Psicologia de Alto Rendimento

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  • 8/17/2019 Psicologia de Alto Rendimento

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    UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

    CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM TREINAMENTO

    ESPORTIVO.

    GHEYSA BITTENCOURT GUAREZI

    A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PSICOLÓGICO COM ATLETAS DE

    ALTO NIVEL

    CRICIUMA, NOVEMBRO 2008

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    GHEYSA BITTENCOURT GUAREZI

    A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PSICOLÓGICO COM ATLETAS DE

    ALTO NÍVEL

    Monografia apresentada à Diretoria de Pós-graduação da Universidade do Extremo SulCatarinense- UNESC, para a obtenção do títulode especialista em Treinamento Esportivo.

    Orientadora: Profª. Daniela da Silva Nunes

    CRICIUMA, NOVEMBRO 2008

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    DEDICATÓRIA

    A Deus, a meu esposo, a meus pais, meu

    irmão, meus avós, meus amigos.

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    “Quem quer que esteja fisicamente bem

    preparado pode fazer coisas incríveis com

    seu corpo. Mas quem junta a um corpo em

    forma uma cabeça bem cuidada é capaz de

    feitos excepcionais”.(Alexander Popov,

    melhor nadador da Olimpíada de 1996).

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    RESUMO

    O referido trabalho consiste em apresentar a importância do trabalho psicológicocom atletas de alto nível, demonstrando a contribuição do mesmo, e os fatores queinfluenciam para o treinamento psicológico com essas atletas, com isso descreversobre a psicologia esportiva e a prática sistemática de habilidades mentais epsicológicas, relacionando os princípios e fatores do treinamento psicológico,apontando os tipos de treinamento, e alguns exemplos de como trabalhar opsicológico das atletas de alto nível. Em decorrência destes fatores estudados,conseguirmos chegar ao consenso do qual importante é trabalhar o psicológico juntamente com o físico das atletas de alto nível.

    Palavras-chave: Psicologia Esportiva. Trabalho Psicológico. Fatores do treinamentopsicológicos. Atletas.

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    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................7

    2 PSICOLOGIA...........................................................................................................9

    2.1 Psicologia do Esporte.......................................................................................10

    2.2 O Treinamento de Habilidades Psicológicas ..................................................12

    2.3 Princípios do Treinamento Psicológicos ........................................................13

    2.3.1 Iniciativa própria ...............................................................................................14

    2.3.2 Compreensão...................................................................................................14

    2.3.3 Confiança .........................................................................................................15

    2.3.4 Individualidade .................................................................................................15

    2.3.5 Disciplina..........................................................................................................15

    2.3.6 Método .............................................................................................................16

    2.3.7 Economia .........................................................................................................16

    2.3.8 Integração ........................................................................................................16

    2.3.9 Aconselhamento...............................................................................................16

    2.3.10 Sucesso..........................................................................................................17

    2.3.11 Transferência .................................................................................................17

    2.4 Fatores psicológicos.........................................................................................182.4.1 Motivação.........................................................................................................19

    2.4.2 Ativação...........................................................................................................20

    2.4.2.1 Ativação no Esporte .....................................................................................21

    2.4.2.2 Técnicas de Ativação ....................................................................................21

    2.4.3 Estresse ...........................................................................................................22

    2.4.3.1 Fases e Sintomas do Estress........................................................................23

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    2.4.3.2 Estress em Atletas.........................................................................................23

    2.4.4 Ansiedade ........................................................................................................24

    2.4.4.1 A Ansiedade no Esporte................................................................................25

    2.4.5 Emoção ............................................................................................................26

    2.4.6 Influência de pais, técnicos e torcida................................................................27

    2.5 Tipos de Treinamento Psicológicos.....................................................................29

    2.5.1 Mentalização ....................................................................................................29

    2.5.2 Concentração...................................................................................................31

    2.5.3 Personalidade ..................................................................................................32

    2.5.4 Imaginação.......................................................................................................34

    2.5.5 Treinamento mental..........................................................................................35

    2.5.6 Regulação da ativação.....................................................................................38

    2.5.7 Auto confiança..................................................................................................39

    2.5.8 Exercício de bem estar psicológico..................................................................40

    2.6 A Psicologia do Esporte: Como é vista ...............................................................41

    4. CONCLUSÃO .......................................................................................................43

    REFERÊNCIAS.........................................................................................................45

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    1 INTRODUÇÃO

    Engana-se quem pensa que um atleta só precisa de bom preparo físico e

    uma técnica apropriada para alcançar os resultados desejados. Os aspectos

    psicológicos são fundamentais para o desempenho esportivo, pois aqueles que

    sabem manejar suas emoções estarão a frente em qualquer competição.

    Trabalhar pensamentos disfuncionais, a concentração, a autoconfiança, a

    motivação, e a capacidade de se manter calmo, entre outros, ajuda o atleta a

    otimizar seu rendimento em treinos e competições.

    O atleta assim como qualquer pessoa também pode estar passando por

    momentos difíceis em sua vida pessoal, como lesões, problemas com a família, com

    companheiros de equipe, com finanças, entre outros. Para atuar nessas

    circunstâncias, o profissional mais indicado é o psicólogo do esporte. O trabalho do

    psicólogo com atletas de alto nível pode ser feito no grupo todo ou atendimento

    individual.

    Em decorrência da autora do trabalho passar parte da vida envolvida

     jogando voleibol e passando por dificuldades no psicológico dentro da quadra, em

    momentos de decisão, não só a autora, mas o time todo, que resolveu fazer este

    trabalho referente a importância do trabalho psicológico com atletas.

    O tipo de pesquisa usado neste projeto é bibliográfica, segundo o autor

    Mezzaroba; Monteiro, (2004), a modalidade teórica de pesquisa pressupõe que você

    irá trabalhar com um arsenal bibliográfico suficiente e de excelente qualidade para

    se aproximar dos problemas. Sustentando a abordagem de seu objeto. Obviamente

    que pesquisa bibliográfica compreende uma gama de materiais disponíveis; podem

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    ser livros de qualquer tipo, compilações, artigos em revistas especializadas, material

    bibliográfico encontrado nos meios eletrônicos como a Internet, o CD-ROM, e assim

    por diante.

    Apontando como tema: A Contribuição do Treinamento Psicológico com

    Atletas de Alto Nível.

    Como problema: Quais os fatores que influenciam para o treinamento

    psicológico com atletas de alto nível?

    Tendo como  objetivo geral:  Analisar os fatores do treinamento psicológico com

    atletas de alto nível (uma revisão bibliográfica).

    E como objetivo específico:  Descrever sobre a psicologia esportiva e a prática

    sistemática de habilidades mentais e psicológicas; Relacionar os princípios e fatores

    do treinamento psicológico; Apontar os tipos de treinamento psicológico no

    treinamento.

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    2 PSICOLOGIA

    A psicologia é a ciência do comportamento. Usando a abordagem, os

    métodos e valores da ciência, os psicólogos formulam questões e desvendam

    princípios sobre o comportamento das pessoas. O tema próprio da psicologia

    cientifica é o comportamento observável dos indivíduos.(EDWARDS, 1995).

    De acordo com Edwards “a principal finalidade da psicologia é descobrir

    as leis que relacionam o comportamento com as situações, condições e outras

    condutas”.(1995 p.13).

    A psicologia procura entender, predizer e controlar, como todas as

    disciplinas que usam métodos científicos. As metas de todas as disciplinas que

    empregam métodos científicos são ditadas pelos desejos dos cientistas.(EDWARDS,

    1995, p.13).

    “A principal diferença entre a psicologia cientifica e outras disciplinas

    cientificas é a escolha do assunto. Os psicólogos estão primordialmente

    interessados em observar e compreender o comportamento”.(EDWARDS, 1995, p

    14).

    Em linhas gerais a Psicologia é uma ciência que tem como prioridadecompreender as emoções, a forma de pensar e o comportamento do serhumano. Embora existam diversas áreas e linhas de atuação, a Psicologia

    busca o conhecimento e o desenvolvimento humano individualmente ou emgrupo.(CALBUCCI, 2006).

    Dentre as diversas áreas trabalhadas pela psicologia, está a psicologia do

    esporte a qual auxilia atletas amadores ou profissionais a aproveitarem melhor seu

    potencial, e a buscar saúde mental e qualidade de vida.

