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O novo agregador da advocacia 18 Dezembro de 2010 www.advocatus.pt Outsourcing Legal Precisa de um parecer médico para usar num conflito judicial? A Best Medical Opinion tem todo o gosto em vender-lhe um. Só não garante que ele apoie o ponto de vista do seu cliente. “Os pareceres que emitimos são isentos e imparciais”, garante o fundador da empresa, Pedro Meira e Cruz Pareceres médicos à venda (BMOp), este é o principal valor gerado pelos serviços da empre- sa. À validade jurídica dos pare- ceres emitidos, o responsável acrescenta uma segunda carac- terística: “Os advogados devem ter em conta a imparcialidade do serviço que garante uma opinião justa e isenta”, realça. “Os nossos pareceres têm au- tenticidade porque não são um mero e-mail ou uma informação verbal, mas um documento for- mal, assinado pelo médico ou médicos que o emitem, e que têm validade jurídica”. Para Pe- dro Meira e Cruz, director e fun- dador da Best Medical Opinion Pedro Rodrigues jornalista redaccaoadvocatus@briefing.pt 100 euros é o preço base do parecer, que pode ir até 795 euros, se for de grau de complexidade mais elevado Ramon de Melo

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O novo agregador da advocacia18 Dezembro de 2010

www.advocatus.ptOutsourcing Legal

Precisa de um parecer médico para usar num conflito judicial? A Best Medical Opinion tem todo o gosto em vender-lhe um. Só não garante que ele apoie o ponto de vista do seu cliente. “Os pareceres que emitimos são isentos e imparciais”, garante o fundador da empresa, Pedro Meira e Cruz

Pareceres médicos à venda

(BMOp), este é o principal valor gerado pelos serviços da empre-sa. À validade jurídica dos pare-ceres emitidos, o responsável acrescenta uma segunda carac-terística: “Os advogados devem ter em conta a imparcialidade do serviço que garante uma opinião justa e isenta”, realça.

“Os nossos pareceres têm au-tenticidade porque não são um mero e-mail ou uma informação verbal, mas um documento for-mal, assinado pelo médico ou médicos que o emitem, e que têm validade jurídica”. Para Pe-dro Meira e Cruz, director e fun-dador da Best Medical Opinion

Pedro Rodriguesjornalista

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100 eurosé o preço base do

parecer, que pode ir até 795 euros, se for de grau de complexidade

mais elevado

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Dezembro de 2010 19O novo agregador da advocacia

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A documentação da BMOp pode ser utilizada, quando e

como o cidadão visado o entenda, na procura de soluções para um problema de saúde, ou em conflitos com terceiros, unidades e

profissionais de saúde e seguradoras, entre

outros

“Os nossos pareceres têm autenticidade

porque não são um mero e-mail ou uma

informação verbal, mas um documento formal, assinado pelo médico

ou médicos que o emitem, e que têm validade jurídica”

“Naturalmente, os advogados querem satisfazer as necessida-des e o ponto de vista do cliente em relação a um conflito, e, na-turalmente, gostariam que o pa-recer médico tendesse a favore-cer o cliente, mas a BMOp emite pareceres isentos e imparciais”, reforça o fundador da empresa que nota que esta é uma garan-tia adicional que “deve ser tida em conta” pelos juristas, en-quanto “garantia de qualidade e rigor”.A BMOp exerce uma actividade não clínica, que não substitui a consulta clínica, assente na emissão de pareceres, com a opinião de um ou mais médicos, de todas as especialidades re-conhecidas pela Ordem dos Mé-dicos. O serviço, com um custo que pode ir dos 100 euros de base, até ao limite de 795 euros (um a cinco de grau de comple-xidade) e, a partir daí, com or-çamento próprio entregue em 48 horas, é dirigido ao cidadão. A única pessoa com legitimidade para levantar o parecer é o pró-prio visado no documento, ou alguém por este autorizado.A ideia dos fundadores da em-presa é fornecer um serviço que clarifique dúvidas sobre a saú-de e aponte possibilidades para tratamento. A documentação apresentada, assinada por mé-dicos dirigidos por João Meira e Cruz, coordenador médico da BMOp, pode ser utilizada quan-do e como o cidadão visado o entenda, na procura de soluções para um problema de saúde, ou em conflitos com terceiros, uni-dades e profissionais de saúde e seguradoras, entre outros.“Todos temos dúvidas em de-terminados momentos da nos-sa vida, e não existia até ago-ra em Portugal um serviço que, com celeridade, fornecesse ao cidadão o documento formal, devidamente organizado so-bre a saúde individual”, explica Pedro Meira e Cruz. O servi-ço, esclarece, está aberto “ao próprio ou a um terceiro, que pode ser um familiar ou qual-quer pessoa, desde que tenha

