RODRIGUES_RELAÇOES INTERNAS NA FAMILIA LINGÜISTICA TUPI-GUARANI

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  • RELAES INTERNAS NA FAMILIA LINGISTICA TUPI-GUARANIAuthor(s): Aryon D. RodriguesSource: Revista de Antropologia, Vol. 27/28 (1984/1985), pp. 33-53Published by: Revista de AntropologiaStable URL: http://www.jstor.org/stable/41618564 .Accessed: 27/09/2013 09:40

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  • RELAES INTERNAS NA FAMLIA LINGISTICA TUPI-GUARANI

    on D . Rodrigues (Depto. de Lingustica, UNICAMP)

    O pronsito deste trabalho apresentar uma subdiviso da famlia lingstica Tupi-Guarani com base no conhecimento que atualmente temos dela. Embora o conhecimento das lnguas Tupi-Guarani tenha aumentado consideravelmente nos ltimos 25 anos, desde a publicao de minha classificao anterior (Rodrigues 1958a, b), sobretudo devido docu- mentao e anlise de grande nmero de lnguas, no est entretanto ainda suficientemente desenvolvido de modo a poder-se lanar mo de todos os aspectos fonolgicos, gramaticais e lexicais das diversas lnguas. A maior parte dos resultados dos estudos realizados neste quarto de sculo continua indita e, por isso, pouco disponvel para a pesquisa comparativa. Por essa razo, a proposta aqui apresentada se baseia numa seleo limitada de elementos fonolgicos e lexicais, com recurso apenas marginal a informaes gramaticais, e tem carter necessariamente provisrio. No obstante, acredito que a presente proposta oferece bas- tante consistncia do ponto de vista da lingstica histrica e que poder revelar-se til como um modelo hipottico de desmembramento histrico das lnguas e, em certa medida, dos povos Tupi-Guarani, a ser testado no s pelos lingistas, mas sobretudo tambm pelos antroplogos, em vista de argumentos sociais e culturais.

    Preliminarmente, quero referir-me brevemente s noes de paren- tesco lingstico gentico e de proto-lngua . Duas ou mais lnguas so

    Revista de Antropologia, (27/28), 1984/85.

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  • 34 Ary on D. Rodrigues

    consideradas geneticamente aparentadas quando compartilham propriedades estruturais e lexicais tais e tantas, que, em seu conjunto, no se possam explicar nem como conseqncias independentes de princpios universais da linguagem, nem como resultado de um processo de aquisio pelos falantes de uma lngua em eventual interao social com os falantes de outra; a hiptese que se pe, ento, a de que as lnguas em questo sejam manifestaes diferenciadas do que foi no passado uma mesma lngua e que as propriedades compartilhadas sejam a herana comum conservada sem diferenciao ou apenas com diferenciaes menos pro- fundas .

    Esta hiptese se baseia em duas propriedades conhecidas das lnguas em geral: (a) toda lijgua est em constante mudana e (b) as mudanas numa comunidade lingstica no coincidem necessariamente com as mu- danas em outra comunidade . Desde o momento em que uma comunidade se divide em duas, com conseqiente interrupo parcial ou total da comunicao entre os membros dos dois segmentos, comea a haver mu- danas lingsticas descoincidentes em cada um destes, as quais passam a caracterizar um processo diferencial crescente. O maior ou menor grau de diferenciao observvel entre as lnguas em dado momento basicamente uma funo do tempo decorrido entre o incio do processo - a ciso da comunidade original - e o momento da observao. O processo de ciso pode repetir-se algum tempo depois, afetando qualquer das lnguas resultantes. Os termos dialeto, (lngua da mesma) famlia , (lngua do mesmo) tronco , (lngua do mesmo) filo so usados pelos lingistas para indicar diversos graus de diferenciao. Esses termos implicam, portanto, diferentes profundidades temporais entre o momento da observao e a lngua comum original tomada em considerao. Essa lngua comum em cada caso considerado o que se chama de proto-lingua, A proto-lingua de um filo tem profundidade temporal maior que a de um tronco, a profundidade temporal da proto-lngua de um tronco maior que a da proto-lngua de uma famlia, e a profundidade temporal da proto-lngua de uma famlia maior que a da proto-lngua de um grupo de dialetos.

    Esse modelo de multiplicao de lnguas por ciso de comunidades lingsticas no esgota os casos de surgimento de novas lnguas. Um caso complementar o da interao de duas lnguas numa mesma comu- nidade - bilingismo - com subseqente reduo a uma s lngua com propriedades dominantes de uma das duas, mas com caractersticas devi- das outra. Diferentes situaes sociais podem dar lugar a uma grande variedade de relaes entre duas lnguas num contexto bilinge, levando a resultados bastante diversos quando da reduo do bilingismo a uma s lngua. Qualquer famlia lingstica pode incluir lnguas que tenham resultado de um processo dessa natureza.

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  • Lingstica tupi-guarani 35

    A classificao das lnguas dos povos Tupi num tronco Tupi que abrange diversas familias deve ser entendida como refletindo esse modelo gentico. As lnguas das familias Tupi-Guarani, Tupari, Mond, Arikm, Ramarma, Munduruk e Jurna provm de proto-lnguas (Proto-Tupi- -Guarani, etc.), as quais, por sua vez, so oriundas de uma proto-lingua mais remota, o Proto-Tupi 1 . Alm das famlias mencionadas, o tronco Tupi integrado tambm pelas lnguas Awet, Maw (Sater) e Purubor, as quais no se filiam imediatamente a nenhuma famlia em particular (ou, o que no fundo a mesma coisa, so membros nicos de trs famlias adicionais) .

