51
Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · ESCOLA DE PAIS E A TRÍPLICE RELAÇÃO ESCOLA - FAMÍLIA - SOCIEDADE: ESTRATÉGIAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM SUJEITO INDEPENDENTE

  • Upload
    dinhnga

  • View
    220

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

ELAINE CRISTINA CÉZAR FUKUDA

CADERNO TEMÁTICO

ESCOLA DE PAIS E A TRÍPLICE RELAÇÃO ESCOLA - FAMÍLIA - SOCIEDADE:

ESTRATÉGIAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM SUJEITO INDEPENDENTE

LONDRINA 2013

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação

Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional

ELAINE CRISTINA CÉZAR FUKUDA

ESCOLA DE PAIS E A TRÍPLICE RELAÇÃO ESCOLA - FAMÍLIA - SOCIEDADE:

ESTRATÉGIAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM SUJEITO INDEPENDENTE

Projeto de Intervenção Pedagógica apresentado ao Departamento de Educação, da Universidade Estadual de Londrina, e Núcleo Regional de Educação de Ivaiporã, como requisito parcial ao PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional.

Orientador(a): Eliacir Neves França

LONDRINA

2013

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO Superintendência da Educação

Diretoria de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional

Identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2013

Título: Escola de pais e a tríplice relação Escola - Família - Sociedade: Estratégias para a construção de um sujeito independente

Autor: Elaine Cristina Cézar Fukuda

Disciplina/Área: Pedagogia

Escola de Implementação: Colégio Estadual Antonio Diniz Pereira - E. F. M.

Município da escola: Ivaiporã

Núcleo Regional de Educação: Ivaiporã

Professor Orientador: Eliacir Neves França

Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Londrina

Relação Interdisciplinar: História, Ensino Religioso

Público: Corpo docente, pais/responsáveis e comunidade escolar

Formato do Material Didático: Caderno Temático

Resumo: A proposta deste Caderno Temático é fazer com que todos os envolvidos no processo de

ensino-aprendizagem (corpo docente, pais/responsáveis e comunidade escolar), possam refletir sobre os temas apresentados e que a partir dessas reflexões conjeturar a postura em relação ao ato de educar.

Para tanto, serão apresentados seis O material tem a intenção de subsidiar discussões acerca da importância do relacionamento e cooperação entre família e escola para um efetivo desenvolvimento integral do educando, sem a pretensão de responder os condicionantes políticos, históricos, econômicos e sociais desta não participação da família na escola, mas levantando questionamentos junto aos pais e a comunidade escolar, com o objetivo de reunir reflexões sobre os processos de construção desse indivíduo.

As duas principais instituições responsáveis pela educação da criança e do adolescente, são família e escola, por isso essa integração é necessária, objetivando o sucesso do aluno, seu pleno desenvolvimento e preparo para o exercício da cidadania, como previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Para tanto, serão apresentados seis textos fundamentados em estudiosos que realizaram pesquisas sobre as relações que se estabelecem entre família e escola, dando subsídios para a reflexão sobre os conflitos do espaço escolar.

Palavras-chave: Família - Escola - Sociedade - Educação - Participação

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Superintendência da Educação

Diretoria de Políticas e Programas

Educacionais

Programa de Desenvolvimento Educacional

APRESENTAÇÃO

O programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, é uma política pública

do Estado do Paraná, que estabelece o diálogo entre os professores do Ensino

Superior e os da Educação Básica, através de atividades teóricas-práticas

orientadas, tendo como resultado a produção de conhecimento e mudanças

qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense.

O referido programa tem como objetivo proporcionar aos professores da rede

pública estadual subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações

educacionais sistematizadas, e que resultem em redimensionamento de sua prática.

Atendendo, a tal dispositivo, o presente Caderno Temático visa auxiliar o

corpo docente, pais/responsáveis e comunidade escolar a compreenderem as

relações que envolvem família e escola no que se refere ao enfrentamento dos

conflitos existentes na Educação Básica das Escolas Públicas do Estado do Paraná

e em particular no Colégio Estadual Antônio Diniz Pereira de Ivaiporã.

Tem ainda, a intenção de subsidiar discussões de maneira dialógica e

reflexiva, através de encontros com as famílias em grupos de estudo, que servirão

de base para a implementação do projeto de intervenção pedagógica na unidade de

ensino, acerca da importância do relacionamento e cooperação entre família e

escola para um efetivo desenvolvimento integral do educando instigando a reflexão

sobre os temas apresentados de forma que a comunidade escolar possa conjeturar

sua postura em relação ao ato de educar.

Para tanto, serão apresentadas quatro unidades e seis textos

complementares, fundamentados em estudiosos que realizaram pesquisas sobre as

relações que se estabelecem entre família e escola, criando abertura a uma escola

crítica, participativa e democrática.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Superintendência da Educação

Diretoria de Políticas e Programas

Educacionais

Programa de Desenvolvimento Educacional

INTRODUÇÃO

A tarefa de educar é difícil e nos últimos tempos têm se mostrado ainda mais

árdua para a família e, consequentemente, para a escola. São elas, as duas

principais instituições responsáveis pela educação da criança e do adolescente, por

isso essa integração é necessária. Assim, é importante observar e destacar o

trabalho de cooperação, que pode e deve acontecer entre escola e família,

objetivando o sucesso do aluno, seu pleno desenvolvimento e preparo para o

exercício da cidadania, como previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDBEN 9394/96).

Não se tem a pretensão de responder os condicionantes políticos, históricos,

econômicos e sociais desta possível não participação da família na escola, mas

esperamos, assim, reunir a família, a escola e a comunidade através do diálogo,

propondo sugestões para discutir fragilidades, e co isso levantar questionamentos

junto aos pais e a comunidade escolar, com o objetivo de reunir reflexões de alguns

autores sobre os processos de construção desse indivíduo, onde o papel da família

se mostra essencial, pois é ela que determina, desde cedo, as normas e os valores

sociais e culturais que foram criados e reformulados no decorrer da formação da

sociedade.

Não deveríamos ser obrigados por lei a assumir um papel para o qual somos

biologicamente preparados, todavia, nem sempre as famílias, pais e responsáveis se

dispõem a uma efetiva a participação no processo de ensino-aprendizagem de seus

filhos, assim, a própria lei tem de garantir a participação destes no processo de

ensino-aprendizagem das crianças. Dessa forma, o dever da família com o processo

de escolaridade e a importância da sua presença no contexto escolar é

publicamente reconhecido na Legislação Nacional e nas Diretrizes do Ministério da

Educação.

É dever da família integra-se a escola, pois tal participação, fomenta nos

filhos a noção de responsabilidade, e melhora o sentimento de pertença à

comunidade.

À família cabe o papel de transmitir a ideia de princípios, valores morais, respeito, senso de responsabilidade e ética. O importante é a vivência da família, suas inter-relações pessoais, seus valores, crenças e normas. (SZYMANSKI, 2003)

UNIDADE 1

1. FAMÍLIA/ ESCOLA/ SOCIEDADE/ EDUCAÇÃO: CONCEITUANDO SEM

MORALIZAR

Família é um fenômeno social onde se inicia o processo de socialização,

educação e formação para o mundo, processo esse fundamental à existência e

sobrevivência dos seres humanos enquanto indivíduos.

Segundo Kaloustian (1994), ela é a instituição que garante a sobrevivência e

proteção dos filhos, bem como de seus demais membros, independente da forma

como é estruturada, é a principal agente dos ancores afetivos e materiais

necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus pares.

É o lócus de transmissão dos valores éticos e culturais que, muitas vezes,

permanecem por várias gerações, conforme destaca Durkheim (1973):

A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio moral a que a criança, particularmente, se destine. (DURKHEIM, 1973)

A família é um grupo aparentado responsável principalmente pela socialização de suas crianças e pela satisfação de necessidades básicas Ela consiste em um aglomerado de pessoas relacionadas entre si pelo sangue, casamento, aliança ou adoção, vivendo juntas ou não por um período de tempo indefinido. (DIAS, 2005)

Os vínculos biológicos característica inicial

dos grupos familiares deu lugar ao fenômeno

baseado em laços de afeto e apreço mútuo.

Através de Dessem (2005), conclui-se que o

grupo familiar, tem como obrigação, assumir-se

como formador, onde a sua função primária é educar

e criar. Dessa forma, cabe à família o dever de

educar, orientar, criar, proteger, enfim, subsidiar da

melhor forma possível todos os recursos

necessários ao bem estar de seus pares.

Antes de interagir com seus iguais, a criança é influenciada por seus pais,

mas essa influencia deve basear-se no princípio da igualdade, do respeito mútuo e

nas relações de cooperação.

A ela cabe exercer o papel fundamental no processo de construção de

conhecimentos significativos e de socialização da criança, contudo, a inserção da

criança no ambiente escolar, o relacionamento com os professores e funcionários da

escola, bem como, o seu relacionamento e o convívio com outras crianças e o

acesso aos conteúdos escolares, voltados para o desenvolvimento das diversas

áreas do conhecimento, também, se constitui num fator determinante para o

desenvolvimento integral da criança.

Temos neste momento a junção de mais um ambiente ao dia-a-dia da

criança. A função básica da escola, é, então, garantir a aprendizagem de

conhecimentos, habilidades e valores necessários à socialização desse indivíduo. "A

escola continua sendo uma instância de promoção, da auto reflexão e do

desenvolvimento das capacidades intelectuais e operativas, necessária à formação

da razão crítica". (LIBÂNEO, 2003, p.49)

É necessário que a escola propicie o domínio dos conteúdos culturais

básicos, da leitura e da escrita, das ciências, das artes, das letras. Sem estas

aprendizagens, dificilmente o indivíduo poderá exercer seus direitos de cidadania.

De acordo com Toro (2002, p. 25):

A escola tem a obrigação de formar jovens capazes de criar, em cooperação com os demais, uma ordem social na quais todos possam viver com dignidade. Para que seja eficiente e ganhe sentido, a educação deve servir a um projeto da sociedade como um todo. (TORO, 2002, p. 25)

A família é uma instituição social, não é um simples fenômeno natural e estático, sendo que sofre variações através do tempo e apresenta formas e finalidades diferentes dependendo do grupo social e do lugar onde se encontra inserida. (PRADO, 1981)

A escola tem o compromisso de transmitir mais que o conhecimento

sistematizado, preocupando-se em despertar no aluno a capacidade de buscar seu

desenvolvimento individual e social.

Neste ponto podemos conceituar educação sem medo de ser moralistas, ou

tendenciosos, pois educação é no seu sentido mais amplo, o meio em que os

hábitos, costumes e valores de uma comunidade são transferidos de uma geração

para a geração seguinte.

Pensar em educação é pensar na influência

de um ser para outro, é pensar no agenciamento

de um aprendizado intelectual e moral. Trata-se

de um processo sem repressão ou coação, pois

deve-se conquistar o sufrágio do educando pelo

educador.

Educar é, elevar, estimular a busca,

procurar a perfeição, despertar a consciência,

facilitar o progresso integral do ser.

A educação é o processo contínuo de

desenvolvimento das faculdades físicas,

intelectuais e morais do ser humano.

A capacidade de cortesia, delicadeza e

civilidade está diretamente ligada ao conceito de

educação, que vai se desenvolvendo através de

experiências vividas ou presenciadas por cada

indivíduo ao longo da sua vida.

Sendo assim, o processo educativo é sempre de indivíduo para indivíduo.

A esse respeito, Benvides (1996, p. 5), enfatiza:

A educação para a cidadania deve ser entendida como preparo para a participação da vida pública, com dois registros: o político e o social. O registro político significa organização e participação pela base e o registro social significa reconhecer e reivindicar os direitos e a existência, a criação e a causalidade de novos indivíduos ou grupos com a consciência de seus direitos e deveres. (BENVIDES, 1996, p. 5)

Para podermos finalizar os conceitos, precisamos entender a definição de

sociedade.

Como finalidade da educação em Kant temos: "O homem não pode se tornar um verdadeiro homem senão pela educação. Ele é aquilo que a educação dele faz.[...] Se um ser de natureza superior tomasse cuidado de nossa educação, ver-se-ia, então, o que poderíamos nos tornar. Mas, assim como, por um lado, a educação ensina alguma coisa aos homens e, por outro lado, não faz mais que desenvolver nele certas qualidades, não se pode saber até aonde nos levariam as nossas disposições naturais''. (KANT,1999)

Uma sociedade é um grupo de indivíduos

que formam um sistema semiaberto, no qual a

maior parte das interações é feita com outros

indivíduos pertencentes ao mesmo grupo. É uma

rede de relacionamentos entre pessoas, uma

comunidade interdependente.

O significado geral de sociedade refere-se

simplesmente a um grupo de pessoas vivendo

juntas numa comunidade organizada.

O conceito de sociedade pressupõe uma

convivência e atividade conjunta do homem,

ordenada ou organizada conscientemente, a

lembrar com o intuito de preservação da espécie.

Constitui o objeto geral do estudo das

antigas ciências do estado, chamadas hoje de

ciências sociais.

Uma sociedade é um coletivo de cidadãos, sujeitos à mesma autoridade

política às mesmas leis e normas de conduta, organizados socialmente e

conduzidos por entidades que zelam pelo bem-estar desse grupo.

Para Durkheim (1973), sociedade e educação são fatos sociais, e como tal,

se impõe, coercitivamente, como uma norma jurídica ou como uma lei.

A criança só pode conhecer o dever através de seus pais e mestres. É preciso que estes sejam para ela a encarnação e a personificação do dever. Isto é, que a autoridade moral seja a qualidade fundamental do educador. A autoridade não é violenta, ela consiste em certa ascendência moral. Liberdade e autoridade não são termos excludentes, eles se implicam. A liberdade é filha da autoridade bem compreendida. Pois, ser livre não consiste em fazer aquilo que se tem vontade, e sim em se ser dono de si próprio, em saber agir segundo a razão e cumprir com o dever. E justamente a autoridade de mestre deve ser empregada em dotar a criança desse domínio sobre si mesma. (DURKHEIM, 1973, p. 47)

Para ele, é por meio das relações familiares que aprendemos a nos

relacionar, a viver o jogo da cordialidade. Desta maneira o ato de educar permitirá

uma maior unidade do indivíduo e também permitirá sua identificação com a

sociedade em que está inserido.

Mas para que essa adaptação ocorra é necessário a referência positiva e

A sociedade é um conjunto de indivíduos que partilham uma cultura com as suas maneiras de estar na vida e os seus fins, e que interagem entre si para formar uma comunidade. As sociedades humanas são formadas por entidades populacionais cujos habitantes e o seu entorno se inter-relacionam num projeto comum que lhes outorga uma identidade de pertença. O que implica a partilha de laços ideológicos, econômicos e políticos. (DURKHEIM, 1999)

determinação de limite pelos responsáveis do desenvolvimento do jovem em

formação. A afinidade com as pessoas, gestos e palavras é que irá proporcionar os

indicadores para as crianças e adolescentes.

Portanto, podemos afirmar que segundo Vasconcelos (1989), Parolim (2007),

Aparecida e Rebelo (2003), Antunes (2005), Dessen e Polonia (2005), Symansky

(2001), e Libâneo (2003) a família desempenha um papel decisivo na educação

formal e informal dos filhos, além disso, no seu interior são absorvidos os valores

éticos, morais e humanos, é onde se aprofundam os laços de solidariedade e

afetividade, se constroem as pontes entre as gerações e são notados valores

culturais e instituídos os valores morais.

A tarefa de educar é prazerosa e gratificante, mas também, exigente e

desafiadora. A convivência e o relacionamento familiar são fatores importantes no

desenvolvimento do indivíduo, contudo devemos considerar sempre que o ser

humano aprende o tempo todo e nas diversas instâncias que se apresentam no

decorrer de sua existência.

