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REVOLUÇÃO BURGUESA E PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO: EDUCAÇÃO E MUDANÇA SOCIAL EM FLORESTAN FERNANDES HIDEYSHI, J. O. Bolsista do Programa I.C./S.B. Prope/Unesp Graduando do Curso de Pedagogia da Unesp/Marília. GT-7: Intelectuais, Sociologia e Educação: perspectivas sobre a política e a cultura no Brasil [email protected] Resumo A pesquisa visa analisar a obra de Florestan Fernandes, em especial, a temática educacional. Em suas abordagens, o autor salienta que o sistema educacional brasileiro guarda resquícios e é historicamente marcado por uma hierarquização, dominação, autoritarismo e patrimonialismo, baseados em modelos sociais implantados de fora, ignorando o contexto, o papel das políticas, a função social da escola e a formação docente, criando um lapso entre as exigências sociais e o papel da educação na formação de cidadãos. Nesse quadro caótico, qual seria o papel do educador/professor em uma sociedade subdesenvolvida em um processo de transformação social? O autor afirma que o ato de educar é intrinsecamente um ato político, por isso, a função do professor nessa sociedade é de militância dentro e fora da sala de aula. Sendo assim, a educação tem como função, no mínimo, acompanhar as transformações sociais que ocorrem na sociedade e formar o estudante como sujeito como ser ativo, democrático e, assim, levar a transformação. Palavras-chave: Intelectual. Militância. Papel do Professor. Transformações. Introdução As mudanças sociais, econômicas e culturais que estavam intrínsecas na transformação de um Brasil que caminhava do antigo Regime Imperial (1822-1889) para o Regime republicado e a formação do capitalismo no Brasil tem diversos aspectos a serem analisados, nos quais refletiram em todos os contextos que passamos em nosso país. Este trabalho é parte integrante do projeto de iniciação científica sem bolsa, aprovado pela Prope, que venho desenvolvendo sob a orientação do Prof. Dr. Marcelo Augusto Totti, lotado junto ao Departamento de Sociologia e Antropologia da Unesp/Marília.

REVOLUÇÃO BURGUESA E PROCESSO DE … · 2015-09-14 · (1949), A integração do negro na sociedade de classes (1964), A revolução burguesa no Brasil: Ensaio de Interpretação

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REVOLUÇÃO BURGUESA E PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO: EDUCAÇÃO E

MUDANÇA SOCIAL EM FLORESTAN FERNANDES

HIDEYSHI, J. O.

Bolsista do Programa I.C./S.B. Prope/Unesp

Graduando do Curso de Pedagogia da Unesp/Marília.

GT-7: Intelectuais, Sociologia e Educação: perspectivas sobre a política e a cultura

no Brasil

[email protected]

Resumo

A pesquisa visa analisar a obra de Florestan Fernandes, em especial, a temática

educacional. Em suas abordagens, o autor salienta que o sistema educacional brasileiro guarda

resquícios e é historicamente marcado por uma hierarquização, dominação, autoritarismo e

patrimonialismo, baseados em modelos sociais implantados de fora, ignorando o contexto, o

papel das políticas, a função social da escola e a formação docente, criando um lapso entre as

exigências sociais e o papel da educação na formação de cidadãos. Nesse quadro caótico, qual

seria o papel do educador/professor em uma sociedade subdesenvolvida em um processo de

transformação social? O autor afirma que o ato de educar é intrinsecamente um ato político, por

isso, a função do professor nessa sociedade é de militância dentro e fora da sala de aula. Sendo

assim, a educação tem como função, no mínimo, acompanhar as transformações sociais que

ocorrem na sociedade e formar o estudante como sujeito como ser ativo, democrático e, assim,

levar a transformação.

Palavras-chave: Intelectual. Militância. Papel do Professor. Transformações.

Introdução

As mudanças sociais, econômicas e culturais que estavam intrínsecas na transformação

de um Brasil que caminhava do antigo Regime Imperial (1822-1889) para o Regime

republicado e a formação do capitalismo no Brasil tem diversos aspectos a serem analisados,

nos quais refletiram em todos os contextos que passamos em nosso país.

