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QUALIDADE DE GOIABA (Psidium guajava L.) SUBMETIDA AOS PROCESSOS DE DESIDRATAÇÃO POR IMERSÃO– IMPREGNAÇÃO E SECAGEM POR CONVECÇÃO VALÉRIA APARECIDA VIEIRA QUEIROZ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO – UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ OUTUBRO – 2006

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QUALIDADE DE GOIABA (Psidium guajava L.) SUBMETIDA AOS PROCESSOS DE DESIDRATAÇÃO POR IMERSÃO–

IMPREGNAÇÃO E SECAGEM POR CONVECÇÃO

VALÉRIA APARECIDA VIEIRA QUEIROZ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE

DARCY RIBEIRO – UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

OUTUBRO – 2006

QUALIDADE DE GOIABA (Psidium guajava L.) SUBMETIDA AOS PROCESSOS DE DESIDRATAÇÃO POR IMERSÃO–

IMPREGNAÇÃO E SECAGEM POR CONVECÇÃO

VALÉRIA APARECIDA VIEIRA QUEIROZ

Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense - Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Vegetal.

Orientador: Prof. Pedro Amorim Berbert

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ OUTUBRO – 2006

QUALIDADE DE GOIABA (Psidium guajava L.) SUBMETIDA AOS PROCESSOS DE DESIDRATAÇÃO POR IMERSÃO–

IMPREGNAÇÃO E SECAGEM POR CONVECÇÃO

VALÉRIA APARECIDA VIEIRA QUEIROZ

Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense - Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Vegetal.

Aprovada em 10 de outubro de 2006 Comissão examinadora:

_________________________________________________________________

Professora Enilce Maria Coelho D.S., Engenharia Agrícola – UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

_________________________________________________________________

Professor Geraldo de Amaral Gravina D.S., Fitotecnia – UENF

_________________________________________________________________

Professora Marília Amorim Berbert de Molina D.S., Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica – UENF

______________________________________________________________ Professor Pedro Amorim Berbert Ph.D., Engenharia Agrícola – UENF

Orientador

ii

AGRADECIMENTOS

A Deus que me concedeu o dom da vida, a saúde e a coragem para realizar

o trabalho.

Aos meus queridos pais Joaquim (in memoriam) e Cacilda, pelo amor e pela

educação.

Ao meu esposo Luciano, aos meus filhos Ana Luisa, Marina e Ramon, aos

meus irmãos e aos meus sobrinhos, pelo amor, carinho e compreensão, sempre.

À Universidade Estadual do Norte Fluminense, ao Programa de Pós-

graduação em Produção Vegetal, ao Centro de Ciências e Tecnologias

Agropecuárias e ao Laboratório de Engenharia Agrícola, pela oportunidade de

realização do curso.

À Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio

de Janeiro (FAPERJ), pela concessão da bolsa de estudo.

Ao professor Pedro Amorim Berbert, pela confiança e por seus ensinamentos

sempre oportunos.

À professora Maríla Amorim Berbert de Molina pela co-orientação, confiança

e pelas palavras de apoio e coragem nos momentos difíceis.

Ao professor Geraldo de Amaral Gravina, pelas sugestões e participação na

banca examinadora.

Aos professores e irmãos de fé, Enilce Maria Coelho, Fábio Cunha Coelho e

Rita da Trindade Ribeiro Nobre, pela amizade, incentivo, sugestões e orações.

iii

À professora Cláudia Dolinski, pelo apoio técnico e amizade e aos

produtores de goiaba da Associação de Produtores de Goiaba de Cachoeiras de

Macacu – Goiacam, sempre tão solícitos na doação das goiabas para a

realização de todo o experimento.

À empresa Dulcini S.A., pela doação do açúcar invertido e, em especial, ao

Sr. Edésio L. Santos, pelo apoio técnico.

À empresa Attivos Magisttrais, pela doação do edulcorante sucralose.

Aos técnicos José Accácio da Silva (LFIT), Cláudio Lombardi (LZNA) e Sílvia

(LTA), pela colaboração nos trabalhos de laboratório. À Sandra e Ana Maria,

companheiras do LEAG.

Ao padre Paulo Vicente Ribeiro Nobre, pela orientação espiritual.

Aos amigos de Campos, Jacqueline e Carlos, Fabiana e Ernandes, João e

Marta, Ricardo (in memoriam) e Beth, pela amizade, carinho e paciência.

iv

SUMÁRIO

Página

RESUMO.................................................................................................... vii

ABSTRACT................................................................................................. x

1. INTRODUÇÃO........................................................................................ 1

2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................... 6

2.1. Aspectos culturais e nutricionais da goiaba......................................... 7

2.2. A secagem como forma de preservar e de agregar valor aos alimentos..............................................................................................

10

2.3. O processo de desidratação osmótica como alternativa aos métodos convencionais de secagem de frutas...................................................

12

2.3.1. Mecanismos básicos do processo.................................................... 13

2.3.2. Vantagens e aplicações.................................................................... 15

2.3.3. Variáveis do processo....................................................................... 18

2.3.4. Parâmetros cinéticos do processo.................................................... 26

2.3.5. Atributos de qualidade de alimentos processados............................ 27

2.3.6. Limitações do processo.................................................................... 30

3. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 32

3.1 Obtenção das frutas e preparo das amostras....................................... 32

3.2 Branqueamento e tratamento com ácido ascórbico.............................. 34

3.3 Desidratação dos frutos........................................................................ 34

3.3.1 Desidratação por Imersão e Impregnação (DII)................................. 34

3.3.2. Secagem por convecção forçada..................................................... 37

v

3.4 Cinética da desidratação osmótica....................................................... 39

3.4.1 Determinações da perda de água (ω), ganho de sólidos (δ) e da redução da massa (µ).......................................................................

39

3.5 Análises físicas, químicas e físico-químicas......................................... 40

3.5.1 Massa e dimensão dos frutos............................................................ 41

3.5.2 pH....................................................................................................... 41

3.5.3 Acidez total titulável (ATT)................................................................. 41

3.5.4 Sólidos solúveis totais (SST)............................................................. 42

3.5.5 Composição centesimal..................................................................... 42

3.5.5.1 Teor de água................................................................................... 42

3.5.5.2 Proteínas......................................................................................... 43

3.5.5.3 Lipídios (extrato etéreo).................................................................. 43

3.5.5.4 Cinzas............................................................................................. 44

3.5.5.5 Fibras (FDN - Fibra Detergente Neutro)......................................... 44

3.5.5.6 Carboidratos.................................................................................... 44

3.5.6 Minerais.............................................................................................. 45

3.5.7 Ácido ascórbico.................................................................................. 45

3.5.8 Cor (Parâmetros L, a, b e ºh)............................................................. 46

3.6 Análise sensorial................................................................................... 47

3.6.1 Teste de aceitação............................................................................. 47

3.6.2 Teste de intenção de compra............................................................. 49

3.7 Análises estatísticas.............................................................................. 49

3.7.1 Cinética da DII e análises físico-químicas......................................... 49

3.7.2 Análise sensorial................................................................................ 50

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................. 52

4.1. Caracterização físico-química da fruta in natura.................................. 52

4.2. Cinética da desidratação por imersão-impregnação............................ 53

4.2.1 Perda de água e ganho de sólidos.................................................... 58

4.2.2 Redução de massa............................................................................ 61

4.3. Teor de sólidos solúveis (°Brix)............................................................ 62

4.3.1. Nos pedaços de goiaba.................................................................... 62

4.3.2. Nas soluções osmóticas................................................................... 64

4.4 Acidez e pH........................................................................................... 65

4.5. Composição centesimal....................................................................... 68

vi

4.6. Teores de minerais.............................................................................. 73

4.7. Teor de vitamina C........................................................................... 81

4.7. Cor (Parâmetros L, a, b e ºh)............................................................... 88

4.7. Análise sensorial.................................................................................. 95

5. RESUMO E CONCLUSÕES................................................................... 100

5.1. Cinética da desidratação por imersão-impregnação............................ 101

5.2 Análises físicas, químicas e físico-químicas......................................... 101

5.2.1 Teor de sólidos solúveis..................................................................... 101

5.2.2 Teor de ácido cítrico........................................................................... 101

5.2.3 Composição centesimal..................................................................... 102

5.2.4 Teores de minerais............................................................................ 102

5.2.5 Teor de vitamina C............................................................................. 102

5.2.6 Parâmetros de cor (L, a, b e ºh)......................................................... 103

5.3 Análise sensorial................................................................................... 104

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 105

APÊNDICE.................................................................................................. 117

vii

RESUMO

QUEIROZ, Valéria Aparecida Vieira; D.S.; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; Outubro de 2006. QUALIDADE DE GOIABA (Psidium guajava L.) SUBMETIDA AOS PROCESSOS DE DESIDRATAÇÃO POR IMERSÃO–IMPREGNAÇÃO E SECAGEM POR CONVECÇÃO. Professor orientador: Pedro Amorim Berbert. Professora conselheira: Marília Amorim Berbert de Molina. Este trabalho foi realizado no Laboratório de Engenharia Agrícola (LEAG) do

Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), Universidade Estadual

do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF, Campos dos Goytacazes, RJ, com o

objetivo de avaliar as qualidades nutricional e sensorial e propriedades físico-

químicas de goiabas (Psidium guajava L.) submetidas aos processos de

desidratação por imersão-impregnação (DII) e secagem complementar por

convecção. Avaliou-se, também, a variação dos parâmetros que caracterizam a

DII em função do tempo de imersão, ou seja, a redução de massa, µ, a perda de

água, ω, e o ganho de sólidos, δ. Foram empregados dois tipos de soluto,

sacarose e açúcar invertido, sendo três níveis de concentração da solução de

sacarose (30, 50 e 70%) e duas condições para o açúcar líquido invertido, diluição

a 70% e xarope não diluído, com taxa de inversão superior a 90%. A solução de

sacarose a 30% continha, também, 0,025% de sucralose. Em todos os

procedimentos experimentais, a desidratação osmótica foi realizada em agitadora-

incubadora de bancada a 50 ºC e 60 min-1, empregando-se relação fruta:xarope

de 1:10 e tempo de imersão de 2 h. A secagem por convecção foi feita em

viii

camada delgada, a 60 ºC, utilizando secador do tipo gabinete com bandejas e

fluxo de ar tangencial a 1,25 m s-1. A caracterização físico-química da fruta foi

feita medindo-se os teores de sólidos solúveis (SST), ácido cítrico, minerais e

vitamina C e determinando-se sua composição centesimal, além do pH e de

parâmetros de cor. Os minerais avaliados foram o Na, K, Ca, Mg, Zn e Mn. Todas

as determinações foram feitas em amostras da fruta in natura, depois do

branqueamento, da DII e da secagem por convecção. Além disso, para verificar o

efeito de condições de armazenamento sobre a estabilidade da vitamina C e a

manutenção da cor em goiabas desidratadas, amostras provenientes de todos os

tratamentos foram embaladas em sacos de polipropileno e estocadas a vácuo por

60 dias a 7 e 25 ºC. As variáveis experimentais foram medidas utilizando-se frutos

do cultivar Pedro Sato, cortados de forma a produzir amostras correspondentes a

1/8 do fruto inteiro. Além daqueles mencionados, houve também o tratamento

controle, que consistiu na secagem das amostras inteiramente por convecção, ou

seja, sem o pré-tratamento osmótico. O experimento foi realizado de acordo com

o delineamento experimental em blocos casualizados, em arranjo fatorial

(tratamentos x etapas de amostragem) com três repetições. A solução de açúcar

invertido sem diluição promoveu os maiores valores de µ, ω e δ ao longo da DII.

Elevando-se a concentração de sacarose de 30 para 70% houve aumento tanto

de ω quanto de δ. A solução de sacarose a 50% apresentou melhor desempenho

que a 70% e a 30%. Na DII, as amostras apresentaram aumento nos SST e

redução dos teores de ácido cítrico, sem alterações significativas no pH. Houve

aumento dos teores de carboidratos, propiciando a redução percentual de

proteínas, lipídios, fibras e cinzas. A sucralose proporcionou redução de 35% de

carboidratos no produto final em relação à sacarose a 50%. Verificou-se redução

nos teores de minerais no intervalo de 20 a 64% e perdas não significativas de

ácido ascórbico, exceto no tratamento com açúcar invertido sem diluição, na

etapa de DII. Houve diminuição nos níveis de vitamina C no intervalo de 32 a 68%

depois da secagem por convecção, de 58 a 82% e de 70 a 86% no

armazenamento a 7 e 25 ºC, respectivamente. A etapa osmótica melhorou a

retenção de ácido ascórbico no processo de secagem por convecção. Todos os

tratamentos promoveram controle efetivo na estabilidade da cor das amostras,

não se verificando diferença nos parâmetros L, a, b e ºh ao final da DII, o que não

ocorreu nas etapas subseqüentes. Por meio de contrastes, observou-se que as

ix

amostras que não foram pré-desidratadas apresentaram maiores valores dos

parâmetros L, b e ºh e menor valor de a, ou seja, tornaram-se menos vermelhas e

mais amarelas, portanto, mais claras em relação às demais durante o

armazenamento. Quanto à aparência, sabor e textura, as amostras não pré-

tratadas osmoticamente não foram aceitas e aquelas pré-desidratadas por

osmose foram igualmente aceitas em todos os atributos analisados.

x

ABSTRACT

QUEIROZ, Valéria Aparecida Vieira; D.S.; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro [Northern Rio de Janeiro State University]; October 2005. Quality of guava (Psidium guajava L.) as affected by the dewatering and impregnation soaking process followed by convective drying. Supervised by Pedro Amorim Berbert, Ph.D., and co-supervised by Dr. Marília Amorim Berbert de Molina. This work was carried out at the Agricultural Engineering Laboratory, Animal and

Agricultural Sciences and Technologies Centre, Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Campos dos Goytacazes, RJ, Brazil, with the

object of assessing nutritional and sensory qualities and physiochemical properties

of guavas (Psidium guajava L.) submitted to the combined processes of

dewatering and impregnation soaking (DIS) and convective drying. Variation on

the parameters which characterize the DIS process, i.e., weight reduction µ, water

loss ω, and solids gain δ, as a function of soaking time, were also investigated.

The experiment was performed employing two types of solute, sucrose and liquid

invert sugar. Sucrose solutions, made with distilled and deionised water, were

obtained at three levels, namely 30, 50 and 70% by weight, whereas 90% invert

sugar was employed as a 70% diluted solution and as undiluted invert sugar

syrup. 30% sucrose solution also contained 0.025% sucralose. In all experimental

tests, osmotic dehydration was performed in shakers operating at 50 ºC and 60

min-1, employing a single fruit to syrup ratio, 1:10, and one level of immersion time,

xi

2 h. Thin-layer convective drying was performed in a tray cabinet dryer employing

tangential flow at 1.25 m s-1. Fruit physiochemical characterisation was

accomplished by measuring the amount of total soluble solids, citric acid, minerals,

and vitamin C, proximate composition, pH and colour parameters. Minerals

evaluated were Na, K, Ca, Mg, Zn and Mn. Values of all variables studied were

assessed in fresh fruit, and after bleaching and DIS processes, and at the end of

the convective drying. In order to verify the effect of storage conditions on vitamin

C and colour stabilities, samples subjected to all treatments were vacuum-packed

in polypropylene bags and stored for 60 days at 7 and 25 ºC. Fruit samples

consisted of pieces of guava corresponding to 1/8 of the whole fruit. The control

treatment consisted of drying the samples entirely by convection, i.e., without the

osmotic pre-treatment. The experiment was set up according to a randomised

complete-block design with factorial treatments (dehydration and process steps) in

four replications. It has been noticed that the highest values of µ, ω and δ occurred

when guava samples were immersed in undiluted invert liquid sugar. Increasing

sucrose solution concentration from 30 to 70% also increased the values of ω and

δ. For the conditions studied, 50% sucrose solutions promoted the best DIS

process efficiency. Regarding the physiochemical properties, the DIS process

increased total soluble solids, decreased citric acid content, and maintained the

original value of pH. The results also showed an increase in carbohydrates,

prompting reductions in the percentages of proteins, lipids, fibers, and ash. The

addition of sucralose to the 30% sucrose solution resulted in a 35% reduction of

carbohydrates in the samples as compared to the amount present on guava

pieces immersed in the 50% sucrose solution. Results indicated reductions in the

range from 20 to 64% in the amount of the studied minerals, and negligible losses

of vitamin C but in the treatment with undiluted liquid invert sugar at the end of the

DIS process, as compared to the amount found in fresh fruits. Convective drying

promoted losses of vitamin C in the range from 32 to 68%. The corresponding

ranges of losses for storage at 7 and 25 ºC were 58 to 82% and 70 to 86%,

respectively. However, it has been noticed that fruit submitted to the osmotic

process revealed a better retention of vitamin C at the end of convective drying.

All DIS treatments were effective in preserving the original colour of guava

samples, keeping the colour parameters, L, a, b (Hunter), and ºh. However, colour

degradation was observed after convective drying and during storage. Statistical

xii

analysis through orthogonal contrasts showed that samples dried solely by

convection presented higher values of L, b, and ºh and smaller values of a. These

results indicated that convective dried guava became less red and more yellow

immediately after drying, maintaining some degree of discoloration during storage.

1. INTRODUÇÃO

O declínio da atividade canavieira, que por muitas décadas representou a

principal fonte de riquezas do Norte Fluminense, tem propiciado a diversificação

agrícola na região. Além dos aspectos ecológicos, climáticos e topográficos

favoráveis, nos últimos anos a fruticultura tem-se expandido na região graças ao

financiamento subsidiado do governo do Estado através do Programa Frutificar.

Este programa empresta recursos a uma taxa de 2% ao ano, sem correção

monetária, e também garante a comercialização junto às agroindústrias e

comerciantes da CEASA do Rio de Janeiro, grande centro consumidor (SEAAPI,

2005).

Ponciano et al. (2004) determinaram a viabilidade econômica da produção

de frutas na região Norte do Estado do Rio de Janeiro. Os resultados da pesquisa

mostraram que a fruticultura pode ser uma boa alternativa para a região. Dentre

as culturas analisadas, as que sobressaíram, por apresentarem maiores taxas

internas de retornos foram o maracujá, a graviola, o abacaxi, a pinha, a goiaba

Ogawa para consumo in natura, a goiaba Paluma para indústria, o coco, a banana

Prata, a tangerina, a manga Ubá para indústria e a manga Tommy Atkins para

consumo in natura. Segundo estes autores, a localização geográfica dos

municípios estudados (Campos dos Goytacazes, São Francisco de Itabapuana,

São João da Barra e Quissamã) permite aos agricultores almejar os mercados

dos grandes centros consumidores das regiões metropolitanas do Rio de Janeiro

e Espírito Santo.

2

Segundo o informativo Agrianual (2002), o Brasil foi, em 2001, o segundo

produtor mundial de goiaba, com um volume de produção de cerca de 300 mil

toneladas. Dados do Institututo Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE (2006)

mostram que a produção nacional em 2004 foi de 408.283 t, tendo o Estado do

Rio de Janeiro contribuído com 9.319 t. Deste total, 2.335 t foram provenientes da

região Norte Fluminense.

A goiaba é uma fruta de clima tropical que destaca-se por suas

extraordinárias propriedades sensoriais, pelo alto valor nutritivo, alto rendimento

por hectare e elevado rendimento em polpa, apresentando, portanto,

características adequadas à aplicação industrial (Carvalho, 1994). Além da

grande aceitação para consumo in natura, a fruta é utilizada na fabricação de

doces, compotas e geléias, sendo também empregada, na forma de polpa

processada, como ingrediente na indústria de sorvetes, flans e outras

sobremesas. Ressalta-se, entretanto, seu curto período de conservação, que

implica na necessidade de rápida comercialização ou processamento depois da

colheita (Durigan, 1997).

A secagem ou desidratação é uma técnica utilizada desde a antiguidade

para a conservação de alimentos, uma vez que a água afeta de maneira decisiva

o tempo de preservação dos produtos, influenciando diretamente sua qualidade e

durabilidade (Lenart, 1996; Grensmith, 1998). A remoção parcial ou total de água

de um alimento implicará na inibição do crescimento microbiano, na prevenção de

reações bioquímicas responsáveis pela deterioração e em menores custos de

transporte, embalagem e estocagem, constituindo um método importante para

prolongar a vida útil de diversos produtos (Bolin et al., 1983; Park et al., 2002).

Apesar dos aspectos positivos, a remoção de água pode alterar as

características sensoriais e o valor nutricional dos alimentos, sendo a intensidade

das alterações dependente das condições empregadas no processo de secagem

e das características próprias de cada produto. As técnicas convencionais de

secagem, que utilizam altas temperaturas, levam, freqüentemente, a alterações

que resultam na diminuição da qualidade final de produtos secos, como

modificações na textura, na reidratabilidade e na aparência do alimento (Nijhuis et

al., 1998). Frutas desidratadas devem preservar o “flavor” e a cor original,

devendo também, preferencialmente, estar livres de antioxidantes ou outros

3

compostos químicos e apresentar textura semelhante ao do produto fresco

(Maltini et al., 1993).

A desidratação osmótica, também denominada Desidratação por Imersão e

Impregnação (DII), consiste na remoção parcial de água do alimento por meio de

seu contato direto com uma solução hipertônica. É considerada como uma etapa

de pré-tratamento, uma vez que é seguida por processos complementares como,

por exemplo, secagem com ar quente ou congelamento (Torregiani, 1993;

Lazarides, 1994). Segundo diversos autores (Torreggiani, 1993; Raoult-Wack,

1994; Lenart, 1996; Escriche et al., 2002), a DII favorece a obtenção de produtos

com qualidades sensorial e nutricional superiores às de produtos desidratados

unicamente por secagem por convecção, uma vez que as mudanças físicas,

químicas e biológicas provocadas pelas altas temperaturas empregadas nos

secadores ocorrerão em menor intensidade.

No processo de DII, a complexa estrutura da parede celular dos tecidos dos

vegetais age como uma membrana semipermeável, não completamente seletiva

aos íons e compostos presentes tanto na solução osmótica quanto no interior do

alimento (Lenart e Piotrowski, 2001). Estabelece-se, desta forma, um fenômeno

caracterizado por três tipos de fluxo durante o período em que o alimento está

imerso na solução osmótica: fluxo de água do produto para a solução, fluxo de

soluto da solução para o produto, e fluxo de solutos naturais do produto (ácidos

orgânicos, minerais, vitaminas, etc) para a solução (Raoult-Wack, 1994). Este

terceiro tipo de transferência de massa, embora quantitativamente negligenciável

quando comparado aos outros dois, desperta interesse pela possibilidade de,

eventualmente, afetar as características sensoriais e nutricionais do produto final

(Raoult-Wack, 1994; Torreggiani, 1993; Lazarides et al., 1995). Segundo Dalla

Rosa e Giroux (2001), embora alguns componentes de frutas e hortaliças,

principalmente pigmentos, ácidos orgânicos e proteínas, sejam lixiviados para a

solução durante o tratamento osmótico, poucos trabalhos têm sido realizados na

tentativa de identificar e quantificar aqueles que, efetivamente, são perdidos para

o meio osmótico. Há também escassez de dados em relação à composição

nutricional final de alimentos desidratados por DII, uma vez que o produto adquire

formulação específica depois do processo, como resultado da impregnação do

soluto utilizado na solução hipertônica e da saída de componentes solúveis do

alimento para o meio (Lenart, 1996; Torreggiani, 1993). Informações a respeito da

4

composição de alimentos, tanto em relação ao teor de nutrientes quanto de não-

nutrientes, são de fundamental importância para uma série de questões

relacionadas ao seu aspecto nutricional, como a avaliação da ingestão diária, a

avaliação das necessidades nutricionais da população, o planejamento de

refeições, o cálculo de dietas terapêuticas, dentre outros (Mahan e Escoott-

Stump, 2002).

A partir de Ponting et al. (1966), observa-se um incremento nas pesquisas

sobre o processo de desidratação de alimentos por imersão-impregnação, as

quais concentram-se, principalmente, no estudo da influência das principais

variáveis do processo sobre a transferência de massa e a qualidade do produto

processado (Torregiani, 1993; Raoult-Wack, 1994). Dentre as variáveis avaliadas,

a composição e a concentração da solução osmótica têm mostrado ser

determinantes para o resultado do processo (Torreggiani, 1993).

Os minerais apesar de constituírem apenas 4% do organismo humano, são

essenciais à manutenção de várias funções de grande importância fisiológica e os

resultados da ausência destes são severos no organismo humano. Além de

outros, o cálcio, o sódio, o potássio e o magnésio são considerados

macronutrientes e o Zn e o Mn, micronutrientes (Mahan e Escoot-Stump, 2002).

O cálcio é o mineral mais abundante no organismo humano, onde cerca de

99% encontra-se nos ossos, juntamente com o fósforo na proporção de 2:1

(Sgarbieri, 1987). O cálcio desempenha papel relevante numa série de processos

fisiológicos e bioquímicos essenciais, tais como coagulação sanguínea,

excitabilidade neuromuscular, adesividade celular, transmissão dos impulsos

nervosos, manutenção das membranas celulares, ativação das reações

enzimáticas e modulação da ação de vários hormônios (Smith et al., 1988; Allen e

Wood, 1994; Arnaud e Sanchez, 1997). O magnésio é necessário para a ação

catalítica de todas as enzimas que transferem radical fosfato de um substrato

para outro; é ativador das reações enzimáticas de descarboxilação oxidativa de a-

cetoácidos e das reações das transcetolases no ciclo das pentoses-P; é

importante na síntese de AMP cíclico e na biossíntese de proteínas e

desempenha papel relevante na transmissão do impulso nervoso e na atividade

neuromuscular (Sgarbieri, 1987). O potássio e o sódio são os principais cátions

intra e extracelular, respectivamente. O potássio participa do metabolismo de

proteínas e de carboidratos (Sgarbieri, 1987; Mahan e Escoot-Stump, 2002) e é

5

necessário para ativação de enzimas como a piruvato quinase e a piruvato

carboxilase. O sódio tem função importante na regulação do pH e é necessário

para muitos sistemas de transporte de aminoácidos, glicose e outros íons através

da membrana (Brody, 1994). O potássio e o sódio estão envolvidos na

manutenção dos equilíbrios hídrico, osmótico e ácido-básico (Mahan e Escoot-

Stump, 2002).

A vitamina C (ácido ascórbico) é um nutriente solúvel em água essencial ao

organismo humano. O ácido ascórbico desempenha grande número de funções

em reações e processos celulares, atuando como cofator na biosíntesse

enzimática do colágeno, carnitina, catecolaminas, hormônios neuropeptídeos e

ácidos biliares. Além de cofator enzimático, age, ainda, no metabolismo da

fenilalanina e da tirosina e nos processos de óxido-redução como na redução do

Fe+++ em Fe++, aumentando assim, sua biodisponibilidade na absorção intestinal

(Padh, 1991; Franco, 2001). A diminuição da concentração sérica de ácido

ascórbico está associada a problemas neurológicos e à doenças. Uma das

funções do ácido ascórbico que mais têm sido destacadas no momento, é a de

prevenção contra os efeitos deletérios dos oxidantes, sendo capazes de reduzir

as espécies reativas de oxigênio e nitrogênio em moléculas estáveis (Richardson

e Rosenfeld, 2002).

A estabilidade do ácido ascórbico é marcadamente influenciada por

variáveis como temperatura, luz, oxigênio e íons metálicos. Considera-se,

geralmente, que se esta vitamina tiver sido adequadamente retida no alimento

durante o processamento, outros nutrientes também o foram, sendo sua

presença, desta forma, considerada como um parâmetro da qualidade nutricional

do alimento processado (Uddin et al., 2002).

O presente trabalho teve como objetivo avaliar as qualidades nutricional e

sensorial e algumas características físico-químicas de goiabas submetidas aos

processos de desidratação por imersão-impregnação e secagem complementar

por convecção. Para tanto, determinou-se as alterações nos teores de Na, K, Ca,

Mg, Zn e Mn, e de vitamina C, em diversas etapas do pré-processamento

osmótico em soluções de sacarose e de açúcar invertido. Avaliou-se, também, a

estabilidade do ácido ascórbico imediatamente depois da secagem por convecção

e ao final de 60 dias de armazenamento à temperatura ambiente e sob

refrigeração.

6

2. REVISÃO DE LITERATURA

O Brasil é um dos três maiores produtores mundiais de frutas, com produção

anual que supera 38 milhões de toneladas. A base agrícola da cadeia produtiva

das frutas abrange 2,3 milhões de hectares e gera seis milhões de empregos

diretos (2 a 5 pessoas por hectare). O valor bruto da produção de frutas atingiu

em 2003 cerca de 12,3 bilhões de reais, 13% do valor da produção agrícola

brasileira. Para cada 10.000 dólares investidos em fruticultura, três empregos

diretos permanentes e dois empregos indiretos são gerados (IBRAF, 2006).