Não obstante, a inserção da criança no ambiente escolar enfatiza a formação

para a cidadania, que deve ser tomada como exemplo pela própria escola, que

necessita ser capaz de ampliar seus espaços para que todos os partícipes da

comunidade escolar (pais, alunos, professores, membros do corpo administrativo e

pedagógico e funcionários) possam se sentir motivados a participar. Tal processo

não pode partir apenas do comparecimento em reuniões, festas e outros eventos

promovidos pela instituição, mas ser compartes na própria ação educacional como

enfatiza Gadotti (1993, p. 17):

A gestão democrática da escola implica que as comunidades, os usuários da escola, sejam seus dirigentes e gestores, e não apenas seus fiscalizadores ou meros receptores dos serviços educacionais. Na gestão democrática, pais, alunos, professores e funcionários assumem sua parte de responsabilidade pelo projeto da escola. (GADOTTI, 1993, p.17)

É no grupo familiar que a criança construirá valores que serão incorporados

ao longo de sua história. Na escola essa ação sofre um aprofundamento e um

aprimoramento.

Trazer a família para a escola ampliará os conceitos estabelecidos pela

criança e ainda permitirá conhecer a sua cultura pessoal. Pensando assim, há a

necessidade de estarmos estreitando os laços entre comunidade escolar e familiar.

Para que uma ação complexa como o ato de educar aconteça de forma

efetiva, cabe à família solicitar o acompanhamento, não somente, da aprendizagem,

mas o tipo de educação que é subministrada no ambiente escolar. Em decorrência

disto, as duas instituições devem interagir e trabalhar em favor do processo ensino-

aprendizagem da criança.

Numa instituição onde exercício da cidadania seja uma realidade e a

democracia seja endossada, torna-se eficaz a participação da família, como destaca:

A escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais, para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim, a família irá se sentir comprometida com a melhoria da qualidade escolar e com o desenvolvimento de seu filho como ser humano. (PARO, 2000)

Dependendo do indivíduo que se pretende formar Durkheim (1999), concebia

a ideia de que o individuo deve se adaptar ao coletivo e não o contrário, é o

individuo quem forma a sociedade.

Portanto, se são os indivíduos a causa do sucesso ou fracasso de si mesmos,

de suas famílias, de sua própria escola, e consequentemente de sua própria

sociedade, que será produto do indivíduo que devolvermos a ela através da

educação de nossas famílias e escolas.

Assim, encontramos o elo de ligação entre os conceitos vistos até o momento:

família/ escola/ sociedade e educação.

1.1 TEXTO COMPLEMENTAR

Educação, Escola, Família e Sociedade

Contemporaneamente, as questões

em torno da função da educação remetem ao estudo da família, pois, cada vez mais, o senso comum atribui à escola a tarefa de educar, delegando responsabilidades aos professores que antes eram dos pais.

Mas será que a escola realmente pode chamar para si a tarefa de educar? Talvez seja necessário fazer a sociedade entender o que é família, assim como o que é educação, antes de discutir o assunto.

Em todas as sociedades humanas, tanto hoje como no passado, a família sempre foi a unidade central da organização social, oscilando em tipos e formas variadas, assumindo funções sociais essenciais para a existência da vida coletiva.

O ser humano, como animal fisicamente frágil, desenvolveu a união de forças para sobrepujar a natureza.

A cooperação foi essencial para a sobrevivência da espécie, transformando o homem em um ser social.

Devemos lembrar que quando nasce, por um longo período, a criança precisa ser alimentada e protegida por um adulto. Mais tarde, quando cresce, o novo ser precisa

perpetuar a espécie e reproduzir, novamente, dependendo da interação social.

Assim, ao contrário de outros animais, o homem não pode depender somente do instinto para sobreviver, necessita da razão e da interação social, o que conduz diretamente ao conceito de família.

O conceito de família

Embora, em geral, a família tenha origem em um fenômeno biológico de conservação e reprodução da espécie, o conceito envolve questões vinculadas a aspectos sociais que interferiram diretamente na evolução humana.

A família sofreu consideráveis modificações ao longo da história, regulando as interações sociais e cunhando preceitos morais e éticos, fomentando leis e normas.

No entanto, o conceito de família, independente de suas variações, é basicamente o mesmo desde os primórdios da humanidade.

Segundo Murdack, família é “um grupo social caracterizado pela residência em

O que temos ainda hoje é um caminho a ser percorrido. Um caminho de cooperação que só será efetivo se os pais compreenderem que à escola não cabe exercer a função moral da família. E, se a escola promovesse ações de conscientização junto a essas famílias para que ficasse clara a importância do dever de cada um no desenvolvimento do aluno/filho, e que, embora essa parceria escola e família seja essencial, cada um desses setores deve conservar suas particularidades .(DI SANTO, 2007)

comum, com cooperação econômica e reprodução”, um conceito bastante elástico.

Para Mair, família é “um grupo doméstico no qual os pais e filhos vivem juntos”, uma concepção mais restrita e hoje colocada de lado pela maioria dos antropólogos.

Para Beals e Hoijer, família é “um grupo social cujos membros estão unidos por laços de parentescos”.

Já Danda Prado (1981, p. 7), diz: família, no sentido popular e nos dicionários, significa “[...] pessoas aparentadas que vivem em geral na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos”. Ou ainda pessoas de mesmo sangue, ascendência, linhagem, estirpe ou admitidos por adoção. Porém, podemos dizer que hoje esse conceito passou por algumas mudanças, afastando-se do modelo tradicional da família constituída pelos sagrados laços do matrimônio, para englobar outros arranjos familiares.

Em outras palavras, qualquer que seja a linha teórica, a verdade é que todos os conceitos se encaixam na seguinte definição de família:

Família é todo conjunto de pessoas unidas por interações sociais com certo grau de coesão entre seus membros, com graus de parentesco artificiais ou concretos, declarados ou ocultos, com ou sem ligação genética.

Hoje, apesar de no passado já terem sido registrados casos semelhantes, a família pode tanto ser constituída por pais e filhos, como por um conjunto de amigos, onde cada membro assume uma função.

Tipos de família

Dentro do âmbito da amplitude do conceito de família, para a antropologia existem algumas classificações tipológicas que visam ajudar o estudo.

Assim, pensando nas diferentes maneiras como se organizam ou estruturam os grupos, variáveis no tempo e espaço, a família pode ser classificada em cinco tipos:

1. Elementar: Também chamada de

nuclear, natal-conjugal, simples, imediata ou primaria; é formada por pai e mãe, homem e mulher ou aqueles que assumem a vida conjugal monogâmica, podendo ser um casal de dois homens ou duas mulheres.

A família homossexual, quando duas pessoas de mesmo sexo vivem juntas, com crianças adotivas ou resultantes de uniões anteriores, ou, no caso de duas mulheres, com filhos por inseminação artificial.

Fazem parte deste tipo de família, além do casal, também os filhos, quer sejam gerados biologicamente ou agregados ao grupo. Outra forma de família seria aquela baseada na “união livre”.

A despeito de, até pouco tempo atrás, só ser considerado como pertencente a este tipo de modelo a família patriarcal tradicional com laços sanguíneos.

Não obstante, a família elementar, do ponto de vista antropológico, é considerada efêmera, pois à medida que os filhos crescem, constituindo novas famílias, o grupo diminui e, eventualmente, tende a desaparecer com a morte dos pais. Sobrevive, com raras exceções, não mais que duas ou três gerações.

2. Extensa: Também chamada

grande, é uma unidade formada por duas ou mais famílias de tipo elementar, com grau de parentescos mais complexos, envolvendo avós, tios, sobrinhos, primos, afilhados e até agregados.

No entanto, a unidade nuclear, com pai e mãe, ou aqueles que exercem a função, é bem definida e nítida, admitindo apenas relações monogâmicas entre cônjuges.

3. Composta: Também chamada

complexa ou conjunta, é uma unidade formada por três ou mais cônjuges e seus filhos, com estrutura poligâmica.

É um modelo oriental de família, existente desde os primórdios da humanidade e muito comum em sociedades matriarcais

4. Conjugada Fraterna: Diz respeito a

uma unidade composta por membros que compartilham funções, não existindo a presença rígida de pai e mãe. Um membro do grupo exerce o papel de pai, irmão ou filho, tudo depende do contexto.

Um bom exemplo são as sociedade indígenas, onde a criança é de responsabilidade de toda a tribo, embora existam funções delimitadas por sexo e idade.

Nas sociedades modernas, diante da ausência do real ocupante da função, existe uma tendência a sempre alguém ocupar o lugar vago, mesmo que temporariamente.

5. Monoparental: A família

monoparental ou unilinear desvincula-se da ideia de um casal relacionado com seus filhos, pois estes vivem apenas com um dos seus genitores, em razão de viuvez, separação judicial, divórcio, adoção unilateral, não reconhecimento de sua filiação pelo outro genitor, produção independente, etc.

6. Experimental: Consiste na

coabitação durante algum tempo, só legalizando essa situação após o nascimento do primeiro filho.

Funções da família

Dentre as diversas funções da família, as quais tem variado através dos séculos, os estudiosos apontam quatro básicas e quatro subsidiárias.

As funções básicas, também chamadas de fundamentais, são encontradas em todos os grupos humanos, sendo elas:

1. Sexual: Atende as necessidades

sexuais permitidas por meio da institucionalização da união ou casamento.

Reprodução: Visa perpetuar a espécie, mesmo em sociedades onde há liberdade sexual, a procriação é regulada com normas e sanções que legitimam a família.

2. Econômica: Assegura o sustento e

proteção do grupo, conduzindo a divisão de tarefas e a estratificação, com status diferenciados entre os membros.

3. Educacional: O grupo, através da

coesão, arca com a responsabilidade de transferir os conhecimentos acumulados pela humanidade de geração em geração, criando condições para que exista uma cooperação entre os membros. O que torna, teoricamente, a vida em sociedade possível.

Portanto, as funções básicas da família podem ser desempenhada de várias maneiras, dentro dos mais diversos sistemas culturais, moldando as personalidades individuais.

Como agente educador, a família pode combinar duas funções especificas:

A) Socializadora: Na medida em que

transmite a herança cultural e social durante os primeiros anos de vida (linguagem, usos, costumes, valores e crenças), a família é peça essencial no processo de culturação, preparando a criança para o ingresso na sociedade.

B) Social: Proporciona a conquista de

diferentes status dentro da estratificação social, tal como o posicionamento étnico, nacional, religiosa, político, educacional e até de classe.

Além destas divisões, alguns autores classificam quatro funções subsidiárias,

apesar de outros afirmarem que perderam sentido na sociedade moderna.

No entanto, cabe ressaltar que, diferente das funções básicas, as subsidiarias não existem em algumas sociedades.

Estas funções subsidiárias podem ser assim divididas:

a) Religiosa: Une seus membros

através de uma rede de direitos e proibições morais, estabelecendo laços afetivos e sentimentais.

b) Jurídica: Impõem obrigações

definidas entre os membros, mas também direitos. O que garante a reprodução do sistema econômico e político vigente, assim como a manutenção do status individual.

c) Política: Propicia proteção

potencializando apoio emocional para a resolução de problemas e conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões externas.

Neste sentido, reforça a saúde física e mental do individuo, constituindo um recurso para lidar com situações associadas à vida em comunidade.

d) Recreativa: Constitui uma válvula

de escape para as tensões fora do grupo, um elemento de fuga do stress, é desvinculada da função religiosa e associada a outros fatores, possa conduzir a violência doméstica.

Casamento e família

Frequentemente associada ao casamento, para entender a família integralmente, é necessário discutir o união entre cônjuges.

Na sociedade, em geral, existem duas formas de relação, do ponto de vista antropológico, entre seres humanos: união e casamento.

Tradicionalmente, a união consiste no ajuntamento de indivíduos do sexo oposto sob influencia do impulso sexual.

Modernamente, a união também pode ser caracterizada pelo ajuntamento também entre indivíduos do mesmo sexo.

De qualquer forma, esta união estabelece direitos e obrigações e, do ponto de vista antropológico, não constitui obrigatoriamente uma família. Sendo que tal reconhecimento dos envolvidos e da sociedade, acontece a passos lentos.

Entretanto, a união pode conduzir ao matrimonio ou casamento, quer seja

reconhecido ou não religiosamente ou pelo Estado.

O que caracteriza o casamento é, justamente, a união orientada para a constituição da família, implicando em costumes complexos e o estabelecimento de laços afetivos mais estreitos, quer dentro da monogamia ou da poligamia.

Família e escola A família é a base do processo de

socialização dos indivíduos, o que se torna fundamental é que ela seja estruturada de tal forma que o relacionamento entre seus integrantes seja pautado na harmonia e respeito entre seus pares.

A família tem importante contribuição a dar na educação e na aprendizagem de seus filhos, ela tem o profundo conhecimento sobre o desenvolvimento de seus filhos, o qual se torna extremamente valioso para a compreensão de suas necessidades educacionais.

Existe, em quase todas as sociedades, uma tendência para que certos aspectos do adestramento das crianças sejam assumidos por agentes externos à família, tal como a escola.

O grande problema é que o saber escolar, muitas vezes, distancia-se da realidade, impedindo a assimilação democrática do conhecimento, excluindo e limitando o acesso ao saber.

Embora a sociedade transfira, cada vez mais, responsabilidades da família para a escola, cabe lembrar que somente a primeira constitui um grupo primário.

A escola é um grupo secundário e nunca poderá substituir a família na educação das crianças.

Concluindo

Seja qual for o problema, dentro da escola, a resolução não está apenas no trato com o educando, mas sim na orientação familiar.

O vinculo dos sujeitos com a família é essencial para um desenvolvimento coerente.

O problema do individuo pode ser, na realidade, um problema de sua família, podendo, inclusive, agravar situações em um efeito em cascata transposto para a sociedade.

Por outro lado, trabalhar com a família, permite ao profissional da educação realizar verdadeiramente uma profilaxia, uma

prevenção do agravamento de problemas já existentes.

A escola é aqui compreendida como uma instituição onde a democracia deve ser exercida de forma autêntica e dinâmica, refletindo, compartilhando as ações desenvolvidas.

Portanto, a participação da família deve fazer parte do dia-a-dia da escola, pois como uma instituição que compreende um papel social, político e cultural voltado para a emancipação do sujeito, suas ações devem voltar-se para uma educação participativa. A educação é o alicerce fundamental para o exercício da cidadania.

Para entender a história. ISSN 2179-4111. Ano 2, Vol. mai. Série 02/05/2011, p.01-07. Texto: Prof. Dr. Fábio Pestana Ramos. Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. Bacharel em Filosofia pela FFLCH/USP e Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Educação da USP, com MBA em Gestão de Pessoas pela UNIA.

REFERÊNCIA:

ABRAMOVAY, Miriam et ali. Violência nas escolas. Brasília: UNESCO, 2002. ANDRADE, Marconi. Antropologia: uma introdução. São Paulo: Atlas, 2001. BEYER, H. O fazer psicopedagógico: a abordagem a partir de Piaget e Vygotsky. Porto Alegre: Mediações, 1996. CASTEL, Robert. “As armadilhas da exclusão”. In: Desigualdade e a questão social. São Paulo: EDUC, 1997. GREEN, Bill & BIGUM, Chris. “Alienígenas na sala de aula” In: SILVA, Tomás Tadeu da. (org.) Alienígenas na sala de aula. Uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis: Vozes, 1995. LINTON, Ralph. O homem: uma introdução à antropologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000. PRADO, Danda. O que é família. São Paulo: Brasiliense, 1981 . 95 p

a) A autora Danda Prado (1881, p.7 ) afirma que a família, no sentido popular e

nos dicionários, significa “[...] pessoas aparentadas que vivem em geral na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos”. Ou ainda pessoas de mesmo sangue, ascendência, linhagem, estirpe ou admitidos por adoção.

Com toda essa evolução pela qual a família brasileira passou e continua passando, qual o conceito que você tem de família?

b) Percebemos que em alguns momentos a família que não apresenta um padrão dito “normal, ou seja, nuclear, composta por pai, mãe e filhos”, acaba sofrendo algum tipo de preconceito, sendo até rotulada de família “desestruturada”. Esses novos arranjos familiares estão presentes em nossas escolas e não podemos fugir dessa realidade, pois de certa maneira esses arranjos também repercutem na escola.

Diante deste contexto, de que maneira família e escola podem trabalhar para amenizar essa “crise familiar” que muitas vezes recebe o rótulo de família desestruturada? Em sua opinião, essa nova formação familiar interfere no desempenho escolar do aluno? FONTE: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2009_uel_pedagogo_md_katia_regina_de_oliveira.pdf

APROFUNDANDO A DISCUSSÃO!

