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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL FERNANDA LOURES SILVEIRA HELLYSSEN CRISTINA FERREIRA DE ANICIO LUCAS AGOSTINHO DE ASSIS THAMIRYS SOUZA DORNELAS RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO Coronel Fabriciano 2014

Recuperação de estruturas de concreto armado

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Recuperação de estruturas de concreto armado

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Page 1: Recuperação de estruturas de concreto armado

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

FERNANDA LOURES SILVEIRA HELLYSSEN CRISTINA FERREIRA DE ANICIO

LUCAS AGOSTINHO DE ASSIS THAMIRYS SOUZA DORNELAS

RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

Coronel Fabriciano

2014

Page 2: Recuperação de estruturas de concreto armado

FERNANDA LOURES SILVEIRA

HELLYSSEN CRISTINA FERREIRA DE ANICIO LUCAS AGOSTINHO DE ASSIS THAMIRYS SOUZA DORNELAS

RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Flávio Souza Silva

Coronel Fabriciano 2014

Page 3: Recuperação de estruturas de concreto armado

FERNANDA LOURES SILVEIRA

HELLYSSEN CRISTINA FERREIRA DE ANICIO LUCAS AGOSTINHO DE ASSIS THAMIRYS SOUZA DORNELAS

RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovada em__/ ___/___ Por:

_____________________________________ Flávio Souza Silva, Me. – Unileste

_____________________________________

Marcos Ribeiro Macedo, Esp. – Unileste

Page 4: Recuperação de estruturas de concreto armado

DEDICATÓRIAS

À Minha mãe Margarida, aos meus irmãos Fábio e Rodrigo e

ao meu noivo Vladimir. (Fernanda Loures Silveira)

Ao meu pai Joaquim, à minha mãe Eliane, e aos meus irmãos

Marlon e Kenya. (Hellyssen Cristina F. Anício)

Ao meu pai Otávio, às minhas irmãs Francielle e Mirelly e à

minha avó Eline. (Lucas Agostinho de Assis)

Aos meus pais Ronaldo e Sônia, ao meu irmão Caio Henrique

e ao meu namorado Diego. (Thamirys Souza Dornelas)

“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um

objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo

fará coisas admiráveis.” José de Alencar

Page 5: Recuperação de estruturas de concreto armado

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, aos nossos familiares, aos nossos amigos e a todos os

professores que contribuíram para nosso sucesso, em especial aos mestres Edson

Carlos de Araújo e Flávio Souza Silva, pelos incansáveis momentos de incentivo e

crença em nossos ideais.

Page 6: Recuperação de estruturas de concreto armado

RESUMO

Este trabalho tem como base uma revisão bibliográfica e consulta à profissionais da

área, onde são conceituadas as principais patologias que podem afetar uma

estrutura, assim como suas possíveis causas, ou agentes causadores, e as técnicas

que podem ser utilizadas para a recuperação, apresentando também, as etapas de

preparação da superfície para receber o tratamento correto e eficiente.

O trabalho apresenta, também, um estudo de caso realizado em uma passagem

subterrânea de pedestres localizada no município de Ipatinga - MG, onde devido à

falta de manutenção e à exposição da estrutura a intempéries surgiram diversas

patologias, assim, são apresentadas as causas para as patologias encontradas, bem

como as possíveis formas de recuperação.

Palavras-chave: Patologias. Estruturas. Concreto. Recuperação.

Page 7: Recuperação de estruturas de concreto armado

ABSTRACT

This dissertation is based on a literature review and consultation with professionals in

the field, which presents major pathologies that can affect a structure of reinforced

concrete, as well as their possible causes or causative agents, and techniques that

can be used for recovery, also presenting the stages of surface preparation to

receive the correct and efficient treatment.

The paper also presents a case study conducted in an underground pedestrian

walkway located in the municipality of Ipatinga - MG, where due to lack of

maintenance of the structure and exposure to various weather conditions emerged

different pathologies, thus presents the causes for pathologies encountered and

possible forms of repairs.

Keywords: Pathologies. Structures. Concrete. Recovery.

Page 8: Recuperação de estruturas de concreto armado

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Fases da instalação do processo de corrosão em uma barra de armadura

.................................................................................................................................. 14

Figura 2 - Polimento .................................................................................................. 18

Figura 3 - Aplicação de jatos de água para lavagem da superfície ........................... 20

Figura 4 - Escova com cerdas de aço ....................................................................... 23

Figura 5 - Apicoamento com ponteiro, talhadeira e marreta ...................................... 24

Figura 6 - Apicoamento com martelo pneumático ..................................................... 24

Figura 7 - Corte na superfície de concreto ................................................................ 27

Figura 8 - Detalhe da Fôrma e concretagem ............................................................. 31

Figura 9 - Equipamento de mistura e projeção de concreto ...................................... 33

Figura 10 - Projeção de Concreto ............................................................................. 33

Figura 11 - Vista da passagem subterrânea .............................................................. 39

Figura 12 - Patologias do guarda corpo .................................................................... 41

Figura 13 – Detalhe das patologias ........................................................................... 41

Figura 14 - Detalhe das patologias ............................................................................ 42

Figura 15 – Fissuração e descolamento do concreto ................................................ 42

Figura 16 – Junta de dilatação .................................................................................. 43

Page 9: Recuperação de estruturas de concreto armado

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 9

2 OBJETIVO ............................................................................................... 10

3 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 11

3.1 O que é patologia? ................................................................................. 11

3.2 Principais patologias existentes em estruturas de concreto armado 11

3.2.1 Fissuração .............................................................................................. 12

3.2.2 Carbonatação do Concreto ................................................................... 12

3.2.3 Corrosão das armaduras ....................................................................... 13

3.2.4 Desagregação do concreto ................................................................... 14

3.2.5 Infiltração ................................................................................................ 14

3.2.6 Perda de aderência ................................................................................. 15

3.3 Causas da degradação das estruturas ................................................. 15

3.4 Técnicas de recuperação em estruturas de concreto armado ........... 16

3.5 Preparação das superfícies de concreto .............................................. 17

3.5.1 Polimento ................................................................................................ 17

3.5.2 Lavagem e limpeza da superfície .......................................................... 18

3.5.3 Saturação ................................................................................................ 24

3.5.4 Corte de concreto ................................................................................... 25

3.6 Tipos de recuperação em elementos estruturais ................................ 26

3.6.1 Recuperação com Argamassa .............................................................. 26

3.6.2 Recuperação com Graute ...................................................................... 29

3.6.3 Recuperação com Concreto .................................................................. 30

3.7 Tratamento de Fissuras ......................................................................... 35

4 ESTUDO DE CASO ................................................................................. 39

4.1 Descrição da Obra .................................................................................. 39

4.2 Método de detecção ............................................................................... 40

4.3 Anomalias detectadas ............................................................................ 40

4.3.1 Corrosão das armaduras ....................................................................... 40

4.3.2 Descolamento do concreto ................................................................... 42

4.3.3 Junta de dilatação com abertura em excesso ..................................... 43

4.3.4 Infiltração ................................................................................................ 43

4.4 Metodologia para a recuperação e reforço estrutural ......................... 43

4.4.1 Preparação do Substrato ....................................................................... 44

4.4.2 Processos de Recuperação ................................................................... 44

5 CONCLUSÃO .......................................................................................... 46

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47

Page 10: Recuperação de estruturas de concreto armado

9

1 INTRODUÇÃO

Resistência e durabilidade são algumas das principais características do concreto

armado, que é considerado um dos mais importantes materiais da engenharia

estrutural desde o século XIX (SILVA, 2006).

