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Safrinha Safrinha Safrinha Safrinha Safrinha - Dezembro 2008/Janeiro 2009 03 Matheus Zanella O potencial produtivo do milho pode ser afetado diretamente pela interfe- rência de fatores fitossanitários, como matocompetição nos estágios iniciais da lavoura e ocorrência de pragas im- portantes incidindo sobre o colmo e as espigas. Recentemente, a ocorrên- cia de fungos fitopatogênicos tem se apresentado como mais um fator li- mitante na obtenção de altos índices de produtividade. Estas doenças fún- gicas, em função da sua presença, se- veridade e modo de ataque (semen- tes, folhas, colmos, raízes e espigas) têm acarretado reduções expressivas na produção, variando de acordo com as condições edafoclimáticas de cada região. O aumento da incidência e severi- dade dessas doenças tem sido relacio- nado ao manejo da cultura, incluindo- se uso de sementes infectadas, o plan- tio direto, cultivos sucessivos em exten- sas áreas, plantio de segunda safra (mi- lho safrinha), cultivos irrigados e uso de híbridos suscetíveis. Considera-se também o natural acúmulo de inóculo dos principais fungos fitopatogênicos nas áreas dos cerrados, como fator de grande importância na explosão de epi- demias na cultura do milho. TRATAMENTO DE SEMENTES A semente de milho durante a ger- minação pode ser alvo de fungos do solo ou daqueles associados às semen- tes, com capacidade de levar ao apo- drecimento da semente ou à morte da plântula. Esse processo patogênico pode resultar no estabelecimento de uma lavoura com baixa população de plantas, devido à emergência desuni- forme e a falhas no estande. Os principais fungos que infectam as sementes de milho são Fusarium verticillioides e Cephalosporium acremo- nium, em condições de campo de pro- dução de sementes, e Aspergillus spp. Sucesso na safrinha Sucesso na safrinha A pr A pr A pr A pr A proximi ximi ximi ximi ximidad ad ad ad ade d e d e d e d e da segun a segun a segun a segun a segunda safr a safr a safr a safr a safra e a e a e a e a exi xi xi xi xige d e d e d e d e do pr o pr o pr o pr o prod od od od odutor plan utor plan utor plan utor plan utor planejam ejam ejam ejam ejamen en en en ento criteri to criteri to criteri to criteri to criterioso con oso con oso con oso con oso contr tr tr tr tra doenças fún oenças fún oenças fún oenças fún oenças fúngi gi gi gi gicas cas cas cas cas, r , r , r , r , respon espon espon espon esponsáveis por sever sáveis por sever sáveis por sever sáveis por sever sáveis por severos d os d os d os d os dan an an an anos e per os e per os e per os e per os e perda d a d a d a d a de pr e pr e pr e pr e prod od od od odutivi utivi utivi utivi utividad ad ad ad ade n e n e n e n e nas as as as as lavour lavour lavour lavour lavouras d as d as d as d as de milh e milh e milh e milh e milho. O m o. O m o. O m o. O m o. O man an an an anejo in ejo in ejo in ejo in ejo integr tegr tegr tegr tegrad ad ad ad ado, com o empr o, com o empr o, com o empr o, com o empr o, com o empreg eg eg eg ego d o d o d o d o de técni e técni e técni e técni e técnicas com cas com cas com cas com cas como tr tr tr tr tratam atam atam atam atamen en en en ento d to d to d to d to de sem e sem e sem e sem e semen en en en entes tes tes tes tes, e o empr , e o empr , e o empr , e o empr , e o empreg eg eg eg ego r o r o r o r o raci aci aci aci acion on on on onal d al d al d al d al de fun e fun e fun e fun e fungi gi gi gi gici ci ci ci cidas n as n as n as n as na parte aér a parte aér a parte aér a parte aér a parte aérea, são ea, são ea, são ea, são ea, são estr estr estr estr estratégi atégi atégi atégi atégias r as r as r as r as recom ecom ecom ecom ecomen en en en endad ad ad ad adas par as par as par as par as para gar a gar a gar a gar a garan an an an antir sani tir sani tir sani tir sani tir sanidad ad ad ad ade e aum e e aum e e aum e e aum e e aumen en en en ento d to d to d to d to de r e r e r e r e ren en en en endim dim dim dim dimen en en en ento to to to to A pr A pr A pr A pr A proximi ximi ximi ximi ximidad ad ad ad ade d e d e d e d e da segun a segun a segun a segun a segunda safr a safr a safr a safr a safra e a e a e a e a exi xi xi xi xige d e d e d e d e do pr o pr o pr o pr o prod od od od odutor plan utor plan utor plan utor plan utor planejam ejam ejam ejam ejamen en en en ento criteri to criteri to criteri to criteri to criterioso con oso con oso con oso con oso contr tr tr tr tra doenças fún oenças fún oenças fún oenças fún oenças fúngi gi gi gi gicas cas cas cas cas, r , r , r , r , respon espon espon espon esponsáveis por sever sáveis por sever sáveis por sever sáveis por sever sáveis por severos d os d os d os d os dan an an an anos e per os e per os e per os e per os e perda d a d a d a d a de pr e pr e pr e pr e prod od od od odutivi utivi utivi utivi utividad ad ad ad ade n e n e n e n e nas as as as as lavour lavour lavour lavour lavouras d as d as d as d as de milh e milh e milh e milh e milho. 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Safrinha Safrinha - Sucesso na safrinha · produtivo do milho no manejo inte-grado de doenças, possibilitando boa emergência, evitando, na maioria das vezes, a necessidade do replantio

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Safrinha Safrinha Safrinha Safrinha Safrinha - Dezembro 2008/Janeiro 2009 • 03

Matheus Zanella

Opotencial produtivo domilho pode ser afetadodiretamente pela interfe-

rência de fatores fitossanitários, comomatocompetição nos estágios iniciaisda lavoura e ocorrência de pragas im-portantes incidindo sobre o colmo eas espigas. Recentemente, a ocorrên-cia de fungos fitopatogênicos tem seapresentado como mais um fator li-mitante na obtenção de altos índicesde produtividade. Estas doenças fún-gicas, em função da sua presença, se-veridade e modo de ataque (semen-tes, folhas, colmos, raízes e espigas)têm acarretado reduções expressivas

na produção, variando de acordo comas condições edafoclimáticas de cadaregião.

