68

Revista Atitude 7ª edição

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Maio/Junho 2012

Citation preview

Page 1: Revista Atitude 7ª edição
Page 2: Revista Atitude 7ª edição
Page 3: Revista Atitude 7ª edição
Page 4: Revista Atitude 7ª edição
Page 5: Revista Atitude 7ª edição

Na época mais seca do ano, o risco de incêndio aumenta muito. Mas a causa, quase sempre, é a falta de cuidado. Queimar o lixo próximo à vegetação, jogar cigarro aceso ou colocar fogo no pasto são alguns dos motivos mais comuns. A consequência pode ir de danos irreversíveis ao meio ambiente a tragédias que atingem patrimônios e vidas humanas. É hora de redobrar a atenção. Vamos todos cuidar da nossa segurança e do nosso planeta.

Fique atento:

. Descarte o lixo nos lugares certos. Latas, cacos e garrafas de vidro podem se aquecer ao sol e iniciar um incêndio.

. Evite queimar o lixo no quintal. Esse hábito pode provocar acidentes e prejudicar a saúde.

. Não jogue cigarro aceso perto da vegetação.

. Antes de fazer uma queimada controlada para a pastagem ou para limpar alguma área, peça orientação aos órgãos ambientais, ao Corpo de Bombeiros ou às brigadas civis.

Para comunicar incêndios, ligue: 193 – Corpo de Bombeiros.

Sempre que presenciar situações de risco próximas à ferrovia, ligue para o Alô Ferrovias: 0800 285 7000.

Quem queima lixo não vê o tamanho do problema que pode causar.

VI-104-12H- Vale Ad Queimadas_20,5x27,5cm.indd 1 6/18/12 2:12 PM

Page 6: Revista Atitude 7ª edição

Maio a Junho/2012

CARTA AO LEITOR

6

Como anteveu o economista André Lara Resende – cujas palavras reproduzimos em nossa sexta edição –, 2012 tem sido, de fato, desafiador. Grosseiramente, poderíamos resumir: desaceleração de consumo, maior necessidade de concentração, foco.

Pois, para nós, sem qualquer hipocrisia ou sentimento de arrogância, não há cenário mais estimulante. Invariavelmente, grandes vitórias são sempre conquistadas sobre os maiores adversários. No futebol, ao menos, nenhum troféu de respeito foi erguido com goleada de 10 a 0, ainda por cima sobre o pior time do mundo, o Tabajara Futebol Clube.

Nestes dias cada vez mais competitivos e pouco éticos, em que nenhum segredo tático escapa à bisbilhotice de câmeras e narizes espiões, méritos, em geral, são celebrados por quem vence o Barcelona, exporta para a China, recebe encomenda recorde da falida Europa. Ou, quem sabe, alguém que seja capaz de cruzar a nado os 33 km do gelado Canal da Mancha, superando a hipotermia, esgotos, urticantes águas vivas, manchas de óleo, algas e os 400 barcos que atravessam diariamente o concorrido estreito de Dover. Coisas desse tipo.

Então? É nessa conjuntura de obstáculos não poucos que a equipe de atitude garimpou com êxito mais um respeitável time de exemplos, foi buscar inspiração para os seus leitores. Gente que já atravessou crises em cima de crises, sem esmorecer. Gente que ousa e acredita no futuro, mesmo turvo. Gente que entende perfeitamente que, quanto mais alto saltar, mais terá que aprender a aterrissar.

Pouse e repouse no que de melhor pudemos produzir para este sugestivo outono-inverno, com ênfase no meio ambiente e, também, no melhor ambiente profissional-estudantil-familiar. Não temos Tchu, não temosTcha. Mas temos o meu amigo Tucha, personagem central da nossa matéria de capa, que você vai curtir muito. E compartilhar.

DIRETOR E EDITOR-CHEFELuiz Carlos Kadyll [email protected]@gmail.com(31)9239-6438 / 3824-4620

REPORTAGENSJosé Vinícius [email protected]

Juliany Cristina Rigueira [email protected]

Goretti [email protected]

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOAlisson [email protected]@acomunicacao.com.br(31)9254.4757

ASSISTENTES DE ARTEEllen [email protected]

Fernando [email protected]

DEPTO. FINANCEIROEdileide F. C. [email protected]

FOTOGRAFIASGoretti ZeferinoAmós RodriguesEmmanuel FrancoPaulo Sérgio de Oliveira

COLABORADORESAlexandre PaulinoRobson AlmeidaJosé HortaJanete AraújoEd Carlos

A revista atitude conta com a sua participação para proporcionar

sempre um alto nível de informação aos seus leitores. Envie suas

sugestões de reportagens para [email protected] Elas serão avaliadas por nossa

equipe com toda atenção.

ENVIE SUGESTÕES

Luiz CarLos KadyLLEDITOR-CHEFE

Pra você que quer Tchu, quer Tcha e mais um pouco

Page 7: Revista Atitude 7ª edição
Page 8: Revista Atitude 7ª edição

SUMÁRIO

Gislaine Moreira, de Bom Jesus do Galho, e sua consolidada carreira no jornalismo: há mais de 20 anos, ela é produtora do MGTV 2ª Edição.

Com apenas 7 anos, em 1962, Alberto Costa Filho já trabalhava com o pai. Meio século depois, seus filhos, como o caçula Arthur Aurelino, 10 anos, se encaminham dentro da mesma atividade.

BRILHANDO NA REDE GLOBO

TERCEIRA GERAçãO DE RECICLAGEM

36

Amanda, Moisés e Sílvia, orgulho dos pais, residentes em Ipatinga: nascidos em Sabinópolis, os três irmãos seguiram juntos para a Aeronáutica.

LIVRES PARA VOAR

As psicólogas Elaine Ribeiro, 26, e Joyce Francele, 23, levantam características dos candidatos às vagas, reduzindo a dor de cabeça das empresas na hora de contratar.

O PERFIL DO NOVO EMPREGADO

63

16

40

Maio a Junho/2012

Natanael Marreiro de Cerqueira, que criou há 20 anos aquela que é hoje uma das mais completas casas de autopeças do Vale do Aço, herdou do pai a paixão pelos veículos

HISTÓRIA DA MC AUTOPEçAS46

Page 9: Revista Atitude 7ª edição
Page 10: Revista Atitude 7ª edição

DUVAL E SEU IDEAL

10

From Harvard

Estudante que está a um ano de concluir o mestrado em Políticas Públicas nos EUA quer voltar para a região e contribuir com a formação de nossos jovens

Um dia comum após as aulas em Harvard, uma das instituições educacionais mais prestigiadas do mundo

Na tarde deste 12 de junho, tive a oportunidade de fazer uma imersão na vida do ainda estudante Duval Barbosa Guimarães, 28 anos, que bem poderia ter nascido em Braúnas, Ipatinga ou Timóteo, mas por um acaso do destino veio ao mundo no interior do Mato Grosso, em Rio Branco, cidade fronteiriça com a Bolívia. Filho e neto de cidadãos braunenses, e tendo o Vale do Aço como sua terra por adoção, esse jovem que tenho o orgulho de apresentar ao leitor de atitude ‘carrega pedras enquanto descansa’. Formado em Relações Internacionais pela American University, em Washington DC (EUA), ele já estagiou na OEA (Organização dos Estados Americanos) e no Ministério do Desenvolvimento, em Brasília; trabalhou no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI), dentro de programas para jovens que estão iniciando a carreira profissional. Parece pouco? Atualmente, Duval faz mestrado em Políticas Públicas na Universidade de Harvard, com ênfase em educação e política.

Maio a Junho/2012

Page 11: Revista Atitude 7ª edição

to Vale do Aço

11

Maio a Junho/2012

Alexandre PaulinoCOLABORADOR

Page 12: Revista Atitude 7ª edição

Até chegar onde está hoje, Duval viveu muitas aventuras, em terras brazucas e estrangeiras. Mas, para ele, a chave de todas as oportunidades que teve foi a ini-ciativa de se matricular em um cursinho de inglês quando morava em Timóteo e ainda não havia concluído o segundo grau. A primeira incursão na América do Norte foi para aprimorar o idioma, e durou apenas dois meses – tempo sufi-ciente para reunir um bom material de estudo e retornar com a condição de dar algumas aulas da língua estrangeira, ati-vidade em que aprimorou bastante seus conhecimentos gramaticais do inglês.Duval conta que sua família nunca foi rica, mas também não era pobre. Filho de um delegado de polícia lotado em Braúnas, o pai de Duval, Alaôr Guimarães, saiu cedo de casa para buscar a sorte, passando por Goiás e se estabelecendo no Mato Gros-so. Lá, na cidade de Rio Branco, a 350 km da capital Cuiabá, adquiriu uma pequena propriedade para iniciar uma criação de gado e a produção de queijos, atividade com que sustentou a família por muitos anos. Falecido há um ano, Alaôr deixou para a mulher, Helena Barbosa Guima-rães, e seus filhos, uma pequena herança e um grande exemplo de trabalho ho-nesto e perseverança.A modesta quantia deixada pelo pai, apu-rada através da venda de algumas cabe-ças de gado, Duval utiliza hoje para custe-ar o restante do seu mestrado, que deve concluir em 2013. Não é barato estudar na Escola de Governo John F. Kennedy, da Universidade de Harvard, uma das maio-res e mais respeitadas instituições de en-sino do mundo. Em um cálculo grosseiro, apenas com as mensalidades e matrícu-las, o total por dois anos de curso chega a US$ 140 mil, cerca de R$ 280 mil. Além de tudo, ele ainda é dado a alguns hobbies

‘salgados’, como o paraquedismo, e conta que já fez 69 saltos.

AULAS DE INGLÊSMas, antes do mestrado, Duval precisou se graduar em Relações Internacionais, e o caminho não foi nada fácil. Depois dos primeiros dois meses nos EUA, ele voltou para Timóteo e deu aulas particulares de inglês, num cursinho e numa escola. Aos 18 anos, do seu relacionamento com a timotense Raissa Bomfim, nasceu sua pri-meira filha, Eliza Maria, hoje com 10 anos. Sentindo a necessidade de dar fluência ao seu inglês, o jovem estudante, que havia então concluído o segundo grau, decidiu retornar à terra do Tio Sam.O destino foi o mesmo da primeira via-gem, Santa Bárbara, na Califórnia, sendo abrigado pela mesma família que o ha-via acolhido anteriormente. Diante da impossibilidade de entrar de imediato em uma universidade, Duval optou por tentar uma vaga numa das chamadas universidades comunitárias norte-ameri-canas. Essas instituições formam técnicos

em cursos que duram dois anos, mas ao final oferecem a possibilidade de uma transferência para as universidades tradi-cionais. Com mais dois anos, os estudan-tes alcançam a tão sonhada graduação de nível superior.

MOTORISTA DE TÁXIDurante todo o tempo em que estudou nos EUA e, diga-se de passagem, de for-ma legal, Duval teve que ralar. Apesar das bolsas parciais que sempre conquistou em sua trajetória, por seu bom desem-penho escolar e história de vida, ele teve que bancar o seu sustento e uma parte das mensalidades escolares. Dirigindo um táxi pelas ruas de Santa Bárbara, ame-alhou US$ 35 mil em apenas sete meses. Ele também trabalhou carregando mó-veis, como babá, em uma pizzaria, num restaurante e, virador, atacou até de ope-rador de telemarketing. Após se formar na universidade comu-nitária, tendo inclusive recebido prêmio

Em Washington, DC, com as filhas Eliza Maria e Nivea. A caçula nasceu nos Estados UnidosO paraquedismo, um dos hobbies de Duval: ele já realizou 69 saltosQuestionando Joseph Blatter durante o St Gallen Symposium, na Suiça

12

Page 13: Revista Atitude 7ª edição

13

Maio a Junho/2012

por estar entre os 60 melhores alunos da Califórnia, Duval passou a prospectar a universidade na qual poderia dar seqüên-cia aos estudos e buscar o bacharelado. Recebeu cartas de várias delas e a melhor proposta, em termos financeiros, pela bolsa oferecida, seria no Texas. Mas o seu sonho era freqüentar uma das grandes dos EUA, como UCLA, Berkeley, Harvard ou American University. E a coisa acon-teceu na instituição localizada na capital Washington DC.

Foi lá também que vieram as oportunida-des no Banco Mundial e no FMI. Contudo, é preciso esclarecer que nada caiu fácil nas mãos de Duval. Ele teve que batalhar muito para abrir todos os espaços que conseguiu na vida. Por todas as bolsas e vagas, seja nas escolas e universidades, ou para atividades profissionais, teve que lutar. Primeiro se candidatou, depois mandou currículos, respondeu a longos questionários, fez redações, participou de entrevistas, contou sua história de vida e, ainda, teve muita paciência para esperar pelos resultados.

MACROECONOMIANo Banco Mundial, Duval constatou que quase todos seus colegas eram mestres ou doutores/PhD, percebendo então que seu destino não poderia ser diferente. Após quase um ano de trabalho no Ban-co Mundial, veio a proposta do FMI, onde atuou em projetos de macroeconomia voltados para a África Subsaariana. Na seqüência, surgiu a chance do mestrado em Harvard.Segundo Duval, o que viabilizou o curso que faz hoje foi uma bolsa de US$ 25 mil por ano da Fundação Lemann, mantida pelo empresário brasileiro Jorge Paulo Lemann, acionista majoritário da Ambev e segundo homem mais rico do Brasil, perdendo apenas para Eike Batista. O ob-jetivo da organização é criar uma rede de indivíduos muito talentosos, que possam contribuir para o desenvolvimento do Brasil e para a superação dos principais problemas sociais do país. Agora vem a explicação para a expressão popular utilizada no início desta matéria:

‘carrega pedras enquanto descansa’. Entre maio e agosto, verão nos EUA, Duval está de férias de Harvard. Mas aproveitou para adiantar uma das tarefas que terá pela frente ao defender sua tese de mestrado, fazer um estudo de caso que ilustre o seu trabalho. E o objeto da sua observação é a Câmara Mirim de Ipatinga. Ele pretende avaliar a influência do projeto na forma-ção política e cidadã dos estudantes en-volvidos com a iniciativa parlamentar.

SABE O QUE QUERA tese de mestrado nos EUA tem meto-dologia diversa da utilizada nos mesmos cursos no Brasil. Segundo ele, lá os estu-dos são mais práticos e aqui, mais teóri-cos. Após cumprir boa parte dos créditos em sala de aula, Duval parte agora pra campo. O estudante ainda não fechou suas idéias com relação à tese que defen-derá, mas sabe o que quer. Uma das linhas do trabalho tem a ver com a retirada das matérias OSPB (Orga-nização Social e Política do Brasil) e Educa-ção Moral e Cívica do currículo estudantil brasileiro. De acordo com o mestrando, essas matérias estariam atreladas ao perí-odo ditatorial no Brasil e, por isso, com a democratização do país, não foram mais oferecidas no Ensino Fundamental. Para Duval, tal fato abriu uma grande lacuna na formação política dos jovens. Com isso, o exercício da cidadania nacio-nal ficou comprometido. Em sua opinião, o conteúdo das matérias deveria ter sido reformulado e não retirado totalmente do currículo escolar como foi.Em abril deste ano, o estudante teve o privilégio de fazer uma pergunta à presi-dente Dilma Rousseff, que visitou a Escola de Governo de Harvard. O vídeo está dis-ponível no site youtube (www.youtube.com/user/duvalguimaraes). O assunto abordado foi a falta de conscientização política da população brasileira e a cor-rupção no país. Ao final, ele recebeu um incentivo da Presidente para que partici-pe efetivamente da vida política no Brasil. No mesmo endereço da internet, estão outros vídeos de Duval, como sua parti-cipação em uma entrevista com Joseph Blatter, presidente da Fifa, e sobre a Câ-mara Mirim de Ipatinga.

