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Raul de Leoni Ramos (Petrópolis RJ, 1895 - Itaipava RJ, 1926) ormou-se !a"#arel em $i%n"ias Jur&di"as e 'o"iais pela a"uldade Livre de ireito do Rio de Janeiro em 1916 J* atuava, desde 191+, "omo "olaorador das revistas on-on e Para .odos, e do Jornal do !rasil, Jornal do $om/r"io, 0 Jornal e 0 ia mante dos esportes, ven"eu provas de ata34o e Remo  pelo $lue I"ara& oi memro do "orpo diplom*ti"o rasileiro e serviu em ontevid/u (ru7uai), em 1918 'eu primeiro livro de poe sia, 0de a um Poeta orto, oi puli" ado em 1919 m 1922 oi lan3ado Lu: editerr;nea, <ue teve nova edi34o em 1928 ma antolo7ia de seus poemas, .re"#os s"ol#idos, oi puli"ada em 1961 Rau l de Leoni / "onsiderado por al7u ns "r&ti"os poeta neoparnas iano, e por outros simolista m sua ora, situada em momento de mudan3as no panorama est/ti"o rasileiro e mundial, #* elementos <ue podem ser rela"ionados ao parnasianismo, "omo o 7osto pela des"ri34o n&tida, em versos luminosos e plenos de paisa7ens 7re7as, lorentinas, pa74s 'eus =ltimos poemas, entretanto, em <ue se desta"am as astra3>es ilosói"as, apresentam modula34o simolista  '$I.0?0R . 1895 - Petrópolis RJ - @A de outuro 1926 - Itaipava RJ - 21 de novemro L0$I' BI?BIC' 19A@?192@ - Rio de Janeiro RJ 191@?191+ - In7laterra, ran3a, It*lia, span#a e Portu7al - Bia7e m 1918 - ontevid/u (ru7uai) 192@?1926 - $orreias e Itaipava RJ - .ratamento de sa=de (tuer"ulose) BI ILIR ilia34oD $arolino de Leoni Ramos, ministro do 'upremo .riunal, e u7usta Bilaoim Ramos 1921 - Petrópolis RJ - $asamento "om Rut# 'oares Couv%a 0REF0 $onviv%n"ia "om i $aval"anti, Rieiro $outo, Rodri7o elo ran"o de ndrade, '/r7io !uar<ue de Golanda 19A@ - Rio de Janeiro RJ - Prim*rio e se"und*rio no $ol/7io &lio 191A" - Petrópolis RJ - Interno no $ol/7io '4o Bi"ente

Raul de Leoni Ramos

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Vida e obra de Raul de Leoni Ramos

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7/21/2019 Raul de Leoni Ramos

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Raul de Leoni Ramos

(Petrópolis RJ, 1895 - Itaipava RJ, 1926)

ormou-se !a"#arel em $i%n"ias Jur&di"as e 'o"iais pela a"uldade Livre de ireito do Rio de Janeiro

em 1916 J* atuava, desde 191+, "omo "olaorador das revistas on-on e Para .odos, e do Jornal do!rasil, Jornal do $om/r"io, 0 Jornal e 0 ia mante dos esportes, ven"eu provas de ata34o e Remo pelo $lue I"ara& oi memro do "orpo diplom*ti"o rasileiro e serviu em ontevid/u (ru7uai), em1918 'eu primeiro livro de poesia, 0de a um Poeta orto, oi puli"ado em 1919 m 1922 oi lan3adoLu: editerr;nea, <ue teve nova edi34o em 1928 ma antolo7ia de seus poemas, .re"#os s"ol#idos,oi puli"ada em 1961 Raul de Leoni / "onsiderado por al7uns "r&ti"os poeta neoparnasiano, e por outrossimolista m sua ora, situada em momento de mudan3as no panorama est/ti"o rasileiro e mundial, #*elementos <ue podem ser rela"ionados ao parnasianismo, "omo o 7osto pela des"ri34o n&tida, em versosluminosos e plenos de paisa7ens 7re7as, lorentinas, pa74s 'eus =ltimos poemas, entretanto, em <ue sedesta"am as astra3>es ilosói"as, apresentam modula34o simolista

 '$I.0?0R.

1895 - Petrópolis RJ - @A de outuro

1926 - Itaipava RJ - 21 de novemro

L0$I' BI?BIC'

19A@?192@ - Rio de Janeiro RJ

191@?191+ - In7laterra, ran3a, It*lia, span#a e Portu7al - Bia7em

1918 - ontevid/u (ru7uai)

192@?1926 - $orreias e Itaipava RJ - .ratamento de sa=de (tuer"ulose)

BI ILIR 

ilia34oD $arolino de Leoni Ramos, ministro do 'upremo .riunal, e u7usta Bilaoim Ramos

1921 - Petrópolis RJ - $asamento "om Rut# 'oares Couv%a

0REF0

$onviv%n"ia "om i $aval"anti, Rieiro $outo, Rodri7o elo ran"o de ndrade, '/r7io !uar<ue deGolanda

19A@ - Rio de Janeiro RJ - Prim*rio e se"und*rio no $ol/7io &lio

191A" - Petrópolis RJ - Interno no $ol/7io '4o Bi"ente

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1912?1916 - Rio de Janeiro RJ - !a"#arel em $i%n"ias Jur&di"as e 'o"iais pela a"uldade Livre de ireitodo Rio de Janeiro

.IBI' LI.RHRI'?$L.RI'

191+?1922 - Rio de Janeiro RJ - $olaorador das revistas on-on e Para .odos, do Jornal do !rasil,Jornal do $om/r"io, 0 Jornal e 0 ia

.IBI' '0$I0P0L.I$'

1916 - iterói RJ - eputado na sseml/ia luminense

1918 - ontevid/u (ru7uai) - emro do "orpo diplom*ti"o rasileiro durante tr%s meses

0.R' .IBI'

1915" - Rio de Janeiro RJ - tleta, ven"edor de provas de ata34o e Remo pelo $lue I"ara&

192@" - Rio de Janeiro RJ - Inspetor de uma "ompan#ia de se7uros

G0C' P'.'

