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Quando Surge a Decepção

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O livro Quando Surge a Decepção (Márcio Valadão), da Igreja Batista da Lagoinha nos mostra a história do filho pródigo falando sobre várias escolhas que fazemos.

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Uma publicação da Igreja Batista da Lagoinha

Edição outubro/2010

Transcrição:

Eliane Condinho

Copidesque:

Adriana Santos

Revisão:

Marcelo Ferreira

Capa e Diagramação:

Junio Amaro

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Introdução

Como sempre, Deus me deu uma mensagem para dividir com você, precioso leitor. Busquei nas Escrituras uma mensagem para a família. Em ape-nas vinte e um versículos dos que eu vou ler encon-trei treze vezes a palavra “PAI”; nove vezes a palavra “FILHO”; e duas vezes a palavra “IRMÃO”. O texto a que me refiro é o evangelho de Lucas, capítulo 15, a partir do versículo 11. É a Parábola do Filho Pródigo. Pelo Brasil inteiro e em tantas outras partes do mun-do, com certeza, este texto já foi lido por milhões e milhões de pessoas. Porém, todas as vezes que nós o lemos, há uma mensagem nova. E creio que des-

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sa vez não será diferente. Há uma mensagem para os pais, filhos, irmãos, para todos. E também para você, para o seu coração. Então, abra o coração para recebê-la. Em nome de Jesus!

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Escolhas E consEquêncIas

Antes de irmos direto ao assunto, leia comigo o texto de Lucas 15. 11 a 32:

“Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres. Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. Depois de ter con-sumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade. Então, ele foi e se

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agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos. Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos co-miam; mas ninguém lhe dava nada. Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, cor-rendo, o abraçou, e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pe-quei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: trazei depressa a melhor roupa; vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se. Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo. E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recu-

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perou com saúde. Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus ami-gos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado. Então, lhe respondeu o pai: Meu fi-lho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque este teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.”

Que o Pai, vivifique esta palavra ao seu coração nesta hora, em nome de Jesus! Precioso leitor, se não tivéssemos toda a Bíblia e tivéssemos apenas essa parábola, a parábola do Filho Pródigo, ainda sim teríamos toda a Bíblia. Em que sentido? No sentido de que a grande verdade de toda a Bíblia e demonstrada nessa parábola é o amor de Deus por cada um de nós, pela raça humana, amor esse in-condicional. Se tivéssemos apenas a parábola do Fi-lho Pródigo você conheceria Deus, seus caminhos, seus propósitos, sua justiça e fidelidade. Sim, pode-ria conhecê-lo apenas por meio dessa parábola. O

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pai dessa parábola não era apenas um pai no sen-tido natural, mas uma figura de Deus. Deus é o Pai que criou, que chorou. Deus se revelou como Pai. Caminhemos por essa parábola então!

Conta a parábola que havia uma casa, uma pro-priedade, e nela residiam pai, filhos e empregados. O pai era o dono da propriedade. Não faltava aos filhos roupas, comida, dinheiro. Até que um dia o fi-lho mais moço resolveu pedir ao pai a parte que lhe cabia da herança. Pelo fato de estar o pai ainda vivo, era como se o filho desejasse a morte do pai, uma vez que alguém só recebe uma herança depois que o dono a transfere par quem ele julgue merecedor, mediante testamento, lavrado antes ou após a sua morte. Embora não faltasse nada aos filhos naquela propriedade, parecia faltara amor. Não da parte do pai, mas dos filhos. É por isso que no livro de Ma-laquias, o último do Antigo Testamento, o Senhor afirma que haveria de converter o coração dos fi-lhos aos pais e dos pais aos filhos, para que Ele não ferisse a Terra com maldição. A última palavra do Antigo Testamento é “maldição”. E maldição é exa-tamente aquilo que se colhe aquele que não tem o seu coração voltado para o seu pai. É exatamente

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aquilo que o pai também colhe quando ele não tem o seu coração voltado para o seu filho. O moço da história disse: “Pai, eu quero a parte da herança que me pertence”. E o que pertence ao filho por heran-ça? Aquele moço achava que lhe pertencia apenas o dinheiro do pai, mas o dinheiro é uma coisa tão efêmera e passageira. O que verdadeiramente é he-rança dos pais para os filhos é o nome, uma fé, uma “poupança” de oração.

