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ICOMOS-PORTUGAL http://icomos.fa.utl.pt/index.html 1 PATRIMÓNIO PAISAGISTICO: OS CAMINHOS DA TRANSVERSALIDADE APAP 2007 PATRIMÓNIO PAISAGISTICO: OS CAMINHOS DA TRANSVERSALIDADE, APAP 2007 PAISAGEM CULTURAL: UM CONCEITO EM (RE)EVOLUÇÃO José Aguiar, ICOMOS-Portugal c/ apoio da Arq.ª Rita Gonçalves José Aguiar, com apoio de Rita Gonçalves, ICOMOS –Portugal PATRIMÓNIO PAISAGISTICO: OS CAMINHOS DA TRANSVERSALIDADE APAP 2007 O INTERESSE DO TEMA: PATRIMÓNIO PAISAGISTICO E TRANSVERSALIDADE A omnipresença do lugar, da terra e do verde na Arquitectura Portuguesa As especiais relações da nossa arquitectura (erudita ou não) com a cultura (também paisagística) dos lugares, num país que até há muito pouco tempo permanecia essencialmente rural! Mateus e Parque da Pena, fonte: IPA-DGEMN

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O INTERESSE DO TEMA: PATRIMÓNIO PAISAGISTICO E TRANSVERSALIDADE

A omnipresença do lugar, da terra e do verde na Arquitectura PortuguesaAs especiais relações da nossa arquitectura (erudita ou não) com a cultura (também paisagística) dos lugares, num país que até há muito pouco tempo permanecia essencialmente rural!

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O INTERESSE DO TEMA: PATRIMÓNIO PAISAGISTICO E TRANSVERSALIDADE

As especiais relações da arquitectura com a cultura paisagística dos lugares; a evidência do lugar, da terra e do verde, nas nossas arquitecturas.Os PALÁCIOS que muitas verdes eram QUINTAS de uma nobreza convictamente rural.

Palácio do Freixo; Quinta dos Marqueses de Fronteira; Quinta Cabral da Câmara Ota; Jardim de Queluz; Seteais; Estói. Fotos do autor e da DGEMN

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O INTERESSE DO TEMA: PATRIMÓNIO PAISAGISTICO E TRANSVERSALIDADE

A omnipresença do lugar, da terra e do verde na Arquitectura Portuguesa: os conventos e mosteiros de um CLERO cujas cercas eram unidades produtivas agrícolas e, como tal, profundamente “campo”.

Tibães; Tomar;Bom Jesus; Fotos: IPA-DGEMNPadornelo Ecce Homo Paredes de Coura.

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O INTERESSE DO TEMA: PATRIMÓNIO PAISAGISTICO E TRANSVERSALIDADE

Passeio Público, Av. Liberdade; Choupal em Coimbra; Lino em Cascais e Sintra. Fotos: IPA-DGEMN e do autor.

A omnipresença do lugar, da terra e do verde na Arquitectura Portuguesa: as casas, as aldeias, os rossios e as cidades de um POVO e de uma burguesia profundamente enraizada (económica e culturalmente) no mundo “rural”!A especial relação com o “campo” e uma permanência do verde na cidade, que agora pouco a pouco perdemos.

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O INTERESSE DO TEMA: PATRIMÓNIO PAISAGISTICO E TRANSVERSALIDADE

Portugal dos Pequenitos, Coimbra, Campanha Pró-vinho, 1928.Um mundo que foi de um ruralismo bucólico, por vezes excessivamente sugerido!

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O INTERESSE DO TEMA: PATRIMÓNIO PAISAGISTICO E TRANSVERSALIDADE

Rio de Janeiro; São Luiz do Maranhão; Santo Amaro; Ilha de Moçambique; Ouro Preto; Paraty.

A imanência do Lugar, na Arquitectura de um povo que talvez não tenha desenhado as mais belas cidades do mundo..mas que soube escolher os melhores lugares do mundo!

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O INTERESSE DO TEMA: PATRIMÓNIO PAISAGISTICO E TRANSVERSALIDADE

Gulbenkian, Foto: J G Mota

As especiais relações da arquitectura erudita portuguesa com os lugares:ontem mas também hoje!

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como nasce uma cultura de “conservação” patrimonial?

OS IMPACTOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

As tradições postas em causa pela revolução industrial, mas, no momento em que se anuncia um mundo novo, (re)descobre-se o valor do que se perde.

Dessa nova consciência histórica, nascerá a necessidade de manter contacto com os testemunhos culturais do passado.

A luta pela salvaguarda patrimonial coexistiráintimamente com o advento da própria modernidade, surgindo, como esclareceu Choay, a «consagração»de um novo tipo de culto: o dos MONUMENTOS (F. Choay, L´Allégorie du Patrimoine. Paris: Ed. Du Seuil, 1992)

Violet-le-Duc, Entretiens…Galerie des Machines, 1889

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como nasce uma cultura de “conservação”?

