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O Dispositivo e os Fluxos Logísticos Maj Mat J. Costa Roldão i RESUMO O objectivo deste trabalho é, no quadro de um novo Dispositivo territorial, contribuir para o desenho dos fluxos logísticos e para a revisão das Bases Gerais do Sistema Logístico do Exército. Voltado para a componente territorial, este trabalho avalia o impacto que as alterações na arquitectura do novo dispositivo terão no desenho dos fluxos materiais e informacionais, procurando estudar toda a cadeia de abastecimentos e implementar melhorias no sistema de apoio logístico. Com o intuito de melhorar os fluxos logísticos de reabastecimento, recorreu-se à metodologia Velocity Management (VM), importada da gestão empresarial e implementada pelo Exército Norte-americano após a primeira guerra do Golfo. Este modelo aproxima a logística militar da logística empresarial, permitindo visualizar toda a cadeia de abastecimentos, avaliar o contributo de cada passo do processo e eliminar as actividades supérfluas. Desta forma é possível redesenhar os fluxos logísticos e, melhorar o apoio logístico nas suas três vertentes – tempo, custo, qualidade. Para aplicação da metodologia VM à cadeia de abastecimentos do Exército Português, optou-se pelo estudo pormenorizado do reabastecimento da Classe IX, em virtude desta ser uma classe de artigos transversal ao actual sistema logístico. Verificada a possibilidade de aplicação da metodologia e identificadas as melhorias resultantes dum processo simplificado de reabastecimento, foram estudados os fluxos das restantes classes de abastecimentos e verificada, de forma indutiva, a possibilidade de extrapolar para as mesmas, as medidas a implementar para a melhoria do reabastecimento de sobressalentes. Finalmente baseámo-nos nas eventuais alterações na arquitectura do novo Dispositivo Territorial e na reestruturação do Comando da Logística, para dar alguns contributos à redefinição das Bases Gerais do Sistema Logístico do Exército, no âmbito do reabastecimento e ao nível da Componente Territorial.

O dispositivo e os fluxos logist - comum.rcaap.ptcomum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/11834/1/MAJ Roldão.pdf · O Dispositivo e os Fluxos Logísticos Maj Mat J. Costa Roldão i RESUMO

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  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo i

    RESUMO

    O objectivo deste trabalho , no quadro de um novo Dispositivo territorial, contribuir

    para o desenho dos fluxos logsticos e para a reviso das Bases Gerais do Sistema

    Logstico do Exrcito.

    Voltado para a componente territorial, este trabalho avalia o impacto que as alteraes

    na arquitectura do novo dispositivo tero no desenho dos fluxos materiais e

    informacionais, procurando estudar toda a cadeia de abastecimentos e implementar

    melhorias no sistema de apoio logstico.

    Com o intuito de melhorar os fluxos logsticos de reabastecimento, recorreu-se

    metodologia Velocity Management (VM), importada da gesto empresarial e implementada

    pelo Exrcito Norte-americano aps a primeira guerra do Golfo.

    Este modelo aproxima a logstica militar da logstica empresarial, permitindo visualizar

    toda a cadeia de abastecimentos, avaliar o contributo de cada passo do processo e eliminar

    as actividades suprfluas. Desta forma possvel redesenhar os fluxos logsticos e,

    melhorar o apoio logstico nas suas trs vertentes tempo, custo, qualidade.

    Para aplicao da metodologia VM cadeia de abastecimentos do Exrcito Portugus,

    optou-se pelo estudo pormenorizado do reabastecimento da Classe IX, em virtude desta ser

    uma classe de artigos transversal ao actual sistema logstico. Verificada a possibilidade de

    aplicao da metodologia e identificadas as melhorias resultantes dum processo

    simplificado de reabastecimento, foram estudados os fluxos das restantes classes de

    abastecimentos e verificada, de forma indutiva, a possibilidade de extrapolar para as

    mesmas, as medidas a implementar para a melhoria do reabastecimento de sobressalentes.

    Finalmente basemo-nos nas eventuais alteraes na arquitectura do novo Dispositivo

    Territorial e na reestruturao do Comando da Logstica, para dar alguns contributos

    redefinio das Bases Gerais do Sistema Logstico do Exrcito, no mbito do

    reabastecimento e ao nvel da Componente Territorial.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo ii

    ABSTRACT

    The aim of this paper is to contribute, in the perspective of a new Armys territorial

    disposition, for the drawing of logistic flows and revision of the Armys Logistic Support

    System Guidelines.

    Orientated for the territorial component, this paper evaluate the impact that changes in

    the architecture of the new Armys territorial disposition have in material and information

    flows, studying all the supply chain and implement improvements in the support logistic

    system.

    With the objective to improve the supply logistic flows, we used the Velocity

    Management (VM) methodology, imported from the business management and

    implemented by the U.S Army logistics, after the first Gulf War. This model approaches

    military logistic to the business logistic, allowing visualize all the supply chain, evaluate

    the contribution of each step of the process and eliminate the superfluous activities. This

    way, it is possible to redraw the logistic flows, and improve the logistic support in its three

    dimensions of performance: time, cost and quality. To apply the VM methodology to the

    Portuguese Armys supply chain, we chose to make a detailed study of the spare parts

    supply, due this is a class of articles that crosses all the actual logistic system.

    Verified the possibility to apply this methodology and identified the improvements of

    the simplified supply process, we studied the flows of the remaining supply classes and

    verified, in an inductive way, the possibility to extend to them, the measures we think that

    should be implement, for the spare parts supply improvement.

    Finally we look the eventual modifications in the new Armys territorial disposition and

    in the redefinition of the Logistic Army Support Command, and try to give some

    contributions to the revision of the Armys Logistic Support System Guidelines, in the

    scope of supply and at the territorial component level.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo iii

    DEDICATRIA

    queles a quem nem sempre pude dar a ateno merecida!

    minha famlia.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo iv

    AGRADECIMENTOS

    Os meus agradecimentos, vo para todos aqueles que permitiram a realizao deste

    trabalho.

    Ao Sr. Tenente Coronel de Cavalaria Simes de Melo, agradeo todo o apoio e incentivo

    que me deu, devo-lhe os conhecimentos e opinies pessoais que me transmitiu, o muito

    tempo que me disponibilizou e a vasta bibliografia que colocou minha disposio.

    Ao Adjunto do Comando da Logstica, o Sr. Coronel Tirocinado Pinto da Silva, reconheo

    e agradeo sensibilizado, a sua permanente disponibilidade e vontade de ajudar.

    Ao Sub-Director do Servio de Material, o Sr. Coronel Alves da Rosa e ao Director do

    Depsito Geral de Material do Exrcito, o Sr. Coronel Alfredo Ramos, agradeo o apoio,

    informao e esclarecimentos prestados.

    Finalmente ao meu orientador, quero dar uma palavra de apreo pela sua dedicao e

    empenho, ao procurar contribuir incessantemente com as suas orientaes para a melhoria

    deste trabalho.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo v

    LISTA DE ABREVIATURAS

    AD Apoio Directo

    A/D O mesmo que AD

    AG Apoio Geral

    A/G O mesmo que AG

    ApSvc Apoio de Servios; o mesmo que apoio logstico

    BAI Brigada Aerotransportada Independente

    BApSvc Batalho de Apoio de Servios

    BGSLE Bases Gerais do Sistema Logstico do Exrcito

    BLI Brigada Ligeira de Interveno

    BMI Brigada Mecanizada Independente

    BSM Batalho do Servio de Material (Entroncamento)

    BST Batalho do Servio de Transportes (Lisboa)

    CANIFA Comisso de Acompanhamento das Novas Infra-estruturas das Foras

    Armadas

    CEM Conceito Estratgico Militar

    CEME Chefe do Estado-Maior do Exrcito; Comandante do Exrcito.

    CGLG Centro de Gesto Logstica Geral

    CGLR Centro de Gesto Logstica Regional

    Classe IX Sobressalentes

    Cmd Comando

    Cmd Log Comando da Logstica

    CMSM Campo Militar de Santa Margarida

    CCS - Companhia de Comando e Servios

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo vi

    CFL Centro de Finanas da Logstica

    CR Canal de Reabastecimento

    CTAT Comando de Tropas Aerotransportadas

    DGME Depsito Geral de Material do Exrcito

    DMan Direco de Manuteno (prevista na futura estrutura orgnica do

    CmdLog)

    DReabTranspt - Direco de Reabastecimento e Transportes (prevista na futura

    estrutura orgnica do CmdLog).

    DS Direco dos Servios.

    DSM Direco dos Servios de Material.

    EBE Estrutura Base do Exrcito

    ECE Estrutura de Comandos do Exrcito

    EFE Estabelecimentos Fabris do Exrcito

    EME - Estado-Maior do Exrcito

    EMEL Escola Militar de Electromecnica

    EPAM Escola Prtica de Administrao Militar

    EPSE Escola Prtica dos Servios do Exrcito

    EPSM Escola Prtica do Servio de Material

    EPST Escola Prtica dos Servios de Transporte

    FCivil Fornecedor Civil

    FND Foras Nacionais Destacadas

    FOPE Fora Operacional Permanente do Exrcito

    GML Governo Militar de Lisboa

    GU - Grande Unidade Unidade do Exrcito de escalo igual ou superior a

    Brigada

    GCC - Grupo de Carros de Combate

    Info Informao; dar conhecimento

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo vii

    LNA - Lista de Nveis de Apoio

    LNO - Lista de Nveis Orgnicos

    LOBOFA Lei Orgnica de Bases das Foras Armadas

    LR Local de Reabastecimento

    Man Manuteno

    MDN Ministrio da Defesa Nacional

    NATO North Atlantic Treaty Organization; o mesmo que OTAN

    NEP - Normas de Execuo Permanente

    OC Ordem de Compra

    OF Ordem de Fornecimento

    OGME Oficinas de Gerais de Material de Engenharia

    Org rgo

    OST Order ship time; tempo entre o pedido e a satisfao do mesmo, ou tempo

    de espera aps requisio

    OT Ordem de Trabalho

    PIT Process Improvement Team; Equipa para a Melhoria do Processo

    PLL - Prescribed Load List; Lista de Nveis Orgnicos (LNO)

    QG Quartel-General

    QMG - Quartel-Mestre General

    Reab Reabastecimento

    Req Requisio

    Resp Responsvel

    RM Regio Militar

    RMN Regio Militar Norte

    RMS Regio Militar Sul

    SecLog - Seco de Logstica

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo viii

    SecMan - Seco de Manuteno

    SIT Site Implement Team; Equipa para a Melhoria Local

    Sobress Sobressalente

    SubSecRF - Subseco de Recursos Financeiros

    TN Territrio Nacional

    Tpt; Trans; Transpt Transporte

    UCM Unidade Cirrgica Mvel

    U/E/O Unidades, estabelecimentos e rgos.