19++ - '4o Paulo 'P - ome de rua na Bila onumento

19K9 - '4o Paulo 'P - ome de s"ola uni"ipal de Primeiro Crau na Pedra !ran"a (Gorto lorestal)

 

0BI.0' LI.RHRI0'

189@?1922 - 'imolismo

 

LI.R' $R.I$'

'e #avia entre nós um poeta de esp&rito "l*ssi"o, "erto seria este, pelas proposi3>es "laras e "on"isas, pelas ima7ens puras e n&tidas, pelo e<uil&rio ormal dos seus poemas, tanto <uanto pela rara "apa"idade para a eMpress4o de id/ias astratas era admir*vel o ri7or ló7i"o "om <ue nos seus versos sedesenvolvia o pensamento, animado pelo No7o pre"iso das ima7ens Paul Bal/rO notou nos es"ritoresrom;nti"os uma depress4o nas <ualidades astratas do estilo e uma esp/"ie de ren=n"ia estran#a aosmeios e poten"ialidades <ue a arte liter*ria pode tirar da opera34o do pensamento m Raul de Leoni n4ose oserva a<uela depress4o nem a<uela ren=n"ia o "ontr*rioD nun"a sa"rii"ou ele:a, ao pitores"o ou raridade da eMpress4o a 7eometria pre"isa das id/ias () Para Raul de Leoni, entretanto, as id/iasrepresentam seres vivos as aventuras de "ada uma delas, / <ue eMtrai a poesia, "omo os /pi"os aeMtra&am dos episódios da "arreira dos #eróis le oi entre nós, e o oi "om sin7ular 7rande:a, o =ni"o

 poeta de emo34o puramente ilosói"a

ndrade, Rodri7o elo ran"o de, pre Q1928 InD Leoni, Raul de Lu: mediter;nea 1Aed p1A, p12

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oi Raul de Leoni um esp&rito "laro e *ti"o <ue amava a vida, o sol, a serenidade das elas "oisas Cr/"ia da de"ad%n"ia, "om o seu pa7anismo, e loren3a - vi"iosa e virtuosa, "om a sedu34o de seus"rimes e mist/rios, eram os lu7ares para onde se voltava seu pensamento, em <ue n4o en"ontravamresson;n"ia os atos passados sua volta, N* <ue o "omparava a uma vel#a "idade 7re7a emeida das"ivili:a3>es mediterr;neas, "idade de ironia e de ele:a, situada - di: num el&ssimo verso - na dora

a:ul de um 7olo pensativo vida de todo dia n4o l#e mar"ou os poemas, oservou Rieiro $outo,notando <ue sua poesia oi toda "riada num mundo espe"ial de astra3>es ilosói"as ou de "oisasevo"adas .emperamento irSni"o, "apa: de surpreender o lado sutil de todas as "oisas, amava a

 perei34o, as palavras "antantes, a m=si"a dos ritmos ril#antes 'eus versos vivem mais da inteli7%n"ia<ue da emo34o, da id/ia <ue do sentimento, pois a"ima de tudo sentia esse poeta o pra:er sutil do

 pensamento a serena ele7;n"ia das id/ias

Por isso mesmo / <ue n4o #* eMa7eros ou entusiasmos em seus poemas, onde tudo / eMato e pereitoDritmos, rimas, o desenvolvimento da id/ia

Cóes, ernando Q196A Raul de Leoni Ramos InD TTT Panorama da poesia rasileiraD o pr/-modernismo

v5, p@+5

 

!otao7o Praia - uito representa na paisa7em "ario"a a enseada de !otao7o 0rnamenta as 7ravurasde eret Pela sin7ularidade de seu "orte deli"ia os ol#os dos pintores () Raul de Leoni "amin#ava"omi7o do lamen7o a !otao7o, sent*vamos num an"o da Praia onde ele re"itava-me seus sonetoseitos de sol e amor

i $aval"anti Q196+ 7enda de "ertas ruas "ario"as InD TTT Reminis"%n"ias l&ri"as de um pereito"ario"a p89

 

0.' P'UI'

!IR, anuel Raul de Leoni InD TTT Poesia e prosa Rio de JaneiroD J 7uilar, 1958 v2, p186-189, p126@-1265

I $BL$.I 7enda de "ertas ruas "ario"as InD TTT Reminis"%n"ias l&ri"as de um pereito"ario"a Il do autor Rio de JaneiroD $ivili:a34o !rasileira, 196+ p89

C', ernando Raul de Leoni Ramos InD TTT Panorama da poesia rasileiraD o pr/-modernismo Riode JaneiroD $ivili:a34o !rasileira, 196A v5, p@+5-@62

CRI$0, 7ripino Lu: mediterr;nea InD TTT Bivos e mortos 2ed rev Rio de JaneiroD J 0lOmpio,19+K p16@-1K2 (0ras "ompletas de 7ripino Crie"o, 1)

L0I, Raul de Lu: mediterr;nea Pre Rodri7o elo ran"o de ndrade 1Aed '4o PauloD Livrartins, 1959

ILLI., '/r7io i*rio "r&ti"o Introd ntonio $andido 2ed '4o PauloD artinsD dusp, 1981 v6, p69-K@

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0I'V', $arlos elipe Poesia ilosói"aD Raul de Leoni InD TTT Poesia e realidadeD ensaios a"er"a de poesia rasileira e portu7uesa '4o PauloD $ultriMD 'e"retaria da $ultura, $i%n"ia e .e"nolo7ia do stadode '4o Paulo, 19KK p11K-122

RI$W, ndrade Raul de Leoni InD TTT Panorama do movimento simolista rasileiro !ras&liaD IL,19K@ v2, p1122-1128

 0!R' TTTTTTTTTT

Livros de poesia

1919 - 0de a um Poet1922 - Lu: editerr;1928 - Lu: editerr;1961 - .re"#os s"ol

Poemas

rtista$i7anos$ristianismoe um antasmae"ad%n"iaIroniaPara a Berti7emPórti"oPudornidade

BR .!V TTTTTTTTTTTT

ovimento Liter*rio

'imolismo

$opOri7#t X Instituto Ita= $ultural$an34o de todos

uas almas deves terV um "onsel#o dos mais s*iosYma, no undo do 'er,0utra, oiando nos l*ios

ma, para os "ir"unstantes,'olta nas palavras nuasUue inutilmente proeres,ntre sorrisos e a"enosD

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alma vol=vel da ruas,Uue a 7ente mostra aos passantes,Lar7a nas m4os das mul#eres,7ita nos torvelin#os,istriui pelos "amin#os 7asta sem mais nem menos,

 as estradas erradias,

Pelas #oras, pelos dias

lma anSnima e usual,Lon7e do !em e do al,Uue n4o / m* nem / oa,as, simplesmente, ilusória,

H7il, sutil, dilu&da,oeda alsa da Bida,

Uue vale só por<ue soa,Uue "ompra os #omens e a 7lória a vaidade <ue reoalma <ue se en"#e e transorda,Uue n4o tem por<u% nem <uando,Uue n4o pensa e n4o re"orda,

 4o ama, n4o "r%, n4o sente,as vai vivendo e passando

 o turil#4o da torrente,.rav/s intrin"adas teias,'em pra:eres e sem m*7oasu7itiva "omo as *7uas,In7rata "omo as areias

lma <ue passa entre apodos0u entre ara3os, sorrindo,Uue vem e vai, vai e vem,Uue tu emprestas a todos,as n4o perten"e a nin7u/m'alamandra urta-"or,

Uue muda ao menor rumor as ol#as pelas devesasYlma <ue nun"a se eMprime,Uue / uma "aiMa de surpresas

 as m4os dos #omens prudentesYlma <ue / talve: um "rime,as <ue / uma 7rande deesa

outra alma, p/rola rara,entro da "on"#a tran<Zila,

Prounda, eterna e t4o "araUue pou"os podem possu&-la,V alma <ue nas entran#asa tua vida murmura

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Uuando paras e repousas <ue assiste das ontan#ass livres desenvolturaso panorama das "ousas

