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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · conteúdo com recursos audiovisuais, textos, debates, onde temas contemporâneos são abordados, debatidos e exemplificados, demonstrando

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

SUPERITENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

JOÃO CARLOS DE MORAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: Da prática à teoria.

JACAREZINHO

2014

JOÃO CARLOS DE MORAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: Da prática à teoria.

Artigo apresentado ao Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE da

Secretaria de Estado da Educação do

Paraná – SEED. Área de conhecimento

Educação Física.

Orientador: Almir de Oliveira Ferreira

JACAREZINHO

2014

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: Da prática à teoria.

Autor: João Carlos de Morais1

Orientador: Almir de Oliveira Ferreira2

Resumo

Considerando a escola o local propício para desenvolver o saber, a busca do conhecimento, localonde experiências culturais são trocadas e vivenciadas. Este estudo teve o objetivo de desvelar umproblema recorrente nas aulas de educação física o visível desinteresse da grande maioria dosalunos quando a metodologia aplicada para ministração dos conteúdos se dá de forma teóricaoportunidade na qual se tem como objetivo fazer com que os mesmos compreendam a partir dacontextualização, que sua prática motora transcende o espaço da quadra da escola. A partir doconteúdo proposto cria-se uma expectativa de aprendizagem procurando explorar o máximo doconteúdo com recursos audiovisuais, textos, debates, onde temas contemporâneos são abordados,debatidos e exemplificados, demonstrando aos alunos e alunas quais são as semelhanças com ocotidiano escolar, com o social, com o objetivo de esclarecer e informar que o movimento corporalconstruído vai além do movimento motor, e o que pode estar embutido no viés do movimentocorporal.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Física. Metodologia. Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Diante de um cenário social onde cada vez mais a tecnologia de

automação torna-se quase que indispensável na vida das pessoas e com o advento

dos apelos da comodidade que a tecnologia causa nas pessoas, encontra-se na

geração pós-moderna uma inércia muito grande quando nos reportamos ao

movimento corporal consciente como proposta de subsídio para uma melhor

qualidade de vida.

Nesse contexto, a nossa responsabilidade enquanto professores da

educação física escolar é propor e ou criar situações de ensino-aprendizagem que

envolvam os alunos de forma que eles possam conhecer a cultura do movimento

corporal, e fazer uso deles para uma perspectiva autônoma de aprendizagem e

1 Professor de Educação Física da Rede Estadual de Ensino do Paraná, participante do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) da SEED em 2013/2014.

2 Professor Orientador Mestre em Educação, professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP,Coordenador do Curso de Educação Física – CCS.

melhoria na qualidade de vida usufruindo dos benefícios que estes movimentos

corporais possam lhes proporcionar utilizando-os de forma consciente.

Este estudo tem por objetivo desvelar um problema recorrente nas

aulas de educação física, onde ocorre um visível desinteresse da grande maioria

dos alunos, quando a metodologia aplicada para ministração dos conteúdos da

disciplina se dá de forma teórica, oportunidade esta, que tem como objetivo fazer

com que os mesmos compreendam o movimento corporal a partir da

contextualização, inferindo uma compreensão significativa, de modo a entender, que

sua prática motora ratifica a importância dos conteúdos teóricos e que esse

entendimento/aprendizado precisa transcender para além do espaço entre os muros

da escola.

Espera-se que uma intervenção sistematizada do professor de

educação física escolar contribua para esse processo de conscientização do aluno,

e que o mesmo possa compreender, perceber e reconhecer, que o movimento

corporal pode ser realizado de maneira intencional e consciente, podendo desta

forma entender que este não se restringe simplesmente a um movimento mecânico

subjetivo.

Com essa proposta o professor assume um importante papel educativo

e faz-se entender que a educação física escolar não deve ser uma disciplina isolada

de seu contexto, mas, contudo uma prática educativa socialmente ligada aos

aspectos de formação no que diz respeito à qualidade de vida e saúde.

Segundo Saviani (2008, p.141) a práxis é “um movimento

prioritariamente prático, mas que se fundamenta teoricamente alimenta-se da teoria

para esclarecer o sentido, para dar direção à prática.”

