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1 Revista Betel O propósito de Deus é reunir sob a poderosa mão do nosso Senhor Jesus Cristo toda a Sua criação. ... De fazer convergir nele, na dispen- sação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra. Efésios 1:10. E quanto à nossa relação com Deus, estamos unidos a Cristo em ver- dadeira paz. A nossa oração é para que Deus continue nos usando na divulgação destas mensagens para que, juntos, sejamos edificados no pleno conhecimento do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus. Conhecê-Lo e fazê-Lo conhecido é o nosso alvo. Somos os amados filhos de Deus e o seu propó- sito é ver-nos semelhantes ao seu Filho. Por isso, o nosso desejo é que Cristo seja mais e mais revelado na vida de todos os Seus filhos. Meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós. Gálatas 4:919. Esta revista é mais uma ferramenta que consagramos ao Senhor para que Ele seja glorificado. Humberto Xavier Rodrigues Apresentação

Revista Betel N°02

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Associação Betel Evangelismo e Missões. - A Pregação do Evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo.O Mistério do Evangelho - Eliseo ApablazzaA Minha História na Cruz - Glenio Fonseca ParanaguáO Escândalo da Cruz - Tomaz GermanovixCristo, Plenitude de Deus - Humberto X. RodriguesA Igreja - O Corpo de Cristo - Jader Charles MalafaiaA Cruz é uma Coisa Radical - A. W. TozerCristo, Nossa Vida - T. Austin-SparksA Ofensa da Cruz - F. J. HuegelNo Coração de Deus - Parte I - Watchman NeeCristo no Antigo Testamento - Maurício G. G. CidHudson Taylor: Uma Vida na Mão de Deus - William E. Allenhttp://www.assbetel.com.br/

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1Revista Betel

O propósito de Deus é reunir sob a poderosa mão do nosso Senhor Jesus Cristo toda a Sua criação. ... De fazer convergir nele, na dispen-sação da plenitude dos tempos, todas as coisas,

tanto as do céu, como as da terra. Efésios 1:10. E quanto à nossa relação com Deus, estamos unidos a Cristo em ver-dadeira paz.

A nossa oração é para que Deus continue nos usando na divulgação destas mensagens para que, juntos, sejamos edifi cados no pleno conhecimento do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus. Conhecê-Lo e fazê-Lo conhecido é o nosso alvo. Somos os amados fi lhos de Deus e o seu propó-sito é ver-nos semelhantes ao seu Filho.

Por isso, o nosso desejo é que Cristo seja mais e mais revelado na vida de todos os Seus fi lhos. Meus fi lhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós. Gálatas 4:919.

Esta revista é mais uma ferramenta que consagramos ao Senhor para que Ele seja glorifi cado.

Humberto Xavier Rodrigues

Apresentação

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2 Revista Betel

Apresentação, 1

ESTUDO BÍBLICO O Mistério do Evangelho, 3 Eliseo Apablazza

A Minha História na Cruz, 8 Glenio Fonseca Paranaguá

O Escândalo da Cruz, 14 Tomaz Germanovix

Cristo, Plenitude de Deus, 17 Humberto X. Rodrigues

A Igreja - O Corpo de Cristo, 22 Jader Charles Malafaia

LEGADO A Cruz é uma Coisa Radical, 31 A. W. Tozer

Cristo, Nossa Vida, 34 T. Austin-Sparks

A Ofensa da Cruz, 36 F. J. Huegel

RIQUEZA DA GRAÇA No Coração de Deus - Parte I, 39 Watchman Nee

Cristo no Antigo Testamento, 42 Maurício G. G. Cid

TESTEMUNHO Hudson Taylor - Uma Vida na Mão de Deus, 45 William E. Allen

Sobre a Associação Betel, 47

Sumário

Foto da capa: Studio Solution

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3Revista Betel ESTUDO BÍBLICO

Segundo o apóstolo Paulo na epístola aos Efésios, o evangelho é um mistério (Efésios 6:19) que escon-

de em si mesmo, por sua vez, outro duplo mistério: o mistério de Deus (Pai) e o mistério de Cristo. Esta é a grande “boa nova” para todos os ho-mens, incrédulos ou crentes.

Ambos mistérios foram prelimi-narmente revelados no episódio de Cesaréia de Filipos (Mateus 16:13-18), quando o Senhor pergunta aos seus discípulos quem dizem ser ele. Nesse momento, o Pai revelou a ver-dadeira natureza e ministério de Je-

sus ao coração de Pedro, e em segui-da Jesus revelou o mistério da Igreja aos doze que estavam com ele. O Pai disse a Pedro que Jesus era “o Cristo, o Filho de Deus vivo”, e o Senhor Je-sus disse aos discípulos que a Igreja seria uma realidade edifi cada sobre uma Rocha (Cristo), e que seria uma edifi cação de tal natureza que o in-ferno nada poderia contra ela.

Este conhecimento é a revelação de um mistério, um mistério que es-tava escondido pelos séculos e eras, e que nesse momento foi dado a co-nhecer. Não foi dado a conhecer a todos os que habitualmente seguiam

O Mistério do Evangelho

Eliseo Apablaza

Este conhecimento é a revelação de um mistério, um mistério

que estava escondido pelos séculos e eras, e que nesse

momento foi dado a conhecer.

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4 Revista BetelESTUDO BÍBLICO

Jesus, senão aos doze; tampouco foi declarado nos primeiros dias do seu ministério, mas no fi nal, provavel-mente uns seis meses antes da cruz. Esta revelação dupla é a pedra angu-lar da nossa preciosa fé. É um misté-rio duplo que o Pai e o Filho tem re-velado através da história da Igreja, sobretudo neste tempo.

O evangelho de Deus é, pois, um mistério que esconde outros dois. Este evangelho não é só assunto de proclamação, mas de revelação. Não basta que alguns homens o preguem, e que outros homens o ouçam, mas que o Pai e o Filho o revelem. Não se alcança mediante o estudo bíbli-co (mesmo que o estudo bíblico nos ajude a entendê-lo logo que tenha sido revelado), nem mediante es-tudos teológicos. É um presente de Deus concedido às crianças (Mateus 11:25-27), aos que buscam a Deus com simplicidade de coração, porque assim agradou ao Pai.

O Mistério do Pai: Cristo

Esta revelação dada a Pedro em Cesaréia de Filipos é quase tudo o que o Pai disse aos discípulos acerca de Jesus, e o que o Senhor disse aos doze nessa ocasião é quase tudo o que disse sobre a Igreja. Os discípu-los não estavam preparados para re-ceber mais luz, pois o Espírito Santo

não tinha vindo. Quando ele viesse, então, revelaria todas as coisas.

Graças a Deus, o Espírito Santo já veio, e trouxe a revelação completa. E Deus chamou a um apóstolo – ao mais pequeno, quase um inexpressi-vo, como ele mesmo o disse – para que lhe desse a conhecer. O apósto-lo Paulo, na epistola aos Efésios, dá uma visão mais ampla sobre o duplo mistério que envolve o mistério do evangelho.

O mistério do Pai é Cristo, e Pau-lo nos disse, pelo Espírito, que Cristo será constituído como Cabeça de to-das as coisas, tanto as que estão no céu como as que estão na Terra (Efé-sios 1:10). Aquele mesmo que o Pai revelou a Pedro como o Cristo, o Fi-lho de Deus, aqui é destacado como o centro de atração e de reunião de todas as coisas do Universo. Isto é, evidentemente, uma revelação ma-ravilhosa. Paulo nos leva muito mais longe, a uma dimensão cósmica que, antes dele, não se conhecia.

Para conseguir este grande objeti-vo que Cristo seja o Cabeça de tudo- Deus colocou Cristo primeiramente como cabeça da Igreja (Efésios 1:22). Cristo como a Cabeça de todas as coisas é um fato ainda futuro para nós; mas Cristo como a Cabeça da Igreja é um fato presente para nós. A carta de Paulo aos crentes em Éfeso apresenta primeiro a meta fi nal (Efé-

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5Revista Betel ESTUDO BÍBLICO

sios 1:10), e a continuação da reali-dade presente que fará possível num prazo próximo a realização da meta fi nal (Efésios 1:22).

Quando a Igreja se submete em tudo à sua Cabeça, então todos os demais se lhe submeterão. A obedi-ência de uns poucos possibilitará que todos os demais venham à obediên-cia (2 Coríntios 10:6).

O Mistério de Cristo: A Igreja

A segunda revelação que Paulo apresenta é a do mistério de Cristo, a Igreja. O capítulo 3 de Efésios, ver-sículos de 4 a 6, nos diz que este mis-tério foi dado a conhecer agora aos apóstolos e profetas, pelo Espírito. O Senhor Jesus havia dito em Cesaréia que a Igreja seria edifi cada sobre a Rocha, e aqui Paulo nos diz quem a constitui: A Igreja está formada tan-to por judeus como por gentios; am-bos foram feitos membros do mesmo corpo.

Paulo nos fala aqui da Igreja como corpo. A comparação do corpo usada para representar a Igreja é a mais per-feita e completa de todas as compara-ções que há nas Escrituras para refe-rir-se à Igreja, tanto no Novo como no Antigo Testamento. Há outras e muito belas, mas esta é a maior.

Paulo recebeu luz acerca dessa preciosa comparação muito cedo,

quando foi detido pelo Senhor no caminho para Damasco. Ele ouviu o que o Senhor lhe disse, segundo pa-receu-lhe, umas estranhas palavras: “Saulo, Saulo, por que me perse-gues?”. Saulo não se considerava per-seguidor direto do Senhor, pois, para ele, Jesus havia morrido fazia muitos anos. Mas aqui se lhe mostra uma realidade nova e maravilhosa: o Cris-to, que lhe fala dos céus, é o mesmo que os homens e mulheres aos quais ele persegue. Ele perseguia homens e mulheres, mas aqui era Jesus o per-seguido. De modo que a comparação da Cabeça e do corpo é logo mostra-da a Paulo. O que ocorre com ele nos anos posteriores de seu ministério foi, de certo modo, um desenvolvi-mento daquela revelação primeira.

E aqui, em Efésios, Paulo leva ao ápice esta preciosa revelação, pois nos mostra este Homem Celestial em toda sua beleza. Este Homem Celestial é “um único e novo homem” (Efésios 2:15), que está assentado nos lugares celestiais (Efésios 2:6), que cresce até a medida de um varão perfeito (Efésios 4:13), que luta as batalhas de Deus com uma armadu-ra completa (Efésios 6:14-17).

Como podemos ver, a dupla re-velação de Cesaréia de Filipos é de-senvolvida por Paulo e, neste desen-volvimento, nos mostra uma única realidade; ambas revelações conver-

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6 Revista BetelESTUDO BÍBLICO

gem em uma única: Cristo e a Igreja, o Novo Homem, o Homem Celestial.

Outras Comparações da Igreja

Portanto, a Igreja em Efésios é mostrada também através de outras comparações: a da cidade, a da famí-lia e a do edifício (Efésios 2:19-22). Por meio de cada uma delas a revela-ção da Igreja se completa ainda mais.

A comparação da cidade nos faz recordar daquela preciosa profecia de Isaías 29:1,2: A Igreja é uma cida-de forte que tem muros e muralhas. Ela tem uma salvação dupla para os que vem ao seu abrigo: a salvação dos pecados (mediante o sangue de Cristo) e a salvação deles mesmos (mediante a cruz de Cristo). As por-tas dessa cidade forte se abriram para deixar entrar as pessoas justifi cadas pela fé em Jesus Cristo e que seguem Sua palavra e não negam Seu nome (Apocalipse 2:8,10).

