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2015 DERMATOLOGIA Prof.ª Dayane Cristine Vieira Prof.ª Deise Beppler Bento

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2015

Dermatologia

Prof.ª Dayane Cristine VieiraProf.ª Deise Beppler Bento

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Copyright © UNIASSELVI 2015

Elaboração:

Prof.ª Dayane Cristine Vieira

Prof.ª Deise Beppler Bento

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

610 V657d Vieira, Dayane Cristine

Dermatologia/ Dayane Cristine Vieira, Deise Beppler Bento Indaial : Uniasselvi, 2015.

185 p. : il

ISBN 978-85-7830-873-5 1. Medicina e saúde I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

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III

apresentação

Prezado(a) Acadêmico(a)!

Seja Bem-Vindo(a) à disciplina de Dermatologia!

A Dermatologia está intimamente ligada à estética e imagem corporal. Saber identificar e tratar as disfunções estéticas existentes é de grande importância, pois atualmente este ramo ganhou sentido de “qualidade de vida” onde é utilizado não somente como uma opção, mas como essencial ao cotidiano de muitas pessoas, pelos seus diversos benefícios proporcionados.

Com o grande crescimento do ramo atual de estética há a necessidade também da formação de mão de obra qualificada, ou seja, hoje em dia muitos profissionais que atuam na área não possuem conhecimento profundo acerca dos tratamentos disponibilizados pelos próprios, o que é um grande risco para o cliente, pois além de ter que se submeter a um tratamento contínuo, muitas vezes estes tratamentos não são corretamente efetuados e podem gerar risco de morte.

A disciplina de Dermatologia tem função de embasar teoricamente todos os processos anatomofisiológicos que ocorrem em nosso organismo, e consequentemente auxiliar o estudante na construção do seu conhecimento, para que aplique de forma ética e coerente os seus tratamentos.

Na primeira unidade deste caderno você, acadêmico, terá uma breve introdução ao estudo da dermatologia onde, aprenderá sobre as principais estruturas, funções e composição do tecido epitelial, além do seu funcionamento fisiológico como também de todas as partes envolvidas no processo de metabolismo.

Já na segunda unidade deste caderno de estudos você aprenderá a identificar, reconhecer e classificar as mais variadas alterações anatomofisiológicos da pele através dos processos de avaliação e anamnese, que são essenciais para indicação de um tratamento correto para o biotipo e objetivo do cliente.

Na última e terceira unidade serão apresentadas algumas patologias e disfunções estéticas que são maior alvo de procura de tratamento nos dias atuais, serão apresentadas, inclusive, suas origens como também suas manifestações no tecido que atingem.

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IV

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

É importante que você, acadêmico, esteja atento a todas as informações contidas neste caderno de estudo, que são de fundamental importância para seu crescimento e aprimoramento profissional, mas que somente isso não lhe valha de informação, portanto busque conhecimento de todas as formas sempre que puder, este diferencial é o que o tornará um profissional de sucesso!

Bons estudos!

Prof.ª Deise Beppler Bento

NOTA

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V

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VI

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VII

UNIDADE 1 – DERMATOLOGIA ....................................................................................................... 1

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA......................................................................... 31 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 32 O CONCEITO DE DERMATOLOGIA ............................................................................................. 33 ESTRUTURA GERAL DA PELE ........................................................................................................ 5

3.1 EPIDERME ........................................................................................................................................ 63.2 DERME .............................................................................................................................................. 83.3 HIPODERME .................................................................................................................................... 9

4 FUNÇÕES DO TECIDO EPITELIAL ................................................................................................ 94.1 FUNÇÃO DE PROTEÇÃO ............................................................................................................. 104.2 FUNÇÃO DE REGULAÇÃO TÉRMICA ...................................................................................... 104.3 FUNÇÃO IMUNITÁRIA ................................................................................................................ 104.4 FUNÇÃO METABÓLICA ............................................................................................................... 114.5 FUNÇÃO SENSORIAL ................................................................................................................... 11

5 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA PELE............................................................................................... 12RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 13AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 14

TÓPICO 2 –ANEXOS CUTÂNEOS ...................................................................................................... 151 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 152 GLÂNDULAS SUDORÍPARAS ......................................................................................................... 153 ESTRUTURA E FUNÇÃO: NERVOS, VASOS SANGUÍNEOS E LINFÁTICOS .................... 17

3.1 NERVOS ............................................................................................................................................ 173.2 VASOS SANGUÍNEOS ................................................................................................................... 203.3 VASOS LINFÁTICOS ...................................................................................................................... 20

4 FOLÍCULO PILOSO ............................................................................................................................. 21LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 25RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 34AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 36

TÓPICO 3 – FISIOLOGIA DO TECIDO EPITELIAL ....................................................................... 371 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 372 FISIOLOGIA DA DERME .................................................................................................................. 37

2.1 RENOVAÇÃO DA PELE ............................................................................................................... 372.2 MANTO HIDROLIPÍDICO ............................................................................................................ 382.3 PERMEAÇÃO CUTÂNEA ............................................................................................................. 382.4 A MATRIZ EXTRACELULAR ....................................................................................................... 39

3 FUNÇÕES FUNDAMENTAIS DO TECIDO EPITELIAL............................................................. 414 FLORA BACTERIANA ........................................................................................................................ 42

4.1 FLORA FÚNGICA ........................................................................................................................... 434.2 VARIAÇÕES DA FLORA CUTÂNEA .......................................................................................... 43

LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 45RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 53AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 55

sumário

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VIII

UNIDADE 2 – DERMATOLOGIA ....................................................................................................... 57

TÓPICO 1 –TIPOS DE PELE: AVALIAÇÃO E ANAMNESE .......................................................... 591 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 592 TEORIA DA AVALIAÇÃO ................................................................................................................. 593 ANAMNESE........................................................................................................................................... 60

3.1 A ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES EM ESTÉTICA ...................................................................... 624 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE PELE ........................................................................................ 66

4.1 CARACTERÍSTICAS DOS TIPOS DE PELE ................................................................................ 68LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 70RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 82AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 83

TÓPICO 2 – CLASSIFICAÇÃO DA MELANINA E FOTOTIPOS ................................................ 851 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 852 SÍNTESE DA MELANINA.................................................................................................................. 853 CLASSIFICAÇÕES DA MELANINA ............................................................................................... 864 RAIOS ULTRAVIOLETA .................................................................................................................... 875 FOTOTIPOS........................................................................................................................................... 88

5.1 CONCEITO DE FOTOTIPOS ......................................................................................................... 885.2 CLASSIFICAÇÃO DE FOTOTIPO ................................................................................................ 89

LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 91RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 93AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 94

TÓPICO 3 – ENVELHECIMENTO CUTÂNEO ................................................................................. 951 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 952 TEORIA DO ENVELHECIMENTO .................................................................................................. 95

2.1 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS E FUNCIONAIS DO ENVELHECIMENTO ................... 972.2 CRONOBIOATIVIDADE ................................................................................................................ 972.3 O RELÓGIO DA BELEZA .............................................................................................................. 972.4 CAUSAS DO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO ........................................................................ 992.5 ALTERAÇÕES CUTÂNEAS E DE SEUS ANEXOS .................................................................... 101

3 TIPOS DE ENVELHECIMENTO ....................................................................................................... 1054 GRAUS DE ENVELHECIMENTO .................................................................................................... 1065 CLASSIFICAÇÃO DE RUGAS E LINHAS DE EXPRESSÃO ..................................................... 107

5.1 RUGAS .............................................................................................................................................. 1085.2 SULCOS FACIAIS ............................................................................................................................ 112

RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 114AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 116

UNIDADE 3 – DERMATOLOGIA ....................................................................................................... 117

TÓPICO 1 – PATOLOGIAS E ALTERAÇÕES CUTÂNEAS ........................................................... 1191 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1192 DERMATITE .......................................................................................................................................... 119

2.1 SINAIS ............................................................................................................................................... 1202.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO ............................................................................................... 120

3 PSORÍASE .............................................................................................................................................. 1203.1 SINAIS ............................................................................................................................................... 1203.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO ............................................................................................... 121

4 ACNE ....................................................................................................................................................... 121

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IX

4.1 GRAUS .............................................................................................................................................. 1214.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO ............................................................................................... 123

5 ROSÁCEA ............................................................................................................................................. 1235.1 CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................... 1235.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO .............................................................................................. 123

6 RUGAS ................................................................................................................................................... 1246.1 CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................... 1246.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO ............................................................................................... 126

7 OLHEIRAS ............................................................................................................................................. 1267.1 CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................................................ 1267.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO ............................................................................................... 126

8 LESÕES CUTÂNEAS ........................................................................................................................... 1278.1 MÁCULA OU MANCHA .............................................................................................................. 1278.2 ERITEMA .......................................................................................................................................... 1278.3 CIANOSE .......................................................................................................................................... 1278.4 TELEANGIECTASIA ....................................................................................................................... 1288.5 EQUIMOSE ....................................................................................................................................... 1288.6 HEMATOMA .................................................................................................................................... 1298.7 EFÉLIDE ............................................................................................................................................ 1298.8 FITOFOTOMELANOSE.................................................................................................................. 1298.9 NEVO VASCULAR .......................................................................................................................... 1298.10 CLOASMA ...................................................................................................................................... 1298.11 MANCHA SENIL .......................................................................................................................... 1308.12 VITILIGO ........................................................................................................................................ 1308.13 MICOSE ........................................................................................................................................... 1318.14 CÂNCER DE PELE ........................................................................................................................ 1318.15 LEUCODERMIA ............................................................................................................................ 1338.16 NEVO MELANOCÍTICO ............................................................................................................. 1338.17 PINTA .............................................................................................................................................. 1348.18 COMEDÃO ..................................................................................................................................... 1348.19 PÁPULA .......................................................................................................................................... 1348.20 NÓDULO ........................................................................................................................................ 1348.21 CISTO ............................................................................................................................................... 1348.22 MÍLIO .............................................................................................................................................. 1358.23 PÚSTULA ........................................................................................................................................ 1358.24 VESÍCULA ...................................................................................................................................... 1358.25 BOLHA ............................................................................................................................................ 1358.26 FOLICULITE ................................................................................................................................... 1358.27 ABCESSO ........................................................................................................................................ 1358.28 ICTIOSE ........................................................................................................................................... 1368.29 XANTELASMA .............................................................................................................................. 1368.30 XERODERMIA ............................................................................................................................... 1368.31 ELASTOSE SOLAR ........................................................................................................................ 1368.32 DERMATOSE PAPULOSA NIGRA ............................................................................................ 1378.33 SERINGOMA ................................................................................................................................. 1378.34 VERRUGA ...................................................................................................................................... 1378.35 FIBROSE .......................................................................................................................................... 1378.36 QUERATOSE PILAR ..................................................................................................................... 138

RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 139AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 142

TÓPICO 2 – DISFUNÇÕES ESTÉTICAS CORPORAIS .................................................................. 1431 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 143

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X

2 OBESIDADE E ADIPOSIDADE ........................................................................................................ 1433 GORDURA LOCALIZADA ................................................................................................................ 1524 FLACIDEZ .............................................................................................................................................. 154

4.1 FLACIDEZ MUSCULAR ................................................................................................................ 1554.2 FLACIDEZ CUTÂNEA ................................................................................................................... 1564.3 AVALIAÇÃO E TRATAMENTO ................................................................................................... 156

5 LIPODISTROFIA GINOIDE .............................................................................................................. 1575.1 DEFINIÇÃO E FISIOPATOLOGIA ............................................................................................... 158

5.1.1 Teste da preensão .................................................................................................................... 1585.1.2 Teste da casca de laranja ........................................................................................................ 158

5.2 GRAUS .............................................................................................................................................. 1586 CICATRIZES .......................................................................................................................................... 160

6.1 ORIGENS E TIPOS .......................................................................................................................... 1606.1.1 Cicatriz Normal ....................................................................................................................... 1606.1.2 Cicatrizes Patológicas e Inestéticas ...................................................................................... 161

6.2 FATORES QUE INFLUENCIAM NA CICATRIZ ....................................................................... 165LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 167RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 176AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 177REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 179

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UNIDADE 1

DERMATOLOGIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade, você será capaz de:

• definir o conceito de Dermatologia, verificando sua importância para o estudo em estética;

• conhecer a anatomia, histologia e fisiologia da pele;

• identificar quais são os tipos anexos cutâneos presentes na pele e suas fun-ções;

• reconhecer algumas patologias relacionadas à pele, como também o diag-nóstico e tratamento delas.

Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que, no final de cada um deles, você encontrará atividades que o (a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA

TÓPICO 2 – ANEXOS CUTÂNEOS

TÓPICO 3 – FISIOLOGIA DO TECIDO EPITELIAL

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TÓPICO 1UNIDADE 1

INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA

1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro tópico, você verá assuntos relacionados à base da dermatologia estética, desde a sua origem até os processos que envolvem o estudo e a aplicação da dermatologia em nosso meio.

Em seguida, verá quais são as estruturas principais que compõem a pele, suas funções, como também seu papel anatômico e fisiológico perante o estudo da dermatologia estética.

Serão descritas as principais funções do tecido cutâneo, como também destacados os tipos celulares que contribuem para o funcionamento fragmentado e dinâmico do tecido epitelial.

Por fim, verificaremos qual a composição química da pele, nomeando e descrevendo diversas substâncias fundamentais para o crescimento, diferenciação e manutenção do tecido cutâneo.

2 O CONCEITO DE DERMATOLOGIA

Originalmente, a tradução para a palavra dermatologia significa “o estudo da pele”. Este conceito básico deriva do grego. De acordo com o Dicionário Aurélio (2014), trata-se de um ramo da ciência médica que discursa acerca do diagnóstico e tratamento das doenças que afetam a pele.

Podemos entender também que a dermatologia envolve o estudo anatomofisiológico de todos os processos que acontecem nos tecidos cutâneos, sejam estes tanto superficiais como intermediários e profundos.

É de grande importância, inclusive, que se realize uma revisão histórica sobre os acontecimentos e estudos que levaram à construção da dermatologia atual. Investigar os processos históricos de formação desta área de conhecimento é de suma necessidade para agregar valor ao processo de atuação profissional.

Sabe-se que, desde Hipócrates (430-37 a. C.), já se fazia referência às doenças da pele. Entretanto, a criação da verdadeira dermatologia iniciou-se no final do século XVIII e, finalmente, chegou a estádio superior no século XX. Três países - França, Inglaterra e Áustria - foram o berço da Dermatologia.

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

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O primeiro livro sobre Dermatologia, Doctrina de Morbis cutaneis, deve-se a Plenck, publicado em 1776 na Áustria. Os franceses desconheciam essa obra e julgaram, durante muito tempo, que o primeiro livro seria o Tractatus de Morbis Cutaneis, 1777, de Anne-Charles Lorry. Trata-se de um verdadeiro tratado, com 640 páginas, que visava simplificar o problema de modo a permitir que jovens médicos conhecessem, de maneira mais exata, as doenças dermatológicas.

Lorry dividiu seu livro em duas partes: na primeira, estudou anatomia, fisiologia e patologia da pele, e, além disso, procurou investigar a etiologia das doenças cutâneas, negando a etiologia humoral e chamando atenção para as causas externas, cáusticas e parasitárias; é ainda nesse capítulo que ressalta seis tipos de manifestações cutâneas: pústulas simples, pústulas contendo um humor estranho, úlceras, tumores, manchas e escamas.

No segundo capítulo do livro, distingue dois tipos de dermatoses: as que são internas e vêm, posteriormente, localizar-se na pele, e as que nascem na própria pele; estuda ainda os efeitos tóxicos, os tumores e doenças do couro cabeludo, ou seja, as alopecias, as doenças próprias da face e as das extremidades.

Vinte e um anos após a obra de Lorry surge a Dermatologia em Londres, com Robert Willan, que desenvolve um importante trabalho sobre as doenças da pele e as classifica segundo as "lesões elementares", termo esse criado por seu discípulo Thomas Bateman.

Outro inglês, Daniel Turner (1667-1741), também foi um dos pioneiros em Dermatologia e, além disso, introduziu a nomenclatura greco-latina para designar as dermatoses.

Merece ser citado o francês Jean-Louis Alibert, que trabalhou no Hospital Saint-Louis. Alibert, que era barão, expõe sua classificação baseada em raízes gregas, conforme o modelo botânico de Bernard de Junieu, que levou à instituição da "Árvore das Dermatoses".

Em Londres, surge ainda o dermatologista Erasmus Wilson, que realiza uma nova classificação baseada em aspectos morfológicos, anatomopatológicos e etiológicos.

Na metade do século XIX, surge, em Viena, o extraordinário Ferdinando Hebra, que fundou a melhor escola de Dermatologia do mundo daquela época, mantendo-se por 50 anos, durante os quais despertou a atenção de colegas de várias partes do mundo que lá estagiaram.

FONTE: Adaptado de: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962003000500012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 out. 2014.

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA

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A partir desde momento na história, a dermatologia tomou grande espaço em várias partes do mundo. Até hoje é uma das especialidades mais estudadas e procuradas por diversos estudiosos e profissionais que buscam aperfeiçoamento pessoal e conhecimento acerca dos processos patológicos que afetam a pele como um todo.

DICAS

Para complementar este estudo inicial, você pode conferir o livro “Dermatologia”, da Editora Gen, escrito por Rubem David Azulay.

3 ESTRUTURA GERAL DA PELE

De acordo com Silva (2013), a pele é o manto de revestimento do organismo, indispensável à vida e que isola os componentes orgânicos do meio exterior.

A pele é o maior órgão de todo nosso corpo, e também o que está mais exposto ao ambiente sob todas as formas. Este órgão sofre todos os dias com fatores químicos, físicos e biológicos, que agem sob toda sua superfície.

O tecido epitelial constitui-se em uma complexa estrutura de várias naturezas relacionadas e dispostas de modo a se adaptar às alterações exteriores, como também a desempenhar suas funções orgânicas básicas.

A pele compõe-se, essencialmente, de três camadas grandes de tecidos: uma camada superficial, a epiderme; uma camada intermediária, a derme; e uma camada profunda, a hipoderme ou tecido celular subcutâneo (SILVA, 2013).

Geralmente, em média, a pele representa de 10% a 15% do peso corporal. Sob toda a sua extensão, ela possui uma variedade de alterações anatômicas. Em determinadas regiões, se apresenta extremamente fina e sensível, como na face e no colo, e em outras regiões apresenta-se de forma mais rígida e “grossa”, no caso de extremidades, como cotovelos e joelhos.

A partir de agora veremos quais são as diferenças estruturais e as características que diferenciam as três divisões do tecido epitelial.

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

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3.1 EPIDERME

Na figura abaixo (FIGURA 1), poderemos distinguir quais são as principais partes da epiderme.

FIGURA 1 – COMPOSIÇÃO ESTRUTURAL DA EPIDERME

FONTE: Silva (2013, p. 3)

O stratum corneum (camada córnea) é a mais superficial, sendo composta de cerca de 25 a 30 camadas de queratinócitos achatados e mortos, que descamam continuamente, sendo substituídas por células dos extratos mais profundos. O alto conteúdo lipídico forma uma barreira para retenção de água e resistência. Esta camada fornece 98% de habilidade de retenção de água da epiderme. A membrana plasmática se torna grossa devido à deposição e ligação cruzada de proteínas, como a involucrina, ao longo da superfície interna para formar o envelope córneo. Estas células não possuem núcleo e outras organelas, mas possuem inúmeros filamentos de queratina.

O stratum lucidum (camada lúcida) é de 3 a 5 camadas de queratinócitos mortos, translúcidos e achatados, contendo grande quantidade de queratina; está presente apenas em áreas de maior fricção, como palmas das mãos e planta dos pés. Faz parte da camada córnea espessa (pele grossa).

O stratum granulosum (camada granular) é caracterizada pela presença de grânulos de queratohialina entre os filamentos de queratina; consiste em 3 a 5 camadas de queratinócitos achatados. Esta é a camada mais superficial em que as células ainda possuem núcleo. No entanto, é nesta camada que é dado início a apoptose (morte geneticamente programada), onde os núcleos se fragmentam e começam a degenerar junto a outras organelas desta célula.

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA

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O stratum spinosum (camada espinhosa) é a camada mais grossa da epiderme, composta de oito a dez camadas de queratinócitos poliédricos, tornando-se levemente achatadas. As células nesta camada chegam por migração da camada basal, perdendo sua adesão à lâmina basal e se aderindo a outros queranócitos.

O stratum basale (camada basal) é a camada mais profunda e fica logo acima da derme, sendo composta de uma única camada de células cubóides. É a camada com a maior atividade mitótica, contendo nela algumas células-tronco que sofrem mitose para produzir novos queratinócitos. As camadas de células basais se ligam à basement membrane (lâmina basal).

FONTE: Silva (2013, p. 4)

Os queratinócitos são células que possuem alta concentração de queratina, que é uma proteína que tem função de proteção química, física e biológica.

À medida que as células da epiderme aumentam de camada, tornam-se cada vez mais queratinizadas, uma vez que são mais expostas; ao chegar à última camada, geralmente se desprendem do tecido, dando continuidade à renovação celular no local.

As células de Langerhans são grandes unidades celulares dendríticas, com capacidade de proteção imunológica do tecido. São responsáveis pela apresentação de antígenos (agentes infecciosos) para o sistema imunitário.

As células de Merkel são receptores neurais, sensíveis a estímulos. Estas células são mais encontradas na pele da mão e dos dedos, como também nos lábios. A estrutura que detecta a sensação do tato é chamada de disco tátil de Merkel.

Os melanócitos são células que produzem a melanina, que é uma substância responsável, principalmente, pela coloração da pele e pela fotoproteção. A melanina é produzida pelos melanossomos e passa para os queratinócitos por um sistema ainda não muito bem esclarecido.

ESTUDOS FUTUROS

Veremos, nas próximas unidades, um pouco mais sobre o processo de melanogênese e função da melanina, buscando identificar as características dos fototipos presentes em nossa população.

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

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3.2 DERME

Agora podemos ver também na figura logo abaixo (FIGURA 02) a estruturação da derme.

FIGURA 2 – COMPOSIÇÃO ESTRUTURAL DA DERME

FONTE: Disponível em: <http://www.dermatofuncional.pt/derme>. Acesso em: 28 out. 2014

A derme é uma camada mais complexa do que a epiderme, pois é um tecido de conecção, que é composto de fibras do tecido conjuntivo; sua superfície é densa e em sua maioria possui irregularidades.

Na derme se encontram fibras de grande importância estrutural, como o colágeno e a elastina, além dos glicosaminoglicanos, que têm como função principal a manutenção da hidratação cutânea.

Contém também em sua composição estruturas musculares, alguns neurônios, fibroblastos, que são responsáveis pela produção das fibras antes citadas e possuem tecido vascular bem desenvolvido.

As células numerosas da derme são os fibrócitos, que sob a ação de um estímulo se diferenciam e sintetizam fibras colágenas (conferem resistência), elásticas (conferem elasticidade) e reticulares (dão suporte às glândulas) (DERMATO FUNCIONAL, 2014).

De acordo com Silva (2013, p. 7), a derme contém duas camadas: a camada papilar e a camada reticular. A camada papilar é mais delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo. A camada reticular é mais espessa, constituída por tecido conjuntivo denso.

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA

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Derme Superficial ou Papilar: Forma cerca de 1/5 da espessura total da camada. Constituído por tecido conjuntivo areolar (tipo de tecido conjuntivo frouxo que ocupa os interespaços do organismo) com fibras elásticas. A área de contato com a epiderme é aumentada por pequenas projeções digitiformes chamadas de Papilas Dérmicas: (do latim, papilla = mamilo) que penetram na epiderme. Algumas delas contem vasos capilares. Outras contem receptores táteis chamados corpúsculos do tato ou Corpúsculos de Meissner (terminações nervosas sensíveis ao tato). As terminações nervosas livres (associadas com sensações de calor, frio, dor, sentir cócegas e coceira) também estão presentes nas papilas dérmicas. Derme Profunda ou Reticular: Conectada à tela subcutânea. Compõe-se de tecido conjuntivo denso “não-modelado”, contendo feixes de fibras colágenas e algumas fibras elásticas irregulares. Em meio às fibras encontram-se folículos pilosos, nervos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas.

3.3 HIPODERME

Hipoderme é uma camada que possui um número aumentado de células adiposas e é composta por um tipo de tecido conectivo frouxo. Esta camada confere vários benefícios, como flexibilidade, estoque de energia para as células locais, absorção de impactos físicos e isolamento.

A maioria dos anexos cutâneos também se localiza ainda na hipoderme. Esta camada também é uma fonte de queratinócitos, principalmente quando a pele sofre alguma alteração brusca e perde a epiderme e a derme por algum fator externo.

DICAS

Tratando da pele, esse tecido possui diversas classificações anatômicas, em que você pode aprofundar seu entendimento neste seguinte link: Só Biologia – Tecido Epitelial. Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/epitelio3.php>.

4 FUNÇÕES DO TECIDO EPITELIAL

A pele como um todo é um dos órgãos mais complexos de nosso corpo, visto que possui, além de suas características celulares, algumas estruturas fundamentais para a interação com o meio ambiente.

Basicamente, a função a priori da pele é a proteção contra ameaças externas. Porém além desta função, em decorrência da especialização de algumas células, este órgão possui funções adicionais, como proteção imunitária, atividade sensorial primária e também é através do tecido cutâneo que é regulado o equilíbrio hídrico.

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

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4.1 FUNÇÃO DE PROTEÇÃO

Sobre a função de proteção da pele, Silva (2013) comenta que a pele atua como uma barreira que nos separa do ambiente, impedindo a invasão e a ação prejudicial de poluentes, radiação solar, substâncias tóxicas, bactérias e vírus, entre outros agentes.

O tecido epitelial é rico em queratina, proteína que impermeabiliza a pele, regulando assim a perda de água do organismo para que ele não desidrate, além disso protege os tecidos subjacentes contra micróbios, abrasão, calor e substâncias químicas, e os queratinócitos estreitamente entrosados resistem à invasão de micróbios (SILVA, 2013, p. 18).

4.2 FUNÇÃO DE REGULAÇÃO TÉRMICA

A pele serve como reguladora de temperatura por diversos processos.

Primeiramente, um dos processos utilizados é a contração e a dilatação dos vasos sanguíneos que, através da regulagem da interação molecular com as células próximas, participa da variabilidade da absorção ou perda de calor interno.

O folículo piloso tem grande importância também, pois atrasa, de certa forma, a troca de calor, ficando ereto ele enrije suas estruturas, não permitindo a saída de calor do organismo.

Quando a temperatura corporal aumenta por algum fator, as glândulas sudoríparas excretam líquidos. Esta saída de líquidos diminui a pressão interna do organismo, facilitando assim a diminuição do calor interno e regulação do metabolismo celular.

Um fator muito importante, porém bastante variável, é quanto à presença de células adiposas. O tecido adiposo serve como isolante térmico natural, tanto para altas temperaturas como também para as baixas.

4.3 FUNÇÃO IMUNITÁRIA

De acordo com Silva (2013, p. 19):

A pele é um órgão importante do sistema imunitário. Ela alberga diversos tipos de leucócitos. Há linfócitos que regulam a resposta imunitária e desenvolvem respostas específicas; células apresentadoras de antígeno (histócitos ou células de Langerhans) que recolhem moléculas estranhas (possíveis invasores) que levam para os gânglios linfáticos onde apresentam aos linfócitos CD4+; mastócitos envolvidos em reações alérgicas e contra parasitas.

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TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À DERMATOLOGIA

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4.4 FUNÇÃO METABÓLICA

Existe uma grande variabilidade de funções metabólicas presentes em nossa pele. Uma das funções que se acredita ser a mais importante é a produção de vitamina D através dos raios solares. A vitamina D é fundamental no metabolismo do cálcio, que é agente formador do nosso tecido ósseo.

Sem a vitamina D como substrato para a formação óssea, este tecido cresce com deficiência, impedindo assim seu funcionamento adequado e podendo levar a problemas de enfraquecimento, até mesmo à osteoporose.

4.5 FUNÇÃO SENSORIAL

A pele também é tida como um órgão sensorial, no caso da sensibilidade ao tato. Possui várias estruturas com função e características distintas, que participam do processo de gerenciamento dos estímulos sensoriais que são enviados ao cérebro.

A figura abaixo (FIGURA 3) representa as estruturas antes citadas.

FIGURA 3 – ESTRUTURAS SENSORIAIS DA PELE

FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/anatomia-humana/tato/>. Acesso em: 28 out. 2014.

Sobre os Discos de Merkel já falamos anteriormente, porém ainda vale ressaltar que estes são responsáveis pela detecção de pressões leves e pequenos movimentos.

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

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Quanto aos corpúsculos de Meissner, estes são designados a realizar a percepção de pressões efetuadas com frequências diferenciadas.

Os corpúsculos de Pacini percebem também pressões, estes estão localizados com frequência nas extremidades dos dedos das mãos.

Já os corpúsculos de Ruffini são classificados como termorreceptores, pois em seu nível percebem a variação de estímulos na pele relacionada ao calor e ao equilíbrio interno de temperatura corporal.

Temos também as terminações nervosas livres, que são estruturas que reagem a vários estímulos, tanto químicos quanto mecânicos, térmicos e, inclusive, àqueles estímulos dolorosos gerados por algum fator externo.

ESTUDOS FUTUROS

No terceiro tópico desta unidade, você verá mais assuntos relacionados à estrutura da pele, tanto na função circulatória e linfática como também na sensorial.

5 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA PELE

O quadro abaixo (Quadro 1) representa a composição da pele.

QUADRO 1 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA PELE

Componente Descrição

Água Representa, em média, 70% da composição química da pele, variando conforme a região corporal.

ProtídiosRepresentam 27,5% da composição química da

pele e são aminoácidos, colágeno, elastina, ceratina, melanina, glicoproteínas, enzimas etc.

Lipídios Ácidos graxos, colesterol, fosfolipídios e triglicerídeos.

Glicídios Ácido hialurônico, glicose e glicogênio.

Sais MineraisCálcio (Ca), cobre (Cu), enxofre (S), ferro (Fe), fósforo (P), iodo (I), magnésio (Mg), manganês (Mn), potássio

(K), sódio (Na), zinco (Z) etc.

Hormônios e Ureia Hormônios que gerenciam as funções metabólicas e ureia que participa do processo de hidratação da pele.

FONTE: Gomes e Damazio (2013, p. 11)

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Neste tópico, você estudou que:

• Dermatologia significa “o estudo da pele”. A dermatologia estuda os processos que envolvem o diagnóstico e o tratamento das mais diversas disfunções epiteliais.

• Os três países que foram o berço da dermatologia antiga eram França, Áustria e Inglaterra.

• A primeira escola de dermatologia foi fundada em Viena no século XIX.

• A pele é o maior órgão de todo nosso corpo, e também o que está mais exposto ao ambiente sob todas as formas. Este órgão sofre todos os dias com fatores químicos, físicos e biológicos, que agem sob toda sua superfície.

• A pele compõe-se essencialmente de três camadas grandes de tecidos: uma camada superficial, a epiderme; uma camada intermediária, a derme; e uma camada profunda, a hipoderme ou tecido celular subcutâneo.

• A epiderme é a camada mais externa formada por diversas diferenciações celulares com funções específicas. Possui uma grande quantidade de queratinócitos, que são essenciais para a proteção cutânea.

• A derme é a camada intermediária da pele. É dividida em superficial e profunda. A camada superficial é mais delgada, constituída por tecido conjuntivo frouxo. A camada profunda é mais espessa, constituída por tecido conjuntivo denso.

• A hipoderme é a camada mais profunda da pele, composta principalmente de adipócitos.

• Basicamente, a função a priori da pele é a proteção contra ameaças externas. Porém, além desta função, em decorrência da especialização de algumas células, este órgão possui funções adicionais, como proteção imunitária, atividade sensorial primária e também é através do tecido cutâneo que é regulado o equilíbrio hídrico.

• Verificamos que os Discos de Merkel, corpúsculos de Meissner, Pacini e Ruffini, além das terminações nervosas livres, são fundamentais para a função sensorial da pele.

• A composição química básica da pele inclui água, protídios, lipídios, glicídios, sais minerais, hormônios e ureia, atuando como principais componentes de sua estrutura geral.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 O que é Dermatologia?

2 Quais são as cinco camadas presentes na epiderme? Diferencie cada uma delas.

3 Assinale verdadeira (V) ou falsa (F) para as afirmativas abaixo:

a) ( ) A derme é uma camada mais simples do que a epiderme, pois é um tecido de conecção.

b) ( ) Na derme, os fibrócitos crescem, diferenciam e sintetizam fibras colágenas, elásticas e reticulares.

c) ( ) A hipoderme é uma camada que possui um número aumentado de células adiposas e é composta por um tipo de tecido conectivo denso.

d) ( ) O tecido epitelial é rico em melanina, proteína que impermeabiliza a pele, regulando assim a perda de água do organismo para que ele não desidrate.

e) ( ) O tecido adiposo serve como isolante térmico natural, permitindo pouca entrada e saída de calor.

f) ( ) No caso da função metabólica, as células de Langerhans são responsáveis pela apresentação dos antígenos ao sistema imunitário.

g) ( ) Os discos de Merkel são responsáveis pela detecção de pressões leves e pequenos movimentos.

h) ( ) Os corpúsculos de Pacini percebem pressões; eles estão localizados com frequência nas extremidades dos dedos das mãos.

i) ( ) A água representa, em média, 50% da composição química da pele, variando conforme a região corporal.

j) ( ) Dentre os sais minerais presentes na pele, os principais são: Cálcio (Ca), cobre (Cu), enxofre (S), ferro (Fe), fósforo (P), iodo (I), magnésio (Mg), manganês (Mn), potássio (K), sódio (Na), zinco (Z) etc.

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 2

ANEXOS CUTÂNEOS

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Para iniciarmos este tópico, veremos acerca dos tipos de glândulas sudoríparas, que podem ser écrinas ou apócrinas, como também sobre a estrutura e funcionamento geral das glândulas sebáceas.

Em seguida, descreveremos sobre a estrutura e função dos nervos e sensores epiteliais, vasos sanguíneos e linfáticos (capilares) que auxiliam na formação e nas funções da pele.

Para finalizar o estudo deste tópico, abordaremos o estudo de um assunto polêmico relacionado à alopécia (queda de cabelo), realizando profunda análise e caracterização deste distúrbio comum nos dias de hoje.

2 GLÂNDULAS SUDORÍPARAS

Para iniciarmos o estudo destas glândulas, segue a figura ilustrativa abaixo (FIGURA 4):

FIGURA 4 – DEMONSTRATIVO DOS TIPOS DE GLÂNDULAS SUDORÍPARAS

FONTE: Disponível em: <http://www.tratamentocalvicie.com.br/artigo_08.php>. Acesso em: 1º nov. 2014

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

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As glândulas sudoríparas têm como principal função a produção de suor. Em nosso corpo, em toda a superfície cutânea, se encontram milhões destes anexos. As glândulas sudoríparas são divididas em écrinas e apócrinas, como mostrou a figura anterior.

Glândulas sudoríparas écrinas, que são distribuídas por toda a superfície do corpo. Elas produzem suor que é composto em sua maior parte de água com vários sais. Essas glândulas são usadas para a regulação da temperatura do corpo.Glândulas sudoríparas apócrinas, que produzem o suor que contém materiais gordurosos. Essas glândulas estão principalmente presentes nas axilas e em volta da área genital e sua atividade é a principal causa do odor do suor, devido às bactérias que quebram os compostos orgânicos no suor dessas glândulas. O estresse emocional aumenta a produção de suor das glândulas apócrinas, ou mais precisamente: o suor já presente no túbulo é empurrado para fora. As glândulas sudoríparas apócrinas servem basicamente como glândulas de cheiro. Entram em atividade durante a puberdade (TRATAMENTO CALVÍCIE, 2014a).

Temos também as glândulas sebáceas, que são muito importantes para a produção do sebo na pele.

De acordo com Silva (2013), as glândulas sebáceas são anexos dos folículos capilares e estão inseridas na derme e hipoderme. São predominantes no rosto, pescoço e parte superior do corpo.

Elas fazem secreção holócrina, onde a célula morre e torna-se o próprio produto de secreção. As células mortas são repostas por mitose na periferia da glândula. A secreção é o sebo, uma mistura de triglicérides e colesterol tipo cera (SILVA, 2013).

Cada folículo piloso tem pelo menos uma ou mais destas glândulas. O sebo produzido e excretado tem função de hidratação e lubrificação de pele e pelos. Tem também pequena ação antifúngica e bactericida, além de proteger a cútis do excesso de água na periferia da pele.

O sebo produzido nada mais é do que um concentrado de lipídios. A produção e excreção do sebo é regulada pelo metabolismo hormonal. Alterações neste metabolismo podem gerar modificações na quantidade de produção e liberação de sebo, podendo deixar a pele extremamente oleosa, ou até mesmo ressecá-la vigorosamente.

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TÓPICO 2 | ANEXOS CUTÂNEOS

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NOTA

Existe uma alteração metabólica que se chama Hiperidrose, que é caracterizada por uma sudorese excessiva (alta produção de suor pelas glândulas) em várias partes do corpo, por causas não comuns, como doenças ou fatores emocionais.

3 ESTRUTURA E FUNÇÃO: NERVOS, VASOS SANGUÍNEOS E LINFÁTICOS

3.1 NERVOS

A pele é um órgão que possui ampla inervação, e esta capacidade permite com que ela capte grande quantidade de estímulos internos e externos, dimensionando assim dados significantes acerca do meio em que vivemos.

A este órgão devemos a habilidade de receptar pressões e atritos, dos mais fortes aos mais delicados, permitindo analisar de certo modo, através do tato, as qualidades palpáveis dos mais variados objetos cotidianos.

Além de tudo isso, a pele, através desta propriedade, também recebe estímulos térmicos, de calor ou frio. Os sensores responsáveis por este reconhecimento estão em todas as partes do corpo. Muitas vezes são também responsáveis por gerarem estímulos dolorosos.

Existem algumas sensações diferenciadas que, na verdade, correspondem à junção de vários estímulos sensoriais da pele, como a sensação de ardor e também a sensação de prurido.

A pele desempenha esta função sensorial graças a uma série de formações nervosas específicas que atua como receptores e registram os vários estímulos, enviando esta informação sob a forma de impulsos elétricos através de complexas vias nervosas para o cérebro, onde são interpretados. Ao longo da superfície da pele, é possível encontrar uma série de elementos receptores distribuídos, que respondem a determinados estímulos ao enviarem informações para o sistema nervoso central, de modo que possam ser devidamente interpretados.Embora esta função seja, essencialmente, desempenhada pelas ramificações finais dos nervos sensitivos que se encontram em contato com a pele, existe igualmente determinados receptores intimamente ligados a estes nervos, cuja específica constituição lhes permite captar com maior precisão estímulos (MEDIPEDIA, 2014a).

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A imagem abaixo (FIGURA 5) representa os receptores sensoriais encontrados na pele.

FIGURA 5 – RECEPTORES DO TATO

FONTE: Disponível em: <http://dc251.4shared.com/doc/-QU9kzqF/preview.html>. Acesso em: 2 nov. 2014.

De acordo com Medipedia (2014), as terminações nervosas livres são as ramificações finais das fibras nervosas sensitivas que chegam à derme, formando uma rede à volta dos folículos pilosos e tendo a tendência para penetrarem na epiderme. Estão distribuídas ao longo de toda a superfície do corpo e, embora respondam aos estímulos tácteis, são mais sensíveis aos estímulos dolorosos.

Neste sentido, Medipedia (2014) complementa dizendo que os corpúsculos de Pacini são receptores de forma ovoide, constituídos por uma camada de células concêntricas que envolve uma terminação nervosa sensitiva. Dado que se situam nas zonas profundas da derme, costumam detectar, sobretudo, as alterações de pressão, as vibrações produzidas sobre a pele e os seus estiramentos. A sua presença é mais abundante nas zonas do corpo sem pelos, como as palmas das mãos.

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Medipedia (2014) comenta que os corpúsculos de Meissner são receptores formados por uma fina cápsula de tecido conjuntivo, composta por uma série de células sobrepostas, de modo a constituírem uma pilha por onde circulam as terminações nervosas sensitivas, encontrando-se localizados nas papilas dérmicas e respondem essencialmente aos estímulos táteis. São particularmente abundantes nas polpas dos dedos, nos lábios e na região genital.

Já sobre os corpúsculos de Krause, Medipedia afirma que estes são receptores em forma de bulbo com uma rede de terminações nervosas sensitivas no seu interior, estando situados na derme, próximos da epiderme e respondem aos estímulos térmicos, já que são sensíveis ao frio.

Os corpúsculos de Ruffini, de acordo com Medipedia (2014), são receptores de forma plana com terminações nervosas sensitivas ramificadas como se fosse uma árvore, estando situados na zona profunda da derme, na hipoderme e registram estímulos térmicos, pois são sensíveis ao calor.

Os estímulos mecânicos, térmicos e dolorosos registrados na pele são conduzidos pelos nervos sensitivos que deságuam na medula espinal e circulam ao longo de um percurso ascendente através de fibras nervosas que constituem cordões específicos de acordo com o tipo de sensibilidade que transmitem. As informações alcançam o encéfalo e após várias paragens, sobretudo no tálamo, chegam ao cérebro, nomeadamente à circunvolução parietal ascendente do córtex cerebral, onde os estímulos são interpretados e as sensações são consciencializadas. Nesta área, existe uma representação das várias zonas do corpo, semelhante a um "mapa" da sensibilidade corporal, que permite identificar com precisão a proveniência dos vários estímulos.

FONTE: Disponível em: <http://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=456> Acesso em: 2 dez. 2014.

NOTA

A Hanseníase, antigamente chamada vulgarmente de lepra, é uma doença caracterizada pela perca da sensibilidade. Nesta doença, uma bactéria infecta a bainha de mielina, que é responsável pelo isolamento dos estímulos nervosos advindos do tato, provocando assim um bloqueio na recepção de sensações pelo Sistema Nervoso Central. Esta doença pode gerar graves problemas para seu portador, visto que este não sente estímulos, dor ou calor, que são fundamentais para a proteção do epitélio.

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3.2 VASOS SANGUÍNEOS

A vasta rede de vasos sanguíneos, que proporcionam a pele os elementos nutritivos, recolhem as substâncias residuais e contribuem, igualmente, para o controle da temperatura do corpo, e por inúmeras artérias, que lhe transportam o sangue rico em oxigênio e nutrientes, que penetram pela hipoderme e permanecem adjacentes à superfície cutânea no limite com a derme. A partir daí surgem, verticalmente, pequenas arteríolas que, ao unir-se às papilas dérmicas, se transformam em finos capilares, que se encarregam das trocas entre o sangue e a pele. Estes capilares vão posteriormente unir-se e transformar-se em vênulas que se alastram a um plexo de veias dispostas em paralelo com a rede arterial. É importante referir que como os vasos sanguíneos apenas chegam até a derme, às células da epiderme apenas podem manter as suas trocas com o sangue através da membrana basal que a separa da camada subjacente (MEDIPEDIA, 2014b).

3.3 VASOS LINFÁTICOS

Toda a rede linfática corporal se origina nos capilares linfáticos presentes na pele. Os capilares são caracterizados como pequenos vasos condutores de linfa. Eles possuem uma sobreposição de células que formam uma válvula, e esta estrutura permite o fechamento ou a sua abertura, que é dependente da pressão que é exercida sobre eles.

