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painel AEAARP REVOLUÇÃO VERDE MINERAÇÃO Indústria mineradora tem tecnologia para tapar buracos ARQUITETURA Mapa da produção de café mostra como eram 65 fazendas da época HOBBY O colecionador de cardápios Como uma das grandes indústrias da região mudou o processo de produção agrícola, agregou valor aos produtos e promoveu grande transformação ambiental em suas fazendas Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto Ano IX nº 261 dezembro/ 2016

Revolução veRde - AEAARP · de classe, órgãos públicos e de discussão técnica. Portanto, somos ... Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos

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painel

A E A A R P

Revolução veRde

Mineraçãoindústria mineradora tem tecnologia para tapar buracos

arquiteturaMapa da produção de café mostra como eram 65 fazendas da época

Hobbyo colecionador de cardápios

Como uma das grandes indústrias da região mudou o processo de produção agrícola, agregou valor aos produtos e promoveu grande

transformação ambiental em suas fazendas

Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão PretoAno IX nº 261 dezembro/ 2016

Eng. civil Carlos Alencastre

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No início do século passado, a região de Ribeirão Preto (SP) sofreu grande revés com a queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque, que resultou em freada brusca nas exportações de café e em um verdadeiro tsunami sobre a lavoura.A economia local dependia quase que exclusivamente da agricul-tura e historiadores demonstraram mais tarde que houve célere reação do setor produtivo local. Foi nas décadas seguintes que Ribeirão Preto se firmou como centro de serviços, da indústria da saúde, da educação, dentre outros.No campo, o café deu lugar ao algodão e à cana, que prevaleceu sobre todos os outros investimentos e tornou-se, mais uma vez, símbolo da nossa economia. Porém, desta vez não só pelo ouro que vem do campo (o café, como lembram, era tratado por esta alcu-nha), mas também pelo desenvolvimento da capacidade industrial.Foi o investimento em educação, na formação de pessoas em diver-sas áreas do conhecimento – medicina, direito, engenharia, agrono-mia e, mais tarde, arquitetura – que permitiu a reação econômica e a retomada de postos de trabalho e investimentos.Revisitar essa história é essencial para compreendermos o quanto é importante o momento histórico atual e também quão rele-vante é o nosso papel.Ao surgir, em 1948, a AEAARP tinha como objetivo principal defender o exercício das profissões do sistema CONFEA-CREA da atuação de leigos, que se espalhavam nos setores público e privado, e também interferir e participar de debates sobre políticas públicas. Maior e mais forte, a AEAARP exibe hoje êxitos institucionais. O país passa por forte crise e, aliada a este cenário, a insegurança política da cidade gera incertezas jurídicas, que faz muito mal aos investimentos.Para escrever a história que será contata sobre este século, a AEAARP oferece o ambiente de conhecimento, de debate e de contatos para negócios. Em 2016, firmamos novas parcerias, incrementamos a agenda de cursos e palestras e estreitamos relações com conselhos de classe, órgãos públicos e de discussão técnica. Portanto, somos nós que devemos escolher de qual lado do enredo deveremos estar.

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ESPECIAL 05Uma história de transformação na lavoura

ARquItEtuRA 10Paisagem arquitetônica do café em Ribeirão Preto

PRODUTIVIDADE 13Trabalhando com referência de células

hObby 14Cardápios: da mesa à parede

TECNOlOgIA 16Atividade mineradora em Ribeirão Preto

EVENTO 189ª Semana de Engenharia expõe pioneira indústria de recuperação energética

TRAbAlhO 21unicamp abre concurso para professores

PREVIDêNCIA 22Reforma: e agora, como fica a sua aposentadoria?

hOMENAgEM 23Instituto de Engenharia homenageia mulher pela primeira vez

gESTãO 24Sete dicas para eliminar desperdícios

CREA-SP 25livro de ordem é facultativo

NOTAS E CURSOS 26

DIRETORIA OPERACIONALDiretor Administrativo: eng. agr. Callil João FilhoDiretor Financeiro: eng. agr. Benedito Gléria FilhoDiretor Financeiro Adjunto: eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio BagatinDiretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: eng. civil Hirilandes AlvesDiretor Ouvidoria: eng. civil Milton Vieira de Souza Leite

DIRETORIA FUNCIONALDiretor de Esportes e Lazer: eng. civil Rodrigo Fernandes AraújoDiretor de Comunicação e Cultura: eng. agr. Paulo Purrenes PeixotoDiretor Social: arq. e urb. Marta Benedini VecchiDiretor Universitário: arq. e urb. Ruth Cristina Montanheiro Paolino

DIRETORIA TÉCNICAAgronomia, Agrimensura, Alimentos e afins: eng. agr. Jorge Luiz Pereira RosaArquitetura, Urbanismo e afins: arq. Ercília Pamplona Fernandes SantosEngenharia e afins: eng. Naval José Eduardo Ribeiro

Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 - Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / [email protected]

Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento AlencastrePresidente

Eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge Eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho 1º Vice-presidente 2º Vice-presidente

CONSELHO DELIBERATIVOPresidente: eng.º civil João Paulo de Souza Campos Figueiredo

Conselheiros Titulares Eng.º agr.º Dilson Rodrigues CáceresEng.º civil Edgard CuryEng.º civil Elpidio Faria JuniorArquiteta e eng.ª seg.ª do trab.º Fabiana Freire GrelletEng.º agr.º Geraldo Geraldi JrEng.º agr.º Gilberto Marques SoaresEng.º mec.º Giulio Roberto Azevedo PradoEng.º elet.ª Hideo KumasakaEng.º civil Wilson Luiz LagunaEng.º civil Jose Aníbal LagunaArquiteto Luiz Eduardo Siena MedeirosArq.ª e urb.ª Maria Teresa Pereira LimaEng.º civil Ricardo Aparecido Debiagi

Conselheiros SuplentesEng.º agr.º Alexandre Garcia TazinaffoArq.º e urb.ª Celso Oliveira dos SantosEng.º agr.º Denizart BolonheziEng.º civil Fernando Brant da Silva CarvalhoEng.º agr.º José Roberto ScarpelliniEng.º agr.º Ronaldo Posella Zaccaro

REVISTA PAINELConselho Editorial: eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho, arq. urb. Celso Oliveira dos Santos, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto - [email protected]

Conselheiros Titulares do CREA-SP indicados pela AEAARP: eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves e eng. mecânico Fernando Antonio Cauchick Carlucci

Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá, Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 www.textocomunicacao.com.brFones: 16 3916.2840 | 3234.1110 [email protected]

Editora: Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044

Publicidade: Departamento de eventos da AEAARP - 16 2102.1719 Angela Soares - [email protected]

Tiragem: 3.000 exemplaresLocação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718Editoração eletrônica: Mariana Mendonça NaderImpressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.