O consumo de frutas frescas vem aumentando em todo o mundo, em

decorrência de uma série de fatores que levam a modificações nos hábitos

alimentares, como campanhas publicitárias sobre os benefícios do consumo de

frutas e hortaliças e maior cuidado com a saúde e aspectos nutritivos dos

alimentos. No Brasil, o comércio de frutas frescas é limitado pela perecibilidade

destes alimentos, distância do mercado consumidor, produção concentrada em

uma determinada época do ano, má conservação das estradas, alto custo do

transporte frigorificado, inexistência de uma cadeia ininterrupta de frio, entre

outros. A importação mundial de frutas frescas foi de 223.492.000 t em 2002, no

valor de US$ 280.730.000. Os maiores importadores em volume foram, a China, a

Rússia, a Alemanha e a Malásia e em valor, o Reino Unido, os EUA, a Alemanha

e a China. O Brasil importou em 2002 172.000 t de frutas desidratadas, no valor

de US$ 738.000, e exportou 12.000 t no valor de US$ 42.000. Sendo assim, o

7

Brasil importa mais frutas desidratadas do que exporta, apesar de ser um grande

produtor de frutas (Rodrigues, 2004).

As frutas são fontes das vitaminas C e A (Mahan e Escoott-Stump, 2002), de

minerais, como o potássio e o cobre (Queiroz et al., 2006) e fibras solúveis

(Weisburger, 2000). Além disso, contêm várias substâncias “não nutricionais”

como os carotenóides, flavonóides, curcumina, dentre outros, de vital importância

para a saúde humana (Bianchi e Antunes, 1999; Kris et al., 2002). Os

carotenóides, por exemplo, funcionam como quelantes do oxigênio singlet

(espécie reativa de oxigênio), como antioxidantes, na ativação gênica e nos

processos imunes como modulador de lipoxigenases. Estudos bioquímicos e

epidemiológicos indicam que os carotenóides exercem efeitos protetores na

prevenção do câncer, doenças cardiovasculares, cataratas, doenças neurológicas

e inflamatórias e desordens do sistema imune (Wilberg e Rodriguez-Amaya, 1995;

Setiawan et al., 2001; Reddy et al., 2003).

Apesar de a produção brasileira de frutas alcançar o terceiro lugar no

mundo, o consumo “per capita” no Brasil ocupa apenas o décimo lugar, com um

total de 57 kg/ano. Já a Espanha, Itália e Alemanha consomem anualmente o

dobro do verificado no Brasil. Países como França, EUA e Japão também ficam

bem abaixo da média dos maiores consumidores, indicando potencial de

ampliação do mercado mundial de frutas (IBRAF, 2006).

2.1. Aspectos culturais e nutricionais da goiaba

A goiaba, Psidium guajava L., pertence a família Myrtaceae, da ordem

Myrtiflorae (Myrtales), à qual é composta por mais de 100 gêneros e

aproximadamente 3.000 espécies, distribuídas por todas as regiões tropicais e

subtropicais do globo terrestre, abrangendo principalmente a América e a

Austrália (Joly, 1977).

Apesar de ser classificada como planta de clima tropical, a goiabeira possui

grande capacidade de adaptação a variados tipos de solo e de condições

climáticas, podendo ser cultivada em regiões de clima subtropical ou de clima frio,

com ou sem a ocorrência de geadas de curta duração (Medina, 1978; Manica et

al., 2000).

8

O Brasil foi o segundo produtor mundial de goiaba em 2002, com um volume

anual de 300 mil toneladas, sendo 170 mil toneladas destinadas ao consumo in

natura. Os Estados com as maiores médias de produção neste mesmo ano foram

São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Paraíba

e Rio de Janeiro (AGRIANUAL, 2002). A Tabela 1 apresenta dados quantitativos

da produção de goiaba no País, no Estado do Rio de Janeiro, na região Norte

Fluminense e no município de Campos dos Goytacazes, no ano de 2004 (IBGE,

2006).

Tabela 1 - Dados da produção de goiaba em 2004

Local Produção (t) Brasil 408.283 Estado do Rio de Janeiro 9.319 Região Norte Fluminense 2.335 Campos dos Goytacazes 2.285

Fonte: Adaptado de IBGE (2006)

No Estado do Rio de Janeiro, mais de 300 produtores dedicam-se à

atividade, sendo 33,5% na região metropolitana, 44,8% no Norte-Noroeste

Fluminense e 21,7% nas demais regiões. Os municípios de Itaguaí e São

Francisco do Itabapoana produziram cerca de 51% da oferta estadual no ano de

1997. As mais altas produtividades, superiores a 34 mil kg.ha-1, foram obtidas, no

mesmo ano, nos municípios de São Francisco do Itabapoana e São João da

Barra. Coube ao município de Cachoeiras de Macacu, na Baixada Litorânea, a

condição de maior fornecedor da CEASA-RJ, o qual contribuiu com mais de 50%

(483.536 caixas de 4 kg) do total produzido no Estado. A fruta é aproveitada de

várias formas incluindo a fabricação caseira de doces, geléias e licores, o que

agrega valor ao produto (Ide et al., 2001).

Segundo Kavati (1997), o cultivar Pedro Sato é o mais difundido atualmente

no Estado de São Paulo para consumo como fruta fresca. Escolhida por

agricultores do Estado do Rio de Janeiro, esta variedade se destaca por possuir

frutos grandes e película rugosa. O formato é oblongo, a polpa é rosada, espessa

e firme, possuindo poucas sementes (Pereira, 1995). Dependendo do cultivar,

algumas goiabas exibem, durante o amadurecimento, uma mudança da cor da

casca de verde para amarelo; em outras a cor permanece verde. A cor da polpa

9

muda de branca para creme, rosa amarelada, rosa intenso, ou rosa salmão. A

presença de carotenóides, licopeno e ß-caroteno pode influenciar a intensidade

da cor da polpa do fruto maduro (Ali e Lazan, 2001).

A qualidade da goiaba é influenciada pela variedade, pelas condições

edafoclimáticas e pelas práticas culturais. Manejos inadequados na colheita e na

pós-colheita aceleram os processos de senescência, afetando sensivelmente a

qualidade e limitando, ainda mais, o período de comercialização (Manica et al.,

2000). A goiaba é considerada fruto climatérico, exibindo intenso metabolismo,

com aumento típico da respiração e da produção de etileno durante o

amadurecimento (Ali e Lazan, 2001). Esta caracterísitca é responsável pela sua

alta perecibilidade, sendo a vida útil pós-colheita de apenas três dias quando a

fruta é mantida em ambiente a 25-30 oC (Durigan, 1997). De acordo com Tavares

(1993), apud Gonzaga Neto et al. (1999), de maneira geral, as temperaturas mais

adequadas para a conservação de goiaba situam-se na faixa de 7 a 10 oC. A safra

de goiabas concentra-se no período entre janeiro e fevereiro, havendo um

excedente não comercializado para consumo in natura, com conseqüente queda

dos preços no varejo. Desta forma, o processamento dos frutos excedentes da

produção pode tornar-se uma importante alternativa para o produtor que se

dedica a esta cultura (Brunini et al., 2003), uma vez que parte desta produção é,

muitas vezes, descartada.

Entre os frutos tropicais, a goiaba se destaca por sua excelente qualidade,

que pode ser atribuída a três fatores principais: (1) excelentes propriedades

sensoriais, que lhe conferem sabor e aroma característicos, tornando-a um dos

frutos mais adequados tanto para o consumo in natura quanto para a

industrialização; (2) alto rendimento em polpa de elevada qualidade industrial, que

permite o processamento dos frutos sob as mais diferentes formas e (3) elevado

valor nutritivo (Carvalho, 1994).

A goiaba é uma das melhores fontes de vitamina C, apresenta teores

superiores aos dos frutos cítricos, perdendo apenas para o camu-camu, a acerola

e o caju (Carvalho, 1994). De acordo com o cultivar, o local e o manejo, pode-se

encontrar de 55 a 1044 mg de ácido ascórbico 100 g-1 de polpa de goiaba

(Rathore, 1976 e Menzel, 1985, apud Brunini et al., 2003). Um único fruto de

cerca de 150 g é capaz de suprir a ingestão diária recomendada para vitamina C,

10

que, de acordo com o Intitute of Medicine dos EUA (IOM, 1999) é de 90 mg

diários para um homem adulto.

A goiaba é também considerada uma boa fonte de potássio e ótima fonte de

cobre. A goiaba vermelha apresenta teores de potássio e de cobre suficientes

para suprir cerca de 17% (230 mg 100 g-1) e 21% (0,13 mg 100 g-1),

respectivamente, das recomendações diárias (IOM, 1999) destes minerais na

porção alimentar de 150 g (uma unidade média) para um homem adulto. Ainda,

de acordo com o trabalho de Queiroz et al. (2006), esta fruta foi uma das que

apresentou os melhores resultados em relação aos minerais ferro e zinco entre 29

tipos de frutas analisados.

Com relação à concentração de carotenóides, a goiaba vermelha é

considerada uma das fontes mais importantes, principalmente em relação ao

licopeno, composto que corresponde a 86% do total dos carotenóides presentes

na fruta (62 µg g-1) (Padula e Rodriguez-Amaya, 1986). Uma goiaba média pode

suprir 100% da recomendação diária de licopeno, que segundo Rao e Shen

(2002), é de 5 a 10 mg. Evidências clínicas dão suporte à função do licopeno na

proteção contra uma gama de cânceres epiteliais e de próstata, especialmente

devido aos seus efeitos como antioxidante natural (Levy et al., 1995; Micozzi et

al., 1990).

De acordo com Gorinstein et al. (1999), o teor de fibra alimentar da goiaba é

considerado elevado (5,14 a 6,04 g 100 g-1 de fruta fresca), o que significa que

uma porção de 150 g fornece 36% do valor diário recomendado por The American

Diabetes Association, que é de 20 a 35 g/dia (Toeller, 2002). Esta propriedade

torna o fruto recomendável na dietoterapia de indivíduos com hipercolesterolemia,

Diabetes mellitus e obstipação intestinal (Toeller, 2002). Por possuir baixo teor

energético (52 kcal 100 g-1), proteico (0,81 g 100 g-1) e de lipídios (0,38 g 100 g-1),

pode ser utilizada também em dietas com restrição de calorias, de proteínas e de

lipídios, respectivamente.

2.2. A secagem como forma de preservar e de agregar valor aos alimentos

A secagem é uma das práticas mais antigas de conservação de alimentos,

mas somente foi adotada como tecnologia em escala industrial a partir da metade

do século XX (Greensmith, 1998). A secagem pode ser definida como o processo

11

de transferência de calor e massa entre o produto e o meio utilizado para secá-lo,

geralmente o ar (Silva, 1995), mas pode designar, também, qualquer método que

reduza a quantidade de água disponível em um alimento (Silva, 2000). Durante a

secagem, a retirada da umidade é obtida pela movimentação das moléculas de

água, decorrente de uma diferença de pressão de vapor d’água entre a superfície

do produto a ser secado e o ar que o envolve (Silva, 1995).

A prática da desidratação é considerada também uma maneira de reduzir os

custos com transporte, embalagem e estocagem de alimentos com alto teor de

água (Park et al., 2002). Em alguns casos, a desidratação de alimentos apresenta

a vantagem adicional de colocar ao alcance do consumidor uma maior variedade

de produtos alimentícios que podem ser disponibilizados fora da safra, como é o

caso das frutas secas (Fellows, 1994).

A secagem pode ser feita de forma natural, por exposição do alimento à luz

solar, ou artificial, que envolve a passagem de ar aquecido pelo alimento a ser

desidratado. Em grande escala, a secagem natural somente pode ser empregada

em regiões de clima quente e seco e livres de chuva durante o período da

colheita, o que limita sua aplicação a poucas regiões do mundo. O processo é

comum na Califórnia, nos EUA, Mendoza, na Argentina, Grécia, Turquia e nos

países do Mediterrâneo, onde o clima permite a secagem ao sol de ameixas,

figos, uvas, pêssegos, damascos, tâmaras, dentre outros. No Brasil, a dificuldade

de emprego deste processo reside no fato de a safra da maior parte das frutas

coincidir com o verão chuvoso. Do ponto de vista econômico, trata-se de um

processo de custo relativamente baixo, devido à simplicidade e à utilização de

uma fonte natural de energia, necessitando, porém, de grandes áreas e controle

de insetos e roedores. No caso da secagem artificial, há a necessidade de

controle de variáveis de processo, como temperatura, vazão e razão da mistura

do ar quente, o que representa alto consumo de energia elétrica, investimentos

em equipamentos e uso de mão-de-obra especializada. As vantagens estão

relacionadas à rapidez do processo, à menor área requerida e à qualidade do

produto final (Fonseca e Cantarelli, 1986).

De acordo com Lenart (1996), apesar das vantagens da desidratação, a

remoção de água de um alimento pode comprometer seus atributos sensoriais e

nutricionais. Dentre os problemas mais comuns estão a ocorrência de textura

lignificada, a baixa capacidade de reidratação e a perda das características

12

suculentas, no caso das frutas e vegetais frescos. Além destes, a cor e o aroma

podem ser negativamente afetados pelo processo. Por meio de métodos mais

sofisticados, como a liofilização, pode-se obter produtos de alta qualidade, mas o

processo apresenta o incoveniente de ter custo elevado. Segundo o autor, é

necessário, portanto, aprofundar os estudos sobre a secagem por convecção de

alimentos, bem como submeter a matéria-prima a um pré-tratamento, como forma

de reduzir as perdas nutricionais e sensoriais. Atenção especial tem sido dada à

obtenção de alimentos com teor intermediário de água (20 a 50% b.u.), com

atividade de água entre 0,65 e 0,85, de modo a produzir alimentos com vida de

prateleira mais estável, sem a necessidade de processamento subseqüente ou

submetido apenas a um tratamento mais brando.

2.3. O processo de desidratação osmótica como alternativa aos métodos

convencionais de secagem de frutas

O processo de desidratação osmótica foi primeiramente proposto por

James D. Ponting, em 1966. Seu trabalho estimulou outros grupos de pesquisa

em várias partes do mundo e, hoje, são descritos na literatura inúmeros trabalhos

dedicados ao tema (Raoult-Walk, 1994). Raoult-Walk e Guilbert (1990), apud

Torregiani e Bertolo (2001a), propuseram a denominação “Desidratação por

Imersão-Impregnação” (DII) como a mais adequada para designar o método.

De acordo com Lazarides et al. (1997) e Gianotti et al. (2001), este processo

tem sido considerado um pré-tratamento, visto que a redução da disponibilidade

de água no alimento não é, na maioria dos casos, suficiente para garantir a

estabilidade do produto durante a estocagem, havendo necessidade de emprego

de um processo subseqüente de estabilização. A secagem por convecção, o uso

de microondas, a liofilização ou o congelamento são alternativas de métodos

complementares à DII.

Geralmente, a desidratação osmótica envolve a remoção de quantidade

significativa de água do alimento, com incorporação limitada e controlada de

soluto, oposto às técnicas tradicionais de saturação, como salga, cristalização e

semicristalização, as quais favorecem a impregnação de soluto e limitam a saída

de água do produto. Na DII, a retirada parcial de água é obtida por imersão direta

do produto em soluções altamente concentradas, ocorrendo penetração da

13

substância osmoativa no alimento, com conseqüente alteração de sua

composição química. O processo tende ao equilíbrio de potencial químico entre a

solução osmoativa e o fluido celular (Torreggiani, 1993; Raoult-Wack, 1994;

Lazarides et al., 1997).

2.3.1. Mecanismos básicos do processo

Numa situação osmótica ideal, uma membrana semipermeável é permeável

às moléculas do solvente, mas não às do soluto. Em frutas ou vegetais, as

membranas adjacentes às paredes celulares são unidades biológicas vivas, as

quais podem encolher ou expandir-se sob a influência do crescimento da planta e

da pressão de turgor geradas no interior das células. Estas membranas permitem

que as moléculas do solvente migrem livremente para o interior da célula, mas

limitam a passagem das moléculas do soluto. Este tipo de membrana pode ser

classificado como de permeabilidade diferenciada, em lugar de semipermeável

(Bolin, 1983; Torreggiani, 1993).

Durante a imersão do alimento na solução concentrada, três tipos de

transferência de massa são verificados: (1) fluxo de água do produto para a

solução; (2) transferência de soluto da solução para o produto e (3) saída de

solutos do próprio alimento para a solução. Este último tipo é caracterizado pela

perda de compostos como açúcares, ácidos orgânicos, minerais, vitaminas e

outros para a solução osmótica (Figura 1).

Figura 1 – Fenômenos de transporte de massa durante o processo osmótico (Adaptado de Lenart,1996)

14

Tal perda pode ser considerada quantitativamente negligenciável, quando

comparada com a massa transferida por meio dos dois primeiros tipos de

transporte, mas é essencial para a qualidade sensorial e nutricional do produto

final (Torreggiani, 1993; Raoult-Wack, 1994).

Na desidratação osmótica a transferência de massa se dá de forma bastante

complexa, em função da estrutura também complexa dos tecidos da planta. O

fenômeno é essencialmente devido às diferenças entre os coeficiente de difusão

da água e açúcar, os quais estão relacionadas às suas dieferentes massas

molares (Torreggiani, 1993, Lazarides, 1994). O processo depende ainda do tipo

de tecido e das condições de processo, como temperatura, pressão, convecção e

interações de fluxo, as quais acontecem simultaneamente. O resultado é a

redução do teor de água com concomitante aumento da massa seca e mudança

na composição química (Lenart e Piotrowski, 2001). Segundo Torreggiani (1993),

o estádio de maturação, as condições de estocagem e os pré-tratamentos com

calor ou compostos químicos podem modificar a permeabilidade e a seletividade

dos tecidos vegetais, impedindo a migração de solutos do xarope osmótico para

dentro das células.

A taxa de desidratação osmótica é maior no início do processo, em

conseqüência da maior diferença entre a pressão osmótica da solução e do fluido

celular do material a ser desidratado, bem como da pequena resistência à

transferência de massa neste estágio do processo (Raoult-Wack, 1994; Lenart e

Piotrowsk, 2001).

Giangiacomo et al. (1987) relatam que a perda de água em frutas ocorre

principalmente durante as duas primeiras horas, enquanto Kowalska e Lenart

(2001) mostraram que em maçã, abóbora e cenoura, as maiores taxas de perda

de água e de ganho de sólidos ocorreram durante os primeiros 30 min do

processo.

Uma das principais características dos produtos sujeitos à desidratação

osmótica é a formação de uma camada superficial do soluto concentrado, com

espessura de 2 a 3 mm (Bolin et al., 1983; Raoult-Wack, 1994), enquanto

mudanças no teor de água são observadas a profundidades maiores que 5 mm

(Salvatori et al., 1999, apud Lewicki e Lukaszuk, 2000). Segundo Vial et al.

(1990), apud Raoult-Wack (1994), a formação de tal camada exerce um efeito

importante no controle da transferência de massa durante o processo, uma vez

15

que favorece a perda de água, limita a impregnação de soluto e reduz a perda de

solutos solúveis em água, como ácido ascórbico e frutose. Além disso, de acordo

com Raoult-Wack (1994), a presença da camada concentrada pode influenciar o

comportamento do produto durante o processo complementar de secagem ou

durante o armazenamento.

2.3.2. Vantagens e aplicações

Como pré-tratamento, os efeitos da desidratação osmótica estão

relacionados, principalmente, à melhoria de algumas propriedades nutricionais,

sensoriais e funcionais do produto (Torreggiani, 1993), mas o processo permite,

além disso, menor gasto de energia se comparado à secagem feita integralmente

por convecção (Bolin, 1983). Relatos na literatura mostram que parâmetros como

a cor, o “flavor” e a textura de frutas e vegetais sensíveis à secagem ao ar, à

desidratação a vácuo ou à liofilização foram melhorados quando uma etapa prévia

de tratamento osmótico foi utilizada (Lazarides et al., 1997; Torreggiani e Bertolo,

2001a). O uso de temperaturas moderadas de operação, bem como o fato de a

água ser removida do alimento sem que haja nenhuma mudança de fase,

contribui, também, para a melhoria da qualidade do produto final. Estruturas

celulares podem ser preservadas e os danos, pelo calor, sobre a cor e o “flavor”

são minimizados (Torreggiani, 1993; Raoult-Wack, 1994). O sabor de um produto

obtido por desidratação osmótica é mais suave e mais doce que o da matéria-

prima original, em função da absorção de açúcar e da difusão de parte das

substâncias de baixo peso molecular para fora do produto, juntamente com água

(Ponting et al., 1966; Torreggiani, 1993; Raoult-Wack, 1994; Lenart, 1996). Além

disso, este pré-tratamento melhora a textura e a estabilidade dos pigmentos

durante a secagem e o armazenamento do produto.

Reações de escurecimento enzimático e não enzimático em frutas, vegetais

e bebidas representam um dos principais problemas da indústria de alimentos

(Araújo, 1999), uma vez que a cor é considerada o atributo sensorial ou de

aceitabilidade mais importante dos produtos alimentícios. O escurecimento de

frutas é iniciado pela oxidação enzimática de compostos fenólicos, mediada por

um grupo de enzimas chamado polifenol oxidases, que inclui tironase,

polifenolase, fenolase, catecoloxidase, catecolase e creolase. A quinona é o

16

primeiro produto da reação, mas esta é rapidamente transformada em melanina,

pigmento escuro e insolúvel (Araújo, 1999). De acordo com Forni et al. (1997), o

escurecimento não enzimático, tanto aquele resultante da condensação de

açúcares redutores com aminoácidos ou aquele decorrente da conversão da

clorofila em feofitina, é responsável pela maior parte dos problemas de

escurecimento de frutas durante os processos de secagem convencional.

Segundo Ponting et al. (1966), a atividade da fenolase decresce rapidamente com

o aumento do teor de sólidos solúveis no meio, particularmente o de sacarose.

Durante a secagem, a atividade inicial da enzima é reduzida e finalmente

paralisada pelo aumento da concentração de solutos nos tecidos das plantas. A

entrada de açúcar, devido a ação protetora dos sacarídeos (Ponting et al., 1966),

evita ou reduz o uso de SO2 e aumenta a estabilidade dos pigmentos durante o

processamento e o subseqüente período de armazenagem (Maltini et al., 1993;

Torregiani, 1993), produzindo, assim, produtos mais naturais e de maior

aceitabilidade por parte dos consumidores.

Todas as reações químicas que levam à diminuição da qualidade de

alimentos, como o escurecimento, a perda de compostos voláteis ou o colapso

das células, são extremamente dependentes da temperatura e do teor de água

inicial do produto. Os solutos difundidos para a amostra retêm os componentes

voláteis em microregiões, tornando mais rápida a formação da camada seca e

menor difusão dos componentes de “flavor” na superfície de evaporação (Silveira

et al., 1996). Segundo Forni et al. (1987), aumentos do teor de sólidos solúveis

superiores a 25% melhoram significativamente a retenção de compostos voláteis

no produto. Em trabalho realizado com kiwis, os autores verificaram que o

tratamento osmótico à temperatura ambiente por 2 h, feito previamente ao

congelamento dos frutos, resultou em produtos de alta qualidade com relação à

cor e ao “flavor” naturais. A absorção de açúcar pelos frutos, em função da

pressão osmótica do meio, protegeu a cor do alimento durante mais de nove

meses sob armazenamento a -20 oC. Já a desidratação feita ao ar, a 45-50 oC,

levou a distorções consideráveis na cor e na consistência dos frutos, além de

redução de cerca de 50% da massa. Ao avaliar a desidratação osmótica de

maçãs, Krokida et al. (2000) verificaram que a porosidade dos frutos diminui

depois do processo, o que contribui para prevenir alterações de cor e, por outro

lado, aumentar a viscosidade do produto. Conforme Torreggiani (1993) e Maltini

17

et al. (1993), apesar da entrada de sólidos solúveis no alimento imerso em

solução osmótica levar a uma diminuição da atividade de água do produto, o

efeito sobre o teor de água é menor, resultando em um produto de consistência

agradável. A textura está mais associada à plasticidade e ao efeito da expansão

da água na pectina e na matriz celulósica dos tecidos das frutas que com a

absorção da água. A consistência depende, principalmente, da concentração de

sólidos insolúveis e do teor de água e não dos sólidos solúveis e da atividade de

água.

Em casos em que a desidratação por imersão-impregnação é seguida de

congelamento, os carboidratos utilizados no preparo das soluções osmóticas

funcionam como crioprotetores contra a formação de cristais de gelo, que

destroem a estrutura dos tecidos e a textura do produto final (BeMiller e Whister,

2000). Além de contribuir para a qualidade final do produto, a redução do colapso

estrutural devido à entrada de açúcares nos tecidos evita o encharcamento

durante o degelo (Torreggiani, 1993).

Em produtos desidratados por osmose seguida de secagem por convecção

ou liofilização, os açúcares, que são substâncias altamente higroscópicas

(BeMiller e Whister, 2000), contribuem para a manutenção da umidade e para o

aumento da taxa de reidratação do alimento. Exercem, ainda, um efeito protetor

da estrutura tecidual durante o processamento, limitando o colapso e a ruptura

celular (Torreggiani, 1993; Raoult-Wack, 1994). A capacidade de absorver água

combinada com a habilidade em retê-la é afetada pela integridade da membrana

celular depois do processamento (Willis e Teixeira, 1988). Segundo Ferrando e

Spiess (2001), a distribuição de fosfolipídeos e proteínas na membrana é

relacionada ao estado físico da água. Durante a desidratação, a deficiência de

água induz fosfolipídeos e proteínas a adotarem diferentes fases (isto é,

mudanças em sua orientação), incapacitando a membrana de recuperar suas

propriedades quando reidratadas. Os autores avaliaram o impacto de três

dissacarídeos, sacarose, maltose e trealose, sobre a epiderme de cebola tratada

por osmose e depois da reidratação. Maltose e a trealose mostraram efeito

protetor na membrana plasmática das células, mantendo suas propriedades como

barreira, enquanto trealose desempenhou papel fundamental durante a

reidratação, levando à maior taxa de turgescência.

18

Além de permitir a obtenção de produtos com qualidade superior, o consumo

de energia na desidratação osmótica é significativamente menor que nos

processos convencionais (Lenart, 1996). Representa, por exemplo, cerca de 25%

do gasto energético requerido para a remoção de água na secagem por

convecção em ar aquecido (Bolin et al., 1983). Venkatachalapathy e Raghavan

(1998) verificaram que a desidratação osmótica de blueberries anterior à

secagem, até teor de água de 15% b.u., resultou em economia de energia e em

redução do tempo na secagem, além de melhorar a qualidade dos frutos. Na

desidratação osmótica de goiabas seguida de secagem em estufa, Sousa et al.

(2003) observaram que o pré-tratamento com osmose a vácuo diminuiu o tempo

de secagem, reduzindo os gastos com o processo. De acordo com Raoult-Wack

(1994), a economia de energia pode ser obtida porque o produto é processado

em fase líquida, obtendo-se, geralmente, bons coeficientes de transferência de

calor e massa, além do fato de a água ser removida sem mudança de fase. A

redução do teor de água do alimento obtida na DII reduz a carga energética

necessária para seu congelamento, o que é de grande interesse das indústrias de

frutas e verduras congeladas, que consomem grande quantidade de energia para

congelar produtos frescos com altos teores de água. Outras vantagens de frutas

parcialmente desidratadas antes do congelamento incluem a economia com a

embalagem e com a distribuição (Torreggiani, 1993).

Para indivíduos que necessitam de dietas hipercalóricas, como é o caso

daqueles em tratamento de câncer, anorexia, AIDS e outros (Mahan e Escoott-

Stump, 2002), a impregnação de açúcares no produto representa uma vantagem

da desidratação por imersão-impregnação.

2.3.3. Variáveis do processo

O fenômeno de transferência de massa que acontece entre o produto e o

meio osmótico é amplamente afetado pelas variáveis do processo, as quais estão

associadas tanto à natureza da matéria-prima quanto às condições operacionais

empregadas. Interferem no desempenho da desidratação a espécie utilizada, a

variedade, o grau de maturação e a forma e tamanho do alimento a ser

desidratado, assim como a composição e a concentração da solução osmótica, a

temperatura e o tempo de contato da fração sólida com o xarope, a razão massa

19

do produto (fruta) / massa do meio (xarope) e a utilização ou não de pré-

tratamentos (Torregiani, 1993; Raoult-Wack, 1994; Lazarides, 1994; Rastogi et al.,

1997; Lenart e Piotrowsk, 2001). Park et al. (2002) afirmam que as justificativas

para o emprego da DII para a secagem de alimentos são tão numerosas quanto a

variedade de produtos passíveis de serem desidratados por este método.

A perda de água e o ganho de sólidos são principalmente controlados pelas

características da matéria-prima. A grande variabilidade observada entre frutas de

diferentes espécies está relacionada, especialmente, ao teor inicial de sólidos

solúveis e insolúveis, aos espaços intercelulares, à presença de gás, à proporção

entre as diferentes frações pécticas (pectina solúvel em água e protopectina), aos

níveis de gelificação da pectina (Torregiani, 1993), à capacidade de compactação

dos tecidos e atividade enzimática da fruta (Giangiacomo et al., 1987). Em

trabalho em que avaliaram a transferência de massa durante o pré-tratamento

osmótico de maçã, abóbora e cenoura, utilizando solução de sacarose a 61,5% e

temperatura de 30 ºC, Kowalska e Lenart (2001) atribuíram a variação observada

entre as taxas de desidratação de cada produto ao tipo de planta, mais

especificamente às diferenças entre os tipos de tecidos de cada uma. Nas

condições empregadas no trabalho, a abóbora se destacou como o material mais

adequado à desidratação osmótica, levando-se em conta a maior perda de água

para o xarope e o menor ganho de sólidos solúveis, enquanto a maçã teve um

comportamento inverso, apresentando o pior desempenho dentre os três. De

acordo com Torreggiani (1993), fenômenos que modificam a permeabilidade dos

tecidos da planta, como pré-tratamentos com substâncias químicas, como sulfitos,

por exemplo, branqueamento ou congelamento, favorecem o ganho de sólidos em

detrimento da perda de água.