UNIDADE 2

2. FUNÇÃO SOCIAL DA FAMÍLIA E DA ESCOLA: INTERDEPENDÊNCIA DOS

SISTEMAS

A família é uma instituição que possui múltiplas funções. Função remete ao

significado de desempenhar algo, um dever ou tarefa e dessa forma, a família tem

por obrigação cumprir pleitos que são impingidos na sua formação. Uma dessas

principais tarefas é a inserção da criança na sociedade, através da herança de

valores estabelecidos como cultura, afetividade, valores e educação.

Já a família contemporânea, não é mais vista como um sistema privado de relações. As atividades individuais e coletivas estão diretamente ligadas e se influenciam mutuamente. Sendo assim família, atualmente, não pode ser definida apenas pelos laços de consanguinidade, mas também por um conjunto de variáveis que contempla o significado das interações e relações entre as pessoas (DESSEN E POLÔNIA, 2005).

Entretanto, a família cada vez menos tem condições para realizar essa

socialização primária e, se o faz, tal ação se dá precariamente. A família reconhece

suas dificuldades em cumprir seu papel de socializadora e, na maioria das vezes,

remete grande parte desta responsabilidade para a escola.

[...] tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa mesma instituição. A escola tem sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto ela necessita da família para concretizar o seu projeto educativo. (PAROLIN, 2003)

Essa responsabilidades vem somar-se a outras da escola, que teria como

função principal a transmissão do conhecimento produzido e acumulado. Ela passa

então, a tomar para si a tarefa árdua, de educar

a criança, de forma que ela tenha subsídios

para uma vida plena e realizada, contribuindo

assim para melhoria da sociedade em questão.

Ao discutirmos a função social da

educação e da escola, estamos entendendo a

educação no seu sentido amplo, enquanto

prática social. Prática essa que se dá nas

relações sociais que os homens estabelecem

entre si, nas mais variadas situações, instituições

e movimentos sociais, sendo, portanto, essencial

e formadora dessas relações.

O homem, instaura leis e normas que

regem a sua convivência com os demais

compartes do seu grupo, cria estruturas sociais básicas que se fixam e se

consolidam à medida que se vai compondo em recinto da formação humana.

Nesse sentido, a escola, só se justifica diante da sociedade, se cumprir ao

propósito para a qual foi criada.

No desempenho de sua função social de formadora de sujeitos históricos, a

escola precisa ser um ambiente de sociabilidade que possibilite a construção do

conhecimento.

Em Moran (2005) temos uma boa definição do que seja essa tarefa/ missão

da escola: “organizar os processos de aprendizagem dos alunos, de forma que eles

desenvolvam as competências necessárias para serem cidadãos plenos e

contribuam para melhorar nossa sociedade”. (MORAN, 2005)

Se tomarmos a educação, como prática social que se desenvolve nas

relações estabelecidas entre os seus membros, construímos uma educação cidadã,

na perspectiva da escola cidadã.

Pensar a escola nessa perspectiva, é vê-la sobre um novo enfoque, político,

filosófico, democrático. O que nos leva ao compromisso de romper com a prática

educativa da educação tradicional, bancária, transmissora de conhecimentos,

autoritária. Assim, a escola voltaria a assumir sua verdadeira função de

Não cabe à família colaborar com a escola na educação, mas exatamente o contrário, é a escola que colabora, a família é responsável. A escola assumiu muitas tarefas nos últimos 20 anos, especialmente a escola pública, porque ela é parte da rede de proteção social e, por isso, desempenha tarefas do Estado, entre elas a proteção à vida, segurança e liberdade dos indivíduos. (CORTELLA, 2008)

emancipadora e socializadora, que tenha por pressuposto “que ensinar não é

transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua

construção” (FREIRE, 2003, p. 47).

De tal forma, a educação se institui numa atividade humana e histórica, que

seja capaz de democratizar conhecimentos e formar cidadãos participativos e

atuantes.Temos em Gadotti (2000) a confirmação dessa sentença:

[...] aluno aprende apenas quando se torna sujeito de sua aprendizagem. E para ele tornar-se sujeito de sua aprendizagem ele precisa participar das decisões que dizem respeito ao projeto de escola que faz parte também do seu projeto de vida. Não há educação e aprendizagem sem sujeito da educação e da aprendizagem. A participação pertence à própria natureza do ato pedagógico. (GADOTTI, 2000)

Podemos concluir depois de todo o estudo realizado, que escola deve sempre

visar a inserção do indivíduo na sociedade, através da correlação pessoal e da

aprimoramento para atuar no grupo que está inserido.

Para que essa ação aconteça de forma satisfatória e completa, é necessário

que como nos aponta Libâneo (2003) e Gadotti

(2000), façamos acontecer o Projeto Político

da escola, pois ele expressa o objetivo comum

da comunidade escolar os propósitos

educativos em relação ao ato de educar,

resaltando e resguardando o ético, com a

valorização de conceitos como solidariedade,

respeito às diferenças e à diversidade cultural,

justiça, honestidade, preservação ambiental e

a paz.

Assim, estaremos verdadeiramente

transformando a sociedade, investindo na

formação do sujeito político, socialmente

responsável, de caráter democrático, crítico,

reflexivo, autônomo, consciente de seus

direitos e deveres e capazes de compreender

A escola contemporânea possui quatro objetivos, segundo Libâneo: 1 –Preparar o aluno para o trabalho e para as formas alternativas de trabalho; 2 – Proporcionar meios de desenvolvimento de capacidades cognitivas e operativas, aprimorando as competências do pensar autônomo, crítico e criativo; 3 – Formação para cidadania crítica e participativa; 4 – Formação ética. (LIBÂNEO, 1997)

a realidade em que vivem, preparados para participar da vida econômica, social e

política e aptos a reordenar e reestruturar as informações recebida, contribuindo e

intervindo na construção da sociedade.

Nesse processo, é preciso pensar e problematizar a escola que temos na

tentativa de construirmos a escola que queremos.

É inquestionável a urgência de se fazer a

articulação entre as diversas partes que

constituem a escola, incluindo nesse contexto,

principalmente a participação da família, objeto

desse material, envolvendo-a com a criação de

espaços e mecanismos para a efetivação de sua

coautoria na construção desse modelo de

educação, que é prerrogativa fundamental para o

exercício da democracia.

Para tanto, se estabelece uma relação entre família, escola e sociedade. A

intenção é mostrar o quanto uma realidade está presente na outra. Entendemos que

a família nos nossos dias é diversa. Enquanto, na família ideal, o pai trabalhava fora

e a mãe se prestava unicamente à educação dos filhos e o cuidado do lar, hoje,

ambos trabalham fora e os filhos ficam delegados a outras pessoas ou instituições e

na maioria a mercê de seus prazeres.

A família da contemporaneidade já não pode ser arquitetada como um fim em

si mesma. Deve, isto sim, laborar como um instrumento, desempenhando a “função

de lócus de afetividade e da tutela, da realização da personalidade das pessoas que

as integram” (LÔBO, 2004).

A família moderna rege-se pelo princípio da afetividade, e com esse novo

princípio, surge uma evolução onde se privilegia as ligações afetivas, considerando

sem relevância as relações consanguíneas. O sentimento passa a ser realçado nas

relações humanas, por se tornar o início de qualquer relação familiar, razão pela

qual passa-se a admitir novos ajustes na formação familiar como a monoparental e a

homoafetiva.

Conclui-se, portanto, que a principal função básica da família é o acolhimento

do indivíduo, formando cidadãos conscientes e aptos para a convivência social.

A primeira expressão da natureza social do homem, é construída na família, ela representa um porto seguro, o lócus da afetividade, o local onde as relações devem ser baseadas em códigos de afeto e verdade. (CUNHA, GUIMARÃES & MOURÃO, 2008)

2.1 TEXTO COMPLEMENTAR

FAMÍLIA E ESCOLA: PARCEIRAS NO PROCESSO EDUCACIONAL DA CRIANÇA

A escola se vê diante de vários

problemas educacionais agregados à desordem, ao desrespeito a regras de conduta e à falta de limites com seus alunos que considera como responsabilidade da família, e esta nutre uma expectativa de que a escola forneça a criança alguns ensinamentos, muitas vezes equivocada.

É possível perceber nos estudos de Vasconcelos (1989) que cada vez mais os alunos vêm para a escola com menos limites trabalhados pela família. Muitos pais chegam mesmo a passar toda responsabilidade para a escola. Mediante suas remotas experiências como estudantes e a desorganização da classe que os filhos relatam, os pais exigem da escola uma postura autoritária. É preciso ajudá-los a compreender que existe uma outra alternativa, que supera tanto o autoritarismo, quanto o espontaneísmo.

Discutir e reconstruir esses contornos se mostra necessário à reflexão sobre situações, por vezes, problemáticas, principalmente no que tange ao conhecimento sobre o tipo de família que hoje a escola tem que lidar.

Por outro lado, sabe-se que a família, por mais que tenha inúmeras responsabilidades educacionais sobre a criança, necessita de auxílio para efetivar este ensino com qualidade, como destaca Parolim (2007, p. 14): “sabemos que a família está precisando da parceria das escolas, que ela sozinha não dá conta da educação e socialização dos filhos”.

Como consequência disto, a educação fornecida nestas duas instituições, ao invés de se complementarem, concorrem entre si, conforme a mesma autora destaca: “os professores afirmam que as posturas familiares são adversas ás posturas que adotam na escola com os alunos, como agravante em termos das suas aprendizagens”.

Diante deste problema, questiona-se o que pode ser feito para que família e escola possam caminhar juntas no processo de ensino e aprendizagem do educando?

Ao ponderar a necessidade de uma postura democrática participativa por parte da escola, acredita-se que a solução para tal embate seja atrair a família para a escola através de instrumentos comunicativos que comunicativos que realmente sejam efetivos,

[...] a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania sua qualificação para o trabalho. (C. F. BRASIL, 1988)

que não sirvam somente para “informar”, mas para coletivizar conhecimentos, onde ambas possam comparar, construir e reformular seus métodos de ensino conseguindo com isto, efetivar suas funções de educadores.

Diante desta situação, este artigo tem como objetivo principal investigar junto à teoria qual é o papel da família e escola no desempenho escolar das crianças.

Como forma de atingir o objetivo almejado, o estudo estrutura-se primeiramente na família dos dias atuais, apresentando os tipos de famílias existentes na contemporaneidade, bem como suas responsabilidades educacionais na formação da criança. Tais informações são primordiais para que se possa entender que cabe a família, independente de suas obrigações profissionais, algumas ações formativas voltadas, não somente para a construção de valores, mas de outras práticas essenciais para a formação da criança.

Posteriormente, abordam-se as funções da escola no processo educacional da criança, bem como algumas propostas para que escola e família caminhem juntas, principalmente no que condiz ao preparo das reuniões escolares.

FAMÍLIA: MUDANÇAS ATUAIS E RESPONSABILIDADES ANTIGAS

Nos últimos vinte anos, várias

mudanças ocorridas na sociedade atual relacionadas ao processo de globalização da economia capitalista vêm interferindo na dinâmica e estrutura familiar e possibilitando mudanças em seu padrão tradicional de organização. Conforme os estudos de Pereira (1995), a queda da taxa de fecundidade, o declínio no número de casamentos, o aumento de famílias onde os pais não vivem juntos, entre outros aspectos, tornam as famílias dos dias atuais bem diversificadas.

No passado era possível definir a família como pais, filhos e outros parentes vivendo num mesmo ambiente, hoje em dia isto mudou, além de muitos pais viverem separados, existem outros aspectos, como destaca Dias (2005, p. 210):

A família é um grupo aparentado responsável principalmente pela socialização de suas crianças e pela satisfação de necessidades básicas. Ela consiste em um aglomerado de pessoas relacionadas entre si pelo sangue, casamento, aliança ou adoção, vivendo juntas ou não por um período de tempo indefinido.

Muito embora, é necessário ressaltar que essas mudanças não devem ser

encaradas como tendências negativas, ou sintomas de "crise". A aparente desorganização da família é um dos aspectos da reestruturação que ela vem sofrendo, os papéis sociais atribuídos entre o homem e a mulher tendem a se modificar não só no lar, mas também no trabalho, na rua, no lazer e em outras esferas da atividade humana.

Portanto, não se pode mais falar de família, mas de “famílias”, para que se possa tentar entender a diversidade de relações que convivem em nossa sociedade.

A família é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando.

Inúmeras dificuldades podem ser encontradas na educação familiar devido os reflexos que a sociedade emana, como destaca Cury (2003, p. 28): “hoje, bons pais estão produzindo filhos ansiosos, alienados, autoritários, indisciplinados e angustiados”.

Nesta perspectiva, destaca o mesmo autor que além de não adotarem um tempo para educar os filhos a enfrentar os problemas sociais, a própria sociedade é responsável em “deseduca-los” devido à quantidade de estímulos que exercem na criança. Dentre eles, encontram-se os apelos para o consumo desenfreado, para a violência, para o sexo sem limites que para o autor são: “estímulos sedutores que se infiltram nas matrizes de sua memória (...), os pais ensinam os filhos a serem solidários e a consumirem o necessário, mas o sistema ensina o individualismo e a consumir sem necessidade”.

Combinando as relações atitudinais por parte da família na educação dos filhos, é possível diferenciar três tipos diferentes de pais de acordo com as pesquisas de Aparecida e Rebelo (2003, p. 69), os pais: “autoritários, permissivos e democráticos”.

Conforme as autoras, os pais autoritários são aqueles que têm dificuldade de se comunicar com os filhos, além de demonstrarem pouco afeto e serem bastante rígidos, controladores e restritivos quanto ao nível de exigência de seus filhos. As condutas são avaliadas a partir de rigorosos padrões preestabelecidos. Valorizam também a obediência às normas e regras por eles definidas, e não se preocupam em explicar ás crianças às razões destas imposições nem consulta-las acerca do assunto.

Quanto aos pais permissivos, são afetuosos e procuram dialogar com os filhos. Mas possuem dificuldades no controle aos limites, pois são muito tolerantes, chegando

até mesmo a serem indulgentes em relação aos desejos e atitudes da criança.

Já os pais democráticos mantêm um equilíbrio no controle das ações, principalmente no que condiz ao amadurecimento, independência, respeito, capacidades e sentimentos de seus filhos. Demonstram afetividade e procuram estimular a criticidade na criança. Além disto, são flexíveis e conseguem fazer com que a criança seja disciplinada estabelecendo regras e limites de forma clara e objetiva.

Percebe-se a diferença das dimensões e estilos de educação familiar onde os pais podem adotar comportamentos diferentes no que tange ao incentivo, desenvolvimento da personalidade da criança, estabelecimento de regras, condutas, relação afetiva, autocontrole etc. Mesmo assim, verifica-se que os pais democráticos são os que realmente conseguem efetivar ações educacionais capazes de estabelecer limites e regras de conduta de forma construtiva, afetuosa e com responsabilidade.

Apesar dos entraves, a educação, tanto na família como na escola, não pode ser mecânica e arbitrária. É preciso ajudar a criança a encontrar significado no aprendizado, proporcionar-lhe uma abertura para a vida. Nesta perspectiva, Chalita (2001, p. 120) destaca que: “a responsabilidade de educar não é apenas da escola, é de toda a sociedade, a começar pela família”. Assim, é possível constatar que a participação entre escola e família, são fatores predominantes de desenvolvimento educacional e comportamental da criança.

RESPONSABILIDADES

EDUCACIONAIS NO CAMPO FAMILIAR NA CONSTRUÇÃO DE VALORES

A família desempenha um papel

decisivo na educação formal e informal dos filhos, além disso, no seu interior são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade e afetividade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais e criados os valores morais.

Atualmente a sociedade é influenciada pela economia capitalista e pela globalização, portanto, caracteriza-se pelo culto à superficialidade e ao consumo, que se pode denominar de “o culto do subjetivismo”, em que atitudes individualistas superpõem-se aos valores da família, do caráter e dos princípios éticos, neste assunto, coloca Vasconcelos (1989, p. 29), que a concentração de renda e a

ânsia do consumo apontam consequências no meio familiar como: “O homem trabalha mais; a mulher vai para o mercado de trabalho; a preocupação com o desemprego; há menos tempo (sobretudo qualitativo) para a família”.