    Un Unidade.

    VG Velocity Group; Grupo responsvel pela implementao do Velocity

    Management

    VM Velocity Management; Metodologia de gesto acelerada dos fluxos

    ZM Zona Militar.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo ix

    NDICE

    INTRODUO .............................................................................................................................1

    I. O MODELO VELOCITY MANAGEMENT NA GESTO DA CADEIA DE

    ABASTECIMENTOS ...........................................................................................................8

    I.1 APRESENTAO DO MODELO.................................................................................9

    I.2 METODOLOGIA DE APLICAO DO MODELO ..................................................10

    I.2.1 Definio do processo (D).....................................................................................10

    I.2.2 Avaliao do processo (M)....................................................................................11

    I.2.3 Melhoria do processo (I) .......................................................................................13

    II. O SISTEMA LOGSTICO DO EXRCITO PORTUGUS..........................................16

    II.1 GENERALIDADES......................................................................................................17

    II.2 A FUNO LOGSTICA REABASTECIMENTO NO APOIO LOGSTICO

    COMPONENTE TERRITORIAL DO SISTEMA DE FORAS DO EXRCITO .....18

    II.2.1 Reabastecimento de artigos no crticos................................................................19

    II.2.2 Reabastecimento de artigos crticos ......................................................................21

    III. UM NOVO DISPOSITIVO PARA O FUTURO SISTEMA DE FORAS ...................22

    III.1 A NECESSIDADE DE TRANSFORMAO DO EXRCITO .................................23

    III.2 UM DISPOSITIVO VISIONRIO...............................................................................24

    III.2.1 Pressupostos de uma nova arquitectura do dispositivo territorial .........................24

    III.2.2 Dispositivo em estudo para o Exrcito Portugus e suas implicaes no

    apoio logstico Componente Territorial..............................................................25

    III.2.3 A reestruturao do Comando da Logstica ..........................................................27

    IV. IMPLEMENTAO DE UM MODELO DE GESTO CADEIA DE

    ABASTECIMENTOS DO EXRCITO PORTUGUS ..................................................30

    IV.1 SITUAO ACTUAL..................................................................................................31

    IV.2 APLICAO DO MODELO VELOCITY MANAGEMENT CADEIA DE

    ABASTECIMENTOS DO EXRCITO PORTUGUS ...............................................33

    IV.2.1 Definio do processo ...........................................................................................33

    IV.2.2 Avaliao do processo...........................................................................................35

    IV.2.3 Melhoria do processo ............................................................................................40

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo x

    IV.3 CONTRIBUTOS PARA A MELHORIA DO SISTEMA LOGSTICO.......................46

    IV.3.1 Anlise crtica ao Sistema de Apoio Logstico......................................................46

    IV.3.2 Contributos para o processamento do reabastecimento.........................................47

    IV.3.3 Contributos para as Bases Gerais do Sistema Logstico do Exrcito

    (BGSLE) ao nvel da Componente Territorial ......................................................49

    IV.4 O NOVO DESENHO DOS FLUXOS LOGSTICOS ..................................................52

    V. CONCLUSES....................................................................................................................55

    BIBLIOGRAFIA

    APNDICES

    1- Resumo das diferenas entre os conceitos tradicionais e actuais de logstica

    2- O Modelo Velocity Management (Vm)

    3- Conceitos doutrinrios

    4- Actual dispositivo do Exrcito

    5- A nova arquitectura do dispositivo territorial

    6- Desenho do Processo

    7- Estudo da implantao territorial das Unidades / Programao de rotas

    8- Quadro resumo de requisies de material NATO do GCC/BMI (2003)

    9- Novo desenho dos fluxos logsticos (Classes II, III, V,VII, VII crticos, IX e X)

    ANEXOS

    A - O Estado da Arte

    B - Organograma da nova estrutura do CMDLOG

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 1

    INTRODUO

    Definio do Contexto e Objectivo da Investigao

    As Foras Armadas, quando analisadas segundo uma ptica de produto so uma

    empresa monopolista com uma produo invisvel em termos materiais.

    Assim, devido a razes econmicas, muitos dos Estados adoptam normalmente uma

    organizao militar, estruturada para situao de tempo de paz, mas vocacionada para a

    campanha. Esta estrutura apoiada numa componente territorial e numa componente

    operacional, permite uma fcil transio e uma rpida actuao na conduo das operaes

    militares. A crescente necessidade de reduzir os tempos de resposta do aparelho militar,

    com prazos de interveno cada vez menores, traduz-se numa crescente importncia dos

    aspectos relacionados com a organizao militar em geral e com o apoio logstico em

    particular.

    Para dinamizar a organizao militar, consideramos ser conveniente verificar qual tem

    sido a soluo encontrada pelas empresas no desenho dos seus modelos organizacionais, de

    modo a fazer face aos desafios criados pela crescente concorrncia dos mercados e

    necessidade de orientar os seus servios para a satisfao do cliente.

    Segundo Crespo de Carvalho1, a logstica apresenta actualmente duas caractersticas

    principais. Uma delas decorrente da sua natureza intrnseca, ser cross-funcional, isto ,

    corta transversalmente as vrias funes tradicionais da empresa (processual); a outra, o

    seu carcter sistmico, exigindo uma coordenao e uma viso global e integrada, de

    mltiplas actividades.

    A Logstica Militar, com o objectivo de apoiar as foras, quer em tempo de paz quer em

    campanha, colocando o que necessrio, no local prprio e no momento oportuno, ou seja,

    satisfazendo todas as necessidades de vida e de combate na conduo de operaes, tem

    submetido o seu sistema de reabastecimento a um processo de reengenharia2,

    aproximando-se do conceito adoptado em 1999 pelo Council of Logistics Management

    1 CARVALHO, Jos Mexia Crespo de - Logstica, 3 ed., Slabo, Lisboa, 2002, pp. 31-33. 2 Processo de alterar a maneira de fazer, com o objectivo de obter grandes incrementos no desempenho

    operativo.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 2

    (CLM), segundo o qual, A Logstica a parte do processo da cadeia de abastecimento,

    que planeia, implementa, e controla o eficiente e efectivo fluxo e armazenamento de bens,

    servios e informaes com eles relacionadas, desde a origem ao destinatrio, visando

    atender aos requisitos dos consumidores.3

    A palavra em voga passou a ser racionalizar, sem que tal significasse

    necessariamente reduzir, mas sim, tornar mais eficiente e econmico o apoio logstico.

    Neste contexto e com a necessidade de substituir o princpio da massa pelo princpio da

    velocidade4, sem perder a flexibilidade necessria, surge no Exrcito dos Estados Unidos

    da Amrica, o modelo Velocity Management (VM), vocacionado para a implementao da

    velocidade e eficincia dos fluxos logsticos (informacionais5 e fsicos6) atravs da gesto

    da cadeia de abastecimentos Supply Chain Management aproximando a Logstica

    Militar ao modelo logstico empresarial.7

    Com particular incidncia na cadeia de abastecimento de sobressalentes (Classe IX),

    as polticas de aprovisionamento passaram a reflectir os impactos da diminuio de

    efectivos, da reestruturao e da reduo oramental, sem que a operacionalidade dos

    equipamentos fosse colocada em causa.

    As novas tecnologias tornaram possvel, logstica, trabalhar de forma econmica,

    optimizar procedimentos e racionalizar meios. Estamos numa poca em que os fluxos de

    informao e os fluxos fsicos ou de produtos, necessitam de grande dinmica para um

    processamento que se pretende clere, com baixo custo e com acrscimo na qualidade do

    servio. Mas esta eficincia ao nvel da cadeia de abastecimentos s efectiva, se o fluxo

    de informao e a gesto das interfaces entre as diversas tarefas, proporcionar o menor

    nmero de disrupes, assegurando a continuidade do fluxo fsico.

    3 CHASE, Richard B., [et al.] - Prodution and Operations Management: Manufacturing and Services,

    Mc Graw-Hill, 2000, p.13. 4 Pr-posicionamento de elevados stocks. 5 e.g., Fluxos informacionais (requisies, ordens de compra, ordens de fornecimento, cotaes,

    informaes). 6 e.g. , Fluxos fsicos ou materiais (fornecimento e transporte de abastecimentos). 7 DUMOND, John, [et al.] - Velocity Management: The business paradigm that has transformed

    U.S.Army Logistics, RAND Organization, Santa Mnica, Califrnia, USA, 2000, p.5.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 3

    No Exrcito Portugus, apesar de terem sido feitos esforos no sentido de

    incrementar os fluxos de informao8, estes, parecem no ter encontrado correspondncia

    ao nvel dos fluxos fsicos.

    O Exrcito Portugus que desde os meados da dcada de 70 (ScXX) vem

    atravessando uma fase de reorganizao, organizou de forma diferenciada o seu apoio

    logstico numa ptica por servios, nos altos escales em tempo de paz e numa ptica por

    funes9, nos baixos escales em tempo de paz e em campanha.

    Para ultrapassar os inconvenientes deste modelo organizacional, em finais de 2001, o

    Chefe do Estado-Maior determina que se inicie os estudos de forma a "adoptar uma

    logstica por funes"10 quer em tempo de paz quer em campanha. No entanto continua a

    verificar-se um afastamento dos modelos e processos em uso no Exrcito, dos actuais

    modelos da logstica empresarial e da gesto da cadeia de abastecimentos, devido menor

    capacidade do Exrcito em se adaptar mudana.

    Em termos de organizao e relativamente ao Sistema de Foras Nacional e

    Dispositivo, a Lei Orgnica de Bases da Organizao das Foras Armadas (LOBOFA), no

    seu Art. 3, refere a constituio do Sistema de Foras, considerando uma componente

    operacional, englobando o conjunto integrado de foras e meios numa perspectiva de

    emprego operacional e uma componente fixa ou territorial, englobando o conjunto de

    rgos e servios essenciais organizao e apoio das Foras Armadas.

    De acordo com a Directiva 193/CEME/03, que determina as aces a desenvolver

    visando a transformao do Exrcito, esta dever ocorrer a dois nveis: a nvel conceptual,

    atravs da adopo de um novo modelo organizacional, cuja preocupao central seja a

    prontido da fora existente, e ao nvel da implementao, procurando aproximar o novo

    modelo realidade actual.

    Em termos logsticos, pretende-se modernizar no plano tecnolgico e industrial os

    rgos de apoio logstico existentes e efectuar a sua centralizao, de forma a constituir

    uma "Base Logstica de Apoio Geral"11. Deste modo no mbito logstico, continua a

    8 e.g. Criao do Sistema Integrado de Gesto (SIG). 9 Baseada nas funes logsticas Reabastecimento, Transporte, Manuteno, Evacuao e Hospitalizao e

    Servios de Campanha. 10 Directiva 263/CEME/01, p.7. 11 Directiva 193/CEME/03, p.13.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 4

    verificar-se a prioridade de centralizar rgos de apoio geral com afinidades ao nvel da

    produo e do reabastecimento.

