <sso, porm, n%o a&ala minha convic'%o de que n%o deveria serdessa forma.

: Sophie, nada acontece do )eito que a +ente +ostaria. : #raham se

levantou, de repente, a+itado demais para se sentar.: Koc* n%o deve esperar nada de nin+um.

: $%o ve)o ra/%o para aceitar que o lado perverso do mundo realinterfira no dese)o de que as coisas se)am como deveriam.

O tom de censura na vo/ da ami+a fe/ com que #raham relem&rasse dapr;pria situa'%o.

2onte para ela$ Ela entenderá$ 2ontar a 0ophie tornará tudo real$

(as ele n%o queria que se tornasse real, ainda n%o.

: 7 ra/%o que eu vivo no mundo real, e voc* no mundo de sua mente,Sophie.

: $%o consi+o pensar que ha)a mais de um mundo, #raham, alm doqu*, acho difcil acreditar que um mundo de )o+atina e de vcios possa serclassificado como Jmundo realJ.

: $%o a isso que me refiro. -sta apenas a minha maneira de passar otempo.

 %t* "uando, ela teve vontade de per+untar, mas ele continuou adefender seu ponto de vista.

: -stou falando do mundo fsico. Koc* passa todo o seu tempo nestacasa, ou em uma livraria, e nunca v* o que certo 0 sua frente.

7 conversa estava indo lon+e demais, especialmente partindo de#raham1 -la cru/ou os &ra'os e questionou"

: O que tenho, perdido4 O ar mal cheiroso de ?ondres4 O fedor doestrume dos cavalos nas ruas4

: Sim, ?ondres pode ser um po'o de su)eira 0s ve/es. : -le inclinou aca&e'a e a fitou &em nos olhos. : (uito &em, Sophie, ent%o me di+a o quevoc* fa/ia em 7cton4 O ar de lá &om, n%o 4

-la passava todo o tempo em casa, com o nari/ enfiado nos livros,quando suas o&ri+a'=es permitiam. 3am&m n%o se aventurava a sair porquepoderia encontrar al+um conhecido da Jespcie masculinaJ e, se precisasseconversar com ele, o caos estaria esta&elecido.

(as n%o era preciso admitir nada disso a #ranam. -la levantou o queixoe replicou"

: -u era querida na aldeia. $%o parava de rece&er visitas. -le sorriu,carinhoso.

: (entirosa. : Depois che+ou mais perto dela. Sua proximidade fe/

com que ela ficasse sem respira'%o. : Sophie, há muito mais vida do quelivros1 Bele/a, paix%o e fo+o1

: Oh1... : -la se afastou e /om&ou dele. : Koc* está falando de ceder 0

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&e&ida e sexo, n%o 4

-le se mostrou perplexo.

: O qu*4 -stou falando de viver, Sophie. : -le a fitou por um lon+oinstante. : Koc* n%o entende mesmo.

<ncomodada, ela desviou os olhos.

: #osto da minha vida como . : 4deio minha #ida como *, mas o "ue posso fa)erD  Gá havia se arriscado &astante ao vir a ?ondres, e a aventurasomente servira para conhecer o que nunca seria dela, ao vivo e em detalhes.

#raham fran/iu o cenho, pensativo.

: -stá &em : disse, calmamente : ent%o feche os olhos.

: $%o. 8or qu*4 : ela quis sa&er, desconfiada.

-le riu &aixinho.

: Sophie, cale a &oca e feche os olhos.

8ela pequena fresta na )anela que deixava uma suave &risa entrar,Sophie ouviu o som de rodas no cascalho e vo/es distantes. De olhos fechados,ela s; tinha consci*ncia da proximidade de #raham.

7o se dar conta disso, ela a&riu os olhos. $esse momento ele tentavape+ar sua m%o.

: O que voc* está fa/endo4

: Será que voc* n%o conse+ue relaxar por um momento sequer.

: $%o, quando n%o sei o que voc* pretende fa/er.

: Sophie, sua teimosa. 7cho que vamos ter de come'ar pelo come'o.#raham tirou um len'o do &olso, rapidamente o enrolou e, em&ora

Sophie tentasse impedilo com um Jn%o ouseJ, ele vedou os olhos dela.

: 2ue &rincadeira de crian'a essa4

: -xatamente isso.: #raham pe+ou a m%o de Sophie e depositou so&rea palma uma coisa fria, dura e circular.

: P uma moeda.

: 7h, mas que moeda4

-la passou os dedos so&re o relevo e avaliou o peso com a m%o.: m +uinu.

-le retirou a moeda e colocou al+o esfrico e duro.

: O que está em sua m%o a+ora, Sophie4

O toque +entil da m%o dele pe+ando novamente em seu pulso fe/ comque ela se desconcentrasse por um momento.

: 7h... uma ma'%. : -la deu uma mordida e riu. : (uito +ostosa, aliás.

-le tirou a fruta da m%o dela, e ela ouviu que #raham tam&m mordia a

ma'%.0erá "ue os láios dele tocaram onde os meus ro'aramD

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-la se censurou por esse pensamento. 7final, aquilo n%o passava de um )o+o tolo1

#raham colocou, ent%o, na m%o de Sophie al+o que ela n%o reconheceu,nem mesmo usando as duas m%os.

: m... +alho4 : -ra liso, mas duro e ramificado. : 7l+um tipo de

escultura4...: 7h : ele disse &em )untinho do rosto dela : Sophie n%o sa&e tudo.

: $em #raham1

-la passou os dedos pela superfcie polida, mas n%o conse+uia pensar noque pudesse ser.

: m osso4

: -stá quente : ele disse, rindo :, mas n%o .

Sophie queria se concentrar na pe'a, mas era impossvel com o corpo

dele t%o pr;ximo do seu.: Kamos, di+a. $%o sei.

#raham riu.

: P um chifre. : -le o tirou das m%os dela. : Coloquei no &olso a noitepassada e esqueci de +uardar.

: m trofu dos valentes ca'adores4

Sophie ima+inou que #raham fosse fa/er al+um comentário. -le nuncaperdia a oportunidade de /om&ar do pai e dos irm%os. -le, porm, colocou umoutro o&)eto em sua m%o, pequeno e circular. m anel. 7utomaticamente, ela ocolocou no dedo. Ca&ia.

: 2ue tal fica4

Sem tecer qualquer comentário, #raham pe+ou a m%o dela e tirou oanel.

Sophie teve a impress%o de ter feito al+o errado.

: 3em al+um si+nificado especial para voc*4 : ela quis sa&er.

: S; al+o anti+o : ele explicou, pensativo. : 7+ora me d* sua m%onovamente.

O toque dele foi diferente dessa ve/. (enos &rincalh%o, mais... vi+oroso.#raham pousou o rosto na palma de sua m%o.

Sophie ficou com a respira'%o suspensa. -la podia sentir a textura da&ar&a dele por fa/er. $%o era macia, como ima+inava.

#raham esfre+ou li+eiramente o rosto na m%o dela, fa/endo com que elapuxasse a m%o. 7l+uma coisa sria estava acontecendo.

: #raham, voc* está &em. : -la come'ou a tirar a venda dos olhos. :O que está havendo com voc*4

: $ada..., a&solutamente nada.

#raham pe+ou a m%o dela e a colocou em seu rosto.

 %inda n(o$ %inda n(o * real$

5@

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Fechando os olhos, ele se concentrou na sensa'%o da m%o fria de Sophieem sua face.

Sophie vivia t%o prote+ida. Desconhecia tanta coisa. $%o deveria sa&ernem a diferen'a de textura da pele de um homem da de uma mulher quantomais do calor vulcMnico de um corpo so&re o outro.

-le sentiu uma press%o em suas cal'as. Dro+a, fa/ia semanas que n%otinha uma mulher1 -, sem perce&er, o toque de sua m%o deixou de serinocente e se tornou mais ousado. Seus dedos desli/aram do pulso de Sophiepara o cotovelo, deva+ar e intencionalmente.

Sophie n%o conse+uia respirar. 7s m%os dele dominavam seupensamento. -la se deixou ficar, avidamente, incapa/ de rea+ir. ma das m%osmantinha a sua presa no rosto dele. 7 outra era uma chama viva em sua peleao su&ir lentamente pelo &ra'o at o dorso ro'arlhe o seio.

Faltavalhe o ar nos pulm=es e seu cora'%o estava disparado. m.dese)olouco se apossou dela, fa/endoa sentir um frio/inho desconhecido no

estôma+o. 7quela sensa'%o era excitante e assustadora, e ela dese)ou quenunca aca&asse. Gá n%o conse+uia pensar...

Com um movimento rápido, ela arrancou a venda dos olhos, fixando oolhar em #raham. Sua &oca ficou seca e estava difcil de articular qualquerpalavra.

: 8or favor...

7 intensidade do olhar de Sophie rever&erou dentro de #raham.

4 "ue #oc/ está fa)endo, seu cafajesteD Por "ue está sedu)indo essameninaD

Iavia passado muitas horas fechado naquela sala com ela, muitas noitesde li&erdade e de intimidade descomprometida. 7fastouse, disfar'ando suarea'%o, tentando deli&eradamente en+anar a si mesmo.

: Claro, voc* tem ra/%o. Desculpeme. : ?evantouse deva+ar,dese)ando que sua pequena ere'%o sumisse antes que estivesse totalmenteem p. $em era preciso se preocupar, pois Sophie estava de olhos &aixos, fixosnas m%os pousadas so&re o colo.

0ua estúpida, louca7

#ra'as a Deus ele n%o entendera sua evidente s!plica. O&viamente, ela

n%o estava t%o imune quanto ima+inava. -stava pronta para se esparramar notapete ao menor toque dele, isso sim1

8or que se preocupar como que poderia ter acontecido4 -le estavaentediado. Fe/ apenas uma &rincadeira de crian'a. -le n%o a quer.

#raham deu as costas a Sophie, enver+onhado de si mesmo e, pior,lem&rouse do que estava fa/endo o possvel para esquecer. O &reve momentode tr+ua somente complicara mais as coisas, pois toda a situa'%odesmoronava a+ora so&re a ca&e'a como as pr;prias pedras -dencourt.

-le passou as duas m%os no rosto.

: Sophie, me perdoe. -u n%o estou sendo eu mesmo ho)e.

: 8orqu*4

5A

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

(esmo de costas para ela, perce&eu que Sophie se afastou um pouco.Como era esperado, depois da mostra de seu e+osmo.

-le riu, nervoso.

: ma coisa en+ra'ada aconteceu ontem, depois que sai daqui... :-m&ora relutasse para contar para Sophie, estava na hora de enfrentar a

realidade : (eu pai está morto.: (eu Deus, que terrvel1 : 7 vo/ dela soou novamente calorosa, o que

s; fe/ com que ele se sentisse pior. : $%o para menos que voc* este)adiferente do #raham que eu conhe'o.

O comentário o fe/ rir alto, um riso &eirando a histeria.

: (eu irm%o mais velho morreu com ele. Sophie se postou na frentedele e colocou a m%o em seu &ra'o.

: Oh, #raham1 Sinto muito.

-le co&riu a &oca com a m%o, procurando conter o riso histrico.

Sophie o fitou confusa e desconfiada.

: ma tra+dia dupla. 2ue triste...

#raham n%o conse+uiu conter mais uma +ar+alhada, desesperada echeia de pMnico.

: - tem mais1

Sophie deu um passo para trás e cru/ou os &ra'os.

: #ray, tire tudo para fora1

: 3odos se foram. : 7 vo/ soou estridente pela for'a que fa/ia para n%orir. -le passou a m%o para enxu+ar as lá+rimas do rosto, alarmado com opr;prio desequil&rio.

Sophie o pe+ou pela m%o e o condu/iu at a poltrona para que ele sesentasse, a)oelhandose aos ps dele.

$esse momento, ele se deu conta que ainda se+urava a m%o dela e,em&ora a apertasse muito, Sophie n%o demonstrou nenhum sinal de dor. -leafrouxou o aperto.

: Desculpe.

2uando ela se sentou a seu lado, ele repousou a ca&e'a no om&ro macio.: 3ome : ela disse, pe+ando o len'o do colete dele. : ?impe as

lá+rimas.

-le a fitou com triste/a.

: Koc* entende o que isso si+nifica, n%o entende4

: Sim, que voc* está completamente so/inho a+ora.

: $%o, quero di/er... sim, estou so/inho. 8orm, mais importante do queisso, pois de certo modo sempre estive so/inho... sou o novo duque de-dencourt.

Sophie nunca entendera a ra/%o de as pessoas usarem a express%oJcora'%o partidoJ. Gul+avase imune a ela. 2ue tola era.

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Sua ca&e'a late)ava. 8areceu ouvir #raham di/er seu nome ao lon+e.

De repente, perce&eu que #raham estava mais distante do que nunca.

- n%o voltaria.

7quela sala que ela considerava um santuário, um ref!+io contra ashostilidades do mundo, a+ora n%o passava de uma sala vul+ar, e seu prncipe

encantado era simplesmente o homem que n%o poderia ter.: - claro, n%o há um centavo sequer a herdar : #raham di/ia )ocoso,

como se isso n%o tivesse qualquer conseq*ncia. : 3oda aquela terra enenhum pedacinho dela para &ancar minhas so&remesas como duque.

Dinheiro. -le falava em dinheiro, e sequer perce&ia que seu cora'%oestava em peda'os.

4 "ue #oc/ espera#a de um homem como eleD

: -nt%o parece : ele continuou : que s; me resta casar imediatamentee com uma mulher rica, se eu quiser continuar a viver da maneira que estouacostumado.

Vtimo1 3r*s ve/es idiota em uma !nica tarde. - ela que pensou que seucora'%o n%o poderia se partir mais.

: Casar : repetiu, laconicamente. : Com quem4

#raham que olhava distrado pela )anela, voltouse para ela.

-s&o'ou um sorriso, sem +ra'a, e encolheu os om&ros.

: $%o tenho a mais remota idia. : 3entou usar seu ha&itual tomprovocativo. : 8or que voc* n%o escolhe al+um para mim, amada4 De

prefer*ncia al+um que eu consi+a suportar por mais de uma hora de cadave/.

Sophie queria acreditar que ele n%o tinha a inten'%o de ser cruel, maspara entender qu%o fora de seu alcance ele estava, &astaria olharse noespelho.

2hega7

-la se levantou a&ruptamente, nem sa&endo di/er quando havia sesentado.

: Desculpe, #raham, aca&o de me dar conta da hora. -spero que me

desculpe, mas tenho muita coisa a fa/er ho)e...2ue desculpa ridcula, depois que ele a encontrara cochilando )unto 0

 )anela uma hora atrás. -ducado demais para lhe )o+ar isso na cara, #raham fe/uma mesura e se desculpou por tomar o tempo dela.

Sophie tentou disfar'ar a ur+*ncia de fu+ir dali.

: Se n%o se importar que eu n%o o acompanhe... : m +esto indicandoa porta, e eis que o vaso de porcelana, que nunca correra risco al+um durantetodo o tempo que passara naquela sala, voou para o ch%o e se espatifou.

7ssustada, Sophie deu um pulo para trás.

C(o7 %gora n(o, por fa#or$

<n!til. 7o &ater contra a mesinha que tom&ou, todas as pe'as de cristal

5H

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

que estavam so&re ela tam&m foram para o ch%o, transformandose emcacos.

: Sophie...

-la sentiu a m%o quente de #raham pousar em seu &ra'o.

Iavia pena na vo/ dele.

8uxou o &ra'o e deu um passo para trás, perdendo o equil&rio aotrope'ar no tapete. 8or pouco n%o &ateu o rosto na porta da sala.

: Desculpe, preciso su&ir... : 8recisava sair dali.

Se+urando as saias, ela su&iu rapidamente as escadas.

$o quarto totalmente despo)ado de qualquer coisa que pudesse que&rar,lem&rando o de um convento, Sophie n%o podia acreditar no que aca&ara deouvir dos pr;prios lá&ios. %deus, ?raham$

Como +ostaria de ser o tipo de mulher que se atirava na cama e chorava

copiosamente. Sentouse na cama e esfre+ou as m%os, nervosa. -ra o fim deum sonho que nem sa&ia que vinha acalentando.

-la achava que havia incorporado a idia de que ele nunca seria mais doque uma linda fantasia e estava decidida a usufruir disso enquanto pudesse edepois iria em&ora sem lamentar. Gul+avase realista, sa&endo que ele )amaisiria quer*la. $%o podia ima+inar o qu%o devastada ficaria quando eleescolhesse outra pessoa. %deus para sempre$

Certamente em &reve, ele encontraria al+um disposto a usar o dinheiropara comprar um ttulo. $%o era tudo o que qualquer famlia rica dese)ava4

-xatamente como sir Iamish 8ickerin+. Sophie teve um so&ressaltoquando esse pensamento lhe ocorreu. $%o. $%o poderia fa/er isso. $%o havia amenor possi&ilidade de convencer #raham a se casar com ela, sem que&rar ascondi'=es do testamento. 7lm do mais, tiraria a chance de Deirdre.

$%o, a fortuna era de Deirdre, n%o dela. Gá estava decidido, uma ve/ queo marido da prima lo+o se tornaria duque, e ela o havia conquistado primeirosem &urlar qualquer condi'%o do testamento. 3entar se apossar daqueledinheiro seria in)usto demais.

7 atmosfera do quarto tornarase opressora. Sil*ncio. <solamento. -laprecisaria se acostumar com isso a+ora.

-ra o que tinha a fa/er, pois que futuro teria quando desco&rissem queela havia pe+ado o dinheiro enviado por 3essa e vindo para ?ondres semcomentar com nin+um, desacompanhada e sem permiss%o4

O futuro de uma mulher so/inha na <n+laterra era incerto e peri+oso. -lavira o que havia acontecido com as )ovens li&eradas pelo orfanato perto de7cton, quando crescidas. -las tinham sado apenas com o vestido do corpo,uma trouxinha com a refei'%o e uma precária capacidade de leitura, suficienteapenas para se+uir as placas na estrada.

7l+umas haviam encontrado tra&alho no campo ou mesmo nas co/inhasde 7cton, outras tinham desaparecido completamente. 7l+umas haviamvia)ado para procurar tra&alho nas fá&ricas, tra&alho duro e su)o que fa/ia comque envelhecessem antes do tempo. Outras reapareceram mais tarde, vtimasde viol*ncia e a&usos. Sem falar naquelas que se tornaram pálidos rostos nas

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 )anelas dos &ordis da cidade.

-la contava com al+umas vanta+ens a mais. 3ivera educa'%o e status dedama, posi'%o essa que, na realidade, s; depunha contra ela, pois, comoparente do duque de Brookmoor, dificilmente seria aceita como +overnanta.8oderia pleitear um lu+ar como acompanhante, mas praticamente fu+ira de7cton por exercer fun'%o semelhante.

 Gá podia se ima+inar com +rossas lentes nos ;culos de tanta leitura, commechas de ca&elo +risalhos, a mente atormentada por toda uma vida sem tercom quem se preocupar, va+ando pela casa e murmurando tradu'=es para elamesma.

Sophie, a prima louca. 7final de contas, a no&re/a n%o seria a no&re/asem um ou dois parentes loucos, n%o mesmo4

7 menos que ela tomasse al+uma provid*ncia antes...

Ora, n%o havia ra/%o para que n%o aproveitasse as !ltimas semanas em?ondres para tam&m arrumar um marido. Certamente n%o seria umcasamento por amor, mas poderia permanecer na cidade e n%o precisariavoltar para 7cton.

Claro que havia homens lá. Iomens que n%o se importariam de ter umamulher simples, que tra&alhasse muito e que n%o fosse muito &oa na co/inha,

>oc/ pode ofuscar todas elas, se "uiser$ +asta "ue me diga uma pala#rae eu farei de #oc/ minha musa, minha oraprima,

ma louca inquieta'%o mexeu com ela ao se lem&rar das palavras domais importante estilista de ?ondres. -le havia dito essas palavras quando elaestivera com as primas e 3essa no ateli* dele a fim de escolher as roupas para

o casamento de 8hoe&e.+asta "ue #oc/ me diga$$$

-le era maluco, claro, um mestre do exa+ero. O pr;prio nome,?ementeur, em franc*s si+nificava Jo mentirosoJ.

?ementeur era realmente um artista. Os vestidos haviam ficadomaravilhosos. 8hoe&e ficara parecendo uma princesa, e Deirdre, uma deusa.

 3alve/... quem sa&e... ele pudesse fa/er uma pequena má+ica etransformála em uma verdadeira mulher4

-la precisava assumir o controle do pr;prio destino novamente. Destave/, porm, n%o &astava simplesmente ser Sophie Blake. 8recisava ser outrapessoa.

 %lgu*m "ue atraísse ?rahamD

7pressouse em &anir esse pensamento da ca&e'a. $%o adiantavasonhar com o impossvel. 8recisava de um acordo prático e de uma casa quefosse sua,

8ara tanto, ela se atiraria ao mundo com o prop;sito de vin+an'a.

7pesar de Sophie ter estado no amplo ateli* de ?ementeur somente umave/, ela n%o teve dificuldade de encontrálo. (uito mais refinado do que umalo)a comum de vestidos, o ateli* n%o tinha vitrines expostas 0 curiosidade dos

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transeuntes, nem qualquer placa de identifica'%o na fachada, a n%o ser umarequintada aldrava em forma de pássaro na linda porta entalhada em carvalho.

7pesar de seus pensamentos ca;ticos, ela n%o deixou de notar orequinte das lo)as de Strand Street. -m outras circunstMncias, ela estariaolhando para aquelas vitrines lamentando que tudo o que via n%o era para )ovens como ela, quanto mais uma cria'%o de ?ementeur.

$a realidade, Sophie tinha dois vestidos de uso diurno, em musseline&ranca, feitos por ele, que poderiam ter sido confeccionados por qualquercostumeiro competente, caso a pessoa n%o desse +rande aten'%o a detalhesde aca&amento e caimento que valori/avam so&remaneira a silhueta.

-sses vestidos, porm, haviam sido presentes do +eneroso marido deDeirdre, lorde de Brookhaven. <nclusive 3essa havia sido contemplada naqueledia. ?ementeur aparecera por um &reve perodo, avaliado com um olhar asmedidas das quatro e ent%o, inexplicavelmente, dera aten'%o a Sophie. Foraum mero momento, naturalmente interrompido por 3essa, mas, naquele

instante sin+ular, Sophie vislum&rara a possi&ilidade de ser al+um diferente.- ser al+um diferente era exatamente o que ela precisava.

7o &ater 0 porta, ela foi rece&ida por Ca&ot, o &elo criado do estilista.

: ?ementeur está4 8reciso v*lo1 : -la disse, afo&ada. Se fosse preciso,ela imploraria.

Ca&ot indicou a porta dupla do lado oposto do hall.

: -le está no escrit;rio.

Sophie quase, correu, temendo que lhe faltasse cora+em. Bastou um

empurr%o e lá ela estava diante do pr;prio estilista. m homem pequeno atrásde uma enorme mesa repleta de es&o'os e lápis.

Com as m%os tr*mulas, ela esva/iou sua carteira so&re a mesa.

: P tudo o que tenho. O senhor tem que aceitar. O senhor me disse... osenhor me disse... : - se o que ele havia dito n%o passasse de uma&rincadeira4

?ementeur a fitava com um olhar surpreso. Sophie pensou que n%o davamais para desistir. -la respirou fundo e endireitou a coluna.

: O senhor me disse que conse+uiria me fa/er ficar &onita.

-le ne+ou lentamente com a ca&e'a.: $%o, eu n%o disse isso.

Sophie sentiu o ch%o lhe faltar e n%o conse+uiu disfar'ar seudesapontamento.

 %deus, ?raham$

?ementeur tomoulhe a m%o e a apertou, for'andoa a encarálo com osolhos mare)ados de lá+rimas.

: -u n%o prometi &ele/a : ele esclareceu. : Disse que poderia fa/er

voc* ofuscar qualquer outra mulher da sociedade.Sophie falou quase solu'ando.

: -u entendi que poderia ficar &onita.

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?ementeur &alan'ou a ca&e'a, com um sorriso no rosto.

: (inha querida, )ovens &onitas s%o como as flores do mato. -xistem emprofus%o. O &onito comum, simples, facilmente apreciado e, de i+ualmaneira, facilmente esquecido. Gá estilo, ele+Mncia, presen'a, serinesquecvel... isso o que eu prometi a voc*. Com sua estrutura ;ssea, meusvestidos e umas poucas li'=es de postura, voc* terá ?ondres a seus ps.

Sophie sentiu um alvio imediato. Seria esperan'a4

: Será que #rah... os homens v%o +ostar de mim4

: -les ir%o duelar at a morte por voc*. K%o co&i'ála e sofrer por voc*.Iaverá tantos sonetos em sua homena+em que voc* se en)oará deles. Koutransformar sua altura em tra'o de superioridade9 sua ma+re/a, em ele+Mncia9sua timide/ e )eito desen+on'ado em fina arro+Mncia e +ra'a1

-la s; poderia rir. O que ?ementeur se propunha a fa/er era at ridculode t%o impossvel. (as talve/, com a a)uda dele, ela pudesse se tornar osuficientemente atraente para...

: -sse dinheiro suficiente4 : 3inha que ser, porque n%o havia mais.

?ementeur soltou uma exclama'%o e passou a m%o so&re a mesa,arrastando o dinheiro para o ch%o.

: ?eonardo da Kinci co&rou de sua (ona ?isa4 Sophie o olhou espantadae fun+ou.

: Bem, na realidade, foi um retrato encomendado, por isso... : -laentendeu o que ele queria di/er. : 8or que... por que o senhor faria isso pornada4 : Deu um passo para trás.

: O que espera de mim4-le pe+ou a m%o de Sophie e deu um tapinha de leve.

: Sei que n%o confia em nin+um, queridinha. 8or que ra/%o confiaria,n%o 4 : Fitoua muito srio. : Creio que n;s reconhecemos um ao outro. Osmar+inali/ados sempre o fa/em.

Sophie piscou. O homem diante dela, o &emsucedido e requisitadoestilista se ocultou por um momento, revelando al+um que um dia havia sidoapenas um menino... um menino talve/ diferente dos outros.

?ementeur viu uma lu/ &rilhar nos olhos de Sophie e sorriu.

: 8enso que sendo muito alta, ma+ra e comum a fa/ se parecer com umpo&re rapa/ da periferia de ?ondres que sonhava somente com lindos tecidos efinas rendas" Compreender isso difcil para voc* tanto quanto foi para mim.: -nt%o o sorriso dele se alar+ou. : -ntretanto, houve al+um que me a)udou.Foi o costureiro de uma companhia teatral ao me ver remexendo nas sedas deuma &anca do mercado. -le me estendeu a m%o e me ensinou a costurar. 3empos depois eu tentei lhe pa+ar, mas ele me disse que encontrasse umaoutra alma perdida e a salvasse. 7 vida me daria a oportunidade de retri&uir.

Sophie &alan'ou a ca&e'a.

: (as...: $%o tem JmasJ, Sophie. : -le &ei)ou a m%o dela. : -u tive a intui'%o

de que voc* iria me procurar um dia. Koc* preciosa, Sofia.

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: Oh, n%o. Sou simplesmente Sophie.

?ementeur tocoua no queixo e o olhar srio que lhe diri+iu fe/ com queSophie sentisse um certo desconforto.

: (eu amor, minha musa, minha querida : ele disse de maneira suavee enr+ica :, se voc* mais uma ve/ se referir a voc* como Jsimplesmente

SophieJ, eu lavo minhas m%os, entendeu4-la arre+alou os olhos. O homem era louco. 7 esperan'a se apoderou

dela de novo. 3alve/ precisasse mesmo de um JloucoJ.

-le a soltou.

: Deste momento em diante, voc* será conhecida por toda a partecomo a Jestonteante srta. Sofia BlakeJ. 7+ora vamos precisar de al+um tempoe de um convite de peso e de apoio. O que eu posso facilmente arrumar. -voc* deve ficar completamente disponvel para mim por... : o&servou apostura dela : ...al+um tempo.

Sophie pareceu entender e automaticamente endireitou o corpo.: $em sempre fi/ isso : ela explicou. : P que me senti muito mais alta

do que as mulheres de ?ondres.

?ementeur apertou os lá&ios.

: Koc* muito educada, minha querida. Se)amos francos. ?ady 3essa uma v&ora &astante conhecida. $in+um +osta dela, nem mesmo os que sedi/em seus ami+os. 7lm disso, sei de fonte se+ura que ela sempre dese)ou serum pouco mais alta. 7rrisco um palpite de que ela tenha uma certa inve)a desua estatura.

 3essa com inve)a dela4Sophie es&o'ou um sorriso de satisfa'%o, endireitou ainda mais os

om&ros e, serenamente, a&aixou os olhos para ?ementeur.

: 7ssim está melhor4

: 8erfeito1 : -ra ine+ável o &rilho de aprova'%o que ele tinha no rosto.

 Gohn Ier&ert Fortescue era um homem livre, criado de nin+um... pelomenos temporariamente. Seus patr=es, o marqu*s de Brookhaven e esposa,

estavam em visita ao idoso duque de Brookmoor. $o momento, Fortescue,mordomo dos Brookhaven, podia fin+ir ser um cidad%o comum e passar asnoites com uma )ovem extraordinária.

7 atmosfera de seu escrit;rio lem&rava mais a de uma sala de auladesde que tomara para si a incum&*ncia de ensinar a srta. 8atrcia OW(alley aler. O fato de que, como mordomo e chefe da criada+em de Brook Iouse, n%otivesse um minuto a perder foi totalmente esquecido.

-le deu uma olhada em sua ima+em refletida no vaso de prata so&re alareira e mais que depressa conteve o sorriso que aflorava no rosto sempreque se esquecia de prestar aten'%o a sua ha&itual postura circunspecta.

-stava entre os mais conceituados profissionais da classe de servidores da<n+laterra. -ra melhor conservar seus modos s;&rios ou poderia perder oposto1

7lisando as t*mporas +risalhas, ele deu uma olhada para ver se 8atrcia

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havia notado sua distra'%o, mas ela estava curvada so&re a li'%o que lhepassara. ma )ovem t%o &onita. 8ena que nin+um tivesse se preocupado coma educa'%o dela antes. 8orm, ela ainda era )ovem e demonstrara umaha&ilidade especial no servi'o, por isso a marquesa concordara que ele aensinasse a ler.

-la )ovem demais para voc*. $%o se esque'a disso.

$ormalmente, quando em via+em, as damas da sociedade levavam suascriadas pessoais, mas Fortescue com delicade/a su+erira que talve/ 8atrciafosse a pessoa adequada para ficar de olho na pequena lady (ar+aret.

Como lady (ar+aret, apesar de ter melhorado muito desde a che+ada damadrasta, tivesse a reputa'%o de, di+amos, atrair desastres com suasperninhas ma+ricelas, a marquesa concordara de imediato com Fortescue elevara uma outra criada.

-le tam&m pensou em lem&rar a marquesa de que n%o seriainteressante que 8atrcia interrompesse as aulas a+ora que estava

demonstrando pro+ressos reais, mas n%o foi necessário. $%o havia outrapessoa no mundo que conse+uisse lidar com a pequena (ar+aret.

Desse modo, as coisas evoluram do )eito que Fortescue queria. Commenos o&ri+a'=es durante a aus*ncia do marqu*s, ele dispunha de maistempo para se dedicar a 8atrcia, quer di/er, 0 educa'%o de 8atrcia.

$o momento, ele estava reclinado so&re o om&ro dela para examinar assomas que ela havia feito. -la aprendera rápido. m pouco rápido demais, diriaum patife com fantasias a respeito da doce criada de ca&elos vermelhos,fresquinha como as praias da <rlanda. $aturalmente, Fortescue fa/ia o possvelde n%o ser esse patife, por isso sa&ia que as somas estavam corretas.

7 ra/%o pela qual estava de&ru'ado so&re ela, a&solutamente emsil*ncio, era que ela cheirava t%o &em, que ele aca&ou se esquecendo do queia di/er.

- da ra/%o de estarem ali.

- o pr;prio nome.

-la se voltou para fitálo, com ar preocupado.

: -stá errado4

O doce som da vo/ o trouxe de volta 0 realidade.

-le era o superior dela. 3inha idade suficiente para ser... seu tio. $%opodia arriscar sua inte+ridade, reputa'%o e carreira por uma ale+re criadairlandesa, que tinha sardas no nari/ e olhos verdesesmeralda e uma fi+ura quetentaria um santo a pecar...

-le repetiu o que ela havia dito e pediu"

: 7+ora di+a de novo. -la es&o'ou um sorriso.

: -stá errado4

: $a realidade, deveria di/er" Jminhas contas est%o certas4J.

-la estreitou li+eiramente os olhos, mas, respeitosa, repetiu.-le sacudiu a ca&e'a.

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: 8atrcia, )á lhe disse antes que, para servir em uma casa importante,voc* precisa soar menos... : $%o tinha )eito. -m&ora adorasse o sotaqueirland*s da mo'a, para ter uma carreira &emsucedida, ela precisava se livrardele. : ...menos irlandesa.

8atrcia a&aixou a ca&e'a e ficou olhando para o papel 0 sua frente porum lon+o momento. -m se+uida pousou as m%os so&re ele e o empurrou,levantandose lentamente.

: Sr. Fortescue, a+rade'o muito todo o seu esfor'o, mas acho quepreciso voltar aos meus afa/eres. $%o vou ter mais aulas. -u disse ao senhoruma ve/ que procuraria melhorar na +ramática, mas n%o vou esconder minhaori+em.

Fortescue estava t%o perdido nos olhos dela que levou um tempo paraentender o que ela di/ia.

 %h n(o7

: 8atrcia...

-la )á estava saindo. -le n%o suportaria. 7quelas horas e os esporádicosencontros no corredor eram a !nica motiva'%o que tinha para se levantar demanh%.

: 8e'o desculpas : disse ele.

8artindo do chefe de toda a criada+em, aquele pedido foi suficiente parademover 8atrcia de sua inten'%o.

: O senhor está pedindo desculpas... para mim4

Deus, ela era t%o linda1 Sem se dar conta, Fortescue sorriu. 3udo o que

sa&ia era que 8atrcia arre+alou olhos, chocados, e ficou sem respira'%o.: O que isso4 : 7 maneira como ela o fitava, como se...

-le deu um passo em dire'%o a ela. 8atrcia se aproximou dele.

ma leve &atida na porta fe/ com que os dois se afastassem,so&ressaltados, sem terem se tocado.

m criado enfiou a ca&e'a para dentro do escrit;rio.

: Sr. Fortescue, che+ou uma visita. 7 srta. Blake está aqui e disse queveio para ficar por um &om tempo.

Capítulo II

mais fácil pedir perd(o do "ue pedir permiss(o$7o descer da ele+ante e espalhafatosa carrua+em creme e dourada de

?ementeur em frente a Brook Iouse, as palavras de advert*ncia do estilista

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ainda ecoavam na ca&e'a de Sophie.