Para mel#or "on#e"%-las

Namais "ompromet%-las,ntre perd>es e do3uras, um pudor silen"ioso,$om o mesmo ol#ar 7eneroso,$om <ue "ontempla as estrelas assiste o son#o das lores

lma <ue / apenas tua,Uue n4o te trai nem te en7ana,Uue nun"a se desvirtua,

Uue / vo: do mundo em surdinaUue / a semente divina

a tua t%mpera #umana,lma <ue só se des"orePara uma l*7rima nore,Para um #ero&smo aetivo,

 as &ntimas "onid%n"iase verdade e de ele:aD

ila7re da nature:a.rans"orrendo em reti"%n"ias

 um son#o l&mpido e #onesto,e idealidade suprema,0ra, alorando num 7esto,0ra, suindo num poema

onte do 'on#o, Na:ida

Uue se es"onde aos 7arimpeiros,Cuardando, em undos esteiros,0 ouro da tua Bida

lma de santo e pastor,e #erói, de m*rtir e de #omemY reden34o interior as or3as <ue te "onsomem, le7enda e o pedestalUue se aprounda e se a7ita

a aspira34o ininita o teu ser universal

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lma prounda e somria,Uue ao e"#ar-se "ada dia,'o o sil%n"io e"undoas #oras 7raves e "almas,.e ensina a ilosoiaUue des"oriu pelo mundo,Uue aprendeu nas outras almas

uas almas t4o diversas$omo o poente das aurorasDma, <ue passa nas #orasY0utra, <ue i"a no tempo

rtista

Por um destino a"ima do teu 'er,.ens <ue us"ar nas "oisas in"ons"ientesm sentido #armonioso, o alto pra:er Uue se es"onde entre as ormas aparentes

'empre o a"#as, mas ao t%-lo em teu poder  em no p>es na tua alma, nem no sentes a tua vida, e o levas, sem saer,o son#o de outras almas dierentes

Bives #umilde e inda ao morrer i7noras0 Ideal <ue a"#aste (In7ratid4o das musas)as n4o a: mal, meu SmiM ino"enteD

ia na primavera, entre as amoras tua seda de ouro, <ue nem usasas <ue a: tanto em a tanta 7ente

Puli"ado no livro Lu: editerr;nea (1922) Poema inte7rante da s/rie eli"idade

InD L0I, Raul de Lu: mediterr;nea Pre Rodri7o ello ran"o de ndrade 1Aed '4o PauloD Livartins, 1959

BeNa este site l* v" en"ontra as poesias dele#ttpD??[[[itau"ulturalor7r?apli"eMternas?en"i"lopedia?poesia?indeM"m\usea"tion]etal#e^$TBerete]629_.opo 

Prosa ^ Berso, 1+A+2AA1Pólos da poesia

$astro lves oi uma or3a retóri"a da nature:a, imposs&vel de dis"iplinar e "onter nos moldes ri7orososdas artes po/ti"as utor de muitos dos mais elos versos da l&n7ua (al7uns deles in"orporados parasempre memória "oletiva) e de ul7urantes ra7mentos de poesia no interior dos poemas, tornaram-se

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 proveriais os seus desleiMos de metrii"a34o ("omo a s&n"ope sil*i"a nas palavras <ue eM"ediam amedida (s/"`lo, "`roa, et"), al/m do vo"aul*rio antasista (e<uadores, ininitos), a re<Zente pore:aintele"tual, as solu3>es de a"ilidade, as rimas impereitas, tudo em lar7a medida "ompensado (ou

 perdoado) pelo vi7or triun&"io, pela indi7na34o "&vi"a, pelo empen#o proundo nos ideais de Nusti3aso"ial (spumas lutuantes ^ 0s es"ravos Int, or7 e iMa34o de teMto Lui: antas?Palo 'impson '4oPauloD artins ontes, 2AAA)

sse /, apesar de tudo, um dos pólos de nossa sensiilidade, eletri"idade positiva <ue repele, no outro pólo, a emo34o "ontida, o traal#o art&sti"o "omo eMpress4o do e<uil&rio espiritual, do sentimento"l*ssi"o de ele:a, viva per"ep34o da poesia "omo arte, sem eM"luir o "ontin7ente intr&nse"o de artesanatoe da tradi34o liter*ria, no sentido orte da palavra sta / a poesia apol&nea, por oposi34o aos eM"essos ouao uror dionis&a"o, a medita34o sore o destino em a"e dos arrouos e dos dis"ursos em pra3a p=li"a Vo pólo em <ue se situa, por eMemplo, o le7end*rio Raul de Leoni, a7ora redes"oerto e revalori:ado (Lu:mediterr;nea e outros poemas 0r7, Int e notas Pedro LOra RioD .opoos, 2AAA)

lu: mediterr;nea, lu: de vel#as "ivili:a3>es "l*ssi"as, em "ontraste "om as reverera3>es do sol tropi"alno novo mundo, estaele"e as dieren3as, por assim di:er &si"as, das duas inspira3>es, mas eMiste entreelas a "uriosa simetria <ue situa os poetas nas ronteiras de duas idades liter*rias ou mentais, em duas

diver7entes vis>es do mundoD $astro lves na terra de nin7u/m <ue separava o romantismo, de um lado,e o realismo de outro, en<uanto Raul de Leoni viveu na ronteira do Parnaso <ue se eMtin7uia em a"e domodernismo <ue se anun"iava

0 livro deste =ltimo N* nas"eu anti7o, es"reveu LeOla Perrone-ois/s <uando se "omemorou o"enten*rio de seu nas"imentoD Leoni perten"e <uele per&odo indistinto e e"l/ti"o das primeiras d/"adasdo s/"ulo bb, <ue em poesia tanto pode ser "#amado de neoparnasiano, neo-simolista, "omo de pr/-modernista, "onorme se ol#e para o passado ou para o uturo (In=til poesia e outros ensaios reves'4o PauloD $ompan#ia das Letras, 2AAA)

n<uadramento "om <ue "on"orda Pedro LOra, emora, por paradoMo, "onsidere a inser34o #istóri"aem menos prolem*ti"aY o dado 7era"ional resolveria o prolema, <uando / nele, pre"isamente, <ueo prolema "onsiste e <ual<uer maneira, se7undo pensa, Raul de Leoni, nas"ido eMatamente no pontoideal de en"adeamento das 7era3>es e"adentista e odernista e estreante na ase de as"ens4o dase7unda () ele tanto poderia ser um dos deinidores? ulteriores da e"adista <uanto um dos pre"ursores?introdutores da odernista ssim, estamos todos de a"ordo, por<ue o poeta "ontinua na sua ronteira,assim "omo $astro lves permane"e na dele

0r7ani:ando a nova edi34o de spumas lutuantes ^ 0s es"ravos, Lui: antas e Palo 'impson p>ema %nase, "omo / óvio, na inspira34o so"ial, mas n4o i7noram o momento de transi34o em <ue viveu o

 poetaD poesia so"ial de Bi"tor Gu7o N* #avia eito uma temporada por a<ui, "om suas ant&teses

arreatadoras e o pensamento travestido, s ve:es, em 7rande poesia () as o esp&rito rom;nti"o / <uemudava e era, ao mesmo tempo, "apa: de in"orporar os temas pol&ti"os mais imediatos, re"endendo atinta de imprensa, por assim di:er, ao seu "aedal po/ti"o m a"onte"imento "omo a Cuerra do Para7uai,

 provavelmente sem tanto relevo antes, vin#a reper"utir n4o só na vo: do orador de triuna, mas na dos próprios poetas, <ue passaram de s=ito ao seu lado

