80
Junho de 2008 Lizzi Lemos Colla Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva

Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

Junho de 2008

Lizzi Lemos Colla

Sistemas de Captação e

Aproveitamento de Água de Chuva

Page 2: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

Junho de 2008

Sorocaba/SP

Lizzi Lemos Colla

Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado como parte dos pré-requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Ambiental, à Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,

Orientador: Prof. Dr. Galdenoro Botura Junior

Sorocaba/SP

Page 3: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

Junho de 2008

Lizzi Lemos Colla

Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado como parte dos pré-requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Ambiental, à Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,

Sorocaba, 16 de Junho de 2003

________________________

Orientador

________________________

Banca examinadora

_________________________

Banca examinadora

Sorocaba

Page 4: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

Junho de 2008

DEDICATÓRIA

Primeiramente, dedico este trabalho à minha mãe, Heloisa, ao meu pai, Colla, e às

minhas irmãs Lívia e Laís. Agradeço de coração, por todo suporte, paciência,

dedicação e amor ao longo destes felizes cinco anos...

Ao meu namorado, Caio, por toda a grande colaboração, cumplicidade e motivação.

À minha turma, fiel companheira nos bons e maus momentos. Obrigado pelas

risadas, pelas festas, pelas conquistas e, principalmente, pelas lutas... Vou sentir

muita falta da maneira singular que cada um de vocês encara a vida. Obrigado por

tornarem a vida acadêmica divertida e repleta de boas recordações que guardarem

eternamente na memória.

Ao meu amigo Alex, pela colaboração na etapa final do trabalho, por toda a

paciência e tempo dispensado.

Ao meu orientador, por toda a colaboração, empenho e grande credibilidade.

Aos Professores, em especial ao Professor Sandro Mancini, pela sincera dedicação

à turma ao longo dos cinco anos.

Em especial, às meninas que fizeram parte do meu dia-a-dia... Que moraram no

apartamento 111!

Inicialmente, à Kell, que apesar de longe, estará sempre presente... Obrigado pelas

longas conversas nas madrugadas e por toda força.

À Gabi, a minha amiga inseparável! Companheira nos estudos, companheira no

vôlei, nos inesquecíveis inter-unesps, nos brigadeiros e até nas viagens de volta

para casa...

À Pri, que chegou por último, mas logo conquistou uma amizade verdadeira e muita

admiração formando a eterna e unida “Rep” Lista Feita.

Lizzi

Page 5: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

1

Junho de 2008

SUMÁRIO

RESUMO ....................................................................................................................2

ABSTRACT .................................................................................................................4

INTRODUÇÃO..............................................................................................................6

OBJETIVOS ................................................................................................................9

A1) Objetivo Geral ................................................................................................9

A2) Objetivos específicos .....................................................................................9

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...........................................................................................10

B) A História do Aproveitamento de Água Pluvial ...............................................10

C) Casos Recentes.............................................................................................16

D) Legislação......................................................................................................20

E) Tecnologias de Aproveitamento de Água Pluvial ...........................................28

E1) Tipos Reservatórios de Água Pluvial..................................................36

E2) Dimensionamento do Reservatório ....................................................49

E3) Qualidade da água pluvial ..................................................................58

E4) Instrumentos e procedimentos para a manutenção da qualidade da

água..........................................................................................................61

E5) Viabilidade da Implantação de Sistemas de Aproveitamento de Água

Pluvial .......................................................................................................65

F) Pontos Relevantes .........................................................................................68

F1) Poços Artesianos................................................................................68

F2) Preservação dos mananciais..............................................................68

F3) Redução de custos.............................................................................69

MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................................70

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................71

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .....................................................................................73

Page 6: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

2

Junho de 2008

RESUMO

COLLA, L.L. Sistemas de captação e aproveitamento de água de chuva. 2008.

Trabalho de Graduação (Graduação em Engenharia Ambiental). Universidade

Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Sorocaba, 2008.

Levando-se em consideração o aumento progressivo da demanda dos recursos

hídricos - em função da elevação dos níveis de consumo e crescimento populacional

- a procura por fontes alternativas vem desempenhando papel fundamental na

estratégia de gestão ambiental a fim de impedir um provável cenário de escassez.

A captação e o aproveitamento de água de chuva como recurso complementar, além

de ser uma prática que favorece o crescimento sócio-econômico da população, se

apresenta como uma alternativa de diversificação da fonte de consumo, diminuindo

significativamente a dependência em relação aos mananciais superficiais, cada vez

mais atingidos pela poluição.

Nos centros urbanos observa-se um relevante aumento dos investimentos

financeiros com tratamento e transporte da água, devido, principalmente, a dois

fatores: a significativa distância entre a região de coleta e o destino final do recurso e

ao esgotamento das melhores fontes, que resulta na utilização de águas mais

poluídas. Além disso, as redes de distribuição dos centros urbanos, normalmente,

são muito longas e antigas, o que propicia consideráveis perdas. Sendo os

pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de

consumo, as perdas seriam reduzidas consideravelmente.

Visando-se não só a implantação, mas também a consolidação das técnicas de

aproveitamento de águas de chuva é imprescindível que tanto as vantagens como a

descrição operacional da técnica seja acessível a todos os envolvidos. Ou seja, são

fundamentais tanto o consentimento moral da técnica como a determinação política

para consolidá-las.

Page 7: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

3

Junho de 2008

O presente trabalho tem por objetivo determinar a relevância e a viabilidade da

utilização de sistemas de aproveitamento de água pluviais para fins não-potáveis,

através de uma revisão bibliográfica sobre os maiores obstáculos e as grandes

vantagens da adoção e consolidação desta prática.

Com a recente cobrança pelo uso da água, grandes consumidores deste recurso,

como as indústrias alimentícias, já estão buscando fontes alternativas para

minimizar os gastos nos processos. Conseqüentemente, os grandes benefícios da

redução dos custos nas atividades domésticas despertarão a atenção da sociedade

em breve para a relevância dos sistemas de captação e aproveitamento de água de

chuva. Uma das finalidades da cobrança pelo uso da água é instituir um

comportamento adequado em temos de racionalização do uso desse recurso público

tão valioso.

Palavras-Chave: Sistemas de captação de água de chuva. Cisternas. Filtros.

Desenvolvimento sustentável. Redução de custos. Escassez.

Page 8: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

4

Junho de 2008

ABSTRACT

COLLA, L.L. Rainwater caption and reuse systems. 2008. Monograph (Graduation

in Environmental Engineering). São Paulo Estate University, Sorocaba, 2008.

Taking into account the gradual increase in demand of water resources - in terms of

raising levels of consumption and population growth - the search for alternative

sources has played key role in environmental management strategy to prevent a

likely scenario of scarcity.

The capture and exploitation of water from rain as additional resource and is a

practice that promotes the socio-economic growth of the population, presents itself

as an alternative to diversify the source of consumption, significantly reducing the

dependence on water surface, each increasingly affected by pollution.

In urban centers there is an important increase in financial investments with

treatment and transportation of water, mainly due to two factors: the significant

distance between the region of collection and the final destination of the appeal and

the exhaustion of the best sources, which results in use of water more polluted. In

addition, distribution networks of the urban centres, usually, are very long and old,

which provides considerable losses. As the small collection systems installed

rainwater next to the regions of consumption, the losses would be reduced

considerably

Aiming to not only the deployment but also the consolidation of techniques for use of

waters of rain is essential that both the advantages and the description of the

operational technique is accessible to all involved. That is, are fundamental moral

consent of both the technical and political determination to consolidate them .

This study aims to determine the relevance and viability of the use of systems for use

of rain water for not drinking purposes, through a literature review on the major

obstacles and the major advantages of consolidation and adoption of this practice.

Page 9: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

5

Junho de 2008

With the recent recovery of the use of water, large consumers of this resource, such

as food industries, are already seeking alternative sources to minimize spending in

the processes. Consequently, the major benefits of cost reduction activities in the

domestic will awakening the attention of the society soon to the relevance of systems

to capture and use of water from rain.

Keywords: Rainwater caption systems. Cistern. Filters. Sustainable development.

Costs minimization. Scarcity.

Page 10: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

6

Junho de 2008

Introdução

Ainda que a sobrevivência da espécie humana dependa da água, só

recentemente a Humanidade começou a refletir sobre o desenvolvimento e o

destino da água no planeta.

Assim sendo, atualmente, observa-se uma maior preocupação da sociedade em

relação à preservação dos recursos naturais. Dentre estes, a água representa um

dos mais valiosos recursos, sendo imprescindível para a vida na Terra. Além de

ser um recurso vital insubstituível, a água é um importante fator de produção para

muitas atividades, sendo primordial para que haja também crescimento

econômico e tecnológico.

Segundo Selborne (2001, pág.17) “A água, o símbolo comum da humanidade,

respeitada e valorizada em todas as religiões e culturas, tornou-se também um

símbolo da eqüidade social, pois a crise da água é, sobretudo, de distribuição,

conhecimento e recursos, e não de escassez absoluta”.

Os oceanos estão presentes em aproximadamente 2/3 da superfície do planeta

Terra. Cerca de 97,5% do volume total de água na Terra é de água salgada,

distribuída entre mares e oceanos. Apenas os 2,5% restantes são compostos por

água doce. Todavia, destes 2,5%, apenas 0, 007% encontra-se em locais de fácil

acesso para o consumo, como lagos, rios e na atmosfera (UNIÁGUA, 2006 apud

MARINOSK, 2007, pág.12). A maior parte de água doce existente no planeta se

distribui em áreas de difícil acesso, tais como aqüíferos (águas subterrâneas) e

geleiras. Entretanto, esta pequena porcentagem de água doce de fácil acesso

ainda representa um enorme volume de água o qual vem sendo utilizado a

milhares de anos para o consumo da maior parte da humanidade.Mesmo que o

planeta ainda disponha de uma grande quantidade de água doce, os recursos

hídricos já estão se tornando escassos em algumas regiões do mundo, nas quais

suprir a demanda de água já está se transformando uma dificuldade em função do

acelerado crescimento populacional.

De acordo com Selborne, (2001, pág.19) “A estatística mundial sobre a água está

se tornando familiar. Segundo o Conselho de Suprimento de Água e Serviços

Page 11: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

7

Junho de 2008

Sanitários, cerca de 1,4 bilhões de pessoas (25% da população mundial) ainda

não têm acesso ao fornecimento regular de água [...]”.

Embora toda a humanidade necessite de água, o acesso irrestrito e irracional a

água desejada não é um direito dos indivíduos. Diante da atual situação mundial,

é necessário que a sociedade comece garantindo uma priorização adequada do

acesso à água, que possibilite suprir às principais necessidades da humanidade,

assim como dos ecossistemas.

Visando exatamente esta urgente necessidade de priorização adequada do uso

da água, é que o tema captação de água pluvial voltou a ser discutido e

considerado nos dias atuais.

Diante deste cenário, o aproveitamento de água da chuva, um recurso natural

amplamente disponível na maioria das regiões do Brasil, se apresenta como uma

excelente alternativa que tem como objetivo prover a demanda da população em

relação ao uso de água para fins inicialmente não potáveis.

De fato, a captação de água de pluvial é uma ferramenta descoberta e

desenvolvida há muito tempo atrás que, todavia, foi sendo gradativamente

esquecida à medida que o sistema de água encanada se consolidou e expandiu-

se.

Usufruindo-se de recentes tecnologias que viabilizam a implantação do sistema,

atualmente vem-se tentando consolidar a prática de captação de água de chuva.

Sendo a água um recurso natural de valor econômico, estratégico e social, sujeito

à escassez, torna-se incoerente a destinação de água tratada para fins menos

nobres como lavar calçadas e carros, regar plantas e jardins, descarga de vasos

sanitários entre outros. Estas práticas comuns no país e muitas outras poderiam

ser facilmente realizadas com a água pluvial coletada dos telhados das

residências de cada indivíduo.

Em alguns casos, como na irrigação de jardins e em certos processos industriais,

esta substituição é realizada com vantagens, em função da composição química

da água de chuva.

Em função, principalmente, do representativo crescimento populacional, do

aumento e do padrão de consumo da população, a procura e o investimento em

Page 12: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

8

Junho de 2008

fontes alternativas de recursos naturais é considerada hoje uma necessidade

mundial.

Não há vida sem água, e àqueles a quem se nega a água nega-se a vida. De

acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), hoje, aproximadamente,

70 milhões de pessoas em 43 países sofrem com falta d´água e em 2025 estima-

se que cerca de 3 bilhões de pessoas. Entretanto, cada vez mais os padrões de

consumo estabelecem novas necessidades e, a maioria delas, está diretamente

relacionada com a utilização de água.

Outra questão significativa se refere à má distribuição populacional em função dos

recursos hídricos. De acordo com Ghisi (2006, apud MARINOSK, 2007, pág.12),

as regiões mais populosas são justamente as que possuem pouca água, por outro

lado onde há muita água ocorre baixo índice populacional. A título de

exemplificação, pode-se citar a Região Sudeste do Brasil, que apresenta um

potencial hídrico de apenas 6% do total do país, entretanto conta com 43% do

total de habitantes da nação, enquanto a Região Norte, que abrange a Bacia

Amazônica, possui aproximadamente 69% de água disponível, contando com

apenas 8% da população brasileira.

Outra questão relevante relacionada à captação das águas pluviais em cisternas

se refere à problemática das enchentes nos grandes núcleos urbanos. A

captação das águas pluviais em cisternas poderia diminuir consideravelmente o

volume de água lançado na rede pluvial e, desta forma, contribuiria para a

minimização das enchentes e suas graves conseqüências sócio-ambientais.

Existe também o grande índice de desperdício de água potável, resultante da falta

de conscientização de uma representativa parcela da população, do mau uso dos

aparelhos sanitários, bem como vazamentos nas instalações.

Diante deste panorama, é necessário conscientizar a humanidade que o uso

sustentável deste recurso natural é um dos alicerces para o desenvolvimento

humano.

Assim sendo, este estudo teve como objetivo o levantamento e o agrupamento de

práticas e tecnologias que viabilizam a eficaz utilização da água pluvial como

fonte alternativa deste recurso natural em áreas urbanas, através de estudos e de

práticas de gestão ambiental que aperfeiçoem o uso racional da água.

Page 13: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

9

Junho de 2008

Este levantamento, futuramente, poderá ser utilizado como base para a

elaboração e implementação de projetos voltados à gestão ambiental,

beneficiando não só a atual população, mas também as futuras gerações.

As metodologias utilizadas para a captação e armazenagem das águas de chuva

podem apresentar algumas variações, dependendo das características do local

onde são implantadas. Tais características incluem desde índices físicos, como o

potencial pluviométrico, até índices sócio-culturais, tais como formação cultural e

poder aquisitivo das pessoas envolvidas no processo.

É imprescindível que os fins da água resultante da captação, também estejam

coerentes com a qualidade e quantidade do recurso captado. Desta forma,

buscou-se a identificação das tecnologias de captação e aproveitamento de

águas de chuva mais próximas à realidade do país.

Objetivos

A1) Objetivo Geral

O objetivo geral do presente Trabalho de Graduação foi determinar a

relevância e a viabilidade da utilização de sistemas de aproveitamento de água

pluviais para fins não-potáveis.

A2) Objetivos específicos

Os objetivos específicos deste trabalho foram:

Realizar uma revisão bibliográfica do desenvolvimento e utilização dos

sistemas de captação e aproveitamento de água pluvial.

