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Abr-Mai-Jun 2010 1

Revista Brasil Portugal CE 3ª Edição

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Revista Brasil Porugal no Ceará, 3ª Edição.

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2 Brasil-Portugal no Ceará

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4 breves

9 editorialNavegar sempre é preciso

10 entrevistaPortas abertas,países unidos,com Pedro Brito,Ministrodos Portos do Governo Federal

17 informecialAquiraz Riviera

18 negóciosDa infraestruturaao incentivo fiscal

23 Rumo aoturismo qualificado

24 informecialVivo

NegóciosCom uma trajetóriade duas décadas deavanços e austeridadefiscal, o Ceará seconsolida como umeldorado para inves-tidores nacionaise estrangeiros

18 AdministraçãoNova diretoria daCâmara Brasil-Portugalno Ceará toma possepara o quadriênio2010-2014 comprojetos voltados paraampliar o raio deatuação da entidade

26 GastronomiaO português JoséCarlos Santanita,escolhido sommelierdo ano pela Revistade Vinhos, desven-da alguns segredosda harmonização dovinho com a comida

4826 administração

Renovação na buscapor oportunidades

30 Câmara se preparapara comemorar dez anosde atividades

32 Câmara de Comércioaproxima Ceará e Angola

33 espaço ibef

34 economiaA força dos BRICs

38 negóciosNordeste Invest 2010

40 informecialBanco do Nordeste

41 diplomaciaA língua portuguesa

perde um de seusmaiores amantes

44 página jurídicaEstatuto da Igualdadee o novo desafiodiplomático

45 lusofoniaDia de Portugalem terras alencarinas

48 gastronomiaVinho e gastronomia

50 culturaDicas de livros

52 página econômicaA competitividade doagronegócio cearensee

54 agenda

nesta edição

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O crescimento da Câmara Brasil-Portugalno Ceará é notório e o reconhecimento podeser medido pelo cada vez mais crescente nú-mero de sócios. A entidade está prestes a atin-gir a marca de 150 associados e, quem acom-panha seus diversos veículos de comunicação(site, boletim semanal, Twitter e esta revista),observa a frequente chegada de novas empre-sas, instituições e pessoas físicas que buscamampliar suas redes de relacionamentos efomentar novos negócios.

Para celebrar a entrada dos novos sóciosdeste trimestre, a Câmara Brasil-Portugalno Ceará realizou um café da manhã no dia29 de junho, no Hotel Luzeiros, em Fortaleza.A ocasião foi oportuna para que os dirigentesrecém-chegados ao time, além de outros quejá fazem parte do grupo, pudessem se conhe-cer melhor e interagir com os novos sócios.As áreas de Comunicação, Contabilidade,Indústria Farmacêutica, Tecnologia da Infor-mação, Turismo, Comércio Exterior, Advoca-cia, Alimentação, Artes e Consultoria sãoalgumas das contempladas. Que sejambem-vindos os novos sócios.

Café da manhãcelebra chegadade novos sócios

novos sócios

Catavento Viagens e Turismo Ltda.Climene Porto Soluções em Contabilidade e Negócios Ltda.Empresa Jornalistica O Povo S/AHersan Comércio de Importação e Exportação Ltda.Industria Químico Farmacêutica Cearense Ltda. - FarmaceInstituto da Excelência Liderança e Criatividade (Marô)Instituto InfobrasilLGA - Gerenciamento de Negócios Internacionais Ltda.Linguiça Mineira Comércio e Indústria de Alimentos Ltda.Ozório e Ribeiro Advogados Associados S/SPrática Eventos Ltda.

O mês de maio foi agitado para os amantes do golfe emFortaleza. O Ocean Golf Course, primeiro campo para aprática deste esporte no Ceará, situado no empreendimentoturístico-imobiliário Aquiraz Riviera, foi palco de duasgrandes competições reunindo golfistas cearenses e deoutras regiões do Brasil. A primeira delas foi a CopaManuel Dias Branco – torneio interestadual realizado entreos dias 22 e 23 do mês e que teve como campeã a equipepernambucana. Já no dia 29, foi a vez do 2º Torneio daCopa Aquiraz Riviera – este, de caráter amador, maisvoltado para os membros do Clube de Golfe e tambémpara o público que gosta e pratica o esporte. Desta vez,o campeão geral foi Geraldo Monteiro – superando MaxLima, que tinha levantado a taça no torneio anterior.Aristarco Sobreira, presidente do Clube de Golfe AquirazRiviera, ficou com a terceira posição na categoria “Ini-ciantes B”. Um total de 28 golfistas foram a campo sobo forte sol cearense e na bela paisagem do primeiro campodo estado. A próxima etapa será realizada em julho.

Torneios de Golfemovimentam oAquiraz Riviera

esporte

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Depois de reformular o site e fazer desteuma referência de informação tanto paraassociados quanto para a imprensa, aCâmara Brasil-Portugal no Ceará aderiua mais uma ferramenta de mídia digital.Foi criado o perfil da entidade na rede demicroblogs Twitter e, agora, o públicopoderá se atualizar acerca dos negóciosdas empresas que constituem a Câmarae também das relações luso-brasileirasseguindo o perfil da entidade.

O Twitter vem ganhando um espaçocada vez maior no cenário da comunica-ção e já é visto como uma das mais im-portantes mídias sociais. Atualmente, há105 milhões de usuários do Twitter espa-lhados pelo mundo. Todos os dias, 600 mi-lhões de buscas e 65 milhões de mensa-gens movimentam a rede. Por mês, são190 milhões de visitas únicas. Esses nú-

Câmara Brasil-Portugal no Twittermídias sociais

meros fazem do Twitter a segunda maiorrede social do planeta, atrás do Facebook,com mais de 400 milhões de pessoas (arede Qzone tem 310 milhões de usuários,mas só na China, em mandarim). No Bra-sil, a ferramenta é vice-campeã em núme-ro de acessos, ao lado do Facebook, com10,7 milhões de visitantes únicos ao mês,atrás do Orkut, com 26,9 milhões. Apro-veite para conhecer o mundo do Twittere seguir a Câmara Brasil-Portugal noCeará. Acesse: www.twitter.com/cbpceara

O Pirata Bar Turismo e Promoções, associadoda Câmara Brasil-Portugal no Ceará, celebrasua mais recente conquista. Uma de suas em-presas, a Pirata Brasil – que atua na produçãode eventos – conquistou o Selo de Responsabili-dade Cultural 2009 na categoria “EmpresarialPrivada Pequeno Porte”. O prêmio, cujaentrega aconteceu no dia 31 de março, é umainiciativa da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult)e se destina às empresas que apostam na cultura como vérticedo desenvolvimento da sua marca e do Estado do Ceará.

As ações de destaque e que colaboraram para a conquista doSelo pelo Pirata foram a promoção do Festival Marítimo Brest2008, do Movimento Pé de Serra e Quadrilhas, do patrocínio eprodução do CD Jotta Amaral e ainda a realização da “Segun-da-feira Mais Animada do Mundo”, no Pirata Bar.

Para Júlio Trindade, produtor cultural e sócio-diretor doPirata, o prêmio é um reconhecimento aos 24 anos de trabalhoem prol da cultura nordestina. “Nosso permanente desafio é aviabilização das atividades culturais economicamente sustentá-veis e sem concessões mercadológicas. Estamos orgulhosos devalorizar uma cultura viva, genuína e popular”, afirmou.

Pirata Brasilrecebe o Selo deResponsabilidadeCultural

premiaçãoA Câmara Municipal de Fortaleza

realizou no dia 14 de junho umasessão solene celebrando os 391 anosda nomeação do primeiro capitão-mor da Capitania do Ceará, MartimSoares Moreno. O evento fez partedas comemorações cearenses referen-tes ao Dia de Portugal, de Camões edas Comunidades Portuguesas, cele-brado em 10 de junho (ver matériana página 45).

A mesa formada contou com o ve-reador propositor da sessão solene,Marcus Teixeira; do chefe do EstadoMaior da 10ª Região Militar doExército, Coronel Antônio de Araújo

Câmara Municipal deFortaleza homenageiaMartim Soares Moreno

reconhecimento

Feitosa Filho; do vice-Cônsul dePortugal em Fortaleza, FranciscoBrandão Neto; e do historiadorAdauto Leitão Jr. O vereador Mar-cus Teixeira e o professor Adauto en-tregaram formalmente ao Exércitoo arquivo histórico ultramarino queatesta os fatos acerca do persona-gem homenageado. “Martim Soa-res Moreno deve ser reconhecidocomo construtor da História, umator que transcendeu o personagemmilitar e edificou o Marco Zero deFortaleza na Barra do Ceará, ondetudo começou em nosso Estado”,afirmou o professor Adauto Leitão.

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CCA-PortugalDigital e Conselhodas CâmarasPortuguesasfirmam acordo

comunicação

Importadora com origem100% cearense, a DomaineMontes Claros vem gradati-vamente ampliando seu raiode atuação, levando a umpúblico cada vez maior –inclusive em outros Estadosbrasileiros – sua ampla car-ta de produtos representa-dos, em especial os vinhosportugueses. Em 22 de abril,a empresa esteve presenteem um evento realizado noHotel Unique, em São Paulo(SP), com organização doInstituto do Vinho do Douroe do Porto (IVDP). Na oca-sião, a Domaine expôs entreos principais produtos, os fa-mosos vinhos do porto Rosé.

Domaine Montes Claros representaCeará em evento nacional

O encontro reuniu cerca demil convidados, entre enófi-los, compradores de grandesredes, jornalistas e formado-res de opinião. A DomaineMontes Claros foi a única re-

vinhos

A CCA – Consultores de Comuni-cação Associados, empresa editorados portais Portugal Digital e África21 Digital, e o Conselho das Câma-ras Portuguesas de Comércio noBrasil firmaram um acordo de pres-tação de serviços e parceria, visan-do o desenvolvimento da comunica-ção institucional da entidade. Comisso, os leitores do Portugal Digitalpassam a ter acesso a informaçõesregulares e atualizadas sobre asatividades desenvolvidas pelas câ-maras portuguesas e luso-brasilei-

ras, o fornecimento de conteúdos in-formativos para o portal das Câma-ras (www.brasilportugal.org.br) e aedição de um Boletim noticioso,com periodicidade quinzenal, deresponsabilidade do Conselho.

Criado formalmente em 2001, oConselho das Câmaras Portuguesasde Comércio no Brasil vem contri-buindo para a coordenação de ativi-dades conjuntas das 13 câmarasportuguesas de comércio atuantesno Brasil. O fomento de negócios, apromoção de oportunidades comer-

ciais e empresariais, oestreitamento das relações econô-micas entre os dois países, e, numaperspectiva mais ampla, entre osoito representantes lusófonos queintegram a Comunidade dos Paísesde Língua Portuguesa (CPLP), bemcomo a participação na definiçãode políticas públicas, constituem ofoco do trabalho desenvolvido peloConselho das Câmaras, presididoatualmente por Rômulo AlexandreSoares, e por cada uma das câma-ras que o integram.

presentante cearense e de-monstrou a força crescenteda região Nordeste, que re-presenta hoje 13% do merca-do nacional. “Se tomarmoscomo base apenas vinhos im-

portados, os vinhos portu-gueses estão neste momentoem terceiro lugar no gostodos brasileiros, perdendoapenas para Chile e Argen-tina, que gozam de incenti-vos fiscais”, diz AdalbertoBenevides Araújo, diretorda Domaine, empresa sóciada Câmara Brasil-Portugal.

A Domaine Montes Clarostambém esteve em outrasduas edições do mesmoevento, que também foilevado ao Rio de Janeiro(dia 19 de maio, no HotelPestana) e a Brasília (24 demaio, Hotel Naoum Plaza),onde obteve o mesmo suces-so de público.

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O advogado Cid Marconi Gurgel de Souza foi empossadocomo juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE),no dia 11 de junho, tendo como um dos seus principais com-promissos a defesa de uma maior agilidade no julgamentoprocessual. Cid Marconi, cujo escritório de advocacia é sócioda Câmara Brasil-Portugal, já foi vereador por oito anos ediretor da Secretaria de Transportes e Serviços Urbanos doGoverno Estadual, no governo de Ciro Gomes, em 1989. Segun-do ele, essas experiências irão ajudá-lo na hora de julgar oscasos eleitorais. O advogado ocupará o cargo por dois anos,tendo direito a recondução do cargo por igual período.

Cid Marconié nomeado juizdo TRE Ceará

posse

Sócio da Câmara Brasil-Portugal no Ceará, o Insti-tuto de Excelência, Lide-rança e Criatividade é re-presentado pelo multiprofis-sional Mauro Garcia. Natu-ral de Fortaleza, Marô,como é conhecido, carregahistórias e experiências quenos permitem defini-lo comoum ser “sobre-humano”. Jáatuou como consultor moti-vacional, articulista e pales-trante. É também escritor,artista plástico, inventor,designer e pintor. Hoje seu

foco está no desenvolvimen-to de “marcas ecológicas”.

Mas o que vem a ser esteconceito? Como se defineuma marca ecológica? Parao artista, marca ecológica éa definição de algo muitomais abrangente. “Vocêcria o conceito, mas por trásdele há uma busca, umanecessidade de transformarpara melhor a forma desentir, pensar e agir”. Marôtranspõe, com a genialida-de que lhe foi dada, o queuma empresa precisa mos-trar ao seu público por meioda pintura abstrata. Aliaarte e negócio com maes-tria. Mistura os tons de umamarca de forma que as in-terpretações sejam únicas e

As marcasecológicas de Marô

arte e negócios

singulares para cada obser-vador. Une, como ninguém,sentimento e necessidade.

“Enquanto você lê estetexto, uma montanha de di-nheiro continua circulandoe a desigualdade, a dispari-dade entre as classes sociaisde certa forma se agravam.Precisamos e podemos fazercom que essa situação sejaminimizada. A arte colabo-ra com isso”, reitera.

Marô já realizou exposi-ções de suas marcas ecoló-gicas em São Paulo. Deu

seu toque a empresas comoDiário do Nordeste, Sebrae,Vasp, Transbrasil, entre ou-tras. “Empresas que tive-rem o interesse de mostrar aimportância de seus produ-tos e serviços, além de refor-çar sua marca por meio doincentivo cultural, da res-ponsabilidade social e fazerestas ações por meio dasmarcas ecológicas podementrar em contato que tereio prazer de trabalhar emseus projetos”, finaliza.

SERVIÇO:Mais informações:Instituto de Excelência, Liderançae Criatividade - www.ielc.com.brContato: MarôFones: (85) 3094 4026 /3094 4026 / 8705 1944

Não importa se você vemao Ceará a negócios, pornecessidade ou aventura.OEstado tem se tornado cadavez mais referência para oturismo nacional e interna-cional. Dados da Secretariado Turismo do Ceará mos-tram que, em 2009, houveum aumento de 13,2% nonúmero de turistas, comdestaque para os meses dejaneiro, julho e dezembro –quando mais de 250 milpessoas por aqui passaram.

Para atender essa deman-da, faz-se necessária a exis-tência de boas empresascom atendimento bilíngue eoutros serviços. Há 21 anosno mercado, a Liberal Tu-rismo - empresa associadada Câmara Brasil-Portugalno Ceará - inaugurou, re-centemente, uma nova lojano bairro Messejana.

Os clientes tanto da filialcomo da sede, localizada no

Viajantes ganhamnova opção com filialda Liberal Tur

turismo

bairro da Aldeota, podemcontar com reservas de ho-téis e vendas de passagensaéreas nacionais e interna-cionais, pacotes de viageme cruzeiros marítimos, segu-ro de viagem, locação decarros etc.

Segundo Ana Luiza,agente de turismo na novaunidade, Portugal e Espa-nha são destinos bem procu-rados pelos cearenses. “Mastambém vendemos muitopara Buenos Aires e Santia-go, na América do Sul, epara as Serras Gaúchas, Riode Janeiro e Campos do Jor-dão. O circuito do ouro comsuas cidades históricas, emMinas Gerais, é outro desti-no bem procurado”, finaliza.

SERVIÇO:Liberal TurismoRua Pe. Pedro de Alencar, 71Messejana - Fortaleza-CEFone: (85) 3274 2535www.liberal.tur.br

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8 Brasil-Portugal no Ceará

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A Câmara Brasil-Portugal no Ceará - Indústria,Comércio e Turismo (CBP-CE) surgiu em junho de2001. Atualmente, a entidade conta com cerca de130 associados entre sócios pessoa física e pessoajurídica. O objetivo principal da entidade é apoiaras atividades empresarias e influir nas políticaspúblicas vinculadas às relações luso-cearensesno âmbito das áreas de atuação da Câmara.

DIRETORIAPresidenteJorge Duarte Chaskelmann1º Vice-PresidenteJosé Maria McCall Zanocchi2º Vice-PresidenteAntonio Roberto Alves Marinho3º Vice-PresidenteJosé Augusto Pinto WahnonDiretora TesoureiraHuga Mendes de OliveiraDiretor de Energias RenováveisArmando Leite Mendes de AbreuDiretor de AgronegóciosCarlos Manuel Subtil DuarteDiretor de ComunicaçãoCliff Freire Villar da SilvaDiretora de Assuntos JurídicosFernanda Cabral de Almeida GonçalvesDiretor de Construção CivilFrancisco Eugênio MontenegroDiretor de Meio AmbienteJosé Euber de Vasconcelos Araújo

Diretora de Tecnologia da Informação (Brasil)Marluce B. Aires de Pina

Diretor de Tecnologia da Informação (Portugal)Miguel Costa MansoAv. Barão de Studart, 1980 - 2º AndarEd. Casa da Indústria (FIEC)Fortaleza-CE - CEP: 60120-901Fone e Fax: + 55 85 3261 7423E-mail: [email protected]

A Revista Brasil-Portugal no Ceará é uma publicaçãotrimestral da Câmara Brasil-Portugal no CearáAno 1 - # 3 - Abril-Maio-Junho de 2010

Conselho EditorialClivânia Teixeira, José Maria McCall Zanocchi,José Wahnon e Cliff Freire Villar da SilvaJornalistas ResponsáveisMauro Costa (CE01035JP)e Rafaela Britto (PE 3672 JP)RedaçãoAloísio Menescal, Denise Mustafa, GabrielaAlves, Juliana Lousada, Larissa Viegas,Rodrigo Coimbra e Samira de CastroConcepção Gráfica / Design EditorialGMS Studio - Glaymerson MoisesProdução

(85) 3258 1001 - www.ad2m.com.br

Os artigos assinados da revista não necessariamenterefletem a opinião da entidade e são de exclusivaresponsabilidade dos autores.

editorial

BRASIL-PORTUGAL

NO CEARÁ

mar que separa é o mesmo que une. Essa máximavale de maneira cada vez mais forte quando se faladas relações comerciais entre o Brasil e, não somente

Portugal, mas todos os países de Língua Portuguesa.

Em seus nove anos de existência recém-completados, a CâmaraBrasil-Portugal no Ceará estimulou diretamente e acompanhou deperto as idas e vindas de investidores de nosso Estado para o paísirmão em plena Europa e vice-versa. Agora, a visão de mundo seampliou e o foco também se volta para os países africanos, emum caminho de retorno histórico.

O crescimento dos negócios gerados a partir do Ceará comdestino a Portugal, e mais recentemente ao arquipélago de CaboVerde, é a silhueta de uma nova realidade que já se delineia nohorizonte. Angola é a bola da vez, mas outros países africanos,lusófonos ou não, surgem como mercados receptores para produtose serviços made in Ceará. E as relações comerciais tendem a ser umavia de mão dupla, com boas perspectivas da vinda de investidoresdestes países, assim como já é comum no caso de empresáriosportugueses.

Em todas estas relações, o mar aparece como figura simbólica,relembrando a época do desbravamento e da descoberta de novasterras. Como indutora deste processo, a Câmara Brasil-Portugal estáatenta a esta tendência e procura sempre refleti-la em seu trabalhocotidiano e nos veículos de comunicação produzidos pela entidade.