.emos de "on"ordar "om '&lvio Romero, vendo na d/"ada de 18KA o momento em <ue se ini"iou umanova idade em nossa vida intele"tual, "om inevit*veis ou instintivas reper"uss>es renovadoras na "ria34oliter*ria V "onNuntura id%nti"a <ue o"orreu na se7unda d/"ada do s/"ulo bb, de orma <ue dois poetast4o diversos e at/ opostos em inspira34o e temperamento, na verdade rea7iram "omo sismó7raosdesper"eidos de momentos liter*rios pe"uliares

"res"ente-se o pormenor perturador, talve: apenas "oin"idente, de terem morrido Novens etuer"ulosos, "omo "ostumavam morrer os poetas rom;nti"osD $astro lves "om 2+, e Raul de Leoni "om@1 anos mos destinados, por isso mesmo, 7lorii"a34o póstuma, mas em par;metros in"onund&veisD

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$astro lves na pra3a p=li"a e nas "onsa7ra3>es ruidosas, Raul de Leoni "omo oNeto de "ulto na pe<uena "apela se"reta de pou"os admiradores(a"#ei este arti7o em D #ttpD??[[[revistaa7ul#anomr?[ilsonmartinsA8A#tml )

LI.R.RLu: editerr;neaD

o releMo urta-"or da poesia

Lui: Con:a7a da 'ilvaestre em Letras pelo $'?J, / proessor de Literatura !rasileira na a"uldade de ilosoia, $i%n"ias eLetras 'anta ar"elina, em uria/-C (lu7osilcterra"omr)

0 eMperiente e sempre inimit*vel anuel !andeira, ao dis"utir os "on"eitos de poesia e verso, em ensaiodo mesmo nome, resultante de "oner%n"ia pronun"iada na $asa do studante do !rasil e puli"ado eme poetas e de poesia, apenso ao Itiner*rio de Pas*r7ada, Livraria '4o Jos/, Rio de Janeiro Q195K,dis"ute de maneira pre"isa in=meros "on"eitos de poesia e, ao im do sustan"ioso traal#o, pondera <ueo a:er po/ti"o n4o / uma rin"adeira in7%nua nem um mero No7o de palavras e <ue, para se atin7ir o

"#amado verso livre (<ue ele es"ulpiu de maneira 7enial a partir do poema Cesso, em 192+, na suater"eira ora Ritmo dissoluto), / ne"ess*rio um esor3o enorme do artistaD

Q !asta di:er <ue no verso-livre o poeta tem "riar o seu ritmo sem auM&lio de ora V "omo o suNeito <uesolto no re"esso da loresta deva a"#ar o seu "amin#o e sem =ssola, sem vo:es <ue de lon7e o orientem,sem os 7r4o:in#os de eiN4o da #istória de Jo4o e aria 'em d=vida n4o "usta nada es"rever um tre"#ode prosa e depois distriu&-lo em lin#as irre7ulares, oede"endo t4o somente s pausas do pensamentoas isso nun"a oi verso-livre 'e osse, <ual<uer pessoa poderia pSr em verso at/ o =ltimo relatório doinist/rio da a:enda ssa en7anosa a"ilidade / "ausa da superpopula34o de poetas <ue inestam a7oraas nossas letras 0 modernismo teve isso de "atastrói"oD tra:endo para a l&n7ua o verso-livre, deu a todomundo a ilus4o de <ue uma s/rie de lin#as desi7uais / um poema ResultadoD #oNe <ual<uer sues"ritur*rio de autar<uia em "rise de dor de "otovelo, <ual<uer rotin#o desiludido do namorado,<ual<uer al:a<uiana desaNustada no seu amiente amiliar se Nul7am #ailitados a "on"orrer "omJoa<uim $ardo:o ou $e"&lia eireles Q

e ato, a proliera34o de poetas, #oNe em dia, "#e7a a ser assustadora G*-os, sem d=vida, e ons$ontudo, ao lado desses le7&timos valores <ue v%m despontando a<ui e ali no "ampo da poesia, vem7rassando, suliminarmente, uma 7era34o in"Smoda de suprodutos po/ti"os de <ualidade dis"ut&vel e devalor med&o"re "om um detal#eD <uanto mais ruins, mais #erm/ti"os os seus representantes

oserva34o eita por !andeira susiste, pois, "om toda a sua or3a e toda a sua eMtens4o m detal#e a

mais releva "omentarD <uando esses pseudopoetas n4o prati"am a insensate: de "#amar de poemas "omversos-livres o aNuntamento "aóti"o de palavras, "olo"am-se em "ampo inteiramente oposto, a prati"ar 

indis"riminadamente a atura de sonetos Pro# pudor !ila" se estor"e de dor em seus restos, lerto de0liveira se estil#a3a marmoreamente em mil peda3os, Raimundo $orreia, metodi"amente indi7nado,lan3a-l#es terr&vel ol#ar repleto do mal se"reto da indi7na34o, e ran"is"a J=lia, oendida, o7e emdire34o ao Parnaso, <ual uma "entaura assustada

ima7em pode ser orte, <uase its"# (esse a7rad*vel-<ue-n4o-re"lama-ra"io"&nio, "omo em lemraJos/ Cuil#erme er<uior, em ormalismo e tradi34o moderna) mas / a =ni"a <ue se apli"a

 pereitamente neste "aso

talve: seNa pelo ato eMatamente de a poesia se en"ontrar alta de valores mais "onsistentes e, "omo tais,eternos, de a poesia se en"ontrar mer"% de <ual<uer um <ue pensa estar atin7indo plenamente a nossasensiilidade "om seus No7uin#os in"onse<Zentes de palavras, <ue a .opoos lan3ou, em oa #ora, Lu:

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mediterr;nea e outros poemas, de Raul de Leoni, em primorosa edi34o or7ani:ada por Pedro LOra, <uetam/m se in"umiu da revis4o t/"ni"a "apa de Bi"tor !ouron, em tom o"re, dis"reto, a iluminar suavemente um detal#e ar<uitetSni"o-es"ultural "l*ssi"o, emoldura de maneira ele7ante e direta o"onte=do mediterr;neo da lu: po/ti"a <ue perpassa pelos poemas leonianos

'"#iller se reeria poesia, "onsiderando-a uma or3a <ue atua al/m e a"ima da "ons"i%n"ia, aludindo<uele mundo do su"ons"iente <ue todos tra:emos dentro de nós e a leitura da ora de Leoni pare"e

"onirmar plenamente esta airma34o!asta-nos lemrar <ue Lu: mediterr;nea oi lan3ada em 1922 e "#e7a a esta 15 edi34o, asolutamentein"ólume e espantosamente atual Per7untar-se-iaD <ual o re"urso de <ue se valeu Raul de Leoni paraestrutur*-la dessa maneira\ Por <ue Lu: mediterr;nea n4o oi massa"rada pela turma dos van7uardistas

 paulistas de 22\ t/ <ue ponto a ora em estudo mant/m este lastro de atualidade e de modernidade desdeo seu lan3amento #* K9 anos\