7pesar do &elo dia, ela tremia por dentro. $%o estava acostumada a seapossar do que quer que fosse, menos ainda quando n%o tinha direito al+um.

-, no entanto, estava fa/endo disso um há&ito.

2ue direito tinha de invadir a casa de Deirdre quando a prima estava

ausente4 Contudo ?ementeur estava certo ao di/er que sua nova ima+emdemandava status e endere'o 0 altura.

O que n%o faltava ao endere'o do rico lorde de Brookhaven era status.-le, que lo+o se tornaria duque de Brookmoor, era um &om patr%o e tinha uma+u'ado senso de ne+;cios, por isso sua fortuna nunca tinha sofrido qualquera&alo, como acontecia a tantos aristocratas.

Brook Iouse &rilhava, com as escadas de mármore lavadas tr*s ve/es aodia. 7s &em podadas árvores +arantiam som&ra na alameda circular quelevava 0 porta principal com sua &ela aldrava de &ron/e... que n%o estava lá.

Sophie levantou o queixo, sentindose uma intrusa. Os criadosimediatamente apareceram para pe+ar sua &a+a+em, sem demonstrarqualquer express%o de surpresa.

-la )á se hospedara ali por al+uns meses, antes do casamento de Deirdree Brookhaven, por isso a criada+em a conhecia &em a ponto de todos lhediri+irem um discreto sorriso. -la perce&eu al+uns olhares para a carrua+em,provavelmente preocupados com que lady 3essa estivesse )unto.

: $in+um ousará tecer qualquer comentário so&re voc* por causa dafalta de acompanhante : ?ementeur lhe asse+urara. : -ntre meus poderes detransforma'%o e a rique/a e prest+io de Brookhaven, quem em ?ondres

duvidaria de voc*4-loqentes palavras. Sophie... porque ela ainda era Sophie, e n%o a

prometida Sofia... preferia esperar para ver. Iavia sofrido tantos a&usos nopassado que custava a acreditar em futuras mudan'as t%o radicais.

Fortescue a rece&eu no hall de entrada, estranhamente corado paraal+um com a experi*ncia dele. 3alve/ sua visita inesperada o preocupassemais do que ima+inara.

?o+o atrás dele, Sophie viu sur+ir a criada de Deirdre, 8atrcia. -lademonstrou surpresa.

: 7 marquesa )á está de volta4 8atrcia sorriu e ne+ou com a ca&e'a.: $%o, senhorita. Fiquei para tomar conta de lady...

: Sophieee1

Sophie, feli/mente, se preparou para o impacto, pois lady (ar+aret veiocorrendo e se atirou em seus &ra'os. Depois de recolocála no ch%o, ela arepreendeu com do'ura"

: 8imentinha, voc* n%o sa&e que esse piso escorre+adio e poderamoster cado4

(e++ie riu.: Claro que sei. 2uando estou s; de meias, voo por ele da escadaria dos

fundos at a porta da frente para me atirar em #raham quando ele che+a.

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

7 men'%o do nome de #raham rou&ou um pouco do pra/er de Sophie aorever a menina, mas ela levantou o queixo e encarou o mordomo, um dospoucos homens que tolerava &em.

: Kim para ficar, Fortescue.

: 8ois n%o, senhorita, muito &emvinda aqui. 2uanto tempo ficará

conosco4 : per+untou o mordomo, )á reco&rado.Auanto tempo for necessário$

: $%o sei di/er. Simplesmente estava precisando de uma mudan'a deares.

m &rilho de simpatia iluminou os olhos de Fortescue.

: - como vai lady 3essa4 Sophie meneou a ca&e'a.

: -m vias de ter uma surpresa, se que vai perce&er que eu fu+i.

Fortescue n%o respondeu, mas as ordens que deu aos criados deixou

claro que ela, de fato, era &emvinda. 2uando ele se afastou, Sophie sorriupara 8atrcia.

: -stou muito contente de que voc* este)a aqui. Se n%o se importar,+ostaria de contar com sua a)uda.

: Ficarei feli/ em a)udála, senhorita, em&ora nunca tenha me deixadoarrumar seu ca&elo antes.

Sophie a&aixou os olhos para m%os enluvadas.

: 7s coisas mudam.

<mpaciente por aten'%o, (e++ie pe+ou a m%o dela.

: Sophie, meu pai e Dee est%o em Brookmoor, visitando meu tioavô.$%o pude ir porque n%o sou uma visita adequada para um senhor de idade.

Sophie se a)oelhou, ficando com os olhos na altura dos da menina.

: Sa&e de uma coisa, 8imentinha, acho que tam&m n%o sou.

(e++ie sorriu.

: 2uer )o+ar cartas depois do )antar4 Sophie apertou o nari/inho dela.

: Koc* trapaceia, sua pestinha.

(e++ie a&riu um sorriso maior ainda.: Koc* tam&m, s; que eu trapaceio melhor. Sophie riu e se levantou.

: Com&inado, pestinha. : Depois voltouse para 8atrcia. : O sr.?ementeur deve che+ar lo+o. - eu...

8atrcia piscou, chocada.

: Gesus, (aria, Gos... 7qui4

: 7qui. : Sophie sa&ia o quanto os modelos dele eram admirados pelasmulheres de ?ondres.

: -le vai me a)udar a melhorar o... meu estilo.8atrcia ficou de queixo cado. -nt%o, lentamente, es&o'ou um enorme

sorriso.

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

: $ossa, a senhorita vai ficar parecendo uma princesa1 Sophie riu epe+ou (e++ie pela m%o.

: Dona 8imentinha, por que voc* n%o vem me a)udar a +uardar ascoisas4

: Sa&e, Sophie, voc* n%o t%o &onita quanto a Dee.

Sophie concordou. 7lm de ser verdade, era compreensvel a lealdade de(e++ie 0 nova m%e.

: (as voc* fica linda quando sorri.

7o su&ir as escadas em companhia de (e++ie, Sophie se per+untou sehavia entendido direito que a menina a achava t%o &onita quanto Deirdrequando sorria.

Impossí#el$

$o caminho para o quarto, ela fe/ uma parada na +aleria e o&servouvários retratos novos na lon+a linha da famlia (ar&rook. Onde antes aspinturas terminavam com os retratos de Raphael e Calder muito )ovens, assimcomo o de (elinda, a primeira esposa de Calder, havia a+ora toda uma novaseq*ncia.

8rimeiro, um retrato de Calder, )á marqu*s de Brookhaven, com sua novaesposa. Iomem +rande, de ca&elos e olhos escuros, a express%o do rosto delerevelava impaci*ncia. Sophie sorriu. Calder era um homem de a'%o, deveriater ficado irritado ao ter de posar.

-m p ao lado dele, estava uma excelente reprodu'%o de Deirdre. -laera de uma &ele/a ma)estosa, com os ca&elos dourados e os olhos a/uis que

&rilhavam como verdadeiras safiras.Sophie tev* a impress%o de que a m%o da prima no om&ro de Calder era

&astante expressiva, como se ela o mantivesse preso no lu+ar1

O relacionamento deles n%o havia sido fácil, especialmente porquetiveram pouco tempo para se conhecer antes do casamento. 7pesar disso, atmesmo no retrato, dava para ver que o mundo de Calder +ravitava em tornoda prima. 3odo dia era uma &atalha de e+os, cu)o pr*mio era uma completadevo'%o.

O retrato se+uinte mostrava lorde Raphael (ar&rook, o meioirm%o&astardo de Calder, tam&m em p. 7 semelhan'a fsica entre os dois era

espantosa. 7 diferen'a entre am&os era de atitude. O olhar de Rafe era maissuave e tinha um sorriso no rosto. Sentada em uma poltrona, na frente dele,com seu ca&elo cor de mel cado de um lado, estava 8hoe&e. Os olhos delaexpressavam uma chama de amor, e a m%o de Rafe pousada de maneira ternano om&ro da esposa era quase uma carcia, com os dedos levementeescondidos nos ca&elos dela.

O caso deles havia sido amor 0 primeira vista, apesar de que 8hoe&equase se casara com Calder. Seria um amor eterno, Sophie pensou.

: (eu pai me deu um retrato de minha m%e para eu pendurar em meuquarto : comentou (e++ie. : -u +osto de ter ela lá e Dee tam&m. : 7menina olhou para o rosto da madrasta. : (uitas ve/es eu dese)ei que minham%e tivesse me levado com ela, mas a+ora fico contente de n%o ter ido.

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

Sophie fechou os olhos ao se lem&rar da tra+dia de que (e++ie haviaescapado.

7 primeira esposa de Calder havia morrido em um acidente com acarrua+em em que fu+ia com o amante. Feli/mente, ela tivera o &omsenso dedeixar a filha de dois anos com Calder.

: 3am&m fico contente, 8imentinha.: (eu pai disse que assim que eu aprender a parar sentada, vou posar

para um retrato.

Sophie sorriu.

: Se eu fosse voc*, )á come'ava a treinar. 8oderia ser at com o JSem$omeJ no colo : su+eriu ao v*la pe+ar o +atinho. : O JSem$omeJ )á temnome4

(e++ie deixou o +ato pular para o ch%o e respondeu, encolhendo osom&ros"

: $%o, ainda n%o sei que nome dar a ele.

Sophie passou a m%o na ca&e'a da menina, voltando o olhar para osretratos das primas com os maridos. ma pontinha de inve)a cutucou seucora'%o.

$%o, n%o adiantava pensar em #raham. -le n%o precisava de nin+um.

* * *

#raham sempre se sentia incomodado com os olhos vidrados e sem vidadas in!meras ca&e'as empalhadas, vtimas do falecido duque. -ram os trofusde suas ca'adas. -le tinha a impress%o de que os olhos o se+uiam, com um&rilho suplicante de que finalmente fossem li&ertados.

 3oda a decora'%o do escrit;rio era uma com&ina'%o sumariamenteopressiva de madeira e papel de parede escuro e morte.

7lm disso, o cheiro de fumo mofado tam&m contri&ua para aatmosfera decadente do lu+ar. 7quele era um odor que #raham sempreassociava ao pai. 7crescentandose ainda cheiro de p;lvora queimada e

usque, a sensa'%o era de que o pr;prio duque entraria ali a qualquer instante.4 du"ue está morto$ >i#a o du"ue$

#raham voltouse para a ca&e'a de um enorme urso marrom que ficavano canto de uma parede.

: -ntenda, a+ora sou o duque.

ma hora mais tarde, ele &rindava )unto 0 fo+ueira, no )ardim dosfundos, com seu quarto... quinto usque. 7ca&ava de desco&rir que chifresqueimavam como madeira seca.

-le levantou mais uma ve/ o copo.

: 7os camaradas a&atidos1 : 8elo quantidade de &e&ida que tinhain+erido, ele +a+ue)ava pouco. : Koc*s est%o vin+ados. 3odos sa!dam opoderoso elefante.

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

 3omou um tra+o e passou o &ra'o pelo rosto. Seus olhos lacrime)avam,quer pelo calor do fo+o, pela fuma'a ou...

De volta ao escrit;rio silencioso e a+ora despovoado, #raham olhou parao urso de olhos reprovadores, o !nico que permaneceria ali, e decidiu dar a eleum ar mais ale+re, colocando so&re sua ca&e'a o velho chapu de safári dopai. -m se+uida se afastou um pouco e o examinou

: Desculpe, ami+o urso, estou um pouco alto. : (eio trôpe+o, eleconse+uiu che+ar at a poltrona perto da lareira e caiu sentado nela. Sem tiraros olhos do urso, queixouse entre solu'os e com vo/ arrastada" : - o usqueaca&ou.

Recostando a ca&e'a na poltrona, ele fechou os olhos para se livrar doolhar reprovador e... aca&ou adormecendo.

$a manh% se+uinte, #raham resolveu passar por 8rimrose Street, prontopara esclarecer com Sophie a ra/%o da s!&ita frie/a dela.

- qual n%o foi sua surpresa ao sa&er que ela n%o estava lá.

-le n%o sa&eria di/er quem se surpreendeu mais com a aus*ncia deSophie, ele ou a recmacordada 3essa. Como era dever das acompanhantester conhecimento de qualquer paradeiro de suas indefesas vir+ens, a atitudede #raham demonstrou sua desaprova'%o.

: Koc* sa&e que ela n%o minha filha : 3essa se )ustificou,endireitando o penhoar e a)eitando os ca&elos. : -stou apenas fa/endo umfavor 0 m%e dela.

#raham fran/iu o cenho.

: Sua presen'a aqui foi somente para +arantir que sua enteada secasasse com um duque. 7+ora que de certa forma )á conse+uiu, acha que podeatirar Sophie aos lo&os.

: $%o se preocupe, ela n%o corre peri+o com lo&os. : Riu 3essa,ca'oando.

#raham virou as costas 0 !nica famlia que lhe restava no mundo,sa&endo que nada tinha a +anhar ali. -videntemente, 3essa ainda n%o sa&ia deseu novo status, caso contrário se mostraria mais interessada e aduladora. -leestremeceu s; de pensar. -ra melhor que ela n%o sou&esse por mais al+umtempo.

sada, passando por $an, a sofrida criada de 3essa, #raham resolveuper+untar so&re Sophie e o&teve a informa'%o dese)ada. $an ainda lhe contou,em vo/ &aixa, que lady 3essa havia sido a&andonada pelo amante naquelamanh%, so& uma avalanche de +ritos da )anela do andar superior. 3pico de 3essa.

7o che+ar em Brook Iouse, ele foi rece&ido por Fortescue e levado 0 salade estar da famlia.

: Kou avisar a srta. Blake de que o senhor está aqui.

?ady (ar+aret tam&m estava lá, &rincando no ch%o. 7quela pirralha

ma+ricela, de ps +randes e muito ca&elo, em poucos anos seria de uma&ele/a impar. #raham colocou as m%os no espaldar do sofá e cumprimentou amenina, sorrindo.

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: Olá, +*nio do mal1 2ual a a+enda, de ho)e para a domina'%o domundo4

: Olá, #ray. O sr. ?uvinhas vai ca'ar &ar&antes.

#raham olhou para o +ato preto e &ranco no colo dela. Cada ve/ que ovia o achava menos atraente. -le tinha orelhas enormes e um ra&o que parecia

um chicote. 8erdera toda a +ra'a que tinha quando, ainda muito novinho.Deirdre o salvara de cair da árvore.

: 7final, esse ent%o o nome dele4

: $%o, estou apenas testando. O que voc* acha4

:Ium... Sr. ?uvinhas4

-la apertou os lá&ios.

: Dee disse que ele vai ser um +ato muito cavalheiro.

: 3alve/ ent%o se)a mesmo adequado.

(e++ie suspirou e se levantou com o +ato aninhado nos &ra'os.: 7+ora preciso deixálo em meu quarto porque vou dar um passeio com

8atrcia.

$esse momento, Fortescue reapareceu 0 porta da sala.

: Desculpe, milorde, mas a senhorita Blake n%o está disponvel estamanh%. -la pede que o senhor, por favor, volte em um outro dia.

#raham piscou, incrdulo. $%o estava disponvel4

(as... se sempre esteve1 2ue dro+a1 Será que ela n%o sa&ia que ele

precisava dela4 3alve/ n%o se tratasse de precisar, mas de querer falar comela.

<rritado demais e talve/ mais ma+oado do que +ostaria de admitir,#raham passou por Fortescue, que fa/ia uma mesura, arrancando com tantafor'a suas luvas da m%o dele, que arre&entou uma costura.

(aldi'%o, n%o conse+uiria comprar um novo par t%o cedo, se quepoderia um dia1

(uito melhor ficar &ravo por causa das luvas do que tentar entender porque o fato de ela n%o querer v*lo o a&orrecia tanto.

-le resolveu ir a Sussex. -stava mais que na hora de dar uma olhada em-dencourt. 7final, era impossvel sa&er tudo so&re a propriedade apenas porrelat;rios.

Se Sophie quisesse sa&er a ra/%o de ele n%o ter voltado... &em, queficasse querendo.

7ntes de descer a escadaria, porm, ele parou. m impulso o fe/ sevoltar e entrar na sala novamente para deixar um chifre &em polido na mesalateral como lem&ran'a.

Dro+a1$os dois dias se+uintes, Sophie compreendeu que n%o sa&ia apenas

como se vestir ou arrumar os ca&elos, mas tam&m que n%o tinha postura para

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ficar em p, sentar, caminhar, cumprimentar e se+urar um copo.

$a imponente sala de )antar de Brook Iouse, em que a mesacomportava confortavelmente trinta pessoas, Sophie estava t%o exausta efuriosa que n%o se intimidou, como usualmente o fa/ia, pela +rande/a e luxodo am&iente. -la se )o+ou em uma das cadeiras, sem o menor respeito por suararidade ou valor.

: #ra'as aos cus que voc* apareceu1 : ela exclamou, quase +ritandoao rece&er seu pequeno mas terrvel Jcarrasco.J : $%o sei como conse+uiso&reviver1

?ementeur, animado e &emdisposto, como sempre, apesar do tra&alhoárduo, cru/ou os &ra'os e arqueou uma so&rancelha, dando uma interpreta'%odiferente 0s palavras dela.

: Ora, so&reviver, so&reviveu, mas duvido de que vivia. - mais, n%ohavia desculpa para isso1 Koc* tem uma +ra'a natural9 se conse+uissesimplesmente vencer seus medinhos tolos, n%o teria tido o menor pro&lema.

Sophie estava exausta, sua coluna doa, sentia comich%o no pesco'o,seus ps late)avam, e tinha certe/a de que ficaria com &olhas nos dedos detanto a&anar o leque1

-la fitou seu torturador, que estava do outro lado da mesa, com evidenteraiva.

: O senhor um... um...

: m o qu*4 8or favor, di+a1 : ?ementeur come'ou a se impacientar.

: m tirano1 : Foi a melhor palavra que ela conse+uiu encontrar. Sua

ca&e'a doa, os olhos ardiam e s; queria poder se deitar. -m qualquer lu+ar. Omeio da rua serviria.

: 7ceito tirano, por enquanto. ?evantese, por favor.

Sophie o&edeceu, levantando o queixo e endireitando os om&ros.

Com uma ha&ilidade especial, ?ementeur a&riu e a&anou o leque.

: Sua ve/. Fa'a de novo.

: (as... : 8ela primeira ve/ na vida, Sophie perce&eu que estava aponto de +emer.

Surpresa, ela a&riu e a&anou o leque sem prestar aten'%o, )á esperandoum serm%o. Como o JtiranoJ se mantivesse em sil*ncio, ela voltou o olhar paraele.

?ementeur sorria.

: 7&solutamente perfeito1 : -le )untou as m%os, como em ora'%o.Iaviam sido dois dias muito lon+os. Seu rosto &re)eiro estampava um sorrisode satisfa'%o, e ele se curvou diante dela.

: Senhorita 0ofia Blake, que pra/er em finalmente encontrála.

Sophie olhou, surpresa, para a m%o que se+urava o leque. O leque... que

adorável, +racioso e &em posicionado leque1-la n%o conteve um riso sonoro, tomada de alvio. 7&riu e a&anou o leque

várias ve/es.

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?ementeur caminhou at 0ofia, passou o &ra'o pela cintura del+ada e sepôs a rodopiar com ela. -la riu, exausta, mas feli/ com sua pequena conquista.-nt%o, deuse conta"

: -stou dan'ando1

: - muito &em.

-le fe/ um +iro, soltandoa )unto 0 poltrona ao lado da lareira. Sophiesentouse, ainda meio /on/a, com as pernas +raciosamente cru/adas.

?ementeur fe/ uma nova rever*ncia, depois levou a m%o dela aos lá&iose a &ei)ou, com os olhos &rilhando de or+ulho.

: Srta. Blake, voc* uma excelente aluna, mas precisa parar de pensartanto1

: -nt%o esse o se+redo da +ra'a das mulheres da sociedade. Ca&e'asva/ias1

?ementeur riu, ale+re.

: 7h, nisso voc* nunca deve mudar, queridinha. Sua inteli+*ncia aa)udará em qualquer circunstMncia. 7+ora n%o se esque'a, mantenhase o maisereta possvel, nunca se movimente com rapide/, somente sorria a quemmerecer e se al+um, quem quer que se)a, ma+oála, nunca fique ru&ori/adaou deixe perce&er. Koc* deve diri+ir um olhar do alto at que a pessoa seafaste sem+ra'a.

8arecia mais fácil do que era.

: O que vou di/er 0s pessoas4 Como vou sa&er so&re o que conversar4

-le sacudiu a ca&e'a.

: $unca fa'a per+untas. Somente responda, e s; depois de uma &revepausa entediada. O tdio está muito em vo+a ultimamente. $%o se preocupe,lo+o voc* verá que tudo &astante ma'ante.

Sophie fran/iu a testa.

: P mesmo4 (as, se t%o ma'ante, por que freqentar festas4

-le riu.

: Os )o+adores podem ser ma'antes, mas o )o+o n%o 1 : Com essaspalavras, ele se despediu. : Kou a+ora, srta. Blake. Koltarei amanh% cedo com

tudo o que voc* precisará para o &aile de máscaras de lorde e lady Uaverly deamanh% 0 noite.

: m &aile de máscaras4 Gá4 7cho que n%o...

 Gá saindo, ?ementeur falou por so&re o om&ro"

: Srta. Blake, al+uma ve/ eu a desapontei4

Sophie olhou para as m%os que apertava no colo. 7manh%4 Gamaisconse+uiria ser a ele+ante e lMn+uida Sofia at o dia se+uinte1 Será que eleesperava um mila+re4

-la fechou os olhos e procurou se acalmar. (ila+re talve/ n%o, mas?ementeur era má+ico. -m qualquer de suas roupas, uma mulher poderia ficara noite toda em um canto do sal%o e ainda assim &rilhar.

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-sclarecendo, uma mulher normal.

Bem, pelo menos, ela estaria usando uma máscara.

#raham fe/ o cavalo parar no alto da colina. 7 +rande mans%o de-dencourt, que avistava um pouco mais a&aixo, era enorme, imponente e...

estava em runas. Do lu+ar onde se encontrava, ele podia ver os está&ulosdesmoronados, a ala dos criados em destro'os e os vastos )ardins tomados porervas daninhas e entulho.

7 parte principal da casa parecia intacta, mas #raham n%o teve cora+emde descer a colina e entrar nela.

Como podia estar em t%o mau estado4 -le estivera ali havia somente...

Deus, fa/ia quase quin/e anos1 Gá estava descuidada e decadentenaquela ocasi%o. Desde ent%o, aparentemente, n%o fora feito qualquer reparo.

-le fechou os olhos. 7&&ot n%o havia exa+erado no relat;rio, comoesperava. O homem, pelo contrário, at que tinha sido conservador em suaavalia'%o. -le ima+inava que a propriedade ainda poderia ser salva.

#raham n%o tinha tanta certe/a disso.

7o caval+ar pelos !ltimos acres da propriedade e ver o estado doscampos e do pomar, seu cora'%o ficou ainda mais apertado. $a famlia eracomentário constante que -dencourt havia sido uma das mais &elas eprodutivas propriedades da <n+laterra. O que teria acontecido4

-le olhou para a casa que odiara durante toda a vida, n%o pelaarquitetura, mas por causa das pessoas que lá moravam... +ente com quem se

parecia mais do que +ostaria.7conteceu de nascerem naquele lu+ar, ele e seus irm%os, pai, avô e

&isavô. 7 linha masculina dos Cavendish +ostava de se divertir, mas n%o detra&alhar.

Os homens da famlia eram todos uns verdadeiros parasitas.

#raham fe/ seu cavalo virar e saiu em +alope. Da mesma forma que na )uventude, queria distMncia de -dencourt. S; que, no lu+ar da opress%o eressentimento insti+arem seu +alope, desta ve/ era uma profunda ver+onha.

 3arde da noite, )á de volta ao escrit;rio do pai em Pden Iouse, #raham

tinha diante dos olhos documentos espalhados por todo lado da +i+antescaescrivaninha.

-ra revoltante pensar que nunca vira o pai ler ou escrever o que querque fosse naquela mesa. 3alve/ se n%o tivesse ficado apenas fumando ou&e&endo naquele escrit;rio, -dencourt n%o estaria t%o deteriorada.

-le fechou os olhos, mas n%o conse+uiu evitar que sua ca&e'a ficasseremoendo as mesmas palavras.

Inunda'(o$ Cenhuma colheita$ Inc/ndio$

-ome$

<sso era o pior. Os poucos lavradores, quer por lealdade ou desamparo,estavam literalmente morrendo de fome. -le passara por seus case&res, em

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

seu &elo cavalo e roupas caras, e ficara impressionado com a po&re/a e asu)eira. 7+ora sentia o estôma+o em&rulhado ao pensar em todo o dinheiroque levianamente perdera nas mesas de )o+o, com &e&ida e mulheres. $opassado, quando estava sem dinheiro, ele &a)ulava o pai ou os irm%os paraconse+uir mais, nunca parando para pensar de onde provinha.

2ue idiota e e+osta fora por dar as costas a -dencourt.

Conhecendo o pai, ele deveria sa&er que a propriedade estavane+li+enciada, mas n%o quisera tomar conhecimento. S; queria se divertir. -rat%o mau quanto o velho duque, ou pior, porque era mais inteli+ente e mais&em preparado.

0ophie, #oc/ está asolutamente certa a meu respeito$

 3omado de remorso, ele teve consci*ncia de que n%o poderia perdertempo com autofla+ela'%o. Seria uma outra forma de e+osmo desperdi'arener+ias com ele mesmo mais uma ve/.

 3irou as m%os do rosto quando $ichols entrou e anunciou um visitante.

: esta hora4

8o&re velho $ichols. $%o havia aceitado nada &em a passa+em do &ast%ode -dencourt.

#raham +ostaria que o velho mordomo se aposentasse, em&ora n%otivesse qualquer recurso para pa+ar uma pens%o a ele. 7ssim, $icholscontinuava a servilo, apesar da ra&u+ice e dos olhares de desdm que lhediri+ia.

O verdadeiro teste acontecera quando #raham decidira n%o marcar um

+rande vel;rio para o duque e irm%os, na volta 0 <n+laterra, depois de tr*ssemanas de via+em de navio.

#raham )ul+ara que os corpos n%o estavam em condi'=es de seremvistos, alm de que o pai n%o tinha tantos ami+os para fa/er um +randefuneral. -le optara por uma cerimônia simples, assim que o navio aportou, nocemitrio da famlia, nas terras de -dencourt. 2uanto menos estardalha'o,melhor. Depois disso, $ichols nunca mais levara á+ua quente para o &anhodele.

O visitante era um homem ro&usto que #raham n%o conhecia. O nomedo cidad%o lhe fu+iu da mem;ria imediatamente, pois, mal havia dito o nome,

o homem apresentou notas de d&ito do duque,-le folheou as notas, na esperan'a de ver al+um sinal de fraude, mas,

em todas, a assinatura era evidentemente do pai que, por vários anos, tomaraemprstimos contra lucros futuros da propriedade. 3ais lucros nuncaaconteceram uma ve/ que o dinheiro n%o era investido nas terras. 7ssim, asitua'%o era ainda pior doWque ele havia suposto.

Onde encontraria uma noiva cu)a famlia se dispusesse n%o somente aa)udar na reconstru'%o de -dencourt, mas tam&m a pa+ar dcadas damaldita dvida4

: 3em certe/a... : #raham esfre+ou o rosto :, di+o, n%o possvelfa/ermos al+um tipo de acordo4

O visitante se inclinou e &ateu nos documentos.

>@

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: (ilorde, fi/ uma concess%o atrás da outra para sua famlia. $%o tenhoescolha, a n%o ser considerar o pra/o de pa+amento imediato.

#raham respirou fundo.

: 3enho muitos n!meros para levantar antes de poder me comprometercom qualquer tipo de... Bem, há uma solu'%o n%o muito satisfat;ria sendo

considerada...: Será que o indivduo aceitaria a possi&ilidade de umcasamento rico como +arantia4 $em ele acreditava muito nisso.

O homem o fitou com pena.

: Kossa #ra'a, n%o sou eu o pior do que está por vir. Sei de al+unssu)eitos que sua famlia procurou quando n%o havia mais nin+um honesto aquem recorrer. 8or isso me apressei a vir enquanto o senhor ainda está... aqui.

#raham levantou os olhos diante daquela hesita'%o. Será que o homemhavia pensado em di/er Fen"uanto o senhor ainda está #i#oF$ 3alve/ n%o. (asseu pai nunca havia demonstrado +rande &omsenso mesmo. -le estendeu asm%os, desacor'oado.

: 3enho toda a inten'%o de quitar as dvidas de minha famlia. Comoposso lhe asse+urar isso4

O indivduo lan'ou um olhar +anancioso para as o&ras de arte, pinturas ea mo&lia, ainda que meio danificada.

: Bem, por acaso tenho uma carro'a lá fora. Por acaso7

#raham o fitou com resi+na'%o. Sua heran'a seria depenada antes queres+atasse toda a dvida.

ma hora depois, o homem foi em&ora com a carro'a cheia de o&)etos

de valor, inclusive a prataria, cu)a perda levou $ichols a ataques de a+onia. -mcompensa'%o, #raham teve de volta várias notas de d&ito.

-le se a)oelhou diante do fo+o, ras+ando lentamente cada uma delas.

Sentiase pattico. (as naquele momento, o pessoal de -dencourtprecisava dele. - ele precisava de uma esposa rica. $%o tinha tempo a perder,pois entre o perodo de fa/er a corte e o casamento poderia levar meses atque pudesse pôr al+uma coisa na propriedade.

7lm disso, a temporada aca&aria dentro de poucas semanas. Como oslavradores enfrentariam outro inverno4 O peso da situa'%o amea'ava derru&á

lo.Retornando 0 escrivaninha, ele procurou se concentrar nos relat;rios

espalhados so&re o tampo. 7s palavras e as cifras come'aram a dan'ar,turvando sua vis%o. Sacudindo a ca&e'a, ele empurrou a cadeira para trás. $%oera possvel aprender em dias o que deveria ter passado toda uma vidaestudando. O melhor a fa/er por -dencourt era descansar um pouco para estarde olhos &em vivos e pronto para leiloar seu corpo, alma e ttulo no eventosocial da noite se+uinte.

-le verificou a hora. Corri+indo, no evento daquela mesma noite,.

-stranho como o incomodava a idia de um casamento de conveni*ncia,sem amor. $unca se ima+inara t%o romMntico.

?á fora, o cu clareava. (ais uma noite de insônia. -le realmente

>A

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precisava ir para a cama e dormir a fim de n%o assustar uma potencialherdeira.

-m ve/ disso, ele se pôs de p, deixou o escrit;rio, pe+ou o chapu e asluvas que estavam so&re a mesa do hall de entrada e saiu.

<nstintivamente, seus ps o condu/iram na dire'%o de Brook Iouse.

#raham n%o foi o !nico a passar a noite em claro.$o quarto, Sophie se aproximou mais do espelho da penteadeira para se

ver melhor. <ria pa+ar caro quando ?ementeur visse suas olheiras, mas n%ohavia conse+uido pre+ar os olhos a noite toda.

7trás dela, 8atrcia s; faltava pular de euforia ao tra/er o vestido para ode&ute de JSofiaJ.

: 7h, esse vestido t%o ele+ante. 7 senhorita ficará uma linde/a nele1

Sophie se levantou, morrendo de curiosidade de ver o modelo que haviaaca&ado de che+ar, mas n%o ousava nem olhar.

Se fosse apenas um vestido comum, se o resultado n%o fosse má+ico, sen%o houvesse esperan'a para ela... &em, n%o estava preparada para aquilo.

Respirando fundo, ela se voltou.

ma leve &atida na porta do quarto a interrompeu. $%o notando queSophie n%o tinha visto o vestido, 8atrcia o pendurou rapidamente no +uardaroupa e foi a&rir a porta.

-ra Fortescue que delicadamente procurou n%o olhar para o interior doquarto.

: Desculpe, srta. Blake, mas o duque de -dencourt está aqui para v*la.Sophie sentiu um frio no estôma+o. 7+ora que tomara consci*ncia de seu

sentimento por #raham, achava mais prudente n%o passar muito tempo comele.

(as, em&ora n%o tivesse qualquer inten'%o de v*lo t%o cedo, o quefa/er se ele estava ali4 Seria indelicado recusarse a v*lo outra ve/. -le, comcerte/a, n%o entenderia a ra/%o. 7lm disso, lo+o estaria casado, e elalamentaria ter deixado de v*lo nessas !ltimas semanas.

Bem, ela o veria ent%o, mas n%o faria o mnimo esfor'o para rece&*lo

&em, ou para ficar com uma ;tima apar*ncia.Olhouse no espelho. Seu ca&elo estava horrvel. 7+ora prestava aten'%onos detalhes, +ra'as a ?ementeur.

 3oda a sua inten'%o, porm, foi superada pela tola euforia de sa&er que#raham queria v*la.

: 8atrcia, meu ca&elo1

-m&aixo, na sala de estar, #raham olhava por uma )anela para o +randepátio a)ardinado, sem ver. 8ensava em lady ?ilah Christie, mulher &ela,+ananciosa, imoral e muito, muito rica. Filha de um conde, ela se casara com o

homem mais rico que conhecera. Depois, se+undo o que di/iam, aca&ou pormatálo de decep'%o. -la teria dinheiro suficiente para salvar -dencourt, semfalar nos valiosos recursos de uma famlia de elite.

>E

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-le ainda n%o a havia procurado depois de rece&er o ttulo. -n+anavasea si mesmo, di/endo que estava ocupado demais levantando as necessidadesda propriedade, mas a verdade que receava que ela ficasse atrás dele paravaler a+ora.

?ilah estava 0 procura de um novo marido, em&ora tivesse enviuvadorecentemente.

- dessa ve/, #raham tinha certe/a, ela queria um ttulo.

-le teve um inesperado estremecimento. -m&ora tivesse estado na camadela fa/ia pouco tempo, n%o conce&ia a idia de levála para -dencourt e fa/erdela a m%e de seus filhos.

$%o, ?ilah n%o era a solu'%o.

-le encontraria uma vir+em afável e adequada, possivelmente de al+umarica famlia de armadores ansiosos por serem aceitos na altaroda. 8referia n%opensar nisso a+ora, mas teria herdeiros e o pessoal que tra&alhava em-dencourt estaria a salvo pelo menos por uma +era'%o.

 3am&m n%o seria má idia desenvolver al+um senso de ne+;cio,o&servando como o pai e o avô dela haviam condu/ido o deles.

