72

Revista Literária da Lusofonia

Embed Size (px)

DESCRIPTION

DIVULGA ESCRITOR - 3ª Edição - Acesse: http://www.divulgaescritor.com

Citation preview

Page 1: Revista Literária da Lusofonia
Page 2: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulga EscritorRevista Literária da Lusofonia

Ano I Nº 03novembro 2013

Publicação:Mensal

Editora Responsável: Shirley M. CavalcanteTRT: 2664

Projeto gráfico: EstampaPB

Diagramação: Ilka Cristina N. Silva

Para Anunciar:[email protected] – 83 – 9121-4094

Para ler edições anterioresacesse www.divulgaescritor.com

Os artigos de opinião são de inteira responsabilidade dos colunistas que os assinam, não expressando necessariamente o pensamento da Divulga Escritor.

Entrevistas

PortugalEntrevista com a escritora Dulce Morais.......................................................04 Entrevista com a escritora Joana Rodrigues...................................................07Entrevista escritora Manuela Barroso.............................................................10Entrevista escritora Manuela Matos...............................................................13Entrevista escritora Maria de Fátima Soares...................................................17 BrasilEntrevista escritor Andrews Ulisses................................................................21Entrevista escritor Davi Medeiros...............................................................24Entrevista escritora Francilangela Clarindo.....................................................28Entrevista escritor Márcio Câmara..................................................................32Entrevista escritora Maria Cristina Andersen....................................................35Entrevista escritor Mauricio Duarte................................................................40Entrevista escritora Regina Alonso.................................................................44 Entrevista escritor Rubens Silva......................................................................49Entrevista escritora Rosemary de Ross...........................................................53Entrevista escritor Luis Carlos Amorim...........................................................59

ColunasSolar de Poetas – José Sepúlveda...................................................................06Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa – José Maria Carneiro.............................10Pense Fora da Caixa – Pense Literatura.......................................................20O escritor e a Midia – Carlos Souza Yeshua.......................................................23Panorama Cultural – Ana Stoppa.....................................................................27Entre Ideias&Atos – Patrícia Dantas.............................................................31No Café com Ronaldo Magella........................................................................39Mercado Literário – Leo Vieira.......................................................................43Literatura na Prática – Alexsander Pontes......................................................48A Vida em Partes – Francisco Mellão Laray.....................................................52Literatura Filosófica – Marconi Pequeno........................................................58

Momentos de Poesia com:Luís Carlos Amorim..........................................................................................64Marcelo Allgayer.............................................................................................65Alexandra Collazo...........................................................................................66Antônio Montes.............................................................................................67Fernando Figueirinhas....................................................................................68Divino Notary..................................................................................................69

EXPEDIENTE SUMÁRIO

Page 3: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 3

Leitores e leitoras da Revista Divulga Escritor – Revista Literária da Lusofonia, eu não tenho palavras para agradecer os resultados obtidos com a edição da Revista Divulga Escritor, edição número 2, surpreenderam, a Revista foi publicada no dia 10 de outubro de 2013 e no dia 01 de novembro ao retirarmos o relatório contamos com mais de 47 mil acessos em 21 dias.Muito, muito obrigada a cada um de vocês que estão a compartilhar através do email marketing e redes sócias a nossa Revista.Escritores vocês são as estrelas deste espaço, aproveitem e brilhem, brilhem cada vez mais!

Esta edição esta recheada de apresentações dos nossos escritores e escritoras, colunas literárias e agora podemos recitar poesias, com Momentos de Poesias na Divulga Escritor.Boa Leitura a vocês.Revista Divulga Escritor – 100% Literária.Fico a disposição.

CordialmenteShirley CavalcanteEditora

Shirley M. Cavalcante, é jornalista, radialista, editora, autora do livro: Manual Estratégico de Comunicação Empresarial/Organizacional, administradora do projeto Divulga Escritor, assessora e consultora de Comunicação Empresarial, diretora executiva da SMC Comunicação Humana.

Page 4: Revista Literária da Lusofonia

Entrevista escritora Dulce Morais

Sou originária da cidade de Tomar, Portugal. Se nasci em país lusófono, deixei-o ainda criança para seguir o destino, com rumo a várias culturas, acabando por me fixar durante a adolescência à beira do Lago Léman, em Genebra. Foi lá que vivi durante vinte e cinco anos, estudei, fundei uma família e comecei a rabiscar versos e prosas em cadernos ou folhas soltas, escondidos em seguida em gavetas bem fechadas. As mudanças de país e de horizonte foram-me saudáveis e criaram uma constante curiosidade pela Humanidade, pelas ciências, pela psicologia, mas sobretudo, pelas letras. Absorvi de tal forma a cultura e o idioma dos países onde vivi, que quase não pratiquei a língua portuguesa até aos 36 anos. Ao instalar-me novamente na cidade da minha infância, descobri-me uma paixão pela língua de Camões e, graças aos conselhos de amigos, descubro a literatura portuguesa e brasileira com entusiasmo.

“Há também muito trabalho a fazer na divulgação da literatura, sobretudo junto aos jovens, que perdem lentamente o gosto pela escrita, preferindo a literatura “fast-food” de celebridades. Existem exceções, felizmente. Mas são cada vez mais raras.”

Boa Leitura!

Dulce Morais para nós é um prazer imenso, parceira, contar com a sua participação no projeto Divulga Es-critor. Conte-nos o que a motivou a ter o gosto pela escrita?

Dulce Morais - Ao descobrir o ta-lento de Mark Twain, Robert Louis Stevenson e semelhantes durante a infância, soube que havia no acto de escrever, algo fantástico. Para a criança que eu era, a escrita repre-sentava uma forma de magia. Era uma atividade quase mística, que permitia transmitir sonhos em for-ma de letras desenhadas nas páginas de um livro. Durante a adolescência descobri outros talentos da literatu-ra internacional e da francesa, em particular. Quando Françoise Sagan me trouxe, através do seu “Bonjour Tristesse”, uma história tão pungen-te e intensa, soube que desejava, eu também, contar histórias. Desde então, tento, através de contos e po-emas, transmitir o que preenche a minha imaginação.

Que tipos de textos você escreve? Quais os temas que você aborda em sua escrita?Dulce Morais - Escrevo poemas, contos e alguns textos mais longos. Em versos ou em prosa poética, ten-to sobretudo comunicar emoções. Também posso contar uma história em versos mas, são sobretudo os sentimentos que atravessam a plu-ma. Quanto aos contos, abordo so-bretudo a visão do mundo de uma ou várias personagens. Relato histó-

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

4 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

rias que me vieram sem que eu saiba bem de onde e tento comunicar, não só os fatos, mas também a forma como as personagens os encaram, as emoções que se instalam em cada acto.Os temas são diversos mas o intuito é quase sempre o de encontrar-se num mundo que não conseguimos sempre apreender de uma forma que nos corresponde.

Em que momento você se sente mais inspirada a escrever?Dulce Morais - Admito não ter um momento que me inspire mais que outro. Devido ao ritmo diário, é so-bretudo de manhã cedo e à tarde, durante os trajetos para o trabalho ou de regresso a casa, que encon-tro mais tempo. Porém, acontece com frequência que uma ideia sur-ja a meio da noite ou durante uma atividade que nada tem a ver com a escrita. Acredito que as ideias pos-sam ter vida própria, certas vezes.

Page 5: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 5

Não pretendo controlar os momen-tos em que elas se manifestam. Sim-plesmente as aceito e tento deixá-las expressar-se no momento por elas escolhido.

Quais escritores são as suas referên-cias literárias? Por que eles se tor-naram uma referência para você?Dulce Morais - São inúmeros! É qua-se impossível escolher alguns a men-cionar aqui. Já mencionei Françoise Sagan mais acima. Noutro estilo, mas não menos interessante, o autor Bernard Werber sabe criar ambien-tes, Mundos, Universos, que lhe são próprios. Integra o leitor de tal for-ma, que o mesmo deixa-se levar de boa vontade. Em seguida, surpreen-de-o com algo tão inesperado, que o obriga a ler e reler várias vezes para ter a certeza de ter bem lido! Na po-esia, é sobretudo de Fernando Pes-soa e Florbela Espanca que me ali-mento. Sim, penso poder dizer que me alimento deles. Tanto a poesia de um como de outro vive-se. Ler não chega. É preciso senti-la. E quando se sente, então sabemos que aque-les talentos não encontrarão nunca o seu igual.

Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas?Dulce Morais - Tentar transmitir uma mensagem seria uma responsabili-dade enorme. Nunca pretendi comu-nicar mensagens, mas simplesmente transmitir as histórias e os versos que passeiam pela minha mente e que, de quando em vez, aceitam que eu os escreva. Também nunca tive o objetivo de ter um público particular. Todos os leitores são bem-vindos, neste mundo em que o gosto pela leitura tende a perder-se.

Dulce, de que forma você, hoje, di-vulga o seu trabalho?Dulce Morais - O meu trabalho é di-vulgado no meu blog - Crazy 40 Blog, mas também nos diversos blogs em que participo, como no Pense fora da caixa. Também sou a co-criadora do Tubo de Ensaio, um espaço que pretende divulgar e incentivar a cria-tividade sob todas as suas formas, mas na escrita em particular. Partici-po ainda nos blogs Neo Literattus e Beco de Idéias, onde divulgo o meu trabalho, junto com outros autores de talento. Enfim, tive a honra de participar na Antologia Voar na Po-esia, publicada pelos organizadores do grupo do mesmo nome no Face-book. Mas, por agora, é sobretudo nas redes sociais que o meu trabalho está presente.

Quais seus próximos projetos literá-rios? Você pensa em publicar um li-vro?Dulce Morais - Como cada escritor, publicar um livro é um objetivo. Po-rém, em Portugal o mercado literário é bastante limitado para novos auto-res. Existem dois projetos, um indivi-dual e outro comum, que espero po-der concretizar nos próximos meses.

Quem é a escritora Dulce Morais? Quais seus principais hobbies?Dulce Morais - A escrita é uma das minhas principais atividades. As via-gens, a fotografia, a pintura – de que sou grande admiradora – são outras ocupações que aprecio muito. Penso que, se o meu tempo o permitisse, passaria os dias em museus ou em visitas a monumentos, com o meu caderno à mão para poder escrever ao mesmo tempo que admiro as ma-ravilhas da história e da arte.

Quais as melhorias que você citaria

para o mercado literário em Por-tugal? Dulce Morais - Penso que há muito que fazer, sobretudo para o incen-tivo à criatividade, em Portugal. Os autores já publicados com sucesso estão muito presentes mas, além deles, raros são os jovens autores que conseguem ser publicados. Há também muito trabalho a fazer na divulgação da literatura, sobretu-do junto aos jovens, que perdem lentamente o gosto pela escrita, preferindo a literatura “fast-food” de celebridades. Existem exceções, felizmente. Mas são cada vez mais raras.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua par-ticipação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a Escri-tora Dulce Morais, que mensagem você deixa para nossos leitores?Dulce Morais - Costumo dizer que, nada sabendo, nada posso dizer a outrem que essa pessoa não saiba já. Se devo deixar uma mensagem, será a de ler, ler, ler e, quanto ti-ver ainda algum tempo, ler! Ler de tudo! Autores famosos, clássicos, contemporâneos, jovens, antigos, famosos, desconhecidos, talento-sos e menos bons! A diversidade ajuda a ver o Mundo sob vários ân-gulos e a apreendê-lo de uma forma que seria, talvez, impossível, sem a imaginação dos autores.

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Page 6: Revista Literária da Lusofonia

6 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Solar de poetas José Sepúlveda

Com o desenvolvimento das novas tecnologias e o aparecimento em crescendo dos grupos literários no facebook,

assistimos frequentemente ao apa-recimento de novos autores que aos poucos se vão misturando com ou-tros mais versados e experientes. E não é raro que muitas vezes se con-fundam poemas de qualidade reco-nhecida com textos sem valor poé-tico que são comentados pelos seus leitores de forma exagerada, muitas vezes sem qualquer nexo.

Esse fenômeno, se bem que fre-quente, só pode ser explicado por inexperiência ou desconhecimento de quem lê ou por simpatia para com a pessoa com quem está a interagir.

Na verdade, não compete a quem lê esses poemas, num grupo generalista, fazer crítica poética ou

literária. Para isso, há canais especia-lizados onde a forma de crítica é feita com outra visão, por pessoas que sa-bem ler e comentar o que vão lendo, fundamentados em critérios diferen-tes. Num grupo generalista, cuja fun-ção principal é estimular a leitura e a escrita, parece que muito mais que a necessidade de exercer crítica lite-rária, interessa incentivar, provocar desejo de continuar a desenvolver o gosto pela arte poética, mostrar a quem escreve que os seus textos são lidos. Isso é importante para quem escreve – saber que tem leitores que se interessam pelas suas produções.

A criação e estímulo de even-tos poéticos temáticos, se por um lado pode ser considerado como não inspirativo e provocador do apareci-mento dos poemas de algum modo considerados fabricados, têm o con-dão de incentivar os que escrevem à

produção de novas artes poéticas e servirá, quando mais não seja, como potenciador de boa poesia, e exercí-cio poético que poderá proporcionar experiências que levem a poemas mais elaborados e inspirados, sem a necessidade de se cingir a temas, mas saídos espontaneamente da pena do poeta.

É essa a linha que seguimos nos grupos em que vamos intervindo. Promover desafios, despertar inte-resses, incentivar à criatividade.

Se entendermos assim a prática desses grupos, com certeza, estare-mos dum modo mais direto ou não contribuindo para o desenvolvimen-to da escrita na sua função estéti-ca e cultural e, quiçá, contribuindo para que novos autores escondidos dentro de si surjam na ribalta deste mundo em que a poesia é o verda-deiro ator.

Uma questão de estímulo

Page 7: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 7

Joana Silva Ramos Rodrigues nasceu a 5 de Fevereiro de 1947 nas Minas do Lousal, freguesia de Azinheira de Barros. Desde 1965 que vive na região de Sintra. A poesia sempre a acompanhou, as rimas saiam-lhe com facilidade, mas foi recentemente e graças às novas tecnologias que começou a partilhar os seus pensamentos com o mundo. O reconhecimento do seu público motivo-a a captar esses pensamentos no seu primeiro livro “Memórias de Joana”.O lançamento do livro será feito no dia 13 de Julho, no Centro de Ciência Viva das Minas do Lousal, a sua terra Natal. Contará com apresentação do poeta José Sepúlveda.Em entrevista ao projeto Divulga Escritor a escritora Joana Rodrigues fala-nos sobre seus projetos literários, seu gosto pela escrita, o lançamento do seu livro, a todos desejamos uma boa leitura!

“Seria bom que dessem mais oportunidades aos escritores que estão em início de carreira e que querem divulgar as suas obras. Igualmente importante, é também promover o hábito de leitura, sobretudo entre as gerações mais jovens.”

Boa Leitura!

Entrevista escritora Joana Rodrigues

Escritora Joana Rodrigues, para nós é um prazer tê-la conosco no proje-to Divulga Escritor, conte-nos quan-do começou a ter o gosto pela escri-ta? O que a motiva a escrever?Joana Rodrigues - Obrigado Shirley, é um prazer participar do vosso pro-jeto. O gosto pela escrita começou cedo, pelos meus vinte anos talvez. Sempre que oferecia flores ou um presente a alguém, gostava de acom-panhar a oferta com um cartão onde fazia um pequeno verso como de-dicatória. Pequenas quadras, rimas, versos sempre fluíram com facilida-de. Comecei a escrever primeiro so-bre o quotidiano, sobre as colegas do trabalho, situações do dia a dia. Mais tarde, durante anos menos felizes da minha vida, deixei de escrever. Voltei a reencontrar-me com as palavras es-critas mais recentemente, já depois de reformada. Nesta fase da minha vida, a escrita tornou-se quase uma catarse, uma forma de lidar com as perdas que fizeram parte deste meu percurso, algumas recentes outras já mais antigas, mas sempre presentes na memória.

Que temas você aborda em sua es-crita?Joana Rodrigues - Como disse, o meu percurso de vida foi, infelizmente, marcado por períodos de grande dor e tristeza provocada pela perda de entes queridos. Essa dor, que pesa no peito e na alma, tem sido aliviada através da escrita e serviu de mote a muitos dos meus poemas. Pode dizer-se quase que escrevo com o

coração. No entanto, por diversas vezes, situações do dia a dia também surgem como fontes de inspiração. Por esse motivo, pode dizer-se que a minha escrita aborda um vasto leque de temáticas, não se cigindo a ne-nhum tema em particular.

Quais escritores são as suas princi-pais referências literárias? Por que eles se tornaram uma referência para você?Joana Rodrigues - Sempre gostei muito dos sonetos de Antero de Quental, dos poemas de Florbela Espanca e da obra do incontornável Fernando Pessoa. Talvez me identifi-casse um pouco com eles, poetas de alma sofrida.

Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas?Joana Rodrigues - A minha escrita inicialmente era algo de muito pes-soal, partilhada apenas com a famí-

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Page 8: Revista Literária da Lusofonia

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

lia mais próxima. Nos anos recentes, quando voltei a reencontrar a escri-ta, descobri também as novas tecno-logias e comecei, quase por brinca-deira, a partilhar o que escrevia nas redes sociais. Por isso, nunca tive como objetivo um público específico ou a transmissão de uma mensagem propriamente dita. No entanto, dado que grande parte daquilo que escre-vo é sobre experiências pessoais, emoções e sentimentos, as pessoas que lêem os meus poemas acabam por se identificar, por reconhecer nas minhas palavras sensações, situ-ações por que já passaram ou estão a passar. A única mensagem que posso tentar passar a essas pessoas é uma de fé e coragem.

De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?Joana Rodrigues - O meu trabalho era divulgado até agora apenas na internet, via Facebook. Inicialmen-te no meu grupo “Memórias de Jo-ana”, https://www.facebook.com/groups/123592614406454/ mais tarde no grupo “Solar de Poetas”. https://www.facebook.com/groups/solardospoetas/ Foi aqui que senti pela primeira vez reconhecimento pela minha obra, o que me motivou a querer fazer mais e chegar a um público mais vasto.

Que temas você aborda em seu livro “Memórias de Joana”? Joana Rodrigues - Dado que esta é a minha primeira publicação, selec-cionámos alguns dos temas mais ilustrativos da minha obra. Assim, o livro está dividido em quatro partes: “Poemas da Terra”, onde falo sobre a terra onde nasci e as suas gentes; “Poemas de Amor”, onde falo sobre os meus amores; “Poemas da Espiri-tualidade”, sobre a minha fé e as mi-

nhas crenças e “Poetando”, que reu-ne poemas com uma temática mais variada e que não se enquadram em nenhuma das outras três categorias.

Conte-nos como vai ser o lançamen-to do seu livro? Como se sente ao ter seu primeiro livro publicado? Joana Rodrigues - O lançamento do livro vai ser no dia 13 de julho, no au-ditório do Centro de Ciência Viva das Minas do Lousal. Escolhi este a mi-nha terra natal porque constitui uma grande parte das minhas memórias, de tal modo que tem um capítulo inteiro que lhe é dedicado. Vai ser uma excelente oportunidade para me encontrar pessoalmente com poetas com quem falo quase diaria-mente no Solar e para rever amigos de infância. Confesso que estou um pouco ansiosa com o lançamento, é uma novidade para mim. A publica-ção deste primeiro livro é o realizar de um sonho.

Pensa em publicar novos livros? Quais seus projetos literários?Joana Rodrigues - Este primeiro livro é apenas uma amostra do vasto nú-mero de poemas que tenho escrito, pelo que material para um segundo livro não falta! Tenho também outro projecto, uma narrativa mais auto-biográfica, que gostaria de publicar um dia. Talvez em breve, quem sabe.

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal?Joana Rodrigues - Seria bom que dessem mais oportunidades aos es-critores que estão em início de car-reira e que querem divulgar as suas obras. Igualmente importante, é também promover o hábito de leitu-ra, sobretudo entre as gerações mais jovens.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, o projeto Divulga Escri-tor agradece a sua participação, mui-to bom conhecer melhor a escritora Joana Rodrigues, que mensagem você deixa para nossos leitores?Joana Rodrigues - Obrigada Shirley, pelo convite. Aos leitores apenas posso dizer que não desistam dos vossos sonhos, nunca é tarde demais para os realizar. Este meu livro “Me-mórias de Joana” é sem dúvida uma prova disso. Espero que gostem!

8 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 9: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013 9

Há anos, um cantor alemão (Peter Maffay) abandonou o programa onde estava a ser entrevistado, porque o moderador lhe perguntou, sendo que alguns textos eram de difícil ou mesmo impossível compreensão, se ele, cantor, entendia o sentido do conteúdo dos mes-mos e que tinham sido escritos por terceiros. Irritado, desculpando-se de que o queriam vexar por não ser licenciado, foi-se … abandonou o programa, deixando toda a gente estupefacta, mas convencida de que efec-tivamente não sabia mesmo o que cantava.A cidade de Santo Tirso tem vindo a realizar algumas “oficinas” de escultura, com escultores de craveira, colocando depois as obras em jardins, parques, pra-ças, etc. para decoração urbana. Para os trabalhos, o município cedia os materiais requisitados pelos par-ticipantes: madeira, ferro, pedra e outros.É espantoso apreciarmos agora pedras colocadas ao alto, mais ou menos como haviam sido cortadas da pedreira. Ou então uma casota em tijolo natural, idêntica àqueles barraquitos que existem no fundo do quintal ou campo para guardar as alfaias, ou me-lhor: recordam-se das retretes na horta, fora das ca-sas, que até cerca de cinquenta, sessenta anos atrás existiam habitualmente nas aldeias? Tal e qual! Com a insignificante diferença de a casinhota ser toda fe-chada, portanto, sem porta nem janela.A que propósito vêm estes exemplos? Perguntará o leitor.Ora, ou eu sou mesmo uma nulidade no que à arte diz respeito ou então há, nos casos referidos, mani-festa trapaça.Tem-me parecido, ou melhor, estou certo de que o mes-mo acontece na poesia, na pintura, e até na música.

Poeta Poveiros e Amigos da Povoa

Por José Maria Carneiro

Na música, uma sequência de sons desconexos exe-cutados mais ou menos ao acaso, sem que se divise qualquer coerência ou cadência entre eles; na pintu-ra, como se o pintor atirasse o pincel borrado de tin-ta contra a tela e depois o que sair … é arte. É obra!Na poesia, ao que julga saber, escolhe-se meia dúzia de vocábulos exóticos, encontrados acidentalmente nalgum texto ou mesmo intencionalmente recolhi-dos de um dicionário, procura-se integrá-los (quan-tas vezes de modo indiscutivelmente desadequado) e compõe-se assim uma “obra poética”, sem mensa-gem, sem sentido e que nem os próprios (autores) entendem.Eu sei que não sou perito em arte, nem mesmo um entendido. Também não sou “alérgico” a obras mais ou menos abstractas, contudo, ninguém me tira o receio que Michelangelo, Soares dos Reis, Ravel, Be-ethoven, Rembrant, Dali, Florbela Espanca, Camões, etc. não dêem meia volta nas respectivas sepulturas.Por caridade, tenham um nadinha de respeito. Não só pelos verdadeiros artistas, mas também pelos “consumidores” e apreciadores.Torna-se ridículo como por vezes a sociedade, com receio de demonstrar ignorância, consome tais obras, mormente poesia, e ainda lhes atribui epíte-tos como: maravilhoso, apaixonante, admirável …Admirado fico eu com tais atitudes, provindas fre-quentemente de elementos bem situados na socie-dade, aparentemente cultos e entendidos. E assim, paradoxalmente, e tal como o Peter Maffay, tenho ganas de abandonar o “programa”, por não entender alguma “arte” e ter quase vergonha de o reconhecer.