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    2.1. Psicologia do esporte

    Psicologia do esporte é uma ciência que estuda o comportamento

    humano antes, durante e depois de uma atividade esportiva ou de lazer,

    (MARCONI,2008).

    De acordo com Do Valle( 2008), Em competições de alto rendimento,

    como nas Olimpíadas, sempre é possível presenciar vitórias tidas como certas que

    escapam ao alcance de atletas extremamente preparados. Dentre algumas

    explicações que podem ser dadas, certamente uma das mais apontadas é a da falta

    de preparação psicológica dos atletas e equipes. dificuldade em lidar com as

    pressões para obter resultados cada vez mais expressivos pode ser a principal

    responsável por uma performance fraca. E, nesta hora, o papel do profissional de

    psicologia que se especializa no “treinamento” das emoções de esportistas é

    fundamental.

    Há algum tempo têm sido desenvolvidos conhecimentos (prático e teórico)

    em Psicologia do Esporte no Brasil. Trata-se de uma área de conhecimento com um

    grande crescimento e considerada muito importante e como sub-área da Psicologia,

    acarretando na necessidade de construção, e, sobretudo divulgação dos

    conhecimentos específicos da atuação profissional.(MARKUNAS, 2003, p. 33).

    Falando de modo um pouco mais simples, Psicologia do Esporte é o

    estudo científico de pessoas e seus comportamentos em contextos esportivos e as

    aplicações práticas de tal conhecimento. Os psicólogos do esporte identificam

    princípios e diretrizes que os profissionais podem usar para ajudar adultos a

    participarem e se beneficiarem de atividades esportivas.(WEINBERG E GOULD,

    2001).

    A maioria das pessoas estuda psicologia do esporte tendo em mente dois

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    objetivos (A) tentando entender como os fatores psicológicos afetam o desempenho

    físico de um indivíduo e (B) entender como a participação em esportes e exercícios

    afeta o desenvolvimento psicológico, a saúde e o bem estar de uma pessoa.

    .(WEINBERG E GOULD, 2001).

    Psicólogos do esporte e do exercício procuram entender e ajudar atletas

    de elite, crianças, indivíduos físico e mentalmente incapacitado, idoso e praticantes

    em geral a alcançarem um desempenho máximo, satisfação pessoal e

    desenvolvimento por meio de participação.(WEINBERG E GOULD, 2001).

    De acordo com Samulski (2002, p. 3), “a psicologia do esporte representa

    uma das disciplinas da Ciência do Esporte e constitui um campo da Psicologia

    Aplicada”.

    A Psicologia do Esporte segundo a Federação Européia de Associações dePsicologia do Esporte – Fepsac , refere-se aos fundamentos psicológicos,processos e conseqüências da regulação psicológica das atividadesrelacionadas ao esporte, de uma ou mais pessoas praticantes do mesmos.

    A Psicologia do esporte e do exercício é o estudo cientifico de pessoas eseus comportamentos no contexto do esporte e dos exercícios físicos e aaplicação desses conhecimentos.(SAMULSKI, 2002, p.3).

    A Psicologia do Esporte não deve ser interpretada somente como uma

    matéria especial da Psicologia Aplicada. O esporte e as ações esportivas têm suas

    regras próprias, suas estruturas e seus princípios, tendo a necessidade da psicologia

    do esporte utilizar seus métodos, psicofisiológicos, para ser aplicado nas situações

    esportivas especificas.(SAMULSKI, 2002).

    A Psicologia do Esporte apresenta diversas possibilidades que variam

    muito de modalidade para modalidade, de atleta para atleta e de situação para

    situação, cada circunstância reflete em um tipo de atuação por parte do profissional.

    Muitos vinculam as práticas da Psicologia do Esporte apenas a situações extremas,

    como um atleta em depressão profunda, ou com qualquer outro problema

    psicológico crítico, esquecendo que esse tipo de trabalho pode ser feito para a

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    melhoria da performance do atleta em quadra.(OPPERMANN, 2008).

    Uma destas possibilidades é o Treinamento de Habilidades Psicológicas

    (THP), que tem por objetivo trabalhar a mente para estar em sintonia com o corpo

    para executar as praticas corporais da melhor forma possível.

    2.2 O Treinamento de Habilidades Psicológicas

    Treinamento de Habilidades Psicológicas (THP) refere-se a prática

    sistemática de habilidades mentais ou psicológicas. Técnicos e atletas sabem que as

    habilidades físicas devem ser praticadas sempre e repetidas por milhares e milhares

    de vezes. Tal como as habilidades físicas, habilidades psicológicas como manter e

    focalizar a concentração, regular os níveis de ativação, aumentar a confiança e

    manter a motivação precisam ser sistematicamente treinadas.(WEINBERG E

    GOULD, 2001).

    Conforme Samulski (2002, p. 9), “o objetivo e a meta do treinamento

    psicológico é a modificação dos processos e estados psíquicos(percepção,

    pensamento, motivação), ou seja, as bases psíquicas da regulação do movimento.

    Essa modificação será alcançada com a ajuda de procedimentos psicológicos”.

    Os objetivos principais podem ser alcançados com medidas psicológicas

    de treinamento: 1) A melhoria planejada e sistemática das capacidades e

    habilidades psíquicas individuais do rendimento; 2) A estabilização e otimização do

    comportamento na competição; 3) A aceleração e otimização de processos de

    recuperação e regeneração psicológica; 4) A otimização dos processos de

    comunicação social.

    E reforça que no treinamento psicológico, deveriam ser considerados os

    seguintes princípios éticos: 1) A participação no treinamento psicológico deve

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    acontecer por interesses próprio e sem pressão externa; 2) Antes de aplicar o

    treinamento psicológico, deve-se informar os atletas sobre seus objetivos, métodos,

    indicações e efeitos; 3) Os métodos aplicados no treinamento psicológicos devem

    ser cientificamente aprovados; 4) O treinamento psicológico deve contribuir para o

    desenvolvimento da personalidade e desenvolver saúde, bem-estar,

    autodeterminação e responsabilidade social.

    É importante destacar que o tempo de trabalho é o que determina o

    tempo da atuação, para situações de curto-prazo são utilizadas técnicas intensivas

    voltadas para o principal aspecto que influência no desempenho do atleta, já para

    situações de médio-prazo o treinamento pode enfocar uma série de aspectos, com o

    acompanhamento de resultados e desenvolvimento de plano de metas realistas, por

    fim, nos de longo-prazo as técnicas podem ser mais bem elaboradas e colocadas

    em momentos ideais, enfatizando além do desempenho, a qualidade de vida

    emocional do atleta.(OPPERMANN, 2008).

    Além do THP o atleta pode contar com acompanhamento psicológico

    quando relacionados a superação de medos e inseguranças, desenvolvimento de

    autoconfiança, estabelecimento de relação competitividade x qualidade de vida e

    outras atuações, de acordo com sua necessidade.(OPPERMANN, 2008).

    Para um melhor entendimento sobre os benefícios que a psicologia podeproporcionar ao treinamento, há necessidade de compreender primeiramente os

    princípios do treinamento psicológico e de como podem ser trabalhados,

    vislumbrando resultados mais precisos.

    2.3 Princípios do treinamento psicológico

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    Os princípios do treinamento, abaixo relacionados, são considerados o

    fundamento para uma correta aplicação do treinamento psicológico. Para os autores,

    Junior, (1998) e Samulski (2002), são princípios do treinamento psicológico:

    2.3.1 Iniciativa própria

    Os próprios atletas devem tomar a iniciativa de participar de um programa

    de treinamento psicológico. O treinamento psicológico não deve ser imposto por

    terceiros, sejam eles treinadores, psicólogos do esporte ou qualquer outra pessoa. A

    própria vontade ou iniciativa de participar de um programa de treinamento

    psicológico prepara o caminho que leva ao desenvolvimento do potencial individual

    do atleta. Somente a decisão própria possibilita o surgimento da confiança no

    método e na pessoa responsável pela condução dos exercícios.

