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aion

Polimorfismo AION

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Polimorfismo: acaso, tempo, acasalamento PGD Tomás Susemihl Polimorfismo é um projeto experimental, semiótico, filosófico, poético, rizomático, político, polifônico, politemporal e policorporal; em busca de novos panoramas para o processo criativo e para o design.

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aion

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pelos vários tempos.

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EPÍGRAFE aion

“Music can chan g the perception of time.”

Ma Jonson

“Music can change the eption of time.”

Mathew o n

foto de @torturra (Bruno Torturra)

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acaso pro

lou cura

mento move

poli tempo

acasala

“Music can chan g the perception of time.”

Ma Jonson

“Music can change the eption of time.”

Mathew o n

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SUMÁRIOaion

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26

28364288

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180

188

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primeiros vôosa tentativa de definir um início

olho, onda, árvorecicloalgumas notas

policorpoexperimentações tornadas corpo

acasionado pelo acasoper forma seeimargens copulativascolagens coletivizadasrizomapadevir-louco

polimorfismo: um manifesto

a procura de uma definição provisória para o design

polimorfismo.designum desejo de não acabar

alagoauma conclusão boa

......................................

........................................................

........................

............................................................

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CICLO

SISTEMAS

INTERFACES

MAPAS

SENTIDOS

SIGNOS

A tentativa de definir um início.

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primeiros vôos

Apesar de certos indícios e aberturas, uma grande parte das intenções iniciais desse trabalho buscavam encontrar um método único, uma espécie de arquétipo ou fórmula para encontrar soluções de design de sucesso, ou “quase perfeitas”. A busca por uma essência é justamente aquilo em que hoje o trabalho de certa forma se contrapõe. Tinha-se uma grande curiosidade sobre a semiótica e o processo de significação, e um deslumbre com a abordagem do Design Thinking, o chamado processo de “caos focado” como um método que minimiza ao máximo os erros, com uma visão linear de progresso.

Mas, a partir do desenvolvimento dos conceitos de movimento e ciclo, foi se construindo o caminho até o estado do trabalho hoje, que assume um plano de imanência, ao contrário do plano de transcendência único e divino. Busca não um único método, mas a permissão de permear diversos métodos.

Foi importante registrar essa transição para enxergar o processo de desapego de identidade, e comprovar o desejo de diferenciar de si mesmo como um movimento da própria criação em si.

Dentre as experiências realizadas, estiveram desde percepções ocorridas e anotadas no diário de bordo durante todos os dias, enquanto trabalhando com design ou observando algum fenômeno, até momentos específicos de criar um objeto, como a “rede de significados”, na realização de grafites na rua, aquarelas, em uma performance ou experimentando comer fungos rizomáticos. A seguir, é possível se aprofundar nas experiências que julguei mais pertinentes para o processo como um todo.

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olho, onda, árvore

A origem da escolha e relação entre esses três signos - olho, onda e árvore - se deu de forma bastante intuitiva, como elementos-chave ou movimentos essenciais do processo criativo, que em seguida foram, desde cedo, sendo fortemente associados com a semiótica, traçando relações diretas respectivas às três categorias universais de toda experiência e pensamento, de Charles Peirce, ou a primeridade, secundidade e terceiridade. Observava-se uma direção predominante - do olho a onda e então a árvore - que em seguida foi também ganhando força como um movimento cíclico, de ordem universal. Porém, conforme a continuidade dos estudos, passei a observá-los como representações de certos movimentos do pensamento e não como um método ou arquétipo universal. A partir daí, buscou-se aprofundar em áreas que vão além dos campos das representações e significações, nos campos de forças, corpos e afetos, o que trouxe um caráter de superposição destes movimentos, e a noção de que eles são só possibilidades efêmeras de um ambiente cheio de outros acontecimentos.

Porém, isso não significa que os três signos iniciais e sua trajetória perderam sua relevância durante a pesquisa. Como atores, têm a função de demonstrar as mudanças acontecidas nas suas relações durante essa trajetória e suas capacidades de transformação (lembrando que estes três específicos foram úteis no meu processo, e não necessariamente serão para outras pessoas). Acabaram por servir como estruturas de um processo pessoal, auxiliando na sobrevivência à efemeridade de um mundo de acasos.

Inicialmente, essa pesquisa foi apoiada no conceito de natureza como única certeza, como o mair projeto conhecido, como um meio “universal” a tudo que existe ou que nós vemos.

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1.

1, 2, 3.

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2.

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O olho é como o corpo, a constante percepção do tempo presente. Está no plano dos acontecimentos. É a água esperando ser atingida por alguma força. É suscetível, se deixa ser permeado, afetado pelas qualidades das forças de outros corpos. Possui uma abertura ao tempo, ao acaso.

É a capacidade de enxergar o processo dos afetos entre corpos e distância, possibilitando então articular os acontecimentos no pensamento a partir de signos e no exercício de linguagem.

Este olho é uma força ativa. Deixa outras forças lhe afetarem sem reagir instantaneamente, mas as cozinha e digere até ficarem no ponto, para aí sim, sua energia transbordar naturalmente como uma nova força. Como o corpo, possui limites. Abre e fecha para se regular, para descansar. Fazendo assim pequenos recortes de realidade. O corpo é a terra e o tempo, espaço-tempo, o movimento.

Capta as sensações contraindo as vibrações das ondas. Faz o constante diálogo entre o interno e o externo, tendo a percepção dos espaços.

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A onda se revela como o movimento de passagem do mundo das forças para o mundo dos corpos. Estamos rodeados por ondas, eletromagnéticas e mecânicas, que não podemos ver, mas é quando elas encontram um corpo-matéria que se manifestam. A onda do mar é uma reação às forças do vento e das marés. As cores são reações das ondas de luz que batem em um determinado corpo. O símbolo da onda como recorte de seu todo representa a reação à uma certa vibração.

A onda na sua representação é o tempo visualizado. Onde se pode ver a oscilação de uma respiração. É quando o mundo das forças transborda e se torna corpo, “real”, terreno, podendo ser signo ou não. Quando tornada signo, porta a possibilidade de manuseio e de transformação, digestão e reciclagem em um sistema de linguagem. No campo de significação, ela abre um canal para escoar sua energia, tornando-se passível de tempo, portanto de morte, esgotamento de energia. A onda do mar como entendemos é a força transbordando, queimando a energia até acabar.

A força gerada a partir dessas reações geralmente impulsiona e liberta o corpo-matéria de um estado de conservação ou limitação, lançando-o à uma mudança de estado, podendo ser de expansão, compressão, recorte etc.

O movimento das ondas, ou o ritmo, pode ocasionar em outros corpos novas vibrações, dando continuidade à uma superfície de múltiplos movimentos.

