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Mudancas globais

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Universidade Federal de São CarlosDepartamento de Hidrobiologia

Ciclo do Carbono e Mudanças Climáticas

Trabalho referente a disciplina de Ciências do Ambiente para Engenharia Física

Luciana Camargo CabrelliIris Fernandes

1) Introdução

A preocupação com o meio ambiente surge quando os recursos são utilizados numritmo maior do que a capacidade natural de reposição, ou quando os dejetos são geradosa um ritmo maior do que a capacidade da natureza de absorvê-los[2].

Mudanças climáticas são processos de caráter natural, considerada as escalas detempo de milhares de anos de eras geológicas. Entretanto, a velocidade e intensidadecom que estão ocorrendo mudanças no sistema climático da Terra a partir da revoluçãoindustrial é que tem sido objeto de preocupação para os cientistas e líderes mundiais,principalmente nas décadas de 80 e 90 [2].

Estudos científicos apontam que, devido ao aumento da concentração naatmosfera de gases de efeito estufa (GEE), resultantes principalmente da queima decombustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural) e da derrubada de florestastropicais, a temperatura do planeta subiu quase 1 grau centígrado nos últimos 100 anos.Algumas regiões chegaram a aquecer até 2 graus. O aumento, que pode parecerpequeno à primeira vista, já ocasionou elevações do nível do mar e derretimento degeleiras nessas localidades[4].

A publicação e massiva divulgação do quarto relatório do PainelIntergovernamental sobre Alterações do Clima (IPCC), em 2007, colocaram de forma maisenfática a questão da responsabilidade do ser humano no processo de mudançasclimáticas pelo qual a Terra está passando, responsabilidade que antes era fortementecontestada. O documento apontou 95% de certeza científica da influência antropogênicano aquecimento do planeta[4].

Dentre as conseqüências ambientais do processo de industrialização e do inerentee progressivo consumo de combustíveis fósseis - leia-se energia -, destaca-se o aumentoda contaminação do ar por gases e material particulado, provenientes justamente daqueima destes combustíveis, gerando uma série de impactos locais sobre a saúdehumana. Outros gases causam impactos em regiões diferentes dos pontos a partir dosquais são emitidos, como é o caso da chuva ácida.

A mudança global do clima é um grande problema ambiental, complexo e que trazconsequências possivelmente catastróficas. Este problema vem sendo causado pelaintensificação do efeito estufa que, por sua vez, está relacionada ao aumento daconcentração, na atmosfera da Terra, de certos gases, chamados de gases de efeitoestufa. Dentre os chamados de gases de efeito estufa (GEE), dentre os quais destaca-seo dióxido de carbono (CO2), gás participante do ciclo do carbono, um dos ciclobiogeoquímicos existentes na natureza. Um ciclo biogeoquímico é o percurso realizado nomeio ambiente por um elemento químico essencial à vida. Ao longo do ciclo, cadaelemento é absorvido e reciclado por componentes bióticos (seres vivos) e abióticos (ar,água, solo) da biosfera, e às vezes pode se acumular durante um longo período de tempoem um mesmo lugar. É por meio dos ciclos biogeoquímicos que os elementos químicos ecompostos químicos são transferidos entre os organismos e entre diferentes partes doplaneta.

2) Ciclo do Carbono e a Ação Antrópica no Aquecimento Global

As alterações do clima são acontecimentos naturais que ocorrem desde sempre.Durante o último século, contudo, as alterações registradas têm sido mais pronunciadasdo que em qualquer período registrado até ao momento. Uma das conclusões do relatóriodo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) de 1995 (AR-2) indica que estasalterações são resultado de intensas intervenções humanas sobre o meio natural comrepercussões no clima e que se refletem a uma escala regional e global.

O AR-2 prevê que as temperaturas médias globais aumentem entre 1 e 3.5ºC até

2100 e que o nível médio das águas do mar aumente entre 15 e 95 cm. O aumento daconcentração dos gases de estufa na atmosfera, principalmente o dióxido de carbono,tem sido apontado como uma das principais causas destas alterações no clima, que terãoimpactos diretos negativos sobre os ecossistemas terrestres, nos diversos setores sócio-econômicos mundiais, na saúde pública e na qualidade de vida das pessoas em geral.