    2.3.2 Compreensão

    Um atleta que tenha se decidido por algum dos diferentes métodos de

    treinamento psicológico deverá, primeiramente, fazer um exercício geral do método

    para melhor compreende-lo. Só se deve dar inicio ao treinamento quando a técnicae a estrutura básica dos exercícios forem compreendidas. Para isso, recomenda-se

    que se observem não somente as instruções para os exercícios, mas também a

    forma pela qual o exercício alcança seu efeito, o local onde eles deverão ser

    realizados, o tempo de duração dos exercícios e a repetição. Quem entende o

    sentido e o objetivo de um exercício pode criar uma necessária relação pessoal e

    individual para com a aplicação prática do treinamento.

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    2.3.3 Confiança

    A compreensão de um exercício leva à confiança da sua utilidade e

    prática. Dúvida e insegurança predispõem o treinamento psicológico ao fracasso, ao

    mesmo tempo em que a confiança no sentido e objetivo dos exercícios constitui a

    base para o sucesso. A confiança intuitiva gera uma maior concentração de forças

    na busca de um objetivo. 

    2.3.4 Individualidade

    Um método de treinamento psicológico deveria estar adaptado às

    necessidades pessoais dos atletas ou das atletas. Nenhum exercício é, em si, bom

    ou ruim. Ele deve ser adequado à personalidade e posicionamento pessoais e à

    condição atual dos atletas. Os métodos de treinamento devem, portanto, ser

    concebidos de forma individual.

    2.3.5 Disciplina

    O treinamento está submetido a um sistema organizado. Isso é validotanto para o treinamento físico, quanto para o treinamento psicológico. Se o objetivo

    do treinamento psicológico for levar ao sucesso, este deve, então, ser aplicado e

    conduzido a longo prazo, para assim se tornar um hábito. A disciplina representa

    uma espécie de fundamento do treinamento psicológico, incluindo aspectos como

    regularidade, continuidade e conseqüência.

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    2.3.6 Método

    O método de ação de uma forma especifica de treinamento psicológico

    baseia-se no seu exercício até o domínio seguro da técnica em questão. Somente

    com o surgimento dos primeiros efeitos dos exercícios é que se dá inicio à fase de

    utilização da técnica em competição.

    2.3.7 Economia

    O princípio da economia preconiza a crença de quanto menos melhor, ou

    o tanto quanto for o necessário. O efeito de economia é tanto maior, quanto melhor

    quando um exercício ou técnica for dominado, pois, com isso, o dispêndio de tempo

    é menor até que o efeito desejado seja alcançado.

    2.3.8 Integração

    O treinamento psicológico e o treinamento físico deveriam andar de mãos

    dadas. Isso significa desenvolver-se até a formação de uma unidade. Psicologia

    demais se transforma em exercícios “secos demais”; treinamento físico em excessosem embasamento mental se torna nada mais que trabalho braçal sem sentido. Os

    programas de treinamento dos atletas devem levar em conta esses dois aspectos e

    integrá-los às formas de treinamento de maneira bem distribuída.

    2.3.9 Aconselhamento

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    O objetivo do treinamento psicológico é fazer com que os atletas possam

    utilizar sozinhos os métodos e técnicas escolhidas. É vantagem, no entanto, durante

    a escolha e adaptação individual, ser orientado por uma pessoa com formação em

    psicologia do esporte. Esse profissional também estaria à disposição dos atletas, em

    caso de necessidade. A pré-condição mais importante para a qualidade do trabalho

    conjunto é, no entanto, a confiança mútua entre ambas as partes: atleta e orientador.

    2.3.10 Sucesso

    O uso bem sucedido do treinamento psicológico pode se manifestar tanto

    na estabilização do estado mental do atleta, como também na melhoria do

    rendimento esportivo. Entretanto, o bom condicionamento físico é sempre uma

    condição básica para o sucesso. O treinamento psicológico sozinho é insuficiente.

    Não se deve esquecer de que a utilização de um programa de treinamento

    psicológico não é garantia de sucesso. 

    2.3.11 Transferência

    A maioria dos métodos de treinamento citada pode ser transferida paraaspectos da vida alheios ao esporte. Eles auxiliam também na superação de outras

    situações difíceis, tais como, exames, entrevistas de apresentação ou reuniões

    importantes. Assim como no esporte, tais métodos valem também para a vida. Em

    cada um de nós está um grande potencial, que deve ser explorado. Por meio do uso

    sistemático do treinamento psicológico, cada um pode aprender a desenvolver e

    aplicar o seu próprio potencial.

    17

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    Depois de tudo isso, é importante verificar nos atletas os fatores

    psicológicos que podem interferir ou ajudar na sua performance.

    2.4 Fatores psicológicos

    Os principais objetivos do treinamento psicológico podem ser entendidos

    como: desenvolvimento das capacidades psíquicas do rendimento, criação de um

    bom estado emocional durante os treinos e as competições e, finalmente,

    desenvolver uma boa qualidade de vida dos atletas, técnicos e outras pessoas

    envolvidas no esporte.(SAMULSKI, 2002)

    O treinamento psicológico precisa ser considerado como um elemento

    indispensável do treinamento diário do atleta e também do técnico. Antes de aplicar

    um treinamento psicológico, é necessário um diagnóstico preciso das condições

    psíquicas iniciais do atleta por um profissional bem qualificado nos diferentes

    métodos aplicados.(SAMULSKI, 2002).

    Os atletas, assim como as pessoas em seu dia-a-dia devem sempre

    buscar a vitória. Temos que acreditar sempre! Cabe lembrar aqui uma antiga fala

    grega: “Nem sempre o mais forte mais longe o disco lança, mas sim aquele que

    acredita”.(RIBEIRO, 2003, p. 41).Para Samulski.(2002 p. 13) O treinamento psicológico deveria ser

    aplicado aos atletas, técnicos, dirigentes, árbitros, pais de atletas, jornalistas

    esportivos e outras pessoas vinculadas ao meio do esporte competitivo, para que

    todos possam ter o melhor aproveitamento das atividades que desenvolvem.

    Alguns tipos de fatores psicológicos são:

    18

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    2.4.1 Motivação

    Uma possibilidade de aplicação das técnicas de preparação psicológica

    para o aperfeiçoamento do desportista, é a área de motivação, fator considerado

    como de importância fundamental para o sucesso, não somente no esporte como,

    de forma geral, na vida.(JUNIOR, 1998, p.18).

    De acordo com Cratty (1984), o termo motivação denota os fatores e

    processos que levam as pessoas a uma ação ou à inércia em diversas situações. De

    modo mais específico, o estudo dos motivos implica no exame das razões pelas

    quais se escolhe fazer algo ou executar algumas tarefas com maior empenho do que

    outras ou, ainda, persistir numa atividade por longo período de tempo.

    A motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional, e

    dirigido a uma meta, o qual depende de interação de fatores pessoais (intrínsecos) e

    ambientais (extrínsecos). Segundo esse modelo, a motivação apresenta uma

    determinante energética (nível de ativação) e uma determinante de direção do

    comportamento (intenções, interesses, motivos e metas). Segundo essa visão, a

    motivação para a prática esportiva depende da interação entre a personalidade

    (expectativas, motivos, necessidades, interesses) e fatores do meio ambiente como

    facilidades, tarefas atraentes, desafios e influências sociais.(SAMULSKI, 2002).De acordo com autor citado acima, “no decorrer da vida de uma pessoa, a

    importância dos fatores pessoais e situacionais acima mencionados podem mudar,

    dependendo das necessidades, interesses e oportunidades atuais”.

    A motivação é o combustível para o atleta. Por isso, não pode prescindir

    dela. É através desse elemento que o atleta vai conseguir empenhar-se, dedicar-se

    e até superar obstáculos dentro do meio esportivo.(MARQUES, 2003, p. 99).

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    O atleta deve estar em plena consciência de que sua vida será muitodesgastante, pois para conquistar seus ideais e sonhos, tem de se dedicarmuito, além de abrir mão de várias coisas, como o convívio familiar, festas,brincadeiras com amigos. As rotinas de treinamentos e competições

    desgastam muito o esportista. Tendo ainda a cobrança de bons resultados,por parte do próprio atleta como dos pais e técnicos.(MARQUES, 2003, p.100).