A temperatura da solução osmótica influencia decisivamente a taxa de

desidratação e as propriedades do produto final. Valores entre 20 e 50 ºC são

considerados ótimos para o processo de transferência de massa e têm sido os

mais freqüentemente citados nos trabalhos sobre este tema. O emprego de

valores acima desta faixa causa perda de componentes nutricionais, mudanças

de cor e deterioração de membranas celulares (Beristain et al., 1990). Segundo

Torreggiani (1993) a velocidade de transferência de massa aumenta com o

aumento da temperatura, porém, acima de 60 ºC ocorrem modificações nas

20

características dos tecidos, favorecendo o fenômeno de impregnação e,

conseqüentemente, o ganho de sólidos.

Park et al. (2002), ao estudarem a cinética da desidratação de pêra D’anjou

em temperaturas de 40, 50 e 60 ºC e concentrações de soluto de 40, 55 e 70

ºBrix, concluíram que a perda de água e o ganho de sólidos aumentaram com o

aumento da temperatura e da concentração da solução osmótica. Resultado

similar foi obtido por Silveira et al. (1996) em estudo com abacaxi desidratado

osmoticamente em temperaturas entre 30 e 60 ºC e concentrações da solução

entre 50 e 75 ºBrix. Alguns autores relatam, entretanto, ter observado uma

aceleração na perda de água, sem modificação no ganho de açúcares pelo

alimento, quando a temperatura do processo é aumentada (Ponting, 1966;

Hawkes e Flink, 1978). O fenômeno é atribuído, essencialmente, às diferenças

difusionais entre água e açúcar, assim como às diferenças nas massas molares

dos diferentes solutos (Torreggiani, 1993).

Lazarides et al.(1997) cita os trabalhos de Vial et al. (1991) e Heng et al.

(1990), que avaliaram o efeito da temperatura sobre o processamento de kiwi e

mamão, respectivamente. Vial et al. (1991) verificaram que temperatura igual ou

superior a 50 oC levou a modificações indesejáveis na cor e nos teores de ácido

ascórbico e clorofila da fruta, enquanto o emprego de temperaturas iguais ou

inferiores a 40 oC resultou em teores de ácido ascórbico e pigmentos satisfatórios

no produto final. Heng et al. (1990) mostraram que o processamento dos frutos

em xarope com temperatura acima de 60 ºC induziu perdas significativas de ácido

ascórbico e descoloração do produto.

Assim como a temperatura, a freqüência de agitação do conjunto

xarope/produto exerce um efeito importante sobre o desempenho do processo de

DII. A agitação garante um contato contínuo das amostras com as soluções

osmóticas concentradas, evitando a flutuação das mesmas e promovendo um

grande impacto na perda de água, porém, quando em excesso, pode levar à

desintegração dos tecidos do vegetal (Lazarides, 1994). Mavroudis et al. (1998)

estudaram a desidratação de maçã, cortada em cilindros e imersas em solução de

sacarose 50% (p/p), sob níveis de agitação entre 10 e 140 min-1, verificando que a

taxa de perda de água do alimento para a solução foi altamente dependente desta

variável. Níveis mais elevados de agitação favoreceram a saída de água, o que

21

não ocorreu, no entanto, com o ganho de sólidos pelo produto, que não foi

significativamente afetado por esta variável.

A razão produto:solução representa também uma importante variável do

processo de desidratação osmótica. A maior relação fruta:xarope permite

manutenção da concentração das soluções osmóticas do início ao final do

processo (Lazarides, 1994). De modo geral, a fim de assegurar uma taxa

constante de troca de água/soluto é preferível trabalhar com baixa relação

alimento:solução, por exemplo 1:5, conforme Dalla Rosa e Giroux (2001).

Trabalhos em laboratório utilizam relações na faixa de 1:10 a 1:20, segundo

Raoult-Wack (1994), de forma a minimizar a variação da composição da solução.

Entretanto, para aplicações industriais, esta proporção deve ser a mais baixa

possível, a fim de reduzir os custos de produção. Khoyi e Hesari (2006)

examinaram as relações 5:1, 10:1 e 15:1 (solução:amostras de sacarose) e

verificaram que a elevação do volume de solução resultava em maior perda de

água e ganho de sólidos nas amostras. Entretanto, concluíram ser a razão 10:1 a

melhor, por diminuir o custo e o volume de solução do processo.

A composição e a concentração da solução osmótica empregada na DII é,

segundo Torreggiani (1993), um dos fatores chave para o sucesso do processo. O

tipo de açúcar utilizado no preparo do xarope afeta expressivamente a cinética de

remoção de água, o ganho de sólidos e o equilíbrio do teor de água. Quanto

maior a massa molecular do soluto empregado, maior a perda de água para a

solução e menor o ganho de sólidos pelo alimento, favorecendo, assim, a perda

de massa e o processo de desidratação (Bolin et al., 1983). A impregnação do

alimento com o soluto é, de forma contrária, favorecida com o uso de açúcares

com menor massa molecular, como glicose, frutose e sorbitol, em função da maior

velocidade de penetração das moléculas no produto (Torreggiani, 1993; Raoult-

Wack, 1994). O efeito protetor de açúcares sobre a degradação do ácido

ascórbico também está relacionado ao tipo de açúcar utilizado (Forni et al., 1997).

Com relação à concentração da solução, a transferência de massa é favorecida

pelo uso de xaropes altamente concentrados (Ponting et al., 1966), e até certo

ponto, pela redução do tamanho das frações da fruta a ser desidratada. O ganho

de sólidos é, no entanto, altamente favorecido pela dimuição acentuada do

tamanho dos pedaços (Torreggiani, 1993). O aumento da concentração da

solução favorece mais a perda de água que o ganho de sólidos (Ponting et al.,

22

1966). Giraldo et al. (2003) demonstraram que o tratamento de cilindros de manga

com solução de sacarose a 45 ºBrix e 30 ºC levou a mais alta relação ganho de

sólidos:perda de água, dentre as demais concentrações testadas no estudo, ou

seja, 35, 55 e 65 ºBrix. No entanto, Khoyi e Hesari (2006) estudaram a cinética da

desidratação osmótica de damascos em solução de sacarose a 50%, 60% e 70%

e concluiram que a perda de água e o ganho de sólidos aumentam com o

aumento da concentração da solução e da temperatura do processo.

Sacarose e cloreto de sódio têm sido os agentes osmóticos mais utilizados

nos estudos sobre este processo de desidratação, mas qualquer soluto com alta

solubilidade, como glicose, ou solvente miscível em água, como etanol, pode ser

destinado ao preparo da solução de imersão. Dentre os edulcorantes, além de

sacarose, destacam-se como substâncias com grande potencial para o processo,

a glicose e os xaropes de amido (mistura de glicose, maltose e

maltoligossacarídeos) (Lazarides, 1994; Raoult-Wack, 1994). São citados

também, em menor grau, os xaropes ricos em glicose ou em frutose, o açúcar

invertido, a lactose e polióis como sorbitol, manitol e xilitol. O poder edulcorante

da sacarose é utilizado como referência para indicar a intensidade do sabor doce

dos demais adoçantes, conforme pode ser observado na Tabela 2 (Belitz e

Grosch, 1997).

Tabela 2 - Poder edulcorante de alguns açúcares e poliálcoois em relação à

sacarose

Composto Poder edulcorante relativo Composto Poder edulcorante

relativo D-Frutose 114 D-Manose 59 Xilitol 102 D-Glucitol 51 Sacarose 100 Maltose 46 D-Glicose 69 Dulcitol 41 D-Manitol 69 Lactose 39 D-Xilose 67 D-Ramnose 33 D-Galactose 63 Rafinose 22

Fonte: Adaptado de Belitz e Grosch (1997).

A sacarose é formada por uma unidade a-D-glicopiranosídeo e outra ß-d-

frutofuranosídeo, unidas pelos extremos redutores, constituindo, portanto, um

açúcar não redutor. Como a maioria dos carboidratos de baixa massa molecular,

23

caracteriza-se pela alta capacidade hidrofílica e alta solubilidade, podendo formar

soluções altamente concentradas que não necessitam aditivos antimicrobianos

para manter-se em boas condições microbiológicas. Estas características

conferem-lhe, ainda, propriedades como umectante e conservante (Be Miller e

Whistler, 2000).

Segundo Lenart (1996), a sacarose é a substância com melhores

características para o processo de desidratação osmótica, especialmente quando

este é utilizado como tratamento preliminar à secagem por convecção. A

presença de uma camada do dissacarídeo na superfície do produto desidratado

constitui um obstáculo ao contato com o oxigênio, minimizando ou impedindo o

escurecimento enzimático, além da influência positiva sobre a manutenção de

substâncias aromatizantes do alimento. Seu sabor especialmente agradável,

mesmo em soluções altamente concentradas, é uma característica de destaque

dentre os demais edulcorantes (Be Miller e Whistler, 2000), embora o alto poder

adoçante possa representar um fator limitante na desidratação de determinados

vegetais (Lenart, 1996).

Por ser um dissacarídeo, é esperado que a migração das moléculas de

sacarose para o interior do alimento ocorra mais lentamente que a de moléculas

de frutose, um monossacarídeo. Ao realizar estudo histológico de fatias de maçã

submetidas à DII com xarope de frutose (HFCS) e de sacarose, Bolin et al. (1983)

mostraram que nos primeiros 30 min de processo a penetração de ambas as

moléculas deu-se de forma muito similar, perfazendo uma distância de 1 a 2 mm

da superfície da amostra. Da mesma forma, considerando as três primeiras horas

de imersão, as taxas de migração foram essencialmente as mesmas para ambos

os açúcares. Com o decorrer do tempo, no entanto, a frutose passou a ser mais

absorvida que a sacarose e, depois de 5 h, as fatias imersas no xarope de frutose

tinham absorvido 70% a mais de sólidos que aquelas em solução de sacarose.

Forni et al. (1997) estudaram a influência de diferentes solutos (sacarose,

maltose e sorbitol) sobre as propriedades físico-químicas de cubos de damascos

osmodesidratados. Os níveis mais baixos de degradação do ácido ascórbico

foram verificados nas amostras tratadas com maltose e armazenadas sob

congelamento. Da mesma forma, a maior estabilidade da cor depois da secagem

com ar foi obtida com o tratamento com maltose. Frutas tratadas com sacarose ou

sorbitol, além da mais baixa estabilidade da cor depois da secagem por

24

convecção, apresentaram redução substancial nos teores de ácido ascórbico

depois de quatro meses de armazenamento.

Soluções de açúcar invertido são amplamente utilizadas pela indústria de

alimentos na fabricação de balas, produtos lácteos, bebidas carbonatadas, sucos,

recheios, licores, biscoitos, caramelos e chocolates, com variadas funções

(Gratão et al., 2004). A adição em balas, por exemplo, previne a cristalização do

açúcar e impede a ocorrência de textura desagradável e arenosa no produto. Já

no caso de biscoitos, sua principal função é contribuir para a coloração

caramelada e para a maciez do produto. O xarope de açúcar invertido é obtido

pela hidrólise de soluções de sacarose, realizada tanto por via enzimática, em

reação catalisada por invertase, quanto por via química, através do emprego de

soluções ácidas. O grau de inversão das soluções, que representa a intensidade

de quebra das moléculas presentes em seus dois monossacarídeos constitutivos,

glicose e frutose, varia de 10 a 100%. A denominação do produto deve-se ao

fenômeno de inversão do sentido da luz polarizada (rotação óptica), que incide

sobre as moléculas de açúcar, que gira para a direita no caso de moléculas de

sacarose e para a esquerda no caso da mescla de açúcares resultantes da

hidrólise quando colocadas sob prisma (Coultate, 1998). O poder edulcorante de

um xarope com 60% de inversão e 76 oBrix é, em relação ao da sacarose, de 150.

Soluções de açúcar invertido são também mais densas que soluções de sacarose

pura e, por este motivo, apresentam a vantagem de minimizar os riscos de

cristalização e de desenvolvimento de bolores e leveduras na superfície do

produto desidratado (Gratão et al., 2004). Porém, um de seus principais

benefícios consiste na maior capacidade de redução da atividade de água do

alimento, fator determinante para ampliar seu prazo de validade (Hansson et al.,

2001).

O sorbitol, substância amplamente encontrada na natureza, tanto em

espécies vegetais quanto animais, apresenta grande potencial para aplicação na

desidratação osmótica de frutas. É um produto inodoro e isento de sabor residual,

pertencente ao grupo químico dos polióis. Apesar da estrutura química

intimamente relacionada à da glicose, difere desta em várias propriedades, como,

por exemplo, a ausência de poder redutor. Seu poder adoçante é igual a 50% ao

da sacarose, mas em relação à disponibilidade energética para fins nutricionais,

atribui-se ao sorbitol o valor de 2,4 kcal g-1, diferentemente da sacarose, cujo valor

25

calórico é de 4,0 kcal g-1, uma vez que nem toda fração administrada é absorvida

e metabolizada pelo organismo. Devido as suas propriedades físico-químicas, é

utilizado pela indústria de alimentos como edulcorante em alimentos dietéticos,

como redutor da atividade de água de alimentos de umidade intermediária, como

umectante, plastificante, inibidor da cristalização e melhorador da reidratação de

produtos desidratados (Belitz e Grosch, 1997). Erba et al. (1994) concluíram que

a presença de sorbitol na solução osmótica utilizada na desidratação de pêssegos

e damascos levou a um menor ganho de sólidos e maior redução da massa das

amostras. Embora as frutas imersas em xarope com ou sem sorbitol tenham

apresentado uma mesma proporção entre sólidos solúveis e insolúveis, aquelas

desidratadas com solução de frutose+sorbitol apresentaram maior maciez que as

tratadas apenas com frutose. Os autores argumentam que o uso de sorbitol pode

melhorar a qualidade de vários alimentos obtidos por DII, ampliando as

possibilidades de suas aplicações. Além de disponibilizar produtos mais macios e

mais agradáveis ao paladar do consumidor, estes produtos representariam uma

alternativa para a incorporação em alimentos como sorvetes, produtos de

confeitaria e outros.

Embora não tenha sido encontrada na literatura consultada qualquer

citação sobre o uso de sucralose para a desidratação osmótica, acredita-se que

este composto tenha potencialidade para ser utilizado como complemento no

processo, devido a seu elevado poder edulcorante em relação aos demais solutos

utilizados no preparo de soluções concentradas para o tratamento de frutas por

este método. Descoberta em 1976, sucralose é o nome comum do composto

dicloro - 1,6 - dideoxi - ß-D - frutofuranosil - 4 - cloro - 4 - deoxi - a - D -

galactopiranosídeo, sintetizado a partir de sacarose pela substituição seletiva de

três grupos hidroxila da molécula por três átomos de cloro (Grice e Goldsmith,

2000). Constitui um sólido branco, cristalino, não-higroscópico e altamente solúvel

em água e álcool. A sucralose é cerca de 600 vezes mais doce que a sacarose e

não é metabolizada pelo organismo humano, não contribuindo, portanto, com o

valor calórico total. É mais estável que a sacarose quando submetida à

temperatura de 100 ºC por 2 h, apresentando grau de degradação menor que 5%

(Hood e Campbell, 1990). O FDA (Food and Drug Administration) aprovou o uso

de sucralose em 1998 e hoje o composto é utilizado como aditivo alimentício em

mais de trinta países. Depois de mais de 20 anos de pesquisas, os dados têm

26

demonstrado sua inocuidade para o consumo humano e animal (Grice e

Goldsmith, 2000). Mendonça et al. (2001) verificaram que o uso de sucralose

proporcionou à compota de pêssego light características sensoriais similares às

de compota de pêssego convencional, preparada com sacarose. Além disso, os

custos de produção das compotas light foram inferiores aos da compota

convencional.

2.3.4. Parâmetros cinéticos do processo

A avaliação da cinética de desidratação no processo DII envolve,

basicamente, a determinação de variáveis como a redução de massa (µ), a perda

de água (ω) e o ganho de sólidos (δ) pelo produto durante o período de imersão

na solução osmótica. A redução da massa (µ) corresponde ao percentual de

diminuição de massa da amostra em relação à sua massa inicial; a perda de água

(ω) refere-se à quantidade de água (g ou mL) que sai da amostra para cada 100 g

de sua massa total inicial; o ganho de sólidos (δ) é designado pela massa de

sólidos solúveis e insolúveis transportada para o interior do produto em relação à

massa inicial da amostra. Os valores de µ, ω e δ são determinados,

respectivamente, pelas Equações (1), (2) e (3) (Bolin et al., 1983; Viberg et al.,

1998).

100m

mm

i

ti

−=µ (1)

100m

XmXm

i

attaii

−=ω (2)

100m

XmXm

i

sitsti

−=δ (3)

Em que:

mi = massa inicial do produto, g;

mt = massa do produto no tempo t, g;

27

Xai = fração de água na amostra no tempo inicial, adimensional;

Xat = fração de água na amostra no tempo t, adimensional;

Xsi = fração de sólidos totais da amostra no tempo inicial, adimensional;

Xst = fração de sólidos totais da amostra no tempo t, adimensional.

2.3.5. Atributos de qualidade de alimentos processados

Os atributos de qualidade de um alimento processado dizem respeito à sua

aparência e textura, ao seu sabor e odor (“flavor”), ao seu valor nutritivo e à sua

segurança para a saúde do consumidor. O grau de importância de cada um

destes atributos depende dos interesses particulares de cada grupo envolvido. O

alvo principal da indústria, por exemplo, é o rendimento da matéria-prima e

parâmetros como cor, “flavor” e textura do produto final. Para o consumidor, por

outro lado, os principais atributos de qualidade consistem nas características

sensoriais do alimento, como ausência de defeitos, textura, cor, sabor e odor,

tamanho e forma, além do valor nutritivo. Pequenas diferenças nestas

características entre produtos semelhantes, mas de marcas distintas, são, às

vezes, determinantes para a aceitabilidade e escolha de um em relação ao outro

(Chitarra e Chitarra, 1990; Fellows, 1994).

O processamento de alimentos traz conseqüências inevitáveis ao seu valor

nutricional. Macro e micronutrientes são afetados em diferentes níveis, tanto

durante o processo quanto no decorrer do período de armazenagem. O grau de

estabilidade depende amplamente do tipo e da estrutura do nutriente, da

composição química do alimento e da severidade e duração do processamento

(Henry e Massey, 2001). As perdas se devem à sensibilidade dos diferentes

componentes ao calor, pH, oxigênio, luz, umidade ou à combinação destes (Henry

e Heppell, 2002). No caso específico do processo de DII, a migração do soluto

osmótico para o interior do alimento, bem como a transferência de compostos

deste para o meio, altera as propriedades sensoriais e nutricionais do produto,

dando origem a uma formulação nova e específica (Torreggiani, 1993; Lenart,

1996). Vários trabalhos são encontrados na literatura com relação aos efeitos

deste processo, em diferentes condições operacionais, sobre as características

físicas e químicas dos produtos, como cor, acidez, textura, sólidos solúveis e

outras (Forni et al., 1997; Waliszewski et al.; 1999, Lewicki e Lukaszuk, 2000;

28

Mauro et al., 2002). São, entretanto, escassos os artigos que abordam a

intensidade das alterações relativas à composição nutricional dos alimentos

durante e depois da desidratação e ao longo do armazenamento. Exceção é feita

ao ácido ascórbico e aos carotenóides, cuja amplitude de degradação, em

conseqüência das condições de processo, tem sido estudada por alguns autores.

Determinações importantes, sob o ponto de vista nutricional, como a

concentração de proteínas, lipídios e minerais nos produtos desidratados têm sido

negligenciadas ou não contempladas na maioria dos trabalhos sobre este tema.

A estabilidade do ácido ascórbico é marcadamente influenciada por variáveis

como temperatura, luz, oxigênio e íons metálicos. Considera-se, geralmente, que

se esta vitamina for adequadamente retida no alimento durante o processamento,

outros nutrientes também o foram, sendo sua presença, desta forma, considerada

como parâmetro da qualidade nutricional do alimento processado (Fennema,

1977, apud Uddin et al., 2002). A labilidade da vitamina C tem sido observada

desde 1670, quando foram descobertas suas propriedades anti-escorbúticas e

que as mesmas eram perdidas quando as plantas eram secas pelo calor

(Ramberg et al., 2003).

Marcy et al. (1989) observaram perda da ordem de 40% nos teores desta

vitamina, depois de seis meses de armazenamento a temperaturas entre 4 e 6 ºC,

em bebidas à base de laranjas embaladas assepticamente. Quando estocadas a

22 ou 30 ºC, a perda foi superior a 75%. Por outro lado, Lin et al. (1998)

reportaram aumento da concentração de vitamina C em cenouras desidratadas

em microondas, sob vácuo, em relação àquela de cenouras secas ao ar. Em

quiabos desidratados deste mesmo modo, El-Din e Shouk (1999) verificaram

baixo grau de degradação do ácido ascórbico, enquanto Khraisheh et al. (2004)

demonstraram que a retenção do composto em amostras de tomates secos é, no

mínimo, duas vezes maior que em amostras desidratadas por secagem por

convecção.

Suntornsuk et al. (2002) determinaram os teores de vitamina C em vários

tipos de sucos frescos e liofilizados, antes e depois da estocagem. Suco de

goiaba fresco apresentou teor de vitamina 41,4% maior que o de suco liofilizado,

indicando degradação do composto durante a liofilização. Entretanto, depois de

quatro semanas de armazenamento, a estabilidade da vitamina nas amostras do

produto liofilizado mostrou-se maior que no suco não liofilizado, com perdas de

29

27,9 e 38,6%, respectivamente. Depois de oito semanas de estocagem,

independente das condições de armazenamento, foi observada uma drástica

redução do teor de vitamina C dos produtos. Akinyele et al. (1990) avaliaram as

alterações na concentração de alguns dos componentes de produtos de abacaxi e

de laranja, depois da pasteurização e estocagem, verificando redução

considerável do teor de ácido ascórbico nas amostras. O efeito sobre a

concentração de sólidos totais, cinzas e de minerais (Ca, Na, K e Mg) não foi, no

entanto, significativo.

Negi e Roy (2000) realizaram experimentos para determinar a influência do

tipo de embalagem e das condições de armazenamento sobre a qualidade e o

valor nutritivo de cenouras frescas e desidratadas. As amostras desidratadas

foram embaladas em sacos plásticos de polietileno de alta densidade (PEAD) e

estocadas à temperatura ambiente e sob refrigeração por nove meses. O

branqueamento e a secagem levaram à significativa redução dos teores de ácido

ascórbico e ß-caroteno nas amostras desidratadas, com redução durante e

posterior à estocagem. A vida útil de cenouras frescas variou entre 3 e 20 dias,

em função do tipo de embalagem e da condição de armazenagem, mas em todos

os casos houve redução das concentrações de ß-caroteno e ácido ascórbico.

Existe interesse crescente por parte da comunidade científica, de

consumidores e da indústria de alimentos, com relação aos benefícios do licopeno

para a saúde humana. Evidências clínicas têm reforçado seu papel como um

importante micronutriente na proteção do organismo contra diferentes tipos de

câncer (Micozzi et al., 1990; Levy et al., 1995). Shi e Le Maguer (1999)

verificaram que o conteúdo total de licopeno em tomates permanece praticamente

inalterado durante a desidratação osmótica. Comparada à secagem a vácuo, a

retenção do composto depois do processo combinado de desidratação osmótica-

secagem a vácuo é também muito superior. A secagem convencional resulta, por

outro lado, em enormes perdas de licopeno das amostras. O trabalho mostra que

o método utilizado na desidratação afeta a distribuição de isômeros nas amostras.

Em tomates frescos o isômero cis não foi detectado, ao contrário das amostras

processadas, em que um aumento significativo de cis-licopeno, com simultâneo

decréscimo nos teores do isômero trans, foi observado para qualquer método de

secagem empregado. A configuração trans, forma geralmente encontrada na

natureza, apresenta maior estabilidade que a forma cis. Os autores argumentam

30

que a degradação do licopeno afeta não apenas a cor atrativa do produto final,

mas, também, o “flavor” e o valor nutritivo, comprometendo seus benefícios para a

saúde.

2.3.6. Limitações do processo

O custo da solução osmótica representa um papel preponderante no

processo de DII (Bolin et al., 1983; Raoult-Wack, 1994). Depois da desidratação,

além da diluição da solução, são também verificadas mudanças na composição

química e nas propriedades físico-químicas e sensoriais do xarope, relacionadas

à transferência de compostos como pigmentos, ácidos e fragmentos de polpa do

produto para o meio osmótico. A reutilização da solução exige, desta forma, um

tratamento prévio para a retirada, por filtração, por exemplo, dos compostos

indesejáveis e para a correção da concentração de soluto para os valores iniciais

(Dalla Rosa e Giroux, 2001). Segundo Bolin et al. (1983) e Raoult-Wack (1994), o

manejo da solução residual em cada batelada de desidratação representa um

fator limitante para a viabilidade econômica do processo em escala industrial e

sua otimização está vinculada a aspectos como a reciclagem do xarope e a

redução do volume de xarope empregado. A correção da concentração de sólidos

da solução osmótica pode ser feita pela adição do soluto ou por evaporação à

pressão atmosférica, à vácuo ou solar (Valdez-Fragoso et al., 1998). Algumas

alternativas têm sido propostas para reutilização das soluções osmóticas pós-

processamento, incluindo seu uso na fabricação de geléias de frutas, sucos de

frutas, produtos cristalizados e conservas, bem como na produção de

flavorizantes naturais e enriquecimento de ração animal (Dalla Rosa e Giroux,

2001).

Outros problemas tecnológicos afetam a implementação do processo de DII

em escala industrial, como por exemplo, o adequado contato da fase sólida

(produto) com a fase líquida (solução concentrada). Os produtos (massa

específica de 800 kg m-3 para frutas, em média) tendem a flutuar na solução

devido a maior densidade da solução (massa específica de 1300 kg m-3 para

solução de sacarose de 60% (p/p) a 20 oC). Ao mesmo tempo, a viscosidade da

solução exerce considerável resistência externa à transferência de massa, e a

fragilidade dos pedaços de alimentos dificulta a agitação (Raoult-Wack, 1994;

31

Torreggiani, 1993). Observa-se, ainda, que frutas desidratadas até teores de água

inferiores aos valores normalmente utilizados no processo têm se mostrado

rançosas quando armazenadas por várias semanas à temperatura ambiente.

Segundo Ponting et al. (1966), este fato ocorre, provavelmente, deve-se à maior

retenção de óleos aromáticos no produto. De acordo com Araújo (1999), durante

o processo de desidratação de frutas, ocorrem três eventos simultâneos,

favorecendo o processo de rancidez: as moléculas componentes do alimento são

aproximadas, aumentando, conseqüentemente, a probabilidade de interação

entre elas; a remoção da água dos capilares do alimento facilita o acesso físico do

oxigênio atmosférico ao seu interior e a sensibilidade química dos componentes

do alimento aumenta, devido à remoção da água de hidratação protetora dos

sítios reativos das moléculas.

Para consumidores que necessitam de dietas hipocalóricas ou isentas de

açúcares simples, como no caso, por exemplo, dos obesos e dos diabéticos, a

impregnação do açúcar no produto é considerada uma desvantagem do processo

de DII.

32

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Obtenção das frutas e preparo das amostras

Para a realização dos experimentos de desidratação, foram utilizados frutos

de goiaba (Psidium guajava L.) do cultivar Pedro Sato, provenientes de pomares

comerciais localizados no Município de Cachoeiras de Macacu, RJ. Apresenta-se,

na Figura 2, a ilustração típica de goiaba no estádio 3 de maturação utilizada no

presente trabalho.

Figura 2 – Ilustração típica de goiaba no estádio 3 de maturação.

33

Durante o período de safra, entre os meses de novembro e fevereiro, cerca

de 50 frutos, acondicionados em caixas térmicas, foram transportados

semanalmente para o Laboratório de Engenharia Agrícola (LEAG), do Centro de

Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Campos dos Goytacazes, RJ. Ao chegar ao

Laboratório, os frutos foram selecionados de acordo com os atributos: 1) estádio 2

de maturação, caracterizado pela coloração verde clara da casca, ângulo de cor

(ºh) entre 113 e 116 (Azzolini et al., 2004); 2) uniformidade de tamanho, que

incluiu a massa, o diâmetro tranversal e o diâmetro longitudinal dos frutos; e 3)

ausência de defeitos, que consistiu na inexistência de injúrias físicas. Os frutos

selecionados foram acondicionados em bandejas plásticas e armazenados sob

refrigeração, em câmaras do tipo B.O.D. (MARCONI, modelo MA 415) a 7 ºC,

pelo tempo necessário para atingir o estádio 3 de maturação, caracterizado pela

cor verde-amarelada da casca, ângulo de cor (ºh) entre 108 e 112 (Azzolini et al.,

2004), o que ocorreu em, aproximadamente, quatro dias. Segundo Mercado-Silva

et al. (1998) a cor da casca constitui-se no melhor índice para indicar o estádio de

maturação em goiabas. Estes autores, ao trabalharem com a variedade “Media

China” em diferentes épocas de desenvolvimento, verificaram diminuição

constante no ângulo de cor (ºh) durante o amadurecimento dos frutos.