A camada protetora da Terra, constituída por vapor de água e gases de estufacomo o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e principalmente o dióxido de carbono (CO2),reflete a radiação infravermelha emitida pela superfície da terra impedindo que partedesta seja perdida para o espaço, tal como uma parede de vidro numa estufa. Comoconsequência dá-se o aquecimento da superfície da troposfera.

As duas principais formas de liberação de CO2 na atmosfera por atividade antrópicasão a queima de combustíveis fósseis (carvão mineral e petróleo) e uso da terra. De fato,apenas a partir de 1960 que as emissões provindas de combustíveis fósseis se tornarama mais importante (GRAVES & REALEY, 1996). As mudanças no uso da terra podemliberar CO2 para a atmosfera pela oxidação de compostos de carbono na vegetação ou nosolo.

O ciclo do carbono está intimamente ligado com a regulação da atmosfera global,ou seja, está relacionado com o clima. O carbono da forma de CO2 influencia no efeitoestufa.

Concentrações de dióxido de carbono desde a última glaciação(http://naturlink.sapo.pt/ResourcesUser/Artigos/85.jpg)

2.1) Ciclo do Carbono

Entende-se como ciclo do carbono as diversas transformações que o carbonosofre ao longo do tempo. É este processo cíclico que fornece energia e massa à maiorparte dos seres vivos, influenciando também a regulação da atmosfera global � econseqüêntemente, o clima.

O ciclo do carbono e suas respectivas absorções/liberações de carbono(www.esquadriasprimos.com.br/portasmadeirajanelasvenezianas/portasejanelasciclodocarbono.html)

O carbono na Terra está essencialmente na forma de compostos orgânicos ecarbonatos ou sob a forma de CO2 na atmosfera. O ciclo do carbono consiste natransferência deste elemento (via queima, respiração, reações químicas) para a atmosferaou para o mar e a sua reintegração na matéria orgânica via assimilação fotossintética.

Na era pré-industrial a concentração de CO2 na atmosfera manteve-se estável emresultado do equilíbrio entre as emissões e a assimilação.

Com o avanço da industrialização, a queima de combustíveis fósseis foiintensificada pelas atividades humanas, fator que fez aumentar as emissões de gáscarbônico em proporção maior do que a capacidade natural de absorção. Durante osúltimos 200 anos cerca de 405 +/- 30 gigatoneladas (gigatoneladas, 1012 kg) de CO2

foram libertadas para a atmosfera como resultado de queima de combustíveis fósseis(carvão, petróleo e gás natural), produção de cimento (70%) e alterações no uso do solo,principalmente destruição das florestas (30%). Estas emissões adicionaram-se às queocorriam naturalmente e, por não serem compensadas totalmente pela assimilaçãofotossintética, levaram ao aumento da concentração de CO2 na atmosfera. Emcomparação com o período pré-industrial, este aumento foi de cerca de 30%.

Ou seja, o carbono que estava armazenado nos reservatórios terrestres e marinhosdurante milênios passou a ser jogado pelas atividades humanas de volta para atmosferaem um espaço de tempo muito curto, impossibilitando que o ciclo natural o trouxesse devolta para os reservatórios. Nos últimos 150 anos, a influência do homem em aspectoscomo a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento das florestas têm alterado ociclo normal do carbono, o que contribui para o aquecimento global.

A questão do efeito de estufa está, portanto relacionada com as emissõesantropogênicas de gases de estufa (IPCC-1995) e tem preocupado a comunidadecientífica, os governos e a opinião pública, pelas repercussões diretas e indiretas nassociedades e na economia mundial. Dada a incerteza na definição de cenários futuros, acomunidade científica tem investigado as causas e consequências do aumento destesgases no funcionamento do sistema climático. Tendo sido claramente demonstrado o

aumento do CO2 na atmosfera, tem havido um grande interesse no melhor conhecimentodo ciclo global do carbono.

Pode-se dividir o ciclo de carbono pode ser dividido em duas partes: a terrestre e amarinha.

