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 88 P Pl lane e  j  j a ame ent t o o I Int t e e l l i i g ge ent t e e  -  P Pa ar r t te I I:  H Hi i s s t t ó ó r r i ia a a t t é é  1 1 9 9 8 8 6 6 Earl Aagaard Pacific Union College Tradução: Urias Echterhoff Takatohi Revisão: Marcia Oliveira de Paula “Planejamento Inteligente” é a proposição de que o universo, e o que ele contém, não pode ser o resultado de forças naturais sem propósito, mas requer um planejador inteligente. De fato, a Teoria do Planejamento Inteligente afirma que já aprendemos o suficiente sobre o mundo natural para dizer com confiança que a combinação de lei natural e acaso são insuficientes para transformar substâncias químicas não vivas em uma célula viva, ou para gerar a informação nova necessária para transformar aquela célula inicial na grande diversidade de plantas e animais que vemos à nossa volta. Ao contrário dos antigos argumentos a favor de uma intervenção inteligente na “ordem natural”, a força da Teoria do Planejamento Inteligente está em mostrar que não é a ignorância, ou falta de imaginação, nem um comprometimento a um dogma religioso, mas são as mais recentes descobertas da ciência moderna que levam a estas conclusões. Na verdade, hoje é o materialismo filosófico que parece estar operando como um substituto para a religião tradicional na ciência, restringindo arbitrariamente o limite das explicações que são “aceitáveis” para explicar os dados gerados nos laboratórios e no campo.  A Teoria do Planejamento Inteligente não é nova. Pelo menos desde os tempos bíblicos, e talvez desde Platão (Lewis 1964 p. 55), o homem tem olhado para o cosmos e o mundo vivo ao seu redor, e inferido um "poder mais alto" que fez estas coisas. Até cerca de 150 anos atrás, o consenso estabelecido pela civilização ocidental era que este poder era o Deus Criador; que Seu papel como legislador e mantenedor da Criação tornou o empreendimento da ciência possível; e que uma parte adequada do trabalho do homem era discernir as leis naturais estabelecidas por Deus; que Sua criação era um testemunho de Seu poder e de Seu cuidado para com Suas criaturas; e que a natureza devia ser estudada para se obter vislumbres do caráter de Deus e para aprender coisas que levassem a descobertas benéficas para Suas criaturas.  A apreciação ocidental da Criação, e possivelmen te até mesmo o próprio argumento do Planejamento Inteligente, pode ter ser originado na Bíblia. Muitas passagens afirmam o poder criador de Deus, assim como sua ação direta ao trazer à existência tanto o universo quanto a terra com seus seres vivos. Entre os escritores bíblicos, Paulo tornou o argumento de Planejamento Inteligente mais explícito em Romanos 1:20 (NIV). “Pois desde a criação do mundo as qualidades invisíveis de Deus – seu poder eterno e natureza divina – têm sido vistas claramente, sendo entendidas pelo que foi feito …”  Aqui, Paulo argumenta fortemente que, como “impressões digitais” divinas estão na Sua criação, aqueles que deixam de crer Nele ficam sem desculpa. A existência de Deus, de acordo com Paulo em Romanos, não está escondida, e não pode haver dúvidas. Se escolhemos nos afastar daquilo que é tão óbvio na natureza, não seremos desculpados, mas teremos de prestar contas a nosso Criador. Paulo poderia estar respondendo ao pensamento materialista de muitos em Roma, representado s pelo poeta Titus Lucretius Carus (94? – 55? a.C.) in De Rerum Natura: “Certamente não era intenção dos primeiros inícios (átomos) que os levou a se colocarem em sua própria ordem com perspicaz inteligência, nem seguramente fizeram nenhuma negociação quanto a que movimentos cada um deveria produzir; mas porque muitos primeiros inícios de coisas de muitas maneiras, impulsionados e levados por seu próprio peso desde um tempo infinito até o presente, acostumados

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PPllaannee j jaammeennttoo IInntteelliiggeennttee -- PPaar r ttee II:: HHiissttóór r iiaa aattéé 11998866

Earl Aagaard Pacific Union College

Tradução: Urias Echterhoff TakatohiRevisão: Marcia Oliveira de Paula

“Planejamento Inteligente” é a proposição de que o universo, e o que ele contém, nãopode ser o resultado de forças naturais sem propósito, mas requer um planejador inteligente. De fato, a Teoria do Planejamento Inteligente afirma que já aprendemos osuficiente sobre o mundo natural para dizer com confiança que a combinação de leinatural e acaso são insuficientes para transformar substâncias químicas não vivas emuma célula viva, ou para gerar a informação nova necessária para transformar aquelacélula inicial na grande diversidade de plantas e animais que vemos à nossa volta. Ao

contrário dos antigos argumentos a favor de uma intervenção inteligente na “ordemnatural”, a força da Teoria do Planejamento Inteligente está em mostrar que não é aignorância, ou falta de imaginação, nem um comprometimento a um dogma religioso,mas são as mais recentes descobertas da ciência moderna que levam a estasconclusões. Na verdade, hoje é o materialismo filosófico que parece estar operandocomo um substituto para a religião tradicional na ciência, restringindo arbitrariamente olimite das explicações que são “aceitáveis” para explicar os dados gerados noslaboratórios e no campo.

A Teoria do Planejamento Inteligente não é nova. Pelo menos desde os tempos bíblicos,e talvez desde Platão (Lewis 1964 p. 55), o homem tem olhado para o cosmos e o mundovivo ao seu redor, e inferido um "poder mais alto" que fez estas coisas. Até cerca de 150

anos atrás, o consenso estabelecido pela civilização ocidental era que este poder era oDeus Criador; que Seu papel como legislador e mantenedor da Criação tornou oempreendimento da ciência possível; e que uma parte adequada do trabalho do homemera discernir as leis naturais estabelecidas por Deus; que Sua criação era um testemunhode Seu poder e de Seu cuidado para com Suas criaturas; e que a natureza devia ser estudada para se obter vislumbres do caráter de Deus e para aprender coisas quelevassem a descobertas benéficas para Suas criaturas.

A apreciação ocidental da Criação, e possivelmente até mesmo o próprio argumento doPlanejamento Inteligente, pode ter ser originado na Bíblia. Muitas passagens afirmam opoder criador de Deus, assim como sua ação direta ao trazer à existência tanto ouniverso quanto a terra com seus seres vivos. Entre os escritores bíblicos, Paulo tornou oargumento de Planejamento Inteligente mais explícito em Romanos 1:20 (NIV). “Poisdesde a criação do mundo as qualidades invisíveis de Deus – seu poder eterno enatureza divina – têm sido vistas claramente, sendo entendidas pelo que foi feito…” Aqui, Paulo argumenta fortemente que, como “impressões digitais” divinas estão naSua criação, aqueles que deixam de crer Nele ficam sem desculpa. A existência de Deus,de acordo com Paulo em Romanos, não está escondida, e não pode haver dúvidas. Seescolhemos nos afastar daquilo que é tão óbvio na natureza, não seremos desculpados,mas teremos de prestar contas a nosso Criador.

Paulo poderia estar respondendo ao pensamento materialista de muitos em Roma,representados pelo poeta Titus Lucretius Carus (94? – 55? a.C.) in De Rerum Natura:

“Certamente não era intenção dos primeiros inícios (átomos) que os levou a se

colocarem em sua própria ordem com perspicaz inteligência, nem seguramentefizeram nenhuma negociação quanto a que movimentos cada um deveria produzir;mas porque muitos primeiros inícios de coisas de muitas maneiras, impulsionados elevados por seu próprio peso desde um tempo infinito até o presente, acostumados

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a se mover e se encontrar de todas formas, e tentar todas combinações, qualquer coisa que pudessem produzir ao se ajuntar, por este motivo aconteceu quedifundidos através de um vasto tempo, por tentar cada tipo de combinação emovimento, com o tempo aqueles se ajuntaram, os quais sendo repentinamenteajuntados, com freqüência se tornaram o início de grandes coisas, da terra e mar e

céu e da geração das criaturas vivas”.A maioria de nós ouviu falar de Galileo Galilei, o homem que, confrontado com osinstrumentos de tortura da Inquisição, sabiamente se retratou de sua crença de que aterra se movia em torno do sol em vez de estar parada no centro do universo. (Algunsdizem que ele sussurrou “Mas ela se move”, enquanto se afastava, mas de fato eleescapou da ira da igreja.) A reputação de Galileo, cuidadosamente construída peloestabelecimento da ciência cada vez mais materialista, é de um cruzado a favor daciência objetiva contra o dogma da Igreja Católica Romana. Entretanto, uma leituracuidadosa dos próprios escritos de Galileo, refuta a sabedoria convencional. Em oposiçãoao divulgado pela mídia popular e pelos nossos livros didáticos de ciências, a evidênciaprimária das cartas e livros de Galileo revela um homem sério em relação à sua igreja e

comprometido com a crença em Deus. De fato, Galileo faz uma defesa explícita aoPlanejamento Inteligente no livro que o levou a ter problemas com o Papa, seu amigo ecolega na ciência.

O Papa tinha dado sua permissão para Galileo apresentar as evidências a favor de duashipóteses antagônicas – o universo geocêntrico de Ptolomeu versus o universoheliocêntrico de Copérnico. O livro resultante, Diálogos Sobre os Dois Sistemas deMundo Principais, foi escrito na forma de uma conversa entre três amigos. Um deles(Salviati) representa o próprio Galileo; Simplício defende a sabedoria contemporâneaconvencional (ptolomaica) sobre o universo; e Sagredo é o “homem do meio”, que ouveos outros dois, faz perguntas e emite julgamentos acerca de quem tem o melhor argumento. O problema de Galileo com o Papa e, portanto, com a igreja, ocorreu quandoele, de forma não criteriosa, representou Simplício como um tolo em sua defesa dacosmologia ptolomaica (e aristotélica). Como a igreja naquela época não tinha tomadouma posição firme sobre que cosmologia era bíblica, não foi a discussão do assunto emsi o problema. Entretanto, Galileo insistiu em apresentar seu ponto de vista como real,quando a evidência simplesmente não era compelente, e isto provocou uma disputaconsiderável. Mas a gota que entornou o caldo foi a forma pela qual Galileo cumpriu suapromessa de incluir a opinião do Papa sobre a disputa cosmológica em seu livro. No finaldo livro, é Simplício que afirma a posição do Papa (…Ele [Deus] saberia como fazer istode muitas formas que são inimagináveis para nossas mentes. A partir disso, eu concluo,portanto que, sendo assim, seria atrevimento excessivo, para qualquer um, limitar erestringir o poder e sabedoria divinos a alguma fantasia particular própria.) Entre a elitereligiosa e científica da época, esta opinião era bem conhecida como sendo do Papa.

Mesmo para um amigo isto era demais. É difícil imaginar o que Galileo estava pensandoao levar ao ridículo o homem mais poderoso da Itália num livro escrito em italiano (emvez do latim) especialmente para aumentar o número de pessoas que o pudessem ler!

De qualquer forma, na página 102, Galileo como Sagredo diz:

“Entre os homens há alguns que entendem de agricultura mais que os outros; maso que o conhecimento de como plantar uma videira numa vala tem a ver comconhecer como fazê-la enraizar, obter sua nutrição, tirar dela uma boa parte paraformar gavinhas, esta para cachos, aquela para uvas, a outra para cascas, tudo istosendo a obra da mais sábia Natureza? Este é apenas um exemplo particular dasinumeráveis obras da Natureza, e neste apenas pode-se reconhecer uma sabedoriainfinita..."

E Salviati responde:

Aqui está outro exemplo. Não dizemos que a arte de descobrir uma bela estátua emum bloco de mármore elevou o gênio de Michelangelo, bem acima da mente

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comum dos outros homens? Entretanto, esta obra não é nada mais que copiar umaúnica atitude e posição dos membros externos e superficiais de um homem imóvel.Então, o que é isso em comparação com um homem feito pela Natureza, compostode tantos membros, externos e internos, de tantos músculos, tendões, nervos,ossos, que servem para tantos movimentos diferentes? Não podemos corretamente

dizer que a feitura de uma estátua é infinitamente inferior à formação de um homemvivo e mesmo à formação do verme mais inferior?”

Aqui está o argumento do Planejamento Inteligente numa casca de noz. Reconhecemosa existência do Infinito ao olhar para o que Ele criou. Além do mais, isso não ésimplesmente um exercício de nossa fé pré-existente. O gênio e arte de um Michelangelosão manifestos na estátua que ele esculpiu. Entretanto, uma estátua de mármore não énada mais que uma semelhança superficial de algo muito mais notável – um ser humano,com toda a estrutura interna e sistemas que tornam a existência possível. Por analogia,se reconhecemos que algo tão simples como uma estátua deve ter sido feita por umainteligência, então o planejamento muito maior e propósito óbvio de um homem noscontam, inequivocamente, que existe uma inteligência tão maior que a de um escultor 

quanto um corpo humano excede uma estátua.A Francis Bacon, o homem amplamente reconhecido como tendo lançado osfundamentos do método científico, se atribui também a separação da ciência de qualquer insinuação do sobrenatural, ou Planejamento. Certamente, os escritos de Bacon (seselecionados cuidadosamente) podem dar esta impressão mais do que qualquer coisanos livros de Galileo. Em sua obra principal, Novum Organum, Bacon escreve passagenstais como:

“Entretanto, alguns dos modernos têm condescendido, com a maior frivolidade,tanto em sua loucura, como em tentar encontrar uma filosofia natural no primeirocapítulo de Gênesis, no livro de Jó e em outros escritos sagrados – ‘procurando osmortos entre os vivos’. De tudo, o mais importante é ficar em guarda e checar esta

loucura, pois uma mistura não saudável do divino e humano leva não só à filosofiafantasiosa mas também à religião herética”.(p.71)

Mas, na próxima sentença ele afirma:

“Portanto, o curso saudável é manter uma mente sóbria e dar à fé apenas aquiloque é da fé”.

Há muitos cientistas que dizem que isto significa que na ciência não se permite nenhumafé, mas isto não é o que Bacon diz – embora rejeitando a Bíblia como base para aciência, ele deixa um lugar para a fé. O livro Novum Organum não apóia a idéia de queBacon concordaria com a possibilidade de que o sobrenatural seja inimigo da boaciência.

Na verdade, Francis Bacon deve ser mais bem visto como um defensor da Teoria doPlanejamento Inteligente, embora sua obra tenha sido extrapolada num programainteiramente materialista para fazer ciência. Considere a seguinte citação (p.30):

“Pois Deus impeça que façamos do padrão do mundo um sonho de nossaimaginação; mas que Ele conceda de Sua graça para que possamos escrever umarevelação ou visão verdadeira das pegadas e marcas do Criador sobre as coisascriadas”.

ou do Livro I, Aforismo 23:

“Há uma grande diferença entre os ídolos da mente humana e as idéias da mentedivina; quer dizer, entre certas opiniões vazias e as assinaturas genuínas e marcas

impressas nas coisas criadas, como elas são”.No Aforismo 124, Bacon refere-se ao Aforismo 23, e o reforça nas seguintes palavras:

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“Os homens devem compreender, portanto, como disse anteriormente, quão grandediferença há entre os ídolos da mente humana e as idéias da mente divina. Osprimeiros não são mais que abstrações arbitrárias; as últimas são o verdadeiro selodo Criador sobre as coisas criadas, impressas e definidas sobre a matéria por linhas verdadeiras e precisas”.(todas as ênfases foram acrescentadas)

Conquanto não possamos saber com certeza a opinião de Francis Bacon sobre a Teoriado Planejamento Inteligente, se estivesse vivo hoje, suas palavras certamente indicamque ele pensava que a obra de Deus nesta terra podia ser discernida naquilo que oscientistas estudam.

Ao ler sua obra fica-se convencido de que Bacon cria que Deus era o Originador douniverso e desta terra. Entretanto, ele não aconselhava uma dependência da Bíblia; eleparece preparado para permitir que os detalhes de como Deus fez Sua obra fossemdescobertos pelo uso do programa científico que ele propunha. Se isto for correto, entãoBacon poderia de fato se sentir confortável com a Teoria do Planejamento Inteligenteatual. Observe o que ele diz na página 59:

“A compreensão humana não é uma luz seca, mas é infundida pelo desejo eemoção, que produz uma ‘ciência desejosa’. Pois o homem prefere crer no que elequer que seja verdadeiro. Ele, portanto, rejeita as dificuldades, sendo impaciente nabusca; (rejeita) coisas sérias, porque restringem sua esperança; (rejeita) as partesprofundas da Natureza, por causa de sua superstição; (rejeita) a luz da experiência,por causa de sua arrogância e orgulho, que sua mente pareça se preocupar comcoisas medianas e transitórias; (rejeita) coisas que são estranhas e contrárias atoda expectativa, por causa da opinião comum. Em resumo, a emoção, de formasnumerosas e com freqüência imperceptíveis, permeia e infecta a compreensão”.

