Quercus - Permacultura

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    AMBIENTE

    Maro/Abril 2011Ano 7_n45www.quercus.ptDistribuio gratuita

    Pgina 10_11

    ENTREVISTA AGEOFF LAWTONSOBRE PERMACULTURA

    2011ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS

    Pgina 4_5 Pgina 7

    ZOOMCRIAR BOSQUESPgina 26

    Mecenas Principal

    RETRATOA RESERVA NATURAL LOCALDO ESTURIO DO DOUROPgina 24

    PERMACULTURA,A REVOLUODISFARADA DE JARDINAGEM

    Mecenas Jornal

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    De acordo com os artigos 16. a 19. dos Estatutos, convoco todos os associados da Quercus- Associao Nacional de Conservao da Natureza para uma Assembleia-Geral Ordinria, a re-alizar na sede social, sita no Centro Associativo do Calhau, Bairro do Calhau, Parque Florestalde Monsanto, em Lisboa, no dia 26 de Maro de 2011 (Sbado), com incio s 13:00 horas, coma seguinte ordem de trabalhos:1 Apreciao e votao do balano, relatrio e contas da Direco Nacional, bem como doparecer do Conselho Fiscal, relativos ao exerccio de 2010;2 Deliberao sobre as linhas de orientao da Associao, estratgia para o mandato dosfuturos corpos sociais e apresentao de candidaturas;3 Eleio dos orgos sociais: Mesa da Assembleia Geral, Conselho Fiscal, Direco Nacionale Comisso Arbitral;4 - Apreciao e votao do Plano de Actividades e Oramento para o exerccio de 2011.De acordo com o n. 2 do art. 19., a Assembleia-Geral reunir em primeira convocatria seestiverem presentes mais de metade dos associados, com direito a voto, e em segunda convoca-tria, meia hora depois, com qualquer nmero de associados.

    Lisboa, 21 de Dezembro de 2010A Presidente da Mesa da Assembleia-Geral

    (Maria de Lurdes Cravo Anjo)

    EDITAL - AVISO CONVOCATRIO

    Assembleia-Geral Ordinriada Quercus - Associao Nacional de Conservao da Natureza

    Lisboa, 26 de Maro de 2011, s 13:00 Horas

    Os documentos para a Assem-bleia Geral, nomeadamente osrelatrios de contas e actividadese as candidaturas aos rgosnacionais da Associao, serodisponibilizados previamente emwww.quercus.pt.

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    Promover a sustentabilidade no tarefa fcil. Se o fosse, indicadorescomo a pegada ecolgica mostrariam outra tendncia. Recentementea Comisso para o Desenvolvimento Sustentvel do Reino Unido*divulgou um estudo realizado nesse pas que procura identicaros elementos chave sobre Como facilitar as vidas sustentveis.O conceito de vidas sustentveis que apresentam assenta numaperspectiva abrangente e positiva de vidas vividas respeitando acapacidade de carga do Planeta, ao mesmo tempo que proporcionam

    sade, bem-estar e qualidade de vida para as geraes actuais eas futuras.Poderamos dizer que tal no representa nada de novo, uma vezque o conceito de desenvolvimento sustentvel tem subjacenteeste mesmo objectivo. Contudo, este estudo no se ca pelo enunciarde um conceito ou princpio. Antes procura estruturar uma abordagemque poder conduzir concretizao do conceito o mais brevepossvel e de forma inequvoca.Perante a necessidade imperativa de agir sobre as condies estrutu-rais que tantas vezes determinam, em larga medida, a capacidadede cada um para ser mais ou menos sustentvel, o papel dos governos apresentado como elemento central e bsico.Em termos gerais so quatro as linhas apresentadas como funda-mentais. Denir uma viso sobre o que so vidas sustentveis e queseja clara sobre os objectivos a alcanar e s aces a desenvolver;trabalhar a diferentes nveis com diferentes ferramentas que apoiem,incentivem e capacitem cada um para uma vida mais sustentvel;estabelecer parcerias entre actores institucionais, empresariais,sociedade civil, as comunidades e os cidados, uma vez que todostm um papel a desempenhar; e por ltimo, mas no menos impor-tante, capacitar e usar o exemplo como melhor forma de aumentara compreenso e a vontade de assumir uma vida sustentvel. Emsuma, fundamental envolver, exemplicar, capacitar e encorajar,

    VIDASSUSTENTVEISSusana Fonseca

    Presidente da Direco Nacional da Quercus

    MACROSCPIO

    mas de forma coerente, transversal e com objectivos e metas concretos.Em Portugal, estamos neste momento a entrar num perodo emque a reviso da Lei de Bases do Ambiente est na ordem do dia.Ser, sem dvida, um momento chave para perceber at que pontoos membros da Assembleia da Repblica esto capacitados paratornar este instrumento numa ferramenta para que as decises tomadasdaqui para a frente estejam alinhadas com este imperativo de tornar-

    mos as nossas vidas mais sustentveis, para nosso prprio bem.Para atingir tal objectivo, o papel das ONGA como a Quercus serfundamental. Quanto mais formos, quanto mais proactivos e exigen-tes nos assumirmos, maior ser a probabilidade de se observaremmudanas em prol da sustentabilidade neste cantinho beira marplantado.

    Este ms de Maro marca o m de mais um mandato dos rgosSociais da Quercus. A Assembleia-geral realizar-se- no dia 26, emMonsanto, pelas 13h. Nela sero debatidos planos de actividades epropostas para os prximos anos. de extrema importncia umaparticipao alargada. Sendo conhecidas as diculdades em asseguraruma renovao signicativa dos dirigentes, ainda mais importanteeste contacto com os nossos Associados. Com a participaode todos as linhas estratgicas a seguir sero, certamente, maisadaptadas s necessidades diversas do pas e reectiro, de formamais aproximada, as diferentes perspectivas que se congregam namilitncia na Quercus. S com uma participao alargada nestesmomentos decisivos para a Associao ser possvel sermos umexemplo e, logo, um motor para uma sociedade mais participada,

    inclusiva, consciente e responsvel. Aspectos todos eles fundamentaisna construo da sustentabilidade. Contamos com todos vs noprximo dia 26!

    * http://www.sd-commission.org.uk/

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    Geoff Lawton consultor, professor e um permacultor diplomado desde 1995. director do Instituto da Investigao de Permacultura da Austrlia, o primeirodo gnero, j fez milhares de trabalhos de consultoria em Permacultura em 17pases, fez trabalho humanitrio em vrios locais e a sua transformao de terrenosdesrticos e salgados na Jordnia em jardins produtivos cou famosa a nvel mun -

    dial. Tem publicado DVDs de ensino prtico da Permacultura e ensinou e continuaa ensinar inmeros cursos em mltiplos pases e a trabalhar no sentido de umamaior globalizao da Permacultura. Ao Quercus Ambiente deu a conhecer a suaexperincia com a Permacultura e quais os principais desaos que esta enfrenta.

    ENTREVISTAa Geoff Lawtonsobre Permacultura

    ISTO ALGO NICO,ACREDITO MESMOQUE UMA EVOLUODO PENSAMENTO HUMANO

    Ricardo Marques

    PENSAR

    CraigMackintosh

    Toda a gente tem diculdade em denir a Permacultura e noh 2 denies iguais. Qual a sua denio, ou a denio quemais gosta?

    A Permacultura um sistema de planeamento que fornece todas asnecessidades da humanidade, de uma forma que benecia o ambientee nos d uma pegada positiva.

    O Geoff tem feito parte no s da continuidade mas tambm daevoluo da permacultura. De que forma que a permaculturaevoluiu desde que comeou?A Permacultura uma cincia de planeamento relativamente constan-te. As cincias da vida e do ambiente basicamente no mudam eso universais mas h adaptaes e alteraes relacionadas comas necessidades humanas. O sistema sem dvida amadureceu e seolhar para o www.permacultureglobal.com que a nova rede mundialque foi lanada v-se que h uma nao global de pessoas quepassaram por uma evoluo de pensamento que promove acespositivas e um resultado sustentvel para o futuro da humanidade.Ns pretendemos acelerar o processo at a um ponto de viragemem que se torna a norma que toda a humanidade evolva para umanova forma de comportamento responsvel, que produz os resultadosque so precisos. E faz-lo de uma forma que no s benecia oambiente e todos os elementos vivos e no vivos da Terra mas que

    tambm modera a populao, redenindo a riqueza para alm dodinheiro, para que a riqueza seja entendida como a abundncia dear puro e fresco, de gua pura e fresca, de comida pura e fresca, decasas sensveis, de amizades e de comunidades coesas. O dinheiro,na sua forma presente no parece conseguir providenciar isso aningum.

    P.R.I.Austrlia

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    PENSAR

    A Permacultura parece ter uma viso de que negativo rotular algu-mas espcies de invasoras e restringir o que cada um pode ou noplantar. Em Portugal h muitos problemas com as tais invasoras esei de muitos eclogos e ambientalistas que tm diculdade emaceitar essa perspectiva. O que que lhes diria?Acho que necessrio ter a mente mais aberta e de ter uma acoorientada para o tratamento das doenas e no dos sintomas. Quan-do algum est com dor de cabea, a medicina moderna diz que porque o corpo est com uma decincia em aspirina. Mas quandovamos para uma abordagem mdica mais holstica percebemos queh uma origem na dor de cabea. Se olharmos para esses problemascom espcies invasoras vericamos que eles so um sintoma e quea causa algo completamente diferente. O que temos normalmente uma ferida aberta que precisa de ser sarada antes que a Naturezasangre at morte e as espcies nativas no conseguem intervirporque o dano est para alm das suas capacidades de reparao.Isto acontece em todo o lado porque as pessoas em todo o ladocriam de forma persistente esses danos. O tojo na Nova Zelndia um exemplo clssico. O tojo uma leguminosa espinhosa nativana Europa, mas uma invasora muito dominante na Nova Zelndia.Seguindo polticas similares s da Europa, os agricultores da NovaZelndia combateram o tojo durante anos e anos sem sucesso masagora entende-se, h medida que mais estudos saem sobre a ma-tria, que se pode usar o tojo como a principal planta pioneira pararestaurar a ecologia da Nova Zelndia. Alguns agricultores nozeram nada ao tojo e usaram-no como pastagem para vacas eovelhas. medida que as plantas xavam azoto e matria orgnicano solo um mosaico de tabaco selvagem comeou a aparecer eas aves que comem sementes de tabaco selvagem so aves queespalham sementes de espcies orestais, pelo que manchas deoresta comearam a aparecer. Essas manchas de oresta reduzirama populao de tabaco selvagem e tojo por sombreamento e res-tabeleceram o equilbrio. Isto acontece em todo o lado, mas se seatacar o sintoma quando ele aparece e no se analisar a causa, eleestar sempre presente. E isso so boas notcias para as empresasde qumicos, so boas notcias para quem gosta de declarar guerras espcies.

