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  COLAGEM: A ESTÉTICA DO FRAGMENTO

PROJETO COLAGEM REESCRITO II 16062015 final.pdf

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  • COLAGEM:

    A ESTTICA DO FRAGMENTO

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    COLAGEM: A ESTTICA DO FRAGMENTO

    Maria Lcia de Campos Arajo

    Trabalho apresentado na disciplina

    LABORATRIO DE CRIAAO do curso de

    Artes Aplicadas da Universidade Federal de So

    Joo Del- Rei 7 Perodo

    Orientador: Prof. Cristiano Lima

    So Joo Del-Rei

    30/04/2015

    Universidade Federal de So Joo del-Rei - UFSJ

    Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Artes

    Aplicadas - DAUAP

    Curso de Artes Aplicadas nfase em Cermica

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    Lista de Figuras:

    Figura1 George Braques Still Life: Carto de jogo, Garrafa, jornais e revistas, e

    Tabaco Packet (Le Courrier).............................................. 7 http://pinturas.arteygalerias.com/georges_braque/

    Figura 2 Henri Matisse em seu estdio............................................. 8 http://modArnart4kids.blogspot.fi/search/label/collage

    Figura 3 Laura Harris Mosaico Retrato.......................................... 9 https://mosaicartsource.wordpress.com Figura 4 - Tcnica de placa em argila................................................... 10

    Fonte: www.ehow.com.br Figuras 6 A/B - Peas texturas diversas em argila vermelha e branca em processo de

    secagem ............................................................................... 12

    Figura 7 - Peas biscoitadas. Queima de Forno Eltrico a 950 ............. 13 Figura 8- Processo de esmaltao .Peas sero queimadas novamente

    a 980 .................................................................................... 13 Figura 9 - Resultado da queima com esmalte - 980 .............................. 13 Figuras 10 A/B/C/D- Aplicao e Resultados de engobes e peas biscoitadas queima a

    980 no forno eltrico a 980 ........................................................................ 14

    Figuras 11 A/B/C Aplicao e Resultado de Terra Sigilata Vermelha Queima a

    980 no forno eltrico a 980 .......................................................................... 15

    Figura 12 Aplicao de Engobe Branco na argila vermelha/ Resultado- Queima a

    980 no forno eltrico....................................................................................... 15

    Figuras 13/A/B Peas biscoitadas Aplicao e Resultado Argila Vermelha em p

    Misturado com 096- Queima a 980 .................................................................. 16

    Figura 14 Peas biscoitadas - Aplicao e Resultado Argila Vermelha em p

    Misturado com gua- Queima a 980 .................................................................. 16

    Figura 15 Comeando a pensar a pea.......................................................... 19

    Figura 16 Testando as tesselas sem colar...................................................... 19

    Figura 17 Quando o erro tem que ser transformado ................................... . 20

    Figura 18 A reparao inicial ..................................................................... 20

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    SUMRIO

    1.0 INTRODUAO..................................................................... 5

    1.1 Objetivo............................................................................ 9

    2.0 REFERENCIAL TERICO............................................ 9

    3.0 METODOLOGIA.................... ................................... 10

    4.0 PROCESSO CRIATIVO............................................ 11

    4.1 Resultado dos testes............................................. 12

    4.2 Anlise dos Resultados........................................ 17

    5.0 CRONOGRAMA DE EXECUCAO DA PEA......... 17

    5.0 CONSIDERAES FINAIS................................... 20

    6.0 REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS.................... 21

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    1.0 INTRODUAO

    Neste projeto pretendo fazer um estudo sobre o uso da tcnica da COLAGEM

    dentro do cenrio artstico, para demonstrar a importncia desse procedimento esttico

    no mundo das artes. Desde o incio do sculo XX, com o aparecimento das culturas de

    massa, a Colagem se firmou como uma nova linguagem visual de transformao e

    mudana; criou um novo conceito de espao e novas perspectivas para a arte, ao

    introduzir no espao da tela objetos que provocavam sensaes tteis e

    deslumbramento. (JANSON, H. W. & JANSON,,1996, pg.368-369)

    A Colagem consiste na utilizao de sobreposies, ela se apropria de elementos

    variados retirados da realidade a sua volta e os fixa numa superfcie, incorpora diversos

    elementos como: tiras de papis, madeira,vidros,folhas, tecidos, jornais - com o objetivo

    de dar uma ideia de diferentes texturas a uma composio.