A comparação da família nos fala de um Pai (Deus), de um Filho Pri-mogênito ( Jesus Cristo) e de outros muitos fi lhos e irmãos. A Igreja é a família de Deus, é a maior família de toda a terra. Cada fi lho de Deus e membro desta família tem irmãos de muitas cores, raças e línguas, to-dos eles unidos pela mesma gloriosa Vida, pelos mesmos preciosos víncu-los. Na eternidade, o Pai amou tanto

a seu Filho Unigênito, que desejou ter muitos fi lhos como ele. Então, se propôs a reproduzir esses feitos, esse caráter, essa formosura, nos muitos fi lhos que viriam. (Romanos 8:29).

O atual trabalho do Pai e do Espírito Santo é conseguir que os muitos fi lhos de Deus sejam feitos à essa imagem. Para isso, o Pai nos disciplina com amor, e o Espírito Santo nos destrói e nos reorganiza. Chegará um dia em que, pela graça de Deus, todos nós nos pareceremos tanto com Cristo, que o Pai encon-trará contentamento em todos nós, tal como encontrou antes em nosso Senhor (Mateus 3:17).

Por último, a comparação do edi-fício nos leva à revelação inicial de Cesaréia. A Igreja é um edifício edi-fi cado sobre uma Rocha, de modo que ainda que se levante contra ela o inferno, como chuva, como rio ou como vento (Mateus 7:25), não a derrubará. A pedra é Cristo revelado ao coração e confessado com a boca, tal como ocorreu com Pedro aque-la vez. Os que são edifi cados sobre esta Rocha são pedras vivas (1 Pedro 2:4-5), quebrantados ao serem colo-cados sobre ela (Mateus 21:44), isto é, quebrantados em suas fortalezas naturais, para que neles fi que apenas o que está de acordo com a Pedra an-gular, escolhida e preciosa.

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O Espírito Santo está soprando em todo o mundo

Assim, vemos como aquela pri-meira revelação dupla de Cesaréia de Filipos é ampliada pelo apóstolo Paulo. Os apóstolos não estavam preparados, naquele momento, para receber este conhecimento espiritual, mas, depois, fi caram preparados e o receberam.

Hoje, o Espírito Santo está tra-zendo para a Igreja, em todo o mundo, nova luz sobre essas antigas verdades, para que ela conheça seu chamamento e natureza, e para que viva conforme sua fé. O Espírito San-to está soprando outra vez em todo o mundo; a sabedoria e a revelação de Deus estão inundando o coração dos amados de Deus, para que alcan-

cem estas gloriosas realidades. Deste modo, a Igreja será restaurada.

E a restauração da Igreja começa por receber revelação do mistério do Pai e do mistério de Cristo; por reconhecer unanimemente a Cristo como Cabeça e por conhecer a rea-lidade da Igreja como Corpo. Assim que a Igreja for restaurada, assim que esse precioso Novo Homem, o Ho-mem Celestial que é Cristo e a Igre-ja, alcançar sua maturidade, poderá tomar o controle de todas as coisas, para que Ele seja o tudo em todos (Colossenses 3:11).

Então chegará a consumação de todas as coisas e se terá cumprido plenamente o mistério do Evangelho, o mesmo do qual Paulo dizia ser “em-baixador em cadeias” (Efésios 6:20).

Lance Lambert

Eu quero deixar com vocês uma simples e singela verdade. Não há caminho para a vida exceto pela morte. Não há caminho para o poder exceto por meio da fraqueza e quebrantamento. Não há caminho para a plenitude exceto por meio do esvaziar. Não há caminho para o pleno frutificar exceto por meio do podar. Não há caminho para exaltação exceto por meio da humilhação. Não há caminho para o trono exceto se sua vida for lançada por terra. Não há caminho para conhecer a glória de Deus em plenitude exceto por meio da comunhão de seus sofrimentos.(...)

A chave verdadeira para a vida transbordante, para a vida mais abundante, a vida de ressurreição, não é quanto eu a vivo, mas quanto eu morro.(...) O problema não é como viver a vida cristã; o problema é como morrer. Se você tiver o segredo de morrer com Cristo, você não terá de aborrecer a mente como viver a vida cristã.

-- Lance Lambert, in Life and Service, capítulo 4, Hong Kong, 1988.Livro: O Poder Latente da Alma, W.Nee, Editora dos Clássicos.

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8 Revista BetelESTUDO BÍBLICO

A Minha História na Cruz

Glenio Fonseca ParanaguáLondrina, PR

A história da cruz é a histó-ria da restituição da gló-ria de Deus na vida do homem, que foi perdida

com a queda por causa do pecado. Quando Adão pecou como cabeça da raça, a glória de Deus se separou dele e de toda a sua descendência. Somos uma raça estigmatizada pelo pecado e separada da glória de Deus. Jesus Cristo se encarnou neste mundo como representante da humanidade, para reconciliar com Deus o ser hu-mano, através de sua morte na cruz.

A cruz é o fórum da restauração de nossa história com a glória de Deus.

Por isso, a história da cruz tem re-lação direta e profunda com a minha própria história. Ela é o tratamento de Deus para a minha natureza peca-dora. Jesus não veio apenas me subs-tituir naquela cruz. A sua morte não era unicamente em meu favor. Ele veio, também, para me incluir no seu corpo e, deste modo, me fazer morrer juntamente com ele. De fato, Jesus não precisava morrer. Ele não tinha pecado. A morte é um castigo por

Eu estou crucifi cado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive,

mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne,

vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se

entregou por mim. Gálatas 2:19b-20

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9Revista Betel ESTUDO BÍBLICO

causa do pecado. E, neste caso, quem deveria morrer era o pecador.

O profeta hebreu deixou claro: A alma que pecar, essa morrerá; o fi lho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai, a iniqüidade do fi lho; a justiça do justo fi cará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este. Ezequiel 18:20. Sendo assim, a morte de Jesus na cruz teria dois lados: um substitu-tivo, que aponta para o lado vicário e, o outro, inclusivo, que fala do aspecto legal. O réu precisava pagar a pena, entretanto, Jesus não era réu de peca-do. Ele nunca pecou. Ele não deveria morrer. Jesus nos substituiu a fi m de nos incluir. Ele não poderia nos fazer morrer juntamente com ele se antes não tivesse assumido o nosso lugar.

Assim, a sua morte tem dois as-pectos marcantes. Ele morreu em nosso benefício, para nos fazer mor-rer incluídos na sua morte. A morte de Jesus é, ao mesmo tempo, a sua morte por mim e a minha morte juntamente com ele. Precisamos pe-netrar profundamente nesta verdade, antes de podermos experimentar as riquezas da vida de Cristo ressurreto. Ninguém pode gozar da vida abun-dante de Cristo sem passar primeiro pela sua inclusão na morte de Cristo Jesus.

A história exata da cruz salienta essencialmente o lado inclusivo do pecador. A grande verdade do evan-

gelho se consubstancia na revelação de que o pecador precisava morrer e que por isso deveria ser crucifi ca-do concomitantemente com Cristo. A lei exige o cumprimento da pena. Não é razoável manter o descumpri-mento da justiça a fi m de estabelecer o equilíbrio moral. A mesma Bíblia que afi rma que Jesus morreu em nos-so favor, afi rma que nós morremos juntamente com ele. Não podemos enaltecer um aspecto sem focalizar o outro. Fica capenga a mensagem que ressalta somente um dos lados.

Temos observado que há uma ten-dência estrábica de se acentuar exclu-sivamente a face objetiva da morte, que trata do plano substitutivo. Po-rém, esta pregação é descompensada e deformante. Muito prejuízo tem causado a pregação que tão somente sublinha a morte substitutiva. Se for verdade que Cristo morreu por mim, é verdade igualmente importante que eu morri com Cristo. A omissão des-ta ênfase na proclamação do evange-lho é desastrosa e demoníaca.

A Igreja, de um modo geral, tem sofrido conseqüências terríveis com esta mensagem distorcida e capenga que aponta escassamente um só lado da moeda. Pregar a substituição é uma verdade parcial. É verdade que Jesus morreu em nosso lugar, mas esta não é a verdade completa. E uma verdade parcial pode ser um grande

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prejuízo. Muita confusão tem surgido nos arraiais do cristianismo em razão desta posição perneta. Enquanto não afi narmos a orquestra no diapasão de Deus vamos enfrentar muita desar-monia. As contendas e divergências belicosas no seio da igreja são frutos da falta de experiência espiritual de nossa morte juntamente com Cris-to. Não basta saber a mensagem, é preciso crer realmente na verdade de Deus.

A história da cruz tem um apelo especial para a minha história. Sou eu que devo morrer para o pecado. E fui eu quem morreu juntamente com Cristo. Esta é a verdade que preciso crer. Sem a conformação com esta morte não há confi rmação da legiti-midade cristã.

A Bíblia parte de uma procla-mação. A mensagem do evangelho anuncia que o nosso velho homem foi crucifi cado com Cristo. Sabendo isto: que foi crucifi cado com ele o nos-so velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos. Romanos 6:6. O saber precede o crer. Precisamos to-mar conhecimento do fato, para po-dermos crer no fato. A fé cristã não é estúpida. Sem o conhecimento não há verdadeira experiência.

Mas a experiência espiritual não fi ca apenas no conhecimento. É ne-cessário um passo a mais na consi-

deração. A fé apropria-se da verdade bíblica como realidade substancial. Quando a palavra de Deus anuncia a verdade, a fé a recebe como reali-dade. Se Deus diz uma palavra, esta palavra é a verdade que eu considero como minha experiência. É impos-sível Deus mentir. E é impossível Deus dizer uma coisa que não se torne realidade experimental na vida daquele que crer nesta palavra como palavra de Deus.

Se a palavra de Deus afi rma que o nosso velho homem foi crucifi cado com Cristo, então este é um fato que eu considero conclusivo. Assim tam-bém vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Romanos 6:11. Ninguém pode considerar aquilo que não é. Só os pirados podem supor que são o que não são. Se a Bíblia apóia a cons-tatação de nossa morte é porque, de fato, nós morremos juntamente com Cristo. Saber e considerar se comple-tam. O conhecimento e a apropria-ção fazem parte da experiência legíti-ma de fé. Não basta saber. É preciso considerar como experiência pessoal a verdade das Escrituras. Como dizia C. H. Mackintosh, “quanto mais cla-ramente penetramos pela fé na ver-dade objetiva, mais profundamen-te, mais experimentalmente e mais praticamente o subjetivo operará em nós, e na nossa vida e caráter”.

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Eu só posso considerar que estou morto para o pecado porque Deus anuncia isto em sua palavra. Aqui estamos no terreno seguro da fé. Eu sou o que Deus diz que eu sou. Não se trata de uma criação da mente. Não é uma ilusão fantasiosa. Não são sentimentos ou emoções. A minha história de fé se baseia na sufi ciência da palavra de Deus. Por defi nição, fé é crer no que Deus diz.

Não estou buscando provas nas evidências sensórias, nem explicação na razoabilidade do entendimento. A fé descansa na sólida afi rmação da autoridade de um Deus sobera-no e absoluto. Deus, sendo Deus, não pode brincar com o coração das pessoas. Se sua palavra sustenta que nós fomos crucifi cados com Cristo, então, estamos diante de uma ver-dade indiscutível. Porque nada pode-mos contra a verdade, senão em favor da própria verdade. 2 Coríntios 13:8. Se a verdade de Deus diz que eu fui crucifi cado com Cristo, então, não há outra alternativa para o meu coração. A história da cruz é a minha história de crucifi cação. Jesus não precisava ser crucifi cado. Ele foi crucifi cado porque a lei exigia a minha crucifi -cação. Eu era o réu digno de morte. Eu precisava morrer para o pecado. A morte de Jesus tinha como fi nali-dade cobrir a minha participação na morte.