    Li sobre o seu trabalho em pases necessitados e em assistnciaps-catstrofe. Pode-nos contar um pouco sobre isso?Se te pedem para fazer trabalho humanitrio e produzes um bomresultado, pedem-te depois para fazer trabalho humanitrio deemergncia e se conseguires um bom resultado a pedem-te paratrabalhares em zonas de guerra, onde se encontra a derradeira tra-gdia da humanidade, no possvel estar em situao pior. Aspessoas nesses locais esto muito abertas a todas as ideias e pos-sibilidades porque qualquer coisa melhor do que estar naquelasituao. um grande desao e muitas vezes decepcionanteporque todo o tipo de coisas pode correr mal. Muitos de ns vopara essas situaes e conseguem plantar sementes duradourasnas mentes das pessoas e a comunidades inteiras e at sociedadespodem mudar. Pode no parecer Permacultura superfcie masguia as pessoas na direco de um futuro positivo. Muitos de nsdedicam-se construo da paz atravs da Permacultura. umacompetncia particular na Permacultura, de unicar as pessoas emvolta do mesmo destino, porque todos temos um desao comum,todos temos um ambiente que est a colapsar, todos habitamos

    na mesma biosfera e mesmo com as nossas diferenas culturais,continuamos com o mesmo conjunto de problemas nossa frente.A era da informao torna isso mais bvio a cada dia.

    Sei que tem um plano para estimular a criao de Institutos dePermacultura por todo o mundo e sei que est um a ser formadoem Portugal. Quais so as expectativas em relao a este institutoe como que est a correr com os que j existem?Falta conana s pessoas para assumirem compromissos de longoprazo com centros de demonstrao e educao e ns estamos atrabalhar o mais rpido que conseguimos para promover o nossoexemplo aqui na Austrlia. Temos o nosso instituto e tambm hnos EUA, Turquia, Canad, Chile, Jordnia e mais e mais pases esto aemergir como a Grcia, Itlia, Espanha e Portugal e o que queremos que se torne mais fcil e rpido para estes centros se estabelecerem.Os primeiros sistemas so sempre um pouco grosseiros, precisamde ser um pouco polidos (risos) e custam a nanciar numa fase ini-cial. Mas eu espero mais nanciamento, espero melhores alunos, es-pero melhores centros a emergir, espero mais cooperao entre in-stitutos e a partilha de competncias e informao est a car mais

    fcil, e penso que em breve teremos muitos institutos estabeleci-dos porque agora uma actividade bastante lucrativa e h muitagente pronta a investir que quer que o seu dinheiro seja aplicado eminiciativas positivas. Precisamos de fazer saber que conseguimosdenitivamente trabalhar para o bem comum sem perder dinheiro.Acho que tudo isto parte do tal ponto de viragem e estamos afazer o nosso melhor para apoiar isto. O problema no conseguir-mos treinar as pessoas com a rapidez necessria, mas posso d izerque est denitivamente a acelerar.

    A palavra sustentabilidade tem sido usada por pessoas, empre-sas e polticos de uma forma to leviana e exvel que pareceque quase perdeu o seu sentido. Tem medo que o mesmo possaacontecer com a Permacultura?No. A Permacultura maior que a vida, tem uma personalidade,

    um sistema com responsabilidade. Pode-se denir sustentabilidadenuma frase sem nunca se ter construdo um sistema sustentvelnem nunca se ter t rabalhado nessa direco. A Permacultura podeser denida de centenas de maneiras e d s pessoas uma esperanaincrvel, entusiasma as pessoas. Tirar um curso de planeamento emPermacultura com um bom professor, como a maioria deles, car alterado para sempre, car infectado sem hiptese de recu-perao. A sustentabilidade no faz isso s pessoas, demasiadoconcisa. O que acontece com a Permacultura, medida que seganha mais e mais experincia que ganhamos conforto com a in-nidade e podemos explorar a densidade e a qualidade do tempo.O que a maioria das pessoas tem agora na sua vida moderna tempo de m qualidade e pobreza de tempo. Quando na Permaculturatemos uma grande riqueza temporal e uma ptima densidade detempo, ns apreciamos a viagem, emocionante, sabermos queisto nunca vai acabar para nenhum de ns ou para algum que seenvolva na Permacultura no futuro e isso ptimo. Isto algo nico,acredito mesmo que uma evoluo do pensamento humano.

    Sabe alguma coisa sobre Portugal? Tem alguma mensagem para

    Portugal?J trabalhei muito no Brasil, j dei 5 cursos no Brasil mas nunca emPortugal. No entanto, j comi sardinhas assadas na praia e surfeipela Figueira da Foz, Peniche, EriceiraEstive em Portugal antes darevoluo em 1974 e j o atravessei uma vez a caminho de Marrocos.Foi antes de descobrir a Permacultura, mas lembro-me da paisa-gem e acho que um pas lindo, com muito efeito marginal, pasesassim so sempre interessantes, Portugal tem uma enorme linhade costa, longas zonas montanhosas, e estes so sempre pases degrande resilincia. Acho que um pas onde a Permacultura podeter grande expresso, como no Brasil. Acho que j h articulaesinteressantes com o movimento brasileiro e eu dou o meu apoiototal a qualquer iniciativa em Portugal, acho que seria ptimo egostava de ver muito trabalho feito nas zonas costeiras. Gostavade ver qualquer pas na Europa a promover a Permacultura a umnvel nacional e acho que o podemos e temos mesmo que o fazer.

    Acho que muitas pessoas que vo ler esta entrevista esto a tomarconhecimento da Permacultura pela primeira vez. Tem algumamensagem para essas pessoas?

    Sim. Saiam do sistema negativo em que se encontram e envolvam-se num sistema que divertido se no for divertido porqueo planearam mal. Procurem algum lugar onde seja possvel obtermais informao e educao acerca da Permacultura e entrem emcontacto com permacultores para verem como podem transformara vossa vida para melhor e as vidas dos vossos lhos e netos ede todas as pessoas no futuro. algo para estar envolvido que excitante e basta olhar para a internet para perceber que a novatendncia.

    Entrevista completa em vdeo em:

    http://vimeo.com/quercusvideo

    P.R.I.Austrlia

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    Alexandra Azevedo

    ECO-GASTRONOMIA:UMA DAS SOLUES-CHAVEPARA A SUSTENTABILIDADE

    PENSAR

    Tal como prometi, aqui estou a desenvolver as potencialidades e atransversalidade da eco-gastronomia.Em tom de brincadeira, mas no deixa de ter um fundo de verdade,s 3 perguntas existenciais clssicas: Quem somos? De onde vimos?Para onde vamos? H que acrescentar uma: O que h para comer?(Victor Lamberto, lde ente voraz e no h petisco que lhe escape,e este apetite, em especial nos pases mais desenvolvidos e nasclasses mais abastadas, est a comprometer o futuro da vida detodo o Planeta Terra tal como a conhecemos.

    Hbitos alimentares vorazesNo perodo decorrido entre 2003 e 2008 acentuaram-se os desequilbriosda dieta alimentar portuguesa, com excesso de calorias e gordurassaturadas, disponibilidades decitrias em frutos, hortcolas e legumi-nosas secas e recurso excessivo aos grupos alimentares de Carne,pescado, ovos (em especial carne de aves e suno que representam33% e 38% do total de carne consumida em 2008, respectivamente)e de leos e gorduras. Esta tendncia j se vem consolidandodesde a dcada de 90, pelo que se os padres alimentares no sealterarem signicativamente, previsvel que os produtos de origem

    animal venham ainda a ganhar mais peso na alimentao da populaoresidente em Portugal. (7)A nvel mundial, o consumo excessivo de protenas animais recai nospases mais desenvolvidos, tendo entre 1980 e 2002 aumentado oconsumo de protenas de origem animal, em especial nos pasescom rpido crescimento econmico. Prev-se que a mdia continuea aumentar! (5, 6) Para satisfazer essa procura a produo pecuriaabsorve actualmente cerca de metade de toda a produo agrcolamundial (3) e pelo ano 2000 74% da carne de aves, 68% das ovos e40% da carne de porco eram produzidos em modo intensivo! (6, p. 60)O consumo de peixe tem tambm aumentado e prev-se que em2030 o consumo mundial seja de 22,5 Kg/pessoa. Em contrapartida,o consumo de cereais, razes e tubrculos est e continuar a diminuir.(6)Com os impactos ambientais substanciais que esse facto acarretaem termos de uso de gua e solo, poluio, perda de biodiversidadee emisses de gases com efeito de estufa pelo uso do solo e consumode combustveis fsseis. (3, 5)

    Analisemos ento com mais detalhe o impacto do sector da alimentao

    sobre vrias reas temticas:guaComo bem sabemos o sector que mais gua consome o sectoragrcola, com destaque para a produo de alimentos (hortcolas,pecuria). gua vida e sem gua no possvel a produo dealimentos, mas o uso da gua tem de ser racional.Portugal dos pases com maior pegada hdrica, sendo 80% relativaa produtos agrcolas, dos quais 54% externa, por via das importa-es de alimentos em particular de Espanha (1), potncia agrcolaassente num modelo intensivo, avana com uma poltica de transvases,nomeadamente na bacia hidrogrca do rio Tejo, que comprometeo caudal ecolgico nos perodos de escassez de gua no nossopas, para manter esse modelo.A produo pecuria, em especial a intensiva, tambm umdos principais poluidores dos recursos hdricos. Veja-se o estadomiservel a que chegaram em poucas dcadas as ribeiras do Oesteou o rio Lis devido s descargas das suiniculturas intensivas.

    ResduosEmbalagens e mais embalagens e sacos para as transportar! Estima-seque cerca de 25% em peso e 40% em volume do nosso lixo domsticoso embalagens.

    TransgnicosO principal mercado dos cultivos transgnicos os alimentos compostospara animais (vulgo raes para animais) provenientes da pecuriaintensiva. Esta tecnologia na trajectria da intensicao das prti-cas agrcolas foi estimulada pela crescente procura de produtosde origem animal, cujos animais sofrem igualmente processos deproduo intensiva pelo que a sua alimentao baseada tambmnuma forma de fast food: gros de milho e soja (4).

    PesticidasOs pesticidas de sntese tm vrias aplicaes, mas no ps-2 guerramundial a sua utilizao orientou-se para a produo de alimentos,altura em que a industrializao e intensicao das prticas agrcolasse comeou a armar, e desde ento o sector alimentar continuao seu principal mercado com grande expanso devido aos cultivostransgnicos. Por exemplo, o consumo de herbicidas disparou nospases que mais cultivam transgnicos com resistncias a herbicidas,como os EUA e a Argentina.

    Consumo sustentvelNum estudo divulgado pela Comisso Europeia (CE), a alimentao uma das reas do consumo privado que mais contribui para osproblemas ambientais, com um peso na ordem dos 20 a 30 porcento, sendo a carne e os produtos lcteos alguns dos produtosque mais contribuem para o consumo dos recursos energticos. Asoutras reas com grande impacto so os transportes e a habitao(2). Tambm no recente relatrio da UNEP o sector alimentar referido como responsvel por impactos ambientais muito elevados,sendo a produo animal (carne e lacticnios) o que mais recursos

    consome, comparativamente s alternativas de origem vegetal, emais do que os combustveis fsseis, a actividade agrcola inuenciadirectamente os ecossistemas ocupando vastas reas e usandoenormes quantidades de gua. (3). O relatrio da FAO LivestocksLog Shadow, de 2006, em que feita uma anlise exaustiva do impactoambiental do sector da produo animal, para alm de uma abordagemsobre as potencialidades tcnicas e medidas polticas de mitigao,fez emergir este sector de entre dois ou trs com impacto mais sig-nicativo para o que mais contribui para os problemas ambientais! (5)

    BiodiversidadeComo todos bem sabemos a principal causa de perda de biodiver-sidade a destruio de habitats. Ora, a superfcie agrcola mundialtotal equivalente a 26% da superfcie terrestre no coberta porgelo, 70% da qual est associada produo animal. Por exemplo,70 % da rea inicial da oresta Amaznica ocupada por pastagens eparte da rea remanescente ocupada por plantaes para alimenta-o animal. Para alm da destruio de habitats devido produoanimal preciso no esquecer ainda os outros impactos associados,como a degradao dos solos, poluio, as alteraes climticas,

    conitos com espcies predadoras ou a facilitao da invaso deespcies exticas, que tm obviamente tambm um contributoconsidervel na reduo da biodiversidade. (5)Por outro lado, a sobrepesca, as espcies infestantes associadas industrializao do sector alimentar com impacto substancial, sooutras ameaas biodiversidade do planeta relacionadas com osector alimentar.Merece ainda meno a agrobiodiversidade, composta por variedades(plantas e animais) que evoluram ao longo do tempo pela intervenodo Homem, e que constituam um inestimvel patrimnio gentico,mas por fora da industrializao do modo de produo de alimentosreduziu-se de forma drstica!

