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Revista ECOLÓGICO - Edição 55

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A Revista ECOLÓGICO, lua cheia de março. Entrevista com FERNANDO GABEIRA, Memória Iluminada com CHARLES CHAPLIN, matéria sobre CONSTRUÇÃO VERDE e um especial sobre as ÁGUAS.

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w.eletronorte.gov.br

1EXPEDIENTE

CONSELHO EDITORIAL Angelo Machado, Antônio Claret de Oliveira, Célio Valle, Evandro Xavier, José Cláudio Junqueira, José Fernando Coura, Maria Dalce Ricas, Maurício Martins, Nestor Sant’Anna, Paulo Maciel Júnior, Roberto Messias Franco, Vitor Feitosa e Willer Pós.

DIRETOR GERAL E EDITORHiram [email protected]

EDITORA ASSISTENTEValéria [email protected]

REPORTAGEMAna Elizabeth Diniz, Andréa Zenóbio Gunneng (Correspondente Internacional), Cristiane Mendonça, Fernanda Mann, Luciana Morais eVinícius Carvalho

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RCEL

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RATE

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CAPAFoto: Shutterstock / Arte: Sanakan

EDITORIA DE ARTEAndré [email protected]

Marcos [email protected]

Sanakan [email protected]

REVISÃO Gustavo Abreu

DEPARTAMENTO COMERCIALJosé Lopes de [email protected]

Sarah [email protected]

Silmara [email protected]

MARKETING E [email protected]

IMPRESSÃORona Editora

PROJETO EDITORIAL E GRÁFICOEcológico Comunicação em Meio Ambiente Ltda [email protected]

REDAÇÃORua Dr. Jacques Luciano, 276 Sagrada Família - Belo Horizonte MG - CEP 31030-320Tel.: (31) [email protected]

VERSÃO DIGITALwww.revistaecologico.com.br

A Revista Ecológico utiliza papéis Suzano para a sua impressão. Isto

garante que a matéria-prima florestal provenha de um manejo econômico, social e ambientalmente sustentável.

Em toda Lua Cheia, uma publicação dedicada à memória de Hugo Werneck

REVISTA NEUTRA EM CARBONOwww.prima.org.br

@sou_ecologico Revista Ecológico Sou EcológicoS

● IMAGEM DO MÊS 10

● CARTAS DOS LEITORES 12

● CARTA DO EDITOR 16

● SOU ECOLÓGICO 22

● ECONECTADO 26

● LUA DO LEITOR 28

● GENTE ECOLÓGICA 30

● CÉU DE BRASÍLIA 32

● ESTADO DE ALERTA 34

● BIODIVERSIDADE 42

● RIO MADEIRA EM FÚRIA 60

● VISÃO AMBIENTAL 68

● CONSUMO CONSCIENTE 69

● LOGÍSTICA REVERSA 70

● QUALIDADE DE VIDA 74

● MEMÓRIA AMBIENTAL 78

● BEM ESTAR 84

● VIDA INTERIOR 86

● VOCÊ SABIA 88

● OLHAR EXTERIOR 90

● NATUREZA MEDICINAL 92

● OLHAR POÉTICO 93

● ENSAIO FOTOGRÁFICO 98

● CONVERSAMENTOS 102

1 ÍNDICE

A HORA E A VEZ DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Crescimento de população urbana – 95% até 2050 – determina atuação

com responsabilidade socioambiental das empresas do setor

Pág 36

E mais...

ESPECIAL ÀGUA 2013● Água da Gente, do governo de Minas, vai investir R$ 4, 5 bilhões e beneficiar 15,2 milhões de pessoas em 625 cidades

Pág 44

● Qualidade da água nas bacias mineiras apresenta melhora, aponta mapa feito pelo Igam

Pág 46

● BH e Sabará unidas pelo mesmo sonho: um boulevard ecológico ao longo dos seus rios

Pág 50

PÁGINAS VERDESFernando Gabeira avalia o governo Dilma e dispara: “Uma das novidades do mundo atual é crescer sem aumentar as emissões”

Pág 24

MEMÓRIA ILUMINADAA mensagem sempre atual de Carlitos, o genial vagabundo

Pág 94

A nossa conexão écom o meio ambiente.A VSB investe na preservação do meio ambiente através do seu Centro de Referência em Revegetação da Mata Atlântica. Uma área de 660 hectares onde é realizado o monitoramento da biodiversidade local, a recomposição florestal e a interação dos visitantes com a natureza. Além de uma das usinas mais modernas do mundo, a VSB é uma empresa responsável!

A VSB é uma joint venture formada pelo Grupo francês Vallourec e pelo Grupo japonês Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation. É uma das usinas mais modernas no mundo em tecnologia, com capacidade anual de produção de 1 milhão de toneladas de aço bruto. Entre elas, 600 mil toneladas de tubos de aço sem costura. São produtos de ponta, capazes de atender às mais altas exigências do mercado mundial do setor de petróleo e gás.

1I M AG E M D O M Ê S

HABEMUS PAPA ECOLÓGICO?

Nem a alfaiataria Gammarelli, responsável pela confecção das vestes dos papas há 200 anos, escapou da causa ambiental. A crítica dos ativistas é sobre o uso ainda continuado de peles de animais para a confecção das roupas eclesiásticas.

Com faixas e cartazes com dizeres como “Vaticano 2013: de volta à Idade Média? Sem pele!”, os militantes italianos protestaram em frente ao local, no centro de Roma.

FILIPPO MONTEFORTE / AFP

10 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

A CBMM atua de forma responsável e eficiente na gestão dos recursos

naturais que utiliza. Por isso, investe continuamente na redução do uso, no

controle de qualidade e no reaproveitamento da água em seus processos.

Práticas que vêm dando resultado: a CBMM recircula atualmente 95% da água

utilizada, e a meta é alcançar a marca de 98% nos próximos dois anos.

Um compromisso da CBMM com a natureza e com o futuro de todos nós.

CBMM. Aqui tem nióbio.

Os animais ilustrados fazem parte do CDA - Centro de Desenvolvimento Ambiental da CBMM em Araxá.

Preservação ambiental. Um investimento

com retorno garantido.

www.cbmm.com.br

1CARTAS DOS LEITORES

DILEMA DOS PROFETAS“Esta reportagem é um alerta que não pode ser ignorado tanto pelo governo estadual quanto pelo federal.” MARINO JUNIOR, contato pelo FACEBOOK

“Congonhas em foco! Profetas que jamais profetizaram a destruição de um tesouro como as obras de Aleijadinho!” DORINHA ALVARENGA, contato pelo FACEBOOK

“O DILEMA DOS PROFETAS, trouxe um novo alento sobre a situação de Congonhas e as comunidades que convivem com situações limite na questão socioambiental e buscam resposta para o que é desenvolvimento. Como ficou bem marcado por Habacuc à lua cheia, imagem estampada na capa da revista, nada melhor que um bom facho de luz sobre os processos de licenciamento e monitoramento de empreendimentos, visando alcance de maior harmonia entre os interesses econômicos e o meio ambiente ecologicamente equilibrado e a sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações.Há mais de 10 anos atuando nesta seara, estamos plenamente convictos de que o ponto de equilíbrio poderá ser atingido somente com muito respeito, responsabilidade, transparência, participação popular e uso de tecnologias adequadas. Os excelentes trabalhos desenvolvidos pelos quadros do Ministério Público de Minas Gerais também

12 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

são de extrema importância, tanto para prevenir conflitos quanto para coibir abusos de toda ordem. Assim, em nome das entidades que representamos, agradecemos imensamente à Revista ECOLÓGICO!” SANDOVAL DE SOUZA PINTO FILHO - Diretor de Meio Ambiente e

Saúde da UNACCON e membro da ACLAC - Academia de Ciências,

Letras e Artes de Congonhas

O MINEIRÃO DO SAARA“Odiei todo esse concreto. Uma pena!” ELIANE FONSECA MACEDO, contato pelo FACEBOOK

“Verde no Mineirão só o gramado. E olhe lá!” CLAYTON RICARDO, contato pelo FACEBOOK

“Passei por lá e senti na pele... Mineirão mesmo no meio do deserto!” FREDERICO TEIXEIRA, contato pelo FACEBOOK

“Juro que fiquei simplesmente chocada! Podiam pelo menos terem plantado umas mudinhas. Aí me pergunto: meu Deus, que ar nossos filhos e netos irão respirar no futuro?!” ANA ALMEIDA, contato pelo FACEBOOK

“Não foi somente no projeto e obra do Mineirão que o paisagismo foi ignorado, também nas obras do BRT, ampliação da Pedro I, Antônio Carlos e muitas outras. A paisagem desértica é um castigo para a inteligência e a saúde do cidadão mineiro.” FRANCISCO ZALDANA , contato pelo FACEBOOK

“Somente no Brasil que ainda se remove uma área verde daquele tamanho e se inicia um plantio de outra. Já tinha notado isto desde as primeiras fotos e havia estranhado ninguém ter escrito nada. Parabéns pela ECOLÓGICO ter visto e manifestado o óbvio!” MAURÍCIO BRUM, contato pelo FACEBOOK

“Parabéns pelo texto. Realmente, é lamentável a falta de áreas verdes no entorno do estádio, sobretudo se considerarmos o quão alardeado foi o projeto, inclusive no que tange às questões ambientais. Esperava muito mais, nesse aspecto, de um projeto concebido em pleno século XXI.” RAFAEL FERNANDES, contato pelo FACEBOOK

“Eu fui na inauguração do Mineirão. Parece que a ECOLÓGICO leu o post que fiz ao voltar para casa depois do jogo: parodiando Drummond, o Mineirão tem a aridez de dois Saaras. Obrigada por ter a mesma opinião! ” ENEIDA FERREIRA DA COSTA, contato pelo FACEBOOK

Água. Se cada um poupar hoje, todos ganham um planeta melhor amanhã.

22 de Março – Dia Mundial da Água

A ONU declarou 2013 como o Ano Internacional de Cooperação pela Água, uma

causa que sempre foi prioridade para a Vale. Investimos em projetos, visando

garantir a redução do uso e reaproveitamento de água em nossas operações

e participamos ativamente de fóruns de discussão sobre o tema.

Nosso compromisso permanente de preservação e de respeito à vida.

“É uma absurda falta de respeito com as pessoas. Todas as obras estão sendo feitas nesse padrão, até o próprio Centro Administrativo. Os pontos de ônibus da Antônio Carlos ficaram desumanos. É triste passar por ali e ver os trabalhadores embaixo daquele sol, sobre o cimento e no meio da rua devido aos passeios estreitos. Essa cidade está sendo feita para quem?” ALESSANDRA VIEIRA, contato pelo FACEBOOK

“E o assassinato de árvores continua se espalhando pela cidade cinza, seguindo a tendência daquele livro ‘Os 50 tons de cinza’ ” CAMILA VALENTE, contato pelo FACEBOOK

“Além de pouco ecológico também achei que ficou horrível! O Mineirão pode até ter ficado funcional estruturalmente, mas não tem glamour algum sem árvores e flores... Esperava mais dessa obra tão comentada!” VIVIANE MALTA, contato pelo FACEBOOK

A FARSA DO PLÁSTICO“Sei que muita gente quer ajudar a salvar o planeta, mas como fazer com as sacolas falsificadas? Fiscalizar é o certo, mas infelizmente ainda existem pessoas corruptas que se vendem por qualquer valor e deixam passar. Veja o tempo em que, entre aspas, eram as sacolas biodegradáveis, quantas foram falsificadas. É muito difícil, o dinheiro fala mais alto.” MARIA MIRANDA, contato pelo FACEBOOK

“Acho que vocês deveriam visitar e realçar alguns supermercados, como por exemplo o BH, que doa a sacolinha de plástico biodegradável, sem cobrar dos clientes. Esta deveria ser a postura dos supermercados, e não tentar ganhar mais dinheiro em cima dos clientes.” ROGERIO MIRANDA, contato pelo FACEBOOK

GOSTAMOS“Recebemos o exemplar da ECOLÓGICO. Fantástica!! Minha esposa e eu adoramos a linha editorial da revista. Show demais!” ROMEU CAMPOS, contato pelo FACEBOOK

“Amei a revista! Muito boa e matérias superinteressantes!” LARISSA GOMES, contato pelo FACEBOOK

“Tenho o prazer não só de folhear, mas de ler essa revista. Um excelente trabalho que busca sempre a

sustentabilidade!”ILDEANO SILVA, contato pelo FACEBOOK

GESTÃO & TI – BANALIDADES SUSTENTÁVEIS“Dizem que quem procura acha, eu encontrei! ‘Todos’ falam mal do BBB, até aí nenhuma novidade. O inusitado é o artigo do Roberto Souza que lança um outro olhar ao reality. Valeu!” RAQUEL MONTEIRO, contato pelo SITE

SALVE A PAMPULHA!“Sou grande admiradora dos trabalhos do prof. José Cláudio Junqueira, visto que a Feam e Semad têm dado grandes avanços em função da capacidade de articulação dele, além de sua enorme competência técnica. Porém, de que adianta sermos um exemplo para o país, como dito na matéria “Somos referência no país”, se o cenário da Bacia da Pampulha é desolador, conforme se viu na reportagem “A outra copa da Pampulha”? Penso que os órgãos ambientais devem ser mais proativos em relação aos problemas hídricos na região metropolitana, não só em função da Copa, mas em função da biodiversidade lá existente, da qualidade de vida dos moradores e da preservação de um dos cartões-postais mais belos! Sugiro que o tema seja bem retratado em uma matéria na revista!” BETÂNIA LARA, contato por E-MAIL

FA LE CO NOS COEn vie sua su ges tão, opi nião ou crí ti ca pa ra

car tas@re vis tae co lo gi co.com.brFaça contato também pelo nosso site:

www.re vis taecologico.com.br

“Eu assino a ECOLÓGICO por-que, mais do que uma revista sobre o meio ambiente, ela me informa e me alerta das agres-sões que sofre a natureza. Ela é também um convite à poesia, à filosofia e ao viver natural.”

MÁRCIO HAMILTON, fotógrafo

EU ASSINO E

MÍL

IA G

OU

LART

ERRATA

Na capa da edição 54 “O Dilema dos Profetas”, bem como nas

páginas 32 e 38, o nome correto do profeta é Habacuc, e não

Oséas, como foi publicado. A imagem de Oséas encontra-se

somente na parte superior da página 32, tendo como fundo os

taludes da Mina Casa de Pedra.

14 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

1CARTAS DOS LEITORES

De forma inédita no país, o Governo de Minas avança no compromisso com a gestão ambiental e dá um passo decisivo para, até o fim de 2014, transformar a RMBH na primeira região do Brasil a ter 100% do lixo tratado de forma correta, sustentável e com aproveitamento energético. Resultado de uma PPP - Parceria Público-Privada - realizada junto com 44 prefeituras e articulada com empresas,

comunidade e cidadãos, o projeto de Gestão Metropolitana de Resíduos Sólidos Urbanos tem 80% dos investimentos custeados pelo Estado. Além disso, vai promover a gestão compartilhada do transbordo, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos urbanos, estimulando a reciclagem e promovendo a inclusão de catadores e de todos os envolvidos na cadeia de gestão de resíduos. Ao assumir a responsabilidade municipal de tratar o lixo, o Governo mostra que, em Minas, nem a gestão ambiental, nem a qualidade de vida são descartáveis.

METROPOLITANAGESTÃO

DE RESÍDUOS

GESTÃO AMBIENTAL.

MINAS DÁ EXEMPLO

PARA O BRASIL

E SAI NA FRENTE

MAIS UMA VEZ.

Nem tudo está perdido. Enquanto cada dia chove menos ou de maneira avassaladora, confirmando as profecias das mudanças cli-

máticas, nós temos de continuar vivendo e morando com esperança neste planeta maravilhoso. Um pla-neta que , somente pela sua beleza, deveria ser respei-tado e preservado por todos nós.

É o que está inscrito de maneira democrática no DNA de tudo que se move, respira e precisa de água no planeta. A vida (nós inclusive, apesar da nossa ig-norância) é criativa, adaptativa e multiplicativa. So-mos a vitória permanente sobre a morte. Mesmo que tentemos, e veja o estrago que já fizemos, não sabemos ser outra coisa.

Isso vale para o nosso morar. Também, e precisa-mente, para o nosso morar futuro, uma vez que, se-gundo a ONU, até o ano 2050, 95% de nós estaremos morando em cidades, no meio urbano, longe das zo-nas rurais onde, menos oprimida por nós, a natureza fará sozinha e melhor o seu papel de reconstituir o verde, as águas, a fauna e flora em extinção.

É por isso que, a partir desta edição, a Revista ECOLÓGICO dedicará um espaço permanente para o setor da construção civil e o mercado imobiliá-

NOSSO FUTURO COMUM

CARTA DO EDITORHIRAM [email protected]

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rio. Se estamos condenados a viver em cidades, que transformemos esse inferno em um céu de bem vi-ver, com mais mobilidade urbana, tecnologia e pai-sagismo à nossa volta.

Isso explica porque convidamos a engenheira civil e urbanista Cristiane Lacerda para fazer parte desta es-perança, como nossa nova colunista e consultora em construção sustentável. Ela é presidente da Ecocons-truct Brazil, professora e coordenadora do MBA Edi-fícios Sustentáveis: Projeto e Perfomance da Fumec.

Mundo, vasto mundo, como Drummond nos fez enxergar a travessia do ser humano sobre o planeta, além da sua Itabira, não é à toa que Cristiane está onde está, bem na foto. Ela está na cobertura do Hotel Victória, na Green City Freiburg, na Alemanha, eleito o mais sustentável do mundo. Detalhe do sonho que queremos e é possível tornar realidade aqui no nosso quintal montanhoso: todos os painéis deste hotel são fotovoltaicos e, suas turbinas, eólicas. Sol e vento, sim-ples assim. Sem inundar florestas nem poluir mais o planeta. Mas habitando-o inteligentimente.

Seja bem-vindo à construção sustentável! Boa leitura. Até a próxima lua cheia no céu des-

ta esperança.

16 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

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CRISTIANE NO TELHADO FOTOVOLTAICO DO HOTEL VICTÓRIA: SER SUSTENTÁVEL É POSSÍVEL

Rua Ludgero Dolabela, 700 - Casa - Gutierrez - Belo Horizonte/MG CEP. 30441-048 - TEL.+ 55 (31) 3282.0353

Apesar de todos os avanços obtidos no final do século XX, os caminhos do desenvolvimento sustentável ainda carecem de uma prática que legitime os modernos conceitos propostos por estudiosos e especialistas das questões ambientais. Dentro dessa visão, a Lume vem atuando em projetos, onde a pluralidade de seus estudos e a formação de sua equipe foram fundamentais para a construção desse diferencial. Com 300 projetos realizados, a empresa celebra sua sólida trajetória e se encontra pronta para desafios ambientais em todas as suas áreas de atuação:

- Gestão de recursos hídricos e saneamento- Imobiliários residenciais, executivos, comerciais e institucionais- Centro de compras- Infraestrutura e logística rodoviária- Infraestrutura e logística ferroviária- Infraestrutura e logística portuária- Infraestrutura e logística aeroportuária- Indústria- Energia- Siderurgia - Mineração- Conservação ambiental, pesquisa, silvicultura e resgate de flora- Saúde- Educação - Desenvolvimento turístico e de negócios

Negócios na visão da sustentabilidade.

Novas páginas: www.lumeambiental.com.br | www.facebook.com/lumeambiental

A LUME AJUDA VOCÊA ENTENDERO NOVO MUNDO

Em seu caminho de volta ao jornalismo, Fernando Gabeira começou por relatar quase 50 anos de uma das biografias mais

atribuladas da história política brasileira: a dele próprio. Ex-guerrilheiro, ex-exilado político e ex-congressista, ele recebeu a Revista ECOLÓ-

GICO para uma entrevista durante o lança-mento do seu livro de memórias “Onde Está

Tudo Aquilo Agora? Minha Vida na Política”, na sede do Partido Verde (PV), em BH. Em pauta, sua avaliação sobre a gestão am-biental do governo Dilma, as pretensões de Marina Silva ao fundar um novo parti-

do e o que ele vê de novidade para a nova política do século XXI. Confira.

REVISTA ECOLÓGICO: A presidenta Dilma Rou-sseff já cumpriu mais da metade do mandato. Como avalia o seu governo na área ambiental? ● Fernando Gabeira: Não vejo na Dilma nem no governo brasileiro nenhuma tendência nesse cam-po. Eles, do ponto de vista filosófico, acham que é preciso crescer. Então você tem duas caras: uma, interna, que atua na implementação da política, e outra, externa, que é para inglês ver. Só para dar um exemplo: estamos precisando estimular a econo-mia e o que ela faz? Isenta o imposto dos carros. É claro que isso estimula a economia, mas também é fato que aprofunda a insustentabilidade na medida em que produz mais gases de efeito estufa, reduz a mobilidade urbana e consagra a ideia de que todos podem ter um carro. Isso, sim, é uma utopia insen-sata, baseada em uma visão puramente imediatista do crescimento econômico.

Vinícius [email protected]

P Á G I N A S V E R D E S

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A CENTELHA DO

POSSÍVEL“Somos burros ao continuarmos

desalojando pessoas e derrubando florestas para produzir energia”

“É PRECISO FORMAR GENTE NOVA

PARA OCUPAR NOSSO ESPAÇO”,

FERNANDO GABEIRA

1

2 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 19

FERNANDO GABEIR AESCRITOR, JORNALISTA E EX-DEPUTADO FEDERAL PELO RIO DE JANEIRO

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Mas a presidenta alega bons resultados, como a redução do desmatamento e o investi-mento em energia limpa. ● A matriz energética realmente ajuda, mas o problema é que ela própria passa a ter limitações. Tem o caso das grandes hidrelé-tricas. Hoje é uma questão muito mais difícil. Cada vez mais é pre-ciso desalojar mais gente, derru-bar mais florestas. O desafio ago-ra deveria ser utilizar a parte boa dessa matriz, combinando com novas e mais ecológicas alterna-tivas ainda. Daí não digo que a gente seja preguiçoso. Digo mais: somos burros. Enquanto o presi-dente norte-americano, Barack Obama definiu seu ministro da energia como um Prêmio Nobel, escolhamos o Edison Lobão, que é um incompetente do PMDB e vai utilizar a pasta como trampo-lim político. Se tivéssemos serie-dade com a questão energética, a discussão não seria só sobre essa e aquela matriz energética, mas também sobre quem é res-ponsável por conduzir politica-mente o processo.

A ex-ministra Marina Silva vem recolhendo assinaturas para a criação de um novo partido. Ela alega que é pos-sível construir uma sigla di-ferente, organizada em rede e dedicada à sustentabilidade. Que lhe parece? ● O que a Marina está construin-do agora é a possibilidade de um partido. E do ponto de vista do exercício da democracia, estru-turas partidárias são muito mais profissionais. Não sei como eles podem responder como rede a essa estrutura profissional. O que é certo é que, para começar, é preciso ter um programa. E um partido não pode existir só com

boas intenções. É preciso saber o que este grupo pensa da educa-ção, da saúde pública, da políti-ca energética. Tudo isso tem que estar claramente contido em um programa. Acho que a rede pode contribuir para o debate, mas não pode substituí-lo.

A tendência do Partido Verde é a de acompanhar Marina em 2014? ● Não existe essa tendência. O que existe é um campo socioam-biental que precisa se expressar e que tem possibilidade de se tor-nar uma alternativa para o Brasil cansado do PT e do PSDB. Esse campo, para que seja viável, pre-cisa marchar unido, atrair outros setores e ter consciência do que é uma campanha nacional. Isso porque não é um desfile onde você vai afirmar sua pureza dian-te dos demais, é preciso envolver milhões de pessoas. Hoje existem contradições e ressentimentos entre o PV e a Marina. Diante de uma questão nacional, esses res-sentimentos hão de sobreviver ou não? Ainda é cedo para saber.

Em seu livro, você fala das re-des como nova forma de or-ganização política. Quando falamos em redes, estamos fa-lando propriamente do quê? ● Quando na Espanha houve um atentado terrorista e o governo conservador quis aproveitá-lo po-liticamente às vésperas das elei-ções, foi através do telefone celu-lar que as pessoas conseguiram convocar uma reunião popular e de protesto nas ruas. Quer dizer, elas constituíram ali uma rede. Então, quando digo rede falo de pessoas em fusão, interessadas em trabalhar juntas, que utilizam ou não a internet como instrumento de trabalho e que produzem meta e resultados coletivos a partir des-ta comunicação permanente.

Você demonstra certo desen-canto com a política partidá-ria. Um jovem idealista que queira transformar o mundo deve procurar, então, outro ca-minho fora da política oficial? ● É interessante que ele procure outros caminhos. Um deles é o caminho das redes sociais, atra-

“A participação social, por mais que você tente controlá-la, é imprevisível

e incontrolável.”

1PÁGINAS VERDES

vés das quais ele pode produzir muito movimento e com mais liberdade. É claro que isso não apaga o partido. Quando se trata da questão do poder – e quando você precisa dos instrumentos do poder para operar - aí você vai sentir falta de um partido.

Quais seriam as diferenças essenciais entre o mundo possível da geração de 68 para esta que está aí agora?● O mundo possível da geração de 68 era o socialismo. Estáva-mos envolvidos na Guerra Fria e a alternativa que víamos ao ca-pitalismo era essa: um projeto acabado que já tinha o script da história que iria decorrer a par-tir das nossas lutas. Hoje já não existe essa utopia, e o mundo possível de hoje não tem a con-sistência que aquela ideia do so-cialismo - que faliu - já teve. Hoje o mundo possível são intuições, ideias esparsas. Não há um pro-jeto articulado que se apresen-te como alternativa. Nós vimos surgir movimentos importantes na Espanha, de jovens indigna-dos que não têm emprego e que-rem repensar a política. O Occu-py Wall Street foi uma reação à crise e ao capital financeiro, mas também não tinha uma propos-ta estruturada. Mesmo na Fin-lândia, as forças progressistas ajudaram a derrubar o governo, mas sem também impulsionar uma nova visão.

