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ARCADISMOneoclassicismo
O Balanço (1730), de Nicolas Lancret - locus amoenus
séc. XVIII
Friedrich August von Kaulbach, In Arcadia - mitologia
Contextos e significado: HISTÓRICO
Séc. XVIII: Século das Luzes – ILUMINISMO – Ilustração –Enciclopedismo – Esclarecimento
Contrário ao poder divino dos reis e à fé cega na Igreja Aristocracia decadente x alta burguesia Avanço da ciência Consolidação das Nações - Expansão dos direitos civis Desprestígio da nobreza e da Igreja DESPOSTISMO esclarecido: rei cercado de sábios (ministros)
ARTÍSTICO
Imitação dos clássicos: recuperação da mitologia da antiguidade Amor galante: don juanismo – conquista como prova de
sentimento Sentimentalismo racionalizado Bucolismo: veneração da natureza – vida pastoril Fobia da cidade/urbano
O vislumbre da RAZÃOO banho de Diana (1724), de François Boucher
Principais nomes do Iluminismo
François-Marie Arouet, pseudônimo Voltaire (1694–1778) – luta pelas liberdades civis.
Denis Diderot (1713-1784), co-fundador da Enciclopédia junto com Jean le Rond d’Alembert
Charles-Louis de Secondat, pseudônimo Montesquieu(1689-1755) –separação dos poderes e constituição
John Locke (1632-1704), ideólogo do Liberalismo
Issac Newton (1643-1727), revolução científica -Heliocentrismo e investigação racional pode revelar o funcionamento mais intrínseco da natureza.
Frontispício da Encyclopédie (1772), desenhado porCharles-Nicolas Cochin e gravado por Bonaventure-LouisPrévost. Esta obra está carregada de simbolismo: a figurado centro representa a Verdade, rodeada por luz intensa (osímbolo central do iluminismo). Duas outras figuras àdireita, a Razão e a Filosofia, estão a retirar o manto sobrea verdade.
Trecho recortado e ampliado
MitologiaAntiguidade
Belezavirtudes
Comparaçãoc/a figura do
AMOR
Mulher
Natureza
BelaNinfa
Relação de EQUILÍBRIO
Homem
Realização plena
Observação:Para combater osexcessos barrocos, osartistas do séc. XVIIIvoltaram-se para opassado clássico, embusca de clareza,harmonia, simplicidadee também de temas.
Perfeição
NATUREZABucolismo
Ordem
Equilíbrio
Pureza
Simplicidade
Vida pastorilO homem em contato e
equilíbrio com a natureza
Vida pastoril
IMITAÇÃO
Poesia desvinculada da FÉ
NATUREZAPlano de fundo
onde tudo acontece
Relação de (des)equilíbrio
Homem FUGA
Fugere urbem
Inutilia truncat
Alcançar
Aurea mediocritas
Locus amoenus
Realizar o
CARPE DIEMViver o dia moderadamente
Uma realidade impossível por que o
ser humano é desequilibrado por natureza, caótico.
Homem
Vida urbana
caótica
Pastor
Vida pastoril
serena
No Brasil
• Ciclo do ouro – MG• Exploração e domínio do interior• Inconfidência Mineira (1789):
Mártir Tiradentes: Joaquim José da SilvaXavier, alferes (tenente) líder dainconfidência
Traído e denunciado por Joaquim Silvério Movimento de Elite Intelectual Os poetas estão, em parte, engajados
politicamente com a Inconfidência Crise: Lei da Derrama; impostos sobre o
ouro
Tiradentes Esquartejado, Pedro Américo, 1893
do latim: liberdade aindaque tardia. O lema queinflama a bandeira doestado de Minas Gerais atéos dias de hoje.
ob: O texto em latim foiretirado da primeiraÉcloga de Virgílio, dodiálogo entre Meliboeuse Tityrus.