A falsa poesia

Revista Divulgar Escritor • novembro 2013 9

Page 10: Revista Literária da Lusofonia

10 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Manuela Barroso (Maria Manuela Barroso Nogueira Martins Ferreira de Castro ) , nasceu no distrito de Braga província do Minho-Portugal em 1946. Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde se formou com a licenciatura em Filologia Românica, tendo aí efetuado o Curso de Ciências Pedagógicas. Exerceu a sua atividade como Professora de Português e Francês no Ensino secundário na cidade de Braga e Porto onde reside. A vertente da sua especialização ligada às letras a par da profissão no estudo de autores consagrados, deixa-lhe os ventos da poética. Só depois de ter o tempo exigido para discorrer pelo mundo das palavras, publicou o seu primeiro livro “Inquietudes” Colaborou na Coletânea “A Sinfonia do Mar” dos Poetas Poveiros-Póvoa de Varzim.

“Foi sempre através dos movimentos literários que a política e sociedades tomaram outros rumos. Nós vamos, a mensagem fica. São as nossas memórias e as nossas experiências, possíveis alavancas para o progresso das gerações futuras.”

Boa Leitura!

Entrevista escritora Manuela Barroso

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Manuela Barroso, para nós é um prazer poder contar com a sua participa-ção no projeto Divulga Escri-tor, conte-nos em quem mo-mento decidiu publicar seu primeiro livro?Manuela Barroso - O prazer é todo meu por ter a opor-tunidade de participar neste projeto. O Livro? Interessante essa questão. Não publiquei. Publicaram-me. Na altura, Maio de 2012, fazia “démar-ches” para publicar um livro de meu tio (“Vento e Venta-nias” - Florentino Alvim Barro-so), que vivia em Copacabana. Quis fazer-lhe uma pequena homenagem-surpresa, com uma parte da sua vasta obra. Ao editar este livro, a Editora convi-dou-me, publicando o meu.

Sobre o seu livro “Inquietudes” como foi a escolha do título do livro?Manuela Barroso - Sou pacífica mas uma alma inquieta. As perguntas sur-gem com uma sucessão de respostas interiores aos quês e porquês da vida e seus limites, que as palavras são in-capazes de veicular tais sensações. Daí que permaneça sempre numa” Inquietude”. Mas queria lembrar que este livro já se distancia dos meus pensamentos e escrita atuais. Nada é permanente.

Que temas você aborda em sua es-crita. O que mais lhe inspira a escre-ver sobre estes temas?

Manuela Barroso - Gosto de me de-bruçar sobre a paz e o silêncio onde a consciência se encontra nas per-guntas e respostas. Todos os Amores aí se encontram. O Infinito, é a mi-nha sedução. Dói parte da sociedade onde nos inserimos e a permeabili-dade dos “desconcertos do mundo”. A Natureza é uma imprescindível aliada com todos os seus monólogos. Depois, ouço-me. E na impermanên-cia das coisas e pessoas, o que escre-vo hoje, reflete, penso, mais a “quie-tude” de um ser amadurecido mas numa pacífica angústia.

Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que men-sagem você quer transmitir para as pessoas?

Page 11: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 11

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Manuela Barroso - Não tenho públi-co-alvo específico. Escrevo só o que me dá prazer partilhar. Se aprecia-rem, ótimo. Não tenho, nunca tive ambições. De resto, teria que ter fei-to um grande trabalho muito antes, começando nas lides literárias para ter o meu público. Gostaria muito de poder transmitir a todos os que me leem, a paz, a calma, a serenidade de cada dia. Sem credos ou religiões, dizer que vale a pena levar a todos um pouco de paz onde o silêncio nos traz a música do tempo para refletir. Vivemos num mundo vertiginoso e apático. É tão bom ouvirmo-nos para nos encontrarmos!

Escritora Manuela Barroso, de que forma você, hoje, divulga o seu tra-balho?Manuela Barroso - Na verdade, como disse, não me preocupo com a divulgação numa maior escala por-que é difícil lidar com essa máquina. Ultrapassa-me. Há muitas barreiras e as editoras interessam-se por escri-tores de grande nome. No entanto, o livro encontra-se em diversas livra-rias. Confesso que me dá um certo prazer postar nos blogs. A simpatia com que me acolhem é um alegre alento! Sites / Blog http://wwwan-joazul.blogspot.com e http://reflexo-esfloridas.blogspot.com.

Onde podemos comprar o seu livro? Manuela Barroso - livraria bertrand online www.unicepe.pt/www.livapo-lo.pt (Livraria Apolo) Endereço de email para contato: [email protected].

Quem é a escritora Manuela Barro-so, quais seus principais hobbies?Manuela Barroso - Só me conside-ro escritora no ato da escrita. É um estatuto onde a minha humildade

perante grandes vultos me proíbe a entrada… De resto, difícil descre-ver. Sou muito complexa na minha simplicidade. Introspetiva, tímida, perseverante, exigente comigo. Mas diria que sou disponível para os ami-gos, introvertida , enorme sentido de justiça e gratidão. Tenho um fas-cínio pelo Universo. Como hobbies: Ler, escrever, passear, sobretudo para ilhas, jardinar… pasmar perante paisagens que me trazem palavras…

Quais seus próximos projetos literá-rios? Pensas em publicar um novo livro?Manuela Barroso - A par de traba-lhos ligados a publicação de livros, tenho convite da Editora para publi-car um livro em dueto que está em fase de acabamento e para publicar ainda este ano. Um desafio… Tenho material para vários livros. Além de Poesia e Prosa Poética, Divagações, Conto e…Cozinha…Mas não tenho pressa. O tempo avisar-me-á….

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal?Manuela Barroso - É uma lacuna enorme a divulgação do que se vai escrevendo. As editoras só sobre-vivem com grandes tiragens de co-nhecidos autores. Os livros, são ca-ros para os menos privilegiados.O interesse pela leitura é muito pouco numa época em que não é exigido o mesmo esforço de antes. Tudo está muito facilitado com consultas re-lâmpago na net. As bibliotecas têm aqui um papel fundamental. Falta a curiosidade por saber o pensamento que se cruza em diversos domínios.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Es-critor, muito bom conhecer melhor a escritora Manuela Barroso, que mensagem você deixa para nossos leitores?Manuela Barroso - Quero renovar o meu agradecimento por esta oportu-nidade. Foi sempre através dos mo-vimentos literários que a política e sociedades tomaram outros rumos. Nós vamos, a mensagem fica. São as nossas memórias e as nossas expe-riências, possíveis alavancas para o progresso das gerações futuras. Que a Sociedade de hoje dê mais valor à mulher, não só pelo papel que lhe cabe como mãe, mas na política e so-ciedade com o respeito e a dignidade que já foram antes, só miragens…Vale a pena lutar pelo que acredita-mos a bem da Humanidade.

Muito Obrigada.

Page 12: Revista Literária da Lusofonia

12 Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013

Page 13: Revista Literária da Lusofonia

Maria de Fátima Borges Veloso nasceu na Natural de Vila Real, Manuela Matos cedo saiu da sua terra para demandar outras paragens. Frequentou o curso de Filosofia, de que desistiu para enveredar pelo desempenho de uma profissão. Atualmente reside em Mafamude – Vila Nova de Gaia. Leitora assídua de obras poéticas, tem reforçado esse gosto pela imersão em vários momentos onde a poesia é o mote, participando em tertúlias, sessões de leitura e apresentação de obras, até que um dia optou também por “saltar” para o lado de lá da obra, o de autora, publicando em março de 2010 o livro “PEDAÇOS DE LUA”. É um volume com 90 páginas, onde Manuela Matos demonstra os seus inspirados dotes poéticos. Privilegiando a poesia livre, a autora também faz incursões pelo soneto, versificando sobre temática variada. A sua alma sensível e criativa liberta-se nestas páginas, partilhando com os leitores o seu sentir, a sua visão poética, os seus pedaços de lua.

“Nossas palavras são mais poderosas do que imaginamos. Podemos influenciar alguém a seguir seus sonhos ou a desistir deles. Esse é um poder que todos temos sobre aqueles que amamos - O poder de auxiliar ou de magoar - O poder das palavras.”

Boa Leitura!

Entrevista escritora Manuela Matos

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Manuela Matos, para nós é um prazer poder contar com sua participação no projeto Divulga Escritor. Conte-nos quem é a escritora Manuela Matos, além de es-crever quais são seus hobbies? Manuela Matos - Obrigada Shirley, eu também agradeço pela oportunidade que me deu ao conceder-me esta en-trevista. Trabalho como administrativa numa empresa já à alguns anos. Gosto de tudo o que seja calmo, como cami-nhar junto ao mar e ouvir os sons da natureza numa noi-te quente de verão. Gosto também de conviver, mas não sou adepta de confusões. Prefiro receber pessoas amigas em ambientes familiares. Desde a minha infância sempre apreciei a leitura. Costumava ir à biblioteca requisitar livros e raramente dormia sem ter chegado ao último capítulo. Muitas vezes o meu pai desligava-me a luz, então, para que ele não desse conta, ia para a janela do meu quarto ler à luz da lua. Penso que herdei dele, tanto o gosto de ler como de escrever, mas não me considero propriamente uma escrito-ra, eu diria antes uma sonhadora...

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 13

Page 14: Revista Literária da Lusofonia

Quando surgiu a ideia de publicar o livro e porquê este título “Pedaços de Lua”?Manuela Matos - Ao longo da minha vida sempre escrevi, dando preferên-cia à poesia, mas a ideia de publicar o livro surgiu quando em setembro de 2009, a convite de uma amiga, tam-bém autora, participei no IX Encontro Nacional de Poetas no Gerês. Nesse encontro conheci um escritor e jorna-lista Dr. Altino Cardoso que após ler alguns textos me incentivou a editar o livro. Conheci também um dos or-ganizadores do evento, o poeta Jorge Vieira, grande dinamizador da poesia na cidade do Porto, que me encami-nhou para a editora. Consegui alguns patrocínios e, seis meses depois foi o lançamento na Junta de Freguesia de Mafamude – Vila Nova de Gaia. Em re-lação ao título, foi muito simples... A lua em pedaços que é também título de um dos poemas, pode simbolizar a nossa vida em fragmentos. Cada pe-daço pode ser reciclado, encaixado, utilizado, mas para isso é necessário juntar todos os pedacinhos que apa-rentemente já não servem para nada e dar-lhes uma forma harmoniosa e atrativa! (Fragmentos, estilhaços/ Es-palhados pelo chão,/ Pedaços de lua no meu coração,/ Pedaços de mim... (…) Vou perfumar cada pedaço/ Com aroma de alfazema/ E aspirar o suave néctar/ Antes que o sol acorde/ E es-trague o poema!...) Quais, escritores, são as suas refe-rências literárias? Por que eles se tornaram uma referência para você? Manuela Matos - Rosa Lobato Faria, Manuel Alegre, Sophia de Mello Bry-ner, Florbela Espanca, Miguel Torga, David Mourão Ferreira, José Régio, Eugénio de Andrade, Paulo Coelho, Fernanda de Castro, entre outros. Cada autor tem o seu próprio estilo,

mas o poeta de certa forma é uma “esponja” que absorve mesmo que inconscientemente o estilo e a for-ma de escrever de outros poetas. Quanto mais leio mais desejo sinto em escrever.

Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas? Manuela Matos - Todo o público em geral. Preocupo-me com os outros, com a injustiça e com o mal que acontece à nossa volta; por isso mes-mo, a minha necessidade de fuga de evasão e de refúgio na poesia, onde de certo modo deixo soltar as pala-vras e as emoções. Quando se escre-ve o que nos vai na alma, consegui-mos transmitir de uma forma mais pura e objetiva todo o sentimento que nos move. Para mim escrever é uma terapia, pois deixo a minha mente vaguear e dessa forma quase que me abstraio de tudo o que me rodeia. Nossas palavras são mais po-derosas do que imaginamos. Pode-mos influenciar alguém a seguir seus sonhos ou a desistir deles. Esse é um poder que todos temos sobre aque-les que amamos - O poder de auxiliar ou de magoar - O poder das palavras. Quero usar meu poder para encora-jar as pessoas. Um livro depois de editado já não é nosso, é do público, é de toda a gente!

Que temas você aborda em seu livro “Pedaços de Lua”?Manuela Matos - De tudo um pou-co: saudade, nostalgia, esperança, poemas de intervenção, Deus e o infinito. Realça em toda a obra uma constante ”fuga” de um mundo em conflito onde proliferam injustiças sociais, (cujas principais vítimas são as crianças e os idosos), para algo

melhor, algo que todo o ser humano deseja. Um dos poemas com o títu-lo Do Outro Lado da Rua, fala disso mesmo e foi incluído no livro “Camas de Papelão” de Álvaro Bastos, que lidera um projeto de apoio aos sem--abrigo do qual também faço parte.

DO OUTRO LADO DA RUADo outro lado da ruaHá meninos com olhos rasgadosHá mães com olhos molhadosHá gente com sonhos frustrados...Do outro lado da ruaHá tristeza e solidãoHá famílias sem pãoHá vozes que gritamE há vozes que calam...Tanta coisa aconteceDo outro lado da rua!Há pessoas que cantam chorandoHá outros que choram cantandoHá multidões que adormecem so-frendo...Do outro lado da ruaPodia ser a minha vida e a tua!Ali do outro ladoOnde há braços cansadosPlanos adiadosE seres humanos à esperaDe serem amados... Que meios utiliza para a divulgação dos seus poemas? Manuela Matos - Para divulgação dos meus poemas, costumo parti-cipar em vários eventos, nomeada-mente no Encontro de Poetas no Gerês que é anual, no Clube de Avós e Poetas, na Casa da Cultura em Vila Nova de Gaia, mais conhecida por Casa Barbot. Estive também na Feira do Livro em Ermesinde e no Porto. Escrevo ainda nos sites Escritartes, Luso-Poemas e Solar de Poetas.

Quais seus próximos projetos literá-rios?

14 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 15: Revista Literária da Lusofonia

Manuela Matos - Continuar a cola-borar nas antologias e “ganhar cora-gem” para a edição do próximo livro que praticamente já está escrito. Falta acertar os pormenores com a Editora, e talvez saia no início do pró-ximo ano.

Onde podemos comprar o seu livro? Manuela Matos - - Esteve à venda na Fnac em Santa Catarina no Porto, de momento só através da www.ber-trand.pt, www.wook.pt ou pedindo para o meu email: [email protected].

Quais as melhorias que você ci-taria para o mercado literário em Portugal?Manuela Matos - Não fica barato publicar um livro. Atualmente com o auxílio da internet e o apoio de di-versos sites e redes sociais está um pouco mais simplificado. Também é possível publicar na Bubok a um preço muito acessível. Em média em Portugal são editados cerca de 40 livros por dia, mesmo assim há sempre algo a melhorar. Eu diria aos editores que invistam em quem real-mente tem talento suportando parte dos encargos, implementando desse modo bons autores.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua par-ticipação, muito bom conhecer me-lhor a Escritora Manuela Matos, que mensagem você deixa para nossos leitores? Manuela Matos - Shirley, quero de-sejar muitas felicidades para este projeto. É uma forma simpática de divulgar quem realmente gosta de escrever chegando a um públi-co que está fora do nosso alcance. Como mensagem final, gostaria de deixar um apelo: exercitem o gosto

pela leitura, pois um país só evolui quando as pessoas se cultivam, e fi-nalmente, nunca desistam dos vos-sos sonhos. Como diz o poeta Antó-nio Gedeão na sua “Pedra Filosofal”, o sonho comanda a vida… e sempre

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

que um homem sonha, o mundo pula e avança…

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 15

Page 16: Revista Literária da Lusofonia

16 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 17: Revista Literária da Lusofonia

Entrevista escritora Maria de Fátima Soares

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Maria de Fátima Soares, mora em Lisboa, escreve desde adolescência, quando criança fazia vários projetos que professores de português elogiavam. Ganhou um concurso de poesia para pais e alunos no gênero de poesia. No decorrer do tempo recebeu uma menção honrosa, em concurso de poesia Alencriativos e um primeiro lugar num passatempo também levado a efeito por eles. Está sempre escrevendo em seus blogs com muito gosto e empenho. A escritora gosta de fazer parcerias com outros escritores e tem várias participações de poesia em colectâneas e também em blogues além das suas próprias obras de romance, poesia, infantil e infanto-juvenil.Em entrevista ao projeto Divulga Escritor, a escritora fala um pouco sobre sua carreira Literária, seus projetos e seus livros.

“Dá-se crédito e cobertura aos nomes sonantes, e por vezes não merecedores. Há muito, por exem-plo: Quem escreva hoje em Portugal e nem saiba escrever, mas peça a alguém que o faça, tendo grandes tiragens. Basta ser uma figura públi-ca, ou ter contactos.”

Boa Leitura!

Escritora Maria de Fátima Soares, para nós é um prazer contar com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que a motivou a ter o gosto pela escrita? Em que momento você se sente mais inspi-rada a escrever?Maria de Fátima - Olá, Shirley, o prazer é meu. Bem, direi que o gos-to por escrever nasceu muito cedo. Na escola, evidenciava um enorme gosto pela escrita e muita imagina-ção. Alguns trabalhos meus, compo-sições e um “livro/projecto,” foram expostos por professores, o que me incentivava. Foi responsável por esse desenvolver de vontade. Ao longo da

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 17

vida fui reparando, que a caneta e o papel viajavam comigo. Tudo servia para traduzir sentimentos. Na ado-loescência como sabe, temos neces-sidade de extravasar e poder fazê-lo em silêncio, dizendo muito era bom. Ainda hoje constitui uma boa tera-pia, a par do hobbie. Não tenho mo-mento definido para escrever. Até de noite acordo. Rascunho-o se algo me parece importante, válido. Nor-malmente nas horas mortas é quan-do gosto mais de o fazer.

Hoje você tem um grande número de livros publicados em diferentes segmentos: romances, infanto--juvenil, fantástico/ficção, poesias. Como foi surgindo estes diferentes

Page 18: Revista Literária da Lusofonia

gostos literários e o que a influen-ciou a ter esta diversificação de te-mas publicados?Maria de Fátima - Sinceramente, gosto mais de escrever ficção. A po-esia no entanto, é inata em mim. Lembro-me de escrever poemas, sempre. Já o gosto pela história infanto-juvenil nasceu, aquando o nascimento das minhas filhas. Am-bas têm um livro de histórias, que escrevi para cada uma, quando nasceram. Daí fui adorando fazê-lo. Adoro crianças e jovens. Eu própria ainda me custa capacitar da idade que tenho. Gosto muito de privar com jovens, conhecer as suas ideias, problemas. Ouvi-los, tentar compre-ender os seus sonhos, incentivá-los. Dar-lhes noção que avida é bonita, só com fazes menos doces, mas ca-be-nos transformá-la em algo digno de ser uma boa história também. A nossa! O Romance… É porque sou romântica incurável. Mas tenho à vontade em tudo.

Escritora Maria de Fátima, qual o li-vro que demorou mais tempo para ser escrito e publicado? Conte-nos um pouco sobre ele.Maria de Fátima - Na realidade, dois! Estão escritos, revistos. Um já foi proposto a uma editora e aceite, mas na altura tive um problema de saú-de. Deixei-o para trás. Ironicamen-te devido ao problema tido, fiquei muito tempo fechada em casa. Imo-bilizada e escrevi muito. O outro, é ainda o quarto volume duma trilogia já publicada, que foi sendo adiado. Um dia hei-de publicá-lo, reintegran-do a trama anterior resumida para recordar, e fazendo-o livro único, mas encadeando tudo. Na verdade, escrever como escrevo e o fiz nessa altura, produziu mais dois livros pu-blicados, outros dois, que também

estão a aguardar. Curiosamente vou dando lugar a coisas novas, poesias, colectâneas, mas não os esqueço. Estão prontos! É só voltar a apostar neles. Os temas agradam-me ainda, portanto. Todos são romances.

Qual o livro que demorou menos tempo para ser escrito e publicado? O que a motivou a escrever de for-ma mais intensa que os demais li-vros escritos? Que temas você abor-da neste livro?Maria de Fátima - Os dois publica-dos, que foquei atrás. Ao contrário dos que ficaram pelo caminho e es-crevi, na mesma época. Escrevi es-tes num correr de pena. Num gozo imenso. O desafio foi posto pelas mi-nhas filhas, de que não seria capaz. É ficção, pura! Versa o tema já “exaus-to” dos vampiros. São livros grandes, muitas páginas. Muito diferentes na linguagem e linha, do que costumo levar adiante. Como digo, adorei. Te-nho-os todos (aos meus livros) como filhos. Gosto de todos! De Ascensão e Queda, Conflito e Retaliação, Pena Suspensa, anteriores. Outros menos

é lógico, mas estes, são um gênero de filho “preferido.” Uma história que poderia acontecer, se existissem, a qualquer de nós. Uma grande luta do personagem masculino até acei-tar (por amor) algo que vai contra to-das as suas convicções, até ficar em paz.

De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?Maria de Fátima - Normalmente nas sessões de apresentação. Nas livra-rias em que a estiveram à venda, a pedido poderão ser adquiridos, tam-bém. Na Wook alguns. Outros pes-soalmente, com autógrafo ou junto das próprias editoras. Mas não faço grande divulgação do trabalho, fora os períodos mais importantes em que acontece mesmo a publicação. Acho que é um dos grandes males do nosso país, quando o autor não é co-nhecido. Não lhe é dada tanta cober-tura, como alguém de vulto. Não sei se no Brasil também acontece, mas em Portugal é muito mau esse apoio.Tenho três blogs um de prosa e as-suntos generalistas http://convence-

18 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 19: Revista Literária da Lusofonia

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

-me.blogs.sapo.pt e um de poesia http://verniznegro.blogs.sapo.pt e o dos meus livros onde tenho sinopses e comentários http://omeueudepa-pel.blogs.sapo.ptOnde podemos comprar os seus li-vros?Maria de Fátima - Basicamente como expliquei. Por meu intermédio e jun-to da editora. Ou nas livrarias que os representam. Nomedamente a Ber-trand, a Barata. Editorial Minerva. Editora Papiro. Mas pedidos a mim, também já tenho feito chegar muitos, ao destino, inclusive ao Brasil. Podem ser adquiridos também na Bubok.

Quais seus próximos projetos li-terários? Pretendes publicar um novo livro?Maria de Fátima - Sim! Tenho agen-dado um (vamos ver se dá) para apresentar antes do Natal, mas no próprio mês de Dezembro. Outro de poesia, de que falta acertar detalhes. E ainda uma produção “própria,” com caracter humanitário, que que-ro levar adiante se tiver tempo. Pelo meio estão alguns concursos de po-esia a que pretendo concorrer, uns por convite, outros que por norma que vão acontecendo. E muito mais se calhar. Estou também a participar numa outra colectânea de contos e poesia de Natal. Parar de escrever, para mim, não é uma hipótese. Terá de haver um motivo muito forte para desistir, ou esmorecer.

Quem é a escritora Maria de Fáti-ma Soares? Quais seus principais hobbies?Maria de Fátima - É uma pessoa mui-to simples, mas de caracter muito vincado. Independente. Alguém que se incomoda com o que se passa no mundo. Desigualdades de classes. Tenho opinião e expresso-a, ainda

que possa não ser conveniente. Sou uma pessoa dócil, possa não parecer. Disponível, para ajudar quem quer mostrar o seu dom. Tiro prazer não só das minhas pequenas conquistas, mas das dos outros e mostro-o. Po-rém, não gosto de pessoas que não me olham nos olhos. Não escutam quando falamos. É uma forma de es-tar minha. Os meus hobbies? Ler. Es-crever, obviamente. Música, não vivo sem ela. Dança. Desenho. Trabalhos manuais. Cinema. Filatelia. Passear junto ao mar. Fonte inesgotável de inspiração e paz. Um complemento o mar. Muito importante especialmen-te no Inverno. Alguma, muito pouca, televisão.