Quando ocorre a tração, os filamentos permitem que a água, partículas, pequenas células e moléculas de proteínas penetrem, formando a linfa. No interior dos capilares, esse líquido não pode voltar aos espaços intercelulares por causa da pressão, que força as bordas das células endoteliais a se juntarem, fechando a válvula, impedindo o refluxo da linfa. Existem alguns capilares linfáticos nas vilosidades intestinais, chamados de vasos “lácteos”, auxiliando na absorção de gordura no trato digestivo.

A rede capilar linfática é rica em anastomoses, principalmente na pele, onde eles são dispostos de forma superficial e profunda em relação à rede capilar sanguínea. Nos vasos linfáticos e ductos, ocorre de forma diferente. Nos capilares linfáticos, os espaços intercelulares são bem mais amplos, possuindo "fendas" entre as células parietais, permitindo que as trocas líquidas entre o interstício e o capilar linfático se façam com extrema facilidade não só de dentro para fora, como de fora para dentro do vaso.

FONTE: Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/fisioterapia/artigos/21088/fisiologia-do-sistema-linfatico-capilares-linfaticos>. Acesso em: 5 nov. 2014.

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ESTUDOS FUTUROS

Adiante no seu curso, você estudará e entenderá um pouco mais sobre o Sistema Linfático como um todo. Saberá distinguir as principais disfunções que o acometem, dentre elas temos a principal, que é alvo da maioria dos tratamentos em estética corporal: a retenção de líquidos. Você já deve ter ouvido que a retenção de líquidos corporais é tratada com a Drenagem Linfática, uma técnica de estímulo simples dos capilares linfáticos que ajuda basicamente a eliminar líquidos e toxinas armazenadas em nosso organismo.

4 FOLÍCULO PILOSO

Na figura a seguir (FIGURA 6), podemos ver melhor a composição estrutural do folículo piloso.

FIGURA 6 – ESTRUTURA DO FOLÍCULO PILOSO

FONTE: Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com/tegumentar/tegumentar.htm>. Acesso em: 2 nov. 2014.

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Compreende o folículo piloso, o pelo, suas bainhas e os anexos: o músculo eretor e as glândulas sebáceas.

As células do corpo piloso de Malpigui se invaginam profundamente na derme, até a hipoderme, formando uma cavidade onde será alojado o pelo: é o folículo piloso.

Compreende uma parte superficial, onde o pelo não é aderente e uma parte profunda é ligada ao pelo.

Parte superficial - distinguem-se aí: o orifício externo ou ostium folicular; a parte superior do canal pilar, ou infundíbilo, situada acima do encontro com a glândula sebácea, que é composta por uma parte intraepidérmica, o acroinfundíbilo, e por uma parte intradérmica, o infrainfundíbilo.

Parte profunda - distingue-se, de fora para dentro: a bainha conjuntiva, que envolve dois terços do folículo piloso. A bainha epitelial dupla, que compreende a bainha epitelial externa, que é o prolongamento da epiderme. Afina-se progressivamente e se interrompe no nível do bulbo; suas células não se queratinizam. Entra em contato com a derme, através de uma membrana basal espessa que persiste no nível do bulbo; a bainha epitelial interna, que está situada entre o pelo e a bainha epitelial externa, começa a nascer a partir das células matrizes do bulbo e termina no encontro com a glândula sebácea.

É constituída por três camadas, que vão do exterior até o interior: a bainha de Henlé; a bainha de Huxley; e a cutícula, cujas células estão amarradas às cutículas da base do pelo.

A bainha epitelial interna descama no nível do canal sebáceo, suas células se queratinizam e se misturam, então, com o sebo.

O bulbo piloso, que é a dilatação terminal do folículo piloso, na forma de pera. Contém: a matriz do pelo, formada por células matrizes epidérmicas jovens; é uma zona de divisão celular intensa. A parte externa da matriz produz a bainha epitelial interna. No meio das células matrizes se encontram os melanócitos, que lhes transferem melanina. A papila pilar, de forma ovoide, é constituída por tecido conjuntivo, alojada na cavidade do bulbo com os capilares arteriais, venosos e as terminações nervosas. Ela nutre o pelo.

O músculo horripilante ou eretor do pelo é um feixe de fibras musculares lisas se inserindo sobre o folículo piloso, sobre a glândula sebácea e alongada obliquamente até a derme papilar.

A vascularização é assegurada pelos vasos da papila dérmica. A inervação se faz pelas terminações nervosas livres misturadas aos vasos da papila dérmica e por terminações nervosas táteis.

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TÓPICO 2 | ANEXOS CUTÂNEOS

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O pelo é um filamento de queratina flexível. Faz parte dos fâneros e estão distribuídos sobre toda a superfície do corpo, com exceção de certas regiões, como: palma das mãos, planta dos pés, face lateral dos dedos, pênis e clitóris.

Compreende duas partes principais, a haste e a raiz.

Haste ou parte livre do pelo: é constituída por células mortas queratinizadas, que estão dispostas em três camadas: a epidermícula ou cutícula; camada mais externa, ou escamosa; o ecorce ou córtex, sólido, resistente e dá ao pelo a sua cor; a medula.

Raiz: é a parte inferior do pelo. Ela se dilata na base, para formar o bulbo, que é dividido pela "linha de Auber", delimitando a zona de melanogênese; a raiz é constituída por células vivas que se queratinizam e perdem seu núcleo à medida que eles sobem.

No desenvolvimento do pelo, distinguem-se três fases sucessivas: fase de crescimento ou anagênea; fase de regressão ou catagênea; fase de repouso ou telogênea.

Fase de anagênea ou fase de crescimento: a atividade mitótica no nível da matriz é intensa; o folículo desce para a derme; a papila fica em contato com o bulbo. Sua penetração no bulbo origina a multiplicação das células-matrizes; um pelo jovem adquire raiz; nota-se a presença momentânea do pelo antigo que se desprende da matriz e vai ser eliminado. Esta fase pode durar de três a quatro anos.

Fase catagênea ou fase de regressão: a atividade das células matrizes cessa, assim como a melanogênese; o bulbo se afina, a parte baixa se destrói progressivamente, a bainha epitelial externa desaparece; a base do pelo toma forma de bastão, o pelo se separa da matriz e sobe para o folículo piloso; a papila só é unida ao folículo piloso por um fino cordão de células epiteliais. Esta fase dura de duas a três semanas.

Fase telogênea ou fase de repouso: o pelo, completamente queratinizado, progride para a superfície; o bulbo é atrofiado; a papila é isolada do folículo piloso. Esta fase pode durar três meses.

FONTE: Disponível em: <http://www.tratamentocalvicie.com.br/artigo_13.php>. Acesso em: 2 nov. 2014

Na figura a seguir (FIGURA 7), podemos ver exatamente ilustradas as

fases de crescimento e desenvolvimento do pelo.

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FIGURA 7 – FASES DE CRESCIMENTO DO PELO

FONTE: Disponível em: <http://www.cosmedical.com.br/newsitecosmedical/?p=5>. Acesso em 2 nov. 2014.

DICAS

A foliculite é uma doença inflamatória relacionada ao folículo piloso. Você pode saber mais sobre ela no seguinte link: Sociedade Brasileira de Dermatologia – Foliculite. Disponível em: <http://www.sbd.org.br/doencas/foliculite/>.

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LEITURA COMPLEMENTAR

ENTENDENDO A ALOPÉCIA ANDROGENÉTICA

Fabiane Mulinari Brenner Gabriela Sei Del

Time SP

INTRODUÇÃO

De acordo com o último censo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a queixa de alopecia está entre as dez mais frequentes nos consultórios dermatológicos em pacientes de 15 a 39 anos. A alopecia androgenética (AAG) é a causa mais comum de alopecia em ambos os sexos. É caracterizada por alteração no ciclo do cabelo, levando à miniaturização folicular progressiva com conversão de fios terminais em velo, mais finos, curtos e menos pigmentados.

A AAG afeta ambos os sexos, com mais de 50% dos homens apresentando algum grau de calvície acima dos 50 anos. As estimativas em relação às mulheres são variadas, e o pico de incidência ocorre após os 50 anos, com cerca de 30% de acometimento por volta dos 70 anos. Dados epidemiológicos variam em diferentes etnias, com relatos de prevalência menor em asiáticos e afrodescendentes em relação aos caucasianos.

No sexo masculino, o processo é andrógeno dependente; nas mulheres, entretanto, a interferência hormonal é incerta e o termo alopecia de padrão feminino (APF) parece definir melhor a entidade. Apesar da elevada frequência dessa apresentação nos consultórios médicos, a APF ainda é um desafio diagnóstico e terapêutico ao dermatologista.

Este artigo revisa aspectos fundamentais para compreensão da AAG, considerando informações compiladas de artigos indexados na base de dados do Pubmed.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

A AAG masculina inicia-se frequentemente após a puberdade com recessão bitemporal simétrica, evoluindo com acometimento do vértex. A progressão é variável, sendo, geralmente, mais exuberante quanto mais cedo for o início. Sinais precoces de calvície podem ser vistos em até 14% de meninos entre 15 e 17 anos. Em até 5% dos homens, a calvície assume distribuição difusa, lembrando o padrão feminino. Essa apresentação é mais comum em indivíduos asiáticos.

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

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O padrão feminino costuma apresentar-se entre a terceira e a quarta décadas de vida, com progressiva piora após a menopausa e é caracterizado por afinamento difuso dos cabelos, poupando a linha de implantação frontal. Na fase inicial, pode haver queda de cabelos seguida de redução da densidade capilar central do couro cabeludo. Oitenta e oito por cento das mulheres com APF referem efeitos negativos em sua vida decorrentes da queda de cabelos, 75% apresentam baixa autoestima e 50%, problemas sociais.

As alterações clínicas que ocorrem durante a progressão da calvície masculina foram classificadas em 1951 por Hamilton e modificadas por Norwood em 1975. Em 1977, Ludwig propôs uma classificação diferenciada para o padrão de acometimento feminino e, em 1996, foi criada a classificação de Savin, também com o intuito de reconhecer e classificar os vários graus de alopecia feminina. Recentemente, foi desenvolvida uma classificação universal, aplicável a ambos os sexos, a Basic and specific classification - Basp. As diversas escalas de classificação disponíveis são úteis para a documentação padronizada de seguimento desses pacientes.

Nas mulheres, além da avaliação da alopecia propriamente dita, é importante observar sinais de hiperandrogenismo, como acne, irregularidade menstrual, infertilidade, hirsutismo, seborreia e acantose nigricante.

Associação entre AAG, síndrome metabólica e fatores de risco cardiovascular foi encontrada em alguns grupos avaliados. Hipertensão arterial foi observada com maior frequência em homens com AAG e aumento na concentração de aldosterona, chamando atenção para a possível relação entre essas entidades. Estudos adicionais serão necessários para confirmar esses achados.

FISIOPATOGENIA

O ciclo dos pelos

O folículo piloso passa por três estágios principais ao longo do seu desenvolvimento: proliferação (fase anágena), involução (fase catágena) e repouso (fase telógena), com regeneração em sucessivos ciclos. No couro cabeludo normal, a fase anágena dura de dois a sete anos; a catágena, cerca de duas semanas; e a telógena, aproximadamente três meses.

Avaliações seriadas por fototricograma demonstraram uma fase de atraso entre a queda e a reposição de uma nova haste. Essa fase de descanso real, quando o folículo se encontra vazio, denomina-se quenógena, e seu reconhecimento foi fundamental para a compreensão da dinâmica folicular na AAG. A atividade de crescimento dos folículos ocorre em padrão de mosaico no couro cabeludo. Cada folículo possui um mecanismo de controle individual, ditado por diversas substâncias, como hormônios e citocinas, fatores de crescimento e influências do meio ambiente, como deficiências nutricionais e radiação ultravioleta. Os

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TÓPICO 2 | ANEXOS CUTÂNEOS

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mecanismos que controlam o ciclo do pelo estão localizados no próprio folículo e são resultado da interação de moléculas reguladoras e seus receptores. Evidências sugerem que a papila dérmica e seus fibroblastos influenciam no crescimento folicular, especialmente na proliferação e diferenciação celular da matriz do folículo piloso.

A perda de cabelo representa uma desordem do ciclo do folículo piloso com etiologia variada. Na AAG, ocorre término prematuro da fase anágena pela redução da expressão de fatores estimulantes e aumento de citocinas que promovem apoptose. Além disso, há aumento do número de folículos em repouso na fase quenógena. Na AAG, além da alteração do ciclo folicular, ocorre miniaturização dos fios terminais para fios velo. Essas modificações ocorrem tanto em homens quanto em mulheres.

O PAPEL DOS ANDRÓGENOS

Nos homens

A AAG masculina foi reconhecida como uma desordem andrógena dependente desde 1940, quando se percebeu que eunucos não a desenvolviam, apesar da diminuição de seus pelos corporais. Isso evidenciou a influência dos andrógenos no crescimento dos pelos corporais, inversa a que ocorre no couro cabeludo.

O alvo primário da ação dos andrógenos no folículo piloso é provavelmente a papila dérmica, e sua ligação se dá através de receptores específicos. Os andrógenos apresentam afinidade variada a esses receptores. A di-hidroepiandrosterona (DHEA), apesar da baixa afinidade, pode ser transformada em andrógenos fortes como testosterona e di-hidrotestosterona (DHT).

A testosterona é o andrógeno circulante mais potente, com concentrações superiores em homens. Somente uma pequena fração da testosterona circula livremente, 70% é ligada à globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG), cujos níveis se correlacionam inversamente com a severidade da alopecia. Entretanto é da DHT, um metabólito da testosterona, a responsabilidade pela miniaturização dos folículos e desenvolvimento da AAG. A DHT também é implicada na patogênese de hiperplasia prostática benigna (HPB), neoplasia de próstata, hirsutismo e acne vulgar. Sua afinidade por receptores androgênicos é cinco vezes maior que a da testosterona. A 5a-redutase é a enzima responsável pela conversão da testosterona em DHT. Pacientes homozigotos para a mutação do gene da 5a-redutase, com enzima inativa, apresentam pseudo-hermafroditismo masculino incompleto com genitália ambígua e virilização somente após a puberdade. Esses indivíduos não apresentam AAG, evidenciando a DHT como o hormônio principal na patogênese da AAG masculina.

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

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A pele e a unidade pilossebácea são enzimaticamente equipadas para o metabolismo e conversão de esteroides sexuais, convertendo andrógenos fracos em formas mais potentes através da ação de enzimas como a 5a- redutase (tipos 1 e 2), 3ß- hidroxiesteroide desidrogenase (3ß-HSD), entre outras. Andrógenos fortes, como a testosterona e a DHT, podem ser convertidos em andrógenos fracos ou estrógenos por outras vias enzimáticas, incluindo a aromatase. A glândula sebácea da pele calva tem mostrado expressão de 3ß- HSD em maior atividade quando comparada a áreas não calvas, contribuindo para maior formação de andrógenos potentes nessa região. A enzima 5a- redutase, essencial ao desenvolvimento de AAG masculina, está presente em maiores níveis e com atividade aumentada nos folículos do couro cabeludo de indivíduos acometidos. Além disso, seus níveis são mais elevados nos folículos frontais em comparação aos folículos occipitais de mulheres e homens com AAG. Níveis maiores da enzima aromatase na região occipital, menos acometida nesse tipo de alopecia, são associados à persistência dos fios. A deficiência de aromatase herdada ou adquirida (mulheres em uso de inibidores de aromatase para tratamento de câncer de mama) também acarreta aumento de andrógenos circulantes e perda de cabelos semelhante à AAG.

Embora a AAG masculina seja um processo DHT dependente, com contínua miniaturização dos folículos andrógenos sensíveis, a maioria dos homens com essa alteração apresenta níveis normais de andrógenos circulantes. Superprodução de andrógenos na unidade pilossebácea, superexpressão ou hiperresponsividade dos receptores de andrógenos podem ser responsáveis por esse processo. Hamilton demonstrou a castração antes da puberdade como proteção contra AAG, ao contrário da castração após a puberdade. Por outro lado, a administração de testosterona exógena àqueles castrados antes da puberdade produziu queda de cabelo. Os que não desenvolveram calvície com esta intervenção eram de famílias sem história de calvície, sugerindo influências genéticas. A ausência de calvície em indivíduos com síndrome de insensibilidade andrógena apoia o papel da ligação andrógeno/receptor na AAG. Entretanto, a APF pode ocorrer em pacientes com essa síndrome, sugerindo que outros mecanismos, além da ação hormonal, contribuam para essa desordem.

Nas mulheres

O papel dos andrógenos na AAG feminina é pouco claro, e alguns autores recomendam evitar o termo androgenética para esse tipo de alopecia. A APF está associada à hiperandrogenemia em menos de 40% dos casos sem correlação com o padrão de distribuição (central ou bitemporal). Atualmente, existem argumentos suficientes para considerar a AAG masculina e feminina entidades clínicas distintas. A finasterida, um inibidor seletivo da 5a-redutase, é efetiva em homens, mas falhou em prevenir a progressão de queda de cabelos em mulheres pós-menopausa normoandrogênicas com APF. Da mesma forma, o bloqueio dos receptores de andrógenos através do acetato de ciproterona é pouco efetivo em prevenir a progressão da queda capilar em mulheres menopausadas normoandrogênicas.

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TÓPICO 2 | ANEXOS CUTÂNEOS

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Na maioria das mulheres com APF, não há aumento nos níveis circulantes de andrógenos. Entretanto, seus receptores e os níveis de 5a-redutase estão aumentados na região frontal (menos que na AAG masculina), e os níveis de enzimas do citocromo P450, como a aromatase (responsável pela conversão de testosterona em estrógenos) estão mais elevados na área occipital e linha frontal feminina (mais do que na AAG masculina).

Independente da etiologia, a alteração folicular em homens e mulheres parece ser a mesma, havendo via comum na miniaturização folicular. Embora a alteração histopatológica seja indistinguível entre os sexos, além da área de maior acometi- mento ser diferente há indícios de que mais cabelos sejam miniaturizados em homens do que em mulheres.

CONSIDERAÇÕES DA GENÉTICA

Os fatores hereditários que contribuem para a suscetibilidade individual da AAG ainda são pouco conhecidos, porém há evidências suficientes que confirmam um envolvimento genético. A história familiar é geralmente positiva nos quadros de AAG masculina e menos frequente nas mulheres. O padrão de herança sugerido atualmente é poligênico. Genes como o EDA2R, ERb e o da síndrome dos ovários policísticos têm sido associados à AAG precoce em homens. As maiores evidências da participação genética foram decorrentes do sequenciamento do gene do receptor de androgênio, mais conhecido como gene AR (androgen receptor), em homens calvos e não calvos.

Localizado no cromossomo X e pertencente à família dos fatores de transcrição nuclear, o domínio amino-terminal do gene AR contém a região codificada pela repetição CAG, implicada na ativação da transcrição genética. Uma relação inversa entre a extensão das repetições CAG e a atividade do AR foi percebida nos grupos avaliados, ou seja, um pequeno número de repetições está relacionado com maior atividade do AR e maior probabilidade de calvície. Dois outros polimorfismos nesse gene estão relacionados com a predisposição para alopecia: a extensão da sequência GCC e a presença do fragmento de restrição STUL.

Os achados do gene AR não explicam a semelhança entre pais e filhos calvos, já que os filhos herdam o cromossomo X das mães, evidenciando o papel ainda impreciso da herança materna na AAG.

INVESTIGAÇÃO

Não há um exame padrão ouro para o diagnóstico de AAG. Além do exame físico atentando para o padrão e grau de acometimento da alopecia, é fundamental a realização de uma anamnese completa. Os pacientes precisam ser questionados sobre possíveis fatores desencadeantes do processo tais como variações de peso, uso de anabolizantes, hábitos alimentares, uso de produtos químicos, medicações, história familiar e comorbidades. Métodos complementares incluem dermatoscopia, tricograma e biópsia.

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

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O principal diagnóstico diferencial de AAG é o eflúvio telógeno, particularmente a forma crônica, há muito tempo considerada um fator de confusão. Inicialmente considerava-se o eflúvio telógeno crônico (ETC) possível pródromo de AAG. Um seguimento de 10 anos em pacientes com ETC demonstrou a manutenção do repartido sem sinais de evolução para AAG. Por análise computadorizada esse mesmo estudo sugere o encurtamento da fase anágena sem miniaturização como causa do ETC. A rarefação no couro cabeludo apresenta-se de forma difusa no eflúvio telógeno e central na AAG, entretanto, pacientes com AAG podem apresentar um eflúvio telógeno agudo típico, dificultando a avaliação clínica.

LABORATÓRIO

Dosagem sérica do hormônio tireoestimulante (TSH), ferro e ferritina são úteis, já que suas alterações podem contribuir para um eflúvio associado à AAG. A dosagem da ferritina é o exame que melhor reflete o aspirado de medula óssea na avaliação das reservas de ferro. Seu valor deve estar acima de 60ng/dl. Exames como capacidade total de ligação do ferro e índice de saturação parecem ser menos importantes. A avaliação da ferritina sempre foi controversa, pois apesar de valores de referência acima de 10ng/dl serem considerados normais do ponto de vista laboratorial, não houve melhora dos casos de eflúvio telógeno tratados com suplementação de ferro até níveis de 20ng/dl. Vale destacar que a ferritina é proteína de fase aguda, passível de alterações por processos inflamatórios e infec- ciosos de forma inespecífica. Nesses casos, a interpretação associada à velocidade de hemossedimentação (VHS) é necessária. Níveis de ferritina abaixo de 40ng/dl foram observados em 72% das mulheres com APF.

Em mulheres com manifestações clínicas de hiperandrogenismo, dosagens hormonais fazem parte da investigação e devem ser solicitadas de maneira individualizada. Cada compartimento produtor de androgênio pode ser avaliado por um marcador sérico específico. A dosagem dos níveis de testosterona total e sulfato de di-hidroepiandrosterona (SDHEA) são suficientes para o início da investigação. A análise dos níveis de testosterona total é útil para a exclusão de neoplasias ovarianas e adrenais, quando podem estar marcadamente elevados em relação aos valores apresentados por outras causas de hiperandrogenismo. A dosagem de SDHEA é utilizada para avaliar a glândula adrenal e está elevada na hiperplasia adrenal congênita, síndrome de Cushing, hiperprolactinemia crônica, bem como tumores. Medidas da DHEA e androstenediona também participam do algoritmo diagnóstico de hiperplasia adrenal congênita. O melhor marcador para avaliar a produção androgênica periférica é o 3a-androstenediol glucoronídeo, estando elevado em mulheres hiperandrogênicas com alopecia, entretanto sua avaliação laboratorial apresenta dificuldades técnicas de realização e não está disponível na rotina clínica.

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TÓPICO 2 | ANEXOS CUTÂNEOS

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DERMATOSCOPIA

A dermatoscopia é um exame rápido, não invasivo, capaz de fornecer dados importantes para o diagnóstico. A principal alteração é a diversidade no diâmetro dos cabelos, que corresponde à miniaturização dos fios. Indivíduos normais e pacientes com eflúvio telógeno crônico costumam ter fios mais espessos na região frontal do couro cabeludo e mais finos na região occipital. Na AAG, esta relação inverte-se, com a progressão da miniaturização. Outro achado importante é a diminuição do número de fios na mesma unidade folicular. Em indivíduos sadios, é comum a saída de dois a quatro fios do mesmo orifício folicular, o que não é visto na AAG, onde as unidades pilossebáceas abrigam um a dois fios. O “sinal peripilar” (hiperpigmentação de tom acastanhado em torno do folículo) e os pontos amarelos (óstios foliculares vazios repletos de sebo) também são vistos com maior frequência na AAG. Áreas fotoexpostas podem apresentar rede pigmentar em “favo de mel”, além de elanoses e outros sinais de fotodano.

TRATAMENTO

Os objetivos do tratamento da AAG são aumentar a cobertura do couro cabeludo e retardar a progressão da queda. A documentação fotográfica padronizada desde o início do tratamento, bem como no segmento, permite decisões terapêuticas mais apropriadas tanto por parte do médico como do próprio paciente.

Medidas gerais como exclusão do uso de medicações que podem causar ET, dieta balanceada, com ingesta adequada de proteínas e ferro, além de tratamento de outras desordens do couro cabeludo, como a dermatite seborreica, são importantes para o sucesso da terapêutica. Controle de peso em pacientes obesas reduz a transformação periférica dos andrógenos, diminui a intolerância à glicose, aumenta SHBG e reduz testosterona livre, melhorando o perfil hormonal.

As medidas farmacológicas diferem entre os homens e as mulheres. Duas drogas destacaram-se por apresentar maiores evidências de resultados: finasterida via oral e minoxidil tópico, ambas necessitando de uso crônico para resultados satisfatórios. Nenhuma delas restaura toda a perda capilar.

Minoxidil

Esse vasodilatador foi inicialmente utilizado no tratamento da hipertensão arterial sistêmica. O real mecanismo de ação na AAG não está claro, mas atua aumentando a duração da fase anágena, contribuindo para o aumento da densidade capilar. O pico de ação é notado por volta de 16 semanas do uso, e após seis meses de descontinuação o quadro retorna ao seu estádio inicial.

É preconizado em concentrações de 5% para homens e 2% a 5% para mulheres. Aumento na ocorrência de prurido, irritação local e hipertricose pode ser observado com minoxidil a 5%, embora apresente melhores resultados nessa

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

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dose. O minoxidil tópico é a droga de escolha em mulheres pré-menopausa e normoandrogênicas.

Finasterida

Trata-se de inibidor da 5a-redutase, que reduz em dois terços a transformação de testosterona em DHT e está disponível no mercado brasileiro desde 1990. A finasterida não reduz as ações fisiológicas da testosterona, diminuindo apenas as concentrações de DHT. Sua eficácia na AAG masculina já foi comprovada por grandes estudos, incluindo amostras randomizadas e controladas por placebo, evidenciando melhora da aparência tanto do vértex quanto da região frontal, na dose de 1mg/dia. Em um grupo de homens avaliados por um ano com tratamento com finasterida 1mg/dia, ocorreu aumento dos fios em 80% dos casos. Há, inicialmente, um aumento na contagem folicular, com pico aos 12 meses e, posteriormente, aumento da espessura dos fios. Os efeitos se perdem após 12 meses da descontinuação do uso. O PSA (antígeno prostático específico) deve ser ajustado quando utilizado para o rastreamento de neoplasia prostática nos pacientes em uso de finasterida na dose de 5mg/dia para o tratamento de hiperplasia prostática benigna, já que a concentração desse parâmetro laboratorial é reduzida por essa medicação. Recomenda-se multiplicar seu valor por dois nesses casos. Dados acerca desse ajuste precisam ser confirmados quando doses menores são usadas.

Os efeitos colaterais da finasterida relacionados à sexualidade (diminuição da libido, disfunção erétil e diminuição do volume da ejaculação) foram vistos em 4,3% de homens com idade entre 18 e 41 anos versus 2,2% no grupo placebo (p < 0,05). Esses efeitos frequentemente desaparecem durante o tratamento ou após sua descontinuação. Alterações na espermatogênese e fertilidade não foram demonstradas.

Ainda não há consenso quanto ao uso da finasterida na APF. Em 137 mulheres pós-menopausa, não houve melhora com a dose de 1mg/dia. Em estudos pequenos não controlados por placebo doses maiores (2,5-5mg/d), associadas ou não a anticoncepcionais orais, mostraram resultados variados. Nas pacientes com APF pós-menopausa essa medicação pode ser de interesse, pois outros antiandrógenos podem aumentar a perda óssea e o risco de neoplasias. A falta de outras opções terapêuticas de primeira linha justifica seu uso ocasional.

CONCLUSÃO

A AAG é entidade clínica muito comum afetando indivíduos de ambos os sexos. Enquanto o quadro clínico está bem estabelecido, a fisiopatologia ainda instiga investigações em relação ao envolvimento genético, alterações hormonais e, sobretudo, diferenças existentes entre os padrões masculinos e femininos. Esclarecer o paciente quanto aos mecanismos da doença e às expectativas na terapêutica é fundamental para a adesão ao tratamento. Enquanto nos homens a primeira linha de tratamento é a finasterida sistêmica e o minoxidil tópico, nas

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TÓPICO 2 | ANEXOS CUTÂNEOS

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mulheres a decisão terapêutica é variável: nas mulheres pré-menopausa, o uso de minoxidil tópico e eventualmente um bloqueador hormonal parece adequado, já naquelas pós-menopausa o tratamento assemelha-se à terapêutica masculina.

Incentivar o estudo desses aspectos e a busca de novos conhecimentos é de fundamental importância diante da grande prevalência dessa desordem e do prejuízo psicossocial que ela acarreta.

FONTE: Disponível em: <http://www.surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/160/Entendendo-a-alopecia-androgenetica>. Acesso em: 1º nov. 2014

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você estudou que:

• As glândulas sudoríparas têm como principal função a produção de suor. Em nosso corpo, em toda a superfície cutânea, encontram-se milhões destes anexos.

• Glândulas sudoríparas écrinas são usadas para a regulação da temperatura do corpo e glândulas sudoríparas apócrinas servem basicamente como glândulas de cheiro.

• As glândulas sebáceas, que são muito importantes para a produção do sebo na pele.

• A pele é um órgão que possui ampla inervação. Os sensores responsáveis pela transmissão dos estímulos estão em todas as partes do corpo.

• Ao longo da superfície da pele, é possível encontrar distribuídos, uma série de elementos receptores que respondem a determinados estímulos específicos.

• As terminações nervosas livres são mais sensíveis aos estímulos dolorosos.

• Os corpúsculos de Pacini costumam detectar, sobretudo, as alterações de pressão, as vibrações produzidas sobre a pele e os seus estiramentos.

• Os corpúsculos de Meissner respondem essencialmente aos estímulos tácteis.

• Os corpúsculos de Krause respondem aos estímulos térmicos, já que são sensíveis ao frio.

• Os corpúsculos Ruffini registram estímulos térmicos, pois são sensíveis ao calor.

• A vasta rede de vasos sanguíneos proporciona à pele os elementos nutritivos, recolhem as substâncias residuais e contribuem, igualmente, para o controle da temperatura do corpo.

• Toda a rede linfática corporal se origina nos capilares linfáticos presentes na pele.

• Compreende o folículo piloso, o pelo, suas bainhas e os anexos, é decomposto em duas camadas a superficial e a profunda.

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• No desenvolvimento do pelo, distinguem-se três fases sucessivas: fase de crescimento ou anagênea; fase de regressão ou catagênea; fase de repouso ou telogênea.

• De acordo com o último censo da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a queixa de alopecia está entre as dez mais frequentes nos consultórios dermatológicos em pacientes de 15 a 39 anos.

• A dermatoscopia é um exame rápido, não invasivo, capaz de fornecer dados importantes para o diagnóstico da alopécia.

• Duas drogas destacaram-se por apresentar maiores evidências de resultados com a alopécia: finasterida via oral e minoxidil tópico.

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Para compreender melhor este tópico, responda às seguintes questões:

1 Diferencie glândulas sudoríparas apócrinas de écrinas.

2 Como é produzido o sebo na glândula sebácea?

3 Identifique o nome e descreva a função dos diferentes receptores sensitivos que se encontram na pele.

4 Caracterize a haste e a raiz do pelo.

5 Descreva as fases de desenvolvimento do pelo.

6 Qual a função do músculo eretor?

7 De acordo com a leitura complementar, quais são os tratamentos mais indicados para a alopécia?

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 3

FISIOLOGIA DO TECIDO EPITELIAL

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

No início deste tópico, veremos alguns aspectos relacionados à fisiologia do sistema tegumentar, como a sua propriedade de renovação, capacidade de permeação cutânea, composição do manto hidrolipídico e da matriz extracelular.

Logo após, estudaremos aspectos complementares relativos às funções da pele, que, como já dito no Tópico 1 desta unidade, são especialidades fundamentais para o bom funcionamento deste tecido.

Em seguida, estudaremos um pouco acerca da flora bacteriana e fúngica existentes sobre toda a superfície cutânea, descrevendo e caracterizando suas principais contribuições para a manutenção da pele.

Como leitura complementar, veremos sobre uma afecção muito importante, chamada de Dermatite Seborreica, que é causada por um fungo, que, após uma baixa de imunidade, se prolifera sobre e pele em várias regiões distintas.

2 FISIOLOGIA DA DERME

2.1 RENOVAÇÃO DA PELE

A pele é um órgão que se renova constantemente, uma única célula-tronco inicial tem a capacidade gerar a demanda de proliferação tecidual para que todo o corpo possa ser recoberto diariamente com as células epiteliais.

De acordo com Silva (2013, p. 12), na pele, células-tronco epiteliais de ciclo lento residem em uma porção saliente do folículo piloso. Estas células-tronco são multipotentes e podem dar origem não só a células da epiderme como também a folículos pilosos e glândulas sebáceas.

Estas células-tronco presentes na saliência do folículo piloso e que migram para a epiderme vivem na camada mais interna. A taxa de proliferação e migração é muito acelerada quando a pele foi danificada e a ferida está sendo cicatrizada (SILVA, 2013, p. 12).

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

A pele varia conforme as regiões do corpo, e diversos aspectos, como presença de glândulas, pelos, unhas, espessura ou cor. Mesmo com toda essa variação, as peles geralmente possuem a mesma estrutura e distribuição de características, que é básica e pertinente a ela.

Geralmente, a pele mais grossa está nas mãos e nos pés, possui um tecido com menos quantidade de melanina e glândulas sudoríparas, porém não possui os demais anexos cutâneos.

A pele mais fina é aquela que cobre uma maior extensão corporal. Há partes onde possui uma maior quantidade de melanina, como axilas, virilhas, cotovelos, aréolas mamilares, e possui muitos dos anexos cutâneos que são característicos a cada região.

2.2 MANTO HIDROLIPÍDICO

O sebo produzido pelas glândulas sebáceas e o suor das glândulas sudoríparas formam uma mistura que compõe o manto hidrolipídico, que funciona como uma barreira protetora importante contra as agressões externas (SILVA, 2014, p. 13).

A pele apresenta pH levemente ácido (4,6 – 5,8) devido à produção de ácido lático, o que contribui para a ação bactericida e fungicida em sua superfície (SILVA, 2014, p. 13).

2.3 PERMEAÇÃO CUTÂNEA

A pele possui permeabilidade seletiva, ou seja, tem capacidade de “filtrar” o que entra e sai de seu interior. Essa propriedade é devida a diversos fatores que existem no tecido epitelial, tais como: condições físicas, propriedades químicas, potencial viscoso, capacidade colágena, doenças relacionadas à idade, entre outros.

Sobre a utilização de princípios ativos na pele, Silva (2013, p. 13) comenta que a ação depende da anatomia da área tratada, da hidratação da pele, da presença de gordura, da saúde da pele, do metabolismo e do paciente.

O estrato córneo constitui-se na maior barreira para a passagem de substâncias, e a combinação de fatores como composição, hidratação, vascularização e espessura da pele é que vão determinar a maior ou menor penetração e difusão dos produtos através dos tecidos. Consideram eles que quanto maior a presença de água, mais permeável é a pele. Ainda que: é próximo aos folículos pilossebáceos e glândulas sudoríparas, e nas áreas altamente vascularizadas que ocorre maior transferência de ativos, sendo que peles mais espessa formam maior barreira.

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TÓPICO 3 | FISIOLOGIA DO TECIDO EPITELIAL

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A penetração de quaisquer ativos ocorre de duas maneiras: transdérmica, quando o ativo atravessa o tecido por meio de difusão; ou transfolicular, quando o ativo utiliza do folículo piloso para realizar a permeação cutânea (SILVA, 2013, p. 13).

2.4 A MATRIZ EXTRACELULAR

Segue abaixo (FIGURA 8) um esquema simplificado da composição da matriz extracelular.

FIGURA 8 – MATRIZ EXTRACELULAR

FONTE: Disponível em: <http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Matriz+Extracelular&lang=3>. Acesso em: 3 nov. 2014.

matriz de proteoglicanos

mastocito

Para que as células se organizem em tecidos, é necessário que haja adesão entre elas, de forma a se manterem juntas. Proteínas integrais de membrana, chamadas de moléculas de adesão celular – CAMs (cell-adhesion molecules) –, permitem adesão forte e específica de muitas células animais com células do mesmo tipo ou similares. Outras proteínas formam junções celulares especializadas que estabilizam estas interações e promovem a comunicação local entre células adjacentes.

As CAMs podem mediar a adesão hemofílica (entre células do mesmo tipo) e heterofílica (entre células diferentes). A porção citossólica destas proteínas está normalmente conectada a elementos do citoesqueleto.

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

Há cinco classes principais de CAMs: as caderinas, a superfamília de imunoglobulinas (Ig), as selectinas, as mucinas e as integrinas. Além das ligações estruturais, as células em tecidos estão em comunicação direta por gap junctions. As gap junctions estão distribuídas pela superfície lateral de células adjacentes e permitem a troca de pequenas moléculas.

As células animais organizadas em tecido também secretam uma ampla

diversidade de proteínas e carboidratos, chamada de matriz extracelular – ECM (de Extra Cellular Matrix) –, criando um ambiente especial nos espaços entre as células. A matriz auxilia a ligação das células em tecidos e é um reservatório para muitos hormônios que controlam o crescimento e a diferenciação celular. A matriz também serve como um suporte através do qual as células podem se mover, especialmente durante os estágios primários de diferenciação. Problemas nestas conexões podem levar ao câncer e malformações durante o desenvolvimento.

A matriz extracelular possui três componentes proteicos majoritários:

1- proteínas estruturais: insolúveis, que proporcionam força e resistência (colágeno e elastina);

2- proteínas especializadas (multiadesivas solúveis): ligação, sinalização (fibrilina, fibronectina e laminina);

3- proteoglicanos: altamente viscosas, compostas de um núcleo proteico ao qual se ligam longas cadeias de dissacarídeos repetidos (glicosaminoglicanos), formando componentes da ECM altamente complexos e de alto peso molecular.

Compostos específicos da matriz extracelular podem ativar diretamente vias de transdução de sinal citossólicos ao se ligarem a receptores de proteínas de adesão celular na membrana plasmática. Alternativamente, pela ligação de fatores de crescimento e outros hormônios, a matriz extracelular pode tanto sequestrar estes sinais das células ou contrariamente apresentá-los às células, induzindo ou inibindo indiretamente as vias de sinalização intracelular.

Os compostos fibrosos do tecido de sustentação são de dois tipos principais: colágeno e elastina.

O colágeno é a principal proteína fibrosa encontrada na matriz extracelular. Em vertebrados, há pelo menos 27 tipos de colágenos com 42 cadeias polipeptídicas distintas.

Todas as moléculas de colágeno consistem em três cadeias polipeptídicas, formando uma estrutura de tripla hélice característica, semelhante a uma trança. Os diferentes colágenos se distinguem pela habilidade das suas regiões helicoidais e não helicoidais de se associarem em fibrilas, formando folhas, ou de se ligarem com diferentes tipos de colágeno.

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TÓPICO 3 | FISIOLOGIA DO TECIDO EPITELIAL

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A maioria dos colágenos é fibrilar e composto de moléculas do tipo I. Uma rede bidimensional de colágeno tipo IV é característica da lâmina basal

Moléculas de elastina formam uma rede interligada de fibras e folhas na matriz extracelular, particularmente na pele, pulmão e vasos sanguíneos, onde conferem as propriedades de estiramento e retração elástica. A elastina é sintetizada por fibroblastos em uma forma precursora conhecida como tropoelastina, que sofre polimerização no ambiente extracelular. A deposição de elastina na forma de fibras requer a presença de microfibrilas da glicoproteína estrutural fibrilina, que são incorporadas à estrutura.

FONTE: Silva (2013, p. 14-17)

DICAS

Caso você queira aprender um pouco mais sobre a matriz extracelular, você pode acessar o link a seguir disponibilizado pela professora Dra. Maria Izabel Gallão, professora do Curso de Biologia da UFC. Disponível em: <http://www.biologia.ufc.br/backup/docentes/IzabelGallao/Grad/Matriz.Extracelular.pdf>.

3 FUNÇÕES FUNDAMENTAIS DO TECIDO EPITELIAL

No primeiro tópico desta unidade, elencamos as funções primitivas da pele, destacando seus básicos modos de manutenção. As funções de proteção, de metabolismo, de regulação térmica, imunitária e sensitiva são fundamentais para o bom funcionamento do tecido epitelial como um todo.

A pele, como já dito, na função de proteção, é responsável pelo revestimento de nosso corpo, atua protegendo contra as agressões externas. Essa proteção não é somente física, como também biológica e química.

O tecido epitelial, através de uma mistura de sebo e suor, forma um manto protetor, o qual age de forma ativa sobre a pele, principalmente nas camadas mais exteriores, como derme e epiderme.

Porém, mesmo com toda essa proteção potencial que é gerada nesses tecidos, a pele ainda é passível de absorver e excretar substâncias para o seu exterior.

No caso da função sensitiva e da função imunológica, ambas agregam valores muito importantes ao funcionamento do metabolismo das células neste tecido. A função sensitiva é vasta, complexa e eficiente, como já detalhada anteriormente nesta unidade. A função imunológica é um fator codependente

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

relacionado à capacidade de resistência a infecções que a pele possui, pois, mesmo com muitos agentes que possam ter alto nível de virulência, esta possui sistema de proteção eficiente desde nosso nascimento até a morte.

4 FLORA BACTERIANA

O homem, em seu dia a dia, está potencialmente cercado por patógenos com alta capacidade de causar afecções.

Seiller e Roquier (1983, p. 197) comentam que existem dois tipos de flora: a flora cutânea permanente, composta por germes saprófitos, normalmente não patogênicos, mas podendo tornar-se devido a certas condições; a flora cutânea ocasional patogênica, resultante seja da contaminação, seja da multiplicação exagerada de certos germes saprófitos.

Estas floras têm duas localizações principais: a camada descamante, onde as células se separam umas das outras, criando espaços vazios que constituem um excelente meio para o desenvolvimento bacteriano; o funil folicular, ou infudibilum, que favorece igualmente o desenvolvimento bacteriano: sebo, fragmentos de queratina, temperatura elevada e meio anaeróbia exercem influência (SEILLER e ROQUIER, 1983, p. 197).

A quantidade de microrganismos saprófitos (aqueles que vivem em harmonia com nossa pele) é cariada, uma vez que ocupam em grande parte a superfície de nosso corpo.

Pensando de um modo mais geral, existem dois tipos de floras: a saprófita, como citada acima, e também a patogênica, que é a responsável por gerar infecções tópicas neste tecido. Como a flora saprófita está em uma quantidade bem maior sobre a superfície da pele, ela protege ativamente contra os agentes infecciosos que possam causar algum dano temporário ou fixo na região onde se instalam.

Existem dois tipos de grupos de bactérias patogênicas que são passíveis de gerar afecção dérmica. Seiller e Roquier (1983, p. 197) comentam que podem ser:

Gram-positivos

Os estafilococos, como S.epidermidis e S. albus, encontram-se na superfície cutânea, sobretudo, no nível dos cabelos e dos espaços interdigitais. A presença do S. aureus é devida a uma contaminação, podendo tornar-se patogênica.

Os micrococus, como M. saccarolyticus, M. candidus, M. flaus, estão presentes no couro cabeludo, nas axilas, entre os dedos dos pés.

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4 FLORA BACTERIANA

Os Corynebacterium. Estão muito espalhados em todos os indivíduos, sobretudo, nos que apresentam pele gordurosa, pois seu crescimento é favorecido pelos constituintes do sebo. Alguns são aeróbios, como C. acne, que se desenvolve no funil folicular. Os estreptococus são bastante raros.

