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KAPA-6 850450612 100 ANGLO VESTIBULARES SINOPSE • 1915. Marco inicial do Modernismo lusitano: publicação da revista Orpheu. Daí deriva o vocábulo “orfismo”, com o significado de movimento modernista português. • “Sensacionismo”, “paulismo” e “interseccionismo” são nomes que designam correntes do movimento. • Polêmica contra o saudosismo de Teixeira de Pascoaes, que predominava na literatura portuguesa do início do século XX. • Introdução de ideias e práticas artísticas das vanguardas, especialmente do Futurismo: verso livre, coloquialismo, prosaísmo, paródia e demais noções associadas à ideia de modernidade. • Autores e obras de destaque: Fernando Pessoa (1888-1935): Obra completa. Mário de Sá-Carneiro (1890-1930): Dispersão, 1914; A confissão de Lúcio, 1914; Céu em fogo, 1915. Almada Negreiros (1893-1970): Nome de guerra, 1938. SEGUNDA GERAÇÃO TERCEIRA GERAÇÃO • 1927: Revista Presença • 1940: Neorrealismo • Autor e obra destacados: • Autor e obra destacados: José Régio (1901-1969): Poemas de Deus e do Diabo, 1925 Alves Redol (1911-1969): Gaibéus, 1940 Aula 21 MODERNISMO EM PORTUGAL: FERNANDO PESSOA setor 1506 15060612-SP 15060612 FERNANDO ANTÔNIO NOGUEIRA PESSOA (LISBOA, 1888 – 1935) MULTIPLICIDADE Fernando Pessoa é considerado não apenas o maior poeta do século XX em Portugal, mas também um grande escritor eu- ropeu. Tendo sido educado na África do Sul, acumulou enorme cultura literária em português e em inglês. Ao lado de Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, introduziu as ideias e as formas modernistas em Portugal, quando, em 1915, participou do grupo responsável pela revista Orpheu, que teve apenas três números. O maior índice do talento artístico de Pessoa consiste na criação dos heterônimos (outros eus), poetas imaginários, aos quais o escritor atribuía entidade física, biografia e um conjunto de obras. São personagens de uma criação inconclusa. As obras supostamente assinadas por essas figuras, o autor as publicava em revistas de vanguarda ou as guardava em um baú à espe- ra de divulgação. No final, ele pensava em reunir esses textos em um volume que se chamaria Ficções do Interlúdio. Como era desorganizado e como morreu aos quarenta e sete anos, esse livro não foi editado senão após a morte do autor, mas sem a mesma coesão imaginada por Fernando Pessoa. À criação dos heterônimos dá-se o nome de heteronímia, que se expli- ca como aplicação máxima da imaginação à poesia. Além dos heterônimos, há a obra poética assinada pelo próprio Pessoa, conhecida como poesia ortônima. O poeta confundia imagi- nação com fingimento artístico, como se percebe na célebre quadra de “Autopsicografia”, assinada por Pessoa Ele Mesmo:

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KAPA-6 850450612 100 ANGLO VESTIBULARES

SINOPSE

• 1915.MarcoinicialdoModernismolusitano:publicaçãodarevistaOrpheu.Daíderivaovocábulo“orfismo”,comosignificadodemovimentomodernistaportuguês.

• “Sensacionismo”,“paulismo”e“interseccionismo”sãonomesquedesignamcorrentesdomovimento.

• PolêmicacontraosaudosismodeTeixeiradePascoaes,quepredominavanaliteraturaportuguesadoiníciodoséculoXX.

• Introduçãodeideiasepráticasartísticasdasvanguardas,especialmentedoFuturismo:verso livre, coloquialismo, prosaísmo, paródia e demais noções associadas à ideia demodernidade.

• Autoreseobrasdedestaque:

FernandoPessoa(1888-1935):Obracompleta.

MáriodeSá-Carneiro(1890-1930):Dispersão,1914;AconfissãodeLúcio,1914;Céuemfogo,1915.

AlmadaNegreiros(1893-1970):Nomedeguerra,1938.

SEguNda gEraçãO tErcEIra gEraçãO

•1927:RevistaPresença •1940:Neorrealismo

•Autoreobradestacados: •Autoreobradestacados:

JoséRégio(1901-1969):PoemasdeDeusedoDiabo,1925 AlvesRedol(1911-1969):Gaibéus,1940

aula 21ModernisMo eM Portugal: Fernando Pessoa

setor 1506

15060612-SP

15060612

FErNaNdO aNtôNIO NOguEIra PESSOa(LISbOa, 1888 – 1935)

MuLtIPLIcIdadEFernandoPessoaéconsideradonãoapenasomaiorpoeta

doséculoXXemPortugal,mastambémumgrandeescritoreu-ropeu.TendosidoeducadonaÁfricadoSul,acumulouenorme

culturaliteráriaemportuguêseeminglês.AoladodeMáriodeSá-CarneiroeAlmadaNegreiros,introduziuasideiaseasformasmodernistasemPortugal,quando,em1915,participoudogruporesponsávelpelarevistaOrpheu,queteveapenastrêsnúmeros.

Omaior índicedotalentoartísticodePessoaconsistenacriaçãodosheterônimos(outroseus),poetasimaginários,aosquaisoescritoratribuíaentidadefísica,biografiaeumconjuntodeobras.Sãopersonagensdeumacriaçãoinconclusa.Asobrassupostamenteassinadasporessasfiguras,oautoraspublicavaemrevistasdevanguardaouasguardavaemumbaúàespe-radedivulgação.Nofinal,elepensavaemreuniressestextosemumvolumeque se chamaria Ficções do Interlúdio.Comoeradesorganizadoecomomorreuaosquarentaeseteanos,esse livronão foieditadosenãoapósamortedoautor,massemamesmacoesãoimaginadaporFernandoPessoa.Àcriaçãodosheterônimosdá-seonomedeheteronímia,queseexpli-cacomoaplicaçãomáximada imaginaçãoàpoesia.Alémdosheterônimos,háaobrapoéticaassinadapelopróprioPessoa,conhecidacomopoesia ortônima.Opoetaconfundia imagi-nação com fingimento artístico, como se percebe na célebrequadrade“Autopsicografia”,assinadaporPessoaEleMesmo:

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Opoetaéumfingidor.FingetãocompletamenteQuechegaafingirqueédorAdorquedeverassente.

FernandoPessoaelemesmo(ortônimo)possui tambémversosmodernistas,massuafeiçãomaiscaracterísticaéama-nutenção de formas e temas típicos da fase pré-modernista,associadaaoSimbolismoeàlíricatradicionalportuguesa.

Os principais heterônimos pessoanos são: Alberto Caeiro,RicardoReiseÁlvarodeCampos.Todosessespoetaspossuemcaracterísticasdistintas,emborapertençamaomesmoprojetoliteráriodecriaçãodevozesdistintasquepudessemrepresentaradiversidadedapsicologiamodernaedavidacontemporânea.