Horário de funcionamento AEAARP - das 8h às 12h e das 13h às 17hCREA - das 8h30 às 16h30Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.

painel A s s o c i A ç ã ode engenhAriA ArquiteturA e AgronomiA de ribeirão Preto

Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.

umA hIstóRIA de tRAnsfoRmAção nA lAvouRA

Nos anos de 1980, um jovem engenheiro agrônomo mudou os negócios da família, do modelo convencional para o orgânico e agregou valor à tradicional indústria canavieira

com produtos orgânicos certificados internacionalmente

O maior projeto orgânico certificado do mundo acontece nas cercanias de Ribeirão Preto (SP), fruto do empreen-dedorismo de um engenheiro agrônomo nascido em tradicional família de indus-triais do setor sucroenergético. Leontino Balbo, diretor do Grupo Balbo, guiou-se pela fenomenologia, linha filosófica estabelecida por Edmund Husserl no início do século passado que propõe, em linhas gerais, a investigação científica partindo do princípio de que a verdade é provisória e será derrubada até que um fato novo surja e a modifique.

Revista Painel6

AGRONOMIAespecial orgânico tecnologia

Nos anos de 1980, o fato novo no gru-po empresarial era Leontino. Embriagado pelos conhecimentos recém-adquiridos na universidade, o então jovem enge-nheiro desejou aplicá-los no negócio da família: queria produzir cana-de-açúcar de forma sustentável, reduzindo a apli-cação de defensivos, o impacto ao meio ambiente e eliminando a queimada. Foi o embrião do projeto Cana Verde.

Balbo debruçou-se sobre os resultados do negócio familiar e comprovou que, fazendo a mesma coisa, mas da forma como propunha, os números obtidos com produtividade e rentabilidade se-riam melhores. Desta maneira, mudou a cultura agrícola empreendida até então.

3 milhões de litros de água eram usados por hora para lavar a cana queimada antes da moagem.7 mil movimentos por dia era o que fazia um trabalhador rural para colher 7 toneladas de cana crua por dia.

A família, formada por imigrantes italianos, começou a trabalhar no setor em 1903, no Engenho Central, em Sertãozinho (SP). Em 1946, fundou a primeira usina do grupo, a Santo Antônio.

Passou do modo convencional (orienta-do para a máxima lucratividade e tendo a fazenda como meio de produção) para o orgânico (que alia sustentabilidade à lucratividade, tornando a fazenda um meio de vida).

INTUIÇÃOObservando o processo de colheita

da cana crua e o potencial de matéria orgânica resultante da colheita nesta

Associados da AEAARP foram recebidos por Leontino Balbo na sede da Usina São Francisco, em Sertãozinho, para uma visita técnica que resultou em uma aula sobre orgânicos e qualida-de do solo. Leontino formou-se em Engenharia Agronômica na Unesp-Jaboticabal.

condição, o agrônomo reconstruiu o ciclo de vida em 21,6 mil hectares de cana, acrescendo à terra também os subpro-dutos da indústria, como a vinhaça e a torta de filtro. O projeto Cana Verde começou em 1987, com longo processo de recuperação do solo e adoção de tecnologia para colher a cana crua. A primeira certificação foi obtida em 1997.

Ele convenceu um empresário de Ribeirão Preto a disponibilizar uma má-quina para ser adaptada à colheita da cana crua. Trabalhou nela, com o auxílio de um técnico, até que uma indústria australiana ofereceu outras máquinas

A palha ao se decompor agrega matéria orgânica ao solo enriquecendo suas características e fertilidade

AEAARP7

agronomiaespecial ORGâNIcO tecnologia

MÃO DE OBRAO Decreto 42.056/97, assinado pelo então governador Mário Covas em 1997, estabelecia regras para a queimada da cana no estado de São Paulo e, como justificativa, expunha um dos problemas enfrentados na São Francisco, a recolocação da mão de obra que trabalhava no canavial e o acesso a máquinas suficientes para garantir a produção. Era um entrave também no Grupo Balbo, que investiu em programas de adequação do nível educacional, qualificação técnica e operacional e em criar oportunidades de recolocação. Deu certo e, mesmo antes do rigor imposto pelo estado e pela justiça para o fim da queimada, a Usina São Francisco já fazia a colheita da cana crua, sem cortadores de cana. Atualmente, 600 ex-cortadores de cana trabalham nas usinas do grupo.

30% + produtividade35% - emissão de gases

e colocou um engenheiro mecânico à disposição para os ajustes necessários. O desafio era colher a cana preservando a planta, a palha e com mínima compac-tação do solo, por isso as máquinas e os veículos utilizados têm esteiras e pneus de alta flutuação. O caminhão utilizado na colheita da cana, por exemplo, faz ajustes na calibragem para trafegar na lavoura e no caminho até a indústria.

BIODINÂMICAO retorno à lavoura dos resíduos da

produção industrial e agrícola alimenta o microambiente criado no solo que, por esse motivo, é dotado das condições na-turais para a produção da cana de forma orgânica e em harmonia com o meio, no sentido biodinâmico; isto é, os resíduos dos processos são reintroduzidos e compõem a biodiversidade no manejo, induzindo o processo de decomposição natural na área de cultivo e com plantas que se alimentam daquelas propriedades e retomam o ciclo.

Em um monitoramento foram iden-tificados 700 organismos vivos visíveis por metro quadrado na área de cana. No trecho de reserva florestal vizinho ao canavial, o mesmo monitoramento mostrou 500 organismos vivos visíveis por metro quadrado. Balbo conclui que o manejo biológico tornou a área ocupada capaz de produzir organismos vivos tanto quanto uma reserva e com resultados mais eficientes.

O manejo, que inclui controle bioló-gico de pragas, fez triplicar o volume de

matéria orgânica no solo e aumentou em cinco vezes a resistência à erosão. Foram identificadas, por exemplo, de um a dois milhões de minhocas ativas por hectare que podem mobilizar até 600 toneladas de terra e matéria orgâ-nica por hectare, por ano.

CONTROLE DE PRAGASA Usina São Francisco cria em laboratório os inimigos naturais das pragas da cana-de-açúcar, identificadas por meio de levantamentos periódicos no campo. Este é o modelo de controle dirigido: o problema é detectado e o inseto criado para o combate é liberado, de forma controlada, na lavoura. O controle biológico induzido ocorre pela modificação do modelo de produção, de acordo com as tendências de equilíbrio ecológico entre pragas e seus predadores.