Sua mente +irava em crculos. $oivas, filhos e ne+;cios. 3r*s coisas quen%o passavam por sua ca&e'a uma semana antes1

Do lado oposto da porta, Sophie hesitava, com a m%o na ma'aneta.#raham a+uardava por ela lá dentro. - ela estava morrendo de vontade de v*lo... mas n%o seria melhor que ele a visse quando sua transforma'%o estivessecompleta4 $%o seria maravilhoso se ele a visse pela primeira ve/ como afinamente vestida Sofia4 $%o seria perfeito se ela estivesse de máscara

quando se encontrassem4 2uanta coisa poderia sa&er so&re ele e so&re simesma1

O ar lhe faltou a esse pensamento.

$%o que tudo isso fosse por interesse em #raham. 3inha toda a inten'%ode arrumar al+um que lhe desse uma posi'%o respeitável como esposa. $%o#raham, mas um outro homem.

7fastandose &ruscamente, ela quase trope'ou no mordomo.

: Oh, Fortescue1 8or favor, di+a a Sua #ra'a que n%o posso rece&*lo nomomento, mas per+unte a ele se tem planos de ir ao &aile de máscara dos

Uaverly esta noite. S; n%o deixe que ele sai&a que fui eu que pedi para voc*per+untar e n%o di+a que eu irei. 8er+unte, assim... de maneira casual,entende4

Fortescue a fitou com naturalidade, em&ora achasse que ela estavacompletamente doida.

: 8ois n%o, senhorita. 2uer que eu di+a a ele mais al+uma coisa4

: Comente que ele fica muito &em de a/ul1

8ela primeira ve/, Sophie viu uma certa re&eldia no olhar do mordomo.-la procurou corri+ir.

: 7cho que n%o tem como fa/er esse comentário, n%o 4

: Farei, se a senhorita insistir, mas acho que se eu trocar uma

>H

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palavrinha em se+redo com o criado dele...

Sophie sorriu.

: Seria perfeito1

Fortescue olhou para ela, n%o escondendo sua surpresa por um lon+omomento. Depois, &alan'ou a ca&e'a.

: 7h... sim, senhorita. 3am&m posso confirmar os planos dele para estanoite com o criado. 3enho certe/a de que podemos contar com ele para fa/er arecomenda'%o para ir de máscara.

: (inha nossa, que excelente canal de comunica'%o1 : Sophie sediri+iu quase dan'ando at a escadaria. : Di+a a ele para ser pontual etam&m que n%o leve lady ?ilah Christie1

#raham deixou Brook Iouse furioso e frustrado uma ve/ mais, ecaminhou pelas ele+antes ruas de (ayfair sem prestar a menor aten'%o.

O que Sophie tinha em mente4 Será que achava que ele n%o tinha nadamelhor a fa/er do que ficar 0 disposi'%o de seus caprichos4 -la sa&iaperfeitamente que ele +ostava de estar com ela. -ra muito divertida so&aquela apar*ncia de intelectual desma/elada.

Dro+a, sentia falta da companhia dela, isso era tudo1 Do )o+o de cartas,do &atepapo e... daquele olhar a/ul acin/entado que o via como ele era.

7 macie/ do ca&elo loiro em sua m%o. O riso caloroso, cheio de ironia,que n%o parava de surpreend*lo e o fa/ia rir... Dro+a1

O vestido feito por ?ementeur n%o era apenas &onito. -ra espetacular.(á+ico.

?ementeur havia dito que &uscara inspira'%o em 3itMnia, a rainha dasfadas. Sophie ima+inou se a pr;pria 3itMnia com sua varinha má+ica n%o teriaconferido poderes ao estilista para ideali/ar uma cria'%o t%o encantadora, emseda de um verde muito pálido com leves mati/es cor de alfa/ema.

O corte do vestido era perfeito, revelando curvas onde ela nunca pensouque tivesse, e as leves nuances real'avam a textura de sua pele e davam um&rilho especial a seus ca&elos. 8atrcia havia lavado seus ca&elos com umproduto que tinha cheiro de ervas campestres e que deram um tom mais

canela ao loiro. 7lm disso, caprichara no penteado, enrolando parte do ca&elono alto da ca&e'a e deixando um pouco cair feito cascata em suas costas.

-la se voltou e olhou por so&re o om&ro no espelho. $as costas dovestido, a&aixo de cada om&ro, saa uma transparente camada de or+an/a&ranca que, a qualquer movimento que ela fi/esse, o tecido esvoa'ava.

8atrcia entremeou um fio de prolas no arran)o feito no alto da ca&e'ade Sophie e depois deu al+uns passos para trás para admirar o resultado.

: m prncipe encantado vai rou&ála esta noite, vai ver1

Sophie olhouse no espelho. $%o dava para acreditar que fosse ela

mesma. -m outras palavras, estava linda. <mpressionante o poder de um &elovestido e um pouco de p; de arro/ e ru+e.

8atrcia entre+oulhe uma máscara &ranca, enfeitada com penas e

>L

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prolas, que mereceria estar pendurada em uma +aleria de arte de t%o linda.-la co&ria &em o seu nari/ e deixava a mostra seus olhos que pareciammaiores e insondáveis. -ra a+ora verdadeiramente Sofia.

>oc/ n(o tem nada de "ue se en#ergonhar$ >oc/ nasceu para ser umasílfide7

7s palavras de ?ementeur ecoaram &aixinho em sua ca&e'a, mas medo einse+uran'a ainda a deixavam sem ar.

Se tudo aquilo n%o passasse de uma máscara, talve/ Sophie Blake fossedesmascarada. -la se for'ou a respirar fundo e soltar o ar lentamente.

7 verdade que uma mentira era i+ual a outra. Se conse+uira che+ara?ondres so& falso pretexto, certamente conse+uiria che+ar ao sal%o do &aile.Sophie fi/era sua parte. 7+ora era a ve/ de Sofia concluir. Seria horrvel voltaratrás.

#raham aceitou o conselho do criado de come'ar sua &usca no &aile delorde e lady Uaverly. -le n%o tinha fantasia, por isso vestiu seu tra)e de noiteusual e simplesmente acrescentou uma máscara muito simples de seda preta.

$%o o a)udaria em nada se esconder atrás de um +i&%o de Ienrique K<<<,pois todos os olhos se voltariam para ele quando pisasse no sal%o.

Sua ascens%o a duque somente naquela manh% havia sido anunciadapelo >o) da 0ociedade$

7o retornar a Pden Iouse, depois de sua v% tentativa de ver Sophie,havia uma pilha dos mais variados convites.

7+ora estava so& a mira de todas as m%es da alta sociedade. 7ntes o

po&re quarto filho de um duque estava muito lon+e de ser co&i'ado.(uito &em. Faria o dever de casa e procuraria uma rica herdeira.

Contava com a sorte de haver várias no &aile.

#raham conhecia de vista as m%es das mo'as casadoiras, mas nessanoite foram os pais que o a&ordaram, falando do tempo, de corridas, de fumoda melhor qualidade e... Ja prop;sito, voc* conhece minha filha4J.

#raham sorria, fa/ia uma mesura para elas e dan'ava feito um &onecode caixinha de m!sica. - assim dan'ou com altas, &aixas, +ordas e ma+ras eat com uma surpreendentemente curvilnea.

: -nt%o está aproveitando &em sua primeira temporada, srta.(ilionpound4 : -le mal podia olhar para o rosto dela. -ra +orda e usava umavers%o sofisticada de uma roupa caipira.

: 7h, prefiro o inverno, a +ente descansa mais.

Depois de duas ou tr*s tentativas de conversa'%o e, prevendo que ficariacom dor nos ps depois de al+uns pis=es, ele resolveu parar na primeiracontradan'a.

-nt%o foi a ve/ da srta. Catriona Shippin++old. -la era uma )ovem muitoencantadora. Conforme dan'avam, #raham foi relaxando e che+ou at a rircom o )eito &re)eiro da mo'a.

 3alve/... -la era adorável e parecia que se entendiam &em. -xaminandoa melhor, ele lamentou que ela fosse t%o pequena, pois tinha a sensa'%o de

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estar dan'ando com (e++ie...

Dro+a1

: Catriona : ele per+untou, muito srio :, quantos anos voc* tem4

-la mordeu o lá&io, exatamente como (e++ie fa/ia quando maquinavauma mentira. -la se aproximou um pouco mais do ouvido dele e cochichou"

: 2uin/e, Kossa #ra'a.

-le parou e imediatamente tirou a m%o da cintura dela.

: (inha m%e recomendou que eu n%o dissesse a verdade : elaconfidenciou.

#raham a pe+ou pelo &ra'o com firme/a e a recondu/iu 0 m%e.

: (adame, deveria ter ver+onha de si mesma.

Fa/endo uma mesura 0 pequena Catriona, ele se afastou, refletindo queuma menina dessa idade n%o poderia sa&er o que queria. O que diria anos

mais tarde, quando desco&risse, passada a fase da in+enuidade, que havia sidone+ociada por um ttulo e relacionamentos sociais4

Definitivamente, n%o tinha interesse al+um em meninas. 2ueria umamulher, uma i+ual, al+um que tivesse os olhos &em a&ertos.

Restavam, assim, as vi!vas ricas. - lamentavelmente, a mais rica vi!vade ?ondres no momento era lady ?ilah Christie.

Sophie parou 0 entrada do sal%o de &aile. 3inha a &oca seca e o cora'%odisparado. Seu xale de seda co&ria o vestido e a máscara era um pro&lema 0parte.

-la )á havia participado de al+uns &ailes da temporada, em&ora nuncativesse dan'ado. -m outras ocasi=es, achara que o contraste entre os tonspastis dos vestidos e o escuro dos tra)es masculinos formavam um &eloquadro, iluminado pelo &rilho dos candela&ros de cristal. 3udo muito civili/adoe contido.

Io)e via que aquilo n%o era nada, se comparado 0 opul*ncia e osexcessos favorecidos pelo uso de máscaras.

?ementeur a prevenira"

: Kestindo uma fantasia, a mulher virtuosa pode ser uma prostituta e a

prostituta, uma princesa.7parentemente havia muitas mulheres virtuosas naquela noite ali. Os

espartilhos eram mais apertados, os decotes mais &aixos, torno/elos em meiasfinas apareciam de maneira sedutora so& os vestidos que marcavam as curvas,em ve/ de ocultálas.

Sophie sentiu uma &aforada de calor ao parar em frente 0 entrada dosal%o. Como poderia causar qualquer impress%o em um sal%o cheio de luxo evi&ra'%o4

-nt%o ela notou que n%o deveria estar vendo coisa al+uma. Koltandose

para o lado, tirou os ;culos e colocou a máscara. Depois, respirando fundo,for'ouse a entrar. m passo de cada ve/.

Sem d!vida, preferia estar voltando a toda na carrua+em de lorde

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Brookhaven.

-oi #oc/ "ue pediu tudo isso$ ais precisamente, implorou$

Kerdade. $ada daquilo havia sido imposto a ela. -stava ali por sua livreiniciativa.

ma nova for'a e senso de prop;sito se apoderaram dela. $%o estava ali

para se esconder, como a tmida Sophie faria.-stava ali para ser Sofia.

Ka+arosamente levantou a m%o direita e, com um +esto preciso, a&riu oleque. 8ronto. m sorriso discreto &rincou em seus lá&ios. 7 Sofia haviaaparecido.

2ueixo alto, a&dômen contrado, um xale )o+ado so&re os om&ros nus,ela desceu pausadamente a escadaria do +rande sal%o de &aile. Se+uindo asinstru'=es de ?ementeur, evitou m;veis, pilares e vasos de palmeiras. $%odava para trope'ar no que n%o existisse.

-la se deteve por um momento em local a&erto para que todos a vissem,a+radecendo aos cus que, sem os ;culos, o mundo ficava &orrado e,consequentemente, insi+nificante. -la s; enxer+ava os rostos mais pr;ximos.

-xatamente como fora instruda, ela fe/ um lMn+uido +iro pelo sal%o.Depois, escolheu um local &em iluminado e p!&lico para ser notada. 8or ummomento, sentiuse fraque)ar. 8or que al+um falaria com ela4

-ntretanto, ?ementeur tinha ami+os influentes e, como prometera, umcavalheiro atrás do outro, acompanhados de esposas &emvestidas, seaproximaram para cumprimentála, como se a conhecessem havia anos.

Fa/endo o possvel para n%o ficar estrá&ica e controlar o tremor na vo/,ela cumprimentou todos, tentando memori/ar os nomes.

Desfilaram por ela pessoas importantes que, naquele momento eramapenas Reardon, Uyndham, -therid+e, #reenlei+h e assim por diante. Cadahomem mais atraente do que outro, cada qual com uma esposa mais +raciosae &onita.

Se Sophie n%o sou&esse que aquilo n%o passava de uma encena'%o,poderia ficar impressionada com a pr;pria importMncia1 Cada um deles voltavamomentos depois com um )ovem aristocrata ansioso para conhec*la.

7ssim, ela foi sendo apresentada de um )ovem a outro e passou a n%o seimportar mais se n%o se lem&raria de todos, a maioria dos quais um &ando de )anotas. ?ementeur tam&m havia recomendado que n%o demonstrasseinteresse por nin+um, pois isso mostraria que era suscetvel.

-sta noite será simplesmente a primeira rodada da ca'ada. Koc* deveser a cor'a mais rápida, mais difcil a ser perse+uida pelos ca'adores. ?em&rese facilmente pe+a, facilmente esquecida.

?ementeur cumprira o que prometera. -la parecia ser de uma &ele/ainconteste, estava cercada de admiradores e a alta sociedade mostravaseencantada com sua presen'a.

-le tam&m estava certo quanto a uma outra particularidade.

Depois de sua entrada triunfal, Sophie teve a sensa'%o de que n%o

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estava apenas fin+indo estar entediada. -stava de fato entediada at a rai/dos ca&elos.

$a outra extremidade do sal%o, onde os rapa/es desacompanhados+eralmente ficavam pela proximidade das salas de fumantes e de carteado,

#raham &e&eu mais uma ta'a de champanhe. 7chou o +osto horrvel, maspensou que se &e&esse &astante talve/ reencontrasse o seu verdadeiro JeuJ.

O que estava acontecendo com ele4 8ela primeira ve/ na vida, n%o tinhanada a di/er 0quele &ando de desocupados que costumava chamar de ami+os. 3ampouco tinha qualquer coisa a di/er 0quelas )ovens inspidas e desmioladasque circulavam pelo sal%o.

Sua lá&ia e decantado charme o haviam a&andonado. -le estavapensativo1 Deus, por que tinha de se transformar em adulto lo+o a+ora quemais precisava de sua ta+arelice )uvenil4

$a realidade, a vontade que tinha era de desaparecer dali. -ntretanto,estava ali com uma finalidade.

-le pe+ou uma nova ta'a de champanhe da &ande)a. Se era preciso estar&*&ado para achar uma noiva, ent%o &e&eria e permaneceria &*&ado at o diado casamento1

 3%o concentrado em si mesmo que estava, #raham s; notou a che+adade outro ami+o porque falava mais alto do que os demais.

: Senhores, estou apaixonado1

Como ele se apaixonava a cada m*s por uma pessoa diferente, #raham

o i+norou at ouvir a men'%o de seu nome.: -dencourt deve conse+uir1

: Conse+uir o qu*4

: $%o conse+ue. $in+um conse+ue. -la fria como o +elo. -dencourt,voc* precisa v*la. P uma criatura adorável, refinada. Ouvi di/er que ela n%oes&o'ou um sorriso a noite toda.

#raham imediatamente se arrependeu de ter se )untado 0 conversa.

: 3alve/ ela se)a tacanha demais para entender uma piada.

7l+uns ami+os o olharam sem entender o que se passava.2ueriam que ele fosse at lá e tentasse conquistála, como nos velhostempos.

#raham a&riu a &oca para recusar, mas, em ve/ disso, per+untou"

: -la rica4

Os outros deram uma risada de de&oche.

: -la &em relacionada e está so&er&amente vestida. ma dassenhoras comentou que o vestido usado por ela o mais &onito que ?ementeur )á fe/.

-nt%o ela era rica. Com um suspiro, #raham )o+ou o restante dochampanhe em um vaso e limpou as m%os.

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: $esse caso, acho que vou at lá me apresentar.

O +rupo a&riu caminho para que ele passasse. #raham se per+untoumais uma ve/ como cultivara ami/ade com um +rupo de in!teis como aquele.

Sophie tinha toda ra/%o a seu respeito. 8ensar nela, porm, s; pioravaseu estado de esprito. -la estava a+indo de maneira estranha, sempre

ocupada, n%o podendo v*lo.-le sentia falta dos dias em que, farto das extrava+Mncias da cidade, a

procurava em 8rimrose Street, sa&endo que encontraria na sala a lareiraacesa, charutos e usque, e, principalmente, Sophie para lhe fa/er per+untas eespica'ar suas diva+a'=es com pontos de vista equili&rados.

8ensando nela, ele quase n%o notou a nova femme fatale$ (as tam&mela estava cercada de +ente querendo se aproximar dela. De onde estava,#raham conse+uia ver um pesco'o lon+o e ele+ante, om&ros nus muito alvos euma cascata de cachos dourados, adornados por prolas. Kia ainda que ela eraalta, como ele +ostava.

Iavia tanta +ente na frente da )ovem, que ele procurou se infiltrar portrás, pisando no p de um cavalheiro, dando uma cotovelada em outro e,finalmente che+ando perto o suficiente da &eldade.

Como a ca&e'a dela estivesse li+eiramente voltada, foi possvel ver ama'% do rosto e seus lon+os clios. -la parecia atenta, ouvindo um su)eito tecerelo+ios com um sotaque esquisito.

: Bela prosa : #raham comentou, rindo.

7o ouvir o sussurro de uma vo/ conhecida e sentir o calor do hálito emsua nuca, ou se)a, vindo de um lu+ar em que nenhum cavalheiro deveria estar,

os )oelhos de Sophie fraque)aram. De medo ou expectativa4Certamente, um pouco dos dois. Os pensamentos mais loucos cru/aram

sua mente naquele instante. $%o seria melhor fu+ir4 Será que ele )á sa&ia queera ela4 Deveria se voltar e +ritar" 0urpresa7

Con+elada de indecis%o, ela n%o fe/ coisa al+uma. Diante dela, váriosrapa/es conversavam, todos disputando sua aten'%o, mas aquela conversah%o passava de um /unido de inseto enquanto #raham estivesse parado 0 suascotas, t%o pr;ximo que ela podia sentir o calor que dele emanava.

(as o que ele estava pensando4 -ra uma atitude muito indelicada da

parte dele, por mais charmoso que fosse.-la a&anou o leque so&re o om&ro, fa/endo com que ele quase perdesse

um olho. <sso o fe/ recuar, mas tam&m es&o'ar um sorriso e um &rilho deinteresse no olhar. -la n%o era do tipo que se deixasse intimidar1 7chando+ra'a, #raham resolveu partir para o ataque, o que o deixou de costelasdoloridas, mas lhe +arantiu um lu+ar na frente dela. -le fe/ uma mesurare&uscada.

: <mploro que me di+a, milady, como um cavalheiro pode merecer ofavor de uma apresenta'%o4

-la usava uma meia máscara, uma coisa de sonhos, que deixava seusenormes olhos livre para enviar fascas na dire'%o dele.

: 2ue pena, pensei que o tivesse deixado ferido.

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-m&ora tivesse falado &aixinho, tinha al+o de incrivelmente familiarnaquela vo/.

Com um novo a&ano mortal de seu leque, ela se voltou para o rapa/ aseu lado, fa/endo com que o crculo novamente se fechasse em torno dela,deixandoo mais uma ve/ para trás.

-nt%o era desse )eito que ela querida &rincar4 ma mulher como aquela,inteli+ente e or+ulhosa, demandava que ele o&servasse todas as re+ras deetiqueta.

-le es&o'ou um leve sorriso, antecipando a rea'%o que ela teria quandodissesse seu ttulo, sem perce&er que era a primeira ve/ que sentia satisfa'%opor t*lo herdado.

Se+uindo os demais, ele a+arrou o &ra'o de um dos adoradores e oafastou do +rupo.

O su)eito que usava um tra)e de arlequim e, se #raham estivesse &emlem&rado, chamavase Someis BootheGamison, o empurrou, protestando"

: Koc* me fe/ perder o lu+ar1 : (as ent%o perce&eu quem haviaempurrado. : Oh, me perdoe Kossa #ra'a1

: Somers, voc* sentou em cima de mim e )o+ou areia nos meus olhos noprimeiro ano escolar. 7cho que n%o precisamos dessa formalidade de Kossa#ra'a, n%o 4

BootheGamison, que era um &om su)eito e n%o +ostava de criar caso, se )ustificou"

: Bem, voc* sa&e como um ttulo fa/ al+umas pessoas mudarem...

#raham inclinou a ca&e'a em dire'%o da pequena multid%o.: -ssa senhorita conhecida sua4

: P, sim. $a realidade sou velho ami+o da famlia. Koc* se lem&ra delorde Raphael (ar&rook4 -la parente. #raham estranhou.

: Como4 $unca sou&e que tivessem mais primos.

- ele sa&eria. 8assara metade da temporada indo a Brook Iouse1 Sophielhe teria dito se houvesse mais al+um da famlia em visita.

ma sensa'%o esquisita fe/ com que #raham passasse a m%o pela nuca.

Olhou por so&re o om&ro para a )ovem no meio dos admiradores. - novamentepe+ou no &ra'o de Somers.

: Kamos, apresenteme a ela.

Dessa ve/, sem cotoveladas, Somers o levou diretamente a ela, queestava virada para o outro lado, ouvindo +alanteios.

Somers come'ou a fa/er a apresenta'%o ha&itual, tudo muito correto,mas #raham estava distrado o&servando os detalhes do pesco'o, do ca&elosedoso...

: Kossa #ra'a, permitame apresentarlhe a senhorita Sofia Blake.

C(o, n(o pode ser$-la se voltou lentamente. -le o&servou cada movimento. $otou que ela

respirou fundo, en+oliu em seco, traindo seu nervosismo, e endireitou o corpo.

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n%o tenha d!vida de que vou apoiála e advertir todo mundo que saia do seucaminho1 : -le &alan'ou a ca&e'a. : 3enho de admitir que estou aliviado deconstatar que era com isso que voc* estava envolvida. Desde quando estavaacontecendo4

-la hesitou.

: Bem... eu estava meio sem rumo depois que 8hoe&e e Deirdre saramde ?ondres.

-le riu, sacudindo novamente a ca&e'a.

: Koc*, sem rumo4 2ue Deus nos a)ude1 Koc* estava se sentindoentediada e nunca me disse uma palavra so&re o que tinha em mente

: $%o foi mais divertido ser surpreendido4

: Koc* está com a apar*ncia... -la o encarou.

: De qu*4

: De Sofia, pronta para tomar a cidade de assalto : ele disse com umsorriso doce.

-la a&riu um sorriso que ele nunca tinha visto na querida Sophie.Fascinado e com a respira'%o presa na +ar+anta, s; conse+uiu continuar adan'ar, sem perce&er que os outros pares haviam recuado para ver o mais&elo dos casais, um casal alto e +racioso, rodopiar pelo ma)estoso sal%o com osolhos fixos um no outro.

Stickley e Uolfe nunca haviam feito uma refei'%o )untos,voluntariamente, ra/%o pela qual foi com surpresa que Stickley a&riu lo+o cedoa porta da frente e se deparou com o s;cio do lado de fora, a+itando um )ornalenrolado.

: Bom dia, Uolfe. -stava comendo ovos mexidos. -stá servido4 3enhotam&m peixe defumado, ou voc* prefere &acon4

Uolfe en+oliu com dificuldade.

: Cale a &oca, Stick : disse, for'ando a entrada na casa.

Stickley tinha &astante or+ulho de seu pequeno peda'o da <n+laterra.-scolhera com muito cuidado o endere'o, em um local n%o muito ostensivo,

mas tam&m nada decadente. -le sa&ia que Uolfe havia perdido a casa do paiem um )o+o de cartas anos antes, e, como n%o conse+uia mais hospeda+emnas casas de seu cada ve/ mais diminuto rol de ami+os, a+ora mudava de umapens%o para outra. Uolfe fa/ia ami+os com muita facilidade, mas tinhadificuldade de mant*los.

Com um suspiro, Stickley passou reto pela sala de almo'o e se+uiu Uolfeat o escrit;rio.

Uolfe sentouse na !nica poltrona +rande lá existente e desenrolou o )ornal so&re a escrivaninha, deixando ver um desenho que fe/ Stickley esticar opesco'o para olhar melhor.

: -ssa n%o a... srta. Blake4: Sim, com -dencourt1 : confirmou Uolfe, &errando.

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

Surpreso, Stickley, alisou com a m%o o topo da folha para poder ler.

 % rainha das fadas toma <a#erl; de assalto7 % srta$ 0ofia +lake al'ou aotopo do p.dio da ele)a na última noite e rouou o cora'(o de uma centena deca#alheiros$ % >o) da 0ociedade pergunta9 0e somente um homem chamou aaten'(o de itGnia, seria o du"ue de Edencourt seu 4eronD

Stickley folheou as demais folhas. -ra como se tivesse havido somenteum evento e um casal na noite anterior, com vários desenhos dos doisdan'ando. -le tinha de admitir que ela parecia muito mais &onita do que na!ltima ve/ que 0 vira. Sempre +ostara dela. Govem tmida e sensata. Se n%ofosse t%o alta... (as o duque de -dencourt n%o parecia se importar.

: P, &om para ela. $%o achei que Sophie fosse o tipo de mulher queatrairia um duque, mas...

Uolfe &errou novamente.

: Stickley, por que eu sempre preciso explicar a mesma coisa para voc*1Se ela se casar com -dencourt, perderemos tudo1

Stickley custou um pouco para entender o ponto em que Uolfe queriache+ar.

: (as por qu*4 2uando a srta. Cantor se tornou lady Brookhaven, voc*pareceu &astante conformado de que lo+o ela se tornaria uma duquesa.

: Sim, porque ela n%o poria a m%o/inha na fortuna de 8ickerin+.Brookhaven n%o precisa do nosso dinheiro.

: O dinheiro n%o nosso, Uolfe : Stickley o&)etou, com veem*ncia. :$ossa fun'%o somente +uardálo e prote+*lo.

: 8ois , precisamos prote+*lo de -dencourt1 Koc* n%o conhece essa+ente. 8ara cada centavo que +astavam tinham uma dvida tr*s ve/es maior. 7fortuna da srta. Blake aca&aria em um minuto.

Uolfe cocou o queixo e fixou os olhos em Stickley.

: S; me per+unto como ele ficou sa&endo do dinheiro, pois certamenten%o foi ela que contou a ele.

:  8or que voc* acha que ele sa&e4 3alve/ ele +oste dela. : Stickley&ateu os dedos em cima do desenho. : P o que aqui parece.

Uolfe revirou os olhos.

: Stick, velho ami+o, voc* )á viu a mo'a4 -la parece o cru/amento entreum poste e um cavalo.

: 8ois eu acho que ela &astante inteli+ente e sensata : Stickleyretrucou.

: Gustamente. $in+um usa essas palavras para se referir a uma mulher&onita. : -le se levantou e come'ou a andar de um lado para o outro,passando as m%os pelos ca&elos que precisavam de um &om corte e, di+asede passa+em, de uma &oa lavada. Stickley mais que depressa ocupou apoltrona. : $%o, -dencourt sa&e, sim, e vai nos tirar a cust;dia se puser as

m%os no dinheiro. O dinheiro aca&ará rapidamente, da mesma forma como seupai e irm%os fi/eram, e lo+o estaremos todos que&rados. : Uolfe pe+ou o )ornal, amassou e o )o+ou em um canto. : <nclusive sua preciosa srta. Blake.

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

repensou a idia que lhe ocorrera no meio de seu desespero. Se corte)asseSophie Blake, evitaria o risco de perder a comiss%o da cust;dia de 8ickerin+,mas, casandose com ela, ficaria permanentemente li+ado a Brookmoor eBrookhaven, cu)as fortunas superavam em muito a de 8ickerin+. Os &olsos deparentes a&astados poderiam ser san+rados de maneira interminável.

Kaleria a pena, por mais esqueltica que Sophie fosse. 7lm do mais, elasempre poderia sofrer um acidente... O velho Brookmoor estava recuperado epoderia viver muito. Bastava que cuidasse de Sophie Blake.

 3udo o que precisava era um pouco de tempo para pensar em como tirarum pouco mais de dinheiro de Stickley.

7l+uma coisa fe/ com que Sophie acordasse, apesar de estar exausta.Seu estôma+o roncou. $%o havia comido nada no dia anterior devido 0ansiedade por causa do &aile. 7+ora sentia dor no estôma+o e a ca&e'a tonta.

2omida$

7o sentir o cheiro da torrada e pensar no chá quentinho, ela levantou aca&e'a do travesseiro e, sem enxer+ar direito, perce&eu al+um no sofá doquarto. 2uem estava ali4 3itu&eante, colocou os ;culos e, muito sonolenta,piscou surpresa.

: Koc* n%o se+uiu as instru'=es : reclamou ?ementeur, comseveridade, mordiscando uma torrada.

Sophie esfre+ou os olhos.

: $ormalmente sou madru+adora : ela se )ustificou.

: Bemvinda 0 vida da cidade. Koc* achava que todos levantassemtarde por serem pre+ui'osos... : comentou, admitindo de certa forma apossi&ilidade. : P preciso uma certa cora+em para ser inteiramenteimprodutivo.

-la voltou a se deitar no travesseiro, choramin+ando.

: D*me uma torrada. : -la a+arrou a torrada que ele )o+ou e come'oua comer.

: Koc* terá de se levantar para tomar o chá : disse ?ementeur :porque n%o merece tomar seu des)e)um na cama.

Sentindose melhor depois de comer a torrada, Sophie a&riu os olhos efitou o tirMnico estilista.

: -stive so&er&a. 3odos os olhares estavam voltados para mim1

: Com certe/a. 3anto assim que sua presen'a foi &em documentada noscadernos de mexericos desta manh%.

-le puxou do &olso uma folha de )ornal do&rada e a a&riu de pronto.

<a#erl; assistiu ao surgimento de uma no#a e rilhante estrela nofirmamento a noite passada$ Auando a srta$ 0ofia +lake #alsouromanticamente com o du"ue de Edencourt, algumas damas mais sensí#eis

foram le#adas &s lágrimas$7o pensar naquela valsa, Sophie fechou, sonhadora, os olhos.

A

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

: Foi divino : ela sussurrou.

: - depois voc* foi em&ora : ?ementeur concluiu.

-la deu de om&ros, ainda sonhando.

: $%o conse+uiria dan'ar com nin+um mais depois e tam&m n%o seriadelicado recusar. 7lm do mais, o senhor estava certo. -stava &astante

ma'ante.: Sophie, minha queridinha4

Diante da vo/ triste e terna de ?ementeur, ela levantou, surpresa, o olharpara ele. -le havia sido t%o enr+ico nas !ltimas semanas que quase seesquecera de qu%o &ondoso era.

: 3odos sa&em que -dencourt vai se casar por dinheiro : disse ele,fitandoa com pena e simpatia.

Certo. Claro, (ovida pela pr;pria idiotice, Sophie saiu da cama e sepostou diante da lareira. Será que sua estupide/ n%o tinha fim4 -la passou am%o pelos olhos que ardiam.

: 8or que esse homem sempre me fa/ esquecer de quem eu sou4

?ementeur estalou a ln+ua.

: 3odos n;s 0s ve/es estamos su)eitos a fraque/as por causa de um &elopar de om&ros e um traseiro ri)o. 7 quest%o que, apesar do frisson quecertamente causou a noite passada, voc* se esqueceu de seu prop;sito. 8enseique estivesse 0 procura de um marido, n%o de um amante.

 %mante$ 2ue pensamento maravilhoso. 8or um momento Sophie sesentiu tentada a realmente se tornar amante de #raham, mesmo depois quese casasse por interesse. -le s; n%o seria seu no nome.

E #oc/ acha "ue suportaria #/lo dei!ar sua cama e #oltar para a mulhere filhosD -la se sentiu dilacerada de dor.

$%o. 8or mais que dese)asse #raham, tinha de pensar em seu futuro. -rauma mulher po&re, sem qualquer atri&uto vendável. 8recisava de se+uran'a,ou morreria de fome. Iavia deixado 7cton para sempre e n%o +ostaria de terde voltar para lá.

Se era for'ada a passar o resto da vida com al+um, pelo menos que n%ofosse um idiota para n%o ficar tentada a matálo depois de seis meses.

<nfeli/mente, a maioria dos homens que havia conhecido na noiteanterior caam nessa cate+oria. -la soltou um lon+o suspiro e se )o+ou napoltrona oposta a ?ementeur. -le o&servou com ar /an+ado sua falta demodos.

: Serei uma dama ap;s tomar o chá.

?ementeur a fitou de cenho fechado por um momento, depois fe/ um&rinde com pr;pria xcara.

: -stou certo de que conse+uirá, srta. Blake. ma semana atrás, voc*n%o ousaria ser desrespeitosa comi+o.

Sentindose culpada, ela ia se desculpar quando ele o&)etou.

: Koc* n%o entendeu. Fico satisfeito de que tenha desco&erto o esprito

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?amentavelmente, $ichols n%o parecia nada disposto a mudar a ordemdas coisas, e, em&ora n%o quisesse ficar com ele, tam&m n%o podia despedilo depois de tantos anos de servi'o.

#raham esfre+ou os olhos cansados, dando um )eito de pôr os ps noch%o +elado. O carv%o era uma extrava+Mncia no momento, e ele estavadecidido a poupar cada centavo que pudesse. Se isso si+nificasse ter desuportar o frio do ch%o e co&ertores extras, paci*ncia. Sophie aprovaria.

Como ela teria conse+uido aquele vestido luxuoso4 O&viamente, haviasido criado para ela, pois poucas mulheres na <n+laterra tinham um porteele+ante como o dela. Seria um presente do novo primo, Brookhaven4

8rovavelmente, e ele n%o tinha nada com isso.

-ra tudo muito estranho. 7final, tratavase de Sophie, a ami+a com quemria, conversava, )o+ava cartas. -la n%o era o tipo de mulher que tudo pareciadeixar de existir quando se dan'ava, a&solutamente n%o.

-ntretanto, ele ficara t%o impressionado quanto os demais.

Sentindose desconfortável ao pensar nisso, ele enxu+ou o rosto comuma toalha quente.

: Kossa #ra'a, que desenhos mais lindos do senhor e da srta. Blakeest%o no caderno social desta manh% : Smith comentou enquanto +uardavaos instrumentos de &ar&ear. : Foi muito +entil de sua parte a)udála a fa/ertanto furor. Sem d!vida, a+ora ela vai encontrar um &om partido.

8artido, ou se)a, um marido7 #raham ficou &oquia&erto.