Entretanto, embora apresente excelentes resultados de desempenho e qualidade, a

estrutura de concreto armado se degrada naturalmente ao longo do tempo, mas em

diversas situações isso acontece prematuramente devido a erros de projeto, má

execução e conservação.

Portanto, o concreto armado necessita de cuidados durante sua elaboração, para

que sua vida útil e desempenho sejam desejáveis. A degradação que já estiver na

estrutura, deve ser corrigida com técnicas, produtos e mão de obra adequada.

Para realizar os reparos exigidos em uma estrutura patologicamente danificada e

garantir que a mesma não volte a se deteriorar, faz-se indispensável saber a origem

do problema. A partir disso, surgiu a necessidade dos profissionais da área terem

conhecimento de como recuperar e reforçar estruturas de concreto armado.

Diante do tema proposto, recuperação de estruturas de concreto armado, tem-se

como principal problema abordar as causas das patologias e assim suas possíveis

soluções de uma maneira eficaz e clara.

A recuperação de estruturas abrange uma grande área, que se inicia no diagnóstico

da causa até suas possíveis soluções. O estudo das causas não é uma tarefa

simples, pois podem ocorrer diversos fatores que levem a uma possível deterioração

das estruturas. Entre essas causas temos: imprudência, imperícia, causas naturais,

entre outros.

Page 11: Recuperação de estruturas de concreto armado

10

2 OBJETIVO

Tem-se como objetivo desta pesquisa literária, informar sobre os fatores e causas

pelas quais uma estrutura em concreto armado é afetada de maneira negativa,

causando sua deterioração, e ao mesmo tempo, propor alguns sistemas de

recuperação e manutenção das mesmas, e apresentar, também, um estudo de caso

realizado em uma passagem subterrânea na cidade de Ipatinga – Minas Gerais.

Page 12: Recuperação de estruturas de concreto armado

11

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 O que é patologia?

De acordo com Azevedo (1997), patologia é a parte da engenharia que estuda as

causas, origens e natureza dos defeitos e falhas que surgem em um edifício. Já

Costa (2009, p.14) entende patologia como a ciência da Engenharia que estuda

sintomas, mecanismos, causa e origens dos chamados defeitos das construções

civis, ou seja, é estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema.

O processo de deterioração das estruturas de concreto armado tem várias origens,

como erros de projeto e cálculos, má execução e conservação da edificação, dentre

outros, e podem apresentar diversos defeitos que se não tratadas são capazes de

levar à estrutura a ruína. Sendo assim, o estudo da estrutura, a correta execução do

projeto, a conservação, e a correta utilização da estrutura, é de fundamental

importância para se evitar possíveis custos extras, pois segundo Costa (2009), 5%

do custo total de uma obra são destinados a manutenção pós-obra.

3.2 Principais patologias existentes em estruturas de concreto armado

Uma estrutura de concreto quando é submetida a algumas formas de agressões

podem ser abaladas pelos mais diversos fatores. Uma estrutura “doente” gera riscos

para as pessoas que a utilizam, além de ter sua vida útil reduzida. (SOUZA;

RIPPER, 1998).

A falta de conhecimento ou de estudo prévio do local e de suas características, a

falta de cuidados em detalhes construtivos e a ausência de especificações, ou, até

mesmo a especificação incorreta dos materiais a serem utilizados, são falhas que

podem criar condições necessárias para diminuir a vida útil das estruturas.

A recuperação de uma estrutura de concreto só será bem sucedida se houver um

estudo prévio das condições físicas, químicas, ambientais e mecânicas às quais a

Page 13: Recuperação de estruturas de concreto armado

12

estrutura está submetida, das causas da deterioração e dos sintomas patológicos

que a mesma está sofrendo.

As principais patologias que uma estrutura de concreto pode sofrer estão descritas

abaixo.

3.2.1 Fissuração

As fissuras nas edificações são um dos danos mais comuns e que mais chamam a

atenção dos proprietários ou usuários do local.

Segundo Souza e Ripper, 1998, pág. 57,

“A caracterização da fissuração como deficiência estrutural dependerá sempre da origem, intensidade e magnitude do quadro de fissuração existente, posto que o concreto, por ser material com baixa resistência à tração, fissurará por natureza, sempre que as tensões trativas, que podem ser instaladas pelos mais diversos motivos, superarem a sua resistência última à tração.”

Para Souza e Ripper (1998), as principais causas da fissuração são:

- Deficiências de projeto;

- Contração plástica;

- Assentamento do concreto/perda de aderência;

- Movimentação de escoramento e/ou fôrmas;

- Retração;

- Deficiências de execução;

- Corrosão das armaduras;

- Recalques diferenciais;

- Variação de temperatura;

- Ações aplicadas.

3.2.2 Carbonatação do Concreto

Page 14: Recuperação de estruturas de concreto armado

13

A carbonatação resulta da ação dissolvente do anidrido carbônico (CO2), presente

no ar atmosférico, sobre o cimento hidratado, com a formação do carbonato de

cálcio e a consequente redução do pH do concreto até valores inferiores a 9.

(SOUZA; RIPPER, 1998, p. 74).

Pode-se concluir então, que, a alta concentração de CO2 na atmosfera, um concreto

altamente poroso e com fissuração, formam um ambiente propício para a ocorrência

da anomalia. Quanto maior a concentração de CO2, menor será o pH e mais

espessa será a camada de concreto carbonatada.

3.2.3 Corrosão das armaduras

A corrosão, segundo Gentil (1987 apud Souza e Ripper, 1998) pode ser entendida

como a deterioração de um material por ação química ou eletroquímica do meio

ambiente aliada ou não a esforços mecânicos.

E, segundo Souza e Ripper (1998, p.65), o fenômeno resulta do excesso de água de

amassamento do concreto, que não é absorvida pelo agregado e normalmente vai

preencher os veios capilares do concreto.

Ainda de acordo com Souza e Ripper (1998, p.65),

“A corrosão das armaduras é um processo que avança de sua periferia para

o seu interior, havendo troca de seção de aço resistente por ferrugem. Este

é o primeiro aspecto patológico da corrosão, ou seja, a diminuição da

capacidade resistente da armadura, por diminuição da área de aço.”

Associada a corrosão, surgem outros mecanismos de degradação da estrutura,

como mostra a figura 1.

Page 15: Recuperação de estruturas de concreto armado

14

Figura 1 – Fases da instalação do processo de corrosão em uma barra de armadura

Fonte: Souza e Ripper, 2009

Entretanto, para que uma estrutura não apresente tal problema, é necessário que se

dê atenção a alguns aspectos como: o controle da porosidade e da permeabilidade

do concreto, a manutenção da peça, a escolha correta das bitolas da armadura

principal, o correto detalhamento, a cuidadosa execução da estrutura e a proteção

adicional das superfícies por meio de pintura.

3.2.4 Desagregação do concreto

Esta anomalia pode ser entendida como a separação física de placas ou fatias de

concreto, com perda de monolitismo, da capacidade de engrenamento entre os

agregados e da função ligante do cimento. (SOUZA; RIPPER, 1998, p.71).

Os principais fatores causadores da desagregação do concreto são: a fissuração, a

movimentação de fôrmas, a corrosão e a calcinação do concreto e os ataques

biológicos.

De acordo com Souza e Ripper (1998, p.71), uma peça com seções de concreto

desagregado perderá, localizada ou globalmente, a capacidade de resistir aos

esforços que a solicitam.