Comungando com o pensamento de Saviani, o professor deverá

proporcionar aos alunos informações que evidenciem a importância da proposta

pedagógica apresentada nas aulas de educação física.

Nessa perspectiva autônoma, o aluno reunirá subsídios para fazer suas

escolhas, no que diz respeito às necessidades individuais e coletivas, diante dos

apelos midiáticos a que é submetido cotidianamente, cujos quais na maioria das

vezes o impelem ao consumo, ao exagero as normas e padrões estéticos

preestabelecidos por uma sociedade pautada no consumo.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Pesquisa apresentada por LORENZ & TIBEAU (2003) após realizar um

estudo com alunos do ensino médio de uma escola particular e de uma escola

pública, relatam que tanto na escola particular quanto na escola pública os alunos

consideram as aulas de Educação Física uma atividade. Afirmam que frequentam as

aulas apenas para a distração, descontração e lazer.

A Educação Física na escola é eleita pelos alunos como sendo a

disciplina “mais gostosa” no sentido lúdico, prazerosa, momento de

confraternização, colocar o papo em dia, acessar a rede pelo celular, brincar de

jogar vôlei, queimada, futsal, pular corda, pega-pega, pular elástico, ouvir música,

até alguns fundamentos técnicos de um ou outro esporte.

Toda essa gama de atitudes que as aulas de Educação Física

proporcionam ao aluno é verdadeiro, por consequência afirmam ser a aula “mais

gostosa”.

Castellani Filho et. al (2009, p.41) reitera que o “ensino da educação

física tem também um sentido lúdico que busca instigar a criatividade humana à

adoção de uma postura produtiva e criadora de cultura, tanto no mundo do trabalho

como no do lazer”.

O objetivo dessa pesquisa é por meio da ação pedagógica do professor

de Educação Física mediar esses momentos de lazer, distração, descontração em

aprendizagem significativa, por meio da pedagogia histórico-crítica, que vai da

prática social inicial à nova prática social pela mediação da teoria.

Nessa perspectiva as aulas de Educação Física no ambiente escolar

passará a ser entendida como teórico-prática, ou seja, valoriza a execução do

movimento não como fim em si mesmo, mas que configure em práticas constitutivas

da cultura corporal, tendo o aluno a compreensão de que a produção cultural

humana é histórica, inesgotável e provisória, esse entendimento deve instigá-lo a

produzir outras atividades corporais, culminando em aprendizagens significativas.

Do ponto de vista de Barbosa (1997, p.20), em suas considerações

sobre teoria e prática, assevera que “teoria é um processo interno, abstrato – é o

pensamento em si – e a prática é o ato concreto que se pode ver, ouvir, sentir; é

quando nosso interior entra em contato com o mundo exterior”.

O professor utilizando-se da metodologia da pedagogia histórico-crítica,

oportunizará ao aluno a possibilidade de compreensão do movimento corporal como

elemento histórico cultural construído pelo homem, e que serão incorporados nos

conteúdos da Educação Física: na dança, no esporte, na luta, na ginástica, nos

jogos e brincadeiras, e temas contemporâneos atuais.

Por meio da aprendizagem significativa dessa metodologia, o professor

mediador trará à baila o embasamento teórico-prático, de modo que, ao promover a

reflexão da teoria com a prática reafirmará que os conteúdos são integrados, e que

se forem aplicados de maneira isolada, não faz sentido.

Portanto, a teoria e a prática são indispensáveis para compreensão da

cultura corporal, e devem ser incorporadas ao cotidiano escolar do aluno nas aulas

de Educação Física, proporcionando-lhe a aprendizagem significativa, tendo ele a

percepção de que o movimento motor capacita-o a adaptar-se, interagir e

transformar com ação o meio em que vive.

Alguns questionamentos são inevitáveis no interior da escola como:

Educação Física na sala de aula? Avaliação em Educação Física teórica? Até em

Educação Física ele está com a média baixa? Também se não “tirar” nota em

Educação Física? Hoje é na sala ou vamos descer? Está chovendo vamos assistir

filme?