Educação e política são as áreas do conhecimento que movem Duval. Ele bem que poderia dar seqüência à sua carreira no Banco Mundial após concluir o mestrado, mas esta não é sua opção para o futuro. Após 10 anos vivendo nos EUA, ele sonha em voltar para o Brasil e ficar junto da mulher Raissa e das duas filhas. A mais nova, Nívea, nasceu em solo norte-americano, durante um período em que Raissa morou lá, e completa dois anos neste mês de julho.Em seus planos estão a criação de uma escola bilíngüe, que atenda com qualidade estudantes que possam pagar e também aqueles que não têm a mesma sorte, um projeto social que prefere manter em segredo por enquanto e, quem sabe, a chance de uma atuação governamental na área da educação. Questionado sobre se tem aspirações políticas, Duval é enfático: “É claro que tenho!”. De acordo com o mestrando, pessoas bem intencionadas e capacitadas devem cogitar se candidatarem a um cargo político. “Se as pessoas honestas, éticas e bem intencionadas não ocuparem lugar na política, elas abrem espaço para aquelas que não o são assumirem o poder”, entende Duval Guimarães.

Participando de Workshop em Harvard sobre a Influência das Artes nas Políticas PúblicasRecebendo certificado de Senador da Califórnia por estar entre os 60 melhores alunos de universidade comunitária

Nos planos, a criação de uma escola bilíngüe

Page 14: Revista Atitude 7ª edição

14

DIA A DIA

Minas Gerais é o maior produtor de leite do país, informa o IBGE. O Estado produz 8,4 bilhões de litros, representando 27,3% do total produzido no Brasil. Minas possui 7,4 milhões de fêmeas, sendo 5,4 milhões de cabeças em lactação, o maior plantel do país.

O leite é nosso,uai!

As vendas no setor de shopping centers estão ‘bombando’, segundo dados da As-sociação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). De acordo com pesquisa reali-zada pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PWC), o faturamento do setor atin-giu 108 bilhões em 2011. O crescimento foi de 18,6% em relação a 2010, quando a previsão era de apenas 12%. A estimativa é que somente neste ano o crescimento atinja 12% e que sejam inaugurados 43 shoppings, dos quais 29 sejam construídos em cidades fora das capitais. Atualmente existem cerca de 430 empreendimentos em operação no País, empregando 775 mil pessoas

Shoppings em alta

Se a família é mesmo a “célula mater” da sociedade, como se diz, então não é por acaso que os valores estejam tão decadentes na vida social do país. De acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), questões familiares são a primeira causa de recla-mações na Justiça, no Brasil, com 24,8%. Elas estão à frente até mesmo das recla-mações trabalhistas (15,43%). Em tercei-ro vêm os problemas com a vizinhança (11,71%). A pesquisa foi realizada para subsidiar as comemorações do último Dia do Trabalhador.

Lares desestruturados

A companhia hidrelétrica de Furnas, um dos orgulhos mineiros, com seu gigantesco lago que banha 34 municípios, na região de São José da Barra e São João Batista do Glória, trabalha na criação de 17 parques eólicos no Nordeste (única área do país onde esse tipo de geração de energia atinge todo o seu potencial). A perspectiva é de inaugurar 13 deles ainda este ano. As usinas eólicas já são consideradas uma fonte de energia barata e relevante em diversos países. Atualmente, pelas linhas de Furnas passam nada menos que 40% da energia elétrica consumida no país.

Bons ventos

Maio a Junho/2012

Page 15: Revista Atitude 7ª edição
Page 16: Revista Atitude 7ª edição

16

Em trabalho na Rede Globo, uma das ‘10 empresas dos sonhos dos jovens brasileiros’, como atestam pesquisas

Maio a Junho/2012

Jornalista por convicção

VOCAçãO PROFISSIONAL

Page 17: Revista Atitude 7ª edição

17

Maio a Junho/2012

Jornalista por convicção

Nascida e educada em Bom Jesus do Galho, há mais de vinte anos Gislaine Moreira é uma das produtoras do MGTV 2ª Edição, telejornal da emissora onde muitos sonham em trabalhar um dia

Basta um único dado de seu currículo para atestar a competência profissional de Gislaine Moreira: ela é produtora há mais de 20 anos do MGTV 2ª Edição, o telejornal mais assistido de Minas Gerais. Nesta entrevista, Gislaine fala de sua carreira e dos desafios que o jornalismo enfrenta nos primeiros anos do século XXI. Afinal, velhos formatos como rádio, jornal e televisão agora dividem espaço com sites e portais de Internet. Também não se esquece da família e conta como esse ambiente – assim como a escola – foi decisivo na escolha da carreira.

Por José HortaCOLABORADOR

Page 18: Revista Atitude 7ª edição

18

Maio a Junho/2012

VOCAçãO PROFISSIONALQuando surgiu seu interesse pelo jornalismo?Meu avô (José Cupertino Moreira, que dá nome ao terminal rodo-viário de Bom Jesus do Galho) me deixou o legado da busca pela informação. Trago claro na memória aquela imagem dele com óculos à ponta do nariz, lendo página por página, reportagens, rodapés, classificados... tudo! Com um desejo aguçado de saber, que salivava, saltava aos olhos. Não desperdiçava nem uma vír-gula que fosse dos jornais que chegavam pra ele – na maioria das vezes, edições anteriores, com informações atrasadas, que

detalhavam o que já era antecipado em conversas trocadas com viajantes e amigos no vai-e-vem dos trens na Estação Ferroviária ou no noticiário do rádio. Ele também era ouvinte assíduo, nos domingos à tarde, das narrações de partidas de futebol. Eu ain-da bem pequena, estava sempre ao lado dele, absorvendo todo esse movimento e conhecimento. Por vezes, ele me contava his-tórias de política, Getúlio Vargas, Leonel Brizola, Jango... Como ele sabia de tudo, mesmo estando tão longe desse cenário onde as tramas se desenrolavam? – eu me perguntava. Outra grande influência foi de uma tia (Cleonice Moreira Dias), que também foi minha professora. Na sala de aula me ensinava a construir frases perfeitas, me aguçava a escrever textos criativos, a buscar pala-vras, pontuar, acentuar, colocar a emoção no papel. Outra pro-fessora, dona Ivone Abrão (já falecida, que hoje dá nome a uma escola) também me ajudou muito, elogiava meus trabalhos, me “jogava para o alto”. Coisa de formadores de gente.

Em sua opinião, quais as características que um jornalista deve ter? Gostar de notícia é fundamental. Saber encontrá-la em apu-rações delicadas ou pinçá-la no cotidiano é um desafio. Ter “fe-eling” para discernir o que importa, realmente, no turbilhão de ocorrências e releases que nos chegam de todos os lados.O princípio da ética, para mim, é a essência do jornalista. Quero? Posso? Devo? Às vezes quero, mas não posso. Posso, mas não devo. Devo, mas não quero! Devemos nos colocar no lugar do outro, sempre.O jornalista não pode ser um julgador. A ele cabe levar a verdade dos fatos, levantar discussões relevantes e, sobretudo, dar aten-ção a todos os envolvidos, para que o receptor tenha um confiá-vel e rico material e assim possa formar sua própria opinião.

Quais são os jornalistas que mais admira?São vários, todos profissionais competentes, dedicados. Aprecio o texto da Ilze Scamparine, a naturalidade do Marcelo Canelas, a facilidade de transmitir a notícia do Luiz Gustavo (Biló), a compe-

tência do Ismar Madeira... Adoro os que inovam nas passagens, se arriscam em buscas incansáveis por lugares perigosos, des-mascaram esquemas corruptos, dos que fazem do simples uma coisa espetacular... Devemos ressaltar, ainda, o trabalho duro dos jornalistas que estão nas redações - equipe de produção e edição -, onde tudo começa e termina. Admiro muito, também, os jornalistas que batalham pelas cidades do interior. Eles são verdadeiros heróis. Comecei minha carreira em Curvelo, região central de Minas, por opção, por ter a oportunidade de enfrentar dificuldades, desafios que me deixariam pronta para qualquer enfrentamento futuro.

Como é trabalhar na maior emissora do país?A TV Globo está entre as três maiores redes de televisão do mun-do. É um privilégio trabalhar numa das ‘10 empresas dos sonhos dos jovens brasileiros’, como atestam diversas pesquisas. E a res-ponsabilidade é maior ainda! Temos uma equipe de talentos, com grandes profissionais, sempre em busca da excelência, que é a maior característica dos produtos da TV. Nosso público é eclé-tico, espetacularmente crítico e cada vez mais exigente. Por isso trabalhamos muito, com dedicação, seriedade e ética. Inovamos todos os dias, aprendemos a cada edição, corremos em busca da notícia e não nos acomodamos com o 1º lugar, temos grande respeito pela concorrência.

Como é produzir o telejornal mais assistido de Minas Gerais?Pura adrenalina! Muito trabalho. Corremos o tempo todo, apura-mos as informações com um rigor tremendo, conferimos quan-tas vezes forem necessárias, buscamos personagens perfeitos, fontes seguras, especialistas, autoridades que possam validar a notícia... Mas, não é difícil, visto que a TV Globo tem uma linha editorial muito bem definida. Editores, produtores e repórteres são muito afinados.

O jornal recebe pautas de todas as filiais da Globo Minas. Quais os critérios para um fato ser notícia no MGTV?Primeiro, a importância e a relevância do fato: é de interesse do grande público? Vai acrescentar algo na vida das pessoas? Vai gerar discussão e com isso colaborar para a formação da opinião pública? Não é matéria ‘plantada’ para defender interesse de grupos? Não é matéria comercial? Por último, mas não menos importante, o ineditismo, o factual, o flagrante espetacular se-guido de detalhes técnicos como boa produção, imagem e som de qualidade.

Trabalhar na produção de um telejornal foi uma opção? Gostaria de desempenhar mais o lado repórter?Gosto de trabalhar na redação. É onde fazemos contatos, recebe-mos e vamos atrás das informações, investigamos, pesquisamos, conversamos com muitas pessoas, ouvimos todos os envolvidos num determinado caso, descobrimos situações inusitadas. Por-tanto, todos nós também desempenhamos o papel de repórte-res. São os produtores que pensam no formato da reportagem, fazem as pautas e municiam com dados. Os repórteres que apa-recem na tela fazem as marcações para que eles possam juntar com a situação com a qual se deparam e contarem bem aquela história.

O jornalismo é, antes de tudo e, sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício

cotidiano do caráterCLÁUDIO ABRAMO

Jornalista responsável por mudanças no estilo, formatação e conteúdo dos jornais Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo.

Page 19: Revista Atitude 7ª edição

19

Gislaine Moreira junto da mãe Clarice e da filha Jéssica

Maio a Junho/2012

Com a internet e a consequente velocidade da informação, o telejornalismo teve que se adaptar a essa nova era. Como você vê esta situação? A TV Globo sempre esteve antenada a essa nova realidade. Participou de todo processo e já esta-va preparada para o novo sistema HDTV quando ele se tornou realidade no Brasil. A propósito, a TV Globo Minas foi a primeira TV Digital da rede, antes mesmo do Rio e São Paulo. A Era Digital trouxe mais qualidade aos produtos, equipa-mentos de ponta, abriu mercado para novos profissionais, refletiu em todos os setores, que passaram por adequações. A transição ocorreu tranquilamente, sem atropelos – o planejamen-to da Rede Globo é feito com mais de 10 anos à frente.Além disso, somos fornecedores de conteúdo. O G1, nosso portal de notícias, é um dos sites mais visitados na internet.

Você acredita que blogs ou sites podem vir a suplantar o jornalismo televisivo?Uma pesquisa divulgada no dia 28 de março des-te ano aponta que assistir televisão é a atividade preferida no tempo livre dos brasileiros, escolhi-da por 85% dos entrevistados. Em seguida apa-recem escutar música ou rádio (52%), descansar (51%) e reunir-se com amigos e a família (44%). Sendo uma paixão nacional, acredito que pelo menos em uma década esta realidade não vá mudar. O que acredito é que haverá mudança em formatos de apresentação, em cenários que aproximem o receptor ainda mais da realidade.

Em 2009, o Superior Tribunal Federal (STF) acabou com a exigência do diploma como requisito para o exercício da profissão de jornalista. Qual é a sua visão sobre o assunto?Foi mais uma medida equivocada do STF. Para certa elite que manda e desmanda no Brasil, jornalistas não são convenientes. Contudo, essa medida em nada alterou a rotina das empresas sérias, que desejam informação de qualidade. A TV Globo só contrata para seu quadro, jornalistas graduados, sem exceção.

Tomando inspiração no título do livro do Ricardo Noblat, o que é ser jornalista?Ser jornalista é ser um apaixonado pela informa-ção, pela notícia, pelo “furo”. É ser meio ator, meio médico, meio advogado, meio atleta, meio tudo. Mas, acima de tudo, ser jornalista é ser honesto e ser ético. É, como diria Noblat, viver “um martírio”, mas com dignidade, e ainda se orgulhar do que faz. Cidadãos bem informados são capazes de pensar criticamente, analisar e decidir suas vidas.

Page 20: Revista Atitude 7ª edição

Fotografadas para a capa da edição nº 6 de ATITUDE, as jovens Gleyca Lazzarino, 18 anos, e Mariana Rezende, 17, alunas do Ensino Médio da Escola Educação Criativa, de Ipatinga, deram show no vestibular e já estão cursando faculdade. Gleyca passou em nada menos que cinco exames para Medicina - na UFMG, UFV, Unicamp, Unifesp e Unirio -, além de ser aprovada ainda em primeiro lugar na UFV para Engenha-ria Química. Mariana emplacou vitórias nos vestibulares de Direito na UFMG, UFV e UFPEL.

Amigos de infância, os timotenses Raphael Rhayder e Marcus Soares já planejavam e idealizavam a criação de um site focado no público gospel. Então expuseram a ideia para Marcos Henrique, e os três embarcaram no projeto chamado ‘Connect Vale’. É um site de cobertu-ra de eventos dedicado exclusivamente aos cristãos. Criada esta plataforma específica na internet, o virtu-al tem serviço para a divulgação de programações di-versas, além de muita interação. O Connect também realiza promoções interessantes e já trouxe entrevis-tas como as de Mattos Nascimento, Carlinhos Félix, Davi Sacer, Jotta A., João Alexandre, entre outros. O site estreou no dia 1º de abril. Em menos de três me-ses, foram cerca de 10 mil acessos.

Quem é que se lembra de Jonas Junior Linhares Costa Monteiro, 22 anos, o ipatinguense campeão de concursos públicos, entrevistado na edição nº 6 de ATITUDE? Técnico do Ministério Público Federal em Brasília, ex-funcionário da Câmara Municipal e da Receita Federal em Ipatinga, com mais de dez aprovações em concursos, ele falava do objetivo seguinte: passar na seleção do Senado Federal. Pois já está lá, ganhando um salário de R$ 14 mil por mês. Pensam que ele vai parar por aí? Pois, ele adianta: como foi bem-sucedido na dispu-ta dos candidatos para cargos de nível médio, a próxima batalha é passar no mesmo concurso para ocupar cargo de nível superior. O salário? Apenas R$ 21 mil. Mais R$ 7 mil por mês na carteira podem deixar a vida um pouco mais suave.

ACONTECEUniversitárias Classe A

Connect ValeGuardem este nome

Maio a Junho/2012

À direita, Raphael, Marcus e Marcos Henrique com Jotta A., na verdade José Antônio: novo fenômeno gospel, o garoto tem 12 anos e mora em Sorocaba-SP, sendo revelado no Programa Raul Gil

20

Page 21: Revista Atitude 7ª edição
Page 22: Revista Atitude 7ª edição

EMPREGOS

22

Pesquisa da Robert Half mostrou que a perda de profissionais foi o maior problema do ano passado

Criar alternativas para reter funcionários é o principal desafio a ser enfrentado este ano pelos profissionais brasileiros de Recursos Hu-manos, aponta pesquisa da Robert Half realizada com 165 executi-vos de RH. Em 2011 a perda de profissionais foi o principal problema enfrentado pela área, o que justifica 47% dos entrevistados concen-trarem os esforços em 2012 em programas de retenção.

Saiu por quê? Por que saiu?