    At agora tanto o Awet quanto o Maw vinham sendo inchjdos na famlia Tupi-Guarani (Rodrigues 1958a, b, 1971). O melhor conhe- cimento de ambos (para o Awet v. Emmerich e Monserrat 1972, Mon- serrat 1976; para o Maw vrios manuscritos de A. e S. Graham, Summer Institute of Linguistics, Braslia), deixa claro, entretanto, que so to aberrantes, cada um a sua maneira, em relao a todas as outras lnguas includas naquela famlia, que sua associao com elas deve ser procurada num outro plano. Sua excluso da famlia Tupi-Guarani per- mite ter nesta um conjunto consideravelmente homogneo de lnguas, cuja comparao em detalhe pode ser realizada mais abrangentemente em todos os aspectos da estrutura lingstica, o que por sua vez permite empreender a reconstruo da respectiva proto-lingua a partir de uma base mais slida. Por outra parte, a inegvel maior afinidade que o Awet e o Maw mostram com a famflia Tupi-Guarani deve levar postulao de (pelo menos) uma proto-lngua intermediria entre o Proto-Tupi e o Proto-Tupi-Guarani, a menos que as caractersticas tupi- -guarani de qualquer deles se revele resultante de um processo de con- tacto lingstico (o Maw apresenta acentuada influncia lexical da Lngua Geral Amaznica, que deve ter-se desenvolvido nos sculos XVII, XVIII e XIX, mas no seguro que suas outras caractersticas tupi-guarani sejam to recentes; o Awet, por sua vez, mostra influncia lexical do Kamayur, mas ainda no possvel avaliar as relaes histricas entre esses dois idiomas tupi que foram encontrar-se no Alto Xingu) .

    As lnguas da famlia Tupi-Guarani compartilham um grande nmero de propriedades, tanto de estrutura como de lxico. Destas seleciono algumas como diagnosticas no s para efeito de incluso de uma lngua na famlia, mas tambm para excluso de lnguas geneticamente aparen- tadas, porm em nvel mais remoto: 2

    (a) Prefixos marcadores de sujeito comuns aos verbos intransitivos e transitivos em oraes independentes, incluindo formas iguais a, ou derivveis fonologicamente de: a- 'eu', ere- 'voc', ja- 'eu e voc', oro- 'eu e ele', pe- 'voc e eie', o- 'ele, eles' (tambm 'eu, voc e ele') .

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  • 36 Aryon D. Rodrigues

    (b) Pronomes pessoais exprimindo possuidor, sujeito de verbos descritivos e objeto direto, assim como sujeito de verbos intransitivos em oraes dependentes, incluindo formas iguais a, ou derivveis fonolo- gicamente de: (i) tx 'eu', (e) n 'voc', jan 'eu e voc', or 'eu e ele', pe () 'voc e ele' (tambm atx 'eu, voc e ele').

    (c) Prefixos relacionais incluindo r-, que assinala que o determi- nante da palavra prefixada a palavra que a precede imediatamente, aplicvel a uma classe de palavras que inclui 'olho', 'rosto', lbio inferior', 'sangue', 'corpo', 'folha', 'casa', 'nome'; p. ex., Tupinamb pay r-es 'olho do paj', xe r-es 'meu olho') .

    (d) O fonema j (ou equivalentes lveo-palatais ou alveolares: tx, dj, , z) em palavras como jatx 'lua', jak 'jacu', j 'machado', jur 'boca', ajur 'papagaio', ja' 'vasilha de barro', kuj 'mulher', jb 'ama- relo', paj 'xam', pej 'soprar'.

    O fonema tx (ou ts, s, h ou zero) em palavras como tx 'me', txk 'larva', -txu'u 'morder, mastigar', -watx, -utx 'grande', -ubitxb 'grande, importante, chefe', txm 'corda', -etx 'olho', txo' 'animai cie caa'.

    O "onma ts fou s. h, ou zero) em palavras como ts 'ir', tset 'so muitos', otsenb 'ele o ouve', pytsatsu 'novo', potsng 'remdio', pyts. 'peg.r , pyts- noite' .

    (gl As oa'avras it 'pedra' e er 'mel, abelha' com i (e no wi, nem kwi ou ky) .

    (h) Vo:abulrio bsico incluindo formas derivveis fonologicamente de: jatx 'lua', ybk 'cu', -at 'fogo', jepe'b 'lenha', ybyr 'pau', -ap 'raiz', ka' 'mato', -etx 'olho', t 'nariz, bico', jur 'boca', nam 'orelha', jyb 'brao', poti' 'peito', -etym '(canela da) perna', -o' 'carne', ab 'pessoa einem?', ma' 'coisa, aue?', pir 'peixe', wyr 'ave', kuy 'mulher', puk 'comprido', porng 'bonito', -ob 'verde/azul', pb 'baixo, chato, plano', moky 'dois', man 'morrer', me'ng 'dar', je'ng 'falar', ap 'fazer', at 'andar', -epjk 'ver', ma' 'olhar'.

    (i) A pa'avra petm (e no p) 'fumo, tabaco' (literalmente 'ta- baco plantado') .

    Esse con'unto de caractersticas poderia ser ampliado, mas mesmo assim restrito parece suficiente para a identificao de qualquer lngua como membro da famlia Tupi-Guarani, assim como para a excluso de quaisquer outras lnguas. Uma enumerao amp. a, ainda que no exaus-

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  • Lingstica tupi-guarani 37

    tiva, das lnguas que constituem a famlia Tupi-Guarani a seguinte: Amanay, Anamb, Apiak, Arawet, Asurini do Tocantins (Akuwa), Asurini do Xingu, Av (Canoeiro), Chiriguano (Ava), Emrillon, Guaj, Guajajra, Guarani Antigo, Guarani Paraguaio, Guarayo (Guaray), Gua- yak (Ach), Hor (Jor), Izoceo (Cha), Kaiw (Kayov, Pi), Kamayur, Kayab, Kokma, Kokamya (Cocamilla), Lngua Geral Ama- znica (Nheengat), Lngua Geral Paulista (Tup Autral), Mby (Gua- rani), andva (Txirip), Omgua, Parakan, Parintintn, Sirion, Suru (Mujetre), Takunyap, Tapiet, Tapirap, Temb, Tup-Kawahb (Tupi do Machado, Pawat, Wirafd, etc.), Tupinamb, Turiwra, Urub, Wa- yamp, Wayampipuk, Xet (Serra dos Dourados) .