2.1.1) Ciclo Terrestre[1]

No ciclo terrestre as plantas removem gás carbônico da atmosfera através dafotossíntese. Parte desse carbono é utilizado pela planta para a sua manutenção, mas,posteriormente, resulta na liberação de gás carbônico para a atmosfera. Os 50%restantes irão fazer parte do corpo da planta (folhas, galhos, troncos e raízes).

Quando as plantas são comidas por animais herbívoros ou apodrecem e morrem, ocarbono passa para os microorganismos ou animais que as ingeriram como fonte deenergia para a construção e manutenção dos seus corpos � e que também liberam gáscarbônico para a atmosfera através da respiração.

Parte do carbono que flui através dos ecossistemas terrestres vai parar no solo, naforma de restos de plantas, animais e cinzas de incêndios (todos resistentes àdecomposição). Embora a entrada de carbono no solo seja bastante pequena, a saídatambém se dá dessa forma, o que faz com que o solo seja o maior reservatório decarbono nos continentes.

2.1.2) Ciclo Marinho[1]

O ciclo marinho de carbono se dá basicamente pelas trocas de gás carbônico entrea atmosfera e os oceanos através de um processo químico denominado difusão. Atravésdesse processo, quando a temperatura do oceano está baixa, é realizada a captura deCO2 da atmosfera. Já quando a temperatura é alta, há o registro da liberação do gáscarbônico do oceano para o ar.

O CO2 é mais solúvel em água fria, por isso a tendência é que uma maiorquantidade de CO2 se dissolva nas águas frias do Ártico e depois liberado em águasquentes. Geralmente o oceano é estratificado, com camadas mais quentes deágua(porção mais superficial) com 100m de espessura, e logo abaixo camadas de águamais fria(mais densa).Apenas nas águas do Ártico, durante o inverno a estratificaçãodesaparece, quando o inverno resfria ás aguas superficiais, aumentando a suadensidade.As águas superficiais então afundam, enriquecidas de carbono, circulandolentamente no fundo do oceano e não voltando para a superficie por 500-1500 anos 3.

Essa característica é contrária ao ciclo terrestre do carbono no qual as maiorestaxas de captura de gás atmosférico estão nas florestas das regiões tropicais, enquantoque nos oceanos as maiores taxas de captura se concentram nos mares frios das regiõestemperadas.

Uma vez no oceano, o carbono capturado na superfície pode ser lentamentetransportado por gravidade e pelas correntes para as camadas mais profundas. Podeainda ser absorvido pelo fitoplâncton através da fotossíntese. Posteriormente o carbonodo fitoplâncton se desloca para as profundezas quando morre ou é consumido por outroanimal que posteriormente também irá morrer. No oceano o tempo de residência docarbono varia de décadas a milênios, o que faz dele o maior reservatório de carbono doplaneta.

A absorção fotossintética de CO2 é também a maior contribuidora de absorção deCO2 pelos oceanos. Os fitoplanctons crescem particularmente nas ressurgências ricas emnutrientes, mas também em mais baixas densidades no oceano aberto; sua fotossíntesecaptura CO2 da atmosfera para as camadas superficiais do oceano.

2.2) Efeito Estufa

O efeito estufa é um processo natural que ocorre pelo acúmulo de gases, queformam uma barreira que impede o calor do Sol de sair da atmosfera. Esse fenômeno é oque mantém o planeta aquecido e possibilita a vida na Terra. Os principais gases de efeitoestufa são o vapor d'agua, o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso.O papel desses gases é manter uma parte da radiação infravermelha térmica solar para amanutenção da temperatura terrestre. Os GEE se concentram naturalmente na atmosfera,representando menos de um milésimo da atmosfera total.

Entretanto, quando a concentração desses gases é excessiva, mais calor ficaretido na atmosfera, aumentando a temperatura global. O problema reside no aumento deliberação de carbono na atmosfera, provindo da queima de combustível fóssil. Essaqueima de combustível fóssil teve uma intensificação após a Revolução Industrial,ocorrido em meados do século XVIII.