Maio a Junho2012

Page 23: Revista Atitude 7ª edição

Ao avaliar o desempenho dos profissionais de RH no Brasil, em 2011, a pesquisa da Robert Half constatou: 20,3% dos entrevis-tados apontam que o principal problema da área de Recursos Humanos foi a perda de funcionários, seguido pela falta de participação do RH na agenda estratégica da empresa (19,5%) e política de remuneração e benefícios inadequada (18,6%). Para 20% dos entrevistados, “falta de perspectiva de cresci-mento na empresa” é a principal queixa dos empregados e “salários defasados” aparece na segunda posição, com 18,4% das respostas.De acordo com Fernando Mantovani, diretor da Robert Half no Brasil, os três grandes problemas do RH estão na contratação, retenção e qualificação dos profissionais. Ainda de acordo com o executivo, esses problemas devem permanecer os mesmos na próxima década.

ANOS DE SUFOCOA realização dos grandes eventos esportivos como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, a explosão dos setores do petróleo e de energia eólica, além de investimentos em infraestrutura contribuem para a busca de profissionais no País. “Todos esses investimentos requerem um planejamento em longo prazo, o que deve gerar alguns anos de sufoco para os RHs”, alerta Man-tovani. O aumento na oferta de empregos para profissionais qualificados faz com que muitos troquem de empregos, con-tribuindo ainda mais para o desafio da retenção de talentos.

PROPOSTAS DE CONCORRENTESNa segunda etapa da pesquisa, a Robert Half ouviu 1.400 pro-fissionais, dos quais mais da metade aceitaria uma proposta para trabalhar numa empresa concorrente. A aceitação au-menta para 73% quando a proposta vem de uma instituição não concorrente. Falta de perspectivas de crescimento na em-presa e falta de oportunidades de desenvolvimento foram as principais insatisfações declaradas pelos funcionários em rela-ção às práticas de RH.Mesmo com a fuga de profissionais, mais da metade das em-presas entrevistadas pretende aumentar o número de funcio-nários este ano. Reputação no mercado (32,6%), produto ou marca interessante (28,4%) e cultura da organização (15,6%) foram citados como os três principais fatores de atração de candidatos. Para as empresas, segundo a pesquisa, o principal fator para segurar os profissionais para 33,5% dos entrevista-dos é o desenvolvimento dos talentos, seguido por aumento de salário e promoções, com 29,5% e 28% das respostas, res-pectivamente.

SOBRE A ROBERT HALFA Robert Half é a primeira e maior empresa de recrutamento especializado no mundo. Fundada em 1948, a empresa opera sete divisões no Brasil, selecionando executivos de finanças, contabilidade, mercado financeiro, engenharia, tecnologia, ju-rídico, marketing e vendas. Tem mais de 350 escritórios presen-tes nos EUA e Canadá, Europa, Ásia, América Latina e Oceania.

23

Retenção de funcionários é o maior desafio para as empresas brasileiras em 2012

Maio a junho2012

Funcionários em todo o globo passam por momentos difíceis devido ao tumulto econômico sem precedentes, e como resultado disso, estão inquietos com relação aos seus objetivos de carreira futuros. Muitos estão descontentes com os seus empregos e procuram ativamente novas oportunidades. Outros estão contentes em seus cargos atuais, mas procuram algo que lhes dê maior satisfação pessoal. Estas descobertas fazem parte dos resultados da última pesquisa realizada pelo Kelly Global Workforce Index (KGWI). Os entrevistados revelaram as questões da força de trabalho que são importantes para eles, as influências que afetam as suas escolhas quanto ao empregador e os atributos corporativos que mais os atraem. Quase 170.000 pessoas abrangendo todas as gerações em 30 países, incluindo as Américas e regiões da Ásia/Pacífico e da Europa, Oriente Médio e África, participaram da atual pesquisa. No todo, menos da metade (44 por cento) da força de trabalho global se sente valorizada pelos seus empregadores e dois terços (66 por cento) pretende procurar um novo emprego em outra organização no próximo ano. Os resultados da pesquisa também descobriram que na hora de avaliar possíveis empregadores, o fator número um que as pessoas à procura de emprego levam em consideração é a marca/reputação corporativa (58 por cento), seguido de localização (52 por cento). Menos da metade dos participantes (48 por cento) concorda que o seu emprego atual os faz sentir bem. Com relação ao que possivelmente faz com que os empregados deixem os seus empregadores atuais, além de salário/benefícios, a falta de oportunidades para melhorar (21 por cento) e gerenciamento ineficiente (20 por cento) estão em primeiro lugar. Os trabalhadores mais descontentes estão na região da Europa, Oriente Médio e África, com 43 por cento frequentemente pensando em deixar os seus empregos, número maior do que na região da Ásia/Pacífico (39 por cento) e nas Américas (28 por cento).

Mais da metade da força de trabalho global pensa em mudar de emprego

Page 24: Revista Atitude 7ª edição

Legítimo representante da genialidade satírica nacional (que ficou um pouco órfã, neste 2012, após a morte de Chico Anysio e Millôr), o gaúcho Luís Fernando Veríssimo continua fazendo grande sucesso com seu último lançamento, de 2011, ‘Em Algum Lugar do Paraíso’, livro composto por 41 crônicas selecionadas, a maioria delas publicada nos últimos cinco anos no jornal O Estado de S. Paulo. O autor repete a fórmula já consagrada em seus trabalhos: a de abordar situações cotidianas com um humor de rara inspiração. “Comédias da Vida Privada”, uma antologia de crônicas engraçadíssimas, publicada em

1994, por exemplo, virou até uma série da TV Globo em 1995. Sobre seu talento natural, que lembra muito o estilo do imortal Sérgio Porto, o ‘Stanislaw Ponte Preta’, ele minimiza: “O que eu tenho é a técnica para escrever textos divertidos”. “Mas meu jeito de ver as coisas está mais para depressivo”, completa.Veríssimo conta que chega a pensar em se aposentar, mas explica: “O problema é que o dinheiro que ganho com os direitos autorais dos livros não é o suficiente para garantir minhas contas”.O livro foi lançado pela Editora Objetiva. Preço sugerido: R$ 36,90.

LIVROS/FILMES

24

Apesar de ser uma produção de 2009 e, portanto, quase soterrada em meio à avalanche de lançamentos de filmes de Hollywood a cada ano, assistir ‘Flor do Deserto’ é obri-gatório aos adeptos das responsabilidades sociais tão em evidência no mundo moderno. Até mesmo os mais durões são candidatos a serem hipnotizados por esta impactante história real. Não há como não se emocionar com o drama da menina da Somália que, afinal, veio se tornar modelo de sucesso na Europa e nos Estados Unidos, à custa uma série de sacrifícios e humilhações. Waris Dirie (Liya Kebede) nasceu em uma família de criado-res de gado nômades. Aos 13 anos, para fugir de um casa-mento arranjado, atravessou o deserto por dias até chegar em Mogadishu, capital do país. Seus parentes a enviaram para Londres, onde trabalhou como empregada na embai-xada. Ela passa toda a adolescência sem ser alfabetizada. Quando vê a chance de retornar ao país, descobre que é ile-gal e não tem mais para onde ir. Waris está trabalhando em um restaurante fast food, onde é descoberta pelo famoso fotógrafo Terry Donaldson (Timothy Spall). O filme é baseado no best seller ‘Desert Flower’, autobiogra-fia da modelo somali vítima de uma cruel circuncisão aos cinco anos que é prática usual em sua cultura. Não por aca-so, ganhou o prêmio de Melhor Filme Europeu do Festival de San Sebastián de 2009, outorgado pelo público. Além de mundialmente conhecida por sua desenvoltura nas passa-relas, Waris Dirie se tornou embaixadora da ONU no comba-te à mutilação genital feminina.

A emocionante trajetória de uma modelo somali

Diversão em forma de leitura

Maio a Junho2012

CENA DO MOMENTO em que a garota é descoberta pelo fotógrafo famoso num fast foodA ATRIZ Liya Kebede e a verdadeira Waris Dirie, que teve os lábios vaginais cortados a gilete (para nunca sentir prazer) e foi vendida em casamento aos 13

Page 25: Revista Atitude 7ª edição
Page 26: Revista Atitude 7ª edição

26

Apesar do jeitão descontraído, ‘Marreco’ pega pesado com os seus alunos nas clínicas, cobrando com rigor a repetição das manobras que algumas vezes não saem

Maio a Junho/2012

O PRÍNCIPE DAS ÁGUAS

Page 27: Revista Atitude 7ª edição

Bebê aquáticoMas Marcelo conta que seu contato com o wake vem desde os dois anos de idade. Influenciado por um tio, que em 1950 já deslizava com sua prancha arriscan-do algumas manobras radicais, o pai se encantou pelo esporte, usando como espaço de treinamento a represa de Guarapiranga. Aos cinco anos, o filho foi então iniciado no esqui aquático e, já na adolescência, ‘Marreco’ curtia as marolas juntamente com os primos, num sítio em Ibiúna.De origem italiana, os Giardi são uma típica família de classe média. O pai de Marcelo chegou a ser gerente de uma empresa que vendia arames e grampos industriais para embalagens de papelão, em Cotia. A mãe é contadora. Ele é o se-

gundo de três irmãos. Sua irmã mais ve-lha trabalha como assistente de escritor e o irmão caçula é fisioterapeuta.Como não poderia deixar de ser, ‘Mar-reco’ revela que sempre gostou muito de água e também aprontou bastante numa banana inflável em Moema. Con-tudo, a empresa onde o pai trabalhava foi vendida, veio o desemprego e assim ele perdeu um pouco das mordomias. Teve que começar a ralar. Por sorte, aca-bou entrando ainda mais no meio que lhe dava indescritível prazer, sendo ad-mitido na Regatta, a maior loja náutica do Brasil. Lá trabalhou entre dos 16 aos 18 anos como vendedor. Mas em 2000 já era um profissional do wake e mergu-lhou de cabeça no esporte como sua ver-dadeira profissão. Hoje ele mantém uma

Medalha de Ouro no Pan de 2007, no Rio; prata no Pan de Guadalajara, em 2011; vice-campeão mundial júnior em 1999, em Orlando-EUA, e hexacampeão bra-sileiro, o wakeboarder paulista Marcelo Giardi, 29 anos, que esteve no Vale do Aço em abril, pra afinar a galera do es-porte em uma clínica na Lagoa Silvana, contou a ATITUDE quando é que ganhou o apelido de ‘Marreco’ - que é como pas-

sou a ser conhecido em competições pelo mundo todo: “Eu tinha 14 anos e dava as minhas primeiras cacetadas numa ati-vidade que acontecia num hotel de Iga-ratá, a 100 km de São Paulo. Não tinha tanta habilidade e aí veio a gozação. ‘Olha lá o prego, o Marreco’, diziam. En-tão pegou”. Mal sabiam eles que estavam zoando aquele que mais tarde se torna-ria o mais premiado rider nacional.

De ‘prego’ ahexacampeãoMarcelo Giardi, o Marreco, conta que na adolescência foi muito zoado pelos praticantes de wake. Mal sabiam que um dia ele se tornaria o principal rider nacional

27

Maio a Junho/2012

Page 28: Revista Atitude 7ª edição

28

Maio a Junho/2012

O PRÍNCIPE DAS ÁGUASloja de artigos de wake em Jaguariúna e sobrevive ainda como instrutor - sendo um dos mais requisitados do país - e os patrocí-nios de atleta.

A ‘vaca’ de cada umCapaz de fazer manobras incríveis com uma naturalidade impressionante, tal é a sua intimidade com o esporte, ‘Marreco’ reve-lou que além das clínicas que também lhe servem de preparação – já que sempre é intimado a mostrar como é que se faz na prática as manobras –, treina cinco vezes por semana, em duas sessões, em Bragan-ça Paulista. Sua evolução ganhou ainda um up importante no convívio com algumas fe-ras norte-americanas, já que morou quatro meses em Orlando, na Flórida, em 2004. O curioso é que, admite, só ‘arranha’ o inglês. Para se tornar um dos dez melhores wake-boarders do planeta, algumas vezes o preço pago foi alto. Já se contundiu mais seriamente na clavícula, no ombro e joelhos. “Todo mundo, de vez em quando, leva a sua ‘vaca’” (tombo muito feio), diz ele, sorrindo.

Em outubro do ano passado, ‘Marreco’ ganhou de graça um degrau a mais no pó-dio do Pan de Gua-dalajara, no México. O canadense Aaron Christopher Rathy, 23 anos, ganhador da medalha de prata na prova de wakeboard dos Jogos, foi pego no

exame antidoping.O exame de Rathy deu positivo para a substância metilhexane-amina, um estimulante incluído na lista de substâncias proibi-das da Agência Mundial Antidoping (AMA).A metilhexaneamina é uma substância que, além de estimulan-te, pode ser utilizada na elaboração de suplementos alimenta-res e em produtos para queima de gordura. Foi o primeiro caso positivo de doping nos Jogos Pan-america-nos de Guadalajara. Até então haviam sido realizados cerca de mil exames antidoping, e todos deram negativo

Bicudo - Manobra iradaEstabaqueines - Tombo muito feioGlass - Quando á água está bem lisa, ou seja sem marolasMagal - Mauricinho que só anda de wake para aparecerMamãezar - Errar manobras que es-tão na baseMargarete - Situação quando o rider larga a manete ao aterrissar uma manobraPescoçear - Ficar de bobeiraPilhado - Muito a fim de andar de wakePrego - Quem anda mal de wakeSangue nos Zóio - CorajosoSession - Andar de wakeStyle/estileira - Manobra executada com muito estiloSubmarino - Quando o barco está muito pesado e entra água pela proa

Doping no Pan de Guadalajara Algumas Gírias do Esporte

‘Marreco’ com um grupo de alunos em clínica na Lagoa Silvana: trabalho e muita curtiçãoMedalhista de bronze em Guadalajara, ‘Marreco’ herdou a prata porque Rathy (à esq.) foi pego no antidoping

Page 29: Revista Atitude 7ª edição
Page 30: Revista Atitude 7ª edição

EXTRA! EXTRA!

As exportações mineiras de animais vivos, que incluem cavalos, bo-vinos, suínos, ovinos, capri-nos, galos, ga-linhas, patos, gansos, perus e outros soma-ram mais de US$ 10 milhões em 2011, crescimento de 400% em relação ao mesmo período de 2010. Os principais animais embarcados fo-ram os bovinos, que responderam por mais de 50% da receita. Curioso é que os países africanos (Angola, Congo e Guiné Equa-torial) responderam pelo total das exportações mineiras de bo-vinos vivos. As similaridades de características de solo e clima favorecem a transferência.

Ex-editor do Engadget e atual editor sênior do The Verge – por-tais americanos reconhecidos pelo conteúdo de qualidade so-bre tecnologia –, Paul Miller, decidiu manter-se um ano off-line e escrever relatos periódicos sobre a experiência. Não é só por meio do computador que ele passou a ignorar a internet: tam-bém deixou de navegar via tablet, iPod, notebook e outros por-táteis; não vai jogar videogame online; não vai utilizar e-mail, VoIP, redes sociais ou quaisquer outros artifícios digitais; e, para finalizar, trocou seu smartphone pelo que chamou de dum-bphone (“telefone estúpido”) – um velho aparelho Nokia “tijoli-nho”, do qual é difícil mandar até mesmo SMS. O objetivo: “Ao me separar da conectividade constante, posso ver quais aspectos

são verdadei-ramente váli-dos, quais são distrações para mim e quais partes estão corrompendo a minha alma”. Durante o pe-ríodo, a pro-posta é tentar

manter a vida social e a profissional no limite da normalidade. Seus relatos e vídeos serão postados por outros editores, pois ele não pretende ver a internet nem por cima do “ombro alheio”.

Animais exportados

Off-line

Maio a Junho/2012

30

Revista.indd 1 08/12/2010 22:40:31

Revista 5.indd 1 10/11/2011 21:02:39

Revista 2.indd 1 27/03/2011 22:45:18

Revista 6.indd 1 26/02/2012 21:46:56

SÍMBOLO DE RECICLAGEM: Na pá-gina 40, árvore em miniatura produzida a partir de papelão e pet, pelas crianças da SASC – Sociedade de Assistência Social e Cultural da 1ª Igreja Batista Nacional, de Ipatinga.