Levantar importantes legislações existentes no país sobre sistemas de

captação e aproveitamento de água de chuva.

Analisar a viabilidade das significativas variações nos sistemas de captação e

aproveitamento de água pluvial.

Page 14: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

10

Junho de 2008

Revisão Bibliográfica

B) A História do Aproveitamento de Água Pluvial

Dados históricos comprovam que, há muito tempo, técnicas de captação e o

aproveitamento de águas pluviais em sistemas particulares vêm sendo

empregados pela humanidade. Segundo Tomaz (2003 apud CARLON, 2005,

p.29) existe reservatórios escavados há 3.600 a.C. e a Pedra Moabita, uma das

inscrições mais antigas do mundo, encontrada no Oriente Médio e datada de

850 a.C., sugere que as casas tenham captação de água de chuva.

No palácio de Knossos, na Ilha de Creta, a aproximadamente 2000 a.C., a

água de chuva era aproveitada para descarga em bacias sanitárias (TOMAZ,

2005). A famosa fortaleza de Masada, em Israel, tem dez reservatórios

cavados nas rochas com capacidade total de 40 milhões de litros (TOMAZ,

2005). Já no Brasil, a primeira obra, localizada na ilha de Fernando de

Noronha, foi estabelecida pelos norte-americanos apenas no século XX, mas

precisamente em 1943 (NETTO, 1991, pág.44-48 aput CARLON, 2005,

pág.29).

De acordo com estudiosos, de maneira geral ao longo da história, destacam-se

duas grandes circunstâncias de aplicação para a captação e o aproveitamento

de água de chuva: regiões de significativa pluviosidade (prevenção para

minimização de cheias), e regiões de grande escassez, onde o objetivo é

reservar a água das estações chuvosas para garantir a sobrevivência durante a

estiagem. Assim sendo, de acordo com Gnadlinger (2000 apud CARLON,

1999, pág.29) a coleta e o aproveitamento da água de chuva tem sido uma

técnica muito comum em diversas regiões do mundo, principalmente em

regiões áridas e semi-áridas (Figura 1).

Page 15: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

11

Junho de 2008

Figura 1 – Regiões áridas do globo. Aproximadamente 30% da superfície da terra (Gnadlinger, 2000).

Modelos de captação e aproveitamento de águas pluviais surgiram de maneira

independente há milhares de anos e estão espalhados pelo mundo inteiro. A

China, por exemplo, utilizando técnicas de aproveitamento de água de chuva,

além de acabar com os obstáculos de abastecimento de água para a região,

trouxe benefícios sócio-econômicos para a população.

Nas últimas décadas do século XX, foi à vez da Índia descobrir e usufruir dos

benefícios das técnicas de captação de água de chuva. Foi através da

captação das águas pluviais que diversas cidades indianas deixaram de ser

meras importadoras de alimentos para se tornarem exportadoras. O centro

urbano indiano Gopalpura, situado em uma área propensa a secas, se

destacou nas práticas de captação de escoamento superficial e

progressivamente incentivou outras 650 cidades próximas a desenvolver

empenhos similares, resultando na elevação do nível do lençol freático,

rendimentos mais expressivos e mais estáveis provenientes das atividades

agrícolas, e redução das taxas de migração. Admirado com o sucesso da

experiência do uso de técnicas de captação de águas de chuva, o ministro

chefe do estado de Madhya Pradesh, ainda na Índia, repetiu a iniciativa em

7.827 cidades. O projeto atendia a quase 3,4 milhões de hectares de terra

entre 1995 e 1998 (WORLD WATER COUNCIL, 2000 apud CARLON, 2005).

Page 16: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

12

Junho de 2008

Em alguns países árabes - Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes, Iêmen,

Omã e Tunísia - onde a escassez de água é uma realidade, a captação e o

aproveitamento de águas pluviais são amplamente difundidos há milênios.

Nestes países utiliza-se o sistema de recarga de águas subterrâneas através

da construção de barragens que fazem parte de planos nacionais de

desenvolvimento (PETRY e BOERIU, 1998 apud CARLON, 2005).

Como demonstra a figura 2 abaixo, os Abanbars - tradicional sistema de

captação de água de chuva comunitário – podem ser facilmente localizados no

Irã. Há 2.000 anos existiu um sistema integrado de manejo de água de chuva e

agricultura de escoamento de água de chuva no deserto de Negev, hoje

território de Israel e Jordânia (GNADLINGER, 2000 apud CARLON, 2005).

Figura 2 – Abanbars, tradicional sistema de captação de água comunitário do Irã

(Gnadlinger, 2000 apud Carlon, 2005)

Em algumas regiões do Sri Lanka, embora exista um alto índice de precipitação

média no país, em função da sua variabilidade espacial, uma considerável

parcela da população sofre com a falta de água. Tradicionalmente, técnicas de

colheita de água de águas pluviais vêm sendo utilizadas por estas populações

para atender a usos domésticos, porém, a água não podia ser armazenada por

um longo período em função da deterioração de sua qualidade. A partir de

1995, um programa do governo federal foi iniciado para promover a construção

Page 17: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

13

Junho de 2008

de tanques de armazenamento de capacidade de 5.000 litros, providos de um

sistema de filtro, que garantia a qualidade adequada da água (ARIYABANDU

apud PALMIER apud CARLON, 2005).

Mais próximo do Brasil, destaca-se o México, considerado um país muito

abastado em antigas e tradicionais tecnologias de coleta de água da chuva,

datadas da época dos Astecas e Mayas. Ainda é possível verificar, as obras da

sociedade Maya, estabelecidas ao sul da cidade de Oxkutzcab. Nesta região,

no século X, realizava-se agricultura fundamentada no aproveitamento da água

de chuva. A água potável era fornecida por cisternas - com capacidade de

20.000 a 45.000 litros, chamadas Chultuns - aos habitantes que viviam nas

encostas (Figura 3 e 4).

Figura 3: Chultuns, cisternas em encostas com capacidade para 20.000 a 45.000 litros. (Gnadlinger, 2000 apud Carlon, 2005) e Figura 4: Chultuns, cisternas para

abastecimento subterrâneo. Fonte: http://www.islc.net/%7Elesleyl/chultun.html

Com um raio de quase 2,5 metros, estas cisternas eram escavadas no subsolo

calcário, revestidas com reboco impermeável. Acima delas havia uma área de

captação de 100 a 200 m2. Nos vales usavam-se outros sistemas de captação

de água pluvial, como aguadas (reservatórios de água de chuva cavados

artificialmente com capacidade de 10 a 150 milhões de litros) e aquaditas

(pequenos reservatórios artificiais para 100 a 50.000 litros). Estas aguadas e

aquaditas eram utilizadas para irrigar árvores frutíferas e bosques além de

fornecer água para o plantio de verduras e milho em pequenas áreas. Grande

quantidade de água era armazenada, garantindo-se água até para períodos de

seca inesperados (GNADLINGER, 2000 apud CARLON, 2005).

Page 18: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

14

Junho de 2008

De acordo com Gnadliger (2000 apud CARLON, 2005, pág. 31), uma das

causas do desaparecimento dos sistemas de coleta de pluvial na península de

Yucatan, hoje México, foram as lutas entre os variados povos indígenas,

principalmente a invasão espanhola no Séc. XVI.

Os colonizadores espanhóis introduziram outro sistema de agricultura, vários

animais domésticos, plantas e métodos de construção europeus, que não eram

adaptados à realidade cultural e ambiental de Yucatan (CARLON, 2005).

Acontecimentos similares causaram também o abandono da coleta e

aproveitamento de água pluvial na Índia. O excessivo interesse por tributos do

sistema colonial britânico obrigou a população a abandonar o sistema de coleta

de água comunitário dos vilarejos, resultando assim na falência de um sistema

centenário.

Durante os séculos XIX e XX, o progresso técnico atingiu os países

desenvolvidos em zonas climáticas moderadas e úmidas, extinguindo deste

modo a necessidade de captação e aproveitamento de água de pluvial.

Práticas de agricultura de zonas climáticas moderadas foram expandidas paras

as zonas climáticas mais secas em decorrência da colonização. Existiu

também uma ênfase na construção de grandes barragens, no desenvolvimento

do aproveitamento de águas subterrâneas, e em projetos de irrigação

encanada, com altos custos (CARLON, 2005). Estas são apenas alguns

motivos da abdicação das tecnologias de captação e aproveitamento de água

pluvial no decorrer dos anos. A relevância da retomada desta pratica pode ser

observada através de alguns acontecimentos internacionais.

Em 1994, na cidade americana de Austin, Texas, foi formada a Associação

Americana de Captação de Água da Chuva e em abril de 1998 foi criada a

Associação Japonesa (GONDIM, 2001 apud CARLON, 2005). Em 1999, por

ocasião da “9º Conferência Internacional de Sistemas de Captação de Água da

Chuva” e do “2º Simpósio Brasileiro sobre Sistemas de Captação de Água de

Chuva” realizados simultaneamente em Petrolina, foi criada a Associação

Brasileira de Captação e Manejo de Água da Chuva (ABMAC) (SICKERMANN,

2002 apud CARLON, 2005). O 6º Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de

Água de Chuva, cujo tema foi “Água de Chuva: Pesquisas, Políticas e

Desenvolvimento Sustentável”, foi realizado de 09 a 12 de julho de 2007, na

Page 19: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

15

Junho de 2008

cidade de Belo Horizonte, MG, e contou com a presença de mais de 160 (cento

e sessenta) participantes, dentre eles um palestrante e seis profissionais

estrangeiros, representantes de instituições governamentais, professores

universitários, pesquisadores, técnicos, empresários, estudantes e agricultores

e agricultoras, de diversos estados da Federação das regiões Nordeste,

Sudeste, Sul e Centro Oeste. O evento constou de mini-cursos, mesas

redondas, palestras e apresentação de artigos técnicos e científicos, além de

resultados de experiências práticas realizadas em todo país. Todas as

modalidades de apresentação foram seguidas de um extensivo debate. A partir

dos resultados apresentados e discutidos foi constatado significativo avanço no

conhecimento das potencialidades dos usos das técnicas de captação de água

de chuva no país, em geral, e, no Semi-Árido brasileiro, em particular.

De 21 a 23 de agosto de 2007 aconteceu em Sydney na Austrália a 13ª

Conferência Internacional sobre Sistemas de Captação e Manejo de Água de

Chuva. A entidade organizadora IRCSA - Associação Internacional de

Sistemas de Captação e Manejo de Água de Chuva - comemorou 25 anos de

atividade na promoção de água de chuva e escolheu a Austrália, o continente

mais seco, onde é difícil de conseguir água para beber. Por causa disso, a

água de chuva é usada desde os tempos da chegada do ser humano, 50 mil

anos atrás neste continente. Hoje, quatro milhões dos 20 milhões dos

habitantes tomam água de chuva diariamente e no estado da Austrália do Sul

são dois terços da população. Os sistemas de captação de água de chuva

normalmente são pequenos, descentralizados e possuídos pelos usuários.

Água de chuva é considerada como água de baixo risco de contaminação. O

tratamento, se necessário, é simples e deve ser aplicado não para o tanque

todo, mas antes de usar a água. O enfoque da conferência era a captação de

água de chuva em cidades. De 25 a 60 % da área das cidades é pavimentado,

o que leva a um rebaixamento do lençol freático contínuo e a uma elevação de

até seis graus de temperatura nas cidades. Nas cidades deve-se utilizar a água

de chuva, captando-a de telhados, para a recarga do lençol freático, aumento

da umidade do solo e para o manejo de enchentes. Em Sydney, por exemplo,

capta-se água de chuva de uma estação de estacionamento de carros em 30

cisternas de 20 mil litros e irriga-se o Jardim Chinês. A irrigação usa água

Page 20: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

16

Junho de 2008

demais dos rios. A indústria devia usar somente água reciclada. É preferível a

água de chuva à água de dessalinizadores, devido ao custo e por razões

ambientais (João Gnadlinger, ABCMAC).

C) Casos Recentes

Inúmeros modelos de aplicação de novas técnicas de captação e

aproveitamento de água pluvial podem ser encontrados em zonas urbanas no

continente europeu, principalmente na Alemanha. Inicialmente, estes sistemas

tinham como principal objetivo a minimização das freqüentes enchentes

urbanas, ocasionadas principalmente pela impermeabilização do solo.

Cerca de cinqüenta empresas européias são especializadas na fabricação de

equipamentos para coleta, filtragem e armazenamento da água pluvial. Só na

Alemanha, cerca de 100 mil sistemas de captação são instalados por ano,

sendo que a grande parte das novas construções adota o sistema e em alguns

municípios há incentivos por parte dos órgãos municipais (SICKERMANN,

2000 apud CARLON, 2005).

A Volkswagen AG, por exemplo, utiliza a água pluvial nas torres de

resfriamento em diversas unidades de produção na Alemanha e na Polônia,

suprindo 10% da demanda total. O Centro de Manutenção da Lufthansa-

Technik AG, em Hamburgo, na Alemanha, utiliza a água de pluvial

especialmente em serviços de lavagem de aeronaves e na seção de pinturas,

substituindo até 60% da demanda anteriormente suprida por água canalizada

(SICKERMANN, 2002 apud CARLON, 2005).

No ano de 2003, o projeto “Gol Verde” divulgado pela Alemanha, anfitriã da

Copa Mundial de Futebol em 2006, resultou em grandes esforços e

investimentos para minimizar ao máximo os impactos sobre o meio ambiente. A

captação da água de chuva foi apenas uma das ferramentas utilizadas no

grande evento esportivo, que objetivou suprir aproximadamente 20% do total

da demanda de água (CARLON, 2005).

Hoje, no Brasil, algumas empresas já perceberam a grande relevância que as

políticas sócio-ambientais exercem na manutenção e na expansão dos lucros

financeiros. Dentre estas políticas sócio-ambientais, destaca-se a captação e o

Page 21: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

17

Junho de 2008

aproveitamento de água pluvial, prática já adotada pela Ford do Brasil que em

alguns de seus processos internos.

Mais ao sul do país, em Ponta Grossa (PR), outra iniciativa chama a atenção.

Trata-se da maior produtora latino-americana de painéis de madeira, a

empresa chilena Masisa que com mais de um milhão de reais gastos em

investimentos, possui hoje um grande projeto de reutilização de águas pluviais.

Através do projeto, adota-se o aproveitamento da água em processos como

geração de vapor, diluição de resinas e limpeza de madeiras usadas no

processo de produção. Desta maneira, a água oriunda dos poços artesianos,

de melhor qualidade, seria destinada apenas para suprir o consumo humano

(GAZETA MERCANTIL, 2003 apud CARLON, 2005).

Figura 4 – Masisa, empresa chilena com reutilização de águas pluviais.

Integrando o Projeto Ecológico do plano de gestão ambiental da rede, a rede

Accor Hotéis desenvolveu no Hotel Íbis Paulínia, em São Paulo, técnicas de

aproveitamento de águas pluviais. O aproveitamento da água pluvial é

realizado paralelamente ao reuso da água de chuveiros e lavatórios nas

descargas dos vasos sanitários das unidades habitacionais, após ser

submetida a um tratamento de purificação. De acordo com os responsáveis, o

retorno do investimento para a reutilização das águas é de aproximadamente

um ano (HOTELNEWS, 2002 apud CARLON, 2005).