    A descentralizao da aco de comando que se pretende atingir com a

    implementao de uma Estrutura de Comandos do Exrcito (ECE) e a eliminao das

    duplas dependncias, decorrente da centralizao da Estrutura Base do Exrcito (EBE) 12

    numa organizao Regimental, conduz necessria eliminao de patamares de comando

    intermdio - QuartisGenerais das Regies Militares do Norte e Sul (QG/RMN e

    QG/RMS) e do Governo Militar de Lisboa (GML). A par desta reestruturao, as

    alteraes da estrutura logstica do Exrcito, decorrentes da concentrao de rgos

    logsticos, principalmente ao nvel do reabastecimento e a adopo de uma estrutura

    funcional ao nvel do Comando da Logstica, tero implicaes em termos da cadeia

    logstica, como veremos no decurso deste trabalho.

    Importncia do Estudo

    Perante o tema proposto - O Dispositivo e os fluxos logsticos - , procurou-se

    reflectir sobre o novo desenho dos fluxos logsticos, face redefinio da estrutura de

    Comandos do Exrcito e de uma possvel nova arquitectura do Dispositivo.

    Por um lado, manifesta-se a necessidade de prospectivar o novo Dispositivo

    Territorial, por outro, procura-se explorar a abrangncia dos fluxos logsticos, nas suas

    variantes fsica e informativa. Assim sendo, procurar-se- verificar quais as alteraes

    possveis de implementar no processamento dos fluxos logsticos, para adequao, ao que,

    de acordo com a Directiva 193/CEME/03, se prospectiva ser num futuro prximo, o

    Sistema de Foras do Exrcito e o seu Dispositivo.

    Os vectores de racionalizao, integrao, deslocalizao e descentralizao,

    considerados fundamentais na concepo de uma possvel nova arquitectura do Dispositivo

    e dos fluxos de reabastecimento que se pretendem optimizar, tornam este tema pleno de

    actualidade e consubstanciam a sua importncia.

    Delimitao do Estudo

    Sendo o domnio da logstica demasiado abrangente e estando o Sistema de Foras

    Nacional orientado para a componente operacional, remetendo para o Dispositivo de

    12 Directiva 193/CEME/03, p.8.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 5

    Foras o desenho da Componente Territorial, considerou-se com base nestas duas

    premissas a necessidade de delimitar o presente trabalho de acordo com o abaixo indicado:

    O estudo que se pretende elaborar, centrar-se- na funo logstica Reabastecimento;

    No estudo dos fluxos fsicos e informacionais, abrangeremos todas as classes de

    abastecimentos, com excepo das Classes I (Vveres), IIB (Cartas Topogrficas) e

    VIII (medicamentos), bem como Material de Segurana das Transmisses que, por

    razes decorrentes da sua especificidade, necessidade de medidas especiais de

    segurana, baixo valor unitrio, ou elevada frequncia de entregas, devero ser

    objecto de tratamento diferenciado;

    Limitaremos o estudo ao nvel da Componente Territorial (dispositivo territorial) do

    Sistema de Foras do Exrcito.

    Metodologia

    Este trabalho tem por base a seguinte questo central:

    Qual a forma de melhorar os fluxos logsticos de reabastecimento no quadro de

    uma nova arquitectura do Dispositivo?

    Desta questo central decorrem as seguintes questes derivadas:

    Est o actual processo de reabastecimento de sobressalentes, ajustado s

    exigncias actuais?

    Ser possvel identificar alvos de melhoria no actual processo de reabastecimento?

    Ser possvel aplicar ao Exrcito Portugus um modelo que permita acelerar a

    resposta do Sistema de Apoio Logstico?

    Que alteraes na arquitectura do novo dispositivo territorial tm implicaes no

    desenho dos fluxos logsticos?

    Ser possvel implementar um procedimento comum de reabastecimento para as

    classes de abastecimento em estudo?

    Para dar respostas a estas questes, recorrer-se- consulta de bibliografia no mbito

    da logstica em geral e da logstica do exrcito Norte-americano em particular, pesquisa

    documental na Internet e outras fontes e a entrevistas exploratrias a vrias

    individualidades.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 6

    Atravs de um processo de Benchmarking13, ser estudada a possibilidade de aplicao

    do Modelo Velocity Management, cadeia de reabastecimento de sobressalentes do

    Exrcito Portugus, em virtude de constiturem uma classe de abastecimentos transversal

    ao actual sistema logstico.

    Atravs da anlise dos fluxos, procurar-se- compatibilizar as diversas classes de

    abastecimentos, com a metodologia VM, verificando para cada uma, como dever ser

    efectuado o referido processamento simplificado: aquisio, armazenagem, requisio,

    distribuio, centralizao de informao, etc.

    Na anlise a efectuar relativamente ao Dispositivo Territorial e ao Sistema Logstico

    a adoptar pelo Exrcito, procurar-se- ir ao encontro da directiva difundida pelo General

    CEME, relativa s principais aces a desenvolver visando a transformao do

    Exrcito14. Para o efeito, o desenho do Dispositivo Territorial e a funcionalizao do

    Sistema Logstico do Exrcito, procurar integrar, as directivas e estudos da

    responsabilidade do Estado-Maior do Exrcito e os estudos recentemente efectuados pelo

    Comando da Logstica, quer pelo seu Estado-Maior, quer pelas suas Direces Logsticas.

    O confronto da realidade existente com aquilo que julgamos ser adequado ao futuro

    desenvolvimento do Exrcito, ser objecto de anlise e conduzir s necessrias

    concluses.

    Organizao e Contedo do Estudo

    Perante o tema proposto - O Dispositivo e os Fluxos Logsticos -, surge a

    necessidade de apresentar ainda que de forma sumria, qual a arquitectura pensada para o

    novo dispositivo, assim como identificar os intervenientes na cadeia logstica, sua

    interaco com os fluxos fsicos e de informao. A necessidade de contribuir para a

    celeridade dos fluxos, implica que sejam identificados alvos de melhoria do processo,

    encontradas solues para optimizar procedimentos e redesenhados os fluxos logsticos.

    Concluiremos este trabalho com a apresentao de alguns contributos, para as futuras

    Bases Gerais do Sistema Logstico do Exrcito (BGSLE). Para tal o presente trabalho foi

    dividido em cinco captulos.

    13 Processo contnuo que consiste em estabelecer objectivos com base nos nveis de desempenho de

    organizaes de referncia. 14 Directiva 193/CEME/03, p.6

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 7

    Com o primeiro captulo pretende-se descrever o Modelo de Estudo Velocity

    Management (VM), e os benefcios resultantes da sua aplicao ao apoio logstico do

    Exrcito dos EUA, que pelo seu desenvolvimento organizacional, por ns foi considerada

    uma organizao de referncia.

    Seguidamente, apresenta-se a situao actual do processamento do reabastecimento

    no Exrcito Portugus.

    No captulo seguinte, efectuaremos uma descrio e caracterizao do novo

    Dispositivo Territorial, focando em particular as alteraes face ao actual Dispositivo que

    tm implicaes directas na efectivao dos fluxos logsticos.

    No quarto captulo pretende-se descrever e analisar a aplicao de um modelo

    cadeia de abastecimento de sobressalentes do Exrcito Portugus, consequncias dessa

    aplicao e extrapolar a sua aplicabilidade s restantes classes de abastecimentos. Neste

    captulo, procuraremos ainda dar alguns contributos para as futuras BGSLE, na sua parte

    relativa ao apoio logstico em tempo de paz.

    Finalmente, apresentaremos de uma forma sucinta, as concluses do presente

    trabalho, apontando solues para a melhoria da cadeia de abastecimentos, tendo em conta

    as alteraes na estrutura do apoio logstico do Exrcito.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 8

    I. O MODELO VELOCITY MANAGEMENT NA GESTO DA CADEIA DE

    ABASTECIMENTOS

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 9

    I.1 APRESENTAO DO MODELO

    Para fazer face s mudanas determinadas pela necessidade de emprego de foras

    militares em vrios teatros, com prazos de interveno reduzidos e com elevadas

    exigncias operacionais, levou o Exrcito dos Estados Unidos da Amrica a repensar o seu

    sistema logstico no sentido de acelerar e assim melhorar os fluxos logsticos.

    A implementao do Modelo Velocity Management (VM), importado do mundo

    empresarial, foi a soluo encontrada para fazer chegar os abastecimentos requeridos, em

    tempo e no local certo. Esta metodologia fez aproximar o conceito de logstica tradicional,

    do moderno conceito empresarial de logstica15, e provocou uma alterao radical na

    maneira de efectuar o apoio logstico.

    Neste captulo far-se- a apresentao sucinta do modelo e das suas componentes D

    M I16 (Definir ou identificar17 - Avaliar - Melhorar).

    Em anexo18 descreve-se esta metodologia de forma mais desenvolvida.

    O programa VM atravs duma viso do sistema logstico orientada por processos,

    procura detectar e eliminar fontes de atraso (intervenientes ou passos desnecessrios ou

    sem valor acrescentado ao processo de reabastecimento) e optimizar o processamento

    logstico. Com o modelo VM, o apoio logstico que era pensado e executado por funes

    logsticas19- o que implicava uma viso muito restrita e independente dos processos,

    tornando difcil a percepo e a resoluo de problemas que atravessassem as fronteiras

    funcionais - passou a ser encarado numa ptica processual, facilitando a percepo e

    resoluo de problemas.

    Um grupo de trabalho, designado Velocity Group (VG), implementou o modelo

    recorrendo a dois tipos de equipas. A primeira, o Process Improvement Team (PIT)20,

    focada nos processos que atravessam toda a cadeia de abastecimento independentemente

    das instalaes e organizaes do Exrcito.

    15 Apndice 1 Quadro comparativo entre o conceito tradicional e actual de logstica. 16 Define Measure Improve. 17 Ir-se- utilizar definir para maior aproximao ao termo ingls define. 18 Apndice 2 O Modelo Velocity Management (VM) 19 Reabastecimento, Manuteno, Transporte, Servios de Campanha e Evacuao e Hospitalizao. 20 Equipa para a Melhoria do Processo (Traduo livre do autor).

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 10

    O outro tipo, chamado Site Improvement Team (SIT)21, encontra-se orientada para a

    logstica por processos na Unidade utilizadora. Actualmente existem cinco equipas de

    implementao do processo, estudando os seguintes processos: Requisio e envio (Order

    and Ship), Reparao (Repair), Armazenagem (Stockage), Gesto Financeira (Financial

    Management) e Transporte (Transportation) 22. A estrutura apoiada nestes dois pilares visa

    implementar com rapidez o modelo, melhorando os processos no interior das Unidades e

    ao longo da cadeia de abastecimentos, em simultneo.