Este trabalho é parte integrante do projeto de iniciação científica sem bolsa, aprovado pela Prope, que venho

desenvolvendo sob a orientação do Prof. Dr. Marcelo Augusto Totti, lotado junto ao Departamento de Sociologia

e Antropologia da Unesp/Marília.

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Esses aspectos nos trouxeram algumas consequências que só conseguimos compreendê-

las no decorrer e no desenrolar do desenvolvimento histórico e do entendimento científico, que

ocorreu através de vários estudos feitos nesse sentido.

Tivemos diversos autores que traduziram sociologicamente períodos e acontecimentos

em nosso país, trazendo imagens e focos do Brasil, como Caio Prado Junior, Sergio Buarque

de Holanda, entre outros. Porém, optamos pelo estudo de um dos maiores sociólogos brasileiro,

Florestan Fernandes, nascido no dia 22 de junho de 1920, na cidade de São Paulo, de família

desfavorecida, sua mãe Maria Fernandes, mantenedora do lar, trabalhava como doméstica para

sustentá-los, já Florestan, desde sua infância trabalhou em diversos locais para auxiliar nesse

sustento como: açougues, bares, na rua como engraxate, alfaiatarias para auxiliar no sustento

de sua família. O autor diz que

Eu nunca teria sido o sociólogo em que me converti sem meu passado e a socialização

pré e extra-escola que recebi, através das duras lições de vida. Para o bem e para o mal

– sem invocar –se a questão do ressentimento, que a crítica conservadora lançou contra

mim – a minha formação acadêmica superpôs-se a uma formação humana que ela não

conseguiu destorcer nem esterilizar. Portanto, (...) afirmo que iniciei a minha

aprendizagem ‘sociológica’ aos seis anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse

um adulto (...) (apud GARCIA, 2002. P. 17)

Quando trabalhava no Bar do Bidu, através da amizade com os clientes e

reconhecimento do seu esforço por parte deles, graças a um deles, Florestan consegue uma

indicação para trabalhar na indústria química onde surge o interesse de estudar na área, no curso

de Engenharia Química, mas suas condições financeiras e a ocupação de seu trabalho não o

deixaram, assim, o jovem decide prestar a seleção para entrar no curso de Ciências Sociais na

Faculdade de Ciências e Letras de forma bem aleatória1, pois na época mal se sabia o que era

ser um cientista social (GARCIA, 2002).

Com muito esforço, experiência de vida e leituras diversas, o jovem Florestan presta a

prova ministrada pelos professores franceses, dentre eles: Roger Bastide e Paul Bastide e

consegue aprovação para estudar na Universidade de São Paulo.

Após muito estudo e engajamento, Florestan graduou-se no ano de 1944, é chamado

para ser assistente de Fernando de Azevedo2 na cadeira de sociologia I. Posteriormente,

1A escolha pelo curso de Ciência Sociais ocorrem, em virtude, do mesmo não ser em período integral. Ao

contrário, do curso de Engenharia Química, assim, ele conseguiria tocar seus estudos e trabalhar. 2 Fernando de Azevedo era um dos fundadores da Sociologia no Brasil, sumidade na disciplina, já havia se

destacado na administração pública com a Reforma de 1927, no Distrito Federal, foi redator do Manifesto dos

Pioneiros e um dos idealizadores da Universidade de São Paulo.

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Florestan faz mestrado na Escola de Sociologia e Política, o doutorado na Faculdade de

Filosofia, Ciências e Letras. Nesse rico caminho, produz muitas obras que são pesquisadas até

os nossos dias, podemos citar diversos exemplos como: Organização social dos tupinambá

(1949), A integração do negro na sociedade de classes (1964), A revolução burguesa no

Brasil: Ensaio de Interpretação Sociológica (1975), A investigação etnológica no Brasil e

outros ensaios (1975) e muitas outras de relevante expressividade acadêmica. As mesmas

trouxeram em si, grandes análises, aprofundamento e rupturas nos seguimento por ele estudado.

Esse grande intelectual, além de uma grande inserção na vida acadêmica, teve uma

trajetória de muito engajamento em sua vida como cidadão, militante e professor e, nos

presenteou com uma vasta literatura que traduziu muitos aspectos sociais que assolavam e

persistem assolar ao Brasil.