Nesta edição, entre outras matérias que mostram o papel danavegação no desenvolvimento do Brasil e do Ceará, a revista Brasil-Portugal no Ceará traz uma entrevista exclusiva com o Secretáriodos Portos do Governo Federal, Pedro Brito, mostrando o papeldo transporte marítimo para a solidificação das relações comerciaisdo Ceará com as terras situadas além-mar.

Aos leitores, boa navegação!

A Diretoria

Navegarsempreé preciso

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10 Brasil-Portugal no Ceará

entrevista Pedro Brito,Ministro dos Portos do Governo Federal

PORTOS ABERTOS,PAÍSES UNIDOS

MODERNIZAÇÃO, GESTÃO PROFISSIONAL, REDUÇÃO DA BUROCRACIA,AUMENTO DA PRODUTIVIDADE E ELEVAÇÃO DO PADRÃO INTERNACIONAL

ESTÃO ENTRE AS METAS DO SEGMENTO PORTUÁRIO NACIONAL

Brasil experimenta um raro e ricomomento portuário só comparávelem nível de importância e significa-

do histórico à Abertura dos Portos, de janeirode 1888, quando D. João VI assinou o decretoabrindo nossos portos para as “nações amigas”.Esse segundo momento portuário brasileiro teminício com a criação, pelo presidente Luiz InácioLula da Silva, da Secretaria de Portos (SEP), em2007, para recuperar o tempo perdido em que osetor esteve exposto. Nesses três anos de ativida-des, a Secretaria de Portos tem sobrados moti-vos para comemorar, na medida em que o seg-mento portuário nacional recuperou a sua auto-estima e está vendo ações firmes e decisivas emcondições de competitividade com os mais orga-nizados e produtivos portos do mundo.

À frente da pasta, trazendo consigo um exten-so currículo de cargos públicos, está o cearensePedro Brito, economista, graduado pela Facul-dade de Ciências Econômicas da UniversidadeFederal do Ceará (UFC) e Mestre em Adminis-tração Financeira pela Coordenação dos Progra-mas de Pós-Graduação de Engenharia (COPPE)da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Bri-to assumiu o desafio de gerir o novo órgão coma experiência de quem já foi Ministro de Estadoda Integração Nacional, Secretário da Fazendado Governo do Estado do Ceará e Superinten-dente Financeiro do Banco do Nordeste (BNB).

Em entrevista para a Revista Brasil-Portugalno Ceará, o ministro Pedro Brito explica que osfamosos “gargalos” estão sendo enfrentados de

frente e que a Secretaria de Portos, assim comoqualquer órgão público ou privado, não depen-de apenas dos seus esforços. Apesar de parecersomente um problema, na verdade trata-se deuma nova mentalidade que perpassa governo eempresariado: a noção de que todo o plano deobras de transportes deve ser necessariamentearticulado com os outros modais. Moderniza-ção, gestão profissional, redução da burocracia,aumento da produtividade e elevação do pa-drão internacional foram algumas das metasprogramadas pela SEP para este ano. A dra-gagem do porto de Santos (SP) e de 18 outrosespalhados pelo litoral brasileiro vai propor-cionar, por exemplo, um aumento de cerca de30% na movimentação de cargas no país.

Enxergando a longo prazo, o panorama por-tuário brasileiro se depara com demandas ex-pressivas: exploração do pré-sal, a Copa Mun-do de 2014, as Olimpíadas de 2016 e a manu-tenção do crescimento sem pressões inflacioná-rias. O Governo Federal, segundo Pedro Brito,dedica uma especial atenção para o mercadoafricano, especialmente para os países que for-mam a Comunidade de Países da Língua Portu-guesa (CPLP). Tanto que o presidente Lula visi-tou, no início de julho, pela 14ª vez, o continenteafricano, na perspectiva de aumentar o comér-cio exterior nessa direção.

Leia nas próximas páginas o que o MinistroPedro Brito fala sobre as perspectivas dos por-tos brasileiros e especialmente do Ceará ao lon-go desta entrevista exclusiva.

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12 Brasil-Portugal no Ceará

entrevista | Pedro Brito

1Quais os principais projetos desen-volvidos atualmente pela Secreta-ria de Portos da Presidência da Re-pública?

O Brasil, como País continental,com um litoral de 8.500 quilôme-tros tem 40 portos públicos e 128terminais privativos, com destaquepela importância econômica e es-tratégica para os portos de Santos,o maior e o mais movimentado daAmérica Latina, os portos de RioGrande (Rio Grande do Sul), noextremo sul do país, do Rio de Ja-neiro, Itaguaí (também no Estado doRio de Janeiro), Paranaguá (Paraná),Suape (Pernambuco), Pecém (Cea-rá), Itaqui (Maranhão) e Vila doConde (Pará), no Norte do País. En-tre os terminais privativos, o desta-que fica para os terminais de gra-néis líquidos da Petrobras, de gra-néis da Companhia Vale do RioDoce, de Ponta Madeira, noMaranhão, e de Tubarão, no Espí-rito Santo, que em volume de cargamovimentada, é o maior terminalportuário brasileiro.

Para supervisionar a atividade detantos portos e dar ênfase à gestãoportuária brasileira, pela importân-cia da equação logística e pela ne-cessidade crescente da expansão deinstalações e serviços, o Governo Fe-deral, através da iniciativa do pre-sidente Luiz Inácio Lula da Silva,decidiu criar, em maio de 2007, aSecretaria Especial de Portos comdois grandes objetivos institucio-

nais bem definidos: desenvolver eimplantar políticas de diretrizes parao sistema portuário brasileiro e pro-mover e implantar melhorias nainfraestrutura portuária nacional.Para isso, a SEP estabeleceu diretri-zes a serem implantadas com prio-ridade e urgência.

A mais importante delas foi a deestabelecer uma política portuárianacional e um plano estratégico delogística portuária na perspectivade dar sentindo e uma orientaçãosegura às decisões quanto aos in-vestimentos de infratestrutura por-tuária, tarifas públicas, outorgas,gestão ambiental, segurança nasoperações e dos trabalhadores; apri-morar o marco regulatório do siste-ma de forma a promover investi-mentos na melhoria das atividadesportuárias, permitindo a convivên-cia harmônica entre os atores pú-blicos e privados; introduzir umnovo sistema de gestão nos portosbrasileiros.

Perseguimos dois objetivos: ofere-cer melhores serviços, a preços sem-

pre mais competitivos, buscandomaior eficiência da logística detransportes e introduzir uma novamodelagem tarifária que permita aautossustentabilidade dos nossosportos. Para este ano de 2010, comrecursos assegurados pelo Progra-ma de Aceleração ao Crescimento –PAC – estão previstos um total deR$ 3,6 bilhões, assim distribuídos:R$ 1,6 bilhão para o Programa Na-cional de Dragagem e o restantepara melhorias da infraestrutura eacessos terrestres alocados no PAC1. Estão previstos mais R$ 5,2 bi-lhões, dos quais R$ 740,7 milhõesserão destinados para os terminaisportuários com vistas à Copa de2014. Através da lei 11.610/2007,que criou o PND, ficou definido oconceito de dragagem por resulta-dos, com estabelecimento de nor-mas contratuais para aprofunda-mento e manutenção e fixação dascompetências da SEP para a gestãodo Programa. Até o final do primei-ro semestre de 2011 deverão estardragados 18 dos principais portos

PPPPPerseguimos dois objetivos:erseguimos dois objetivos:erseguimos dois objetivos:erseguimos dois objetivos:erseguimos dois objetivos:oferecer melhores serviços,oferecer melhores serviços,oferecer melhores serviços,oferecer melhores serviços,oferecer melhores serviços,a preços sempre maisa preços sempre maisa preços sempre maisa preços sempre maisa preços sempre maiscompetitivos, buscandocompetitivos, buscandocompetitivos, buscandocompetitivos, buscandocompetitivos, buscandomaior eficiência damaior eficiência damaior eficiência damaior eficiência damaior eficiência dalogística de transporteslogística de transporteslogística de transporteslogística de transporteslogística de transportese introduzir uma novae introduzir uma novae introduzir uma novae introduzir uma novae introduzir uma novamodelagem tarifária quemodelagem tarifária quemodelagem tarifária quemodelagem tarifária quemodelagem tarifária quepermita a auto-sustentabi-permita a auto-sustentabi-permita a auto-sustentabi-permita a auto-sustentabi-permita a auto-sustentabi-lidade dos nossos portos.”lidade dos nossos portos.”lidade dos nossos portos.”lidade dos nossos portos.”lidade dos nossos portos.”

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brasileiros. Só a dragagem do portode Santos vai permitir um aumen-to de cerca de 30% na movimenta-ção de cargas no Brasil. Já concluí-mos a dragagem do porto de Recifee em breve iniciaremos a do portodo Mucuripe, em Fortaleza. O fatoé que nada tinha sido feito nessesetor nos últimos 10 anos!

2Como o Senhor avalia a situaçãologístico-portuária do Brasil atual-mente? Quais são os principaisgargalos e em que áreas está seavançando?

A organização portuária hoje no Bra-sil não difere muito da maioria dospaíses em qualquer dos continen-tes que seja. O sistema é adminis-trado pelo Governo Federal, direta-mente ou por delegações aos Esta-dos e Municípios, tendo a Secreta-ria de Portos como o principal res-ponsável pelas políticas e diretri-zes. E mais: as autoridades portuá-

rias brasileiras, que desde 1993 as-sumiram o status de “landlordports”, são responsáveis pela ges-tão portuária, sob a coordenação daSEP. Elas administram a zona por-tuária e cedem, sob a forma de ar-rendamentos e termos de permis-são de uso, glebas de áreas destina-das à operação portuária.

Já a Agência Nacional de Transpor-tes Aquaviários – ANTAQ -, criadaem 2001, é a entidade responsávelpela regulação, supervisão e fiscali-zação das atividades de prestaçãode serviços de transporte aquaviárioe de exploração da insfraestruturaportuária, além de ser, no que cou-ber à área portuária, responsável pelaimplantação de políticas governa-mentais. A ANTAQ atua diretamen-te sobre as autoridades e os opera-dores portuários. Aqui merece ou-tra explicação: até antes da criaçãoda SEP, ocupávamos a 61ª colo-cação no ranking em termos de logís-tica no mundo; hoje, passados trêsanos de trabalho, avançamos mui-to e já estamos na 41ª posição. Maspretendemos figurar entre os 20 mai-ores sistemas portuários do mun-do nos próximos cinco anos e ficarentre os 10 primeiros nos próximos10 anos. Tudo isso porque o Go-verno Federal e o presidente Lulatêm a consciência de que os portossão, pois, equipamentos fundamen-tais para o desenvolvimento e a am-pliação do nosso comércio exterior,da aproximação dos povos e da dina-mização do turismo em nosso País.

Daí a necessidade da modernizaçãodos nossos portos para acompanhar-mos as novas gerações de navios quesurgem cada vez maiores e mais so-fisticados, exigindo boa infraes-trutura, segurança e rapidez nasoperações de embarque e desembar-que de mercadorias e passageiros.

3Atualmente, 70% da carga geraltransportada por meio marítimoutilizam contêineres. O consequen-te aumento da capacidade dos na-

vios exige que os portos públicosse adequem a essa realidade, ten-do maior profundidade, berçosmaiores e mais retroárea. O que ogoverno Lula está fazendo paraminimizar essa questão e que pro-jetos estão em andamento?

Hoje, passam pelos portos brasilei-ros cerca de 90% das mercadoriasque entram e saem do País. Só estainformação já transmite a importân-cia do sistema portuário nacionalcomo um todo. Pelos portos passamdesde a farinha de trigo que garanteo nosso pãozinho do café, ao arroz eo feijão do nosso almoço, a gasolinaque garante o nosso deslocamentode um lado para o outro das cida-des e do País. Na última década,somente a título de informação, ocomércio exterior brasileiro cresceuem média 20% ao ano, exigindo,consequentemente, a adoção demedidas e providências que permi-tissem aumentar a rapidez e a capa-cidade operacional dos nossos por-tos. Como falei anteriormente, o Go-verno Federal, através do Programade Aceleração do Crescimento(PAC), destinou CR$ 3,6 bilhõesúnica e exclusivamente para inves-timentos, com o objetivo de me-lhorar o desempenho das exporta-ções brasileiras e a navegação decabotagem pela costa. O governo dopresidente Lula, repito, tem dedi-cado uma especial atenção ao setor

Pretendemos figurar entrePretendemos figurar entrePretendemos figurar entrePretendemos figurar entrePretendemos figurar entreos 20 maiores sistemasos 20 maiores sistemasos 20 maiores sistemasos 20 maiores sistemasos 20 maiores sistemasportuários do mundo nosportuários do mundo nosportuários do mundo nosportuários do mundo nosportuários do mundo nospróximos cinco anos e ficarpróximos cinco anos e ficarpróximos cinco anos e ficarpróximos cinco anos e ficarpróximos cinco anos e ficarentre os 10 primeiros nosentre os 10 primeiros nosentre os 10 primeiros nosentre os 10 primeiros nosentre os 10 primeiros nospróximos 10 anos. Tpróximos 10 anos. Tpróximos 10 anos. Tpróximos 10 anos. Tpróximos 10 anos. Tudo issoudo issoudo issoudo issoudo issoporporporporporque o Governo Fque o Governo Fque o Governo Fque o Governo Fque o Governo Federalederalederalederalederaltem a consciência de quetem a consciência de quetem a consciência de quetem a consciência de quetem a consciência de queos portos são equipamentosos portos são equipamentosos portos são equipamentosos portos são equipamentosos portos são equipamentosfundamentais para o desen-fundamentais para o desen-fundamentais para o desen-fundamentais para o desen-fundamentais para o desen-volvimento e a ampliaçãovolvimento e a ampliaçãovolvimento e a ampliaçãovolvimento e a ampliaçãovolvimento e a ampliaçãodo nosso comérdo nosso comérdo nosso comérdo nosso comérdo nosso comércio ecio ecio ecio ecio exteriorxteriorxteriorxteriorxterior,,,,,da aproximação dos povosda aproximação dos povosda aproximação dos povosda aproximação dos povosda aproximação dos povose da dinamização doe da dinamização doe da dinamização doe da dinamização doe da dinamização doturismo em nosso Pturismo em nosso Pturismo em nosso Pturismo em nosso Pturismo em nosso País.”aís.”aís.”aís.”aís.”

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14 Brasil-Portugal no Ceará

portuário brasileiro, na medida emque reconhece ser este setor priori-tário para o desenvolvimento doPaís, com destaque para o Plano Na-cional de Dragagem (PND), a cons-trução e ampliação de berços e retro-áreas. Os resultados até aqui obti-dos pela Secretaria de Portos de-monstram por si só uma mudançageral no sistema. O fato é que as trans-formações estão acontecendo e apa-recendo, apagando um estado deinércia tão marcante no passado!

4Qual o papel dos portos brasilei-ros no aumento da balança comer-cial brasileira? Como está o Nor-deste neste ranking e o Ceará emparticular?

Os portos são equipamentos queexercem em qualquer parte do mun-do um papel muito importante parao desenvolvimento de uma Naçãoou de um Estado, porque são poreles que entram e saem as merca-dorias. E passageiros também, senos fixarmos no segmento turísti-co, por exemplo. No Brasil, os por-tos são, pois, equipamentos funda-

mentais para o escoamento das pro-duções agrícolas e industriais, bemcomo para o recebimento de máqui-nas e equipamentos procedentes dediferentes origens. São, portanto,equipamentos fundamentais para ogiro econômico, na medida em que,no nosso caso, estamos promoven-do uma verdadeira revolução nosetor em busca de encontrar ummelhor nível de competitividadecom redução de custos. No caso es-pecífico do Nordeste existem trêsgrandes portos, a começar pelo deItaqui, no Maranhão, do Pecém, noCeará, e o de Suape, em Pernambu-co. São portos modernos, com ca-pacidade para receber navios degrande porte, com um grande e pro-missor futuro.

No Ceará, em Fortaleza, onde sedestaca o Porto do Mucuripe, suahistória é recheada de sucesso. Aolongo dos seus mais de 70 anos deexistência, foi por ele que entraramas máquinas e equipamentos res-ponsáveis pela formação de um dosmais importantes polos industriaisda região. No momento, seguindoa forte tendência de crescimentoque vem sendo registrada desde oano passado, a movimentação doPorto do Mucuripe mais uma vezapresentou um balanço positivo. Nomês de março, passaram pelo ter-minal 324.378 toneladas de merca-dorias, cerca de 21% a mais em re-lação ao mesmo período do anopassado. Já no acumulado do ano,o Porto movimentou 971.377 miltoneladas, um aumento de 27,51%.O crescimento foi observado nostrês grupos de mercadorias que oPorto movimenta: granéis sólidos(33%), granéis líquidos (20,71%) ea carga geral (20%). Do total movi-mentado no trimestre, os granéissólidos (trigo e outros) participaramcom 27%, os granéis líquidos (deri-vados de petróleo) com 55% e a car-ga geral com 18%. Entre os produ-tos, destacaram-se o trigo, o diesel,a gasolina, o cimento asfáltico e tri-lhos para a ferrovia Transnordestina.

O Mucuripe deverá ganhar aindamais competitividade com os inves-timentos previstos para este ano,

como a derrocagem, que já está emandamento, e a dragagem que vaiaumentar a profundidade do Portopara 14 metros, permitindo que For-taleza receba navios do tipo PostPanamax, com até 300 metros decomprimento. São obras que vão di-minuir custos com frete e atrair maiscargas do mercado internacional.

5Segundo estudo do Instituto dePesquisa Econômica Aplicada(IPEA) divulgado em junho de2010, com a retomada da econo-mia, aumentou a demanda de ex-portadores e importadores pelosserviços portuários, mas há recla-mações de atrasos crescentes nosembarques e desembarques, o queafeta a indústria, tradings e trans-portadores, além de reduzir a com-petitividade dos produtos brasilei-ros. O que está sendo previsto nosentido de sanar essa deficiência?

Eu gostaria de explicar o seguinte:no ano passado, no auge da criseque atingiu as principais economi-as do mundo, em nenhum mo-mento houve retração nos investi-mentos previstos para o setor por-tuário no Brasil, na medida em queos investimentos públicos e priva-dos estavam garantidos. A iniciati-va privada promete por sua vez in-vestir cerca de U$ 18 milhões nosnossos principais portos, nos pró-ximos cinco anos.