Parasugeriressadiversidade,cadapoetaimaginadosim-boliza um aspecto distinto da tradição poética do Ocidente.Vejam-seospoetasesuaspropriedades:

rIcardO rEIS

Poetaantigo,racionaleclássico.Suaformaçãorepresentaasensibilidadeeainteligênciapré-cristã.Acreditanosdeusesenodestino.Recusaosentimentalismoeamaasoperaçõeslógi-casdoespírito.Comosuaformaçãoébasicamenteclássicaeapoesiagreco-latinanãoconheciaarima,RicardoReisnãoincor-poraessedispositivoformalinventadonaIdadeMédia.Todavia,seusversossãometrificados.Incorporanoçõesdafilosofiaepi-curista(Epicuro)eestoica(Zenon).ImitaoestiloconcentradoedensodasodesdopoetaromanoHorácio.SuaproduçãoéconhecidacomoOdesdeRicardoReis.

Exemplo:

Tantoquantovivemos,viveahoraEmquevivemos,igualmentemorta

Quandopassaconosco,Quepassamoscomela.

aLbErtO caEIrO

Poetadeversos livrese ideiasrústicas, intencionalmenteprimitivas.Julgaqueohomemsóatingeafelicidadepormeiodos sentidos e do convívio intenso com a natureza. Poemassimples,comimagensconcretasedelicadas.Oseuprimitivismoradicalmente ateu lembra certas premissas do Cubismo, quevalorizaoaspectoessencialebásicodaexperiência.Porisso,Caeiroconsidera-seumpastorsemovelhas.Obras:OGuarda-dordeRebanhos,PastorAmorosoePoemasInconjuntos.

Exemplo:

Oquepensoeudomundo?Seiláoquepensodomundo!Seeuadoecessepensarianisso.

ÁLvarO dE caMPOS

Poetafuturistadeversoseideiasurbanasemodernas.Suafeiçãomaiscaracterísticaéoverso livre,emestilotorrencialeimpetuoso.Enumeraçãodepalavrasesensações.Revoltadoe irreverente, amaamáquina eosgrandes centrosurbanos.Àsvezeséreflexivoeapresentacríticasàsociedadeindustrial.Euforiapelomodernoepessimismoexistencialista.Obra:“OdeMarítima”,“OdeTriunfal”e“Tabacaria”,entreoutros.

Exemplo:

Ah,poderexprimir-metodocomoummotorseexprime!Sercompletocomoumamáquina!Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!

Exercícios1. Leiaofragmentodopoema14deOGuardadordeReba-

nhos, de Alberto Caeiro, e assinale a alternativa errada sobreele:

Nãomeimportocomasrimas.RarasvezesHáduasárvoresiguais,umaaoladodaoutra.PensoeescrevocomoasflorestêmcorMascommenosperfeiçãonomeumododeexprimir-mePorquemefaltaasimplicidadedivinaDesertodosóomeuexterior.

a)Metalinguagem, pois o assunto central do poema é aprópriapoesia.

b)Suadoutrinatantopodesermodernaquantoprimitiva,poisoversolivreseexplicapelanatureza.

c) Projetodepoesiaespontânea, cujaestruturadeve sertãonaturalquantooperfumenasflores.

d)Aperfeiçãoéimpossívelporcausadoespírito,queafas-taopoetadamaterialidadenaturaldascoisas.

e)Aoequiparar-seàsimplicidadedasflores,opoetapre-tendejustificaranaturalidadedarima.

Texto para a questão 2

1 Bocasroxasdevinho,Testasbrancassobrosas,Nus,brancosantebraçosDeixadossobreamesa:

5 Talseja,Lídia,oquadroEmquefiquemos,mudos,EternamenteinscritosNaconsciênciadosdeuses.

Antesistoqueavida10Comooshomensavivem,

CheiadanegrapoeiraQueerguemdasestradas.

SóosdeusessocorremComseuexemploaqueles

15QuenadamaispretendemQueirnoriodascoisas.

(RicardoReis,Poesia,Lisboa,Assírio&Alvim,2000)

2. QuetraçosdapoéticadeRicardoReisestãopresentesnopoema?

O poema evidencia alguns traços bastante representa-tivos da poética de Ricardo Reis, tais como:• a defesa de uma filosofia estoico-epicurista, postula-

dora de tranquilidade e de ataraxia (completa ausênciade perturbações ou inquietações da mente), do gozo moderado do prazer, tendo como monte o carpe diem; Reis evita o sofrimento que decorre do excesso das

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KAPA-6 850450612 102 ANGLO VESTIBULARES

emoções, contentando-se em fruir o instante,gozando assim a margem de felicidade possível(cf.versos1-8);

• a recusa da dor inerente à luta do homem contraas limitações próprias da condição humana e ter-rena (cf. versos 9-12) e a aceitação do caráterinexoráveldotempo(cf.verso16);

• a concepção dos deuses como um Ideal do huma-no, apontando o caminho da elevação e da har-moniaestéticaemoral(cf.versos13-16).

Texto para a questão 3

Liberdade

AiqueprazerNãocumprirumdever.TerumlivroparalerEnãoofazer!Lerémaçada,Estudarénada.OsoldoiraSemliteratura.Oriocorre,bemoumal,Semediçãooriginal.Eabrisa,essa,detãonaturalmentematinal,Comotemtemponãotempressa...

Livrossãopapéispintadoscomtinta.EstudaréumacoisaemqueestáindistintaAdistinçãoentrenadaecoisanenhuma.

Quantoémelhor,quandohábruma,EsperarporD.Sebastião,Quervenhaounão!

Grandeéapoesia,abondadeeasdanças...Masomelhordomundosãoascrianças,Flores,música,oluar,eosol,quepecaSóquando,emvezdecriar,seca.

OmaisqueistoÉJesusCristo,QuenãosabianadadefinançasNemconstaquetivessebiblioteca.

(FernandoPessoaelemesmo.Cancioneiro.)

3. Nasprimeirasestrofes,oeulíricofazumacríticaaoslivroseàliteratura,demodogeral.Essacríticaenvolveapoesia?Justifiquesuaresposta.

Não, porque o próprio eu lírico faz, na quarta es-trofe, uma ressalva: “Grande é a poesia, a bondade eas danças...”. Diante da natureza, considera a litera-tura ornato inútil (“O sol doira / Sem literatura.”).Mas a poesia, sendo natural, terá razão de ser e deexistir.

OrIENtaçãO dE EStudO

Caderno de Exercícios — Unidade III

tarefa Mínima• Façaosexercícios2a20,série12.

tarefa complementar• Façaosexercícios24a40,série12.