    Energia e alteraes climticasPor ltimo, o tema das alteraes climticas. A anlise poltica doproblema e consequentemente o esforo nas medidas apontadaspara diminuio das emisses de gases com efeito de estufa recaimaioritariamente sobre os consumos energticos, porque estfortemente associada s emisses de dixido de carbono, querepresenta efectivamente cerca de das emisses antropognicas

    totais, mas porque o sector da energia representa 75% dessasemisses tem sido prestada uma ateno limitada em relao semisses de outros gases com efeito de estufa de outros sectores(5) e a sua relao com outros padres de consumo, nomeadamenteos hbitos alimentares.Vrios relatrios da FAO apontam que o sector agrcola o maiorresponsvel pela emisso de gases com efeito de estufa (5,6). Norelatrio Livestocks Long Shadow, de 2006, foram contabilizadascom mais detalhe as emisses, tendo concluido que a nvel mundialo sector da pecuria o maior responsvel pelas emisses de gasescom efeito de estufa! Contribuindo com cerca de 18% das emissestotais de gases com efeitos de estufa em CO2 equivalente, o que superior s emisses do sector dos transportes! No caso do Brasilo contributo da pecuria ainda muito superior mdia mundial,situando-se nos 60%!Considerando todo o sector da agricultura, a pecuria constituiperto de 80% das emisses. (5)O sector da pecuria responsvel por 9% das emisses antropo-gnicas de CO2, e de outros gases com muito maior potencial deaquecimento da atmosfera. O sector emite 37% do metano (CH4)antropognico (23 vezes mais potente que o CO2) e 65% do xidoNitroso (N2O) antropognico (296 mais potente que o CO2). (5)Portanto, no deixa de ser surpreendente que a maioria do esforode mitigao das emisses de gases com efeito de estufa se centreno sector energtico, mesmo em pases como o Brasil! (5)Por outro lado, se considerarmos o abandono da agricultura pormilhes de camponeses e agricultores em todo mundo motivadoem grande parte pelos baixospreos da produo agrcola indus-trializada ou intensiva e consequente aumento da populao urbana com

    Assessing the Environmental Impact of Consumption andProduction, Report, UNEP, 2010

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    2011 - ANOINTERNACIONALDAS FLORESTAS

    PENSAR

    Sensibilizar para a Importncia dos Ecossistemas Florestais

    A Assembleia-Geral das Naes Unidas designou 2011 para o AnoInternacional das Florestas, com o tema Celebrating Forests forPeople ou Florestas para Todos.O objectivo a promoo da conservao das orestas em todo o

    mundo, assim como a sensibilizao da populao para a importncia queas orestas desempenham no desenvolvimento sustentvel global.Em Portugal, a Comisso Nacional da UNESCO que vai dinamizara comemorao, em articulao com a Secretaria de Estado dasFlorestas e Desenvolvimento Rural, existindo uma Comisso Executivacom diversas entidades da Administrao e da sociedade civil ondea Quercus est representada.A UNESCO efectuou a apresentao ocial do Ano Internacionaldas Florestas no passado dia 2 de Fevereiro, nas Naes Unidas,em Nova Iorque, em simultneo em Portugal, no Centro de CinciaViva para a Floresta, em Proena-a-Nova. Neste dia destacou-seuma apresentao do professor Jorge Paiva sobre biodiversidadeorestal e foi tambm criado o site ocial das comemoraes www.orestas2011.org.pt, onde existe informao sobre a agenda, comactividades previstas e documentos diversos sobre a importnciada oresta.As orestas so essenciais ao equilbrio dos ecossistemas e vidahumana: promovem a manuteno da biodiversidade, libertam oxig-nio, armazenam o dixido de carbono (principal gs com efeito deestufa), moderam as temperaturas, facilitam a inltrao da gua

    no solo (e consequente reabastecimento dos lenis subterrneosou aquferos), xam o solo e impedem a eroso. Estes serviosprestados pelo ecossistema constituem uma externalidade positivada oresta que deve ser valorizada, para que se possa evitar a suadestruio.O problema das alteraes climticas confere actualmente oresta- devido essencialmente ao sequestro de carbono e produo deoxignio - uma importncia crucial no combate crise ambiental global.

    Domingos Patacho

    Em todo o mundo tem havido uma diminuio acentuada da reaocupada pelas orestas naturais. Segundo a Greenpeace, 80% dasorestas primrias (ou virgens) do planeta foram j degradadas oudestrudas.Em Portugal, quase 40% da rea do nosso territrio ocupada pororestas, maioritariamente associada a monoculturas de pinheiro-bravo e eucalipto, mas tambm por montados de sobreiros eazinheiras protegidos, entre outros povoamentos orestais comreduzida expresso. Os carvalhais autctones apenas ocupam 5%da rea orestal e, apesar da sua importncia ecolgica, no tmqualquer estatuto de proteco, situao que devia ser alterada.A oresta representa tambm um papel relevante ao nvel econmico

    e social, sendo que actualmente representa quase 12 por cento dasexportaes portuguesas, entre as leiras do eucalipto, do pinho eda cortia.Mas tambm existem diversas ameaas oresta portuguesa,destacando-se os incndios, doenas, pragas, expanso de invasoraslenhosas, as ms prticas de gesto, o abandono do mundo rural eas alteraes climticas.A desorestao tem sido constante ao longo dos tempos, devido reconverso de terrenos para a agricultura, a pastorcia, as mono-culturas de eucalipto, construo de estradas, fbricas, projectosimobilirios e barragens. Actualmente os agrocombustveis souma nova ameaa.Torna-se fundamental melhorar o ordenamento orestal, com a pro-moo de uma oresta multifuncional, com espcies mais adaptadasao clima e aos solos, como por exemplo os sobreiros, as azinheiras,os carvalhos, ou o freixo.A Quercus tem promovido alguns projectos e aces com o objectivode conservar as nossas orestas autctones, os quais vo continuarneste Ano Internacional das Florestas, como as plantaes do pro-grama Criar Bosques, Conservar a Biodiversidade, o programa de

    reciclagem de rolhas de cortia Green Cork, a Conservao dosMontados e a constituio de uma rede de Micro Reservas Biolgicas,onde se destaca o Tejo Internacional e o restauro da oresta no CabeoSanto; alm destas iniciativas, esto a ser desenvolvidos projectosLIFE para a gesto de habitats e Conservao da Natureza.As iniciativas do Ano Internacional das Florestas so mais umaforma de alertar a sociedade para a necessidade de efectuar umagesto sustentvel que vise a conservao de um ecossistema essen-cial para o planeta e para o bem-estar da Humanidade.

    tudo o que isso acarreta, nomeadamente alterao dos hbitosalimentares, sobretudo aumento do consumo de carne, o aumentodas deslocaes de pessoas, em especial de alimentos, concluiremosque haver ainda outras emisses de gases com efeito de estufaatribudas a outros sectores que no o sector agrcola indirectamenterelacionados com o que se passa nesse sector.

    Uma das solues-chave para a sustentabilidade:A ecogastronomia!Pelo exposto, cou bem patente que a alimentao o sector quedeve merecer maior ateno se realmente estivermos dispostosem construir uma sociedade mais sustentvel e por isso no serexagerado assumir a eco-gastronomia como uma soluo fundamen-tal para muitos dos problemas actuais.

    Da anlise dos inmeros dados contemplados em diversos documentose relatrios, que aqui apenas foram expostos alguns mais sintticos,e no caso concreto de Portugal, agura-se-me como aspecto basilara reduo do consumo de produtos de origem animal, em especiala carne, bastando para isso recuperar os nossos hbitos alimentares

    tradicionais ou optar por um regime ovo-lacto-vegetariano ou vegano.Preferir alimentos produzidos localmente de forma sustentvel (emmodo biolgico, biodinmico, permacultura), de variedades tradicio-nais, frescos, da poca, a vulso (sem embalagens), a preo coerenteao consumidor e compensador para o produtor possvel atravs demercado de proximidade produtor-consumidor, completam a aborda-gem em relao ao sistema que nos alimenta. ainda importante readquirir conhecimentos ancestrais e a prticada recoleco de alimentos silvestres como complemento dieta eassim aliar uma alimentao mais saudvel a uma alimentao maisbarata, j que so gratuitos!

    No artigo anterior alvitrei a hiptese da Eco-gastronomia eviden-ciar-se como rea temtica a trabalhar na Quercus, mas outra pos-

    sibilidade sem haver propriamente um grupo de trabalho espec-co na rea haver pelo menos o reconhecimento colectivo da suaimportncia, estarmos todos na posse dos mesmos dados para queseja contemplada na abordagem dos vrios grupos de trabalho ereas temticas, de forma mais aguerrida e explcita, no apenas doponto de vista mais terico, mas tambm do ponto de vista prticoatravs da dinamizao de actividades com uma componente gas-tronmica.Exemplos de actividades como o piquenique da biodiversidadepromovido pelo ncleo de Setbal, as ocinas de cozinha sustentvel(vrios ncleos) ou o eco-jantar de angariao de fundos para oCRASM Centro de Recuperao de Animais Selvagens de Montejuntodevem ser amplicadas e exploradas parcerias com associaes decariz social, por exemplo.O limite ser a nossa imaginao!!

    Referncias:1- WWF Living Planet Report 2010 (Relatrio Planeta Vivo), http://wwf.pan-da.org/about_our_earth/all_publications/living_planet_report/2- EIPRO Environmental Impact of PROducts, Unio Europeia IPTS (In-stitute for Prospective Techonological Studies), 2006, http://ec.europa.eu/

    environment/ipp/identifying.htm3- Assessing the Environmental Impact of Consumption and Production, Re-port, UNEP, 20104- Michael Pollan, In Defense of Food, 2008, The Penguin Press5- Livestocks Log Shadow environmental issues and options, Report, FAO,2006, http://www.fao.org/docrep/010/a0701e/a0701e00.HTM6- World Agriculture: towards 2015/2030, summary report, FAO, 2002,ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/004/y3557e/y3557e.pdf7- Dieta portuguesa afasta-se das boas prticas nutricionais - Balana Ali-mentar Portuguesa 2003-2008, Instituto Nacional de Estatstica, 30 de No-vembro de 2010, http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=83386467&DESTAQUEStema=55505&DESTAQUESmodo=2

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    PROJECTOEMPRESAS E BIODIVERSIDADEPaulo Lopes da Silva

    PENSAR

    A MIGA

    Seminrio Internacional em Lisboa

    No dia 18 de Abril a Quercus organiza o seminrio internacionalPreservar o Capital Natural O Papel dos Sectores de Abastecimento

    Alimentar, nas instalaes do Instituto Superior de Gesto em Lisboa.O seminrio conta com oradores nacionais e internacionais e apresen-tar casos-estudo concretos em Portugal e no estrangeiro.