Com o avanço das obras previstaspelo PND na maioria dos portos doBrasil, os armadores terão condi-ções de escalar os seus navios degrande porte em nossos portos, oque até então não era possível anenhum porto latino-americano.Hoje o quadro é outro, uma vez queas obras de aprofundamento e alar-gamento do porto de Santos, porexemplo, proporcionarão um au-mento em 30% da sua capacidadeoperacional. Os investimentos doPrograma de Aceleração ao Desen-volvimento (PAC) nos portos bra-sileiros são suficientes, na medidaem que o País está atraindo cada

No ano passado, no augeNo ano passado, no augeNo ano passado, no augeNo ano passado, no augeNo ano passado, no augeda crise que atingiu asda crise que atingiu asda crise que atingiu asda crise que atingiu asda crise que atingiu asprincipais economiasprincipais economiasprincipais economiasprincipais economiasprincipais economiasdo mundo, em nenhumdo mundo, em nenhumdo mundo, em nenhumdo mundo, em nenhumdo mundo, em nenhummomento houve retraçãomomento houve retraçãomomento houve retraçãomomento houve retraçãomomento houve retraçãonos investimentos previs-nos investimentos previs-nos investimentos previs-nos investimentos previs-nos investimentos previs-tos para o setor portuáriotos para o setor portuáriotos para o setor portuáriotos para o setor portuáriotos para o setor portuáriono Brasil, na medida emno Brasil, na medida emno Brasil, na medida emno Brasil, na medida emno Brasil, na medida emque os investimentos pú-que os investimentos pú-que os investimentos pú-que os investimentos pú-que os investimentos pú-blicos e privados estavamblicos e privados estavamblicos e privados estavamblicos e privados estavamblicos e privados estavamgarantidos. A iniciativagarantidos. A iniciativagarantidos. A iniciativagarantidos. A iniciativagarantidos. A iniciativaprivada promete porprivada promete porprivada promete porprivada promete porprivada promete porsua vez investir cerca desua vez investir cerca desua vez investir cerca desua vez investir cerca desua vez investir cerca deU$ 18 bilhões nos nossosU$ 18 bilhões nos nossosU$ 18 bilhões nos nossosU$ 18 bilhões nos nossosU$ 18 bilhões nos nossosprincipais portos, nosprincipais portos, nosprincipais portos, nosprincipais portos, nosprincipais portos, nospróximos cinco anos.”próximos cinco anos.”próximos cinco anos.”próximos cinco anos.”próximos cinco anos.”

entrevista | Pedro Brito

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vez mais investimentos nessa área.E mais: do ponto de vista dos inves-timentos na melhoria da infraestru-tura portuária, os recursos alocadossão absolutamente suficientes e amaior prova disso é que estamosatraindo investimentos privadospara os nossos portos, tanto porparte de investidores brasileiroscomo de estrangeiros. Aliás, seriabom aqui explicarmos que, nós, daSEP, já tínhamos feito diagnósticosemelhante para mapear os investi-mentos necessários para melhoraros nossos portos. Reconhecemosque um dos problemas em nossosportos diz respeito à demora na li-beração das cargas. Estamos demo-rando uma média de cinco dias paraliberar uma carga, enquanto os paí-ses mais eficientes do ponto de vis-ta portuário demoram cerca de umou dois dias. Sabemos o que maisatrasa e onera a movimentação decargas, que é a burocracia, o exces-so de formalismo e isso têm ônus.Para resolvermos esse problema, tra-balhamos em um projeto para quetodos os agentes envolvidos naquestão portuária tenham um sis-tema único de dados, por meio do

qual terão acesso às informações so-bre as cargas e os navios, entre ou-tras. Trata-se do Projeto Porto SemPapel, cujo sistema proporcionaráuma maior dinamicidade nas ope-rações de embarque e desembarquede mercadorias com uma evidenteredução de custos. (Mapa) O Pro-jeto Porto Sem Papel estabelecerá emum documento virtual único infor-mações para processar e distribuirdados em tempo real, para garantiro melhor funcionamento do setor.Com isso, a grande quantidade dospapéis que tramita hoje pelos ter-minais será eliminada, oferecendomaior transparência na troca dasinformações a partir de um padrãointernacional.

6Como liderar empresários, traba-lhadores, investidores e transpor-tadores com realidades e necessi-dades tão distantes em um paíscontinental como é o Brasil, ondemuitas vezes aspectos regionais in-fluenciam até mesmo na operaçãoportuária? Como administrar esse

conceito de cultura e de diferentesinteresses em prol do desenvolvi-mento nacional?

De pronto, vamos partir de umapremissa: não existe no mundo ne-nhum porto igual ao outro. Cadaporto tem as suas próprias carac-terísticas, as suas virtudes, os seusdefeitos, as suas necessidades, asua verdadeira vocação. Daí a nos-sa preocupação de, como gestoresdo sistema portuário nacional, ten-tarmos encontrar as soluções paraas diferentes situações, afinal, umanecessidade do porto do Rio Gran-de, no Rio Grande do Sul, no ex-tremo sul do País é, com toda acerteza, bem diferente da do portode Cabedelo, na Paraíba, ou com ode Areia Branca, no Rio Grandedo Norte. A partir de quadro geralé que priorizamos as necessidades.O porto de Santos, por ser o maiorde toda a América Latina, localiza-do em São Paulo, movimentou noano passado algo em torno de 83milhões de toneladas de mercado-rias. Suas exigências, portanto, sãoproporcionais à sua movimentação,isto é, bem maiores e bem mais com-plexas que os outros portos brasi-

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leiros. O porto de Itajaí, em SantaCatarina, por sua vez, é quem maismovimenta carnes de frangos, suí-nos e bovinos do Brasil, enquantoo porto do Pecém, no Ceará, é ocampeão brasileiro na exportação defrutas tropicais.

7No Ceará, temos dois portos comcaracterísticas comerciais distin-tas, o do Mucuripe, com forte ope-ração de cabotagem e utilizaçãopara o transporte de passageiros;e o terminal do Pecém, com forçanas rotas de longa distância e compapel estratégico de suprir as de-mandas do Complexo Industriale Portuário do Pecém. Como o se-nhor analisa com maior amplitu-de o papel de cada um desses por-tos? Eles são suficientes para aten-der a demanda crescente? Há ne-cessidade de um novo projeto por-tuário para o Ceará?

Os dois portos cearenses – Mucu-ripe e Pecém – se complementamna medida em que cada um delestem uma destinação específica. OMucuripe é um dos principais polostrigueiros do Brasil, enquanto oporto do Pecém consolida a suaposição de campeão brasileiro noembarque de frutas para o exterior.O porto do Mucuripe no alto dos

seus 70 anos de atividades estáapoiado numa infraestrutura versá-til que permite a movimentação dediferentes tipos de mercadorias,divididas em granéis sólidos (grãos,cereais etc) e granéis líquidos (deri-vados de petróleo etc), carga geralsolta e conteneirizada. Já o porto doPecém, localizado a 60 quilômetrosde Fortaleza, é líder nacional tam-bém na exportação de calçados, osegundo lugar nacional na impor-tação de ferro fundido, ferro e aço eo terceiro também na importação dealgodão do Brasil. Dentro do atualquadro econômico do estado, acre-dito que esses dois portos estejamem condições de atender a deman-da não apenas do Ceará, cada vezmais crescente, como também deEstados vizinhos, especialmenteaqueles produtores de frutas.

8A posição geográfica do Pecém,como menor tempo de trânsitopara navios em rota entre o Bra-sil, os EUA e Europa, numa mé-dia de sete dias para chegar aosseus destinos, funciona como umdos atrativos para conquistar osarmadores e impulsionar as ex-portações brasileiras. Essa van-tagem geográfica tem sido levadaem conta em negociações com es-ses mercados?

Claro, pois sabemos que quantomais rápido colocarmos as nossasmercadorias nas prateleiras dosseus consumidores finais, sejamnos Estados Unidos ou na Europa,melhor. Os nossos portos de gran-de porte no Nordeste, com desta-que para os de Pecem e de Suape,localizados em posições estratégicasem relação aos principais mercadosconsumidores (Estados Unidos eEuropa) levam seguramente vanta-gens sobre aqueles que estão locali-zados mais ao sul. Os dirigentesdesses dois portos desenvolvemcampanhas sistemáticas para mos-trar essa vantagem, na perspectivade atrair mais cargas.

9O cenário econômico brasileiroaponta para um reforço nos con-tratos comerciais com novos mer-cados, como é o caso da África. ACâmara Brasil – Portugal e outrasentidades vêm trabalhando fortepara ampliar esses contatos compaíses da língua portuguesa, emespecial com os africanos. Mas to-das as entidades são unânimes emapontar a falta de rotas marítimascomo empecilho para a concreti-zação dos negócios entre os paí-ses. O que o Governo Federal pen-sa sobre o tema e o que vem fazen-do para minimizar o problema?

Aqui é preciso uma explicação: oGoverno Federal não tem compe-tência e nem interfere na programa-ção das rotas dos navios, na pers-pectiva de programá-las para este ouaquele porto. A definição dessasrotas é de absoluta exclusividadedos armadores que as definem emfunção do potencial de carga desteou daquele porto.

O Governo Federal por sua vez tempromovido nos últimos anos even-tos para animar uma maior aproxi-mação entre o Brasil com diferen-tes países da África. Aliás, no anopassado, nós, da Secretaria de Por-tos, promovemos aqui em Fortale-za um Seminário, reunindo repre-sentantes dos principais países daComunidade de Países da LínguaPortuguesa – CPLP – com o objeti-vo de estreitar as nossas relaçõescomerciais, sociais e culturais. Foium encontro que deixou um saldobastante positivo, na medida em quemuitos negócios continuam sendorealizados até hoje. E mais: o pró-prio presidente Lula já demonstrouinúmeras vezes o seu interesse emdinamizar as relações comerciaiscom os países africanos, não ape-nas visitando-os, como recebendoem Brasília comitivas de empresá-rios e governantes. No início domês de julho, aliás, ele comandouuma nova rodada de negócios emdiferentes países da CPLP, na dire-ção de estreitar ainda mais esse re-lacionamento, como até hoje ne-nhum outro presidente tinha feito.

Os nossos portos de grandeOs nossos portos de grandeOs nossos portos de grandeOs nossos portos de grandeOs nossos portos de grandeporte no Nordeste, comporte no Nordeste, comporte no Nordeste, comporte no Nordeste, comporte no Nordeste, comdestaque para os de Pdestaque para os de Pdestaque para os de Pdestaque para os de Pdestaque para os de Pecémecémecémecémecéme de Suape, localizados eme de Suape, localizados eme de Suape, localizados eme de Suape, localizados eme de Suape, localizados emposições estratégicas emposições estratégicas emposições estratégicas emposições estratégicas emposições estratégicas emrelação aos principais mer-relação aos principais mer-relação aos principais mer-relação aos principais mer-relação aos principais mer-cados consumidores (Esta-cados consumidores (Esta-cados consumidores (Esta-cados consumidores (Esta-cados consumidores (Esta-dos Unidos e Europa) levamdos Unidos e Europa) levamdos Unidos e Europa) levamdos Unidos e Europa) levamdos Unidos e Europa) levamseguramente vantagensseguramente vantagensseguramente vantagensseguramente vantagensseguramente vantagenssobre aqueles que estãosobre aqueles que estãosobre aqueles que estãosobre aqueles que estãosobre aqueles que estãolocalizados mais ao sul.”localizados mais ao sul.”localizados mais ao sul.”localizados mais ao sul.”localizados mais ao sul.”

entrevista | Pedro Brito

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Abr-Mai-Jun 2010 17

golfe vem marcando gols de placa no Ceará.O Aquiraz Riviera, maior empreendimentoturístico em construção no Estado, está in-

vestindo cerca de US$ 50 mil (em torno de R$ 100 mil)na aquisição de quatro novos carros elétricos para usodos associados e esportistas. Criado há três meses, oClube de Golfe já conta com 42 membros e, nos fins desemana, registra média de 15 a 20 golfistas em campo.

Segundo Jorge Chaskelmann, diretor de Projetos doAquiraz Riviera, os números são surpresas agradáveis.“Não esperávamos uma aceitação como esta em tão pou-co tempo. Os cearenses estão gostando de jogar golfe epessoas de outros Estados vêm para praticar e conhe-cer e isso é muito positivo”, explica. Hoje, o Clube deGolfe conta com cinco carros elétricos e, com os novos,os esportistas poderão jogar com ainda mais conforto.

Até o momento, o Aquiraz Riviera investiu cerca deR$ 9 milhões no golfe, tanto para criação do seu ClubeHouse, quanto para execução dos nove primeiros bura-cos, do driving range (área de treino para tacadas delonga distância), do putting green (espaço destinadoàs tacadas de curta distância) e de equipamentos demanutenção. Outros R$ 4 milhões serão demandadospara os próximos nove buracos, com previsão para 2012.“Acreditamos que tudo que vem sendo feito será benéfi-co para o Ceará, uma vez que oferecemos uma atividadenova, que atrai turistas do mundo inteiro e proporcionaconforto e qualidade de vida”, ressalta Chaskelmann.

“O Ocean Golf Course, nosso campo, encontra-se hojenuma área de 45 hectares. Desse espaço, 11 são de áreade jogo gramada. Para dar uma volta completa nos noveburacos, o golfista gasta até quatro horas. Os carros elé-tricos facilitam a locomoção e diminuem o tempo na par-

O tida. Mas há aqueles que preferem caminhar pelo cam-po. O contato com a natureza paradisíaca do local fazdo jogo uma verdadeira terapia”, reforça o diretor.

AULAS PARA INICIANTESPara quem tem vontade de praticar, o Aquiraz Riviera

oferece aulas. “O golfe é bom para a saúde. O golfistaprecisa estar sempre concentrado e desenvolvendo es-tratégias, tendo como maior adversário o campo”, expli-ca o instrutor Max Lima. O pacote com 10 aulas custa R$450,00, e inclui todo o material para a prática do espor-te. “Estou com 15 alunos no momento, mas já formeicerca de 50 jogadores. São aulas de 60 minutos previa-mente agendadas”, ressalta Lima. De acordo com o ins-trutor, até esportistas que praticam há mais tempo, àsvezes requerem aulas para aprimoramento.

NOVOS SÓCIOSPara se filiar ao Clube de Golfe Aquiraz Riviera, os

interessados devem pagar uma taxa anual (chamada “joia”)e as mensalidades. Porém, neste primeiro ano de ativida-de, a entidade não cobrará a taxa anual. O valor dasmensalidades variam de acordo com a categoria do asso-ciado. Por exemplo, para os residentes (proprietários deum lote no empreendimento), o valor é R$ 150,00. Foicriada uma tabela especial de promoção para o primeiroano de atividade do Clube. Os sócios terão várias regali-as no Golfe e nas dependências do Club House, comoisenção do pagamento de green-fee (taxa de utilização docampo de golfe), descontos no bar e restaurante etc.

Aquiraz RivieraCrescimento do número de adeptos fazempreendimento investir no Clube de Golfe

informe publicitário

SERVIÇO:Golf Club Aquiraz RivieraInf.: (55 85) 4118 0160 ou 3244 4164 - E-mail: [email protected]

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18 Brasil-Portugal no Ceará

negócios | oportunidade por Samira de Castro

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Abr-Mai-Jun 2010 19

onsiderado por muito tempo uma das áreasmais atrasadas do Brasil, o Ceará começou amudar este perfil no fim dos anos 80, ainda

nas décadas finais do século XX. O choque fiscal de1987 – e a continuidade da austeridade fiscal em cincogestões consecutivas de governo – converteram o Esta-do em um modelo para entes subnacionais no Brasil enoutros países em desenvolvimento. “O Ceará reúnehoje todas as condições necessárias para receber os em-preendimentos estrangeiros que aqui pretendem se ins-talar. Destaca-se por sua localização geográfica privilegia-da e por ser o menor ‘transit-time’ do Brasil para a Euro-pa, para a África e para os demais Estados da Federa-ção”, resume Eduardo Diogo, diretor de DesenvolvimentoSetorial da Agência de Desenvolvimento Econômico doCeará (Adece).

O sucesso alcançado pela reforma fiscal do Ceará le-vou a uma sólida credibilidade financeira e a um fluxocontínuo de captação de empréstimos externos em orga-nismos financeiros internacionais, como o Banco Mun-dial e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),além de agências bilaterais da Alemanha (KfW) e do Ja-pão (JBIC) para financiar projetos de investimento eminfraestrutura física e social. De 1989 a 2009, o Estadocontratou diretamente (com aval da União) 25 operações

C

CEARÁ SECONSOLIDA COMONOVO ELDORADO

DOS INVESTIMENTOS

DAINFRAESTRUTURAAOINCENTIVOFISCAL

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20 Brasil-Portugal no Ceará

de crédito externo no valor total deUS$ 1,97 bilhão, aportando pelomenos mais um terço disso emcontrapartida local e consolidandouma das maiores carteiras de em-préstimo internacional dentre osestados brasileiros.

Não à toa, projetos gestados empelo menos quatro décadas come-çaram a virar realidade, o que fa-zem do Ceará um novo eldoradode oportunidades para os investi-dores nacionais e estrangeiros. “Po-demos citar a Companhia Siderúr-gica do Pecém (CSP), empresa-ân-cora da Zona de Processamento deExportação do Pecém (ZPE), queconta com a parceria da brasileiraVale e da coreana DongKuk. A refi-naria Premium II da Petrobras e oProjeto Santa Quitéria (exploraçãode urânio e fosfato da mina deItataia) contarão possivelmente coma participação de investimentos es-trangeiros”, enumera Diogo.

Com uma área de 146 mil km²,573 quilômetros de praia e tempe-ratura média anual de 28° C, o Cea-rá tem a localização ideal para osmais diversos tipos de investimen-tos. Sua localização é estratégica parao turismo, para investidores ou paraas empresas que desejam instalar-se, privilegiadamente, perto dosprincipais mercados mundiais. OCeará está apenas a 6h30 de voo daEuropa e dos Estados Unidos e é

uma das principais portas de en-trada para o Brasil e para o Merco-sul. Assim, já oferece às empresasexportadoras condições ideaiscomo baixos custos de logística, tem-po de entrega e segurança para astransações comerciais.

PORTOS E AEROPORTOSO Ceará oferece facilidades para

o investimento, em termos de infra-estrutura. Conta com o AeroportoInternacional Pinto Martins, emFortaleza, e oito aeroportos regio-nais. A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero)investirá cerca de R$ 500 milhõesna construção de um novo termi-nal de passageiros para o PintoMartins e na reforma da atual es-trutura. Já o Governo do Estado estáaportando recursos nos aeroportosde Aracati e Jericoacoara, dois polosde reconhecida importância turís-tica. Projetos como o Complexo In-dustrial e Portuário do Pecém, oMetrô de Fortaleza (Metrofor), e oaçude Castanhão demonstram, efe-tivamente, o investimento que oCeará tem realizado na implantaçãode empreendimentos de grandeimpacto para a economia local e nabusca de seu desenvolvimento.

“Temos rodovias modernas, umaeroporto de nível internacional,dois portos de grande porte (Mu-curipe e Pecém), além de mão-de-

obra qualificada, que conta comgrande número de cursos superio-res de graduação, seja na capital ouinterior, somado à ampla variedadede cursos técnicos”, comenta Diogo.O Porto do Pecém, a 56 km da capi-tal, possui um terminal de cargascom câmaras de refrigeração, comcustos operacionais competitivos eberços de atracação em ampliaçãopara atender às demandas futuras.

A oferta de água do Estado estágarantida para os próximos 30 anoscom a Barragem Castanhão, que atra-vés do Canal da Integração leva águaao Porto do Pecém e à Capital. “Ocinturão digital, com três mil quilô-metros de fibra ótica, em instalaçãono Estado, beneficiará 82% da po-pulação”, frisa o diretor de Desen-volvimento Setorial da Adece, queé responsável pela articulação einterlocução institucionais entre osdiversos setores da atividade pro-dutiva do Estado e o governo, além

negócios | oportunidade

Acima, o Portodo Pecém, quetem seus berçosde atracação emampliação paraatender às deman-das futuras, e oAeroporto Inter-nacional PintoMartins, quereceberá inves-timento da ordemde R$ 500 milhõespara a reformada estrutura econstrução deum novo terminalde passageiros

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Abr-Mai-Jun 2010 21

de analisar propostas de viabilida-de econômica de projetos de insta-lação e viabilização de novos em-preendimentos.

SETORES PROMISSORESOs investimentos em energias

renováveis conquistaram importan-te papel na economia do Ceará, prin-cipalmente as fontes eólicas e tér-micas. “São mais de 15 usinas eóli-cas em construção e em operação,que garantem sua autossuficiênciaenergética”, lembra o diretor daAdece. O Estado tem uma das mai-ores potencialidades do país parageração de energia fotovoltaica de-vido à sua irradiação solar. Por essarazão, está sendo instalada a primei-ra usina de energia solar, no muni-cípio de Tauá, com capacidade de50 MW em sua fase final.

“A Adece possui projeto de ilu-minação pública baseada em pai-neis solares, no intuito de estimu-lar o uso dessa modalidade de ener-gia e criar uma ambiência favorávela novos investidores”, revela Diogo.Além disso, o FIES – Fundo de In-centivo à Energia Solar, criado peloGoverno do Estado, garante recur-sos financeiros para fomentar o de-senvolvimento e a implantação deusinas de geração desta modalida-de de energia no Ceará.

Na área do agronegócio, foramatraídas, no começo dos anos 90,várias empresas que transformaramo estado no 3º maior exportador defrutas e no 2º maior exportador deflores do Brasil. Destaca-se tambémpor ser o primeiro produtor e ex-portador de castanha de caju e o 3ºmaior produtor de mel do país. “Astrês mil horas de sol por ano favo-recem o agronegócio e o turismo”,acrescenta.

