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    Ana Teresa Pais Correia

    Nutracuticos para aplicao cosmtica

    Universidade Fernando Pessoa

    Faculdade de Cincias da Sade

    Porto, 2012

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    Ana Teresa Pais Correia

    Nutracuticos para aplicao cosmtica

    Universidade Fernando Pessoa

    Faculdade de Cincias da Sade

    Porto, 2012

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    Ana Teresa Pais Correia

    Nutracuticos para aplicao cosmtica

    Atesto a originalidade do trabalho,

    Ass.:

    (Ana Teresa Pais Correia)

    Trabalho apresentado Universidade Fernando

    Pessoa como parte dos requisitos para obteno

    do grau de Mestre em Cincias Farmacuticas,sob a orientao da Professora Doutora RitaOliveira.

    Porto, 2012

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    Sumrio

    O mercado de cosmticos est em franca expanso prevendo-se que este segmento demercado continue atractivo com o lanamento de novos produtos em velocidadeacelerada. Nos ltimos anos foram surgindo novos conceitos como o caso denutracuticos, cosmecuticos e mais recentemente, os nutricosmticos. A presente pesquisa teve como objectivo explorar os nutracuticos para aplicao cosmtica, ouseja, os nutricosmticos. Estes derivam da combinao do conceito de alimento,frmaco e cosmtico e so apresentados como a ltima tendncia da indstria da beleza.So conhecidos como "plulas da beleza" e implicam a promoo da beleza atravs deum corpo saudvel. Estes produtos so tomados por via oral, quer na forma decomprimidos ou lquidos e possuem ingredientes activos que oferecem uma ligaovital entre a sade e as propriedades cosmticas de ingredientes nutricionais. Os benefcios atribudos a estes compostos incluem reduo do envelhecimento cutneo,fortalecimento das faneras e reduo da adiposidade. Atravs desta pesquisa verifica-seque a comunidade cientfica tem movido grandes esforos para relatar os potenciais benefcios de alguns compostos presentes nestas novas formulaes, apesar de sernecessria muito mais informao nesta rea.

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    Summary

    The cosmetics market is booming and is expected to continue very attractive, with thelaunch of new products at an accelerated speed. In recent years, new concepts haveemerged such as nutraceutical, cosmeceutical and more recently, nutricosmetics. Thisresearch work aimed to explore the current use of nutraceuticals for cosmeticapplication, meaning nutricosmetics. This concept derives from the combination of theterms food, drug and cosmetic use, and is displayed as the latest trend in the beautyindustry. They are known as "beauty pills" and involve promoting beauty through ahealthy body. These products are taken orally, either in liquid or tablet form, and haveactive ingredients that provide a vital link between the health and cosmetic properties ofnutritional ingredients. The benefits attributed to these compounds include reduction ofskin aging, strengthening of appendages and reduced adiposity. The data gathered inthis research shows that the scientific community has done a great amount of work todescribe the potential benefits of some compounds present in these new formulations,although more information in this area is still needed.

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    Agradecimentos

    Professora Doutora Rita Oliveira, no papel de Orientadora da presente dissertao,manifesto a minha mais sincera gratido por todo o apoio prestado, conhecimentos partilhados e empenho demonstrado.

    Aos meus pais a quem devo todo o meu percurso acadmico e tornaram este sonho possvel.

    Ao meu irmo, agradeo a amizade sempre presente e o apoio incondicional.

    Ao Diogo, agradeo o carinho infindvel que disponibilizou desde sempre, em todos osmomentos, e a compreenso manifestada.

    A todos os meus amigos e restantes familiares pela compreenso e pacincia quetiveram nesta etapa final.

    A todos o meu sincero agradecimento.

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    ndice

    Sumrio i

    Summary ii

    Agradecimentos iii

    ndice de figuras vi

    ndice de tabelas vii

    Lista de abreviaturas viii

    I. Introduo 1

    1. Cosmecuticos e Nutracuticos - aspectos globais 4

    2. Nutricosmticos - aspectos globais 7

    II. Desenvolvimento 8

    1. Nutricosmticos e a pele 8

    1.1. Fisiologia da pele e envelhecimento cutneo 8

    1.2. Nutricosmticos - diferentes aplicaes 12

    1.3. Estudos cientficos sobre os efeitos dos nutricosmticosna pele

    14

    1.3.1. Carotenides 15

    1.3.2. Polifenis 23

    i. Extracto de ch verde 27

    ii. Extracto de Polypodium Leucotomos 28

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    iii. Extracto de rom ( Punica Granatum) 30

    iv. Extracto da casca de pinho martimo ( Pinus Pinaster)

    31

    v. Isoflavonas 33

    1.3.3. Lpidos 34

    i. leo de borragem e leo de linhaa 34

    ii. leo de linhaa e leo de semente de girassol 35

    iii. leo de prmula 36

    1.3.4. Polissacardeos de cartilagem de peixe 36

    2. Nutricosmticos e cabelo 38

    3. Nutricosmticos e peso 40

    4. Nutricosmticos comercializados no mercado Portugus 44

    4.1. Suplementos anti-envelhecimento e solares 44

    4.2. Suplementos emagrecimento 45

    4.3. Suplementos capilares 46

    III. Concluso 47

    IV. Bibliografia 49

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    ndice de figuras

    Figura 1. Mercado global de cosmticos.1

    Figura 2. Mercado global de produtos para os cuidados pessoais. 2

    Figura 3. Perspectivas do mercado de cosmecuticos at 2017. 4

    Figura 4. Artigos de pesquisa sobre nutracuticos e alimentos funcionais publicados entre 1989-2009.

    5

    Figura 5. Principais camadas da pele: epiderme e derme. 8

    Figura 6. Estruturas qumicas dos principais carotenides. 16

    Figura 7. Estruturas qumicas dos principais grupos de polifenis. 23

    Figura 8. Estruturas qumicas dos flavonides. 25

    Figura 9. Grupos de tratamento e frmulas usadas para avaliar os efeitos do

    extracto de rom.

    30

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    ndice de tabelas

    Tabela 1. Matrias-primas e aces cosmticas comprovadas cientificamente.13

    Tabela 2. Classes de compostos e fontes utilizadas em estudos clnicos,apresentando benefcios cosmticos.

    15

    Tabela 3. Grupos teste e concentraes, oral e tpica, da lutena e zeaxantina. 20

    Tabela 4. Principais classes de flavonides e as suas fontes. 26

    Tabela 5. Constituintes da bebida enriquecida com extracto de ch verde(grupo teste) e da bebida controlo.

    27

    Tabela 6. Resultados sobre parmetros cutneos aps consumir a bebidaenriquecida com extracto de ch verde ou a bebida controlo.

    28

    Tabela 7. Resultados da intensidade da pigmentao e da rea do melasma,aps 30 dias de tratamento com picnogenol.

    32

    Tabela 8. Descrio de alguns compostos existentes em suplementos usados para perda de peso e mecanismo de aco.

    41

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    Lista de Abreviaturas

    ADN.cido desoxirribonucleico

    C. Bebida controlo

    CD. Deleco Comum

    ch-OSA.cido ortosilcico estabilizado por colina

    CLA. cido linoleico conjugado

    DEM. Dose eritematosa mnima

    FDA. U.S. Food and Drug Administration

    GAGs. Glicosaminoglicanos

    GT. bebida enriquecida com extracto de ch verde

    HO-1. Heme oxigenase-1

    INFARMED. Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Sade I.P.

    PL. Polypodium Leucotomos

    ROS. Espcies reactivas de oxignio

    TEWL. Perda de gua transepidrmica

    UV. Ultravioleta

    UVA. Ultravioleta A

    UVB. Ultravioleta B

    UVC. Ultravioleta C

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    I. Introduo

    Na sociedade ocidental existe uma preocupao crescente com a imagem corporal.

    Neste contexto, a indstria de cosmticos e produtos de higiene pessoal assume um papel cada vez mais preponderante. Dados de 2010, mostram que o consumo per capitade produtos cosmticos na Europa de 90 euros em comparao com 11 euros nos pases emergentes (Statista, 2012).

    O mercado Europeu de cosmticos representou em 2010 um valor total de 67 bilies deeuros, mais do que o mercado Americano e Japons combinados. (figura 1).

    Figura 1. Mercado global de cosmticos (adaptado de Colipa Annual Report, 2010).

    Dentro deste mercado, o tipo de oferta est a tomar novas formas, com o objectivo de promover benefcios na sade, como por exemplo nutricionais, para alm dos efeitoscosmticos. De facto, nos ltimos anos, a fronteira entre a indstria alimentar, cosmticae farmacutica tem-se vindo a atenuar. Assim, novos conceitos tm surgido, como oscosmecuticos, nutracuticos e mais recentemente nutricosmticos, personificando oconceito de "beleza de dentro para fora". Deste modo, est assim aberto o espao paracolaborao de profissionais de vrias reas nesta indstria.

    E.U.A.

    EU - 27

    Japo

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    McFarland (2011), mostra que o facturamento do mercado global de produtos para os cuidados pessoais de 344 bilies de dlares, verificando-se que uma partesubstancial desse montante foi gasto nas 3 classes descritas anteriormente (figura 2).

    Nutricosmticos

    Suplementos alimentares que promovem a "Beleza" e/oufornecem benefcios a nvel dehigiene e cuidados pessoais.

    2.4 bilies

    Cosmticos e Produtos deHigiene Pessoal

    Produtos que promovem a"Beleza" e /ou benefcios a nvel dehigiene e cuidados pessoais.

    260 bilies

    Nutracuticos

    Suplementos alimentares quefornecem benefcios nutricionaise/ou para a sade.

    70 bilies

    Cosmecuticos

    Produtos cosmticos que fornecem benefcios nutricionais e/ou para asade.

    12 bilies

    Figura 2. Mercado global de produtos para os cuidados pessoais (adaptado deMcFarland, 2011).

    A nvel interno A nvel externo

    B e n e f

    c i o s p a r a

    o c o n s u m

    i d o r

    A n v e

    l i n t e r n o

    A n v e

    l e x t e r n o

    Nvel de actuao dos ingredientes activos

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    Com a elevada procura destes produtos, compreende-se que se trata de um mercadoaltamente dinmico, com lanamentos de novos produtos a velocidade acelerada. Noentanto, existe evidncia escassa que comprove os efeitos aventados. A falta deevidncia sobre os seus efeitos, associado interpenetrao entre diferentes conceitos ereas que constitui a natureza destes produtos, dificulta a sua aceitao e classificao junto dos organismos regulatrios. De facto, em Portugal, a Autoridade Nacional doMedicamento e Produtos de Sade I.P. (INFARMED) no classifica ou regista nenhum produto como nutricosmtico (Neves, 2009).