Gram-negativos

Não estão permanentemente presentes, mas pode-se encontrá-los, às vezes, nas zonas úmidas.

Os proteus, no nível dos artelhos; E.coli, no nível do períneo; Pseudomas aeruginosa cada vez mais frequente,

4.1 FLORA FÚNGICA

Temos também sobre toda a extensão da pele a flora fúngica, geralmente presente em pequena quantidade, porém alguns fatores, como variação de pH, alteração na umidade relativa do ar e problemas com higiene corporal propiciam uma variação dessa flora, nestes casos, ela aumenta.

Seiller e Roquier (1983, p. 197) comentam que esta flora é basicamente constituída por:

Pityrospurum: P. orbiculare é o agente do pityriasis versicolor. P. ovale, no nível do couro cabeludo, provocaria a aparição de descamação.

Cândidas: C. albican, geralmente saprófito de mucosas, pode tornar-se patogênico em certas condições.

Dermatófitos são os agentes das tinhas e das sicoses;

Asperligillus e Penicillium estão igualmente presentes nos cabelos, na barba, entre os dedos dos pés e no nível das unhas.

4.2 VARIAÇÕES DA FLORA CUTÂNEA

A flora cutânea como um todo varia na pele de cada indivíduo, em função da parte do corpo, da idade e também da condição imunológica preexistente.

Em um recém-nascido, a pele está ilesa de todos os germes microbianos, pois é recoberta pelo vernix caseosa, que a protege nos seus primeiros dias de vida. Depois, a flora bacteriana se instala (SEILLER; ROQUIER, 1983, p. 197).

Há ausência de Corynebacterium na criança pequena, pois ela não apresenta gordura. Os Corynebacterium aparecem na puberdade e desaparecem na idade do envelhecimento, quando os cocos e as leveduras se aventuram a invadir a pele (SEILLER; ROQUIER, 1983, p. 197).

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

Nas regiões do corpo onde a umidade é muito forte, o pH e a temperatura são elevados, os pelos são abundantes, as secreções são apócrinas, a densidade microbiana é elevada e variada, aeróbia e anaeróbia (SEILLER; ROQUIER, 1983, p. 197).

Seiller e Roquier (1983, p.197) também comentam que nas regiões úmidas com pH elevado, mas sem gordura, são os aeróbios e as leveduras que se desenvolvem.

No nível do couro cabeludo, a presença das leveduras é constante. As mãos, por sua função, disseminam uma grande quantidade de agentes patogênicos. As costas e a palma da mão têm uma flora muito pobre. Ao contrário, os sulcos periungueais são particularmente contaminados (SEILLER; ROQUIER, 1983, p. 197).

É de grande importância que se realize periodicamente a higiene pessoal, visto que, caso não aconteça, esta falta de cuidado pode gerar a proliferação da flora patogênica e, consequentemente, gerar infecções sérias no local.

ESTUDOS FUTUROS

Na última unidade deste Caderno de Estudos, você aprofundará seus estudos acerca das principais patologias e infecções geradas pelas bactérias e fungos em nossa pele.

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LEITURA COMPLEMENTAR

DERMATITE SEBORREICA

Ana Luisa Sobral Bittencourt SampaioÂngela Cristina Akel Mameri

Thiago Jeunon de Sousa VargasMarcia Ramos e Silva

Amanda Pedreira NunesSueli Coelho da Silva Carneiro

INTRODUÇÃO, HISTÓRICO E EPIDEMIOLOGIA

A dermatite seborreica (DS) é uma doença inflamatória crônica comum, que acomete cerca de 1% a 3% da população geral dos EUA, sendo 3% a 5% em adultos jovens. A prevalência da DS nos indivíduos HIV positivos varia entre 20% e 83%. Possui dois picos de incidência: um no recém-nascido, até os três meses de vida, e outro na fase adulta, aproximadamente entre os 30 e 60 anos de idade. A apresentação bimodal da doença (ao nascimento e pós-puberal) sugere que ela esteja relacionada a hormônios sexuais. Os homens são acometidos com maior frequência em todas as faixas etárias e não há predileção racial.

Malassez foi a primeira pessoa a descrever elementos fúngicos leveduriformes em escamas do couro cabeludo, provavelmente representativas da doença que viria a ser conhecida como DS após a descrição original de Unna em 1887. Em 1952, Leone relacionou o Pityrosporum ovale (posteriormente designado Malassezia sp.) à pitiríase do couro cabeludo, ao eczema seborreico figurado e a várias outras dermatoses escamosas.

Nos anos 50, o foco das pesquisas sobre DS foi investigar sua associação a deficiências vitamínicas, como as vitaminas B2, B6, B12 e a biotina. No entanto, até hoje não há comprovação da associação entre DS e deficiência nutricional.

Sudan defendeu a teoria de que a nicotina atua como hapteno na fisiopatogenia da DS.

Atualmente, trabalhos têm apontado para a importância do papel da Malassezia sp., presente na flora normal do homem, na gênese das lesões de DS em pacientes suscetíveis. Sua participação foi sugerida pelo fato de a doença responder ao tratamento com antifúngicos.

Além da infecção pelo vírus HIV, algumas doenças neurológicas também cursam com maior incidência de DS, como a doença de Parkinson. Pacientes parkinsonianos em tratamento com levodopa apresentam melhora da DS. A maior incidência de DS no paciente com Parkinson parece estar relacionada ao

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

aumento da secreção de hormônios sexuais masculinos e seus efeitos sobre as glândulas sebáceas, e não a uma disfunção autonômica (disautonomia), como se pensava anteriormente.

Foi também observada prevalência maior da DS no parkinsonismo induzido por neurolépticos, na craniosinostose, na polineuropatia amiloidótica familial, no traumatismo craniano, no trauma medular, nos acidentes vasculares encefálicos (AVE), na epilepsia e na paralisia do nervo facial. Já foi descrita ocorrência de DS apenas no lado plégico de pacientes com AVE, após descompressão de malformação de Chia ri, ou na área afetada pela siringomielia.

Ercis et al., em 1996, relataram que 30,9% dos indivíduos com síndrome de Down apresentam DS, embora Daneshpazhooh et al. tenham mostrado prevalência de apenas 3%.

Outras doenças sistêmicas cursam com maior incidência de DS, como o infarto agudo do miocárdio, pancreatite alcoólica e alcoolismo.

ETIOPATOGENIA

Malassezia sp.

A Malassezia spp. é um fungo lipofílico constituinte da flora normal da pele do ser humano. Sua primeira descrição ocorreu em meados de 1840, por Eichsted e Sluyter, que a relacionaram à pitiríase versicolor. Em 1853, Robin a denominou Microsporum furfur, e Malassez, em 1874, descreveu-a em escamas do couro cabeludo.

O gênero Malassezia foi descrito por Baillon em 1889 e tem prioridade taxonômica sobre o gênero Pityrosporum, determinado por Sabouraud, em 1904, para o mesmo grupo de micro-organismos. A classificação atual inclui o gênero Malassezia na família Cryptococcaceae, da classe dos Blastomicetos.

A Malassezia é um fungo dimórfico de grande pleomorfismo que, por ter sido inicialmente classificado a partir de critérios morfológicos, foi denominado Pityrosporum ovale (células ovais com gemulação de base larga) e orbiculare (células redondas com gemulação de base estreita). Mais tarde, concluiu-se que ambas as formas eram variantes morfológicas da mesma espécie. Atualmente, por meio de métodos sorológicos e genéticos, o gênero Malassezia é dividido em sete espécies: M. furfur, M. pachydermatis, M. sympodialis, M. globosa, M. obtusa, M. restricta e M. slooffiae.

Embora Unna tenha descrito a doença dermatite seborreica em 1887, foi Malassez, em 1874, quem primeiro observou o fungo nas escamas do couro cabeludo. Posteriormente, Moore e Kile relacionaram a Malassezia sp. diretamente à doença.

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TÓPICO 3 | FISIOLOGIA DO TECIDO EPITELIAL

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A Malassezia sp. está relacionada tanto a doenças infecciosas, nas quais o micro-organismo é o agente etiológico direto, quanto a doenças inflamatórias de etiologia multifatorial, nas quais o crescimento exagerado da Malassezia sp. funciona como um fator desencadeante ou agravante em pacientes suscetíveis. No primeiro grupo, estão incluídas a pitiríase versicolor, a foliculite por Malassezia (ou foliculite pitirospórica), pneumonia por Malassezia sp., sepse associada ao cateter venoso profundo de pacientes em nutrição parenteral total e peritonite em indivíduos submetidos à diálise peritoneal ambulatorial. No segundo, temos a DS como principal exemplo, acompanhada da dermatose confluente e reticulada de Gourgerot e Carteaud, da psoríase e da dermatite atópica.

Cada uma destas doenças possui manifestações clínicas e histológicas diversas que não podem ser explicadas apenas pela presença de determinada espécie de Malassezia na pele, tendo como fatores contribuintes o perfil imunológico do indivíduo e a hereditariedade.

Ainda não está perfeitamente definida a fisiopatologia exata da dermatite seborreica. Porém, hoje a regra é a associação da doença à presença do fungo Malassezia sp. na pele dos indivíduos acometidos. Sabe-se que este é encontrado na pele de todos os indivíduos, podendo ser encontrado em maior quantidade naqueles que apresentam DS. Entretanto, Bergbrant e Faergman, em 1989, não encontraram diferença na quantidade de Malassezia sp. quando compararam indivíduos portadores de DS com controles sadios, assim como pele lesional com pele sã. Estes achados sugerem que há outros mecanismos fisiopatogênicos relacionados à reação anormal à Malassezia sp. e não necessariamente relacionados à sua quantidade.

Em 1984, Bourlond et al. demonstraram que o P. ovale (diga-se Malassezia sp.) pode ser encontrado em qualquer superfície contendo escamas (DS, ceratose actínica, nevos e verrugas virais) e que a multiplicação de tal fungo nestes locais torna sua demonstração mais fácil.

Diversos estudos foram conduzidos para se definir qual é a espécie de Malassezia mais prevalente na DS. Nakabayashi et al. relatam ter encontrado 35% de M. furfur e 22% de M. globosa nos indivíduos com DS. Rendic et al. encontraram M. globosa em 67% da amostra, seguida de M. furfur e M. sympodialis. Gupta e Gaitanis relataram maior quantidade de M. globosa. Tajima foi o único autor a relatar a M. restricta como a mais frequente.

Nakabayashi e Sei observaram que as crianças com DS têm maior quantidade de Malassezia (M. furfur e M. globosa) do que as não acometidas pela doença. Bergbrant considera que a quantidade de P. ovale (leia-se Malassezia sp.) na pele não é o fator determinante para a reação inflamatória, mas sim a quantidade de lipídios na superfície cutânea e a reação imune do indivíduo à presença do fungo. Ele ainda observou a relação da doença à hereditariedade, sazonalidade e ao estresse mental e com a redução da função das células T. Para corroborar as evidências de a Malassezia sp. contribuir para a inflamação cutânea na DS, Plotkin,

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

em 1996, e De Angelis, em 2007, descreveram a produção de uma lipase por este fungo, que é essencial para o seu crescimento in vitro e in vivo. A hipótese seria a de que o fungo se utiliza dos lipídios da superfície cutânea, produzindo ácidos graxos insaturados e saturados que, deixados no ambiente (superfície cutânea do indivíduo), induzem resposta inflamatória.

O sebo da pele permitiria o crescimento do P. ovale (leia-se Malassezia) e, assim, o desenvolvimento da DS; portanto, a manutenção de reservatórios de sebo residual (como a higiene inadequada) poderia predispor ao surgimento da doença, como ocorre nos pacientes neuropatas.

Uma evidência concreta da relação da Malassezia com a DS é a resposta ao tratamento com antifúngicos.

Em 2007, Dawson defendeu que o desenvolvimento da DS depende de três fatores: produção de sebo, metabolismo da Malassezia e suscetibilidade do indivíduo.

HISTOPATOLOGIA

A histopatologia da DS depende do estágio clínico em que se encontra. Desta forma, nas fases aguda e subaguda nota-se um infiltrado inflamatório composto principalmente por linfócitos e histiócitos, associado à espongiose e hiperplasia psoriasiforme leves a moderadas, associadas à paraceratose ao redor dos óstios foliculares (paraceratose “em ombro”). Já durante a fase crônica, além dos achados acima, há marcada hiperplasia psoriasiforme, com dilatação dos capilares e vênulas do plexo superficial, o que determina bastante semelhança com a psoríase. Os achados histopatológicos da psoríase vulgar são semelhantes, exceto pela espongiose.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO

A DS possui características distintas, dependendo da faixa etária acometida: na forma pediátrica é autolimitada, enquanto no adulto, a doença tem curso crônico. As lesões são placas eritematosas e escamativas, de graus variáveis de extensão e intensidade.

A DS na infância ocorre com maior prevalência nos três primeiros meses de vida (10% em meninos e 9,5% em meninas), sendo a escamação do couro cabeludo a forma clínica mais comum (42%). Caracteriza-se, logo após o nascimento, pelo surgimento de escamas amareladas, aderentes e de extensão variável. Pode também ocorrer na face e nas dobras, tais como regiões retroauriculares, pescoço, axilas e região inguinal. A criança com DS pode apresentar uma forma rara, generalizada que, frequentemente, é associada a imunodeficiências.

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TÓPICO 3 | FISIOLOGIA DO TECIDO EPITELIAL

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A DS do adulto é uma dermatose crônica, de curso recidivante, que varia desde um eritema leve a moderado até lesões papulosas, exsudativas e/ou escamativas, com períodos de exacerbação relacionados ao estresse ou privação de sono.

As áreas afetadas e a prevalência correspondente de cada uma são: face (87,7%), couro cabeludo (70,3%), tórax (26,8%), membros inferiores (2,3%), membros superiores (1,3%) e outros locais (5,4%), como as dobras. As lesões são máculas ou finas placas de limites bem definidos, que podem assumir as colorações rosa, amarela clara ou eritematosa, com escamas finas, brancas e secas ou até amareladas úmidas ou oleosas. Podem ser limitadas a pequenas áreas do corpo, porém, há relatos de formas generalizadas e até mesmo de eritrodermia. A presença de prurido é variável. As lesões podem ter como complicação principal a infecção bacteriana secundária, causando piora do eritema e do exsudato, desconforto local e linfonodomegalias reacionais próximas às áreas acometidas.

As lesões têm predileção pelas áreas de elevada produção de sebo, como o

couro cabeludo, face, pavilhões auriculares, regiões retroauricular e pré-esternal, pálpebras e dobras.

As lesões do couro cabeludo variam desde uma leve escamação (pityriasis

simplex capillitii) até crostas melicéricas bem aderidas ao couro cabeludo e aos fios, podendo ou não causar áreas de alopecia (pseudo tinea amiantacea). Na face, é característico o envolvimento das regiões glabelar e malar, dos sulcos nasolabiais e das sobrancelhas. O acometimento das pálpebras leva à blefarite. A área da barba em homens também pode ter lesões de DS. Nas dobras (axilas, umbigo, regiões inguinal, inframamária e anogenital), as lesões adquirem aparência úmida, macerada, com eritema na base e ao redor. Pode evoluir com fissuras e infecção secundária. Na região pré-esternal, podem ser mais eritematosas e de escama, com conformação arciforme (psoriasiforme) - na borda da lesão - ou petaloide - escama sobre a lesão.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

A DS pode ter, como diagnósticos diferenciais, a psoríase, a dermatite atópica (principalmente a forma pediátrica da DS), a tinea capitis, o linfoma cutâneo e a histiocitose de células de Langerhans. Também existe um tipo de dermatite similar à DS que pode ser induzida por drogas (ouro, buspirona, clorpromazina, etionamida, griseofulvina, haloperidol, IL2, interferon-α, lítio, methoxalen, metildopa, fenotiazinas, psoralenos, estanozolol, entre outros) ou por deficiência nutricional (riboflavina, piridoxina, niacina e zinco).

A forma da infância da DS é semelhante à dermatite atópica (DA), porém, os locais de acometimento (dobras na DS e superfícies extensoras na DA) e a ausência de prurido na DS as diferenciam. A dermatite de contato pela fralda poupa as dobras, enquanto a DS predomina nestas. Já a psoríase na infância é muito semelhante à DS nesta faixa etária, sendo quase impossível sua separação.

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

Existe uma discussão sobre a diferença entre a DS do couro cabeludo e uma entidade chamada pityriasis simplex capillitii, escamação leve e seca do couro cabeludo, que pode ser apenas a escamação fisiológica da camada córnea ou por uso de cosméticos em excesso, como cremes ou géis de cabelo. Também há a difícil distinção entre a DS e a psoríase do couro cabeludo. As lesões de psoríase são placas mais bem delimitadas e espessas, com escamas brancas secas.

Na face, as lesões de DS são parecidas com as de lúpus eritematoso cutâneo agudo (erupção malar bilateral) e com a rosácea. Nas áreas de dobras, devem ser diferenciadas dos eczemas de contato por irritante primário, da psoríase invertida, das dermatofitoses e do eritrasma. A histiocitose de células de Langerhans pode acometer as dobras e o couro cabeludo com grande semelhança clínica com a DS, mas a presença de um componente purpúrico nas lesões favorece o diagnóstico da primeira.

DERMATITE SEBORREICA E HIV

Eisenstat descreveu, pela primeira vez, em 1984, a relação da DS com a AIDS. A prevalência da DS nos indivíduos HIV positivos varia de acordo com diferentes autores: para Soeprono et al., 85% dos indivíduos com AIDS têm DS; Berger observou-a em 36%; Goodman et al. em 32% e Blanes et al. em 31% dos pacientes.

A Malassezia sp. também está envolvida no desenvolvimento da doença. Não foi verificado aumento na quantidade de P. ovale (leia-se Malassezia sp.) na superfície cutânea, quando comparados indivíduos com ou sem AIDS, porém, parece que mais importante do que a quantidade de fungos na superfície cutânea é o subtipo específico existente. Rincón e colaboradores observaram o predomínio da Malassezia globosa em indivíduos com pitiríase versicolor (67%) e nos HIV positivos com DS (85%), enquanto nos indivíduos com DS HIV negativos, as espécies de Malassezia que predominaram foram a M. furfur e a M. restricta, isoladas em 72% e 26%, respectivamente.

Vidal et al. descreveram que o perfil lipídico da pele dos indivíduos com AIDS é diferente daqueles sem AIDS, porém, não determinaram sua relação com o desenvolvimento da DS. Passi S. et al. (1991) relatam que a concentração total de lipídios na superfície cutânea de indivíduos HIV positivos e HIV negativos com dermatite seborreica é semelhante. Porém, descrevem que há alterações significativas nas frações dos lipídios nos pacientes HIV positivos, como uma redução do esqualeno e um aumento do colesterol e de ésteres do colesterol.

A DS costuma ocorrer em indivíduos HIV positivos com contagem de linfócitos T CD4+ entre 200 e 500, sendo considerada uma manifestação cutânea precoce na AIDS. A resposta ao tratamento antirretroviral é variável, havendo relatos conflitantes na literatura: alguns autores observam melhora da DS com o início do tratamento antirretroviral, enquanto outros relatam piora. Há, ainda, relatos de piora durante a síndrome de reconstituição imune ou relatos de que o tratamento antirretroviral não altera a prevalência nem o curso da DS.

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Quanto à histopatologia, os achados da DS nos HIV positivos são semelhantes aos encontrados nos HIV negativos, porém, suas lesões tendem a apresentar maior acometimento folicular e mais plasmócitos em meio ao infiltrado inflamatório.

A clínica da DS é típica, acometendo áreas ricas em glândulas sebáceas, acompanhadas ou não de prurido. Crianças com AIDS também apresentam DS.

Entretanto, caso a doença apareça pela primeira vez ou tenha uma exacerbação em um indivíduo HIV positivo que antes possuía uma forma leve, isso pode indicar soroconversão do estado latente para o sintomático. A DS também pode apresentar-se mais extensa, com maior intensidade e refratária ao tratamento convencional. Nestes casos, há benefício com o uso dos antifúngicos orais ou com associação de drogas, como antifúngicos e corticosteroides de baixa potência tópicos. Também há relatos de melhora clínica com o uso de antirretrovirais.

TRATAMENTO

Por se tratar de uma doença inflamatória crônica, em resposta a uma provável presença de um fungo (Malassezia sp.) na pele e do seu metabolismo através da utilização dos lipídios da pele, o objetivo do tratamento consiste no controle da inflamação, da proliferação do micro-organismo e da oleosidade. Diversas classes de medicamentos são utilizadas, de maneira que é vasto o arsenal terapêutico para controle da DS. A primeira regra é esclarecer os pacientes sobre o caráter crônico recidivante da doença. Assim, o indivíduo, ciente do curso da doença, demonstra maior confiança e aderência ao tratamento.

Os medicamentos mais utilizados, segundo levantamento realizado por Peyrí et al., são os corticosteroides (59,9 %) e os antifúngicos derivados imidazólicos (35,1 %). Foram também citados os cremes hidratantes em 30,7%, os inibidores tópicos da calcineurina (27,2 %) e, em 5,1%, outros tratamentos farmacológicos, como anti-histamínicos sistêmicos e diversas terapias naturais.

A seguir, são citados os medicamentos para tratamento da DS separados de acordo com as modalidades terapêuticas: Sabonetes: os sabonetes disponíveis são os de cetoconazol a 2% e de enxofre, com ou sem ácido salicílico. Os sabonetes à base de óleo de melaleuca (tea tree oil) têm se mostrado eficazes contra a DS devido ao seu potencial antifúngico. Estes também existem sob a forma de xampus. Xampus: os xampus usados para o controle da DS são classificados de acordo com seu efeito.

Os antiproliferativos: à base de coaltar e seus derivados - são antimitóticos e citostáticos, causando redução da divisão celular na epiderme, que é a causa da formação das escamas. Outros exemplos são os de sulfeto de selênio (1 e 2,5%) e de piritionato de zinco (1 e 2%). Os antifúngicos são aqueles à base de cetoconazol a 2%, ciclopirox a 1%, e também o sulfeto de selênio e piritionato de zinco. Os ceratolíticos: à base de ácido salicílico (2 a 6%) com ou sem enxofre (2 a 5%) - provocam remoção das escamas aderentes; antiinflamatórios: com

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UNIDADE 1 | DERMATOLOGIA

corticosteroides (propionato de clobetasol) - têm efeitos semelhantes aos usados como soluções capilares. A combinação de várias classes de medicamentos em um mesmo produto ou a terapia rotacional são as opções que produzem maior eficácia e menor recidiva.

Medicações tópicas: antifúngicos tópicos: o cetoconazol, bem como outros derivados imidazólicos, e antifúngicos de outras classes farmacológicas, como o ciclopirox todos podendo ser usados sob a forma de loções, cremes ou pomadas, sempre que houver recidiva da DS. Embora seja alvo de discussão o efeito antiandrogênico destes medicamentos, a dose necessária para que este efeito ocorra é bastante alta (equivalente a 600 a 800mg/dia de cetoconazol oral), sendo improvável que esta dose seja alcançada com o tratamento tópico. Por outro lado, existem indícios de que alguns antifúngicos têm efeitos anti-inflamatórios comparáveis ao efeito da hidrocortisona. Por exemplo, foi demonstrado in vitro que a ciclopirox olamina inibe a ação da 5-lipoxigenase e da cicloxigenase.

Corticosteroides tópicos: podem ser usados sob a forma de loções, soluções capilares, espumas e xampus. Provocam melhora rápida dos sintomas - eritema, escamação e prurido - porém, as recidivas são frequentes. Devem ser utilizados durante o menor tempo possível em virtudes dos efeitos colaterais que ocorrem com o uso prolongado.

Anti-inflamatórios inibidores da calcineurina tacrolimus (0,03 e 0,1%) e pimecrolimus (1%). Uma alternativa aos corticosteroides tópicos, tanto o tacrolimus quanto o pimecrolimus possuem efeito anti-inflamatório na DS igual ou superior aos corticosteroides tópicos de baixa potência, sem os efeitos colaterais que estes apresentam. Podem ser usados uma ou duas vezes por dia.

São bem tolerados e podem ser usados nas formas de DS resistentes da face.

Também induzem à remissão mais prolongada que os corticosteroides tópicos.

FONTE: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S036505962011000600002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 nov. 2014.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você estudou que:

• A pele é um órgão que se renova constantemente. Uma única célula-tronco inicial tem a capacidade gerar a demanda de proliferação tecidual para que todo o corpo possa ser recoberto diariamente com as células epiteliais.

• Geralmente, a pele mais grossa está nas mãos e nos pés, possui um tecido com menos quantidade de melanina, possui glândulas sudoríparas, porém não possui os demais anexos cutâneos.

• A pele mais fina é aquela que cobre uma maior extensão corporal, há partes onde possui uma maior quantidade de melanina, como axilas, virilhas, cotovelos, aréolas mamilares, possui muitos dos anexos cutâneos que são característicos a cada região.

• O sebo produzido pelas glândulas sebáceas e o suor das glândulas sudoríparas formam uma mistura que compõe o manto hidrolipídico, que funciona como uma barreira protetora importante contra as agressões externas.

• A pele possui permeabilidade seletiva, ou seja, tem capacidade de “filtrar” o que entra e sai de seu interior. Essa propriedade é denominada permeação cutânea.

• Proteínas integrais de membrana, chamadas de moléculas de adesão celular – CAMs –, permitem adesão forte e específica de muitas células animais do mesmo tipo ou similares.

• A matriz extracelular possui três componentes proteicos majoritários: as proteínas estruturais, as proteínas especializadas e os proteoglicanos.

• O colágeno é a principal proteína fibrosa encontrada na matriz extracelular.

• Moléculas de elastina formam uma rede interligada de fibras e folhas na matriz extracelular, particularmente na pele, pulmão e vasos sanguíneos, onde conferem as propriedades de estiramento e retração elástica.

• As funções de proteção, de metabolismo, de regulação térmica, imunitária e sensitiva são fundamentais para o bom funcionamento do tecido epitelial como um todo.

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• Existem dois tipos de flora bacteriana: a flora cutânea permanente, composta por germes saprófitos, normalmente não patogênicos, mas podendo tornar-se devido a certas condições; e a flora cutânea ocasional patogênica, resultante seja da contaminação, seja da multiplicação exagerada de certos germes saprófitos.

• Existem dois tipos de grupos de bactérias patogênicas que são passíveis de gerar afecção dérmica: as Gram-positivas e as Gram-negativas.

• Temos também, sobre toda a extensão da pele, a flora fúngica, geralmente presente em pequena quantidade.

• A flora cutânea, como um todo, varia na pele de cada indivíduo, em função da parte do corpo, da idade e também da condição imunológica preexistente.

• A dermatite seborreica (DS) é uma doença inflamatória crônica comum, causada pelo fungo Malassezia sp.

• A Malassezia sp. está relacionada tanto a doenças infecciosas, nas quais o micro-organismo é o agente etiológico direto, quanto a doenças inflamatórias de etiologia multifatorial, nas quais o crescimento exagerado da Malassezia sp. funciona como um fator desencadeante ou agravante em pacientes suscetíveis.

• A DS possui características distintas, dependendo da faixa etária acometida: na forma pediátrica é autolimitada, enquanto no adulto a doença tem curso crônico. As lesões são placas eritematosas e escamativas, de graus variáveis de extensão e intensidade.

• Os medicamentos mais utilizados para o tratamento da DS são os corticosteroides e os antifúngicos derivados imidazólicos.

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1 Qual a importância das células-tronco na renovação celular?

2 Qual a função do manto hidrolipídico?

3 O que é a permeação cutânea?

4 Quais os principais componentes proteicos da matriz extracelular?

5 Diferencie flora saprófita de flora patogênica.

6 Qual o nome do fungo causador da Dermatite Seborreica? E quais são as áreas corporais que ele mais afeta na vida adulta?

AUTOATIVIDADE

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UNIDADE 2

DERMATOLOGIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade, você será capaz de:

• conhecer os tipos de pele, classificação, bem como a avaliação e anamnese da mesma;

• identificar quais são as classificações da melanina, síntese e função da mesma.

• ter domínio dos fototipos da pele;

• reconhecer o envelhecimento cutâneo, suas teorias, tipos e graus de enve-lhecimento.

• ter domínio da classificação de rugas, sulcos e linhas de expressão.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos.

TÓPICO 1 – TIPOS DE PELE: AVALIAÇÃO E ANAMNESE

TÓPICO 2 – CLASSIFICAÇÕES DA MELANINA E FOTOTIPOS

TÓPICO 3 – ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

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TÓPICO 1

TIPOS DE PELE: AVALIAÇÃO E ANAMNESE

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro tópico você terá acesso às formas de entrevista para avaliação e anamnese do seu cliente, do estudo à aplicabilidade de técnicas.

Serão descritas as ações em estética e como devem ser organizadas, desde o levantamento de dados ao exame físico.

Por fim, verificaremos a classificação dos tipos de pele e suas características.

Como leitura complementar, estaremos vendo sobre os equipamentos utilizados para a análise de pele facial. Além do exame clínico que é indispensável, os profissionais podem contar com recursos altamente sofisticados que permitem a investigação aprofundada da pele, aumentando a eficácia dos tratamentos.

2 TEORIA DA AVALIAÇÃO

Para Barros (2011), originalmente o exame da pele tem sido considerado de grande importância clínica não só pelo seu importante papel fisiológico, que é a comunicação corporal com o mundo exterior, como pela sua importância ao revelar precocemente doenças sistêmicas. Que parte do exame físico pode ser mais fácil que o da pele? A pele é visível em todas as suas dimensões, pode ser diretamente palpável e é tão fina que mesmo suas camadas mais profundas estão a apenas alguns milímetros do examinador. Mas, enquanto problemas internos podem evoluir ocultos, os quadros dermatológicos, embora claramente visíveis, podem se exteriorizar de forma amplamente variável, dificultando sobremaneira sua análise e interpretação.

É de grande importância inclusive que se realize uma construção de instrumentos de coleta de dados para a correta avaliação e anamnese. Neste processo de estética é utilizado como método para o cuidado, bem-estar da saúde da pele e aumento da autoestima de nosso cliente. Deve-se ainda propiciar condições de individualizar o cuidado do cliente; possibilitar maior integração do esteticista com o cliente e possibilitar uma maior interação com a equipe multidisciplinar.

A estética, como profissão da área da saúde, deverá adotar e estruturar valores, princípios e normas para guiar sua ação de trabalho. Há necessidade de elaborar modelos para guiar o nosso agir; a ação profissional deve ter

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UNIDADE 2 | DERMATOLOGIA

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como marca a compreensão e a reflexão teórica; aos profissionais da área cabe criar, selecionar e aplicar os modelos que sejam mais adequados ao tipo de serviço que prestam.

Estudos mostram a evolução do cuidado com a pele desde a pré-história. A preocupação do homem com seu aspecto estético dá início com a humanidade. Com o tempo foram buscando fórmulas cada vez mais efetivas para prolongar as condições da juventude e beleza. A estética sempre teve relação com a saúde (NUNES, 2010).

Nos dias de hoje, a dermatofuncional tem recursos para recuperar e ressaltar a saúde e o cuidado com a pele. Para a avaliação dermatofuncional, o paciente necessita realizar um exame dermatológico, no qual se avalia a intensidade das rugas, o grau de flacidez e outros sinais de envelhecimento causados pelo Sol, concluindo, então, qual o procedimento mais eficaz para o indivíduo (NUNES, 2010).

A partir desde momento vamos abordar as técnicas e modelos de anamnese

para a aplicabilidade eficaz dos protocolos de tratamento.

DICAS

Para complementar este estudo inicial você pode conferir o livro: Anamnese e Exame Físico, da Editora Artmed, escrito por Alba Lucia Bottura Leite e Cols.

3 ANAMNESE

O interrogatório de pacientes (anamnese) é um método adotado desde a Grécia Clássica, tal prática já visava, naquela ocasião, aliviar o sofrimento das pessoas enfermas. Mas foi apenas no último século que a anamnese e o exame físico, nos moldes que conhecemos, foram recomendados com interesse diagnóstico. Embora os termos “sinal/sintoma” também sejam conhecidos dos médicos desde a Antiguidade, foi somente no século XIX que tornou-se claro o seu caráter, respectivamente, objetivo e subjetivo (BARROS, 2004).

A palavra Anamnese (do grego ana, trazer de novo e mnesis, memória)

é uma entrevista realizada pelo profissional de saúde ao seu paciente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença ou patologia. Em outras palavras, é uma entrevista que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com a doença e à pessoa doente. A anamnese é também

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TÓPICO 1 | TIPOS DE PELE: AVALIAÇÃO E ANAMNESE

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3 ANAMNESE

referenciada como Anamnese Corporal, Ficha de Anamnese ou Anamnese Corporal Completa. Uma anamnese, como qualquer outro tipo de entrevista, possui formas ou técnicas corretas de serem aplicadas.

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Anamnese_%28sa%C3%BAde%29>. Acesso em: 24 nov. 2014.

Ao seguir as técnicas pode-se aproveitar ao máximo o tempo disponível para o atendimento, o que produz um diagnóstico seguro e um tratamento correto. Sabe-se hoje que a anamnese, quando bem conduzida, é fator fundamental para o sucesso do tratamento que será executado.

Das técnicas para a anamnese começamos com a entrevista, onde deve-se levar em consideração o tempo do exame que a esteticista vai utilizar para avaliar a cliente. No contato inicial a esteticista deve sempre identificar-se para sua cliente; é necessário ainda, com habilidade, moderar a fala do cliente extrovertido, evitando detalhes sobre fatos não relacionados com o interesse do diagnóstico. Vale ressaltar que quando o cliente estiver falando, primeiro ouvi-lo, se possível olhando-o em seus olhos (nunca ficar de cabeça baixa ou fazendo anotações neste momento); neste momento é necessário coordenar o tempo de ouvir e o tempo de escrever. Após o relato do cliente, preencher da forma mais completa os dados no prontuário.

Na entrevista, deve-se lembrar que o cliente o procurou por estar insatisfeito com sua imagem pessoal, com dúvidas e podendo até estar desesperado, o mesmo então confia ao profissional seu bem maior, que é a sua vida, com a esperança de melhora e esclarecimentos.

É fundamental que após a consulta seja explicado, de maneira que o cliente entenda, sua patologia, como será o tratamento proposto e que não saia com as mesmas dúvidas e preocupações que tinha no início do seu atendimento.

A anamnese é composta por perguntas a serem feiras ao cliente, que dividem-se em três tipos: perguntas abertas, focadas e fechadas. A pergunta do tipo aberta deve ser feita de tal maneira que o paciente sinta-se livre para expressar, sem que haja nenhum tipo de restrição, por exemplo: “O que o sr. está sentindo?”. A pergunta do tipo focada é semelhante com a aberta, porém sobre um assunto específico, ou seja, o paciente deve sentir-se à vontade para falar sobre um determinado tema ou sintoma apenas, por exemplo: “Qual parte incomoda mais?”. A pergunta do tipo fechada serve para que o entrevistador complemente o que o paciente ainda não falou ou não deixou bem claro, com questões diretas de interesse específico. Por exemplo: “A celulite incomoda quando o sr. anda ou quando está sentado?”. Após este momento, partimos para a organização das ações em estética.

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UNIDADE 2 | DERMATOLOGIA

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3.1 A ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES EM ESTÉTICA

As ações em estética devem ser organizadas com a elaboração de um planejamento das ações de cuidar, tem como base cinco fases sequenciais e inter-relacionadas: levantamento de dados, avaliação, diagnóstico, planejamento e implementação.

O levantamento de dados ocorre em dois momentos, anamnese e exames

físicos.

No primeiro momento da anamnese deve-se observar o seguinte roteiro: Identificação. História Clínica. QP – Queixa Principal. HDA – História da Doença Atual (sintomatologia, época de início, história

da evolução da doença, entre outros). HPP – História Patológica Pregressa ou HMP – História Médica Pregressa

(informações sobre toda a história médica do paciente, mesmo das condições que não estejam relacionadas com a doença atual).

HF – História Familiar (é perguntado ao cliente sobre sua família e suas condições de trabalho e vida. Procura-se alguma relação de hereditariedade das doenças).

HS – História Social (procura-se a informação sobre a ocupação do paciente, como: onde trabalha, onde reside, se é tabagista, alcoolista ou faz uso de outras drogas. Se viajou recentemente, se possui animais de estimação (para se determinar a exposição a agentes patogênicos ambientais). Suas atividades recreativas, se faz uso de algum tipo de medicamento (inclusive os da medicina alternativa), pois estas informações são muito valiosas para o profissional levantar hipóteses de diagnóstico.

HGP - História Gestacional do Parto ou HGO – História Ginecológica e Obstétrica. Revisão dos Sistemas.

Fonte: Barros (2010)

No momento desta anamnese inicial, não deixe de registrar o(s) motivo(s) que levou/levaram o paciente a procurar os seus serviços, e registre a localização, qualidade, quantidade e intensidade; circunstâncias que ocorreram; tempo (início, duração e frequência); fatores que agravaram ou aliviaram esses sintomas; manifestações associadas e tratamentos já realizados.

Na continuidade da anamnese, dar-se-á início ao exame físico, onde deve-se realizar: Inspeção e palpação: verificar a temperatura da pele, tônus muscular e nível de

hidratação. Biotipos cutâneos: a classificação da pele – Leslie Baumann.

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TÓPICO 1 | TIPOS DE PELE: AVALIAÇÃO E ANAMNESE

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3.1 A ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES EM ESTÉTICA Fototipo: é a caracterização da pele quanto à sua coloração e reação à exposição solar.

Alterações morfológicas e de relevo: classificação do nível de envelhecimento da face.

Exame de sensibilidade.

Com base na avaliação proposta é possível seguir os próximos passos da organização das ações em estética, iniciando o diagnóstico, planejamento (onde elabora-se um programa de tratamento) e implementação, onde executa-se o tratamento com a ficha de acompanhamento.

Para finalizar nossa anamnese, ficam algumas dicas: Não economize em uma avaliação, pois quem economiza na avaliação perde

no tratamento. Seja flexível numa conduta de tratamento. Caso perceba falhas no seu

programa, reavalie e mude. Leve em consideração a relação custo/benefício, na seleção dos recursos

utilizados. Não se acomode nas "receitas ou protocolos", personalize ao máximo os seus

programas de tratamento. A cliente deve ter sempre conhecimento dos efeitos dos aparelhos, cosméticos

ou de outros procedimentos a serem usados. Preste bastante atenção ao que sua cliente diz em relação ao tratamento. Ela

lhe dará informações importantes. Nunca consulte manuais na presença da cliente. Atualize-se. Cuide da sua aparência. "Não basta ser, tem que parecer que é". Entreviste e observe. Os problemas dos clientes são as bases da sua profissão; demonstre interesse

sempre. Atenção para a ética: nunca julgue um tratamento de outro profissional.

FONTE: Disponível em: <http://www.cbeconline.com.br/trabalhos/anamnese_diagnostico%20deferencial.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2014.

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FIGURA 9 – MODELO DE FICHA PARA ANAMNESE (FRENTE)

FONTE: Disponível em:http://www.ck.com.br/downloads/Ficha%20de%20Anamnese%20Facial.pdf> Acesso em: 22 nov. 2014.

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TÓPICO 1 | TIPOS DE PELE: AVALIAÇÃO E ANAMNESE

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FIGURA 9 – MODELO DE FICHA PARA ANAMNESE (FRENTE) FIGURA 10 – MODELO DE FICHA PARA ANAMNESE (VERSO)

FONTE: Disponível em: http://www.ck.com.br/downloads/Ficha%20de%20Anamnese%20Facial.pdf> Acesso em: 22 nov. 2014.

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UNIDADE 2 | DERMATOLOGIA

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A pele é o maior órgão do corpo humano. Ela forma uma barreira fina e extremamente sensível entre o organismo e o mundo exterior. Além disso, reflete o nosso estado de saúde física e mental. Com base em seu complexo funcionamento, a pele desempenha o papel vital de proteger o corpo dos raios ultravioleta, da poluição, de agentes tóxicos, das temperaturas altas e baixas e, por meio de suas glândulas sudoríparas, ela elimina toxinas e impurezas do organismo.

O que vai definir o seu tipo de pele é o grau de oleosidade, ou seja, a quantidade de óleo produzida e expelida pelas glândulas sebáceas. Esta gordura é normal e ajuda a pele a se manter elástica e hidratada. O primeiro cuidado com a pele exige esta avaliação do funcionamento das glândulas sebáceas. Se elas apresentam alguma disfunção, a pele sofrerá danos. Quando estão hiperativas, por exemplo, excedem na produção da oleosidade, favorecendo o aparecimento dos cravos e acne. Caso produzam pouco óleo, tornam-se secas quebradiças e favorecem o surgimento de rugas. (SERRA, 2014).

A classificação da pele em quatro tipos, normal, seca, oleosa e mista, foi desenvolvida por Helena Rubinstein, a inventora da indústria cosmética, no início do século XX. Desde então, essa divisão orienta as mulheres – e, de uns tempos para cá, muitos homens – na escolha de cremes e tratamentos para melhorar a aparência do rosto e evitar os sinais da idade. Agora, essa classificação foi ampliada. Depois de estudar 1.400 pacientes durante oito anos, a médica americana Leslie Baumann, chefe do Centro de Dermatologia Cosmética da Universidade de Miami, catalogou a pele humana em nada menos que 16 categorias. O resultado está no livro The Skin Type Solution (A Explicação para os Tipos de Pele). Lançada em fevereiro nos Estados Unidos, a obra tornou-se um best-seller e arrancou elogios da comunidade médica. "Trata-se de um avanço inestimável. Não existe classificação mais detalhada e atualizada na dermatologia", disse à VEJA o médico David Leffell, da Escola de Medicina de Yale. Os méritos do trabalho de Baumann não se limitam à sua contribuição científica – estendem-se também à aplicação prática de suas descobertas. A médica ajuda os leigos a descobrir qual o seu tipo de pele, que produtos usar, o que evitar e quais os tratamentos realmente eficazes em cada caso.

FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/050706/p_096.html>. Acesso em: 22 nov. 2014.

A classificação mais utilizada (proposta por Helena Rubinstein no século XX) divide a pele em: normal, seca, oleosa e mista (FITOUSSI, 2013).

4 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE PELE

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TÓPICO 1 | TIPOS DE PELE: AVALIAÇÃO E ANAMNESE

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FIGURA 11 – TIPOS DE PELE SEGUNDO HELENA RUBINSTEIN

FONTE: Disponível em: <http://esteticadepilacaoemdomicilio.net/2014/09/01/a-importancia-da-limpeza-da-pele/>. Acesso em: 22 nov. 2014.

Uma nova classificação, feita pela médica americana Leslie Baumann, estabelece 16 tipos de pele e considera quatro características importantes da pele: hidratação, sensibilidade, pigmentação e tendência a rugas.

FONTE: Disponível em: < http://maquel.com.br/blog/tag/limpeza-de-pele/>. Acesso em: 5 dez. 2014.

FIGURA 12 – TIPOS DE PELE SEGUNDO LESLIE BAUMANN

FONTE: Disponível em: <http://esteticadepilacaoemdomicilio.net/2014/09/01/a-importancia-da-limpeza-da-pele/>. Acesso em: 22 nov. 2014.