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A imagem inicial da árvore era um tanto ocidental, hierárquica, e que organiza o conteúdo de forma centralizadora. Portanto, nesta etapa da pesquisa passou-se a identificar as propriedades desse elemento como a ideia de rizoma. Na natureza, o rizoma é semelhante à imagem dos fungos, que se interconectam por baixo da terra sem ter um ponto inicial. Uma rede também muito semelhante ao que seria uma visualização das interações do encéfalo humano ou da conexões realizadas na internet.

Nele também está o movimento da árvore, não de forma única e de recorte atemporal, mas em todos os seus pequenos movimentos simultâneos: na fruta, na semente, nas folhas, em todos os seus tempos.

O rizoma é o lugar de encontro, das imprevisibilidades, onde não há causalidade firme e que sempre procura novos começos. Ele não é feito de unidades, mas de dimensões, direções oscilantes. Ele não tem começo nem fim, mas sempre um meio pelo qual cresce e transborda. Constitui multiplicidades lineares com n dimensões, sem sujeito nem objeto.

Oposto à uma estrutura onde os contatos entre os signos se enrijecem, ele é feito somente de linhas e relacões inconstantes. É uma antigenealogia, uma memória curta ou uma antimemória. Sucede por movimentos de variação, expansão, ganho, etc. Um espaço capaz de recobrir diversos tipos de movimento. Se refere a um mapa que deve ser produzido, construído, sempre desmontável, conectável, reversível, modificável, com múltiplas entradas e saídas nas suas linhas de fuga. Definido apenas por uma movimentação de estados em constante transformação.

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ciclo

Na primeira etapa dessa pesquisa, a imagem do ciclo foi explorada de diversas maneiras e tratada com grande importância como norteamento da pesquisa. Porém, existem algumas atualizações a serem feitas conforme novas percepções foram surgindo. É claro que ele se indentifica quase que diretamente com o conceito de eterno retorno da diferença, da vontade de potência, de Nietzsche:

“Sabeis vós também o que é para mim ‘o mundo’? Devo mostrá- lo em meu espelho? Este mundo: uma imensidão de força, sem começo, sem fim, uma firme, brônzea grandeza de força, que não se torna maior, não se torna menor, não se consome, só se transforma... abençoando a si mesmo como aquilo que há de voltar eternamente, como um devir que não conhece nenhum tornar-se satisfeito, nenhum fastio, nenhum cansaço –: este meu mundo dionisíaco do criar eternamente a si mesmo, do destruir eternamente a si mesmo, [...] este meu ‘além de bem e mal’, sem fim, se não há um fim na felicidade do círculo, sem vontade, se não há boa vontade no anel que torna a si mesmo – vós quereis um nome para este mundo?... Este mundo é a vontade de poder [potência] – e nada além disso! E também vós mesmos sois essa vontade de poder [potência] – e nada além disso!” Friedich Nietzsche, FERREIRA, 2012.

Conceito que foi posteriormente adaptado por Deleuze na ideia de devir, como uma teoria do signo e do sentido, que ocorre como um escoamento perpétuo de realidade, e que trouxe novas indagações para o conceito de desejo da psicanálise de Freud. Vamos destacar então a importância do conceito de devir, como essa constante transformação sem começo nem fim, e como uma afirmação da multiplicidade e superposição de forças.

Entrar no campo do devir é estar sempre compondo em nossos corpos algo de inusitado a partir do encontro com o outro, embarcando constantemente em possíveis linhas de fuga desterritorializantes.

“Devir é nunca imitar, nem fazer como, nem se conformar a um modelo, seja de justiça ou de verdade. Não há um termo do qual se parta, nem um ao qual se chegue ou ao qual se deva chegar. Tampouco dois termos intercambiantes. A pergunta ‘o que você devém?’ é particularmente estúpida. Pois à medida que alguém se transforma, aquilo em que ele se transforma muda tanto quanto ele próprio. Os devires não são fenômenos de imitação, nem de assimilação, mas de dupla captura, de evolução nãoparalela, de núpcias entre dois reinos.” Friedich Nietzsche, FERREIRA, 2012.

Devir é o conteúdo próprio do desejo, desejar é passar por devires. É um fluxo multiplural de pensamento, onde existir é mudar, portanto, é um desprendimento da identidade.

A forma gráfica dos ciclos, até então bastante utilizada para representar esse trabalho, se trata de uma marca no tempo, uma recordação do processo, porém não mais um modelo, como se via anteriormente.

Há também uma relação a ser feita com o entendimento do tempo. Em uma entrevista com Flusser, ele explica que o tempo tido como linear foi algo criado a partir da escrita e sua disseminação com a imprensa. Antes disso o tempo era tido como cíclico, baseado nos ciclos naturais, como o das estações do ano. Então, passou-se a ter o tempo em uma única corrente, que flutua do passado ao futuro, onde todas as coisas são levadas por esse riacho. O ciclo então é uma volta no entendimento do tempo, mas que outras formas temos para enxergar o tempo? Qual seria a próxima depois do tempo cíclico e linear?

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estudosobre o círculo crescente e a vontade de potência

indíciossobre aion e cronos

indíciossobre pássaros e acasalamento

Bowerbird, espécie de pássaro que faz escultura como um ninho enfeitado com cores para atrair as fêmeas.

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indíciossobre rizoma e devires

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estudossobre o devir, o eterno retorno da diferença,o tempo, o movimento, o vício e a respiração.

a terra,o ciclo,o todo,

respiro.

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o ciclo da água

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algumas

notas

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OLHO

ONDA

RIZOMA

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O segundo signo, o da onda, visa comunicar o corpo vibrante, reagindo ativamente às forças, expandindo o espaço entre os opostos. Energia tornada corpo-matéria, expandindo o espaço-tempo.

A representação do terceiro signo, que originou da árvore, e hoje busca representar o rizoma, se mostrou de grande dificuldade de ser resumido em um ícone, que visa a transferência rápida e simples do conceito. Pode-se até dizer que ele falha ao representar o rizoma, por aparentar traços centralizadores. Mas de forma mais clara passa a ideia de ser o lugar dos encontros, das conexões. Porém, assumo essa forma por hora e, partindo em frente, segui buscando novas soluções para representá-lo.

Considerando que o rizoma é uma espécie de forma em movimento e que ele engloba diversas formas de movimento, o polimorfismo, foram feitos também estudos onde os três signos estão em diálogo, podendo ser superpostos, sobrepostos, atacando ou amando um ao outro.

Durante o processo de criação dos ícones do rizoma-encontros e o da máquina rizomática, surgiu o desafio de representar algo que é de uma não-estrutura complexa, efêmera, que está em constante mudança, e que justamente se opõe a ter uma única forma . Portanto, o objetivo da criação do ícone para inserir esse conceito em um sistema de linguagem estrutural e atemporal, falha ao torná-lo signo de algo que não consegue ser atemporal. O tempo não é só uma parte importante do rizoma, ele é quase que seu diferencial, por ser justamente o local que engloba e assume diversos tempos, ao mesmo tempo. Teria de ser um ícone, ou outro formato de representação, que fosse capaz de conter qualquer tipo de forma, de espaço, de tempo, de movimento.

