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No projeto político, a Comissão Organizadora local do encontro, defende o tema escolhido, aponta eixos de discussão sobre ele, destaca os objetivos gerais e específicos do encontro, além de, esclarecer a metodologia de cada espaço. No Enecom Pará, o tema escolhido foi Comunicação e Movimentos Sociais – Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem. E a justificativa para esse tema está no projeto. Ele não é construído só pela C.O. local, já que ele deve ser divulgado e pode sofrer alterações dos membros da executiva de todo o país e, então, aprovado em chat-reunião. Para entender o debate da executiva sobre o tema e se aproximar mais do clima do Enecom Pará 2011, além de poder contribuir com a construção do mesmo, leia o projeto.
Citation preview
EXECUTIVA NACIONAL DOS ESTUDANTES DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – ENECOS
Coletivo ENECOS PARÁ
Projeto político do XXXII Encontro Nacional
de Estudantes de Comunicação Social – ENECOM
Comunicação e Movimentos Sociais:
“Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem”
Belém, Maio de 2011
"Tivemos muitos senhores,
tivemos hienas e tigres,
tivemos águias e porcos.
E a todos os alimentamos
Melhores ou piores, era o mesmo:
a bota que nos pisa é sempre uma bota.
Já compreendeis o que pretendo dizer;
não mudar de senhores e sim não ter nenhum."
(Brecht)
Sumário
1 Apresentação.................................................................
2- Justificativa......................................................................
3- Objetivos.........................................................................
3.1-Geral:
3.2-específicos:
4- Metodologia.....................................................................
5- Comissão Organizadora....................................................
6- Referências........................................................................
7- Programação......................................................................
8- Siglas.................................................................................
1-Apresentação
O Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação Social - ENECOM é uma das
atividades realizadas pela Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social –
ENECOS. É o momento de reunir estudantes de comunicação de todo o Brasil para debater
sobre o curso e a comunicação feita no país, além de aproximá-los das bandeiras de luta da
Executiva, que são: Democratização da Comunicação, Combate às Opressões e Qualidade
de Formação do Comunicador.
Este ano, o XXXII ENECOM será organizado pelo Coletivo ENECOS-PA e terá
sede na Universidade Federal do Pará, campus Belém. É também a oportunidade de
comemorar 20 anos de Executiva, que apesar de mais nova do que a realização de
Encontros, representa a rearticulação nacional do movimento estudantil de comunicação e
se consolida enquanto entidade representativa.
O tema deste próximo Encontro, “Comunicação e Movimentos Sociais”, reflete um
momento importante da Executiva, em que nos sentimos preparados para articular e
aproximar o diálogo com outros Movimentos Sociais para juntos debater uma nova
perspectiva de comunicação social, baseada na democracia, cidadania e responsabilidade
pública e social.
Desta forma, nós acreditamos que a comunicação é um direito fundamental para o
exercício das atividades humanas. Porém, os meios de comunicação hoje estão
concentrados nas mãos de poucos grupos políticos e econômicos, que os utilizam com
princípios essencialmente mercadológicos e, assim, suprime sua responsabilidade pública e
social, em função do lucro e da manutenção das desigualdades.
Coletivo Enecos Pará.
Sentindo a necessidade de rearticular a Enecos na região Norte, foi realizado em
2009 o Erecom – Belém, que culminou com a criação do Coletivo Enecos-Pará. Apesar de
ainda recente, o Coletivo representa a rearticulação da Executiva em Belém, organizando e
participando de diversas atividades referentes à comunicação no Estado.
Por exemplo, realizamos o debate sobre o Enade nas faculdades de comunicação de
Belém, oportunidade em que os estudantes discutiram o papel de universidade e qualidade
de formação. Participamos também da organização da I Conferência Estadual de
Comunicação, dialogando com outros movimentos sociais. Além de atuar em
manifestações como o Ato do Dia do Trabalhador, de ações contra a construção da
hidrelétrica Belo-Monte e, recentemente, da campanha pela Meia-Passagem Intermunicipal
e contra o aumento da tarifa urbana de ônibus.
Passada essa etapa de formação e fortalecimento, o Coletivo Enecos – Pará se
propõe um novo desafio: sediar o XXXII Encontro Nacional dos Estudantes de
Comunicação, que ocorrerá de 22 a 29 de Julho de 2011, na Universidade Federal do Pará
(UFPA) com o tema Comunicação e Movimentos Sociais: “Quem não se movimenta não
sente as correntes que o prendem”.