Page 22: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

18

Junho de 2008

O IPEC – Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado - é uma organização

estabelecida em Pirenópolis, Goiás, para desenvolver oportunidades de

educação e referências em sustentabilidade para o Brasil. O Ecocentro IPEC

mantém um centro de referência em que desenvolve soluções práticas para os

problemas atuais das populações brasileiras, incluindo estratégias de habitação

ecológica, saneamento responsável, energia renovável, segurança alimentar,

cuidado com a água e processos de educação de forma vivenciada

(ECOCENTRO, 2008).

O Ecocentro IPEC é totalmente responsável por toda a água que consome e

toda a água utilizada para o consumo humano vem da chuva. A água é

coletada dos telhados através das calhas, e, depois de filtrada, é armazenada

em tanques de ferrocimento onde fica estocada para o consumo por todo o

período da seca (ECOCENTRO, 2008).

Há cerca de seis anos, a instituição Escola Viva, que atende crianças da

Educação Infantil ao Ensino Fundamental, localizada na zona sul da capital,

colocou em prática os princípios ambientais e inaugurou o primeiro prédio

ecológico do Brasil. O edifício, situado no Itaim, foi construído de maneira que

os recursos naturais fossem aproveitados sem causar impacto ambiental. O

projeto engloba um grande coletor de água pluvial no telhado (KERR, 2003,

apud CARLON, 2005). A água de chuva, depois de passar por um pequeno

tratamento é usada nas descargas dos banheiros, na lavagem do pátio e para

regar o jardim (CAMPANILI, 2003 apud CARLON, 2005). A iniciativa foi

destaque nacional, ganhou o Prêmio Máster Imobiliário de 2001 e foi baseada

em processos ecológicos auto-sustentáveis (NA VERDE, 2003 apud CARLON,

2005).

O atual surgimento de Leis que tratam da captação de água da chuva para a

minimização de cheias em várias regiões do país, vem difundindo e valorizando

os sistemas de captação e aproveitamento de água de chuva.

É cada vez mais amplo o número de iniciativas e projetos voltados à captação

e aproveitamento de águas pluviais, visando, não só as reduções dos custos,

mas também a valorização dos recursos naturais.

Page 23: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

19

Junho de 2008

Desde 2001, uma idéia simples, implantada no Centro de Técnicas de

Construção Civil (CTCC) da Escola Politécnica da USP (Universidade de São

Paulo), vem mostrando resultados eficientes na conservação de água potável.

Trata-se de um sistema de coleta e aproveitamento de água de chuva para

consumo não potável em edificações. O objetivo é coletar e armazenar água

para ser utilizada na limpeza de vasos sanitários, irrigação de jardins, limpeza

de calçadas e pátios, lavagem de veículos, etc.

O sistema é composto, basicamente, por um coletor automático de amostras

seqüenciais de água de chuva e por três caixas d'água com capacidade para

500 litros cada uma. Após obter a água das chuvas com o coletor automático,

as amostras são levadas ao Instituto Adolfo Lutz onde são analisadas. A água

armazenada nos reservatórios destina-se a fazer a alimentação de dois vasos

sanitários do CTCC. De acordo com especialistas, estima-se que em uma

residência, por exemplo, cerca 35% do consumo total é utilizado em um único

vaso sanitário (Luiz Rafael Palmier, UFMG/Agência USP).

O aproveitamento da água de chuva também já é reconhecido um componente

importante para uma nova vertente da construção civil brasileira, o edifício que

engloba conceitos ecológicos. De acordo com a arquiteta Cláudia Andrade, da

empresa Saturno - Planejamento, Arquitetura e Consultoria, “Ao contrário do

que se imagina, a arquitetura ecológica não é um retorno às soluções

primitivas, mas sim a conjugação de recursos tecnológicos e naturais

admirados, sem ferir o ambiente e sem desperdiçar materiais, visando sempre

à otimização da qualidade de vida”. Assim sendo, o edifício ecológico é aquele

com projeto de arquitetura inteligente, que contempla um posicionamento

correto do edifício no terreno, tratamento das fachadas para controle do nível

de insolação e tratamento de materiais, utilizando sempre os recursos

tecnológicos quando os naturais não forem suficientes. Um dos fatores que

podem tornar um edifício ''verde'' é a gestão das águas que possibilite a

reutilização ou captação das águas das chuvas para uso em irrigação de

jardins e limpeza dos pisos. No Brasil, um exemplo recente é a nova sede do

BankBoston - projeto da Skidmore, Owings & Merrill LLP (SOM) e do escritório

do arquiteto Júlio Neves - é o primeiro edifício brasileiro a se encaixar

totalmente nos conceitos de “green building” (prédio verde). Proporcionando

Page 24: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

20

Junho de 2008

total conforto aos seus usuários, o empreendimento conta com sistema de ar-

condicionado que opera com gás de refrigeração; sistema de filtragem dupla

para renovação do ar interno; estação de tratamento que recupera as águas

residuais encontradas no solo; sistema de captação das águas pluviais,

amenizando os picos de cheias na região; lâmpadas de baixo consumo e

menor emissão de calor sem prejuízo do rendimento luminotécnico; fachadas

com vidros duplos de baixa emissividade; além de outros programas ainda em

fase de instalação, como reciclagem de lâmpadas, pilhas e baterias.

D) Legislação

Em algumas regiões do Globo, observa-se uma realidade bem diferente da

atual situação vivida no Brasil. Incentivos financeiros, como financiamentos, já

são oferecidos na Califórnia, Alemanha e Japão para a construção de sistemas

de captação de água pluvial. A pioneira cidade-estado alemã a instalar

sistemas de aproveitamento de água pluvial, foi Hamburgo, onde o governo

concedia cerca de US$ 1.500,00 a US$ 2.000,00 aos indivíduos que

aproveitasse a água pluvial. Segundo Tomaz (2003) em alguns centros

urbanos da Alemanha os usuários de águas de chuva são obrigados a

comunicar ao serviço de água municipal a quantidade estimada de água de

chuva que está sendo utilizada e os fins a que se destina. Em alguns casos

poderá ser cobrada a tarifa de esgoto sanitário.

Yamagata et al, (2002 apud CARLON, 2005) cita que no Japão o consumo de

água não potável em um edifício é de aproximadamente 30%. O regulamento

do governo metropolitano de Tokyo de 1984 obriga que todo prédio com área

construída maior que 30.000m2 ou quando o consumo do prédio for maior que

100m3/dia de água potável, que seja feito o aproveitamento da água de chuva

e/ou reuso dos esgotos sanitários (TOMAZ, 2005).

No Brasil, na cidade de São Paulo, a Lei Municipal nº13. 276, aprovada em 04

de janeiro de 2002, torna obrigatória a construção de reservatório para as

águas coletadas por coberturas e pavimentos nos lotes, edificados ou não, que

tenham área impermeabilizada superior a 500m2, como medida para a

diminuição de enchentes. A lei obriga a construção dos reservatórios para o

Page 25: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

21

Junho de 2008

armazenamento de águas de chuvas como condição para o Certificado de

Conclusão da Obra. A Lei municipal empregar como fórmula para o cálculo da

capacidade do reservatório a seguinte equação:

V = 0,15 × Ai × IP × t

Onde:

V = volume do reservatório (m3)

Ai = área impermeabilizada (m2)

IP = índice pluviométrico igual a 0,06 m/h

t = tempo de duração da chuva (em horas)

De acordo com a legislação, também é permitido, que a água do reservatório

seja despejada na rede pública de drenagem após uma hora de chuva, infiltrar-

se no solo ou ser conduzida para outro reservatório para ser utilizada para

finalidades não potáveis (SÃO PAULO, 2002 apud CARLON, 2005).

Já a nível estadual, desde 2 de janeiro de 2007, tornou-se obrigatória a

implantação de sistema para captação e retenção de águas pluviais coletadas

por telhados, coberturas, terraços e pavimentos descobertos, em lotes

edificados ou não, que tenham área impermeabilizada superior a 500 m² no

Estado de São Paulo. É o que determina a Lei estadual 12.526/2007,

promulgada pela Assembléia Legislativa para a prevenção de enchentes. Para

obrigar à implantação do sistema, as aprovações e licenças para os

parcelamentos e desmembramentos do solo urbano, os projetos de habitação,

as instalações, as obras e outros empreendimentos ficam condicionados à

obediência ao disposto na lei.

O sistema de captação deve ser constituído de condutores e reservatório, com

a capacidade aferida de acordo com o cálculo fixado no artigo 2º da lei. No

caso de estacionamentos, 30% da área devem ser reservados para drenagem,

Page 26: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

22

Junho de 2008

seja sem piso, seja com o uso de pisos drenantes. A lei permite três destinos

para a água reservada: infiltração no solo; despejo na rede pública depois de

uma hora de chuva; e utilização para finalidades não potáveis, em edificações

que tenham instalações desse tipo (água de reuso, para regar jardins ou lavar

pisos, por exemplo) (Adriano Diogo, UNIAGUA).

Em 1997, através de um Projeto de Lei apresentado pelo vereador Adriano

Diogo, com a consultoria técnica do matemático Elair Antônio Padin, surgiu a

Lei nº 13.276 de São Paulo, a qual só vale para as edificações erguidas depois

da aprovação da mesma (MAGALHÃES, 2001 apud CARLON, 2005). Esta Lei

ficou conhecida como “Lei das Piscininhas”, em analogia aos reservatórios de

detenção já existentes na cidade, chamados de piscinões. Piscinão é uma

barragem utilizada para conter as enxurradas na época das chuvas fortes, o

qual funciona como um freio onde a água da chuva entra por uma abertura

maior e sai por uma menor, diminuindo a vazão (CARLON, 2005).

Já uma iniciativa diferente, surgiu no centro urbano de Santo André (SP). Neste

município a Lei Municipal nº 7.606, de 23 de dezembro de 1997 regulamenta a

cobrança de taxa referente ao volume de água lançado na rede de coleta de

água de chuva do município. Através do índice pluviométrico médio mensal do

município e da área coberta de cada imóvel, calcula-se o volume, de acordo

com a expressão numérica abaixo:

TD = p × V

Onde:

TD = taxa de drenagem (em unidade monetária vigente)

P = custo médio mensal, por m3 do sistema de drenagem

(em unidade monetária vigente)

V = volume lançado pelo imóvel (m3)

Page 27: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

23

Junho de 2008

O valor de “V” é calculado com base no coeficiente de impermeabilização, do

índice pluviométrico e da área coberta do imóvel (SANTO ANDRÉ, 1997 apud

CARLON, 2005).

No Código de Obras do Município de Guarulhos, a Lei nº 5617/97, traz no seu

“Apêndice A” a Lei referente aos reservatórios de detenção, definindo o

dimensionamento do reservatório de acordo da área do lote e possibilitando a

reutilização da água pluvial armazenada nestes reservatórios para a irrigação

de jardins, lavagens de passeio ou a sua utilização como água industrial. Já o

“Apêndice B” desta mesma Lei regulamenta o método não tradicional de

detenção em lotes exibindo uma planilha para o cálculo do dimensionamento

destes reservatórios (GUARULHOS, 2001 apud CARLON, 2005).

Cerca de 100 km da capital, na cidade de Campinas, existe o Projeto de Lei nº

204/02 que obriga a execução de reservatório para as águas coletadas por

coberturas e pavimentos nos lotes, edificados ou não, que possuam área

impermeabilizada superior a 500 m2. Neste caso, a fórmula adotada para o

dimensionamento da cisterna é a seguinte:

V = Ai × IP

Onde:

V = volume do reservatório (m3)

Ai = área impermeabilizada (m2)

IP = índice pluviométrico igual a 80 mm.

Esta iniciativa previa um prazo de até dois anos para que as edificações ou

lotes construídos ingressem no modo de captação proposto. Mais uma vez,

este projeto de Lei também foi orientado com base na proposta de Elair Antônio

Padin, que certificou o registro do projeto em Marcas e Patentes sob nº PI

9705539-5 (CAMPINAS, 2003 apud CARLON, 2005).

Page 28: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

24

Junho de 2008

Também na região sudeste, no município do Rio de Janeiro foi publicado no

Diário Oficial do Município o Decreto nº 23.940 que condiciona o recebimento

do habite-se à construção de reservatórios para captar água pluvial, requisição

que se aplica a prédios residenciais que tenham mais de 50 apartamentos e

também para imóveis com mais de 500 m2 de área impermeabilizada (SECOVI,

2004 apud CARLON, 2005). Um diferencial importante é que o decreto proíbe

qualquer comunicação entre o sistema de água pluvial com o de água potável

para evitar contaminação. Os locais descobertos para estacionamento ou

guarda de veículos para fins comerciais deverão ter 30% de sua área com piso

drenante ou área naturalmente permeável (GAZETA MERCANTIL, 2004 apud

CARLON, 2005).

A Lei nº 1620 de 23 de dezembro de 1997, do município de Niterói-RJ, que

determina as disposições relativas à aprovação de edificações residenciais

unifamiliares, institui no seu Artigo 19 a taxa de impermeabilização máxima de

90% para as edificações localizadas na Zona Urbana. De acordo com o § 2º,

estão liberadas da exigência de taxa de impermeabilização as edificações que

oferecerem soluções de acumulação e/ou aproveitamento de águas pluviais

(NITERÓI, 1997 apud CARLON, 2005).

No Plano Diretor de Praia Grande-SP, de 26 de dezembro de 1996, no Art. 79

que trata da drenagem urbana está definido que deverá ser dada especial

atenção “à proposição de medidas não estruturais que garantam a redução dos

picos de cheia, entre as quais se destaca a criação de incentivos, no caso de

obras particulares, e a adoção no caso de obras públicas, de maiores índices

de permeabilidade do solo e/ou de implantação de cisternas para retenção das

águas de chuva passíveis de utilização para rego e lavagem de pisos e

calçadas” (PRAIA GRANDE, 1996).

Outro Plano Diretor de destaque foi o Plano Diretor de Drenagem para a

Região de Curitiba da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos

Hídricos e Saneamento Ambiental do Paraná (SUDERHSA), que introduziu um

novo conceito em matéria de drenagem, partindo do princípio de que as

grandes galerias pluviais não comportam todo o volume de água das chuvas

torrenciais, e transformou em Leis municipais as propostas de implantação de

Page 29: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

25

Junho de 2008

sistemas para captação de águas de chuva (RANGEL, 2001 apud CARLON,

2005).

No Brasil, a cidade de Curitiba, é reconhecida como a precursora das soluções

que buscam o equilíbrio entre o desenvolvimento urbano adequado e a

conservação e preservação do meio ambiente. Inicialmente, em 11/07/95,

editou a Lei 8681, a qual dispõe sobre a instalação de Postos de

Abastecimento de Combustível e Serviços e determina a obrigatoriedade em

executar medidas preventivas de proteção ao meio ambiente, especialmente

no sistema de armazenamento de combustíveis, e em seu Art. 9 º estabelece

que: "Os estabelecimentos que executarem lavagem de veículos, deverão

possuir uma cisterna para captação das águas pluviais, as quais deverão ser

utilizadas nos serviços de lavagem, ficando seus prazos e parâmetros a serem

definidos em legislação específica" (CURITIBA, 1995). Já, há

aproximadamente cinco anos, o município de Curitiba-PR, através da Lei nº

10.785/03 de 18 de setembro de 2003, criou também o reconhecido Programa

de Conservação e Uso Racional de Água nas Edificações – PURAE, o qual

visava incentivar à conservação, uso racional e utilização de fontes alternativas

para captação de água nas novas edificações, bem como a conscientização

dos usuários sobre a importância da conservação da água. O Art. 7º se destina

às praticas de captação e aproveitamento de água pluvial, determinando que

as águas das chuvas sejam captadas nas coberturas das edificações e

direcionadas a uma cisterna ou tanque, a fim de serem destinadas a atividades

que não exijam o uso de água tratada, proveniente da rede pública de

abastecimento, tais como: a) rega de jardins e hortas; b) lavagem de roupa; c)

lavagem de veículos; d) lavagem de vidros, calçadas e pisos.