Mesmo com tantas dificuldades, segundo Chalita (2001 p. 20), a família tem a responsabilidade de: “formar o caráter, de educar para os desafios da vida, de perpetuar valores éticos e morais. A família é um espaço em que as máscaras devem dar lugar à face transparente, sem disfarces. O diálogo não tem preço”.

Assim, é na família que, através do diálogo podem-se construir conhecimentos voltados para a atuação na sociedade, onde o respeito a si e ao outro, os princípios éticos e de conduta no ambiente social são assimilados.

Desta forma, o diálogo é o principal instrumento para se conseguir fazer com que o educando aprenda. De acordo com Vasconcelos (1989, p. 123), dialogar requer além possibilitar que os pais falem sobre o seu conhecimento, também, “É o olho no olho, estar junto, inteiro; querer saber como o filho está indo, suas conquistas, temores, expectativas de vida, visão de mundo, preocupações, etc.”

Assim, através da troca de experiências e conhecimentos, pais e filhos podem construir juntos uma educação repleta de valores necessários para a vivência no mundo atual.

Ademais, no estabelecimento de limites e regras, Vasconcelos (1989, p. 125) menciona que:

Percebemos duas realidades contraditórias nas famílias: ou a ausência de regras, ou a imposição autoritária de normas. Muitas vezes, por um medo interno de não serem aceitos, os pais acabam não estabelecendo e/ou não fazendo cumprir os limites, levando a uma relação muito permissiva. Outras vezes, sentindo necessidade de fazer alguma coisa, mas não tendo clareza, acabam impondo limites, sem explicar a razão. A superação desta situação pode se dar pelo diálogo, com afeto e segurança, chegando a limites razoáveis. Assim sendo, têm-se condições de não ceder diante da insistência infantil. (VASCONCELOS,1989)

De tal modo, na constituição de regras e limites no ambiente familiar, faz-se necessário, através do diálogo, que os pais expliquem as causas de suas imposições para que a criança possa entender os motivos delas terem sido criadas.

É necessário que o educando entenda o que se propõe como algo melhor para ele, portanto, a explicação sempre se faz necessário.

É importante frisar que a família autoritária perpetua a sociedade autoritária e faz permanecer na mente de seus membros os ideais de obediência e submissão, de cópia sem questionamentos dos padrões estabelecidos. Mas, querer o melhor para os filhos não significa jamais facilitar-lhes demais as coisas, evitar-lhes desapontamentos, impedir que assumam senso de responsabilidade pelo que fazem.

Existe uma diferença em fingir que algo feito de modo errado não aconteceu, acobertando a falha e estimulando a irresponsabilidade. O amparo emocional é essencial e o elogio precisa sempre acompanhar o crescimento, mas existe diferença entre “proteger” e “superproteger”. Nesta perspectiva Cury (2008, p. 130) evidencia que:

[...] a liberdade que o jovem precisa está intimamente relacionada com sua autonomia e independência, e essas precisam ser conquistadas. A clara demonstração de padrões seguros de responsabilidade, ou seja, de comportamentos responsáveis ao longo do seu desenvolvimento, deveria capacitar o jovem a maiores níveis de liberdade. (CURY, 2008)

Assim, a preparação para a vida, a formação da pessoa, a construção do ser são responsabilidades da família quando a criança está em seu interior e esta deve preparar o jovem para atuar com liberdade, mas sem perder a responsabilidade sobre seus atos. É papel de a família contribuir para uma boa formação de caráter dos seus filhos, repassando os valores éticos e morais, sem eximir da sua responsabilidade o papel de educadora. Nesse sentido Antunes (2005, p. 53) destaca que:

Ajudar a criança a construir um bom caráter é a mesma coisa que ajudá-la a desenvolver sua consciência do erro e do acerto. Caráter e consciência expressam a visão que ela possui de si mesma e aproxima-se muito do sentimento de autoestima. É por essa razão que a educação do caráter é importante. (ANTUNES, 2005)

Portanto, se muitas vezes a criança não demonstra ter princípios éticos e morais que são cobrados pela escola, acredita-se que a família deixou de trabalhar esses pressupostos para se apresentar um bom comportamento, diante disto, é preciso que a escola possa suprir tal carência.

É necessário que os valores sejam transmitidos de pai para filho através do

próprio exemplo, este é fator primordial na aprendizagem da criança como destaca os estudos de Feijó (2008, p.108) ao concluir que:

Quando preservamos valores morais e sociais, quando demonstramos interesse ao próximo, quando somos justos, honestos, equilibrados, assertivos em nossas atitudes, por modelação tenderemos a formar filhos também justos, honestos, equilibrados e interessados em valores sociais.(FEIJÓ, 2008)

Sendo assim, as atitudes tomadas pelos pais afetam diretamente na aprendizagem da criança, mesmo quando seus genitores não percebem que isto está acontecendo, como mencionam Nolte e Harris (2003, p. 15):

As crianças são como esponjas. Absorvem tudo o que fazemos, tudo o que dizemos. Aprendem conosco o tempo todo, mesmo quando não nos damos conta de que estamos ensinando. Assim, quando adotamos um comportamento crítico – reclamando delas, dos outros e do mundo em torno de nós, estamos lhes mostrando como condenar e criticar os outros. Estamos ensinando a ver o que está errado no mundo, e não o que está certo. (NOLTE E HARRIS, 2003)

Desta forma, a criança sempre estará atenta à mensagem enviada através do exemplo de comportamento de seus pais. Apesar de ser normal tomar atitudes de irritação e crítica de vez em quando, ainda que os filhos estejam ouvindo, o importante é não fazer destas ações, atitudes rotineiras no meio familiar. Pois de acordo com Nolte e Harris (2003, p. 15), “Se as crianças vivem ouvindo críticas, aprendem a condenar”.

Portanto, as possibilidades de aprendizagem de crianças e jovens dependem da qualidade de mediações e exemplos dos adultos a que ela seja exposta em seus vários momentos da vida.

PARTICIPAÇÃO NA VIDA ESCOLAR DOS

FILHOS

A participação na vida escolar dos filhos é de suma importância para o desempenho do aluno, pois quando os pais acompanham a criança em todo o seu processo de desenvolvimento educacional, esta se sente valorizada e importante na vida de seus pais. Tais sentimentos somente contribuem para o seu aprendizado.

Existem muitas maneiras dos pais participarem deste processo, sendo que algumas contribuições tornam-se muito relevantes como o auxílio nas tarefas escolares, o incentivo a leitura e o seu

envolvimento nos eventos pedagógicos ocorridos na escola.

COMPROMISSOS EDUCACIONAIS DA

ESCOLA

Inúmeros são os compromissos inerentes à escola no ato de educar, até porque trata-se de um instituição cujo objetivo maior é a educação. Assim, como em todas as áreas de atuação, também nas escolas torna-se imperativo planejar, construir seu Projeto Político Pedagógico, definir metas, estabelecer critérios de avaliação e progredir, cada vez mais, no processo educacional de seus alunos.

Além disto, cabe aos atores do processo educacional tomar consciência de suas ações, proporcionando momentos de interação, afeto e compreensão das diferenças encontradas no espaço escolar, viabilizando a inclusão de todos os educandos para que estes possam sentir-se qualificados para uma aprendizagem satisfatória e qualitativa. Nesta perspectiva, ressalta Esteve (1995, p. 100) que:

No momento atual o professor não pode afirmar que a sua tarefa se reduz apenas ao domínio cognitivo. Para além de saber a matéria que leciona, pede-se ao professor que seja facilitador da aprendizagem, pedagogo eficaz, organizador do trabalho em grupo, e que, para além do ensino, cuide do equilíbrio psicológico e afetivo dos alunos, da integração social e da educação sexual etc.: a tudo isso pode somar-se a atenção aos alunos especiais integrados na turma.(ESTEVE, 1995)

Pensar em educação é pensar na influência exercida de um ser para outro, é pensar na promoção de um aprendizado moral e intelectual. Trata-se de um processo sem qualquer forma de coação, pois o educador apela para a vontade do educando e conquista-lhe a adesão. Educar é, pois elevar, estimular a busca da perfeição, despertar a consciência, facilitar o progresso integral do ser. Sendo assim, o processo educativo é sempre uma relação de indivíduo para indivíduo.

Considera-se que a escola mediante um trabalho educativo, demonstra a possibilidade de constituir-se em um espaço de superação das necessidades e problemas através da aplicação de projetos pedagógicos que venham favorecer a valorização tanto da informação como da formação de seus educandos. Resgatando os conhecimentos acumulados, construindo novos conceitos e desenvolvendo o ato de pensar e construir sobre o mundo.

Mas é na escola que também se trabalha os valores e a ética. Por isto, repensar o papel da escola e a importância da qualidade implica mudanças nas características pessoais e profissionais das pessoas envolvidas e comprometidas com a educação. De acordo com Toro (2002, p. 25):

A escola tem a obrigação de formar jovens capazes de criar, em cooperação com os demais, uma ordem social na quais todos possam viver com dignidade. Para que seja eficiente e ganhe sentido, a educação deve servir a um projeto da sociedade como um todo. (TORO,2002)

É possível observar que o desenvolvimento de uma organização escolar dar-se-á através do desempenho e da atitude de pessoas em direção a uma gestão da própria escola. Nesse sentido, é imprescindível aumentar o índice de participação das pessoas nas atividades escolares e tornar a escola como uma Instituição autônoma e democrática.

A formação para a cidadania inicia pelo próprio exemplo da escola, em

ampliar seus espaços para que todos os integrantes da comunidade escolar (pais, alunos, professores, membros do corpo administrativo e pedagógico, funcionários) possam se sentir motivados a participar. Tal participação não pode partir apenas da presença em reuniões e do simples fato de comparecer a festas e a outros eventos promovidos na escola, mas estar presente na própria ação educacional como enfatiza Benvides (1996, p. 5):

A educação para a cidadania deve ser entendida como preparo para a participação da vida pública, com dois registros: o político e o social. O registro político significa organização e participação pela base e o registro social significa reconhecer e reivindicar os direitos e a existência, a criação e a causalidade de novos indivíduos ou grupos com a consciência de seus direitos e deveres.

A escola como instituição busca através de seu ensino, que seus alunos possam assumir a responsabilidade por este mundo, como referencia Arendt: (APUD CASTRO, 2003, p. 1)

A escola como um novo modelo, irá ampliar o mundo dos alunos, convidando-os a olhar suas experiências com uma outra lente, que não a familiar, o que alterará os significados já conhecidos. A escola pública tem mais fortemente, então, a responsabilidade da apresentação de conceitos e conteúdos herdados de nossa cultura, pois muitas crianças só terão acesso a esta herança, através de sua passagem pela escola, que

deve então, abrir caminhos de acesso à cultura de maneira igualitária para todos e neste sentido, lutar contra os privilégios de uma classe social.

Assim, ao buscar este caminho, existe o consenso acerca da influência dos processos educativos e culturais na criação e prática de critérios, valores e representações ocorridos na escola. Por isso, a afirmação dos princípios de equidade, solidariedade, respeito à vida e aos direitos humanos precisa tomar parte do Projeto Político Pedagógico da instituição.

Uma das grandes e necessárias responsabilidades da escola é ter seu próprio Projeto Político Pedagógico, já que segundo Libâneo (2003, p. 346) este documento: “[...] consiste em dar um sentido, um rumo, às práticas educativas, onde quer que sejam realizadas, e firmar as condições organizativas e metodológicas para a viabilidade da atividade educativa”.

Deste modo, este documento traduz os valores do grupo, suas intenções, seus objetivos compartilhados, estabelecem prioridades, define caminhos e, portanto deve ser construído com a participação de toda a comunidade escolar, inclusive da família. Desta forma, será este o documento que irá conduzir todo o trabalho educativo na escola, articulando-se também com as práticas avaliativas exercidas pela instituição.

Dentro de tais perspectivas, a prática avaliativa é uma das formas mais eficientes de verificar se a aprendizagem está ocorrendo entre os estudantes, podendo ser positivas ou destrutivas de suas possibilidades de desenvolvimento, pelo poder que encerra e pela importância que tem enquanto mecanismo de inclusão ou exclusão social, através das marcas burocráticas e legais impregnadas na sua utilização. Para Vasconcelos (2002, p. 58):

A avaliação possibilita que o professor possa estar acompanhando a construção do conhecimento pelo educando, visto que, avalia-se na hora que precisa ser avaliado, para ajudar o aluno a construir o seu conhecimento verificando os vários estágios de desenvolvimento dos alunos e não os julgando apenas num determinado momento.(VASCONCELOS, 2002)

Desta forma, a avaliação não pode constituir-se a um simples julgamento de dados pelo avaliador, deve ser de caráter ativo, partindo da ação-reflexão-ação, onde educador e educando possam interagir mediando o processo avaliativo.

A escola que a sociedade necessita para potencializar cidadãos equilibrados, responsáveis, tolerantes e não-violentos

deverá estar estruturada de modo participativo com a comunidade, facilitando assim o processo educacional de forma integral, democrática, onde as potencialidades são valorizadas. Nesta ação, a participação dos pais não pode deixar de acontecer pois são componentes essenciais para que escola e família possam caminhar juntas.

ESTRATÉGIAS DA ESCOLA PARA ATRAIR OS PAIS

Na relação família/escola, uma sempre

espera algo da outra. E para que isto de fato ocorra, a escola, como instituição formadora de cidadãos atuantes e de local onde os profissionais da educação trabalham, é preciso que ela seja capaz de construir coletivamente uma relação de diálogo mútuo, onde cada parte envolvida tenha o seu momento de fala, mas também de escrita, onde exista uma efetiva troca de saberes.

Nos momentos de interação entre escola e família é preciso conceber que a capacidade de comunicação exige a compreensão da mensagem que o outro quer transmitir e para tal faz-se necessário o desejo de querer escutar o outro, a atenção às ideias emitidas e a flexibilidade para se receber as ideias que podem ser diferentes, mas complementares.

Muito embora a escola saiba da importância da família, de acordo com os estudos levantados por Paro (1993, p. 68) ainda carecem de encaminhá-la de forma efetiva: “[...] parece haver, uma incapacidade de compreensão por parte dos pais, daquilo que é transmitido na escola; por outro lado, uma falta de habilidade dos professores para promoverem essa comunicação”.

Ainda assim, é admissível compreender também que, apesar de haver muitas oportunidades dos pais estarem presentes no ambiente escolar, bem como a importância de haver esta participação consciente, é possível concordar que, embora seja interesse dos pais saber da vida dos seus filhos, porém a escola não pode deixar de relevar que muitos pais saem de casa muito cedo e só voltam á noitee que dependem daquele emprego; por isso, frequentemente não comparecem quando convocados. Uma saída para esse tipo de problema é oferecer opções de horários dentro do período de funcionamento da escola e que o professor deixe anotações e solicite a colaboração do auxiliar do período para o atendimento ao pai.

