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8/10/2019 Nutrio Animal Fcil.pdf
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NUTRIO ANIMAL FCIL
Autores
Luiz Carlos Machado
Adriano Geraldo
Colaboradores
Ctia Borges
Javer Alves
Leandro Moreira
Maicon Alves Andrino
Matheus de Andrade Sousa
Mauro Ferreira
Vanilda Aparecida Aguiar
EditorLuiz Carlos Machado
Bambu/MG
2011
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M149n Machado, Luiz Carlos.Nutrio animal fcil / Luiz Carlos Machado,
Adriano Geraldo.Bambu: [s n], 2011.96 p. : il.
ISBN 978-85-912388-0-4
1. Nutrio animal I. Geraldo, Adriano II. Ttulo.
CDD 636.084
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Os autores
Luiz Carlos Machado nasceu em Belo
Horizonte, MG. Atualmente professor do
ncleo de Zootecnia do Instituto Federal de
Cincia e Tecnologia de Minas Gerais, Cmpus
Bambu. Graduado em Zootecnia pela
Universidade Federal de Viosa, fez mestrado e
doutorado na Universidade Federal de MinasGerais, realizando estudos na rea de nutrio animal. Leciona
disciplinas para os cursos Tcnico Agrcola e Superior em Zootecnia.
Na pesquisa, trabalha na avaliao de alimentos para animais.
tambm professor orientador do GENA, grupo de estudos em nutrio
animal e atual presidente da Associao Cientfica Brasileira de
Cunicultura. Contato: [email protected]
Adriano Geraldo nasceu em Lavras, MG.
Atualmente professor do ncleo de Zootecnia do
Instituto Federal de Cincia e Tecnologia de Minas
Gerais, Cmpus Bambu. Graduado em Zootecnia
pela Universidade Federal de Lavras, fez mestrado e
doutorado na mesma universidade, realizando
estudos na rea de nutrio animal. Leciona
disciplinas oferecidas ao curso Tcnico Agrcola e
Superiores em Agronomia e Zootecnia. Na pesquisa, trabalha na
avaliao de alimentos e aditivos para animais. Contato:
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Prefcio
Com a reformulao da grade curricular do curso tcnico em
Agricultura e Zootecnia do antigo Cefet Bambui, hoje IFMG Bambu,ocorrida em 2008, houve a criao da disciplina de Zootecnia Geral,
que aborda de forma simplificada, entre outros assuntos, o processo de
nutrio e alimentao dos animais. Deparamo-nos inicialmente com a
dificuldade da indicao de livros que abordassem o contedo de forma
simples e aplicada a nvel mdio, pois os livros de nutrio animal
nacionais foram escritos para atender ao pblico de nvel superior.Esta obra surgiu, inicialmente, como apostila didtica, no ano de
2008, partindo da necessidade de se oferecer material de boa
qualidade aos alunos do 1 ano do curso tcnico em Agricultura e
Zootecnia, apresentando de forma simples, objetiva e aplicada os
principais conceitos de nutrio e alimentao dos animais. A partir do
contato com os estudantes, nesses anos, percebeu-se que o material
oferecia linguagem de fcil compreenso, podendo ser utilizado
tambm por estudantes de nvel superior em incio de estudo.
Chamamos a ateno para o fato de o assunto ser descrito de
forma simples, prtica e objetiva e propomos que, para estudos
avanados, sejam consultadas outras literaturas. Traz, alm de
informaes, grande quantidade de exerccios de variada
complexidade, que podero ser resolvidos pelos alunos
individualmente, em grupo ou ainda com o auxlio do professor.
Agradecemos Secretaria de Educao Profissional e
Tecnolgica e parabenizamos pela brilhante ideia de apoiar a
publicao de livros didticos para as escolas tcnicas, atravs da srie
Novos Autores da EPT. Agradecemos tambm aos alunos
colaboradores, que muito ajudaram para garantir maior objetividadedesta obra.
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SUMR O
CAPTULO 1 - Introduo
1.1 - Porque nutrir os animais ? ..................................... 08
CAPTULO 2 - Os nutrientes e outros grupos de substncias
2.1 - Carboidratos .................................................................. 09
2.1.1 - Fibra ............................................................................. 12
2.2 - Lipdeos (leos e gorduras) ......................................... 12
2.3 - Protenas ........................................................................ 142.4 - Minerais .......................................................................... 16
2.5 - Vitaminas ........................................................................ 19
2.6 - gua ................................................................................ 20
2.7 - Exerccios de fixao .................................................... 21
2.8 - Outros exerccios para pesquisa ................................. 22
CAPTULO 3 - Anatomia digestiva comparada e fisiologia da
digesto
3.1 - Introduo ...................................................................... 24
3.2 - Sistema digestivo dos ruminantes .............................. 25
3.3 - Sistema digestivo dos equinos e coelhos .................. 27
3.4 - Sistema digestivo das aves .......................................... 29
3.5 - Sistema digestivo dos sunos ...................................... 30
3.6 - Sistema digestivo de ces e gatos .............................. 31
3.7 - rgos acessrios ........................................................ 32
3.8 - Enzimas .......................................................................... 33
3.9 - Digesto dos carboidratos ........................................... 34
3.10 - Digesto dos lipdeos ................................................. 35
3.11 - Digesto das protenas ............................................... 35
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3.12 - Digesto de fibras ....................................................... 35
3.13 - Absoro dos nutrientes ............................................ 36
3.14 - Exerccios de fixao .................................................. 37
3.15 - Outros exerccios para pesquisa ............................... 38
CAPTULO 4. Metabolismo dos nutrientes
4.1 - Metabolismo de carboidratos ....................................... 39
4.2 - Metabolismo de lipdeos ............................................... 40
4.3 - Metabolismo de protenas ............................................ 40
4.4 - Metabolismo dos cidos graxos volteis .................... 414.5 - Relao insulina/glucagon ........................................... 42
4.6 - Exerccios de fixao .................................................... 42
4.7 - Outros exerccios para pesquisa ................................. 43
CAPTULO 5 - Anlises bromatolgicas, composio dos
alimentos e controle de qualidade5.1 - Anlises bromatolgicas .............................................. 44
5.2 - Determinao do NDT ................................................... 50
5.3 - Base em manteria natural e base em matria seca..... 50
5.4 - Controle de qualidade na produo de raes .......... 52
5.5 - Exerccios de fixao .................................................... 52
5.6 - Outros exerccios para pesquisa ................................. 53
CAPTULO 6 - Digestibilidade dos nutrientes e uso da energia
6.1 - Fatores que afetam a digestibilidade dos nutrientes . 54
6.2 - Digestibilidade da energia ............................................ 56
6.3 - Utilizao da energia ..................................................... 58
6.4 - Exerccios de fixao .................................................... 58
6.5 - Outros exerccios para pesquisa ................................. 59
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CAPTULO 7 - Necessidades nutricionais
7.1 - Apresentao das necessidades nutricionais ............ 60
7.2 - Fatores que afetam as necessidades nutricionais ..... 62
7.3 - Exemplos de necessidades nutricionais .................... 63
7.4 - Exerccios de fixao .................................................... 67
7.5 - Outros exerccios para pesquisa ................................. 68
CAPTULO 8 - Principais alimentos utilizados na alimentao
animal8.1 - Alimentos proteicos ...................................................... 69
8.2 - Alimentos energticos .................................................. 72
8.3 - Alimentos volumosos ................................................... 75
8.4 - Alimentos minerais ....................................................... 77
8.5 - Aminocidos sintticos ................................................ 77
8.6 - Suplementos .................................................................. 798.7 - Outros aditivos .............................................................. 80
8.8 - Exerccios de fixao .................................................... 83
8.9 - Sugesto de trabalho extra extraclasse...................... 83
CAPTULO 9 - Clculo de rao manual e via programao
linear
9.1 - Introduo ...................................................................... 85
9.2 - Itens necessrios para clculo de rao ..................... 85
9.3 - Calculo de rao manual .............................................. 87
9.4 - Clculo de rao via programao linear ................... 90
9.5 - Exerccios de fixao .................................................... 92
9.6 - Outros exerccios para pesquisa ................................. 93
Referncias bibliogrficas
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1 - Introduo
1.1 - Porque nutrir os animais?
A nutrio animal a cincia que estuda o correto fornecimento
dos nutrientes s clulas dos animais domsticos, e tem como objetivo
final transformar recursos alimentares de menor valor nutricional em
alimentos para o consumo humano de melhor valor biolgico, tais como
carne, ovos e leite, entre outros. A nutrio dos animais representa
parcela significativa do agronegcio brasileiro, tendo grande
importncia econmica e social. No ano de 2010, foram produzidosmais de 60 milhes de toneladas de rao, estando o Brasil em posio
privilegiada no cenrio mundial. Esse setor da economia representa
parcela significativa do agronegcio, tendo grande importncia social,
j que emprega milhes de trabalhadores, diretamente ou
indiretamente.
Normalmente, as criaes de interesse zootcnico sosubmetidas ambientes diferentes do seu habitat natural, nos quais
so privados de sua alimentao comum, devendo, assim, receber uma
alimentao adequada e de acordo com suas necessidades para
crescimento, manuteno e reproduo. Assim, nesta obra objetiva-se
explorar os aspectos bsicos da nutrio dos animais domsticos de
interesse zootcnico, ressaltando os compostos nutrientes, fisiologia
digestiva animal, processo de alimentao, composio dos alimentos,
necessidades nutricionais, clculo de rao, entre outros.
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2 - Os nutrientes e outros grupos de
substncias
Os nutrientes so substncias necessrias clula para que a
ela mantenha sua atividade, cresa e se reproduza. Os nutrientes mais
importantes so: carboidratos, protenas (compostas por aminocidos),
lipdeos (gorduras), minerais, vitaminas e a gua. Este ltimo, nem
sempre lembrado embora saibamos que todas as reaes qumicas
realizadas no corpo animal ocorrem em meio aquoso. Os carboidratos,
lipdeos e protenas podem ser quebrados para aproveitamento da
energia contida nessas molculas, sendo a energia essencial para
todos os animais. Por fins didticos, estudaremos tambm as fibras
como parte integrante dos carboidratos embora essa frao alimentcia
apresente tambm ligninas, as quais no classificadas como
carboidratos.