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal?Maria de Fátima - Como já frisei: A comunicação social e mesmo a co-municação entre editoras e o mer-cado nacional, ou exterior, é muito deficiente. Dá-se crédito e cobertura aos nomes sonantes, e por vezes não merecedores. Há muito, por exem-plo: Quem escreva hoje em Portugal e nem saiba escrever, mas peça a al-guém que o faça, tendo grandes ti-ragens. Basta ser uma figura pública, ou ter contactos. Publicar também é difícil. Caro! Como são os livros para se adquirirem, e os acho de preço inflaccionado. Há muita gente nova com muito boas hipóteses. A escre-ver muito bem, que devia ser apro-veitada. Não, é! Os mais velhos tam-bém não são vistos com o carinho e respeito devido. Mesmo os grandes autores consagrados! É a minha opi-nião. E uma pena muito grande.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Es-critor, muito bom conhecer melhor

a Escritora Maria de Fátima Soares, que mensagem você deixa para nos-sos leitores?Maria de Fátima - Uma que penso muito importante. Leiam. Muito. Não deixem de o fazer. Ler é viajar. Ter uma outra vida, ser quem qui-sermos. “Falar” com pessoas que já desapareceram há séculos e ain-da estão a fazer-nos interagir, hoje, com elas e o tempo em que fizeram as suas histórias. Mais importante que ler! Escrevam. Se gostam, nunca desistam por mais entraves que vos ponham. Tentem aprender com as criticas más. Não as levar a mal. São elas que nos fazem crescer. Sejam tenazes, mas humildes. Um dia? Os vossos sonhos, realizam-se. Depois de tudo isto… Só o meu bem haja a todos. A si também, Shirley pelo seu trabalho importantíssimo e por esta entrevista. Tudo de bom!

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 19

Page 20: Revista Literária da Lusofonia

20 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Pense Literatura Jonatan Santos

Estudar a literatura pré-mo-dernista é lidar com duas faces distintas, a tradição e a inovação pela denún-cia e crítica social. Esses

lados mostram um período literário no plano dos contrastes, uma lanter-na que ilumina para frente e outra que ilumina para trás; isto é, a litera-tura que contesta e outra literatura que só romanticamente emociona.

Em literatura que contesta, podemos destacar a obra limabar-retina que tanto denunciou o lado suburbano do Brasil no início do sé-culo XX, as falhas da sociedade ar-rivista, os defeitos dos políticos da Guanabara, deputados prestes para subir de cargo não por causa de um voto democrático legítimo, mas por causa do apadrinhamento de pisto-lões que o abraçam por fazer parte da família. Em Recordações do Es-crivão Isaías Caminha temos a ima-

gem dos jornalistas, que também não escapam da lente caricaturista do narrador limabarretiano, eles são verdadeiros corruptos e hipó-critas que topam tudo por dinheiro, isso se mistura ao ambiente precon-ceituoso da redação em que Isaías trabalha.

Também pela denúncia social Os Sertões de Euclides da Cunha, este que fora, pela redação de O Estado de São Paulo, o porta-voz da resis-tência de Canudos. Daí se revela a realidade das injustiças sociais, as condições de vida são postas à pro-va, à favor da luta por melhores di-reitos de cidadania.

A outra face do pré-moder-nismo, a de tradição, são textos poéticos fechados na moldura de marfim, daquele marfim parnasia-no que tem seu termo intitulado ‘aguado’ pelo modernista Bandeira. Começando pelo trio parnasianis-

ta, Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira, a poetar pela forma milimétricamente contada a expressão que emite um sentido a se comunicar: a forma; isto é, a for-ma pela forma. Há portando um fe-chamento sem resistência correla-cionada pelos problemas sociais de fora; trata-se portanto de literatos adormecidos, sem a vantagem de fazer o leitor pernoitar incomodado pelo o que leu.

Eis aí a diferença entre as faces do Pré-modernismo, uma face en-gessada por lições de poéticas tradi-cionais, e outra que se problematiza no interior das narrativas limabarre-tianas e euclidianas através dos cho-ques apresentados ficcionalmente, criando situações que exigem, por parte do leitor, não só o apreço pela forma em que se compõe a obra, mas a reflexão diante dos embates de valores dessa sociedade.

As faces do Pré-Modernismo

20 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 21: Revista Literária da Lusofonia

Entrevista escritorAndrews UlissesAndrews Ulisses nasceu em 1995. Atualmente reside na pequena cidade de Votorantim, São Paulo. Aos dez anos começou a criar histórias em quadrinhos e aos dezesseis decidiu ser escritor. Membro da Literarte- Assoc.Inter. De Escritores e Artistas foi agraciado com o troféu “Prêmio Diamonds of arts and education” Viena/Austria e troféu “Prêmio Intercultural Latino-Americano de Cultura” Rosário/Argentina. Faz parte do Catálogo Artístico bilingue Literarte 2013. Estudante de engenharia de computação, cinéfilo e gamer que aprecia viajar para conhecer novas culturas e costumes.

“Tento passar para os leitores valores fundamentais para a conquista de uma verdadeira amizade, a importância da família e os desafios que temos que enfrentar para alcançar nossos objetivos.”

Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Andrews Ulisses, para nós é um prazer contar com a sua participa-ção no projeto Divulga Escritor, conte--nos você começou a criar histórias em quadrinhos aos 10 anos, o que criava? Andrews Ulisses - Shirley, primeira-mente quero agradecer pela oportu-nidade. Bem, desde muito pequeno fui incentivado para a leitura. Mi-nha irmã e eu tínhamos aos montes aquelas revistas de desenhar e colo-rir, revistas em quadrinhos e histó-rias infantis e isso era o nosso passa-tempo e diversão mesmo, então fui aprendendo a rabiscar figuras, criava as historinhas e desenhava em papel sulfite, logo que ganhei um computa-dor busquei por programas próprios para desenhos, mas sentia muita di-ficuldade por falta de conhecimentos técnicos. Já havia criado uma “his-

torinha” sobre um garoto de nome Garley, e já tinha suas característi-cas, então percebi que tinha maior facilidade e gostava mais de escrever para os quadrinhos do que desenhá--los. Esse foi o estopim para eu co-meçar o meu primeiro livro, e usei o mesmo personagem “Garley”, como personagem principal.

O que o motivou a escrever um livro aos 16 anos?Andrews Ulisses - Além de desenhar, também sempre gostei muito de ler livros principalmente os de fantasia. Adorava ler os livros da série de Har-ry Potter, e também Percy Jackson e muitos outros. Então resolvi escrever o meu próprio livro como uma forma de desafio, e também porque queria me tornar famoso e rico. É claro, que hoje vejo isso de maneira muito mais realista, más não impossível.

Como foi a escolha do titulo “A Ilha de Kansnubra e o portal perdido”?Andrews Ulisses - Escreví toda a história, relí, reescreví diversas ve-zes, e não tinha o título. Me senti feliz com o resultado e achei que já estava pronto para a revisão e já era a hora de enviar para as editoras. Precisa-va evidentemente de um nome, eu queria que fosse impactante, surgiu espontaneamente, falei para alguns familiares, que gostaram de imediato, mas eu já havia decidido e então não pensei muito não! E ficou assim “A Ilha de Kansnubra e o portal perdido”

Quais os principais personagens que você criou para o seu livro? O que lhe inspirou a escrever sobre estes personagens?

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 21

Page 22: Revista Literária da Lusofonia

Andrews Ulisses - Garley, o persona-gem principal, é um garoto solitário e perseguido em seu ambiente escolar, até o dia em que vê sua vida mudar radicalmente ao ser teletransporta-do para a fantástica Ilha de Kans-nubra , lá ele encontra amigos que o ajudarão a retornar para sua casa. Aldrich, um homem inteligente, co-rajoso e bondoso é o guardião da principal cidade de Kansnubra “ Ca-rolinda”. Jorge e Alix nativos da Ilha , são jovens e se tornam os melhores amigos de Garley. Jonny e Laura que são os pais de Alix e que também ajudam na busca pelo portal. Esses personagens tinham que ter em co-mum, algumas características que seriam fundamentais para o laço de amizade criado. Eu os criei pensando nos valores que foram passados para mim, pela minha família.

Andrews onde podemos comprar o seu livro? Andrews Ulisses - O livro “A Ilha de Kansnubra e o portal perdido” pode ser adquirido em diversas livrarias, sites, site da editora Novo Século, no site do livro e também diretamente no meu e-mail : [email protected] http://ailhadekansnubra.com.br/ https://www.facebook.com/AIlhaDeKansnubra?ref=hl.

Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas?Andrews Ulisses - O livro é uma obra de ficção direcionado ao pú-blico infanto-juvenil, mas também para adultos de qualquer idade que gostem de viajar no imaginário, en-fim que apreciam o gênero fantasia. Tento passar para os leitores valores fundamentais para a conquista de uma verdadeira amizade, a impor-

tância da família e os desafios que temos que enfrentar para alcançar nossos objetivos.

Andrews, de que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?Andrews Ulisses - Para divulgar meu livro é bastante complica-do, por ser o primeiro, e eu um autor desconhecido. Faço tudo o que está ao meu alcance, pes-quiso meios de divulgação na in-ternet, faço parcerias com blogs literários o que tem me ajudado muito, faço doações para biblio-tecas, uso sites de relacionamen-tos como facebook, e até mesmo pago para aparecer em revistas e jornais que apoiam e trabalham duro para divulgar novos escritores no Brasil e exterior, o que na minha opinião é bastante válido.

Quais os seus principais objetivos como escritor? Pensas em publicar um novo livro?Andrews Ulisses - Tomei gosto pela escrita, claro que vou continuar es-crevendo, e talvez até tente outros gêneros. Sinto vontade de escrever livros de suspense e terror, fui acho que sou ainda muito medroso, já so-fri muito com isso e preciso colocar pra fora todos os monstros que ater-rorizaram minha infância, frutos da minha imaginação.

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil? Andrews Ulisses - Sou muito oti-mista e acho que um pouco sonha-dor, a literatura no mercado brasi-leiro, dizem, é bastante complexo, difícil mesmo. Vejo que o mais difícil é ganhar dinheiro com livros. Quem escreve quer ver sua obra publicada, divulgada e lida. Penso que deveria haver uma maior facilidade para isso.

Não sou contra o pagar, a gente tem que comprar tudo mesmo, uma casa, um carro, uma moto, enfim, se o es-critor tem um sonho em ter algo em troca com sua criação, então por que não investir? Se a obra for boa e bem divulgada, vai ser lida e com o tempo virá o retorno. Nós os jovens brasilei-ros gostamos de ler sim, o que não gostamos muito é ter que ler livros impostos por escolas, universidades, etc. que muitas vezes não nos diz nada. Lemos o que gostamos de ler. Tudo a seu tempo.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua par-ticipação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escri-tor Andrews Ulisses, que mensagem você deixa para nossos leitores?Andrews Ulisses - Muito obrigado. Minha mensagem para os leitores: Para quem tem o sonho de escrever um livro, nunca desista, não é tão difí-cil assim, é só começar, como tudo na vida, é uma questão de querer e agir, confiar em Deus e em nós mesmos.

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

22 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 23: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • outubro de 2013 23

O ESCRITOR E A MÍDIA

Carlos Souza [email protected] - Carlos Souza Yeshua é jornalista, profissional de marketing e professor. Presta serviço de assessoria de imprensa e marketing pessoal para escritores.

Na luta em busca de espaço para mos-trar seu trabalho, atualmente os es-critores contam com um crescente número de festas literárias que têm se espalhado por várias cidades do Bra-

sil. Estes eventos são uma excelente oportunidade para os autores fazerem lançamentos, participar de mesas, recitar e ler poesias, ou mesmo apenas mar-carem presença, circularem, trocarem ideias, verem e serem vistos, além de conhecerem seus pares, tro-carem cartões, livros, fazerem contatos, pois é daí que poderão surgir novas possibilidades. Bom seria que todos pudessem participar da pro-gramação oficial, o que não é possível. No entanto quem tem um trabalho literário consistente mais cedo ou mais tarde seguramente terá seu nome circulando entre as personalidades convidadas. Enquanto este dia não chega a estratégia – como dizem alguns – é ir comendo pelas beiradas. Em muitas dessas festas é possível criar programação paralela em torno do evento, o que é uma forma de ter seu nome associado, de alguma forma, a uma marca que traz prestígio àqueles que de certa ma-neira estão agregados a ela. Na Bahia, por exemplo, as festas literárias começa-ram recentemente e, mesmo assim, já viraram tradi-ção e o autor local já não precisa mais sair do Estado para participar desse tipo de evento. As principais opções são a Festa Literária do Sertão de Jequié –

FELISQUIÉ, que realizou a 2ª edição em outubro pas-sado e se firma como o mais importante evento do gênero da “Cidade Sol” e região. Muitos dos autores baianos estavam na programação e compartilharam com o público suas experiências literárias. A Festa Literária Internacional de Cachoeira – FLICA colocou a Bahia no mapa das Festas Literárias, sua 1ª edição ocorreu em 2010 e já é um evento que figu-ra entre os mais importantes do gênero no Brasil. A cidade de Feira de Santana também conta com um evento que é importante para a circulação dos escri-tores e suas obras, a Feira do Livro – Festival Literário e Cultural de Feira de Santana, que já está na 6ª edi-ção e que a cada ano o público é maior. O Festival da “Princesa do Sertão” conta com um incentivo a mais para os estudantes, que são os vales-livro que rece-bem e possibilitam a troca por livros a custo zero. Dessa forma, ninguém precisa sair da feira com as mãos vazias. Esta ação ainda faz a alegria dos livrei-ros e escritores, uma vez que a venda é certa e a lei-tura também. Existem alguns autores que têm uma assombrosa resistência a participar de eventos, por acreditarem que talvez seja uma perda de tempo, não sabendo eles que esta presença serve para valorizar o capital social e reforçar a imagem. Fica a dica: coloque na sua agenda a data das próximas festas literárias do seu interesse e espalhe sua literatura!

Festas Literárias

Page 24: Revista Literária da Lusofonia

Entrevista escritor Davi Medeiros

Davi Medeiros Ferreira sempre quis ser escritor: aprendeu a colocar as palavras no papel aos quatro anos de idade e não parou mais.No entanto, só desenvolveu o hábito de contar histórias quase uma década depois, quando passou uma temporada na Argentina.Atualmente, ele reside na Grande São Paulo com os pais.Operação Mico-Leão é sua primeira obra concluída e publicada.

“Abordo temas sociais e psicológicos. Dentre os sociais estão a preservação das florestas, a conscientização, os cuidados que devemos tomar para que a rica Fauna brasileira não seja extinta. Dentre os psicológicos, a culpa, a ingenuidade da infância, a coragem, o remorso.”

Boa leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Davi, é um prazer contar com a sua participação no projeto Divulga Escritor, você é tão jovem, 15 anos, e já com livro publicado, conte--nos o que o motivou a ter gosto pela escrita?Davi Medeiros - Olá, Shirley! Para mim também é uma hon-ra participar de um projeto tão importante para a literatu-ra brasileira como este. O que me motivou a escrever foi, di-gamos, a solidão. Quando pas-sei uns meses na Argentina, em 2011, me senti sozinho, pois meus amigos estavam todos no Brasil e eu não do-minava a outra língua para me rela-cionar com as pessoas de lá. Então, com saudade da Língua Portuguesa e aproveitando o fato de eu sempre haver desejado escrever um livro, comecei a esboçar algumas histó-rias e a dedicar parte do meu tempo à leitura. Graças a Deus, hoje estou de volta ao Brasil e sou viciado em literatura, tanto em ler quanto em escrever. Que temas você aborda em seu livro “Operação Mico-Leão”? Davi Medeiros - Abordo temas so-ciais e psicológicos. Dentre os sociais estão a preservação das florestas, a conscientização, os cuidados que de-vemos tomar para que a rica Fauna brasileira não seja extinta. Dentre os psicológicos, a culpa, a ingenuidade da infância, a coragem, o remorso. A vida de Laura, que é a personagem principal, passa por todos esses pon-tos: foi uma criança ingênua, cresceu

sendo culpada por uma morte, teve a coragem de partir para salvar um mico-leão-dourado dos caçadores... Mas, em seu subconsciente, ela sabe que não está se aventurando pelo mico-leão, e sim para acertar as con-tas com o seu passado.

Como foi a construção dos persona-gens do seu livro? Davi Medeiros - Me inspirei em vá-rias pessoas para construir os per-sonagens. Laura, por exemplo, é ins-pirada em minha sobrinha. Porém, com o desenrolar da história, os per-sonagens vão vivendo coisas que a pessoa fonte de inspiração não viveu, e assim vão criando personalidade própria. A partir daí a história vai tomando seu rumo, que nem sem-pre era o rumo desejado pelo autor na etapa de idealização da história... Acho isso tão interessante!

De onde vem sua inspiração? Em que, ou em quem te inspiras quan-do escreves?Davi Medeiros - A minha inspiração

24 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 25: Revista Literária da Lusofonia

vem das pessoas que amo. Gosto de escrever com carinho, com amor...Tenho muito prazer em nisso. O silêncio e a luz fraca também me inspiram muito. Enfim, gosto de es-crever com calma e sossego, princi-palmente durante as madrugadas... Enquanto escrevo, tento fazer algo agradável para o leitor e para mim ao mesmo tempo, e acredito que só o carinho na escrita pode me ajudar nessa tentativa.

Como foi o processo de publicação de “Operação Mico-Leão”?Davi Medeiros - Bom, eu estava ten-tando publicá-lo havia bastante tem-po quando finalmente consegui. Ele inclusive foi aceito por uma Editora em Junho deste ano, mas para que a publicação fosse viável eu teria de pagar uma quantia enorme em di-nheiro. Então decidi esperar, até que encontrei o Clube de Autores, que é um ótimo lugar para se começar no Mercado Editorial. Eu entendo as Editoras grandes, sei que é difícil confiar num autor novato... O Clube de Autores está sendo ótimo, pois está me proporcionando experiên-cia... Espero que agora seja mais fácil para eu entrar num Grupo Editorial maior!

Davi onde podemos comprar o seu livro? Davi Medeiros - “Operação Mico--Leão” pode ser comprado em https://clubedeautores.com.br/book/151142--Operacao_MicoLeao#.UmsnR1AUuZ8 e https://agbook.com.br/book/151142--Operacao_Mi-coLeao , é só entrar em qualquer um desses sites e pesquisar o nome do livro. Aliás, quero pedir, por favor, para que o leitor mande sua opinião para o meu e-mail: [email protected]

Pensas em publicar um novo livro? Davi Medeiros - Sim, penso. Inclusi-ve, alguns meses antes da publicação de “Operação Mico-Leão” eu come-cei a escrever outra história. Concluí a escrita esta semana, e pretendo conseguir publicá-la até a metade do ano que vem. Bem, Isso dependerá das respostas das Editoras... Torçam por mim! Rs.

Qual o nome do seu novo livro?Davi Medeiros - Chama-se “Popstar – uma história de amor e fama”.

De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?Davi Medeiros - Divulgo principal-mente pela internet, através do Fa-cebook. Aliás, o projeto “Divulga Escritor” está ajudando bastante na divulgação de autores brasileiros. Muito obrigado!

Quem é o escritor Davi Medeiros? Quais seus principais hobbies?Davi Medeiros - (Risos). O escritor Davi Medeiros é um cara que tenta deixar suas histórias “gostosas” para serem lidas. Ágeis, que façam o lei-tor refletir sobre o seu modo de ver o mundo. Amo conversar com os amigos, dar risada, estudar... Meus principais hobbies são ler e escrever. É o que eu amo. Gosto muito de as-sistir televisão, também, e de ir ao ci-nema. Curto qualquer coisa que me mostre uma boa história.

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?Davi Medeiros - Algumas. A primeira coisa que eu gostaria de mudar é o monopólio estrangeiro nas nossas li-vrarias: os brasileiros preferem com-prar livros de pessoas de Londres ou de Nova York do que de autores do Brasil. Há pouco espaço para a lite-

ratura nacional no nosso país. A se-gunda coisa que gostaria de mudar é o modo como as Editoras enxergam os autores brasileiros. Elas definitiva-mente não acreditam em nós ou em nosso potencial. Atualmente, algu-mas escritoras e escritores nacionais estão mudando esse quadro, e isso é ótimo.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua par-ticipação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escri-tor Davi Medeiros, que mensagem você deixa para nossos leitores?Davi Medeiros - As mensagens que deixo são: leiam mais, acreditem nos autores nacionais e eduquem a nova geração para que tomem gosto pela leitura. Afinal, acho que o Bra-sil já está cansado de ser conhecido como um país que não lê. Foi ótimo responder esta entrevista. Parabeni-zo o projeto e agradeço a sua funda-dora, a jornalista e escritora Shirley Cavalcante. Obrigado. Agradecimen-tos especiais para a Escola Batista de Itapevi e seus membros, dentre eles Flávia Serete, que, assim como a mi-nha família, incentivou a minha obra.Sou muito grato às pessoas que gos-tam do meu trabalho, que leram ou que lerão os meus livros...Para saber ainda mais sobre mim, favor visitar: meu blog (umpontoemaisumconto.blogspot.com) , meu facebook (ht-tps://www.facebook.com/davi.me-deiros.5095) e a página de Operação Mico-Leão (https://www.facebook.com/operacaomicoleao). Até mais!

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 25

Page 26: Revista Literária da Lusofonia
Page 27: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013 27

Ana Stoppa

Panorama Cultural

Em Busca De Um Porto

[email protected] - Advogada, Pós Graduada em Direito e Processo do Trabalho, PUC/SP, Escritora, Ambientalista, Ativista Cultural

Fato é que ninguém, por mais autossuficiente que seja é capaz de viver sozinho.Como a embarcação necessita do cais para aportar, o ser humano carece de acolhimento, atenção, ca-rinho, ombro amigo.Não pense ser fácil encontrar!Definitivamente as buscas se revestem de angústia, opressão e desmedida solidão.Quando a alma busca o conforto do porto amigo já esgotou todas as reservas de paciência, da compre-ensão, da esperança e do perdão.Carente tal qual um solitário barco completamente à deriva experimenta exageradas doses de abandono.Abre as janelas – aquelas emperradas pelo pranto.Vê o cotidiano nublado, as manhãs entediantes, as noites intermináveis.Aninha-se em si mesma tentando aos trancos re-construir a paz perdida diante do arsenal de desilu-sões.Projeta-se à revelia para um mundo que não a com-preende.E pensar que tão pouco lhe bastaria para recobrar a esperança. Não há tempo.O tempo que veloz subtrai o existir – este mesmo.Silenciosa veste a máscara da alegria para ocultar a nostalgia enquanto tateia espinhosos caminhos na desenfreada busca do carinho.No jardim das desilusões vê brotar as híbridas flores do interesse, os cactos do descaso, a relva da prepo-tência, os arbustos da arrogância.