    Neste contexto, a rea dos nutracuticos para aplicao cosmtica, vulgo"Nutricosmtico", foi a escolhida para tema desta dissertao, considerando a elevada

    demanda destes produtos na sociedade actual e ausncia de adequada informao sobreestes, mesmo junto da comunidade farmacutica.

    Para se compreender toda a gama de produtos oferecidos nesta nova indstria, antes dese explorar a rea dos nutricosmticos, julga-se necessria uma breve discusso dostermos cosmecutico e nutracutico.

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    1. Cosmecuticos e Nutracuticos - aspectos globais

    Albert Kligman (1984), introduziu o termo cosmecutico no"National Scientific Meeting of the Society of Cosmetic Chemists" indicando que um cosmecutico algo

    entre um cosmtico e um frmaco; algo mais que uma substncia para embelezar emenos que um frmaco com efeito teraputico (Kligman, 2005).

    A US Food and Drug Administration (FDA), em 2012, no reconhece o termocosmecutico -" um produto pode ser um frmaco, um cosmtico ou a combinao deambos, mas o termo Cosmecutico no tem qualquer significado perante a lei" .

    No entanto, o mercado de cosmecuticos, a nvel de produtos para o cabelo e para a

    pele, est em franca expanso, como demonstrado na figura 3 (Fredic et al., 2011).

    Figura 3. Perspectivas do mercado de cosmecuticos at 2017 (adaptado de Fredic etal., 2011).

    Alguns cosmecuticos mais populares incluem os hidratantes, retinides, antioxidantes,agentes despigmentantes e esfoliantes (Rivers, 2008).

    O termo nutracutico foi definido por Stephen L. Defelice (1995) como um alimento ou partes de alimento que fornecem benefcios mdicos ou para a sade, incluindo a

    Cuidados da pele

    Cuidados do cabelo M i l h e s

    d e d l a r e s

    Ano

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    preveno e/ou tratamento de doenas. Tais produtos podem variar entre nutrientesisolados, suplementos dietticos e dietas, a alimentos geneticamente modificados, produtos base de plantas e alimentos processados tais como cereais, sopas e bebidas(Defelice, 1995).

    Nos ltimos anos, vrios estudos foram levados a cabo a fim de relatar os potenciais benefcios de alguns compostos (figura 4).

    Figura 4. Artigos de pesquisa sobre nutracuticos e alimentos funcionais publicadosentre 1989-2009 (adaptado de Bernal et al., 2011).

    Lpidos com potenciais benefcios para a sade foram identificados em diversas fontesnaturais, tais como: cereais, frutos, plantas e cogumelos. Os cidos gordos so

    essenciais para a sade e possuem muitos efeitos benficos incluindo a preveno dedoenas cardacas, inflamao, doenas auto-imunes, hipertenso, hipotrigliceridemia,entre outros (Bernal et al., 2011).

    Os esteris, principalmente os fitoesteris, que se encontram em vrias classes de leosvegetais (azeite e girassol, entre outros), so um importante grupo, tendo sidodemonstrado em ensaios clnicos que reduzem a absoro intestinal de colesterol,diminuindo o nvel de colesterol plasmtico associado com lipoprotenas de baixa

    Ano

    A r t

    i g o s

    d e p e s q u i s a

    Alimentos funcionais Nutracuticos

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    densidade. Outros estudos mostram ainda que estes possuem propriedades anti-cancergenas, anti-inflamatrias e anti-trombticas (Bernal et al., 2011).

    Os terpenos ou isoprenides, nomeadamente o esqualeno, uma substncia que

    utilizada na dieta mediterrnica e que tem sido estudada, uma vez que pode ser umasubstncia com caractersticas anti-cancergenas (Bernal et al., 2011).

    Alm destas substncias, tambm os triacilgliceris tm sido estudados como potenciaisanti-microbianos; os esfingolpidos com potencial efeito teraputico nas doenasneurodegenerativas; os carotenides como potenciais compostos antioxidantes eactividade preventiva de vrias doenas degenerativas e cancergenas (Bernal et al.,2011).

    Neste segmento, surgiram os nutracuticos para aplicao cosmtica, osnutricosmticos. Estes produtos correspondem ao foco principal deste trabalho,descritos pormenorizadamente em seguida.

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    2. Nutricosmticos - aspectos globais

    O termo nutricosmtico deriva da combinao do conceito de alimento, frmaco ecosmtico (Grammenou, 2008), sendo apresentado como a ltima tendncia da indstria

    da beleza, caracterizados pela ingesto de alimentos ou suplementos com o propsito demelhorar aspectos estticos e tambm a sade.

    O interesse em nutricosmticos comeou a crescer ao lado do interesse em produtosfuncionais, levando adio de novos produtos que sejam complementares tradicionalindstria da beleza (Grammenou, 2008). Trata-se de uma tendncia que est a ganhar popularidade em todo o mundo devido ao desejo crescente dos consumidores irem maisalm em relao s solues convencionais de beleza. A combinao de factores como,as presses ambientais e sociais e o surgimento da "cultura do corpo", associadas aoenvelhecimento da populao e maior educao para a sade, so susceptveis deconduzir a uma acelerao ainda maior deste ritmo (King, 2011).

    Actualmente, a indstria farmacutica conjuntamente com a alimentar e a de cosmticosesto a enfrentar o desafio de compreender as necessidades dos consumidores maiscomplexos e assim, os nutricosmticos esto a fornecer uma soluo (King, 2011).

    O conceito de nutricosmtico implica a promoo da beleza atravs de um corposaudvel. Estes produtos so tomados por via oral, quer na forma de comprimidos oulquidos. Estes tm ingredientes activos, que oferecem uma ligao vital entre a sade eas propriedades cosmticas de ingredientes nutricionais. Os principais ingredientesutilizados actualmente em nutricosmticos so: as isoflavonas de soja, lutena, licopeno,vitaminas (A, B6, E), cidos gordos mega-3,-caroteno, steres de esteris;condroitina e coenzima Q10. Os benefcios atribudos a estes compostos incluemreduo do envelhecimento cutneo, fortalecimento das faneras e reduo daadiposidade (Frost & Sullivan, 2007).

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    II. Desenvolvimento

    1. Nutricosmticos e a pele

    1.1. Fisiologia da pele e envelhecimento cutneo

    A pele o maior rgo do corpo humano, formando uma fronteira anatmica,fisiologicamente especializada entre o meio interno e externo, essencial vida. A barreira que cria entre o meio interno e o meio externo permite-lhe proteger o corpo dasagresses externas e influenciar a regulao corporal, assumindo tambm funessensoriais, imunolgicas e bioqumicas (Junqueira et al., 2004; Boelsma et al., 2003).

    Como qualquer outro tecido corporal, a pele tem necessidades nutricionais especficasde forma a garantir uma formao, desenvolvimento e regenerao adequados, assimcomo uma correcta realizao das suas funes biolgicas (Junqueira et al., 2004).

    A pele constituda por uma poro epitelial de origem ectodrmica, a epiderme, e uma poro conjuntiva de origem mesodrmica, a derme (figura 5). Abaixo e em

    continuidade com a derme, encontra-se a hipoderme (Junqueira et al., 2004).

    Figura 5. Principais camadas da pele: epiderme e derme (adaptado de:http://betaneamartins.com.br/?procedures=estrutura-da-pele).

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    A epiderme constituda por epitlio estratificado pavimentoso queratinizado. Existem4 tipos de clulas na epiderme: queratincitos, melancitos, clulas de Langerhans eclulas de Merkel, sendo as mais abundantes os queratincitos. De acordo com o graude maturao dos queratincitos, a epiderme pode ser dividida em 5 camadas: camada basal, espinhosa, granulosa, lcida e crnea. A camada basal a mais profunda,encontrando-se sobre a membrana basal que separa a derme da epiderme. nestacamada e na parte mais profunda da camada espinhosa, que ocorre a formao dequeratincitos. Estes, continuam a sua maturao ao longo das camadas seguintes. Nacamada crnea, os queratincitos no so mais do que clulas mortas, achatadas, semncleo e com o citoplasma repleto de queratina (Junqueira et al., 2004).

    Relativamente aos melancitos, estes encontram-se localizados na camada basal dosqueratincitos, em contacto com a membrana basal. Estes sintetizam um pigmento, amelanina. Os grnulos de melanina formados so posteriormente injectados nocitoplasma dos queratincitos, que a armazenam. A melanina a grande responsvel pela cor da pele e minimiza os danos teciduais causados pela radiao ultravioleta (UV)(Junqueira et al., 2004; Stevens et al., 1999).

    A derme, constituda por tecido conjuntivo, a camada onde se apoia a epiderme e unea pele hipoderme. Esta constituda por duas camadas de limites pouco distintos: a papilar e a reticular. A camada papilar a mais superficial e apresenta uma organizaoirregular com menos fibras de colagnio e elastina que a camada reticular. As papilasdrmicas encontram-se nesta camada e tm como objectivo aumentar a superfcie decontacto entre a derme e a epiderme, reforando a sua ligao. A camada reticular,forma o grosso da derme e composta por bandas largas de colagnio intercaladas comas longas fibras de elastina. Na derme, esto ainda presentes vrias estruturas derivadas

    da epiderme, como o caso dos folculos pilosos e das glndulas sebceas e salivares(Junqueira et al., 2004; Stevens et al., 1999).

    Internamente derme, encontra-se a hipoderme que, embora no faa parte da pele, fundamental na unio da derme aos rgos adjacentes (Junqueira et al., 2004; Stevens etal., 1999).

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    Mas para alm das suas funes biolgicas, a pele tem ainda um papel fundamental naaparncia fsica, estando associada percepo da idade e da beleza dos indivduos(Boelsma et al., 2003). Esta, expressa de forma visvel a aco do tempo e por ele transformada. Trata-se ento, do envelhecimento intrnseco ou cronolgico. No entanto,h, ainda, o envelhecimento extrnseco ou fotoenvelhecimento, decorrente da exposioa factores ambientais (Pereira et al., 2008).