    A minha proposta neste trabalho trazer esta linguagem visual para o mundo da

    cermica, compondo um repertrio plstico de elementos variados presentes em nosso

    dia-a-dia para um novo cenrio, dando-lhes um novo significado, remetendo aos

    pintores cubistas e dadastas. Na minha composio estaro presentes tanto a cermica

    trabalhada em diferentes texturas como tambm a cermica em fragmentos; alm de

    incorporar elementos reciclados retirados da realidade ao meu redor. O objetivo desta

    composio traduzir a Colagem como uma forma de expresso provocativa,

    impactante que tanto tem a fora de suscitar sentimentos contraditrios, quanto de nos

    falar de um mundo de infinitas possibilidades criativas.

    Esta expresso artstica possui uma linguagem prpria, que fala atravs de seus

    fragmentos de um Todo; a Colagem chama a ateno para o que est ausente, o

    elemento colado nos remete a uma realidade, da qual no damos conta, mas ansiamos

    por conhecer. Apesar de fragmentos, eles nos falam do conjunto!

    A Colagem tem este poder de representao, ela contextualiza os fragmentos

    desenraizados de uma realidade e busca um novo sentido para eles, ela desconstri o seu

    produto originrio, mas ao mesmo tempo o deixa presente. Ao se apropriar de um

    objeto real a Colagem lhe d um novo sentido e assume um significado profundo de

    destruir e reconstruir; movimento presente em muitos dos processos internos do ser

    humano. Atravs dos elementos colados, esta tcnica pode tocar o observador de uma

    forma peculiar, se tornar um objeto projetivo capaz de evocar sentimentos ocultos do

    indivduo.

    A fragmentao to prpria da tcnica da Colagem uma das caractersticas do

    mundo moderno, ela trouxe a especializao, os objetos, seres e o prprio corpo so

    decompostos para serem analisados e investigados pela cincia. As informaes visuais,

    sonoras esto por toda parte, e somos bombardeados incessantemente por todas elas,

    vindas de forma parcelada e intensa.

    No cenrio artstico, a Colagem ganhou destaque no mesmo perodo em que

    nascia a comunicao em massa, no perodo da revoluo industrial e da descoberta da

    prensa mecnica - surgiu o jornal e os livros, impressos em grande quantidade, para um

    grande pblico. Estes veculos propiciaram a reprodutibilidade da escrita em cpias

    geradas a partir de uma matriz eram produtoras de bens simblicos. A indstria

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    cultural tinha a inteno de atravs de um forte apelo publicitrio, induzir a um pblico

    passivo, demandas de consumo e comportamentos padronizados. A evoluo dos meios

    de comunicao trouxe uma nova forma de linguagem: a fragmentada. Neste momento,

    com a instaurao da comunicao de massa, as artes e comunicaes se entrecruzaram.

    (SANTANELLA, L.)

    Nas mos de artistas habilidosos como Pablo Picasso (1881-1973) e Georges

    Braque, (1882-1963) por volta de 1913, s vsperas da Primeira Guerra Mundial, a

    tcnica de Colagem se firmou como uma linguagem visual. A colagem cubista desafiou

    o pensamento esttico daquela poca, trouxe elementos do cotidiano para o mundo das

    artes e possibilitou uma reflexo acerca dos objetos industriais e tambm do aumento do

    consumo em Paris; as lojas de departamento s aumentavam e com elas as tcnicas de

    publicidade se tornavam cada vez mais agressivas. A mdia e a propaganda estavam em

    todos os lugares, neste cenrio que a colagem surge como uma linguagem

    revolucionria. (BERNARDO, 2012,pg.26e27) Os artistas cubistas se apropriaram do

    vigor visual dos cartazes e os incluram em suas obras como elementos integrantes de

    sua composio.