O aumento da incidência e severi-dade dessas doenças tem sido relacio-nado ao manejo da cultura, incluindo-se uso de sementes infectadas, o plan-tio direto, cultivos sucessivos em exten-sas áreas, plantio de segunda safra (mi-lho safrinha), cultivos irrigados e usode híbridos suscetíveis. Considera-setambém o natural acúmulo de inóculodos principais fungos fitopatogênicosnas áreas dos cerrados, como fator degrande importância na explosão de epi-demias na cultura do milho.

TRATAMENTO DE SEMENTESA semente de milho durante a ger-

minação pode ser alvo de fungos dosolo ou daqueles associados às semen-tes, com capacidade de levar ao apo-drecimento da semente ou à morte daplântula. Esse processo patogênicopode resultar no estabelecimento deuma lavoura com baixa população deplantas, devido à emergência desuni-forme e a falhas no estande.

Os principais fungos que infectamas sementes de milho são Fusariumverticillioides e Cephalosporium acremo-nium, em condições de campo de pro-dução de sementes, e Aspergillus spp.

Sucesso na safrinhaSucesso na safrinhaA prA prA prA prA proooooximiximiximiximiximidddddadadadadade de de de de da seguna seguna seguna seguna segunddddda safra safra safra safra safra ea ea ea ea exixixixixiggggge de de de de do pro pro pro pro prodododododutor planutor planutor planutor planutor planejamejamejamejamejamenenenenento criterito criterito criterito criterito criterioso conoso conoso conoso conoso contrtrtrtrtraaaaadddddoenças fúnoenças fúnoenças fúnoenças fúnoenças fúngigigigigicascascascascas, r, r, r, r, responesponesponesponesponsáveis por seversáveis por seversáveis por seversáveis por seversáveis por severos dos dos dos dos danananananos e peros e peros e peros e peros e perddddda da da da da de pre pre pre pre prodododododutiviutiviutiviutiviutividddddadadadadade ne ne ne ne nasasasasas

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estrestrestrestrestratégiatégiatégiatégiatégias ras ras ras ras recomecomecomecomecomenenenenendddddadadadadadas paras paras paras paras para gara gara gara gara garananananantir sanitir sanitir sanitir sanitir sanidddddadadadadade e aume e aume e aume e aume e aumenenenenento dto dto dto dto de re re re re renenenenendimdimdimdimdimenenenenentototototo

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04 • Dezembro 2008/Janeiro 2009 - SafrinhaSafrinhaSafrinhaSafrinhaSafrinha

Ingrediente ativo*CaptanaCaptanaCaptanaThiramThiramThiram

Carboxina-ThiramCarboxina-Thiram

Carbendazim+ThiramTiabendazolTiabendazolTolifluanidaFludioxonil

Fludioxonil+Metalaxil-M+TiabendazolFludioxonil+Metalaxil-M+Fludioxonil+Metalaxil-M+

Grupo QuímicoDicarboximidaDicarboximidaDicarboximida

DimetilditiocarbamatoDimetilditiocarbamatoDimetilditiocarbamato

Carboxanilida+ DimetilditiocarbamatoCarboxanilida+ DimetilditiocarbamatoBenzimidazol + Dimetilditiocarbamato

BenzimidazolBenzimidazolFenilsulfamida

FenilpirrolFenilpirrol+Acilalaninato+Benzimidazol

Fenilpirrol+AcilalaninatoFenilpirrol+Acilalaninato

FormulaçãoSC - Suspensão concentrada

DP – Pó secoWP – Pó molhável

SC - Suspensão concentradaDP – Pó seco

SC - Suspensão concentradaWP – Pó molhável

SC - Suspensão concentradaSC - Suspensão concentrada

WP – Pó molhávelDP – Pó seco

WP – Pó molhávelSC - Suspensão concentrada

FS - Suspensão concentrada para tratamento de sementesSC - Suspensão concentrada

FS - Suspensão concentrada para tratamento de sementes

Doses g ou mL do p.c./100kg de sementes250160240300

200-300350

250-400250-300200-300

15-76100-200

150150

100-150100-150

150

Tabela 1 - Fungicidas registrados para o tratamento de sementes de milho no controle dos principais fungos

Fonte: Agrofit; *Alguns fungicidas são específicos para determinados grupos de fungos. Assim, é recomendado o conhecimento do perfil sanitário do lote de sementes antes do tratamento.

e Penicillium spp., em condições dearmazenamento. No solo, espécies dosgêneros Pythium sp., Diplodia sp., Fu-sarium sp. e Rhizoctonia sp. são as prin-cipais promotoras de danos às semen-tes de milho. Fungos causadores dedoenças foliares também podem estarpresentes nas sementes, destacando-se Exserohilum turcicum, Bipolarismaydis e Cercospora zeae-maydis.

A transmissão de patógenos pelassementes caracteriza-se na lavourapela distribuição ao acaso de focos pri-mários de doença, em que o processode infecção ocorre geralmente na faseinicial de desenvolvimento da planta.