    I.2 METODOLOGIA DE APLICAO DO MODELO

    Conceptualmente, a aproximao para melhoria dos processos logsticos realizada

    pelo modelo VM inclui trs passos: definio ou identificao do processo que se pretende

    melhorar; avaliao do seu desempenho e melhoria do processo.

    I.2.1 DEFINIO DO PROCESSO (D)

    Para a fase de definio, cada processo dever ser dividido em sub-processos e

    actividades. De seguida, o desempenho do processo dever ser medido em termos dos

    atributos logsticos: tempo; qualidade e custos, o que implica desenvolvimento de bases de

    dados e de mtricas normalizadas. Finalmente devero ser apontadas solues exequveis e

    econmicas para a melhoria dos processos.

    Em cada processo, para o produto final pretendido, a equipa de implementao (PIT)

    obrigada a identificar: o cliente e o respectivo output 23, ou seja aquilo que necessita, para

    que, numa fase posterior, em cooperao, se possam estabelecer objectivos de melhoria

    (e.g. mtricas para a qualidade); o fornecedor e o respectivo Input necessrio execuo

    de cada processo24.

    Um dos objectivos neste passo de implementao traar e reconhecer estas

    relaes. Algumas delas podero ser a fonte de um problema que esteja a pr em causa o

    funcionamento de todo o processo da cadeia de abastecimentos. Torna-se obrigatrio

    21 Equipa para a Melhoria Local (Traduo livre do autor). 22 BRAUNER, Marygail K.[et al.] - Dollars and sense, RAND Arroyo Center, Santa Mnica, USA, 2000,

    p.66. 23 e.g. , Produtos, servios, informao, etc. 24 e.g. , Informao, dinheiro, material, mo-de-obra, transporte, etc.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 11

    verificar como esto a ser praticadas as directivas e normas aprovadas e como cada

    indivduo v o desempenho dos restantes envolvidos em cada passo do processo.

    Logo que estejam identificados inputs, outputs, fornecedores e clientes, por norma, o

    processo logstico em anlise comea a mostrar-se demasiado complexo. O cliente de um

    output, pode igualmente ser o fornecedor de alguns inputs. Um dos objectivos deste passo

    da implementao da metodologia VM seguir o processo e identificar estas situaes.

    A tarefa final deste passo (definio do processo), o desenho do processo que

    transforma os inputs nos outputs pretendidos.

    I.2.2 AVALIAO DO PROCESSO (M)

    Depois da definio do processo, segue-se a medio do seu desempenho. Como j

    referimos, foram identificadas pelo Velocity Group, trs dimenses mensurveis: tempo,

    custo e qualidade. Avaliar o processo implica saber como medir o seu desempenho,

    estabelecer as medidas bases de satisfao em cada nvel e definir objectivos intermdios.

    Definir Mtricas Para a avaliao da cadeia de abastecimento, a equipa de melhoria

    do processo (PIT), obrigada a identificar ou a desenvolver mtricas para cada dimenso

    do desempenho (Tempo-Custo-Qualidade).

    As mtricas devero ser seleccionadas de forma a permitir a visibilidade da

    variabilidade do desempenho, bem como a sua mdia, visto que um dos objectivos dos

    esforos para melhoria do processo o de reduzir essa variabilidade.

    O Tempo o atributo logstico de mais fcil compreenso na avaliao do

    desempenho25 e deve ser contabilizado de forma contnua desde a manifestao fsica da

    necessidade, at sua satisfao, devendo a PIT assegurar-se que no existem falhas nos

    fluxos logsticos entre o fornecedor e o cliente, sem possvel atribuio de

    responsabilidades.

    Normalmente associado aos fluxos da Classe IX (sobressalentes) a medio do

    tempo de entrega aps a requisio (Order Ship Time OST), uma mtrica que se pode

    aplicar a praticamente todas as reas da logstica, traduzindo-se no tempo de resposta

    satisfao da necessidade.

    As mtricas de qualidade so de maior dificuldade de desenvolvimento, por terem

    que ser definidas de acordo com o produto final pretendido. Elevada qualidade pode

    25 BRAUNER, Marygail K. [et al.] - Dollars and sense, p.69.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 12

    significar uma coisa para o requisitante e outra para o fornecedor. Quais as caractersticas

    que o cliente mais valoriza? At que ponto o cliente considera o processo satisfatrio?

    Qual a qualidade requerida dos inputs? Uma mtrica de qualidade a adoptar para o

    processo de requisio, poder ser o nmero de requisies no satisfeitas.

    Relativamente s mtricas de custos, alguns acadmicos, consideram que apesar

    destas poderem ser facilmente definidas numa organizao empresarial, no seio de

    organizaes sem fins lucrativos e sem um sistema financeiro baseado num custeio por

    actividades, os custos podero ser de difcil medio, uma vez que os mecanismos de

    gesto financeira, tal como sucede com o Exrcito Norte-americano no esto preparados

    para relacionar custos com desempenho.26 Contudo, para medir o desempenho do processo,

    torna-se necessrio efectuar uma anlise comparativa dos custos. O objectivo dever ser a

    avaliao das propostas de melhoria, seguindo-as ao longo do tempo, usando custos

    comparativos (antes/depois).

    Determinao das fontes de dados O passo aps a definio das mtricas consiste

    na identificao das fontes de dados especficos, i.e., dos locais onde os dados podero ser

    obtidos com rigor.

    Identificao de problemas de dados e suas solues A equipa de implementao

    deve identificar problemas relacionados com a falta de dados ou a sua pouca credibilidade

    e, eventualmente, desenvolver solues para tal.

    Estimar o desempenho base em cada dimenso Definir o desempenho do processo

    (desempenho base) uma tarefa fundamental. O conjunto de dados base deve cobrir um

    perodo de tempo suficientemente longo na maior parte dos processos um ano mostra-se

    suficiente de forma a no incidir num perodo afectado por variaes do tipo sazonal ou

    outro. Isto permite estabelecer um racional na definio dos objectivos iniciais a atingir e

    constatar a existncia de melhorias (custo, rapidez, satisfao).

    Definir os objectivos de melhoria do desempenho Para cada processo importante

    decidir qual o nvel de desempenho desejado para atingir os objectivos pretendidos. Estes

    objectivos podem numa primeira fase ser estabelecidos com base nas informaes obtidas

    26 BRAUNER, Marygail K. [et al.] - Dollars and sense, p.70.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 13

    do cliente, ou atravs da determinao do nvel de desempenho que outras organizaes de

    referncia atingem nesse tipo de actividades27.

    I.2.3 MELHORIA DO PROCESSO (I)

    De seguida apresentada uma aproximao estruturada para melhoria dos processos.

    Definir o alvo de melhoria Aps definido o processo logstico e o desempenho

    base, a PIT pode comear a analisar o processo e determinar os alvos das alteraes a

    implementar. Existem trs abordagens possveis. A primeira, centrada nas melhorias que

    podem ser fcil e rapidamente atingidas, como por exemplo, actividades de fcil

    eliminao28, ou procedimentos ajustveis com um grande efeito29. A segunda abordagem,

    incidindo a sua aco sobre os segmentos com maior potencial de ganho (tempo e custo),

    ainda que de implementao mais difcil. Finalmente, numa terceira abordagem, a equipa

    de implementao pode centrar-se na qualidade dos Inputs necessrios.

    Desenvolver alternativas Para cada alvo definido, a equipa de implementao do

    processo deve propor uma ou mais alternativas que acredite que possam melhorar o

    desenho actual. No caso do desenho do processo parecer demasiado complexo ou se

    muitos segmentos apresentarem problemas, a equipa deve considerar redesenh-lo. A

    equipa de implementao na Unidade (SIT) deve coordenar com a equipa de

    implementao do processo (PIT), para que no haja sobreposio de desenhos j

    implementados ou que, tendo sido testados, no tenham provado.

    Implementar alternativas Logo que uma alternativa tenha sido preferida, a soluo

    deve ser implementada na Unidade pela equipa de implementao na Unidade (SIT),

    recorrendo ao apoio do Comando local e nas situaes mais complexas, ao apoio da equipa

    de implementao do processo (PIT).

    Supervisionar e relatar as melhorias implementadas Aps a implementao das

    alteraes, o processo necessita de ser avaliado. A avaliao do desempenho um requisito

    fundamental para a melhoria do sistema de apoio logstico.

    27 Processo designado por Benchmarking. 28 e.g. , autorizaes repetidas. 29 e.g. , sincronizao dos pedidos electrnicos com o programa de gesto do stock.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 14

    Vimos que o modelo Velocity Management pretende retirar da logstica empresarial

    os ensinamentos que contribuam para uma maior eficincia do apoio logstico e da cadeia

    de abastecimentos do Exrcito.

    Em anexo30, encontra-se parte de um trabalho que apresenta a situao do Exrcito

    Norte-americano (State of the Art), antes e aps a aplicao do modelo, quais os resultados

    atingidos e quais as dificuldades encontradas para implementao dos novos conceitos.

    Da aplicabilidade da metodologia VM ao Exrcito Norte-americano, foi possvel

    retirar as seguintes concluses:

    As equipas referenciaram que os sobressalentes tinham tempos de entrega muito

    variveis, obrigando a que um determinado sistema de armas se mantivesse

    inoperacional, apesar de ir recebendo sobressalentes para a sua reparao. Essa

    constatao levou a que o processo inicial de aplicao do modelo fosse o de

    requisio e envio (Order and Ship);

    Aps a definio do processo, as equipas (PIT e SIT), obtiveram dados sobre as

    actividades mais problemticas. Constataram que os atrasos nas requisies se deviam

    sua reteno aos diversos escales e que os atrasos no segmento final eram

    causados, na sua maioria, devido grande diversidade de modos de transporte, sem

    horrio definido e de cargas sortidas por vezes de reduzidas dimenses e provenientes

    de diversas fontes31;

    Uma das principais melhorias do processo, resultou da implementao de uma

    distribuio programada, a partir de um Depsito Geral. Com a programao dos

    transportes, as entregas passaram a ser efectuadas directamente do Depsito Geral ao

    requisitante, sem perdas de tempo em depsitos intermdios e os efeitos positivos

    foram sentidos no s no interior dos EUA, como nas Unidades Militares existentes

    ou em operaes no exterior do territrio Norte-americano;

    Antes da aplicao do Modelo VM, o tempo de espera aps requisio (OST)

    apresentava valores mdios entre 22 dias nas Unidades Militares no interior do

    30 Anexo A O Estado da Arte - Extractos do trabalho elaborado pelo TCor Carlos Nuno Gomes e Simes

    de Melo em dissertao para obteno do grau de Mestre em Logstica. 31 Encomendas de volume reduzido eram enviadas por servios do tipo FedEx (entregas postais) e as de

    grande volume por UPS (transportadoras). Se o carregamento fosse suficientemente grande (em volume e

    quantidade) poderia justificar um camio, podendo tambm ser utilizados, com frequncia, camies

    subaproveitados, ou seja, com carga inferior sua lotao mxima.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 15

    territrio Norte-americano e entre 28 a 32 dias nas Unidades fora dos EUA,

    dependendo da sua localizao geogrfica;

    Os percentis correspondentes a 50, 75 e 95% da satisfao dos pedidos, so mais

    elucidativos da melhoria resultante da implementao da metodologia VM, com

    valores mdios de 17, 25 e 56 dias, respectivamente. Fora do territrio Norte-

    americano estes percentis apresentam valores mdios que podem, no caso das foras

    situadas no Comando do Pacfico, atingir 28 dias (50%), 38 dias (75%) e 72 dias

    (95%);

    Depois da implementao da metodologia VM, o OST foi reduzido em mdia para

    25% do seu valor mdio inicial, com redues ainda mais significativas nos percentis

    75 e 95.