PRODUçãO FOTOGRÁFICA: Amós Rodrigues, no estúdio Neuza Produções

MODELOS: Alberto Costa Filho, 57, e o filho caçula Arthur Aure-lino da Costa, 10 anos

Page 31: Revista Atitude 7ª edição
Page 32: Revista Atitude 7ª edição

32

Em dezembro de 2010, um grave acidente pouco antes das 8h da manhã provocou a morte dos condutores de um automóvel e de uma carreta na BR-116: os veículos se incendiaram com muita rapidez, sem tempo para que os motoristas fossem retirados

Maio a Junho/2012

VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO

‘Rodovias da Morte’Multiplique o perfil assassino da BR-381 por três. O resultado é o nome da estrada que mais mata nos vales do Aço e Rio Doce

Page 33: Revista Atitude 7ª edição

33

O inspetor Fernando César Ribeiro Cabral, chefe da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal de Caratinga, informa que 50% das vítimas de trânsito estão na faixa etária dos 20 aos 40 anos

Maio a Junho/2012

As estatísticas comprovam que a BR-116 é responsável por três vezes mais mortes do que as registradas na 381. No ano passado, 82 pessoas morreram nos 1.538 acidentes registrados na rodovia. Em 2010, foram 1.610 acidentes, com nada menos do que 100 mortos. Soma-dos os dois últimos anos, foram 3.148 acidentes, com 182 mortos. No mesmo período, o número de feridos graves chegou a 631, mais de três vezes acima do nú-mero de mortos.O total de acidentes em 2011, na BR-381, está longe de ser desprezível: eles chegaram a 570. Mas, ainda assim, é três vezes menor que o da 116. Os mortos na 381, no ano passado, chegaram a 43, praticamente a metade daqueles que tombaram sem vida na Rio-Bahia. Em dois

anos, a BR-381 registrou, na região, 1.225 acidentes, em comparação com os mais de três mil da Rio-Bahia, e o número de mortos foi de 109.É impressionante, também, conforme os dados oficiais, a ocorrência de acidentes nos perímetros urbanos de Governador Valadares e Caratinga: nesses locais ocor-reram 34% dos acidentes de 2011, registrando-se 42% dos feridos e 13% dos mortos da BR-116. Em Valadares, foram 270 acidentes; na cidade vizinha, 260. “O perímetro urbano hoje é um gargalo para a Polícia Rodoviária Federal. Há necessidade de uma intervenção dos órgãos públicos, com melhoria da infraestrutura, a construção de travessias de pedestres e passarelas”, opi-nou o inspetor Fernando César Ribeiro Cabral.

Qual é mesmo o nome da rodovia que mais mata, nos Vales do Aço e Rio Doce? Quem respondeu BR-381, passou perto, mas errou. Embora ela seja de fato uma estrada que faça jus ao título de ‘Rodovia da Morte’, é a BR-116, a Rio-Bahia, que mais tira vidas na região. A informação foi confirma-

da pelo chefe da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal de Caratinga, inspetor Fernando César Ribeiro Cabral, no segundo encontro regional do ‘Ciclo de Debates Siga Vivo: pelo fim da violência no trânsito’, realizado em 5 de junho, no teatro Atiaia, em Governador Valadares.

Page 34: Revista Atitude 7ª edição

Negligência Os jovens são as maiores vítimas do trânsito da região, se-gundo o chefe da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal de Caratinga: 50% das vítimas de trânsito estão na faixa

etária dos 20 aos 40 anos. E a principal causa de acidentes, nas duas principais rodovias da região, é a negligência.Em 2011, na BR-116, a falta de atenção do motorista levou a 690 ocorrências e 26 mortes; por alta velocidade, foram 165 acidentes e 9 mortes; por ultrapassagem indevida, 45 acidentes e dez mortes. Na BR-381, a falta de atenção foi a causa de 138 acidentes e cinco mortes; a velocidade in-compatível respondeu por 125 ocorrências e 11 mortos; e a ultrapassagem indevida, por 33 acidentes e 9 mortes.Como em outras cidades de porte médio, o aumento crescente dos acidentes dentro de Governador Valadares preocupa autoridades locais. O diretor de Trânsito, Trans-portes e Sistema Viário da Prefeitura Municipal, Marco Rodrigo Rios Bertolacini, informou que apenas de janei-ro a março deste ano foram registrados 700 acidentes na cidade. No ano passado, o número chegou a 2,1 mil, dos quais 1.275 com vítimas; em 2010, foram 1.938 acidentes, 1.169 deles com vítimas.De acordo com o coordenador médico do SAMU Macro Nordeste/Jequitinhonha, José Roberto Corrêa, as motos são responsáveis por 73% das ocorrências atendidas pelo serviço. O comandante do 6º Batalhão do Corpo de Bom-beiros Militar, que engloba Valadares, major Neri de Mat-

tos, afirmou que a corporação atende, na região, entre 500 e mil acidentes por ano, envolvendo motos.O oficial explicou que os bombeiros participam apenas dos acidentes que exigem resgate de vítimas, atentando para o fato de que, por isso, o número de ocorrências é muito superior. Governador Valadares ocupa a sexta posi-ção, no Estado, em acidentes, registrando, no ano passa-do, 738 ocorrências, um acréscimo de 10,33% em relação ao ano anterior. A campeã é Uberlândia, que registrou 3.343 acidentes, seguida pela capital, Belo Horizonte, com 3.318.Os gastos com os acidentes de trânsito também foram destacados durante o debate. Calcula-se que uma vítima de acidente que morre no hospital custa, aos cofres pú-blicos, cerca de R$ 270 mil, e um ferido que se recupera exige cerca de R$ 36 mil para o tratamento. Em Belo Hori-zonte, segundo dados do Hospital João XXIII, sete de cada dez leitos destinados a internações são ocupados por ví-timas de trânsito.Nada menos que 1,3 milhão de pessoas morrem por ano, no mundo, vítimas de acidentes no trânsito. No Brasil, são cerca de 50 mil, quase um Vietnã, guerra na qual morre-ram aproximadamente 56 mil pessoas.

34

Maio a Junho/2012

VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO

RODOVIAS ACIDENTES MORTOS

BR-381

BR-116

1.225

3.148

109

182

Page 35: Revista Atitude 7ª edição
Page 36: Revista Atitude 7ª edição

36

Um por todos,

Maio a Junho/2012

UNIDOS PARA VOAR

Page 37: Revista Atitude 7ª edição

Comandante da Aeronáutica, Tenente Brigadeiro do Ar Juniti Saito, ladeado pelos novos oficiais, os irmãos Fernandes

37

todos por umTrês irmãos ipatinguenses ingressam juntos no quadro de oficiais da Aeronáutica

Maio a Junho/2012

Page 38: Revista Atitude 7ª edição

O destino reservou uma grande surpresa para os irmãos Sílvia Renata Fernandes, 33; Amanda Fernandes da Silva, 31, e Moi-sés Fernandes da Silva, 30. Os três foram aprovados no con-curso da Aeronáutica, onde atuam desde meados de 2011. Natural de Sabinópolis, Minas Gerais, o trio, além da proximi-dade genética e de compartilhar do mesmo sonho no campo profissional, mantém fortes laços afetivos de amizade entre si e com seus pais, o técnico em contabilidade Rui Fernandes da Silva e a professora Maria da Consolação Silva, moradores do Bairro Bom Retiro, em Ipatinga. Segundo Moisés, seus pais in-fluenciaram muito a carreira deles, “marcaram o nosso desen-volvimento”. A dedicação que tiveram aos filhos foi decisiva na formação do seu caráter e dos irmãos. “No tempo em que éramos crianças, nossos pais enfrentavam barreiras de toda ordem, principalmente por serem originá-rios de família pobre. Tudo que conquistaram foi com muito sacrifício. Mas eles sempre se esforçaram pra que a gente se formasse, fizesse uma faculdade, o que eles não haviam con-seguido, por falta de oportunidade. A sua preocupação era de nos colocar nas melhores escolas, ainda que públicas, já que não tinham recursos para pagar escola particular. A outra pre-ocupação consistia em manter a família sempre unida, fator que nos impulsionou muito”, comenta Moisés. O agora oficial da Aeronáutica acrescenta: “Nesse sentido, eles foram muito determinados, o que nos ajudou a sermos fortes, despertou em nós a vontade de sermos melhores, de superar os desafios, sem perder a fé em Deus. Hoje, se desejamos algo, por maior que seja, sabemos que podemos alcançar, depen-dendo do quanto estamos dispostos a nos sacrificar e a nunca desistir dos nossos projetos”.

Disciplina é outra característica herdada dos pais, conforme relata Moisés. “Por eles serem pessoas muito religiosas, ligadas aos ensinamentos cristãos, acabaram por nos transmitir valo-res. Eles nos ensinaram a importância de nos mantermos uni-dos, lição iniciada em casa, entre família, e estendida e pratica-da entre os amigos que cultivamos. Fazemos boas amizades por onde passamos, procurando estabelecer uma boa convi-vência com todos, um modo de vida herdado dos nossos pais, com toda certeza”, exclama.Ainda em relação à disciplina, Moisés conta que este aspec-to foi fundamental na conquista da aprovação no concurso, o que aconteceu com os três ao mesmo tempo. “Nossos pais sempre procuraram nos mostrar a importância da educação em nossas vidas. Em função disso, sempre fui um aluno aplica-do. Não gostava de faltar às aulas, e ia à escola até nos últimos dias de aula, antes de entrar de férias, mesmo já tendo sido aprovado, o que sempre ocorria antes de eu me submeter às provas finais”.Apesar da dedicação escolar, Moisés conta que brincou muito quando criança, tendo uma infância cheia de boas emoções. “Esconde-esconde, queimada, amarelinha, tivemos nossos momentos bastante especiais de diversão”, recorda. Antes de serem aprovados no concurso, Moisés e os irmãos chegaram a atuar nas áreas em que foram graduados, mas por pouco tempo. “Eu cheguei a fazer consultorias e a par-ticipar de algumas causas judiciais”, recorda Moisés, reve-lando no entanto que, se não tivesse seguido carreira mi-litar, certamente teria abraçado a profissão de contabilista. “Antes de ser advogado, eu me formei no curso Técnico em Contabilidade, e aprendi a gostar da profissão do meu pai,

38

Com os pais, curtindo o momento especial da incorporação ao quadro das Forças Armadas

Maio a Junho

Page 39: Revista Atitude 7ª edição

com quem trabalhei em seu escritório”.

INDEPENDÊNCIADepois da aprovação no concurso, Moisés conta que sua vida mudou, e muito. “Eu morava com meus pais e levava uma vida tranquila. Meu pai e minha mãe sempre me apoiavam nas mi-nhas decisões, e eu tinha tudo que precisava. Eles sempre se preocuparam em nos dar o melhor que podiam”, lembra. Para o oficial, o ingresso na FAB pode ser traduzido pela pa-lavra independência. “Agora, tenho essa necessidade de ser mais independente, acertar ou errar sozinho, ainda mais que muitas vezes, pela velocidade com que as coisas acontecem, nem tenho temo para pedir opinião à família”, argumenta.A rotina de Moisés, segundo conta, tem sido basicamente de trabalho para a Base Aérea de Brasília, onde os três estão, num exercício diário de adaptação às atividades. “As tarefas foram aumentando gradativamente, o que facilitou minha adapta-ção ao novo trabalho. O desafio que se mantém é apenas a saudade, já que estou distante da família, da namorada e dos amigos. Esse sentimento me acompanha desde que passei a fazer o Estágio de Instrução e Adaptação para Capelães (EIAC), no Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), para ingresso na FAB. Tenho superado essa saudade graças à companhia dos colegas de trabalho, amigos que conquistei aqui e que tornam os dias menos difíceis”.

PREPARAçãOMoisés e Sílvia se prepararam juntos para o concurso para in-gresso na FAB. Amanda, por sua vez, estudou sozinha, por ser casada e residir longe da família. Foi ela que motivou os outros dois. Mas, o que é mais interessante é que nenhum dos irmãos frequentou cursos preparatórios. “Claro que, para alcançarmos sucesso, foi preciso muito sacrifício, nós abdicamos de muitas coisas. Arregaçamos as mangas e estudamos muito”, enfatiza. Nesse período, Moisés conta que a família colaborou bastante. “Eles buscavam manter o ambiente mais tranquilo, em silên-cio, pra que o estudo rendesse mais. Além disso, entendiam

nossas ausências em algumas situações”, reflete. “A compen-sação veio logo. A família toda celebrou com muita alegria a nossa aprovação”.“Já foi uma grande conquista ter visto meus filhos concluírem a faculdade. Agora, que se tornaram oficiais, é uma satisfação sem medidas”, festeja o pai Rui, cujo tipo físico e até o sorriso foram herdados caprichosamente por Moisés. A mãe, Maria da Consolação, também é só alegria. “Estamos muito orgulhosos pela conquista dos meninos, principalmente pela aprovação em um órgão tão conceituado como a FAB. Eles nunca saíram de casa e agora estão os três na FAB”.Os três irmãos contam que estão muito felizes na nova carreira que abraçaram, destacando algumas das razões: “Atuamos em um ambiente onde a disciplina é muito valorizada. Além disso, cada um de nós trabalha exatamente na área para a qual se formou. Amanda, pedagoga; Sílvia Renata, administradora, e eu, na advocacia. A remuneração também é um grande incen-tivo”, enfatiza Moisés.

Amanda lembra que foi uma correria em casa para preparar a mudança para o CIAAR. “Nunca tínhamos saído de Ipatinga, pois fizemos faculdade na cidade”.Uma disputa sempre muito concorrida, a conquista de um lugar na FAB é merecidamente festejada pelos aprovados

39

Para ingressar na FAB, já com a patente de tenente, os irmãos Fernandes participaram de um processo seletivo composto por provas objetivas, exames de saúde, testes físicos e de aptidão psicológica. Após aprovação nas etapas do concurso, fizeram estágio, um período de adaptação militar no CIAAR, com duração de 13 semanas. O CIAAR, localizado em Belo Horizonte, é hoje uma das mais importantes escolas de formação da FAB, promovendo também a adaptação militar de médicos, dentistas, engenheiros, advogados, entre outros. O curso teve como objetivo capacitar os oficiais, que já possuíam formação superior, para o exercício de atividades específicas da carreira militar. Entre as instruções ministradas estavam armamento, munição e tiro; atividades de campanha; conceitos de chefia e liderança; conduta social e militar; a estrutura das Forças Armadas e treinamento físico. Os novos oficiais concludentes do EAOT - Estágio de Adaptação de Oficiais Temporários passaram a integrar o Quadro Complementar de Oficiais da Aeronáutica (QCOA), onde podem permanecer na ativa por até oito anos. Já os capelães que concluíram o EIAC, como é o caso de Moisés, formaram-se inicialmente como aspirantes, podendo evoluir na carreira até o posto de Coronel Capelão.

As perspectivas da carreira militar

Page 40: Revista Atitude 7ª edição

40

Maio a Junho/2012

26 ANOS DE EVOLUçãO

Page 41: Revista Atitude 7ª edição

41

Arthur Aurelino com a placa-símbolo de reciclagem e uma árvore produzida com papelão e garrafas pet: os materiais também servem muitas vezes para elaborar obras de arte.

Maio a Junho/2012

Fator de inspiração poética desde tempos imemoriais, nos dias atuais, mais do que nunca, a natureza precisa fazer par com versos que tratem de sustentabilidade, preservação. Diante da ameaça de esgotamento dos recursos naturais, a necessidade de despoluir é permanente, e vai ao encontro de ações como reciclar, uma atitude que tem tudo a ver com a Sucateira Vale do Aço. Pioneira no mercado regional, a empresa instalada no Bairro Veneza, em Ipatinga, se estruturou de tal forma que co-leta, todos os dias, até mesmo nos pátios de grandes empre-sas, enorme quantidade de material dispensado por elas, cuja destinação anterior eram os antigos bota-foras. A cada mês, são cerca de 90 toneladas recolhidas na Cenibra; 150 tonela-das da Usiminas; 400 toneladas da Aperam South America, mais 600 toneladas da fábrica de celulose paulista Suzano. Ou-tras organizações de vulto como a Cooperativa de Consumo dos Empregados da Usiminas (Consul), a Faceme Industrial e o Hospital Márcio Cunha também têm seus papéis coletados pela Sucateira. Há ainda o papel vindo de cerca de 30 cidades vizinhas e aqueles que os catadores retiram das ruas diaria-mente e que também são vendidos para a empresa. Em meio a esse último grupo, há catadores que chegam a faturar até R$ 1.500 mensais.