    Dentro desse conjunto de umas quarenta lnguas tupi-guarani podem distinguir-se subconjuntos segundo o compartilhamento de certas proprie- dades mais especficas, que podemos estabelecer com referncia ao Proto- -Tupi-Guarani. As propriedades escolhidas so basicamente fonolgicas e sua seleno se deve essencialmente experincia pessoal do autor na observao comparativa das lnguas desta famlia, mas tambm ao fato de que s o propriedades mais facilmente identificveis nos dados presente- mente disponveis3. Outras propriedades fonolgicas e grande parte das propriedades gramaticais e lexicais no podem ainda ser utilizadas compa- rativamente para todo esse amplo conjunto de lnguas, devido insuficin- cia da documentao . Por exemplo, o item lexical para 'morcego' confirma a distino entre os subconjuntos I e II: tanto no Guarani Antigo, quanto em lnguas Guarani modernas, como o Guarani Paraguaio, o Mby e o Xet, o morcego designado por mop, ao passo que no Guaryo anra, termo que corresponde a anyr usado no Tupinamb do subconjunto III, no Temb do subconiunto IV e no Parintintn do subconjunto V; anyr ocorre tambm em Guarani, mas a designa uma espcie de pssaro, situao inversa do Guarayo, onde mpi que nome de pssaro. Entretanto, ainda no possvel acompanhar a distribuio desses dois nomes em todo o domnio Tupi-Guarani.

    So os seguintes os sete subconjuntos propostos aqui tentativamente:

    SUBCONJUNTO I

    Caractersticas mais gerais em relao ao PTG: (a) perda das consoantes finais; (b) conservao de *tx ou sua mudana em ts ou s; (c) mudana de *ts em h ou zero; (d) mudana de *pw em kw ou k; (e) mudana de *pj em tx ou x.

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  • 38 Ary on D. Rodrigues

    Lnguas e /ou dialetos : Guarani Antigo Mby Xet (Serra dos Dourados) andva (Txirip) Kaiw (Kayov, Pi) Guarani Paraguaio Guayak (Ach) Tapiet Chiriguno (Ava) Izoceo (Cha)

    Exemplos: (a) PTG *aipotr 'eu o quero', Mby aipot; (b) PTG jatx 'lua', Mby djatx; () PTG *ots 'ele vai', Guarani Antigo oh, Mby o; (d) PTG *opwerb 'ele se recupera', Mby okwer; (e) PTG atsepjk 'eu o vejo', Mby aetx.

    SUBCONJUNTO II

    Caractersticas mais gerais em relao ao PTG: (a) perda das consoantes finais; (b) fuso de *tx e *ts, ambos manifestos por ts ou s; (c) mudana de *pw em kw ou k; (d) conservao de *pj; (e) deslocamento do acento da ltima para a penltima slaba da

    palavra. Lnguas e /ou dialetos :

    Guarayo (Guaray) Sirion Hor (Jor)

    Exemplos: (a) PTG *aipetk 'eu bato nele', Guarayo aipte; (b) PTG *jatx 'lua', Guarayo jtsy; PTG *ots 'ele vai', Guarayo tso; (c) PTG *apwerb 'eu me recupero', Guarayo akwra, Sirion akra; (d) PTG *atsepjk 'eu o vejo', Guarayo atspja; (e) PTG *pir 'peixe', Guarayo pira.

    SUBCONJUNTO III

    Caractersticas mais gerais em relao ao PTG:

    (a) conservao das consoantes finais; (b) fuso de *tx e *ts, ambos manifestos como ts ou s;

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  • Lingstica tupi-guarani 39

    (c) conservao de *pw; (d) conservao de *pj; (e) conservao do acento.

    Lnguas e /ou dialetos :

    Tupinamb Lngua Geral Paulista (Tupi Autral) Lngua Geral Amaznica (Nheengat) Kokma Kokamya (Cocamilla) Omgua

    Exemplos: (a) PTG *aipotr 'eu o quero', Tupinamb aipotr; (b) PTG *jatx 'lua', Tupinamb jas; PTG *ots 'ele vai', Tupinamb os; () PTG *opwerb 'ele se recupera', Tupinamb opwerb; (d) PTG *atsepjk 'eu o vejo', Tupinamb asepjk; (e) PTG *pir 'peixe', Tupinamb pir.

    SUBCONJUNTO IV

    Caractersticas mais gerais em relao ao PTG: (a) conservao das consoantes finais, com ou sem modificaes; (b) fuso de *tx e *ts, ambos mudados em h; (c) mudana de *pw em kw; (d) mudana de *pj em tx ou ts; (e) mudana de *j em tx, ts, s ou z.

    Lnguas e ou dialetos :

    Tapirap Av (Canoeiro) Asurini do Tocantins (Akuwa) Suru do Tocantins (Mujetre) Parakan Guajajra Temb

    Exemplos: (a) PTG #okr 'ele dorme', Temb okr, Asurini do Tocantins ken, Parakan oken; (b) PTG *jatxy 'lua', Temb zah, Asurini do Tocantins txaha, Parakan txaa, Tapirap txh; PTG *ots 'ele vai', Temb oh, Asurini do Tocantins ha; (c) PTG *opwerb 'ele se recupera', Temb okwerw; (d) PTG *atsepjk 'eu o vejo', Temb

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  • 40 Aryon D. Rodrigues

    aetsk, Asurini do Tocantins atxnag; (e) PTG *jakar 'jacar', Temb zakar, Asurini do Tocantins txakare, Tapirap txkr.

    subconjunto v

    Caractersticas mais gerais em relao ao PTG:

    (a) conservao das consoantes finais;

    (b) fuso de *tx e *ts, ambos mudados em h ou zero;

    (c) mudana de *pw em f (bilabial); (d) mudana de *pj em s;

    (e) mudana t de *j em dj; (f) marcas pronominais de 3^ pessoa masculina, feminina e plural. Lnguas e /ou dialetos :

    Kayab Asurini do Xingu Arawet (?)