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SINOPSE

Semana da Arte Moderna:TeatroMunicipaldeSãoPaulo,fevereirode1922;

Participação:Villa-Lobos,GuiomarNovaes(música);ManuelBandeira,OswalddeAndrade,MáriodeAndrade,MenottiDelPicchia,RonalddeCarvalho,PlínioSalgado,GraçaAranha(literatura);VictorBrecheret,Haarberg(escultura);AnitaMalfatti,DiCavalcanti(pintura).

Significado: foiogritodo Ipirangadaartebrasileira.Asvaias semanifestaram,quandoMárioleupáginasdeAescravaquenãoéIsaura,quandoVilla-Lobosentroudechinelasnopalco(eguarda-chuva).Masessenovogritonãoeracontraosportugueses:eracontracertosbrasileiros,representantesda“pedantocraciabacharelesca”,acadêmica.

MOdErNISMO NO braSIL 1o tEMPO (1922-1930)Fase heroica: “ver com os olhos livres”; destruição dos velhos tabus da inteligência nacional; construção de uma nova lin-guagem.

Traços distintivos Contexto

Liberdadeenacionalismonoexercíciodacríticaenaspro-postascriativas;

Renovaçãodaspropostasculturaisepolíticas; Adeusaoconstrangimentoouvergonhadesermosbrasi-

leiros:independênciamental; Literaturaalegreevital;instauraçãodeumasensibilidade

maispróximadarealidadenacional; Incorporação simpática dos novos meios: rádio, jornal,

cinema,plurilinguismo,telefone,vociferaçãopermanentedasruas,amoràmáquinaeàvelocidade,novapsicologiaamorosaefeminina,aintervençãopsicanalítica,ofolcloresaindodofundodopoço,etc.

Proliferação de revistas antenadas com o novo ideário:Klaxon, Estética, A Revista, Terra Roxa e outras ter-ras, Verde, Festa, Antropofagia;

Divergênciasinternas:estéticaseideológicas.

• Absorçãodos“ismos”europeus:Cubismo,Futurismo,Da-daísmo;

• Influênciaculturaldosimigrantes;

• Altadocafé;

• Centenáriodaindependênciapolítica;

• Primeirastransmissõesradiofônicas;

• Moderno imagináriourbano:máquinas, bondes, avenidas,arranha-céus,automóveis;

• FundaçãodoPartidoComunista;

• Revoltados18doFortedeCopacabana,agitaçõestenentis-tas,ColunaPrestes;

• Implantaçãodasprimeiraslinhasaéreasregulares;

• Revoluçãode1930:fimdaRepúblicavelha.

ExercíciosTexto para a questão 1

Brutasacudidelanasartesnacionais!Lembremosagoraarevoluçãonaturalista,recordemosatransiçãoparnasiana:éindiscutívelquejamaisreviravoltadeartemovimentoueapaixonoueenlouqueceumaisamonotoniabrasileiraqueochamadofuturismo.En-cheu-tedetintas,vulcõesdelama,saraivadadecalúnias.Muitorisoepoucosiso.Deambasaspartes.(…)Maluquice,imprevidênciaéoquefoi.Disparatada,semnorma,contraproducente.Confusãoecaosemqueasorientaçõesopostas,emvezdecovizinharem,libertasumasdasoutras,seconfundiamnumabarafundadeestardalhaço.Oh!Semanasemjuízo.Desorganizada,prematura.(…)ASemanadeArteModernanãorepresentanenhumtriunfo,comotambémnãoquerdizernenhumaderrota.Foiumademonstraçãoquenãofoi.Realizou-se.Cadaumseguiuparaseulado,depois.Precipitada.Divertida.Inútil.Afantasiadosacasosfezdelaumadataque,creio,nãopoderámaisseresquecidanahistóriadasartesnacionais.EisafamosaSemana.

(MáriodeAndrade,revistaAméricaBrasileira,abrilde1924)

aula 22seMana de 22: Painel do ModernisMo brasileiro 1o teMPo

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KAPA-6 850450612 104 ANGLO VESTIBULARES

1. “Não se constrói arranha-céu sobre castelo moçárabe.Derruba-seprimeiroamolepesadíssimadospreconceitos,que já foram verdades, para elevar depois outras verda-des.”Comenteestaafirmação,feitatambémporMáriodeAndradeeassocie-aaotextoanterior.

Mário de Andrade considera que a Semana de 22 foium movimento de ruptura com modelos e formas ar-tísticas do século XIX. Da destruição das concep-ções conservadoras surgiu uma nova linguagem, sem ritmo predeterminado, sem métrica preestabelecida, fundamentando-senoprincípiodeliberdade.

Texto para a questão 2

relicário

NobailedaCorteFoioConded’EuquemdissepraDonaBenvindaQuefarinhadeSuruíPingadeParatiFumodeBaependiÉcomêbebêpitáecaí

(OswalddeAndrade,PoesiaPau-brasil.)

2. QualvertentedoModernismobrasileiroérepresentadanopoemaacima?

Trata-se do poema-piada: é curto, e após fingir quevai dizer coisa importante, surpreende-nos negativa-mente.Masquenãodeixadetergraça.

Texto para o exercício 3

erro de português

QuandooportuguêschegouDebaixodeumabrutachuvaVestiuoíndioQuepena!FosseumamanhãdeSolOíndiotinhadespidoOportuguês.

(OswalddeAndrade.Poesiasreunidas.RiodeJaneiro:CivilizaçãoBrasileira,1978)

3. (ENEM)Oprimitivismoobservávelnopoemaanterior,deOswalddeAndrade,caracterizadeformamarcante

a)oregionalismodoNordeste.b)oconcretismopaulista.

c) apoesiaPau-Brasil.d)osimbolismopré-modernista.e)otropicalismobaiano.

Texto para a questão 4

Poema tirado de uma notícia de jornal

JoãoGostosoeracarregadordefeiralivreemoravanomorrodaBabilônianumbarracãosemnúmero.

UmanoiteelechegounobarVintedeNovembroBebeuCantouDançouDepois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu

afogado.(ManuelBandeira,Libertinagem.)

4. (FUVEST)Relacioneotítulodopoemaàcorrenteestéticadaqualotextoparticipa.

Uma característica do primeiro tempo do Modernismobrasileiro evidente no título é o prosaísmo: ele anun-cia que o poema não tratará de um acontecimentograndioso ou sublime, mas de um fato tirado do co-tidiano, muito parecido com o que se lê diariamente nos jornais. A alusão a um poema (linguagem literá-ria) feito a partir de uma notícia de jornal (lingua-gem não literária) sugere ainda o desinteresse emseguir padrões clássicos de composição, a fim de fa-voreceracriaçãodeumanovalinguagemartística.

OrIENtaçãO dE EStudO

Caderno de Exercícios — Unidade III

tarefa Mínima• Façaosexercícios1e2,série13.

tarefa complementar• Façaosexercícios8,9e12,série13.

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KAPA-6 850450612 105 ANGLO VESTIBULARES

SINOPSEMÁrIO dE aNdradE

• Líderdosmodernistasde1922:intensaatividadedoutri-náriaecultural→“descarrilharotremnormalecostu-meirodopassadismomental”.