Um conceito importante para os iniciantes em nutrio animal a diferena entre nutrientes e alimentos, sendo esse o motivo de muita
confuso. O animal ir ingerir os alimentos que sero quebrados em
nutrientes os quais aps absorvidos, sero direcionados clula para
utilizao.
Para facilitar o estudo, dividiremos os nutrientes em grupos de
substncias:
2.1 - Carboidratos
Muitas vezes chamados de glicdios e acares, os carboidratos
so substncias orgnicas constitudas de carbono, hidrognio e
oxignio e que normalmente so a maior fonte de energia para os
animais. Apresentam relao de hidrognio e oxignio idntica da
gua, ou seja, dois tomos de hidrognio para cada oxignio. Os
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carboidratos ganham bastante importncia na nutrio animal por
serem a forma de fornecimento de energia de mais baixo custo.
So inmeras as funes dos carboidratos no corpo animal,
podendo-se destacar o fornecimento de energia e a participao na
estrutura do corpo como, por exemplo, nas membranas celulares.
Conforme relatado, a forma mais barata de se fornecer energia aos
animais por meio dos carboidratos. Para animais ruminantes, as
plantas forrageiras contm grandes quantidades de carboidratos que
geraro grande aporte energtico para o animal; para animais no
ruminantes, alimentos como milho, sorgo e mandioca sero as
principais fontes de carboidratos.
Os carboidratos podem ser classificados em vrios grupos:
a) Monossacardeos: So molculas formadas por apenas uma
unidade de acar simples, sendo geradores de energia para
manuteno energtica e crescimento do organismo animal. O
monossacardeo mais importante a glicose, uma hexose formada porseis tomos de carbono, conforme pode ser visualizado na figura 01.
Outros exemplos de monossacardeos so a frutose e a galactose.
Figura 01Frmula estrutural da
molcula de glicose
b) Dissacardeos: So acares formados por duas unidades de
monossacardeos. Os mais comuns so:
Sacarose: acar da cana, formada por uma molcula de
glicose unida a uma molcula de frutose.
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Lactose: acar do leite, formado pela unio de uma molcula
de glicose e uma de galactose.
Maltose: Formada por duas molculas de glicose.c) Polissacardeos: So carboidratos formados por vrias unidades de
monossacardeos. Os polissacardeos mais importantes so:
Amido: Carboidrato de reserva das plantas. Formado por
inmeras molculas de glicose unidas por ligaes alfa, que so
ligaes facilmente quebradas pelas enzimas produzidas pelos
animais. As enzimas produzidas reconhecem a ligao alfa e,
assim, proporcionam a quebra pela hidrlise (quebra pela gua).
A ao das enzimas est descrita no item 3.7. O amido o
principal carboidrato encontrado em tubrculos, como
mandioca, batata, etc. O amido tambm encontrado em
elevadas concentraes em gros, como no milho, alimento que
normalmente representa cerca de 60% das raes para sunos
e aves.
Celulose: Formada por molculas de glicose, com ligaes beta
(), que no so digeridas pelas enzimas produzidas pelos
animais. Os animais, principalmente os ruminantes, tm toda
uma flora microbiana que auxilia na digesto desses
carboidratos complexos. A celulose importante para
sustentao da estrutura vegetal, estando presente na paredecelular vegetal.
Outros polissacardeos no amilceos (PNAs): todo um grupo
de polissacardeos diferentes do amido, sendo os mais
importantes:
- Hemiceluloses: um grupo de substncias formadas pela
unio de molculas de glicose unidas por ligaes beta. Essa
frao pode conter substancias como xilanos, arabanos e beta
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glucanos, dentre outros. A parcela solvel da hemicelulose pode
aumentar a viscosidade do bolo alimentar (digesta), dificultando
o ataque de enzimas digestivas e absoro de nutrientes. J a
parcela insolvel atua como uma estrutura fsica resistente ao
ataque enzimtico, diminuindo o aproveitamento dos nutrientes.
- Pectinas: Grupo de substncias de alta solubilidade no sistema
digestivo do animal, sendo facilmente aproveitadas. Na
estrutura celular vegetal, agem com ao cimentante entre as
paredes celulares laterais s clulas.
2.1.1 - Fibra
O termo fibra se refere aos componentes da parede celular
vegetal que no so digeridos pelas enzimas produzidas pelos animais.
A parede celular parte importante da clula vegetal, fornecendo
sustentao para a planta.
A fibra composta basicamente pelos carboidratos
anteriormente citados (celulose, hemiceluloses e pectinas), mais asligninas, que so polmeros fenlicos, no carboidratos. As ligninas so
extremamente insolveis no sistema digestivo dos animais e so
importantes para dar sustentao parede celular das plantas. Quanto
mais velha for a planta, maior a concentrao de lignina, sendo esse
aumento responsvel pelo menor aproveitamento de nutrientes dos
alimentos com o avanar da idade.
2.2 - Lipdeos (leos e gorduras)
Os Lipdeos so um grupo de substncias oleosas de carter
apolar (no se misturam com a gua) que so importantes fontes de
energia nas dietas dos animais. Um grama de lipdeo pode fornecer
2,25 vezes mais energia que um grama de carboidrato ou protena.Essas substncias so tambm importantes como precursores de
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determinados hormnios produzidos pelo organismo animal, alm de
fazerem parte das membranas celulares.
Alm do fornecimento de energia, quando se adiciona uma fonte
lipdica na rao em nveis timos, pode-se obter alguns benefcios ,
como:
fornecimento de cidos graxos essenciais (linoleico, linolnico,
megas 3 e 6);
melhoria no paladar (palatabilidade) da rao;
reduo do desgaste de equipamentos;
favorecimento do processo de peletizao;
melhoria na digestibilidade geral dos nutrientes, pela reduo da
taxa de passagem em animais no ruminantes;
possibilidade do adensamento energtico, ideal para a
formulao de raes de alta energia, como as fornecidas para
porcas, ces e gatos.
Denominamos de valor extra calricoessa melhoria no valor
nutricional da rao, proporcionada pela adio da fonte lipdica. Os
nveis timos de incluso de uma fonte lipdica variam conforme a
espcie animal. Para sunos e aves, os nveis timos esto situados
em cerca de 2-3% de incluso. sempre interessante fornecer uma
fonte lipdica na rao, mesmo que, muitas vezes, isso ir contribuir
para seu maior custo.Os lipdeos so divididos em vrios grupos e entre eles o mais
importante, no contexto de nutrio animal, so os triglicerdeos, que
so formados por uma molcula de glicerol unida a trs molculas de
cidos graxos, que so cidos carboxlicos (funo orgnica).
Os cidos graxos podem ter tamanhos variados, normalmente
com uma cadeia de 16 a 22 carbonos. Dentro dessa cadeia, pode
haver ligaes duplas entre os carbonos, que so chamadas de
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insaturaes. Quanto maior o nmero de insaturaes, mais lquido
tende a ser o lipdeo. Gorduras pastosas em temperatura ambiente tm
baixa quantidade de cidos graxos insaturados.
Figura 02Representao esquemticas de cidos graxos saturados (a) e
insaturados (b).
Alguns cidos graxos so essenciais para alguns animais,destacando-se os cidos linolico para aves e o cido araquidnico
para gatos. Assim, esses cidos devem ser fornecidos por meio dos
lipdeos da dieta.
As fontes lipdicas (leos e gorduras) variam muito em sua
composio de cidos graxos. O leo de soja degomado uma fonte
adequada de cido linolico para a maioria dos animais, sendo
indicada sua incluso nas raes em nveis timos. Os leos vegetais
so ricos em cidos graxos insaturados. J as gorduras de origem
animal, principalmente a gordura bovina, so ricas em cidos graxos
saturados.
2.3 - Protenas
As protenas so macromolculas orgnicas compostas de C,
H, O, N, S e P, que esto associadas constituio dos tecidos
animais, como, por exemplo, pele, plos, chifres, msculos, etc.
Essas macromolculas so compostas por 23 diferentes
aminocidos. O que diferencia uma protena de outra o balano
(quantidade) de cada um dos aminocidos que a constituem. Podemos
comparar os aminocidos como as letras de uma palavra maior
a) b)
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(protena), ou tijolos que constituem uma parede, que, em nosso caso
a protena. Todas as clulas necessitam desses nutrientes, seja para
sua manuteno, seja para crescimento ou reproduo.
Cada aminocido composto de um tomo de carbono
centralizado (carbono quiral) unido a uma cadeia carbnica, um tomo
de hidrognio, um grupamento amina e um grupamento carboxlico (da
a origem do nome).
Os animais no conseguem produzir os aminocidos a partir de
compostos simples: todos devem ser ingeridos atravs da alimentao.
Um aminocido pode ser transformado em outro. Existem aminocidos
que so produzidos (transformados) em quantidades suficientes pelo
organismo dos animais, sendo esses chamados de aminocidos no
essenciais. Tambm h aminocidos que o organismo animal no
capaz de produzir ou produz em quantidade insuficiente, so os
chamados aminocidos essenciais, devendo ser fornecidos pela dieta.
Os principais aminocidos essenciais para os animais so alisina, metionina, treonina, triptofano valina e arginina. A importncia e
o grau de essencialidade de cada um variam de acordo com a espcie
animal.
Atualmente, alguns aminocidos so facilmente encontrados
nas formas sintticas e so utilizados na fabricao de raes, sendo
comumente chamados de: L - LISINA HCl, DL - METIONINA, L-TREONINA, L-TRIPTOFANO, L-ARGININA. Embora alguns tenham o
preo mais elevado, a utilizao de L - LISINA HCL, DL METIONINA e
L TREONINA j constante na formulao de raes, sendo a sua
utilizao economicamente vivel. Futuramente haver maior produo
dos demais aminocidos sintticos, havendo, assim, uma reduo no
seu custo, possibilitando, consequentemente, a sua incluso nas
raes.