Para que se tenha uma ideia do volume de material manipu-lado e, também, do nível de responsabilidade que o negócio exige, as mais de duas mil toneladas de papel recolhidas a cada mês representam a lotação de no mínimo 100 carretas. Mas o que tudo isso significa? Menos lixo nas cidades, economia de recursos naturais como madeira, já que uma tonelada de apa-ras se traduz em uma nova vida útil para de 15 a 30 árvores; economia de água, pois, na fabricação de uma tonelada de papel reciclado são necessários apenas 2.000 litros de água, ao passo que, no processo tradicional, este volume pode chegar a 100.000 por tonelada. A atividade da Sucateira implica ainda na economia de ener-gia porque, na produção de papel reciclado, se gasta cerca de 80% a menos do que seria consumido na fabricação de papel virgem. É notória ainda a redução de poluição, pois, teorica-mente, as fábricas podem funcionar sem impactos ambientais por a fase crítica da produção de celulose já ter sido realizada anteriormente. É significativa, ainda, a redução do custo das matérias-primas empregadas nas empresas de celulose, assim como o aumento da geração de emprego e renda. Estima-se que, ao reciclar papéis, sejam criados cinco vezes mais empre-gos do que na produção do papel de celulose virgem e dez

Neste mês de junho, em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, ganha especial relevância a contribuição ecológica e social de uma empresa ipatinguense que em 2012 está completando 26 anos de atividades, com notá-vel capacidade de logística e expansão. É graças a ela que sobrevivem pelo menos duas centenas de pessoas que, economicamente fragilizadas, tornaram-se catadores de material reciclável, fora mais de quatro dezenas de tra-balhadores de sua organização funcional interna, grande parte deles com tempo de casa de 10 a 20 anos. Ainda, é

por seu intermédio que são recolhidas, a cada mês, sobre-tudo de médias e grandes empresas do Vale do Aço, nada menos que 2.200 toneladas de papel, material que é enca-minhado às usinas de reciclagem e retorna ao mercado sob forma dos mais diversos produtos. A Sucateira Vale do Aço é hoje importante instrumento de proteção da natu-reza e fonte geradora de renda no pólo industrial que lhe dá nome, nada menos que um dos principais centros de consumo do Estado e do país e, por isso mesmo, com extra-ordinária capacidade de geração de lixo.

O lixo que se transformae transforma vidasDesempenhando importante função ecológica e social, Sucateira Vale do Aço gera dezenas de empregos, contribui para a sobrevivência de centenas de trabalhadores e já recolhe 2.200 toneladas de papel na região, movimentando 100 carretas de material a cada mês. Tudo começou com um caminhão-dormitório, relembra o fundador.

Page 42: Revista Atitude 7ª edição

42

O caminhão em que chegou a morar, um Mercedes modelo 1518, ano 1975, Alberto faz questão de conservar até hoje, como objeto de estimação.“Não tenho hora de deitar, só de me levantar. Dou partida à minha rotina às 5:30 da manhã, quando vou pra cozinha preparar o café da família”, conta Tucha

Maio a Junho/2012

26 ANOS DE EVOLUçãOvezes mais empregos do que na coleta e destinação final de lixo.Além de papéis, a Sucateira Vale do Aço coleta plástico, que também é beneficia-do para reaproveitamento como maté-ria-prima de novos produtos. “A recicla-gem do plástico, assim como do papel, é vantajosa, principalmente, pela redução do uso de fontes naturais, muitas vezes não-renováveis, além da diminuição da quantidade de resíduos que necessita de tratamento final, como aterramento ou incineração. Sabemos que o tempo para decomposição do plástico é de cer-ca de 450 anos”, comenta Alberto Costa Filho, 56, mais conhecido como Tucha, o fundador e diretor-proprietário da Suca-teira.

O começo de tudoNatural de Juiz de Fora, Alberto é casa-do com Maria Neuza Mendes, 48, com quem tem três filhos, Alan Rangel da Costa, 23; Aline Caroline Costa, 21, e Ar-thur Aurelino da Costa, 10. Alberto é pai também de Alberto Costa Júnior, 35; Ju-célia da Costa, 32, e Alexandro da Costa, 28, todos do primeiro casamento.

Sua história com a reciclagem, ele recor-da, teve início no tempo em que ainda era criança. “Desde os sete anos de ida-de, aprendi a lidar com sucatas, traba-lhando com o meu pai. Eu separava o papel a ser prensado. Aos dez anos, eu mesmo passei a prensar, manualmente, o papel. À época, a gente levava o dia todo pra carregar uma carreta, com sete homens trabalhando. Hoje, graças à me-canização, o mesmo serviço é feito em 40 minutos”, compara Alberto, que mon-tou seu próprio negócio, inicialmente, no pólo moveleiro de Ubá e, mesmo nestes dias, apesar do gigantismo do empreendimento, ainda pode ser facil-mente confundido com um funcionário comum, tal a naturalidade com que se mistura com os demais empregados até mesmo no carregamento de caminhões com uma empilhadeira. “Por oito anos, mantive um depósito de sucata especia-lizado em aproveitar refis de aço da fá-brica de móveis Itatiaia. Posteriormente, atraído pelo crescimento do Vale do Aço, eu me mudei para Ipatinga, há cerca de 30 anos”, conta feliz, celebrando a glória de resistir a tantas dificuldades.

Tucha não se sente constrangido em dizer que, ao chegar à região, não raro, fazia do caminhão a sua cama. “Comecei comprando grande variedade de suca-tas. Depois, optei por coletar somente papel. Daí em diante, passei a juntar fardos de 20 a 30 quilos de papel nos fundos de um lote situado no Jardim Pa-norama. O material era revendido para terceiro. Eu não tinha um maquinário sequer. Quando adquiri minha primeira máquina de prensagem, o sistema ainda era manual, a gente não contava com recursos automáticos”, recorda. Hoje, tal é a magnitude do volume de papéis coletados que o proprietário teve que desdobrar em vários o seu galpão de de-pósito original. Alberto veio só para o Vale do Aço, de-vido à precária situação em que vivia nos primeiros dias de seu negócio. O caminhão em que chegou a morar, um Mercedes modelo 1518, ano 1975, ele faz questão de conservar até hoje por seu valor afetivo. Mas, atualmente, a Sucateira Vale do Aço dispõe de modernos caminhões que fa-zem em média 60 viagens mensais para

Page 43: Revista Atitude 7ª edição

43

O empreendedor com a esposa Maria Neuza e os filhos mais novos, Alan Rangel, Aline Caroline e Arthur Aurelino: família unida também em torno do trabalho Tucha com o filho caçula Arthur, a terceira geração da reciclagem. Ele aprendeu a lidar com sucatas com o pai, aos 7 anos. Com 10, a idade de Arthur, já prensava manualmente o papel

o Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Eles levam para as empresas consumidoras dezenas de fardos de até uma tonelada de material reciclado prensado.

Relação de confiançaAlberto é um autodidata e diz que aprende com a própria vivência do em-preendimento. A empatia com os fun-cionários pode ser medida pela antigui-dade de cada um: boa parte deles está com ele há quase 20 anos. E, na hora de receber, isto fica ainda mais evidente: um a um, ao se dirigirem ao escritório, eles próprios é que dizem as horas tra-balhadas, externando uma relação de confiança incomum nos dias atuais. Sem mesmo ter concluído o Ensino Fun-damental, Tucha – apelido que ganhou de um tio ainda menino, por ficar sape-ando em sua oficina à procura do objeto de ferro mais apropriado para as brinca-deiras de ‘finco’ – tem orgulho de dizer que sempre procurou manter seus com-promissos em dia. Sua habilidade para lidar com os números, apesar do pouco

estudo, impressiona. Como um com-putador, o cérebro faz contas difíceis de milhões de quilos com uma rapidez improvável até mesmo para muitos pós--graduados em exatas. Não por acaso, a Sucateira Vale do Aço já chama a aten-ção de investidores de outros estados e é tomada como modelo.Tanto reconhecimento é fruto de muito trabalho, segundo conta Alberto. “Não tenho hora de deitar, só de me levantar. Dou partida à minha rotina às 5:30 da manhã, quando vou pra cozinha prepa-rar o café da família. Começo no baten-te religiosamente antes das 7h e, daí a pouco, já estou me misturando com o pessoal”.

Alberto por AlbertoQuestionado sobre como ele se define, Alberto diz que é um homem “tranquilo, que valoriza muito a família, os amigos e os seus colaboradores”. Solidário com uma série de causas (mas que não faz questão de divulgar), resume: “Sinto que a ajuda ao próximo é uma missão que todos deveriam abraçar”.

Em relação a defeitos, o empresário é sintético e diz apenas que todo mundo tem o seu. “Só de a pessoa dizer que não tem defeito, já revelou um defeito”, brinca, revelando ainda quem quanto ao lazer, divide seus momentos de relax basicamente entre o futebol e a pesca.

Page 44: Revista Atitude 7ª edição

Cerca de 30 catadores, inclusive uma deficiente auditiva, vendem exclusivamente para a Sucateira

Maio a Junho/2012

26 ANOS DE EVOLUçãO

Para as tantas atividades desenvolvi-das na empresa, Alberto Costa dispõe de 30 funcionários, sem contar os nove mantidos na Aperam e outros 14 na Suzano, onde a Sucateira instalou máquinas de prensagem para facilitar o transporte do papel. O espírito de trabalho de Tucha contagia e, assim é que, na lida diária, o que não falta é gente de casa: entre os colaboradores estão a esposa e todos os filhos – um deles administrador formado e a ca-çula cursando engenharia ambiental.Quanto aos catadores, para Alberto são como se pertencessem à família. “Tenho muito carinho por eles. São

sempre muito dedicados ao trabalho e atenciosos para com a gente”, elo-gia. De acordo com Tucha, apesar de o procurarem às centenas, cerca de 30 catadores vendem exclusivamente para a Sucateira. Alguns chegam a faturar até R$ 1.500/mês. “Os mais controlados acumulam os vales e re-cebem mensalmente”, conta Alberto, acrescentando que o grupo é integra-do em sua maioria por pais de famí-lia, pensionistas e aposentados que vêem na atividade um meio de com-plementar a sua renda. O empresário estima que somente os

catadores entreguem cerca de 100 a 120 toneladas por mês de plásticos, material empregado na fabricação de mangueiras, sacolas, carrinhos, ba-cias, utensílios domésticos, calculado-ras, etc. Em relação à coleta de papel, Alberto calcula que ultrapasse duas mil toneladas, entre papel branco, branco um, branco dois e seda. Todo o material coletado é acomodado em seis galpões da Sucateira, até que seja transportado para as fábricas, uma delas agora pertencente ao grupo. Para entregar o material, dez carretas ganham as estradas mês a mês.

Alguns catadores chegam a faturar até R$ 1.500/mês

44

Page 45: Revista Atitude 7ª edição

45

A escassez de pet no mercado

A empatia com os funcionários pode ser medida pela antiguidade de cada um: boa parte deles tem entre 10 e 20 anos de casa

Maio a Junho/2012

Quanto às garrafas pet, o empresário Alberto Costa Filho conta que estão em falta no mercado de reciclagem. “O fato de a China comprar pets em gran-de quantidade acaba provocando falta do material no mercado. A demanda cresceu de forma estrondosa, mas não foi acompanhada pela oferta nacional”, explica. As garrafas, segundo esclarece Alberto, são vendidas para empresas que moem o plástico. “As empresas compram a pet em grãos e a transformam em fios. São essas fibras que depois vão servir de en-chimento de sofá, de banco de carro, até tecido para camiseta. Por ano, é usado nessa produção cerca de um bilhão de garrafas de refrigerante”, informa.“A reciclagem é o caminho para o ho-mem aproveitar os recursos naturais que não possuem um limite claro de re-serva, como a água. O reaproveitamento de materiais é uma forma de gratidão à

natureza por sua generosidade e de respeito à sua vulnerabilidade”, reflete Alberto.Em reconhecimento à importância que a Sucateira assumiu no Vale do Aço e re-gião, a empresa já foi contemplada com importantes prêmios de sustentabilida-de. Outra prova de reconhecimento são

as visitas frequentes de escolas do Vale do Aço e entorno à sua sede. “Nosso tra-balho é objeto de estudo dos educandá-rios, pois está afinado com as propostas favoráveis à não degradação, à explora-ção racional dos recursos naturais”, diz, com indisfarçável expressão de conten-tamento.

Uma fábrica de papel-toalhaCom a necessidade de escoar um volume cada vez maior de papel para reciclagem, Tucha conta que há oito anos decidiu in-vestir num negócio complementar, tornando-se ele próprio um dos compradores do material coletado. Foi admitido como sócio numa fábrica de papel-toalha, a Santa Bárbara Indústria e Co-mércio de Papéis Ltda. No início deste ano, os 50% do sócio foram comprados e ele então se tornou único proprietário.Localizada em Santa Bárbara do Monte Verde, na região de Juiz de Fora, a empresa funciona 24 horas e tem uma produção diária de nove toneladas, resultado da reciclagem de 100 toneladas de papel. “Para cada tonelada, 10 toneladas são recicladas, sendo que normalmente tem-se uma perda em torno de 10%”, detalha o empreendedor. Com toda a sua produção regular contratada, a empresa fornece papel-toalha para um grupo de 20 clientes. “Graças à qualidade do nosso produto, já nos foi proposto o forne-cimento exclusivo para um único comprador, mas optamos

por atender a um número maior de empresas, até por ques-tão de segurança diante dos revezes comuns na economia nacional”, explica, seguindo o velho conselho de que não se deve nunca colocar todos os ovos numa única cesta.O papel-toalha da Santa Bárbara é produzido a partir de matéria-prima pura, explica Tucha. “Todo mês fazemos lau-do bacteriológico, uma forma de garantir a pureza do nosso produto, a qualidade do nosso papel”, justifica.A fábrica conta com 34 funcionários, que se revezam em dois turnos de 12 horas, com folga de 24 horas. Entre os projetos para o futuro da empresa está a fabricação de papel higiênico. “Essa será mais uma forma de consumir o papel que coletamos. Atualmente, utilizamos na fábrica de to-alhas apenas 30% do que é recolhido na região. O restante é repassado para outras empresas do ramo. Parte da produção é repassada para entidades filantrópicas”, relata o diretor da Suca-teira Vale do Aço.

Page 46: Revista Atitude 7ª edição

46

Natanael e Sirleia, com os filhos Kenia, Cássio e Natanael Júnior: uma rica história de união e dedicação ao trabalho

MARREIRO E CERQUEIRA

Maio a Junho/2012

O triunfo de um negóciomovido a fé, suor e paixãoCom uma história de muito trabalho e ainda vivendo em ascensão permanente, MC Autopeças chega aos 20 anos como referência regional no setor

Page 47: Revista Atitude 7ª edição

A MC Autopeças em seus primeiros dias, quando funcionava também como oficina mecânica e borracharia: diante da loja, os filhos ainda pequenos.Boas recordações da infância: numa viagem recente, o fundador da MC Autopeças se deparou, na região de Diamantina, com uma bomba de abastecimento manual como aquela que o

pai tinha no quintal de sua casa, na década de 60.