    Como resultado da aplicao da metodologia VM, a Logstica do Exrcito Norte-

    americano atingiu a capacidade actual de apoiar as suas foras em qualquer momento e

    local. No quadro seguinte resume-se as actuais interligaes e interdependncias dos

    processos, e os benefcios retirados aps a aplicao do modelo.

    Figura 1 - Interdependncia dos processos logsticos

    Aps a apresentao do modelo de gesto da cadeia de abastecimentos - Velocity

    Management -, e da sua aplicao ao apoio logstico do Exrcito dos EUA, apresentamos

    no captulo seguinte, uma breve referncia ao sistema de reabastecimento do Exrcito

    Portugus.

    Processos Benefcios imediatos Benefcios finais

    Reparao

    Requisio e envio

    Armazenagem

    Reparao eficaz das peas

    necessrias

    Entregas rpidas e

    eficazes

    Stocks necessrios no local

    certo

    Melhorar a

    prontido para o

    combate

    Melhorar a capacidade da Unidade mais rapidamente ser destacada

    Poupar dinheiro

    Fonte: MELO, TCor Cav Simes de, O Modelo Velocity Management Aplicao cadeia de abastecimentos de sobressalentes do Exrcito Portugus, p.40.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 16

    II. O SISTEMA LOGSTICO DO EXRCITO PORTUGUS

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 17

    II.1 GENERALIDADES

    A Logstica que no incio do Sc.XX compreendia um conjunto de actividades, ento

    designadas por Administrao, foi at aos nossos dias objecto de evoluo e de

    reengenharia32 e constitui um dos maiores desafios que as Organizaes, e o Exrcito em

    particular, enfrentam hoje em dia, materializado na necessidade de responder a uma

    crescente volatilidade do mercado33.

    O conceito de Logstica adoptado pelo Exrcito Portugus o mesmo da doutrina

    Norte-americana, segundo a qual, compete logstica desenvolver e manter o mximo

    de potencial de combate atravs do apoio aos sistemas de armas34. Mas este conceito s

    comea a configurar-se no Exrcito Portugus a partir de 1959, apesar de j em 1955, com

    o aparecimento do Regulamento de Campanha, que tipificava um sistema de apoio por

    servios, a Logstica ter comeado a ganhar expresso como parte individualizada da

    Administrao Latu sensu.

    Com o incio da guerra nas ex-Provncias Ultramarinas, a organizao logstica passou a

    basear-se numa estrutura por Servios (Material, Intendncia, Transmisses, Engenharia,

    Transportes, Sade e Finanas), situao que viria a ser posta em causa com o fim desse

    conflito e com o empenhamento em operaes no mbito da NATO. O Exrcito Portugus

    comeou ento procura de uma doutrina prpria que apontava para o aproveitamento do

    sistema existente e para a introduo de alguns ajustamentos, que lhe permitisse:35

    Compatibilizar a sua doutrina com a da NATO;

    Melhorar a gesto e o controlo;

    Facilitar a transio do apoio em tempo de paz para tempo de guerra;

    Incrementar a participao das Regies Militares (RM) e Zonas Militares (ZM)

    (Aores e Madeira) no sistema logstico e na administrao dos recursos;

    Concentrar os rgos de execuo afins.

    32 Processo de alterar a maneira de fazer, com o objectivo de obter grandes incrementos no desempenho

    operativo. 33 CARVALHO, Jos Crespo e Vtor Carvalho - Auditoria Logstica: Medir para gerir, Slabo, Lisboa,

    2001, p.15. 34 IAEM, ME-60-10-00 - Logstica Noes Gerais, p.I.7. 35 IAEM, NC-60-50-10 - Apoio Logstico ao Sistema de Foras Nacional, p.I.3.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 18

    Tomando como referncia o sistema funcional empregue pela ento 1 Brigada Mista

    Independente (1 BMI), foram elaboradas as Bases Gerais do Sistema Logstico do

    Exrcito (BGSLE), com os seguintes objectivos, entre outros:

    Organizar o apoio logstico segundo um sistema misto, funcional nos baixos

    escales e por servios nos escales mais elevados, de forma a obter um melhor

    aproveitamento dos recursos disponveis;

    Facilitar a transio do apoio logstico de uma situao de tempo de paz para uma

    situao de campanha;

    Assegurar maior participao das RM/ZM, no mbito do apoio logstico.

    As dificuldades na implementao das BGSLE e necessidade de enquadrar

    genericamente o apoio a Foras Nacionais Destacadas (FND), levaram necessidade de

    reviso das BGSLE, cujos objectivos eram, para alm dos que presidiram sua elaborao

    inicial, garantir a sustentao logstica a unidades do Exrcito em misses no exterior do

    Territrio Nacional (TN) no mbito dos compromissos internacionais assumidos.

    II.2 A FUNO LOGSTICA REABASTECIMENTO NO APOIO LOGSTICO

    COMPONENTE TERRITORIAL DO SISTEMA DE FORAS DO

    EXRCITO

    As funes logsticas so um conjunto de actividades afins que concorrem para a

    mesma finalidade36. As funes logsticas cortam transversalmente os Servios,

    anteriormente referidos, existindo duas orientaes para implementao de um Sistema de

    Apoio Logstico: por funes (responsabilizar uma Unidade ou rgo pela execuo de

    apenas uma funo logstica) ou por servios (responsabilizar uma Unidade ou rgo pela

    execuo de mais do que uma funo logstica).

    A doutrina37 do Exrcito Portugus engloba numa nica funo logstica, todas as

    actividades cujo objectivo fornecer os abastecimentos - o Reabastecimento.

    A execuo desta funo logstica traduz-se na aco coordenada de trs operaes:

    Determinao das necessidades;

    Procura e obteno dos abastecimentos;

    Distribuio.

    36 IAEM, ME-60-10-00 - Logstica Noes Gerais, p.II.5. 37 Apndice 3 Conceitos doutrinrios.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 19

    Compete ao Comando da Logstica adquirir, armazenar e gerir os abastecimentos.

    Para tal, esse Comando, atribuiu competncia s diferentes Direces dos Servios (DS),

    s quais compete propor e promover a obteno e produo de abastecimentos a seu cargo,

    elaborar cadernos de encargos e promover a realizao de concursos e consultas para

    aquisio dos mesmos, proceder recepo dos abastecimentos e assegurar a sua entrada

    no canal de reabastecimento, inspeccionar os abastecimentos distribudos e em depsito e

    elaborar regulamentos, directivas e instrues tcnicas relativas ao reabastecimento.

    II.2.1 REABASTECIMENTO DE ARTIGOS NO CRTICOS

    A distribuio garantida por rgos de reabastecimento de Apoio Geral (A/G) na

    directa dependncia do Comando da Logstica (Depsitos Gerais e Estabelecimentos

    Fabris do Exrcito com responsabilidade de reabastecimento).

    No mbito do Apoio Directo (A/D) de reabastecimento, excepo das Unidades do

    Governo Militar de Lisboa (GML), que em virtude de no disporem de rgos de A/D,

    acumulam esse apoio nos rgos de A/G, o A/D s restantes Unidades da

    responsabilidade dos respectivos Comandos Territoriais, sendo esta actividade gerida pelos

    Centros de Gesto Logstica Regionais (CGLR)38, previstos nas BGSLE, agregados s

    Reparties de Logstica do seu Estado-Maior.

    No que respeita ao Apoio de Unidade, a execuo do reabastecimento da

    responsabilidade das respectivas Unidades que dispem para o efeito de Seces de

    Logstica e de subunidades ou rgos de apoio de servios.

    Nas figuras 2 a 4, esto representados de forma esquemtica e simplificada, os fluxos

    de reabastecimento (informacionais e materiais) de artigos no crticos, correspondentes

    aos processos anteriormente referidos.

    38 Entidade contemplada nas Bases Gerais do Sistema Logstico do Exrcito (BGSLE), mas no

    implementada.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 20

    PORTO

    LISBOA

    MM

    LMPQF

    VIII

    I,IIIVI

    SucMM

    I,IIIVI

    SucLMPQF

    VIII

    A/D

    Dep Ger(A/G)

    RepLogCGLR

    CmdLogCGLG

    REGIES MILITARES REGIES MILITARES -- REABREAB

    E/D

    LISBOA

    RepLogCGLR

    CmdLogCGLG

    GOVERNO MILITAR DE LISBOA GOVERNO MILITAR DE LISBOA -- REABREAB

    MM

    LMPQF

    VIII

    I,IIIVI

    Dep Ger(A/G)

    LISBOACmdLog

    CGLG

    DelMM

    I,IIIVI

    MM LMPQF

    VIIII,IIIVI

    Dep Ger(A/G)

    A/D

    RepLogCGLR

    RepLogCGLR

    ZONAS MILITARES ZONAS MILITARES -- REABREAB

    E/D

    Existem contudo situaes em que o processamento do pedido de abastecimentos no

    segue estes procedimentos. Quando por razes de criticidade, recai sobre um artigo um

    apertado controlo por parte dos Comandos, tais artigos so designados de crticos e o seu

    pedido deve obrigatoriamente seguir o canal de comando.

    Figura 2 Reabastecimento s Regies Militares Figura 3 Reabastecimento ao GML

    Figura 4 Reabastecimento s Zonas Militares

    Fluxos informacionais

    Fluxos materiais

    LEGENDA

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    Maj Mat J. Costa Roldo 21

    II.2.2 REABASTECIMENTO DE ARTIGOS CRTICOS

    O reabastecimento de artigos crticos (regulados ou controlados), processa-se em

    conformidade com a doutrina de referncia39.

    As requisies devero seguir o Canal de Comando, sendo a ordem de fornecimento, no

    caso de artigos controlados, dada pelos respectivos escales superiores e no caso de artigos

    regulados, pelo Quartel Mestre-General (QMG), Comandante da Logstica, por delegao

    de autoridade conferida pelo Chefe de Estado-Maior do Exrcito.

