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Quarta-feira | 20 de agosto de 2008 | Ano 1 | nº 06 | Tiragem: 200 | Por Fabrício Alex SOMOS APENAS HUMANOS Realização: E mais: Entrevista | p. 02 Quixotes | p. 03 Kariri-Xocó | p. 03 Marcos Filipe Sousa Na programação deste ano, o Aldeia selecionou apresentações distintas, que usam palco elizabetano, espaços alternativos, rua. Com linguagens como dança, teatro infantil, comédia, intermídia, performances, circo... Mas Recursos Humanos é um projeto especifico entre os demais. Em 2006, com o espetáculo Sociedade Anônima percebe-se que a grande rotatividade entre os interessados em participar da companhia acaba por surgir a titulação de “Cia. LTDA.” Desde essa época e com o projeto Estado de Graça, as pesquisas passam a questionar o homem dentro do social. Recursos Humanos vem de etapas que progressivamente exigiram a fuga da caixa cênica, do edifício teatral. Evitar o distanciamento do público. Estamos todos dentro do coletivo com relações que permeiam entre o indivíduo e seu meio. A rua passa ser um espaço de experimentação e não existe um espetáculo pronto, a pesquisa é justamente o processo. É a experiência da obra. Segundo Jorge Schutze, sobre as apresentações ao público, “não se relaciona dessa forma: venha assistir. Se relaciona da forma: eu estou aqui.”. Schutze é o idealizador e responsável pelo projeto. É bailarino e graduado em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Alagoas. Sentimentos, angustias e momentos do ser humano. naturalmente não têm uma lógica decifrável. Em várias nuances somos inconstantes, inseridos numa cultura. Quem acompanhar a apresentação de Cia LTDA não encontrará uma mensagem objetiva, porque não tem algo para dizer; tem algo a perguntar. Por que você esta aqui? O que é que você deseja? Com esses princípios, os próprios intérpretes afirmam que não precisam definir quem é publico e quem é platéia, basta saber que somos todos seres humanos.A apresentação será às 16:00h, no calçadão do comércio. Divulgação Bastidores | p. 04 A Cia. LTDA se apresenta hoje à tarde no calçadão do comércio

Rodapé | 06 | 2008

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Sexto número do primeiro ano do jornal Rodapé, que tem como objetivo fazer a cobertura dos 9 dias do projeto Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas.

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Quarta-feira | 20 de agosto de 2008 | Ano 1 | nº 06 | Tiragem: 200

| Por Fabrício Alex

SOMOS APENAS HUMANOS

Realização:

E mais:

Entrevista | p

. 02

Quixotes | p. 0

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Kariri-X

ocó | p. 0

3

Marcos Filipe Sousa

Na programação deste ano, o Aldeia selecionou

apresentações distintas, que usam palco elizabetano, espaços alternativos, rua. Com linguagens como dança, teatro infantil, comédia, intermídia, performances, circo... Mas Recursos Humanos é um projeto especifico entre os demais.

Em 2006, com o espetáculo Sociedade Anônima percebe-se que a grande rotatividade entre os interessados em participar da companhia acaba por surgir a titulação de “Cia. LTDA.” Desde essa época e com o projeto Estado de Graça, as pesquisas passam a questionar o homem dentro do social.

Recursos Humanos vem de etapas que progressivamente exigiram a fuga da caixa cênica, do edifício teatral. Evitar o distanciamento do público. Estamos todos dentro do coletivo com relações que permeiam entre o indivíduo e seu meio.

A rua passa ser um espaço de experimentação e não existe um espetáculo pronto, a pesquisa é justamente o processo. É a experiência da obra. Segundo Jorge Schutze, sobre as apresentações ao público, “não se relaciona dessa forma: venha assistir. Se relaciona da forma: eu estou aqui.”. Schutze é o idealizador e responsável pelo projeto. É bailarino e graduado em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Alagoas.

Sentimentos, angustias e momentos do ser humano. naturalmente não têm uma lógica decifrável. Em várias nuances somos inconstantes, inseridos numa cultura. Quem acompanhar a apresentação de Cia LTDA não encontrará uma mensagem objetiva, porque não tem algo para dizer; tem algo a perguntar. Por que você esta aqui? O que é que você deseja?

Com esses princípios, os próprios intérpretes afirmam que não precisam definir quem é publico e quem é platéia, basta saber que somos todos seres humanos. A apresentação será às 16:00h, no calçadão do comércio.