A cada dia de experimento, 18 frutos no estádio 3 de maturação eram

retirados do ambiente de armazenamento, sendo em seguida lavados em água

corrente e imersos em solução de detergente neutro a 1% por 15 min. Logo

depois, eram enxaguados em água corrente, sanitizados em solução de

hipoclorito de sódio a 100 ppm por 15 min e secos com papel toalha. Os frutos

eram, um por vez, descascados e cortados longitudinalmente, removendo-se as

sementes e dividindo-se cada metade em outras quatro partes, de modo a

obterem-se oito frações por fruto, num total de 144 amostras. Retiravam-se,

então, dezoito frações, ou seja, uma amostra por fruto, para caracterização da

fruta in natura, as quais eram imediatamente mergulhadas em nitrogênio líquido

por 5 s. Em seguida essas amostras eram acondicionadas em frascos de

polietileno branco fosco de 30 mL, com tampa rosqueável, e armazenadas em

freezer a –18 oC, para análises posteriores.

34

3.2. Branqueamento e tratamento com ácido ascórbico

Para evitar o escurecimento enzimático das amostras as 126 frações

restantes, sete de cada um dos dezoito frutos, foram branqueadas em vapor

d’água por 1 min, sendo, em seguida, colocadas em saco plástico e imersas em

banho de gelo por 1 min. Para o aquecimento da água, foi utilizado um agitador

magnético com chapa aquecedora (VELP SCIENTIFICA, modelo ARE). As

amostras resfriadas foram imersas em solução de ácido ascórbico 1% por 5 min

(Giangiacomo et al., 1987), exceto as destinadas às análises de ácido ascórbico.

Depois dessa etapa, retirou-se mais uma fração de 1/8 de cada fruto para as

análises referentes ao branqueamento/imersão em ácido ascórbico, as quais

foram acondicionadas conforme descrito no parágrafo anterior.

3.3. Desidratação dos frutos

3.3.1. Desidratação por Imersão e Impregnação (DII)

Depois do branqueamento e tratamento com ácido ascórbico, as 108 frações

restantes, sendo seis de cada goiaba, foram submetidas à primeira etapa do

processo de desidratação, que consistiu em sua imersão em soluções

concentradas de solutos (soluções osmóticas), mantidas em béqueres de vidro

sob agitação controlada, por tempo e temperatura pré-determinados. Na Tabela 3

estão discriminados os tratamentos avaliados.

Tabela 3 - Tratamentos avaliados no experimento

Tratamento Tipo de soluto Concentração da solução

(%, p/p)

T1 Sacarose comercial, tipo cristal 70

T2 Sacarose comercial, tipo cristal 50

T3 Sacarose + sucralose** Sacarose, 30 + sucralose, 0,025

T4 Açúcar invertido* 70

T5 Açúcar invertido* Sem diluição

T6 Controle (sem DII) -

* Gludex 216 (Dulcini S/A); ** Edulcorante em pó micronizado (Attivos Magisttrais)

35

Para as análises de acidez, pH e minerais não foi avaliado o tratamento

controle (sem desidratação por imersão e impregnação) e na análise sensorial

não foi utilizado o tratamento com açúcar invertido a 70%. Para o preparo das

soluções osmóticas, o soluto foi pesado em balança de precisão (SARTORIUS

BP 4100S), em frasco de vidro de 2 L, adicionando-se massa de água destilada

(desionizada no caso das análises de minerais) necessária para obtenção da

concentração desejada na solução. O frasco foi colocado sobre agitador

magnético com aquecimento (VELP SCIENTIFICA modelo ARE) para facilitar a

dissolução do soluto. As soluções foram transferidas para frascos de vidro de

tampa rosqueável, autoclavados a 120 oC por 20 min e estocados sob

refrigeração a 7 ºC, em B.O.D., até o momento de sua utilização.

Além de sacarose, outros dois solutos foram avaliados: açúcar invertido, com

nome comercial de Gludex 216 e fabricado pela Dulcini S/A, com taxa de inversão

= 90%, e sucralose, fornecida pela empresa Attivos Magisttrais, edulcorante cujo

poder adoçante é 600 vezes maior que o da sacarose (Hood e Campbell, 1990).

Com o objetivo de se obter um produto light (> 25% de redução de calorias) foi

preparada uma solução com o mesmo nível de doçura do Tratamento T2

(sacarose 50%), porém, com 30% menos caloria, resultando no Tratamento T3.

Para isto, no cálculo da massa do adoçante sucralose foi considerada a relação: o

poder edulcorante de 1.000 g de sacarose corresponde àquele de 1,67 g de

sucralose, obtendo assim, a solução de 0,025% de sucralose + 30% de sacarose.

A desidratação foi feita pela imersão das amostras na solução osmótica, em

béqueres de vidro de 1.000 mL, dispostos em três agitadoras-incubadoras de

bancada (B.Braun Biotech, modelo Certomat U/Certomat HK; Nova Ética, modelo

430 RDB) de movimento orbital, com controle automático de temperatura e

freqüência de agitação. Em todos os tratamentos foi utilizada relação fruta:xarope

de 1:10 (p/p), temperatura de 50 oC (Beristain et al., 1990), freqüência de agitação

de 60 min-1 e tempo de incubação de 2 h. A perda de água ocorre durante as

primeiras duas horas de processo e acima deste tempo ocorre maior

permeabilidade da fruta pelo soluto osmótico aumentando o fenômeno de

impregnação (Giangiacomo et al., 1987; Torreggiani, 1993).

Depois da desidratação osmótica, os frutos foram enxaguados com água

destilada (ou desionizada no caso dos minerais), para remoção do filme de açúcar

formado na superfície e, em seguida, envolvidos em papel absorvente para

36

retirada do excesso de água. Depois desta etapa, foram retiradas outras dezoito

amostras correspondentes a 1/8 de cada fruto para as análises posteriores. As

cinco frações restantes de cada fruto (90 amostras) foram, então, submetidas à

secagem por convecção. Devido à possibilidade de contaminação do produto por

íons metálicos eventualmente presentes no ar de secagem, o experimento para

análise dos teores de minerais não prosseguiu com a etapa de secagem por

convecção forçada e foi finalizado depois da desidratação por imersão-

impregnação. As análises de acidez e pH e sólidos solúveis também foram

realizadas apenas até esta etapa. De acordo com a literatura não há variação

nestes teores na secagem por convecção (Forni et al., 1997).

Em todo o experimento foram utilizadas quatro repetições de cada

tratamento, sendo cada goiaba considerada uma repetição para as análises de

vitamina C, minerais, cor, acidez e pH. Para a determinação da composição

centesimal (água, proteínas, lipídios, fibras e cinzas) foram utilizados quatro frutos

por repetição de cada tratamento. Sendo assim, em todo o experimento utilizou-

se um total de 268 frutos (Tabela 4). Conforme já descrito, a cada dia eram

utilizados 18 frutos, distribuídos em 18 béqueres, ou seja, um fruto por béquer,

divididos em três agitadoras-incubadoras. A Figura 3 ilustra as seis frações de

goiaba distribuídas em cada um dos seis béqueres localizados em uma das três

agitadoras-incubadoras utilizadas.

Tabela 4 - Número de tratamentos, de repetições por tratamento, de frutos por repetição e total de frutos utilizados no experimento

Tipo de análise Nº de tratamentos

Repetições/ tratamento

Frutos/ repetição

Frutos utilizados

Cinética 4 3 1 12

Sólidos solúveis totais 4 3 1 12

Acidez total titulável 5 4 1 20

Composição centesimal 6 4 4 96

Minerais 5 4 1 20

Vitamina C 6 4 1 24

Parâmetros de cor 6 4 1 24

Análise sensorial 5 * 12 60

Total 268 * A análise sensorial foi realizada com 77 pedaços de goiabas (repetições)

37

Figura 3 - Seis frações de goiaba distribuídas em cada um dos seis béqueres

localizados em uma das três agitadoras-incubadoras utilizadas por dia de experimento

3.3.2. Secagem por convecção forçada

A segunda etapa do processo consistiu na secagem por convecção das

amostras desidratadas osmoticamente, empregando para tanto um protótipo de

secador do tipo gabinete com bandejas. Utilizou-se apenas um nível de

temperatura e velocidade do ar de secagem, 60 ºC e 1,25 m s-1, respectivamente.

Os testes eram interrompidos quando o teor de água do produto, determinado por

gravimetria, atingia valores entre 18 e 20% b.u. A temperatura e a umidade

relativa do ar de secagem foram medidas com termo-higrômetro digital (Dwyer

Instruments Inc Series 485) e a velocidade do ar de secagem foi medida por meio

de um anemômetro de pás rotativas Airflow modelo AV6.

Ao final do processo, amostras destinadas às análises de ácido ascórbico

foram acondicionadas em frascos de polietileno de 30 mL e armazenadas em

freezer a -18 ºC. Com a intenção de se verificar o efeito da temperatura de

armazenamento sobre a estabilidade do ácido ascórbico, outras duas amostras

foram acondicionadas em sacos de polipropileno (12 x 20 cm), selados a vácuo e

armazenados por 60 dias em câmaras B.O.D. a 7 e 25 ºC, visando simular a

estocagem sob refrigeração e em temperatura ambiente, respectivamente. A

Figura 4 resume as etapas de desidratação de goiabas por processo combinado

de imersão-impregnação e secagem por convecção.

38

Figura 4 - Fluxograma do processo de obtenção de goiabas desidratadas pela combinação dos métodos de desidratação por imersão-impregnação e secagem por convecção

T1 = Sacarose 70% T2 = Sacarose 50% T3 = Sac 30% + suc 0,025% T4 = Açúcar invertido 70% T5 = Açúcar invertido sem

diluição T¨6 = Controle (sem DII)

Vapor/1 min

1%/5 min

Início da retirada das amostras

Água clorada a 100ppm/15 min

Detergente neutro/15 min

B.O.D. a 7ºC - até cor verde-amarelada da casca (hº entre 109 e 112)

Cor da casca, massa, diâmetro equatorial e transversal

Temperatura de 50 oC Agitação de 60 min-1/ 2 h

Temperatura: 60 oC Fluxo de ar: 1,25 ms-1

Água destilada ou desionizada

Laboratório de Engenharia Agrícola/ UENF

ARMAZENAMENTO

SELEÇÃO

RECEPÇÃO

GOIABAS SECAS - EMBALAGEM E ARMAZENAMENTO

DESIDRATAÇÃO POR IMERSÃO/IMPREGNAÇÃO

Adição do xarope osmótico

Razão 1:10

T1 T2 T3 T4 T5

IMERSÃO EM SOLUÇÃO DE ÁCIDO ASCÓRBICO

BRANQUEAMENTO

DESCASCASCAMENTO, CORTE E RETIRADA DO MIOLO

SANITIZAÇÃO

LAVAGEM

SECAGEM POR CONVECÇÃO

AGITAÇÃO EM SHAKER

LAVAGEM E SECAGEM

T6

Vapor/1 min

1%/5 min

Início da retirada das amostras

Água clorada a 100ppm/15 min

Detergente neutro/15 min

B.O.D. a 7ºC - até cor verde-amarelada da casca (hº entre 109 e 112)

Laboratório de Engenharia Agrícola/ UENF

Sacos de polipropileno – B.O.D./7 e 25oC Potes de polietileno – Freezer/-18 oC

39

3.4. Cinética da desidratação osmótica

O preparo das amostras, o branqueamento e o processo de desidratação

dos frutos para a avaliação da cinética de desidratação foram feitos nas

condições descritas nos itens 3.1, 3.2 e 3.3, respectivamente.

3.4.1. Determinações da perda de água (ω), do ganho de sólidos (δ) e da

redução da massa (µ)

A determinação das variáveis perda de água (ω), ganho de sólidos (δ) e

redução da massa (µ) das amostras foi feita utilizando-se três frutos (três

repetições), cada qual dividido em 12 partes. A partir do início do processo,

depois da imersão em solução de ácido ascórbico (conforme já descrito no ítem

3.2), as amostras provenientes de cada fruto foram colocadas em um béquer de

1.000 mL contendo as respectivas soluções osmóticas de sacarose 70%,

sacarose 50%, sacarose 30% + sucralose 0,025% ou açúcar invertido sem

diluição, totalizando 12 frutos. Em seguida, os frascos contendo as amostras

imersas nos xaropes osmóticos, foram colocados em incubadora-agitadora e

amostras correspondentes a 1/12 de cada fruto foram retiradas nos tempos 5, 15,

30, 45, 60, 90 e 120 min para as medições do teor de água, dos sólidos solúveis e

da massa das amostras. Os teores de água e sólidos solúveis foram

determinados na mesma amostra e a determinação da redução da massa foi

realizada em amostra diferente, porém, do mesmo fruto. Esta última, depois de

pesada, era devolvida à solução osmótica original, dando continuidade ao

processo.

Para determinação de ω, δ e µ, os teores de água e de sólidos totais das

amostras foram determinados por método gravimétrico. As amostras foram

trituradas, pesadas em balança analítica (SARTORIUS, modelo BL 210 S) e

levadas à estufa à vácuo (TEC MAQ, modelo AP 500) a 70 oC por 6 h, sob

pressão = 100 mmHg, de acordo com método da Association of Official Analytical

Chemists (AOAC., 1990). Depois do resfriamento em dessecador, as amostras

foram novamente pesadas e os teores de água e de sólidos totais foram

calculados por diferença entre as massas do produto úmido e seco. Os cálculos

40

da perda de água, do ganho de sólidos e da redução de massa foram feitos de

acordo com as Equações (1), (2) e (3), respectivamente, descritas no item 2.3.4.

3.5. Análises físicas, químicas e físico-químicas

Todas as análises físico-químicas foram feitas em duplicata, utilizando-se

reagentes com grau de pureza P.A. Foram descartadas as extremidades dos

pedaços conforme mostrado na Figura 5. As amostras foram homogeneizadas

com microtriturador de aço inox, com cabeçote do tipo dentado com hélice

(TECNAL, modelo TURRATEC TE 102) e pesadas em balança analítica

(SARTORIUS, modelo BL 210S). Os resultados foram expressos com base na

massa de matéria seca.

Figura 5 - Detalhes dos cortes da goiaba, para obtenção das amostras utilizadas nos testes experimentais. (a) corte longitudinal, com eliminação das extremidades; (b) amostras representando 1/8 do fruto inteiro.

41

3.5.1. Massa e dimensão dos frutos

Para determinação da massa inicial, os frutos foram pesados em balança de

precisão (SARTORIUS BP 4100S). As medidas de diâmetro equatorial,

longitudinal e espessura da polpa dos frutos foram feitas com paquímetro manual

(Gongatti Netto et al., 1996).

3.5.2. pH

Cerca de 3 g da amostra fresca (ou 2 g de amostra seca) triturada foi diluída

em 20 mL de água destilada e o pH da suspensão foi determinado diretamente

em pHmetro DIGIMED, modelo DM 20.

3.5.3 Acidez total titulável (ATT)

De acordo com Chan e Kwok (1976), apud Azzollini (2002), a presença dos

ácidos cítrico e málico são os principais responsáveis pela acidez em goiabas,

sendo encontrados em menor quantidade, os ácidos galacturônico e fumárico.

Neste trabalho, analisou-se os teores e as perdas de ácido cítrico dos pedaços de

goiaba in natura e depois da desidratação por imersão-impregnação.

A acidez total titulável (ATT) foi determinada de acordo com método da

AOAC (1990). As mesmas amostras preparadas para determinação do pH foram

tituladas com solução de NaOH 0,1 N (padronizada com biftalato de potássio),

utilizando-se solução de fenolftaleína 1% como indicador. Devido à coloração

rósea da goiaba, o controle da titulação foi efetuado com auxílio de um pHmetro.

O ponto de viragem corresponde a um valor de pH igual a 8,1. Os resultados

foram expressos em percentagem de ácido cítrico, utilizando-se a seguinte

fórmula:

( )m

100PENfV%cítricoácido

××××= (4)

Em que:

V = volume de NaOH gasto na titulação, mL

42

f = fator de correção

N = normalidade do NaOH

PE = peso equivalente-grama do ácido cítrico

m = massa da amostra, g

3.5.4. Sólidos solúveis totais (SST)

O teor de sólidos solúveis totais (SST), expresso em º Brix, foi determinado

pelo método proposto pela AOAC (1990) nas amostras in natura e durante a DII

nos tempos: zero (depois da imersão em solução de ácido ascórbico), 5, 15, 30,

45, 60, 90 e 120 min. Uma alíquota da amostra triturada foi colocada sobre o

prisma de um refratômetro portátil (ATAGO, modelo HSR 500), procendendo-se à

leitura direta do índice refratométrico indicado pelo aparelho. O teor de SST da

solução osmótica foi igualmente determinado nos mesmos tempos a fim de se

verificar eventuais variações na concentração da solução ao longo do processo.

3.5.5. Composição centesimal

Para análise da composição centesimal (base seca) foram utilizados quatro

frutos por repetição. As amostras foram secas em estufa com circulação forçada

de ar a 60 ºC até massa constante (Giraldo et al., 2003) e, em seguida, trituradas

em moinho tipo Willey (MARCONI, modelo 340) contendo peneira de 20 mesh. As

amostras moídas foram acondicionadas em frascos de polietileno de 30 mL e

armazenados em temperatura ambiente até o momento de cada análise. Os

resultados das análises foram corrigidos pelo teor de água obtido a 105 ºC em

estufa com circulação forçada de ar (Silva, 1990).

3.5.5.1. Teor de água

O teor de água foi determinado por método gravimétrico. Cerca de 5 g de

amostra foram colocados em recipiente de alumínio e levados à estufa com

circulação forçada de ar a 60 ºC até massa constante (pré-secagem). Depois do

resfriamento em dessecador, as amostras foram pesadas em balança analítica

(SARTORIUS, modelo BL 210 S) e o teor de água (ou o teor de sólidos totais) foi

43

calculado por diferença entre as massas do material úmido e seco. Em seguida,

os recipientes retornaram à mesma estufa a 105 ºC por 12 h (secagem definitiva)

e, logo depois, foram novamente pesados em balança analítica tendo seu teor de

água calculado por meio do percentual de água evaporada.

3.5.5.2. Proteínas

A concentração de proteínas foi obtida por determinação do nitrogênio total

pelo método de Kjeldahl (Silva, 1990). Neste método, por meio de digestão ácida

em bloco digestor BUCHI, o nitrogênio da amostra foi transformado em amônio

(NH4+), o qual foi posteriormente separado por destilação (destilador BUCHI

modelo 323) e finalmente dosado por titulação com solução padrão de HCl 0,1N.

O teor de proteína, dado em %, foi calculado a partir da fórmula:

( ) 25,6m

10014NfV%oteínaPr ×

××××= (5)

Em que,

V = volume de ácido gasto na titulação

N = normalidade do ácido

f = fator de correção para a normalidade do ácido

m = massa da amostra, g

6,25 = fator de conversão da % de nitrogênio em % de proteína

3.5.5.3. Lipídios (extrato etéreo)

O teor de lipídios, ou extrato etéreo, foi obtido por método gravimétrico,

baseado na perda de massa do material pesado em cartucho de Soxhlet e

submetido à extração com éter de petróleo em extrator de Soxhlet (Silva, 1990).

Os resultados foram expressos em % de gordura de acordo com a fórmula:

( ) ( )m

100BA%Lipídios

×−= (6)

Em que,

44

A = massa do cartucho contendo a amostra com gordura, g

B = massa do cartucho contendo a amostra sem gordura, g

m = massa da amostra, g

3.5.5.4. Cinzas

Foram determinadas por método gravimétrico, considerando-se a perda de

massa do material submetido à queima em mufla (QUIMIS) em temperatura = 525

ºC, durante 4 h, de acordo com procedimento recomendado pela AOAC (1990). A

perda de massa corresponde ao teor de matéria orgânica. A diferença entre a

massa original da amostra e a massa da matéria orgânica fornece a quantidade

de cinza presente no produto. Os resultados foram expressos em porcentagem de

cinzas.

3.5.5.5. Fibras (FDN - Fibra Detergente Neutro)

As fibras insolúveis (celulose, lignina e hemicelulose) foram determinadas

pelo método de Van Soest (Silva, 1990). As amostras foram tratadas com solução

de detergente neutro em bloco digestor para determinação de fibra (MARCONI

modelo MA 450) por 1 h à 100 ºC para eliminar a porção solúvel. Os cadinhos

contendo os resíduos da digestão foram colocados em estufa com circulação

forçada de ar (MARCONI, modelo MA 035) a 105 ºC por 12 h para secagem do

material. Depois de esfriar em dessecador, os cadinhos foram pesados em

balança analítica e o teor de fibra (FDN) calculado. Os resultados foram

expressos em porcentagem de fibra.

3.5.5.6. Carboidratos

Foram quantificados pela diferença entre a massa do produto original

(100%) e a massa dos componentes determinados nos itens anteriores (água,

proteínas, lipídios, cinzas e fibras) (Carvalho et al., 2002).

45

3.5.6. Minerais

Para o preparo da solução mineral destinada à determinação da

concentração dos minerais, a matéria orgânica das amostras foi oxidada via seca

com incineração em mufla (QUIMIS) em temperatura = 525 ºC, durante

aproximadamente 4 h (até se obter cinza clara), segundo método da AOAC

(1990). As cinzas obtidas foram dissolvidas em solução de HCl a 50% e levadas

para banho de areia a 180 ºC até completa evaporação do ácido. A operação foi

repetida e depois do resfriamento do cadinho, o conteúdo foi dissolvido

novamente em água desionizada até completar o volume para 20 mL.

Os teores de sódio e potássio foram analisados em fotômetro de chama

(ANALYSER, modelo 910M), enquanto os teores de cálcio, ferro, magnésio, zinco

e cobre, foram quantificados em espectrofotômetro de absorção atômica (ZEISS,

modelo AA-S4).

Para as determinações de zinco e manganês, as leituras foram feitas

diretamente na solução mineral. Para as análises do sódio e magnésio a solução

mineral foi diluída novamente em água desionizada na proporção de 1:20 e para o

potássio de 1:24. No caso do cálcio, a segunda diluição, na proporção de 1:20, foi

realizada em solução de cloreto de estrôncio (SrCl2) 4g dm-3. Nesses

procedimentos foram utilizadas pipetas automáticas com volumes máximos de 1 e

5 mL e dispensador de volume com capacidade para 25 mL.

Para a determinação das concentrações de minerais nas soluções contendo

as amostras de frutas foram preparadas curvas de calibração a partir de soluções-

padrão estoque com concentração 1 g.dm-3.

Todo o material utilizado nas análises de minerais foi rigorosamente limpo,

de modo a evitar contaminação por traços de minerais. O material foi higienizado

com detergente neutro, enxaguado em água corrente, imerso em solução ácida

de ácido clorídrico (pH <1) por 1 h e enxaguado três vezes com água desionizada.

3.5.7. Ácido ascórbico

A concentração de ácido ascórbico foi determinada por titulometria, segundo

as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (Pregnolatto e Pregnolatto, 1985).

Cerca de 5 g de amostra in natura ou 2 g de amostra desidratada foi triturada em

46

volume conhecido de água destilada até completa homogeneização e em seguida

filtrada em papel de filtro. Foram adicionadas, ao filtrado, soluções de iodeto de

potássio a 10% (p/v) e solução de amido a 1% (p/v). Em seguida, a solução obtida

foi titulada com solução de iodato de potássio 0,01 N com auxílio de bureta digital

de 50 mL (BRAND) até coloração azul. O teor de ácido ascórbico foi calculado

pela fórmula:

( )m

100FVg100/mgCaminVita

××= (7)

Em que:

V = volume de iodato de potássio gasto na titulação, mL

F = 8,806 (fator de correção)

m = massa da amostra (g)

3.5.8. Cor (Parâmetros L, a, b e oh)

A determinação da cor foi realizada com colorímetro MINOLTA, modelo CR

300, em três pontos distintos da amostra e a média dos resultados foi expressa

em ângulo de cor (oh), e por meio dos parâmetros de Hunter: L, a e b. O ângulo

de cor (oh) é uma medida da tonalidade e é representado por valores entre 0 e

360º. Ângulos entre 0 e 90º são representados pelas cores vermelhas, laranjas e

amarelas; de 90 a 180º são as amarelas, as amarelo-verdes e as verdes; de 180

a 270º são as verdes, as verde-azuladas e as azuis; de 270 a 360º são as azuis,

as púrpuras, as magentas e novamente as vermelhas. Um valor ºh de 360º é igual

ao valor 0º. Na escala de Hunter, o índice L mede a luminosidade, que varia de 0

(zero), para amostras totalmente pretas, a 100 para amostras totalmente brancas.

O índice a mede a variação da cor verde (sinal negativo) à vermelha (sinal

positivo). O índice b mede a variação da cor azul (sinal negativo) à amarela (sinal

positivo). Valores de a e b iguais a zero equivalem à cor cinza (Figura 6).

As leituras foram feitas nas mesmas amostras in natura, depois do

branqueamento, da desidratação por imersão e impregnação e da secagem por

convecção, bem como depois do armazenadas sob refrigeração a 7 oC em B.O.D

a cada 30 dias durante três meses.

47

Figura 6 - Ilustração dos parâmetros de cor L, a e b na escala de Hunter. Fonte: HunterLab (2005).

3.6. Análise sensorial

3.6.1. Teste de aceitação

Este teste foi feito com o objetivo de determinar a aceitação do produto em

relação ao aroma, à aparência geral, à textura e ao sabor. Foram oferecidas a 77

participantes, monadicamente, quatro amostras de goiaba secas pré-desidratadas

em soluções de sacarose 70%, sacarose 50%, sacarose 30% + sucralose 0,025%

e açúcar invertido sem diluição e uma amostra seca sem pré-tratamento

osmótico, num total de cinco amostras. As amostras foram de tamanho relativo a

1/8 de goiaba, colocadas em copos plásticos descartáveis de 50 mL, casualizadas

em códigos com três dígitos aleatórios (Pereira et al., 2003).

Para descrever o grau de aceitação do produto pelos participantes foi

empregado o método da escala hedônica estruturada de nove pontos: 9 (gostei

extremamente), 8 (gostei muito), 7 (gostei moderadamente), 6 (gostei

ligeiramente), 5 (não gostei, nem desgostei), 4 (desgostei ligeiramente), 3

(desgostei moderadamente), 2 (desgostei muito), 1 (desgostei extremamente)

(Silveira et al., 1996; Pereira et al., 2003). Um formulário apropriado foi utilizado

para registro dos dados (Figura 7).

48

TESTE DE ACEITAÇÃO

NOME:_______________________________________________SEXO:_______

Você vai receber seis amostras de goiaba desidratada. Por favor, prove-as e

marque na escala abaixo o quanto você gostou dos produtos.

Amostras Atributo Avaliação 021 345 786 438 527 902

Gostei extremamente Gostei muito Gostei moderadamente Gostei ligeiramente

Aroma Não gostei nem desgostei Desgostei ligeiramente Desgostei moderadamente Desgostei muito Desgostei extremamente Gostei extremamente Gostei muito Gostei moderadamente Gostei ligeiramente

Sabor Não gostei nem desgostei Desgostei ligeiramente Desgostei moderadamente Desgostei muito Desgostei extremamente Gostei extremamente Gostei muito Gostei moderadamente Gostei ligeiramente

Aparência Não gostei nem desgostei Desgostei ligeiramente Desgostei moderadamente Desgostei muito Desgostei extremamente Gostei extremamente Gostei muito Gostei moderadamente Gostei ligeiramente

Textura Não gostei nem desgostei Desgostei ligeiramente Desgostei moderadamente

Desgostei muito Desgostei extremamente

Intenção de compra: Compraria ( ) Não compraria ( )

COMENTÁRIOS:

____________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Figura 7 - Formulário modelo para avaliação sensorial.

49

3.6.2. Teste de intenção de compra

Este teste foi feito com os mesmos participantes e as mesmas amostras

utilizadas no teste de aceitação descrito no item 3.6.1. Depois de experimentarem

as amostras, estes assinalaram, no mesmo formulário (Figura 7), se comprariam

ou não o produto oferecido.

3.7. Análises estatísticas

3.7.1. Cinética da DII e análises físico-químicas

Para as análises estatísticas dos dados obtidos nas determinações físico-

químicas e na cinética da desidratação osmótica das amostras foi utilizado o

delineamento experimental em blocos casualizados (DBC) com arranjo fatorial

(tratamentos de desidratação x períodos de amostragem). Foi utilizado um

tratamento adicional (controle, sem pré-tratamento osmótico) para as análises dos

teores de água, carboidratos, proteínas, lipídios, fibras, cinzas, vitamina C e

parâmetros de cor (L, a e b). Para as análises da cinética da DII e do teor de

sólidos solúveis foram utilizados três repetições e para as demais análises físico-

químicas utilizou-se quatro repetições, sendo cada fruto correspondente a um

bloco. Empregou-se o seguinte modelo estatístico:

Yijk = µ + ai + ßj + ai ßj + ? k + eijk

Em que:

Yijk = Valor observado para a variável em estudo referente a k-ésima

repetição da combinação do tratamento i com a etapa j;

µ = Média de todas as unidades experimentais para a variável em estudo;

ai = Efeito do i-ésimo nível do fator A no valor observado Yijk;

ßj = Efeito do j-ésimo nível do fator B no valor observado Yijk;

ai ßj = Efeito da interação do i-ésimo nível do fator A com o j-ésimo nível do

fator B;

? k = Efeito do k-ésimo bloco no valor observado Yijk;

eijk = Erro associado à observação Yijk.