Colaborando com essa visão da Educação Física na escola Medina

(1983, p.245), já afirmou que “os licenciados em Educação Física, além de terem

poucas noções sobre a finalidade da Educação e da Educação Física no ensino na

educação básica, supervalorizam a competição, o resultado e a vitória, objetivos

próprios do esporte”.

Confirmando o pensamento de Medina, ainda há encaminhamento

metodológico para a prática da Educação Física Escolar pautada na supremacia

competitivista, prática pedagógica que valoriza habilidades motoras específicas,

movimentos técnicos e táticos, que devem ser executados com perfeição pelos

alunos.

Essa prática contribui de maneira significativa para que os alunos

menos habilidosos não sintam-se atraídos por esse modelo de aula, justificando

assim o não fazer nada nas aulas de Educação Física, contribuindo para que os

mesmos tenham o olhar fragmentado em relação a relevância social que a

Educação Física Escolar agrega a sua formação acadêmica.

A prática pedagógica da Educação Física Escolar na perspectiva da

metodologia histórico-crítica, deve estar dimensionada na intencionalidade a que são

submetidos os seus conteúdos construídos historicamente. A forma como são

apresentados pedagogicamente pelo professor ao aluno, e a maneira como são

integrados na sua prática pedagógica.

O conhecimento informal experienciado pelo aluno no cotidiano familiar

e na comunidade são subsídios pedagógicos, elementos de aprendizagem, e cabe

ao professor propor o elo entre esse conhecimento popular apresentado pelo aluno

e o conhecimento científico específico da escola, legitimando assim a necessidade

da intervenção pedagógica da Educação Física Escolar.

Manoel (1986) afirma que para o professor da Educação Física Escolar

é necessário e prudente que antes de “saber o como” e “o por quê”, é necessário

sabermos “o que” estudar, ou seja, qual o objeto de estudo da Educação Física. E

Castellani Filho et. al (2009, p.50) se refere ao objeto de estudo da disciplina

dizendo que: “Educação Física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar,

tematiza formas de atividades expressivas corporais, como jogo, esporte, dança e

ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos

chamar de cultura corporal”.

Diante dessas prerrogativas a que vem sendo submetida essa

disciplina parece suscitar um novo conceito de formação para o profissional de

Educação Física, nesse sentido Betti (1996, p.13), se posiciona a respeito da

formação do profissional de Educação Física a partir da década de 1980, dizendo

que:

O modo técnico-científico surgiu no Brasil em meados da década de 80, econsolidou-se no início da década de 90, acompanhando as mudançasconceituais e epistemológicas da Educação Física. Recebeu muitainfluência da concepção que vê a Educação Física como área deconhecimento (disciplina acadêmica) ou ciência, que seria responsável pelaprodução de conhecimentos científicos sobre o “homem em movimento”,nas perspectivas biológica, psicológica, sociológica, etc.

Embora tenha se passado mais de duas décadas em relação as novas

perspectivas na formação do professor de Educação Física em relação a formação

do currículo técnico-científico, a Educação Física ainda está carente de conteúdos

teóricos na prática pedagógica do professor em sala de aula, não justificando, assim

uma prática efetiva comprometida com uma educação social.

Existe uma tendência em enfatizar apenas a parte prática da profissão

em detrimento da sistematização teórica e do aprofundamento do estudo, dá-se a

impressão de que os professores de Educação Física conhecem todo o discurso,

mas por algum motivo não tem conseguido transformar a teoria em prática, no

sentido da valorização e reconhecimento da disciplina como a “mais gostosa” e

também importante fonte de conhecimento humano, onde os alunos, professores e

equipe pedagógica possam reconhecer e valorizar essa área do conhecimento,

devotando-lhe o devido respeito.

Para Castellani Filho et. al (2009, p.85) talvez esteja aí o grande “nó”

da Educação Física Escolar em colocar em prática uma nova abordagem, onde ele

diz:

Talvez seja este o momento mais difícil deste trabalho, uma vez que umanova abordagem da Educação Física exige uma nova concepção demétodo. O problema é fugir de uma teorização abstrata, de um praticismoque termina nas velhas e conhecidas receitas. Este é o momento de apontarpistas para o “como fazer”.