Que visão é essa? ● Hoje o que existe é uma tenta-tiva de apresentar o mundo novo como lugar onde se desenvolva uma produção e um consumo sustentáveis. Então uma das no-vidades do mundo atual é conti-nuar crescendo sem aumentar as emissões. É uma das centelhas do

possível. Outra é o respeito aos di-reitos humanos, elemento igual-mente fundamental. Há também o aprofundamento da questão ambiental e outra questão que considero particularmente im-portante que é o aprofundamento da democracia. A democracia não é um sistema acabado, é um sis-tema em construção que precisa ser cada vez mais aprofundado. E esse aprofundamento é bem-vin-do, por exemplo, na radicalização da transparência e na aprovação de leis como a do acesso às infor-mações de governo que permi-tem aos cidadãos acompanhar de verdade o processo político. Não quero dizer que isso seja um novo mundo possível, é muito pouco. Mas são componentes que estão no horizonte hoje.

Se a centelha do possível pas-sa por produção e consumo sustentáveis, como pensar es-sas frentes politicamente? ● A questão ética e moral do con-sumismo sozinha não resolve. É um problema muito difícil, e não acredito que vamos ampliar o consumo responsável ameaçan-do e amedrontando as pessoas. Acredito, sim, na possibilidade de transmitir informação para que as pessoas possam dispor de esco-lhas adequadas. Hoje quem quer um consumo responsável precisa trabalhar muito. Primeiro, tem que passar o dia inteiro se informando sobre onde estão as coisas. Segun-do, ela precisa ter dinheiro para

isso. E terceiro, - e eu penso muito nisso -, é que nós lutamos na ques-tão do consumo contra forças mui-to poderosas que são capazes de trabalhar os aspectos mais incons-cientes das pessoas. Então a gente fica dando lição de moral e a pu-blicidade te mostra um carro, uma loura maravilhosa e te diz: se você tiver este carro ela vai casar conti-go. Por mais que ele não leve isso no consciente, não deixa de ter um peso na vida dele. Então é necessá-rio que as alternativas que procura-mos tenham também a possibili-dade de emocionar as pessoas.

Fala-se muito também na institucionalização da par-ticipação social para o apro-fundamento da democracia. Não poderia ser um tiro no pé “oficializar” nos governos a participação da sociedade?● A participação social hoje é um pouco indomável. O Renan Ca-lheiros, por exemplo, foi eleito pre-sidente do Senado e surgiu na in-ternet um abaixo assinado de mais de um milhão de assinaturas con-tra ele. Você hoje tem condições de estabelecer alguns critérios. Por exemplo: um grupo com 1,5 mi-lhão de assinaturas pode apresen-tar um projeto de lei no congresso para ser votado. Agora, que projeto é esse e como isso vai acontecer? A participação social, por mais que você tente controlá-la, é imprevi-sível e incontrolável. Essa, aliás, é uma das suas maiores qualidades.

Quais seus planos daqui pra frente? ● Eu voltei ao jornalismo, e essa atividade tem certa incompatibi-lidade com a politica partidária e militante. Então o que estou me dispondo a fazer com o PV são cursos de formação, formar gente nova pra ocupar esse espaço.

FERNANDO GABEIR AESCRITOR, JORNALISTA E EX-DEPUTADO FEDERAL PELO RIO DE JANEIRO

“Acredito na transmissão de

informação para que as pessoas possam dispor

de escolhas adequadas.”

20 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

Participar da vida política é direito de todo cidadão. Por isso, a

Assembleia facilita o acesso para você chegar à Casa do Povo.

Você pode acompanhar o trabalho dos parlamentares, consultar os

projetos e as notícias e apresentar sugestões.

Acesse a Assembleia pela internet, TV ou telefone. Ou venha aqui

pessoalmente. Fique à vontade, a Assembleia é a sua Casa.

Acesse: www.almg.gov.brAssista: TV Assembleia – em BH, canal 35 UHFFale: Centro de Atendimento ao Cidadão – (31) 2108 7800Venha: Rua Rodrigues Caldas, nº 30 – Santo Agostinho –Belo Horizonte. Atendimento das 7h30 às 20h.

TODAS AS PORTAS DA ASSEMBLEIAESTÃO ABERTAS PARA VOCÊ.

SOU ECOLÓGICO1

Quando Hugo Werneck nos dizia, triste, que a humanidade

estava cada vez mais apartada da natureza e, por isso mesmo,

se autocondenava ao inferno antecipado das mudanças climá-

ticas, ele tinha razão. Imagine quão triste ele ficaria hoje se também

fosse morrer de calor e desolação com a falta de paisagismo e arbo-

rização no novo e desértico Estádio Magalhães Pinto, o nosso “Minei-

rão do Saara”, agora desvestido de árvores, sombra e ar puro para as

copas das Confederações e do Mundo?

Por que esse nosso desamor ao verde, em prol do excesso de cimen-

to e asfalto, da insolação desmedida e do culto antiecológico ao sol, ali

sim, a nos causar suor, desconforto, irritação e câncer de pele?

Seria o medo medonho dos nossos políticos, empresários, arquite-

tos e demais urbanistas de nos arremessar à condição de macacos

que já fomos, trepados em árvores e vivendo com mais naturalidade,

e ainda com pêlos para nos proteger do sol causticante?

Tancredo Neves, pelo menos, não tinha esse medo. Quando era

governador de Minas, ele se irritou ao ver a então recém-reformada

Avenida Antônio Carlos, da Lagoinha à Pampulha, só de asfalto, com

toda a continuidade dos seus canteiros centrais cimentados e sem uma

só árvore. Pediu ao prefeito da época, Hélio Garcia, que a Sudecap e o

combativo Departamento de Parques e Jardins da PBH (germe da

futura secretaria e legislação ambiental municipal) furasse covas e

plantasse verde, sombra e passarinhos em todo o seu percurso.

Mais: nessa mesma época ocorria uma polêmica na história vergel

e arquitetônica da capital. Mary Vieira, uma arquiteta mineira, mas

residente na Suiça, onde o clima é diferente e o sol forte é apenas

uma dádiva temporária da natureza, nunca um fazedor provocado e

gratuito de cânceres de pele, resolveu planejar uma nova Praça Rio

Branco, em frente à rodoviária.

SÍNDROME EUROPEIAMesmo famosa e respeitada mundialmente, o que ela idealizou e

batizou de “Liberdade em Equilíbrio” só para os mineiros “usufruí-

rem”, e não ela, que continuava vivendo em outro nada tropical e

mais ameno hemisfério climático? Um espaço totalmente árido, de

cimento, bancos sem encostos e nenhuma árvore e sombra. Tal como

o novo Mineirão. Até os antigos canteiros tradicionais com margari-

das, lírios e hortênsias que ali existiam, notadamente abandonados

pela prefeitura, ela exigiu retirá-los, junto dos moradores de rua, para

não ferir a estética proposta.

A revolta popular, impulsionada pelos ambientalistas e pelo pró-

prio Tancredo foi tanta que a PBH resolveu fazer uma consulta popu-

lar. O resultado foi óbvio: 98% da população simplesmente pediu

árvores no lugar do concreto e do sol inclemente.

A então recém-criada Secretaria Municipal de Meio Ambiente

furou a praça e plantou/transplantou meio erradamente, sem um

planejamento arbóreo mais adequado, esse foi o único senão, todas

as árvores que voltaram a existir ali. O espaço público perdeu sua

aridez para todas as cores, além do verde. A arquiteta ficou fula da

vida e voltou para a Europa, para a sua outra realidade urbana, ainda

nos chamando de “caipiras” e “atrasados”.

Pior: como querida, admirada e respeitada que era por seus cole-

gas, Mary Vieira teve a compaixão de várias autoridades mineiras.

Nenhuma delas, é claro, frequentadora da praça em questão, como o

povo é obrigado a ser, tal como acontece com os torcedores suando

em bicas sobre o chão desumanamente aquecido e insensível ao

redor de todo o novo Mineirão.

Vejam que o avô de Aécio Neves já trazia o conceito verde da eco-

logia em suas veias. A única autoridade pública a ter coragem de se

posicionar contra a não “caipira” e temida arquiteta, na época, foi o

futuro quase presidente do Brasil. Indagado sobre a polêmica da

nova Praça Rio Branco, com ou sem árvores, Tancredo respondeu

lacônico e na lata: “Só quem ainda é ortodoxo não gosta do verde.”

Saudades atleticanas, cruzeirenses e americanas dele!

Com a palavra sobre o Mineirão pelado de árvores, o nosso governador

“forte e vingador ecológico”. Esperamos, Antonio Augusto Anastasia.

22 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

O MINEIRÃO DO SAARA (II)

A PERSPECTIVA QUE SE TORNOU

REALIDADE: ARIDEZ ANUNCIADA DIV

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Acesse o blog do Hiram: hiramfirmino.blogspot.com

GAMBOGI BRILHAFoi prestigiada, emotiva e festiva, com direito a baile jurídico

noite adentro, a posse do advogado militante Luís Carlos

Balbino Gambogi como novo desembargador do Tribunal de

Justiça de Minas Gerais (TJMG). Mestre, doutor e professor de

Filosofia do Direito na Fumec, ele é autor do livro “Direito:

Razão e Sensibilidade”, onde advoga a ecologia da completu-

de jurídica: reflexão e sentimento humano trabalhando jun-

tos, e não mais em campos opostos, como gladiadores fora

do tempo presente. Ex-desembargadores, operadores do

Direito, parlamentares, magistrados e servidores da Justiça

acompanharam Gambogi, após a posse no TJMG, no Buffet

Catharina. Detalhe: todos os músicos e cantores integrantes

da banda eram e são do meio jurídico.

Justíssimo.

O HOMENAGEADO E SUA ESPOSA, PATRÍCIA BOSON

ESPERANÇA NO FEMININOEscolhida por Márcio Lacerda, a

engenheira química Carla Vascon-

cellos Couto Miranda (foto), com

mestrado em Saneamento, Meio

Ambiente e Recursos Hídricos, é a

nova secretária municipal de Meio

Ambiente de BH. Ela volta à pasta,

onde já foi adjunta, com um desa-

fio a mais. Convencer os ambienta-

listas, que apoiaram o prefeito mas

indicaram outro nome, que a sua

aposta foi certa. E agregá-los em

sua gestão e prioridade número

um: a recuperação, valorização e retorno natural dos cursos d’água que

nos restam, incluindo o Projeto “Pampulha Viva”.

Ela entende. E já tem o apoio do Manuelzão. O AMOR NA FIEMGPrimeiro foi Anastasia. Ao finalizar seu competente discurso

na festa dos 80 anos da Fiemg, no Teatro Sesiminas, o

governador foi sucinto: “Cabe-nos, enfim, além de grandes

alianças, termos amor ao Estado”.

Uma semana depois, a palavra “amor” voltou a ser fala-

da, desta vez, dentro da Fiemg, durante almoço de empresá-

rios. O vice-presidente da instituição, presidente do Grupo

Asamar (Ale Combustível) e também da Associação de Diri-

gentes Cristãos de Empresa (ADCE), promotora do evento,

Sérgio Cavalieri prosseguiu:

“Nosso dever aqui é deixarmos um mundo melhor para

quem vem depois. É termos negócios sustentáveis, respon-

sabilidade social. Isso significa amor, e amor é o que signifi-

ca o mistério, o que a ciência e a matemática ainda não

conseguiram explicar”.

AMAR É...Tadeu Carneiro, engenheiro e diretor-geral da CBMM, foi

além, ao abrir sua exposição sobre o que é uma minera-

ção sustentável: “ Amor é o outro nome de solidarieda-

de. Essa é a palavra mágica pra tudo, inclusive para

quem quer ter sucesso e lucro, sem pressa e avidez.

Amar no nosso negócio, por exemplo, é respeitar e cui-

dar do meio ambiente. E gostar de fazer isso. É desenvol-

ver, participar e querer o bem das comunidades onde

atuamos e dos nossos colaboradores. É dar-lhes educa-

ção e moradia para não se preocuparem com isso e

estarem mais presentes no que fazem, sem acidentes

nem rotatividade. É investir, capacitá-los e fazê-los parti-

cipar também dos nossos resultados”.

Não foi à toa que a CBMM venceu o III Prêmio Hugo Wer-

neck de Sustentabilidade & Amor à Natureza, o “Oscar da

Ecologia’2012”, na categoria “Melhor Empresa”.

TADEU CARNEIRO E SÉRGIO CAVALIERI: AFINADOS

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 23

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24 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

SOU ECOLÓGICO1

ENTRE DOIS DESTINOSEntre voltar a Aiuruoca, sua terrra natal, no Sul de Minas, e permanecer em BH, à frente da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável, reparem o recado no bolo de aniversário, Adriano Magalhães preferiu os dois. Ele e Mônica Sins Gomes

(foto) selaram a união no último dia nove de março, no espaço corretamente verde do Salaberry Recepções, na Pampulha. A lista de

padrinhos, parentes, amigos e convidados, incluindo o governador Anastasia, teve o critério predominantemente afetivo. Isso fez cada

uma das pessoas ali presentes se sentir mais especial ainda, convidadas que foram pelo coração. Isso tornou a cerimônia muito mais

emocionante. Visivelmente apaixonado, o casal fez lembrar a canção-máxima dos Beatles, a despeito da presença concorrente e vizi-

nha, na mesma noite, de Elton John no Mineirão: “All you need is love”.

BERTHOLDINO FLORESTALO engenheiro-agrônomo Berthol-

dino Apolônio Teixeira (foto), for-

mado pela Universidade Federal

de Viçosa e com MBA em Adminis-

tração de Empresas com Ênfase em

Meio Ambiente pela FGV, é o novo

presidente do Instituto Estadual

de Florestas (MG), onde já atuou

como analista de licenciamento

ambiental. Em sua bagagem, além de atuante e apaixonado

pela causa, ele traz a experiência de sete anos como coorde-

nador ambiental do Grupo Coruripe. Leia-se a sua atuação

frente à criação da RPPN Porto Cajueiro, a última porção das

veredas descritas por Guimarães Rosa ainda preservada no

município de Januária, no Norte de Minas, aplaudida pela

Amda. Quem deu o empurrão final para Bertholdino aceitar

o novo e baita desadio profissional à sua frente foi seu pró-

prio e agora ex-chefe Vitor Wanderley, diretor da Usina

Coruripe, que venceu a primeira edição do “Prêmio Hugo

Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza, o Oscar da

Ecologia´2010”, na Categoria “Melhor Empresário”.

Boa sorte!

NOVOS BAIANOSO último verão confirmou: Santo André, distrito

de Santa Cruz de Cabrália, a meia hora de carro

de Porto Seguro, no sul maravilha da Bahia, é a

nova praia dos mineiros. Além da família Peder-

neiras, do Grupo Corpo, que descobriu antes,

tem propriedade e há anos frequenta a antiga

vila de pescadores, hoje alçada a roteiro gour-

met internacional, a ECOLÓGICO registrou várias personalidades, artis-

tas, advogados e jornalistas de BH curtindo suas praias ainda semivir-

gens e despoluídas. Entre elas, na última temporada: Ronaldo Fraga

(foto) com os filhos, Nely Rosa e amigos, Ricardo Pimenta, Maurício

Gontijo, Ana Diniz, Adriana Silveira e Myrian Christus.

VOLTA POR CIMAO ex-presidente da Fundação Zoo-Botânica de BH

e também ex-presidente do IEF, Evandro Xavier

(foto), está de volta à cena ambiental. Por indica-

ção do ministro Fernando Pimentel, ele foi nome-

ado pela presidente Dilma Rousseff como o novo

superintendente do Ibama em Minas.

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ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 25

SÉRGIO NOVA-LIMENSEPolivalente, o administrador de empresas

Sérgio Cardoso Motta (foto), criador do

Sistema Hoje de Comunicação (jornal Hoje

em Dia, Rádio Cidade e TV Record Minas) e

já três vezes secretário de Estado (Ciência,

Tecnologia e Meio Ambiente; Indústria e

Comércio; e Trabalho e Assistência Social),

é o novo secretário Municipal de Comuni-

cação de Nova Lima (MG). Uma de suas

últimas criações, também como publicitá-

rio à frente da sua agência Vitória Comunicação, foi a belíssima cam-

panha “Quem mata a mata, mata mais que a mata. Evite queimadas.”,

para a Revista ECOLÓGICO.

Seu maior desafio: mudar a imagem ‘eco-política’ nada sustentá-

vel de sucessivas administrações do município com mais verde (Mata

Atlântica), mais água (800 nascentes) e mais abusos imobiliários da

Região Metropolitana de BH, o que parece já estar acontecendo. Ao

invés de brigar mas, sim, abrindo uma sintonia com o Ministério

Público, o atual prefeito Cassinho Magnani acaba de tornar público

algo impensável na história ambiental local: preservar ad infinitum

toda a deslumbrante região do Morro do Souza e outros cenários

naturais adjacentes. Justamente onde a Odebrecht Imobiliária, sem

diálogo e com a revolta dos ambientalistas, insiste em ampliar o

projeto construtivo do Vale dos Cristais.

A tiracolo para essa façanha, a atual administração conta com um

outro nome peso-pesado que, inclusive, é morador de Macacos, dis-

trito emblemático de Nova Lima, onde a luta ambiental na Grande

BH teve início. Ele é nada menos que o comendador e geógrafo

Roberto Messias Franco, ex-secretário de Meio Ambiente da capital

mineira, ex-presidente da Feam e do Ibama nacional.

VEREDAS DE ESPERANÇAPor falar em Nova Lima, a sua natureza acaba de ganhar um novo

aliado. Trata-se do fotógrafo filho da terra Amaury Leite Pimenta,

que lançou o livro “Veredas das Aves”, mostrando a tamanha rique-

za e diversidade da fauna alada a ser preservada no município.

A partir de seu trabalho e da experiência in loco que ele implantou

no condomínio Residencial Veredas das Gerais, onde mora, envolvendo

seus vizinhos, nada menos que 148 espécies de passarinhos estão de

volta, semeando e multiplicando a vida na região.

“Quando eu era criança e caçava pássaros com espingarda de

chumbinho – recorda Amaury – não tinha a menor noção de que

podia estar destruindo o futuro para meus filhos.”

MAIS INFORMAÇÕES: 9724-5063

Acesse o blog do Hiram: hiramfirmino.blogspot.com

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“Carro movido a café bate recorde de ve-locidade na Inglaterra: http://abr.io/GuSB”@exame_com – Revista Exame

“Especialista da ONU pede maior vin-culação entre direitos humanos e meio ambiente”@onubrasil - ONU Brasil

“Uma das perspectivas do jornalismo ambiental é a militância”@EcoAgencia - EcoAgência Notícias

“Enquanto houver inconsciência de que somos todos filhos de um mesmo lar comum e vivo, todas as #COP serão insatisfatórias”@karinamiotto - Karina Miotto, jornalis-ta ambiental

“As folhas das árvores servem para nos ensinar a cair sem alardes.”@Poeta_ManoeldB – Twitter em home-nagem ao poeta Manoel de Barros

“2013 promete muita bicicleta nas ruas!”@bikeanjo - Bike Anjo

“Enquanto estrangularem os rios nas cidades, asfaltarem tudo, vão continuar acontecendo enchentes e alagamentos. A água não tem pra onde ir.”@letbelem - Letícia Belém

Não imprima! Cada brasileiro conso-me, em papel, meia árvore por ano. E se você ainda nem plantou uma árvore na vida, sua conta verde está no nega-tivo. Porém, ainda há tempo de mudar! Conheça nesse link goo.gl/su6sQ cinco bons motivos para evitar ou mesmo abo-lir a impressão de documentos.

Leia mais! A internet está recheada de sites que possibilitam o download de li-vros sobre os mais variados temas. Neste link goo.gl/ZUEYh você tem acesso a dez sites da área que compartilham desde textos científicos a livros de Machado de Assis. Confira!

ECO MÍDIAS

Biólogos e demais interessados no estudo da fauna e flora também podem aprimorar

o conhecimento por meio de aplicativos para iPhone e Android.

O primeiro deles é o “Aves do Brasil”. O guia apresenta 345 espécies com ilustrações e

informações textuais do pesquisador Tomas Sigrist, autor referência no assunto. Desen-

volvido pelo Planeta Sustentável e disponível para iPhones, o aplicativo custa US$6,99. O

app também pode ser encontrado na versão gratuita com um guia de 30 tipos de aves.

Mas, se você tem mais interesse por plantas, o aplicativo Leafsnap identifica espécies

de árvores a partir de fotografias de folhas. As imagens não somente de folhas, mas de

flores, frutas, sementes e cascas são em alta resolução. O app é grátis e compatível com

iPhone e Android. Confira!

Twittando ECO LINKS

Que tal presentear um amigo com uma assinatura trimestral da Revista ECOLÓGICO?

Basta seguir nosso Twitter @sou_ecologico e digitar a frase: Quero dar uma assinatura

da Revista ECOLÓGICO para o amigo(a)... e finalizar com o nome ou o Twitter do amigo

que você quer agradar. O sorteio será realizado dia 15 de abril e o resultado divulgado nas

nossas mídias sociais. Boa sorte!

Quer salvar a árvore da sua rua? Tem uma

fotografia de uma bela paisagem ou de um

animal? Quer dar força para um movimento

ambiental? É só enviar fotografias ou vídeos

para [email protected] colo-

cando seu nome completo e no assunto da

mensagem: Repórter Ecológico. “Sua notícia”

pode ser publicada aqui!

E acompanhe na próxima página, a nova se-

ção “Lua dos Leitores”! Fotografe a mais bela

lua cheia, envie para o e-mail redacao@revis-

taecologico.com.br ou para o nosso Facebook

www.facebook.com/souecologico. Escreva

nome completo e o local onde a fotografia foi

feita. Não esqueça de enviar imagens em alta

resolução. Confira!

ECO PROMOÇÃO

REPÓRTER ECOLÓGICO

Cristiane Mendonça

[email protected]

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26 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

LUA DO [email protected] 1

Que a lua cheia é um espetá-culo à parte, não há dúvida!

Mas, o olhar especial que cada um dá a ela é que faz a diferença! Prova disso é o registro “dourado” feito da lua em um sítio na cidade

de Capim Branco (MG), pelo nosso leitor George Lunardi

ENVIE A SUA FOTO PARA A ÚNICA PUBLICAÇÃO SOBRE MEIO AMBIENTE,

SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL COM CIRCULAÇÃO

LUNAR NA GRANDE MÍDIA IMPRESSA E DIGITAL BRASILEIRA.

O Pico do Baepi, com 1048 metros de altitude, é a

quinta montanha mais alta de Ilhabela, litoral norte de São Paulo. E foi de lá que o nosso leitor Thito StrambI

fez um lindo registro da lua cheia!

28 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

JÁ O MARCOS VINÍCIUS ANDRADE COELHO REGISTROU A LUA CHEIA NO CÉU DA

CIDADE DE MONTE VERDE, MUNICÍPIO CONHECIDO COMO A SUÍÇA MINEIRA

E PARA ENCERRAR, A LUA CHEIA NO CLICK DE MARINO JÚNIOR,

NA CIDADE DE BELO HORIZONTE

O Apadrinhamento de Escolas é uma iniciativa que oferece soluções para a dura realidade de crianças que vivem em comunidades às margens dos rios do Amazonas.

Com apenas R$ 25 por mês você leva a essas crianças educação transformadora, que une o ensino formal ao conhecimento tradicional, ambiente escolar acolhedor, material necessário para um bom aprendizado e capacitação adequada para os professores.

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30 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

1

"Sou capaz de inventar uma tarde a partir de uma garça."

MANOEL DE BARROS, POETA

"No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras. Depois pensei

que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora,

percebo que estou lutando pela humanidade."

CHICO MENDES, ATIVISTA E EX-LÍDER,

ASSASSINADO, DOS SERINGUEIROS

G E N T E E C O L Ó G I C A

“Francisco é uma palavra rica de significados num mundo pobre de significado. Francisco quer dizer coma

moderadamente num mundo obeso. Beba com alegria num mundo que enfia a cara no poste. Consumo responsável em sociedades de governos e consumidores endividados. O uso responsável do irmão ar, do irmão mar, do irmão vento e de

todas as riquezas debaixo do irmão Sol e da irmã Lua.”

NIZAN GUANAES, PUBLICITÁRIO E PRESIDENTE DO GRUPO ABC

"Sejamos guardiães da criação e do desígnio de Deus inscrito na natureza. Não deixemos que sinais de destruição

e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Temos que ter respeito por toda criatura de Deus e pelo

ambiente onde vivemos.”

PAPA FRANCISCO, EM SUA PRIMEIRA MISSA DE PONTIFICAÇÃO

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CRESCENDO

MINGUANDO

ECOLÓGICO /MARÇO DE 2013 31

"Pra que tanta sujeira nas ruas e nos rios? Qualquer coisa que se suje tem que limpar"

SKANK, NA MÚSICA PACATO CIDADÃO

"Não estamos em crise, mas instados a superar quandes

desafios, transformando-os em enormes oportunidades."

MARIA DAS GRAÇAS FOSTER,

PRESIDENTE DA PETROBRAS

"Se o clima fosse um banco, já o teriam salvado."

HUGO CHÁVEZ, EX-PRESIDENTE

DA VENEZUELA

"Alcançar a efetiva diversidade é uma forma de criar valor de longo prazo e promover a paixão pelas pessoas e

pelo planeta."

VANIA SOMAVILLA, DIRETORA-EXECUTIVA DE RH, SAÚDE

E SEGURANÇA, SUSTENTABILIDADE E ENERGIA DA VALE

JOSÉ LUIZ PENNA O deputado e presi-dente do Partido Verde foi eleito por unanimi-dade para presidir a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvi-mento Sustentável na Câmara dos Deputados.

REPÚDIOXuxa Meneghel, a apresentadora global, também saiu de cima do muro e manifestou seu repúdio à eleição do homofóbico e racista Marco Feliciano como presidente da Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados. “Socorro! Que Deus nos ajude, gente!” Ela pediu no seu perfil no Facebook.