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4.1 CARACTERÍSTICAS DOS TIPOS DE PELE

Vamos abordar as características dos tipos de pele de acordo com Helena Rubinstein e Leslie Baumann, as classificações mais utilizadas na atualidade.

De acordo com Helena Rubinstein, os tipos de pele dividem-se em quatro categorias:

NORMAL: Menos frequente dentre todos os tipos de pele, a pele normal tem textura saudável e aveludada. Além disso, possui elasticidade ideal e produz gordura natural em quantidade adequada. Normalmente, a pele normal apresenta um aspecto rosado, com poros pequenos e pouco visíveis, e é pouco propensa ao desenvolvimento de espinhas e manchas.

SECA: A perda de água em excesso caracteriza a pele seca, que normalmente tem poros pouco visíveis, pouca luminosidade e é mais propensa à descamação e vermelhidão. A pele seca também pode apresentar maior tendência ao aparecimento de pequenas rugas e fissuras. A pele seca pode ser causada por fatores genéticos e hormonais, e também por condições ambientais, como o tempo frio ou seco, o vento e a radiação ultravioleta. Banhos demorados e com água quente podem provocar ou contribuir para o ressecamento da pele.

OLEOSA: A pele oleosa tem aspecto mais brilhante, úmido e espesso, por causa da produção de sebo maior do que o normal. Além da herança genética, contribuem para a oleosidade da pele fatores como alterações hormonais, excesso de sol, estresse e uma dieta rica em alimentos com alto teor de gordura. A pele oleosa apresenta os poros dilatados, e maior tendência à formação de acne, cravos e espinhas.

MISTA: É o tipo de pele mais frequente, e apresenta aspecto oleoso e poros dilatados na “zona T” (testa, nariz e queixo) e seco nas bochechas e extremidades. A pele mista tem espessura mais fina, com tendência à descamação e ao surgimento de rugas finas e precoces.

FONTE: Disponível em: <http://www.sbd.org.br/cuidados/tipos-de-pele/>. Acesso em: 5 dez. 2014.

Já para Leslie Baumann, os tipos de pele dividem-se em 16 tipos:

OLEOSA, SENSÍVEL, NÃO PIGMENTADA E PROPENSA A RUGAS: Queima em lugar de bronzear, avermelhada com poros abertos e rugas precoces.

OLEOSA, SENSÍVEL, NÃO PIGMENTADA E FIRME: Ruboriza fácil, veias aparentes no rosto, manchas vermelhas que descascam, sobretudo em torno do nariz, rugas só depois dos 40 anos.

OLEOSA, SENSÍVEL, PIGMENTADA E PROPENSA A RUGAS: Bronzeia fácil, depois surgem manchas marrons ou esbranquiçadas, muita acne e dermatites. Primeiras rugas por volta dos 20 anos.

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TÓPICO 1 | TIPOS DE PELE: AVALIAÇÃO E ANAMNESE

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OLEOSA, SENSÍVEL, PIGMENTADA E FIRME: Alta incidência de acne, geralmente acompanhada de inflamações. Propensão a alergias e, nas pessoas claras, sardas e manchas de sol.

OLEOSA, RESISTENTE, PIGMENTADA E PROPENSA A RUGAS: Aparência lustrosa, com poros largos, acne rara.

OLEOSA, RESISTENTE, PIGMENTADA E FIRME: A face brilha, principalmente em fotografias, poucas rugas e acne. Mais comum em negros. Em pele clara, maior incidência de sardas e manchas.

OLEOSA, RESISTENTE, NÃO PIGMENTADA E PROPENSA A RUGAS: Brilho moderado na face, pouca acne, rugas precoces.

OLEOSA, RESISTENTE, NÃO PIGMENTADA E FIRME: Manchas, vermelhidão ou ressecamento são raros. Dificilmente pega um bronzeado.

SECA, SENSÍVEL, PIGMENTADA E PROPENSA A RUGAS: Uma das peles mais problemáticas. Muito fina e seca, apresenta irritações, vermelhidão e descama com frequência. Arranhões e cortes resultam em cicatrizes.

SECA, SENSÍVEL, PIGMENTADA E FIRME: Sujeita a eczemas, dermatites e descamações. Manchas ásperas e grossas no rosto e no pescoço, ressecamento nas mãos e pálpebras escuras.

SECA, SENSÍVEL, NÃO PIGMENTADA E PROPENSA A RUGAS: Ressecada, avermelhada, áspera e sem brilho. Acne moderada, vasos aparentes na face e rugas precoces.

SECA, SENSÍVEL, NÃO PIGMENTADA E FIRME: Seca, com descamações, vermelhidão e coceiras. Muito alérgica e com espinhas ocasionais.

SECA, RESISTENTE, PIGMENTADA E PROPENSA A RUGAS: Sem acne, alergias, irritações ou rugas até os 40 anos. Fácil de bronzear.

SECA, RESISTENTE, PIGMENTADA E FIRME: Seca, com descamações no rosto e no pescoço. Áspera nos joelhos e cotovelos. Sardas ou manchas de sol.

SECA, RESISTENTE, NÃO PIGMENTADA E PROPENSA A RUGAS: Pele bem clara, típica do norte da Europa, delicada e sem sardas ou manchas.

SECA, RESISTENTE, NÃO PIGMENTADA E FIRME: Pele típica de loiros ou morenos claros. Não bronzeia.

FONTE: Disponível em: <http://www.specifica.com.br/dicas/veja-aqui-os-16-tipos-de-pele-segundo-leslie-baumann/>. Acesso em: 22 nov. 2014.

IMPORTANTE

É de fundamental importância o domínio total do conteúdo de classificação dos tipos de pele, visto que todo e qualquer tratamento parte da avaliação completa dos tipos de pele para então um diagnóstico e futuro tratamento ao cliente.

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UNIDADE 2 | DERMATOLOGIA

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LEITURA COMPLEMENTAR

EQUIPAMENTOS PARA ANÁLISE DE PELE FACIAL: MEDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS

Equipment for Facial Skin Analysis: Objective and Subjective Measurements

Erica Alves Suzana Bruski

Fátima C. P. Piazza

INTRODUÇÃO

A análise da pele é a base para a escolha de tratamentos estéticos, principalmente na face, e que pode ser um elemento importante para atrair novos clientes, pois conduz à satisfação dos mesmos. No passado, uma análise precisa da pele envolvia anos e anos de obtenção de experiência. Hoje em dia podem-se encontrar, no mercado, equipamentos de análise da pele, que permitem fundamentar o tratamento sugerido, avaliar a eficácia dos mesmos e amparar a escolha por cosméticos adequados (LAUTENSCHLANGER, 2007).

A dermatologia e as áreas afins, antes das metodologias não invasivas, baseavam-se, na maioria das vezes, apenas na observação clínica, o que pode ser considerado um método pouco preciso devido à sua subjetividade (LEONARDI; GASPAR-RIGO; MAIA-CAMPOS, 2002).

Além do exame clínico, que é indispensável, os profissionais podem contar com recursos altamente sofisticados que permitem uma investigação aprofundada da pele, aumentando a eficácia dos tratamentos e auxiliando nos resultados das pesquisas que envolvem produtos cosméticos. Equipamentos de ampla aplicação para cosmetologia, medicina estética e dermatologia têm sido apresentados, dando assim origem a novas metodologias não invasivas para análise da pele.

A área de estética e cosmetologia desenvolveu-se em um ritmo extraordinário nos últimos anos. Novos procedimentos, produtos cosméticos, cosmecêuticos e equipamentos resultaram de uma necessidade de comprovar cientificamente os resultados obtidos nessas áreas.

Desenvolveram-se métodos objetivos e subjetivos, dispondo de equipamentos que possuem recursos tecnológicos capazes de avaliar as condições e alterações da pele, grau de hidratação, perda da água transepidérmica, elasticidade, oleosidade e os danos causados pelo sol, como manchas e rugas. Através dessa análise mais específica, realizada pelos equipamentos de leitura de diferentes parâmetros, o profissional da área de estética pode propor ao cliente um tratamento facial personalizado.

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TÓPICO 1 | TIPOS DE PELE: AVALIAÇÃO E ANAMNESE

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Baseado nessas informações, o objetivo deste artigo é identificar os equipamentos possíveis de serem utilizados na estética facial, definindo suas funções, conhecimento fundamental para a correta interpretação dos métodos existentes, proporcionando ao Tecnólogo em Cosmetologia e Estética aprimorar e facilitar o exercício da prática em seu dia a dia.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste estudo, a metodologia de pesquisa utilizada foi de abordagem qualitativa do tipo exploratória que, segundo Dencker (1998), caracteriza-se por possuir um planejamento envolvendo, em geral, levantamento bibliográfico procurando aprimorar ideias ou descobrir intuições. A revisão bibliográfica, conforme descrito pelas autoras Lakatos e Marconi (1992, p. 43-44), “trata-se de levantamento de toda bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita”, com a finalidade de colocar o pesquisador diretamente em contato com tudo o que já foi escrito sobre o assunto abordado, portanto, sendo considerado o primeiro passo para a realização de toda a pesquisa científica. Assim, para o desenvolvimento do referencial teórico, buscaram-se bibliografias já publicadas, como livros, artigos científicos e sites.

Dessa maneira, a coleta de dados baseou-se através de pesquisa feita em contexto nomeadamente na internet, com recurso aos seguintes meios de busca: scielo; scholargoogle; google; bibliotecas virtuais; pelas palavras-chave: aparelho de análise de pele, equipamento de análise de pele facial, bioengenharia cutânea, métodos não invasivos, selecionando equipamentos portáteis, de fácil acesso e de fácil manuseio que analisam, por meio de inúmeras formas, a pele, porém que possam ser utilizados pelo profissional de estética facial.

Utilizou-se, também, a pesquisa documental que Pádua (2000) conceitua como “aquela realizada a partir de documentos, contemporâneos ou retrospectivos, considerados cientificamente autênticos”. Dentro do raciocínio, Cervo e Bervian (1983) se posicionam dizendo que os documentos são investigados a fim de se poder descrever e comparar usos e costumes, diferenças, tendências, entre outras características. Nesse sentido, buscaram-se informações em manuais de instruções e dados do fabricante dos equipamentos.

Identificados esses equipamentos, fez-se uma descrição com a definição de suas funções, estruturas importantes para a correta interpretação dos métodos existentes e os parâmetros que cada um abrange.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A pele é o maior órgão do corpo humano, correspondendo a cerca de 10% a 15% do peso total corporal. É um revestimento complexo e heterogêneo, sendo composto essencialmente de três grandes camadas de tecidos: uma superior – a epiderme; uma camada intermediária – a derme; e uma camada profunda – a hipoderme. Sua principal função é proteger o organismo, ou seja, impedir

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a entrada de substâncias nocivas e evitar a evaporação excessiva de água, que levaria à desidratação, exercendo desse modo uma função de barreira, sendo a epiderme a camada mais importante para tal função, constituindo, antes de tudo, a primeira linha de defesa contra as agressões do meio ambiente (LEONARDI; GASPAR-RIGO; MAIA-CAMPOS, 2002; PEYREFITTE; CHIVOT; MARTINI, 1998).

Essas agressões traduzem-se em alterações estéticas visíveis, principalmente na pele da face. Nesse sentido, Peyrefitte, Chivot e Martini (1998, p. 412) afirmam que “o reconhecimento do tipo de pele é um momento crucial do contato entre o esteticista com seus clientes, pois determina os cuidados apropriados e o aconselhamento cosmético”.

Para facilitar esse reconhecimento e com os avanços tecnológicos, surgiram métodos não invasivos que estudam as características biológicas, mecânicas e funcionais da pele, por métodos cientificamente comprovados.

Esses métodos podem ser por medições objetivas que permitem uma análise de pele mais precisa, através de equipamentos com programas computadorizados, determinando o diagnóstico, ou por medições subjetivas, que, além dos equipamentos, necessitam da interpretação individual do profissional.

Essas técnicas não causam nenhum desconforto ao cliente ou aos voluntários que participam de estudos científicos. Pesquisadores e profissionais da área da estética conseguem avaliar de maneira quantitativa os efeitos dos produtos cosméticos, além de diagnosticar a pele e definir tratamentos (CAMARGO JUNIOR, 2006; OKAMOTO, 2007).

Dentre os equipamentos disponíveis no mercado, este estudo se propõe a identificar quais podem ser utilizados na estética facial, bem como a definição de suas funções, descrição de estruturas mecânicas, auxiliando na correta interpretação dos métodos pelo profissional de estética.

Equipamentos de avaliação da pele por medições objetivas

As medições objetivas surgiram da Biometria Cutânea, que é uma ciência capaz de traduzir os fenômenos biológicos através de dados numéricos, que incluem um conjunto de métodos aplicados para várias medidas (AZULAY et al., 2009).

Através desses equipamentos é possível obter uma análise da pele mais precisa, já que os mesmos disponibilizam recursos com programas computadorizados, muitas vezes, determinando o diagnóstico e sugerindo tratamentos, facilitando assim o dia a dia do profissional de estética facial.

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Corneometer®

A presença de água no estrato córneo torna-se importante, pois confere maciez, aspecto saudável à pele e flexibilidade. Os aparelhos que medem a hidratação cutânea possuem um detector dispondo de uma pequena placa sensível que se aplica sobre a zona a examinar. Elas são ligadas a um gerador de corrente, de modo que, quanto mais hidratada a pele, mais elevada será a intensidade de corrente que passa através dela. Mediante a leitura dessa intensidade, pode-se determinar o conteúdo em água (SORIANO; DOMINGO; BAQUÉZ MARC, 2002). A corneometria é uma técnica utilizada para determinação da hidratação das camadas superiores da epiderme e também para quantificar o efeito hidratante de produtos cosméticos, baseando-se na medida da capacitância elétrica cutânea. A capacitância é a capacidade de armazenar carga elétrica, o que significa que a quantidade de água na pele é proporcional à capacitância (PEREIRA, 2008).

Pereira (2008) ainda conceitua o Corneometer® como um equipamento que determina a variação do conteúdo do estrato córneo por meio de capacitância em uma grande variedade de condições, que podem ser patológicas, experimentais e/ou fisiológicas.

Segundo Camargo Júnior (2006), o Corneometer® utiliza corrente de baixa frequência e é pouco afetado pela temperatura e umidade relativas, apresentando assim alta sensibilidade.

Dessa forma, o Corneometer® é um equipamento que permite analisar o conteúdo aquoso do estrato córneo. Esse instrumento mede as alterações na capacitância (capacidade elétrica, relação entre a carga elétrica e o potencial de um condutor). A capacitância é medida através de uma sonda composta de eletrodos que contêm uma rede interdigital de ouro, não havendo contato galvânico entre a sonda e a superfície da pele. Possui um campo elétrico de frequência variando em 40 e 75khz que é estabelecido na camada superior da pele. As mudanças na capacitância são convertidas em unidades de hidratação que variam de 0 a 130 unidades arbitrárias (UA), em que 0 unidade corresponde à pele muito seca e 130 unidades à pele muito hidratada (COURAGE-KHAZAKA, 2012; CAMARGO JUNIOR, 2006; FARIAS, 2011; PEREIRA, 2008).

Sintetizando esses pensamentos, o Corneometer® tem seus princípios baseados na avaliação da capacitância, como um parâmetro importante na avaliação da hidratação do estrato córneo.

Tewameter®

A pele possui níveis normais de água de acordo com cada região do corpo. “A perda da água transepidérmica expressa medidas de difusão de água através da pele, sendo um parâmetro importante da integridade da barreira

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cutânea” (ADDOR, 2008, p. 28). A medida de perda de água transepidérmica é um método para avaliar a integridade da função barreira do estrato córneo da pele humana in vivo. Uma das vantagens da utilização desse método é o fato de não ser necessária adição de nenhuma solução para a realização do teste. Quando a pele está danificada, a sua função barreira é prejudicada, resultando em uma maior perda de água.

Segundo Nilsson (1997 apud ADDOR, 2008) e Camargo Junior (2006), o Tewameter® utiliza uma câmera aberta com dois sensores em diferentes níveis (temperatura e umidade), obtendo o grau de evaporação a partir do gradiente obtido destas medidas e analisados por meio de um microprocessador. A partir de padronização de umidade, temperatura e também do cliente avaliado (em repouso para aclimatação em média de 15 minutos antes da medida para reduzir efeitos de sudorese e vasodilatação por atividade física), as medidas podem ser obtidas com reprodução fiel e contínua dos resultados obtidos.

Nesse sentido, o Tewameter® determina a perda transepidérmica de água da pele (TEWL) por meio da medida de difusão, detectando, através das medidas do equipamento, até mudanças sutis na integridade da barreira.

Cutometer®

Utilizado para avaliar as propriedades viscoelásticas da pele, que estão relacionadas com a hidratação nas camadas mais profundas da epiderme, a medida se baseia na sucção da pele. Esse equipamento mede a quantidade de elevação causada pela força de aspiração sobre uma área definida da pele. Camargo Júnior (2006) e Baumann (2004) complementam dizendo que o cutômetro é um aparelho de aspiração que mede a viscoelasticidade da pele.

Segundo Camargo Júnior (2006), o Cutometer® vem equipado com uma sonda que possui um orifício com 2mm de diâmetro, que mede a deformação da pele em resposta à sucção, ou seja, a pressão negativa criada pelo dispositivo de leitura provoca sensível penetração da pele no orifício e o nível de penetração obtido é determinado por um sistema de leitura óptico, no qual a intensidade de luminosidade captada é proporcional à penetração da pele no dispositivo. Acoplado a um software, com quatro módulos de leitura, que contém fórmulas para calcular as variáveis que podem ser estudadas e são apresentados na tela do computador, bem como gravados juntamente com o gráfico obtido.

Esse equipamento, portanto, atua com método de sucção padronizada, medindo a resistência ao estímulo (firmeza) e a velocidade de volta ao estado anterior após a sucção (elasticidade) através de um software.

Mexameter®

Os autores Farias (2011) e Gomes (2007) afirmam que esse equipamento baseia-se na medida da luz absorvida e refletida e tem como função medir o conteúdo da melanina e hemoglobina na pele.

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Segundo o manual Courage & Khazaka (2009) e Gomes (2007), assim que a sonda é colocada sobre a superfície da pele, o processo para determinação começa automaticamente. A sonda é muito sensível e mostra uma larga escala de valores de melanina e eritema (0 – 999), podendo detectar até mesmo a mais leve alteração na cor da pele.

Dessa forma, esse equipamento mede a presença de melanina e eritema da pele por método de reflexão da luz, permitindo ao profissional uma análise mais objetiva da pele do cliente.

Sebumeter®

Esse equipamento calcula o índice lipídico, ou seja, por meio de um microprocessador, calcula a quantidade de sebo na pele através de uma fita sintética adesiva do equipamento (AZULAY et al., 2009).

O equipamento Sebumeter® se baseia na observação da translucência da base de vidro, conforme a quantidade de lipídios da superfície da pele coletada e, em seguida, o fenômeno é analisado pelo equipamento (COURAGE-KHAZAKA, 2009; PEREIRA, 2008).

Sendo assim, o equipamento Sebumeter® avalia a alteração na transparência de luz de uma superfície fosca após a absorção de sebo.

Visia

Nogueira (2011) explica que esse equipamento faz um mapeamento minucioso da pele do rosto e, após registrar as imagens digitais, joga uma luz ultravioleta que revela marcas ou lesões invisíveis a olho nu. Um programa de computador determinará o número de rugas, manchas e óstios dilatados, grau de hidratação da pele, nível de porfirina (substância produzida por bactéria causadora da acne).

Segundo Neiva (2003), o Visia foi desenvolvido pela multinacional americana Procter & Gamble e seria usado primeiramente apenas dentro da empresa, para testes de produtos para o rosto. Hoje já é utilizado em clínicas de estética e consultórios médicos para auxiliar na avaliação facial, uma vez que é uma ferramenta muito eficiente para o mapeamento da pele da face do cliente.

Para fazer o diagnóstico, o profissional posiciona o cliente, ajustando o rosto no equipamento, que emite uma luz polarizada sobre a face, refletindo todas as imperfeições da pele. Então, as informações são enviadas a um programa de computador que é atualizado constantemente.

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Soft Plus

O Soft Plus dispõe de até 17 medições da pele. Segundo o fabricante Callegari (2012), pode medir a hidratação da pele, elasticidade, melanina, oleosidade, ph, temperatura, rugas, óstios etc. Cada tipo de análise necessita de uma ampliação específica. Algumas imagens precisam ser tiradas usando-se uma luz polarizada. São listados os vários tipos de lentes e os parâmetros que elas são capazes de avaliar.

O fabricante ainda informa que o aparelho vem com um software instalado que permite o uso das sondas e guia o profissional de estética na execução das medições e na interpretação dos resultados. Os resultados são mostrados na forma de dados analíticos e também fornecem tanto informações gráficas com um comentário para cada parâmetro, assim como uma análise geral da condição da pele.

Ao final da análise, o equipamento fornece indicações sobre tipos de tratamento e sobre ingredientes ativos mais úteis para cada tipo de pele.

EQUIPAMENTOS DE ANÁLISE DA PELE POR MEDIÇÕES SUBJETIVAS

Os equipamentos de análise que se utilizam de medições subjetivas permitem identificar alterações na pele, a fim de validar os resultados de tratamentos, entretanto são baseados no conhecimento próprio do profissional que o utiliza. Esse é obtido através de estudo e experiência do mesmo, resultando em uma interpretação muito individual.

Dermatoscópio

Na busca de instrumentos que permitam melhor diagnóstico e aprimoramento na identificação das lesões pigmentadas, os aparelhos dermatoscópios estão cada vez mais leves e de fácil manuseio.

Aprimoram-se, também, os recursos para realização da dermatoscopia digital, possibilitando o monitoramento de lesões pigmentadas ao longo do tempo, pelo armazenamento das imagens digitais, e ainda permitindo que se encaminhe o cliente, em caso de lesões duvidosas, para atendimento médico especializado (REZZE; SÁ; NEVES, 2006).

Ainda segundo Rezze, Sá e Neves (2006), a Dermatoscopia é um exame auxiliar in vivo que tem papel fundamental na realização do diagnóstico precoce de lesões na pele, enquanto Magalhães e Hofmeister (2009, p. 30) afirmam que, “conhecido como microscópio de superfície, o dermatoscópio auxilia nos diagnósticos das lesões pigmentadas e na diferenciação de tumores benignos, lesões pré-malignas e de lesões malignas”.

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O dermatoscópio fundamenta-se na utilização de um sistema óptico com aumento variável, que incorpora uma fonte de luz incidente e de um meio líquido (óleo mineral, vegetal ou solução antisséptica) entre a lente do aparelho e a superfície cutânea, obtendo-se assim uma transluminação da pele. O dermatoscópio permite aumentar a lesão, no mínimo, 10 vezes, visualizando as estruturas localizadas abaixo do estrato córneo, apresentando como principal indicação o estabelecimento do diagnóstico de lesões pigmentadas da pele. Quanto mais irregular é a superfície, mais luz se reflete ou dispersa e menos é absorvida para a epiderme e derme (GUERREIRO, 2010).

Com isso, observa-se que o dermatoscópio é um equipamento com a capacidade de aumentar 10 vezes ou mais o tamanho da lesão, facilitando o trabalho do profissional da área de estética na identificação das lesões pigmentadas da pele (hipercromias).

Lâmpada de Wood

A lâmpada de Wood foi inventada por Robert Wood em 1903, sendo utilizada, principalmente, em casos de distúrbios da pigmentação. Essa lâmpada emite onda de longa radiação ultravioleta (UV) e é gerada por um arco de mercúrio de alta pressão através de um filtro de bário silicato de níquel Óxido de 9% (AZULAY et al., 2009). Magalhães e Hofmeister (2009, p. 27) esclarecem que quando as ondas de luz UV são emitidas, ocorre uma fluorescência visível através da lâmpada de Wood, destacando assim o pigmento epidérmico, enquanto o mesmo não acontece com o pigmento dérmico.

Descreveram, ainda, os autores Soriano, Domingo e Baquéz Marc (2002), que esse filtro absorve todas as radiações luminosas, emitindo então a radiação ultravioleta com comprimento de ondas entre 320 e 400 nm, com pico de emissão de 365 nm, tendo assim uma luz ultravioleta pura e invisível (luz negra), considerada adequada para a maior parte das observações de fluorescência.

Referindo-se sobre a lâmpada de Wood, Tamler et al. (2009) descrevem que a profundidade do pigmento determinará a fluorescência, sendo assim, as variações na pigmentação epidérmica são mais visíveis sob a luz de Wood, enquanto as alterações dérmicas são muito menos evidentes ou ausentes sob a lâmpada em relação à luz visível.

Azulay et al. (2009) apontam que no campo da dermatologia cosmética, a lâmpada de Wood pode ser utilizada em casos de distúrbios da pigmentação, oleosidade, hidratação e em lesões hipercrômicas ou acrômicas resultantes da pouca melanina.

O Dermaview é um dos equipamentos que utiliza a lâmpada de Wood, que segundo descrição na SOSfisio (2011), é prático para análise de pele facial, pois permite fazer diagnóstico em lugares com luminosidade, além de possuir uma lente de aumento para uma melhor visualização do profissional e um espelho

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interno em que o paciente poderá ver também o estado de sua pele e interagir com o profissional. Ele realiza a emissão múltipla de luz UV (luz de Wood) e branca através da qual se pode ter uma visão instantânea de todas as anomalias do rosto: profundidade de manchas, presença de oleosidade, ressecamento, discromias, lesões pigmentares etc. O profissional poderá comprovar a eficácia de seu tratamento, colocando o cliente novamente no equipamento após a realização do tratamento.

A luz UV é bastante superficial, sendo absorvida em grande quantidade pela melanina epidérmica. Procedendo ao exame da pele com ambas as lâmpadas (UV e branca), ao ser apagada a luz branca (luz visível) as hipercromias superficiais tornam-se mais evidentes.

Na compreensão do fabricante Callegari (2012), tanto as cores quanto as possíveis correlações causais podem ser identificadas e diferenciadas da seguinte forma:

Azul - Pontos normais e saudáveis;Branco – Camada grossa de células epiteliais mortas;Roxo Fluorescente – Desidratação;Marrom – Pigmentação;Laranja – Oleosidade;Amarelo claro/Laranja claro – Acne ou comedões;Roxo escuro em grandes áreas – Maquiagem ou protetor solar.

A análise da pele com a lâmpada de Wood deve ser realizada com a pele limpa e livre de qualquer substância, pois, do contrário, conduzirá a erros de diagnóstico. Os olhos devem estar tapados com vendas adequadas, pois não devem ser expostos à radiação ultravioleta (SORIANO; DOMINGO; BAQUÉZ MARC, 2002).

O exame é totalmente interativo, já que o cliente pode acompanhar o estudo pelo espelho interno regulável, que permite avaliação antes e depois do tratamento estético. Por fim, vale lembrar que depois de visualizada a cor, cabe ao profissional definir diagnósticos e possíveis tratamentos.

Lupa

Possui uma luz e uma lente de aumento que possibilita a ampliação e melhor percepção dos detalhes no exame físico. Os autores Magalhães e Hofmeister (2009, p. 30) relatam que “pode ser usada de diversas formas, inclusive acoplada a óculos especiais, com aumento cada vez mais significativo”.

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TÓPICO 1 | TIPOS DE PELE: AVALIAÇÃO E ANAMNESE

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Fotografia digital

A fotografia permite demonstrar resultados do tratamento, constituindo uma ferramenta importante para interpretação de caráter subjetivo dos dados, sendo, muitas vezes, o único método para controlar os resultados, levando-se em consideração que parâmetros como luminosidade, distância e o ângulo das fotografias, se não estiverem adequados, podem ocasionar dificuldade de interpretação dos dados (AZULAY et al., 2010). Ainda segundo o mesmo autor, a fotografia geralmente é associada com outros métodos e usada para comparativo de antes e depois, mas para isso a iluminação deve ser idêntica e o cliente deve ser fotografado na mesma posição.

No entendimento de Borges e Garcia (2006), além de munir o profissional de dados para aperfeiçoamento e refinamento das técnicas a serem implementadas, o registro fotográfico possibilita a formação de um arquivo que servirá para a demonstração do rigor profissional para alcançar o resultado pretendido.

Para realização das fotografias, faz-se necessário o uso de equipamentos como a câmera fotográfica, que possui quatro componentes básicos: a lente, o diafragma, o obturador e o visor. Por meio do visor, o profissional localiza a imagem a ser registrada. A luz refletida é capturada e focalizada pela lente e, após ultrapassar o diafragma, a luz encontra o obturador, que se abre no momento em que o botão dispara a foto (BORGES; GARCIA, 2006).

O cliente deve ser retratado de frente e de perfil, de acordo com Bastos (apud BORGES; GARCIA, 2006); nas fotografias de perfil o cliente deve estar de lado, com a cabeça em posição neutra e com o ombro bem próximo ao fundo. Em seguida, deve-se retratar o perfil, na mesma distância estabelecida inicialmente, fazer a tomada frontal, evitando assim diferentes proporções entre as fotografias. Sugere-se, ainda, marcar o piso para uma padronização de distância entre o fundo e o cliente.

Outros equipamentos existentes no mercado possuem funções mais completas além da fotografia. O Vectra é uma máquina composta por seis câmeras fotográficas que fazem a foto simultaneamente, de modo a construir a imagem em 3D. Ele oferece a opção de montar gráficos sobre as fotos para diagnosticar e corrigir assimetrias, sendo também possível sobrepor a foto mais recente à mais antiga, para compará-las, ou, ainda acompanhar os resultados. Nela podem ser detectadas manchas, vasinhos, profundidade de rugas e cicatrizes. O equipamento possui também o recurso de uma luz ultravioleta (NOGUEIRA, 2011).

Destaca-se também o Reveal, que, segundo Monteiro (2011), é um equipamento que permite fotografar o cliente, armazenar sua imagem e documentar a progressão dos tratamentos na evolução da pele do cliente. Ele possui uma padronização de posição do cliente para ser fotografado, em que faz duas fotos consecutivas. A primeira é feita com um flash comum e mostra a imagem usual do paciente. Depois é fotografado sob luz polarizada, sendo possível ver

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detalhes da superfície da pele que muitas vezes podem não ser visíveis com o reflexo da luz. A imagem é processada pelo software do equipamento que permite visualizar as imagens dos vasos da superfície da pele e das manchas marrons.

Ainda segundo Monteiro (2011), o Reveal possibilita a obtenção de diferentes imagens:

Padrão: a iluminação com flash comum mostrará a pele como aparece ao ser exposta à luz do dia. Podem-se visualizar características e coloração da superfície da pele. A iluminação padrão promove uma referência de comparação para os outros tipos de imagem.

Luz polarizada: a iluminação utilizada facilita a detecção dos detalhes da superfície da pele, eliminando-se o brilho e as reflexões, podendo ser analisadas pelo software do Reveal. O software Reveal RBX utilizará a imagem obtida pela luz polarizada para processar as imagens “em vermelho” e as “em marrom”.

Marrom: as lesões marrons são aquelas onde existe acúmulo de melanina, como hiperpigmentações, sardas, lentigos e melasma. Essa imagem é semelhante à que se obtém ao submeter a pele à visualização sob a luz da lâmpada de Wood.

Áreas vermelhas: Podem representar várias condições da pele, como acne, processo inflamatório, rosácea, formações vasculares. A hemoglobina dos vasos sanguíneos da derme dá a coloração vermelha às estruturas que são visualizadas pelo software do Reveal. Os processos inflamatórios e o quadro de acne podem aparecer com o formato redondo, enquanto que as áreas com rosácea geralmente são difusas quando comparadas com a da acne, e os vasos e telangectasias que geralmente são finos e formam uma rede ao interconectar-se com outras estruturas.

Esse equipamento permite ao cliente acompanhar o diagnóstico e a evolução do tratamento. Sendo assim, o profissional terá a confiança do cliente e também torna mais fácil a venda de produtos cosméticos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento das áreas da estética e da cosmetologia está em ritmo acelerado nos últimos anos e, com isso, surgem, a cada dia, novos procedimentos, produtos cosméticos e equipamentos que resultaram de uma necessidade de comprovar cientificamente os resultados obtidos nessas áreas.

Os métodos objetivos e subjetivos de análise da pele de que se dispõe, hoje, no mercado, possuem recursos tecnológicos capazes de avaliar as condições e alterações da pele, representando um instrumento de forte persuasão com o cliente sobre os vários danos possíveis na pele e, sobretudo, na conscientização da necessidade de cuidados básicos.

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TÓPICO 1 | TIPOS DE PELE: AVALIAÇÃO E ANAMNESE

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É relevante considerar que esses equipamentos são de grande importância para auxiliar e aprimorar o esteticista no diagnóstico e no tratamento estético, pois uma análise de pele mais precisa é indispensável para um tratamento bem-sucedido, já que permite identificar as condições da pele com mais segurança.

Os equipamentos de análise da pele avaliam oleosidade, grau de hidratação, perda da água transepidérmica, elasticidade e danos causados pelo Sol, bem como a eficácia dos produtos cosméticos. Mas sabe-se que, apesar de alta tecnologia, os equipamentos auxiliam no diagnóstico e no tratamento, não substituindo e nem dispensando o exame clínico e o histórico do cliente, que devem ser realizados pelo profissional ou médico especialista e que são mandatórios.

Com a pesquisa percebe-se que a aplicabilidade dessas tecnologias é relevante, pois, tendo como base essas medições, o profissional esteticista terá argumento junto ao seu cliente no que se refere ao diagnóstico da disfunção estética, fornecendo uma análise personalizada da pele e servindo de suporte para elaborar um tratamento estético mais eficiente.

Dessa forma, o profissional que utiliza esses equipamentos terá um diferencial de mercado, atendendo à grande demanda pela amenização das disfunções estéticas faciais com mais segurança e efetividade.

FONTE: Disponível em: <file:///C:/Users/User/Downloads/149-989-1-PB%20(1).pdf>. Acesso em: 21 nov. 2014.

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RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico você estudou que:

• É de grande importância que se realize uma construção de instrumentos de coleta de dados para a correta avaliação e anamnese.

• Que a palavra anamnese é uma entrevista realizada pelo profissional de saúde ao seu paciente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença ou patologia.

• Das técnicas para a anamnese, começamos com a entrevista.

• Na entrevista, deve-se lembrar que o cliente o procurou por estar insatisfeito com sua imagem pessoal e que o mesmo confia ao profissional seu bem maior, que é a sua vida, com a esperança de melhora e esclarecimentos.

• É fundamental que, após a consulta, seja explicado, de maneira que o cliente entenda, sua patologia, como será o tratamento proposto e que não saia com as mesmas dúvidas e preocupações que tinha no início do atendimento.

• As ações em estética têm como base cinco fases sequenciais e inter-relacionadas: Levantamento de dados, avaliação, diagnóstico, planejamento e implementação.

• Na continuidade da anamnese, dar-se-á início ao exame físico.

• A classificação dos tipos de pele mais utilizada proposta por Helena Rubinstein divide a pele em: normal, seca, oleosa e mista.

• Uma nova classificação, feita pela médica americana Leslie Baumann, estabelece 16 tipos de pele e considera quatro características importantes da pele: hidratação, sensibilidade, pigmentação e tendência a rugas.

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AUTOATIVIDADE

1 O que é Anamnese?

2 Quais são os tipos de pele segundo Helena Rubinstein?

3 Assinale verdadeira (V) ou falsa (F) para as afirmativas abaixo:

a) ( ) A pele seca tem aspecto mais brilhante, úmido e espesso. Apresenta polos dilatados e maior tendência à formação de acne.

b) ( ) A pele mista é a mais frequente, apresenta aspecto oleoso e poros dilatados na “zona T” e seco nas bochechas e extremidades.

c) ( ) A pele normal tem pouca luminosidade e é mais propensa à descamação e vermelhidão.

d) ( ) A pele oleosa possui uma produção de sebo maior do que o normal. Além da herança genética, contribuem para a oleosidade fatores como alterações hormonais, excesso de sol e estresse.

e) ( ) A pele mista tem espessura mais fina, com tendência à descamação e ao surgimento de rugas finas e precoces.

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TÓPICO 2

CLASSIFICAÇÃO DA MELANINA E FOTOTIPOS

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Para iniciarmos este tópico, veremos a síntese da melanina, a responsável pela coloração da nossa pele, o processo em que ocorre, sua classificação e função.

Em seguida, descreveremos sobre os raios ultravioleta, tipos e reações quando em contato com a pele.

Para finalizar o estudo deste tópico, abordaremos o conceito de fototipos de pele, utilizaremos a classificação de Fitzpatrick nos protocolos de avaliação futuros.

Como leitura complementar, estaremos vendo o fotoenvelhecimento, decorrente do efeito da radiação ultravioleta, as principais alterações na pele, prevenção e tratamento. O Sol propicia momentos de lazer, mas é também o principal responsável pelo envelhecimento cutâneo.

2 SÍNTESE DA MELANINA

A coloração da pele depende de uma combinação de vários fatores, que vão desde a espessura do estrato córneo até a quantidade de pigmentos existentes. As células epidérmicas e dérmicas fornecem um tom natural branco ou amarelo, de acordo com a espessura da camada córnea, enquanto os vasos sanguíneos contribuem com a coloração de acordo com o número, estado de dilatação, proximidade com a superfície da pele e grau de oxigenação, fornecendo um tom de roxo a azulado, devido à hemoglobina. Por outro lado, os carotenoides amarelos presentes na hipoderme também contribuem para a formação da cor. No entanto, esta depende principalmente da melanina sintetizada.

A palavra “melanina” deriva do grego melas, que significa preto. Esta substância se constitui como um polímero proteico (GONCHOROSKI; CÔRREA, 2005). A reação inicial para a formação de melanina envolve a hidroxilação do substrato L-tirosina em 3,4-diidroxifenilalanina (DOPA), com a liberação de uma molécula de água, catalisada pela tirosinase, dentro de células especializadas – os melanócitos (OLIVEIRA, ROCHA; GUILLO, 2004). A tirosinase é sintetizada nos ribossomas e transportada via retículo endoplasmático para o complexo de Golgi, de onde se originam vesículas que

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contêm a enzima. Estas vesículas são chamadas pré-melanossomas. No interior destes pré-melanossomas, a tirosinase produz a melanina a partir da tirosina. Quando a vesícula está cheia de melanina, passa a ser chamada melanossoma. A melanogênese é a produção de melanossoma dentro dos melanócitos. A partir da tirosinase, uma enzima cobre-dependente, o melanócito promove hidroxilação na tirosina, formando o DOPA. A ausência da tirosinase por distúrbio autossômico recessivo gera o albinismo.

FONTE: Mota (2006, p. 18)

3 CLASSIFICAÇÕES DA MELANINA

Para a classificação da melanina, falamos do processo em que são formados os dois tipos de melanina: as eumelaninas, que se constituem num grupo homogêneo de pigmentos pardos, insolúveis, resultantes da polimerização oxidativa de compostos indólicos derivados da DOPA, e as feomelaninas, correspondentes a um grupo heterogêneo de pigmentos pardos avermelhados, solúveis em meio alcalino, constituídas por benzotiazidas e benzotiozóis, os quais são derivados da cisteinildopa (VIGLIOGLIA, 1991). A DOPA, formada pela hidroxilação da tirosina, sofre uma desidrogenação que a converte em dopaquinona. A conversão da dopaquinona em eumelanina implica em uma série de reações de oxidação e ciclização sucessivas que originam o indol-5-6-quinona, precursor mais próximo desse pigmento. A formação das feomelaninas apresenta um desvio da via metabólica precedente, interagindo com a cisteína formando 5-S e 2-S-cisteinildopa.

Após a produção, a melanina, dentro dos melanossomas, organela citoplasmática, é transferida aos queratinócitos adjacentes através dos dendritos presentes nos melanócitos, onde será transportada e degradada. Essa transferência da melanina é mediada pela adenilciclase e pode ocorrer por três mecanismos distintos: processo de citofagocitose da extremidade dendrítica do melanócito pelo queratinócito; migração direta dos melanossomas do citoplasma ao queratinócito; e liberação dos melanossomas no espaço extracelular e sua incorporação aos queratinócitos (GONCHOROSKI; CÔRREA, 2005).

Os grãos de melanina se dispõem sobre o núcleo do queratinócito de modo a impedir a lesão do DNA pela radiação ultravioleta. A eumelanina é mais eficiente nessa proteção, por isso os cânceres são mais comuns em pessoas de pele clara. A pigmentação da pele depende da natureza química da melanina, da atividade da tirosinase nos melanócitos e da transferência da melanina aos queratinócitos vizinhos. A quantidade de melanina formada nos melanócitos é geneticamente determinada, mas estes podem ser influenciados por fatores hormonais e ambientais, incluindo inflamação, idade e exposição à radiação solar.

FONTE: Mota (2006)

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TÓPICO 2 | CLASSIFICAÇÃO DA MELANINA E FOTOTIPOS

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3 CLASSIFICAÇÕES DA MELANINA

4 RAIOS ULTRAVIOLETA

A radiação solar é policromática, ou seja, composta por radiação com diferentes comprimentos de onda, incluindo as regiões visível e ultravioleta do espectro eletromagnético. Tais radiações agem na estrutura do nosso organismo, particularmente na pele, acumulando-se em alguns receptores e provocando reações de metabolismo tecidual. Existe um mecanismo de adaptação do organismo à quantidade de radiação solar, com o decréscimo da taxa de síntese da melanina.A radiação emitida pelo Sol inclui as regiões visível, ultravioleta (UV) infravermelho do espectro eletromagnético, assim divididas conforme o comprimento de onda correspondente. A luz visível apresenta comprimento de onda entre 400 a 800nm, de acordo com a sensibilidade da retina ocular, e atravessa a camada córnea da pele. O infravermelho corresponde a comprimentos de onda entre 800 e 10000nm, e é parcialmente barrado pelas nuvens (RIBEIRO et al., 2004; SOUZA et al., 2004).É a radiação ultravioleta (UV) que provoca queimaduras solares e bronzeamento da pele (LOW; REED, 1999). Segundo Diffey (apud KITCHEN e BAZIN, 1998), o espectro da radiação UV pode ser dividido em três regiões, conforme a variação do comprimento de onda e os diferentes efeitos biológicos provocados: UVA (400 a 320 nm), capaz de atravessar a camada de ozônio; UVB (320 a 290 nm), parcialmente bloqueado pelo vidro e pela camada de ozônio; ao atingir a pele, 70% detêm-se na camada córnea e 20% na camada basal; 10% atingem a derme; e UVC (290 a 100nm), que apresenta característica bactericida, sendo bloqueado pela camada de ozônio.A camada de ozônio é tida como o principal fator ecológico de proteção do nosso organismo, pois não permite que ultrapassem as radiações cósmicas, os raios-X, os gama, assim como o UVC e os UVB de menor comprimento de onda (MOTA, 2006, p. 26).

Segundo Mota (2006), com o avanço da idade, a pele sofre o envelhecimento cutâneo programado ou cronológico, que ocorre simultaneamente ao envelhecimento actínico, induzido pela radiação solar, que devido à radiação ultravioleta, causa lesões celulares gerando danos no DNA. Assim, a incidência das radiações UVA e UVB determina uma pele mais espessa, de coloração amarelo-acinzentada.

A radiação ultravioleta A (UVA) promove a oxidação dos precursores incolores da melanina, ou seja, a fotoxidação da melanina preexistente, através de uma pigmentação direta e imediata, sem eritema. Esta radiação também provoca alterações da distribuição dos melanossomas, com consequente bronzeamento, elastose solar, rugas e discromias (ICOLETTI et al., 2002 apud MOTA, 2006, p. 27).