Os cordeiros do Antigo Testamen-to morriam pelos pecados, mas não levavam os pecadores a morrerem juntamente com eles. O ser humano não poderia ser incluído num carnei-ro. Jesus se tornou homem para nos fazer participantes de sua pessoa. Ele não morreu apenas em nosso lugar, mas levou-nos a morrer juntamente com ele. Fomos identifi cados na cruz com Cristo e, deste modo, morremos para o eu e para o mundo. Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucifi cado para mim, e eu, para o mundo. Gálatas 6:14.

Não há cristianismo genuíno sem a morte do pecador na cruz com Cris-to. É falsa toda e qualquer experiên-cia que deixa os crentes com direitos e reivindicações. Quem morreu não tem mais regalias. O crente crucifi -cado não apela para imunidade, nem fala sobre suas reais prerrogativas. A minha história na cruz é uma histó-ria de morte. Quem está morto não tem predileções, privilégios, promo-ções ou quaisquer outros direitos.

A salvação mediante a cruz visa restituir a glória de Deus, perdida pelo homem na queda. Esta restau-ração nada tem a ver com a glória humana. Não há, na mensagem da cruz, a menor ênfase nos valores hu-manísticos ou nos programas de en-tretenimento da alma. Se estivermos

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12 Revista BetelESTUDO BÍBLICO

crucifi cados com Cristo, nada mais nos resta senão viver completamen-te para a glória de Deus. Sendo as-sim, nas fi leiras do cristianismo não há vanglória nem melindre. Não há premiados nem alijados. Há apenas mortos. Mortos na cruz. A história

da cruz é a história da nossa morte. Você se considera morto juntamente com Cristo?

O poeta Gióia Junior foi muito claro quando atendeu uma sugestão de Dr. Stanley Jones com o poema:

Nada era Dele

Disse um poeta um dia,fazendo referência ao Mestre Amado: “O berço que Ele usou na estrebaria,por acaso era dEle?— Era emprestado!

“E o manso jumentinho,em que, em Jerusalém, chegou montadoe palmas recebeu pelo caminho,por acaso era dEle?— Era emprestado!

“E o pão – o suave pãoque foi, por seu amor, multiplicado,alimentando toda a multidão –por acaso era dEle?— Era emprestado!

“E os peixes que comeujunto ao lago e fi cou alimentado,esse prato era seu?— Era emprestado!

“E o famoso barquinho?Aquele barco em que fi cou sentado,mostrando à multidão qual o caminho,por acaso era dEle?— Era emprestado!

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13Revista Betel ESTUDO BÍBLICO

“E o quarto em que ceouao lado dos discípulos, ao ladode Judas, que o traiu, de Pedro que o negou,por acaso era dEle?— Era emprestado!

“E o berço tumularque, depois do Calvário, foi usadoe de onde havia de ressuscitar,o túmulo era dEle?— Era emprestado!

“Enfi m, NADA era dELE!Mas a coroa que Ele usou na cruze a cruz que carregou e onde morreu,essas eram, de fato de Jesus!”

Isso disse um poeta, certo dia,numa hora de busca da verdade;mas não aceito essa fi losofi aque contraria a própria realidade...

O berço, o jumentinho e o suave pão,os peixes, o barquinho, o quarto e a sepulturaeram dEle a partir da criação,‘Ele os criou’ – assim diz a Escritura...

Mas a cruz que Ele usou– a rude cruz, a cruz negra e mesquinha,onde meus crimes todos expiou – essa não era sua, ESSA CRUZ ERA MINHA!

Extraído do Livro Cruz-credo, o credo da cruz!, de autoria de Glenio Fonseca Paranaguá,

publicado pela Editora IDE [email protected]

Poema citado: Nada era Dele de Gióia Junior

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14 Revista BetelESTUDO BÍBLICO

O Escândalo da CruzTomaz Germanovix

O escândalo da cruz nun-ca cessou e jamais po-derá cessar. Paulo está declarando aqui que

seria loucura supor tal idéia. A men-sagem do nosso Senhor Jesus Cristo é cheia de graça, amor e misericórdia. Entretanto, temos visto no decorrer da história que ela tem sido rejeitada, atacada e diminuída por aqueles que a Bíblia intitula como os inimigos da cruz de Cristo. O apóstolo Paulo fala a respeito deles e do seu fi m na car-ta aos Filipenses. Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu

vos dizia e, agora, vos digo, até choran-do, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus de-les é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as cousas terrenas. Filipenses 3:18-19. A mensagem da cruz ofende a mente não regenerada. Ela é uma violenta agressão para os orgulhosos e aqueles que são cheios de sua própria justiça. Ela é implacável para com o pecador.

Continuam vivas as palavras de A. W. Tozer quando tratou a respei-to da mensagem da “velha cruz”; ele diz: “A velha cruz é um símbolo de

Logo, está desfeito o escândalo da cruz.

Gálatas 5:11

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15Revista Betel ESTUDO BÍBLICO

morte. Ela representa o fi m repenti-no e violento de um ser humano. O homem na época romana, que to-mou sua cruz e seguiu pela estrada já se despedira de seus amigos. Ele não mais voltaria. Estava indo para o seu fi m. A cruz não fazia acordos, não modifi cava e nem poupava nada; ela acabava completamente com o homem, de uma vez por todas. Não tentava manter bons termos com a sua vítima. Golpeava-a cruelmente e duramente, e quando terminava seu trabalho o homem já não existia.” O valor e a exigência da cruz continu-am os mesmos. Seríamos traidores desta mensagem se diminuíssemos o escândalo que ela provoca. A cruz não é um remédio que traz exaltação ao homem, mas humilhação. Não é um remédio que traz auto-afi rma-ção, mas ruína. A cruz destrói toda a possibilidade do homem de querer salvar-se a si próprio.

Deus reservou um único caminho para que o homem pudesse ser salvo. Em 1 Coríntios 1:18 está escrito Cer-tamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. A mensagem da cruz é confrontadora, e põe abaixo toda altivez e sabedoria humanas. A mensagem da cruz é a única que pode verdadeiramente li-vrar o homem da escravidão do seu pecado. Charles Spurgeon disse: “A moralidade pode manter o homem afastado da cadeia, mas somente a

cruz e o precioso sangue de Cristo podem livrá-lo do inferno.” Somente a mensagem da cruz pode gerar es-perança no coração do perdido. Só ela pode trazer alegria às almas que vivem na escuridão. A cruz, por ser uma mensagem simples, escandaliza a orgulhosa sabedoria humana.

Esta verdade não pode ser vista apenas como o centro da teologia cristã, mas sim como a única mensa-gem que o mundo precisa ouvir. Ale-xandre Mac Laren disse: “A cruz é o centro da história do mundo; a en-carnação de Cristo e crucifi cação de nosso Senhor constituem o fulcro em torno da qual giram os eventos dos séculos.” A cruz não pode ser vista apenas como “uma” mensagem, mas sim como “a” mensagem que a hu-manidade precisa ouvir. Paulo sabia deste fato e escreveu em 1 Coríntios 2:2 Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucifi cado.

Porém, para muitos, esta mensa-gem da cruz tornou-se antiquada e antipática. Ela tem afastado muitos por causa de sua rudeza e infl exibi-lidade. Há daqueles que preferem uma cruz mais “soft”, uma mensagem que não interfi ra em suas vidas par-ticulares, uma cruz que não toque em suas paixões lascivas, em seus negócios escuros e nos seus pecados secretos. Infelizmente há esse tipo de mensagem. Ela vem diretamente do profundo abismo, e tem como ava-lizador o próprio diabo. Tozer, que

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foi citado anteriormente fala desse tipo de mensagem “pirata”: “A nova cruz não se opõe à raça humana; pelo contrário, é sua amiga íntima e, se não compreendemos bem, conside-ramos uma fonte de divertimento e gozo inocente. Ela deixa Adão viver sem qualquer interferência. Sua mo-tivação na vida não se modifi ca; ela continua vivendo para seu próprio prazer. ... Não exige renúncia da ve-lha vida antes que a nova possa ser recebida. ... A nova cruz não faz exi-gências desagradáveis. A nova cruz não mata o pecador, mas dá-lhe nova direção. ... A mensagem de Cristo é manipulada na direção da moda cor-rente, a fi m de torná-la aceitável ao público.” Infelizmente, esse tipo de pregação é uma realidade em nossos dias, e uma grande multidão de in-cautos vive de mãos dadas com este “sopro” vindo do inferno.

A “velha cruz” é ofensiva porque ela exige a morte do pecador. Não há possibilidade de haver qualquer tipo de negociação. O homem que dese-ja ser salvo deve se render ao golpe da cruz. Ele precisa abrir mão de sua própria vida antes de obter a nova. E a grande revelação desta mensagem está no fato de que Jesus Cristo não morreu isoladamente naquela cruz. O seu objetivo era o de atrair para si toda a humanidade. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. João 12:32. O verso seguinte

mostra com clareza o momento em que se deu esta atração: Isto dizia, signifi cando de que gênero de morte es-tava para morrer. João 12:33. Fomos atraídos para morrermos em Cristo. Paulo fala a respeito da fi delidade desta verdade quando escreve em 2 Timóteo 2:11 Fiel é esta palavra: se já morremos com ele, também viveremos com ele. Quando o homem se assen-tar e calcular o custo de sua salvação irá verifi car que a Bíblia exige apenas uma coisa: a morte do pecador.

E a Boa Nova é que Deus já pro-videnciou esta morte para o homem através do sacrifício de Cristo. Cabe a ele crer e se render a esta verdade. Quando o homem crê neste fato, isto signifi ca que ele pode dizer com segurança Estou crucifi cado com Cris-to; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Gálatas 2:19-20. O velho homem já foi crucifi cado com Cristo e agora podemos gozar de uma nova vida juntamente com ele, conforme está escrito em Efésios 2:6 E, juntamente com ele, nos ressus-citou. A mensagem da cruz é a ex-pressão do poder e da sabedoria de Deus. J.C. Ryle disse: “Esta é a única alavanca que até aqui tem revirado o mundo de cabeça para baixo, e tem feito os homens abandonarem os seus pecados. E, se isto não o fi zer, nada o fará.”

O escândalo da cruz nunca cessou e nunca cessará.

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A epístola aos Efésios reve-la a posição daquele que está em Cristo: assenta-dos nos lugares celestiais

em Cristo. O céu não é apenas uma futura habitação para os fi lhos de Deus, mas, desde agora, eles já pos-suem a sua morada em Cristo. Cristo está no céu e nós estamos Nele. Estes dois fatos asseguram o nosso direito de acesso aos lugares celestiais e às preciosas bênçãos que temos por es-tarmos em Cristo.

Tudo o que diz respeito ao Ama-do, igualmente, diz respeito aos que são aceitos Nele: Para louvor da glória de sua graça, que ele nos fez aceitáveis

gratuitamente no Amado. Efésios 1:6. Por isso, o apóstolo desenvolve aqui a plenitude do propósito de Deus em Cristo - Fonte de toda a bênção. Tudo está ligado, unido à Pessoa de Cristo. A plenitude de nossa bênção vem do fato de estarmos abençoados em Cristo. Antes estávamos associa-dos ao primeiro homem, Adão, mas agora estamos unidos em glória ao segundo Homem, Cristo.

Por isso, Paulo não ora para que Deus possa fazer um pouco mais por nós, nem para que Ele torne Sua gra-ça para conosco um pouco mais rica, ou tampouco para que Ele manifes-te um pouco mais do Seu poder em

Cristo, Plenitude de Deus

Humberto X. Rodrigues

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o

qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões

celestes em Cristo. Efésios 1:3.