    Exemplos: (a) PTG *akr 'eu durmo', Kayab aset, Asurini do Xingu akit; (b) PTG jatx 'lua', Asurini do Xingu djahy; PTG *ots 'ele vai', Kayab o, Asurini do Xingu aha; () PTG *tseapwn (ou tsyapwn) 'cheira bem', Asurini do Xingu heafen; PTG *-akypwr 'parte de trs', Kayab -akyfr-a 'rastro'; (d) PTG *otsepjk 'ele o v', Kayab wesk, Asurini do Xingu oesak; (e) PTG *jakar'jacar', Kayab jakar, Asurini do Xingu djakar; (f) Kayab 'nga p 'p dele' (homem falando), kla p 'p dele' (mulher falando), p 'p dela' (h. f.), kyna p 'p dela' (m. f.), 'ng p 'ps deles, delas' (h. f.), w p 'ps deles, delas' (m. f.) .

    SUBCONJUNTO VI

    Caractersticas mais gerais em relao ao PTG:

    (a) conservao das consoantes finais;

    (b) fuso de *tx e *ts, ambos mudados em h; (c) mudana de *pw em kw (Parintintn, Apiak) ou em fw, f

    (Tupi-Kawahb) ; (d) conservao de *pj; (e) conservao de *j;

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  • Lingistica tupi-guarani 41

    (f) marcas pronominais de 3a. pessoa masculina, feminina e plural, comuns ao homem e mulher.

    Lnguas e/ou dicetos : Parintintn (Kagwahb) Tupi-Kawahb (Tupi do Machado, Pawat, Wirafd, etc.) Apiak (?)

    Exemplos: (a) PTG *akr 'eu durmo', Parintintn akr; (b) PTG jatx 'lua', Parintintn jah; PTG *ots 'ele vai', Parintintn oh; (c) PTG *tseapwn 'cheira bem', Parintintn heakwn; PTG *-akypwr 'parte de trs', Parintintn -akykwr-i 'na ausncia'; (d) PTG *-epjk 'ver', Parintintn -epiag; (e) PTG *jakar 'jacar', Parintintn jakar; (f) Parintintn ga p 'p dele', h p 'p dela', nga p 'ps deles, delas'.

    SUBCONJUNTO VII

    Caractersticas mais gerais em relao ao PTG: (a) conservao das consoantes finais; (b) fuso de *tx e *ts, ambos mudados em h ou zero; (c) mudana de *pw em hw ou h; (d) mudana de *pj em ts; (e) conservao de *j. Lngua :

    Kamayur Exemplos: (a) PTG *akr 'eu durmo', Kamayur akt; (b) PTG

    jatx 'lua', Kamayur ja; PTG *ots 'ele vai', Kamayur oh; PTG pytsats 'novo', Kamayur pya; (c) PTG *-pwr 'amarrar', Kamayur -hwat; (d) PTG *-epjk 'ver', Kamayur -etsk; (e) PTG * jakar 'jacar', Kamayur jakar.

    SUBCONJUNTO VIII

    Caractersticas mais gerais em relao ao PTG:

    (a) perda parcial das consoantes finais; (b) fuso de *tx e *ts, ambos mudados em h ou zero; (c) mudana de *pw em kw; (d) mudana de *pj em s; (e) conservao de *j .

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  • 42 Aryon D. Rodrigues

    Lnguas e ou dialetos :

    Takunyap Way ampi (Oy ampi ) Wayampipuk Emrillon Amanay Anamb Turiwra Guaj Urub

    Exemplos: (a) PTG *akr 'eu durmo', Urub akr, Wayamp ke, PTG *potr 'flor', Urub putr, Wayamp pty, Wayampipuk potyr; (b) PTG *jatx 'lua', Urub jah, Wayamp jy; PTG *ots 'ele vai', Urub oh, Wayamp o; (c) PTG *-pwr 'amarrar', Wayamp -kwa; PTG *-ppwr 'amarrar as mos', Urub pukwr 'amarrar'; (d) PTG -epjk 'ver', Urub -sak, Wayamp -sa 'achar'; (e) PTG *jakar, 'jacar', Urub jakar, Wayamp jakar.

    No subconjunto I temos uma lngua documentada j h 350 anos, o Guarani Antigo da Provncia de Guair (Ruiz de Montoya 1639, 1640) e do rio Uruguai (Aragona 1979), e as diversas veriedades do Guarani moderno, nenhuma das quais se pode afirmar que seja a con- tinuao direta daquela. Fora o Guarani Paraguaio, cujo uso se gene- ralizou no Paraguai e no nordeste da Argentina durante o perodo colo- nial, o candidato mais provvel a descendente do Guarani Antigo parece ser o andva (Txirip, Apapokva) . O Mby mantm ainda hoje um trao fonolgico mais conservador que o trao correspondente do Guarani Antigo - o fonema tx, oriundo do PTG *tx, o qual ts no Guarani Antigo. O Xet da Serra dos Dourados no noroeste do Paran, embora muito diferenciado em diversas propriedades fonolgicas e lexicais, est, quanto a suas caractersticas diagnosticas, ligado mais intimamente ao Mby (Xet ne tx 'morderam-te', Mby ne txu', mas Kaiw ne su', Guarani Antigo ne tsu') . J o Chiriguno mais provavelmente sepa- rou-se de um ancestral comum ao Mby e ao Guarani Antigo, portanto algum tempo antes da documentao deste ltimo. O Izoceo um dialeto do Chiriguno falado por descendentes dos ndios Chan, original- mente de lngua da famlia Aruk. O mesmo se d com o Tapiet, falado por um povo chaquenho provavelmente de origem Matko. O Guayak (Ach), mais fortemente alterado na sua estrutura gramatical, coparticipa das propriedades diagnosticas deste subconjunto, aproximan- do-se mais particularmente do Mby (Guayak txu' 'morder', Mby txu'; Guayak pytx 'pegar', Mby pytx; Guayak ra, ra 'levar', Mby ara 'eu levo', etc . )