E pensar que tão pouco bastaria para recobrar a es-perança.O sofrimento ensina a alma desaprender a pedir.De início o ácido gosto das perdas deixam-na ator-doada.Empurrada pelo amanhã, resiste.Tenta se reerguer.Sonha com valores que de há muito não experimen-ta.- O amor do ser humano pelo que ele é e não pelo que tem.Não encontra respostas.Atraca aqui e acolá a regata de sentimentos para prematuramente içar as amarfanhadas velas das partidas compulsórias, sem ao menos dizer adeus.Infinitas vezes as cenas se repetem, e com isso a cada dia torna-se raro o encontro do porto seguro.Quando cerram as cortinas do cansaço a alma se vê alagada pelas águas do salgado mar dos interesses.Os portos desaparecem, o mar da rotina se mostra agitado, a vazio ganha mais e mais espaço onde ou-trora a serenidade habitava.Não bastasse tantos dissabores mostra-se impres-cindível ainda que tardiamente se aprendera dizer não, a não confiar em demasia , a driblar arota do porto da solidão, a amadurecer os verdessonhos, a cerrar as janelas das expectativas.

E pensar que tão pouco bastaria para recobrar a es-perança.

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 27

Page 28: Revista Literária da Lusofonia

Entrevista escritora Francilangela Clarindo

Francilangela Clarindo nasceu em Fortaleza / CE. Foi uma criança muito tímida e observadora. Amava ficar no quarto de seus pais, naquela cama grande de casal que a encantava, onde passava horas pensando, analisando fatos e ações, lendo e escrevendo seus poemas e reflexões. Aos domingos, gostava de ler o suplemento infantil do jornal. Aos oito anos enviou uma história para um concurso oferecido por ele e ganhou. Houve uma bela festa para comemorar o momento, e nela o lançamento de um livro. Foi a primeira vez que teve um contato direto com uma escritora, que a dedicou seu livro. Seu pai e sua irmã a acompanharam. Foi uma noite mágica! Um dia, relendo suas anotações, sentiu desejo de vê-las reunidas. E assim surgiu o primeiro livro.

“Caríssimos leitores, que tal tornarem-se também autores? Leiam mais! Escrevam mais! Exaurir-se em um texto faz a alma leve, o espírito tranquilo, a mente ativa. Vamos lá! Produzam! Mais cartas, e-mails, listas, bilhetes, cartões, resenhas, monografias, dissertações, releases, diários, artigos, livros. Leitores produzem autores. Autores, escritores. E escritores, leitores! É cíclico!”

Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Prezada escritora Francilange-la Clarindo, é um prazer contar com a sua participação no pro-jeto Divulga Escritor, conte-nos o que a motivou a ter o gosto pela escrita?Francilangela Clarindo - O que me motivou ter um gosto pela escrita foi justamente a leitura. Em casa, desde pequena, mes-mo sem ainda saber ler, folheava os livros que tinha à mãos, fazia neles minhas garatujas, meus desenhos, minhas primeiras pa-lavras. Mais tarde, na escola, ao receber os livros didáticos, lia-os logo do início ao fim. Encatavam--me as histórias contidas neles. Os diversos autores iam-me sendo ofe-recidos através dos fragmentos dos textos de seus livros contidos ali. Era tão bom! Ler, ler e ler. Depois, fui registrando meus pensamentos, minhas decepções e crises, meus re-latos e conclusões da vida, fazendo diários e poemas, tudo oriundo de horas de reflexão, pois sempre fui de pensar muito, analisar cada fato, além de conversar muito com Deus, o tempo todo assim. Você hoje tem vários livros publi-cados, conte-nos o que a motiva a escrever livros?Francilangela Clarindo - O que me motiva a escrever é o próprio ato em si, porque é muito bom escrever. E ver o resultado dos seus escritos em um li-vro é melhor ainda. E é bom para todo mundo. Mesmo sem se ter o objetivo de publicar, de ser escritor, ainda assim,

nada melhor do que este exercício. Ali-via a alma, faz você ser eloquente no pensar, falar e agir, há um encontro consigo mesmo no ato da escrita por ser você e o papel ali, uma folha em branco que será preenchida com seus pensamentos, suas reflexões, seu rela-to, o resultado de sua pesquisa, enfim, seu texto. Escrever com intenção, sem intenção, para descarregar a mente, para atender um trabalho do profes-sor, para você mesmo, para outros, seja como for, nada melhor do que es-crever, pura e simplesmente.

Escritora Francilangela, qual o livro que demorou mais tempo para ser escrito e publicado? Conte-nos um pouco sobre ele.Francilangela Clarindo - Bem, te-mos aí dois fatos a considerar. Se formos pensar em datas, da origem do primeiro poema ao último, será Uma leve, apaixonante e tumultua-

28 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 29: Revista Literária da Lusofonia

da história de amor. Mas não é que tenha demorado a ser escrito, e não é um texto em prosa. É, de fato, uma reunião de textos isolados que fui escrevendo durante 20 anos, que depois reuni-os todos em um livro, que juntos, passou a contar uma his-tória, a história do meu casamento. Mas, pensando em prosa, e tempo mesmo gasto para escrever, foi Entre Quatro Paredes, que levou 17 anos a ser escrito e publicado. É onde nar-ro a história pessoal de um aciden-te que sofri que me impossibilitou andar por um período. Foi lá, ainda acamada, que pensei nele. Foi ótimo realizá-lo!

Qual o livro que demorou menos tempo para ser escrito e publicado? O que a motivou a escrever de for-ma mais intensa que os demais li-vros escritos? Que temas você abor-da neste livro?Francilangela Clarindo - Bem, este foi Socorro, meu príncipe virou sapo. Já havia combinado com o editor a data do lançamento de um livro, mas não cheguei a terminá-lo, e vi que não o terminaria até a data em questão. Mas, já tudo organizado, pensado, não queria que não acon-tecesse. Então sentei, pensei, peguei papel e caneta, e fui escrevendo uma história sobre o desejo feminino de

encontrar seu príncipe encantado. Foram duas horas, sentar, escrever e terminar. Pronto! Já estava o livro para cumprir meu acordo com a edi-tora. E assim surgiu Wina com seus sonhos de menina, hoje uma mulher de quarenta anos, mas que tem na-quela época as suas doces lembran-ças, também as suas mazelas, que a fazem ser o que é atualmente.

De que forma você segmenta o pú-blico para quem você escreve? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas de acordo com esta segmentação?Francilangela Clarindo - Não segmen-

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 29

Page 30: Revista Literária da Lusofonia

to o público para escrever. Escrevo! O texto nasce por si. Não há esta ou aquela intenção, geralmente, salvo um ou outro, quando tenho algo mais específico em mente. Mas, em geral, nem sei o que irei escrever, vai surgin-do, e vou escrevendo. Isto mais com os poemas, que é o que escrevo mui-to. A prosa precisa ser mais criteriosa e até pode nascer espontaneamente, mas, claro, depois, precisa estar aten-ta aos fatos, ao que já aconteceu, aos personagens, ao ambiente, enfim, ao contexto de uma narrativa coerente e coesa, dependente, não isolada. E tudo me é matéria para escrever, por isto gosto já de andar com um caderninho para não perder as ideias. Muitas per-di, outras não concluí, mas estão sem-pre nascendo, borbulhando em minha mente, loucas para serem escritas.

Onde podemos comprar os seus li-vros? Francilangela Clarindo - Você encon-tra meus livros nos sites da Pastelaria Studios, Multifoco, Garcia Edizioni, APED, Clube dos Autores, Navras, Li-terarte, Cultura e Travessa. Maiores detalhes, por e-mail: [email protected]

Quem é a escritora Francilangela? Quais seus principais hobbies?Francilangela Clarindo - É tão com-plexo falar de si, e ao mesmo tempo simples. Contraditório, como a vida, as pessoas, os fatos. Isto porque não somos seres isolados da emoção, do contexto. Há algo que digo aqui que poderá ser diferente, por uma cir-cunstância, por estar fora de um con-texto, ou, até mesmo, por eu rever minhas concepções, meu ponto de vista. Imaturamente, dizemos quem somos, cristalizamos e não arredamos pé de uma imagem que fazemos de nós mesmos. Já uma atitude mais ma-

dura nos leva a termos mais cuidado, quando já muitas coisas foram feitas e tomadas de surpresa. Mas, sou uma pessoa muito temente a Deus, que o ama de todo o coração, do meu jeito. Tenho uma ligação muito forte com minha família e gosto muuuuuuuuito de conversar com meus amigos.

Quais seus próximos projetos literá-rios? Pensas em publicar um novo livro?Francilangela Clarindo - Tenho tan-tos novos projetos. Minha cabeça ferve de ideias. E penso muito em publicá-las. Quero primeiro termi-nar de publicar tudo que já tenho feito, de uma menina, adolescente, jovem entusiasmada com a vida, amor e pessoas. Depois o que vier desta nova fase, uma mulher madu-ra ( que talvez nunca crescerá!) Na verdade, amo a criança que fui, por isto lhe tenho tanto respeito e aten-ção. Crescer é tão árduo, tão difícil. A enxurrada de coisas que vivemos quando criança, aparecerão depois em forma de frustração, decepções, encontro com uma realidade nua e crua. Sonhos são desfeitos, pessoas têm suas máscaras retiradas e a vida se mostra bastante cruel com seus sentimentos, aspirações e desejos. Só mesmo com Deus para seguir.

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?Francilangela Clarindo - Ter mais lei-tores. Isto abriria o mercado para mais publicações. São interesses diferentes os dos leitores, editores e autores. Os primeiros querem sem-pre algo para ler, que os atenda em seus anseios, no que precisam na-quele momento, seja distração ou pesquisa. Os segundos, estes sim, têm o objetivo claro de um retorno de venda, comercialização da obra

para cobrir os custos e obter algum lucro. Os últimos, ai, não passam de sonhadores. Sonham com seus livros publicados, com seus textos lidos, têm uma visão poética, infantil, ilu-sória, fictícia, imaginativa como as histórias que criam. Mas o mundo é real, e assim também o é o mercado literário no Brasil. Mas, mais leitores para os inúmeros autores sonhado-res agradaria aos editores e, assim, estariam todos felizes e realizados.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divul-ga Escritor, muito bom conhecer melhor a escritora Francilangela Clarindo, que mensagem você dei-xa para nossos leitores?Francilangela Clarindo - Caríssimos leitores, que tal tornarem-se também autores? Leiam mais! Escrevam mais! Exaurir-se em um texto faz a alma leve, o espírito tranquilo, a mente ativa. Vamos lá! Produzam! Mais car-tas, e-mails, listas, bilhetes, cartões, resenhas, monografias, dissertações, releases, diários, artigos, livros. Leito-res produzem autores. Autores, escri-tores. E escritores, leitores! É cíclico! Embarquem cada vez mais neste uni-verso da leitura e escrita. Não espe-rem que alguém solicite, que surja uma oportunidade, que precisem. Vão lá junto dos textos, das páginas escritas, aprecie-os, leia-os. Vão lá junto da folha em branco e escrevam. Tornem a leitura e a escrita pontos corriqueiros em sua vida e colhas os frutos desta prática. Um cordial abra-ço a todos e nos encontramos lá nos livros. Um beijão e obrigada!

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

30 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 31: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 31Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013 31

Patrícia Dantas

Entre Ideias&Atos

Retalhos de cotidianos

[email protected] - Licenciada em História e Pós Graduação em Turismo de Base Local (UFPB), blogueira, poetisa, colunista de alguns portais e revistas eletrônicas

Entre Ideias&Atos nasceu da vontade per-manente de escrever, do delírio que não se afasta ao visualizarmos atos em nossas elucubrações interiores. Não é só transpor palavras para o papel ou no espaço branco

da página do Word, mas é infinitamente mais trocar ideias, expor algo que desaglutina ou veste o dia – é, com toda certeza, chamar o leitor para conversar al-guns assuntos que serão abordados aqui, ainda que o amigo leitor ou amiga leitora não se identifique, discor-de ou tenha alguma crítica a fazer, positiva ou negativa, estarei aqui para recebê-la, refletir e bater um papo.Pois bem. De início até desejei postar uma coluna feminina que abordasse os assuntos mais variados possíveis, que povoam o cotidiano e a alma da mu-lher, suas indecisões, suas escolhas e, interessante-mente, seu estado de certezas e incertezas do seu mundo contemporâneo, ou melhor, seu leque pós--moderno de sensações particulares.Mas, diante das inesgotáveis pautas diárias de assun-tos que se acomodam em todas as conversas para todos os gêneros e gostos, que surgem na mesa da cozinha, no reflexo do corpo e suas marcas no espe-lho do quarto e que levamos para o boteco ao final de um longo dia de trabalho, quero mostrar um dia--a-dia mais povoado de tudo o que se pode imaginar, relatado através da literatura e seus tons variados.Gostaria de falar longamente sobre algumas mulhe-res que se imortalizaram na literatura como Simone de Beauvoir, Clarice Lispector, Florbela Espanca e

Virginia Woolf. Elas sim! souberam dar o tom da vida e aprenderam desvendar as angústias femininas no diálogo, não só de mulher para mulher, mas exerce-ram influência, provaram dissabores, pensaram, ar-gumentaram e permearam a vida dos homens com seus encantos e a força das suas palavras: não tinha homem que não se rendesse!Viajavam, participavam de clubes, debates, rodas de conhecimento, escreviam para jornais e revistas im-portantes da época. Andavam sozinhas, pensavam acompanhadas, tinham homens em suas vidas, ob-servavam o mundo que flutuava com afinco aos seus redores e atraiam olhares voluptuosos que queriam se expor em seus dias como o clímax de uma peça de teatro ou uma novela dramática.Elas criaram um fluxo de consciência filosófico, polí-tico, cultural, psicológico, e acima de tudo, humano. Talvez esse fosse o meio de se afastarem da vida ou causarem um distanciamento de si para conhecerem o íntimo ainda desconhecido, irretocável ou incon-tável, pois não havia explicação, a verdade maior. E, sempre deram destaque aos temas polêmicos em suas obras: o amor, a paixão, o sentimento, o prazer, a vida, a morte e o que mais queriam com suas an-danças que se cruzavam e se multiplicavam dentro de homens e mulheres. Suas biografias autorizadas, publicadas em livros, jornais, revistas ou virtuais, es-tão aí para contar!Blog - http://intimidadesdeumaescritora.blogspot.com.br/

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 31

Page 32: Revista Literária da Lusofonia

Entrevista escritor Márcio Câmara

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Márcio Câmara de São Paulo – SP é taxista, publicou um livro sobre deficientes físicos que vivem no farol, são 7 os personagens que participam da primeira edição do livro. Em seis meses esta na terceira edição, o escritor consegue o patrocínio de empresas privadas e coloco o nome da empresa na capa do livro, já doou mais de mil livros para os personagens venderem, e o dinheiro que eles arrecadam é deles, os livros criou alternativa de trabalho para eles, pois quando chove, eles não iam para a rua ficavam em casa, após a publicação do livro encontraram a alternativa de sair e vende-los em shopping, ou nos mercados da região.

“Veja só depois do livro, tenho alguns grupos de deficientes, e todos pensam que eu também sou deficiente, sabe o porque? porque a maioria das pessoas só fazem o bem quando sentem na pele, será que preciso a gente esta no fundo do poço pra começar ajudar o próximo ou ter que passar pelas mesmas dificuldades das pessoas pra começar a ajudar, as grandes instituições, foram formadas por conta dos donos terem filhos com problemas de saúde.”

Boa Leitura!

Escritor “Márcio Câmara” para nós é um prazer contar com a sua parti-cipação no projeto Divulga Escritor. Conte-nos como surgiu a ideia de publicar o livro “Anjos de Rua”?Márcio Câmara - Depois que virei ta-

xista a seis anos, eu fiz uma divida e prometi pra Deus que se eu pagasse minha divida e nada de mal aconte-cesse, eu iria ajudar as pessoas ne-cessitadas que aparecesse no meu taxi e depois desta promessa não parou mais de aparecer pessoas ne-cessitadas no meu caminho e meus Anjos nos semáforos portadores de

32 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 33: Revista Literária da Lusofonia

deficiência físicas também, e ai veio a ideia do livro.

Os relatos apresentados no livro fo-ram escritos por você? Como foi a elaboração do livro?Márcio Câmara - Sim e toda a ideia do livro também, capa, fotos, etc. Já conhecia os personagens de vista no dia a dia, e ai fiquei uns meses em contato com eles e vendo a situação de cada um e suas necessidades, fo-ram sete personagem portadores de deficiência física que ficam no semá-foros e um morador de rua, depois arrumei alguns voluntario, na diagra-mação e revisão, capa, e prefácio e por ultimo patrocinadores.

Qual o objetivo do projeto “Anjos de Rua”?Márcio Câmara - Ajudar os perso-nagens que são deficientes físicos, arrumo patrocinadores e coloco o nome da empresa na capa do livro, depois doou 150 livros para cada personagem vender no semáforos à 20,00 reais e a grana é deles, eles se sentirem mais dignos e menos exclu-ídos da sociedade.

Quais as principais conquistas al-cançadas através do projeto?Márcio Câmara - Em primeiro lugar o reconhecimento, depois entrevista no Museu da Pessoa, na Revista Taxi edição 47, pagina 40, na radio CBN. E os personagens um reconhecimento com o publico e com a grana que os ajudaram muito. Ex: a Débora fez a primeira festinha para sua filha com uma parte da grana do livro.

Como podemos fazer para adquirir o livro?Márcio Câmara - Pelo site da livraria Cortez, procura livro Anjos da Rua e o autor: Márcio Câmara, no meu taxi

e com os personagens nos semáfo-ros em São Paulo na região da zona oeste. http://www.livrariacortez.com.br/index.cfm?i=1&pag=loja_produtos_detalhe&llivroID=275929 Facebook do autor: https://www.fa-cebook.com/digdi.camara

Quais seus próximos projetos literá-rios? Pensas em publicar um novo livro?Márcio Câmara - Publicar minha auto biografia, titulo “Modelo da Vida” Sim vários, mas dependo de editoras, que ainda não consegui.

Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas?Márcio Câmara - Todos os tipos de publico, e todas as classes sociais e pessoas que só reclamam de barriga cheia. Que você é feliz e não sabe.

De que que forma você, hoje, divul-ga o seu trabalho?Márcio Câmara - No meu taxi e no meu facebook, digdi camara.

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?Márcio Câmara - Mais oportunida-de com as editoras e livrarias que co-bram 40%.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua par-ticipação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escri-tor Márcio Câmara, que mensagem você deixa para nossos leitores?Márcio Câmara - veja só depois do li-vro, tenho alguns grupos de deficien-tes, e todos pensam que eu também sou deficiente, sabe o porque? por-que a maioria das pessoas só fazem o bem quando sentem na pele, será

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

que preciso a gente esta no fundo do poço pra começar ajudar o próximo ou ter que passar pelas mesmas difi-culdades das pessoas pra começar a ajudar, as grandes instituições, foram formadas por conta dos donos terem filhos com problemas de saúde. Isso é um alerta que não devemos espe-rar acontecer alguma desgraça em nossas vidas pra começar a ajudar o próximo. ” Quem passou por essa vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos do que eu, Porque a vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, chorou e sofreu” Vinicius de Moraes “Você não muda as pesso-as com cobranças, e sim com exem-plos”.

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 33

Page 34: Revista Literária da Lusofonia
Page 35: Revista Literária da Lusofonia

Entrevista escritor Maria Cristina Andersen

Maria Cristina Andersen, nasceu em São Paulo. Formada em engenheira química pela Escola de Engenharia Mauá, trabalha como consultora em Processo de Mudança. Escritora com três livros publicados: “Culinária Árabe”, sou coautora do livro de ficção “Reciclando Vidas” e atualmente publiquei o Energia Contaminada. Atua há mais de 25 anos como palestrante e professora no desenvolvimento de pessoas no âmbito pessoal e espiritual. Certificada em MBTI e TMP, utiliza essas ferramentas como apoio ao autoconhecimento e desenvolvimento das pessoas.

“Ao mesmo tempo, Reciclando Vidas mostra que a sociedade não joga só o seu lixo fora, mas também talentos que poderiam ser aproveitados, vidas que poderiam ser “recicladas”. Um modelo saturado, um grande desperdício que, no fim das contas, diz a essa mesma sociedade que ela também precisa ser reciclada.”

Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritora Maria Cristina para nós é um prazer con-tar com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que a motivou a ter o gosto pela escrita?Maria Cristina - O prazer é todo meu e estou muito feliz de estar contando um pouco da minha história. Quando adolescente eu tinha muita imaginação, mas não tinha o habito de coloca-los no papel e essas histórias se perderam no tempo. Resol-vi seguir a carreira de enge-nheira e isso ativou muito o meu lado mais calculista e acabei deixando de lado o meu lado fantasioso. Quan-do iniciei meu caminho na espiritualidade e meu tra-balho de ajudar as pessoas a se desenvolverem, sentir a necessidade de escrever, de contar minhas experiências e de colocar em livros o que eu ensinava. Escrevi muito, mas tudo em forma de apostilas e direcionada para os cursos que dava. Meu sonho era escrever um livro, não um livro qualquer, mas um livro que tocasse as pessoas e as ajudasse a ter uma vida melhor. Comecei a procurar al-gum curso que me ensinasse a ser uma boa escritora. Achei a Escola do Escritor, mas o curso que eu queria, não estava na grade daquele ano (2011). Um ano depois, me chama-

ram e dele tivemos como resultado o livro “Reciclando Vidas”, escrito por 12 pessoas que não se conheciam. Esse curso foi uma escola de vida e me motivou a querer ser realmente uma escritora.

Que temas você aborda em seu li-vro “Reciclando Vidas”? A quem você indica a leitura desta obra?Maria Cristina - Como disse ante-riormente, Reciclando Vidas é um

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 35

Page 36: Revista Literária da Lusofonia

livro de ficção escrita por 12 pesso-as, fruto do curso que fiz na Escola do Escritor, em São Paulo. Reciclan-do Vidas vai contar a história de dois escritores que estão em mundos di-ferentes, onde o destino vai coloca--los frente a frente e segredos serão desvendados. Mas o livro vai além: é um convite a pensar nas barreiras sociais e econômicas que nós nos im-pomos ou determinadas pelo medo. Ao mesmo tempo, Reciclando Vidas mostra que a sociedade não joga só o seu lixo fora, mas também talen-tos que poderiam ser aproveitados, vidas que poderiam ser “recicladas”. Um modelo saturado, um grande desperdício que, no fim das contas, diz a essa mesma sociedade que ela também precisa ser reciclada.

Você tem um livro “Culinária Ára-be”, o que a motivou a escrevê-lo? Que tipo de receitas o leitor vai en-contrar ao adquirir o livro?Maria Cristina - A Editora Melho-ramentos estava lançando uma co-leção que se chamava “A Volta ao Mundo em 80 receitas” e estavam procurando alguém para fazer o livro sobre Culinária Árabe. Minha mãe, autora do Culinária Americana da coleção, estava na editora e pergun-taram se ela podia indicar alguém que conhecesse a culinária árabe e que soubesse escrever as receitas. Ela disse que sua filha (eu) era ca-sada com um descendente de ára-be e que escrevia. No dia seguinte, ela me ligou e fez a proposta. Meu conhecimento sobre os pratos ára-bes era limitado, então perguntei ao meu marido (hoje falecido), se ele me ajudaria. Sob a orientação dele, fui testando e escrevendo as receitas e assim brincando e me divertindo, publiquei meu primeiro livro, que evoluiu para o “Culinária Árabe” de-

vido ao sucesso. Nesse livro, eu tive a preocupação de inserir receitas que as pessoas comem em restaurantes árabes e que gostariam de fazer em casa. Hoje são em torno de cento e poucas receitas que vão desde o kibe tradicional, passando pelo Homus, coalhada seca, até os doces como o Ataif. As versões antigas do livro podem ser encontradas espalhadas na internet. A versão mais recente, “Cozinha Árabe - Col. Som e Sabor - Com CD”, está nas livrarias, como por exemplo, a Saraiva.