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nós. A oração de Paulo é para que Deus nos conceda o espírito de sabe-doria e de revelação. Não cesso de dar graças por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele. Efésios 1:16-17.

Identifi cados ou unidos a Cristo, somos participantes de tudo aquilo que está Nele. O apóstolo Paulo não pede para que os santos busquem as riquezas contidas em Cristo - pois elas já lhes pertencem - mas antes, que gozem delas. Notemos que são os olhos de nosso coração que devem estar abertos para ver essas gloriosas realidades. Sendo iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos. Efésios 1:18.

O que há de especial nessa oração? É o desejo do apóstolo Paulo de mos-trar aos salvos que Deus já consumou todas as coisas e que, deste modo, nada falta para ser feito. Ele fez isso na eternidade. Ele fez isso na cruz e na ressurreição, de tal maneira que hoje só há um assunto em questão, o qual é: vimos ou não vimos. O pro-blema que temos hoje não é: “Será que Deus fará?” Mas, “Nós vimos o que Deus já fez”?

Como “fi lhos da ira,” andávamos

segundo o mundo, segundo o seu príncipe e de acordo com os nossos culpáveis desejos. Ele vos vivifi cou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segun-do o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos fi lhos de desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza fi lhos da ira, como também os demais. Efésios 2:1-3.

Seu “grande amor”, o amor de Deus, superou tal cena de miséria. Ele nos vivifi cou, Ele nos deu vida, Ele nos ressuscitou e nos fez assentar em Seu próprio céu, o mesmo lugar onde Cristo está sentado. Estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivifi cou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Je-sus, para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Je-sus. Efésios 2:5-6-7. Para nós, não há posição intermediária: ou estamos mortos em nossos delitos e pecados ou assentados nos lugares celestiais. Qual é a sua posição?

A revelação de Deus não está em Lhe pedirmos que faça algo mais por nós; Ele quer abrir os nossos olhos

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para que vejamos o que Ele já con-sumou! Não resta mais nada para fazer, pois o que Deus fez por nós em Cristo é sufi ciente. Ali na cruz o Seu amor tudo consumou. E se al-guém ainda pensa em fazer algo para assegurar a sua salvação, que escute e creia nas últimas palavras do Sal-vador ao morrer: “Está consumado”. Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado. E, in-clinando a cabeça, entregou o espírito. João 19:31

A revelação tem como objetivo mostrar o que o Senhor já fez, não o que Ele fará. Ao que já está consu-mado, nada pode ser acrescentado. Muitos aguardam serem libertos em algum dia no futuro. Ao desper-tar as nossas afeições, o Espírito nos faz contemplar a Cristo ressurreto e revestido de poder e majestade. Ele é a “Cabeça” glorifi cada no céu; Seu corpo é a plenitude. E qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a efi cácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fa-zendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no pre-sente século, mas também no vindouro. E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a

plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas. Efésios 1:19-22.

O verdadeiro cristianismo não é uma religião nem um conjunto de verdades professadas. É o conhe-cimento experimental de Alguém. Cristianismo é Cristo. Somos colo-cados em um relacionamento com uma Pessoa incomparável e plena: o amado Filho de Deus, que nos tor-nou aptos a participar da suprema ri-queza da Sua graça. Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da nature-za divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo. 2 Pedro 1:3-4.

Que maravilhosa revelação! Nele, em Cristo, reside toda a plenitude de Deus. Que maravilhoso pensamen-to! Aquele que é pleno habita ago-ra no coração dos seus. Poderíamos encontrar alguma coisa mais fora Dele? Cristo habitando no coração dos homens, de homens outrora re-jeitados e estranhos às promessas, enchendo seus corações de alegria e glória - mistério preparado por Deus para os seus fi lhos. Porque nele habi-ta corporalmente toda a plenitude da

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divindade, e tendes a vossa plenitude nele, que é a cabeça de todo principado e potestade. Colossenses 2:9-10.

Assim como o sol se levanta para fazer desaparecer gradualmente to-das as estrelas, um único Nome, o de Cristo glorifi cado, faz desaparecer to-das as pretensões do coração huma-no. Que o Senhor nos ensine a nos despojarmos alegremente de tudo o que consideramos para nossa própria reputação e justiça, assim como o fez o cego Bartimeu, “lançando de si sua capa” para ir ao encontro de Jesus.

Que o Espírito Santo venha re-velar em cada um de nós a riqueza da Pessoa de Cristo! Que os nossos olhos sejam abertos para vermos o Bendito Senhor, que tudo consu-mou! Que encontremos Nele a total sufi ciência para uma vida triunfante! Somos os amados fi lhos de Deus e o nosso Pai deseja ver Sua semelhan-ça em nós. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, traremos tam-bém a imagem do celestial. 1 Coríntios 15:49.

A salvação é um milagre que ocor-re em nosso espírito. É verdadeira a obra de Deus, que opera mudanças na vida daqueles cujos olhos foram abertos. Tais pessoas contemplarão o Senhor como Ele é: Soberano Se-nhor de todos. E, essa revelação, feita a quem antes nem podia ver, inevita-velmente irá produzir adoração e um

coração desejoso de fazer a vontade de Deus. Agrada-me fazer a tua von-tade, ó Deus meu; dentro do meu cora-ção, está a tua lei. Salmos 40:8.

No novo testamento, encontra-mos duas posições nas quais o cris-tão é colocado. Primeira, em Cristo. Nela, nenhum progresso há para se fazer, nada está em questão, pois fo-mos aceitos por Deus em Cristo de maneira plena, completa. Nenhum acréscimo, nenhum retoque. Tudo está perfeito. “Estamos aperfeiçoa-dos Nele”. Não temos necessidade de nada que esteja fora de Cristo. Nós somos realizados, tornados comple-tos, plenos Nele, que é o Chefe de todo o principado e de toda potes-tade.

A segunda posição é a de peregri-nos sobre a terra - embora, no poder da ressurreição - tendo um alvo para atingir. Isto dá ocasião a toda a espé-cie de exortações e advertências: O nosso Deus reunirá todas as coisas para nos “quebrar”, nos “moer”. A cruz estará operando de forma contínua e sem cessar até que cheguemos a es-tatura da perfeição em Cristo. Para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte; para, de algum modo, alcançar a res-surreição dentre os mortos. Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar

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aquilo para o que também fui conquis-tado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás fi cam e avan-çando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, por-ventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá. Todavia, an-demos de acordo com o que já alcança-mos. Filipenses 3:10-16.

O progresso do salvo consiste em ter diante de seus olhos a Pessoa do

Senhor Jesus Cristo, Cristo como seu único objetivo, sua única razão de viver. Cristo todo sufi ciente, quer na morte ou na vida. Fomos feitos participantes da efi cácia do Seu so-frimento, morte e ressureição.

O salvo recebeu a vida de Cristo, ou a vida que nele está é o próprio Cristo. E tudo o que Cristo fez por ele nesta vida lhe pertence. Assim, ele está morto, porque Cristo morreu por ele. Ele está vivo porque Cristo vive. Ainda por um pouco, e o mundo não me verá mais; vós, porém, me ve-reis; porque eu vivo, vós também vive-reis. João 14:19.

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A Fidelidade de DeusJ. Hudson Taylor

A falta de confiança está na raiz de quase todos os nossos pecados e todas as nossas fraquezas; e como poderemos escapar a isto, a não ser olhando para Ele e observando a sua fidelidade?

O homem que se apoia na fidelidade de Deus não será temerário ou imprudente, mas estará pronto para cada emergência. O homem que se apoia na fidelidade de Deus ousará obedecer-lhe, por ilógica que lhe pareça a situação. Abraão contou com a fidelidade de Deus e ofereceu a Isaque, e considerou que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar. Hebreus 11:19

Moisés apoiou-se na fidelidade de Deus e conduziu os milhões de Israel para o deserto inculto e medonho. Josué conhecia bem a Israel, e não ignorava as fortificações dos cananeus nem seu valor guerreiro, mas contou com a fidelidade de Deus, e conduziu a Israel através do Jordão. Os apóstolos apoiaram-se na fidelidade de Deus, e não foram intimidados pelo ódio dos judeus nem pela hostilidade dos pagãos.

“E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando.” Daqueles que, apoiando-se na fidelidade de Deus, tiveram fé, e por ela “venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas... da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos” Hebreus 11:32-34.

... continua na página 30

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A Igreja -O Corpo de Cristo

Jader Charles Malafaia

Embora a Igreja tenha sido instituída pelo Senhor Je-sus, e citada antes da Sua morte na cruz do calvário,

como lemos em Mateus: E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Mateus 18:17, não é ela uma instituição, e sim uma manifestação da multiforme sabedo-ria de Deus. Dois ou três reunidos em nome do Senhor Jesus têm a ga-

rantia da sua presença. A Igreja do Senhor Jesus se ma-

nifesta na congregação dos Santos, enquanto se pratica as primeiras obras para as quais ela foi chamada, senão ela deixa de operar como Igre-ja de Cristo, conforme Apocalipse: Lembra-te, pois, de onde caíste, e arre-pende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e ti-rarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. Apocalipse 2:5.

O CONCEITO FUNDAMENTAL DE IGREJA

Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando

não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.

Apocalipse 2:5 O mistério das sete estrelas, que viste na

minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os

sete castiçais, que viste, são as sete igrejas. Apocalipse 1:20

Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.

Mateus 18:20

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Nessas primeiras obras estão to-dos os propósitos do Senhor Jesus em relação a Sua Igreja, que é o Seu Corpo, onde os fi lhos de Deus são chamados em um único Corpo Por-que, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. 1 Coríntios 12:12, com ministérios específi cos para aperfeiçoá-los edifi cando esse Cor-po, E ele mesmo deu uns para apósto-los, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edifi cação do corpo de Cristo, Efé-sios 4:11-12, e dessa forma, manifes-tar a multiforme sabedoria de Deus para que, agora, pela igreja, a multifor-me sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, Efésios 3:10.

A Igreja é espiritual e não terrena.

1. Discernindo o Corpo de Cristo

Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pen-se de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim

também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros... Romanos 12:3-5.

Porque o que come e bebe indigna-mente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. 1 Coríntios 11:29.

De maneira que, se um membro pa-dece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. 1 Co-ríntios 12:26.

1.1 O Amor entre Irmãos

Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; quem não ama a seu irmão permanece na morte. 1 João 3:14.

Todos os que nasceram de novo, e, assim, tornaram-se membros do mesmo Corpo espiritual, amam-se espontaneamente como fruto da vida de Cristo.

Se alguém diz: Eu amo a Deus e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? 1 João 4:20.

O amor de um irmão para com outro fl ui de seu interior de modo natural pela consciência da vida de Cristo em si, quer esse irmão seja de um outro lugar, de hábitos diferentes, de grande cultura ou mesmo inculto, independente de raça ou profi ssão.

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Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liber-dade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Gálatas 5:13.

1.2 União em Lugar de Divisão

Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que di-gais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer. 1 Coríntios 1:10.

Completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Filipenses 2:2.

Quando alguém discerne o Corpo de Cristo tem, conseqüentemente, o poder unifi cador, devido ao amor de Cristo derramado em seu coração E a esperança não traz confusão, porquan-to o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado. Romanos 5:5..