Em seguida, passei a enxergar os três elementos como movimentos polimórficos de um mesmo corpo, ou seja, coexistentes, cooperativos, superpostos, portanto dialogantes. São elementos chave de uma mesma máquina que se auto-impulsiona. Orgãos essenciais de um mesmo processo vivo. São envolvidos em movimentos oscilantes entre percepção e criação. Respirantes, por vezes sincronizados, por vezes alguns silenciam para dar espaço ao outro. Polirrítmicos.

Independentes no seu próprio devir. Hoje podem ser olho, onda e árvore, mas amanhã podem ser qualquer outra coisa: uma caneca, um lençol, uma mesa.

Mas já não pretendem ser sujeitos de uma fórmula de criação de identidades, nem se prender a elementos da natureza. Agora cumprem o papel de atores que trabalham em coletivo, movimentos sincronizados que se auto maquinam, instrumentos que tocam juntos.

Também pode-se traçar certas relações dos últimos símbolos propostos com os seguintes conceitos:

cronos, da profundidade,abertura ao acaso

aion, do acontecimento, a reação às forças

encontros, o espaço subjetivo

O primeiro signo, inicialmente do olho, busca expressar a abertura ao acaso, à diferença, o rompimento com o círculo fechado, conservador, “perfeito”.

máquina-rizoma, aion e cronos gerando encontros

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policorpoexperimentações tornadas corpo.

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um acidente de carro necessário.

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acasaladoEsta experiência surgiu sobre o exercício do pensar livre, uma conversa comigo mesmo no Messenger do Facebook, com pausas de um dia, continuação no outro e encontro com referências durante o processo.

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acasionado casoacaso

ocasiona a casa ao lado

caso ladoa casa ao lado

acasalado por acaso

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acasionado casoacaso

ocasiona a casa ao lado

caso ladoa casa ao lado

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ocasionado pelo acasolábio leporinoele, faleinem também o fato de terem esquecido a camisinha do calor do momentojá vim abertoferidolevei um corte de espadaa guerra não tá fácil lá foratrouxe a guerra comigopelo menos a história

estar sujeito ao acasoabrir o peito, abraçá-lo, compô-lo, improvisá-locomo voar ao colidir em um acidente e perceber que abraçar o asfalto é a melhor coisa a se fazeragora rala, vem, forteconstruímos isso juntos, não vamos nos evitarver uma onda tão grande que não vai dá pra furarmelhor nadar na direção dela e dropar, deixa ela te levarcorrer junto à mortenão fugir, nem enfrentá-laser elater medo de morrer é ter medo de viverjá que a vida acasionou, acasalaremossomos a vida para a mortea morte para a vidavivendo-morrendo ao mesmo tempocada vez mais, ou menos, tanto fazmodelando, espichando, amassandorealizando o tempo

o meu então ressentimento reativoé pura reação do meu desejoquero tudo, muito, ao mesmo tempo, com forçatodos os elementos tocando junto numa sinfonia extasiadatudo aquilo que reclamo quero abraçar, transformar, acasalarme curar juntoquero também tocar um instrumento, sincronizarpegar esse tempo linha e picotá-lo, espalhá-locompor o espaço com todos os pedaços coexistência de passados com uns presentes

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O

O

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desenrolando e configurando os futuros

vejo espaço entre os pedaços

quero expandí-los

quero bagunçar os objetos, os objetivos(que baguncinha boa rapaz)

que zona, rizoma, rizo, oma, o aroma.

reativos somossenão não somos corpo

ativos somosbuscamos entender

até não caber mais do lado de dentro

o sofrimento é a vontade de transformar cansadacorpo presoo feridoé preciso acasalar o corpoocasionar pequenas mortes [petite mort]o tempo todomúsica, comida, sexo, respiraçãomudam a percepção do espaço-tempocorpo é energia expandidoo espaço-tempocorpo é o meioo movimento

interface entre vida e mortequando a a força do sofrimento não se transformaele represa, e aí só resta a ele gritartransbordar o sofrimento que agora guarda

que ainda sofrerá ciclo

que vai forçar mover seu corpo mesmo assim

e aí o choroa música mais movente

o dia e a noite cantando juntos, estourandoas despedidas são lindas, ou podem ser agonizantes

resistir à mudança pode ser parte da músicasó não escolha por ninguém

sua melodia só você pode ouvir e tocar(sua singularidade polimórfica, de heterogênese)

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O afeto é ambidestro, polilateralvem de um lado e já vira outro.

não chega a um final,O final é acúmulo, um acúmulo de finais. lixo.

deixar ser afetadoE se deixar afetar os outros.

assim deixa de ser orgão finalE passa a ser parte do corpo

Do meioDo ar

da águada música.

-

ver um mundo doenteuma utopia conservada

o modernismo finalista, totalatemporal

a instituição, a propriedade, a morala reação repressora com outras utopias

e enxergar o mundo fluidoque não luta contra o tempocorre no rio e corre na ondas

rimando, ritmandomas estamos dessincronizados

poluindo um ao outro sonoramentejá não nos escutamos

a tendência é aumentar o somsó tocam juntos aqueles que estão com o som mais alto

os que tem instrumentos caros ou aqueles que buscam outras frequências

o som baixinho, o som do dedo na mesa tudo é parte da mesma música

só entendendo o ritmo atual é que podemos dançá-lodançar abraçadinho, até se fundir

curar um ao outro

tão cansativa a construção das pontesfico doente de ver um mundo doente, fico reativo

todo muro um dia caivou tentar ficar tranquilo

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[talvez haja um tipo de sofrimento

a saudade de casao reconhecimento de que o corpo não

conformaa casa não comporta

desapego, entrega do corpo ao ciclopra que conservar o corpo

cemitériospra quê?

]

<<<encontro o manifesto da cidade do homem nu, de flávio de carvalho>>>

sim, vontade de mais, de potência, mas não no sentido consumista que não respeita os limites do corpo e que destrói o mundo imanente, mas que potencializa o corpo, que o deixa mais forte, mais elástico, mais rápido. a vontade de dançar nas extremidades, sem apego ao caminho traçado, sentir a expansão do espaço-tempo, a felicidade, a expansão da mente.

a vontade de mais, é por enxergar que as pessoas conseguem podem ser mais ativas, mais criativas, e conseguir enxergar as possibilidades pra isso. enxergar um mundo conectado, crescente, rizomático.

o nosso trabalho é a encorporação constante disso.