50

Os dados obtidos foram avaliados por análise de variância (ANOVA), depois

da verificação da normalidade dos dados e homogeneidade das variâncias dos

tratamentos pelos testes de Liliefors e Barttlet, respectivamente. As interações

significativas pelo teste “F” da ANOVA foram desdobradas e as médias dos

tratamentos dentro de cada etapa ou período de amostragem foram comparadas

pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade ou analisadas por análise de

regressão (perda de água, ganho de sólidos, perda de massa e teor de sólidos

solúveis). Para melhor interpretação dos resultados, os tratamentos foram

também avaliados por meio de contrastes ortogonais, por constituírem grupos de

tratamentos, sendo as comparações feitas entre e dentro dos grupos. A

significância dos contrastes foi testada pelo teste “F” a 1% e 5% de probabilidade

ou por meio da diferença entre os coeficientes ß1 das equações de regressão

(perda de água, ganho de sólidos, perda de massa e teor de sólidos solúveis). Os

grupos de tratamentos contrastados foram os seguintes: com DII vs sem DII (C1),

sacarose vs açúcar invertido (C2), açúcar invertido diluído a 70% vs açúcar

invertido sem diluição (C3), sacarose a 70% vs sacarose a 50% (C4), sacarose a

70% vs sacarose a 30% + sucralose a 0,025% (C5).

3.7.2. Análise sensorial

No caso da análise sensorial, foi utilizado o delineamento experimental

inteiramente casualizado (DIC), com 77 repetições (participantes do teste de

aceitação) e cinco tratamentos, seguindo o modelo abaixo:

Yij = µ + ti + eij

Em que:

Yij = Valor observado para a variável em estudo referente ao i-ésimo

tratamento na j-ésima repetição;

µ = Média de todas as unidades experimentais para a variável em estudo;

ti = Efeito do tratamento i no valor observado Yij;

eijk = Erro experimental.

51

Os dados foram avaliados por análise de variância (ANOVA) e as médias

comparadas pelo teste de Tukey.

As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do aplicativo

computacional SAEG, versão 9.0, FUNARBE – Fundação Artur Bernardes,

Universidade Federal de Viçosa – UFV.

52

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Caracterização da fruta in natura

A caracterização das goiabas frescas (in natura) no estádio 3 de

maturação (verde-amareladas), em base úmida, encontra-se na Tabela 5.

Tabela 5 - Características de goiabas cv Pedro Sato no estádio 3 de maturação

Característica Média ± DP Característica Média ± DP

Teor de água (%) 86,7 ± 1,1 L 66,29 ± 2,48

Massa (g) 185,5 ± 37,3 a 10,90 ± 1,35

DL (cm) 7,9 ± 0,8 b 31,09 ± 0,82

DE (cm) 6,8 ± 1,0 ºh 106,50 ± 3,14

DL/DE 1,2

Cor da casca

C 49,13 ± 1,02

EP (cm) 0,83 ± 0,17 L 43,63 ± 7,03

SST (ºBrix) 8,6 ± 1,3 a 23,82 ± 2,35

ATT (% ácido cítrico) 0,46 ± 0,05 b 12,84 ± 1,95

SST/ATT 18,7 ºh 35,17 ± 4,24

pH 4,03 ± 0,23

Cor da polpa

C 33,56 ± 3,60

DL: diâmetro longitudinal; DE: diâmetro equatorial; EP: espessura da polpa; SST: sólidos

solúveis totais; ATT: acidez total titulável. L, a, b: coordenadas de Hunter, ºh: ângulo de cor

(tonalidade); C: cromaticidade

53

O teor de água obtido encontra-se entre os teores apresentados na

Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (Lima et al., 2006) e aqueles

obtidos por Pereira et al. (2003) em goiabas cv Paluma, que são de 85 e 87%,

respectivamente. Azzolini et al. (2004), trabalhando com o mesmo cultivar de

goiaba (Pedro Sato) e mesmo estádio de maturação, relataram valores

semelhantes de massa (170 ± 10 g), cor da casca (ºh entre 108 e 112) e cor

da polpa (C = 34,57) e maiores para acidez total titulável (0,51% de ácido

cítrico) e valores ligeiramente menores para sólidos solúveis totais (7,60 ºBrix)

contribuindo com menor relação SST/ATT (15,10). O teor de água desta

variedade de goiaba não foi determinado por estes últimos autores. Os frutos

utilizados no presente trabalho eram, portanto, mais doces e menos ácidos

que os estudados pelos autores supracitados. A relação diâmetro

longitudinal/diâmetro equatorial (DL/DE) foi maior que um (1,16), confirmando

o formato oblongo dos frutos (Pereira, 1995).

4.2. Cinética da desidratação por imersão-impregnação

A perda de água (ω), o ganho de sólidos (δ) e a redução de massa (µ)

dos pedaços de goiaba a partir de 0,08 h do processo de desidratação por

imersão-impregnação nas soluções de sacarose 70% (T1), sacarose 50%

(T2), sacarose 30% + sucralose 0,025% (T3) e açúcar invertido sem diluição

(T5) são mostrados nas Figuras 8, 9 e 10, respectivamente. Mudanças na

declividade (β1) das curvas permitem distinguir duas fases distintas para o

comportamento das variáveis ? , δ e µ em função do tempo (t). Na primeira

(fase 1), a perda de água, o ganho de sólidos e a redução de massa foram

muito rápidos e aconteceram nas primeiras 0,5 h do processo. Em seguida

(fase 2), o fluxo de massas passou a decrescer gradualmente tendendo ao

equilíbrio a partir de 1,5 h, com exceção do tratamento com açúcar invertido

sem diluição, que continuou apresentando perda de água, porém em taxa

menos acentuada.

54

05

1015202530354045

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

Tempo, h

Per

da

de

águ

a, %

Sac 30% + Suc 0,025% Sac 50% Sac 70% AISD

Figura 8 – Perda de água (ω) dos pedaços de goiaba em função do tempo

de desidratação por imersão-impregnação em soluções de sacarose 70%, sacarose 50%, sacarose 30% + sucralose 0,025% e açúcar invertido sem diluição (AISD).

0123456789

0 0,5 1 1,5 2 2,5

Tempo, h

Gan

ho

de

sólid

os,

%

Sac 30% + Suc 0,025% Sac 50% Sac 70% AISD

Figura 9 – Ganho de sólidos dos pedaços de goiaba em função do tempo de

desidratação por imersão-impregnação em soluções de sacarose 70%, sacarose 50%, sacarose 30% + sucralose 0,025% e açúcar invertido sem diluição (AISD).

55

05

10152025303540

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

Tempo, h

Red

uçã

o d

e m

assa

, %

Sac 30% + Suc 0,025% Sac 50% Sac 70% AISD

Figura 10 – Redução de massa (µ) dos pedaços de goiaba em função do

tempo de desidratação por imersão-impregnação em soluções de sacarose 70%, sacarose 50%, sacarose 30% + sucralose 0,025% e açúcar invertido sem diluição (AISD).

Estes resultados estão em conformidade com os relatados por Kowalska

e Lenart (2001) na desidratação osmótica de maçã, abóbora e cenoura, em

que as maiores taxas de perda de água e de ganho de sólidos também

ocorreram durante os primeiros 30 min do processo. Park et al. (2002)

relataram maior perda de água e ganho de sólidos em cubos de pêra D’anju

até os 40 min de imersão em soluções osmóticas de 40, 55 e 70 ºBrix, a partir

do qual houve também redução nas taxas de redução de massa. Este último

resultado pode ser devido ao formato das amostras (cubos) apresentarem

menor área superficial de exposição levando ao décrescimo do fluxo de massa

somente a partir dos 40 min. Entretanto, Cardoso Andrade et al. (2007)

mostraram que o fluxo de massa entre pedaços de jenipapo e as soluções de

sacarose a 30, 50 e 70% começou a reduzir consideravelmente depois das

duas primeiras horas de DII atingindo o equilíbrio apenas às 12, 24 e 32 h de

osmose, respectivamente. Os autores argumentaram que este tempo mais

longo é devido, provavelmente, ao tipo de tecido desta fruta, mais permeável

ao soluto osmótico.

As equações representando a variação dos parâmetros ω, δ e µ, entre

0,08 e 2 h foram obtidas por análise de regressão e testadas pelo teste F da

56

análise de variância. O melhor modelo de regressão foi escolhido pelo

coeficiente de determinação (R2) e pela significância dos coeficientes da

regressão ( 1β̂ ) que foram testados pelo teste t (Student). As equações de

regressão com seus respectivos coeficientes de determinação para estas

variáveis encontram-se nas Tabelas 6, 7 e 8.

Tabela 6 – Equações e coeficientes de determinação (R2) para perda de água (ω, %) em função do tempo t (h), para pedaços de goiaba desidratados por imersão-impregnação em soluções de sacarose 70%, sacarose 50%, sacarose 30% + sucralose 0,025% e açúcar invertido sem diluição (AISD)

Tratamento Equação de regressão R2

T1 Sacarose 70% ω̂ = 5,9779Ln(t)** + 23,22 0,98

T2 Sacarose 50% ω̂ = 5,2710Ln(t)** + 19,47 0,94

T3 Sac 30% + Suc 0,025% ω̂ = 3,11990Ln(t)** + 11,72 0,95

T5 AISD ω̂ = 9,0442Ln(t)** + 33,05 0,95

**significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste t.

Tabela 7 – Equações e coeficientes de determinação (R2) para ganho de sólidos (δ, %) em função do tempo t (h), para pedaços de goiaba desidratados por imersão-impregnação em soluções de sacarose 70%, sacarose 50%, sacarose 30% + sucralose 0,025% e açúcar invertido sem diluição (AISD)

Tratamento Equação de regressão R2

T1 Sacarose 70% δ̂ = 1,2179Ln(t)** + 5,32 0,89

T2 Sacarose 50% δ̂ = 0,8854Ln(t)** + 3,27 0,82

T3 Sac 30% + Suc 0,025% δ̂ = 0,9821Ln(t)** + 3,52 0,80

T5 AISD δ̂ = 1,5426Ln(t)** + 6,01 0,88

**significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste t.

57

Tabela 8 – Equações e coeficientes de determinação (R2) para redução de massa (µ, %) em função do tempo t (h), para pedaços de goiaba desidratados por imersão-impregnação em soluções de sacarose 70%, sacarose 50%, sacarose 30% + sucralose 0,025% e açúcar invertido sem diluição (AISD)

Tratamento Equação de regressão R2

T1 Sacarose 70% µ̂ = 4,7601Ln(t)** + 17,90 0,99

T2 Sacarose 50% µ̂ = 4,3856Ln(t)** + 16,19 0,95

T3 Sac 30% + Suc 0,025% µ̂ = 2,2169Ln(t)** + 8,20 0,98

T5 AISD µ̂ = 7,7295Ln(t)** + 26,82 0,95

**significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste t. Os coeficientes 1β̂ das equações de regressão foram comparados entre

si e testados aos níveis de 5% e de 1% de probabilidade pelo teste “t” (na)

Tabela 9. Observou-se que apenas a diferença entre os coeficientes 1β̂ das

equações referentes aos tratamentos com sacarose 30% + sucralose 0,025%

e açúcar invertido sem diluição (AISD) foram estatisticamente significativos

pelo teste t para a variável perda de água (ω).

Tabela 9 – Diferenças entre os coeficientes de regressão ( 1β̂ ) das equações de regressão para perda de água, aumento de sólidos e redução de massa de goiaba desidratada por imersão-impregnação em soluções de sacarose 70% (T1), sacarose 50% (T2), sacarose 30% + sucralose 0,025% (T3) e açúcar invertido sem diluição (T5)

Diferença entre os coeficientes de regressão ( 1β̂ ) Tratamentos

ω δ µ

T1 e T2 0,3514 0,6188 0,0838

T1 e T3 1,3304 0,5059 0,5069

T1 e T5 -1,5284 -0,4733 -0,5935

T2 e T3 0,9789 -0,1130 0,4232

T2 e T5 -1,8798 -1,0921 -0,6773

T3 e T5 -2,8587** -0,9792 -1,1005

**significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste t.

58

4.2.1. Perda de água e ganho de sólidos

Em termos práticos, observou-se que amostras pré-tratadas em soluções

mais concentradas de sacarose exibiram perda de água maior durante todo o

tempo de osmose (Figura 8). Depois de 2 h de processamento verificou-se

que a perda de água aumentou de 15,1 para 28,4% quando a concentração da

solução de sacarose foi elevada de 30 para 70%. A solução de sacarose 50%

proporcionou fluxo de água um pouco inferior à de sacarose 70%, culminando

com 24,5% de perda no processo. Resultados semelhantes foram mostrados

por Viberg et al. (1998) que, ao estudarem duas variedades de morango

(Honeoye e Dania) pré-tratados osmoticamente, observaram que a perda de

água aumentou com a elevação da concentração de açúcar de 20 até 85% de

sacarose. Park et al. (2002) também relataram, em cubos de pêra D’anju

desidratados com solução de sacarose entre 40 e 70 ºBrix, que a perda de

água aumentou com o aumento da concentração do xarope. Estes últimos

autores encontraram valores de perda de água de cerca de 30 a 40%, maiores

que os encontrados no presente trabalho em 2h de desidratação. Esse

resultado deve-se, provavelmente, às diferenças nos tecidos dos diversos

tipos de frutas.

Entre os três níveis de sacarose estudados a solução a 70%

proporcionou maior ganho de sólidos (6,4%) que as demais (Figura 9). No

entanto, os xaropes com sacarose 30% + sucralose 0,025% e sacarose 50%

mostraram comportamento muito semelhante, resultando em ganho de 5,1 e

4,7%, respectivamente. Sendo assim, conclui-se que no tratamento com

sacarose 50% a perda de água e o ganho de sólidos foram análogos aos

tratamentos com sacarose 70% e sacarose 30% + sucralose 0,025%,

respectivamente. No trabalho de Khoyi e Hesari (2006) com desidratação

osmótica de fatias de damascos com 10 mm de espessura, semelhanças

foram observadas na perda de água em solução de sacarose 60 e 70% e no

ganho de sólidos em soluções de sacarose 50 e 60%, em 6 h de

processamento.

Da mesma forma, Souza Neto et al. (2005) relataram, na desidratação

osmótica de cubos de mangas, a 65 ºC, que até 4 h de processamento em

houve maior ganho de sólidos pelas amostras tratadas em solução de

59

sacarose a 65 ºBrix (cerca de 10%) e aquelas desidratadas em soluções a 45

e 55 ºBrix apresentaram valores bem próximos (9%). A partir deste tempo e

até o final do processamento (5 h), os pedaços de manga imersos em xarope

a 55 ºBrix passaram a ganhar mais sólidos igualando-se aos desidratados em

maior concentração de sacarose (10%) distanciando daqueles submetidos à

solução de 45 ºBrix.

Contrariando os autores supracitados, Giraldo et al. (2003) relataram que

na desidratação osmótica de cilindros de manga, a 30 ºC, tratados com

sacarose a 45 ºBrix, o ganho de sólidos e a perda de água foram maiores que

naqueles desidratados em solução de sacarose a 65 ºBrix. Os resultados

contraditórios entre os experimentos com manga são devidos, possivelmente,

às diferenças tanto na temperatura de processamento (65 vs 30 ºC) quanto na

geometria das amostras (cubos vs cilindros) utilizadas pelos respectivos

autores. O efeito da temperatura pode ser bem evidenciado no trabalho de

Khoyi e Hesari (2006) com desidratação osmótica de fatias de damascos. Foi

observado que para uma mesma concentração de solução (sacarose a 60 ou

a 70%), houve um aumento significativo na perda de água ao se elevar a

temperatura de 30 para 60 ºC. Neste mesmo experimento, no tratamento com

sacarose 70%, verificou-se maior ganho de sólidos nas amostras desidratadas

a 60 ºC que naquelas tratadas a 30 ºC até 4 h de desidratação. A partir deste

tempo houve aumento no ganho de sólidos dos cilindros de manga

desidratados a 30 ºC chegando, no final do processo, a valores bem

semelhantes aos desidratados a 60 ºC. Portanto, o ganho de sólidos superior

apresentado pelas amostras de manga desidratadas em solução de sacarose

a 65 ºBrix no experimento de Souza Neto et al. (2005), em comparação

àquelas desidratadas em mesma concentração de sacarose no trabalho de

Giraldo et al. (2003), deve-se à menor temperatura utilizada pelos primeiros

autores (30 ºC) em relação aos últimos (65 ºC).

Giraldo et al. (2003) explicaram que o choque osmótico causado por

soluções muito concentradas levou à rápida perda de água pelas células

externas e a um conseqüente colapso na estrutura das mesmas. Estas células

formaram uma camada rígida ao redor dos pedaços de fruta funcionando

como barreira protetora contra a entrada de sólidos par o interior das

amostras. Isto pode ser considerado uma vantagem por permitir a manutenção

60

das características do produto mais próximas daquelas do fruto fresco, com

menor incorporação de açúcar (Lazarides, 1994).

Cardoso Andrade et al (2007) também demonstraram na desidratação

osmótica de pedaços de jenipapo a 30, 50 e 70% de sacarose, que embora as

concentrações mais altas de açúcar favoreçam a perda de água, elas

promovem simultaneamente maior ganho de sólidos.

No caso das amostras pré-desidratadas em solução de açúcar invertido

(AISD), verificou-se maior perda de água (42,5%) e ganho de sólidos (8,2%)

que nos tratamentos com sacarose (Figuras 8 e 9), contrariando em parte

relatos da literatura que afirmam ser o fenômeno da impregnação de açúcar

favorecido por moléculas de baixo peso molecular, enquanto o efeito da

desidratação é diretamente proporcional ao tamanho das moléculas

(Torreggiani, 1993; Raoult- Wack, 1994 e Lazarides et al., 1995).

O observado neste trabalho se deve, possivelmente, ao maior efeito

osmótico exercido pelo açúcar invertido usado sem diluição em relação aos

demais, proporcionando maior fluxo de massa da fruta para o meio. Além

disso, o açúcar invertido, por conter moléculas menores (glicose e frutose)

comparado à sacarose, penetra mais nos tecidos da fruta e forma uma

camada menos concentrada de açúcar na periferia das mesmas, com menor

chance de cristalização, permitindo, assim, maior saída de água (Riva et al.,

2005). Bolin et al. (1983), ao fazerem um estudo histológico de fatias de maçã

submetidas à DII com xarope de frutose (HFCS) e de sacarose, mostraram

que com o decorrer do tempo a frutose passou a ser mais absorvida que a

sacarose e, depois de 5 h, as fatias imersas no xarope de frutose tinham

absorvido 70% a mais de sólidos que aquelas em solução de sacarose.

Segundo Chandrasekaran e King (1972), apud Bolin et al. (1983), a frutose

apresenta coeficiente de difusão 32% maior que o da sacarose.

Karathanos et al. (1995) obtiveram resultados similares na desidratação

osmótica de maçãs em soluções de sacarose e glicose a 15, 30 e 45%, em

que as amostras desidratadas em glicose apresentaram maior ganho de

sólidos que aquelas desidratadas em sacarose. Segundo estes autores, a

glicose exerce maior efeito osmótico que a sacarose devido à sua menor

massa molecular (praticamente a metade), sendo assim, existe praticamente o

dobro de moléculas de glicose que de sacarose na solução.

61

4.2.2. Redução de massa

A redução de massa, durante a desidratação por imersão-impregnação,

corresponde à diferença entre a perda de água e o ganho de sólidos (solutos

osmóticos). Como já descrito, a utilização de solução de sacarose 70% como

meio osmótico proporcionou perda de água ligeiramente maior que a solução

de sacarose 50% (Figura 8). No entanto, a solução mais concentrada de

sacarose levou também ao maior ganho de sólidos (Figura 9), culminando com

redução de massa muito próxima (22%) ao do tratamento com sacarose 50%,

que foi de 20% (Figura 10). As amostras submetidas à solução de sacarose

30% + sucralose 0,025% apresentaram perda de água muito menor que as

demais, implicando em redução de massa inferior a 10%. Souza Neto et al.

(2005) relataram que cubos de manga desidratados em xaropes de sacarose a

45, 55 e 65 ºBrix, apresentaram redução de massa superior, com valores de

cerca de 18, 24 e 28%, respectivamente. Este fato, possivelmente seja devido

à maior temperatura de DII (65 ºC) utilizada por estes autores em comparação

àquela utizada no presente trabalho (50 ºC).

Para evitar grandes alterações no perfil sensorial e nutricional do produto,

a eficiência do processo de desidratação osmótica pode ser avaliada pela

ocorrência de maior perda de água e menor ganho de sólidos (Lazarides,

1994; Khoyi e Hesari, 2006). Deste modo, o tratamento com solução de

sacarose 50% apresentou melhor desempenho, pois mostrou-se semelhante

àquele com sacarose 70% no que diz respeito à perda de água (Figura 8) e

similar ao de sacarose 30% + sucralose 0,025% em relação ao ganho de

sólidos (Figura 9), culminando, assim, com redução de massa também similar

à sacarose 70% (Figura 10). Além disto, a solução de sacarose 50%, em

relação à mais concentrada, proporcionaria além de economia significativa de

matéria-prima e do custo de produção, menor impacto sobre os resíduos a

serem tratados.

No final da DII, a solução osmótica de AISD, apesar de ter promovido

maior ganho de sólidos, levou também a perda de água superior a dos demais

tratamentos (Figuras 8 e 9) possibilitando redução de massa de 34,3%, valor

maior que os obtidos nas demais condições de processo. Ponting et al. (1966)

mostraram que as taxas de perda de massa em fatias de maçãs desidratadas

62

em açúcar invertido e em sacarose foram semelhantes. No entanto, estes

autores argumentam que, teoricamente, na mesma concentração, o primeiro

deveria ser mais efetivo que o segundo, porque, quando completamente

invertido, ele tem duas vezes mais moléculas por unidade de volume que a

solução de sacarose. Da mesma forma, El-Aquar et al. (2006) relataram

redução de massa 20% maior em amostras de mamão desidratadas em

xarope de milho diluído entre 44 a 56% que nas tratadas em soluções de

sacarose com mesma concentração, em processamento a 46 ºC por 210 min.

4.3. Teor de Sólidos solúveis (ºBrix)

4.3.1. Nos pedaços de goiaba

O teor de sólidos solúveis (ºBrix) nos pedaços de goiaba desidratados por

imersão-impregnação nas soluções de sacarose 70% (T1), sacarose 50%

(T2), sacarose 30% + sucralose 0,025% (T3) e açúcar invertido sem diluição

(T5), exibiram aumento linear significativo com o tempo de desidratação

(Figura 11). As equações e os coeficientes de regressão (R2) obtidos na

análise de regressão são mostrados na Tabela 10.

0

5

10

15

20

25

30

35

0 0,08 0,25 0,5 0,75 1 1,5 2

Tempo, h

oB

rix

da

fru

ta

Sac 30% + Suc 0,025% Sac 50% Sac 70% AISD

Figura 11 - Variação do teor de sólidos solúveis (°Brix) de goiaba em função do tempo de desidratação por imersão-impregnação em soluções de sacarose 70% (Sac 70%), sacarose 50% (Sac 50%), sacarose 30% + sucralose 0,025% (Sac 30% + suc 0,025%) e açúcar invertido sem diluição (AISD).

63

Tabela 10 –Equações e coeficientes de regressão (R2) para o teor de sólidos solúveis (°Brix) estimado, em goiaba, em função do tempo t (h) de DII em soluções de sacarose 70%, sacarose 50%, sac 30% + suc 0,025% e açúcar invertido sem diluição (AISD)

Tratamento Equação de regressão R2

T1 Sacarose 70% ºBrix = 1,8274**t + 6,3 0,97

T2 Sacarose 50% ºBrix = 1,3302**t + 6,5 0,96

T3 Sac 30% + Suc 0,025% ºBrix = 0,9206**t + 5,7 0,96

T5 AISD ºBrix = 2,7183**t + 4,8 0,93

**significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste t. No entanto, por meio da diferença entre os coeficientes de regressão

1β̂ (Tabela 11) verifica-se que entre os tratamentos, apenas os pedaços de

goiaba desidratados em açúcar invertido (T5) foram estatisticamente diferentes

daqueles desidratados em sacarose 50% (T2) e em sacarose 30% + sucralose

0,025% (T3). As amostras submetidas aos tratamentos T5, T1, T2 e T3

apresentaram aumento dos sólidos solúveis de cerca de 6 ºBrix (in natura)

para 29,7, 21,0, 16,6 e 12,7 ºBrix, respectivamente, após desidratação

osmótica (Figura 11).

Tabela 11 – Diferenças entre os coeficientes de regressão (ß1) das equações de regressão para aumento de sólidos solúveis em goiaba desidratada em soluções de sacarose 70% (T1), sacarose 50% (T2), sacarose 30% + sucralose 0,025% (T3) e açúcar invertido sem diluição (T5)

Tratamentos Diferença entre os coeficientes de regressão (ß1)

T1 e T2 0,92ns

T1 e T3 1,68ns

T1 e T5 1,65ns

T2 e T3 0,76ns

T2 e T5 2,57*

T3 e T5 3,33**

* e **: significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t.

64

Resultados apresentados por Valera et al. (2005) também mostraram que

o aumento da concentração da solução osmótica foi estatisticamente

significativo para o aumento dos sólidos solúveis em mangas, e que, em

relação ao valor inicial (15,5 ºBrix) os valores duplicaram, triplicaram e

alcançaram 48 ºBrix nos tratamentos com xarope de glicose a 50, 60 e 70

ºBrix, respectivamente.

4.3.2. Nas soluções osmóticas

A Figura 12 mostra que não houve diferença significativa nos teores de

sólidos solúveis totais das soluções osmóticas durante as duas horas de DII.

As soluções de sacarose 70%, sacarose 50%, sacarose 30% + sucralose

0,025% e açúcar invertido sem diluição, variaram, respectivamente, de 40,7 a

39,8; de 35,0 a 32,3; de 27,2 a 26,0 e de 67,2 a 62,2 ºBrix do início ao final do

processo.

20

30

40

50

60

70

0 0,08 0,25 0,5 0,75 1 1,5 2

Tempo, h

0B

rix

da

s s

olu

çõ

es

Sac 30%+Suc 0,025% Sac 50% Sac 70% AISD

Figura 12 - Teor de sólidos solúveis (°Brix) das soluções osmóticas de

sacarose 70% (T1), sacarose 50% (T2), sacarose 30% sucralose 0,025% e açúcar invertido sem diluição (T5), ao longo da desidratação por imersão-impreganção (DII).

ºBrixT5 = 63,5

ºBrixT1 = 39,8

ºBrixT2 = 32,3

ºBrixT3 = 32,3

65

Segundo Lima et al. (2004), os fluxos de massa que ocorrem durante a

DII propiciam uma variação da concentração das soluções com redução dos

gradientes de concentração entre fruta e xarope ao longo do processamento.

A razão fruta:xarope de 1:10 utilizada na DII, neste trabalho, foi capaz de

manter a concentração da solução praticamente inalterada durante o

processo.

4.4 Acidez e pH

A acidez total titulável (ATT), expressa como porcentagem de ácido

cítrico (% b.s.) e o pH das amostras de goiaba in natura e depois da imersão

em solução de ácido ascórbico (IAA), da desidratação por imersão-

impregnação (DII) e da secagem por convecção (SC) são apresentados na

Tabela 12.

Tabela 12 – Acidez total titulável (% de ácido cítrico, b.s.) e pH de goiaba in natura (IN) e depois da imersão em solução de ácido ascórbico (IAA), da desidratação por imersão-impregnação (DII) e da secagem por convecção (SC).

1sacarose 70%, 2sacarose 50%, 3sacarose 30% + sucralose 0,025%, 4açúcar invertido 70%, 5Açúcar invertido sem diluição. Valores seguidos de mesma letra na coluna não diferem entre

si em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Tratamento Etapa Sac 70%1

Sac 50%2

Sac 30% + suc 0,025%3

AI 70%4 AISD5

Teor de água (%)

85,8 84 87,7 87,6 87,5

IN 2,89 a 3,63 a 3,13 a 3,14 a 3,60 a

IAA 3,06 a 3,87 a 3,18 a 3,51 a 3,49 a

DII 1,50 b 2,01 b 2,49 ab 1,98 b 1,63 b Ácido cítrico

(%)

SC 0,95 b 1,30 b 1,69 b 1,84 b 1,04 b

IN 4,27 a 3,79 a 4,27 ab 4,04 a 3,95 a

IAA 4,20 a 3,79 a 4,13 b 3,96 a 3,78 a

DII 4,13 a 3,73 a 4,32 ab 4,03 a 3,99 a pH

SC 4,06 a 3,97 a 4,40 a 4,03 a 3,95 a

66

Foram observadas variações no teor de ácido cítrico da fruta in natura no

intervalo de 2,89 a 3,63 % que, convertidos para b.u., correspondem ao

intervalo de 0,38 a 0,58%. Azzolini (2002) encontrou teor intermediário a estes

(0,47%) nesta mesma variedade de goiaba e citou variações ainda maiores,

entre 0,24 a 1,79% de ácido cítrico (b.u.), em trabalho de Gehardt et al. (1997).