Antes da Revolução Industrial, havia praticamente um equilíbrio entre a emissão degás carbônico para a atmosfera e a sua absorção pelo solo(através da fotossínteserealizada pelos vegetais) e pelos oceanos(na absorção através da difusão e fotossíntesepelos filoplâncton), mantendo dessa forma a concentração equilibrada na atmosfera1.

A ação antrópica vem intensificando o efeito estufa de maneira intensa, liberandouma quantidade elevada de GEE na atmosfera.

O efeito estufa: as diferenças entre o efeito estufa natural e o antrópico(www.rogeriosilveira.jor.br/images/reportagens/2007/11_17/03cena_usp_avalia_emissao_gases_efeito_estufa.jpg)

O dióxido de carbono, o principal gás causador do efeito estufa, circula entre quatroprincipais estoques de carbono: a atmosfera, os oceanos, os depósitos de combustívelfóssil e a biomassa terrestre e solo.

De acordo com o IPCC de 2007, a concentração global de dióxido de carbono temcrescido desde a época pré-industrial que era em torno de 280ppm para 379ppm em2005. A concentração de dióxido de carbono na atmosfera excedeu em muito a faixanatural dos ultimos 650.000 anos(180 ppb para 300 ppb), como determinado através denúcleos de gelo. A taxa anual de crescimento da concentração de dióxido de carbono foimaior entre os anos de 1995-2005 (média de 1,9ppm por ano) do que foi desde o começoda medição contínua e dierta da atmosfera (1960-2005 média de 1,4ppm por ano).

O aquecimento do sistema climático não é um equívoco, como alguns

defendem(como por exemplo os líderes dos países exportadores de petróleo (OPEP))[2],sendo agora evidente de acordo com as observações de aumento global do ar e dastemperaturas dos oceanos, derretimento de gelo e neve em larga escala, e aumentoglobal do nível dos oceanos.

Estima-se que entre 5 e 7 gigatonetadas de carbono são liberados na atmosferatodo ano, sendo essa liberação se deve à queima de combustíveis fósseis e as mudançasno uso da terra. Estima-se também que 50% desse carbono liberado se acumula naatmosfera. Não se sabe para onde o restante do carbono vai, mas o mais provável sejaque ele é depositado no fundo dos oceanos ou são absorvidas pelas florestas do Norte doplaneta [3].

Balanço anual do carbono na Terra(http://naturlink.sapo.pt/ResourcesUser/Artigos/88.jpg)

Ou seja, apesar de existir um processo de mudança climática de caráter natural(ciclos de Milankovic ou mais conhecido como variação orbital; ação de aerossóis;queimadas naturais; entre outros), a ação antrópica acelera esse processo, retirandocarbono que está depositado em reservatórios do solo e dos oceanos por eras e liberampara a atmosfera numa quantidade maior do que seria liberado naturalmente e numa taxamuito maior do que a taxa de absorção desse gás pelo solo e oceanos.

2.3) Uso do solo

Para além das emissões de CO2 pela indústria e pelo sistema de transportes, asalterações de uso do solo, ou seja, as transformações de florestas em zonas agrícolas,constituem uma fonte líquida de CO2 para as atmosfera a nível global. Estima-se quecerca de 20% da florestas desapareceram durante os últimos 140 anos em resultado daconversão de floresta em agricultura, para satisfazer as necessidades alimentares de umapopulação em crescimento (na ordem do bilhão por década). A exploração intensiva deculturas agrícolas, que têm uma baixa taxa de retenção de carbono, a que se junta ocrescente uso de fertilizantes, são também responsáveis pelo aumento dos gases deestufa CH4 e NO2 na atmosfera.

A floresta, em contrapartida, pode acumular, a longo prazo, grandes quantidadesde carbono, quer no material vegetal, quer na matéria orgânica do solo. As florestas sãoassim, em larga medida, o reservatório de carbono mais importante da biosfera emtermos globais. Uma redução global da área destes ecossistemas naturais terá impactosnegativos sobre a capacidade de sumidouro da biosfera.