Ainda segundo a autora, “radiação ultravioleta B (UVB) promove pigmentação indireta, devido ao aumento do número de melanócitos ativos e estimulação da tirosinase, provocando eritema actínico. Normalmente, após 72 horas são evidenciadas reações tardias através de neo-síntese de melanina e melanossomas” (MOTA, 2006, p. 27).

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Observa-se que a produção aumentada de melanina em decorrência da estimulação direta ou indireta é uma reação defensiva da pele a fim de proteger-se contra as agressões solares. Após a irradiação, os melanossomas se reagrupam em torno do núcleo com o objetivo de proteger o material genético da célula. Dessa forma, além de promover a coloração da pele, pelos e cabelos, a melanina promove fotoproteção, agindo como um filtro solar, difratando ou refletindo a radiação solar (YOUNG, 1997 apud MOTA, 2006). Como consequência, a radiação UVB provoca o bronzeado, eritema actínico e alterações no sistema imunitário, podendo levar a queratoses actínicas, epiteliomas, carcinomas e melanomas. Além disso, as radiações UVB provocam eritema de grau variado, relacionado à quantidade de energia recebida, ao tempo de exposição e sensibilidade da pele.

De acordo com Snellman et al. (1995) e Diffey (apud KITCHEN; BAZIN,

1998), o eritema pode diferir de acordo com o comprimento de onda a que se expôs e a resposta eritêmica e pigmentar individual. A divisão dos tipos de pele proposta por Fitzpatrick leva em conta esta resposta individual.

FONTE: Mota (2006, p. 27)

5 FOTOTIPOS

5.1 CONCEITO DE FOTOTIPOS

Fitzpatrick e Mosher (apud ISSELBACHER et al.,1983) classificam a cor natural da pele como: i) constitutiva, isto é, controlada por fatores genéticos que atuam em todas as etapas da melanogênese e fornecem características específicas aos melanossomas através dos genes de pigmentação, ou então ii) facultativa, dependendo da exposição ao Sol, processo de envelhecimento e influências hormonais. A esse respeito, Boissy (2003) explica que fatores internos e externos ao corpo controlam a produção de melanina, sendo que as forças de inibição e de estimulação atuam constantemente.

Dois componentes de pigmentação da pele contribuem com a coloração que a pele irá adquirir. Inicialmente, a cor constitutiva da pele é a melanina básica herdada geneticamente, sem nenhum efeito de radiação solar. A síntese desse tipo de pigmentação é controlada pelas proteínas gene-tirosinase, que regulam o tipo de melanina sintetizada. Em segundo lugar, a cor facultativa da pele é aquela que se pode induzir, resulta da exposição solar e inclui o bronzeamento imediato e o bronzeamento tardio. Essa cor facultativa é reversível e diminui até o nível da cor constitutiva da pele (LU et al., 1996). Em 1976, Fitzpatrick classificou a pele humana em seis tipos de acordo com o fototipo e etnia, variando do tipo I (pele mais branca) ao tipo VI (pele negra).

FONTE: Mota (2006, p. 22)

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TÓPICO 2 | CLASSIFICAÇÃO DA MELANINA E FOTOTIPOS

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5.2 CLASSIFICAÇÃO DE FOTOTIPO

Segue a classificação Fitzpatric, bem como as características, nas Figuras 13 e 14, abaixo:

FIGURA 13 – CLASSIFICAÇÃO DOS FOTOTIPOS DE PELE PROPOSTA POR FITZPATRICK

FONTE: Disponível em: <http://www.integradermatologia.com.br/orientacoes.php?id=13>. Acesso em: 22 nov. 2014.

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FIGURA 14 – CLASSIFICAÇÃO DOS FOTOTIPOS DE PELE PROPOSTA POR FITZPATRICK – FORMA ILUSTRATIVA

FONTE: Disponível em: <http://www.portalamazonia.com.br/amazoniamulher/protetores-solar-sao-indispensaveis-para-uma-pele-bonita-e-saudavel/>. Acesso em: 22 nov. 2014.

IMPORTANTE

Devido à exposição ao sol, mais a falta de cuidados, vários tipos de problemas podem surgir na derme. Segundo o dermatologista Dr. Simão A. Pecher, os problemas têm diferentes graus de intensidade. Podem surgir desde a queimadura solar, que varia do primeiro ao terceiro grau, as Ceratoses Actínicas, que são lesões que surgem nas áreas da pele continuamente expostas ao Sol, as Queilites, que se resumem a uma reação inflamatória e pré-maligna do lábio, até os cânceres como o Basocelular, o Espinocelular e Melanoma.

FONTE: Disponível em: <http://portalamazonia.com/detalhe/noticia/protetores-solar-sao-indispensaveis-para-uma-pele-bonita-e-saudavel/?cHash=5d031951d40c5274d438055ae80c0634>. Acesso em: 5 dez. 2014.

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TÓPICO 2 | CLASSIFICAÇÃO DA MELANINA E FOTOTIPOS

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LEITURA COMPLEMENTAR

FOTOENVELHECIMENTO: PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NA PELE, PREVENÇÃO E TRATAMENTO

Carolina Vieira Carraro – Centro Universitário Filadélfia – UniFiOrientadora: Mylena C. Dornellas da Costa – Centro Universitário

Filadélfia – UniFi

RESUMO

O conceito de beleza atualmente em vigor e procurado pela grande maioria das pessoas é o da pele jovem, sem manchas ou rugas. Entretanto, com o avanço da idade, a pele começa a sofrer alterações que modificarão seu aspecto gradativamente, caracterizando o envelhecimento cutâneo. O envelhecimento extrínseco, ou fotoenvelhecimento, é aquele decorrente do efeito da radiação ultravioleta do Sol sobre a pele durante toda a vida. O Sol, que propicia momentos de lazer e que dá o bronzeado que aprendemos a considerar como modelo de saúde e beleza, é também o principal responsável pelo envelhecimento cutâneo, pois é a sua ação acumulativa sobre a pele que faz surgirem os sinais da pele envelhecida. Existem várias formas de tratamento, muitas vezes tão simples quanto passar um fotoprotetor regularmente nas áreas comprometidas. Tudo vai depender do grau de fotoenvelhecimento de sua pele, do tempo de que você dispõe para o tratamento, da avaliação de seu especialista e de quais opções são mais adequadas.

Palavras-chave: Fotoenvelhecimento. Prevenção e tratamento. Pele.

INTRODUÇÃO

O tempo passa para todos e envelhecer é um processo natural. Ao mesmo tempo em que cresce a expectativa de vida, valoriza-se cada vez mais a juventude. O jovem e o belo são cultuados como ideal e as pessoas sofrem muito em decorrência do envelhecimento, que pode ser acelerado ou acentuado com a ação do Sol na pele, principalmente com a alta incidência dos raios UVA e UVB, o chamado fotoenvelhecimento.

DESENVOLVIMENTO

A pele é composta por duas camadas: a epiderme, mais externa, composta de células epiteliais intimamente unidas, caracterizada por conter cinco camadas, que se reproduzem na mais inferior, sendo queratinizadas conforme se afastam até a camada mais externa, ajudando na proteção. E a derme, mais profunda, composta de tecido denso e irregular, onde se encontram fibras como colágenas, elásticas e reticulares; dividida em duas partes, a papilar, mais irrigada, maior produtora de colágeno e elastina devido ao maior número de fibroblasto; e reticular, que confere mais resistência à pele (GUIRRO, 2002; JUNQUEIRA, 2008). O envelhecimento pode ser classificado em dois tipos: o envelhecimento intrínseco, que ocorre devido a um desgaste natural do organismo, é inevitável; e o envelhecimento extrínseco, que é causado por fatores externos, que pode

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UNIDADE 2 | DERMATOLOGIA

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ser controlado, como fumo, poluição, radiação ultravioleta (RUV), entre outros. (BATISTELA, 2007; BAUMANN, 2004; GOMES; DAMAZIO, 2009; GUIRRO, 2002; VIEIRA, 2007).

A RUV que atinge a superfície terrestre pode ser dividida em três partes: UVA (320-400 nm), representa 95% da radiação que atinge a superfície da Terra, a intensidade com que penetra na pele não varia durante o dia nem entre as estações do ano, maior responsável pelo bronzeamento e envelhecimento cutâneo; UVB (280-320 nm), representa 5% da radiação que atinge a Terra, sua intensidade é maior durante o verão e no período das 10 às 16 horas. É a que causa maiores danos aos seres humanos, pois é absorvida pelo DNA, podendo causar câncer, é imunossupressora e causa envelhecimento precoce; UVC (100-280 nm), é totalmente filtrada pela camada de ozônio (BAGATIN; DAVOLOS; CORREA, 2007; OLIVEIRA; TOFETTI, 2006; CRUZ, 2009).

A pele envelhecida pela radiação UV apresenta características específicas mais predominantemente em lugares desprotegidos, variando sua intensidade de aparição, podendo ser mais amenas ou mais graves (YAAY; GILCHREST, 2011; BAUMANN, 2004).

Externamente a pele se apresenta seca, devido à perda da função de

barreira, onde ocorre a redução da camada córnea, diminuindo a secreção sebácea, favorecendo a perda hídrica. Hipopigmentada ou hiperpigmentada devido à diminuição do número de melanócitos, e ao se expor ao Sol há a maior ativação de produção de melanina, nos melanócitos restantes, ocasionando manchas. Presença de rugas e flacidez da pele, principais características da pele envelhecida, podendo se apresentar mais agravadas quando fotoenvelhecida (BAUMANN, 2004; RIBEIRO, 2010; YAAR; GILCHREST, 2011).

Internamente, na derme, há uma perda de 2% da sua espessura em

indivíduos idosos. As fibras elásticas se tornam fragmentadas e o acúmulo de seu material é anormal. As fibras de colágeno apresentam alterações na produção e desorganização, também há alterações nas glicosaminoglicanas. Além disso, a pele idosa pode ser considerada avascular e acelular (BAUMANN, 2004; YAAR; GILCHREST, 2011; GOMES; DAMAZIO, 2009).

A prevenção contra a RUV deve ser feita constantemente. Como visto, a radiação está presente do nascer ao pôr do Sol e a proteção da camada de ozônio está diminuindo. Por isso, a exposição solar deve ser a mínima possível, principalmente entre as 10 e 16 horas, onde o nível de incidência da UVB é maior. O uso do protetor solar deve ser feito diariamente, inclusive dentro de casa. O uso de chapéus com abas largas quando exposto ao Sol é recomendado, assim como o uso de roupas apropriadas (BAUMANN, 2004; GUIRRO; GUIRRO, 2002).

CONCLUSÃO

A principal forma de prevenir o envelhecimento da pele é a proteção solar, que deve ser iniciada na infância. A responsabilidade da proteção da pele das crianças é dos pais, que devem também estimular fortemente os adolescentes a se protegerem. A educação desde cedo cria o hábito saudável da proteção solar, que deve continuar por toda a vida, prevenindo o envelhecimento cutâneo e o surgimento do câncer de pele.

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TÓPICO 2 | CLASSIFICAÇÃO DA MELANINA E FOTOTIPOS

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico você estudou que:

• A coloração da pele depende de uma combinação de vários fatores, que vão desde a espessura do estrato córneo até a quantidade de pigmentos existentes.

• A palavra “melanina” deriva do grego melas, que significa preto.

• Para a classificação da melanina, falamos do processo em que são formados os dois tipos de melanina: as eumelaninas, que se constituem num grupo homogêneo de pigmentos pardos, insolúveis. O segundo processo é o das feomelaninas, correspondentes a um grupo heterogêneo de pigmentos pardos avermelhados, solúveis em meio alcalino.

• A radiação solar é policromática, ou seja, composta por radiação com diferentes comprimentos de onda.

• É a radiação ultravioleta (UV) que provoca queimaduras solares e bronzeamento da pele.

• O espectro da radiação UV pode ser dividido em três regiões, conforme a variação do comprimento de onda e os diferentes efeitos biológicos provocados: UVA, capaz de atravessar a camada de ozônio; UVB, parcialmente bloqueado pelo vidro e pela camada de ozônio; e UVC, que apresenta característica bactericida, sendo bloqueado pela camada de ozônio.

• A camada de ozônio é tida como o principal fator ecológico de proteção do nosso organismo, pois não permite que ultrapassem as radiações.

• Fitzpatrick e Mosher classificam a cor natural da pele como: i) constitutiva, isto é, controlada por fatores genéticos; e a ii) facultativa, dependendo da exposição ao Sol, processo de envelhecimento e influências hormonais.

• Fitzpatrick classificou a pele humana em seis tipos de acordo com o fototipo e etnia, variando do tipo I (pele mais branca) ao tipo VI (pele negra).

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AUTOATIVIDADE

Para compreender melhor este tópico, responda às seguintes questões:

1 Diferencie os raios ultravioleta, bem como seu alcance.

2 Para a classificação da melanina, falamos do processo em que são formados os dois tipos de melanina. Quais são estes processos e como ocorrem?

3 Qual a classificação natural da cor da pele?

4 De acordo com a classificação de Fototipos segundo Fitzpatric, cite-a e descreva todas as suas características.

5 De acordo com a leitura complementar, quais são os cuidados necessários para se evitar o fotoenvelhecimento?

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TÓPICO 3

ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

No início deste tópico veremos alguns aspectos relacionados ao envelhecimento, bem como as alterações morfológicas funcionais e bioquímicas. Abordaremos ainda as causas do envelhecimento, e como ocorre este processo lento, progressivo e irreversível.

Logo após estudaremos as teorias do envelhecimento, onde abordaremos com mais afinco a teoria dos radicais livres, a mais aceita na atualidade.

Em seguida, estudaremos os tipos de envelhecimento e os graus, de acordo com a classificação de Richard Glogau, que permite uma comunicação mais efetiva entre a equipe multiprofissional.

Como finalização deste tópico será descrito o processo de formação das linhas de expressão, rugas e sulcos, suas classificações e características. Abordaremos ainda as maneiras de evitar o aparecimento das mesmas.

2 TEORIA DO ENVELHECIMENTO

O envelhecimento, também chamado de atrofia senil, pode ser conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no qual há alterações morfológicas funcionais e bioquímicas, que vão alterando progressivamente o organismo, tornando-o mais suscetível às agressões intrínsecas e extrínsecas que terminam por Ievar à morte (GUIRRO; GUIRRO, 1996).

Atualmente, com o crescer do número de idosos, aumentaram os estudos sobre o envelhecimento. O processo do envelhecimento está relacionado fundamentalmente com alterações das proteínas que compõem o organismo, elas constituem cerca de 15% dos componentes orgânicos e são os elementos responsáveis pela formação de estruturas nobres do organismo, como células, tecidos, órgãos, sendo também componentes dos sistemas bioquímicos relacionados à produção de energia (GUIRRO; GUlRRO, 1996). Além disto, teriam fatores que influenciaram esses mecanismos, que podem ser classificados como intrínsecos e extrínsecos. Nos intrínsecos encontram-se a hereditariedade, os radicais Iivres, as alterações imunológicas; e entre os extrínsecos, a alimentação, as variações cIimáticas e a radioatividade (GUIRRO; GUIRRO, 1996).

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UNIDADE 2 | DERMATOLOGIA

Essas alterações da síntese de proteínas refletem-se nas células, nos tecidos, nos órgãos, alterando-os morfológica e funcionalmente (GUIRRO; GUIRRO, 1996). É possível afirmar que não existe órgão que mais claramente evidencie a passagem do tempo do que a pele. O aspecto da pele é, efetivamente, um dos primeiros elementos que se consideram no momento de avaliar a idade de uma pessoa adulta.

Tem-se, contudo, relativamente poucos dados sobre as alterações anatômicas em que assentam as modificações profundas sofridas pela pele com o tempo. É, aliás, difícil, se não impossível, diferenciar as mudanças devidas apenas ao processo de envelhecimento e as provocadas por outras causas. O envelhecimento afeta, como qualquer outro órgão, também a pele, que assume um caráter característico; esta modificação é atribuída à concorrência de vários fatores, entre os quais a exposição crônica aos raios ultravioletas da luz solar desempenha um papel fundamental (GUIRRO; GUIRRO, 1996).

O fenômeno biológico do envelhecimento representa a última das três fases do ciclo vital do organismo, sendo as duas primeiras a infância e a maturidade. Envelhecer é um processo natural que ocorre desde que nascemos, porém fica mais evidente após a terceira idade. A qualidade do envelhecimento está relacionada diretamente com a qualidade de vida à qual o organismo foi submetido, bem como a aparência da pele (GUIRRO; GUIRRO, 1996). A manifestação fisiológica do envelhecimento é a deterioração gradual da função e da capacidade de resposta aos estresses ambientais. Esta manifestação está relacionada tanto a uma redução no número total das células do organismo, quanto ao funcionamento desordenado das muitas células que permanecem. Com o envelhecimento, a pele tende a se tornar delgada, em alguns locais enrugada, seca e ocasionalmente escamosa. As fibras colágenas da derme tornam-se mais grossas e as fibras elásticas perdem parte de sua elasticidade. Essa flacidez, decorrente de uma atrofia do tecido cutâneo, se dá por:

envelhecimento; sedentarismo; emagrecimento (dietas desequilibradas); alterações hormonais (diabetes, síndrome de Cushing, doença de Graves e hipertireoidismo); medicamentos (fármacos para regime); diuréticos e laxantes (desidratação).

O envelhecimento está ligado à organização das células em tecidos e órgãos, formada por colônias de células diferenciadas, cada uma controlando e Iimitando o crescimento e a multiplicação das outras células que não se organizaram em órgãos ou tecidos, pelo contrário, podem muItipIicar-se indefinidamente. Uma das possibilidades neste aspecto reIaciona-se com o papel do sistema imune na velhice, que, por alguma razão, as células do organismo não são reconhecidas como próprias, acarretando a sua destruição (GUIRRO; GUIRRO, 1996).

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TÓPICO 3 | ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

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2.1 ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS E FUNCIONAIS DO ENVELHECIMENTO

Engrossamento das fibras colágenas e desarranjo nas fibras elásticas. Diminuição da substância fundamental. Atrofia do tecido adiposo subcutâneo. Atrofia muscular. Diminuição das glândulas sebáceas em número e função. Diminuição das glândulas sudoríparas. Atrofia dos melanócitos.

2.2 CRONOBIOATIVIDADE

O organismo trabalha diferentemente nas diversas horas do dia. A cronobiologia é a ciência que estuda o relógio biológico do corpo e explica por que isso acontece. É possível aproveitar melhor a energia quando se sabe quais são as horas mais indicadas para relaxar e estar em movimento. Assim, ao acordarmos acontece a Iiberação das toxinas retidas no corpo e Iiberadas pelo rim através da urina. Na parte da manhã a atividade intelectual é maximizada, depois do almoço um estado de entorpecimento toma conta de nosso humor, já no final da tarde temos pique para fazer de tudo, e quando a noite cai é hora de repouso (CORAZZA, 2001).

2.3 O RELÓGIO DA BELEZA

Na verdade, o tempo não é o pior inimigo da pele. O processo natural de envelhecimento é altamente influenciado por fatores como:

Exposição ao Sol. Fumaça de cigarro (própria ou de terceiros). Toxinas ambientais. Alimentação inadequada, sobretudo sem vitaminas A, C, E e ácido fólico e com

alto teor de gordura e sal. Consumo excessivo de álcool. Estresse. Sabonetes agressivos ou hidratantes contendo substâncias detergentes. Privação de sono.

Porém, a qualquer custo a pele seguirá o seguinte processo:

Ressecamento: as glândulas sebáceas da pele reduzem significativamente a produção de óleo depois dos 30 e 40 anos, reduzindo a habilidade da pele de combater os danos provocados peIo Sol e, muitas vezes, causam pigmentação irregular.

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UNIDADE 2 | DERMATOLOGIA

Afinamento: mais ou menos aos 40 anos, a derme e a camada de gordura da pele começam a afinar. O processo se acelera depois dos 50. Resultado: perda de elasticidade, maciez e viço. A perda da camada de gordura também torna a pele mais frágil e propensa à abrasão.

Perda de firmeza: na derme, células chamadas fibroblastos repõem constantemente o suprimento de colágeno e elastina da pele. Os fibroblastos perdem a capacidade de funcionar ao Iongo dos anos, provocando a redução dos níveis de colágeno e elastina.

Menor resposta imunológica: a pele é o Iar das células de Langerhan, receptores do sistema imunológico que registram a presença de agentes e toxinas estranhos. Sem elas, diminui a probabilidade de recebermos um sinal de alerta quando entramos em contato com elementos irritantes.

Capacidade de reparo celular reduzida: de um modo geral, o corpo perde a capacidade de reparar os dados provocados pelos radicais Iivres, por isso as mudanças nas células tornam-se mais pronunciadas, acelerando o envelhecimento.

Perda de controle de temperatura: as glândulas sudoríparas também perdem Ientamente sua capacidade de funcionar, aumentando a capacidade de o organismo regular as sensações de frio e calor (PERRlCONE, 2001).

O relógio da pele:

21:00 h - O organismo prepara-se para a noite, baixando a tensão arterial e a temperatura do corpo. O corpo acalma e a pele começa a despertar, é por isso a melhor hora para tratar da pele, demaquilar, aplicar cremes nutritivos reafirmantes e reestruturantes. A pele renova-se de noite, por isso todos os cuidados de rejuvenescimento devem ser feitos a esta hora.

04:00 h - De madrugada o corpo agita-se, o cérebro produz um hormônio responsável pelo despertar do corpo e regresso da consciência, a cortisona.

08:00 h - Se tiver Sol são esses primeiros raios que trazem maior benefício à pele. Quando necessário, é recomendável a ingestão de vitaminas e antioxidantes para ajudar a combater os radicais Iivres a que o rosto fica exposto.

11:00 h - A atividade cerebral acelera-se. A agitação reflete-se na pele, e geralmente a pele começa a brilhar na zona T (testa, nariz e queixo).

13:00 h - Nesta hora estamos mais resistentes. É o momento certo para recuperar energia.

15:00 h - Fase de maior rendimento físico. Os neurônios voltam a uma fase de grande atividade. É o meIhor período para a aprendizagem.

19:00 h - O metabolismo começa a baixar à medida que a luz do dia desaparece (BARROS, 2002).

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TÓPICO 3 | ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

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2.4 CAUSAS DO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

Embora muitas teorias tenham sido levantadas a respeito do processo de envelhecimento, existem basicamente duas teorias sobre o envelhecimento da pele. Segundo a primeira delas, ele depende da acumulação de substâncias tóxicas de eliminação e do empobrecimento em substâncias nutritivas. A segunda teoria considera que o envelhecimento cutâneo é um fenômeno geneticamente determinado, gradual e inevitável.

Um fato é evidente: se compararmos a face de um camponês com a de um empregado de escritório da mesma idade, podemos observar que a exposição crônica à luz solar marcou a pele do primeiro em muito maior grau. Este fenômeno foi designado pelos norte-americanos de photoaging.

Naturalmente, fatores químicos, mecânicos e físicos, além do solar, podem influenciar consideravelmente o aspecto da pele, apesar do uso preventivo de meios protetores. Por outro lado, há também algumas modificações típicas do idoso (por exemplo, a queratose senil, a atrofia da pele, as alterações do tecido elástico etc. (CORAZZA, 2001).

O envelhecimento é um processo lento, progressivo e irreversível, influenciado por diversos fatores intrínsecos e extrínsecos. As principais teorias do envelhecimento são:

Teoria do Relógio Biológico: Foi um dos primeiros conceitos emitidos para explicar o fenômeno do envelhecimento, afirmando que o organismo possui um relógio que determinaria quando se inicia o envelhecimento, e marcaria as datas onde suas características se fariam mais visíveis. Os seus defensores concluíram recentemente que o controle se faria em nível hormonal, com centro regulador situado no cérebro. Acredita-se simultaneamente que estaria localizado no nível dos ácidos nucleicos (DNA e RNA), encarregados de transmissão do código genético e da síntese proteica. Muitos conceitos ainda necessitam ser elucidados para a consolidação definitiva desta teoria, como, por exemplo, a identificação e a localização exata do relógio biológico (GUIRRO; GUIRRO, 1996).

Teoria da Multiplicação Celular: Esta teoria foi exposta no livro Biology of Aging, de Hayflick, e defende a tese de que todas as células do organismo (exceto as cerebrais) possuem uma capacidade intrínseca de se multiplicar. Através de estudos de laboratório, demonstrando uma capacidade reprodutiva finita dos fibroblastos humanos in vitro, o autor determinou que a capacidade de multiplicação vai diminuindo com o passar do tempo, até a sua parada total. Daí a conclusão do autor de que o convalescimento é uma consequência do desgaste das células no seu processo fisiológico de multiplicação. Esta teoria tem perdido espaço no âmbito científico, já que sua explicação determina uma consequência do envelhecimento do que sua causa, pois são desconhecidos os mecanismos que determinam a diminuição da capacidade de multiplicação das células (KASSCCHAU, 1976).

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Teoria das Reações Cruzadas de Macromoléculas: Bjorkstein baseia-se no princípio ortomolecular, afirmando que o organismo humano é formado por trilhões de moléculas definidas, cujo equilíbrio é determinado pela conservação da normalidade. Porém, por reações cruzadas, estas moléculas perdem suas características, produzindo alterações tissulares que condicionam a aparição do processo de envelhecimento. Segundo o autor, existem no organismo humano centenas de agentes produtores de reações cruzadas, umas de origem exógena (poluição, fumo, estresse, água, radiações etc.) e outras endógenas (aldeídos, os radicais lipídicos, os superóxidos etc.). Sendo o colágeno o elemento de maior abundância no organismo, este seria alvo das reações cruzadas (GUIRRO; GUIRRO, 1996).

Teoria dos Radicais Livres: A teoria do envelhecimento justificada pela ação dos radicais livres é, até o momento, a mais viável e digna de credibilidade dentre todas as apresentadas, sendo a que melhor explica os fatos reais. Os radicais livres já são conhecidos desde o século passado, por conceitos emitidos por Paul Bert sem referir-se diretamente a eles, em que foi demonstrado que o oxigênio em altas concentrações poderia ser tóxico para vários tecidos, entre eles o cérebro, coração, pulmão, entre outros. Somente no século passado, e mais propriamente na década de 50, várias moléculas receberam a classificação de radicais livres. Vivemos em um ambiente rico em oxigênio, onde várias espécies de oxigênio reativo são regularmente geradas pela exposição à luz ultravioleta, a poluição e a inflamação. O oxigênio reativo ameaça constantemente a integridade das estruturas celulares e da matriz extracelular da pele, podendo contribuir para o aparecimento de mutações que resultam em câncer de pele. Recentes estudos demonstraram a participação dos radicais livres no envelhecimento celular, e sugeriram que as modificações químicas da membrana mitocondrial condicionadas pela participação dos radicais livres são a chave mais importante para explicar o processo. Foram demonstradas alterações representadas por redução da eficiência da cadeia respiratória e da produção de energia, assim como por produção de compostos como o malonaldeído que reage com o DNA mitocondrial determinando assim a inibição das divisões mitocondriais. Todos estes parâmetros estão ligados ao processo do envelhecimento (PERRICONE, 2001).

Teoria do Desgaste: Segundo esta teoria, a “máquina” representada pelo organismo se desgasta com o uso, como qualquer outra máquina. Durante o longo tempo de vida, as várias peças da maquinaria animal (órgãos, sistemas), são solicitadas repetidas vezes para fornecer prestações acima dos habituais, tendo por isso que apelar para a sua capacidade de adaptação (hipertrofia, hiperplasia etc.), que pode causar lesões não reparadas completamente. Esses episódios são reparados, porém deixam resquícios que se somam e não permitem o funcionamento completo dos mecanismos homeostáticos; desse modo, o nível de prestações declina até chegar a um ponto de ruptura. Conforme a teoria, o envelhecimento resultaria da soma de tantos pequenos gostos dos vários componentes do organismo, que não permitiriam um ajuste completo das várias peças, impedindo assim não somente qualquer adaptação ulterior das membranas, como provocando o nivelamento para baixo de umas prestações (CUNHA, 2002).

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Teoria autoimune: As mutações sucessivas levariam ao aparecimento de células cujo DNA codificaria a síntese de produtos diferentes dos normais, portanto estranhos e não reconhecidos pelas células imunocompetentes. Esses produtos atuariam como autoantígenos, causadores de resposta autoimune, que é responsável pela eliminação progressiva das células mutantes. Mutações ocorreriam também na população de células imunocompetentes, originando clones celulares proibidos, ainda imunocompentes, mas incapazes de reconhecer as células normais contra as quais elaboram anticorpos. Ambas as vias levariam ao envelhecimento, que corresponderia a uma síndrome autoimune (BARROS, 2002).

Atualmente a teoria mais aceita é a dos radicais livres, que como consequência da exposição crônica ou excessiva à radiação UV, as espécies de oxigênio reativo (EROs) podem reduzir a capacidade de defesa antioxidante da pele, acelerando o processo de envelhecimento pela morte ou mau funcionamento das células (DI MAMBRO et al., 2005). Essa teoria ainda é ratificada pela presença dos fatores extrínsecos ou ambientais, como radiação solar, poluição, bebida alcoólica e o cigarro, que podem danificar as membranas das células, provocando efeitos negativos sobre a pele e acelerando o processo de envelhecimento das células (DI MAMBRO; MARQUELE; FONSECA, 2005). No momento em que as radiações solares penetram na pele, são absorvidas pelos cromóforos, que, ao dissiparem essa energia absorvida, produzem os radicais livres (COSTA; OLIVEIRA, 2004). Esses radicais livres atacam os queratinócitos da epiderme, além de degradar os fibroblastos da derme, podendo lesar as cadeias de DNA, proteínas, carboidratos, lipídios e as membranas celulares na parte mais profunda da epiderme, podendo também causar câncer (BUCHIL, 2002).

Além das alterações físicas, as alterações psicossociais são de suma importância, uma vez que a satisfação com a aparência aumenta a autoestima e predispõe a uma boa saúde física e mental (CARRUTHERS et al., 2002).

FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA7BUAF/recursos-fisioterapeuticos-utilizados-no-tratamento-envelhecimento-facial>. Acesso em: 5 dez. 2014.

2.5 ALTERAÇÕES CUTÂNEAS E DE SEUS ANEXOS

Convém ressalvar que, independentemente da idade da pessoa, a espessura total da pele, espessura relativa da epiderme e derme, distribuição e fenótipo da população celular na derme, presença de anexos cutâneos e densidade da microvasculatura e de nervos variam conforme a localização do corpo (SANTANA et al., 2003). Com o aumento da idade, a pele tende a tornar-se flácida e fina, sendo caracterizada por decréscimo do tamanho dos queratinócitos e diminuição da proliferação celular no estrato basal (PAPALÉO, 2005). De acordo com Makrantonaki e Zouboulis (2007), a taxa de proliferação dos queratinócitos declina de 30% a 50% entre os 30 e os 80 anos. Para os mesmos autores, a epiderme diminui de espessura cerca de 5% a 30% a partir dos 60 anos de idade.

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As estruturas anexas diminuem de tamanho e em número. As glândulas sudoríparas tornam-se menores e menos ativas (ERSSER et al., 2009), resultando numa pele mais seca. Também, as glândulas sebáceas apresentam uma diminuição na sua produção de secreção até 60% ao longo da vida. Esta diminuição da lubrificação natural pode provocar xerose cutânea – Xerosis cútis – e ser um fator contribuinte para o desenvolvimento de quebras cutâneas (LEBLANC, BARANOSKI, 2011). Estudos desenvolvidos por Brillhart (2005) e White et al. (1994) revelaram que os cuidados de higiene prestados às pessoas idosas por rotina com o vulgo sabonete com pH alcalino contribuem para a secura da pele, tornando-a mais suscetível a desenvolver quebras cutâneas.

Depois dos 30 anos de idade, o número e o tamanho das fibras musculares começam, progressivamente, a reduzir, contribuindo para a diminuição da massa musculoesquelética. Na pessoa idosa, este processo é agravado com o ciclo de inatividade, favorecendo o desenvolvimento de sarcopenia.

FONTE: Adaptado de: Menoita, Santos e Santos (2013)

As alterações cutâneas podem ser evidenciadas nas diferentes camadas da pele: epiderme; derme e hipoderme. Dependem de fatores individuais, geneticamente determinados, onde interferem os ambientes externo e interno, aos quais a pele foi exposta durante a vida. Relacionar o envelhecimento com as alterações que ocorrem na pele não é simples, pois parece que muitas mudanças da pele, que são habitualmente vistas na velhice, podem não ser resultado do envelhecimento por si só, e ainda muitas pesquisas procuram elucidar esses processos. Portanto, seria conveniente dizer que as mudanças observadas na velhice são “associadas ao” do que “causadas pelo” envelhecimento. Na epiderme, a camada córnea está marcadamente reduzida, embora possa haver áreas de espessamento hiperceratótico.

A descamação, principalmente nas extremidades, é bem marcada, sendo basicamente causada por diminuição da secreção sebácea, por mudanças nos lipídios, associadas a menor conteúdo de água, predispondo a pele a maior ressecamento e presença de fissuras, com resistência diminuída à agressão de substâncias alcalinas, como sabões e outros produtos químicos. A epiderme subjacente está adelgaçada, com achatamento das cristas interpapilares e da junção dermoepidérmica, que antes mostrava aspecto ondulado. Há variações no tamanho e na forma das células da camada basal que apresentam distribuição desordenada.

Com o envelhecimento, a derme apresenta redução da espessura com perda das fibras elásticas e do colágeno. As fibras elásticas ficam mais amorfas e as colágenas afinam-se. Essas alterações são também responsáveis pelo enrugamento, muito embora grandes sulcos possam decorrer de alterações da hipoderme e da massa muscular. Estudos têm mostrado que o colágeno da derme muda tanto qualitativamente quanto quantitativamente com o envelhecimento. As mudanças qualitativas refletem na diminuição da solubilidade e na alteração

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de várias propriedades físicas da molécula (ficam mais estáveis, pelo acúmulo no número de ligações covalentes cruzadas entre as cadeias alfa das moléculas do colágeno). As mudanças quantitativas de colágeno são resultantes da diminuição da atividade metabólica dos fibroblastos, que são as células responsáveis por sua síntese.

Não podemos esquecer que é a derme que proporciona a resistência e a elasticidade da pele. Nas mulheres na pós-menopausa, o colágeno declina cerca de 2,1% ao ano, estando relacionado aos anos de menopausa (carência de esteroides sexuais) e não à idade cronológica. Muitos estudos mostram, porém de forma definitiva, que a terapia de reposição hormonal (uso de estrogênios) atua positivamente na pele, melhorando o colágeno tipo I, que é o principal constituinte da derme, entretanto, verificou-se que as concentrações do colágeno tipo II também são beneficiadas.

A hipoderme também poderá diminuir com a idade, agravando as condições da pele que, além de mais fina e vulnerável, ficará mais desprotegida sem o seu acolchoamento adiposo, favorecendo o enrugamento.

O envelhecimento cutâneo é evidenciado pela diminuição das secreções endócrinas e estreitamento das arteríolas cutâneas, afetando as reações enzimáticas do tecido conjuntivo e estruturas epiteliais, interferindo com a nutrição tissular e com o metabolismo do colágeno, elástico dos vasos, do tecido adiposo e dos músculos.

As rugas – Com o envelhecimento, a pele perde a elasticidade, os músculos enfraquecem e ficam frouxos, o coxim subcutâneo dissolve-se e a pele perde o apoio, levando ao aparecimento das rugas. A cronologia e o aparecimento das rugas são variáveis de pessoa para pessoa. Aparecem sulcos em todas as direções: horizontais na fronte e nariz; pregas nas pálpebras e canto externo dos olhos, de onde se espalham rugas oblíquas ¾, os “pés-de-galinha”; verticais na glabela, no lábio superior e na frente da orelha, além de uma ruga oblíqua importante no sulco nasolabial.

Manchas senis – Com a idade, há uma progressiva redução do número de melanócitos dopa-positivos da pele com consequente formação de manchas hipocrômicas. Há também formação de sardas (pequenas manchas pigmentadas, castanhas) que surgem no rosto e no corpo de certas pessoas, sobretudo nas de pele muito clara, devido ao aumento da deposição de melanina. Surgem também melanoses (pigmentos pretos pelo depósito abundante de melanina). Estas alterações ocorrem em 50% dos indivíduos acima de 45 anos, devido à hiperplasia localizada de melanócitos da junção dermoepidérmica.

Fragilidade capilar - As alterações mais frequentemente observadas nos cabelos são o embranquecimento e a queda. O embranquecimento inicia-se nas têmporas, em faixa etária que depende de raça e hereditariedade, disseminando-

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se, gradualmente, pelo couro cabeludo. O cabelo branco, por si só, não pode ser considerado como uma expressão de pré-senescência, podendo estar presente até em indivíduos de pouca idade.

A queda de cabelo se processa de maneira difusa, há uma mudança gradual na espessura dos cabelos do occipito para o ápice. Geralmente, essa diminuição de cabelos é imperceptível cosmeticamente, mas torna-se evidente na senilidade.

Os cabelos diminuem, em número e volume, e embranquecem. Primeiro diminuem os corporais, seguidos dos pelos do púbis e das axilas. Acima dos 60 anos, grande parte das mulheres não tem pelos axilares e apresenta declínio acentuado dos pubianos. Os pelos das pernas também diminuem, em número e volume. Paradoxalmente, aparecem pelos terminais faciais, com aumento da espessura e comprimento. Além da idade cronológica, fatores hormonais e hereditários também são importantes. As glândulas sudoríparas e sebáceas diminuem, em tamanho e função, em graus variáveis.

Cuidados com a pele - A estrogenioterapia, feita de acordo com os esquemas prescritos para mulheres climatéricas, atua não só como terapêutica mas também como preventivo das alterações descritas da pele.

A pele seca e escamosa é quase sempre reversível com reposição de hormônios sexuais apropriados. É evidente que os hormônios sexuais e, em particular os estrogênios, desempenham importante papel na manutenção da qualidade da pele da mulher, pois segundo vários estudos, existem receptores para estrogênios na pele.

A produção de colágeno aumenta após a administração de estrogênios, os quais alteram a polimerização de mucopolissacarídeos. Esta terapêutica também melhora o conteúdo de água no fluido intercelular da derme, pelo aumento da síntese de ácido hialurônico.

A alimentação rica em água e vitaminas, assim como o repouso, as massagens e a limpeza adequada da pele, complementam a terapêutica.

FONTE: Miguel Jr. (2007)

ESTUDOS FUTUROS

Na próxima unidade serão abordadas as patologias e alterações cutâneas, com imagens, características e possível diagnóstico.

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3 TIPOS DE ENVELHECIMENTO

Gerontologia (do grego gero = envelhecimento + logia = estudo) é um campo que estuda o envelhecimento humano e suas mudanças nos processos biológico, psicológico, social e cultural, diferentemente da Geriatria, que visa o estudo clínico da velhice na busca da prevenção e tratamento de doenças.

O tema envelhecimento começou a ser estudado desde o século XIX, e até hoje é um assunto atual e muito mais complexo do que possamos imaginar. É um processo multidisciplinar e multiprofissional, envolvendo até mesmo a forma como a sociedade se organiza.

Segundo estudiosos, podemos falar em cinco tipos de envelhecimento: o biológico, cronológico, funcional, psicológico e social. Em termos biológicos, é o processo natural que começa na maturação sexual e vai provocando, através de ações externas e internas, a vulnerabilidade do organismo, diminuindo a sua probabilidade de sobrevivência. O cronológico, diferentemente do biológico, identifica apenas o passar do tempo e é muito importante na determinação dos parâmetros para planejamentos de políticas públicas.

Mas o que não sabemos é que o envelhecimento vai muito além, sendo

caracterizado também com o fator social, que é quando o indivíduo começa a não ter perspectiva de futuro e a se sentir excluído da sociedade, deixando de interagir com o outro e com o mundo. Muitas vezes, se isolando dentro de casa, podendo levar rapidamente à depressão e consequentemente à morte. Aliado a este, temos o fator psicológico. Através de pesquisas e questionários podem-se observar alterações cognitivas (atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem), porém, sem relatos de maiores alterações de personalidade. Neste, pode-se identificar a “síndrome do ninho vazio”, que é quando os pais se deparam com a saída dos filhos de casa, ou na morte de um ente querido. As pessoas não se preparam para tal momento e, quando chega, ficam abalados psicologicamente, acelerando o processo de senescência.

Indo um pouco mais além e sabendo que o corpo humano está avançando cada vez mais rápido com os seus limites biológicos, já se fala na “quarta idade”, aquela onde se percebe nitidamente o envelhecimento funcional, que é caracterizado pela dificuldade de adaptação às demandas do corpo e do meio em que se vive. Cria-se uma dependência através da dificuldade de realizar as atividades básicas da vida diária (ABVD): comer, andar, vestir, levantar, sentar, deitar etc. Porém, sabe-se que esta não é detectada apenas na quarta idade (idoso muito idoso), podendo aparecer em qualquer momento da vida.

Para tal, o envelhecimento bem-sucedido depende de uma série de fatores externos e internos que temos que levar em consideração. Das suas principais características é a heterogeneidade, que explica que cada indivíduo envelhece de maneira própria, não podendo assim ter regras ou normas.

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Há alguns indivíduos que passam a vida se cuidando e não conseguem ter saúde, outros que nunca se preocuparam com a qualidade de vida e têm uma velhice tranquila. Estes, nós chamamos de “organismos de elite”, os quais conseguem ter pouco risco de doença e de incapacidade funcional, além de bom funcionamento físico e mental.

FONTE: Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/educacao-fisica/artigos/31323/a-gerontologia-e-os-tipos-de-envelhecimento#ixzz3Jurwae6b>. Acesso: 23 nov. 2014.

4 GRAUS DE ENVELHECIMENTO

Utiliza-se como forma de avaliação o sistema desenvolvido pelo Dr. Richard Glogau, que tem por finalidade possibilitar a quantificação do nível de envelhecimento e permite uma padronização do tratamento médico, mantendo uma comunicação efetiva.

QUADRO 2 – CLASSIFICAÇÃO DO ENVELHECIMENTO DA PELE DO ROSTO

Grupo Classificação Idade Típica Descrição Característica da pele

I Envelhecimento leve 28-35 Sem rugas

Envelhecimento: alterações pigmentares suaves (manchas de pele), sem queratose (aquelas manchas mais avermelhadas e ásperas), sem rugas.

II Envelhecimento Moderado 35-50

Rugas em movimento, ou de expressão

Manchas marrons visíveis, pele áspera e palpável, mas não visível, linhas paralelas ao sorriso, inclusive o bigode chinês e pés-de-galinha começam a aparecer.

III Envelhecimento avançado 50-65

Rugas em repouso, mesmo sem expressão

Manchas escuras, avermelhadas, às vezes algumas esbranquiçadas e ásperas (queratose) visíveis, teleangiectasias, que são aqueles vasinhos na face, principalmente em torno do nariz; os pés-de-galinha e as linhas e sulcos aparecem mesmo em repouso, ou seja, mesmo sem expressão facial as rugas são visíveis.

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IIVEnvelhecimento grave da pele do rosto

60-75Apenas rugas e extrema flacidez da pele

Manchas escuras, brancas e vermelhas podem coexistir, neoplasias cutâneas (câncer de pele) prévias, rugas por todo o rosto, maior parte da face sem pele normal, flacidez pela falta de colágeno, não podem usar maquiagem, porque ela borra e forma grumos grossos.