• Pauliceiadesvairada(1922):sátiraàobsessãodepossebur-guesaeàincompetênciadosadministradorespúblicos.Apo-esiaincorporaocoloquial,os“barbarismosuniversais”etc.

• Clãdojabuti(1927):descobertadoBrasil→poesialiga-daaofolclore:toada,coco,moda,samba,rondó.

• Amar, verbo intransitivo (1927): romance freudiano→Fräuleinécontratadaparadar“liçõesdeamor”aojovemCarlos de Sousa Costa. Obra desenvolvida a partir dosprocessospsicanalíticosmaisfrequentes.

• Macunaíma(1928):perfilmultifacetadodolatino-america-no→colagemdelendasamazônicas+imagensdocotidia-nourbanoerural.Eixodoromance:abuscadomuiraquitãpelo“heróisemnenhumcaráter”,queviajaportodoopaísafimderecuperarotalismã,empoderdogiganteWen-ceslauPietroPietra.Rapsódialiterária→anatomiacarna-valescaeprimitivadaformaçãoedahistóriadopaís.

OSWaLd dE aNdradE

• Guerrilheirocultural→demolição,pormeiodasátiraedodeboche.“Monogamiasucessiva”→várioscasamen-tos.“Vira-latasdoModernismo”→anarquismopolítico:PRP(décadade1920)ePCB(de1930emdiante).

• MemóriassentimentaisdeJoãoMiramar(1924):primeiroromancemodernobrasileiro;obracaleidoscópicaem163flashescinematográficos,querelataatrajetóriatípicadeumbrasileiro riconasprimeirasdécadasdo séculoXX:turismoglobe-trotter→casamentoburguês→amante→desquite→vidaliterária→apertosfinanceiros.

• Pau-Brasil: manifesto e poesia (1924–25)→ ver comolhoslivres(valorizaçãodoBrasilpós-cabralino);recria-çãode textos jesuíticos e cronísticosda época colonial.Poesia Pau-Brasil: imediata, simplória, desconcertante,selvagem,curtaegrossa,integrandosignosverbaisevi-suais; a redescoberta do país, pormeio de anedotas ecaçoadaspoéticas.

• Antropofagia:manifesto (1928)→ “Tupy,ornot tupy,thatisthequestion”:valorizaçãodoBrasilpré-cabralino;recuperaçãodenossoladoselvagemeinstintivo;devora-çãointeligentedaculturaestrangeira.

MaNuEL baNdEIra

• Estreladavida inteira(1966): formosoconjuntode10livros→ contato com as etapas mais significativas daevoluçãopoéticabrasileiradoséculoXX.Didaticamente,podeserdivididaemtrêsfases:

• 1afase—PreparaçãoparaoModernismo:Cinzadasho-ras(1917),Carnaval(1919)eRitmodissoluto(1924)→traçospós-simbolistasdeacentuadamelancolia,associa-dosàrupturacomapoéticatradicional.

• 2afase—Modernismopleno:Libertinagem(1930)eEs-treladamanhã(1936)→registrodasmarcasmaisfortesdemodernidade:versilibrismo,simplicidadedeimagens,resgate poético do cotidiano, disposição inovadora daspalavras,poemas-piada,tomprosaico,toquessurrealis-tas,pinceladashumorísticas,autoironia.Amplificaçãodostrêsnúcleos temáticosdesuapoesia: reminiscênciasdainfância,convivênciacomamorteeerotismo.

• 3a fase — Pós-modernismo: da Lira dos cinquent’anos(1940)aEstreladatarde(1963)→virtuosismorefinado:restauraçãodosmetrostradicionaisaversosdesintoniacomoConcretismo;permanênciadesugestõesautobiográficas.

MÁrIO rauL dE MOraIS aNdradE(SãO PauLO, 1893-1945)

Mário de Andrade

aulas 23 e 24o ModernisMo no brasil — 1o teMPo: MÁrio de andrade, osWald de andrade e Manuel bandeira

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KAPA-6 850450612 106 ANGLO VESTIBULARES

“Eu SOu trEZENtOS, trEZENtOS E cINcOENta”

MáriodeAndradeéconsideradoomaisabrangentetraba-lhador intelectualbrasileiroda1ametadedo séc.XX. Lúcidoeinstigante,desenvolveuumareflexãocríticamodernaepro-vocativasobreosmaisvariadostemas.Mergulhoufundonasraízes culturaismais representativasdopaís, procurando re-velá-laspormeiodacompreensãodosmaisautênticosvalorespopulares.Márioinjetavaemtudoquefaziaumsensodepro-blemáticobrasileirismo,daí sua investidano folclore.Sempredeholofotesacesosnadireçãodopovo,desentulhouoespíritonacionaldeumamontanhadepreconceitosarcaicos.

Firmementedispostoaexperimentarprocessosdeexpres-são para chegar a uma língua “brasileira”, pesquisou semprefórmulasnovas,queolevaramaforjarregraspessoaisdegra-mática.Chegouatéaanunciarumlivro—Gramatiquinhadafalabrasileira—,emqueestabeleceriasuapropostadereno-vaçãodalíngua“brasileira”.Deixavadeacentuarcertaspalavras(“ninguem, tambem, Belem”), outras ele acentuava (“porém,rúim”),grafavacertostermosapartirdoregistrooral (“mi-lhor,siquer,ólio”),formasdevirgularepontuarquedefinemnoconjuntoumaindividualidadedeestiloinconfundível.

O tOM dELIraNtE: PAULICEIA DESVAIRADA (1922)

ParaMáriodeAndradeaartedevia“botarporterraasfor-masgastasdesociedade”.PauliceiaDesvairada(1922)assumeaformadapedagogiaedocombate,com”versosdesofrimen-toederevolta“queregistrampaisagensfrias,opressorasdacidade.Tambémapresentaumaestéticamoderna,onde teráimportânciaoversoharmônico,emqueaproximaapoesiadamúsica, desenvolvendo a teoria da “polifonia poética” que seconsubstancianainvençãodoversoharmônico(=superposiçãodepalavrassoltas:“Acainçalha…ABolsa…Asjogatinas…”),emoposiçãoaoversomelódicotradicional.Pedeamudançadecostumesparaaesperadaredençãodacidadeeumaaudiêncianova,maishumana,maisdesarmada.

O tOM acabOcLadO: CLÃ DO JABUTI (1927)Resultada“viagemdedescobertadoBrasil”queelereali-

zouporMinasGerais,duranteaQuaresmaeaSemanaSantade1924.Aquielemaisseaproximadofolclore:atoada,ococo,amoda,osamba,orondóvãodandosuporteesubstânciaaospoemas.Emborahajaumapequena insistêncianoverso livrealongadoedolente,paraexprimirasemoçõescaboclo-naciona-listas,oquepredominaéoversomaiscurto,maisacauteladocontraosderramamentos.