«L´INDUSTRIE REPLACE L ´ART»

« À quoi servent ces monuments ? disent-ils. Cela coûte des frais d’entretien, et voilà tout. Jetez-les à terre, et vendez les matériaux.C’est toujours cela de gagné.Depuis quand ose-t-on, en pleine civilisation, questionner l’art sur son utilité?Malheur à vous si vous ne savez pas à quoi l’art sert ! »

Victor Hugo: «Guerre au démolisseurs», em Revue de Paris, 1829 e 1832

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como nasce uma cultura de “conservação”?

DA AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DE “MONUMENTO”

William Morris, manifesto da Society for theProtection of Ancient Buildings (SPAB), as bases da noção de “património vernacular”: «If, for the rest, it be asked us to specify whatkind of amount of art, style, or other interest in a building, makes it worth protecting, we ansewer, anything which can be looked on as artistic, picturesque, historical, antique, or substantial: any work, in short, over which educated, artisticpeople would think it worth while to argue at all».Cf. W. Morris, manifesto da Society for the Protection of AncientBuildings, Londres, SPAB, 1877.

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como nasce uma cultura de “conservação”?

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da invenção do conceito de PATRIMÓNIO URBANO

O NOVO CONCEITO DE “PATRIMÓNIO URBANO”

Como nos esclareceu Choay, o conceito de“Património Urbano” surge quatro séculos depois do conceito de “património histórico” e é um contributo específico da cultura europeia! Ocorre em contra-corrente às transformações da revolução industrial, no confronto com o inevitável processo de urbanização moderna.Ao surgir o “urbanismo” como disciplina surge também, por contraste e diferença, um novo olhar sobre a arquitectura da cidade pré-industrial.F. Choay, L´Allégorie du Patrimoine, Ed. Du Seuil, Paris, 1992.

Hoje, ao “monumento” acrescentamos à cidade-património, a paisagem cultural, dos territórios humanizados e o património intangível (dos saberes).

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A primeira das CARTAS

CARTA DE ATENAS DO RESTAURO, 1931

Conclusões da Conferência Internacional de Atenas sobre a Restauração dos Monumentos, do Conselho Internacional dos Museus (antecessor directo do actual International Council of Museums - ICOM, fundado em 1946). 20 países adoptam a Primeira Carta Internacional do Restauro aprovada pelo Comité Internacional para a Cooperação Intelectual e pela Liga das Nações, enquanto Recomendação aos Estados-Membros (10 de Outubro de 1932).

Repercussões:- uma nova praxis conservativa. O termo da fase de maior influência do restauro estilístico, evoluindo-se, a partir daqui, no sentido da conservação estrita;- o modelo de conservação pressuposto pela Carta influencia o processo de reestruturação das políticas de conservação em diversos países europeus, como a Itália (Carta del Restauro de 1931), ou Espanha (Lei de 13 de Maio de 1933).

- sob o ponto de vista paisagístico a Carta de Atenas do Restauro refere muito claramente a necessidade de protecção das áreas envolventes dos monumentos históricos.

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Da aversão do MODERNO à cidade histórica?

Plan Voisan, e Unité

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Da aversão do MODERNO à cidade histórica?

Le Corbusier, legenda: como lidar com o “problema” dos centros históricos!Em: Maneiras de Pensar o Urbanismo. Lisboa: Europa-América, 1977

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CARTA DE ATENAS DO URBANISMO 1933

IV congresso do CIAM, Novembro de 1933:Redacção do Grupo CIAM-France em 1941. Paris, Annales Techniques, 1945 (tradução livre):

O património arquitectónico [i.e. os monumentos] deveria ser salvaguardado:- SE o seu valor arquitectónico correspondesse a um interesse geral;- SE a sua conservação não provocasse o sacrifício das populações mantidas em condições insalubres;-SE fosse possível remediar a sua presença prejudicial por medidas radicais: por exemplo o desvio de elementos vitais da circulação...)»

Sob o ponto de vista paisagístico, recomenda-se: «(...) a destruição de acrescentos e construções de menor importância em torno dos monumentos o que permitiria [sic] criar superfícies verdes>>.

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A RENOVAÇÃO DEPOIS DA II GRANDE GUERRAA necessidade de recuperar rapidamente as cidades europeias, para realojar milhões de pessoas e permitir o relançamento da sua economia, obrigou a actuações de extrema urgência e à aplicação de métodos expeditos de reconstrução de monumentos (como Montecassino), ou de inteiras cidades históricas destruídas pela guerra (como Varsóvia, Génova, Colónia, Bruxelas, Nápoles, etc.). Daqui resulta, na prática, o abandono dos métodos de restauro anteriores à guerra e a primazia de uma sistemática RENOVAÇÃO URBANA.