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2.4 - Minerais
Os minerais so nutrientes extremamente importantes para o
organismo animal, pois participam da estrutura, funcionamento celular,manuteno da presso osmtica, transporte de substncias,
transmisso de impulsos nervosos, catalisadores de reaes
enzimticas, entre outras funes. Podem ser divididos em duas
grandes categorias: macrominerais e microminerais.
Os macrominerais so necessrios ao corpo em grandes
quantidades e normalmente esto associados estruturao e ao
equilbrio osmtico do corpo. Os macrominerais so:
Clcio: importante para a correta formao dos ossos,
contrao muscular, sendo encontrado em alta concentrao no
leite. A principal fonte de clcio utilizada na formulao de
raes para os animais o calcrio calctico.
Fsforo: importante para a formao ssea e transferncia da
energia gerada no processo de metabolismo. A principal fonte
de fsforo utilizada na formulao de raes para animais o
fosfato biclcico, que tambm fornece clcio e disponibiliza todo
o fsforo para ser utilizado pelo animal. Outra fonte de fsforo
muito utilizada a farinha de carne e ossos, que tambm rica
em protena bruta.
Sdio/Cloro/Potssio: importantes para manuteno doequilbrio osmtico entre os fluidos celulares. As principais
fontes para os animais so o cloreto de sdio e cloreto de
potssio.
Enxofre: faz parte da estrutura de algumas protenas, sendo
importante para a formao das cartilagens. Os alimentos
tradicionais j contm grande quantidade de enxofre. Caso haja
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necessidade para animais ruminantes, poder ser utilizada,
como fonte, a flor de enxofre.
Magnsio: importante para a formao ssea. A principal fonte
para as raes animais o sulfato de magnsio.
Os microminerais so exigidos em pequenas quantidades pelo
animal, normalmente em mg/kg (ou ppm) ou em g/kg (ou ppb). Na
fabricao das raes animais, os microminerais so normalmente
adicionados sob a forma de pr-mistura mineral (premix mineral), que
uma mistura de fontes microminerais que contm nveis adequados
dos principais microminerais para cada espcie animal. A quantidade
de premix a ser adicionada na rao indicada pelo fabricante e est
descrita na embalagem do produto. Normalmente so utilizados nveis
de 0,1; 0,2 ou 0,5% da rao. As fontes microminerais tambm podem
ser parte integrante de um sal mineral. Se adicionados corretamente,
dificilmente ser observada carncia de microminerais nos animais. Os
microminerais mais importantes so: Ferro: faz parte da hemoglobina presente no sangue (60 a 70%
do total de ferro no organismo), sendo essencial para o
transporte de oxignio. A principal fonte na alimentao animal
o sulfato ferroso (O ferro +2tem alta solubilidade).
Selnio: protege a clula, tendo funo antioxidante. A principal
fonte inorgnica o selenito de sdio. Atualmente encontra-seno mercado fontes orgnicas de selnio que so mais
biodisponveis para utilizao pelo animal.
Cobre: importante para o metabolismo celular. A principal fonte
utilizada o sulfato de cobre.
Mangans: necessrio para o desenvolvimento sseo, alm de
agir como ativador de algumas enzimas. A principal fonte o
sulfato de mangans.
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Iodo: importante para formao de hormnios reguladores do
metabolismo. As principais fontes so o iodeto de potssio e
iodato de potssio
Zinco: muito importante no metabolismo celular, processo de
multiplicao celular e como cofator na formao da casca do
ovo. A principal fonte o sulfato de zinco.
muito comum, para planejamento, calcular a quantidade de
premix a ser gasta em determinado perodo de tempo. Suponhamos
que uma granja de aves poedeiras tenha 10.000 animais.
Considerando um consumo de 110 g por animal (0,11 kg), pergunta-se:
quantos dias ir durar um saco de 25 kg de premix mineral, que seja
includo em 0,1% na rao?
A resoluo simples, bastando usar regra de trs, sendo esse
conceito de extrema importncia para o tcnico. Inicialmente poder
ser calculada a quantidade de rao gasta por dia na granja: se uma
galinha consome 0,11 kg/dia, quantos quilos 10.000 galinhas voconsumir em um dia? Fazendo a regra de trs, encontra-se 1100 kg de
rao por dia. Quantos quilos de premix sero necessrios para fazer
essa quantidade de rao?
Se em 100 kg de rao coloca-se 0,1 kg de premix (0,1%), quantos
quilos adicionarei em 1100 kg de rao? Fazendo a regra de trs,
encontra-se 1,1 kg de premix por dia. Logo, deveremos verificarquantos dias ir durar o saco de 25 kg de premix, assim: Se em 1 dia
consome-se 1,1 kg, em quantos dias sero consumidos 25 kg?
Fazendo a regra de trs, encontra-se 22,7 dias.
2.5 - Vitaminas
As vitaminas so compostos orgnicos necessrios s clulasem baixssimas quantidades, normalmente necessrias para que
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algumas reaes ocorram. Pode-se dividir as vitaminas em dois
grandes grupos: as lipossolveis e as hidrossolveis.
As vitaminas lipossolveis so:
Vitamina A: presente em vrios processos metablicos dos
organismos, entre os quais a reproduo, viso e ao protetora
na pele e mucosa.
Vitamina D: necessria para o eficiente metabolismo de clcio e
fsforo. A maior parte dos animais produz a substncia
precursora da vitamina D, sendo essa convertida a partir da luz.
Vitamina E: possui ao antioxidante, protegendo a clula
contra as aes dos radicais livres.
Vitamina K: participa do processo de coagulao sangunea.
J as vitaminas hidrossolveis so:
Vitamina C: antioxidante, trabalha em conjunto com a vitamina E
e selnio.
Vitaminas do complexo B: so vrias vitaminas que, em geral,
participam do metabolismo celular.
Para fabricar uma rao, utiliza-se premix vitamnico que
contm as quantidades necessrias de vitaminas para a espcie
animal. Grandes fbricas podem fabricar seu prprio premix. Caso a
rao seja formulada de maneira adequada, dificilmente sero
observadas carncias de vitaminas nos animais. Existem tambm nomercado vrios suplementos vitamnicos para as diversas categorias
animais, sendo esses fornecidos diretamente pela boca ou at mesmo
injetveis.
muito comum utilizar um s premix para fornecimento das
vitaminas e minerais. O nvel de incluso determinado pelo fabricante
desse suplemento.
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2.6 - gua
Muitas vezes esquecida, na classificao de nutriente, a gua
essencial vida e pode ser considerada como um dos nutrientes maiscrticos na nutrio animal. A privao da gua para o animal mais
grave do que a falta de carboidratos, protenas ou outros nutrientes.
considerada solvente universal, por dissolver grande parte das
substncias, alm de participar de todas as reaes qumicas que
ocorrem no organismo, pois as substncias esto solubilizadas nela.
Tendo em vista as muitas funes que exerce, a gua pode ser
considerada o nutriente essencial mais importante para os animais. A
gua o maior constituinte do corpo, e a manuteno estvel de sua
quantidade rigidamente controlada nos mamferos e aves.
Alm de garantir o meio aquoso necessrio para ocorrncia das
reaes qumicas, a gua participa do processo de termorregulao
(controle da temperatura, pois recebe grande quantidade de calor e no
deixa a temperatura do corpo aumentar), participa do equilbrio cido-
base do organismo (controle do pH celular), essencial para a
excreo de resduos, transporte de substncias e nutrientes no interior
do organismo.
Para os animais, existem trs fontes principais de gua:
gua de bebida: ingerida de forma direta pelos animais
gua coloidal: est contida e presa nos alimentos. Uma raopossui cerca de 10% desse componente. Essa gua dificilmente
utilizada pelo animal.
gua metablica: produzida pelo metabolismo celular final,
sendo importante para animais hibernantes.
A gua deve ser fornecida vontade aos animais, sempre numa
temperatura agradvel. Deve ser preferencialmente potvel, semqualquer tipo de contaminao. Caso se tenha somente gua de
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qualidade inferior para fornecimento aos animais, ela poder ser
utilizada, mas deve-se estar ciente de que o desempenho animal ser
comprometido. Essa situao comum em diversas propriedades que
trabalham com bovinocultura leiteira. H tambm possibilidade de
tratamento dessa gua, onde os custos devero ser considerados.
importante se preocupar com a colocao da caixa dagua,
que dever estar protegida do sol, assim como a tubulao de sada. A
maioria dos animais prefere gua fresca. Os bovinos preferem gua
morna, sendo essa essencial para a manuteno da temperatura do
rumem.
2.7 - Exerccios de fixao
a) Um produtor lhe questiona se importante fornecer uma fonte
lipdica nas raes dos animais, visto que uma fonte lipdica
cara. O que voc responderia? Justifique sua resposta.
b) Faa a diferenciao entre alimentos e nutrientes, dando dois
exemplos para cada um.
c) Uma rao animal apresenta a seguinte composio: 1) Amido:
50%, 2) protena bruta: 16%, 3) lipdeos: 3,0% e 4) clcio: 1,0%.
Quais vo ser as funes dos itens 1, 2, 3 e 4?
d) Todos sabem que a gua extremamente importante para
todos os seres vivos. Redija um pequeno texto explicando asrazes (pelo menos duas) que mostram a importncia da gua
para os animais.
e) A fibra extremamente importante para o bom funcionamento
do processo digestivo na maioria dos animais. Responda, de
maneira simplificada, o que fibra.
f) Os carboidratos amido e celulose tm digesto bastante
diferente para as aves. Se ambos so formados por molculas
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de glicose, como possvel que tenham esse comportamento
to diferenciado dentro do TGI do animal? Explique.
g) Redija um pequeno texto sobre protenas e aminocidos,
destacando a importncia e a forma de fornecimento para os
animais.
h) Um premix para poedeiras includo em 0,3% na rao. Cada
poedeira consome, em mdia, 100 gramas (0,1 kg). Numa
granja onde h 2000 poedeiras, quantos dias ir durar um saco
de 25 kg desse premix?
i) Um premix para sunos em crescimento includo em 0,1% na
rao de sunos. Cada suno em crescimento consome, em
mdia, 1,5 kg de rao por dia. Numa granja que contm 500
sunos em crescimento, quantos dias ir durar um saco de 25 kg
desse premix?