Bacon não limita sua advertência a cientistas que defendam uma religião tradicional,embora ele mesmo teria se incluído neste grupo. Ele escreve sobre as limitações da“compreensão humana”. Os seres humanos se comprometem com o materialismo assimcomo com a crença em Deus, e com a mesma possibilidade – o risco de se afastar daevidência científica para adotar uma crença favorita. No passado, cientistas eminentesrejeitaram a proposta de Darwin de que a seleção natural pudesse produzir a especiação,porque criam na “opinião comum” de que Deus tinha criado especialmente cada espécieencontrada na terra. Hoje, o problema é diferente, mas qualquer um que leia o aclamadolivro The Blind Watchmaker (O Relojoeiro Cego) de Richard Dawkins, ou a afirmação deScott Todd (abaixo) se lembrará do vislumbre de Bacon. O que pode ser mais “comum”na comunidade científica atual do que a “opinião” de que o Darwinismo pode explicar tudo sobre a vida e sua diversidade? Esta opinião é causa suficiente para rejeitar “coisasque são estranhas e contrárias a toda expectativa”. Entre estas “coisas” a seremrejeitadas estão os sinais, embora claros, de planejamento inteligente no mundo natural.

Bacon bem poderia estar dizendo “Eu avisei vocês!” se estivesse vivo hoje.A primeira exposição, a mais conhecida e a mais influente, do argumento doPlanejamento Inteligente é encontrada no livro Natural Theology  (Teologia Natural)escrito por William Paley da Inglaterra. Em 1802, Paley escreveu:

"Ao atravessar uma charneca, suponha que eu tropece numa  pedra, e meperguntassem como a pedra foi parar ali; eu poderia possivelmente responder que,por qualquer coisa que soubesse em contrário, a pedra sempre esteve ali; nemseria talvez muito fácil mostrar o absurdo desta resposta. Mas suponha queencontrasse um relógio no chão, e me fosse perguntado como o relógio foi parar naquele lugar; eu dificilmente iria pensar na resposta dada antes, de que, por qualquer coisa que soubesse, o relógio pudesse ter estado sempre lá”.

Em seguida, Paley escreveu:

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“... que o relógio deve ter um construtor; que deve ter existido, em alguma época, eem algum lugar, um artífice ou artífices, que o formaram para o propósito quesabemos; que este artífice compreende sua construção, e determinou seu uso”.

Desta pequena estória, Paley argumenta, por analogia, que o mesmo princípio pode ser aplicado às coisas vivas. Quando olhamos o arranjo intricado de partes em alguns seresvivos, ele disse, todas perfeitamente adequadas a seus vários propósitos, e todasfuncionando em harmonia com a finalidade de produzir um animal ou planta, quandovemos tudo isto, fica óbvio que aqueles corpos vivos foram planejados, e isto implica umPlanejador.

Esta analogia tinha um peso considerável quando foi escrita, e o próprio Charles Darwintinha lido o livro e achou-o (a princípio) convincente. Em algum ponto, ele perdeu suaconsideração pelos argumentos de Paley, e sabemos, por sua carta a seus amigos ecolaboradores, que durante sua viagem no Beagle ele começou a procurar um modo detornar supérfluo o relojoeiro de Paley. Era intenção de Darwin que seu livro maisconhecido, A Origem das Espécies, fizesse exatamente isto – apresentar um mecanismopara a produção da vida e sua diversidade que não necessitasse de um Criador. Darwin

tinha por objetivo tornar Deus desnecessário para explicar o mundo natural.Em grande medida, Darwin conseguiu seu objetivo, pelo menos entre as pessoastreinadas cientificamente. Entretanto, a idéia de Paley ainda é convincente para muitaspessoas. De fato, o livro sobre evolução mais elogiado e lido amplamente nas últimasdécadas intitula-se The Blind Watchmaker  (O Relojoeiro Cego), e visa explicitamenterefutar a estória contada no livro Teologia Natural . Richard Dawkins, um proeminentedivulgador inglês do Darwinismo, inicia seu livro escrevendo (página 1) "A biologia é oestudo de coisas complicadas que têm a aparência de terem sido planejadas com umpropósito”.Aqui, na primeira página, Dawkins endossa o ponto de vista de Paley (ePaulo): simplesmente olhar o planejamento das coisas vivas é suficiente para nosinformar que há um Projetista. Mas (p. 5) “Com todas as aparências contra, o único

relojoeiro da natureza são as forças cegas da física ... seleção natural … a explicaçãopara a existência e forma aparentemente proposital de toda a vida, não tem nenhumpropósito em mente ... Se pode ser dito que algo desempenhou o papel de um relojoeirona natureza, ele é o relojoeiro cego.” Dawkins é um materialista, e seu livro é devotado(nas próprias palavras do autor) a “usando a estratégia do negócio (do advogado)”,convencer o leitor de que a aparência de planejamento (os dados) é enganosa, e que “averdadeira explicação” (p. 4) para as coisas vivas é que elas são os produtos de forçasnaturais cegas, sem nenhuma entrada de inteligência de nenhum tipo. Toda pessoa quebusca sinceramente a verdade acerca das origens deve ler  O Relojoeiro Cego com osolhos abertos para as manobras retóricas que Dawkins emprega para apresentar seuargumento. Quando terminar, pode se perguntar “O que devemos pensar quando umcientista bem treinado escreve um livro inteiro tentando nos convencer que devemos

rejeitar as evidências de nossos sentidos...?”Desde a publicação de  A Origem das Espécies, em 1859, através do restante do séculoXIX e durante as primeiras décadas do século XX, a teoria de Darwin de que o mundovivo pode ser explicado pela seleção natural (variações aleatórias que aparecem numapopulação são selecionadas pelo ambiente, de forma que organismos comcaracterísticas favoráveis reproduzem-se mais e as populações seguintes possuem maisdas características selecionadas) tem parecido cada vez menos convincente. Embora omaterialismo filosófico, subjacente a sua teoria, tenha ganhado força, o mecanismocentral da obra de Darwin (a seleção natural) se tornou cada vez mais fraco. Nosprimeiros anos era porque ninguém sabia como funcionava a herança das características,e as últimas edições do livro A Origem das Espécies começaram a se inclinar na direção

das idéias de Lamarck, de que uma característica adquirida durante uma vida podia ser passada para a sua descendência. Entretanto, por volta de 1900, o trabalho de Gregor Mendel com ervilhas de jardim resolveu o problema da hereditariedade para a seleção

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natural, e simultaneamente estabeleceu a genética como uma atividade científicarigorosa. Agora, algo mais tomou o centro do palco.

A nova questão era “de onde vem as novas características?” A fim de transformar umaúnica célula em sequóias, polvos, jacarés e seres humanos, uma quantidade enorme deinformação genética nova deve ser gerada, e ninguém tinha qualquer idéia de como istopoderia ocorrer. Extensas experiências com moscas das frutas, nas primeiras décadas doséculo XX, produziram muitos espécimes com aparência estranha; isso foi atribuído a“mutações”, mudanças herdáveis no material genético. Aqui afinal, creram os cientistas,estava a fonte de inovação tão essencial para o Darwinismo. A “Síntese Neodarwinista”(combinando a seleção natural de Darwin, a genética de Mendel e as mutações recém-descobertas) foi estabelecida durante a década de 1930, e a derrota da idéia de Paleyparecia completa. O Neodarwinismo estava triunfante e, por cerca de 50 anos, cresceramsua força e influência.

Neste ponto, o Planejamento Inteligente foi relegado ao status de religião, inteiramentefora do campo da ciência. Os cientistas que criam em Deus freqüentemente se achavamconstrangidos a se manterem calados sobre esta questão, pois um cientista sério não

podia se arriscar a ser visto se identificando com o “dogmatismo” de qualquer ponto devista religioso tradicional. Dada esta perspectiva, é fascinante ver quão abertamente omaterialismo filosófico começou a operar, como uma religião substituta, dentro dacomunidade científica. Em 1949, George Gaylord Simpson podia dar testemunho de suafé, sem ser criticado, nas seguintes palavras:

"Embora muitos detalhes ainda precisem ser trabalhados, já é evidente que todosfenômenos objetivos da história da vida podem ser explicados por fatorespuramente naturalistas ou, num sentido adequado da palavra algumas vezesabusada, por fatores materialistas. Eles são prontamente explicáveis com base nareprodução diferencial das populações (o fator principal na concepção moderna daseleção natural) e do jogo aleatório dos processos conhecidos da hereditariedade...

O homem é o resultado de um processo natural e sem propósito, que não o tinhaem mente" (ênfase acrescentada).

Há muitas afirmações igualmente reveladoras, mas Richard Lewontin escreveu, noNew York Review of Books (1997), o que pode ser o testemunho público de fé maisexplícito numa religião materialista.

"Nós tomamos o lado da ciência a despeito do absurdo patente de algumas desuas construções, a despeito de seu fracasso em cumprir muitas de suasextravagantes promessas de saúde e vida, a despeito da tolerância da comunidadecientífica para com "só estórias" não substanciadas, porque temos umcomprometimento anterior, um comprometimento com o materialismo … Oproblema primário não é fornecer ao público o conhecimento da distância até a

estrela mais próxima e do que os genes são feitos … O problema é fazê-los rejeitar as explicações irracionais e sobrenaturais do mundo, os demônios que existemapenas em suas imaginações, e aceitar um aparato social e intelectual, a Ciência,como a única fonte da verdade."

Está claro que alguns cientistas crêem que sua visão materialista está em competiçãodireta com a religião tradicional, e que pretendem ganhar a disputa. Além disso, eles nãopretendem jogar limpo – definem as regras do jogo, e as regras foram feitas de forma quenão possam perder. Scott C. Todd (1999), do Departamento de Biologia da Kansas StateUniversity, torna explícita a natureza ultrajante desta tendência materialista, em umacarta à revista Nature:

"Mesmo que todos dados apontem para um planejador inteligente, tal hipótese éexcluída da ciência porque não é naturalista”.

Para Todd, e aparentemente para os editores da revista Nature, os dados e observaçõesda ciência não importam, e serão ignorados, a menos que confirmem as pré-concepções

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darwinistas acerca da natureza, da origem do universo e da vida na terra e suadiversidade. Os paralelos com a época de Galileo são difíceis de serem ignorados.

A questão da origem da vida ilustra a natureza do problema. Como a vida se iniciou temsido um assunto de interesse desde que a história começou a ser registrada, e temhavido especulações sobre as respostas desde então. Entretanto, apenas no século XIXestas idéias foram testadas de fato. A “geração espontânea” era a proposição aceitauniversalmente, de que coisas não vivas podiam produzir vida diretamente. Uma série deexperimentos, feitos por Redi, Spallanzani e outros, refutaram a idéia de que se podiamgerar ratos espontaneamente a partir de trapos velhos, ou moscas a partir de carne emdecomposição. Finalmente, em 1864, Louis Pasteur relatou os resultados de seusexperimentos com “frascos com pescoço de cisne”, mostrando definitivamente que osmicróbios não podiam ser gerados espontaneamente em um meio nutriente. Em Paris,ele se dirigiu à faculdade de Sorbonne com estas palavras “A doutrina da geraçãoespontânea nunca irá se recuperar do golpe mortal deste experimentosimples”.Entretanto, se a ciência se limita a lidar com observações, então o máximo quePasteur devia ter dito era que a geração espontânea é impossível sob as condições de

seus experimentos. Esta distinção é realmente importante, porque uma história dasorigens materialista exige a geração espontânea e, sem ela, a história dos experimentosde “origem da vida” teria terminado antes de começar.

Apenas sete anos após as palavras de Pasteur, Charles Darwin (1871) escreveu que:

“É freqüentemente dito que as condições para a produção do primeiro organismovivo estão agora presentes e poderiam ter sempre estado. Mas se (e oh! Quegrande se!) pudéssemos imaginar, em algum pequeno lago morno, com todos ostipos de sais de amônia e fósforo, luz, calor e eletricidade, etc. presentes, que umcomposto de proteína fosse formado quimicamente, pronto a passar por mudançasainda mais complexas, atualmente tal matéria seria devorada instantaneamente ouabsorvida, o que não seria o caso antes que criaturas vivas fossem formadas”.

Talvez a fé de Darwin possa ser desculpada, dado o estado primitivo do conhecimentosobre o que constituía a vida. Na década de 1870, acreditava-se que o protoplasma, a“substância da vida”, fosse uma substância simples: uma mistura de água, proteína,açúcar, gorduras, etc. Pouco se conhecia sobre a estrutura interna complexa eorganização das células vivas, e achava-se que, se uma mistura adequada de compostosquímicos fosse ajuntada sob condições apropriadas, a vida surgiria automaticamente.

Uma apresentação mais rigorosa dos requisitos presumidos para a abiogênese (a origemde matéria viva a partir de matéria sem vida) foi feita pelo bioquímico Alexander Oparin,em 1924. Ele descreveu a composição química da atmosfera que ele pensava ser necessária, e também os elementos necessários na “sopa primordial”, para o surgimentode moléculas precursoras da vida, possivelmente pelo estímulo de relâmpagos na terra

primitiva. Outros pesquisadores contribuíram com outros detalhes para tornar maisprovável a construção de moléculas características da vida, incluindo a exclusão dooxigênio, que teria quebrado a maioria, se não todas, as moléculas de interesse quefossem formadas. Até o início da década de 1950, não havia nenhum conteúdo empíriconessas considerações, meramente especulação baseada em pressupostos filosóficos.Naquela época, Stanley Miller, um estudante de pós-graduação da Universidade deChicago, construiu um dispositivo simples, encheu-o com uma mistura de compostossugeridos na literatura científica, fez passar faíscas elétricas como fonte de energia ecolocou um recipiente com água para colher qualquer molécula produzida, simulando a“terra primitiva” por uma semana de cada vez.

Os experimentos de Miller, e outros trabalhos feitos nas duas décadas seguintes, usando

diferentes misturas, catalisadores, temperaturas, fontes de energia e outras condições,produziram várias combinações de aminoácidos, açúcares, bases de ácidos nucléicos eoutras moléculas tais como uréia, formaldeído, etc. A produção de muitos biomonômerose de outras moléculas consideradas possíveis constituintes de organismos vivos, nesses

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experimentos pré-bióticos, levaram a uma crescente confiança na realidade da “sopaprimordial”.Havia também um otimismo considerável sobre o sucesso futuro dos esforçospara produzir macromoléculas biológicas e a própria vida, a partir de moléculasinorgânicas.

No triunfalismo geral do cenário darwinista, Charles Thaxton, Walter Bradley, e Roger Olsen (1984) lançaram um livro fundamental, The Mystery of Life’s Origin: Reassessing Current Theories (O Mistério da Origem da Vida: Reconsiderando as Teorias Atuais).Agora parece que este foi uma salva inicial de uma batalha renovada entre aqueles quedefendem o materialismo e aqueles que se opõem a ele com a Teoria do PlanejamentoInteligente. Depois de uma análise e argumentação rigorosa, Thaxton e colaboradoresconcluíram que:

“O fluxo de energia não dirigido através de uma atmosfera e oceanos primordiais é,atualmente, uma explicação bastante inadequada para a complexidade incrívelassociada mesmo com os mais simples sistemas vivos, e é uma explicaçãoprovavelmente errada”.

Estas eram novas, não menos porque os autores incluíam um engenheiro mecânico e umfísico-químico, ambos com doutorados em suas áreas, em vez de pastores cristãos ououtros apologistas de sempre com credenciais limitadas.