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A CONSTRUÇÃO DO ADMIRÁVEL MUNDO NOVO(quer dizer Moderno)

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New Towns: LCC Architects, Alton East, Roehampton, London, 1950s

A CONSTRUÇÃO DO ADMIRÁVEL MUNDO NOVO (quer dizer Moderno)

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A CONSTRUÇÃO DO ADMIRÁVEL MUNDO NOVO (quer dizer Moderno)

Royston Estate1969

Elgin EstateWestminster, London,

1968

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da NOSSA AVERSÃO ainda recente à cidade histórica

PORTO:Planos de renovação urbana dos anos 50 e 60 propondo a DEMOLIÇÃO da Ribeira-Barredo, hoje inscrita na Lista do Património Mundial da Unesco.

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A MUDANÇA DE PARADIGMAS: A LEI MALRAUX DE 1962“Secteurs Sauvegardés”, “Plan de sauvegarde et mise en valeur”, os POS –Planos de Ocupação do Solo. Operações-modelo de preservação de espaços urbanos de grande valor, considerados como património nacional da França, intervindo com grande profundidade e com vasto suporte financeiro, debaixo de um forte controlo por parte do Estado central. Políticas restritivas quanto àdemolição, à reconstrução e possibilidades de alteração do existente.

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INGLATERRA: 10 000 Conservation Areas!

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Mas o que é hoje PATRIMÓNIO? Do MONUMENTO às PAISAGENS CULTURAIS

França: Loi des paysages e Loi du LitoralConvenção dos Alpes, 1991, (Italia, Austia, França, Suiça, Alemanha, Eslovénia, Liechtenstein, Mónaco), "protocoles d'exécution" (agricultura de montanha, protecção da natureza, transporte e turismo, etc.).Convenção Europeia da Paisagem, 2000 (Conselho da Europa, ratificada por Portugal em 2005)

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Mas o que é hoje PATRIMÓNIO? Do MONUMENTO às PAISAGENS CULTURAIS

O “NOVO” CONCEITO DE “PAISAGENS CULTURAIS”(ou o reacender do drama no estudo das relações entre Homem e Natureza):

Origem disciplinar (a segunda metade do século XX?) na GEOGRAFIA (dividida entre Geografia Física e Geografia Social) enquanto instrumento de registo da acção e interacção do homem com o seu território envolvente (natural ou não).

Relaciona-se hoje com o estudo de uma paisagem onde o homem deixa(ou) as suas marcas (inscritas ou não), afectando a sua percepção.

Sobre estes conceitos e sobre o estudo da paisagem enquanto património, consulte-se a utilíssima Revista Finisterra, nº 72 (disponível online): http://www.ceg.ul.pt/finisterra/numeros/2001-72/index.html

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Mas o que é hoje PATRIMÓNIO? Do MONUMENTO às PAISAGENS CULTURAIS

PAISAGENS CULTURAIS As Paisagens Culturais são um objecto científico de estudo que reflecte as interacções entre

homem e natureza, tendo como produto uma realidade física, ou uma construção social ou cultural, são portanto um tema de natureza e focagem disciplinar muito diversa, conforme a disciplina que estuda, no tempo em que estuda.

A recorrência actual ao conceito PAISAGENS CULTURAIS reflecte um síndrome sócio-ecológico, o resultante das preocupações ambientais com as alterações ocorridas nos ambientes e nas paisagens, causadas pelas modificações ocorridas nas formas de vida e nos (e dos) usos tradicionais do território, durante a revolução industrial e depois dela.

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O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE

A PAISAGEM ENQUANTO PATRIMÓNIO CULTURALTodas as paisagens possuem interpretações culturais pois todas são afectadas pela percepção ou por acções directas do homem.

As paisagens fornecem informação acerca das relações que se estabeleceram ao longo do tempo entre as sociedades e o meio natural, podendo como tal contribuir para a compreensão da história, da ciência, da antropologia, da técnica, da literatura, etc. É nesta perspectiva que faz sentido designar paisagens como património cultural, na medida em que se trata de bens em constante evolução que se herdam, se utilizam e se legam às gerações vindouras.

1962 – UNESCO Recomendações para a salvaguarda da beleza e carácter das paisagens e sítiosO Homem é já considerado como principal responsável pela deterioração do meio natural e a sua obra de alteração ou construção da paisagem é reconhecida, pelo que aqui se defende que não é somente importante proteger as paisagens e o sítios NATURAIS, mas também aquelas construídas em parte ou na totalidade pelo HOMEM.