2.8 - Outros exerccios para pesquisaa) Como citado, um premix um suplemento feito com a mistura
das fontes de microminerais e vitaminas, podendo conter outros
aditivos. Tente entender e explicar como podem ser feitos esses
clculos.
b) Os cidos graxos saturados e insaturados so bastante
diferentes quanto ao ponto de fuso. Tente explicar por que issoacontece, relacionando a resposta com a estrutura qumica dos
cidos graxos.
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3) Anatomia digestiva comparada e
fisiologia da digesto
3.1 - Introduo
Quando falamos em anatomia, referimo-nos estrutura dos
sistemas, rgos e tecidos; j a fisiologia refere-se ao funcionamento
deles. A anatomia e fisiologia digestivas referem-se, ento, estrutura
e funcionamento do sistema digestivo.
A fisiologia digestiva muito diferente entre os animais,
variando de acordo com espcie e com o tipo de alimento que
degradado pelo seu sistema digestivo. Essa adaptao foi
extremamente importante no processo evolutivo dos animais,
adaptando-o s adversas condies encontradas.
O processo de digesto dos alimentos proporciona o
aproveitamento dos nutrientes e grupos de substncias importantes
que, posteriormente, sero utilizados pelo animal para sua
manuteno, produo e/ou reproduo.
A digesto pode, ento, ser considerada como um processo de
quebra e preparao do alimento e de seus nutrientes, que geralmente
se encontram em formas complexas, sendo impossveis de serem
aproveitados. Assim, haver transformao em formas mais simples e
de menor tamanho (monossacardeos, aminocidos, cidos graxos)para que possam ser absorvidos pela parede do sistema digestivo
(intestino delgado) e, ento, encaminhados para metabolismo nas
clulas.
A digesto pode ser enzimtica ou fermentativa; na primeira, as
enzimas digestivas produzidas pelo animal sero as responsveis pela
quebra (digesto) dos nutrientes j na segunda, enzimas produzidas
por micro-organismos sero necessrias para quebra e o produto
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formado ser fermentado num meio anaerbico (ausente de oxignio),
gerando cidos graxos de cadeia curta (cidos graxos volteis, ou
AGVs), os quais so utilizados no metabolismo energtico do animal.
A seguir, sero descritos os sistemas digestivos dos principais
animais domsticos, enfatizando suas diferenas e adaptaes.
3.2 - Sistema digestivo dos ruminantes
Os animais ruminantes (bovinos, caprinos, ovinos, bfalos, entre
outros) possuem estmago complexo, dividido em quatro cavidades
denominadas rmen, retculo, omaso e abomaso (ou pana, barrete,
folhoso e coagulador, respectivamente), sendo este ltimo considerado
o estmago verdadeiro. Aps o abomaso, h o intestino delgado,
seguido do intestino grosso, que tambm muito desenvolvido.
O rmen funciona como uma cmara fermentativa, como ser
discutido posteriormente. Em ruminantes, h o retorno do alimento
ingerido para remastigao na boca do animal, sendo esse processo
interessante para maior eficincia da digesto, pois o tamanho da
partcula ser diminudo por essa ao (figura 04). Alm disso, a saliva
apresenta efeito tamponante (evita variaes bruscas de pH), sendo
essa caracterstica importantssima para a manuteno da flora
ruminal. A partir da fermentao microbiana, haver maior
disponibilidade de energia e gerao de protena microbiana para oanimal, conforme ser apresentado posteriormente.
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Figura 03Tubo digestivo dos ruminantes (cortesia de Matheus A. Sousa)
Figura 04Trajeto do alimento aps ingesto pelo ruminante (Cortesia de
Matheus A. Sousa)
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3.3 - Sistema digestivo dos equinos e coelhos
Os equdeos so um grupo de animais herbvoros, noruminantes (monogstricos). O primeiro compartimento (estmago)
pequeno (apenas 9 % do total). Associado a isso, h o fato de as
plantas forrageiras possurem alta taxa de fibra, apresentando
normalmente baixo valor nutritivo. Isso implica a necessidade do
fornecimento de alimento vrias vezes ao dia ou o ato de esse animal
pastejar em grande parte do dia. Outra particularidade o fato de o
ceco e clon serem extremamente grandes, o que possibilita o
aproveitamento de carboidratos fibrosos, em razo de fermentaes
microbianas, havendo a formao de cidos graxos volteis (AGVs)
dentre outros nutrientes, importantes para metabolismo energtico do
animal. Esses AGVs sero absorvidos pelas paredes do ceco e clon e
contribuiro significativamente para a manuteno energtica do
animal. Um eqdeo de 500 kg de peso vivo possui um aparelho
digestivo de capacidade total de cerca de 130 litros.
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Figura 05Tubo digestivo do cavalo (Cortesia de Matheus A. Sousa)
Coelhos tambm so animais herbvoros, no ruminantes, cuja
maior particularidade ter um ceco (primeira poro do intestino
grosso) bem desenvolvido; assim, esse local trabalha como uma
cmara fermentativa, produzindo AGVs, que so fontes de energia para
os animais, como ocorre com os ruminantes. Os coelhos tm uma
particularidade nica entre os animais domsticos, pois realizam a
cecotrofia, que a reingesto do material fermentado no ceco. Esse
material rico em protena microbiana, cidos graxos volteis, sais
minerais e vitaminas hidrossolveis provenientes dos micro-organismospresentes no ceco. No se deve confundir as fezes, comumente vistas
nos coelhrios abaixo das gaiolas, com os cecotrfos, sendo esse de
difcil observao.
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Figura 06Tubo digestivo dos coelhos (Cortesia de Matheus A. Sousa)
Quando os equinos e coelhos ingerem alimento de baixo valor
nutricional, haver aumento da quantidade ingerida e da taxa de
passagem, diferentemente dos animais ruminantes, que tendem a
diminuir a ingesto geral de alimentos nessas mesmas condies.
Dietas completas para esses animais devem apresentarquantidades apreciveis de fibra, que extremamente importante para
a garantia do bom funcionamento do sistema digestivo.
3.4 - Sistema digestivo das aves
As aves so animais onvoros (alimentam-se de alimentos de
origem animal e vegetal). O sistema digestivo muito curto,apresentando uma dilatao no esfago chamada de papo. Aps o
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papo, h o estmago qumico (proventrculo), e a moela, que trabalha
como estmago mecnico, triturando os alimentos, pois as aves no
tm dentes, como nos mamferos. Em seguida, h o intestino delgado,
que dividido em duodeno, jejuno e leo, seguido do intestino grosso,
que possui dois cecos (bissaculado). Neste ltimo, pode ocorrer
alguma fermentao, que no representa uma fonte de energia
importante para as aves (baixssima contribuio, praticamente
desprezvel). As aves apresentam baixo nmero de papilas gustativas,
que so importantes como sensores de paladar; sendo assim, aceitam
quantidades apreciveis de alimentos de baixa palatabilidade.
Figura 07Tubo digestivo da galinha (Cortesia de Matheus A. Sousa)
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3.5 - Sistema digestivo dos sunos
Os sunos so animais onvoros. O sistema digestivo dos sunos
medianamente longo e assemelha-se ao dos humanos. compostode estmago, intestino delgado (dividido em duodeno, jejuno e leo) e
intestino grosso. No intestino grosso, pode-se dizer que ceco e clon
so medianamente desenvolvidos, principalmente em animais adultos,
nos quais pode haver aproveitamento significativo da fibra pelo
processo de fermentao no ceco e clon. Diferentemente das aves, os
sunos apresentam elevado nmero de papilas gustativas e,
principalmente nas primeiras fases da criao, h necessidade de
utilizao de alimentos mais palatveis.
A fisiologia digestiva do leito est adaptada principalmente
para digesto de lactose. Dietas iniciais para esses animais devem
conter grandes quantidades de derivados lteos, como lactose ou leite
em p. Os leites apresentam tambm baixa capacidade de digesto
de alguns nutrientes, como amido e lipdeos. Dietas pr-iniciais para
esses animais devem ser elaboradas com base em ingredientes que
proporcionem alta digestibilidade de seus nutrientes, tais como soja
extrusada, milho gelatinizado, etc.
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eficiente. Praticamente no h fermentao microbiana no intestino
grosso desses animais.
Figura 09Tubo digestivo de ces (Cortesia de Matheus de Andrade Sousa)
3.7 - rgos acessrios
H outros rgos importantes que auxiliam no processo
digestivo dos animais:
Fgado: Secreta a bile, que essencial para a digesto das gorduras.
Funciona tambm, integrado ao rim, como filtro do corpo, auxiliando na
desintoxicao, produzindo substncias que sero filtradas pelo rim e
excretadas pela urina. tambm o rgo central do metabolismo de
carboidratos, lipdeos e aminocidos.
Vescula biliar: Armazena e concentra a bile, potencializando sua
ao. Est ausente em alguns animais, como nos equinos. A bile
funciona como um sabo do corpo, pois prepara as gorduras para
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serem digeridas no meio aquoso, num processo denominado
emulsificao, havendo formao de pequenas gotculas denominadas
micelas, que podero ser atacadas pelas enzimas lpases.
Pncreas: Secreta o suco pancretico que contem grande parte das
enzimas digestivas, tais como tripsina, quimotripsina, amilase
pancretica, etc. O suco pancretico importante tambm para a
neutralizao do bolo alimentar que est vindo do estmago, pois
desse rgo h produo de cido clordrico. O pncreas produz
tambm insulina e glucagon, que so hormnios-chave para a
regulao do metabolismo, como ser discutido posteriormente.
3.8 - Enzimas
As enzimas so protenas que apresentam funo cataltica
(quebra), reduzindo a energia de ativao, que a energia necessria
para que a reao acontea. A maior parte catalisa reaes de
hidrlise, ou seja, quebra pela gua. As enzimas podem ser
consideradas como catalisadores orgnicos, facilitando as reaes do
metabolismo celular. A digesto dos animais leva algumas horas para
ser realizada e demoraria dias, caso no houvesse a atuao das
enzimas.
Toda enzima tem um alvo (substrato) especfico. Uma enzima
que digere um lipdeo chamada de lipase; uma que digere amido chamada amilase; contudo, algumas nomenclaturas de enzimas no
seguem essa regra.