    Os pais e treinadores exercem uma função importante na formação de

    um jogador, desde o momento que os incentivam, fornecendo-lhes o combustível

    que precisam para se dedicar cada vez mais nos treinos e nos campeonatos /

    competições. Mas essa motivação tem de vir de dentro pra fora, e não ao contrário,

    pois se o processo for inverso, o custo será muito alto, e o resultado será o grande

    desgaste do atleta em pouco tempo.(MARQUES, 2003).

    2.4.2 Ativação

    Ativação é uma mistura de atividades fisiológicas e psicológicas em uma

    pessoa e refere-se às dimensões de intensidade de motivação em um determinado

    momento. Indivíduos altamente ativados são mentais e fisicamente excitáveis; eles

    têm os batimentos cardíacos, respiração, e sudorese aumentada. A ativação não

    está automaticamente associada a eventos agradáveis ou desagradáveis. Você

    pode ficar altamente ativo ao saber que ganhou 10 milhões de dólares. Você pode

    ficar proporcionalmente agitado ao saber da morte de uma pessoa

    querida.(WEINBERG E GOULD, 2001). 

    Quando os indivíduos estão claramente ativados, demonstram diferençasindividuais altamente específicas ao se medir seus sistemas fisiológicos emusculares. Alguns retesam toda a musculatura, enquanto outros o fazemem determinados grupos musculares.(CRATTY, 1984, p.52).

    No esporte, é muito importante que o atleta esteja preparado para todos

    os momentos de competição, até mesmo em treinamento, para isso é necessário

    20

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    compreender como trabalhar com ele e o que fazer para que o mesmo possa estar

    adaptado a todos os ambientes esportivos.

    2.4.2.1 Ativação no Esporte

    A ativação pode-se manifestar tanto a nível fisiológico, cognitivo ou motor.

    É bem provável que estas formas de manifestações estejam presentes ao mesmo

    tempo, mas uma das formas é provável que predomine sobre as demais. No

    momento de pré-competição, o atleta no vestiário pode perceber a ativação

    fisiológica, através da freqüência cardíaca ou do suor nas mãos.(JUNIOR,

    SAMULSKI, 1998).

    Quando se aborda o contexto esportivo, parece ser mais adequado situar

    este extremo inferior na condição de vigília do atleta, em calma total, com ausência

    total da excitação para se obter melhores resultados.

    Uma das principais preocupações dos técnicos é como “acender” o atleta

    ou o time para as competições. A maior parte das discussões entre eles diz respeito

    às maneiras de ativar o atleta de modo a dar o máximo de si. O objetivo é dar

    condições ao atleta que possibilitarão a sua melhor atuação, sem estimulá-lo a um

    grau tal que possa prejudicar seu desempenho. Muitos consideram a ativação comouma escala de medida que indica os graus de prontidão para o desempenho, indo

    do sono mais profundo a um estado altamente excitado.(Cratty 1984).

    2.4.2.2 Técnicas de Ativação

    Algumas das técnicas de ativação para Junior e Samulski.(1998 p.67)

    utilizada pelos desportistas, principalmente em atletas de elite, são as seguintes:

    21

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    Biofeedback: É a técnica que ensina às pessoas usarem os

    recurso naturais do aprendizado de modo intencional, valendo-se de sinais

    fisiológicos captados por monitores eletrônicos.

    Técnica Becker: É uma técnica somático-sugestiva que, através de uma

    vivência intensa de respiração, oportuniza modificações nos níveis de relaxamento e

    nos estados de humor do praticante.

    Visualização: É um tipo de treinamento mental que oportuniza ao

    praticante o aperfeiçoamento do movimento, através de uma imaginação do mesmo,

    sem sua realização simultânea. É a habilidade para usar todos os sentidos para criar

    ou recriar uma experiência na mente.

    2.4.3 Estresse

    De uma forma geral o estresse é produto da interação do homem com o

    seu meio ambiente físico e sociocultural. Existem fatores pessoais (processos

    psíquicos e somáticos) e ambientais (ambiente físico e social) que interagem no

    processo do aparecimento e gerenciamento do estresse.(SAMULSKI, 2002, p.157).

    Muitas pessoas acreditam que o estresse se tornou um dos principais

    problemas de saúde dos tempos modernos. Respostas fisiológicas do tipo: “lute oucorra”, que eram necessárias para a sobrevivência dos povos primitivos, podem não

    ser saudáveis em sociedades altamente complexas.(SHARKEY, 1998, p. 44).

    O estresse ocorre quando há um desequilíbrio substancial entre as

    demandas físicas e psicológicas impostas a um indivíduo e sua capacidade de

    resposta, e sob condições em que a falha em satisfazer tais demandas tem

    conseqüências importantes.(WEINBERG E GOULD, 2001).

    22

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    2.4.3.1 Fases e sintomas do Estresse

    O primeiro pesquisador a utilizar o termo estresse foi Selye (1976),

    referindo-se a um grupo de sintomas que incluíam falta de apetite, hipertensão

    arterial, desânimo e fadiga; e definiu-o como sendo um conjunto de reações

    desenvolvidas pelo organismo quando submetido a uma situação que exige um

    esforço para que se consiga a adaptação. O autor identificou as três fases em que o

    processo de estresse subdivide-se:

    Fase de alerta: é a primeira reação de estresse, e desenvolve-se quando as

    pessoas percebem uma ameaça a seu organismo e preparam-se para agir, lutar ou

    fugir.

    Fase de resistência: nesta fase ocorre a tentativa do restabelecimento do equilíbrio

    interno com a utilização da energia que seria empregada em outras funções vitais do

    organismo. É decorrente de estressores de longa duração ou com intensidade

    demasiada para a resistência da pessoa. Alguns dos sintomas percebidos são:

    insônia, falhas de memória, desgaste do organismo, irritabilidade excessiva.

    Fase de Exaustão: é a ultima fase do estresse, quando toda a energia que o

    individuo possui já foi utilizada durante a fase de resistência provocando a entrada

    de um estado de exaustão física e psicológica. Nesta fase reaparecem algunssintomas da fase de alerta em conjunto com outros mais graves como: ulcera,

    enfarto, depressão, problemas dermatológicos graves, apatia, fadiga crônica,

    insônia, isolamento, diminuição do interesse sexual, ambigüidade de

    sentimentos.(BURITI, 2001).

    2.4.3.2 Estresse em atletas

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    Um dos principais objetivos dos atletas que buscam desenvolver seu

    desempenho é alcançar um nível em que consiga atingir seu potencial máximo.

    Entretanto, existem inúmeros fatores que podem interferir em seu desempenho, que

    são denominados estressores. O ambiente competitivo apresenta inúmeros fatores

    estressantes para o atleta.(RUBIO, 2000).

    O exercício físico é comumente utilizado como instrumento no controle do

    estresse, isto, quando é aeróbio, quando contém movimentos rítmicos e

    coordenados e quando evita paradigmas competitivos; entretanto, quando sua

    prática está ligada à competição ou quando é praticado em excesso ou de forma

    inadequada, pode representar um poderoso estressor.(BURITI, 2001, p.126).

    O atleta possui algumas habilidades psicológicas que são alcançadas

    através da própria prática esportiva, entre as habilidades estão a auto-estima

    positiva e a capacidade de enfrentamento de ansiedade.(BURITI, 2001).

    2.4.4 Ansiedade 

    A ansiedade é estar com a cabeça onde o corpo não está; É estar

    preocupado com um problema antes de ele acontecer; É como o próprio nome diz:

    estar pré-ocupado querendo antecipar a ocupação. O grande problema é que o

    trabalho que o espera ou determinada ocupação com a qual você tem de se

    envolver no dia seguinte não está ali naquele momento, então só atrapalha ficar

    pensando nisso. O mínimo que você pode fazer para a sua cabeça, para a sua

    saúde, é envolver-se com o problema quando chegar o momento de resolvê-

    lo.(RIBEIRO, 2003).

    Observa-se que em muitos estudos e pesquisas na área da Psicologia do

    24

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    Esporte os termos ansiedade e estresse têm sido considerados quase sempre sem

    uma distinção, ou seja, são considerados sinônimos. A ansiedade é considerada

    uma emoção típica do fenômeno estresse “entendem emoções como um processo

    em que os aspectos cognitivos, motivacionais, volitivos neurofisiológicos

    interagem”.(WEINBERG E GOULD, 2001, p. 303).