Além disto, o desenvolvimento pedagógico com a criança poderá também

influenciar na atração dos pais pela escola, como evidencia Vasconcelos (1989, p. 80):

Uma das melhores formas de se atingir a família é através dos próprios filhos; daí a relevância da escola desenvolver um trabalho participativo, significativo, em que realmente o aluno se envolva e entenda o que está sendo proposto para ele. Desta maneira, o próprio filho terá argumentos para ajudar os pais a compreender, a proposta da escola. (VASCONCELOS, 1989)

Outra situação que merece uma reflexão por parte da escola é a comemoração do dia dos pais e mães pelo fato de haver hoje em dia um grande número de pais separados e de filhos sem saberem quem são seus genitores, entre outros aspectos voltados para estas comemorações, como evidencia Vasconcelos (1989, p. 78): “[...] para comprar um presente, nem todos possuem condições econômicas; e segundo, que muitos dos nossos alunos não sabem quem é o pai, outros, quem é a mãe, pois moram com os avós.” Assim, esta realidade familiar pode acarretar para a criança situações bem delicadas que, conforme o autor cabe a escola refletir, antes de submeter à criança uma comemoração que não faz parte da vida do educando, como destaca o mesmo autor:

A escola não deve se render á tradição e insistir em fazer festas para comemorar essas datas, pois a realidade da criança é outra. O trabalho nesse sentido deve existir, ou seja, deve-se mostrar que existem diferentes tipos de família, que nem esse nem aquele tipo é certo; porém, continuar com uma tradição que não condiz com uma realidade atual é fechar os olhos para as mudanças. (Op. Cit. p.79)

Sendo assim, ao detectar o tipo de família dos alunos, cabe a escola adaptar a sua realidade ao mundo vivido pelos educandos, além de manter sempre o aluno esclarecido sobre as ações a serem tomadas no que condiz às comemorações referentes aos membros da família e, principalmente, das reuniões escolares. Um outro aspecto a ser considerado é a revisão das práticas das reuniões de pais: que sejam mais formativas e menos informativas, que atendam necessidades emergentes dos pais captadas pela escola. Embora seja importante também apresentar a proposta pedagógica para os pais. Nos estudos de Falcão (1986, p. 56) este sugere que em uma primeira reunião a escola:

As leis de ensino que estão em vigor, sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais, o Plano Curricular, que visa ao desenvolvimento dos processos educacionais, a filosofia da escola, a metodologia de ensino adotada e as fases

de desenvolvimento que os alunos estão vivenciando, bem como suas implicações. (FALCÂO, 1986)

Portanto, cabe a escola nos seus momentos de reunião com a família, esclarecer o seu planejamento pedagógico a fim de fazer com que esta possa se integrar e auxiliar no alcance dos objetivos. Além disso, torna-se importante ressaltar para os pais a importância de família e escola serem parceiras no processo de aprendizagem da criança. Nesta perspectiva, cabe a escola fazer com que a participação dos pais nas reuniões resulte num melhor conhecimento das metas escolares, de sua estrutura organizacional e de sua dinâmica, de suas relações com a comunidade.

Mas é importante também que os pais sejam ouvidos, onde suas expectativas, dúvidas, reclamações e sugestões em relação à escola sejam democraticamente conhecidas pelo setor administrativo e pedagógico. Tais ações somente propiciarão um clima de trabalho favorável e participativo entre pais e escola.

Além disto, as reuniões também podem ser momentos de informar os pais sobre o andamento do processo educacional da criança, pois de acordo com Tiba (2002, p.182): “A escola percebe facilidades, dificuldades e outras facetas na criança que em casa não são observadas, muito menos avaliadas”. Assim, a criança que estiver com problemas, sejam eles, comportamentais ou em relação aos conteúdos curriculares, receberá ajuda, tanto da escola quanto dos pais para superá-los.

CONSIDERAÇÕES FINAIS É notório que o envolvimento da

família no processo educacional da criança melhora a imagem da escola e o seu vínculo com a comunidade. Tal envolvimento significa uma educação de sucesso apoiada no binômio escola-família, já que não se aprende só na escola. Nesta, aprende-se a aprender, mas para aprender o indivíduo deverá ser estimulado por um meio ambiente favorável, sendo que é na família que os alunos adquirem os modelos de comportamentos que exteriorizam na sala de aula.

Portanto, pelo fato da escola ser uma instituição formada por “profissionais da educação”, cabe a ela dar o primeiro passo, caso a parceria não esteja acontecendo. Talvez, conhecer o “tipo” de família que ela está lidando, seja o ponto de partida para tal problemática. Conforme este estudo, diferentemente do passado, existem vários núcleos familiares no seio de nossa sociedade

e, cabe a escola conhecer e se inteirar sobre essas mudanças a fim de adaptar suas ações.

Outra característica importante destacado pelos autores foi que além da escola, a família pode exercer um papel importante no incentivo a leitura do educando, já que tal exercício pode acontecer muito antes da criança saber codificar e decodificar os signos. Ao ler “o mundo” através das histórias infantis, a criança pode ir construindo sua identidade e desenvolvendo seu gosto pela leitura; um hábito importante, e que não precisa ser feito somente pela escola.

A importância de a família participar do mundo escolar da criança, apesar dos seus compromissos profissionais, é imprescindível diante da necessidade que ambas têm de se complementarem no processo educacional do aluno. Muitas vezes, de acordo com este artigo, é preciso que a escola propicie a família outros horários e momentos para que este encontro aconteça, afinal, cada família possui suas particularidades que devem ser revistas pela escola.

Diante dos compromissos da escola, ou seja, seus planejamentos voltados para a formação do ser e sua inclusão numa sociedade democrática e cidadã, verificou-se que, cabe a ela proporcionar, além de reuniões interativas, formativas e dinâmicas, momentos democráticos de aproximação e interação com a família para que ambas consigam formar seus filhos e alunos em verdadeiros pensadores, empreendedores, sonhadores, líderes não apenas do mundo em que estamos, mas do mundo que somos. Pois se entende que não basta conseguir que a criança somente “passe de ano”, é preciso que ela consiga se interagir com o mundo na finalidade de alcançar seus objetivos de vida. Para que isto aconteça, compete aos professores estabelecerem com os alunos uma relação afetiva sólida, buscando soluções para seus problemas a fim de conseguirem adquirir uma aprendizagem qualitativa tanto por meio de seus pais como na escola.

Planeta Educação: Família e Escola: Parceiras no Processo Educacional da Criança - 11/06/2010 Texto: Jiane Martins Soares. Licenciatura Plena em Pedagogia com habilitação em docência de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental e Administração Educacional pelo Instituto de Ensino Superior do Amapá - IESAP; Pós- graduação em Psicopedagogia Institucional pela Faculdade Meta de Macapá

REFERÊNCIAS APARECIDA, Rosana; REBELO, Argento. Indisciplina escolar: causas e sujeitos. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. ANTUNES, Celso. A linguagem do afeto: como ensinar virtudes e transmitir valores. Campinas, São Paulo. Papirus, 2005. BRASIL, Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB. Lei Darcy Ribeiro nº 9.394/96. Brasília-1998. BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994. BENVIDES, Maria Victória de Mesquita Soares. A cidadania Ativa. São Paulo: Martins Fontes, 1996. CASTRO, Gilda de. Professor submisso, aluno-cliente: reflexões sobre a docência no Brasil. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. CHALITA, Gabriel. Educação: A solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001. DIAS, Maria Luíza. Vivendo em família. São Paulo: Moderna, 2005. CURY, Augusto Jorge. Pais Brilhantes, professores fascinantes. 9. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. ECA. Estatuto da Criança e do Adolescente Pará. Belém: CEDCA/SETEPS, 2002. FALCÃO, Gérson Marinho. Psicologia da aprendizagem. 3. ed. São Paulo: Ática, 1986. ESTEVE, Júlia Maria. Mudanças sociais e função do docente. In: NÓVOA, Antonio.Profissão Professor. Porto: Ed. Porto, 1995. FEIJÓ, Caio. Preparando os alunos para a vida. São Paulo: Novo século: 2008. GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1993. GOÉS, Lúcia Pimentel. Introdução à literatura infantil e juvenil. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1991. LIBÂNEO, José Carlos et al. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003. LÓPEZ, Jaume Sarramoni. Educação na família e na escola. São Paulo: Loyola, 2002. NOLTE, Dorothy Law; HARRIS, Rachel. As criança aprendem o que vivenciam. 5. ed. Rio de Janeiro: Sextante: 2003. OLIVEIRA, Dalton Rezende. Reengenharia do tempo. Rio de Janeiro: Rocco, 2003. PARO, Vitor Henrique. Administração escolar: introdução crítica. São Paulo: Cortez, 1993. PAROLIN, Isabel Cristina Hierro. Pais e Educadores: quem tem tempo de educar? Porto Alegre: Mediação, 2007.

Tudo que vimos até agora ressalta a importância de refletir o quanto a

educação e os costumes transmitidos pela família, influenciam o

comportamento apresentado pelo indivíduo. Contudo a educação é um

processo bem mais amplo e se dá em outros locais, durante toda a vida do

indivíduo. A escola é o contato com o social fora da família, por isso é

importante que família e escola trabalhem em conjunto.

a) Quais os obstáculos ou limites que podemos encontrar com frequência

nesse relação?

b) Em sua opinião quais as fragilidades que a escola tem apresentado

atualmente?

c) Qual a sua expectativa em relação à formação dos seus filhos/alunos?

d) Para você, o que significa uma “educação de qualidade”?

e) Que ações a família e a escola podem propor juntas para construir uma

educação de qualidade?

f) Ao seu ver quais são os pontos principais de uma relação escola/família

que contribua com você e seu filho?

g) Quais são as suas expectativas quanto às iniciativas que a escola deve

ter para promover a construção dessa relação?

h) Qual o seu papel na formação dos seus filhos que venha promover

mudanças no comportamento e aprendizagem?

APROFUNDANDO A DISCUSSÃO!

UNIDADE 3

3. DA FAMÍLIA IDEAL À FAMÍLIA REAL: UM IMPASSE

A família é tida por estudiosos como o alicerce na formação da personalidade

e do conceito moral da criança, pois é com ela que se aprende valores, crenças e

ideias, os filhos tem plena confiança nos pais. Não fazemos citação aqui somente à

família com ligação de sangue, mas também as famílias formadas através de laços

de afeto. Família é então, neste conceito, um grupo de pessoas que se unem pelo

anseio de estarem juntas, de constituírem algo e de se construírem como seres

competentes, aptos e capazes.

Abrem-se parênteses para sublinhar a encargo da família e do Estado com a

educação das crianças. Essa responsabilidade tem origem em vários dispositivos da

Constituição Federal, Arts. 203, 205, 227, 229, entre outros.

Assim, como o Código Penal estabelece pena de detenção de 15 dias a um

mês ou multa a quem ‘deixar, sem justa causa, de promover a instrução primária de

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (ECA,1990)

filhos em idade escolar’.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, por sua vez, no art. 53, declara que

‘a criança e o adolescente tem direito à escola pública e gratuita próxima de casa’.

E em seu Título I e II, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996),

estabelece:

[...] Título I: Da Educação Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º A educação escolar deverá vincular—se ao mundo do trabalho e à prática social. Título II: Dos princípios e fins da Educação Nacional Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para exercício da cidadania e sua qualificação para o mundo do trabalho.” Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I – Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II – Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III – Pluralidade de ideias e de concepções pedagógicas;

IV – Respeito à liberdade e apreço à tolerância; V – Coexistência de instituições pública e privadas de ensino; VI – Gratuidade de ensino público em estabelecimentos oficiais; VII – Valorização de profissional da educação escolar; VIII – Gestão democrática do ensino público na forma da Lei e da legislação dos estabelecimentos de ensino; IX – Garantia de padrão de qualidade; X – Valorização da experiência extraescolar; XI – Vinculação entre a educação escolar, trabalho e as práticas sociais.[...]

(LDB – Lei 9.394, 20 de Dezembro de 1996)

Logo, ao pensar na família enquanto grupo

não se trata aqui de fazer uma apologia ao modelo

do passado ou do presente, mas de propor a

reflexão quanto aos desdobramentos de sua

conformação e de suas transformações, uma vez

que suas características refletem a sociedade de

seu tempo, o que faz dela, um fenômeno social, de

grupo, de base, onde o sujeito possa encontrar

referência e apoio sem pré-julgamentos ou pré-

conceitos.

Educação é o conjunto de ações, processos, Influências, estruturas que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupo na relação ativa com o ambiente natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais. LIBÂNEO (2000)

A instituição familiar contemporânea deve,

outrossim, operar como unidade inicial, ideal e

primordial na formação do eu social, de modo a

fazer a edificação de caráter e construção do

corpo social. Ação descrita com primos por

Freire: “É necessário que a família assuma

também o seu papel de direito que é o da

formação da personalidade e do caráter do indivíduo que dela é dependente”.

(FREIRE, 2000)

Podemos entender essa função/obrigação, mas o que não podemos aceitar é

a visão do fracasso do aluno/filho ligada a "desestrutura da família contemporânea".

Szymanski (2001) aponta que este fato se deve ao acordo social, baseado em duas

impressões: a ideia de um emprego estável e seguro, ligado à atividade masculina e

ao modelo familiar patriarcal, onde a mulher é vista como dona-de-casa, totalmente

dependente financeiramente e disponível em tempo integral para os cuidados do

lar, do marido e dos filhos.

Partindo dessa ideia temos duas visões de família: a pensada ou idealizada e

a vivida ou real. A “família ideal” pode ser entendida como modelo patriarcal,

monogâmico,com segurança e estabilidade para seus elementos: pai, mãe e filho

(os). Já a “família real”, configura-se por grupos sociais, unidos por sangue ou não, e

por laços afetivos e econômicos.

Portanto, não se pode mais falar de família, mas de “famílias”, para que se possa tentar entender a diversidade de relações que convivem em nossa sociedade. A família é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. (PAROLIN, 2007)

Aliás, é preciso entender com urgência que essa visão da existência de uma

família ideal, é preconceituosa e que aceitar a individualidade de cada uma é o

primeiro passo para uma relação saudável entre a família e a escola. Não importa o

lar a que se pertença, o segredo do sucesso de qualquer grupo familiar se acha no

respeito, no diálogo e no "sentimento de pertença". Esse sentimento pode ser

entendido como elo social, elo humano. Não está restrito só aos filhos, maridos,

avós, primos etc. Ele está na esfera social. Nos valores como: respeito, honestidade,

solidariedade, ética, educação, cultura, humildade, bondade, moral, justiça, etc.

“Uma instituição não substitui uma família, mas com atendimento adequado, pode dar condições para a criança e o adolescente desenvolverem uma vida saudável no futuro”. SZYMANSKI (2001

Ao pensarmos nas relações estabelecidas entre a família e a escola, percebemos nitidamente que um dos elementos que mais influenciam, de forma negativa, nessas relações é a forma como a escola insiste em ver as famílias que não se encontram inscritas nos padrões da família nuclear. Tal comportamento da instituição escolar afasta, certamente, as duas instituições, dificultando o diálogo entre elas. É preciso que a escola considere seus alunos em suas múltiplas dimensões e busque compreendê-los como sujeitos históricos provenientes de diferentes contextos, o que os faz seres heterogêneos. É preciso fugir da falsa ideia de que existe nos indivíduos uma essência, que se apresenta igual em todos eles. Essa ilusão afasta a escola dos seus alunos e a coloca numa posição de severa juíza daqueles que não estão enquadrados em seu imaginário, como oriundos de famílias bem estruturadas. (CRUZ, 2007)

O desenvolvimento escolar pode ser sim influenciado de forma efetiva se

abordarmos os aspectos pedagógicos da família, como a formação de um ambiente

familiar estável e afetivo, interesse genuíno pelos seus membros e permitindo que

sentiram-se valorizados, proporcionando momentos de diálogo onde seja possível

opinar, trocar experiências, influir e ter mais espaço dentro do próprio universo

familiar.

[...] tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa mesma instituição. A escola tem sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto ela necessita da família para concretizar o seu projeto educativo. (PAROLIN, 2003, p. 99)

Patto (1990), explica ser imperioso sensibilizar os pais para participarem da

vida escolar dos seus filhos, pois com esse envolvimento a escola se torna um

apêndice do lar.

Cabe dizer ainda que se a família tiver

dificuldades em representar por exemplos e

atitudes seu papel de formação do caráter, a

escola como extensão do ambiente familiar deve,

diante disto, suprir tal carência.

A criança criada num ambiente de

cordialidade, com responsáveis e educadores que

demonstrem firmeza, segurança, confiança,

incentivo e respeito, incorpora em si os mesmos

conceitos, tem alicerçado seu caráter, e reflete os

mesmos princípios em sua na conduta.