Conte-nos como surgiu a ideia de publicar o livro “Energia Contami-nada”? Maria Cristina - Energia Contamina-da é fruto de um curso que dou, com o coautor Alexander, a mais de dez anos. Percebi a necessidade de ter esse assunto materializado em um li-vro, após uma palestra sobre Defesa Energética, que demos para funcio-nários de um hospital da rede publi-ca. Num primeiro momento, pensei em escrever um livro em formato

técnico, mas comecei a ter dúvidas do quanto deveria me aprofundar no assunto e o que seria pertinente colocar, então travei e não consegui ir em frente. Falei com meus amigos, hoje coautores do livro, e cada um foi dando ideias do que era impor-tante escrever e de que forma. Ani-mada com as ideias, convidei-os para escrevermos juntos. O livro evoluiu de um simples curso para uma his-tória de ficção, onde os personagens fazem o curso e aplicam, no dia a dia, as técnicas ensinadas. O objetivo foi trazer para o leitor um companheiro de jornada, que pudesse, no lugar dele, questionar os ensinamentos, aplicar e analisar os resultados das técnicas lá ensinadas.

Que temas são abordados em “ Energia Contaminada? Como você vê o mercado literário nesta área?Maria Cristina - Energia Contami-nada não é apenas uma história de ficção, é um curso que tem o objeti-vo de alertar as pessoas para a exis-tência da contaminação energética

36 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 37: Revista Literária da Lusofonia

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

e apresenta, de forma clara, uma visão das interações energéticas e seus efeitos sobre a nossa saúde e disposição. Vai ensinar, através de exercícios simples, mas eficazes, a identificar os focos de contaminação e como se “descontaminar”, se pro-teger e se preparar energeticamen-te para os desafios do dia a dia. Na minha percepção é um mercado que está crescendo e necessitando de li-vros que mostrem de forma clara e simples, as interações energéticas e seus efeitos. É importante que se ensine a por na prática, toda essa te-oria, pois só assim o aprendizado se consolidará.

Escritora Maria Cristina, onde pode-mos comprar os seus livros?Maria Cristina - O livro está sendo vendido na Livraria da Vila no Shop-ping JK, em São Paulo. Pela internet é possível adquirir o livro na Asabeça, na Cultura e na Martins Fontes. Te-mos o blog do Energia Contaminada (http://imkenergiacontaminada.blo-gspot.com.br/) , onde procuramos manter os leitores e futuros leitores atualizados e também uma página no Facebook (https://www.face-book.com/imkenergiacontaminada).

De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?Maria Cristina - No livro, em três lo-cais diferentes, colocamos o endere-ço do Blog ( ), para que o leitor possa manter contato com os escritores, ti-rar as dúvidas, fazer os cursos e saber das novidades e novos lançamentos. Divulgo meu trabalho através de pa-lestras, work shops e cursos, além do blog e do Facebook. Os cursos têm como objetivo, proporcionar ao aluno a possibilidade de praticas, sob nossa orientação, aquilo que ele aprende na teoria. Nossa maior di-

vulgação são nossos alunos, que ao porem em prática o que aprendem nas aulas e ao perceberem a mudan-ça que isso trás para suas vidas, aca-bam replicação o aprendizado, como uma corrente. Cada aluno ensina seu circulo de relacionamento e motiva outras pessoas a se desenvolverem e a se cuidarem.

Quais seus próximos projetos literá-rios? Pensas em publicar um novo livro?Maria Cristina - Tenho uma lista grande de livros que quero escrever e todos estão rascunhados. Estamos escrevendo um livro, que provavel-mente vai acabar sendo uma coleção, sobre conexões energéticas e seus efeitos, além de um romance que es-tou escrevendo com outros dois ami-gos e que está quase no forno.

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?Maria Cristina - Tem muitos escrito-res e livros realmente bons, mas que ficam perdidos pela falta de divulga-

ção e apoio. Achei fantástica a inicia-tiva de vocês de divulgarem os es-critores. Acredito que esse seja uma melhoria que deveria ser replicada. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua par-ticipação no projeto Divulga Escri-tor, muito bom conhecer melhor a escritora Maria Cristina Andersen , que mensagem você deixa para nos-sos leitores?Maria Cristina - Muito obrigado pela oportunidade e o que posso deixar de mensagem é: Nunca é tarde para cor-rer atrás de seus sonhos. Tudo é pos-sível quando a gente põe em prática aquilo que aprendeu. Junte-se a ami-gos e pessoas positivas. Mude a sin-tonia de seu pensamento e sentimen-to. Vocês não tem ideia de como isso pode mudar o rumo de suas vidas.

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 37

Page 38: Revista Literária da Lusofonia
Page 39: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 39Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 39Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013 39

Ronaldo Magella

No Café com Ronaldo Magella

AMÁ-LOS, APESAR DELES

[email protected] - Professor, jornalista, poeta, radialista, escritor e acadêmico de Pedagogia, UFPB, autor de três livros de crônicas

Narra a história da filosofia que Dióge-nes, O Cínico, andava pela Grécia Anti-ga em plena luz do dia com um lampião na mão, dizia ele estar procurando um homem de verdade, alguém virtuoso

e auto-suficiente, um homem verdadeiro. A história não conta se Diógenes logrou êxito em sua odisséia humana. Não é fácil desprezar a humanidade, quan-to mais se pensa e se convive com os homens, seres humanos em geral, mais nos assustamos com as suas ações, com o seu modo de vida e de viver. E podemos conferir isso através da literatura. No livro Os deva-neios do caminhante solitário Jean-Jacques Rousse-au, no auge e em sua plena desilusão com a huma-nidade, escreveu, “teria amado os homens apesar deles mesmos”. Antes, o filósofo escreveu, “eis-me, portanto, sozinho sobre a terra, sem outro irmão, próximo, amigo ou companhia que a mim mesmo”. Quanto mais o ser pensa e pensa-se, é um leitor do mundo e um leitor de si, mais ele se sente solitário em si mesmo, não é uma solidão de companhia, gente, pessoa, mas de espírito, de sentimento. Em Letras e jornais de Lord Byron com notícias de sua vida, citação Schopenhauer, Byron dirá, “quanto mais observo os homens, menos gosto deles”. E Arthur Schopenhauer, em seu livro A arte de conhecer a si mesmo, escreverá, “tão logo comecei a pensar, entrei em discórdia com o mundo. O mundo tornou-se para mim vazio e ermo. Durante toda a minha vida senti--me terrivelmente só. Jamais encontrei alguém que, em espírito e coração, fosse de fato um ser humano. Nada encontrei senão miseráveis sofríveis, de cabeça limitada, coração ruim, sentimentos vis”. Olhando de perto, pensando, refletindo, analisando, o que não

quer dizer criticando, culpando, acusando, apontado, julgando, mas conhecendo em profundidade os seus humanos e suas misérias, vamos compreender as fra-ses de Rousseau, Schopenhauer e Lord Byron, ou até mesmo a atitude de Diógenes em procurar um ho-mem em meio a tanto homens. Pensadores e filóso-fos pessimistas, eles foram, é bem verdade, mas não os culpo por tais sentimentos, antes a humanidade que os tornou assim. Se antes era fácil sentir asco e repulsa pela sociedade humana, hoje, com o aflora-mento do consumo, do egoísmo, do narcisismo, com a ausência de valores nobres, com o individualismo, com a fragilidade dos laços humanos, é muito mais fácil. Não precisamos ir muito longe, podemos e só precisamos apenas ligar a TV, ouvir as rádios, aces-sar as redes sociais digitais e ver, ouvir e ler o que nós seres humanos estamos produzindo. Vivemos uma época ansiosa, como disse o italiano Luca Bac-chini em entrevista à revista Época, “somos vítimas complacentes da cultura do descartável”. E dirá ain-da, “vivemos exasperadamente a filosofia do “Carpe diem”, mas numa forma distorcida e hedonista, que tem pouco a ver com o pensamento horaciano. Acho que hoje o grande drama humano é aceitar a velhi-ce ou, dito de outra forma, prolongar ao máximo a juventude. Daqui a 50, 70 anos a grama dos nossos cemitérios estará toda contaminada por botox e sili-cone”. Somos reféns de um sistema, dos nossos de-sejos, do nosso egoísmo, da nossa vaidade, do nosso tempo, da nossa época e não percebemos isto. As nossas paixões, os nossos vícios, a nossa fragilidade que teimamos por não conhecer e a encobrimos com arrogância, orgulho, prepotência, com mecanismos de fuga, como o sexo, o consumo, as drogas.

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 39

Page 40: Revista Literária da Lusofonia

Mauricio Duarte é natural de Ni-terói, RJ. Escritor, poeta, artista plástico e ilustrador, formado em Desenho Industrial – Progra-mação Visual na Escola de Belas Artes da UFRJ. Tem duas anto-logias de contos publicadas sob demanda: Conspiração Literária e Conspiração Quadrinhográfica, além das coletâneas de poemas, Poesia Brutista, Simultaneísta e Estática e Pedaços de uma vida. Concluiu o curso de Produ-ção Textual com a poeta Maria Regina Moura na editora Cantei-ros. Foi premiado pela ABD com medalhas de prata e de destaque concernentes a sua participação em salões de arte e literatura como poeta. Foi premiado tam-bém com a menção honrosa em poesia no XXXV Concurso Her-mando Continentes da Argentina.

“Gostaria de ver mais livrarias principalmente fora dos gran-des centros, nas periferias e no interior. Há um número bom de editoras no país, embora elas, muitas vezes, não deem oportu-nidades para os novos autores, mas as livrarias são muito poucas e grande parte delas, se transfor-maram em grandes megastores, esquecendo do apelo e do char-me das pequenas livrarias.”

Boa leitura!

Entrevista escritor Maurício Duarte

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Prezado escritor Maurício Duarte, para nós é um prazer contar com a sua participação no projeto Divulga Escritor. Em que momento você co-meçou a escrever, e o que costuma-va escrever?Mauricio Duarte - Comecei a escre-ver com 14 anos, mais ou menos, para um trabalho de escola. Era uma história-em-quadrinhos, como não podia deixar de ser, tudo começou com as histórias-em-quadrinhos que

eu lia muito na minha infância e ju-ventude e antes mesmo de começar a ler, pedia para minha mãe ler para mim, como ela me conta. Depois eu escrevi para um concurso também no colégio, de um romance juvenil, onde eu tirei o segundo lugar. Escrevi algum tempo após o concurso, mais um texto, um romance policial, mas esse eu joguei fora, desgostoso com o resultado. Tive um período em que eu não escrevi nada até chegar ao ano de 2003 quando eu retomei meus escritos e não parei até hoje.

40 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 41: Revista Literária da Lusofonia

Escritor Mauricio conte-nos como foi escrito seu livro de contos: “Conspi-ração quadrinhográfica . contos de inspiração neoísta” que temas você aborda em sua obraMauricio Duarte - Conspiração qua-drinhográfica foi um desdobramen-to natural do Conspiração Literária, onde eu coloco contos que abordam a realidade com um viés neoísta. No fundo, no fundo, tem a ver com a questão: como aproximar o con-ceito de Conspiração Cósmica que é um conceito alquímico, do Antigo Egito, ao do movimento neoísta, que é algo tão novo e contemporâneo? Num dos contos, Marcos, um profes-sor de literatura, tenta publicar uma história-em-quadrinhos adulta, sem sucesso. Busco relacionar, nos meus contos, a trajetória de persona-gens que estão numa encruzilhada de suas vidas com uma estética do neoísmo em narrativa. Conspiração quadrinhográfica enfoca um aspec-to editorial da HQ, de como a nossa imaginação tem sido envenenada de todas as formas pela mídia, especial-mente, nas histórias-em-quadrinhos.

Qual o foco do seu livro filosófico da arte: “Confluência dos quadrinhos na contemporaneidade . Trem de Ferro.”? A quem você indica a leitu-ra desta obra?Mauricio Duarte - Eu escrevi esse livro quando eu era aluno ouvinte do Mestrado em Ciência da Arte da UFF de Niterói . RJ. Não cheguei a completar o curso, mas isso de for-ma alguma tira o brilho do livro que discorre sobre três histórias-em-qua-drinhos famosas e de alta qualidade no meio dos quadrinhos: Arzach de Moebius, Sin City de Frank Miller e O Bebê de Valentina de Guido Cre-pax. Além da minha obra pessoal, Trem de Ferro, no final do volume. O

trabalho coloca como os quadrinhos possuem uma linguagem própria, que difere sensivelmente do cinema e da fotografia, por exemplo. E es-pecialmente como essas três obras se relacionam, mesmo sendo tão di-ferentes no tempo, no espaço e em temáticas. Indico a leitura a todos aqueles que apreciam uma boa his-tória-em-quadrinhos.

Que temas você aborda em seus li-vros de poesia? O que mais lhe ins-pira a escrever sobre estes temas? Mauricio Duarte - A poesia aconte-ceu para mim como um achado espi-ritual... estou sempre lidando com o imaginário mais lúdico e mais apto a sacolejar os leitores no que eles pos-suem em essência, questionando os ditames da própria vida. Busco além da espiritualidade, temas relaciona-dos a vida urbana contemporânea e suas contradições. A própria vida me inspira muito, com suas limitações, seus desejos e seus amores. A poesia me encanta e me faz recordar que estou vivo. Hou-ve períodos da minha vida que eu

escrevia um poema por dia, agora estou menos produtivo, mas ainda escrevo muito.

Você, hoje, usa dois nomes, conte--nos como surgiu o nome de sannya-sin: Swami Divyam Anuragi? o que diferencia o Swami Divyam do Mau-rício Duarte?Mauricio Duarte - O nome Divyam Anuragi surgiu quando eu tomei sannyas pelo OSHO, um guru india-no, que ficou famoso nos anos 1970 e 1980. Foi um marco na minha vida a devoção a esse caminho espiritual, como é até hoje. O Anuragi de hoje é mais maduro do que o Mauricio de ontem. Sei diferenciar entre o que me mobiliza para escrever um texto ou para pintar uma tela do que me mobiliza para praticar meditação, por exemplo. É importante isso, por-que muitas vezes, o autor pode se confundir entre o que é expressão do seu trabalho como artista e o que é de foro íntimo e que deve ficar re-servado à questões pessoais.

De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?Mauricio Duarte - Divulgo meu tra-balho em coletâneas de vários auto-res, digitais ou impressas, no Brasil e em Portugal. Utilizo o site recanto das letras (http://www.recantodas-letras.com.br/autores/mauriciodu-arte ) que possui a maioria dos meus textos e também as redes sociais como o facebook https://www.face-book.com/mauricio.a.duarte, twiter https://twitter.com/Anuraghi

Onde podemos comprar os seus li-vros? Mauricio Duarte - Pode adquirir exemplares dos meus livros pelo Clu-be de Autores: Pedaços de uma vida. antologia de poesia. http://www.clu-

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 41

Page 42: Revista Literária da Lusofonia

42 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

bedeautores.com.br/book/137277--Pedacos_de_uma_vida Poesia Bru-tista, Simultaneísta e Estática . poemas rebeldes. http://www.clubedeauto-res.com.br/book/37025--Poesia_Bru-tista_Simultaneista_e_Estatica Cons-piração quadrinhográfica . contos de inspiração neoísta . http://www.clu-bedeautores.com.br/book/36990---Conspiracao_quadrinhografica. Meu e-mail é: [email protected]

Escritor Maurício, quais seus próxi-mos projetos literários? Mauricio Duarte - Atualmente estou escrevendo um romance a partir do projeto do site Desafios dos escri-tores do núcleo de literatura da Câ-mara dos deputados de Brasília. O romance está no capítulo 11 de um total de 22 capítulos e é sobre No-nato, um devoto que faz uma grande caminhada da sua casa até Juazeiro do Norte onde vai assistir uma roma-ria à Nossa Senhora das Candeias. Nonato acaba se tornando santo e essa trajetória (de um dia na vida do personagem) é contada na história.

Como é o seu trabalho como artista visual? E como sua atuação como ar-tista plástico se relaciona com o seu processo de escrita em literatura?Mauricio Duarte - Para mim, pintar é deixar fluir a criação, espontane-amente. Deixar que venha a inspi-ração plena de gozos e prazeres. É assim que entendo meu movimen-to em direção às artes visuais. Para mim, é necessário deixar a arte falar através da minha pessoa, através das minhas mãos. A arte é que fala, não eu. Penso num expressionismo abs-trato, montanhas de configurações nas quais me deleito ao realizar, pes-quisando e investigando o meio que estou utilizando.

O trabalho como artista visual é f u n d a m e n t a l para que eu pos-sa ampliar os ho-rizontes da cria-ção literária e vice-versa. Hoje vivemos numa cultura imersa em imagens e signos pop, alta-mente veiculada pelas diversas mídias. Reutilizo tudo isso, em minha arte e literatura.

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?Mauricio Duarte - Parece anacrô-nico o que vou dizer, em plena era digital, mas acho importante: o nú-mero de livrarias no Brasil é muito pequeno. Gostaria de ver mais livra-rias principalmente fora dos grandes centros, nas periferias e no interior. Há um número bom de editoras no país, embora elas, muitas vezes, não deem oportunidades para os novos autores, mas as livrarias são muito poucas e grande parte delas, se transformaram em grandes me-gastores, esquecendo do apelo e do charme das pequenas livrarias. Adoro folhear livros, o contato com o livro é essencial, na minha perspecti-va. O livro digital tem o seu lugar e cada vez mais vai aparecer, mas acre-dito que devia ser dado um incentivo às pequenas livrarias e ao livro con-vencional.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua par-ticipação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escri-tor Mauricio Duarte, que mensagem você deixa para nossos leitores?

Mauricio Duarte - Gostaria de dizer que hoje vivemos um tempo real-mente singular, onde se diz justiça, mas vemos “prisão-escola de cri-mes”, onde se diz livre escolha, mas vemos “aborto incentivado”, onde se diz tratamento psiquiátrico e vemos “amontoado de pessoas sem espe-rança num manicômio”. Um tempo com contrariedades muito grandes. Para os jovens digo que o mais im-portante é cultivar uma personalida-de que valha a pena, porque perso-na vem de máscara, o som que vem da máscara, portanto que leia bons livros, veja bons filmes, assista boas peças de teatro, vá a boas exposições de arte. Até para que esse jovem, essa jovem possam transcender essa persona, essa máscara quando esti-verem mais maduros e/ou para que possam expressar-se como artistas de um modo pleno.

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Page 43: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 43Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 43Revista Divulgar Escritor • setembro de 2013 43

Leo Vieira

Mercado Literário

Apresentando a Obra

[email protected] - Escritor acadêmico em várias Academias e Associações Literá-rias; ator; professor; Comendador; Capelão e Doutor em Teologia e Literatura

Se você irá apresentar a obra nas editoras, é porque decidiu a trilha mais trabalhosa. Como foi explicado em uma postagem an-terior, o primeiro passo é o foco; por qual trilha você irá percorrer. Mas antes, o escri-

tor precisa saber de alguns detalhes notáveis. Antes de tudo, você precisa registrar sua obra na Bi-blioteca Nacional. Encaderne a sua literatura, nume-re as páginas, preencha a ficha (disponível no site) e leve junto com o comprovante do depósito e com a cópia de suas documentações exigidas no escritório da BN. Eles lhe darão um número provisório e após algumas semanas, o definitivo. Com isso, a sua obra já está segura para ser analisada pelos editores, pro-tegida legalmente de plágio.Faça uma pesquisa de editoras que selecionam obras. Evite editoras muito grandes, porque elas demoram muito tempo para responder (no caso, para dar um “NÃO”; isso quando respondem), além de receber dezenas de livros por dia. E muitos deles são descar-

tados sem sequer serem lidos. Tudo porque os auto-res também não se preocuparam em formalizar uma boa apresentação de suas obras.Outra coisa que os autores precisam saber é que os editores não são bobos e não vão dar atenção a uma carta de apresentação cheia de propostas mirabolan-tes de “divulgação” e “marketing”. Portanto seja justo e honesto porque a franqueza é a linguagem edito-rial. Sugestão: Junto com a encadernação (ou arquivo do livro digital), anexe antes da obra o esboço do proje-to editorial. Na ordem, coloque o projeto (livro xxx); autor (somente o seu nome); registro da obra; título; objetivo (romance de ficção); formato e dimensão (14x21 cm com aproximadamente 200 páginas); te-mática (“gótico lunático que pensa que é um vampi-ro”); público alvo; direitos autorais (coloque sempre “a combinar”); sinopse; e breve resumo do argumen-to, com descrição dos personagens. Depois, apresen-te a obra e por último, a sua biografia.

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 43

Page 44: Revista Literária da Lusofonia

44 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Entrevista escritora Regina Alonso

Regina Alonso é Pedagoga e escritora, nasceu em Santos-SP, em 18 de dezembro de 1942. Autora de vários livros de prosa e poesia. Escreveu com o diretor Renato Di Renzo, o texto dramatúrgico “Refavela– refazendo o sentido” e “Orfeu das Palafitas”(parceria Ong TAMTAM e Instituto ARTE NO DIQUE).Tem publicações em jornais, fanzines, antologias e revistas literárias: A TRIBUNA Santos, NippoBrasil, Caderno ZASHI SP, Gozo Celestial - Santos, Poetizando-Santos, Poetas Caiçaras BS/SP e ÒMNIRA(BA). Integrante do Grêmio de Haicai Caminho das Águas e do Grupo Poetas Vivos. Coordena o Departamento Cultural da AMBEP Associação dos Mantenedores e Beneficiários da Petros, Grupo “Café com Letras”.Coordena OUTRAS PALAVRAS, projeto literário da ONG TAMTAM.

“Ao comprar um livro não esmoreçam diante do preço, afinal, ele pode ser retirado em uma biblioteca ou emprestado de um amigo. Às vezes, o livro é mais barato que uma tarde no shopping...”

Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Prezada escritora Regina Alonso, para nós é um prazer contar com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos em que momen-to decidiu publicar seu primeiro li-vro? O que a motivou a publicação?Regina Alonso - Decidi publicar o primeiro livro, após escrever muitos poemas e acreditar que tinham algu-ma qualidade para passar ao leitor, porque receberam prêmios em con-

cursos de poesia, locais e nacionais. E surgiu “Ofício”, poemas que falam sobre o fazer poético dentro do co-tidiano viver. Ainda tinha medo de que alguns textos não fossem poesia, mas a cronista e poeta Madô Mar-tins, no prefácio, tece comparações com Adélia Prado, Cora Coralina e outras escritoras que trabalham com poemas narrativos e/ou prosa poéti-ca. Encorajei-me e a Litteris Editora/RJ editou.