    O envelhecimento implica alteraes a nvel celular, com diminuio da capacidade dosrgos de executar as suas funes normais (Yaar et al., 2002).

    Com o passar do tempo, ocorrem alteraes moleculares que desencadeiam alteraesorgnicas e, em ltima anlise, levam ao envelhecimento (Meyner et al., 1989).Acredita-se que o marcador do envelhecimento intrnseco seja o comprimento dostelmeros (Buckingham et al., 2011). Telmeros so sequncias de repetiesnucleopeptdicas que se encontram no final dos cromossomas (Meyner et al., 1989).Estes diminuem de tamanho a cada diviso celular, o que pode eventualmente promovera senescncia ou apoptose celular (Buckingham et al., 2011). Outra teoria a teoria dosradicais livres que prope que o envelhecimento cutneo, intrnseco e extrnseco, derivada acumulao de danos oxidativos ao longo da vida resultando do excesso de espciesreactivas de oxignio (ROS), que provm do metabolismo aerbio (Hensley et al.,2002).

    Ambos os processos de envelhecimento cutneo esto ligados ao aumento do stressoxidativo. O dano oxidativo representa um papel principal no envelhecimento celular(Beckman et al., 1998).

    O envelhecimento cutneo, assim como o do organismo, tambm fruto dessasalteraes biomoleculares. O dano das fibras de colagnio est intimamente associadonesse contexto. Os fibroblastos so responsveis pelo metabolismo do colagnio, umimportante componente da matriz extracelular. Com a idade, ocorre uma desorganizaono metabolismo do colagnio, reduzindo assim a sua produo e aumentando a suadegradao (Widmer et al., 2006).

    A exposio solar, devido radiao UV, por sua vez, intensifica o envelhecimento

    cutneo, o chamado fotoenvelhecimento.

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    O termo "fotoenvelhecimento" foi pela primeira vez abordado em 1986 por AlbertKligman e descreve os efeitos cutneos da exposio constante radiao UV (Kligmanet al., 1986).

    A radiao UV penetra na pele e, de acordo com o comprimento de onda, interage comas diferentes clulas nas diferentes camadas. A radiao ultravioleta B (UVB) (290-320nm) a mais absorvida pela epiderme e afecta principalmente os queratincitos,enquanto a radiao ultravioleta A (UVA) (320-400 nm) penetra de modo mais profundo e atinge os queratincitos na epiderme e os fibroblastos da derme (Krutmann,2001). A radiao ultravioleta C (UVC) (200-280 nm) apresenta um comprimento deonda altamente energtico e mutagnica. Pode penetrar na pele cerca de 60 a 80

    micrmetros e danificar as molculas do cido desoxirribonucleico (ADN). Felizmente,a radiao UVC amplamente absorvida pela camada de ozono presente na atmosfera(Nichols et al., 2010).

    Os sinais clnicos de fotoenvelhecimento incluem secura, pigmentao irregular, atrofia, presena de telangiectasias e leses pr-malignas (Kligman et al., 2010).

    As alteraes histolgicas provocadas pelo fotoenvelhecimento so inmeras. Na

    epiderme, nota-se o estreitamento da camada espinhosa e o achatamento da junodermoepidrmica (Nichols et al., 2010). Os queratincitos envelhecidos, por sua vez,tornam-se resistentes apoptose, ficando susceptveis s mutaes no ADN, processoimplicado na carcinognese. O nmero de melancitos tambm se reduz. Isso favoreceo surgimento de eflides, hipomelanose gotada, lentigos e nevos. As clulas deLangerhans tambm decrescem em nmero com a idade, resultando numa perda dacapacidade antignica (Wulf et al., 2004).

    O efeito imediato da exposio solar inclui a hiperpigmentao cutnea retardando aformao de nova melanina, sendo estas reaces reversveis. A exposio solar prolongada e recorrente implica alteraes definitivas na quantidade e distribuio demelanina na pele. A deposio de material amorfo na derme papilar, no lugar de tecidoconjuntivo, o principal elemento na diferenciao de envelhecimento cronolgico efotoenvelhecimento (Landau, 2007).

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    Indiscutivelmente, o mtodo mais efectivo para prevenir o fotoenvelhecimento evitar aexposio directa aos raios UV, usar filtros solares e usar barreiras fsicas como, chapue vesturios adequados. No entanto, j existem estudos que provam que uma boasuplementao oral com algumas substncias podem modelar o status da pele e preveniros efeitos danosos da radiao UV.

    1.2. Nutricosmticos - diferentes aplicaes

    O funcionamento e aparncia da pele so afectados por factores endgenos eambientais. Por um lado, a pele susceptvel predisposio gentica, ao estadoimunolgico, hormonal, nutricional e ao stress. Por outro lado, encontra-se exposta anumerosos factores ambientais, como a radiao UV, radicais livres, compostos txicose alergnios. Todos estes factores levam a um envelhecimento da pele (Junqueira et al.,2004; Boelsma et al., 2003).

    Existem vrios tratamentos disponveis para tratar a pele envelhecida. No entanto, a preveno do envelhecimento extrnseco permanece a melhor abordagem e deve serincentivada populao em geral. Naturalmente, isto implica evitar a exposio ao sol,

    usar um filtro solar, ter uma dieta rica em frutas e vegetais e fazer um uso regular desuplementos antioxidantes orais ou formulaes tpicas (Baumann, 2007).

    Em 2008, Rona et al., constatam que a indstria de cosmticos alm dos tratamentostpicos usuais para o tratamento da pele, esto a associar tratamentos orais. Estaassociao para o tratamento da pele baseada no efeito sinrgico das substnciasaplicadas localmente, onde o problema ocorre, e outras que actuam a nvel internocorrigindo e restaurando danos celulares ou para apoiar os sistemas endgenos de defesanatural. A pele necessita de nutrientes e metabolitos que um produto tpico no podefornecer por si s (Rona et al., 2008).

    Estudos recentes tm mostrado que a associao de uma boa nutrio, o uso desuplementos nutricionais e cosmticos, ou seja, nutricosmticos, so uma boa soluo para a melhoria da aparncia da pele.

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    Muitas tentativas tm sido feitas para melhorar a sade da pele e beleza,complementando o uso de cosmticos com a nutrio e o uso de suplementos

    nutricionais (Draelos, 2010).

    Estudos cientficos envolvendo componentes nutracuticos com o propsito de auxiliarna beleza, ou seja, na aparncia fsica, tm surgido de modo crescente. (tabela 1).

    Tabela 1. Matrias-primas e aces cosmticas comprovadas cientificamente.

    Matrias-primas Aco Cosmtica Referncialeo de Borragem Melhora da hidratao, reduo da

    perda de gua transepidrmica (TEWL)em pacientes idosos

    Brosche et al., 2000

    Picnogenol Reduo da rea do melasma e daintensidade da pigmentao da pele

    Ni et al., 2002

    Nicotinamida, zinco, cidoflico e cobre

    Melhoram o quadro da acne vulgaris eroscea

    Niren et al., 2006

    Licopeno, lutena, -caroteno, -tocoferol e

    selnio

    Melhoram a densidade, espessura,rugosidade e descamao cutnea

    Heinrich et al.,2006a

    Extracto de rom rico emcido elgico

    Efeito inibitrio na pigmentaoinduzida pela radiao UV

    Kasai et al., 2006

    Polifenis do cacauContribuem para a fotoprotecoendgena, melhoram a circulaosangunea da pele e a hidratao

    Heinrich et al.,2006b

    LutenaMelhora a proteco contra a

    pigmentao induzida por radiao UVPalombo et al.,

    2007; Stahl et al.,2002

    Antioxidantes, minerais eglicosaminoglicanos (GAGs)

    Melhoram a rugosidade da pele e rugasfinas

    Udompataikul et al.,2009

    AstaxantinaImpede o fotoenvelhecimento associado radiao UVA, bem como a flacidez

    ou enrugamento da peleSuganuma et al.,

    2010

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    1.3. Estudos cientficos sobre os efeitos dos nutricosmticos na pele

    A fotoproteco convencional envolve a aplicao tpica de cremes e loes. Estescontm molculas ou complexos moleculares que actuam por absoro, reflexo ou

    disperso dos raios UV (Gonzlez et al., 2008).

    Porm, actualmente, surge o novo conceito de nutricosmticos e a nvel da protecosolar j existem evidncias cientficas de que alguns compostos permitem evitar osdanos cutneos oxidativos provocados pelo sol. A maioria deles possuem actividadeantioxidante, o que permite restabelecer a capacidade antioxidante normal do organismoaps a perda de antioxidantes endgenos durante a exposio UV (Gonzlez et al.,2008).

    Assim, os nutricosmticos que exibem um importante papel no combate aos efeitosmalficos gerados pela radiao UV so tambm conhecidos como fotoprotectoresendgenos. Os mais bem conhecidos so os carotenides. Outros compostos, como osflavonides e algumas vitaminas antioxidantes, podem tambm exibir actividadefotoprotectora endgena e por isso, sero abordados neste tpico.

    A tabela que se segue (tabela 2) destaca as principais classes de compostos ou matrias- primas que apresentam estudos cientficos que suportam o seu benefcio cosmtico eque sero discutidas a seguir.

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    Tabela 2. Classes de compostos e fontes utilizadas em estudos clnicos apresentando benefcios cosmticos.

    Classes de compostos /Matrias-primas Fontes

    Carotenides -caroteno, lutena, licopeno e astaxantina isolados emcpsulas

    Polifenis

    - extracto de Pinus pinaster - extracto deVitis Vinifera - extracto de Punica Granatum- cacau em p- extracto de Polypodium Leucotomos

    Isoflavonas Isoflavonas de soja isoladas em cpsulas

    Lpidos- leo de peixe- leo de prmula- leo de borragem

    Protenas e hidratos decarbono

    Cartilagem de peixe

    1.3.1. Carotenides

    O nome "carotenides" derivado do nome cientfico da cenoura - Daucus Carote ,reconhecido por Wackenroda em 1981 como a primeira fonte de caroteno (Goodwin,1952).

    Os carotenides so pigmentos amplamente distribudos na natureza e so responsveis pela colorao que varia entre o amarelo e o vermelho de frutas, hortalias, razes eflores. So compostos lipossolveis, moderadamente estveis ao calor. So substnciasqumicas responsveis no s pela definio da cor dos produtos, mas tambm

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    nutricionalmente desempenham funes importantes como a de antioxidante, prevenindo os danos causados pela radiao UV, e a formao de catarata e adegenerao macular (cit. in Arajo et al., 2009).