PUJANÇA ECONÔMICAA economia do Ceará cresceu,

no ano passado, 3,1%, o que gerouum valor de R$ 60,79 bilhões. En-quanto isso, o Brasil decresceu0,2% com PIB no valor de R$ 3,143trilhões. O bom desempenho eco-nômico do Estado transbordou parao mercado de trabalho, o qual re-gistrou um saldo de 64,4 mil em-

pregos com carteira assinada, acu-mulando de 2007 a 2009, saldo de145,6 vagas. “O resultado de 2009é considerado muito positivo paraum período de crise”, avalia Diogo.

O setor de Serviços foi o que maisse destacou, com crescimento de5,6% (valor adicionado a preços bá-sicos), em 2009, comparado a 2008,sendo novamente o sustentáculo daeconomia cearense. Destaque parao Comércio e Alojamento e Alimen-tação, com crescimento de 10,9% e3,4%, respectivamente, segundo oInstituto de Pesquisa e Estratégia

Econômica do Ceará (Ipece). Nestecaso, há um forte impacto das ativi-dades ligadas ao turismo.

A indústria cearense, por suavez, registrou taxa positiva de 1,1%,sobre 2008. Dos quatro segmentosque compõem a Indústria (indús-tria da transformação, extrativa mi-neral, construção civil e eletricida-des, gás, água e esgoto), o de Trans-formação foi uma das atividades quemais gerou emprego formal em 2009,criando 21.130 postos de trabalho.Calçados, Alimentos e Bebidas,Vestuário e Têxtil são os principaissetores de destaque deste segmen-to industrial. Parte desses resulta-dos, de produção e emprego for-mal, é fruto dos investimentos queo governo estadual vem incentivan-do e que estão distribuídos pelasdiversas atividades.

A agropecuária registrou quedade 9,0%, em 2009, e a brasileiracaiu -5,2%. Nos dois casos, houveretração nas produções das princi-pais culturas agrícolas. O desem-penho negativo da agricultura cea-rense deveu-se, principalmente, àquadra invernosa com excesso dechuvas. Na produção animal foramdestaques: a produção de leite (comcrescimento de 22,3%) - esta foi be-neficiada pelo melhoramento dastécnicas de produção, genética, alémde instalação e implantação de tan-ques de resfriamento para os pe-quenos e médios produtores -, eprodução de ovos, em função, so-bretudo, do aumento do rebanhode poedeiras.

Na avaliação de Eloísa Bezerra,economista do Instituto de Pesqui-sa e Estratégia Econômica do Ceará(Ipece), o impacto dos projetos einvestimentos em implantação devevir a longo prazo, assim como acon-teceu com as economias baiana epernambucana – as mais fortes doNordeste, pela ordem. A performan-ce da Bahia é marcada pela entradada indústria automobilística. JáPernambuco cresceu a reboque desua indústria sucroalcooleira.“Quanto ao andamento dos proje-tos no Ceará, em minha opinião,um dos maiores limitantes são asleis que regem os setores a serem

Eduardo Diogo,diretor de Desenvol-vimento Setorial daAdece: “O Cearáreúne hoje todas ascondições necessá-rias para receber osempreendimentosestrangeiros que aquipretendem se insta-lar. Destaca-se porsua localização geo-gráfica privilegiadae por ser o menor‘transit-time’ doBrasil para a Europa,para a África e paraos demais Estadosda Federação”

Os investimentosem energias

renováveis conquis-taram importante

papel na economiado Ceará, princi-

palmente as fonteseólicas e térmicas

Page 22: Revista Brasil Portugal CE 3ª Edição

22 Brasil-Portugal no Ceará

impactados pelos projetos, comopor exemplo, as leis ambientais.Mas isso é ruim? Talvez não, poismostra a preocupação com o cres-cimento sustentável”, frisa.

INCENTIVOS FISCAISA cada ano, aperfeiçoam-se as

condições, do ponto de vista tribu-tário, para atrair as empresas para oEstado. Em 2009, foram aprovados94 projetos que, juntos, somam R$3,5 bilhões em investimentos oriun-dos da iniciativa privada e que po-dem gerar 9.258 empregos de for-ma direta no Estado. “O Ceará ope-

ra, desde 1980, com o Fundo deDesenvolvimento Industrial (FDI),oferecendo incentivos fiscais paraindústrias e Centros de Distribuição.Sua credibilidade e segurança jurí-dica são diferenciais que garantema competitividade”, diz Diogo.

A política de atração de investi-mentos tem como princípio básicoa concessão de incentivos fiscais,por meio do diferimento do Impos-to sobre Circulação de Mercadoriase Serviços (ICMS), gerado pela ati-vidade industrial. O percentual des-se incentivo, o índice de retorno eo prazo de fruição dos benefícios

são variáveis. A base para o cálculopercentual é feita após a análise decinco parâmetros básicos, cada umdeles com uma escala de pontua-ção (veja quadro).

O Ceará possui vários distritosindustriais (DIs) em diferentes regi-ões. Destacam-se na Região Metro-politana os DIs de Maracanaú, dePacatuba, do Eusébio, de Aquiraz,e o Complexo Industrial e Portuá-rio do Pecém (CIPP), em Caucaia eSão Gonçalo do Amarante. “Estásendo criado o Polo Industrial eTecnológico da Saúde, no Eusébio,que terá a Fiocruz como empresa-âncora, atuando tanto na área depesquisa e desenvolvimento quan-to na fabricação de vacinas (unida-de de Bio-Manguinhos) e sendofundamental para a indução do cres-cimento do referido Polo”, comple-ta o diretor da Adece.

No Sul do Estado, encontra-seem implantação o Distrito Industri-al da Região do Cariri. Em instala-ção também naquela área, encon-tra-se o Polo Cetrens, parque indus-trial formado por indústrias do se-tor metro-ferroviário. Na RegiãoNorte destaca-se o Distrito Indus-trial de Sobral. “Todos oferecemcondições favoráveis de receber in-vestimentos”, destaca.

A Zona de Processamento de Ex-portação do Pecém (ZPE), autoriza-da recentemente pelo Governo Fe-deral, é instrumento para tornar osprodutos processados competitivosem nível mundial. Os novos inves-timentos atraídos inicialmente obe-decerão à vocação regional de pro-cessar matérias-primas locais e pos-teriormente serão atraídas empresasinternacionais de médio e grandeportes, cujos objetivos sejam a con-corrência no mercado internacional.

No município de Caucaia serãoimplantadas a Cidade do Atacado,maior espaço de negociação por ata-cado da América Latina, que gerará3,2 mil empregos diretos e 11,4 milindiretos e, posicionado em frente,a Cidade da Confecção, que abriga-rá 8.000 boxes de comercializaçãopara pequenos confeccionistas, cri-ando mais de 24.000 empregos.

A política do governo doCeará para atrair novosprojetos empresariais e in-vestimentos produtivos vemapresentando resultados. Oprimeiro semestre de 2010já contabiliza a implantaçãode 19 novos empreendimen-tos, enquanto ao longo de2009 foram 20 empresasinstaladas com incentivosfiscais. “Isso aponta que,até o fim deste ano, teremosuma superação incompará-vel daquilo que realizamosem 2009”, reforça o presi-dente do Conselho Estadu-al de Desenvolvimento Eco-nômico do Ceará (Cede-CE), Ivan Bezerra.

Os 19 novos projetos já implantados este anoabriram, inicialmente, 1.734 vagas de trabalho.Em termos de investimentos, o primeiro semestrede 2010 contabiliza R$ 137,8 milhões. Em 2009,

Parâmetros para a análise do FDIforam R$ 379,4 milhões.Eusébio, Trairi, Juazeiro doNorte, Cariré, Jaguaribe,São Gonçalo do Amarante,Fortaleza, Acarape, Iguatu,Maracanaú, Barbalha ePalhano foram as cidadesque receberam os novosempreendimentos.

E a pauta deliberativado Conselho dispõe de 13empreendimentos aguar-dando apreciação dos con-selheiros e do governadorpara viabilizar a instalaçãode empresas. As solicita-ções representam mais deR$ 102 milhões e a gera-

ção de 1.798 postos de trabalho. Dentre os proto-colos observa-se que Juazeiro do Norte consolida-se como polo calçadista. Três novas empresas in-teressadas em usufruir da política de incentivos dogoverno do Ceará e da mão-de-obra ali existente.

negócios | oportunidade

A produção de leitenos rebanhos bovinoe caprino foi desta-

que, beneficiada pelomelhoramento das

técnicas de produçãoe genética, além dainstalação e implan-tação de tanques deresfriamento para os

pequenos e médiosprodutores

Ivan Bezerra, presidentedo Conselho Estadual

de DesenvolvimentoEconômico do Ceará

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Abr-Mai-Jun 2010 23

Outros incentivos fiscais no âmbitodo ICMS, que poderão ser concedidospelo estado:

• Diferimento de ICMS incidentenas aquisições de máquinas, equipa-mentos, partes e peças e estruturasmetálicas para compor o ativo perma-nente da sociedade empresária, adqui-ridas no exterior ou em outros estados.

• Diferimento do ICMS incidentenas aquisições no exterior do país dematéria-prima e insumos para utiliza-ção no processo industrial.

Outrosincentivos

• P1 - Geração de empregos;• P2 - Custo de transação (operação);• P3 - Localização geográficado empreendimento;• P4 - Projetos deresponsabilidade social;• P5 - Programa depesquisa e desenvolvimento;

Pode-se atribuir um Bônus – PE –para empresas que consolidem ou re-presentem setores econômicos estra-tégicos para a base de desenvolvimen-to estadual. O valor do incentivo temlimite máximo de 75% (setenta intei-ros por cento) do ICMS a ser recolhi-do. O prazo de carência é de 36 (trintae seis) meses. O empréstimo tem umretorno variável de acordo com apontuação atribuída ao projeto.

O limite mínimo é de 5% e o máxi-mo de 25%, corrigidos pela taxa dejuros de longo prazo – TJLP. O prazoglobal do benefício será concedido deacordo com a pontuação atribuída aoprojeto, sendo no mínimo 05 (cinco)anos e máximo 10 (dez) anos, renová-vel por igual período de acordo coma evolução do projeto.

Parâmetrospara a análisedo FDI

m cenário de belas praias,dunas e falésias, sol prati-camente o ano inteiro, cli-

ma com boa umidade relativa do ar,gastronomia que une o regional ao in-ternacional e gente muito hospitalei-ra. Disso, praticamente todo turista jásabe ou pelo menos ouviu falar doEstado. Um dos principais destinosdos brasileiros nas férias - chegando areceber em média dois milhões de vi-sitantes por ano -, o Ceará agora seprepara para ser também referência in-ternacional, concorrendo diretamentecom lugares paradisíacos comoCancun, no México. Cenário não sóde lazer, mas de porto seguro para in-vestimentos nacionais e estrangeiros.

A mudança nos rumos da atividadeturística no Estado se deu há cerca detrês anos. O governo entendeu que nãobastava investir na divulgação do des-tino de sol e praia. Era preciso qualificá-lo, a partir de três pontos, como expli-ca o titular da Secretaria de Turismo(Setur), Bismarck Maia: intensificar apromoção, melhorar a infraestrutura e

melhorar os serviços. “A promoção es-tava batendo no teto, divulgando atra-tivos que todos já conheciam. Nós tí-nhamos que melhorar todo o ambientepara que esses atrativos pudessem serpotencializados”, diz.

Assim, o Ceará hoje é o estado bra-sileiro que mais investe em promoçãoturística – aproximadamente de R$ 30a R$ 35 milhões por ano. Mas não pa-rou por aí. As diretrizes do governoenglobam uma verdadeira reconstru-ção do Estado, olhando para um hori-zonte de 20 a 30 anos, e tendo o turis-mo como vetor de transformação soci-al e econômica. “A ampliação e melho-ria da infraestrutura levam em contatrês pontos: a preservação dos nossosatrativos turísticos; a reforma deedificações do patrimônio histórico earquitetônico e a construção de novasestruturas/edificações”, resume Maia.

O secretário vibra ao falar de obras,projetos, licitações. E são tantas as ini-ciativas que falta espaço para enumerá-las e descrevê-las como Bismarck Maiafaz. Ao todo, o Estado receberá inves-

U

Rumo ao turismoqualificado

Obras como o AcquarioCeará e o Centro de Eventos(abaixo) garantirão umturismo menos sazonalao Ceará, defendea Setur

Page 24: Revista Brasil Portugal CE 3ª Edição

24 Brasil-Portugal no Ceará

timentos da ordem de R$ 1,3 bilhão –desde o Centro de Eventos e Acqua-rio, até o saneamento básico nas prai-as dos principais cartões-postais doCeará, como Jericoacoara e Cumbuco,passando pela duplicação de estradase recuperação do patrimônio históri-co na Capital e interior.

“Nossos atrativos naturais, canta-dos em prosa e verso, precisam serpreservados. Estamos lançando editalpara contratação de projeto de preser-vação de dunas, falésias, lagoas e ma-nanciais”, adianta Maia. Ainda na partede preservação ambiental, serão lan-çados editais para saneamento naspraias do Porto das Dunas (Aquiraz) eFlecheiras (Trairi). Já no segundo pon-to da infraestrutura, o patrimônio his-tórico, o Estado vem investindo emreformas como a do Centro Históricode Aquiraz, o Teatro Carlos Câmara eo prédio da Emcetur, o Seminário daPrainha e o Palácio da Abolição.

Com a visão de que não adianta pro-mover o interior sem qualificá-lo, o se-cretário destaca também os projetos deacessibilidade, como a duplicação, em53 km da CE-085, que liga Fortaleza aParacuru, no Litoral Oeste. Nas praiasao leste, ele cita a já concluída dupli-cação da estrada de Fortaleza a Beberibee a licitação a ser lançada, ampliandoa faixa de Beberibe até Aracati.

Maia destaca, também, a acessibili-dade aérea, reforçada pela construçãodos aeroportos de Aracati (cuja pistajá está pronta) e de Jericoacoara, de ní-veis nacional e internacional, respec-tivamente. “Em 60 dias, o novo termi-

nal de Aracati fica pronto. Reforço quenão existe viabilidade para um desti-no turístico com aeroporto a menosde 100 km de distância. Por isso, re-solvemos fazer dois aeroportos, sen-do um para garantir acesso às praiasdo Litoral Oeste, como Jericoacoara eCamocim”, explica.

PROJETO MACRONo terceiro ponto do eixo estratégi-

co de atuação do Estado no turismo, osecretário chama atenção para a cons-trução de dois grandes equipamentos:o Centro de Eventos (CEC) e o Acqua-rio. “São projetos que vão garantir umturismo mais perene ao Ceará, menosdependente de alta estação”. Ele lem-bra que, nos dois casos, o perfil dos visi-tantes é bem mais elitizado do que odo público que hoje conhece o Ceará.

Com 30% das obras concluídas, aprevisão é de que o CEC comece a ope-rar em junho de 2011. Orçado em R$307 milhões, o equipamento é o se-gundo maior da América Latina, com

capacidade para abrigar até 30 mil pes-soas em um único evento e possui pro-jeto arquitetônico inspirado em aspec-tos típicos da paisagem e do artesana-to cearense. A fachada terá as cores eas formas das falésias do litoral leste esua estrutura lembra o bordado dasrendeiras.

Ao todo, o novo espaço para even-tos contará com 176 mil m² de áreaconstruída em terreno de 17 hectares,21 mil m² de jardins e 3,5 mil vagasde estacionamento. Além disso, terádoca, vestiários, refeitórios, ambulató-rios, banheiro família e fraldário, sa-las para produção de eventos, admi-nistração, segurança, brigada de incên-dio, juizado de menores, vigilânciasanitária e ouvidoria. “É um equipa-mento que coloca o Ceará definitiva-mente no mapa dos grandes congres-sos, feiras e exposições”, garante Maia.

O Acquario Ceará, obra de U$ 150milhões e um dos maiores projetos es-truturantes em curso no Ceará, deveestar pronto até o fim de 2012, segun-do o secretário Bismarck Maia. A pri-meira etapa da obra, orçada em R$ 17milhões, uma espécie de esqueleto deconcreto de quatro pavimentos, cha-mada de caixa básica, foi licitada. ParaMaia, além do marco arquitetônico eeducacional para a cidade e o Estado,as implicações positivas para a cadeiado turismo cearense são ainda maio-res, pois o Acquario configura-se como“um equipamento ícone, uma referên-cia em destino qualificado e emsintonia com a política de ampliaçãodo fluxo turístico”.

Com 21,5 mil metros quadrados deárea construída e tanques com capaci-dade para 15 milhões de litros, oAcquario terá em seus quatro pavimen-tos áreas de lazer, dois cinemas 4D,simuladores de submarino, equipa-mentos que proporcionam interaçãoentre público e aquário e túneis sub-mersos que levarão os visitantes ao in-terior do tanque de animais marinhos.A previsão é que o equipamento rece-ba, anualmente, 1,2 milhão de visitan-tes, gerando receita de R$ 21,5 mi-lhões. Para a economia local, o impac-to no mercado de trabalho será de 150empregos diretos, 1.600 indiretos e 18mil empregos na cadeia produtiva.

negócios | oportunidadePara o secretário Bismarck Maia, estradas,aeroportos e equipamentos turísticos,junto com as belezas naturais, ajudarãoa valorizar ainda mais o destino Ceará

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Abr-Mai-Jun 2010 25

ferecer acesso móvel àInternet em Terceira Ge-ração para mais de 85%

da população brasileira até o final de2011. Este é o compromisso que aVivo assume ao anunciar o Plano Vi-vo Internet Brasil. Trata-se do maiorprograma de expansão de cobertura3G do País, que ampliará sua rededos atuais 600 para 2.832 municípi-os até dezembro do próximo ano.

Para se ter uma ideia da dimensãodo projeto, a assinatura dos contra-tos de Terceira Geração das operado-ras de telefonia móvel com a Agên-cia Nacional de Telecomunicações(Anatel) ocorreu em abril de 2008.Nos últimos dois anos (de abril/08 aabril/10), o setor conectou 732 cida-des - 600 delas com presença da Vivo- equivalendo a uma nova localida-de por dia no período. Já o planoanunciado pela Vivo conectará 2.232cidades em 18 meses, o que significaconectar 4 municípios/dia, mais quetriplicando sua cobertura 3G.

“O plano é ambicioso e será cum-prido. Nosso objetivo é ampliar ra-pidamente a cobertura de Terceira Ge-ração”, explicou Roberto Lima, presi-dente da Vivo. Segundo ele, o anún-cio representa um compromisso coma inovação e a liderança e reforça o

O

Mais de2.800 cidadesconectadasaté 2011

elo de confiança com a rede de maisde 54 milhões de clientes. E prosse-guiu Roberto: “Foi isso que fez a Vivoconquistar a posição em que se en-contra hoje. E o dever da empresa écolocar foco com ainda mais ênfasena qualidade. Fazendo isso, estabe-lecemos relações de confiança comtodos os nossos stakeholders e cum-primos a nossa missão”.

O investimento do Plano VivoInternet Brasil está contemplado naprevisão já anunciada de R$ 2,49 bi-lhões para este ano e prevê atingir1.461 cidades com cobertura de Ter-ceira Geração até dezembro. Nesta fase75% da população estará coberta.Hoje, a Vivo é líder em Terceira Ge-ração com 600 municípios, cobertu-ra 33% maior do que a segunda co-locada. Segundo os indicadores daAnatel, a Vivo apresenta o melhordesempenho em qualidade de rede,com média acumulada de 99,9% em2010. A rede atual da operadora co-bre 3.600 cidades, com tecnologiaGSM/EDGE e Terceira Geração.

LÓGICA INVERTIDAPara que a meta de ampliação da

rede seja abrangente e reflita a crençada Vivo de conectar cada vez maispessoas, em qualquer momento e

Vivo anuncia maiorplano de acesso móvelà internet 3G no Brasil

informe publicitário

qualquer lugar, a empresa não irá con-centrar somente os investimentos nasáreas que proporcionam melhor emais rapidamente retorno financei-ro. Em outras palavras, a lógica estásendo invertida.

“A Vivo estenderá a cobertura deInternet móvel a municípios peque-nos, alguns isolados, acreditando quea essência dos seus serviços cria de-senvolvimento social e econômiconessas localidades e faz com que oretorno ocorra de forma equilibradae consistente com o desenvolvimen-to nacional”, afirmou Roberto Lima.