Inda7a3>es "omo estas podem ter orientado Pedro LOra, <uando o eMperimentado proessor universit*riose dispSs a or7ani:ar esta edi34o da ora do poeta petropolitano, ale"ido em Itaipava, RJ, em novemrode 1926, "om apenas @1 anos poesia, em nossos dias, pare"e <ue vem passando por um de seus in=meros momentos de "rise, a <ue

esteve sempre eMposta, de <ue sempre oi v&tima, es"apando, "ontudo, revi7orada desses ata<uesest/ti"os 0 <ue se v%, espal#ado em revistas e Nornais, s4o arremedos in"onse<Zentes de tentativas

 po/ti"as, todas elas ra"as e alsas, a nos lemrar o sempre admirado !ila" em sua inve"tiva no Proiss4ode /D

Ber esta l&n7ua, <ue "ultivo,'em ourop/is,irrada ao #*lito no"ivoos ini/is

 ote-se <ue nun"a esmore"eu, após o movimento modernista, o ape7o e o respeito demonstrados pelosmaiores da poesia rasileira ao verso metrii"ado, s rimas pereitas, ao "ultivo do soneto mrummond, um !andeira, um Jo4o $aral, um Bini"ius de oraes est4o a& para "onirmar

Lu: mediterr;nea, nesta 15 edi34o, sur7e eMatamente "omo um arol para reiluminar e talve: reorientar os "amin#os da poesia, a im de <ue os verdadeiros poetas, meio perdidos no "aos estressante de

 produ3>es med&o"res, reen"ontrem os atal#os <ue os "ondu:ir4o ao lavor art&sti"o e s produ3>es dedensidade po/ti"a "omprovadaLeoni, apesar de "onstantemente reeditado, andou meio es<ue"ido, nos =ltimos anos .opoos, naorel#a de apresenta34o do livro, atenta para isso e reedita a produ34o leoniana para fuma vis4o "r&ti"amais aproundada de sua orag

0 or7ani:ador, Pedro LOra, estrutura seu traal#o de maneira astante "oerente e oNetivaD "ome3a por situar o poeta em sua 7era34o, analisa-l#e os dados ormadores do pensamento, disse"a a rela34o (instintoM id/ia) estruturante da ar7umenta34o, verii"a-l#e a atitude em a"e do odernismo nas"ente, entreoutros detal#es, a partir de uma ri7orosa revis4o teMtual

0 <ue resulta disso tudo / uma a7rad*vel leitura, após a <ual o leitor N* n4o / mais o mesmo <ue a ini"ioustran#a "oni7ura34o esta G* livros <ue lemos e de <ue nos deslemramos minutos após G* oras <uese l%em e mar"a al7uma deiMam em nosso esp&rito 0utras #*, "ontudo, <ue promovem uma intensa emar"ante eMperi%n"ia de vida, de <ue nun"a nos es<ue"emos Lu: mediterr;nea est* nesse =ltimo "aso

'"#iller di:ia <ue fa poesia / uma or3a <ue atua al/m e a"ima da "ons"i%n"iag, ponto de vista tam/msustentado por anuel !andeira, <ue a"res"entaD fa poesia seria ent4o a ponte entre o su"ons"iente do poeta e o su"ons"iente do leitorg stes prin"&pios se apli"am "omo uma luva poesia de Leoni <ue"#e7a at/ nossa sensiilidade eMatamente atrav/s de Lu: mediterr;nea

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um pre*"io re"#eado de ar7umentos pre"isos e de "onsidera3>es est/ti"as de alt&ssimo n&vel, de sua própria lavra, intitulado fm instintivismo #edonistag, LOra a"res"enta uma ele7ia "omposta por Rieiro$outo, em .riestre, na It*lia, uma lon7a nota sore as edi3>es N* lan3adas da ora e o teMto, uma"ronolo7ia da vida e da ora de Leoni em "omo, num ap%ndi"e, estudos e "onsidera3>es "r&ti"as deRodri7o elo ran"o de ndrade, ssis !rasil, ranlin de 0liveira e ernando PO, a <ue se se7ue uma

 ilio7raia tanto <uanto poss&vel atuali:ada de e sore o autor

0 "erto / <ue urtar-se (re)leitura dos poemas de Lu: mediterr;nea, numa /po"a de "on#e"imentos7loali:ados e de vis4o ra7ment*ria de um mundo em "onvuls4o /, no m&nimo, uma insensate: 0"onta"to "om o mundo po/ti"o da ora tra: a <ual<uer um o ne"ess*rio momento de releM4o a <ue nostemos de sumeter nesses nossos dias t4o "onusos

$ostuma-se di:er <ue a poesia de Leoni / de an7=stia meta&si"a e demanda um enorme esor3o de"ompreens4o da mensa7em <ue "arre7a ada mais also V, antes um eMer"&"io do esp&rito, um es7rimir de id/ias, "laramente "ompostas e or7ani:adas num mosai"o po/ti"o em <ue as "ores n4o se "onundemnem se a7ridemD simplesmente se estruturam #armoni"amente

Leoni oi um esteta, antes de mais nada mou o ritmo, a plasti"idade do poema, a #armonia da palavra,"omo uma eMpress4o luente, "*lida, virtuos&sti"a, "uidada e eivada, a<ui e ali, de uma adNetiva34o dere"on#e"ido valor est/ti"o

 4o / latente o pensamento ilosói"o <ue eMp>e ao lon7o de seus versos a verdade, este pensamento /eMpl&"ito, evidente, e ante"ede, por assim di:er, o liter*rio, #avendo, ent4o, o a"oplamento dessa tend%n"iailosói"a de ase meta&si"a "om a orma pereita em <ue se en7asta

"#e7ado s ideolo7ias "laras e espont;neas <ue l#e v%m da Renas"en3a <ue "ultua e ama, nun"a seentre7a ao eMtrava:amento va:io dos rom;nti"os derramadosli*s, em pleno s/"ulo bbI, nota-se o "onte=do do eterno a ressumar de seus versos Raul de Leoni n4ose "onsidera ultrapassado, "omo "onessa em Pórti"o, poema <ue are a "olet;neaD

Revendo-se num s/"ulo sumerso,eu pensamento, sempre muito #umano,V uma "idade 7re7a de"adente,() o mais suave "rep=s"ulo das "ousas

0 eMame atento e per"eptivo dos poemas <ue eneiMam o "onNunto po/ti"o de Lu: mediterr;nea propor"ionar* ao leitor um dos mais 7ratii"antes eMer"&"ios de "ultura e de reinamento intele"tual,a7u3ando o pro"esso de auto"on#e"imento e de mer7ul#o nos 7randes temas ar<uet&pi"os do #umano