Por esses fatos, vimos em seus pensamentos/reflexões, vida e obra uma importante fonte

de pesquisa para nos levar a pensar sobre algumas características em nosso país, em especial,

na temática educacional que nos assombram até hoje. Observamos em suas obras, uma visão

sobre o papel do educador como atuante e, consequentemente, sujeito nas mudanças sociais em

uma sociedade subdesenvolvida, autoritária, patrimonialista, na qual trás em seu âmago a

extrema desigualdade em todos os âmbitos.

De início, traçaremos características específicas que acompanharam o processo de

transição de um Brasil praticamente agrícola, aonde os interesses e o domínio das oligarquias

predominavam, para o início do capitalismo, consequentemente, crescente com a chegada das

indústrias. Nesse sentido, teremos o foco nas características sociais, econômicas e culturais que

deixaram rastros e fragmentos do antigo regime nas relações de poder em nossa sociedade

(FERNANDES, 1975).

Focaremos o entendimento sobre as principais causas contextuais, que fazem da

educação e do professor uns dos principais atores nessa mudança. A partir dessa análise

conjuntural histórica, verificaremos, nesse cenário, qual seria o papel do educador como

intelectual e militante no processo de transformação social?

Discussão

Nos moldes de Florestan Fernandes a Revolução Burguesa é entendida como um

conjunto de mudanças econômicas, cultural, social, política e psicológica em uma sociedade.

Essa demanda vem através da entrada do sistema capitalista e se finda quando fecha o seu ciclo,

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isto é, se levarmos em conta o modelo clássico de revolução burguesa (FERNANDES, 1975),

o objetivo de tal sistema é trazer a todos para um viver democrático e igualitário em sua

amplitude.

Para compreendermos com mais profundidade as características do Brasil frente ao seu

processo de mudança do Antigo Regime Servil (1822-1889) para a entrada do capitalismo e as

sua peculiaridades, usarei como base teórica, dois grandes tradutores da sociedade e da história

brasileira para dialogar diante o assunto proposto, dentre eles: Caio Prado Júnior e Florestan

Fernandes. Utilizarei alguns capítulos das obras: “A Revolução Brasileira” (PRADO JÚNIOR,

1969), editado pela editora Expressão Popular no ano de 2002 e, principalmente, “A Revolução

Burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica” (FERNANDES, 1975). Mais

especificamente, traçarei esse caminho com fim de debruçar sobre o processo que permeou a

constituição da Revolução Burguesa no Brasil sob visões nas quais a classifica, diferentemente

dos conceitos vindos dos ideais franceses.

Conforme Fernandes (1975) junto a isso, sabemos que uma das características

intrínsecas na sociedade de classes é a capacidade/possibilidade de mudança, de transformação,

desde o início de sua vigência. Os aspectos se avançam com rapidez, trazendo assim, inovação

e transformações em todas as áreas.

Para o autor marxista, Caio Prado Júnior (2002, p.22), o termo revolução,

coerentemente, é entendido como

(...) em seu sentido real e profundo, significa o processo histórico assinalado

por reformas e modificações econômicas, sociais e políticas sucessivas, que,

concentradas em período histórico relativamente curto, vão dar em

transformações estruturais da sociedade e, em especial, das relações

econômicas e do equilíbrio recíproco das diferentes classes e categorias sociais.

Vemos que o entendimento do autor sobre o termo vem a favor de que a revolução seja

compreendida como um processo de cunho social, econômico, político e historicamente

atrelado as transformações estruturais demandadas pelo contexto.

Prado Júnior (2002), se tratando da situação brasileira em específico, suscita-se o

pensamento de Marx afirmando que em todo quadro observado na história traz problemas

sociais, sempre há nele mesmo a solução e ela não se encontra em um cérebro iluminado, mas

se encontra na própria dinâmica do processo. Nesse sentido, o autor expressa a possibilidade

de transformação social e revolução e que ela está na compreensão e na análise da própria

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história. Para a ocorrência do fato, segundo o autor, faz-se necessário que o homem seja “autor

e ator, ser agente e ser pensante” (PRADO JUNIOR, 2002, p.25). Ainda endossando essa

assunto, o autor salienta que o “saber científico consiste em saber o que se passa e não o que é”

(idem).