DIREITOS HUMANOS“Casamento civil é entre um homem e uma mulher. E ponto final”, Marco Feliciano, deputado Federal (PSC-SP), repudiado pela opinião pública por ter sido eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias no Congresso Nacional.

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CÉU DE BRASÍLIAVINÍCIUS [email protected]

ENERGIA LIMPA O potencial para geração de eletricidade pelas unidades de destinação de resíduos no Bra-sil é de mais de 280 MW, volu-me suficiente para abastecer uma população de cerca de 1,5 milhão de pessoas. As informa-ções constam do Atlas Brasileiro de Emissões de Gases de Efeito Estufa e Potencial Energético na Destinação de Resíduos Sólidos, da Associação Brasileira de Em-presas de Limpeza Pública e Re-síduos Especiais (Abrelpe).

VIOLÊNCIA INDÍGENA E a violência contra os povos in-dígenas , no Mato Grosso do Sul (MS), continua. Só em janeiro, pelo menos três comunidades receberam ameaças de fazendei-ros e pistoleiros: o acampamento Guaiviry, a Terra Indígena Taqua-ra e a área retomada Laranjeira Ñanderu. Em fevereiro, também foram registrados ataques na TI Sombrerito e na comunidade de Pyelito Kue/Mbarakay, além do assassinato do jovem guarani Denílson Barbosa, de apenas 15 anos, na tekoha Pindo Roky.

32 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

DESMATAMENTOO desmatamento continua su-bindo na Amazônia. Nos últimos seis meses, a taxa mais que do-brou, um aumento de 118% de agosto de 2012 a janeiro de 2013 comparado com o mesmo perío-do de 2011/2012. A informação é do Imazon, ONG que faz o mo-nitoramento independente do desmatamento na Amazônia Le-gal. Em janeiro, o desmate teria alcançado 35 quilômetros qua-drados de floresta.

EMISSÕES FLORESTAIS A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) lançou uma série de estatísticas sobre as emissões de carbono originadas do desmatamento, agricultura e outras formas do uso da terra entre 1990 e 2010. Segundo o documento, o Brasil respondeu, no período, pela emissão de 25,8 bilhões de toneladas de dióxido de car-bono equivalente.

NOVO PRESIDENTE Ganhador do troféu Motosserra de Ouro do Greenpeace, em 2005, o senador Blairo Maggi (PR-MT) assumiu a presidência da Comissão Permanente de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle no Senado. O nome do senador já es-tava cotado para o cargo antes da eleição que levou Renan Calheiros à presidência da casa.

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TRANSPOSIÇÃOO ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, afir-mou este mês que a transposição do Rio São Francisco es-tará “100% concluída até o final de 2015”. Apesar da afirma-ção, foram encontradas inconsistências em medições nos contratos de obras e serviços nos trechos 1, 2, 9, 10 e 11 do empreendimento. Um dos processos já foi encaminhado para a análise do Ministério Público e do Tribunal de Con-tas da União (TCU).

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BELO MONTE Do total de condicionantes socioambientais

que a Norte Energia deve cumprir para a

construção da hidrelétrica de Belo Monte,

apenas 19% foram cumpridas. Os dados fo-

ram apresentados pelo Ibama, que notificou

o grupo responsável pela obra.

MINERAÇÃONas próximas semanas, o governo deverá editar medida provisória que reforma o Código de Minera-ção. Além de revisar os royalties, o novo código vai criar uma nova Agência Nacional de Mineração e o Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM). Minas e Pará - responsáveis por 80% da produ-ção nacional - são os maiores in-teressados no pacote.

PLANO AGROECOLÓGICO A versão preliminar do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica foi apre-

sentada no Palácio do Planalto. O documento prevê R$ 5 bilhões por ano para custeio

e agroindustrialização da produção de base agroecológica e R$ 55 milhões para ações

de fomento e apoio à infraestrutura produtiva. O objetivo é alcançar 28 mil unidades

de produção adequadas à legislação brasileira para a produção orgânica.

Há 34 anos trabalhando pela preservação do meio ambiente.

Parabéns a todos que fazem parte desta história!

Amda

www.amda.org.br

ESTADO DE ALERTAMARIA DALCE RICAS (*)[email protected]

Pensava que a atividade-fim do Sisema era pro-teger o meio ambiente, mas parece que não. Quando o assunto era tido como secundário

pela sociedade, a máquina estatal era muito mais fechada e agia com tranquilidade. Mas ele se tornou importante, ganhou espaço na mídia e era preciso evoluir. E aí surgiu o “legalismo” e os “legalistas”. Seus praticantes são preparados, conhecem leis e ocupam cargos de destaque na máquina estatal.

O princípio que os rege é: “Diante de qualquer de-núncia de degradação ambiental, o objetivo é legali-zar o ato, independentemente do que esteja acontecen-do com o meio ambiente natural”. O “legalista” fica com a consciência tranquila e com o morno sentimento de ter cumprido seu dever. À socieda-de é dada uma satisfação, que fica com a impressão de transparência e eficiência, e o processo é encerrado com o carimbo do “resolvido”.

Cito um “estudo de caso”: desde 2009 estamos denunciando um lote-amento chamado pomposamente, em bom estilo “co-lonialismo americano”, de Vitória Golf Club, em Bru-madinho, localizado na zona de amortecimento do Parque do Rola Moça, a menos de 2 km em linha reta de seus limites. A área é de domínio da Mata Atlânti-ca, bioma protegido por lei específica e considerada de alta relevância para proteção da biodiversidade, pelos governos federal e estadual.

TÁ PROTESTANDO POR QUÊ?

TENHO LICENÇA!Após quatro vistorias, o empreendimento foi embar-

gado e “convocado a se regularizar”. Mas o Grupo Vitó-ria da União, seu proprietário, especialista em vender as “belezas da natureza”, sabendo que seus incômodos não iriam além dos autos de infração, não deu a mínima para a Semad: desmatou e vendeu lotes sem ter licença.

Resolveram agora asfaltar o trecho de 6 km da es-trada que liga o núcleo urbano mais próximo ao loteamento. Mais uma vez denunciamos o fato, lem-brando que ela atravessa área proposta para criação de Refúgio de Vida Silvestre, visando manter conec-tividade entre o Parque do Rola Moça e ambientes

naturais das Serras dos Três Irmãos e Moeda; ressaltando que o asfaltamento é parte do empreendimento e não pode ser analisado de forma separada; que não somos contra o asfaltamento, mas ele deveria ser precedido de diversas medidas para minimizar impactos.

Não deu outra. Recebemos, da sub--secretária de regularização da Se-mad, a cômoda resposta de que a

estrada “estava apenas sendo melhorada” e que o Codema (Conselho Municipal de Meio Ambiente) de Brumadinho autorizou.

As centenas de árvores que foram derrubadas, os animais silvestres que estão sendo afugentados e atro-pelados pelos caminhões alucinados - e continuarão sendo - e o tráfego diário de dezenas de caminhões dentro do Parque do Rola Moça são fatos que não atin-gem o emocional da secretária e sua equipe. O carim-bo da “legalidade” foi batido. Assunto encerrado. Que o meio ambiente se dane diante do “dever cumprido”.

A última esperança da natureza é o Ministério Pú-blico, a quem enviamos representação. No mais, só nos resta a tristeza de assistir à destruição de mais um ambiente natural e protestar em espaços democráti-cos como a Revista ECOLÓGICO.

(*) Su pe rin ten den te-exe cu ti va da Associação

Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda).

“O carimbo da legalidade foi batido. Assunto encerrado.

Que o meio ambiente se dane diante do dever cumprido.”

RECADO PARA OS EMPRESÁRIOSRichard Rogers mostra a importância e a responsabilidade

social das empresas construtoras com o meio ambienteCristiane Lacerda

[email protected]

Em seu último livro, “Cida-des para um Pequeno pla-neta”, o arquiteto Richard

Rogers mostra a importância e a responsabilidade das empresas construtoras.

Segundo ele, o empresário que constrói apenas em busca de re-torno financeiro, sem qualquer compromisso com o meio am-biente urbano ou com a qualida-de de vida de seus cidadãos, ou aquele profissional que projeta uma via de tráfego intenso pelo meio da cidade, sem se preocu-par com questões sociais ou am-bientais mais abrangentes, am-bos estão fazendo um mau uso

1C O N S T R U Ç Ã O S U S T E N T Á V E L

36 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

da tecnologia. Rogers explica ainda que o

pensamento criativo e a tecno-logia devem ser utilizados para beneficiar o próprio cidadão, de forma a assegurar direitos huma-nos universais e garantir abrigo, água, comida, saúde, educação, esperança e liberdade para todos, a fim de assegurar o futuro da hu-

manidade neste pequeno plane-ta de recursos frágeis e finitos.

Na perspectiva das empresas de construção que se propõem a não somente fazer uma obra verde, mas sim ter uma postura sustentável, é preciso respeitar o preceito de que o negócio não pode colocar em perigo a vida de ninguém neste planeta, seguindo, por exemplo, os procedimentos corretos para evitar riscos de da-nos aos trabalhadores. Implica ainda oferecer produtos e servi-ços de uso seguro. E significa to-mar medidas para evitar poluir o meio ambiente ou não contribuir para o aquecimento global.

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ESPAÇOS PÚBLICOS“À medida que a vitalidade dos espaços públicos diminui, per-demos o hábito de participar da vida urbana da rua. O policia-mento natural ou espontâneo das ruas, aquele produzido pela própria presença das pessoas, é substituído pela segurança ofi-cial e a própria cidade torna-se menos hospitaleira e mais alie-nante. Logo, nossos espaços pú-blicos passam a ser percebidos como realmente perigosos e o medo entra em cena.”

MUDANÇAS“Abrir-se a mudanças sempre acarreta incertezas e riscos. O poder de transformar e mudar o mundo ou a nós mesmos de-fine a nossa condição moder-na. A ânsia que nos conduz é contrabalançada pela cons-ciência de nossa habilidade em destruir. Ser moderno, portan-to, é viver esta vida de parado-xos – este é o mundo de Fausto, que Berman expôs de forma tão brilhante.”

MEIO AMBIENTE“As forças políticas e comerciais, que direcionam desnecessaria-mente o declínio ambiental e o desgaste da vida urbana, de-vem ser balizadas por objetivos que busquem equidade social e sustentabilidade para as ci-dades. Para tanto, a sociedade precisará explorar as modernas formas de comunicação e tec-nologia, incentivar os cidadãos a lidar com a complexidade dinâmica da cidade moderna. Também deve estar convencida do valor da beleza e do orgulho cívico. Em lugar de cidades que destruam o meio ambiente e alienem nossas comunidades, devemos construir cidades que fomentem a ambos.”

OS EDIFÍCIOS“Os edifícios ampliam a esfera

pública de várias formas: eles conformam a silhueta da mas-sa edificada, marcam a cida-de, conduzem a exploração do olhar, valorizam o cruzamento das ruas. Mas mesmo no nível mais simples, a forma como os detalhes do edifício (piso, cor-rimãos, meio-fio, esculturas, equipamento urbano ou de si-nalização) se relacionam com a escala humana, ou com o tato, tem um importante impacto no cenário urbano. O menor detalhe tem efeito crucial na totalidade. Qualquer edifício que busque alcançar a beleza – ou seja, que queira transcender o cotidiano e elevar o espírito daqueles que o utilizam – deve considerar essas questões.”

A TECNOLOGIA“A tecnologia do computador é a grande conquista que revolucio-nou o processo de projetar edifí-cios com baixo consumo energé-tico. Os programas já disponíveis podem gerar modelos que con-seguem prever o movimento do ar, os níveis de iluminação e o ganho de calor em um edifício, enquanto ele ainda está na pran-cheta. Isto aumenta de forma significativa nossa habilidade de aperfeiçoar os espaços projeta-dos que podem usar o ambiente natural para reduzir o consumo de energia. A nova tecnologia

também está dando aos edifí-cios sistemas eletrônicos cada vez mais sensíveis, capazes de registrar as condições internas e externas, e reagir a necessidades específicas. Existem novos ma-teriais que podem gerar energia, que podem alternar grandes ní-veis de isolamento a níveis bem baixos e também, opacidades e transparências, materiais que podem reagir organicamente ao ambiente e transformar-se em resposta às necessidades diárias e ciclos sazonais.”

Nascido em 23 de

julho de 1933, em

Florença, o arqui-

teto ítalo-britânico

Richard Rogers foi

laureado, em 2007,

com o “Pritzker

Architecture Prize”

pelo conjunto da

obra, além do “Stirling Prize”, em 2006,

pelo projeto do terminal 4 do Aeroporto

de Barajas em Madrid (1997-2005).

Um dos seus projetos mais conhecidos

é o Centre Georges Pompidou, em Paris

(1971-1977), desenhado em parceria

com Renzo Piano.

QUEM É ELE?

Uma cidade justa, onde justiça, alimentação,

abrigo, educação, saúde e esperança sejam

distribuídos de forma justa e onde todas as

pessoas participem da administração; Uma cidade bonita, onde arte, arquitetura

e paisagem incendeiem a imaginação e to-

quem o espírito; Uma cidade criativa, onde uma visão aber-

ta e a experimentação mobilizem todo o

seu potencial de recursos humanos e per-

mitam uma rápida resposta à mudança; Uma cidade ecológica, que minimize seu im-

pacto ecológico, onde a paisagem e a aérea

construída estejam equilibradas e onde os

edifícios e a infraestrutura sejam seguros e

eficientes em termos de recursos; Uma cidade fácil, onde o âmbito público en-

coraje a comunidade à mobilidade, e onde

a informação seja trocada tanto pessoal-

mente quanto eletronicamente; Uma cidade compacta e policêntrica, que

proteja a área rural, concentre e integre

comunidades nos bairros e maximize a

proximidade; Uma cidade diversificada, onde uma ampla

gama de atividades diferentes gere vita-

lidade, inspiração e acalentem uma vida

pública essencial.

SEGUNDO ROGERS, A CIDADE SUSTENTÁVEL É...

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ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 37

A sustentabilidade tem sido uma palavra corri-queira nos anúncios de TV, nas discussões em-presariais, em muitos selos verdes criados pelo

mercado, e chegou também à indústria da construção civil. Mas afinal, o que todos se perguntam é: isso é uma moda, uma onda que vai passar ou esse movi-mento veio para ficar? Como? E por quê?

É interessante observar o crescimento exponen-cial dos empreendimentos que hoje buscam as certificações de sustentabilidade construtiva. Eles reforçam o entendimento desta tendência que já

ECO CONSTRUÇÃO1 CRISTIANE SILVEIRA DE LACERDA (*)[email protected]

XX ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

NOSSO DESTINO COMUMse consolida no mercado, principalmente para os incorporadores que querem mitigar os riscos do capital investido.

Além disso, a perspectiva de sobrevivência econô-mica deverá assegurar cada vez mais a preservação ambiental, os cuidados sociais e culturais como uma quebra de paradigma para aqueles que trabalham nos extremos, com os radicalismos de um lado ou de outro. A questão, o desafio será o equilíbrio.

O enfoque financeiro já se encontra bastante claro, o ambiental ainda não, mas grandes discussões têm sido realizadas para se estabelecer custos ambientais de produtos e serviços. E é esta a preocupação que está levando as empresas a investirem de forma crucial e definitiva na sustentabilidade. Não porque é algo ba-

cana, simpático mas por ser essencial a qualquer negócio que doravante queira prosperar.

OS CUSTOS DA INOVAÇÃOComparo uma obra que não seja susten-

tável a comprarmos um carro fora de linha. Como um ‘Dojão’, por exemplo, grandão, beberrão e obsoleto na sua utilização diária. Economicamente podemos demonstrar que, quando nasce no projeto um empreendi-mento verde, os custos de inovação inclusos nos custos de consultoria especializada são baixíssimos, se

comparados a qualquer alteração que precisemos fazer nas fases de obra, e

maiores ainda, caso comparados com os gastos pela não inserção das medidas

sustentáveis nos 40 a 50 anos de fase de uso e operação de um empreendimento.Hoje comprar um empreendimento certificado

também ajuda muito o público leigo. É a mensagem de que a forma como foi construído poderá, de acordo com os critérios pleiteados, assegurar, por exemplo, a sua eficiência energética. Como nos eletrodomésticos, todos já sabem que devem comprar equipamentos com selos do PROCEL. O mesmo dar-se-á com as edifi-cações. Algo que faz bem para todos não tem como ser temporário. Torna-se definitivo pelo próprio contexto.

O governo com suas medidas tímidas perde a oportunidade de apoiar o fortalecimento da cons-trução sustentável, atrelando os incentivos de deso-neração à medidas de sustentabilidade. O momen-to até mesmo para as empresas é bastante propício tendo em vista o maior caixa das empresas investi-doras do setor. E a sobra de caixa é ideal a inovações em sustentabilidade construtiva, principalmente com o foco em eficiência operacional.

O BRASIL NO RANKINGO nosso país, de acordo com o Green Building Coun-cil (GBC Brasil), já ocupa o quarto lugar no ranking entre os que possuem mais edificações comerciais sustentáveis. Está atrás apenas dos Estados Unidos, China e Emirados Árabes Unidos. Entretanto mesmo ocupando esse lugar de destaque, ele ainda se encon-tra bastante distante de um amadurecimento do se-tor. Nos Estados Unidos, as construções sustentáveis já representam 15% do mercado da construção; no Brasil, o percentual fica entre 1% e 2%.

A expectativa por aqui é que o número de em-preendimentos registrados para a obtenção do selo Leadership in Energy and Environmental Design (Leed) chegue a 1.050 unidades este ano. Criado nos Estados Unidos em 1999, o selo Leed já é usado em 139 países. No Brasil, a primeira edificação com esse selo obteve o certificado em 2007. Até o mês passado já tínhamos 677 empreendimentos regis-trados e 82 certificados.

O movimento da construção sustentável no Brasil, porém, só se consolidará de vez quando a indústria e os investidores do setor absorverem o conceito da sustentabilidade de forma madura. Como uma opor-tunidade para reduzir custos em todas as fases do processo, ou seja: deixar de ser uma estratégia de ma-rketing para ser uma estratégia de fato corporativa, permeando todos os setores da organização.

A ESPERANÇA EXISTEO Brasil já se destaca na construção de unidades imo-biliárias com selo verde, principalmente quanto aos novos lançamentos. Hoje, quase 50% dos lançamen-tos comerciais, em São Paulo e no Rio de Janeiro, con-têm projetos que preveem alguma das certificações de sustentabilidade construtiva disponíveis no mercado. Em Curitiba, quase 80% dos novos lançamentos virão com selo verde. Como disse Cristina Umetsu, gerente de projetos sustentáveis, “são empreendedores, incor-poradoras e investidores que querem construir um prédio com algum diferencial no mercado”. Marcos Casado, gerente técnico do GBC Brasil, também afir-ma que os empreendedores de prédios verdes têm con-seguido reduzir em torno de 30% o consumo de ener-gia dentro da edificação, de 30 a 50% o consumo de água, e conseguem reduzir também em cerca de 60% a 80% a gestão de resíduos, que são gerados duran-te todo o empreendimento. “O mercado consumidor está cada vez mais exigente, as empresas brasileiras e internacionais estão buscando prédios com esse tipo de concepção e com esse tipo de eficiência”, diz o ge-rente executivo do Previ, Ivan Schara.

A sustentabilidade é um caminho sem volta. Muitos ainda não perceberam o tamanho da mudança por-que o tempo de maturidade dos projetos da concep-ção à sua inauguração ainda é longo. Mas a revolu-ção antes silenciosa está acontecendo. Torcemos para que todos os empreendedores se despertem a tempo de ofertar mais responsabilidade construtiva à toda nossa sociedade. As nossas futuras gerações também.

O meio ambiente agradecerá.

“Investir na sustentabilidade deixou de ser apenas algo bacana, simpático. Tornou-se essencial a qualquer negócio que queira prosperar”

(*) Engenheira civil e urbanista, diretora geral da Ecoconstruct Brazil, professora e coordenadora do MBA Edifícios

Sustentáveis: Projeto e Performance da Fumecwww.ecoconstruct.com.br

CRISTINA UMETSU MARCOS CASADO IVAN SCHARA

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 39

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Construtora VERDE

Caracterizada pelo paisagis-mo, arborização e adoção de canteiros, praças e par-

ques sempre acoplados em suas edificações, a construtora mineira exibe um novo feito dentro de sua proposta maior de atingir o plan-tio nacional de 120 mil árvores/ano. Nos dois primeiros meses do ano, a MRV Engenharia atingiu o número de 17.604 árvores planta-das, valor que já representa quase 15% da meta. A iniciativa é mais um dos compromissos assumi-dos para contribuir positivamente com o ambiente e, consequente-mente, com a qualidade de vida nas cidades onde atua.

“Esse número já é 12% maior que a quantidade de mudas plantadas no mesmo período do ano passa-do, quando havíamos plantado 15.669 árvores. O valor é significa-tivo, mas precisamos manter o em-penho, pois pretendemos plantar 10 mil árvores a cada mês”, destaca o diretor-executivo de Desenvolvi-mento Imobiliário da construtora, Hudson Gonçalves Andrade.

1CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

Mais uma vez, a Regional Ri-beirão Preto foi a que recebeu mais investimentos, com mais de 1.800 árvores unidades plan-tadas. A regional foi seguida por Belo Horizonte, com 1.066, e Curitiba, com 1.034 árvores.

Até o final do ano, a meta da MRV é plantar 120 mil árvores nas 120 cidades onde desenvolve suas operações. Em todas estas, a empresa seguiu as diretrizes das secretarias de meio ambiente, privilegiando o uso de espécies nativas e adequadas ao clima e ao solo das cidades.

COMPROMISSO EXEMPLAREm entrevista publicada na edição 31 da Revista ECOLÓGICO, em abril de 2011, o diretor-presiden-te da MRV Engenharia fez várias declarações corajosas e sustentá-veis. De início, ele afirmou que “o desafio do setor é corrigir os erros do passado”. Destacou que um dos diferenciais da sua empresa “é gostar muito de paisagismo”. Que “se fosse presidente da Repúbli-

MRV começa o ano firmando sua pegada paisagística

Valéria [email protected]

ca tornaria obrigatório o uso de ener-gia solar nas c o n s t r u -ções”. E que “hoje não se concebe mais um empreen-d i m e n t o que cause danos ambientais, gere poluição”.

SAIBA MAIS:www.mrv.com.br/sustentabilidade

Não perca a entrevista

com o presidente

da EPO Engenharia,

Gilmar Dias e o

projeto da Fashion

City Brasil, a Cidade

da Moda, na nossa

próxima edição, dia

25, lua cheia de abril.

A MRV REALIZOU O PLANTIO DE

TODO O CANTEIRO DA AVENIDA

NICOMEDES ALVES DOS SANTOS,

GÁVEA SUL, EM UBERLÂNDIA (MG)

‘‘O DESAFIO É CONSERTAROS ERROS DO PASSADO”Luciana [email protected]

E N T R E V I S T A1

Ele nasceu em Belo Horizon-te. Ainda criança, morou naAvenida Pasteur. Gosta dejogar tênis no fim de semana, deBossa Nova e tem fama de ser exi-gente. Comanda um time de 27mil funcionários e lidera o merca-do de construção civil no seg-mento de imóveis para as classesmédia e baixa. Rubens Menin,fundador e diretor da MRV Enge-nharia, eleito o 'Engenheiro doAno 2010', pela Sociedade Minei-ra de Engenheiros (SME), é práti-co, jeitão simples, meio tímido,meio desconfiado e fala rápido,muito rápido.Um dos mentores do 'ProgramaMinha Casa, Minha Vida', lançadoem 2009 pelo governo federal, eleparticipou, a convite da então mi-nistra da Casa Civil e atual presi-dente, Dilma Rousseff, do seletogrupo responsável pela elaboraçãodo embrião do programa.Em entrevista exclusiva à Revis-ta ECOLÓGICO, em seu escritório,na Avenida Raja Gabáglia, Meninfaz um balanço das conquistas edesafios do setor e afirma que suaempresa - presente em mais de 90cidades de 15 estados e no DistritoFederal e que lançou, ano passado,46.975 unidades, um aumento de78% em relação a 2009 - transformaseus resultados positivos em mais

22 ■ ECOLÓGICO/ABRIL DE 2011

MENIN: “SÓ USAMOS MADEIRA CERTIFICADA E DE PROCEDÊNCIA RECONHECIDA”

qua li da de pa ra os seus clien tes."Pro cu ra mos en tre gar mais do queven de mos. Nos sas obras es tão fi -can do ca da dia me lho res, commais qua li da de."Re lem bra a in fân cia, quan dojo ga va fu te bol na rua, e con ta queher dou dos pais, am bos en ge nhei -ros, a pai xão pe la pro fis são. "A en -

ge nha ria faz par te do meu DNA.Mi nha mãe foi a ter cei ra en ge -nhei ra de Mi nas Ge rais. Ver umaobra fi can do pron ta me dá mui topra zer. Gos to de acom pa nhar tu -do, de sen tir o chei ro das coi sas. Aen ge nha ria é qua se um di ver ti -men to pa ra mim."É o que vo cê con fe re a se guir:

LUCIA

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40 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

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www.revistaecologico.com.br

SEGUNDO A ONU, ATÉ O FINAL DESTE SÉCULO, 95% DA HUMANIDADE ESTARÁ MORANDO NAS CIDADES. SERÁ, PORTANTO, NO MEIO URBANO QUE TODOS

NÓS TEREMOS DE CONSEGUIR QUALIDADE DE VIDA. SERMOS SUSTENTÁVEIS, NO TRABALHO, NOS TRANSPORTES, NO NOSSO ESTILO DE VIVER.

É POR ESTAS RAZÕES QUE, COM FOCO ESCLARECEDOR, JÁ A PARTIR DESTA EDIÇÃO, A REVISTA ECOLÓGICO IRÁ ABORDAR PERMANENTEMENTE O TEMA DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL.