    A ansiedade é um fator comum na vida do ser humano, se faz presente

    em várias situações, principalmente nos momentos em que a pessoa não tem

    confiança ou controle da situação.(MARQUES, 2003, p. 86).

    A ansiedade está quase sempre presente na vida do atleta devido a grandepressão que o mesmo é exposto. Essa pressão vem devido a enormecobrança de bons resultados, tanto pelo técnico quanto pelos pais, e assimvai se manifestar de forma maléfica para o atleta, criando um momentodesagradável e não proveitoso. Além disso, a ansiedade se refere a umsentimento de insegurança causado pelo temor de algum perigo ouameaça, onde na verdade a ansiedade deveria ocorrer de uma formasaudável e positiva.(MARQUES, 2003, p. 86).

    Deve-se levar em consideração de como é importante a psicologia do

    esporte estar atenda aos aspectos que levam o atleta a sentir a cobrança na prática

    da sua modalidade esportiva. Quantos atletas desistiram do esporte devido ao

    excesso de cobrança e pressão, sem que os fatores causadores desse abandono

    fossem identificados? Identificando esses fatores, podemos mudar a concepção de

    competição do atleta, para que ele possa novamente praticar com satisfação e

    tranqüilidade o seu esporte preferido.(MARQUES, 2003).

    2.4.4.1 A ansiedade no Esporte

    Uma competição a vista é motivo de ansiedade independendo da

    importância da prova, se é uma grande final, ou um simples amistoso, e este fator

    25

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    pode ser determinante no seu desempenho. O comportamento ansioso é expresso

    de diferentes formas em cada pessoa, mas no dia anterior à competição e nos

    momentos que a precedem estes comportamentos podem determinar o bom ou mau

    desempenho.(OPPERMANN, 2008).

    É fácil notar que algo não está normal, difícil é manter isso sob controle,

    por exemplo: pensar incessantemente na competição, gerando aquele frio na

    barriga, ou preocupar-se com a hidratação e beber líquidos seguidamente.

    (OPPERMANN, 2008).

    O fato é que, embora muitas vezes não pareça, isso traz prejuízos de

    grande escala para o atleta, seja naquele frio na barriga (uma crise de ordem bio-

    psíquica, que aumenta os batimentos cardíacos e altera funções básicas do corpo

    como o suor excessivo e outras coisas mais); como na hiper hidratação (que gera

    desconforto no sono, por interrompê-la para que se possa expelir o excesso de

    líquidos ingeridos, e durante a prova, a mesma necessidade do corpo pode ser

    expressa tanto pela urina, como pelo vômito, ou pelo simples mal-

    estar).(OPPERMANN, 2008).

    2.4.5 Emoção

    Emoções devem ser entendidas como um sistema complexo de inter-

    relações entre o sistema psíquico (processos cognitivos), o sistema fisiológico (nível

    de ativação) e o sistema social (relações sociais).(SAMULSKI 2002, p. 134),

    Para entender as funções fundamentais das emoções no esporte

    precisamos analisar as ações esportivas dentro de um contexto situacional,

    interação entre pessoa, tarefa e meio ambiente.(SAMULSKI, 2002, p.135).

    26

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    As emoções exercem duas funções básicas: a função de organizar,orientar e controlar as ações (ex: os atletas orientados ao fracassoplanificam suas ações de forma diferente que os orientados ao êxito) e a

    função energética e de ativação (ex: um esportista alegre participa maisativamente no treinamento do que um desmotivado).(SAMULSKI, 2002,p.135).

    É a emoção que vai servir de referência ao nosso cérebro, para que ele

    ordene a forma de agir diante dos acontecimentos, e não os acontecimentos em si

    que impõem essa ordem.(RIBEIRO, 2003, p. 42).

    O ser humano é movido a emoções, isso significa dizer que se adotar

    uma atitude mental positiva, provavelmente terá cinqüenta por cento de chances de

    alcançar o resultado tão esperado.(RIBEIRO, 2003).

    A emoção tem de ser duramente trabalhada por muito tempo. Não adianta

    dizer: “Eu Vou vencer”, o desenvolvimento do corpo emocional virá por meio de um

    esforço continuo e depois de muito trabalho e não apenas no dizer de algumas

    frases ou palavras.(RIBEIRO, 2003, p. 43).

    Felizmente as pessoas estão começando a se voltar para o poder da

    emoção e não apenas para o poder da sua inteligência, e assim começam a

    desenvolver-se espiritualmente, melhoram mentalmente, ou seja, cuidam da saúde

    em todos os aspectos, melhorando também com isso a sua saúde e qualidade de

    vida.(RIBEIRO, 2003).

    2.4.6 Influência de Pais, Técnico e Torcida.

    Nos últimos tempos esta cada vez mais evidente a importância dos

    vínculos afetivos nas relações entre as pessoas envolvidas no contexto esportivo,

    quer sejam atletas entre si, técnicos e profissionais ligados a eles, sua família e

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    amigos e mesmo a torcida, ou seja, quanto mais intenso mais favorável estará ao

    sucesso. Trata-se de relações que muitas vezes negligenciadas abrem espaço para

    tantos problemas e dificuldades na obtenção de resultados e na qualidade de vida

    dos envolvidos.(MARKUNAS, 2008).

    Sabemos que o atleta, o técnico, a torcida, o arbitro, os dirigentes, enfim

    todas aquelas pessoas que estão envolvidas com o esporte em geral ou atividade

    física, estão vulneráveis a qualquer tipo de ação que possa interferir em suas

    relações interpessoais.(MACHADO, 1997, p. 59).

    A torcida é repleta de sonhos, alegrias, tristezas, empolgações para com

    seus ídolos e clubes, no entanto deve-se ter consciência de sua influência na vida

    de uma atleta, pois em alguns momentos pode fazer com que o atleta se sinta o

    melhor de todos, da mesma forma que pode transformar no pior atleta, necessitando

    de muita cautela.(MARQUES, 2003).

    O Técnico é um dos principais alicerces do esporte, se não o principal. É

    ele o grande gênio que, através de suas fórmulas e técnicas, consegue transformar

    adolescentes em atletas e pessoas de caráter. Ele influência na educação dos

     jovens desportistas, uma vez que é uma referência, além é claro dos pais. Por isso,

    é necessário verificar quais os pontos em que o atleta acredita ser necessária a

    ajuda da Psicologia do esporte em sua relação com o treinador.(MARQUES, 2003).Os pais devem ser primeiramente pais, logicamente quando os pais tem

    compreensão de sua função na estrutura esportiva de seu ou sua filho(a), podem

    contribuir veementemente na sua formação esportiva.(MARQUES, 2003).

    Os pais têm um papel extremamente fundamental no bem-estar do filho

    atleta. O jovem poderá ter ou não prazer no esporte conforme o apoio recebido dos

    pais. O que ocorre é que muitas vezes os pais se tornam exaltados torcedores que,

    28

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    ao invés de incentivar o seu filho, acabam prejudicando-o. Algumas vezes propõem

    táticas que fazem com que a cabeça do filho/atleta “entre em parafuso”, pois eles

    acabam ficando sem saber quem ouvir, o técnico ou os pais.(MARQUES, 2003).

    Com isso a necessidade de que as pessoas envolvidas com o esporte

    tenham conhecimento de como agir frente a estas situações, e para isso há

    necessidade de conhecer os tipos de treinamento psicológicos que podem ser

    utilizados pelos técnicos, pais e outros envolvidos nesta prática.

    2.5 Tipos de Treinamento Psicológicos 

    2.5.1 Mentalização

    Segundo Weinberg e Gould.(2001, p. 307),  por meio de mentalizações

    você pode recriar experiências positivas anteriores ou retratar novos eventos para

    preparar-se mentalmente para o desempenho.

    Se você visualizar mentalmente um cenário, ele deixará de ser estranhopara você. Se você visualizar uma partida de voleibol, então você pode sepreparar melhor quando ela ocorrer. A visualização mental permite ao jogador se familiarizar com uma competição antes de ela realmenteacontecer. Isto dá uma sensação de controle, autoconfiança e alivia o

    stress.(BRANDÃO, 2008).