CARGA FISCALO preço do serviço de Internet

móvel 3G, ofertado pelo Plano VivoInternet Brasil, será promocional noprimeiro mês: R$ 29,95 para quanti-dade de dados trafegados equivalen-te a 250 MB, passando para R$ 59,00a partir do segundo mês, sendo váli-do para todo o País.

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26 Brasil-Portugal no Ceará

administração | gestão

NOVA DIRETORIADA CÂMARA BRASIL-PORTUGAL ASSUMECOM O OBJETIVOMAIOR DE AMPLIARA FORÇA DA ENTIDADE

desafio posto pode nãoser aparentemente tãogrande, mas foi encarado

como uma verdadeira batalha por to-dos os sócios que decidiram participarda nova diretoria da Câmara Brasil-Por-tugal no Ceará (CBP-CE). Afinal, se emseu início a entidade era uma ilustredesconhecida e tinha dificuldades paraconquistar sócios em prol da causa lu-sobrasileira, atualmente, a CPB-CE játem sua imagem consolidada, sendo re-conhecida como uma das mais atuan-tes do país e despertando o interessenatural de investidores nacionais e es-trangeiros, interessados em buscar no-

O vas oportunidades de negócios. Comofazer para manter este ritmo de cresci-mento e cada vez mais ampliar a forçae a imagem da entidade?

O semblante de confiança era a res-posta de cada um dos diretores ao se-rem chamados a se postar de pé tãologo seus nomes eram declinados du-rante a solenidade de posse, realizadano último dia 19 de maio, no auditó-rio Waldyr Diogo, da Federação dasIndústrias do Estado do Ceará (Fiec),em Fortaleza. O espaço estava lotado,com a solenidade tendo sido prestigia-da por empresários de diversos seto-res, autoridades, associados e convi-

dados. Além da nova diretoria da CBP-CE, o evento efetivou também a possedos novos diretores da recém-criada Câ-mara Brasil-Angola.

Além dos dois presidentes empos-sados, a mesa de cerimônia foi compostapelo vice-Governador do Estado do Cea-rá, professor Francisco José Pinheiro;do Procurador-Adjunto de Fortaleza,Marcelo Arruda Bezerra, no ato repre-sentando a Prefeita de Fortaleza, Luizia-nne Lins; do empresário Roberto Ma-cedo, presidente da Fiec; do Reitor daUniversidade Federal do Ceará (UFC),Jesualdo Pereira Farias; do Vice-Côn-sul de Portugal em Fortaleza, Francisco

OPORTUNIDARENOVAÇÃONA BUSCA POR

por Rodrigo Coimbra

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Abr-Mai-Jun 2010 27

Brandão; do presidente do Conselhodas Câmaras Portuguesas de Comérciono Brasil, Rômulo Alexandre Soares;do diretor de Infraestrutura da Agên-cia de Desenvolvimento do Ceará (Ade-ce), Eduardo Henrique Cunha Neves;e do vice-presidente do Grupo O Povode Comunicação, João Dummar Neto.

O cenário estava completo: um pal-co digno de aplausos, convidados ilus-tres e profissionais ansiosos em de-monstrar sua vontade de trabalhar con-juntamente para o bem das duas enti-dades. Em todos, a certeza e a confian-ça de que bons ventos continuarão asoprar para os negócios no céu cearense.

DINAMISMO E VONTADEÀ frente da Câmara Brasil-Portugal

no Ceará para o quadriênio 2010-2014,continuará o executivo Jorge Chaskel-mann, diretor de Projetos do AquirazRiviera, que havia assumido proviso-riamente a Presidência em maio do anopassado, após o falecimento do ex-pre-sidente Armando Ferreira. Os bons re-sultados obtidos em tão pouco tempoestimularam o executivo português, desangue alemão e alegria tipicamentecearense a decidir seguir no projeto.

Para seguir no caminho do sucesso,o presidente da Câmara se cerca dacompetência de outros executivos jácom experiência na Câmara. Na mes-ma solenidade, foram empossadoscomo vice-presidentes o advogado JoséMaria McCall Zanocchi (MZG Advo-gados), o empresário Roberto Marinho(Ceará Trade Brasil) e o executivo JoséWahnon (do Aquiraz Riviera), além dos

demais diretores que, juntos, ditarãoos rumos da entidade para os próxi-mos quatro anos. “É, de fato, uma gran-de responsabilidade, principalmenteporque precisamos dar respostas a nos-sos associados que procuram na Câma-ra de Comércio uma instituição dinâ-mica e empreendedora, e manter o rit-mo de crescimento e a tradição de bemservir desta quase uma década de his-tória”, comenta Chaskelmann.

Neste novo momento, a entidademudou o formato de suas diretorias. ACBP-CE passa a contar com represen-tantes de sete áreas distintas de atua-ção. Além da tesoureira Huga Mendesde Oliveira, a nova divisão contemplaas áreas de Energias Alternativas,Agronegócios, Comunicação, AssuntosJurídicos, Construção Civil, Meio Am-biente e Tecnologia da Informação.

“Vamos organizar eventos em cadauma destas áreas para o debate de as-

ADES

Cerimônia de possedas duas câmaras decomércio aconteceuno dia 20 de maio na

Casa da Indústria

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28 Brasil-Portugal no Ceará

administração | gestão

PresidenteJorge Duarte Chaskelmann

1º Vice PresidenteJosé Maria McCall Zanocchi

2º Vice-PresidenteAntonio Roberto Alves Marinho

3º Vice-PresidenteJosé Augusto Pinto Wahnon

Diretora TesoureiraHuga Mendes de Oliveira

Diretor de Energias RenováveisArmando Leite Mendes de Abreu

Diretor de AgronegóciosCarlos Manuel Subtil Duarte

Diretor de ComunicaçãoCliff Freire Villar da Silva

Diretora de Assuntos JurídicosFernanda Cabral deAlmeida Gonçalves

Diretor de Construção CivilFrancisco Eugênio Montenegro

Diretor de Meio AmbienteJosé Euber de Vasconcelos Araújo

Diretora de Tecnologiada Informação (Brasil)

Marluce B.Aires de PinaDiretora de Tecnologia

da Informação (Portugal)Miguel Costa Manso

Diretoria daCâmara Brasil-

Portugal no Ceará2010/2014

suntos que estejam de acordo como interesse dos empresários e issorepresenta um nível mais avança-do de profissionalização do traba-lho que já vínhamos apresentando”,reforça o presidente. Em seu dis-curso de posse, Chaskelmann res-saltou que foram convidados empre-sários e executivos experientes“para que possam abranger um va-riado espectro de atividades e dar,assim, uma contribuição mais efi-caz àqueles que desejam se associ-ar e demandar o nosso apoio paracriar laços eficazes no Ceará”.

Nas palavras do presidente elei-to e na mente dos diretores, um dis-curso otimista e convicto de que ain-da há muitas terras e mares a seremdesbravados. Conforme Jorge Chas-kelmann frisou, “a crise internacio-

nal econômica continua. Atraves-samos um momento em que é pre-ciso idealizar novos horizontes ecrescer internacionalmente. Temosque buscar, como um dever, e alcan-çaremos, por meio de nossa capaci-dade e de nossa competência, resul-tados que reflitam de forma positivaem nossos negócios e, consequen-temente, na economia em geral”.

OLHOS PARA A ÁFRICAPara Roberto Marinho, que tam-

bém assumiu a presidência da Câ-mara Brasil-Angola no Ceará, a ofi-cialização da nova câmara de comér-cio unindo o Ceará e o Brasil a umdos mais ativos países africanos foiapenas o início de uma longa jor-nada. “Demos hoje o primeiro pas-so, escrevemos a primeira linha.

JorgeChaskelmann,presidente daCâmara Brasil-Portugal no Cearápara o quadriênio2010-2014

Roberto Marinho,presidente da

Câmara Brasil-Angola no Ceará e2º vice-presidenteda Câmara Brasil-Portugal no Ceará

Nova diretoria daCâmara Brasil-Portugalno Ceará 2010/2014

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Abr-Mai-Jun 2010 29

É extremamente importante para o Estado estarenovação da Câmara Brasil-Portugal e a criaçãoda Câmara Brasil-Angola. Reforça os laços com ospaíses de língua portuguesa. Tive a oportunidade deconversar com ministros da Educação, Meio Ambi-ente e da área de Negócios de Moçambique, e perce-bo a importância do Brasil no estabelecimento darelação Sul-Sul. Temos condições institucionais, deatratividade de investimentos por essa região. Temosposição estratégica também. O Ceará tem o grandeprivilégio de sua posição geográfica, por estarmosmais próximos da África que todos os estadosbrasileiros e as Câmaras de Comércio contribuirãocom o desenvolvimento destas relações.”

Francisco Pinheiro,vice-Governador do Ceará

Saúdo os novos presidentes. Tivemos o pioneirismode sediar o encontro dos países de língua portugue-sa e estabelecemos como meta uma maior aproxi-mação, principalmente das pequenas empresas cea-renses, com empresas de língua portuguesa, seja daÁfrica, seja da Europa. Isso por si só já trouxeexcelentes resultados, porque implementamos emCabo Verde um núcleo avançado de atuação doSebrae. Acabou a distância da África com o Ceará.Portugal sempre sinalizou um resgate da aproxima-ção de nossa cultura de origem com os negócios,e o Ceará reflete isso com mais de 700 empresascearenses e portuguesas entrelaçadas.”

Alci Porto,diretor técnico do Sebrae/Ceará

A presidência de Jorge Chaskelmann vai trazer algodiferente para este quadriênio. A área de Tecnologiada Informação não existia dentro da Câmara eexistem muitas oportunidades de empresas euro-peias que possam se interessar em vir ao Ceará e seestabelecerem. Nossa intenção é conseguir divulgara entidade em Portugal e mostrar o sucesso dosnegócios nesta área realizados pelos associados.A Câmara tem uma imagem muito boa em Portu-gal, recebemos todo apoio da presidência para aimplementação do nosso projeto e temos certezade que os próximos anos serão de mais sucesso.”

Miguel Costa Manso,diretor da Additive

Esta história com Angola será tãofabulosa quanto for nossa disposi-ção para perseguir ideais, erguerparcerias, colaborar com seu povo,entender suas dificuldades, seusproblemas, suas características, suacultura. Existe um País inteiro paraser reerguido, porém não há espa-ço para egoísmo, para vantagensunilaterais, para oportunismos. Oque há é uma grande oportunidadede participar como protagonista deuma história de sucesso e de vitóri-as, através da cooperação, da trans-ferência de tecnologia, do ensino,do treinamento profissional, da ge-ração de emprego e renda”, ressal-tou Marinho em seu discurso.

A importância das Câmaras deComércio como molas propulsoraspara o processo de desenvolvimento

econômico do Ceará, reforçandoseu papel estratégico nacional e in-ternacionalmente, foi ratificado pelopresidente da Fiec, Roberto Mace-do. “Os bons serviços prestadospela Câmara Brasil-Portugal mos-tram que o brasileiro não deve ape-nas focar no mercado interno. Fa-zer esta abertura que as Câmaras deComércio realizam tem sido umpavimento asfaltado pela experiên-cia internacional com multinacio-nais. Passamos a conhecer, absor-ver e usufruir destas oportunida-des que constantemente nos che-gam por meio da Câmara no Cea-rá”, disse Macedo.

Mas, em seu discurso, o presi-dente da Fiec fez também um desa-fio ao empresariado local, convictode que o Ceará pode e deve ofere-cer mais ao mundo em suas rela-ções comerciais. “Estamos hoje,junto à Confederação Nacional daIndústria (CNI), representando oBrasil na Confederação Empresari-al da Comunidade dos Países deLíngua Portuguesa (CPLP) que seinstalará em Angola para o biênio2010-2011. Sentimo-nos em casaquando dialogamos com paísesdesta Comunidade, mas observoque nós, empresários cearenses,ainda somos muito tímidos. Pre-cisamos não temer e sairmos dafronteira estadual, começar negó-cios em países separados pelo

Roberto Macedo, presidente da Federaçãodas Indústrias do Estado do Ceará

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30 Brasil-Portugal no Ceará

m junho, a Câmara Bra-sil-Portugal no Ceará(CBP-CE) celebrou seus

nove anos de existência, o que podeparecer pouco quando se pensa estenúmero comparado à história deuma cidade, de uma empresa oude um ser humano. Mas quando oassunto é comércio exterior e o tem-po se refere à vida de uma Câmarade Comércio, negócios e relaçõescomerciais nascem quase que dia-riamente, entre almoços e encontrosempresarias. Assim, esses noveanos atestam a longevidade da ins-tituição e refletem o objetivo maiorda entidade: o desenvolvimento.

Prestes a comemorar dez anos,alguns números confirmam o bomdesempenho da Câmara. Até o fe-chamento desta edição, a CBP-CEjá contava com 145 associados.Além disso, a entidade mantém umboletim semanal de notícias que en-volvem investidores e empresárioscearenses e portugueses.

Segundo Eduardo Bezerra, supe-rintendende do Centro Internacio-

Câmapara

dez anoE

Durante a cerimônia,a nova diretoria

da Câmara Brasil-Portugal no Ceará

fez homenagem aoGrupo de Comunicação

O Povo, representadopelo empresário

Dummar Neto

Atlântico”, instigou o empresário,ressaltando os bons exemplos quejá existem negócios cearenses ins-talados no continente africano.

“Com as facilidades que estãosendo colocadas à nossa disposi-ção para novos investimentos, te-mos empresas cearenses iniciandoinvestimento no setor de castanhaem países africanos. Estamos come-çando apenas, e digo que a Fiec estáabsolutamente integrada neste pro-cesso colocando à disposição todosos seus instrumentos para o queprecisarem”, reforçou.

Já o presidente do Conselho dasCâmaras Portuguesas no Brasil,Rômulo Alexandre Soares, reiterouo esforço que tem sido feito juntoao Governo Federal para que novasrotas de voos internacionais sejam

direcionadas para o Nordeste, co-laborando diretamente para o de-senvolvimento de novas relaçõesentre os países da CPLP. “A TAP,que completou seus 10 anos de mer-cado cearense em 2009, foi revolu-cionária e teve papel fundamentalpara o crescimento das relaçõesentre o Ceará e Portugal. Existemmais de 700 empresas com partici-pações portuguesas com investi-mentos no Estado”, destacou Soa-res. “E estamos mostrando ao Go-verno que deve-se olhar para o Nor-deste com a relevância que esta re-gião merece. Buscaremos semprenovas oportunidades e, quemsabe, fazer com que seja possívelaté mesmo o estabelecimento denovas rotas aéreas entre os paísesda CPLP”, afirmou.

administração | gestão

Rômulo AlexandreSoares, presidente do

Conselho das CâmarasPortuguesas no Brasil,

discursa sobre oesforço junto ao

Governo Federal paraque novas rotas devoos internacionaissejam direcionadas

para o Nordeste

Nova diretoria daCâmara Brasil-Angolano Ceará 2010/2014

Page 31: Revista Brasil Portugal CE 3ª Edição

Abr-Mai-Jun 2010 31

Foi uma honra receber o convite para atuar nadiretoria de TI da Câmara Brasil-Portugal junto aoMiguel Costa Manso. O presidente Jorge Chaskel-mann percebeu que poderíamos facilitar o acessodas empresas tanto no Brasil quanto em Portugale estamos com este espírito de facilitar negócios eentrada nos dois mercados.”

Marluce Aires,diretora do Instituto InfoBrasil

O sucesso do evento só ratifica um trabalho exce-lente que a atual diretoria da CBP-CE vem fazendo.A eleição do Jorge Chaskelmann com sua diretoriaé reconhecimento do que já foi feito e a certeza dacontinuidade de bons resultados. No caso da Câma-ra Brasil–Angola, é um selo de uma necessidade queé muito presente na cabeça de todos nós. Nossaseconomias são complementares, Angola tem umagrande carência de serviços e sabemos que o Cearápode contribuir com um país irmão.”

Wandocyr Romero,diretor do Aquiraz Riviera

É o corolário de um trabalho de integração quevem sendo feito e se intensificou com o V EncontroInternacional de Negócios na Língua Portuguesa.Na promoção das relações Brasil-Portugal, quesempre se refletem nas relações do Ceará com aÁfrica, devido à grande experiência que Portugalacumulou, muitos dos empresários que aqui estãotêm também relacionamento com o continenteafricano. Recomendamos aos empresários que,através do associativismo, cruzem informações,se encontrem, e produzam bons negócios.”

Francisco Brandão,vice-Cônsul de Portugal em Fortaleza

Toda ação no sentido de aproximar nações quehistoricamente já se manifestam de diferentes for-mas é sempre muito bem-vinda. O Brasil tem relaçãomuito grande com Portugal e agora intensifica esseslaços com países africanos de língua portuguesa.O Ceará está próximo destes países em um mundode oportunidade que precisamos aproveitar.As Câmaras têm como objetivo intensificar estasrelações que não são apenas de comércio, mastambém nos setores industrial, comercial e cultural.”

Jesualdo Farias, reitor daUniversidade Federal do Ceará (UFC)

nal de Negócios do Ceará (CIN-CE)e que conhece de perto toda a traje-tória da entidade desde seu surgi-mento, “quando se registra o nú-mero de 700 empresas com capitalportuguês no Estado e o fato de sero Ceará a segunda preferência naci-onal para investimentos portugue-ses, logicamente fica evidenciado ofato de que a Câmara Brasil-Portu-gal do Estado vem cumprindo asfinalidades que a fizeram existir”.

Eduardo Bezerra reforça aindaque não se deve levar em conta ape-nas o lado econômico, mas é preci-so olhar sempre para os laços cul-turais entre as duas nações. “A cri-ação da Praça Portugal e sua res-pectiva afirmação por meio de umapublicação que a homenageia, o li-vro Praça Portugal, sem dúvida sãooutros marcos que mostram quãoligados estão este Estado e a naçãoportuguesa”, reitera.

O presidente da CBP-CE, JorgeChaskelmann, salienta o que repre-senta a entidade para o Ceará. “Che-gar aos nove anos é muito mais que

ra se preparacomemorars de atividades

uma vitória, pois mostra que nos-sos propósitos são sinceros e ver-dadeiros. Por isso, alcançamos acada dia uma credibilidade maiorjunto à sociedade, ao Governo e,principalmente, aos nossos associ-ados – que depositam em nós suaconfiança acreditando que trabalha-mos em prol de melhorias positi-vas para todos”, conclui.

Eduardo Bezerra,Superintendente doCentro Internacionalde Negócios do Ceará

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32 Brasil-Portugal no Ceará

negócios | logística

bom momento pelo qualpassa o continente africa-no pode trazer resultados

positivos para os associados das Câ-maras de Comércio do Ceará. Apósviagem a Angola, o empresário RobertoMarinho, vice-presidente da CâmaraBrasil-Portugal no Estado e recém-em-possado presidente da Câmara Brasil-Angola, trouxe não só boas impressões,mas também perspectivas de negócios.

Marinho observa que a capital Lu-anda não é a mesma de anos atrás. “Per-cebi mudanças significativas e para me-lhor no país. O nível profissional dasautoridades de imigração, da polícia edas equipes do aeroporto, logo na che-gada, já demonstram um outro nívelde organização. Novos restaurantes, pe-quenos hotéis e outros negócios sur-gindo mostram a capacidade local e avelocidade com a qual o progresso estáchegando. Tive a nítida certeza de queé hora de se construir uma história”.