Muitos são os pais que envergonham os filhos apenas pelo nome que possuem. Estes são chama-dos de caloteiros, mentirosos, sem caráter etc. O fi-lho não sente a menor alegria em ser reconhecido como o filho do “fulano de tal”. A simples menção do nome o pai o constrange. Eu tive a bênção de ter tido um pai de caráter. E algo que alegra o meu coração é quando encontro alguém que conheceu o meu pai, e que me dá um abraço e diz: “Eu conheci seu pai”. Meu pai deixou um legado, um nome do qual todos nós nos orgulhamos. Deixar um nome. Isso é também herança. Os pais devem legar aos fi-lhos a fé em Cristo Jesus, os princípios da Palavra do Senhor. A Escritura diz: “Ensina a criança no ca-minho que deve andar e ainda quando for velho não

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se desviará dele.” Ensinar a criança no caminho é di-ferente de ensiná-la o caminho. No caminho é estar com ela, ao lado dela, sempre, para quando chegar a hora de ela de permanecer nele, ela saberá fazê-lo. Essa é a herança maior!

Mas o moço da nossa história pensou que a sua herança era apenas um saco cheio de moedas de ouro, que tudo o que o pai possuía, tudo aquilo que ele podia receber do seu pai, era dinheiro. E o que aconteceu? O pai nada pôde fazer a não ser entregar-lhe o dinheiro, atender a exigência do filho. Dinheiro para comprar prazer, alegria. Ele achava que o dinheiro compraria o sentido da vida e as respostas para o seu coração. “Não muitos dias depois, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu”. A miséria de um filho consiste no in-teresse pelas coisas materiais do pai, no dinheiro deste. O filho desprezou o nome, a honra, a fé do pai. Ele deixou tudo isso e partiu com as coisas que a traça e a ferrugem corroem. “Ajuntando tudo o que era seu partiu para uma terra distante”, prova-velmente pensando: “Quanto mais longe melhor”. “E lá dissipou todos os seus bens vivendo dissoluta-mente”.

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Essa palavra, “dissolutamente”, apresenta alguns significados. Entre eles: “devasso; corrupto, libertino, miséria, pecado, hedonismo, prazeres da carne”. Uma palavra que diz muito sobre aquele que decide sair da presença do Pai. O moço dessa parábola deci-diu sair de perto do pai, pensando ser esse o tipo de vida que vale a pena. Talvez tenha imaginado: “Agora é que eu tenho vida, não tenho fronteiras, não tenho limites, não tenho os olhos do meu pai. O velho não está aqui. Estou sozinho, tenho dinheiro, tudo o que realmente preciso”. Assim como esse jovem, há muitos filhos que também pensam assim. Porém, quando constatam que essa forma de viver é a pior possível, já estão bem destruídos, machucados pelo pecado. A vida de sem Jesus é engano, ilusão, mi-ragem.

E o filho da parábola “depois de ter consumido tudo”, todo o dinheiro que levou do pai, ele “come-çou a passar necessidade.” Quando se leva dos pais apenas o dinheiro, certamente surgirão as necessi-dades. Já a fé, o nome, a honra contribuem para que os momentos de necessidades sejam supridos com abundância. O nome que o pai deixa nunca acaba. Também jamais acaba a fé que o pai pode legar para

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o seu filho. Nunca acaba a honra, a educação. Mas se o pai se preocupa apenas em construir riquezas materiais para o filho, em apenas legar moedas, re-cursos, crendo que tudo isso é a única herança que ele pode deixar, certamente o filho terá muitas ne-cessidades diante da vida. “Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e co-meçou a passar necessidade.” Talvez não existisse no seu vocabulário essa expressão “necessidade”. Isso porque nunca talvez tivesse experimentado isso antes. Na infância provavelmente tivera de tudo: roupa lavada, comida sempre na hora, cama quen-tinha... Certamente não precisou trabalhar para ter tudo isso. Não experimentou a falta, a ausência. Até que depois de ter consumido tudo, começou a pas-sar necessidade. O que ele levou na bagagem foram “coisas”, e como tudo que é material acaba, ele se viu em apuros.