2-Justificativa
No atual cenário de uma economia crescentemente globalizada e movida pela lógica
do mercado e do lucro imediato, da disseminação da ideologia fundamentalista do Estado
Neoliberal, e, finalmente, de um Estado incapaz de prover os direitos essenciais à
sociedade, os processos políticos, principalmente nos países da periferia do capital, são
marcados por conflitos decorrentes das profundas desigualdades existentes entre os grupos
e classes sociais. Diante das estruturas hegemônicas de dominação que impera nestes
países, faz-se necessário o desenvolvimento de novas possibilidades de emancipação da
sociedade e dos cidadãos buscando a superação das desigualdades sociais e de disputas de
poder, face das contradições do processo de globalização capitalista.
O capitalismo manteve e organizou sua liderança através de órgãos de informação e cultura, como escolas, universidades, igrejas, literatura, meios de comunicação e ideologias corporativas (...) embora o sistema também tenha sido fortalecido por seus mecanismos econômicos e protegido, durante as crises políticas, pelo uso da polícia, dos tribunais, das prisões e, em última instância, da força militar, as instituições hegemônicas de massa como as listadas acima foram, por assim dizer, sua primeira linha de defesa, seus baluartes externos. (DOWNING, John D. H.; Mídia Radical, 2002, pag.47.)
Em regiões como a Amazônia os movimentos sociais ganham posição central nos
circuitos de discussão política e midiática. Portanto, é de fundamental importância, no que
diz respeito ao desenvolvimento de uma sociedade democrática, debater as problemáticas
desses agentes sociais e dos arranjos políticos que estão inseridos.
Os meios de comunicação, por sua vez, também cumprem um papel essencial à
consolidação das sociedades democráticas. Diante de tal relevância, torna-se decisivo
também o debate sobre os diferentes mecanismos que contribuem para a regulação das
atividades da própria mídia. E, ao mesmo tempo, investigar como os esses Movimentos
Sociais vem sendo representados pela mídia. Já que está destaca-se dos demais campos
sociais como esfera de visibilidade, na qual os restantes campos se refletem e buscam
legitimar-se.
O que são e a que vieram?
Opressor e oprimido; latifúndio e pequena propriedade não podem/devem coexistir. Se assim fosse, seria apenas uma tentativa das minorias de se incluir no sistema capitalista. A real democratização só acontece por meio de lutas sociais, da transformação social.
Mesmo que haja uma espécie de senso comum sobre o que são movimentos sociais,
é necessário dizer que o mesmo foi empregado de diversas maneiras a partir do século XIX.
Aqui, utilizaremos apenas três classificações para o termo.
Segundo Arato e Cohen (1995), o modelo mais antigo ao qual o termo foi
empregado, traz referência à rebelião em massa da população, ao tumulto, muito mais no
sentido de denunciar algo ou alguém. Diferente desse modelo, inspirado na Revolução
Francesa e nos levantes operários e socialistas da época, encontra-se a segunda definição.
Levando em consideração a origem e a classe ao qual @s lutadores do povo
pertencem, é necessário compreender que os mesmos não detêm os meios de produção e
que têm de vender sua força de trabalho, necessitam criar “recursos alternativos para
exercer influência sobre o processo político e de alocação”. Sendo que os recursos
alternativos consistem em ações coletivas, tais como as greves, as ocupações, as passeatas,
as operações tartaruga e os bloqueios de tráfego – como os próprios autores indicam.
Entretanto, essas ações, embora precisem da participação de milhares de lutadores e
lutadoras, são táticas, pensadas, repensadas e “levadas a cabo por aqueles que não têm
riqueza nem poder estatal”.
Mais recentemente, surge um terceiro modelo - tendo em vista o refluxo dos
movimentos sociais e a burocratização de alguns deles – os Novos Movimentos Sociais
(NMSs), que são organizados por eixos temáticos. Como exemplo, podemos citar os
movimentos ecológicos, feministas e, até pacifistas.
Contudo, ainda que a classificação desses movimentos seja discutida para que se
entre em um consenso, sua finalidade, não: mesmo com diferentes palavras e métodos para
alcançá-la, pode-se dizer que os movimentos sociais, em geral, lutam pela transformação
social.
Gramsci argumentava que a perspectiva oposta de futuro da nação, a da hegemonia
socialista, seria construída com o passar do tempo através do engajamento das massas. Para
isso, torna-se necessária a não aceitação, de forma passiva, da distribuição desigual das
armas para o duelo pela disputa do imaginário dominante: ora, já que as classes e o estado
capitalistas são controladores e censores da informação, cabe aos movimentos sociais a
função de quebrar o silêncio, de disputar a hegemonia e fornecer uma nova lógica.