    Picasso e Braque incorporavam aos seus quadros, materiais tomados do mundo

    ao seu redor, um processo inovador: a arte objetual que dominaria o cenrio artstico, da

    segunda metade do sculo. Objetos tridimensionais eram incorporados s telas:

    fragmentos de jornais, papis pintados, pregos, botes, cordes, cartes de visita,

    envelopes, areia ,dentre outros; originando formas muito distintas de interpretao. Esta

    tcnica, denominada de collage (deriva do verbo francs coller (colar) foi uma das

    mais importantes inovaes tcnicas realizadas por Picasso e Braque).

    George Braque, em Le Courrier, 1913, (Figura 1) chocou o mundo com um

    quadro composto exclusivamente de fragmentos de materiais considerados descartveis,

    cortados e colados: tiras de madeira, envoltrio de um charuto, pedaos de papel-jornal

    transformado em baralho. Havia nesta fase, uma obsesso dos cubistas com o tableau-

    object - quadroobjeto; (STANGOS, 1980, pg.55) uma pintura que tinha vida prpria

    e no imitava o mundo ao seu redor, mas o recriava a partir de diferentes tipos de

    textura na composio de uma tela; a pintura, a partir deste momento, passa a ser uma

    construo cromtica sobre o suporte da superfcie.(ARGAN,1992, p.305)

    Os quadros se tornaram textos visuais,com a introduo de letras e outros

    objetos, o espao do quadro manipulado de forma aleatria, e se forma pela

    interseco de camadas de materiais colados. Este recurso artstico foi utilizado como

    uma nova linguagem criou um conceito novo para o espao, e novas perspectivas para a

    arte, ao apresentar objetos que davam volume a uma superfcie plana e podiam evocar

    sensaes tteis; gerou grande impacto nos observadores, pois nada assim havia sido

    feito, at ento.(JANSON, H. W. & JANSON,1996, pg.368-369). Uma verdadeira

    revoluo que forou os tradicionais consumidores de arte a reverter seus valores

    estticos, para admirar as novas obras destes pintores.

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    Figura1- Still Life: Carto de jogo, Garrafa, jornais e revistas, e Tabaco Packet (Le

    Courrier). Obra del Pintor Georges Braque, arte de Periodicobotella y cajetilla de cigarrillos.

    1914 - Carboncillo, gouache, lpiz, tinta y papel sobre cartn.Colagem, 0,51 mx0,57m.

    Museu de arte de Filadlfia. http://pinturas.arteygalerias.com/georges_braque/

    No Dadasmo, a Colagem assumiu outra caracterstica, serviu de instrumento

    artstico revolucionrio, de denncias e indignao e foi utilizada como uma arma

    poderosa de manifestao contra a realidade catica da guerra que o mundo vivenciava

    naquele momento. Os artistas deste movimento introduziam na composio de suas

    telas, elementos do mundo real que seriam descartados era a mais nova linguagem da

    arte a antiarte. As imagens muitas vezes distorcidas daquelas obras, eram um grito

    contra a ordem das coisas, uma linguagem de violao de cdigos. (FUAO, 2011,

    pg.10).

    Esta tcnica foi capaz de atravessar vrios movimentos artsticos e persistir ainda

    hoje, como uma forte manifestao artstica. O famoso artista Henri Matisse1, ao final

    de sua vida, incapaz de pintar com seus pincis devido ao agravamento de uma doena,

    utilizou papis recortados que recebiam uma aplicao de tinta para dar forma a

    belssimas obras de arte- os chamados gouaches dcoupes.