    Com este encontro a Quercus espera mobilizar mais empresas paraa proteco e investimento no capital natural inerente aos serviosprestados pelos ecossistemas e biodiversidade, que so a verda-deira base do fornecimento dos bens que consumimos diariamente.Este encontro, destinado maioritariamente a um pblico-alvoempresarial, focar sobretudo o sector de retalho. Este sector presentemente um intermedirio chave, actuando como elo deligao entre milhares de fornecedores de produtos e consumidores;o negcio do retalho em Portugal representa uma parte signicativado PIB e lidera as taxas de crescimento a nvel Europeu. Os retalhistastm uma enorme inuncia e responsabilidade sobre a produo eos padres de consumo, pelo que podem contribuir para mudan-as signicativas atravs de critrios ambientais aplicados cadeiade fornecedores, e gerar inclusive alteraes na forma como osprodutos so produzidos e distribudos.

    O projecto Empresas e Biodiversidade

    Desde 2007 que a Quercus tem dinamizado encontros sobre oenvolvimento das empresas na preservao da biodiversidade,quer em Portugal, quer noutros pases, juntamente com ONGs par-ceiras, tendo participado em 2009 num evento paralelo COP9 daConveno da Diversidade Biolgica. Em 2010, Ano Internacionalda Biodiversidade, a Quercus avanou com o projecto Empresase Biodiversidade, que procura contribuir para a sensibilizao dediversos sectores e disponibilizar recursos metodolgicos, ex-perincias e casos-estudo concretos, junto do meio empresarial.A Quercus fez uma apresentao deste projecto junto do sectornanceiro, no passado dia 4 de Fevereiro num encontro da IniciativaBanca e Ambiente, no qual a associao tambm um dos parceiros(www.bancaeambiente.org).

    Mais informaes:www.empresasebiodiversidade.org

    Enquadramento poltico e internacional

    A Presidncia Portuguesa da Unio Europeia lanou em 2007 aIniciativa Business and Biodiversity, cujo principal objectivo foievidenciar a relao entre a actividade das empresas e a biodi-versidade, para promover um contributo signicativo do sectorempresarial para a proteco da biodiversidade e para alcanar ameta de travar a perda de biodiversidade a nvel local, nacional,regional e global. Posteriormente a Comisso Europeia, ao criar aPlataforma Europeia Business and Biodiversity, deniu sectores em-presariais a abordar prioritariamente, onde se inclui o abastecimentoalimentar, compreendendo retalhistas e empresas de embalagem eprocessamento alimentar.

    A Conveno das Naes Unidas para a Diversidade Biolgica, nasua 10 Conferncia das Partes (COP) realizada em Nagoya, Japo,em Outubro de 2010, encorajou o envolvimento do sector empre-

    sarial na proteco da biodiversidade e reconheceu o papel dasorganizaes no governamentais na inuncia sobre prticasempresariais e enquanto facilitadoras da alterao de comporta-mentos dos consumidores. O Conselho Europeu de Ministros doAmbiente, na sua reunio de 20 de Dezembro de 2010 acolheu asdecises desta COP destacando a importncia da cooperaocom o sector empresarial, bem como a integrao da avaliaoeconmica do valor da biodiversidade e dos ecossistemas nas decisesdo sector pblico e privado.

    PaulaSilva

    Freestock

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    O plstico um dos materiais mais utilizados para a embalagemdos produtos que compramos diariamente. Os impactes associadosna sade e no ambiente so sobejamente conhecidos e surgem opesque prometem fazer a diferena, como os sacos de plstico bio-degradveis. primeira vista pode parecer aceitvel, mas ser queos plsticos biodegradveis so realmente a alternativa mais sus-tentvel?

    Paradigma do plsticoPor ser uma material leve, barato, resistente, durvel e fcil de produzir,o plstico ocupa hoje em dia um lugar de destaque na embalagemdos produtos e bens que ut ilizamos no dia-a-dia.Milhares de milhes de sacos de plstico so utilizados anualmenteem todo o mundo e, inevitavelmente, tero um determinado m.Na natureza um saco de plstico vai decompor-se em pequenospedaos txicos que, em aterro ou no oceano continuar a existirpor cerca de 3.000 anos, matando animais selvagens ou poluindoo solo e a gua.Alguns pases, como Itlia, j proibiram os sacos de plstico tradi-cionais, substituindo-os por sacos de plstico biodegradveis, depano ou de papel. Outros, como Portugal, impuseram taxas sobreos sacos de plstico que resultaram na reduo de cerca de 90%do seu consumo, como resultado da utilizao de alternativasreutilizveis que as pessoas comearam a levar para transportaras suas compras.Por motivos econmicos, ou to simplesmente pela questo conscientede pensar onde ser que o saco de plstico ir parar, a melhor opoprovavelmente passa pela utilizao de sacos reutilizveis, mas nosdias em que nos esquecemos destes em casa, darem-nos a opode um saco biodegradvel seria uma mais-valia a considerar?

    Plsticos biodegradveis

    A tecnologia para criar plsticos biodegradveis realizada desdeh dcadas, embora no seja uma prtica massicada como a daproduo de plsticos ditos tradicionais. No geral o plstico bio-degradvel caracteriza-se por ser degradado por microrganismos(bactrias ou fungos) em gua, biomassa e dixido de carbono, eno por ser produzido exclusivamente de material biolgico. De facto,embora alguns tipos de plstico biodegradveis utilizem matrias-primas como o milho, a batata, o cnhamo ou at mesmo as penasde galinha, outros h que so produzidos a partir do petrleo comoos convencionais.Ento o que traz de novo um plstico biodegradvel? Basicamentea caracterstica adicional de ser biodegradvel, ou seja, a capacidadede se degradar de forma mais rpida depois de cumpridas as suasfunes de embalagem e proteco, se bem que esta capacidadedependa das condies ambientais e, consequentemente, do tipode tratamento nal que dado ao resduo de plstico.Conhea algumas caractersticas e/ou limitaes destes novosplsticos:De milhoOs plsticos feitos de milho so produzidos desde 1989, mas s

    recentemente se tm mostrado competitivos, aps o incio daproduo de resina de cido polilctico (PLA). Este PLA possui pro-priedades biodegradveis e pode ser obtido no s do milho, mastambm do sorgo ou da cana-de-acar, com poupanas de 25 a55% de energia. Embora biodegradveis, os plsticos provenientesdo milho s se degradam de forma expedita (47 a 90 dias) nasinstalaes de compostagem onde a temperatura e as condiesso controladas. Nos compostores domsticos, por exemplo,a degradao destes plsticos ir demorar ou mesmo no ocorrer natotalidade. Outros problemas ocorrem durante a reciclagem quandoos consumidores misturam o PLA com outros plsticos como o PET(das garrafas de refrigerante) dando origem a um material que nopode voltar a ser aproveitado e com a matria-prima em si quepode levar ao cultivo de monoculturas em regime intensivo e utiliza-o de pesticidas.

    DR

    MICROSCPIO

    SACOS DE PLSTICO

    BIODEGRVEIS:MITO OUREALIDADE

    Planeta Azul

    PENSAR

    De batataA empresa portuguesa Cabopol, desenvolveu um composto termo-plstico base de amido (de milho ou de batata), livre de organis-mos geneticamente modicados e cem por cento biodegradvelem compostagem, denominado Biomind. De acordo com um comu-nicado da empresa este plstico totalmente biodegradado emcompostagem orgnica e pode ser produzido nas mquinas con-vencionais com menores necessidades de energia. Desde sacos, agarrafas, passando pelas embalagens de alimentos, fraldas, compo-nentes automveis e lme agrcola para cobertura de culturas, esteproduto recebeu o Prmio Nacional de Inovao Ambiental 2010 e

    representou o nosso pas no EEP Award (European EnvironmentalPress Awards).A garantia de biodegradabilidade tambm refere as situaes decompostagem controlada, sendo portanto necessrio que os con-sumidores e entidades gestoras de resduos optassem por este tipode destino nal.No caso do lme agrcola este pode ser uma alternativa ecaz nosentido em que, ndo o perodo de tempo til, facilmente degradadono solo e transformado em hmus.De cnhamoO conhecimento que o cnhamo pode ser usado no fabrico deplstico, vem desde que Henry Ford demonstrou em 1941 a durabil-idade deste tipo de plstico no seu Hemp Car (Carro do Cnhamo).Quase setenta anos depois uma empresa britnica, denominadaHemp Plastics, redescobriu e aplicou o cnhamo como matria-primanica de plstico biodegradvel para a produo de caixas de cde dvd, utenslios de cozinha e instrumentos musicais. Empresas dosector automvel tambm substituram bra de vidro por plsticobiodegradvel proveniente do cnhamo. Caractersticas comoa sua alta produtividade e rentabilidade fazem do cnhamo umamatria-prima ideal para o promissor negcio dos plsticos bio-degradveis, se bem que mais uma vez necessria a conscinciado destino nal para garantir a biodegradabilidade dos produtos.De penasA produo de plsticos a partir de penas relativamente recentee a patente de um mtodo de converso de penas de galinha emplstico foi atribuda a dois investigadores do Servio de PesquisaAgrcola americano (ARS - Agriculture Research Service).Este mtodo possui vrias vantagens que vo da reduo daproduo de resduos agrcolas das exploraes avcolas dos EUA(estimada em 4 bilhes de toneladas de penas de frango por ano), criao de um plstico muito resistente e adaptvel que apenasnecessita de metade da energia necessria para produzir um plsticotradicional. a queratina, a principal componente das penas e donovo plstico que lhe oferece a caracterstica de biodegradabili-dade e que permite aos cientistas determinar o tempo de degradaodo plstico, que vo desde vrios meses para vasos de ores avrios anos para peas automveis, por exemplo.

    Infelizmente, o produto ainda est em desenvolvimento, prevendo-seo lanamento no mercado de vasos de ores feitos com esse materialdurante 2011.

    Consideraes naisApesar das caractersticas anunciadas dos plsticos biodegradveis,no usual encontr-los no mercado, ou seja, cada vez que vai scompras a regra vai ser que lhe ofeream um saco de plsticoconvencional para transportar os produtos que acabou de adquirir.Outro aspecto prende-se com o prprio conceito de biodegradvelque pode levar a um maior consumo dos produtos plsticos pelosimples facto de serem biodegradveis e que por isso demoramapenas uns dias a decomporem-se, facto que no verdade (porexemplo o papel demora 3 a 6 meses a degradar-se).Tambm o destino nal e tratamento continuam a ser um problemade gesto de resduos que convm ter em conta pois, como referido,o plstico biodegradvel requer condies especcas para poderdegradar-se correctamente.Assim, a medida mais correcta ser a preveno da produo deresduos de plstico renunciando aos sacos neste material (con-

    vencionais ou biodegradveis), optando por levar de casa sacos depano, trleis ou cestas reutilizveis para transportar as compras.O plstico biodegradvel no uma soluo milagrosa, apenasuma alternativa m de linha a ser usado em conjunto com melhoreshbitos de preveno, reutilizao e reciclagem.