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  • Lingstica tupi-guarani 43

    O subconjunto II, situado to mais ao norte do subconjunto I, com- partilha com este uma grande quantidade de propriedades, mas diferen- cia-se em alguns traos importantes. Os mais notveis destes so a no transformao de *ts em h e a no mudana de *pj em tx, conservado- rismos que o Guarayo e o Sirion tm em comum s com o geografi" camente longnquo subconjunto III, em que se incluem o Tupinamb da costa atlntica e o Kokma do alto Amazonas (PT G *ots 'ele vai', Guarayo tso, Sirion so, Tupinamb os, Kokama tsu, em contraste com o Guarani Antigo oh, Chiriguno ho, Mby o); PTG *-epjk Ver', Guarayo -pja, Sirion -a [proveniente intermediariamente de *-pa, com queda regular de p], Tupinamb -epjk, em contraste com o Guarani Antigo -etxg, Chiriguno -xa, Mby -etx) . O Sirion, embora for- temente alterado a ponto de justificar a hiptese que reiteradamente tem sido lavantada de tratar-se de lngua falada por um povo originalmente no Tupi, que teria sido guaranizado, revela-se mais imediatamente ligado ao Guarayo, fato que casa bem com a situao geogrfica dos dois. O Hor o dialeto mais setentrional do Sirion.

    No subconjunto III, alm do Tupinamb documentado nos sculos XVI e XVII (Staden 1557, Lry 1578, Anchieta 1595, Araujo 1618, etc.), acrescento as duas lnguas gerais, que so suas descendentes diretas: a Paulista, que o "Tupi Austral" de Martius (1867:99-122), e a Ama- znica ou Nheengat, melhor conhecida que aquela e ainda hoje falada (Magalhes 1876, Tatevin 1910, Stradelli 1929, Silva 1961, etc.). Acres- cento tambm o Kokma (com o qual o Kakamya e o Omgua so quase idnticos) porque este, apesar de fortemente diferenciado em sua gramtica, diretamente derivvel de formas como as do Tupinamb (por exemplo, Kokma tsari 'raiado', Tupinamb sa'r 'est raiado'; Kokma tsni 'ser preto', Tupinamb sn ' preto'; Kokma jtsy 'lua', Tupinamb jas; Kokma ju 'chaga', Tupinamb ja', etc.). Como Kokma apresenta certas propriedades importantes no Tup, d a im- presso de tratar-se de mais um caso de lngua Tupi-Guarani adotada por um povo no Tupl. Um dos fatos mais interessantes do Kokma a esse respeito que ele tem dferentes pronomes pessoais segundo o sexo do falante, e em dois casos o pronome dos homens no Tupi, ao passo que o pronome das mulheres correlacionvel com o Proto-Tupi- -Guarani (e, portanto, com o Tupinamb): 'eu d" ta (no Tupi), mas 'eu $' tse (PTG *its, Tupinamb is); 'ele/ela cT ri (no Tupi), mas 'ele/ela $' i (PTG, Tupinamb *a', 'esse de que voc fala') . Os pronomes referentes ao interlocutor tm uma s forma para os dois sexos, e essa Tupi-Guarani: 'voc' ne (Tupinamb en), 'ns inclusivo (eu e voc)' ini (Tupinamb yan), 'vocs' pe (Tupi- namb p, ') . Para ns exclusivo' h tambm duas formas, mas nenhuma delas de origem Tupi: tnu , pnu , em contraste com PTG *or, Tupinamb or.

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  • 44 Ary on D. Rodrigues

    Foi levantada a hiptese de que os Kokma seriam um povo Tupi- -Guarani oriundo do Baixo Amazonas, o qual teria migrado para o Alto Amazonas. A lngua Kokma no pode ser imediatamente associada nem com as lnguas do subconjunto VIII, que mais propriamente poderia ser considerado como baixo-amaznico (ao contrrio desse subconjunto o Kokma no mudou *tx e *ts em h ou zero: Kokma jtxy 'lua', mas Turiwra jah, Amanaj jah, Wayamp jy; Kokma kwartxi 'sol', Turiwra kwarah, Amanaj kwarah, Wayamp kwary), nem com as lnguas dos subconjuntos IV (Tocantins- Araguaia), V (Mdio Xingu) e VI (Tapajs-Madeira) (Temb zah e kwarah, Asurin do Xingu djah e kwarah', Parintintin jah e kwarah) . Ela compartilha mais propriedades fonolgicas com o Tupinamb: alm do Tupinamb jas 'lua' e kwaras 'sol , considere-se tambm a manuteno da articulao labial em Kokma tsakapry 'depois de', e Tupinamb sakypwri 'atrs dele', provenientes do PTG *tsakypwri, em contraste com o Parintintn hakykwri 'em sua ausncia', o Temb haykw-pe, haykwr-amo 'atrs dele', etc., em que a consoante labial *p do PTG foi substituda pela consoante velar diante de w.

    Se o Kokma tivesse evoludo mais ou menos independentemente de maiores interferncias de lnguas no Tupi-Guaran, ele deveria ser considerado como mais afim ao Tupinamb, mas mais conservador que este quanto a pelo menos uma propriedade do Proto-Tupi-Guaran, pois ele apresenta sistematicamente ts (ou tx diante de i) como reflexo de *tx e *ts, enquanto que o Tupinamb tem s (ou x depois de i) . Entre- tanto, como h fortes indicaes de que o Kokma deve ter resultado da interao entre uma lngua Tupi-Guaran e uma lngua de outra filia- o (ainda no identificada), possvel que ts (e tx) tenham substitudo s (e x) por serem fonemas existentes nessa outra lngua (note-se, entretanto, que o Omgua (Tessmann 1930) apresenta sex: jse 'lua', koarxi 'sol') . Assim sendo, no deve desprezar-se a possibilidade de que o Kokma resulte da migrao de um povo que falasse uma lngua muito mais prxima do Tupinamb.