A luta de classes no Brasil e a criminalização dos movimentos sociais
Desde a existência de diferentes interesses, de dominados e dominadores na história do mundo, há repressão para impedir e conter a resistência de povos que se insurgem diante de grupos que detém o poder e exploram seres humanos para se manterem no seu estado de dominação. (Cartilha Para entender a Criminalização dos Movimentos Sociais e Defensores de Direitos Humanos no Pará - SDDH org., 2010)
Discutir a questão da criminalização dos movimentos sociais exige compreender o
processo histórico social e econômico de formação da sociedade brasileira e as relações de
dominação que nas terras latino-americanas justificaram e/ou legitimaram os massacres,
genocídio, etnocídio, exploração e escravidão contra os povos originários, africanos e a
toda classe trabalhadora.
A história do Brasil é marcada pela luta de brasileiros e brasileiras contra a
dominação das elites e também pela repressão a essas lutas. Durante a colonização, as
tribos que se recusaram a servir ao poderio português foram perseguidas e muitas vezes
dizimadas. O mesmo aconteceu com os negros e negras que fugiam da escravidão se
organizando em quilombos. Na história recente, durante a ditadura militar, quem não
concordava com o regime também foi duramente perseguido. Lutadores e lutadoras do
povo foram tratados como terroristas. Hoje, dentro do chamado Estado Democrático de
Direito, esse processo de criminalização dos movimentos sociais e de suas lutas continua.
Por criminalização dos movimentos sociais, entende-se os instrumentos de
controle, coerção e punição a todos aqueles que se organizam na luta por seus direitos e na
resistência ao domínio histórico das elites. O processo de criminalização pode se dar pelas
vias legais – por meio de leis que proíbem as greves, por exemplo – ou se utilizando das
instituições ideológicas como a mídia e a escola como nos mostra Koroll:
A criminalização dos movimentos populares se exprime, então, em políticas como o avanço do processo de judicialização dos conflitos, visível na multiplicação e agravamento das figuras penais,na maneira como elas são aplicadas por juízes e afins, no número de processos contra militantes populares, na estigmatização das populações e grupos mobilizados, no incremento das forças repressivas e na criação de tropas de elite especiais, orientadas para a repressão e militarização das zonas de conflito. (...)De possíveis atores sociais, os sujeitos em conflito se reduzem a excluídos, vítimas ou criminosos em potencial. (KOROLL,Claudia .Criminalização dos movimentos sociais na América Latina. In Revista Classe. ADUFF. Rio de Janeiro. 2009.p.10)
Outra forma de repressão é o apagamento, a tentativa das instituições ideológicas de
apagar as lutas da história ou de deturpar seu real significado e importância. Segundo
Marilena Chauí, as classes dominantes construíram um imaginário de um Brasil onde “não
há lugar para luta de classes e sim para a cooperação e a colaboração entre o capital e o
trabalho, sob direção e vigilância do Estado”. Com isso busca neutralizar os riscos da ação
política da classe trabalhadora (movimentos sociais, sindicais, populares, etc.) e ocultar as
contradições de que nasceram essas lutas:
Somos uma formação social que desenvolve ações e imagens com força suficiente para bloquear o trabalho dos conflitos e das contradições sociais, econômicas e políticas, uma vez que conflitos e contradições negam a imagem da boa sociedade indivisa, pacífica e ordeira. Isso não significa que conflitos e contradições sejam ignorados, e sim que recebem uma significação precisa: são sinônimos de perigo, crise, desordem e a eles se oferece como resposta única a repressão policial e militar, para as camadas populares, e o desprezo condescendente, para os opositores em geral. Em suma, a sociedade auto-organizada, que expõe conflitos e contradições, é claramente percebida como perigosa para o Estado (pois este é oligárquico) e para o funcionamento “racional” do mercado (pois este só pode operar graças ao ocultamento da divisão social). Em outras palavras, a classe dominante brasileira é altamente eficaz para bloquear a esfera pública das ações sociais e da opinião como expressão dos interesses e dos direitos de grupos e classes sociais diferenciados e/ou antagônicos. (CHAUÍ, Marilena. Brasil - Mito fundador e sociedade autoritária. 2000 p56)
Posto isso, há que se ressaltar que a criminalização dos movimentos sociais é um
Processo inerente ao estágio atual do capitalismo e à garantia de sua reprodução e
manutenção. Em nossa democracia, as empresas tem liberdade pra “flexibilizar” os
direitos trabalhistas, mas se os/as trabalhadores protestam contra isso, é imediatamente
ativado todo um aparato de repressão, que vai desde leis que tentam impedir o direito
desses trabalhadores se organizarem - como aconteceu no Rio Grande Sul, em que se
tentou proibir a existência do Movimento dos Trabalhadores rurais Sem-Terra (MST) - até
a forma como os movimentos sociais e suas ações são abordados pela grande mídia.