    Planetazulhttp://www.planetazul.pt

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    A palavra PERMACULTURAno consta ainda do dicionrio portugusmas j usada por milhes de pessoas e corresponde contracodas palavras permanente e agricultura. O termo, que alguns dizemrepresentar a arte e a cincia do bom senso, expandiu-se para passara ser tambm a juno de permanente e cultura uma vez que,segundo Bill Mollison, as culturas no conseguem sobreviver muitotempo sem uma base de agricultura sustentvel e tica no uso do solo.

    Histria da PermaculturaEm 1911 surge num livro de Franklin Hiram King o termo AgriculturaPermanente como uma agricultura capaz de ser mantida para sempre.Em 1929, Joseph Russell Smith, identicou no livro Culturas Arborco-las: Uma Agricultura Permanente, um padro consistente na maioriadas prticas agrcolas: a oresta passa a pastagem que se tornanum campo lavrado que acaba num deserto. Nos anos 70, DavidHolmgren e Bill Mollison, respectivamente aluno e professor, trabalhamno desenvolvimento de sistemas agrcolas estveis na Austrlia eeditam o livro Permacultura Um onde forjam pela primeira vezo termo. Antes do termo ser inventado, alguns agricultores comoSepp Holzer e Masanobu Fukuoka j usavam os princpios da Per-macultura. Mollison desenvolveu a Permacultura planeando centenasde sistemas e ensinando em mais de 80 pases, e nos anos 80 aPermacultura evoluiu de planear sistemas agrcolas para planearhabitats humanos completos. Muitos alunos de Mollison puseramem prtica os ensinamentos e desenvolveram ainda mais o conceitoe as tecnologias associadas. Em 1991 Mollison, visita alguns dessesalunos numa srie de 4 programas intitulados O Jardineiro Globaldo canal ABC, que levou a Permacultura a um pblico muito maisalargado.

    Trabalhar com e no contra a NaturezaA Permacultura trata de planear habitats humanos sustentveis, uma losoa e uma abordagem ao uso do solo que interliga clima,plantas, animais, ciclos de nutrientes, solo, gesto da gua e necessi-dades humanas na construo de comunidades produtivas e ecientesintegradas de forma harmoniosa com o planeta Terra. baseadaem princpios ecolgicos e recorre frequentemente a padres queocorrem na natureza para maximizar o resultado e minimizar o usode energia ou trabalho. Elementos de um sistema so vistos emrelao a outros elementos, as sadas de um elemento tornam-seentradas de um outro, e assim, o trabalho minimizado, os resduosso na verdade recursos, a produtividade aumenta e a Natureza restaurada em vez de degradada. Na Permacultura o investimento feito na observao cuidada e demorada em detrimento de notrabalho descuidado e demorado. Os princpios da Permaculturapodem ser aplicados a qualquer ambiente, a qualquer escala desdecidades densas, a quintas e at a regies inteiras.

    TEMAEM DESTAQUE

    PERMACULTURA,

    A REVOLUO DISFAR-ADA DE JARDINAGEM

    Ricardo Marques

    BillMollison

    AGIR

    Tagari

    Cuidar do planetaAlgo distintivo na Permacultura a sua forte componente tica,tendo por base 3 princpios ticos:Cuidar do planeta: Reabilitar e no ameaar o funcionamento dosecossistemas e do sistema global terrestre. Implica pensar nas conse-quncias de longo prazo das nossas aces.Cuidar das pessoas: Embora sejam uma poro pequena do planeta, as

    pessoas tm nele um grande impacto. Se conseguirmos providenciaras necessidades bsicas de um indivduo ou populao, eliminamos anecessidade de embarcar em prticas de confronto com a Natureza.Partilhar justamente: Contribuir com algum excedente de tempo,dinheiro e energia para cuidar das pessoas e do planeta. Envolveuma expanso e consumo responsveis e dar prioridade ao uxode recursos em vez da sua acumulao.

    Um exemplo de Permacultura: o tractor de galinhasO tractor de galinhas consiste num galinheiro amovvel e semfundo. Ou seja, conseguimos conter e movimentar facilmente asgalinhas para onde queremos. Assim, pousamos o tractor durantealgum tempo, as galinhas preparam o solo, retiramos o tractor e olocal est pronto para plantar ou semear. Porqu usar um tractorde galinhas? Vejamos a diferena entre um tractor e uma galinha:Tractor: Fazer e manter um tractor custa muito dinheiro e recur-sos e causa poluio. Este depende de combustveis fsseis quepodem em breve acabar ou aumentar muito de preo. pesadoe compacta o solo. O tractor vai matando o solo, no s porque alavra intensiva revolve-o matando minhocas e outros organismos

    teis e quebrando a rede de fungos, mas tambm porque expedemasiado o solo eroso do vento, chuva e ao sol.Galinha: um recurso biolgico, renovvel e barato. Ela uma tra-balhadora exmia e muito til. Esgravata incansavelmente o solo,comendo plantas que no queremos ou restos de plantas que colhemos.Come tambm a larva da mosca da fruta, quebrando assim o ciclodesta praga. Transforma o que come em fertilizante que vai liber-tando pelo solo e em valiosas protenas na forma de carne e ovos.

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    MiguelPereira

    PauloDaniel

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    RicardoMarques

    Preferir sempre os recursos biolgicos um dos princpios funda-mentais da Permacultura, o que no quer dizer que o uso de mquinasesteja completamente proibido, a regra mnima alterao para omximo efeito. Outros princpios incluem:- Cada elemento deve desempenhar vrias funes (por exemplo,uma prgola pode segurar videiras, fazer sombra no Vero e bloquearalguma vista indesejvel);- Cada funo essencial deve ser fornecida por vrios elementos(por exemplo, ter o vento, o sol e a biomassa para o fornecimentode energia);- Maximizar as sinergias que se conseguem estabelecer entre osvrios elementos;- Maximizar a energia que entra no nosso sistema (sol, vento, por

    exemplo) e minimizar a que sai (como a energia que se gasta parair buscar os ovos);- Preferir sistemas pequenos e intensivos como forma de maximizara ecincia energtica e o uso do solo;- Aumentar a estabilidade e resilincia do sistema aumentando asua diversidade (uma policultura muito menos vulnervel s pestes);- Ver os problemas como solues ou oportunidades;- Trabalhar com a Natureza e no contra ela.

    ProdutividadeA produtividade dos sistemas de produo de alimento umaquesto que tem a ver com a rentabilidade do investimento e coma capacidade de estes produzirem alimento suciente para a procura.

    Uma cultura tradicional, por exemplo um campo de trigo, podeocupar o terreno todo mas s tem um andar, ou seja, s tem uma

    camada produtiva. Num bosque alimentar, designao de um sistemade Permacultura que imita a complexidade de um bosque natural,conseguimos encontrar 7 ou mais camadas, como se pode ver nagura. Esse bosque cria uma abundncia difcil de superar poisele privilegia a diversidade vertical e horizontal. As vrias plantascriam sinergias e geram um sistema permanente, que se rega a simesmo, que se fertiliza a si mesmo, que se defende a si mesmo,que aumenta continuamente a fertilidade do solo, que no poluie que pelo contrrio despolui o ambiente. Numa cultura susten-tvel as necessidades energticas do sistema so fornecidas peloprprio sistema. A agricultura moderna est totalmente dependentede energias externas. Essa agricultura moderna aparentementebarata e produtiva mas na verdade no paga os verdadeiros cus-tos: destri a fertilidade do solo, usa combustveis fsseis, provocaa eroso do solo e polui de forma continuada o solo e gua.

    Permacultura em PortugalA Permacultura em Portugal parece ter crescido muito nos ltimosanos com o aumento dos cursos e com cada vez mais pessoas en-volvidas. 2011 parece ser um ano promissor para a Permacultura em

    Portugal. Vai haver um nmero recorde de cursos e ocinas de Per-macultura, est a ser criado um Instituto de Investigao de Perma-cultura no Algarve, em sintonia com o original Australiano, esto-sea dar os primeiros passos para a criao da associao Permacul-tura Portugal, est a ser preparado o sistema de diploma portu-gus, est a ser criada uma Ecoaldeia em Permacultura e as quintase iniciativas de Permacultura no param de crescer. H 2 anos foicriada em Portugal a rede social http://permaculturaportugal.ning.com que j tem mais de 1800 membros e no pra de crescer.

    Permacultura e a QuercusA Quercus tem investido na promoo da Permacultura, uma vezque as ambies de ambos esto em sintonia, e tm sido j organiza-das vrias iniciativas, especialmente no Porto e Lisboa:Ocina de espiral de ervas: Aula de Permacultura e construo deuma espiral de ervas aromticas (uma estrutura de tijolo em espiralascendente que cria vrios micro-climas para plantas com neces-sidades diferentes). A espiral de ervas cou em permanncia no

    jardim pblico da Quinta da Gruta, na Maia.

    Ocina de tractor de galinhas: Aula de Permacultura e construode um tractor de galinhas.Palestras com Sepp Holzer: Sesses com o permacultor austracoresponsvel por um dos mais aclamados exemplos prticos de Per-macultura. Holzer presta especial dedicao gua e tem trabal-hado na inverso de situaes de deserticao em vrios pases,entre os quais Portugal. Cerca de 400 pessoas assistiram s 3 sessesorganizadas pela Quercus em conjunto com a ecoaldeia de Tamera.

    De teoria a movimento globalPartindo de uma teoria de planeamento agro-ecolgico, a Perma-cultura tem ganho muitos seguidores a nvel mundial, ao arranjare implementar respostas prticas para os principais desaos dahumanidade. Muitas dessas respostas contrariam as orientaespolticas e acadmicas, o que confere Permacultura um carcterirreverente e revolucionrio. Bill Mollison diz: Eu no vejo outrasoluo (poltica, econmica) para os problemas da humanidadea no ser a formao de pequenas comunidades responsveis eenvolvidas na Permacultura e em tecnologias apropriadas. Os diasdo poder centralizado esto contadosCom cada vez mais literatura, mais cursos em todo o mundo e maispessoas a praticar, a Permacultura evoluiu desde as suas origensaustralianas e acadmicas para um verdadeiro e impactante movimen-to global.

    BibliograaBill Mollison - Introduction to Permaculture. ED. Tagari, Victoria, 1994 (2 ed.)Wikipdia. Permaculture, 10/02/2011,http://en.wikipedia.org/wiki/Permaculture

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    Oceana prope cem reas protegidas marinhas para o MarMediterrneo

    O Mar Mediterrneo precisa de ter cem reas marinhas protegidas,entende a organizao internacional Oceana que revelou os locaisespeccos que prope para preservar valores como as pradariasde algas, montes submarinos e vulces de lama. Helena Geraldes/Ecosfera

    RECORTES

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    INTERNACIONAL

    Frana e Qunia vo pedir uma organizao mundial do Ambiente

    A Frana e o Qunia vo propor a criao de uma organizaomundial do Ambiente, alargando os poderes do actual Programadas Naes Unidas para o Ambiente (Pnua), anunciaram os doispases.AFP

    90 por cento dos recifes de corais em risco de desaparecer

    Dentro de 40 anos, os recifes de coral podero desaparecer dofundo dos oceanos, demasiado quentes e cidos para a sobre-vivncia da oresta tropical do mar, alertou um novo relatrio doWorld Resources Institute. Pblico

    Agricultores da UE abandonam milho geneticamente modicado

    A organizao ambientalista Greenpeace indicou que os mais recentesdados sobre milho geneticamente modicado na Europa revelamque os agricultores esto a abandonar este cult ivo, em declnio emvrios pases, incluindo Portugal. Dirio Digital

    NACIONALGoverno aprova proposta de nova Lei de Bases do Ambiente

    O Conselho de Ministros aprovou a proposta da nova Lei de Basesdo Ambiente, que estabelece a poltica do ambiente a ter em contaem todas as polticas pblicas.