    At ao momento, os cientistas j identificaram mais de 600 carotenides, sendo os maiscomuns o -caroteno, licopeno, lutena, zeaxantina e beta-criptoxantina (figura 6).

    Figura 6. Estruturas qumicas dos principais carotenides (Wojcik et al., 2010).

    Entre estes, o -caroteno, o principal precursor da vitamina A, tem sido,extensivamente, o mais estudado at data e tem sido proposto como um protector solaroral. Tal proteco atribuda actividade antioxidante incluindo a capacidade de

    eliminar ROS geradas nos processos foto-oxidativos. O factor crucial para a actividadeantioxidante o sistema de ligaes duplas conjugadas na cadeia do carotenide (Stahlet al., 2006).

    O mecanismo de aco exacto exercido pelos carotenides capaz de prevenir os danosoxidativos causados pela radiao UV no est completamente estudado. No entanto,como a radiao UV responsvel pela formao de ROS, tem sido proposto que a

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    fotoproteco seja devida sua actividade antioxidante que j conhecida (Kpcke etal., 2008).

    Os carotenides esto entre os mais efectivos supressores de oxignio singleto (1O2).

    Essa desactivao ocorre por via qumica e fsica, sendo a via fsica predominante (Stahlet al., 2000). A via fsica envolve a transferncia de energia de excitao do oxigniosingleto para o carotenide resultando em um estado estvel do oxignio. Seguidamentea energia do carotenide dissipada no meio para produzir energia trmica. Neste processo, o carotenide permanece estvel, podendo inactivar outro oxignio singleto,ou seja, o carotenide age quase como um catalisador (Stahl et al., 2003; Di Mascio etal., 1989).

    O -caroteno bem como outros carotenides tambm interagem com radicais peroxilo,inibindo a peroxidao lipdica e, consequentemente, interrompendo a sequncia dereaces que acarreta em danos nos compartimentos lipoflicos (Stahl et al., 2000).

    Os carotenides podem actuar como pr-oxidantesin vitro , dependendo das condiesexperimentais (Palozza et al., 2003; Young et al., 2001).

    Gollnick et al., (1996) publicaram um dos primeiros estudos que relatam a funofotoprotectora do - caroteno. O estudo, controlado por placebo, realizou-se durante 10semanas, onde 20 jovens estudantes do sexo feminino receberam diariamente 30 mg de-caroteno e ao fim desse tempo, associou-se a exposio solar natural por mais 13 dias.Os resultados mostraram que aps as 10 semanas, o desenvolvimento de eritema nogrupo que recebeu o suplemento de-caroteno, foi muito menos pronunciado do que no

    grupo placebo. Outro resultado importante foi que, no grupo placebo as concentraessricas de-caroteno, durante a exposio solar, decresceram at concentraes sub-fisiolgicas, ou seja, abaixo dos valores de referncia. Assim, Gollnick et al. concluramque a suplementao de-caroteno, em doses moderadas, antes e durante a exposiosolar, fornece uma proteco contra a queimadura solar. Isto deve-se possivelmente capacidade de absoro aumentada da pele ou porque a concentrao de-caroteno na pele no diminui para concentraes consideradas criticas. Este estudo tambm

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    demonstrou que a combinao de fotoproteco sistmica e tpica oferece um efeitosinrgico.

    O efeito sinrgico da combinao do-caroteno e outros antioxidantes foi investigado

    em 1998 por Postaire et al., (1997). Neste estudo, 10 voluntrios receberam diariamente,durante 8 semanas, um suplemento contendo 13 mg de-caroteno, 2 mg de licopeno, 5mg de tocoferol e 30 mg de cido ascrbico. Em paralelo, 10 voluntrios ingeriram umsuplemento contendo apenas 3 mg de-caroteno e 3 mg de licopeno. No grupo querecebeu uma maior dose de-caroteno, houve um aumento da colorao amarela da pele, diferentemente do grupo que recebeu a dose menor, que no apresentou mudanasna cor da pele. Assim, os investigadores concluram que a concentrao de-caroteno

    na pele, no grupo que recebeu maior dose (13 mg), aumentou aps 8 semanas desuplementao e que a concentrao de melanina tambm aumentou, aps apenas 4semanas de suplementao, em ambos os grupos. Apesar da capacidade defotoproteco dos carotenides no ter sido alvo de avaliao neste estudo, os autoressugerem que os carotenides podem ter efeito fotoprotector pois estes estimulam amelanognese.

    Um aumento da colorao amarela da pele tambm foi demonstrado em outro estudo,onde 12 indivduos foram sujeitos a uma suplementao de 50 mg/dia de uma misturade carotenides, durante 6 semanas. Paralelamente a este aumento da colorao amarelada pele, o grau de vermelhido da pele, aps exposio constante a radiao UV,diminuiu ao longo das 6 semanas de suplementao, o que indica menorfotossensibilidade. Assim, os investigadores sugeriram que a suplementao comcarotenides aumentou a capacidade de reflexo da pele, melhorando assim a suafuno de proteco (Heinrich et al., 1998).

    Num estudo posterior, Stah et al., (2000) avaliaram o efeito protector de um suplementoconstitudo por carotenides (25 mg de carotenides naturais obtidos da alga DunaliellaSalina ) e de um suplemento constitudo por uma mistura de carotenides e vitamina E(335mg de -tocoferol), sobre o desenvolvimento de eritema quando a pele irradiadacom luz solar atravs de um simulador. Neste estudo participaram 20 voluntrios,aleatoriamente divididos em 2 grupos e que receberam diariamente, durante 12semanas, os suplementos. Aps as 12 semanas, os 2 grupos apresentaram um ligeiro

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    Alm de avaliarem os efeitos da suplementao oral, existem tambm estudos quecomparam os efeitos orais e tpicos dos carotenides.

    Palombo et al., (2007) publicaram um estudo que compara os efeitos orais e tpicos da

    lutena e zeaxantina, dois antioxidantes potencialmente importantes naturalmenteexistentes na pele, em 5 parmetros da fisiologia cutnea (lpidos de superfcie,hidratao; actividade fotoprotectora; elasticidade; peroxidao lipdica). Para esteestudo, fizeram parte 40 mulheres saudveis que apresentavam sinais deenvelhecimento cutneo, e que foram randomizadas em 4 grupos, como ilustra a tabela3.

    Tabela 3. Grupos teste e concentraes, oral e tpica, de lutena e zeaxantina (adaptadode Palombo et al., 2007).

    Grupo testeProduto teste

    Oral TpicoA (placebo) Placebo, 2 vezes ao dia Placebo, 2 vezes ao diaB (tpico) Placebo, 2 vezes ao dia Lutena 50 ppm/zeaxantina 3 ppm, 2

    vezes ao diaC (oral) Lutena 5 mg/zeaxantina 0.3 mg, 2

    vezes ao diaPlacebo, 2 vezes ao dia

    D(combinado)

    Lutena 5 mg/zeaxantina 0.3 mg, 2vezes ao dia

    Lutena 50 ppm/zeaxantina 3 ppm, 2vezes ao dia

    Aps 12 semanas de tratamento, observou-se que o aumento mximo de lpidoscutneos foi de: 63% no grupo D (administrao combinada - oral e tpica), 46% nogrupo C (administrao oral), 23% no grupo B (administrao tpica) e 10% no grupoA (grupo placebo). Os investigadores mostraram ainda que o tratamento combinadoresultou numa maior reduo da peroxidao lipdica da pele em todos os tempos deavaliao. Em relao actividade fotoprotectora, os investigadores concluram que otratamento combinado apresentou maior eficcia na fotoproteco. A eficcia exibida pelo tratamento combinado foi maior que a soma da eficcia dos tratamentos oral etpico isolados, indicando assim que pode haver um efeito sinrgico no tratamento

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    combinado. Outros parmetros investigados foram a hidratao e a elasticidade cutnea.Assim, foi demonstrado que, de uma forma geral e estatisticamente significativa, todosos grupos que receberam carotenides melhoraram a elasticidade cutnea quandocomparados com o grupo placebo. Alm disso, o grupo com tratamento combinadoapresentou os melhores efeitos na hidratao cutnea quando comparado aos grupos quereceberam os carotenides de forma isolada.

    Mais recentemente, Camera et al., (2009) publicaram um estudo comparando amodulao da leso provocada por radiao UVA com o uso de carotenides.Fibroblastos drmicos cutneos foram expostos a doses moderadas de radiao UVA, oque estimulou a apoptose, aumentou os nveis de ROS, diminuiu a actividade das

    enzimas antioxidantes, promoveu a perturbao da membrana e induziu a expresso daheme-oxigenase-1 (HO-1).Os carotenides, astaxantina, cantaxantina e -caroteno,foram veiculados aos fibroblastos drmicos humanos 24 horas antes da exposio radiao UVA. Os resultados demonstraram que a astaxantina exibiu um pronunciadoefeito fotoprotector e neutralizou todas as alteraes, provocadas pela radiao UVA,acima mencionadas. O -caroteno, apenas mostrou um fraco efeito fotoprotector, o queaumentou o dano da membrana e estimulou a expresso de HO-1. Em contraste, a

    cantaxantina, no teve efeito sobre os danos oxidativos, excepto para a expresso daHO-1, que foi aumentado. Assim, os investigadores concluram, que a absoro deastaxantina por fibroblastos foi maior do que a dos outros dois carotenides, podendoassim inferir que a astaxantina oferece uma medida de segurana para a preveno deuma variedade de alteraes provocadas pela exposio a radiao UVA, principalmente mediadas por ROS.

    Embora os estudos sobre suplementao de carotenides at aqui tenham apresentadoresultados positivos, existem outros estudos que mostraram resultados indiferentes dasuplementao.

    Em 1995, num estudo levado a cabo por Garmyn et al., 16 mulheres saudveis foramsubmetidas a uma restrio alimentar durante 3 semanas para reduzir os nveis srios de-caroteno para concentraes abaixo do normal. Aps 5 dias de suplementao com

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    120 mg de -caroteno verificou-se que no houve mudana significativa na intensidadedo eritema aps a exposio a uma dose constante de radiao UV. Alm disso, tambmse avaliou a ingesto de uma dose inferior de -caroteno, 90 mg, durante 23 dias emconjunto com a dieta habitual. Os investigadores concluem que, embora a concentraosrica de -caroteno aumente bem como a concentrao na pele, em ambas ascondies, no se observaram efeitos da suplementao em caractersticas biolgicas,nomeadamente na intensidade do eritema provocada pela exposio a radiao UV(Garmyn et al., 1995).