: Koc* acha que ela está pensando em se casar4

Smith o fitou como se ele n%o fosse muito inteli+ente.: $aturalmente, Kossa #ra'a. 3oda )ovem pensa em casamento. 8or que

outra ra/%o elas teriam tanto tra&alho para se exi&ir4

Sophie, casada com um daqueles idiotas choramin+=es4 Sophieadministrando a casa do idiota4 Sophie, indo para a cama com ele4

S; por cima do meu cadá#er7

2ue ridculo. Claro que Sophie deveria se casar.

-la seria uma esposa maravilhosa. Bem, se o su)eito tivesse

discernimento para preferir uma conversa'%o inteli+ente em ve/ de su&miss%o.(elhor ainda se ele +ostasse de ler, tivesse opini=es &em formadas e peitopara externálas. - n%o dava para ne+ar o fato de que Sophie n%o era nadasociável, portanto seria uma pssima anfitri%. O su)eito teria de ser tolerante e&astante +eneroso para compensar essa falha.

-m contrapartida, esse paradi+ma de marido teria a seu lado, por todauma vida, uma lealdade incondicional, uma inteli+*ncia &rilhante, indiscutvelcordialidade e uma considerável &ele/a.

$%o, esse ad)etivo era pouco.

7 noite anterior, Sophie estivera simplesmente...

agnífica$

Idiota sortudo7 Ela dan'ou somente uma #e), todos disseram$ Preferiu

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

#oc/ aos demais$

7&otoando o colete, #raham parou )unto 0 alta )anela do quarto devestir. 3udo o que via, porm, era Sophie enver+ando aquele vestido.

agnífica$

ma emo'%o familiar se apoderou dele, mas nada i+ual ao que )á tivesse

sentido por sua inocente ami+a Sophie10erá "ue n(oD E "uando a acordou junto & janelaD E "uando #edou os

olhos delaD

$%o, ele n%o dese)ava Sophie.

$%o devia amar nada. $%o devia valori/ar nada, pois em troca teriapoucocaso e /om&aria. (elhor n%o se importar com coisa al+uma, pois n%oconse+uiria ficar com ela.

8recisava de uma herdeira rica. 7 noite anterior fora simplesmente umaa&erra'%o.

$%o houvera nada de má+ico. Somente muito champanhe de máqualidade. 7inda assim, ele se per+untava se deveria ir visitála. 7penas paraver como ela estava na nova persona+em.

Depois de deixar todos fascinados na noite anterior, com certe/a, ho)eela teria um squito de visitantes. Como isso nunca acontecera antes, ela n%otinha como sa&er quem era merecedor de seu tempo. - ele odiaria v*ladesperdi'ar seu tempo com aqueles verdadeiros fantoches.

(as por que dia&os esse pensamento o deixava deprimido4

Capítulo III

O sal%o de Brook Iouse estava repleto. -ra assustador o&servar. Iaviahomens de todos os tamanhos e idades. ns t%o )ovens que fa/er a &ar&a seriaum ho&&y, outros )á t%o velhos que certamente seriam ce+os aos lapsos deSophie.

Do outro lado da porta, Fortescue e 8atrcia estavam a postos epreparavam Sophie para o encontro.

: Será uma mano&ra rápida, senhorita : Fortescue asse+urou. : Cadaum vai entrar e sair, e eu acompanho 0 porta.

: $%o v%o achar estranho que 3essa n%o este)a aqui4 : Sophie puxou

nervosamente a fita da man+a do vestido, uma outra &ela cria'%o de?ementeur, em vers%o mais simples, que real'ava sua silhueta.

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

: Srta. Blake sintome em dvida com a senhorita. -spero retri&uir deal+uma maneira. : -le se aproximou um pouco mais. -stava na hora decome'ar a difamar -dencourt. : -u sou&e de seu interesse pelo duque de-dencourt.

-la lhe diri+iu um olhar surpreso e em&ara'ado.

: 7cho que JinteresseJ uma palavra muito forte.: Bem, eu detesto ter de lhe di/er, mas...

ma risada sonora de 3essa soou acima do &ur&urinho +eral.

: 3enho uma ;tima hist;ria para contar so&re nossa querida Sofia.

7 maior parte dos presentes, educadamente, voltou a aten'%o para 3essa.

4h, n(o$ C(o d/em ou#idos a ela7

7larmada, Sophie come'ou a se encolher na poltrona. 7doraria fu+ir dali.

 3essa come'ou a se +a&ar diante do +rupo.: 8rimeiro, preciso contar que, quando convidei Sophie para vir conosco

a ?ondres, n%o rece&i nem uma nota sequer da m%e dela. -nt%o, uma semanadepois de estarmos acomodadas em nossa linda casinha, ela che+ou semaviso. -u mal pude acreditar, ela estava toda molhada e tra/ia apenas umsaquinho de roupas velhas e um &a! de livros. -ra di+na de ser vista, com umacapa anti+a mais curta do que o vestido. 8ensei estar a&rindo a porta a umespectro1

-la +ar+alhou, olhando ao redor, esperando que todos compartilhassemda piada.

Sophie estava a&solutamente sem fala, de olhar &aixo nas m%os. Comosempre, a resposta certa s; lhe veio 0 mente tarde demais. Se ao menosconse+uisse manter a calma que ?ementeur tentara lhe ensinar, seconse+uisse er+uer o queixo e fa/er uma cara de tdio, mas estava paralisadade constran+imento.

 Gamais seria o paradi+ma de ele+Mncia que ?ementeur se esfor'ara porcriar. (uitas coisas eram importantes para ela, suas emo'=es estavam muitoafloradas e confusas. 3inha raiva de in)usti'a, sentiase ofendida com despre/on%o merecido e n%o suportava a arro+Mncia.

7s pessoas ele+antes n%o tinham sentimentos t%o fortes9 n%o ansiavampor corri+ir os erros da sociedade9 n%o tinham d!vidas e medos porquesimplesmente n%o se importavam muito com nada. -sse tipo de vida seria amorte para ela. 7pesar disso, ela precisava aprender a ter um certodistanciamento, a n%o se preocupar tanto.

-videntemente, aquele +rupo formava uma classe de ami+os melhor doque 3essa estava acostumada, pois o sal%o foi tomado de sil*ncio e de olharesdesconfortáveis.

 3essa, porm, parecia imune 0 sutil desaprova'%o. Sua vo/ s; fe/ setornar mais estridente na tentativa de ser mais divertida.

: -u contei que Sophie via)ou o tempo todo so/inha, condu/indo elamesma a carrua+em4 P claro que nin+um ia mexer com uma mo'a com a

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

#raham sentiu mpetos de +ritar. $o fundo de sua mente, uma vo/inhaper+untava se ele n%o seria mais parecido com seu pai do que ima+inava, poismesmo Somers, com olhar reticente, aca&ou capitulando"

: Bem, acho que )á fiquei mais do que devia...

 3odos, por fim, aca&aram saindo, com exce'%o de um homem cu)a

fisionomia era va+amente familiar a #raham, em&ora pelos modos e tra)e n%oparecesse ser da cidade. 3alve/ um homem de ne+;cios. Será que teriaal+uma chance com Sophie4 -la parecia intimidada e prestava aten'%o no queele lhe di/ia.

O indivduo era alto e &onit%o, apesar da apar*ncia um tanto rude e dorosto enru+ado.

7 idia de que Sophie pudesse preferir aquele estranho a ele...

O su)eito levantou os olhos para #raham, medindoo. Seu olhar era dedesafio.

C(o, esse n(o * um homem de neg.cios$ma desconfian'a imediata se apossou de #raham.

Sophie +ostaria que o sr. Uolfe se retirasse. De incio, ela ficou intri+adacom o interesse dele em suas tradu'=es. Depois, ele a manteve entretida aofalar so&re as rela'=es de confian'a mantida por suas famlias9 quando, porm,a conversa decaiu para mexericos, centrados principalmente em #raham, acompanhia come'ou a incomodála.

Iavia al+uma inten'%o escusa nos olhos avermelhados do sr. Uolfe. -lefa/ia +estos nervosos com a m%o, parecendo querer tocála. $%o restava

d!vida de que queria al+uma coisa. 3alve/ fosse a isso que ?ementeur se referira como Jsentimento

ardenteJ, mas o olhar dele fa/ia com que ela se sentisse como um filsuculento em um prato. $%o era isso que ela estava &uscando4 m homemfeito. Como advo+ado, ele era uma pessoa instruda que sa&ia o valor de&atalhar por seu lu+ar no mundo.

-le tam&m demonstrava um verdadeiro interesse por ela, n%o motivadopelo +lamour de Sofia. Sim, o sr. Uolfe ocupava um lu+ar de destaque em sualista de maridos em potencial.

Refletindo melhor, Sophie fe/ o possvel para dar um pouco mais de

aten'%o a ele. $%o +ostaria que perce&esse a inexplicável avers%o que sentiapor ele, nem de ferir sua susceti&ilidade.

Finalmente, os mais )ovens saram e Sophie come'ou a pensar em comoescapar dali. -nt%o perce&eu que era #raham que estava indu/indo seusadmiradores a ir em&ora.

#raham come'ou a se aproximar, decidido a afastar de Sophie aquele...aquele predador. 7ntes de che+ar, porm, o su)eito )á havia rapidamente sedespedido e escapado pela porta, se+uindo os demais. Finalmente estavaso/inho com ela, como dese)ava.

$%o esperava, porm, o olhar /an+ado com que o rece&eu.-le parou, preocupado.

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

Os ;culos e a maneira como ela olhava atravs deles pertenciam a ele, esomente a ele. Os outros podiam achar que conheciam quem corte)avam, masera somente nele que ela confiava o suficiente para usar os ;culos.

: $%o posso acreditar que voc* este)a procurando um marido entreaqueles tipos4 8or qu*4

-la empurrou os ;culos com a ponta de um dedo e o fitou, furiosa.: 8or que n%o4 Koc* está mesmo com ci!me. D*me uma ra/%o pela

qual eu n%o deveria1

O que poderia di/er a ela4 Estraguei tudo$ Como permitira que uma coisat%o inocente che+asse a esse ponto. - &em a+ora quando n%o era mais livrepara fa/er o que quisesse.

Com a +ar+anta apertada e cheio de ansiedade e dese)o, ele terminou decavar a pr;pria sepultura.

: $%o se)a ridcula1 Fiquei com pena da mo'a simples do campo que

voc* . $%o há ra/%o al+uma para ci!me.7 dor estampada nos olhos de Sophie o deixou mais an+ustiado ainda.

$%o queria que ela sofresse. $%o queria a responsa&ilidade de mais uma almaem seus om&ros. -le se virou, incapa/ de enfrentar o sil*ncio que seesta&eleceu entre am&os.

-nt%o, )á 0 porta, olhou para trás e viu que ela n%o se movera. 7 dor quesentia o o&ri+ou a fa/er com que n%o somente ela, mas que ele tam&mentendesse &em a situa'%o dos dois.

: Resolvi pedir a m%o de lady ?ilah Christie em casamento.

Covarde que era, ele saiu em se+uida, afastandose do mal que haviacausado.

Como sempre, somente Stickley estava no escrit;rio. -le finali/ava umoutro dia de computar os )uros +anhos nas várias contas da cust;dia de8ickerin+ e refletia so&re seu plano atual de pôr al+um dinheiro na constru'%onaval. 8oderia ser muito lucrativo, mas demandava um alto investimentoinicial. Se a srta. Blake se casasse com o duque de -dencourt, ela poderiaquerer sa&er onde o dinheiro estava, e ele aca&ou desistindo da idia por n%oadmitir que nem um mero pensamento pusesse em d!vida sua administra'%o

tica da fortuna de 8ickerin+.ma pena deixar passar essa oportunidade de ouro, mas uma

autori/a'%o prvia iria requerer anu*ncia das tr*s &isnetas, em&ora lady(ar&rook )á estivesse desqualificada...

-nvolvido nas considera'=es so&re o dinheiro e em colocar tudo emordem, Stickley tinha quase terminado sua visita semanal ao cofre quandonotou marcas na porta.

7rranh=es4... $%o, pancadas1 2ue dia&o...

-nt%o ele entendeu. Uolfe havia feito uma tentativa de arrom&ar o cofrenaquele dia em que havia aparecido cedo no escrit;rio.

O safado deveria sa&er que ele +uardava ali apenas as comiss=es

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

aconteceria todas as ve/es que se lem&rasse daquele momento. Ficaraenvaidecida com sua popularidade. -squecerase da ima+em que as pessoasque a conheciam tinham dela.

Será que ima+inava que #raham cairia de )oelhos e declararia amoreterno quando visse JSofiaJ4 7parentemente, sim.

Fortescue entrou com um criado. -m um minuto, foram retiradas as&ande)as da sala e pouco depois tudo estava limpo e arrumado. 2uando ocriado saiu, o mordomo se aproximou de Sophie com uma &ande)a em quehavia um +rosso envelope &e+e. -la ainda estava no mesmo lu+ar, remoendotoda a sua triste/a.

: 7 marquesa lhe enviou uma carta, senhorita.

3ementeur me escre#eu contando "ue #oc/ se mudou para +rook House$+ra#o$ Phoee me pediu para lhe di)er "ue recomendasse a -ortescue "uetrocasse todas as fechaduras por causa de essa$ Eu disse a ela "ue já ha#iafeito essa recomenda'(o$

Ocorreu a Sophie que deveria ter escrito a Deirdre pedindo permiss%opara usar a casa. (uito atencioso da parte de ?ementeur... e um tanto&is&ilhoteiro. Sophie riu a esse pensamento, e voltou a ler.

Parece "ue, afinal de contas, logo #ou me tornar du"uesa$ 4 du"ue#oltou a ter uma piora$ -ico muito triste por"ue nos afei'oamos muito a ele$Ele * e!tremamente ondoso, e 2alder e :afe se parecer(o muito com eleda"ui a cin"enta anos$ Preciso me cuidar astante para ficar emconser#ada, se "uiser estar & altura de meu du"ue$

C(o #emos a hora de #/la nos #estidos no#os$

+eije a eggie por mim$ Ela já deu nome ao gatinhoD2om carinho

@ee

Sophie sentiu uma pontinha de culpa, pois o dia todo havia i+norado(e++ie. Como ainda houvesse um tempinho antes de se vestir para o sarau,procurou deixar a triste/a de lado e foi ver a menina.

7o che+ar ao topo da escadaria, ela casualmente olhou 0 esquerda,

antes de virar no corredor 0 direita.$a outra extremidade do hall, ela viu que Forstescue e a +raciosa 8atrcia

estavam parados muito pr;ximos um do outro. $aquele momento, o enr+ico eimpassvel mordomo a&riu um lar+o sorriso para a criada, retri&udo por elacom a mesma intensidade.

 3odos tinham um amor, menos a po&re Sophie Blake.

Fortescue n%o sa&eria di/er como aconteceu. -m um momento, estavacom 8atrcia no hall superior falando so&re a possi&ilidade de encontrar umaami+a adequada para lady (ar+aret, que parecia solitária naquele casar%o,sem nin+um com quem &rincar a n%o ser o +atinho, e no momento se+uintesua m%o acidentalmente encostou na dela... e seus dedos se entrela'aram...

O momento se estendeu. Fortescue ficou com a respira'%o suspensa.

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: 8imentinha, voc* está quase dormindo, Kamos para a cama.

-la pe+ou (e++ie no colo com facilidade e a levou para o quarto, sendose+uida pelo fiel +atinho. Depois de acomodála na cama e dar um &ei)o de&oanoite, Sophie apa+ou a vela e, antes de sair do quarto e fechar a porta,deu mais uma olhada para asse+urarse de que estava tudo &em com amenina. -la sa&ia que Deirdre seria uma &oa m%e para (e++ie.

Sa&ia tam&m que queria ter seu pr;prio filho, seu lar, seu marido...

-ncostandose na porta do quarto de (e++ie, no sil*ncio da casa, Sophiepensou que n%o fa/ia sentido continuar mentindo a si mesma. Sa&ia muito &emquem ela queria, que Deus a a)udasse. 8odia ser uma loucura, mas ela queria#raham. 2ue ?ilah se danasse, que status e se+redo se danassem1

Ent(o #á e lute por ele$

Surpresa, ela levou a m%o aos lá&ios, pois concluiu que nem haviatentado. -stava esperando que seu prncipe encantado a notasse, em ve/ dea+arrálo e sapecarlhe um &ei)o que o fi/esse se esquecer de todas asmulheres que havia conhecido.

Se n%o tivesse ficado t%o entontecida e euf;rica com a idia, em outracircunstMncia Sophie teria se sentido muito est!pida.

 Gohn Ier&ert Fortescue estava apaixonado. -, por mais improvável queparecesse, a mulher que ele amava parecia retri&uir seu amor.

8atrcia levou a m%o ao rosto, surpresa com a proposta.

: Casar com o senhor4 (as... : -la procurou acalmar a respira'%o.

8or um momento, ao ver a ale+ria tomar conta do rosto dela, Fortescuese encheu de esperan'a. (as eis que uma som&ra toldou o olhar de 8atrcia.-la deu um passo para trás, sacudindo a ca&e'a.

: $%o... n%o posso1 $%o posso ficar aqui, neste lu+ar frio e cin/ento,lon+e de minha famlia : ela se )ustificou. : Desculpe, mas a verdade quenunca me casaria com um in+l*s.

4ra, * essa a ra)(oD 3omado de euforia, ele riu.

: (as, ve)a, querida 8atrcia, eu sou irland*s. -la &alan'ou a ca&e'a,confusa.

: Receio que apenas um pouquinho de san+ue n%o se)a o suficiente, Gohn. : 8atrcia a&aixou os olhos para a m%o que ele ainda se+urava. : $%osinto, como muitos, ;dio pelos in+leses : ela disse, &aixinho : mas n%osa&eria como conversar com um homem que n%o sentisse saudade dosmesmos penhascos e do mesmo mar, como eu.

-le se aproximou um pouco, exultante de finalmente sa&er a ra/%o dao&)e'%o dela.

: - que penhascos seriam esses, meu amor, pois eu suspiro pelospenhascos de (oher : ele ar+umentou, com sotaque irland*s.

-la con+elou diante do tom cantado, e ele deu um passo para trás,sorrindo. 2uase n%o reconhecia a pr;pria vo/ tanto tempo fa/ia que n%o falavaassim.

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7s co&ran'as n%o paravam de che+ar. 8arecia que todos queriam o&teruma pe'a qualquer da casa em pa+amento, como fi/era o primeiro credor. $%ohavia mais tantos o&)etos de valor em Pden Iouse. Sua famlia colecionavamortes, n%o arte. 8or enquanto, tudo o que fi/era fora adotar o mtodo deempilhar as co&ran'as por +rau de +ravidade da amea'a. $%o havia muitomais a fa/er, a n%o ser ir adiante com seu plano de se casar com ?ilah.

7o parar 0 entrada do sal%o dos 8ea&ody, ele ainda se per+untava seconse+uiria persuadir al+uns credores a aceitar o urso empalhado. 8odia atouvir o que Sophie lhe diria, divertindose.

0. se ele ti#esse um traseiro de ouro$

Sophie se+uiu o conselho de ?ementeur e che+ou tarde. -lacumprimentou lady 8ea&ody com simpatia, mas n%o se desculpou. 8or maisestranho que fosse, ?ementeur recomendara que nunca mostrasse indecis%oou retraimento, -la ent%o circulou entre as pessoas, procurando um certoduque alto e loiro. O criado que servia vinho indicou o local em que o vira.

Como fosse hora do intervalo entre as apresenta'=es, as pessoascirculavam pelo sal%o. -ra muito estranho se movimentar, em&ora comcuidado, entre a elite. (ais estranho ainda era que nin+um parecia acharnada de estranho.

-m defer*ncia ao estilo clássico de lady 8ea&ody, ?ementeur fi/era umvestido em seda creme, e 8atrcia havia tran'ado os ca&elos de Sophie comuma fita dourada. $o caminho ela cumprimentou um ou outro casal e, ao parar )unto a um pilar +re+o, um +rupo lo+o a rodeou. 7l+um per+untou so&re#raham a ela. O olhar de frie/a que diri+iu ao rapa/ fe/ com ele corasse edesviasse os olhos.

Pore rapa)$-la n%o precisava ter pena dele. -le nunca tomara conhecimento dela

quando era a po&re Sophie.

$a caixa em que o vestido che+ara, havia um &ilhete de ?ementeur.

 %ta"ue a altaroda$ C(o espere pelo outono$ -m outras palavras, n%operca tempo.

Cinderela s; podia ficar at a &adalada da meianoite. Sophie ficou semar ao pensar que sua meianoite talve/ estivesse muito perto. #raham poderiaestar naquele momento propondo casamento a lady ?ilah. -stava na hora deparar de desperdi'ar a noite com aqueles rapa/es idiotas e a+ir.

Onde #raham poderia estar4

-is que o sr. Uolfe apareceu diante da vis%o turva de Sophie. -le fe/ umaeducada mesura e che+ou perto dela.

: Receio n%o estar devidamente vestido para uma ocasi%o como esta.

Sophie deu uma examinada no terno dele. -stava amassado, e a +ravataque usava era informal demais.

: 3alve/ um pouquinho : ela admitiu, sorrindo. 8o&recoitado. O fato de

ele se achar fora de seu elemento em ocasi=es como aquela s; fa/ia com queela o apreciasse mais. Como os mais )ovens n%o disfar'assem o despre/o quesentiam por ele, Sophie demonstrou mais interesse do que realmente sentia.

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Satisfeito com a aten'%o, Uolfe pareceu perder um pouco da simuladatimide/.

: -sperava encontrar lady 3essa esta noite. Receio n%o t*la tratadocom o devido respeito esta tarde, especialmente considerando minharesponsa&ilidade nos ne+;cios da famlia. : -le mostrouse acanhado edesviou o olhar. : -stava muito distrado.

7l+um que tivesse deixado de olhar para 3essa porque ela, Sophie,estava na sala4 Sophie meneou a ca&e'a e sorriu.

: Sintome lison)eada. : Depois, )ustificou" : 7 sa!de de 3essa temestado muito imprevisvel ultimamente. ?ady 8ea&ody fe/ um convite para queme )untasse 0s filhas dela, so& sua tutela.

Uolfe percorreu os olhos pela sala, o&servando a anfitri% que, ocupadademais promovendo as filhas )unto a todo e qualquer cavalheiro, n%o estavaprestando a mnima aten'%o a Sophie.

: -ntendo.

Sophie aproveitou o minuto de distra'%o dele para procurar #raham pelosal%o com os olhos. 3eria ele mudado os planos e ido 0 casa de ?ilah4 Seriatarde demais para ela4

7o se voltar, Uolfe a fitava fixamente, mais uma ve/ com aquele &rilhopertur&ador no olhar.

: 8osso a)udála a encontrar al+um, srta. Blake4 : -le pareciaestranhamente ansioso em a)udar. : 8or acaso está procurando seu primo, oduque4

: $a realidade, ele n%o meu primo, mas o senhor o viu aqui4: Ki, sim, entrando em uma das saletas. : -le indicou a outra

extremidade do sal%o. : Daquele lado.

$aquele momento, os m!sicos come'aram a tocar &aixinho, fa/endocom que os convidados voltassem a ocupar seus lu+ares. Se ela queriaprocurar por #raham, tinha de escapar dali lo+o.

-la fe/ uma rápida mesura.

: O&ri+ada, sr. Uolfe. Fico em dvida com o senhor.

Sophie a&riu caminho por entre as pessoas e, em&ora estivesse distrada,

podia.sentir o olhar daquele homem, se+uindoa.-m cada canto do sal%o de 8ea&ody, havia saletas, pouco maiores do

que alcovas. -las eram mo&iliadas com chaise longues e espelhos, para que asmulheres verificassem seus penteados, e tinham portas para que fossemfechadas nos momentos de privacidade.

#raham havia se retirado para uma delas a fim de pensar na melhormaneira de se desculpar com Sophie.

-le o&servara, de um canto do sal%o, quando ela atravessara para ooutro lado, serena. Sorrira ao pensar que o olhar arro+ante dela era, em parte,

devido ao fato de n%o enxer+ar nada sem os ;culos.-le hesitara em ir ao encontro dela, sem sa&er como )ustificar sua

crueldade, como explicar que estava em conflito e confuso, e ent%o a vira ser

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cercada de admiradores.

Iavia perdido o momento certo e se retirara para a sala silenciosa,decidido a encontrar as palavras acertadas para reparar a situa'%o.

-is que ?ilah, com seu enervante instinto predador, o encontrara lá.

: Olá, amado.

-le deu meiavolta ao ver ?ilah encostar o om&ro no &atente da porta,fechando a passa+em para impedilo de escapar dali. Brincando com a fran)ado xale que vestia, ela fe/ um &eicinho e reclamou"

: Koc* )á devia estar me &ei)ando.

7quele &eicinho em um rosto t%o &onito era ridculo. #raham conteve arepu+nMncia.

3ilah #ai sal#ar a minha propriedade$

: 8ensei que voc* fosse esperar por mim em sua casa.

-la fe/ um sinal ne+ativo com o dedo em que se destacava sua unhamuito comprida.

: -ssa n%o a resposta correta, meu querido. Supostamente, voc*deveria vi&rar ao me ver e me tomar nos &ra'os e me &ei)ar apaixonadamente.: -la desencostou da porta e che+ou perto dele. : Koc* )á deveria estarinsistindo comi+o para eu deixar voc* fa/er umas certas coisas indecentes epecaminosas comi+o nesta salinha, apesar de o mundo todo estar do outrolado dá porta. Deveria se a)oelhar, pedir perd%o e prometer nunca, nunca maisdeixar sua ?ilah esperando de novo.

Sentindose a pr;pria isca em uma vara de pescar, ele ficou estático 0espera do ataque de ?ilah. -la desli/ou as m%os pelo peito dele e o enla'oupelo pesco'o.

: Koc* me ouviu, #rammie4 Fiquei 0 sua espera na cama : elamurmurou : nua/inha, macia e perfumada. Depois do &anho, passei o cremeque voc* +osta.

-r+uendose nas pontas dos ps, ?ilah a&ocanhou o queixo de #raham.-le fe/ o possvel para n%o demonstrar repulsa ou ser mordido. -la tinha umespecial pra/er em usar tanto os dentes quanto as unhas.

: (as voc*... n%o... foi. : -la enfati/ou cada palavra, dando pux=es no

cachecol de #raham. -le deixou que seus lá&ios encostassem nos dela, e ?ilahimediatamente o &ei)ou com for'a, um &ei)o quente e molhado.

ma parte carente de #raham +ostou e, 0 medida que ?ilah se esfre+avanele de maneira entusiasmada, ele sentiu o come'o da velha excita'%o.

Sim, ficaria tudo &em, disse a si mesmo, aliviado, i+norando uma outraparte dele que exi+ia que a empurrasse e fosse lavar a &oca.

-le usaria ?ilah do mesmo modo que ela estava determinada a usálo, ouse)a, de um modo i+ualmente lucrativo para os dois. De um modo i+ualmenterepreensvel.

: Di+ame que serei sua duquesa, #rammie : ela su+eriu, enquantopuxava a roupa de am&os. : Di+ame que seremos o casal mais fa&uloso dasociedade, e que daremos as festas mais ma+nficas em -dencourt. : -la fe/

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uma humilha'%o daquelas, nem mesmo para se tornar duquesa. Sua ca&e'a+irava, confusa, em crculos. 2ue mira+em Sophie havia sido ao defend*lo1$in+um )amais havia lutado por ele1 8ertur&ado e confuso, sendo naturalmente como era, ele disse a coisa errada.

: O duque deve ter se fartado... muito depressa1 : de&ochou.

Sophie recuou, com o desapontamento estampado no rosto.:(as #raham, &em ?ilah4 $ada do que ela possa lhe dar compensará

passar o resto de sua vida amarrado a essa mulher1

<nfeli/ que estava, ele respondeu pa+ando na mesma moeda.

: Fácil para voc* falar. $%o sou eu que estou +anhando essa infinidadede roupas lindas a troco de nada1

-la estreitou os olhos.

: #anhei presentes somente na !ltima semana, Koc* tem sido umparasita a vida toda. : -la estendeu os &ra'os. : 8or Deus, #raham, quandovoc* vai crescer4 2uando vai entender que a vida n%o um quarto de&rinquedos e que nin+um se importa com o que voc* que&rar4

#raham parou perto dela.

: P assim que voc* me v*4

Sophie mantevese firme, de &ra'os cru/ados e olhar furioso.

: Iá al+uma ra/%o para que eu o ve)a de outra maneira4 $%o, realmenten%o havia. -le n%o passava de um menino in!til, desatencioso e destrutivo. S;ent%o ele notou que os olhos de Sophie estavam !midos.

: Soph. : -le deu um passou em dire'%o a ela.-la lhe deu as costas para discretamente limpar os olhos.

: 7fastese de mim : murmurou. : Kou voltar ao sal%o e procuraral+um que tenha na ca&e'a al+o mais do que dinheiro.

: Koc* se tornou uma dama e tanto : #raham a provocou, ternamente,e pe+ou a m%o dela, fa/endoa se virar para ele. : Sophie, n%o vamos &ri+ar.(inha inten'%o n%o foi a&orrec*la.

-la manteve o rosto virado.

: $%o estou a&orrecida, s; estou farta de voc*, apenas isso. Che+a. 3emmuita +ente importante 0 minha espera lá no sal%o.

#raham tocoua no queixo com delicade/a, o&ri+andoa a encarálo.

: Deixeme ver, voc* &orrou todo seu rosto. : 3irou um len'o e passoulevemente pelo rosto dela, limpando as marcas das lá+rimas. : 8ronto, estálinda de novo. : Sapecou um leve &ei)o nos lá&ios dela, n%o resistindo 0proximidade.

S; que n%o teve nada de insi+nificante.

Sophie con+elou ao sentir o &reve toque dos lá&ios de #raham nos seus.O tempo ficou em suspenso, nenhum dos dois querendo se afastar do outro,incapa/es de pensar ou tomar qualquer atitude, a n%o ser permanecer ali.

De repente, n%o havia nada a temer, nada a ser ocultado. $%o havia mais

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-xatamente como #raham nunca poderia amála simplesmente porque oamava ou porque merecia mais do que ami/ade.

Realmente o que ela merecia4 Iavia mentido e rou&ado. Iavia cometidouma +rande farsa na sociedade, fin+indo ser al+um que nunca seriaverdadeiramente.

 3alve/ merecesse mesmo o que rece&era. Ou se)a, nada.Uolfe se calara, (as continuava a fitála de maneira insinuante.

Respirando fundo, ela tentou tirar a m%o da que apertava a sua.

: Receio que o senhor tenha me interpretado mal. O senhor umapessoa muito +entil, sr. Uolfe. #osto muito de nossas conversas, mas n%o sintonada alm do que um +rande respeito pelo senhor.

: Oh, minha querida1 : -le a puxou, vencendo a resist*ncia dela.

: Sr. Uolfe1 : -la protestou, tentando se desvencilhar dos &ra'os dele,porm ele a a&ra'ou mais forte.

Sophie nunca medira for'as com um homem e ficou chocada com afacilidade com que ele conse+uiu su&)u+ála.

: Sr. Uolfe, solteme... Saia de cima de mim1

-le investiu so&re Sophie e colou sua &oca na dela, pressionandolhe ascostas no assento e mantendoa indefesa so& seu peso.

#raham puxou as rdeas do cavalo de Somers BootheGamison. O animalmantivera uma ;tima velocidade em todas as v%s tentativas de locali/ar a

carrua+em de Uolfe. Finalmente, avistava a+ora, um pouco mais adiante, a lu/das lanternas laterais dela.

-le desmontou do cavalo e o amarrou a uma considerável distMncia dooutro veculo. -m se+uida, caminhou at ele. $%o havia nin+um no interior. 3eria )ul+ado mal Uolfe4

Sophie talve/ estivesse s% e salva em Brook Iouse...

Contudo, ouviu um farfalhar de seda, a vo/ apavorada de Sophie e oinequvoco som de um soco.

: Sophie1 : Sem se dar conta de haver corrido, #raham, de repente, se

viu dentro carrua+em em cima do homem e apertando o pesco'o dele.7ssustado, ele olhou para Sophie que o fitava, perplexa.

: Da onde voc* sur+iu4

Com uma repentina fraque/a nas pernas, #raham soltou o pesco'o deUolfe e se sentou ao lado de Sophie. -le olhou de Sophie para Uolfe, quepressionava um len'o no nari/ que san+rava.

: Koc* defendeu sua honra com valentia.

Sophie encolheu os om&ros.

: O sr. Uolfe exa+erou em sua... afei'%o.Uolfe conse+uiu, com al+uma dificuldade, tam&m se sentar.

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: $%o tive a inten'%o de fa/er mal al+um a ela : ele se )ustificou, comvo/ em&ar+ada.

#raham n%o acreditou nele por um instante sequer, mas Sophie lo+ocontempori/ou.

: Sei disso, mas, sinceramente, mesmo que eu retri&usse seus

sentimentos, n%o +ostaria de ser pressionada em uma carrua+em a&erta, emuma estrada escura.

O recado serviu para #raham que estava alimentando idias n%o muitoapropriadas de pressionála em uma carrua+em fechada, em uma estradaescura... -ntretanto, n%o +ostaria nada de tam&m aca&ar com um nari/machucado1

-le sorriu para sua &rava e autoconfiante Sophie.

: 2ue noite, hein minha delicada flor4

8or um momento, ela retri&uiu o sorriso, mas depois sua express%o se

fechou.: #raham, voc* acha que eu voltei a falar com voc*4 -le suspirou.

: Sei que voc* está /an+ada. $o momento, porm, acho que o maisimportante levála a salvo para Brook Iouse.

-la olhou primeiro para Uolfe comprimido no piso da carrua+em e depoisvoltou um olhar inda+ador para #raham.

: O que foi4 : ele per+untou, visivelmente cansado da caval+ada.

-la esfre+ou a m%o dolorida.

: -stou tentando decifrar qual dos dois demônios o menos ruim.: Koc* n%o pode estar falando srio1

: O sr. Uolfe n%o fe/ nada do que voc* n%o tenha feito, e com melhoresinten'=es.

Uolfe concordou.

: -u a pedi em casamento1 #raham n%o podia acreditar.

: (as eu... : -le fe/ uma pausa. O que iria di/er4 Eu "uero me casarcom #oc/$$$ mais do "ue ele$ <mpossvel1 $%o havia nada que pudesse di/er.

Sophie entendeu e sua express%o se tornou novamente fria.: Koltarei para casa com o sr. Uolfe.

$%o, #raham n%o confiava naquele canalha e n%o deixaria um tesourocomo Sophie com ele. -le desceu da carrua+em, sem di/er uma palavra, eresolveu o assunto dando a volta at a parte de trás. -nt%o puxou Sophie e acolocou so&re seu om&ro, prendendo os pulsos dela com as m%os. -ntre +ritosde indi+na'%o, pontaps e mordidas, carre+oua at o cavalo emprestado.