    Aores: Viveiros tm 500 mil plantas endmicas

    Os viveiros orestais dos Aores produziram nos ltimos trs anoscerca de 500 mil plantas endmicas de espcies como azevinho,louro, urze e uva da serra, que esto a ajudar a preservar a biodi-versidade da oresta do arquiplago. Lusa

    Comer sardinhas em vez de bacalhau pode minimizar desgastenos oceanos

    A ideia no uma soluo mas pode ajudar, escolher sardinhase outros peixes pequenos para a refeio, em vez do atum ou dobacalhau, uma forma de evitar o desgaste total dos ecossistemasdos oceanos.AFP

    Lisboa alarga recolha porta a porta para tirar ecopontos da ruaat 2013

    Retirar at 2013 todos os ecopontos, excepo dos vidres, davia pblica. este o objectivo da Cmara Municipal de Lisboa, que,para isso, alargar progressivamente a toda a cidade a recolhaselectiva de resduos porta a porta (embalagens e papel/carto).A iniciativa, que permitir aumentar as receitas da autarquia, noacontecer noutros municpios contactados pelo DN, que manteroos dois sistemas em simultneo. INS BANHA/DN

    Aores so as segundas melhores ilhas do mundo, diz NationalGeographic

    A revista National Geographic Traveler elegeu o arquiplago dosAores, em Portugal, como as segundas melhores ilhas do mundo,atrs das ilhas Faro, na Dinamarca.

    Portugal pouparia 300 milhes na Sade reduzindo poluio

    Portugal pouparia 300 milhes de euros por ano em sade caso aumen-tasse a meta de reduo de emisses de gases com efeitos de estufa

    para 30%, em vez dos actuais 20, revela um estudo hoje divulgado.Se incluirmos os benefcios para a sade de uma melhor qualidadedo ar nos custos para atingir as metas europeias at 2020, um objec-tivo de reduo de 30% torna-se ainda mais atraente em termos debenefcios para a Europa. Para Portugal a poupana nos custos desade atingiria os 300 milhes de euros por ano, refere a associaoambientalista Quercus em comunicado, em que cita o estudo da RedeEuropeia de Aco Climtica. Lusa

    QUERCUS

    Quercus alerta que continuam a ser cometidos erros na Madeira

    Um ano depois da tragdia que atingiu a Madeira, mantm-se a polmi-ca em torno da reconstruo da ilha, com a Quercus a alertar paraerros na reconstruo da zona. Ouvir entrevista: http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=1788605&tag=Ambiente

    Quercus espera de lei para solos contaminados

    A lei para solos contaminados tarda em chegar, lembrou a Quercus nodia em que comearam a ser retiradas as 52 mil toneladas de lamas dezinco da Quimiparque, no Barreiro.Esta uma legislao prometida h muito tempo, disse Rui Berkemeier,do Centro de Informao de Resduos da Quercus - Associao Nacionalde Conservao da Natureza. Este documento legislativo seria muitoimportante para a responsabilizao dos poluidores e para haver verbaspara o tratamento das descontaminaes, poupando dinheiro ao Estado,acrescentou. Helena Geraldes /Pblico

    Ministrio desmente acusaes da Quercus sobre descargas ilegais

    Quercus critica Ministrio do Ambiente por ser incapaz de resolverproblema de descargas nas Serras de Aire e Candeeiros. Tutela des-mente categoricamente acusaes. Helena Amaro/Dirio Leiria

    Quercus alerta para preservao de zonas hmidas

    A poluio nos centros urbanos um factor de degradaoA Quercus alertou no passado ms de Fevereiro para as ameaas quese vericam nas zonas hmidas de Portugal, sujeitas a uma forte degrada-o devido a situaes de elevada poluio nos aglomerados urbanose exige o investimento na recuperao desses aglomerados. TVI24

    Peixes em vias de extino reproduzidos em viveirosQuercus pretende continuar com a multiplicao de espcies maisvulnerveis

    Cinco espcies de peixes em vias de extino esto-se a reproduzir nosviveiros de Campelo, em Figueir dos Vinhos, para serem lanados aosrios e ribeiras nacionais de que as espcies so originrias.Alexandrina Pipa, tcnica da associao ambientalista Quercus, disse Lusa que algumas das espcies autctones que esto em fase dereproduo existem apenas em dois ou trs rios no nosso pas e queem todo o mundo no se encontram em mais local nenhum. Lusa

    Japo suspende caa baleia na Antrctida

    A frota japonesa nas guas da Antrctida suspendeu a caa baleia,depois das investidas da organizao de defesa do Ambiente Sea

    Shepherd e pondera a possibilidade de regressar a casa muito maiscedo do que o previsto. Ecosfera

    Duas novas espcies de plantas descobertas em Espanha

    J poucos acreditavam que ainda era possvel descobrir novasplantas na Pennsula Ibrica. Mas investigadores espanhis anunciamter encontrado duas novas espcies de dentes-de-leo nos Pirenuse na cadeia montanhosa da Cantbria. Helena Geraldes

    Menos 8458 carros por dia nas pontes

    As pontes sobre o Tejo perderam, em Janeiro, mais de oito mil vecu-los por dia. Trata-se de uma quebra superior a quatro por cento emrelao a Dezembro de 2010. S a ponte Vasco da Gama registadiariamente menos 5153 veculos, de acordo com os dados do Insti-tuto de Infra-Estruturas Rodovirias (INIR). Raquel Oliveira

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    BIOGEO

    GRAFIA

    NCLEODE BRAGANcleo Regional de Braga da Quercus

    Curso de Agricultura BiolgicaO curso de Agricultura Biolgica decorreu na Quinta Pedaggica de Real, em Braga, em seis sessesde 3 horas cada, de 18 de Setembro a 11 de Dezembro. Contou com a participao de 25 formandos efoi orientada pela Eng. ngela Pereira. Incluiu uma visita Casa Agrcola Valbom, em Mirandela, ondeos formandos tiveram a oportunidade de participar na apanha da azeitona, assistir ao seu esmagamento,sentir o aroma e provar o azeite biolgico a produzido. O Curso contou ainda com a colaborao da

    Eng. Natlia Costa no mdulo da Compostagem.Durante a parte prtica do curso, os formandos prepararam uma pequena poro de terreno incorporandonele algumas plantas. Nesse terreno, dividido em pequenas parcelas, procederam sementeira de umagramnea de folha na e uma leguminosa, visando obter um prado prprio para instalar no meio defruteiras ou mesmo combater de forma gradual a juna, semearam ainda nabos, nabias e espinafrese plantaram couve-penca.Em momentos posteriores acompanharam o desenvolvimento das culturas e terminaram com a construode um alforbe onde realizaram a sementeira de cebola.Durante o Curso foi feito um apelo ao uso de variedades tradicionais em agricultura biolgica, j queesto melhor adaptadas ao local de cultivo e tm menos problemas tossanitrios, e nesse sentidofoi feita a divulgao da Associao Colher Para Semear - Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais.Foi tambm divulgada alguma bibliograa sobre agricultura biolgica, destacando-se o novo manualAs Bases da Agricultura Biolgica - Tomo I - Produo vegetal, o primeiro nmero da coleco O Cam-po no Seu Bolso- um guia intitulado, Amigos Desconhecidos do Agricultor - Insectos, caros e Aranhasde Laura Torres e o livro das Publicaes Europa Amrica Proteco Contra Pragas sem Luta Qumicade Carlos Frescata.Enquanto decorreu a formao, foram vrios os momentos de convvio e de partilha de experinciasentre os formandos salientando-se tambm nesta rea a importncia do aprender fazendo.No nal foram sugeridos pelos formandos, nas chas de avaliao do curso, novos temas a abordar,como por exemplo a propagao vegetativa de plantas, as plantas aromticas, o fabrico caseiro depo, a silvicultura e as tcnicas de rega. Relativamente aos trs primeiros temas A Quercus-Braga tem

    j previstos aces de formao para o prximo semestre.Antnia Ribeiro

    BrunoAlmeida

    AGIRNCLEO

    DA GUARDANcleo Regional da Guarda da Quercus

    Novas actividades na Guarda

    No ano que se assinala o Ano Internacional das Florestas o NcleoRegional da Guarda da Quercus A.N.C.N. assume-lhe particularimportncia. Nesse sentido ser levado a Assembleia de Ncleo, noprximo dia 19 de Fevereiro, a nova direco do Ncleo bem como

    o seu Plano de Actividades para o binio 2011-2013.

    Apresenta-se um Plano de Actividades diversicado por todo odistrito da Guarda. De destacar a realizao de uma aco intituladade Um passeio pela oresta no concelho de que com a colabora -o de entidades locais pretende partir descoberta da oresta decada concelho do distrito da Guarda.

    semelhana de 2010 reunimos com o Banco de Voluntariado daGuarda na esperana de conseguir novo grupo de voluntrios dispostosa colaborar com o Ncleo. Houve j uma primeira reunio contudosem os resultados esperados estando prevista uma segunda paranais de Fevereiro.

    Dos vrios projectos que o Ncleo tem pensado para esses voluntriosdestacam-se os seguintes: Secretariado Divulgao do Projecto Green Cork Divulgao de Dicas de Ambiente numa rdio local Colaborao na aco Um passeio pela oresta no concelho de

    Para cada projecto haver um dirigente, da nova direco do Ncleo,a acompanhar o seu trabalho bem como de outros colaboradoresque se mostrem interessados.

    Para o mandato que se advinha imprescindvel recuperar a debilitadasituao econmico-nanceira do Ncleo.

    Como habitualmente deixamos uma porta aberta a todos os sciose cidados de nos fazerem chegar as suas solicitaes e questessobre o Mundo do Ambiente.

    Para terminar dizer que de momento o horrio de atendimento queanteriormente funcionava s Quartas-feiras e Sbados se encontrasuspenso devido colaborao com os voluntrios de 2010 ter ter-minado. Prevemos que com a colaborao dos novos voluntriospossamos, muito brevemente, lanar novo horrio de atendimento.De qualquer modo aqui cam os nossos contactos.