FONTE: Disponível em: <http://www.ideco.com.br/conteudo/7>. Acesso em: 23 nov. 2014.

5 CLASSIFICAÇÃO DE RUGAS E LINHAS DE EXPRESSÃO

O envelhecimento facial se deve, basicamente, a alterações degenerativas nas fibras colágenas e elásticas da derme, diminuição de espessura da epiderme por perda de camadas do estrato granuloso e espinhoso, onde as células ficam mais achatadas e os espaços intercelulares mais largos, atrofia dos músculos da expressão facial com posterior fibrose, alteração da arquitetura óssea, geralmente por atrofia, além da perda de peças dentárias e diminuição da espessura do panículo adiposo em diferentes partes da face. Estes são os achados internos que determinam o surgimento de rugas, acentuação de sulcos, linhas naturais, relevos e depressões faciais. Aliados à perda de tonicidade e modificação na coloração da pele, estas características determinam o envelhecimento, esteticamente falando, da face do indivíduo (PORTAL EDUCAÇÃO, 2013).

Segundo Habif et al. (2002), podemos dizer que passamos por cinco fases de envelhecimento facial:

1. Diminuição da circulação – com a idade, decrescem o número e a dimensão dos capilares que levam oxigênio e substâncias nutritivas para a derme e epiderme. A função dos vasos linfáticos é diminuída, provocando insuficiência na eliminação de resíduos celulares. Com o decrescimento da vitalidade celular, todas as demais funções internas da célula, tais como, completa eliminação de toxinas e aporte de produtos nutritivos, se tornam lentas. Isso faz com que as células da pele se atrofiem progressivamente.

2. Insuficiência intracelular – a não eliminação completa de toxinas, juntamente com a falta de oxigenação adequada, irão refletir numa transformação do aspecto exterior da célula da pele, podendo inclusive ocasionar anormalidades patológicas.

3. Atrofia muscular – um tecido muscular facial bem tonificado projeta um rosto jovem. Agora, como já visto, uma má circulação e nutrição inadequada da célula ocasionam atrofia muscular. Esta atrofia provocará o aparecimento das linhas de expressão acentuadas, papadas, olheiras e outras características causadas pela idade.

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4. Marcas de expressão – as marcas de expressão facial se geram também devido à região, cultura e tendências naturais da pessoa. A frequência com que repetimos, com o passar dos anos, estas expressões faciais, forma o que chamamos de “linhas de caráter”. Sua formação é precedida pela contração de um músculo ou grupo de músculos e pelo relaxamento simultâneo de um músculo ou grupo de músculos opostos. Desta maneira, haverá uma tensão e a pele se debilita, provocando uma prega ou ruga.

5. Transformações devidas a regiões e comportamento social diferente – estas transformações podem alterar consideravelmente o estado dos tecidos faciais. Em algumas regiões os raios ultravioleta emitidos pelos raios solares podem ocasionar modificações permanentes no funcionamento celular, afetando a produção de pigmentos. Uma exposição prolongada a ventos poderá formar calosidades, endurecimento e secura da pele, aparecendo rugas. Deve-se ainda levar em consideração a má alimentação. Um regime alimentício incorreto poderá acelerar o envelhecimento, reduzindo a função celular e a regeneração dos tecidos.

A pele exposta por mais tempo apresenta alterações mais visíveis do que aquelas devidas somente ao envelhecimento. Esta pele geralmente se apresenta enrugada, hiperpigmentada e com flacidez. Outro fator importante que contribui com o envelhecimento precoce da pele é o excesso de expressão facial, isto é, algumas pessoas usam exageradamente e de forma errada alguns grupos musculares da face (GUIRRO; GUIRRO, 2002). Nas alterações da pele podemos encontrar:

Região nasal: rugas transversais, queda da ponta nasal, exacerbação do ângulo nasolabial.

Região orbital: flacidez e ptose das pálpebras, bolsas de gordura. Região frontal: rugas na glabela e rugas transversais. Região mentoniana: queda do mento, flacidez da pele, apagamento da linha

mandibular. Região malar e terço médio da face: depressão do sulco nasolabial, apagamento

da eminência malar, ptose dos lábios, pregas e rugas generalizadas (SILVA; ANDRADE; VIEIRA, 2004).

5.1 RUGAS

As rugas se originam devido à diminuição das funções do tecido conjuntivo, que promove uma deformidade nas camadas de gordura e degeneração das fibras elásticas da pele. Além disso, a deficiência de oxigenação dos tecidos provoca uma desidratação, contribuindo para a formação das rugas (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Por conseguinte, outro fator do surgimento de rugas seria um emagrecimento repentino, uma alimentação incorreta e um estilo de vida pouco saudável. Neste sentido, também é preciso ter em conta a ação dos agentes

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TÓPICO 3 | ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

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5.1 RUGAS

atmosféricos e dos raios solares, “assimilados” pela epiderme sem uma proteção adequada, bem como os efeitos de produtos cosméticos não adaptados a cada tipo de pele e utilizados sem cuidado.

Existem, por outro lado, rugas que não são devidas ao passar dos anos e que podem aparecer inclusive numa face jovem, são as chamadas rugas mímicas ou de expressão. Algumas mulheres, por vezes muito jovens e mesmo adolescentes, têm uma mobilidade particular da face, uma vivacidade de expressão através da quais exteriorizam os seus estados de espírito com pregas da face, que são por vezes autênticas caretas. Esta capacidade mímica, que também pode ser um mau hábito, tende, no entanto, a evidenciar e a aprofundar os sinais característicos da expressão de uma personalidade, transformando-os em rugas bastante inestéticas.

As rugas são classificadas em:

Profundas: são causadas pela exposição ao Sol, e não se alteram quando a pele é esticada.

Superficiais: são causadas por uma diminuição ou perda de fibras elásticas da pele, mas se alteram quando a pele é esticada.

As linhas de expressão são decorrentes da contração repetida dos músculos responsáveis pelas expressões faciais ao longo dos anos.

As rugas ainda são classificadas como sendo:

De 1º grau, quando aparecem na segunda década de vida; De 2º grau, aparecendo na terceira e quarta década de vida; De 3º grau, ocorrendo na quinta década em diante (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

As rugas recebem ainda outra classificação: rugas estáticas, dinâmicas e gravitacionais.

Rugas estáticas: surgem na ausência do movimento e representam a fadiga das estruturas que compõem a pele. As rugas gravitacionais são rugas estáticas que decorrem do envelhecimento, resultando na queda das estruturas da face. A gravidade provoca a queda da pele, principalmente do supercílio e músculos do terço inferior da face, com perda do contorno da mandíbula, aparecimento do sulco mentolabial e flacidez cervical. Ocorre atrofia e perda da função muscular dos orbiculares e masseter. Os músculos da mímica facial enfraquecem-se, com aprofundamento do sulco nasogeniano.

Rugas dinâmicas ou linhas de expressão: são decorrentes de movimentos repetitivos dos músculos da face. As rugas relacionadas com os músculos são causadas por movimentos repetidos que criam marcas na epiderme e na maior parte da derme. De acordo com Peyrefitte et al. (1998), as rugas dinâmicas podem se apresentar e desenvolver da seguinte forma:

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a) As rugas da testa resultam da contração do músculo frontal. Elas são horizontais, perpendiculares ao músculo frontal e são as primeiras a surgir.

b) Agravamento do aprofundamento dos sulcos nasogenianos devido à ação dos músculos elevadores do lábio superior e dos zigomáticos.

c) O músculo orbicular das pálpebras provoca, ao se contrair, rugas radiais ao ângulo externo dos olhos.

d) As rugas em torno da boca são causadas pelas contrações do orbicular dos lábios.

e) As rugas horizontais e verticais da raiz do nariz desenvolvem-se sob a ação dos músculos piramidal para as horizontais e superciliar para as verticais.

Rugas gravitacionais: são consequentes da flacidez da pele, culminando com a ptose das estruturas da face (GUIRRO; GUIRRO, 2004).

As rugas podem ser classificadas em classes ou tipos. Faremos menção à classificação de Fitzpatrick e de Glogau.

Existe a classificação de rugas estabelecida por Fitzpatrick (1996):

Classe I: Rugas finas; elastose leve: discretas alterações da textura da pele com linhas sutilmente acentuadas.

Classe II: Rugas finas/moderada profundidade; número moderado de rugas; elastose moderada: com translucidez amarela sob luz direta.

Classe III: Várias rugas profundas e linhas numerosas, com ou sem pregas cutâneas excessivas; elastose grave, multipapular e confluente, com pele amarela espessa, ou consistente com Cutis rhomboidalis.

Glogau (1996) propõe um outro sistema de classificação para rugas, com quatro níveis:

Tipo I: sem rugas Fotoenvelhecimento inicial. Pequenas mudanças de pigmentação. Pele fina, com pouca espessura. Rugas mínimas.

Tipo II: rugas em movimento Fotoenvelhecimento intermediário/moderado. Pequenas manchas marrons na pele. Espessura da pele mais grossa em alguns pontos, possível de ser sentida pelo

tato, mas invisível. Linhas começam a aparecer com o sorriso.

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Tipo III: rugas em repouso Fotoenvelhecimento avançado. Perda de cor e varizes em algumas localizações. Pele espessa em alguns pontos, visível. Rugas mesmo visíveis quando o rosto está em repouso.

Tipo IV: rugas visíveis Fotoenvelhecimento severo. Cor da pele amarelo-acinzentada. Enrugado por completo, nenhuma pele normal.

FONTE: Menoita, Santos e Santos (2013)

Rugas glabelares: a glabela é o espaço compreendido entre as duas sobrancelhas, que frequentemente tem a formação de rugas, devido às contrações em geral relacionadas a sentimentos negativos como preocupação, irritação, raiva ou frustração. Em razão disso, muitas pessoas chamam as rugas glabelares de “ruga da brabeza”.

Rugas frontais: as rugas frontais surgem pela tensão do músculo frontal e relaxamento do músculo piramidal e músculo orbicular do olho. Frequentemente, tem a formação de rugas, devido às contrações em geral relacionadas a sentimentos negativos como preocupação, irritação, raiva ou frustração.

Rugas periorbitais: as rugas palpebrais dinâmicas constituem queixas muito frequentes dos pacientes. São causadas principalmente pela hiperatividade do músculo orbicular da pálpebra, conhecida como pés-de-galinha.

Rugas periorais: as rugas ao redor da boca acontecem com o passar dos anos e são mais evidentes em pessoas que têm problemas dentários, tomam chimarrão ou fumam.

Rugas infraorbitais: são as rugas localizadas abaixo dos olhos.

FIGURA 15 – RUGAS

FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/botox/botox-2.php>. Acesso: 23 nov. 2014.

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5.2 SULCOS FACIAIS

Os sulcos faciais são caracterizados como depressões (ou ranhuras) situadas na superfície da pele, sendo marcas mais profundas que as rugas de expressão. Eles ocorrem devido ao afrouxamento da derme e da musculatura da face, decorrente de diversos fatores, entre eles o envelhecimento, as expressões faciais e a ação da lei da gravidade.

À medida que envelhecemos, ocorre uma perda progressiva de colágeno, relaxamento dos músculos, deslocamento da pele e perda do tecido gorduroso, responsáveis pelo preenchimento da face. Esses fatores possibilitam a flacidez da pele, levando ao surgimento dos sulcos faciais.

A região da maçã do rosto, por exemplo, sofre significativa alteração devido à ação da lei da gravidade, que desloca a região para baixo ao encontro com a mandíbula.

Sulco nasogeniano: O sulco nasogeniano, popularmente conhecido como “bigode chinês”, forma marcas presentes entre o nariz e a boca, decorrentes da contração muscular, ação da gravidade e do envelhecimento. A formação destes é bastante comum, sendo provocado, principalmente, por movimentos que fazemos ao sorrir.

Sulco infrapalpebral: Popularmente conhecidos como “prega da olheira”, são caracterizados por ranhuras que surgem abaixo da pálpebra superior. Essas formações costumam aparecer a partir dos 30 anos e são mais facilmente percebidas ao sorrir.

Sulco infralabial: É caracterizado pela marca que fica abaixo do lábio inferior.

Sulco labiomentoniano: É caracterizado como o sulco que se estende dos cantos da boca até o queixo, chamado popularmente de “marca da marionete”.

FONTE: Disponível em: <http://www.tratamentopararugas.med.br/sulcos-faciais.html>. Acesso em: 5 dez. 2014.

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TÓPICO 3 | ENVELHECIMENTO CUTÂNEO

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5.2 SULCOS FACIAIS FIGURA 16 – SULCOS

FONTE: Disponível em: <http://www.tratamentopararugas.med.br/sulcos-faciais.html>. Acesso em: 23 nov. 2014

Maneiras de evitar as rugas:

Proteja a pele do SoI: a maior causa do envelhecimento da pele é a radiação solar.

Pare de fumar: os cigarros também geram radicais Iivres, potenciais agentes danosos para a renovação celular da pele. São responsáveis pela tonalidade cinzento-esverdeada e opaca de quem usufrui da “dobradinha” café-cigarro, além de causar o aparecimento das linhas ao redor dos lábios, constantemente acionados para “puxar” a fumaça.

Limpe profundamente: é essencial assegurar a completa remoção das sujidades depositadas sobre a pele, bem como as células mortas, diariamente eliminadas pelo organismo.

Umecte profundamente: não basta hidratar a pele, é preciso garantir a presença da água fundamental no tecido cutâneo.

Aumente a circulação periférica: esfoliantes suaves e massagens no rosto. O movimento mecânico aumenta o fluxo sanguíneo e promove a renovação celular epitelial.

Minimize as Iinhas (rugas de expressão): preste atenção nos movimentos repetidos que vincam a pele e evite executá-Ios por muito tempo seguido. Periodicamente reIaxe sua expressão.

Encharque-se de bons líquidos, a ingestão de água de coco, por exemplo, estimula os rins a trabalharem melhor e a pele vai mostrar os seus efeitos benéficos.

Adapte-se ao cIima: os cosméticos de verão não devem ser os mesmos utilizados durante o inverno.

Delicadeza na área ao redor dos olhos: é a mais nobre do rosto. Emulsões Ieves devem ser usadas para proteger esta região, mas com cuidado para não deixar o produto penetrar dentro da mucosa ocular. Deve-se evitar franzir o olhar para enxergar (CORAZZA, 2001).

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico você estudou que:

• O envelhecimento é também conhecido como atrofia senil e é conceituado como um processo dinâmico e progressivo.

• O fenômeno biológico do envelhecimento representa a última das três fases do ciclo vital do organismo, sendo as duas primeiras a infância e a maturidade.

• Envelhecer é um processo natural que ocorre desde que nascemos, porém fica mais evidente após a terceira idade.

• O envelhecimento está ligado à organização das células em tecidos e órgãos, formada por colônias de células diferenciadas, cada uma controlando e Iimitando o crescimento e a multiplicação das outras células que não se organizaram em órgãos ou tecidos, pelo contrário, podem muItipIicar-se indefinidamente.

• O organismo trabalha diferentemente nas diversas horas do dia. A cronobiologia é a ciência que estuda o relógio biológico do corpo e explica por que isso acontece.

• O tempo não é o pior inimigo da pele. O processo natural de envelhecimento é altamente influenciado por fatores como: exposição ao Sol, fumaça de cigarro, alimentação inadequada, dentre outros.

• Processo de envelhecimento: Ressecamento, afinamento, perda da firmeza, menor resposta imunológica, capacidade de reparo celular reduzida e perda de controle da temperatura.

• Nos embasamos em algumas teorias do envelhecimento, dentre elas: teoria do relógio biológico, teoria da multiplicação celular, teoria das reações cruzadas de macromoléculas, teoria dos radicais livres, teoria do desgaste e teoria autoimune.

• A teoria mais aceita é a dos radicais livres.

• A formação de rugas ocorre basicamente com as alterações degenerativas nas fibras colágenas e elásticas da derme.

• Utilizamos a classificação de envelhecimento de Richard Glogau.

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• O processo de envelhecimento facial: Diminuição da circulação, Insuficiência intracelular, Atrofia muscular, Marcas de expressão, Transformações devidas a regiões e comportamento social diferente

• Classificamos as rugas como profundas e superficiais, de 1º grau, 2º grau e 3º grau, e rugas estáticas, dinâmicas e gravitacionais.

• Algumas maneiras de evitar-se as rugas são: proteger-se do Sol, parar de fumar, limpar profundamente a pele, evitar movimentos repetidos e usar constantemente hidratantes.

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1 Quais as teorias do envelhecimento?

2 Qual é a teoria do envelhecimento mais aceita na atualidade? Explique-a.

3 Como ocorre a formação de rugas?

4 Como é classificado o envelhecimento segundo Richard Glogau?

5 Quais são as fases do envelhecimento facial?

6 Qual a classificação básica das rugas?

7 Cite cinco maneiras de evitar as rugas.

AUTOATIVIDADE

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UNIDADE 3

DERMATOLOGIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade, você será capaz de:

• definir as principais patologias e alterações cutâneas;

• conhecer acerca dos processos metabólicos e fisiológicos que envolvem as principais afecções dérmicas;

• identificar as principais disfunções estéticas corporais;

• reconhecer e tratar os processos que geram o desenvolvimento das mais diversas disfunções de imagem corporal.

Esta unidade está dividida em dois tópicos, sendo que, no final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos.

TÓPICO 1 – PATOLOGIAS E ALTERAÇÕES CUTÂNEAS

TÓPICO 2 – DISFUNÇÕES ESTÉTICAS CORPORAIS

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TÓPICO 1

PATOLOGIAS E ALTERAÇÕES CUTÂNEAS

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro tópico, veremos acerca das mais diversas patologias e alterações epidérmicas, desde sua origem, como também diagnóstico e tratamento adequado para cada tipo de afecção ocorrente.

Serão descritos aspectos de grande importância patológica que são passíveis de tratamentos estéticos. Há uma série de tratamentos na área de estética que podem ser utilizados para corrigir alguns problemas de cunho fisiológico e metabólico gerados em nosso organismo.

Durante as descrições será relevada a importância da atuação do esteticista como provedor do bem-estar físico e psicológico do paciente, pois este, através de sua técnica e conhecimento poderá executar tratamentos que gerarão resultados satisfatórios.

2 DERMATITE

A dermatite seborreica é uma inflamação na pele que causa principalmente escamação e vermelhidão em algumas áreas da face, como sobrancelhas e cantos do nariz, couro cabeludo e colo.

É uma doença de caráter crônico, com períodos de melhora e piora dos sintomas. A causa não é totalmente conhecida, e a inflamação pode ter origem genética ou ser desencadeada por agentes externos, como alergias, situações de fadiga ou estresse emocional, tempo frio, excesso de oleosidade. A presença de um fungo, o Pityrosporum ovale, também pode provocar dermatite seborreica. (SBD, 2014)

A dermatite seborreica em recém-nascidos, conhecida como crosta-láctea, é uma condição inofensiva e temporária. Aparecem crostas grossas e amarelas ou marrons sobre o couro cabeludo da criança. (SBD, 2014)

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UNIDADE 3 | DERMATOLOGIA

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2.1 SINAIS

De forma geral, os sintomas da dermatite seborreica são:

Oleosidade na pele e no couro cabeludo.Escamas brancas que descamam – caspa; escamas amareladas que são oleosas e ardem.Coceira, que pode piorar caso a área seja infectada pelo ato de “cutucar” a pele.Leve vermelhidão na área.Possível perda de cabelo.(SBD, 2014)

Esta dermatite pode ocorrer em diversas áreas do corpo. Normalmente, se forma onde a pele é oleosa ou gordurosa, como couro cabeludo, sobrancelhas, pálpebras, vincos do nariz, lábios, atrás das orelhas, e tórax. (SBD, 2014)

2.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico é feito clinicamente por um dermatologista, que irá se basear na localização das lesões e no relato do paciente. O dermatologista poderá necessitar de alguns exames clínicos, como exame micológico, biópsia e teste de contato. (SBD, 2014)

O tratamento precoce das crises é importante, e pode envolver as seguintes medidas: lavagens mais frequentes; interrupção do uso de sprays, pomadas e géis para o cabelo; evitar uso de chapéus ou bonés, xampus que contenham ácido salicílico, alcatrão, selênio, enxofre, zinco e anti fúngicos; cremes/pomadas também com anti fúngicos e eventualmente com corticosteroide, dentre outros especificados pelo dermatologista. (SBD, 2014)

3 PSORÍASE

3.1 SINAIS

É uma doença de pele bastante frequente. Existem vários tipos. Caracterizada pelo surgimento de lesões avermelhadas e descamativas na pele, bem limitadas e de evolução crônica.

As escamas geralmente são grossas e esbranquiçadas e as localizações mais frequentes são os cotovelos, joelhos, couro cabeludo e tronco. (FREITAS, 2014)

Segue a imagem ilustrativa de um paciente acometido de psoríase.

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TÓPICO 1 | PATOLOGIAS E ALTERAÇÕES CUTÂNEAS

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3.1 SINAIS

FIGURA 17 – PESSOA COM PSORÍASE

FONTE: Disponível em: <http://www.dicaseartigos.com/mancha-vermelha-na-pele-dolorida/>. Acesso em: 2 nov. 2014.

3.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Há vários tipos de psoríase, e o dermatologista poderá identificar a doença, classificá-la e indicar a melhor opção terapêutica. Dependendo do tipo de psoríase e do estado do paciente os ciclos de psoríase duram de algumas semanas a meses.

O tratamento da psoríase é essencial. Nos casos leves, hidratar a pele, aplicar medicamentos tópicos apenas na região das lesões e exposição diária ao sol são suficientes para melhorar o quadro clínico e promover o desaparecimento dos sintomas. (SBD, 2014)

Nos casos moderados, quando apenas as medidas acima não melhorarem os sintomas, o tratamento com exposição à luz ultravioleta A, faz-se necessário. Já em casos graves, é necessário iniciar tratamentos com medicação via oral ou injetáveis. (SBD, 2014)

4 ACNE

4.1 GRAUS

Silva (2013, p.27) comenta que, de acordo com a presença de uma ou mais lesões, pode-se classificar a acne vulgar em:

Acne comedogênica - Grau I: caracteriza-se pela presença de comedões, porém a existência de algumas pápulas e raras pústulas ainda permite considerar o quadro como Grau I.

Acne pápulo-pustulosa - Grau II: caracteriza-se pela presença de comedões, pápulas eritematosas (avermelhadas) e pústulas. O quadro tem intensidade variável, desde poucas lesões até numerosas, com inflamação bem intensa.

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UNIDADE 3 | DERMATOLOGIA

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Acne nódulo cística - Grau III: há comedões, pápulas e pústulas. Devido à ruptura da parede folicular, há reação inflamatória que atinge a profundidade do folículo até o pelo, formando nódulos furunculoides. No interior destes nódulos pode ocorrer a formação de pus. Estes nódulos são chamados de cistos.

Acne conglobata - Grau IV: constitui uma forma grave de acne, em que ao quadro anterior, associam-se nódulos purulentos numerosos e grandes, formando abscessos e fístulas que drenam pus. Esta forma, em geral, acomete face, pescoço, faces anteriores e posteriores do tórax, podendo chegar até a região glútea.

Acne fulminans - Grau V: forma extremamente rara em nosso meio, na qual, associado às formas de acne nódulo-cística ou conglobata, surge subitamente febre, leucocitose e poliartralgia.

Segue, na imagem, a ilustração dos principais quatro tipos de acne.

FIGURA 18 – QUATRO GRAUS DA ACNE

FONTE: Disponível em: <http://peleacneica.blogspot.com.br/2013/06/acne-e-seus-graus_11.html>. Acesso em: 2 dez. 2014.

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TÓPICO 1 | PATOLOGIAS E ALTERAÇÕES CUTÂNEAS

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4.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O grau da acne é analisado através de uma ficha completa de anamnese, onde além das perguntas feitas ao cliente é feita também uma avaliação mais profunda através de equipamentos que indicaram um tratamento efetivo para a acne ocorrente.

O quadro clínico é caracterizado por comedões, pápulas, pústulas, cistos e abscessos localizados na face, ombros e porção superior do tórax, geralmente associados à seborreia. Os comedões podem estar abertos ou fechados. Os abertos têm coloração enegrecida por oxidação das gorduras e aumento da deposição de melanina por atividade de melanócitos e os fechados, aspecto esbranquiçado por pequena atividade dos melanócitos. As pápulas são eritematosas, indicam a atividade da doença e ao desaparecerem podem deixar máculas (manchas) avermelhadas ou pequenos nódulos fibrosos. Os cistos constituem séria manifestação da acne, têm tamanhos variados e podem espontaneamente drenar pus, deixando graus variáveis de cicatrizes. (SILVA, 2013, p. 26)

Os tratamentos para acne são variados, vão desde limpeza profunda de pele com extração, como também, uso de determinados ácidos faciais e nutricosméticos para evitar a proliferação do processo inflamatório.

5 ROSÁCEA

5.1 CARACTERÍSTICAS

“É uma desordem inflamatória cutânea crônica de causa desconhecida que, geralmente, afeta indivíduos de meia–idade, seu início se dá mais tardiamente quando comparada a acne vulgar, entre, 30 a 50 anos de idade”. (SILVA, 2013, p. 20)

É mais frequentemente observada em indivíduos de pele clara. Ocorre tanto em homens ou mulheres, e apesar de poder ocorrer em qualquer idade, iniciam-se, tipicamente, após os 30 anos de idade. As mulheres são três vezes mais acometidas que os homens. (SILVA, 2013)

“Os achados iniciais consistem em eritema transitório, (flushing), eritema não transitório, pápulas eritematosas, pústulas e teleangectasia”. (SILVA, 2013, p. 20)

5.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

“É uma desordem vascular com sintomas distintos. As lesões são mais tipicamente vistas na região centro-facial (fronte, nariz, malares e mento) ou região de rubor/ardor e predileção pelo nariz nos homens”. (SILVA, 2013, p. 21)

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“Os comedões abertos ou fechados não são vistos como na acne, característica esta que é fundamental para a distinção entre as duas. Os achados secundários incluem edema, lesões oculares, queimação ou ardência, aparência seca da pele e rinofima ou alterações fimatosas”. (SILVA, 2013, p. 21)

De acordo com Silva (2013, p. 21) a classificação inclui quatro subtipos e uma variante de forma que a evolução de um subtipo para outro pode ou não ocorrer.

Eritemato-telangiectasia: rubor e eritema centro-facial persistente. Teleangiectasia podem ou não estar presentes.

Pápulo-pustular: eritema centro-facial persistente acompanhado por pápulas ou pústulas transitórias.

Fimatosa: pele espessada, nodosidades de superfície bastante irregulares e aumento de achados faciais. As lesões podem ser encontradas no nariz, mento, fronte, malar e orelhas.

Ocular: sensação de corpo estranho nos olhos, queimação ou ardência, secura, coceira fotosensibilidade ou visão borrada. Edema periorbital ou telangectasias da esclera ou outras partes dos olhos podem ser vistas.

Variante: granulomatosa. Não inflamatória. Pápulas cutâneas endurecidas eritematosas, acastanhadas ou amareladas, ou nódulos de tamanho variável.

Para o tratamento das rosáceas são utilizados uma gama de equipamentos da área de eletroterapia, principalmente a luz pulsada e o laser que são grandes aliados no tratamento das mesmas.

6 RUGAS

6.1 CARACTERÍSTICAS

“Quando classificadas clinicamente, as rugas podem ser: superficiais e profundas. As superficiais são aquelas que desaparecem com o estiramento da pele, diferindo das profundas que não sofrem alteração quando a pele é estirada”. (SILVA, 2013, p. 24)

“As rugas recebem ainda outra classificação: rugas estáticas, dinâmicas e gravitacionais. As estáticas são consequências da fadiga das estruturas que constituem a pele, em decorrência da repetição dos movimentos e aparecem mesmo na ausência deles”. (SILVA, 2013, p. 24)

“As dinâmicas ou linhas de expressão surgem como consequência de movimentos repetitivos da mímica facial e aparecem com o movimento. Já as rugas

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gravitacionais são consequentes da flacidez da pele, culminando com a ptose das estruturas da face”. (SILVA, 2013, p. 24)

De acordo com Silva (2013, p. 25) podemos classificar as rugas da seguinte forma.

Tipo 1 - Ausência de rugas: tipicamente idades dos 20 aos 30 anos; fotoenvelhecimento inicial; alterações pigmentares brandas; ausência de ceratoses; ausência de rugas ou rugas mínimas.

Tipo 2 - Rugas em movimento: tipicamente idades do final dos 30 aos 40 anos; fotoenvelhecimento inicial moderado; lentigos senis iniciais; ceratoses palpáveis, porém não visíveis; linhas paralelas do sorriso começando a aparecer lateralmente à boca.

Tipo 3 - Rugas em repouso: tipicamente 50 anos de idade ou mais; fotoenvelhecimento avançado; discromias óbvias telangectasias; ceratoses visíveis.

Tipo 4 - Somente rugas: tipicamente idade de 60 anos ou mais; fotoenvelhecimento grave; pele amarela-acinzentada; malignidades prévias da pele; ausência de pele normal.

A imagem a seguir representa os principais lugares em que se desenvolvem as rugas e linhas de expressão.

FIGURA 19 – LINHAS, VINCOS E DOBRAS DE EXPRESSÃO

FONTE: Disponível em: <http://pelebonitarj.blogspot.com.br/2014/09/rugas-dobras-e-marcas-na-pele-humana.html>. Acesso em: 7 dez. 2014.

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6.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico da presença de rugas e linhas de expressão é realizado através de uma avaliação completa da face do(a) cliente, buscando-se identificar os pontos de início e fim das rugas estáticas e dinâmicas.

De acordo com Silva (2013) no caso do tratamento, espera-se estimular a formação de novas fibras colágenas, revertendo a flacidez do tecido dérmico e a elastose cumulativa. Os antirradicais livres vêm ocupando espaço cada vez maior entre os princípios ativos. A abordagem terapêutica centra-se nos quatro casos: limpeza, tonificação, hidratação e proteção solar.

7 OLHEIRAS

7.1 CLASSIFICAÇÃO

As olheiras, cientificamente chamadas de hiperpigmentação periorbital, são caracterizadas pelo escurecimento e inchaço da parte inferior dos olhos, que confere um ar de cansado ao indivíduo. (VIANA, 2014)

Estas alterações acontecem devido ao aumento de melanina e alterações nos pequenos vasinhos que irrigam esta região, mas que podem ser causadas também por noites mal dormidas e excesso de sol, por exemplo. (VIANA, 2014)

De acordo com Viana (2014, p. 1) as causas das olheiras podem ser:

Genéticas: Se a mãe, pai ou avós possuem olheiras, há grandes chances do indivíduo também as ter.

Devido ao acúmulo de melanina e/ou hemossiderina na região, que pode estar associada a uma pele muito fina nesta área, que permite a visualização dos pequenos vasos sanguíneos.Devido a doenças como sinusite, rinite, doença de Addison, tumores pituitários, distúrbios tireoidianos ou síndrome de Cushing.

Devido ao uso de medicamentos fotossensibilizantes à base de arsênico, fenotiazidas ou hidantoína.

7.2 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico do quadro de olheiras é feito de forma simples através de uma avaliação acompanhada de uma pesquisa mais aprofundada para identificar a origem das olheiras, para assim prever o tratamento mais indicado.

Para tirar olheiras de forma eficaz pode-se recorrer a tratamentos com produtos clareadores da pele, como a vitamina C, E, K1 ou ácido kójico;

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8 LESÕES CUTÂNEAS

esfoliantes, antioxidantes e ativos que diminuem a microcirculação sanguínea e que fortalecem a pele, eliminado a flacidez. (VIANA, 2014)

De acordo com Viana (2014, p. 1) alguns exemplos de tratamentos que ajudam a tirar olheiras, com efeito prolongado, são:

Aplicação de ácido retinoico ou ácido glicólico.Peeling de fenol.Cremes clareadores para região dos olhos à base de hidroquinona.Cremes para região dos olhos, com Vitamina A, D e B pantenol.Vitamina K1 em microesponjas.Cirurgia de Blefaroplastia transconjuntival com ou sem peeling.Dermoabrasão.

8.1 MÁCULA OU MANCHA

As manchas são alterações de coloração da pele, de diferentes tonalidades e que podem aparecer em qualquer idade. Dentre as fisiopatologias, esta é a que mais incomoda as mulheres. (ONODERA, 2014)

As causas são variadas. Desde as longas exposições ao sol, alterações hormonais como a puberdade e gravidez ou também marcas de acne, mas causam o mesmo efeito: manchas no rosto, dorso das mãos, dos pés, colo, antebraços e pernas. (ONODERA, 2014)

8.2 ERITEMA

O eritema é uma vermelhidão congestiva da pele por dilatação dos capilares, que desaparece temporariamente com a pressão. O eritema pode ter caráter transitório ou permanente, e pode ser localizado ou generalizado. (INFOPEDIA, 2014)

O eritema é uma manifestação frequente de um grande número de afecções cutâneas, de causas externas (calor, fricção, luz solar, irritações químicas ou por picada de insetos etc.) ou internas (reflexos vasomotores de origem digestiva, medicamentosa, nervosa, psíquica, vascular etc.). (INFOPEDIA, 2014)

8.3 CIANOSE

É uma lesão por alteração de cor, que varia do azulado ao roxo e desaparece a dígito-compressão. É causado pelo vasoconstrição arterial e uma pequena vasodilatação venosa. A cor permanece da mesma forma ao deixar de tocar o local. (FREITAS, 2014)

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8.4 TELEANGIECTASIA

Chama-se teleangectasias à presença de pequenos vasos sanguíneos dilatados na pele. Elas podem se desenvolver em qualquer parte do corpo, mais frequentemente são vistas na face ao redor do nariz, nas bochechas, queixo e no branco dos olhos. Podem estar associadas a várias doenças, nem sempre reconhecidas. Também podem ocorrer no cérebro e causar problemas sérios de sangramentos, motivando um acidente vascular cerebral. (ABC.MED.BR, 2014)

Na imagem, uma paciente com teleangiectasia.

FIGURA 20 – PELE COM TELEANGECTASIA

FONTE: Disponível em: <http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=telangiectasia&lang=3>. Acesso em: 4 dez. 2014.

8.5 EQUIMOSE

Equimose é uma infiltração de sangue na malha de tecidos do organismo, devido à ruptura de capilares. Ela geralmente está relacionada a traumas, a distúrbios de coagulação ou a efeitos colaterais de alguns medicamentos.

São comuns equimoses seguindo uma batida, uma cirurgia, a utilização de uma agulha ou outro instrumento que perfure a pele e após posturas forçadas por longos períodos.

As equimoses que surgem a distância do trauma resultam da migração do sangue extravasado, do aumento da pressão venosa por compressão das veias de drenagem ou por ação da gravidade. (ABC.MED.BR, 2014)

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8.4 TELEANGIECTASIA 8.6 HEMATOMA

Define-se como uma coleção ou acúmulo de sangue em determinado lugar do organismo, devido à ruptura de vasos sanguíneos ou veias, e consequente extravasamento. O hematoma também é conhecido como nódoa negra. (AMARIZ, 2014)

Caracterizam-se por manchas escuras, que podem ser castanhas, encarnadas ou azul-negro, localizadas sob a pele, unhas, órgãos e tecidos.

Os hematomas geralmente são causados por algum tipo de choque, traumatismos, acidentes, alterações hematológicas ou outros. (AMARIZ, 2014)

8.7 EFÉLIDE

A efélide é uma alteração pigmentar das regiões expostas aos raios solares com formação de manchas arredondadas e planas de coloração acastanhada ou amarelada sinônimo de lentigo e sarda. (INFOPEDIA, 2014)

8.8 FITOFOTOMELANOSE

Fitofotomelanose (Fitofotodermatose) é uma dermatose manifestada por contato com agentes químicos produzidos ou eliminados por plantas que, quando entram em contato com a pele (em exposição solar), promovem um processo inflamatório e até queimaduras na cútis. (IDMED, 2014)

As fotodermatoses não são causadas apenas por plantas, mas também por cosméticos e medicações de uso oral que podem promover sensibilização na pele quando se está exposto aos raios solares. (IDMED, 2014)

8.9 NEVO VASCULAR

Os nevos vasculares correspondem a alterações congênitas dos vasos sanguíneos da pele, que se manifestam através de manchas ou tumores de cor vermelha, popularmente designados "marcas de nascimento". (MEDIPEDIA, 2014)

8.10 CLOASMA

Hiperpigmentação em regiões determinadas. Melasma são manchas provocadas pela ação do sol. Cloasma são manchas que surgem na gestação com as mesmas características do melasma. (FREITAS, 2014)

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8.11 MANCHA SENIL

De acordo com Freitas (2014) as manchas senis tem as seguintes características: são arredondadas, dispersas pela face, mão e braços, causadas pelo sol.

8.12 VITILIGO

O vitiligo é uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele. As lesões formam-se devido à diminuição ou ausência de melanócitos (as células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor à pele) nos locais afetados. (SBD, 2014)

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2014) as causas da doença ainda não estão claramente estabelecidas, mas fenômenos autoimunes parecem estar associados ao vitiligo. Além disso, alterações ou traumas emocionais podem estar entre os fatores que desencadeiam ou agravam a doença.

A doença é caracterizada por lesões cutâneas de hipopigmentação, ou seja, manchas brancas na pele com uma distribuição característica. O tamanho das manchas é variável. (SBD, 2014)

Segue uma ilustração que demonstra as características principais do vitiligo.

FIGURA 21 – PELE COM VITILIGO

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Vitiligo>. Acesso em: 3. Dez. 2014.

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8.13 MICOSE

Micoses são infecções causadas por fungos que atingem a pele, unha e cabelos. Os fungos estão em todos os lugares, inclusive em nosso corpo, entretanto, quando há proliferação em excesso podem causar doenças. (SBD, 2014)

Os fungos se alimentam da queratina presente em nossa pele, unhas e cabelos. Quando encontram condições favoráveis, como calor, umidade, baixa de imunidade ou uso de antibióticos sistêmicos por longo prazo, estes fungos se reproduzem rapidamente. (SBD, 2014)

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (2014) comenta acerca da micose.

A micose se caracteriza pelo surgimento de manchas brancas ou vermelhas que causam coceiras, tem a borda da lesão mais evidente e às vezes crostosa. Manifestam-se mais frequentemente em áreas de dobras (como axilas, virilhas, entre os dedos das mãos e pés), mas que também podem ocorrer em qualquer outra área do corpo. Quando acometem áreas entre os dedos pode ocorrer dor e fissuras. Existem diversos tipos de micoses, todas causadas por fungos.

8.14 CÂNCER DE PELE

Carcinoma basocelular (CBC)

É o mais prevalente dentre todos os tipos de câncer. O CBC surge nas células basais, que se encontram na camada mais profunda da epiderme (a camada superior da pele). Tem baixa letalidade, e pode ser curado em caso de detecção precoce.

Os CBCs surgem mais frequentemente em regiões mais expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Podem se desenvolver também nas áreas não expostas, ainda que mais raramente. Em alguns casos, além da exposição ao sol, há outros fatores que desencadeiam o surgimento da doença.

Certas manifestações do CBC podem se assemelhar a lesões não cancerígenas, como eczema ou psoríase. Somente um médico especializado pode diagnosticar e prescrever a opção de tratamento mais indicada.

O tipo mais encontrado é o nódulo-ulcerativo, que se traduz como uma pápula vermelha, brilhosa, com uma crosta central, que pode sangrar com facilidade.

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Carcinoma espinocelular (CEC)

É o segundo mais prevalente dentre todos os tipos de câncer. Manifesta-se nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele. Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo, pescoço etc. A pele nessas regiões normalmente apresenta sinais de dano solar, como enrugamento, mudanças na pigmentação e perda de elasticidade.

O CEC é duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres. Assim como outros tipos de câncer da pele, a exposição excessiva ao sol é a principal causa do CEC, mas não a única. Alguns casos da doença estão associados a feridas crônicas e cicatrizes na pele, uso de drogas antirrejeição de órgãos transplantados e exposição a certos agentes químicos ou à radiação.

Normalmente, os CEC têm coloração avermelhada, e apresentam-se na forma de machucados ou feridas espessos e descamativos, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente. Podem, também, ter aparência similar a das verrugas. Somente um médico especializado pode fazer o diagnóstico correto.

Melanoma

Tipo menos frequente dentre todos os cânceres da pele, com 6.130 casos previstos no Brasil em 2013 segundo o INCA, o melanoma tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade. Embora o diagnóstico de melanoma normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura são de mais de 90%, quando há detecção precoce da doença.

O melanoma, em geral, tem a aparência de uma pinta ou de um sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos. Porém, quando se trata de melanoma, a “pinta” ou o “sinal” em geral mudam de cor, de formato ou de tamanho, e podem causar sangramento. Por isso, é importante observar a própria pele constantemente, e procurar imediatamente um dermatologista caso detecte qualquer lesão suspeita.

Aliás, mesmo sem nenhum sinal suspeito, uma visita ao dermatologista ao menos uma vez por ano deve ser feita. Essas lesões podem surgir em áreas difíceis de serem visualizadas pelo paciente. Além disso, uma lesão considerada “normal” pra você, pode ser suspeita para o médico.

Pessoas de pele clara, com fototipos I e II, têm mais risco de desenvolverem a doença, que também pode manifestar-se em indivíduos negros ou de fototipos mais altos, ainda que mais raramente. O melanoma tem origem nos melanócitos, as células que produzem melanina, o pigmento que dá cor à pele. Normalmente, surge nas áreas do corpo mais expostas à radiação solar.

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TÓPICO 1 | PATOLOGIAS E ALTERAÇÕES CUTÂNEAS

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Em estágios iniciais, o melanoma se desenvolve apenas na camada mais superficial da pele, o que facilita a remoção cirúrgica e a cura do tumor. Nos estágios mais avançados, a lesão é mais profunda e espessa, o que aumenta a chance de metástase para outros órgãos e diminui as possibilidades de cura. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental. Casos de melanoma metastático, em geral, apresentam pior prognóstico e dispõem de um número reduzido de opções terapêuticas.

A hereditariedade desempenha um papel central no desenvolvimento do melanoma. Por isso, familiares de pacientes diagnosticados com a doença devem se submeter a exames preventivos regularmente. O risco aumenta quando há casos registrados em familiares de primeiro grau.

FONTE: Sociedade Brasileira de Dermatologia. Tipos de câncer da pele. Disponível em: <http://www.sbd.org.br/informacoes/sobre-o-cancer-da-pele/tipos-de-cancer-da-pele/>. Acesso em: 8 dez. 2014.