Ressalto essa questão para enfatizar que os processos ocorridos historicamente são

lidos, compreendidos e acionados por agentes de desejos, ou seja, seres humanos que,

politicamente, se empodera da situação em prol de interesses que lhe interessa. A revolução

brasileira, teoricamente, para Caio Prado Júnior (2002) não está naturalmente inserida nos

pressupostos ideológicos, como comenta o autor

A teoria revolucionária brasileira, que é a resposta a ser dada as questões

propostas na atual conjuntura do país, não se inspira assim em um ideal

expresso na “natureza” da revolução para qual se presumiria a priori que

marcha ou deve marchar a evolução histórica brasileira – revolução socialista,

democrática-burguesa ou outra qualquer. Revolução essa a que se trataria, na

mesma ordem de idéias, de ir aproximando e afeiçoando as instituições do país,

e ajustando assim os fatos a finalidade de alcançar um modelo preestabelecido.

Nada há de mais irreal e implacável que isso. A teoria da revolução brasileira,

para ser algo de efetivamente prática na condição dos fatos, será simplesmente

– mas não simplisticamente - a interpretação da conjuntura presente e do

processo histórico de que resulta. Processo esse que, na sua projeção futura,

dará cabal resposta as questões pendentes. (p.32)

A revolução será possivelmente trazida por meio da compreensão e análises dos fatos

históricos levantados conjunturalmente. Para Prado Júnior (2002, p.33), essa análise vem

atrelada com o entendimento do mundo contemporâneo e com o engajamento em prol de uma

revolução socialista, para fim de trazer a igualdade e dignidade moral a todos e todas. Para a

ocorrência do fato, portanto, há a necessidade do desenrolar do fatos (mediante interpretação)

em conjunto com soluções reais, desembocando o “progresso e o desenvolvimento histórico, e

não o seu estancamento por tentativas de conciliação e harmonização dos contrários, o que

representa a saída conservadora, senão reacionária, da problemática social”.

O autor enfatiza que as soluções reais a favor da revolução são aplicadas ou não movida

pela vontade humana, por isso, é “um problema político por excelência”. (PRADO JÚNIOR,

2002, p.33). Para ele a revolução viria a partir da definição clara sobre a revolução necessária

que expressasse economicamente, socialmente e politicamente nas quais se revelam as

pendências e soluções com fim de transformação em oposição “a conservação do status quo”.

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Ainda enfatiza que para a revolução ocorrer é necessário uma teoria dessas e não apenas

especulações. (PRADO JÚNIOR, 2002. p.35)

Os embates criados nesse momento histórico (lembrando que Caio Prado Júnior escreve

essa obra em 1966) por meio da esquerda brasileira, especulavam teorias que tinham o intuito

de formar um ideal revolucionário no país, no entanto, Prado Júnior enxerga esses debates de

forma enfadonha e desfavorável, pois esta distante da realidade apreciada. (PRADO JÚNIOR,

2002)

Mesmo assim, há uma avanço, segundo Prado Júnior (2002) que se constrói a partir da

primeira Guerra Mundial das forcas revolucionárias. Forças que criam consciência aos poucos

e ganha espaço político e considerável projeção. Para concretizar a afirmação, o escritor, cita o

Golpe de 1º de Abril de 1964 como resposta contra tal avanço social revolucionário.

No entanto, para o escritor marxista, a esquerda brasileira não efetivaram factualmente

ações que conectavam a teoria proposta com a prática, ou seja, “as esquerdas não conseguiram

despertar e mobilizar, de maneira efetiva e revolucionariamente fecunda, as forças progressistas

do país”. A esquerda brasileira se manifestou com suas teses em prol da revolução, mas “não

formam além de uma agitação de superfície, promovida em torno de slogans, e que desbaratava

sem maior proveito as energias revolucionárias e as desencantava de seus aparentes lideres”

(PRADO JÚNIOR, 2002, p. 39).