Outro processo, a cooptação dos movimentos, visa “domesticar” os movimentos por meio
de políticas assistencialistas, cargos para as direções dos movimentos, etc.
Ainda que, historicamente, as classes dominantes sejam implacáveis em reprimir,
domesticar e criminalizar os movimentos sociais, as lutas continuam e escapam por todos
os poros da sociedade brasileira. Homens e mulheres se organizam em torno da
reivindicação de direitos e de transformação social. Os movimentos surgem no campo e
na cidade, nas universidades e fábricas, frutos das contradições do Brasil: um país onde a
concentração de renda e terras é alarmante, onde a educação e a saúde são precarizadas, e
onde lei é privilégio dos ricos e repressão para os pobres.
Universidade em mudança, cada vez mais distante dos Movimentos Sociais
A Universidade, tal qual conhecemos hoje, sofre mudanças assim como qualquer
instituição social. A primeira universidade, fundada por Platão, era um espaço de estudos.
Porém, o professor, visto como um mestre do saber, apenas repassava e convencia seus
seguidores daquilo que sabia. Não havia discussão. Tempos depois essa realidade mudou e
começaram a surgir estudos sobre a mão dupla no ato de educar. Estudos sobre a dinâmica
do ensinar e do aprender foram se ampliando e sendo incorporados pelas universidades, o
que fez com que a principal função da instituição, finalmente, fosse discutir e buscar
conhecimento e saberes para melhoria e qualidade das sociedades, com discussão teórica e
aplicação de técnicas.
Mas esse ideal vem há muito sendo esquecido ou subjugado em detrimento da
manutenção do sistema capitalista e da política neoliberal exercida pelos países dominantes.
Assim, o que vemos é a desvalorização crescente deste, que é o espaço de maior valor para
o crescimento e fortalecimento de uma sociedade. No Brasil, por exemplo, o sucateamento
das universidades públicas assola as instituições e diminui a possibilidade de jovens pobres
terem acesso à educação de qualidade. A alternativa dos pais para garantir a educação de
um filho é pagar pelo seu curso de ensino superior em uma universidade ou faculdade
particular.
A realidade do estudante de Comunicação
O curso de Comunicação (Jornalismo, Publicidade, Relações Públicas e Cinema,
por exemplo), não se amplia. A quantidade de novas Universidades Públicas não compete
com a de universidades particulares. Paralelo a isso, os investimentos nos cursos também
deixam a desejar. Dessa forma, a qualidade da nossa formação se faz duvidosa. Precisamos
disputar por puçás vagas em projetos de extensão ou de pesquisa e, ainda, por poucos
acervos de livros ou de materiais audiovisuais nas bibliotecas ou videotecas. Nós perdemos.
A sociedade perde.
Sem o estudo e preparo para adentrar, compreender e manipular as teorias e práticas
comunicacionais, como poderemos usar o que aprendemos para a melhoria e conseqüente
transformação social? Como não nos tornarmos mão-de-obra desqualificada e, por
conseguinte, barata para o capital privado explorar? Como usar o que aprendemos para
promover uma real comunicação que beneficie os “menos favorecidos”?
Nessa corrida e disputa por vagas e estágios em empresas que possuem o monopólio
dos meios de comunicação que trabalha mais para aumentar seus lucros e menos para
informar a população, ao estudante acaba sendo negado o direito de gozar de todas as
possibilidades que a vivência na universidade oferece. Como, por exemplo, trabalhar a
comunicação nos movimentos sociais.
Qual o papel da Comunicação em tudo isso?
Partimos da ideia de que a comunicação não pode ser alheia à estrutura social na
qual está inserida. Não pode ser neutra – por mais que queira – aos interesses e a luta de
classes. Parafraseando Florestan Fernandes: ou “os comunicadores se identificam com o
destino de seu povo, como ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo e,
nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo".
A comunicação tem cumprido um papel crucial na manutenção do sistema
capitalista, a chamada grande mídia criminaliza as lutas dos movimentos sociais e estes
não encontram nela espaço para defesa e resposta. Porém a comunicação não deve ser
demonizada, mas sim ser entendida como um espaço de disputa e deve ser apropriada
pelos movimentos sociais.