O rOMaNcE FrEudIaNO: AMAR, VERBOINTRANSITIVO (1927)

Romance desenvolvido a partir dos processos psicanalíticosfreudianosmaistípicos:recalque,sublimação,regressão,fixaçãoeosdemaisdesviosprovocadospelamaioroumenoraproximaçãodalibido.Márionarraaestóriadeumagovernantaalemã,Fräulein,contratadaparadar“liçõesdeamor”ao jovemCarlosdeSousaCosta.

O rOMaNcE-raPSÓdIa: MACUNAÍMA (1928)Macunaíma,oheróisemnenhumcaráter,éumadasobras

pilaresdaculturabrasileira.Numanarrativafantásticaepica-

resca(“malandra”),MáriodeAndradedelineiaoperfilmultifa-cetadodolatino-americanopormeiodeumacolagemdelendasamazônicasedeimagensdocotidianourbanoeruraldopaís.Oeixodaobraéabuscadamuiraquitãpelo“heróisemnenhumcaráter”,queviajaBrasilaforaafimderecuperarestetalismã,empossedogiganteWenceslauPietroPietra.

Macunaíma,juntamentecomMemóriasSentimentaisdeJoãoMiramar(1924)eSerafimPonteGrande(1933),deOswalddeAndrade,foramobrasrevolucionárias,poisdesafiaramosistemaculturalvigente,propondo,pormeiodeumanovaorganizaçãodalinguagemliterária,olançamentodeoutrasinformaçõesculturaisdiferentesemtudodasposiçõesmantidasporumasociedadedo-minadapeloreacionarismoeoatrasoculturalgeneralizado.

Otombemhumoradoeainventividadenarrativaelinguís-ticafazemdeMacunaímaumadasobrasmodernistasbrasilei-rasmaisafinadascomaliteraturadevanguardanomundonasuaépoca.Nesseromanceencontram-seDadaísmo,Futurismo,ExpressionismoeSurrealismo,aplicadosaumvastoconheci-mentodasraízesdaculturabrasileira.AobraéfrutodeanosdepesquisadaslendasemitosindígenasefolclóricosqueoautorreúneutilizandoalinguagempopulareoraldeváriasregiõesdoBrasil.Trata-se,porissomesmo,deumarapsódia.Impor-tantenotarque,alémderelatarinúmerosmitosrecolhidosemdiversasfontespopulares,MáriodeAndradetambéminventa,demaneira irônica,váriosmitosdamodernidade.Apresenta,entreoutros,osmitosdacriaçãodofutebol,dotruco,dogestoda“banana”oudotermo“Vátomarbanho!”Alémdaimensapesquisa,há,emMacunaíma,muitainvenção.

José OSWaLd dE Sousa aNdradE(SãO PauLO 1890-1954)

Retrato de Oswald, por Tarsila do Amaral.

uM rOMaNcE caLEIdOScÓPIcO: MEMÓRIASSENTIMENTAIS DE JOÃO MIRAMAR (1924)

É o primeiro romance modernista brasileiro, uma espéciede “diário de bordo”, com capítulos curtíssimos, telegráficos,cubofuturistas.São163flashesmostrandoavidadeumricaçobrasileirocontadaporelemesmo,demaneiraqueosentimen-taleoconfidencialapareçamcomoforçaslíricas:ainfânciademalandrim→aviagemparaaEuropa→ocasamentodeinte-resse→amantesfortuitas→desquiteportraiçãorecíproca→vidaevaidadesliterárias→aperturasfinanceirasetc.Esseéumromanceatécertoponto“interdisciplinar”,poistransplantaoci-

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nemaeapinturaparaaliteratura;explorasempreosplanosdes-contínuos(comoosfotogramasdocinema).OswaldachavaqueMiramaréotípicoburguesãoemsuavidaestérilesemnexo.

ruPtura radIcaL cOM aS tradIçÕES:POESIA PAU-BRASIL (1925)

AobradeOswaldrenegapartedetodaahistóriabrasileira,para dar ênfase apenas àquela parte espontânea, elementar eprimitiva,queelenomeavaPau-Brasil.Porissoeleprocuranos-sasraízesaindanãodetodoceifadaspelaracionalidadeeuropeia.Háumretornoàinfânciaprimordial,àvidalivre,aumcânticoutópicoaomatriarcado,ànudez(detodotipo),aoprosaísmodasruas,dosnamoros,tudodireto,comoquerarealidade,etudosemamáscarasentimental.Oswaldserebelacontra“asensatezhipócrita”,valorizaonaturalaquieagora,eoretornoanossaidentidadeantropológica,farristaeparadisíaca.

“VeroBrasilcomolhoslivres”erabuscarnossariquezana-tiva,bugrina,cabralina,negra.Empoemas-pílula,elecombinaafrasequinhentista(dascrônicascoloniais)comafalapopularbrasileira.Oswaldproclamavaessamisturacomo“deexporta-ção”,poesianossa,nãoimitadadoestrangeiro.

MaNIFEStO aNtrOPÓFagO (1928)

Oswald propõe uma devoração da cultura europeia sedi-mentadanosbrasileiros.Taldevoraçãoseinspiravanumame-táforaselvagem:assimcomoosíndiosnãodevoravamseusini-migosparamatarafome,masparaincorporarovalordestesasimesmos,tambémaAntropofagiaquestionariaoseuropeís-mos,paraexperimentá-losemcruzamentosnovoseemnovaproduçãocultural,quepassariaentãoa sernossa.A tesedaantropofagiacompletaoManifesto Pau-Brasil.Fragmentos:

***

AntesdosportuguesesdescobriremoBrasil,oBrasiltinhadescobertoafelicidade.

***

Contraoíndiodetocheiro.OíndiofilhodeMaria,afilhadodeCatarinadeMédicisegenrodeD.AntôniodeMariz.

***

Aalegriaéaprovadosnove.

***

NomatriarcadodePindorama.

(OswalddeAndrade, Manifesto Antropófago)

O aNarQuISMO EM FÚrIa: SERAFIM PONTEgraNdE (1933)

Serafimencarnaomitodoherói latino-americano indivi-dualque,abordodanaveElDurazno,parteembuscadaliber-taçãoedautopia.Pararedescobriranossarealidadeeredefinirocomportamentohistóricodobrasileiro,OswaldcriaemSera-fimumapersonagemoutsider,umirrecuperávelmarginal.Comsarcasmo e irreverência, Serafimparodia os atos de bravuraindividual,virando-ospeloavesso.Porsersódele,osonhodeSerafimacabafrustrando-se:depoisdeaprenderadurareali-dadedavida,éexpelidodosistema.