Toda enzima tem um pH timo, que potencializa sua ao. No
estmago, por exemplo, h liberao de cido clordrico, que contribui
para abaixamento do pH e, assim, potencializa a ao da pepsina
(enzima produzida no estmago). J no intestino delgado, as enzimas
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no meio aquoso. Nos animais, esse papel feito pela bile e chamado
de emulsificao.
Os leos e gorduras sofrem ao do estmago, para reduzir o
tamanho das partculas. Logo, no intestino delgado, recebem a bile,
que emulsifica a gordura, havendo formao de micelas (pequenas
gotculas de gordura), facilitando o trabalho das enzimas. Em seguida,
h a ao da lipase pancretica, que cataliza a digesto dos lipdeos
formando cidos graxos, que so absorvidos pelas paredes do intestino
delgado e enviados ao fgado para metabolismo.
3.11 - Digesto das protenas
A quebra das protenas comea no estmago, no qual h ao
da pepsina, que quebra a protena em pedaos menores, e do HCl, que
desnatura as protenas. Esses pedaos menores so denominados de
peptdeos e variam de tamanho. Ao chegar ao intestino, o bolo
alimentar recebe as enzimas tripsina, quimotripsina, alm de outras,
que digerem as protenas. Assim, haver liberao dos aminocidos,
que sero absorvidos pelas paredes do intestino e encaminhados ao
fgado para metabolismo.
3.12 - Digesto de fibras
Os mamferos e aves no secretam enzimas que digerem as
fibras. Os animais ruminantes e os animais que possuem ceco e clon
funcionais contm uma flora microbiana em alguns compartimentos do
sistema digestivo (rmen, intestino grosso) que auxiliam na digesto
destas fibras.
Assim, os micro-organismos anaerbicos (aqueles que
sobrevivem em baixssimas concentraes de oxignio) que habitam
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esses compartimentos secretam enzimas, que iro atuar sobre os
carboidratos fibrosos, como a celulose e hemicelulose, havendo a
liberao de glicose, que ser fermentada, com posterior formao de
cidos graxos de cadeia curta (cidos graxos volteis), os quais so
importantes como fontes de energia para esses animais. Esses micro-
organismos, quando digeridos no abomaso dos ruminantes, iro
fornecer parcela significativa de protena microbiana de excelente
qualidade nutricional.
3.13 - Absoro dos nutrientes
A parede do intestino delgado est preparada para garantir
grande absoro dos nutrientes. O tamanho desse rgo varivel,
podendo conter de 1 metro, a vrios metros, conforme a espcie.
Se ampliada num microscpio, a parede do intestino delgado
apresenta invaginaes denominadas cristas. Cada crista apresenta
grande nmero de vilosidades e cada vilosidade apresenta um capilar
sanguneo, que ser importante na captao e distribuio do nutriente.
Acima das vilosidades, esto as microvilosidades, estruturas diminutas
responsveis pela absoro. Todo esse sistema complexo necessrio
para garantir maior aproveitamento dos nutrientes, com conseguinte
distribuio para o corpo do animal, principalmente para o fgado, para
que seja realizado metabolismo.
3.14 - Exerccios de fixao
a) Dos seguintes alimentos, qual ter o pior aproveitamento da
energia contida nos alimentos para aves? Milho (muito amido e
pouca fibra), leo (muito lipdeo e nenhuma fibra) ou farelo de
trigo (pouco amido e muita fibra)? Explique.
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b) O cavalo um animal que no produz enzimas capazes de
digerir a celulose contida nas forrageiras. Mesmo assim,
sabemos que esse animal, de grande porte, consegue a energia
que precisa para sobreviver a partir de uma alimentao
baseada em forragem. Explique, ento, de maneira simples e
objetiva, como este animal consegue aproveitar esse
polissacardeo.
c) Como o sistema digestivo de animais ruminantes. Faa um
desenho explicativo e indique o que ocorre em pelo menos duas
cavidades.
d) Suponha que um suno esteja ingerindo farelo de soja, que
rico em protena. Explique o que est acontecendo
fisiologicamente (em relao protena) em seu sistema
digestivo. No se preocupe com nome de enzimas; tente
mostrar que voc entendeu o processo.
e) Explique de maneira simplificada por que os animais ruminantesapresentam maior capacidade para digesto da fibra, quando
comparados a outros animais.
f) O milho e o farelo de trigo tm energias brutas semelhantes, ou
seja, cerca de 3900 kcal/kg. Se considerarmos a energia
metabolizvel, veremos que esses ingredientes apresentam
1824 kcal/kg (farelo de trigo) e 3381 kcal/kg (milho). Expliqueessa diferena.
3.15 - Outros exerccios para pesquisa
a) Sabemos que gatos so animais carnvoros restritos e que a
fisiologia desse animal est adaptada principalmente digesto
de protena e lipdeos. Assim, argumente como deve ser a
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elaborao de uma rao para gatos.
b) Como citado no texto, a bile atua como um sabo. Pesquise
sobre o mecanismo de formao das micelas a partir da bile.
Procure detalhar.
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4. Metabolismo dos nutrientes
Metabolismo e digesto so assuntos normalmente confundidos
entre os alunos. A digesto ocorre na luz intestinal e o metabolismo, nointerior das clulas.
O metabolismo pode ser entendido como o conjunto de reaes
de sntese e quebra que ocorrem no interior das clulas. assunto de
extrema complexidade, explorado em nutrio animal avanada, em
cursos de nvel superior. Conforme anlise critica do professor, esse
tema pode no ser abordado em cursos de nvel mdio. Neste livro, oobjetivo fornecer uma noo bsica dos principais destinos
metablicos dos nutrientes.
Aps a absoro, os nutrientes caem na circulao sangunea
ou linftica e so direcionados principalmente ao fgado. Esse rgo
constitudo de clulas denominadas hepatcitos, no interior das quais
ocorre grande parte das reaes do metabolismo. Em seguida, o
sangue leva os nutrientes transformados para o restante do corpo.
Dependendo do nutriente e da espcie, pode haver outro local de
metabolismo.
4.1 - Metabolismo dos carboidratos
Quando um animal se alimenta, o fgado recebe a glicose,
advinda em grande parte da digesto do amido, e cria uma reserva de
carboidratos denominada glicognio, que sustentar o animal durante
algum tempo. Nesse momento, a insulina muito importante. Assim
que satisfeita a reserva de glicognio do fgado, o organismo estoca
os carboidratos, transformando-os em gordura para armazenamento no
tecido adiposo (clulas que armazenam gorduras). Um animal que
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ingerir excesso de carboidratos, por um tempo prolongado, tender a
ter maior volume de tecido adiposo.
Dentro dos hepatcitos, a glicose direcionada para a produo
de energia em uma srie de reaes. Assim, a energia dessa molcula
transferida e armazenada em uma molcula denominada ATP
(adenosina trifosfato), que ser utilizada pelas clulas como fonte de
energia.
Caso falte glicose para o animal, ele poder converter
aminocidos em glicose, o que no interessante economicamente,
visto que as fontes de aminocidos tm alto custo e haver gasto de
energia para obteno de ATP a partir do mesmo. Em dietas para
gatos, comum o fornecimento de parte da energia necessria a partir
de aminocidos. Para outros animais, esse processo no
economicamente interessante.
4.2 - Metabolismo dos lipdeosOs lipdeos que chegam ao fgado podem ser usados como
fonte de energia imediata ou serem armazenados no tecido adiposo.
Assim, quando o corpo necessitar, essa reserva energtica pode ser
acionada para a produo de energia, pela quebra do cido graxo, com
posterior produo de ATP.
Em sunos, a formao de lipdeos pode ocorrer no tecidoadiposo. Nas aves, a sntese de lipdeos ocorre somente no fgado.
Assim, os lipdeos da gema so sintetizados no fgado e transportados
via corrente sangunea at a sua deposio no folculo (gema).
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4.3 - Metabolismo das protenas
Os aminocidos que so absorvidos adentram a corrente
sangunea at chegarem ao fgado. Nesse rgo, dependendo dasnecessidades do animal, os aminocidos podem ser convertidos em
energia, ser quebrados e ter seu esqueleto carbnico armazenado, ou
serem ainda direcionados para a renovao e formao de tecidos,
como o tecido muscular.
O corpo no consegue armazenar os aminocidos, sendo o
excesso eliminado. Assim, raes com concentrao de protena acima
da exigncia nutricional do animal, alm de serem mais caras, no
proporcionam maior ganho de peso e a excreo desses excessos
extremamente prejudicial ao meio ambiente. Alm disso, o corpo do
animal gasta energia para a quebra e eliminao de nitrognio
proveniente do excesso de protena na dieta.
Os animais excretam o excesso de nitrognio corporal de
diferentes formas: as aves secretam na forma de cido rico; os
mamferos na forma de ureia; e os peixes secretam a amnia
diretamente na gua, atravs de suas brnquias.
4.4 - Metabolismo dos cidos graxos volteis
(AGVs)
Dentro de uma cmara fermentativa, como o rmen, mediante
ao microbiana, carboidratos fibrosos so quebrados, gerando
principalmente glicose. Em meio anaerbico, haver fermentao da
glicose, produzindo cidos graxos volteis (AGVs).
Os AGVs so cidos carboxlicos de cadeia curta e os mais
importantes so o cido actico, o cido propinico e o cido butrico.
Em ruminantes, o cido propinico convertido glicose, para a
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gerao de energia. Os outros dois so convertidos em gordura.
Tambm em animais no ruminantes esses AGVs so produzidos,
absorvidos e enviados para o metabolismo energtico. A contribuio
energtica ir variar de acordo com cada animal. Grande parte da
energia necessria para crescimento e manuteno de equinos vem
desse processo.
4.5 - Relao insulina/glucagon
A insulina, produzida pelo pncreas e encaminhada ao sangue,
o hormnio da saciedade e quando a relao insulina/glucagon no
sangue est alta, o corpo animal tende a acumular reservas, como por
exemplo, o glicognio no fgado. O estoque de glicognio corporal
limitado e, assim, o corpo ir armazenar o excesso de carboidratos sob
a forma de lipdeos, aps uma srie de reaes do metabolismo.