Em contraposição à mídia hegemônica, pautada pelos interesses das classes
dominantes, é preciso criar a comunicação da classe trabalhadora, do povo, pelo povo e
para o povo.
O controle da Comunicação na Região Amazônica
O termo Amazônia é hoje um dos mais falados no mundo e a área compreendida
pelo nome tem tido destaque nos meios de comunicação nos últimos anos. No entanto, as
notícias veiculadas massivamente abordam, em geral, apenas um aspecto de suas
problemáticas: a questão ambiental.
Nossa intenção não é desvalorizar estas discussões ou mesmo propor que sejam
deixadas de lado; ao contrário, acreditamos sim que devem se multiplicar espaços de debate
e estudo neste campo. Mas demarcamos aqui nosso compromisso com uma visão menos
setorizada da realidade, comprometida com o entendimento político de nosso contexto
atual.
Desta maneira é possível perceber com mais clareza que a forma como a sociedade
brasileira vem administrando e compreendendo a região amazônica está intimamente ligada
ao poder exercido pelas classes dominantes nos mais diversos ambientes de disputa. É
importante, portanto, conhecermos como se dá o controle dos meios de comunicação neste
espaço territorial. Quem são os poucos detentores do direito de comunicar?
Amazônia e suas definições.
Do ponto de vista geográfico, o local a que se dá o nome de Amazônia corresponde
à bacia do rio Amazonas, que vai da cidade peruana de Pongo Manseriche até o norte do
Maranhão. Existem duas outras classificações. Uma é denominada Amazônia Legal e foi
criada por lei em 1966 para fins de planejamento. A outra (a qual iremos nos referir neste
texto) é a Amazônia como Região Norte do Brasil, que reúne sete estados: Amazonas, Pará,
Amapá, Roraima, Acre, Rondônia e Tocantins.
Esta área que representa 42% da extensão territorial brasileira possui problemas
comuns a todas as outras regiões. Desigualdade social, violência urbana, conflitos no
campo, pobreza e sistema público de saúde e educação problemático. No que diz respeito à
Comunicação Social, a concentração de poderes é explícita e materializa-se no reduzido
número dos grupos e organizações a frente de veículos impressos e concessões públicas de
rádio e TV.
Vejamos quem são os grandes grupos de mídia da região (as informações a seguir
foram retiradas do site Donos da mídia: www.donosdamidia.com.br).
Os donos dos veículos
Rede Calderaro de Comunicação no Estado do Amazonas, Organizações Rômulo
Maiorana no Pará, no Estado de Roraima, Rede Tropical de Roraima, em Rondônia o
Sistema de Rádio e Comunicação/Sistema Meridional de Comunicação de Rondônia, a
Fundação Elias Mansour, no Acre, Beija-Flor de Radiodifusão e o Grupo Gazeta de
Comunicação AP, no Amapá e no Estado de Tocantins, Organização Jaime Câmara.
Estes são os maiores grandes grupos de mídia da Amazônia. Em comum, eles
possuem o controle da maioria dos veículos dos diversos segmentos (rádios, TV, impresso)
em seus estados e a ligação com grandes grupos do centro industrial do país, a região
sudeste: Rede Globo, SBT, Record, Rede TV!
Não enfatizamos a região sudeste como centro industrial do Brasil por acaso. Este
fato revela que o monopólio da Comunicação é apenas mais um dos nós que compõe a rede
de poder hegemônico que dirige as mais distintas formas de produção do contexto
capitalista brasileiro. A informação homogeneizada em todo país pode ser encarada como a
ponta do iceberg.
As Rádios Comunitárias
Atualmente, é dito que a pequena quantidade de veículos dos grandes grupos em um
Estado é um sinal da grande concentração do poder da informação no local. Em certa
medida, isto pode ser deduzido, mas é preciso considerar a existência de veículos
classificados como comunitários, tanto rádios quanto TV´s, nos lugares citados.
Neste ponto, nos concentraremos nas rádios comunitárias. Infelizmente, não
tivemos acesso às estatísticas de todos os estados, embora não sejam apenas os dados
quantitativos que nos interessem. Vamos a eles, inicialmente.
Segundo o site Donos da Mídia, o Pará possui cerca de 24 rádios comunitárias. No
Estado do Acre existe um número pequeno delas, mas não encontramos uma informação
exata. Há 18 rádios comunitárias em Rondônia (um bom número em relação às FM, que
são 26) e o último levantamento no Amazonas, feito pelo Ministério das Comunicações
(MC), identificou 37; a maior quantidade na região. Agora, analisemos qualitativamente a
realidade destas rádios a partir do caso do Estado do Amazonas.