Também inspirado pela aprovação do projeto de Lei de Curitiba, foi

apresentado em 25 de setembro de 2003 o Projeto de Lei nº 2003000158 de

autoria do vereador Clécio Alves, em Goiânia - GO, que estabelece um

programa de reaproveitamento de águas provenientes de lavatórios, banheiros,

chuvas e dá outras providências (GOIÂNIA, 2003 apud CARLON, 2005). O

projeto defende que as águas de reuso sejam utilizadas em descargas de

vasos sanitários e mictórios e que a própria prefeitura de Goiânia ofereça

Page 30: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

26

Junho de 2008

orientação técnica e que conceda incentivos aos donos de habitações que se

inscreverem no programa para realizar as adaptações de seus imóveis.

Existem espalhados por todo o Brasil, diversos estudos e até minutas de Lei

que almejam obrigar condomínios residenciais, industriais e comerciais a

armazenar a água pluvial a fim de conter as freqüentes e dispendiosas

enchentes nos centros urbanos. Observa-se também o empenho na

elaboração de eficientes normas referentes à quantia do terreno que deverá

não deverá ser impermeabilizada, a fim de favorecer a infiltração da água no

solo e a conseqüente recarga dos reservatórios subterrâneos.

A ausência de uma legislação técnica especifica para o reuso de água pluvial

no país se apresenta com um dos maiores obstáculos para a aprovação dos

projetos de Lei relacionados ao aproveitamento de água de chuva, pois resulta

em um cenário de grande dificuldade em relação ao estabelecimento dos

parâmetros para a sua regulamentação.

No momento, os estudiosos do assunto se encontram divididos. Uma parcela

dos pesquisadores defende que os parâmetros exigidos para fins não potáveis

para os quais a água pluvial seria empregada poderiam ser os mesmos

empregados para os testes de balneabilidade. Entretanto, existe uma outra

vertente de pesquisadores que afirmam que poderiam ser seguidas as normas

estabelecidas para reuso de esgoto doméstico ou com características similares

estabelecidas na NBR (Norma Brasileira) 13969:1997 que abordam do reuso

local. Esta norma determina que o esgoto tratado deva ser reutilizado para fins

que exigem qualidade de água não potável, mas sanitariamente segura, tais

como irrigação dos jardins, lavagem dos pisos e de veículos automotivos,

descarga de vasos sanitários, manutenção paisagística dos lagos e canais com

água, irrigação dos campos agrícolas e pastagens (ABNT, 1997).

A tabela a seguir, define, de acordo com a NBR 13969:1997, as seguintes

classificações e respectivos valores de parâmetros exigidos, conforme o reuso:

Page 31: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

27

Junho de 2008

Tabela 1 – Classificação das águas de reuso

USOS PARÂMETROS TRATAMENTO

Classe 1

Lavagem de carros e outros usos que requerem o

contato direto do usuário com a água, com possível

aspiração de aerossóis pelo operador, incluindo

chafarizes.

Turbidez inferior a cinco; coliforme fecal inferior a

200 NMP/100mL;

Sólidos dissolvidos totais inferior a 200mg/L; pH entre 6,0 e 8,0; cloro

residual entre 0,5 mg/L e 1,5 mg/L.

São geralmente necessários

tratamento aeróbio seguido por filtração

convencional e cloração

Classe 2

Lavagem de pisos, calçadas e irrigação de jardins,

manutenção de lagos e canais para fins

paisagísticos, exceto chafarizes.

Turbidez inferior a cinco;

Coliforme fecal inferior a 500NMP/100mL;

Cloro residual superior a 0,5mg/L.

É satisfatório um tratamento biológico aeróbio seguido de filtração de areia e

desinfecção. Pode-se também substituir a

filtração por membranas filtrantes.

Classe 3 Reuso nas descargas dos

vasos sanitários.

Turbidez inferior a 10; coliformes fecais inferiores a 500 NMP*/100mL.

Tratamento aeróbio seguido de filtração e

desinfecção.

Classe 4

Irrigação de pomares, cereais, forragens,

pastagens para gados e outros cultivos através de escoamento superficial ou por sistema de irrigação

pontual.

Coliforme fecal inferior a 5000 NMP/100mL e

oxigênio dissolvido acima de 2,0 mg/L

• NMP: Número Mais Provável. Técnica de quantificação de coliformes totais e fecais.

De acordo com o Ministério da Saúde, a Portaria nº 1.469, de 29 de dezembro

de 2000, estipula os procedimentos e responsabilidades relativas ao controle e

vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de

potabilidade. Esta Portaria dispõe também sobre as soluções alternativas de

abastecimento de água para consumo humano no item III, do Capítulo II de seu

Anexo: norma de qualidade da água para consumo humano. Todavia, no o uso

da água pluvial para consumo humano só deve ser uma opção a ser

considerada em casos onde o fornecimento de água tratada não supre a

Page 32: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

28

Junho de 2008

demanda, como ocorre na região do semi-árido nordestino (BRASIL, 2001

apud CARLON, 2005).

A coleta e aproveitamento da água de chuva também estão sendo tema de

normatização da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que está em fase

de elaboração das normas para Captação e Uso Local de águas Pluviais, a

qual está sendo feita em conjunto com as normas de Uso Racional de Águas –

Métodos e Processo Educativo e com as normas de Reuso de Efluentes do

Sistema de Tratamento Local de Esgotos. A Comissão de Estudos da ABNT

está utilizando como referência o a norma alemã DIN 1989-1 do Deutsches

Institut für Normung e.V, aprovada em abril de 2002 e que trata de sistemas de

aproveitamento de águas pluviais: parte 1 – planejamento, execução, operação

e manutenção (DIN, 2002).

E) Tecnologias de Aproveitamento de Água Pluvial

A atual realidade dos recursos naturais no mundo, especialmente dos recursos

hídricos, varia consideravelmente de região para região. Entretanto, diversos

países já se vivem uma situação desafiadora, onde o consumo supera a

quantidade de água disponível. Mesmo em algumas regiões, onde a

disponibilidade de água é ampla, a ausência de um manejo adequado destes

recursos pode resultar em escassez no período de estiagem.

A ampliação do consumo doméstico e industrial de água, segundo Petry apud

Palmier apud Carlon (2005), sugere que os recursos hídricos superficiais e

subterrâneos deverão ser aproveitados de um modo mais efetivo e as soluções

exigem uma visão mais integrada da gestão de recursos hídricos. Este autor

acredita que o aumento da água disponível por ampliação da capacidade de

armazenamento seja um recurso indispensável para a problemática da

escassez. Uma alternativa utilizada em diversos locais baseia-se na

implantação de grandes barragens que, todavia, gera altos investimentos

econômicos e relevantes impactos ambientais, fato que vem acarretando na

diminuição na taxa de construção dessas obras. Assim sendo, pequenas

barragens, armazenamento de água em regiões pantanosas, recarga de

aqüíferos, tecnologias tradicionais de armazenamento em pequena escala e

Page 33: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

29

Junho de 2008

métodos de colheita de precipitações e vazões de água em cursos

intermitentes são algumas opções recomendadas.

Obviamente, existem hoje, diversas maneiras de superar os problemas

relacionados com a escassez de água, entretanto, grande parte destas

ferramentas ainda exige um elevado grau de investimento técnico-financeiro e

resulta em grandes conseqüências ambientais. Desta maneira, aparentemente,

apenas as nações mais desenvolvidas possuem condições de enfrentar a

problemática da escassez, usufruindo-se de métodos como a transposição de

bacias e construção de grandes reservatórios. Logo, os países em

desenvolvimento, ainda se apresentam como os mais vulneráveis ao problema

de falta de água, uma vez que raramente dispõem de condições econômicas

para mudar suas características de desenvolvimento.

Devido aos grandes obstáculos enfrentados para suprir o consumo humano de

água, os estudos e os investimentos nas técnicas de captação e

aproveitamento de água pluvial foram retomados e conseqüentemente as

técnicas de captação de água de chuva se diversificaram. Desta maneira, tanto

as nações desenvolvidas, como as nações em desenvolvimento, hoje, podem

utilizar técnicas alternativas de aproveitamento de água. Os princípios,

procedimento de construção, uso e manutenção estão disponíveis e existem

muitas opções distintas, podendo ser adequados às diferentes necessidades e

disponibilidade econômica.

Conhecidas atualmente com técnicas de gestão de águas de chuva, as

tradicionais técnicas de aproveitamento de água pluvial evoluíram em muitos

aspectos através, por exemplo, da utilização de recentes tecnologias e

materiais modernos. De acordo com Petry apud Palmier apud Carlon (2005) as

técnicas mais representativas da gestão das águas de chuva são: aumento da

precipitação, redução de evaporação, captação de água da chuva, captação de

água de escoamento superficial, recarga artificial de águas subterrâneas,

conservação da umidade em solos e gestão da água de chuva para a

agricultura; sendo que as duas primeiras técnicas têm aplicação muito limitada.

(CARLON, 2005)

Page 34: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

30

Junho de 2008

De acordo com Barros (2000, apud CARLON, 2005) e com o depoimento dos

usuários da unidade demonstrativa instalada no município de Sete Lagoas, de

fato, a construção de pequenas barragens superficiais de até 2,5 metros, de

forma sucessiva em encostas, de forma a conter enxurradas e elevar a recarga

das reservas subterrâneas assegura a elevação do nível d’água verificado nas

cisternas (PALMIER, 2001 apud CARLON, 2005). Para que um sistema de

captação de água de chuva funcione, é necessário um planejamento do

mesmo, o qual envolve uma relação entre a área de captação e o volume a

armazenar. Através desta relação, é possível reservar um suprimento viável

que possibilita ao usuário desenhar a opção menos cara.

Basicamente, a viabilidade da implantação de sistema de captação e

aproveitamento de água de chuva depende do índice de precipitação do local,

da área de captação e da demanda de água. Entretanto, as condições

ambientais locais, clima, fatores econômicos, finalidade e usos da água,

também devem ser considerados para a elaboração de um eficiente projeto.

Dependendo da quantidade de água que se deseja drenar, a área de captação

pose ser o próprio solo (macro-drenagem) ou a área de telhado nos sistemas

particulares (GONDIM, 2001 apud CARLON, 2005). Na macro-drenagem

observa-se uma retenção de um grande volume de água quando o fluxo se

apresenta bastante intenso. Entretanto, apresenta três grandes desvantagens:

exige prévio tratamento da água, sua implantação exige altos investimentos

financeiros e ocupa uma considerável área urbana. O lago do Parque Barigüi, o

qual derrama a água no rio Barigüi, em Curitiba, e se apresenta como um

grande acumulador de água é um exemplo de macro-drenagem envolvendo

grandes bacias de retenção (RANGEL, 2001 apud CARLON, 2005).

Tanto o sistema de abastecimento de água pluvial pode ser complementado

por sistemas de aproveitamento de diferentes fontes, como ele mesmo pode

complementar estes diferentes sistemas, evitando desta maneira, a

dependência de uma única fonte. A utilização de água pluvial diminui não só o

gasto com energia, mas também os gastos relativos ao tratamento em

sistemas com dupla fonte (NETTO, 1991 apud CARLON, 2005).

Page 35: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

31

Junho de 2008

Desta maneira, as águas pluviais podem ser utilizadas como manancial

abastecedor, sendo armazenada em cisternas, as quais são definidas como

reservatórios, que acumulam a água pluvial coletada na superfície dos telhados

das edificações, ou a que escoa pelo terreno. De maneira geral, as cisternas

possuem grande aplicação em regiões de grande pluviosidade ou em caso de

relevante escassez para consumo humano, como o sertão nordestino. Outra

técnica de captação e aproveitamento de água de chuva se baseia na captação

em pátios ou em áreas inclinadas guarnecidas com lajes de concreto e o

armazenamento em tanques subterrâneos, como ocorre na nação Chinesa. Na

China, esta água se destina à irrigação de culturas comercializáveis como

verduras, ervas medicinais, flores e árvores frutíferas (GNADLINGER, 2000

apud CARLON, 2005).

Represas cavadas manualmente na rocha são encontradas em certas regiões

semi-áridas, onde a água é geralmente usada para os animais. As paredes das

barragens subterrâneas - armazenam a água do escoamento para uso

posterior - são construídas para baixo da superfície do chão em solo raso, em

direção ao subsolo cristalino impermeável. Desta maneira estas represas

captam a água de escoamento de uma grande área natural de captação

superficial (GNADLINGER, 2000 apud CARLON, 2005).

Segundo May (2004 apud CARLON, 2005), os sistemas de coleta e

aproveitamento de água de chuva em edificações são formados por quatro

componentes básicos: áreas de coleta; condutores; armazenamento e

tratamento. Na figura abaixo, tem-se um sistema de captação e aproveitamento

de água pluvial, no qual a água é coletada pela superfície do telhado e

armazenada em uma cisterna após passar por um processo de filtragem.

Page 36: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

32

Junho de 2008

Figura 5 – Esquema de funcionamento de sistema aproveitamento de água de chuva

(BELLA CALHA, 2007).

O funcionamento de um sistema de coleta e aproveitamento de água de pluvial

consiste de maneira geral, na captação da água da chuva que cai sobre os

telhados ou lajes da edificação. A água é conduzida até o local de

armazenamento através de calhas, condutores horizontais e verticais,

passando por equipamentos de filtragem e descarte de impurezas. Em alguns

sistemas é utilizado dispositivo desviador das primeiras águas de chuva. Após

passar pelo filtro, a água é armazenada geralmente em reservatório enterrado

(cisterna), e bombeada a um segundo reservatório (elevado), do qual as

tubulações específicas de água pluvial irão distribuí-la para o consumo não

potável, tais como nos vasos sanitários, máquina de lavar roupas e torneira do

jardim. A água da chuva é armazenada separadamente da água da rede de

distribuição (CARLON, 2005).

Page 37: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

33

Junho de 2008

Figura 6 - Desviador das águas das primeiras chuvas com válvula de desvio horizontal

(SAFERAIN, 2007 apud MARINOSKI, 2007).

Figura 7– Desviador das águas das primeiras chuvas com válvula de desvio vertical

(SAFERAIN, 2007 apud MARINOSKI, 2007).

Como já foi citado anteriormente, existem muitas variações técnicas e

financeiras para os sistemas de captação e aproveitamento de água de chuva.

Sistemas mais simples podem ser elaborados a fim de minimizar os custos de

implantação. Cada sistema e cada material utilizado devem ser adaptados para

cada situação.