    A artista contempornea Laura Harris2 ao ser diagnosticada com esclerose

    mltipla largou seu ofcio de professora para se dedicar a arte do mosaico, mesclado

    1Matisse foi um artista Frances que ficou conhecido pela arte de desenhar de forma fluida, dando

    movimento suas criaes e tambm pelo uso da cor em suas obras. Foi gravurista e escultor, mas principalmente conhecido como um pintor. Fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/henri-matisse.jhtm

    2 Laura Harris nasceu em nMilwaukee, Wisconsin, em 1961. Ela a filha do falecido Midwest escultor / pintor,

    Walter Lenz.. Embora deficiente com EM diagnosticada pela primeira vez em 1985, Laura foi alm de suas limitaes fsicas para criar peas da arte do mosaico originais e criativas. O trabalho de Laura tem sido comparado a alguns dos grandes artistas de mosaico. Fonte: http://www.melonheadgallery.com/About_Me.html

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    com a incorporao de vrios elementos da natureza tais como: cermica, vidro,

    porcelana, pedra, alm de materiais inusitados como relgios e bicicletas.

    O meu Trabalho de Concluso de Curso (TCC) consistir de um referencial

    terico, onde farei um levantamento da histria da Colagem, de como ela se

    transformou de um simples trabalho de aplicao do material num plano, em uma forma

    de expresso artstica. Esta reflexo ir focar principalmente, os movimentos artsticos

    do Cubismo e Dadasmo sem, contudo, deixar de abordar o trabalho de artistas

    contemporneos, que incorporam fragmentos de cermica colorida e outros materiais

    em suas composies artsticas. Outra parte deste projeto criar um repertrio prtico,

    com a construo de painis incorporando peas em cermica e outros objetos de nosso

    dia-a-dia, criando uma pea que nos remeta aos movimentos e artistas citados

    anteriormente.

    FIGURA 2 -Henri Matisse em seu estdio, trabalhando em seus famosos recortes.

    Fonte: http://modArnart4kids.blogspot.fi/search/label/collage

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    FIGURA 3- Mosaico retrato, engrenagens de bicicleta, vidro, telhas de mosaico por Laura

    Harris. Fonte: https://mosaicartsource.wordpress.com

    1.1 OBJETIVO

    O objetivo deste trabalho desenvolver um referencial terico, sobre a tcnica

    da COLAGEM, de como ela se transformou de um simples trabalho de aplicao do

    material num plano, em uma forma de expresso artstica. A outra parte deste projeto

    criar um painel, contendo fragmentos de cermica e outros materiais do nosso cotidiano,

    com base neste estudo.

    2.0 REFERENCIAL TEORICO

    Para este projeto utilizarei como referncia os movimentos do Cubismo sinttico

    e do Dadasmo, perodo quando houve o reconhecimento e a utilizao da Colagem

    como forma artstica de expresso. Os pintores do Cubismo, Pablo Picasso e George

    Braque, trouxeram atravs de suas colagens no s o cotidiano para dentro das telas,

    mas tambm o questionamento sobre o uso destes objetos. Eles introduziam elementos

    triviais, do dia-a-dia para demonstrar que no existia separao entre o espao real e o

    espao da arte, de modo que as coisas da realidade podem passar para a pintura sem

    alterar sua substncia, elas aparecem na tela como elas mesmas so e no como uma

    representao. A ousadia foi incorporar objetos produzidos industrialmente para o

    mundo da arte, espao este considerado sagrado e acessvel a poucos; uma atitude

    provocativa a fim de forar uma discusso sobre a arte da poca. A colagem cubista

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    desafiou o pensamento esttico daquela poca, mas tambm trouxe uma reflexo sobre

    o aumento do consumo em Paris.

    Segundo Stangos (1980,p.57-59), Picasso e Braque conceberam um

    procedimento totalmente inovador, atravs dos papis e outros objetos colados na tela,

    eles podiam construir uma srie de formas abstratas, que podiam ser dispostas de tal

    maneira a sugerir um tema. Um pedao de papel marrom, pode se tornar uma guitarra,

    ou seja, comearam com a abstrao e seguiram na direo da representao. Segundo o

    autor, Braque recorta por exemplo, a forma de um cachimbo retirado de um jornal, joga

    fora o cachimbo e incorpora o jornal a tela, de modo que tomamos conhecimento do

    cachimbo pela sua ausncia.