    A mentalização é uma forma de criar ou recriar experiência na mente; de

    simulação, que envolve recuperar da memória pedaços de informações lá

    armazenadas sobre todos os tipos de experiências e moldá-las em imagens

    significativas. A mentalização pode ser usada para diversas coisas, inclusive para a

    redução da ansiedade, estabelecimento de confiança, aumento da concentração,

    recuperação de lesões e prática de habilidades e estratégias específicas.(WEINBER

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    E GOULD, 2001).

    É importante lembrar que a mentalização não toma o lugar do exercício

    físico. Basicamente, a mentalização precisa ser adicionada à sua prática física

    normal. Entretanto a prática mental auxilia na melhora do desempenho mais do que

    qualquer outra prática. Portanto, a mentalização deve ser vista como uma forma de

    treinar a mente em conjunto com treinamento físico, não como um substituto dos

    exercícios físicos.(WEINBERGE GOULD, 2001).

    Para quebrar o elo dessa cadeia de pensamentos negativos que funcionamcomo armadilha para auto-estima deve-se levar em consideraçãoprogramações mentais bem positivas, atentas às vacilações emocionais ea intromissão de pensamentos negativos, mentalizando a capacidade derealização do que se deseja alcançar.(RIBEIRO, 2003, p. 40).

    Ela pode ser usada antes e depois de treinos, com duração de

    aproximadamente 10 minutos, focalizando a atenção no que será trabalhado no

    treino (antes) e fazendo uma re-memorização das habilidades trabalhadas, para criar

    imagens mais claras e detalhadas (depois). Também deve ser aplicada antes e

    durante as competições, revendo as diferentes estratégias, refrescar sua memória

    com relação às ações motoras que serão realizadas (antes), fortalecer a fotocópia e

    a memória muscular das habilidades bem-sucedidas e avaliar e corrigir possíveis

    pontos negativos (depois). Também, pode-se mentalizar durante intervalos,

    principalmente em esportes com descansos, como tênis, ou nos intervalo entre os

    tempos de jogo, como no futebol, no basquete, entre outros. Finalmente, pode ser

    usada na recuperação de lesões.(ABES, 2008).

    O piloto Ayrton Senna era mestre em visualizar as corridas. Logo que

    chegava em um autódromo, a primeira coisa que fazia era caminhar por toda a pista.

    Depois, quando ia para o hotel, visualizava cada metro da pista, a forma de guiar, os

    30

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    pontos de ultrapassagem, freadas, etc. Na hora da prova, ele barbarizava, ou seja,

    utilizava deste conhecimento e mentalização para o seu sucesso.(BRANDÃO, 2008).

    2.5.2 Concentração

    Concentração é um estado de conscientização importante para todo o

    atleta que deseja dar o melhor de si. É um estado em que a atenção é direcionada

    apenas para um objeto e todos os outros pensamentos, desejos, objetivos são

    excluídos.(JUNIOR E SAMULSKI, 1998, p. 104).

    Concentração é um estado no qual se está acordado, mas de uma

    maneira relaxada, um estado que não é mantido através da força de vontade, mas

    uma capacidade de deslocar a sua atenção para o fator definido a ser

    trabalhado.(JUNIOR E SAMULSKI, 1998, p. 104).

    A concentração em ambientes esportivos e de atividades física geralmenteenvolve focalizar nos sinais relevantes do ambiente, mantendo o focodurante todo o tempo e estando consciente das mudanças na situação. Osatletas que descrevem seus melhores desempenhos inevitavelmentemencionam que estão completamente absorvidos no presente, focalizadosna tarefa e realmente conscientes de seus próprios corpos e do ambienteexterno. As pesquisas também demonstram que um componente-chave dodesempenho ideal é a capacidade da pessoa de focalizar a atenção e ficartotalmente absorvida no jogo. Os atletas experientes usam vários sinais deatenção, captando esses sinais mais rapidamente que os iniciantes, paraajudá-los a realizarem suas habilidades mais rápidas eefetivamente.(WEINBERG E GOULD, 2001, p. 372).

    Praticar técnicas e exercícios simples tanto dentro quanto fora da quadra

    ajudará a melhorar as habilidades de concentração dos atletas. Estes incluem

    atividades como usar simulações, empregar palavras-sinal, usar pensamento não-

    critico, desenvolver planos de competição e estabelecer rotinas. Certamente, se os

    atletas conseguissem centrar-se no jogo, desenvolveriam bem mais as suas

    31

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    potencialidades.(WEINBERG E GOULD, 2001).

    A concentração é um dos fatores mais importantes, se não o mais

    importante, para o bom desempenho do atleta, e é o que mais sofre a influência de

    outros aspectos, como ansiedade, motivação, agressividade, pais, torcida. Qualquer

    fator que consiga manifestar-se negativamente no atleta prejudica-lhe a

    concentração. É também o fator que os atletas adolescentes consideram o mais

    importante de ser trabalhado pela Psicologia do Esporte.(MARQUES, 2003).

    Um exercício que pode ser utilizado no treinamento da concentração é:

    Sente-se em uma cadeira que tenha um encosto reto, coloque os dois pés no chão e

    coloque as mãos relaxadas sobre o colo. Feche os olhos, inspire profundamente e

    devagar expire, comece a se relaxar iniciando pela cabeça. Quando você se sentir

    completamente relaxado, preste atenção na sua respiração e conte cada período da

    respiração (inspiração e expiração = um período) sem perder o ritmo. Quando você

    contar dez períodos, começar no período um novamente. Caso ocorra um erro na

    contagem, ou por engano você contar além de dez períodos, pare, pense e tente

    regressar ao pensamento que passou pela cabeça nesse instante. Então comece

    novamente no período um. 8 minutos são o suficiente para esse exercício.(JUNIOR

    E SAMULSKI, 1998, p. 107).

    2.5.3 Personalidade

    Personalidade refere-se às características ou à mistura de características que

    tornam um indivíduo único. Ela é composta de três níveis separados, porém

    relacionados: um núcleo psicológico, o nível mais básico e estável da personalidade;

    respostas típicas, ou as formas como cada pessoa aprende a ajustar-se ao

    32

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    ambiente; e comportamentos relacionados ao desempenho de papéis, ou como uma

    pessoa age com base em como ela percebe a situação. O comportamento

    relacionado ao desempenho de papeis é o aspecto mais variável da personalidade.

    É importante entender personalidade para melhorar a efetividade do ensino e do

    treinamento daqueles com os quais interagimos. .(WEINBERG E GOULD, 2001).

    Para medir personalidade, os traços psicológicos (o estilo típico de comportamento

    de um indivíduo) e os estados psicológicos (os efeitos da situação sobre o

    comportamento) devem ser avaliados em uma abordagem internacional. Embora

    escalas gerais de personalidade forneçam alguma informação útil sobre estados e

    traços de personalidade, existem medidas especificas de situação (p.ex., para o

    esporte) podem prever comportamentos com mais segurança.(WEINBERG E

    GOULD, 2001).

    O estado psicológico do atleta é fator determinante para o seu máximorendimento, pois toda ação mecânica relaciona-se diretamente ao estado

    emocional do indivíduo. Essa relação entre movimento e estado emocionaldeve ser considerada para a otimização dos processos do treino desportivo.Assim, o sucesso no desporto dependerá não apenas da preparação dosaspectos físicos (força, velocidade, resistência, flexibilidade, coordenação),mas também dos aspectos mentais (concentração, auto-estima, motivação,ansiedade). (AUGUSTINI, 2008).

    As influências dos aspectos físicos e mentais não se dão separadamente,

    mas simultaneamente, pois consideramos que as reações do organismo não

    ocorrem exclusivamente de maneira psicológica ou fisiológica, mas em decorrência

    conjunta dessas duas partes, ou seja, psicofisiologicamente. (AUGUSTINI, 2008).

    No esporte de alto rendimento, a preparação física, técnica e tática dos

    atletas das diversas modalidades encontram-se num nível de desenvolvimento

    equivalente. O que fará a diferença entre o vencedor e o perdedor é o estado

    emocional do atleta ou de toda a equipe diante das situações do confronto

    33

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    competitivo. Portanto, o estado psicológico ótimo é necessário para se poder

    reverter o treinamento para um desempenho vitorioso. (AUGUSTINI, 2008) 

    2.5.4 Imaginação

    Para Samulski (2002, p. 253), um atleta pode reconstruir, através da

    imaginação, experiências positivas do passado ou visualizar eventos futuros com o

    fim de preparar-se mentalmente para uma boa performance durante o jogo.