    Em 2004, McArdle et al., conduziram um estudo durante 8 semanas a fim de avaliar osefeitos da suplementao de -caroteno (n=8; 15 mg/dia) e de -tocoferol (n=8; 400

    IU/dia) em 16 indivduos. Os resultados evidenciaram que tanto a suplementao com-tocoferol como a suplementao com -caroteno, no sugerem nenhum efeitofotoprotector da pele. De acordo com os investigadores, tais resultados podem estarrelacionados com a baixa concentrao de -caroteno e -tocoferol administrada.Assim, pode-se concluir que a dose e o perodo de tratamento so essenciais para que ossuplementos sejam considerados eficazes (Mcardle et al., 2004).

    Kpcke et al. (2008) conduziram um estudo de meta-anlise, com base em estudosclnicos realizados at ao ano de 2007. Esta meta-anlise indica que a suplementaocom -caroteno em humanos eficaz para proteco contra o desenvolvimento de umareaco de queimadura solar. No entanto, tambm demonstra que para a realizao deuma proteco efectiva necessrio pelo menos 10 semanas de suplementao,enquanto que os protectores solares tpicos fornecem uma proteco contra os danos provocados pela radiao UV poucos minutos aps a sua aplicao. Alm disso, a proteco fornecida pelos protectores solares tpicos pode ser muito mais forte do que

    com o suplemento oral. No entanto, os protectores solares tpicos tambm tm as suasdesvantagens, na medida em que o consumidor tem de ter conscincia que a aplicaotem de ser adequada, em termos de frequncia e quantidade aplicada. Assim, Kpcke eKrutmann et al., concluram que a aplicao tpica de um protector solar e afotoproteco sistmica com base no -caroteno, no competem entre si, nem sedestinam a substituir um ao outro, mas em vez disso elas so complementares e devemser combinadas entre si.

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    1.3.2. Polifenis

    Os polifenis esto entre os antioxidantes mais abundantes na dieta humana e estoamplamente distribudos em vrios alimentos como: frutas, cereais, chocolate e em

    bebidas como: caf, ch e vinho tinto (D` Archivio et al., 2007).

    Os principais grupos de polifenis so: flavonides, cidos fenlicos, lcoois fenlicos,estilbenos e lignanas (figura 7).

    Figura 7. Estruturas qumicas dos principais grupos de polifenis (D`Archivio et al.,2007).

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    Os flavonides so uma subclasse de polifenis e esto amplamente distribudos nanatureza. A sua estrutura polifenlica e os taninos torna-os muito susceptveis a enzimasoxidativas (Nichols et al., 2010).

    Os cidos fenlicos so molculas simples, tais como o cido cafeico e o cumrico.Estes formam um grupo diverso que inclui o cido hidroxibenzico e o cidohidroxicinmico. Os compostos do cido hidroxicinmico (p-cumrico, cido cafeico ecido ferlico) ocorrem mais frequentemente na forma de steres simples com cidoshidroxicarboxlicos ou de glicose, enquanto os compostos do cido hidroxibenzico (p-hidroxibenzico, cido glico e cido elgico) esto presentes principalmente na formade glicosdeos. O cido elgico pode ser encontrado em roms. O caf particularmente

    rico em cido fenlicos ligados, tais como o cido cafeico, cido ferlico e cido p-cumrico, enquanto que os mirtilos possuem cido glico, cido p-hidroxibenzico,cido cafeico, cido p-cumrico e cido vanlico (Nichols et al., 2010).

    O tirosol e o hidroxitirosol so os lcoois fenlicos principais e existem principalmenteno azeite extra virgem. O tirosol est tambm presente em vinhos e cerveja (D`Archivioet al., 2007).

    Os estilbenos esto pouco presentes na dieta humana e o principal representante oresveratrol (Nichols et al., 2010).

    As lignanas so encontradas principalmente em nozes e cereais integrais, sendo que alinhaa possui um elevado teor em lignanas (Nichols et al., 2010).

    O mecanismo antioxidante dos compostos polifenlicos baseia-se na capacidade de doarhidrognio e quelatar ies metlicos. No entanto, os compostos polifenlicos s

    possuem propriedades antioxidantes quando agem sob certas condies, tais comoelevadas concentraes e elevado pH. As estruturas qumicas tambm afectam a suaactividade antioxidante (Lee et al., 2004).

    O grupo de polifenis mais importante o dos flavonides devido sua elevada acoantioxidante. Mais de 8000 flavonides j foram identificados e a sua estrutura bsicaconsiste em um ncleo fundamental, constitudo por 15 tomos de carbono arranjadosem 3 anis, sendo 2 anis fenlicos substitudos (A e B) e um pirano (C), acoplado ao

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    anel A (D`Archivio et al., 2007; Pietta et al., 2000). Estes dividem-se em 6 subclasses:flavonis, flavonas, flavanonas, isoflavonas, antocianinas e flavonols (catequinas e proantocianidinas) - figura 8.

    Figura 8. Estruturas qumicas dos flavonides (D`Archivio, M. et al., 2007)

    A tabela 4 apresenta uma breve descrio das principais classes de flavonides e as suasfontes.

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    Tabela 4. Principais classes de flavonides e as suas fontes (adaptada de Nichols et al.,2010)

    Classes deflavonides

    Breve descrio e fontes

    FlavonisOs flavonis so encontrados em concentraes elevadas na cebola,maa, vinho tinto, brcolos, ch e ginkgo-biloba. Os flavonis maiscomuns so a quercetina e mericetina

    FlavonasAs flavonas mais comuns so a apigenina e a lutena. A ervacamomila possui uma elevada quantidade de apigenina

    Flavanonas Hesperedina e naringina so exemplos de flavanonas Isoflavonas Genestena e daidzena esto presentes na soja

    AntocianinasSo pigmentos solveis em gua, encontrados num grande nmero defrutas, legumes e flores. Uvas e frutos vermelhos, especialmente osmirtilos, possuem uma elevada quantidade de antocianinas

    Catequinas Epicatequina, galato de epicatequina, epigalocatequina e 3-galato deepicatequina so catequinas principalmente encontradas em folhas dech

    ProantocianidinasEstas so encontradas em uvas, vinho tinto e casca de pinheiro. Oextracto de semente de uva, bem como o vinho tinto, possui elevadaconcentrao de proantocianidinas. As proantocianidinas possuem, emcomum com os outros polifenis, a capacidade de reduo e habilidade para quelatar ies metlicos

    Os polifenis esto entre os antioxidantes mais abundantes nos alimentos. Estudosepidemiolgicos, clnicos e laboratoriais tm implicado a radiao UV em vriasdoenas da pele, incluindo o envelhecimento prematuro da pele. Uma grande variedadede polifenis, a maioria dos quais so suplementos dietticos, tem sido relatada por possurem efeitos significativos na pele, nomeadamente de fotoproteco. A seguirsero apresentados alguns exemplos.

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    i. Extracto de ch verde

    Os compostos polifenlicos encontrados nos extractos de ch verde so candidatos paraatenuar os efeitos do fotoenvelhecimento.

    Um estudo publicado por Heinrich et al. (2011), investigou os efeitos da ingesto deuma bebida enriquecida com polifenis do ch verde sobre a sensibilidade da pele paraa exposio a radiao UV e a estrutura e textura da pele. Neste estudo, duplamentecego e controlado por placebo, 60 voluntrias do sexo feminino, com idades entre os 40e 65 anos, consumiram, diariamente, durante 12 semanas, uma bebida enriquecida comextracto de ch verde (GT) ou uma bebida controlo (C) (tabela 5).

    Tabela 5. Constituintes da bebida enriquecida com extracto de ch verde e da bebidacontrolo (adaptada de Heinrich et al., 2011).

    GT C

    mg/LTotal de Catequinas 1402 0

    Epicatequinas 100 0Catequinas 23.2 0

    Galocatequinas 2.4 0Epigalocatequina galato 980 0

    Epicatequina galato 238 0Galocatequina galato 43.6 0

    Catequinagalato 8 0Epigalocatequina 6 0cido ascrbico 119 119

    A actividade fotoprotectora da pele, bem como a sua estrutura foram avaliados no inciodo estudo (semana 0), aps 6 semanas e aps 12 semanas. A pele foi exposta a radiaoUV artificial e verificou-se que o eritema induzido pela radiao UV diminuiusignificativamente no grupo que consumiu a bebida enriquecida com extracto de chverde, nomeadamente 16 e 25% aps 6 e 12 semanas, respectivamente. As

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    caractersticas estruturais da pele tambm sofreram alteraes positivas, nomeadamente:a elasticidade, aspereza, descamao, densidade e hidratao (tabela 6).

    Tabela 6. Resultados sobre parmetros cutneos aps consumir a bebida enriquecida

    com extracto de ch verde ou a bebida controlo (adaptada de Heinrich et al., 2011).

    Assim, este estudo concluiu que os polifenis do ch verde, existentes numa bebida,ajudaram a proteger a pele contra a radiao UV e a melhorar a qualidade da pele dasmulheres.

    ii. Extracto de Polypodium Leucotomos

    Polypodium Leucotomos (PL) uma planta tropical, tipo feto, nativa da Amrica doSul, com conhecidas propriedades benficas para a pele (Gonzalez et al., 2010).

    O PL contem uma elevada percentagem de compostos fenlicos (principalmente benzoatos e cinamatos, como o cido cafeico e ferlico). Estes possuem propriedadesantioxidantes, anti-inflamatrias, anti-mutagnicas e anti-cancergenas. O cido cafeicoinibe a peroxidao lipdica e a produo de xido ntrico provocadas pela radiao UV.Por outro lado, o cido ferlico um aceitador de fotes. Ambos inibem o eritemacutneo provocado pela radiao UV (Gonzalez et al., 2010).