Nosso Futuro CONSTRUTIVO E SUSTENTÁVEL

Toda Lua Cheia na sua Revista ECOLÓGICO.A mais jornalística publicação sobre Sustentabilidade

na grande mídia impressa e digital brasileira.

CONSTRUA E MOSTRE O SEU EXEMPLO!CONSTRUA E MOSTRE O SEU EXEMPLO!

Toda Lua Cheia na sua Revista ECOLÓGICO.A mais jornalística publicação sobre Sustentabilidade

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O QUE É MELHOR PARA A NATUREZA E O MEIO AMBIENTE QUE NOS RESTAM? HORIZONTALIZAR A OCUPAÇÃO DOS POUCOS ESPAÇOS URBANOS QUE EXISTEM? VERTICALIZAR, SOB A ÓTICA DE UMA NOVA E ECOLÓGICA CONCEPÇÃO CONSTRUTIVA

ACOMPANHE!

QUE CONVERSE MAIS CONOSCO, COM O SOL, O VENTO E UMA MELHOR VISÃO DE MUNDO?

1POLÍTICA AMBIENTAL

Ações em prol do planeta precisam ser divulgadas não só pelo “ecomarke-

ting”, mas principalmente pelo potencial em disseminar e mul-tiplicar atitudes sustentáveis. Nesse contexto, mesmo que ain-da não seja o cenário ideal, a so-ciedade se mobiliza pelas causas ambientais, e o poder público, que deve dar o bom exemplo, precisa estimular a sustentabili-dade no cotidiano da sociedade.

Foi por isso que nasceu o selo “Evento Sustentável”, uma chan-cela do Governo de Minas para certificar eventos sustentáveis promovidos no estado. Criada em dezembro de 2011, a nova certificação estimula práticas sustentáveis em eventos cultu-rais, acadêmicos, comemorativos e técnicos, públicos ou privados. De acordo com Leonardo Por-tela, subsecretário de Relações Institucionais do Estado, o go-verno pensa a sustentabilidade nos aspectos sociais, ambientais e culturais. “Não é só a sustenta-

bilidade do evento em si. É a sus-tentabilidade na transversalida-de das ações, já o retorno são os ganhos social, ambiental e eco-nômico”, garante Portela.

A definição de sustentabilida-de, difundida desde o “Relatório Brundtland” (um estudo enco-mendado pela ONU à então pri-meira-ministra da Noruega, Gro Brundtland, em 1987), criou pa-râmetros para o que deve ser “de-senvolvimento sustentável”. Um dos mais aceitos é o Triple Bottom Line: uma organização sustentá-vel precisa ser economicamente lucrativa, ambientalmente corre-ta e socialmente responsável.

O selo “Evento Sustentável” inova na temática da sustentabilidade ao trazer o eixo cultural para os crité-rios de concessão. “É importante que os eventos preservem o meio ambiente, criem oportunidades para artistas locais, incluam pro-jetos sociais em suas atividades e, acima de tudo, ofereçam entrete-nimento, cultura e informação de qualidade ao público. É um estímu-lo à cultura da sustentabilidade”, completa o subsecretário.

SELO INAUGURAL O primeiro certificado “Evento Sustentável” foi entregue pelo go-vernador Antonio Anastasia ao Congresso Mundial do Iclei - Con-selho Internacional para Iniciati-vas Ambientais Locais, organizado pela Prefeitura de Belo Horizonte em junho do ano passado. Em de-zembro foi a vez do Festival Plane-ta Brasil, o primeiro grande show no estado a consegui-lo.

O processo de análise e con-cessão do selo é coordenado pela Secretaria de Estado de Casa Civil

42 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

CERTIFICAÇÃO AMBIENTALPlanejar um evento com os princípios da sustentabilidade faz bem para o planeta e para o bolso. E tem a chancela do Estado

LEONARDO PORTELA: “É A SUSTENTABILIDADE NA TRANSVERSALIDADE DAS AÇÕES, JÁ O RETORNO SÃO OS GANHOS SOCIAL, AMBIENTAL E ECONÔMICO”

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ECOLÓGICO/FEVEREIRO DE 2013 XX

e de Relações Institucionais (Sec-cri), em parceria com as Secreta-rias de Estado de Governo (Segov), de Meio Ambiente e Desenvolvi-mento Sustentável (Semad), de Desenvolvimento Social (Sedese) e de Cultura (Sec). O caminho é simples: a primeira coisa a fazer é protocolar o pedido de concessão para o evento na Casa Civil. Du-rante 20 dias, todas as secretarias envolvidas analisam se o projeto contempla plataformas e princí-pios para o desenvolvimento sus-tentável, desde sua concepção até o pós-evento.

Se houverem adequações a se-rem feitas para que o evento atenda aos critérios, as secretarias orien-tam o proponente e é dado prazo para nova apresentação do pro-jeto. Alguns quesitos não podem receber nota zero, como cálculo de emissão de gases e ações de neu-tralização de carbono. “Quando há uma nota baixa, fazemos contato

com o proponente para que ele corrija a ação. Mantemos conta-to constante com a produção do evento”, aponta Leonardo.

Mesmo se o evento é de grande ou médio porte, ele garante, não é difícil conciliar planejamento e critérios sustentáveis. Hoje em dia quase todos os fornecedores têm

O PRIMEIRO CERTIFICADO FOI ENTREGUE PELO GOVERNADOR ANTONIO ANASTASIA AO CONGRESSO MUNDIAL DO ICLEI, ORGANIZADO NA PRIMEIRA ADMINISTRAÇÃO MARCIO LACERDA

opções viáveis, tanto econômicas quanto ecológicas. Todo o esforço é recompensado, pois além do reco-nhecimento da sociedade e do go-verno, quem ganha é o planeta e a sua natureza. E ambos agradecem.

SAIBA MAIS:

http://goo.gl/M1kr5

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NAS ÁGUAS DA GENTE

O Governo de Minas, por meio da Copasa, vai in-vestir, até 2016, cerca de

R$ 4,5 bilhões, beneficiando 15,2 milhões de pessoas com abas-tecimento do líquido mais pre-cioso do mundo e 10,1 milhões, com tratamento adequado de esgoto. O anúncio ecológico foi feito pelo governador Antonio Anastasia, ao lançar o Programa “Água da gente”, com as come-morações do Ano Internacional de Cooperação pelas Águas.

Os recursos serão aplicados nas 625 cidades mineiras atendidas pela Copasa, com a implantação de mais 5,8 mil quilômetros de redes de água e de esgoto e a construção

44 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

[email protected]

Governo promete água de beber para 625 cidades mineiras e impedir que 85% da população continue poluindo os rios

de 107 estações de tratamento de esgoto (ETEs). Deste total, 85 já es-tão com as obras em andamento, nove estão prestes a serem inicia-das e 13 ainda serão licitadas.

Em seu pronunciamento para cerca de 150 prefeitos, Anastasia fez referência aos valores expres-sivos apresentados pelo presiden-te da Copasa, Ricardo Simões. Se-rão investimentos para melhorar a saúde e a qualidade de vida da população mineira:

“Estamos lançando um progra-ma revolucionário. Os números assustam, e esses valores são mui-to expressivos, porque estamos mudando o padrão de saneamen-to no Estado. Em 2003, tínhamos,

em toda a Minas Gerais, somen-te 34 ETEs. Entre 2003 e 2012, já inauguramos 95, três vezes o que havia em toda a história”.

O resultado desse esforço, se-gundo o governador, é o salto de 25% do total de tratamento de es-goto, em 2003, para 75%, em 2014 e, com a meta de 85% de tudo aquilo que é coletado, em 2016.

Para a aquisição de novos veícu-los e equipamentos, moderniza-ção do atendimento, nos progra-mas Caça-esgotos e de redução de perdas de água; e nos projetos de educação sanitária e ambiental e de proteção de nascentes, serão investidos R$ 400 milhões.

A saúde pública, ressaltou o

ESPECIAL ÁGUA 2013

ANASTASIA: PROGRAMA

REVOLUCIONÁRIO

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 45

presidente da Copasa, Ricardo Si-mões, será outra área diretamente impactada. Estudos mundiais, ele lembrou, apontam que a cada R$ 1 investido em esgotamento sani-tário, outros R$ 4 são economiza-dos em despesas com saúde. Isso porque o esgoto tratado diminui a incidência de doenças, como cólera e leptospirose e, em con-sequência, é menor o número de internações hospitalares.

CHOQUE HÍDRICO Ricardo Simões também lembrou que, para alcançar esses resulta-dos tão significativos, os esforços tiveram início em 2003, quando se implantou o “Choque de Gestão”, que modernizou a administração do Estado. Os ciclos de reforma e modernização da gestão pública estadual possibilitaram melhor aplicação dos recursos, tornando o Estado mais eficiente na exe-

cução de políticas públicas, com foco na melhoria da qualidade de vida da população:

“Para chegarmos aqui, foi pre-ciso percorrer um longo caminho de preparação, que começou, ain-da em 2003, no governo de Aécio Neves, quando foi lançado o Cho-que de Gestão, conduzido na épo-ca pelo secretário de Planejamen-to, Antonio Anastasia, que deu à

Copasa as orientações no sentido de melhoria, de eficiência, de re-sultados. Isso permitiu que abrís-semos o capital da empresa, ainda com as ações não sendo negocia-das em bolsa, mas que permitiu novos horizontes em termos da busca de recursos”.

CINQUENTA ANOSCriada em 1963, como Compa-nhia Mineira de Água e Esgotos (Comag), a Copasa comemora, em 2013, 50 anos de atividade, sendo a empresa de saneamen-to básico mais premiada do país: “Ao longo dos últimos anos, sem nos afastarmos do compromis-so social da empresa, chegamos àquilo que chamamos de exce-lência empresarial que, em 2009, foi reconhecida pelo jornal Valor Econômico, que nos considerou a melhor empresa do Brasil”, come-morou Simões.

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APOLO HERINGER E O EX-GOVERNADOR AÉCIO NEVES DURANTE O LANÇAMENTO DO SISTEMA DE BIOMONITORAMENTO DA ETE ARRUDAS,

ONDE A COPASA VEM REGISTRANDO A VOLTA GRADUAL DOS PEIXES NO RIO DAS VELHAS: MEMÓRIA HÍDRICA

RONALDO SIMÕES: COMEMORAÇÃO

NAS ÁGUAS DA ESPERANÇA

A notícia foi dada na abertura oficial da Semana Mineira de Cooperação pela Água,

pelo secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Adriano Ma-galhães, com base nos resultados do “Mapa de Qualidade das Águas de Minas Gerais 2012”. Os dados apontam que as bacias mineiras apresentaram melhora, com a

46 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

Bacias mineiras apresentam melhora na qualidade da água,segundo dados do mapa hídrico do Igam

APESAR DA CONTINUIDADE DOS DESMATAMENTOS

E ASSOREAMENTOS, A BACIA HIDROGRÁFICA DO

VELHO CHICO SUBIU 10 PONTOS NO SEU ÍNDICE

“BOM” DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

ESPECIAL ÁGUA 2013

ocorrência de Índice de Qualida-de das Águas (IQA) “bom” passan-do de 18% em 2011 para 26% em 2012,. O “médio”, no entanto, pas-sou de 60% para 57%. A análise revela, ainda, que o índice classi-ficado como “ruim” diminuiu cin-co pontos percentuais, passando de 21%, em 2011, para 16% ano passado. Das 11 principais bacias hidrográficas analisadas (dos rios

Doce, Grande, Paraíba do Sul, Je-quitinhonha, Pardo, Piracicaba/Jaguari, Paranaíba,Mucuri, Leste, Itapem/Itapap e São Francisco), 10 apresentaram melhoria nos ín-dices de qualidade da água.

“A qualidade das nossas águas melhorou significativamente. Ti-vemos um ganho na ordem de 8%, além de uma diminuição no índice de toxidez em nossos rios”,

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ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 47

ADRIANO MAGALHÃES, MARÍLIA MELO, SIRLEIA DRUMMOND (FÓRUM DE BACIAS),

OCTÁVIO ELÍSIO (HIDROEX) E ALCEU TORRES (CAOMA-MP): ESPERANÇA COMUM

RIO PARDO TAMBÉM INTEGRA AS 10 BACIAS QUE TIVERAM MELHORAS ENTRE OS ANOS 2011 E 2012

festejou o secretário a partir da análise das amostras coletadas nas 448 estações da rede básica de monitoramento distribuídas por Minas. O IQA avalia a conta-minação dos corpos hídricos em decorrência de matéria orgâni-ca e fecal, sólidos e nutrientes. O investimento no estudo, que co-meçou em 2003 e vai até 2015, já ultrapassou R$ 2 bilhões.

RMBHNa Região Metropolitana de BH (RMBH), o Rio das Velhas vem, ao longo dos anos, apresentando melhoras na Demanda Bioquí-mica de Oxigênio (DBO), que é o parâmetro mais empregado para medir a poluição das águas. É ele quem determina a quantidade de oxigênio dissolvido na água e utilizado pelos microorganismos para oxidar a matéria orgânica presente nos cursos hídricos.

Segundo a nova diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marília Melo, no início do Projeto Estratégico para Revitalização da Bacia do Rio das Velhas, em 2008, dos 19 pontos monitorados, cinco já apresenta-ram DBO abaixo de 3 miligramas por litro (mg/l), seis apresentaram DBO menor que 6 mg/l e oito, me-nor que 12 mg/l. Os dados mais recentes obtidos no último ano re-velam que destes pontos, 11 apre-sentaram DBO abaixo de 3 mg/l, cinco apresentaram menor que 6 mg/l e três menor que 11 mg/l.

No levantamento realizado em 2012, essa bacia apresentou uma melhora expressiva no índice de qualidade da água considerado “bom”, passando de 9% para 25%. O IQA resume os resultados de nove parâmetros, tais como o oxi-gênio dissolvido, coliformes termo-tolerantes, PH, demanda bioquími-

ca de oxigênio, nitrato, fosfato total, variação da temperatura da água, turbidez e sólidos totais.

RESPOSTAS POSITIVASA melhoria do IQA é consequên-cia das diversas ações realizadas pelo Governo de Minas, por meio do Projeto Estratégico Meta 2014. Lançado em 2012, a proposta dá continuidade às ações desenvolvi-

das pelo Meta 2010 e prevê inves-timentos da ordem de R$ 500 mi-lhões na recuperação do Velhas até 2015. A iniciativa reúne Governo do Estado, a maioria das prefeitu-ras municipais que faz parte da ba-cia do rio em seu trecho metropo-litano, sociedade civil organizada e população em geral. O principal objetivo é elevar a qualidade das águas de “Classe III” para “Classe

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48 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

ESPECIAL ÁGUA 2013

II”, permitindo, assim, o uso dos recursos hídricos para o abasteci-mento doméstico após tratamento convencional, para atividades de lazer, entre elas, nado e mergulho, para a irrigação de hortaliças e para a criação de peixes. MELHORA EXPORTADAOutros rios de Minas também apresentaram melhora nas con-dições de qualidade da água. Foi verificado, na Bacia do Mucuri, aumento da ocorrência de rios de boa qualidade. Passou de 11%, em 2011, para 39%, em 2012. O mes-mo aconteceu nas bacias dos rios Paranaíba e Pardo, onde as ocor-rências de IQA “bom” passaram, respectivamente, de 26% e 30%, em 2011, para 41% e 45%, em 2012. Na Bacia do São Francisco o IQA “bom” passou de 18%, em 2011, para 28%, em 2012. E, nas bacias do Leste, onde foi regis-trado 14% de ocorrência de IQA “bom”, eno ano seguinte, esse ín-dice já representava 23%.

MELHORA DOCEO secretário anunciou, também, a assinatura em breve do decreto que institui o Núcleo Estadual do Programa Água Doce (PAD), com poder deliberativo. Ele estabelece uma política pública permanen-te de acesso à água de qualidade para o consumo humano, por meio de processos de dessalini-zação e outras tecnologias, apro-veitando de maneira sustentável a água subterrânea disponível no semiárido. O programa é desen-volvido em integração com o go-verno Federal por meio do Minis-tério de Meio Ambiente (MMA), da Secretaria de Estado de Desen-volvimento Regional e Política Ur-bana (Sedru) e Copasa.

O convênio, assinado em 2013, será executado até 2015. Serão ins-talados 69 sistemas de dessaliniza-ção em áreas rurais selecionadas, considerando a habilidade opera-tiva e o engajamento das comu-nidades. O custo aproximado por sistema é de R$200 mil, podendo

ser liberado para Minas Gerais um valor de até R$12 milhões, tendo uma contrapartida de R$1,2 mi-lhão da Sedru, totalizando cerca de R$13,8 milhões.

O Núcleo poderá ter represen-tantes da Sedru, da Copasa, Ce-mig, Semad, Igam, dos Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas (Co-panor), do Instituto de Desenvol-vimento do Norte e Nordeste de Minas (Idene) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

Como demonstrou Adriano Ma-galhães, pelo fato de o Estado ser a “caixa d’água do Brasil”, as melho-ras nos rios de Minas se refletem em praticamente todas as bacias hidrográficas nacionais, exceto na região amazônica.

SAIBA MAIS

www.igam.mg.gov.br/banco-de-noticias/

1-ultimas-noticias/1322-semana-mineira-

de-cooperacao-pela-agua

RIO DAS VELHAS: O IQA DE SUAS ÁGUAS, CLASSIFICADO DE

“BOM”, PASSOU DE 9% PARA 25%, RESULTADO DAS VÁRIAS

AÇÕES DO SEU PROJETO ESTRATÉGICO DE REVITALIZAÇÃO

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www.agbpeixevivo.org.brR. Carijós, 166, 5º andar : Centro : BH MG : CEP:30120-060

Tel.: (31) 3207-8500

INTEGRAÇÃOPELAS ÁGUAS

A AGB Peixe Vivo é uma Agência de Bacia, uma entidade técnica-executiva de apoio a Comitês de Bacia Hidrográfica. Tem atuação focada na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Avalia, executa e fiscaliza projetos, contrata empresas, organiza eventos, reuniões e viagens técnicas, propõe estratégias, dá apoio administrativo, jurídico e financeiro, realiza cursos, além de outras funções relativas às atividades dos Comitês de Bacia.

Projetos HidroambientaisAvaliação, elaboração, detalhamento, licitação, contratação e acompanhamento de projetos hidroambientais.

VistVistoriaoriaria eemem proprojprojeto et hidrhidhidroamboambbambientnttieni al dal dal ddooo ooVistVist emem prpro to o hididhid oamo mbm dal alentnttaaenieComiomimiomitê dtê dtê dt a Baa Baa Bacia cia ciacia HidrHidrHidrHidrográográográg ficac ddododoo Rio Rio RioRio São ãoãoi êtê dtê ddda Baa Bacia cic HHidrográgráff aca iooioo São Sãoo RRo oo Rodo

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Reuniões e EventosA AGB Peixe Vivo realiza a produção e presta apoio para a organização de eventos e reuniões dos Comitês de Bacia Hidrográfica.ReunReunião iãoo o PlePlenPlenenPlennáriaáriaáriaáriaáá do dodo ComComiComiiCom tê dtê dddtê ddaa Baa Baa Baa BaBaciacia iacia Coomunião PReunião Plená doa dria

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Cursos e SemináriosA AGB Peixe Vivo promove e apoia a realização de cursos e seminários relacionados a recursos hídricos.

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Enquanto a Prefeitura de BH confirma a im-plantação do projeto original e ambiental

do “Boulevard do Arru-das”, um projeto seme-

lhante para o Rio Sa-bará jaz abandonado na Prefeitura vizinha

Hiram [email protected]

O prefeito Marcio Lacerda confirmou. Ainda neste ano, ele não apenas im-

plantará, como também pretende ampliar o projeto original e am-biental do “Boulevard do Arrudas”. Trata-se do Projeto de Recupera-ção Ambiental, Urbanística e Pai-sagística das margens do Arrudas, idealizado com a participação da prefeitura, e não do Estado. Um

sonho de um grupo de ambien-talistas, jornalistas e arquitetos mineiros há quase 20 anos. Não se trata, portanto, de uma simples continuidade do “Bulevard Arru-das”, que se apropriou do nome semelhante e é voltado unicamen-te para a mobilidade urbana, já implantado e em implantação em vários outros trechos de BH.

A proposta do “Boulevard do Ar-rudas”, favor não confundir, é ou-tra. Ela se inspira inicialmente no paisagismo francês de Paul Villon,

Um boulevard no SONHO

ESPECIAL ÁGUA 2013

IDEALIZADO PELOS AMBIENTALISTAS, A PROPOSTA

DO “BOULEVARD” ASSEMELHA-SE ÀS “RAMBLAS” DE

BARCELONA: LAZER E PROTEÇÃO ACÚSTICA NATURAL

50 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

o arquiteto que idealizou as pra-ças da Liberdade e Raul Soares, quando da fundação da capital mineira. Sua conceituação é re-vitalizar ambientalmente ambas as áreas verdes ainda existentes às margens do Arrudas, de modo a encapsular toda a poluição so-nora provocada pelos veículos e trens. E, assim, numa versão de paisagismo verde mais denso das ramblas de Barcelona, na Espa-nha, poder reumanizar seis bair-ros da região leste, uma das mais

Outro no ABANDONO

O ATUAL PREFEITO DE SABARÁ, DIÓGENES FANTINI, AO LADO DE

MARCIO LACERDA: O MESMO DESAFIO E ESPERANÇA

ENQUANTO ISSO, EM SABARÁ, R$ 2,1 MILHÕES DOADOS

PELAS GRANDES EMPRESAS LOCAIS PARA DESENVOLVER

O PROJETO CONTINUAM JOGADOS NO LIXO

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agredidas de BH, reestabelecendo e devolvendo a qualidade de vida perdida às suas populações.

O trecho previsto pelo “Boule-vard” compreende as laterais da calha do Arrudas desde a Ponte do Perrela, no seu cruzamento com a Avenida dos Andradas, até a Ave-nida Silviano Brandão, logo após a Penitenciária Estevão Pinto, pas-sando defronte à Câmara Muni-cipal. Um modelo de paisagismo acústico e de lazer social que, se aprovado pela população e absor-vido pela prefeitura, poderá se es-tender e unir depois com o Parque Linear do Arrudas, até a divisa de BH com o município de Sabará.

AS MUDANÇASO que Marcio Lacerda revelou com exclusividade, à Revista ECO-LÓGICO, é sua intenção de acres-centar no projeto “Boulevard” o mesmo ítem de mobilidade urba-na que existe no projeto do “Bule-var”, já implantado em alguns tre-chos da Via Expressa Leste-Oeste. Ou seja, tampar o Arrudas para criar também ali novas pistas de escoamento do tráfego.

Isto não estava previsto no pro-jeto original, mas pode ser nego-ciado de maneira parceira, desde que a PBH honre o paisagismo ambiental proposto de maneira inédita na história da ex-Cidade Jardim. E não o paisagismo de

arquitetura e urbanismo-padrão, mesmo com boa vontade, refeito pela Sudecap.

Em tempo: ano passado, o pró-prio prefeito convidou os autores do projeto para conhecerem e opinarem sobre a “contribuição” feita pelo órgão. Em termos de equipamentos, aparelhos públi-cos para ginástica e lazer, praças, pistas para caminhadas, etc., a Sudecap avançou e o superou. Vai ser um dos espaços públicos mais criativos e interativos da cidade, em termos de ecologia humana.

Quanto ao paisagismo, não. A nova proposta dela se equivocou, não tem nada de ambiental. Foge completamente da proposta de proteção acústica do boulevard, que não é só embelezamento e pai-sagismo para inglês ver. Basta ver-mos, por exemplo, o que aconteceu no Mineirão e na Praça da Estação, onde as pessoas ficam expostas ao sol e a todo tipo de poluição.

O projeto original do Boulevard que, além de Álvaro Hardy (o sau-doso e respeitado Veveco), traz também a assinatura do biólogo

Sérgio Tomich, uma das maio-res autoridades em arborização urbana do país, prevê o plantio indicado de somente árvores e espécies ornamentais capazes de “cortar” a propagação do barulho que cientificamente se dissemina em linha reta e para todas as di-reções. Um barulho que já é desu-mano ali, principalmente para os moradores - a maioria idosa -que vivem nos bairros próximos de Santa Tereza e Santa Efigênia. De-talhe importante: são espécies que também quase não necessitam de manutenção permanente, o que é bom para os cofres públicos.

A verba inicial de R$ 5,6 milhões para a implantação das obras pro-metidas por Lacerda já está depo-sitada na prefeitura e será utiliza-da por meio do mecanismo legal de “operação urbana” entre a ini-ciativa privada e o poder público. Trata-se da contrapartida prove-niente do licenciamento ambien-tal que permitiu a construção do Boulevard Shopping, exatamente na região onde começa esse so-nho prestes a virar realidade.

A futura Praça das Águas, próxima

ao hoje Boulevard Shopping segundo projeto de Alvaro

Hardy (Veveco)

ESPECIAL ÁGUA 2013

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É o que a Prefeitura de Sabará fez até hoje com o projeto de boulevard ecológico que também propõe recuperar as águas

do “rio de sua aldeia”

54 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

Já dizia o poeta português Fer-nando Pessoa que o “maior rio do mundo”o não é geograficamente o maior rio do mundo. Mas, afetiva-mente, de modo que as populações ribeirinhas tenham pertencimento dele e passem a cuidar, recuperá-lo e amá-lo verdadeiramente, esse maior rio do planeta é simplesmen-te o “rio de nossa aldeia”. Qualquer curso d´água que passe perto de nós, faça parte de nossa cidade, de nossa esperança e de nossas vidas.

Esse recado, simples assim, não conseguiu ser capitado pelos três

Dinheiro no lixo

últimos prefeitos que administra-ram o ex-arraial pelo bandeiran-te Borba Gato às margens do Rio Sabará. Muito menos consegui-ram despoluir, bem à entrada da cidade hoje mais visitada da Re-gião Metropolitana de BH, o seu encontro com o Rio das Velhas, principal afluente da Bacia do Ve-lho Chico, no coração histórico de Minas Gerais.