47

O pensador que concluiu que “o único lugar em que o sucesso vem an-tes do trabalho é no dicionário” acertou em cheio. Não é por acaso, por exemplo, que a MC Autopeças se transformou num dos mais comple-tos e bem-sucedidos estabelecimentos do gênero em todo o Vale do Aço. Ainda hoje, 20 anos depois de terem se instalado numa modesta loja que se expandiu extraordinariamente, a ponto de se tornar verda-deira referência no segmento, os proprietários contam que não é inco-mum trabalharem 16 horas por dia. Mas, não é só isso. Há um outro ingrediente básico para temperar esta receita de sucesso: uma paixão por veículos que atravessa gerações.

MC. Muita gente pode se perguntar: o que isso quer dizer, afinal? Pois estas iniciais têm um significado importante para o proprietário Natanael Marreiro de Cerqueira, 51 anos, já que remetem à sua origem, os sobrenomes de seus avôs ma-terno e paterno, respectivamente. “É uma forma de homenageá-los e, ao mesmo tempo, não nos esquecermos nunca de onde foi que saímos, termos a humildade de entender que não chegamos até aqui sozinhos. Nosso caráter foi moldado a partir de maravilhosos exemplos de dedi-cação e honestidade, e esses são valores inegociáveis para nós”, diz Natanael.Nascido em Pocrane, pequena cidade na Zona da Mata mineira que tinha na produção de arroz e leite suas principais fontes de sustentação econômica, desde menino Natanael revelava um talento especial para lidar com veículos, peças e, por extensão, a mecânica. Alguns de seus amigos de infância - como ele hoje também moradores de Ipatinga - teste-munham: “Sua aptidão para o ramo era tão precoce que as mãos estavam sempre sujas de graxa e óleo, ele estava sempre inventando alguma coisa, em meio a cha-ves, porcas e parafusos. Até as bicicletas

sempre tinham um acessório diferente, de buzina a amortecedor”.Companheiro inseparável do pai, que com um velho caminhão foi o primeiro fornecedor de combustível de sua cida-de e, logo depois, comprou um posto de abastecimento, Natanael começou a diri-gir com apenas 9 anos de idade. Apesar dos pés mal alcançarem os pedais – e por isso ter que arredar o banco do motoris-ta para bem junto do volante –, guiava Fusca, Jeep, Rural. Aos 13 anos, já dirigia caminhão. Na juventude, se os carros ou as motos que teve davam problema, ele mesmo consertava.

Da borracharia à oficina mecânicaJá em Ipatinga, para onde seus pais se mudaram em meados da década de 70, Natanael recorda que foi admitido como frentista da rede de postos GT. Foi fun-cionário da primeira unidade implantada pelo empresário Gilberto Thomaz Mar-tins da Costa, que funcionava na esquina da Av. João Valentim Paschoal com Rua Barbacena, e também da outra unidade que ainda existe no Centro, junto à pre-feitura. Ali mesmo evoluiu para trocador de óleo, escritório e gerente, função que

desempenhou por mais de uma década, ganhando plena confiança do dono. “O próprio Gilberto me apoiou quando deci-di ter meu negócio, é alguém por quem tenho muita gratidão”, conta Natanael, revelando que foi ele que lhe emprestou o dinheiro para adquirir o imóvel onde prosperou ao longo de 20 anos de traba-lho completados no mês de maio último, na Av. Minas Gerais, 480 – Bairro Caçula.“Entendi que já possuía boa experiência comercial e, após me casar, em 1983, co-mecei a pensar em ter meu próprio ne-gócio. O duro é que, voltando da lua-de--mel em São João Del Rey, pra dificultar ainda mais as coisas, bati o carro de um amigo. Trabalhei no posto até 92 e iniciei com uma borracharia paralelamente, na Av. Felipe dos Santos, no Bairro Cidade Nobre, tendo meu pai como funcioná-rio. Nesse mesmo tempo, fui adquirindo

Page 48: Revista Atitude 7ª edição

ferramentas para implantar uma oficina mecânica, a qual veio funcionar na Av. Simon Bolívar, também no Cidade Nobre. Ficava no porão da antiga loja da Macapá Autopeças”, recorda o proprietário da MC Autopeças. Ainda no posto de gasolina, nos períodos de férias, Natanael conta que trabalhava de graça numa oficina mecânica, segun-do ele “para obter mais conhecimento”. A transição para o atual endereço, no Ca-çula, aconteceu ainda em 1992. Arranjou

um mecânico para trabalhar e alugou o espaço, na ocasião restrito a uma pe-quena loja com um tímido pátio ao lado. Apenas três anos depois, com o apoio do ex-patrão, comprou o imóvel, que fica em frente a um dos postos da rede GT.

O impressionante crescimentoMembro do grupo Gideões Internacio-nais e hoje dirigente de uma igreja da Assembleia de Deus no alto do Jardim Panorama, quando perguntado sobre

os momentos de maior dificuldade que enfrentou no negócio, Natanael Marrei-ro minimiza: “Não me lembro, creio que sempre tivemos certa estabilidade. Uma coisa com que sempre me preocupei foi não me endividar”. Mas a esposa Sirleia Toledo dos Santos Cerqueira, 46 anos, que vivenciou com ele toda a trajetória de luta e acompa-nhou cada passo do empreendimento, o ajuda a puxar pela memória alguns de-talhes. Depois de dois anos de funciona-mento da loja, quando se vendia 50 reais num dia, era motivo de felicidade, diz ela. Havia apenas três prateleiras. O primeiro funcionário era, de novo, o pai de Nata-nael. “No início, se vendia tão pouco que meu pai chegava a cochilar no balcão”, ele ressalta.A ansiedade e a preocupação eram tão fortes que o pai de Natanael acabou tendo um princípio de AVC. Passou mal dentro da loja e teve que ser socorrido ao Pronto-Socorro Municipal. De moto, já que a firma ainda não tinha carro. Dali ele foi transferido para o Hospital Márcio Cunha, ficando 15 dias internado. Feliz-mente, não teve sequelas.Do espaço original de 30 metros qua-drados – uma loja de 5m x 6m –, a MC Autopeças evoluiu para um prédio de cinco andares. São nada menos que 30 mil itens de produtos oferecidos à clien-tela, que exigem um rigoroso controle de estoque. São catalogados desde uma simples boia de carburador aos mais so-fisticados sensores de injeção eletrônica.Sobre a fórmula essencial para o sucesso, Natanael conclui: “Tudo foi conquistado primeiro graças à ajuda de Deus. Além disso, foi e tem sido um esforço muito grande de trabalho, com envolvimento de toda a família. Desde os sete anos de idade, nossos filhos já iam para a loja, e são também parte deste alicerce vi-goroso de união que nos sustenta. Por gratidão, também não posso esquecer de citar minha segunda funcionária, a Roselma, sobrinha da minha esposa, que começou conosco com apenas 17 anos e nos serviu por 15 anos, com grande dedi-cação. Ela ficou um período na Itália e, ao retornar, voltou a somar forças com nossa

48

Uma BSA de 1951: a empresa inglesa começou fabricando armas, mas com o advento dos pneus com câmaras evoluiu para bicicletas, triciclos e motos.Natanael recebendo em sua casa os seis irmãos ainda vivos, com quem ainda mantém estreitos laços de amizade: Elson, Erotides, Eliúde, Abiúde, Celina e Lecina.Numa estratégica avenida comercial de Ipatinga, dos 30 metros quadrados iniciais a loja evoluiu para um prédio de cinco andares.

MARREIRO E CERQUEIRA

Maio a Junho/2012

Page 49: Revista Atitude 7ª edição

equipe, trabalhando até 2012”. A MC tem hoje um quadro de 12 funcionários.

A responsabilidade dos filhosPais de três filhos – Kenia, de 26 anos, e Cássio, de 24, ambos já casados, além de Natanael Júnior, de 19 –, Natanael e Sirleia contam que não raramente têm que es-tender a jornada das 7 da manhã até 11h da noite. É preciso lançar mercadorias, fazer verificação de preços, concluir ser-viços que o agitado expediente comercial da loja muitas vezes obriga a adiar para o período noturno. Contudo, eles não re-clamam: “O físico às vezes fica debilitado, e aí a gente aproveita pra dar uma pausa e cuidar também do espírito. Geralmente, a gente faz isso participando das conven-ções de Gideões Internacionais, grupo que integramos há 15 anos. E o que nos descansa ainda mais é saber que nossos filhos são inteiramente responsáveis e dão conta direitinho do recado, na loja, quando precisamos nos ausentar”, com-plementam.Kenia, a primogênita de Natanael e Sir-leia, mãe do único netinho (Gustavo, de 3 anos e 8 meses), se casou em 2004 e, des-de 2006, dirige com o marido outra em-presa do grupo que vai muito bem: a MC Informática, no número 635 da mesma Av. Minas Gerais onde está a MC Autope-ças. A segunda empresa dá manutenção e comercializa computadores, além de vender instrumentos musicais e apare-lhagens de som. Cássio e Natanael Júnior continuam sua jornada na MC Autopeças, aprendendo cada vez mais... sobre veícu-los e como tocar a vida com perseverança e determinação. No encerramento da entrevista, Natanael ainda faz um parêntese que serve bem para ilustrar o legado de fé que tem dei-xado para sua descendência: “Quando fa-lei pro meu pai que iria deixar o emprego para montar a loja, ele ficou muito apre-ensivo. É normal para todo pai que se pre-ocupa com o futuro dos filhos. Tinha um bom salário como gerente do posto. Iria iniciar em algo incerto. Não concordou. Aí eu falei pra ele: ‘Olha, pai, se eu tomo con-ta e zelo muito bem daquilo que é dos outros, então pode ficar tranquilo que eu dou conta daquilo que é meu’. Eu acorda-

va às 5h30 e só retornava pra casa às 21h. Por força do ofício, muitas vezes tive que levantar de madrugada para descarre-gar caminhão de combustível, porque o motorista precisava retornar. E na mesma manhã tinha que estar de pé”, revela.

O fascínio que motos e carros sempre exerceram na vida do proprietário da MC Autopeças, desde criança, tem uma razão de ser. Embora fosse um verdadei-ro faz-tudo e, por bastante tempo, tenha exercido o ofício de carpinteiro, o pai de Natanael, ‘Seu’ Corcino, 89 anos, que hoje curte a aposentadoria juntamente com a esposa Noêmia, 84, no Bairro Bom Jardim, em Ipatinga, também tinha forte atração pelos veículos automotores. E assim é que, quando quase ninguém andava mo-torizado na cidade de Pocrane, para onde se mudou com a numerosa família, já se deslocava por toda parte em uma mo-tocicleta BSA (Birmingham Small Arms), importada. Era a única do lugar. Ainda na roça, antes de se transferir para uma resi-dência no perímetro urbano do municí-pio, certa vez ‘perdeu’ a esposa que estava com ele na garupa, por causa dos muitos buracos na estrada.‘Seu’ Corcino foi também um dos primei-ros moradores a comprar carro na cidade. Teve uma caminhonete Ford, depois ca-minhões – os primeiros com partida na base da ‘manivela’. Com espírito empreen-dedor, deu uma verdadeira guinada em sua vida, depois de revelar-se um exímio artesão de madeira – antes, morando na vizinha cidade de Ipanema, onde nasceu e vivia com os pais que saíram de Reduto, município de Manhuaçu, fazia carros de boi, fabricava engenhos de moer cana, confeccionava bancos de igreja (e chegou a construir um templo Batista no povoa-do de Boa Esperança, que até hoje existe).

Como os veículos de Pocrane ainda não tinham onde abastecer, buscava gasolina em Aimorés, distante 60 quilômetros. Em época de chuva, mesmo com corrente nos pneus do caminhão, não poucas ve-zes teve que dormir na estrada. Na car-roceria, puxava até 20 tambores de 200 litros cheios de gasolina.No quintal de sua casa, em Pocrane, Cor-cino instalou uma bomba de combustível manual, e ali atendia a todos, vendendo ainda querosene e diesel. Mas seus forne-cedores inflacionaram muito os produtos e, desse modo, ele foi obrigado a comprar em outra cidade. Em retaliação, os forne-cedores decidiram instalar um posto em Pocrane. Foi nestas circunstâncias que ele encontrou o apoio de um amigo que, por muitos anos, viria a se tornar um de seus melhores parceiros. Um comerciante local, então dono de uma loja de tecidos, lhe propôs sociedade para que compras-sem o posto, e assim foi feito, isto em 1970. Um ano depois, este mesmo amigo, José Pinto de Almeida, então também dono de uma máquina de beneficiar ar-roz, comprou o estabelecimento. Mas, em 1972, ao se mudar de Pocrane com a família, José Pinto passou novamente o posto a Corcino, que foi proprietário uma vez mais até 1975. Em 1977, se transferiu com a família para Ipatinga.‘Seu’ Corcino e dona Noêmia tiveram 11 filhos, mas três deles, do sexo feminino, morreram ainda pequenos. Uma garoti-nha adoeceu e morreu na roça, aos dois anos. Duas gêmeas, prematuras, morre-ram pouco após o nascimento. Jutil, 30 anos, faleceu com problemas de diabetes, em São Paulo, já casada.

Natanael com os pais, Corcino Luiz de Cerqueira, 89, e Noêmia Marreiro de Cerqueira, 84.

49

Maio a Junho/2012

‘Seu’ Corcino, a melhor inspiração de Natanael

Page 50: Revista Atitude 7ª edição

50

Maio a Junho/2012

“Queremos fazer de Timóteo uma pequena EuropaPós-doutor, ex-secretário de Educação é selecionado para projeto internacional e busca parcerias entre o município e universidades do Velho Continente

ESCOLA DE ALTOS ESTUDOS

Page 51: Revista Atitude 7ª edição

51

Cássio Eduardo já está freqüentando a Universidade de Lisboa, cumprindo o programa que tem por objetivo criar um grupo de notáveis, que vai ajudar a pensar as políticas públicas do Brasil

Maio a Junho/2012

Assim como portugueses, franceses, holandeses e es-panhóis cruzaram o Atlântico em busca das riquezas de um Brasil recém-descoberto, agora um intelectual de Timóteo faz o caminho inverso, indo desbravar a Europa em busca de grandes parcerias com Organi-zações não governamentais (ONGs) e Universidades para projetos educacionais no município mineiro. O Pós-doutor em Análise do Discurso Cássio Eduardo foi nomeado pelo prefeito Sérgio Mendes (PSB) como secretário de Educação para dar andamento a inova-doras políticas públicas neste segmento no município.Entre os avanços implementados durante poucos me-ses à frente da pasta, destacam-se a ampliação das es-colas de Tempo Integral, o programa Um Computador por Aluno (UCA), criação do curso Pré-Enem, além de diversas atividades pedagógicas extraclasse relaciona-das ao combate à dengue e destinação do lixo.“Sempre defendi junto ao prefeito que precisamos fa-zer de Timóteo uma pequena Europa, pelo menos no que diz respeito à Educação. Devo permanecer lá por oito meses. Vejo essa experiência na Europa como uma grande oportunidade para crescimento, visibilidade, bagagem intelectual, e trago isso em função do meu interesse de continuar as discussões em educação. Quero continuar contribuindo com as discussões, que incluem não só o plano de governo, mas também o plano decenal municipal de educação”, comprometeu--se Cássio.O programa é uma preparação da Escola de Altos Estu-

dos, da CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, que integra três universida-des (de Lisboa, Barcelona e Paris) e tem por objetivo criar um grupo de notáveis, que vai ajudar a pensar as políticas públicas do Brasil, em diversas áreas. Se-gundo informou Cássio Eduardo, trata-se de um antigo programa do Governo Federal, que antes era voltado somente para professores efetivos das Universidades Federais e hoje abre oportunidades para membros de grupos de estudos indicados pelas universidades.A indicação de Cássio se deu devido à sua atuação no grupo de pesquisas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Em solo europeu, o intelectual pre-tende estabelecer contatos com ONG’s e Universida-des buscando parcerias para implementar projetos no município. “A visibilidade que o Brasil conquistou no cenário internacional faz com que este seja o melhor momento para esta colaboração no desenvolvimento de ações inovadoras no que diz respeito a políticas pú-blicas educacionais, inserindo Timóteo na vanguarda do ensino”, avalia.E a realização de grandes eventos esportivos mundiais no país, como a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, realmente despertou os olhares do mundo para o Bra-sil. Recentemente, visando desenvolver novos talentos do esporte, unindo inclusão social com transferência de renda, educação e combate à ociosidade, o muni-cípio implantou o programa Bolsa Cidadania, que hoje atende mais de 600 jovens.