    Middelkamp-Hup et al. (2004) publicaram um estudo relatando a funo fotoprotectorado extracto de PL, administrado por via oral, contra os danos cutneos causados pela

    radiao UV, utilizando um simulador solar. Nove voluntrios, saudveis, com tipo de

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    pele I e III, foram expostos a diferentes doses de radiao UV artificial, antes e aps aadministrao oral de PL (7.5 mg/Kg). Ao fim de 24h, aps exposio, o eritema foiavaliado e concluiu-se que houve uma reduo significativa aps administrao oral dePL. Assim, os investigadores concluram que a administrao oral de PL um agentesistmico importante na fotoproteco cutnea.

    Num estudo mais recente, Villa et al. (2010), investigaram os efeitos do extracto de PLna deleo comum (CD), aps exposio a radiao UVA. A deleo uma alterao nacadeia de ADN mitocondrial, sendo que a mais predominante a CD. A CD muitoestudada no envelhecimento humano, pois considerada um marcador da radiaoUVA em fibroblastos e queratincitos. Este estudo, investigador-cego, controlado,

    incluiu 10 voluntrios saudveis, entre os 29 e 54 anos de idade, que foramrandomizados para receberem, por via oral, o extracto de PL ou nenhum tratamento.Para obterem uma linha a nvel histolgico, cada voluntrio passou por um pr-tratamento, onde foram obtidas bipsias cutneas da regio proximal do antebraodireito, para determinao da CD atravs de reaces de polimerase em cadeia, emtempo real, seguida pela determinao da dose UVA eritematosa mnima (DEM) naregio cubital do antebrao esquerdo. Vinte e quatro horas mais tarde, cada voluntrio

    foi sujeito a novas bipsias das regies tratadas e no tratadas. Os resultados mostraramque:

    - Aps duas vezes o valor da DEM, o valor mdio de DC, no grupo no tratado(n=6), aumentou 217%, em relao ao grupo controle. Em relao ao grupo tratado comPL (n=5) diminuiu em 84%.

    - Aps 3 vezes o valor da DEM, o valor mdio de DC, no grupo no tratado,

    aumentou em 760%. No grupo tratado com PL esse valor foi de 61%.

    Com este estudo, os investigadores concluram que o pr-tratamento com PL leva preveno do aumento de CD, um forte marcador de fotoenvelhecimento. Assim, osinvestigadores sugerem que o PL pode impedir o fotoenvelhecimento cutneo induzido pela radiao UVA, possivelmente devido preveno de danos no ADN mitocondrial.

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    iii. Extracto de Rom (Punica Granatum)

    O "Pomegranate", vulga rom, uma fruta rica em polifenis, incluindo: elagitaninos,galotaninos, antocianinas e catequinas. Vrios estudos indicam que extractos

    provenientes da semente, casca ou sumo desta fruta, possuem forte actividadeantioxidante, anti-inflamatria e anti-cancergena. Alm disso, os polifenis evitamvrios efeitos cutneos adversos provocados pela radiao UV (Yoshimura et al., 2005).

    Yoshimura et al. (2005) levaram a cabo um estudo, onde um extracto de rom rico emcido elgico (90%) foi preparado e a sua actividade inibidora para com a enzimatirosinase foi investigada in vitro e o seu efeito comparvel ao promovido pela arbutina,um conhecido agente despigmentante. J no estudo in vivo, usando animais, o extractode rom foi administrado por via oral e tambm inibiu a pigmentao cutnea provocada pela radiao UV. Assim, os investigadores demonstraram neste estudo queo extracto de rom, quando administrado oralmente, possui um efeito inibitrio natirosinase, in vitro , e um efeito clareador na pigmentao cutnea provocada pelaradiao UV,in vivo .

    Kasai et al. (2006) conduziram um estudo, duplo-cego, placebo-controlado, para avaliar

    os efeitos da ingesto de extracto de rom, na fotoproteco e na pigmentao cutnea.Aps exposio a radiao UV, 39 voluntrios do sexo feminino foram randomizadas por 3 grupos (figura 9).

    Figura 9. Grupos de tratamento e frmulas usadas para avaliar os efeitos do extracto derom (adaptado de Kasai et al., 2006).

    Grupo dose elevada cido elgico = 200 mg

    Grupo dose baixa

    Grupo dose controle

    cido elgico = 100 mg

    Placebo

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    Cada grupo recebeu a respectiva dose de cido elgico durante 4 semanas e foramsujeitos a radiao UV. Embora os resultados do estudo no tenham mostrado umarelao dose-efeito, os investigadores concluram que a ingesto oral de extracto derom rico em cido elgico capaz de produzir efeitos protectores em queimadurasleves causadas pela radiao UV, mesmo com doses baixas, como as que foramutilizadas no estudo.

    iv. Extracto da casca de pinho martimo (Pinus Pinaster )

    O extracto padronizado de pinho martimo, tambm designado de picnogenol,

    constitudo principalmente por procianidinas oligomricas e outros flavonides e polifenis. Um largo espectro de actividades biolgicas tm sido descritas para esteextracto. Estudos mostram que o picnogenol pode afectar significativamente acirculao, inflamao e resposta imune. Tambm foi relatado que este um potenteantioxidante e que possui um efeito protector contra danos cutneos induzidos pelaradiao UV (Packer et al., 1999; Cho et al., 2007).

    Saliou et al. (2001) avaliaram os efeitos cutneos da suplementao oral de picnogenol,na formao de eritema induzido, por radiao UV, atravs de um simulador. 21voluntrios receberam, diariamente, um suplemento oral de picnogenol, 1.10 mg/kg demassa corporal, durante as primeiras 4 semanas e 1.66 mg/kg de massa corporal,durante as 4 semanas subsequentes. A DEM foi medida por duas vezes antes de seiniciar o tratamento, uma vez aps as primeiras 4 semanas e uma ltima vez no final das8 semanas. Assim, os resultados do estudo mostraram que a dose necessria de radiaoUV para atingir uma DEM foi significativamente aumentada durante a suplementaocom picnogenol.

    Ni et al. (2002) conduziram um estudo a fim de avaliar os efeitos da suplementao com picnogenol no tratamento de melasma. Durante 30 dias, 30 voluntrios do sexofeminino, com melasma, receberam uma cpsula de picnogenol (25 mg), 3 vezes ao dia.Estes voluntrios foram clinicamente avaliados por parmetros como o ndice de rea demelasma e a intensidade do melasma. Aps os 30 dias, a intensidade mdia da

    pigmentao e a rea mdia do melasma diminuram significativamente (tabela 7).

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    Tabela 7. Resultados da intensidade da pigmentao e da rea do melasma, aps 30dias de tratamento com picnogenol (adaptado de Ni et al., 2002).

    Parmetros em estudo Casos Dia 0 Dia 30 Reduo

    Intensidade da

    pigmentao (unid) 30 2.10 0.71 1.63 0.61 0.47 0.51

    rea do melasma 30 68.65 44.06 42.79 35.59 25.8 20.39a

    a p < 0.001

    Alm disso, vrios outros sintomas associados, como a fadiga e a ansiedade tambmforam melhorados.

    Num estudo mais recente, Marini et al. (2012), investigaram se a suplementaonutricional com picnogenol, em mulheres saudveis ps-menopausa, durante 12semanas, iria melhorar a sua aparncia esttica e relacionaram esses efeitos com a

    expresso de marcadores moleculares correspondentes sua pele. Aps 12 semanas, osinvestigadores comprovaram que o picnogenol melhorou significativamente ahidratao e a elasticidade da pele. Estes efeitos foram ainda mais pronunciados nasmulheres que apresentavam condies de pele seca antes do incio da suplementao. Amelhoria fisiolgica da pele foi acompanhada por um aumento significativo naexpresso do RNA mensageiro do cido hialurnico sintase-1, uma enzima envolvidana sntese do cido hialurnico, e um aumento visvel na expresso dos genesenvolvidos na sntese do "novo colagnio". Como concluso, os autores mostraram pela primeira vez a evidncia molecular de que a suplementao com picnogenol provoca benefcios cutneos, nomeadamente, aumento da hidratao e elasticidade da pele. Estesefeitos so possivelmente devido a um aumento da sntese de molculas da matrizextracelular, tais como o cido hialurnico e, provavelmente, o colagnio. Assim, pode-se afirmar que a suplementao com picnogenol pode ser til para contrariar os sinaisclnicos de envelhecimento da pele.

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    v. Isoflavonas

    Como j foi citado anteriormente, as isoflavonas so uma subclasse dos flavonides,antioxidantes naturais, e esto presentes em grande quantidade na soja (D`Archivio et

    al., 2007).

    As isoflavonas de soja apresentam diversos benefcios para a pele, sendo muitoutilizadas em cosmticos, principalmente em produtos para retardar o envelhecimento.Os mecanismos de aco passam por: preveno da oxidao lipdica do tecido cutneo;estimulao da proliferao de fibroblastos; reduo da degradao do colagnio einibio da 5--reductase (Izumi et al., 2007).

    Izumi et al. (2007) conduziram um estudo, duplo-cego, placebo-controlado, para avaliarclinicamente o efeito da isoflavona de soja poro aglicona, sobre a pele envelhecida demulheres de meia-idade. 26 voluntrios foram randomizados em 2 grupos: 13 receberam4 cpsulas de aglicona por dia (10 mg de aglicona por cpsula) e 13 receberam 4cpsulas de placebo, durante 12 semanas. A anlise de rugas finas e lineares no ngulolateral do olho, em ambos os lados da face, o micro-relevo da pele e a elasticidadeforam os parmetros avaliados neste estudo. Estes foram avaliados 4, 8 e 12 semanas

    aps o incio do ensaio. O grupo que recebeu aglicona mostrou uma melhoriasignificativa das rugas finas na semana 12 e da elasticidade cutnea na semana 8, emcomparao com o grupo controlo. Assim, estes dados indicam que a ingesto oral de40 mg dirios de isoflavonas de soja poro aglicona melhora a pele envelhecida emmulheres de meia-idade.

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    1.3.3. Lpidos

    O estrato crneo da pele composto por cornecitos e por uma matriz intercelular ricaem lpidos, nomeadamente: esfingolpidos, colesterol e cidos gordos livres, sendo que

    a sntese lipdica ocorre nos queratincitos em todas as camadas nucleares da epiderme(Broksch et al., 1993).

    Os lpidos so compostos biologicamente activos, importantes para as funesfisiolgicas da pele. So um grupo de substncias hidrofbicas que incluem: gorduras,cidos gordos livres, esteris, ceras, ceramidas, triglicerdeos, vitaminas lipossolveis,fosfolpidos, entre outros (Ziboh et al., 2000).