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para que o ciclo ocorra com veemência é preciso que as coisas estejam no lugar delasmas caso contrário ele também tem a função de colocar as coisas no lugar delas expelindo com força pelas tangentes aquilo que deve ficar mais

longe deixando ao cuidadosamente aquilo que deve estar por pertodo seu ciclodo policiclo

as coisas quando estagnadas em forma de conservação vão iniciar outros subciclos ao invés de fazer parte de um ciclo maior, podendo consumir energia desse maior ciclo. podemos concordar e ser parte do fluxo de um ciclo maiorpodemos ser um ciclo fora, que se alimenta delepodemos ser um ciclo superposto, que dança com ele compondo conflitos sintonizantes, entendendo-o e questionando-o também podemos simplesmente se afastar do ciclo para conseguir vê-lo observar sua direção e sua natureza.

[às vezes eu sinto coisas que não sei explicar ainda, isso causa ressentimento, reações precipitadas. as vezes tem que deixar o mar acalmar pra nadar nele mais tranquilamente, tem ondas que ainda não consigo lidar. é preciso potencializar o corpo.]

o círculo para mim é uma forma simbólica de achar um padrão no meio de um de um mundo caótico, de acasos.

o acaso é algo que você não estava esperando, ele sempre te mostra algo novo, fora do previsto. uma oportunidade. uma abertura.nasci com o acaslo sem saber, fui saber depois.era o acaso dos outros.foi um acaso aprendido.entendo que fui acasionado com o acasoagora acho consigo enxergar acasos possíveis

[sou ressentido porque na verdade só queria fazer música.]

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no grande ciclo da água, estamos talvez muito localizados nos rios, na escrita linear, talvez preso em alguma represa, tentando achar novos caminhos por entre as pedras. onde a terra vai moldando o fluxo do rio.

mas vamos em direção de retorno ao mar, nas imargens, no ciclo, nas marés, onde o corpo plano se pôe a disposição dos afetos, das forças, do vento, da lua. onde as ondas moldam os limites da terra.

e também onde a força do sol transforma a água em nuvem, chuva, em um novo rio.

às vezes é preciso forçar um pouco pra entrar de novo no ritmotirar ou colocar elementos para transformá-lo sutilmenteo ritmo sincrônico pode chegar à um transe, uma transaque bangunça, reorganiza, chacoalha, transmuta a forma, transformatranspõe ciclos, transcicla, trocaimpulsiona potência criativa

lentamenteexplode.

eu penso conforme o tempo, eu danço conforme o passo, eu passo conforme o espaço. eu amo conforme a fome, eu como conforme a cama. eu sinto conforme o mundo,

mas no fundo eu não me conformo.

encontro com martha medeiros

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oásis

“livre”

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per forma seeA busca de ver pela forma.

Sesc Pompéia, no espaço onde Maurício Ianês propõs uma experiência parte da exposição da Marina Abramovic.

Surgiu um esboço, depois surgiu o lugar.

Não foi algo planejado, algo do acaso, do desejo do momento. A ideia já me transpassava à cabeça e quando eu vi o espaço-agenciamento propício eu simplesmente fui fazendo, sendo feito.

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per forma

se

forma per se

se per formaforma

per se

per se ormaf

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per se formacada pessoa pega um novelo e segue um fluxo, costurando pequenos parafusos em imagens e objetos espalhados pela sala, criando uma grande rede.

vai ficar difícil de navegar por causa dos fios. tudo bem as pessoas não respeitarem as conexões das outras? ficaremos cada vez mais cuidadosos? afinal, tomamos decisões livremente?

o que acontece com o fim dos fios? se decompõem? podem ser material para novos fios?

se formará uma direção da rede toda?e se ela se expandir além da sala?conexões esticadas, conexões murchas.

será que precisamos dos fios? o que acontece quando se tece de um objeto a outro? e nos espaços, agenciamentos, formas, que se criam enquanto isso?

talvez seja uma visualização do pensamento em câmera lenta.

talvez mais fácil de lidar com um fio de tamanho limitado, formando então conexões mais efêmeras, sem conservar, dando espaço para que todos fluam.

per forma see.

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Entro na sala, de aparência bastante bagunçada, com paredes móveis, diversos tipos de objetos espalhados pelo chão, fitas, barbantes, pregos, martelos, e uma mesa de frutas e chás. Em seguida, Maurício me recebe calorosamente com um beijo e um abraço, e me avisa que neste espaço eu sou livre para fazer o que eu quiser coisa as coisas, com meu corpo e com o corpo dele.

Depois de dar algumas voltas pelo local, sinto que ali tinha um sentimento diferente no ar. Vou olhando os objetos e percebendo que tenho tudo para um protótipo da minha recente idéia de performance. Largo então a mochila em um canto e começo a configurar o espaço à minha forma. Vou então pegando os barbantes e prendendo-os em pregos pelas paredes, fazendo diversas conexões, utilizando diferentes materiais, e ocupando boa parte do espaço da sala, fazendo com que outras pessoas, extasiadas pela ideia de serem livres, tropeçassem e desequilibrassem aquele sistema frágil que eu construia.

A rede de barbantes era cada vez maior e segurava agora objetos de grande peso, como paletes e paus. Eu já não conseguia andar facilmente por ela, tendo que me contorcer e várias vezes destruindo-a. Mas sigo fortalecendo a estrutura, até me ver sem onde ir, com muita dificuldade de achar um buraco ou uma brecha para me movimentar.

fiquei olhando à minha volta, eu havia criado uma armadilha para mim mesmo. respirei.

me vi então caminhando ferozmente, sem rumo, comandado pelo meu próprio corpo, fios da cabeça aos pés, se enroscando e se predendo a outros objetos. não sentia nada, só queria andar.

meus pés enrolados andavam chutando, aos poucos destruindo todos os fios daquela estrutura. vi então sangue.

um corte na minha canela esquerda, fundo o suficiente para render uma cicatriz.

achei engraçado.

encontro com a amiga Renata e seu orgão poligênero.

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imargens

Nesse momento traça-se um retorno à teoria dos ideogramas copulativos de Haroldo de Campos.

Por colocar as imargens sem fios, produz-se subjetividades, sem se prender a um sistema de significação, deixando o espaço se subjetivar, ser projetado. Os temas mais explorados foram a relação entre olho, onda e árvore, rio e mar, aion e cronos.

No capítulo destas esperiências, todas as fotos são de minha autoria, minhas filhas, que lhe ofereço agora para, você também, produzir subjetividades.

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vertical

profundeza

interior

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horizontal superfície exterior

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mamão com laranja.

doce,dengoso, desesperado,

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o es

paço

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o m

eio

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é meu amigo, demorou mas eu achei

achei que fossem várias coisas, mas não

não é dinheiro (não), não é religião (não)não é filosofia (não)

são meus parceiro, meus irmão.

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o co

rpo

é a

men

sage

m

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cort

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Deu

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rma

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medo da morte

do não real

quase

morte

su

re

al

r

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São Paulo, São Paulo, Brasil 23°54’62.9”N 2°10’26.5”E

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Cedar City, Utah, United States of America

O meio NSEW.