Além da manutenção do bom de-sempenho inicial de plântulas, o tra-tamento de sementes com fungicidaspode promover benefícios adicionaisno controle de doenças, incluindo aredução da severidade na fase inicial(vegetativa) da lavoura quando inte-grado ao tratamento químico da par-te aérea, podendo fazer parte de pro-gramas de manejo integrado de doen-ças.

O tratamento de sementes comfungicidas apresenta diversos benefí-cios ao sistema produtivo do milho,destacando-se o controle de doençasde importância econômica antes da

implantação da lavoura (mancha deexserohilum, mancha de bipolaris,mancha de phaeosphaeria e cercospo-riose), melhor desempenho inicial dassementes (germinação, vigor), a elimi-nação ou redução dos fungos associa-dos às sementes e a proteção da se-mente durante a fase de germinação eperíodo inicial de desenvolvimento daplântula, permitindo o estabelecimen-to da cultura e a redução de custoscom aplicação de fungicidas foliares.

O uso de fungicidas sistêmicoscombinados com os de contato ou pro-tetores vem sendo considerado umaestratégia das mais eficazes no controlede patógenos das sementes e do solo,pois possibilita a ampliação do espec-tro de ação da mistura, devido à açãode dois ou mais produtos.

A associação dos fungicidas sistê-micos e de contato garante benefíciosnão somente às sementes, como tam-bém às folhas e às raízes, já que os fun-gicidas de contato protegem a semen-te contra fungos do solo durante oprocesso de germinação e os fungici-das sistêmicos controlam os fungospresentes nas sementes e protegem asraízes e folhas contra a infecção pre-coce de patógenos presentes no ambi-ente.

Atualmente, tem se verificadouma tendência do mercado de fungi-cidas para tratamento de sementes, nodesenvolvimento de produtos comer-ciais compostos pela mistura de ingre-dientes ativos dos grupos químicos sis-têmicos e contatos. A mistura comer-cial de fungicidas torna o processo detratamento de sementes mais práticoe eficiente, uma vez que a mistura deagroquímicos em tanque é proibida(Instrução Normativa Nº 46/2002, de

TTTTTemperatura entre 22°C e 30°C e umidade relativa elevada sãoemperatura entre 22°C e 30°C e umidade relativa elevada sãoemperatura entre 22°C e 30°C e umidade relativa elevada sãoemperatura entre 22°C e 30°C e umidade relativa elevada sãoemperatura entre 22°C e 30°C e umidade relativa elevada sãocondições ideais para o desenvolvimento de cercosporiose no milhocondições ideais para o desenvolvimento de cercosporiose no milhocondições ideais para o desenvolvimento de cercosporiose no milhocondições ideais para o desenvolvimento de cercosporiose no milhocondições ideais para o desenvolvimento de cercosporiose no milho

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Safrinha Safrinha Safrinha Safrinha Safrinha - Dezembro 2008/Janeiro 2009 • 05

Fotos Dirceu Gassen

Tratamentos(doses mLpc/ha)

1 Tebuconazole + Trifloxystrobinx 1 (600)*2 Tebuconazole + Trifloxystrobinx 2 (600)*3 Cyproconazole + Azoxystrobinx 1 (300)**4 Cyproconazole + Azoxystrobinx 2 (300)**5 Epoxiconazole + Pyraclostrobinx 1 (750)6 Epoxiconazole + Pyraclostrobinx 2 (750)

7 TestemunhaCV (%)

Avaliações da severidade (% tecido infectado)

Tabela 2 - Severidade (% tecido infectado) de ferrugem polysora em milho P30K75, submetidoà aplicação de fungicidas. Jaciara, MT. 2007/2008.

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%); *Adição de Óleo Metilado de Soja a 0,30% v/v-1 (600 mL/ha de Áureo); **Adição deNimbus a 0,25% v/v-1 (500 mL/ha);*** Ab = folhas abaixo da inserção da espiga, Ac = folhas acima da inserção da espiga; **** dados transformados para (x +0,5)1/2; x 1 = uma aplicação no pré-pendoamento; x 2 = duas aplicações (pré-pendoamento e 15 dias após); 1ª e 2ª leituras = não significativo.

3a

6,1 a6,6 a8,0 a9,6 ab6,0 a6,8 a13,6 b24,25

Ab6,0 a4,8 a4,3 a4,8 a6,5 a5,4 a16,5 b16,49

Ac****0,5 a0,0 a0,0 a0,0 a0,4 a0,4 a3,5 b33,57

4a***

Ab8,3 ab6,5 a6,8 ab6,5 a8,8 ab8,3 ab11,8 b27,53

Ac****0,5 ab0,5 ab0,2 a0,0 a1,2 ab1,5 ab4,6 b46,07

5a***

Tratamentos(doses mLpc/ha)

1 Tebuconazole + Trifloxystrobinx 1 (600)*2 Tebuconazole + Trifloxystrobinx 2 (600)*3 Cyproconazole + Azoxystrobinx 1 (300)**4 Cyproconazole + Azoxystrobinx 2 (300)**5 Epoxiconazole + Pyraclostrobinx 1 (750)6 Epoxiconazole + Pyraclostrobinx 2 (750)

7 TestemunhaCV (%)

Avaliações da severidade (% tecido infectado)

Tabela 3 - Severidade (% tecido infectado) de helmintosporiose em milho P30K75, submetido àaplicação de fungicidas. Jaciara, MT. 2007/2008

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%); *Adição de Óleo Metilado de Soja a 0,30% v/v-1 (600 mL/ha de Áureo); **Adição deNimbus a 0,25% v/v-1 (500 mL/ha);*** Ab = folhas abaixo da inserção da espiga, Ac = folhas acima da inserção da espiga; x 1 = uma aplicação no pré-pendoamento;x 2 = duas aplicações (pré-pendoamento e 15 dias após); 1ª leitura = não significativo.