Ajudar a criança a construir um bom caráter é a mesma coisa que ajudá-la a desenvolver sua consciência do erro e do acerto. Caráter e consciência expressam a visão que ela possui de si mesma e aproxima-se muito do sentimento de autoestima. É por essa razão que a educação do caráter é importante. (ANTUNES, 2005)

3.1 TEXTO COMPLEMENTAR

O VERDADEIRO SENTIDO DA FAMÍLIA

Temos muito a aprender sobre família, viu gente? A grande maioria pensa que ela se resume a laços consanguíneos quando isso é o que menos importa. Outros acreditam que, por pertencerem a um grupo familiar, todos os seus componentes devem ter os mesmos valores e seguir os mesmos caminhos. Nada a ver. Obviamente que é possível estabelecer a afinidade entre seus membros, mas ninguém é igual a ninguém dentro da mesma família. É preciso, acima de tudo, aceitar as diferenças existentes entre todos.

Mas o que é exatamente isso? Simples. Aceitar diferenças é ter compreensão, abertura e diálogo. Geralmente, quando não aceitamos alguma coisa, queremos pura e simplesmente impor um modelo. Ou seja, é preciso agir assim, lidar com o dinheiro desse jeito, fazer aquilo outro da outra maneira etc. Como muitos pais que estabelecem um modelo rígido de educação. Resultado: é um tal de filho mentir pra pai e mãe… Na frente dos pais, eles são uma coisa. E, por trás, mudam completamente.

É impressionante como é comum as pessoas não aceitarem as diferenças. A gente se fecha tanto em nossas vidas, nos próprios valores e verdades que não toleramos sequer uma ideia oposta à nossa, sem julgar. Tente, portanto, seguir essa linha de raciocínio: “A

cabeça daquela pessoa é assim, a vida dela é essa, ela está bem assim, pode me contar tudo que eu não me choco nem critico. Não sou juiz, sou amiga.” Uma conduta dessas dá contato. Se, por outro lado, você condena o outro, ele acaba se afastando. Isso é óbvio! E não só na família, como em qualquer relacionamento. E não adianta vir a mãe com aquelas frases: “Te amo, quero o teu bem, portanto, faça isso ou aquilo.”

Reflita comigo: será que esse bem é realmente o bem do filho?

Vamos lá, pessoal, aposte na flexibilidade. Sem ela, os laços se rompem. Com ela, os laços se ampliam. Ou aceitamos as diferenças e aprendemos a conviver com elas… Ou não convivemos com ninguém. Pare de brigar com a realidade. Você sofre, se desgasta, principalmente quando não pode controlar a realidade. Por consequência, a raiva, a preocupação e o nervoso entram em cena. Deixe de querer mudar o outro. Isso é um verdadeiro desrespeito. O importante é ter paz e equilíbrio. Dois filhos podem ser super amigos. Outros podem se dar bem só com amigos de fora. As relações dentro da família vão se estabelecer como podem, não como “devem”.

Ajudar a criança a construir um bom caráter é a mesma coisa que ajudá-la a desenvolver sua consciência do erro e do acerto. Caráter e consciência expressam a visão que ela possui de si mesma e aproxima-se muito do sentimento de autoestima. É por essa razão que a educação do caráter é importante. (ANTUNES, 2005)

Aliás, não existe família ideal, e sim família real. Aceitar a individualidade de cada um é a base do elo.

Não importa em que lar tenhamos nascido, mas sim se podemos ser o que queremos. Essa liberdade é tudo. Sentimento de família é elo social, elo humano. Não está restrito só aos filhos, maridos, avós, primos etc. Ele está na esfera social.

E, quando você realmente souber aceitar as diferenças, os valores e as vontades alheias, no mínimo, conquistará uma atitude mais fraternal de todos aqueles ao seu redor. Como aquela pessoa que, sem fazer nada, todo mundo vai lá enchê-la de beijos, abraços

e carinhos. O segredo desse carisma? Abertura. Pratique-a dentro da sua família! Pratique-a em todo lugar.

M de Mulher. Revista Digital. O verdadeiro sentido de família. 15/10/2008 Texto: Luis Gaspareto. Autor de 26 livros sobre desenvolvimento emocional, é colunista na revista AnaMaria e mantém o espaço Vida e Consciência, em São Paulo.

3 . 2 E D U C A R P A R A T R A N S F O R M A R

A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. A frase é de um dos maiores pensadores da pedagogia do Brasil e do mundo, Paulo Freire, falecido em 1997. Com sua saga para levar o ensino e a consciência crítica aos mais necessitados, ele serve de inspiração para uma geração de professores. Um de seus discípulos é o filósofo, autor de livros como a “A Escola e o Conhecimento” e “Não nascemos prontos”, mestre e doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde é professor titular do Programa de Pós-Graduação em Educação (Currículo), Mario Sergio Cortella, de quem Freire foi orientador no mestrado.

Assim como Freire, Cortella enxerga na educação muitas saídas para problemas da sociedade. Porém, critica o fato de inúmeras famílias transferirem sua responsabilidade para as instituições escolares. Ele fala ainda da questão escola pública versus particular e como a educação está vinculada à ética, mídia, religião e tecnologia. Leia, a seguir, a entrevista com o filósofo.

Conhecimento Prático Filosofia – Há muito tempo, a escola deixou de lado sua função primeira de educar para assumir também o papel social. Dentro do contexto filosófico, qual o peso de cada instituição nessa formação?

Mario Sergio Cortella - Outro dia, um pai de aluno me perguntou: “qual o senhor acha que deve ser o papel da família para

colaborar com a educação dos nossos filhos na escola?”. Eu disse a ele, com todo o respeito, que havia um equívoco na formulação da questão, porque não cabe à família colaborar com a escola na educação, mas exatamente o contrário, é a escola que colabora, a família é responsável. A escola assumiu muitas tarefas nos últimos 20 anos, especialmente a escola pública, porque ela é parte da rede de proteção social e, por isso, desempenha tarefas do Estado, entre elas a proteção à vida, segurança e liberdade dos indivíduos. Por isso, cabe sim à escola oferecer educação para o trânsito, ecológica, sexual e até alimentar. Mas não cabe ao Estado, via escola pública, substituir a responsabilidade que a família tem, a menos que ela esteja em situação de descuido total. Cabe à instituição promover a autonomia, a solidariedade e a formação crítica, mas a responsabilidade principal continua sendo da família e ela não pode se eximir disso.

CP Filosofia - Você defende que a escola pública traz mais benefícios aos indivíduos, já que, nas instituições particulares, há uma grande inclinação ao capitalismo e à concorrência. Mas todos nós sabemos que, na escola pública, as crianças ficam abandonadas à própria sorte...

MSC - Depende da escola. Uma parcela das escolas privadas tem um nível mercantil, no sentido puro e simples, outras, não. O foco não deve ser escola pública versus escola particular, mas sim escola boa versus escola ruim. Nós temos escolas

públicas de nível bastante elevado e outras, precário. A mesma coisa vale para a escola privada. Porém, existe uma lista imensa das particulares que são facilmente ultrapassadas pelas públicas de nível mediano. Então, não podemos cair nessa armadilha. Vale lembrar que a escola privada no Brasil só representa 13% do total. Quando estamos falando em educação escolar no Brasil estamos nos referindo aos 87% da rede pública. Por isso, é necessário que os governantes tenham um compromisso real com a educação, com a realização de avaliações e exames periódicos, de maneira que o País possa dar os passos para a saída da indigência. Apesar de, muitas vezes, o compromisso que vários dizem ter com a educação ser meramente conveniente e eleitoral, nos últimos 15 anos, seja na gestão do Fernando Henrique Cardoso ou do Lula, demos início a esse processo. Fazer isso com eficiência, entretanto, exige parcerias com o mundo da sociedade privada, compromisso dos empresários, além da atenção de pais e mães como cidadãos. O que agrava a situação é a omissão de qualquer tipo.

CP Filosofia - Por mais que a família e a escola sejam atuantes na formação do indivíduo, não podemos renegar a relevância da mídia como fator de influência na vida das pessoas. E muitas vezes, por sinal, ela orienta de forma errada. Em sua opinião, qual a solução para esse dilema?

MSC - A mídia de natureza privada é majoritária no Brasil, mas, se nos referirmos aos meios de comunicação, ela é uma concessão do Estado. Por isso, cabe a ele, dentro dos níveis da democracia, fazer não a censura, mas exigir que sejam cumpridos os elementos indicados nessa concessão pública. Por outro lado, os meios de comunicação se sustentam à base de publicidade. Isso significa que há um papel forte dos proprietários da mídia para que ela caminhe em direção da ética e da decência e auxilie na elevação das condições de vida e de consciência de uma nação. Contudo, é necessário que o cidadão, se detectar em determinado tipo de mídia um encaminhamento negativo de valores, uma deformação dos conteúdos éticos, um consumismo e materialismo devastadores, boicote não só o veículo como os produtos que o financiam. Eu, por exemplo, não compro qualquer marca de cerveja que utilize sexismos em suas mensagens. Além de não comprar, divulgo a minha posição. Mas não basta que eu me recuse isoladamente, é preciso que eu junte mais gente nessa mesma lógica. Esta também é uma maneira de educar

a mídia para que ela caminhe em uma direção de decência.

CP Filosofia – Além da falta de ética verificada na mídia, tal característica pode ser encontrada em muitos outros setores, principalmente na política, como temos visto nos últimos anos, ou até mesmo em pequenos gestos familiares, com pais que ensinam determinado conceito, mas não dão o exemplo. Como ensinar o que é ética no mundo-cão que vivemos hoje?

MSC - A primeira coisa é recusar o "mundo cão". Recusar não significa não estar nele, mas recusar os valores que ele coloca. A família é essencial nessa postura e, de forma sequencial, a escola, a mídia e a igreja. Essas quatro instituições sociais têm uma presença enorme na vida das pessoas e também a tarefa de formação de valores que não se subordinem à ética da patifaria e da malandragem. Por outro lado, ética não é uma questão de princípios falados, e sim de natureza exemplar. É necessário lembrar que não é o outro que deve dizer o que eu devo fazer e sim as minhas convicções. O fato de todos fazerem algo errado, não me obriga a fazê-lo, mas me coloca a escolha de fazê-lo. Não se deve confundir ética com cosmética. Ética não pode ser uma coisa de fachada, seja na família, mídia ou escola. Nós temos partes podres na nossa vida social, mas elas ainda são minoritárias, mesmo tendo um grande impacto. Há milhares e milhares de homens e mulheres que são decentes e não podem ser reféns daqueles que não o são.

CP Filosofia – Está clara a proximidade entre a frágil educação e a criação de pessoas alienadas e submissas. Você acredita que este quadro vai mudar um dia? Qual a solução para uma sociedade na qual os alunos espancam professores? Em sua opinião, quais os fatores que desencadearam tal situação de desrespeito e insubordinação?

MSC – Não existe uma única causa e nem um único sujeito. Eles são múltiplos. Há a responsabilidade da família quando ela implanta a aceitação da violência nas relações, principalmente quando as crianças e jovens veem que a maneira de resolver conflitos dentro de casa é por meio da violência. Maus exemplos no dia a dia vão formando personalidades que supõem que a saída para a violência seja mais violência. Eu enxergo um cenário que precisará ser positivo. São necessárias ações cotidianas para que

essas pontes para o futuro sejam criadas. A escola, por exemplo, não cria violência sozinha, apenas reproduz a violência dentro dela. Mas também pode ser um meio de diminuí-la se atuar com conteúdos que ofereçam sentidos à vida dos alunos. Só há uma solução para o problema: o enfrentamento da situação por intermédio de um mutirão de responsabilidade, que deve envolver a família, a escola, a igreja e a justiça. Muitos se omitiram, são complacentes e deixaram os professores reféns nas escolas sem se preocupar, sem participar das reuniões, sem olhar o que seus filhos estão fazendo e o resultado é esse. Algumas coisas na vida é melhor começar cedo antes que seja tarde.

CP Filosofia - Ainda em relação à educação, muitas vezes as crianças não sabem mensurar questões sobre minorias como pobres, negros, índios, entre outros, e acabam sendo agressivas. Como o ensino da filosofia, dentro da questão ética, pode ajudá-las em uma mudança de comportamento?

MSC - Se o ensino da filosofia trabalhar com a noção/ideia de pluralidade cultural, diversidade de vida e multiplicidade étnica, fará com que haja a compreensão do respeito à diversidade. Do outro lado, é preciso lembrar que essas minorias nas quais nos referimos são de poder e não numéricas. Pobres, negros, mulheres, homossexuais, entre outros, precisam ser tratados, no campo da ética e do ensino da filosofia, dentro do conceito que eu chamo de antropodiversidade. Lidamos muito com o conceito de biodiversidade, mas também é preciso introduzir a ideia de diversidade humana. Nessa direção, o ensino da filosofia não tem a exclusiva tarefa de fazer essa conversão, mas tem a força de oferecer fundamentos para que se pense, no campo da história humana e da reflexão filosófica, o lugar da diversidade.

CP Filosofia - A má educação das crianças muitas vezes leva ao quadro que todos nós estamos acostumados a ver, com a população carcerária crescendo a cada dia. Como você vê esse assunto?

MSC – João Guimarães Rosa já dizia que o sapo não pula por boniteza e sim por precisão. Não é que um dia talvez a gente consiga fazer isso, a gente tem que fazer. Atualmente, o Ministério Público e os Conselhos Municipais e Estaduais da Criança e do Adolescente, em parceria com o Estado, trabalham com ações nessa direção. O fato de

haver uma população carcerária extensa não é um sinal de fim dos problemas. Haja vista que o país que tem a maior população carcerária do mundo são os Estados Unidos e ainda sim é uma sociedade na qual a temática da violência, do menor infrator e do consumo de droga não foi eliminada. Não é apenas o enclausuramento de parte da população que resolve isso, mas sim uma melhor distribuição de renda, boas políticas habitacionais, a capacidade de oferecer uma boa educação escolar, ofertas mais dignas de trabalho, é isso que conseguirá dar conta dessa questão. O adolescente infrator não nasceu assim e não é infrator por um gosto. A infração tem explicações. O que não se tem é uma justificativa. Eu não vou justificar o latrocínio cometido por um menino de 16 anos dizendo que ele veio de uma família pobre. Isso não justifica, mas ajuda a explicar. A pobreza não torna justa a violência, mas torna clara partes das razões para isso. É importante frisar que a infração não é exclusiva do mundo da pobreza. Há um índice elevado de pessoas com condições econômicas favoráveis que também praticam a infração e a agressividade. O adolescente infrator será sempre resultado de uma sociedade que descuida das suas crianças e jovens. É preciso terminar esse ciclo de vitimação: a sociedade abandona, cria uma vítima que é a criança, e essa mesma criança cria outras vítimas quando começa a furtar, roubar, violentar, assassinar. É preciso, mais uma vez, recusar, se juntar, enfrentar e quebrar o vício de supor que isso é normal.

CP Filosofia - E em relação à tecnologia? Como você enxerga o uso dessa ferramenta desde cedo por todas as crianças, influenciando de forma direta na educação?

MSC - As ferramentas e tecnologias são extensões da capacidade do nosso corpo. O computador permite que eu faça coisas que um ser humano até faria, mas que talvez demorasse milhões de anos. Isso significa que ela em si não exige que nenhum critério ético seja pensado, ela não é boa ou má por si mesma. Assim como uma faca pode servir para cortar um pedaço de queijo e repartir com você como para feri-la ou ameaçá-la. O problema não está na faca, mas na intenção daquele que a usa. A tecnologia, por ser uma ferramenta, está conectada à filosofia em toda a história. O livro foi e ainda é a grande tecnologia de uso da filosofia. Hoje, os computadores, os leitores de texto e a utilização de tecnologia digital para a mídia servirão para o bem se a intenção for para o bem. Ela muda modos de pensar e de fazer,

mas, enquanto a gente não tiver a independência das máquinas, enquanto as máquinas não forem livres de humanos, nós continuaremos sendo os responsáveis. As crianças não usam a tecnologia desde pequenas, elas vivem com a tecnologia tal qual eu cresci entre livros, são nativas digitais. Do ponto de vista da filosofia, não há o errado nem certo. Isso dependerá da intenção de quem produz, usa e dissemina a tecnologia.

CP Filosofia - Como você encara a questão da cota para negros? A medida não ajuda ainda mais a disseminar, mesmo que de forma velada, a questão do preconceito?