Talvez seja esse o problema, fazer uso de uma nova abordagem para

a Educação Física Escolar exige uma nova concepção de método, e o novo causa

certo desequilíbrio, pois tira quem está envolvido nesse processo da zona de

conforto e o leva para um novo aprendizado, e é nessa sucessão de desequilíbrio é

que aprendemos e nos tornamos professores melhores do éramos ontem.

Segundo Betti (1991), a Educação Física deve ir além do simples fazer,

ou seja: não basta correr ao redor da quadra; é preciso saber porque se está

correndo, como correr, quais os benefícios advindos da corrida, qual a intensidade,

frequência, e duração são recomendáveis.

A relação entre ação-prática e teoria-reflexão é dialética, pois se o

pensamento influi na ação, esta também transforma o pensamento.

Numa perspectiva de educação emancipatória, não se estuda o

conhecimento por si mesmo, mas é contemplado como uma mediação entre o

comportamento individual e a realidade social mais ampla.

Nesse sentido é necessário então uma pluralidade de conhecimentos

para implementar uma nova práxis mais ativa e reflexiva na Educação Física

Escolar. Sendo assim, a práxis realiza a dinâmica entre teoria e prática, e a ação

consciente e reflexiva que transcende os limites do concreto, para ir além nas

construções sociais.

A aceitação do professor de Educação Física pelos alunos é muito

grande, quase que unanime em relação às aulas, talvez esteja aí um dos muitos

problemas encontrados nesta área do conhecimento, pois isto pode proporcionar

uma inversão de valores no que diz respeito ao que os alunos pensam a respeito

dessa disciplina, quando dizem ser esta a mais “gostosa”. Temos, portanto, que

buscar entender com mais profundidade o significado dessa fala, que considerações

eles estão estabelecendo ao atribuir à Educação Física esse valor.

Implicitamente essa fala parece carregar em seu bojo alguns pensares,

como: ser entendida como a mais permissiva, que não tem conteúdo, aquela em que

não precisa fazer nada, que não reprova, que não cobra, enfim. Esses motivos

hipotéticos devem ser analisados criticamente pelo professor, de modo, que possa

efetivar uma nova abordagem metodológica e assumir outra postura caso seja

necessário - sem medo de perder aquela pseudo admiração dos alunos, o que por

consequência acaba por confirmar a pouca importância dessa disciplina quando o

tema é aprendizagem formal - uma das principais carências da educação nesse

momento.

3. O PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA.

O Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola foi elaborado com o

propósito de atender alunos do período da manhã do Colégio Estadual Dr Generoso

Marques Ensino Fundamental e Médio na cidade de Cambará-PR, e em especial

atenção aos alunos do primeiro ano do ensino médio onde o projeto foi aplicado.

Esta proposta de intervenção pedagógica na escola tem o objetivo de

contemplar nas aulas de educação física a importância de se estabelecer um

vínculo pedagógico entre a teoria e a prática, pautado no método dialético (prática-

teoria-prática) espera-se desenvolver ações conjuntas que possam contribuir para

uma aprendizagem significativa, tornando o movimento corporal construído

socialmente mais significativo para o aluno, quer seja pelo lúdico, pela saúde, pela

competição.

O professor ao propiciar oportunidade ao aluno de reportar suas

experiências corporais e intelectuais a cerca do conteúdo valoriza o seu

conhecimento cultural, proporcionando-lhe perspectivas de confrontar o

conhecimento prévio socialmente construído com o conhecimento formal

sistematizado apresentado pelo professor, e com esta produção de conhecimentos

apreendidos cabe a ambos estabelecerem uma relação dialógica no processo de

aprendizagem, sobretudo o aluno nos dará pistas do seu conhecimento social fora

do ambiente escolar, podendo ser o ponto de partida para o professor explorá-lo nos

conteúdos das aulas.