    Contactos do NcleoNcleo Regional da GuardaQuercus Associao Nacional de Conservao da NaturezaApartado 156Municpio Guarda6301-954 Guarda

    Tlm. 931 104 568 (rede da Vodafone)Fax. 271 388 232E-mail [email protected]

    Ocina de reutilizao de resduos

    No dia 18 de Dezembro, a partir das 15 horas estando 14 pessoaspresentes, decorreu na Videoteca do Parque de S. Joo da Ponte,em Braga, e ao abrigo do Protocolo assinado com a Cmara Municipalde Braga, uma ocina de reutilizao de sacos de caf. Foramento demonstrados pelo formador, o Sr. Jos Lus Vieira Barros,os vrios passos que necessrio executar para de sacos plsticos,

    de quilograma, de caf, se elaborar uma cesta para fruta. Apesar decomplexos e demoradas as etapas, os formandos de um modo geralgostaram da iniciativa e saram decididos a elaborar uma cesta, nosseres de Inverno!Ana Cristina Costa

    Transplante de Carvalhos no Bom Jesus do MonteNa tarde de sbado, dia 12 de Fevereiro, decorreu no Bom Jesus do Monte, em Braga, um transplantede carvalhos, com cerca de 100 voluntrios. Mais uma vez a maioria desses voluntrios eram da AssociaoGuias de Portugal (participaram 51 entre crianas e adultas), sendo os restantes participantes pessoasannimas que se juntaram iniciativa.Este transplante surgiu na sequncia do Projecto de Sensibilizao para o Controlo de Mimosas, queteve incio na Primavera de 2010 e que, depois do controlo de mimosas propriamente dito (arranque,descasque ou abate e pincelagem com herbicida sistmico, em funo da dimenso do espcimen)

    j teve uma ocina de criao de oresta autctone, em Novembro passado. Desta feita foi a EscolaSecundria Alberto Sampaio (ESAS), de Braga, que contactou a Quercus - Braga, informando teremdisponveis centenas de carvalhos que, encontrando-se sombra das rvores me e em grande densi-dade, no conseguiam medrar. Foi ento tomada a iniciativa de transplantar parte dessas rvores parao terreno da Confraria do Bom Jesus do Monte, em Braga.A verdade que os carvalhos eram to pequenos (cerca de um palmo), que a Confraria optou por

    transplant-los para vasos e l os deixar a crescer, indo buscar outros (cerca de uma trintena) j comcerca de 2 metros a locais em que se encontravam muito densos, e t ransplant-los para locais onde setm vindo a controlar as plantas invasoras.Os restantes carvalhos da ESAS sero meia centena disponibilizados para a Junta de Freguesia deMerelim S. Paio, Braga, que tendo tomado conhecimento desta iniciativa pretende fazer o mesmo, isto, coloc-los em vasos e depois, por volta do Dia da, Floresta Autctone, coloc-los em local denitivo,e os restantes ainda est em discusso se sero disponibilizados para o Mercado de Braga Romana,a decorrer em ns de Maio, como forma de celebrar o Ano Internacional da Floresta.Ana Cristina Costa

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    AGIRNCLEO

    DE CASTELO BRANCONcleo Regional de Castelo Branco da Quercus

    Semana da Floresta 2011

    O ncleo de Castelo Branco da Quercus em parceria com a EscolaSuperior Agrria de Castelo Branco ir organizar mais uma edioda Semana da Floresta que decorrer entre os dias 21 e 25 de Maro.

    Esta aco decorrer no Parque Botnico da Escola SuperiorAgrria, espao emblemtico com cerca de 22 hectares que resultouda recuperao de uma zona altamente degradada, onde foramplantadas cerca de 6000 rvores e arbustos, englobando perto de90 espcies diferentes. Sendo hoje um agradvel espao de lazeraberto ao pblico.

    Objectivos desta semana temtica- Sensibilizar os alunos para a importncia da oresta;- Promover atitudes e modicar comportamentos no uso dos recur-sos naturais, nomeadamente da oresta;- Fortalecer a relao entre os alunos e o meio natural;- Salientar a importncia da gesto da oresta para salvaguardar abiodiversidade;

    - Criar uma conscincia ecolgica, aumentando o interesse dosparticipantes pela natureza.

    Como podem participar as escolas do ensino pr-primrio ao 2ciclo concelho de Castelo Branco:- A participao implica uma inscrio prvia por parte das turmase o pagamento de 1 por aluno e a elaborao de um trabalho porturma subordinado ao tema Morcegos- conhecer para proteger,uma vez que em 2011 alm de se comemorar o Ano Internacionaldas Florestas, comemora-se tambm o Ano Internacional dosMorcegos.- O preo da inscrio simblico, e reverter para a conservaoe manuteno do Parque Botnico e do Centro de Recuperao deAnimais Selvagens de Castelo Branco (CERAS).

    Actividades disponveis para 2011- Ano Internacional das FlorestasPara celebrar o Ano Internacional das Florestas desenvolveremosuma srie de actividades dirigidas no s comunidade escolar,mas tambm ao pblico em geral.Durante esta semana estaro patentes, no edifcio da Escola Superior

    Agrria, 3 exposies permanentes, ser transmitido o documen-trio elaborado pela BBC denominado Forest in a bottle, (parcialmentelmado na Beira Baixa) e decorrero algumas palestras. Havertambm espao para as usuais actividades dirigidas aos mais novosque este ano sero subordinadas aos seguintes temas: Charcos erios com vida, Geo-oresta e Morcegos na oresta.

    Mais informaes/inscries:tlf- 272324272/tlm:966484942/email: [email protected]

    Madalena Martins

    O Inverno no Monte BarataDurante os meses de Inverno prosseguiram as aces desenvolvidasno a mbito do projecto conservao da biodiversidade para o TejoInternacional, com o apoio da BRISA S.A. Estas aces incidem emvrias reas de actuao como a gesto de habitats, aces deconservao de espcies ameaadas, educao ambiental entre outras.No que diz respeito a educao ambiental e apoio a visitaoprosseguiram varias aces de manuteno e melhoria das instalaes,neste mbito melhorou-se o isolamento dos balnerios e restantesinstalaes de acolhimento. Por outro lado tambm se instalouobservatrio de aves e foram colocados painis informativos em

    portugus e ingls nos percursos pedestres de forma a melhorar ainterpretao e conhecimento dos valores naturais existentes porparte dos visitantes.Prosseguiram tambm as actividades de inventariao e conservaoda biodiversidade. A estas aces juntaram-se as actividadesprprias desta altura do ano tais como a apanha da azeitona e aidenticao e colheita de cogumelos.

    Conservao do abutre pretoDurante estes meses tivemos a oportunidade de colocar 6 plata-formas para nidicao de abutre-preto no Parque Natural do TejoInternacional, onde esta espcie voltou a criar recentemente, apsquarenta anos sem nidicar no nosso pas. Com esta aco pretendeu-se recuperar alguns ninhos cados devido a fraca sustentao pro-porcionada pelas rvores, e aumentar a disponibilidade de nidicaocom novos ninhos. As intervenes nesta nova colnia, actualmentecom 2 a 3 casais, podem permitir o regresso estvel da espciecomo nidicante em Portugal. A mdio prazo contamos instalarplataformas ninho no Monte Barata, dado que a colnia se encontraa escassos kilometros de distncia. Com um provvel aumento da

    colnia poder ocorrer a nidicao desta espcie noutros locaisdo Parque Natural e em particular no Monte Barata. Procedeu-setambm manuteno do alimentador de necrfagas instaladodentro do Monte Barata em parceria com zonas de caa limtrofesao Monte Barata.

    Censos e Monitorizao de espciesNo que se refere inventariao de espcies, concluiu-se o censodas distintas classes de lagartixas presentes no monte, com o qualpodemos ter uma estimativa das densidades das populaes parapoder conhecer a sua evoluo nos prximos anos. Entre estas de-stacam-se a Lagartixa de dedos denteados e a Lagartixa do matoibrica, ambas com um estatuto de conservao de Quase Ameaado(NT) segundo o livro vermelhos dos vertebrados de Portugal.Para as aves, demos inicio ao censo de aves invernantes e ao censode rapinas nocturnas, que iro ter continuidade durante o Inverno ePrimavera. Ainda no ms de Dezembro tambm se realizaram vriassadas micolgicas, conjuntamente com um especialista durante asquais se identicaram mais de vinte espcies de cogumelos queali ocorrem com abundncia, idencando-se algumas de grande

    interesse comestvel, como Boletus aestival.No que concerne aosmamferos estas a a proceder sua identicao mediante o m-todo de fotoarmadilhagem. Para os prximos meses daremos incioaos censos de anbios.

    Foi realizada a apanha de azeitona no ms de Dezembro. Com os900 kg. de azeitona colhida vamos elaborar azeite virgem extracom certicao de agricultura biolgica.

    Antnio Sillero

    1 2

    3 4

    1 Lagartixa-de-Dedos-Denteados

    de Alba Remolar

    2 Cogumelo. Boletus aestivalis - de

    Beatriz Azorin

    3 Observatrio de aves de Antonio

    Sillero

    4 Construo de plataformas ninho

    de Irene Barajas

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    O trabalho do CERAS em 2010

    O CERAS (Centro de Estudos e Recuperao de Animais Selvagensde Castelo Branco) est em funcionamento desde 1999 na EscolaSuperior Agrria de Castelo Branco (ESA). Actualmente geridopela Quercus de Castelo Branco e conta com o apoio da ESA, departiculares e de diversos mecenas, nomeadamente o Continente ea Valor Car. O CERAS funciona essencialmente graas ao trabalhode voluntrios.O principal objectivo deste projecto recuperar animais selvagensdebilitados, devolvendo-os posteriormente ao meio natural. Para-lelamente desenvolvem-se outras actividades, maioritariamenterelacionadas com a conservao da Natureza e que no interferemcom o processo de recuperao dos animais, como aces de forma-o e de educao ambiental e estudos nas reas de biologia eveterinria.Em 2010 o CERAS recebeu 176 animais, o resultado da recuperaofoi de 57% de animais libertados, 39% de animais mortos e 4% deanimais irrecuperveis.

    Sandra Vieira

    As espcies que mais entraram no Ceras em 2010 foram, as rapinasdiurnas (accipitriformes) com 22%, as rapinas nocturnas (estrigiformes)com 30% de entradas, as cegonhas (ciconiformes) com 18%,os passerifomes com 11% e os falces (falconiformes) com 6%.

    1 Resultado da recuperao 2010

    2 Ordem dos animais que deram

    entrada no CERASAs principais causas de entrada em 2010 foram a queda de ninho,traumatismo e debilidade. H tambm uma parte signicativa deanimais dos quais desconhecemos qual a sua causa de entrada.

    Ao longo de 2010 foram desenvolvidas 15 aces de educao esensibilizao ambiental envolvendo cerca de 120 participantes e 1workshop, sobre captura, manipulao e conteno de fauna selva-gem, dirigido aos elementos do Servio de Proteco da Natureza eAmbiente. O CERAS colaborou ainda com diversos estudos e pro-

    jectos de investigao, sobretudo relacionados com a conservaoda Natureza, nomeadamente: Projecto Conservao da CegonhaPreta no Vale do rio Tejo, Estudo hematolgico e parasitolgicoem aves necrfagas, Coleco de Referncia de Ossos do Laboratriode Arqueo-zoologia do Instituto Portugus de Arqueologia, Pro-grama Antdoto Portugal, Projecto Linhas elctricas e Aves , entreoutros. Tambm colaborou com o curso de Enfermagem Veterinriada Escola Superior Agrria de Castelo Branco dinamizando uma sriede palestras e actividades prticas que contriburam para comple-mentar a formao destes alunos na rea da fauna selvagem.