3.2.5 Infiltração

Infiltração é a passagem ou penetração de água no concreto por meio de fissuras,

falhas ou aberturas em sua superfície.

Page 16: Recuperação de estruturas de concreto armado

15

Essa patologia pode ocorrer devido a falhas no sistema de drenagem e ao

empoçamento de água proveniente de chuvas ou lavagens e por eventuais

vazamentos de tubulações.

3.2.6 Perda de aderência

A perda de aderência pode ocorrer, segundo Souza e Ripper (1998, p.76), entre dois

concretos de idades diferentes, na interface de duas concretagens, ou entre as

barras de aço das armaduras e o concreto.

Entre dois concretos de idades diferentes pode acontecer quando a superfície entre

um e outro estiverem sujas, quando houver espaço de tempo muito grande entre

duas concretagens consecutivas e a superfície de contato não tiver sido

convenientemente preparada, ou quando surgirem trincas no elemento estrutural.

Entre o concreto e o aço, a anomalia ocorre por: corrosão do aço, corrosão do

concreto, assentamento plástico do concreto, dilatação ou retração excessiva das

armaduras, aplicação de preparados inibidores de corrosão nas barras. (SOUZA;

RIPPER, 1998).

3.3 Causas da degradação das estruturas

Ao se verificar a degradação de uma estrutura de concreto é necessário que se

conheça os fatores causadores, para assim orientar a aplicação do reparo

adequado, e também para garantir que, depois de reparada, a estrutura não volte a

se deteriorar.

São diversas as causas responsáveis pela degradação das estruturas de concreto

armado, mas estudos recentes mostraram duas classificações que são utilizadas

para diferenciá-las, são elas:

• Causas Intrínsecas

Page 17: Recuperação de estruturas de concreto armado

16

“Classificam-se como causas intrínsecas aos processos de deterioração das estruturas de concreto as que são inerentes às próprias estruturas (entendidas estas como elementos físicos), ou seja, todas as que têm sua origem nos materiais e peças estruturais durante as fases de execução e/ou de utilização das obras, por falhas humanas, por questões próprias ao material concreto e por ações externas, acidentes inclusive” (SOUZA; RIPPER, 1998, p.28).

As falhas humanas têm origem, na maioria das vezes, na deficiência da qualificação

profissional da equipe técnica. Essas falhas levam a estrutura a manifestar

problemas de patologia de grande importância.

Algumas falhas humanas ocorrem no momento da concretagem onde há falhas no

transporte, no lançamento e adensamento do concreto; na inadequação de fôrmas e

escoramentos, consequência da falta de limpeza e insuficiência de estanqueidade;

na deficiência nas armaduras, devido à má interpretação dos elementos do projeto,

ao mau posicionamento das armaduras; na utilização incorreta de materiais de

construção; etc.

Causas Extrínsecas

“As causas extrínsecas de deterioração das estruturas são as que independem do corpo estrutural em si, assim como da composição interna do concreto, ou de falhas inerentes ao processo de execução, podendo, de outra forma, ser vistas como os fatores que atacam a estrutura de fora para dentro, durante as fases de concepção ou ao longo da vida útil desta.” (SOUZA; RIPPER, 1998, p.40)

As causas extrínsecas podem ser por falhas durante o projeto (má avaliação das

cargas, detalhamento errado ou insuficiente, inadequação ao ambiente, etc.), falhas

durante a utilização (sobrecargas exageradas, alterações estruturais e alteração das

condições do terreno de fundação), ações mecânicas (choque de veículos, recalque

de fundações e acidentes), ações físicas (variação de temperatura, insolação e

atuação da água), ações químicas e ações biológicas.

3.4 Técnicas de recuperação em estruturas de concreto armado

As anomalias das estruturas de concreto ainda são muito visíveis no ambiente da

construção civil, portanto, para que uma estrutura não entre em colapso são

necessárias técnicas de recuperação ou reforço da mesma, mas, para isso, é

Page 18: Recuperação de estruturas de concreto armado

17

necessário um estudo prévio das técnicas corretas a serem empregadas para cada

tipo de patologia.

3.5 Preparação das superfícies de concreto

Primeiramente, na recuperação de uma estrutura, deve-se realizar o trabalho de

preparação da superfície que será tratada, porém, segundo Cánovas (1988 apud

Ambrósio, 2004), a escolha dos materiais e da técnica a ser empregada depende do

diagnóstico, das características da região a ser corrigida e das exigências de

funcionamento do elemento que vai ser objeto da correção.

3.5.1 Polimento

Esta é uma técnica muito utilizada nos casos em que a superfície de concreto se

apresenta inaceitavelmente áspera, quer em decorrência de deficiências executivas

- dosagens equivocadas do concreto, utilização de fôrmas brutas ou ásperas (em

concreto aparente), falta de vibração adequada, etc. - quer como resultado do

desgaste pelo próprio uso.

Este método tem como objetivo devolver à superfície do concreto sua textura

original, lisa e sem partículas soltas. O polimento pode ser feito de forma manual,

utilizando pedras de polir apropriadas, ou de forma mecânica, com lixadeiras

portáteis, ou, para grandes superfícies, através de máquinas de polir (figura 2).

Page 19: Recuperação de estruturas de concreto armado

18

Figura 2 – Polimento

Fonte: RioPav, 2011

O polimento do concreto exige conhecimento da tecnologia, já que existe a

necessidade de utilização de equipamentos apropriados e mão-de-obra

especializada, além de requerer cuidados especiais relativos à proteção ambiental e

dos operários, pois implica sempre elevados graus de poluição sonora e atmosférica

(grande formação de pó).

3.5.2 Lavagem e limpeza da superfície

Há diversas técnicas para limpar a superfície do concreto que será recuperado, mas

cada uma deve ser usada de maneira consciente (Silva, 2006), sendo algumas

delas:

Pela aplicação de soluções ácidas

A lavagem de superfícies por soluções ácidas tem por objetivo a remoção de tintas,

ferrugens, graxas, carbonatos, resíduos e manchas de cimento, o que não seria

garantido somente com lavagens a jato d'água.

Page 20: Recuperação de estruturas de concreto armado

19

Antes da aplicação de soluções ácidas deve-se proceder com alguns cuidados, tais

como:

Molhar a estrutura (saturá-la) a fim de evitar que o ácido penetre; evitar o uso

de tais soluções em estruturas que possuam cobrimento de armaduras

pequeno;

Utilizar distante das juntas de dilatação;

Em pequenas áreas, aplicar as soluções por borrifação (aspersão);

Terminada a efervescência, que caracteriza a descontaminação da estrutura,

deve-se lavar a área utilizando solução de amônia a fim de neutralizar o

ácido, em seguida lavar com água;

Manter o ambiente sempre bem ventilado;

A aplicação deve ser feita aos poucos, em pequenas áreas, com o método de

aspersão ou com o auxílio de broxa, atentando-se a todos os cuidados de

segurança.

Normalmente, se um produto específico não for utilizado, a solução a ser empregada

é a de ácido muriático - que é o ácido clorídrico comercial - em água, conforme Silva

(2006) na proporção de 1:6.

Deve-se estar particularmente atento às medidas de saturação prévia e lavagem

posterior à aplicação do ácido, de forma que sejam removidos as partículas sólidas e

os resíduos da solução utilizada. A aplicação da solução é sempre vigorosa e só

deve terminar quando cessar o borbulhamento característico da descontaminação.

A lavagem final deve ser abundante, primeiramente com uma solução neutralizadora

de amônia em água, na proporção 1:4, e depois com jatos de água natural.