Leoni propor"iona releM>es e medita3>es de apurada import;n"ia aos <ue us"am respostas mais oumenos imediatas para os 7randes prolemas <ue nos assaltaram no inal do s/"ulo bb e permane"em,ainda, insti7antes neste in&"io do s/"ulo bbI stamos a viver "ada ve: mais in<uietantemente o peso daindieren3a s "oisas do !elo e da Garmonia em avor da de"omposi34o dos valores est/ti"os <ue sempreinormaram as mais l&dimas maniesta3>es do e<uil&rio art&sti"o propósito disso, "ae trans"rever umde seus mais "ontundentes sonetos a respeito dessa indieren3a, "omo se osse um sinal de alerta nossaalta de sensiilidade no "ampo da arteD

L' RI'lmas desoladoramente rias

de uma aride: trist&ssima de areia,nelas n4o vin7am essas suaves poesias<ue a alma das "ousas, ao passar, semeia

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.e eiNo as m4os por n4o poder "ort*-lase os p/s por n4o poder pisar-te a a"e0deio-te, mas rin"o <ue te amassea ponto de inalar o odor <ue eMalas

!em sei <ue #aitarei tuas sen:alas

 por<ue n4o tens <uem mais se dedi"assea teu pra:erD nin7u/m <ue assim ara"e,de ru3os, tuas otas <ue mais ralas

Por dentro, me revolto <uando as lamoY por ora me sorris, me "r%s sumissoYte a:es de mand4oY eu, de molamo

'e <ueres, serei teu "avalari3o,"avalo, at/ 'er*s meu .#or, meu Ramo,meu Htila Por/m sem "ompromisso

Clau"o attoso

is o panorama da ora sonet&sti"a de LeoniD

UIBVLI$0

G* #oras em <ue min#a alma sente e pensa, um tempo nore <ue n4o mais se avista,n"arnada num pr&n"ipe #umanista,'o o L&rio Bermel#o de loren3a

BeNo-a, ent4o, nessa #istóri"a presen3a,Garmoniosa e sutil, sensual e e7o&sta,il#a do idealismo epi"urista,ormada na moral da Renas"en3a

'into-a, assim, lor am*vel do Gelenismo

Birtuose h restaurando os vel#os mapaso 7%nio anti7o, entre eMe7eta e artista

ao mesmo tempo, por diletantismo,Intri7ando a pol&ti"a dos papas,$om a per&dia ele7ante de um soista

0L'$$I

u era uma alma *"il e ma"ia,

$laro e sereno espel#o matinalUue a paisa7em das "ousas reletia,$om a lu"ide: "antante do "ristal

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.endo os instintos por ilosoia,ra um ser mansamente natural,m "uNa mei7a in7enuidade #aviama ale7re intui34o universal

ntretin#am-me as ri"as tessiturasas lendas de ouro, "#eias de #ori:ontes

de ima7ina3>es maravil#osas

eu passava entre as "ousas e as "riaturas,'imples "omo a *7ua l&ri"a das ontes puro "omo o esp&rito das rosas

I'.0

sp&rito leM&vel e ele7ante,H7il, las"ivo, pl*sti"o, diuso,

ntre as "ousas #umanas me "ondu:o$omo um destro 7inasta diletante

$omi7o mesmo, "&ni"o e "onuso,in#a vida / um soisma espiralanteY.e3o ló7i"as tr%e7as e ausoo e<uil&rio na =vida lutuante

!ailarino dos "&r"ulos vi"iosos,a3o No7os sutis de id/ias no ar ntre saltos ril#antes e mortais,

$om a mesma petul;n"ia sin7ular os 7randes a"roatas auda"iosos dos malaaristas de pun#ais

$0'F0

lma estran#a esta <ue ari7o,sta <ue o "aso me deu,

.em tantas almas "onsi7oUue eu nem sei em <uem sou eu

Jamais na Bida "onsi7o.er de mim o <ue / só meuYPara supremo "asti7o,u sou meu próprio Proteu

e instante a instante, a me ol#ar,'into, num pesar proundo, alma a mudar a mudar

Pare"e <ue est4o, assim,.odas as almas do undo,Lutando dentro de mim

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'RI

eriram-te, alma simples e iludida'ore os teus l*ios dó"eis a des7ra3aos pou"os esva:iou a sua ta3a

soreste sem tr/7ua e sem 7uarida

ntretanto, surpresa de <uem passa,inda e sempre, "onservas para a Bida lor de um idealismo, a in7%nua 7ra3ae uma 7rande ino"%n"ia distra&da

"on"#a a:ul envolta na "iladaas al7as m*s, erida entre os ro"#edos,Rolou nas "onvuls>es do mar proundoY

as inda assim, polu&da e atormentada,0"ultando pur&ssimos se7redos,Cuarda o son#o das p/rolas no undo

LI$I

'omra do nosso 'on#o ousado e v4oe ininitas ima7ens irradias, na dan3a da tua proNe34o,Uuanto mais "res"es, mais te distan"ias

lma te v% lu: da posi34om <ue i"a entre as "ousas e entre os diasDVs somra e, reletindo-te, varias,$omo todas as somras, pelo "#4o

0 Gomem n4o te atin7iu na vida inst*velPor<ue te emara3ou na ili7ranae um ideal meta&si"o e divinoY

te us"a na selva imprati"*vel, !ela dorme"ida da alma #umana.revo de <uatro ol#as do estino

LI$I (II)

!asta saeres <ue /s eli:, e ent4oJ* o ser*s na verdade muito menosD

 a *rvore amar7a da edita34o, somra / triste e os rutos t%m venenos

'e /s eli: e o n4o saes, tens na m4o0 maior em entre os mais ens terrenos "#e7aste suprema aspira34o,

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Uue deslumra os ilósoos serenos

eli"idade 'omra <ue só veNo,Lon7e do Pensamento e do eseNo,'urdinando #armonias e sorrindo,

 essa tran<Zilidade distra&da,

Uue as almas simples sentem pela Bida,'em mesmo per"eer <ue est4o sentindo

$RP'$LR 

Poente no meu Nardim 0 ol#ar proundolon7o sore as *rvores va:ias,ssas em "uNo esp&rito ine"undo'olu3am silen"iosas a7onias

ssim est/reis, mansas e somrias,'u7erem emo34o "om <ue as "ir"undo.odas as dolorosas utopiase todos os ilósoos do mundo

'u7erem 'eus destinos s4o vi:in#osDmas, n4o dando rutos, arem nin#oso viandante eM;nime <ue as ol#e

 in#os, onde ven"idas de adi7a, alma in7%nua dos p*ssaros se ari7a a triste:a dos #omens se re"ol#e

GI'.RI .IC

 o meu 7rande otimismo de ino"ente,u nun"a soue por<ue oi um dia,la me ol#ou indierentemente,Per7untei-l#e por <ue era 4o saia

esde ent4o, transormou-se, de repente, nossa intimidade "orrentiam sauda3>es de simples "ortesia a vida oi andando para a rente

 un"a mais nos alamos vai distanteas, <uando a veNo, #* sempre um va7o instantem <ue seu mudo ol#ar no meu repousa,

eu sinto, sem no entanto "ompreend%-la,Uue ela tenta di:er-me <ual<uer "ousa,

as <ue / tarde demais para di:%-la

R.I'.