O livro era tão atípico dos escritos antimaterialistas de sempre, que mereceu louvor mesmo de alguns que discordam inteiramente de suas conclusões. Dois capítulosseparados lidam com o “mito da sopa pré-biótica” e uma reconsideração da terra primitivae sua atmosfera. Estes capítulos mostraram que as três décadas após a simulação deMiller tinham produzido uma explosão de conhecimento sobre geoquímica, sobre aidentificação e datação de microfósseis, e sobre a provável composição da atmosferaprimitiva. A nova informação indicava que, qualquer que fosse a “sopa” disponível, seriamuito mais diluída que em qualquer das simulações; que micróbios fossilizados de váriostipos surgiram a 100-200 milhões de anos apenas após o resfriamento da terra (umperíodo geológico ínfimo); e que era praticamente certo que a atmosfera primitivacontinha oxigênio livre. As implicações eram claras para qualquer um familiarizado comos cenários darwinistas para a origem da vida: os experimentos de Miller e os que oseguiram, não simulavam os oceanos e lagos primitivos de maneira real; NÃO havia“muito tempo” para acontecerem os cenários altamente improváveis para origem da vida;e a exclusão de oxigênio da atmosfera podia tornar a quimiosíntese mais provável, masrepresentava mal o consenso científico de como era realmente a atmosfera primitiva.

Também estava clara a razão para a união inadequada entre as condições nassimulações de origem da vida e o que parecem ser as condições reais na terra primitiva –um “planejador inteligente” (o cientista) estava planejando o experimento, e escolhendoas condições que prometiam produzir o nível máximo de resultados desejados. Como as

simulações tinham a intenção de representar o que processos não guiados e nãoplanejados, encontrados no mundo natural, poderiam produzir, apenas limitados pelasleis da natureza, elas eram “simulações” apenas de nome, dada a radical diferença comas melhores informações sobre as condições que eles pretendiam simular.

Os três próximos capítulos lidam com a afirmação geralmente feita na literatura científicae em livros didáticos, que em um “sistema aberto” (como a terra) com fluxo de energiasuficiente (do sol), a origem da vida é plausível, a despeito da segunda lei datermodinâmica. Esta lei afirma que, no universo como um todo, a distribuição de energiatende sempre a se tornar menos concentrada. Em outras palavras, sem a ação deinteligência, os sistemas são destruídos, sempre se tornando menos ordenados.Entretanto, a formação de uma célula viva a partir de moléculas inorgânicas reverte esta

tendência. Thaxton e colaboradores (p. 144) mostraram primeiramente que parte dotrabalho necessário para construir macromoléculas biológicas:

“... pode potencialmente ser conseguido por fluxo de energia através do sistema”,

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Mas

“... o fluxo de energia é uma condição necessária mas não suficiente para apolimerização das macromoléculas da vida. Arrumar uma pilha de tijolos naconfiguração de uma casa requer trabalho. Entretanto, ninguém esperaria realizar este trabalho com dinamite”.

Eles então identificam os diferentes componentes do trabalho necessário para realizar aspolimerizações e esclarecem que, na construção de macromoléculas biológicas, devehaver algo que acople o fluxo de energia aos requisitos específicos do trabalho. Sem isto,“o fluxo de energia” através do sistema não é mais útil que uma explosão de dinamite naconstrução de uma casa. A razão disto é a “entropia configuracional” que deve ser vencida para produzir as seqüências complexas e altamente específicas de monômerosessenciais para o formato específico de uma proteína, ou que constituem o “código”carregado pelo DNA e RNA. Há uma enorme quantidade de informação nasmacromoléculas biológicas, que não poderia ser produzida por um fluxo de energia nãodirigido. Uma seqüência aleatória de aminoácidos não produz uma proteína que funcionecomo uma enzima... ou como qualquer outra coisa. Seqüências não específicas de

ácidos nucléicos não produzirão moléculas de RNA capazes de codificar uma proteína,nem fitas de DNA capazes de armazenar a quantidade de informação necessária paraproduzir as proteínas essenciais para a vida. Toda observação e experimentos feitos atéagora indicam que os “sistemas de controle” necessários para dirigir o fluxo de energiapara realizar tipos de trabalho específicos, requerem uma inteligência pré-existente.

O próximo capítulo lida com as tentativas científicas de modelar as protocélulas queseriam as intermediárias entre as macromoléculas formadas na “sopa primordial” e ascélulas atuais, que seriam as ancestrais de toda a vida. Estas protocélulas não são vivas,mas alega-se que possuíam algumas das funções necessárias de uma célula viva. Umaanálise cuidadosa indica que a maioria dos modelos de protocélulas propostos lembra ascélulas reais de duas maneiras apenas: possuem aproximadamente o mesmo tamanho e

têm uma forma esférica. As 16 funções celulares atribuídas às protocélulas são oresultado de simples forças físicas, não químicas. As “funções” são superficiais; nãopossuem semelhança com os processos das células atuais. Finalmente, a maioria dasprotocélulas é instável, e as condições para sua formação são artificiais e diferentes dequalquer condição geológica realista.

Thaxton, e colaboradores concluem que: as simulações até agora são inválidas, devidoàs condições irreais e à interferência ilegítima do investigador; a fraqueza crucial nassimulações pré-bióticas é intrínseca à teoria, e não sujeita a uma solução mesmo quehaja mais tempo; e nosso ganho em conhecimento científico está aumentando osproblemas para a teoria darwinista explicar como a vida surgiu na terra. Não é umaquestão de ignorância a ser vencida; é aquilo que sabemos e estamos apreendendo que

faz a abiogênese parecer impossível. Finalmente, eles argumentam que, já que nuncapoderemos falsificar qualquer modelo de origem da vida, a ciência (e a sociedade)prestam-se um desserviço quando apresentam apenas um lado da questão. Limitar aexposição e discussão de modelos materialistas em livros didáticos e revistas científicasé parecido com considerar apenas causas naturais para uma morte não explicada.Quando um homem é encontrado no fundo de um precipício, ele pode ter tropeçado ecaído acidentalmente. Entretanto, a menos que se considere a possibilidade de umempurrão (planejamento inteligente), um assassino nunca será procurado nem preso.

O tiro de abertura representado pelo The Mystery of Life’s Origin foi seguido logo depoispor outro. Trabalhando independentemente, Michael Denton, um biólogo molecular nãoreligioso da Nova Zelândia, publicou Evolution: A Theory in Crisis (Evolução: Uma Teoriaem Crise) em 1986. O livro começa explicando o meio social e científico no qual Darwincresceu; como ele perdeu sua fé na fatídica viagem do Beagle; como desenvolveu ateoria da evolução para substituir a história bíblica com a qual tinha crescido; e como suateoria se solidificou, tornando-se um dogma científico.

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A seguir, Denton ilustra seu julgamento de que Darwin estava certo ao nível "micro", istoé, ao nível da especiação – vários tipos de patos, ou de camundongos, ou de sapos, etc. – um processo que se pode ver acontecer no mundo real. Por outro lado, a afirmaçãoverdadeiramente interessante feita pelos darwinistas é ao nível "macro". Eles ensinamque todos os principais grupos de organismos se originaram de um ancestral comum. A

partir da célula original, por um processo de divergência e mudança ilimitadas, derivaramtodas formas de vida vistas agora na terra. Simplesmente não há nenhuma evidênciacientífica crível que apóie esta idéia. Na verdade, as evidências que temos falam contra oprocesso de mudanças grandes, que é a essência da macroevolução. Pense na tentativade transformar um único parágrafo deste texto num parágrafo diferente, que diga algodistinto do original, mas alterando uma palavra de cada vez. Lembre-se que cadamudança de uma letra ou palavra deve manter o significado do parágrafo que está sendomodificado. Em nenhum momento a mensagem pode ser corrompida. Outro exemplomelhor ainda: imagine-se andando em uma bicicleta numa corrida – sua tarefa étransformar a bicicleta numa moto, com uma pequena alteração de cada vez. Você devecontinuar andando enquanto faz as mudanças necessárias e também se manter inteiramente competitivo na corrida em cada passo.

O reconhecimento da impossibilidade de tal tarefa (uma tarefa infinitamente mais simplesque no caso biológico) foi o fundamento da visão científica do mundo vivo, por mais de100 anos antes de Darwin. O ponto de vista predominante era a “tipologia”, e não erabaseado em religião, mas nas observações empíricas do mundo natural. Neste ponto devista, os membros diferentes de uma classe (no sentido geral em vez de no sentidotécnico taxonômico) de organismos são todos ligados por um tema ou plano subjacente,e se conforma a um “arquétipo” (uma entidade hipotética – um representante abstrato egeneralizado da classe) em todos os detalhes essenciais. Esta similaridade básica ésobreposta por variações superficiais que distinguem os subgrupos dentro das classes.Outra classe exibe um plano diferente, que correspondentemente é característico decada membro daquela classe (e de nenhuma outra) mesmo que a classe seja subdividida

em subgrupos distintos um do outro por diferenças superficiais. Denton escreve quemesmo exemplos considerados como “intermediários” entre dois grupos (organismos taiscomo o peixe pulmonado, os ornitorrincos ou o Peripatus) são mais “mosaicos” do queformas transicionais. Isto é, o peixe pulmonado combina características de peixe, taiscomo brânquias e anatomia intestinal, com características de anfíbios, tais comoestrutura do coração e a forma como o sangue retorna do coração para os pulmões.Porém, cada um destes sistemas é 100% característico de um grupo ou outro – nenhumé transicional entre os dois. Estas espécies, e algumas outras como elas, sãogenuinamente intrigantes para tipologistas e também para darwinistas. Mas, logicamente,não dão apoio para a ancestralidade comum.

Denton a seguir mostra que a taxonomia, a ciência de dar nome às coisas, tende a minar 

a visão darwiniana da vida. Quando classificamos coisas, o tipo de classificação quefazemos é dependente da realidade daquilo que estamos classificando. Algumas coisasexistem num padrão contínuo ou seqüencial – como as comunidades vegetais entre oequador e o pólo, ou a forma dos rostos das pessoas. Qualquer um que divida estascoisas em grupos terminará virtualmente com cada grupo nomeado sobrepondo-se a umou mais grupos, pois raramente há linhas nítidas a serem traçadas na realidade queestamos classificando. Por outro lado, se formos classificar moedas ou selos, iremosterminar com o que é chamado de um sistema “hierárquico”, onde cada grupo é distinto.Grupos menores podem se ajustar dentro de grupos maiores, mas cada grupo estariatotalmente incluído dentro do maior e totalmente excluído dos outros no mesmo nível.Denton afirma que, desde Aristóteles até Lineu, cada sistema de classificação de coisasvivas tem sido hierárquico. Isto implica que a realidade subjacente é “tipológica” em vez

de contínua, ou seqüencial, e também implica que a hipótese de Darwin deancestralidade comum universal está errada.

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De fato, cientistas que trabalham com o ramo mais novo de taxonomia, chamado“cladismo transformado” defendem que sua ciência se afaste de uma dependência dateoria evolucionista, falando até em “redescobrimento” da sistemática pré-evolutiva. Deacordo com Denton, a taxonomia pode estar indo “de volta para o futuro!”

Uma das evidências que Darwin considerava como apoiando fortemente sua teoria deancestralidade comum era a “homologia”, a existência de notáveis semelhanças,estruturais e de outra natureza, em organismos que não eram do mesmo grupo. Talvez amais familiar seja o membro pentadáctilo (com cinco dedos) em todos os principaisvertebrados não aquáticos. Vemos esta característica de cinco dedos nos primeirosanfíbios e em todos os outros vertebrados não aquáticos até o presente. Diz-se que estacaracterística foi herdada de um ancestral anfíbio primitivo, que desenvolveu um membrocom cinco dedos por meio de mutações genéticas selecionadas pelo ambiente. Deacordo com a estória, esta estrutura de membro foi tão vantajosa que cada vertebradonão aquático herdou o membro pentadáctilo, em formas mais ou menos modificadas,durante milhões de anos até hoje. Há outras homologias tratadas por Denton (incluindorins, membranas embrionárias, desenvolvimento do olho, metamorfose de insetos e

embriões, etc.), mas o membro pentadáctilo é o principal exemplo. Superficialmente ele éatraente e convincente, mas, quando é examinado com mais cuidado, surgem osproblemas.

Sabe-se há muitos anos que os órgãos “homólogos” de animais diferentes, eespecificamente o membro anterior, não se originam dos mesmos tecidos durante odesenvolvimento embrionário. Esta é uma falha teórica séria. Como pode um órgão,herdado a partir de um ancestral comum por dois animais diferentes, ser derivado, nosseus respectivos embriões, de tecidos fonte inteiramente diferentes? Além do mais, háuma notável similaridade pentadáctila que não possui nenhuma explicação. É que aestrutura do membro posterior é precisamente a mesma do membro anterior! O osso dabacia é homólogo com o a escápula do ombro. O fêmur é homólogo com o úmero. A tíbiae a fíbula são homólogas com o rádio e a ulna, e os tarsos, metatarsos e falanges do pétêm seus equivalentes exatos nos carpos, metacarpos e falanges da mão. Quão provávelé que ocorresse toda uma série de mutações, aleatórias duas vezes, produzindoprecisamente o mesmo padrão ósseo tanto nos membros anteriores como nosposteriores? Além disso, que condições ambientais teriam selecionado dois longos ossostanto no braço como na perna, ou exatamente cinco dedos, tanto na mão como no pé? Odarwinismo não trata, tanto quanto eu saiba, desta anomalia. Se a homologia deve ser aceita como significativa, questões deste tipo não podem ser ignoradas ou varridas paradebaixo do tapete.

O registro fóssil, com seus milhões de exemplos de formas extintas, também éapresentado popularmente como dando um forte apoio ao cenário evolucionista gradualdo Darwinismo. Mas um exame mais cuidadoso novamente provê menos clareza do que

esperaríamos. As dificuldades que os fósseis apresentam ao Darwinismo têm sidodiscutidas na literatura especializada, embora raramente sejam mostradas ao público, ouem livros didáticos.

Denton fala do primeiro reconhecimento dos "elos perdidos" entre as classes distintas deorganismos no registro fóssil – o próprio Darwin disse que este era um argumentolegítimo contra sua teoria – e a expectativa confiante de que futuras coletas de fósseisiriam preencher os espaços que todos admitiam haver. Denton também fala da buscapelos elos perdidos nos oceanos do mundo, e em camadas fossilíferas remotas de várioscontinentes. Entretanto, as lacunas permanecem, e na verdade têm aumentado emalguns casos. Algumas das seqüências de ancestrais e descendentes, encontradas emvários estratos geológicos, que eram bem conhecidas e aceitas na época de Darwin,

foram completamente desmascaradas hoje, e as primeiras afirmações de relacionamentoancestral são agora negadas. Além disso, novas criaturas foram encontradas; fósseissem relacionamento aparente com os já conhecidos. O padrão geral dos fósseis é oaparecimento repentino de novos tipos de organismos sem conexão aparente com nada

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anterior. Cada grupo principal é representado, no seu primeiro aparecimento, por umexemplo que apresenta TODAS as características que o separam de outros grupos. Oprimeiro morcego, o primeiro réptil, a primeira foca, o primeiro peixe boi, o primeiroanfíbio, e muitos outros – cada primeiro fóssil a aparecer se parece bastante com a formamoderna, pelo menos nas características identificadoras de sua classe.

Esses fatos acerca do registro fóssil são um enorme desafio para o Darwinismo. Darwin,e a maioria dos evolucionistas posteriores, insistiram que todas as mudançasselecionadas pelo ambiente eram minúsculas – “insensíveis” foi a palavra usada no livro A Origem das Espécies. Se esta é a forma pela qual a evolução ocorreu, então deve ter havido literalmente milhões de gerações de organismos com aspecto intermediário, àmedida que peixes se tornaram anfíbios; anfíbios se tornaram répteis; répteis divergiramuma vez para produzir as aves e outra vez para produzir os mamíferos. Mas virtualmentenenhum intermediário verdadeiro aparece como fóssil. Denton dá exemplos, incluindodesenhos, de várias descobertas desconfirmadas ao longo dos anos. A despeito dealguma agitação periódica, completa com manchetes na imprensa e talvez uma estóriacom bonitas figuras na TV, os "elos perdidos" que foram encontrados (tais como "baleias

primitivas") são simplesmente não convincentes a menos que a pessoa já tenha aceitadoa linha evolutiva.