legitimidade para tal”. A con-fidencialidade da informação obtida é sempre assegurada. “São médicos que fazem os pa-receres, e isso é interessante para a classe – não é colocar em dúvida, ninguém coloca em causa a actividade dos médi-cos – aqui o objectivo é ajudar a esclarecer dúvidas, porque o cidadão não domina determina-dos conhecimentos, sobretudo do âmbito médico”, realça Pe-dro Meira e Cruz. Neste sentido, salienta, “a empresa não presta serviço clínicos, mas sim servi-ços médicos”, ou seja, não são praticados actos de diagnóstico ou terapêutica, são só emitidas opiniões em pareceres docu-mentais. “A BMOp não exerce activida-de clínica, não há uma consul-ta – existe a possibilidade de o cliente requerer uma consulta com os médicos responsáveis após a emissão do parecer, mas não é uma consulta clínica, é uma consulta de esclarecimento sobre o parecer”, explica. “O parecer é técnico, com uma linguagem técnica, e é perfeita-mente natural que as pessoas tenham dúvidas sobre a lingua-gem e informação técnica do parecer”, o que poderá justifi-car o contacto directo com os médicos, posterior à entrega do documento, reforçando uma das orientações da empresa, “a BMOp não orienta o cliente para quaisquer prestadores de saúde”. Com base na opinião

Best Medical Opinion Criada em Junho, a BMOp apresenta-se como um serviço de pareceres médicos dirigido ao cidadão, com interesse muito particular para os advogados. Na opinião do seu fundador, Pedro Meira e Cruz, as mais-valias dos serviços estão no valor jurídico e na imparcialidade dos pareceres médicos

“O parecer é técnico, com uma linguagem técnica e é perfeitamente natural

que as pessoas tenham dúvidas sobre a linguagem e informação técnica

do parecer”, admite Pedro Meira e Cruz

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“A Ordem revelou que irá analisar a

nossa actividade, mas também digo que essa estranheza se referiu

a um outro serviço de opinião médica online, prestado

exclusivamente através de um portal, algo que

a BMOp não faz”

“Fiz muitas coisas, desde a banca, aos cartórios e à comunicação, um percurso atípico, mas gratificante, que me permite um conhecimento geral de várias áreas”, é deste modo que Pedro Meira e Cruz, de 36 anos, resume o seu percurso profissio-nal até à fundação da BMOp, em Junho deste ano. “Entrei para o IADE (Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing) em 1998, em Marketing, área de que gosto

muito pelo contacto com o cliente e co-mecei a trabalhar nos seguros de saúde”, conta o director da empresa que cresceu numa família onde 60 por cento das pes-soas são médicos o que, desde sempre, lhe deu uma visão por dentro da medicina e da saúde. O desporto e as viagens são duas actividades que preenchem a vida do fundador da empresa, antigo pratican-te de equitação: “Agora só faço natação

e cardiofitness, no tempo que a empresa permite.” Quanto a viajar, confessa, “se pudesse viajava o tempo todo”. Fá-lo so-bretudo na Europa, por enquanto, em via-gens “curtas, de uns dias de escapadela para descarregar o stress”. No horizonte mantém-se o objectivo de ir à Austrália e à Nova Zelândia, destinos mais longín-quos que espera alcançar assim que o trabalho o permita.

Andou a cavalo e faz cardiofitness

PERFIL

“Tem havido um crescimento da procura considerável, superior ao expectável”, garante o fundador da BMOp

contacto directo com o cliente”. Sublinhando que, desde Junho, “tem havido um crescimento da procura considerável, supe-rior ao expectável”, o fundador da BMOp nota que “na área da saúde não é fácil promover e di-vulgar um serviço novo, que já é tradicional no estrangeiro”. No entanto, sublinha: “em poucos meses é notória uma “grande procura, vinda de pessoas indi-viduais – o cidadão – a quem o serviço é dirigido, e também pelos advogados”.Sendo esta actividade nova em Portugal não existe ainda re-gulamentação, algo que, Pedro Meira e Cruz diz não saber se faz falta ”embora haja quem pense que sim. Nós fazemos tudo com rigor e organização e manten-do sempre a confidencialidade” vinca, admitindo a necessidade de alguma regulação na activi-dade, nomeadamente em rela-ção a “outras instituições que possam vir a existir, ou que já existam, como os serviços onli-ne”. Nessa perspectiva, admite: “poderá ser necessário “impor algumas regras fortes, sobretu-do na questão da confidenciali-dade”.

fundamentada de médicos de todas as especialidades reco-nhecidas pela Ordem dos Mé-dicos (OM) portuguesa, os pa-receres da BMOp “não vinculam ninguém, são opiniões”. Quando “a pessoa tem algum ponto de vista ou crença, poderá utilizar o parecer médico para susten-tar esse ponto de vista”, explica Pedro Meira e Cruz: “Trata-se de explicar e pôr em cima da mesa as hipóteses e consequências, para o doente ter a oportuni-dade de escolher. Para isso o documento pondera cada caso, fundamentando e informando”.O surgimento em Junho de ser-viços de “segunda opinião mé-dica”, como o prestado pela BMOp, suscitou dúvidas na OM, uma questão que, garante o res-ponsável da empresa, “está ul-trapassada”. De acordo com Pedro Meira e Cruz, “a Ordem revelou que irá analisar a nossa actividade, mas também digo que essa estra-nheza se referiu a um outro ser-viço de opinião médica online, que é prestado exclusivamente através de um portal, algo que a BMOp não faz – não prestamos serviços online, há sempre um

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