    No subconjunto IV renem-se o Tapirap e o Asurini do Tocantins, que alm dos traos fonolgicos mencionados acima tm outros em comum, e o Guajajra e o Temb, que so praticamente dois dialetos de uma mesma lngua. Incluo tambm o Av ou Canoeiro: registro feito h poucos anos (1974) por Harrison (ms.) de uma amostra de sua lngua, embora limitado, suficiente no s para sugerir sua associao com este subconjunto, mas sobretudo para rejeitar a velha hiptese segundo a qual os Av seriam descendentes de ndios Karij levados de So Paulo a Gois por uma bandeira. A manuteno sistemtica das con- soantes finais exclui a possibilidade de tratar-se de uma lngua do subcon- junto I (Guarani): PTG *okr 'ele dorme', Av ker, Asurini do Tocan- tins ken, mas Guarani ok; PTG *amn 'chuva', Av man, Asurin

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  • Lingstica tupi-guarani 45

    do Tocantins myn, mas Guaran am; PTG *man'ka 'mandioca', Av mnika, Asurini do Tocantins mani'nga, mas Guarani mani'; PTG *jawr /ona', Av txwar 'cachorro , Asurini do Tocantins txawar-, mas Guaran djagw; PTG *jepe'b 'lenha', Av txepaw, mas Guaran djepe'.

    Alm da manuteno das consoantes finais (e tambm do sufixo nominativo -a, que se v acima em mnika e que aparece tambm em outros nomes, como mbya 'cobra', ka 'casa ), o Av tem em comum com o Asurini do Tocantins e o Tapirap tambm a mudana de *j em tx (Tapirap txwara 'cachorro', txepe'w 'lenha') e com o mesmo Asurini o aeslocamento ao acento para a esquerda, tatos fonolgicos peios quais tambm se distingue do Guarani (particularmente dos dialetos orien- tais do Guarani, entre os quais se acharia o Karij; os dialetos ocidentais, do Chaco boliviano, como o Chiriguno, tambm apresentam o acento deslocado para a esquarda) . Enquanto no Guarani *tx do PTG e tx, ts ou s (conforme o diaieto: Mby djatx, Guaran Antigo jats, Guaran Paraguaio djas), no Av ele se converte em zero, oriundo de h, como em Asurini do Tocantins e em Tapirap: Av txy 'lua', Asurini do Tocantins txahy-, Tapirap txhy.

    A suposio de que a lngua dos Canoeiro ou Av seria um diaieto Guarani e confirmaria a hiptese de que os Canoeiros seriam descenden- tes de Karij fugidos para o serto foi manifestada primeiro por Couto de Magalhes em 1863, ao publicar umas cinquenta palavras daqueles ndios (Magalhes 1946:100-101); depois foi reapresentada por Nimuen- daj (1914) e por Rivet (1924), com base nos mesmos dados de Couto de Magalhes. Visto que mais de cem anos se passaram do registro de Couto de Magalhes at o (re) descobrimento dos atuais Av e o re- gistro de Harrison, poderia pensar-se que talvez os Canoeiros referidos no sculo passado no sejam os mesmos que os atuais Av. Um con- fronto da lista de palavras de Couto deMagalhes com a de Harrison fala, entretanto, em favor de uma identidade. Tambm em Couto de Magalhes aparecem palavras mantendo as consoantes finais e o sufixo nominativo; ar 'sol' (Harrison r), oc 'casa' (Harrison ka), uv 'flecha' (cf. Asurini do Tocantins o'ywa) . Para a 'banana' o Av (Harrison) tem um nome que no se encontra em outras lnguas: maapar (o que significa literalmente 'coisa recurvada'); pois esse mesmo nome j apa- rece na lista de Couto de Magalhes: manapary (em que n deve ser erro tipogrfico por e) . Tambm o nome para 'machado' tem uma forma caracterstica no Av atual, txywr (da raiz PTG *j), a qual igualmente j se encontra naquela velha lista: dgigua (uma aproximao grfca de djyw (r) ) . Conclumos que a lngua dos Canoeiro de Couto de Maga- lhes era essencialmente a mesma que a dos atuais Av, a qual e niti- damente distinta dos dialetos Guarani, entre os quais se situaria a lngua dos antigos Karij.

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  • 46 Aryon t>. Rodrigues

    Uma outra hiptese que poderia ser aventada a de que os Karij incorporados s bandeiras nos sculos XVII e XVIII no falassem mais seu dialeto Guarani, mas usassem a Lngua Geral Paulista ("Tupi Aus- tral"), a qual, como vimos, descendia do Tupinamb. Esta hiptese no encontra, porm, apoio nos dados fonolgicos e lexicais, que no permitem identificar os Av como falantes de uma lngua vinculada diretamente ao Tupinamb. Note-se tambm que a ocorrncia de um novo nome descritivo para a 'banana' (ma'eapar 'coisa recurvada') e a ausncia do nome (comparativo) dado pelos Tupinamb a essa fruta importada (pakb) parecem confirmar que os Av no representam uma tradio Tupinamb ou de Lngua Geral.