    O Cubismo da Colagem utiliza o espao pela interseco de camadas de

    materiais colados, oferece ento de acordo com Janson (1996 ,pg.368), um conceito de

    espao basicamente novo, um verdadeiro marco na histria da pintura, at ento.

    No Dadasmo, a Colagem assume outro papel, ela serviu como um instrumento

    de irreverncia, frente aos questionamentos daquela poca. Para Argan (1992, p.353),

    podemos considerar a esttica dadasta como aquela que se vale de qualquer

    instrumento retirando materiais diversos, de fontes diferentes para servir ao seu

    propsito de denncia. A tcnica da Colagem atendia aos anseios dos artistas dadastas,

    pois eram trabalhos feitos ao acaso, no obedeciam a uma regra formal ou tcnica e foi

    utilizada amplamente para questionar a arte europeia.

    3.0 METODOLOGIA

    O trabalho a que me proponho fazer uma representao bidimensional de um

    painel contendo vrios fragmentos de cermica e de outros materiais do nosso dia-a-dia.

    Estes fragmentos cermicos sero trabalhados como se fossem uma pea inteira :

    inicialmente devo abrir uma placa de argila, cortar os pedaos na forma desejada,

    inteferir com texturas e cores, queimar em temperatura baixa, para s ento compor o

    meu painel

    A tcnica de placas de argila eleita para o desenvolvimento deste trabalho,

    consiste em espalhar sobre uma superfcie lisa, uma poro de argila compactando-a.

    Para manter a uniformidade da placa podemos ento, fazer uso da plaqueira

    (equipamento que permite espalhar a argila atravs de dois rolos tracionados por uma

    manivela) ou ento usar um rolo sobre duas rguas de madeira (ou guias),devidamente

    forrados com um plstico para que a argila no agarre.

    Figura 3 Tcnica de placas de argila

    Fonte: www.ehow.com.br

  • 11

    A argila um tipo de material que tem o seu tempo prprio de secagem e em

    cada momento recebe uma denominao diferente. A fase de acabamento ou ponto de

    couro a fase ideal para que faamos intervenes na pea, pois ela no estar

    totalmente seca para a queima e nem muito mida. Com as peas nesta fase pretendo

    fazer experimentaes com vrios tipos de texturas- usar engobes coloridos e esmaltes,

    para s ento, serem queimadas em forno eltrico. Um engobe a mistura de argila ou

    fragmentos de argila com gua, de consistncia pastosa na qual pode-se acrescentar

    xidos corantes e/ou pigmentos para produzir uma colorao. A aplicao se d

    normalmente em peas no ponto de couro, sobre a argila crua e mida, para que ambos

    encolham juntos durante a secagem. preciso que a antes de queimar no forno seja

    retirado todo o excesso de gua, caso contrrio, a pea poder explodir dentro do forno.

    Outro tipo de interferncia a aplicao dos esmaltes, neste caso escolhi os de

    baixa temperatura; para este processo a pea passar antes por uma queima, chamada de

    queima de biscoito. O processo de esmaltao significa passar sobre a pea uma camada

    de esmaltes cermicos ou vidrados que tem como finalidade dar um aspecto vitrificado

    na pea aps sua queima. Seu estado normal transparente, incolor, mas pode se tornar

    opaco ou colorido dependendo dos corantes e xido que so acrescentados a ele. Ele

    deve ser aplicado com um pincel macio, na pea j biscoitada, podendo tambm utilizar

    a tcnica de imerso, rolagem ou pulverizao.

    Aps a aplicao do engobe ou do esmalte passamos a fase da queima das peas.

    O processo de cozimento s pode acontecer quando o objeto estiver totalmente seco, ou

    seja, ele adquire uma colorao mais clara. A queima das peas deste projeto devero

    ser em baixa temperatura, em torno de 980 ,em um forno eltrico.