Enquanto isso, o coletivo popular estavam inerte mediante tais situações conjunturais,

como afirma Caio Prado “as bases, as massas populares, assistiam passivamente, ou pouco mais

que isso, aos acontecimentos. E na melhor das hipóteses faziam, nos momentos de maior tensão,

de torcida, como jogo de futebol” (2002, p.39)

No Brasil, no mandato de Juscelino Kubitschek (1955) passa por um avanço estrutural

econômico chamado de 50 anos em 5. No entanto, afirma o autor que “nunca se vira, e nem

mesmo imaginara tamanha orgia imperialista no Brasil e tão considerável penetração do

imperialismo na vida econômica brasileira. (PRADO JÚNIOR, 2002, p.41) Caio Prado faz esse

comentário para enfatizar a postura capitalista e progressista do Brasil, no entanto, atrela esse

tal progresso com a dependência dos países imperialistas com seus investimentos; por isso,

chega a relatar que o presidente eleito visitou os países europeus, mesmo antes da posse, para

relacionar-se com grandes grupos internacionais com fim de promover aproximações e

generosas participações econômicas por meio de atividades. (PRADO JÚNIOR, 2002)

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Essa enfática e fatídica afirmação é lançada, pois Caio Prado quer deixar claro que

enxerga o Brasil como um país já capitalista, entretanto, com a condição de explorado pelos

países de capital avançado. Nessas condições, ainda sim a esquerda brasileira apoiava o

governo, e ganhavam diante esse apoio, projeção política, mas as suas dificuldades e

deficiências não eram revistas e construídas a fim de conquistas amplitude por méritos.

(PRADO JÚNIOR, 2002)

Caio Prado se expressa escrevendo que

Projeção essa, contudo, que não resultava afinal em mais que uma agitação

demagógica e superficial, sem reais perspectivas revolucionárias e fadada ao

desastre de abril, que já muitos meses antes somente não era previsto por

ingênuos embriagados na euforia de momentâneos e aparentes sucessos, ou

então cegados por falsas ilusões acerca do verdadeiro conteúdo e sentido da

luta em que se tinha engajado. (2002, p. 43)

Ou seja, o movimento da esquerda brasileira se encontrava ideologicamente superficial,

sem visão realmente revolucionária, acompanhando assim a perspectiva imposta de forma

ingênua e rasa em suas concepções.

Para fechar a tradução do autor para tal realidade brasileira, Caio Prado destaca a falta

de clareza na “interpretação teórica da realidade brasileira, a saber, de que o país estava vivendo

momentos revolucionários profundos e decisivos” (2002, p. 43) mesmo que cheio de boas

intenções, os revolucionários membros da esquerda “também tiveram seu papel – a

prosseguirem em sua desacertada ação política. Ações essas que, por não contar com diretrizes

justas, não foi capaz de despertar e mobilizar” (2002, p.43) as forcas, efetivamente,

revolucionárias.

Portanto, para iniciar esse processo, faz-se necessário segundo Caio Prado, reelaborar

as teorias revolucionárias, para alcançar a transformação sociais, econômicas e política

impregnadas na conjuntura. Para isso acontecer, é necessário a análise e apreciação, de forma

crítica, sobre as concepções teóricas até o momento construídas e consagradas, porém errôneas.

(PRADO JÚNIOR, 2002)

O pesquisador brasileiro, Carlos Nelson Coutinho (2000, p. 251) comparando os estudos

dos dois autores aqui tratados, afirma que

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“[...] é indiscutível que Florestan elabora sua “imagem do Brasil” mediante um

estoque categorial marxista bem mais rico do que aquele presente na produção

de Caio Prado. Ao contrário de Florestan, que quase sempre se apóia em

conceitos, Caio constrói suas análises de modo mais “intuitivo”, o que as torna

muitas vezes ambíguas ou pouco precisas”.

Então, para Coutinho (2000), Florestan avança nas discussões, pois tem intrínseco em

suas análises, os conceitos científicos, que aliás, eram de grandes profundidades e domínio.

Florestan, mediante a produção de diversas obras, dentre elas A Revolução Burguesa

no Brasil (1975)

“[...] coloca assim, com plena consciência, o mesmo problema já enfrentando

por Lênin e por Gramsci, ou seja, o da definição de vias “não clássicas” para o

capitalismo. Ora, essa consciência lhe permite, sempre em comparação com

Caio Prado, o uso de recursos teóricos mais precisos para entender não apenas

o especifico modo da revolução burguesa no Brasil, mas também a

particularidade do capitalismo que ira de resultar dessa revolução. Sem negar

que a conservação do “atraso” da dependência externa, da “selvagem”

exploração do trabalho, do “autrocratismo”, etc.” (COUTINHO, 2000, p.254)

Ou seja, para Coutinho (2000), a análise de Florestan se aprofunda, pois sua consciência

enquanto pesquisador, professor e militante o ajuda, teoricamente, a compreender a “imagem

do Brasil” de forma mais clara e precisa.