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1964, CARTA DE VENEZA - Carta Internacional sobre a Conservação e o Restauro de Monumentos e Sítios (e o surgimento do ICOMOS)

(No Art. 1) - O conceito de monumento histórico passa a englobar, não só as criações arquitectónicas isoladamente, mas também os sítios, urbanos ou rurais, nos quais sejam patentes os testemunhos de uma civilização particular, de uma fase significativa da evolução ou do progresso, ou algum acontecimento histórico. Este conceito é aplicável, quer às grandes criações, quer às realizações mais modestas que tenham adquirido significado cultural com o passar do tempo.

(No Art. 6) – Estabelece-se que a conservação de um monumento implica a manutenção de um espaço envolvente (devidamente equacionado). Sempre que o espaço envolvente tradicional subsista, deve ser conservado, não devendo ser permitidas quaisquer novas construções, demolições ou modificações que possam alterar as relações volumétricas e cromáticas.

Consultar: Henriques, F.; Jorge, V. - Textos Fundamentais, em Cadernos SPPC, nº 1, Janeiro. Évora: SPPC, 1996.

O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE

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O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE

ICOMOS une-se à Federação Internacional dos Arquitectos Paisagistas (IFLA)

1970 Criação do Comité ICOMOS-IFLAObjectivo: promover a conservação, recuperação e investigação dos jardins históricos e das paisagens culturais.

1972 UNESCOConvenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural (Convenção de Paris)O património natural passa a ser considerado como parte integrante do património da humanidade e fica estabelecida a sua inclusão na Lista do Património Mundial, dentro das seguintes tipologias: importantes elementos naturais, formações geológicas e fisiográficas e sítios naturais.

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O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE

1981 - CARTA DE FLORENÇA, Carta dos Jardins Históricos

O JARDIM HISTÓRICO COMO UM “MONUMENTO VIVO”

Artigo 1 -"Um jardim histórico é urna composição arquitectónica e vegetal que apresenta interesse público dos pontos de vista histórico e artístico. Nesse sentido deve ser entendido como “monumento".

Artigo 2 -"Um jardim histórico é uma composição de arquitectura cujo material constituinte é principalmente de origem vegetal, consequentemente vivo, e comotal perecível e renovável". O seu aspecto resulta de um equilíbrio perpétuo entre o movimento cíclico das estações, do desenvolvimento e decadência da Natureza e da vontade artística e compositiva que tende a perpetuar a sua condição.

Artigo 3 -Enquanto monumento o jardim histórico deve ser salvaguardado de acordo com o espírito da Carta de Veneza. Todavia, como "monumento vivo", a sua salvaguarda decorre de regras específicas que constituem a presente Carta.

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O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE

1985 - Convenção para a Salvaguarda do Património Arquitectónico Europeu (Convenção de Granada).

Consideram-se três categorias no património arquitectónico: monumentos, conjuntos e sítios, tomando a definição de sítios como: “obras conjuntas do homem e da natureza” (Artigo 1.3)

1987 - CARTA DE WASHINGTON Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades

Históricas(art 2) Os valores a preservar são o carácter histórico da cidade e o conjunto dos

elementos materiais e espirituais que lhe determinam a imagem, em especial: b) as relações entre edifícios, espaços verdes e espaços livres; d) as relações da cidade com o seu ambiente natural ou criado pelo homem;

SPPC, Textos Fundamentais, em Cadernos SPPC, nº 1, Janeiro, Évora, SPPC, 1996

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O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE: PAISAGENS CULTURAIS

Foto: Versalhes, do autor.

1992 – UNESCO, WORLD HERITAGE CONVENTION

INSTITUCIONALIZAÇÃO DO CONCEITO DE PAISAGENS CULTURAIS E NOVOS CRITÉRIOS PARA A SUA INSCRIÇÃO NA LISTA DO PATRIMÓNIO MUNDIAL

Novos critérios e três categorias (parágrafos 35 a 39):

1. Paisagens desenhadas e criadas intencionalmente pelo Homem -compreendendo jardins e parques construídos, muitas vezes associados a edifícios monumentais ou religiosos e a conjuntos.

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O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE: PAISAGENS CULTURAIS

Fotos: IPA/DGEM; e Arq. Nuno Lopes

1992 – UNESCO, WORLD HERITAGE CONVENTION2. Paisagens que evoluíram organicamente - resultado de imperativos sócio-económicos,

administrativos e/ou religiosos e que desenvolveram a sua forma actual em resposta ao ambiente natural. Paisagens que reflectem o processo evolutivo através da sua forma e dos componentes que integram. Distinguindo: Paisagem fóssil ou relíquia - aquela na qual o processo evolutivo chegou ao fim numa determinada altura do passado, de forma abrupta, ou durante um período. As distintas componentes que a caracterizam continuam visíveis e materializadas. Paisagem em continuidade - aquela que mantém um papel social activo na sociedade contemporânea, estreitamente associado a modos de vida tradicionais e cujo processo evolutivo se encontra ainda em curso. Exibe evidências do seu processo evolutivo ao longo do tempo.