8,5 ab6,6 ab9,9 b7,4 ab4,9 a9,6 b21,4 c18,49

Ab7,8 a8,0 a9,3 a5,5 a7,5 a9,3 a

29,0 b44,56

Ac4,1 a3,8 a3,0 a3,3 a3,5 a3,0 a19,3 b43,17

4a***

Ab9,8 a

10,0 a8,0 a

11,8 a6,4 a8,8 a

21,8 b36,20

Ac2,5 a4,6 a3,9 a4,0 a3,3 a1,9 a

10,4 b49,87

5a***2ª

10,3 a11,2 a11,5 a10,7 a11,4 a11,9 a25,3 b9,43

24 de julho de 2002, que revoga a por-taria DAS Nº 67, de 30 de maio de1995). Na Tabela 1 estão listados se-paradamente os fungicidas de conta-to e os sistêmicos, exceto para as mis-turas formuladas comercialmente.

Trabalhos realizados por váriospesquisadores têm demonstrado osefeitos positivos do tratamento de se-mentes de milho com mistura de fun-gicidas na erradicação dos principaisfungos patogênicos à cultura.

O tratamento de sementes é umaferramenta indispensável ao sistemaprodutivo do milho no manejo inte-grado de doenças, possibilitando boaemergência, evitando, na maioria dasvezes, a necessidade do replantio. Ga-rante a proteção das sementes e plân-tulas na fase inicial da cultura, possi-bilita a aplicação localizada do fungi-cida com utilização de menor quanti-dade do produto e menor risco de in-toxicação do homem e do meio ambi-ente, sendo uma técnica de baixo cus-to e acessível a todos os produtores.

PRINCIPAIS DOENÇASEpidemias em lavouras de milho

no cerrado, principalmente em Goiáse Mato Grosso, têm sido relatadas portécnicos e produtores, ocasionadas,principalmente, pelas doenças helmin-tosporiose (Exserohilum turcicum), cer-cosporiose (Cercospora zeae-maydis eCercospora sorghi), mancha de phae-osphaeria (Phaeosphaeria maydis) e fer-rugem polysora (Puccinia polysora).Devido ao impacto econômico provo-cado pelo potencial de redução na pro-dutividade que estes patógenos podemcausar, tem sido observado um au-mento na prática do uso de fungici-das no controle de doenças foliares domilho no cerrado.

Mancha de phaeosphaeriaA mancha de phaeosphaeria tem

sido associada à redução de produti-vidade em diversas lavouras de milho,havendo relatos de perdas de até 60%

da produção.Os sintomas são caracterizados

pelo surgimento de lesões arredonda-das, com até 1,5cm de diâmetro, decoloração amarelo-palha a parda, combordo bem definido de coloração es-cura. Os primeiros sintomas podemser observados nas folhas basais, evo-luindo juntamente com o desenvolvi-mento do ciclo da cultura. Os maio-res níveis de dano, relacionados à mai-or perda de área foliar, são relatadosde acordo com o grau de suscetibili-dade da cultivar e severidade do pató-geno. Regiões com altitude superior a

600m, temperaturas elevadas e chu-vas freqüentes, condições normalmen-te encontradas nos cerrados de Goiáse Mato Grosso, tendem a ser mais pro-pícias à ocorrência de epidemias, prin-cipalmente a partir da fase de matu-ração fisiológica.

Devido ao longo período para oaparecimento dos sintomas após o pro-cesso de inoculação, chamado tecni-camente de Período Latente de Infec-ção (PLI), constatou-se que o contro-le químico desta doença com uso defungicidas apresenta maior eficiênciaquando aplicado preventivamente, apartir dos primeiros sintomas visíveisque podem coincidir com o pré-flo-rescimento.

A severidade da doença pode serinfluenciada pelos diferentes níveis deresistência dos híbridos, podendo sermais intensa em materiais com maiorgrau de suscetibilidade. A severidadetambém pode ser favorecida por altasdoses de nitrogênio, segundo Fantinet al, (1999). Este nutriente aumentaos teores de açúcares solúveis e ami-noácidos nos tecidos da planta, favo-recendo o desenvolvimento do pató-geno.

FFFFFerrugem polysora: em híbridos suscetíveis a severidadeerrugem polysora: em híbridos suscetíveis a severidadeerrugem polysora: em híbridos suscetíveis a severidadeerrugem polysora: em híbridos suscetíveis a severidadeerrugem polysora: em híbridos suscetíveis a severidadeda doença pode resultar na morte prematura das plantasda doença pode resultar na morte prematura das plantasda doença pode resultar na morte prematura das plantasda doença pode resultar na morte prematura das plantasda doença pode resultar na morte prematura das plantas

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06 • Dezembro 2008/Janeiro 2009 - SafrinhaSafrinhaSafrinhaSafrinhaSafrinha

Tratamentos(doses mLpc/ha)

1 Tebuconazole + Trifloxystrobinx 1 (600)*2 Tebuconazole + Trifloxystrobinx 2 (600)*3 Cyproconazole + Azoxystrobinx 1 (300)**4 Cyproconazole + Azoxystrobinx 2 (300)**5 Epoxiconazole + Pyraclostrobinx 1 (750)6 Epoxiconazole + Pyraclostrobinx 2 (750)

7 TestemunhaCV (%)

Avaliações da severidade (% tecido infectado)

Tabela 4 - Severidade (% tecido infectado) de cercosporiose em milho P30K75, submetido àaplicação de fungicidas. Jaciara, MT. 2007/2008