Uolfe era assunto para outro dia.

O homem se levantou para correr atrás deles.

: -dencourt, seu &ruto1 Coloque a dama no ch%o imediatamente, ou vouprocessálo1

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

: $%o posso acreditar que eu se)a uma amea'a 0 sociedade.

: Koc* ca&e'adura e impulsiva : ele afirmou. : Sem falar, que imprevisvel demais.

: Sou4

-le +ostou do pra/er que sentiu na vo/ dela.

: <sso n%o um elo+io, srta. Blake.

: Koc* acharia que , se fosse eu.

7ndaram sem trocar uma palavra por um &om tempo. De repente, elacome'ou de novo.

: Se eu sou essa criadora de caso, ent%o por que, de todas as pessoas, &em voc* que tem que pôr rdeas em mim4

#raham n%o respondeu. O que poderia di/er quando ele mesmo n%oentendia a ra/%o4 Como ele continuasse em sil*ncio, Sophie emitiu mais um de

seus lon+os suspiros e finalmente ficou quieta.

Capítulo IV

 Gá quase amanhecia quando #raham e Sophie che+aram a -dencourt,Depois de horas caval+ando, Sophie estava exausta, de olhos fechados ea+arrada ao ca&e'ote da sela, como se fosse a !nica coisa que a impedia decair ao ch%o. 3alve/ fosse mesmo.

#raham condu/ia o cavalo, andando, desde que haviam cru/ado aentrada da +rande propriedade. 7pesar disso, ainda n%o avistavam a casa.

: Caso n%o lhe tenha dito, sai&a que eu o odeio : Sophie murmurou.

: 7cho que )á me disse isso al+umas ve/es.

: -spero que a+ora tenha ficado &em claro : ela murmurou por entreos dentes.

Finalmente, #raham avistou a enorme som&ra da casa ao lon+e.

: 7qui estamos, amada. Sophie meneou a ca&e'a.

: $%o acredito mais em voc*. Ionestamente, acho que voc* umaespcie de demônio enviado para me torturar por causa dos meus pecados.

: Koc*, com pecados4 Confessálos levaria uns tr*s minutos e meio.$enhum demônio acharia qualquer +ra'a neles. -u, em compensa'%o, levariamil anos para pa+ar os meus.

: $%o tem pro&lema : ela resmun+ou, apertando os olhos devido a dornos quadris. : Desde que pa+ue.

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-nfim, che+aram ao enorme caminho que circundava o )ardim da casa,cu)o canteiro principal a+ora estava todo tomado de capim e mato.

O cavalo parou e se recusou a continuar. #raham o&servou os olhos doanimal e achou melhor n%o for'álo. 7t mesmo os melhores cavalos tinhamlimites.

-le amarrou as rdeas do animal em uma estrutura de ferro existente nocaminho. Depois postouse ao lado de Sophie e estendeu os &ra'os para a)udála a descer.

: Kenha, amada. -ncostese em mim.

-la resmun+ou em protesto, pois seu corpo estava dolorido e qualquermovimento era difcil. #raham a pe+ou com facilidade e a a)eitou no colo.<nstintivamente, Sophie passou os &ra'os pelo pesco'o dele e pousou a ca&e'aem seu om&ro.

: #ray, sinto dor no corpo todo : ela disse.

: Sei disso, minha linda : ele respondeu, entrando com ela na enormecasa, que estava +elada e ecoava suas palavras. : Kou providenciar para quevoc* este)a quentinha e confortável em um momento.

O quarto da m%e talve/ fosse o !nico na casa em melhores condi'=es,pois permanecera sem uso desde a morte dela trinta anos antes.

O cômodo continuava exatamente como #raham se recordava. Os &elosm;veis haviam sido co&ertos com len';is pelos criados mais cuidadosos quetinham naquela ocasi%o.

Se a lareira n%o estivesse muito comprometida, talve/ conse+uisse

acender um fo+o ali.-le condu/iu Sophie at uma poltrona e retirou os panos empoeirados

que prote+iam os m;veis, empilhandoos em um canto. -m se+uida foiverificar a lareira.

$%o havia sinais de estra+os. 7o examinar a parte de cima, ele viu quenada &loqueava a cálida lu/ do amanhecer no topo da chamin. Foi at Sophie,que estava encolhida na poltrona, pálida e a&atida, e arrumou melhor a capaso&re as pernas dela.

: Fique aqui quentinha. Koltarei daqui a pouco.

Sophie mal ouviu o que ele disse. -la nunca havia montado em umcavalo antes e, se um dia tivesse tido a inten'%o de aprender equita'%o,conclua a+ora, com o corpo todo dolorido pelas sacudidelas, que esse era omeio de transporte menos viável.

7pesar de a casa continuar na penum&ra e +elada sua situa'%odefinitivamente estava um pouco melhor. (ais um tempinho, ela se levantariadali e daria um )eito de ir em&ora por conta pr;pria.

$o entanto, caiu no sono antes de resolver como conse+uiria escapardali.

2uando acordou, ela estava aquecida e o quarto iluminado pelo sol damanh% que entrava pelas +randes e &onitas )anelas.

Sophie piscou, procurando adaptar a vis%o a tanta claridade, sentandose

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#raham sentiu uma parte de seu corpo rea+ir instantaneamente e ficoucom ver+onha de si mesmo. $aquele momento de privacidade, Sophie mereciamais do que suscitar um dese)o leviano. (as n%o que ele tivesse qualquerinten'%o de se mover dali. -la n%o havia notado sua presen'a. -stava completamente envolvida no pra/er do &anho. -le estava estático diante de t%opura sensualidade. Culpado4 Sim, mas fascinado.

Reclinandose mais, ela levantou uma lon+a e linda perna e a esticou noar. Com movimentos suaves, desli/ou o sa&%o pela coxa at o torno/elo...

2ue inferno, ele estava quase che+ando 0s vias de fato, mesmo com asm%os ocupadas com a &ande)a1

$%o dava para a+entar. Dese)ava Sophie, exatamente como ela estavanaquele momento, sem roupas caras, sem maquia+em, sem penteadocomplicado e modos sofisticados. 7penas Sophie.

8ena que s; tivesse conse+uido enxer+ála quando era tarde demais,como se fosse um tesouro desco&erto por um outro homem primeiro.

Se ao menos pudesse ter o que dese)ava em ve/ do que -dencourtprecisava.

-le fechou os olhos contra a tenta'%o. Depois, virouse, pousou a &ande)acom cuidado, pe+ou o vestido, a capa e os sapatos de Sophie e saiu do quarto.

$%o conse+uia olhar para ela, sem dese)ála... mas poderia evitar que elafosse em&ora antes de encontrar uma maneira de deixála a salvo de suadesastrada tentativa de res+ate.

Sem falar em deixála a salvo de sua crescente lux!ria.

Sophie s; saiu do &anho quando a á+ua )á estava quase fria. Depois deficar com o corpo mer+ulhado at que a pele dos dedos estivesse enru+ada,a+ora estava faminta.

7li s; havia al+umas pe'as de toalhas esfarrapadas e nada mais.?amentavelmente, teria de vestir a mesma roupa de novo. 7 idia de recolocaro vestido no corpo limpo n%o era nada a+radável, mas de repente desco&rirque ele sumira era assustadora.

(as como se ela o deixara &em ali na poltrona1

Sophie percorreu o quarto com os olhos, mas o vestido n%o estava emlu+ar al+um. 7l+um o havia levado. <sso si+nificava que aquelas tiras de

toalha que co&riam seus seios e sua pelve eram a !nica roupa que tinha1-la )o+ou a ca&e'a para trás e deu va/%o a toda sua f!ria.

: #rahaaam1

-la viu ent%o que, no canto do quarto, haviam sido empilhados os panosempoeirados. -la envolveu o corpo em um deles, s; deixando 0 mostra o rostoe os ps descal'os, e espirrou várias ve/es. Depois saiu do quarto com um!nico prop;sito em mente. Sua raiva crescia a cada minuto.

-la n%o conse+uia encontrálo. 8eram&ulou por vários corredores quepareciam n%o ter fim, com os ps cada ve/ mais +elados e su)os, mas...espere1 7quela n%o era a porta da frente4

-la atravessou rapidamente o hall de entrada com piso de mármore e

LA

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colocou a m%o na ma'aneta. -sta, porm, nem se mexeu.

<ncapa/ de acreditar que havia sido trancada ali, Sophie ficou &ri+andocom a ma'aneta. O que #ranam tinha na ca&e'a para deixála naquela casava/ia, sem roupa e trancada4 Como poderia sair dali4 $ada havia acontecidodo )eito que ela ima+inara. -la n%o passava mesmo de Jsimplesmente SophieJ1

 3oda vida atri&ura seus pro&lemas ao fato de ter uma apar*nciaesquisita.

Dessa ve/ n%o fora por falta de &ele/a que aca&ava de m%os va/ias ehumilhada1 3alve/ feio fosse o seu interior. 3alve/ tivesse uma vida infeli/porque era o que merecia por ser uma mentirosa, uma ladra, uma fraude.

-la havia pensado que ser &onita tornaria sua vida perfeita, mas tudo oque conse+uira havia sido ficar trancada na casa va/ia1

$ervosa, chutou a porta com for'a. 7 porta n%o se mexeu e seu pdescal'o protestou de dor. (ancando, tremendo de frio e di/endo palavras quenem ima+inava que sa&ia, Sophie retornou ao quarto, se+uindo as marcas daspr;prias pe+adas no ch%o empoeirado.

?á, ela encontrou a &ande)a e achou estranho. 3alve/ )á estivesse aliantes de deixar o quarto, mas sua raiva era tanta que nem notara.

Ou talve/ #raham estivesse escondido em al+um lu+ar, o&servandoa, ees+ueirarase do quarto quando estava de costas. -la olhou ao redor,desconfiada. -nt%o sacudiu a ca&e'a.

 % fome está dei!ando #oc/ transtornada, 0ophie, O chá estava frio, masela colocou o &ule perto do fo+o para esquentálo, enquanto devorava al+unspeda'os de presunto e as compotas. Depois de comer e &e&er o chá, ela

tornou a lavar os ps na á+ua )á fria do &anho e a)eitou a vestimentaimprovisada, enfiando, em uma das do&ras, a so&ra da carne em&rulhada emum +uardanapo. -nt%o, ela saiu pela casa 0 procura de #raham, verificandocômodo por cômodo. Se o infeli/ pensava que ela fosse a+ir como umaprincesa indefesa presa na torre, havia escolhido a pessoa errada para o papel1

#raham n%o dormiu. Depois de seu ver+onhoso #o;erismo, ele fe/ umalon+a caminhada pelos campos de -dencourt, tentando acalmar sua mente eela&orar al+um tipo de plano. Cada coisa que via, mais o convencia de que secasar com Sophie era impossvel. Contudo, )amais teria ?ilah de volta.

, tal#e) a"uela insípida herdeira)inha cheirando a leite funcionasse$

8elo menos, ela n%o o mataria enquanto estivesse dormindo.

(atálo era o que Sophie provavelmente dese)ava naquele momento.

-le passou por um pequeno a+rupamento de casas que, no passado,haviam sido s;lidas e confortáveis e a+ora desmoronavam. (uitas dessascasas tinham sido a&andonadas.

2uando crian'a, a propriedade )á dava sinais de deteriora'%o, mas aindatranspirava no&re/a. medida que se tornava um )ovem adulto, o lu+ar foificando cada ve/ mais po&re, o que ele creditava ao fato de ele pr;prio ter setornado mais sofisticado. 7o ver o estado em que se encontrava a+ora, n%ohavia como ne+ar que o pai era o responsável pela decad*ncia total.

 %cho "ue realmente o odeio, #raham pensou do homem que conhecera

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t%o mal. E tam*m odeio cada gota de seu sangue "ue corre em mim$

-le ima+inava que fosse diferente do pai e dos irm%os, se achavasuperior em compreens%o, civilidade e intelecto, mas n%o passava de umavers%o mais enverni/ada. -ra t%o sem cora'%o quanto o pai. $unca a&rira m%ode seus divertimentos, nem demonstrara qualquer senso de responsa&ilidade.

7+ora pa+ava por isso. Seria infeli/ pelo resto da vida por ter derenunciar a Sophie. Ou talve/ o anseio de t*la fosse meramente o da crian'aque s; queria o &rinquedo que estivesse na m%o de outra.

(elhor se fosse assim, caso contrário o resto de sua vida seria lon+odemais.

Finalmente, se+uindo outras pe+adas no ch%o su)o, Sophie conse+uiuencontrar o que um dia havia sido o quarto de #raham. 7lm do quarto queestava ocupando, aquele era o !nico que n%o tinha uma cole'%o de corpos oupartes de animais empalhados.

Kasculhando o cômodo, ela encontrou, )unto ao p da cama, um &a!cheio de roupas. ?indas roupas. Deviam ter sido de #raham quandoadolescente, pois certamente n%o ca&eriam mais nele. 8or sorte, cou&erammuito &em nela. -la prendeu a camisa muito lar+a com um cachecol nacintura, encheu as pontas das &otas para que seus ps n%o dan'assem dentrodelas e levantou os ca&elos, prendendoos com um &on. $%o demorou muitopara que ficasse com a apar*ncia de um moleque.

P claro que se n%o tivesse sido raptada, rou&ada e a&andonada, n%oestaria vestida de maneira t%o ridcula.

Xan+ada e constran+ida ao pensar novamente em toda aquela confus%o,

ela desceu as escadas. 7porta da frente estava trancada, mas será #rahamtrancara todas as demais4

-la concluiu, porm, que seu pro&lema n%o era t%o difcil de resolver. 3odas as salas locali/adas na frente da casa tinham )anelas que davam parauma escadaria de de+raus muito amplos, em ve/ do usual declive at o ch%o.Bastou um +iro no trinco de uma delas e um salto li+eiro, e ela estava fora dacasa, descendo as escadas.

Considerando que #raham havia percorrido a distMncia at -dencourt emmenos de uma noite, Sophie se per+untava quanto tempo levaria paracaminhar at ?ondres. 3inha pernas compridas e praticamente um dia inteiro

pela frente.-la desceu o !ltimo de+rau e viu o cavalo amarrado na frente da casa,

como um c%o de +uarda. Se fosse a cavalo, che+aria em ?ondres ao anoitecer.

$o entanto, ao dar dois passos o cavalo levantou a ca&e'a e relinchou.-la parou, assustada.

: $%o preciso de voc*, seu... seu &esta1

7fastouse dali, circundando o )ardim e se+uindo pelo mesmo caminhopor onde tinham vindo. $%o estava com"medo. Simplesmente n%o estava comvontade de andar a cavalo t%o cedo.

O cavalo relinchou novamente.

: 2ue &elo dia para caminhar : ela disse ao vento. : 7cho que vou

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-m&ora persistisse a sensa'%o de peri+o, n%o havia nin+um ali. $%oteria sido apenas o vento que provocara o ran+er de uma )anela anti+a4#raham sempre lhe di/ia que sua ima+ina'%o era frtil.

-n+olindo em seco, ela deu mais uma volta em torno de si mesma,fixando o olhar nas som&ras dentro das casas e na porta escancarada domoinho.

-stava sendo o&servada... 7l+um devia estar querendo lhe fa/er mal.

#raham condu/iu o cavalo de Somers feito um louco, indo e voltando.Iavia duas estradas na propriedade, e ele n%o tinha como sa&er que caminhoSophie havia se+uido, a menos que percorresse todos os lados.

8raticamente n%o se via vivalma nas estradas. 7queles arredoresestavam tomados de mato, muros que&rados, case&res desmoronados. Ospoucos lavradores esquálidos e de olhos fundos por quem passou o fitaraminexpressivos, respondendo n%o ter visto nin+um que correspondesse 0descri'%o de Sophie ou de Uolfe

: $in+um )amais passa por aqui, milorde. : $aturalmente, ainda n%oche+ara at eles a notcia da morte do pai. Como sa&ia que n%o +ostavamdele, #raham achou que aquele n%o era o momento apropriado para contarque era o novo duque.

Depois de a+radecer, enver+onhado e desesperado, ele fe/ uma novatentativa, em outra dire'%o.

Finalmente, na estrada para o sul, #raham teve uma vis%o pertur&adora.-le tinha uma va+a lem&ran'a de ter passado a p por ali pela manh%. 7

criancinha que &rincava no meio do crculo formado por casas muito po&resestava usando so&re os ca&elinhos loiros e su)os seu &on favorito de quandoera crian'a.

7 menina ficou parada, o&servando a aproxima'%o do cavalo, mas saiucorrendo quando ele desmontou.

: -i, espere1 8or favor, voc* viu uma dama passar por aqui4 : 7 crian'aparou de correr diante do tom de s!plica dele. #raham caminhouva+arosamente, tentando n%o assustar a menina. 2ueria que ela lhe dissesseonde havia encontrado o &on.

: -stou procurando minha mulher : disse, em vo/ suave. : -la alta etem os ca&elos dourados.

7 crian'a &alan'ou afirmativamente a ca&e'a. 4h, gra'as a @eus$

-le lar+ou as rdeas do cavalo e se a)oelhou perto da menina.

: Koc* pode me di/er para que lado ela foi4

7 menina o fitou com +randes olhos a/uis e ne+ou com a ca&e'a.

<n!til. 7 crian'a n%o vira nada. 8rovavelmente encontrara o &on noch%o. (elhor prosse+uir em sua &usca.

#raham deu um suspiro profundo.: (enininha, voc* viu minha mulher ou n%o4 -la voltou a assentir com a

ca&e'a.

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continuasse a mentir para sempre e nunca confessasse a nin+um que ela n%oera, na verdade, a srta. Sophie Blake, a &isneta de sir Iamish 8ickerin+4 - seela nunca voltasse a ser quem realmente era, uma mera criada, acompanhanteda irritante e exi+ente sra. Blake, que, de fato, era a m%e da po&re, doentia emorta Sophie4 - se ela se casasse com #raham e conquistasse a fortuna de8ickerin+ para ele e toda aquela +ente infeli/ e a&andonada4

$%o havia tempo para hesita'%o, para ficar remoendo suas alternativas.Da mesma maneira que a&rira, como ha&itualmente fa/ia, a correspond*nciada sra. Blake e se apossara do dinheiro enviado por lady 3essa para o de&utede Sophie, o momento demandava uma a'%o rápida.

Deirdre estava prestes a se tornar duquesa de Brookmoor. 8ensar queisso talve/ at )á tivesse acontecido fe/ Sophie estremecer de pMnico.

$%o, ela precisava acreditar que devia haver uma ra/%o maior para tersido levada at aquele lu+ar e conhecer a car*ncia e dificuldade por queaquela +ente passava.

Deirdre n%o precisava do dinheiro. Calder era rico e +eneroso.>oc/ pode minimi)ar a situa'(o o "uanto "uiser, mas n(o dá para e#itar

o fato de "ue estará rouando de algu*m "ue confia em #oc/ e "ue * uma das poucas pessoas nessa #ida "ue se importou com #oc/$

O rosto ma+ro de (oira sur+iu em sua mente, macilento e cansado. -pensar que a mulher lhe dissera que era mais )ovem do que ela mesma1

Sim, seu plano precisava dar certo, Se n%o for'asse #raham a se casarcom ela antes que o velho duque de Brookmoor morresse e Calder se tornasseduque, ela n%o teria como a)udar toda aquela +ente.

$em a si mesma.7o che+arem ao solar, )á era noite. 3udo o que se via era o caminho

iluminado pela lua e o contorno do cavalo que dormia no canteiro co&erto demato.

Rindo, #raham estendeu a m%o para a)udar Sophie a pular a )anela, masuma ve/ dentro da casa, ele ficou silencioso.

Ka+arosamente, ele tirou sua m%o da dela e se afastou. Sophie +ostariaque ele tivesse ficado )unto dela, mas esperava ter tempo suficiente para a+ir.-les su&iram a escadaria, no escuro, e #raham a acompanhou at a porta do

quarto e parou.-m&ora n%o conse+uisse enxer+álo, ela podia sentir que ele estava

tenso.

7o falar, a vo/ de #raham soou &aixa e cheia de remorso.

: <sso n%o está certo, Sophie. 7manh% precisamos voltar a ?ondres. 3alve/ possamos convencer o pessoal de Brook Iouse que voc* esteve otempo todo na 8rimrose Street.

Sophie fechou os olhos. ?o+o os dois teriam al+o mais para sentirremorso. -la s; esperava que #raham a perdoasse quando rece&esse a

heran'a.: Boa noite, #raham.

NA

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

De repente, deuse em conta de que, nos meses anteriores, ele tinha tidoaquele sonho várias ve/es, mas n%o de maneira t%o real, t%o quente e de tiraro fôle+o. -is que sons misturados ecoaram nas altas paredes do quarto doduque.

-stranho1

Espere$ C(o, n(o acorde$ C(o seja oo, continue sonhando$ 3arde demais.

ma onda de consci*ncia o fe/ despertar. -stava em -dencourt comSophie. 8ior ainda, estava na cama com Sophie.

$%o, pior ainda. -stava preso na cama, com os dois pulsos amarrados naca&eceira, com Sophie esparramada so&re ele qual +eleia na torrada. 7s m%osdela passeavam por seu corpo, enquanto a &oca faminta o provocava.

-le afastou os lá&ios dos dela, com uma express%o chocada.

: Sophie1

O pavor nos olhos de #raham n%o podia ser confundido. -la +elou pordentro.

Auem #ai "uerer uma #ara seca como #oc/D Cenhum homem "uer umagirafa$

7o pensar na repulsa que ele deveria estar sentindo, ela saiu da cama,puxando a co&erta para se em&rulhar nela. 2ueria se desculpar, queria chorar,queria n%o estar ali naquele quarto, no meio da noite.

7 camisa que pe+ara emprestada )a/ia no ch%o a seus ps. -la sea)oelhou, desa)eitada na pressa, puxando desesperada a co&erta que seenrolou em sua m%o. 3udo ent%o ficou em&a'ado. -la parou de se de&ater epousou a ca&e'a nos )oelhos, com os olhos ardendo de humilha'%o e derrota.

Sophie Blake conse+uira novamente.

@eus, como odia#a 0ophie +lake7

: 7h... Sophie...

-la estremeceu ao som da vo/ de #raham.

: $unca fale, so&re isso. $unca.

: Sophie...

-la levantou a m%o, com a ca&e'a ainda a&aixada.

: -stou falando srio, #raham.

: 2ue dro+a, Sophie, me desamarre daqui1

Foi apenas um sussurro irritado, n%o um &erro, mas teve o mesmo efeito.

7ssustada, Sophie se desequili&rou completamente e se esparramou notapete numa confus%o de co&erta e nude/.

Da onde estava deitado, #raham teve a vis%o de um ma+nfico par depernas que levavam a um delicioso traseiro, tudo envolvido em uma pele deporcelana. Depois, enquanto ela procurava se co&rir, ele teve uma vis%omomentMnea de uma cintura sinuosa e seios perfeitos.

NH

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

Com o autocontrole )á a&alado, ele fechou os olhos 0 vis%o de Sophie...sua Sophie... nua no tapete de seu quarto.

2uando sentiu o toque de dedos +elados, tentando desamarrálo, elea&riu um olho. Sophie havia apertado tanto a co&erta em volta do corpo que,pressionados, o seios dela foram er+uidos e ficaram na altura dos olhos delequando ela se de&ru'ou para alcan'ar o outro lado da ca&eceira.

<mplorando a Deus que tivesse piedade dele e controlasse suaincontrolável ere'%o nos pr;ximos se+undos, ele voltou a fechar os olhos paratodas as coisas que n%o deveria estar vendo.

$%o adiantou muito, pois podia n%o ver, mas estava sentindo, como apress%o de um )oelho dela entre os seus para poder alcan'ar do outro lado,for'ando suas pernas a ficarem a&ertas e fa/endo com que a seda da co&ertaro'asse em seu mem&ro a cada mnimo movimento.

Será que conse+uiria olhar para Sophie em suas saias discretas, semlem&rar de suas lon+as e lindas coxas4

Será que conse+uiria olhar para ela sem pensar nos deliciosos mamilosde ru&i que enfeitavam aqueles pequenos seios, o&)eto de seus sonhos peloresto da vida4

- qual seria a resposta 0quela velha per+unta masculina4 Iavia fechadoos olhos antes de satisfa/er sua curiosidade. Seriam os pelinhos entre suas&elas coxas da mesma cor dos cachos de seus ca&elos4

al#e) n(o seja tarde demais para descorir$

8romscuo1

4ra, o amarrado a"ui fui eu$ 0erá "ue ela dei!aria cair essa coerta outra#e) se eu a assustasse4

$e+ativo.

Auem diria, 0ophie nua, molhadinha$$$ em meu "uarto, no meio da noite, por #ontade pr.pria$ Essa eu #ou precisar catalogar na lista de F4portunidadesPerdidasF,

Certssimo.

 % lista * em pe"uena$ 0ae "ue realmente n(o sou t(o honrado assim$

-stá sendo a+ora.

 %t* "uando #oc/ #ai continuar nesse diálogo interior$

7t que ela termine de me desamarrar da cama.

Jtimo, por"ue a #elha pistola está em perto de disparar$

$%o me fa'a lem&rar.

-nt%o ele sentiu a falta de calor e do cheiro dela e viu que ela deixava acama, evitando que por meros se+undos ele ficasse completamenteconstran+ido.

-m&ora estivesse com as m%os desamarradas, ele as manteve na

mesma posi'%o at a&rir os olhos e ver que Sophie estava a uma distMnciase+ura.

-la estava do outro lado do quarto, encostada 0 porta, com um

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amontoado de co&erta e camisa prote+endoa na frente. 3inha a ca&e'avoltada e o rosto escondido pela som&ra. 8arecia fero/ e prisioneira, furiosa edesmorali/ada.

Doce e teimosa Sophie.

Deliciosa Sophie.

2ue situa'%o difcil1#raham )o+ou o co&ertor remanescente para o lado e tirou uma perna da

cama. 7 esse movimento inesperado, Sophie rea+iu como um veadinho.

- como um veadinho acuado, ela rapidamente tratou de escapar.

-le a pe+ou, no meio do caminho, viroua e a prensou contra a porta,prendendoa com as m%os so&re a ca&e'a.

Sua inten'%o n%o era machucála, mas sa&ia que, se ela sasse daquelequarto, sua ima+inada re)ei'%o se a+ravaria e ficaria re+istrada para sempreem sua teimosa ca&e'a.

Sophie lutou com &ravura na tentativa de se desvencilhar dele. -la n%oera fraca, mas ele usou o pr;prio corpo para vencer a resist*ncia.8ressionandoa mais contra a porta, ele riu.

: Se)a &oa/inha, Sophie. $%o me force a amarrála1

-la ficou a&solutamente inerte, com o cora'%o disparado )unto ao dele.-m um instante os mamilos estavam enri)ecidos, cutucando o peito de#raham.

ma ima+em de Sophie se formou na ca&e'a dele. -la estava vestida derenda, de olhos vedados e com as lon+as pernas amarradas em sua enormecama. -stava totalmente su&missa enquanto ele a provocava várias ve/es. Seumem&ro a pressionava, tendo somente uma leve colcha de seda entre os dois.

O pequeno som que ela deixou escapar foi a confirma'%o de que ela+ostaria daquilo.

Ent(o apro#eite a ca#algada$ %garre as r*deas e corra noite adentro$Pare de postergar e fingir "ue há mais algu*m no mundo com "uem #oc/ poderia passar a #ida$ onte e ca#algue, homem$

O derreter do conflito que sentia foi i+ual neve ao sol.

-le n%o tinha escolha. Com uma atitude, Sophie decidira de maneiramuito eficiente o assunto para ele.

#ra'as a Deus.

Bastou um pequeno movimento e ele removeu o insi+nificante o&stáculoda co&erta, deixandoa nua, tr*mula e completamente em seu poder.

Ou talve/ fosse ao contrário.

Sem soltála, ele deu um passo para trás e o&servou sua nude/descaradamente. (esmo 0 lu/ do fo+o, podia )urar que ela estava ru&ra dever+onha.

Sophie fechou os olhos e a+uardou. Iavia se humilhado ao atacálo ea+ora era o pre'o que precisava pa+ar. Como o momento se estendesse enada mais acontecesse, ela n%o conse+uiu evitar de se mexer e sentiu o calor

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da risada de #raham em seu rosto.

: 7&ra os olhos, Sophie.

Chocada, ela a&riu os olhos e o fitou, pronta para se defender.

-le estava nu, &ron/eado e musculoso, parado a poucos centmetrosdela, com o tronco meio enver+ado, para manter suas m%os presas, e o

mem&ro or+ulhosamente apontado para ela, como uma flecha no arco.Por fa#or, me espete$

-la quase disse isso alto, mas por sorte apenas um +emido a traiu.

: -m que voc* está pensando4 : 7 vo/ dele soou &aixa e rouca.

-la tirou os olhos da ma+nfica parte, di+na de um +aranh%o, e o fitoupreocupada.

: -stou pensando que n%o vai ca&er.

#raham )o+ou a ca&e'a para trás e soltou uma sonora +ar+alhada.

Depois de um momento em que ela ficou fervilhando calada, ele a fitou comuma express%o inteiramente nova nos olhos.

O cora'%o de Sophie quase parou. 7 lu/ que viu neles... n%o era afei'%o,ami/ade, nem mesmo dese)o. -la conhecia aquela lu/.

Iavia visto no espelho.

-la es&o'ou um sorriso lar+o. Com #raham ela podia ser ela mesma.Com ele, n%o precisava ter medo de nada.

#raham sentiu o ar fu+ir. -la estava luminosa, nua ali em suas m%os,com a espl*ndida ca&eleira enfeitando sua nude/. ?inda e ma+nfica, suaSophie.

?entamente, para n%o que&rar a ma+ia do momento, ele se encostounela. Goelho tocando )oelho. Coxa pressionando coxa. Sua ere'%o aninhada naspartes ntimas dela, como se finalmente estivesse che+ando em um portose+uro. Os seios de Sophie em seu peito e, finalmente, o encontro de seuslá&ios.

Foi mais uma promessa do que um &ei)o.

m amor para sempre. m amor sem fim.

#raham soltou os pulsos de Sophie e desli/ou as m%os pelos &ra'os dela,acariciando om&ros e pesco'o. Se+urou o queixo delicado e a &ei)ou maisprofundamente.

$unca um &ei)o fora t%o completo como aquele, fruto do amor e dodese)o.

7 paix%o tornava tudo mais excitante.

Com um !nico movimento, ele a tomou nos &ra'os e aterrissou com elana cama, os dois rindo, feli/es.

-le se apoiou em um cotovelo e tirou todo o ca&elo que co&ria o rosto deSophie. Olhandoa fixamente, disse"

: $os casaremos amanh%.

-la levantou uma so&rancelha.

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esfor'ou para vencer a dor instintiva. -stava decidida 0 entre+ar suavir+indade a ele com o mesmo amor com que lhe dera seu cora'%o.

Ri)o e incansável, o mem&ro pressionou sua intimidade, sem pressa, atque ela n%o a+entasse mais. -la virava a ca&e'a de um lado para o outro,arfando de pra/er e dor.

Finalmente #raham parou, apoiandose so&re os cotovelos, com arespira'%o acelerada, 0 espera que ela se acalmasse.

-nt%o recome'ou, for'ando caminho de maneira mais rápida e a+ressiva.7l+uma coisa dentro de seu corpo cedeu, fa/endoa estremecer de a+onia. -la+ritou, mas continuou a+arrada a ele.

<nstantes depois a dor passou. -le havia vencido a !ltima resist*ncia.7+ora era s; pra/er, suave, doce e cada ve/ mais quente 0 medida que ele apenetrava, murmurando, &aixinho, coisas que a fa/iam delirar.

7 dominMncia dele, o ardor e total falta de controle a excitavam, e elaexultava com seu poder de sedu'%o.

#raham murmurou o nome dela quando a penetrou ma !ltima ve/,ficando de respira'%o suspensa ao ser fulminado pelo or+asmo.

Pena "ue fosse o nome errado$

-la procurou afastar esse pensamento da ca&e'a, usufruindo do pra/erde t*lo late)ando dentro dela. Seus +ritos misturaramse aos sons roucosemitidos por ele, fundiramse 0 respira'%o quente e o &atimento do cora'%odos dois. -la n%o sa&eria di/er onde come'ava um e terminava o outro.

Iavia sido a&solutamente perfeito. O solar podia estar ruindo em volta

deles, mas a sensa'%o era de estar no cu.#raham se deixou cair so&re ela, com o rosto enfiado em seus ca&elos.

Desli/ou para o lado, saindo de dentro dela.

: 8erdoeme : ele disse, ainda ofe+ante, mas cheio de remorso :Deveria ter sido mais cuidadoso. $%o deveria...

-la colocou a m%o nos lá&ios dele.

: 8are, #ray. Koc* foi maravilhoso. : -la ficou pensativa por umminuto. :3enho quase certe/a de que fui maravilhosa tam&m.

-le riu, comovido, e a a&ra'ou.

: Koc* foi mais que maravilhosa.

Sophie suspirou, feli/.

: -spero ter sido. : 7ninhouse nos &ra'os dele e deitou a ca&e'a emseu peito. : Koc* meu a+ora : sussurrou, sonolenta.

-la )á estava quase dormindo quando o ouviu di/er"

: 8ara sempre.

Sophie acordou deva+ar, tomando aos poucos consci*ncia de cada partede seu corpo que late)ava de dor. 7quele corpo enfrentara uma árdua

caval+ada, uma árdua caminhada e uma árdua noite de amor. -la seespre+ui'ou so& as co&ertas, passando a m%o pelo corpo nu. Finalmente a&riuos olhos.

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7 n%o ser pela claridade do fo+o, o quarto estava escuro, escondendo napenum&ra os detalhes som&rios e ressaltando os que eram a+radáveis aosolhos. Com uma pitada de amor e de tra&alho, aquele quarto se tornaria umao&ra de arte, di+no de um duque.

Seu duque. O mais dese)ado por ela.

#raham estava acordado, olhando pela )anela sua propriedade 0 lu/ dalua. -stava nu e lindo. $enhum escultor da Renascen'a conce&eria umacria'%o t%o perfeita.

: #ray4

-le se voltou com um sorriso, mas havia desola'%o em seus olhos.

: 7l+o errado4 : ela per+untou, alarmada, ima+inando a ra/%o.

-le ne+ou com a ca&e'a, ainda sorrindo.

: $ada errado.

7)oelhandose, ela se sentou so&re os calcanhares, com os seiosdisplicentemente co&ertos pelo len'ol. $otou o olhar dele &rilhar de dese)o e,apesar de envaidecida, ela estendeu a m%o, impedindoo de se aproximar.