Como mostrou o jornal Estado de Minas, em uma bela e triste repor-tagem assinada pela repórter Flá-via Ayer e publicada na última lua

cheia de fevereiro, os esgotos “po-dres e cinzas” gerados pela popu-lação e as indústrias do município continuam caindo “como cascata dos canos” feios, fétidos e a céu aberto, até o fatídico encontro dos dois rios, manchando o seu cartão-postal. São mais de 32 milhões de litros de esgoto por dia lançados justamente onde os últimos gover-nantes de Minas, de Aécio a Anas-tasia, poderiam mergulhar e reno-var mais facilmente as promessas públicas de despoluir suas águas, liberando-as para o consumo das

Sabará e seu rio eram assim...

ESPECIAL ÁGUA 2013

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 55

populações ribeirinhas, para a vol-ta dos peixes e para o lazer social. Objetivos possíveis pelo Projeto Manuelzão, desde que haja vonta-de política.

E por que isso não acontece, mes-mo com as autoridades e os am-bientalistas sabendo que o Rio Sa-bará é o curso d’água urbano mais fácil de ser recuperado em toda a Grande BH, por receber os esgotos praticamente só do município que lhe dá nome, uma vez que a vizi-nha Caeté, única e distante cidade à sua jusante, já tem sua estação de tratamento? Não acontece porque seus últimos três prefeitos (Wan-der Borges, Sergio Freitas e Willian Borges) e a própria Copasa não tiveram essa vontade capaz de re-mover montanhas. Muito menos, diante de tantos outros desafios, eles souberam enxergar, valorizar, colocar debaixo do braço e lutar pelo financiamento conjunto de

um projeto executivo final cujos re-gistros, num total de oito caixas de documentos técnicos que custam R$ 2,1 milhões, jazem esquecidos e apodrecendo na sede da prefeitura.

Trata-se do Projeto de Recupera-ção Ambiental, Urbanística e Pai-sagística do Rio Sabará - intitulado “Boulevard de Sabará” - no mes-mo modelo que o prefeito Márcio Lacerda promete implantar ainda este ano, ao longo do Arrudas, entre a Ponte do Perrela e a Penitenciária das Mulheres, na capital mineira. Com custo zero para a Prefeitura de Sabará, uma vez que foi total-mente abraçado e financiado pela ArcelorMittal (ex-Belgo Mineira, que nasceu ali) e as mineradoras Anglogold e Vale, também sediadas no município, este projeto também só não foi implantado por causa de um impasse político com o Gover-no do Estado.

A Copasa, que tradicionalmente

já detém a conta de água da cida-de, mantém a sua posição: ela só aporta um investimento hoje de R$ 100 milhões para a captação e esgotamento sanitário de todo o município, resolvendo grande-mente a poluição do Rio das Ve-lhas, se a prefeitura também lhe passasse a conta do esgoto. Foi por isso, ficar mal e perder votos perante seus eleitores, aumentan-do em 50% o que cada cidadão já paga na sua conta d´água, que os ex-prefeitos evitaram e alegaram não levar o projeto em frente.

A Copasa, no final da Adminis-tração Sérgio Freitas, chegou a lhe propor informalmente um cami-nho político e do meio. A empresa do Estado aplicaria uma taxa “so-cial”, muito mais barata perante a população, para tratar os esgotos, dentro do escopo do projeto de recuperação ambiental, adotando-o. E em contrapartida, a Prefeitu-

ficaram assim...

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ra receberia todo valor financeiro da sua implantação, na época em torno de R$ 35 milhões, não para ser aplicado no rio, mas em obras sociais, de saúde e educacionais, de modo que o prefeito compen-sasse com essas ações paralelas, o que ele iria perder de votos com o aumento mesmo diminuído da conta de água e esgoto juntas.

Ele não topou, tampouco ga-nhou as eleições. E a “batata quente” deste imbróglio com a Copasa, que significa meio ca-minho andado para recuperar o Rio Sabará, com esse projeto já existente e pronto, passou para o prefeito atual: Diógenes Fantini, que é médico e entende do as-sunto: foi ele, ex-administrador público por duas vezes de Sabará, o autor da implantação de dois interceptores sanitários ao longo de ambas as margens do rio. In-terceptores que, com o passar do tempo e crescimento da cidade e da sua população, tornaram-se obsoletos e abandonados. E têm a sua substituição e extensão prolongada também incluídas no projeto do “Boulevard.”

Fantini também herdou e ques-tiona o convênio firmando pelo município em setembro do ano passado, na gestão Willian Borges, com a Copasa. Como já passou o período eleitoral e, portanto, há menos rejeição e desgaste peran-te a população, ele prevê um in-vestimento de R$ 100 milhões, já citado por parte do Estado, para fazer o esgotamento sanitário da cidade e, em três anos, evitar que

95% dos detritos tenham como destino todos os cursos dá água, além do Rio Sabará, e as fossas negras do município. Algo que, segundo a legislação estadual, já deveria estar regularizado há dois anos e cinco meses. E esbarra, no-vamente, no aumento de 50% na tarifa da Copasa.

Segundo declarou ao Estado de Minas, o prefeito atual lembra que o munícípio já está passando de graça para a Copasa um patri-mônio de 150 km de redes cole-toras, o que precisa ser valorado e deduzido no aumento tarifário proposto de 50%: “Queremos ter o tratamento dos esgotos, mas não com uma contrapartida desta, a esse custo social”.

Se Diógenes e a Copasa con-seguirem esse diálogo, o Projeto “Boulevard de Sabará” se tornará a cereja do bolo ambiental so-nhado. Segundo a massa do bolo principal também proposta pela Copasa, 95% da área urbana de Sabará, onde vivem 126 mil pes-soas, terá até 2016 cobertura da coleta e tratamento de todos os seus rejeitos. Serão construídas 11 estações elevatórias, 28 mil me-tros de coletores e 45 mil metros de interceptores, além de duas estações de tratamento de esgoto (ETEs), uma no bairro Borga Gato e outra no distrito de Ravena.

Este projeto tem o aval da Agên-cia Reguladora de Serviços de Abas-tecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Ge-rais. Quanto ao Projeto executivo-final do “Boulevard de Sabará”, que faria o ex-Arraial de Borba Gato se equiparar, paisagisticamente, às ramblas de Barcelona e Paris, não se sabe se o atual médico-prefeito irá ressuscitá-lo e implantá-lo. Co-nheça a sua proposta nas páginas seguintes. O rio torce.

“Sabará é uma das poucas cidades que

nem sequer inciaram obras para resolver a

questão do esgoto. É um passivo

ambiental histórico para toda a bacia.

Além de não ser justo, isso é ilegal”

MARCUS POLIGNANO, coordenador

do projeto Manuelzão da UFMG

A ENTRADA DA CIDADE, ONDE OS RIOS SABARÁ E VELHAS SE ENCONTRAM,

RUMO AO ARRUDAS: CENÁRIO DESOLADOR

ESPECIAL ÁGUA 2013

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O PORTAL DE SABARÁÁrea onde se configura um novo

acesso à cidade e ao boulevard,

através do marco de entrada

executado em aço corten, em

referência à Igrejinha do Ó. Nova

locação da estátua de Borba

Gato. E calçadão junto ao rio, com

caramanchões floridos, postos de

informações turísticas e uma nova

locação dos pontos de ônibus.

A ENTRADA HOJE DA CIDADE: DESOLAÇÃO E POUCA REFERÊNCIA URBANA À SUA HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA

NOVA ENTRADA PROPOSTA: 28% DA POPULAÇÃO GOSTARIA QUE ELA FOSSE “MAIS ARBORIZADA”.

21%, QUE TIVESSE OS ESPAÇOS PARA PEDESTRES MAIS LARGOS. 18%, MAIS FLORIDA; E 15%, MAIS LIMPA

ECOLOGIA URBANA: TODA A MARGEM DIREITA DO RIO SABARÁ, HOJE TOMADA PELOS CARROS, TERIA UMA DESTINAÇÃO MAIS HUMANA E SAUDÁVEL

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 57

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Sua população pensa assim...Resultado de pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Newton Paiva e a Prefeitura de Sabará

Por que a Prefeitura e as empresas-cidadãs de Sabará devem se unir para recuperar o seu mais precioso bem natural?

Porque:

91% dos sabarenses ouvidos acham o rio da

sua cidade “sujo e poluído”.

Mais preocupante:

64% disseram que a própria Prefeitura “não cuida bem dele”.

Por outro lado:

92% anteciparam estar do lado da Prefeitura,

desde que haja “um compromisso conjunto

de recuperar e manter o rio cuidado”.

89% garantiram que, se isso acontecer,

“jamais jogariam lixo em suas águas”.

Como contribuir para a sua preservação?

89% confirmaram o resultado

preliminar da pesquisa:

“Não jogando lixo em suas águas”.

PRIMEIRAS PROVIDÊNCIAS

Quais providências a Prefeitura e as empresas,

deveriam tomar para recuperar o rio que, mesmo

poluído e abandonado, enfeita a cidade com a sua

beleza? Como agir?

Em primeiro lugar:

34% “campanhas que eduquem a população”.

Em segundo lugar

20% “limpando o leito do rio”.

E terceiro

6% “tratando e evitando jogar esgoto nele”.

NÃO SABE, NÃO CUIDA!

E a população ribeirinha, aquela parcela

dos sabarenses que tem o privilégio de

morar às margens do rio e, muitas vezes,

não sabem o que isso significa? Ela atua

para manter o seu rio limpo?

77,2% tiveram a coragem de

responder: “Não!” E apenas

19% responderam: “Sim!”

ESPECIAL ÁGUA 2013

O que fazer?A pesquisa perguntou à população o que poderia ser

feito nas margens e proximidades do Rio Sabará.

56% “Arborizar e plantar flores”

EMBELEZAMENTO

53% “Plantar árvores que deem flores.”

CARTÃO POSTAL

65% “Ele faz parte da história

da cidade”.

21% “A água da cidade vem

das suas nascentes”.

7% “É o cartão de visitas mais bonito

e que mais embeleza a cidade”.

14% “Plantar árvores frutíferas”.27% “Plantar árvores

diversas e coloridas”

Qual importância a população ouvida vê no único rio que possui?

24% “Implantar pistas

para caminhadas”.7% “Ter mais espaços para

atividades de lazer e esportes”.

A VOLTA DOS PEIXES

9% Sugeriram espécies diferentes, como

bagre, carpa, traíra, mandí, piau e lambari.

4% Apontaram o dourado

como seu sonho maior.

1º Lugar “Pistas para caminhadas”

A pergunta seguinte foi: qual a sua sugestão de equipamentos de lazer a serem implantados ao longo do rio?

Quais as sugestões para embelezar novamente as margens do rio da cidade?

4º lugar“Bancos”

2º Lugar “Praças”

3º lugar “Iluminação ao longo do rio”

60 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

A RESPOSTA DO RIO MADEIRA

À PREPOTÊNCIA HUMANA: A

NATUREZA É CADA DIA MAIS FORTE

ESPECIAL ÁGUA 2013

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ABR

Dois dias antes do início dos testes na primeira turbina da Hidrelétrica de Santo

Antônio, em Rondônia, o telefone tocou na casa da pescadora Ma-ria Iêsa Reis Lima. “Vai começar”, avisou o amigo que trabalhava na construção da usina. Iêsa sentou na varanda e se pôs a observar as águas, esperando o que sabia ser uma mudança sem volta. “O Rio Madeira tem um jeito perigoso, exi-ge respeito. Os engenheiros dizem que têm toda a tecnologia, mas nada controla a reação desse rio.”

Semanas depois, no início de 2012, as águas que banham a ca-pital, Porto Velho, começaram a ficar agitadas. As ondas cresciam a cada dia, cavando a margem e arrancando árvores. O deque do porto municipal se rompeu. O rio alcançou as casas, até que a pri-meira delas ruiu junto com o bar-ranco para dentro das águas.

O prognóstico de Iêsa estava certo. O que ela não podia imagi-nar era a rapidez com que a res-posta do rio à abertura das com-portas alteraria o curso da sua

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 61

A usina de Santo Antônio mudou o rio e a vida em Rondônia: ondas engolem casas,

e peixes aparecem mortos, enquanto pescadores passam fome

O MADEIRA EM

FÚRIA

vida, do seu bairro e da história de Porto Velho. As ondas atacaram o bairro Triângulo, primeiro a se formar na capital. O bairro leva esse nome por ser o local onde o trem da estrada de ferro Ma-deira-Mamoré fazia a curva para desabastecer. A casa de Iêsa fica-va entre a margem do Madeira e os trilhos abandonados. Cerca de sete quilômetros abaixo da usina.

O rio engoliu ainda o marco Rondon, obelisco histórico mais antigo que o próprio estado. Construído em 1911 pela equipe do marechal Cândido Mariano

da Silva Rondon, sertanista que rasgou a floresta para ligar a pri-meira linha telegráfica a conectar a Amazônia. Quando as ondas alcançaram o marco, alertas cir-cularam em abundância por to-dos os meios de comunicação a que o mundo tem acesso. Mas a empresa Santo Antônio Energia, responsável pela usina, negava relação com o problema. Em duas semanas, as águas cavaram a base do obelisco e o arrastaram para o fundo do rio. Depois que ficou comprovada a responsabilidade da usina, a empresa tentou res-gatar o obelisco, mas apenas dois blocos foram recuperados.

BANZEIRO DO PROGRESSONa sala do apartamento alugado pela usina, sentada numa cadeira de varanda entre caixas de mu-dança, Iêsa vive as diversas defini-ções da palavra banzeiro, adotada pelos rondonienses para se referir ao fenômeno que, de acordo com o dicionário Houaiss também sig-nifica “série de ondas provocadas pela passagem da pororoca ou embarcação, e que vai quebrar violentamente na praia ou nas margens do rio”. Ou ainda “que se sente banzo, melancólico e tris-te”. “Minha história se perdeu, foi tudo pra baixo da água”, diz.

Com o valor da indenização (en-tre R$ 90 mil e R$ 150 mil), as 120 famílias provisoriamente instala-

PESCADOR NAS MARGENS DESBARRANCADAS

DO RIO: SUA HISTÓRIA FOI JUNTO

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das em hotéis e apartamentos não poderão voltar para os terrenos à beira do rio, que são áreas muito valorizadas em Porto Velho. Nem poderão voltar ao bairro Triângulo, que vai ser todo removido para a construção de um complexo turís-tico e paisagístico na beira do rio.

Os moradores mais antigos se recusam a sair. Como José Oliveira, que trabalhou na estrada de ferro desde 1950, quando tinha 16 anos, até sua desativação em 1972. “Era guarda fio, cortava o mato quando enrolava na linha. Andava sozinho pela estrada, pedalando num ve-locípede que encaixava no trilho. Levei até flechada de índio”, lem-bra. Quando chegou a Porto Velho, a vida da cidade girava em torno do trem. Depois que desativaram a linha férrea, os dormentes foram usados para reforçar a base de sua casa. “Estou satisfeito aqui perto do trilho e do rio. Ninguém vai me jogar para dentro da cidade como foi com essas famílias que saíram correndo, chorando, como se não valessem nada.”

O QUE FAZER? As famílias não esquecem a noite em que, enquanto as ondas que-bravam, a Santo Antônio Energia, empresa que comanda a usina, negava responsabilidades sobre os banzeiros na TV. Por duas semanas, ninguém sabia o que fazer. As famí-lias não recebiam orientação das instâncias responsáveis por contro-lar as ações de impacto social e am-biental da obra: prefeitura, governo do estado e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Foi preciso a intervenção do Ministé-rio Público do estado, que chamou a empresa a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (Tac), no qual se fixaram o auxílio às famílias e a contenção das margens.

Isso aconteceu porque o fenô-

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meno não estava previsto pelo Es-tudo de Impacto Ambiental (EIA) da obra - elaborado por Furnas e Odebrecht, empresas responsá-veis por Santo Antônio, e certifica-do pelo Ibama antes do licencia-mento. É esse estudo que aponta os danos possivelmente gerados pela construção e as ações para conter o prejuízo. “Foi uma falha”, admite o coordenador de Infraes-trutura de Energia Elétrica do Iba-ma, Thomaz Miazaki de Toledo. “Se esses impactos tivessem sido previstos, as medidas preventivas teriam sido adotadas. Mas a gente não tem bola de cristal”, completa.

Pelo menos dois especialistas pagos por Santo Antônio aponta-ram a alta probabilidade de ero-são. Esses alertas estão em laudos complementares ao Estudo de Im-pacto Ambiental. “Foram análises aprofundadas, feitas por exigência do Ministério Público de Rondô-nia, mas depois foram esquecidas durante o licenciamento”, diz o diretor da ONG Amigos da Terra, Roberto Smeraldi.

A erosão é apontada nesses es-tudos pelo biólogo e professor aposentado da Universidade de São Paulo e consultor na área am-biental, José Galizia Tundisi. Ele escreve que o fenômeno poderia

acontecer em diversos pontos do curso do Madeira, devido ao de-sequilíbrio na movimentação de sedimentos.

Para entender esse processo, é preciso saber que o Madeira é um dos três rios com maior concentra-ção de sedimentos do mundo. Per-de só para os que nascem no Hi-malaia. Ele leva esse nome porque, depois de descer a Cordilheira dos Andes, suas águas arrancam as ár-vores e margens de alguns trechos. Todo dia, essas madeiras e mais de 500 mil toneladas de sedimentos deslizam na frente de Porto Velho. O modo como esse material vai se acomodando ao longo do rio é o que dá equilíbrio ao curso. Há trechos onde naturalmente ocorre erosão, e as margens caem. Em ou-tros, há sedimentação, e aparecem formações como bancos de areia.

Essa é uma das teses para expli-car o problema com que trabalha o Ministério Público do Estado de Rondônia (MPE-RO). Ao Ibama, a empresa atribui o fenômeno à fase específica da obra. Como as turbinas não estão todas em fun-cionamento (serão 44, há 6 em operação), a água sai com mais velocidade, gerando ondas. “Aca-tamos a explicação, mas enten-demos que não é só isso, temos

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técnicos trabalhando para fazer um laudo independente”, afirma Aluildo de Oliveira Leite, do MPE-RO. A explicação da usina ajuda a entender a violência das ondas em Porto Velho. Mas o Ministério Pú-blico já registrou a ocorrência do fenômeno em ao menos mais duas comunidades, que ficam a 150 e 200 quilômetros abaixo da capital.

Só com um diagnóstico com-pleto será possível fixar ações de prevenção no rio Madeira. O que também depende da boa-fé da empresa. Depois dos acidentes no bairro Triângulo, a Santo Antônio foi obrigada a construir um pa-redão de sete quilômetros de pe-dras para conter as ondas. “Agora estão começando a desbarrancar outros trechos logo depois dessa faixa. E a empresa não reconhece, diz que não há nexo causal”, afir-ma a procuradora Renata Ribeiro Baptista, que acompanha o caso pelo Ministério Público Federal.

“ÁGUA PRETA COMO CAFÉ” Enquanto as ondas revoltam o curso do Madeira abaixo da usina, quem mora acima da barragem teve a vida transformada por outro desequilíbrio: a morte dos peixes.Já era previsto que a quantidade de peixes diminuísse. Mas é ponto pacífico entre os pescadores que a quantidade caiu drasticamente. Nos pontos mais próximos da usi-

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na, os relatos são de que só é pos-sível pegar quantidade suficiente para comer, não mais para vender.

Prevendo os problemas que surgiriam com o fechamento da barragem, um grupo de 30 pesca-dores de Jaci Paraná, vila a 90 qui-lômetros de Porto Velho, se orga-nizou e montou um projeto para criação de tambaquis, antes mes-mo que a escassez se consumasse. Fizeram tudo direito: ganharam edital da Petrobras e montaram uma estrutura com 26 tanques dentro do lago Madalena, que fica no rio Jaci Paraná, onde passaram a criar mais de 35 mil peixes.

Depois de dois anos, quando os tambaquis estavam quase prontos para a venda, a usina Santo Antô-nio começou a alagar as margens do rio para a criação da reserva. Em outubro de 2011, os pescadores acompanharam a subida do nível do lago com preocupação, dobran-do o monitoramento da criação. Em dezembro, José dos Santos, pescador e coordenador de campo do projeto, recebeu uma ligação do pescador que estava no plantão: alguns peixes estavam morrendo. “Corri pra cá e vi que a água esta-va diferente, preta que nem café”, lembra. “Não deu tempo de nada, na mesma noite ele ligou que es-tava tudo morto, boiando. Foi um desespero.” O grupo procurou a Santo Antônio Energia, empresa

responsável pela usina. “E eles não disseram que os peixes morreram de fome?”, diz José, com um sorri-so nervoso. “Nós lutando há cinco anos, cheios de ração guardada, ia deixar os bichos com fome?”

Na frente da sede do projeto, José aponta as centenas de ár-vores secas dentro do lago. Elas eram parte da vegetação de vár-zea, que sobrevive dentro da água alguns meses por ano, na cheia, mas não resistiu ao alagamento definitivo. Na volta para Jaci, cru-zamos ainda com centenas de to-ras de madeira abandonadas na beira do rio, todas com o selo da Fox - empresa que faz o desma-tamento para as usinas. Segundo os pescadores, grande parte da vegetação derrubada pela usina não foi retirada do local em tem-po do alagamento e ficou dentro da água. Eles desconfiam que essa seja a causa da morte dos peixes: a decomposição da vegetação ala-gada. Enquanto o processo corre, José ficou sem renda. A solução foi virar segurança na usina de Jirau.

FALTA DE CONTROLE E MULTA A falta de controle da qualidade da água pela usina Santo Antô-nio já havia sido detectada no fi-nal de 2008, quando o cheiro de peixe morto chegou à capital. O Ibama estimou 11 toneladas, mas membros da equipe de fiscaliza-

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ção desconfiam que havia mais. As mortes aconteciam em trecho próximo à obra havia cinco dias e, quando os fiscais chegaram, fun-cionários da usina já estavam en-terrando os peixes.

A usina foi multada em R$ 7,7 milhões. O relatório do Ibama aponta que a empresa agiu com negligência e imprudência, por-que não monitorava a qualidade da água todos os dias e não havia equipe qualificada no local. A em-presa foi repreendida por não ter avisado sobre o acidente, não ter feito a perícia da causa da morte dos peixes e por ter usado baldes inadequados para transportar os peixes ainda vivos, que chegaram mortos ao local de soltura.

Considerando o melhor cená-rio, no qual as usinas seguiriam com rigor as normas de controle ambiental, a estimativa era que os peixes do rio Madeira diminuís-sem em até 50% nos primeiros anos. Mas os pescadores garan-tem que hoje é quase impossível achar as espécies maiores e mais valiosas - como a dourada (Bra-chyplatystoma rousseauxii).

O desaparecimento do bagre desestruturou a vida de milhares de pescadores, que dependiam da pesca como fonte de renda. Segundo levantamento feito pela Universidade Federal de Rondô-nia, em estudo pago pelas usinas, ao longo de um mês em 2004, 219 pescadores pegaram 40 toneladas de dourada em localidades pró-ximas à usina. Incluindo todas as espécies pescadas naquele mês, o levantamento soma quase 460 to-neladas pescadas. O estudo ainda não repetiu o levantamento para verificar como esses números di-minuíram. O mesmo grupo des-cobriu que o Madeira é o rio mais diverso de todo o mundo, com 957 espécies de peixes.

A principal ação da empresa para amenizar o impacto sobre o ciclo reprodutivo dos peixes foi construir dois canais por onde eles, teorica-mente, podem passar. Mas é difícil reproduzir as condições exatas de uma cachoeira. “Os grandes bagres não estão encontrando a entrada da passagem, não foram observados subindo o canal”, afirma Fearnside, que acompanhou a construção do canal e verificou seu funcionamen-to este ano. “No caso de Santo An-tônio, os funcionários estavam pe-gando o bagre com rede e soltando dentro do canal para eles subirem.”

O pescador Mário Ferreira dos Santos nunca mais viu uma dou-rada. Com a chegada da usina, ele perdeu a fonte de sustento e o lo-cal onde morava. A casa de Mário foi uma das alagadas pela represa. Ficava a 60 metros da cachoeira Teotônio, onde se ouvem histó-rias de um passado abundante. “A

gente fica meio assim de falar por-que o povo não acredita”, diz Má-rio. “Lá tinha pesca de pé firme: era só ficar na beira da pedra, jo-gar a rede e puxar. Se o sujeito saia de barco na boca da noite, voltava com 600 quilos de manhã.”

Hoje, ele vive de uma bolsa dada pela Santo Antônio Energia, assim como toda a comunidade de pescadores: 45 famílias foram removidas do local para um as-sentamento construído pela usi-na. Eles conseguiram a ajuda de custos depois de fazer um protes-to na frente da usina. “Na reunião antes do alagamento, eles só fala-vam coisa boa”, lembra Marcelo Gonçalves da Silva, 32 anos, uma das lideranças da comunidade. “A gente podia escolher entre pegar uma casa, ou dinheiro. O povo perguntou se iam poder pescar, eles disseram que sim. Só faltou avisar que não ia ter peixe.”

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‘‘Lá tinha pesca de pé firme: era só ficar na beira da

pedra, jogar a rede e puxar. Se o sujeito saia de barco na boca da noite, voltava

com 600 quilos de manhã’’MÁRIO FERREIRA, PESCADOR

“Corri pra cá e vi que a água estava diferente, preta que

nem café”, lembra. “Não deu tempo de nada, na mesma noite ele ligou que estava

tudo morto, boiando. Foi um desespero”

JOSÉ DOS SANTOS, PESCADOR

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NEGÓCIOS LUCRATIVOS E SUSTENTÁVEIS

Empresas mineiras mostram que, além de entender de ne-gócios, sabem ser lucrativas de

forma sustentável. Destaques da 2ª edição do “Prêmio Sebrae Minas de Práticas Sustentáveis”, elas investem em ações que não agridem o meio ambiente, evitam desperdícios, es-timulam a reciclagem, apoiam a co-

munidade local e ainda conseguem bons resultados nos negócios.