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A Cia. LTDA se apresenta hoje à tarde no calçadão do comércio

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Um texto ousado que trata de um

assunto no mínimo delicado, assim é a peça Murro em Ponta de Faca, que se apresenta hoje às 19h30, no Teatro SESC Jofre Soares. O Rodapé traz uma entrevista com o ator e dramaturgo David Farias, ele que iniciou seus trabalhos nas “saudosas” feiras de cultura de colégio. E que confessa possuir uma “alma revolucionária”.

O ator em um bate-papo nos contou o início de sua carreira artística, além do surgimento da Carapuça Companhia Teatral e revelou ainda detalhes sobre o espetáculo de hoje.

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| Por Barbara Esteves

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surgiram espetáculos como Sã Consciência Insana, S.O.S SUS, espetáculos de rua e performances como Romeu e Julieta.

R: De quem foi a concepção inicial da peça? E por que Boal?

DF: Nós, natura lmente , sempre trabalhamos com temáticas sociais. E o exemplo disto está nas peças que já montamos. Murro em Ponta de Faca foi um achado para nós.

Eu sempre ouvi falar muito em Augusto Boal, antes de entrar na faculdade. E quando conheci o seu texto, em 2003, gostei muito. Percebi uma grande afinidade sobre o que eu já vinha desenvolvendo nos meus trabalhos.

Na verdade, a adaptação foi uma parceria entre Ábia Marpin, atriz e estudante de Jornalismo, e eu. No ano passado, dois meses antes do Overdoze, nós resolvemos convidar alguns atores que achamos perfeitos para compor o elenco da peça. Na verdade, todas as cenas que eu já fiz no Overdoze, terminaram em montagem depois, como foi o caso de Sã Consciência Insana, que foi apresentado no Overdoze de 2005 e também acabou virando realidade.

R: Em linhas gerais, do que trata o espetáculo?

DF: O espetáculo fala de uma época da ditadura militar brasileira, de exílio. Dos dois lados, do ponto de vista dos que se

O QUE É ARTE?

Pra mim arte é

um, nem sei nem explicar, viu? Arte é uma coisa que Deus deixou pra nós. A arte pra mim quem faz é a gente. Por exemplo, estes

trajes aqui foi eu que fiz. E isso é uma arte, né?

Maora Góes dos SantosDançarina de Guerreiro

Fabrício Alex

É uma brincadeira

folclórica que a gente adora por natureza do coração. Não é só por brincar, é por amor. Quem brinca só por d i n h e i r o , n ã o é b r i n c a d e i r a . T ã o

brincando por aí só por dinheiro, mas a gente ta brincando porque a gente ama.

Patrúcio VenâncioTambozeiro de Guerreiro

Fabrício Alex

calaram e dos que não silenciaram.

Seis personagens com essências diferentes, Seis personagens com essências diferentes, que viviam cada um sua história, para englobar todos os brasileiros. Eles se conhecem durante o exílio e meio que se “unem”. Nós não mostramos as torturas, mas sim muitas das conseqüências delas.

Nossas pesquisas, para compor a peça, incluem a leitura de autores e textos, a exemplo de Chico Buarque. Também assistimos a diversos filmes que abordavam essa temática, com destaque para Zuzú Angel, que nos marcou bastante. E todos os atores da peça: Juliana Teles, Henrique Rocha Floris, Ritta Rocha, Roberta Aureliano e Robson Person e eu, estão envolvidos neste processo.

R: O SESC, em parceria com o Centro de Teatro do Oprimido e a Petrobras, está realizando uma capacitação, para atores, de uma Fábrica de Teatro Popular aqui em Maceió. O que vocês acham desta iniciativa?

DF: Acho uma iniciativa fantástica, pois essa técnica não é voltada somente para atores e sim espectadores. É uma oficina de utilidade pública. Um passo para Alagoas. Levar mais destas técnicas para a comunidade através deste tipo de formação é muito válido. Como o SESC trabalha com formação de platéias, é interessante também a formação de agentes multiplicadores da arte de encenar.

Rodapé: Como você começou no teatro? Fale também um pouco da história da Carapuça Companhia Teatral.

DF: Comecei a ter contato com as Artes Cênicas na escola. Eu estudava no Saint German e em um festival estudantil de teatro, no ano de 1999, ganhei um prêmio de melhor ator coadjuvante. Nesta época eu conheci grandes nomes de atores e atrizes Maceió, que hoje estão engajados no teatro nacional. Então, meu primeiro trabalho profissional foi um trabalho in fant i l chamado Revolução dos Brinquedos.

Depois disso fui ganhando visibilidade. Recebi então um convite de Lael Correia, da companhia “Infinito Enquanto Truque”, para participar de uma peça dele.