Page 52: Revista Atitude 7ª edição

52

Maio a Junho/2012

Muitas vezes, os processos de negociações de benefícios envol-vendo representantes das classes patronal e laboral terminam com rusgas insanáveis, caras torcidas, resmungos, um ou outro lado bem desapontado. Dificilmente há oportunidade para reprodução sincera daquele velho bordão do advogado Celso

Russomano, que se notabilizou em caricato programa televi-sivo por encerrar suas reportagens de mediações de conflitos comerciais com o clássico “Estando bom para ambas as partes, Celso Russomano: Aqui Agora!”. Contudo, para toda regra há exceções. Neste primeiro semestre de 2012, comerciantes e co-

O triunfo do bom sensoMilhares de comerciários e microempresários beneficiam-se, no Vale do Aço, de uma conquista histórica tirada da mesa de negociações

SAÚDE MULTIPLICADA

Bom para ambas as partes: o Sindicato dos Comerciários calcula que cerca de 90% da categoria aderiu ao novo sistema de planos. E o Sindicato do Comércio amplia a extensão do benefício para os microempresários, que constituem 90% de seus associados.

Page 53: Revista Atitude 7ª edição

53

Antônio Ademir e Cláudio Tomaz, do Seci, observam que algumas pessoas só não aderiram por já serem beneficiadas com planos dos cônjuges

merciários do Vale do Aço estão rindo à toa, com toda razão: o acesso aos planos de saúde, por preços bem mais em conta. A boa notícia é resultado de um exaus-tivo debate que há muito vinha sendo posto na mesa de discussões envolvendo líderes sindicais dos empregados e em-pregadores, cujo desfecho aconteceu no final do ano passado e, ainda hoje, gera desdobramentos antes impensáveis.Na prática, o que acontece é o exercício legítimo do direito constitucional à saú-de, a um custo simbólico, diante da inca-pacidade do Estado de prover plenamen-te melhores condições de assistência à população.

Felizes da vidaAntônio Ademir da Silva, secretário geral do Seci – Sindicato dos Empregados do Comércio de Ipatinga, comenta: “Perce-bemos que os trabalhadores estão muito satisfeitos. Estimamos que 90% dos co-merciários aderiram ao plano. Algumas pessoas não aderiram por já serem be-neficiadas com planos dos cônjuges. A empregadora beneficia o titular, arcando com 50% do valor do plano. E mesmo os demais membros do grupo familiar pagando 100%, caso desejem, ainda há ganhos, se considerarmos o valor que os planos costumavam cobrar, cerca de R$ 400 mensais para grupos de três pessoas. Nesse caso, agora a taxa foi reduzida em cerca de 50%”.

Outra vantagem, diz Antônio Ademir, é que os que já pagavam planos foram beneficiados com a redução do custo das operadoras. “Muitas empresas já paga-vam plano para seus empregados. Ago-ra, com o desconto, estão felizes da vida. Quem negociou o plano foi o Seci. Foram muitas horas de trabalho para chegar-mos a um valor mais acessível. O plano é uma conquista do Sindicato”, sustenta.

Grande alívioHoje, calcula-se que haja um contin-gente de 15 mil pessoas no comércio local. Desse total, o Seci representa 13 mil, já que prestadores de serviços não são ligados à entidade. O coordenador geral do Sindicato dos Comerciários de Ipatinga, Cláudio Marconi Tomaz, avalia: “Independente de a empresa cobrir ou não o valor parcial, a própria negociação já é um benefício. O total a ser pago não representa nem um terço do que é pago fora do convênio, em caráter particular. Qualquer exame é descontado em folha, não no ato do procedimento. O exame mais caro custa hoje R$ 60, é o máximo que se pode cobrar do comerciário, que paga 30% do valor da tabela de convênio que os laboratórios estabeleceram, bem abaixo do que é praticado”.Em caso de internação, salienta ainda Cláudio Tomaz, as despesas são pagas pelo plano, e assim a categoria encontrou grande alívio em situações de emergên-

cia. Cirurgia cardíaca, por exemplo, parto, todas são cobertas, exceto as estéticas. Até mesmo UTI aérea está prevista. Cláudio Tomaz ainda explica: “Em relação aos descontos em folha, não podem ul-trapassar o valor de R$ 100 no mês. Para procedimentos que ultrapassem o valor, o pagamento é parcelado. Exemplo: se a família toda usou o plano e as despesas somaram R$ 1 mil, esse valor será dividi-do em dez prestações de R$ 100. Caso a conta ainda não tenha sido quitada e o usuário necessite de recorrer novamen-te ao plano, o desconto será feito após a quitação das despesas anteriores, a fim de que a mensalidade nunca ultrapasse os R$ 100”.

Retenção de empregadosVendo pela ótica do empregador, o presi-dente do Sindicato do Comércio do Vale do Aço (Sindcomércio), José Maria Fa-cundes, observa que uma das principais vantagens apresentadas pela concessão do benefício foi a retenção do emprega-do na empresa: “Ainda não temos núme-ros precisos, mas sabemos por meio de comentários dos nossos associados que a rotatividade vem caindo. Os comerciá-rios muitas vezes trocavam de emprego não em busca de um salário melhor, mas sim atraídos pelo diferencial da outra em-presa oferecer um plano de saúde. Para quem tem que recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS) isso pode ser muito im-

Page 54: Revista Atitude 7ª edição

portante, além de representar qualidade de vida. Mão de obra qualificada anda escassa e o empregador precisa garantir que o trabalhador vá ficar na empresa. Temos, por exemplo, uma falta muito grande de bons açougueiros aqui na nossa região, o salário não varia muito entre um estabelecimento e outro. En-tão, nesse caso, a empresa ter um pla-no de saúde sem dúvida pode ajudar na manutenção desse funcionário”, afirma. José Maria ainda destaca que os do-nos de pequenos supermercados, por exemplo, também viram na nova for-ma de planos de saúde uma oportu-nidade interessante para procurarem reter seus funcionários: “Eles se preo-cupam com a concorrência que vem chegando na região com a instalação das grandes redes de supermercados, já que a tendência é a mão de obra ficar ainda mais disputada. Esse setor foi o primeiro a aderir ao sistema. Leva-mos em conta ainda que o custo de uma demissão é muito alto para qualquer em-presa e, assim, vale a pena proporcionar este benefício indireto”, explica.

Nicho de mercadoOutro fator positivo do ‘boom’ de aten-dimento a esta nova massa de usuários dos planos de saúde, raciocina o presi-dente do Sindcomércio, é a readequação dos preços das operadoras, dentro de uma saudável competição. “É um nicho de mercado formidável a ser explorado pelas operadoras, já que cerca de 90% de nossos associados são microempresários que muitas vezes não contam com um plano de saúde ou se têm pagam muito mais caro por ele”. Por isso o sindicato patronal decidiu esten-der ao empregador o benefício prestado aos empregados, explica José Maria: “Os empresários muitas vezes não contam com um bom plano de saúde ou quan-to ele existe, as taxas cobradas são mui-to altas. Ao fazermos a negociação com as operadoras, tivemos a preocupação em garantir que elas proporcionassem ao empregador o mesmo convênio. As-sim ele tem direito a pagar pelo plano o mesmo valor do comerciário. A dife-rença é que no caso do empregado a empresa paga uma parte. Já o dono do estabelecimento tem que desembolsar

o valor integral, e a mesma quantia será cobrada mensalmente pela adesão de cada dependente. Os empresários que pagavam um valor maior nos convênios que foram firmados antes da conven-ção, agora estão renegociando com as operadoras. O que não muda é o valor que o empresário desconta na folha do empregado mensalmente. O valor das mensalidades a ser descontado na folha de pagamento do trabalhador deve ter o teto máximo de R$ 24 e, independente do total de procedimentos realizados pelo comerciário, tais como consultas, exames, internação e outros, não pode ser descontado por mês mais que R$ 100 mensais”.José Maria lembra que foi feita uma to-mada de preços no final de 2011 entre os planos de saúde da região, com os valores individuais variando de R$ 48 a R$ 56. Cabe aos empresários a escolha final na hora de decidir qual será o con-vênio a ser adotado por sua empresa. Mas as regras que ficaram estabelecidas por ocasião da assinatura da convenção coletiva de trabalho devem ser seguidas integralmente.

54

Maio a Junho/2012

SAÚDE MULTIPLICADA

José Maria Facundes, presidente do Sindcomércio, registra que os comerciários muitas vezes trocavam de emprego atraídos pelo diferencial do plano de saúde

Page 55: Revista Atitude 7ª edição

55

LÍNGUA PÁTRIA

Português não é piadaO mercado não perdoa. Ao menos 40% dos estudantes são reprovados em seleções por apresentarem resultados deficitários em testes ortográficos

Gestores das mais diversas áreas têm um consenso: falar um se-gundo idioma pode ser o diferencial para candidatos a vagas de estágio ou emprego. É cada vez mais corriqueiro jovens inician-do esses cursos visando o futuro profissional. No entanto, ter in-timidade com a primeira língua - o português - é indispensável no caminho rumo ao mercado de trabalho. Com um detalhe: se a pessoa não dominar a língua portuguesa, já será eliminada de primeira. Uma pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios - Nube,

com 6.716 estudantes, mostra uma realidade preocupante.

Lidar com a falta de mão-de-obra qualificada vem sendo o desa-fio das empresas, independentemente do porte. Já para os estu-dantes, o foco é conseguir apresentar conhecimento e boa desen-voltura em entrevistas. Mas os resultados não têm correspondido ao esperado pelo mercado. Na área de Jornalismo, por exemplo, cerca de 49,45% dos jovens cometem erros acima do limite acei-

Maio a Junho/2012

Page 56: Revista Atitude 7ª edição

tável em testes ortográficos. Alunos de Pedagogia chegam a 50% e de Matemática a até 66,66%. Nos segmentos das Artes e Design, o índice alcança 70,59%. Curiosamente, no caminho contrário, mas bem sucedido, 74,48% dos estudantes de Engenharias e 82,75% de Direito têm êxito.“Com o advento do Intercâmbio e a consequente busca por aprendizado no exterior, além da escrita tipicamente sintetizada e informal da Internet, o jovem ganha obstáculos no aprimora-mento da língua nacional”, observa a analista de RH do Nube, Naiara Rojas. Porém, não é difícil andar nos trilhos rumo à con-quista da vaga ideal. “Com uma pequena dose de leitura diária e cursos rápidos e muitas vezes gratuitos de atualização do Portu-guês, o estudante se mantém apto a falar em público e expressar bem suas ideias”, garante Naiara.

56

LÍNGUA PÁTRIA

Maio a Junho/2012

Os resultados dostestes ortográficos

SUPERIOR/TECNÓLOGO

TESTES DE PORTUGUÊS

REPROVAçãO POR ÁREA

MéDIO/TéCNICO

Aprovados

Reprovados

Comunicação e Informação

Administração e Negócios

Ciências Exatas e Informática

Saúde

Engenharia

Meio Ambiente e Ciências Agrárias

Ciências Humanas e Sociais

43,67

42,35

39,53

38,49

25,52

20,38

17,07

60,22%

39,78%

63,27%

36,73%

Aprovados

Reprovados

O português é a quinta língua mais falada do mundo e a mais falada em todo o hemisfério sul da Terra. Mesmo para os brasileiros ou ou-tras nacionalidades que já crescem falando a língua, ainda há certos termos que podem confundir na hora de escrever ou até mesmo pronunciar o idioma. Nas redações é comum ver não só erros de ortografia, como também de concordância, crase, acentuação, uso do hí-fen e muitas outras regras que podem emba-ralhar a cabeça dos estudantes. Nos vestibula-res, os 10 erros de ortografia mais comuns são: 1 - Estava paralizado (no lugar de paralisado) de medo.2 – Esta é uma excessão (exceção) à regra.3 – A moça não sai do cabelereiro (cabe-

leireiro).4 – Eles moravam em casas germinadas (ge-minadas).5 - Gostava de comida por kilo (quilo).6 – Era um deputado bahiano (baiano).7 – A tijela (tigela) estava cheia de doces.8 - A moça se dava bem com o padastro (pa-drasto).9 – Vamos organisar (organizar) a festa?10 – Comeu uma pizza de calabreza (o correto é calabresa).11 - Asterisco (e não “asterístico”)12 - Beneficente (e não “beneficiente”)13 - Mendigo (e não “mendingo”)14 - Mortadela (e não “mortandela”)15 - Reivindicar (e não “reinvindicar” ou “rein-vidicar”)

Os 15 erros de ortografia mais comuns

Page 57: Revista Atitude 7ª edição
Page 58: Revista Atitude 7ª edição

DITO E FEITO

Homens e Mulheresde

Tenho o desejo de realizar uma tarefa importante na

vida. Mas meu primeiro dever está em realizar humildes

coisas como se fossem grandes e nobres

HELEN KELLER (1880—1968), célebre escritora, conferencista e ativista social estadunidense. Nascida no Alabama, ela provou que deficiências sensoriais não impedem a obtenção do sucesso. Ficou cega e surda, desde tenra idade, devido a uma doença diagnosticada na época como “febre cerebral”.

Perante um obstáculo, a linha mais curta entre dois pontos pode ser a curva

BERTOLD BRECHT (1898—1956), destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX. Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, concentrando-se na crítica artística ao desenvolvimento das relações humanas no sistema capitalista.

Construir pode ser a tarefa lenta e difícil de anos. Destruir

pode ser o ato impulsivo de um único dia

WINSTON CHURCHILL (1874-1965), político conservador e estadista britânico, famoso principalmente por sua atuação como primeiro-ministro do Reino Unido durante a 2ª Guerra Mundial. Orador notável, também foi Oficial no Exército, historiador, escritor e artista. Ganhou o Nobel de Literatura e tornou-se o primeiro Cidadão Honorário dos Estados Unidos.

Eu sou um homem velho e conheci um grande número de preocupações, mas a maioria

delas nunca aconteceu

MARK TWAIN, pseudônimo de Samuel Langhorne Clemens (1835—1910), escritor e humorista norte-americano. Após laborar como tipógrafo em diversas cidades, ajudou Orion, seu irmão mais velho, na administração de um jornal. Foi também impressor e colunista, além de piloto de barcos a vapor no Rio Mississippi.

Maio a Junho/2012

58

Page 59: Revista Atitude 7ª edição

Com foco na transparência do trabalho da Câmara Municipal de Timóteo, os vereadores aprovaram, no final do ano passado, a proposta de emenda à Lei de Organização Municipal nº 62, que “altera dispositivos da Lei de Organização Municipal de Timóteo”, de autoria da Mesa Diretora. A proposta põe fim ao voto secre-to na Câmara de Timóteo, que antes era permitido nos casos de apreciação de veto do Executivo e cassação de mandato de pre-feito, vice-prefeito e vereadores.De acordo com o presidente da Casa, Douglas Willkys, apenas cin-co das 850 Câmaras Municipais mineiras aboliram o voto secreto. Além de Timóteo, outras duas pertencem à região do Vale do Aço: a de Ipatinga e a de Coronel Fabriciano. “O fim do voto secreto é uma demonstração da transparência da Câmara na condução dos trabalhos e do zelo com a população, que tem o direito de saber a postura dos vereadores”, defendeu.

O anseio por trans-parência nos órgãos públicos encontra solo fértil também em Bra-sília. Existe uma Frente Parlamentar em Defesa do Voto que luta em favor da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que determina o voto aberto em todas as decisões do Congresso Nacional. Pelos regimentos inter-nos do Senado e da Câmara, em várias situações o voto deve ser secreto. A proposta da PEC do Voto Aberto foi aprovada em primeiro tur-no há cinco anos. Desde então, aguarda inclusão na pauta para a votação em segundo turno. Para os defensores da proposta, o voto aberto é fundamental no regime democrático, para que os eleitores saibam como aqueles em quem votaram se posicionam em relação às matérias debatidas no Parlamento.