Pela aplicação de soluções alcalinas

O propósito da utilização de soluções alcalinas para limpeza de superfícies de

concreto é semelhante ao das soluções ácidas, acrescentando a limpeza de

resíduos ácidos, com cuidados diferentes, próprios do agente.

Page 21: Recuperação de estruturas de concreto armado

20

Neste caso não há preocupações quanto à proximidade das armaduras, porém, é

certo que existe a possibilidade de alteração das características do concreto,

particularmente no caso da existência de agregados reativos (reação álcalis-

agregados).

Esta técnica requer, também, abundante lavagem posterior e não será

particularmente ativa na limpeza de produtos provenientes de processos de

corrosão.

Jatos de água

Uma técnica de limpeza muito utilizada para preparação do substrato que irá receber

o material de reparo é a lavagem por jatos de água com pressão controlada (figura

3). Geralmente, utiliza-se água fria e muitas vezes simultaneamente com jatos de

areia, já em superfícies gordurosas ou com manchas de impregnação química

recorre-se a jatos de água quente, juntamente com removedores biodegradáveis.

Figura 3 - Aplicação de jatos de água para lavagem da superfície

Fonte: Souza e Ripper, 1998

O equipamento a utilizar é uma máquina de alta pressão tipo "lava-a-jato", com bico

direcional ou de pato, dependendo se a lavagem é em faixa ou em área. Neste

último caso, pode-se atingir rendimentos de até 100 m²/ dia, e o custo do serviço é,

além do correspondente ao operador, o decorrente do débito de ar do compressor e

o da depreciação da própria máquina.

Page 22: Recuperação de estruturas de concreto armado

21

Jatos de vapor

Assim como as lavagens, as limpezas das quais a aplicação de jato de vapor é a

primeira a ser abordada, destinam-se a trabalhar as superfícies existentes, com a

finalidade exclusiva de limpeza, ou como preparação para aplicação de material de

reparação.

A limpeza por aplicação de jatos de vapor é utilizada para preparação de grandes

áreas, das quais se deseja remover impurezas minerais (sais) e orgânicas (graxas,

óleos, tintas, pós), não sendo aplicável se a contaminação oferecer resistência

(como a corrosão para as armaduras, por exemplo), devendo o vapor ser jateado em

conjunto com um removedor biodegradável.

O equipamento de aplicação é semelhante ao dos jatos de água, exigindo, no

entanto, caldeira para geração de vapor e mangueira protegida por recobrimento de

amianto. O jato deve ser direcionado para os locais desejados e aplicado segundo

sucessivos movimentos verticais e horizontais.

Jatos de ar comprimido

A limpeza com jatos de ar comprimido é utilizada com principal finalidade de remover

a poeira e as pequenas partículas existentes na superfície que resultaram dos

trabalhos de corte e apicoamento do concreto danificado. A técnica é bastante

utilizada também para a secagem de superfícies.

O equipamento é o mesmo para outras utilizações de ar comprimido, no entanto, é

necessário que o compressor possua filtro de ar e óleo, de modo que o ar não seja

sujo e não danifique a estrutura. O bico do jato deve ter pequeno diâmetro e ser bem

direcionado.

Outro trabalho que inclui exclusivamente o emprego de ar comprimido para limpeza,

mas sem que seja propriamente jato, é o de aspiração, particularmente usado na

limpeza de furos profundos no concreto, como, por exemplo, para a ancoragem de

Page 23: Recuperação de estruturas de concreto armado

22

barras de armadura. Nestes casos, o equipamento a ser utilizado é um aspirador

industrial de alta potência, devendo a boca do aspirador ficar o mais próximo

possível da entrada do vazio a aspirar.

Jatos de areia

A principal tarefa na preparação das superfícies para receber o correto tratamento é

a limpeza da superfície pela aplicação de jatos de areia sob pressão controlada.

Esse sistema é utilizado após o trabalho de corte e/ou apicoamento do concreto.

De acordo com Souza e Ripper (1998, p.111) o equipamento utilizado é o

tradicional, ou seja, máquina de jato de areia acoplada a um compressor, mangueira

– normalmente susceptível de forte desgaste – e bico de projeção, que poderá ser,

inclusive, a própria mangueira (1 ½” ou 1 ¾”) cortada em pedaços de 20 a 30 cm.

A areia utilizada na limpeza não deve ser reaproveitada. A mesma deve ser de

granulometria que permita sua passagem na mangueira, limpa, seca e não possuir

matéria orgânica.

Escovação Manual

Essa é uma das mais simples técnicas de limpeza, utilizando como equipamento

uma escova com cerdas de aço (Figura 4) e às vezes o auxílio complementar de

uma lixa de ferro (para aço) ou d‟água (para concreto). Ela é indicada para

pequenas áreas, para limpezas de barras com indícios de corrosão ou para

aumentar sua capacidade de aderência.

Page 24: Recuperação de estruturas de concreto armado

23

Figura 4 - Escova com cerdas de aço

Fonte: Ouro Fino, 2014

Após o termino da escovação deve-se limpar a superfície tratada com jato de ar

comprimido.

Apicoamento

O apicoamento (figuras 5 e 6), tem o objetivo de remover a camada externa do

concreto que está na superfície danificada, com o intuito de prepará-la para receber

o material de recuperação, concreto ou argamassa, que aumentará a espessura de

cobrimento das armaduras. Segundo Souza e Ripper (1998, p.113) as espessuras

de apicoamento são, em geral, de até 10 mm.

Existem dois métodos de remoção do concreto deteriorado. O primeiro é utilizando

equipamentos mecânicos como martelos pneumáticos leves (até 5 kg), que são

empregados em grandes áreas. O segundo apicoamento é feito pelo método manual

com ponteiro, talhadeira e marreta leve (1 kg) e tem a finalidade de remover

pequenas áreas danificadas ou onde não é possível o acesso de equipamentos

mecânicos.

Page 25: Recuperação de estruturas de concreto armado

24

Figura 5 - Apicoamento com ponteiro, talhadeira e marreta

Fonte: SercPint, 2011

Figura 6 - Apicoamento com martelo pneumático

Fonte: GMAIA, 2014

3.5.3 Saturação

Segundo Souza e Ripper (1998, p. 115),

” Trata-se de um processo exclusivamente preparatório de superfícies e que visa garantir a melhor aderência das mesmas aos concretos ou às argamassas de base cimentícia que sobre elas serão aplicadas, como materiais complementares para restabelecimento ou alteração da geometria original das peças de concreto.”

O tempo de saturação é função do material que será aplicado sobre a superfície em

preparação, devendo, em média, ser de 12 horas. (SOUZA; RIPPER, 1998, p. 115).

Page 26: Recuperação de estruturas de concreto armado

25

A superfície que receberá o material de recuperação tem que estar úmida podendo

ser realizado por vários métodos, como por molhagem de elementos intermediários

(sacos de estopa) ou utilizando uma mangueira furada “sprinklers”. A escolha do

método depende da peça que deverá ser saturada.

3.5.4 Corte de concreto

O corte de concreto é utilizado quando se deve promover uma remoção mais

profunda do concreto degradado. O equipamento utilizado deve ser o martelo

demolidor com massa de 6 a 10 kg, com ponteiro terminando em ponta viva.

Este processo é necessário sempre que houver a corrosão das armaduras, ou

mesmo a possibilidade dela ocorrer, como no caso do concreto segregado. Neste

processo extirpa-se todo material nocivo às armaduras, promovendo um corte de

pelo menos 2 cm ou o diâmetro da barra, de profundidade além das mesmas,

conforme mostra figura 7, e promover também a futura imersão das barras em meio

alcalino.