Vejamos agora o verso 15: “Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos.” Na tentativa de suprir a sua necessidade, ele se agregou. Alguns significados que temos dessa ex-pressão agregar é: “ajuntar; anexar, associar”. Mui-

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tas pessoas, em vez de se unirem legalmente, se casarem, decidem ajuntar, agregar. Contudo, essa decisão demonstra uma atitude independente de Deus, pois essa não é a vontade do Pai para os seus filhos. Longe da casa do Pai as decisões são toma-das de maneira errada. Longe da casa do Pai não há preocupação com aquilo que é correto. Longe da casa do Pai as leis são desobedecidas. Também há aqueles que se casam, mas ao enfrentarem cri-ses no casamento, se “agregam” a outra pessoa para resolver a “necessidade”. Outros que estão solteiros desistem de esperar em Deus e também se agregam a outra pessoa para suprir a necessida-de. Entretanto, quando a pessoa se agrega, a sua necessidade é apenas suprida, a mulher consegue um homem, o homem consegue uma mulher, mas não conseguem o verdadeiro amor. O resultado da associação, da agregação, é: “Se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos.” O moço de Lucas 15 não apenas foi cuidar de porcos, mas foi viver junto a eles e passou a desejar a comida deles. Pas-sou a viver como animal para satisfazer o corpo, as necessidades do corpo. Entretanto, o homem não

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é apenas corpo. É ala e espírito. Toda a necessidade da vida é suprida em Deus, e Ele a quer suprir. Deus intervém, oferece um recomeço, restaura a alma e o espírito, chama à existência o que não existe. Ele pode tudo. Ele faz tudo para os seus filhos, por isso não tente saciar uma necessidade agregando-se “a um cidadão”.

Agora o versículo 16 de Lucas 15: “Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas nin-guém lhe dava nada.” Um filho que teve tudo passou a ser um pedinte, e ninguém lhe dava nada. Quando Deus colocou o homem no Jardim do Éden, Ele tam-bém colocou ali tudo do bom e do melhor para que o homem não tivesse qualquer necessidade. “Do solo fez o Senhor brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal [...] Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que seja idônea.” (Gênesis 2.9-10;18.) Note bem, Deus criou tudo para o deleite, enlevo, do homem. Mas qual foi a sua atitude? Ele rejeitou não o jardim, mas a Deus, o Pai. Ele entrou pelo caminho da desobediência e em razão disso, “partiu para terras distantes”.

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caIndo Em sI

Infelizmente, encontramos tantas pessoas so-fridas. Estas muitas vezes têm carro importado, mansão, jóias, fama, holofotes, mas têm inúmeras, diversas, necessidades. Parece contraditório, não é mesmo? Mas é verdade. As coisas não lhes dão nada. O que o homem, todo ser humano, realmente precisa é de aceitação, afeto, amor, compreensão, de alguém que o ouça, de um amigo, e não somen-te do dinheiro. Creio que não foram poucas as vezes que você se alegrou por um abraço, um telefonema ou até mesmo um simples aperto de mão num mo-mento de tristeza. Momento no qual não havia fal-

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ta de coisas materiais, mas de atenção, de carinho. Como é bom ser lembrado! Como é bom ouvir de uma pessoa que ela está orando pela gente, inter-cedendo. Isso é o que realmente tem valor.

Ninguém deu nada para aquele moço. Isso é também o que diabo faz na vida de uma pessoa. O ganho que aparentemente se tem ao lado dele é, na verdade, a maior de todas as perdas. O diabo é enganador e ilude as pessoas para lhes roubar tudo. “Então, caindo em si.” Há um momento quando os olhos são abertos. Há um momento quando o odor do chiqueiro dos porcos alcança o olfato obstruí-do. Há um momento quando a comida dos porcos enjoa o estômago e provoca asco. O “tempero” da comida de porcos não muda; é sempre o mesmo. “Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! (verso 17). Ele não se lembrou do pai, da casa de onde saiu. O moço continuava completamente perdi-do. Queria apenas resolver um problema do momen-to: a sua necessidade física, a sua fome. Não era o pai o centro da sua vida. Ele não sentiu falta do carinho, da presença do pai, mas daquilo que o pai lhe ofere-cia. A lembrança consistia numa mesa farta, na rega-