O principal fato a se destacar é que o controle das rádios comunitárias está, muitas
vezes, sob o comando de grupos políticos. O que fere a própria legislação. Esta estabelece a
abertura das rádios restrita a fundações e associações sem fins lucrativos e também sem
vínculos religiosos, políticos ou com empresas de comunicação. Não é isso que ocorre.
Na cidade amazonense de Autazes, por exemplo, o prefeito Raimundo Wanderlan
Penalber Sampaio figura como o representante de uma rádio comunitária. O mesmo caso
ocorre no município de Fonte Boa com o irmão de um ex-deputado e prefeito. Segundo os
Ministérios Públicos Federais e Estaduais, não existe investigação sobre esta prática.
A questão dos veículos comunitários deve também ser discutida no Enecom. Como
podemos fazer uma comunicação independente e ligada aos interesses do povo amazônico?
Vamos ao debate.
3-Objetivos
3.1 Geral:
Discutir e elaborar ações conjuntas entre os estudantes de Comunicação Social e os
Movimentos Sociais, visando a emancipação da sociedade Brasileira.
3.2 Específicos:
1. Entender a necessidade da existência dos Movimentos Sociais na sociedade;
2. Identificar as possíveis formas de abordagens dos Movimentos Sociais nos cursos
de Comunicação Social;
3. Discutir como os Movimentos Sociais utilizam as ferramentas de comunicação;
4. Elaborar propostas e estratégias de comunicação para os Movimentos Sociais
participantes;
5. Discutir os conflitos específicos enfrentados pelos Movimentos Sociais da/na região
Amazônica.
6. Debater as representações dos movimentos sociais pela mídia hegemônica.
7. Discutir formas de aproximação dos Movimentos Sociais com a ENECOS
8. Impulsionar os GET’s e aproximar os estudantes de comunicação social das
bandeiras de luta da Enecos;
9. Fortalecer as políticas e ações da executiva;
10. Contribuir com a formação política, social, cultural e acadêmica dos estudantes de
comunicação;
4-Metodologia
Brigadas
Desde 2009 utilizamos o sistema de brigadas em nossos espaços com o objetivo de
promover a integração dos estudantes para que estes atuem ativamente na construção do
Encontro. São divididas em cores para facilitar a realização das atividades durante o dia. As
atividades que as brigadas ficam responsáveis são: Alimentação, Limpeza, Comunicação e
Animação.
Painéis
Os painéis têm por objetivo ser um espaço de formação e aprofundamento em torno
do tema do encontro. Os painéis estarão divididos da seguinte maneira:
1° momento: Exposição dos facilitadores a cerca do tema;
2º momento: Discussão nas brigadas para levantar questionamentos;
3° momento: Questionamento das brigadas para os facilitadores através de um
representante;
4° momento: Exposição final dos facilitadores relacionada aos questionamentos da
plenária.
Oficinas e mini-cursos
As oficinas e mini-cursos serão espaços de acúmulo teórico e prático, e terão o
objetivo de auxiliar a participação dos encontristas nos Núcleos de Vivências e a atuação da
Executiva no ato proposto. Com relação aos NV’s, as oficinas terão um caráter de facilitar
o entendimento sobre o espaço a ser vivenciado. Já para o ato, produzirão material de
agitação e propaganda, com a finalidade de dar visibilidade a atividade em si e as pautas de
reivindicação.
Núcleos de Vivência
Os NV’s têm o objetivo de proporcionar a vivência em outras realidades, o
estranhamento e a descoberta do novo, ao mesmo tempo em que geram reflexão sobre os
projetos visitados e sua inserção e importância para a comunidade na qual estão inseridos.
Reunião da ENECOS com CA´s e DA´s
A reunião da Coordenação Nacional com os Centros e Diretórios Acadêmicos e
coletivos é um espaço de balanço e planejamento para a ENECOS e de aproximação dos
CAs e Das que ainda não fazem parte da Executiva. Aqui, as entidades de base farão o
repasse das coisas que estão tocando, de quais dificuldades estão enfrentando e também
receberão orientações sobre as tarefas políticas e organizativas (filiação, eleições,
semestralidade etc.) a serem tocadas.
GET (Grupos de Estudo e Trabalho)
Os GET´s são espaços orgânicos da ENECOS. E são divididos de acordo com as
bandeiras de lutas levantadas pela mesma: GET Opressões; GET Qualidade de Formação;
GET Democratização das Comunicações (DEMOCOM); GET Cultura Popular.