    No subconjunto V pusemos o Kayab, o Asurin do Xingu e, tenta- tivamente (por falta de dados), o Arawet. Esta associao do Asurin do Xingu com o Kayab se funda sobretudo no compartilhamento de *pj - s e de *pw -> f e na presena em Asurin do Xingu do pronome ga 'ele' (possivelmente tambm e 'ela, mas traduzido por 'ele' nos poucos exemplos disponveis, Nicholson 1982), que corresponde ao Ka- yab nga 'ele' (e 'ela') . Estas lnguas so nicas em compartilhar essas trs propriedades. *pw - f ocorre tambm em parte do subconjunto VI (no Tupi-Kawahb, mas no no Parintintn nem no Apiak), mas a no ocorre *pj - s. Os pronomes de 3a. pessoa, masculino, feminino e plural, ocorrem tambm no subconjunto VI, inclusive no Parintintn; mas, enquanto neste ltimo h um s conjunto de pronomes de 3a. pessoa (ga 'ele', h 'ela', nga 'eles, elas'), no Kayab h dois conjuntos paralelos, um para os falantes de cada sexo (nga 'ele, 'ela', ng 'eles, elas' usados por pessoas do sexo masculino e ka 'ele', kyna 'ela', w 'eles, elas' usados por pessoas do sexo feminino) . O subconjunto V difere do subconjunto IV no s pela inexistncia neste de pronomes de 3a. pessoa com distino de sexo e nmero e pelo diferente trata- mento de *pw (kw em IV, mas f em V) e de *j (tx, ts, ou z em IV, mas dj em V), mas tambm por outras diferenas fonolgicas (p. ex., o Kayab e o Asurin do Xingu no nasalizam as consoantes finais, ao contrrio do que faz o Asurin do Tocantins e, em parte, o Tapirap: A. X. hakop 'est quente', A. T. hakom; A. X. omonyk 'ele sopra o foo', A. T. omonyng; A. X. opotat 'ele o quer', A. T. opotan, Tapirap apatn). Por outra parte, h alguns fenmenos fonolgicos que so comuns especificamente ao Asurin do Xingu (no ao Kayab) e a lnguas do subconjunto IV (p. ex., o abaixamento das vogais pos- teriores do PTG, mudando *u em o e mudando *o em a; enquanto o abaixamento de *u geral nessas lnguas, o de *o - a geral no Tapirap, mas se limita s slabas acentuadas orais em Asurin do To- cantins e Asurin do Xingu: PTG *aiur 'papagaio', Tapirap txor, A. T. atxoro-hoa, A. X. ajoro-a; PTG *p 'mo', Tapirap p, A.

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  • Lingstica tupi-guarani 47

    T. pa, A. X. pa; PTG *opotr 'ele o que, Tapirap apatn, . T. opotan, A. X. opotat.

    O subconjunto VI est constitudo pelo Parintintin e pelo grupo de dialetos conhecido como Tupi-Kawahb, Tupi do Machado ou Parana- wt, assim como pelo Apiak. O Parintintn praticamente idntico s lnguas dos Jma e dos Tenharm. Na fonologia so muito semelhantes as lnguas do subconjunto VI, mas o Apiak apresenta z em todas as ocorrncias de *j do PTG diante de vogal, e o Tupi-Kawahb tem f (bilabial) como reflexo do PTG *pw, ao passo que o Parintintn e o Apiak tm kw: Tupi-Kawahb kyfra 'atrs' (Rondon e Faria 1948), Parintintn -akykwri 'ausncia', oriundos de *-akypwra e *-akypwri, respectivamente; Tupi-Kawahb f 'dedo' (Koch-Grnberg 1932), de *pw (neste caso o Parintintn no tem kw como, p. ex., o Guarani, mas pu, provavelmente por influncia da palavra p 'mo') . Em Tupi-Kawahb tambm *p muda em f diante de u: fuk 'rir' (Rondon e Faria 1948), de *puk, Parintintn puk.

    O subconjunto VII difere dos subconjuntos V e VI especialmente por no ter desenvolvido a srie de formas pronominais para a 3 a. pessoa, para distinguir masculino, feminino e plural. Fonologicamente so muito se- melhantes, o que levou Nimuendaj (1948:313) a declarar que o Kayab, o Apiak, o Kawahb e o Kamayur diferem muito pouco. Entretanto, este ltimo dfere das lnguas dos subconjuntos V e VI tambm no tra- tamento das sequncias de fonemas *pw e *pj do PTG. No Kamayur o *p foi substitudo por h diante de w, o que se deu tambm diante de u: Kamayur hw 'mo' (proveniente de *pw 'dedo'), hwerp 'res- suscitar' (de *pwerb recuperar-se'), huk 'comprido' (de *puk) (cf. Parintintn pu, kwerp, puk) .

    Por fim, o subconjunto VIII se distingue do subconjunto VII prin- cipalmente pela perda das consoantes finais e pela mudana de *pw em kw. O Wayamp, o Wayampipuk e o Emrillon, embora estabele- cidos no Amap e na Guiana Francesa, migraram em tempos histricos para essa rea ao norte do rio Amazonas, seguindo o vale do rio Jari; no sculo XVII achavam-se ndios Wayamp ainda no baixo Xingu (M- traux 1927, Nimuendaj 1980) . Os Urub e Guaj, hoje no Maranho, possivelmente se situaram mais a oeste nos sculos passados.

    A perda das consoantes finais do PTG afeta essas lnguas em dife- rentes graus. O Wayamp perdeu sistematicamente todas as consoantes finais, ao passo que o Wayampipuk conservou regularmente a consoante r e perdeu as demais; j o Urub perdeu em regra s a bilabial *b e a velar *ng, tendo conservado todas as outras consoantes: PTG *kb 'piolho', Wayamp ky, Wayampipuk ky, Urub ky; PTG akng 'cabea', Wayamp k, Wayampipuk ak, Urub ak; PTG *ptm 'fumo',

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  • 48 Ary on D. Rodrigues

    Wayamp pt, Wayampik pty, Urub pytm; PTG *man'k 'man- dioca', Wayamp mano, Wayampipuk man'o, Urub mani'k; PTG *prwr 'pele tirada do corpo', Wayamp pire 'pele', Wayampipuk prer, Urub pirr .