Há 15 anos no mercado, a fábri-ca de conservas Linken descobriu na sustentabilidade uma forma de diminuir gastos e gerar renda para famílias no Norte de Minas. Entre

suas práticas sustentáveis reconheci-

das e foi selecionada como empresa-destaque em 2012. Como prêmio, a empresa será contemplada com uma consultoria tecnológica oferecida pelo Sebrae Minas.

A empresa começou depois que a família gaúcha de Isabel Linck Warken teve que se mudar de Uberlândia para Janaúba, a 545 quilômetros da capital

Micro e pequenas empresas, como a Linken, dão bons exemplos de como gerir o negócio com responsabilidade

[email protected]

INFORME PUBLICITÁRIO

mineira. No início, a mudança seria para investir nas plantações de bana-nas, mas o negócio não deu certo e resolveram apostar em uma receita de família. “Servíamos as conservas que a minha mãe fazia para os ami-gos, e muitos perguntavam porque ela não fazia para vender”, lembra Felipe

-nistra a empresa.

A produção, que antes era de dez potes por dia, atualmente chega a 1.500 potes. São dezoito tipos de verduras e legumes cultivados e ad-quiridos de 38 pequenos produtores da agricultura familiar dos municí-pios de Porteirinha, Nova Porteiri-nha e Jaíba. “No início da produção financiamos adubos e sementes; em alguns casos pagamos até a mão de obra para que o produtor consiga depois tocar o negócio sozinho”, acrescenta Felipe.

O trabalho manual vai desde o preparo da terra para o plantio até a produção da receita caseira apro-vada pelos consumidores. A procura

garantem o segredo da longevidade e sucesso da aposta. “É tudo in na-tura. Não são conservas industria-lizadas. É a qualidade da receita da vovó, mas produzida em grande es-

cala”, orgulha-se Felipe.A empresa também adota a logística

reversa com as embalagens dos pro-dutos. De 85 a 90% dos seus potes de vidro são reaproveitados. As em-balagens de dois quilos, vendidas para churrascarias e restaurantes, também são devolvidas, e os recipientes são trocados por descontos na compra de novos produtos.

Já as embalagens menores e as caixas de papelão são adquiridas de associações de catadores da região. O custo é praticamente o mesmo de uma caixa nova, mas oferece menos danos ao meio ambiente, pois reduz o volume de lixo gera-do. Os vasilhames são selecionados e passam por um rígido processo de higienização, feito pela própria em-presa, para serem reutilizados. Já as caixas de papel mais resistentes são viradas pelo avesso e utilizadas para o transporte das mercadorias. “So-mos uma empresa economicamente viável. O nosso sucesso depende do sucesso da comunidade local”, con-clui o administrador.

SAIBA MAIS:

www.conservaslinken.com

“OS POTES DE VIDROS

DA LINKEN SÃO ATÉ 90%

REAPROVEITADOS.”

RECEITA DE SUCESSO: A SUSTENTABILIDADE COMO FORMA DE DIMINUIR GASTOS E GERAR RENDA PARA AS FAMÍLIAS

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VISÃO AMBIENTALJOSÉ CLÁUDIO JUNQUEIRA (*)[email protected]

O convencional da oração seria principiar pela Ave Maria, mas no momento é Santa Maria que continua em pauta. Rememorando a tra-

gédia ocorrida na cidade gaúcha, penso que a ques-tão não deveria se resumir nas nossas orações, mas se estender a profundas reflexões sobre esse tipo de even-to, que nos enche de tristeza e indignação.

Em 2001, ocorreu fato semelhante no Canecão Mi-neiro em BH. Menos grave, é verdade, em termos de nú-mero de mortos e feridos. Mas tão trágico para aqueles que perderam seus entes queridos. A mídia tem apre-sentado retrospectivas de eventos semelhantes pelo mundo afora, no Canadá e na Rússia. Esses eventos apresentam uma enorme capacidade de mobilização da opinião pública, seja pelo espírito de solidarie-dade e, acredito, porque somos seguido-res da mais fiel tradição ocidental cristã, sempre buscando culpados por aquilo que nos aflige e possa colocar em risco a nossa integridade e a dos nossos.

Para a sociedade, de maneira geral, identificados possíveis culpados, estam-pados pela mídia, mesmo antes dos ve-redictos dos tribunais, com o passar do tempo, fica tudo como dantes, como no quartel de Abrantes. É preciso refletirmos sobre esse tipo de tragédia. Primeiramente, me incomoda que possamos conviver pacificamente com o funcionamento de boates e casas noturnas que não atendam às normas técnicas e legais vigentes, em especial as de segurança e meio ambiente.

TOLERÂNCIA ZEROEm cada balada de nossos filhos, entregamos a segu-rança nas mãos da Mãe de Deus, aceitando resigna-damente que o poder público é insuficiente para essa tarefa. Conheço algumas experiências internacionais para boates e casa noturnas com procedimentos rígi-dos e tolerância zero para as desconformidades. Tal-vez Nova York e San Juan de Puerto Rico sejam os me-lhores exemplos. Vale dizer que o poder público pode e deve assumir a garantias desses direitos constitucio-nais aos cidadãos.

Pode-se observar que a origem do drama ocorri-do em Santa Maria estava no incômodo provocado pela poluição sonora causada pela boate, que acabou

SANTA MARIA, REMEMBERpor adotar tratamento acústico com espuma, que se queimada provoca emissão de substâncias tóxicas. A partir daí foi uma sucessão de erros como utilizar si-nalizadores impróprios para ambientes internos, ex-tintores de incêndio vencidos, ausência de portas de emergência, superlotação e, certamente, falta de trei-namento para os funcionários em caso de incêndio, procedimento hoje adotado por muitas empresas.

Em BH, os conflitos resultantes de poluição sonora por boates e casas noturnas são os campeões de recla-mações junto ao poder público, que ainda não conse-guiu implementar uma estratégia de sucesso. Observo

várias casas noturnas, em áreas nobres da cidade, que figuram nas listas das mais reclamadas, algumas com alvarás cassados, mas funcionando com limi-nares obtidas no Judiciário, apesar de nem portas de emergência possuirem. Estariam os extintores funcionando?

O poder público, incluindo os três poderes, não deveriam efletir um pou-co mais sobre seus procedimentos, procurando se atualizar, inspirando--se em experiências de sucesso no país

e no exterior? BH é uma metrópole de mais de 2,5 milhões de habitantes e certamente deve dispor de vida noturna expressiva e fazer jus ao título de capi-tal dos botecos. Mas isso não deve significar bagunça e desrespeito, aliás, coisas que não combinam com a mineiridade. Por que não mirarmos nos modelos adotados na Lapa no Rio de Janeiro ou na Estação das Docas em Belém, para ficar em apenas dois exemplos nas nossas barbas ?

A reflexão deveria também chegar aos organizado-res no que se refere à responsabilidade na escolha do local, verificando sua documentação de regulariza-ção e aspectos básicos como capacidade de lotação e saídas de emergência, e também aos frequentadores, como consumidores de um serviço, se informar da qualidade e da segurança do que está sendo oferecido.

Somos, enfim, todos responsáveis.

(*) Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos

pela UFMG e professor no Mestrado em Direito Ambiental

da Escola Dom Helder Câmara

Atitude EXEMPLARVerdemar sai na frente com uma campanha criativa pela

erradicação do uso de sacolas plásticas descartáveis em BH

J. Sabiá[email protected]

A ntecipando uma ampla campanha de conscienti-zação popular a ser defla-

grada pela Associação Mineira de Supermercados (Amis), com apoio da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda) e da Revista ECOLÓGICO, o Verdemar confir-mou, quatro anos depois, a sua pio-neira pegada sustentável. Já está vi-sível em todas as suas lojas em Belo Horizonte e Nova Lima – e aplaudi-da pela clientela – a sua nova cam-panha baseada em dois pilares sim-ples de informação e chamamento: “Sacolas descartáveis: descarte essa ideia. Não Use” ; e “Sacolas Retor-náveis: carregue essa ideia”.

O argumento principal também é simples e irrefutável nos dias de hoje: “Na busca por um mundo melhor, pequenas atitudes se tor-

nam grandes”. É o que defendem seus sócios-proprietários, Halli-son Moreira e Alexandre Poni, lembrando que, desde 2011, a ca-pital mineira vem se tornando um exemplo para o resto do país, com a iniciativa de órgãos públicos, empresas e população na abolição do uso de sacolas plásticas. Prova disso, apontaram, é que 85% dos consumidores belo-horizontinos já aderiram à cultura de trazerem suas sacolas retornáveis de casa, tal como acontece na maioria dos países desenvolvidos.

Parte do problemaAgora, porém, segundo mensagem do Verdemar, uma parte do pro-blema está de volta: as sacolas bio-degradáveis que, apesar de terem menor tempo de decomposição,

provocam os mesmos malefícios das tradicionais, como o acúmulo de lixo e o descarte inadequado que congestiona os canais de escoamen-to de água das chuvas: “Por princí-pio, nós somos contra o seu uso. Mas, em respeito ao direito de es-colha do consumidor, continuamos oferecendo essa opção de compra”.

O trabalho de mobilização do Verdemar por uma mudança de comportamento e de hábito de consumo em relação ao uso de sacolas plásticas descartáveis não começou agora. Ele vem desde 2009, quando Hallison e Alexan-dre lançaram sua primeira coleção de sacolas retornáveis, numa feliz parceria com o estilista Ronaldo Fraga, como forma de incentivar a população a adotar maneiras mais sustentáveis de transportar suas compras. Uma preocupação que a empresa já tinha, em sintonia com uma tendência mundial pelo desenvolvimento de uma maior consciência ecológica.

Não custa registrar, mais uma vez, que BH é a primeira capital do país a aprovar uma lei proibin-do o uso indiscriminado de saco-las plásticas descartáveis; e que o planeta não é descartável. Mais: que, em 2010, o Verdemar ganhou o “Prêmio Hugo Werneck de Sus-tentabilidade & Amor à Natureza” – o “Oscar da Ecologia”, na catego-ria “Melhor Empresa” - pelo seu pioneirismo em adotar, apostar e disseminar as práticas supermer-cadistas de produção, comerciali-zação e consumo conscientes.

TODOS OS MIL OPERADORES DE CAIXA

E EMBRULHADORES DO VERDEMAR SE

ENVOLVERAM NA CAMPANHA

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DESAFIOS DA LOGÍSTICA REVERSA

1ARTIGO

O resíduo sólido, quando não disposto adequada-mente, acarreta a veicula-

ção de doenças, a contaminação de solo, de água e de ar, a coexis-tência de catadores que vivem no lixo e do lixo, além de prejuízos a imagem das cidades e de sua ur-banidade. Apesar de os rejeitos fa-zerem parte de nossas vidas e da natureza, a produção industrial em larga escala gerou o aumento e a diversificação desses compo-nentes, que levam a consequên-cias drásticas com as quais já co-

meçamos a conviver. A pesquisa Panorama dos Resí-

duos Sólidos no Brasil (2010), da Abrelpe, avaliou 350 municípios, onde se concentram 49,6% da po-pulação urbana brasileira, e mos-trou que 57,6% dos resíduos urba-nos coletados são destinados em aterro sanitário, o equivalente 60 milhões de toneladas/ano.

A pressão da sociedade, aliada à lei 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Só-lidos (PNRS), legislação presente também em estados da federação

e municípios, busca ordenar a gestão dos resíduos sólidos com-partilhando responsabilidades, definindo instrumentos e estabe-lecendo metas para implantação do plano de gestão de resíduos sólidos em cada município.

A lei traz à tona a necessidade de se pensar e implantar soluções di-ferenciadas segundo as especifici-dades dos resíduos, desde vidros, papéis, matéria orgânica, alumí-nio, pilhas, lâmpadas, bateria entre tantos outros, gerados em nossos domicílios até produtos químicos

70 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

Susana Feichas*[email protected]

Sociedade, indústria, distribuidores, comerciantes, consumidores e órgãos públicos dividem a responsabilidade pela geração de resíduos sólidos

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advindos dos processos produtivos humanos. E atribuiu a responsabi-lidade pela geração de resíduos só-lidos a toda a sociedade, envolven-do a indústria, os distribuidores, os comerciantes, os consumidores e os órgãos públicos.

Eficiente, prático e viávelComo a PNRS visa contribuir para a redução dos resíduos sólidos por meio da estratégia de retornos dos produtos à in-dústria após o consumo, a im-plantação da logística reversa se torna um dos meios eficien-tes, práticos e economicamen-te viáveis para o alcance desse objetivo. Esse modelo tem seu suporte na coleta seletiva, ga-rantindo que os resíduos sejam previamente segregados, con-forme sua constituição ou com-posição e, em seguida, enviados

para a reciclagem, antes de sua disposição final. E obriga alguns setores a programar sistemas de logística reversa de seus produ-tos, tais como embalagens e re-síduos de agrotóxicos, pilhas e baterias e pneus.

No entanto, a aplicabilidade da lei não é tão simples em virtude das dificuldades relacionadas à logística reversa, entre elas estão a dispersão dos resíduos nos cen-tros urbanos após o consumo, que dificulta sua coleta; a distância geográfica das indústrias em re-lação aos centros de distribuição dos seus produtos; e a quantidade de resíduo sólido necessário para gerar volume na coleta e proces-samento para otimizar os custos. Possuímos alguns modelos de su-cesso como o tratamento de óleo lubrificante e embalagens de óle-os, promovidos pelo programa

ECOLÓGICO/FEVEREIRO DE 2013 59

Jogue Limpo, que apresenta fluxo eficiente inverso de óleos e emba-lagens desde o ponto de consumo até a indústria processadora.

Iniciativas como essa acabam contribuindo para a redução de resíduos, para sua gestão de ma-neira econômica e ambiental-mente sustentável, e, ainda, para estimular as boas práticas das empresas e da população em ge-ral por meio de medidas preven-tivas e educativas. As naturezas dos resíduos gerados pelas em-presas são diferentes e, por isso, apresentam graus variados de complexidade, exigindo, assim, desenvolvimento de estratégias de logística reversa diferencia-das, criativas e atreladas a estra-tégias eficientes de menor custo.

*Coordenadora executiva do MBA em Gestão

do Ambiente e Sustentabilidade da FGV/IBS

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CONHEÇA OS10 ALIMENTOS

QUE COMBATEM A ANSIEDADE

A ansiedade está mais presente em nossas vidas do que imaginamos. Ela vai do grau mais leve até os casos mais graves, os

quais necessitam de tratamentos severos com a presença de psicoterapia e medicação. Os sintomas vão desde àquelas vontades incon-troláveis de atacar a geladeira até as crises que envolvem nervosismo, tremores, tensão mus-cular, sudorese, palpitações, tonturas, medos e insônia. O médico psiquiatra Marcelo Caixeta aponta que as pessoas incriminam o estres-se da vida moderna como o grande vilão para doenças como a ansiedade, mas problemas nas substâncias químicas cerebrais conhecidas como neurotransmissores, que são formados também pela alimentação e influências físicas, são decisivos no processo do desenvolvimento da patologia. “É inegável o aumento moderno do número de casos de transtornos afetivos. Mas, hoje em dia, consumimos coisas que há 100 ou 500 anos atrás, nunca tivemos acesso, e, pelo contrário, não consumimos coisas, que há pouco tempo consumíamos. Tudo isso leva a enormes distorções em nossa neuroquímica cerebral”, explicou Caixeta. Para evitar esses efeitos negativos nas emoções, nada melhor que conhecer alimentos que auxiliam no pro-cesso do combate à ansiedade. O site EcoD lis-tou 10 opções, conheça:

1Q U A L I D A D E D E V I D A

XX ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 ISTO

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2 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 73

1Q U A L I D A D E D E V I D A

74 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

1) BANANAO Instituto de Pesquisas de Alimentos e Nutrição das

Filipinas realizou uma pesquisa que concluiu que a fruta

auxilia no combate da depressão e alivia os sintomas da

ansiedade, devido ao alto teor de triptofano, que colabora

com a produção de serotonina.

2) FRUTAS CÍTRICASA vitamina C, presente nas frutas cítricas, reduz a secreção

de cortisol, hormônio liberado pela glândula adrenal

em resposta ao estresse e a ansiedade. Elas promovem o

bom funcionamento do sistema nervoso e aumentam a

sensação de bem-estar.

3) OVOSEles são excelentes fontes de triptofano, um tipo de ami-

noácido que alivia os sintomas de ansiedade. De acordo

com a nutricionista Rosana Farah, membro da Associa-

ção Brasileira para o Estudo da Obesidade. Uma vez no

cérebro, o triptofano aumenta a produção de serotonina, o

hormônio da felicidade. Rosana indica o consumo diário de

duas a três porções deste tipo de alimento.

4) CARBOIDRATOSProveniente dos cereais e integrais, os carboidratos elevam

o nível de açúcar no sangue, ao fornecerem energia,

disposição e bem-estar. Pães, arroz, aveia, feijão, massas,

batata e uvas fazem parte deste grupo alimentar.

5) CARNES E PEIXESSegundo a nutricionista, eles são as melhores fontes

naturais de triptofano, aminoácido que em conjunto

com a vitamina B3 e o magnésio produzem serotonina,

importante também no processo do sono. Além disso,

as carnes e peixes contêm outro aminoácido chamado

taurina, substância que aumenta a disponibilidade de um

neurotransmissor chamado Gaba, que o organismo usa

para controlar fisiologicamente a ansiedade.

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6) ESPINAFREO espinafre contém folato (ácido fólico), uma potente

vitamina antidepressiva natural. Segundo um estudo da

Universidade da Califórnia, o cérebro consome muita

energia para funcionar e isso resulta na sobra de resíduos

químicos oxidantes. É neste momento que alimentos

como o espinafre começam a trabalhar para eliminar as

substâncias em excesso.

7) MAÇÃAs maçãs são ricas em fibras de carboidratos, vitaminas

A, B1, B2, B6, C, minerais, zinco, magnésio e selênio.

Além de combater a ansiedade, relaxa.

8) MELO mel auxilia o organismo a produzir uma maior quanti-

dade de serotonina, neurotransmissor que está intimam-

ente ligado às mudanças de humor.

9) JABUTICABAA fruta, que também é rica em carboidratos, fornecendo

energia para o reânico físico, possui vitaminas do complexo

B, que agem como antidepressivos. A jabuticaba também

contém ferro (que combate a anemia) e vitamina C (que

aumenta as defesas do organismo).

10) CHOCOLATEA nutricionista explica que o chocolate “é rico em flavonoi-

des, um tipo de antioxidante que favorece a produção de

serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação

de bem-estar e que melhora o humor, reduzindo a sensa-

ção de ansiedade”. São recomendados cerca de 30 gramas

de chocolate por dia, de preferência amargo, bem menos

calórico e mais rico em flavonoides.

BART

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ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 75

T rabalhei muitos anos com processos para compreender o que considero a pedra funda-mental sobre o assunto: processos que interes-

sam são processos para clientes, aquilo que o profes-sor José Ernesto batizou de Processos Essenciais.

Minha empresa carrega há anos o codinome de Empresa Essencial. Depois de matutar muito e escre-ver até um livro sobre o assunto, acabei por resumir 11 características que tornam uma Empresa Essen-cial, mas todas elas sempre me levaram inexorável e repetidamente em direção ao cliente.

Sim, porque há empresas onde o cliente não faz parte das prioridades e acaba tratado como um es-torvo, a bola que atrapalha o jogo. E isso ainda faz parte da nossa cultura de brasileiros, com respeitosas e honrosas exceções.

As áreas meio das organizações criam descrições complexas de processos secundários e se esquecem de perguntar a razão pela qual existem. Você é de infor-mática? Marketing? Gestão de caixa? Contabilidade? Novidade: você só existe porque existem clientes e, se ninguém tiver contado isso antes, acredite, clientes existem de verdade!

O jogo não é simples, admito. No Brasil do pleno emprego, o empreendedor de varejo, zeloso do bom atendimento a seu público, não pode ser onipresente em todos os seus pontos de vendas. Nem as boas irmã-zinhas fundadoras daquele hospital de renome po-dem usar os anjos para tudo ver e tudo controlar. Vai saber o que é que o atendente está dizendo ao com-prador ou ao paciente, lá na ponta, no departamento do inferno em que transformaram a vida das pobres almas consumidoras.

O caso do Spoleto, rede fast food de comida italiana, é um bom exemplo. Quando o site Porta dos Fundos fez meio Brasil morrer de rir, caricaturando seus atenden-tes mal educados, a rede tratou de correr e contratar o mesmo site para comunicar ao mercado que alguns de seus atendentes até podiam ser mesmo mal educados, mas que isso não era seu desejo... nem seu padrão!

O atendimento anda mesmo muito ruim no Brasil.

FOGO E FRIGIDEIRA

Veja o vídeo original no youtube http://goo.gl/snYW3

E a resposta do Spoleto http://goo.gl/RRQPC

E relembre o que são Processos Essenciais” http://goo.gl/X8RCE

TECH NOTES

Quer ver? Num fim de semana, uma roda de amigos, um bar, alguém cisma de começar a contar seu infor-túnio na loja tal ou qual. É o bastante para horas de conversa e muitas tulipas de cerveja se perderem em casos que só ficam engraçados quando contados as-sim, de forma meio “tonta”.

O problema é que quatro milhões de pessoas riram do vídeo original do Spoleto, dois milhões e meio ri-ram da réplica bem bolada da empresa e um milhão viu o lançamento da coleção de pratos usando a po-lêmica como pano de fundo. Tudo nas redes sociais. Ponto para o Spoleto que pode ter recuperado boa parte de seus clientes insatisfeitos...

Só que você pode ser um dos milhões que nunca viu nada no Youtube e está insatisfeito, ou viu somente o primeiro filme e riu um sorriso amarelo de vingança. Se esse cara for você, acho que não volta lá, volta?

Pensando melhor, acho que volta. Ando descobrin-do que, neste insustentável Brasil, a loja e o hospital do lado, que a gente vai experimentar para ver se é melhorzinho, são somente as frigideiras, para onde a gente pula, fugindo do fogo.

(*) Diretor-geral da Plansis, vice-presidente de Sustentabilidade

da Sucesu-MG e presidente do Comitê para a Democratização da

Informática – CDI e diretor da Arbórea Instituto

GESTÃO EMPRESARIAL & TIROBERTO FRANCISCO DE SOUZA (*)[email protected]

76 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

A loja ao lado, aonde a gente vai tentar um atendimento melhor,tem sido a frigideira para onde a gente pula, fugindo do fogo

78 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

1M E M Ó R I A A M B I E N T A L

PESCARIA NO

RIO CIPÓ A história e visão de um rio com

o ecossistema preservado que fez nascer o Projeto Manuelzão

Apolo Heringer [email protected]

Junho de 1988, Serra do Espinhaço, Minas Gerais. Che-gamos às margens do Rio Cipó e apeamos. Eu acompa-nhava três experientes pescadores semiprofissionais, que

mensalmente iam ao rio para abastecer a pensão-restauran-te da família. Eram mais ou menos 20 horas. Havia percorri-do uma hora de carro, em estrada de terra, desde Presidente Juscelino, antiga Paraúna. O pessoal tem preferência pela lua quarto-crescente visto a escuridão ser favorável àquela mo-dalidade de pesca.

Com folhas secas e gravetos, fizemos o princípio de uma fogueira, que quase do zero de um pau de fósforo foi se en-corpando até gerar um novo ambiente no local. O fogo é fascinante. Estávamos sob uma gameleira de dezenas de metros de altura seguida de algumas outras árvores me-nores acompanhando o rio, num local que chamamos de prainha. Tomamos um café trazido na garrafa térmica e jazinho os primeiros espetos de vara, nascidos ali no ato, introduziam os pedaços de alcatra no braseiro. No preparo da fogueira, durante a procura da lenha e manejo da car-ne, íamos provando o aperitivo de cana trazido da fazenda do Senhor Miguel, velha pinga de 20 anos de curtição.

Com essa providência o ambiente já era de festa. E mal provamos os primeiros pedaços de carne, os dois pescado-res mais novos embarcaram rio abaixo, colocando redes lado a lado do rio e sondando a noite.

Voltaram vibrantes, mais de uma hora depois, trazendo já dois curimatãs. Meia hora depois partimos os quatro na ca-noa, indo rio acima por uns 200 metros e, depois rio abaixo, com idas e vindas que perfizeram uns três quilômetros, cor-tando passagem por entre picos de lapa e trechos encachoei-rados.

O borbulhar da água nestes locais, destacado pelo silên-cio absoluto da noite, orquestrava os múltiplos sons graves e agudo emitidos pela natureza, levando-nos às vezes a es-

“O RIO CIPÓ NÃO ULTRAPASSA MUITO A LARGURA DE UMA RUA, SUA

ÁGUA TEM UMA TONALIDADE ESCURA, E MAIS ESCURO FICA COM AS

SOMBRAS DAS ÁRVORES CILIARES QUE SE DEBRUÇAM SOBRE SEU LEITO”

SAN

AKA

N

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 79

2

cutar diversos matizes de vozes humanas. A canoa ia descendo silenciosa, como que deslizando. Na proa o fisgador, de pé, como uma carranca do São Francis-co, empertigado e atento, com o farol alimentado por bateria de carro na mão esquerda e a longa vara com o arpão na ponta, na direita, vasculhando o rio. No centro, assentado, estava eu.

Na minha frente, pouco atrás do fisgador ou arpo-ador, de pé, ia o tarrafeiro, pronto para balançar no ar sua longa “saia” e despachá-la voando sobre o peixe cujo menor tamanho dificultasse sua captura pelo arpão. E foi isto que aconteceu logo em seguida, trazendo mais um curimatã para o barco. Na ponta de trás, ou popa, estava o remador, às vezes assentado, ou mais frequen-temente de pé, determinando, com longa vara que to-cava o fundo do rio, a nossa direção por entre as rochas, perfeitamente sintonizado com as intenções e menores gestos do homem da proa, o fisgador.