41°24’12.2”N 2°10’26.5”E

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82

Page 91: Polimorfismo AION

Deleuze: o tempo como cisão,

“Não lhes basta, pois, propor uma nova representação do movimento; a representação já é mediação. Ao contrário, trata-se de produzir, na obra, um movimento capaz de comover o espírito fora de toda representação; trata-se de fazer do próprio movimento uma obra, sem interposição; de substituir representações mediatas por signos diretos; de inventar vibrações, rotações, giros, gravitações, danças ou saltos que atinjam diretamente o espírito.”

Sobre o Cristal do Tempo, do livro “O tempo não-reconciliado”, do Peter Pál Pelbart (que nome

rítmico).

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foto do suco amarelo ensolarado

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86

Page 95: Polimorfismo AION

87

coletivizaçãoAqui é um espaço para colagens e entwendung, conceito que Deleuze cita em seus estudos, mais explorado no livro Aion.

A colagem e o printscreen surgem da necessidade de quebrar as burocracias que impedem novas conexões, por medo, por serem reativas, por querer conservar sua identidade, seu conhecimento privado.

Nestes experimentos, mesmo tendo em consciência o espaço determinado desse trabalho como conclusão de curso, como algo de minha autoria, ele de certa forma se tornou um desejo imprescindível pela conjução dos conceitos aqui tratados, que acabam por questionar justamente a propriedade, a autoria, a identidade e o estruturalismo.

Portanto, a partir dos agenciamentos feitos nesse trabalho, foi simulado e projetado aqui um espaço que tenha a licensa de atuar na atividade de curadoria, composição e alteração de qualquer obra, qualquer foto, com o propósito de criar novas relações, novos agenciamentos, novos espaços, de modo a estimular o diálogo entre os objetos, a projeção e a produção de subjetividade.

Aqui ocorre a edição (curadoria) de imagens, coletivizando, se apropriando, colocando em conflito quase forçosamente, na tentativa de novas organizações (design), ou organicidades. Quebra as regras dada à urgência da mensagem. Às vezes o meio evolui mais rápido que a mensagem.

Page 96: Polimorfismo AION

bike fixa

se aproveitar do trânsitodo movimento atualuma micropolítica

a máquina cíclicao movimento linear

o movimento rizomáticoritmo da pedalada

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surfe de peito

o surfar com o corpose aproveitar da onda

se deixar levar

o tuboa quase-mortea linha cíclicaritmo da pernada e braçada

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é pr

ecis

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spaç

os su

buti

lizad

os

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desejo? corre pro agenciamento!

agenciamento, agenciamento, agenciamento, agenciamento, agenciamento,agenciamento,agenciamento, agenciamento, agenciamento, agenciamento, agenciamento,agenciamento,agenciamento,

agenciamento, agenciamento, agenciamento, agenciamento, agenciamento,agenciamento,agenciamento, agenciamento, agenciamento, agenciamento, agenciamento,agenciamento,agenciamento,

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agenciamento, agenciamento, agenciamento, agenciamento, agenciamento,agenciamento,agenciamento, agenciamento, agenciamento, agenciamento, agenciamento,agenciamento,agenciamento,

Page 101: Polimorfismo AION

LARANJA + GOIABA + AMORA

Laranja ácida e refrescante.Goiaba doce e consistente.Morango nutritivo e afrodisíaco.

Suco encorpado. As frutas se misturam sem deixar que uma se sobressaia à outra. Só é possível identificar suas variadas nuances de gostos se apreciado sem pressa.

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concreto controla fluxo diz alinhamento

seguro, de certo.

águaparece incolorinvisível calor

transborda, deságua.

som dispulsa

avista o pulso

prende, respira, são.

porque a gente tem medo de transbordar?transbordar é tão gostoso

acaso é aquilo que você não tinha pensadoaquilo que transbordou.

pode então ser abraçado, acasalado.

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Every empire collapses. The American empire is probably on its way to collapse now. Nature doesn’t like empires. It doesn’t like accumulation in one place, it doesn’t like monoculture. It’s always trying to make diverse species. It wants to spread everything out. And we’re constantly trying to hold everything in. WALLIN, Anderson, 2013.

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As estruturas burocráticas que já não funcionam mais.

A dor no corpo mostra a necessidade de repensar as coisas para voltarmos a nos sentir livres, criadores de nós mesmos.

referênciasobre os significados conservados

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O fato de termos aprendido geometria não significa que precisamos nos prender a ela, mas utilizá-la para ir além dela mesma.

Tudo bem deixar as coisas soltas, subjeitas ao movimento.

estudosobre os riscos e afetos

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Você está na metade* do livro AION.Aqui é um lugar especial.

Aqui você tem a oportunidade de tirar o os grampos que você tem entre as páginas e experienciar um desprendimento. Tirando estes grampos um mundo de possibilidades se abrirá.

Aqui você pode experienciar de outro jeito o rizoma. Mas vale lembrar que a leitura na forma proposta também é rizomática. Mas existem outras formas. O que será que acontece?Sinta-se à vontade!

AVISO!

*existe meio?

Page 113: Polimorfismo AION

3. Pronto, está solto.

Fio pra quê?

Configure como quiser.

2. Ajude com uma faca

1. Note os grampos

Como tirar os grampos:

(jogue no vento!)

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o pensar livre

a representação

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o devir

a crise das entre-formas

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referências sobre costura, signos, devires, ideogramas e planos.

“Untitled” por Edward Krasinski

“cristal fome.” por Haroldo de Campos

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“avesso 05.” por Márcia Hamaguchi

por

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uma banda

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uma batucada multinacional projetada

p o l i m o r f i s m o p o l i c a m a d a sp o l i v a l e n t ep o l i p o l i f i c a d o rp o l i a m o rp o l i f ô n i c op o l i r r i t m i c op o l i p l u r a l

p o l i t e m p o r a lp o l i l a t e r a lp o l i g ê n e r op o l i p o l í g n op o l i s i g n op o l i c o r p o

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114

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estudosobre singularidades

É como se na natureza tivesse uma linguagem “universal”, um “meio universal”, onde os elementos se comunicam, entram em conflito, se compõem.

(Os sons são o atrito que se manisfesta nos conflitos de linguagens, de idéias, de formas. Atritos na extremidade dessas formas.)

O vento, as árvores, a chuva, and so on. Som, vibra som.

estudo sobre agenciamentos

O suco é um agenciamento.

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estudo sobre subjetividade e sucos

Suco de fruta alaranjada com água1+1 = infinito1x1 = infinito

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ritmo e suporte

claro que quero ser a mesa.

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silêncio

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estudo sobre cruzamentos e tempo

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referência sobre cruzamentos e tempo

Már

cia

Ham

aguc

hi

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Page 135: Polimorfismo AION

todas as formasque não sabemos

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on da da des pir ação

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moramor tesulte nortequem tetorquecorte

solte

terespirrarte

umdadomarro lar

sondaondeondadesrespirarredespirarrespira som

de ondeimagem a te

respirar

do riodo vento

do mar

tempode

ao mar

morarte

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até

alguém sozinho

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estudo sobre a onda, a cor-luz, explosão, ritmo, devir e singularidade.

oficina de grafite na ESPM.a onda reage às forças, forma um corpo, quebra em si mesma. em movimentos de revolução, de caos.do preto e branco à explosão de cores.de Cronos até Aion.