Na DII houve redução significativa do teor de ácido cítrico em

praticamente todos os tratamentos, com exceção das amostras desidratadas

em solução de sacarose 30% + sucralose 0,025%. Vários autores já haviam

relatado a ocorrência do fluxo de ácidos orgânicos da fruta para a solução

osmótica, levando à redução na acidez e conseqüente melhoria na qualidade

do produto final em casos de frutas muito ácidas, mas não naquelas com

menor acidez (Ponting et al., 1966; Bolin et al., 1983; Torreggiani, 1993;

Raoult-Wack, 1994; Lenart, 1996). Forni et al. (1997) também relataram

decréscimo no teor de ácido cítrico depois da DII de cubos de damascos em

soluções de maltose, sorbitol e sacarose, a 65%.

Observa-se ainda, na Tabela 12, que não foram verificadas alterações

significativas no pH ao longo de todas as etapas do processamento, em todos

os tratamentos. Este resultado está em conformidade com aquele relatado por

Forni et al. (1997), no entanto, segundo esses autores, a adição de água para

triturar a amostra pode originar valores incorretos de pH devido às mudanças

nas propriedades químicas dos solutos e na potencialidade do H+. Pragati et

al. (2003) descreveram que em amostras secas do fruto aonla (Emblica

officinalis Garten) pré-tratados por osmose, a acidez foi mais baixa (5,33%)

que naquelas submetidas à secagem solar indireta (6,24%), direta (5,98%) ou

em estufa (6,08%).

As perdas percentuais de ácido cítrico depois da etapa de imersão em

ácido ascórbico até o final da desidratação por imersão-impregnação (IAA-DII)

são mostradas na Figura 13. Notou-se maior retenção de ácido cítrico durante

a DII nas amostras tratadas em solução osmótica com menor concentração de

açúcar (21,3% de perdas). Tendo a vista a elevada solubilidade do ácido

cítrico em água (1330 g L-1), possivelmente, a solução de sacarose 30% +

sucralose 0,025% tenha provocado menor grau de lixiviação deste ácido

devido ao menor fluxo de água também observado neste mesmo tratamento

67

conforme já discutido no ítem 4.2. Os demais tratamentos não diferiram entre

si, nesta etapa, apresentando perda média de 49% para os tratamentos.

aa

b

a

a

0

10

20

30

40

50

60P

erd

as d

e ác

ido

tric

o,%

Sac 70%Sac 50%Sac 30%+ Suc

0,025%

AI 70% AI SD

IAA-DII

Figura 13 - Perda de ácido cítrico (%) de goiaba desidratação por imersão-

impregnação. Letras diferentes indicam diferença significativa (P<0,05) entre as médias dos tratamentos.

Estes resultados são similares aos detectados por Maestrelli et al. (2001)

em esferas de melão, em que foi observada redução da acidez titulável de

19,17 e 21,14 para 11,84 e 11,07 meq 100 g-1 (38,24 e 47,63%) nas amostras

desidratadas em solução de sacarose a 60% e para 12,63 e 11,86 meq 100 g-1

(34,11 e 48,41%) nas amostras secas apenas em secador com circulação de

ar, nos cultivares Rony e Mirado, respectivamente. Peiró et al. (2006) também

observaram perdas de ácido cítrico entre 18 a 32% e de 30 a 44% em

operações sucessivas de desidratação osmótica de grapefruit (toranja) e de

abacaxi, respectivamente, em soluções de sacarose a 55 ºBrix.

No entanto, observa-se, por meio do contraste C1, mostrado na Tabela

13, que a sacarose proporcionou maior retenção de ácido cítrico que o açúcar

invertido. Nos contrastes C2 e C4 percebeu-se que tanto a solução mais

concentrada de açúcar invertido (AISD) quanto de sacarose (70%) provocaram

maiores perdas que as soluções menos concentradas destes açúcares

(açúcar invertido 70% e sac 30% + suc 0,025%). Na secagem por convecção

não houve diferença significativa entre os dois tipos de solutos utilizados,

porém, ficou evidenciada diferença entre os níveis de açúcar invertido e entre

68

os tratamentos com sacarose 70% e sacarose 30%, com maior retenção nos

tratamentos menos concentrados.

Tabela 13 – Contrastes entre as médias das perdas de ácido cítrico na DII

Contraste Estimativa do contraste

C1 y= 2 (m1+m2+m3) – 3 (m4+m5) -51,2077**

C2 y= m5 – m4 9,8019*

C3 y= m1 – m2 3,9111ns

C4 y= m1 – m3 29,822**

* e **: significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t.

4.5. Composição centesimal

As médias dos teores de água (b.u.), carboidratos, proteínas, lipídios,

fibras e cinzas (b.s.) da fruta in natura, e depois da desidratação por imersão-

impregnação e da secagem por convecção forçada de ar (exceto teores de

água) são apresentados na Tabela 14. As amostras in natura, depois da

conversão para base úmida, apresentaram teores de proteínas (0,41 a 0,63 g

100 g-1), de lipídios (0,41 a 0,59 g 100 g-1) e de cinzas (0,61 a 0,89 g 100 g-1),

compatíveis com os dados da literatura em variedades não citadas pelos

autores (Franco, 2001; Lima et al., 2006). Quanto aos teores de fibras e

carboidratos, os valores correspondentes foram, respectivamente, de 2,26 a

4,35 e de 7,39 a 8,65 g 100 g-1 de polpa, valores inferiores aos apresentados

na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (Lima et al., 2006) que são

de 6,2 g 100g-1 para fibras e 13 g 100 g-1 para carboidratos. Estas diferenças

devem-se, possivelmente, ao fato de ao valor de carboidrato da Tabela está

adicionado o de fibra total; no presente trabalho, as análises de fibras foram

realizadas pelo método FDN (Fibra Detergente Neutro), o que não contabiliza

a pectina, por ser esta uma fração solúvel. Análises feitas por Gorinstein et al.

(1999) detectaram teores de fibra total entre 5,14 a 6,04 g 100 g-1 na goiaba

fresca, dentre os quais, 2,39 a 3,01 g 100 g-1 eram de fibra solúvel.

69

Tabela 14 - Teores de água (b.u.), carboidratos, proteínas, lipídios, fibras e cinzas (b.s.) de goiaba in natura (IN), depois da imersão em solução de ácido ascórbico (IAA), desidratação por imersão-impregnação (DII) e secagem por convecção (SC)

TRATAMENTO COMPONENTE

(%) ETAPA Sac 70%1 Sac 50%2 Sac 30%+

Suc 0,025%3 AI 70%4 AISD5 Controle

(s/ DII)6

Água IN 85,99 A 87,23 A 86,64 A 85,55 A 88,16 A 87,74 A

IN 55,55 bB 61,00 bAB 64,75 bA 60,52 bAB 64,31 bA 60,25 aAB

IAA 53,17 bB 60,35 bA 64,14 bA 62,15 bA 64,66 bA 60,78 aA

DII 71,76 aB 77,57 aA 75,37 aAB 72,02 aB 76,58 aAB - Carboidratos

SC 72,49 aB 78,22 aA 76,82 aAB 72,16 aB 75,59 aAB 62,47 aC

Ganho após DII (%) 16,21 A 16,55 A 10,62 A 11,50 A 12,26 A

IN 4,23 aAB 3,22 aC 3,12 aC 4,36 aA 3,50 aBC 4,10 aAB

IAA 4,28 aA 3,34 aB 3,12 aB 4,24 aA 3,59 aAB 4,15 aA

DII 2,85 bAB 2,22 bB 2,19 bB 3,08 bA 2,40 bAB - Proteínas

SC 2,81 bBC 2,30 bBC 2,16 bC 2,91 bB 2,45 bBC 4,15 aA

Redução após DII (%) 1,38 A 1,00 A 0,93 A 1,29 A 1,10 A

IN 3,76 aB 3,19 aB 3,35 aB 3,74 aB 4,98 aA 3,93 aB

IAA 3,66 abB 2,98 aB 3,39 aB 3,76 aB 4,78 abA 3,78 aB

DII 3,00 abB 2,43 aB 2,42 bB 2,81 bB 4,22 abA - Lipídios

SC 2,85 bB 2,33 aB 2,42 bB 2,61 bB 4,09 bA 3,85 aA

Redução após DII (%) 0,76 A 0,76 A 0,93 A 0,92 A 0,40 A

IN 30,86 aA 28,83 aAB 24,68 aBCD 28,67 aABC 22,03 aD 24,47 aCD

IAA 31,58 aA 28,98 aAB 25,45 aBCD 27,97 aABC 22,45 aD 24,60 aCD

DII 20,13 bA 15,34 bBC 17,53 bABC 18,84 bAB 13,58 bC - Fibras

SC 19,61 bAB 14,60 bD 16,41 bBCD 18,83 bBC 15,05 bCD 23,77 aA

Redução após DII (%) 10,73 AB 13,49 A 7,16 B 9,83 AB 8,45 AB

IN 5,60 aAB 5,11 aB 5,09 aB 4,61 aB 5,16 aB 7,24 aA

IAA 4,79 aB 4,35 aB 3,90 abB 3,87 abB 4,52 abB 6,68 aA

DII 2,29 bA 2,45 bA 2,49 bcA 3,26 abA 3,22 bcA - Cinzas

SC 2,18 bB 2,32 bB 2,19 cB 2,88 bB 2,80 cB 6,81 aA

Redução após DII (%) 2,5 A 2,67 A 2,60 A 1,35 A 1,95 A

1sacarose 70%; 2sacarose 50%; 3sacarose 30%; + sucralose 0,025%; 4açúcar invertido; 70% 5Açúcar invertido sem diluição; 6sem DII. Valores seguidos de mesma letra minúscula na coluna ou maiúscula na linha não diferem entre si em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

70

Com relação aos teores de carboidratos no final do processo, todos os

tratamentos foram considerados estatisticamente iguais, proporcionando um

ganho entre 10,62 a 16,55% (Tabela 14). Esta elevação nos percentuais de

carboidratos das amostras é confirmada pelo aumento dos sólidos solúveis

(ºBrix) das mesmas e é devido à impregnação dos açúcares das soluções

osmóticas. A utilização de sucralose como único soluto osmótico é inviável

devido ao seu alto custo e por ser 600 vezes mais doce que a sacarose.

Sendo assim, este edulcorante foi adicionado à sacarose 30%, na

concentração de 0,025%, com o objetivo de se reduzir o valor energético final

das amostras e obter um produto light, com cerca de 30% menos calorias que

aquele desidratado em solução de sacarose a 50%. Conforme se observou na

Tabela 14, as amostras desidratadas com sac 30% + suc 0,025% e sacarose

50% apresentaram no final da desidratação osmótica um aumento de 16,55 e

10,62%, respectivamente, nos teores de carboidrato. Estes valores indicam

que o edulcorante utilizado foi capaz de reduzir em 35% o ganho final de

açúcares do produto em relação à sac 50%, alcançando, portanto, o objetivo

proposto. A menor elevação nos sólidos solúveis em ºBrix (item 4.3.1) no

tratamento com sac 30% em relação àquele com sac 50% confirma este fato.

A desidratação osmótica de goiabas com o emprego de outros edulcorantes

menos calóricos e com menor poder adoçante, como o sorbitol e o xilitol,

poderiam ser também futuramente testados.

Para melhor ilustrar as modificações na composição de carboidratos,

proteínas, lipídios, fibras e cinzas das amostras de goiaba em todos os

tratamentos do início ao final do processamento os resultados foram também

expressos por meio das Figuras 14, 15, 16, 17 e 18, respectivamente. A

impregnação de solutos nas amostras propiciou a redução percentual dos

demais constituintes da fruta (Figuras 14, 15, 16, 17 e 18), uma vez que os

carboidratos foram calculados por meio da diferença dos demais

componentes. Em todos os tratamentos, os lipídios, proteínas e cinzas

apresentaram redução semelhante. O mesmo não foi verificado no caso das

fibras, em que o tratamento com sac 30% + suc 0,025% proporcionou menor

perda percentual deste nutriente (7,16%). Conforme já discutido, esta

diferença não pôde ser atribuída à perda de pectina na DII, já que neste

trabalho a pectina não foi analisada e está computada juntamente com os

71

teores de carboidratos. Serão necessários trabalhos comlementares a este na

tentativa de elucidar tais fatos.

abbbb

babbbb

b

aaaa

aa

aaaa

a

0

15

30

45

60

75

90

Sac 70% Sac 50% Sac 30% +Suc

0,025%

AI 70% AI 100% SDII

IN

IAA

DII

SC

Figura 14 – Teor de carboidratos (b.s.) em goiabas in natura (IN), depois da

imersão em solução de ácido ascórbico (IAA), depois da desidratação por imersão-impregnação (DII) e depois secagem por convecção (SC). Médias seguidas pela mesma letra, nas etapas dentro de cada tratamento, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

a

a a

a

aaa

a a

a

aa

bb b

b

bb

b b

bb

a

00,5

11,5

22,5

33,5

44,5

5

Sac 70% Sac 50% Sac 30% +Suc

0,025%

AI 70% AI 100% SDII

IN

IAA

DII

SC

Figura 15 – Teor de proteínas (b.s.) em goiabas in natura (IN), depois da

imersão em solução de ácido ascórbico (IAA), depois da desidratação por imersão-impregnação (DII) e depois da secagem por convecção (SC). Médias seguidas pela mesma letra, nas etapas dentro de cada tratamento, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

72

aa a

a

a

a a

ab

aaab

a

ab

bba

ab

ab

bbab

0

1

2

3

4

5

6

Sac 70% Sac 50% Sac 30% +suc 0,025%

AI 70% AI 100% SDII

IN

IAA

DII

SC

Figura 16 – Teor de lipídios (b.s.) em goiabas in natura (IN), depois da

imersão em solução de ácido ascórbico (IAA), depois da desidratação por imersão-impregnação (DII) e depois da secagem por convecção (SC). Médias seguidas pela mesma letra, nas etapas dentro de cada tratamento, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

aa

aa

aa

aa

aa

aa

b

bbb

ba

bb

bb

b

0

5

10

15

20

25

30

35

Sac 70% Sac 50% Sac 30% +Suc

0,025%

AI 70% AI 100% SDII

IN

IAA

DII

SC

Figura 17 – Teor de fibras (b.s.) em goiabas in natura (IN), depois da imersão

em solução de ácido ascórbico (IAA), depois da desidratação por imersão-impregnação (DII) e depois da secagem por convecção (SC). Médias seguidas pela mesma letra, nas etapas dentro de cada tratamento, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

73

aa

aaa

a

aa

ab abab

a

b b bcab bc

b b cb c

a

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Sac 70% Sac 50% Sac 30% +Suc

0,025%

AI 70% AI 100% SDII

IN

IAA

DII

SC

Figura 18 – Teor de cinzas (b.s.) em goiabas in natura (IN), depois da

imersão em solução de ácido ascórbico (IAA), depois da desidratação por imersão-impregnação (DII) e depois da secagem por convecção (SC). Médias seguidas pela mesma letra, nas etapas dentro de cada tratamento, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

No processo de desidratação osmótica de jenipapo, Andrade et al. (2003)

observaram redução de 0,72; 1,55 e 1,03% em base úmida para 0,5; 0,3 e

0,3%, nos teores de proteínas, lipídios e cinzas, respectivamente, antes

(81,53% de umidade) e depois da DII (20,89% de umidade). Estes autores não

fizeram alusão aos teores de fibras e de carboidratos totais das amostras.

Peiró-Mena et al. (2006) quantificaram os teores de ácido galacturônico, que

relaciona-se com o teor de pectina, antes e depois da desidratação osmótica

de abacaxi em solução de sacarose a 55 ºBrix e concluiram que há perdas de

cerca de 21% deste tipo de fibra durante o processo. No entanto, o método

para determinação de fibras utilizado no presente experimento não detecta os

teores de pectina das amostras, não nos permitindo atribuir o menor

percentual de fibras em alguns tratamentos ao fato anteriormente relatado.

Estudos complementares a este, deverão ser realizados na tentativa de

verificar se na desidratação osmótica de goiaba há também perda de pectina.

4.6. Teores de minerais

Os teores de minerais (mg 100 g -1 em base seca) de goiabas in natura

(IN), depois da imersão em ácido ascórbico (IAA), depois da desidratação por

74

imersão-impregnação (DII) em solução de sacarose 70%, sacarose 50%,

sacarose 30% + sucralose 0,025%, açúcar invertido 70% (AI 70%) e açúcar

invertido sem diluição (AISD) são apresentados na Tabela 15.

Tabela 15 – Teores de Na, K, Ca, Mg, Zn e Mn (mg 100 g-1) em goiaba in natura (IN), depois da imersão em solução de ácido ascórbico (IAA) e depois da desidratação por imersão-impregnação (DII)

TRATAMENTO

MINERAL/

ETAPA Sac 70%1 Sac 50%2 Sac 30% +

Suc 0,025%3

AI 70%4 AISD5

IN 197,69 aA 183,30 aA 223,41 aA 204,14 aA 233,14 aA

IAA 158,41 aA 150,44 aA 173,85 aA 170,53 aA 180,48 bA Na

DII 58,65 bA 53,27 bA 87,88 bA 99,26 bA 92,69 cA

IN 2184,72 aA 2144,80 aA 2186,20 aA 2174,00 aA 2149,40 aA

IAA 1798,29 bA 1750,90 bA 1834,30 aA 1863,60 aA 1944,50 aA K

DII 989,64 cB 1217,75 cAB 1459,05 bA 1031,63 bAB 1205,40 bAB

IN 80,17 aB 105,50 aA 115,29 aA 107,42 aA 97,75 aAB

IAA 65,45 aB 86,98 aAB 92,41 bA 85,72 bAB 83,30 aAB Ca

DII 37,84 bA 46,68 bA 55,58 cA 45,10 cA 48,58 bA

IN 63,80 aB 78,26 aAB 93,69 aA 86,10 aA 85,29 aA

IAA 55,21 aB 62,99 aAB 77,30 aA 70,49 aAB 67,60 bAB Mg

DII 32,36 bA 40,69 bA 50,95 bA 36,08 bA 35,72 cA

IN 0,87 aB 1,23 aAB 1,31 aAB 1,35 aA 1,16 aAB

IAA 0,76 aA 0,99 aA 1,04 a bA

1,04 aA 0,94 aA Zn

DII 0,56 aA 0,51 bA 0,70 bA 0,56 bA 0,53 bA

N 1,33 aA 1,40 aA 1,58 aA 1,12 aA 1,07 aA

IAA 1,18 a bA

1,12 a bA

1,33 a bA

1,00 aA 0,87 abA Mn

DII 0,69 bA 0,66 bA 0,97 bA 0,44 bA 0,47 bA

1sacarose 70%; 2sacarose 50%; 3sacarose 30% + sucralose 0,025%; 4açúcar invertido 70%; 5Açúcar invertido sem diluição; 6sem DII. Valores seguidos de mesma letra minúscula na coluna ou maiúscula na linha não diferem entre si em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Os valores de K, Ca, Mg e Zn obtidos para a goiaba fresca, depois da

conversão para b.u. (87% umidade) apresentaram, respectivamente, 279 a

284; 10,4 a 15,0; 8,29 a 12,18 e 0,11 a 0,17 mg 100 g-1 e mostraram-se

75

semelhantes aos dados apresentados por Queiroz et al. (2006), a saber: 176 a

280; 3,9 a 10,8; 7,3 a 11,4 e 0,16 a 0,24 mg 100 g-1. Os teores de Mn (0,14-0,2

mg 100 g-1) não foram analisados pelo autor supracitado, mas, encontra-se

próximo (0,1 mg 100 g-1) ao valor apresentado na Tabela Brasileira de

Composição de Alimentos (Lima, 2006). Já os teores de Na detectados neste

trabalho contrariam os mostrados por Queiroz et al. (2006) e pela referida

tabela, mas foram similares (22 mg 100 g-1) aos encontrados por Araújo et al.

(1997).

Como pôde ser observado, houve grande variabilidade nos teores de

minerais das amostras. Segundo Sanchez-Castillo et al. (1998) e Hardisson et

al. (2001) muitos fatores podem afetar as concentrações de mineral das

plantas, como: variedade, estado de maturação, tipo e condição do solo,

fertilização, irrigação e clima. As goiabas analisadas, apesar de provenientes

da mesma região, foram obtidas de propriedades diferentes, podendo haver

variações tanto na composição do solo quanto nas doses de fertilizantes

aplicadas.

Verificou-se redução significativa dos teores de todos os minerais do

tempo inicial (IN) até o final da DII, exceto no caso do Zn no tratamento com

sacarose 70% (Tabela 15). Na etapa de imersão em solução de ácido

ascórbico (IAA) foram observadas perdas de cerca de 20, 15, 18, 18, 19 e

15% para o Na, K, Ca, Mg, Zn e Mn, respectivamente. Ao passo que, na etapa

de DII, o percentual de perdas foi muito mais expressivo, na maioria dos

casos. Este fato pode ser devido à solubilidade dos minerais em água,

permitindo a lixiviação dos mesmos, dos tecidos da fruta para a solução

hipertônica.

Para normalizar as diferenças nos teores iniciais e depois da imersão em

ácido ascórbico e tornar possível a comparação entre os distintos tratamentos

utilizados, foi realizada uma análise das perdas dos minerais em termos

percentuais na etapa que vai da imersão em ácido ascórbico (IAA) até a

desidratação por imersão-impregnação (DII). Os tratamentos foram

posteriormente comparados por meio de contrastes ortogonais entre as

médias e testados pelo teste “F”. As figuras 19, 20, 21, 22, 23 e 24,

apresentam, respectivamente, as reduções percentuais nos teores de Na, K,

Ca, Mg, Zn e Mn, na desidratação por imersão-impregnação (DII), em solução

76

de sacarose 70%, sacarose 50%, sacarose 30% + sucralose 0,025%, açúcar

invertido sem diluição e diluído a 70%.

a a

aa

a

0

20

40

60

80

Sac 70% Sac 50% Sac 30% +Suc 0,025%

AI 70% AI SD

Figura 19 – Redução percentual de Na em goiaba na desidratação por imersão-impregnação (IAA-DII). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Todos os tratamentos foram considerados estatisticamente iguais na

etapa de DII com perdas percentuais de sódio entre 40 e 60% (Figura 19). O

contraste C1 (Tabela 16) revelou que durante a DII a sacarose foi menos

eficiente na retenção de sódio que o açúcar invertido, enquanto os contrastes

C2, C3 e C4 mostraram não haver diferença significativa entre as duas

concentrações de açúcar invertido e entre as soluções de sac 70% com sac

50% ou com sac 30% + suc 0,025%, respectivamente.

Tabela 16 – Contrastes entre as médias dos tratamentos sacarose 70% (m1), sacarose 50% (m2), sacarose 30% + sucralose 0,025% (m3), açúcar invertido 70% (m4) e açúcar invertido sem diluição (m5), para as perdas percentuais de minerais em goiaba, na DII

Estimativa do contraste Contraste Na K Ca Mg Zn Mn

C1 y = 2 (m1+m2+m3) – 3 (m4+m5)

81,38** -51,51** -11,15ns -62,89** -67,49** -84,95**

C2 y= m5– m4 7,86ns -4,41ns -5,25ns 0,19ns -1,21ns -8,83ns

C3 y= m1 – m2 -3,28ns 14,93** -3,67ns 6,53ns -21,32** 2,33ns

C4 y= m1 – m3 11,55ns 24,82** 2,99ns 7,38ns -6,72ns 16,49*

*, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabildade, respectivamente.

77

O tratamento com sac 30% + suc 0,025% foi o mais eficiente na retenção

de potássio apresentando apenas 20% de perdas, enquanto aqueles com sac

70%, AI 70% e AISD mostraram redução de cerca de 40% deste mineral

(Figura 20).

a

ab

b

aa

0

10

20

30

40

50

Sac 70% Sac 50% Sac 30% +Suc 0,025%

AI 70% AI SD

Figura 20 – Redução percentual de K em goiaba na desidratação por

imersão-impregnação (IAA-DII). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Ao contrário do que ocorreu com o sódio, no contraste C1 (Tabela 16)

observou-se que durante a DII, a sacarose proporcionou maior retenção de

potássio que o açúcar invertido. No entanto, no que diz respeito às diferentes

concentrações de sacarose, a diluição a 70% proporcionou maiores perdas de

K que aquelas a 50% (C3) e a 30% (C4), possivelmente por facilitar a saída de

água das amostras carreando maior quantidade de solutos da fruta para o

meio. No caso do açúcar invertido, não foi verificada diferença significativa

entre as duas concentrações utilizadas (C2).

Tanto para o Ca quanto para o Mg (Figuras 21 e 22) não foram

verificadas, na DII, diferenças significativas entre os tratamentos, os quais

exibiram percentuais de perdas também semelhantes para estes dois

minerais, entre 39,8 a 47,5% e 34,6 a 47,9%, para o Ca e o Mg,

respectivamente. O mesmo pôde ser observado por meio dos contrastes C1,

C2, C3 e C4, para o caso do cálcio e C2, C3 e C4 para o caso do Mg, em que

todas as médias dos tratamentos contrastados foram consideradas

estatisticamente iguais (Tabela 16). Entretanto, o contraste C1 revelou que a

78

sacarose proporcionou maior percentual de retenção de Mg que o açúcar

invertido.

a aa

aa

0

10

20

30

40

50

Sac 70% Sac 50% Sac 30% +Suc 0,025%

AI 70% AI SD

Figura 21 – Redução percentual de Ca em goiaba na desidratação por

imersão-impregnação (IAA-DII). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

aa a

a a

0

10

20

30

40

50

Sac 70% Sac 50% Sac 30% +Suc 0,025%

AI 70% AI SD

Figura 22 – Redução percentual de Mg em goiaba na desidratação por

imersão-impregnação (IAA-DII). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

No caso do zinco (Figura 23), durante a DII, os maiores fluxos deste

mineral para a solução osmótica ocorreram nos tratamentos com sac 50%, AI

70% e AISD (47,2% em média) e o menor fluxo foi verificado no procedimento

com sac 70% (26,4%). Conforme mostrou o contraste C1, o açúcar invertido

proporcionou menor retenção de Zn que a sacarose, semelhante ao que

ocorreu com os minerais Mg e K (Tabela 16). No entanto de acordo com o

79

contraste C4, houve diferença significativa entre as concentrações de

sacarose a 70 e 50%, em que a última concentração provocou maior perda

deste mineral.

b

a

ab

a a

0

10

20

30

40

50

Sac 70% Sac 50% Sac 30% +Suc 0,025%

AI 70% AI SD

Figura 23 – Redução percentual de Zn em goiaba na desidratação por

imersão-impregnação (IAA-DII). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Semelhante ao que aconteceu com o potássio, nos tratamentos em que

foi utizado açúcar invertido diluído a 70% e sem diluição e os com sacarose a

70 e a 50% verificou-se maior redução de Mn na DII, com valores de 54,8;

46,0; 42,5 e 40,2%, respectivamente (Figura 24). A solução de sac 30% + suc

0,025% levou à menor perda deste mineral (26,05%).

Mais uma vez, o contraste C1 (Tabela 16) revelou que a sacarose foi

capaz de manter os teores de manganês em níveis mais elevados no final da

DII que o açúcar invertido, assim como no caso do K, Mg e Zn. Por meio do

C4 verificou-se que as concentrações de sac 70% e 30% proporcionaram

perdas significativamente diferentes nas amostras de goiaba. A solução mais

concentrada, possivelmente levou a maior lixiviação deste mineral, análogo ao

que foi notado com o K.

80

ab ab

b

a

ab

0

10

20

30

40

50

60

Sac 70% Sac 50% Sac 30% +Suc 0,025%

AI 70% AI SD

Figura 24 – Redução percentual de Mn em goiaba na desidratação por

imersão-impregnação (IAA-DII). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Verifica-se, portanto, que durante a DII, o açúcar invertido, tanto sem

diluição quanto diluído a 70%, foi menos eficiente na manutenção dos níveis

dos minerais analisados, com exceção do Na. Isto pode ser devido ao maior

percentual de desidratação causado por este tipo de açúcar na DII levando à

maior lixiviação dos mesmos para a solução osmótica.

Quanto às concentrações de sacarose, a diluição a 70% provocou maior

redução nos teores de K e Mg que a 30% e maior redução no teor de K e

menor de Zn que a diluição a 50%. Nota-se, assim, que os minerais estudados

apresentaram comportamentos distintos face aos diferentes solutos e

concentrações das soluções osmóticas empregados no processo de

desidratação por imersão-impregnação. Porém, em todos os casos, há

redução significativa dos teores destes elementos durante o processo.

Os resultados obtidos das perdas percentuais dos minerais Na (40,9 a

64,4%), K (20,4 a 45,2%), Ca (39,8 a 47,5%) e Mg (34,6 a 47,9%), encontram-

se dentro da faixa de valores apresentados por Peiró et al. (2006) e Peiró-

Mena et al. (2006) depois do processo de desidratação osmótica de grapefruit

e de abacaxi, respectivamente, em solução reciclada de sacarose a 55 ºBrix

por 3 h a 30 ºC. Para grapefruit, as perdas apresentadas foram de 23 a 51%

de Na, 48 a 68% de K, 23 a 68% de Ca e 19 a 35% de Mg. Entretanto, os

percentuais de redução nas amostras de abacaxi foram ainda maiores que nas

amostras de grapefruit no caso do sódio (53 a 70%) e do cálcio (28% a 82%),

e semelhantes no caso do potássio (23 a 60%) e do magnésio (11 a 42%).