J o glucagon o hormnio do jejum e sua concentrao
sangunea alta nesse momento, o que proporciona quebra de
carboidratos, lipdeos e at protena armazenada, para provimento de
energia. Assim, animais de produo devem sempre receber
alimentao em horrios pr-definidos e a ausncia dessa alimentao
proporcionar perdas econmicas.
4.6 - Exerccios de fixaoa) De uma maneira simples, responda o que est acontecendo no
metabolismo dos animais no perodo de jejum, ou seja, numa
situao em que o animal esteja a horas sem se alimentar.
b) De uma maneira simples, responda o que est acontecendo no
metabolismo dos animais, logo aps a ingesto de alimentos.
c) Imagine que um cachorro est muito obeso. Explique,
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metabolicamente, como esse animal poder perder peso e sair
do estado de obesidade.
d) Um animal que no era alimentado a horas est recebendo uma
rao. Aps certo tempo, ele ingeriu uma quantidade de amido
muito grande. Cite quais sero os destinos possveis da glicose
absorvida pelo animal.
e) Um gato est recebendo uma dieta desbalanceada, com
baixssima quantidade de amido e alta quantidade de protena.
Cite, de maneira clara e objetiva, como esse animal conseguir
toda a glicose necessria para satisfazer seu corpo.
4.7 - Outros exerccios para pesquisa
a) Tente montar um esquema relacionando vrias rotas
metablicas, tais como glicolise, formao de glicognio, ciclo
dos cidos tricarboxlicos, formao de cidos graxos,
degradao de aminocidos, etc. Perceba que assunto de alta
complexidade. Para isso, ser necessrio consultar livros de
bioqumica ou livros de nutrio que abordem metabolismo
animal.
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5) Composio dos alimentos, anlises
bromatolgicas e controle de qualidade
Para formular uma rao, essencial saber o valor nutritivo de
cada alimento, ou seja, quanto haver de cada nutriente nos alimentos.
Para quantificar esse valor nutritivo, so necessrias algumas anlises.
O mtodo tradicional de anlise, comumente utilizado nas fbricas de
rao, o proposto pela estao experimental de Wende em que a
amostra dividida em vrias partes e vrios grupos de compostos,
conforme mostrado na figura 10.
Figura 10proposta de diviso do alimento pelo mtodo de Wende
A inteno deste livro no a de descrever a metodologia paracada anlise. Para isso, outros livros ou o Compndio Brasileiro de
Alimentao Animal podero ser consultados.
5.1 - Anlises bromatolgicas
As anlises bromatolgicas so anlises fsico-qumicas
realizadas para quantificar o teor dos nutrientes (valor nutritivo) ou
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grupos de substncias importantes nos alimentos. Essas anlises so
importantes tambm para garantir a qualidade na produo de rao,
pois o Ministrio da Agricultura Pecuria e Abastecimento (Mapa) exige
que todas as raes registradas apresentem nveis de garantia
mximos e mnimos expressos nos rtulos.
As anlises comeam antes mesmo do laboratrio. No campo
dever ser realizada amostragem. A amostragem um conjunto de
procedimentos necessrios para que se garanta a representatividade
da amostra. Quando a fbrica recebe uma carreta de 20 ton. de milho,
somente uma frao muito pequena (0,5 kg) ser destinada ao
laboratrio. Essa frao dever representar todo o carregamento de
milho. Assim, necessria a utilizao de equipamentos, como sondas
de profundidade para amostrar carretas e caladores para amostrar
sacarias, tomando diferentes pontos e profundidades. O principal
critrio deve ser o bom senso do amostrador. Para amostragem de
plantas forrageiras, um quadrado oco de propores definidas deverser utilizado. Esse quadrado dever ser lanado em vrias partes do
terreno, coletando-se a forragem no interior do quadrado. Quanto maior
for a rea amostrada, maior nmero de coletas dever ser feita, sendo
o local escolhido de forma aleatria.
Coletado o material, ele dever ser modo, pois as anlises
devem ser realizadas em material homogneo. Assim, dever serutilizado moinho com peneira de 1 mm.
Materiais com mais de 20% de umidade podero embuxar o
moinho e no serem modos, sendo necessria pr-secagem durante
72h numa temperatura de 60C, utilizando-se para isso uma estufa com
circulao de ar forado. Esse procedimento bastante comum para
preparo de forrageiras, fezes e carcaas.
As anlises mais importantes sero descritas a seguir:
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Matria seca (MS):Dentro do alimento, o que no umidade (gua)
chamamos de matria seca, sendo o somatrio de todos os demais
nutrientes. Assim, nesta anlise, levamos a amostra estufa aquecida
a 105C, durante 4 horas, para que possa perder toda a umidade.
gua
amostra 105C, 4h resduo seco
Quando comparamos o teor dos nutrientes contidos nos
alimentos, comparamos com base na matria seca, pois o teor de
umidade interfere na quantidade de nutrientes dentro de cada alimento;
quanto maior o teor de gua, menor tender a ser o contedo dos
demais nutrientes. Todo rtulo de rao deve especificar o contedo
mximo de umidade. O somatrio percentual de gua e MS sempre
dever ser 100. Assim, se tivermos em um ingrediente cerca de 89%
de MS, logo este ter 11% de umidade. Para clculo da matria seca,
devemos verificar o peso do resduo seco e dividi-lo pelo peso daamostra, multiplicando o resultado por 100. Poder ser resolvido
tambm por regra de trs, sendo o peso da amostra inicial considerado
100%.
Como em fbricas de rao, muitas vezes os resultados
devero ser rpidos, comum tambm a utilizao de equipamentos
eletrnicos que detectam o teor de umidade de gros de forma rpida. muito comum a utilizao do determinador universal de umidade.
Matria mineral ou cinzas (MM): Consiste na oxidao total da
matria orgnica, restando, assim, os minerais existentes na amostra.
Esse processo ocorre sempre que um pedao de madeira queimado
e observamos as cinzas, ricas em minerais, comumente oferecidas
para fertilizar plantas.
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gua + CO2
Amostra 600C, 4h cinzas
Essa anlise no mostra quais so os minerais existentes e
nem quais as suas quantidades, mas nos d noo do contedo total
deles. Todo rtulo de rao deve especificar o contedo mximo de
matria mineral. Para clculo da MM, devemos verificar o peso do
resduo de cinzas e dividi-lo pelo peso da amostra, multiplicando o
resultado por 100. Poder ser resolvido tambm por regra de trs, em
que o peso da amostra inicial dever ser considerado 100%.
Protena bruta (PB): O teor de protena bruta de um alimento
essencial para que se faa uma rao para qualquer animal. Para
realizao dessa anlise, comumente utilizado o mtodo Kjeidahl,
atravs de uma seqncia de reaes o nitrognio (N) quantificado.
Como a mdia de N nas protenas de 16%, multiplica-se o teor deste
ltimo por 6,25, pois o teor de PB ser 6,25 vezes maior que o teor denitrognio (100/16 = 6,25). Grande parte do N analisado no est
contido em aminocidos, assim nem toda a protena determinada
realmente protena. Todo rtulo de rao dever apresentar o nvel de
PB mnimo. Esse mtodo no analisa somente nitrognio advindo de
protena. Outras substncias nitrogenadas podem estar presentes na
amostra, tais como nitrito, nitrato, cidos nucleicos, aminas, amidas,ureia, etc. Se analisarmos a ureia, veremos que contm cerca de
44,8% de nitrognio, que multiplicado por 6,25, nos dar o valor de
280% de protena bruta. possvel haver mais de 100% de protena na
amostra? No, na verdade, isso um erro proporcionado pelo mtodo
que analisa nitrognio em vez de analisar a protena. Sabidamente, a
ureia no apresenta protena alguma. Infelizmente, empresas no
idneas costumam adicionar ureia s raes de animais no
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entre outros. A sua quantificao realizada pela subtrao das
fraes determinadas anteriormente (Umidade, MM, EE, PB, FB) em
relao ao contedo total da amostra (100%), conforme a seguinte
frmula:
%ENN = 100 - %Umidade - %MM - %EE -%PB - %FB
Caso se queira expressar o teor de ENN somente na base seca,
a umidade dever ser desconsiderada da frmula acima.
5.2 - Determinao do NDTComo citado anteriormente, essas anlises so essenciais para
determinao do NDT (nutrientes digestveis totais) que utilizado para
equilbrio energtico das dietas para animais ruminantes, sendo obtido
pela frmula:
NDT (%) = %PBD + %FBD + %ENND + 2,25(%EED)
Em que: %PBD = porcentagem de protena bruta digestvel da amostra
%FBD = porcentagem de fibra bruta digestvel da amostra
%ENND = porcentagem de extrativo no nitrogenado digestvel
da amostra
%EED = porcentagem de extrato etreo digestvel da amostra
Pode-se notar que o teor de extrato etreo multiplicado por
2,25, em razo de essa frao alimentar ser 2,25 vezes mais
energtica que as demais (9kcal/g de lpeos contra 4 kcal/g dos
demais). Para se determinar o NDT de um alimento, se deve fazer um
ensaio de digestibilidade. comum as empresas expressarem o
contedo de NDT de suas raes pelo do NDT estimado.
Muitas vezes, no campo, necessria a transformao de
unidades a partir do NDT. Pode-se, para isso, adotar estimativas,
considerando-se que 1 kg de NDT corresponde a cerca de 4400 kcal
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de energia digestvel. Outra estimativa importante que a energia
metabolizvel representa cerca de 82% da energia digestvel (EM =
0,82 x ED).
5.3 - Base em matria natural e base em matria
seca
O teor das fraes alimentares mostradas anteriormente pode
ser apresentado com base em matria natural ou em base de matria
seca. Consideramos matria natural ou como oferecido o alimento naforma que oferecido ao animal. J a base em matria seca utilizada
para comparaes entre alimentos, ou mesmo, para clculo de dietas
para animais que recebem alimentos com alta quantidade de umidade,
como os ruminantes. Quando colocamos o alimento na base de MS,
desconsideramos a umidade, havendo a concentrao dos nutrientes,
ou seja, o nvel deles se elevar. A figura 08a apresenta
esquematicamente o contedo de PB dentro da amostra de uma
forrageira mida. Inicialmente, note que a frao de PB representa uma
frao do contedo total de amostra. Quando se coloca o alimento na
base seca (08b), desconsiderando-se a umidade, a parcela de PB, em
relao ao contedo total, maior.