Page 38: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

34

Junho de 2008

As calhas utilizadas para captar a água do telhado variam muito no tipo de

material, desde os mais específicos até materiais alternativos comumente

usados no semi-árido como canos de PVC cortados ao meio, folhas de zinco,

como mostra a figura 9, dobradas em forma de “L”, até latas de óleo ou

madeira (GNADLINGER, 1999 apud CARLON, 2005).

Figura 8 – calha de concreto foi demolida e substituída por uma calha de zinco apoiada em suportes apropriados nas respectivas lajes. Fonte: PICASA, 2008.

Calhas de alumínio, metal galvanizado (pintado ou esmaltado com tintas não

tóxicas) ou de plástico (PVC), que possuem uma tela fina cobrindo a sua

abertura para separar as folhas, gravetos e outros materiais depositados no

telhado no período entre chuvas, já são utilizadas em sistemas mais

elaborados e dispendiosos. Alumínio e metal galvanizado são recomendados

por sua resistência à corrosão, sendo as calhas de plástico mais baratas e com

bom desempenho para áreas de telhado pequenas (GONÇALVEZ, 2001 apud

CARLON, 2005). É recomendado que as calhas sejam fabricadas com

materiais inertes, como PVC ou outros tipos de plásticos, evitando assim, que

partículas tóxicas provenientes destes dispositivos venham a ser levadas para

os tanques de armazenagem (MACOMBER, 2001 apud CARLON, 2005).

Outros exemplos de materiais utilizados em áreas de captação de água de

chuva são: superfícies de concreto, cerâmicas, policarbonato e fibra de vidro.

Page 39: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

35

Junho de 2008

É importante ressaltar que, de acordo com o Projeto de Norma Brasileira de

“Aproveitamento de água de chuva para fins não potáveis em áreas urbanas”,

as calhas e os condutores horizontais e verticais devem atender a ABNT NBR

10844. Também deve ser instalado no sistema, um dispositivo para descarte

da água de escoamento inicial, de preferência, automático, o qual na falta de

dados, recomenda-se uma dimensão de no mínimo 2 mm. Conforme ABNT

NBR 12213, o Projeto da Norma também exige a instalação de dispositivos

para remoção de detritos, como por exemplo, grades e telas.

Já existe no mercado materiais específicos para a prática da captação de água

de chuva. O sistema de aproveitamento de água Acqua Save, por exemplo,

consiste em substituir o uso de água tratada para fins não potáveis. O Acqua

Save é fabricado no Brasil também pela Bella Calha, que utiliza tecnologia

alemã desenvolvida pela 3P Technik, tradicional empresa européia no setor. O

sistema é constituído por cinco peças básicas, e pode ser encontrado nas

versões industrial ou residencial. O Kit Residencial, por exemplo, prevê a

utilização do telhado e calhas como captadores da água de chuva, que é

dirigida para um filtro autolimpante e levada para uma cisterna ou tanque

subterrâneo. Para essa finalidade, tem-se modelo exclusivo de cisterna que

forma com o filtro um conjunto eficiente e simples de instalar, mesmo sob a

terra. Para evitar que a sedimentação do fundo da cisterna se misture com a

água, esta é canalizada até o fundo, onde por meio de um "freio d'água" ela

brota sem causar ondulações. Estocada ao abrigo da luz e do calor, a água se

mantém livre de bactérias e algas. Uma outra parte do sistema cuida de sugar

a água armazenada de pontos logo abaixo da superfície, para não movimentar

eventuais resíduos.

O sistema pode ser aplicado tanto em residências em construção - pode ser

feito um sistema paralelo ao da água da rua - e incluir o uso em descarga de

banheiros, lavagem de roupa e torneiras externas, como em casas já

construídas. Onde não se quer ou não for possível mexer nas instalações

existentes, é possível aproveitar a água de chuva para jardins, piscina, limpeza

de calçadas, para lavar carros, entre outros usos. De acordo com o website da

empresa, os itens do kit para residência são: filtro VF1, Bóia-Mangueira, Sifão-

ladrão e Freio d´Água.

Page 40: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

36

Junho de 2008

E1) Tipos Reservatórios de Água Pluvial

Sendo o reservatório um elemento essencial de um sistema de captação e

aproveitamento de água de chuva, no seu dimensionamento devem constar

alguns importantes critérios, tais como: custos totais de implantação, demanda

de água, áreas de captação, regime pluviométrico e confiabilidade requerida

para o sistema. Ressalta-se que, a distribuição temporal anual das chuvas é

uma importante variável a ser considerada no dimensionamento do reservatório

(CASA EFICIENTE, 2007).

Os critérios acima citados são relevantes, pois, geralmente, o reservatório de

armazenamento é o elemento que exige maiores investimentos financeiros.

Assim sendo, o dimensionamento incorreto do reservatório poderia facilmente

inviabilizar toda a implantação do sistema de aproveitamento de água pluvial.

De acordo com o volume obtido no cálculo e das condições do local, o

armazenamento da água de chuva poderá ser realizado para atender a

demanda em períodos curtos, médios ou longos de estiagem (MAY et al., 2004

apud CARLON, 2005).

O volume de água de chuva que pode ser armazenada depende do tamanho

da área de captação, da precipitação pluviométrica do local e do coeficiente de

escoamento superficial, também chamado de coeficiente de runoff. Como a

quantidade de água de chuva que pode ser aproveitada não é a mesma que

precipitada, o coeficiente de escoamento superficial indica o percentual de

água de chuva que será armazenada, considerando a água que será perdida

devido à limpeza do telhado, evaporação e outros (TOMAZ, 2003 apud

CARLON, 2005).

De acordo com as características locais e de acordo com as especificidades de

uso, o reservatório de armazenamento pode ser elevado, enterrado ou sobre o

solo. Uma grande vantagem do reservatório elevado é a inexistência de um

sistema de bombeamento de água para o abastecimento da edificação,

entretanto, exige uma estrutura para sustentação. Já nos outros dois tipos de

reservatórios, sobre ou sob o solo, acontece o inverso, ou seja, não é neces-

sária estrutura de sustentação, porém o abastecimento exige bombeamento ou

acesso facilitado à água (MANO, 2004 apud CARLON, 2005).

Page 41: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

37

Junho de 2008

Normalmente, concreto, madeira, fibra de vidro, aço inoxidável e polietileno são

os materiais utilizados na construção dos reservatórios. Todavia, a seleção do

material adequado depende, principalmente, da finalidade do uso da água, pois

os mesmos apresentam grandes variações em relação à durabilidade, à

segurança e ao custo.

Os reservatórios freqüentemente utilizados para o armazenamento de água

pluvial são as cisternas, as quais se caracterizam por apresentarem: poço de

inspeção, tubo de ventilação, dispositivo para limpeza e um tubo de descarga.

Através de investimentos em tecnologias modernas, é possível automatizar o

sistema utilizando-se bóias eletrônicas. Uma bomba de pressurização

dimensionada conforme a edificação é necessária para a alimentação do

reservatório superior de água pluvial, que deve ser separado do

armazenamento da água potável, a fim de evitar contaminação (MARINOSKI,

2007)

SIMIONI et al. (2004 apud MARINOSKI, 2007) ressaltam a importância de se

manter o reservatório superior de água pluvial fechado, evitando-se a

contaminação da água por pássaros, insetos e outros animais, e, além disso,

devem receber limpeza periódica. A tubulação de saída para consumo deve

estar aproximadamente 10 cm acima da base do reservatório. Recomenda-se

também utilizar na edificação uma tubulação com cor diferente para consumo

de água pluvial, separando-a da tubulação de água potável (MARINOSKI,

2007).

A ausência de luz e de calor retarda a ação de microorganismos, como as

bactérias, que podem ser prejudicial à qualidade da água armazenada. Assim

sendo, a cisterna subterrânea geralmente se apresenta como a melhor forma

de armazenamento. Normalmente, qualquer material impermeável e não tóxico

como, tanques de polietileno, fibra de vidro, aço inox ou concreto pode ser

usado. As cisternas maiores são geralmente construídas de concreto que

ainda apresentam o benefício de neutralizar a acidez da água da chuva

(GONÇALVEZ, 2001 caput CARLON, 2005).

Entretanto, de acordo com Carlon (2005), apesar das cisternas enterradas

serem consideradas as mais apropriadas e apresentarem um investimento

Page 42: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

38

Junho de 2008

financeiro consideravelmente mais baixo (cerca de 50%) a maioria dos

usuários (aproximadamente 80%) preferem as cisternas apoiadas. Através da

tabela abaixo, é possível comparar as principais vantagens e as desvantagens

das cisternas enterradas em relação às cisternas apoiadas:

Tabela 2 Adaptada: Vantagens e Desvantagens dos diferentes tipos de cisternas. Fonte DTU, 2003 apud CARLON, 2005.

Vantagens Desvantagens

Cisternas

Apoiadas

a) Facilita a verificação de

rachaduras e vazamentos

b) À retirada de água pode ser feita

pela gravidade

c) Pode ser elevada para aumentar

a pressão de água

a) Necessita de espaço

b) Normalmente é mais cara

c) É danificada mais facilmente

d) Está sujeita ao ataque de

intempéries e)

Uma falha pode ser perigosa

Cisternas

Enterradas

a) As paredes podem ser mais

finas, diminuindo os custos

b) É mais difícil deixar esvaziar por

descuido, deixando a torneira

aberta

c) Não requer muito espaço

d) A água se mantém a uma

temperatura mais baixa

e) Alguns usuários preferem porque

se assemelha a um poço

a) A retirada de água é mais difícil

requerendo bombas e encanamentos

b) Rachaduras e vazamentos são de

difícil detecção

c) É maior a possibilidade de

contaminação pela água proveniente

do solo ou de inundações

d) A estrutura pode ser danificada por

raízes e árvores

e) Se o tanque não for devidamente

coberto pode apresentar riscos de

acidentes com crianças, ou ser

contaminada por pequenos animais

f) Pode acontecer de veículos pesados

danificarem a cisterna

g) É mais difícil ser esvaziada para

limpeza

Page 43: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

39

Junho de 2008

Em áreas rurais, do nordeste brasileiro, existem mais de um tipo de

reservatório sendo utilizado visando resolver e/ou minimizar a falta de água

potável para a população. De acordo com Gnadlinger (2000 apud CARLON,

2005), a cisterna de placa de concreto com tela de arame, fortificada com

arame galvanizado e rebocada por dentro e por fora, tem sido a mais

construída.

Figura 9- Etapas de Construção de uma cisterna de placas de concreto.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social, 2008.

Todavia, a cisterna de placas de concreto, possui algumas limitações. A

aderência entre as placas de concreto algumas vezes pode ser fraca

resultando em rachaduras e conseqüentemente vazamento de água. Visando

esta limitação, a cisterna de concreto com tela de arame, que utiliza uma fôrma

durante a primeira fase de construção, pode vir a ser o modelo mais apropriado

para a região. Este tipo de cisterna, além de apresentar grande facilidade de

reparação, raramente apresenta vazamentos e é também apropriada para

programas de construção de cisternas.

Page 44: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

40

Junho de 2008

Figura 10 - Cisterna de concreto com tela de arame. Fonte: Defesa Civil, 2008.

A cisterna enterrada feita de tijolos e argamassa de cal, segundo Gnadlinger

(1999 apud CARLON, 2005), também é uma alternativa viável para o semi-

árido brasileiro. Uma grande vantagem deste modelo de reservatório é que,

exceto alguns quilos de cimento, todo o material de construção pode ser

produzido pelo próprio agricultor.

Figura 11: Cisterna enterrada de tijolo e cal. (GNADLIGER,1999 apud CARLON, 2005).

Page 45: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

41

Junho de 2008

Outro tipo de reservatório, bastante difundidos em várias regiões do globo, são

os tanques metálicos, que apresentam o grande diferencial de poderem ser

transportados até o local desejado e de serem armados rapidamente por um

indivíduo especialista. Além do mais, este tipo de reservatório não exige uma

fundação extremamente firme, pois a estrutura metálica já oferece o suporte

necessário.

Figura 12: Grande Tanque Metálico em área rural da Austrália.

(DTU, 2003 apud CARLON, 2005)

Problemas com corrosão no fundo do tanque, depois de certo período, são

observados geralmente em países em desenvolvimento. A construção de um

reforço de metal ao redor da base do tanque pode resolver este problema, mas

isso já faz com que a aceitação dos tanques de metal seja menor. Este

problema dificilmente aparece nos tanques fabricados nos países

desenvolvidos já que os mesmos normalmente recebem uma camada plástica

no seu interior (DTU, 2003 apud CARLON, 2005).

Page 46: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

42

Junho de 2008

Figura 13 - Detalhe de corrosão em tanque metálico de parede simples.

Confeccionadas em uma única peça, as cisternas modernas além de se

apresentam mais estanques e higiênicas, possuem uma função dupla: uma

parte da água fica armazenada para ser utilizada posteriormente e outra parte

da cisterna funciona como “buffer”, liberando a água da chuva em uma vazão

controlada após o término da precipitação. Na entrada da cisterna sugere-se a

colocação de um “freio d’água”, para não agitar a água armazenada, prejudi-

cando o processo de sedimentação (3P Technik, 2002 apud CARLON, 2005).

Figura 14: Cisterna com reservatório duplo, para armazenamento temporário da chuva.

Em detalhe, mecanismo desenvolvido para garantir um fluxo de abastecimento contínuo, independente do volume acumulado na cisterna. (3PTechnik, 2002 apud

CARLON, 2005)

Page 47: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

43

Junho de 2008

Depois de desenvolvidas e utilizadas há mais de 20 anos na Alemanha, uma

empresa brasileira, a Metalúrgica Cacupé, de Florianópolis distribui e

providencia a instalação de sistemas de coleta, filtragem e armazenamento da

água de chuva. A empresa lançou no mercado um novo modelo de cisterna

enterrável, feita em polietileno, com grande resistência e baixo peso. O modelo

para cinco mil litros pesa apenas 230 quilos e pode ser assentado diretamente

no solo (CACUPÉ, 2003 apud CARLON, 2005).

Figura 15: Cisterna enterrável. (CACUPÉ, 2003 apud CARLON, 2005)

A empresa AcquaSave também dispõe de cisterna enterrável, sem

necessidade caixa de alvenaria para suportar pressão, com capacidade para

5000 litros feita em polietileno.

Figura 16 - Cisterna Enterrável, AcquaSave.

Page 48: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

44

Junho de 2008

Em 2006, a Prefeitura e a Defesa Civil de Montes Claros, município localizado

no estado de Minas Gerais, instalou cisternas plásticas de vinil em dez

comunidades rurais do município. Cada cisterna plástica de vinil, que faz a

captação de água de chuva através de calhas, tem capacidade para oito mil

litros.

Figura 17: Cisternas plásticas de vinil. Fonte: Montes Claros, 2008.

Também em Oregon, província localizada no oeste dos Estados Unidos, são

utilizadas cisternas plásticas para armazenamento de água pluvial. O método

utilizado para a desinfecção da água é através de luz ultravioleta com

capacidade para esterilizar cerca de 38 L/min. O sistema também conta com

filtros, bomba para elevar a água e um equipamento redutor de pressão para

evitar que a água de chuva entre em contato com a rede de distribuição

(EXPERIMENTS...,2003 apud CARLON, 2005).