Finalmente, somos introduzidos ao “Equilíbrio Pontuado”, o processo proposto por Stephen J. Gould e Niles Eldredge numa tentativa de ajustar a teoria darwinista ao que érealmente visto no registro fóssil – muito poucos fósseis de transição, e muitas lacunasentre organismos e grupos que se acredita terem relacionamentos ancestrais. Gould eEldredge sugeriram que, dentro de uma população, quaisquer mudanças pequenas,como as imaginadas por Darwin, seriam imediatamente submergidas por cruzamentoscom a grande maioria de organismos "normais". Eles propuseram que, em vez de se ter toda população mudando pouco a pouco, as mudanças insensíveis de Darwinacumulavam-se apenas na "periferia" das populações, em pequenos subgruposparcialmente isolados nas bordas do habitat, onde as condições eram marginais e aspressões seletivas eram um pouco diferentes das que a maioria da população estavavivenciando. Então, se houvesse uma mudança no clima, por exemplo, de forma que aspressões seletivas na parte principal do habitat mudassem e favorecessem a pequenapopulação de organismos "evoluídos", estes iriam vencer a competição com a população"ancestral" principal em um tempo relativamente curto. No registro fóssil, os fósseis dapopulação original iriam ser encontrados camada após camada, até desaparecerem"repentinamente" e uma população de fósseis diferente, porém relacionada, seriaencontrada. O que parece ser um salto evolutivo repentino é, de acordo com Gould eEldredge, um Darwinismo bastante convencional, mas parece diferente por causa daforma específica em que ocorreu a evolução e a substituição da população ancestral.

Denton mostra que isto faz bastante sentido na microevolução – por exemplo, a diferença

entre lobos e coiotes, ou entre rato cervo e rato do campo. Estes eventos podem ter ocorrido em um período bem curto, e é plausível ocorrer isolamento parcial sem produzir fósseis de formas intermediárias. Porém, descontinuidades maiores simplesmente nãopodem ser explicadas desta forma. As diferenças entre mamíferos terrestres e asprimeiras baleias são enormes, e as diferenças entre moluscos (ostras, lesmas) eartrópodes (insetos, caranguejos) são ainda maiores. Milhares (ou milhões) de formasintermediárias seriam necessárias em cada caso de grandes mudanças. A tese de Goulde Eldredge sugere que TODOS os intermediários necessários não aparecem no registrofóssil porque sempre viveram (milhões de gerações) apenas em populações pequenasnas bordas do habitat ocupado pelas formas mais bem sucedidas. Para dizer o mínimo,isto vai ao limite da credulidade. É um fato que a predição central do Darwinismo não éapoiada pelas melhores evidências fósseis disponíveis. Pede-se que creiamos que ateoria está tão forte como nunca, porque o equilíbrio pontuado é um modo perfeitamenterazoável de explicar a razão de estarem faltando todos os dados que confirmariam ateoria! Aqueles que duvidam do Darwinismo devem ser desculpados por sua opinião de

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que o registro fóssil simplesmente não provê evidência convincente de que a história davida é um contínuo padrão de descendência com modificação.

De fato, todo o próximo capítulo (9) de Denton lida com alguns dos exemplos maisdifíceis e bem conhecidos de lacunas sem nada para preenchê-las. A origem das aves,de suas penas adaptadas para o vôo e de seus órgãos respiratórios peculiares, ofereceum problema até agora sem solução, a despeito de numerosas tentativas engenhosasmas implausíveis. Denton diz (p. 213):

“O pulmão das aves e as penas nos levam bem perto de responder ao desafio deDarwin: ‘Se puder ser demonstrada a existência de qualquer órgão complexo quenão poderia ter sido formado por numerosas, pequenas e sucessivas modificações,minha teoria se desmoronaria por completo.’”.

Estes dois exemplos são precisamente o que Darwin pediu. São estruturas complexasque ninguém pode mesmo imaginar, muito menos achar exemplos que ilustrem, comopoderiam ter se desenvolvido por pequenos passos.

O resto do capítulo 9 apresenta mais estórias: a origem dos morcegos a partir de

mamíferos que andam, a origem das baleias a partir de algum grupo terrestre que tivesseentrado em ambiente aquático; a transição dos ovos de anfíbios cobertos de gelatina,para o ovo amniótico dos répteis; o aparelho copulador e o comportamento das libélulas;o desenvolvimento metamórfico dos artrópodes; o ciclo da vida de muitos parasitas; oflagelo bacteriano; o mecanismo de polinização nas orquídeas e em muitas outras flores;as adaptações das plantas carnívoras. Esses e muitos outros exemplos têm levadoalguns evolucionistas a admitir o óbvio: é aparentemente impossível que a evoluçãoaconteça de maneira gradual. Estes “rebeldes” cogitam a idéia de “saltação” (mudançasrepentinas de caráter relativamente grande), que era anátema para Darwin (que chamavaisto de “milagre”) e para a maioria de biólogos desde então. Entretanto, até agora, não háuma alternativa materialista convincente.

As questões básicas tratadas nos primeiros nove capítulos de Denton foram todaslevantadas após a publicação do livro  A Origem das Espécies, enquanto Darwin aindaera vivo. Várias defesas foram oferecidas, nenhuma delas totalmente satisfatória. Darwinpredisse que o aumento do conhecimento traria dados adicionais que dariam apoio à suateoria. Infelizmente para o cenário darwinista das origens, isto não aconteceu. Estas"velhas" objeções estão intactas e, em alguns casos, ainda piores do que antes. Alémdisso, o avanço do conhecimento científico tem trazido novos argumentos, ainda maisdevastadores, contra uma teoria evolutiva abrangente dirigida apenas pelas leis naturais,eventos aleatórios e seleção natural.

Desde a década de 1950, avanços na compreensão da bioquímica da célulaestabeleceram um novo ramo da ciência. O aumento do conhecimento neste campo é

fenomenal. O trabalho de Watson e Crick em 1953, descrevendo a estrutura do DNA,resolveu o problema da hereditariedade e desencadeou uma explosão de aprendizado eaplicação que continua até hoje. Denton gasta quatro capítulos inteiros em biologiamolecular, mostrando que, o que apreendemos recentemente sobre os sistemas vivos,nos provê com um corpo de informações precisamente adequado para conferir asafirmações darwinianas sobre as origens.

As proteínas são grandes moléculas, compostas geralmente de 100 a 500 aminoácidos(das centenas de aminoácidos conhecidos, apenas 20 são utilizados nos seres vivos),ligados num arranjo linear, com vários tipos de “grupos laterais” ligados aqui e ali aolongo da cadeia. A forma mais simples de pensar na estrutura e diversidade de proteínasé compará-las com frases. Os aminoácidos são como as letras do alfabeto – 20aminoácidos para as proteínas, 26 letras para frases em português. É o arranjoespecífico das 26 letras, mais espaços, que faz a diferença entre uma cadeia “nãofuncional” de símbolos sem sentido e uma frase em português que tem significado. Deforma semelhante, é o arranjo específico dos 20 aminoácidos numa molécula que

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determina se ela irá funcionar como uma proteína ou não. A complexidade de proteínas érealmente maior do que a de frases em português, porque o determinante crucial dafunção é a forma tridimensional da molécula, quando “dobrada” em sua forma final. Estedobramento é parcialmente determinado pela identidade e ordem dos aminoácidos nacadeia, e parcialmente pelos tipos, números e posições dos “grupos laterais” que foram

ligados.Muitas proteínas são de natureza “estrutural”, semelhantes a tijolos ou pedras para aconstrução de uma casa. Há uma certa flexibilidade permitida para estas proteínasestruturais; assim como um bom construtor pode acomodar pedras ou tijolos de formasestranhas e ainda construir uma casa sólida, nossos corpos têm pouco problema comuma proteína estrutural ocasional que tenha forma diferente. Entretanto, muitas proteínasfuncionam como “enzimas”, tornando possíveis muitas reações químicas que são vitaispara manter nosso corpo vivo e funcionando adequadamente. Estas proteínas são maissemelhantes a uma chave de casa ou de carro, na qual a forma tridimensional exata écrucial para sua habilidade de funcionar. Pequenas diferenças em certas partes de umachave não impedirão que ela abra a porta, mas há outros lugares que devem ser 

precisamente corretas senão a fechadura não abre. As proteínas que funcionam comoenzimas possuem um ou mais “sítios ativos”, nos quais o formato específico éabsolutamente essencial para QUALQUER função enzimática. Qualquer mudança queafete o sítio ativo: seja uma mudança no tipo de aminoácido ou em sua posição nacadeia; ou a adição, deleção ou mudança num grupo lateral crucial; tornará a enzima nãofuncional, e ameaçará o organismo com a morte.

As moléculas de DNA e RNA são também longas cadeias. Em vez de serem usadas naestrutura da célula ou como enzimas utilizadas nas miríades de reações químicas queocorrem na célula, estas duas moléculas carregam os "códigos" necessários para aconstrução das proteínas essenciais para a vida celular. O DNA armazena asinformações necessárias para produzir todas as nossas moléculas de proteína –centenas ou milhares delas. Enquanto no alfabeto das proteínas há 20 letras, no alfabetodo DNA há apenas quatro. Entretanto, com estas quatro letras, combinadas em gruposde três, podemos formar 64 (43) “palavras código” diferentes. Cada aminoácido usadopara construir moléculas de proteína é representado por pelo menos uma palavra códigodo DNA – alguns aminoácidos tem várias – e há também códigos para marcar o início e ofim de cada mensagem no DNA. O RNA de que iremos falar é uma molécula“mensageira”. Ela copia do DNA, no núcleo da célula, a mensagem codificadora de umaproteína particular, e a leva para o lugar na célula onde a proteína é construída. O RNAtem seu próprio código, que consiste de palavras código de três letras, e um "alfabeto" dequatro letras, sendo uma delas diferente do alfabeto do DNA.

Se a célula é como uma fábrica (e ela é), então devemos pensar no DNA como o “projetomestre” que é cuidadosamente conservado em lugar seguro, onde não possa ser 

manchado, rasgado ou danificado de outra forma. O RNA é como uma “fotocópia” doprojeto original, que é levada para o "local de trabalho" na fábrica, onde as coisas sãofeitas. As proteínas que são produzidas pela célula são como o produto de uma fábrica –automóveis, computadores, madeira compensada, irrigadores de jardim, etc. Umadiferença realmente grande é que a maioria das fábricas produz um único produto,enquanto muitas de nossas células produzem dezenas, centenas ou mesmo milhares deproteínas diferentes a cada minuto de suas vidas.

A chave para entender o que tudo isto tem a ver com o Darwinismo é compreender que ocódigo no DNA é algo como uma “biblioteca” de informação. De fato, estima-se que ainformação contida no DNA de uma única célula, se fosse impressa em livros, iria ocupar tanto espaço quanto o contido em vários conjuntos de enciclopédias. Ninguém com um

conhecimento rudimentar de probabilidade matemática pensaria que qualquer processonão inteligente poderia produzir a informação de um único volume de uma enciclopédia.Entretanto, a estória darwinista das origens requer que acreditemos que toda informação

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do DNA foi produzida exatamente desta forma. O ganhador do Prêmio Nobel, FrancisCrick, codescobridor da estrutura do DNA, escreveu (1981):

“Um homem honesto, armado com o todo o conhecimento disponível agora, poderáapenas afirmar que, em certo sentido, a origem da vida parece no momento ser quase um milagre, tantas são as condições que devem ser satisfeitas para pô-la emfuncionamento”.

A opinião de Crick não mudou com o passar dos anos, e ele não está só. Citações destetipo são feitas por muitos de nossos cientistas de ponta quando enfrentam o desafio realque os dados trazem à sua teoria.

Denton a seguir mostra que a “tipologia” (baseada na anatomia) descoberta pelostaxonomistas, também pode ser vista no padrão de variações descobertas nasseqüências de aminoácidos de classes de organismos diferentes. O mesmo padrão degrupos hierárquico (e não sobreposto), sendo cada subgrupo totalmente incluído dentrode um único maior, e totalmente excluído de outros grupos, indica que uma teoria de“arquétipos” se ajusta aos dados moleculares pelo menos tão bem (Denton argumenta

que até “melhor”) quanto a teoria de Darwin baseada na ancestralidade.O próximo capítulo é devotado a ilustrar, com detalhes, a impossibilidade matemática docenário darwinista em gerar a informação contida no DNA. Denton demole o que éapresentado como analogias para mutações que levam a informação útil, mostrandorigorosamente que, a cada vez, o contador de estórias introduz, de forma velada, umainteligência condutora para produzir os resultados que eles afirmam serem devidos aoacaso não dirigido no mundo natural. Ele resume seu capítulo neste parágrafo (p. 324):

“Nem Darwin, Dawkins ou qualquer outro biólogo jamais calculou a probabilidadede uma busca aleatória encontrar disponíveis, num tempo finito, os tipos desistemas complexos que são tão notáveis na natureza. Mesmo hoje não temosnenhuma maneira de estimar rigorosamente a probabilidade ou grau de isolamento

de apenas uma proteína funcional. Seguramente é um pouco prematuro afirmar (como faz Dawkins) que processos aleatórios poderiam ter construído mosquitos eelefantes, quando ainda temos que determinar a probabilidade real da descobertapor acaso de uma única molécula de proteína funcional!”.

O velho Enigma da Perfeição é o próximo assunto, e o capítulo começa citando o próprioDarwin reconhecendo que “órgãos de extrema perfeição” desafiavam sua teoria, e “o olhoaté hoje me dá calafrios”.Darwin não está só, naturalmente. Todos os que estudam ossistemas de controle de qualquer organismo ficam impressionados com a naturezaintricada da interdependência entre as várias partes altamente complexas necessáriaspara o funcionamento dos rins, ou para o controle da temperatura do corpo, ou a taxa debatimento cardíaco, ou qualquer um de uma centena de outros exemplos.

Avanços na biologia apenas aumentaram estes problemas, e Denton abre a seus leitoresa visão moderna da célula como “um mundo de suprema tecnologia e desconcertantecomplexidade”. Longe de ser um simples montinho de gelatina, ela se assemelha mais a(p. 329):

“uma imensa fábrica automatizada … maior que uma cidade … realizando … todasas atividades manufaturadoras do homem na terra …. capaz de duplicar toda suaestrutura em questão de poucas horas.”

Se isto não é suficiente, considere o cérebro, com dez bilhões de células nervosas, cadauma com dez mil a cem mil conexões com outras células do cérebro, resultando talvezem um quatrilhão (1015) de conexões em seu cérebro, e no meu. Este número éimpossível de ser compreendido, mas Denton nos ajuda (p. 330):

“Imagine uma área de cerca de metade do tamanho dos Estados Unidos (ummilhão de milhas quadradas (2,5 milhões de km2)) coberta por uma florestacontendo dez mil árvores por milha quadrada. Se cada árvore contivesse cem mil

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folhas, o total de número de folhas na floresta seria equivalente ao número deconexões no cérebro humano!”

Estas conexões não são simplesmente uma confusão. São um sistema de comunicaçãoorganizado que possui conexões mais específicas do que toda a rede de comunicaçõesna terra. Quem aceitaria que um único computador, e muito menos toda a rede detelecomunicações de todo o mundo, pudesse emergir de eventos aleatórios, mesmo setodos os 12 a 20 bilhões de anos desde o Big Bang fossem disponíveis? Entretanto, estatarefa seria mais simples do que produzir um único cérebro humano.

Os exemplos continuam aparecendo: genes contendo exons e suas possibilidadesrecombinacionais; a estrutura e funcionamento do olho; armazenamento de informaçãomolecular; a eficiência da quimiosíntese celular; a miniaturização extrema; o trabalho docloroplasto; arranjos encontrados no DNA, com os códigos superpostos e “gene dentrode um gene”; a “cadeia de funcionalidade” de produtos de quebra de uma proteína; ossistemas autoduplicantes encontrados em todas as células; e nosso sistema de síntesede proteína, incluindo o ribossomo. Denton argumenta que a refutação de David Hume àTeoria do Planejamento Inteligente, em grande parte baseada numa alegada “não

analogia” entre um corpo vivo e uma máquina tal como o relógio no argumento de Paley,foi ultrapassada e totalmente invalidada pelo nosso conhecimento atual da célula. Abiologia celular moderna mostrou que a célula está cheia de máquinas minúsculas, feitasde partes do tamanho de moléculas, precisamente comparáveis a engrenagens, mancais,etc. Paley dificilmente poderia ter escolhido uma analogia melhor para a perfeiçãoextrema das coisas vivas do que um relógio de bolso – mas levou quase 300 anos para aciência apreender o suficiente para vindicá-lo. Nas palavras de Denton (página 342):

“Para aqueles que ainda advogam dogmaticamente que toda esta nova realidade éo resultado de puro acaso, pode-se apenas responder, como Alice, em face dalógica contraditória da Rainha Vermelha: ‘Alice riu.”Não adianta tentar,” ela disse.“Não se pode acreditar em coisas impossíveis.” “Eu ouso dizer que você não teve

muita prática,” disse a rainha. “Quando eu era da sua idade eu fazia isto por meiahora cada dia. Por isso algumas vezes eu tinha acreditado em até seis coisasimpossíveis antes do desejum.””