Cláudio Manuel da Costa
1729-1789, MG
• Racionalmente é um árcade, emotivamente é um barroco• Efemeridade dos sentimentos: tema barroco;• A natureza como plano de fundo: apego à estética árcade• Sonetos e rimas• Inconfidente
Soneto
Neste álamo sombrio, aonde a escuraNoite produz a imagem do segredo;Em que apenas distingue o próprio medoDo feio assombro a hórrida figura;
Aqui, onde não geme, nem murmuraZéfiro brando em fúnebre arvoredo,Sentado sabre o tosco de um penedoChorava Fido a sua desventura.
As lágrimas a penha enternecidaUm rio fecundou, donde manavaD’ânsia mortal a cópia derretida;
A natureza em ambos se mudavaAbalava-se a penha comovida;Fido, estátua da dor, se congelava.
Do homem e do lugar
Pastor da obra Pastorale, composta em 1580 pelo poeta italiano Giovanii Battista Guarini
Soneto
Se os poucos dias, que vivi contente,
Foram bastantes para o meu cuidado,
Que pode vir a um pobre desgraçado,
Que a ideia de seu mal não acrescente!
Aquele mesmo bem, que me consente,
Talvez propício, meu tirano fado,
Esse mesmo me diz, que o meu estado
Se há de mudar em outro diferente.
Leve pois a fortuna os seus favores;
Eu os desprezo já; porque é loucura
Comprar a tanto preço as minhas dores:
Se quer, que me não queixe, a sorte escura,
Ou saiba ser mais firme nos rigores,
Ou saiba ser constante na brandura.
EFEMERIDADE DO TEMPO
• Conflito com a própria natureza• Realizações da vidão não são suficientes• Bens materiais não trazem satisfação• Felicidade breve
Edifício que abrigou a Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica, hoje Museu da Inconfidência – Ouro Preto/MG
Tomás Antônio Gonzaga
1744-1810, Porto-Moçambique
• Inconfidente preso e condenado a viver em exílio emMoçambique
• Tem a pena reduzida a dez anos: casa-se com a filha deum traficante de escravos
• Marília de Dirceu: dedicado a Maria Joaquina Doroteiade SeixasDividido em 3 partes: Liras, poemas amorososAutobiográfico, confessional Traços pré-românticos Chama o amigo Cláudio M. C de Glauceste
• Cartas Chilenas: crítica pessoal ao governador de MG,Luís da Cunha MenezesUsa um pseudônimo para publicar a obra: Critilo Chama o amigo Cláudio M. C. de Doroteu
Os teus olhos espalham luz divina,A quem a luz do Sol em vão se atreve:Papoula, ou rosa delicada, e fina,Te cobre as faces, que são cor de neve.Os teus cabelos são uns fios d’ouro;Teu lindo corpo bálsamos vapora.Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora,Para glória de Amor igual tesouro.Graças, Marília bela,Graças à minha Estrela!
(Parte I, Lira I)
Pintam, Marília, os PoetasA um menino vendado,Com uma aljava de setas,Arco empunhado na mão;Ligeiras asas nos ombros,O tenro corpo despido,E de Amor, ou de CupidoSão os nomes, que lhe dão.
Os seus compridos cabelos,Que sobre as costas ondeiam,São que os de Apolo mais belos;Mas de loura cor não são.Têm a cor da negra noite;E com o branco do rostoFazem, Marília, um compostoDa mais formosa união.
(Parte I, Lira II)
Marília de Dirceu
Idealização de Marília:• jovialidade• Perspectiva da vida juntos• Vida pastoril: Marília é pastora
Idealização do amor:• Amor galante• Mitologia: cupido• Don Juanismo• Inspiração para poetas• Prisão no RJ: Ilha das Cobras
Tu não verás, Marília, cem cativosTirarem o cascalho e a rica, terra,Ou dos cercos dos rios caudalosos,Ou da minada serra.
Não verás separar ao hábil negroDo pesado esmeril a grossa areia,E já brilharem os granetes de ouroNo fundo da bateia.
Não verás derrubar os virgens matos,Queimar as capoeiras ainda novas,Servir de adubo à terra a fértil cinza,Lançar os grãos nas covas. [...]