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O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE

Fotos: Uluru Kata Tjuta, Austrália; Tongariro, Nova Zelândia; Sukur, Nigéria

1992 – UNESCO, WORLD HERITAGE CONVENTIONTipologias:3. Paisagem cultural associativa – na existência de fortes valores relacionados com

associações religiosas, artísticas ou culturais a elementos naturais.

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O DESPONTAR DE UMA NOVA ATITUDE

Fotos: Qadisha, Libano. UNESCO

1992 – 2006, RESULTADOS DA CONVENÇÃO DO PATRIMÓNIO MUNDIALComo refere Metchild Rossler (avaliação das paisagens culturais inscritas como património da humanidade no período 1992-2006) a inscrição no Património Mundial de sítios enquanto “Paisagens Culturais” teve importantes efeitos na interpretação, apresentação, e gestão desses territórios. Os processo de candidatura conduziram a uma melhor percepção dos seus valores nas comunidades locais, muitas vezes devolvendo (ou dando novo) orgulho, permitindo o reviver e o reabilitar de tradições ancestrais. Por vezes fez despontar novos problemas e perigos, como o turismo intrusivo e desregulado, assim como processos de desenvolvimento urbano descontrolados. Em outros casos conduziu as comunidades para modelos sustentáveis no usos dos solos, criando economias locais que integraram os processos agrícolas tradicionais e fazendo reviver as artes e os ofícios.

As paisagens protegidas são paisagens culturais, donde co-evoluem com as suas sociedades humanas. As qualidades das paisagens transformam e são transformadas pelas gentes! Os processos de gestão têm de tomar claramente esta realidade em conta.

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UM NOVO INSTRUMENTO EUROPEU!

2000, a Convenção Europeia da Paisagem(Aprovada por Portugal em 2005, Decreto nº 4 de 14 de Fevereiro)

-Procura responder à degradação e perda de paisagens culturais na Europa.

-Propõe uma definição de paisagem centrada no social, tomando-a como «(…)uma área tal como é percebida pelas pessoas e cujo carácter é o resultado da interacção entre factores naturais e/ou humanos».

- As necessidades sociais e um desenvolvimento sustentável são entendidos como fulcrais para a gestão das paisagens, assim como elementos fundamentais das políticas nacionais e para uma democracia participativa.

- A implementação da Convenção focaliza-se e propõe políticas para a paisagem de escala nacional, ao nível dos sistemas de protecção, gestão e planeamento.

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Fotos: IPA-DGEMN

António Viana Barretoenvolventes da Torre de Belém e do Mosteiro da Batalha

Ribeiro TellesJardins do Palácio do Marquês de Pombal, Oeiras

O PERCURSO PORTUGUÊS: OS PIONEIROS DOS ANOS 50 E 60

A CONSERVAÇÃO E AFIRMAÇÃO DA ARQUITECTURA PAISAGÍSTICA: A gradual percepção do valor da paisagem cultivada, os primeiros projectos de integração de arquitecturas históricas, o início da conservação e do restauro de jardins históricos; a gradual evolução que, do jardim, evolui hoje para a protecção de amplas paisagens.

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O PERCURSO PORTUGUÊS

1968 –DGSU, Serviço de Defesa e Recuperação da Paisagem Urbana e do Serviços de Ordenamento da Paisagem Rural

Anos 60: Contacto com influência exterior (Cullen; Lynch), estágios no estrangeiro de quadros técnicos da DGSU, realização em Portugal de eventos sobre Urbanismo com os melhores especialistas mundiais.

Destes serviços saíram alguns dos técnicos que, na Divisão de Estudos de Renovação Urbana da DGPU (sucedânea da DGSU), irão em 1985 lançar o Programa de Reabilitação Urbana, criador dos GTLs.E importa relembrar aqui o papel histórico vital do Arq.º Cabeça Padrão!(Fonte: Ana Pinho, LNEC)

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O PERCURSO PORTUGUÊS

DGSU - Estudo de Prospecção e Defesa da Paisagem Urbana do Algarve (1966-1970)Previstos 49 volumes, 31 são entregues em 1970;estudo precursor pelo valor que é reconhecido aos tecidos urbanos e aos espaços públicos;visão integradora do património no

ordenamento do território;nunca foi aprovado;desapareceram todos os volumes da DGSU

(hoje DGOT).(Fonte: Ana Pinho, LNEC)

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A NOSSA EVOLUÇÃO:

1975, criação do Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagístico (SNPRPP), integrado numa Secretaria de Estado do Ambiente, assumindo as responsabilidade das políticas da conservação da natureza

1983, o SNRPP passa a designar-se por Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza (SNPRCN) e étutelado por um Ministério do Equipamento Social e do Ambiente.

1993, criação do actual Instituto da Conservação da Natureza (ICN).