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lia, na boa vida de outrora. O que esse moço estava vi-vendo era humilhante. De filho de um rico pai passou a ser companheiro de porcos. O pai desse jovem era generoso, seus empregados eram bem tratados. Ele mesmo disse: “Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome.” E caindo em si percebeu a sua atual miséria, que ali não era o seu lugar, que a sua atual condição era miserável. E algumas vezes essa “sacudida” vem por meio de um desemprego, de um diagnóstico inesperado, de um duro golpe da vida. Isso porque essas pessoas têm dificuldade de enxergar o próprio estado no qual se encontram. Então, quando esses solavancos acon-tecem, a pessoa desperta.

Nunca as igrejas estiveram tão cheias como nos dias de hoje. Nunca as pessoas se decidiram tanto por Jesus como nos dias de hoje. Anos atrás, quan-do havia uma decisão por Cristo, pelo evangelho, era uma festa. As decisões eram escassas. Os batis-mos eram três, quatro, por mês. Hoje podemos ba-tizar centenas de pessoas. Antes, a maioria das igre-jas tinha apenas um culto por domingo. As únicas reuniões eram no domingo e uma vez por semana. Hoje, na Lagoinha, celebramos num só dia, seis cul-

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tos, pois o nosso Templo não comporta todas as pessoas ao mesmo tempo. E essa realidade não é exclusiva da Igreja Batista da Lagoinha, mas muitas congregações nas quais a Palavra é ministrada com fidelidade. As pessoas estão com fome, com sede por Deus. Só Ele supre o anseio da alma. Só Ele tem o verdadeiro alimento para os seus filhos. Somente na casa dele temos pão com fartura. E quando mui-tos caem em si, como que dizem: “Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai.”Graças a Deus por isso!

Essa também foi a fala do filho pródigo. Antes ele tinha o pensamento voltado para os benefícios da casa do pai, mas depois tudo mudou, passou a pensar, a lembrar do pai. A atitude de pensar pri-meiro nas coisas é a mesma de muita gente. Mas creio que isso é uma boa estratégia para se ache-gar ao Pai. Na maioria das vezes a pessoa vai à casa do Pai para resolver um problema, mas surge o momento em que os olhos dela são abertos para ver o Pai, momento quando entende a real neces-sidade. Quando o filho entendeu do que realmente precisava, compreendeu que havia errado, pecado contra o pai. Logo precisava verbalizar o ser arre-pendimento: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti.”

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Esta é a frase mais difícil do ser humano pronunciar: “Eu pequei”. As pessoas sempre dão justificativas e transferem a culpa para os outros. Sempre dizem: “Foi ele, foi ela, foi o governo, foi o patrão”. Sempre transferem a culpa para alguém. Porém, reconhecer o erro é também uma questão de humildade.

A Bíblia nos diz que Deus resiste aos soberbos, mas que ele concede a sua graça aos humildes (Tiago 4.6). Quando a pessoa abre o coração para Deus reconhecendo o erro cometido e diz “Pai, pe-quei contra o céu e diante de ti”, demonstra o verda-deiro arrependimento ao confessar o seu pecado, demonstra humildade. O pecado é sempre contra Deus. Ninguém peca contra outra pessoa sem pe-car contra Deus. Se você fala uma mentira contra alguém, você pecou primeiro contra Deus e contra aquela pessoa. Todo pecado é contra Deus e con-tra o outro que é alvo daquele pecado. O moço re-conheceu o erro que cometera, que havia pecado contra Deus e contra o pai, e que por isso, não era digno de ser reconhecido como filho. “Já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.” (Verso 19.) A boa notícia é que o filho não deixa de ser filho para o pai. O pai

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não ama o filho porque este é digno de ser filho dele. É verdade que alguns pais aceitam os filhos pelo desempenho deles. Se o filho ganha o primei-ro lugar, se ele é o mais bonito, se ele é o vencedor, se ele é o mais adiantado, se ele ganha dinheiro, se ele faz isso, se ele faz aquilo, ele é aceito. Porém, esta não é a regra geral. Agora, a verdade que pre-cisa ser guardada em todo coração é: Deus, o nosso Pai celestial, nos fez dignos de ser Seus filhos, inde-pendente da nossa performance. As promessas de Deus são todas condicionais e você precisa cumprir preceitos, mandamentos. Mas o amor de Deus para com você é incondicional. Ninguém é digno do amor dele, mas Ele escolheu nos amar. Ele nos fez dignos do seu amor. O filho pródigo acreditou não ser digno do amor do pai pelo fato de ter cometido muitos erros. E apesar de todo erro cometido, conti-nuava correndo em suas veias o sangue do pai.