Figura 7 – Corte de concreto: profundidade de remoção

Fonte: Souza e Ripper, 1998

No caso de remoção mais profunda, e para facilitar a futura aderência do material de

reposição, as arestas internas da superfície devem observar um talude de 1:3,

procurando manter seus cantos arredondados. (SOUZA; RIPPER, 1998, p.116).

Terminado o corte, deve-se seguir uma sequência de limpeza na superfície,

primeiramente com o jateamento de areia, em seguida o jateamento de ar

comprimido e por último o jateamento de água;

Page 27: Recuperação de estruturas de concreto armado

26

Para se determinar a extensão longitudinal a ser cortada, deve-se utilizar do bom

senso e experiência, pois não há uma regra para a mesma, entretanto, devem ser

observados alguns fatores como a remoção completa dos agentes nocivos à

estrutura, pois o menor resquício de uma película oxidada pode retomar o processo

contaminante, comprometendo assim o trabalho realizado; deve-se atentar também

para não retirar o concreto em demasia, é contra a segurança da estrutura e

antieconômico, visto que nesse caso se remove concreto sadio.

3.6 Tipos de recuperação em elementos estruturais

Depois de realizada a preparação e limpeza da superfície e efetuada às devidas

substituições e/ou complementações das armaduras, faz-se necessário recompor a

área recuperada. A técnica e os materiais a serem utilizados para a recuperação

dependerão do tipo e da extensão dos danos, bem como de fatores econômicos.

Os serviços de reparo ou recuperação de uma estrutura podem ser classificados em

rasos (ou superficiais), semiprofundos e profundos. De acordo com Souza e Ripper,

(1998, p. 129):

Os reparos rasos ou superficiais são aqueles cuja profundidade é inferior a 2,0 cm, sendo considerados em pequenas áreas os que forem executados em superfícies de até 15 cm², e em grandes áreas os demais. Os reparos semiprofundos são aqueles cuja profundidade está entre 2,0 e 5,0 cm, normalmente atingindo as armaduras. Ao redor da armadura a ser substituída deve ser efetuada uma limpeza de 2,0 a 3,0 cm de profundidade. Os reparos profundos são os que atingem profundidades superiores a 5,0 cm. Para sua execução, as cavidades deverão ser cuidadosamente preparadas, removendo-se todo o concreto danificado até que o concreto em boas condições seja atingido, quando então a superfície deve ser regularizada, mas nunca alisada, de forma a que a aderência com o material de reparo não seja prejudicada.

3.6.1 Recuperação com Argamassa

Esta é uma técnica que pode, em princípio, ser utilizada para reparos superficiais de

qualquer tamanho em área, mas apenas para pequenas profundidades - no máximo

cinco centímetros. (SOUZA; RIPPER, 1998, p.130).

Page 28: Recuperação de estruturas de concreto armado

27

Geralmente, é empregada em casos onde é a camada de concreto de cobrimento

das armaduras que está deteriorado, sendo, entretanto, de grande importância que o

interior da estrutura não apresente anomalias, ou, caso apresente, que elas sejam

sanadas antes do reparo. Exemplos comuns de utilização da técnica são o

enchimento de falhas (bicheiras), e a reconstituição de quinas quebradas.

Para este tipo de serviço, existem três tipos de argamassas, de cimento e areia, com

polímeros, e argamassas epoxídicas.

Argamassa de cimento e areia

Segundo Souza e Ripper (1998, p.131) este material é utilizado para preencher a

cavidade originada pela deterioração ou desgaste de elementos estruturais. Trata-se

de uma argamassa comum de cimento, areia e água, geralmente confeccionada

traço 1:3 em volume e com fator água cimento de 0,45.

Este tipo de argamassa é mais utilizado para preencher concavidades, com

profundidade superior a 2,5 cm provocadas pelo desgaste da estrutura.

Argamassa seca ou “farofa”

A argamassa seca, ou argamassa “farofa”, é uma mistura de cimento Portland com

areia fina, na proporção de uma parte de cimento para 2,5 a 3 partes de areia, com

fator água/cimento entre 0,33 e 0,40. (SOUZA; RIPPER, 1998. p.96).

A técnica é utilizada para preencher cavidades na estrutura. O fenômeno de retração

é praticamente inexistente nesse tipo de argamassa, devido ao baixo fator

água/cimento e possui também elevada resistência final.

Como a argamassa seca possui pouca fluidez, deve-se evitar usá-la em locais de

difícil acesso, em regiões onde não se disponha de contenções laterais (quinas), em

revestimentos extensos ou em superfícies que não possuam apoio.

Page 29: Recuperação de estruturas de concreto armado

28

Argamassa Polimérica

A argamassa polimérica é definida como um revestimento polimérico bicomponente,

com propriedades impermeabilizantes e elevada resistência mecânica. Esse tipo de

argamassa é mais utilizado para danos superficiais, sendo indicado para o

recobrimento das armaduras devidamente tratadas.

Silveira (2001) descreve as argamassas poliméricas como materiais compostos por

cimentos especiais e látex de polímeros aplicados sob a forma de pintura sobre o

substrato, formando uma película impermeável, de excelente aderência e que

garante a impermeabilização para pressões d‟água positivas e/ou negativas.

As principais características da argamassa polimérica são o seu desempenho

estrutural e sua durabilidade. A mesma apresenta também, uma elevada

flexibilidade, o que pode proporcionar vantagens estruturais ao sistema construtivo.

A vantagem de se utilizar este tipo de reparo é que o acréscimo da resina polimérica

possibilita a manutenção da plasticidade do material, pois reduz a permeabilidade e

aumenta a aderência ao concreto endurecido.

Argamassas Epoxídicas

São aquelas em que o aglomerante é uma resina epoxídica. Apresenta alta

resistência mecânica e química, e proporciona excelente aderência ao aço e ao

concreto. (SOUZA; RIPPER, 1998, p.133)

Este tipo de argamassa é mais utilizado para a recuperação de superfícies de

vertedouros, canais e bordas de juntas de dilatação e elementos estruturais

expostos a agentes agressivos. Pode ser aplicada também, quando se necessita da

liberação da estrutura pouco tempo depois de executado o reparo.

Page 30: Recuperação de estruturas de concreto armado

29

Segundo Souza e Ripper (1998 p.134), existem três tipos: argamassa epoxídica,

argamassa convencional com adesivo epóxi e argamassa seca com adesivo epóxi.

A argamassa epoxídica propriamente dita é uma argamassa pronta tricomponente:

um endurecedor (líquido), uma resina base (líquida) e o agregado (pó), e sua

mistura deve ser uniforme e homogênea. É utilizada em superfícies pequenas

devido ao seu rápido tempo de cura.

A argamassa convencional com adesivo epóxi é empregada em superfícies grandes

de reparos e semiprofundos. Deve ser preparada no traço cimento: areia de 1:2,5 ou

1:3, devendo o fator água/cimento ficar compreendido entre 0,33 e 0,40.

Já a argamassa seca com adesivo epóxi é bem semelhante à argamassa farofa, e

sua aplicação é recomendada para reparos profundos. A argamassa de cimento e

areia deve ser preparada no traço de 1:2,5 ou 1:3, à qual se adiciona o adesivo

epoxídico, a quantidade de água deve ser apenas suficiente para permitir fazer uma

bola de argamassa com as mãos. (SOUZA; RIPPER, 1998, p.135.)

É importante ressaltar que a argamassa epoxídica possui um coeficiente de

dilatação térmica superior ao do concreto comum, desta forma, requer o cuidado na

escolha do local de utilização e na variação da temperatura.