O objetivo deste trabalho é propor os conteúdos aos alunos, dando-

lhes a oportunidade de interagirem de maneira espontânea sobre o tema

apresentado, desta forma o professor tem o mapeamento do grupo a cerca do

conteúdo proposto.

Partindo de pressupostos do conhecimento prévio compartilhado pelo

aluno, a abordagem do conteúdo que será apresentada pelo professor deverá levar

em consideração toda essa experiência de conhecimento que o aluno proporciona

ao exteriorizar a sua prática, desta forma o professor poderá recorrer a metodologia

histórico crítica para conduzir o processo de ensino aprendizagem, tornando as

aulas de educação física em práticas a serem realizadas para além da escola, para

sua vida social.

Ao realizar a prática o aluno poderá constatar, reafirmar, reavaliar,

transformar, identificar, reconstruir, adaptar movimentos sociais e corporais

construídos historicamente. Oportunidade esta que terá para experienciar sua

vivência corporal, podendo estabelecer relação de aprendizagem com o conteúdo

apresentado pelo professor, contribuindo assim para que o aluno possa formar

conceitos e concepções autônomas de consciência social e corporal.

A proposta da intervenção pedagógica foi comunicada aos alunos a

respeito da unidade didática que será utilizada, aplicada e desenvolvida nas aulas

de educação física para a turma durante o período de implementação do projeto na

escola.

Para apresentar a disciplina aos alunos foi utilizado o documento

produzido pela TV escola – Salto Para o Futuro: Educação Física Escolar: Dilemas e

Práticas, onde os autores apresentam algumas possibilidades para um olhar

diferenciado em relação à Educação Física Escolar, a partir de reflexões a respeito

da atual perspectiva pedagógica dessa disciplina no âmbito escolar, bem como as

principais correntes pedagógicas que envolvem a disciplina.

Os alunos tiveram a oportunidade de expor seus conceitos e registrar o

que consideram ideal e essencial para uma boa relação com a disciplina, quais as

suas expectativas e experiências, e o que compreendem sobre a metodologia

utilizada nas aulas de educação física na escola.

Foi apresentado aos alunos um pouco da história da Educação Física

Escolar no Brasil, a proposta da Secretaria de Estado da Educação do Paraná por

meio das Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Educação Física, onde são

contemplados os conteúdos estruturantes, conteúdos específicos, conteúdos

básicos e os elementos articuladores da disciplina.

O objetivo foi revelar e mostrar aos alunos quais foram as tendências

pedagógicas que perpassou a trajetória da Educação Física Escolar no Brasil, e o

que cada uma delas tinha como objetivo principal de acordo com o contexto

histórico.

A intenção neste momento foi fomentar o debate lançando perguntas

aos alunos abordando a disciplina numa perspectiva histórica, estabelecendo uma

relação dialética entre o conteúdo teórico e prático, estabelecendo as expectativas

de aprendizagem que a disciplina pode proporcionar aos alunos enquanto

componente curricular.

Na prática foi apresentado aos alunos uma brincadeira recreativa que

envolvia alguns elementos do basquetebol como; a bola de basquetebol, as cestas,

a tabela, onde o principal objetivo da brincadeira era fazer com que os alunos

pudessem reconhecer e familiarizar com os elementos e materiais que estão

envolvidos em uma partida de basquetebol na escola.

Após a brincadeira foi proposto aos alunos uma roda de conversa para

que pudéssemos analisar as opiniões formadas a respeito da brincadeira a qual eles

tinham acabado de participar, alguns questionamentos surgiram como: É muito difícil

acertar a cesta! O professor interviu lançando uma nova pergunta: Talvez não seja

pela falta de prática? Outro aluno do grupo comentou: É cansativo! Por quê?

Novamente o professor interviu dizendo que por ser uma brincadeira onde havia

corridas e deslocamentos constantes o organismo precisa estar preparado

fisicamente para poder suportar essa exigência. Será que esta brincadeira poderia

ser de outra maneira? Como poderia ser? Outros questionamentos foram sendo

lançados em torno da atividade com o objetivo de esclarecer as dúvidas dos alunos.