2005, aprovada em Portugal pelo Decreto nº 4 de 14 de Fevereiro da

Convenção Europeia da Paisagem (2000).Consulte-se: A. Cancela de Abreu - Paisagem enquanto Património. Em: Património e Ambiente, Revista Pedra & Cal, nº 34. Lisboa: GECORPA, 2007.

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PORTUGAL:

Uma Lei Quadro da Conservação da Natureza, da Biodiversidade e da Paisagem

Resolução do Conselho de Ministros n.º 152/2001

«b) Elaborar, no prazo de um ano, uma lei quadro de conservação da Naturezaque, definindo o regime jurídico fundamental da conservação da Natureza, estruture também, de forma coerente e harmoniosa, o Sistema Nacional de Áreas Classificadas; »

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PORTUGAL: O CONHECIMENTO,COMO BASE DA CONSERVAÇÃO

NÃO SE PODE CONSERVAR SEM CONHECER OS VALORES A PROPAGAR PARA O FUTURO:

CONTRIBUTOS PARA A IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA PAISAGEM EM PORTUGAL CONTINENTAL Alexandre Cancela d’Abreu - Teresa Pinto Correia - Rosário Oliveira (Universidade de Évora) - Coordenação / DGOTDU 2004

Alexandre Cancela de Abreu; Teresa Pinto Correia; Rosário Oliveira: Identificação e caracterização de unidades de paisagem de Portugal

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PORTUGAL: O CONHECIMENTO, COMO BASE DA CONSERVAÇÃO

DGEMN: SISTEMA DE INFORMAÇÃO E ARQUIVO (WWW.MONUMENTOS.PT)

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A CONSERVAÇÃO E SUA AFIRMAÇÃO EM PORTUGAL

RESTAURO DA CERCA DE TIBÃES: PRÉMIO SCARPA 1998!O trabalho verdadeiramente notável a todos os títulos da equipa de projecto e gestão do IPPAR (agora IGESPAR) coordenados pelos Arq. João Carlos Santos e Maria João Costa! Veja-se a qualidade da informação disponível, por exemplo em: http://www.mosteirodetibaes.org/galeria.aspx?id=5&mid=99Não esquecendo, por dever de justiça, o realce de outros projectos de restauro, como o Restauro do Jardim Histórico do Palácio Queluz; do Paço Episcopal Castelo Branco; do Jardim Botânico em Coimbra, etc.

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TEMPO DE NOVOS PARADIGMAS: O “CEU” TEM UMA NOVA CARTA!

NOVA CARTA DE ATENAS 2003Contradição estrutural: a cidade de amanhã já existe hoje!

A Nova Carta de Atenas 2003, A visão do C.E.U. sobre as Cidades do séc. XXI. Lisboa, 20 de Novembro de 2003. Tradução portuguesa: Professor Paulo Correia (coordenador do Grupo de Trabalho da Carta); e Dr.ª Isabel Costa Lobo.

O C.E.U. apresentou para o novo Milénio, e cito: «(…) uma Visão de uma rede de cidades em que estas: Conservarão a sua riqueza cultural e a sua diversidade, resultantes da sua longa história; (…) Contribuirão de maneira decisive para o bem-estar dos seus habitantes e, num sentido mais lato, de todos os que as utilizam»; (Introdução – 2 dos 4 pontos -, p. 5). «O planeamento estratégico do território e do urbanismo são indispensáveis para garantir um Desenvolvimento Sustentável hoje entendido como a gestão prudente do espaço comum, que é um recurso crítico, de oferta limitada e com procura crescente nos locais onde se concentra a civilização.» (Introdução, p.6).A visão futura: uma cidade coerente no tempo! «A cidade de amanhã já existe hoje».

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E PORTUGAL HOJE?

PERANTE A INTENSIDADE DA MUDANÇA A ARQUITECTURA ENCERRA-SE NA DISCUSSÃO ....DE TORRES E EMBRULHOS DE TITÂNIO EM

TECIDOS CONSOLIDADOS???

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PORTUGAL HOJE: PARECEMOS MUITO POUCO SUSTENTÁVEIS

The “Case” of Lisbon Adrian Atkinson - Local Agenda 21 and Future Reality in Europe, in: http://mestrado-reabilitacao.fa.utl.pt/

Um país com uma ARQUITECTURA ecologicamente inconsciente, país que importa 87% da sua energia (baseada em energia fóssil) sendo brutal

a nossa dependência de transportes particulares.

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E PORTUGAL NAS ÚLTIMAS DÉCADAS?País que sofre fluxos migratórios tardios e dramáticas alterações na estrutura sócio-económica;

transformações rápidas e profundas na economia e na estrutura de ocupação do território;

crescimento explosivo das áreas metropolitanas e dos subúrbios;

proliferação de áreas urbanas simbólica e fisicamente desqualificadas;

expulsão da população para “não-lugares”periféricos

cidade que construímos sem desenho ou no desenho deformado dos intervalos entre rodovias e infra-estruturas (veja-se, como prova, o último livro de Álvaro Domingues, Cidade e Democracia). Foto: Filipe Lopes

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E PORTUGAL HOJE?