MSC - Eu sou absolutamente favorável à cota para afrodescendentes como medida emergencial e urgente, mas ela tem que ser provisória, até que se consiga dar uma equanimidade às oportunidades em um país que apenas há 121 anos fez a abolição formal da escravatura e que até hoje entende o negro como um serviçal, com ocupações de natureza inferior. Desse ponto de vista, a cota para afrodescendentes é mais ou menos como uma UTI em um hospital. Ninguém, em nome da igualdade, diz que se deve extinguir as UTIs nos hospitais. Ela existe para quem está em situação mais precária e a precariedade maior no Brasil é para os pobres e quase a totalidade da população pobre é negra. É preciso lidar com os fatos. Quanto às cotas poderem gerar preconceito, quem já é preconceituoso, não deixará de sê-lo ou passará a sê-lo se não o for. Aliás, as pesquisas mostraram que, aqueles que são cotistas, tiveram um desempenho acadêmico nas universidades superior ao dos não cotistas nos últimos cinco anos. Quais são os contras das cotas? Se elas se tornarem uma política permanente, porque, neste caso, ela deixa de ser uma atenção especial para se tornar um privilégio. No momento, ela funcionará como uma UTI, não porque afrodescendentes sejam inferiores, mas porque sendo tratados como inferiores, precisam ser elevados. Como disse um dia Martin Luther King , assassinado em 1968, nessa corrida, os negros partiram com 300 anos de atraso. É preciso fazer políticas de compensação para esse atraso histórico.

CP Filosofia - E se o Brasil deixasse de ser um Estado laico para ter uma religião

obrigatória? Você acredita que muitas situações como, por exemplo, o aborto, ocorreriam em menor escala? Como você acha que essa discussão deveria ser guiada no Brasil?

MSC - O Brasil é um país laico desde 1889. A possibilidade de deixar de ser é remota. Não é impossível, porque na história nada é impossível. O número de países que não são laicos no planeta não é tão grande. Se nós observarmos Estados não laicos, nós temos o Irã que indica a presença da religião com maior força, alguns países no mundo islâmico, parte do Estado de Israel, então não há quase essa presença de religiões obrigatórias no mundo. Sobre a questão do acordo, há muitas religiões que não o recusam, portanto, se nós dependermos da hipótese de ter uma religião obrigatória, a condenação ou não dependeria da religião obrigatória. Se for a católica, o aborto continuaria sendo negado. Se for alguma religião cristã de outra natureza, há várias delas que não são contrárias ao aborto. Se for a religião judaica, dependerá do grupo de judeus: os ortodoxos não aceitam o aborto, outros aceitam. Portanto, dependerá sempre da perspectiva religiosa. Agora, o debate sobre o aborto no Brasil não é embasado apenas na questão religiosa. Você tem várias pessoas que não têm nenhum tipo de fé religiosa e que dizem ser contrárias ao aborto por supor que, desde o início, já se tem uma vida que não pode ser tirada. Você não necessariamente vincula a religião a isso. A noção de bioética não é necessariamente religiosa. É que no Brasil, os grupos de oposição a algumas questões ligadas ao controle de natalidade, ao aborto livre, à utilização de preservativo, à pesquisa com células-tronco, têm uma força maior ligada à religião, inclusive porque são poucas as pessoas que não têm um sentimento religioso. Nesse ponto de vista, um Estado laico em si não impede que uma religião tenha presença.

Fonte: UOL

Revista Filosofia. Conhecimento Prático. Educar para transformar. 26/08/2009.

Texto: Sheyla Pereira.

Somente quando obtivermos a visão da família real, estaremos

aptos para trabalharmos nela, amando-a, respeitando-a, apesar de suas falhas e erros. Devemos aprender que ninguém é perfeito, que não há lares perfeitos, nem famílias perfeitas. Mas há sim, pessoas em busca da perfeição, que procuram se aperfeiçoar a cada dia, mas lembre-se: a mudança começa em você e não no outro!

1. Que pontos em comum eu encontro entre a família que tenho e a que gostaria de ter?

2. O que há de semelhante entre a família que tenho e as dos

demais componentes do subgrupo?

3. O que há de semelhante entre a família que eu e meus companheiros gostaríamos de ter?

4. O que é possível fazer para aproximar a família real da família

ideal?

5. O que deve fazer uma família que resolve aprender a dividir as responsabilidades entre seus membros?

6. Seu amigo quer que seus filhos aprendam a ser cumpridores da

parte que lhes corresponde. Que conselho você daria?

APROFUNDANDO A

DISCUSSÃO!

UNIDADE 4

4. LIMITES: O DESAFIO DE UMA EDUCAÇÃO PARA A AUTONOMIA

A primeira pergunta nessa temática é se ela é um compromisso da família ou

da escola. O ensinamento de limites e disciplina não é tarefa corriqueira, mas é um

tema recorrente, sendo bastante discutido entre pais, responsáveis e educadores.

A palavra disciplina deriva do latim “discipulus”, aquele que aprende, do verbo “discere” aprender. Assim, por oferecer dois sentidos, um que é o de conhecimento estudado e ministrado em ambiente de formação escolar e outro que diz respeito à disposição dos indivíduos em seguir os ensinamentos e as regras de comportamento, fica claro que ambos têm a mesma intenção que é a de instruir, formar e educar. (MOURA, SANTOS E LEÃO)

Educar é um processo demorado e seu resultado delongada tempo e

paciência. A criança precisa de pais coerentes e conscientes no que diz respeito a

educação. E tal intervenção deve aprender desde cedo a receber limites. Mas é

imperativo que os pais estejam de acordo, que um não desautorize os limites do

outro.

A ideia da sociedade contemporânea é considerar os valores transmitidos

pela sociedade ultrapassados. Em face disso, os pais, crianças e adolescentes

criam resistência em respeitar e aplicar os limites que asseguram a boa educação e

uma convivência saudável e harmônica com a social.

Se a disciplina é de responsabilidade da família, não podemos por outro lado

isentar nem a escola e nem a sociedade.

A primeira expressão da natureza social do homem, é construída na família, ela representa um porto seguro, o lócus da afetividade, o local onde as relações devem ser baseadas em códigos de afeto e verdade. (CUNHA, GUIMARÃES & MOURÃO, 2008)

As regras devem ser claras e imparciais,

respeitando as características próprias de cada

idade e de cada indivíduo. Sendo colocadas

desta forma será prontamente entendida e

avaliada, tanto por quem têm a função de

estabelecer, como pelos que devem atende-las.

Encontrar o equilíbrio entre a ordem imposta ou

livremente consentida; entre a submissão a um

regulamento e a aceitação e entendimento da

disciplina é um procedimento que dependerá da

maneira como as normas são aplicadas e

empregadas. Os pais também devem aceder e

anuir as regras exigidas pela escola. Podemos

afirmar que toda criança não terá argumentos

para contestar quando aplicadas de acordo com

estes princípios e vindas em primeiro lugar de

seus pais e posteriormente de seus professores.

É conveniente lembrar que para a aplicação de limite é essencial a

organização da rotina na formação da criança.

Segundo Lôbo (2004) “os limites são de importância fundamental na

educação, porque eles influem diretamente no desenvolvimento da personalidade,

estabelecendo o comportamento das crianças e facilitando sua socialização”. É

importante ter consciência que o limite situa, dá consciência da posição ocupada

pela criança dentro de um espaço seja ele da família, da escola ou da sociedade

como um todo e prepara o indivíduo para os obstáculos que permeiam a vida.

Tanto o limite como a falta dele são astros das relações humanas e

consequentemente fazem-se presentes nas instituições familiar, escolar e social.

A criança tem como característica ser hedonista e egocêntrica, não possui

noção de valores, do certo ou errado. É esperado que os pais se encarreguem de ir

mostrando a criança em formação as normas sociais, e suas sanções.

Como a moralidade não é inata, mas construída a partir das interações sociais, este processo se inicia bem cedo, praticamente desde o nascimento, quando já se verifica a presença de três sentimentos básicos que, entrelaçados, constituirão as bases da moralidade: o amor, que se inicia com uma necessidade de afeição que irá se desenvolver até a adolescência; o medo, que ocorre em relação `s pessoas mais fortes,

[...] É do ambiente familiar que os alunos refletem seus comportamentos em sala de aula. É fundamental a participação da família na educação de seus filhos. É do convívio familiar que a criança leva para a escola valores que recebem da família e da sociedade que pertencem. A escola e a família estão diretamente ligadas ao processo de formação do indivíduo. Cabe a cada uma cumprir bem o seu papel. E as duas, juntas, poderão amenizar situações contrárias que surgem nesse processo. Não adianta uma culpar a outra por determinadas situações como a indisciplina. (CRUZ, 2007)

maiores e estranhas; o respeito, que seria um misto de amor e medo que a criança experimentará nas relações com as pessoas maiores e mais velhas. (CUNHA, GUIMARÃES & MOURÃO, 2008)

É trabalho dos pais estabelecer os limites, incentivando as atitudes positivas

e ir censurando as negativas. Se há falta dessa correção por parte da família, e não

se encontre quem assuma esse papel, a criança começa a apresentar dificuldades

em aceitar limites. Ao sermos condescendentes na imposição da vontade da

criança, a transmissão de conceitos como: gentileza, solidariedade e respeito

passam a ser inibidas, e passamos a gerar indivíduos insatisfeitos, com dificuldades

de se ajustar e com bloqueios na área interpessoal.

Com a limitação de regras, a criança adquire hábitos saudáveis, através dos

quais irá se preparar para a conquista da autonomia, governando suas tarefas,

atividades e responsabilidades. Isso constitui o que chamamos disciplina!

Ainda em Cunha, Guimarães & Mourão, temos a confirmação de tal sentença:

A introjeção de regras e valores morais são fatores imprescindíveis para a conquista do respeito por si mesmo e pelo outro por conferir ao indivíduo autoestima e autonomia, além do sentimento de legitimidade e pertencimento que possibilitam uma convivência social e familiar saudável. A conquista da autonomia e a saúde da família dependem dos padrões de interação dos pais com os filhos em diversas situações e das práticas educativas utilizadas. (CUNHA; GUIMARÃES; MOURÃO. 2008)

O ambiente escolar é fator responsável pela aprendizagem, cabe a escola

apresentar aos pais a cerne do trabalho pedagógico e cabe aos pais o

questionamento sobre a linha trilhada. Somente

a partir desse trabalho em conjunto os limites

serão claros e o da indisciplina começará a ser

resolvido.

Família, escola e sociedade devem andar

em harmonia, a favor de uma educação de

qualidade, em que todos possam exercer sua

cidadania e autonomia. Aliado a isso, criar e

educar uma criança dentro dos limites da moral e

da ética, é criar um ser capaz de se integrar nos

meios sociais de forma bem sucedida e

independente.

Sem autoridade não se faz educação; o aluno precisa dela, seja para se orientar, seja para poder opor-se (o conflito com a autoridade é normal, especialmente no adolescente), no processo de constituição de sua personalidade. O que se critica é o autoritarismo, que é a negação da verdadeira autoridade, pois se baseia na coisificação, na domesticação do outro. (VASCONCELLOS, 1989)

4.1 TEXTO COMPLEMENTAR

SETE ERROS DOS PAIS NA HORA DE IMPOR LIMITES

Os equívocos mais comuns dos

adultos quando as crianças precisam ouvir um “não” – e as dicas para evitá-los com conselhos de especialistas para impor limites em crianças.

Para os pais não acharem que estão em um beco sem saída, listamos alguns dos erros mais comuns cometidos nestas horas. Saiba quais são e como evitá-los.

1) Não faça ameaças se não for cumpri-las Antes de dizer que o filho desobediente ficará sem sorvete até o ano que vem, os pais precisam pensar – de verdade – se poderão cumprir a promessa. Ameaçar e não cumprir, gera filhos que perdem o respeito pelos pais. Se ele não se comportou direito, melhor vetar aquela festinha do amigo que está próxima – e cumprir – do que proibir que ele jogue videogame para sempre. Dica: Transforme ameaças em avisos, passando a mensagem sem violência.

2) Não ceda Não vale ser indulgente com a indisciplina do filho porque você trabalha fora e se sente culpada, nem por achar que ele deixará de amá-la – medos bem comuns. Se uma posição foi determinada, não volte atrás. A postura é essencial para as crianças não serem tão resistentes com os limites impostos. Dica: Leve em consideração se o seu filho está passando por um momento difícil – como a perda de um animal de estimação. 3) Evite recompensas O comportamento adequado não é uma moeda de troca. Os pais não devem prometer um brinquedo novo para o filho se comportar em um restaurante. “Dessa forma ele acreditará que tudo na vida se resolve negociando”, afirma a psicóloga e pedagoga Regina Mara Conrado. Dica: Não coloque a recompensa como um prêmio, mas saiba reconhecer a boa conduta

[...] A mudança não vai ocorrer de uma vez; porém, é um processo, que se dá por aproximações sucessivas: valorizar os passos pequenos, porém concretos e coletivos na nova direção. Quanto mais participativo for este processo, maiores serão as possibilidades de dar certo. É preciso partir da realidade concreta que temos; não adianta ficar reclamando ou sonhando com outra. É esta a realidade, é este o ponto de partida para a transformação. (VASCONCELLOS, 1989)

da criança com palavras. Presentes não são proibidos, mas o psicólogo e terapeuta familiar João David Cavallazzi Mendonça sugere dá-los só às vezes. 4) Não dê ordens dúbias para a criança Para o psicoterapeuta e educador Leo Fraiman , os pais que não decidem juntos os padrões da educação do filho cometem um grande erro. Se a mãe diz que o filho não deve ir dormir mais tarde em dia de jogo do time preferido e o pai acaba deixando, a criança não irá entender o que deve fazer. Dica: Os pais devem decidir as regras a dois – e cumpri-las. 5) Não se prolongue demais nas explicações De acordo com Regina Mara Conrado, é importante pontuar o porquê dos limites, mas não é necessário contar uma novela enquanto a criança reluta. “Se os pais se estendem na justificativa, acabam se

perdendo e cedem à insistência da criança”. Dica: Seja claro e objetivo sobre por que a criança ouviu um “não”, mas adapte a explicação à capacidade de compreender dela. 6) Não insista se não tiver razão Existem coisas que não se obriga. Se seu filho não gosta das aulas de judô, não há razões para insistir. Dora Lorch recomenda aos pais perceber quando a criança precisa de acolhimento em vez de imposição. Ela pode estar sendo intransigente por estar sofrendo bullying na escola, por exemplo. Dica: Esteja próximo a seu filho para saber diferenciar indisciplina de apreensão. Revista Digital Visão Regional. Sete erros dos pais na hora de impor limites. iG. São Paulo. 26/08/2009. Texto: Renata Losso

4.2 LIMITES SÃO FUNDAMENTAIS - UMA QUESTÃO DE RELACIONAMENTO

Certamente este tema dos limites tem tirado o sono de muitos pais e educadores. Talvez a gente não se dê conta de que este tema também interessa muito aos adolescentes e jovens, no processo de construção da sua identidade.

Nesta entrevista Isabel Parolin, aborda os limites como um tema imbricado na dinâmica da vida, na dinâmica das relações que temos uns com os outros.

Mundo Jovem: Desde a infância são

necessários limites? Isabel Parolin: Na verdade, os limites

são construídos na relação e são fundamentais para que a criança perceba qual é o seu lugar no mundo. A criança precisa ter clareza de quais são os limites que ela precisa vencer para se desenvolver e quais os limites

que ela precisa obedecer para

igualmente se desenvolver. E as crianças, por si só, não têm esta

percepção: é a família, são os adultos que habitam o mundo da criança que dão. Então, os limites são fundamentais para que a criança possa perceber quem ela é e qual é o lugar dela no mundo. Ela não é o centro do universo. O mundo não existe somente para satisfazê-la e que as pessoas não existem somente para lhe dar prazer

.Mas ela tem que aprender a se relacionar. Para a Psicologia limite é a fronteira relacional, é uma fronteira que estabelece a qualidade das relações que esta pessoa vai ter e a partir da qualidade das relações que ela vai estabelecer. Ela vai se construir como sujeito e, para a Psicopedagogia, como sujeito aprendiz.

Mundo Jovem: Os limites não atrapalham a sede de liberdade dos jovens?