A proposta inicial foi trabalhar o conteúdo basquetebol procurando

explorar as diversas perspectivas de aprendizagem que possam estar envolvidas

neste conteúdo.

Foi apresentado aos alunos um vídeo com o ex-jogador de

basquetebol Oscar Schmidt falando sobre a sua vida de esportista de sua trajetória

no basquetebol brasileiro.

O objetivo do vídeo apresentado é estimular os alunos a externar os

seus conhecimentos sobre o tema de maneira que se sentissem confortável e

pudessem contribuir para a contextualização da aula.

Questionamentos sobre o vídeo foram lançados pelo professor com o

objetivo de provocar e buscar informações dos alunos, para saber qual é o

conhecimento que eles possuem sobre o tema proposto para o estudo: Quem é

Oscar Schmith? Já ouviram falar algo a seu respeito? Ele representou o

basquetebol brasileiro no mundo? Quais foram os seus feitos no basquetebol? Já

assistiram algum jogo de basquetebol? Vocês conhecem o jogo de basquetebol?

Como se joga o basquetebol? Será que existem outras formas de jogar o

basquetebol? Quais são as outras maneiras de se jogar o basquetebol?

Utilizando-se de recursos audiovisual foi exibido aos alunos as

diferentes maneiras de praticar o jogo de basquetebol, a equipe de basquetebol do

harlem globetrotters, que utiliza o basquetebol como um espetáculo de acrobacias e

malabarismos e que interage com a plateia; uma equipe de basquetebol adaptado

para cadeirantes; o basquetebol show do freestyle; o basquetebol de alto nível o

profissional da NBA; o basquetebol praticado nas praças, nas ruas; e o basquetebol

da escola onde o objetivo é proporcionar jogos de acordo com a realidade e a

necessidade adaptativa para que a maioria dos alunos possam ter a experiência

prática, são diferentes as possibilidades do jogo ser praticado dentro e fora da

escola.

O encaminhamento metodológico se deu a partir dos objetivos e

especificidades do grupo em levar para a sua prática social o conhecimento

adquirido na escola nas aulas de educação física para sua comunidade.

Com o objetivo de atender a todos os alunos e todas as alunas que

estão inseridos na escola as aulas de educação física escolar deve proporcionar

expectativas de aprendizagem, tanto para aqueles alunos que já conhecem o jogo

como para aqueles que o desconhece tornando assim as aulas mais uma

oportunidade de conhecimento apreendido.

Após este primeiro contato com o basquetebol, a proposta foi abordar

a história do basquetebol; o que motivou a criação de um novo jogo? quem jogava?

qual o objetivo de se criar um novo jogo? todos podiam jogar? São provocações

mediadas pelo professor onde o aluno tem a oportunidade de expressar as suas

considerações e conhecimento a respeito do tema, dando-lhe oportunidade de

interagir e, dessa forma, aprender a contextualizar seu conhecimento prévio com as

novas informações apreendidas, agregando assim um novo conhecimento.

Foi apresentado aos alunos e alunas um vídeo, cujo conteúdo mostra a

história do basquetebol, as regras, os fundamentos básicos e os esquemas táticos.

Com o objetivo de contextualizar o tema do conteúdo o aluno ao

realizar o jogo com a prática tem a oportunidade de identificar uma grande

quantidade de informações implícitas socialmente, culturalmente que estão inclusas

nesta prática, e que ele pode de forma consciente e autônoma agregar valores

sociais, culturais, éticos, morais a esta modalidade esportiva no seu cotidiano.

Quando foi criado o basquetebol somente indivíduos brancos tinham

acesso ao basquetebol nos Estados Unidos, para ilustrar esse debate utilizei alguns

vídeos relacionados as questões das intolerâncias raciais, as minorias, ao diferente,

as diversidades que está presente na sociedade.

Com este debate procurei trabalhar com os alunos e alunas a

tolerância, o respeito pelo diferente mostrando a importância de respeitar o outro

como pessoa.

