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PRÉ-MODERNISMO
(1902 – 1922)
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
◼ Denúncia da realidade brasileira
◼ Tipos humanos marginalizados
◼ Regionalismo
◼ Preocupação com problemas sociais, políticos
e econômicos contemporâneos aos autores
◼ Tendência de uma linguagem coloquial
PRINCIPAIS
ESCRITORES
EUCLIDES DA CUNHA
◼ Autor de Os sertões – 1902 - (obra dividida
em três partes: “A terra”, “O homem” e “A
luta”)
◼ Obra documental (Guerra de Canudos), de
ficção e científica (influências deterministas)
◼ Canudos abalou os sistemas latifundiário (oligárquico) e católico do Brasil do final do século XIX e início do século XX.
◼ Canudos foi considerada, preconceituosamente, um foco monarquista e um reduto de fanáticos religiosos, liderados pelo beato Antônio Conselheiro.
Texto I
Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua. Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras francas. Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante . . .
Texto II
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. [...]
Este contraste impõe-se ao mais leve exame.
Revela-se a todo o momento, em todos os
pormenores da vida sertaneja -- caracterizado
sempre pela intercadência impressionadora
entre extremos impulsos e apatias longas.
Texto III
Decididamente era indispensável que a campanha de canudos tivesse objetivo superior à função estúpida e bem pouco gloriosa de destruir um povoado dos sertões. Havia um inimigo mais sério a combater, em guerra mais demorada e digna. Toda aquela campanha seria um crime inútil e bárbaro, se não se aproveitassem os caminhos abertos à artilharia para uma propaganda tenaz, contínua e persistente, visando trazer para o nosso tempo e incorporar à nossa existência aqueles rudes compatriotas retardatários. [...]
Canudos não se rendeu.
Fechemos este livro.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a
história, resistiu até ao esgotamento completo.
Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do
termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os
seus últimos defensores, que todos morreram. Eram
quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma
criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil
soldados.
LIMA BARRETO
◼ Contos e romances autobiográficos (alter-egos)
◼ Personagens colocadas em contrapontos
◼ Narra o subúrbio do RJ
◼ Denuncia a hipocrisia, preconceitos, discriminações, burocracias etc. presentes em nosso país
◼ Considerado pela crítica de sua época como um autor desleixado em sua linguagem.
• Ficou famoso após a publicação de Triste fim
de Policarpo Quaresma;
• Posiciona-se contra o Parnasianismo e a
cultura erudita que vigorava no país.
MONTEIRO LOBATO
◼ Apesar de ser mais conhecido como escritor infanto-juvenil, ele escreveu três livros de contos adultos: Urupês, Cidades Mortas e Negrinha.
◼ Nacionalista
◼ Responsável indireto pela realização da Semana de Arte Moderna
◼ Denuncia a oligarquia café com leite.
Um homem de consciência
Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e
modesto dos homens. Honestíssimo e
lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o
mínimo valor a si próprio. Para joão Teodoro,
a coisa de menos importância no mundo era
João Teodoro.
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.
Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o deperecimento visível de sua Itaoca.- Isto foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons - agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...
João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar-se, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.
- É isso, deliberou lá por dentro. Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.
Um dia aconteceu a grande novidade: a
nomeação de João Teodoro para delegado.
Nosso homem recebeu a notícia como se fosse
uma porretada no crânio. Delegado, ele! Ele
que não era nada, nunca fora nada, não queria
ser nada, não se julgava capaz de nada...
Ser delegado numa cidadinha daquelas é coisa
seríssima. Não há cargo mais importante. É o
homem que prende os outros, que solta, que
manda dar sovas, que vai à capital falar com o
governo. Uma coisa colossal ser delegado - e
estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de
Itaoca! ...
João Teodoro caiu em meditação profunda.
Passou a noite em claro, pensando e
arrumando as malas. Pela madrugada botou-as
num burro, montou num cavalo magro e
partiu.
- Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?
- Vou-me embora, respondeu o retirante. Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.
- Mas , como? Agora que você está delegado?
- Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado, eu não moro. Adeus.
E sumiu.
AUGUSTO DOS ANJOS
◼ Escreveu e publicou apenas uma obra, Eu (1911)
◼ Seus poemas são considerados à frente de seu tempo. Seus versos utilizam-se de palavras de baixo calão, termos científicos e, portanto, antipoéticos para a época.
◼ Em um mesmo plano poético encontramos heranças parnasiana, simbolista, realista e naturalista – poema eclético.
◼ Precursor do Expressionismo no Brasil.