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Por um destino a"ima do teu 'er,.ens <ue us"ar nas "ousas in"ons"ientesm sentido #armonioso, o alto pra:er Uue se es"onde entre as ormas aparentes

'empre o a"#as, mas ao t%-lo em teu poder 

 em no p>es na tua alma, nem no sentes a tua vida, e o levas, sem saer,o son#o de outras almas dierentes

Bives #umilde e inda ao morrer i7noras0 Ideal <ue a"#aste (In7ratid4o das musas)as n4o a: mal, meu SmiM ino"enteD

ia na primavera, entre as amoras, tua seda de ouro, <ue nem usasas <ue a: tanto em a tanta 7ente

ICR.IF0

 un"a mais me es<ue"i u era "rian3a em meu vel#o <uintal, ao sol-nas"ente,Plantei, "om a min#a m4o in7%nua e mansa,ma linda amendoeira adoles"ente

ra a mais r=tila e &ntima esperan3a$res"eu "res"eu e, aos pou"os, suavemente,Pendeu os ramos sore um muro em rente oi rutii"ar na vi:in#an3a

a& por diante, pela vida inteira,.odas as 7randes *rvores <ue em min#as.erras, num son#o espl%ndido semeio,

$omo a<uela ma7n&i"a amendoeira,lores"em nas "#*"aras vi:in#as v4o dar rutos no pomar al#eio

.0RR 0R. 0 0$'0

s7uia torre as"/ti"a, es<ue"ida a ruma de um "rep=s"ulo proundoVs, no mais triste s&molo do mundo, ren=n"ia trist&ssima da Bida

.ua eMist%n"ia / um pensamento undoLevantado na pedra adorme"idaD

!em sentes <uanto / in=til e ine"undo0 esor3o na verti7em da suida

$omo /s pro/ti"a de lon7e <uando,

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o <ue deslumra o ol#ar / per"eer m todos esses seres in"ompletos "ompleta no34o de um mesmo ser

LC 0' I'

0 Gomem desperta e sai "ada alvoradaPara o a"aso das "ousas e, sa&da,Leva uma "ren3a va7a, indeinida,e a"#ar o Ideal nal7uma en"ru:il#ada

s #oras morrem sore as #oras ada ao Poente, o Gomem, "om a somra re"ol#ida,Bolta, pensandoD 'e o Ideal da Bida

 4o veio #oNe, vir* na outra Nornada

0ntem, #oNe, aman#4, depois, e, assim,

ais ele avan3a, mais distante / o im,ais se aasta o #ori:onte pela esera

a Bida passa e%mera e va:iaDm adiamento eterno <ue se espera,

 uma eterna esperan3a <ue se adia

I'.I.0

Clória ao Instinto, a ló7i"a atalas "ousas, lei eterna da "ria34o,ais s*ia <ue o as"etismo de Pas"al,ais ela do <ue o son#o de Plat4o

Pura saedoria naturalUue move os seres pelo "ora34o,entro da ormid*vel ilus4o,a antasma7oria universal

Vs a min#a verdade, e a ti entre7o,

o teu sereno atalismo "e7o, min#a linda e tr*7i"a ino"%n"ia

soerano int/rprete de tudo,Inven"&vel dipo, eterno e mudo,e todas as esin7es da Mist%n"ia

PL.kI$0

s id/ias s4o seres superiores,

 h lmas re"Snditas de sensitivas h $#eias de intimidades u7itivas,e es"r=pulos, melindres e pudores

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Por onde andares e por onde ores,$uidado "om essas lores pensativas,Uue t%m pólen, perume, ór74os e "ores sorem mais <ue as outras "ousas vivas

$ol#e-as na solid4o s4o oras-primas,Uue vieram de outros tempos e outros "limas

Para os Nardins de tua alma <ue transpon#o,

Para "om elas te"eres, na suida, "oroa votiva do teu 'on#o a le7enda imperial da tua Bida

ICIEF0

'"#era:ade do esp&rito, <ue rendas um io ideal de verossimil#an3a

0 '&molo e a Ilus4o, =ni"as prendasUue nos vieram dos deuses "omo #eran3a

.ransormando em al#amras nossas tendas, a tua vo: o nosso ol#ar al"an3as il e uma oites da speran3a a esera a:ul dos son#os e das lendas

Uuando o despeito da Realidade os ere, /s <uem de novo nos persuade,$om teu "onsolo <ue nem sempre en7ana,

Por<ue, na tua espl%ndida elo<Z%n"ia,Vs o seMto sentido da Mist%n"ia a memória divina da alma #umana

0RE LI.

ras ra"o e eli:, sem meditar, na tua "ons"i%n"ia va7a e os"ura,

vida, so um luar de iluminura,ra um "onto de adas para o ol#ar

m dia, um rude e p/rido avatar Bestiu-te de uma or3a in7rata e impura, son#aste a "i"lópi"a aventurae o esp&rito das "ousas penetrar

as, a# #omem in7%nuo, desde <uandoeste o primeiro passo da es"alada,oste, "omo um trist&ssimo 'ans4o,

 a =ria da tua ora des7ra3ada,streme"endo, aluindo, derruandos "olunas do .emplo da Ilus4o

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BIB0

 ós, in"autos e e%meros passantes,Baidosas somras desorientadas,'em mesmo ol#ar o rumo das passadas,

 h Bamos andando para ins distantes

nt4o, sutis, envolvem-nos "iladase pe<uenos a"asos in"onstantes,Uue v4o desviando, a todos os instantes, lin#a leviana das estradas

m dia, todo o im a <ue "#e7amos,Bem de um nada ortuito, entrete"ido

 as surpresas das #oras em <ue vamos

Para adiante in7%nuos pere7rinosoi sempre por um passo distra&doUue "ome3aram todos os destinos

PR BR.IC

lma, em teu delirante desalin#o,$r%s <ue te moves espontaneamente,Uuando /s na Bida um simples redemoin#o,ormado dos en"ontros da torrente

oves-te por<ue i"as no "amin#oPor onde as "ousas passam, diariamente

 4o / o oin#o <ue andaD / a *7ua "orrenteUue a:, passando, "ir"ular o oin#o

Por isso, deves sempre "onservar-te as "onlu%n"ias do undo errante e v*rio,ntre or3as <ue v%m de toda parte

o "ontr*rio, ser*s, no isolamento, espiral, "uNo 7iro ima7in*rioV apenas a Ilus4o do ovimento

b0R.EF0

'% na Bida a eMpress4o l&mpida e eMatao teu temperamento, #omem prudenteY$omo a *rvore espont;nea <ue retrata.odas as <ualidades da semente

0 <ue te ineli"ita / sempre a in7rataspira34o de uma alma dierente,V meditares tua orma inata,

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Uuerendo transorm*-la, de repente

eiMa-te ser e vive distra&doo eni7ma eterno sore <ue repousas,'em nun"a interpretar o seu sentido

ter*s, de #armonia "om tua alma,

ssa eli"idade in7%nua e "alma,Uue / a tend%n"ia re"Sndita das "ousas

C0$.RI'0

.udo <ue te disserem sore a Bida,'ore o destino #umano, <ue lutua,0uve e medita em, mas "ontinua$om a mesma alma lierta e distra&da

Interpreta a eMist%n"ia "om a medidao teu 'er (a verdade / uma ora tua)Por<ue em "ada alma o undo se insinua,

 uma nova Ilus4o des"on#e"ida

Bai pelos próprios passos, num assomoe <uem pro"ura por si próprio o undoa eterna sensa34o <ue as "ousas t%m

Miste, em suma, por ti mesmo, "omo'e antes da tua somra sore o undo

 4o #ouvera eMistido mais nin7u/m

'!0RI

.u <ue vives e passas, sem saer 0 <ue / a vida nem por<ue /, <ue i7noras.odos os ins e <ue, pensando, "#oras'ore o mist/rio do teu próprio 'er,

 4o soras mais espera das aurorasa suprema verdade a apare"erD verdade das "ousas / o pra:er Uue elas nos possam dar lor das #oras

ssa outra <ue deseNas, se ela eMiste,eve ser muito ria e <uase triste,'em a 7ra3a en"antada da in"erte:a

B% <ue a Bida ainal, h somras, vaidades h V ela, / lou"a e ela, e <ue a !ele:a

V a mais 7enerosa das verdades

. 0I BI.'