Isabel Parolin: Atrapalham, mas são

fundamentais. Assim como os limites atrapalham também a nossa sede de consumo, por exemplo. Nós não podemos ter medo de provocar uma frustração: “Você não pode. Seria legal sair voando pela janela, mas você não pode voar, não voa e saia da janela.

E você precisa obedecer, porque sou o adulto que está cuidando de você neste momento”. Eu acho que nesse momento é importante o jovem ter uma história de ter tido limites anteriormente, para ele entender que, apesar de não querer, não gostar, de isso não lhe dar prazer, ele vai ter que obedecer.

Mundo Jovem: Como administrar ou

resolver conflitos entre adolescentes e adultos, quando o adulto quer impor limites?

Isabel Parolin: A gente precisa

acolher a emoção. Você não quer, não gosta, é chato fazer uma coisa que a gente não gosta. O adulto faz muitas coisas que não gosta, mas tem que fazer. Agora, eu preciso dar limites para a ação dessa pessoa. Eu reconheço a sua emoção, eu legitimo a sua emoção, no entanto, a sua ação necessita do limite e eu vou dar, porque eu sou adulto, tenho autoridade e esse é o meu papel social.

O que está ocorrendo é que o adulto não tem limite. Ele não sabe qual é o lugar dele, qual é a função social dele e qual é o limite; até onde vai o que ele pode e o que ele não pode fazer. E muitas vezes o adulto não se autoriza a dar esse fundamento, a dar este “norte” para o jovem. E o jovem fica sem um modelo, sem um código de regras, sem ter um mestre para seguir.

Mundo Jovem: O adulto olha para o

jovem e diz que o mundo está perdido. Não estaria aí uma crise no mundo adulto?

Isabel Parolin: Este é o mundo adulto

que vive frustrações por não mais ser jovem, por ter construído um mundo estressante demais, rígido demais e, principalmente, o adulto que não sabe qual é o seu lugar ou que não gosta do seu lugar, que não assume o seu lugar.

A gente vê hoje adultos tendo comportamento de adolescente e fugindo de suas responsabilidades. O jovem só pode ser jovem se tiver o adulto e a criança como contraponto. Se a nossa sociedade for

irresponsável e adolescente, como diferenciar, como conduzir essa sociedade?

Mundo Jovem: Uma atitude de

equilíbrio na juventude seria saber administrar a emoção e a ação?

Isabel Parolin: Seria o jovem

perceber que tem alguém que cuida dele, que está olhando para ele e que “as bolas fora” que ele der estão sendo vistas. Há um grupo de adultos que validam a existência dele, a permanência dele aqui. E essas pessoas continuam validando, continuam presentes.

Muitos jovens se sentem sem rumo e começam a buscar um limite para ver se acham um limite. Na verdade, o que é essa onda de esportes radicais, essa onda enorme que temos de buscar o seu limite em coisas perigosas, em coisas que são muito tênues entre o suicídio e a ousadia? Ao mesmo tempo nós estamos diante de uma sociedade sem limites.

Eu faço a leitura, como educadora, de um grupo de pessoas que está buscando limites para poder ter terreno para se desenvolver, para saber até onde pode ir, do que é capaz. As pessoas não sabem do que são capazes porque não tiveram um adulto interlocutor que pudesse construí-los. Eles não puderam se construir com esse grupo.

Mundo Jovem: Era diferente no

passado? O que mudou nos dias atuais nesta questão dos limites?

Isabel Parolin: Era diferente no

passado do que é hoje e vai ser diferente amanhã do que é hoje. Porque a juventude tem a necessidade de se diferenciar da geração anterior, para ela poder se caracterizar como juventude. E essa coisa de transgredir faz parte.

Então, essa geração que hoje é criança, vai transgredir de uma outra forma, diferente desta. O que deve permanecer é um código. A sociedade também vai mudando este código, estas regras vão mudando; as regras de convivência. No entanto, existem algumas questões das quais não tem como abrir mão. Há valores, virtudes, de que não se pode e não se deve abrir mão. Por exemplo, a nossa condição de humanidade: eu preciso respeitar o outro.

Eu posso brincar, posso me relacionar com o outro de uma série de formas, mas eu preciso respeitar. Eu não posso sair por aí agredindo, matando o garçon, por exemplo, porque ele não me serviu uma bebida gelada

ou porque pediu para me retirar do restaurante.

Eu não posso sair matando os meus pais porque não quiseram me dar o dinheiro que eu queria. Eu não posso sair metralhando pessoas no cinema porque eu me senti incomodado com elas, agredido por elas. As pessoas têm que entender que nós estamos numa sociedade que pede convivência. Nós compartilhamos espaços, emoções, nossa cultura, nossa ideologia, e nós precisamos aprender a conviver com isto. Isso são os novos tempos. Só que para que o jovem aprenda isso, ele necessita do adulto para auxiliá-lo a pensar.

Mundo Jovem: Existem outros

grupos ou outros espaços que substituam os pais na formação dos limites?

Isabel Parolin: Quando eu falo pais,

estou falando das pessoas que têm a tarefa de cuidar desse jovem, que pode ser a vó, o tio, o padrinho, o marido da mãe, a mulher do pai, os professores, enfim, todos os adultos que estão comprometidos com esse jovem, muito mais hoje do que ontem.

Ontem, se podia dizer que uma criança se desenvolvia no quintal da casa dos seus pais. Hoje a criança passa, muitas horas na escola. Então, não são só os pais que fazem parte da formação das crianças e dos jovens, mas é toda uma sociedade. Todos os adultos que habitam o universo desta criança. Mas, é claro que a família tem o papel primordial. Quem faz o papel de pai e mãe é insubstituível na vida de uma criança.

Mundo Jovem: Existe um momento

da vida que a formação para os limites é mais relevante?

Isabel Parolin: Eu responderia de

uma outra forma. A criança inicialmente precisa mais dos pais, dos limites, do que numa fase mais adulta. Quanto mais ela vai recebendo estas informações, essa forma de pensar, mais ela não vai precisar disso, porque ela vai começar a pensar sozinha.

Quanto mais tarde ela tiver essa orientação, mais intensamente ela vai precisar que o adulto lhe dê os limites. Se o adulto atender a criança desde pequena, se for dando a ela as formas de pensar, base de raciocínio para que ela possa entender o mundo, mais cedo ela vai poder pensar sozinha, menos vai precisar de limites.

Quanto mais o adulto demorar para dar os limites e estas explicações para a criança, mais ela vai precisar, porque mais difícil vai ser ela assimilar esta lógica do outro, da convivência.

Mundo Jovem: Como a escola, a

sociedade, trata e como poderíamos tratar melhor este tema dos limites?

Isabel Parolin: Isto tem sido

atualmente uma preocupação geral, porque nós temos sofrido com este tema. Nós temos tido situações calamitosas que nos reportam a este tema, e no dia-a-dia os pais sofrem muito com esta falta de limites, porque nós vivemos numa sociedade que adoeceu deste tema: falta de limites.

Esta falta de limites está relacionada à identidade, ao objetivo pessoal, ao objetivo de família, a identificação com esse mundo. É uma matéria complexa e as pessoas tendem a tornar isso um mito, uma coisa difícil de ser atingida. Ou consideram alguma coisa que é assim mesmo: “essa criança não tem limites, esta é uma geração sem limite e pronto”.

Ao passo que se a gente começar a olhar para isso, começar a conversar sobre isso, e se interessar mais sobre este assunto, prestar mais atenção no dia-a-dia na qualidade das relações que estabelecemos, as pessoas vão vendo que estes limites vão se estabelecendo naturalmente na relação e vão gerando relações sadias e de qualidade.

Jornal On Line Mundo Jovem. Limites são fundamentais - Uma questão de relacionamentos. ed. 337. Curitiba, junho de 2003. Isabel Parolin - psicóloga e psicopedagoga

As crianças sabem muito bem o que querem, mas ainda não

sabem se podem ou devem. Cabe aos pais essa decisão. Conter a criança é protegê-la!

A criança precisa ser protegida do mundo adulto, do excesso de atividades, de estímulos que apelam para o erotismo e o consumismo, de informações detalhadas sobre crimes, guerras, corrupção e até de si mesma. Por ainda não ter desenvolvido seu autocontrole, precisa contar com os pais/educadores para ser contida em alguns de seus impulsos.

a) Em sua opinião qual a(s) dificuldades que os pais encontram hoje quando é hora de impor limites?

b) Por que você acha que a chegada à adolescência podem gerar uma tensão (ou crise) familiar?

c) Se você tivesse um casal amigo que está planejando ter filhos,

e pudesse dar apenas um conselho, qual seria?

d) Em sua opinião, o que é mais importante para uma boa formação emocional dos filhos: palavras ou atitudes por parte dos pais?

e) O que deve fazer uma família que resolve aprender a dividir as

responsabilidades entre seus membros?

f) Seu amigo quer que seus filhos aprendam a ser cumpridores da parte que lhes corresponde. Que conselho você daria?

APROFUNDANDO A

DISCUSSÃO!

REFERÊNCIAS

ALVES, Leonardo Barreto Moreira. O reconhecimento legal do conceito moderno de família: o artigo 5º, II, parágrafo único, da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Revista Brasileira de Direito de Família. Síntese/ IBDFAM, Porto Alegre, n. 39, dez./jan. 2007. ANTUNES, Celso. A linguagem do afeto: como ensinar virtudes e transmitir valores. Campinas, São Paulo. Papirus, 2005. APARECIDA, Rosana; REBELO, Argento. Indisciplina escolar: causas e sujeitos. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. BENVIDES, Maria Victória de Mesquita Soares. A cidadania Ativa. São Paulo: Martins Fontes, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei n° 9.394/96. Brasília. MEC. 1996. _______. Ministério da Educação. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n° 8069/90. Brasília. MEC. 2004. _______ .Constituição Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Ministérios das Comunicações, 1988. DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. Em busca de uma compreensão das relações entre família/ escola. Psicologia Escolar e Educacional, Campinas, v. 9, n. 2, p. 303-312, dez. 2005. CORTELLA, Mario Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. 12ª ed. São Paulo: Cortez, 2008. _______ . Educar para transformar. Revista Filosofia. Conhecimento Prático. Editora Escala. Site UOL. 26/08/2009. Por Acesso em: 18/11/2013. Fonte: http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/20/entrevista-mario-sergio-cortella-151931-1.asp CUNHA, Genilce; GUIMARAES, Edna & MOURÃO, Rosana. A disciplina indutiva leva a criança a modificar voluntariamente seu comportamento. In: MACEDO, Rosa Maria (Org.). Terapia familiar no Brasil na última década. 1. ed. São Paulo: Roca, 2008. p. 142-156. CRUZ, Antonio Roberto Seixas. Família e escola: um encontro de relações conflituosas. Sitientibus, Feira de Santana, n.37, p.27-45, jul./dez. 2007. DIAS, Maria Luíza. Vivendo em família. São Paulo: Moderna, 2005. DI SANTO, Joana Maria R. A Escola na Formação do Cidadão, 2007. In: SILVA, Sônia das Graças Oliveira, Educação, Escola e Família, São Paulo, 2008.

DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. trad. BRANDÃO, Eduardo. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. In: LUCENA, Carlos. O Pensamento Educacional de Émile Durkheim. _______. Educación y Sociología. Buenos Aires, Editorial Shapire, 1973. In: Noé, Alberto. A relação educação e sociologia. Revista Avaliação.São Paulo: Setembro. Vol. 5. n. 3, setembro, 2000. FERRARI, Mário; KALOUSTIAN, Silvio Manoug. Introdução. In: KALOUSTIAN, Silvio Manoug. (Org.). Família brasileira: a base de tudo. 2. ed. São Paulo: Cortez, Brasília, UNICEF, 1994. p. 11-15. Apud: NASCIMENTO, Arlindo Mello. População e família brasileira: ontem e hoje. Revista Âmbito Jurídico, Nº 108. Fonte:http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1665 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000. _______.Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários a prática educativa, São Paulo : Paz e Terra, 27ª ed. 2003. GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. GASPARETO, Luis. O verdadeiro sentido da família. M de Mulher. Revista Digital. O verdadeiro sentido de família. 15/10/2008. Acesso em: 10/11/2013. Disponível em: http://mdemulher.abril.com.br/blogs/luiz-gasparetto/felicidade/o-verdadeiro-sentido-da-familia/ KANT, I. Sobre a pedagogia. Tradução de Francisco Cock Fontanella. 2. ed. Piracicaba: Unimep, 1999. Apud: BELLEI, Tiago Donassolo. O conceito de educação – Kant x Rousseau – e a impossibilidade de uma educação para a felicidade segundo o pensamento kantiano. Disponível em: http://katallage.webnode.com.br/products/o%20conceito%20de%20educa%C3%A7%C3%A3o%20%E2%80%93%20kant%20x%20rousseau%20%E2%80%93%20e%20a%20impossibilidade%20de%20uma%20educa%C3%A7%C3%A3o%20para%20a%20felicidade%20segundo%20o%20pensamento

%20kantiano/. Acesso em: 01 de novembro de 2013. KATALLAGE, Santa Catarina. LIBÂNEO, José Carlos et al. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003. _______. Perspectivas de uma Pedagogia emancipadora face às transformações do mundo contemporâneo. Revista digital: Pensar a Prática. Disponível em: http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef/article/view/8/2613. Goiânia, 16 de dezembro de 1997. Acesso em 09/ 11/ 2013. LÔBO, Paulo Luiz Netto. Do poder familiar. In: DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, Rodrigo da Cunha (Coord.). Direito de Família e o Novo Código Civil. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey/ IBDFAM, 2004. LOSSO, Renata. Sete erros dos pais na hora de impor limites. Revista Digital Visão Regional. iG. São Paulo. 26/08/2009. Acesso em: 20/11/2013. Disponível em:

http://visaoregional.com.br/2012/06/25/sete-erros-dos-pais-na-hora-de-impor-limites/ MORAN, José Manuel. Aprender e Colaborar. Educa Rede. 28/04/2005. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/colaborar.htm. Acesso em: 10/11/2013. MOURA, Ana Paula; SANTOS, Kátia Maria de Oliveira & LEÃO, Nailma de Lima. Família & escola: questão da falta de limites na educação familiar gera indisciplina escolar. Blogspot: Diário de uma educadora, 2011. Acesso em: 12/11/2013. Disponível em: http://diariode1educadora.blogspot.com.br/2011/05/familia-escola-questao-da-falta-de.html. PARO, Vitor Henrique. Qualidade de ensino: a contribuição dos pais. São Paulo: Xamã, 2000. 126 p. PAROLIN, Isabel Cristina Hierro. Pais e Educadores: quem tem tempo de educar? Porto Alegre: Mediação, 2007. _______. Limites são fundamentais: Uma questão de relacionamento. Revista Mundo Jovem. 20/06/2003. Acesso em: 10 /11/ 2013. Entrevista Disponível em: http://www.pucrs.br/mj/entrevista-06-2003.php. _______. As dificuldades de aprendizagem e as relações familiares. Livro da 5ª Jornada de Educação do Norte e Nordeste. Fortaleza, 2003. In: BRILHANTE, Érica Souto de Abreu. Relações família-escola: sucessos e fracassos. Revista Psicopedagogia On Line, 2004. Acesso em 14/11/2013. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=568. _______. Limites são fundamentais - Uma questão de relacionamentos. Jornal On Line Mundo Jovem. ed. 337. Curitiba, junho de 2003. Acesso em: 20/11/2013. Fonte: http://www.pucrs.br/mj/entrevista-06-2003.php. PATTO, Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar. São Paulo: T. A. Queiróz, 1990. PRADO, Danda. O que é família. São Paulo: Brasiliense, 1981 . 95 p SOARES, Jiane Martins. Família e Escola: Parceiras no Processo Educacional da Criança. Portal Educacional Planeta Educação. 11/06/2010. Acesso em: 10/11/2013. Disponível em: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1853 SYMANSKY, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. Brasília: Plano, 2001. TORO, Bernardo. O que os novos pensadores têm a ensinar. Revista Nova Escola. São Paulo: Agosto. Ano 17. n. 154, agosto, 2002. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. 7. ed. São Paulo: Libertad,1989.