Figura 11Representao do contedo de protena bruta (PB) na matria
natural (a) e na matria seca (b).
PB
Umidade
PB
Demaisnutrientes Demais
nutrientes
(a) (b)
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Para clculo, basta realizar uma regra de trs simples. Como
exemplo, consideramos uma forragem que apresenta 3,5% de protena
bruta na matria natural e que apresente 73% de umidade, tendo,
portanto 27% de matria seca.
3,5% de PB ---------------------- 27% de MS
X ---------------------- 100% de MS
Em que o valor de X ser de 3,50 x 100 / 27 = 12,96% de PB em base
de MS.
5.4 - Controle de qualidade na produo de raes
Nos ltimos anos, a indstria de raes tem sido pressionada
devido a vrios acontecimentos que comprometeram a segurana
alimentar da populao. Houve casos, como a contaminao por
salmonela, dioxina ou situaes como o mau-da-vaca-louca, entre
outros, proporcionando maior desconfiana do mercado para com as
fbricas de rao.
Assim, a partir da publicao da Normativa 4, de 2007, do
Ministrio da Agricultura Pecuria e Abastecimento, todas as fbricas
de rao no Brasil esto obrigadas a se enquadrarem numa srie de
normativas denominadas boas prticas de fabricao, ou
simplesmente, BPF. Esse conjunto de normas auxiliar a fbrica de
rao a garantir a qualidade do produto acabado. Todo o processo deproduo dever ser documentado, desde a recepo de matrias-
primas at a colocao do produto no mercado, pois a rastreabilidade
desses produtos extremamente importante, sendo possvel, por meio
dela, rastrear e determinar os caminhos e procedimentos que aquele
produto seguiu at chegar ao consumidor final.
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A descrio detalhada da Normativa 4 pode ser facilmente
conseguida pela internet. Dentro deste documento, os anexos I e II so
essenciais para norteamento do processo de garantia da qualidade,
5.5 - Exerccios de fixao
a) Voc est no laboratrio realizando anlise de extrato etreo.
Sua amostra pesou 2,0986 g. Aps extrao com o ter por 6
horas, voc percebeu que sobrou no copo de extrao 0,2341g
de leo, advindo da amostra. Qual o teor de extrato etreo da
amostra?
b) Os nutrientes podem ser expressos com base na matria
natural e/ou matria seca. Imagine uma planta forrageira no
campo que possui 3% de protena bruta na matria natural e
que neste momento possua 70% de umidade. Calcule o teor de
protena bruta na base da matria seca.
c) Voc est no laboratrio realizando anlise de matria seca.
Sua amostra pesou 4,0986 g. Aps permanecer na estufa por 4
h a 105C, voc pesou um resduo de 3,8954 g de matria seca.
Qual o teor de umidade dessa amostra?
d) Sabidamente a ureia no contm nada de aminocidos. Por que
quando analisamos a uria obtemos 280% de protena bruta?
e) O farelo de algodo apresenta cerca de 30% de protena brutana matria natural (como oferecido). Sabendo que esse
ingrediente apresenta cerca de 12% de umidade, calcule o teor
de protena bruta na base de matria seca.
5.6 - Outros exerccios para pesquisa:
a) As anlises descritas acima no so a nica forma de analisar
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6) Digestibilidade dos nutrientes e energia
Sabemos que nem todo o contedo de alimento ingerido pelos
animais realmente aproveitado. Chamamos de digestibilidade afrao dos nutrientes que absorvida pelo animal. Esse conceito
vlido somente para nutrientes. Para exemplificar, podemos pensar que
um determinado animal ingeriu 100 gramas de protena e que absorveu
80 gramas da mesma, sendo as 20 gramas restantes eliminadas nas
fezes. Assim, consideramos que a digestibilidade da protena de 80%
para aquele alimento.
6.1 - Fatores que afetam a digestibilidade dos
nutrientes
So vrios os fatores que alteram a digestibilidade dos
nutrientes:
Tipo de alimento: Nutrientes contidos em alimentos fibrosos tendem ater uma menor digestibilidade, quando comparados aos concentrados
energticos e proteicos.
Idade da planta:As plantas mais jovens tm um contedo menor de
fibra, tendo assim uma maior digestibilidade. O contrrio ocorre com
plantas de idade mais avanadas, que tm um alto contedo de fibra,
principalmente frao de ligninas.Espcie animal: As diferenas existentes entre o trato gastrintestinal
(TGI) das diferentes espcies animais fazem com que os nutrientes
sejam aproveitados de diferentes formas entre elas. O farelo de trigo,
por exemplo, apresenta 1824 kcal de energia metabolizvel (EM), para
aves por quilo, e para sunos, apresenta 2442 kcalEM/kg. Verifica-se
que os sunos apresentam ento maior capacidade em aproveitar a
energia de alimentos fibrosos, quando comparados s aves.
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Idade do animal: Animais mais velhos, que tm o TGI mais
desenvolvido, tendem a digerir melhor os alimentos e assim aproveitar
mais os nutrientes. Excees a essa regra podem ocorrer,
principalmente tratando-se de animais em idade avanada. Poedeiras
nessas condies tero maior dificuldade para absoro de clcio, o
que contribui para maior incidncia de problemas nos ossos e nas
cascas dos ovos.
Fatores antinutricionais: So substncias que esto contidas nos
alimentos, muitas vezes complexando os nutrientes e, assim,
indisponibilizando-os ou diminuindo a ao de enzimas digestivas. Um
exemplo o cido ftico em ingredientes de origem vegetal, que
complexa protenas, fsforo e outros nutrientes no trato gastrointestinal,
deixando-os indisponveis aos animais no ruminantes. Outras
oleaginosas, como a soja, apresentam grande quantidade de outros
fatores antinutricionais, sendo o calor muito importante na inativao
desses fatores.Teores de lipdeos e fibras das raes: Para no ruminantes, a fibra
estimula o trnsito da digesta, aumentando a taxa de passagem,
reduzindo a digestibilidade. Os lipdeos j possuem um efeito contrrio,
em que a taxa de passagem diminuda, aumentando adigestibilidade
da rao. Em ruminantes, um maior aumento no teor de fibra diminui a
taxa de passagem, principalmente pelo fato de o alimento ficar alojadomaior tempo no rmen.
Processamento da rao: As raes extrusadas, por ter sido expostas
a altas temperaturas em seu processamento, possuem uma maior
digestibilidade, quando comparadas a raes fareladas e peletizadas. A
peletizao de raes um processo por meio do qual ocorre a
agregao das partculas de uma dieta mediante presso e calor
mido, resultando em grnulos denominados peletes. As raes
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peletizadas so utilizadas na alimentao animal, devido facilidade de
manejo e por melhorar a eficincia alimentar.
Granulometria (tamanho das partculas):proporciona influncia nos
coeficientes de digestibilidade em que partculas mais finas so mais
facilmente digeridas, devido maior superfcie de contato em relao a
partculas maiores. Atualmente, alguns testes esto sendo
desenvolvidos, com a finalidade de padronizar o tamanho de partculas
na indstria de raes.
6.2 - Digestibilidade da energia
Assim como os demais nutrientes, nem toda a energia que est
contida nos alimentos aproveitada pelo animal. Quando formulamos
uma dieta para animais, usamos valores o mais prximos possvel da
realidade. Para saber o contedo real de energia aproveitvel dos
alimentos, realizam-se ensaios de digestibilidade, por meio dos quais
se verifica o contedo de energia ingerido, bem como o contedo
excretado. A energia bruta representa toda a energia potencial de um
alimento. Essa energia obtida aps a oxidao completa da amostra
dentro de um equipamento chamado de bomba calorimtrica. Se
descontarmos a energia das fezes, conseguiremos a energia digestvel
do alimento (ED). Se descontarmos a energia das fezes e urina,
obtemos a energia metabolizvel. Descontando o incremento calrico,juntamente com as energias das fezes e urina, obtemos a energia
lquida. Devemos chamar a ateno para o fato de que esse
procedimento s realizado em ensaios de digestibilidade. A maior
parte dos alimentos utilizados na alimentao animal j apresenta os
valores de energia identificados. Dessa forma, a energia dos alimentos
pode ser dividida conforme a figura 12.
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Figura 12Aproveitamento da energia dos alimentos pelo corpo do animal
A energia digestvel representa a parcela absorvida pelo
intestino delgado. A energia metaboliavel representa a energia que
chegou clula do animal. J a energia lquida, descontadas as perdas
devidas ao calor das reaes, a energia na forma de ATP que ser
usada para crescimento, manuteno, produo de leite, produo de
ovos, etc.Ao calor gerado pelas reaes qumicas, chamamos de
incremento calrico, que a energia importante no aquecimento dos
animais homeotrmicos (aves e mamferos).
Assim, de acordo com a espcie animal, trabalhamos com a
energia digestvel (coelhos, sunos, bovinos, peixes) ou com a energia
metabolizvel (aves, ces, gatos, sunos, bovinos).
A energia lquida pode ser usada, mas de difcil estimao, em
virtude de a determinao do incremento calrico ser difcil e onerosa.
Poucos institutos de pesquisa detm equipamentos necessrios para
essa estimao.
Como citado, para a determinao da digestibilidade, so
necessrios experimentos em que a quantidade de nutriente ingerida
comparada com a quantidade de nutrientes excretados. Podem-se usar
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tambm valores de digestibilidade aparente ou verdadeira, em que so
descontadas as perdas endgenas do animal. Por ser um assunto mais
complexo, no o abordaremos neste livro. Para maior detalhamento a
respeito de experimentao, outros materiais devem ser consultados.
6.3 - Utilizao da energia
Na nutrio animal, usamos os termos quilocaloria (kcal) ou
megacaloria (mcal). Por definio, uma caloria a quantidade de
energia necessria par elevar a temperatura de um grama de gua de
14,5 a 15,5C, a uma presso de 1 atm.