8.15 LEUCODERMIA

É uma lesão causada pela ação acumulativa da radiação solar sobre as áreas da pele expostas de forma prolongada e repetida ao longo da vida, provocando alterações nos melanócitos. (DERMOCLYNIC, 2014)

A melanina é a principal e determinante coloração da pele, sendo que variações geneticamente controladas na sua quantidade e distribuição determinam as diferentes cores da raça humana. (DERMOCLYNIC, 2014)

A Leucodermia gutata caracteriza-se por manchas brancas, pequenas, de 1 a 5 mm de tamanho, que atingem os braços e as pernas nas áreas de exposição ao sol. (DERMOCLYNIC, 2014)

8.16 NEVO MELANOCÍTICO

Geralmente surgem como pequenas manchas marrons ou pretas que podem permanecer planas ou, com o tempo, aumentarem de espessura, tornando-se elevadas. É um tumor benigno composto por células pigmentares (melanocíticas). (FREITAS, 2014)

São conhecidos popularmente como sinais, pintas ou verrugas, dependendo do seu tipo. Podem estar presentes desde o nascimento ou surgirem com o passar dos anos. (FREITAS, 2014)

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8.17 PINTA

Normalmente são chamadas de pintas as lesões denominadas pelos dermatologistas de nevos melanocíticos. Pintas ou nevos são lesões planas ou elevadas, cuja coloração pode variar da cor da pele ao negro. Podem ser congênitos ou adquiridos. (SBCD, 2014)

Os nevos podem ser pequenos, puntiformes ou até gigantes, aqueles que atingem grandes áreas do corpo. (SBCD, 2014)

A grande maioria dos nevos é benigna, porém alguns deles podem se transformar em câncer de pele. Portanto é importante sempre examinar as pintas. O conceito de que pintas de nascença são benignas nem sempre é verdadeiro, principalmente nos nevos gigantes. (SBCD, 2014)

8.18 COMEDÃO

Origina-se devido ao aumento da secreção sebácea associado ao estreitamento e obstrução da abertura do folículo pilo-sebáceo. (FREITAS, 2014)

8.19 PÁPULA

“É um nódulo inflamado que muitas vezes o comedão não emerge à superfície e fica como um corpo estranho, envolto de pus”. (FREITAS, 2014, p. 2)

8.20 NÓDULO

“Forma-se por uma ruptura total de vários comedões vizinhos, quando suas lesões se unem, formando um abcesso grande que atinge com facilidade a camada subcutânea”. (FREITAS, 2014, p. 2)

8.21 CISTO

O cisto, também denominado cisto epidérmico é um acúmulo de sebo (um material branco, semissólido e de odor forte, por vezes fétido), localizado no tecido celular subcutâneo (abaixo da superfície da pele). (ABC DA SAÚDE, 2014)

Esta lesão desenvolve-se a partir do acúmulo de conteúdo cístico nas glândulas sebáceas adjacentes ao folículo piloso. Este acúmulo acontece geralmente pela oclusão espontânea do folículo ou por trauma. (ABC DA SAÚDE, 2014)

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TÓPICO 1 | PATOLOGIAS E ALTERAÇÕES CUTÂNEAS

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8.22 MÍLIO

“É um pequenino cisto epidérmico de localização mais superficial na face, amarelados ou esbranquiçados. Pode surgir também em cicatrizes ou após a dermoabrasão”. (FREITAS, 2014, p. 2)

8.23 PÚSTULA

“Pequeno tumor inflamatório da pele que se torna purulento”. (FREITAS, 2014, p. 2)

8.24 VESÍCULA

“Pequena bexiga ou cavidade. Em dermatologia, é uma bolha de formação arredondada, contendo líquido em seu interior”. (FREITAS, 2014, p. 2)

8.25 BOLHA

“Vesícula que se forma à superfície da pele por efeito de queimadura etc.”. (FREITAS, 2014, p. 2)

8.26 FOLICULITE

“Infecção dos folículos pilosos causados por bactérias do tipo estafilococos. A invasão bacteriana pode ocorrer espontaneamente ou favorecida pelo excesso de umidade ou suor, raspagem dos pelos ou depilação. Frequente na área da barba (homens) e na virilha (mulheres)”. (FREITAS, 2014, p. 3)

8.27 ABCESSO

O abcesso resulta de uma infecção local, por uma bactéria, que conduz à produção de pus. O abcesso pode localizar-se em diversos órgãos ou tecidos: pele, boca, cérebro, pulmão, coração, fígado, intra-abdominal, pilonidal, entre outros. Resulta de uma infecção local, por uma bactéria, que conduz à produção de pus.

Este material organiza-se num espaço fechado, o que dificulta a atuação dos mecanismos de defesa do próprio organismo. (INSTITUTO CAMÕES, 2014)

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8.28 ICTIOSE

A ictiose é uma doença considerada rara. O problema é genético e afeta a pele, pelos e também as unhas do paciente. (SAÚDEMEDICINA, 2014)

A enfermidade também é conhecida como doença da escama de peixe, por conta da aparência que o fica na região afetada e faz lembrar o peixe. (SAÚDEMEDICINA, 2014)

O intenso ressecamento e descamação da pele são as características da doença. Geralmente as regiões mais afetadas são tronco, pernas e pés. (SAÚDEMEDICINA, 2014)

A doença não tem cura e o tratamento consiste em hidratar a pele. O paciente que sofre com essa doença fica mais vulnerável a se ferir na região afetada pela doença. (SAÚDEMEDICINA, 2014)

8.29 XANTELASMA

“São lesões cutâneas da região palpebral provocadas pelo depósito de lipídeos (gordura) na pele”. (FREITAS, 2014, p. 3)

8.30 XERODERMIA

A xerodermia é uma manifestação que causa coceira intensa, principalmente nas pernas, e pode evoluir para escoriações e inflamação na pele. A principal causa da xerodermia é a falta de hidratação da pele. Como idosos e crianças têm menos lubrificação natural na área, sofrem mais. (DERM, 2014)

8.31 ELASTOSE SOLAR

Este problema de pele pode ser definido como: A degeneração do tecido elástico subdérmica por exposição prolongada ao sol, causando o enrugamento da pele e do melanoma. (SAÚDE E FITNESS, 2014)

Elastose solar é também conhecido como elastose actínica. Normalmente a pele é constituída de colágeno e elastina, que dão à pele a sua elasticidade e firmeza. Em elastose, a camada de colágeno é destruída e há uma acumulação excessiva de elastina. (SAÚDE E FITNESS, 2014)

Sob circunstâncias normais, a pele sofre degeneração e as células velhas são substituídas por novas. As fibras conjuntivas ficam danificadas e a pessoa parece mais velha do que sua idade. (SAÚDE E FITNESS, 2014)

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TÓPICO 1 | PATOLOGIAS E ALTERAÇÕES CUTÂNEAS

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8.32 DERMATOSE PAPULOSA NIGRA

As lesões são pequeninas, elevadas, de cor marrom escuro ou pretas, atingindo principalmente a face e o pescoço. Trata-se de doença benigna que representa uma forma clínica específica da ceratose seborreica. (FREITAS, 2014)

Pode atingir qualquer pessoa, sendo mais frequente a sua ocorrência em negros e mulatos, e no sexo feminino. (FREITAS, 2014)

8.33 SERINGOMA

A doença caracteriza-se pela formação de lesões pequenas (2 a 5 mm), da cor da pele ou amareladas, um pouco elevadas e de consistência levemente endurecida. (FREITAS, 2014)

Localizam-se preferencialmente nas pálpebras e regiões ao redor dos olhos. Não apresentam qualquer sintoma associado. Podem ser poucas ou em grande número. (FREITAS, 2014)

8.34 VERRUGA

Verrugas são pequenos crescimentos na pele, que geralmente não são dolorosos. Causadas por vírus, as verrugas quase sempre são inofensivas e podem desaparecer sozinhas. Elas podem surgir em qualquer parte do corpo e podem ser de diversos tipos também. Podem variar muito de tamanho e formato de uma para outra. A textura também tende a ser diferente, podendo apresentar desde superfícies lisas até mais rugosas. (RAVELLI, 2014)

8.35 FIBROSE

A fibrose cicatricial é a formação ou o desenvolvimento em excesso de tecido fibroso que ocorre como processo reparativo ou reativo após um trauma tecidual. (REINERT, 2014)

Este processo cicatricial está presente em todos os procedimentos cirúrgicos em maior ou menor grau e habitualmente estes nódulos cicatriciais tendem a desaparecer com o tempo (aproximadamente 6 meses). (REINERT, 2014)

Infelizmente, em alguns casos este processo cicatricial torna-se patológico devido ao desenvolvimento em excesso de tecido conjuntivo fibroso, deixando a pele com a aparência disforme, desta forma comprometendo os resultados esperados do PO. (REINERT, 2014)

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8.36 QUERATOSE PILAR

Ceratose pilar (Queratose pilar) é uma manifestação frequente devido a uma alteração da última camada da pele que forma "rolhas" nas aberturas dos folículos pilosos. Geralmente, surge na infância e há uma tendência familiar. (FREITAS, 2014)

A causa é genética, mas hábitos como os de usar roupas justas podem agravar o quadro. Atingem principalmente a parte externa dos braços e das coxas. A doença se manifesta pela formação de "bolinhas" endurecidas nas aberturas dos poros, que deixam a pele áspera. (FREITAS, 2014)

As "rolhas" formam lesões semelhantes a espinhas que, algumas vezes, podem inflamar e deixar manchas escuras residuais. (FREITAS, 2014)

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Neste tópico, você estudou que:

• A dermatite seborreica é uma inflamação na pele que causa principalmente escamação e vermelhidão em algumas áreas da face.

• A Psoríase é caracterizada pelo surgimento de lesões avermelhadas e descamativas na pele.

• A acne é subdividida em: acne comedogênica - Grau I; acne pápulo-pustulosa - Grau II; acne nódulo cística - Grau III; acne conglobata - Grau IV; acne fulminans - Grau V.

• A rosácea é uma desordem inflamatória cutânea crônica de causa desconhecida que, geralmente, afeta indivíduos de meia–idade, seu início se dá mais tardiamente quando comparada à acne.

• Quando classificadas clinicamente, as rugas podem ser: superficiais e profundas. As superficiais são aquelas que desaparecem com o estiramento da pele, diferindo das profundas que não sofrem alteração quando a pele é estirada.

• As olheiras, cientificamente chamadas de hiperpigmentação periorbital, são caracterizadas pelo escurecimento e inchaço da parte inferior dos olhos, que confere um ar de cansado ao indivíduo.

• As manchas são alterações de coloração da pele, de diferentes tonalidades e que podem aparecer em qualquer idade.

• O eritema é uma vermelhidão congestiva da pele por dilatação dos capilares, que desaparece temporariamente com a pressão.

• A cianose é lesão por alteração de cor, que varia do azulado ao roxo e desaparece a dígito-compressão.

• Chama-se telangectasias a presença de pequenos vasos sanguíneos dilatados na pele.

• Equimose é uma infiltração de sangue na malha de tecidos do organismo, devido à ruptura de capilares.

• O Hematoma define-se como uma coleção ou acúmulo de sangue em determinado lugar do organismo, devido à ruptura de vasos sanguíneos ou veias, e consequente extravasamento.

RESUMO DO TÓPICO 1

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• A efélide é uma alteração pigmentar das regiões expostas aos raios solares com formação de manchas arredondadas e planas de coloração acastanhada ou amarelada, sinônimo de lentigo e sarda.

• Fitofotomelanose (Fitofotodermatose) é uma dermatose manifestada por contato com agentes químicos produzidos ou eliminados por plantas que, quando entram em contato com a pele (em exposição solar), promovem um processo inflamatório e até queimaduras na cútis.

• Os nevos vasculares correspondem a alterações congênitas dos vasos sanguíneos da pele, que se manifestam através de manchas ou tumores de cor vermelha.

• Cloasma são manchas que surgem na gestação com as mesmas características do melasma.

• As manchas senis são arredondadas, dispersas pela face, mão e braços, causadas pelo sol.

• O vitiligo é uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele.

• Micoses são infecções causadas por fungos que atingem a pele, unha e cabelos.

• O câncer de pele se divide em três subtipos principais: Carcinoma basocelular; Carcinoma espinocelular; Melanoma.

• Normalmente são chamadas de pintas as lesões denominadas pelos dermatologistas de nevos melanocíticos.

• Leucodermia é uma lesão causada pela ação acumulativa da radiação solar sobre as áreas da pele expostas de forma prolongada e repetida ao longo da vida, provocando alterações nos melanócitos.

• Nevos melanocíticos geralmente surgem como pequenas manchas marrons ou pretas que podem permanecer planas ou, com o tempo, aumentarem de espessura, tornando-se elevadas.

• O comedão origina-se devido ao aumento da secreção sebácea associado ao estreitamento e obstrução da abertura do folículo pilo-sebáceo.

• A pápula é um nódulo inflamado que muitas vezes o comedão não emerge à superfície e fica como um corpo estranho, envolto de pus.

• O nódulo forma-se por uma ruptura total de vários comedões vizinhos, quando suas lesões se unem, formando um abcesso grande que atinge com facilidade a camada subcutânea.

• O cisto, também denominado cisto epidérmico é um acúmulo de sebo (um

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material branco, semissólido e de odor forte, por vezes fétido), localizado no tecido celular subcutâneo (abaixo da superfície da pele).

• O Mílio é um pequenino cisto epidérmico de localização mais superficial na face, amarelados ou esbranquiçados. Pode surgir também em cicatrizes ou após a dermoabrasão.

• A pústula é um pequeno tumor inflamatório da pele que se torna purulento.

• A vesícula em dermatologia é uma bolha de formação arredondada, contendo líquido em seu interior.

• Bolha é uma vesícula que se forma à superfície da pele por efeito de queimadura etc.

• A foliculite é a infecção dos folículos pilosos causados por bactérias do tipo estafilococos.

• O abcesso resulta de uma infecção local, por uma bactéria, que conduz à produção de pus.

• A ictiose é uma doença considerada rara. O problema é genético e afeta a pele, pelos e também as unhas do paciente.

• Xantelasma são lesões cutâneas da região palpebral provocadas pelo depósito de lipídeos (gordura) na pele.

• A xerodermia é uma manifestação que causa coceira intensa, principalmente nas pernas, e pode evoluir para escoriações e inflamação na pele.

• A elastose solar é a degeneração do tecido elástico subdérmica por exposição prolongada ao sol, causando o enrugamento da pele e do melanoma.

• Ceratose pilar (Queratose pilar) é uma manifestação frequente devido a uma alteração da última camada da pele que forma “rolhas” nas aberturas dos folículos pilosos. Geralmente, surge na infância e há uma tendência familiar.

• Verrugas são pequenos crescimentos na pele, que geralmente não são dolorosos.

• A fibrose cicatricial é a formação ou o desenvolvimento em excesso de tecido fibroso que ocorre como processo reparativo ou reativo após um trauma tecidual.

• A dermatose papulosa nigra é um conjunto de lesões que são pequeninas, elevadas, de cor marrom escuro ou pretas, atingindo principalmente a face e o pescoço. Trata-se de doença benigna que representa uma forma clínica.

• O Seringoma caracteriza-se pela formação de lesões pequenas (2 a 5m), da cor da pele ou amareladas, um pouco elevadas e de consistência levemente endurecida.

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1 O que é Dermatite Seborreica?

2 Distinga os tipos e graus de acne?

3 Descreva e classifique os tipos de rugas.

4 O que são as telangectasias?

5 O que é a fotofitomelanose?

6 Descreva o que é a micose.

7 Descreva os tipos de câncer de pele.

8 Diferencie comedão de mílio.

9 Descreva como acontece a foliculite.

10 Como acontece a fibrose?

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 2

DISFUNÇÕES ESTÉTICAS CORPORAIS

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Neste segundo tópico você terá acesso aos conceitos de obesidade e adiposidade.

Serão descritos os tipos de flacidez e de lipodistrofia ginoide, bem como suas características.

Por fim, verificaremos a classificação dos tipos de cicatrizes.

Como leitura complementar, veremos os benefícios do aparelho de Radiofrequência no combate à flacidez, atingindo com sucesso os resultados neste tratamento.

2 OBESIDADE E ADIPOSIDADE

Segundo o professor Dr. Costa Monteiro do ACM Institute, “O excesso de peso prejudica não só a aparência, mas também a saúde, levando muitas pessoas a travar longas e intermináveis batalhas contra a balança”. Um corpo saudável e equilibrado com certeza refletirá no seu exterior com uma aparência harmoniosa.

A adiposidade localizada na região central do corpo, mais especificamente a adiposidade abdominal, está associada a um maior risco cardiometabólico (risco de desenvolvimento de doenças como hipertensão arterial e diabetes tipo II), enquanto a adiposidade periférica parece ter um papel protetor. Disponível em: <http://www.controledaobesidade.com.br/obesidade/> Acesso em: 30 nov. 2014

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UNIDADE 3 | DERMATOLOGIA

FIGURA 22 - TIPO DE ADIPOSIDADE: ADIPOSIDADE ABDOMINAL (MAÇÃ) X ADIPOSIDADE PERIFÉRICA (PÊRA)

FONTE: Disponível em: <http://www.controledaobesidade.com.br/obesidade/> Acesso em: 30 de nov. 2014.

A medida da distribuição de gordura é importante na avaliação de sobrepeso e obesidade, já que a gordura visceral (intra-abdominal) é um fator de risco potencial para a doença cardiovascular, independentemente da gordura corporal total. É importante avaliar onde o indivíduo armazena gordura prioritariamente, se na região abdominal, preponderando a gordura visceral (GV), ou na periferia, acumulando mais gordura na região glútea e nos membros inferiores ou superiores. Disponível em: <http://www.controledaobesidade.com.br/obesidade/> Acesso em: 30 de nov. 2014

Circunferência abdominal

A distribuição da gordura abdominal é influenciada pelo sexo: para algum acúmulo de gordura corporal, o homem tem, em média, o dobro da quantidade de gordura abdominal em relação à mulher na pré-menopausa. A medida da circunferência abdominal e a medição das pregas cutâneas são métodos utilizados para avaliação clínica da distribuição de gordura. Para avaliação da composição corporal (massa gorda x massa magra) podemos utilizar a bioimpedância elétrica. Esse exame não invasivo consiste na passagem de uma corrente elétrica pelo corpo e pela medida da resistência exercida pelos diferentes tecidos, dependendo da quantidade de água em cada um deles.

FONTE: Mancini, 2010.

A obesidade se caracteriza pela condição a qual ocorre excesso de gordura acumulada no corpo, principalmente no tecido subcutâneo. Obesidade em geral se caracteriza quando uma pessoa supera 20% do peso adequado considerando sua estatura. O efeito acumulativo de lipídios nas células responsáveis pelo armazenamento de gordura (adipócitos) geralmente decorre de um consumo de alimentos maior do que a demanda de gasto energético para atividades diárias. Trata-se da desordem nutricional mais comum. Disponível em: <http://www.sogab.com.br/obesidade.pdf>. Acesso em: 5 fev. 2015.

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TÓPICO 2 | DISFUNÇÕES ESTÉTICAS CORPORAIS

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Considerando os conceitos de metabolismo, anabolismo e catabolismo, alguns organismos podem ser mais econômicos que outros, ainda existindo relação com o hormônio tireoidiano que regula o nível metabólico do corpo, que evidencia esta relação no estado tendencioso à obesidade observada no hipotireoidismo. O diagnóstico de obesidade pode tomar norteamento pelo excesso de peso relacionado a uma dada estatura, mas esta premissa é questionável em alguns casos, quando o excesso de peso não traduz um percentual de gordura aumentado.

A obesidade é o resultado de diversas dessas interações, nas quais chamam a atenção os aspectos genéticos, ambientais e comportamentais. Assim, filhos com ambos os pais obesos apresentam alto risco de obesidade, bem como determinadas mudanças sociais estimulam o aumento de peso em todo um grupo de pessoas. Recentemente, vem se acrescentando uma série de conhecimentos científicos referentes aos diversos mecanismos pelos quais se ganha peso, demonstrando cada vez mais que essa situação se associa, na maioria das vezes, com diversos fatores. Independente da importância dessas diversas causas, o ganho de peso está sempre associado ao aumento da ingestão alimentar e a uma redução do gasto energético correspondente a essa ingestão. O aumento da ingesta pode ser decorrente da quantidade de alimentos ingeridos ou de modificações de sua qualidade, resultando numa ingesta calórica total aumentada. O gasto energético, por sua vez, pode estar associado a características genéticas ou ser dependente de uma série de fatores clínicos e endócrinos, incluindo doenças nas quais a obesidade é decorrente de distúrbios hormonais.

O excesso de gordura corporal não provoca sinais e sintomas diretos, salvo quando atinge valores extremos. Independente da severidade, o paciente apresenta importantes limitações estéticas, acentuadas pelo padrão atual de beleza, que exige um peso corporal até menor do que o aceitável como normal. Pacientes obesos apresentam limitações de movimento, tendem a ser contaminados com fungos e outras infecções de pele em suas dobras de gordura, com diversas complicações, podendo ser algumas vezes graves. Além disso, sobrecarregam sua coluna e membros inferiores, apresentando em longo prazo degenerações (artroses) de articulações da coluna, quadril, joelhos e tornozelos, além de doenças.

Varicosa superficial e profunda (varizes) com úlceras de repetição e erisipela. A obesidade é fator de risco para uma série de doenças ou distúrbios que podem ser: hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo II, dentre outros.

A obesidade apresenta ainda algumas características que são importantes para a repercussão de seus riscos, dependendo do segmento corporal no qual há predominância da deposição gordurosa, sendo classificada em:

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UNIDADE 3 | DERMATOLOGIA

Obesidade Difusa ou Generalizada Obesidade Androide ou Troncular (ou Centrípeta): na qual o paciente

apresenta uma forma corporal tendendo a maçã. Está associada com maior deposição de gordura visceral e se relaciona intensamente com alto risco de doenças metabólicas e cardiovasculares (Síndrome Plurimetabólica)

Obesidade Ginoide: na qual a deposição de gordura predomina ao nível do quadril, fazendo com que o paciente apresente uma forma corporal semelhante a uma pêra. Está associada a um risco maior de artrose e varizes.

Essa classificação, por definir alguns riscos, é muito importante e por esse motivo fez com que se criasse um índice denominado Relação Cintura-Quadril, que é obtido pela divisão da circunferência da cintura abdominal pela circunferência do quadril do paciente. De uma forma geral se aceita que existem riscos metabólicos quando a Relação Cintura-Quadril seja maior do que 0,9 no homem e 0,8 na mulher. A simples medida da circunferência abdominal também já é considerada um indicador do risco de complicações da obesidade, sendo definida de acordo com o sexo do paciente.

FONTE: Disponível em: <http://www.abcdasaude.com.br/endocrinologia/obesidade> Acesso em: 4 dez. 2014

QUADRO 3 - RISCO DE ACORDO COM A MEDIDA DA CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL

Risco Aumentado Risco Muito Aumentado

Homem: 94 cm 102 cm

Mulher: 80 cm 88 cm

FONTE: Disponível em: <http://www.sogab.com.br/> Acesso em: 30 de nov. 2014

A gordura corporal pode ser estimada também a partir da medida de pregas cutâneas, principalmente ao nível do cotovelo, ou a partir de equipamentos como a Bioimpedância, a Tomografia Computadorizada, o Ultrassom e a Ressonância Magnética. Essas técnicas são úteis apenas em alguns casos, nos quais se pretende determinar com mais detalhe a constituição corporal. Na criança e no adolescente os critérios diagnósticos dependem da comparação do peso do paciente com curvas padronizadas, em que estão expressos os valores normais de peso e altura para a idade exata do paciente. No que se refere ao tratamento medicamentoso da obesidade, é importante salientar que o uso de uma série de substâncias não apresenta respaldo científico. Entre elas se incluem os diuréticos, os laxantes, os estimulantes, os sedativos e uma série de outros produtos frequentemente recomendados como "fórmulas para emagrecimento". Essa estratégia, além de perigosa, não traz benefícios em longo prazo, fazendo com que o paciente retorne ao peso anterior ou até ganhe mais peso do que o seu inicial.

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Para prevenção da obesidade, uma dieta saudável deve ser sempre incentivada já na infância, evitando-se que crianças apresentem peso acima do normal. A dieta deve estar incluída em princípios gerais de vida saudável, na qual se incluem a atividade física, o lazer, os relacionamentos afetivos adequados e uma estrutura familiar organizada. No paciente que apresentava obesidade e obteve sucesso na perda de peso, o tratamento de manutenção deve incluir a permanência da atividade física e de uma alimentação saudável em longo prazo. Esses aspectos somente serão alcançados se estiverem acompanhados de uma mudança geral no estilo de vida do paciente.

FONTE: Disponível em: <http://www.abcdasaude.com.br/endocrinologia/obesidade> Acesso em: 4 dez. 2014

IMC (Índice de Massa Corpórea)

Na prática clínica o cálculo do índice de massa corpórea (IMC ou BMI, de body mass index), também conhecido por Índice de Quetelet, que é o peso (em kg) dividido pelo quadrado da altura (em m) é ainda o mais utilizado. O IMC tem cálculo simples e rápido, apresentando boa correlação com a adiposidade corporal. O IMC, porém, apesar de ter uma acurácia razoável na determinação da presença ou do grau de obesidade frente a inquéritos populacionais, apresenta alguns problemas quando utilizado individualmente no consultório. O IMC não é capaz de distinguir gordura central de gordura periférica, o IMC não distingue massa gordurosa de massa magra, podendo superestimar o grau de obesidade em indivíduos musculosos e mesmo edemaciada. De modo geral, esses problemas são facilmente contornados, uma vez que a inspeção e exame físico do paciente cabalmente denotarão se o aumento de massa deve-se a hipertrofia de musculatura ou edema. Algumas populações asiáticas apresentam aumento de adiposidade e agregam fatores de risco cardiovasculares mesmo na presença de IMC normal. Por isso, é necessário e prudente obter os limites entre subnutrição, peso saudável e os diversos graus de obesidade para cada população, particularmente frente a diferentes grupos étnicos que podem apresentar biotipo e conformação corpórea distinta. Disponível em: <http://www.abeso.org.br/pagina/194/metodos-de-avaliacao-de-obesidade-e-alguns-dados-epidemiologicos.html>. Acesso em: 5 fev. 2015.

IMC = Peso/Estatura²Por exemplo, uma pessoa com 60 kg e 1.70 m teria o seguinte IMC:IMC = 60 : 1.70 x 1.70 = 60 : 2.89 = 20.8

De acordo com recomendações da Organização Mundial de Saúde - OMS - utiliza-se o Índice de Massa Corporal - IMC (peso em kg dividido pelo quadrado da altura em metro) para avaliação do perfil antropométrico-nutricional de populações de adultos. IMC = Peso / estatura ².

IMC - ValoresDe 21 a 25 kg/m2: peso normalDe 25 a 30 kg/m2: sobrepesoDe 30 a 35 kg/m2: obesidade grau IDe 35 a 40 kg/m2: obesidade grau II (obesidade mórbida)Acima de 40 kg/m2: obesidade grau IIIDisponível em: <http://www.sogab.com.br/obesidade.pdf>. Acesso em: 5 de fev. 2015.

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Percentual de Gordura

Admite-se que a porcentagem de gordura corporal deve situar-se entre 15 e 18% para o sexo masculino e entre 20 e 25% para o sexo feminino. Podem ser considerados obesos os homens com percentual superior a 25% e as mulheres com mais de 30%. Qualquer definição de obesidade pode ser considerada arbitrária. Não é fácil a obtenção de uma classificação que separe com precisão indivíduos obesos e não obesos. A heterogeneidade da raça humana estimulou a criação, pelos estudiosos do assunto, de diversas definições, cálculos, tabelas, enfocando aspectos qualitativos e quantitativos. Mas, qualquer que seja o parâmetro ou a definição empregada, não há como separar o termo obesidade de excesso de gordura corporal.

IMC e OBESIDADE

IMC abaixo de 20: Seu peso está abaixo da faixa considerada normal. É possível que seu biotipo seja do tipo longilíneo, e nesse caso seu percentual de gordura corporal pode estar normal. Em todo caso, procure um Nutricionista para uma orientação mais específica.

IMC entre 20 e 25: Seu peso está dentro da faixa considerada normal. Normalmente isto corresponde às mais baixas taxas de mortalidade em relação ao peso. Se você não sofre de diabetes, hipertensão arterial ou excesso de colesterol e triglicerídeos e ainda assim deseja emagrecer, provavelmente o motivo é de ordem estética. Cuidado, portanto, para não submeter-se a riscos desnecessários.

IMC entre 25 e 30 com cintura até 89 cm: Você está na faixa chamada de "excesso de peso". Como sua medida de cintura está abaixo de 90 cm, você provavelmente não apresenta um excesso de tecido adiposo no interior do abdome. Este tecido adiposo, chamado de gordura visceral, é o que mais acarreta riscos para a saúde. Portanto, você se situa em um grupo de menor probabilidade de complicações como: diabetes, hipertensão arterial e hipercolesterolemia. Mesmo assim é aconselhável que procure seu Nutricionista.

IMC entre 30 e 35: Você está na faixa chamada de obesidade leve. Você se situa, portanto, em um grupo de maior probabilidade de complicações como diabetes, hipertensão arterial e hipercolesterolemia. Procure seu Nutricionista para que ele o ajude a perder peso. Mesmo perdas moderadas, como 10% do seu peso atual, podem reduzir significativamente seu risco de complicações metabólicas.

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IMC entre 35 e 40: Você está na faixa chamada de obesidade moderada. Seu excesso de peso já pode estar provocando um risco muito elevado de complicações metabólicas, como diabetes, hipertensão arterial e hipercolesterolemia, além de predispor a doenças osteoarticulares diversas. Procure logo seu médico e inicie um tratamento sério para emagrecer. Mesmo perdas moderadas, como 10% do seu peso atual, podem reduzir significativamente seu risco de complicações metabólicas. Se você não conseguir emagrecer com uma orientação adequada sobre modificações dietéticas e prática de atividades físicas, justifica-se o uso de medicamentos, desde que devidamente supervisionado por um Nutricionista.

IMC maior que 40: Você está na faixa chamada de obesidade mórbida. Ela corresponde a um risco muito aumentado de diversas doenças. Seu tratamento em geral é muito difícil, mas assim mesmo qualquer esforço é válido. Mesmo perdas moderadas, como 10% do seu peso atual, podem reduzir significativamente seu risco de complicações metabólicas. Se você não conseguir emagrecer com uma orientação adequada sobre modificações dietéticas e prática de atividades físicas, justifica-se o uso de medicamentos, desde que devidamente supervisionado por um médico. Procure urgentemente o seu Nutricionista ou seu médico.

FONTE: Disponível em: <http://www.sogab.com.br/obesidade.pdf> Acesso em: 5 fev. 2015.

QUADRO 4 - I.M.C. - QUANTO AOS RISCOS A SAÚDE

CLASSIFICAÇÃO MASCULINO FEMININORISCO BAIXO 17,9 A 18,9 15,0 A 17,9

IDEAL 19,0 A 24,9 18,0 A 24,4RISCO MODERADO 25,0 A 27,7 24,5 A 27,2

RISCO ELEVADO ACIMA DE 27,8 ACIMA DE 27,3

FONTE: Disponível em: <http://www.sogab.com.br/> Acesso em: 30 de nov. 2014

A obesidade causa diversos males à saúde. O obeso sofre de uma doença crônica decorrente do excesso de gordura no corpo. Para saber se é obeso ou não, calcule o seu Índice de Massa Corpórea (IMC). Se o resultado for maior do que 30, é necessário partir para um tratamento.

Há duas tendências sociais cruciantes para pessoas acima do peso ideal: uma é a grosseira e desumana discriminação estética e a outra é encarar o obeso como uma pessoa que não tem força de vontade e que ele é assim por que é preguiçoso. Algumas vezes, isto gera preconceito em relação à pessoa obesa, dificuldades para relacionamentos sociais e afetivos, problemas para encontrar emprego e até mesmo quadros psiquiátricos consequentes a essa

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marginalização. A obesidade é considerada, hoje, uma doença crônica que provoca ou acelera o desenvolvimento de muitas doenças e que causa a morte precoce. Tudo isso é verdade, mas de qual doença estamos falando? Quem é obeso? Alguns autores começam seus artigos dizendo que “a obesidade acomete uma grande proporção de pessoas - no Brasil 40% da população adulta tem excesso de peso”. Outros dizem... “calcula-se que 300.000 pessoas nos Estados Unidos morrem por ano precocemente devido à obesidade e no Brasil, este número está entre 50.000 e 100.000 pessoas”. Às vezes temos a impressão que esses dados têm outro objetivo além da informação, eles podem pretender causar pânico entre todos os gordinhos. A indústria da obesidade, das dietas, das academias de ginástica, da tirania da estética é gigantesca. Nossa cultura, altamente consumista, tem por hábito a ingestão excessiva de alimentos supérfluos, como: balas, bolachas, salgadinhos etc. Inclusive no relacionamento social, agraciamos nossas visitas, amigos, clientes ou grupos culturais com jantares, lanches, happy hour, cafezinho, bolo etc.

Classificação da Obesidade de Acordo com suas Causas: Obesidade por Distúrbio Nutricional Dietas ricas em gorduras Dietas de lancherias Obesidade por Inatividade Física Sedentarismo Incapacidade obrigatória Idade avançada Obesidade Secundária a Alterações Endócrinas Síndromes hipotalâmicas Síndrome de Cushing Hipotireoidismo Ovários Policísticos Pseudo-hipaparatireoidismo Hipogonadismo Aumento de insulina e tumores pancreáticos produtores de insulina Obesidades Secundárias Sedentarismo Drogas: psicotrópicos, corticoides, antidepressivos tricíclicos, lítio,

fenotiazinas,ciproheptadina, medroxiprogesterona Cirurgia hipotalâmica Obesidades de Causa Genética Autossômica recessiva Ligada ao cromossomo X Cromossômicas (Prader-Willi) Síndrome de Lawrence-Moon-Biedl

Cabe salientar ainda que a avaliação médica do paciente obeso deve incluir uma história e um exame clínico detalhado e, de acordo com essa avaliação, o médico irá investigar ou não as diversas causas do distúrbio.

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Assim, serão necessários exames específicos para cada uma das situações. Se o paciente apresentar "apenas" obesidade, o médico deverá proceder a uma avaliação laboratorial mínima, incluindo hemograma, creatinina, glicemia de jejum, ácido úrico, colesterol total e HDL, triglicerídeos e exame comum de urina. Na eventual presença de hipertensão arterial ou suspeita de doença cardiovascular associada, poderão ser realizados exames específicos (Rx de tórax, eletrocardiograma, ecocardiograma, teste ergométrico) que serão úteis principalmente pela perspectiva futura de recomendação de exercício para o paciente. A partir dessa abordagem inicial, poderá ser identificada uma situação na qual o excesso de peso apresenta importante componente comportamental, podendo ser necessária a avaliação e o tratamento psiquiátrico. A partir das diversas considerações acima apresentadas, julgamos importante salientar que um paciente obeso, antes de iniciar qualquer medida de tratamento, deve realizar uma consulta médica no sentido de esclarecer todos os detalhes referentes ao seu diagnóstico e as diversas repercussões do seu distúrbio.

FONTE: Disponível em: <http://www.sogab.com.br/obesidade.pdf> Acesso em: 5 fev. 2015.

O tratamento da obesidade envolve necessariamente a reeducação alimentar, o aumento daatividade física e, eventualmente, o uso de algumas medicações auxiliares. Dependendo dasituação de cada paciente, pode estar indicado o tratamento comportamental envolvendo opsiquiatra. Nos casos de obesidade secundária a outras doenças, o tratamento deve inicialmenteser dirigido para a causa do distúrbio. Em caso de obesidade mórbida é recomendada a cirurgia de redução de estômago.

Reeducação Alimentar: Independente do tratamento proposto, a reeducação alimentar é fundamental, uma vez que, através dela, reduziremos a ingesta calórica total e o ganho calórico decorrente. Esse procedimento pode necessitar de suporte emocional ou social, através de tratamentos específicos (psicoterapia individual, em grupo ou familiar). Nessa situação, são amplamente conhecidos grupos de reforço emocional que auxiliam as pessoas na perda de peso.

Independente desse suporte, porém, a orientação dietética é fundamental. Dentre as diversas formas de orientação dietética, a mais aceita cientificamente é a dieta hipocalórica balanceada, na qual o paciente receberá uma dieta calculada com quantidades calóricas dependentes de sua atividade física, sendo os alimentos distribuídos em 5 a 6 refeições por dia, com aproximadamente 50 a 60% de carboidratos, 25 a 30% de gorduras e 15 a 20% de proteínas. Não são recomendadas dietas muito restritas (com menos de 800 calorias, por exemplo), uma vez que essas apresentam riscos metabólicos graves, como alterações metabólicas, acidose e arritmias cardíacas.

Dietas somente com alguns alimentos (dieta do abacaxi, por exemplo) ou somente com líquidos (dieta da água) também não são recomendadas, por apresentarem vários problemas. Dietas com excesso de gordura e proteína

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também são bastante discutíveis, uma vez que pioram as alterações de gordura do paciente além de aumentarem a deposição de gordura no fígado e outros órgãos.

Exercício: É importante considerar que atividade física é qualquer movimento corporal produzido por músculos esqueléticos que resulta em gasto energético e que exercício é uma atividade física planejada e estruturada com o propósito de melhorar ou manter o condicionamento físico. O exercício apresenta uma série de benefícios para o paciente obeso, melhorando o rendimento do tratamento com dieta.

Entre os diversos efeitos se incluem: a diminuição do apetite, o aumento da ação da insulina, a melhora do perfil de gorduras, a melhora da sensação de bem-estar e autoestima.

O paciente deve ser orientado a realizar exercícios regulares, pelo menos de 30 a 40 minutos, ao menos 4 vezes por semana, inicialmente leves e a seguir moderados. Esta atividade, em algumas situações, pode requerer profissional e ambiente especializado, sendo que, na maioria das vezes, a simples recomendação de caminhadas rotineiras já provoca grandes benefícios, estando incluída no que se denomina "mudança do estilo de vida" do paciente.

FONTE: Disponível em: <http://www.sogab.com.br/> Acesso em: 30 de nov. 2014

DICAS

Para complementar este estudo inicial você pode conferir o livro: Tratando de Obesidade: suas causas e efeitos, da Editora Alaúde, escrito por Dra. Maria Teresa Zanella.

3 GORDURA LOCALIZADA

A adiposidade localizada, ou gordura localizada, acontece quando há excesso da reserva do tecido adiposo na região do abdômen, quadril e cintura, podendo ocorrer mesmo quando o paciente está no seu peso ideal. É comum confundir gordura localizada com obesidade, mas para o obeso tratar essa gordura é preciso primeiro que ele perca peso.

Adiposidade localizada, popularmente conhecida como gordura localizada, se refere a um excessivo acúmulo de tecido adiposo em uma determinada parte do corpo (geralmente coxas, flancos, abdômen, costas, joelhos, glúteos ou rosto). Não é apenas um problema estético, causa prejuízo na capacidade motora, distúrbios do sono, dor e transtornos psicossociais.

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3 GORDURA LOCALIZADA

As causas são: Tendência familiar Má circulação local Má postura Menopausa (G. L. Abdômen) Vida sedentária Distúrbios hormonais

Ela pode acometer homens e mulheres e existem dois tipos, androide e ginoide.

Obesidade Ginoide A obesidade ginoide é predominante em mulher. Conhecida, também,

como obesidade baixa, periférica ou glúteo-femoral. Este tipo de obesidade associa-se à figura de pêra e induz um menor risco de complicação metabólica.

Obesidade Androide

A obesidade androide é predominante em homem. Conhecida, também, como obesidade alta, central e troncular. Este tipo de obesidade associa-se à figura da maçã. Estudos apontam, em sua totalidade, para um maior risco de complicação metabólica. Este tipo de obesidade é considerado de alto risco porque um acúmulo predominante de células gordurosas na região abdominal leva a um aumento de risco de doenças cardiovasculares e morte prematura. As alterações metabólicas associadas com a obesidade androide incluem as dislipidemias, resistência à insulina, diabetes de tipo 2, síndrome metabólica, inflamações e trombose.

O que diferencia uma obesidade da outra é o acúmulo de tecido adiposo em locais específicos. No caso da obesidade ginoide existe uma tendência no acúmulo de gordura nas regiões do quadril, glúteos e femorais. Já a obesidade androide há uma tendência a acumular gordura na região abdominal. Essa diferenciação de obesidade se deve a fatores hormonais e a distribuição diferenciada dos receptores de gorduras.

FONTE: Disponível em: <https://exercicioesaude.wordpress.com/2011/07/24/obesidade-ginoide-e-obesidade-androide/> Acesso em: 5 fev. 2015.

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FIGURA 23 - FORMAS DE OBESIDADE: ANDROIDE E GINOIDE

FONTE: Disponível em: <http://educacaofisicaifpr.xpg.uol.com.br/obesidade.htm> Acesso em: 30 nov. 2014

Como a avaliação da distribuição do tecido adiposo, através da medida de dobras cutâneas, consiste em um método de baixa reprodutibilidade, a maior parte dos estudos epidemiológicos passou a valorizar o índice cintura-quadril.

Quando o valor (em cm) da medida da circunferência da cintura

dividida pela circunferência (em cm) do quadril for menor que 0,9 a obesidade será classificada como ginoide, quando a relação cintura/quadril for maior ou igual a 0,9 a obesidade será classificada como androide.

Para identificar o excesso de gordura abdominal visceral e estimar o risco metabólico, atribui-se à medida isolada da cintura uma eficácia superior à relação cintura-quadril e os valores encontrados estão na classificação moderado ou aumentado, mude imediatamente seus hábitos de vida. Pense mais na saúde do que no trabalho. Primeiro procure um médico para uma avaliação geral e faça uma reeducação alimentar e se liberado pelo médico pratique exercícios físicos.

A melhor maneira de mudar o padrão de vida é mudar o padrão do pensamento. Torne seu pensamento em atitude. EXERCITE-SE HOJE!

FONTE: Disponível em: <https://exercicioesaude.wordpress.com/2011/07/24/obesidade-ginoide-e-obesidade-androide/> Acesso em: 5 fev. 2015.

4 FLACIDEZ

A flacidez pode ser definida como estado de relaxamento; ausência total do tônus muscular (SILVA, SILVA & VIANA, 2010). Pode ainda ser definida como o estado do que é mole ou flácido. Contudo, definir flacidez estética é foco de discussão, uma vez que, conforme definido por Guirro e Guirro (2002, p. 338):

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4.1 FLACIDEZ MUSCULAR

A flacidez muscular e a hipotonia muscular são consideradas por alguns como uma entidade única, ao passo que para outros são independentes. Pode-se considerar a flacidez estética não apenas como uma patologia distinta, mas sim como sequela de vários episódios ocorridos como, por exemplo, inatividade física, emagrecimento demasiado, dentre outros. (...) É preciso que fique claro para o fisioterapeuta que sua intervenção só será possível no caso de hipotonia muscular, pois no caso de flacidez de pele, somente a cirurgia resolverá o problema.

A flacidez de pele pode ser exemplificada pelo exemplo a seguir, dos mesmos autores (p. 339):

Tendo a pele comportamento visco elástico, pode-se concluir que, quando o limite elástico da mesma é ultrapassado por algum motivo, como, por exemplo, um indivíduo magro que se ‘torna obeso em um curto período de tempo e depois emagrece novamente, ao cessar o estímulo, ela não volta ao seu tamanho original, dando origem a esse excesso de pele’, denominado flacidez estética.

A flacidez pode ocorrer também consequente ao processo de envelhecimento, uma vez que decorrente deste processo, observamos a substituição de massa magra por gordura.