As máquinas que atuam no campo usam pneus de alta flutuação para evitar a compactação do solo

Revista Painel8

agronomiaespecial orgânico tecNOlOGIA

ESPÉCIES IDENTIFICADAS Em INVENTáRIO REALIzADO Em 74 km2 junho de 2002 a julho de 2015

Anfíbios 27Aves 246Mamíferos 42Répteis 25

17,50% dos animais encontrados eram carnívoros

Os resultados agronômicos obtidos são: taxa de infiltração de água seis vezes maior, quatro vezes mais capacidade de retenção e três vezes mais espaços poro-sos para armazenamento da água. Com esse manejo, ao invés do esgotamento do solo, a indústria obteve aumento na taxa de fertilidade do solo (de 3 para 1, seguindo a classificação brasileira).

Na rotação da cultura, feita em 100% do canavial com leguminosas, o plantio é di-reto, sobre a cana viva, dispensando o uso de herbicidas após seis ciclos de safra, e sem movimentar o solo. Uma plantadora e trator dotados de pneus de alta flutu-ação, que pesam 31 toneladas, entram na área de plantio e fazem o trabalho mecanicamente sem compactar o solo. As leguminosas usadas em rotação podem fixar até 400 quilos de nitrogênio natural puro num período de quatro meses.

SERVIÇOSO manejo orgânico e biodinâmico têm

reflexos diretos – produtividade, qualida-de e custos – e conquistas que vão muito além. O trabalho, que começou quase ro-manticamente, agregou valor ao produto da indústria e criou novas oportunidades de negócios. Na Usina São Francisco, toda a produção é orgânica.

O açúcar tem marca própria, Native, que foi multiplicada para uma centena de produtos com chancela de orgâni-cos, vendidos no Brasil e no exterior. O álcool é destinado à indústria cosmética e farmacêutica. Seis engenheiros de alimentos trabalham em um laboratório instalado em Ribeirão Preto dedicado exclusivamente à formulação de novos produtos.

O Grupo Balbo monitora, por meio de convênios com instituições de ensino e pesquisa, a recomposição da fauna nativa e investe na recuperação da flora.

Onça-parda

Garças em trecho recuperado

Lobo-guará

AEAARP9

A Usina São Francisco e Santo Antonio produzem atualmente 1,60 milhão de toneladas de cana orgânica por ano. Na indústria, a capacidade anual de produ-ção é de 100 mil toneladas de açúcar orgânico e 50 milhões de litros de álcool orgânico por igual período.

O grupo possui as usinas Santo Antô-nio e Uberaba, onde são processadas 6,2 milhões de toneladas de cana, convertidas em 260 mil toneladas de açúcar cristal e 320 mil metros cúbicos de etanol por ano.

A cana moída nessas outras unida-des não é orgânica. O diretor do grupo admite que o custo da manutenção da lavoura exclusivamente orgânica inviabi-liza a produção nos moldes da tradicional agroindústria, principalmente em razão das exigências impostas pelos mode-los de certificação internacional. Por exemplo: para garantir a autenticidade da produção, não são usadas as canas colhidas nos limites das propriedades, que podem eventualmente ser contami-nadas. Porém, o manejo é diferenciado, para viabilizar a saúde da terra. A pro-

dução, mesmo em áreas arrendadas, é acompanhada de perto.

O trabalho desenvolvido na Usina São Francisco exige inspiração e trans-piração. O verbo no presente denota o princípio da fenomenologia defendida

por Leontino. Nas propriedades agríco-las e industriais do Grupo Balbo, foram desenvolvidas tecnologias de plantio, adaptação de espécies cultivares, contro-le de pragas, equipamentos mecânicos, dentre outras ações.

AGRONOMIAespecial orgânico tecnologia

Vista aérea da Usina São Francisco

Usina São Francisco

Revista Painel10

PAIsAgem ARquItetônIcA do cAfé em RIbeIRão PReto

Cidade tem 65 fazendas que guardam a memória da cafeicultura

arquitetura

A memória física da cafeicultura da ci-dade de Ribeirão Preto está guardada em 65 fazendas remanescentes da época em que o café era considerado o ouro verde na região. A maioria dessas fazendas foi construída entre o final do século XIX e início do século XX e hoje mantém, pelo menos, alguns dos principais elementos do complexo cafeeiro: o terreiro, a tulha, casa de máquinas, colônia, casa sede e a capela. Esse levantamento foi realizado pela arquiteta Ana Carolina Gléria Lima, entre 2011 e 2013, para o projeto Paisa-gem Cultural do Café que integra o Inven-tário Nacional de Referências Culturais.

A Painel 259 traz uma matéria sobre arquitetura rural e apresenta o que mudou na construção das sedes de fazenda.

Com a migração do café para a cana-de--açúcar e o surgimento de novos maqui-nários, o número de trabalhadores que moram na zona rural e o número de fazen-das remanescentes dos séculos passados está diminuindo. Segundo último Censo Demográfico do IBGE, divulgado em 2010, somente 0,28% da população ribeirão-

Em Pontal (SP), há um espaço destinado à conservação do patrimônio histórico e promoção da cultura: Museu da Cana no Engenho Central de Sertãozinho/Pontal. O acervo é composto por uma usina de fabricação de açúcar, considerada muito moderna para a época em que foi implantada, meados dos anos de 1880. Em 2013, o governador do estado de São Paulo Geraldo Alckmin anunciou a criação do Museu da Agricultura de Ribeirão Preto. Três anos mais tarde, em março de 2016, foi aberta a terceira licitação para a construção do museu, avaliado em R$ 21,6 milhões. A previsão é que a obra demore 18 meses e que o museu receba os primeiros visitantes até o final de 2017. O local abrigará exposições, acervo de máquinas e equipamentos agrícolas e será construído em uma área da Agrishow, localizada na Fazenda Experimental do Estado.

-pretana vive na zona rural. Isso tem levado antigas colônias e demais equipamentos do complexo cafeeiro à demolição, para dar mais espaço às plantações. A arquiteta acredita que o levantamento das fazendas remanescentes da época do café pode ser uma ferramenta para evitar a perda da memória edificada durante o ciclo cafeeiro.

Fazenda Monte Alegre Fazenda Boa Vista

Ana

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lina

Glér

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Ana

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AEAARP11

Revista Painel12

www.aeaarp.org.br

O documentário e livro Memória dos Cafezais: a vida nas fazendas

estão disponíveis na área de Notícias, na página da AEAARP.