Toda dieta/rao oferecida a animais dever ter a energia
balanceada. Para sunos em crescimento, comum colocar cerca de
3100 kcal de energia metabolizvel em cada quilo de rao. Para
poedeiras, comum o equilbrio em 2800 kcal de energia metabolizvel
por quilo, superior aos 2500 kcal de energia digestvel por quilo de
rao para coelhos em crescimento. Para bovinos, comum um animal
necessitar de nveis prximos a 40 Mcal de energia digestvel por dia.
Veja que o prefixo k significa 1.000 e o prefixo M significa 1.000.000.
Assim, 1 Mcal = 1.000 kcal = 1.000.000 de calorias. Diferentemente da
nutrio humana, na nutrio animal no trabalhamos com calorias e,
sim, com kcal ou Mcal.
6.4 - Exerccios de fixao
a) Faa a transformao de Mcal para kcal: 40 Mcal; 2,85 Mcal;
8,7 Mcal. Em seguida, transforme Kcal em Mcal: 2500 kcal;
4630 kcal; 25.000 kcal.
b) Qual a relao entre idade da planta forrageira e sua
digestibilidade? Tente expressar essa relao em um grfico.
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(preencha o grfico e faa uma breve explicao)
c) Consultando a tabela de Rostagno (2005), percebemos que ofarelo de trigo apresenta 1824 kcal/kg de EM para aves e 2442
kcal/kg de EM para sunos. Por que h essa diferena de
energia metabolizvel do alimento para os dois animais?
d) Quando se formulam dietas para aves, devemos equilibrar a
energia da dieta. Usamos, ento, valores de energia bruta ou
energia metabolizvel? Explique.
e) O milho e o farelo de trigo contm energias brutas semelhantes,
ou seja, cerca de 3900 kcal/kg. Se considerarmos a energia
metabolizvel, veremos que esses ingredientes apresentam
1824 kcal/kg (farelo de trigo) e 3381 kcal/kg (milho). Explique
essa diferena.
6.5 - Outros exerccios para pesquisaa) Tente elaborar um experimento para avaliar a digestibilidade da
energia do milho para aves. Quantos animais sero
necessrios? O que estar sendo medido? Como determinar a
energia das fezes. Faa um pesquisa e pea tambm auxlio ao
professor.
idade
digestibilidade
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7) Necessidades nutricionais
Tambm chamadas de exigncias nutricionais, as necessidades
nutricionais se referem quantidade de nutrientes que devem serfornecidos aos animais para que tenham um desempenho satisfatrio.
Entende-se por desempenho satisfatrio a expresso do mximo
potencial gentico da espcie, raa ou linhagem.
7.1 - Apresentao das necessidades nutricionais
Essa quantidade pode ser expressa em necessidades dirias ouem quantidade do nutriente por kg e/ou porcentagem da rao. Para
animais ruminantes e equinos, comum expressarmos suas
necessidades em nutrientes por dia. J para animais que recebem
somente o alimento completo (rao), como o co, gato, aves, sunos,
coelhos e peixes, comum as necessidades serem expressas em
porcentagem da rao (% PB, % clcio, % fsforo, % lisina, etc) ou emkcal/kg (energia) para um consumo pr-determinado.
Pode ocorrer de a necessidade nutricional de animais que
ingerem alimento completo ser expressada tambm em necessidades
dirias. Para equilbrio das raes, necessrio que se fornea ao
programa de clculo a quantidade por kg ou em %. Para fazer essa
transformao, ser necessrio verificar o consumo daquele animal.
Vejamos, ento, dois exemplos prticos:
a) Considere que uma galinha poedeira, em determinadas
condies, necessita de 304,5 kcal de EM por dia. Quanto dever
haver por kg de rao? O consumo de rao dessa galinha de 105
g/dia.
A resoluo extremamente fcil, podendo ser utilizada regra de trs
simples
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Assim: 105 g -----------------304,5 kcal
1000 g ---------------- x
Em que a quantidade de energia ser de 2900 kcal/kg
b) Considere uma porca que, em determinadas condies,
necessita de 540 g de protena bruta (PB) por dia. Quanto dever haver
de PB em porcentagem? O consumo dessa porca, nessas condies,
de 3500 g/dia.
Assim: 3500 g rao ------------------- 540 g PB
100 g rao -------------------- x
Em que a quantidade de protena ser de 15,43%. Note que quando
falamos em porcentagem, estamos falando na quantidade daquele
nutriente a cada 100 partes de rao.
Atualmente, dentro dos novos conceitos de nutrio de
preciso, as necessidades nutricionais de animais, como aves e
sunos, so exatamente equilibradas, evitando-se excessos oudesperdcios. Sabe-se que os nutrientes fornecidos a mais so
eliminados pelo organismo animal ou acumulados na forma de gordura.
Para os animais, devem ser supridas as necessidades de
mantena (manuteno), que se referem ao contedo de nutrientes
necessrios para o organismo do animal manter suas funes vitais.
Alm dessa, dependendo do estado fisiolgico, o animal ternecessidades de crescimento, reproduo e lactao. Um exemplo de
animal que apresenta as quatro necessidades ao mesmo tempo seria
uma vaca lactante, que est gestando sua segunda cria. Nessa
situao, devido alta necessidade de energia, o animal no
conseguir ingerir toda a energia necessria para atender a todas as
suas necessidades nutricionais, havendo perda de peso. A coelha
tambm pode apresentar a mesma situao.
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As necessidades nutricionais tambm podem ser apresentadas
em termos de % por cada 1000 kcal de rao. Esse conceito
importante, visto que, na maioria das vezes, o animal regula a ingesto
pelo contedo energtico da rao. Assim, raes mais energticas
devero conter nveis mais elevados de nutrientes, considerando que o
animal ir ingerir menores quantidades. Uma tabela de equilbrio para
cada 1000 kcal de extrema importncia para a formulao de raes
vero/inverno.
7.2 - Fatores que afetam as necessidades
nutricionais
So vrios os fatores que podem afetar as necessidades
nutricionais:
Idade do animal:Em porcentagem da rao, animais mais jovens so
normalmente mais exigentes em protena, fsforo, aminocidos e
clcio.
Estado fisiolgico: Animais em lactao normalmente tm
necessidades superiores aos demais animais, por exigirem maior
quantidade de nutrientes para fornecimento do leite.
Potencial gentico e desempenho: Animais de alto potencial gentico
e desempenho superior tm necessidades nutricionais mais elevadas.
Temperatura ambiental: Como em altas temperaturas os animais
ingerem menos alimento, os nutrientes devem ser adensados na rao
para que o menor consumo atenda s necessidades do animal. J
considerando a quantidade de energia que o animal deve ingerir
diariamente, em altas temperaturas haver menor necessidade e em
baixas temperaturas haver maior necessidade.
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Sexo dos animais: Em algumas espcies, os machos depositam mais
protena na carcaa, devendo receber uma rao com as necessidades
nutricionais de acordo com o sexo. Frangos de corte machos tm, em
geral, maiores necessidades nutricionais do que fmeas. A separao
em lotes de diferentes sexos proporcionar a formulao de dietas
econmicas, de necessidades nutricionais mais exatas.
7.3 - Exemplos de necessidades nutricionais
As tabelas seguintes apresentam exemplos de necessidades
nutricionais para alguns animais. A quantidade de nutrientes
apresentada em termos de porcentagem da rao, excetuando-se
energia, que apresentada em kcal por quilo de rao. Outras
necessidades, para cavalos e vacas, so expressas em quantidades de
nutrientes dirios. Todas as raes devem ser suplementadas com pr-
misturas especficas de vitaminas e de minerais. De acordo com a
espcie, comum adicionar uma quantidade mnima de cloreto de
sdio e de leo de soja para suprir as exigncias de Na, Cl e cido
linolico, no se necessitando o equilbrio posterior desses nutrientes.
Para equilbrio de uma dieta para bovinos, necessrio
equilibrar, no mnimo, a energia (ou NDT), protena (PB), clcio (Ca) e
fsforo (P). Outros nutrientes tambm podem ser equilibrados. J para
outros animais, deve-se equilibrar tambm os principais aminocidos,como lisina e metionina. Outros nutrientes, como sdio, cido linoleico,
fibra, etc, podem ser utilizados.
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Tabela 01 - Principais recomendaes nutricionais para produointensiva de coelhos, considerando uma dieta com 90% de matria
seca (MS)
Nutriente Unidade Reprodutrizes Crescimento Rao mixtaED kcal/kg 2650 2500 2500FDA % 15,0 - 18,0 16,0 - 18,5 16,0 - 18,0PB % 16,3 - 19,8 14,5 - 16,2 15,4 - 16,2lisina total % 0,84 0,75 0,80Met + cis total % 0,65 0,54 0,60Clcio % 1,15 0,60 1,15P total % 0,60 0,40 0,60
Fonte: Adaptado de De Blas e Wiseman (1998)
Tabela 02 - Principais recomendaes nutricionais para uma dietacomercial para peixesespcie onvora de gua quente, considerando
uma dieta com 90% deMS
Nutriente Unidade larvase alevinos
Juvenile crescimento
Reprodutores
PB (min.) % 30 25 30Lipdeos (min.) % 8 5 5
Clcio (min.) % 0,8 0,5 0,8Clcio (max.) % 1,5 1,8 1,5P disp. (min.) % 0,6 0,5 0,6P disp. (max.) % 1,0 1,0 1,0Met + cis % 1,2 0,9 1,0Lisina (min.) % 2,0 1,6 1,8ED (min.) kcal/kg 3100 2800 2800Fonte: Adaptado de Logato, 1999
Tabela 03 - Principais recomendaes nutricionais para codornas nas
fases inicial e de postura, considerando uma dieta com 90% de MSNutriente Unidade Inicial PosturaEM kcal/kg 2800 2800PB % 20 18lisina % 1,30 1,15Met + cis % 0,75 0,76Clcio % 0,80 2,50P disp. % 0,45 0,55
Fonte: Adaptado de Albino e Neme, 1998
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Tabela 04 - Principais recomendaes nutricionais para uma dietacomercial