Você também pode estar se sentindo assim em relação a seu Pai celestial. Talvez você tenha entra-do pelo caminho da “terra distante”, saiu da casa do Pai e seu coração e sua consciência estão em chamas. Mas nesta hora você precisa resgatar a sua identidade, pois é ela que lhe concede dignidade, a

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de filho de Deus. A Palavra diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, os que creem no seu nome.” (João 1.12.) A sua dignidade vem da sua identidade, e quando você assume a sua identidade, você deve honrá-la, que é a de ser filho de Deus. O moço da parábola não se achava digno, por isso desejou ser servo. Mas pai que é pai não faz de seu filho um servo. Filho é filho, é herdeiro. Se nós que somos maus amamos e queremos o bem aos nossos filhos, quanto mais o nosso Pai celeste!

Para Deus não existe outra categoria na sua fa-mília que não seja pai, filho e irmão (os filhos se tor-nam irmãos). Por isso fiz questão de marcar e contar as vezes que encontrei as palavras pai, filho e irmão. Para a primeira foram trezes vezes; para a segunda, nove; e para a terceira, duas vezes. E você, precioso leitor, não pode pertencer a esse universo da famí-lia de Deus a não ser dentro dessa compreensão. O moço disse: “Trata-me como um dos teus servos” Mas o pai só trata o filho como filho. Deus nunca trata o filho de outra maneira. O filho pode ser doente, ter limitações, mas o tratamento de Deus, como Pai, para os seus filhos é sempre o mesmo tratamento.

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Ele não dá a coroa para os que chegam em primei-ro lugar. Esta é entregue somente aos fiéis. A única coisa que Deus espera de seus filhos é a fidelidade.

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a tomada dE dEcIsão

No versículo 20 de Lucas 15 está narrado o mo-mento em que o filho, após ter arquitetado todos esses pensamentos, se levantou e foi para o seu pai. Veja: “E, levantando-se, foi para seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.” “Vi-nha ele ainda longe”. O filho não havia chegado, mas o pai o avistara porque ele não havia desistido do filho. Estava sempre à espera dele. E essa constante e persistente espera do pai natural pelo filho pode ser vista com uma figura do Pai celeste. Ele está

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sempre à espera de seus filhos. E não pense que é você quem vai avistar Deus primeiro. É Deus quem avista você. Quando você dá o seu primeiro passo e se levanta do lugar onde está - e este lugar pode ser algo horrível, “um chiqueiro” no qual você está cha-furdado -, o Pai vê e envia os seus anjos para afastar os demônios, os malfeitores, da estrada para tirar todos os impedimentos para que chegue a Ele.

É tão interessante que o caminho estava limpo para o moço voltar. Até poderia haver salteadores, mas estes não podiam tocá-lo, porque aquele moço estava com um único propósito de voltar para a casa do pai. E todo aquele que decide, no coração, voltar para a o Pai, Ele intervém, pois há uma bata-lha espiritual. Demônios se levantam para impedir que o filho volte, porém, os anjos do Senhor inter-vêm, agem, apesar de você não vê-los, e trazem a proteção. O próprio fato de você ir aos cultos e ou-vir que o caminho da volta está pronto, o caminho da volta está à sua disposição, demonstra a atua-ção dos anjos de Deus a seu favor. “Vinha ele ain-da longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele”. O pai não apontou, não reparou no aspecto miserável no qual o filho se encontrava. O pai não

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levou nenhuma palavra de condenação, porque o moço já estava vivendo sob condenação. O pai não esmagou a cana quebrada. “Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo.” (Mateus 12.20.) Em outras palavras, Jesus disse: “Eu não vim acabar de quebrar o que está quebrado. Eu vim restaurar”.