3.6.2 Recuperação com Graute

Souza e Ripper (1998, p.103), define graute como argamassas previamente

preparadas por empresas especializadas, que têm como principais atrativos a fácil

aplicação, a elevada resistência mecânica e a ausência de retração.

A recuperação com o graute é geralmente utilizada quando se têm a necessidade de

liberar rapidamente a estrutura e também em elementos estruturais de difícil acesso.

Neste tipo de reparo a cura deve ser úmida, e mantida por pelo menos três dias.

O graute pode ser de base mineral ou de base epóxi.

Page 31: Recuperação de estruturas de concreto armado

30

Segundo Souza e Ripper (1998, p.104):

O graute de base mineral é um material constituído por cimento, agregados miúdos, quartzo, aditivo superplastificante e aditivo expansor (pó de alumínio). O graute de base epóxi é um composto epóxi-poliamida, fornecido em dois componentes, que, quando misturados, resultam em um produto de grande fluidez, baixa viscosidade, e, após o endurecimento, excelentes resistências química, mecânica e abrasiva.

3.6.3 Recuperação com Concreto

Com Agregado pré-colocado

No reparo com concreto com agregado pré-colocado deve-se primeiramente

preencher previamente as fôrmas (ou a cavidade) com agregado graúdo, que deve

ser diretamente compactado; depois se umedece o agregado com água, logo após

injeta-se sobre pressão, argamassa fluida de cimento, pozolana e areia, até a total

expulsão da água e o preenchimento de todos os vazios.

Segundo Neville (1983, apud Souza e Ripper 1998, p.136),

A argamassa é bombeada sob pressão através de tubos com rasgos laterais e com diâmetro de 35 mm, iniciando-se pela parte mais profunda da cavidade. Durante a injeção, deve-se ir levantando gradualmente os tubos, mantendo-se a argamassa sempre nivelada.

A argamassa deve ser com mais carga, ou seja, uma parte de cimento, meia parte

de pozolana ativa (cinza volante, por exemplo), uma e meia a duas partes de areia

fina e água suficiente para torná-la fluida (Neville 1983, apud Souza e Ripper 1998,

p.136). É também aconselhável a utilização de aditivos retardadores de pega,

plastificantes e expansores.

Esta é uma técnica que é executada como um "concreto econômico", isto é, que

apresenta um baixo consumo de cimento, chegando-se mesmo a um consumo de

120 a 150 kg/m3 para resistências de até 20 MPa (SOUZA; RIPPER, 1998, p.136).

Page 32: Recuperação de estruturas de concreto armado

31

As fôrmas devem ser estanques, a fim de evitar a fuga da argamassa, reforçadas e

bem apertadas uma vez que as mesmas estão submetidas à pressão durante a

injeção da argamassa.

Concreto convencional ou concreto com adesivos

Os reparos em que se utiliza concreto convencional consistem na substituição de

concreto defeituoso ou deteriorado por outro de boa qualidade e que tenha a maior

afinidade possível com o concreto base. (SOUZA; RIPPER, 1998, p.137).

Um material de consistência plástica (concreto convencional, argamassa ou

qualquer outro tipo de material de recuperação com resistência compatível ao

concreto) deve substituir o concreto defeituoso.

Está técnica de reparo é utilizada quando são identificadas falhas de concretagem

(bicheiras) ou em estruturas deterioradas. No caso das estruturas deterioradas a

extensão do reparo deve ultrapassar a seção do elemento estrutural, ou que pelo

menos ele vá além das armaduras.

Utilizam-se, nesta técnica, fôrmas de madeira, que devem possuir uma abertura

denominada cachimbo, por onde será realizada a concretagem. Observa-se que

essa fôrma deve permitir a concretagem um nível acima do reparo (figura 8), onde

esse procedimento garantirá o completo preenchimento do local reparado. Após a

retirada da fôrma, o concreto que fica saliente no local da fôrma cachimbo deve ser

cortado e regularizado junto à superfície do elemento estrutural.

Page 33: Recuperação de estruturas de concreto armado

32

Figura 8 - Detalhe da Fôrma e concretagem

Fonte: Souza e Ripper, 1998

O concreto utilizado para este reparo deve ser fluido, mas sem alterar a sua relação

água/cimento, portanto devem-se usar aditivos plastificantes e também expansivos

para controlar a retração do mesmo.

Alternativamente ao concreto convencional também podem ser utilizados concretos com adesivo epóxi, recomendado para reparos profundos e deve ser aplicado sobre uma superfície preparada a seco; com adesivo PVA, recomendado para reparos profundos e deve ser aplicado sobre uma superfície preparada a úmido; ou com adesivo acrílico, utilizado quando o elemento for ficar em permanente contato com a água. (SOUZA; RIPPER, 1998, p.138)

Concreto Projetável

O concreto projetado é um processo de aplicação de concreto utilizado sem a

necessidade de fôrmas, bastando apenas uma superfície para o seu lançamento.

(SILVA, 2006, p.38).

De acordo com Souza e Ripper (1998, p.97):

As principais características do material concreto quando aplicado sob projeção: densidade (e, consequentemente, compacidade, impermeabilidade e baixa porosidade) e capacidade aderente (auto sustentabilidade), dispensando o uso de fôrmas, características que, em conjunto, o indicam como material apropriado para recomposição de seções em um processo de recuperação.

Esta técnica consiste em um processo de projeção de concreto ou argamassa sob

pressão (ar comprimido) que, através de uma mangueira, é conduzido de um

equipamento de mistura (figura 9), até o bico projetor, e lançado em alta velocidade

Page 34: Recuperação de estruturas de concreto armado

33

sobre a base, acima de 120 m/s (figura 10). A sua compactação é feita pelo próprio

impacto do material sendo lançado sobre a base, sendo assim desnecessária a

utilização dos tradicionais vibradores.

Figura 9 - Equipamento de mistura e projeção de concreto

Fonte: Silva, 2006

Figura 10 - Projeção de Concreto

Fonte: Silva, 2006

Existem basicamente dois métodos relacionados ao emprego do concreto projetado,

mistura seca e mistura úmida.

Na mistura seca, é feita uma mistura a seco de cimento e agregados, e

posteriormente por uma entrada no bico projetor é acrescido uma quantidade

controlada de água. Porém existem vantagens e desvantagens para esse tipo de

projeto. As vantagens é que o operador pode controlar a consistência da mistura no

Page 35: Recuperação de estruturas de concreto armado

34

bico projetor durante a aplicação e pode-se utilizar mangote com maior extensão. As

desvantagens é que o controle da quantidade de água sendo feito pelo próprio

operador pode ocasionar uma grande variabilidade na mistura.

Na mistura úmida o concreto é preparado da forma usual. Os ingredientes

componentes do concreto, inclusive a água, são previamente misturados e depois

de introduzido na câmara da máquina projetora a mistura é lançada pelo mangote

até o bico projetor. As vantagens desse processo é que se pode avaliar

precisamente a quantidade de água na mistura garantindo assim um correto

resultado da resistência final do concreto, além disso, esse processo proporciona

menores perdas com a reflexão do material e produz menor quantidade de pó

durante a aplicação.

Segundo Souza e Ripper (1998, p.98) deve-se utilizar agregados de no máximo 12

mm, sendo que a mangueira tem 50 mm.

A relação água/cimento deve varia entre 0,35 e 0,50 de forma a garantir a aderência

e a resistência do material (SILVA, 2006, p.40).