CongressoVoto aberto jáé realidade na Câmara de Timóteo

Page 60: Revista Atitude 7ª edição

Tati Cambraia, uma policialno Mato Grosso

mineirinhaGuevara estava certíssimo: “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás!”

60

Maio a Junho/2012

CHEIA DE AUTORIDADE

Page 61: Revista Atitude 7ª edição

Tatiana Cambraia, 29 anos, ape-sar de nascida em BH, tem boa parte de suas raízes fincadas no Vale do Aço, onde costuma vir a passeio e para rever familiares. É filha de Marco Antônio Cambraia e Elizabeth. O saudoso avô, Geral-do, foi um dos fundadores da Cai-pa – Refeições Coletivas, que por muitos cuidou da alimentação na área interna da Usina Intendente Câmara, da Usiminas, além de ser a primeira empresa a se responsa-bilizar pela nutrição dos usuários do Restaurante Popular de Ipatin-ga. Inteligente, versátil e tão inde-pendente quanto requer hoje o perfil da mulher moderna, Tati foi aprovada em concurso da Polícia Federal, embarcando de mala e cuia para Sinop, a quarta maior

cidade do Mato Grosso, com 110 mil habitantes. Sua função: escri-vã, em meio a um grupo de elite predominantemente masculino.A distância apertou um pouco mais do que devia a saudade que sentia no peito. E, então, Tati foi buscar novo horizonte profissio-nal, sem abdicar do status poli-cial: foi agora aprovada para o cargo de delegada da Polícia Civil no Espírito Santo. Como verda-deiro presente de aniversário – já que é nascida em 13 de junho –, embora ainda não tenha se resol-vido a respeito, é para onde ela pode se mudar agora, neste mes-mo mês. Em meio a muitas idas e vindas, em missão e cuidando do seu futuro, Tati falou gentilmente a ATITUDE.

61

Em Nobres-MT, águas cristalinas e o verde exuberante: cenários de tirar o fôlego

Maio a Junho/2012

Page 62: Revista Atitude 7ª edição

O desafio de lidar com a criminalidade no Centro-Oeste do Brasil

Maio a Junho/2012

62

CHEIA DE AUTORIDADE 1 - Como foi o desafio de preparação para ser bem-sucedida em tão concorridos concursos públicos? Exigiu muitas privações? Nenhum desafio é fácil, mas quando os superamos é muito gratificante. Privações para alcançar o objetivo almejado sempre são necessárias, mas sempre tentei conciliá-las com algo que me desse prazer como, por exemplo, aproveitar as aulas do cursinho para fazer amizades e dividir experiências. O mais importante é ter foco, força de vontade para alcançar.

2 – Entre todos os testes, quais foram os mais difíceis?Foram muitos e muitos testes, todos bem ‘puxados’. Em especial, o curso de formação realizado em 2009 na Academia Nacional de Polícia foi extremamente exigente. Envolveu vários obstáculos complicados como teste físico, prova de tiro, prova de defesa pessoal e provas teóricas relacionadas a diversos temas de interesse da Polícia Federal. Em um regime de internato, tínhamos que lidar com os desafios, muita pressão, aulas incessantes e, quase diariamente, testes teóricos e práticos, todos eliminatórios. Víamos colegas sendo eliminados a todo tempo, o que afetava muito o equilíbrio emocional. Entretanto, cada dia vivido dava uma gratificante sensação de superação, renovando as forças para enfrentar o dia seguinte. Ao final de quase cinco meses, tendo aproximadamente 10 horas de aulas por dia, realmente me senti uma vitoriosa.

3 – Sair de Minas para o Mato Grosso representou um choque muito grande de cultura?Com certeza. Nosso país é muito grande e percebemos a nossa diversidade cultural quando temos a oportunidade de viajar por ele. A saudade da família e amigos agravam a situação. 4 – Houve algum tipo de crime que já tenha lhe impressionado em sua curta carreira de policial?Apesar de curta a carreira e da restrita competência da Polícia Federal, cheguei a pegar um caso de pedofilia na internet que me impressionou, sim.

5 – Há algum tipo de situação que lhe imponha medo?

Tenho receio de não saber agir em uma situação de perigo.

6 – O mais lhe fascinou no Mato Grosso?Existe um lugar chamado Nobres que lembra muito os rios de águas cristalinas em Bonito/MS, do qual muita gente nunca ouviu falar. Este lugar me surpreendeu. Exuberante! 7 – Sua família tem notável tradição gastronômica. De que prato você mais gosta?Sou boa de garfo. Gosto de tudo, especialmente de uma comida japonesa.

8 – Ir para a cozinha também é pra você?De jeito nenhum. Deixo isso para os homens da família (risos)... 9 – O que é que mais lhe atrai nos homens?A discrição e a educação.

10 – E o que é que mais lhe aborrece neles?A falta de cavalheirismo e de sinceridade.

11 – Em que momento você decidiu seguir carreira como policial?Quando ingressei na faculdade de Direito, pensava simplesmente em seguir a carreira pública, mas durante o curso me apaixonei pela área criminal e acabei me inspirando na minha irmã, que é ex-PRF e hoje está na Polícia Federal.

12 – Qual é o tipo de filme que você mais gosta?Gosto de um bom drama, especialmente um que seja baseado em fatos reais.

13 – Qual é a sua maior virtude? Acredito que minha maior virtude é minha sinceridade, minha transparência. 14 – Uma viagem que você não fez, mas gostaria de fazer.Não conheço quase nada. Tenho vontade de viajar para vários lugares, começando pelo litoral nordestino brasileiro, Cancun e Dubai...

15 – Um sonho de consumo.Uma casa na beira de uma praia particular.

16 – Na TV, o que é que você mais curte?Não assisto muito TV, mas quando assisto prefiro ver as notícias e os jornais. Gosto

também de um bom filme.

17 – O que é que o Vale do Aço tem de melhor? Você sente falta de algo daqui?Não só o Vale do Aço, mas o Estado de Minas como um todo tem de melhor o seu povo. Povo mineiro não tem igual; é engraçado, é animado, é receptivo, é amigo, é conversado. Senti muita falta disso no MT.

18 – Drogas são......o grande vilão da humanidade. Atingem de tal forma os usuários que delas tornam-se reféns também as famílias, carcomidas pelo sofrimento de presenciar um ente querido se autodestruindo; o Estado, pela impotência diante da ação dos traficantes e, por fim, a sociedade, que vive aterrorizada com a violência advinda do tráfico.

19 – Alguma vez você já pensou em morar no Exterior?Nunca. Prefiro estar perto das pessoas que amo.

20 – Os melhores amigos são muitos ou contam-se nos dedos? Com certeza os verdadeiros e melhores amigos contam-se nos dedos. Acredito que muitas pessoas especiais passam por nossas vidas, mas apenas algumas permanecem e estas com certeza não serão muitas.

21 – Beleza põe mesa? Não põe mesa, mas serve para uma boa entrada!!! (risos).

Page 63: Revista Atitude 7ª edição

Joyce e Elaine, versáteis e cheias de vigor, decolando juntas na carreira: a empresa traça perfil profissiográfico, faz triagem de currículos, entrevista psicológica, dinâmica em grupo, avaliação psicológica, provas técnicas e encaminhamento para empresas

HUMANIZAR

Gestão de pessoal commais sensibilidadeCom propostas de fôlego para assessoramento de empresas, jovens psicólogas conquistam fatia de respeito no competitivo mercado do Vale do Aço

Maio a Junho/2012

63

Page 64: Revista Atitude 7ª edição

64

HUMANIZAR

Maio a Junho/2012

As psicólogas Elaine Ribeiro Andrade, 26, e Joyce Francele Rocha, 23, ainda estavam estudando, quando decidiram aprimorar suas habilidades em gestão de pessoas. Ingressaram em uma empresa de grande porte da região, onde fizeram estágio no departamento de RH. Logo que concluíram a graduação, passaram a se dedicar à administração de recursos humanos, uma forma de colocar em prática a experiência adquirida ao longo do estágio. E o resultado não poderia ser mais gratificante: em apenas três meses de funcionamento, no Bairro Cidade Nobre, em Ipatinga, a empresa criada pelas duas, Humanizar Gestão de RH e Clínica Psicológica, já atende a várias organizações de comércio, indústria e serviços, algumas delas muito tradicionais em seus segmentos. O foco da Humanizar são empresas de pequeno e médio portes.

Captar e inserir jovens talentos no mercado de trabalho, cumprindo o propósito de ser ferramenta eficiente na potencialização de pessoas, um importante capital nestes dias, é uma das especialidades da Humanizar. Segundo explica Joyce, no que diz respeito ao RH o trabalho da empresa consiste, além de recrutamento e seleção, em integrar os novos colaboradores admitidos. Ainda, analisar cargos e salários, treinamentos, desenvolvimento organizacional, promoções segundo desempenho de cada colaborador, como forma de valorizar as pessoas implicadas no processo de produção, relações trabalhistas e monitoração de sistemas de informações de RH.“A Humanizar busca candidatos potencialmente qualificados, que sejam capazes de desempenhar bem as funções, segundo as necessidades das empresas. De acordo com o perfil dos candidatos, sua habilidade, projeção de futuro, o seu desempenho

durante a avaliação, a gente percebe se vão ou não se ajustar ao cargo oferecido”, explica Joyce.

O clima na empresaApós a contratação, a Humanizar passa a focar o clima organizacional da empresa, que está ligado à motivação, ao desempenho e à satisfação no trabalho. “Nós identificamos os aspectos que precisam ser melhorados, em busca da satisfação e bem-estar dos colaboradores, essencial para maximização de suas potencialidades”, comenta Elaine, que juntamente com a sócia, cursa Gestão Estratégica de Recursos Humanos.“Abraçamos a área mais prática da psicologia. Ao longo do processo de

inclusão de pessoas no mercado de trabalho, lidamos com a ansiedade do candidato a uma vaga, desde a etapa de seleção, durante os treinamentos e ainda na fase de desligamento do trabalhador de um emprego. Nosso papel não é pressionar a pessoa para que seja o que não é, mas valorizar e identificar suas habilidades. Como o nome de nossa empresa diz, trabalhamos com a humanização, considerando cada ser como único, sua singularidade”, destaca Joyce.As psicólogas trabalham dentro de uma abordagem chamada ‘existencial-fenomenológica’. “Cremos que o presente bem resolvido, o aqui, agora, possibilita ao ser humano transitar sem traumas também pelo

Page 65: Revista Atitude 7ª edição

65

Maio a Junho/2012 SERVIÇOHumanizar Gestão de RH e Clínica Psicológica

Av. Monteiro Lobato, 158, Sala 105 – Cidade Nobre – Ipatinga-MG(31) [email protected]

passado, sem intimidá-lo, ainda, em relação ao futuro. Algumas abordagens fixam-se muito no passado, mas este não é o foco do nosso trabalho nas empresas. Lidamos como o momento em que o fenômeno acontece, investigando a motivação circunstancial. Entendemos que o indivíduo saudável, apto ao trabalho, transita bem pelo passado, presente e futuro, sem dor”, explica Elaine.

Oferta e procuraDe acordo com as psicólogas, o maior desafio da Humanizar tem sido encontrar pessoas para as vagas operacionais, que são as de maior demanda, e assegurar a sua permanência na empresa. “A grande oferta de cursos profissionalizantes e a facilidade de acesso às universidades motivam o crescimento profissional dos candidatos. Quem se especializa, faz uma graduação, mesmo estando em curso, não quer ocupar vaga de vendedor, mas um cargo administrativo. De outro lado, a preocupação das empresas é contratar pessoas que pareçam mais propensas a uma maior longevidade nas suas funções, sem o risco de se desligarem do trabalho a qualquer momento”, avalia Elaine. As psicólogas observam que a demissão acaba trazendo transtornos para o empregador. Desse modo, elas recomendam às empresas que busquem motivar sua equipe, uma tarefa que pode ser feita sob a orientação da Humanizar. “A partir da descrição de cargos e salários, da avaliação do clima organizacional, desenvolvemos uma série de atividades. Montamos um organograma, definindo a função de cada empregado segundo as suas potencialidades e vocação. Investigamos e potencializamos os fatores que motivam os empregados,

e buscamos soluções para os que desmotivam. Propomos critérios para as remunerações, bem como para promoções, a partir da avaliação de desempenho. A gente sabe que, muitas vezes, um antigo empregado quer deixar a empresa por não ver mais perspectiva de crescimento, mergulhar-se numa certa monotonia. Então, sugerimos alternativas interessantes para este tipo de situação”.De acordo com as psicólogas, dentre as vantagens de se contratar os serviços da Humanizar está a liberdade de expressão conquistada junto aos trabalhadores. “Eles se sentem mais à vontade para expor seus problemas, suas insatisfações, como não fariam diante de seus imediatos. E assim os resultados são amplamente satisfatórios. A outra vantagem é que custa menos às empresas manterem contrato com consultores, pois não criam vínculos empregatícios e podem contratar os serviços esporadicamente, segundo a necessidade”, diz Joyce. Conforme analisa, o que mais motiva a permanência do empregado em uma empresa é o fato de se identificar com a atividade que desenvolve e se sentir parte da organização, poder opinar, sentir que está contribuindo para o seu crescimento. “O empregado precisa ainda ter perspectiva de evolução, sentir que é valorizado”, acrescenta Elaine.Quanto ao que mais motiva as empresas a manterem um empregado é a constatação de que tal pessoa tem iniciativa, além de ser capaz de interagir com o grupo. O generalista também tem mais chance de se manter no trabalho. “As empresas buscam muito pessoas versáteis, que saibam ou busquem conhecer um pouco sobre todos os setores da organização”, observam.

Além de gestão de pessoas, Elaine e Joyce fazem atendimento clínico. “Não quisemos sair desta escuta, área de atendimento psicológico”, conta Joyce, informando que o público infantil constitui a maior parte da clientela da Humanizar. “Os pais nos procuram muito, e suas queixas mais recorrentes são quanto à deficiência no aprendizado dos seus filhos, um problema que pode ser mensurado pelas notas. Mas isso é resultado. Muitas vezes, o problema nasce na qualidade do relacionamento familiar. No entanto, como esses conflitos não ficam tão evidentes, não são avaliados como os conteúdos ministrados na escola, a busca por solução acaba sendo adiada. O que os pais querem de imediato são bons resultados na escola”. Para as psicólogas, o envolvimento dos pais com o processo de aprendizagem dos seus filhos, especialmente em escala doméstica, é fundamental para o seu sucesso. “Trabalhamos com a Sociedade de Assistência Social e Cultural (SASC), da 1ª Igreja Batista Nacional, fazendo serviço voluntário. Toda sexta-feira, a gente atende crianças em vulnerabilidade social do Planalto e Veneza. Nessa missão, o que mais temos buscado é o envolvimento de toda a família com o que estamos desenvolvendo com as crianças. Sabemos que problemas como abuso sexual, por exemplo, são difíceis de ser identificados. É mais fácil dizer que o filho tem problema na escola, do que dizer que ele foi abusado. Isso responsabiliza menos os pais, enquanto que o baixo rendimento escolar passa a ser a questão do educandário”, raciocinam.

No consultório, as demandas dos pais

Page 66: Revista Atitude 7ª edição

66

HUMOR

Maio a Junho/2012

Page 67: Revista Atitude 7ª edição
Page 68: Revista Atitude 7ª edição

A Câmara é Mirim,mas as conquistas são enormes.Além de despertar o interesse dos jovens pelo legislativo e estimular a cidadania, a

Câmara Mirim de Ipatinga vem dando exemplo de qualidade e de conquistas. Foi

reconhecida como a maior do país, tem emprestado seu projeto para várias outras

cidades e capitais do Brasil, virou tese de mestrado em Harvard – uma das mais

conceituadas universidades do mundo – e agora está comemorando a criação de seu

dia: 28 de maio agora é Dia do Vereador Mirim.

Câmara Mirim. Em Ipatinga, cidadania a gente aprende na infância.

www.camaraipatinga.mg.gov.br