    As requisies de artigos crticos so apresentadas pelas unidades territoriais ao CGLR

    respectivo e este adopta um dos seguintes procedimentos:

    Prope ao CGLG a satisfao daquelas necessidades custa de transferncias no

    interior da Regio Militar;

    Solicita ao CGLG a satisfao da necessidade. Este rgo submete o pedido

    aprovao do Gen QMG e processa o fornecimento pelos rgos centrais de A/G. Os

    artigos so enviados para as Unidades atravs de encaminhamento directo.

    39 Doutrina Norte-americana.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 22

    III. UM NOVO DISPOSITIVO PARA O FUTURO SISTEMA DE FORAS

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 23

    III.1 A NECESSIDADE DE TRANSFORMAO DO EXRCITO

    O Modelo Organizacional do Exrcito concebido na dcada de 1990, encontra-se

    actualmente ultrapassado, dado que, alguns dos pressupostos em que assenta, tais como a

    obrigatoriedade do cumprimento do servio militar, ou no se verificaram ou sofreram

    rpidas alteraes. A continuao da participao do Exrcito Portugus, em misses de

    apoio paz no exterior do territrio nacional, situao que se vem mantendo desde 1993 e

    o fim da conscrio, antecipado para Setembro de 2004, conduzem necessidade de operar

    a transformao do Exrcito ao nvel do modelo conceptual (adopo de um modelo

    centrado na prontido operacional) e da sua implementao.

    No quadro da reorganizao do Exrcito e em consonncia com a Directiva do General

    CEME40, tm sido elaborados um conjunto de estudos, em particular ao nvel do Estado

    Maior do Exrcito e do Comando da Logstica, tendo em vista uma possvel reestruturao

    ao nvel da Estrutura Base do Exrcito (EBE), que passar a estar orientada para o apoio

    Fora Operacional Permanente do Exrcito (FOPE)41 e ao nvel da Estrutura de Comandos

    do Exrcito (ECE), de forma a permitir a descentralizao pela via funcional da aco de

    comando.

    De acordo com a Directiva atrs referida, o processo de transformao do Exrcito, no

    deve interferir com a capacidade de continuar a contribuir com foras para o cumprimento

    de misses fora do territrio nacional, devendo, em conformidade com o Conceito

    Estratgico Militar42, garantir no futuro, a capacidade de projectar e sustentar, de forma

    continuada e em simultneo, foras de escalo batalho em trs TO distintos, ou, em

    alternativa, uma Brigada para um TO, () a par de algumas capacidades adicionais para

    conferir alguma flexibilidade e capacidade de reaco a contingncias43.

    De forma a reduzir o impacto social decorrente das eventuais alteraes no dispositivo

    (mudana de localizao, ou extino por concentrao e/ou transferncia de local), deve

    procurar-se efectuar uma descentralizao dos rgos da ECE, colmatando desta forma os

    40 Directiva 193/CEME/03, de 14 de Outubro. 41 Considerado pelo Gen CEME na sua Directiva n193/CEME/03, como o factor prioritrio na

    concepo do novo modelo organizacional do Exrcito. 42 Aprovado por despacho do Ministro de Estado e da Defesa Nacional em 22de Dezembro de 2003 e

    confirmado em Conselho Superior de Defesa Nacional, em 15 de Janeiro de 2004. 43 Revista Jornal do Exrcito: A transformao do Exrcito e as necessidades de efectivos, N525, Janeiro,

    2004, p.26.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 24

    vazios geogrficos resultantes da desactivao de algumas Unidades, nomeadamente, dos

    Quartis-Generais (QG) das Regies Militares do Norte (Porto) e do Sul (vora).

    Em termos de redefinio da estrutura do Exrcito, procedeu-se reavaliao do

    dispositivo existente44, procurando tirar o mximo partido de Unidades sedeadas em

    quartis de tipo CANIFA45.

    III.2 UM DISPOSITIVO VISIONRIO

    Quando procuramos prospectivar um futuro Dispositivo para o Exrcito, algumas so

    as dificuldades que se colocam, muitas das vezes por no se saber sequer qual a verso

    mais actualizada dos estudos. Entre as diversas entidades que foram solicitadas a

    manifestar a sua opinio sobre o assunto46, no foi difcil constatar a inexistncia de

    consenso quanto a esta matria. Se para uns o novo modelo organizacional, determina uma

    rotura completa com o anterior modelo, para outros, mais identificados com aspectos de

    ordem social, cultural ou administrativa, toda a mudana deve ser ponderada segundo a

    mxima: se possvel, se necessria e se oportuna.

    III.2.1 PRESSUPOSTOS DE UMA NOVA ARQUITECTURA DO DISPOSITIVO

    TERRITORIAL

    De forma a ultrapassar as dificuldades inerentes ao estabelecimento de um racional que

    permita edificar um novo Dispositivo para o Exrcito, basemo-nos na Directiva

    193/CEME/03, de onde possvel extrair um conjunto de intenes, com implicaes no

    mbito deste trabalho e que se consubstanciam nas seguintes medidas:

    Extino dos QG das Regies Militares e do Governo Militar de Lisboa;

    Concentrao de algumas Escolas Prticas por Sistemas Funcionais, atendendo

    criao de sinergias e complementaridade;

    Implementao no mbito da Defesa, de um Sistema Integrado de Gesto e da Central

    de Compras do Ministrio da Defesa Nacional (MDN);

    44 Apndice 4 Actual Dispositivo do Exrcito. 45 Tipo de aquartelamento construdo em diversas Unidades das Foras Armadas em finais da dcada de 50 e

    cujo projecto esteve a cargo da Comisso de Acompanhamento das Novas Infra-estruturas das Foras

    Armadas, cuja abreviatura passou a designar este tipo de instalaes. 46 rgos de Apoio Geral, Direces Logsticas, Comando da Logstica e Diviso Logstica.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 25

    Recurso em maior escala externalizao, para a realizao de alguns dos servios;

    Centralizao do planeamento de curto prazo ao nvel dos Comandos Funcionais;

    Agilizao do processo de entrada em Canal de Reabastecimento e distribuio de

    novos equipamentos para o Exrcito;

    Concluso do processo de centralizao dos depsitos no Depsito Geral de Material

    do Exrcito (DGME);

    Modularizao do Apoio de Combate e do Apoio de Servios da Fora de Reaco

    Rpida e da Fora de Interveno, custa de Unidades da EBE, integradas nas Foras

    de Apoio Geral;

    Manuteno do actual modelo da Brigada Mecanizada Independente;

    Funcionalizao do Comando da Logstica, com predomnio das funes logsticas

    associadas distribuio (Reabastecimento e Transporte) e Manuteno;

    Decorrente da aplicabilidade das eventuais alteraes ao dispositivo, considermos

    ainda como pressuposto, no existir impedimento introduo de alteraes nos diplomas

    legais em vigor, relativos Organizao do Exrcito47.

    III.2.2 DISPOSITIVO EM ESTUDO PARA O EXRCITO PORTUGUS E SUAS

    IMPLICAES NO APOIO LOGSTICO COMPONENTE TERRITORIAL

    O Exrcito Portugus sempre foi adverso a roturas com o passado, tendo optado nas

    suas diversas reestruturaes por uma mudana gradual, ou por solues mistas.48

    Com base em algumas das medidas indicadas, tm decorrido diversos estudos ao nvel

    do EME, para a arquitectura de um novo dispositivo49, com algumas alteraes a ter

    47 Decreto-Lei n50/93, de 26 de Fevereiro; Portaria n 616/93, de 30 de Junho; Portaria n 800/93, de 7 de

    Setembro; Portaria n945/93, de 28 de Setembro; Decreto Regulamentar n 44/94, de 2 de Setembro; Decreto

    Regulamentar n 47/94, de 2 de Setembro e Decreto Regulamentar n 48/94, de 2 de Setembro. 48 e.g. , Organizao de 1959 (diviso de responsabilidades logsticas no Ministrio da Guerra, mas com uma

    organizao baseada num apoio por servios); Organizao de 1976 (Prtica de uma logstica por funes

    com a criao da 1Brigada Mista Independente, continuando a vigorar um sistema de apoio logstico por

    servios, nas restantes unidades territoriais.) e Organizao de 1993 (criao das Bases Gerais do Sistema

    Logstico do Exrcito, assentes num sistema de apoio misto, mas diferenciando o apoio logstico em

    campanha, do prestado em tempo de paz, com a constituio de rgos de gesto logstica, quer ao nvel do

    departamento de Logstica - CGLG, quer ao nvel das RM e ZM, onde se protagoniza a criao de CGLR. 49 Apndice 5 A nova arquitectura do Dispositivo Territorial.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 26

    implicaes no apoio logstico Componente Territorial, das quais se destacam ao nvel da

    Estrutura Orgnica do Exrcito, as seguintes:

    Criao de uma Estrutura de Comandos do Exrcito (ECE), com:

    (), rgos Superiores de Comando, Administrao e Direco;

    o () Comando da Logstica (CmdLog).

    Uma Estrutura Base do Exrcito (EBE), englobando todas as U/E/O, com e sem

    Encargo Operacional (EOp), excepo das includas na ECE, o que determina o fim

    dos patamares intermdios de comando (Regies Militares Norte e Sul e GML).

    De referir ainda um conjunto de alteraes ao nvel do dispositivo, com implicaes no

    apoio logstico, de que se destacam as seguintes:

    Constituir um Regimento de Manuteno, no Entroncamento, com base no BSM;

    Constituir um Regimento de Transportes, em Lisboa, com base no BST e nos meios

    de transporte da EPST;

    Constituir uma Base Logstica de Apoio Geral, em Benavente, com base no DGME e

    nas OGME;

    Extino das seguintes U/E/O, por concentrao (mantendo a actual localizao):

    EPAM passa a constituir com as valncias de ensino de doutrina e emprego dos

    meios da EPSM e EPST, a Escola Prtica dos Servios do Exrcito (EPSE);

    EMEL passa a designar-se Centro Militar de Optrnica e Electrnica (CMOE).

    Extino das seguintes U/E/O, por concentrao e mudana de localizao:

    EPST da Figueira da Foz para Lisboa;

    EPSM do Entroncamento para a Pvoa do Varzim.

    Desactivao das seguintes U/E/O:

    QG/GML;

    QG/RMN;

    QG/RMS.