Uma excelente oportunidade deaproximação mútua entre os dois mer-cados – Ceará e Angola – se dará com apresença de uma comitiva cearense nopaís africano por ocasião da Feira In-ternacional de Luanda (Filda 2010), aser realizada entre os dias 20 a 25 dejulho. Formada por representantes doCentro Internacional de Negócios doCeará (CIN/CE), Federação das Indús-

trias do Estado do Ceará (Fiec), Sebrae/Ceará, das Câmaras de Comércio Bra-sil-Portugal e Brasil-Angola, além doConselho das Câmaras de ComércioPortuguesas no Brasil e da Ceará TradeBrasil, coordenadora da equipe na for-ma de assessoria internacional, a co-mitiva irá conhecer o mercado africanoe prospectar oportunidades de novasparcerias que possam surgir, uma vezque as portas já estão abertas pelos an-golanos. Recentemente, vários empre-sários e representantes de entidades deAngola estiveram presentes ao Ceará,participando de reuniões e visitando

Câmara de Comércioaproxima Ceará e Angola

instituições e empresas.Do outro lado do oceano, as expec-

tativas são grandes em relação à Feira.“Em todas as visitas que fizemos per-cebemos que é grande a expectativa dosangolanos. Primeiro, pelo excelente re-lacionamento com os brasileiros e pelahistória de amizade existente entre asduas nações. Segundo, pelas possibi-lidades reais de negócios e de parceri-as entre empresas e governos, associa-ções de empresários, e outras entida-des”, explica Roberto Marinho.

De acordo com o presidente da Câ-mara de Comércio Brasil-Angola noCeará, a necessidade de cooperação éevidente e a presença brasileira nesteprocesso está cada vez mais forte.“Estamos nos comprometendo a acom-panhar esta evolução dos acordos decooperação, dos negócios e das parce-rias, apoiando no sentido de fornecerinformações e buscar soluções”, afir-ma Marinho. O dirigente ainda expli-cou que acordos de cooperação entre aCâmara de Comércio e Indústria deAngola e a câmara de comércio cearensedevem ser formalizados com o objeti-vo de garantir mais segurança às infor-mações no sentido bilateral.

O

administração | gestão

Feira de Artesanato emLuanda, capital de Angola

RobertoMarinho,presidenteda CâmaraBrasil-Angolano Ceará emreunião como MinistroConselheirode Angola,MateusBarros José

Page 33: Revista Brasil Portugal CE 3ª Edição

Abr-Mai-Jun 2010 33

A economia do Estadodo Ceará nos primeiroscinco meses do ano

Economia do Estado do Ceará nosprimeiros cinco meses de 2010,tem apresentado comportamento

ascendente, conforme demonstram os indica-dores publicados pelo IPECE, IBGE e INDI/FIEC.

No que diz respeito ao PIB, o IPECE divul-gou que o Ceará cresceu 8,92% no primeirotrimestre deste ano. Mas não só essa taxa éimportante. A expectativa é que no segundotrimestre, esse comportamento positivo se re-pita até com maior força.

Analisando-se, por outro lado, os Indica-dores IBGE (PIM_PFR- maio de 2010) sobre ocomportamento da indústria cearense, consta-ta-se um crescimento (aqui para os cinco pri-meiros meses do ano), para a produção indus-trial, da ordem de 16,3%.

A análise efetuada pelo INDI/FIEC, a qualcobre as seguintes variáveis: Vendas Totais daIndústria; Pessoal Total Empregado; Horas Tra-balhadas na Produção; Massa Salarial Real eUtilização da Capacidade Instalada, mostra umcomportamento extremamente positivo para aindústria de transformação cearense. De fato,quando se compara o período explicitado comigual período de 2009, todas as variáveis pes-quisas apresentam crescimento expressivo, comdestaque para a elevação de 16,95% das Ven-das Totais e 15,55% para a Massa Salarial Real.

O comportamento da variável Vendas To-tais, nos cinco primeiros meses de 2010, de-monstra de forma clara a elevação da demandapor produtos industrializados cearenses, tan-to pelo mercado interno quanto externo. Desta

forma, todos os setores pesquisados apresen-taram variações positivas, constribuindo paraque o crescimento das vendas atingisse 16,95%.

Por outro lado, corroborando os dados doIPECE e do IBGE, a indústria de transforma-ção cearense apresentou nas variáveis direta-mente relacionadas com a produção, cresci-mento de 12,85% no contingente de mão-de-obra empregada e 11,91% no total de HorasTrabalhadas na Produção. Isto em compara-ção entre os cinco primeiros meses do anocorrente e igual período de 2009.

Por fim, vale registrar que as Exportaçõesde Produtos Industrializados (dados forneci-dos pelo MDIC) são de US$ 64.20 milhões,crescendo 31,93% em relação ao total registra-do em maio do ano imediatamente anterior.Em resumo, nos primeiros cinco meses de2010 a economia cearense apresentou cresci-mento significativo.

A

Vendas Totais da Indústria 16,95

Pessoal Total Empregado 12,85

Horas Trabalhadas 11,91

Massa Salarial Real 15,55

Exportações Produtos Industrializados 18,65

Utilização da Capacidade Instalada (nível %) 86,42 (c)

INDICADORES JAN-MAI/2009JAN-MAI/2010

ESPAÇO IBEF

Page 34: Revista Brasil Portugal CE 3ª Edição

34 Brasil-Portugal no Ceará

A FORÇA DOS

BRICs

economia | mercado

PAÍSES GANHAM POSIÇÃO CONFORTÁVELNO JOGO DE PODER MUNDIAL

epois da última grandecrise do capitalismo, em2008, que varreu as eco-

nomias desenvolvidas, sobretudonos Estados Unidos – onde tudocomeçou, com a bolha imobiliária– e na Europa, o mundo assiste auma recuperação lenta dos negóci-os globalizados. Sob o comando deum governo de esquerda, mas compressupostos econômicos herdadosde uma trajetória de estabilidadeneoliberal, o Brasil passou pela suamaior prova de fogo, assim comoalguns países considerados emer-gentes, como a China e a Índia.Hoje, o que deve-se esperar do ce-nário econômico internacional?Com a palavra, o economista JoséNelson Bessa, ex-assessor interna-cional do Governo do Ceará, dou-torando em Relações Internacionaisna Universidade de Brasília (UnB)

D

por Samira de Castro

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Abr-Mai-Jun 2010 35

MADE IN

BRAZIL

e membro do Corecon-DF: “Os qua-tro países BRIC (Brasil, Rússia, Ín-dia e China) ganham musculaturano jogo de poder mundial, poden-do fortalecer suas posições relati-vas no processo decisório interna-cional desde que consigam dirimirsuas diferenças e coordenar-se en-tre si, sem desconfianças mútuas,na busca de posições negociadorascomuns e de atuação em bloco nadefesa de seus interesses de potên-cias emergentes em face dos paísesavançados”, resume.

No último trimestre de 2009, amaioria das economias avançadasjá dava sinais de recuperação. “Noentanto, a retomada ainda está len-ta e muito dependente das medi-das de estímulo fiscal e monetário.A recuperação não está garantida,de modo que qualquer retirada sú-bita das medidas anticíclicas pelosgovernos e bancos centrais podeabortar o processo e levar muitas

economias da Zona do Euro devolta à recessão”, avalia Bessa. Oproblema – continua ele – é quemuitas dessas economias estão comgrandes déficits fiscais e altos ní-veis de endividamento, perdendo,assim, o fôlego para continuar a es-timular o consumo e os investimen-tos em seus mercados internos. “Éuma situação complexa e arriscadapara a plena retomada da economia

mundial. Ainda bem que os EUAestão demonstrando uma capacida-de relativamente mais rápida de sairda crise”, diz.

Globalmente, o volume de cré-dito internacional caiu em US$ 5trilhões desde meados de 2008 –uma retração de 15%, segundo oBanco de Compensações Internaci-onais (BIS). “Alguns analistas che-garam a sugerir que, como conse-quência da crise, o processo de inte-gração financeira estaria se reverten-do, ou seja, se desglobalizando, oque me parece um pouco de exage-ro”, comenta Bessa. Mesmo assim,acrescenta o economista, observa-se no mundo “uma lenta recupera-ção do crédito para o setor privado,uma vez que os bancos estão prefe-rindo emprestar para os governos,em especial dos países avançadosque, com altos déficits fiscais, pre-cisam se financiar nos mercados decapitais”. “Muitos países em desen-

José Nelson Bessa, doutorando emRelações Internacionais na Universidadede Brasília (UnB) e membro do Corecon-DF

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36 Brasil-Portugal no Ceará

volvimento e mesmo avançados (video caso da Grécia e da Islândia) estãotendo dificuldade de se financiar noexterior”, completa.

O Brasil, porém, está indo no sen-tido contrário à tendência mundial erecebe o maior volume de crédito debancos internacionais, entre os paí-ses emergentes. “O País aproveita bemo bom momento no cenário interna-cional para as economias emergentes,a ponto de, segundo o BIS, se tornar,no fim de 2009, o maior emissor detítulos no mercado financeiro entre obloco de países em ascensão e garan-tir com facilidade a captação de re-cursos. Sem dúvida, estamos numbom momento”, avalia Bessa. Eleacrescenta que muitos países da Áfri-ca estão se saindo relativamente bemna atual crise global, graças a pesa-dos investimentos internos em infra-estrutura e fortes laços com paísesemergentes como a China e a Índia.“Angola, por exemplo, após um pe-queno recuo de 0,4% no PIB em 2009,está crescendo fortemente”.

Segundo projeção do Fundo Mo-netário Internacional (FMI), Angoladeverá crescer 7,1%, em 2010, e 8,3%,em 2011. “A Instituição também pro-jeta aceleração no crescimento daseconomias dos outros países africa-nos de língua portuguesa, alguns dosquais tiveram crescimentos nas suaseconomias mesmo no ano de crise in-

ternacional, a exemplo de Moçambi-que, que cresceu 6,3% em plena cri-se, e deverá crescer 6,5% este ano”,relata. Para Cabo Verde, o FMI proje-ta um crescimento de 5%, este ano, e5,5%, em 2011, depois de ter cresci-do 4,1% no ano passado.

Quanto aos BRICs, o economistachama atenção que, à exceção daRússia (cuja economia recuou em7,9% em 2009), as medidas anticícli-cas que adotaram foram fundamen-tais não apenas para se protegeremda recessão mundial, mas para atuarno sentido de motores do crescimen-to econômico internacional, substi-tuindo os países avançados comopolo de dinamismo. “A forte expan-são chinesa (8,7% em 2009) e da Ín-dia (7,2%), assim como a pequenaretração do Brasil (-0,2%) funciona-ram como um anteparo à recessãomundial, fato que só veio a reforçara importância crescente que tais eco-nomias emergentes exibem nos últi-mos dez anos”, argumenta.

A Rússia, continua Bessa, teve de-sempenho muito negativo em funçãoda fragilidade de seu sistema bancá-rio – muito dependente de financia-mento externo – e da reversão súbitanos preços e volumes de suas expor-tações de produtos energéticos paraos seus grandes mercados de desti-no: EUA e União Europeia. “Os paí-ses BRIC saem da crise, em geral, for-

talecidos pelo melhor desempenhoque tiveram em termos de pouca per-da de produto (Brasil) e mesmo fortecrescimento da economia (China e Ín-dia), preservação de sua base fiscal ede endividamento e resiliência aodeclínio nas exportações. Em quepese à queda acentuada da Rússia emtermos de produto, o país sai da criseem situação bem melhor do que a an-terior crise de 1998, sem a desestru-turação financeira e os elevados ní-veis de desemprego do passado”.

Quanto aos EUA, que foram o epi-centro da crise global, sofreram forteimpacto. “Sua economia teve quedade 2,4% em 2009. No entanto, suasimportações totais de bens e serviços– que representam uma parcela im-portante da demanda externa paramuitos países do mundo, inclusiveo Brasil – caiu 13,9%. Só nosso paísperdeu cerca de US$ 11,8 bilhões devendas para os EUA no ano passado,uma queda de 43,1% nas exportaçõespara aquele mercado”, lembra Bessa.Para ele, em que pesem os compro-missos da administração BarackObama de conter pressões protecio-nistas, o que se observa são medidasde restrição às importações. “Num ce-nário de recessão e perda de empre-gos, fica difícil para qualquer gover-no justificar internamente abertura demercado a produtos estrangeiros”,observa o economista.

economia | mercado

Page 37: Revista Brasil Portugal CE 3ª Edição

Abr-Mai-Jun 2010 37

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38 Brasil-Portugal no Ceará

CEARÁ NA ROTAINTERNACIONAL DOS

EVENTO REUNIU EXPERIÊNCIAS E OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS

ntre os dias 10 e 12 demaio, a cidade de Natal,capital do Rio Grande do

Norte recebeu os mais importantesnomes dos setores imobiliário e tu-rístico de 16 países durante o Nor-deste Invest 2010. O evento, orga-nizado pela Associação de Desen-volvimento Imobiliário e Turísticodo Brasil (ADIT Brasil), chegou àquinta edição consolidado como omaior encontro de investimentosimobiliários e turísticos do País.

Segundo a ADIT Brasil, o even-to tem objetivo de atrair investimen-tos, divulgar o Brasil como um des-tino de investimentos seguro, reu-nir os principais players da indús-tria do mercado imobiliário e turís-tico mundial para discutir as novi-

E dades do setor, além de buscar so-luções para os gargalos enfrentadospelos empresários e que dificultama atração de investimentos.

Os números desta edição surpre-enderam a organização. Estiverampresentes no Centro de Conven-ções de Natal, cerca de 1.450 parti-cipantes, com o envolvimento de108 empresas na rodada de negóci-os, resultando um total de R$ 1,8bilhão em negócios gerados. “O ba-lanço de negócios superou em qua-se três vezes a expectativa”, destacaFelipe Cavalcante, presidente daADIT Brasil.

Foram registrados ainda 120 in-vestidores nacionais e internacio-nais que focaram os investimentosna rede hoteleira, em shoppings e

negócios | turismo

NORDESTEINVEST 2010

em empreendimentos residenciais.Comprovando a relevância do en-contro, a imprensa nacional e in-ternacional fez a cobertura de todosos dias do evento. Entre os princi-pais veículos de comunicação inter-nacionais, estavam o The Times,Financial Times, New York Timese The Herald Tribune.

PARTICIPAÇÃO DA CBP-CEO Nordeste Invest 2010 foi con-

templado com a apresentação de 91painelistas em 29 painéis, 50 em-presas expositoras no salão imobi-liário e turístico.

A Câmara Brasil-Portugal no Cea-rá (CBP-CE), por meio de represen-tantes de 12 empresas associadas eparte de sua diretoria acompanhou

por Gabriela Alves

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Abr-Mai-Jun 2010 39

de perto os debates, as rodadas denegócio e as conferências que fize-ram parte da programação.

O presidente da CBP-CE e dire-tor de Projetos do Aquiraz Riviera,Jorge Chaskelmann, foi um dospainelistas. Para o empresário, aparticipação no evento traz muitasexperiências positivas sobre negó-cios internacionais. “A feira é umadas mais importantes para o desen-volvimento imobiliário-turísticocom um aumento importante devisitantes estrangeiros, fundos in-ternacionais, hoteleiros e investido-res que procuram no Brasil oportu-nidades de negócios”, ressalta.

O Conselho das Câmaras Brasil-Portugal participou como expositorno estande da CBP-CE representa-do pelo presidente Rômulo Alexan-dre Soares. Também estiveram en-tre os painelistas deste ano: JorgeRebelo de Almeida, da Rede VilaGalé e presidente do Conselho de

Administração da Câmara; JoséMaria Zanocchi, um dos vice-pre-sidentes da Câmara e sócio da MZGAdvogados; e Antônio EugênioGadelha, sócio da AlburquerquePinto Advogados.

Para Karina Saraiva Leão Gaya,sócia da Trigueiro Fontes Advoga-dos, também associada da CBP-CEe presente nas últimas edições doNordeste Invest, um destaque é ospeed networking, quando é pos-sível estabelecer diversos contatosvisando à formação de parcerias. “Éde suma importância o contato di-reto com os investidores, que já per-ceberam o potencial do mercado in-terno brasileiro”, complementa aadvogada. A diretoria da CBP-CEjá garantiu a presença de seus asso-ciados na próxima edição.

NEGÓCIOS AMPLIADOSA partir da próxima edição, o

Nordeste Invest passará a se cha-

• Expectativa de geração de R$ 1,8 bilhão em negócios;

• 1.450 participantes;

• 120 investidores nacionais e internacionais;

• 108 empresas nas Rodadas de Negócios;

• 50 empresas expositoras no Salão Imobiliário e Turístico;

• 91 painelistas em 29 paineis;

• 12 empresas associadas à CBP-CE participantes.

Números da feira

mar ADIT Invest, pois a Associa-ção agora é nacionalizada. De acor-do com a ADIT Brasil, o evento con-tinuará com o mesmo propósito doNordeste Invest, mas ampliando assuas discussões e apresentação deprojetos que passará a abordar te-mas residenciais, comerciais, logís-ticos e hoteleiros, além da discus-são de temas que enfoquem o setorimobiliário-turístico.

Page 40: Revista Brasil Portugal CE 3ª Edição

40 Brasil-Portugal no Ceará

Banco do Nordeste doBrasil S.A. (BNB), presi-dido pelo economista

Roberto Smith desde 2003, é o maiorbanco de desenvolvimento regional daAmérica Latina. Possui uma rede de182 agências, atua em 1.989 municí-pios do Nordeste e do norte dos Esta-dos de Minas Gerais e do Espírito San-to e conta com unidades extrarregio-nais em Belo Horizonte, Brasília, SãoPaulo e Rio de Janeiro.

O objetivo principal da Instituiçãoconsiste em reduzir disparidades en-tre a Região e regiões desenvolvidasdo País. Nesse sentido, o Fundo Cons-titucional de Financiamento do Nor-deste (FNE), responsável por cerca de75% das aplicações do BNB, consti-tui, hoje, a principal fonte de apoio aodesenvolvimento regional. Nos últi-mos 20 anos, investiu R$ 56,3 bilhões.

O FNE, desse modo, representafoco permanente de atenção entre asprioridades da empresa, na medida

O

em que sua crescente capacidade deinvestir em diversos segmentos daeconomia nordestina exige umamobilização por aportes cada vez maiselevados de recursos. Para 2010, porexemplo, prevê-se investimento novalor aproximado de R$ 8 bilhões.

Outro aspecto fundamental residena prioridade do Banco conferida aosemiárido, área em que o BNB apli-cou R$ 6,7 bilhões, no biênio 2007-2008, e para a qual serão disponibili-zados, em 2010, R$ 4 bilhões. A pró-pria Lei n.º 7.827, de 27 de setembrode 1989, que criou o Fundo Constitu-cional no contexto de redemocrati-zação do País, determina que metadedos recursos do FNE deve ser inves-tida em áreas do semiárido.

O BNB possui ainda o maior pro-grama de microcrédito produtivo ori-entado da América do Sul, o Credia-migo, e é o principal financiador doPrograma Nacional de Fortalecimen-to da Agricultura Familiar (Pronaf) nasua área de atuação.

Seu desempenho econômico e fi-nanceiro cresce a cada ano e apresen-ta indicadores expressivos em termosde produtividade, carteira de crédito,alocação de capital e estrutura de ati-

informe publicitário

Banco do NordesteBNB consolidaposição comooitava instituiçãofinanceira do País

vos. Em 2009, por exemplo, o Bancoregistrou o melhor desempenho ope-racional de sua história, ao aplicar R$20,8 bilhões, valor 50,9% superior aocontratado em 2008. Esse resultadoconsolidou a empresa como a oitavainstituição financeira do País.

O BNB, por fim, entende que o cré-dito é necessário, mas não deve ser oúnico serviço oferecido. A preocupa-ção básica é executar políticas de de-senvolvimento ágeis e seletivas, capa-zes de contribuir de forma decisivapara superar desafios, assim comopara construir uma qualidade de vidacompatível com os recursos, poten-cialidades e oportunidades da Região.

Roberto Smith, presidentedo Banco do Nordeste

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Abr-Mai-Jun 2010 41

diplomacia | homenagem

COMUNIDADE PORTUGUESA SEDESPEDE DO EX-EMBAIXADOR

DO BRASIL EM PORTUGAL,DÁRIO MOREIRA DE CASTRO ALVES

á homens que seguemmodelos e há homens queos são. O ex-embaixador

Dário Moreira de Castro Alves,fortalezense nascido em 14 de dezem-bro de 1927 e falecido em 06 de junhoúltimo, não deixa dúvidas quanto à suacategoria. Alvo da admiração e do cari-nho de cada pessoa tocada por sua gen-tileza e seu trabalho, Dário era um ex-poente nas letras e na língua, na vidapessoal e na diplomacia.