Causas do desmatamento da Amazônia entre 2000-2005. A maior causa (60%) apontadafoi a expansão do gado, com a criação de pastagens

( http://3.bp.blogspot.com/_plgyobE0vek/R4PQr64yQbI/AAAAAAAAAEM/LUU3qvBEsDA/s400/desmatament o2.jpg )

Lado Esquerdo: Porcentagem de florestas em relação á area do país. O Brasil se situa nafaixa de 50% a 70%. Lado Direito: Mudança na área de florestas por país. O Brasil é

apontando como um dos países que mais modificaram suas áreas florestais, assim comoAustralia e Indonésia

( http://f.i.uol.com.br/folha/ambiente/images/10085114.gif )

3) Consequências das Mudanças Climáticas[3,6,7]

Como a biosfera irá responder ás mudanças climáticas globais? A humanidade fazparte da biosfera e depende disso para a sua sobrevivência, então pensar nasconsequências das mudanças climáticas é crucial para se traçar estratégias paraenfrentar essas adversidades.

Os grandes fluxos de CO2 no mundo não são diretamente controlados pelo homem,mas são controlados biologicamente: a fotossíntese é a responsável pelo maior fluxo deCO2 retirado da atmosfera e a respiração é a responsável pelo maior fluxo de CO2 para aatmosfera. O aumento do crescimento das plantas, estimulado tanto pelo aumento daconcentração de CO2 e altas temperaturas, poderiam remover uma quantidadesubstancial de CO2 produzido pela ação antrópica. Por outro lado, altas temperaturaspodem aumentar a taxa de respiração e causar uma liberação adicional de CO2.

As alterações da composição da atmosfera e dos ciclos biogeoquímicos, como o docarbono, estão muito dependentes do crescimento da população e do desenvolvimentoeconômico e tecnológico. Face ao crescimento demográfico e à expansão da economiamundial, é necessário adotar medidas no que respeita à eficiência de utilização daenergia, e proceder a alterações de outros setores da economia, de modo a limitar asemissões de CO2 e a aumentar a capacidade de sumidouro da biosfera através dapreservação e aumento das áreas florestais.

Por outro lado, parece necessário desenvolver simultaneamente estratégias deadaptação às alterações climáticas e de cooperação na investigação científica. Reduçõessignificativas nas emissões líquidas de gases de estufa são tecnicamente possíveis,usando um conjunto de políticas e medidas que acelerem o desenvolvimento e atransferência de tecnologia. Essas medidas já foram propostas no Protocolo de Quioto eem outros eventos que visam reunir líderes mundias para a discussão sobre asconsequências das mudanças climáticas e medidas para desacelerar esses processos.

3.1) Importantes medidas mundias para a discussão sobre asconsequências das mudanças climáticas

O Protocolo de Quioto é consequência de uma série de eventos, iniciada com aToronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá, em outubro de 1988,seguida pela publicação do primeiro relatório de avaliação(AR-1) do IPCC em Sundsvall,Suécia, em agosto de 1990, e que culminou com a Convenção-Quadro das NaçõesUnidas sobre a Mudança Climática (CQNUMC, ou UNFCCC em inglês) na ECO-92 no Riode Janeiro, Brasil, em junho de 1992. Também reforça seções da CQNUMC. Tais eventosvisam discutir medidas para a redução de emissão de gases de efeito estufa,implementação de uma economia sustentável e conservação da biodiversidade mundial.

Desde meados da década de 1980 se discutem mudanças climáticas globais naesfera internacional. Tal processo resultou na realização da Conferência das NaçõesUnidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento � CNUMAD, realizada no Rio de Janeiroem 1992, que gerou, entre outros documentos, a Convenção Quadro de MudançasClimáticas - CMC. Passados cinco anos, houve o estabelecimento do Protocolo de Quiotoque, diferente da Convenção, estabeleceu normas mais claras sobre a redução deemissões de gases de efeito estuda e metas a serem atingidas por países que emitirammais gases no passado, arrolados no Anexo I. O objetivo desse texto é analisar aspolíticas públicas federais em curso referentes à mitigação das mudanças climáticas nopaís. Para tal, ele está baseada em análise de documentação oficial. São analisadaspolíticas anteriores e posteriores à adoção da CMC no Brasil.