    Na cincia nutricional e cosmtica, a importncia dos cidos gordos essenciais bemconhecida. Estes so divididos em duas classes: mega-6 e mega-3. Os cidos gordosmega-6 so representados pelo cido linoleico e o mega-3 pelo -linolnico. Omega-6tem como derivados os cidos -linolnico e araquidnico. J o mega-3 temcomo derivados o cido eicosapentaenoico e o docosahexaenoico (Simopoulos, 2008).

    Estudos clnicos avaliam os efeitos cutneos promovidos pela suplementao de algunsleos vegetais: leo de borragem, leo de linhaa, leo de semente de girassol e leo de prmula.

    i. leo de borragem e leo de linhaa

    Brosche et al. (2000) conduziram um estudo que teve como objectivo avaliar os efeitosdos cidos gordos provenientes do leo de borragem sobre alguns parmetros cutneos.

    A integridade da barreira do estrato crneo contra a perda passiva de gua por difuso eo grau de hidratao cutnea foram os parmetros avaliados. 29 voluntrios idosos(idade mdia - 68.6 anos) receberam uma dose diria de 360 ou de 720mg de cido -linolnico por 2 meses, utilizando leo de borragem veiculado em cpsulas gelatinosas.Aps o perodo de suplementao, verificou-se uma melhoria significativa da funo da barreira cutnea, o que se reflectiu em uma reduo mdia da TEWL. Entre os 29voluntrios, 10 relataram que sofriam de prurido antes da suplementao. No entanto,

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    apenas 9, aps um ms de tratamento e nenhum aps dois meses de tratamento, sequeixavam.

    Spirt et al. (2009) realizaram um estudo que investigou os efeitos da suplementao oral

    de leo de borragem e leo de linhaa nas propriedades cutneas. No estudo, duplo-cego, randomizado e placebo-controlado, existiam 3 grupos de tratamento, constitudos por 15 pessoas cada. 4 cpsulas com leos diferentes foram tomadas diariamente, duasao pequeno-almoo e duas ao jantar. As cpsulas possuam: 2.2 g de leo de linhaa oude leo de borragem; 10 mg de tocoferol em ambos os grupos; 2.2 g de placebo nogrupo controle. O estudo durou 12 semanas e as medies dos parmetros cutneosforam realizadas ao dia 0, semana 6 e 12 semana. A TEWL diminuiu em ambos os

    grupos de tratamento cerca de 10 % aps 6 semanas de suplementao. A avaliao dasuperfcie cutnea, aps 12 semanas, revelou que a aspereza e descamao da pelediminuram em ambos os grupos. A hidratao tambm melhorou significativamente.

    ii. leo de linhaa e leo de semente de girassol

    Com o objectivo de avaliar o efeito da suplementao diria com leo de linhaa e leode semente de girassol na pele de voluntrios saudveis, Neukam et al. (2010),conduziram um estudo randomizado e duplo-cego. O estudo foi realizado com 2 gruposde tratamento, constitudos por 13 voluntrios cada. Estes ingeriram, diariamente, 4cpsulas de leo de linhaa (555.32 mg /cpsula) ou leo de semente de girassol (560mg / cpsula). A durao do estudo foi de 12 semanas e os parmetros cutneos foramdeterminados, no dia 0, aps 6 semanas e aps 12 semanas. A suplementao com leode linhaa levou a uma significativa diminuio da TEWL, aspereza e descamaocutnea, enquanto que a suavidade e hidratao foram aumentadas. Aps asuplementao com leo semente de girassol, s uma melhoria significativa narugosidade e hidratao cutnea foram observados, no entanto, os efeitos foram menos pronunciados e determinados num momento posterior do que com o leo de linhaa.Assim, os investigadores concluram que a ingesto diria de leo de linhaa modulasignificativamente a condio cutnea.

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    iii. leo de prmula

    Um estudo clnico, duplo-cego, randomizado e placebo-controlado, conduzido porMuggli (2005), teve como objectivo avaliar os efeitos da suplementao de leo de

    prmula na pele de voluntrios adultos. Os voluntrios receberam, diariamente, durante12 semanas, leo de prmula (1.5 g) administrado oralmente atravs de cpsulasgelatinosas. Aps este perodo, o grupo suplementado, apresentou alteraessignificativas em relao ao grupo placebo na hidratao cutnea, TEWL e nas propriedades biomecnicas da pele, como elasticidade, firmeza, resistncia fadiga erugosidade.

    Em 2008, Seegge, Matthies e Saldeen, publicaram um estudo, duplo-cego, placebo-controlado, cujo objectivo era investigar os efeitos de um suplemento oral comercial(Eskimo Skin Care), constitudo por leo de peixe (rico em mega-3: 1160 mg), leode prmula (rico em mega-6: 840 mg), mega-9 (640 mg), vitamina D (4.4 g) evitamina E (8 mg), em 24 mulheres saudveis, com idades entre os 40 e 60 anos,durante 3 meses. Os resultados demonstraram que, ao fim dos 3 meses de tratamento, aelasticidade da pele aumentou 10% e este aumento foi estatisticamente significativo emcomparao com o grupo controle, Alm disso, houve uma tendncia, embora noestatisticamente significativa, no sentido de um efeito positivo sobre a funo barreiracutnea. Assim, os autores concluram que "Eskimo Skin Care" pode melhorar aelasticidade da pele e melhorar o aspecto geral da pele (Segger et al., 2008).

    1.3.4. Polissacardeos de cartilagem de peixe

    Polissacardeos de peixe, quando administrados por via oral, so descritos como sendoeficazes no tratamento do fotoenvelhecimento e envelhecimento cronolgico. O seumecanismo de aco ainda no totalmente conhecido. No entanto, segundo dados jrelatados possvel que estes tenham um papel na promoo da sntese de colagnio,em particular de colagnio tipo III, que estimula processos de reparao na derme. Oalto teor de mucopolissacardeos pode melhorar o comportamento mecnico da pele bem como a prpria espessura (Rona et al., 2004).

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    Num estudo, conduzido por Distante et al. (2002), 30 mulheres saudveis, com sinais deenvelhecimento cutneo foram estudadas, durante 2 meses. Durante este perodo, asvoluntrias foram randomizadas para receberem, 3 vezes por dia, placebo ou umsuplemento constitudo por polissacardeos de cartilagem de peixe acrescido de umamistura de antioxidantes (Gingko-Biloba, flavonides, Centelha Asitica). Cada cpsulado suplemento continha 250 mg de cartilagem marinha. Aps 2 meses de tratamento, ogrupo que recebeu o suplemento apresentou uma melhoria estatisticamente significativada espessura e viscoelasticidade cutnea. Outras variaes significativas ocorreram anvel da colorao da pele (mais brilhante e menos pigmentada), rugosidade ehidratao cutnea. Com este estudo, os autores confirmaram a importncia dos polissacardeos de peixe no tratamento cosmtico do envelhecimento cutneo, sugerindoque o tratamento por via oral relativamente mais rpido e mais eficaz nas estruturasmais profundas da pele, do que o tratamento tpico. Assim, a combinao do tratamentotpico com o oral exerce um efeito sinrgico e simultneo na epiderme e estrato crneo.

    Vrios nutricosmticos apresentam na sua composio um nmero significativo deingredientes activos e so reivindicados como tendo elevada eficcia no que respeita preveno do envelhecimento. Assim, com o objectivo de avaliar a eficcia de umsuplemento oral, presente no mercado, contendo vrios ingredientes activos, foiconduzido um estudo clnico e publicado em 2009. Neste estudo, duplo-cego, placebo-controlado, 60 mulheres com idades compreendidas entre 35 e 60 anos, foramrandomizadas aleatoriamente, para receberem durante 12 semanas, o placebo ou osuplemento nutricosmtico. O suplemento, administrado por via oral, continhaglicosaminoglicanos (GAGs e polissacardeos de peixe), minerais e antioxidantes. De

    acordo com os resultados, o grupo que recebeu o suplemento apresentou uma reduosignificativa na profundidade da rugosidade cutnea e rugas finas em 11.64 %, 17.78 %e 21.22 % aps 4, 8 e 12 semanas, respectivamente; enquanto no grupo placebo houvemelhora de 0.5 %, 1 % e 1.7 % nos mesmos perodos de tempo (Udompataikul et al.,2009).

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    2. Nutricosmticos e cabelo

    O folculo capilar funciona como um rgo sensorial e serve como um instrumento decomunicao psicossocial, de excreo e de proteco. O ciclo de vida do folculo

    capilar consiste, basicamente, em 3 fases: a fase de crescimento do fio de cabelo(anagnica), a fase de repouso (catagnica) e a fase de regresso (telognica). Com este"ciclo do cabelo", o folculo demonstra a habilidade nica de se regenerar ciclicamente,durante toda a vida (Krause et al., 2006).

    Um cabelo com aparncia saudvel um sinal de sade geral excelente, bem como deuma boa prtica no que diz respeito aos cuidados com os cabelos. Indivduos saudveistm um aporte nutricional adequado atravs da sua alimentao diria. No entanto,muitas pessoas no tm acesso a uma boa alimentao, e outros tm patologias quelevam predisposio para uma deficincia nutricional. Isto muitas vezes reflecte-se emmudanas no couro cabeludo. Os nutricosmticos tm vindo a ser desenvolvidos com base no conhecimento dos nutrientes, vitaminas e minerais, que podem promover umimpacto benfico na sade dos fios (Goldberg et al., 2010).

    Um estudo clnico, duplo-cego, randomizado, placebo-controlado, mostrou que a

    ingesto de cido ortoslicico estabilizado por colina (Ch-OSA) melhoraria alguns parmetros capilares. Para isso, 45 mulheres foram divididas em 2 grupos: grupo placebo (n=23) e grupo de tratamento (n=22). Durante 9 meses, o grupo de tratamento,recebeu, diariamente, duas cpsulas contendo 10 mg de silcio. Aps os 9 meses detratamento, os autores verificaram que a ingesto oral de Ch-OSA teve um efeito benfico sobre a resistncia e elasticidade capilar, alm de que a espessura do cabelotambm melhorou (Wickett et al., 2007).