    A imaginação é o processo de comunicação entre a emoção, percepção e

    mudança corporal. Importante causa tanto da saúde quanto da doença, a

    imaginação é a maior e mais antiga fonte de cura e aperfeiçoamento do rendimento

    e da performance.(COZAC, 2008).

    Os exercícios de visualização e as demais técnicas viso-motoras

    representam as principais formas de atuação e intervenção psicológica no

    esporte.(COZAC, 2008).

    Através da imaginação é possível vivenciar uma situação sem estar

    presente no ambiente em que ela se desenrola. Este ensaio de vivência produz um

    relato bastante fiel sobre as emoções e pensamentos envolvidos no ato em questão.

    Este tipo de exercício mental já é considerado um treinamento esportivo em váriospaíses do mundo. O ser humano, ao longo da história, desenvolveu sua fé, valores,

    princípios e autoconhecimento através dos magos e gurus. Ressalvo, apenas, que

    vivemos uma nova Era e, com ela, novas tendências e necessidades evidenciam a

    necessidade de se revolucionar o método e a intervenção.(COZAC, 2008).

    O ser humano pode direcionar o caminho que pretende trilhar através de

    sua postura imaginativa. Pode optar pela saúde ou doença. A mente assume um

    34

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    caráter determinista e final no processo evolutivo de nossa espécie. No esporte, a

    motivação, concentração, controle de ansiedade e gerenciamento do estresse

    representam apenas a ponta do iceberg   mental que deve ser cuidado.(COZAC

    2008).

    2.5.5 Treinamento mental

    Treinamento mental é “a imaginação de forma planejada, repetida e

    consciente de habilidades motoras, técnicas esportivas e estratégias táticas”.

    Entende-se por treinamento mental a repetição da imagem do movimento correto

    que deseja executar, a fim de treinar a mente para executar o exercício

    correto.(SAMULSKI 2002).

    O Treinamento Mental é a utilização da força, poder e energia mental de

    uma forma sistematizada e organizada, com o intuito de se obter um alto rendimento

    esportivo. É constituído por diferentes tipos de técnicas, como: de respiração e

    relaxamento, atividades com imagens (visualizações), frases afirmativas ou auto-

    sugestões, vivências integrativas e hipnose. (RIZZO, 2008).

    A mente é um fator muito importante em tudo o que realizamos, porém

    nem sempre temos informações e conhecimentos de como utilizá-la somente paraatividades positivas, de tê-la como uma grande aliada, para atingirmos os nossos

    objetivos. (RIZZO, 2008).

    O treinamento mental no esporte está estabelecido dentro da perspectivado desenvolvimento do potencial atlético e existencial dos participantes,visando a um rendimento máximo. Este rendimento máximo não ocorre poracaso, ele é fruto de um trabalho global e eficiente que envolve otreinamento em seus aspectos externos (parte física, técnica/tática) einterno (mental/psicológico). (RIZZO, 2008).

    O  treinamento mental no esporte pode ser desenvolvido em atletas de

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    diversos níveis de atuação, tanto para o atleta iniciante, quanto para o atleta de alto

    nível. Todos se beneficiam com esta eficiente ferramenta, que os auxilia a entrar em

    contato com as suas melhores qualidades e habilidades mentais, que eles já

    possuem dentro de si, mas talvez não utilizavam. Com mais determinação, coragem,

    confiança, serenidade etc., os atletas poderão aprimorar e melhorar ainda mais o

    seu rendimento, a sua performance. E assim estarão evoluindo, tanto no esporte

    quanto na vida pessoal.(RIZZO, 2008).

    A igualdade no desempenho entre os atletas de alto rendimento sugere

    que o controle mental, o poder de concentração e as técnicas de relaxamento têm

    determinado os grandes vencedores. Por esse e por outros motivos a psicologia

    desportiva tem sido bastante valorizada, principalmente pelo fato dos indivíduos já

    não mais associarem o treinamento mental à “loucura”.(OLIVEIRA, 2008).

    Para que o leitor possa ter um melhor entendimento do que é e como

    trabalhar o treinamento mental, utilizou-se este espaço para citar um exercício

    proposto por Junior e Samulski.(1998, p.117), como segue:

    Escolha um local onde não será incomodado. Sente-se em uma cadeira,

    coloque os pés paralelos ao chão e as mãos relaxadas sobre o colo. Feche os olhos

    e relaxe o corpo começando pela cabeça até as pontas dos pés.

    Agora imagine-se no local onde você possa trabalhar parte do seurendimento esportivo que você deseja melhorar. Imagine exatamente o ambiente a

    sua volta. Onde você se encontra? Dentro ou fora? Se dentro, que tamanho tem o

    ginásio e que tipo de iluminação predomina? Você pode ouvir o zunido do

    ventilador? Alguém o observa? Se você se encontra do lado de fora, como está a

    estação do ano, o tempo, que horas são? Que tipo de cor se sobressai? Que tipo de

    roupa as pessoas ao seu redor usam? Como elas cheiram? O que você pode ouvir?

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    Utilize todos os seus sentidos a fim de imaginar a cena o mais exato possível.

    De repente, observe como você entra nessa cena e comece a se preparar

    para o treinamento. Se você tem algum aparelho esportivo nas mãos observe como

    você o segura. Como você se prepara agora para o treinamento. Observe-se

    exatamente.

    Agora comece com o treinamento. Preste atenção especialmente em

    fatores relevantes e que você deseja melhorar na sua modalidade esportiva.

    Observe a si mesmo, como é que você executa um movimento perfeito. Como é

    introduzido esse movimento, como você mantém o equilíbrio, como você mantém a

    cabeça e os braços, qual importância tem as pernas e o quadril. Conscientize-se do

    máximo de detalhes possível.

    Volte novamente ao inicio, concentre-se um momento e visualize, como

    você executa a mesma seqüência importante de movimentos, distinga tantos

    detalhes quanto possíveis. Então pare um momento, inspire fundo e visualize o

    cenário novamente, enquanto você expira lentamente.

    Mude a sua posição, agora como espectador, a fim de que você possa

    observar você próprio de outro local, de um outro ângulo talvez, ou de uma distancia

    pequena ou grande.

    De um novo local, observe-se novamente, como você executa para o mesmomovimento. Preste bastante atenção no que for bem executado. Não tente arrancar

    com violência um quadro claro de consciência, mas deixe que este quadro se torne

    nítido sozinho. Se parte dessa observação for mal definida, não tem problema. Caso

    você veja um quadro nítido, concentre-se no que chamar sua atenção deste novo

    ponto de vista. Se a seqüência de exercicios for pequena, deixe-a correr algumas

    vezes pelos seus olhos. Então volte novamente para a sala onde você se encontra.

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    Com os olhos fechados inspire fundo novamente e relaxa durante a expiração, antes

    de você iniciar novamente a visualização.

    Desta vez concentre sua total atenção em sua mão. Você vai averiguar,

    de repente, como sua própria pessoa é colocada em cena e sentir, como um

    movimento será realizado. Você sente o sol ou a névoa no rosto? Você sente o

    contato de roupas sobre a sua pele? Qual parte do corpo você sente que está

    especialmente carregada de energia? Olhe a sua volta: o que você vê, qual objeto,

    qual cor chama a sua atenção? Você pode ouvir algo, você pode cheirar algo?

    Agora comece com o movimento novo e concentre-se no que você sente

    quando o movimento é executado com perfeição. Torne consciente, como você se

    sente bem. Caso a seqüência de movimentos seja curta, repita-a algumas vezes.

    Relaxe novamente e concentre-se na visualização de um aspecto do

    movimento. Pode ser relacionado a uma técnica que no passado causou-lhe

    dificuldades, ou em parte do corpo que você até o presente momento não deu muita

    atenção. Preste atenção como a técnica traz sucesso, como a parte do corpo

    funciona perfeitamente, como você executa com facilidade a seqüência de exercicios

    durante a visualização. Alegre-se com a fluência do movimento integrado, quando

    você vivenciar mais uma vez a evolução do movimento.

    Antes de você terminar com esse exercício, transfira-se para dentro doseu próprio corpo, a fim de tornar bem consciente todas as sensações. É importante

    a sensação/percepção da execução mental do movimento sem esforço e

    fluentemente.