Constitui-se no protocolo de um tratado internacional com compromissos maisrígidos para a redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa, considerados,

de acordo com a maioria das investigações científicas, como causa antropogênicas doaquecimento global. Por ele se propõe um calendário pelo qual os países-membros(principalmente os desenvolvidos) têm a obrigação de reduzir a emissão de gases doefeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de 1990 no período entre 2008e 2012, também chamado de primeiro período de compromisso (para muitos países,como os membros da UE, isso corresponde a 15% abaixo das emissões esperadas para2008).

As metas de redução não são homogêneas a todos os países, colocando níveisdiferenciados para os 38 países que mais emitem gases. Países em francodesenvolvimento (como Brasil, México, Argentina e Índia) não receberam metas deredução, pelo menos momentaneamente.

A redução dessas emissões deverá acontecer em várias atividades econômicas. Oprotocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, através de algumas açõesbásicas:

− Reformar os setores de energia e transportes;− Promover o uso de fontes energéticas renováveis;− Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da

Convenção;− Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas

energéticos;− Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.

Se o Protocolo de Quioto for implementado com sucesso, estima-se que atemperatura global reduza entre 1,4°C e 5,8 °C até 2100. Entretanto, isto dependerámuito das negociações pós período 2008/2012, pois há comunidades científicas queafirmam categoricamente que a meta de redução de 5% em relação aos níveis de 1990 éinsuficiente para a mitigação do aquecimento global.

O protocolo de Quioto expira em 2012, e já há o compromisso da ONU e de algunsgovernos para o delineamento de um novo acordo ou o que é mais provável de umaemenda no Protocolo de Quioto, que estabeleceria novas metas a serem cumpridas após2012. As discussões começaram em 16 de Fevereiro de 2007 em Washington. Os chefesde estado do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido, EstadosUnidos, Brasil, China, Índia, México e África do Sul concordaram em princípio sobre oesboço de um sucessor para o Protocolo de Quioto. Eles discutiram, em especial, acriação de um limite máximo para o comércio dos créditos de carbono, bem como aaplicação de metas de redução das emissões de CO2 aos países em desenvolvimento.

Em 7 de Junho de 2007, os líderes na 33ª reunião do G8, afirmaram que as naçõesdo G8 visam reduzir, pelo menos, para metade as emissões globais de CO2 até 2050. Osdetalhes que possibilitariam cumprir tal meta de redução seriam negociados pelosministros do meio ambiente dos países do G8 dentro da Convenção das Nações Unidassobre as Alterações Climáticas (UNFCCC), em um processo que poderia também incluiras grandes economias emergentes.

Uma rodada de conversações sobre as alterações climáticas, sob os auspícios daConvenção das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC) (Viena,encontro sobre mudanças climáticas, 2007), foi celebrada em 31 agosto 2007 com oacordo sobre os principais elementos para uma eficaz resposta internacional àsalterações climáticas, o Mapa do Caminho (roteiro de negociações que nortearam talconvenção), não propunha um novo protocolo para substituir o de Quioto, já que o mesmoexigiria uma nova rodada de ratificações que poderia perdurar por anos como foi o casodo Protocolo de Quioto, mas sim um segundo período de vigoração do protocolo, comnovas metas a serem definidas.

Uma característica chave das conversações foi um relatório das Nações Unidasque mostrou como a eficiência energética poderia trazer significativas reduções nasemissões de baixo custo. As conversações tinham por objetivo definir o cenário para umagrande reunião internacional que se realizou em Nusa Dua, Bali, Indonésia, em 3 deDezembro de 2007.

A COP-14 foi realizada em dezembro de 2008, em Poznan, na Polônia. Um dosprincipais tópicos sobre esta reunião foi a discussão de uma possível implementação do"desmatamento evitado", também conhecido como redução das emissões dedesmatamento e degradação florestal (REDD), o que tange a adoção de um sistema decréditos de carbono concedidos à projetos que evitem o desflorestamento, já que o"desmatamento evitado" é suposto servir como medida de redução das emissões de CO2

(como sumidor de carbono), posto que as florestas são importantes fontes deabsorção de gás carbônico e que o desmatamento por meio de queimadas é oprincipal fator de emissões em alguns países em desenvolvimento.