O último capítulo de Denton é dedicado a explicar porque, diante das evidências que eleelucida no livro, a ciência continua apegada ao Darwinismo, usando-o para doutrinar todas as crianças em fase escolar e para incluí-lo em cada artigo, livro ou programa detelevisão que fale sobre ciência. Em resumo, como o título do capítulo diz, a explicaçãoestá no conceito do Professor Thomas Kuhn, “A Prioridade do Paradigma”. O que Kuhndisse, em seu influente livro The Structure of Scientific Revolutions (  A Estrutura dasRevoluções Científicas), é que a ciência avança quando a comunidade científica adotaum modo particular de olhar o mundo, e então trabalha junto dentro desta estrutura.

Apenas em duas circunstâncias a comunidade irá mudar sua “visão de mundo” – aprimeira é que deve aparecer um número suficientemente grande de “anomalias” (dadosque simplesmente não podem ser explicados usando o paradigma em vigor) paraproduzir uma “crise” entre os cientistas que trabalham no campo; e a segunda é queesteja disponível uma alternativa aceitável.

Quando o livro de Michael Denton foi publicado, havia muitos fatos que simplesmentenão se encaixavam no paradigma darwinista. Entretanto, seu livro foi o primeiro nesteassunto que tinha um autor cientificamente confiável. Por esta razão, ele tinha o potencialpara ser ouvido na comunidade científica. Infelizmente, ele não propôs nem defendeunenhuma alternativa específica para a explicação que tem sido aceita pelos últimossetenta anos: “lei, acaso, e seleção natural”. Seu livro foi grandemente ignorado pelaimprensa científica, e por isto não chamou a atenção da maior parte da comunidade. Masnão foi um esforço perdido, como veremos na segunda parte da história da Teoria doPlanejamento Inteligente.

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PPllaannee j jaammeennttoo IInntteelliiggeennttee -- PPaar r ttee IIII:: 11999911 aattéé oo NNoovvoo MMiillêênniioo

Earl Aagaard Pacific Union College

Tradução: Urias Echterhoff TakatohiRevisão: Marcos Natal de Souza Costa e Marcia Oliveira de Paula

No final da década de 1980, os livros The Mystery of Life’s Origin, (O Mistério da Origemda Vida) e Evolution: A Theory in Crisis (Evolução: uma Teoria em Crise) tornaram claroque o empreendimento científico não estava mais vivendo do seu ideal baconiano de“empirismo”. Esses livros mostraram que, em alguns casos, as evidências contradizem asexpectativas e as afirmações dos materialistas. Em outros casos, a visão materialista danatureza era apenas umas das explicações possíveis para o fenômeno natural.Entretanto, o impacto destas revelações foi mínimo. Embora os dois livros tenham sido

lidos e mesmo elogiados por cientistas isolados, não foi levantada nenhuma discussãomais ampla sobre as questões críticas, nem exploradas as questões filosóficasrelevantes. A comunidade científica não sentiu a necessidade de dar uma respostaorganizada a eles e muito menos de modificar o status quo. Isto deveria mudar logo, e oagente da mudança, um insuspeito professor de direito na Califórnia, desempenharia umpapel central na controvérsia.

Criado num lar cristão, Phillip E. Johnson freqüentou a Universidade de Harvard e aEscola de Direito da Universidade de Chicago e abandonou a fé que tivera em algumlugar do caminho. Era um erudito brilhante e, após servir como secretário de justiça parao Chefe de Justiça da Suprema Corte dos Estados Unidos , começou ensinar direito naUniversidade da Califórnia em Berkeley, pesquisando e publicando em suaespecialidade: a análise de argumentos e a identificação de pressupostos dosargumentos. Seu sucesso profissional não se refletiu em sua vida particular e, após o fimde seu casamento, Phil Johnson procurou e encontrou cura e um caminho melhor, na féque tinha rejeitado na juventude. Como muitos cristãos, ele tinha uma intuição de quedevia ao Senhor e à sua comunidade de fé algo mais do que sua presença na igreja.Entretanto, como advogado acadêmico, encontrar a saída adequada para dedicar seustalentos e estudos para a glória de Deus não era uma tarefa fácil. Então, durante um anocomo professor visitante em Londres, ele passou por uma livraria e foi atraído por umlivro recém publicado que defendia a posição darwinista. O livro era The  Blind Watchmaker (O Relojoeiro Cego), de Richard Dawkins. Johnson adquiriu um exemplar elevou-o para o hotel. Quando terminou a leitura, disse para si mesmo “Se isto é o melhor que conseguiram, então o Darwinismo está com problemas”.Johnson tinha encontrado

seu chamado.Alguns darwinistas têm acusado Johnson de estar numa cruzada religiosa, mas isto éapenas parcialmente verdadeiro e bastante simplificado. Junto com a maioria dos cristãossérios, ele está preocupado com pesquisas para mostrar que a maioria dos jovens nosEstados Unidos entra na faculdade como cristãos e saem como agnósticos. Como alunouniversitário, ele mesmo tinha sido convencido de que a crença em Deus não era maissustentável. Sua educação tinha lhe informado que a ciência mostrara que as formastradicionais de cristianismo eram simplesmente irracionais; não diferentes de umasuperstição; equivalentes à crença em astrologia, ou cirurgia psíquica. Entretanto, tendoacabado de ler O Relojoeiro Cego, um livro famoso e ganhador de prêmios, que estavasendo elogiado como a melhor defesa disponível do Darwinismo, toda sua especialidade

e experiência lhe disseram que, se o Darwinismo precisava dos argumentos fracos e malfundamentados que Dawkins estava usando para sustentar sua posição, argumentos tãocompletamente dependentes de pressupostos ocultos e truques de retórica, então a

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evidência real que apóia a estória darwinista deveria ser realmente fraca. Ele decidiuverificar isto.

O que Phillip Johnson descobriu foi que a fraqueza do Darwinismo era conhecida hámuito tempo. Havia cientistas proeminentes que discordaram de Darwin antes e depoisda publicação do livro The Origin of Species, e que mantiveram uma vigorosadiscordância científica por toda vida. Entretanto, nem suas histórias, nem o assunto desuas críticas, eram mostrados nos livros didáticos ou nos meios de divulgação. O que ascrianças de escola e o público em geral ouviam é que isto é um debate entre “Evolução eCriação”; uma disputa entre a ciência racional e objetiva de um lado, e fanáticosreligiosos de outro; fanáticos cujas idéias foram não só rejeitadas como sendo nãocientíficas pela maioria dos cientistas, mas também desaprovadas pelos avanços dapesquisa científica dos últimos 100 anos. Os esforços de pais bem intencionados paraforçar as escolas públicas a apresentarem uma visão mais equilibrada para seus filhos,inadvertidamente tinha se encaixado neste estereótipo. O apelo dos pais ao sistema de  justiça, solicitando que as apresentações naturalistas do Darwinismo em livros deciências fossem equilibradas como uma discussão de outras possibilidades, foram

sempre retratadas como tentativas de recolocar a religião nas escolas públicas. Os paisperderam a batalha, primeiro nos tribunais, e depois na apreciação pública, onde ahistória foi relatada por uma mídia pouco simpática.

Johnson mergulhou no assunto, começando com o livro Evolução: uma Teoria em Crise.Ele apreendeu tudo que pôde sobre as questões científicas, e também sobre a história daluta contra o materialismo. Seu plano começou a tomar forma. Ele não iria lidar com nadaque dependesse da Bíblia (o Dilúvio, a idade da Terra, a Criação em seis dias), mas iriaconcentrar seus esforços em tudo que pudesse ser tratado diretamente pelos dados daciência.

Ele se concentraria especificamente na formulação de uma única pergunta: a afirmaçãodarwinista, verdadeiramente importante, de que forças da natureza, guiadas apenas pela

seleção natural, podem produzir vida e então, pela criação de nova informação,transformar uma única célula na incrível variedade de formas vivas que vemos hoje, érealmente apoiada pela evidência científica disponível atualmente? Além disto, eleevitaria tanto a questão das escolas públicas e dos tribunais e se concentraria em dirigir-se ao nível universitário. Se os “fazedores de opinião” pudessem ser convencidos de queuma outra análise cuidadosa do Darwinismo era uma atividade intelectual racional, osresultados desta análise iriam se infiltrar naturalmente nos livros didáticos – não serianecessária nenhuma guerra; e se uma luta fosse necessária, haveria a possibilidade devitória. O alvo de seus esforços seria tornar o Planejamento Inteligente aceitável nodiscurso regular entre professores universitários e outros intelectuais.

Johnson iniciou a campanha escrevendo um depoimento contra o Darwinismo, que

terminou antes de deixar a Inglaterra em 1988. Quando voltou a Berkeley, começou aproferir palestras sobre o assunto, escrever artigos e trabalhar para transformar seu“depoimento” num livro. Ele atraiu a atenção desde o início, mas nada como atempestade de controvérsias que inaugurou a publicação de Darwin on Trial  (OJulgamento de Darwin) em 1991. Enquanto muitos cientistas e filósofos elogiaram o livro,outros, incluindo alguns teístas, o denunciaram com violência, por sua temeridade emcriticar uma teoria científica sem ter o conhecimento necessário para entendê-lacompletamente. Inicialmente a comunidade científica ignorou o livro. Entretanto, elecontinuou a ser muito vendido por vários meses. Isto, juntamente com uma agendarepleta de palestras, resenhas do livro que continuavam a aparecer em várias revistas e jornais e entrevistas com o autor e outros em todos os tipos de meios de comunicação,finalmente fizeram efeito. Embora apenas um ano depois, Stephen Jay Gould escreveu

uma revisão mordaz, publicada na revista Scientific American.Significativamente, sua revisão não abordava nenhum ponto substantivo levantado emDarwin on Trial . Em vez disso, Gould atacou o estilo de escrita de Johnson, buscou erros

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no livro (encontrando apenas um ponto genuinamente incorreto), reafirmou que oscristãos podem ser darwinistas, e usou de muita retórica. A resposta de Johnson à revistafoi recusada pelos editores da Scientific American, tanto numa coluna como em carta. Foientão publicada em Origins Research (o antecessor da excelente revista, Origins and Design) e amplamente distribuída na internet . Na resposta ele demoliu, com uma questão

simples, a afirmação de Gould de que o Darwinismo é religiosamente neutro, uma vezque a “ciência trata a realidade factual, enquanto a religião luta com a moralidadehumana”: “A moralidade da discriminação racial não tem nada a ver com a realidadefactual da igualdade humana?” Em resumo, ninguém aceita uma posição moral queconsidera estar em conflito com a realidade factual … o argumento de Gould de status“separado mas igual” para a religião era fraudulento. Ele estava ocultando a questão realde modo a acalmar os crentes religiosos fazendo-os pensar que não havia realmenteconflito. Johnson salientou que Darwin On Trial  era um longo argumento centrado emtorno de uma única questão: “O Darwinismo é verdadeiro?” e nem Gould, nem qualquer outro darwinista, abordou a questão de frente. De fato, sempre que esta questão vem àtona, é respondida com “uma afirmação de poder: ‘Bem, ele é ciência, como definimosciência, e você tem que se satisfazer com isto.’”

Darwin on Trial não era um livro genuinamente original, mas revisou convenientementemuitas das questões levantadas ao longo dos anos; e foi escrito com grande clareza, deforma que se tornou acessível a quase todo mundo, com ou sem base científica. Oprimeiro capítulo apresentou informação histórica sobre as lutas legais entre criacionistase os sistemas educacionais; lutas que terminaram com a derrota dos criacionistas emtodos os pontos. Terminava com uma declaração pessoal da perspectiva religiosa deJohnson (teísta filosófico, mas não um defensor da ciência da criação) e a seguinteafirmação:

Meu propósito é examinar as evidências científicas sobre seus próprios termos,tendo o cuidado de distinguir as próprias evidências de qualquer tendência filosóficaou religiosa que possa distorcer nossa interpretação da evidência. Pressuponho queos cientistas criacionistas são tendenciosos pelo seu compromisso prévio com ofundamentalismo bíblico, e terei muito pouco a dizer sobre sua posição. A questãoque quero investigar é se o Darwinismo é baseado em uma avaliação justa daevidência científica ou se é um outro tipo de fundamentalismo.

O livro então passa a examinar os problemas familiares do Darwinismo, mas com umatorção. Nos capítulos sobre os problemas da paleontologia, a "realidade" da evolução, astransições entre grupos principais de vertebrados, moléculas biológicas, a origem da vida,as regras da ciência, religião darwinista, educação darwinista, e finalmente ciência epseudociência, Johnson enfatiza, de forma consistente, a questão central definida por ele: os dados científicos realmente apoiam o cenário darwinista? Ele cita regularmentedarwinistas proeminentes para estabelecer a sabedoria convencional, então avalia o

estado atual da evidência em vez de depender de reafirmações dos especialistas. Aocontrário da crítica de que ele não estava adequadamente preparado para criticar oDarwinismo, sua especialidade como advogado estava bem adequada para analisar seuma teoria era realmente apoiada pelas evidências citadas.

Os resultados foram sensacionais. De todos os lugares dos Estados Unidos, cientistas,matemáticos, filósofos e outros, escreveram, ligaram e enviaram e-mails. Alguns erambem conhecidos pelos seus esforços anteriores de se oporem ao Darwinismo, masmuitos outros nunca tinham falado publicamente do assunto. Foi durante este períodoque a verdadeira importância do trabalho de Michael Denton reapareceu. Muitos dos  jovens pesquisadores que entraram em contato com Phillip Johnson tinham lidoEvolution: A Theory in Crisis. Para alguns deles, os argumentos de Denton tinham sido

uma revelação – nunca tinham ouvido falar que o Darwinismo tinha problemas e, quandocomeçaram a pensar e fazer pesquisas pessoais, suas dúvidas quanto a adequação doque é às vezes chamado de “princípio organizador central da biologia” começou acrescer. Outros descobriram que o livro de Denton reforçou dúvidas que já eram

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crescentes em suas mentes e foram encorajados por não estarem sozinhos; que outroscientistas atuantes concordavam que a teoria de Darwin parecia ser inadequada para atarefa a ela atribuída.

Johnson organizou aqueles que o contataram em um grupo que se autodesignou “DesignCrowd ” (Grupo do Planejamento). Ponderou uma lista de discussão sobre evolução eplanejamento inteligente, que foi usada para sugerir soluções para inúmeros problemas,criticar o trabalho mútuo, trocar notícias divulgadas nos meios de comunicação,encorajamento mútuo, partilhar notícias sobre técnicas e formas de debate favoritos, etc.Este foi um período excitante, à medida que brotavam idéias que eram aceitas, rejeitadasou recomendadas para mais estudo. Os membros aprenderam a lidar com vários estilosde debate de seus colegas – alguns eram ásperos, até agressivos; outros tinhammaneiras mais moderadas e conciliatórias; uns poucos eram rápidos em irar-se, emboraigualmente rápidos em acalmar-se; e vários eram tranqüilos mas obstinados. Johnson liatodas as mensagens, disciplinava aqueles que cruzavam a linha do debate legítimo, eeliminava do grupo qualquer um que ingressasse para causar problemas ou atrapalhar algum importante trabalho em andamento.