Iniciando o entendimento de Florestan Fernandes, nesse processo sociológico e

histórico, um dos pilares desse projeto de revolução ou não é a educação. Entendendo a

educação como um ato político (FERNANDES, 1989), por isso sempre atrelado,

necessariamente, a esse tipo de sociedade nas pretensões/posições da classe dominante (levando

em conta a posição econômica) e, pode ajudar trazendo progresso ou não para o país.

No Brasil, esse cenário de transição ocorreu vagarosamente desde o fim da colônia e se

incorpora no início do século XX, vindo sobre suposta “desvinculação” dos moldes sociais e

políticos da era senhorial (antigo regime) para a era burguesa, ou seja, para a sociedade de

classes, consequentemente, trazendo em seu bojo, o poder e a dominação que contempla aos

mais favorecidos economicamente.

Há algumas questões fundamentais para esclarecimento do surgimento de uma

sociedade mandonista e arbitrária, uma delas, com afirma o autor

A situação brasileira do fim do Império e do começo da República, por

exemplo, contém somente os germes desse poder e dessa dominação. O que

muitos autores chamam, com extrema impropriedade, de crise do poder

oligárquico não é propriamente um “colapso”, mas o início de uma transição

que inaugurava, ainda sob hegemonia da oligarquia, uma recomposição das

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estruturas do poder, pela qual se configurariam, historicamente, o poder

burguês e a dominação burguesa. (FERNANDES, 1975, p.201)

Por essa especificidade, a burguesia, tendo a junção de poderes com a antiga oligarquia

brasileira, utiliza as força de influência para com o Estado brasileiro com objetivos políticos

nos quais, manobram para fins de cunho particular. Com isso, a burguesia faz o papel de trazer

as “mudanças” ideais nascidas no cenário Europeu, mas com suas particularidades, ou seja,

com seus interesses de classes tidos em jogo.

Mesmo que a burguesia e a oligarquia tivessem suas divergências e interesses que,

muitas vezes, focalizavam outros setores, as questões econômicas os levavam a se unir

politicamente para fortalecimento de seus negócios.

Para não conflitar e trazer desconfiança para a população, os mesmos utilizam ideais

europeu da Revolução Burguesa, assim a burguesia brasileira se “mascarava” fomentando uma

retórica, um ideal de igualdade e crescimento e um símbolo de modernidade e progresso para a

civilização. (FERNANDES, 1974).

Por terem esses interesses em comum, a educação nesse quadro é negada a toda

população, isto é, não e tida democraticamente e não acompanha os progressos vindos da nova

concepção de sociedade ali imposta.

A educação enquanto fator social construtivo e de transformação deve ser considerado

com referências às suas demandas, atendendo, ao menos, os aspectos sociais oriundos das

mudanças sociais. Nesse caso, se tratava de democracia e desenvolvimento, sobretudo,

industrial e tecnológico.

Nesse aspecto, a educação tem grande influência no processo de formação do “novo”

cidadão, ou seja, aquele que está preparado para essa sociedade tecnológica e democrática. Mas,

a classe dominante, enquanto detentora do poder nega tal oportunidade para a classe

trabalhadora, no intuito de alienar o povo de sua consciência e obrigações em uma sociedade

dita participativa. Florestan (1959) diz que a educação nos serve como mecanismos de

transformação ou de preservação da ordem vigente e nos contempla com a preparação dos

sujeitos para a sociedade em crescimento.

No entanto, dessa mesma forma, se junta às características do mandonismo/arbitrarismo

da antiga oligarquia com a força econômica e políticas ditada no contexto pela classe burguesa.

A burguesia tinha em suas mãos todas as armas políticas e usufruía usando a autocracia,

devido aos seus poderes e influências econômicas. Esses aspectos, herdados de um antigo

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regime, abafavam o uso legítimo que o modelo de sociedade democrática tem em sua essência,

assim, havia somente um modelo “morto” existente que estava distante dos ideais e da prática.