NO RIO CIPÓPassamos por lugares muito rasos, forrados por pedras; por remansos bons para o mergulho, por lugares fun-dos e estreitos chamados canais e por corredeiras. O Rio Cipó não ultrapassa muito a largura de uma rua. Às ve-zes avança sobre pontas de pedras, outras vezes é man-so. Sua água tem uma tonalidade escura que ele traz da serra, e mais escuro fica com as sombras das árvores ci-

liares que se debruçam sobre seu leito.Diversas vezes ouvimos ruídos às margens. Poderia

ser paca, ou rez, ou outra coisa qualquer. A espingar-da 32, cartucheira, estava no chão do barco com o bico voltado para frente, pronta para agir, numa ou noutra circunstância. Há proprietários que não gostam de ver pescadores no fundo de seus quintais e são motivo de preocupação. Alguns são violentos e podem supor que os estranhos sejam mal elementos da cidade grande, em-briagados e armados, ou mesmo os temíveis assaltantes de fazenda. Nisto, rápidos ruídos silenciosos correm o barco agitando gente e coisas, o farol procura aqui e ali e o fisgador em riste dispara o arpão sincronizado com rápidas manobras do remador-leme.

A boia branca corta o rio aos pulos para lá e para cá indicando resistência do grande surubim e indicando sua direção. Outro arpão já está preparado na ponta de uma longa vara de três metros para acabar com o peixe que embora cravado no dorso ainda se opu-nha em velozes corridas, cansando-se, esvaindo-se, parando um pouco num remanso, assustado. Nisto o fisgador atira fortemente sua mortal e certeira flecha que brutalmente secunda a primeira, penetrando tão fundamente na branca carne do animal e por entre suas grandes e espinhosas costelas que permite, sem medo de perder o peixe, trazer o bichão pela corda que liga o arpão à vara. Devia ter no mínimo uns quin-ze quilos e foi o segundo da noite. Sua boca enorme, maior que uma criança de seis meses, não possui dentes e é forçada pelas mãos do pescador no sentido ântero-posterior até liquidar com o bicho que pouco reage dentro da canoa e agora jaz ao lado dos três pri-meiros curimatãs e de outro surubim menor.

PINTADOS, PACÚS... Este peixe é também chamado de pintado por cau-sa das manchas escuras que tem no couro. Chamam couro para enfatizar a ausência de escamas. Vez por outra um pacú, um curimatã, um mandi são segui-dos à distância pelo farol e desaparecem pelas grotas fugindo ao foco da implacável perseguição. O segredo deste tipo de caçada é não provocar ruídos no assoa-lho do barco, que são transmitidos à água e aos pei-xes. As conversas normais não prejudicam, nem a luz que traiçoeiramente os iluminam nas águas transpa-rentes do Rio Cipó. Outro surubim arpoado consegue escapar ferido, talvez sobreviva, talvez não, deixando o arpeiro visivelmente conturbado com a situação. O verdadeiro pescador parece admirar a bravura do peixe, não deixando de contar histórias sobre a resis-tência de um surubim, dourado ou outro qualquer. Quanto mais extraordinária for a caça, melhor se sente. Mas se sente culpado quando o espécime esca-pa ferido. Dá-lhe uma coisa ruim por dentro.

De repente, passa um matrinchã e a tarrafa cai-lhe em cima. A luta contra o peixe dura alguns minutos

1M E M Ó R I A A M B I E N T A L

“EU ERA ALI UM OBSERVADOR ECOLÓGICO

PRIVILEGIADO, ACOMPANHANDO

HOMENS QUE SE DEDICAVAM APAIXONADAMENTE

À PRINCIPAL ATIVIDADE LÚDICA DE SUAS VIDAS.”

RCIO

HA

MIL

TON

80 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

tensos, pois há sempre a possibilidade de romperem--se os fios daquela armadilha e a presa escapar. O farol mostra-o na tarrafa se entregando estrebuchando nas mãos cada vez mais próximas da morte que finalmen-te o liquida com um golpe certeiro de porrete na cabe-ça antes de arremetê-lo ao barco. Este procedimento é comum também nos peixes maiores presos nas redes estendidas de um lado a outro do rio, que são vistoria-das em toda sua extensão sempre que o barco por elas passam subindo ou descendo a correnteza. Às vezes um rasgão encontrado nelas ativam a imaginação dos pescadores e a busca cresce em emoção.

Os pescadores sabem que o uso desta rede é proibido. Ela retem peixes de todos os tamanhos, ameaçando a sobrevivência das espécies pois enquanto dormimos em nossas casa inúmeros pescadores passam a noite fin-cando suas redes de lado a lado das margens dos rios bloqueando completa-mente a passagem com as malhas invisíveis da morte. Nela se enrascan-do, o peixe, assustado, força-a para frente, até exaurir-se. Mesmo que pudesse dar marcha a ré estaria engastado por suas barbatanas e quan-to mais movimento faz pior fica.

Sobe, pela madruga-da, da superfície quente da água, em relação ao ar frio de junho, uma leve fumaça que brota por toda parte, preju-dicando a visibilidade. O frio aperta. Os dois rapazes da “expedição” saltam descalços até as pedras afim de redire-cionarem o barco por entre lapas e corredeiras, numa atitude corajosa e áspera tal era o frio às duas horas da madrugada. O prazer dos pescadores em captu-rar o peixe não vê obstáculos à sua empreita. O farol cruza de novo o rio para todos os lados e encontra a terceira rede quando, horas depois de olímpica ati-vidade, retornávamos rio acima em busca do nosso fogo. Achamos um novo curimatã que resplandesceu sob a luz do farol. Trazido à superfície é imobilizado com uma firme paulada na cabeça. Este golpe de mi-sericórdia sucedia sempre que na tarrafa ou na rede havia peixe de certo porte para que não escapasse ao ser jogado na canoa.

OBSERVADOR ECOLÓGICOEu era ali um observador ecológico privilegiado, acom-

panhando homens que se dedicavam apaixonadamen-te à principal atividade lúdica de suas vidas.

As conversas eram poucas, sempre relacionadas com o rio. Ora o frio que fazia-nos ter “chimbre”, ora os peixes grandes que sumiam sem serem fisgados, ora discussões sobre para onde seria melhor levar a canoa. A posição do arpão na mão firme do pescador recomendava irmos descendo pela direita e subindo pela outra margem. Mas isto podia variar na trans-versal, conforme as características que o rio ia ad-quirindo. O mais velho deles, pai de um dos rapazes, dizia-me, arpão em punho, que quando mais moço pegou muito dourado e surubim de maior porte no Rio Paraúna, mas que infelizmente acabaram com o rio. Responsabilizou as redes estendidas pelo rio, da foz à nascente, sobretudo durante a piracema.

Antigamente era muito comum, dizia, pescarem com explosivo, como dinamites, e o efeito foi devastador. Hoje é a poluição pela in-dústria, os esgotos, as minerações e o uso ge-neralizado de agrotó-xicos são piores que os dinamites - arrematou apopléctico em defesa de seu rio.

Fiquei vivamente in-trigado com a lingua-gem daquele novo tipo de companheiro ecolo-gista, rude sertanejo, criado na beira do rio, comerciante de peque-na monta, admirador, a seu modo, da nature-za, da caça e da pesca. Eles podem fazer mui-to pelo ecossistema se

incorporados, de forma positiva, a este mutirão. Odeiam o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Ibama de hoje, como o IBDF de ontem. Denunciam a caça aos pe-quenos pescadores e o protecionismo às empresas rurais e urbanas, que produzem a destruição em escala “industrial” das espécies.

No barco, eu alternava posições em pé e assentado, para acomodar a coluna e esquentar um pouco os mús-culos glúteos anestesiados pelo frio e posição incômoda durante tantas horas. O frio era intenso e úmido, meus agasalhos insuficientes. E a canoa muito leve e compri-da ao balançar obrigava-me permanentemente a bus-car o reequilíbrio. Com uma cuia ajudava a tirar água que ia enchendo o chão da nossa embarcação, o que me entreteve e aqueceu nas cinco horas de nau.

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 81

2

EXPERIÊNCIA DE PESCADORPara mim, embora gostasse da experiência, a volta ao “acampamento” foi um alívio. Assamos queijo e alcatra nos espetos, entre goles de cachaça da boa. O bom pes-cador bebe mas não se embriaga. É sóbrio. Pois há, na pescaria, os seus riscos. Uns inclusive preferiam mais o café. A fogueira fora reacesa rapidamente com nova ge-ração de lenha catada nas reentrâncias arteriais onde há muita madeira trazida pela última enchente e dei-xada engarranchada em paus e troncos.

Depois da ceia nos estendemos à beira da fogueira sobre uma lona, com os agasalhos e cobertores deles, de muitas pescarias jamais lavados. Eram três e trin-ta da manhã. De tempo em tempo alguém se levanta-va para colocar lenha no fogo, pois o intenso frio nos mantinha apenas dormitando. O sono melhor veio pela manhã, com o Sol. Fez-nos muito bem lavar o rosto no rio e tomar o resto de café da garrafa térmica com um pedaço de pão. Para adiantar o expediente uns foram colocando os peixes no isopor e no porta--bagagem do carro. Eram mais de quarenta quilos de peixe, já limpos. E o Sol, refletindo sobre a relva ene-blinada, resplandece-a nos dando bom-dia.

A sensação de aquecimento do corpo pelos pequenos exercícios e o calor do sol faz nosso espírito achar que todo o frio, e sono não dormido da noite no rio, valeram a pena. Só não esperávamos que a caminhonete engui-çasse. Não quis ligar. Estava mal estacionada, muito

perto de um declive e da beira do rio, cercada de mato escorregadio com muito pouco espaço para pegar no empurrão. Tivemos que esperar mais de quarenta mi-nutos para que um dos nossos fosse até a fazenda mais próxima buscar uma junta de bois. Só assim os cavalos da potente máquina funcionaram.

O terreno onde passamos a noite pertence a Raiz, vilarejo de Presidente Juscelino, na roça conhecida por Cela Grande, de amigos do Sika e do Siquinho. Há uns seiscentos metros do rio está a casa de dona Raimunda, viúva valente e jovem , com vários filhos, que monta cavalo, toca o gado, tira o leite, fala firme e tem aspecto de vaqueiro. Seu marido foi vitimado pelo Mal de Chagas. A cachorra Diana, desta senhora, nos acompanhou por toda a noite, ao lado do acam-pamento, nos prestando inestimável ajuda policial contra a aproximação de outros animais. Por isto ga-nhou nossa simpatia e uns bons pedaços de alcatra.

Enquanto nos afastávamos pelo caminho de terra, subindo morros, o Rio Cipó ia desaparecendo entre suas muitas curvas. Tomara que ele sobreviva.

NOTA DA REDAÇÃO

Vinte e cinco anos depois, não apenas o Rio Cipó sobreviveu, parcialmente

preservado como parte integrante do Parque Nacional da Serra do Cipó, como

o Projeto Manuelzão tornou-se o que é, um exemplo para o país, em defesa

vigilante e propositiva da qualidade de todos os nossos cursos d’água.

A história da fundação do projeto vai ser contada na nossa próxima edição.

1M E M Ó R I A A M B I E N T A L

“AS CONVERSAS ERAM POUCAS, SEMPRE RELACIONADAS COM O RIO. ORA O FRIO QUE FAZIA-NOS TER 'CHIMBRE', ORA OS PEIXES

GRANDES QUE SUMIAM SEM SEREM FISGADOS, ORA DISCUSSÕES SOBRE PARA ONDE SERIA MELHOR LEVAR A CANOA”

JOSÉ

ED

UA

RDO

82 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

A informação que forma e transforma o seu ponto de vista.Os fatos que formam e deformam a realidade.

As características que engrandecem e apequenam a política e a vida empresarial. As noticias que todo mundo quer ver e que muitos não gostariam de ver publicadas. As atitudes e as práticas sustentáveis

e insustentáveis para o meio ambiente.

ASSINE E LEIA:

R$ 5,00Ano 3 | No 32 | Junho/2012

materiaprimarevista.com.br

IMPRESSO

A FARSA da paz social

A direção da Usiminas seorgulhava de ter sofrido uma única

greve em seus 50 anos. Mas asiderúrgica era dona de tudo. Até dasede do Sindicato dos Metalúrgicos

VAVÁ, O ÚLTIMO CAMPEÃO DO GELO PERRELA MERENDOU A VERBA DA MERENDA

1

MINAS É MAIOR POR CAUSA DELES: 31 empresários que abriram as portas

para o nosso grande futuroEstado chora sobre o leite derramado: a Itambé é mais uma empresa que se vai.

Lázaro Gonzaga, o presidente da Fecomércio, teme ser morto por colegas da diretoria.

materiaprimarevista.com.br

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MATERIAPRIMA

ECONOMIA | POLÍTICA | ESPORTES | CULTURA

JOSÉ SALVADOR SILVAPresidente do Hospital Mater Dei

BEM ESTARPATRÍCYA TRAVASSOS (*)[email protected]

A maior aliada da nossa saúde é a autoestima. Com ela em alta é como se você estivesse vaci-nada contra todos os tropeços, curvas fecha-

das e declives prolongados que a vida nos oferece. Com a autoestima presente, a gente se sente dona do nosso corpo, da nossa alma e das nossas emoções. E ainda, capaz de driblar ou suportar as crises, as emoções fortes, as dores e as doenças.

Sabemos que não podemos controlar o que acon-tece no mundo, os desastres ecológicos, os altos e baixos da economia ou o coração de alguém que queremos conquistar. A única coisa que eu posso ter controle, que me pertence e por quem sou totalmente responsável, sou eu mesma. Se estou de bem comi-go mesma, se me admiro, se me respeito e gosto da minha companhia, já é meio caminho andado para um quadro de vida saudável.

Vários estudos têm indicado que a maioria das enfermidades surge quando estamos com a imuni-dade em baixa. E a imunidade tem muito a ver com nossa autoestima. Tem a ver com prestar atenção às nossas emoções, aos nossos limites, e saber ouvir seu corpo quando ele pede um descanso, um ali-mento ou um movimento.

A ECOLOGIA DA AUTOESTIMAQuando estamos muito desconectados de nós

mesmos, nem percebemos nosso cansaço. Comemos coisas que não nos fazem bem e escolhemos pessoas erradas e lugares desagradáveis para estar. Viramos uma bola de neve de negatividades e fazemos tudo em desacordo com nosso bem-estar. Acontece que a maior parte das pessoas nem sabe perceber se tem uma boa autoestima e, se acha que tem, se confunde com ego em alta ou orgulho em demasia.

A autoestima tem mais a ver com paz interior, tranquilidade nos pensamentos e uma percepção de se sentir presente dentro de você. Se você não sabe do que estou falando, que tal tirar uns dias para fi-car com você mesma? Pode ser num lugar bonito na natureza ou na sua casa. De repente, botando em or-dem as suas coisas e jogando fora o que não interessa mais. Ficar com você mesma é um ótimo caminho para começar a fazer as pazes com você. Abrace essa ideia. Eu garanto que só vai te fazer bem!

(*) Patrícya Travassos é apresentadora do ‘Alternativa Saúde’

e escreve no site do GNT toda quinta-feira:

www.gnt.com.br/bemestar.

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84 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

A Viver Brasil disponível agora também em seu iPad. Séria, dinâmica e com o mesmo prazer na leitura que você já conhece na versão impressa.

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É importante nos lembrarmos de que o estado de nossa consciência determina a qualidade de vida que temos. E esse estado depende das

experiências, boas ou más, e da assimilação e incor-poração do que vamos absorvendo a cada dia. O co-letivo desorganizado nasce sempre de consciências sombrias, mal dirigidas e envoltas em energias pri-márias e densas.

Nossa mente é um leme que nos encaminha ora para uma direção superior, ora para outra. Se não vi-samos sempre o mais claro e perfeito em nós, vamos nos perdendo em planos desorganizados e contradi-tórios de nossa mente ainda indisciplinada e sem fé profunda. Passamos então da paz, alegria e sereni-dade, rapidamente para a ansiedade, o medo, a con-fusão ou a agressividade. A energia crística procura sempre permear nossos estados mentais e emocio-nais, mas só pode fazê-lo quando abertos, silencio-sos e receptivos às Leis do Cristo interno.

A alma e seus veículos mais densos, emoção em mente, devem estar alinhados em comunhão com a presença da luz, do céu dentro de nós. Porém, isso não é fácil, uma vez que sabemos que até as mudan-ças atmosféricas, o ambiente ou a alimentação im-própria podem perturbar nosso estado geral de har-monia, quando ainda não alcançamos um contato

ESTADOS DE CONSCIÊNCIAComo um guia, nossa mente pode nos encaminhar,

ora para uma direção, ora para outra

Célia [email protected]

1VIDA INTERIOR

mais real com a verdadeira luz, uma fé mais profun-da ou a graça divina.

CAMINHOS PARA AS CONQUISTASÉ preciso disciplina e firmeza para mantermos senti-mentos, pensamentos e conduta limpos, fortes e ca-ráter reto. A meditação, a prece e o serviço altruísta são sempre caminhos práticos para essas conquis-tas. Poucas vezes, durante o dia, nos lembramos de que fomos criados à semelhança do Pai e de que pre-cisamos expressar um de seus dons, aquele que nos foi concedido, além do amor ao próximo.

O estudo e a observação de nossa consciência, e de como ela se expressa em nossa conduta geral, é tam-bém o estudo e a conquista da libertação do Ser. A sin-tonia voltada sempre para a presença de Deus é uma força atrativa de todo o bem e toda a abundância de que necessitamos. O estado de consciência elevado é criador da beleza e da paz. Um grupo reunido, orando e aspirando a luz do Cristo é um canal aberto ao fluir de energias transmutadoras, libertadoras e curativas.

A abundância e a plenitude do Pai estão à espera de que a humanidade se organize, se irmane e se aperfeiçoe segundo os ensinamentos sagrados para refletir na Terra as belezas e harmonias celestiais. Pois o Senhor é o Pastor e nada nos pode faltar.

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TTER

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86 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

1V O C Ê S A B I A ?

ÁGUA DA FONTE. MAS QUE FONTE?Apesar de a maior parte do corpo humano e de o planeta Terra serem constituí-dos por água, esse elemento vital pode também ser fatal. No Brasil, 70% das in-ternações hospitalares são causadas por doenças relacionadas à água e cerca de 10 milhões das mortes anuais resultam de doenças intestinais transmitidas por ela. E há explicação, 10% dos 190 milhões de pessoas que compõem a população brasileira, não têm acesso à água tratada.

A RIQUEZA É BRASILEIRA, MAS NÃO SE DÁ UM JEITINHOO Brasil é o país mais rico em água doce do planeta, concentrando cer-ca de 12% de toda água doce do mundo. Mas não se engane! O privilé-gio da abundância não se aplica a todos. Assim como a distribuição de renda, a de água também concentra-se em uma minoria. Menos de 1% da água doce do planeta está disponível para o consumo, e 40 milhões de brasileiros não têm acesso a ela. Ainda assim, o desperdício chega a

40% dos domicílios. Vai entender...

CONTAMINAÇÃOQuem acha que o problema de contaminação dos rios e oceanos está relacionado há falta de trata-mento do esgoto acertou! O atendimento em coleta de esgoto abrange apenas 46,2% da população

brasileira. Apesar das receitas totais geradas pelos serviços de água terem alcançado os R$70,5 bilhões em 2010, apenas 37,9% do esgoto gerado em todo o país recebe algum tipo de tratamento, segundo da-

dos de 2010 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ultimo ano em que essas informações foram divulgadas. Eco não... Eca!

ÁGUA

FOTOS: SHUTTER STOCK/SANAKAN/DGP. MARTIN

JOSÉ

REY

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Fernanda Mann [email protected]

ÁA

88 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

ILHA DE LIXONo meio do oceano Pacífico, fica o maior lixão do mundo. A mas-sa de pequenos fragmentos de plástico aumentou cerca de 100 vezes nas últimas quatro décadas, segundo estudo do Instituto Oceanográfico Scripps, SIO, dos EUA. A pesquisa aponta que a ilha de plástico no Pacífico já ocupa uma área maior do que o estado de Minas Gerais, e está alterando o ecossistema mari-nho. Além de as partículas ricas em produtos químicos tóxicos serem ingeridas por animais marinhos e aves, a aglomeração de plástico no oceano provoca a proliferação do inseto Halobates sericeus, que se alimenta de ovos de peixe e plâncton. O animal, que vive no mar, necessita de uma superfície dura para depositar seus ovos, que é encontrada com muito mais facilidade à medida que a quantidade de lixo plástico aumenta no oceano.

MUDANÇA DE HÁBITOSe por acaso durante uma pescaria, os peixes demonstrarem ousadia e mudança de comportamento, desconfie! Ele pode estar sob efeito de drogas. E onde adquirem os compostos que fazem a cabeça? Vêm dos remédios utilizados por seres humanos e eliminados em suas excretas que vão parar nas águas dos rios. Pesquisadores da Universidade Umeå, na Suécia, submeteram, em laboratório, percas da espécie Perca fluviatilis, a quantidades de Oxazepam semelhantes às encontradas nos rios do país. Foram encontradas concentrações da droga em tecidos dos peixes usados no estudo equivalentes as de animais coletados na natureza. A droga prescrita para reduzir a ansiedade em pessoas, tornaram os peixes menos defensivos. Além disso, os peixes expostos a Oxazepam perderam o interesse em sair com o grupo, chegan-do a se hospedarem o mais longe possível do grupo. E olha que o estudo avaliou o potencial de mudança provocado por uma droga. Imagine quanta coisa esses peixes não andam aprontando por aí?

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 89

Meu primeiro olhar sobre a ‘capital cultural da Europa’ e uma das mais significantes cidades na história da humanidade, a ex-Constanti-

nopla, hoje Istambul, se deu junto aos primeiros raios rosados do amanhecer. Da varanda do meu hotel situ-ado na parte asiática– onde vive um terço de sua po-pulação de 15 milhões de habitantes –, contemplando o centro histórico – localizado em sua parte europeia –, aos poucos foi se desnudando uma cidade ainda rela-tivamente ‘baixa’ – os arranha-céus estão sendo cons-truídos na periferia asiática. O horizonte, entretanto, é perfurado com insistência pelos minaretes pontiagudos das mesquitas muçulmanas, como que em uma tentati-va de alcançar as mãos de Allah (‘Deus’ em árabe).

Durante quatro dias me embrenhei no mundo islâmi-co – religioso e histórico. Dentro das mesquitas, o silêncio é quebrado somente pelos cliques das câmaras fotográ-ficas. Altas, suntuosas, ornamentadas com figuras geo-métricas e a caligrafia de alguns dos 99 nomes de Allah (a cada dia, um de seus nomes é escolhido para orientar as rezas do dia, como Al-Karim, o Generoso, ou Al-Haqq, a Verdade), as mesquitas são um convite a momentos de paz, tranquilidade e experiências religiosas. Ali, sim, é possível ter contato com o islã, palavra árabe que signifi-

ca paz e submissão. O islã é uma das três religiões abraâ-micas, sendo as outras duas o judaísmo e o cristianismo. Como tal, é uma crença baseada na revelação de um único Deus e em seus ensinamentos apresentados aos profetas Abraão, Moisés, Salomão, Jesus e Maomé.

Os mulçumanos preferem usar seu nome de Deus em árabe, Allah, porque essa palavra não tem plural, femi-nino ou diminutivo que possa ser associada à idolatria, como ‘deuses’, ‘deusas’ ou ‘semi-deuses’. Eles creem em anjos como seres criados por Allah, e em profetas, in-clusive em Jesus, acreditando ainda em seu nascimento advindo da Virgem Maria. O nome de Jesus é mencio-nado no Alcorão quase 100 vezes. Em uma das princi-pais atrações turísticas de Istambul, por exemplo, Hagia Sofia – construída nos anos 500 BC para ser a catedral de Constantinopla, servindo como igreja (desde o ano 360BC em que foi dedicada até 1453), depois transfor-mada em mesquita (1453 até 1931), com a adição dos minaretes, e funcionando como museu desde 1935 - um mosaico em ouro da Virgem Maria com o menino Jesus figura na parede do principal altar. Foi preservado e ali mantido mesmo quando a Basílica de Santa Sofia ser-viu como mesquita. Rodeando-a, estão os afrescos do ar-canjo Gabriel e de outros anjos, que tiveram seus rostos

VISITANDO ALLAHNAS MESQUITAS, NOS MERCADOS, ONDE FOR, O SALAH, CINCO ORAÇÕES DIÁRIAS OFERECIDAS

COMO UM DEVER PARA COM ALLAH É PRATICADO COMO ATO DE FÉ E ESPIRITUAL

OLHAR EXTERIOR1 ANDRÉA ZENÓBIO GUNNENGDe Istambul, [email protected]

90 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

cobertos no período em que a comunidade mulçumana se reunia ali para rezar.

Islã prevê a crença nos ‘Livros Sagrados de Deus’, como a Torá; os Salmos e o Evangelho, que foram enviados an-tes do Alcorão, livro esse que contém as palavras finais de Allah e é um dos pilares da fé muçulmana. O Alcorão foi revelado ao último profeta, Maomé, através do ar-canjo Gabriel. O Alcorão confirma e finaliza todas as re-velações anteriores que foram enviadas para a humani-dade por meio dos mensageiros de Allah. Eles acreditam ainda no dia do ‘Julgamento Final’ e em destino, como mostra do poder supremo de Deus, o que significa que Allah é onipotente, onisciente e onipresente: “Allah tudo sabe e possui o poder de decidir sobre o que acontece a cada pessoa”. E em ressurreição.