Page 49: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

45

Junho de 2008

Figura 18: Cisterna plástica utilizada em Oregon. (EXPERIMENTS...,2003 apud

CARLON, 2005)

A linha de cisternas Acqualimp contempla os lançamentos Cisterna Água de

Chuva e Cisterna para Água Rede Pública. Produzidas em polietileno de alta

densidade, as cisternas foram projetadas para suportar as pressões do solo.

Possuem placas planas para instalação de flanges de entrada e saída, além de

prever placas intermediárias que permitem a formação de reservas de incêndio

e consumo geral no mesmo reservatório. O produto tem tampa click, com

vedação total, e camada antibacteriana que não permite a proliferação de

bactérias. As cisternas têm capacidade de armazenamento de 2.800, 5.000 e

10.000 litros de água.

Figura 19: Cisternas Acqualimp, Produzidas em polietileno de alta densidade

Fonte: http://www.informativosbc.com.br/novidades/acqualimp.htm

Page 50: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

46

Junho de 2008

Os tanques de plástico são comuns em países desenvolvidos, com a

Alemanha, e estão em crescente desenvolvimento, disputando o mercado com

materiais mais tradicionais como o cimento ou metal (CARLON, 2005).

Nos países em desenvolvimento este material não é muito empregado pelo seu

alto custo, no entanto esta situação está se modificando. No Sri Lanka e na

África do Sul, por exemplo, já se encontram os tanques de plástico com preços

acessíveis (DTU, 2003 apud CARLON, 2005).

Outro método de aproveitamento de água pluvial consiste basicamente na

simples na colocação de um barril, que pode ser plástico ou metálico, na

descida das calhas que coletam a água do telhado. Este barril fica apoiado

sobre o solo e possui uma torneira por onde é retirada a água (CARLON,

2005).

Os reservatórios para o armazenamento da água da chuva também podem ser

construídos enterrados ou a nível do solo, revestidos com lona de PVC

(policloreto de vinila) ou PEAD ( polietileno de alta densidade). Na figura

abaixo, observa-se a construção do reservatório de água em PVC.

Figura 20 – Cisternas construídas em PVC. Fonte: UNC, SC.

Outra alternativa são os reservatórios de fibra de vidro, para o armazenamento

da água da chuva, que também podem ser enterrados ou a nível do solo. Na

Figura 21, observa-se um reservatório construído em fibra de vidro, para o

armazenamento da água da chuva.

Page 51: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

47

Junho de 2008

Figura 21 – Reservatórios de Fibra de Vidro. Fonte: UNC, SC.

A título de exemplificação, tem-se a cidade de Vancouver, na costa oeste do

Canadá, que possui um programa piloto para a conservação da água que

subsidia a compra de barris para armazenar a água pluvial. Esta água é

aproveitada somente para a rega de gramados e jardins onde, segundo os

dados do projeto, é consumida cerca de 40% de toda a água de uso doméstico

durante o verão. O barril é de fácil instalação e já vem com saídas para

regadores, mangueiras, e sistema que impede a abertura por crianças (WATER

CONSERVATION HOTLINE, 2003 apud CARLON, 2005).

Ainda hoje, os reservatórios mais largamente empregados em todo o mundo

são os barris de óleo. Todavia, é necessário realizar alguns procedimentos

para a utilização segura destes barris. Alguns deles eram utilizados

anteriormente para transportar produtos químicos, muitas vezes tóxicos; outros

não possuem condições de serem devidamente tampados, oferecendo riscos

para a qualidade da água e favorecendo o desenvolvimento de mosquitos; a

retirada da água pode ser um problema caso não sejam feitas as adaptações

para instalação das saídas para torneira, mangueira e extravasor. (CARLON,

2005)

Page 52: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

48

Junho de 2008

Figura 22: Barril para captação de água da chuva através das caleiras.

Fonte: http://nelson-avelar.planetaclix.pt/permacultura/agua/p_exe_ag_ch.htm

Se forem tomados os devidos cuidados referentes a estes aspectos, os barris

podem ser uma alternativa de baixo custo para o armazenamento de pequenos

volumes de água de chuva (DTU, 2003 apud CARLON, 2005).

Figura 23: Barril utilizado para armazenamento de água de chuva.

Fonte:<http://www.aquahobby.com/phpBB2/viewtopic.php?t=45065&postdays=0&postorder=asc&start=10>.

De acordo com o Projeto de Norma Brasileira de “Aproveitamento de água de

chuva para fins não potáveis em áreas urbanas”, os reservatórios devem

Page 53: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

49

Junho de 2008

atender a ABNT NBR 12217 e devem ser considerados no projeto extravasor,

descarga de fundo, cobertura, inspeção, ventilação e segurança. É

recomendado também que, se o reservatório for alimentado com água de outra

fonte de suprimento de água, deve possuir dispositivos que impeçam a

conexão cruzada.

E2) Dimensionamento do Reservatório

Para o adequado dimensionamento de uma cisterna, deve-se considerar, antes

de qualquer coisa, a finalidade de cada reservatório. Existem grandes

diferenças no dimensionamento de um reservatório que visa o uso da água de

chuva e de um reservatório que apenas pretende minimizar os efeitos adversos

das inundações.

Reservatórios que visam à minimização de enchentes, para cumprir com

eficiência a sua função, devem ficar vazios para a próxima chuva. Já

reservatórios que visem à captação da água pluvial para aproveitamento, têm

sempre que reter um pouco de água para uso (TOMAZ, 2003 apud CARLON,

2005). Assim sendo, uma alternativa a ser considerada é a implantação

simultânea dos dois tipos de reservatórios, sendo um para aproveitamento e

outro para controle de enchentes.

Em várias regiões do mundo, como nos Estados Unidos e alguns países da

Ásia, é comum o sistema de abastecimento individual de casas com água

pluvial, utilizando-se os telhados como área de coleta (CARLON, 2005).

O Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos recomenda que seja feito o

cálculo para o dimensionamento da cisterna, em função da área disponível de

telhado e considerando o aproveitamento total de precipitações de 760 mm/ano

(Tabela 3).

Page 54: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

50

Junho de 2008

Tabela 3 – Dimensionamento do Filtro e reserva em função da área de telhado. Fonte: AZEVEDO NETTO, 1991.

Área de telhado (m2) Filtro (m) Reserva (m3)

37 1,00 X 1,00 28,4

56 1,20 X 1,65 42,6

74 1,45 X 1,20 57,3

93 1,45 X 1,80 71,2

112 1,80 X 1,80 85,5

Segundo Netto (1991 apud CARLON, 2005) “Em condições mais favoráveis de

pluviosidade poder-se-ia reduzir o volume de reserva”.

No dimensionamento de sistemas de coleta e armazenamento de água de

chuva, de acordo com Yuri (2003 apud CARLON, 2005), devem-se efetuar,

basicamente, três cálculos:

1) Definição da área de captação;

2) Definição de consumo diário;

3) Definição do volume do reservatório.

Outra informação relevante consiste na determinação dos períodos de

estiagem na região de estudo, que podem ser obtidos através de uma análise

estatística dos períodos diários consecutivos sem precipitações (YURI, 2003

apud CARLON, 2005).

Desta forma, segundo Yuri (2003 apud CARLON, 2005), para o

dimensionamento do volume total de água necessário, pode-se empregar a

seguinte fórmula:

Page 55: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

51

Junho de 2008

Vt = (((N × S) × U) × 1,1) × 10-3

Onde:

Vt = volume total do reservatório (L)

N = nº de consumidores

S = consumo per capita (L)

U = período de estiagem (dias)

Já, outra fórmula utilizada pelo Eng. Plínio Tomaz em seu livro “Conservação

da Água” e mencionada por Sickermann (2002 apud CARLON, 2005) para

calcular qual o volume de água que poderia ser captado de acordo com a

pluviosidade local e a área de captação:

Q = P × A × C

Onde:

Q = volume anual de água (m3)

P = precipitação anual (mm ou L/m2)

A = área projetada da cobertura (m2)

C = coeficiente de escoamento superficial (runoff)

É importante ressaltar que a distribuição pluvial não é constante ao longo do

ano, o que exige o cálculo da precipitação separado para cada mês, utilizando

como valores de precipitação o histórico de anos anteriores.

Page 56: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

52

Junho de 2008

O coeficiente de escoamento superficial (C) é utilizado porque, para efeito de

cálculo, o volume de água de chuva que pode ser aproveitado não é o mesmo

que o precipitado. O coeficiente de escoamento superficial pode variar de 0,90

a 0,67. O valor de perda de água de chuva que irá ser considerado é devido à

limpeza do telhado, perda por evaporação, material do qual o telhado é

confeccionado e outras (TOMAZ, 2003 apud CARLON, 2005).

De acordo com Plínio Tomaz (2003 apud CARLON, 2005) o valor adotado para

o coeficiente de runoff varia consideravelmente nas diferentes regiões,

entretanto indica que o melhor valor a ser adotado como coeficiente de runoff é

C = 0,80, que significa uma perda de 20%. Plínio Tomaz (2003 apud CARLON,

2005) também sugere em seu livro “Aproveitamento de Água de Chuva” uma

série de cálculos que possibilitam o dimensionamento da cisterna envolvendo

vários aspectos, como o número médio de dias sem chuvas, as precipitações

médias mensais, o consumo mensal máximo e sugere que também seja levado

em consideração o custo de instalação do sistema.

MÉTODOS DE CÁLCULOS PARA DIMENSIONAMENTO DOS RESERVATÓRIOS

De acordo com o Projeto de Brasileira de “Aproveitamento de água de chuva

para fins não potáveis em áreas urbanas – Diretrizes”, para o cálculo do

dimensionamento do reservatório de água de chuva, pode-se utilizar um dos

seguintes métodos:

M1) Método de Rippl

Neste método podem-se usar as séries históricas mensais ou diárias.

S (t) = D (t) – Q (t)

Q (t) = C x precipitação da chuva (t) x área de captação

V = Σ S (t), somente para valores S (t) > 0

Page 57: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

53

Junho de 2008

Sendo que: Σ D (t) < Σ Q (t)

Onde:

S (t) é o volume de água no reservatório no tempo t;

Q (t) é o volume de chuva aproveitável no tempo t;

D (t) é a demanda ou consumo no tempo t;

V é o volume do reservatório;

C é o coeficiente de escoamento superficial.

M2) Método da simulação

Neste método a evaporação da água não deve ser levada em conta. Para um

determinado mês, aplica-se a equação da continuidade a um reservatório finito:

S (t) = Q (t) + S (t-1) – D (t)

Q (t) = C x precipitação da chuva (t) x área de captação

Sendo que: 0 ≤ S (t) ≤ V

Onde:

S (t) é o volume de água no reservatório no tempo t;

S (t-1) é o volume de água no reservatório no tempo t – 1;

Q (t) é o volume de chuva no tempo t;

D (t) é o consumo ou demanda no tempo t;

Page 58: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

54

Junho de 2008

V é o volume do reservatório fixado;

C é o coeficiente de escoamento superficial.

NOTA: Para este método duas hipóteses devem ser feitas, o reservatório está

cheio no início da contagem do tempo “t”, os dados históricos são

representativos para as condições futuras.

M3) Método Azevedo Neto

O volume de chuva é obtido pela seguinte equação:

V = 0,042 x P x A x T

Onde:

P é o valor numérico da precipitação média anual, expresso em

milímetros (mm);

T é o valor numérico do número de meses de pouca chuva ou

seca;

A é o valor numérico da área de coleta em projeção, expresso

em metros quadrados (m2);

V é o valor numérico do volume de água aproveitável e o volume

de água do reservatório, expresso em litros (L).

Page 59: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

55

Junho de 2008

M4) Método Prático Alemão

Trata-se de um método empírico onde se toma o menor valor do volume do

reservatório; 6 % do volume anual de consumo ou 6 % do volume anual de

precipitação aproveitável.

Vadotado = mínimo de (volume anual precipitado aproveitável e volume anual de

consumo) x 0,06 (6 %)

Vadotado= mín (V; D) x 0,06

Onde:

V é o valor numérico do volume aproveitável de água de chuva

anual, expresso em litros (L);

D é o valor numérico da demanda anual da água não potável,

expresso em litros (L);

Vadotado é o valor numérico do volume de água do reservatório,

expresso em litros (L).

M5) Método prático inglês

O volume de chuva é obtido pela seguinte equação:

V = 0,05 x P x A

Page 60: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

56

Junho de 2008

Onde:

P é o valor numérico da precipitação média anual, expresso em

milímetros (mm);

A é o valor numérico da área de coleta em projeção, expresso

em metros quadrados (m2);

V é o valor numérico do volume de água aproveitável e o volume

de água da cisterna, expresso em litros (L).

M6) Método prático australiano

O volume de chuva é obtido pela seguinte equação:

Q = A x C x (P – I)

Onde:

C é o coeficiente de escoamento superficial, geralmente 0,80;

P é a precipitação média mensal;

I é a interceptação da água que molha as superfícies e perdas

por evaporação, geralmente 2 mm;

A é a área de coleta;

Q é o volume mensal produzido pela chuva.

Page 61: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

57

Junho de 2008

O cálculo do volume do reservatório é realizado por tentativas, até que sejam

utilizados valores otimizados de confiança e volume do reservatório.

Vt = Vt-1 + Qt – Dt

Onde:

Qt é o volume mensal produzido pela chuva no mês t;

Vt é o volume de água que está no tanque no fim do mês t;

Vt-1 é o volume de água que está no tanque no início do mês t;

Dt é a demanda mensal;

Quando (Vt-1 + Qt – D) < 0, então o Vt = 0

O volume do tanque escolhido será T.

Confiança: Pr = Nr / N

Onde:

Pr é a falha;

Nr é o número de meses em que o reservatório não atendeu à

demanda, isto é, quando Vt = 0;

N é o número de meses considerado, geralmente 12 meses;

Confiança = (1 - Pr)

NOTA: Para o primeiro mês considera-se o reservatório vazio.

Page 62: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

58

Junho de 2008

Recomenda-se que os valores de confiança estejam entre 90 % e 99 %.

O mesmo Projeto de Norma Brasileira, recomenda que, os reservatórios sejam

limpos e desinfetados com solução hipoclorito de sódio, no mínimo uma vez

por ano de acordo com a ABNT NBR 5626.

E3) Qualidade da água pluvial

Considerando-se a área de captação o telhado, deve-se inicialmente, ter o

cuidado de verificar qual o material de que este telhado é confeccionado. Este

cuidado é importante para não propiciar a contaminação da água a ser

captada, pois segundo Plínio Tomaz (2003 apud CARLON, 2005) as fezes de

passarinhos e outras aves e animais depositadas sobre os telhados e

carregadas com a chuva, podem trazer problemas de contaminação por

bactérias e de parasitas gastro-intestinais e, dependendo dos materiais

utilizados na confecção dos telhados, a contaminação poderá ser ainda maior.

(CARLON, 2005) Os fatores de contaminação podem ser além das fezes de

passarinhos e pombas, as fezes de ratos e outros pequenos animais, poeiras,

folhas de árvores, o revestimento do telhado, tintas, etc (TOMAZ, 2003 apud

CARLON, 2005).

As concentrações de certos elementos na água, também podem variar de

acordo com a localização geográfica da área em questão. Em zonas costeiras,

por exemplo, a água pluvial apresenta elementos como o sódio, potássio,

magnésio, cloro e cálcio cem concentrações proporcionais às encontradas na

água do mar. Em áreas urbanas e pólos industriais passam a ser encontradas

alterações nas concentrações naturais da água de chuva devido a poluentes do

ar, como o dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx) ou ainda

chumbo, zinco e outros. Já o pH da água de chuva é normalmente ácido,

variando entre 5,0 até 3,5, quando há o fenômeno da “chuva ácida” (TOMAZ,

2003 apud CARLON, 2005).