O fato de uma pessoa trocar de “igreja” ou de denominação, indo congregar em outro grupo onde a Igreja de Cristo verdadeiramente se manifesta, não signifi ca necessaria-mente que ela discerne o Corpo de Cristo. Pode estar nesse meio sem, na realidade, se congregar, por não ter a

visão do Corpo, e, com um espírito sectarista e atitude divisora, toda a sua ação exterior ou pensamento in-terior visa separar os fi lhos de Deus, dando sinais evidentes de não conhe-cer o Corpo de Cristo.

O discernimento do Corpo de Cristo nos liberta de todo espírito religioso, do egocentrismo e, princi-palmente, do individualismo.

Exemplo: Estar em uma reunião de oração sem de fato se reunir.

O individualismo cresce a partir de uma só pessoa individualista, ou mesmo, da ação individual de várias pessoas que, embora juntas, não es-tão congregadas.

Em uma igreja pode haver deter-minado número de pessoas que se fecham entre si e formam um grupo (panelinha) dentro da congregação, que não se une aos demais, por ter propósitos individualistas. Sob a in-fl uência de um “líder” ou lideres ine-fi cazes, sem conhecimento do Corpo de Cristo e fi rmados em experiências meramente religiosas, tais pessoas tem a ilusão de estarem na igreja e se sentem superiores e mais sábias que os demais membros do corpo, sem que, no entanto, jamais tenham ex-perimentado a manifestação da ver-dadeira Igreja de Cristo.

Quem discerne o Corpo de Cris-to jamais avaliza o individualismo, qualquer espírito de divisão, forman-

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do grupo dentro do Corpo. Para que não haja divisão no corpo, mas, antes, tenham os membros igual cuidado uns dos outros. 1 Coríntios 12:25.

1.3 A Interdependência no Corpo de Cristo

Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os mem-bros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito. Porque também o cor-po não é um só membro, mas muitos. Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. Se todo o corpo fos-se olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato? Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve. Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo? O certo é que há muitos membros, mas um só corpo. Não podem os olhos dizer à mão: Não pre-cisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós. Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários; e os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes

damos muito maior honra; também os que em nós não são decorosos revestimos de especial honra. Mas os nossos mem-bros nobres não têm necessidade disso. Contudo, Deus coordenou o corpo, con-cedendo muito mais honra àquilo que menos tinha, para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. 1 Coríntios 12:12-25.

Sendo um só Corpo não há lu-gar para o trabalho independente. Quando os fi lhos de Deus percebem a unidade do Corpo de Cristo, com-preendem a unidade da obra e, nessa percepção, são resgatados de seus es-forços individuais, pois sabem que a obra é do Corpo.

Com essa compreensão acabam as considerações de que a obra e seus resultados são coisas pessoais, dando conta de que tanto o trabalho de um como de outro, ou outros, são para proveito do Corpo de Cristo, e que as glórias são do Senhor Jesus, a Cabeça do Corpo, e as bênçãos são da Igreja.

A obra é distribuída a todos, e cada um tem a sua tarefa a realizar, sempre visando a edifi cação do Cor-po de Cristo, Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Efésios 2:10. Nes-te tocante, é necessário que cada um considere-se parte e não todo, e que cada um não pense de si mesmo mais

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do que convém, trazendo em mente que é preciso realizar a parte da obra concedida a si com fi delidade, olhan-do para o Corpo, e observando e co-operando com a parte da obra distri-buída aos outros.

Entendendo a Igreja, o Corpo de Cristo imediatamente reconhece a função de todos os membros, a sua importância, como no verso 20 O certo é que há muitos membros, mas um só corpo, e a visão passa a ser de um entre muitos membros, não se colocando ninguém em posição de destaque, ou mesmo permitindo que haja qualquer inveja ou orgulho, vis-to que a obra é do Corpo.

Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Filipenses 2:3.

1.4 Reconhecendo-se Membro do Corpo

O discernimento do Corpo leva o fi lho de Deus a reconhecer o seu lu-gar como um dos membros do Cor-po e a sua utilidade e a dos demais.

No corpo humano a falta de uma célula não é de muita importância, mas a falta de um membro prejudica em muito a sua ação.

No Corpo de Cristo, os fi lhos de Deus são membros e não células. A falta de um membro deixa o Corpo

incompleto, visto que cada membro tem uma função, que não pode ser substituída por outro.

Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, faça-mos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima. Hebreus 10:25.

Numa reunião da Igreja, a ausên-cia de um membro pode não parecer importante, entretanto, esse Corpo não estará completo; a sua função e a tarefa a ser desempenhada por ele, no Corpo, deixará de acontecer.

Quando um membro não sabe sua função no Corpo e não a desem-penha, desconhecendo o seu minis-tério, é porque, de fato, ainda não discerniu o Corpo de Cristo, não teve visão desse Corpo.

Ao discernir o Corpo, conside-ra-se de pronto como membro do Corpo sabendo que tem um dever a cumprir, coloca-se em sua função para desempenhar as suas tarefas fazendo tudo que Deus quer que ele faça, e entende que a sua ausência causará perda nas ações do Corpo em gerar vida, proteção e manifesta-ção da sabedoria de Deus.

Não há membros inertes no Cor-po de Cristo, ninguém pode ser pas-sivo na congregação dos Santos, e muito menos espectador. Quando o povo de Deus se congrega como Igre-ja de Cristo, os membros são inter-

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cessores uns pelos outros, são aque-les que combatem em orações contra as trevas e pela manifestação da luz, são supridores de vida, e são usados nas manifestações dos dons espiritu-ais, distribuídos gratuitamente pelo Espírito Santo, o espírito da Igreja, para aquilo que for útil, como vemos na Primeira carta aos Coríntios 7, 11-12. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil... Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particu-larmente a cada um como quer. Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também, sendo esse o seu motivador.

A “igreja”, instituição religiosa, procura dar cargos dentro de sua es-trutura funcional aos seus membros, com a fi nalidade de valorizá-los e motivá-los a fi carem naquela insti-tuição, pois não tendo conhecido e visto o Corpo de Cristo, precisa que suas almas recebam esse continuo ânimo (alma).

1.5 A Comunhão dos Santos

Um ao outro ajudou e ao seu com-panheiro disse: Esforça-te! Isaías 41:6.

Quem discerniu o Corpo de Cris-to entende que não há espaço para qualquer trabalho independente, e que a comunhão é de suma impor-

tância para a vida do Corpo.A comunhão não é um meio de

relacionamento social entre mem-bros do corpo, mas sim o fl uir da vida de Cristo em cada um, fazendo com que aquilo que têm em comum, essa vida, os leve à interdependência entre membros de um mesmo Corpo.

A comunhão leva a percepção de que todos os trabalhos devem ter a participação dos outros membros, para que haja o funcionamento do Corpo, e não apenas de um membro isolado exercitando algo que o faça fi -car em destaque como estertores em um Corpo inerte.

A comunhão signifi ca a comunica-ção, a transmissão, entre os membros do Corpo dos nutrientes espirituais que fazem com que o Corpo esteja em pleno funcionamento e harmo-nia, como registrado em Filemon 1:6 para que a comunhão da tua fé se torne efi ciente no pleno conhecimento de todo bem que há em nós, para com Cristo.

No caso da oração, há necessi-dade de que a comunhão entre os membros do Corpo os leve a um ter um mesmo sentimento, de modo a sofrerem juntos as difi culdades de cada membro e assim, compartilhar e interceder uns pelos outros, e con-cordarem na operação de Deus sobre aquele membro e assim todo Corpo ser benefi ciado “Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra

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acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Mateus 18:19. Pois quando um membro sofre, todo o Corpo so-fre, De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. 1 Co-ríntios 12:26.

Deve haver comunhão no estudo da Palavra de Deus, onde os irmãos falam entre si segundo a revelação que receberam na ministração dessa Palavra no Corpo e nela perseve-ram E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Atos 2:42, e são edifi cados, santifi cados pela Palavra e cheios do Espírito Santo nessa co-munhão, E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas en-chei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espiritu-ais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, Efésios 5:18-19.

A comunhão é resultado de andar na luz, de viver a vida de Cristo e do discernimento de Corpo de Cristo, Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifi ca de todo pecado. 1 João 1:7

Deus chamou os Seus fi lhos para a comunhão, Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de

seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. 1 Coríntios 1:9, não havendo lugar para individualidades ou desavenças, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individual-mente somos membros uns dos outros. Romanos 12:5.

Agora, pois, há muitos membros, mas um corpo. 1 Coríntios 12:20. E, pela cruz, reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. Efésios 2:16. Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo; porque todos participamos do mesmo pão. 1 Coríntios 10:17. E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os fi lhos de Deus que andavam dispersos. João 11:52

1.6 Submetendo-se à Autoridade

Porque o marido é a cabeça da mu-lher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo, Efésios 5:23.

E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja, Efésios 1:22.

O discernimento do Corpo de Cristo, além de levar os membros ao pleno conhecimento de sua posição, de suas funções e tarefas, os leva tam-bém à submissão à autoridade desse Corpo.

Jesus Cristo é a cabeça da Igreja,

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29Revista Betel ESTUDO BÍBLICO

é a cabeça que comanda o Corpo, onde todos os membros são por Ele comandados e obedecem as Suas or-dens.

Os membros do Corpo estão sub-missos à autoridade direta da Cabe-ça, que é Cristo, mas também tem que se submeter à autoridade indire-ta da Cabeça que são os Pastores, que foram colocados à frente do Corpo pelo Senhor.

Atendei por vós e por todo o rebanho qual o Espírito Santo vos constituiu bis-pos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Atos 20:28.

Obedecei a vossos pastores e sujei-tai-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar con-ta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil. Hebreus 13:17.

Quando o Senhor Jesus falou às sete Igrejas da Ásia, Ele mandou que João escrevesse ao Anjo da Igreja, aos pastores, que foram constituídos pelo Senhor para cuidar do rebanho:

Ao anjo da igreja em Éfeso escreve; Apocalipse 2:8. Ao anjo da igreja em Esmirna escreve; Apocalipse 2:12. Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve; Apocalipse 2:18. Ao anjo da igreja em Tiatira escreve; Apocalipse 3:1 Ao anjo da igreja em Sardes escreve; Apocalipse 3:7. Ao anjo da igreja em Filadélfi a escreve; Ao anjo da igreja

em Laodicéia escreve.Os pastores cuidam da ministra-

ção da Palavra de Deus, alimento para as ovelhas, velando assim pelas suas almas... porque velam por vossa alma.

Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles... A submissão à autoridade pastoral é característica daquele que discerniu o Corpo de Cristo. Ouve a voz do Pastor e se submete. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro. 1 João 4:6.

Entre os membros também se caracteriza a autoridade oriunda da função que cada um está exercendo no Corpo. Como exemplo em um corpo humano, pode-se citar o caso em que a mão está sujeita a ordem direta da cabeça, mas também está sujeita ao movimento imposto pelo braço, fi cando dessa forma submissa a essa ação.

A interdependência no Corpo de Cristo faz com que uns sejam mem-bros dos outros: assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. Romanos 12:5.

Assim, reconhecemos, além da autoridade principal da Cabeça, que é Cristo, o Supremo Pastor, a autori-dade Pastoral, o Anjo da Igreja, ...por

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30 Revista BetelESTUDO BÍBLICO

todo o rebanho qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, bem como da auto-ridade funcional do Corpo de Cristo através de seus membros: E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apósto-los, em segundo lugar, profetas, em ter-ceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, varie-dades de línguas. 1 Coríntios 12:28.

Tendo a visão do Corpo de Cris-to, discernindo-o, fi ca reconhecido de pronto a autoridade, que determi-na uma ordem de funcionamento do corpo de maneira a intensifi car a vida nesse Corpo.

No corpo humano, o câncer é um exemplo de células que não obede-cem a uma ordem de vida, e se pro-liferando de maneira desordenada, sem autoridade da cabeça, levam o corpo à morte.