Apresentação dos Movimentos Sociais e produção
No ENECOM queremos favorecer o diálogo entre universitários do curso de
comunicação de todo o Brasil com militantes de movimentos sociais, sem intermédio da
grande mídia. A intenção é desmitificar e questionar o que nos é passado por ela. Para
tanto, vamos oferecer um espaço na nossa programação para que cada entidade possa se
apresentar da maneira que lhe for conveniente.
No segundo dia, pela parte da tarde, os estudantes poderão participar de um bate-
papo com militantes de um dos movimentos sociais participantes. Mas sabemos que nesse
espaço o conhecimento não vai ter apenas uma via. Nós, estudantes, também podemos
ensinar muito à eles e produzir juntos. Por isso, depois do bate-papo, vamos oferecer
materiais necessários para que os estudantes produzam materiais de mídia para o
movimento, Pode ser um blog, um boletim, um fanzine, um vídeo, etc.
Os estudantes vão repensar a comunicação, buscar adequá-la a cada especificidade
do grupo e, ainda, perceber que é possível dar publicidade à esses setores, culturalmente
invisibilizados pela grande mídia.
Arte e Debate
Depois do Ato, os estudantes estarão, além de cansados, com muito gás para
continuar reivindicando e discutindo nossos direitos. Por isso, nada melhor do que uma
peça de teatro ou uma sessão de cinema para nos fazer refletir e discutir sem grandes
esforços.
Pensando nisso, buscaremos dividir os estudantes em temas para debates. Em cada
um deles terá uma apresentação artística para iniciar a discussão. Depois dela, convidados
facilitarão o debate com mais aprofundamento e provocações. Neste espaço os estudantes
perceberão a arte enquanto espaço de reflexão e denúncia, e terão a oportunidade de
aprofundar seus conhecimentos sobre determinados temas.
Espaço “Somos todos Comunicação Social”
O curso de Comunicação Social está passando por crises. Além da revogação da Lei
de Imprensa e da queda do diploma para jornalismo, foi formada, em 2009, uma Comissão
de Especialistas instituída pelo MEC para propor novas diretrizes curriculares para o curso
de Jornalismo. Trata-se de um documento que tem como argumento principal a separação
do campo do Jornalismo do da Comunicação. Apesar do enfoque, o relatório da Comissão
aponta para a independência de todas as habilitações.
A ENECOS acredita que este projeto não foi debatido o suficiente e que os
estudantes devem se apropriar mais do tema, por isso o espaço "Somos todos
Comunicação" vai debater e abranger para todas as habilitações alguns eixos polêmicos do
documento. Divididos em grupos de discussão, os temas serão: Estágio Obrigatório; Teoria
x Prática; Mercado de Trabalho; Trabalho de Conclusão de Curso - TCC; Diploma; e
Projeto Pedagógico. O objetivo é que a executiva tenha um panorama da realidade destes
temas em vários Estados e assim possa tirar encaminhamento da opinião dos estudantes
sobre o assunto.
Simpecos, Artcom e Cinecom
Espaço de divulgação e valorização dos trabalhos estudantis, nos seus diversos
formatos. No ENECOM 2011/PA, este espaço abrirá portas, também, para que os
Movimentos Sociais possam mostrar seus trabalhos, pois a interação com estes
Movimentos é um dos pilares deste encontro, em especial.
Espaço Auto-gestionado
São espaços com liberdade de escolha de tema e de metodologias por parte de
qualquer pessoa que os queira propor. A idéia e aproximar os estudantes das diversas
questões relativas à organização social de um modo geral.
Conecom
É um espaço que, além de avaliar o encontro, serve para avaliação das atividades,
do primeiro semestre do ano, desenvolvidas pela ENECOS e para programar o segundo
semestre. Também acontecem as inscrições de chapas para eleição da nova coordenação da
Executiva.
Ato
Nesse horário, vamos juntar todos os estudantes de comunicação do país e ir às ruas
reivindicar, entre outras coisas, o fim da criminalização dos movimentos sociais. Serão
cerca de 800 estudantes chamando a atenção da população para a problemática através de
palavras de ordem e intervenções.
Para organizar o ato e evitar transtornos, antes de sairmos da universidade, fazemos
o Pré - Ato, quando fazemos faixas, pintamos camisas e criamos stencils, além de instruir
os estudantes sobre o caminho a percorrer e o horário de volta.
Dessa forma, esperamos, junto aos movimentos sociais, mostrar que uma outra
comunicação é possível.