Nesse caso, Florestan coloca dois pontos importantes para entendimento sociológico do

crescimento da dominação burguesa em nosso país

Um deles é o significado dessa dimensão autocrática da dominação burguesa.

Entre as elites das classes dominantes havia um acordo tácito quanto a

necessidade de manter e de reforçar o caráter autocrático da dominação

burguesa, ainda que isso parecesse ferir a filosofia da livre empresa, as bases

legais da ordem e os mecanismos do Estado representativo. (...) O outro

elemento diz respeito ao progressivo aparecimento de uma efetiva “oposição

dentro da ordem” e a “partir de cima”. Sob o regime escravocrata e senhorial,

a aristocracia podia conter (e mesmo impedir) esse tipo de oposição, fixando

as divergências toleradas os limites de seus próprios interesses econômicos,

sociais e políticos (convertidos automaticamente nos “interesses da ordem”

ou “da Nação como um todo”). (FERNANDES, 1974, p. 207)

Na citação a cima, o sentido de dimensão autocrática da dominação burguesa está ligada

a influência nas posições/ações tidas pela mesma, sobretudo, em âmbito político e econômico

sobre as classes menos abastadas, atingindo assim, as possibilidades de esclarecimento,

politização e principalmente, de dominação de forma massiva.

Vemos que diante essa análise, quão grande foi à influência da classe dominante

(burguesia e antiga oligarquia) nos setores da sociedade. Também, de forma bastante tenaz em

busca de seus ideais, usavam suas manobras utilizando o Estado para seu bem querer e bem

servir.

Vale ressaltar, que além de todos esses agravantes, o contexto3 nos traz a mudança de

uma grande massa oriunda do meio rural para a cidade (meio urbano), que foram impactados

pelo industrialismo que estava a todo vapor. Essa população (classe trabalhadora) vinha em

busca de oportunidades de uma nova vida e, devido a sua baixa escolaridade, eram obrigados a

trabalhar em lugares insalubres e precários.

O contexto até aqui relatado, levou a um condicionamento ou não esclarecimento da

classe trabalhadora4 tornando assim, alienada, levando a não participação de uma sociedade

tida democrática e, consequentemente, a não ter voz ativa/participativa nos espaços políticos

nessa sociedade de classes. Sendo assim, os mesmo eram oprimidos socialmente,

3 Refiro-me ao início do século XX. 4 Quero incluir nesse meio o professorado que, apesar de exercer um trabalho intelectual, também é incluído

como classe assalariada.

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intelectualmente e politicamente, não obtendo expressão para lutar efetivamente contra a ordem

vigente.

Enfoco aqui, como já citado acima, um fator determinante em qualquer sociedade: a

educação. Assim, o autor destaca dois itens essenciais nessa discussão: 1) Qual é o papel do

professor nesse tipo de sociedade; e 2) O sistema educacional que fora implantado é conduzido

pela classe dominante e é oriundo de ideais vindos de países tidos como desenvolvidos e não

acompanhou as mudanças tidas em nosso país.

Florestan afirma que o processo de mudança em uma sociedade é um processo político,

logo, sabemos que a educação em si é um ato político. Por isso, para que a educação atinja a

todos de forma igualitária e com a qualidade de uma formação que atenda, possivelmente, os

aspectos da sociedade alienada e poderes vindos de classes dominantes, as ações do professor

devem-se fixar, segundo o autor:

O professor não pode estar alheio a essa dimensão. Se ele quer mudança tem

que realizá-la nos dois níveis – dentro da escola e fora dela. Tem que fundir

seu papel de educador ao seu papel de cidadão – e se for levado, por situações

de interesses e por valores, a ser um conservador, um reformista ou um

revolucionário, ele sempre estará fundindo os dois papeis (FERNANDES,

1989, p. 164)

Por isso, o autor salienta a importância do papel político e militante do professor

enquanto cidadão, dizendo:

Pensar politicamente é alguma coisa que não se aprende fora da prática. Se o

professor pensa que sua tarefa é ensinar o ABC e ignorar a pessoa de seus

estudantes e as condições em que vivem, obviamente não vai aprender a

pensar politicamente ou talvez vá agir politicamente em termo conservadores,

prendendo a sociedade aos laços do passado, ao subterrâneo da cultura e da

economia (FERNANDES, 1989, pg. 165)

Devido ao nosso processo histórico e influências tidas outrora, o papel do educador

como militante e conscientizador das novas gerações, das classes menos abastada é de suma

importância para um processo de mudança e transformação nesse tipo de sociedade específica.