Como o “guru” do Grupo do Planejamento, Johnson também concedeu grande parte deseu tempo àqueles com idéias inovadoras; encorajando-os (até os empurrando) a“colocá-las no papel”, fazendo a devida crítica de seus esforços, dando assistência paraorganizá-los e expandi-los na forma de livros, ajudando-os a encaminhar os manuscritospara revisores, e então usando sua extensa lista de contatos para encontrar editores. Aomesmo tempo, continuou escrevendo para revistas e jornais, mantendo uma pesadaagenda de palestras, dando assistência para organizar simpósios de PlanejamentoInteligente em várias universidades, e trabalhando no manuscrito do que seria seusegundo livro. Reason in the Balance (  A Razão na Balança) teve um objetivo bemdiferente de Darwin on Trial . Outra vez ele introduziu o problema, mas desta vez usouboa parte do livro delineando os resultados reais para a sociedade (usando exemploscontemporâneos) e as potencialidades para o futuro (usando os escritos de psicólogosevolucionistas, advogados modernistas, educadores racionalistas liberais, etc.) nas áreasda ciência, direito, educação e ética, caso a amoralidade do naturalismo evolucionistafosse adotada. Reason in the Balance foi um bom livro, com boa vendagem e atémelhores resenhas. Como antes, Johnson não descansou sobre seus lauréis. Ele estavaconvencido de que parte da falha anterior dos antidarwinianos em fazer a diferença era ocaráter de “um só tiro” de seus esforços. Assim, ele continuou suas atividades eimediatamente começou a trabalhar em outro livro.

Então, em 1996, Michael J. Behe publicou um livro genuinamente novo Darwin’s Black Box  (  A Caixa Preta de Darwin). Behe era um membro bem situado do Grupo doPlanejamento e um veterano do grupo de discussão sobre evolução, onde ele afiava seusargumentos e suavizava (ligeiramente) seu estilo de debate um tanto abrasivo. Foi

incentivado (e importunado) a “continuar escrevendo” e não deixar que suas aulas e aspesquisas em bioquímica o impedissem de terminar o livro! Behe era um católico romano,sem nenhum compromisso com uma leitura literal da Bíblia, que tinha desenvolvido umcompromisso com uma visão darwinista da biologia. Foi seu trabalho em bioquímicasobre a complexidade do corpo humano, e não um dogma religioso, que o convenceu deque os sistemas que pesquisava cada dia no laboratório eram planejados. Em suaspróprias palavras (p. 25):

“As disciplinas científicas que eram parte da síntese evolutiva eram todas nãomoleculares. Entretanto, para a teoria darwiniana da evolução ser verdadeira, eladeve explicar a estrutura molecular da vida. É o propósito deste livro mostrar que elanão atinge este objetivo”.

A chave para a crítica de Behe é a doutrina do “gradualismo” de Darwin. O Darwinismo,hoje apoiado pelo conhecimento moderno da genética, rejeita a “saltação”, a aquisiçãosúbita de um órgão complexo ou um sistema de uma vez. Este processo hipotético foi

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sugerido em várias ocasiões para explicar o padrão consistente da coluna geológica, queapresenta longos períodos sem nenhuma mudança particular na forma de uma espéciefóssil, seguida por um aparecimento repentino de uma forma similar mas distintamentediferente. Entretanto, o próprio Darwin chamou a saltação de um “milagre”, e insistiu emmudanças minúsculas, “insensíveis”, que gradualmente se acumulariam até produzir as

grandes diferenças necessárias para a célula viva original se transformar em macacos,mamoeiros, piranhas e seres humanos. Sua teoria também requeria que cada pequenamudança desse uma vantagem para o organismo que a possuísse. Se não fossevantajosa, então os organismos sem a novidade usariam a energia economizada por nãoproduzir a mudança para algo que os ajudasse a viver mais e se reproduzir mais, e anova característica iria desaparecer. Depois da época de Darwin, o conhecimento doDNA e seu papel no controle da hereditariedade tornou a saltação ainda maisproblemática, pois mesmo pequenas mudanças no gene são geralmente danosas emudanças maiores resultam em proteínas não funcionais e na morte do organismo.

O livro de Behe explica que, na época de Darwin, a maioria dos “parafusos e porcas” das

coisas vivas, as operações reais ao nível celular e molecular, eram “caixas pretas”. Istosignifica que os cientistas nada sabiam do que realmente acontecia – da mesma formacomo muitos de nós vemos nossos computadores, ou a usina que gera nossaeletricidade, ou mesmo o motor de nossos automóveis. Os cientistas de meados doséculo XIX criam que a célula era uma coisa simples; um montinho de “protoplasma”; nãomais que uma mistura de açúcares, proteínas, gorduras e outros compostos dissolvidosna água. Além disto, os processos fisiológicos de cada dia – da visão, coagulação dosangue, produção de proteína, funcionamento do sistema imunológico, etc. – eramcompletos mistérios. Hoje, entretanto, conhecemos bastante sobre as operaçõesbioquímicas do corpo humano, assim como a estrutura interna e a função das célulasindividuais. E o que sabemos é um desafio à afirmação darwinista de que todos os seresvivos foram construídos, passo a passo, simplesmente pelo acúmulo de erros no códigogenético e que estes erros foram então selecionados pelo ambiente. O próprio Darwindeterminou o teste chave para sua teoria, escrevendo no livro A Origem das Espécies:

“Se pudesse ser demonstrada a existência de qualquer órgão complexo que nãopoderia ter sido formado por numerosas, sucessivas e ligeiras modificações, minhateoria se desmoronaria por completo.”

A afirmação de Behe, no livro  A Caixa Preta de Darwin, é que o corpo está cheio deórgãos e sistemas que satisfazem o teste de Darwin. Eles são “irredutivelmentecomplexos”, um termo que significa que algo é feito de várias partes e todas partesdevem estar presentes para que a coisa funcione. Em outras palavras, um órgão ousistema irredutivelmente complexo não pode ser produzido por passos darwinianos, pois

não oferece nenhuma vantagem até que esteja completo, com todas as partes no lugar.O exemplo que Behe sempre usa para ilustrar a complexidade irredutível é uma ratoeira.Feita de cinco partes – a base, a mola, o batedor, a barra de contenção e a trava – aratoeira é irredutivelmente complexa porque, se uma de suas partes for retirada, não setem uma ratoeira funcional. Encurte a barra de contenção e a ratoeira não ficará menoseficiente: ela não irá funcionar de jeito nenhum. Não há um modo de construir umaratoeira, peça por peça, e ter um funcionamento aperfeiçoado gradualmente. Ou se temuma ratoeira funcional ou não se tem nada. Na realidade, a ratoeira é um sistema muitomais simples que os sistemas vivos. Na ratoeira, cada peça é bastante simples ehomogênea. As estruturas e sistemas biológicos, por outro lado, são feitos de partes quesão pelo menos tão complexas quanto o todo. Nosso corpo é feito de células, mas cadacélula tem todas as funções do corpo inteiro – digestão, respiração, reprodução,movimento, etc. – elas fazem isto em escala molecular. Examinando mais de perto, vê-seque as organelas que constituem a célula são estruturas altamente complexas feitas de

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moléculas, e as moléculas existem e funcionam por causa de sua seqüência altamenteordenada e específica de aminoácidos ou outros constituintes.

  A Caixa Preta de Darwin apresenta quatro exemplos diferentes de complexidadeirredutível, um em cada capítulo. O Capítulo 3 se concentra no cílio e no flagelo, asorganelas usadas por organismos unicelulares para “nadar”. O Capítulo 4 é devotado aomecanismo de coagulação do sangue; o Capítulo 5 ao sistema de transporte de materiaisno interior da célula e o Capítulo 6 ao sistema imunológico que nos defende de agentesinvasores. O Capítulo 7 trata de algo que não é irredutivelmente complexo - a síntese doAMP (monofosfato de adenosina), e mostra que as leis da probabilidade são suficientespara derrotar a estória darwinista.

O Capítulo 8 relata uma revisão da literatura em bioquímica, em busca de artigos quelidem com cenários evolutivos. Numa busca cobrindo 10 anos, Behe encontra artigos quetratam da origem de moléculas julgadas importantes para a origem da vida, de modelosmatemáticos para a evolução e de comparações de seqüências de aminoácidos deproteínas. Em nenhum caso ele conseguiu encontrar artigos (ou livros) que lidassem comos detalhes de como os sistemas bioquímicos complexos possam ter se desenvolvido de

uma forma darwiniana. A seguir ele pesquisa os índices de livros didáticos de bioquímicaem busca de referências à evolução. Treze de trinta livros pesquisados nãoapresentavam nenhuma referência. Nos outros livros, as referências à evolução vão de0,02% a 0,35% do total de referências no índice. Ao examinar as páginas citadas,encontram-se afirmações de natureza geral tais como “os organismos evoluíram e seadaptaram às condições em mudança numa escala de tempo geológica ... e continuam afazer isso”. Nenhuma sugestão de caminhos bioquímicos específicos que possam ter sido seguidos para produzir a vida ou gerar a complexidade observada no mundo vivo ànossa volta, por meios darwinianos. O veredicto de Behe é que uma das velhas regras napesquisa científica (publique ou pereça) deve ser seguida (página 186). “A teoria daevolução molecular darwiniana não tem publicado, e portanto deve perecer”.

Os capítulos 9 e 10 tratam do planejamento inteligente, e Behe nos diz que os cientistasde hoje são como detetives examinando uma sala cuidadosamente, observando efazendo medidas, tentando explicar um corpo morto estirado no chão. O livro básicodeles, “Tudo que Você Precisa Saber para Ser um Detetive” diz que os detetives “semprepegam seu homem”. Assim, eles ignoram totalmente o grande elefante cinza que estánum canto. Como os livros de ciência nos ensinam que as leis físicas do universo,eventos ao acaso e a seleção natural são suficientes para explicar a vida e suavariedade, os cientistas estão ignorando o “elefante” do planejamento inteligente, em péno canto. Um exemplo particularmente nítido é visto em O  Relojoeiro Cego,provavelmente o livro mais lido e popular sobre a evolução darwiniana. Richard Dawkinsnos diz que é óbvio que processos aleatórios nunca irão montar uma proteína, assimcomo um macaco digitando num teclado nunca irá compor versos de Shakespeare. MAS,

diz ele, a seleção natural é a chave do problema. Se um macaco digita no teclado de umcomputador; e se existe uma seqüência de letras na tela(QWERTYUIOPLKJHGFDSAZXCVBNM) com uma "frase alvo"“METHINKSITISLIKEAWEASEL”; e se, cada vez que o macaco digita uma seqüência deletras na qual uma das letras corresponde à letra "correta" numa dada posição da frasealvo, o resultado daquele toque é “selecionado” e gravado; então, em pouco tempoalcança-se a frase desejada.

Naturalmente, Dawkins está correto, até certo ponto. Mas, está ignorando o “elefante” emseu zelo para resolver o problema por meios naturalistas. Em primeiro lugar, o próprioconceito de uma "frase alvo" é eliminado pela visão darwiniana. O título do seu livro é ORelojoeiro Cego e, no primeiro capítulo, ele nos assegura que o Darwinismo não envolve

nenhum planejamento, nenhum conhecimento do futuro e nenhuma intenção. Mas, emsua analogia, cada letra digitada pelo macaco é examinada em termos de uma frase queo programador do computador tem em mente e colocou na memória do computador. Nanatureza, de acordo com Dawkins, não há “programador” e, portanto, nenhum modo de

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“pensar à frente” em direção de um melhoramento irredutivelmente complexo que sedeseja atingir. Em segundo lugar, o Darwinismo requer que cada mudança sejaselecionada com base apenas em seu valor atual para sobrevivência. Na analogia, nãohá mais significado em MWERTYUIOPLKJHGFDSAZXCVBNL do que havia naseqüência original, embora duas das 23 posições (a 1a e 23a) possuam agora as letras

corretas. Se a seqüência de letras precisasse ser funcional para comunicar umamensagem, nenhuma delas teria uma vantagem, pois a menos que o leitor tivesse a frasealvo em mente (o que é especialmente negado à seleção natural), não haveria modo desaber que seqüência era "melhor"; isto é, mais próxima de“METHINKSITISLIKEAWEASEL.” Devido ao seu compromisso com o materialismo,Dawkins é incapaz de ver o "elefante" do planejamento inteligente espiando-o daspáginas de seu próprio livro.

Behe finaliza a Caixa Preta de Darwin com um capítulo sobre ciência, filosofia e religião,e um apêndice sobre os princípios de bioquímica da vida. Mas o valor real do livro é queele descreve claramente, e dá nome ao princípio que o Reverendo Paley tentouestabelecer há quase 200 anos atrás com a estória do relógio no livro Teologia Natural …

Complexidade Irredutível.A explosão do conhecimento biológico ao nível molecular desde a descoberta do DNAtornou a explicação darwiniana para o mundo vivo cada vez mais problemática. Isto setornou manifesto nas respostas ao livro de Behe. Ao contrário do ocorrido com Darwin OnTrial ,   A Caixa Preta de Darwin atraiu revisões imediatas. Michael Behe não era umadvogado invadindo o domínio científico. Um pesquisador ativo em bioquímica, comíntimo conhecimento de seu campo, ganhou audiência respeitosa, mas pouco elogio asuas conclusões. A crítica geral era um apelo à fé; que Behe tinha desistido deexplicações naturalistas com muita facilidade; que simplesmente por que não temos umaboa explicação agora não era razão para se pensar que não vamos encontrá-la no futuro.Behe foi acusado de argumentar só “a partir da incredulidade”, e que simplesmente por ele não conseguir imaginar nenhuma via naturalista para o sistema de coagulaçãosangüínea, não significa que não existiu uma.

Em 1998, o trabalho muito esperado de William Dembski (um membro do Grupo doPlanejamento), The Design Inference (  A Interferência do Planejamento), foi publicadopela Cambridge University Press. Nele, Dembski respondeu aos críticos de A Caixa Pretade Darwin, num trabalho altamente técnico que rigorosamente mostra como a ciênciapode distinguir objetos naturais de objetos planejados, separando claramenteplanejamento “real” e “aparente”. Em 1999, Dembski publicou Intelligent Design(Planejamento Inteligente), um tratamento mais popular do mesmo assunto, que explicaas idéias do The Design Inference e as estende para propor, como o subtítulo do livrosugere, uma “ponte entre a ciência e a teologia”. Dembski é um jovem prodigioso ebrilhante, com doutorado em matemática e filosofia. Também tem formação em teologia e

psicologia e é membro da National Science Foundation.A principal contribuição destes dois livros, como Michael Behe explicou no prefácio dolivro Intelligent Design, é formalizar os critérios para se detectar planejamento. Antes deDembski, “planejamento parecia ser uma questão de mero gosto” – você podereconhecê-lo em alguns objetos ou processos, ou não, pois não havia "regras" paradeterminar se o planejamento estava presente ou não. Intelligent Design começadefinindo planejamento como “probabilidade pequena especificada”. Assim, para ser planejado, um objeto deve ter uma probabilidade muito pequena de ocorrer comoresultado de processos naturais. Esta parte do conceito é familiar a qualquer um que em1968 viu o filme “2001: Uma Odisséia no Espaço”. No filme, um monolito aparece váriasvezes em diferentes lugares. Tem uma forma simples – um paralelepípedo polido como

uma peça gigantesca de dominó – mas é óbvio para todos que o vêem que não é umobjeto natural. Processos naturais nunca produzem objetos assim. Como o relógio dePaley, o monolito nos atrai como um objeto planejado porque imediatamentereconhecemos a impossibilidade de uma origem natural.

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A segunda parte do critério de planejamento (probabilidade pequena específica) éencontrada na palavra “especificada”. Qualquer cadeia de 26 letras é altamenteimprovável de ocorrer – um aluno de estatística pode calcular rapidamente as chances deproduzir aleatoriamente uma determinada seqüência. Cada posição tem 1 possibilidadeem 26 de ter uma letra determinada do alfabeto, se cada letra for equiprovável. Todas

estas probabilidades devem ser multiplicadas para se obter a probabilidade de se obter aseqüência específica inteira. Assim, MNBVCXZASDFGHJKLPOIUYTREWQ cumpre aprimeira parte do critério – sua probabilidade de 1 em 2623, ou cerca de 1 em 3,5x1032, éminúscula e tende para zero. Entretanto, CADA seqüência destas que formam coisassem sentido é igualmente improvável. A maioria das pessoas que olham para talseqüência conclui que é aleatória. Por outro lado se a seqüência de letras for METHINKSITISLIKEAWEASEL, teremos uma ordem de letras altamente improvável,como antes, mas que satisfaz o segundo critério – esta ordem de letras é “especificada”,isto é, a ordem se encaixa num padrão reconhecível. Ninguém que leia inglês irá dizer que a seqüência aconteceu aleatoriamente. Saberão que alguém familiarizado comShakespeare ordenou as letras numa ordem particular. ("Methinks it is like a weasel ",Parece-me que ele é como uma doninha, é um verso de Shakespeare).