O tEatrO MOdErNISta: O REI DA VELA (1937)

TambémnoteatroOswaldfoipioneiro:Oreidavela,ence-nadasóem1967,inicianossadramaturgiamoderna,numalinhaideológicamuitopróximadadoromanceSerafimPonteGrande(1933).Essamudança,acontecidadepoisdacrisede1929(quelevaraOswaldàbancarrota), fezcomqueeleassumisseanar-quicamenteposiçõesdeesquerda.Desesperadocomasdívidas,Oswaldvai-sependurarnosagiotasdeSãoPaulo,ostodo-pode-rosos“reisdavela”,queretratanapeça.UsurárioscomoAbe-lardoIeIIligam-seaosdecadentescafeicultoreseaosrepresen-tantesdocapitalismo internacional,paraexplorarodesesperodosendividados.Simbolicamente,apersonagemquealegorizaaclassemédiatrazacordaaopescoço:éodevedorcrônico.

MaNuEL carneiro de Souza baNdEIra Filho(rEcIFE, 1886 – rIO, 1968)

Manuel Bandeira

O MOdErNISta NEOrrOMÂNtIcO

ReunidaemEstreladavidainteira(1966),aobrapoéticadeManuelBandeiracontém,comotraçosfundamentais,oro-mantismo,asimplicidade,osretratosdavivênciaedovivido,osritualismosinfindáveisdamemóriae,porfim,amortecomofimdesimesmoedetodasascoisasamadas.

Bandeira,docomeçoaofim,mostrousempreumromantis-mo,nãodeescolaoudeépoca,masdevocaçãoedesensibilida-de.Issonãolheimpediusermodernista.Earenovaçãoqueeletrouxenãofoiadoalardeouadogritodeguerra.ManuelBan-deiraéomodernistadascircunstânciassimples,elementares.

Bandeiraéopoetadaprecisãosentimental,eseissoéro-mântico(peloladosentimental),serámodernistapeloladodafraseprecisa,jáqueosromânticosgostavamdaornamentação,daemoçãotorrencial,queopoetarejeita.

Sãoosmomentos,asolidãopensativa—aquiloqueseeter-niza:“Vãodemolirestacasa/Masmeuquartovaificar,/Nãocomoforma imperfeita / Nestemundo de aparências: / Vai ficar naeternidade,/Comseuslivros,comseusquadros,/Intacto,sus-pensonoar!”(“Últimacançãodobeco”,Liradoscinquent’anos).

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Oterritóriocativodosafetosnãooabandonou jamais,etevenomesvariados.UmdelesfoiRecife,mágicoepessoal:“Avidanãomechegavapelaspáginasdahistóriajornaisnempeloslivros/Vinhadabocadopovonalínguaerradadopovo/Línguacertadopovo/PorqueeleéquefalagostosooportuguêsdoBrasil !” (“Evocação do Recife”, Libertinagem). O mesmo napropagandaderua:“AstrêsmulheresdosaboneteAraxámeinvocam,mebouleversam,mehipnotizam./Oh,astrêsmulhe-resdosaboneteAraxáàsquatrohorasdatarde!/OmeureinopelastrêsmulheresdosaboneteAraxá!”(“Baladadastrêsmu-lheresdosaboneteAraxá”,EstreladaManhã)

EcOS dO ParNaSO-SIMbOLISMO:A CINZA DAS HORAS (1917)

Obra publicada após a volta deClavadel, na Suíça, aondeopoetaforaatratamentodesaúde,àsvésperasdaIGrandeGuerra.Esseéumlivrodeiniciante,mascomoouvidocativopelosúltimosecosdoSimbolismoe,sobretudo,peloolharlon-gínquoeadmirativodosromânticos:“Asombraimensa,anoiteinfinitaencheovale…(…)umcarneirobale. /Ouvem-sepiosfunerais…”(“Paisagemnoturna”).Hádoisbelossonetosneo-parnasianos,umdedicadoaCamões,outroaAntonioNobre.EisalgunsecosdeAlphonsusdeGuimarães(quereaparecerãomaistarde,bemmaispurificados):“Mudaesemtrégua/Galopaanévoa,galopaanévoa.(…)Aquelecorvo,ovootorvo,/Omeudestinoaquelecorvo!(“Ruço”).Arima,associadasempreaqua-drosdesentimentalismo,mostra-secodificada,previsível.

a EXPLOSãO dO vErSO LIvrE:O RITMO DISSOLUTO (1924)

Apalavra“dissoluto”sugeredepravação,descontrole,per-da moral da consciência e, sobretudo, errância dos desejos.Isso,noplanotemáticodolivro,coincidecomomemorialismoinfantilesuaculturarecifense,folclórica.Nestaobra,Bandeiraelegeousogeneralizadodoversolivre.Repontatambémaíoardoramorosoqueseráumdosgrandestemasdopoeta.

a MaturIdadE da POESIa MOdErNa:LIBERTINAGEM (1930)

Esteéolivromaisconcretodapoesiabrasileira.Concretonosentidodeconternãoapenasascoisasemsuarealidadepalpável,mastambémavisãoqueopoetaterásobreelas.Emoutroster-mos,omentaleosensívelseenlaçamdemaneiranaturalnesselivro.Desdeoprimeiropoema(“Nãoseidançar”),LibertinagemtemparentescocomCarnaval(1918):“Unstomaméter,outroscocaína,/Eujátomeitristeza,hojetomoalegria.”

MasemLibertinagemocarnavalescoéumeco,umavivênciadissolvida,algoqueaalmaincorporounospormenores:“Bembe-lelém/VivaBelém!/Nortistagostosa/Eutequerobem…”(“Be-lémdoPará”).Oucomonocarro-chefe“Poética”:“Queroantesolirismodosloucos/Olirismodosbêbedos/Olirismodifícilepungentedosbêbedos/OlirismodosclownsdeShakespeare.”

a FaScINaçãO dO OLHar:ESTRELA DA MANHÃ (1936)

OquechamamosestreladamanhãéomesmoqueVésperouestreladatarde:trata-sedoplanetaVênus,que,aolhonu,nosdáaimpressãodeserestrela.Dequalquerforma,otítuloéperfeito,porqueospoemasaítrabalhamcomoolharmasculinoqueincidesobreamulheraquieagora,masquejáincidiualieoutrora,eque,idealizado,repõeaconsolaçãovivadamemória.A inspiração é mais pura e abstrata: Lira dos cinquent’anos (1944)

Bandeiranãofezpoesiasóparaseexprimir,parafalardeseudestinooudodestinodosamigos.Enfim,nãofoiapenasumpoetaexistencial.Eletambémgostavadasváriaslinguagenspoéticasedosváriosestilosdeépoca.Exprimiralgodenós,nossalinguagemsempreexprime.Mesmoescrevendonoestilomedievaldascan-tigas (“Cossante”, “Cantardeamor”)ounossonetos (“Sonetosingleses”, Ie II)ou falandodeMozart (“Mozartnocéu”)ouseexercitando(“Rondódocapitão”)oumesmoplagiandoAugustoFrederico Schmidt (“Soneto plagiado”) etc. A par destes váriosexercíciosdevirtuosismoefinura,oquesepercebeneste livroéumaprofundamentobastantesofisticadodostemasdasolidãosobabatutadoaprimoramentomusicaldapoesia.