No Corpo de Cristo, quando há o individualismo e falta de submissão à autoridade do Corpo, acontece a en-fermidade do Corpo. O Corpo sadio é resultado da submissão de todos os membros à autoridade que Deus pôs no Corpo de Cristo.

Continua no próximo número

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Satanás também tem o seu credo: Duvida da fidelidade de Deus. “Disse Deus? Não estarás enganado quanto aos Seus mandamentos? Ele não poderia querer dizer exatamente o que está aí. Tu tens um ponto de vista muito extremado, dá um sentido bem liberal a Escritura.”

Quão constantemente, sim, e com quanto sucesso tais argumentos são usados para impedir uma confiança total em Deus! Quantos há que ponderam as dificuldades à luz de seus próprios recursos, e assim intentam pouco e, muitas vezes falham no pouco que intentam! Todos os gigan-tes de Deus tem sido homens fracos, que fizeram grandes coisas por Deus porque confiaram em que Deus estava com eles.

Ó, amigos, se há um Deus de amor, fiel e verdadeiro, apoiemo-nos na Sua fidelidade. Contan-do com sua fidelidade, podemos encarar com calma e sóbria, mas confiante segurança de vitória, cada dificuldade e perigo; podemos contar com graça para a obra, com auxílio financeiro, com a provisão das facilidades necessárias. E com o sucesso final.

Não depositemos nele uma confiança parcial, mas sirvamo-lo a cada dia e a cada hora, con-tando com sua fidelidade!

-- Revista Reavivamento, outubro 1955, número 2.

... continuação da página 21

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A marca de um santo não é a perfeição, mas a consagração. Um santo não é um homem sem faltas, mas um homem que se deu sem reservas à Deus.

-- Bishop Westcott

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A Cruz é uma Coisa Radical

A. W. Tozer

A cruz de Cristo é a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os ho-mens.

Depois que Cristo ressurgiu dos mortos, os apóstolos saíram a pregar a sua mensagem, e o que pregaram foi a cruz. E por onde quer que fos-sem pelo mundo levavam a cruz, e o mesmo poder revolucionário ia com eles. A mensagem radical da cruz transformou Saulo de Tarso e o mu-dou de perseguidor dos cristãos em um terno crente e um apóstolo da fé. Seu poder mudou homens maus em bons. Sacudiu a longa escravidão do paganismo e alterou completamente

toda a perspectiva moral e mental do mundo ocidental.

Fez tudo isso, e continuou a fazê-lo enquanto se lhe permitiu perma-necer como fora originalmente, uma cruz. Seu poder se foi quando foi mudado de uma coisa de morte para uma coisa de beleza. Quando os ho-mens fi zeram dela um símbolo, pen-duraram-na nos seus pescoços como ornamento ou fi zeram o seu contor-no diante dos seus rostos como um sinal mágico para protegê-los do mal, então ela veio a ser, na melhor expres-são, um fraco emblema, e na pior, um inegável feitiço. Como tal é hoje reve-renciada por milhões que não sabem

“Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome sua

cruz e siga-me.”Mateus 16:24

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absolutamente nada do seu poder.A cruz atinge os seus fi ns des-

truindo o modelo estabelecido, o da vítima, e criando outro modelo, o seu próprio. Assim, ela tem sempre o seu método. Vence derrotando o seu oponente e lhe impondo a sua vonta-de. Domina sempre. Nunca se com-promete, nunca faz barganhas, nunca faz concessão, nunca cede um ponto por amor da paz. Não se preocupa com a paz; preocupa-se em dar fi m à sua oposição tão depressa quanto possível.

Com perfeito conhecimento disso tudo, Cristo disse: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome sua cruz e siga-me. Assim a cruz não só põe fi m à vida de Cristo, como ter-mina também a primeira vida, a velha vida, de cada um dos Seus seguidores verdadeiros. Ela destrói o velho mo-delo, o modelo de Adão, na vida do crente, e lhe dá fi m. Então o Deus que levantou a Cristo dos mortos levanta o crente, e uma nova vida começa.

Isso, e nada menos que isso, é o cristianismo verdadeiro, embora não possamos senão reconhecer a aguda divergência que há entre esta concep-ção e a sustentada pelo tipo comum de cristãos conservadores hoje. Mas não ousamos qualifi car a nossa posi-ção. A cruz ergue-se muito acima das opiniões dos homens e a essa cruz terão que vir afi nal para julgamento.

Uma liderança superfi cial e munda-na gostaria de modifi car a cruz para agradar os religiosos maníacos por entretenimento que querem divertir-se até mesmo dentro do santuário; fazê-lo, porém, é cortejar a tragédia espiritual e arriscar-se à ira do Cor-deiro feito Leão.

Temos que fazer alguma coisa quanto à cruz, e só podemos fazer uma destas duas: fugir ou morrer nela. E se formos tão temerários que fujamos, com este ato estaremos pondo fora a fé vivida por nossos pais e faremos do cristianismo uma coisa diferente do que é. Neste caso, teremos deixado somente o vazio linguajar da salvação; o poder se irá juntamente com a nossa partida para longe da verdadeira cruz.

Se somos sábios, faremos o que Jesus fez: suportaremos a cruz e desprezaremos a sua vergonha pela alegria que está posta diante de nós. Fazer isso é submeter todo o esque-ma da nossa vida para ser destruído e reconstruído no poder de uma vida que não se acabará mais. E veremos que é mais que poesia, mais que doce hinologia e elevado sentimento. A cruz cortará fundo as nossas vidas onde fere mais, não nos poupando nem a nós mesmos nem as nossas re-putações cultivadas. Ela nos derrota-rá e porá fi m as nossas vidas egoístas. Só então poderemos elevar-nos em

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plenitude de vida para estabelecer um padrão de vida totalmente novo, livre e cheio de boas obras.

A modifi cada atitude para com a cruz que vemos na ortodoxia moder-na prova, não que Deus mudou, nem que Cristo afrouxou a Sua exigência de que levemos a cruz; em vez disto, signifi ca que o cristianismo corren-

te desviou-se dos padrões do Novo Testamento. Para tão longe nos des-viamos que nada menos que uma nova reforma restabelecerá a cruz em seu lugar certo na teologia e na vida da igreja.

O Melhor de A W. Tozer, Edito-ra Mundo Cristão, 1997.

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Como Ler a Bíblia

1. Ler a Bíblia toda regularmente.Lê , alternadamente, porções do Velho e do Novo Testamento. Começa no princípio de cada.

Marca onde paraste a leitura, e recomeça por ali. Quando tiveres terminado cada um dos Testamentos, começa outra vez.

2. Ler em oraçãoTu não podes entender a Palavra de Deus pela tua própria sabedoria. Em toda a tua leitura das

Escrituras, busca cuidadosamente o auxílio do Espírito Santo. Pede por amor de Jesus que ele te ilumine.

3. Ler em MeditaçãoPondera sobre o que leres. A verdade é assim aplicada ao teu coração. Descobrirás novos

e mais profundos significados. É melhor ler um pequeno trecho com meditação, do que ler, meramente, uma porção longa.

4. Ler com Referência a Ti MesmoNunca leias apenas com vistas a instruir a outros, mas lê para a tua própria instrução. Recebe benção tu mesmo, primeiro, e comunicá-la-ás a outros. Faze-te sempre esta pergunta: Que

encerra isto para mim?

5. Ler com Fé Não como se estivesse lendo declarações em que podes crer ou não, mas como lendo que estás a Palavra revelada de Deus. Recebe cada palavra como verdadeira, com a fé simples de

uma criança. Descansa sobre as promessas. Lê essas promessas como feitas a ti.

6. Ler com o Fito de PraticarNós precisamos aceitar a Palavra de Deus como sendo a revelação da sua vontade. Nela, ele nos

diz como devemos ser e o que devemos fazer. Ele espera que sejamos “filhos obedientes”.

-- George Müller

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34 Revista BetelLEGADO

Cristo, Nossa Vida

T. Austin-Sparks

Um dos objetivos prin-cipais do Espírito San-to é conseguir que os crentes realmente se-

jam identifi cados com Cristo como o Senhor ressurreto e exaltado, tornar a Sua vida algo real na experiência deles. À medida em que esta era ca-minha para sua consumação – a ma-nifestação de Cristo – dois fatores se tornam cada vez mais evidentes. De um lado coisas, homens, movimen-

tos, instituições, organizações, etc., predominarão e atrairão multidões após si e as prenderão. De outro lado, com crescente desapontamento e de-silusão nessas coisas, uma minoria se voltará para o próprio Senhor, para descobri-lO como Sua vida toda su-fi ciente.

Há três características inerentes a tudo isso. Uma é o desenvolvimento inconfundível do princípio do An-ticristo; aquilo que defi nitivamente

“Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar...”

Colossenses 3:4

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tomará o lugar de Cristo, ou tentará fazê-lo. A segunda opção por Cristo em um cristianismo feito por ho-mens, uma vida de imitação gerada e conduzida pelo seu próprio impulso. A terceira, uma procura profunda e genuína de realidade, verdade, e co-nhecimento interior do próprio Se-nhor. No primeiro caso será a ado-ração declarada do homem ao poder humano: um excesso tremendo de humanismo; o prodígio e a glória do homem. O terceiro será completa-mente Cristo como vida.

Se o cristão estiver preso a algu-ma tradição, uma instituição, um movimento ou uma pessoa, o fi nal certamente será de limitação da vida e terminará em confusão, desaponta-mento ou talvez pior. O Novo Tes-tamento deixa inconfundivelmente claro e enfático que o destino de tudo será “Cristo tudo em todos”. Precisa-mos aprender que a verdadeira obra do Espírito de Deus é unir todas as coisas ao próprio Cristo. Ele, Cristo, tem que ser a vida de nosso espírito, o “homem interior”, para que sejamos fortes no Senhor; não em nós mes-mos, nem em outros, nem em coisas. Teremos que sobreviver à adversida-de por Sua força em nosso interior somente.

Cristo tem que ser a vida de nossas mentes. A perplexidade achar-nos-á sem o poder para explicar e entender, mas o Espírito no ensinará e guiará.

Cristo precisa ser vida para nos-sos corpos. Existe algo como vida divina para nosso corpo físico. Nem sempre o Senhor decide curar o corpo, mas Ele sempre deseja ser a vida do corpo, mesmo no sofri-mento, para cumprir Seu propósito.

É o próprio Senhor, e, para que seja, é necessário estar sempre con-tra a história da nossa natural inca-pacidade. Do início ao fi m, o poder da Sua ressurreição é a lei da união com Cristo. Dias de terrível pressão estão sobre o povo do Senhor. O Seu inimigo tira bem pouca folga. A úni-ca sufi ciência está no próprio Senhor como nossa vida.

Barnabé exortou aos crentes, no princípio, para que com fi rmeza de co-ração, permanecessem no Senhor (Atos 11:23). Existe aí uma declaração que produzirá forte impressão sobre nós até o tempo “quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar”.

Extraído da revista, À Maturidade, número 28

– Outono de 1996

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A Ofensa da CruzF. J. Huegel

Um grande clamor su-biu dos judeus zom-beteiros, insultuosos, o qual passou sobre o

Redentor Crucifi cado: Se ele é o Rei de Israel, desça agora da cruz e crere-mos nele. Nós lemos que os mesmos impropérios lhe dirigiam também os ladrões que haviam sido crucifi cados com Ele.