Para Lima, a catalogação das 65 fa-zendas serve de pesquisa e divulgação da cultura cafeeira de Ribeirão Preto, de respaldo para debates sobre a história e geografia do café e para elaboração de projetos de aproveitamento econômico destas propriedades, de modo a garantir a preservação do patrimônio cultural do café, oferecendo aos proprietários alternativas de manutenção como, por exemplo, o turismo rural.

A cultura cafeeira encontrou Ribeirão Preto, por volta de 1870, em sua marcha para o oeste de São Paulo, período em que o Brasil viveu grandes transforma-ções como a inserção no sistema capi-talista da agricultura, caracterizada pela monocultura. Por esse motivo, o estudo é significativo para a cidade, o estado e o país, na opinião da arquiteta.

MAPA DAS FAZENDASDurante o ciclo cafeeiro, o limite terri-

torial de Ribeirão Preto era muito maior, pois muitas áreas da cidade deram lugar aos novos distritos. Para elaborar o mapa das fazendas remanescentes da época do café, Lima buscou propriedades que estão dentro do perímetro urbano atual. O mapa criado pela arquiteta compôs o projeto Memórias dos Cafezais, apro-vado pelo Programa de Ação Cultural (ProAC), que conta com um livro e um documentário que registram a memória oral e física da cafeicultura no município.

A localização dessas fazendas foi feita através do mapa de Ribeirão Preto de 1938, elaborado pela Secretaria da Agri-cultura, Indústria e Comércio do Estado de São Paulo, que pontuava fazendas existentes no período. “A partir da sobre-posição deste mapa com o Google Earth, foi realizado o levantamento de campo durante dois anos, que consistia em visita ao local e confirmação da existência das propriedades, quais eram as edificações remanescentes e seu estado de preserva-ção”, explica a arquiteta. O levantamento de campo teve a ajuda de duas estagiárias e do arquiteto Domingos Guimarães e o mapa foi criado por Lima através dos programas AutoCAD e Adobe Photoshop.

O mapa distribuído junto ao livro Memórias dos Cafezais não traz as coor-denadas geográficas destas fazendas, já que a maioria não está aberta à visitação. “Contudo, todas essas fazendas foram georreferenciadas e não divulgamos para garantir a segurança e privacidade dos proprietários”. A arquiteta cita que as únicas propriedades abertas ao público são a Fazenda Monte Alegre, onde está instalado o campus da Universidade de São Paulo (USP), a antiga venda de secos e molhados da Fazenda Boa Vista, conhe-cida como Bar do Zé Goleiro, e o Restau-rante da Tulha, na Fazenda Santa Luzia.

O levantamento das fazendas rema-nescentes da época do café também se converteu em tese de mestrado, que a arquiteta defendeu na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo (SP). “Tinha a intenção de pesquisar so-

bre a arquitetura da cidade de Ribeirão Preto, porém minha coordenadora de pesquisa alertou sobre as fazendas, visto que grande parte dos arquitetos dedicava seus trabalhos à área central da cidade”.

Hoje, a arquiteta mora em Araçatuba (SP) e continua sua pesquisa sobre a ar-quitetura residencial urbana de Ribeirão Preto. “Estou analisando os processos de aprovação de obras particulares do Arquivo Público e Histórico de Ribei-rão Preto e as formas de morar, desde as casas operárias até os palacetes”. O objetivo da arquiteta é mostrar o quanto Ribeirão Preto já perdeu de sua arquitetura e provocar reflexão sobre a importância de preservar o patrimônio edificado. “Sou uma profissional da academia e trabalho em questões rela-cionadas ao patrimônio e à preservação com as ferramentas que tenho, no caso, o registro e divulgação dessas pesquisas para a população”, finaliza.

www.aeaarp.org.br

Em sua dissertação de mestrado que leva o nome Um

reconhecimento arquitetônico das fazendas cafeeiras do município de Ribeirão Preto (1870–1930),

Lima também fez a caracterização e análise arquitetônica de algumas

casas sede. O trabalho está disponível no endereço eletrônico

da AEAARP, na área de Notícias.

Fazenda Santa Luzia

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AEAARP13

produtividade

Uma das maiores praticidades que o Excel nos permite é a de podermos interagir entre as células de uma ou mais pla-nilhas, da mesma pasta de trabalho ou de outras. Tendo isso em mente, é interessante sabermos como o Excel entende as referências de células.

Quando realizamos um simples cálculo de igualdade, selecio-nando a célula B1, criando a fórmula =A1.

tRAbAlhAndo com RefeRêncIA de

célulAsFábio Gatti, especialista em pacote Office

Para exemplificar melhor um bom uso da referência absoluta de células, podemos utilizar o exemplo a seguir:

Temos uma loja de importados, e nossos preços de custos devem ser atualizados com o preço do dólar. Como não existe a possibilidade de o valor do dólar ser diferente para produtos distintos, poderíamos destacar essa informação repetida das linhas e jogá-la para uma célula única.

Ao perguntarmos: a célula B1 refere-se a? A resposta lógica e imediata é “refere-se à célula A1”, porém essa afirmação está errada! A célula B1, neste caso, refere-se à célula à esquerda dela. Caso copiemos essa célula para baixo, percebam que automaticamente a fórmula transformou-se de =A1 para =A2.

Portanto, sempre que referenciamos uma célula, na verdade, estamos traçando uma distância relativa entre esta e a célula que está sendo referenciada.

Para que possamos alterar essa propriedade e referenciar a célula de forma absoluta, temos de, ao inserir a célula no cálculo, apertar a tecla [F4] do teclado, surgindo dois cifrões entre os endereços de coluna e linha do cálculo.

Usando nosso exemplo anterior, a fórmula que estava como =A1, passa a ser =$A$1; ou seja: coluna e linha travadas, tor-nando a referência absoluta.

Ao refazermos o cálculo, colocaríamos =B3*E2. O Excel lê essa fórmula como sendo: “a célula à minha esquerda multiplicada por uma célula acima, duas células à direita”, e isso faz com que, quando o cálculo é levado para as células de baixo, o cálculo fica incorreto. Para tal, selecionem o E2 e apertem [F4] do teclado. O resultado se torna =B3*$E$2.

Revista Painel14

hobby

cARdáPIos: dA mesA à PARede

Nas malas de viagem, engenheiro carrega cardápios de restaurantes que visita

A trabalho, lazer ou para participar de congressos e eventos acadêmicos, as viagens do engenheiro José Roberto Hortêncio Romero, para destinos no Brasil e no exterior, fizeram-no atentar para algumas obras de design gráfico que, para a maioria das pessoas, po-

dem passar despercebidas: os cardá-pios dos restaurantes.