a POESIa OutONaL: ESTRELA DA TARDE (1958)

Nestelivroosassuntossãovários,demaneiraquenelenãoseexplicitaumeixotemáticobemclaro.Maséumlivroemquea religiosidade semostramais frequentequenosanteriores.Umareligiosidadebeata,católica,massensível,inteligente.Estareligiosidadesesublimanostemasdepiedade(“Acalantoparaasmãesqueperderamoseumenino”,“Ovalle”,“Aanunciação”,“Sonhobranco”,“Sonetosonhado”“AsuasantidadePauloVI”etc.).Hátambémretratos(“Maísa”,“CantadoresdoNordeste”,“CarlosDrummonddeAndrade”)eháatémesmounsensaiosbemlogradosdepoesiaconcretista.

Preparação para a Morte

Avidaéummilagre.Cadaflor,Comsuaforma,suacor,seuaroma,Cadafloréummilagre.Cadapássaro,Comsuaplumagem,seuvoo,seucanto,Cadapássaroéummilagre.Oespaço,infinito,Oespaçoéummilagre.Otempo,infinito,Otempoéummilagre.Amemóriaéummilagre.Aconsciênciaéummilagre.Tudoémilagre.Tudo,menosamorte.—Benditaamorte,queéofimdetodososmilagres.

(ManuelBandeira,Estreladatarde)

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ExercíciosTexto para a questão 1

O Poeta Come AmendoimaCarlosDrummonddeAndrade

(1924)Noitespesadasdecheirosecaloresamontoados...FoioSolqueportodoosítioimensodoBrasilAndoumarcandodemorenoosbrasileiros.

Estoupensandonostemposdeantesdeeunascer...

Anoiteerapradescansar.Asgargalhadasbrancasdosmulatos...Silêncio!OImperadormeditaosseusversinhos.OsCaramurusconspiramnasombradasmangueirasovais.Sóomurmurejodoscr’m-deus-padresirmanavaoshomensdemeupaís...Dumafeitaoscanhamborasperceberamquenãotinhammaisescravos,Porcausadissomuitavirgemdorosárioseperdeu...

PorémodesastreverdadeirofoiembonecarestaRepúblicatemporã.Agenteindanãosabiasegovernar...Progredir,progredimosumtiquinho.Queoprogressotambéméumafatalidade...SeráoqueNossoSenhorquiser...

Estoucomdesejosdedesastres...ComdesejosdoAmazonasedosventosmuriçocasSeencostandonacanjeranadosbatentes...TenhodesejosdeviolasesolidõessemsentidoTenhodesejosdegemeredemorrer.

Brasil...Mastigadonagostosuraquentedoamendoim...FaladonumalínguacurumimDepalavrasincertasnumremeleixomeladomelancólico...Saemlentasfrescastrituradaspelosmeusdentesbons...MolhammeusbeiçosquedãobeijosalastradosEdepoissemitoamsemmalíciaasrezasbemnascidas…

Brasilamadonãoporquesejaminhapátria,PátriaéacasodemigraçõesedopãonossoondeDeusder...Brasilqueeuamoporqueéoritmodomeubraçoaventuroso,Ogostodosmeusdescansos,Obalançodasminhascantigasamoresedanças.Brasilqueeusouporqueéaminhaexpressãomuitoengraçada,Porqueéomeusentimentopachorrento,Porqueéomeujeitodeganhardinheiro,decomerededormir.

(MáriodeAndrade,ClãdoJabuti)

1. OprojetoliteráriodeMáriodeAndradesempreseguioupelonacionalismo.Destaquedopoemaanteriorexpressõesquecarre-gamumacentuadotraçodebrasilidade.

“Canhamboras”,“tiquinho”,“muriçocas”,“canjerana”,“curumim”.

(FUVEST)Texto para a questão 2

III. Ci, mãe do mato

Oheróiviviasossegado.Passavaosdiasmarupiara1naredematandoformigastaioca2,chupitandogolinhosestaladosdepa-juari3equandoagarravacantandoacompanhadopelossonsgotejantesdocotcho4,osmatosreboavamcomdoçuraadormecendoascobrasoscarrapatososmosquitosasformigaseosdeusesruins.

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DenoiteCichegavarescendendoresinadepau,sangrandodasbrigasetrepavanaredequeelamesmoteceracomfiosdocabelo.Osdoisbrincavamedepoisficavamrindoumprooutro.

Ficavamrindolongotempo,bemjuntos.CiaromavatantoqueMacunaímatinhatonteirasdemoleza.

—Puxa!comovocêcheira,benzinho!queelemurmuriavagozado.Eescancaravaasnarinasmais.

Vinhaumatonteiratãomacota5queosonoprincipiavapingan-dodaspálpebrasdele.PorémaMãedoMatoindanãoestavasatisfeitanãoecomumjeitoderedequeenlaçavaosdoiscon-vidavaocompanheiropramaisbrinquedo.Mortodesoneira,infernizado,Macunaímabrincavapranãodesmentirafamasó,porémquandoCiqueriarircomeledesatisfação:

—Ai!quepreguiça!...queoheróisuspiravaenfarado.Edandoascostaspraela

adormeciabem.MasCiqueriabrincar indamais...Convidavaconvidava...Oheróiferradonosono.EntãoaMãedoMatope-gavanatxara6ecotucavaocompanheiro.Macunaímaseacor-davadandograndesgargalhadasestorcegandodecócegas.

—Fazissonão,oferecida!—Faço!—Deixaagentedormir,seubem...—Vamosbrincar.—Ai!quepreguiça!...Ebrincavammaisoutravez.

(in:ANDRADE,Máriode.Macunaíma—oheróisemnenhumcaráter.4a.ed.SãoPaulo:LivrariaMartinsEditora,1965.pp.22-23.)

Notas: 1.pessoafeliznacaçaenapesca,nosamoresenosnegócios;2.for-migaavermelhada;3.bebidaexcitanteusadapelosíndios;4.violarústicafeitademadeiradefarã(árvorequenascenasmargensdosrios),cujoencordoa-mentoédetripademacaco;5.grande,enorme,maisimportante;6.flechasempenas,detrêsoumaispontas,semelhandogarfoouancinho.

2. a)Referindo-se a suas intenções aoescrevero livroMa-cunaíma,MáriodeAndradeafirmou:“Umdosmeusin-teressesfoidesrespeitarlendariamenteageografiaeafaunaeflorageográficas”.No livro,esse“interesse”éalcançado?Justifiquebrevemente.