    Depois de todo esse processo passarei para a fase de montagem do painel,

    colando esses fragmentos em uma superfcie de madeira reciclada ou MDF., aliados a

    outros materiais retirados do nosso cotidiano.

    4.0 PROCESSO CRIATIVO

    O projeto em questo faz parte da disciplina de Laboratrio de

    Criao, que tem como finalidade orientar o aluno no processo de construo do

    Trabalho de Concluso de Curso (TCC). Esta orientao vai alm do trabalho terico,

    devemos desenvolver um trabalho prtico, para que faamos experimentaes com

    diversos materiais, cores e tipos de queimas. A descrio abaixo diz respeito ao

    processo de criao desta pea, um estudo prvio, que dever ser aprimorado para o

    TCC.

    Para se trabalhar com a argila necessrio respeitar algumas etapas, que so

    executadas segundo uma ordem rigorosa: preparao da massa, modelagem, queima de

    biscoito- fase em que a argila se transforma em cermica; decorao e uma posterior

    queima. Para que a argila crua se transforme em uma pea colorida podemos aplicar os

    engobes nela ainda em ponto de couro. Com a pea biscoitada podemos aplicar o

    esmalte - que pode ser de baixa ou de alta temperatura. A cor da argila tambm interfere

  • 12

    no resultado final, optei em trabalhar tanto com a argila branca, quanto com a argila

    vermelha.

    Para este trabalho nas peas j biscoitadas, apliquei os esmaltes de baixa nas

    cores: branca, vermelha, azul bic, verde petrleo, verde e amarelo. E em outras, ainda

    em ponto de couro, apliquei os engobes nas cores azul, marrom e branco. Quando a

    argila estava seca, fase chamada de ponto de couro em algumas peas apliquei a terra

    sigilata vermelha. Outra experimentao foi usar uma argila em p vermelha, misturada

    com gua e outras com o 096 e aplicar nas peas em ponto de couro.

    O suporte do meu painel ser uma placa de MDF, medindo 54x43cm, que uma

    base capaz de suportar o peso das peas queimadas e coladas. A cola ou adesivo um

    importante elemento nesta composio, uma vez que os fragmentos de cermicas e os

    outros objetos podero ficar pesados e correrem o risco de se soltarem da base. Optei

    por utilizar uma Cascorex Extra, cujo teste anterior se mostrou eficaz neste quesito.

    4.1 RESULTADO DOS TESTES

    Figura 6 A - Argila Vermelha

    Figura 6 A - Argila Branca

    Figuras 6 A/B Peas texturas diversas em argila vermelha e branca em processo de secagem

  • 13

    Figuras 7 Peas biscoitadas Queima de Forno Eltrico a 950

    Figura 8 Processo de esmaltao, peas sero queimadas novamente a 980

    Figura 9 -Resultado da queima com esmalte - 980

  • 14

    Figura 10A

    Figura 10 B

    Figura10C

    Figuras 10A/B/C Peas com aplicao de engobes queimar a 980 no forno eletrico

    Figura 10 D

    Figuras 10 A/B/C/D- Aplicao e Resultados de engobes e peas biscoitadas queima a 980 no forno eltrico a 980

  • 15

    Figura 11 A Figura 11 B

    Figura 11 C

    Figuras 12 A/B/C Aplicao e Resultado de Terra Sigilata Vermelha- Queima a 980C- F. Eltrico

    Figura 12- Aplicao de Engobe Branco na argila vermelha / Resultado- Queima 980 C- F.Eletrico

  • 16

    Figura 13A

    Figura 13B

    Figuras 14/A/B Peas biscoitadas- Aplicao e Resultado Argila Vermelha em p misturada com

    096- - Queima 980 C- F.Eletrico

    Figura 14 Pea biscoitada- Aplicao e Resultado Argila Vermelha em p misturada com gua -