: #ray, voc* confia em mim4

-le levantou as so&rancelhas, com uma express%o maliciosa.

: <rrestritamente. Koc* vai me amarrar de novo4

 3%o enlevada Sophie se sentiu que quase permitiu que ele mudasse deassunto.

: -spere : ela disse, ao v*lo se encaminhar em sua dire'%o de &ra'osa&ertos. : 2uero de verdade sa&er se voc* confia em mim.

-le parou.

: Claro que confio em voc*, Sophie. Sempre confiei. Koc* a pessoamais verdadeira que )á conheci.

+em$$$ melhor n(o entrar em detalhes, pelo menos n(o agora$ 3ogocontarei toda #erdade a #oc/, meu amor, prometo$

Será que teria cora+em4 #raham se achava um va+a&undo, mas narealidade era o !nico homem honrado da famlia que assumia suasresponsa&ilidades. Será que aceitaria o dinheiro se sou&esse que era fruto deuma trapa'a4

Carinhas tristes e famintas...

Certo, seria uma má a'%o por uma &oa causa. -la respirou fundo.

: 2uero que voc* acredite em mim, #ray. -u posso... n;s podemossalvar -dencourt. Sei que parece sem esperan'a a+ora, mas voc* vai ver. 3eremos tudo o que precisarmos.

-le es&o'ou um sorriso triste.

: Sophie, sei que voc* excepcionalmente inteli+ente... -la pe+ou a

m%o dele e levou ao cora'%o.: 8rometo, #ray : disse em tom convincente. : Kai dar tudo

perfeitamente certo.

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: 8erfeitamente certo4 Como, se a vida nada tem de perfeita4

-la apertoulhe a m%o.

: 7credite em mim. Se voc* n%o acredita no futuro, pode pelo menosacreditar em mim4

7o fitála, a express%o dele se desanuviou e seus olhos &rilharam outra

ve/,: -u acredito em muito pouca coisa : ele disse, levando a m%o dela aos

lá&ios e &ei)ando. : (as em voc*, Sophie Blake, acredito incondicionalmente.

>oc/ nunca #ai conseguir di)er a #erdade a ele$ >ai ter "ue guardar osegredo para sempre$ 2ue se)a assim.

$ovamente fi/eram amor, deva+ar e suavemente. -le tomou todocuidado para n%o machucála, acariciandoa com delicade/a e t%o cauteloso foia cada penetra'%o que os olhos dela se encheram de lá+rimas.

: $%o chore, minha Sophie : ele sussurrou no ouvido dela. : Sedepender de mim, nunca mais voc* vai chorar.

$esse momento as lá+rimas fluram aos &or&ot=es. -la ent%o se a+arroua ele, sem solu'ar, mas incapa/ de conter o choro. 8reocupado, #raham tentousair de dentro dela, mas ela travou as pernas em volta de sua cintura e n%odeixou.

: 8or favor, me ame : ela murmurou. : -u preciso de voc*.

-les fi/eram amor at que o *xtase a levasse a um cu estrelado. Seus+emidos ecoaram pela casa va/ia, se+uidos pouco depois dos dele, mais fortese profundos.

(ais tarde, enquanto ele ainda estava deitado so&re ela, com o rosto emseu pesco'o, ela confessou um de seus muitos se+redos.

: -u amo voc*. 7mei desde a primeira ve/ que venci voc* nas cartas, outalve/ mesmo antes, mas nunca acreditei em voc*. Desculpe a sinceridade.$%o o que voc* merecia.

-le emitiu uma exclama'%o e levantou a ca&e'a.

: $%o, eu realmente n%o... -la lhe deu um pux%o no ca&elo.

: Fique quieto, #ray, estou fa/endo o pedido de casamento.

: 7h1 : -le se calou, rindo: 8are de rir. -stou falando srio.

: Certo : ele concordou, rindo mais ainda. Sophie procurou conter opr;prio riso.

: Sempre sou&e que havia um &om homem dentro de voc* : aqueleque dedicava tempo a uma )ovem solitária, que a deixava a vontade quandoela fa/ia seus desastres. : -u acreditava que um dia, se voc* tivesse, achance de mostrar seu eu interior, voc* o faria : ela continuou. : - voc*provou isso para mim. -u, por outro lado, me comportei muito mal. 7chava

que, se me tornasse Sofia, poderia mudar meu destino com as tolas armas dasedu'%o. -u... me transformei em voc*.

: 8uxa...

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dos vendedores e dos lixeiros. Depois do sil*ncio misterioso de -dencourt, aa+ress%o aos ouvidos de Sophie a lem&rou daquele lon+nquo dia, somentetr*s meses antes, em que che+ou a ?ondres, com o vestido do corpo e um &a!de livros indese)ados... rou&ados de 7cton.

 3anta coisa havia mudado desde ent%o. 7 maior mudan'a havia sido adela. $unca mais permitiria que al+um a oprimisse. 2ue nin+um maistentasse1 -la seria a duquesa de -dencourt, rica e influente, com ami+ospoderosos e uma famlia.

-dencourt n%o era a !nica entidade a ser salva naquele dia.

-les che+arem em Brook Iouse cedo demais.

: Desculpe ter de parar aqui : ela disse a #raham. : (as Fortescuedeve estar fora de si de preocupa'%o. S; espero que ele n%o tenha mandadouma mensa+em para Deirdre ainda.

- tam&m havia a quest%o de suas roupas. $%o podia se casar com umaroupa de menino. 7 porta foi rapidamente a&erta pelo mordomo, que semostrou a&solutamente aliviado ao v*la. 7ntes de entrar, ela acenou maisuma ve/ para #raham.

: Ke)o voc* em Pden Iouse1

Sentindose como se faltasse uma parte dela sem #raham, ela asse+uroua Fortescue de que estava &em, que n%o havia sido rou&ada por nenhum&andido, e que tinha estado com o duque o tempo todo.

Fortescue somente &alan'ava a ca&e'a.

: -u fiquei sa&endo que tam&m deram pela falta dele. (as como n%o

tive notcias da senhorita ontem, mandei um mensa+eiro para sa&er de suasprimas se a senhorita n%o estaria com elas.

Sophie mordeu o lá&io. Deirdre e 8hoe&e por certo estavampreocupadas.

: P melhor mandarmos mais mensa+eiros imediatamente. 3alve/possamos alcan'álos antes que elas se assustem.

: 8ois n%o, senhorita. O tempo estava voando.

: 8reciso me trocar rapidamente : ela disse com um sorriso, diri+indose 0s escadas. : Kou me casar ho)e. 8or favor, pe'a a 8atrcia que su&a.

7 express%o de Fortescue ficou petrificada.: 8atrcia OW(alley n%o tra&alha mais aqui, senhorita. -ntretanto, espero

que aceite minhas felicita'=es.

: O que houve, ela está &em4 8ara onde ela foi4

: $%o sei, senhorita. Kou pedir a uma outra criada que a a)ude, se asenhorita concordar4

-ra evidente que ele n%o estava nada contente com a situa'%o, masSophie n%o tinha tempo para entrar em detalhes. Depois da cerimônia, elaprocuraria sa&er o que de fato havia acontecido. $a !ltima ve/ em que vira o

mordomo ele estava impecável. 7+ora estava tenso e passava a m%o nosca&elos a todo momento.

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Su&indo as escadas, ela dese)ou que 8atrcia estivesse &em e que asprimas n%o estivessem voando de volta para casa, para salvála.

#raham deixou o escrit;rio do &ispo com o cora'%o leve e uma licen'aespecial nas m%os. O anel da m%e estava se+uro no &olso de seu colete e,

assim, estava tudo encaminhado. O&ter a licen'a fora mais fácil do que haviaima+inado.

O cavalo o a+uardava malhumorado do lado de fora dos port=es, por teras rdeas so& o controle de um cauteloso a)udante do &ispo.

: Cuidado, Kossa #ra'a. -le morde. #raham tentou defender o animal.

: -le s; está muito, muito cansado.

O rapa/inho olhou para ele, sem compreender, e acariciou timidamente olom&o do animal.

(uito &em. -stava na hora de devolver o animal a Somers. Somers,contudo, n%o ficou nada satisfeito ao v*lo.

: O que voc* fe/ com meu cavalo4 : -le circundou o animal quandoche+aram a cocheira atrás da casa em que Somers alu+ava quartos. : Koc*&ateu nele4

: Claro que n%o1 : retorquiu #raham, verdadeiramente ofendido. :Fomos duas pessoas montadas nele at -dencourt. Ontem rodei com ele porquatro horas pelo campo, e ho)e cedo voltamos a ?ondres1 7 !nica coisa queele s; comeu capim.

Somers o fitou como se fosse chorar.

: 7h, meu menino : cochichou no ouvido do animal. : 7+ora está tudo&em. O papai está aqui.

O cavalo relinchou e encostou a testa no peito de Somers, que come'oua murmurar palavras carinhosas e diri+ir olhares de censura para #raham.

: Bem... vou deixar voc*s dois so/inhos : disse ele, retirandoserapidamente.

O tra)eto at Pden Iouse n%o era muito lon+o. #raham cortou caminhopor al+umas vielas para +anhar tempo. 7sso&iando feli/, ele s; pensava emmer+ulhar Sophie novamente em outra +i+antesca &anheira naquela noite,

depois de terminada a cerimônia do casamento.Dessa ve/, ele tam&m entraria com ela. Distrado com seus planos para

a noite, ele n%o prestou aten'%o no &arulho de passos que o se+uiam.

De repente, pressentiu al+um muito pr;ximo de suas costas.

-le se voltou &em a tempo de dar um soco no rosto do indivduo.

: 2ue dia&o esse4 : O rapa/ deixou cair o pau cheio de pre+os quelevantava e co&riu o nari/ com a m%o. : Seu maldito1

O su)eito tinha um &on enfiado at a so&rancelha e um pano preto

co&ria a parte inferior de seu rosto, deixando 0 mostra apenas um par de olhosfuriosos.

Sinal de peri+o.

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#raham rapidamente olhou ao redor, avaliando a situa'%o. -stavam emum local em que as mans=es ficavam recuadas, em terrenos enormes.(oradores e criados dificilmente ouviriam +ritos provenientes da viela.

Se corresse, naturalmente o rapa/ correria atrás dele. 7final era forte etinha uma apar*ncia +rosseira.

-nquanto resolvia o que fa/er, #raham concluiu que a notcia de seucasamento havia va/ado e atri&uiu o provável ataque aos credores do pai.

: Di+a ao &astardo de seu patr%o que eu pa+arei o que devo um dia. Seme matar, ele n%o vai rece&er t%o cedo.

O homem arre+alou os olhos, surpreso, e tirou do palet; uma facacomprida e &rilhante.

#raham n%o acreditou no que estava acontecendo naquele momento t%oimportante de sua vida.

: -u disse que ele vai ter de esperar. : Com um movimento rápido, ele

se a&aixou e pe+ou o pau do ch%o, surpreendendo o oponente com umapancada nos )oelhos.

O homem rolou no ch%o, se+urando as pernas.

: 7posto que esses pre+os machucam : ele disse, sem pena, atirando opau do lado. : - a+ora me deixe em pa/1

<sso feito, ele deu as costas ao capan+a e prosse+uiu caminho para PdenIouse. - para Sophie.

7o che+ar em Pden Iouse, sem fôle+o e ansioso, #raham encontrouSophie no escrit;rio, de &ra'os cru/ados, examinando o urso"

-la sorriu ao v*lo entrar e voltou novamente a aten'%o ao urso.

: -stá faltando uma coisinha nele. #raham encostou o om&ro no&atente da porta.

: Concordo plenamente.

Sophie tirou o len'o de seda do pesco'o e o a)eitou no urso.

7 fero/ testemunha do pra/er do velho duque por animais empalhadospareceu ficar sorridente com o lon+o len'o rosa em volta do pesco'o.

#raham che+ou perto de Sophie e passou o &ra'o pela cintura dela,

a&ra'andoa por trás.: 8erfeito.

Sophie recostouse nele, soltando um +rande suspiro de felicidade.

: -nt%o o prncipe se aproximou da Cinderela, estendeu a m%o para elae tiroua para dan'ar. $a verdade, ele n%o dan'ou com mais nin+um e n%olar+ou mais a m%o de Cinderela. 2uem quer que a convidasse para dan'ar, eledi/ia" J-la meu par1J.

: Koc* meu par : #raham sussurrou no ouvido de Sophie. : 8arasempre.

: Fico t%o feli/ que n%o se)a apenas um sonho. Ou melhor, que se)a umsonho transformado em realidade.

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#raham a apertou contra o corpo.

: P t%o real, que )á estou com o documento de licen'a para ocasamento.

- Sophie, a coisa mais verdadeira que )á conhecera, era dele. 7 vidafi/era com que n%o acreditasse em nada e em nin+um, mas nela ele

acreditava. Com ela a seu lado, mesmo que sem dinheiro, ele se sentia capa/de recuperar -dencourt com as pr;prias m%os, ti)olo por ti)olo, se fossenecessário.

O fato de amar al+um t%o leal e sincera como Sophie talve/ si+nificasseque estava redimido.

: (andei uma mensa+em avisando 3essa de manh% : Sophieconfessou. : 3alve/ ela compare'a 0 cerimônia ho)e 0 tarde.

: -la a minha !nica famlia : (esmo essa constata'%o n%o empanavaa felicidade que ele sentia naquele momento. : Fico s; ima+inando n;s doisna frente do vi+ário, trocando votos numa i+re)a praticamente va/ia, apenas napresen'a de 3essa.

Sophie suspirou.

: -la certamente estará muito &emvestida, fará comentáriosdesa+radáveis e nos atirará tomates estra+ados...

#raham riu.

: 8or que car+as dWá+ua ela faria o&)e'%o ao nosso casamento4

Sophie se desvencilhou dos &ra'os dele e mudou de assunto.

: Seu mordomo uma pessoa horrvel. Koc* acredita que ele me fe/ dara volta e entrar pela entrada dos criados4

: $a pr;xima ve/ que voc* passar por aquela porta, será a dona dacasa. $%o consi+o pensar em vin+an'a melhor.

#raham sentiu um calor no peito ao v*la sorrir. 3udo o que ele dese)avaera conhecer &em todas as facetas daquela complexa criatura que era SophieBlake.

: (eu amor : disse, com ternura:, voc* está preparada para se casar4

-la o a&ra'ou com um sorriso luminoso.

: 8ode apostar que estou1O casamento seria reali/ado na i+re)a St. (ary 7&&ots, em Yensin+ton,

no lado mais distante do Iyde 8ark a partir de (ayfair. Com sua &ela estrutura,a torre alta em estilo medieval destacandose so&re o espa'oso hall +;tico, erao local tradicional de devo'%o da famlia Cavendish.

8ara surpresa dos noivos, a i+re)a estava cheia. O &ur&urinho inesperadofe/ Sophie parar 0 porta.

: 3essa espalhou a notcia.

#raham deu de om&ros.

: $%o me a&orrece ter a cidade toda por testemunha. <nclusive, poupanos horas de explica'=es depois.

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Sophie n%o ficou t%o satisfeita.

: $%o estou +ostando nada disso. #raham apertoulhe a m%o.

: 2ue mal há nisso4 $%o temos nada a esconder. Sophie er+ueu oqueixo e respirou fundo.

: Koc* tem toda ra/%o.

 Guntos percorreram a nave da i+re)a de m%os dadas. 3odos os rostos sevoltaram para v*los. 3antos rostos desconhecidos. Sophie sentiu umapequena verti+em, mas ficou contente de ter deixado os ;culos em BrookIouse.

: Kai dar tudo perfeitamente certo : #raham cochichou para ela.

-la sorriu ao ouvilo repetir suas palavras. Gá dera certo. -la estava em?ondres, casandose com o homem que amava mais do que a pr;pria vida eprestes a se tornar uma duquesa rica.

s ve/es a vida imitava os contos de fada.

7quele casal no altar exalava al+uma coisa má+ica e perfeita. 7tmesmo o clri+o, que come'ara irritado a cerimônia, sentiu uma maiorprofundidade no ritual tantas ve/es repetido. 7 vo/ dele se suavi/ou e aocasi%o se tornou mais solene.

Os convidados, normalmente desatentos e entediados, estavamestranhamente quietos e at enlevados. 7l+umas senhoras che+aram a levaros len'os aos olhos. 3odos pareciam estar encantados por testemunhar al+oque talve/ n%o tivessem vivenciado.

m amor verdadeiro.

$o fundo da i+re)a, o sr. Stickley enxu+ou os olhos sem constran+imento.

7 srta. Blake deixara de viver na som&ra da timide/ e mudara sua vida.Stickley n%o estava nada preocupado que lorde -dencourt n%o teria ver+onhade usála e +astar todo dinheiro dela. 2ualquer idiota podia ver que o homemestava completamente apaixonado. - ela havia desa&rochado com o amor.

7 radiante felicidade da noiva foi inspiradora demais para Stickley.-stava farto da vida mon;tona e enclausurada que levava, fa/endo cálculos ecolecionando quinquilharias. -m mais al+umas horas estaria entre+ando afortuna de 8ickerin+ e seria livre.

8retendia aproveitar a li&erdade para achar um tra&alho mais reali/adore, quem sa&e, um dia at, al+um para amar.

7 primeira provid*ncia a tomar, entretanto, seria se livrar de Uolfe parasempre.

: Deus, isso dá náuseas.

7o ouvir aquela vo/ +rave e sarcástica, Stickley +elou9 depois,lentamente voltou a ca&e'a para o lado. Como se atrado por um meropensamento, Uolfe estava +rosseiramente a&rindo caminho para sentarseperto dele.

Stickley &alan'ou a ca&e'a, em desaprova'%o.: 8elo amor de Deus : disse por entre os dentes : será que n%o

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conhece mais nin+um4

: Ká para o inferno, Stick1 : Uolfe exclamou. : 8reciso me sentar. :-le se enfiou no ex+uo espa'o )unto a Stickley. 7s pessoas do ladoprotestaram. : K%o para o inferno voc*s tam&m. Sou um homem ferido.

Stickley se afastou dele o máximo que pôde. Uolfe n%o cheirava nada

&em.: Onde voc* tem dormido, em uma estre&aria4

: Stick, odeio voc*. Sempre odiei. Cale essa &oca e preste aten'%o noimprestável duque e em sua noiva cara de cavalo. Bastardo de san+ue a/ul1

Uolfe nunca fora exatamente cordial, mas aquele comportamentopassava dos limites.

Stickley resolveu a+entar o cretino por mais uma hora. Depois serecusaria a tomar conhecimento da exist*ncia dele enquanto vivesse. (as,lamentavelmente, Uolfe continuou a murmurar o&scenidades, e Stickley

perdeu a paci*ncia.: Uolfe, cale essa maldita &oca1

Uolfe, que havia destratado Stickley por mais de quarenta anos, primeiroficou de queixo cado, depois encarou o s;cio com olhos furiosos.

: Koc* n%o...

ma repentina como'%o entre os presentes desviou a aten'%o de Uolfe.-le se levantou de maneira +rosseira para ter uma melhor vis%o do que estavaacontecendo.

Stickley notou a transforma'%o na express%o do rosto do s;cio que, defuriosa, se encheu de expectativa.

: <sso a+ora : disse ele, com certe/a : vai ficar &om.

Sophie pensou que o cora'%o fosse lhe saltar do peito de emo'%o.

: -u, Sophie Blake aceito esse homem...

4h, claro, eu o aceito como marido$ Aue ele fi"ue comigo para sempre$Cunca mais mentirei de no#o pelo resto da minha #ida$

ma onda de cochichos tomou conta da pequena multid%o. De olhosfixos nos de #raham, Sophie i+norou. Se o cu existia, ela estava certa de que

sa&ia como era.#raham desviou, irritado, os olhos dos dela para olhar para a porta. -la o

viu fran/ir a testa.

: 3essa4

Sophie piscou, acordando de seu, transe de felicidade, e tam&m voltoua ca&e'a para a porta. Com a &rilhante lu/ do dia penetrando pelas portasa&ertas, ela viu que uma das pessoas que entravam era mesmo 3essa. 7outra...

 %h, n(o$ @eus "uerido, n(o$

7poiada em uma &en+ala, com um pesado casaco de l% envolvendo ocorpo so&re um ultrapassado vestido de seda e renda, lá estava, saindo decasa pela primeira ve/, se Sophie n%o estivesse en+anada, nada mais nada

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menos do que a sra. Blake, auxiliada por uma solcita 3essa.

O clri+o perce&eu que nem o noivo nem sua quase esposa estavamprestando qualquer aten'%o em suas palavras. -le fechou a &&lia, com umrudo &rusco, e olhou em dire'%o 0 porta.

: O que si+nifica essa interrup'%o4

7 vo/ enr+ica soou mais alta do que o crescente vo/erio dos presentes.7 sra. Blake parou no meio da lon+a nave. Sophie con+elou e a+arrou a

m%o de #ranam.

: (eu amor, me perdoe : ela sussurrou. #raham acaricioulhe a m%o.

: Creio que eu tam&m +ostaria de sa&er o que isso si+nifica. 2uem essa mulher, 3essa4

Sophie che+ou a considerar um desmaio estrat+ico. $%o precisaria nemde +rande fin+imento, pois tinha a sensa'%o de parar de existir, n%o fosse seucora'%o acelerado. -stava tudo muito claro a+ora. O n!mero de pessoas ali, omomento exato de entrar, tudo orquestrado por 3essa para causar o maiorimpacto possvel.

 3arde demais.

: Sou a sra. Blake, a !ltima neta so&revivente de sir Iamish 8ickerin+.: -la se apoiou no &ra'o de 3essa e apontou a &en+ala para Sophie. : -ssamulher n%o minha filha1

Capítulo V

7l+uns momentos antes, #raham estava completamente feli/. $uncativera tanto or+ulho de al+uma coisa como daquele dia. m homem como eleconquistar uma mulher como Sophie.

7+ora, as pessoas n%o conse+uiam conter a curiosidade e o falat;rio era+enerali/ado. O clri+o, que n%o tinha idia al+uma do que si+nificava adeclara'%o da mulher, ainda protestava com ela pela indelicada interrup'%o docasamento do duque.

7quele, sem d!vida, seria o maior escMndalo do ano.

: (inha Sophie está morta1 : 7 estranha criatura disse com vo/estridente, asse+urandose de ser ouvida acima do caos que se esta&elecera.: -ssa mulher...

Frustrada pela falta de aten'%o, ela &ateu com a &en+ala no espaldar do

&anco mais pr;ximo. O +esto silenciou a maioria, menos os mais ta+arelas.Olhando ao redor com desdm, ela novamente apontou a &en+ala para

Sophie e prosse+uiu"

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: Como estava di/endo, essa mo'a n%o passava de uma criada emminha casa. ma ladra que rou&ou o nome de minha filha e meu dinheiro paravir para ?ondres. : -la fun+ou. : -la era uma ;rf% sem tost%o quando ape+uei, e essa foi a retri&ui'%o pela minha &ondade.

7s m%os de #raham estavam +eladas e insensveis. -le n%o sa&eria di/erse ainda se+urava a m%o de Sophie.

: Sophie... : (as ;&vio, o nome dela n%o era Sophie. -le sacudiu aca&e'a, como se quisesse fa/er seu mundo que virará de ca&e'a para &aixovoltar 0 posi'%o correta.

(as, quando ela o fitou, eis que a resposta estava lá, naquelesinsondáveis olhos cin/entos, trans&ordando de culpa e remorso.

-le soltou a m%o dela e se afastou.

: Koc* mentiu1

: #raham, posso explicar1

-le levantou a m%o &ruscamente, impedindoa de se aproximar.

: $%o fale comi+o. : $%o suportaria explica'=es. 7 profunda felicidadede uns poucos momentos atrás revelou ser precisamente o que ele sempredesconfiara at conhecer Sophie" uma +rande tolice.

$%o, n%o era Sophie. $em Sofia, claro.

#raham olhou para os olhos lacrimosos daquela linda mulher.

: 7final, quem voc*4 : ele exi+iu.

O recinto silenciou instantaneamente. 3odos ficaram no a+uardo de mais

detalhes do delicioso escMndalo.: -la Sadie Uestmoreland : a sra. Blake se apressou em di/er. :

ma menina ;rf% que pe+uei para me fa/er companhia quando a minhaquerida Sophie morreu de +ripe.

: <sso n%o tudo : 3essa rapidamente aparteou, cochichando noouvido da sra. Blake.

: P verdade1 : concordou a sra. Blake, corando. : -la me rou&ou1Chame o +uarda1 -xi)o )usti'a1 -la rou&ou du/entas li&ras minhas1

7 vo/ de 3essa fe/se ouvir novamente, em tom es+ani'ado e cheio de

despre/o.: 8ara que ela pudesse vir a ?ondres e se passar por uma dama1

Sophie er+ueu o queixo, mas foi trada pela heran'a do ca&elo ruivo. -laficou toda vermelha, revelando sua ver+onha e humilha'%o.

7 risada come'ou do local em que ?ilah estava, mas ela n%o poderia serresponsa&ili/ada, pois a risada se espalhou por toda a audi*ncia at o todorecinto estar 0s +ar+alhadas.

Com exce'%o de #raham.

-le ficou &ranco como papel. Somente seus olhos verdes &rilhavam deraiva e humilha'%o.

Sadie, que a+ora podia usar o pr;prio nome, viu o amor aca&ar naquele

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#raham manteve o olhar fixo para a frente, recusandose a acreditar naa&undMncia das lá+rimas que escorriam pelo rosto dela.

Depois que os votos foram trocados, o clri+o per+untou, hesitante, peloanel.

O anel de sua m%e. #raham levou a m%o ao colete e tocou no anel. 7nel

que tanto ansiara em colocar no dedo de Sophie, selando a uni%o dos dois parasempre.

-le a&aixou a m%o, como se a );ia o tivesse queimado.

: $%o : respondeu, com firme/a. : $%o tenho um anel para essamulher.

7inda hesitando, o clri+o disse"

: -nt%o... pode &ei)ar a noiva.

+eijar a noi#a$ #raham levou um tempo para di+erir essas palavras,sentindose depois ferver de raiva. Sim, por Deus, ele eijaria a noiva1

<sso mesmo, diante de Deus e de du/entas testemunhas, ele tomouSadie nos &ra'os, enfiou os dedos nos ca&elos sedosos e colou seus lá&ios nosdela. 8or um lon+o e apaixonado momento, ele colocou naquele &ei)o toda asua raiva, sua dor e todo o seu amor trado, frustrado e perdido...

Foi um &ei)o de adeus.

-le a soltou, ent%o deulhe as costas e saiu da i+re)a sem di/er umapalavra.

Com o futuro arruinado, seu !nico plano era em&e&edarse e permanecerem&ria+ado.

Sentado no fundo, Uolfe se do&rou em um riso silencioso e histrico.?á+rimas de alvio escorriam por seu rosto.

Stickley o fitou, horrori/ado, mas Uolfe se limitou a dar um sorrisoamarelo ao s;cio que tanto detestava.

: -stou s;&rio há tempo demais : comentou quando recuperou ofôle+o. : 7cho que vou tomar um +ole para cele&rar as n!pcias do duque de-dencourt.

Sem preocupa'=es, sem esquemas, sem qualquer outro plano alm de se

em&e&edar e ficar &*&ado por vários dias.Sadie escapou pelos fundos da i+re)a, so& um tumulto +eral. Como ai+re)a estivesse locali/ada &em no centro de Yensin+ton, a caminhada at(ayfair e Brook Iouse n%o era muito lon+a.

-m uma circunstMncia como aquela, porm, a distMncia pareciainterminável.

7o se aproximar da casa, ocorreulhe que talve/ n%o a deixassem entrar.7final, n%o tinha +rau de parentesco al+um e de certa forma havia en+anado atodos. S; que o pouco que possua estava lá. 7 !nica esperan'a que nin+umtivesse ainda tomado conhecimento de sua aus*ncia.

$%o foi nem preciso &ater 0 porta. -la imediatamente se a&riu, eFortescue a rece&eu com express%o consternada.

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: Kossa #ra'a.

O que so&rara de seu cora'%o despeda'ado aca&ava de despencar. 7smás notcias voavam feito um raio.

7pesar disso, Fortescue escancarou a porta e fe/ uma mesura.

: Kai ficar muito tempo, Kossa #ra'a4

-la er+ueu o queixo. $%o havia )ul+amento al+um nos olhos domordomo.

: O suficiente para pe+ar minhas coisas. -le aquiesceu com a ca&e'a.

: Seu estilista esteve aqui e deixou o recado que para a senhora ficarcom tudo o que ele lhe deu e tam&m lhe dese)ou &oa sorte.

Sadie n%o esperava tamanha +enerosidade de ?ementeur, pois, com a;&via exce'%o de #raham, ele fora o mais en+anado de todos. -la se lem&rouent%o das palavras dele.

m pore rapa) da periferia de 3ondres "ue sonha#a somente comlindos tecidos e finas rendas$

P, talve/ ?ementeur que discretamente se infiltrou na sociedade +ra'assomente a seu talento, entendesse um pouco de assumir um papel.

Fortescue a fitava como sempre. $ada transparecia na express%o de seurosto, mas em seu olhar havia... empatia4

: Fortescue, que vou fa/er a+ora4

: Kossa #ra'a, creio que sou a !ltima pessoa que deveria serconsultada.

Deveria ir para Pden Iouse e fa/er o papel de dama4 Deveria viver com#raham so& um sil*ncio odioso pelo resto da vida4

$a realidade, era pouco provável que ele quisesse t*la por perto. 3alve/houvesse uma casa va/ia, &em pequena, em al+um canto de -dencourt ondeela pudesse viver como uma duquesa no exlio.

Como uma verdadeira princesa na torre.

O primeiro passo seria su&ir e arrumar suas coisas. 8ensaria no passose+uinte quando tivesse completado o primeiro. 8recisaria enfrentar toda essasitua'%o dando um passo de cada ve/.

4h, ?raham, por "ue #oc/ n(o me ou#iuD Por "ue me fe) sua du"uesaD %gora tenho Edencourt tam*m para pesar em minha consci/ncia$

$esse momento, para seu pavor, Sadie viu Deirdre e 8hoe&e entrar pelosfundos do hall. -la lan'ou um olhar de pMnico para a porta da frente que aindaestava a&erta.

- a aldrava foi fechada.

: 7s senhoras che+aram em resposta 0 minha primeira mensa+em :Fortescue disselhe em vo/ &aixa. : Ficaram muito preocupados com asenhora.

-las n%o pareciam preocupadas a+ora. 8hoe&e, que tinha um rosto docee era t%o terna quanto &onita, olhou para ela como se nunca a tivesse vistoantes.

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$%o levaria muito tempo, pois havia muito pouco a contar so&re sua vida.

: Fiquei ;rf% aos sete anos. $%o me lem&ro nada de meus pais&iol;+icos. Sei os nomes deles e onde morávamos porque essas informa'=esconstam de um documento. $%o sei qual a ra/%o disso. (inhas !nicaslem&ran'as s%o do orfanato.

8hoe&e a fitou, com simpatia.: -ra muito ruim4

: -u n%o tinha nada com que comparar. ?em&ro que era muito frio noinverno e dormamos duas crian'as em cada cama. $%o passávamos fome,mas a comida era muito simples. 3nhamos tarefas diárias de limpe/a, )ardina+em e lava+em de roupas, mas n%o era um servi'o &rutal. $in+um nosmaltratava, mas tam&m nin+um nos educava. -u creio que )á lia &emquando che+uei lá, pois costumava pedir livros emprestado as professoras e liasempre que podia.

-la fixou o olhar no fo+o, rememorando aqueles anos.

: O pior de tudo era a consci*ncia de n%o sermos dese)adas. Ke/ poroutra aparecia +ente para pe+ar uma crian'a. 7s mais novas e mais &onitinhaseram sempre as escolhidas. : ?an'ou um olhar para Deirdre. : Koc* teria sidouma das primeiras.

7 express%o do rosto de Deirdre se tornou compreensiva, como se vissesua pr;pria situa'%o claramente pela primeira ve/.

: 3am&m sou ;rf%. 8hoe&e es&o'ou um sorriso.

: (as foi contemplada com 0 +ra'a de Deus. Deirdre pareceu irritada.

: Dro+a, como vou conse+uir manter a )usta raiva que sentia a+ora4: Koc* so&reviverá : &rincou 8hoe&e, dando um tapinha na m%o dela.

: Continue, Sadie.

: 3emo que n%o ha)a muito a contar. m dia a +overnanta da sra. Blakefoi me &uscar. Fiquei muito euf;rica, achando que ia ter uma nova m%e. -mve/ disso, ela me usou como criada, mas sem remunera'%o. -ra um par depernas para pe+ar o que ela precisava, a qualquer hora que precisasse.Durante anos, eu realmente me esforcei para a+radála. Depois desisti detentar o impossvel. Comecei a sonhar com maneiras de sair dali. 2uatromeses atrás, 3essa enviou a parte de Sophie pelo correio.

: - voc* rou&ou : completou 8hoe&e, sem qualquer tom de acusa'%ona vo/.

Sadie confirmou.

: -u rou&ei e usei o dinheiro para vir a ?ondres e me passar por Sophie.

: #ostei, um plano simples e o&)etivo. -sses s%o os melhores : Deirdreafirmou.

: Deirdre1 :8hoe&e exclamou em tom de censura.

: Foi um plano simples mesmo : Sadie concordou. : -specialmente

porque eu n%o tinha inten'%o al+uma de competir por um duque, como deixeiclaro para voc*s desde o incio. S; fi/ tirar o dinheiro de uma menina que n%oprecisava dele, para poder comprar a passa+em para ?ondres. 2ueria tentar

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uma vida diferente da que levava, de servid%o a uma mulher que pouco seimportava se eu vivesse ou se morresse. Foi rou&o, sim, mas como ainda tenhoa maior parte do dinheiro, vou ficar feli/ de devolver a 3essa. Deirdre fe/ um+esto com a m%o.

: $%o se preocupe. O dinheiro n%o era dela. Foi distri&udo por Stickley eUolfe, de acordo com o testamento.

: Sei disso. : Sadie alisou as saias do vestido de seda rosa queescolhera para o casamento. : O resto voc*s )á sa&em. Che+uei 0 casa de8rimrose Street para viver a mesma vida que voc*s.

: - conheceu #raham... : Os lindos olhos a/uis de 8hoe&e seencontraram com os de Sadie, cheios de simpatia. : - se apaixonou por ele.

Os olhos de Sadie encheramse de lá+rimas. -la escondeu o rosto nasm%os, tentando controlar o choro. $%o adiantava chorar, pois tudo o que haviafeito fora em plena consci*ncia.