Nos últimos anos um grande clamor, um eco dessa antiga súpli-ca, tem subido da Igreja. Se Cristo tão somente descesse da Cruz! Nós queremos o Cristo do Monte, cre-

mos no Cristo do ministério de cura, amamos o Cristo do exemplo subli-me, pregamos o Cristo do evangelho social – mas o Cristo da cruz é uma ofensa. Desça Ele agora da cruz e cre-remos nEle.

Mas o Rei não desceu. Seu direito à realeza nunca esteve mais divino do que naquela terrível hora. Seria do madeiro amaldiçoado que Ele rei-naria. Foi ali que Ele lavrou a reden-ção. Foi quando dali Ele clamou Está consumado, que fenderam-se as rochas e abriram-se os sepulcros. Foi quando Ele provou a morte ali por todos os

“Pregamos a Cristo crucifi cado... pedra de tropeço”

1 Coríntios 1:23

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homens que o véu do templo foi par-tido, como símbolo da abertura do caminho de acesso imediato à pre-sença de Deus para todos os fi lhos dos homens. Foi nessa ocasião que soou a hora de Deus – o alvorecer da era cristã. Foi nessa ocasião que os grilhões de uma humanidade escra-vizada foram quebrados. É desse ver-gonhoso madeiro, por mais mortifi -cante que seja a ofensa da Cruz, que o Rei ainda reina. De nenhum outro trono Ele estabelecerá o Seu Reino.

Um vulcão em convulsão pode representar bem a inquietação do mundo de hoje. Será que não há um caminho de saída? Não há esperan-ça? Não há algum fundamento segu-ro para a alegria humana? Não existe algum remédio para os males da or-dem social?

É melhor que sejamos honestos quanto a essas questões e admitamos que, humanamente falando, não há um caminho de saída. Um otimis-mo tolo que se recusa a encarar os fatos somente aprofunda a vergonha e a dor. É como tocar violino sobre a Roma em chamas. Não há caminho algum de saída a não ser o caminho de Jesus. E o caminho de Jesus é o ca-minho da cruz.

Mais cedo ou mais tarde, a experi-ência leva a pessoa a reconhecer este fato. Ou é a cruz ou o orgulho com todos os seus males conseqüentes.

Que são as guerras, as antipatias raciais, o insano acúmulo de riqueza diante da miséria de milhões, os con-fl itos em todas as formas, as injusti-ças sociais que levam a terra a gemer e lamentar-se, senão os frutos inevi-táveis dessa amaldiçoada árvore que chamamos de orgulho do homem? Não há mal que não tenha o orgu-lho, em alguma forma, como sua raiz. Não há mal que não tenha brotado do fato do homem depender de si próprio, em vez de depender de Deus.

Qualquer tentativa de curar as fe-ridas da nossa ordem social leprosa que não atinja as raízes do orgulho, conduz a um beco sem saída. O gol-pe desferido pelo Filho de Deus ao morrer na cruz do Calvário, atin-gindo a “vida do eu” do homem – o machado de Deus colocado à raiz da árvore do orgulho – foi universal. Foi sufi ciente para demolir o universo de pecado. Foi sufi ciente para engolir dez mil oceanos de leviandade. Nada mais pode matar o monstro do orgu-lho humano. Nós, porém, não temos desejado nos submeter ao veredicto do Gólgota. Não temos desejado ex-por o câncer do pecado e do orgulho à radioterapia da cruz. Temos evita-do o desfecho supremo que o nosso Senhor crucifi cado deu ao mundo. Entretanto, a Igreja ainda tem a cha-ve de ouro para tal situação. É a cruz de Cristo.

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38 Revista BetelLEGADO

Quando Jesus falou aos Seus discípulos da necessidade dos Seus sofrimentos e morte sobre a cruz, Pedro procurou dissuadí-lo. Jesus se voltou para ele com ardente reprova-ção: Arreda! Satanás, porque não cogi-tas as cousas de Deus, e, sim, das dos homens. Em nossos dias, quanto do serviço cristão, ministério e mensa-gem vêem sob esta ardente condena-ção! É uma ofensa. Cogitam das coi-

sas da “carne”. Não são de Deus. Está faltando a cruz. Não brotam de uma unidade com o Cristo crucifi cado e ressurreto. O Calvário não está no seu âmago. Deus não pode possuir tal serviço, ele não redime.

Extraído da revista, À Maturidade, número 28,

Outono de 1996

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O poder da ressurreição

Catherine de Bogart de Woodstock, New York, nos Estados Unidos, morreu como resultado de espancamento e foi sepultada tendo ainda nas mãos a varinha com que fora açoitada, a qual

inesperadamente brotou, forçando caminho entre as pedras do sepulcro e transformando-se em enorme árvore.

Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo

e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; para o conhecer, e o poder da sua ressurreição,

e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte (Filipenses 3:8-10).

-- Revista À maturidade, numero 6 outono de 1979

A palavra de Deus

Campbell Morgan, considerado “O Homem da Palavra”, aos sessenta anos de idade confessou que, durante os primeiros sete anos após a sua conversão, ele leu todos os livros da Bíblia mais de cinqüenta vezes. E que nunca usou a caneta para fazer qualquer anotação sobre alguns dos

livros da Bíblia, antes de ler pelo menos cinqüenta vezes.

Austin Sparks também disse: “Eu me recuso a dar alguma apreciação sobre qualquer livro da bíblia antes de lê-lo pelo menos quarenta vezes”.

Há mistérios de graça e de amor em cada página da Bíblia, e próspera é a alma que vê no Livro de Deus uma preciosidade cada vez maior.

-- Robert Chapmam

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39Revista Betel RIQUEZA DA GRAÇA

No Coração de Deus Parte I

O caminho que Deus provê é Cristo, a ver-dade que Deus revela também é Cristo, e a

vida que Deus concede é, do mes-mo modo, Cristo. Cristo é o nosso caminho, a nossa verdade e a nossa vida. É através de Cristo que vamos ao Pai. No coração de Deus, aquilo que está relacionado a Ele é Cristo, o qual também é Seu Filho. Ele não nos deu muitas coisas fora de Cristo, pelo contrário, o que Ele nos dá é o próprio Cristo.

Precisamos, então, pedir a Deus que abra nossos olhos de modo que possamos conhecer Seu Filho. A ca-

racterística do Cristianismo reside no fato de sua fonte, profundidade e riqueza estarem vinculados ao co-nhecimento do fi lho de Deus. Não importa o quanto conhecemos sobre métodos, doutrinas ou poder; o que realmente importa é conhecer o Fi-lho de Deus.

Cristo é o caminho

Disse Jesus: “Eu sou o caminho”. A palavra caminho também signifi ca o método. O que Ele nos mostra aqui é que Ele é o caminho pelo qual che-gamos a Deus, bem como o método pelo qual alcançamos a Deus. Tendo

Watchman Nee

“Jesus respondeu: —Eu sou o caminho, a verdade e a

vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim”.

João 14:6

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40 Revista BetelRIQUEZA DA GRAÇA

a Ele, temos o caminho; possuindo-O, possuímos o método.

Esse caminho nada mais é do que o próprio Cristo. Não é um método qualquer fora dEle. Precisamos ver que o Senhor Jesus, e nenhum outro método, é o único caminho pelo qual chegamos a Deus, tanto no momen-to de nossa salvação quanto depois.

Alguns cristãos estão à procura de novos métodos espirituais. Certa vez, depois de ouvir uma mensagem a respeito da vitória através de Cristo e não por esforço próprio, um irmão disse àquele que havia proferido a mensagem: “Por muitos anos tenho sido constantemente derrotado, mas hoje está tudo resolvido”. Ao que o pregador perguntou: “E como você sabe disso?”. O irmão respondeu: “Porque agora creio ter achado um caminho para a vitória. Louvado seja Deus porque hoje encontrei um mé-todo! A vitória é através do Senhor, não através de mim mesmo”. O irmão que havia proferido a mensagem res-pondeu: “Se tudo o que achou foi um caminho para a vitória, então você vai ser derrotado novamente”. Por que disse isso? Porque o Senhor Jesus nos diz: “Eu sou o caminho”. Em ou-tras palavras, somente Ele é o cami-nho, o método. O caminho não está fora dEle, uma vez que Ele próprio é o caminho. Se tudo aquilo que con-seguimos se resume a um método, descobriremos rapidamente sua ine-

fi cácia. Deus não nos dá um método: Ele nos dá Seu próprio Filho.

Precisamos entender que crer no próprio Senhor e acreditar em uma fórmula são, na realidade, duas coisas diferentes. Um método não possui poder nem efi cácia alguma; pelo fato de não ser Cristo, esse método é algo simplesmente morto.

Alguns irmãos e irmãs se pergun-tam: Como é estranho que algumas pessoas que crêem em Deus tenham suas orações respondidas enquanto eu, que também creio, não tenho. Por que Deus é gracioso para com elas e não o é para comigo?”. Pare-cem acusar a Deus de parcialidade, não percebendo que aquilo em que eles crêem nada mais é do que uma ”coisa” e, portanto, é morta. Nem fór-mulas, nem métodos funcionam; só Cristo é vivo. Não é porque alguém tenha aprendido uma serie de méto-dos, que tal pessoa é um cristão, uma vez que as pessoas se tornam fi lhos de Deus através do novo nascimento, e não pelo aprendizado.

“Eu sou o caminho”, afi rma o Se-nhor Jesus. Cristo é o caminho, Cris-to é o método. Meus amigos, será que Cristo é o seu caminho e o seu método? Ou, será que você está bus-cando um caminho ou um método diferente dEle mesmo? Louvado seja Deus se Cristo for o nosso método, tudo será bem sucedido. Mas se o que temos for simplesmente uma

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41Revista Betel RIQUEZA DA GRAÇA

fórmula dentre várias, por melhor e mais precisa que seja, ainda assim, é algo morto e não possui valor espiri-tual algum. A razão de muitas ora-ções não respondidas e testemunhos inefi cazes reside no fato do Senhor não ter sido tocado. Meramente co-piamos os métodos de outros; mas não tocamos o Senhor de fato.

Um servo do Senhor certa vez pregou uma mensagem em Romanos 6 a 8. Certo irmão, ao ouvir a mensa-gem disse: “Hoje consigo entender o caminho da vitória. Vejo claramente. De agora em diante não serei mais derrotado como costumava ser”. Um outro irmão aproximou-se do prega-dor e quando questionado de como ele se sentia disse: “Não sei como des-crever. O Senhor porém abriu meus olhos e hoje eu O vi”. Aquilo que este último irmão obteve foi o próprio Senhor. Ele conseqüentemente man-teve-se fi rme enquanto que o pri-meiro foi novamente derrotado, isto porque recebeu somente um método sem valor e não o próprio Senhor.

Mesmo nossa motivação ao ouvir-mos uma mensagem é muitas vezes incorreta. Ao invés de pedirmos re-velação ao Senhor para que possa-mos vê-lO, tentamos memorizar um método que possamos levar conosco. E mesmo que apliquemos tal méto-do, não chegaremos a lugar nenhum. Algumas vezes, todavia, chegamos a

vislumbrar algo, talvez sem termos certeza para ousarmos dizer que vi-mos o Senhor. Não obstante, se O vimos, tal visão trará mudança real. Graças a Deus este é o caminho. Não se trata de aprender um método, mas de conhecer o Senhor. Claramente nos é mostrado que o próprio Se-nhor é o método.

Devemos, portanto, ao ouvir uma mensagem ou um testemunho, exa-minar a nós mesmos e verifi car se en-contramos o Senhor ou se simples-mente compreendemos um método. Não há libertação em conhecermos um método; somente seremos liber-tos ao conhecermos o Senhor. Ouvir como Ele tem ajudado a outros não irá nos salvar; só acharemos salva-ção se confi armos no Senhor e nEle somente. As palavras proferidas por eles podem parecer as mesmas, mas em realidade espiritual há uma dis-tância enorme. O Senhor é o Senhor da vida e quem O toca, toca a vida. Somente tocar o Senhor confere vida.