O argumento de Dembski é ilustrado em First  Contact (Contato), um filme de alguns anosatrás (baseado num livro de mesmo nome de Carl Sagan). No filme, radioastrônomosestão recebendo e analisando sinais de rádio do espaço. Ao receber um sinal com pulsosos cientistas ficam alertas. E, quando percebem que os sinais apresentam umaseqüência de números primos em ordem crescente, concluem que o sinal de rádio é oresultado de planejamento inteligente. Os pulsos trazendo a seqüência 1,3,5 teriamprovocado pouca excitação, pois a probabilidade de ocorrer esta seqüência é pequena,mas não inimaginável. Entretanto, quando a seqüência continua com7,11,13,17,19,23,29,31, etc. mesmo os naturalmente cépticos se convencem. Umaseqüência de pulsos altamente improvável que se conforma com um padrão prévio foireconhecido pelos radioastrônomos no filme como o produto de inteligência. Além disto,

nenhum revisor do filme escreveu que era loucura aceitar esta proposição, e nenhumcientista reclamou de uma premissa "não científica" no filme. Na verdade o governoamericano gastou milhões de dólares de impostos, por vários anos neste tipo de buscapor inteligência extraterrestre, embora recentemente os esforços estejam sendopatrocinados pelo setor privado.

Uma parte importante do critério de Dembski para o planejamento é que ele é sujeito afalsas negativas, mas resistente a falsos positivos. É possível que FALHEMOS emreconhecer que alguma coisa é planejada, atribuindo-a a uma ocorrência aleatória. Istopode acontecer, por exemplo, com METHINKSITISLIKEAWEASEL, se a pessoa queolhar a seqüência não lê em inglês. Da mesma forma, se alguém não conhece o tecladopadrão de uma máquina de escrever ou computador, ou se ele não está prestando

atenção, poderá dizer que MNBVCXZASDFGHJKLPOIUYTREWQ é uma seqüênciaaleatória. Mas não é. A seqüência é a ordem com que as teclas aparecem no teclado,começando do canto direito inferior e prosseguindo para frente e para trás até o cantoesquerdo superior. Esta falha em reconhecer o planejamento quando ele existe é,naturalmente, um problema, mas é do tipo que se resolve com o progresso na ciência, àmedida que se aprende mais acerca do mundo e daquilo que há nele.

É o problema oposto que é continuamente trazido pelos darwinistas. Eles sugerem que,se for dado um lugar para o Planejamento Inteligente no pensamento científico, haverãoconstantes achados “falsos positivos” de planejamento, de forma que voltaremos aos diasquando o trovão e o relâmpago eram atribuídos à ira dos deuses. Isto é uma estupidez,naturalmente. Os cientistas estão interessados em descobrir a explicação real para osfenômenos naturais, e temos boas explicações naturais para o trovão e o relâmpago.Ninguém está sugerindo que o planejamento seja invocado para qualquer coisa que seorigine no funcionamento diário da natureza. Na verdade, o trabalho de Dembski ofereceexatamente uma solução para este problema – quando é válido dizer que algo é

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planejado e quando não é? Simplesmente, se em algumas situações podemos identificar o planejamento, haverá muitas vezes quando o planejamento NÃO será uma inferênciarazoável para os dados disponíveis. Também é verdade que o estado atual de nossoconhecimento irá requerer algumas vezes que suspendamos o julgamento se algo quevemos na natureza é planejado, ou se é o resultado de forças puramente naturais. Por 

exemplo, se não pudermos atribuir um valor para a probabilidade de formação por meiosnaturais, teremos que deixar um objeto na categoria de “cientificamente indeterminado”.Mas os avanços no conhecimento da bioquímica da vida nos ensinaram muito sobre ossistemas vivos e as moléculas de que são feitos. Agora é possível calcular os limitessuperiores da probabilidade de um ou outro destes sistemas ter sido montado de algumaforma natural não planejada. É nesta área que o trabalho de Dembski irá revolucionar opensamento dos pesquisadores.

No prefácio de Dembski, ele escreve que seu livro se concentra em "se podemos detectar planejamento em um universo que já existe”, deixando de lado a questão se o universocomo um todo é planejado. Este alvo é radical – mostrar “como o planejamento destronao naturalismo”, e seu método é descobrir, "se o naturalismo é falso, como poderemos

saber?” O livro é dedicado a todos que se interessam na controvérsia entre evolução ecriação, ou entre ciência e teologia, e também para aqueles que conjeturam sobre anatureza da ação divina ou nas implicações culturais do planejamento inteligente. Osleitores comuns terão pouca dificuldade, a não ser no Capítulo 6 que trata da teoria dainformação com algum formalismo matemático. Os primeiros três capítulos sãointrodutórios, lidando com nossas intuições de planejamento e como estas intuiçõesforam minadas pela modernidade. Nos capítulos seguintes, o livro trata, de formasimplificada, sobre as idéias apresentadas ao público erudito no livro The DesignInference, e nos dois últimos capítulos mostra "como a ciência e a teologia se relacionamcoerentemente e como o planejamento inteligente estabelece uma ligação crucial entreas duas." Há também um apêndice sobre as perguntas feitas freqüentemente sobrePlanejamento Inteligente.

O argumento central de Dembski é encontrado na página 134, no “filtro explanatório”idealizado por ele para detectar ou rejeitar o planejamento. Os fenômenos que vemosdiariamente são separados em três categorias. A primeira destas é a “necessidade”, ouseja, o que acontece é o resultado de alguma lei que determina as consequências. Istosignifica que os eventos podem ser preditos porque acontecem sempre da mesma formatodas as vezes que as condições iniciais são as mesmas. Deixar um livro cair é um bomexemplo de resultado da “necessidade” ou desta lei. Segundo, uma determinada coisapode ser devido ao acaso … o resultado das ocorrências aleatórias sobre as quais nãose tem controle e que podem ocorrer de forma diferente se forem repetidas. Encontrar umbom amigo exatamente na hora do almoço, na porta de um novo restaurante, quandonenhum dos dois planejara comer naquele dia, é um exemplo de ocorrência por acaso.

Finalmente, há o planejamento. Os eventos são atribuídos ao “planejamento” somentequando não podemos colocá-los nas outras categorias. Se você vai ao seu restauranteregular no dia de seu aniversário, e quando chega observa que a maioria dos seuscolegas de trabalho estão assentados em várias mesas, não será surpresa se vocêpensar que este fato não é por acaso. Naturalmente, é possível que tenha sido por acasoque todos eles escolheram neste dia comer no lugar em que sabem que você sempre vaialmoçar todos os dias, mas isto é pouco provável. É muito mais provável que em algummomento se ouça o familiar “Parabéns a você” enquanto trazem um bolo para sua mesae todos o parabenizam pelo seu quadragésimo aniversário! Em outras palavras, apresença deles no restaurante não era o resultado de uma lei ou do acaso, mas deplanejamento.

No restante do Capítulo 5, Dembski lida com o problema dos falso positivos e falsosnegativos mencionados antes. Esse é um problema comum na experiência de todos.Toda vez que fazemos um exame médico, nos arriscamos a um destes dois. Namedicina, falsos negativos são uma ameaça maior pois, se você realmente tem câncer e

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os exames garantem que você não tem, você pode morrer por falta de tratamento. Por outro lado, um falso positivo pode assustar você e sua família, mas outros exames maisprecisos, ou com mais poder de discriminação para distinguir câncer de outros problemasque produzem sintomas semelhantes, irão logo suavizar seus temores.

Falsos negativos são um problema contínuo em cada caso onde tentamos detectar umacausa inteligente. Há duas razões para isto. Um falso negativo pode ocorrer porque oagente inteligente está tentando esconder sua intenção, fazendo algo parecer ter sidoacidental ou causado por necessidade. Esta é uma preocupação principal para detetives,que lidam com este problema cada dia. Um corpo no fundo de um penhasco pode ter chegado lá como resultado de uma queda acidental (acaso), mas também pode ter sido oresultado de um empurrão (intenção). Se um assassino for cuidadoso e tiver sorte, elepode ser capaz de fazer com que o crime pareça um acidente e continuar livre. Agentesdo governo responsáveis por detectar e apreender falsificadores; advogados queinvestigam quebra de patentes ou plágios; auditores que decidem se alguém estároubando dinheiro de sua companhia; esses e muitos outros estão envolvidos emdetectar planejamento inteligente em situações onde o perpetrador está tentando produzir 

falsos negativos. Todos usam algo semelhante ao “filtro explanatório”, embora não usemesta expressão e possam não estar cientes do processo que utilizam. Além de um agenteinteligente tentando esconder seus atos, há outra causa para os falsos negativos – nossaignorância em uma área ou outra. Se encontrarmos o corpo no fundo do penhasco e nãoconhecemos nada sobre medicina legal, podemos deixar de observar o ferimento atrásda cabeça. Se não conhecemos muito sobre motores de carros, podemos pensar queocorreu uma quebra acidental quando alguém realmente sabotou nosso carro.

Ao detectar planejamento inteligente por meio do critério “complexidade-especificação”de Dembski, podemos trabalhar com ele como se faz com uma rede. Desejamos que arede “apanhe” tantos casos de planejamento quanto possível, enquanto passam pelasmalhas todos os casos resultantes da lei ou do acaso. Dembski argumenta que, emboraa complexidade especificada não seja plenamente confiável em eliminar o planejamentocomo uma explicação para um fenômeno particular (o problema dos falsos negativos), éum método confiável para a detecção de planejamento. Isto é, a despeito do fato de ser possível não detectar planejamento quando de fato o seja, podemos estar seguros deque sempre que o planejamento for detectado é porque realmente havia um planejador (nenhum falso positivo). Há duas razões para esta confiança. A primeira é que, em cadacaso examinado, se o critério complexidade-especificação atribui planejamento, quandoinvestigamos a causa subjacente vamos descobrir que houve planejamento de fato.Alguns dirão que este é um argumento fraco, mas é perfeitamente válido racionalizar apartir de uma vasta experiência para uma regra geral. Ninguém iria levantar assobrancelhas se dissermos que todos os dromedários têm uma corcova, sendo que todosque já vimos têm uma só corcova. Todo corvo que já vimos é preto e, portanto, dizemos

que todos os corvos são pretos – mesmo o corvo albino, uma situação eventual, nãoinvalida a regra, pois sabemos que ele é um caso anormal produzido por uma mutação.

Outra razão para objetar ao primeiro argumento é a existência de coincidênciasimprováveis. Dembski refuta a esta objeção usando o exemplo (histórico) do cometaShoemaker-Levy, que aparentemente atingiu o planeta Júpiter exatamente 25 anos (comprecisão de dia), após a chegada da Apollo 11 à Lua. Embora alguém possa pensar queesta surpreendente correlação/coincidência deva ser atribuída ao planejamento, o critériode complexidade-especificação é suficientemente forte para resistir a este problema. Achave é determinar a probabilidade que aciona um juízo de planejamento num valor suficientemente pequeno. Dembski escreve que, se admitirmos que a chegada à Lua sejauma especificação para o cometa atingir Júpiter (uma imaginação bem forçada em si), eentão supusermos que o cometa pode ter caído a qualquer momento no calendário anuale finalmente supusermos que a “queda do cometa” aconteceu no mesmo momento(mesmo segundo) que a descida na Lua há 25 anos, a probabilidade desta exataocorrência é cerca de 1 em 108 (10-8). Isto não é tremendamente improvável. No The

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Design Inference, Dembski sugere que o “limite de probabilidade universal” deve ser colocado em 10 –150. Qualquer coisa com probabilidade MAIOR do que1/1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000. poderia ser devido ao acaso. Apenas se

fosse MENOR do que isto seria atribuído ao planejamento.Dembski dá atenção particular em reassegurar aos materialistas científicos e outrosdarwinistas que o planejamento inteligente não é simplesmente outra tentativa deintroduzir o criacionismo bíblico na ciência pela porta de trás. O Capítulo 6 é umacontribuição original ao assunto, no qual ele formula o planejamento inteligente comouma teoria da informação. Todo mundo admite que haja uma coisa chamada deinformação, mas ainda não se conseguiu uma definição precisa para ela. Os matemáticosfocalizam-se na contingência, em particular, ao número de alternativas que devem ser rejeitadas para se comunicar uma mensagem particular sendo enviada. Isto leva quasediretamente ao uso de probabilidades como uma medida de informação – quanto menor a probabilidade, maior a quantidade de informação. Assim, sendo que uma seqüênciareal (em pôquer) é extremamente rara, eliminando 99,9998% das possibilidades de lidar 

com o mesmo número de cartas, seu conteúdo de informação é bem maior que um full house (em pôquer), que pode ser obtido de muitas formas diferentes, eliminando muitomenos alternativas quando estas aparecem. Usar a probabilidade como uma medida deinformação trouxe alguns problemas que, por sua vez, são resolvidos consultando osteóricos de comunicação e usando o logaritmo negativo da probabilidade. O logaritmo embase 2 foi escolhido, em parte, devido ao fato dos computadores usarem seqüências deduas alternativas (1 ou 0) para representar tudo que possuem na memória ou namanipulação da informação no processador. Assim, a informação é definida em termosdo número de bits transmitidos por um canal de comunicação, dado por –log2p. (onde p éa probabilidade = 1/número de seqüências possíveis com um determinado número debits).

Esta forma de medir a informação significa que ela corresponde à medida decomplexidade. Mais bits comunicados significam uma mensagem com maiscomplexidade e, reciprocamente, menos bits são equivalentes a menor complexidade. Asteorias de informação aceitas atualmente são inteiramente consistentes com o queDembski apresentou no Capítulo 5 sobre o critério de complexidade-especificação.Qualquer coisa que satisfaça seu critério de complexidade-especificação (que portanto éresultado de planejamento) terá informação complexa especificada (ou ICE). A ICEpermeia o ambiente em que vivemos. Números de cartão de crédito são suficientementecomplexos para evitar que um ladrão obtenha um por meios aleatórios (por isso eles têm16 dígitos em vez de apenas 6), e eles são especificados de forma que o número de 16dígitos não apareça no cartão de mais ninguém. Números de telefone, números daprevidência social (americana), números da carteira de identidade, números de rua e

casa, etc., etc., etc. são todos exemplos da mesma coisa. E todos estes números (ICE)são o resultado de planejamento inteligente.

Dembski então continua com uma demonstração matemática de que algoritmos e leisnaturais são incapazes de originar informação. Há muito mais informação no capítulo queeu possa facilmente assimilar e muito menos comunicar, de forma que vou tentar “comprimir” parte desta informação num pacote mais compreensível. Contudo, toda vezque isto é feito, o produto terá MENOS informação do que o material original – e isto éum grande problema para aqueles que desejam produzir informação usando apenasalgoritmos e leis naturais. Qualquer algoritmo ou lei é definido matematicamente comouma função, e todas funções contribuem para o fluxo de dados mas não originaminformação. Isto é assim porque as funções conectam um conjunto de dados com outro,

associando um membro de um conjunto (o domínio) com um e apenas um membro deum segundo conjunto (o contradomínio). Um algoritmo tem como entrada de dados seudomínio, e como saída seu contradomínio. Uma lei natural tem condições iniciais econdições de contorno como seu domínio, e estados físicos num tempo subsequente (t)

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como seu contradomínio. Estas formas de relação funcional não fazem mais do quepreservar a informação já presente – e mais freqüentemente degradá-la – NUNCAacrescentam informação. Algoritmos e leis naturais não podem explicar a emergência ouexistência de informação. Apenas movem a questão de sua origem um passo para trás.Além disso, as funções quase sempre comprimem informação, e isto significa que a

saída contém menos informação do que havia disponível antes.Desta discussão, Dembski refuta o argumento usual de que funções relativamentesimples podem levar a ICE, como os fractais produzidos pela função no conjunto dosnúmeros complexos (h(z) = z2 + c) (p. 164) que produzem figuras como estrelas do mar,continentes em um livro de geografia, plantas em crescimento ou uma infinidade deoutras formas. Acontece que a idéia de que podemos gerar este tipo de complexidadecom uma única equação simples é nada mais que uma ficção da imaginação que criadesinformação na mente das pessoas. É preciso um computador, um dispositivo de saídae um programa eficiente (com muitas linhas de código complexo) para fazer repetiçõescom uma função simples e testar se estas repetições não irão na direção de um móduloinfinito, para escolher uma cor para o pixel na posição correspondente ao valor de c, etc.