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%); *Adição de Óleo Metilado de Soja a 0,30% v/v-1 (600 mL/ha de Áureo); **Adição deNimbus a 0,25% v/v-1 (500 mL/ha);*** Ab = folhas abaixo da inserção da espiga, Ac = folhas acima da inserção da espiga; **** dados transformados para (x + 0,5)1/2; x 1 = uma aplicação no pré-pendoamento; x 2 = duas aplicações (pré-pendoamento e 15 dias após). ns = não significativo

5,4 a5,1 a5,4 a5,0 a4,5 a5,5 a

13,4 b28,20

Ab12,5ns10,311,811,511,811,014,5

21,71

Ac****0,0 ns

0,00,00,00,00,00,0-

4a***

Ab11,3 ab8,5 a

10,5 ab10,5 ab10,0 ab11,3 ab15,0 b23,88

Ac****0,0 ns

0,00,00,00,00,00,0-

5a***

Tratamentos(doses mLpc/ha)

1 Tebuconazole + Trifloxystrobinx 1 (600)*2 Tebuconazole + Trifloxystrobinx 2 (600)*3 Cyproconazole + Azoxystrobinx 1 (300)**4 Cyproconazole + Azoxystrobinx 2 (300)**5 Epoxiconazole + Pyraclostrobinx 1 (750)6 Epoxiconazole + Pyraclostrobinx 2 (750)

7 TestemunhaCV (%)

Avaliações da severidade (% tecido infectado)

Tabela 5 - Severidade (% tecido infectado) de mancha de phaeosphaeria em milho P30K75,submetido à aplicação de fungicidas. Jaciara, MT. 2007/2008

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%); *Adição de Óleo Metilado de Soja a 0,30% v/v-1 (600 mL/ha de Áureo); **Adição deNimbus a 0,25% v/v-1 (500 mL/ha);*** Ab = folhas abaixo da inserção da espiga, Ac = folhas acima da inserção da espiga; **** dados transformados para (x + 0,5)1/2; x 1 = uma aplicação no pré-pendoamento; x 2 = duas aplicações (pré-pendoamento e 15 dias após). ns = não significativo.

7,9 a7,4 a7,3 a7,6 a5,1 a8,4 a15,9 b27,01

Ab6,5 ns

7,56,37,89,07,010,525,8

Ac****0,0 ns

0,00,00,00,00,00,0-

4a***

Ab7,5 a6,9 a4,1 a

14,4 b6,5 a7,0 a15,4 b32,51

Ac1,1 a2,3 ab3,3 b3,1 ab2,0 ab1,8 ab7,9 c29,03

5a***

A rotação de culturas por pelo menos umA rotação de culturas por pelo menos umA rotação de culturas por pelo menos umA rotação de culturas por pelo menos umA rotação de culturas por pelo menos umano contribui para a redução de inóculoano contribui para a redução de inóculoano contribui para a redução de inóculoano contribui para a redução de inóculoano contribui para a redução de inóculo

Com o objetivo de se obter umcontrole mais efetivo da mancha dephaeosphaeria, são recomendas diver-sas técnicas culturais, genéticas e quí-micas, compondo assim o manejo in-tegrado da doença.

Dentre estas medidas recomenda-se o uso de híbridos resistentes de acor-do com a região e época de cultivo.Outra técnica fundamental consistena rotação de culturas, que deverá serrealizada utilizando-se culturas não-hospedeiras, até que ocorra a decom-posição total da palhada da culturahospedeira. Deve-se evitar o plantioescalonado, pois favorece a produçãode inóculo de áreas mais velhas paraas mais novas.

O uso de sementes sadias, aduba-ção equilibrada (evitando o excesso denitrogênio), espaçamento e populaçãode plantas adequadas (seguindo a re-comendação para o híbrido), são me-didas que favorecem o desenvolvimen-

to da lavoura contribuindo para o su-cesso no manejo da doença.

O controle químico em aplicaçõesfoliares tem sido recomendado paralavouras com alto potencial produti-vo e alto nível tecnológico, conduzi-das em regiões favoráveis ao desenvol-vimento da doença.

Ferrugem polysoraConsiderada a doença mais agres-

siva do milho na região central do Bra-sil, a ferrugem polysora tem ocorridocom freqüência nas regiões produto-ras de milho no estado do Mato Gros-so, exigindo mais recentemente o usode fungicidas para minimizar os da-nos na produtividade, que podem che-gar a 65%.

A ferrugem polysora assume mai-or importância sob condições climáti-cas favoráveis ao desenvolvimento dadoença, com temperaturas médiasdiurnas acima de 27°C e umidade re-

lativa superior a 90%, no período desafra.

Os sintomas caracterizam-se porpequenas pústulas circulares, com di-âmetro de 0,2mm a 2,0mm e colo-ração laranja nas folhas e demais ór-gãos verdes. As pústulas desenvolvem-se com mais freqüência na face supe-rior das folhas, podendo ser observa-das em qualquer fase do ciclo da cul-tura. Em híbridos suscetíveis a altaseveridade pode ocasionar a morteprematura das plantas.

O controle mais eficiente pode serrealizado pelo uso de híbridos resis-tentes, rotação de culturas, elimina-ção de plantas voluntárias e controlequímico.

CercosporioseEsta doença assumiu grande im-

portância nas principais regiões pro-dutoras de milho no Brasil, principal-mente no sudoeste de Goiás e noroes-te de Minas Gerais. Nesses locais acercosporiose é considerada uma dasdoenças foliares do milho que maiscausam reduções no rendimento degrãos, tendo sido relatadas perdas deaté 50%.