Licenciado em Ciências Jurídicas eSociais pela Faculdade de Direito daPontifícia Universidade Católica (PUC)

do Rio de Janeiro em 1950 e formadopelo Curso de Preparação à CarreiraDiplomática no Instituto Rio Branco(do Ministério das Relações Exteriores)em 1951, Dário de Castro Alves ascen-deu rapidamente na diplomacia brasi-leira e ocupou todos os cargos que pro-curou ao longo de sua prolífica carrei-ra, tendo atuado no exterior em BuenosAires, Nova Iorque, Moscou, Roma eLisboa. Em seus 59 anos de ofício, acu-mulou um impecável histórico de re-alizações, denunciado pelo sem nú-mero de cartas de agradecimento –mantidas discretamente guardadas e às

H

A LÍNGUAPORTUGUESAPERDE UM DE SEUSMAIORES AMANTES

quais, humilde, jamais fazia menção.Mas Dário era muito mais que um

competente diplomata. De acordo comFrancisco Brandão Neto, vice-cônsul dePortugal em Fortaleza e amigo pessoalde Dário, “desde minha adolescência(em Portugal) os ecos do prestígio doEmbaixador do Brasil em Portugal mechegavam com a admiração incutida pelomeu pai, emigrante no Ceará e amigo doirmão de Dário, Ivan Castro Alves”.

O vice-cônsul, que desde 2003 tevea oportunidade de conviver diretamen-te com o ex-embaixador, considera quenão podia ser mais oportuno o regres-

ARQU

IVO P

ESSO

AL

por Aloísio Menescal

Page 42: Revista Brasil Portugal CE 3ª Edição

42 Brasil-Portugal no Ceará

so de Dário a Fortaleza – no momentode maior intensidade do relacionamentoentre Portugal e o Ceará. Francisco Bran-dão revela que se sentia “um ser huma-no melhor depois de estar com Dário,amigo que tratava a todos com respeito,olhando nos olhos, transmitindo sem-pre mensagens de incentivo e alento”.

Amante inconteste da língua e daliteratura portuguesas, especialmente daobra de Eça de Queiroz (a quem cha-mava ironicamente de “minha doen-ça”), Dário trabalhou incansavelmentepelos povos lusófonos, deixando pro-fundas marcas na integração dos mes-mos. Homenageando seu autor prefe-rido e atendendo a outros admiradoresdo mesmo, publicou uma trilogia literá-ria de “guias” pelos lugares, comidas ebebidas dos textos Ecianos (“Era Lisboae Chovia”, “Era Tormes e Amanhecia” e“Era Porto e Entardecia”). Em homena-gem a quem mais o estimulou nainvestida às letras, sua primeira espo-sa (falecida) Dinah Silveira de Queiroz,organizou “Dinah, caríssima Dinah”,volume de críticas literárias.

Em seu último trabalho literário, atradução de Eugênio Oneguin, obra deAlexandr Pushkin, do russo para o por-tuguês, Dário Castro Alves colocou àdisposição dos lusófonos, pela primeiravez, um dos mais marcantes e comple-xos textos da literatura russa – de acor-do com Dostoiévski, tal obra era o má-ximo da arte literária russa criada atéentão, e certamente não seria igualadaapós. Segundo sua sobrinha, a tambémescritora Angela Barros Leal, era “umdesafio inédito”, pois essa obra nunca

havia sido traduzida em Portugal ouno Brasil. “Uma tarefa gigantesca e de-safiadora que durou oito longos anos –passando para nossa língua os versosde oito sílabas e rimando nomes de pes-soas, localidades, plantas típicas, dan-ças e costumes”, complementa Angela.

A dedicação de Dário sempre esteveevidente, tanto quanto nos livros e noofício diplomático, em cada gesto hu-mano dirigido ao próximo. Ainda deacordo com Angela, o ex-embaixadortambém exercia a diplomacia e a genti-leza como anfitrião, fosse encontro so-cial ou de trabalho. “Era um diploma-ta, no sentido geral da palavra, dedica-do a evitar conflitos ou solucionar si-tuações desagradáveis, o que muitasvezes conseguia sem dar uma palavra”,explica. “Quando dava recepções for-mais em casa, por exemplo, vinham osconvidados todos de paletó e ele não –isso porque podia chegar algumdesavisado só de camisa e, para nãoconstrangê-lo, o próprio anfitrião semostrava igualmente à vontade”, com-plementa Angela.

Além dos humanos, também os ani-mais eram alvo de suas cuidadosasatenções. Afetuoso criador de cães, Dá-rio era capaz de, ao ver um cãozinhona calçada, interromper uma importan-te conversa para pedir ao motorista quereduzisse a velocidade do carro, dizen-do ‘cuidado, ele pode querer atraves-sar’. Segundo Márcia Vecchio Macha-do Silva, secretária de Dário por 21anos, “seus companheiros (os cães MingII e Passarela) eram sempre levados aoescritório, quando o embaixador ia tra-

balhar aos sábados, e ficavam em cimade seu birô – rosnando para quem che-gava perto de seu ‘deus’”.

“Em viagens ao exterior, o voo eraescolhido com base no tratamento aosentes caninos – eles precisavam ir comele na primeira classe”, conta Márcia.“Numa destas ocasiões ele fez amizadecom Jacques Lacour, então dirigente doHotel Meridien (Porto), que permitiuque os cães ficassem no quarto com oembaixador Dário”, acrescenta.

Sempre aberto a ouvir, fato refletidonas sempre escancaradas portas de seuescritório, Dário cedia a mesma impor-tância a todos que o procurassem: aten-ção digna de um chefe de Estado. “Enão se furtava a atender o telefone quan-do este tocava. Tocasse duas vezes semque alguma secretária pudesse atender,ele já estava lá dizendo com a mais de-licada entonação – Bom dia, Consula-do Geral do Brasil no Porto...”, relataMárcia, sobrinha de Rina Bonadies (se-gunda esposa de Dário) e a filha que oembaixador não teve.

A mesma abertura ele só não tinhacom a tecnologia. “Nunca fez questãode aprender a manusear computador,que achava a coisa mais difícil do mun-do”, conta Márcia Vecchio. “Conservoudurante muito tempo uma maquina-zinha de escrever, da mais antiga quese possa imaginar – nem era elétrica”,lembra a fiel secretária de Dário.

Entre suas muitas manias, Dário, jáno início do dia, amassava um denteou dois de alho, que tomava mistura-do ao leite com aveia. “Atribuía a isso ofato de nunca ter sofrido de males nocoração”, explica Márcia. “Ele tambémescrevia diariamente em seus cadernos,mantidos e transformados em encader-nações de luxo com 100 páginas porano, em média – pelo menos desde1979 a 2006”. Eles são “uma verdadei-ra relíquia, que futuramente será entre-gue à sobrinha do Embaixador, AngelaBarros Leal, escritora e jornalista, quepretende fazer sua biografia”, conclui.

Em todos os círculos que frequen-tou, em cada campo que atuou na vida,Dário Castro Alves demonstrou esforçoe conquistou sucesso em garantir o bemestar do próximo. Sua figura discreta,suas palavras – escritas e faladas – e seusgestos de gentileza sempre serão lem-brados por todos que o conheceram.

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Dario Castro Alves e suasegunda esposa Rina ladeando

o casal Reagan em evento daembaixada em Nova Iorque

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44 Brasil-Portugal no Ceará

Estatuto da Igualdade e onovo desafio diplomático

mais amplo acordo internacional sobrecidadania firmado entre países de línguaportuguesa está completando dez anos de

existência. O Tratado de Amizade, Cooperação e Con-sulta, assinado pelos Governos de Portugal e Brasilsimbolicamente em Porto Seguro, no dia 22 de abril de2000, representou um avanço de cooperação interna-cional ao fortalecer o conceito de igualdade de trata-mento aos cidadãos dos dois países em ambos os ter-ritórios e ampliar o rol de direitos civis e políticos com-partilhados entre brasileiros e portugueses.

Os avanços decorrentes do Tratado são inquestio-náveis e serviram de inspiração para o projeto de Esta-tuto do Cidadão da Comunidade dos Países de LínguaPortuguesa, discutido pela primeira vez em 2002, emBrasília, durante a V Conferência de Chefes de Estadoe Governo da CPLP, e ainda hoje objeto de estudo doGrupo de Trabalho sobre Cidadania e Circulação noEspaço da CPLP.

O aniversário de dez anos da promulgação do Tra-tado serve como marco para um novo desafio. A con-juntura internacional do terceiro milênio e a dinâmicaeconômica da globalização abriram novos mercados,estreitaram laços entre nações e deram nova dimensãoà circulação de pessoas e mercadorias. No nosso casoespecífico, os países de língua portuguesa desperta-ram o olhar para as oportunidades dentro de sua pró-pria comunidade, desenvolvendo um novo patamarde relações externas.

O Brasil, e em particular o Ceará, são exemplos dis-so. Hoje já existe toda uma estrutura comercial e delogística para dar suporte a estas relações entre o Cea-rá, Portugal e mais recentemente países como CaboVerde e Angola. O surgimento de novas Câmaras deComércio, a abertura de voos ligando Fortaleza a desti-

nos internacionais, as cooperações entre instituiçõesacadêmicas e as missões de empresários e políticoscomprovam essa aproximação.

Como consequência desses fatores, é cada vez mai-or o fluxo de cidadãos que deixam seus países de ori-gem na África para fixar residência no Brasil, ou brasi-leiros que seguem para o novo continente em razãodas oportunidades. É neste ponto que se impõe o de-safio da próxima década: como garantir direitos e se-gurança jurídica a esta nova leva de imigrantes? Comoincentivar e fortalecer a cidadania entre esses países?

A resposta está na amplitude de novos acordos bi-laterais. A legislação brasileira sempre concedeu privi-légios políticos e jurídicos aos imigrantes portuguesesem comparação com cidadãos de outras nacionalida-des, em caráter recíproco como nos termos do próprioTratado. Por que não ampliar estes termos em acordoscom Cabo Verde, Angola, Moçambique, Guiné Bissau,Timor Leste e São Tomé e Príncipe?

Os cidadãos desses países gozam apenas da prerro-gativa de poder requisitar a nacionalidade brasileira apósum ano de residência permanente e comprovação deidoneidade moral, enquanto para os cidadãos de outrospaíses o prazo mínimo de residência exigido é de 15anos, conforme o artigo 12 da Constituição Brasileira.

Por que não estender a angolanos, cabo-verdianos edemais integrantes de nossa comunidade direitos seme-lhantes aos ofertados aos portugueses? As Constitui-ções dos países integrantes da CPLP seguem os mes-mos princípios democráticos, e a igualdade cidadã en-tre os povos deve ser estimulada. Cabe ao Brasil estarna vanguarda diplomática e agir com o propósito deestabelecer acordos bilaterais com seus países irmãosem nome da ampla cidadania e seus benefícios diretose indiretos.

por Arthur Ferraz,formado em Direito e Comunicação Social,e coordenador do setor de imigração do escritórioAlbuquerque Pinto Soares Vieira Advogados.E-mail: [email protected]

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lusofonia | comemoração

ssim disse Luís Vaz de Ca-mões no poema Episódio deInês de Castro, em sua obra-

prima “Os Lusíadas”, tida como uma dasmaiores obras da literatura europeia e comoum renovador da língua portuguesa. Porcausa da sua importância para a culturade Portugal e para o mundo, o dia de suamorte é celebrado como o Dia de Portugalna pátria lusa e em todos os outros paísesonde vivem cidadãos portugueses.

No Ceará, não poderia ser diferente.Com uma ampla comunidade de famíliasportuguesas que, mesmo morando há bas-tante tempo no calor brasileiro, não esque-cem suas tradições, o 10 de junho é cele-

DIA DE PORTUGALEM TERRASALENCARINAS

brado com fervor e espírito de cidadania,louvando a figura do poeta Camões e cele-brando as origens lusas de todos os en-volvidos.

Este ano, o Dia de Portugal, de Camõese das Comunidades Portuguesas contoucom a já tradicional cerimônia promovidapelo Vice-Consulado de Portugal em For-taleza, pela Sociedade Dous de Fevereiro,pelo Conselho das Câmaras Portuguesasde Comércio no Brasil, pela Câmara Bra-sil-Portugal no Ceará e pela Academia doBacalhau. As entidades reuniram seus só-cios e amigos da comunidade luso-cearensena sede social da Beneficência Portuguesapara a entrega do Troféu Martim Soares

LONGE DE CASA, PORTUGUESESSE UNEM PARA COMPARTILHARHISTÓRIAS E SAUDADES

A

“Tu, só tu, puro Amor, com força crua,Que os corações humanos tanto obriga,Deste causa à molesta morte sua,Como se fora pérfida inimiga.Se dizem, fero Amor, que a sede tuaNem com lágrimas tristes se mitiga,É porque queres, áspero e tirano,Tuas aras banhar em sangue humano”.

por Denise Mustafá

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46 Brasil-Portugal no Ceará

Conheça oshomenageados com a

Comenda Soares Moreno

Natural de Aveiro (Portugal), chegou ao Bra-sil em 1936. Trabalhou na padaria industrialde seu tio Pelágio Oliveira, foi empresário dasindústrias cerâmica, de biscoito e bolachas; doramo imobiliário e também de hotelaria. Comoautor, escreveu dois livros: “O alvorecer da In-dústria de panificação e das Correlatas nomundo e no Ceará” e “Raízes de uma famíliaportuguesa e Luso-Brasileira”. Foi presidenteda Sociedade Beneficente Portuguesa Dous deFevereiro durante três mandatos e, dentre ascondecorações recebidas, destacam-se: Meda-lha Boticário Ferreira e título de Cidadão deFortaleza, outorgados pela Câmara Municipalde Fortaleza.

João de PinhoNeto Brandão

Moreno a duas personalidades, emreconhecimento à trajetória devida. A premiação é uma forma deaprofundar e valorizar o relaciona-mento entre Portugal e o Ceará, en-quanto promotores dos valores de-mocráticos e de liberdade.

A comenda entregue anualmen-te leva esse nome como uma for-ma de registro histórico da figurade Martim Soares Moreno, consi-

derado o fundador do Estado doCeará, e expressa ainda o reconhe-cimento por ações e vidas dedi-cadas ao estreito relacionamentoentre Portugal e Ceará. O Troféufoi entregue em 2010 aos portugue-ses João de Pinho Neto Brandão eo Comendador Armando da SilvaMartins, em uma noite de festa ealegria, onde os costumes d´alémmar foram relembrados e saudados.

Para o vice-cônsul de Portugalem Fortaleza, Francisco Brandão,a data é a oportunidade para quetodos os portugueses possam seencontrar, além de ser um momen-to de gratidão e um registro dememória a todos os que contribuí-ram para o engrandecimento donome da nação portuguesa. “É forado território português que a sau-dade aperta e a vontade de dar vi-

Natural de Sacavém (Portugal), chegou a For-taleza em 1947. Foi técnico de registro do comér-cio da Junta Comercial do Ceará, assessor paraAssuntos Empresariais no Gabinete do Governa-dor do Ceará (1970/1974), presidente da Empre-sa Cearense de Turismo (Emcetur) (1979/1983),coordenador de Relações Públicas da Secretariade Governo (1987/1991) e assessor de Comunica-ção da Secretaria do Governo (1991/1995). Noâmbito comunitário, atuou como presidente daFenix Caixeiral, da Sociedade Beneficente Por-tuguesa Dous de Fevereiro, foi mordomo da SantaCasa de Misericórdia de Fortaleza, vice-presiden-te da União das Classes Produtoras do Ceará, di-retor da Associação Comercial do Ceará, presi-dente-fundador do Comitê Ceará/New Hampshire,presidente do Conselho da Comunidade Portugue-sa do Ceará (1984) e delegado da Federação dosConselhos das Comunidades Portuguesas no Bra-sil (1983). Atuou de forma efetiva no Lions Clube.Recebeu o diploma de Honra ao Mérito da Bene-ficente Portuguesa e a Comenda da Ordem In-fante Dom Henrique, no grau de Comendador.

Armando daSilva Martins

dia de portugal | comemoração

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sibilidade ao nosso ímpeto univer-sal e humanista ganha mais senti-do. Os portugueses gostam de mos-trar a quem os acolheu o que são,o que fizeram como nação e o quecontribuíram para o contato entreos povos”, afirma Brandão.

O vice-cônsul ressalta, ainda,que esse ano foi celebrado, pela pri-meira vez, o Dia da Consciência doCônsul Aristides Sousa Mendes

que, indo contra a ditadura, emi-tiu vistos que salvaram dezenas demilhares de refugiados durante aSegunda Guerra Mundial.

A sede da Beneficência Portu-guesa em Fortaleza se vestiu devárias cores, com a predominân-cia do verde e vermelho portugu-ês reforçada pelo verde e amarelobrasileiro. Um momento de uniãoe de cidadania.

Quem foi Martim Soares MorenoO militar português Martim

Soares Moreno foi um dos maisreconhecidos defensores dos inte-resses da coroa lusitana no Bra-sil, tendo, durante décadas, com-batido piratas franceses e invaso-res holandeses. Destacou-se pelaestreita amizade que mantevecom os índios, chegando a imitarseus costumes. É considerado his-toricamente como o fundador doCeará, tendo participado da ex-pedição de Pero Coelho em 1603e acabado por se tornar, anosmais tarde, em 1612, o virtualfundador daquela capitania.

Na margem direita da foz dorio Ceará, com a ajuda de índiosPotyguaras e seus soldados,construiu o Fortim de São Sebas-tião, em 1613, onde atualmenteé o bairro Barra do Ceará, nacapital cearense, Fortaleza.

Em 1637, houve a tomada ho-landesa do forte de São Sebasti-ão e, após 12 anos, em 1649,uma nova expedição, tambémvinda da Holanda, erigiu o ForteSchoonenborch, às margens doRiacho Pajeú, iniciando, então,a história oficial da cidade deFortaleza.

Reza a lenda e a história doCeará, que Martim Soares Mo-reno voltou a Portugal enamora-do pela virgem dos lábios demel, que depois transformou-sena índia Iracema, da obra ho-mônima do escritor José deAlencar.

Após combates com os france-ses no Maranhão e tentativasrechaçadas de invasão dos holan-deses, foi a Portugal e obteve em1619 a carta régia do Rei FelipeII, de Espanha e Portugal, que onomeava o primeiro Capitão-Morda Capitania do Ceará.

Foz do rio Ceará,bairro Barra do Ceará,na capital cearense

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48 Brasil-Portugal no Ceará

gastronomia | cozinha portuguesa

asar vinho e comida é dos exercícios mais fasci-nantes do mundo do vinho!

Normalmente, quando se quer ouvir um poe-ma, devemos colocar um bom orador para o fazer, caso contrá-rio corremos sérios riscos de não ouvir um poema, mas simpalavras ditas sem sentido. Colocar um vinho na comida er-rada é como ouvir um grande poema dito pelo pior orador.

No passado, as ligações gastronômicas eram preparadasde uma forma muito rústica! Ligávamos peixe com vinhosbrancos e carne com vinho tinto. Ligavam-se as comidas típi-cas de cada região com os vinhos dessas mesmas regiões!Mas o mundo evolui e os homens também …

Portugal cresceu muito na área gastronômica, começarama aparecer restaurantes com outras vertentes. Aparecem to-dos os anos novos talentos na cozinha.

Com isto, queremos dizer que a gastronomia evoluiu e, aoevoluir, trouxe-nos o privilégio de poder saborear outras tex-

C

O CASAMENTO PERFEITOOU DIVÓRCIO CERTO!

VINHO eGASTRONOMIA

turas, outros sabores e outra criatividade. Sem dúvida, ligarvinho à gastronomia é hoje um jogo misterioso e mágico,mas não se pode inventar. A todos os que desejam ligar estasduas sinfonias de sabores, aconselhamos a fazer um traba-lho de estudo, prato a prato. Da experiência obtida nesta áreaconseguimos perceber que o vinho inicialmente previsto paradeterminada comida, acaba por ser o pior vinho.