81

Estes autores analisaram, ainda, os teores de minerais das soluções

osmóticas e observaram que os mesmos eram recuperados nos xaropes

desidratantes, comprovando, assim, o fluxo destes nutrientes da fruta para o

meio. Nota-se, que as variações dos resultados nos trabalhos supracitados

foram ainda maiores que as verificadas no presente trabalho. Rodriguez

(1993) e Bognar (1998), apud Krešic et al. (2004), também descreveram

perdas de minerais entre 25 a 50% no processo de cristalização de frutas.

Para o Zn e o Mn não foram encontrados na literatura relatos quanto ao grau

de perdas provocadas pela DII.

O elevado percentual de perdas de minerais observado na desidratação

por imersão-impregnação apresenta um efeito negativo para indivíduos

saudáveis. Paralelamente, pacientes portadores de insuficiência renal aguda

ou crônica (IRA ou IRC), por exemplo, necessitam ingerir alimentação restrita

nos minerais sódio, potássio e fósforo (Mahan e Escoott-Stump, 2002). Como

as frutas, de um modo geral, são ricas em potássio, os portadores de IRA ou

IRC possuem poucas opções no mercado com baixos teortes deste elemento,

como o abacaxi, a melancia e a maçã (Queiroz et al., 2006). Uma vez que as

frutas secas por métodos convencionais de secagem possuem elevado teor de

potássio (Franco, 2001), a oferta de uma maior variedade de frutas pré-

desidratadas por osmose poderia melhorar sensivelmente a qualidade da

alimentação de tais pacientes.

4.7. Teor de vitamina C

Os teores de vitamina C (ácido ascórbico) das amostras de goiabas in

natura e depois do branqueamento (BR), desidratação por imersão-

impregnação (DII), secagem por convecção (SC) e 60 dias de armazenamento

sob refrigeração a 7 e 25 oC são apresentados na Tabela 17. A concentração

média de ácido ascórbico das amostras frescas depois da correção para b.u.,

foi de 49,1 mg 100 g -1 de polpa, estando de acordo com Azzolini et al. (2004),

que, também trabalhando com a variedade de goiabas Pedro Sato,

encontraram teor médio de 48,8 100 g -1de polpa.

82

Tabela 17 – Teor de vitamina C (mg/100 g) em goiaba in natura (IN) e depois do branqueamento (BR), desidratação por imersão-impregnação (DII), secagem por convecção (SC) e 60 dias de armazenamento a 7 e 25 oC

TRATAMENTO

ETAPA Sac 70%1 Sac 50%2 Sac 30% +

Suc 0,025%3

AI 70%4 AISD5 S/ DII6

IN 324,18 a 400,32 a 468,67 a 293,57 a 506,72 a 596,19 a

BR 287,34 a 389,14 a 388,57 ab 266,35 a 472,50 a 528,50 a

DII 274,25 a 324,02 a 326,33 b 240,34 ab 334,64 b -

SC 175,40 b 183,99 b 172,81 c 176,15 bc 150,44 c 164,90 b

7 oC 108,53 bc 100,39 bc 128,91 c 95,02 cd 81,50 c 132,70 b

25 oC 74,18 c 85,81 c 87,26 c 64,74 d 63,86 c 88,31 b 1sacarose 70%; 2sacarose 50%; 3sacarose 30% + sucralose 0,025%; 4açúcar invertido 70%; 5Açúcar invertido sem diluição; 6sem DII. Valores seguidos de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Verificou-se redução dos teores de vitamina C (mg/100 g) durante o

processamento e armazenamento em todos os tratamentos. No

branqueamento percebeu-se diminuição desta vitamina, porém, não

significativa. Dermesonlouoglou et al. (2007) relataram perdas de 26% de

ácido ascórbico no branqueamento de tomates por imersão em água a 80 ºC

por 80 s.

Diferentemente do que foi observado em relação ao ácido cítrico (Tabela

12), a etapa de DII, no presente trabalho, foi capaz de reter grande parte do

ácido ascórbico da fruta, com perdas estatisticamente significativas apenas no

tratamento contendo açúcar invertido sem diluição (AISD) (Tabela 17). Os

ácidos cítrico e ascórbico possuem valores de densidade muito próximos

(cerca de 1,66 g cm-3) e massas molares semelhantes, ou seja, 192,13 e

176,13 g/mol, respectivamente, diferenciando-se apenas em um átomo de

oxigênio. No entanto, a solubilidade em água do ácido cítrico (1330 g L-1) é

cerca de quatro vezes superior à do ácido ascórbico (330 g L-1), o que,

possivelmente, proporcionou maior lixiviação do mesmo da fruta para as

soluções osmóticas. Erle e Schubert (2001), também mostraram retenção de

aproximadamente 100% de vitamina C em maçãs e perdas não superiores a

10% em morangos desidratados em solução de sacarose a 60% por 25 h.

83

Na etapa seguinte, de secagem por convecção (SC), ao contrário, houve

redução significativa dos níveis desta vitamina em praticamente todos os

tratamentos, exceto, no caso do açúcar invertido 70%. Este resultado também

está em conformidade com os dos autores supracitados, os quais observaram

perdas de cerca de 60% de vitamina C após secagem das amostras de maçãs

e de morangos à vácuo em microondas.

Os resultados da análise de variância revelaram que o armazenamento a

7 oC por 60 dias proporcionou maior retenção de vitamina C que o

armazenamento a 25 oC nos tratamentos com sacarose 70%, sacarose 50% e

açúcar invertido 70%, confirmando que a temperatura exerce uma grande

influência na degradação do ácido ascórbico, conforme descreve Vikram et al.

(2005). Marcy et al. (1989) observaram perda da ordem de 40% nos teores

desta vitamina, depois de seis meses de armazenamento a 4 e 6 ºC, em

bebidas à base de laranjas embaladas assepticamente. Quando estocadas a

22 ou 30 ºC, a perda foi superior a 75%. Nos tratamentos com sacarose 30% +

sucralose 0,025%, AISD e controle (SDII) não houve diferença significativa

entre as três últimas etapas do processo.

As variações nos teores de vitamina C da fruta in natura (Tabela 17)

devem-se possivelmente às variações nos níveis de nutrientes no solo e

adubação, no estádio de maturação dos frutos e na localização dos mesmos

na goiabeira, levando à diferenças na incidência de luz solar. Frutos mais

expostos ao sol apresentam maior concentração desta vitamina e a adição de

potássio e manganês aumenta os teores de ácido ascórbico, enquanto a de

nitrogênio e boro diminui (Hobson e Davies, 1971, apud Molica, 1999).

Com a finalidade de normalizar esta grande variação, os tratamentos

foram, a partir do branqueamento, comparados entre si pelos percentuais de

redução no teor desta vitamina depois da DII, da secagem por convecção e no

armazenamento por 60 dias a 7 e 25 oC (Figura 25). Os valores foram

comparados depois do branqueamento, já que os tratamentos só foram

aplicados depois desta etapa.

Constatou-se que a DII com açúcar invertido sem diluição (AISD)

proporcionou menor retenção de vitamina C (29% de perdas) que as soluções

de sacarose (4,6% de perdas) e açúcar invertido a 70% (9,4% de perdas).

Esse fato pode ser devido à formação de uma camada de sacarose na

84

superfície das amostras, evitando a entrada de O2 para o interior das células e

a conseqüente oxidação do ácido ascórbico à ácido 2,3 dioxi L-gulônico,

conforme argumenta Torreggiani e Bertolo (2001b). O açúcar invertido sem

diluição, devido ao maior efeito osmótico, provocou maior fluxo de água do

fruto para a solução hipertônica (Figura 8), carreando, provavelmente, mais

solutos hidrossolúveis como a vitamina C, ao contrário do que foi verificado em

relação ao açúcar invertido 70%.

cB

cAB cABcB

cA

bBC

bAB bAB

bC

bAbAaB

abAB

aABaB

abA abAB

aA aA aAaA

aAaA

0

1020

30

4050

60

70

8090

100

Sac 70% Sac 50% Sac 30% +Suc

0,025%

AI 70% AI SD SDII

Red

uçã

o d

e V

itam

ina

C, %

DII

SC

60D 7 °C

60D 25 °C

Figura 25 – Redução de vitamina C (%) em goiaba a partir do branqueamento, depois da desidratação por imersão-impregnação (DII), depois da secagem por convecção (SC) e depois de 60 dias de armazenamento a 7 e 25 oC. Diferentes letras indicam diferença significativa (P<0,05) entre as médias dos tratamentos na mesma etapa (letras maiúsculas) e entre diferentes etapas para o mesmo tratamento (letras minúsculas).

Peiró et al. (2006), em estudo de reciclagem da solução osmótica de

sacarose a 55 ºBrix na desidratação osmótica de “grapefruit”, observaram

perdas de ácido ascórbico entre 6 e 12%, valores semelhantes aos

encontrados neste trabalho.

O contraste C2 (Tabela 18), entre as médias dos tratamentos, mostrou

não haver diferença significativa entre os solutos sacarose e açúcar invertido

na DII, no que se refere a perda de vitamina C. Por outro lado, o C3 revelou

que o açúcar invertido sem diluição leva a maior perda de vitamina C que o

85

70% diluído, conforme já discutido no parágrafo anterior. Chandrasekaran e

King (1972), apud Bolin et al. (1983), comparando as características de

difusão da sacarose e da frutose, determinaram que a frutose apresenta

coeficiente de difusão 32% maior que o da sacarose. Já, entre os níveis de

diluição das soluções de sacarose, o C4 mostrou que a sacarose diluída a 70%

leva à maior preservação da vitamina C que a diluição a 50%. O mesmo não é

verdadeiro em relação à diluição deste soluto a 30% (C5), que proporcionou

menores perdas desta vitamina que a solução a 70%.

Tabela 18 – Contrastes entre as médias dos tratamentos sacarose 70% (m1), sacarose 50% (m2), sacarose 30% + sucralose 0,025% (m3), açúcar invertido 70% (m4), açúcar invertido sem diluição (m5) e grupo controle (sem DII) (m6), para as perdas percentuais de vitamina C em goiaba, na desidtatação por imersão-impregnação (DII), na secagem por convecção (SC), e depois de 60 dias de armazenamento a 7 e a 25 oC

Estimativa do contraste Contraste DII SC 7 oC 25 oC

C1 y= 5m6 – (m1+m2+m3+m4+m5)

- 69,5928** 10,5404ns 16,2459ns

C2 y= 2 (m1+m2+m3) – 3 (m4+m5)

-40,6344ns -6,8846ns -16,8853ns -10,3408ns

C3 y= m5 – m4 19,8684** 36,2918** 24,5509** 16,5182**

C4 y= m1 – m2 -12,2102* -14,3729* -12,3265* -3,8529ns

C5 y= m1 – m3 -11,5798ns -16,7367** -4,5117ns -3,0817ns

*, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente. Ficou evidenciado que a secagem por convecção (SC) levou a perdas

significativas de vitamina C, entre 32 a 68%, em todos os tratamentos

aplicados (Figura 25), possivelmente, devido ao aumento da temperatura de

50 para 60 ºC e ao maior tempo de exposição das amostras ao ar quente do

secador (8 a 9 h). No entanto, estes valores foram menores que os

apresentados por Forni et al. (1997) que, depois da secagem em secador com

circulação de ar a 65 ºC, observaram, em amostras de damascos pré-

desidratados em soluções de sacarose, maltose e sorbitol a 65% por 45 min,

redução nos teores de ácido ascórbico de cerca de 98, 90 e 99%,

86

respectivamente. Segundo Khraisheh et al. (2004), a estabilidade e retenção

da vitamina C não são dependentes apenas das condições de secagem, mas

também do teor de água das amostras. A umidade pode afetar a diluição do

ácido ascórbico e dos reagentes na fase aquosa, ou seja, ao mesmo tempo

em que o teor de água diminui, o grau de diluição reduz e as taxas de reação

aumentam, levando a mais baixa retenção de ácido ascórbico. Num estágio

mais tardio da secagem, a temperatura interna da amostra é também mais

elevada em comparação àquela dos estágios iniciais e a expansão da matriz

pode expor novos sítios catalíticos contribuindo com o decréscimo dos teores

de vitamina C. Além disso, as amostras durante a secagem por convecção,

são expostas por mais tempo a outros fatores que também contribuem para a

degradação do ácido ascórbico como luz e O2, o que justifica as maiores

perdas desta vitamina durante esta etapa (SC).

O C1 (Tabela 18) revelou que as amostras não tratadas osmoticamente

proporcionaram menor retenção de ácido ascórbico na etapa de SC que

aquelas submetidas a um dos tratamentos osmóticos utilizados. Este fato

confirmou relatos da literatura que afirmam que uma etapa osmótica anterior à

secagem convencional contribui para melhorar a estabilidade do ácido

ascórbico devido ao menor colapso estrutural que ocorre nos frutos pré-

tratados em relação aos não pré-tratados osmoticamente nesta etapa

subseqüente (Torreggiani e Bertolo, 2001b). Da mesma forma, Riva et al.

(2005) demonstraram que o teor de ácido ascórbico foi melhor retido em cubos

de damasco osmodesidratados em solução de sacarose e sorbitol a 60%,

principalmente em sorbitol, que naqueles não tratados por osmose, depois da

secagem em secador com circulação de ar.

Ainda nesta etapa (SC), as amostras pré-desidratadas em açúcar

invertido sem diluição continuaram exibindo menor percentual de retenção de

ácido ascórbico, com perdas acumuladas de cerca de 68%, resultado

semelhante ao obtido na secagem sem DII (63%) (Figura 25). Os tratamentos

com sacarose e açúcar invertido 70% apresentaram os menores percentuais

de perdas acumuladas (38,6 e 32,0%, respectivamente), os demais

tratamentos exibiram valores próximos a 50%. De acordo com Ferrando e

Spiess (2001), a presença de dissacarídeos nas células vegetais durante a

secagem desempenha importante função, preservando a funcionalidade da

87

membrana celular através da estabilização de fosfolipídios e proteínas. Esta

proteção evita danos na membrana plasmática, impedindo a perda de material

celular como enzimas e seus respectivos substratos, como a fenolase e o

ácido ascórbico, por exemplo, e,conseqüentemente, as reações que afetariam

a qualidade sensorial e nutricional do produto durante a etapa de secagem

com ar. Sendo assim, o tratamento com sacarose 70% propiciou maior

entrada deste açúcar para o interior das amostras, resultando em menores

perdas desta vitamina na SC. Forni et al. (1997) mostraram que damascos

desidratados osmoticamente por 120 min em solução de sacarose 65%

retiveram mais vitamina C que aqueles desidratados por apenas 45 min. Neste

mesmo trabalho, a maltose mostrou ser mais efetiva que a sacarose e o

sorbitol na manutenção dos níveis de vitamina C durante a secagem,

revelando que a preservação do ácido ascórbico está relacionada ao tipo de

carboidrato utilizado na DII e ao grau de impregnação de solutos nas

amostras.

No armazenamento a 7 ºC, o tratamento com açúcar invertido sem

diluição (AISD) se diferenciou significativamente daqueles com sacarose e

com açúcar invertido 70%, exibindo redução, respectivamente, de 86,4, 74,1 e

69,9% nos níveis de ácido ascórbico (Figura 25). Os demais tratamentos

apresentaram redução de cerca de 70%. É interessante ressaltar que as

amostras secas apenas por convecção de ar, apresentaram percentuais de

perdas intermediárias (70%) aos demais tratamentos e não maiores que as

amostras pré-tratadas osmoticamente conforme observado logo depois da SC,

o que pode ser confirmado pela não significância do C1 e do C2 (Tabela 18).

No contraste C3, pode-se perceber que o AISD proporcionou maior

degradação de ácido ascórbico que o AI 70%. Por meio do contraste C4,

observa-se, mais uma vez, a influência da maior concentração de sacarose

(70%) na melhora da estabilidade da vitamina C no armazenamento.

Entretanto, a 25 ºC, todos os tratamentos se igualaram estatisticamente

com níveis de redução entre 70 a 86% no teor desta vitamina e apenas o C3

foi significativo para esta temperatura de armazenamento, mostrando que a

maior concentração de açúcar invertido provoca maiores prejuízos nos teores

de ácido ascórbico dos pedaços de goiaba (Figura 25). Lima e Durigan (2000),

avaliando a conservação de goiabas Pedro Sato, verificaram que a

88

refrigeração proporcionou manutenção de 87% do teor inicial do ácido

ascórbico, já, em condições ambientais, houve decréscimo de até 64% do

valor inicial.

Os dados da literatura são conflitantes no que diz respeito à retenção da

vitamina C e a concentração da solução osmótica, tipo de soluto e temperatura

de armazenamento. Pragati et al. (2003) observaram, logo depois da

secagem, maior retenção de ácido ascórbico em aonla pré-desidratada por

osmose que naquelas não previamente osmodesidratadas. No entanto, depois

de 30, 60 e 90 dias de armazenamento à temperatura ambiente, a redução

nos teores de vitamina C foi maior nos frutos tratados por DII que nos demais

tratamentos (sem DII) (Figura 25). Logo, estes autores, assim como neste

trabalho, também observaram superioridade dos produtos osmodesidratados

com relação à retenção de ácido ascórbico durante a secagem, mas não no

armazenamento. Torreggiani e Bertolo (2001a) relataram que os teores de

ácido ascórbico foram menores em fatias de kiwi tratadas com solução de 60%

de sacarose em relação às tratadas com maltose, sorbitol ou não tratadas

osmoticamente depois de 9 meses de armazenamento a -10 ºC. Entretanto,

neste mesmo experimento, as fatias de kiwi não tratadas por osmose mostram

teores de ácido ascórbico superiores às demais (tratadas por DII) depois do

armazenamento pelo mesmo tempo, porém, à 0 ºC e teores semelhantes à -20

e -30 ºC.

4.7. Cor (Parâmetros L, a, b e ºh)

Os parâmetros de Hunter, L (luminosidade), a e b e o ângulo de cor ºh

(tonalidade), das amostras de goiaba in natura e depois do branqueamento

(BR), da desidratação por imersão-impregnação (DII), da secagem por

convecção (SC) e depois de 30, 60 e 90 dias de armazenamento sob

refrigeração a 7 oC são apresentados nas Figuras 26, 27, 28 e 29,

respectivamente.

89

aaa

aaba

aaa

abab

abab a

aa a

bb

aaa

a

bb

a

bb

a

bb

a

bb

a

bb

a

bb

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Sac 70 Sac 50 Sac 30+Suc0,025

AI 70 AI SD SDII

L

IN

IAA

DII

SC

30D

60D

90D

Figura 26 - Parâmetro L (Luminosidade) em goiaba in natura (IN) e depois

da imersão em solução de ácido ascórbico (IAA), desidratação por imersão-impregnação (DII), secagem por convecção (SC), armazenamento por 30 (30D), 60 (60D) e 90 dias (90D) a 7 ºC. Médias seguidas de mesma letra, no mesmo tratamento, não diferem entre si, (P<0,05) pelo teste de Tukey.

bbcdbb

bc

bc

b

bcdbcbbcbc

bb b

b ab

a a a

aa a

bcbc

b

bc

bc bbcbc

b

cd

cd bcc

b

d

db

0

5

10

15

20

25

30

35

Sac 70 Sac 50 Sac 30+Suc0,025

AI 70 AI SD SDII

a

IN

IAA

DII

SC

30D

60D

90D

Figura 27 – Parâmetro a (variação de cor do verde ao vermelho) em goiaba

in natura (IN) e depois da imersão em solução de ácido ascórbico (IAA), desidratação por imersão-impregnação (DII), secagem por convecção (SC), armazenamento por 30 (30D), 60 (60D) e 90 dias (90D) a 7 ºC. Médias seguidas de mesma letra, no mesmo tratamento, não diferem entre si, (P<0,05) pelo teste de Tukey.

90

c

aba

b

ab

bcdc

ba

bdb

ab

a

bcdb

ba

a

a

aa

ab

ab

a

abc

b

a

ab

a

a

abb

a

ab

a

a

abcab

0

5

10

15

20

25

Sac 70 Sac 50 Sac 30+Suc0,025

AI 70 AI SD SDII

b

IN

IAA

DII

SC

30D

60D

90D

Figura 28 – Parâmetro b (variação de cor do azul ao amarelo) em goiaba in

natura (IN) e depois da imersão em solução de ácido ascórbico (IAA), desidratação por imersão-impregnação (DII), secagem por convecção (SC), armazenamento por 30 (30D), 60 (60D) e 90 dias (90D) a 7 ºC. Médias seguidas de mesma letra, no mesmo tratamento, não diferem entre si, (P<0,05) pelo teste de Tukey.

c

bbc

c

cdbcc

bbc

cdc

ab

bc

cdc

bb

cbcbcdabc

a

babcababcabc

a

abab

aabab

aa

a aa

a

0

10

20

30

40

50

60

70

Sac 70 Sac 50 Sac 30+Suc0,025

AI 70 AI 100 SDII

oh

IN

IAA

DII

SC

30D

60D

90D

Figura 29 – Ângulo de cor ºh (tonalidade) em goiaba in natura (IN) e depois

da imersão em solução de ácido ascórbico (IAA), desidratação por imersão-impregnação (DII), secagem por convecção (SC), armazenamento por 30 (30D), 60 (60D) e 90 dias (90D) a 7 ºC. Médias seguidas de mesma letra, no mesmo tratamento, não diferem entre si, (P<0,05) pelo teste de Tukey.

91

Todos os tratamentos aplicados mostraram controle efetivo na

estabilidade da cor das amostras de goiaba, não se verificando diferença

significativa nos parâmetros L, a e b e no ângulo de cor ºh (tonalidade) do

início (in natura) até o final do processo de desidratação osmótica (Figuras 26,

27, 28 e 29). Esses resultados devem-se, em parte, ao efeito anti-

escurecimento enzimático promovido pelo branqueamento e pela imersão das

amostras em ácido acórbico na fase inicial do experimento (Belitz e Grosch,

1997; UNIDO, 2004).

No entanto, os resultados verificados neste trabalho, diferem daqueles

relatados por Forni et al. (1997), que depois da DII de damascos em soluções

de sacarose, maltose ou sorbitol, observaram maiores valores de a e de b,

sem alteração de L. Argandoña et al. (2002) por outro lado, perceberam

redução em a e b com elevação de L em melões, depois da DII em soluções

de sacarose 50 e 70 ºBrix. Estes últimos autores relataram influência

significativa do aumento da concentração da solução desidratante e da

temperatura na elevação dos valores L e atribuíram a diminuição da saturação

da cor (a e b), à degradação de carotenóides pela ação de ácidos que foram

adicionados aos xaropes.

Durante a secagem por convecção, exceto no caso dos tratamentos com

açúcar invertido, a maior parte das amostras continuou exibindo estabilidade

da cor quanto ao parâmetro L (Figura 26), o que diverge dos resultados

obtidos por Souza et al. (2003) que verificaram tendência ao escurecimento,

(redução no valor de L) em goiabas cv Paluma tanto depois da desidratação

osmótica em sacarose a 65 ºBrix quanto depois da secagem. Segundo os

autores, estes resultados seriam explicados pela absorção de açúcares

durante a osmose. No presente trabalho, os valores de L sofreram redução

significativa de 44,7 (fruta fresca) para 36,1 (fruta seca) nas amostras tratadas

com açúcar invertido 70% (Figura 26) e de 41,9 para 34,5 naquelas pré-

desidratadas com AISD. Este fato pode ser devido à natureza do soluto

impregnado na fruta durante a DII, que associado ao aumento da temperatura

durante a secagem, favoreceria os processos de escurecimento não

enzimático, como as reações de Maillard, caramelização e oxidação do ácido

ascórbico (Cheftel e Cheftel, 1992). Os substratos para estas reações são

compostos carbonílicos, principalmente os açúcares redutores como a frutose

92

e a glicose, que estão presentes em grande quantidade no açúcar invertido

utilizado neste trabalho (> 90% de inversão). A sacarose é uma molécula

carente de função redutora livre (Cheftel e Cheftel, 1992), não afetando,

portanto, o escurecimento não enzimático nas amostras pré-tratadas com este

soluto. As taxas de reações de escurecimento dependem de vários fatores

como temperatura e tempo de secagem, pH, teor de água, concentração e

natureza dos reagentes no produto.

Krokida et al. (2001) relatam que a penetração de açúcares nos tecidos

das frutas causa relativa estabilidade nos parâmetro L, a e b, especialmente

em comparação com amostras secas diretamente em secador. Estes autores

observaram maior constância da luminosidade durante a secagem em

amostras de maçã e de banana pré-tratadas osmoticamente em relação

àquelas não pré-desidratadas.

Enquanto os valores L mantiveram-se estáveis durante a secagem por

convecção para a maioria dos tratamentos (Figura 26), os valores de a

apresentaram súbito aumento mostrando maior intensidade das cores

vermelha (todos os tratamentos) e amarela (apenas em sac 70 e 50%) das

goiabas (Figuras 27 e 28). Isto se deve, possivelmente, ao efeito da

concentração dos pigmentos com a drástica desidratação que ocorre nesta

etapa. Forni et al. (1997) não observaram alterações significativas nas

coordenadas de cor a, b e L depois da secagem de damascos. Estes autores

atribuem este fato à ação antiescurecimento enzimático do ácido ascórbico

aplicado no início, o qual sofreu severa redução durante o processo. A

vitamina C se oxida e reduz as o-quinonas formadas pelas polifenoloxidases

em dihidroxifenóis que possuem menor intensidade de cor. Riva et al. (2005)

relataram que a secagem causou uma significante mudança de cor

principalmente em cubos de damascos não pré-tratados por osmose, as

amostras se tornaram vermelho escuro o que foi evidenciado pelo incremento

de a e redução de L.

Depois de 30 dias de armazenamento em B.O.D. a 7 ºC, as amostras,

com exceção das pré-tratadas com sac 30% + suc 0,025% e das não pré-

tratadas osmoticamente (SDII), apresentaram redução significativa da

luminosidade, tornando-se mais escuras, mas, mantiveram os mesmos valores

de L nos meses subseqüentes (Figura 26). Em todos os tratamentos, os

93

valores de a diminuíram bruscamente, tornando-se semelhantes aos da fruta

fresca e apenas no tratamento com sac 70 e 50% houve redução nos valores

de b (Figuras 27 e 28). Todas as amostras apresentaram redução progressiva

na intensidade da cor vermelha ao longo do período de armazenamento.

Resultados análogos foram mostrados por Dermesonlouoglou et al.

(2007) em tomates depois de 6 e12 meses de estocagem a temperaturas bem

mais baixas (-12 e -20 ºC). Segundo estes autores, tanto as amostras pré-

tratadas por osmose quanto as apenas branqueadas ou frescas, exibiram

decréscimo da intensidade da cor vermelha, com redução significativa dos

valores de a durante todo o período de armazenamento. De acordo com

Calligaris et al. (2002), a perda de cor em tomates armazenados em freezer é

acompanhada pela redução nos teores de carotenóides, que são

representados em sua maior parte pelo licopeno no tomate (Shi e Le Maguer,

2001) e na goiaba (Padula e Rodriguez-Amaya, 1986), pigmentos bastante

propensos à oxidação. Segundo Shi e Le Maguer (2000) tomates desidratados

apresentam baixa estabilidade do licopeno a não ser que sejam

cuidadosamente processados, imediatamente lacrados e armazenados em

atmosfera inerte. Forni et al. (1997) também relataram diminuição nos valores

de a e de b em amostras de damascos osmodesidratadas depois de seis

meses de armazenamento à -20 ºC. As amostras não tratadas osmoticamente

exibiram ao mesmo tempo aumento de a e de b (Figuras 27 e 28) e

manutenção de L (Figura 26), devido ao aumento do componente amarelo e

maior degradação do vermelho, mostrando menor eficiência na manutenção

da cor.

O comportamento dos parâmetros de cor avaliados até o momento foi

similar àquele observado para o ângulo de cor ºh (Figura 29), ou seja, as

amostras secas diretamente no secador exibiram aumento progressivo deste

parâmetro depois da secagem por convecção, durante o armazenamento.

Nesta escala de cor, o valor zero representa a cor vermelha e à medida que o

ângulo ºh se distancia deste valor, significa que a cor vermelha vai diminuindo

e a amarela (ângulo de 90º) se intensificando. As demais amostras também

exibiram elevação nos valores ºh, exceto aquelas previamente submetidas à

DII com sacarose 70%. Estas mostraram melhor retenção da cor, com valores

94

de ºh estatisticamente iguais nos meses subseqüentes à secagem por

convecção.

Para melhor elucidar as variações ocorridas nos parâmetros de cor, os

tratamentos foram comparados por meio de contrastes ortogonais (Tabela 19).