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    Maj Mat J. Costa Roldo 27

    III.2.3 A REESTRUTURAO DO COMANDO DA LOGSTICA

    Os Estudos mais recentes para a reorganizao do Comando da Logstica, segundo uma

    ptica funcional50, apontam para uma estrutura, cujo organograma se apresenta em

    Anexo51, e que se resume a:

    Comando;

    Gabinete e Estado-Maior;

    Adjunto52

    Inspeco de Material e Fabrico;

    Centro de Finanas da Logstica;

    Conselho Fiscal dos Estabelecimentos Fabris;

    Repartio de Apoio Geral;

    Direco de Manuteno (de que dependem o Centro Militar de Optrnica e

    Electrnica e o Regimento de Manuteno);

    Direco de Reabastecimento e Transporte (de que dependem o DGME e o

    RTranspt);

    Direco de Sade (de que dependem os Hospitais Militares e Centros de Sade);

    Direco de Infra-Estruturas (de que dependem os Delegados de Infra-Estruturas)

    Direco de Finanas;

    EFE (OGME, OGFE, MM e LMPQF)

    IGeoE;

    Neste modelo organizacional, resultante do estudo de reestruturao do CmdLog, ser

    criada uma Repartio de Aquisies (sob a dependncia do Adjunto), a quem estar

    cometida a responsabilidade de elaborar os contratos ou negociaes de fornecimento e

    prestao de servios, acessorada juridicamente por um Gabinete, ficando a

    responsabilidade de elaborao das especificaes tcnicas a cargo de um Gabinete

    Tcnico na Direco de Reabastecimento e Transportes.

    50 Visando a simplicidade, especializao, racionalizao e integrao do Sistema Logstico do Exrcito. 51 Anexo B- Organograma da nova estrutura orgnica do Comando da Logstica (de 9 de Setembro de 2004). 52 Na dependncia do qual se encontra um Gabinete de Apuramento de Contas, uma Repartio de

    Planeamento, Programao e Controlo, uma Repartio de Aquisies, um Ncleo de Gesto de Sistemas de

    Informao e o Gabinete de Assessoria Jurdica.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 28

    Para substituir as estruturas existentes nos QGs ( semelhana do que acontece com as

    actuais delegaes de obras da Direco dos Servios de Engenharia), sero criadas

    delegaes logsticas para as reas de Alimentao, Comunicaes e Manuteno, no Porto

    e em vora e mantidas as delegaes da ZMA e ZMM.

    Em Lisboa, constituir-se- uma delegao logstica no CmdLog.

    Na figura seguinte, destaca-se a cor diferente, a parte da estrutura orgnica em estudo

    para o CmdLog, relacionada com a compra, produo, armazenagem e distribuio de

    abastecimentos que so objecto de estudo no presente trabalho.

    A concepo da nova estrutura orgnica do Comando da Logstica afasta-se do modelo

    actual, passando as Direces logsticas a exercer competncias especficas sobre cada uma

    das fases do processo logstico, beneficiando-se assim de uma maior especializao

    (sistema funcional) e da eliminao de duplicaes, evitando-se a necessidade de uma

    entidade especfica para a coordenao logstica, contrariamente ao que sucede

    actualmente com a existncia de um CGLG53.

    Este tipo de organizao, permite que, enquanto o processo de aquisies no estiver

    integrado no escalo superior (Foras Armadas ou, eventualmente, Ministrio da Defesa),

    dada a necessidade de se obter economias de escala, coordenar uma eventual Central de

    Negociaes do Exrcito, estabelecendo contratos vantajosos de fornecimento de

    53 Conforme referido pelo Cor Tir Pinto da Silva (Adjunto CmdLog), em entrevista realizada em 14 de

    Setembro de 2004.

    Figura 5 Parte de uma possvel Estrutura Orgnica do Comando da Logstica

    Adjunto

    EFE

    LEGENDA:

    Eventual (at integrao completa das aquisies na Central de Compras do MDN)

    Dependncia Funcional

    Comando da Logstica

    Intermdia

    A/D

    Intermdia

    A/G

    Central de Compras do MDN

    Repartio Aquisies

    Unidade de

    Manuteno

    Direco de Manuteno

    DGME Unidada de Transpt

    Direco de Reab e Transpt

    Gab/EME

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 29

    abastecimentos e prestao de servios com os diversos concessionrios e representantes

    das marcas distribudos pelo pas, para situaes no abrangidas pelos contratos celebrados

    pela Central de Compras do MDN.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 30

    IV. IMPLEMENTAO DE UM MODELO DE GESTO CADEIA DE

    ABASTECIMENTOS DO EXRCITO PORTUGUS

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 31

    IV.1 SITUAO ACTUAL

    No presente captulo, pretende-se apresentar a aplicao do modelo VM gesto da

    actual cadeia de abastecimentos no Exrcito Portugus. Comearemos por aplicar o

    modelo ao reabastecimento de sobressalentes (Classe IX), para a partir da, extrapolar a sua

    aplicabilidade s restantes classes de abastecimentos.

    Vimos no primeiro captulo que a implementao do modelo Velocity Management no

    Exrcito Norte-americano, se efectuou por processos. Deste modo, iremos no presente

    estudo, analisar o processo Requisio e envio (Order and ship), dado estar no incio da

    cadeia de abastecimentos e considerar-mos ser aquele, cuja melhoria, mais poder

    contribuir para a acelerao dos fluxos materiais.

    Nos ltimos anos e por motivos que se relacionam com a reduo oramental e com a

    gesto dos recursos materiais, no tem sido poltica da Direco dos Servios de Material a

    aquisio para o Canal de Reabastecimento (CR), de sobressalentes (Classe IX), cujo

    fornecimento possa ser efectuado localmente, atravs do mercado civil. Nestas

    circunstncias e no caso dos fornecedores militares (Locais de Reabastecimento das

    Regies/Zonas Militares ou Depsito Geral de Material do Exrcito) no poderem

    satisfazer a requisio, tem sido atribuda uma verba para a sua aquisio, inserida na

    rubrica oramental Material de Transporte e Peas.

    Se observarmos a figura 6, verificamos que no incio do fluxo informacional se encontra

    uma Ordem de Trabalho (OT) do operador do equipamento para a Seco de Manuteno.

    Esta Seco elabora uma Requisio 1012/DSM54 Seco de Reabastecimento do Peloto

    de Reabastecimento e Transporte, que verifica eventuais existncias55 e a envia ao Chefe

    da Seco de Logstica. Consoante o tipo de material requisitado assim este provm de

    fornecedores civis ou de fornecedores militares, no querendo no entanto isto significar,

    que os fornecedores militares apenas forneam abastecimentos de natureza intrinsecamente

    militar.

    No caso de ser um artigo passvel de ser adquirido no mercado local, logo que obtida

    informao de existncia de verba, dada ordem de compra, a ser efectuada pela

    Subseco de Recursos Financeiros, utilizando viaturas do Peloto de Reabastecimento e

    54 Ou o impresso 2675 ou 2675-1, para os artigos tipo NATO. 55 Constantes da lista de artigos autorizados do Nvel Orgnico (LNO).

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 32

    Transporte, que carece de requisio de transporte Sub-Unidade de Apoio, geralmente

    Companhia de Comando e Servios (CCS).

    No caso de fornecedores militares, a requisio despachada pelo Comandante da

    Unidade e enviada para o Centro de Gesto Logstica Regional, com informao ao Centro

    de Gesto Logstica Geral e Direco dos Servios de Material. No caso de haver em

    depsito no Local de Reabastecimento da Regio/Zona Militar, dada Ordem de

    Fornecimento, cabendo Unidade o seu transporte. No caso de no existir em stock, o

    Centro de Gesto Logstica Regional reenvia a Requisio ao Centro de Gesto Logstica

    Geral que pede informao Direco dos Servios de Material sobre a existncia do

    material em stock no Depsito Geral de Material do Exrcito. Caso exista em depsito,

    dada Ordem de Fornecimento (OF), cabendo Unidade o seu transporte. O Depsito Geral

    de Material do Exrcito informa a Direco dos Servios de Material que forneceu o

    artigo. Com a figura seguinte, pretende-se representar de uma forma esquemtica

    simplificada, o fluxo informacional da cadeia de abastecimento de sobressalentes, do

    Exrcito Portugus.

    Figura 6 - Fluxo informacional da Classe IX

    OF

    LEGENDA: Ordem de Trabalho Requisio 1012/DSM Ordem de Fornecimento Informao

    LR

    OTSec

    Man

    Req Cmdt

    Un

    Inf

    CG

    LR

    CG

    LG

    DS

    DGME

    Sec.

    Reab.

    OF

    SecLog SubsecRFFornecedor

    Civil

    Fonte:, O Modelo Velocity Management Aplicao cadeia

    de abastecimentos de sobressalentes do Exrcito

    Portugus, p.55.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 33

    IV.2 APLICAO DO MODELO VELOCITY MANAGEMENT CADEIA DE

    ABASTECIMENTOS DO EXRCITO PORTUGUS

    IV.2.1 DEFINIO DO PROCESSO

    De acordo com o modelo VM apresentado no primeiro captulo, so 3 os passos para a

    definio do processo:

    1 - Identificar os clientes de cada actividade ou sub-processo e o output que pretendem;

    2 - Identificar o input e respectivos fornecedores, necessrios a cada sub-processo ou

    actividade;

    3 - Elaborar o desenho do processo.

    Um dos mtodos de obteno de sobressalentes designado por requisio formal,

    podendo nessa situao, como vimos anteriormente, ser fornecido por uma entidade civil

    (aquisio no mercado local), ou ser obtido atravs dos fornecedores militares. De seguida

    apresentaremos na forma de quadros, a definio do processo, nas duas situaes referidas.

    1 Passo Cliente Output

    Operador do equipamento Equipamento operacional

    Informao da inoperacionalidade Autorizao da reparao Sobressalentes

    Seco de Manuteno

    Confirmao de entrega do equipamento ao Operador Informao sobre necessidades Autorizao para fornecimento Sobressalentes Seco de Reabastecimento

    Confirmao de entrega sobress SecManuteno Informao sobre necessidades Cotao dos sobressalentes Autorizao PAC/PAR

    Seco Logstica

    Info disponibilidade financeira

    QG /GU (Of.Man) - Centro de Gesto Logstica Regional (CGLR)

    PAC/PAR (pedido de autorizao de crdito/ pedido de autorizao de reparao)

    DSM Recepo de PAC/PAR Aprovao PAC/PAR Transporte Sobressalentes

    Subseco de recursos financeiros

    Confirmao de entrega na SecReab Informao sobre necessidade

    Peloto de Reabast e Transpt Autorizao para fornecimento do transporte

    2 Passo Input Fornecedor

    Mo de obra e sobressalentes Requisio ao Dep LNA Confirma recepo sobressalentes

    Seco de Manuteno

    Ordem de Trabalho (OT) Confirma recepo equipamento

    Operador do equipamento

    Despacho favorvel da OT Despacho da req. de transporte

    Comandante da Subunidade de Apoio

    Entrega Sobress SecMan Requisio SecLog Confirma SRFin recepo sobressalentes do fornecedor Entrega sobress SMan

    Seco de Reabastecimento

    Despacho favorvel da requisio sobress da SecReab Pedido cotao mercado civil Elaborar PAC/PAR Entrega Sobressalentes SecReab

    Seco de Logstica

    Despacho da Req. sobressalentes Comandante Informar PAC/PAR QG /GU (Of.Man) - (CGLR) Autorizar PAC/PAR DSM Mapa de situao financeira Requisio de transporte Entrega Sobressalentes SecReab

    Subseco de Recursos Financeiros

    Viatura PelReabTranspt Cotao dos sobressalentes Fornece Sobressalentes

    Empresa Fornecedora

    Quadro 1 Passos 1 e 2 do processo de fornecimento por entidade civil

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 34

    Pela anlise dos referidos quadros, pode verificar-se que o processo substancialmente

    diferente, conforme a obteno de sobressalentes feita directamente no mercado civil, ou

    atravs do fornecedor militar. Mesmo nesta ltima situao, possvel constatar algumas

    pequenas diferenas, caso o fornecimento seja efectuado pelos Locais de Reabastecimento

    das Regies/Zonas Militares ou pelo DGME.