Racionalidade do sentimento:
• Dirceu: está preso – pseudônimo de Tomás• Marília o abandona• O poeta pondera o que sua musa deixará de viver por
não estar ao lado dele:• Ele não deixará de pensar nela• Destino: ao tempo sucumbirá a beleza – natural e de
Marília
Enquanto revolver os meus consultos.Tu me farás gostosa companhia,Lendo os fatos da sábia mestra história,E os cantos da poesia. [...]
Se encontrares louvada uma beleza,Marília, não lhe invejes a ventura,Que tens quem leve à mais remota idadeA tua formosura.
(Parte III, Lira III)
Basílio da Gama
1740-1795, MG-PrtugalO Uraguai
• Tentativa de Epopeia• Poema narrativo: destruição de uma sociedade• Ordem: Lírica, Heroica e Didática• Dividido em 5 cantos irregulares: estrutura e ideologia• Obra de encomenda: panfleto anti-jesuítico por gosto do Marquês de
Pombal• Organização racional Europeia vs Primitivismo Indígena• Simpatia pelo oprimido-vencido: marca o domínio da sensibilidade sobre os
propósitos racionais• A obra é o registro de uma situação, não a celebração de um herói• Europeus e Indígenas são tratados com mesmo requinte estrutural• Indígena: abordado por exigência do assunto, e supera o português• Luso: tratado por necessidade• Jesuíta: desmoralizado por obrigação• Basílio da Gama vive um desajuste cultural e de valores ao entrar em
contato com universo dos indígenas• Gomes Freire: o próprio herói fica apagado frente à natureza e seus
“selvagens” – ele cumpre um dever sem entusiasmo na obra
OBSERVAÇÃO:• A natureza surge também como um pano de
fundo e como solução para o desequilíbriohumano
os pastores estão travestidos de indígenas simbolização de um ser que vive em harmonia
com a natureza – humana e física código de honra e de vida a ser perseguido
Motivações e Referências históricas da obra.
Tratado de Madrid (1750): nova demarcação de fronteiras Guerras Guaraníticas (1752-1756) A Batalha de Caiboaté (1755) Terremoto de Lisboa (1755) Atentado ao Parlamento Inglês (1605) Troca das colônias de Sacramento-UY e Missões-BR
Simbolismos na obra• Número 3• Sepé levanta três vezes e cai• Tanajura dá três giros e três murmúrios• Caitutu dá três dobras de flechas para matar a
serpente• 3 heróis da história: Andrade, Cacambo e Sepé• 3 vilões: Balda (monstro), Tedeo (ganancioso)
e Patusca (covarde)• 3 dedicatórias: Pombal, Francisco Xavier e
Paulo Anônio
Personagens europeus importantes
• D. João V, rei de Portugal• D. Fernando VI, rei de Espanha• Gomes Freire de Andrade, herói da expedição ibérica• José Joaquim Vianna: governador de Montevideo e
assassino de Sepé• Padre Balda e seu filho mestiço Baldeta• Marquês de Pombal: 1º ministro do rei luso
Personagens indígenas importantes
• Cacambo: o cacique, líder político,apaziguador e sábio – discursoiluminista
• Lindoia: esposa de Cacambo, temvisões; inventada com semelhançaàs Marílias e Ormias (pastoras deDirceu)
• Sepé-Tiaraju: herói-guerreiro;deseja a guerra; fora assassinadona Batalha de Caboaté
• Tanajura: velha feiticeira• Pindó: guerreiro que sucede Sepé• Caitutu: irmão de Lindoia• Tatu-Guaçu: guerreiro
Ordem do poema
Lírica:• o amor de Cacambo e Lindoia• A morte de Lindoia• A altivez de Sepé
Heroica:• A resistência indígena• Gomes Freire de Andrade
Didática:• Registro• Tratado de Madrid – 1750• Guerras Guaraníticas – 1752-1756
O Uraguai. Organização eapresentação de Luís AugustoFischer. Porto Alegre: L&PM,2010.