Hoje você tem vários livros publica-

Page 45: Revista Literária da Lusofonia

dos em Haicai, conte-nos um pouco sobre seu livro “Santos- Natureza e Arquitetura em fotopoemas”.Regina Alonso - Este livro daria uma “novela”... Lendo e pesquisando so-bre o haicai, entendi a importância do Porto de Santos na história desse poema de origem japonesa: O haiku, na sua forma original, é introduzido no Brasil pelos imigrantes japonenes, que chegam em 1908, ao Porto de Santos, pelo histórico Kasato Maru. Quando o navio adentra a barra de Santos, Shuhei Uetsuka (Hyôkotsu), poeta de haiku e encarregado de conduzir os imigrantes a bordo, ao ver a Serra do Mar e a cascata com pouca água (o que acontece no inver-no), compõe o primeiro haicai escrito em águas brasileiras:*karetaki o miagete tsukinu imensen (Hyôkotsu)A nau imigrante chegando: Vê-se lá no altoa cascata seca. Shuhei Uetsuka (Tra-dução de H. Masuda Goga)Considerando a estreita relação do ato fotográfico e a arte de compor haicais — pois as fotos são como hai-cais, surgem na maioria das vezes de fora para dentro, de um insight, sa-tori (iluminação), estado ideal para compor haicais, ou como dizem os mestres, deixá-los se fazerem — fiz o projeto SANTOS - NATUREZA E AR-QUITETURA EM FOTOPOEMAS. Em síntese, fotografar a cidade de San-tos, em dois capítulos: um referente ao mar e outro referente à arquite-tura, estabelecendo um diálogo poé-tico com as imagens através do hai-cai. As fotografias foram tiradas por Sérgio Furtado e Tadeu Nascimento, premiados e renomados nessa arte; a Fundação Arquivo e Memória de Santos (FAMS) cedeu fotos de San-tos antiga. A edição era cara, eu não poderia arcar com esse custo; ten-

tei parcerias, pois todos se encan-tavam, mas nada se concretizava. Então o projeto “foi para a gaveta”, onde permaneceu por quase 5 anos e concretizou-se com o PROAC- Pre-feitura Municipal de Santos - SECULT 2010, quando ficou entre os 30 sele-cionados. E o livro repercutiu muito! Durante o lançamento no Museu do Café, no Centro Histórico de Santos, a fila enorme de leitores estendeu-se pelas calçadas... Lançado também em escolas municipais (Educação de Adultos - Zona Noroeste), Morro da Nova Cintra (durante o Leia Santos, junto à Lagoa da Saudade) e oficinas de haicai na Casa da Frontaria Azule-jada, o livro teve distribuição gratuita e venda, e foi para o Japão, França, Irlanda, Alemanha, Portugal, Espa-nha... Já se encontra na 2ª impressão e continua muito procurado; sempre encanta santistas e turistas, pois é um relato da nossa história em foto-poemas.

Escritora Regina, qual o objetivo do projeto “Outras Palavras” coordena-do por você em parceria com a ONG TAMTAM? Quem pode participar?Regina Alonso - O objetivo é desen-volver com todos que ali chegam, o gosto e o hábito de leitura, de forma prazerosa e com base em pesquisas, discussão de textos selecionados de livros (da nossa biblioteca e de ou-tras procedências), desmistificando a velha afirmação de que “literatura é para poucos”... Aliar à leitura pro-priamente dita, a recriação e criação de textos, estimulando a ilustração e diferentes formas de expressão, a interpretação do que foi lido, em di-versas dinâmicas: dramatização, lei-tura oral individual e coletiva; leitura com imagens e leitura da imagem, do espaço, do som, do vazio; interpretar com o corpo; buscar ainda escrever

na forma de ação (dramaturgia); in-terpretar sem falar, valendo-se do gestual; criar textos coletivos...Qualquer pessoa (de preferência, al-fabetizada) pode participar.

Hoje, você realiza oficinas de lite-ratura – poesia em Haicai, onde e como são realizadas as oficinas? Quem pode participar? A oficina pode ser realizada em uma outra cidade? Como as pessoas que dese-jam participar devem fazer para en-trar em contato com você e ter mais informações?Regina Alonso - Faço oficinas lite-rárias (haicai e outros gêneros lite-rários) no Espaço sócio cultural e educativo ROLIDEI, no Café com Le-tras- AMBEP (outro projeto que co-ordeno), no CAMPS, na ONG Heitor Ribas-São Vicente, em escolas muni-cipais, estaduais e particulares e em qualquer espaço para o qual seja con-vidada. Preparo as oficinas conforme o perfil do público, usando sempre a leitura em livros, power-point, pro-vocando a escrita de textos curtos e a troca entre todos, estimulando a publicação de antologias onde cada um vê o produto particular e o geral, vendo-se a si mesmo, aumentando sua auto-estima e o desejo de con-tinuar a ler, a crescer, a conhecer-se, tornar-se cidadão deste mundo num eterno processo de formação cultu-ral e ética. No Outras Palavras e no Café com Letras já vamos para a 4ª publicação de livros que contem-plam as produções do grupo - dia de festa, com lançamento, autógrafos e apresentação artística dos grupos.Podem participar todos que quise-rem... A entrada é franca. É só chegar ao local,no dia e hora: Rolidei- Canal 1- 3º Piso do Teatro Municipal de Santos (Leitura Dirigida: toda segun-da feira, 16 às 18h; e na penúltima

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 45

Page 46: Revista Literária da Lusofonia

terça do mês, das 19h às 21h, oficinas literárias com escritores convidados)AMBEP- Ana Costa, 259, conj 53 ( Café com Letras primeira e tercei-ra quinta-feira do mês, das 14h30 às 17h) As oficinas podem ser realizadas em outras cidades, desde que agen-dadas com antecedência.Contatos para informações e ou agendamentos -Tel (13) 3261-4481 ou [email protected]

Qual o público que você pretende atingir com o seu trabalho? Que mensagem você quer transmitir para as pessoas?Regina Alonso - Quero atingir todos: crianças e jovens, porque são os con-tinuadores... Adultos, velhos, porque nunca estamos prontos... A socieda-de, a cultura, a história estão sem-pre em mudança e precisamos ser pertencentes de fato a este mundo contemporâneo, esta aldeia global que não para, não para, como dizia o Cazuza. Minha mensagem - é no coletivo que nos vemos como pes-soa única, que nos descobrimos os mesmos e diversos, que nos torna-mos cúmplices dos outros e de nós mesmos, complacentes com as fa-lhas (motivos para nos revermos a todo instante), fortes incrivelmente fortes, porque descobrimos que não estamos sós: nos tornamos humanos sensíveis esperançosos e alegres por estarmos participando do instante... ainda, aqui e agora!

Escritora Regina Alonso, você hoje tem vários livros publicados, conte--nos qual o livro que demorou mais tempo para ser escrito e publicado?Regina Alonso - “Na ponta do laço”, contos, teve um longo processo - quase 4 anos de gestação. A poesia foi o gênero em que me iniciei. Uma escritora e amiga do PROLER dizia

que eu deveria experimentar a prosa. Comecei e todos os contos que enviei a concurso foram premiados, geral-mente em 1º lugar; quando conquis-tei o Mapa Cultural Paulista - Contos 2007/ 2008, ganhei confiança e cora-gem. O conto premiado deu nome ao livro. Escrevia num frenesi, cheia de imaginação e entusiasmo, mas quan-tas vezes rasguei, desprezei o texto ao perceber que não estava bom, veros-símil... e recomeçava. Tudo pronto, aprovado pela Editora Leopoldianum- UNISANTOS, onde a revisão e edição totalizou uns 2 anos...

Que temas você aborda em seu livro “Na Ponta do Laço”?Regina Alonso - O tema central é o homem. O livro divide-se em 5 capi-tulos: I-Da Pureza - o homem e sua ingenuidade ao vir ao mundo; II-De Amores e Desamores - o amor é um acontecimento vital, alegria de ser, mas traz ao homem, a desilusão, o outro lado da moeda; III - Do inexorá-vel - a vida é e nos pega no cotidiano viver; o homem entende que não tem controle sobre tudo (ou quase nada); IV- Das travessias - mesmo assim, te-mos que cumprir nosso destino, ou melhor, viver; fazemos escolhas (e às vezes, nem tanto), percorremos cami-nhos, fazemos travessias, como o Rio-baldo do nosso Rosa; V- Dos sonhos - e percebemos que viver só é possível através do sonho, da imaginação, da esperança; o homem inventa (sonha) para poder (sobre?)viver. Cada capí-tulo abre com um poema cujos versos são um preâmbulo para os contos. Gostaria de citar também “Circula-ridade”, poemas, que consumiram quase 3 anos, devido à exigência que me fiz de buscar uma linguagem pre-cisa, enxuta e trabalhar com o vazio, além de abrir aos leitores, “os basti-dores do poema”, ao final.

Qual o livro que demorou menos tempo para ser escrito e publicado? O que a motivou a escrever de for-ma mais intensa que os demais li-vros escritos? Que temas você abor-da neste livro?Regina Alonso - “De papoulas e sóis vermelhos” - em menos de um ano escrito e publicado. Foi um senti-mento avassalador, de poemas que sangravam paixão no sentido da própria carne e também no sentido alegórico. A criação, o nascedouro do poema; a dor que as palavras nos causam enquanto não surgem e os cuidados do poeta para encontrá--las; a ancestralidade, o mistério, a desmistificação; o mau-agouro, os milagres, e a voz da natureza; a pai-xão e as cores; o desejo e as garras; o animal que nos habita; a beleza como imperativo do existir; a cidade-

46 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 47: Revista Literária da Lusofonia

-movimento mesmo emparedada, cidade sonhada... os contrários: con-trapor-se para existir...

Que dificuldades você encontra para a publicação de livros? O que você acredita que deve ser feito para amenizar estas dificuldades?Regina Alonso - As principais difi-culdades para a publicação do livro referem-se ao alto custo de edição e ao fato de a maioria das editoras não fazerem a distribuição junto às livrarias (da cidade do autor, do es-tado ou do país). As editoras deve-riam baixar o custo, facilitar o paga-mento, dar mais apoio aos autores, interferindo junto aos livreiros para que aceitem seus livros com a nota fiscal referente à edição/compra to-tal, quando estes estão todos entre-gues à responsabilidade do autor,

pois em geral, exigem a emissão de outra com dados apenas dos livros sob consignação, obrigando o autor a novos e desgastantes contatos com as editoras. É claro que se a editora fizesse a distribuição, pelo menos durante 1 ou 2 anos, o problema se-ria resolvido ou minimizado Se o governo intensificar os Projetos de Apoio Cultural PROAC, pelos mu-nicípios e estados, tanto escritores como editoras serão beneficiados.

Escritora Regina onde podemos comprar os seus livros? Regina Alonso - Meus livros encon-tram-se Em Santos, nas Livrarias: Realejo (Gonzaga, Rua Marechal Deodoro) Porto das Letras (canal 1, quase esquina da praia); Todos os li-vros editados podem ser adquiridos diretamente comigo, através do tel (13) 3261-4481 ou por email [email protected]

Quais seus próximos projetos literá-rios? Regina Alonso - HAICAI NO BENTÔ, com lançamento previsto para a se-gunda quinzena de outubro de 2013. No livro, o tema (kigo) do poema é o próprio alimento, remetendo tam-bém ao cultivo, às tradições e à so-brevivência do homem. Embalado de forma especial, o livro tem ilustra-ções coloridas, incentivando a leitura prazerosa e atraente para o leitor de qualquer idade. Com certeza todos vão escrever seus próprios haicais, pois o tema é decorrente do nosso cotidiano viver. Meu primeiro ro-mance, sobre o poder, a submissão e a árdua e dolorida conquista da liber-dade de ser; venho me dedicando há 2 anos, está em processo de revisão e pretendo lançar em 2014.

Pois bem, estamos chegando ao fim

da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer me-lhor a escritora Regina Alonso, que mensagem você deixa para nossos leitores?Regina Alonso - Aos leitores, minha mensagem: continuem a buscar sempre... Ao comprar um livro não esmoreçam diante do preço, afi-nal, ele pode ser retirado em uma biblioteca ou emprestado de um amigo. Às vezes, o livro é mais ba-rato que uma tarde no shopping... Não se importem de abandonar um livro que não lhes agrada; vocês têm esse direito, pois devem ser críticos, sempre. Troquem por outro, outro e outro até chegar àquele que os agarre feito um ímã e os leve além, muito além da realidade — sem medo de sonhar, ousar na busca de outros caminhos e ser feliz! Agra-deço a oportunidade e parabenizo você, jornalista Shirley M. Cavalcan-te, pela iniciativa de dar espaço aos escritores, permitindo-lhes ouvir seus pares e falar de seus fazeres, numa troca que enriquece a todos. Obrigada, sempre. Abraços, Regina Alonso, Santos, setembro 2013.

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 47

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Page 48: Revista Literária da Lusofonia

48 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Literatura na Prática

Alexsander Pontes

Caros leitores, nesta edi-ção veremos os homôni-mos e parônimos. Para aqueles que não lem-bram, os parônimos são

pares de palavras que se asseme-lham tanto na pronúncia quanto na grafia. Por exemplo: - Iminente (que está prestes a acon-tecer) e Eminente (ilustre). Percebam que as palavras são ape-nas parecidas, sejam elas escritas ou pronunciadas.Já as palavras homônimas, são aque-las que possuem a mesma pronúncia ou a mesma grafia, ou ainda, podem ser idênticas tanto na grafia quanto na pronúncia, são exemplos dessas palavras: - Senso (juízo) e Censo (contagem);

- Torre (construção alta e estreita) e Torre (do verbo torrar);- São (sadio), São (do verbo ser) e São (santo). Notem que no primeiro caso as pala-vras possuem exatamente a mesma pronúncia, porém há uma pequena diferença em sua grafia. Já no segundo exemplo acontece o contrário, não existe diferença de grafia, porém percebemos uma pe-quena alteração na hora da pronún-cia, pois uma possui a sílaba tônica aberta e a outra possui a sílaba tôni-ca fechada.E no terceiro exemplo não existe di-ferença alguma, seja na pronúncia ou na grafia das palavras, no entan-to, cada uma possui um significado diferente.

Agora vamos ver como esse conheci-mento pode ser utilizado na prática:

48 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

[email protected] - brasileiro nascido em Curitiba - Paraná, formado em Letras e pós--graduado em Produção e Recepção de Textos.

Minh’alma ascendequando você me acende

Por ti eu sinto apreçoE quando estamos juntos

não me apressoAté te conhecer eu era

insipiente no amorapenas um incipiente

Consertou minha vidaConcertou nossos corações

Nosso amor é esotéricoMas procuro, sempre,

ser exotéricoAs pessoas são espectadoras

E quando nos veem se tornam expectadoras

Fui esperto quando te pedi em namoro

Agora sou experto em tiAntes o amor me parecia incerto

Até que seu amor foi inserto em mim

Seu jeito sensualCausa-me confusão sensual

Passo a passoSeguiremos rumo ao nosso paço

Uma coisa eu asserto:Namorar você foi um acerto.

Espero que tenham gostado. Obrigado e até a próxima.

Page 49: Revista Literária da Lusofonia

Entrevista escritor Rubens Silva

Rubens Silva mora em Santana, Estado da Bahia é Professor, poeta e escritor, atualmente exerce a função de Representante Territorial de Cultura no Território da Bacia do Rio Corrente, estado da Bahia. Participou da antologia Algumas Ficções, com o texto: Uma questão de fé, e da Coletânea dos melhores Contos, Crônicas e Poesias – Selecionados pela Associação Internacional de Escritores e Artistas Plásticos. É Licenciado em Letras e pós-graduado em Jornalismo Político, nasceu em Santa Maria, estado do Rio Grande do Sul.Desde os quinze anos de idade esteve envolvido com a produção de textos em panfletos e pequenos informativos nas escolas onde estudou. Aprendeu a gostar de ler e escrever muito cedo, foi alfabetizado por sua mãe. Adora histórias em quadrinhos. Como escritor tem predileção por ler e escrever contos, crônicas e poesias. O que o levou a publicar três livros: Reminiscências (contos), Modesto Memorial (Crônicas) e Pétalas de Amor (Poesias).

“Gostaria de ver o mercado literário brasileiro dando mais oportunidade para autores nacionais. Temos tantos talentos brasileiros, no entanto você entra em uma livraria brasileira em qualquer lugar do país os livros mais destacados nas suas gôndolas são livros estrangeiros ou de celebridades, artistas de televisão, participantes do BBB e jogadores de futebol;”

Boa leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Escritor Rubens Alves da Sil-va é um prazer contar com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos o que o motivou a ter gosto pela escrita?Rubens Silva - Sempre fui muito curioso, e adorava ler as revistas do Tio Patinhas, Pateta, Zorro, fotos novelas, quem não se lembra das fotos novelas das Revistas Capricho, Contigo e tantas outras? Eu brigava com mi-nhas primas e primos por causa dessas revistas. Com quinze anos de idade fui internado em uma escola administrada por irmãos maristas em Santa Maria, o Ginásio Industrial Hugo Taylor onde hoje é o Mercado Carrefour, aí aprendi a ler os autores brasileiros clássicos, fui eleito Presidente do Grêmio Literário Casimiro de Abreu. Naquele tempo as escolas tinham seus Grêmios Literários, o que me obrigou a lidar com poe-sias de Castro Alves, Fernando Pessoa, Casimiro de Abreu e tantos outros, apresentações teatrais, recitais de poesias nas salas de aula como aluno. Essa vivência com a literatura, e também as atividades profissionais que exerci obrigavam-me a ler muito. Talvez isso te-nha exercido certa influência no meu desejo de escrever e publicar meus livros.

Que temas você aborda em seu livro de contos “Reminiscências”? A quem você indica a leitura desta obra?Rubens Silva - Comecei na verdade escrevendo contos para o site Recanto das Letras, não tinha nenhuma pretensão de escrever li-vros. Alguns textos que escrevi nesse site despertaram a atenção dos leitores, comecei a receber comentários elogiosos sobre meus contos, e eu acreditei. Daí surgiu o interesse de uma Editora de Londrina no Paraná em publicar um texto meu “Uma questão de fé” onde conto histórias das benzeduras e curas proporcionadas por minha mãe. Esse conto foi publicado numa antologia de textos de ficção chamada “Algumas Ficções”, foi a minha primeira expe-riência como escritor, me senti muito feliz em ver meu texto pu-blicado em um livro. Os temas que abordo no meu livro “Reminis-

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 49

Page 50: Revista Literária da Lusofonia

cências” são histórias do cotidiano, a maioria delas vivenciadas por mim durante minha infância e juventude. Rendeu mais de sessenta contos que por interesse de uma editora de São Paulo, que me fez uma proposta ten-tadora, surgiu então o meu primeiro Livro de Contos. Indico a leitura para as pessoas que gostam de contos, que tem histórias semelhantes de vivências com seus familiares, para quem gosta de se divertir lendo.

Que tipos de crônicas você nos apresenta em seu livro “Modesto Memorial”? Conte-nos um pouco sobre este livro.Rubens Silva - Meu segundo livro já foi mais pensado, e é uma produção independente. Para publicá-lo eu uti-lizei os préstimos e a grande oportu-nidade oferecida gratuitamente pelo “Clube de Autores”. Recomendo a vi-sita a esse portal que permite a qual-quer pessoa que tenha o mínimo de conhecimento em informática a dia-gramar o seu próprio livro, além de oferecer cursos muito interessantes para quem deseja produzir seus li-vros. Como fiz com os contos que eu havia escrito no Recanto das Letras, também reuni em um livro só, todas as crônicas e dei o nome de “Modes-to Memorial” que é uma coletânea de textos escritos em forma de crô-nica sobre tudo o que me aconteceu na vida e que eu fui lembrando e es-crevendo.

O que mais lhe inspira a escrever poesias? Que mensagem você quer transmitir através de seu livro “Pé-talas de Amor”?Rubens Silva - As poesias que criei posso dizer que surgiram num mo-mento de emoção, sei lá, a inspira-ção veio e eu comecei a escrever e elas saíram assim, sem mais nem

menos. Posso dizer que não há uma receita para fazer poesias. O texto po-ético ou em prosa surge naturalmente. Eu costu-mo dizer que para mim o texto tem que provocar um “nó na goela”! (rsrs). É aquele texto que quando você termina de escrever e que você lê umas duas vezes, se emociona, e mui-tas vezes não acredita que foi você quem criou aquilo. Essa é a minha forma ou técnica para produ-zir um livro ou escrever um texto. Se ele não me provoca emoção, se ele não tem sentido para mim, escritor, o texto não presta. A mensagem que desejo transmitir a quem ler o meu livro “Pétalas de Amor” é que eles os leitores sintam a mesma emoção que senti ao escrevê-los. Só isso! transmitir emoção!

De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?Rubens Silva - Tenho feito muito esforço divulgando periodicamente meus livros nas redes sociais, e agora estou muito feliz em poder dar esta entrevista para o seu blog que é mais uma oportunidade de divulgação dos nossos trabalhos. Sua ideia foi e é brilhante dando-nos esta opor-tunidade. Também pretendo fazer a divulgação dos meus livros em breve em eventos de lançamento ou em feiras de livros.

Onde podemos comprar os seus li-vros?Rubens Silva - Meu livro “Reminis-cências” pode ser adquirido por intermédio do site: www.bibliote-ca24x7.com.br ou pelo site da Livra-ria Cultura no Brasil inteiro: www.livrariacultura.com.br assim como

pelo site: www.amazon.com é só di-gitar o nome do livro ou o autor na tela de busca e efetuar a compra sem problemas. Os meus livros “Modes-to Memorial” e “Pétalas de Amor” podem ser adquiridos no site: www.clubedeautores.com.br do mesmo modo. Os leitores também podem ainda ler meus textos inéditos em livros acessando meu site pessoal: www.rubensasilva.com ou www.recantodasletras.com.br esses sites também disponibilizam mecanismos de busca e de compra de meus livros já publicados.

Pensas em publicar um novo livro?Rubens Silva - Sim, pretendo publi-car muitos livros mais, depende da minha inspiração, e da minha trans-piração, de tempo e de condições propícias. A cabeça de um escritor vive fervilhando de ideias, projetos e emoções. De repente surge uma nova criação e publicarei no Recan-to das Letras e no meu site pesso-al. Acho que já tenho vários textos inéditos em livro e que podem fazer parte em breve de outro livro.

Escritor Rubens você hoje é Repre-sentante Territorial de Cultura do Território da Bacia do Rio Corren-te, quais os principais projetos lite-rários que são desenvolvidos pela

50 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 51: Revista Literária da Lusofonia

Secretaria Estadual de Cultura do Estado da Bahia? Temos planos para novos projetos literários?Rubens Silva - Na verdade essa função é fruto de um edital publi-cado pela Secretaria Estadual de Cultura do Estado da Bahia em que saí vencedor, concorrendo com mais quatro candidatos, e a estou exercendo temporariamente, o que posso dizer para os leitores é que a SECULT/BA está promovendo a V Conferência Estadual de Cultu-ra do Estado e em breve haverá a III Conferência Nacional de Cultura em Brasília. Nessas conferências estão sendo discutidas inúmeras propostas que visam desenvolver as políticas públicas de cultura do país o que contempla também ações de desenvolvimento na área da produção literária, do desenvol-vimento da indústria literária, ou seja, da produção de livros, dando maior oportunidade para os escri-tores baianos e nacionais.

Quem é o escritor Rubens Silva? Quais seus principais hobbies?Rubens Silva - Rubens Silva é um ho-mem normal, às vezes irreverente, teimoso, que como qualquer mortal trabalha e estuda honestamente em busca de um lugar ao sol como todos os escritores ou artistas. Acredito ce-gamente nas minhas amizades, até o momento em que por um motivo ou outro me decepcionem, e por ra-zões óbvias as descarte sem muitos sentimentos ou lamentos. Gosto de ler. Leio tudo que passa pelos meus olhos, placas nas ruas, bulas de re-médio, livros bons e ruins, os bons para aprender a escrever bem e os ruins para não repetir os erros e não ser um escritor medíocre. Sou leitor vorás de contos, crônicas e poesias. Adoro ler.

Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?Rubens Silva - Gostaria de ver o mercado literário bra-sileiro dando mais oportuni-dade para autores nacionais. Temos tantos talentos brasi-leiros, no entanto você entra em uma livraria brasileira em qualquer lugar do país os livros mais destacados nas suas gôndolas são livros estrangeiros ou de celebridades, ar-tistas de televisão, participantes do BBB e jogadores de futebol; temos hoje em dia jogadores de futebol que muitas vezes não sabem nem falar e por que publicaram um livro ou uma revistinha em quadrinhos e dispõe de recursos financeiros são membros de academia de letras. As celebridades que publicam seus li-vros são imediatamente divulgadas nos programa televisivos como se fossem umas sumidades na litera-tura enquanto temos inúmeros es-critores talentosos no país, mas que não têm recursos e nem têm influ-ência são ignorados, basta entrar na internet para encontrá-los.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Es-critor, muito bom conhecer melhor o Escritor Rubens Alves da Silva que mensagem você deixa para nossos leitores?Rubens Silva - Gostaria de dizer aos leitores que leiam, leiam, leiam cada vez mais. A leitura é muito importan-te, exercita o cérebro, proporciona conhecimento, diverte e melhora cada vez mais a nossa comunicação. Para os novos escritores eu gostaria de dizer que hoje, qualquer pessoa pode escrever e publicar um livro, a

internet apresenta milhares de op-ções e formas gratuitas de divulga-ção de seus escritos. Experimente a sensação maravilhosa que é ter seus textos publicados em livros e dar uma entrevista como a que acabo de dar para a Jornalista Shirley M. Ca-valcante. Muito obrigado pela opor-tunidade Shirley.

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 51

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

Page 52: Revista Literária da Lusofonia

52 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Francisco Mellão Laraya

A vida em [email protected] - Advogado, músico e escritor

Escrever sobre o sorrir, ou o chorar, é falar de lágrimas, pois é este o sinal que temos quando a alegria, ou a tristeza é muita.As gotas de água salgada, que brotam dos olhos, guardam a vida em si, e lembran-

do o oceano, feito também de água salgada, que guarda grande parte da vida do planeta, as lágrimas demonstram a profusão de sentimentos, a vida in-terior.Qualquer ser humano é capaz de chorar, mas em um misto de estupidez e cretinice, foi-nos ensinado que o fazer é feio.Demonstrar os nossos sentimentos é, para alguns, indesejável, tudo em uma ânsia terrível da luta pelo poder, de se demonstrar forte, e como isto nos leva a sofrer...O orgulho, a incompreensão, advém deste pequeni-no gesto de contenção para não sofrer, e levam ao

ser humano a um sofrimento ainda maior.As páginas escritas são com sangue, suor e lágrimas, por isso são lidas com atenção, ou com repúdio, dependendo do estado de humor, e dos valores de quem está a ler.Acontece que o escritor pouco sabe, ou pouco se im-porta do que vai acontecer, com o texto que está a escrever.Aí ele se torna em formador de opiniões, em um mentor de idéias, enfim no revolucionário da pena e do papel, que fazem mais barulho que o fuzil e a morte.O escritor é o revolucionário da vida, ele dá vida a pensamentos e sentimentos, transmitindo sua vida interior a quem o lê.Por isso comecei com lágrimas e termino descreven-do a mim mais um pouco, pois o melhor personagem de um escritor: é ele mesmo!

Page 53: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 53

Entrevista escritora Rosemary de Ross

Escritora Rosemary de Ross natural de Francisco Beltrão/PR, atualmente reside em Pato Branco/PR.Nasceu com paralisia cerebral, tem dificuldade de coordenação motora, o que não a impossibilitou de estudar, trabalhar e escrever. Apesar dos inúmeros obstáculos e preconceitos que enfrentou, fez faculdade de Letras. Sempre gostou muito de ler e escrever. Na atualidade, trabalha em uma empresa por meio período e faz curso de Teologia para Leigos. No outro período se dedica à leitura e à escrita. Também escreve mensagens, muitas das quais, circulam pelos meios de comunicações e principalmente pela internet, sobre os mais diversos temas. É colunista, escreve artigos sobre temas da atualidade para diversos sites, blogs, jornais e revistas do país.

“É importante ensinar as crianças a apreciar e cuidar dos seus livros. Dê livros de presente! Nos momentos de lazer, levem as crianças aos centros culturais, estimule a visita às bibliotecas, bienais e feiras literárias.”

Boa Leitura!

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Nobre Escritora Rosemary de Ross para nós é um prazer tê-la conosco no projeto Divulga Escritor, conte-nos como começou seu gosto pela escri-ta? Em que momento decidiu escrever seu primeiro livro?Rosemary de Ross - A minha vocação literária surgiu durante a adolescên-cia. Na escola, sempre tirava ótimas notas em português, gostava muito de fazer redações, escrever textos dissertativos e ler sobre temas relaciona-dos aos problemas do nosso cotidiano. Depois que comecei a estudar no período da manhã, no inicio da tarde fazia os deveres e em vez de ir brin-car com as amigas, preferia ficar lendo. A confirmação da minha vocação veio no último ano do segundo grau, quando fiz um teste vocacional no Colégio Madre Teresa - Francisco Beltrão/PR, onde eu estudava na época, e o resultado mostrou aptidão para a área de Letras (redatora, autora, escritora e professora). Em 1987, me mudei para a cidade de Pato Branco e

Page 54: Revista Literária da Lusofonia

iniciei a faculdade de Letras. Sou ca-tólica, sempre participei de retiros, formações, pastorais e movimentos. Em setembro de 1998, após uma profunda experiência de oração com Nossa Senhora, movida pela vonta-de de evangelizar através da escrita, iniciei a concepção do meu primeiro livro “Uma mensagem por dia, o ano todo”, publicado pela Paulinas Edi-tora e lançado em todo o Brasil no mês de maio de 2006. Atualmente encontra-se na 12ª edição, com mais de 70 mil exemplares vendidos. No mesmo ano, o livro foi incluído no ca-tálogo de títulos a serem comercia-lizados na Frankfurt Book Fair 2006, realizado na Alemanha. O mesmo foi negociado com a Paulinas Venezuela e foi traduzido para o espanhol, sen-do hoje comercializado e distribuído para toda a América Latina.

Que temas você aborda em sua es-crita. O que diferencia um livro do outro?Rosemary de Ross - Meus livros abordam temas variados que fazem parte do cotidiano do ser humano, como por exemplo: fé, esperança, amizade, a falta de alegria, a falta de paz, a falta de perdão, medo, incre-dulidade, preconceito, drogas, de-semprego, dificuldades financeiras, injustiças, preocupação excessiva, violência, desânimo e depressão, en-tre outros. Usando uma linguagem simples, universal e humanista pro-curo ajudar as pessoas a reencon-trarem a esperança, a paz e o amor, através de minhas mensagens que são embasadas na Palavra de Deus.O que diferencia um livro do outro é o estilo das mensagens. O primei-ro livro “Uma mensagem por dia, o ano todo” contém 365 mensagens de incentivo, esperança, entusiasmo, gratidão e amor, tripartidas (refle-

xão, meditação e confirmação) uma para cada dia do ano, onde o leitor lê os fatos da vida com a sabedoria de Deus. O segundo livro “Mensagens e orações para diversas situações do dia a dia” oferece uma palavra de conforto orientada pela Palavra de Deus, uma mensagem de esperança e fé, que somada à oração, conduz a um processo de mudança interior e libertação, para quem passa por qualquer uma das 40 situações abor-dadas nele.

O que mais lhe inspira a escrever?Rosemary de Ross - A principal ins-piração para tudo o que escrevo é a Palavra de Deus. Preocupo-me com

os problemas cotidianos do ser hu-mano e acredito que os ensinamen-tos de Jesus podem transformar o sofrimento em oportunidades de crescimento. Como ótima observa-dora do cotidiano que sou... um tex-to, uma frase que leio, o diálogo com uma pessoa que encontro na rua, o contato íntimo com Deus através da oração, uma canção que ouço, e até mesmo postagens nas redes sociais, são fontes de inspiração para mim. “Dedico a minha vida para evan-gelizar através da linguagem escri-ta”- considero essa minha missão como escritora. Tenho um profundo desejo de ajudar as pessoas através de meus livros – sei o quanto bons

54 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 55: Revista Literária da Lusofonia

livros nos ajudam a viver melhor e com mais entusiasmo – a enxergar o mundo, as coisas e as pessoas de forma positiva e otimista.

Quais são as suas referências literá-rias? Que autores influenciaram em sua formação como escritora?Rosemary de Ross - Minhas referên-cias literárias são os textos biblícos, frases e citações de inúmeros filóso-fos, poetas, escritores, psicólogos, teólogos e de outras personalidade que marcaram nossa história.Antes de ser escritora sou uma vo-raz leitora, leio muito! Eu gosto dos mais variados gêneros literários. Leio desde autores brasileiros como Au-gusto Cury, Cecília Meirelles, Clarice

Lispector, Carlos Drummond de An-drade, Graciliano Ramos, Érico Verís-simo, aos internacionais como Kallil Gibran, Alann Percy, Mark W. Baker, Flip Flippen, dentre outros.

Você publicou um maravilhoso livro “Uma Mensagem por Dia, o Ano Todo” conte-nos como foi escrever este livro? De que forma você leva a mensagem diária aos leitores atra-vés desta obra?Rosemary de Ross - Elaborar este livro foi um longo ”projeto” que aos poucos foi ganhando forma e se tor-nando real. Tive a inspiração de es-crever um livro com mensagens para serem lidas dia a dia, criei o estilo, dividi as mensagens em reflexão,

meditação e confirmação (versículos bíblicos). Todos os dias, o leitor en-contrará neste livro uma mensagem de incentivo, fé e esperança, que o ajudará a ter força e entusiasmo para vivenciar as situações que se apresentam, superando as dificul-dades e os desafios, com coragem, esperança e otimismo.

Escritora Rosemary, outro livro seu que tem uma aceitação muito boa dos leitores é o livro “Mensagens e orações para diversas situações do dia a dia” que mensagem você quer levar ao leitor através desta obra?Rosemary de Ross - No dia a dia, enfrentamos muitas dificuldades, que vão de pequenos aborrecimen-tos às questões mais graves. Nestes momentos em que nos sentimos hu-manamente incapazes de encontrar uma solução para certos problemas, precisamos buscar orientação na Pa-lavra de Deus. Esse livro oferece uma palavra de conforto, uma mensagem de esperança e fé, complementadas com uma oração, para cada uma das 40 situações abordadas nele. Quan-do pedimos que Deus nos ilumine com sua sabedoria divina, damos início a um saudável processo de mudança interior, libertação e cura. O objetivo deste livro é levar o leitor a transformar sua vida, a partir de seu interior.

Onde podemos comprar os seus li-vros? Rosemary de Ross - Meus livros pu-blicados no Brasil pela Paulinas Edi-tora podem ser adquiridos na rede de Livrarias Paulinas em todo país.Também estão à venda nas livrarias católicas e paróquias. Pelos sites: http://www.rosemaryross.com.br/Pelo Blog: http://rosemarypr.blo-gspot.com.br/ Os leitores de todo

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 55

Page 56: Revista Literária da Lusofonia

Brasil também podem solicitar os livros pelo meu e-mail – [email protected] – para isso, informe seus dados principais como ende-reço, telefone, CEP – o pagamento poderá ser feito através de depósito bancário. Meu livro publicado pela Paulinas Venezuela pode ser adqui-rido pelo site: http://www.paulinas.org.ve

Escritora Rosemary conte-nos sobre o seu novo livro “Ensinamentos de Jesus para vivenciar no dia-a-dia”? Como foi a construção do livro?Rosemary de Ross - O livro traz uma seleção de 100 frases pronunciadas por Jesus. São ensinamentos eter-nos que de forma simples nos mos-tram o caminho para adquirirmos a verdadeira sabedoria, que ajuda a conquistarmos uma vida mais feliz e plena de realizações. Devemos nos libertar do medo, da falta de fé, da falta de misericórdia e voltar nos-so olhar para o alto, para Deus, de onde viemos e para onde retorna-remos. Certamente o livro “Ensina-mentos de Jesus para vivenciar no dia a dia” tocará o coração de todos os cristãos, independente de deno-minação religiosa, uma vez que ele é baseado nos ensinamentos de Jesus, com mensagens atualizadas para os dias de hoje. Quais os seus próximos projetos li-terários? Conte-nos, temos previsão para publicação de um novo livro?Rosemary de Ross - Estou trabalhan-do em mais 02 projetos, mas ain-da sem data para ficarem prontos. Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?Rosemary de Ross - É preciso incen-tivar mais a leitura. Criar programas específicos na área da literatura, vol-tados para a escrita e o cultivo do

hábito da leitura, divulgando-os am-plamente nos meios de comunicação como TV, rádio, jornais, revistas e in-ternet. Com as mudanças que estão ocorrendo e sobretudo com a che-gada dos livros digitais, em breve as bibliotecas físicas terão de repensar suas estratégias, seus orçamentos e seus acervos. Da parte do governo, é preciso investir mais na implanta-ção de tecnologias, centros culturais, simpósios literários e feiras literárias.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, o projeto Divulga Escri-tor agradece sua participação, muito bom conhecer melhor a Escritora Ro-semary de Ross, que mensagem você deixa para nossos leitores?Rosemary de Ross - Agradeço a você, Shirley M. Cavalcante pelo convite e pela oportunidade de di-vulgar meu trabalho. Parabéns pelo projeto Divulga Escritor, que está le-vando ao conhecimento de muitos, principalmente através das redes sociais, o trabalho de autores brasi-leiros e estrangeiros. Sugiro aos pais que incentivem seus filhos a lerem desde pequenos. Além do prazer de entrar num mundo imaginário, a lei-tura iniciada na infância pode ser a chave para que esta pessoa se torne um adulto que tenha gosto pela es-crita, pela leitura e até mesmo pode despertar uma vocação ligada à lite-ratura. Familiarize a criança com os livros. Comprem muitos e bons li-vros. Conte histórias para elas... esse é o primeiro passo para a conquista de um novo leitor. Ao ouvir histórias com temas atraentes, a criança des-cobrirá a beleza contida nos livros e certamente terá interesse em entrar neste mundo fascinante, que propor-ciona a realização de “uma viagem” através da imaginação. É importan-te ensinar as crianças a apreciar e

cuidar dos seus livros. Dê livros de presente! Nos momentos de lazer, levem as crianças aos centros cultu-rais, estimule a visita às bibliotecas, bienais e feiras literárias.“Cada pessoa tem seus dons e habili-dades - precisamos investir e aperfei-çoar-nos, buscando sempre crescer, melhorar pessoalmente e profissio-nalmente – cumprindo a nossa mis-são da melhor forma possível com dedicação, empenho e amor”.

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

56 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 57: Revista Literária da Lusofonia
Page 58: Revista Literária da Lusofonia

58 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Marconi Pequeno

Literatura FilosóficaPossui doutorado em Filosofia pela Université de Strasbourg I, França (1996) e pós-doutorado em filosofia pelo Centre de Recherche en Éthique da Université de Montréal, Canadá (2007), onde lecionou disciplinas durante dois períodos letivos

Aristóteles (384 a. C. – 322 a. C. ) nasceu em Estagira, colônia grega da Trácia (Ma-cedônia), no litoral setentrional do mar Egeu. Aos dezoito anos, em 367 a. C., ingressou na Academia de Platão, lá per-

manecendo durante vinte anos, até a morte do seu Mestre. Em 335 a. C., Aristóteles fundou a sua própria escola, o Liceu, em cujas instalações eram travados os debates filosóficos e elaboradas as lições que cul-minaram na maior parte de suas obras. A filosofia de Aristóteles atinge inúmeros e fundamentais domínios do conhecimento e sua contribuição ao pensamento ocidental o coloca como um dos maiores filósofos da nossa Tradição. O seu legado intelectual abrange os Escritos lógicos, que receberam o nome de Organon ou instrumento do conhecimento. Há ainda os Escri-tos sobre a física, nos quais ele trata do mundo na-tural, da astronomia e da cosmologia. Convém tam-bém indicar os Escritos metafísicos, que constituem o substrato do que passou a se chamar Metafísica. Sua obra envolve ainda os Escritos éticos, voltados para a questão do bem, da felicidade e da formação moral dos indivíduos, e os Escritos políticos, destinados à re-flexão sobre a organização da pólis e o papel que nela exerce o cidadão. Deve-se ainda destacar sua reflexão sobre a Retórica e a Poética, textos nas quais o filóso-fo trata da comédia, da tragédia e da importância da

arte da persuasão nos debates públicos. Há ainda um Tratado sobre a Alma prenunciando aquilo que viria a ser chamado depois de psicologia. Eis algumas de suas importantes contribuições à história das ideias. Para Aristóteles, a filosofia é uma atividade racional que busca o sentido e o fundamento de todas as coi-sas, ou seja, ela trata daquilo que é universal e neces-sário, das formas e suas relações. Mas, além de ser uma disciplina teorética, ela possui também a função de orientar o agir humano com vistas à prática da ex-celência e à conquista da felicidade (eudaimonia). Por isso, às virtudes intelectuais devem também se aliar as virtudes morais, aquelas fundamentais à constru-ção do ethos e ao exercício da cidadania (politéia). A filosofia de Aristóteles constitui-se a partir de alguns pontos importantes como: a teoria das quatro cau-sas, a concepção de ato e potência, a ideia de um primeiro motor imóvel, a divisão entre razão teóri-ca (gnosis/episteme) e razão prática (phronesis), o conceito de felicidade como sabedoria, a ideia de homem como uma substância composta de corpo e alma e como animal político (zoon politikon). O pensamento aristotélico é marcado pelo rigor, pro-fundidade e espírito analítico. Em razão de sua am-plitude temática e da riqueza de suas formulações, a filosofia de Aristóteles continua vigorosa e presente no mundo contemporâneo.

58 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 59: Revista Literária da Lusofonia

Entrevista escritor Luiz Carlos Amorim

O ESTILO de LUIZ CARLOS AMORIM

Luiz Carlos Amorim é natural de Corupá (SC), onde nasceu em 16 de fevereiro de 1953. É formado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Joinville. Bancário aposentado, reside em Florianópolis. É fundador e coordenador do Grupo Literário A ILHA, que completa, no ano de 2013, TRINTA E TRÊS anos de existência e resistência – único órgão cultural a permanecer tanto tempo na luta. É editor das Edições A ILHA, com mais de 50 títulos já publicados, além do Suplemento Literário A ILHA, revista trimestral que reúne a produção dos integrantes do grupo, de escritores do estado, do país e até do exterior, com 28 anos de circulação e da revista Mirandum, da Confraria de Quintana. Tem 29 livros publicados, de poesia, de crônica, de contos, infantil e de história literária. Foi eleito a Personalidade Literária de 2011 pela Academia Catarinense de Letras e Artes e ocupa a cadeira 19 da Academia Sul Brasileira de Letras. Foi o representante de Santa Catarina no Salão Internacional do Livro de Genebra, com o lançamento de 3 obras suas, participação na antologia Varal do Brasil e com a divulgação de escritores que não puderam ir, com a revista Suplemento literário A ILHA.Editor de conteúdo do portal PROSA, POESIA & CIA. e autor de 29 livros de crônicas, contos, infantil e poemas, três deles publicados no exterior. Co-autor de várias antologias, pelo Brasil e pelo mundo, como “Selected Writings” - Colorado-Estados Unidos; “Mar, Poema e Imagem” - FCC Edições, Florianópolis; “Antologia da Nova Poesia Brasileira” - Fundação Rio, Rio de Janeiro, “Poesia Brasileña para el nuevo milênio”, “A Poesia Catarinense do Século XX”, “UK Brasil - Antology of Poems” – Londres, “Varal do Brasil” - Suiça, etc.Colaborador de revistas e jornais no Brasil e exterior – tem trabalhos publicados na Índia, Rússia, Grécia, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Cuba, Argentina, Uruguai, Inglaterra, Espanha, Itália, Cabo Verde e outros, e obras traduzidas para o inglês, espanhol, bengalês, grego, russo, italiano -, além de colaborar com vários portais de informação e cultura na Internet, como Rio Total, Telescópio, Cronópios, Alla de Cuervo, Usina de Letras, etc.

Por Cissa de Oliveira

Luiz Carlos Amorim, é sabido que você é um pioneiro em lançar “novos espaços” para a poesia, como por exemplo o Po-esia no Shopping, Poesia na Rua, Pacote de Poesia, Poesia Carimbada, Poesia na Escola, etc. Poderia nos falar sobre eles quanto à dinâmica e se algum deles existe de forma ininterrupta?Luiz Carlos Amorim - Pois é, esses projetos foram surgindo com o tempo, com a ne-cessidade de novas maneiras de divulgar a poesia. Começamos com o Varal da Poesia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 59

Page 60: Revista Literária da Lusofonia

e o Recital de Poemas, nas praças, nas feiras, nas escolas, bares, etc. e nos anos 90 o varal transformou-se em Poesia no Shopping, pois os tem-pos assim o exigiam, já que a maior concentração de público passou a ser nos shoppings. Esse trabalho continua em alguns shoppings, em escolas e nas feiras do livro. O proje-to Poesia na Rua é mais dispendioso, ele implica na produção de outdoors e no aluguel dos tapumes. Por isso, não tem uma periodicidade. Quan-do conseguimos recursos ou uma pareceria com alguma empresa de out-doors, entra em ação o Poesia na Rua. O Pacote de Poesia é um li-vro de formato diferente: as páginas são folhas soltas dentro de um pacote pardo (tipo de pão), que se transfor-ma na capa do livro. Já tivemos três edições e brevemente teremos ou-tra. Poesia Carimbada é um projeto sempre em ação, onde o grupo vai ele pode ser aplicado. Apenas renova-mos os carimbos com novos poemas de tempos em tempos. O projeto Po-esia na Escola é o mais barato e um dos que dá muito retorno, pois como é uma apresentação com poemas de integrantes do grupo, ele pode ser enviado por e-mail e só depende dos professores usar o material ou não. Tem dado resultado, pois somos con-vidados para comparecer a algumas escolas para conversar com os alunos. “... os projetos foram surgindo com o tempo, com a necessidade de no-vas maneiras de divulgar a poesia...” Então, considerando que as pessoas aderem aos projetos, poder-se-ia dizer que apesar do caos cotidiano sempre há espaço para a poesia. Na sua opinião, o que mais contribui para a criação artística: um mundo maravilhoso ou um mundo mais conturbado?

Luiz Carlos Amorim - Eu acho que tem que haver tempo para a poesia, ou então o ser humano ficará total-mente insensível, duro, muito mais do que é hoje. A poesia e a infância são nossas esperanças de salvação. Se soubermos educar nossos filhos, quem sabe o amanhã não será me-lhor? Eu diria que o que contribui mais para a criação artística é o fato de podermos ver – não só os poetas, mas talvez mais eles – que o mundo ainda é bonito, apesar do caos, ape-sar do desrespeito à natureza e ao ser humano. É a capacidade de ver essa beleza, olhar com olhos de poe-ta que faz com que tentemos mudar esse estado de coisas que torna o mundo um lugar tão perigoso de se viver. E ao mesmo tempo tão bom. Depende de nós.

Você já publicou em Grego, Benga-lês, russo, grego, italiano, inglês, es-panhol, entre outros idiomas. Estas publicações são de obras avulsas ou todos são livros, a exemplo do “The Color of the Sun”, a versão inglesa do seu livro “A cor do Sol”?Luiz Carlos Amorim - Livros, tive ape-nas três publicados lá fora. Esse que você citou em inglês, a versão dele em espanhol e “The Poet”, também publicado pela IWA – International Writer Association (USA), do qual faço parte. No mais, são poemas e textos traduzidos para outros idio-mas que são publicados em jornais, revistas e portais pelo mundo.