    Queima 980 C- F.Eletrico

  • 17

    4.2 ANLISE DOS RESULTADOS

    Alguns dos resultados foram surpreendentes: no caso as peas com aplicao de

    Terra Sigilata na argila branca, a cor foi de uma delicadeza que no esperava, apesar de

    ter lustrado o brilho pouco apareceu. Nas peas com aplicao de engobe, houve

    diferena com relao a argila- na argila vermelha a cor foi mais intensa enquanto na

    argila branca as cores foram bem apagadas e totalmente sem brilho. O resultado do

    engobe azul foi to suave que se tornou um branco azulado. Aquelas em que apliquei a

    argila em p mais o 096, nas peas feitas com argila branca e biscoitadas, craquelaram

    bastante e na outra o vermelho intensificou ficando na cor da argila vermelha. O engobe

    branco aplicado na argila vermelha cobriu perfeitamente a pea.

    Com as peas em mos agora executar a obra.

    4.3 CRONOGRAMA DE EXECUAO DA PEA

    Este foi um projeto de muitos desafios, desde a escolha do tema, quanto a

    escolha do suporte e materiais a serem usados para a confeco do painel.

    O trabalho foi sendo construdo aos poucos, tanto nas peas que ia fazendo sem

    saber ao certo como iria us-las, quanto a escolha de um tema. Durante semanas fui de

    um extremo ao outro, queria uma pea abstrata, portanto, sem tema definido; outras

    vezes queria incorporar vrios elementos ao painel sem ordem alguma, como faziam os

    dadastas. Mas com muito custo entendi que existia sim, uma ordem na desordem das

    telas destes artistas. Havia uma inteno e no fundo tudo tinha um direcionamento.

    Aps ler inmeras vezes o projeto, ver imagens e de refletir muito escolhi o tema:

    Destruio e Construo.

    Dentro do meu objeto de estudo que a Colagem, este era um tema muito

    pertinente; estou falando de colar pedaos, juntar fragmentos que nada mais que um

    processo de reconstruo de algo que foi destrudo.

    A segunda fase foi colocar em prtica esta ideia. Esta era a fase de se pensar no

    suporte e no tipo de adesivo mais adequado, de tal forma que os pequenos pedaos de

    cermica se fixassem, sem correrem o risco de cair.

    Resolvido isto, precisava colocar a mo na massa dispor todos os fragmentos

    cermicos dentro de uma forma que fizesse sentido. Analisei vrias imagens e optei por

    esta de uma mulher encoberta com um grande capuz. Na verdade, um ser misterioso que

    guarda segredos indecifrveis. A imagem foi perfeita para representar os processos

    internos que todos ns vivenciamos, os altos e baixos de qualquer um, que na maioria

    das vezes esto ocultos sob um disfarce.

    Iniciei o trabalho passando uma camada de tinta acrlica marrom no fundo,

    deixando uma borda mais clara, fazendo movimentos circulares, que davam ideia de

    algo em processo. Alis, utilizarei as cores para representar a ideia de que estamos

    sempre processando algo dentro de ns. Alguns locais com cores mais escuras,

    mescladas com as claras; outra maneira usar grande nmero de peas circulares, que

    lembram de ondas.

    Fiz vrios experimentos com os pedaos de cermica, distribuindo-os em cores

    iguais ou mescladas com outras cores, ou formas diferentes. Nesta fase comprei livros

  • 18

    sobre mosaicos, pois afinal estava montando uma pea com pequenos mosaicos de

    cermica sem ter nenhuma noo de como se fazer.

    Para encobrir o capuz utilizei um material reciclado o filtro de caf, que tambm

    tem essas nuance de claro e escuro, mas tambm significando sobretudo o processo de

    construo interno, dos saberes, do acmulo de informaes que recebemos sem nos dar

    conta, que precisam ser filtrados para que haja uma transformao. Nas extremidades do

    capuz coloquei uma chave sobre uma pea de argila e noutra uma borboleta. A chave

    simbolizando que sempre h uma sada seja para qual for o tipo de problema, todos

    temos cdigos ou senhas que nos levam ao equilbrio. A borboleta simbolizando o outro

    extremo, o da transformao, que atravs deste processo infindvel de nutrio e

    seleo, de separar aquilo que essencial h um processo de fortalecimento que nos

    amadurece e nos mantem em equilbrio.