“Fui à casa de um amigo há cerca de dez anos e vi que ele tinha na parede cardá-pios de vários restaurantes, gostei da ideia e passei também a colecionar”, conta.

As peças podem originar-se de um

despretensioso bistrô de Paris, onde a tripulação das aeronaves costuma fazer as refeições – o Nos Ancêtres les Gaulois (Nos-sos Ancestrais Gauleses, em português) –, ou de um restaurante do México, o Casa Romero, que chamou a atenção pelo fato de remeter ao sobrenome de sua família.

José Roberto coleciona cardápios e investe em nova atividade, tocar um instrumento

AEAARP15

Os cardápios decoram as paredes da área de lazer de sua casa e também têm o atributo de carregar forte memória afetiva dos lugares por onde passou. Cada um conta uma história diferente. O bistrô citado no parágrafo anterior, por exemplo, foi indicado pela tripulação que trabalhou em um voo no qual estava o engenheiro. De lá, se recorda do modelo de apresentação e atendimento.

Da mesma cidade, ele guarda o cardá-pio do Altitude 95, um dos restaurantes da Torre Eiffel, onde comemorou o ani-versário da esposa, a médica pediatra Leila Romero.

PRATOSNas horas de lazer, Romero usa os car-

dápios também como fonte de inspiração para pratos que prepara para a família. Ele busca os nomes dos pratos nos cardápios e pesquisa a receita na internet. Nunca fica igual. “Fica pior”, ri. Para “salvar” o dia, conta com a destreza da esposa que “cozinha muito bem” e normalmente assume o comando das panelas.

O mais querido da coleção é o da Casa Romero, pela carga emocional que car-rega no nome. Ao ser questionado sobre o predileto, cita vários: o do Bertolines, que fica em um suntuoso hotel em Las Vegas – “o teto do lugar simula o céu”, conta – e de outro na Bélgica – “servem uma seleção de 12 cervejas para degus-tação, a partir do quarto copo fica tudo igual”, brinca.

O prato que mais recentemente fez em casa foi a costela de porco com pupunha, que compõe o cardápio de um restauran-te do Nordeste.

Mas, Romero não é afeito a uma só ati-vidade. Está começando outra: tocar um instrumento, um saxofone alto, história que fica para outra oportunidade, quan-do sua habilidade estiver aprimorada. Jogo americano de um restaurante francês

Capa do cardápio da Casa Romero, um dos preferidos pelo engenheiro

Altitude 95, da Torre Eiffel

Revista Painel16

AtIvIdAde mIneRAdoRA em RIbeIRão PReto

Centro empresarial investe em tecnologias para melhorar agregados de basalto e criar produtos ecologicamente corretos

tecnologia

Há solução tecnológica para os buracos nas ruas. Dentre os 12 tipos de asfalto fabricados no centro empresarial Said, em Ribeirão Preto (SP), chama a atenção um produto que tem aplicação rápida e pode ser usado em superfícies seca ou molhada. O material, usado frio, é

composto por um aditivo que prolonga a vida útil em até 20 meses, e serve para realizar reparos rápidos e manutenções nas ruas. “Quando aplica o produto no buraco de asfalto, é só compactar com uma pá ou com o próprio pé. O contato com o oxigênio quebra as moléculas

do material que sofre reação química e o endurece em até duas horas, o que garante a liberação rápida do trânsito”, explica o engenheiro civil Júlio Paez, di-retor administrativo da RibPav, usina de asfalto parceira do grupo Said.

A tecnologia tem origem portuguesa e

Foto aérea da jazida do Grupo Said, localizada em Ribeirão Preto (SP)

AEAARP17

foi apresentada ao grupo pela empresa paulistana Único Asfaltos. O Asfalto Pronto é comercializado há dois anos. “São mil sacos por mês”, segundo Paez.

Com produção de 160 toneladas por hora de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), a usina de asfalto da Said é de última geração e destina seu produto para obras do grupo e clientes da região. Paez explica que 30% do asfalto são compostos por água e que o produto sofre com a variação da temperatura. Segundo ele, a cada 100 quilômetros no transporte do material perde-se cerca de cinco graus. “A temperatura adotada no asfalto que fa-bricamos é 160 graus Celsius. Se o produto chegar a 120 graus Celsius, por exemplo, fica difícil a manipulação”, explica Paez.

A AEAARP, representada pelo enge-nheiro mecânico Giulio Prado, conse-lheiro da AEAARP, fez uma visita técnica à pedreira – fundada em 1959 – para conhecer o centro empresarial que está instalado em uma área de 1 milhão de metros quadrados na Rodovia SP 255/Km 4, divididos entre a Said e parceiros, e gera cerca de mil empregos. Além da mineração, a empresa atua em outras áreas, como a usina de asfalto, fábrica de artefatos de concreto e de abrasivos para jateamento, pavimentação e terra-planagem, saneamento e infraestrutura, empreendimentos imobiliários e conces-são para tratamento de água e esgoto.

JATEAMENTORecentemente, a empresa lançou nova

tecnologia que produz abrasivos para jateamento de superfícies (tubulações de usina, navio e peças para indústria de base) com fundamentos ecológicos. “A areia de rio foi proibida nos processos de jateamen-to, em 2007, por causa do alto nível de sílica, que é uma substância cancerígena. Por isso, criamos um abrasivo 100% ecoló-

gico que atende este setor e não prejudica o meio ambiente”, explica o engenheiro civil Daniel Said, diretor industrial da companhia. O projeto inovador criou uma partícula tão pequena de basalto, material que não agride o meio ambiente, que se assemelha ao grão de areia.

MINÉRIOUma das maiores mineradoras de

basalto do estado de São Paulo, a pe-dreira do grupo extrai 120 mil toneladas por mês da reserva da jazida, que tem aproximadamente 2 milhões de metros quadrados. A estimativa é que a jazida tenha mais 35 anos de vida útil. Segundo Said, 70% da pedra britada produzida são destinados para os projetos de constru-ção civil da empresa e de parceiros, o restante vai para o mercado regional.

Além da extração de pedras para asfal-to e jateamento, o grupo produz insumos para a produção de outros materiais como, por exemplo, o cimento portland, que exige um agregado melhor. “No cimento portland, é usado uma pedra mais arredondada, que gera economia na produção de cimento”, explica Said.

DETONAÇÕESA extração de minério exige explosivos

que gerem menor impacto na onda de choque, resultando menos ruído e vibração nas imediações da pedreira. “Os explosivos são inseridos na mina de forma pneumáti-ca ou hidráulica, em buracos de 15 metros

de profundidade por quatro polegadas de diâmetro”, diz Said. O engenheiro explica que são extraídas 40 mil toneladas de ba-salto a cada detonação para atender aos oito dias da demanda do grupo.