O tratamento da água de chuva varia de acordo com a qualidade da água

coletada e de seu uso final. A captação de água para fins não potáveis não

Page 63: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

59

Junho de 2008

exige amplos cuidados de purificação, embora certo grau de filtragem, muitas

vezes, seja indispensável. Para um tratamento simples, podem-se usar

processos de sedimentação natural, filtração simples e cloração. Em caso de

uso da água de chuva para consumo humano, é recomendado utilizar

tratamentos mais complexos, como desinfecção por ultravioleta ou osmose

reversa (MAY & PRADO, 2004 apud MARINOSKI, 2007).

A qualidade da água pluvial está diretamente relacionada ao local onde é

coletada. De acordo com MARINOSKI, a Tabela abaixo apresenta variações

da qualidade da água pluvial em função do local de coleta.

Tabela 4 - Variações da qualidade da água de chuva devido ao sistema de coleta

(GROUP RAINDROPS, 2002 apud MARINOSKI, 2007).

Grau de purificação Área de coleta de chuva Observações

A Telhados (lugares não

freqüentados por pessoas ou animais)

Se a água for purificada, é potável

B Telhados (lugares

freqüentados por pessoas ou animais)

Apenas usos não potáveis

C Pisos e estacionamentos Necessita de

tratamento mesmo para usos não potáveis

D Estradas Necessita de

tratamento mesmo para usos não potáveis

De acordo com o Projeto da Norma Brasileira do “Aproveitamento de água de

chuva para fins não potáveis em áreas urbanas” os padrões de qualidade do

sistema de água de chuva para água não potável no ponto de uso,

independente do tipo de uso devem atender aos parâmetros da tabela abaixo:

Page 64: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

60

Junho de 2008

Tabela 5 — Parâmetros de qualidade de água de chuva para usos restritivos não potáveis. Fonte: Projeto da Norma Brasileira de “Aproveitamento de água de chuva

para fins não potáveis em áreas urbanas”.

Parâmetro Análise Valor

Coliformes totais Semestral Ausência em 100 mL

Coliformes termotolerantes Semestral Ausência em 100 mL

Cloro residual livre a Mensal 0,5 a 3,0 mg/L

Turbidez Mensal < 2,0 uTb, para usos menos restritivos < 5,0 uT

Cor aparente (caso não seja utilizado nenhum corante, ou

antes, da sua utilização) Mensal < 15 uH c

Deve prever ajuste de pH para proteção das redes de

distribuição, caso necessário Mensal

pH de 6,0 a 8,0 no caso de tubulação de aço carbono

ou galvanizado

NOTA 1: Podem ser usados outros processos além do cloro, com a aplicação de raio ultravioleta e aplicação de ozônio.

a No caso de serem utilizados compostos de cloro para desinfecção. b uT é a unidade de turbidez. c uH é a unidade de Hazen.

Ainda de acordo com o mesmo Projeto de Norma, para desinfecção, a critério

do projetista, pode-se utilizar derivado clorado, raios ultravioleta, ozônio e

outros. Em aplicações onde é necessário um residual desinfetante deve ser

usado derivado clorado. Quando utilizado o cloro residual livre deve estar entre

0,5 mg/L e 3,0 mg/L.

Page 65: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

61

Junho de 2008

E4) Instrumentos e procedimentos para a manutenção da qualidade da água

A qualidade da água de chuva pode ser alterada devido a vários fatores e em

diferentes etapas do sistema de captação. Segundo Plínio Tomaz (2003 apud

CARLON, 2005) a qualidade da água de chuva pode ser encarada em quatro

etapas: a) antes de atingir o solo; b) após escorrer pelo telhado; c) dentro do

reservatório; 4) no ponto de uso.

É recomendado, de acordo com o Manual de Saneamento divulgado pela

Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), descartar as águas das primeiras

chuvas, pois lavam os telhados onde se depositam a sujeira proveniente de

pássaros animais e poeira. A fim de evitar que essas águas caiam na cisterna,

o manual sugere que desconectem os tubos condutores de descida, que

normalmente devem permanecer desligados para serem religados

manualmente, pouco depois de iniciada a chuva. Existem dispositivos

automáticos que permitem o desvio, para fora das cisternas, das águas das

primeiras chuvas e das chuvas fracas, aproveitando-se, unicamente, as das

chuvas fortes (FUNASA, 1999). Para eliminar-se água de lavagem do telhado

devido às impurezas – autolimpeza - é utilizada uma regra em função da

precipitação e da área de captação, e os valores adotados também variam de

uma região para outra (TOMAZ, 2003 apud CARLON, 2005).

Felizmente, com as recentes inovações tecnologias muitos equipamentos têm

sido desenvolvidos especialmente para o adequado aproveitamento da água

de chuva. Com exemplificação, tem-se um equipamento, desenvolvido por uma

equipe multidisciplinar, que permite a seleção da água, deixando passar o

primeiro volume de água para a rede de drenagem, sendo o restante conduzido

para o reservatório (Figura 22). O aparelho E’lfer, como é chamado, mede

continuamente o fluxo de água captado do telhado. Quando este fluxo estiver

livre do material particulado será desviado para o reservatório. Para cada

região e característica do telhado, corresponderá um volume para o dispositivo

desviar o fluxo (ÁGUA ON LINE, 2002 apud CARLON, 2005).

Page 66: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

62

Junho de 2008

Figura 22: Aparelho E’lfer, mede continuamente o fluxo de água captado do telhado

(ÁGUA ON LINE, 2002 apud CARLON, 2005).

Outro modo de evitar a contaminação da água coletada e preservar a sua

qualidade é a utilização de filtros. O filtro por onde a água escoa antes de ser

armazenada na cisterna usa, geralmente, como meio filtrante areia e pedra

calcária britada, material que neutraliza a acidez natural da chuva. O carvão

ativado é usado para fins de desinfecção (GONÇALVEZ, 2001 apud CARLON,

2005).

Atualmente, existem também filtros específicos para o sistema de captação de

água de chuva (Figura 24 e 275).

Figura 23: Filtro comercial pequeno para limpeza de água da chuva, recolhida de áreas cobertas com 200 m2 (3P Technik, 2008).

Page 67: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

63

Junho de 2008

De acordo com o sistema acima, pode-se observar que basicamente a água

bruta entra pelas aberturas superiores (1) e é direcionada, passando entre os

vãos da cascata (2). A sujeira mais grossa, como folhas e gravetos, passa por

cima dos vão e vai direto para a galeria pluvial (3). A água de chuva, já livre

das impurezas maiores, passa então por uma tela de aço-inox com malha de

0,26 mm. Entretanto, cada equipamento possui suas restrições. Este filtro, por

exemplo, é recomendado apenas para telhados até 300 m2, existindo outros

modelos para grandes telhados ou para instalação no próprio tubo de descida.

(3P TECHNIK, 2002 apud CARLON, 2005).

A figura abaixo representa modernos modelos de filtros que podem

simplesmente ser inserido no tubo vertical sem que influencie o fluxo d'água.

Impurezas são jogadas para fora no frente do filtro.

Figura 24– Filtros comerciais para limpeza de água da chuva, recolhida de áreas cobertas. Fonte: 3P Technik, 2008.

Recomenda-se a instalação de um “by-pass” ligando a canalização de água de

chuva antes do filtro diretamente à canalização da galeria pluvial, garantindo

que caso haja excesso de água de chuva no sistema, este excesso corra

diretamente para a galeria pluvial, evitando um possível colapso do sistema

(CACUPÉ, 2003 apud CARLON, 2005).

É necessário que faça um armazenamento separado para a água captada e

para a água tratada, proveniente da rede de distribuição. Além do mais, o

Page 68: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

64

Junho de 2008

sistema de aproveitamento de água da chuva deve ser sempre identificado

quando for utilizado em complementação a outros sistemas de abastecimento.

De acordo com Carlon (2005) “As torneiras do sistema de água de chuva

devem ser preferencialmente do tipo com acionamento restrito, para que

pessoas não a utilizem inadvertidamente para fins não adequados”.

Já o sistema de realimentação, que abastece a cisterna em longos períodos de

estiagem com a água tratada, deve tornar impossível o refluxo de água da

cisterna da chuva para a tubulação de água da rede de distribuição. Para

garantir a qualidade da água devem ser feitas limpezas periódicas nos

reservatórios e filtros (SICKERMANN, 2002 apud CARLON, 2005).

Em hipótese alguma, de acordo com Plínio Tomaz (2003 apud CARLON, 2005)

a água potável municipal deve estar interligada com a água de chuva, evitando-

se assim a possível contaminação da rede pública com uma conexão cruzada

ou cross conection. Entende-se por conexão cruzada o ponto de contato entre

a água potável e a água não potável, permitindo o fluxo da água de um sistema

para o outro, simplesmente havendo uma pressão diferencial entre os dois

(TOMAZ, 2003 apud CARLON, 2005).

Outras precauções que devem ser tomadas a fim de garantir a qualidade da

água dentro da cisterna são segundo Plínio Tomaz (2003 apud CARLON,

2005), evitar a entrada da luz do sol no reservatório para impedir o crescimento

de algas. A tampa de inspeção deverá ser hermeticamente fechada e a saída

do extravasor deverá conter grade para impedir a entrada de pequenos

animais. Existem extravasores vendidos no país que apresentam um

sifonamento para manter sempre um selo hídrico. A limpeza do reservatório

enterrado deve ser feita, pelo menos, uma vez por ano e havendo a suspeita

de que a água do reservatório está contaminada, deve-se adicionar hipoclorito

de sódio a 10% ou água sanitária (TOMAZ, 2003 apud CARLON, 2005).

O estado de conservação do reservatório é importante para a manutenção da

qualidade da água armazenada, pois cisternas mal conservadas, com

rachaduras, com tampas mal vedadas, onde são utilizados baldes deixados no

chão para retirar a água, com filtros e peneiras sem uma limpeza periódica e

danificados, certamente apresentarão uma água de péssima qualidade. Do

Page 69: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

65

Junho de 2008

mesmo modo calhas e telhados que não são limpos periodicamente e onde há

muitas árvores próximas, o que resulta em muita matéria orgânica levada para

a cisterna juntamente com a água (CARLON, 2005).

E5) Viabilidade da Implantação de Sistemas de Aproveitamento de Água

Pluvial

O recente ressurgimento do interesse em técnicas de aproveitamento de água

pluvial como fonte alternativa é resultado do desenvolvimento de um grande

número de tecnologias, e da legalização destas tecnologias pelos órgãos

regulamentadores (DTU, 2003 apud CARLON, 2005).

A Alemanha e outros países desenvolvidos consideram o aproveitamento da

água de chuva como uma solução para o problema da superexploração das

fontes de água e vêm estabelecendo parcerias para o incentivo e implantação

de sistemas confiáveis e de alta qualidade, com uma relação custo-benefício

apropriada. Entretanto, a realidade dos países em desenvolvimento é diferente.

Os países em desenvolvimento carecem de técnicas sustentáveis e de baixo

custo para o aproveitamento de água da chuva. Isto requer, na maioria dos

casos, uma participação institucional na difusão das tecnologias existentes e na

implementação de projetos em larga escala (DTU, 2003 apud CARLON, 2005).

Um sistema de aproveitamento de água de chuva pode ser exemplificado

através do diagrama abaixo, em quatro processos primários e três processos

de tratamento (Figura 26).

Figura 25: Diagrama do processo de sistemas domésticos de aproveitamento de água pluvial. (adaptado de DTU, 2003 apud CARLON, 2005)

Page 70: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

66

Junho de 2008

Em cada etapa do processo, dentro do diagrama, há uma enorme gama de

técnicas e materiais que podem ser utilizados, desde os mais simples até os

mais sofisticados, possibilitando uma adequação do sistema de acordo com a

disponibilidade financeira (DTU, 2003 apud CARLON, 2005).

Em se tratando da implantação dos sistemas de captação de água de chuva,

segundo Sickermann (2002 apud CARLON, 2005), devem-se analisar as

peculiaridades de cada caso, estudando-se, desta forma, a viabilidade ou não

da implantação dos sistemas. Todavia, de uma maneira geral, tal análise pode

ser realizada da seguinte maneira:

• Condomínios verticais: o custo de implantação é baixo, mas a economia

de água é menor uma vez que a superfície de coleta é relativamente

pequena em relação ao número de habitantes. Por outro lado, a

instalação é simples, mesmo em prédios já construídos, podendo em

alguns casos até dispensar a utilização de bombas se as caixas de água

forem mantidas em nível intermediário entre a área de captação e o local

onde a água for utilizada, geralmente pátios e jardins (CARLON, 2005).

• Condomínios horizontais e casas: nestes casos o custo de implantação

é significativamente mais baixo se o sistema for planejado antes da

construção, mas a economia de água pode ser maior do que em

condomínios verticais, dependendo do dimensionamento da cisterna. A

área de captação é relativamente grande em relação ao número de

habitantes, o que permite aproveitar a chuva disponível em maior

porcentagem (CARLON, 2005).

• Galpões, supermercados e shopping centers: o custo de implantação,

nestes casos, tem retorno bem aceitável e a economia depende do tipo

de atividade e do consumo de água que esta atividade exige. Como

estas obras geralmente têm um impacto significativo sobre o sistema de

drenagem e, em alguns locais, já é obrigada por Lei a prever a

instalação de caixas retenção, o aproveitamento da água de chuva pode

ser viável já que o custo adicional torna-se pequeno. Esta água pode ser

utilizada para a limpeza de pisos o que não exigiria instalações extras

(CARLON, 2005).

Page 71: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

67

Junho de 2008

De acordo com Palmier (2001 apud CARLON, 2005) “As técnicas alternativas

de captação de água de chuva são socialmente atraentes quando comparadas

aos grandes projetos, e podem representar soluções inteiramente adequadas

para mitigar escassez de água em um grande número de regiões”. Todavia, as

técnicas disponíveis vêm sendo aplicadas em diferentes partes do mundo, mas

também há circunstâncias em que a falta de uma manutenção adequada dos

sistemas de captação de água de pluvial resulta no seu abandono, parcial ou

total.

De acordo com o Projeto de Norma brasileira de “Aproveitamento de água de

chuva para fins não potáveis em áreas urbanas”, deve-se realizar manutenção

em todo o sistema de aproveitamento de água de chuva de acordo com a

Tabela abaixo:

Tabela 6 — Freqüência de manutenção. Fonte: Projeto de Norma brasileira de “Aproveitamento de água de chuva para fins não potáveis em áreas urbanas

Componente Freqüência de manutenção

Dispositivo de descarte de detritos Inspeção mensal

Limpeza trimestral

Dispositivo de descarte do escoamento inicial Limpeza mensal

Calhas, condutores verticais e horizontais 2 vezes por ano

Dispositivos de desinfecção Mensal

Bombas Mensal

Reservatório Limpeza e desinfecção anual

Page 72: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

68

Junho de 2008

F) Pontos Relevantes

F1) Poços Artesianos

A prática de se perfurar poços profundos não é nova. Sabe-se que desde os

primórdios da história as civilizações já utilizavam as águas subterrâneas

através de poços escavados.