A superfície que servirá de base para a aplicação do concreto projetado deve ser

bem preparada, retirando qualquer concentração de graxas, óleos, bolor ou material

solto e poeira, assim deve ser utilizado nessa operação o jato de areia.

Após a preparação da base deve-se umedecer a superfície e depois projetar a

argamassa de cimento, areia e água, formando uma pequena camada de espessura

que servirá de base para que se possa projetar a mistura com agregado graúdo e

baixo teor de água, sem o perigo de que se produza reflexão excessiva.

Segundo Silva (2006, p.41) um dos grandes inconvenientes do concreto projetado é

a reflexão do material, principalmente do agregado graúdo, uma vez que ele é

lançado com grande velocidade sobre a superfície.

Page 36: Recuperação de estruturas de concreto armado

35

Como já se disse, quando o concreto projetado bate sobre a superfície base parte

dele é ricocheteado. A quantidade de material perdido varia de acordo com o

posicionamento do canhão, pressão do ar, quantidade de cimento utilizada na

mistura, granulometria e diâmetro dos agregados, densidade das armaduras e

espessura da camada. A tabela 01 mostra as perdas típicas de material (SOUZA;

RIPPER, 1998, p.141).

Tabela 01 - Perdas típicas de material em superfícies de concreto projetado

SUPERFICIE Pisos Paredes Tetos

% DE MATERIAL RICOCHETEADO 5 a 15 15 a 30 25 a 50

Fonte: Souza e Ripper (1998)

Observação: Nunca se deve reutilizar o material refletido em outro jateamento, pois

uma vez no chão este material já entrou em contato com impurezas ou pode ter

havido alteração em sua granulometria, portanto deve-se descartar este material.

3.7 Tratamento de Fissuras

De acordo com Souza e Ripper (1998, p. 121):

“O tratamento de peças fissuradas está diretamente ligado à perfeita identificação da causa da fissuração, ou, dito de outra forma, do tipo de fissura com que se está a lidar, particularmente no que diz respeito à atividade (variação de espessura) ou não da mesma, e da necessidade ou não de se executar reforços estruturais (casos em que as fissuras resultam de menor capacidade resistente da peça).”

O objetivo deste tratamento é criar uma barreira à entrada de líquidos e gases

nocivos, impedindo assim a contaminação do concreto e suas armaduras, remover o

aspecto antiestético e restabelecer a sensação de segurança da peça fissurada.

Quando há variação de espessura devido a movimento, considera-se a fissura ativa,

sendo assim deve-se apenas vedar as fissuras ou preencher seus vãos com

material elástico e não resistente, garantindo assim a sua movimentação e

protegendo o concreto da degradação.

Page 37: Recuperação de estruturas de concreto armado

36

Para fissuras passivas, é indicado o uso de material rígido e resistente, ou seja, sem

movimento. Este material tem função tanto como de dispositivo protetor, quanto de

garantir o restabelecimento do monolitismo da peça estrutural.

Técnica de injeção de fissuras

Injeção é a técnica que garante o perfeito enchimento do espaço entre as bordas de

uma fenda tanto para restabelecimento do monolitismo da estrutura com fissuras

passivas quanto para vedação de fissuras ativas. (SOUZA; RIPPER, 1998, p.121)

O processo de injeção é descrito por Souza e Ripper (1998, p.123) da seguinte

maneira:

“1º) abertura de furos ao longo do desenvolvimento da fissura, com diâmetro da ordem dos 10 mm e não muito profundos (30 mm), obedecendo a um espaçamento que deve variar entre 50 mm e 300 mm, em função da abertura da fissura (tanto maior quanto mais aberta esta for), mas sempre respeitando um máximo de 1,5 vezes a profundidade da fissura; 2º) exaustiva e consciente limpeza da fenda - ou do conjunto de fissuras, se for o caso - e dos furos, com ar comprimido, por aplicação de jatos, seguida de aspiração, para remoção das partículas soltas, não só as originalmente existentes (sujeiras) mas também as derivadas da operação de furação; 3º) nos furos, são fixados tubinhos plásticos, de diâmetro um ponto inferior ao da furação, com parede pouco espessa, através dos quais será injetado o produto. A fixação é feita através do próprio adesivo que selará o intervalo de fissura entre dois furos consecutivos; 4º) a selagem é feita pela aplicação de uma cola epoxídica bicomponente, em geral aplicada a espátula ou colher de pedreiro. Ao redor dos tubos plásticos, a concentração da cola deve ser ligeiramente maior, de forma a garantir a fixação deles. 5º) antes de se iniciar a injeção, a eficiência do sistema deve ser comprovada, o que pode ser feito pela aplicação de ar comprimido, testando então a intercomunicação entre os furos e a efetividade da selagem. Se houver obstrução de um ou mais tubos, será indício de que haverá necessidade de reduzir-se o espaçamento entre eles, inserindo-se outros a meio caminho; 6º) testado o sistema e escolhido o material, a injeção pode então iniciar-se, tubo a tubo, sempre com pressão crescente, escolhendo-se normalmente como primeiros pontos aqueles situados em cotas mais baixas.”

Page 38: Recuperação de estruturas de concreto armado

37

Técnica de selagem de fissuras

Técnica utilizada para vedar os bordos de fissuras ativas, utilizando um material

aderente, flexível e resistente mecânica e quimicamente, não retrátil e com módulo

de elasticidade para deformar-se junto com a fenda. (SOUZA; RIPPER, 1998, p.125)

Para fissuras com aberturas menores quem 10 mm, realiza-se o método de selagem

descrito em técnicas de injeção de fissuras (p.36), 4ª etapa do processo de injeção.

Para fissuras com abertura entre 10 mm e 30 mm deve-se seguir o seguinte

procedimento:

1. Abertura de um sulco na região da trinca em formato de „V‟, com

profundidade e largura de aproximadamente 10 mm e 30 mm

respectivamente, segundo Thomaz (1989, p.160);

2. Limpeza do sulco para remoção de resíduos de pó;

3. Enchimento da fenda, sempre na mesma direção, com grout, e

selagem das bordas com produto a base de epóxi.

As fissuras com aberturas maiores que 30 mm devem ser tratadas como uma junta

de dilatação e os procedimentos são:

1. Abertura de um sulco como descrito para aberturas entre 10 mm e 30 mm e

posterior limpeza;

2. Inserção de um cordão em polietileno extrudado, ou de uma mangueira

plástica, que terá como função além de um limitador da quantidade de selante

a ser utilizado, impedirá também que o mastique venha a aderir ao fundo da

fissura;

Page 39: Recuperação de estruturas de concreto armado

38

Quando se tem abertura muito grande também se pode proceder à colocação de

juntas de neoprene, que deverão aderir aos bordos da fenda, devidamente

reforçados, para garantir que o reparo seja efetivo.

Costura de fissuras (método do grampeamento)

Este método é utilizado como armadura adicional, para resistir aos esforços extras

de tração que causaram a fissura.

Segundo Souza e Ripper (1998, p.126), “a técnica é de discutível aplicação… pois

aumenta a rigidez da peça localizadamente, e se o esforço gerador da fenda

continuar, com certeza produzirá uma nova fissura em região adjacente.” Para que

este efeito tenha sua proporção diminuída, deve-se dispor os grampos com

inclinações diferentes, de modo a não provocar esforços em linha.

Inicia-se o processo com furos previamente perfurados e preenchidos com adesivo

apropriado, a partir daí a colocação dos grampos de aço como descrito

anteriormente.