    Atravs do desenho do processo56, pode facilmente verificar-se que as diferenas

    ocorrem aps a requisio sair do CGLR, por no poder ser satisfeita pelo LR. Neste caso

    o processo segue os passos j descritos anteriormente em IV.1.

    Analisando o desenho do processo, constata-se com facilidade que o mesmo se reveste

    de alguma complexidade, j que o que existe actualmente no Exrcito Portugus um

    56 Apndice 6 Desenho do processo (Fluxos materiais e informacionais)

    1 Passo Cliente Output Operador doequipamento Equipamentooperacional

    Informao da inoperacionalidade Autorizao de reparao Rep. da avaria Sobressalentes

    Seco de Manuteno

    Confirmao de entrega do equipamento ao Operador Informao das necessidades Autorizao para fornecimento sobressalentes Sobressalentes

    Seco de Reabastecimento

    Confirmao de entrega sobress SecManuteno Informao sobre necessidades Autorizao para requisio sobress ao Esc Superior (CGLR) Sobressalentes Transporte

    Seco Logstica

    Confirmao da recepo sobress Informao das necessidades Centro de Gesto Logstica

    Regional (CGLR) Autorizao p/ fornecimento Centro de Gesto Logstica Geral (CGLG)

    Info disponibilidade sobress

    Direco Servios Material Info existncias em Depsito Necessita autorizao fornecimento DGME Confirmao entrega sobress Informao sobre necessidade Transpt Peloto de Reabast e Transpt

    Autorizao p/ fornec do transpt

    2 Passo Input Fornecedor Mo de obra Sobressalentes para rep. Requisio ao Dep LNA Confirma recepo sobressalentes

    Seco de Manuteno

    Ordem de Trabalho (OT) Confirma recepo equipamento

    Operador do equipamento

    Despacho da OT Despacho da req. de transpt

    Comandante da Subunidade de Apoio

    Entrega Sobress SecMan Requisio SecLog Elabora Mapa de Situao Entrega sobress SMan

    Seco de Reabastecimento

    Despacho favorvel da Requisio Requisio sobress ao CGLR Requisio de Transpt Entrega sobress SecReab

    Seco de Logstica

    Despacho favorvel da Req. Comandante D Ordem de Fornec. ao CGLR Ordem de Fornec. ao DGME

    CGLG

    Despacho da requisio DSM Mapa de situao Autorizao fornecimento Fornece sobressalentes

    DGME

    Mapa de situao financeira Requisio de transporte Entrega Sobressalentes SecReab

    Subseco de Recursos Financeiros

    Viatura Confirma levantamento sobress Entrega sobress na SecReab

    Peloto de Reabastecimento e Transportes

    Quadro 2 Passos 1 e 2 do processo de fornecimento por fornecedor militar

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 35

    sistema misto, ou seja, caso o sobressalente no exista em stock, quer nos LR, quer no

    DGME, recorre-se a um fornecedor civil, implicando a necessidade dos fluxos

    apresentados.

    IV.2.2 AVALIAO DO PROCESSO

    Definido o processo, surge agora a necessidade de avaliar o seu desempenho. Para tal,

    h que estabelecer indicadores (tempo, custo e qualidade) e respectivas mtricas.

    Indicadores de Tempo - Os indicadores de tempo utilizados so, como foi referido na

    apresentao do modelo VM, o tempo do ciclo de reparao (repair cycle time RCT) e o

    tempo entre pedido e satisfao (order ship time OST). O primeiro refere-se ao tempo

    que medeia entre a deteco de uma avaria num equipamento e a sua reparao, o segundo,

    ao tempo que medeia entre a requisio do artigo e a sua entrega.

    Um estudo efectuado em 2002 junto de algumas Unidades57, revelou os seguintes dados

    em termos dos referidos indicadores.

    21

    14

    12

    18

    12

    8

    10

    21

    18

    12

    14,6

    65

    7

    5

    7

    5

    8 8

    56 6,2

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    EPA EPAM EPC EPE EPI EPT RL2 RC3 RC4 RC6 Mdia

    Unidades

    Dia

    s

    OST Mximo OST Mnimo

    57 Dados facultados pelo TCor Cav Simes de Melo

    Figura 7 Fornecedor Civil - Tempo entre pedido e satisfao (OST)

    Fonte: O Modelo Velocity Management Aplicao cadeia de abastecimentos de sobressalentes do Exrcito Portugus, p.67.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 36

    2230

    18 21 19 24 17 25 1930 22,5

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    EPA EPAM EPC EPE EPI EPT RL2 RC3 RC4 RC6 Mdia

    Unidades

    Dia

    s

    OST Mximo OST Mnimo

    360 360 360 360 360 360 360 360 360 360 360

    7 6 8 6 8 6 9 9 6 7 7,20

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    EPA EPAM EPC EPE EPI EPT RL2 RC3 RC4 RC6 Mdia

    Unidades

    Dia

    s

    RCT Mximo RCT Mnimo

    Pela anlise dos grficos podemos concluir que a mdia do tempo mnimo entre pedido

    e satisfao (OST), no caso de fornecedor civil, de 6,2 dias e para o fornecedor militar,

    de 22,5 dias. Para os valores mximos mdios esta diferena mais significativa, sendo de

    Figura 8 Fornecedor Militar - Tempo entre pedido e satisfao (OST)

    Figura 9 Tempo do ciclo de reparao (RCT)

    Fonte: O Modelo Velocity Management Aplicao cadeia de abastecimentos de sobressalentes do Exrcito Portugus, p.67.

    Fonte: O Modelo Velocity Management Aplicao cadeia de abastecimentos de sobressalentes do Exrcito Portugus, p.68.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 37

    14,6 dias para o fornecimento pelo mercado local, at mais de um ano, no caso do

    fornecedor militar58.

    No que diz respeito ao RCT, este varia entre os 6 (seis) e os 360 (trezentos e sessenta)

    dias, com 7,2 dias de mdia, para o valor mnimo do tempo do ciclo de reparao.

    Indicadores de Custo - Conforme refere Crespo de Carvalho59, os indicadores de custo

    ou indicadores financeiros, so aqueles que medem o custo do sistema logstico.

    Devido inexistncia no seio do Exrcito, de um sistema contabilstico de custeio por

    actividades, esta torna-se a vertente de avaliao de desempenho do processo de mais

    difcil anlise.

    A necessidade das Unidades fazerem face a flutuaes decorrentes da gesto

    oramental, ao elevado tempo entre o pedido e a satisfao (OST) e necessidade de

    rentabilizar os seus meios de transporte, face reduzida verba atribuda para combustveis

    e aces de manuteno de Nvel Unidade60, leva criao de stocks de segurana.

    Associado aos custos dos stocks imobilizados, que a ttulo de exemplo, atingiam em

    2002 no Grupo de Carros de Combate, um valor estimado em mais de 250.000Euros61,

    encontramos ainda os custos de armazenamento e manuseamento dos mesmos, actividades

    que hipotecam para o efeito, instalaes e pessoal.

    Segundo informaes obtidas junto do Centro de Recepo e Expedio/DGME, vo

    em mdia diariamente quele rgo buscar abastecimentos, cerca de 4 viaturas

    provenientes das diversas U/E/O, a maioria das quais do tipo pesada, (DAF e MAN) e

    menos usualmente, do tipo mdia ou ligeira (IVECO 40.10, VITO, TOYOTA

    LCruiser e C15), com uma tripulao de 2 ou 3 homens. Atendendo distribuio

    geogrfica das U/E/O, com uma distncia mdia ao DGME estimada em cerca de140 km,

    dois teros dos quais percorridos em auto-estrada62, com uma taxa de portagem mdia de

    10 Cntimos por quilmetro, estima-se que o custo dirio de deslocaes ao DGME seja

    58 Nos registos constam 360 dias, em virtude das requisies no satisfeitas at ao ltimo dia do ano civil,

    caducarem, devendo ser elaboradas de novo no ano seguinte. 59 CARVALHO, Jos Crespo de, [et al.] - Auditoria logstica Medir para gerir, p.66. 60 Tambm designada por organizacional, compreendendo as aces de manuteno executadas pela Unidade

    ao seu material orgnico. 61 Dados facultados pelo TCor Cav Simes de Melo, com base nos cerca de 14.000 artigos existentes em

    stock naquela Unidade, e no valor mdio daqueles cujo custo unitrio conhecido. 62 Apndice 7 Estudo da distribuio geogrfica de U/E/O /Programao de rotas.

  • O Dispositivo e os Fluxos Logsticos

    Maj Mat J. Costa Roldo 38

    superior a 200 Euros, representando anualmente uma despesa suportada pelas Unidades, de

    cerca de 80.000 Euros.63

    Pelas razes referidas (quantidade de artigos em stock nas Unidades, inexistncia de

    coordenao entre Unidades vizinhas na optimizao dos meios de transporte, elevado

    nmero de pessoal e meios envolvidos diariamente no reabastecimento), leva a podermos

    afirmar que o actual processo de reabastecimento apresenta um elevado custo e pode ser

    alvo de melhoria.

    Indicadores de Qualidade - O indicador de qualidade por excelncia, o da

    percentagem de encomendas perfeitas (perfect order)64. Este indicador traduz-se na entrega

    da requisio (encomenda) na sua totalidade e sem defeitos, ou, na sua entrega parcial e/ou

    com defeitos.

    No caso concreto do Grupo de Carros de Combate, podemos concluir que este recebe

    em mdia, mensalmente, do rgo apoiante, 85 dos 425 artigos requisitados, ou seja,

    somente 20%. Podemos confirmar na figura 10, que essa mdia no apresentou variaes

    significativas ao longo do ano de 2002. Da anlise das requisies de sobressalentes65

    efectuadas pelo GCC em 2003, confirmamos que para o material NATO o nvel de

    satisfao de 15%, com uma mdia mensal de 48 artigos recebidos, dos 320 requisitados.

    Para os sobressalentes no NATO, a