De acordo com Carlon (2005), nas grandes áreas metropolitanas, com

população de 1-16 milhões de habitantes, os poços artesianos e semi-

artesianos complementam o abastecimento baseado em águas superficiais (de

rios, lagos, represas, açudes) e ajudam a reduzir o gasto mensal com água de

hotéis, hospitais, prédios residenciais e empresas. Não há estatísticas

completas sobre a quantidade de poços existentes no mundo. Mas, para se ter

uma idéia, somente nos últimos 25 anos, foram perfurados cerca de 12 milhões

de poços no Planeta. No Brasil, sabe-se que cerca de 250 mil poços profundos

foram escavados nos últimos 30 anos, por municipalidades e pela indústria. No

entanto, a maior parte desses poços é particular e não tem qualquer controle, o

que pode acarretar sérios problemas num futuro próximo. Com a difusão da

tecnologia de escavação e exploração das águas subterrâneas, torna-se

urgente à formulação de políticas de longo prazo para garantir níveis

econômicos, sociais e ambientais sustentáveis (VOGT, 2000 apud CARLON,

2005).

Além do risco de contaminação, a perfuração de poços artesianos também tem

um custo elevado e necessita de aprovação do órgão ambiental. Os poços

artesianos costumam ter, em média, uma vida útil de 40 anos, mas podem

secar antes, dependo do volume de água explorado (TOMASINI, 2000 apud

CARLON, 2005).

F2) Preservação dos mananciais

A preservação dos recursos hídricos pelo uso responsável é uma das

discussões mais relevantes, atualmente, quando considerada a sobrevivência

da vida na terra em um futuro próximo.

Page 73: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

69

Junho de 2008

A utilização responsável dos recursos hídricos pode ser caracterizada

basicamente de duas maneiras: (1) pelo uso somente da quantidade que for

necessária, sem excesso ou desperdícios. (2) pela não poluição ou degradação

do meio ambiente, com a adoção de posturas responsáveis, tais como não

jogar lixo aleatoriamente, mas apenas nos recipientes próprios ou não

derramar óleo de cozinha na pia.

A preservação destes mananciais, como forma de garantir o abastecimento,

deve ser uma prioridade de toda a comunidade, pois a qualidade dos recursos

hídricos é fundamental para o equilíbrio ambiental.

Com o crescente aumento do consumo de água a preocupação com o

abastecimento é generalizada e vários projetos têm sido desenvolvidos com o

objetivo de conscientizar a população para a importância da preservação dos

recursos hídricos. A retirada das matas ciliares e a falta de conservação do

solo têm levado à diminuição das vazões na estação seca, ou seja, ampliam-se

as diferenças entre vazões máximas e mínimas de um manancial. Com menos

água boa, menor será a diminuição da poluição lançada nos mananciais.

É preciso consciência ecológica para adotar procedimentos responsáveis, mas

que implicam em gastos, tais como: (a) tratamento deficiente dos efluentes

antes do lançamento nos mananciais; (b) recomposição das nossas matas; (c)

conservação do solo pela construção de terraços. Nos ciclos da natureza, a

harmonia é um dos fatores essenciais.

F3) Redução de custos

Em relação aos gastos com a água tratada, devem-se considerar dois

importantes aspectos: a despesa particular que cada pessoa possui de acordo

com o seu consumo e as despesas da administração pública no que se refere à

captação, tratamento e distribuição da água no município (CARLON, 2005).

Segundo estudos de vários autores, a economia de água tratada com a

complementação com água da chuva pode ultrapassar 30%, dependendo dos

usos aos qual esta água for destinada e também das instalações. Como regra

Page 74: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

70

Junho de 2008

geral, as adaptações realizadas em edificações antigas não são tão eficientes

quanto àquelas que são projetadas e implantadas durante a construção.

Assim sendo, a própria companhia de distribuição a principal poderia abastecer

uma maior quantidade de moradias em virtude da redução do consumo das

edificações que adotassem a utilização das águas de chuva.

Materiais e Métodos

O trabalhou baseou-se em um abrangente levantamento bibliográfico do tema

abordado. Realizou-se a atualização do material existente na literatura,

envolvendo a área de captação de água de chuva, sistemas de racionamento,

reuso de água industrial e conscientização ambiental. Realizou-se também

consultas à artigos e livros de diversas bibliotecas, dentre as quais pode-se

citar a da UNICAMP e USP que são próximas à Sorocaba, além da própria

UNESP. Pesquisa utilizando outros meios, como a Internet, por exemplo,

também foi realizada a fim de atender os objetivos do mesmo.

A recente experiência profissional, através de um estágio realizado na área em

questão, também foi muito relevante para o desenvolvimento do trabalho.

Page 75: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

71

Junho de 2008

Considerações Finais

O objetivo deste trabalho foi determinar a relevância e a viabilidade da utili-

zação de sistemas de aproveitamento de água pluviais para fins não-potáveis.

Os problemas de escassez de água no Brasil e no mundo, por diminuição da

quantidade e qualidade da água, está levando a população mundial a se

preocupar com o assunto e a realizar estudos de fontes alternativas para o

abastecimento de uma residência ou mesmo de uma indústria. O aproveita-

mento da água de chuva se apresenta com uma promissora alternativa, que

deve ser explorada adequadamente para reduzir os riscos de escassez e a

dependência exclusiva das fontes superficiais de abastecimento, evitando-se, o

grande desperdício da utilização de água tratada para fins menos nobres.

Hoje a conservação da água, a busca de medidas e soluções sustentáveis que

venham contribuir com o uso racional da água é uma necessidade. Entre essas

soluções sustentáveis, destacam-se as técnicas de aproveitamento de água

pluvial. No Brasil, até aproximadamente 20 anos atrás existiam poucas

experiências de aproveitamento de água pluvial. Hoje, já existe no país a

Associação Brasileira de Manejo e Captação de Água de Chuva, que é

responsável por divulgar estudos e pesquisas, reunir equipamentos,

instrumentos e serviços sobre o assunto (ACBMAC, 2007).

A reação à maior parte dos problemas relacionados com a água é muito

diferente de região para região, exigindo desta maneira um equilíbrio entre

vários usos e entre soluções tecnológicas e tradicionais. A informação é

essencial: mais dados sobre a água, melhor uso desses dados e o acesso

público a eles são imperativos éticos. De acordo com Selborne (2001) “A maior

parte da superfície terrestre foi construída e reconstruída, e hoje a necessidade

fundamental que sentem os responsáveis pela administração da água é de

uma ética com base ecológica, e não só de preservação”.

A aceitação da utilização da água de chuva como fonte alternativa de abaste-

cimento de água é bem vista pela maior parte da população, mas para que

possa ser aplicada com sucesso, deve ser acompanhada de um amplo projeto

de educação ambiental e não apenas através da criação de legislação

Page 76: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

72

Junho de 2008

específica, com a imposição por parte do poder público para que a coleta e

aproveitamento da água de chuva sejam realizados, sem que seja considerada

a percepção da comunidade em relação ao tema (CARLON, 2005). Precisamos

garantir que, uma vez desenvolvidos com êxito essas práticas e sistemas

inovadores, eles se difundam amplamente, e que se tornem uma prática

comum da sociedade. Hoje, a nossa tecnologia afirma que se cooperarmos a

água que existe é suficiente.

Há diversos aspectos positivos na utilização de sistemas de captação e

aproveitamento de água de chuva. Estes aspectos possibilitam, por exemplo,

diminuir a demanda de água potável reduzindo os custos de água fornecida

pelas companhias de abastecimento, conter as enchentes e preservar o meio

ambiente reduzindo a escassez de recursos hídricos. Vantagens como a boa

qualidade da água de chuva para vários fins com pouco ou nenhum tratamento

não podem ser descartadas nas atuais circunstâncias no planeta.

Um sistema de captação e aproveitamento de água de chuva possui

consideráveis variações físico-financeiras, atendendo desta maneira as mais

diversas limitações, como por exemplo, as grandes limitações financeiras de

países em desenvolvimento. Objetivando-se a consolidação dos sistemas de

aproveitamento de águas de chuva todas as informações técnicas/operacionais

devem estar acessíveis à população, assim com deve existir integração e

determinação política para a implantação dos mesmos.

Page 77: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

73

Junho de 2008

Referência Bibliográfica

3P TECHNIK: Sistemas para aproveitamento da água de chuvas. Disponível em:

<http://www.agua-de-chuva.com>. Acesso em: 07 Abr. 2008.

ACQUASAVE: Kit residencial. Disponível em: < http://www.acquasave.com.br/

index_acqua.php3?pg=acqua_residencial>. Acesso em: 10 Abr. 2008.

FLEXEVENTOS. Arquitetura Ecológica: O Novo Tom da Arquitetura. Disponível em:

<http://www.flexeventos.com.br/artigos_arqecologica.asp>. Acesso em: 12

Abr. 2008.

ASA. Articulação no Semi-Árido BrasiLeiro: P1MC Conquista o Grande Prêmio

Super e o Prêmio Super Ecologia 2002. Disponível em:

<http://www.asabrasil.org.br/p1mc.htm>. Acesso em: 12 Abr.2008.

ABCMAC: Associação Brasileira De Captação e Manejo de Água de Chuva.

Relatório sobre a oficina Avanços nos Estudos Sobre Cisternas: Qualidade de

Água e Cisterna tipo Alambrado. Embrapa Semi-árido, Petrolina-PE, 2006.

Disponível em: <http://www.abcmac.org.br/files/downloadsrelatorio_sobre_

13_ircsc_australia.pdf>. Acesso em 11 Abr.2008

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde - FUNASA. Portaria nº

1.469: Controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e

seu padrão de potabilidade. Diário Oficial [da] Repúblida Federativa do

Brasil, Brasília, DF, 22 Fev. 2001.

CAMPINAS. Proposta de Substitutivo Total ao Projeto de Lei nº 204/02, de 28 de

fevereiro de 2003. Comissão de Legislação Participativa. Disponível em:

<http://www.camposfilho.com.br/projetos_detalhes.asp>. Acesso em: 15

Abr.2008.

CARLON, M.R. Percepção dos atores sociais quanto às alternativas de

implantação de sistemas de captação e aproveitamento de água de

chuva em Joinville – SC. 2005. Dissertação (Mestrado em Ciência e

Tecnologia do Meio Ambiente). Universidade do Vale do Itajaí, Joinville, 2005.

Page 78: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

74

Junho de 2008

CASA EFICIENTE. Concepção do projeto casa eficiente. Disponível em: <

http://www.eletrosul.gov.br/casaeficiente/br/home/conteudo.php?cd=15>.

Acesso em: 20 Abr.2008.

CETESB – Companhia de tecnologia de saneamento ambiental. São Paulo.

Glossário ecológico ambiental. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/

Ambiente/glossario/glossario_a.asp>. Acesso em: 01 Mai.2008.

DIN – DEUTSCHES INSTITUT FÜR NORMUNG e.V. DIN 1989-1 – Rainwater

harvesting systems – Part 1: planning, installation, operation and

maintenance. Alemanha Disponível em: <http://www.ecoagua.pt/

legislacao.php >. Acesso em 20 Mai.2008.

ECOCENTRO. Tanques de Ferrocimento. Disponível em: <http://www.

ecocentro.org/menu.do?acao=aguaTanques>. Acesso em: 11 Mai.2008.

EMBRAPA. Seminário: planejamento, construção e operação de cisternas para

armazenamento da água da chuva. Embrapa Suínos e Aves, 2005. Disponível

em: <http://www.hidro.ufcg.edu.br/twiki/pub/ChuvaNet/ChuvaTrabalhosPublica

dos/PlanejamentoConstruoeOperaodeCisternasparaArmazenamentodaguada

Chuva.pdf> Acesso em: 21 Abr.2008.

FUNASA: Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento, cap. 2, p. 59-62.

Brasília: Ministério da Saúde, 1999. p. 54-57. Disponível em:

<http://www.funasa.gov.br/sitefunasa/pub/manusane/manusan00.htm>. Aceso

em 5 Mai.2008.

GIGA: Grupo Interdisciplinar de Gestão Ambiental. Projeto oficina percepção

ambiental, V Fórum Social Mundial, Acampamento da Juventude, Porto

Alegre, 2005. Disponível em: <http://giga.ea.ufrgs.br/Projetos/Projeto%20

oficina%20forum.pdf>. Acesso em: 7 Mai.2008.

GNADLINGER, J. Apresentação técnica de diferentes tipos de cisternas, construídas

em comunidades rurais do semi-árido brasiLeiro. In: 2º SIMPÓSIO

BRASILEIRO SOBRE SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA,

1999, Petrolina. Anais eletrônicos... Embrapa do Semi-Árido. Disponível em:

<http://www.cpatsa.embrapa.br/doc/technology/4_7_J_Gnadlinger_p.doc>.

Acesso em: 2 Abr.2008.

Page 79: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

75

Junho de 2008

___________., Relatório sobre a 13º Conferência Internacional sobre Sistemas de

Captação de Água de Chuva na Austrália. ABCMAC/IRPAA, 30-08-2007.

Disponível em: <http://www.abcmac.org.br/files/downloads/relatorio_sobre_

13_ircsc_australia.pdf>. Acesso em: 2 Abr.2008.

MARINOSKI, A.K. Aproveitamento de água pluvial para fins não potáveis sem

instituição de ensino: estudo de caso em Florianópolis – SC. 2007.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) –

Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Departamento

de Engenharia Civil, Florianópolis, 2007.

MINISTÉRIO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE A FOME. A

tecnologia cisternas. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/programas

/seguranca-alimentar-e-nutricional-san/cisternas/cisternas-2/a-tecnologia-

cisternas>. Acesso em: 20 Abr.2008.

OLIVEIRA, S.M. Aproveitamento da água da chuva e reuso de água em

residências unifamiliares: estudo de caso em palhoça – SC. 2005.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) –

Universidade Federal de Santa Catarina, Palhoça, 2005.

PICASA. Calhas. Disponível em <http://picasaweb.google.com/pitaemusa/ EMAltivo

CZar/photo#5112701367098362930>. Acesso em: 07 Mai.2008.

SELBORNE, L. A Ética do uso da água doce: um levantamento. Brasília :

UNESCO, 2001.

TOMAZ, P. Aproveitamento de água de chuva, São Paulo, SP: Navegar, 2003.

UFMG. Professor da UFMG vai à Índia aperfeiçoar técnicas de captação de água de

chuva, março 2007. Disponível em: <http://www.ufmg.br/online/arquivos/

005322.shtml>.Acesso em: 05 Jun.2008.

UNIÁGUA. Captação de água de chuva já é obrigatória no estado de São Paulo,

janeiro 2007. Disponível em: <http://www.uniagua.org.br/website/default.asp?

tp=1&pag=cont2_220107.htm>. Acesso em: 16 Jun.2008.

SÃO PAULO (Estado). Lei no 12.526 de 02 de janeiro de 2007. Estabelece normas

para a contenção de enchentes e destinação de águas pluviais. Diário oficial

[do] Estado de São Paulo, São Paulo, SP, 02 Jan. 2007.

Page 80: Sistemas de Captação e Aproveitamento de Água de Chuva · pequenos sistemas de captação de águas pluviais instalados próximos às regiões de consumo, as perdas seriam reduzidas

76

Junho de 2008