RELIGIÃO ATEMPORAL Para entrar em uma mesquita é preciso tirar os sapatos, já que todo seu chão é coberto por carpetes macios e de-corados, onde os mulçumanos se ajoelham e se curvam em oração. Os sapatos devem ser acondicionados em sa-colas plásticas para então ser trazidos para dentro das mesquitas e guardados nas prateleiras localizadas antes da área reservada às rezas. Considerados um item ‘sujo’ ou que carrega a sujeira do mundo, sapatos não devem ultrapassar aquele limite. O que me chama a atenção, entretanto, é que a área reservada para as mulheres re-zarem fica situada antes dos sapatos. Ou seja, a ordem é a seguinte: ao adentrar uma mesquita, primeiro vem a área das mulheres, depois a dos sapatos, e em seguida o espaço reservado para os homens. Sem a necessidade de comentários adicionais!

Fora das mesquitas, Istambul é vibrante e tolerante. Mulheres totalmente cobertas por burcas,ou com seus rostos e/ou cabelos cobertos por véus ou hijab, verbo árabe que significa “cobrir”, além de uma veste até os pés com mangas longas, cobrindo todo o corpo, desfilam lado a lado com outras mulheres turcas, também mul-çumanas, mas vestidas ao estilo ocidental. As falsas lou-ras, como no Brasil, abundam: estão em todas as partes.

Os mercados turcos diferem pouquíssimo dos chine-ses, com suas cópias de bolsas de grifes famosas, roupas

baratas e quinquilharias. Porém, como marca da Tur-quia, é possível encontrar também tapetes riquíssimos e de alto luxo, cachecol e lenços de seda, de cashmere ou de barba de bode (esses últimos a preços exorbitantes) e as típicas lanternas de vidros coloridos para dependu-rar com velas. Mas ao contrário da gritaria e empurra--empurra dos chineses, os turcos se aproximam dos turistas, especialmente das mulheres, com suas vozes melosas e sedutoras. Por detrás da imagem de carneiro, vorazes lobos espreitam à espera do bote.

Foi ali, no maior mercado coberto de Istambul, que tive a oportunidade de presenciar o verdadeiro culto do islã. Ao se aproximar a hora de um Salah, orações que são oferecidas cinco vezes ao dia como um dever para com Allah, os vendedores – a maioria homens – fecham suas lojas e se encaminham com seus pequenos tape-tes para determinados corredores, e ali mesmo rezam (os muçulmanos do sexo masculino são incentivados a realizar suas cinco orações diárias nas mesquitas. Já as muçulmanas são livres para orar onde for mais conve-niente).

O som das orações pronunciadas em árabe, reverbe-rando em meio ao silêncio que abraça o mercado, mais o barulho uníssono do rouçar das roupas produzido pelos movimentos de ajoelhar, debruçar e levantar, tudo concatenado, toca o coração de qualquer um, de qual-quer credo. A canção anunciando o Salah difundida pe-los alto-falantes dos minaretes, a maneira cadenciada com que o Alcorão é recitado e o testemunho de fé ex-presso na concentração de cada movimento produzem um ambiente pacífico, harmonioso e definitivamente religioso. A vida, a parte dos cinco Salah, segue seu rit-mo normal, contemporâneo e barulhento. Durante os momentos de reza, entretanto, é criado um universo à parte, milenar, de encontro consigo mesmo e com Allah. Semelhante a qualquer outra religião.

Estar em Istambul é, definitivamente, o mesmo que visitar Allah!

“As mesquitas são um convite a momentos de paz, tranquilidade e experiências religiosas. Ali, sim, é possível ter contato com o islã,

palavra árabe que significa paz e submissão”

(*) Jornalista ambiental e consultora de comunicação,

especialista em consumo sustentável e mudanças climáticas

www.conexaoverde.com

ISTAMBUL BANHADA PELOS PRIMEIROS RAIOS SOLARES DO DIA. POR OCUPAR AMBAS AS MARGENS DO ESTREITO DO BÓSFORO E DO NORTE DO MAR DE MÁRMARA, OS QUAIS SEPARAM A ÁSIA DA EUROPA NO

SENTIDO NORTE-SUL, A CAPITAL DA TURQUIA É A ÚNICA CIDADE DO MUNDO QUE OCUPA DOIS CONTINENTES

Tião se achegou debaixo da janela e berrou: - Vão’bora moço! Arriba dessa cama e vem pro mundo dos vivo! Aquilo num podia ficar sem resposta e então só me restou sair em busca do delicioso café de Dona Luíza. Depois das tratativas matinais, a zoada dos cachor-ros deram sinal de gente chegando. Era nada não, só Agenor, vizinho que vinha em busca de socorro para Dona Fininha, sua companheira. Tião vinha mesmo entrando na cozinha e, depois dos cumprimentos, to-mou pé da queixa da confinante, “que desde antonte tá arruinada na cama, com tontice, o mundo rodan-do e um enjoamento sem base.” Tião não pestanejou e soltou a receita: -“Pois dê a ela lima-de-bico! Mas tem de sê da cas-ca da fruta.”De minha parte, nunca havia ouvido falar em tal planta. Arregalei os olhos e abri os ouvidos para não perder um nadica do que viria em seguida. O grupo saiu barulhando pelo quintal seguindo o Tião, na certeza de encontrar ali a solução de tão difícil trata-mento, que é a labirintite. Não tardou para toparmos com um antigo pé de lima-de-bico (Citrus limetta) na beira do rego d’água e daí ele destampou a falar sobre as aplicações de fruta.-“Isso tamém é bão pra zuada dos ouvido e inté sinusite. Mas é tomá e o cabra já logo caça uma beira pra descan-sar. Relaxa gostoso e o sono munta em riba. O rebento mermo num tem gosto bão não, é meio margoso.” Depois fui atrás de mais informações e fiquei sabendo que ela também é indicada para os casos de anemia e alivia o sangramento das gengivas, além de conter muita vitamina “C”. Frutos como este, que eram muito comuns em casas do interior e nas fazendas, estão sumindo dos quin-tais, cedendo espaço para sabores exóticos. Se você tem um pé de lima-de-bico, procure conservar. Se não tem, procure arrumar um. Inté a próxima lua!

SAIBA MAIS:

w ww.natu reza dose rtao .com .br

(*) Jor na lis ta e consultor em plantas medicinais.

Ainda deitado na cama, aos poucos fui to-mando sentido da alvorada que roseava as nuvens mostradas pelas janelas escancara-

das à minha frente. Os barulhos do dia na fazenda lentamente se faziam cada vez mais intensos, com uma infinidade de cantos passarinheiros, princi-palmente dos filhotes do canário-da-terra, que de uns tempos pra cá, tão voltando às paisagens dos gerais. O batido dos cascos nas pedras e o mugido da bezerrada dentro do avizinhado curral me da-vam a sensação de tê-los todos dentro do quarto. Rebucei a cabeça tentando empurrar a hora de le-vantar, mas minha tentativa fracassou de vez quando

LIMA-DE-BICO

MA

RCO

S G

UIÃ

O

NATUREZA MEDICINALMARCOS GUIÃO (*)[email protected]

1

OLHAR POÉTICO ANTONIO [email protected]

1

O DONO DO FUTURO(tal mãe, tal filho... ou... lasanha com batata frita)

93 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

O RESUMO DA OPERA

VIOLENCIA

HOJE EM DIA, ANTES DE TOMAR CUIDADO, E PRECISO TER MUITO CUIDADO!

- A VIOLENCIA NO TRANSITO. - A VIOLENCIA CONTRA AS CRIANCAS E OS ADOLESCENTES, DENTRO DE CASA. - AS DROGAS, O TRAFICO DE ARMAS E ENTORPECENTES. - O TRABALHO ESCRAVO DE MENINOS E MENINAS. - A VIOLENCIA SEXUAL, A PSICOLOGICA.

Apesar das flores pipocando pelos muros da escola, dos passarinhos anunciando, pelas árvores do pátio, o início da primavera, Dona

Pitty entrou pela sala e propôs um tema meio “barra pesada” para a turma: um debate sobre a violência.

Escreveu no quadro, em letras garrafais:

Enfim... a onda de sequestros, roubos, assaltos, estupros, tiroteios, balas perdidas e etcepteros.No final dos trabalhos, Dona Pitoca (esse era o apelido carinhoso dela, apesar das últimas discussões sobre

o bullying – discussões essas que não deram em nada, pois ali todo mundo gostava dos seus apelidos) pediu que os alunos resumissem tudo que foi debatido em um parágrafo de, no máximo, quinze linhas. E mais: que apontassem soluções para o problema debatido.

Foi então que o Manuel Melo Morais, vulgo Manezinho – também conhecido por Treizeme – e adepto do Minimalismo, da Lei do Menor Esforço (e que, apesar das últimas discussões sobre o bullying também tinha o carinhoso apelido de “Resumo da Ópera”), perguntou lá do fundo da sala:

– Posso falar, em vez de escrever, fessora?– Não senhor.– Mas posso resumir a ópera, ou seja, botar tudo numa frase só?– Pode...– Posso escrever minha frase no quadro?– Pode...E MMM resumiu, assim, o seu precioso arrazoado sobre a violência:

E falou da violência nas grandes cidades. Puxou setinhas:

I

II

I

I

I

V

V

V

V

O GENIALVAGABUNDO

M E M Ó R I A I L U M I N A D A1

Alexandre [email protected]

Ele é o maior nome do cinema. E, sem dúvida, um dos maiores gênios na história da arte. Foi ator, diretor, produtor, empresário, escritor, dança-

rino, regente de orquestra, mímico, comediante, ro-teirista e músico. Sir Charles Spencer Chaplin nasceu em Londres em 16 de outubro de 1889, filho de Char-les Spencer Chaplin e de Hannah H. Pedlingham Hill.

94 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

O pai era cantor e ator, e a mãe, cantora e atriz. Eles se separaram antes de Chaplin completar três anos. Muito instável emocionalmente, Hannah começou a ter problemas com a faringe. Em 1894, quando canta-va em um teatro, ela perdeu a voz no meio da música, foi vaiada e ferida pelos objetos jogados no palco . En-quanto tentava, nos bastidores, retomar a apresenta-

JB E

COLO

GIC

O

na Suiça.”A Condessa de Hong Kong” (1967) com Marlon Brando e Sofia Loren foi seu último filme. A canção “ This is my Song” composta por Chaplin fi-cou em primeiro lugar nas paradas, isso, no ano em que foi lançado o Sgt.Peppers dos Beatles.

Em 1972, em reparação pelos atos do passado, a Academia de Artes e Ciências do Cinema, concede--lhe o Prêmio Especial pelo conjunto da obra, e em 1973, outro Oscar pela trilha sonora de “Luzes da Ribalta”. Dois anos depois, ganhou a nomeação de Cavaleiro pela Rainha Elizabeth II. Foi casado qua-tro vezes e teve 11 filhos. Sua última esposa, OonnaO’Neill, era filha do famoso dramaturgo americano Eugene O’Neill. Charles Cla-plin morreu aos 88 anos, no dia 25 de dezembro de 1977, na cidade suíça de Corsier-sur-Vevey. A ECOLÓGICO selecionou algumas falas memoráveis do genial Charles Chaplin. Confira.

ção em lágrimas, o pequeno Chaplin com apenas cin-co anos subiu sozinho no palco e cantou “Jack Jones”, uma canção muito popular na época. Foi sua estreia como artista. O pai morreu em 1901, e a mãe foi inter-nada num asilo para doentes mentais. Chaplin e o ir-mão Sidney foram para uma escola de pobres.

De 1914 a 1916 produziu mais de 40 curtas e pela primeira vez aparece um personagem que vai mar-car toda sua trajetória: “O Vagabundo”. Um andarilho pobre, trajando um paletó apertado, calças e sapatos gastos, um chapéu-coco e uma bengala. Carlitos – como ficou conhecido no Brasil – foi lançado no fil-me “Kid Auto Races at Venice”, de 1914. Nos filmes, Carlitos atacava seus inimigos com chutes e tijolos; e o público da época idolatrava esse novo comediante. Logo depois, Chaplin dirigiu e editou seus próprios filmes e fez 34 curta-metragens.

CINEMA MUDOEm 1915, Chaplin assinou um contrato com a Essa-nay Studios onde escreve, dirigi e interpreta 16 co-médias. Como os Estados Unidos estavam recebendo milhares de imigrantes, os filmes mudos quebravam a barreira da língua e eram compreendidos por todos. Chaplin se torna o maior astro do cinema mudo. Ape-sar de já existir na época o cinema falado, Chaplin não se abalou e fez várias obras-primas como “Luzes da Cidade” (1931) - considerado o perfeito equilíbrio en-tre comédia e drama- e “Tempos Modernos” (1936). Neste foi possível ouvir sua voz pela primeira vez, em-bora apenas nos créditos finais, que eram acompa-nhados da canção “Smile”, sucesso absoluto em todo o mundo, tendo tido centenas de regravações, inclu-sive de Sir Eric Clapton. Chaplin era tão perfeccionis-ta que chegava a gravar uma cena quase cem vezes até ficar de seu agrado.

O GRANDE DITADORO primeiro filme totalmente falado de Chaplin, “O Grande Ditador” (1940), foi uma crítica contra Hi-tler e o nazismo, no qual ele ridicuraliza o ditador ale-mão, fazendo um belo discurso no final. Depois di-rigiu, produziu e atuou em mais clássicos: fez “Luzes da Ribalta” (1952) “Monsieur Verdoux” (1947) e “Um Rei em Nova York” (1957). Chaplin nunca escondeu sua posição política de esquerda e isto desagradou o governo americano em plena Guerra Fria e domi-nado pelo macarthismo. Foi um período de intensa patrulha anticomunista, perseguição política e des-respeito aos direitos civis que durou do fim da déca-da de 1940 até meados da década de 1950. O artista foi colocado na famosa Lista Negra de Hollywood pelo diretor do FBI, J. Edgar Hoover. Quando Cha-plin foi à Inglaterra promover o lançamento do filme “Luzes da Ribalta”, o governo revogou o seu visto, ele não pôde regressar aos Estados Unidos e foi morar

M E M Ó R I A I L U M I N A D A1

VIDA● “A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia

quando vista de longe.”

● “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso,

cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina

se feche e a peça termine sem aplausos.”

● “A única coisa tão inevitável quanto a morte é a vida.”

● “Atender a quem te chama é belo. Lutar por quem te rejeita é

quase chegar à perfeição.”

● “A vida me ensinou a sorrir para as pessoas que não gostam de

mim, para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam…”

MORTE● “A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina.

Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra

frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar

muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então

você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder

aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante

álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.Você vai para

colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma

responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero

da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E

termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?”

SUCESSO● “A persistência é o menor caminho do êxito.”

● “Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-

vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do

que parecia impossível.”

● “Não fique triste quando ninguém notar o que fez de bom.

Afinal, o sol faz um enorme espetáculo ao nascer, e mesmo

assim, a maioria de nós continua dormindo.”

● “Perder com classe e vencer com ousadia. Pois, o triunfo pertence

a quem mais se atreve, a vida é muito para ser insignificante.”

● “Gosto dos meus erros; não quero prescindir da liberdade

deliciosa de me enganar.”

● “Você nunca achará o arco-íris, se você estiver olhando para baixo.”

POLÍTICA● “Eu continuo sendo apenas um palhaço, o que já me coloca em

nível bem mais alto do que o de qualquer político.”

HUMOR● “Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror.”

● “Um dia sem rir é um dia desperdiçado.”

● “É saudável rir das coisas mais sinistras da vida, inclusive da morte. O

96 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

riso é um tônico, um alívio, uma pausa que permite atenuar a dor.”

● “Através do humor vemos no que parece racional, o irracional; no que

parece importante, o insignificante. Ele também desperta o nosso

sentido de sobrevivência e preserva a nossa saúde mental.”

AMOR● “O amor perfeito é a mais bela das frustrações, pois está acima

do que se pode exprimir.”

● “A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la -

mas quem consegue descobre tudo.”

● “O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando

deixa de amar.”

PHIL

OU

M

ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013 97

ARTE● “O assunto mais importante do mundo pode ser simplificado até

ao ponto em que todos possam apreciá-lo e compreendê-lo. Isso

é - ou deveria ser - a mais elevada forma de arte.”

HUMANIDADE● “A Humanidade não se divide em heróis e tiranos. As suas

paixões, boas e más, foram-lhe dadas pela sociedade, não pela

natureza.”

● “Se matamos uma pessoa somos assassinos. Se matamos

milhões de homens, celebram-nos como heróis.”

● “Conhecer o homem - esta é a base de todo o sucesso.”

PÚBLICO● “Amo o público, mas não o admiro. Como indivíduos, sim. Mas,

como multidão, não passa de um monstro sem cabeça.”

● “Não preciso me drogar para ser um gênio; não preciso ser um

gênio para ser humano; mas preciso do seu sorriso para ser feliz.”

● “Se tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades

teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando, falei muitas

vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da

plateia que sorria.”

TEMPO● “Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre.”

● “Nada é permanente nesse mundo cruel. Nem mesmo os nossos

problemas.”

● “O tempo é o melhor autor; sempre encontra um final perfeito.”

AMOR PRÓPRIO● “Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é

ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas

para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o

momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.

Hoje sei que o nome disso é... respeito.”

● “Aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo, nem

orgulho. É amor próprio.”

SIGNIFICADO● “O verdadeiro significado das coisas é encontrado ao se dizer as

mesmas coisas com outras palavras.”

VERDADE● “Cada um tem de mim exatamente o que cativou, e cada um é

responsável pelo que cativou, não suporto falsidade e mentira, a

verdade pode machucar, mas é sempre mais digna.”

SONHOS● “Nunca se afaste de seus sonhos, pois se eles se forem, você

continuará vivendo, mas terá deixado de existir.”

SILÊNCIO● “O som aniquila a grande beleza do silêncio.”

FELICIDADE● “O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui

estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.”

FONTES

ENCICLOPÉDIA BRITÂNNICA, ENCICLOPÉDIA WIKIPÉDIA

www.pensador.uol.com.br/frases-charleschaplim

www.charliechaplin.com,

www.adorocinema.com/personalidade-6711

"A beleza existe em tudo - tanto no bem como no mal. Mas somente os artistas e poetas sabem encontrá-la."

Ano passado, a Folha de São Paulo teve uma acolhida surpreendente ao

lançar uma coleção dos filmes de Chaplin. Foram 20 DVDs com todos os

clássicos e curtas que ele dirigiu e atuou. Sob o slogan “O Gênio que con-

quistou o mundo sem dizer uma palavra” , em poucos dias ela se esgotou

nas bancas. Essa é a força do artista que, eternizado, estaria agora fazen-

do 124 anos na memória da humanidade.

O GÊNIO MUDO

1 E N S A I O F O T O G R Á F I C O

VIDAS ÁRIDASFernanda Mann

[email protected]

98 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

Exposição clama por apoio e iniciativas que aliviem a sede dos mineiros que vivem a maior seca dos últimos 40 anos

Mineiro de Jequitaí, o jornalista Geraldo Humberto há tempos conhece a seca. “Para o Norte de Minas é um processo na-

tural que tem início em junho e seu momento crítico próximo à setembro”, conta. No entanto, em 2012, o evento antecipou em um semestre - o que veio a ser a maior seca dos últimos 40 anos. Na época, Geraldo foi à região e notou que algo estava errado. Segundo ele, o cenário desenhava uma tragédia. “Lavouras e rios secando, a barragem que abastece as cidades sem uma gota d’água; e regiões que nunca souberam o que é um caminhão pipa em área urbana, sem ne-nhuma outra alternativa”, descreve.

“Tudo isso me levou a refletir que somente as re-portagens não eram suficientes. As pessoas assistem ao noticiário e a sensação é de já terem visto aquilo. Nenhuma atitude é gerada. Me in-digna não haver uma ação significa-tiva para guardar o pouco da chuva que cai. A maior parte da água vai embora, e isso faz uma diferença brutal”, contesta Geraldo, que con-

GERALDO E DÉLIO, TESTEMUNHAS

DE UM CENÁRIO ENTRISTECEDOR

ECOLÓGICO /MARÇO DE 2013 99

MUNICIPIO DE MATO VERDE: NO SERTÃO, A MORTE

NÃO MANDA RECADO. RESTAM APENAS AS MARCAS

DA NATUREZA QUE NÃO PERDOA.

vidou o colega e Délio Pinheiro para acompanhá-lo em uma a expedição de dois mil quilômetros, por mais de 10 cidades da região, a favor de um sertão menos desertado. Foi esse o espírito que fez surgir o “Movimento Vidas Áridas”.

Os dois partiram em uma expedição de duas sema-nas e contam que durante a viagem moradores antigos sempre diziam: “Nunca presenciei isso em toda a mi-nha vida”. Segundo eles, os gestores municipais encon-tram-se isolados, sem saber o que fazer. A seca atinge diretamente a lavoura, a pecuária e a economia. É uma chaga social. A exposição “Fome de Água no Sertão Mineiro”, inaugurada no Montes Claros Shopping Center, pretende percorrer outras cidades. A seleção

de 40 imagens e um documentário de 15 minutos buscam informar e como-ver pessoas, entidades e governos que possam, de alguma maneira, tomar providências que tirem do sertão um pouco de sua aridez, e lhe dê o que pede sua esperança. Confira!

SAIBA MAIS:

www.facebook.com/vidasaridas

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70 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

COMUNIDADE DE SANTO ANTÔNIO: VIÚVAS

DE MARIDO VIVO. BALDE TEM QUE TER

NOME, PARA EVITAR CONFLITOS

100 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

E N S A I O F O T O G R Á F I C O ÊXODO RURAL: SOMENTE O MUNICÍPIO DE ESPINOSA

PERDEU 17% DE SUA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE

ATIVA NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS

A SIMPLICIDADE DO HOMEM SERTANEJO:

PESSOAS ANÔNIMAS, DE IGUAL VALOR.

ECOLÓGICO /MARÇO DE 2013 101

MONTE AZUL: PEQUENO PRODUTOR

RURAL LAMENTA PERDA DE UM DOS SEUS

ANIMAIS QUE LHE PERMITEM SOBREVIVER

NÃO ESTAMOS SÓS!

Para aqueles que se queixam de solidão tenho uma notícia muito boa. A ciência comprova que não estamos sozinhos coisa nenhuma. Acom-

panhem-me nessa pequena viagem e lhes mostrarei em fatos como estamos o tempo todo acompanhados, vigiados, protegidos e também ameaçados por uma infinidade de seres microscópicos. Para eles, cada um de nós é um país imenso habitado por quatrilhões de microseres que pastam pelas nossas planícies com rios sudoríferos, florestas capilares, montanhas e ca-vernas corporais. Eles devem nos enxergar como um verdadeiro deus, pois a salvação deles está em nós. E em cada centímetro quadrado de nossa epiderme há bilhões deles se banqueteando com nossa pele, nosso suor e outros resíduos mais.

O suor, por exemplo, é um óleo saboroso para esses famintos seres que, infelizmente, soltam um subpro-duto de respiração meio desagradável que é o famoso cê-cê e outras fedentinas, mais que estão em nós desde a caverna ou até antes. Fedemos, dos pés à cabeça, por causa desses pestinhas, mas não sejamos mal agrade-cidos com eles, pois uma grande maioria nos protege de mil e uma enfermidades e de infecções que pode-riam ser fatais. Se um de nós estiver sendo ameaçado, na mesma hora um exército dos bonzinhos vem para nos salvar. Em nossa boca, por exemplo, que é uma das partes mais expostas ao mundo exterior, habita um exército de bilhões de seres vigiando a entrada de qual-quer micróbio nocivo para, imediatamente, expulsá-lo ou fagocitá-lo. Pense no intercâmbio bacteriano que acontece quando beijamos ou fazemos sexo. Felizmen-te não pensamos nisso quando fazemos essas coisas, mas que elas acontecem, com certeza, acontecem. E se

estamos vivos até hoje é sinal de que a proteção está sendo maior do que a ameaça. A gente devia agradecer de coração essas parcerias, pois sem elas a vida seria praticamente impossível.

O BANQUETE FINALMas, por outro lado, há uma imensa turma que só está esperando as nossas defesas fraquejarem para en-trarem em combate. No final, ao morrermos seremos impiedosamente devorados em questão de dias. E não adianta espernear, correr deles, pois estão dentro de nós, só esperando a nossa respiração se extinguir para iniciarem a comilança. Às vezes fico pensando se não foram eles que nos inventaram. Desconfio que somos um superorganismo criado por esses seres minúsculos com o objetivo de perpetuar as suas espécies.

Pois bem, caros leitores, essa pequena descrição mi-croscópica é para motivá-los a refletirem um pouco sobre o que é corpo, será que somos um conjunto de tri-lhões de parceiros invisíveis? O que é unidade, se somos biodiversidade, uma imensa rede interativa que forma o que chamamos de organismo? O que é vida, o que é ser, ser uma pessoa que nesse momento escreve essas re-flexões e que, por enquanto, está vivo e com saúde? Mas, que também sabe que a explicação científica amplia cada vez o mistério da vida e que conhecer, em vez de apenas esclarecer, é também complexificar. O que somos nós, de onde viemos e para onde vamos? E são essas per-guntas que tornam mais fascinante essa nossa jornada pelo planeta Terra. E que é preciso compreender e viver essas interconexões necessárias entre todos os seres para nos sentirmos fazendo parte, prazerosamente, desse grande mistério que é estar e ser vivo nesse planeta.

CONVERSAMENTOSALFEU TRANCOSO (*)[email protected]

1

102 ECOLÓGICO/MARÇO DE 2013

(*) Ambientalista e professor de Filosofia da PUC Minas.

REPR

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UÇÃ

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UMA INDÚSTRIA COMPETITIVA, DINÂMICA E SUSTENTÁVEL. É PARA ISSO QUE A FIEMG TRABALHA HÁ 80 ANOS.

Há 80 anos um investimento da indústria.

A FIEMG comemora 80 anos de história e de grandes conquistas ao lado da indústria mineira. Uma instituição que trabalha pelo crescimento do setor incentivando a inovação e a competitividade, a responsabilidade ambiental e social. Porque, para a FIEMG, é assim que se constrói uma indústria forte. Uma indústria capaz de gerar mais riqueza, desenvolvimento e novas oportunidades para todos os mineiros.