O Carapuça surgiu da vontade de colocar a teoria aprendida na faculdade em prática através da encenação. Os primeiros a entrar foram colegas de classe: Ana Paula Quintino, Roberta Aureliano, Waleska Durrêr e Analice Sousa. Depois da prática

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O Q u i x o t e s d o s S a u d á ve i s Subversivos e o Dom Quixote de La Mancha, tem alguma relação?

Dom Quixote de La Mancha é

composto por 126 capítulos de sabedoria, amizade, enternecimento, encantamentos, loucuras e divertimento, divididos em duas partes: a primeira surgida em 1605 e a outra em 1615. É a grande criação de Cervantes.

A criação dos Saudáveis Subversivos é composta por vídeos-dança, corpos em pesquisa, danças, imagens, sons, parafernália, eletrônica, movimentos, impulsos, suor, dedicação, entrega, relações, aprendizados, sentimentos humanos os mais variados possíveis. Com início registrado em 2005 no papel, e com prazo indeterminado de pesquisa, assim deveria ser.

Cada ator tem em sua vida e em seu corpo uma pesquisa interminável, onde o mesmo vai se redescobrindo através de seu corpo. O que foi apreciado por nós no dia 19 de agosto é uma pesquisa emaranhada de conversar, práticas e questionamentos de um grupo, este por sua vez os Saudáveis Subversivos. O que assistimos foi essa pesquisa, que espero que se construa a partir dessa apresentação e discussão que sempre é proposta após os espetáculos no Aldeia, na qual estamos sentindo a ausência dos artistas da terra. Aos intérpretes criadores exponho, os escritos de Stanislavski:

O ator deve trabalhar a vida inteira, cultivar seu espírito, treinar

sistematicamente os seus dons, desenvolver seu caráter, jamais deverá

se desesperar e nunca renunciar os seus dons, desenvolver seu caráter,

jamais deverá se desesperar e nunca renunciar a este objetivo primordial: amar sua arte com todas as forças e

amá-lo sem egoísmo.

* Graduada em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Alagoas e Pós–Graduanda em Especialização do Ensino da Arte: Teatro

DEU A LUCCA

03

Por Elizandra Lucca*

SEU JOFRE FALOUseu jofre falou

03

A arte do improviso | Por Jacqueline Pinto

Bar

bara

Est

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Entre uma igreja e um histórico bar do centro, o

Toré (dança indigina) da Tribo Kariri-Xocó que em terras da cidade de Porto Real do Colégio, paralisou a movimentação dos clientes e comerciários. A dança circular pode não ter sido entoada o suficiente para atrair a chuva para a Aldeia, mas teve aclamação dos presentes. Em pela tarde comercial, teve-se uma chuva de

celulares e câmeras fotografando ou fazendo vídeos. Queriam legar consigo algo daquela apresentação. Mostrar para suas famílias

parte da identidade de um povo e que tiveram a oportunidade de ver de perto. Boquiabertos, afirmavam : - Isso é cultura! Foi um ótimo momento para distribuir o material gráfico de divulgação da mostra e destacar as ações do SESC/AL.

Enquete:

A pergunta foi feita para 100 comerciários que estavam assistindo a programação de rua ontem, 19, no centro da cidade. Entre as respostas obtivemos os seguintes resultados:

Sim – 22%Não – 78%

O SESC está realizando um evento cultural que se iniciou no dia 15 e vai até o dia 23. Você estava sabendo?

A noite de terça-feira foi presenteada

com uma verdadeira viagem ao mundo das artes com o espetáculo Quixotes. Uma montagem que mescla elementos como vídeo, música, dança, até m o v i m e n t o s d e Yo g a f o r a m representados pelos integrantes da Associação Art íst ica Saudáveis Subversivos.

O espetáculo era apresentado inicialmente pelos atores Glauber Xavier e Valéria Nunes. Hoje os atores

Magnum Ângelo e Reginaldo Oliveira apresentam o espetáculo, que surgiu para eles de forma desafiadora.

Em novembro de 2007 o grupo tinha uma apresentação programada no Teatro de Arena, mas foram surpreendidos com a notícia de que Valéria Nunes não participaria da noite por ter conseguido realizar o sonho de adotar uma criança, que aconteceu no dia da apresentação.

A dupla Magnum e Reginaldo se reuniram, definiram os detalhes técnicos e se apresentaram com Quixotes de forma improvisada. Na verdade a essência da proposta do espetáculo prima pelo improviso. Segundo Reginaldo Oliveira a dupla não ensaiava pensando no espetáculo. “Eu ensaiava os saltos em casa e combinávamos os detalhes pertinentes, a hora que ele me segurava e soltava, a escolha das músicas, dos vídeos e outros detalhes” comenta.