Para um cherne (*) grelhado acompanhado com cenoura ebatatas cozidas, aconselhamos o seguinte: devemos colocarvários vinhos (5 ou 6) em prova cega. Depois de provar osvinhos e a iguaria, sabendo quais são os seis vinhos, massem tomar nota de qual ordem estão! No fim, vai ficar sur-preendido com as escolhas feitas! Muitas vezes essas esco-lhas fogem ao que os nossos olhos veem, se olhássemos osrótulos dos vinhos.

Neste prato específico, teremos de ter algumas bases deligações gastronômicas para saber escolher os seis vinhos,

por José Carlos Santanita

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Abr-Mai-Jun 2010 49

não podemos colocar um vinho tinto Garrafeira nesta provaà partida. Iria ficar mal!

Teremos de saber quais as características do Cherne (pei-xe gordo e delicado), qual a influência de ser grelhado, assadoou salteado, e ao fim, a influência dos acompanhamentos.

Neste caso específico, sugiro que se escolham os seguin-tes vinhos:

• Branco sem estágio em madeira.• Branco com estágio em madeira.• Vinho rosé.• Tinto Jovem semcontato com madeira.• Tinto jovem comalgum contato em madeira.• Um vinho espumante.Podemos encontrar mais de uma opção vínica para o mes-

mo prato e é esse o objetivo. Quando fizer este tipo de provairá reparar que tintos, brancos, rosés, espumantes ou atévinhos especiais podem equilibrar com determinada iguaria,não se assuste. O objetivo é esse, alargar as opções, permitin-do que os clientes possam escolher o vinho em função dosseus gostos pessoais.

São bases para iniciação às ligações gastronômicas combi-

nar estruturas e pesoas. A primeira regra para se combinarbem iguarias com vinhos é casar pesos semelhantes, ou seja:se vamos servir uma iguaria cheia de corpo, com saboresmuito marcantes, o vinho também deve acompanhar essepeso, para que um sabor não se sobreponha ao do outro, damesma forma que para iguarias leves indicamos os vinhosigualmente leves.

Outra regra importante é respeitar sempre a ordem gastro-nômica. Numa refeição, devemos respeitar a ordem com queos vinhos são colocados na mesa. Ou seja, a ordem de servi-ço, por exemplo: servir um vinho branco com um queijo épossível e esta combinação fantástica com alguns deles. Noentanto, se estiver a terminar a refeição saboreando um gran-de tinto, ficará muito mal a essa altura servir o queijo comum vinho branco.

Temos que respeitar o seguimento gastronômico. A me-lhor atitude a tomar nessa situação é continuar com o mes-mo vinho tinto da refeição, adaptando um queijo a esse vi-nho, ou então propor um licoroso ou um bom colheita tardiapara terminar a refeição com queijo.

No entanto, há regras que podem ser quebradas e um dosgrandes exemplos disso é a combinação de um fígado depato com os famosos vinhos doces franceses, antes do pratoprincipal. Nesta situação, devemos ter muita atenção. Come-çar a refeição com um vinho doce é arriscado, e o menu deverespeitar um conjunto de sabores muito preciso e de grandeelegância. Servir um vinho de mesa, seja branco ou tinto,depois de servir um vinho doce não é tarefa fácil, pois osdoces de um vinho não ligarão com os ácidos do outro.

Se servir um vinho doce no início da refeição, o vinhoseguinte deve conter algum estágio em madeira e até algumtempo de estágio em garrafa. Assim, o tanino do vinho faráelegante parceria ao doce do primeiro.

Em suma:1. Não esquecer de respeitar o gosto individual de cadaum, adaptando a preferência aos diferentes estilos de vi-nho.2. Dentro do possível, servir os brancos antes dos tintos.3. Servir os vinhos mais leves antes dos mais encorpa-dos.4. Servir os vinhos secos antes dos mais doces.5. Servir os vinhos mais jovens antes dos mais estagiados.6. Quando na confecção de uma iguaria entrar na suaconfecção determinado vinho, não duvidas: acompanhaessa iguaria com o vinho que entrou na confecção.7. Quando a refeição é acompanhada por um só vinho,escolha um adaptável; normalmente, sugerir grandes re-servas com uma variedade grande de gastronomia não é amelhor opção.8. Quando a refeição é acompanhada por um só espu-mante, devemos optar por um do estilo mais seco.9. Devemos evitar servir uma grande gama de bebidas numamesma refeição.

(*) Peixe comum no Mediterrâneo e no Atlântico, de coloraçãochocolate, com até 2m de comprimento e peso de até 400kg.

José Carlos Santanita foi considerado o melhor sommelier do ano pela Revistade Vinhos, a mais antiga de Portugal, e é diretor geral do projeto de EducaçãoVínica "Wine Experiences" no Brasil, onde já formou mais de 2 mil pessoas

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50 Brasil-Portugal no Ceará

cultura | literatura

A obra-prima de AlexandrSergeuivich Pushkin, Eugê-nio Oneguin, gerou tanto fas-cínio ao cearense Dário Cas-tro Alves, que o escritor dedi-cou 10 anos de sua vida àtradução do russo para o por-tuguês. Escrito em versos, oromance foi passado para alíngua portuguesa mantendoa fidelidade estrutural: estro-fes em estilo de sonetos corri-dos, cada um com cerca de40 a 50 estrofes, e cada versocom oito sílabas, sendo as tô-nicas presentes em cadaquarta sílaba do versículo,seguindo o modelo tetrâmetrojâmbico.

Em 5.523 versos, Dário e,claro, Pushkin apresentam aomundo uma Rússia em desen-volvimento, tendo como re-presentantes da nação aspersonagens Oneguin, Tatia-na e Lenski. Em um contex-

O universo russoem português

SERVIÇO:Autor: Alexandr PushkinEditora: RecordPreço médio: R$ 47,90

to de simbolismos, ideais epaixões elas vivem a alma eos costumes russos. Concluídaem julho de 2006 em Fortale-za, a tradução de Dário éuma verdadeira prova deamor à literatura e às suasobras históricas que, de acor-do com o próprio tradutor,“merece estar na prateleirade uma centena de obras-pri-mas da literatura universal”.

Dário Moreira de CastroAlves nasceu em Fortaleza, noCeará, em 1927. Foi formado

em Ciências Jurídicas e Soci-ais pela PUC do Rio de Janei-ro e exerceu funções de Em-baixador do Brasil nos Esta-dos Unidos, na Rússia e emPortugal, encerrando sua car-reira como Cônsul-Geral doBrasil no Porto, em Portugal.Retornou à sua cidade natalem 2003 e faleceu em junhode 2006.

Um país reinventado. Éassim que Angola é apresen-tada na obra “Predadores”,de autoria do escritor Pepe-tela e lançada em 2005. Oretrato da nova burguesia,formada na pós-guerra colo-nial – Angola conquistousua independência em 1975–, é representado pela perso-nagem Vladimiro Caposso,

Uma nova Angolaque personifica a ascensão ea queda social.

A história inicia-se em1974, contextualizando oleitor com a sociedade do pe-ríodo. Desencanto é a pala-vra-chave do momento, quedivide as expressões com pa-lavras como “decepção” e“inconformismo”. Ao se fi-liar como guerrilheiro doMovimento Popular de Liber-tação da Angola (MPLA),José inventa um passado etorna-se Vladimiro, experi-mentando a ascensão navida política e financeira,utilizando meios lícitos e ilí-citos para proteger opatrimônio e a família.

Na obra, Artur CarlosMaurício Pestana dos San-tos, que utiliza o pseudônimoPepetela, retrata com umalinguagem simples e diretauma história ainda recentenos pensamentos angolanose registra para as próximasgerações um momento detransição. O autor, nascidoem Benguela, Angola, con-quistou o Prêmio Camões em1997. É escritor, guerrilhei-ro, político e representantedo MPLA, além de terlicenciatura em Sociologia.

SERVIÇO:PredadoresEditora: Publicações D. QuixoteColeção: Autores Língua Portuguesa

por Larissa Viegas

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Há cem anos o Ceará tevea honra de ser a terra natalde uma das escritoras maisimportantes do País. Rachelde Queiroz, pioneira do Regi-onalismo de 1930, deixou em2003 uma herança à literatu-ra brasileira composta porobras que deram origem aromances, crônicas, peças deteatro e livros infanto-juvenis.Economia, futebol, política,artes plásticas e música decâmara são alguns dos maisvariados temas abordadospela escritora. Com o objetivode homenagear o centenáriode Rachel de Queiroz, a Edi-ções Demócrito Rocha lançouuma trilogia que revela aos

Cem anos de histórias

SERVIÇO:As publicações estão à vendana loja da Fundação DemócritoRocha (Av. Aguanambi, 282 -Joaquim Távora - Fortaleza-CE)e principais livrarias de Fortaleza.Cada livro da trilogia custaR$ 49,90. Na compra da caixa comos três livros, o kit sai por R$ 135,00

leitores a alma brasileira daescritora, tornando-se indis-pensável na biblioteca dequalquer apreciador da litera-tura regional e nacional.

No título “Do Nordeste aoInfinito”, a jornalista ReginaRibeiro reúne cerca de 50 crô-nicas publicadas entre 1940 e2002. O sertão é retratadocomo um mundo real e encan-tador e os temas estão relacio-nados ao Ceará e ao Nordeste,apresentando ao leitor o mun-do de memórias de Rachel.

A segunda obra é uma se-leção feita pela escritora AnaMiranda. Na coletânea decrônicas “A Lua de Londres”estão textos inéditos em livro,

escritos entre 1928 e 1988.Mesmo com pouca idade,Rachel faz uso de uma lingua-gem adequada aos temas desua juventude, usando pala-vras literárias, vocabuláriorico e conteúdos marcantes,referentes à sociedade.

A história de Rachel e desuas obras estão relatadas emensaios publicados no terceirolivro, “Uma Escrita no Tem-po”. A organização fica porconta da professora e pesquisa-dora Fernanda Coutinho, quereuniu textos de Nélida Piñon,Heloisa Buarque de Hollanda,Luís Bueno, Ítalo Gurgel eSocorro Acioli, entre outros.Para a organizadora, as cria-ções de Rachel nos ajudam acompreender nosso papel nahistória como brasileiros.

Textos bíblicos originais eas suas diversas traduções.Foram essas as bases de 40anos de estudo do escritorEduardo Bezerra Neto, quelançou recentemente o livro“Inferno e Céu: Desafio à Inte-ligência – Refletindo sobre oCristianismo no Século XXI”.Na obra, o autor apresenta asdiversas interpretações docristianismo, feitas por católi-cos e evangélicos sobre a Jus-tiça e o Amor divinos.

A obra é um convite paraa reflexão e o diálogo sobreas teses pregadas nos primór-dios do cristianismo, emcontrapartida com o que éapresentado atualmente. Aoinvés de criticar as diversaspropostas apresentadas pelasvariadas vertentes da Reli-gião, Eduardo propõe um

Em defesa de Deus

SERVIÇO:Inferno e Céu: Desafio à Inteligência –Refletindo sobre o Cristianismo no Século XXIEditora: Premius - Valor: R$ 25,00

entendimento racional e aomesmo tempo emocional, ca-bendo ao leitor concordarcom o que para ele é verda-deiro e discordar do que nãoparece original, criando suaprópria interpretação.

No fim, o que mais impor-ta para o autor é a mensa-gem cristã e suas perspecti-vas, vistas a partir de textosoriginais, sem as considera-ções e alterações consequen-tes do tempo e das línguas.Em “Inferno e Céu“, a conti-nuidade do Céu é apresenta-da em contraste com o limitedo Inferno, assim como o con-flito entre as questões de tem-po e eternidade. Como o pró-

prio autor defende, as conclu-sões ficam em aberto, paraum aprofundamento posteriordo leitor.

Eduardo Bezerra Neto éBacharel em Direito e Ciênci-as Econômicas, com Master ofScience na Universidade doArizona (EUA). Foi professoruniversitário, exerceu diversoscargos públicos e foi Superin-tendente do Sistema FIEC(Federação das Indústrias doEstado do Ceará) e um dosfundadores e primeiro Presi-dente da Câmara Brasil-Por-tugal no Ceará. Em 1999, as-sumiu a Superintendência doCentro Internacional de Negó-cios do Ceará (CIN/CE).

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52 Brasil-Portugal no Ceará

A competitividade doagronegócio cearense

agronegócio cearense caracteriza-se por umasituação de dualidade que, simultaneamen-te, revela uma carência e manifesta uma opor-

tunidade: o Ceará detém tecnologia de ponta em diver-sas produções agrícolas e pecuárias, mas ainda não seestenderam, suficientemente, tais conhecimentos e prá-ticas ao grosso do tecido produtivo.

Esta dicotomia revela o interesse que o agronegóciocearense pode exercer no sentido da atração de empreen-dedores nacionais e estrangeiros. Aqui se encontram aces-so facilitado à tecnologia, vantagens geográficas e de infra-estrutura e, sublinhe-se, inúmeras oportunidades em es-paços com aptidão para a produção agrícola e pecuária.

Sem prejuízo de outros esforços, o empreendimentoem agronegócio no Ceará requer um estudo prévio dosmercados e a definição de padrões e custos de produçãootimizados. Aconselha-se postular como alvos diversospúblicos consumidores: locais, regionais, nacionais einternacionais, como forma de incrementar a rentabili-dade e padrão da produção e salvaguardar a continuida-de do êxito na atividade.

Em síntese, os fatores que determinam a competiti-vidade do agronegócio cearense revelam-se, essencial-mente, a três níveis: 1) localização geográfica; 2) infra-estrutura de produção e suporte à comercialização; 3)tecnologia de produção agrícola e pecuária.

GeografiaDentre as vantagens geográficas, destacamos, primei-

ramente, que o Ceará se encontra próximo da linha doEquador, apresentando temperatura média estável osci-lando entre os 22ºC das serras e os 27ºC do sertão, origi-nando a possibilidade de maximizar a quantidade desafras anuais em diversas produções agrícolas e pecuári-as, de onde destacamos as frutas irrigadas e a piscicultu-ra. Ainda neste âmbito, sublinhe-se que o Ceará possuio menor “transit-time” do Brasil para a Europa, EstadosUnidos e África.

InfraestruturaNo que diz respeito às vantagens em infraestrutura de

produção no agronegócio, assumem especial destaque as11 bacias hidrográficas, a capacidade de armazenamentode 17,8 bilhões de m3 de água, estimando-se que a áreairrigada atual preencha 80 mil hectares, com potencialpara utilização de 200 mil hectares, num total de oitoperímetros públicos irrigados.

Por outro lado, a comercialização do produto do agrone-gócio cearense é assistida pelos Portos do Mucuripe e doPecém, com destaque para este último ao consolidar, em2009, sua posição como maior porto exportador de fru-tas do país: 261.228 toneladas exportadas, representando37% do total exportado em 2009, numa tendência de lide-rança que se manteve no primeiro quadrimestre de 2010,com 60.385 toneladas exportadas. O Aeroporto Interna-cional de Fortaleza, por sua vez, possui infraestruturamoderna, câmaras refrigeradas para pescado, flores e fru-tas, voando diretamente para Europa e Estados Unidos.

Como uma das últimas conquistas da Adece (Agên-cia de Desenvolvimento do Estado do Ceará), merecenota de destaque a implantação de uma Zona de Processa-mento de Exportações (ZPE) no Complexo Industrial ePortuário do Pecém, permitindo antever a possibilidadede virmos a ter, num futuro que se deseja próximo, avi-ões cargueiros para efetuar o escoamento do agronegóciocearense e de outras regiões do Norte e Nordeste.

Dentre as limitações em infraestrutura, cita-se a necessi-dade de melhoria das vias rodoviárias e ferrovias, se bemque se reconheça o esforço feito nos últimos anos narecuperação e ampliação da malha rodoviária, totalizandomais de 7.500 quilômetros, e com uma distância médiainferior a 300 quilômetros das áreas de produção aosportos. Aguarda-se com elevada expectativa a efetivaçãoda Ferrovia Transnordestina, com terminação no Portodo Pecém e permitindo interligar o Ceará às regiões deSalgueiro e Petrolina, em Pernambuco. Ao todo, serão2,278 quilômetros de extensão com capacidade de trans-

por Carlos Duarte é Sociólogo,diretor da Terra Quente Agropecuária,diretor de Agronegócios da CâmaraBrasil-Portugal no Ceará e vice-presidenteda Câmara Brasil-Angola no Ceará

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portar 30 milhões de toneladas de carga por ano, sendocerca de 595 quilômetros no Ceará.

Tecnologia de Produção Agrícola e PecuáriaNa produção agrícola e pecuária, destaca-se a

tecnologia moderna e competitiva que o Ceará dispõenos seguintes setores:

a) fruticultura irrigada, floricultura e apicultura. Sen-do este o estado brasileiro que mais exporta castanha decaju, melão, melancia e abacaxi. Banana é outra frutaonde o Ceará se destaca. As flores constituem importan-te cluster, com relevo para a produção de rosas. A api-cultura é praticada sobretudo a nível familiar, cabendodestaque ao programa de Melhoramento Genético de Abe-lhas. Perspectiva-se uma maior utilização da apiculturaem complementaridade com a fruticultura, no sentidoda maximização da polinização e subsequente produ-ção. Os principais mercados de exportação do melcearense são os Estados Unidos e a Alemanha. Refira-seo trabalho científico da Embrapa Agroindústria Tropi-cal, também expresso nos experimentos com cajueiro noseu Campo Experimental de Pacajus.

b) pecuária, expressa em caprinos, ovinos e bovinos.Em Sobral, região Norte do Ceará, encontramos a Em-brapa Caprinos e Ovinos, centro de referência tecnoló-

gica, sendo igualmente possível encontrar exploraçõesempresariais que praticam tecnologias modernas comoa inseminação artificial e a transferência de embriões.Ao nível da bovinocultura, perspectivam-se significati-vos avanços por recurso à utilização dos perímetrospúblicos irrigados, tendo em atenção que, atualmente,apenas 75% do consumo regional de leite é atendidopela produção estadual.

c) piscicultura e carcinicultura. A criação de Tilápiaassume a relevância neste setor, com produção estadualde 20 mil toneladas mas que, com o potencial hídricocearense, poderia atingir 240 mil toneladas. O Ceará é omaior consumidor deste peixe no Brasil, com 20% doconsumo nacional. Após amargar alguns anos de difi-culdades, a criação de camarão volta a experimentar bonsresultados, agora com mais ênfase no mercado interno,contando-se cerca de 180 fazendas no Estado distribuí-das em 5.546 hectares e perspectivando-se que, até o fimde 2010, o Ceará se afirme como o maior estado brasilei-ro produtor de camarão.

No setor agropecuário, bem como noutras áreas denegócio, reforça-se a necessidade de empreender cominovação e qualidade, agregando valor à produção, pre-servando o meio ambiente e contribuindo para o desen-volvimento sócio-econômico sustentável da sociedadeem que nos inserimos.

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Programação de Eventosda Câmara Brasil-Portugalno Ceará, Sebrae/CEe FIEC/CIN

De 4 a 10III Feira Cearense daAgricultura Familiar

De 11 a 18ExpoCrato 2010

De 20 a 25FILDA 2010 - FeiraInternacional de Angola

De 22 e 23V Fórum Empresarialda CPLP - Negóciosna Língua Portuguesa

JulhoDias 4 a 7Feira do Empreendedordo Ceará 2010

Dia 12Café da Manhã comcandidato a governador

De 16 a 20II Conferência Internacionalsobre Clima, Sustentabili-dade e DesenvolvimentoSustentável em RegiõesSemiáridas (ICID 2010)

Dia 18Palestra Sulamérica Apimec

De 24 a 26Cearapão 2010 - Feira daIndústria de Panificação

De 31/08 a 02/09Brazil WindPower 2010

De 31/08 a 02/09Eco Business 2010

AgostoDe 3 a 5II Festival das Floresde São Benedito

Dia 7Dia da Independência do Brasil

De 7 a 9Alimentária Mercosul

De 12 a 17Missão FIEC/CBP-CE a Portugal(Lisboa e Aveiro)

De 19 a 26Expoece 2010

De 19 a 26Missão Empresarial aAngola (Luanda e Huila)

De 23 a 26Alimentícia Angola

Setembro

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