É longa a sua trajetória literária; mais de trinta anos. Você pôde se dedicar exclusivamente à sua vida de escritor ou isto foi algo paralelo com outras atividades profissionais?Luiz Carlos Amorim - Há sete anos estou aposentado, então posso di-zer que me dedico exclusivamente

a ler e escrever. É claro que tenho atividades como dança, tai-chi, hi-dro, musculação, caminhada, edito duas revistas e faço a manutenção/atualização do portal Prosa, Poesia & Cia. do Grupo Literário A ILHA, além de um blog diário, mas posso me de-dicar muito mais agora a escrever, tanto que colaboro com centenas de jornais, revistas e sites no Brasil e pelo mundo afora. E posso, também, me dedicar mais aos meus livros, procurar editoras para publicá-los. Até me aposentar, para ler e escrever tinha que dividir muito bem o tem-po, roubar um pouquinho do tempo com a família, que do trabalho não havia como prescindir. Mas valeu a persistência, porque hoje, graças a Deus, sou reconhecido e respeitado no meio.

Eu li uma crônica sua onde você fala sobre a “doação de livros”. Você acredita que se a condição financei-ra dos brasileiros fosse outra elas comprariam mais livros?Luiz Carlos Amorim - Quero acredi-tar que sim. Digo isso porque quan-do há coleções literárias à venda nas bancas de revistas e jornais, vende tudo. Os sebos vendem muito livro, principalmente os mais atuais, que

60 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 61: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 61

muita gente compra, lê e depois ven-de para o sebo, pois muitas vezes não têm onde guardar. Então acho, sim, que se a condição financeira dos brasileiros fosse melhor, comprariam muito mais livros, até porque a edu-cação e a cultura também seriam mais apuradas, o que por si só já sig-nifica mais leitura. “Mirandum” é uma publicação que você coordena e edita. Você poderia falar um pouco sobre esta que é a Confraria Mário Quintana?Luiz Carlos Amorim - Os editores da Mirandum, na verdade, somos eu e a Maria de Fátima Barreto Michels, de Laguna. Ela teve a idéia e eu a ado-tei, pois sou admirador inconteste do poeta Quintana. A Confraria de Quin-tana é uma tentativa de reunir numa mesma publicação todos aqueles escritores que são leitores do gran-de poeta. É uma reunião de gente que gosta do que Quintana escre-veu e que escreve sobre a obra dele e sobre ele, também para combater aquele mania de alguns “formadores de Opinião” ou “críticos de literatu-ra” que insistem em colocar em dú-vida a grandeza de Quintana. Então a Confraria de Quintana existe e publi-ca a Mirandum para dizer ao mundo

que Quintana é, sim um dos maiores, senão o maior poeta do Brasil.

Na sua opinião o estilo é algo mais ligado à decisão do escritor ou se-ria o resultado da soma de fatores como a cultura, experiência e ama-durecimento de cada um?Luiz Carlos Amorim - Penso que se-ria o resultado da soma de fatores como a cultura, experiência e ama-durecimento de cada um, pois o es-tilo é uma coisa que raramente está definida na primeira obra do escritor. O estilo vai sendo construído, molda-do, com a prática. Algum autor em especial influen-ciou você durante a sua trajetória de escritor? Luiz Carlos Amorim - Quando co-mecei a escrever, lá pelos quatorze, quinze anos, eu lia, ainda, apenas os clássicos da literatura brasileira. Logo em seguida comecei a ler os grandes clássicos universais e os grandes con-temporâneos. Descobri, também, Quintana, Coralina, Pessoa, Amado. Então, acho que querendo ou não, Quintana e Coralina me influencia-ram. E Urda Alice Klueger e Dr. Enéas Athanázio também, pois sempre os li, desde que começaram a publicar. Atualmente, com a internet, temos oportunidade de conhecer os textos de inúmeras pessoas, principalmen-te as poesias. Isto poderia ser um indicador de que as pessoas gostam sim, de poesia? Então porque será que poesia não vende tanto quanto os romances?Luiz Carlos Amorim - A Internet é uma vitrine democrática, onde qual-quer um pode colocar a sua produ-ção, seja ela boa ou não. O que não significa que vai ser lido. Nem tudo é lido. O que é bom se destaca, ganha

mais visibilidade. É óbvio que com o advento da internet, a poesia é mui-to mais lida do que se ela não exis-tisse. Mas quem gosta mesmo lê na internet, até copia para ter e ler mais vezes, mas compra livro também. Ainda com relação à pergunta an-terior, a gente poderia pensar que muitas destas pessoas escreveriam poesia apenas como um meio de ex-travasar os seus sentimentos, con-versar com o papel. Pessoalmente eu acho cansativo ler três, quatro, cinco poesias sentimentalóides. Será que esta característica é o que afasta os leitores e compradores de livros de poesia?Luiz Carlos Amorim - Sim, você tem razão, há muita gente que escreve pensando que está fazendo poesia, mas na verdade não está. Muita vez é prosa em forma de verso, e prosa ruim. E não é nada agradável ler um poema que não é poema e não con-tém poesia. E nem sequer é uma boa prosa. Isso pode afastar o leitor. Eu imagino um leitor que não costumava ler poesia, tentando aderir a ela e ter o azar de lhe cair às mãos, logo de cara, uma coisa ruim. Esse leitor vai voltar para o romance, para o conto, etc e não vai querer mais saber de poesia. Na sua crônica “Para Gostar de Ler” você fala sobre a importância de haver livros em casa, despertando a curiosidade da criança, e também do papel da escola neste processo de amor aos livros e aos descobri-mentos implícitos a eles. Não é se-gredo que grande parte dos jovens e crianças de hoje não conseguem ler, além de poucos serem aqueles capazes de interpretar um texto, além de escreverem errado. Na sua opinião, a que se deve este fiasco na Educação atualmente?

Page 62: Revista Literária da Lusofonia

62 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Luiz Carlos Amorim - Esse fiasco tem muitas causas. A educação de nossos filhos mudou muito, de umas duas ou três gerações para cá. Então dei-xamos nossos filhos fazerem o que querem, para não nos incomodar-mos, não lhes damos muitos limites e a liberdade excessiva faz com que eles façam escolhas erradas ou não muito saudáveis. E a escola vai pelo mesmo caminho. A educação está cada vez mais fraca e as crianças, às vezes, passam de ano sem merecer. Os pais e os professores já são das gerações permissionistas, da liber-dade exagerada, da televisão em de-masia, da internet, dos jogos, etc. O governo relega a educação a último plano, colaborando para a sua falên-cia. Então é um círculo vicioso.

Parabéns pelo lançamento do seu “Histórias de Natal”, que ele faça muito sucesso, para o bem dos leito-res e que sejam muitos! Fale sobre o lançamento deste livro tão especial. Luiz Carlos Amorim - O livro “His-tórias de Natal” é uma coletânea de contos sobre a data. O tema é cativante tanto para quem escreve como para quem lê. Então, quando a minha editora, Urda Klueger, me pro-pôs publicar um livro só de contos de natal, comecei a trabalhar nele e le-vou alguns anos para chegar até ele. Uma pergunta curiosa, em função da época e do seu livro: eu tenho conhe-cido pessoas que dizem “não acredi-tar em Deus”. O estranho é que elas arrumam presépio no Natal, os filhos casam na Igreja e até fazem promes-sa. Será que declarar “não acreditar em Deus” traz alguma forma de sta-tus nestes tempos atuais?Luiz Carlos Amorim - Eu não tinha pensado nisso, mas acho que você pode ter razão. Dizer que não se

acredita em Deus causa polêmica e que melhor maneira de se manter em evidência do que provocar po-lêmica? Deve ser muito difícil não acreditar em uma força superior, não importa o nome que se lhe dê. Por-que há que haver uma força superior que rege o universo, isso é inegável. Luiz, você ocupa uma cadeira na Academia Sul Brasileira de Letras e foi eleito a Personalidade Literária de 2011, pela Academia Catarinense de Artes e Letras, pelo livro “Nação Poesia”. Que diferença isso faz?Luiz Carlos Amorim - A diferença que faz é a constatação do reconhecimen-to do trabalho que venho realizando nessas mais de três décadas em prol da criação de espaços para a nossa li-teratura. O Grupo Literário A ILHA, que coordeno, teve muito a ver com isso.

Você esteve representante a litera-tura catarinense no Salão Interna-cional do Livro de Genebra. Como foi isso?Luiz Carlos Amorim - Fui convidado pela editora do Varal do Brasil, Jac-quelin Aisenman, brasileira que di-vulga a literatura brasileira a partir de Genebra, na Suiça. Eu já conhecia Genebra e foi muito bom voltar para lançar meus livros lá. É incrível estar num país onde não se fala a nossa língua e ter os livros comprados por portugueses, angolanos, cabo-ver-dianos, etc. É muito bom ser presti-giado num lugar onde se não se é tão conhecido. Você gostaria de deixar alguma men-sagem especial para os leitores?Luiz Carlos Amorim - Sim, que les-sem, lessem muito, de tudo e tam-bém e principalmente, conheçam os escritores da terra de cada um, os escritores que estão perto. E se gos-

Participe do projeto Divulga Escritorhttps://www.facebook.com/DivulgaEscritor

tarem, deem livros deles de presente para amigos que gostam de ler. Obrigada Amorim, pela sua entre-vista... Fique à vontade para acres-centar qualquer coisa que julgue oportuno.Luiz Carlos Amorim - Fico muito li-sonjeado por ter a oportunidade de dar a conhecer um pouquinho de mim aos leitores. Sou um cara simples, que gosta da família, da natureza, de ler e escrever, de conhecer pessoas, de conhecer novos lugares. Que não se preocupa muito mais com horários, mas que não perde a hora para fazer tai-chi, hidroginástica, musculação, dança de salão. Para caminhar, ler e escrever, não há necessidade de agen-dar hora. Mais sobre mim e o meu trabalho pode ser encontrado no por-tal PROSA, POESIA & CIA., em http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br , nas páginas Escritores de SC e Grupo Literário A ILHA e no meu blog Crônica do dia, em Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

Page 63: Revista Literária da Lusofonia
Page 64: Revista Literária da Lusofonia

64 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

VOCÊ Luiz Carlos Amorim

Você, ah, você,que invade meu coração,infiltra-se no meu sanguee aguça os meus sentidos...Vem, me afaga, me afoga,nessa fuga desenfreadado mundo fora de nós.Vem e pisemos juntoseste caminho só nossopara o país do amor.

Momentos de poesia Momentos de poesia

Luiz Carlos Amorim

SAUDADELuiz Carlos Amorim

Ah, essa saudade vadia,a passear, insistente,pelo fundo dos meus olhos;não se decide, afinal,a ir embora de vez...Brinca com a tristezaque transcende o meu olhar,invade o meu coraçãoe mata todas as floresque desabrocharamem mim...

CHAMALuiz Carlos Amorim

Um meninocruzou o meu caminho.Despido de tudo,até quase de vida,restava-lhe, apenas,no fundo dos olhos,uma chama pequena,quase apagada,de pura inocência.Dei-lhe um sorriso,velho e surradode esmolae fui procurara minha chamaperdida...

TEU SORRISOLuiz Carlos Amorim

Teu sorriso é minha casa,minha luz, porto seguro,o meu horizonte, infinito.Teu sorriso é boa vinda,é ternura do aconchego,é calor a me aquecer.Teu sorriso é primaveraque se espalha por teu rostoe sorri a tua bocae sorri o teu olhare sorri teu coraçãoe sorri a tua alma...Teu sorrisoé meu ponto de partidae meu ponto de chegada...

www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Page 65: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 65

Momentos de poesia Momentos de poesia

Marcelo [email protected]

O CONSTRUIR DA PAZ

Fazer as pazes,Amar o impossível amor,Amigar a destruição amiga,Atravessar os murosQue separam os indivíduosÉ construir a paz.A Cristã, ou outra mística paz,A paz que não era dos pagãosPois acabou pelas dívidas,A paz que o cessar da saudade trouxe,Pela volta das idas, das partidas,A paz que se construiu,Pelo construir de uma casa,Pela não mais briga com o vizinho.Construir a paz...Inaugurar mais um elo,Instruir ao que insiste em vacilarPelo erro de guerrear.Construir uma atmosfera pacíficaÉ herança que se dignifica.

ESPELHOS

O pulsar latente de um coração enaltecidoPode vir do reflexo de um espelho luminoso,Quando se vê não apenas o próprio corpo tecido,Mas a face oculta de outro coração esperançoso.Como num lago olhando-se das secas margensProcurando nas águas ver vidas refletidas,Vai-se ao encontro de cativas viagens,Querendo-se as correntes fortes e contidas.Vê-se a mocidade procurando amores tentados,Não satisfeita com o simples olhar de um eu,Preferindo a volúpia de seres ardentes e atados.Vendo com o olhar da experiência e da sabedoriaO homem parece estar entre vários espelhos,Escolhendo das formas aquela que mais amaria.

POESIA:AJUDA DO VIVER

Poesia um dia se criouE o poeta orgulhoso se afirmouPela música, sonetos, versos livres.Poesia um dia fez homens alegresE metáforas encantaram coraçõesPelo rebuscar de bonitas linguagens.Poesia um dia ajudouE o poeta temeroso desabafouPelo fingimento da possível dor.Poesia um dia fez crianças imaginandoE o mundo das histórias ficou mais ricoPelo escrever puro e sincero. Poesia um dia se lançouE o poeta se engajou em movimentosPelo criar alternativo, em evolução.

UM NOVO SENTIDO DE VIDA

Quando chegar a primaveraE as flores brotarem nos camposOs amores serão serenos,Mansos e caprichosos.Quando chegar o verãoO calor nos esquentaráJunto com o cheiro da praia.Nova morada nos abençoará.Quando vier a rotina do dia a diaTentaremos ser felizesNa morada das cidadesQue muito nos desafia.Quando vier, enfim, o amanhã,Tentaremos lembrar das pessoasE, para que elas não se percam,Pediremos para Deus, abençoe!

Page 66: Revista Literária da Lusofonia

AMOR PARA UMA VIDA INTEIRA

O amor que sinto por você,Não tem limites, não tem fronteiras.Não dá para explicar, não dá para distinguir,É amor para uma vida inteira!

Nem a força de um vulcão,Pode destruir essa paixão!Nem a correnteza das águas de um mar bravo,Pode levar essa emoção de te querer ao meu lado!

A leveza do vento,Me faz lembrar dos tempos,Onde minha memória me levavaAo encontro dos nossos mais lindos momentos!

A nobreza da vidaMinha alma envolvia!Quando estava em seus braços,Feliz eu me sentia!

Era como o calor do sol,Que todos os dias me aquecia!Era como o luar da lua,Que por todas as noites me banhava!

Quando eu estava ao seu ladoVocê me amava e eu adormecia!

Não há ninguém no mundo,Que ame desse jeito!É um sentimento único,Que só existe em meu peito!

Não há alguém no mundo,Que ame como eu amei!É um sentimento puro,Que até hoje, só eu provei!

Alexandra Collazo

Momentos de poesia Momentos de poesia

Alexandra Collazo

[email protected]

Muitas coisas me inspiramPara tecer versos de um poemaMas hoje, é um sorrisoQue para esse poema, dá sentido!

Não posso negar nem por um segundoQue você é o único que mexe comigoDentre tantos outros nesse mundoVocê é a única inspiração para esses versos mudos

Versos mudos porque é segredoSomos apenas eu e meu desejoUm dia meu olhar vai me revelarPor enquanto, prefiro deixar como esta

Seu sorriso, seu olhar, seu jeitoDeram um novo sentido ao meu dia Mesmo sendo um destino imperfeitoEu me jogo nessa calmaria

Vejo em meu rosto um sorriso que saiÉ o que você me fazO seu sorriso me distraiE pouca coisa agora me satisfaz

Você conseguiu desorganizar O que estava arrumado e sem póAgora, já não me acho maisNessa desordem, já não quero mais ser só

Alexandra Collazo

66 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 67: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 67

Momentos de poesia Momentos de poesia

MINHA DESGRAÇA

Em minha solidão eu escutoum ressonar de um belo sonoaonde sonhos, lindos medonhossão companheiros dos meus soluçare a minha saudade vão levandojunto as lágrimas desse meu chorar.

Eu vejo a noite e o silênciotomando conta do meu mundopassam-se horas e segundossozinho em sonho eu pensoacordado com o meu castigoe sofrendo junto contigo.

Nesse imenso mundo perdidoeu já nem sei mais o que fazerolho ao lado vejo, ali vocêbem distante do meu coraçãodebatendo pelo meu quererperdido nessa minha solidão.

O tempo é mesmo uma eraparece que nunca passaaté aqueles meus sorrisos se foram não tem mais graçade carinho eu precisonão quero ficar contigo olhando a minha desgraça.

A. Montes 26/10/13

O FILHO DA MISÉRIA

Acorda menino, sai daí!_ Não posso não senhoreu não tenho aonde dormirnem sou filho de doutor.

Nasci na tarimba sem amoro meu pai, eu nunca conheciminha mãe, um dia me abandonoue eu, não tenho para onde ir.

Antônio [email protected]

Conheço de dia, a cruel fomede noite frio e o serenojá apanhei de certos homensjá tentei beber veneno.

Meus dias são como ferasó querem acabar comigotudo pela ganância da terradeixam-me, a deriva sem abrigo.

Nunca ganhei um brinquedoroubo se quero comerroupa rasgada não me é segredomeu Deus! O que vou ser ao crescer?

Não tenho sono nem sonhovivo em bancos ah cochilarnesse mundo cruel e medonhose esqueceram de me amar.

Não sei o que me esperanesse universo desigualate Deus se viesse na terraiam lhes receber com o mal.

deixe-me dormir aquiuma noite meu senhorsou uma criança frágil assimque nem Cristo Redentor.

A. Montes 27/10/13

CHOROS E LAGRIMAS

Oh escuridão, porque me roubae carrega a prata desse meu mundoleva de mim, o véu do meu olhartirando-me o impuro profundosem esse lençol de prata brancaeu não tenho a minha carrancanem o meu distúrbio infortúnio.

Eu preciso dessa lua de pratapara expor o meu cruel terrore deles criarem lendas e contoexpandirem as minhas bravatase em historia de impossível amorexpor todos os choros e lagrimasaonde se derramou muita dor.

Escuridão, eu não te veneropois contigo, eu não sou nadanão poderei me transformar de você nada, nada eu queronem correr por essas estradasficarei sem o meu transmutare sem assombrar a minha amada.

Eu quero sim, a minha lua belaaonde eu poderei feliz correrolhar o céu e urrar por elaassombrar por ai as donzelasnesse meu intenso viver.

A. Montes 24/10/13

Page 68: Revista Literária da Lusofonia

68 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Momentos de poesia Momentos de poesia

TRAVESSA ILUMINADA

Caía a tarde.Batia o Sol na travessa,Iluminada pela cena de amor d’ outrora.Sombra iluminada pela luz do raio reflectido.Tudo escuro à volta,Chamavam-me para perto.Queriam que eu ali estivesse.Parei, olhei, pensei e quisFicar ali.Descia a tarde e a cena continuava,Igual á de sempre,Distante do tempoQue ali ficava.

Fernando Figueirinhas

AVISTO-TE

Deslumbro-me com a vista que se adivinha.Mármores indiferentes ao tempo ostentam sólidas colunas -Terraços que abrigam amores passados hoje presentes.Paisagem a perder de vista estende-se a olhos atentos.Horizontes além-terra jogam-se ao mar em gestos d’amor.Cena calma salta-me à vista – Pressinto a cada momento o instante deseja-do...Ah!... Como quero a sorte abandonada ao nada...Ondas cintilantes que vão e voltam despertam o sentir...Lá vem uma que se segue à outra –Adormecida desperta para o que ficou...Dias quentes de verões futuros aquecem o mármore frioOnde jazem águas abertas de sonhos – Impulsos incontroláveis saltam de repente!...

Fernando Figueirinhas

Fernando [email protected]

A PRIMEIRA VEZ

É sempre a primeira vez. Exijo tudo de mim. Esgoto-me sempre.Dou tudo pelo que faço, procuro. Entrego-me totalmente e abandono-me ao que abraço.Percorro ruas e ruas à procura da praça que demora em chegar.Escurece o dia, acende-se a noite, eu quase perdido insisto, Caminho às escuras em pleno dia. Primeira e última vez assim começo o meu dia. Nasço a cada dia que escorreito passa.Abro janelas, entra o mundo de fora, sai o de dentro.Pego o que vejo, encaro-o e jogo fora o que sobra. Esqueço-me de mim e do mundo lá do lado de fora. Amo a última como a primeira vez.

Fernando Figueirinhas

DESPONTA O DIAApagam-se as luzes.Desce a cortina que fecha o dia,Atores deixam os palcos vazios.Brisa suave beija a jornada daquele dia. Rasga-se o céu, vestido de azul escuro, Ouvem-se ais do dia que foi – gemidos sentidos na carne,Entregues aos delírios do amor que chega.Noite longa, perpétua memória de antepassados.Abre-se o imenso pano branco que serve de fundo ao novo dia.Preparam-se os atores para a cena desconhecida. Um a um, passo a passo, se enche a casa.Desponta o dia!

Fernando Figueirinhas

Page 69: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 69

Momentos de poesia Momentos de poesia“O AMANHECER”Autor: Divino Notary

O amanhecerÉ a certezaDo renascer,Em cada serQuando se quer viverUma grande paixão.

O amanhecer

É a certezaDo nascer do sol,É a nobrezaDe viver em prol...De um grande amor.

O amanhecer

É sutilezaDe um olhar no espelho,E a grandezaDe seguir os conselhosQue fala o coração.

O amanhecer

É poder Estar do seu ladoTe dar um abraço apertadoTe olhar nos olhos E te dizer...Que eu estou apaixonado.

Direitos Reservados Ao Autor.Divino Notary

“ALMAS GÊMEAS”Autor: Divino Notary

O nosso amorÉ muito mais do que carnal,Ele está muito alémDas paixões.

O nosso amorÉ simplesmente espiritual,Que faz tão bem Aos nossos corações.

Onda forteQue toca o sentimento,Me enrosca pelo corpoE me domina o pensamento.

Me deixandoQuase sempre a deriva,Que me ativaUma vontade compulsiva.

O nosso amorÉ o encanto,De duas almas gêmeas.

Delicioso quando feitoEm carne e osso,

No encontro deste machoCom essa fêmea!

Direitos Reservados Ao Autor.Divino Notary

“VOCÊ É TUDO O QUE SONHEI”Autor: Divino Notary ((DN)).Passei a vida inteiraTentando me encontrarCom as graças do amor,Em cada beijo em cada abraçoEm cada olhar,Eu queria sentir na almaAcolhido por seu calor.

E agora que eu te encontreiEu não penso e nem quero te perder,Você é tudo o que eu sonheiVocê é a luz do meu viver.

Deus quando fez o mundoCriou a vida com muito amor,Por isso temos que dar a elaO seu merecido valor.

Deus também criou o destinoCriou a sintonia, a química e harmoniaPara a gente melhor se conhecer,E agora que a gente já se conheceDevemos fazer por merecer...

A grandeza deste imenso amorQue nos envolve de corpo e alma e coração,

Que nos abraça, chama e nos arrasta

Para caminhar juntos olhando Na mesma direção.

Direitos Reservados Ao Autor.Divino Notary

Poeta Divino Notary [email protected]

Apoio a página

Page 70: Revista Literária da Lusofonia

70 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013

Page 71: Revista Literária da Lusofonia

Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013 71

Page 72: Revista Literária da Lusofonia

72 Revista Divulgar Escritor • novembro de 2013