O coração paterno estava movido por compai-xão. Quando Deus, nosso Pai, olha para o povo, os nossos jovens que estão fora de “casa”, o coração dele se compadece, pois na Casa dele existe tudo de bom e melhor. Mas eles preferiram estar fora. A presença do pai da parábola dava segurança, aceitação, apoio, mas o filho pensou apenas nas moedas. Deus é um Deus cheio de compaixão. Se você pudesse espremer a Bíblia, veria a compaixão de Deus. Quando celebramos a Ceia, recebemos um pequeno pedaço de pão e um cálice, que são símbolos do corpo e do sangue do Senhor, símbo-los da compaixão de Deus. Tudo o que Ele poderia fazer para resgatar o homem, Ele fez. Temos muitos relatos bíblicos que demonstram a compaixão do Senhor Jesus, o Bom Pastor, pelas ovelhas perdidas, seus filhos, que estavam sendo devoradas pelos lo-

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bos, sendo facilmente enganadas. “O abraçou, e bei-jou”. O pai não deu uma palavra, mas demonstrou a alegria por meio de gestos.

Um gesto fala mais que muitas palavras. Muitos filhos exalam carência paterna e saem à procura do suprimento desta por toda parte. Logo acabam en-trando por caminhos de morte. Após ter sido rece-bido com todo carinho, o filho declarou ao pai: “Pe-quei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.” Acontece que o pai parece não ter dado ouvidos a isso. Ele disse aos seus servos: “Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e a sandálias nos pés; trazei também e matai um novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.” O pai não fez um acordo com o filho. Ele não dis-se: “Está bom, de hoje em diante você será o capataz da fazenda. Você vai trabalhar e receberá um salário pelo seu serviço”. O pai não queria o serviço do filho, mas o próprio filho.

Há muitas pessoas que vêm com uma vida des-graçada para o evangelho e pensam que a melhor maneira de agradarem a Deus é fazendo “coisas”

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para Ele. Não! A melhor maneira de você agradar a Deus é deixando-o fazer as coisas por você. Não é tanto o que você pode fazer para Ele, mas o pouco que você permite que Ele faça por você. É diferente. No momento em que as pessoas entregam as suas ofertas, elas o fazem por duas razões: por um amor tremendo por Deus ou por culpa, ou seja, quando as pessoas estão vivendo sob culpa ou com peca-dos, eles acham que podem aplacar a consciência pecaminosa, dando coisas para Deus. Não é assim. Deus não está interessado no seu serviço, mas em você. E não quer apenas servos, pois Ele tem mi-lhões de anjos que foram criados para O servir. Anjo foi criado para servir e você foi criado para o louvor da glória dele. Deus não precisa de mais servos. O que Ele quer é você.

Agora vamos para os versos de 25 a 28: “Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando volta-va, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as dan-ças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe o que era aquilo. E ele informou: Veio teu irmão, e o teu pai mandou matar um novilho cevado, porque o recupe-rou com saúde. Ele se indignou.” Note que o irmão mais novo disse não ser digno, mas o mais velho,

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que nunca havia saído de casa, se indignou. Como se dissesse: “Eu é que sou digno dessa festa e não ele”. Mas veja bem! Deus só dignifica os indignos, aque-les que reconhecem não serem dignos. Ele toma aquele que não é digno e o coloca numa posição de honra. Mas Ele pode pegar aquele que se acha bom demais, que se nomeia digno, e resisti-lo, pois a Palavra diz: “Deus resiste aos soberbos, mas dá gra-ça aos humildes.” (Tiago 4.6.)

O irmão mais velho “se indignou e não queria en-trar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo.” Leia o verso 29: “Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir a uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com meus amigos; vindo, porém, esse teu filho [...]” Veja que o filho mais velho chamou o irmão de “seu filho” e não de “meu irmão”. Existe, muitas vezes, um farisaísmo e um legalismo entre determi-nados crentes. Estes não consideram aqueles, que também são crentes em Jesus Cristo, que pensam, vestem de forma diferente, que têm doutrina dife-rente. E assim como o irmão da parábola, diz: “Esse teu filho”, e não, “esse meu irmão”. Como pastor, já passei por essa situação muitas vezes. Já realizamos

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eventos nos quais o convite a alguns foi recusado pelo fato das diferenças. Todos pensam diferente. Isso é fato. Deus não criou ninguém igual ao outro. Cada pessoa é uma criação exclusiva do Altíssimo. Mas isso não pode ser visto como barreira. Ao con-trário, o que nos fará ser irmãos é o fato de sermos filhos do mesmo Pai.