Utilizei como recurso didático o filme Estrada Para Glória, filme que

narra a história do primeiro treinador de basquetebol universitário nos Estados

Unidos, que formou uma equipe de jogadores negros para disputar a primeira

divisão da liga nacional de basquetebol, onde sofre discriminação da imprensa, da

sociedade, de outros treinadores da liga.

Com a exibição do filme o professor mediador teve o propósito de

colocar em debate a questão do preconceito tão presente na sociedade.

Foi bastante explorado pelos estudantes as intolerâncias raciais

principalmente as relacionadas ao futebol pelo fato de ter uma ampla cobertura pela

mídia. Com isto foi possível abordar todos os atos discriminatórios, contra toda e

qualquer forma de discriminação seja ele qual for contra os grupos minoritários.

Outro conceito que foi explorado com o conteúdo é a influência que a

mídia traz em suas transmissões esportivas, o poder de persuadir os

telespectadores torcedores no que diz respeito à ideologização das ideias e

interesses que lhes convém para o objeto final.

Para exemplificar esse poder que a mídia exerce na sociedade para

estabelecer normas e regras, foi utilizado como recurso didático um vídeo onde

revela toda a dramatização de uma transmissão esportiva de maneira bem

humorada.

Mostra a dramatização que a imprensa provoca em torno de um evento

esportivo, como por exemplo, a batalha final; é o jogo de vida ou de morte; buscam

mostrar a família humilde dos atletas; enfim transformam um jogo num evento

magnífico e lucrativo.

Dentro desse contexto foi abordado o basquetebol como esporte de

alto nível, quais as consequências para a saúde dos atletas de alta performance, o

uso de substâncias proibidas para melhorar o desempenho (doping esportivo,

esteroides anabolizantes, drogas proibidas).

Como recurso didático foi utilizado um vídeo que mostra as diferentes

formas que os atletas e ou não atletas podem utilizar-se de substâncias ilícitas para

melhorar a performance, as relações entre atletas, clubes, televisão e

patrocinadores, empresários, as lesões mais comuns nos esportes, a fama e o

anonimato, o auge, a fama, e a decadência enquanto atleta de alto nível.

São temas que proporcionam ao aluno e a aluna uma visão mais

crítica no que diz respeito ao esporte de alto nível.

O objetivo é fazer com que o aluno possa diferenciar e reconhecer as

situações com as quais se depara cotidianamente em seu convívio social: o que é

bom ou ruim para si, o que é adequado ou inadequado, querer ou não querer para si

e para os seus pares, dentro ou fora da escola num processo de conscientização

social, política, moral.

Desta forma, pode ser contextualizado o movimento corporal prático

conjugado com a cultura do conhecimento histórico construído pelo homem, e que o

aluno possa compreendê-lo como cultura corporal do movimento.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ambiente escolar é o local ideal para adquirirmos conhecimento,

considerando que com a posse deles nos leva a uma autonomia de pensamento, e

com isso possamos fazer as nossas escolhas para as nossas vidas a fim de buscar

superações para as perspectivas de aprendizagem.

O professor ao estabelecer uma proposta metodológica de estudo com

a intenção de tornar as aulas práticas da educação física escolar mais atrativas, cria

a expectativa e espera que a teoria tornem as aulas práticas mais atrativas e com

esta prática possa ampliar a aceitação dos alunos envolvidos nesse processo do

ensino-aprendizagem.

A proposta do Projeto de Intervenção na Escola é estabelecer

situações de ensino-aprendizagem com abordagens diferenciadas envolvendo

vídeos, slides, textos, elementos que possam tornar os conteúdos teóricos mais

atrativos. Onde o debate possa fomentar a proposta de ensino-aprendizagem

fortalecendo a ideia de que no ambiente escolar a sala de aula é o local propício

para esta coesão, na qual teoria e a prática devem estar unidas e indissociáveis.

Local em que os alunos e alunas possam ter a compreensão ampla e

consciente da prática efetiva como objeto de aprendizagem, e consigam estabelecer

relações do seu cotidiano social orgânico com o movimento corporal construído a

partir de propostas significativas no que diz respeito a sua prática social.