    Jacquet et al. (2007), em outro estudo clnico, estudaram os efeitos de um suplementodiettico, o INVERSION Femme, em mulheres que apresentavam queda de cabelo.Este constitudo por minerais, vitaminas, cidos gordos essenciais, ch verde, extractode uva e cartilagem de tubaro. Neste estudo, foi avaliada a quantidade de fios de cabelo penteados e que caram 28 dias antes do incio da suplementao e durante o perodo detratamento (entre os dias 28 e 56). De acordo com os resultados houve uma reduoaltamente significativa da perda capilar durante a fase de tratamento, comparado fase

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    de pr-tratamento. Na fase de pr-tratamento, uma mdia de 52 mg/dia de fios decabelos caram, quando comparado com 21.6 mg/dia na fase de tratamento. Os autoresconcluram por isso, que o suplemento reduz a queda de cabelo, o que foi tambmconfirmado com a satisfao das voluntrias que participaram neste estudo.

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    3. Nutricosmticos e peso

    A obesidade mundial mais que duplicou desde 1980 (World Health Organization,2012). Esta est associada a um risco aumentado de morte por doenas

    cardiovasculares, diabetes e doena renal, entre outras. (Chen et al., 2012).

    O problema da obesidade crescente nos E.U.A. e outros pases desenvolvidos aumentoudrasticamente as vendas de suplementos, destinados a reduzir o peso e melhorar acomposio corporal. Em 2010, os consumidores americanos gastaram mais de 2.4 bilies dlares em suplementos alimentares e substitutos de refeies, destinados perda de peso (Manore, 2012).

    Os suplementos alimentares destinados perda de peso podem ser divididos em 4categorias, em funo do seu mecanismo de aco (Manore, 2012):

    produtos que bloqueiam a absoro de gordura ou hidratos de carbono,reduzindo assim a quantidade de energia absorvida a partir dos alimentos;

    produtos que estimulam a acelerao do metabolismo; produtos que suprimem o apetite ou aumentam a saciedade;

    produtos que possam alterar a composio corporal por diminuio da massagorda e aumento da massa muscular;

    Existem numerosos suplementos no mercado para perder peso. A tabela 8 destacaalguns dos compostos mais comuns, que incluem: L-carnitina, ch verde, crmio ecido linoleico conjugado (CLA).

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    Tabela 8. Descrio de alguns compostos existentes em suplementos usados para perdade peso e seu mecanismo de aco.

    Compostos Descrio Mecanismo de aco proposto

    CLA

    CLA uma mistura de ismerosde cido linoleico, com ligaesduplas. Este produzidonaturalmente pelo organismo,sendo obtido tambm atravs daalimentao diria (Chen et al.,2012)

    CLA essencial para a distribuio da gorduraalimentar nas clulas. Ele transporta a glicose para as clulas, e ajuda-a a ser usada parafornecer energia e construir o msculo, em vezde ser convertida em gordura. este efeito queest por trs das reivindicaes que o CLA til para promover a perda de peso. CLA tambm um antioxidante e melhora o sistemaimunitrio (Mason, 2007)

    Extractode chverde

    O ch verde contmflavonides, nomeadamentecatequinas, flavonis,metilxantinas (cafena, teofilina)e minerais (Mason, 2007)

    O ch verde muito importante pois possuicompostos antioxidantes. O seu mecanismo deaco possivelmente deve-se ao bloqueio daabsoro ou aumento da termognese(Manore, 2012)

    L-Carnitine

    A L-carnitina uma aminanaturalmente produzida peloorganismo a partir dosaminocidos lisina e metionina(Mason, 2007)

    A L-carnitina tem recebido ateno por ser umdos responsveis pelo bloqueio de absoro dagordura e principalmente pela oxidaolipdica, de modo que tem sido apelidado de

    fat burner (Manore, 2012)

    Crmio

    O crmio um metal, que actuacomo um complexo orgnico e possui importantes funes nometabolismo dos hidratos de

    carbono e lpidos (Manore,2012)

    A aco do crmio passa pelo aumento damassa muscular, promovendo a perda demassa gorda e reforando os efeitos dainsulina (Manore, 2012)

    Existe um crescente aumento de estudos cientficos envolvendo estes compostos.

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    Quanto ao extracto de ch verde:

    Kovacs et al. (2004) levaram a cabo um estudo que descobriu que a manuteno do pesoaps a perda de 7.5% do peso corporal no foi afectada pelo tratamento com ch verde.

    No entanto, Westerterp-Plantenga et al. (2005) conduziram um outro estudo onde umamistura de ch verde / cafena promoveu a manuteno do peso, em parte devido termognese e oxidao de gordura. No entanto, isto apenas surgiu em consumidoreshabituais de cafena.

    Em outros estudos, a suplementao com uma mistura de ch verde e cafena, levou auma diminuio do ndice de massa corporal, do permetro abdominal e do peso. No

    entanto isto s acontece quando ch verde e cafena so administrados conjuntamente(Hursel et al., 2009; Phung et al., 2010).

    Quanto L- Carnitina:

    Lofgren et al. (2005) compararam o efeito da suplementao de 3 g/dia de L-carnitina,

    inserida num programa de perda de peso e de actividade fsica durante 6 semanas, emvoluntrios obesos ou com excesso de peso. A dieta proposta era hipocalrica (mdia de1505.8 Kcal, sendo que a mdia das necessidades energticas totais dos participantes era2052.4 Kcal) com 30% do valor energtico total na forma de protenas e de lpidos e40% como hidratos de carbono. Todos os participantes, incluindo os do grupo placebo,obtiveram uma reduo mdia de peso e do permetro abdominal de 4.6%, e 6.5%,respectivamente. Por no terem ocorrido diferenas com significado estatstico entre osgrupos, os resultados foram contabilizados em conjunto. A massa gorda em percentagem reduziu 4%, o que significou uma perda mdia de 2.5 kg de gordura em 10semanas.

    Lee et al. (2006) levou a cabo um estudo com a L-carnitina em adipcitos3T3-L1 , ondese comprovou a aco anti-obesidade do nutriente, pois este pode modular ometabolismo dos lpidos atravs do estmulo da liplise e da beta-oxidao

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    Quanto ao CLA:

    A suplementao com CLA, 3.4 g/dia, durante 12 semanas, em indivduos saudveiscom excesso de peso e obesos de grau I, resultou numa diminuio do ndice de massa

    corporal, da massa gorda subcutnea e da relao anca-coxa (Chen et al., 2012).

    Quanto ao crmio:

    Em alguns estudos, o crmio tem sido relatado como redutor da gordura corporal, noentanto outros no indicam quaisquer efeitos nesse sentido (Mason, 2007).

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    Evelle um suplemento composto por 10ingredientes activos: complexo bio-marinho;Cavalinha ( Equisetum arvense L .); Extracto detomate, que contm licopeno; Extrato de Mirtilo(Vaccinium L. mystillus ); Extrato de casca dePinheiro, que contm picnogenol; Vitamina E;Gluconato de zinco; Vitamina C; Biotina;Levedura de selnio (L-selenometionina).

    4. Nutricosmticos comercializados no mercado Portugus

    Alguns exemplos dos produtos comercializados mais procurados pelos consumidores,assim como alguma informao relativa sua composio sero descritos de seguida.

    4.1. Suplementos Anti-envelhecimento e solares

    Innov Anti-Idade Firmeza possui comoingredientes activos: Lacto-LycopenoTM;isoflavonas de soja; vitamina C.

    Lierac Sunific Solaire Capsules - Formuladocom concentrado de carotenides, licopeno elutena. Enriquecido com Vitamina E e selnio.

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    4.2. Suplementos Emagrecimento

    Heliocare Cpsulas - Contm extrato de Polypodium leucotomos , antioxidantes naturais(Ch verde e betacaroteno).

    BioActivo CLA Triplo - combina trsingredientes activos: CLA, ch verde ecarnitina.

    BioActivo Slim Duo - combina trsingredientes activos: CLA, ch verde ecarnipure.

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    4.3. Suplementos Capilares

    O Viviscal Maximum Strength - O principalingrediente o AminoMarC umcomposto proteico de extractos marinhosmisturados com slica orgnica solvel efortificado com Vitamina C.

    Innov Fora Capilar Homem - Contmtaurina, polifenis de Ch verde e de grainhade Uva, fitoesteris de Pinheiro e zinco.

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    III. Concluso

    Desde sempre, tomar uma frmula que traz a juventude ou a beleza eterna algo apenasvivel no cinema.

    Recentemente, a indstria dos cosmticos juntamente com a indstria alimentar efarmacutica, tm vindo a trabalhar para trazer um pouco dessa magia para a vida real.Os nutricosmticos so o resultado dessa convergncia.

    Os nutricosmticos so produtos novos no mercado e, como observado nesta pesquisa,

    so suplementos cuja finalidade visa suprir as deficincias de nutrientes essenciais paraa sade e para a beleza, amenizando os sintomas dos mais diversos problemas. Estesincluem benefcios como o combate ao envelhecimento, fortalecimento das unhas ecabelos, emagrecimento, hidratao e proteco solar.

    Actualmente, as pessoas esto cada vez mais preocupadas com a sua aparncia fsica,mas tambm esto conscientes de que devem cuidar da sua sade. Assim, o consumidorde cosmticos est cada vez mais exigente, o que levou ao surgimento dos

    nutricosmticos.

    O desenvolvimento destes novos produtos est associado ao nosso estilo de vidamoderno, no qual nem sempre possvel manter uma alimentao equilibrada e umaactividade fsica constante bem como despender algum tempo para o cuidado cosmticodirio da pele.

    O nmero de estudos clnicos envolvendo os nutricosmticos tm crescido

    significativamente. No entanto, ainda necessrio maiores esforos nomeadamente, anvel da comunidade cientfica a fim de se avaliar quais as doses e os perodos detratamento ideais para os diferentes componentes dos suplementos e a nvel dasagncias reguladoras para determinar procedimentos especficos para o seu registo.

    O uso de nutricosmticos apesar de ser algo benfico para a sade e para a beleza, deveser usado juntamente com cosmticos tpicos para que o efeito seja significativo.Devem ainda ser usados com acompanhamento de um profissional qualificado. O

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    acompanhamento importante para prevenir problemas como intoxicaes, reacesalrgicas ou sobredosagem. O uso concomitante com frmacos deve ser avaliado edeterminado pelo profissional responsvel pelo acompanhamento.

    Com o surgimento deste novo conceito de suplemento as pessoas esto a descobrir queno s os cosmticos e procedimentos estticos favorecem a beleza.

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