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conclusão

Neste momento, procure ver Deus como esse Pai. Procure vê-lo como aquele Pai que abraça, que aceita. Procure vê-lo como conciliador. Procure vê-lo como aquele que está preparando um novilho cevado para dar uma festa quando o filho, que está afastado, voltar. Lá no Jardim do Éden, quando o homem se voltou contra Deus, Deus preparou não um novilho, mas um Cordeiro. Ele cuidou daquele Cordeiro durante todo o Antigo Testamento, para que, há dois mil anos, o Cordeiro fosse imolado no Calvário em nosso lugar, para que pudéssemos en-tender toda a realidade do cuidado e do carinho do

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Pai. Diz o texto que quando o moço voltou, o pai mandou trocar as suas vestes e colocar-lhe o anel no seu dedo. Até a aliança ele tinha vendido. Ven-deu pelo pecado, trocou por uma noitada. Mas o pai colocou a jóia, que simbolizava a aliança entre pai e filho, e também as sandálias nos seus pés, e assim o filho regressou à comunhão com o pai, não somente para a casa. E pode ser que você, amado leitor, tenha voltado apenas pela a casa, pois ela oferece abrigo. Contudo, saiba que você deve voltar pelo Pai, porque se você tiver o Pai, você terá casa, abrigo, abraço e aceitação. Quem tem o Senhor, tem tudo. Essa história diz do amor do Pai por você. Que Ele está à sua espera e diz a você nesta hora: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14.6.)

Só você pode descobrir que através de Jesus tudo será novo, diferente. Chega das acusações da sua consciência em fogo. Chega desse fardo que pesa tremendamente sobre você e o esmaga. Talvez você tenha apenas se agregado e por isso tanto so-frimento. Talvez também esteja apenas pensando na casa do Pai. Mas nesta hora, comece a pensar no Pai, naquilo que o pode lhe oferecer. Ele lhe oferece

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o perdão, sem cobranças, e troca as suas vestes, e o veste de linho finíssimo, “porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos”. (Apocalipse 19.8.) Nos nossos pés feridos, que andaram por caminhos os mais inconvenientes, Ele coloca sandálias, que é o evangelho da paz, e nos nossos dedos, um anel, dizendo-nos que somos filhos. Amém!

Deus abençoe!

Márcio Valadão

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JEsus tE ama E quEr

Você!

1º PASSO: Deus o ama e tem um plano maravilhoso para sua vida. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigê-nito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.“ (Jo 3.16.)

2º PASSO: O Homem é pecador e está

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separado de Deus. “Pois todos pecaram e ca-recem da glória de Deus.“ (Rm 3.23b.)

3º PASSO: Jesus é a resposta de Deus, para o conflito do homem. “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.“ (Jo 14.6.)

4º PASSO: É preciso receber a Jesus em nosso coração. “Mas, a todos quantos o rece-beram, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome.“ (Jo 1.12a.) “Se, com tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Por-que com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.” (Rm 10.9-10.)

5º PASSO: Você gostaria de receber a Cristo em seu coração? Faça essa oração de decisão em voz alta:

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“Senhor Jesus eu preciso de Ti, confesso-te o meu pecado de estar longe dos teus cami-nhos. Abro a porta do meu coração e te re-cebo como meu único Salvador e Senhor. Te agradeço porque me aceita assim como eu sou e perdoa o meu pecado. Eu desejo estar sempre dentro dos teus planos para minha vida, amém”.

6º PASSO: Procure uma igreja evan-gélica próxima à sua casa.

Nós estamos reunidos na Igreja Batista da Lagoinha, à rua Manoel Macedo, 360, bairro São Cristóvão, Belo Horizonte, MG.

Nossa igreja está pronta para lhe acom-panhar neste momento tão importante da sua vida.

Nossos principais cultos são realizados aos domingos, nos horários de 10h, 15h e 18h horas.

Ficaremos felizes com sua visita!

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Uma publicação da Igreja Batista da Lagoinha

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