: -u queria +anhar a heran'a para #raham : ela disse, inconformada.: 8ara poder ficar com ele e salvar os tra&alhadores de -dencourt. $uncahavia dese)ado isso antes, n%o queria nada para mim. : ?evantou o rosto efitou as outras duas, com a maior sinceridade. : $%o lamento ter mentido.?amento ter ma+oado voc*s, mas quero que entendam que foi minha !nicaalternativa, caso contrário apodreceria naquela vida, morrendo de medo de serposta na rua sem dinheiro ou refer*ncias. 7chei melhor arriscar tudo do quecontinuar daquele )eito.

: Diria que foi mesmo1 : concordou Deirdre, enfaticamente. : #ostariade passar uma descompostura na sra. Blake a+ora mesmo1

: - n%o tnhamos idia de que -dencourt estivesse em situa'%o t%oruim, n%o , Dee4 : interveio 8hoe&e.

: 7cho que #raham tam&m n%o sa&ia at pôr as m%os nos relat;rios enos documentos. -le se culpa por isso. 7cha que cada moeda +asta emdivers%o &arata rou&ou o p%o da &oca de uma crian'a.

: De fato, foi : 8hoe&e ponderou. : - a+ora ele vai ter de conviver como que fe/, e voc* tam&m. Sadie endireitou o corpo.

: Sei disso. (as d;i o fato de que #raham tinha uma chance de mudartudo, e eu estra+uei tudo.

Deirdre soltou uma +ar+alhada. Sadie, voc* acha que #raham Cavendish por acaso uma vtima

inocente4 2ualquer culpa que ele possa estar sentindo, ele fe/ por merecer.

8hoe&e concordou.

: Creio que voc* n%o estava na cama so/inha na noite passada, n%o 4

: O qu*4 : Sadie surpreendeuse. : Como voc*... 8hoe&e sorriu.

: (ero palpite, mas pela sua cara parece que acertei. : -la se voltoupara Deirdre. : Koc* me deve um chapu e duas &olsas.

Deirdre estendeu a m%o e 8hoe&e a apertou, satisfeita. Sadie fran/iu atesta.

: Koc*s fi/eram uma aposta no #raham4

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

Fortescue fitava o marqu*s com um olhar de fria expectativa.Finalmente, controlandose um pouco, Calder conse+uiu +a+ue)ar"

: $%o... preci... samos de... nada.

Sadie n%o se conteve e riu tam&m. 2ue diferen'a faria se, sendo ou n%oduquesa, o marqu*s estava prestes a expulsála da casa4

7inda a&afando o riso, Rafe comentou": Creio que ponto para o mordomo, Calder. Calder passou a m%o pelo

rosto.

: -le irland*s4 -u n%o sa&ia.

Sadie o fitou com uma express%o inquisidora.

: <sso fa/ diferen'a, milorde4

: 7h, n%o. P que foi simplesmente... &i/arro. P como se meu cavalocome'asse a pra+ue)ar em franc*s. : -le meneou a ca&e'a. : 8er+untome

se há al+o mais so&re esse homem que eu n%o sai&a.Sadie pensou que a !nica coisa que Calder provavelmente n%o sa&ia era

que seu leal mordomo estava prestes a se demitir por causa de uma criadafu+itiva. (as n%o ca&ia a ela contar. 3inha suas pr;prias preocupa'=es nomomento.

-la cru/ou os &ra'os e fitou os dois homens diante dela. De repente,ocorreulhe que tinha um ttulo superior ao dos dois. 8or mais po&re que fossee completamente inse+ura do que estaria reservado para ela, le+almente era aduquesa de -dencourt. Com isso em mente, ela levantou a ca&e'a e, mesmosem a mnima vontade, es&o'ou um lindo sorriso. Os dois homens pareceram

ficar ofuscados.: 7ca&ei de falar com a marquesa e lady 8hoe&e. -las parecem muito

feli/es.

m aperto de lá&ios foi a !nica rea'%o de Calder. Gá o velho Rafe semanifestou.

: Koc* está muito &onita, Sophie.

: 7+rade'o, mas meu nome Sadie.

: Rafe, n%o se deixe envolver. : O olhar de Calder era frio. :-ssa

mulher mentiu para todos n;s.Sadie assentiu calmamente com a ca&e'a.

: Realmente menti, mas posso lhe asse+urar que n%o tive qualquerinten'%o de lesálos de maneira al+uma.

: Kerdade4 : Calder levantou a so&rancelha. : (as voc* mudou para aminha casa na minha aus*ncia e, aparentemente, fe/ al+uma coisa misteriosacom meu mordomo. Sadie deu um sorriso irônico.

: -ssa parte n%o fui eu. 7tri&uo a responsa&ilidade a uma certa criaturaruiva.

: 7h, po&recoitado : Rafe captou imediatamente de quem se tratava.: 7+radeceria se al+um me explicasse : disse Calder.

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Celeste Bradley - Sonho de Cinderela (CH 44!

: -nt%o está decidido : disse 8hoe&e, aproveitandose da evidenterendi'%o do cunhado. : Sadie pode ficar pelo tempo que quiser.

Rafe sorriu para a esposa, em apoio.

: -stou contente de que isso este)a resolvido, mas, e #raham4 8elo queouvimos, ele está com srias dificuldades.

Calder pareceu recuperarse, pois assentiu com a ca&e'a.: #ostaria de a)událo financeiramente, mas n%o acredito que #raham

aceitaria. Sei disso, porque eu n%o aceitaria.

: Comida : Sadie su+eriu mais que depressa. : Koc* pode mandarcomida para os lavradores. 3enho certe/a de que ele vai aceitar.

Os olhos de 8hoe&e se iluminaram.

: 7h, isso mesmo. Vtima idia. (esmo o mais idiota dos homens n%orecusaria alimento para seus filhos.

Su&itamente, Sadie sentiu todos os efeitos daquele dia difcil. Sua ca&e'aestava late)ando e seu corpo doa por conta das muitas horas de caval+ada etam&m de... #raham. -la passou a m%o no rosto.

: 7+rade'o a todos pela preocupa'%o, mas vou ficar somente o temposuficiente para recolher minhas coisas... : O escrit;rio pareceu rodar umpouco e ela teve a sensa'%o de que n%o dormia havia semanas.

(e++ie a olhou, preocupada.

: 8arece que voc* vai desmaiar. P melhor ficar perto de um sofá.

Deirdre passou a &ra'o na cintura de SMdie.

: Calder, ve)a o que voc* fe/1 Calder +a+ue)ou.: (as... eu...

8hoe&e foi ficar ao lado dela.

: Rafe, pe+ue um pouco de á+ua1

Rafe foi &uscar correndo. -nt%o apareceu Fortescue.

: O quarto de Kossa #ra'a está pronto. Kou mandar uma &ande)a comal+uma coisa para ela comer.

Sadie, que no !ltimo dia havia sido amada, acusada, casada,

a&andonada e a+ora estava sendo a&ra'ada, deixou que a levassem para cimae a colocassem na cama como se fosse uma crian'a.

O usque tinha +osto de urina. #raham olhou desconfiado para a +arrafa.O que $ichols havia aprontado4

Frustrado e irascvel, ele atirou a +arrafa na lareira do escrit;rio,espatifandose contra os ti)olos9 o usque provocou uma momentMnea explos%ode chamas a/uis.

 %"uela garrafa era de um cristal fino$ >oc/ poderia t/la transformadoem um m/s de comida na mesa de algu*m7

2uando foi que sua vo/ interior havia se tornado feminina e tinha sempre

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ra/%o4

 3udo o que pudesse ser vendido seria vendido. -le deveria pôr a casa de?ondres em leil%o. $%o acreditava que ela estivesse includa na heran'a. 3alve/ o dinheiro auferido fosse suficiente para aquietar os credores mais&arulhentos e comprar telhados novos para as casas dos lavradores que aindase dispunham a passar o inverno em -dencourt.

Depois disso, ele se tornaria quase um indi+ente.

#raham n%o temia por si mesmo. $%o possua mais o apetite para ascoisas do mundo e, depois das !ltimas vinte e quatro horas, estava &astanteevidente que n%o conse+uia mais nem &e&er para calar aquela vo/ que ficavamartelando em sua ca&e'a. 8ortanto, n%o precisava mais de comida nem de&e&ida, somente de um teto e de uma poltrona onde pudesse afundar o corpo.

-le se tornaria aquela espcie de no&re maluco, com os quais as m%escostumavam amea'ar os filhos para o&edecer, e ficaria peram&ulando peloscômodos do solar em runas.

<ncitado por seus pensamentos, ele se pôs de p... (as n%o tinha paraonde ir. $in+um esperava por ele em 8rimrose Street, a n%o ser 3essa. $%ohavia nenhuma loira de ca&elos avermelhados com pernas intermináveis e umformidável cre&ro.

Para onde será "ue ela foi "uando #oc/ a aandonou na igrejaD

-la n%o havia sido a&andonada. Ficara s% e salva no meio de tanta +ente.

?ente "ue a despre)a#a$ %t* mesmo o cl*rigo a olha#a de maneirahostil$

$%o era pro&lema dele. $em seu amor, nem sua querida. $em suaSophie.

(osomente sua esposa$

-le esfre+ou as m%os no rosto. Sua esposa, Sadie.

0adie$

#raham repetiu o nome várias ve/es alto. 0adie, du"uesa de Edencourt$Soava errado. $ome de lavadeira, com um ttulo que ficava a&aixo apenas aoda rainha. 2ue com&ina'%o ridcula.

Sua mente re+istrou um riso de satisfa'%o. :idícula, mas perfeita$

: K*, n%o disse que ele estaria em&ria+ado4

#raham nem se deu o tra&alho de se virar.

: Koc* n%o foi ao meu casamento, Deirdre.

: -stamos quites. Koc* tam&m faltou ao meu. : Deirdre entrou noescrit;rio, se+uida de 8hoe&e.

#raham ima+inou que os respectivos maridos entrassem tam&m, esuspirou de alvio ao constatar que n%o tinham vindo. $%o que n%o +ostassedeles, mas a !ltima coisa que dese)ava era ter por perto casais apaixonados.

C(o sinto meu cora'(o ater$ C(o consigo #i#er sem minha 0ophie$2ue n%o existia. 2ue situa'%o1

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-le pressionou am&as as m%os na ca&e'a, tentando calar aquela vo/inha.(as n%o havia como silenciar Deirdre quando ela come'ava a falar.

: O que está fa/endo com voc* mesmo, sentado a no escuro, &e&endo4: -la. caminhou at a )anela e a&riu as cortinas, fa/endo entrar umaluminosidade de arder os olhos. Koltouse ent%o para ele, com as m%os nacintura. : Koc* tem assuntos importantes a tratar1

#raham sentiu como se sua ca&e'a estivesse sendo picada por a+ulhas.

: Dá para voc* fechar essas cortinas4 O tapete vai des&otar, e eu lo+oterei de vend*lo.

Deirdre a+itou um calhama'o de papel no rosto dele.

: Koc* precisa fa/er al+uma coisa para a)udar Sadie1

8hoe&e ficou com pena ao ver #raham incomodado com a lu/ e fechouum pouco as cortinas.

: Deirdre, por que voc* n%o leva um pouco dessa sua f!ria at oexecrável mordomo de #raham4 7cho que uma xcara de chá faria &em atodos n;s.

Deirdre suspirou, frustrada, empurrou os papis nas m%os de 8hoe&e esaiu do escrit;rio soltando fascas. 8o&re $ichols.

8hoe&e a)eitou as folhas, o&servando #raham afundar um pouco mais naconfortável poltrona de sua escrivaninha.

: -sta a sala mais estranha que )á vi : ela disse, puxando conversa.

: Koc* deveria ter visto antes da fo+ueira que eu fi/ : #rahamresmun+ou.

: $ada como um &om fo+o. (as o urso simpático. #osto dele. 8arecearrumado por So... Sadie.

#raham fechou os olhos. -la havia tomado conta de todo seu ser.

: Foi ela que colocou o len'o.

: 7h1 : 8hoe&e foi se sentar na &anqueta perto dele. : #raham, n%o oconhe'o há muito tempo, assim como tam&m n%o conhe'o Sadie. 7pesardisso, me parece que ela o ama de fato. -la está muito triste.

-la estava em Brook Iouse. P claro. S% e salva. -le n%o se importava.

$em um pouco. -ntretanto, al+uma coisa em seu ntimo se acalmou e deulu+ar a um +rande pesar.

Cora'%o est!pido.

-le encostou a ca&e'a na poltrona e fechou os olhos.

: 8hoe&e, o que importa se ela me ama4 $%o conhe'o essa mulher.

: #raham, se voc* n%o parar com essa ladainha, vou derramar esse cháfedorento no seu colo.

Sem a&rir os olhos, ele ironi/ou.

: 7h, que &om que Deirdre está de volta.: 7cho que voc* deveria ser um pouco mais indul+ente a esta altura :

ar+umentou 8hoe&e.

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: 3alve/ devesse : concordou Deirdre. :3udo o que ela fe/ foi porvoc*, #raham1

: -la mentiu1

Deirdre ar+umentou.

: ma mentira. ma pequena mentira. 3enho certe/a de que voc*

tam&m mentiu para al+um um dia na vida, n%o mentiu, #raham4: (as...

: -la estava completamente so/inha1 : 8hoe&e interveio.

-ssa verdade o tocou. #raham sa&ia muito &em o que era isso.

8hoe&e continuou"

: Koc* a colocou em um pedestal. <sso n%o )usto. (ais cedo ou maistarde, ela estava fadada a dar um passo em falso e cair. -la somente um serhumano.

-le n%o pensava nela como um ser humano. 8ensava nela como um...como uma espcie de cone, um sm&olo da verdade e da dec*ncia. -ra fácilculpála por tudo, mas os pro&lemas de -dencourt eram anteriores aonascimento dela e se prolon+ariam por muito tempo ainda. (esmo com uma+rande entrada de dinheiro, n%o havia cura mila+rosa para suas terras.-dencourt requeria tra&alho árduo, estafante e +radual, tra&alho que, em&oran%o quisesse admitir, talve/ n%o tivesse compet*ncia para reali/ar.

-le )ul+ara que precisava do dinheiro de ?ilah, mas esse era o anti+o#raham que esperava que al+um assumisse a parte mais difcil. -le levantoua ca&e'a e olhou para Deirdre e 8hoe&e.

Sadie Uestmoreland n%o havia mentido apenas para ele9 mentira paratodos tam&m. -la os havia en+anado, feito todos de &o&o, e tentado atrou&ar a heran'a delas.

2ue inferno, ela havia tentado dar a ele a heran'a, toda em&rulhada emum lindo len'o de seda corderosa.

 3udo o que havia rou&ado dele fora seu cora'%o. Deirdre o o&servava,atentamente.

: ?ementeur nos disse que voc* teve a oportunidade de desistir docasamento. Será que voc* per+untou a si mesmo por que n%o o fe/4

-le passou a m%o pelos ca&elos.

: $%o poderia destruir a vida dela.

: (as poderia destruir a sua4

Deirdre es&o'ou um sorriso de aprova'%o.

: <sso me parece amor.

: (aldi'%o1 : #raham levantouse a&ruptamente. : -squeci queaquela sra. Blake me disse que pretendia dar queixa 0 polcia1

7 amar+a e vin+ativa sra. Blake esta&eleceuse na resid*ncia de8rimrose Street. 3endo +anhado a &atalha para salvar a heran'a de Deirdre, 3essa muito &ondosamente a convidou para se hospedar ali, s; que uma horadepois )á havia em&alado suas coisas e mudado para a casa do novo amante.

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7l+um que fosse ainda mais venenosa do que 3essa precisava servi+iada.

#raham, 8hoe&e e Deirdre su&iram )untos os de+raus da casa. 2uando oindolente mordomo de 3essa finalmente a&riu a porta, ficou frente a frentecom os tr*s prestimosos an)os da retalia'%o.

Deirdre o surpreendeu com um luminoso sorriso, mas seu olharcontinuava furioso.

: Boa tarde, Iarrick. Kiemos fa/er uma visita de família$

$a sala de estar de 8rimrose Street, #raham, 8hoe&e e Deirdrecircundaram a tr*mula sra. Blake.

: 7 senhora disse que ela era uma criada4 : 8hoe&e externava umaenorme paci*ncia. : -ntretanto, a senhora nunca pa+ou pelos servi'os dela,certo4

: Dei uma casa a ela, n%o dei4 -u a tratei como parte da famlia. $%o

havia necessidade de tam&m pa+ar. 7quele dinheiro estava endere'ado aminha filha. - aquela in+rata o rou&ou1

: 7 sua filha4 : #raham falou va+arosamente, com os olhos de 8hoe&ee Deirdre fixos nele.

8hoe&e arre+alou os olhos, mas Deirdre aproveitou a deixa.

: Sim. Sua filha, Sophie.

7 sra. Blake imediatamente se voltou para a !nica parente aliada.

: Sim, minha querida, em nome da minha preciosa...

: Filha. : m li+eiro sorriso animou o rosto de 8hoe&e. : Sua filha.7 sra. Blake come'ou a perce&er que al+uma coisa estava errada.

7queles tr*s ficavam repetindo a mesma frase.

: Sim : ela disse, enfática. : (inha filha Sophie1 O que tem isso4

#raham a&aixou os olhos para as m%os.

: Depois que perdeu sua filha, a senhora levou Sadie Uestmorelandpara sua casa, n%o foi4

O olhar da mulher estava &astante desconfiado a+ora.

: Sim, sentia falta da minha Sophie, por isso a +overnanta me trouxeuma menina ;rf% para me fa/er companhia. -la disse que havia escolhidoSadie porque se parecia com a minha filhinha, apesar de que nunca visemelhan'a al+uma.

8elo que #raham podia ver pelo retrato que ela carre+ava pendurado nopeito, Sadie se parecia &astante com Sophie, como se am&as tivessem nascidona mesma famlia. Os ca&elos das duas eram avermelhados demais paraserem considerados loiros, os olhos de um tom cin/ento muito especfico e oine+ável nari/ de 8ickerin+. -le perce&eu que 8hoe&e e Deirdre estavamche+ando 0 mesma conclus%o. 7 mulher plane)ara fa/er com que a ;rf%

passasse por sua filha para +anhar a heran'a.: Ium... como se chama quando, al+um tira uma crian'a do orfanato e

lhe dá um lar4 : Deirdre per+untou, com um sorriso maroto. : #raham me

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a)ude. 2ual a palavra4

: 7cho que a palavra que voc* tem na ca&e'a Jado'%oJ. Deirdre sorriucomo um +ato satisfeito

: P exatamente essa a palavra. : -la estava praticamente ronronandoao estreitar os olhos e o&servar a sra. Blake.

8hoe&e foi um pouco mais adiante.: 7 senhora disse que o dinheiro era destinado a sua filha. 7 ado'%o n%o

fa/ de Sadie Uestmoreland sua filha e, consequentemente, por direito uma&isneta de sir Iamish4

7 mulher estava pálida.

: $%o entendo onde voc*s querem che+ar.

: Sei de al+um que poderá explicar melhor 0 senhora.

2uando o sr. Stickley che+ou, foi imediatamente levado 0 sala de estar e

se deparou com a estranha cena do duque de -dencourt, da marquesa deBrookhaven e lady (ar&rook em p atrás da poltrona ocupada por uma vers%osu&)u+ada da horrvel mulher que estra+ara o &elo casamento da srta. Blake.

: (eus caros : Stickley lamentou : que situa'%o essa.

-le piscou confuso quando os tr*s caram na risada.

7o se inteirar do assunto, Stickley estava em seu elemento.

: -xiste uma implica'%o )urdica que o filho adotivo n%o consideradoum herdeiro le+al : ele explicou. : (as a filha adotiva pode definitivamenteser herdeira de um testamento comum desde que rela'=es consan+uneas n%o

este)am estipuladas nesse testamento. : -le se voltou para a marquesa,consternado.: $%o a preocupa o fato de que a duquesa de -dencourt se)aele+vel 0 heran'a antes da senhora4

: De forma al+uma. -spero que ela se)a. : Deirdre sorriu.

?ady (ar&rook colocou a m%o no &ra'o de Stickley.

: Sr. Stickley, queremos que a duquesa herde a fortuna de 8ickerin+.

: -la merece : Deirdre se apressou em di/er. : -u n%o preciso dessedinheiro.

8hoe&e concordou.

: $em eu. #raham aparteou.

: (as, o mais importante, que tenhamos a +arantia da sra. Blake deque n%o dará queixa 0 polcia pelo rou&o do dinheiro.

Stickley fun+ou. 7quela era uma preocupa'%o le+tima, pois mesmo umaduquesa poderia ser acusada de crime.

: 7 sra. Blake deveria ternos informado da morte da filhaimediatamente. Ou t%o lo+o estivesse em condi'=es, depois de uma perda t%o+rande.

7 sra. Blake resmun+ou.: Farei o que tiver de fa/er. $in+um me rou&a impunemente, nem

mesmo uma ;rf% ma+ricela1

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Stickley trocou olhares preocupados com o duque e com suas lindasacompanhantes. 7quele acordo todo n%o funcionaria se a mulher n%odesistisse em sua vin+an'a e reconhecesse a duquesa como sua filha adotiva.

2uando Sadie acordou, a nova criada de Deirdre estava escovando ovestido rosa do dia anterior.

Seu vestido de noiva, para ser mais exata. 8arecia que fa/ia tantotempo...

 Gane, a criada, sorriu para Sadie ao ver que ela havia acordado.

: Bom dia, Kossa #ra'a. #ostaria de tomar chá4 2uer que eu pe'a paraque seu des)e)um se)a servido aqui4

Sadie piscou. Kossa #ra'a1 2uanto tempo levaria para se acostumar aser chamada assim4

7 &ande)a do caf da manh% che+ou e foi levada. Sadie vestiu um tra)ematinal de seda verdeclaro, desceu e come'ou a va+ar pela casa. $%o tinha a

menor idia do que fa/er com ela mesma. 3inha d!vida se deveria voltar a-dencourt so/inha para a)udar os lavradores, ou se deveria a+uardar que#raham mandasse &uscála, o que talve/ n%o acontecesse nunca. 8ensou atna possi&ilidade de se enfiar no pr;ximo navio para os -stados nidos onde,como duquesa de -dencourt, impressionaria muita +ente e seu ttulo lhe+arantiria refei'=es +rátis pelo resto da vida.

De todas as op'=es, voltar a -dencourt era a que mais dese)ava. $%osomente porque (oira e as crian'as precisavam de a)uda, mas porque aqueledia e noite passados no solar foram o que de mais pr;ximo tivera de sensa'%ode lar$

-la estava na sala de visitas quando ouviu &aterem 0 porta. m poucodepois, Fortescue entrou na sala.

: ?ady 3essa e o sr. Somers BootheGamison est%o aqui, Kossa #ra'a.

Sadie fran/iu a testa.

: 2ue... estranho.

: 2uerida1 : 3essa entrou em se+uida e sapecou um &ei)o de tia norosto de Sadie. Como era a primeira ve/ que isso acontecia, Sadie voltou umpouco a ca&e'a e o &ei)o aca&ou sendo dado em sua orelha. -la, porm,rece&eu o sr. BootheGamison com um sorriso sincero.

: Como está seu &elo cavalo4 Somers es&o'ou um sorriso amarelo. :Kai &em. 8arece que o !nico resqucio da dura caminhada que deu que ele sedeita sempre que possvel. 3essa estava a+itada.

: Sentese querida So... Sadie1 Somers insistiu que eu viesse v*la ho)epara sa&er se voc* está &em e se precisa de al+uma coisa. : Fitoua com falsaale+ria. : Koc* n%o precisa de nada, n%o 4

Somers pi+arreou.

: 3ess, )á conversamos so&re isso. $%o quero ter de relem&rála outrave/.

 3essa riu de forma )ovial, movimentando lMn+uidos clios para Somers.

: Sim, meu amor.

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Sadie se per+untou se havia, de fato, acordado, se n%o estaria dormindo.Ou talve/ tivesse enlouquecido por supor que 3essa estivesse rindo. -la piscouos olhos e se voltou para 3essa.

: Bem... o que voc* quer me di/er4

 3essa diri+iu a Somers um !ltimo olhar de adora'%o e soltou um suspiro

profundo.: Somers me fe/ vir at aqui para me desculpar com voc*.

<sso de nada valeria a+ora. Iavia tanta coisa mais para 3essa sedesculpar que Sadie simplesmente n%o sa&ia por onde ela iria come'ar.

: 8erdoeme por ter conspirado contra voc* : 3essa disse, sem o menortra'o de ironia. : $%o deveria ter mandado &uscar a sra. Blake. (inhainten'%o s; era causar um pro&leminha para voc* com sua m%e, n%o ima+ineique causaria um escMndalo de tamanha propor'%o.

Somers cru/ou os &ra'os.

: $%o arrume desculpas, 3ess. 7ssuma total responsa&ilidade por seusatos.

: -stá &em. 3alve/ eu quisesse causar um +rande escMndalo, mas n%otinha idia de que o se+redo surtiria tanto efeito, : -la deu de om&ros. : $%osei por que voc* resolveu me convidar...

O olhar de Sadie n%o podia ser mais espantado. m )ovem homem comoSomers, de apar*ncia t%o inofensiva, tinha a destrutiva lady 3essa so&controle.

: $%o foi nada pessoal, Sadie. #raham da famlia, mas minha

esperan'a era que ainda desse para Deirdre +anhar.: (as ela n%o precisa do dinheiro, 3essa : Sadie ar+umentou.

: 7 quest%o n%o era o dinheiro, querida : 3essa explicou, animada. : 7quest%o era +anhar.

Depois disso, ela saiu toda suspirosa de &ra'o dado com o novo homemde sua vida, como se ele fosse o primeiro.

* * *

De todas as pessoas que haviam entrado e sado de Brook Iouse nos!ltimos de/ anos em que tra&alhava lá, SophieSadie Uestmoreland, a duquesade -dencourt, era uma das favoritas de Gohn Ier&ert Fortescue. 7ssim comoele, ela havia, +ra'as 0 pr;pria inteli+*ncia e fi&ra, vencido um come'o difcil eestava em uma posi'%o melhor. 7ssim como ele, ela havia cometido erros aolon+o do caminho. Iavia mentido para pessoas que mereciam sa&er averdade. 7lm do mais, assim como ele, a ele+ante e estranhamente +raciosaduquesa havia sido a&andonada por quem mais dese)ava ter )unto de si.

Fortescue o&servou Sadie reclinarse so&re a )anela da sala de visitas eolhar sem ver a cidade lá fora. O homem que ela a+uardava n%o viria.

 3odos sa&iam disso, inclusive ela mesma. O duque de -dencourt haviasido pu&licamente humilhado. ?ondres estava euf;rica. $as ruas e parquesecoavam risadas por causa da credulidade dele. m homem dificilmente

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perdoaria uma trai'%o daquelas.

2omo #oc/ saeD Patrícia o recusou por #oc/ ser um mentiroso, umafraude$

- partiu noite adentro, levando com ela seu cora'%o despeda'ado. -len%o ima+inava para onde ela pudesse ter ido.

2omece pelo 2ondado de 2lare$ Cos penhascos$ Auantos 4Kalle;s podem e!istir em cem milhas de costaD

$a <rlanda4 Centenas, provavelmente. -m&ora... talve/ conse+uisseencontrála.

O que diria a ela4 Como poderia ne+ar que havia mentido, que seenver+onhara da pr;pria ori+em e passara os !ltimos quin/e anos tentando&anir essa ori+em da mente.

7t que ela che+ou, com seus olhos de esmeralda, seu ca&elo de fo+o eo canto da terra natal na vo/.

 3erra natal. Iavia partido fa/ia tanto tempo, decidido a nunca olhar paratrás, a tirar a Jlama dos campos de &atatasJ de suas &otas para sempre, em&usca de uma vida melhor, um caminho melhor... para qu*4 $o fim, todos oscaminhos levavam ao mesmo lu+ar.

2uem choraria por ele quando morresse4  % prataria #ai mesmo sentirmuita falta de #oc/$ C(o acredito "ue a aldra#a de lat(o possa sore#i#er & perda$ De que adiantava ser o melhor mordomo de ?ondres se n%o tinha a seulado nin+um que se importasse com ele4 De que adiantava mais um dia deservi'o impecável sem o estmulo daquela vo/ provocante, ou daqueles olhos&rilhantes que se preocupavam com as necessidades de todos ao seu redor4

: -stou me demitindo.

)anela, do outro lado da sala, a duquesa ouviu aquela declara'%orepentina, n%o demonstrando a menor surpresa.

: $%o o culpo : ela disse, sem se voltar. : Koc* n%o encontrará outrapessoa i+ual a 8atrcia nesta vida.

: -stou me demitindo. : -le repetiu, como se precisasse convencer a simesmo.

Sadie conteve um sorriso e reclinou a ca&e'a no &atente da )anela.

: -u ouvi, Fortescue, a+ora vá di/er isso ao marqu*s.: 7o marqu*s... : -le se virou com um frio no estôma+o ao pensar em

a&andonar a casa que servira por tanto tempo. Iavia sido um privil+iotra&alhar para um homem como o marqu*s. -ra um tanto in)usto lar+áloassim, de uma hora para outra.

: Fortescue4

-le se voltou, a+radecido de adiar um pouco aquele difcil momento.

: 8ois n%o, Kossa #ra'a4

: Koc* acha que ela o perdoará4 : Finalmente Sadie ficou de frentepara ele, com os olhos cin/entos !midos e &rilhantes. : $%o sei o que voc*fe/, mas deve ter sido al+o terrvel para que ela fu+isse daquele )eito.

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Fortescue concordou com a ca&e'a.

: -u fi/... o que a senhora fe/. -la es&o'ou um sorriso tristonho.

: <ma+inei que fosse isso. ?ementeur disse que sempre reconhecemosum ao outro, mesmo quando n%o conse+uimos reconhecer a n;s mesmos.

: -u me reconhe'o novamente : Fortescue disse, com o san+ue

irland*s fervendo nas veias. O apelo do lar natal era t%o fero/ que ele malconse+uia respirar. ?ar. 8atrcia.

7s palavras tinham o mesmo si+nificado

: -stou feli/ por voc*. Se me encontrar /an/ando por a, por favor n%ose esque'a de me di/er para que eu tam&m procure me encontrarnovamente.

Fortescue fe/ uma mesura de respeito, n%o pelo, ttulo, mas pelaextraordinária mulher que ela era.

: Será um pra/er, Kossa #ra'a. -la acenou com a m%o.

: Ká ent%o, e n%o se preocupe. Calder está cado de amores. -le n%omorde mais.

Fortescue endireitou os om&ros e se despediu de sua postura demordomo perfeito, dando um caloroso sorriso para uma das mais no&resdamas de ?ondres.

: 7 senhora uma +rande mulher. -le será um tolo se n%o vier &uscála.

-la sorriu, ficando com a express%o desanuviada por um instante.

: Ká em&ora, seu +rande &a)ulador : respondeu, imitando o sotaque

irland*s dele. :Ká di/er a seu patr%o que )á limpou o suficiente o traseirofolheado a ouro dele.

Com uma +ar+alhada, Gohn Ier&ert Fortescue rece&eu a !ltima ordem deuma aristocrata e, +irando nos calcanhares, cumpriu com precis%o a ordemrece&ida.

Depois de al+um tempo, Sadie se cansou da vi+lia 0 )anela. #raham n%oviria.

- mesmo se viesse, ela n%o conse+uiria encarálo. O que poderia di/er aele a n%o ser admitir que era uma mentirosa, que rou&ara e o sedu/ira para

for'álo a se casar com ela4 3udo por uma &oa causa4 <sso soava meio va/io sem que houvesse afortuna de 8ickerin+ para compensar suas trans+ress=es.

8ouco importava para onde fosse ou o que fi/esse, s; sa&ia que n%oqueria mais ficar ali.

$%o podia esperar que Deirdre evitasse #raham pelo resto da vida. $%oa+entaria v*lo mudar de amantes ao lon+o dos anos, pois era isso o que iriaacontecer. 8oderia ficar em -dencourt e tentar a)udar, mas, por mais &oavontade que tivesse, suas ha&ilidades eram limitadas. S; seria causa deconstran+imento quando encontrasse #raham por lá.

-la foi para o quarto e come'ou a recolher as coisas. Separou as roupasde via+em em um &a! e as roupas de ?ementeur em outro. -stava ficando sem

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espa'o.

$a cômoda, ela encontrou suas tradu'=es. -stavam todas ali, da hist;riada Bela 7dormecida na Floresta, aos Contos de Fada, e, naturalmente, a daCinderela.

So&ressaltada pelas lem&ran'as e tomada de triste/a, ela come'ou a ler

Cinderela outra ve/.Ela se sentou em uma an"ueta, tirou o p* do pesado sapato de madeira

e o colocou no sapatinho de cristal em "ue coue perfeitamente$ @epois ela sele#antou, e o príncipe a fitou diretamente nos olhos, reconhecendo a lindadon)ela "ue ha#ia dan'ado com ele$

: Está * minha #erdadeira noi#a7 : ele e!clamou$

8or que ficava se torturando com essa hist;ria. 8or um momento, elaficou tentada a )o+ar aquela e todas as outras tradu'=es no fo+o, mas ent%olhe ocorreu que poderia encadernálas e dar para (e++ie.

Seria seu presente de despedida.O quarto voltou a seu estado anti+o. 2ualquer sinal de que Sadie

Uestmoreland havia passado por ali foi eliminado. $%o fora difcil, de fato.7final, ela sempre vivera do lado oposto da verdadeira exist*ncia. $unca tiveraum lar, uma famlia, um amor

-la fechou os olhos, procurando afastar da lem&ran'a o olhar de #rahamna !ltima ve/ que o vira. $%o deveria t*lo deixado continuar a cerimônia decasamento. Sua honra o impediu de parar, mas ela poderia ter fu+ido, ou+ritado JFo+o1J, ou o que quer que fosse para salvar o tolo teimoso de simesmo.

- dela.

7 anula'%o ainda era uma possi&ilidade. -la plane)ou fa/er uma visita ao&ispo quando sasse de ?ondres. Se uma chanta+en/inha havia funcionadopara #raham, deveria funcionar para ela tam&m.

m criado &ateu na porta do quarto.

: Kossa #ra'a veio fa/er uma visita, senhorita7

Sadie se certificou de que a chave havia sido +irada na fechadura.

: Di+a a Sua #ra'a que ele n%o precisa se incomodar de me expulsar.

?o+o estarei saindo ?ondres.: Sim, senhorita : o criado disse, em tom de d!vida. Coitado, assumir

as o&ri+a'=es de Fortescue de uma hora para outra n%o era fácil.

-la ouviu ent%o a vo/ alterada de #raham no hall. Faminta de qualquermi+alha que fosse dele, ela encostou o ouvido na porta.

: 2ue dro+a, voc* n%o tem uma c;pia da chave4

O criado murmurou al+uma coisa. Sadie torceu para que Fortescuetivesse levado 0s chaves com ele e )o+ado de um penhasco.