    Os subconjuntos acima delineados constituem no propriamente uma classificao interna da famlia lingstica Tupi-Guaran, mas antes um ensaio de discriminao de sees dessa famlia caracterizadas pelo com- partilhamento de algumas propriedades lingsticas, as quais podem servir para diagnosticar o desmembramento de todo o conjunto de lnguas Tupi-Guaran visto como resultante histrico de uma proto-lngua pr- -histrica. Embora uma melhor caracterizao desses subconjuntos re- queira o recurso a maior nmero de propriedades lingsticas, grama- ticais e lexicais, acredito que, enquanto no se faz um acmulo maior de dados e no se elaboram mais detalhes, o quadro aqui delineado permite tanto entrever algumas afinidades maiores que podem ou no correlacionar-se com afinidades estabelecidas por critrios no lingsticos, quanto pr em questo algumas hipteses gerais ou particulares presentes na literatura sobre a histria e a pr-histria dos povos Tupi-Guaran. Este o caso de hipteses tais como a da origem Karij (Guarani) dos Av (Canoeiros) (Rivet 1924), a da origem Tamyo (Tupinamb) dos Tapirap (Kissenberth 1916, Mtraux 1927), a da origem Tupinam- b dos Kawahb e dos Urub (Kracke 1978:7), ou a da origem Guaran dos Guaryo (Mtraux 1942:96) e dos Sirion (Holmberg 1969:10-11).

    Tambm as propostas de classificao das lnguas e povos Tupi-Guaran baseadas em hipotticos movimentos migratrios pr-histricos, como as de Loukotka (1950) e Susnik (1975), podem ser confrontadas com o desmembramento em subconjuntos aqui sugerido e questionadas quanto a sua compatibilidade com a distribuio das propriedades lingsticas aqui consideradas.

    NOTAS

    (1) - Algumas reconstrues de palavras do Proto-Tup publiquei em Hanke, Swadesh e Rodrigues 1958; algumas outras em Rodrigues 1966 e 1980.

    (2) - Para facilitar a composio tipografica, evita-se neste trabalho o em- prego de alguns smbolos fonticos no disponveis. Para tanto, adotaram-se as seguintes convenes: y usado para a vogal alta central no arredondada; j para o i assilbico, assim como para a fricativa lveo-palatal sonora; dj para a africada lveo-palatal sonora; x para a fricativa lveo-palatal surda; ts piara a afnicada alveolar surda; tx para a africada lveo-palatal surda; ng para a nasal velar; b pra a fricativa bilabial sonora; f para a fricativa bilabial surda;' para a oclusiva glotal. Um asterisco (*) marca, como usual, fonemas e palavras reconstrudos de uma proto-lngua.

    (3) - Algumas dessas propriedades j foram utilizadas em ensaio que ela- boramos com Miriam Lemle em 1966-1967 (Lemle 1971), no qual foi feita a reconstruo de aprecivel nmero de palavras do Proto-Tup-Guaran, mas com base num nmero bem menor de lnguas.

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    Article Contentsp. [33]p. 34p. 35p. 36p. 37p. 38p. 39p. 40p. 41p. 42p. 43p. 44p. 45p. 46p. 47p. 48p. 49p. 50p. 51p. 52p. 53

    Issue Table of ContentsRevista de Antropologia, Vol. 27/28 (1984/1985), pp. 1-468Front MatterO I ENCONTRO TUPI: UMA APRESENTAO [pp. 1-4][Illustration] [pp. 5-5]BIBLIOGRAFIA ETNOLGICA BSICA TUPI-GUARANI [pp. 7-24]UMA ETNO-HISTRIA TUPI [pp. 25-32]RELAES INTERNAS NA FAMILIA LINGISTICATUPI-GUARANI [pp. 33-53]OS DEUSES CANIBAIS: A MORTE E O DESTINO DA ALMA ENTRE OSARAWET [pp. 55-90]ASURINI DO XINGU [pp. 91-114]XAMANISMO E COSMOLOGIA ASURINI ALGUMAS CONSIDERAESINICIaIS [pp. 115-125]MUSICA E XAMANISMO ENTRE OS KAYABI DO PARQUE DOXINGU [pp. 127-138]O "PAYEMERAMARAKA" KAMAYURA: UMA CONTRIBUIO ETNOGRAFIA DOXAMANISMO NO ALTO XINGU [pp. 139-177]O PAJ WAIPI E SEUS "ESPELHOS" [pp. 179-196]OS PARAKAN [pp. 197-202]OS SURU DA RONDNIA: ENTRE A FLORESTA E ACOLHEITA [pp. 203-211]OS CINTA LARGA [pp. 213-232]REFLEXES CRTICAS SOBRE O TRATAMENTO DOSMITOS [pp. 233-244]A VONTADE DE SER: NOTAS SOBRE OS NDIOS URUBU-KAAPOR E SUAMITOLOGIA [pp. 245-262]MITO E DISCURSO: OBSERVAES P DA PGINA [pp. 263-270]CONTRIBUIO ESTUDO DAS RELAES TRIBAIS NA REATAPAJS-MADEIRA [pp. 271-286]OS NDIOS NEGROS OU OS CARIJ DE GOIS: A HISTRIA DOSAV-CANOEIRO [pp. 287-325]O DIREITO INDGENA E A OCUPAO TERRITORIAL: CASO DOSNDIOS TEMB DO ALTO GUAM (PAR) [pp. 327-342]OS TENETEHARA-GUAJAJARA: CONVVIO EINTEGRAO [pp. 343-353]TECELS TUPI DO XINGU [pp. 355-402]PROPOSTA PARA UM II ENCONTRO TUPI [pp. 403-407]COMUNICAESASPECTOS DA PINTURA NA CULTURA INDGENA [pp. 409-413]ASURINI DO XINGU: ARTE GRFICA [pp. 415-424]PARECER DA ASSOCIAO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA SOBRE SUAPARTICIPAO NO CONVNIO 059/82 [pp. 425-435]O 30 ANIVERSRIO DA REVISTA DE ANTROPOLOGIA [pp. 437-438]

    NOTICIRIO [pp. 439-444]IN MEMORIAMNIL DO MACUCO ... 1983 [pp. 445-446]HIROSHI SAITO 1919-1983 [pp. 447-449]VICENTE UNZER DE ALMEIDA 1916-1984 [pp. 451-452]

    BIBLIOGRAFIAReview: untitled [pp. 453-456]Review: untitled [pp. 456-457]Review: untitled [pp. 457-466]Review: untitled [pp. 466-468]

    Back Matter