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vive assim $omo ilosoia0 Pra:er, "omo 7lórias e esperan3asma vida espont;nea e "orrentia um 7esto irSni"o ao <ue n4o al"an3as

'eNa a vida um pun#ado de #oras mansas,

 uma eli"idade u7idiaD piedosa ilus4o de "ada dia o ailado de somras das lemran3as

ma as "ousas in=teis 'on#a BidaBiste <ue a Bida / uma apar%n"ia va7a, todo o imenso son#o <ue semeias,

ma le7enda de ouro, distra&da,Uue a ironia das *7uas l% e apa7a,

 a memória vol=vel das areias

L.I $EF0 0 G0

Rei da $ria34o, por mim mesmo a"lamado,Uuis, ven"endo o estino, ser o Reie todo esse niverso ilimitadoas id/ias <ue nun"a al"an3arei

Inteli7%n"ia esse anNo reelado.omou sem ter saido a eterna leiDPensei demais e, a7ora, apenas seiUue tudo <ue eu pensei estava errado

e tudo, ent4o, i"ou somente em mim0 pavor teneroso de pensar,Por<ue as id/ias nun"a tin#am im

Uue mais resta da =ria malo7rada\m ailado de rases a "antar vaidade das ormas e mais nada

$RI'.II'0

'on#o um "ristianismo sin7ular $#eio de amor divino e de pra:er #umanoY0 Gorto de *7oas so um "/u vir7iliano, eatitude "om mais lu: e "om mais ar

m pe<ueno mosteiro em meio de um pomar,ntre loureiros-rosa e vin#as de todo o ano,

 um misti"ismo l&ri"o, a son#ar  a orla lorida e a:ul de um la7o italiano

m "ristianismo sem ren=n"ia e sem mart&rios,

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'em a pure:a melan"óli"a dos l&rios,.emperado na 7ra3a natural

$ristianismo de om-#umor, <ue n4o eMiste,0nde a .riste:a osse um pe"ado venial,0nde a Birtude n4o pre"isasse ser triste

$$I

inal, / o "ostume de viver Uue nos a: ir vivendo para a renteY

 en#uma outra inten34o, mas simplesmente0 #*ito melan"óli"o de ser

Bai-se vivendo / o v&"io de viver se esse v&"io d* <ual<uer pra:er 7ente,$omo todo pra:er vi"ioso / triste e doente,

Por<ue o B&"io / a doen3a do Pra:er

Bai-se vivendo vive-se demais, um dia "#e7a em <ue tudo <ue somosV apenas a saudade do <ue omos

Bai-se vivendo e muitas ve:es nem sentimosUue somos somras, <ue N* n4o somos mais nadao <ue os soreviventes de nós mesmos

L' RI'

lmas desoladoramente riase uma aride: trist&ssima de areia,

 elas n4o vin7am essas suaves poesiasUue a alma das "ousas, ao passar, semeia

esesperadoramente est/reis e somrias,0nde passam (triste aura <ue as rodeia)eiMam uma atmosera amar7a, "#eia

e desen"antos e melan"olias essa *rida rude:a de ro"#edo,esmo a:endo o em, sua m4o / pesada,'ua própria virtude mete medo

$omo s4o tristes essas vidas sem amor,ssas somras <ue nun"a amaram nada,ssas almas <ue nun"a deram lor

.R'!'.$IEF0

sta "arne em <ue eMisto #* de tornar-se um diam #=mus 7erminal, em seiva e"undante

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'ei de tudo e h o# trist&ssima ironia h Pelo "amin#o eterno por <ue vou,u, <ue sei tudo, só n4o sei <uem sou

BLG .Rj

.udo <ue a vel#a ature:a 7eraBai sempre rumo do mel#or uturoYla e"unda "om o ;nimo se7uroe <uem muito medita e deliera

0 seu 7%nio de artista mais se esmera a teoria sutil do "laro-es"uro,$om <ue eMalta a verdade mais austera,risando em tudo o s&molo mais puro

'ó a: o au e o Gediondo para eeito

e proNetar mais lon7e e sem nuan"e alma "#eia de lu: do <ue / pereito,

$omo "avou o ismo nas entran#as,Para dar mais relevo e mais al"an"e soera estatura das montan#as

CI

 as"emos um para o outro, dessa ar7ilae <ue s4o eitas as "riaturas rarasY.ens le7endas pa74s nas "arnes "laras eu ten#o a alma dos aunos na pupila

s ele:as #erói"as te "omparas em mim a lu: ol&mpi"a "intilaCritam em nós todas as nores tarasa<uela Cr/"ia espl%ndida e tran<Zila

V tanta a 7lória <ue nos en"amin#a

m nosso amor de sele34o, proundo,Uue (ou3o ao lon7e o or*"ulo de l%usis),

'e um dia eu osse teu e osses min#a,0 nosso amor "on"eeria um mundo, do teu ventre nas"eriam deuses

Raul de Leoni Ramos (Petrópolis RJ 1895-1926)

'e deini $e"&lia eireles "omo rain#a da reti"%n"ia, posso deinir Leoni "omo rei das "ousas, tal a

insist%n"ia "om <ue usa "ousas, al/m de in7enuidade, para deinir sua va7a e in7%nua ilosoia das"oisas, s ve:es diri7indo-se ao leitor num tom pretensamente a"onsel#ador, por/m sem a a7ude:a lapidar dum !astos .i7re mora ale muito de almas, n4o d* para ser "lassii"ado de simolistaY emora resvaleo "ientii"ismo, n4o tem a "ontund%n"ia teratoló7i"a dum u7usto dos nNos (a <uem se assemel#a pela

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ora =ni"a e irrotul*vel) ma "oisa / "ertaD Leoni traal#a ma7istralmente o soneto e manipula asima7ens "om desenvoltura rara, ra:4o pela <ual seu livro Lj I.RR n4o passoudesper"eido mesmo tendo sa&do simultaneamente ao modernismo $onsidero, por motivos pessoais, suaora-prima o soneto es"oniando, ao <ual n4o pude deiMar de repli"ar "om o an"omunadoD #ttpD??pa7inasterra"omr?arte?Pop!oM?sonetario?leoni#tm