O aumento da severidade da cer-cosporiose tem sido associado ao cres-cimento da área de cultivo do milhoem plantio direto, em regiões com al-titudes superiores 600m, plantio sa-

Sintomas da manchaSintomas da manchaSintomas da manchaSintomas da manchaSintomas da manchade phaeosphaeriade phaeosphaeriade phaeosphaeriade phaeosphaeriade phaeosphaeria

Fotos Dirceu Gassen

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Safrinha Safrinha Safrinha Safrinha Safrinha - Dezembro 2008/Janeiro 2009 • 07

Tratamentos(doses mLpc/ha)1 Tebuconazole + Trifloxystrobinx 1 (600)*2 Tebuconazole + Trifloxystrobinx 2 (600)*3 Cyproconazole + Azoxystrobinx 1 (300)**4 Cyproconazole + Azoxystrobinx 2 (300)**5 Epoxiconazole + Pyraclostrobinx 1 (750)6 Epoxiconazole + Pyraclostrobinx 2 (750)

7 TestemunhaCV (%)

Ferrugem217,9 a191,6 a188,1 a225,8 a218,8 a213,5 a349,1 b13,16

Helmint.242,4 a238,4 a261,2 a229,4 a210,0 a257,7 a633,9 b13,97

Mancha de Phaeosphaeria192,5 a189,4 a156,2 a213,1 a173,3 a182,9 a302,3 b14,99

Tabela 6 - AACPD de doenças foliares em milho P30K75, submetido à aplicação de fungicidas. Jaciara, MT. 2007/2008

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%); *Adição de Óleo Metilado de Soja a 0,30% v/v-1 (600 mL/ha de Áureo); **Adição de Nimbus a 0,25% v/v-1 (500 mL/ha); x 1 = uma aplicação no pré-pendoamento; x 2 = duas aplicações (pré-pendoamento e 15 dias após);

Cercosporiose164,5 a137,4 a156,6 a152,3 a148,8 a154,9 a247,6 b14,94

Tratamentos(doses L/ha)1 Tebuconazole + Trifloxystrobinx 1 (600)*2 Tebuconazole + Trifloxystrobinx 2 (600)*3 Cyproconazole + Azoxystrobinx 1 (300)**4 Cyproconazole + Azoxystrobinx 2 (300)**5 Epoxiconazole + Pyraclostrobinx 1 (750)6 Epoxiconazole + Pyraclostrobinx 2 (750)

7 TestemunhaCV (%)

Produtividade(sc/ha)109,3 ab116,0 b72,5 a

103,7 ab82,6 ab81,3 ab68,2 a19,94

Ganho(sacas)41,147,84,335,514,413,1

--

Tabela 7 - Produtividade em milho P30K75, submetido à aplicação de fungicidas. Jaciara, MT. 2007/2008

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%); *Adição de Óleo Metilado de Soja a 0,30% v/v-1 (600 mL/ha de Áureo);**Adição de Nimbus a 0,25% v/v-1 (500 mL/ha); x 1 = uma aplicação no pré-pendoamento; x 2 = duas aplicações (pré-pendoamento e 15 dias após);

frinha e sistema de monocultura. Aadubação com nitrogênio (N), fósfo-ro (P) e potássio (K) em desequilíbriotambém pode contribuir para o au-mento da severidade.

É possível visualizar os sintomasem todas as partes da planta, inician-do-se pelas folhas inferiores, devido àproximidade da fonte de inóculo pri-mário (restos de cultura). As lesões nasfolhas são alongadas (até 7cm de com-primento e 4mm de largura), parale-las às nervuras, de coloração parda aacinzentada. Em cultivares suscetíveisos sintomas podem evoluir para o col-mo, causando a podridão e posterior-mente a quebra.

Temperaturas entre 22°C e 30°C,períodos prolongados de orvalho, diaschuvosos e umidade relativa acima de90%, são condições extremamente fa-voráveis ao desenvolvimento da doen-ça.

O fungo sobrevive em restos cul-turais de milho infectado, sendo con-siderado a principal fonte de inó-culo no campo. A sobrevivência dofungo no solo é equivalente ao perío-do de permanência dos restos de cul-tura no solo, por se tratar de um com-petidor fraco. A disseminação dos es-poros se beneficia da associação deventos e respingos de água da chuva,podendo ocorrer a curtas distâncias(entre plantas) ou longas distâncias(lavouras vizinhas).

O controle deve ser realizado atra-vés do manejo integrado que envolvevárias técnicas. O uso de híbridos re-sistentes consiste em ferramenta fun-damental, devendo-se optar por ma-teriais que garantam o desenvolvi-mento de menor número e tamanhode lesões. A rotação de culturas porpelo menos um ano contribui para aredução de inóculo do patógeno naárea, devendo ser associada à destrui-

ção de restos de cultura. Nas regiõescom risco de ocorrência de epidemiasrecomenda-se o uso de fungicidas.

HelminthosporioseA helminthosporiose é a doença de

maior ocorrência no Brasil, tendocomo agente causal o fungo Exserohi-lum turcicum. Em condições de altaseveridade antes do pendoamento, suaincidência pode ocasionar perdas norendimento da cultura de até 50%.

Os sintomas, inicialmente nas fo-lhas inferiores, caracterizam-se pelosurgimento de lesões foliares de for-mato elíptico a alongado, coloraçãocinza e com comprimento de 2,5cm a15,0cm.

Infecções severas podem ocorrer

em condições de temperatura diurnaentre 17°C e 27°C, temperatura no-turna amena e umidade relativa su-perior a 80%, em plantio de híbri-dos suscetíveis. Nessa situação o nú-mero elevado de lesões tem a capaci-dade de levar à formação de espigaspequenas ou à morte prematura dasplantas.

Para o manejo da helminthospo-riose, recomenda-se o uso do controlegenético, rotação de culturas e controlequímico com fungicidas, principal-mente para híbridos suscetíveis.