Tabela 19 – Contrastes entre as médias dos tratamentos sacarose 70% (m1), sacarose 50% (m2), sacarose 30% + sucralose 0,025% (m3), açúcar invertido 70% (m4), açúcar invertido sem diluição (m5), e controle (sem desidratação osmótica) para os parâmetros L, a, b e ºh em goiaba do início do processo até o final 90 dias de armazenamento a 7 ºC

Estimativa do contraste Contraste L a b ºh

C1 y= 5m6 – (m1+m2+m3+m4+m5) 25,40** -5,33* 15,80** 32,56**

C2 y= 2 (m1+m2+m3) – 3 (m4+m5) 8,20ns 8,48** -2,50ns -21,86**

C3 y=m5 – m4 0,20ns -0,62ns -1,61** -2,73**

C4 y= m1 – m2 -0,17ns 1,33** 0,10ns -1,24ns

C5 y= m1 – m3 -2,44** -0,02ns -0,17ns 0,35ns

*, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente. O contraste C1 entre as médias dos tratamentos com e sem DII, mostrou

que as amostras não pré-tratadas osmoticamente (SDII) exibiram maior valor

para os parâmetros L, b e ºh e menor valor para a. Isto significa dizer que

estas amostras de goiaba perderam mais a cor vermelha (a) tornando-se mais

amareladas (b) e por isto mais claras (L) que aquelas que foram submetidas a

algum tipo de tratamento osmótico. O contraste C2 revelou ser a sacarose

mais eficaz na estabilidade da cor vermelha (a), com menor amarelecimento

das amostras (ºh) que o açúcar invertido. O contraste C4, indica que a maior

concentração do dissacarídeo (70%) é ainda melhor para preservar a cor

característica da goiaba que a diluição a 50%, porém levou ao maior

escurecimento que a diluição a 30% (C5). Entre as duas concentrações de

açúcar invertido utilizadas (C3), aquele diluído a 70% proporcionou maior

manifestação da cor amarela (parâmetros b e ºh).

Ilustrações características das amostras de goiaba depois das diversas

etapas do processamento às quais foram submetidas, são apresentadas na

Figura 30.

95

(a) (b)

(c) (d)

(e)

Figura 30 - Ilustrações características das amostras de goiaba in natura (a) e depois do branqueamento (b), da DII (c), da secagem por convecção com DII (d) e da secagem por convecção sem o pré-tratamento osmótico (e).

4.7. Análise sensorial

Os resultados do teste de aceitação de goiaba desidratada pela

combinação dos métodos de desidratação por imersão-impregnação e

secagem por convecção (DII/SC) são mostrados na Figura 31. Dos 77

participantes da análise sensorial, 36 foram do sexo masculino, 32 do sexo

feminino e 9 não mencionaram o sexo (Tabela 20).

96

aaaaaaaa aaa

aaa

aa

b

b

b

b

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Aroma Aparência Sabor Text ura

Esc

ala

he

nic

a

SAC 70%SAC 50%SAC 30% + SUC 0,025%AISDS/DII

Figura 31 – Avaliação sensorial de goiaba desidratada em soluções de

sacarose 70%, sacarose 50%, sacarose 30% + sucralose 0,025%, açúcar invertido sem diluição (AISD), ou não submetidos ao pré-tratamento osmótico (S/DII) e secos por convecção. Médias seguidas de mesma letra, para o mesmo atributo sensorial, não diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey.

Tabela 20 - Participantes da análise sensorial e respostas quanto à intenção de compra de goiaba desidratada por DII/SC

Na escala hedônica de 9 pontos, as notas são atribuídas de 1 (desgostei

extremamente) a 9 (gostei extremamente) e as amostras são consideradas

aceitas quando recebem, em média, nota superior a 5. Sendo assim, esta

escala permitiu observar que as amostras não pré-tratadas osmoticamente

não foram aceitas pelos participantes do teste que lhes atribuíram, em média,

as notas 3,67; 2,91 e 3,56 quanto à aparência, sabor e textura,

respectivamente, situando-se entre os termos hedônicos desgostei muito e

desgostei ligeiramente (Figura 31). Essas amostras foram aceitas apenas em

Participantes Sim Não Total

Homens 21 15 36

Mulheres 19 13 32

Sem identificação 6 3 9

Total 46 31 77

97

relação ao aroma, com média de 5,38, valor estatisticamente inferior às notas

recebidas por aquelas pré-desidratadas por osmose.

Todas as soluções utilizadas na DII foram capazes de melhorar a

qualidade sensorial das amostras depois da secagem por convecção. Os

pedaços de goiaba secos sem pré-tratamento osmótico exibiram, depois de 6

h de secagem por convecção, textura rígida, áspera e quebradiça e cor menos

acentuada; os desidratados anteriormente por osmose apresentaram-se mais

macios e elásticos e com cor vermelha mais intensa.

Quanto ao aroma, aparência, sabor e textura, as amostras pré-

desidratadas por osmose receberam notas entre 6,06 a 6,75, que se situam

entre os termos hedônicos gostei ligeiramente e gostei moderadamente, sendo

igualmente aceitas (Figura 30). Verificou-se, assim, que todos os produtos

obtiveram boa aceitação, levando em consideração o fato de que as frutas

desidratadas, principalmente a goiaba, não fazem parte do hábito alimentar do

brasileiro. O mesmo pôde ser comprovado pelas respostas obtidas no item a

respeito da intenção de compra dos pedaços de goiaba desidratados por

DII/SC, onde a maioria dos participantes (cerca de 60%) respondeu que

compraria o produto (Tabela 20). Do total dos homens e das mulheres que

participaram do teste, 58% e 59% responderam que comprariam e 42% e 41%

responderam que não comprariam o produto, respectivamente (Figuras 32 e

33).

Homens

58%

42%

Compraria

Não compraria

Figura 32 – Avaliação percentual das respostas dos participantes do sexo

masculino quanto à intenção de compra de goiaba desidratada por DII/SC.

98

Mulheres

59%

41%

Compraria

Não compraria

Figura 33 – Avaliação percentual das respostas dos participantes do sexo

feminino quanto à intenção de compra de goiaba desidratada por DII/SC.

Apesar das amostras tratadas em sacarose 30% + sucralose 0,025%

terem sido pré-processadas em menor concentração de sacarose, a sucralose

foi capaz de prover ao produto final, mesma aparência, sabor, aroma e textura

daquelas desidratadas em soluções mais concentradas de sacarose ou com

açúcar invertido sem diluição (Figura 31). Sendo assim, foi possível constatar,

que as amostras desidratadas com sucralose foram tão bem aceitas quanto as

demais, porém, com menor carga enérgica o que pode ser confirmado pelos

teores finais de carboidratos apresentados na composição centesimal (Tabela

14). Portanto, este tratamento pode ser promissor para utilização na

desidratação de frutos voltados para o mercado light. Resultado semelhante a

este foram relatados por Mendonça et al. (2001), que verificaram que o uso de

sucralose em substituição parcial à sacarose proporcionou à compota de

pêssego light características sensoriais similares às de compotas

convencionais, preparadas exclusivamente com sacarose.

Os resultados acima descritos confirmam os argumentos de Ponting

(1966), Torreggiani (1993), Torreggiani e Bertolo (2001b) e Lenart e Piotrowski

(2001) acerca da utilização de uma etapa osmótica anterior à secagem por

convecção para melhorar a qualidade final dos produtos secos. Segundo

Lenart (1996) a desidratação osmótica anterior à secagem promove um efeito

protetor na estrutura das frutas e das hortaliças, resultando em uma textura

mais flexível e macia.

Ehabe et al. (2006) não encontraram diferenças significativas na análise

sensorial de amostras de banana Figo desidratadas ou não por osmose antes

99

da secagem por convecção, para a maioria dos atributos analisados. O fato

pode ser devido à utilização de soluções de sacarose e/ou NaCl pouco

concentradas (10 e 5%, respectivamente), não permitindo evidenciar o efeito

do tratamento osmótico na melhoria da qualidade do produto.

Riva et al. (2005) relataram que cubos de damasco pré-tratados por

osmose, apresentaram menor colapso estrutural e melhor aparência depois da

secagem. Ferrando e Spiess (2001) explicam que os dissacarídeos

desempenham um importante papel na preservação da funcionalidade da

membrana celular dos tecidos das plantas durante a secagem. Eles se

posicionam no tecido substituindo as moléculas de água ao redor dos resíduos

polares das macromoléculas, estabilizando fosfolipídeos e proteínas,

prevenindo, assim, o colapso estrutural.

Por outro lado, um dos principais objetivos da secagem dos alimentos é

obter a estabilidade do produto pela diminuição da atividade de água (Aa). A

presença do açúcar aumenta a pressão osmótica do meio, tendo como

conseqüência a redução da Aa. Sendo assim, a impregnação de açúcar nos

tecidos da fruta permite ao mesmo tempo obter produtos de baixa atividade de

água com pequena redução no teor de água, conservando melhor a massa e a

textura do produto final (Torreggiani, 1993). Ehabe et al. (2006) constataram

menor atividade de água com maior teor final de água em bananas Figo

desidratadas com açúcar e/ou NaCl em relação às amostras não pré-tratadas

por osmose. De fato, a imersão em solução de açúcar e NaCl melhoraram

consideravelmente a qualidade destas bananas no armazenamento, inibindo o

aparecimento de fungos na superfície das amostras.

Mazza e LeMaguer (1980), apud Silveira et al. (1996) explicam que os

solutos osmóticos difundidos para o interior dos tecidos vegetais, aprisionam

os componentes voláteis em microrregiões e levam à mais rápida formação de

uma camada seca ao redor das amostras, o que diminui a difusão dos

componentes responsáveis pelo flavour para as superfícies de evaporação,

resultando em produtos mais saborosos. Maestrelli et al. (2001) mostraram

que álcoois aroma-negativos permaneceram estáveis em esferas de melão

pré-tratados por DII e aumentaram naquelas secas sem tratamento osmótico

prévio, levando à menor aceitabilidade sensorial destes em relação àqueles.

100

5. RESUMO E CONCLUSÕES

A finalidade do presente trabalho foi avaliar os aspectos físico-químicos e

da cinética da desidratação por imersão-impregnação (DII), além das

qualidades nutricional e sensorial de goiabas, cv Pedro Sato, submetidas ao

processo de DII e secagem complementar por convecção (SC). Os frutos eram

divididos em oito partes e uma fração de 1/8 de cada fruto era extraida para

caracterização in natura e as demais eram retiradas a cada etapa seguinte:

depois do branqueamento, da DII e da SC. Estas amostras eram

acondicionadas em potes de polietileno brancos ou em sacos de polipropileno,

selados a vácuo e armazenadas em freezer a -18 ºC para análises posteriores.

Foram realizadas análises de perda de água (ω), ganho de sólidos (δ),

redução de massa (µ), pH, teores de sólidos solúveis totais e de acidez total

titulável, composição centesimal, teores de minerais (Na, K, Ca, Mg, Zn e Mn)

e de vitamina C, parâmetros de cor (L, a, b e ºh) e análise sensorial. Para se

verificar o efeito da temperatura sobre a estabildade da vitamina C no

armazenamento, amostras do fruto depois da SC, foram armazenadas em

câmaras B.O.D. a 7 e 25 ºC por 60 dias. Os parâmetros de cor também foram

avaliados depois de 30, 60 e 90 dias depois do processamento. Na etapa de

DII as amostras foram imersas em soluções com três concentrações distintas

de sacarose (70%, 50% e 30%) e duas de açúcar invertido (sem diluição e

diluído a 70%), com grau de inversão superior a 90%, na proporção

fruto:solução de 1:10. A solução de sacarose 30% foi acrescida de 0,025% de

101

sucralose com a intenção de reduzir o valor calórico do produto. A DII foi

realizada em incubadora-agitadora a 50oC, com agitação de 60 min-1 por 2 h.

Em seguida, as amostras foram secas por convecção em secador com fluxo

de ar de 1,25 m s-1 a 60 ºC. Nesta etapa de secagem, acrescentou-se um

tratamento controle, em que as amostras foram secadas sem tratamento

osmótico prévio. As conclusões do trabalho são descritas a seguir.

5.1. Cinética da desidratação por imersão-impregnação

• A solução de açúcar invertido sem diluição promoveu maior perda de

água, ganho de sólidos e redução de massa nas amostras submetidas à

desidratação por imersão-impregnação (DII). À medida que se elevou a

concentração de sacarose de 30 para 70% houve aumento tanto da perda de

água quanto do ganho de sólidos;

• A solução de sacarose a 50% apresentou melhor desempenho, com

perda de água e redução de massa semelhante à solução de sacarose 70% e

ganho de sólidos similar à sacarose 30%;

• A razão fruta:xarope de 1:10 utilizada na DII foi capaz de manter as

concentrações finais das soluções bem próximas às iniciais.

5.2. Análises físicas, químicas e físico-químicas

5.2.1. Teor de sólidos solúveis

• Houve aumento dos sólidos solúveis totais (SST) nos pedaços de

goiaba em todos os tratamentos, mas apenas os desidratados em solução de

açúcar invertido exibiram diferença significativa em relação aos desidratados

em sac 50% e em sac 30% + suc 0,025%. As diversas concentrações das

soluções de sacarose não proporcionaram diferença significativa nos SST das

amostras.

5.2.2. Teor de ácido cítrico

• Na desidratação por imersão-impregnação (DII) houve redução

significativa dos teores de ácido cítrico em praticamente todos os tratamentos,

com exceção das amostras desidratadas em solução e sac 30% + suc

0,025%;

102

• Não foram verificadas alterações significativas no pH ao longo de todo

o tempo de processamento em todos os tratamentos.

5.2.3. Composição centesimal

• Houve aumento dos teores de carboidratos, propiciando a redução

percentual de proteínas, lipídios, fibras e cinzas. A sucralose proporcionou

redução de 35% de carboidratos no produto final em relação à sac 50%.

5.2.4. Teor de minerais

• Para a maioria dos minerais verificou-se redução significativa dos

teores do tempo inicial (IN) até o final da DII. Na etapa de imersão em solução

de ácido ascórbico (IAA) foram observadas perdas de cerca de 20, 15, 18, 18,

19 e 15% para o Na, K, Ca, Mg, Zn e Mn, respectivamente;

• Na etapa de DII o percentual de perdas foi muito mais expressivo, na

maioria dos casos com redução de 40,9 a 64,4; de 20,4 a 45,2; de 39,8 a 47,5,

de 34,6 a 47,9, 26,4 a 47,2 e de 26,1 a 54,8% para os minerais Na, K, Ca, Mg,

Zn e Mn, respectivamente;

• Durante a DII, o açúcar invertido, tanto sem diluição quanto diluído a

70%, foi menos eficiente na manutenção dos níveis dos minerais analisados,

com exceção do K. A sacarose a 70% provocou maior redução nos teores de

K e Mg que a sac 30% e maior redução no teor de K e menor de Zn que a

diluição à 50%.

5.2.5. Teor de vitamina C

• Verificou-se redução dos teores de vitamina C durante o

processamento e armazenamento em todos os tratamentos. A DII com açúcar

invertido sem diluição (AISD) acarretou menor retenção desta vitamina (29%

de perdas) que as soluções de sacarose (4,6% de perdas) e açúcar invertido a

70% (9,4% de perdas). Não houve diferença significativa entre os solutos

sacarose e açúcar invertido, na DII quanto à redução de vitamina C;

• A secagem por convecção (SC) levou a perdas significativas de

vitamina C, entre 32 a 68%, em todos os tratamentos aplicados. As amostras

não tratadas osmoticamente apresentaram menor retenção desta vitamina

103

nesta etapa que aquelas submetidas a um dos tratamentos osmóticos

utilizados;

• No armazenamento a 7 ºC, o tratamento com açúcar invertido sem

diluição se diferenciou significativamente daqueles com sacarose e com

açúcar invertido 70%, exibindo redução, respectivamente, de 86,4, 74,1 e

69,9% nos níveis de vitamina C. A 25 ºC todos os tratamentos se igualaram

estatisticamente com níveis de redução entre 70 a 86% nos teores desta

vitamina.

5.2.6. Parâmetros de cor (L, a, b e ºh)

• Nas etapas de DII e de secagem por convecção, verificou-se controle

efetivo na estabilidade da cor das amostras sem variações significativas nos

parâmetros L, a, b e (ºh) na maioria dos tratamentos;

• Na etapa de secagem por convecção, os valores de a apresentaram

súbito aumento, mostrando maior intensidade das cores vermelha (todos os

tratamentos) e amarela (apenas em sac 70 e 50%) das goiabas;

• Depois de 60 dias de armazenamento em B.O.D. a 7 ºC, as amostras,

com exceção das pré-tratadas com sacarose 30% + sucralose 0,025% e das

não pré-tratadas osmoticamente (SDII), apresentaram redução significativa da

luminosidade, tornando-se mais escuras, mas, mantiveram os mesmos valores

de L nos meses subseqüentes. Em todos os tratamentos, os valores de a

diminuíram bruscamente, tornando-se semelhantes aos da fruta fresca e

apenas no tratamento com sac 70 e 50% houve redução nos valores de b.

Todas as amostras apresentaram redução progressiva na intensidade da cor

vermelha ao longo do período de armazenamento;

• As amostras exibiram aumento do parâmetro ºh depois da secagem

por convecção, durante o armazenamento, exceto aquelas previamente

submetidas à DII com sacarose 70%. Estas mostraram melhor retenção da

cor, com valores de (ºh) estatisticamente iguais nos meses subseqüentes à

secagem por convecção;

• Por meio de contrastes entre os tratamentos, percebeu-se que as

amostras não pré-tratadas osmoticamente exibiram maior valor para os

parâmetros L, b e ºh e menor valor para a, significando que estas amostras de

goiaba perderam mais a cor vermelha (a) tornando-se mais amareladas (b) e

104

por isto mais claras (L) que aquelas que foram submetidas a algum tipo de

tratamento osmótico. A sacarose mais eficaz na estabilidade da cor vermelha

(a), com menor amarelecimento das amostras (ºh) que o açúcar invertido. A

maior concentração do dissacarídeo (70%) é ainda melhor para preservar a

cor característica da goiaba que a diluição a 50%, porém levou a um maior

escurecimento que a diluição a 30%. Entre as duas concentrações de açúcar

invertido utilizadas, aquele diluído a 70% proporcionou maior manifestação da

cor amarela (parâmetros b e ºh).

5.3. Análise sensorial

• As amostras não pré-tratadas osmoticamente não foram aceitas pelos

participantes do teste quanto à aparência, sabor e textura, situando-se entre

os termos hedônicos desgostei muito e desgostei ligeiramente, sendo aceitas

apenas em relação ao aroma;

• As amostras pré-desidratadas por osmose foram igualmente aceitas

quanto ao aroma, aparência, sabor e textura, situando-se entre os termos

hedônicos gostei ligeiramente e gostei moderadamente. As amostras

desidratadas com sucralose foram tão bem aceitas quanto as demais.

• Do total dos homens e das mulheres que participaram do teste, 58% e

59% responderam que comprariam e 42% e 41% responderam que não

comprariam o produto, respectivamente.

105

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APÊNDICE

118

Tabela 1A - ANOVA do fatorial para perda de água (ω), ganho de sólidos (δ) e redução de massa (µ) dos pedaços de goiaba em função do tempo de processamento na desidratação por imersão-impregnação (DII)

Quadrado médio F.V. G.L.

ω δ µ

Bloco 2 13.2916 0.7878 10.6820

Tempo 6 523.0001** 21.5209** 341.8015**

Tratamento 3 1202.843** 30.0181** 867.7092**

Tempo*Tratamento 18 23.4793** 0.5778 20.5444**

Resíduo 54 1.3341 0.8072 1.2353

CV (%) 6.1712 22.968 7.5497

**significativo ao nível de 1% de probabilidade.

Tabela 2A - Análise de regressão para perda de água (ω) dos pedaços de goiaba em função do tempo de processamento na desidratação por imersão-impregnação (DII)

Quadrado médio F.V. G.L. Sac 70% Sac 50% Sac 30% +

Suc 0.025% AISD

Devido à regressão 1 781.7525** 607.7855** 223.8720** 1789.436**

Independente 19 2.129218 4.0955 1.6389 5.6314

**significativo ao nível de 1% de probabilidade.

AISD: Açúcar invertido sem diluição.

Tabela 3A - Análise de regressão para ganho de sólidos (δ) dos pedaços de goiaba em função do tempo de processamento na desidratação por imersão-impregnação (DII)

Quadrado médio F.V. G.L. Sac 70% Sac 50% Sac 30% + Suc

0.025% AISD

Devido à regressão 1 32.4461** 17.1481** 21.1002** 52.0601**

Independente 19 0.9657 0.3189 0.4642 1.5113

**significativo ao nível de 1% de probabilidade.

AISD: Açúcar invertido sem diluição.

119

Tabela 4A - Análise de regressão para redução de massa (µ) dos pedaços de goiaba em função do tempo de processamento na desidratação por imersão-impregnação (DII)

Quadrado médio F.V. G.L. Sac 70% Sac 50% Sac 30% +

Suc 0.025% AISD

Devido à regressão 1 495.6718** 420.7534** 107.5131** 1307.003**

Independente 19 0.8844 4.1973 0.6223 3.6507

**significativo ao nível de 1% de probabilidade.

AISD: Açúcar invertido sem diluição.

Tabela 5A - Análise fatorial dos sólidos solúveis (ºBrix) dos pedaços de goiaba em função do tempo de processamento na DII

F.V. G.L. Quadrado médio

Bloco 2 1.523854

Tempo 7 213.9932**

Tratamento 3 224.5295**

Tempo*Tratamento 21 13.25526**

Resíduo 62 1.624284

**significativo ao nível de 1% de probabilidade.

Tabela 6A - Análise de regressão para os sólidos solúveis (ºBrix) dos pedaços de goiaba em função do tempo de processamento na DII

Quadrado médio

F.V.

G.L. Sac 70% Sac 50% Sac 30% + Suc 0.025%

A. invertido s/diluição

Devido à regressão 1 383.4211** 196.3206** 93.98715** 931.1051**

Independente 22 3.5599 2.2224 1.1248 5.6034

**significativo ao nível de 1% de probabilidade.

120

Tabela 7A - ANOVA fatorial do pH e dos teores, das perdas e dos contrastes das perdas de acidez de pedaços de goiaba in natura (IN) e depois do branqueamento (BR), desidratação por imersão-impregnação (DII) e secagem por convecção (SC)

pH Acidez

Teores Acidez Perdas

Contrastes perdas de acidez

F.V. G.L. Quadrado médio G.L Quadrado médio

F.V. G.L Quadrado médio

Etapa 3 0.0964** 20.4676** 1 2567.494** C1 1 349.6320**

Bloco 3 0.0996 1.2696 3 20.25039 C2 1 192.1558*

Tratamento 4 0.5447** 0.9360** 4 1113.671** C3 1 30.5929ns

Eta*Tra 12 0.0175ns 0.3624 4 110.9605* C4 1 1778.702**

Resíduo 57 0.0170 0.2187 27 35.40321 Res. 27 35.4032

CV (%) 3.2242 18.722 11.607

*, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente.

Tabela 8A - ANOVA fatorial dos teores de carboidratos (CHOS), proteínas, lipídios, fibras e cinzas dos pedaços de goiaba in natura (IN) e depois do branqueamento (BR), desidratação por imersão-impregnação (DII) e secagem por convecção (SC)

Quadrado médio F.V. G.L. CHOS Proteínas Lipídios Fibras Cinzas

Bloco 3 8.7052 0.1452 0.6783 4.1367 0.3448

Etapa 3 1269.979** 8.9999** 4.7789** 688.3301** 31.7613**

Tratamento 4 145.1839** 3.2886** 7.8767** 119.4710** 0.5661ns

Eta*Tra 12 17.3633* 0.0650ns 0.0419ns 9.3668* 0.6228ns

Resíduo 57 7.0287 0.1270 0.2233 4.0744 0.6704

CV (%) 3.9011 11.424 14.144 9.1449 22.402

*, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente. Tabela 9A - ANOVA das reduções de carboidratos, proteínas, lipídios, fibras

e cinzas dos pedaços de goiaba na desidratação por imersão-impregnação (DII)

Quadrado médio F.V. G.L Umidade CHOS Proteína Lipídios Fibras Cinzas

Tratamento 4 52.3609** 30.4883 0.1626 0.1867 23.2284* 2.2532

Resíduo 15 1.6958 17.8568 0.2119 0.5179 7.2338 1.0743

*, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente.

121

Tabela 10A - ANOVA fatorial dos teores de Na, K, Ca, Mg, Zn e Mn, dos pedaços de goiaba in natura (IN) e depois do branqueamento (BR) e desidratação por imersão-impregnação (DII)

Quadrado médio teores F.V. G.L. Na K Ca Mg Zn Mn

Bloco 3 1513.931 186826.3 269.5184 429.3993 0.1926 0.0950

Etapa 2 88131.07** 5051521** 15348.85** 9207.724** 1.9075** 2.2567**

Tratamento 4 3377.148* 54466.28ns 1141.082** 850.0657** 0.1473* 0.4539**

Eta * Tra 8 281.6417ns 53210.91ns 76.0684ns 69.9845ns 0.0350ns 0.0094ns

Resíduo 42 889.6018 45010.12 129.2476 95.0397 0.0493 0.0990

CV (%) 19.734 12.271 14.780 15.614 24.564 30.968

*, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente.

Tabela 11A - ANOVA das perdas de Na, K, Ca, Mg, Zn e Mn, dos pedaços de goiaba na desidratação por imersão-impregnação (IAA-DII)

Quadrado médio perdas F.V. G.L. Na K Ca Mg Zn Mn

Tratamento 4 373.0698ns 410.4415** 40.1761ns 164.6225ns 390.1504** 439.0816*

Resíduo 15 129.3357 61.0526 83.9976 90.3559 50.6205 113.0548

Cv (%) 21.470 22.069 20.948 22.885 17.673 25.358

*, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente.

Tabela 12A - ANOVA dos contrastes das perdas de Na, K, Ca, Mg, Zn e Mn, dos pedaços de goiaba na desidratação por imersão-impregnação (IAA-DII)

Quadrado médio F.V. G.L. Na K Ca Mg Zn Mn

C1 1 883.2320** 353.7155** 16.4995ns 527.8246** 607.2902** 962.8664**

C2 1 123.4376ns 38.9005ns 55.1899ns 0.0702ns 2.9378ns 156.1157ns

C3 1 21.5181ns 445.7183** 27.0326ns 85.3883ns 909.0722** 10.8537ns

C4 1 266.9047ns 1232.249** 17.7957ns 109.0583ns 90.4362ns 543.9942*

Resíduo 15 129.3357 61.0526 83.9976 90.3559 50.6205 113.0548

*, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente.

122

Tabela 13A – ANOVA fatorial dos teores de vitamina C dos pedaços de goiaba in natura (IN) e depois do branqueamento (BR) e dos teores e das perdas na desidratação por imersão-impregnação (DII), secagem por convecção (SC) e 60 dias de armazenamento a 7 e 25 oC

Teores Perdas F.V. G.L. Quadrado médio G.L. Quadrado médio

Etapa 5 375333.5** 3 15080.13**

Bloco 3 2567.001 3 149.2921

Tratamento 4 29047.14** 4 1492.007**

Eta*Tra 20 8310.778** 12 72.04142 ns

Resíduo 87 1797.611 57 70.10621

CV (%) 18.052 *, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente. Tabela 14A - ANOVA dos contrastes das perdas de vitamina C dos pedaços

de goiaba na desidratação por imersão-impregnação (DII), secagem por convecção (SC) e 60 dias de armazenamento a 7 e 25 oC

Quadrado médio F.V. G.L. DII SC 60D 7oC 60D 25oC

C1 1 - 1240.192** 132.3172ns 125.4288ns

C2 1 220.1520ns 6.3191ns 38.0155ns 14.2579ns

C3 1 789.5069** 2634.182** 1205.500** 545.7009**

C4 1 298.1745* 413.1616* 303.8848* 29.68892ns

C5 1 268.1821ns 560.2359** 40.7095ns 18.9942ns

Resíduo 57 70.10621

*, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente.

Tabela 15A - ANOVA fatorial dos parâmetros L (luminosidade), a e b (cromaticidade) e hº (tonalidade) dos pedaços de goiabas in natura (IN) e depois da imersão em solução de ácido ascórbico, desidratação por imersão-impregnação, secagem por convecção e armazenamento por 30, 60 e 90 dias a 7 ºC

Quadrado médio F.V. G.L. L a b h

Bloco 3 26.2338 6.6200 4.0232 29.93343

Etapa 6 175.0991** 264.1540** 35.0047** 416.0877**

Tratamento 4 38.1393** 26.3763** 10.7664** 147.4645**

Eta*Tra 24 32.7754** 4.6134ns 9.8691** 19.62345ns

Resíduo 102 7.3570 3.6954 1.8586 11.1807

*, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente.

123

Tabela 16A - ANOVA dos contrastes dos parâmetros L (luminosidade), a e b (cromaticidade) e hº (tonalidade) dos pedaços de goiabas do início do processo até o final 90 dias de armazenamento a 7 ºC

Quadrado médio F.V. G.L. L a b h

C1 1 758.9806** 23.25597* 205.0689** 871.1992**

C2 1 21.64182ns 66.72686** 6.060503ns 446.9063**

C3 1 26.84130ns 5.338287ns 35.98414** 103.9588**

C4 1 0.39111ns 24.8178** 0.1522571ns 21.37786ns

C5 1 83.37480** 0.002716ns 0.3745786ns 1.750179ns

Resíduo 102 7.357039 3.695422 1.858567 11.18068

*, **significativos aos níveis de 5 e de 1% de probabilidade, respectivamente.

Tabela 17A - ANOVA da análise sensorial dos pedaços de goiabas depois da secagem por convecção

Quadrado médio Fontes de variação G.L.

Aroma Aparência Sabor Textura

Tratamento 4 21.90519 ** 125.8273** 189.7766** 141.1662**

Resíduo 380 2.360971 2.555776 2.317703 2.325222

C.V. (%) 24.69 27.007 26.678 25.603

**significativo ao nível de probabilidade.