Cultural
As culturais são espaços de música, poesia, teatro, mística, que mostram que
diversão não é sinônimo de despolitização como tenta nos provar todos os dias a Grande
Indústria Cultural e que vai muito além do entretenimento, podendo ser também um espaço
de disputa de consciência, de crítica social e de transformação da realidade. As culturais são
também espaços para o/a encontrista poder conhecer melhor a cultura e a produção artística
da cidade-sede dos encontro. Por isso, no seu caderno de posicionamento, a ENECOS
deliberou que todas as culturais devem priorizar em sua programação a música e a cultura
local.
5-Comissão Organizadora
Muito além de tocar tarefas burocráticas e estruturais do encontro a comissão
organizadora desempenhará a importante função de garantir todo o funcionamento do
ENECOM. É importante que toda a comissão organizadora esteja em sintonia com a
proposta do encontro e os posicionamentos da Executiva.
Para o bom funcionamento do ENECOM dividiremos a comissão organizadora
local da seguinte forma:
1- Metodologia e programação: comissão responsável pela programação do encontro
(exceto Nvs e programação cultural), pela metodologia dos espaços
2- Mística & cultural: Comissão responsável pelos espaços culturas, lúdicos e artísticos
do Encontro
3- Nvs & Articulação com Movimentos Sociais: Esta comissão articulará o Núcleo de
vivências e a participação dos movimentos sociais no ENECOM
4- Comunicação, Agitação e propaganda: Focará suas ações na divulgação do encontro,
sendo responsável pelas redes sociais, mídia, etc.
5- Secretaria e Finanças:Comissão responsável pela campanha financeira e pela
administração dos recursos financeiros do Encontro.
6- Estrutura e logística:Responsável pelos materiais e espaços físicos necessários para o
encontro e pela gestão destes durante o ENECOM.
7-Articulação e mobilização: cuida da mobilização dos/das estudantes, mantendo contato
com os/as mobilizadores de cada estado, divulgando nas escolas, etc.
6- Referências
ARATO e COHEN, Andrew e Jean (1995), Civil society and political theory, Cambridge,
MIT Press.
CHAUÍ, Marilena. Brasil - Mito fundador e sociedade autoritária. 2000 p56
DOWNING, John D. H. mídia radical – rebeldia nas comunicações e movimentos sociais.
São Paulo : Editora Senac, 2002.
KOROLL,Claudia .Criminalização dos movimentos sociais na América Latina. In Revista
Classe. ADUFF. Rio de Janeiro.
SDDH, Para entender a Criminalização dos Movimentos Sociais.
Site:
http://donosdamidia.com.br/lugares, acessado em 3 de maio de 2011, às 12:56.
7-Programação
22/07 23/07 24/07 25/07 26/07 27/07 28/07 29/07
6h Acorda Acorda Acorda Acorda Acorda Acorda Acorda
7h Café Café Café Café Café Café Café
9h Credenciamento Painel I NV Panel II Livre Painel III Pré-Ato GET
12h Almoço Almoço Almoço Almoço Almoço Almoço Almoço
14h
às
16h
Apresentação
dos
Movimentos
Sociais e
produção
NV Simpecos;
Artcom e
Cinecom
Livre GD’s ATO CONECOM
16h
às
17h30
17h30 Jantar
18h
às
19h30
Jantar
Jantar Jantar Jantar Jantar Jantar Jantar
19h30
às
20h
Mística e
Apresentação
da ENECOS
20h
às
20h30
Reunião da
ENECOS
com CA’s e
DA’s e
espaço
paralelo
Socialização
dos NV’s
Oficinas e
Mini
cursos
Oficinas
e Mini
cursos
Espaço
“Somos
Todos
Comunicação
Social”
Arte e
Debate
20h30
às
21h
Painel de
Abertura
21h
às
22h
Espaço
Autogestionado
22h
às 2h
Cultural light e
acolhedora
Cultural Cultural Cultural Cultural Cultural Cultural Cultural
8-Siglas
CO- Comissão Organizadora
COBRECOS- Congresso Brasileiro de Estudantes de Comunicação Social
CONECOM- Conselhos de Entidades de Base de Comunicação Social
ENECOM- Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação Social
ENECOS- Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social
ERECOM- Encontro Regional dos Estudantes de Comunicação Social
GD- Grupo de Discussão
GET- Grupo de Estudo e Trabalho
ME- Movimento Estudantil
MECOM- Movimento Estudantil de Comunicação
MS- Movimentos Sociais
NV- Núcleo de Vivência