Page 40: Recuperação de estruturas de concreto armado

39

4 ESTUDO DE CASO

O presente estudo de caso relata os problemas estruturais apresentados na

passagem subterrânea (figura 11), situada na Avenida Cláudio Moura (BR-458) no

bairro Centro em Ipatinga – MG, bem como a forma de recuperação dos mesmos.

Figura 11 - Vista da passagem subterrânea

Fonte: Autores, 2014

4.1 Descrição da Obra

Construída em concreto armado, a obra foi realizada com a finalidade de servir

como passagem subterrânea de pedestres, com o intuito de reduzir o índice de

acidentes, tendo em vista que, naquele local há grande fluxo de veículos.

A intensa deterioração do concreto é devido ao longo período de exposição da

estrutura a um ambiente de forte agressividade, pois existe na cidade uma indústria

siderúrgica e, também, pelo local possuir intenso tráfego de veículos que liberam o

óxido de enxofre (SO2), que sob certas condições de umidade proporcionam a

formação do ácido sulfúrico ou chuva ácida.

Page 41: Recuperação de estruturas de concreto armado

40

4.2 Método de detecção

Para a detecção das anomalias presentes na estrutura foi realizado um

levantamento de dados in loco, através da visualização das patologias externas e

aparentes.

4.3 Anomalias detectadas

As principais anomalias encontradas foram:

Armaduras expostas e corroídas nas paredes internas da passagem

subterrânea;

Armaduras expostas e corroídas no guarda corpo localizado sob a passagem;

Descolamento do concreto;

Juntas de dilatação com abertura em excesso;

Infiltração no teto.

4.3.1 Corrosão das armaduras

Aspectos gerais:

Manchas superficiais de cor avermelhada;

Fissuras paralelas à armadura;

Redução da seção da armadura;

Possíveis causas:

Cobrimento em desacordo com o projeto;

Falta de homogeneidade do concreto;

Alta permeabilidade do concreto;

Falta de espaçadores;

Perda de nata de cimento pelas juntas das fôrmas.

Page 42: Recuperação de estruturas de concreto armado

41

As barras internas das peças estruturais de concreto, principalmente na parte

externa do guarda-corpo (figura 12), e na parte inferior do muro de contenção

(figuras 13 e 14), apresentam problemas de corrosão e descolamento de concreto.

Figura 12 - Patologias do guarda corpo

Fonte: Autores, 2014

Figura 13 – Detalhe das patologias

Fonte: Autores, 2014

Page 43: Recuperação de estruturas de concreto armado

42

Figura 14 - Detalhe das patologias

Fonte: Autores, 2014

4.3.2 Descolamento do concreto

Nas peças estruturais onde há corrosão das armaduras, identificou-se a fissuração

ou até a destruição total da camada de concreto protetora das mesmas, conforme

figura 15.

Figura 15 – Fissuração e descolamento do concreto

Fonte: Autores, 2014

A principal causa do descolamento do concreto nesse caso é a corrosão das

armaduras, que causam aumento do volume da barra em até 10 vezes.

Page 44: Recuperação de estruturas de concreto armado

43

4.3.3 Junta de dilatação com abertura em excesso

As patologias associadas à execução de juntas de dilatação decorrem do fato de

estas sofrerem variações de abertura, inicialmente devidas ao fenômeno da retração

do concreto e, posteriormente, devido às ações de origem térmica.

As juntas de dilatação, figura 16, muitas vezes são zonas de entrada de águas

pluviais para o interior das construções, o que pode desencadear, também, a

corrosão das armaduras naquele local.

Figura 16 – Junta de dilatação

Fonte: Autores, 2014

4.3.4 Infiltração

A infiltração na estrutura é decorrente de empoçamento da água sob a laje da

estrutura, onde, as juntas de dilatação com excesso de abertura no teto permitem

que a água infiltre na peça causando outras anomalias, como a corrosão das

armaduras do teto. O problema se agrava em dias chuvosos.

4.4 Metodologia para a recuperação e reforço estrutural

Page 45: Recuperação de estruturas de concreto armado

44

4.4.1 Preparação do Substrato

Primeiramente é necessário remover os poluentes impregnados nas peças

estruturais. O processo de preparação do substrato para o reparo deve ser feito da

seguinte forma:

Corte ou apicoamento do concreto danificado, sendo o corte onde necessita-

se de reparo profundo e o apicoamento em reparos superficiais (ver página

23), com a utilização de ponteiro e marreta ou martelete pneumático, os quais

devem ser posicionados a aproximadamente 45º da superfície. Todas as

barras corroídas devem ser descobertas até que seja detectada a região sã

do aço;

Escovação manual (ver página 23), com a utilização de escovas de cerdas de

aço;

Jato de ar comprimido (ver página 22);

Jato de água (ver página 20).

4.4.2 Processos de Recuperação

Após os procedimentos acima descritos deve-se proceder com a reconstrução do

recobrimento das armaduras com a utilização de argamassas especiais que

oferecem proteção superior ao concreto convencional.

Recomenda-se a utilização de dois tipos de argamassas, a polimérica e o graute,

utilizados independentes (ver páginas 28 e 29).

A argamassa polimérica deve ser utilizada em locais onde a espessura final de

recuperação não ultrapasse 35 mm e deve ser realizada da seguinte forma:

1º - Umedecer a superfície com uma esponja;

2º - Aplicar da argamassa polimérica utilizando uma colher de pedreiro e com

espessura máxima de 25mm;

Page 46: Recuperação de estruturas de concreto armado

45

3º - Dar o correto acabamento com uma desempenadeira lisa.

Nos locais onde a espessura esteja entre 25 e 35 mm, a recuperação é realizada em

duas camadas (argamassa) com intervalo de um dia entre as aplicações.

O graute deve ser utilizado em locais onde a espessura de recuperação ultrapasse

35 mm. As etapas para aplicação do graute são as seguintes:

1º - Saturar o concreto;

2º - Lançar o mesmo pela parte superior das fôrmas em madeira plastificada (não

necessita de vibração);

O processo de cura, tanto utilizando argamassa polimérica ou o graute, se dá

através de esponjas saturadas de água.

Nos locais onde há estribos em avançado estágio de corrosão, ou até mesmo com

rompimento completo da seção, o procedimento que se deve adotar é adicionar

outro estribo equivalente através da perfuração da peça e chumbamento com

ancoragem química à base de pasta cimentícia e resina orgânica.

Deve-se realizar um controle tecnológico dos materiais a serem aplicados na

recuperação estrutural, a fim de comprovar a qualidade dos materiais empregados.

Page 47: Recuperação de estruturas de concreto armado

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5 CONCLUSÃO

O estudo de problemas patológicos na construção civil e de suas possíveis formas

de recuperação vem crescendo bastante nos últimos tempos. Isso vem ocorrendo

devido à mudança de pensamento dos trabalhadores da área, pois até pouco tempo

atrás acreditava-se que as estruturas de concreto armado durariam muitíssimo, o

que hoje sabemos que não é verdade.

É de fundamental importância que se evite problemas nas estruturas para que as

mesmas atinjam a vida útil para a qual foram projetadas, e isso pode acontecer com

cuidados maiores na elaboração dos projetos, na especificação e utilização correta

dos materiais, no uso adequado das estruturas e na manutenção preventiva.

Existem várias formas de recuperar uma estrutura, como pôde ser visto neste

trabalho, ou seja, para cada tipo de problema pode haver mais de uma solução e

mais de um procedimento de correção, o que deve ser observado é a disponibilidade

de material na região, de equipamento e mão de obra especializada, bem como de

orçamento disponível.

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REFERÊNCIAS

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