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maria sem vergonha

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argyreia nervosa

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135Fotos do amigo Felipe Castellari

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sou uma taioba

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Foto

da

amig

a M

arin

a D

ias

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quero ser uma trepadeira

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quero ser um bem-te-vi

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atalhos

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navegar o espaço é criar espaço

mão dançante

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gentrificação micropolíticatransbundaçãotransformaçãolugar dos encontrosjam sessionconflitos

chaves-palavra:ravetalizaçãovoodoohopexperimentaçãosubjetivaçãoresistência

Page 151: Polimorfismo AION

gentrificação micropolíticatransbundaçãotransformaçãolugar dos encontrosjam sessionconflitos

Sabemos que a força dessas experimentações minúsculas diante do poder das construtoras, governantes e juízes parece sempre irrisória, para não dizer risível. E no entanto, é também nesses bolsões efêmeros que se experimentam gestos mínimos, lógicas incertas, estratégias e afetos capazes as vezes de transbordar ou disparar uma mobilização multitudinária e infletir o destino de um bosque ou de um mundo – lembremos que as revoltas em Istambul começaram pela defesa do parque Gezi. Tampouco aqui o critério quantitativo deveria nos intimidar. Quantas vezes não é pequeno o locus do desvio e da bifurcação decisiva? Como diz um personagem de Dostoiévski – e aqui o aplicamos à nossa imaginação política – até o incêndio de Moscou começou por uma vela de um kopek.

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quero ser um cajú

doce

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alga

dom

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roca

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caos

foca

do

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Wiphala é a bandeira do povo Aimará.

Palavra tem origem nas palavras da língua aimará eiphay, que é uma expressão de alegria, e phalax, que é o sonho produzido por conduzir uma bandeira.

A bandeira surgiu para demonstrar a estrutura e organizar, de maneira comunitária e harmônica, diversos povos andinos.

Os Aimarás se estabeleceram desde a Era pré-colombiana no sul do Peru, na Bolívia, na Argentina e no Chile, e possuem sua própria língua. Hoje estão mais concentrados na cidade de Puno (perto do Lago Titicaca), nas regiões Moquegua, Arequipa e Tacna.

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rizomapaAqui você encontrará o lugar de encontros que foi suporte para esse trabalho. Este lugar é o plano do software Adobe Illustrator, onde foi se criando uma espécie de roteiro linear e sendo expandido, para todos os lados, aos poucos, num movimento rizomático.

Surgem então estudos e encontros entre os conceitos explorados em ambos os livros, misturando e conectando referências, estudos, printscreens e pequenas experiências que se relacionam com as forças elaboradas e configuradas no movimento de polimorfar, promovendo diálogos, trocas, e novas forças, novas ondas.

Em seguida você verá alguns recortes.

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estudo sobre recorte, a abertura, a cicatriz, o rizoma

estudo (ao lado)sobre o processo, a linearidade, as conexões

rizoma: o lugar do encontro.

printscreen do mapa do processo.

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AQUI VEM O MAPA (PRESO?) PARA SER DESBOBRADO

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devir LOUCO

Viaduto da R. Conselheiro Furtado sobre Av. Radial LesteLiberdade, São Paulo

OESTE

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t˜˜˜ão louco que é quase nada.é justamente o sentido do nada.ver o nada e enxergar total sentido!

LESTE

devir LOUCO

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Praça Almeida Júnior

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(saio da festa mamba negra às 8am, em uma manhã amarela no bairro da liberdade, levemente desnorteado, nível controlável de noia sobre o que as pessoas acham da minha situação. o segurança da porta oferece um táxi, eu me percebo rápida e profundamente e conto a ele que vou me sentar um pouco na praça da frente, praça almeida junior, e depois vou tomar o táxi. ele apoia a minha ideia. vejo as nuances da luz do sol, e busco ser afetado por ele. encosto na beirada do canteiro do parque ao lado da ponte e observo o movimentar dos carros, ainda bêbados. suas rodas giram mais rápido do que eles andam. elas urgem, como máquinas mortíferas. um ciclo mortal. lembro o quanto até a ideia de ciclo, que tanto acreditei como sendo minha nova religião, também pode assumir movimentos que eu não tenho controle. um ciclo vicioso, como uma serra redonda que é viciada em cortar tudo que vê pela frente.)

(mas eu sei, tomei 3 sementes de argyreia hoje, a maior quantidade que eu já tomei de uma só vez, então só me resta ficar tranquilo e deixar o efeito passar.)

(mas a ponte me chama. quero ver a avenida lá embaixo, as 8am de um sábado e ela já está zunindo, acelerando, pisando fundo em direção ao nada.)

(noto na minha mão uma ficha ainda da festa de r$1 e decido jogar ela lá de cima, como um gesto de revolta poética, dos mais clichés. mas que grande bosta, até mesmo a tentativa de quebrar um significado, o dinheiro, tem um significado. e eu procurando o não-significado. foda fugir do sentido, do interesse. então lembro que já divaguei algumas vezes sobre a ideia de que “a falta de sentido faz sentido”, sentido então englobaria o tudo e o nada?)

(julgo esse momento com uma certa importância e que deveria ser lembrado...

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158

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um momento de alegria e percepção. os últimos 7% de bateria do celular me rendem duas fotos. uma pro decidido norte e outra pro então Sul. pronto. mas ânsia de expressar o que eu sentia era bem mais absurda, o pensamento jorrava, eu sorria feito louco na rua, nem tentava mais disfarçar. então parei e me fixei nos carros lá embaixo na avenida.)

(sim, dava tranquilamente. um esticar de pernas por cima do parapeito baixo da ponte, e estava lá. no sol, da liberdade.)

(então pego meu celular ainda na mão e digito as seguintes palavras)

marcia rezende é muito sensível

(por ter fumado maconha e ter querido se jogar na frente dos carros do nada)

quase

(reflito sobre o que estava pensando, ainda analisando as consequências. vejo. mais umas vez o nascer do sol esquentar o dia, as moças indo trabalhar, fugindo do meu olhar)

bonita a ponte|

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deponte de

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de

161

de cisão

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163

(um homem negro, forte, dono da sua dança, do seu trabalho, tomado de seu corpo.)

(vejo mais um negro andando na rua, olhar firme, olhos escuros infinitos, pele realmente escura, de um ritmo estrondecedor, um fúria controlada.)