No fim do espetáculo houve um bate papo com o público onde os atores responderam a perguntas e questionamentos do público. Foi inevitável a comparação com a montagem anterior, mas todos os comentários são válidos para aprimorar ainda mais o trabalho para outras apresentações.

Cena de Quixotes

Kariri-Xocó | Por Fabrício Alex

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Informativo produzido pelo Serviço Social do Comércio de Alagoas - SESC para o evento Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas 2008

Coordenador Artístico-Cultural: Guilherme RamosTécnico de Teatro: Thiago SampaioEstagiário de Teatro: Reginaldo OliveiraJornalista Responsável: Barbara Esteves Mte 1081/ALPlanejamento Gráfico e Diagramação: Renato MedeirosColaboradores:Barbara EstevesFabrício Alex BarrosJacqueline PintoRenato Medeiros

O s t e x t o s a s s i n a d o s s ã o d e responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do SESC Alagoas.

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expediente

E TENHO DITOE TENHO DITO

Circo Minimal, Cia. Gente Falante Teatro de Bonecos (RS) - às 16:00h - Calçadão do Comércio - Entrada Franca

Guerreiro do Mestre Nivaldo - às 17:00h - Calçadão do Comércio - Entrada Franca

Encarnado, Lia Rodrigues Cia. de Danças (RJ) - às 19:30 - Teatro SESC Jofre Soares - R$ 2,00 + 1 Kg de alimento ou R$ 4,00 s/ o alimento.

PROGRAMAÇÃO VIDEO DANÇA DE QUINTAPROGRAMA: RETROSPECTIVA FRANÇA Duração: 94'Reunião de uma série de pequenas peças produzidas por coreógrafos que marcaram a dança francesa a partir dos anos 80 e que fizeram do vídeo uma plataforma de difusão de suas obras.

L'Etreinte - 6'França, 1987Direção: Joelle Bouvier e Régis ObadiaCoreografia: Joelle Bouvier e Régis Obadia

La Chambre - 11'França, 1987Direção: Joelle Bouvier e Régis ObadiaCoreografia: Joelle Bouvier e Régis Obadia

La Lampe - 8'França, 1991Direção: Joelle Bouvier e Régis Obadia Coreografia: Joelle Bouvier e Régis Obadia

Captive 2 - 13'França, 1999Direção: N + N CorsinoCoreografia: N + N Corsino

Parceria:

Sessão às 12h30*Parte da programação do meio-dia será reprisada às 18:30, antes do espetáculo do Aldeia. Compareça!

Tout Morose - 4'França, 1997Direção: José MontalvoCoreografia: José Montalvo

46 bis - 3'França, 1988Direção: Pascal BaesCoreografia: Pascal Baes

Dix Anges – 10'França, 1989Direção: Dominique Bagouet Coreografia: Dominique Bagouet

Le P'tit bal – 4'França 1993Direção: Philippe Decouflé Coreografia: Philippe Decouflé

Codex (extratos) 10'França, 1987Direção: Philippe DecoufléCoreografia: Philippe Decouflé

KoK – 4'França, 1988Direção: Régine Chopinot Coreografia: Régine Chopinot

Un trait d'union – 13' França, 1992Direção: Angelin Preljocaj Coreografia: Angelin Preljocaj

Les Raboteurs – 8'França, 1988Direção: Cyril CollardCoreografia: Angelin Preljocaj

Em ano de eleição, a opinião da população passa ter suma

importância. Afinal, é de onde vem a definição dos novos representantes e líderes do poder público. O espetáculo A Importância do Primeiro Voto levou parei a Rua do Comércio o assunto que está em alta no país.

Utilizando mecanismos da comédia com uma linguagem simples e rotineira de fácil entendimento, apresentando que é preciso ter mais consciência nas escolhas que são feitas.

O Rodapé foi ao público presente, saber como eles receberam a mensagem dos atores. Obtivemos respostas genéricas, com relação ao espetáculo do tipo: Foi engraçado! Com relação ao poder do voto, responderam também de forma superficial. Acabou sendo um momento não de reflexão, mas de entretenimento para maioria dos presentes, que riam com as tiradas dos atores.

E na hora da urna?| Texto e fotos por Fabrício Alex

Bastidores de A importância do 1º voto

OverdozeAmanhã o Rodapé vai divulgar a programação do Overdoze, que acontece no próximo Sábado. Fiquem atentos!

*Técnico de Teatro.

RECADO DO THIAGO*