Pela graça de Deus continuaremos na próxima edição...

Livro: Cristo a Essência de Tudo o que é Espiritual

Autor: Watchman NeeEditora Tesouro Aberto

www.tesouroaberto.com.br

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42 Revista BetelRIQUEZA DA GRAÇA

Cristo no Antigo Testamento

Caro leitor, o mistério de Deus já nos foi revelado: Cristo (Colossenses 2:2). Graças ao Pai, nossos

olhos estão abertos para Sua Palavra que nos testifi ca seu Filho Amado, desde o livro de Gênesis. Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testifi cam de mim. João 5:39

A Revista Betel vem compartilhar as profundas riquezas contidas no Antigo Testamento sobre Jesus Cris-to, nosso Senhor e Salvador. Inicia-remos com a passagem do primeiro

capítulo de Gênesis, versículos qua-torze a dezenove.

Nossa pretensão é que, ao sabo-rearmos estas preciosidades, não possamos mais ver muitas coisas na Palavra de Deus, mas apenas uma só, a boa parte: Cristo, o fi lho do Deus vivo.

O Sol, o Centro de Luz, É Cristo, nosso Senhor!

O ponto sobre o qual desejo ago-ra falar é a criação das luzes. E disse Deus: haja luminares na expansão

Maurício G. G. Cid

“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que

testifi cam de mim.” João 5:39

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43Revista Betel RIQUEZA DA GRAÇA

dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos. E sejam para luminares na expansão dos céus, para alumiar a terra. E assim foi. E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar me-nor para governar a noite; e fez as estrelas.

O sol é o grande centro de luz, o centro do nosso sistema. Em redor dele giram os astros menores. Dele recebem, também, a sua luz. Por isso, o sol pode, legitimamente, como um símbolo próprio d’Aquele que em breve há de se levantar, trazendo cura nas Suas asas, alegrar o cora-ção daqueles que temem o Senhor. A aptidão e beleza do símbolo é in-teiramente clara para quem, tendo passado a noite em vigília, presencia o nascer do sol dourando com os seus raios o céu oriental. As neblinas e as sombras da noite são dispersas, e toda a criação parece aclamar o re-gresso do astro de luz. Assim será, em breve, quando aparecer o Sol da Justiça. As sombras da noite fugirão, e toda a criação regozijar-se-á com o raiar de uma “manhã sem nuvens” – o alvorecer de um dia brilhante e inter-minável de glória.

A Lua

A lua, sendo por si mesma opa-ca, recebe toda a sua luz do sol. A lua refl ete sempre a luz do sol, salvo quando a terra e as suas infl uências intervém1. Tão depressa o sol se põe no nosso horizonte, a lua apresenta-se para receber os seus raios de luz e refl eti-los outra vez sobre o mundo na escuridão; ou no caso de ser visí-vel, durante o dia exibe sempre uma luz pálida, como resultado inevitável de aparecer na presença de maior claridade. É verdade, como tem sido observado, que o mundo às vezes in-terpõe-se: nuvens escuras, neblinas cerradas, e vapores gelados, também, levantam-se da superfície da terra e ocultam da nossa vista a luz prateada da lua.

Contudo, assim como o sol é o símbolo lindo e próprio de Cristo, do mesmo modo a lua nos lembra admi-ravelmente a Igreja. A origem da sua luz está oculta para a vista. O mundo não O vê, mas ela O vê; e é respon-sável por refl etir os seus raios de luz sobre o mundo de trevas. O mundo não tem meio de conhecer coisa al-guma de Cristo senão por meio da Igreja. “Vós”, diz o apóstolo Paulo, “sois nossa carta,... conhecida e lida por

1 É um fato interessante que a lua, quando vista através de um poderoso telescópio, apresenta o aspecto de uma vasta ruína da natureza.

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44 Revista BetelRIQUEZA DA GRAÇA

todos os homens”. E acrescenta: “Por-que já é manifesto que vós sois a carta de Cristo” (2 Coríntios 3:2).

Que lugar de responsabilidade! Quão sinceramente deve ela vigiar contra tudo que impede o refl exo da luz celestial de Cristo em todos os seus caminhos! Porém, como deve a Igreja refl etir esta luz? Permitindo que a luz brilhe sobre ela em todo o seu brilho límpido. Se a Igreja tão-somente andar na luz de Cristo, há de, certamente, refl etir a Sua luz; e isto mantê-la-á sempre na sua pró-pria posição.

A luz da lua não é sua. Do mesmo modo acontece com a Igreja. Ela não é chamada para se mostrar a si mes-ma ao mundo. Deve, simplesmente, refl etir a luz que recebe. É obrigada a estudar, com santa devoção, o ca-minho que o Senhor trilhou aqui no mundo; e mediante a energia do Es-pírito Santo, que habita nela, seguir nesse caminho. Mas, ah! O mundo com as suas neblinas, nuvens, e os seus vapores, intervém e oculta a luz e mancha a epístola. O mundo não pode ver muito dos traços do caráter de Cristo naqueles que se chamam pelo Seu nome; na verdade, em mui-tos casos, eles apresentam um con-

traste humilhante, em vez de uma semelhança. Possamos nós estudar Cristo devotadamente, de modo a podermos imitá-Lo mais fi elmente.

As Estrelas

As estrelas são luminares distan-tes. Brilham noutras esferas e têm pouca ligação com este sistema, que é pela sua instilação. “Uma estrela difere em gloria de outra estrela”. As-sim será no reino futuro do Filho de Deus. Ele resplandecerá com brilho vivo e eterno. O seu Corpo, a Igre-ja, refl etirá fi elmente o Seu brilho, sobretudo à sua volta; enquanto que os santos, individualmente, brilharão nessas esferas que o Justo Juiz lhes distribuir, como galardão do serviço fi el prestado durante a noite da Sua ausência.

Este pensamento deve animar-nos a uma mais ardente e vigorosa diligência por conformidade com o nosso Senhor ausente (veja-se Lucas 19:12-19).

Livro: Estudos sobre o livro de Gênesis - Depósito de Literatura Cristã

Autor: C. H. Mackintosh

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45Revista Betel TESTEMUNHO

Hudson Taylor -Uma Vida na Mão de Deus

William E. Allen

A vida de Hudson Taylor é um registro de como Deus operou através de um homem fraco, até vir

a formar-se uma junta missionária com mais de 5.000 obreiros. A gran-de crise na sua vida ocorreu em 1865, quando sentiu em seu coração o peso dos milhões de almas perdidas no interior da China, e começou a per-ceber que Deus o estava chamando a iniciar uma obra em prol da evan-gelização daquele povo. Taylor estre-

meceu diante de tal responsabilida-de, mas não podia fugir à visão dos milhares de almas que se dirigiam para uma eternidade sem Cristo. Es-creveu ele: “Um milhão de almas es-tava morrendo mensalmente naquela terra, morrendo sem Deus. Isto quei-mava o âmago da minha alma.”

Desgastado e muito doente, di-rigiu-se ele certa vez para B. e, num domingo, enquanto passeava à beira mar, Deus, por seu Espírito, falou-lhe ao coração que se obedecesse

A grande crise na sua vida ocorreu em 1865, quando

sentiu em seu coração o peso dos milhões de almas perdidas

no interior da China

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46 Revista BetelTESTEMUNHO

ao Seu chamado para começar uma obra no interior da China, Ele to-maria para si toda a responsabilida-de. “Tu Senhor”, exclamou ele com um alívio inexprimível, “Tu levarás todo o fardo!” A Missão do Interior da China (China Inland Mission) teve início imediatamente, e Hudson Taylor tornou-se, física e espiritual-mente, um novo homem. A respeito dos missionários que haveriam de ser enviados para aquele campo, dis-se ele: “o necessário era que homens e mulheres cheios do Espírito Santo se entregassem à obra.”

O ideal de que cada missionário e cada obreiro nacional fosse cheio do Espírito Santo estava sempre diante de seus olhos. Em 1892, escreveu: “A suprema necessidade de toda a obra missionária na hora presente é da manifesta presença do Espírito San-to. Tem havido entre nós uma certa medida de bênçãos, e almas tem sido salvas, mas onde estão aqueles que sozinhos perseguem mil, e que de

dois em dois põem dez mil em fuga? Onde estão aqueles, uma vez seden-tos e agora cheios, de quem manam Rios de Água Viva?”

“Oh, eu sinto que é de poder divi-no que necessitamos, e não de orga-nizações! Se as dezenas ou centenas que agora alcançamos diariamente não estão sendo ganhas para Cristo, qual seria o ganho de uma organiza-ção tal que nos capacite a alcançar o dobro? Não seria antes, mais sábio, que suspendêssemos nossas ativida-des do momento e nos humilhás-semos diante de Deus, orando por nada menos que sermos cheios do Espírito Santo, tornando-nos canais através dos quais ele possa operar com irresistível poder? Deus está já agora abençoando alguns que dele estão buscando essa benção pela fé.”

“How 25 great soulwiness werw en-dued with power, de William E. Allen”

Revista Reavivamento, maio de 1956

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“Precisamos de homens que amem a cruz, para O conhecer, e o poder da Sua ressureição e a comunhão dos seus sofrimentos.”

-- Hudson Taylor

Ninguém conhece o que é fruto, até que tenha aprendido a morrer para tudo o que é meramente humano.

-- Andrew Murray

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47Revista Betel

Associação Betel

A Associação Betel é uma entidade juridicamente organizada, sem quaisquer vínculos denomina-cionais ou fi ns lucrativos, mantida por recursos advindos de colaboração espontânea de pessoas

que apóiam seus objetivos, cujo fi m é viabilizar a pregação do Evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo.

Os objetivos da Associação Betel:a) Apoiar missionários e pregadores (uma vez confi rmados

em seus compromissos com a verdade do Novo Nascimento pela nossa morte e ressurreição com Cristo) para a pregação do Evangelho de Cristo, suprindo as despesas de caminho em suas viagens, dando um apoio fi nanceiro para seu sustento e de sua família e um auxílio à saúde.

b) Produzir e adquirir literatura e material evangelístico para uso dos missionários e dos grupos por eles atendidos, como: folhetos, livretos, estudos dirigidos, livros evangelísti-cos, Bíblias, fi tas de áudio e afi ns.

c) Assistência Social, sempre vinculada ao Evangelismo, pois “a fé sem obras é morta sem si mesma”.

A Associação Betel é mantida por colaborações espontâne-as de pessoas físicas ou jurídicas, que apóiam seus objetivos.

São basicamente pessoas regeneradas, contribuintes mui-tas vezes anônimos, mas que se fazem participantes da pre-gação, para que também outras pessoas, até mesmo por eles desconhecidas, possam gozar da mesma graça e esperança.

São aqueles que compreendem com amor e dedicação as Palavras do Senhor Jesus Cristo: “Indo por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura”.

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48 Revista Betel

Equipe da RevistaAdemar Carlos MirandaFlávia S.G. CidGiuliana Jacobs RodriguesHumberto X. RodriguesMárcia C. OkimuraMariângela A. ParanaguáMaurício G.G. CidTereza Mondek MirandaUmberto Campos

CNPJ 72219207/0001-62REVISTA BETEL é uma publicação trimestral que visa a edificação dos cristãos. Contém artigos e estudos bíblicos centrados na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Esta publica-ção é sustentada por doações voluntárias de irmãos em Cristo e distribuída aos leitores gratuitamente.

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