    2.5.6 Regulação da Ativação

    O primeiro passo que o atleta pode dar em direção ao controle de níveis

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    de ativação é ter consciência das situações no esporte competitivo que lhe causam

    ansiedade e como o atleta responde a tais eventos. Para isso, eles podem ser

    instruídos a rememorarem seus melhores e piores desempenhos, e recordarem seus

    sentimentos nessas ocasiões. Além disso, também é útil usar um diário para

    monitorizar seus sentimentos durante treinos e competições.(WEINBERG E GOULD,

    2001).

    As técnicas de preparação psicológicas há muito tempo são utilizadas

    como um instrumento para acalmar os atletas nervosos ou preocupados. Relaxar a

    um atleta nervoso, entretanto, nem sempre garante que ele atuará bem na

    competição. Oxendine (1970 apud JUNIOR E SAMULSKI, 1998) refere que este

    nível ideal depende do tipo de tarefa realizada pelo desportista. Para tarefas simples

    de força-potência, é necessário um alto grau de ativação o que para as de precisão

    seria prejudicial. Como se pode ver, é necessário que o atleta possa empregar uma

    técnica adequada a seu caso especifico para auto-regular seu nível de ativação. Um

    atleta poderá necessitar produzir sua ativação, outro necessitará mantê-la e um

    terceiro terá que incrementa-la. Uma das condições básicas para que o atleta possa

    apresentar um rendimento máximo na competição é que ele consiga controle do seu

    nível de ativação.(JUNIOR E SAMULSKI, 1998).

    2.5.7 Autoconfiança

    A autoconfiança tem sido definida como a crença de que você pode

    realizar com muito sucesso um comportamento que muitas vezes desejou. Altos

    níveis de autoconfiança podem intensificar as emoções positivas do atleta, aumentar

    a concentração, estabelecer metas mais desafiadoras, aumentar o esforço e

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    desenvolver estratégias competitivas efetivas. As estratégias para aumentar a

    autoconfiança incluem agir com confiança, pensar com confiança, usar

    mentalização, estar em boas condições físicas e preparar-se mentalmente e

    fisicamente para os desempenhos que virão, para poder executar o exercício com

    confiança e da maneira mais eficaz.(WEINBERG E GOULD, 2001).

    A autoconfiança é questão importante tanto para amadores quanto para

    profissionais. Estes, principalmente, têm demonstrado maior senso de confiança em

    seu talento e habilidade. Mas isso pode não se aplicar a todos os aspectos de um

    esporte. Em outras palavras, mesmo em nível profissional, pode muito bem haver

    algum aspecto do jogo em que o atleta não estará totalmente confiante.(GARRAT,

    2000).

    A autoconfiança é um dos componentes imprescindíveis para uma boa

    performance esportiva. Como relatado por Loehr (1982, 1989) atletas com um nível

    de autoconfiança elevado, tendem a jogar de forma mais relaxada, tranqüila, a sentir

    menos a pressão nos momentos importantes e decisivos de um jogo e a resolver

    melhor os problemas esportivos. (BRANDÃO E JUNIOR).

    2.5.8 Exercício de Bem Estar Psicológico

    De acordo com Weinberg e Gould, (2001), diversas pessoas sofrem

    problemas devido à depressão e à ansiedade, e o exercício físico está relacionado a

    reduções nesses estados emocionais negativos. Os efeitos tanto agudos quanto

    crônicos do exercício foram estudados, e reduções na ansiedade e na depressão

    são maximizadas com exercícios regular de intensidade moderada, ou seja, 20 a 30

    minutos de duração, de natureza aeróbia e agradável. Entretanto, é importante

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    observar que a relação entre exercício e bem-estar psicológico é de natureza mais

    correlacional do que causal. Foi demonstrado que a pratica regular de exercícios

    está relacionado a mudanças em estados de humor, tais como diminuições na fadiga

    e na raiva e aumentos no vigor, no estado de alerta e na energia. Essas mudanças

    positivas são maximizadas com exercícios de baixa intensidade, que podem ser de

    natureza aeróbia e anaeróbia.

    Temos de estar ligados na vigilância do pensamento. Não podemos

    esquecer que somos o que pensamos. Se você se pensa vitorioso, você se faz

    vitorioso. Se, por outro lado, você se pensa derrotado, já se faz derrotado. Há que

    adotar, sempre, uma atitude mental positiva para ser sempre positivo.(RIBEIRO,

    2003, p. 39).

    2.6 A Psicologia no Esporte: Como é Vista

    Atualmente, a psicologia do esporte está mais popular do que nunca.

    Entretanto, é um erro pensar que ela se desenvolveu apenas recentemente. A

    psicologia do esporte remonta à virada do século XX (Wiggins, 1984, apud

    WEINBERG, GOULD, 2001, p. 32).

    Acredita-se que a psicologia esportiva é uma área que tem muito acrescer, a aprender e a contribuir, devido a importância que vêm adquirindo no meio

    esportivo. Embora tenham aumentado os debates e estudos sobre ela, pouco ou

    quase nada se escreveu sobre como o atleta a percebe e quais os fatores

    envolvidos e que ele considera os mais importantes a serem trabalhados.

    (MARQUES, 2003, p. 39).

    A Psicologia do Esporte vem conquistando cada vez mais o seu espaço

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    no meio esportivo, e os clubes já solicitam seu trabalho. Apesar disso, ela muitas

    vezes é interpretada de forma errônea, chegando-se a ponto de a caracterizarem

    como uma área mística. (MARQUES, 2003, p. 29).

    A importância da psicologia esportiva fica evidente a partir do momento

    em que não há ainda muitas pessoas trabalhando nesta área, de que os

    profissionais que trabalham nesta área estão a cada dia mostrando resultados

    surpreendentes quando relacionado a performance. O que há necessidade é de

    profissionais com conhecimento específico, que trabalhem muitas das informações

    citadas neste trabalho, desde os primeiros anos de vida até a sua formação de

    adulto.

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    4. CONCLUSÃO

    Por meio deste trabalho pode se concluir que o trabalho psicológico com

    atletas tem sido a cada dia mais valorizado no âmbito esportivo.

    A psicologia do Esporte que ainda não é muito conhecida pode crescer

    quando menos esperarmos, pois verificamos o quanto indispensável ela é para o

    ótimo desempenho de atletas de alto nível.

    O treinamento psicológico é um trabalho feito pelo profissional da área da

    psicologia esportiva, que tem como objetivo desenvolver a mente do atleta para a

    sua melhor performance na competição, ou até mesmo na sua vida pessoal tendo

    uma qualidade de vida mental adequada. Com o treinamento psicológico o atleta de

    alto rendimento pode chegar em uma competição sem estresse, causador de muitas

    “derrotas” na vida esportiva, sem medo do fracasso, substituindo-os pela auto-

    estima, confiança, motivação.

    Devido à conturbação do dia-a-dia, o atleta deve estar bem preparado

    psicologicamente, e para isso o trabalho psicológico oferece diversas maneiras de

    ajudar o atleta, não só o atleta, mas também toda a equipe técnica, demonstrando

    para os mesmos alguns aspectos psicológicos necessários, tais como a

    compreensão, a confiança, o sucesso, dentre outros.

    O referido trabalho também demonstrou diversos fatores psicológicos que

    podem ajudar ou não o atleta na sua vida esportiva, sendo que ele, tendo a

    consciência e deixando o profissional ajuda-lo, terá sempre a melhor opção para 

    conseguir bons resultados, alguns trabalhos feitos com os atletas para trabalhar o

    seu psicológico é o próprio treinamento mental, ou também a visualização, que tem

    como objetivo influenciar o atleta a parar e pensar na sua forma de jogar e de como 

    encarar um desafio, fazendo com que o mesmo consiga através de técnicas mentais

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    imaginar como ele quer que seja a sua atuação na competição, ou como foi a sua

    atuação, tentando através dessa técnica corrigir o erro efetuado ou evitar que o erro

    possa a ser cometido, trazendo assim para o atleta mais confiança na hora do jogo.

    Diante disso, podemos observar que com o trabalho psicológico, muitos

    fatores poderão ser resolvidos, tais como ajudar o atleta a superar suas dificuldades,

    que até então não eram reconhecidas.

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