A Flacidez Muscular é ocasionada pela junção dos maus hábitos alimentares e do sedentarismo, a flacidez muscular se refere à redução dos índices de massa magra no corpo de uma determinada pessoa. Pelo fato da massa magra se referir aos músculos desta pessoa, quando há perda ou ganho de peso de forma muito rápida, a pele estica para se adaptar ao novo formato do corpo, tornando-se mole, sendo esta a principal característica da flacidez muscular. Para emagrecer e perder gordura localizada com saúde, é necessário fazer uma reeducação alimentar ao invés de uma dieta mirabolante ou passar fome, pois o seu organismo necessita vários tipos de nutrientes diariamente. Em conjunto, os exercícios físicos, as atividades aeróbicas, as artes marciais, os esportes, a ioga, o pilates e a dança, dependendo de qual for a sua modalidade favorita, são responsáveis por tonificar os músculos e aumentar os índices de massa magra no corpo, sendo que a alimentação ficará responsável pela perda de gordura localizada. Quem engorda muito rápido por causa de maus hábitos alimentares e de sedentarismo também sofre com a flacidez muscular, pois neste caso, a pele também é esticada para se adaptar ao novo peso e aos novos índices de gordura localizada.

FONTE: Disponível em: <http://www.patricinhaesperta.com.br/flacidez/flacidez-muscular-x-flacidez-dermica>. Acesso em: 30 nov. 2014.

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4.2 FLACIDEZ CUTÂNEA

A Flacidez Dérmica é ocasionada por fatores ambientais, biológicos, hormonais ou genéticos, a flacidez dérmica é mais superficial do que a flacidez muscular. Este tipo de flacidez está ligado, por exemplo, à poluição do ar, ao envelhecimento, aos descontroles hormonais e também às heranças genéticas. É o caso de uma pessoa que, por exemplo, tende a sofrer com o envelhecimento precoce em decorrência dos fatores genéticos. Além das linhas de expressão e das rugas, também surge a flacidez dérmica, que se refere à perda da elasticidade natural da pele, fazendo com que os músculos percam a sua tonificação, então a pele fica mais mole e marcada.

Neste processo de envelhecimento, sendo que a flacidez dérmica independe do comportamento de cada um, é necessário realizar exercícios físicos e reeducação alimentar para fortalecer os músculos e manter o peso, bem como proteger a pela contra as ações dos radicais livres através de protetor solar e cremes de tratamento, de modo que a flacidez dérmica seja adiada ao máximo possível. Quem possui maiores condições financeira também possui diversos tratamentos estéticos à sua disposição para rejuvenescer as regiões da pele com flacidez dérmica, que pode surgir em qualquer área, como rosto, pernas, braços, glúteos e barriga.

FONTE: Disponível em: <http://www.patricinhaesperta.com.br/flacidez/flacidez-muscular-x-flacidez-dermica>. Acesso em: 30 nov. 2014.

IMPORTANTE

É de fundamental importância o domínio total do conteúdo de obesidade e flacidez, visto que todo e qualquer tratamento parte da avaliação completa e do profundo conhecimento do tema, para a programação dos protocolos de atendimento.

4.3 AVALIAÇÃO E TRATAMENTO

No tratamento para flacidez:

Atividade física: alongamento e fortalecimento muscular.

Alongamento: O primeiro passo para a atividade física bem-sucedida é, além de uma avaliação acerca da capacidade cardiorrespiratória do indivíduo (para adequação dos exercícios), sejam avaliadas as suas condições físicas, como a amplitude e mobilidade articular. Justamente por isso, a prescrição de alongamentos é fundamental neste processo.

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Fortalecimento: a atividade física regular influencia o tecido muscular (melhora força muscular, aumenta a resistência à fadiga, aumento do fluxo sanguíneo muscular devido ao aumento nas demandas de oxigênio), mas também outros tecidos não musculares: aumento do tecido conjuntivo muscular, fortalecimento ósseo com aumento de minerais e hidroxiprolina, a cartilagem se espessa entre os segmentos em atividade, aumento na força de ruptura dos ligamentos e tendões.

FONTE: Disponível em: <http://lms.ead1.com.br/webfolio/Mod4141/estetica_facial_e_estetica_corporal.pdf> Acesso em: 5 dez. 2014.

Destacam-se ainda seus efeitos no controle ponderal (perda de peso e manutenção do mesmo). Previamente ao início de qualquer atividade física que objetiva o condicionamento muscular, tanto para resistência quanto para força, deve-se necessariamente desenvolver protocolos que visem ao alongamento do músculo. Isso porque, para que haja amplitude de movimento normal, é necessário que haja mobilidade e flexibilidade dos tecidos moles que circundam a articulação, ou seja, músculos, tecido conjuntivo e pele, além de mobilidade articular. (GUIRRO e GUIRRO, 2002, p. 20).

Estimulação elétrica neuromuscular: a estimulação elétrica neuromuscular pode resultar em hipertrofia e aumento da potência muscular, alcançados quando são utilizados níveis adequados de intensidade e frequência. Observa-se ainda aumento da irrigação sanguínea e aumento do retorno venoso e linfático por provocar sucessivamente contrações e relaxamentos musculares.

5 LIPODISTROFIA GINOIDE

O termo correto para designar alterações do relevo cutâneo é fibro edema geloide. Este é popularmente conhecido como celulite. Entretanto, é uma comparação errônea, uma vez que ambos os termos designam coisas distintas.

Celulite, do latim cellullite, significa inflamação no tecido celular. Algumas vezes, pode ser confundida erroneamente com uma patologia de mesmo nome e de características condizentes com o termo, porém tratada exclusivamente pela classe médica.

Além de ser considerado visualmente desagradável por grande parte das pessoas, o fibro edemageloide, do ponto de vista estético desencadeia disfunções álgicas nas zonas acometidas e diminuição das atividades funcionais. Provoca sérias complicações, dentre elas dores intensas e problemas emocionais, como diminuição da autoestima e quadros depressivos. (GUIRRO e GUIRRO, 2002, p. 26)

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5.1 DEFINIÇÃO E FISIOPATOLOGIA

Conforme descrito por Guirro & Guirro (2002), as quatro evidências clínicas observadas durante a palpação do FEG, classicamente conhecida como “tétrade de Ricoux” são: aumento da espessura do tecido celular subcutâneo, maior consistência tecidual, maior sensibilidade à dor, diminuição da mobilidade por aderência aos planos mais profundos. Conforme o grau, o FEG pode ser identificado por testes simples, seguros e não invasivos. Em graus mais elevados, o mesmo apresenta sinais que mesmo a olho nu é possível identificá-lo: tecido flácido, com relevos e depressões, dificilmente sendo confundida com outra patologia.

Quando for avaliar, o profissional da estética deverá solicitar ao seu cliente que permaneça em posição ortostática (em pé), especialmente porque em decúbito ventral ou lateral a força gravitacional favorece a acomodação dos tecidos, podendo então mascarar o real estado dos mesmos. Coloração tecidual, varizes, estrias, dor à palpação, dentre outros sinais, podem também estar presentes. (GUIRRO e GUIRRO, 2002, p. 21)

5.1.1 Teste da preensão

Deve-se pressionar a pele juntamente com a tela subcutânea entre os dedos (movimento de pinça), promovendo um movimento de tração. Sendo a sensação dolorosa mais incômoda que o normal é indicativo de FEG, já com alteração de sensibilidade.

5.1.2 Teste da casca de laranja

Deve-se pressionar o tecido adiposo entre os dedos polegar e indicador ou entre as palmas das mãos. O teste será positivo caso a pele torne-se rugosa, semelhante à casca de uma laranja.

FONTE: Disponível em: <http://lms.ead1.com.br/webfolio/Mod4141/estetica_facial_e_estetica_corporal.pdf> Acesso em: 5 dez. 2014

5.2 GRAUS

Com exceção das palmas das mãos, plantas dos pés e couro cabeludo, que apresentam um tecido diferenciado, o FEG pode surgir em qualquer parte do corpo, preferencialmente na porção superior das coxas (interna e externamente), porção interna dos joelhos, regiões de abdome, glúteos e porção superior dos braços (anterior e posteriormente). O mesmo apresenta três estágios não completamente delimitados, podendo ainda ocorrer uma sobreposição dos mesmos numa mesma área.

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FEG Brando (Grau 1)

Raramente encontramos na prática clínica, haja vista que o profissional geralmente recebe (o)a paciente com sinais e sintomas já instalados. Neste estágio, o FEG só é percebido quando da realização do teste da casca de laranja ou durante uma contração muscular voluntária. Não se observam alterações clínicas. É assintomático e considerado sempre curável.

FEG Moderado (Grau 2)

Diferentemente do estágio anterior, neste estágio, as depressões são visíveis mesmo sem a compressão dos tecidos. Com a compressão, portanto, elas ficam sujeitas a apresentarem-se mais evidentes. Caso a luz incida lateralmente, as margens são facilmente delimitadas e já se encontra alteração de sensibilidade. Frequentemente curável.

FEG Grave (Grau 3)

Em qualquer posição que o indivíduo esteja é possível identificar o acometimento tecidual. Não são necessários testes, uma vez que os resultados são visíveis mesmo sem eles. A pele torna-se com aparência de “saco de nozes”, por apresentar-se cheia de relevos, enrugada e flácida. Alterações de sensibilidade encontram-se presentes. Pode ser melhorado, embora não completamente curado.

FONTE: GUIRRO e GUIRRO, 2002, p. 22

FIGURA 24 - GRAUS DE CELULITE

FONTE: Disponível em: <http://maquel.com.br/blog/tag/lipodistrofia-ginoide/> Acesso em: 30 nov. 2014.

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6 CICATRIZES

Sempre que ocorre uma lesão da pele ou qualquer outro tecido do corpo, acidental ou cirúrgico, haverá uma cicatriz, devido aos mecanismos próprios da cicatrização. Por isso, uma cicatriz é uma marca definitiva. No entanto, o que pode variar é a qualidade da cicatriz. Uma cicatriz de boa qualidade deve ser fina, plana, com coloração semelhante ao local em que está e bem posicionada, ou seja, ficando "escondida" ou quase imperceptível no convívio social.

Além da preocupação com o resultado final de quem pretende fazer uma cirurgia plástica, a cicatrização da pele sempre é uma preocupação a mais. Afinal, a formação de uma cicatriz não agradável pode comprometer o resultado final da operação. Disponível em: <http://www.andreventurelli.com.br/instituto-da-cicatriz-cuidados-da-cicatrizacao.html> Acesso em: 5 fev. 2015.

Existem basicamente dois tipos de cicatrizes patológicas (queloides e hipertróficas) e outras classificadas como cicatrizes inestéticas (alargadas, deprimidas, discrômicas, alçapão, mistas etc.).

Os dois tipos de cicatriz patológica são com frequência confundida pelos pacientes e também pelos médicos em geral, pois são muito parecidos na fase inicial.

As cicatrizes patológicas podem causar dor importante e/ou coceira tão intensa a ponto de interferir no convívio social da pessoa. Portanto, o tratamento desse tipo de cicatriz não é um procedimento apenas estético.

Os outros tipos de cicatrizes que não chegam a ser patológicas, mas sim inestéticas (não estéticas ou não agradáveis – alargadas, discrômicas, retraídas, mistas, em alçapão etc.) quase não apresentam sintomas físicos, mas de certo modo interferem no convívio social da pessoa que de alguma forma apresenta algum preconceito em expor a aparência daquela cicatriz.

6.1 ORIGENS E TIPOS

6.1.1 Cicatriz Normal

A cicatrização é um processo natural de cura de qualquer ferimento na pele decorrente de um acidente, cirurgia ou doença, que deixa no final um sinal físico chamado cicatriz.

Uma cicatriz aceita como agradável, estética ou normal, deve ser fina, sem relevo na pele, de coloração semelhante a da pele local e, às vezes, torna-se quase imperceptível. Mas existe um período de evolução onde a aparência da cicatriz sofre alterações físicas típicas de cada fase.

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6 CICATRIZES

6.1.2 Cicatrizes Patológicas e Inestéticas

Assim, existem aparências não agradáveis, mas consideradas normais para a fase de amadurecimento. Geralmente, a cicatriz torna-se menos notável com o passar do tempo. Muitas cicatrizes, inicialmente inestéticas, tornam-se aceitáveis após um período variável de três a dezoito meses ou mais. Isso é um processo natural de evolução da cicatriz.

A pele jovem, por comumente produzir colágeno de forma mais acelerada que sua degradação, tende a determinar uma cicatriz evidente (queloide ou cicatriz hipertrófica) isto é, maiores, mais elevada e espessa do que aquela que ocorre na pele de pessoas idosas. Quando a quantidade de colágeno depositada na cicatriz é menor do que devia, a cicatriz final pode aparecer deprimida ou atrófica em relação à pele ao redor. Essas cicatrizes são, em parte, devido a fatores individuais do paciente como no queloide, mas na maioria são decorrentes da técnica cirúrgica aplicada durante a cirurgia.

QUELOIDE

É uma cicatriz espessa e elevada. Essa cicatriz em alto-relevo, geralmente, é limitada à pele, embora se estenda para os lados em relação ao ponto, ferimento ou incisão cirúrgica de origem. Devido ao fato de crescer e invadir pele vizinha, o queloide é considerado por pesquisadores como um tumor benigno cicatricial. O queloide ocorre na pele, e é um distúrbio que somente existe em humano.

FIGURA 1 - CICATRIZ QUELOIDE

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UNIDADE 3 | DERMATOLOGIA

CICATRIZ HIPERTRÓFICA

É uma cicatriz elevada decorrente de uma resposta exagerada da pele a uma intervenção cirúrgica ou ferimento, cicatriz essa que não ultrapassa os limites ou a extensão da incisão ou ferimento inicial. Apresenta tendência à regressão, distingue-se assim, do queloide, que geralmente estende-se espacialmente em relação ao tamanho original da incisão cirúrgica ou ferimento. Entretanto, é usualmente confundida com o queloide, por isso a cicatriz hipertrófi ca é também conhecida como "pseudoqueloide" ou queloide falso ou não verdadeiro. A frequência de cicatriz hipertrófi ca é maior que de queloide.

FIGURA 2 - CICATRIZ HIPERTRÓFICA

CICATRIZES RETRAÍDAS

Cicatriz retrátil (ou cicatriz contrátil) é aquela que se apresenta tensa e repuxando, causando contratura entre os segmentos corporais envolvidos. Pode resultar de um ferimento que provoque a perda de uma área de pele, por intervenção cirúrgica, acidente ou queimadura, podendo assim formar uma cicatriz que traciona as margens da pele. Essa tração causa um processo chamado de contração. A retração resultante, além de causar dor, pode afetar um músculo e tendões vizinhos e restringir o movimento normal. Pode ainda ocasionar um transtorno maior do sistema esquelético, como um desvio do crescimento ósseo ou da coluna vertebral. Assim, a cicatriz retrátil não é somente inestética, podendo ser também, frequentemente, considerada uma cicatriz patológica.

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FIGURA 3 - CICATRIZ RETRAÍDA

CICATRIZ ALARGADA

Apresenta-se mais rasa, frouxa e esparramada. Pode resultar de cicatrizes em pele mais fina que ficaram sujeitas a tensão nas margens, ou em casos onde houve ruptura de pontos de sutura internos ou externos, e houve, a seguir, cicatrização de uma ferida aberta (cicatriz por segunda intenção).

FIGURA 4 - CICATRIZ ALARGADA

CICATRIZ ATRÓFICA

Cicatriz mais profunda (afundada) que o relevo da pele ao redor. Pode ser causada por cicatrização em pele muito fina (como de pessoa idosa), em sutura ou ferimento que evoluiu com tração nas margens ou infecção, também pode decorrer em pessoas com distúrbios de cicatrização decorrente de diabete ou qualquer doença metabólica, pessoas com carências nutricionais ou em regiões corporais com alterações neurológicas sensitivas como, por exemplo, as decorrentes de paraplegia por lesão medular.

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UNIDADE 3 | DERMATOLOGIA

FIGURA 5 - CICATRIZ ATRÓFICA

CICATRIZ DISCRÔMICA

Cicatriz mais escura ou clara que a pele ao redor, pode resultar, mais comumente, em pessoas com cor de pele parda (mulatos), em cicatrizes que ficaram submetidas precocemente aos raios ultravioletas do sol, ou em cicatrizes tratadas previamente com determinados fármacos, como ácidos e corticoides ou pela técnica cirúrgica aplicada pelo cirurgião.

CICATRIZ MISTA

Cicatriz que intercala em seu trajeto mais de um tipo cicatricial, pode resultar da associação de um ou mais dos tipos de cicatrizes acima citados, ou inclusive, em combinação com uma cicatriz patológica, como o queloide ou cicatriz hipertrófica, ou até ambas simultaneamente.

FIGURA 6 - CICATRIZ MISTA COM ÁREAS DISCRÔMICAS, ALARGADA E HIPERTRÓFICA

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CICATRIZ "EM ALÇAPÃO"

Cicatriz de trajeto curvo (em forma da letra "C" ou "U"), que por isso acumula líquido linfático em sua região central, o que faz com que mais tarde o centro fique mais saliente, que a cicatriz propriamente dita pode resultar em consequência de ferimentos onde porções de pele foram levantadas (retalhos cutâneos) por fragmentos de vidro ou por queda acidental.

FIGURA 7 - CICATRIZ EM ALÇAPÃO

CICATRIZES POR QUEIMADURA

As queimaduras, assim como outros ferimentos que resultem em perda de uma grande área de pele, podem formar uma cicatriz que repuxa as margens da pele ao redor, causando um processo chamado de contração. Assim, é comum que o resultado final de uma cicatriz por queimadura seja uma cicatriz contrátil, ou também chamada de cicatriz retrátil. A contratura resultante pode afetar os músculos e os tendões vizinhos, restringindo o movimento normal (capacidade funcional) dos mesmos e, por conseguinte, da região do corpo acometida. Após algum tempo, esse fato pode ocasionar, inclusive, deformidade óssea e/ou articular.

FONTE: Disponível em: <http://www.andreventurelli.com.br/instituto-da-cicatriz-cuidados-da-cicatrizacao.html> Acesso em: 30 de nov. 2014.

6.2 FATORES QUE INFLUENCIAM NA CICATRIZ

O aspecto da cicatriz depende de vários outros fatores, como a localização no corpo, sentido da cicatriz em relação a linhas naturais da pele, comprimento, largura, profundidade, formato da cicatriz, características genéticas de cada indivíduo. Por exemplo, pacientes com cor de pele escura ou de origem oriental apresentam, probabilisticamente, maiores risco de desenvolver cicatrizes discrômicas e/ou hipertróficas e, em contrapartida, pacientes idosos possuem maior chance de terem cicatrizes finas e mais estéticas.

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UNIDADE 3 | DERMATOLOGIA

O aparecimento de um queloide ou cicatriz hipertrófica tem sido um desafio constante (ou melhor, um tormento) no pós-operatório de qualquer tipo de intervenção cirúrgica. Porém, é na Cirurgia Plástica que esse transtorno assume proporções mais angustiantes ao paciente e, principalmente, em cirurgias estéticas. As pessoas com queloide ou cicatrizes hipertróficas por intervenções cirúrgicas estéticas, infelizmente, sabem muito bem disso.

Entretanto, se você tem vontade de realizar uma cirurgia plástica estética e, atualmente, é portador (a) de queloide ou de cicatriz hipertrófica, ou já teve essas cicatrizes patológicas no passado, mantenha o ânimo. A prevenção de um queloide ou cicatriz hipertrófica tem sido possível e cada vez mais frequente. Hoje conseguimos prever o risco potencial de desenvolvimento de uma cicatriz patológica ou inestética considerando os fatores antes citados, e assim, agir para favorecer uma melhor evolução cicatricial. Para isso, o cirurgião plástico deve realizar o melhor planejamento possível na escolha das melhores medidas para esse fim. Deve examinar o tipo de pele, assim como os antecedentes cirúrgicos do paciente, para avaliar o risco do mesmo desenvolver uma cicatriz inestética, cicatriz hipertrófica ou queloide. Para uma cirurgia plástica, assim como para qualquer outra, possuímos recursos para prevenir e reduzir, ao mínimo possível, o aparecimento de um queloide ou cicatriz hipertrófica.

A aparência final da cicatriz de cirurgia plástica depende basicamente de dois fatores: como seu corpo cicatriza e como a cicatriz foi tratada pelo profissional.

FONTE: Disponível em: <http://www.andreventurelli.com.br/instituto-da-cicatriz-cuidados-da-cicatrizacao.html> Acesso em 30 nov. 2014.

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LEITURA COMPLEMENTAR

A utilização da Radiofrequência como técnica de tratamento da flacidez corporalAndresa Brito [email protected] Priscila Maia Mejia2Pós-graduação em Fisioterapia Dermato-Funcional - Faculdade Ávila

Resumo

A Radiofrequência (RF) é uma modalidade não invasiva capaz de estimular mudanças na conformação do colágeno e induzir a neocolagenese através da geração de energia térmica de forma controlada em camadas profundas de tecido cutâneo e subcutâneo. Este estudo tem como objetivo descrever os benefícios da RF no combate à flacidez, identificar em quais estruturas da pele que ocorrem alterações fisiológicas com o uso da RF e citar os benefícios em curto prazo que a mesma causa nas alterações dermatológicas. A flacidez é um problema frequente em vários indivíduos e a fisioterapia dermato-funcional tem se mostrado em evidência no mercado trazendo tecnologias inovadoras, proporcionando melhora na qualidade de vida. Neste é possível constatar que a RF tem seu efeito comprovado no combate à flacidez e é uma técnica segura e bem tolerável tanto para o profissional quanto ao cliente que se submete a técnica. A realização de mais pesquisas é indispensável para contribuir com o crescimento do conhecimento acerca do uso da Radiofrequência no combate à flacidez e o seu efeito em longo prazo, o que virá auxiliar os profissionais no uso desta técnica e consequentemente atingindo resultados mais satisfatórios.

Palavras-chave: Fisioterapia. Flacidez. Radiofrequência.

1. Introdução

A busca pelo corpo perfeito esta cada vez em alta, homens e mulheres estão cada vez mais exigentes procurando técnica de tratamento que possam dar resultados seguros e rápidos sem alterar sua rotina. E a fisioterapia dermato-funcional vem mostrando resultados satisfatórios com aparelhos de tecnologia avançada como a Radiofrequência.

Guirro & Guirro (1996) afirmam que a fisioterapia aplicada à estética tem por objetivo tratar eficazmente os distúrbios estéticos, o que leva o Fisioterapeuta dermato-funcional avaliar profundamente o problema além de escolher o tratamento adequado.

As disfunções estéticas são desencadeadas por diversos fatores, uma alimentação inadequada, o sedentarismo, hereditariedade, fatores hormonais, dentre outros, favorecem o surgimento destas patologias na maior parte das mulheres.

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UNIDADE 3 | DERMATOLOGIA

Com o passar do tempo a produção das proteínas de sustentação da pele, como o colágeno e a elastina, vão sendo reduzidas gradativamente, levando a desestruturação das fibras elásticas e colágenas, perda da elasticidade e consequentemente ao aparecimento da flacidez tissular (KISNER, 2012).

A radiofrequência é uma modalidade não invasiva capaz de estimular mudanças na conformação do colágeno e induzir a neocolagenese através da geração de energia térmica de forma controlada em camadas profundas de tecido cutâneo e subcutâneo (AGNE et al. 2009).

O presente estudo tem como objetivo descrever os benefícios que a Radiofrequência pode causar no combate à flacidez, identificar quais as estruturas da pele que ocorrem as alterações fisiológicas com o uso da RF e citar os benefícios em curto prazo que a mesma causa nas alterações dermatológicas.

2. Fundamentação Teórica

2.1. Definições

Com o recente desenvolvimento tecnológico no âmbito da estética, a Radiofrequência passou a ser utilizada no rejuvenescimento e flacidez agindo na derme e na hipoderme.

A definição de Radiofrequência se explica a porção do espectro eletromagnético onde ondas eletromagnéticas através de corrente alternada gera calor profundo para tratamento de fibroedema geloide, gordura localizada e de colágeno (flacidez, estrias e rugas) (PIROLA, 2010).

Latronico et al. (2010), cita que a Radiofrequência conceitua-se na emissão de correntes elétricas de alta frequência, formando um campo eletromagnético que gera calor, quando em contato com os tecidos corporais humanos. Trata-se de uma terapia em que se programa e modula as frequências projetadas ao tecido corporal, a fim de se atingir a camada subdérmica. Sendo uma terapia segura e aplicável a todos os fototipos cutâneos.

A Radiofrequência é uma radiação no espectro eletromagnético que gera calor compreendido entre 30 kHz e 300 MHz. Esse tipo de calor alcança os tecidos mais profundos gerando energia e forte calor sobre as camadas mais profundas da pele, mantendo a superfície resfriada e protegida, ocasionando a contração das fibras colágenas existentes e estimulando a formação de novas fibras, tornando-as mais eficientes na sustentação da pele (CARVALHO et al. 2011).

A Radiofrequência pode ser de alta ou baixa frequência, utilizando aplicador monopolar, bipolar e tripolar.

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A tecnologia inovadora do sistema RF tripolar combina, num só dispositivo, os sistemas RF monopolar e bipolar, produzindo uma energia calorífica homogênea e profunda. Os fluxos de corrente de RF que circulam entre três polos (elétrodos) aquecem em simultâneo às camadas superficiais e profundas da pele. A intensidade da corrente que circula entre os três polos transmite uma densidade de alta potência sobre a área a tratar logo, de baixo consumo, proporcionando resultados clínicos de longo prazo após várias sessões de tratamento, sem causar desconforto (MANUSKIATTI et al. 2009).

A Radiofrequência é indicada para tratamentos da pele na flacidez e remodelador corporal. Também atua no fibroedema geloide e têm-se demonstrado sua eficácia na redução da pele tipo “casca de laranja”, é recomendado também nos tratamentos pós-lipoaspiração, rugas, cicatrizes, alopecia (queda excessiva de cabelo), olheiras, adiposidades, estrias, manchas e fibroses.

É contraindicado o uso da Radiofrequência em indivíduos com transtorno de sensibilidade, marca-passo, grávidas, sobre glândulas que provoquem o aumento de hormônio, em focos infecciosos, pacientes que estejam ingerindo vasodilatadores ou anticoagulante, hemofílicos e em estado febril.

A RF apresenta a necessidade do monitoramento constante da temperatura da pele e movimentos repetitivos durante a aplicação do aparelho sobre a pele

2.2. Estrutura e função da pele

A pele ou cútis é o manto de revestimento do organismo, indispensável à vida e que isola os componentes orgânicos do meio exterior. Ela representa 12% do peso seco total do corpo, com aproximadamente 4,5 quilos, e é o maior sistema de órgãos expostos ao meio ambiente. Embora ela represente menos de 15% do peso do corpo, é considerado o maior órgão humano, pois a sua extensão corresponde a uma área de dois metros quadrados (MENDONÇA & RODRIGUES 2011).

Soares (2008), afirma que a superfície do corpo é envolta por um órgão complexo, a pele ou tegumento, que é um dos maiores órgãos do corpo humano. A pele ou cútis é o manto de revestimento do organismo indispensável à vida e que isola os componentes orgânicos do meio externo.

É formada por tecidos de origem ectodérmica e mesodérmica que se arranjam em três camadas distintas: epiderme, derme e hipoderme. A pele possui diversas funções tais como: proteção contra agentes físicos, químicos e biológicos do ambiente (relativamente impermeável), regulação da temperatura, excreção, sensibilidade tátil e produção de vitamina D (GUIRRO & GUIRRO 2004).

Único órgão externo que pode ser observado em toda a sua extensão, a pele é também, o principal órgão relacionado com a estética do ser humano. Por estar em contato com o meio ambiente é a primeira linha de defesa do corpo contra danos físicos (PANDOLFO, 2011)

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2.2.1 Epiderme

É constituída por um epitélio estratificado pavimentoso queratinado. Na porção mais profunda é constituída de células epiteliais que se proliferam continuamente para que mantenha o seu número (GUIRRO & GUIRRO 2004).

Mendonça e Rodrigues (2011), relatam que a epiderme é constituída por sistema ceratinocítico, responsável pelo corpo da epiderme e de seus anexos (pelos, unhas e glândulas), sistema melânico, com função imunológica, células de Merkel integrada ao sistema nervoso e células dendriticas indeterminadas, com função mal definida.

Pandolfo (2011), diz que a epiderme é a camada mais superficial da pele, atuando como barreira protetora as agressões dos fatores externos.

De acordo com Soares (2008), a epiderme é a camada mais externa e é formada por um revestimento de camadas de células sobrepostas, sendo que as células superficiais são achatadas e compõem uma camada córnea rica em queratina.

2.2.2 Derme

É uma camada espessa do tecido conjuntivo que se apoia a epiderme e se comunica com hipoderme. A derme esta conectada com a fascia muscular subjacente por uma camada do tecido frouxo a hipoderme (GUIRRO & GUIRRO 2004).

Abaixo da epiderme a principal massa de pele a derme, um tecido forte, maleável, com propriedades viscoelásticas, e que se consiste em um tecido conjuntivo frouxo composto de proteínas fibrosas (colágeno e elastina).

Segundo Pandolfo (2011), a derme é localizada abaixo da epiderme, formada por tecido conjuntivo que lhe proporciona rica vascularização.

De acordo com Soares (2008), a derme é a camada mais profunda, que se apoia a epiderme, de espessura variável atingindo o máximo de 3mm nas plantas dos pés, sendo formada por muitas estruturas com características elásticas, grandes quantidades de vasos sanguíneos e fibras nervosas.

2.2.3 Hipoderme

A hipoderme é o tecido sobre o qual a pele repousa, formado por tecido conjuntivo que varia do tipo frouxo ou adiposo ao denso nas varias localizações e nos diferentes indivíduos (GUIRRO & GUIRRO, 2004).

A distribuição de gordura não é uniforme em todas as regiões do corpo, nos indivíduos normais, algumas regiões nunca acumulam gordura, como

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pálpebra, a cicatriz umbilical, a região esternal e as dobras articulares. Em outras regiões pelo contrário há maior acúmulo de tecido adiposo a porção proximal dos membros e a parede abdominal (GUIRRO & GUIRRO, 2004).

Segundo Pandolfo (2011), a hipoderme é uma camada de gordura que, embora tenha a mesma origem e morfologia da derme, não faz parte da pele, apenas lhe serve de suporte e união com os órgãos subjacentes.

De acordo com Soares (2008), a hipoderme é a camada mais profunda, há tecido adiposo cujas células armazenam a gordura subcutânea (panículo adiposo). É formado por um tecido conjuntivo frouxo que serve para unir, de maneira pouco firme a derme aos outros órgãos do corpo, permitindo que a pele tenha certo grau de deslizamento variável com a região do corpo.

2.2.4 Colágeno

O colágeno é a proteína estrutural mais importante nos humanos e tem como função primária o suporte dentro da matriz extracelular. As fibras colágenas são as principais e mais abundantes fibras do tecido conjuntivo denso, constituinte da derme (AGNE et al. 2009).

De acordo com Carvalho et al. (2011), as fibras de colágeno são predominantes do tecido conjuntivo, sendo constituídas por uma escleroproteína denominada colágeno. O colágeno é uma proteína abundante no corpo do ser humano, representando 30% do total de proteínas destes, e tem como função fornecer resistência e integridade estrutural a diversos tecidos.

2.3. Efeitos fisiológicos da Radiofrequência no combate à flacidez tissular

A flacidez refere-se à diminuição do tônus muscular estando o músculo pouco consistente. Esta situação pode apresentar-se de duas formas distintas: a flacidez muscular e a de pele (tissular). É muito comum que os dois tipos apareçam associados, dando aspecto ainda pior ás partes do corpo afetadas pelo problema. Os músculos ficam flácidos, principalmente por causa da falta de exercícios físicos. Se eles não são solicitados as fibras musculares ficam hipoatrofiadas e flácidos (MENDONÇA E RODRIGUES, 2010).

De acordo com Lopes e Brongholi (2004), a flacidez é uma patologia comumente encontrada em mulheres, sendo considerada uma grande inimiga feminina, que compromete a beleza de pernas, braços, seios e abdômen.

Já Milani et al. (2006), entendem que a flacidez é decorrente de atrofia de tecido, ficando este com aspecto de frouxo, afetando em separado pele e músculos. Pode ser consequência do envelhecimento fisiológico, onde há perda gradativa de massa muscular esquelética, substituída por tecido adiposo, e atrofia do tecido adiposo subcutâneo, dentre, outras alterações.

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Os efeitos fisiológicos da Radiofrequência no combate à flacidez são descritos abaixo:

Vasodilatação e aumento da circulação sanguínea: além da elevação da temperatura que produz vasodilatação local, há também estímulo do aporte de nutrientes e oxigênio, acelerando a eliminação dos catabólitos. O incremento da circulação aparece a partir dos 40°C e alcança o limite máximo aos 45°C. A partir de então, inicia-se uma reação de defesa do organismo, manifestando vasoconstrição e consequente diminuição da circulação.

Atividade metabólica e enzimática: com o aumento da temperatura toda atividade celular aumenta, incluindo a motilidade celular, síntese e liberação de mediadores químicos, por exemplo. A taxa metabólica é afetada com o aquecimento tecidual. Esse aumento é de cerca de 13% para cada 1°C de elevação.

Viscosidade: o aumento da temperatura causa diminuição da viscosidade dos líquidos, como sangue, linfa e também dos líquidos dentro e através dos espaços intersticiais; Alteração no tecido colagenoso: com temperaturas em uma faixa terapeuticamente aplicável tem-se mostrado alteração na extensibilidade do tecido colagenoso. Isso ocorre somente se o tecido for simultaneamente alongado e requer temperaturas próximas do limite terapêutico;

Estimulação nervosa: os nervos aferentes estimulados pelo calor podem causar um efeito analgésico, agindo sobre os mecanismos de controle da comporta do mesmo modo que os mecanorreceptores.

Quando a RF penetra nos tecidos e promove uma intensa agitação molecular, principalmente das moléculas de água o que gera aumento da temperatura tecidual local, ou seja, há um aquecimento seletivo do tecido. Por isso que, quanto mais rico em água e eletrólitos for o tecido, mais rápido sente-se o calor e maior será a temperatura atingida. Com resultado, as fibras, de colágeno contraem, consequentemente aumenta a síntese de novo colágeno, que é progressivo a aplicação repetitiva da RF (SORIANO, PÉREZ e BAQUÉS, 2000; LOW e REED, 2001; KITCHEN, 2003; AGNE, 2004).

2.4. Atuações da radiofrequência no colágeno

A dermatologia utiliza a radiofrequência de forma não ablativa, promovendo o aumento da elasticidade de tecidos ricos em colágeno, pois aumentos leves de temperatura, a partir de 5º a 6ºC da temperatura da pele, aumenta a extensibilidade e reduz a densidade do colágeno, melhorando patologias como o fibroedemageloide e fibroses pós-cirurgia plástica, entretanto, aumentos maiores de temperatura e manutenção em 40ºC durante todo o período de aplicação diminuem a extensibilidade e aumenta a densidade do colágeno, conseguindo assim melhorar a flacidez da pele, promovendo a diminuição da elasticidade em tecidos ricos em colágeno. Este efeito é denominado lifting pela Radiofrequência (CARVALHO et al. 2011).

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Segundo Latronico et al. (2010), o efeito da Radiofrequência sobre o colágeno se dá pela contração imediata da fibra existente, que é uma reação imediata a aplicação, e também, se dá pela remodelação e renovação em médio prazo. É importante ressaltar que há uma necessidade de aplicações repetidas para efeitos duradouros, pois o efeito da Radiofrequência em promover a vasodilatação local melhora diretamente a circulação local, o que melhora a capacidade da célula de transferência, como um efeito complementar biológico que se propaga continuamente.

De acordo com Manuskiatti et al. (2009), as fibras de colágeno contraem-se originando processos inflamatórios que induzem a proliferação de fibroblastos e a reconstrução do colágeno. Este processo de reconstrução do colágeno é permanentemente induzido durante os tratamentos de RF.

3. Metodologia

O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura sobre os efeitos da Radiofrequência no combate à flacidez, realizado no período de março a outubro de 2012. A pesquisa foi realizada principalmente em sites eletrônicos tais como o Portal SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), Google acadêmico, como também em livros relacionados ao tema em questão: Radiofrequência, Flacidez e Fisioterapia. Os textos foram analisados com o objetivo de se obter informações consistentes sobre o assunto tratado. Primeiramente são discutidas as principais definições da Radiofrequência, em seguida são apresentados os resultados da revisão da literatura e finalmente são discutidos os efeitos da utilização da Radiofrequência como técnica de tratamento da flacidez corporal.

4. Resultados e Discussão

Os dados observados nesse estudo indicam que a RF é uma técnica indispensável para reverter o quadro de flacidez. O fisioterapeuta dermato-funcional obtém um aparelho seguro e eficaz podendo observar os resultados em curto prazo.

As literaturas pesquisadas demonstraram que o uso da Radiofrequência para o tratamento da flacidez gera alterações nas fibras de colágeno sendo visível através da melhora da tonicidade da pele reduzindo rugas e flacidez. Diferentes estudos mostraram que são necessários no mínimo oito sessões uma vez na semana para obter um resultado satisfatório. Durante e após o tratamento com a Radiofrequência são necessárias rotinas de praticas esportivas e uma dieta saudável.

Carvalho et al. (2011) que fez uma analise em ratos sugere – se uma frequência de tratamento de no mínimo sete dias e que a permanência de efeitos da radiofrequência no tecido colágeno é de até 15 dias, entretanto temperaturas moderadas de 37º a 39º melhora a condição dos tecidos, sugestivo a neoformação colágena e surgimento de alta quantidade de vasos subepiteliais.

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Agne et al. (2009) citam em seu trabalho que o procedimento usando Radiofrequência gera alterações nas fibras de colágeno, o que irá refletir positivamente na qualidade da pele, essas alterações são visíveis na pele através da redução de rugas e flacidez o que não foi verificado em quatro repetições de Radiofrequência.

Em seu estudo Manuskiatti et al. (2009), observaram 37 sujeitos que concluíram o protocolo de tratamento com a RF, imediatamente após o tratamento, a pele tratada tornou-se quente ao toque e foram observados eritemas. Comparou o antes e o depois da sessão, não foram observados redução significativas do diâmetro. Observou-se então a severidade inicial de flacidez da pele e do grau de celulite, afetou os níveis de melhora. Quando a superfície da pele não se apresentava muito irregular, o corpo reagia melhor ao tratamento. O resultado do tratamento se prolonga ate 4 semanas após o tratamento ser interrompido.

Latronico et al.(2010), descrevem em seu estudo que a RF apresenta a necessidade do monitoramento constante da temperatura e movimentos repetitivos e de desgaste físico do profissional. Porém permite melhor traçado da silhueta corporal.

Portanto, nos artigos pesquisados a RF tem seus benefícios comprovados para o combate a flacidez, melhorando a tonicidade da pele em poucas sessões não alterando a rotina do indivíduo submetido à técnica. Tratar a flacidez é possível e os resultados são satisfatórios.

5. Conclusão

A flacidez é um problema frequente em vários indivíduos e a fisioterapia dermato-funcional tem se mostrado em evidência no mercado, trazendo tecnologias inovadoras, com resultados positivos proporcionando a melhora na autoestima de quem se submete a técnica.

Com o tempo, a produção de colágeno e elastina vai sendo reduzidas, levando a desestruturação das fibras elásticas e colágenas, resultando em uma pele sem firmeza e elasticidade.

A Radiofrequência com a temperatura elevada (40ºC), durante a aplicação aumenta a densidade do colágeno, conseguindo assim melhorar a flacidez da pele. Sua principal indicação se dá para tratamentos da pele flacidez e remodelador corporal, têm-se demonstrado sua eficácia na redução da pele tipo casca de laranja.

Com este artigo, foi possível constatar que a Radiofrequência tem seu efeito comprovado no combate a flacidez e é uma técnica segura e bem tolerável, tanto para o profissional quanto ao cliente que se submete a técnica.

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Atualmente no mercado da estética é possível encontrar vários fabricantes da Radiofrequência com tecnologias diferenciadas, aplicadores monopolar, bipolar e tripolar é necessário que o profissional certifique-se de que o aparelho tenha uma potência adequada e a calibragem correta para um melhor resultado.

Portanto, é sempre importante uma boa anamnese seguindo sempre o critério de indicação e contra indicação, dosimetria, intervalos entre cada sessão, indicação do fabricante de como utilizar a Radiofrequência e monitoramento da temperatura.

Assim, se faz necessária a utilização de recursos estéticos com comprovação cientifica e seguros para melhorar a qualidade da pele e do tecido, na tentativa de minimizar a aparência destas disfunções corporais.

A fisioterapia dermato-funcional dispõe de vários recursos mecânicos e manuais que podem ser associado ao uso da Radiofrequência, como também escolher um cosmético com o principio ativo indicado a diversos tipos de tratamentos.

A prevenção também é um fator positivo para manter uma pele bonita e saudável, evitando o fumo, sedentarismo, obesidade e o emagrecimento excessivo em curto espaço de tempo que levam aos diversos graus de flacidez da pele.

Porém, após o tratamento o indivíduo precisa manter uma dieta saudável e praticar alguma atividade física para um resultado prolongado.

A realização de mais pesquisas é indispensável para contribuir com o crescimento do conhecimento acerca do uso da Radiofrequência no combate a flacidez e o seu efeito em longo prazo, o que virá auxiliar os profissionais no uso desta técnica e consequentemente atingindo resultados satisfatórios.

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Neste tópico, você estudou:

• Os tipos de obesidade: difusa, androide e ginoide.

• Que os IMC é calculado: IMC = Peso/Estatura²

• A obesidade ginoide é predominante em mulher e a androide em homem.

• A flacidez muscular é ocasionada pela junção dos maus hábitos alimentares e do sedentarismo, a flacidez muscular se refere à redução dos índices de massa magra no corpo de uma determinada pessoa. E a flacidez cutânea é ocasionada por fatores ambientais, biológicos, hormonais ou genéticos, a flacidez dérmica é mais superficial do que a flacidez muscular.

• Que a palavra celulite, vem do latim cellullite, significa inflamação no tecido celular. Algumas vezes pode ser confundida erroneamente com uma patologia do mesmo nome, porém tratada pela classe médica.

• Para avaliação da FEG há dois testes: de preensão e teste casca de laranja.

• Que as quatro evidências clínicas observadas durante a palpação do FEG, classicamente conhecida como “tétrade de Ricoux” são: aumento da espessura do tecido celular subcutâneo, maior consistência tecidual, maior sensibilidade à dor, diminuição da mobilidade por aderência aos planos mais profundos.

• Que os graus de FEG são: Grau 1: só é percebida durante uma contração muscular voluntária; Grau 2: neste estágio as depressões são visíveis mesmo sem a compressão dos tecidos; Grau 3: em qualquer posição que o indivíduo esteja é possível ver.

• Que sempre que ocorrer uma lesão da pele ou qualquer outro tecido do corpo, acidental ou cirúrgico, haverá uma cicatriz.

• Existem basicamente dois tipos de cicatrizes patológicas (queloides e hipertróficas) e outras classificadas como cicatrizes inestéticas (alargadas, deprimidas, discrômicas, alçapão, mistas).

• Que o queloide é uma cicatriz espessa e elevada, geralmente, é limitada à pele, embora se estenda para os lados em relação ao ponto, ferimento ou incisão cirúrgica de origem.

• Devido ao fato de crescer e invadir pele vizinha, o queloide é considerado por pesquisadores como um tumor benigno cicatricial.

RESUMO DO TÓPICO 2

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AUTOATIVIDADE

1 Quais os tipos de obesidade, descreva-as.

2 Como se calcula o Índice de Massa Corpórea?

3 Defina flacidez muscular e flacidez cutânea.

4 Quais as quatro evidências clínicas observadas no FEG?

5 O que é um queloide? Especifique.

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