    3 Causa de entrada no CERAS

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    AGIR Alternativas propostas afectam vastas reas da Mata de Sesimbra

    e o Parque Natural da Arrbida

    O Estudo de Impacte Ambiental no identica as reas de povoamentode sobreiros nas vrias solues propostas, pelo que no permiteuma devida avaliao comparativa da alternativa menos impactantesobre esta condicionante legal de ordenamento.Tambm no efectuada uma avaliao dos impactes em termosde risco de incndios, facto tanto mais grave quanto se trata deuma zona extraordinariamente vulnervel e que tem sido assoladapor diversos incndios nos ltimos anos.Os traados previstos inviabilizam as medidas previstas no PlanoRegional de Ordenamento Florestal da rea Metropolitana de Lisboa(PROF-AML), nomeadamente as zonas crticas relativas Defesa

    da Floresta Contra Incndios e aos corredores ecolgicos na Matade Sesimbra.Tendo ainda em conta que o Ncleo de Pedreiras da Mata de Sesimbrase encontra a realizar um Plano de Gesto Ambiental com vista recuperao paisagstica da rea intervencionada, no se compreendecomo no foi efectuado um levantamento mais preciso da realidadeactualmente a existente e que difere, em muito, da apresentada nacaracterizao da situao de referncia.Por m, a ligao ao Porto de Abrigo apresentada como um meroalargamento da estrada existente. No entanto, verica-se que o tra-ado proposto se afasta do estrado/estrada actual e continua porum pequeno caminho/aceiro, numa opo que no se compreendede modo algum, se se pretende minimizar os impactes nos habitatsdo Parque Natural da Arrbida e no Stio de Importncia Comunitriada Rede Natura, Arrbida-Espichel.

    Quercus d parecer negativo e prope estudo de alternativas funda-mentadas

    Por todas estas razes, a Quercus considera que o presente EIA

    no satisfaz os objectivos a que se prope, devendo ser estudadasoutras alternativas de projecto, eventualmente at com uma novaconcepo e denio de pressupostos.A Quercus d pois parecer negativo a este EIA e ao projecto propostopara a ligao do IC21 no N de Coina (A2) a Sesimbra e pede queo mesmo seja objecto de DIA desfavorvel.

    NCLEODE SETBALNcleo Regional de Setbal da Quercus

    Quercus d parecer negativo

    Nova Auto-Estrada atravessa vastas reas da Mata de Sesimbra

    Terminou no passado ms de Fevereiro a consulta pblica do Estudode Impacte Ambiental da Ligao do IC21 no N de Coina (A2) aSesimbra, um novo projecto rodovirio que no est previsto noPlano Rodovirio Nacional (PRN 2000) e que provoca a destruiode vastas reas da Mata de Sesimbra.O projecto agora em avaliao no est previsto no Plano RodovirioNacional (PRN 2000), pelo que no se compreende como as Estradasde Portugal recorrem excepo para promover uma obra com es-tas caractersticas na conjuntura actual, sem que o Plano RodovirioNacional seja revisto e ajustado realidade actual do pas.A Quercus compreende a necessidade de se reforar as acessibilidadesao concelho de Sesimbra, em particular se se tiver em consideraoos projectos preconizados quer para o prprio concelho de Sesim-bra (Empreendimentos Tursticos da Mata de Sesimbra), quer paratoda a regio da Pennsula de Setbal (Novo Aeroporto de Lisboa,Linha de Alta Velocidade e Plataforma Logstica do Poceiro).

    No entanto, no se compreende a opo pelas alternativas considera-das, uma vez que estas no permitem resolver os estrangulamentossentidos actualmente e com tendncia para um agravamento futuro no Concelho de Sesimbra e em particular na sede do concelho.Com efeito, nenhuma das duas alternativas propostas permite re-solver os problemas sentidos no norte do concelho, entre o Marcodo Grilo e o Casal do Sapo, nem to pouco os do sul, na zona deSantana e de Sesimbra, zonas essas que sofrem actualmente fortesconstrangimentos e congestionamentos circulao.De facto, no se encontra minimamente fundamentada a necessidadede uma via rodoviria, com caractersticas e perl de auto-estrada(2x2), desde a zona mais densamente povoada entre o Marco doGrilo e o Casal do Sapo/Quinta do Conde at zona sul do concelhode Sesimbra. Nem to pouco o EIA fornece estudos de trfegoque comprovem essa mesma necessidade. Segundo o prprio EIA,foi a Estradas de Portugal S.A. que decidiram no fazer estudo detrfego especco.Caso tivesse ocorrido esse cuidado prvio, os promotores do projectoteriam tido conhecimento de um estudo essencial para a mobilidade,o Plano de Acessibilidades para o Concelho de Sesimbra, realizado

    em 2004, a pedido da prpria autarquia e elaborado aquando doPlano de Pormenor da Mata de Sesimbra Sul pela equipa de especialis-tas em estudos de trfego do CESUR (Instituto Superior Tcnico),liderada pelo Prof. Nunes da Silva. no mnimo estranho que este estudo e, pelo menos, algumas dasmedidas nele propostas no tenham sido consideradas como alternativapara o objectivo a que este projecto se prope, como por exemploa ligao da Quinta do Conde at EN 378 na zona do Marco doGrilo, beneciando esta via at Carrasqueira/Santana.

    Maia vai ser mais Sustentvel

    Ncleo do Porto da Quercus e Cmara Municipal da Maia investemna formao ambiental dos maiatosA partir de Maro e at Julho deste ano, o Ncleo Regional do Portoda Quercus com o apoio da Cmara Municipal da Maia organiza umciclo de sete conferncias de carcter ambiental denominado Maia+ Sustentvel. O objectivo desta iniciativa informar e promovero debate sobre vrios temas a serem abordados, bem como sensi-

    bilizar os cidados para uma prtica ambiental mais sustentvel.Todas as palestras sero gratuitas e tero lugar no Concelho da Maia.Os temas considerados neste projecto so: Agricultura sustentvel(12.03.11), Resduos: a importncia dos 3 Rs (14.03.11), O rudoe os seus impactos (09.04.11), Cidadania e Sustentabilidade(14.04.11), Biodiversidade minha volta (22.05.11), MobilidadeSustentvel: a importncia do uso da bicicleta (18.06.11) e ComrcioJusto (06.07.11).Alm da parte terica, que se constituir numa abordagem ao temahaver tambm uma componente prtica. Destacamos o concertode taas tibetanas, inserido no tema Rudo e os seus impactos.Teremos ainda uma visita guiada pelo Parque do Avioso Maia,orientada pela equipa do Projecto Charcos com Vida, no mbito dapalestra sobre biodiversidade.Relativamente ao tema da mobilidade sustentvel, aps a confern-cia, haver um passeio de bicicleta pela periferia da Maia com oapoio da Federao Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores daBicicleta (FPCUB). Por ltimo, o tema sobre comrcio justo estarinserido na Feira de Artesanato da Maia, durante a primeira semanade Julho e ter uma mostra de produtos.

    Este evento oferece uma excelente oportunidade para poderaproximar a populao aos assuntos de interesse colectivo. Paraconstruirmos uma sociedade mais sustentvel torna-se necessriolevar em considerao alguns factores que possam afectar estasustentabilidade no futuro. Desta forma, o projecto Maia + Sustentvel,congura-se como um instrumento que informa e consciencializaa populao em geral, atravs do debate de ideias.

    Mais informaes em www.maiamaissustentavel.org

    NCLEODO PORTONcleo Regional do Porto da Quercus

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    DomingosPatach

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    CUIDARDAS PARTESCOMUNS

    CristinaBaptista

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    Soa Vilarigues (coordenadora do projecto),Carla Graa, Cristina Baptista, Edgar Silva

    PANTOS

    Um novo projecto Quercus

    PANTOS um projecto de Percursos em Artes e em Novas Tendnciaspor Objectivos de Sustentabilidade (http://pantos-quercus.blogspot.com/).O PANTOS (do grego Pants, que signica tudo, o universo, o mundo,todo, inteiro, completo) insere-se (desde 2010) nas iniciativas da Quer-cus A.N.C.N.. Procura pensar e criar relaes entre sustentabilidade,arte e cultura, atravs de quatro vertentes de aco (um centro de informa-o e consultoria; iniciativas de educao ambiental; dinmicas detransformao pela arte e projectos piloto) e de trs reas temticas(novas culturas e processos culturais; transformao pela arte e

    arte da transformao; valorizao do patrimnio natural e cultural)que se entrecruzam e estabelecem percursos comuns.

    A ideiaO PANTOS partiu de ideias-semente como a do projecto do WWI -Worldwatch Institute, Transforming Cultures From ConsumerismTo Sustainability. Desenvolveu-se, desde o incio, com os exemplose inspiraes de Julia Buttery Hill, Mila Petrillo, David Abram, Miyazaki,Sebastio Salgado, Fritjof Capra. E mais autores, grupos, iniciativas,continuam a juntar-se a esta lista, contribuindo para ideias e poten-ciando sinergias.O PANTOS pretende ligar vrios projectos, em rede, na resposta questo: como se dissemina uma nova cultura? Mais exactamente:como se disseminam novas culturas de sustentabilidade?Na perspectiva de que a cultura - as culturas em que nos inserimos,as que constituem referncias enforma, enquanto sistema a quepertencemos, o modo de olhar e de estar na e com a Natureza e asociedade.Encontramo-nos num ponto de bifurcao da evoluo social e humanaem que a sustentabilidade se arma essencial, numa perspectiva holsti-

    ca e integrada.Para caminharmos no seu sentido, propomos:- Explorar formas de sensibilizao, interiorizao, agitao geradorade autonomias e criao de novos estilos de vida: como a arte e aeducao.- Desenvolver meios que fomentem novas prticas: proporcionandoinformao, meios de anlise e linhas de actuao a decisores eorganizaes, empresas e instituies; promovendo dinmicas decidadania e participao, criao de alternativas locais, redes.No PANTOS queremos pensar a sociedade como sistema cultural einvestir no estudo e criao de interaces conducentes a culturasde sustentabilidade.Acreditamos que estas culturas devero passar pelo desenvolvimentopleno das capacidades humanas e pela reformulao e recriaodas organizaes, na perspectiva de que essencial potenciar iniciati-vas conscientes a vrios nveis, em micro e em macro transformaes.Cabem aqui culturas de valorizao de expresses de arte; de valo-rizao do indivduo e da diversidade; de valorizao da Natureza;de valorizao de laos positivos de sinergias, com a criao de obras,projectos e produtos, iniciativas em que organizaes, empresas,

    Estado e actores vrios gostaro de investir para se valorizarem,inovarem e recriarem.

    Quatro vertentes de acoCom o PANTOS pretende-se desenvolver iniciativas inseridas nombito das 4 vertentes de aco: Centro de Informao e Consultoria(CIC); Transformao pela Arte; Educao Ambiental e ProjectosPiloto.Estas incluiro a criao de produtos e obras prprios, como livros,publicaes, desenhos animados, objectos de arte, etc. Abrangeroprojectos e eventos, actividades como ocinas e percursos ambientais.Integrando algumas iniciativas destas vertentes de aco e funcionandocomo agregador, pretende-se realizar campanhas de sensibilizao-participao anuais (ou por um perodo de dois anos) que contemplemconcursos, entre outras actividades, e um evento maior, que associediversas formas de arte e formatos, promova a realizao de debatese interaces desencadeadoras de novos movimentos e iniciativas,encontros. Este ano o tema ser Culturas Locais e Culturas Globais:Olhares da rvore e da Floresta.

    O Centro de Informao e Consultoria funcionar tambm comoagregador e dinamizador. Iremos criar uma plataforma que ligue osvrios interessados em rede.Igualmente no quadro do CIC est a dar os seus primeiros passosum livro-projecto-de-investigao sobre Mudar Culturas MudarRealidades. Perspectiva-se tambm a realizao de publicaesperidicas em diversos formatos: cientco, jornalstico e infanto-

    juvenil.Com o CIC visa-se repensar a sustentabilidade como uma cultura,com diferentes expresses - pelo que se poder falar de culturas -,numa diversidade que se visa promover. Este objectivo envolve apesquisa sobre o modo como vrios