Quando consideramos tudo o que é necessário para transformar a "função simples"numa figura de fractal que é tão intrigante, descobrimos que não houve nenhum aumentode informação. O que os matemáticos chamam funções, os cientistas preferem chamar de leis, e o que falta em qualquer lei (ou função) é “contingência”. As leis produzem amesma coisa sempre, e sem contingência não há informação. No caso das figurasfractais, a contingência que falta à função original é suprida pelo programador docomputador.

Para o materialista, se a possibilidade de gerar informação por uma lei for eliminada, aoutra possibilidade é o acaso. Entretanto, examinando o mundo real, descobrimos que oacaso pode gerar uma grande quantidade de informação complexa mas não especificada(lembre-se do macaco digitando qualquer coisa no teclado do computador) ouquantidades relativamente pequenas de informação de baixa complexidade que éespecificada (pesquisando em qualquer cadeia longa de letras geradas aleatoriamenteserá possível achar uns poucos casos de "eu" ou "que", e talvez até "sim" e outrosarranjos de letras semelhantes que têm algum significado, e tem uma probabilidaderelativamente grande de aparecer por meios aleatórios). Uma digitação aleatória nuncairá produzir um texto com significado, não importa quantos macacos digitem por tantosanos quanto queiramos imaginar. Também, um número infinito de tornados girando numferro velho que cubra toda a Terra e que contenha múltiplas cópias de todas as partes de

aviões conhecidos pelo homem, nunca irá montar um Boeing 747, não importa o númerode milênios concedidos.

Exemplo de figura fractalformada com interações deh(z) = z2 + c segundos umaregra determinada

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Este não é apenas o juízo de William Dembski. O matemático francês Emile Borel propôsum limite universal de probabilidade de 10-50, além do qual nenhuma ocorrência possa ser atribuída ao acaso, mas apenas à ação inteligente. Ele baseia este limite em certoseventos cosmológicos através da história cósmica, um limite que representa 166 bits deinformação. Dembski escolheu 10-150 como seu limite de probabilidade, um número

baseado na quantidade de partículas elementares do universo observável, na duração douniverso desde o Big Bang até seu fim térmico e no tempo de Planck. Isto corresponde a500 bits de informação e significa que qualquer informação de complexidade especificadamaior do que 500 bits não pode ser atribuída ao acaso. Isto produz uma definição detrabalho para ICE – qualquer informação especificada cuja complexidade exceda 500 bitsde informação. Com esta definição, Dembski prossegue para provar, de formaconclusiva, que a última esperança dos darwinistas para gerar ICE é vã. Umacombinação de lei e acaso (mutações aleatórias escolhidas pela seleção natural) éigualmente incapaz de produzir ICE. Na realidade não há “nenhum almoço gratuito”, que(não por acaso) é o título do mais recente livro de Dembski, programado para ser lançadono início de 2002.

Dembski a seguir propõe uma nova lei, a lei da conservação da informação: causasnaturais são incapazes de gerar ICE . Isto decorre diretamente da primeira parte doCapítulo 6 e se sobrepõe à lei de mesmo nome proposta por Peter Medawar em 1984.Medawar disse apenas que leis deterministas não podem produzir novas informações e aformulação de Dembski estende isto para o acaso e a combinação de lei e acaso, sendomais geral e poderosa do que a forma anterior. Esta lei tem várias implicações para aciência, mas a mais imediatamente relevante é o corolário mostrando que a explanaçãocientífica não é idêntica à explanação redutiva. Contrário ao que muitos cientistas efilósofos argumentam, ou seja, que uma explanação científica adequada deve ir docomplexo para o simples, esta lei indica que, para se explicar qualquer caso particular deICE, deve-se ter pelo menos tanta ICE quanto no início. Todos nós estamosfamiliarizados com esta verdade no dia a dia. Não nos surpreendemos que um pão é

produzido por uma padaria, que tem MUITO mais ICE do que o pão que ela produz.Alternativamente, quando vemos um ninho, sabemos que foi produzido por uma ave, bemmais complexa que a relativa simplicidade do mais complexo ninho.

É bem conhecido que copiar informações é o meio mais seguro de degradá-las. Abrincadeira das crianças de cochichar mensagens de uma para outra num círculo, assimcomo fazer fofocas no ambiente de trabalho, demonstra que a cópia é sempre imperfeita,mesmo quando praticada por agentes inteligentes. Quando vamos para algo maissemelhante aos “processos naturais cegos” postulados pelos darwinistas, as coisas ficamainda piores. Tome uma foto em preto e branco e faça uma cópia xerográfica. Entãocopie a cópia. Agora copie a nova cópia. Repita o processo 50 vezes. Você ainda podereconhecer a foto? Mesmo se estiver usando uma máquina da marca Xerox (ou Canon),

a cópia feita a partir da 49a

cópia conterá muito menos informação que a foto original. Osprocessos reprodutivos dos seres vivos visam um mecanismo de cópia perfeita domaterial genético, mas sabemos que estes processos não alcançam completamente esteobjetivo. De fato, o Darwinismo depende de “erros benéficos” que são (hipoteticamente)incorporados no genoma para prover aspectos novos e vantajosos.

Dembski nos adverte a não cairmos numa armadilha aqui. É fácil imaginar que, seapenas informações novas puderem ser acrescentadas às instruções genéticas de umorganismo, o resultado seria naturalmente uma sobrevivência e capacidade dereprodução melhoradas. Entretanto, a genética moderna tem ensinado que a ICE nogenoma é “holística”, isto é, mais do que meramente a soma de suas partes. A seguinteseqüência: IS METHINKS WEASEL IT LIKE, contém os mesmos itens de informaçãoespecificada que: METHINKS IT IS LIKE A WEASEL, mas falha em transmitir a mesmamensagem para nós. Em inglês, não são só as palavras, mas também a ordem delas éimportante se queremos que haja conteúdo semântico. Além disto, anexar IN THEBEGINNING GOD CREATED THE HEAVENS AND THE EARTH (No Princípio Criou

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Deus os Céus e Terra), não irá adicionar significado à sentença original. Em inglês, e emqualquer ICE, o significado se origina do topo … não é gerado mais em baixo, para ser comunicado para cima. Tanto no inglês como na ICE, a especificação para o todo énecessária se as partes disponíveis devem ser arrumadas para formar combinaçõessignificativas. Isto coloca uma limitação severa para o quadro darwinista de como uma

nova informação é gerada para produzir a progressão evolutiva que propõem. Devido àrejeição de Darwin à ação inteligente, com sua possibilidade de lembrar o passado eprojetar o futuro, não pode haver nenhum plano à frente, nem o armazenamento deaspectos que serão uma vantagem apenas se somados a outras coisas no futuro. Tendorejeitado à previsão e ao planejamento, o mecanismo darwinista deve gerar nova ICE emuma única geração. Isto pode ser feito?

A resposta curta é "não pode" e Dembski gasta o resto do capítulo explicando de formaabrangente por que não. Há três fontes de ICE na informação genética de um organismo:a. herança com modificação, b. seleção e c. infusão. As duas primeiras são “becos semsaída” para nosso propósito. Isto é assim porque a produção de ICE (qualquer coisa commais de 500 bits de informação) pelos processos naturais de herança violam a Lei da

Conservação da Informação e a seleção não produz nada novo, apenas determina quaismembros da população irão produzir a nova geração. A infusão pode ser endógena ouexógena (biótica ou abiótica). A infusão de informação endógena envolve ICE que étransferida de um organismo para outro. É também biótica no sentido de que ainformação já estava nos sistemas biológicos. A infusão exógena envolve ICE de algodiferente de outro organismo e é também abiótica por essa razão – vem de fora dossistemas biológicos. Há um exemplo familiar de infusão biótica de ICE endógena: osplasmídeos usados por bactérias para trocar DNA entre elas. Estes plasmídeos aindanão foram classificados como cumulativamente complexos, significando que podem ter sido produzidos por seleção e herança com modificação; ou como irredutivelmentecomplexos, que pode sugerir uma infusão abiótica de ICE exógena em algum ponto nopassado.

Neste ponto, os materialistas darwinistas estarão dizendo que é só uma questão detempo até que Dembski traga Deus para dentro do quadro. Mas há materialistas que têmenfrentado as questões com que os teóricos do Planejamento Inteligente lidam, e têmproposto seriamente a infusão abiótica de ICE exógena. O ganhador de um Nobel,Francis Crick, codescobridor da estrutura da molécula do DNA e também Fred Hoyle,autor da teoria do Estado Estacionário para a origem do universo, têm sugerido que aestória darwinista de uma origem mecânica da vida nesta Terra é tão improvável, que aprimeira célula viva deve ter chegado do espaço, sendo o produto de uma raça inteligentede algum lugar do cosmos. Além disto, esses homens crêem e têm escrito livrospropondo que as principais transições nas formas vivas vistas no registro fóssil foramprovocadas por DNA vindo da mesma fonte do espaço exterior. Dembski escreve que a

única razão para que a corrente principal do Darwinismo não considere a infusão abióticade ICE exógena é a falha da comunidade científica em geral em compreender arelevância do novo campo da teoria da informação em seu trabalho. InformaçãoComplexa Especificada (ICE) é o aspecto chave da vida, e a evidência que a ciênciareuniu torna claro que, através da história da vida, houve numerosas “barreiras deinformação” que foram saltadas pelos organismos vivos. Uma contribuição significativa dainformação deve ter vindo de fora do sistema biológico familiar a nós, e quase certamenteinfundido abioticamente.

O que acontecerá na ciência biológica se a perspectiva do planejamento inteligente for adotada? Dembski oferece poucas garantias. A tentativa de retraçar algumas trajetóriaspara a informação biológica pode levar a um beco imediato, da mesma forma que umatentativa para traçar o caminho que produziu um fragmento isolado de papiro do primeiroséculo encontrado no Saara. Essas estórias estão perdidas, e não podem ser recuperadas com a informação atual. Outros caminhos de informações biológicas podemser encontrados até uma longa distância, e então desaparecer antes de chegar a

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qualquer coisa identificável, assim como um manuscrito do Rei Lear pode ser acompanhado até 300-400 anos atrás, e não conseguir fazer uma conexão com o próprioShakespeare. Não importa o resultado em qualquer situação específica, a biologiaprecisa ser reconceitualisada. A teoria da informação deve formar o fundamento dabiologia evolutiva e o foco principal do trabalho serão os caminhos da informação. Esses

não podem ser as “só estórias” contadas por Richard Dawkins e outros darwinistas queescrevem hoje, mas propostas detalhadas e específicas que realmente se conformamcom o mundo real da biologia, em vez da “biologia virtual” encontrada nos computadoresde Stuart Kauffman e seus colaboradores no Santa Fe Institute. Tem sido dito que “nadana biologia faz sentido exceto à luz da evolução”, mas isto tem que mudar. Para o futuro,a biologia deve adotar um slogan diferente: “Nada na biologia faz sentido exceto à luz daevidência empírica.”

Com o novo foco, muitas coisas na biologia permanecerão da mesma forma, porquemuitas das pesquisas biológicas ignoram inteiramente o Darwinismo. O próprioDarwinismo não irá desaparecer, mas será limitado a explicar mudanças devido àseleção e herança com modificação da informação. Dada a sua incapacidade de explicar 

a emergência da ICE, as pretensões do Darwinismo, de ser o mecanismo abrangentepara explicar tudo no âmbito biótico, terão que ser abandonadas. Entretanto, muitasquestões antigas na biologia permanecerão, e muitas questões novas serão tratadas.Toda velha questão que lida com a origem da informação que não seja a partir deinformação será deixada de lado. “Apenas a informação gera informação.”

Uma crítica freqüente à teoria do planejamento inteligente é que ela joga apenas com aignorância, que quando aprendermos mais e mais, as brechas do conhecimento serãopreenchidas por explicações naturalistas, não havendo necessidade de recorrer aoplanejamento. Entretanto, o movimento do planejamento inteligente moderno não estábaseado na ignorância, mas no conhecimento. Hoje, ouvimos pouco acerca deexperiências em alquimia, a "ciência" de transformar metais comuns em ouro usandobicos de bunsen, poções e processos elaborados. Isto não aconteceu porque todas asfórmulas da alquimia tentadas falharam. Há muitas poções que podemos misturar, enossos bicos de bunsen são mais quentes que os da idade média, e pode-se imaginar novos processos. Então, porque ninguém está fazendo experimentos em alquimia essesdias? É por que sabemos o suficiente acerca do ouro e dos outros elementos para saber que NENHUMA combinação de calor, poções e processos astuciosos será capaz detransformar chumbo em ouro. O Grupo do Planejamento Inteligente afirma que estamoschegando ao mesmo nível de conhecimento em biologia. Quando apreendemos mais emais acerca do interior da célula ao nível molecular, estamos ficando mais perto do pontoonde o Darwinismo (como uma teoria geral da vida) será relegada ao mesmo canto dahistória que a alquimia. As duas teorias terão sido derrubadas, não pela ignorância, maspelo avanço do conhecimento científico.

Se isto for verdade, os cientistas do século XXI que preferem o materialismo seencontrarão diante de uma bifurcação na estrada semelhante à que confrontou osalquimistas ou teístas na época de Darwin, que criam que as espécies eram fixas eimutáveis. A bifurcação do século XXI terá uma seta indicando “Materialismo” para umlado e uma seta indicando “Empirismo”, para o outro lado. Alguns cientistas irãoabandonar o empirismo a fim de ater-se às explicações materialistas quando os dados daciência tornarem claro que o materialismo é insuficiente. Estes irão se juntar àquelescristãos da época de Darwin, que insistiam na fixidez das espécies, e aos finadosalquimistas que continuaram seu trabalho de transformar metais comuns muito depois deficar claro que a natureza da matéria impossibilitava isto. A despeito de se intitularemcientistas, estarão seguindo uma visão religiosa, contrária ao empirismo que é a marcada visão baconiana da ciência.

Há razões para esperar que muitos cientistas do século XXI irão retornar ao caminho doempirismo. A visão de Phillip Johnson de um discurso científico aberto a TODAS aspropostas alicerçadas por evidências, incluindo o planejamento inteligente, está se

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cumprindo. Numerosos simpósios envolvendo tanto materialistas como teístas têm sidorealizados, com trabalhos apresentados e discutidos em alto nível, tanto de rigor científicocomo de respeito. O Congresso Americano aprovou, nas duas casas, uma medidaafirmando (em parte) que "uma educação de qualidade em ciência deve preparar osalunos a distinguirem os dados e teorias testáveis da ciência, de afirmações religiosas ou

filosóficas que são feitas em nome da ciência." Além disso, a mesma medida encoraja asescolas a ensinarem "todas as visões científicas que existem" sobre a evolução. Mesmoque isto não soe como algo maravilhoso, é uma grande mudança nos Estados Unidos,como ilustrado pela observação de um cientista chinês que advoga o PlanejamentoInteligente. Comentando sobre as diferença entre seu país e os Estados Unidos, eledisse que, na China, pode-se criticar Darwin livremente mas não se pode criticar ogoverno, enquanto nos Estados Unidos pode-se criticar livremente o governo, mas nãose pode criticar Darwin. O relatório de um debate recente entre o professor de biologia daUniversidade de Harvard , Stephen Palumbi e o membro senior do Discovery Institute (emembro do grupo do planejamento) Jonathan Wells, mostra que estamos às portas deuma grande mudança. Que este "debate" deva ser realizado é um progresso. Que oHarvard Crimson tenha publicado um relatório respeitoso acerca do debate (ver 

www.thecrimson.com/article.aspx?ref=160898) mostra ainda mais progresso. Mas adistância alcançada pelo Movimento do Planejamento Inteligentes nos Estados Unidos éindicada pelas seguintes citações do artigo. “Embora Wells e Palumbi discordem sobre ateoria da evolução, ambos disseram que apresentar múltiplos pontos de vista sobreevolução é uma parte importante da educação”.“No fim, tanto Wells como Palumbichegaram virtualmente à mesma conclusão – que professores devem apresentar umaabordagem crítica à teoria darwinista”.

Quando a ciência concordar que o empirismo é mais importante do que o materialismo nadefinição de ciência, o movimento do planejamento inteligente irá alcançar seu objetivo.Nada temos a temer. No final, a verdade irá prevalecer.

Bibliografia

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Páginas na Internet sobre Planejamento Inteligente:http://www.arn.org

http://www.discovery.org/crsc/