-la amava #raham. 8recisava de #raham. (as n%o se permitiria ter nemum pedacinho dele. -le merecia coisa melhor.

7lm disso, ela n%o conse+uiria encarálo.

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$enhum outro som se fe/ ouvir no hall. Decepcionada, Sadie se afastouda porta e co&riu o rosto com as m%os.

: 7h, meu amor : ela sussurrou.

-nt%o ela ouviu um &aque e um palavr%o a&afado. Kirou a ca&e'a e viuseu amado esparramado no ch%o )unto 0 )anela, com a man+a da camisa

ras+ada e um +alhinho de folhas no ca&elo.-le piscou e sorriu para ela.

: $%o desse )eito que eles fa/em nas suas hist;rias4

-la ficou &oquia&erta, incapa/ de proferir uma palavra. -n+oliu em seco edeu um passo para trás, dese)ando fu+ir dali.

0im, fugir7

-la &alan'ou a ca&e'a, ne+andoo, ne+ando a si mesma.

: $%o consi+o v*lo1

-le se sentou e espanou o colete.: -nt%o voc* n%o está enxer+ando &em. -stou aqui e posso provar"

desarrumei todo o tapete.

-la riu, comovida, depois co&riu os olhos com as m%os.

: 8are1 8are de fa/er +ra'a1 Koc* sa&e que n%o deveria estar aqui1

: $%o, n%o sei : ele disse, com do'ura. : -xplique para mim, por favor.

: Koc* n%o sa&e que sempre se deve pa+ar com uma puni'%o nessashist;rias4 O mentiroso sempre terminal mal. Cai na pr;pria armadilha.

: 7h, isso o que acontece : ele disse, desinteressado. : Bem, masvoc* n%o precisa se preocupar com isso. Koc* n%o mentiu.

Surpresa, ela se esqueceu de n%o olhar para ele, tirou as m%os do rosto eo fitou"

: $%o menti4

-sperava que #raham se levantasse, mas ele permaneceu calmamentesentado no ch%o, se+urando os )oelhos com as m%os. Sorriu para ela com osolhos &rilhando.

: -u poderia explicar para voc*, mas voc* tem ra/%o, primeiro tem um

pre'o a pa+ar.-la en+oliu em seco novamente, cheia de esperan'a e desespero em seu

ntimo

: 2ue pre'o4

: Koc* precisa me a)udar a levantar. Che+ar at essa )anela foi difcil.(achuquei minha... armadilha.

-la riu e se aproximou para pe+ar a m%o dele. $o instante em que suasm%os se encontraram, ele a puxou.

Soltando um +ritinho de surpresa, Sadie caiu nos &ra'os dele. -le aa&ra'ou e rolou com ela no ch%o at ficar inteiramente so&re ela.

: K*4 7inda nos encaixamos direitinho. : 3irou o anel do &olso do

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colete e o colocou no dedo dela. : Koc* a !nica que se encaixa direitinho.

Sadie examinou o lindo anel.

: Onde voc* arrumou isso4

: -ra da minha m%e.

-la soltou uma pequena exclama'%o e fe/ men'%o de tirálo. #rahamcolocou a m%o so&re a dela, impedindoa.

: -la era a duquesa de -dencourt, como voc*. O anel seu a+ora.

Sadie protestou novamente, mas lo+o esmoreceu. 7dorou o anel. 2ueriaficar com ele.

Se ele se afastasse dela a+ora e a despre/asse para sempre, se elacasse na frente de uma carrua+em em velocidade amanh%, se o mundoterminasse naquela noite, ela sempre teria aquele momento. Sem mais uminstante de hesita'%o, passou os &ra'os pelo pesco'o dele e o puxou para umlon+o &ei)o.

-la nunca fora dada a desperdcios.

m instante depois #raham levantou a ca&e'a para respirar.

: Sophie... : -le pi+arreou. : Desculpe, preciso me acostumar. Srta.Uestmoreland, se importaria de me acompanhar at a sala. Iá al+o lá quevoc* precisa ver.

 3riste porque um momento como aquele talve/ nunca mais se repetisse,Sadie deixou que ele se levantasse.

: Srta. Uestmoreland4 8recisamos ser t%o formais, #raham4

-le levantou a m%o, contido.: 7+ora melhor n%o falarmos. $%o fomos devidamente apresentados.

Dando uma risadinha, ela tam&m se levantou e deixou que ele acondu/isse. 8elo menos, ainda estavam de m%os dadas.

7o che+ar 0 sala, eles encontraram uma pequena multid%o. Brookhavene Deirdre, (ar&rook e 8hoe&e, uma excitada (e++ie, um +ato enroscado emum &ar&ante... e o sr. Stickley, o advo+ado.

Com exce'%o do +ato, todos sorriam.

2uando Sadie entrou, o sr. Stickley precipitouse para ela, com umsorriso sincero e admirador.

: Kossa #ra'a, estou muito contente em v*la novamente1

Sadie tentou se recuperar da surpresa e procurou responder com amesma +entile/a.

: O&ri+ada, sr. Stickley. P &om v*lo tam&m. -le fe/ uma pequenarever*ncia.

: - meus sinceros para&ns por sua excelente escolha, minha querida1-u sa&ia que uma das ladies +anharia1

Sadie rea+iu com ansiedade.

: Oh, Deus, nin+um o avisou de que eu n%o sou Sophie Blake4

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O sr. Stickley riu com uma express%o &ondosa e &ateu palmas.

: Claro que sei que voc* n%o 1 : -le remexeu no &olso e tirou uma tirade papel.

: -ntretanto, aqui está1 2ue voc* o use em ale+ria e &oa sa!de1

Confusa, Sadie pe+ou o papel e ent%o viu que se tratava de um cheque.

m cheque de valor &em alto. Seus dedos su&itamente amoleceram e ocheque voou para o ch%o.

O sr. Stickley a fitou, preocupado.

: $%o está se sentindo &em, Kossa #ra'a4

7 sala come'ou a rodar. #raham passou um &ra'o quente e forte pelacintura dela. 7ssim que ela se reequili&rou, o sr. Stickley entre+ou novamentea ela o cheque que havia recolhido do ch%o.

: Se me derem licen'a, +ostaria de ler novamente.

O valor era o que ela ima+inava ter visto. 2uase trinta mil li&ras. Dessave/, porm, foi o nome no cheque a deixou eletri/ada.

0adie <estmoreland +lake, du"uesa de Edencourt$

: Blake4 : -la per+untou com um n; na +ar+anta, olhando atônita deDeirdre para 8hoe&e. : O que... o que isso si+nifica4

Deirdre riu.

: Si+nifica que voc* está de para&ns. $%o mais uma ;rf%.

8hoe&e &alan'ou a ca&e'a, rindo.

: $a realidade, há quin/e anos voc* n%o . 7 sra. Blake adotou voc*le+almente quando a levou para 7cton.

: 7dotou4 :"  Sadie piscou. : -nt%o somos mesmo primas4 : mafamília de #erdade$

8hoe&e olhou para Sadie com um olhar, cheio de compreens%o.

: #ra'as a #raham.

7 for'a e a firme/a dele nunca a haviam deixado. -la se recostou nelecom a naturalidade com que respirava, sem pensar ou hesitar. 3inha tantasper+untas pipocando em sua mente que emudeceu.

-le tocou a ponta do nari/ dela e sorriu.: Koc* Sadie Blake. 7 sra. Blake vai )urar isso em qualquer tri&unal do

pas.

: (as ela me odeia.

O sorriso de #raham esmoreceu.

: 3enho quase certe/a de que ela odeia todo mundo. 8ositivamente, elame odeia, pois fui eu que disse a ela que, se voc* rece&esse a heran'a, voc*poderia lhe devolver as du/entas li&ras.

Deirdre resmun+ou.: $em era dela para come'ar. Sadie voltou a olhar para o cheque.

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: Será que eu n%o deveria dar al+um desse dinheiro a ela. 7final, ela averdadeira 8ickerin+, n%o eu.

: $em ouse1 : Deirdre colocou as m%os nos quadris. : Koc* sa&e porque ela mandou a +overnanta ao orfanato4 -la estava procurando uma meninapara fa/er passar por Sophie e, no futuro, tentar +anhar o pr*mio1

8hoe&e confirmou.: -la finalmente confessou que somente desistiu da idia quando voc*

cresceu e n%o ficou t%o...

: Bonita. : Sadie completou, sem o menor rancor.

: 3udo fa/ sentido a+ora. : -la a&aixou os olhos para o cheque. :(uito )usto, ent%o. -, voltandose para #raham, entre+ou o cheque para ele. :8ara sua -dencourt.

7 m%o de #raham se fechou so&re a dela, com o cheque dentro.

: 8ara nosso lar, Sadie Uestmoreland Blake, minha duquesa de-dencourt. : -le levantou a m%os dela e a &ei)ou. : P muito &om finalmenteconhec*la1

m amor de #erdade$

-la riu e fe/ uma rever*ncia.

: Da mesma forma, Kossa #ra'a. -nt%o com um sorriso trans&ordantede amor, completou" : (as pode me chamar de Sadie.

Uolfe saiu da ta&erna trôpe+o e de olhos semicerrados para evitar a lu/

da tarde que atravessava as nuvens. 7poiandose em um pequeno parapeito,ele cuspiu na cal'ada e enxu+ou a &oca na man+a. 7 +ar'onete que o deixaracurar a ressaca em sua cama havia ficado extremamente irritada pela manh%ao constatar que n%o +anharia nem uma moeda em retri&ui'%o por sua+enerosidade.

7 ca&e'a de Uolfe estava pesada. 7 sensa'%o que tinha era a de que seucrMnio estivesse sendo comprimido. -le teve uma percep'%o do que seria estarcom a ca&e'a na forca e, para afastar esse pensamento desconfortante,recorreu 0 lem&ran'a dos avanta)ados atri&utos da referida +ar'onete.

Com isso em mente, endireitou o corpo, passou as m%os pelos ca&elos

su)os e alisou a frente do palet;. 7inda estava inteiro, apesar da idade. 7osquarenta e uns estava apenas na metade de seu vi+or. 3eria muitos, muitosanos para usufruir do fruto de seus esfor'os.

$o momento, porm, precisava prensar Stickley para o&ter umadiantamento de sua comiss%o. Iavia ainda a quest%o do marqu*s deBrookhaven para se ocupar. 2uando ele fosse apa+ado, n%o haveria mais )eitode as &isnetas de sir Iamish 8ickerin+ pôr as m%os em um nquel do ouro dovelho &astardo.

7inda meio cam&aleante, Uolfe come'ou a percorrer as sinuosas ruas evielas de Shoreditch, fa/endo o caminho de volta para locais mais respeitáveis.Iorrvel. O mau cheiro que exalava do ch%o o fe/ apressar o passo.

: Direto ao escrit;rio : falou consi+o mesmo, depois riu. : Kamos lá,

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meu velho, tempo dinheiro. 2uem que ficava repetindo isso at que tevevontade de dar uma martelada na ca&e'a4 7h, verdade, o velho Uolfe. -len%o se cansava de repetir isso a seu querido s;cio, o primeiro Stickley.

m pensamento estimulante lhe ocorreu. <ma+inar se separar de Stickleypara sempre fe/ &rotar um sorriso &eatificado que at ameni/ou a vermelhid%ode seus olhos.

Deixando para trás a sordide/ de Shoreditch, Uolfe parou diante davitrine de uma lo)a na Fleet Street para a)eitar a +ravata. -ssa n%o, onde a teriadeixado4 ?em&rando que havia usado a +ravata para prender as m%os da+ar'onete em al+um momento, ele deu de om&ros. 7 vadia podia queimála, sequisesse, que ele pouco se importava. -m &reve estaria nadando no luxo,como o feli/ e dedicado &eneficiário das quase quin/e mil li&ras de )uros dacust;dia de 8ickerin+.

Stickley )á n%o estaria mais precisando da metade dele, claro.

-nquanto Uolfe tentava de al+um modo a)eitar o colarinho com os dedos

tr*mulos, duas senhoras pararam atrás dele. -le pôde ver pelo reflexo do vidroque usavam chapus e xales finos, sendo acompanhadas, a uma certadistMncia, por um lacaio que carre+ava seus pacotes.

Uolfe estremeceu de raiva. 7s damas eram umas verdadeiras parasitas earro+antes demais. ?o+o ele teria dinheiro suficiente para, por toda a vida, secercar de &elas prostitutas e ami+os que compartilhassem de seus +ostos.

O pra/er que essa perspectiva lhe causou quase o impediu de ouvir aconversa'%o das senhoras, mas a men'%o do nome J-dencourtJ despertou suaaten'%o.

: 7h, o dinheiro dela, n%o de -dencourt1 2uase trinta mil li&ras o quedi/em.

7 outra dama soltou um suspiro cheio de inve)a.

: Gá ima+inou, um duque )ovem e &onito com toda essa fortuna4 7choque ela vai dormir com camisolas de ?ementeur.

7 outra dama retorquiu, n%o menos inve)osa.

: Com essa heran'a, ela vai vestir at as criadas com ?ementeur1

: (as n%o romMntico4 Ouvi di/er que ele a raptou e n%o a deixou sairat que ela prometesse se casar com ele.

Eu n(o de#eria ter perdido a"uela oportunidade de matar a malditamagricela$

S; quando sentiu a pesada m%o do criado em seu om&ro, Uolfe deuseconta de que havia falado alto o improprio.

: Senhor, acho melhor ir andando.

Uolfe se viu sendo virado 0 for'a pelo lacaio. O homem, que maisparecia um +uardacostas do que um simples criado, interpuserase entre ele eos olhares chocados das duas senhoras, aparentemente pessoas muitoa&astadas e &em posicionadas na sociedade.

-le lutou contra a raiva vulcMnica que se apoderou dele at for'ar umsorriso de desculpas no rosto. O lacaio finalmente o soltou, ele fe/ uma

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discreta mesura e se afastou, sentindose doente de desespero.

Como podia ter acontecido uma coisa dessas4 7o sair de circula'%oapenas uns dias antes, a noiva de -dencourt havia sido desmascarada1 - a+oraia ficar com a heran'a4 Uolfe caminhou at o )ornaleiro mais pr;ximo, queestava )untando os !ltimos )ornais n%o vendidos.

Dando um empurr%o no camarada, ele pe+ou a folha de mexericos.: -i1 Kinte e cinco centavos, senhor1

Uolfe voltou toda a sua raiva contra o verme chor%o. O rapa/empalideceu e se afastou ao ver os olhos vermelhos e enlouquecidos de Uolfe,fa/endo um sinal da cru/, como se estivesse vendo o dia&o.

Uolfe o i+norou, ras+ando a folha dada a ur+*ncia com que queria ler. ?áestava a notcia, na coluna social de % >o) da 0ociedade$

0e o du"ue e a du"uesa de Edencourt n(o eram antes o casal mais feli)da Inglaterra, por já terem sido aen'oados com linda apar/ncia e amor

#erdadeiro, agora certamente o s(o$ 2onsta "ue a du"uesa * a feli) ganhadorade uma competi'(o muito charmosa com suas encantadoras primas, atualmente casadas com os irm(os +rookha#en$ 3ad; Edencourt herdou a grandefortuna por se casar com um du"ue$ 0ua >o) da 0ociedade agora "uer saer seestá lan'ada a última #oga no mundo das heran'as$ 0erá "ue da"ui parafrente o legado sempre irá para o potencial herdeiro "ue fi)er a melhor escolhado par$

7ca&ou. -vaporou. 7 heran'a foi su+ada por aquele duque empinado esua propriedade, como se fosse uma espon)a.

7s m%os de Uolfe come'aram a tremer mais uma ve/. Desta ve/ a raiva

foi quase en+olida pelo pMnico. 3inha +ente de olho nele, +ente que a+orasa&ia que ele n%o tinha mais expectativa de +anho al+um, nem sequer derece&er sua ma+ra comiss%o.

2ue des+ra'a1 #elava cada ve/ que lem&rava. 8or meses haviaconse+uido se+urar os credores com as hist;rias da fortuna que lhe era devidapela cust;dia de 8ickerin+. $%o passavam de mentiras, mas todos selem&ravam de qu%o rico o velho Iamish havia se tornado. Uolfe usava ea&usava daquele nome, vendo o respeito nos olhos de quem ouvia ao sa&erque ele era o executor da fortuna.

8ouco importava que o responsável fosse Stickley.

0tickle;$

Uolfe apertou as m%os na ca&e'a dolorida. Iavia al+uma coisa de queprecisava se lem&rar so&re Stickley...

Era o "ue meu pai teria esperado de mim$

7h, sim.

Uolfe deu um lon+o suspiro. 3ivera um ato falho por um &reve momento.Che+ou a pensar que talve/ tivesse de fu+ir para as 7ntilhas ou, que Deus n%opermitisse, para a 7mrica.

(as, como sempre, t%o confiável e oportuno como uma &arra de ferrochum&ada )unto 0 porta de entrada para limpar as &otas, restava Stickley. Oconfiável e leal Stickley, que com tanta pondera'%o cuidara para que ele

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pudesse manter o estilo ao qual havia se acostumado.

Uolfe sorriu, com o pensamento pela primeira ve/ afetuosamentevoltado para o s;cio.

-le realmente era um &om su)eito. Uolfe quase lamentou ter de matálo.

8oucas horas depois, Uolfe estava so& a mira de um rifle de ca'a muito

&em posicionado nos &ra'os de seu anti+o s;cio, Stickley.: Se eu fosse voc*, a&aixaria essa est!pida pistola, Uolfe : disse

Stickley, com mais se+uran'a do que Uolfe poderia ima+inar. : P melhor darse por vencido.

Uolfe rapidamente calculou suas chances de matar Stickley antes de elepr;prio ser morto. 8or pior que fossem, os rifles eram muito mais eficientes doque as pistolas. Se fosse necessário atirar de uma distMncia maior, elas n%oeram muito precisas.

Decidindo continuar vivo e deixar para lutar em um outro dia, Uolfe se

a&aixou e colocou a pistola no ch%o. O rifle continuou apontado para ele porvários minutos.

: 2ual o si+nificado dessa afronta4

 %fronta$ Uolfe estava com os nervos 0 flor da pele. 7 ln+ua afetadadaquele su)eitinho incomodava seus ouvidos, como o som de uma serra.

: 8erdoeme, Stick, meu velho. : (elhor desculparse. -n+olir.Convencer o ordinário a &aixar a +uarda. Depois o mataria e arrom&aria ocofre.

-ra um plano e tanto. $%o t%o &om quanto o inicial, que n%o inclua

Stickley armado e pronto para enfrentálo.: $%o tinha inten'%o de machucar nin+um : ele ar+umentou em tom

conciliador. %h, tudo o "ue desejo na #ida * acaar com #oc/7 Uolfe exi&iu asm%os a&ertas para mostrar que estava indefeso e deu um passo 0 frente.8recisava alcan'ar Stickley. 3alve/ conse+uisse tirar o rifle das m%os dele, casofosse necessário.

Depois ele aca&aria com o &astardo. 2uando o corpo fosse encontrado,ele n%o se esqueceria de percorrer chorando todo o caminho at o Banco de?ondres.

Stickley parecia estar comprando a idia. ?entamente, ele a&aixou o rifle.: Koc* disse que n%o ia fa/er mal al+um a srta. Blake ou ao duque.

Uolfe deu de om&ros.

: 8or acaso eles foram machucados4 $%o se esque'a de que quem saiudaquela hist;ria com o nari/ san+rando fui eu1 - o duque tam&m se saiuvitorioso na viela. Raptar Brookhaven n%o deu em nada, e pessoalmente eununca encostei um dedo em lady Brookhaven. -u simplesmente incentivei alouca paix%o de Baskin por ela. : -nquanto falava, para cada palavra dita, elese aproximava um passo. -nt%o ele alcan'ou o rifle.

Com um pux%o violento, arrancou a arma da m%o de Stickley erapidamente a mirou nele.

: 7h, a+ora voc* um homem morto, seu imprestável1

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7 lu/ de um lampi%o inesperadamente iluminou o escrit;rio.

: $%o , n%o : disse uma vo/ a+radável.

Uolfe se virou e viu toda uma platia de testemunhas. ?á estavam oduque de -dencourt, o marqu*s de Brookhaven e, literalmente, aquele&astardo, lorde Raphael (ar&rook.

: 2ue atencioso de sua parte relatar seus crimes para n;s, sr. Uolfe. :O tom do marqu*s era seco. : De al+uns eu nem tinha conhecimento.

Com ou sem testemunhas, Uolfe era o !nico que estava armado. -leapontou o rifle para os cavalheiros 0 sua frente.

: (ilordes, Kossa #ra'a, sinto informálos de que os senhores aca&aramde comprar &ilhetes para uma via+em no navio JFa'a de (inha -sposa umaKi!vaJ. : -le sorriu, de&ochado. : 2ue parte imediatamente.

Stickley sacudia a ca&e'a.

: Sempre achei que voc* simplesmente estivesse &*&ado a maior partedo tempo. $unca pensei que estivesse em vias de se tornar o maior im&ecilvivo. Se, ima+inando que voc* viria, eu fi/ quest%o de reunir essas ilustrestestemunhas, voc* n%o acha que, de i+ual modo, eu me precaveria tirando as&alas do rifle4

Os tr*s cavalheiros do lado oposto sacaram seus pr;prios rifles dascostas.

: -stes, porm, est%o carre+ados.

Uolfe se voltou para o s;cio, furioso.

: Koc* tem tanta culpa de tudo quanto eu, Stick. Se eu for enforcado,voc* será enforcado comi+o1 : -le ent%o se diri+iu a Brookhaven. : O senhorquer sa&er quem atacou sua noiva e raptou seu irm%o pouco antes de seucasamento4: -le apontou o dedo para Stickley. : Sai&a que esse homemestava ao meu lado durante aquela aventura toda.

Brookhaven fran/iu o cenho.

: -stá me di/endo que Stickley estava lá, a)udandoo a encenar umrou&o de estrada na minha carrua+em4 : -le che+ou mais perto. : -stá medi/endo que ele manteve uma arma apontada para a esposa de meu irm%o eque o trancou em um por%o fedorento por dias, sem comida ou á+ua4

Uolfe concordou, vin+ativo.: -stou1

Stickley sacudiu a ca&e'a, com express%o cansada.

: Foi usque demais, Uolfe. -u sa&ia que era s; uma quest%o de tempoe voc* aca&aria perdendo o )u/o.

: O qu*4 : Uolfe olhou de um homem para o outro, mas n%o viuqualquer sinal de suspeita recair so&re Stickley. -le a+itou o rifle, frustrado. :8er+unte 0 sua esposa, (ar&rook1 -la estava lá1

: 7h, sim : Stickley concordou e a&riu a porta da co/inha. : (ilady, porfavor4

2uando lady (ar&rook apareceu, Uolfe ficou pasmo. -le sorriu para ela,

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sua !ltima esperan'a.

-la recuou, com uma express%o alarmada.

: Rafe, fa'ao parar.

?orde (ar&rook passou o &ra'o pelos om&ros dela.

: -stá tudo &em, querida. O sr. Uolfe parece que fe/ al+uma confus%oso&re a noite anterior 0 que eu fui raptado. -le quis esclarecer al+umas coisaspara todos n;s. Uolfe novamente apontou para Stickley.

: Pramos dois naquela noite, a senhora lem&ra4 8hoe&e o fitou,perplexa.

: Dois4 3em certe/a4 Uolfe ficou &oquia&erto.

: 7 senhora nos viu os dois1 -la encolheu os om&ros.

: Realmente n%o me lem&ro. -stava t%o apavorada, sa&e, uma mulherindefesa, so/inha, em uma estrada escura com um assaltante... : -la &alan'ou

a ca&e'a, como quem lamenta. : $%o tenho certe/a do que vi.Uolfe entendia tudo a+ora. Stickley havia ne+ociado com eles. Sua

captura em troca de se a&ri+ar so& a prote'%o deles e, provavelmente, maisal+uma coisa alm disso.

$esse momento, policiais entraram no escrit;rio, homens rudespra+ue)ando e empurrandoo, todos ansiosos para reclamar um pr*mio por suacaptura.

7o ser levado, a !nica coisa que Uolfe pôde fa/er foi fulminar Stickleycom os olhos, pelas &arras da )anela da carro'a, como um animal en)aulado.

7 sra. OW(alley era uma mulher muito sá&ia e tolerante. -la sa&ia que, sesua filha mais velha, 8atrcia, ale+ava ter voltado da <n+laterra por ter sidodespedida do empre+o por ne+li+*ncia no tra&alho. -ra melhor n%o tentaresclarecer a verdadeira ra/%o no momento. Como se um de seus filhos tivessesido ne+li+ente um !nico dia em suas vidas1

7 ra/%o da volta era um homem, com certe/a.

7 sra. OW(alley tinha cinco irm%s e tr*s filhas. -la sa&ia diferenciar entrea palide/ tensa de um cora'%o despeda'ado e o des+osto de um fracasso.

(esmo os meninos, a&en'oados se)am, sa&iam que al+um havia partidoo cora'%o da amada irm%. ?on+e dos ouvidos de 8atrcia, pois isso a tornariaainda mais pálida, eles lan'avam olhares preocupados a ela e murmuravamimpreca'=es contra o Jmaldito in+l*sJ.

7 sra. OW(alley secou as m%os depois de lavar a lou'a e foi se sentarperto de 8atrcia que descascava &atatas para o almo'o. ma famlia de setetra&alhadores esfor'ados comia uma verdadeira pilha de &atatas, mas a filhahavia descascado o suficiente para um &atalh%o.

Respirando fundo, ela er+ueu os olhos ao cu, pedindo a)uda. 3inha detocar no assunto com a filha. Sa&ia que a&riria uma ferida profunda, mas se

n%o a cauteri/asse lo+o, com &omsenso e praticidade, todos iriam se afo+arnum mar de lá+rimas )unto com as &atatas.

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m s!&ito movimento, porm, despertou sua aten'%o e ela foi olhar pelapequena )anela da frente. 7l+um estava descendo a estrada do penhasco,caminhando com os movimentos soltos, mas va+arosos de quem estavaandando há um &om tempo. -ra um homem alto e &emapessoado9 vestia umterno impecável, e tinha o chapu )o+ado um pouco mais para trás na ca&e'a,para aproveitar melhor o raro dia de sol.

: 2uem voc* acha que 4

7 filha foi ter com ela 0 )anela e, ao olhar para fora, emitiu umaexclama'%o tpica da mulher atin+ida no cora'%o. 7 sra. OW(alley voltou aca&e'a para filha. Sua 8atty, que sempre fora uma das mais &onitas meninasdo Condado de Clarc, estava mais linda do que nunca. -la voltou a contemplaro homem na estrada.

: 7quele n%o de modo al+um um in+l*s1 8atrcia riu, radiante deale+ria.

: $%o se)a &o&a, mam%e. 7quele meu Gohnny irland*s, voltando

finalmente para casa.7 sra. OW(alley viu ent%o a filha mais velha sair correndo para ir ao

encontro do homem. 7s pontas &rancas de seu xale de l% voavam 0s costasdela, como as asas de uma ave marinha decolando em terra firme.

pílogo

#raham entrou pela porta principal de -dencourt sem que fosse precisotocar na ma'aneta. <sso porque o carpinteiro havia retirado e levado as portaspara fa/er os reparos necessários. -las deveriam estar de volta em al+uns dias.7inda havia muita coisa a fa/er, mas quando mais al+uns homens estivessemtra&alhando, os servi'os de recupera'%o pro+rediriam mais rapidamente.

8elo menos, era o que #raham esperava. -le havia prometido a Sadieque as portas seriam recolocadas antes que a primeira neve casse.

: - as )anelas1 : -la recomendara, apontando um escov%o para ele. :

$%o se esque'a de contratar um vidraceiro. 3emos muitos vidros que&rados1Sadie tivera a idia de contratar o sr. Stickley para administrar a reforma

+eral da casa principal, e o su)eito estava conse+uindo +astar a fortuna de8ickerin+ quase com a mesma rapide/ com que a en+ordara.

: <nvesti uma +rande parte do dinheiro : ele asse+urou a #raham.Iavia outras palavras em&utidas naquela afirma'%o, como Jamorti/a'%o eporcenta+ensJ. : Depois que tudo estiver pronto, espero um dia ser rece&idocomo h;spede aqui.

: Como se fôssemos deixálo ir1

O su)eitinho definitivamente ficara com os olhos mare)ados. #raham n%ovia a hora de deixálo livre para cuidar do restante da propriedade1

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$o momento, toda a propriedade parecia em muito pior estado do queantes. O que estava desmoronando foi demolido. O que estava que&rado foicercado por tapumes. O que era consertável havia sido retirado, deixando+randes &uracos a&ertos e entulho por todo lado.

Os dois estavam ali so/inhos no meio de toda aquela confus%o. #rahamhavia cordialmente convidado tanto Brookhaven quanto (ar&rook para a)udar.?amentando, eles haviam recusado. O velho duque de Brookmoor haviafalecido, e Calder e Deirdre tinham se mudado com (e++ie e o +atinhoFortescue 8equeno para Brookmoor. Rafe e 8hoe&e haviam imediatamente setransferido para Brookhaven. 7ssumiam a propriedade em cust;dia do primeirofilho do sexo masculino que Calder e Deirdre viessem a ter. $aturalmente,estavam ansiosos por fa/er da nova moradia seu lar.

Deirdre )á havia anunciado que estava +rávida. 8ouco depois, em umademonstra'%o de um esprito competitivo n%o o&servado antes, 8ho&een+ravidara tam&m.

7o sa&er da notcia, Sadie ficara feli/ pelas primas e tratara deimediatamente arrastar #raham de volta para casa para tam&m praticar umpouco. #raham cumprira a tarefa, dando, como sempre, o melhor de si e umpouco mais.

7+ora, parado no hall de entrada, #raham tossiu por causa de umanuvem de p; de +esso.

-ra Gohn, o marido de (oira, que sacudia todo satisfeito uma lona, no&alc%o do andar superior.

: Desculpe, Kossa #ra'a1

7h, as ale+rias de estar em casa. #raham su&iu com cuidado a escadaria,evitando os v%os deixados pela retirada dos de+raus de mármore que&radosque haviam sido retirados. 7s novas pe'as encomendadas estavam muitoatrasadas.

Como n%o tivesse encontrado Sadie na co/inha, nos )ardins e nem noestá&ulo, ele come'ava a achar +ra'a. Onde ela havia se enfiado4 -la disseraque n%o precisava de aulas de equita'%o, pois nunca mais montaria em umcavalo pelo resto da vida. -ntretanto, estava sempre nos está&ulos, dandotorr=es de a'!car para os rechonchudos pôneis que fa/iam a maior parte dotransporte, no momento.

Do alto da escadaria, #raham contemplou seus domnios. -raimpressionante como n%o havia so&rado quase lem&ran'as de sua vidaanterior naquela casa. Com o ritual da fo+ueira em que liquidara osem&olorados trofus de ca'a do pai, havia cada ve/ menos testemunhas da&rutalidade do velho duque naqueles charmosos halls.

#ranam, por outro lado, sentia a presen'a da m%e, a&en'oandoo.-m&ora n%o acreditasse em almas do outro mundo, parecia que ela estava ali. 3alve/ fosse o fato de a+ora existir um toque feminino ao seu redor. Sadieestava atenta a cada detalhe de cada pro)eto alme)ando o&ter o melhorresultado de todos eles, como se a casa e a propriedade tivessem vida e

dese)assem ser cuidadas, nutridas e amadas.Finalmente, frustrado, sem sa&er do paradeiro da esposa, #raham +ritou

o nome dela, em um tom acima da desordem +eral.

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: Sadie4...

: -stou aqui, #ray1

-le se+uiu o som da vo/ dela at o quarto do velho duque e a encontroua)oelhada )unto 0 lareira, limpando anos e anos de cin/as acumuladas ali. -laparecia exausta e estava toda su)a e suada. 7&solutamente deliciosa.

: Sadie, voc* n%o deveria estar fa/endo esse tra&alho. -stá ficandoimunda1

-la virou a ca&e'a e o fitou por so&re o om&ro, pondose a rir.

: Ke)a quem fala1 Olhe para voc*1

-le a&aixou os olhos, puxando a roupa de tra&alho que usava, e viu queestava todo respin+ado de piche.

: -stava orientando o pessoal que está consertado os telhados dascasas do norte : explicou. : S; podia me su)ar mesmo.

-la se sentou so&re os calcanhares.: Ium, voc* está adorando tudo isso, n%o 4 Como um menino que

&rinca na lama.

: -u mesmo, o menino su)o1 : #raham diri+iu a ela um olhar malicioso.

Sadie retri&uiu o olhar malicioso.

: 2uer me ver tomar &anho um pouco mais tarde, menino su)o4

-le pi+arreou.

: (as que per+unta1 : -nt%o se lem&rou da ra/%o de ter ido procurála.

: -stá na hora de sua aula de equita'%o. -la revirou os olhos.: Os cavalos s%o muito !teis. 8odem puxar as carrua+ens e tudo o mais.

Ouvi di/er que al+umas pessoas at comem a carne deles. $%o creio que se)anecessário so&recarre+álos montando neles tam&m.

#raham se a)oelhou diante dela.

: P muito pra/eroso caval+ar, )uro. Koc* n%o precisa ter medo.

<mitando os cavalos, ela relinchou.

: Ora, n%o tenho medo. Como poderia ter medo de uma coisa que tem

tr*s ve/es o meu tamanho, dentes enormes e ferraduras4: P verdade, tenho de admitir que, quando eles atacam aquelas flores

indefesas, a vis%o assustadora, e tremo ao pensar no que a relva o&ri+adaa passar...

Rindo, Sadie &ateu com a escova imunda de carv%o no peito dele.

: -stá &em, assim que eu terminar aqui, vou ter aula. -le olhou aoredor, pensativo.

: O que há de t%o importante no quarto de meu pai4

: -ste n%o o quarto de seu pai, #raham. P seu quarto. -le estendeu os

&ra'os e a puxou para o colo.: $osso quarto : cochichou no ouvido dela. : Dormirei onde voc*

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quiser, desde que passe todas as noites de nossa vida comi+o.

: -u amo voc*, #ray.

-le sorriu e acariciou o rosto su)o dela.

: -u amo voc*, Sadie, minha lady. 7mei antes que se tornasse uma dasmulheres mais ricas da <n+laterra. 3am&m amei antes de ser a mulher mais

&onita da <n+laterra. -stou certo de que amei voc* antes de ser a mulher maismaluca da <n+laterra, mas isso foi um desli/e.

-la sorriu. -, exatamente como ele dese)ara, todo &rilho dela era a+oras; dele. Su)os como estavam, ele a &ei)ou, usando os lá&ios e as m%os paralevála ao delrio, e fi/eram amor ali mesmo so&re as cin/as.

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