    Tudo muito lindo e explicadinho, mas a realidade foi bem outra. Com muito

    medo comecei a colar os pedaos de cermica que no mosaico se chamam de tesselas.

    Segundo a tcnica do mosaico, depois que voc cola as tesselas, tem que rejuntar para

    que se cubram os espaos entre elas. Com o rejunte em mos passei conforme

    instrues e o resultado foi que os buracos foram cobertos, mas deixou um rastro

    vermelho em partes que no deveria e no podia deixar. A medida que ia limpando, o

    engobe das tesselas iam saindo, manchando. E agora? O que fazer? Fiquei dias olhando

    aquilo e sem saber como consertar. (Figura 17 ).

    No queria desistir do meu projeto, ainda que no desse certo no final, queria

    v-lo finalizado para o meu juzo final. Fiz as devidas limpezas ao invs de jogar tudo

    fora resolvi ento passar sobre as tesselas manchadas, tinta acrlica (acrilex) a base de

    gua para que disfarasse o estrago. Usei as cores Capuccino e amarelo pele e o branco,

    o que me permitiu querer prosseguir. Quanto ao revestimento de filtro de caf que tinha

    tantos significados e que manchou,provavelmente, vai ficar no fundo pois, ou coloco

    uma nova camada de filtro ou um outro tipo de textura.

    Outro tipo de alterao, foi quando eu fui testar o rosto que deixei para biscoitar

    no forno eltrico ele era menor do que aquele que fiz! Talvez tenha passado por um

    processo de retrao, bom tudo isto foi um grande aprendizado.

    Temos que planejar com cuidado os passos de qualquer projeto, fazer as partes

    que podem manchar primeiro e deixar o revestimento para cobrir a sujeira, como se

    fosse uma fita crepe, ao tirar por baixo est tudo perfeito. Tambm calcular a retrao

    das peas, principalmente daquela que um dos pontos principais do trabalho, para que

    no tenha que ficar consertando os erros.

    De qualquer forma, agora tentar terminar para as prximas semanas, e levar

    muitos ensinamentos deste estudo preliminar .

  • 19

    Figura 15- Comeando a pensar a pea

    Figura 16 Testando as tesselas sem colar

    Figura 17- Quando o erro tem que ser transformado

  • 20

    Figura 18- A reparao inicial

    5.0 CONSIDERAES FINAIS

    O projeto em questo se prope a aprofundar sobre o uso da tcnica da

    COLAGEM no mundo das artes. Seu foco principal ser nos movimentos artsticos

    Cubismo e Dadasmo. A Colagem um procedimento esttico que causa grande

    impacto, um processo de produo de novas formas e imagens a partir de fragmentos

    que podem ser qualquer objeto do cotidiano ou outro qualquer. Os fragmentos trazem

    consigo a particularidade de falar de um conjunto e instigam o seu observador a tentar

    reconstru-lo seja atravs da imaginao ou de sensaes.

    Foi a partir da que escolhi o tema do meu trabalho como Destruiao e

    Construo, simbolizando tanto a colagem que reconstri formas atravs de objetos

    destrudos, quanto de nossos processos internos, de como estamos sempre a nos

    reinventar.At mesmo na construo deste trabalho, em to pouco tempo j passei por

    este processo, da quase destruio para a reconstruo. Do erro que vai virar acerto,

    belo ou no ele vai ser refeito.

    A Colagem foi e ainda uma linguagem visual uma tcnica simples, mas com

    grande poder de expresso. Atravs deste procedimento esttico gostaria de demonstrar

    que podemos nos expressar atravs da colagem utilizando fragmentos cermicos, em

    uma composio que possua uma fora capaz de falar de um tempo e do artista que a

    executou.

  • 21

    7.0 REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

    ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. So Paulo: Companhia das letras. 1992.

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    MLCA/mlca 15/06/2015