Segundo o engenheiro, a vibração da detonação vai mais longe do que o barulho. As explosões da pedreira ribeirão-pretana são semanais e ocorrem sempre às 15 horas. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) determina até 4,2 milissegundos de onda de impacto para detonações em pedreiras. Segundo o enge-nheiro, a Said gera entre 1,8 a 2 milissegun-dos. “Estamos abaixo do que é exigido por norma, pois valorizamos a relação amistosa com a vizinhança”, diz Said. A fiscalização da pedreira é feita periodicamente pela CETESB e o Exército Brasileiro é quem fiscaliza a compra de explosivos.

O material resultante da detonação é carregado em caminhões até a linha de britagem. No britador primário ocorre a primeira redução das pedras. Depois, o produto segue em esteiras e passa por vários maquinários que reduzem a pedra em até 18 granulometrias diferentes. Após a classificação granulométrica, os agrega-dos são estocados em montes próximos à jazida, de onde saem os caminhões que os levarão aos canteiros de obra. “Se a linha de britagem estiver vazia, o processo de redução da pedra leva cerca de 20 minu-tos, se considerar o momento que a pedra chega ao primeiro britador até a saída da última granulometria”, finaliza Said.

Alexandre Fusco, Armando Scozzafave, Daniel Said, Julio Paez e Giulio Prado

Revista Painel18

Em 1937, quando uma das primeiras indústrias de recuperação energética do mundo foi instalada na França, o objetivo primeiro era o de suprir a necessidade de energia de um país altamente industriali-zado. Naquele ano, foi iniciada a atividade de incinerar resíduos domésticos para gerar energia. O engenheiro mecânico Björn Rondelez, gerente de desenvolvi-mento da Keppel Seghers, explica que a tecnologia mudou e esta indústria passou,

Está em fase de projeto e tem a participação de empresas da região de Ribeirão Preto a primeira usina que vai converter lixo em energia elétrica no Brasil

9ª semAnA de engenhARIA eXPõe PIoneIRA IndústRIA de

RecuPeRAção eneRgétIcA

evento

com o decorrer dos anos, de poluente para altamente sustentável e ambientalmente correta. Ele veio da Bélgica para Ribeirão Preto (SP) no início de novembro exclusi-vamente para participar da 9ª Semana de Engenharia da AEAARP.

No mundo todo existem 2,2 mil Unida-des de Recuperação Energética (URE), que é como essa indústria é reconhecida no mercado. Os resíduos encaminhados para incineração já passaram pelos estágios de

reutilização e reciclagem e só é queimado o que não pode ser utilizado de outra forma.

No Brasil, a primeira planta está em fase de projeto e deverá promover a queima do lixo com simultânea gera-ção de energia elétrica, considerada a mais efetiva forma de eliminação de lixo urbano, segundo o engenheiro José Eduardo Ribeiro, diretor de Engenharia da AEAARP e coordenador técnico da Semana de Engenharia.

AEAARP19

TECNOLOGIAA planta brasileira exigiu tropicalização

da tecnologia; isto é, os equipamentos tiveram de ser adaptados ao teor de material orgânico presente no lixo bra-sileiro. A logística da indústria funciona da seguinte forma: o material recebido é armazenado em local apropriado, no bunker da caldeira, onde é revolvido com guindastes para manter as características ideais para a incineração, eliminando ma-teriais indesejáveis. Na segunda etapa, o chorume é coletado, filtrado e depo-sitado em um tanque de armazenagem para tratamento ou injeção no forno. A escória, como é chamado o material que não é incinerado, é dispensada sem o chorume, portanto, sem cheiro.

Os equipamentos são dotados de grelhas e empurradores adaptados à quantidade e ao tipo de resíduo rece-bido com capacidade, por exemplo, de quebrar grumos úmidos e melhorar a secagem. O forno é dotado de parede espessa e é resfriado com ar, recuperado pelo sistema para auxiliar a combustão a mais de mil graus Celsius. Nas paredes

do forno há uma saída para o ar quente e entrada para o frio.

As barras empurradoras garantem o movimento e a espessura da camada de lixo. As barras rotatórias proporcionam aumento na agitação do lixo úmido, resul-tando em combustão mais efetiva. Cada caldeira é dotada de até seis pistas de barras, aparafusadas e soldadas, e feitas com aço fundido refratário.

O desenho das grelhas é modular. São pré-montadas e transportadas em con-

têineres. A montagem é feita em uma semana. As cinzas e escórias resultantes da combustão são retiradas no final da grelha.

A caldeira é projetada para ter má-xima eficiência de combustão, com menor investimento e maior controle. Os movimentos das grelhas e dos em-purradores determinam a velocidade de alimentação da caldeira. Todos os controles são eletrônicos.

A última fase é a de limpeza dos gases, que faz a diferença entre a planta de

Bunker de uma indústria de recuperação energética

Revista Painel20

1937 e as instaladas atualmente. Não há consumo de água e a recuperação energética é otimizada.

FABRICAÇÃO NACIONALAlguns componentes deste projeto são

de fabricação nacional. Indústrias de Ser-tãozinho (SP), que têm grande atuação no setor sucroenergético, são responsáveis pela fabricação da caldeira e turbinas.

Para a Caldema, que fabricará a caldei-ra, a encomenda é de um equipamento

com temperatura de vapor de 400 graus Celsius. Segundo o engenheiro mecânico Afrânio Lopes, a empresa sertanezina usa revestimentos refratários na porção inferior da fornalha em caldeiras que queimam biomassas com alta umidade. O objetivo é o de aumentar a inércia térmica. Para o lixo, porém, há maior abrasão e contaminantes químicos que atacariam os tubos, por esse motivo é necessário adaptar o material utilizado.

A tecnologia, alerta Lopes, é da Keppel

Seghers. Tanto a Caldema quanto a TGM, também de Sertãozinho e responsável por fornecer as turbinas, são fabricantes dos equipamentos.

O engenheiro mecânico Carlos Paletta, da TGM, esclarece que as turbinas terão capacidade de gerar 19 MW de energia elétrica. O cálculo é de 2010 e leva em consideração a produção de 0,89 quilos de lixo por dia por habitante pela população da cidade onde a unidade será instalada. A operação deve começar em 2018.