MANEJO E CONTROLEDiversos trabalhos têm comprova-

do a eficiência das misturas de fungi-cidas dos grupos químicos triazóis e

À esquerda, detalhe de placa com sementes sem tratamento,À esquerda, detalhe de placa com sementes sem tratamento,À esquerda, detalhe de placa com sementes sem tratamento,À esquerda, detalhe de placa com sementes sem tratamento,À esquerda, detalhe de placa com sementes sem tratamento,e à direita, placa com sementes tratadas com fungicidase à direita, placa com sementes tratadas com fungicidase à direita, placa com sementes tratadas com fungicidase à direita, placa com sementes tratadas com fungicidase à direita, placa com sementes tratadas com fungicidas

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08 • Dezembro 2008/Janeiro 2009 - SafrinhaSafrinhaSafrinhaSafrinhaSafrinha

Figura 1 - Curvas de progresso da ferrugem polysora em milho P30K75, submetidoa uma aplicação de fungicidas (pré-pendoamento). Jaciara, MT. 2007/2008

Figura 2 - Curvas de progresso da ferrugem polysora em milho 30K75, submetido a duasaplicações de fungicidas (pré-pendoamento e 15 dias após). Jaciara, MT. 2007/2008

Figura 3 - Curvas de progresso da helmintosporiose em milho P30K75, submetido auma aplicação de fungicidas (pré-pendoamento). Jaciara, MT. 2007/2008

Figura 4 - Curvas de progresso da helmintosporiose em milho P30K75, submetido a duasaplicações de fungicidas (pré-pendoamento e 15 dias após). Jaciara, MT. 2007/2008

estrobilurinas na redução da severi-dade da mancha de phaeosphaeria,cercosporiose, mancha de helmin-thosporium e ferrugem polysora, comincrementos significativos na produ-

tividade.Os dados apresentados são resul-

tados de trabalho de campo conduzi-do na safra 2007/2008, pela Univer-sidade Federal de Mato Grosso

(UFMT) e pelo Univag, na FazendaSanto Expedito, em Jaciara (MT).Avaliou-se o efeito de diferentes mis-turas de triazóis e estrobilurinas emuma aplicação no pré-pendoamento(tratamentos 1, 3 e 5) ou em duasaplicações, sendo a primeira no pré-pendoamento e a segunda 15 dias após(tratamentos 2, 4 e 6), visando o con-trole da mancha de phaeosphaeria, cer-cosporiose, mancha de helminthospo-rium turcicum e ferrugem polysora.

O híbrido simples modificado se-miprecoce utilizado neste experimen-to, P30K75, é descrito como modera-damente suscetível à ferrugem poly-sora, moderadamente suscetível amoderadamente resistente à manchade phaeosphaeria e cercosporiose esuscetível a moderadamente suscetí-vel à mancha de exserohilum turcicum(helminthosporiose).

No controle da ferrugem polyso-ra, a mistura tebuconazole + triflo-xystrobin destacou-se com maior efei-to observado na 5ª avaliação, nas fo-lhas abaixo e acima da inserção da es-piga. Este tratamento proporcionoucontrole superior a 80% da ferrugem

A ocorrência da mancha de A ocorrência da mancha de A ocorrência da mancha de A ocorrência da mancha de A ocorrência da mancha de Helminthosporium turcicumHelminthosporium turcicumHelminthosporium turcicumHelminthosporium turcicumHelminthosporium turcicum, no detalhe,, no detalhe,, no detalhe,, no detalhe,, no detalhe,antes do pendoamento pode ocasionar perdas de até 50% na culturaantes do pendoamento pode ocasionar perdas de até 50% na culturaantes do pendoamento pode ocasionar perdas de até 50% na culturaantes do pendoamento pode ocasionar perdas de até 50% na culturaantes do pendoamento pode ocasionar perdas de até 50% na cultura

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Safrinha Safrinha Safrinha Safrinha Safrinha - Dezembro 2008/Janeiro 2009 • 09

Figura 5 - Curvas de progresso da mancha de Phaeosphaeria em milho P30K75, sub-metido a uma aplicação de fungicidas (pré-pendoamento). Jaciara, MT. 2007/2008

Figura 6 - Curvas de progresso da mancha de Phaeosphaeria em milho P30K75, submetidoa duas aplicações de fungicidas (pré-pendoamento e 15 dias após). Jaciara, MT. 2007/2008

Figura 7 - Curvas de progresso da cercosporiose em milho P30K75, submetido auma aplicação de fungicidas (pré-pendoamento). Jaciara, MT. 2007/2008

Figura 8 - Curvas de progresso da cercosporiose em milho P30K75, submetido a duasaplicações de fungicidas (pré-pendoamento e 15 dias após). Jaciara, MT. 2007/2008

polysora, resultado semelhante ao ob-servado para a mistura cyproconazole+ azoxystrobin (Tabela 2).

A mistura tebuconazole + triflo-xystrobin com uma ou duas aplicações,comparou-se às misturas cyprocona-zole + azoxystrobin (duas aplicações)e epoxiconazole + pyraclostrobin(uma aplicação) no controle da hel-minthosporiose em milho, somente naterceira avaliação. A partir deste está-gio, todas as misturas tiveram compor-tamento semelhante (Tabela 3).

A mancha de phaeosphaeria foimais bem controlada com uma e duasaplicações de tebuconazole + triflo-xystrobin, estatisticamente semelhan-te às demais misturas aqui utilizadas.Porém, apenas uma aplicação de te-buconazole + trifloxystrobin propor-cionou um controle desta doença su-perior a 80% (Tabela 5).

Este resultado é relevante para ascondições de cultivo do milho de 2ªsafra no cerrado do Centro-Oeste,onde surtos epidêmicos de Phaeospha-eria maydis têm reduzido expressiva-mente a produtividade, especialmen-te em anos de baixa precipitação.