Tendo em vista o momento em que Florestan se refere, a educação teria como foco a

formação de um homem novo, um cidadão, ou seja, o sujeito introduzido em uma sociedade de

classe, inserido em uma ambiente tido “democrático”. Desta forma, o autor busca um homem

capaz de ser participativo e criador da ordem social democrática, pois, desta forma as possíveis

mudanças viriam de forma mais acelerada.

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No entanto, devido aos delineamentos da educação nos quais foram traçados pelas

classes dominantes, essa necessidade de formação foi abafada. A classe burguesa, por seu

acesso a educação de qualidade, ou muitas vezes cursada em outros países, detinha o privilégio

de receber uma formação que, ao menos, lhe dava condições e lhe formava para a continuidade

do processo colocado pela sociedade na qual vivia.

Mas, os filhos da classe trabalhadora recebiam uma educação que vinha de concepções

tidas pela burguesia. Dessa forma, a educação não alcançava de forma real os menos

favorecidos, para Florestan:

O uso social que se deu a instrução manteve-se presa a interesses e as

concepções que a converteram plenamente em um símbolo de status. Ser ou

não ser instruído equivalia a ser ou não ser “ignorante”, “atrasado” e

“dependente”. Como a dominação patrimonialista e aristocrática prescindia

largamente do apoio dinâmico da escolarização – só a burocracia requeria

alguma aprendizagem prévia sistemática, supervisionada e institucionalizada

– a escola se divorciava das necessidades educacionais recolhidas socialmente

e o ensino se alienava dos problemas práticos dos homens (...) (apud MATUI,

2001, p. 62)

O autor também defende nos seus trabalhos em que aborda a educação, que os modelos

implantados em nosso país não contemplam a nossa realizada, assim, os currículos que formam

o corpo docente, os profissionais dessa área e os alunos não são correlatos a sua realidade, isto

é, a realizada brasileira.

A educação em Florestan Fernandes tem um papel de transformação, pois para ela, a

educação é colocada, de forma proposital, em vista dos problemas sociais em que temos.

Faz-se necessário que o ensino seja mudado em todas as instâncias (desde o ensino

básico até as universidades) para que possa formar pessoas que acompanham o

desenvolvimento social e econômico, atendendo assim, as exigências da sociedade vigente e,

formar o cidadão democrático para a possível transformação social.

Florestan define a educação como:

Preparar personalidades democráticas para uma ordem social democrática, e

que (atenda a) certos fins práticos, como o desenvolvimento da consciência

de afiliação nacional e dos direitos e dos deveres do cidadão, de uma ética de

responsabilidade, da capacidade de julgamento autônomo de pessoas, valores

e movimentos sociais etc” (FERNANDES, 1960, p. 103)

A formação do cidadão faz correlação com os problemas que se enfrenta com a transição

do antigo regime para o novo, por isso, essa nova postura é solicitada para os professores, para

assim, continuar a favor da revolução em processo.

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Considerações finais

A Burguesia, juntamente com a antiga oligarquia, teve grande influência sobre os

aspectos da educação ministrada no Brasil. Vimos no decorrer da pesquisa realizada até então

que, a educação foi direcionada pela classe dominante, sendo assim, não alcançou a todos e não

entendeu os dilemas que eram postos no contexto brasileiro. Isso nos levou a alguns atrasos e

gerou como consequência, mais distanciamento cultural, social e econômico entre os indivíduos

participantes desse sistema.

Até o momento, podemos perceber que, devido à história peculiar em que nosso país

atravessou em sua transição para o sistema de classes (capitalismo – final do século XIX e

início do século XX) de forma não clássica, isto é, distante dos ideais Franceses, o papel da

educação e, consequentemente do educador é, não somente, como mero transmissor de

conhecimentos, mais sim de cidadão e militante, visando assim, as mudanças e transformações

nesse contexto.

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