Engenheiro José Eduardo Ribeiro Engenheiro Afrânio Lopes Engenheiro Björn Rondelez Engenheiro Carlos Paletta

AEAARP21

trabalho

unIcAmP AbRe concuRso PARA PRofessoRes

O salário é de R$ 10.670,95 e a inscrição vai até fevereiro próximo

Até o dia 7 de fevereiro de 2017, esta-rão abertas inscrições para o concurso público de provas e títulos para o provi-mento de um cargo de professor doutor na área de Materiais e Processos de Fabricação da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

O concurso envolve as disciplinas Ensaios dos Materiais, Mecânica e Me-

canismos de Fratura. O contrato será pre-ferencialmente em Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP) com salário de R$ 10.670,95.

Os candidatos devem ser portadores de título de doutor. É desejável que o profissional seja graduado e/ou pós--graduado em Engenharia Mecânica, Engenharia de Materiais, Engenharia Metalúrgica ou áreas afins.

As inscrições devem ser feitas de forma presencial pelo candidato ou seu procurador, no horário das 9h às 12h e das 14h às 17h, na Seção de Apoio Administrativo da Faculdade de Engenharia Mecânica, situada na Cidade Universitário Zeferino Vaz, Barão Geraldo, Campinas (SP), à Rua Mendeleyeve 200.

Fonte: Agência Fapesp

Revista Painel22

previdência

Reforma: e agora, como fica a sua aposentadoria?

A Lei dos Sexagenários aprovada em 1885 marcou a imediata libertação dos escravos com mais de 65 anos de idade. Aqueles que possuíam mais de 60 e menos de 65 anos, tiveram que pagar um pedágio e continuar trabalhando por mais três anos para indenizar seus proprietários.

Parecia um avanço da legislação, mas não passava de engana-ção. Poucos escravos viviam o suficiente para ganhar a liberdade. Não chegavam aos 65 anos e morriam trabalhando.

Qualquer semelhança é mera coincidência.

NOVA LEI DOS SEXAGENáRIOSUm século depois, o Governo apresenta a nova Lei dos Se-

xagenários, porém piorada. Aquela libertava os escravos. Esta escraviza as pessoas.

A Proposta de Reforma da Previdência (PEC nº 287) condena-rá grande parte dos trabalhadores a morrer sem se aposentar. Os heróis que conseguirem se aposentar receberão o benefício por pouco tempo se comparado com o período que terão que contribuir.

A proposta prevê que a aposentadoria integral só será alcançada, observada a idade mínima, depois de 49 anos de contribuição.

E AGORA, COMO FICA SUA APOSENTADORIA?As mulheres que possuem menos de 45 anos de idade, e

homens com menos de 50, terão que repensar a questão previdenciária.

Terão que avaliar se valerá a pena continuar contribuindo, ou pelo menos reduzir o valor das contribuições, bem como encontrar mecanismos fiscais, tributários, previdenciários e trabalhistas para fazer este planejamento.

A contratação, ou não, de um plano de previdência comple-

mentar (privada) ou um seguro de vida resgatável, por exemplo, também será outro desafio para esses jovens que certamente, no futuro, enfrentarão outras reformas da previdência social.

SALVE-SE QUEM PUDERO pedágio, ou adicional de tempo de serviço, utilizado para

obtenção da libertação fictícia dos escravos, agora será nova-mente aplicado para os trabalhadores.

Os homens com mais de 50 e as mulheres com mais de 45 anos de idade, poderão se aposentar com base nas regras atuais, mas terão que contribuir mais 50% do tempo de serviço que faltará para atingir os requisitos mínimos para obtenção da aposentado-ria quando a PEC for aprovada. É a chamada regra de transição.

Exemplo: um homem com 34 anos de serviços e que se aposentaria depois de mais um ano de contribuição, terá que contribuir mais seis meses; ou seja, 50% do tempo que faltaria para chegar aos 35 anos de serviços.

O PULO DO GATOA dica é buscar no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)

um documento chamado Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), onde deve constar todos os contratos de trabalho e contribuições do trabalhador. É grátis.

O CNIS é mais furado que queijo suíço, mas é com base nele que a aposentadoria vai ser concedida. Então, é hora de começar a corrigi-lo. Se ele estiver incompleto, a aposentadoria pode sair errada e até ser indeferida.

Acesse o aplicativo www.tempodeservico.com.br e faça o cálculo do seu tempo de contribuição.

Depois, é só esperar a aprovação da reforma e procurar as brechas que se aplicarão a você.

Hilário Bocchi Junior Especialista em Previdência

AEAARP23

homenagem

InstItuto de engenhARIA homenAgeIA mulheR

PelA PRImeIRA vezEntidade centenária destacou atuação de engenheira durante a crise hídrica de 2014

A engenheira civil Monica Porto é a primeira mulher a receber um dos mais importantes títulos do Instituto de Enge-nharia (IE): o de Eminente Engenheiro do Ano. Dessa forma, pela primeira vez na história do IE, é reconhecida a atuação de uma mulher e sua contribuição para o desenvolvimento da profissão no Brasil.

Secretária-adjunta de Saneamento e Recursos Hídricos do estado de São Paulo,

Porto destacou os desafios superados em sua carreira, inclusive durante a crise hídrica paulista, ocorrida a partir de 2014. “Considero esse título um importante re-conhecimento do Instituto à área dedicada a cuidar das questões da água. Especifica-mente, o setor de recursos hídricos enfren-ta os desafios e incertezas das mudanças climáticas. E ainda há a necessidade de suprir a agricultura, a indústria e a geração

de energia”, enfatizou a homenageada, que é professora titular da Poli/USP, na área de Engenharia Ambiental.

Para ela, a Engenharia exerce papel fundamental no fomento ao setor agro-pecuário. “Nossa profissão está presente em várias frentes, seja por meio do desenvolvimento de tecnologias de irri-gação, no transporte da safra ou mesmo na biotecnologia”, disse.

Revista Painel24

Obter resultados financeiros positivos é o que toda empresa busca. A equação lucro = faturamento - gastos precisa ser positiva. A maneira mais comum para alcançar esse objetivo é fazer com que o faturamento seja maior que os gastos da empresa. É possível trabalhar um terceiro elemento da equação: os gastos; ou seja, os custos e as despesas (matérias-primas, insumos, energia elétrica, salários e encargos e ma-teriais de escritório, por exemplo).

Se os gastos diminuírem, ainda que o faturamento se mantenha, o lucro aumentará. Contudo, é preciso fazer isso com atenção e estratégia. Decisões aleatórias, como cortes de pessoal e diminuição da qualidade do produto, podem reduzir custos, assim como pressionar fornecedores nas condições de pagamento e margem, mas prova-

GeStÃO

sete dIcAs PARA elImInAR desPeRdícIos

Cartilha é inspirada no sistema de produção de indústria automotiva

velmente impactam negativamente a entrega de valor ao cliente, resultando em queda do faturamento.