(sinto um carro passando lentamente. é da polícia, a PM de São Paulo. olho com desprezo. o homem no carona me olha no olho. um homem negro. inclinado pra fora me pergunta se está tudo bem. meio reativo eu aceno com a cabeça sustento um joinha no polegar direito. ele me olha por mais dois segundos inteiros, baixa a cabeça e segue. ele também pensou que eu ia me jogar.)

os negros

(começo a caminhar lentamente pela calçada da ponte na direção de onde eu vim.

(todo meu preconceito com PM foi por algo abaixo. vi a real importância da função de um policial na sociedade, aquele que tanto foi meu alvo em protestos da desmilitarização)

a. madml

(lembro da atenção que a Marina dá aos negros, e sobre a visão mais espiritual e crua sobre as pessoas, quando se sente a pessoa na sua força)

que. lindo

(o auto correct deixa pontos, mas a essa altura eu já semi desisti, quem sabe eles não revelam outras interpretações, acasos)

preciso sossegar

mas é bom estar aqui de novo.hahahaba

hahahhaba

interessante

porém santra

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nao

sangra

(olho de novo minha camiseta cinza com duas marcas de sangue riscadas, que eu já tinha percebido antes e não identificado a origem)

o de do

d3

idej

(acho que pensei que podia ser da minha mão, que havia ferimentos de um rola de bike. D3 é uma consultoria digital cujo site é d3.do. já o “i dej” eu não sei, é acho que desisti de tentar)

haja alguma coisa pra poder entender essa loucura

dá até medo de não ter volta

(mas o fato de eu já ter tipo um quase-surto psicótico em 2010 e de meu amigo Felipe ter passado por um episódio talvez parecido a pouco tempo, me faz sentir mais seguro de que tá tudo bem.)

e que eu só preciso dormir

e talvez não lembrar de nada disso, que poderia. mudar minha vida

mas quem. sou eu nesse momento

devir-louco

Artaud

Celso é foda

(Celso: meu orientador da segunda fase do pgd)

ele sabe aonde eu me meti

mas ele vai dizer que eu enlouqueci

Page 173: Polimorfismo AION

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entendo.

(guardo o celular, caminho e entro de volta na festa, troco idéia com alguns amigos que lá ainda estão, algo sobre after. um amigo [o pão] dança caminhando desconfiado de braços cruzados mas exalta comentários sobre o som do Paulo Tessuto. falo com ele que estou me formando e que quero tocar junto, dou um gás pra gente marcar uma Jam eletrônica. lembro que talvez já tenha falado isso pra ele outra vez, ou vezes. entro nessa noia. mas tudo bem.)

(danço mais um pouco, Paulo Tessuto manda bem mesmo. as 8am é que a festa fica realmente boa. a música carrega as pessoas, ou as pessoas carregam a música em um diálogo bastante presunçoso, uma tensão crescente e decrescente, respirante, sexual.)

(então vou até o bar pego duas águas com o resto das fichas que tenho, vou lá fora novamente, dou um salve no segurança, negro, 2,5x do meu tamanho, de terno preto no sol já morno, que assente com a cabeça e fechando os olhos. pego o táxi e durante o caminho acabo revelando minha situação lisergica, e então conto a ele sobre as sementes de argyreia que andei estudando e experimentando. chegando à frente da porta da minha casa ele pergunta: “mas vale a pena?” e estaciona o carro, para então finalizar a corrida. então respondo: “olha, essa é a pergunta que não quer calar” faço uma rápida pausa e respondo “mas eu acho que vale. pode as vezes dar uma bagunçada mas nisso também iluminar novos caminhos, aventuras” sinto que daria pra formular melhor a resposta mas decido que preciso pagar e ir dormir neste momento.)

(chego em casa e a geladeira despenca no chão.) (um PUTA estrondo. arrumo com meus roommates então acordados. conspiro se fui eu que causei aquilo, sem conseguir lembrar.)

(tomo um último gole de maracugina e uma pastilha sólida pra complementar e deito.

(escrevo)

tantos acasos hoje, gostei

Page 174: Polimorfismo AION

166

mas não quero ir nesse caminho os sons estão muito sensíveis eu acho que isso tem a ver com esquizo

tudo bem vou limpar. as notificações e dormir uma. promessa

estou preso a esse registrar entendo as linguagens de Deleuze agora mas não entendo tudonão sou Deus. ha

birdman

(o filme)

faz sentido porque vejo meus d3dos feridos? auto correct

paraesquizo total ou sei la o que é isso

vou dormir

maracugina

Page 175: Polimorfismo AION

(e uma última vez.)

para.

(no dia seguinte, às 16h36, acordo)

que espaço lindo estão montandono prédio, com luzes

(olho lá fora a montagem da festa de um amigo)

a alegria é essencial para o conhecimento, ela é que torna o devir relevante

sem ela, é só viagem

a alegria é a vontade do eterno retorno da diferença de Nietzsche.

o desejo de fazer o ritmo na música.

Page 176: Polimorfismo AION

v

da

vi de

virde

ri a

va garva

vira

vai

ver

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v

da

viaté

Page 178: Polimorfismo AION

felicidade: sentimento de expansão da mente, da mentira, cócegas rizomáticas, uma gato passando na sua perna.

alegria: euforia, o gap, a vontade de voltar a respirar, o cume da montanha, o lipe da onda, o fundo do mar, a queda livre.

bagunça: confusão.

risorizona

bagunça boa

oirizoma

soma

Page 179: Polimorfismo AION

rimapra fazer sentidopra isso serve a plásticapra não ficar sem ritmose for só rima

será que cai no limbo?rima romã

obra primarima fã

alucina

cobra é tão imprevisívelpor isso temos medo dela

porque não conseguimos lê-la,diferente de um cachorro ou gato que sabemos quando ele está feliz, triste, nervoso, agitado.

a cobra não.

é linha, é círculo, é entrada, é saída,é pinto, é boceta,

é faminta, come até anta.

bagunça boa

Page 180: Polimorfismo AION

cr o

on

s

a i o n

Page 181: Polimorfismo AION

o corpo como suporte.

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Page 183: Polimorfismo AION

interface

Page 184: Polimorfismo AION

176

todos

som

branco

morte

0

petite

RITMO

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177

mort

um

silêncio

preto

RITMOsexo

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Page 188: Polimorfismo AION

180

many festaação

many mãos no som

menos são fatos

many festasafestuação

mais

m e n o s n o ç ã o

m a i s a f e t o a ç ã o

m ã e n a f e s t a

m a n o n u e s t o u

m a t o v e m t u

dorme nação

Page 189: Polimorfismo AION

todas as corestodas os temposse cruzando simultaneamenteo fim e o começo juntosuma explosão urgente e lentagrandes acasospequenas mortes

manifestaçãoAqui você encontrará encontros entre os conceitos explorados no livro Cronos com referências, estudos e pequenas experiências que se relacionam com as forças elaboradas e configuradas na manifestação de uma definição efêmera de polimorfismo, que busca produzir novas forças, que movimentem seu policorpo, ou seja, criar as suas próprias ondas.