Portugal: recordista Europeu?

Um dos países mais pobres da Europa mas com um dos maiores números de fogos devolutos, sem uso previsível a curto prazo, dispondo de um dos parques habitacionais mais recentes da Europa e do Mundo!

Lisboa, cidade com pouco mais de 560.000 habitantes e que tem perdido população a um ritmo alarmante nas últimas décadas, a taxa de ocupação completa dos fogos existentes, em construção, licenciados e/ou projectados ultrapassa uma capacidade de 930.000 habitantes!

Temos metade da população e projectamos para o dobro?

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E PORTUGAL HOJE?

Vendendo hoje Renovação por Reabilitação: pouco a pouco estamos a transfomar a cidade histórica num bem de consumo, onde explode a vulgata do kitsch, dos «fast food´s», das lojas do atroz produto “típico”; a extrema banalização

do que era único e essencial!

NO SUCESSO DOS (mal “ditos”) CENTROS HISTÓRICOS O GERMEN DA SUA DESTRUIÇÃO IDENTITÁRIA!

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PORTUGAL: A DIMENSÃO TERRITORIAL DOS PROBLEMAS

POLÍTICAS AGRÍCOLAS DESADEQUADAS À GESTÃO DE PAISAGENS CULTURAIS A mecanização que começa a destruir o sistema de organização agrícola ancestral. Para permitir o acesso às máquinas …destroem-se os muros de suporte que, contendo as terras, desenharam a paisagem essencial do Alto Douro vinhateiro! Seria absolutamente incoerente o Estado financiar estas destruições!

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PORTUGAL: A DIMENSÃO URBANÍSTICA DOS PROBLEMAS

PAISAGENS CULTURAIS: A DIMENSÃO TERRITORIAL DOS PROBLEMAS

TEMOS CERTAMENTE AINDA ALGUNS PROBLEMAS PARA RESOLVER:Por exemplo a salvaguarda exemplar de um palácio-quinta com valor histórico e cultural comprometendo as sua relações com processos de desmesurada alteração urbanística (o desaparecimento do campo de Benfica em processos de urbanização acelerada e mais ou menos descontrolada).

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PORTUGAL: A DIMENSÃO TERRITORIAL DOS PROBLEMAS

PAISAGENS CULTURAIS:O QUE FAZER QUANDO TERMINA O USO!

Minas de São DomingosProblemas da conservação de paisagens humanizadas:

uma paisagem que revela os impactos da arquitectura industrial com o seu processo de

evolução interrompido abruptamente, onde ainda restam vestígios do anterior destino, mas agora em

rápida alteração (com fulcrais transformações no território, na povoação, nas arquitecturas).

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PORTUGAL: A DIMENSÃO TERRITORIAL DOS PROBLEMAS

PAISAGENS CULTURAIS:O QUE FAZERQUANDO TERMINA O USO!

Espichel: Casa da Água

Uma paisagem relíquia, que respondia às peregrinações (de burro) e àestadia dos peregrinos (estacionamento do próprio e do burro), hoje abandonada e sem uso previsível.

Perdido os usos, qual pode ser o seu futuro?

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PORTUGAL: A DIMENSÃO AMBIENTAL DOS PROBLEMAS

RE-EQUACIONAR AS RELAÇÕES: OS CASTELOS TAMBÉM NÃO SABEM NADAR!

Paisagens Culturais que existem potencialmente:..o exemplo do Castelo da Lousa, um património em sarcófago e uma Paisagem Cultural que um dia podem reviver.

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PORTUGAL: A DIMENSÃO AMBIENTAL E ECONÓMICA DOS PROBLEMAS

RE-EQUACIONAR AS RELAÇÕES ENTRE “AMBIENTE” E “CONSERVAÇÃO”

Mosteiro de Santa Clara: A alteração das condições ambientais acelera brutalmente os processos de degradação. As bombas de água funcionam permanentemente, nasce assim um pesadelo económico e para a conservação …processos insustentáveis a médio prazo? Ou processos só sustentáveis se forem concluídos e bem sucedidos os projectos integrados em curso?

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PORTUGAL: A DIMENSÃO TERRITORIAL DOS PROBLEMAS

PAISAGENS CULTURAIS:

Relembrando as razões dos sucesso das melhores cidades portuguesas, e nestas a muito especial localização de Lisboa,

o estuário, as colinas, a riqueza dos solos, a diversidade de habitats, clima ameno, exposição solar, composição geológica (basaltos e calcários) …tudo favorecendo a biodiversidade…e o sucesso do homem!