O Sebrae preparou uma cartilha para apoiar empresas a identificar e elimi-nar gastos desnecessários, diminuir os custos, tornar a empresa mais enxuta, eficaz, competitiva e entregar mais valor ao cliente.

A publicação é baseada em um sistema de gestão de uma fábrica de automóveis, identifica sete tipos de desperdício da produção e dá dicas para o empresário eliminar cada um deles. Embora os des-perdícios tenham sido identificados na produção, valem para outros negócios, de todos os setores da economia.

Fonte: Sebrae

www.aeaarp.org.br

1. Elimine defeitos na produçãoProdutos, serviços e informações com defeitos geram mais custos para a empresa devido ao retrabalho. 2. Produza só o necessário, quando for preciso, sem exageroA superprodução pode ser a pior forma de desperdício, pois contribui diretamente para que as demais formas ocorram. 3. Mantenha o estoque no menor nível possívelQuando se compra ou produz demais, os produtos se acumulam e formam estoques excessivos, que podem, eventualmente, ser perdidos por validade, armazenagem inadequada ou qualquer outro motivo. 4. Evite a espera desnecessáriaO tempo que as pessoas ou os equipamentos ficam desnecessariamente ociosos ou são obrigados a esperar pela próxima ação é considerado desperdício.5. Faça o transporte adequado de insumosSe equipamentos, insumos, materiais ou qualquer outro recurso é movimentado de um local para outro, desnecessariamente ou de maneira ineficiente, cria-se o desperdício de transporte. 6. Organize o ambiente de trabalhoO desperdício de movimentação atrasa o trabalho e interrompe o fluxo de atividades. 7. Acabe com desperdícios de processamentoOs procedimentos adicionais devem agregar valor ao que se entregará ao cliente; caso contrário, devem ser dispensados. Veja toda a cartilha na área de notícias da página da AEAARP.

AEAARP25

crea-sp

lIvRo de oRdem é fAcultAtIvo

Em outubro de 2016, foi publicada a Resolução 1.084/2016 que altera dis-positivos da Resolução 1.024/2009 que versa sobre a adoção do Livro de Ordem. A nova redação da ementa e do preâm-bulo classifica como facultativa a adoção do Livro de Ordem, até então obrigatório para todos os serviços de engenharia, agronomia e afins.

O artigo 1º da Resolução de 2009 passa a ter a seguinte redação: “Fica instituído o Livro de Ordem, nos termos da presente resolução, que passa a ser de uso faculta-tivo nas obras e serviços de Engenharia, Agronomia, Geografia, Geologia, Meteo-rologia e demais profissões vinculadas ao Sistema CONFEA/CREA”.

A partir dessa alteração, o uso do Livro de Ordem é facultado ao responsável téc-nico pelo empreendimento. O documento,

RESOLUÇÃO Nº 1.084, DE 26 DE OUTUBRO DE 2016

Art. 5º O uso do Livro de Ordem será facultado ao responsável técnico pelo empreendimento, que o manterá permanentemente no local da atividade durante o tempo de duração dos trabalhos.Art. 7º Para os efeitos desta resolução, cada Crea poderá instituir o Livro de Ordem próprio, em função das peculiaridades de sua circunscrição.

Responsáveis técnicos poderão adotá-lo e seguir as regras determinadas em 2009

que continua contendo as mesmas carac-terísticas, deverá ser mantido no local da atividade enquanto durem os trabalhos.

A Resolução 1.084/2016 prevê, no entanto, que os conselhos regionais possam adotar a obrigatoriedade do Livro de Ordem, respeitando as pecu-liaridades de cada região.

D e a c o r d o c o m a R e s o l u ç ã o 1.024/2009, o documento deve con-ter a descrição técnica detalhada do serviço prestado por profissionais vinculados ao Sistema CONFEA/CREA, constituindo-se a memória escrita de todas as atividades relacionadas com a obra ou serviço.

Revista Painel26

notas e cursos

Os arquitetos Fernando Viegas, Alvaro Puntoni e Ciro Pirondi mostraram, na palestra Sobre Arquitetura, realizada na AEAARP, experiências em arquitetura.

O evento foi promovido pelo arquiteto Carlos Palladini. Na foto, estão Carlos Gabarra, Ercília Pamplona, os palestrantes Viegas, Puntoni e Pirondi

acompanhados de Palladini e Jorge Rosa, engenheiro agrônomo e diretor de Agronomia da AEAARP.

novos associados

Guilherme Fernandes MagalhãesEstudante de engenharia civil

Marcos Massoli Geólogo

Antonio Jose Nunes de CarvalhoEngenheiro agrônomo

Espério Luis VettoreEngenheiro eletricista

Luis Gustavo PereiraEngenheiro civil

Arnaldo Calil Pereira JardimEngenheiro civil

www.aeaarp.org.br

Investimento em ideias inovadoras

A FAPESP disponibilizou mais de R$ 15 milhões para apoiar ideias inovadoras apresentadas por em-presas paulistas com até 250 em-pregados. O Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) recebe inscrições até 30 de janeiro de 2017. Para se inscrever, não é necessário ter empresa formalmente constituída na data de inscrição, pois só será exigido o registro no CNPJ na assinatura do Termo de Outorga. O PIPE apoiará o projeto durante a demonstração de viabilidade tecnológica e no desenvolvimento de um produto ou processo inovador. Não será exigida contrapartida das em-presas. O programa tem quatro chamadas e em cada uma serão investidos R$ 15 milhões. Acesse a inscrição na área de Notícias, no endereço eletrônico da AEAARP.

Fonte: Agência USP

A Fundação Procafé lança edição atua-lizada do livro Cultura de café no Brasil - Manual de Recomendações, destinado a técnicos, produtores, estudantes, pro-fessores e pesquisadores. A publicação

atualiza e complementa conhecimentos e informações de conteúdo técnico sobre o sistema de cultivo racional do cafeeiro do plantio até a colheita e preparo do café. O livro divulga formas de aperfeiçoamento do manejo sustentável de cafezais no Brasil, tecnologias e conhecimentos ade-quados, que resultam valor ao produto e consolidação de mercados no país e no exterior. A publicação tem oito capítulos temáticos: Diagnóstico da cafeicultura, Clima, fisiologia e solos para o cafeeiro, Variedades de café, Formação do cafezal produtivo, Manejo dos cafezais, Análise de problemas na lavoura cafeeira, Co-lheita, processamento, armazenamento e qualidade do café e Gestão e custos na produção cafeeira.

Fonte: Embrapa

cultura de café no brasil

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