181

Page 190: Polimorfismo AION

()

182

polimorfismo: um manifesto. {}[

[ ]

[ ]

[ ]

[ ]

( )

( )

[ ]

()

()

(definição)

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A procura de uma definiçãoprovisória parao design.

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se tudo é acaso, buscamos organizar estruturas quesobrevivam à nossa efemeridade: a linguagem, as convenções, as certezas inventadas.

Uma mistura sem estrutura de poder ou hierarquia.

O pensar livre e o constante olhar para o corpo.

O reconhecimento e expansão dos limites.

Entender o tempo, o processo que envolve as instâncias.

A busca pelas cócegas rizomáticas e recortes eufóricos.

A reponsabilidade por aqui que projetamos é a responsabilidade pelos nossos afetos, desejos e agenciamentos.

A busca de formas que não estejam presas ao tempo.

Vamos mudar as palavras forma-conteúdo. Fatos são interesses. Corpo é corpo.

O projeto de uma máquina de guerra auto-combustionada, um corpo-sem-orgãos, uma máquina geradora de seus conflitos.

O rizoma e o devir-loucura, como processo de criação e cura.

Contra o estruturado e acelerado suicídio da vida.

Contra o absolutista, o exclusivista, o conservador e o punidor.

Por mais jam sessions, as festas antropofágicas, danças multiplurais, acasos e acasalamentos.

Compor o acaso, com por acaso, compor a casa.

Corpo efêmero, provisório, corpo protótipo.

Mais formas de encontro e encontros de formas.

Mais dúvidas, mais curiosidades, mais produção de subjetividade.

Mais diálogos, mais trocas, mais experimentação, mais coragem, mais desejo, mais pequenas mortes.

Pela consciência da sua loucura, dos seus afetos,do seu transformar, seu transbordar de beleza.

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Sobre o conceito de dúvida de Flusser, vale retonar novamente:

“A dúvida é um estado de espírito polivalente. Pode significar o fim de uma fé, ou pode significar o começo de outra. Pode ainda, se levada ao extremo, instituir-se como ‘ceticismo’, isto é, como uma espécie de fé invertida. Em dose moderada estimula o pensamento, mas em dose excessiva paralisa toda a atividade mental. A dúvida como exercício intelectual proporciona um dos poucos prazeres puros, mas como experiência moral ela é uma tortura. A dúvida, aliada à curiosidade, é o berço da pesquisa, portanto, de todo conhecimento sistemático – mas em estado destilado mata toda curiosidade e é o fim de todo conhecimento.” Vilém Flusser, A dúvida, 2002.

Sobre as dúvidas e questões sobre o próprio design, ou as formas de projetar, vale recolocar também:

Caso definido e fechado em si, o ciclo se fecha e terá seu papel cumprido, finalizado. Ao pensarmos o design como uma forma de repensar problemas, reavaliamos o própio pensar, cultivando novas complicações, alimento primordial do design”. Rafael Cardoso, 2012.

Por esse viés, o design de processos, o projeto do design, ou o metadesign ganha importância para se recriar, utilizando o seu corpo para ir questionar e ir contra a si mesmo, e também a favor, reforçando o movimento recriador do seu sentido, recriando as máquinas desejantes.

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Segundo Deleuze e Guattari, por sorte ainda estamos bêbados demais para desejar mais fazê-lo do que explicá-lo.

Apesar da crítica feita ao modernismo, como modelo limitado e limitador de pensamento, esse trabalho não se opõe de forma contrária a ele, mas o absorve, valorizando também as suas qualidades que são o fato de ser uma linguagem estruturada a ponto de, quando bem articulada, diminuir os mal entendidos. Mesmo a criação de um sitema de identidade, um sistema de significados, utilizando a geometria, os grids, a obsessão pelos alinhamentos, também são de extrema importância para alcançar certos objetivos. Esse trabalho ressalta todavia que ele não é o único jeito, a única forma, ele é mais uma em um mundo vasto de possibilidades.

Esse trabalho surge de um desejo, um desejo, logo um agenciamento e, por esse agenciamento de referências criações e percepções, produz-se um espaço subjetivo, como se tivesse uma dada vibração, um dado polirritmo, uma certa superfície e certos policorpos e poliforças que informam afetivamente sobre o desejo de fazer música, de dançar, juntos.

Logo, os cruzamentos acasionados neste lugar de encontros se deixam permear pelos seguintes conceitos sobre de design: questionar, duvidar ou especular (Vilém Flusser), fazer advir ou devir, ou, to come, to become, (Marcos Beccari), reprojetar urgentemente e cuidadosamente (Bruno Latour), repensar ou rever (Rafael Cardoso), maquinar (Gilles Deleuze), sendo assim uma interface e um suporte que cria a si mesmo, que recria constamente um modo de navegar no lugar de encontros, recriando assim o lugar de encontros.

Incentiva-se assim “poliformar” dos conceitos, dos suportes, das interfaces e dos espaços. Uma definição provisória e efêmera para o termo design, como o processo do projetar e o projeto do processar. Considerando que “projetar” é se lançar para frente, aqui consideramos que “o sentido mirado permanece uma operação aberta, interminável”, como dizia Deleuze.

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dúvidadevir

to come*protótipo

gambiarraimprovisação

revisãoprevisão

reação

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explosão

urgente

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polimorfismo.designhttp://polimorfismo.design

um desejo de não acabar

Todas as imagens de referências, vídeos, alguns dos estudos apresentados nesse livro se encontram também neste site, que utiliza a plataforma de trocas do Tumblr, portanto possível de ser seguido, comentado e compartilhado assim como achar as fontes onde elas foram encontradas.

A interface do site foi projetada para que as fotos tenham o espaço possível de subjetividade e escolha dos diálogos entre elas, propondo um certo fluxo linear, porém rizomático nas suas conexões, tentando ditar o mínimo possível as regras e objetivos como uma quase-anarquia, mas que lembra que em todo projeto, ou interface, existe interesse.

Este site foi uma plataforma muito utilizada durante o processo para salvar tudo aquilo do qual pensei ter alguma afetividade com a pesquisa. Por ser uma ferramenta de uso ágil e capaz de agregar diversos formatos de mídia, ela se tornou uma peça importante que representa um certo caminho naturalmente manifestado, como um atalho necessário e manifestador de novos atalhos, encontros e subjetividades, que formalmente teve um começo, mas que talvez não tenha fim.

Portanto pode ser uma plataforma que, futuramente como continuidade dessa pesquisa, possa agregar os materiais aqui desenvolvidos possibilitando o download gratuito dos livros e do mapa, com a mesma intenção que a árvore oferece seus frutos em um grande ecossistema para os outros comerem e digerirem.

A internet, o rizoma, o lugar dos encontros, por enquanto parece ser o melhor meio para isso.

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alagoaQue coisa boa.

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ahhhhhhhh que conclusão boa.

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acho que cheguei na lagoa!

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lent

amen

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