Da necessidade de evoluirmos da apreciação e salvaguarda exclusiva da “Paisagem Urbana” como auge de um projecto abstracto da construção humana…para um novo e mais amplo sistema que também integre o suporte natural e as mais amplas relações e condições biofísicas no cultural.

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E PORTUGAL HOJE? A DIMENSÃO TERRITORIAL DOS PROBLEMAS

O PATRIMÓNIO COMO MOTOR DE UM OUTRO DESENVOLVIMENTO

«A categoria de Paisagem Cultural dá-nos a possibilidade de articular questões como o património construído, o património intangível, o ordenamento do território, a gestão dos recursos, a participação das comunidades, o património ambiental, em suma, o conceito de paisagem cultural encerra em si mesmo o pressuposto de um desenvolvimento durável. (…)A sua relação clara com o conceito de desenvolvimento durável constitui assim um instrumento privilegiado para promover a participação do património mundial nos processos de desenvolvimento, uma vez que constituem sábias intervenções, com sucesso, no que diz respeito ao ordenamento do território, à gestão inteligente dos recursos, a uma histórica atitude ecológica face aos desafios do desenvolvimento. Todas estas características são recursos para o nosso futuro.(…) A Lista Indicativa Portuguesa [de bens a inscrever na Lista do património Mundial] pode intervir na inclusão de categorias dentro das quais temos património representativo, excepcional, de importância mundial, associado, por exemplo, a sectores estratégicos da nossa economia (exemplo: a paisagem cultural do montado associada à liderança na produção mundial de cortiça). Este exemplo, entre outros, permite-nos ter a certeza que poderemos construir uma lista indicativa importante para o país, homogénea, correctora de desequilíbrios e de assimetrias, contribuinte para um modelo de desenvolvimento durável».

Ana Paula Amendoeira (MAG-ICOMOS, Secretariado Internacional ICOMOS) - A propósito da elaboração da lista Indicativa de Portugal, em: http://www.unesco.pt/pdfs/docs/APropLista.doc

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PORTUGAL: A DIMENSÃO TERRITORIAL DOS PROBLEMAS

PAISAGENS CULTURAIS: da PAISAGEM DO MONTADO à institucionalização da cultura piscícola, dos peixes que agora também VOAM… NO ALENTEJO!

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PORTUGAL: A DIMENSÃO TERRITORIAL DOS PROBLEMAS

PAISAGENS CULTURAIS: COMBATER O DESAPARECIMENTO DA PAISAGEM DO MONTADO?

Problemas da conservação de paisagens humanizadas únicas. A FORTE ALTERAÇÃO DA CULTURA DO SEQUEIRO no Alentejo, dos impactos

das searas no tempo do Estado Novo, à rápida explosão do regadio. Fotos do autor: Alqueva.

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E PORTUGAL HOJE? A DIMENSÃO TERRITORIAL DOS NOSSOS PROBLEMAS

Fotos do autor: o território a Norte da Serra d´Ossa.

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PORTUGAL: A DIMENSÃO TERRITORIAL DOS PROBLEMAS

PAISAGENS CULTURAIS:

Como sempre diz Nuno Portas: os problemas também podem ser oportunidades!

A candidatura em série de Elvas e das cidades fortificadas da RAIA PORTUGUESA E ESPANHOLA a Património Mundial, suas possíveis relações com os espaços culturais de influência Luso-espanhois.

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PORTUGAL HOJE? A FUNDAMENTAL DIMENSÃO ECONÓMICA DOS PROBLEMAS

Fotografias de António Pedro Ferreira Expresso

PODE HAVER MORALIDADE DE GEOMETRIA VARIÁVEL NA CONSERVAÇÃO?Sobre a alteração de partes do valiosíssimo património paisagístico da Quinta da Bacalhoa em novas vinhas. Alguns títulos de jornais: Publico 2001: «Como Se Transforma Um Laranjal em Vinha» e «Ippar DáMais "Um Mês" para Remediar Atentado ao Património na Quinta da Bacalhoa».Expresso 2003: «O jardim de Berardo»

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E PORTUGAL HOJE: A HISTÓRIA É UM PROBLEMA OU UMA OPORTUNIDADE?

HISTÓRIA: PROBLEMA OU OPORTUNIDADE?

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PORTUGAL: A DIMENSÃO GEOGRÁFICA DOS PROBLEMAS

“Afigura-se-me que há duas formas de olhar para as rápidas transformações por que o mundo passa. Muitos vêem sobretudo o que muda, outros procuram surpreender o que, a despeito delas permanece”.

Orlando Ribeiro, 1945

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José Aguiar, com apoio de Rita Gonçalves, ICOMOS –Portugal

PATRIMÓNIO PAISAGISTICO: OS CAMINHOS DA TRANSVERSALIDADE APAP 2007

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