Estrutura estética e temática:
Canto I
O início da campanha de GomesFreire para cumprir o Tratado deMadrid e a primeira vitória lusafrente os indígenas no ataque aoForte de Rio Pardo, e a primeiraderrota lusa no Rio Jacuí
Canto II
Os confrontos entre lusos eindígenas: a morte de Sepé e oideal iluminista no discurso deCacambo.
Canto III
A morte de Cacambo, as visões deLindoia e a sensibilidade eengajamento do poeta aos valoresindígenas. A aparição de Sepé, jámorto, para aconselhar Cacambo
Canto IV
Tentativa de casamento entreBaldeta e Lindoia, o que a leva aosuicídio (envenenamento),simbolizado pela serpente (feitiço);a fuga dos povos e a destruição dasMissões pelos próprios jesuítas, quecolocam fogo em tudo antes defugirem covardemente
Canto V
A propaganda anti-jesuíta ganhaforça e atenção por parte do poeta,simbolizada nas pinturas deconspirações e crimes realizadospela CIA de jesus na história; outrapinturas denunciam o perigo daexpansão jesuítica pelo mundo. Aprisão dos jesuítas e o fim daRepública Jesuíta
• Dividido em 5 cantos• Métrica irregular: redondilhas
menores e maiores• Poema narrativo: panfletário e
registro da dizimação de umasociedade
• Registro histórico – Compreensãolírica
• Discurso iluminista de Cacambo:apaziguador e crítica aos interesses dametrópole
Eu, desarmado e só, buscar-te venho. Tanto espero de ti. E enquanto as armasDão lugar à razão, senhor, vejamosSe se pode salvar a vida e o sangueDe tantos desgraçados.
Será; mas não o creio. E depois distoAs campinas que vês e a nossa terraSem o nosso suor e os nossos braços,De que serve ao teu rei? Aqui não temosNem altas minas, nem caudalososRios de areias de ouro. Essa riquezaQue cobre os templos dos benditos padres,Fruto da sua indústria e do comércioDa folha e peles, é riqueza sua.
• A morte de Sepé
Lançou longe a Sepé. Rende-te, ou morre,Grita o governador; e o tape altivo,Sem responder, encurva o arco, e a setaDespede, e nela lhe prepara a morte.Enganou-se esta vez. A seta um poucoDeclina, e açouta o rosto a leve pluma.Não quis deixar o vencimento incertoPor mais tempo o espanhol, e arrebatadoCom a pistola lhe fez tiro aos peitos.Era pequeno o espaço, e fez o tiroNo corpo desarmado estrago horrendo.Viam-se dentro pelas rotas costasPalpitar as entranhas. Quis três vezesLevantar-se do chão: caiu três vezes,E os olhos já nadando em fria morteLhe cobriu sombra escura e férreo sono.Morto o grande Sepé, já não resistemAs tímidas esquadras.
Alvarenga Peixoto
1744-1792, RJ-AngolaSoneto
Eu não lastimo o próximo perigo,uma escura prisão, estreita e forte;lastimo os caros filhos, a consorte,a perda irreparável de um amigo.
A prisão não lastimo, outra vez digo,nem o ver iminente o duro corte;que é ventura também achar a morte,quando a vida só serve de castigo.
Ah, quem já bem depressa acabar viraeste enredo, este sonho, esta quimera,que passa por verdade e é mentira!
Se filhos, se consorte não tivera,e do amigo as virtudes possuíra,um momento de vida eu não quisera.
• Minerador cheio de dívidas e impostos atrasado• Inconfidente: fora traído e denunciado ao exílio em Angola• Temas: lírica amorosa, crítica política e exílio
Lembrar!
Bom senso – racionalidade Quanto menos ornamento na linguagem, melhor Organização racional das emoções: o intelecto pode domar
os sentimentos – SÓ NA TEORIA Ser racional sem ignorar o sensível e particular complexo
RACIONALIDADE NATURALIDADE
Gera contradição
ARCADISMOFuga do urbanoFobia da cidade
NEOCLASSICISMORetomada do mundo mitológico (Virgílio)
ILUMINISMORacionalismo
Busca do equilíbrio dos sábios, dos antigosBucolismo - pastorismo