Sim.MáriodeAndrade,deacordocomsuapropostadenacionalismocrítico,evitaoregionalismoparaconceberoBrasildemodounitáriopormeiodoprocessode“desgeo-graficação”,emquesãomisturadasafauna,aflora, len-das e contos populares, bem como registros típicos dalinguagem de várias regiões do país. Como exemplos:Macunaímaencontraopássarotuiuiú,típicodopantanalmato-grossense,nosuldopaís;alendáriaárvoreVolomãé deslocada do Amazonas para o Rio de Janeiro; Macu-naíma,figuramíticadaregiãodeRoraima,migraparaSãoPaulo, para recuperar a muiraquitã, e percorre todo opaís;quandooheróisemnenhumcarátersentesaudadedesuaterranatal,àsmargensdorioUraricoera,vale-sedovocábulo“querência”,queéumregionalismogaúcho.

b)SobreapersonagemMacunaíma,MáriodeAndradeafir-mou:“É fácildeprovarqueestabelecibemdentrodetodo o livro que Macunaíma é uma contradição de simesmo”.Aafirmação sublinhada se justifica?Expliquesucintamente.

Sim.“Macunaímaéumacontradiçãodesimesmo”,comoafirmou Mário de Andrade, pois é uma personagemmarcada por características opostas: é herói e anti-herói, corajoso e covarde, empreendedor e preguiçoso,ingênuoemalicioso,sensualecontemplativo.

Texto para a questão 3

66. Botafogo etc.

Beiramarávamosemautopeloespelhodealuguel arborizadodasavenidasmarinhassemsol.Losangostênuesdeourobandeiranacionalizavamoverdedosmontesinteriores.NooutroladoazuldabaíaaSerradosÓrgãosserrava.Barcos.Eopassadovoltavanabrisadebaforadasgostosas.Rolahiavinhaderrapavaentravaemtúneis.Copacabanaeraumveludoarrepiadonaluminosanoitevaradapelasfrestasdacidade.

(OswalddeAndrade,MemóriassentimentaisdeJoãoMiramar)

3. Pode-seafirmarqueesseepisódio-fragmento:

a)retrataaluademeldeMiramareMlle.RolahemBota-fogo,valorizandooelementovisualdacena.

b)apresenta um feixe de imagens inadequado ao processocaleidoscópicoecinematográfico,assumidopeloromance.

c) descreveassensaçõesdopasseiosemfazeralusões,te-legrafismosoufracionararealidade.

d)mostraflashescinematográficosdopasseio,revelando,porcompleto,apaisagem,osobjetoseosamantes.

e)evidencia o caráter imagístico-visual, por meio de umenfoquemetonímicoegeometrizantedarealidade.

Texto para a questão 4

pronominais

Dê-meumcigarroDizagramáticaDoprofessoredoalunoEdomulatosabidoMasobomnegroeobombrancoDaNaçãoBrasileiraDizemtodososdiasDeixadissocamaradaMedáumcigarro

(OswalddeAndrade,PoesiasReunidas)

4. Neste poema, nota-se a veemência e a irreverência comqueOswalddeAndradetrataagramática.QualaalteraçãofundamentalqueoModernismotrouxeparaa linguagemliterária?

O Modernismo libertou a literatura do código escritoe de norma gramatical rígida. Introduziu a lingua-gemneológica,criativa,oral.

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Texto para a questão 5

O Último Poema

AssimeuquereriaomeuúltimopoemaQuefosseternodizendoascoisasmaissimplesemenosinten-cionaisQuefosseardentecomoumsoluçosemlágrimasQuetivesseabelezadasfloresquasesemperfumeApurezadachamaemqueseconsomemosdiamantesmaislímpidosApaixãodossuicidasquesematamsemexplicação.

(ManuelBandeira,Libertinagem)

5. Libertinagem,deManuelBandeira,éumadasobrasmaisimportantes da Literatura Brasileira. Nela, evidencia-se aideiabásicadoModernismo:aliberdade.Assimsendo,

a)indiqueostemasquenestaobracaracterizamaliberda-dedeconteúdo;

Os temas de Libertinagem são um grito de liber-dade em relação à poesia dominante no períodoanterior, o Parnasianismo e o Simbolismo. Os prin-cipaisíndicesdetallibertaçãosão:— Incorporação do cotidiano urbano: o dia a dia do

homem simples do Rio de Janeiro e da criança derua do Recife (“Poema tirado de uma notícia dejornal”,“Tragédiabrasileira”,“Profundamente”);

— Aproveitamento estilizado do folclore: imagensda vida popular do Recife, com cores, casos efalas regionais (“Evocação do Recife”, “Lendabrasileira”);

—Confessionalismo:mitificaçãoneorromânticadelancesautobiográficos,comoadoença(tuberculose)eamorte(“Pneumotórax”);

—Evasão: culto da liberdade em si, manifesta na fusãosurrealista de tempos, planos e formas(“Vou me em-borapraPasárgada”).

b)valendo-sedotrechoacima,expliquecomosedáaliber-dadedaforma.

A liberdade formal do texto em questão observa-sequanto:—à métrica: adoção do verso livre, isto é, sem me-

dida prévia;—à sintaxe: simples e direta, dominada pela repeti-

çãodomesmoesquemafrasal(paralelismo);—ao vocabulário: extraído do uso diário, da linguagem

coloquial.

Texto para a questão 6

Poema só para Jaime Ovalle

Quandohojeacordei,aindafaziaescuro1

(Emboraamanhãjáestivesseavançada).Chovia.Choviaumatristechuvaderesignação.Comocontrasteeconsolo2aocalortempestuosodanoite.Entãomelevantei,Bebiocaféqueeumesmopreparei,Depoismedeiteinovamente,acendiumcigarroefiqueipen-sando...—Humildementepensandonavidaenasmulheresqueamei.3

(ManuelBandeira,Belo,Belo)

Notas: 1.Opoetapromoveumjogoderelaçõesinterpolares,pormeiodeantí-teses;2.Apalavracontrasteaproximacoisasdiferentes:aescuridãodamanhãeocalordanoite.Jáconsolotraduzosentimentodeperda:amanhãestáirremediavelmenteescuracomoanoite;3.Comhumildadeeternura,opoetaevocaoamordasmulherescomocompensaçãoparaaangústiadasolidão.

6. Sempoderolharomundocomlentescoloridas,umavezquesuavidaeraumaconstanteencruzilhadacomamorte,opoetaseresigna.Qualoversoquesugeremaisintensa-menteasensaçãoderesignaçãoesolidão?

“Humildemente pensando na vida e nas mulheres queamei”

OrIENtaçãO dE EStudO

Caderno de Exercícios — Unidade III

tarefa Mínima

aula 23

• Façaosexercícios3a7,série13.

aula 24

• Façaosexercícios11,13a20,série13.

tarefa complementar

aula 23

• Façaosexercícios21a30,série13.

aula 24

• Façaosexercícios31a40,série13.