No controle da cercosporiose, ape-nas o fungicida tebuconazole + tri-floxystrobin com duas aplicações des-tacou-se nas folhas abaixo da inserçãoda espiga na 5ª avaliação. Nesta fasede desenvolvimento da cultura, a ma-nutenção de plantas sadias relaciona-se a um menor índice de acamamentona lavoura (Tabela 4).

A maior redução da severidade damancha de phaeosphaeria (Phaeospha-eria maydis) e da helminthosporiose(Exserohilum turcicum) foi obtida com

duas aplicações (a primeira no está-dio vegetativo e a segunda no iníciodo estádio reprodutivo) de mistura defungicidas dos grupos dos triazóis e es-trobilurinas por Veiga (2007), concor-dando com os resultados obtidos nes-te experimento.

Misturas comerciais de fungicidasdos grupos químicos triazóis e estro-bilurinas, têm sido eficientes no con-trole da cercosporiose, quando aplica-das no início dos sintomas.

Em trabalho realizado por Fantin

Detalhe de lesões típicasDetalhe de lesões típicasDetalhe de lesões típicasDetalhe de lesões típicasDetalhe de lesões típicasda cercosporioseda cercosporioseda cercosporioseda cercosporioseda cercosporiose

Fotos Dirceu Gassen

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10 • Dezembro 2008/Janeiro 2009 - SafrinhaSafrinhaSafrinhaSafrinhaSafrinha

Caderno Técnico:Caderno Técnico:Caderno Técnico:Caderno Técnico:Caderno Técnico:Safrinha

Foto de Capa:Matheus Zanella

Circula encartado narevista CultivarGrandes Culturasnº 115 - Dezembro 08/Janeiro 09

Reimpressões podemser solicitadasatravés do telefone:(53) 3028.2075

wwwwwwwwwwwwwww.revistacultivar.revistacultivar.revistacultivar.revistacultivar.revistacultivar.com.br.com.br.com.br.com.br.com.br

Figura 9 - Área abaixo da curva de progresso de doenças foliares em milho P30K75,submetido à aplicação de fungicidas. Jaciara, MT. 2007/2008

Figura 10 - Produtividade e ganho em produtividade (sc/ha) em milho P30K75, sub-metido à aplicação de fungicidas. Jaciara, MT. 2007/2008

Andréia Q. Machado,UnivagDaniel Cassetari Neto,UFMT

(2006), verificou-se que a maior re-dução da severidade da mancha dephaeosphaeria e da cercosporiose foiproporcionada pela mistura de fungi-cida dos grupos químicos triazóis e es-trobilurinas, quando aplicados no es-tádio vegetativo de nove folhas e noflorescimento, comprovando os resul-tados observados neste trabalho parao tratamento tebuconazole + triflo-xystrobin (em duas aplicações).

Na avaliação da AACPD que re-flete o comportamento dos fungici-das durante todo o experimento, in-dependentemente do momento deavaliação, pode-se verificar que todasas misturas comerciais avaliadas emuma e duas aplicações, apresentarameficiência no controle da ferrugempolysora (Puccinia polysora), helmin-thosporiose (Exserohilum turcicum),cercosporiose (Cercospora zeae-maydis) e mancha de phaeosphaeria(Phaeosphaeria maydis) em milho nascondições do plantio de 2ª safra (Ta-bela 6 e Figura 9).

Níveis moderados de severidadedas doenças fúngicas foliares do mi-lho (abaixo de 25% de infecção) indi-cam o bom desempenho das medidasde controle adotadas. Nas Figuras 1 a8, é possível observar este comporta-mento para os fungicidas avaliados emuma e duas aplicações.

Todos os tratamentos avaliadosproporcionaram ganhos em produti-vidade quando comparados à testemu-nha, com destaque para o fungicidatebuconazole + trifloxystrobin emduas aplicações (Tabela 7 e Figura 10).Resultado semelhante foi obtido porFantin (2006) e Veiga (2007), que ob-servaram maior ganho em produtivi-

Comparativo de teste de germinação com tratamentoComparativo de teste de germinação com tratamentoComparativo de teste de germinação com tratamentoComparativo de teste de germinação com tratamentoComparativo de teste de germinação com tratamentode sementes (esquerda) e sem tratamento (direita)de sementes (esquerda) e sem tratamento (direita)de sementes (esquerda) e sem tratamento (direita)de sementes (esquerda) e sem tratamento (direita)de sementes (esquerda) e sem tratamento (direita)

dade com o uso de mistura de triazol+ estrobilurina em duas aplicações.

De acordo com Juliatti & Nasci-mento (2008), o uso de fungicidas dosgrupos químicos triazóis e estrobilu-rinas contribui para melhorar a quali-dade de produção e reduzir a incidên-cia de grãos ardidos, devido ao con-trole exercido nas doenças foliaresdurante o ciclo da cultura.

Segundo diversos autores o uso defungicidas na parte aérea da culturado milho tem se mostrado economi-camente viável principalmente em la-vouras bem conduzidas e com bompotencial produtivo, sobretudo em re-giões de risco de epidemias.

Segundo Veiga (2007), para o con-trole de doenças foliares na cultura do

milho, o mais adequado seria realizaruma aplicação de fungicida precoce,durante o período vegetativo da cul-tura, e reforçar esse controle quandoa cultura encontrar-se no estádio re-produtivo, quando se acentua a sus-cetibilidade às doenças.

O uso de fungicidas para o con-trole de doenças fúngicas na parte aé-rea das lavouras de milho apresenta-se como mais uma técnica a ser incor-porada ao manejo integrado visandoà obtenção de altos índices de produ-tividade. CC

Dirceu Gassen