A aplicabilidade deste projeto confirmou que enquanto professor, tenho

que estar preparado para todas as situações problemas que possa perpassar no

ambiente escolar em uma sala de aula.

Em relação aos conteúdos da educação física escolar a se trabalhar, o

professor terá que ter objetivos claros daquilo que se pretende ensinar aos alunos e

alunas, planejar ações diferenciadas e significativas para as aulas, estabelecer

metas e propor alternativas, deve estar consciente da proposta metodológica de

ensino-aprendizagem que pretende priorizar como meta. Ainda assim contudo não é

garantia de um excelente resultado de interação no processo de ensino-

aprendizagem, ainda haverá de ter aqueles que não se interessa pelo conteúdo

apresentado e debatido amplamente.

Contudo o professor não pode esquecer de que do outro lado desse

processo de ensino-aprendizagem, e não menos importante que um bom conteúdo

bem elaborado, planejado, instrumentalizado, arquitetado e executado em boas

condições de trabalho, temos os alunos nesse processo de ensino-aprendizagem e

de nada adianta, por melhor que seja a metodologia aplicada, o esforço e a vontade

do professor em estabelecer relações de ensino-aprendizagem se o elemento mais

importante deste processo não estiver interessado em compartilhar deste

conhecimento que a escola tem para lhe oferecer.

Na aplicação do Projeto de Intervenção pude perceber que ainda na

realidade escolar os nossos alunos e alunas nas aulas de educação física estão

muito presos a velha prática do movimento corporal pelo movimento, ou seja, a

prática pela prática, onde ainda prevalece a vontade voraz dos meninos em “jogar

futebol” e as meninas indefinidas quanto a sua prática corporal.

Ao estabelecermos metas e propostas de trabalho diferentes do

convencional temos uma árdua batalha travada no decorrer do ano letivo, que para

a grande maioria dos nossos alunos a educação física escolar é vista como

disciplina que não agrega muito valor acadêmico, o principal objetivo dos educandos

ainda nas aulas é estabelecer as relações práticas, onde o que conta é a distração e

o lazer sem importar-se em estabelecer relações de aprendizagem do conteúdo

formalizado com o cotidiano social, uma aprendizagem de que lhe ofereça e

proporcione aprendizagens significativas na sua vida acadêmica.

Concluo com essa minha prática aplicada de que o processo de

ensino-aprendizagem é lento e gradativo, exige do professor preparo, perseverança,

paciência, e acreditar que é possível transformar, acreditar que mudanças de

pensamentos e atitudes possam ocorrer, talvez não contemple a todos que estão

envolvidos no imbróglio do processo educativo mas é possível acreditarmos que

mudanças significativas de atitudes e comportamentos possam ocorrer na educação

física escolar.

5. REFERÊNCIAS

BARBOSA, C L. Educação Física Escolar da alienação à libertação. 1 ed.Petrópolis: Vozes, 1997.

BETTI, M. “Valores e finalidades da educação física escolar: Uma concepçãosistêmica”. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.16, n.1, p.14-21, 1996.

BETTI, Mauro. Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.

BRASIL, MEC TV ESCOLA: SALTO PARA O FUTURO – Educação Física Escolar:Dilemas e Práticas – PGN.5 – Educação Física em debate. Disponível em:<http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=9383>Acesso em: 20 out. 2013.

CASTELLANI, Lino Filho. et al. Metodologia do ensino da educação física. 2 ed.São Paulo: Cortez Editora, 2009.

Glory Road. Trad. Estrada para a Glória. Direção de James Gartner. Produção deJerry Bruckheimer. Estúdio Buena Vista Pictures Distribuição: Wall Disney Pictures.2006. 1 DVD (118 min.). dublado., color.

Go Metro to Harlem Globetrotters at STAPLES Center and Save. Disponível em :<http://www.youtube.com/watch?v=MaHOx8jpGSU> Acesso em: 04 nov. 2013.

LORENZ, Camila F; TIBEAU, Cynthia. Educação Física no ensino médio: estudoexploratório sobre os conteúdos teóricos. Revista Digital, Buenos Aires, v.9, n.66,p.1-11, 10 abr. 2003.

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