A COP-15 foi sediada em Copenhague durando de 7 a 18 de dezembro 2009, eapós grandes divergências entre os países ricos e o grupo dos países emdesenvolvimento acerca de temas como metas de redução de emissão de gases do efeitoestufa e contribuição para um possível "fundo climático", terminou sem que se atingisseum acordo definitivo, que será discutido na próxima conferência da ONU sobre mudançasclimáticas, a COP 16, a ser realizada no México em dezembro de 2010.

3.2) A Importância do IPCC

O IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamentalsobre Mudanças Climáticas) estabelecido em 1988 pela Organização MeteorológicaMundial e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) para fornecerinformações científicas, técnicas e sócio-econômicas relevantes para o entendimento dasmudanças climáticas, seus impactos sócio-econômicos e opções de adaptação emitigação. É um órgão intergovernamental aberto para os países membros do Programadas Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da Organização MeteorológicaMundial (OMM).

O IPCC é um corpo científico. Ele revê e acessa ás mais recentes informaçõescientíficas, técnicas e sócio-econômicas relevantes para o entendimento das mudançasclimáticas produzidas no mundo todo. O IPCC não realiza novas pesquisas nemmonitoriza dados relacionados a mudança climática nem recomenda políticas climáticas.

Milhares de cientistas espalhados no mundo todo contribuem para o trabalho doIPCC em bases voluntárias. A revisão desses dados é uma parte essencial nos processosconduzidos pelo IPCC, para garantir uma avaliação objetiva e completa das informaçõescorrentes.

Todo o conhecimento avaliado e revisto pelo IPCC se apresenta na forma derelatórios, chamados de Relatórios de Avaliação sobre o Meio Ambiente ou simplesmenteAR�s (Assessment Reports). Os AR�s são publicados de cinco em cinco anos, sempredivididos em quatro capítulos.

O primeiro dos relatórios, de 1990, sugeriu que se criasse uma instância denegociação política sobre mudanças climáticas, o que culminou na criação da Convençãodo Quadro das Nações Unidas para Mudanças do Clima (ou UNFCC, sigla em inglês).

O segundo relatório, publicado em 1995, propunha um sistema de mitigação daemissão de CO2, principal fonte causadora do efeito estufa. Dois anos após, em 1997,seria instituído, no âmbito da UNFCC, o Protocolo de Quioto.

O terceiro relatório, de 2001, trazia fortes evidências que a ação do homem erapromotora de mudanças climáticas, e projetava cenários alarmantes de aumento detemperatura na Terra e suas conseqüências nos mais diversos biomas.

O quarto relatório, publicado em 2007, aumentou o nível de confiabilidade do quefora evidenciado no relatório anterior, se beneficiando de dados disponibilizados por umatecnologia ainda não acessível no ano do AR3.

4) Conclusões

Mudanças climáticas são mudanças de cárater natural, mas a velocidade com queeles estão ocorrendo desde a revolução industrial mostra que o homem está acelerandoesses processos. De acordo com o AR-4 do IPCC, é fato que a maior contribuição doaquecimento global tem suas raízes nas ações antropogênicas, e não em ações naturais.

As informações contidas no IPCC só evidenciam a necessidade de se tomarmedidas para desacelerar esse processo para evitar desastres ambientais futuros � comoo desaparecimento de espécies que não conseguiram se adaptar ás mudanças climáticase aumento do nível dos oceanos.

5) Referências

1. Mudanças Ambientais Globais. Série de vídeos educacionais produzida peloInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Disponível em<http://videoseducacionais.cptec.inpe.br/>

2. Yu, Chan Man. Sequestro florestal de carbono no Brasil: dimensões. políticas,socioeconômicas e ecológicas.

3. Graves, Jonathan; Reavey, Duncan. Global environmental change.

4. < http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/88 >

5. Pereira, André Santos. Mudanças Climáticas e energias renováveis. Disponível em<http://www.comciencia.br/reportagens/clima/clima12.htm>

6. CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE A MUDANÇA DOCLIMA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2010.Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Conven%C3%A7%C3%A3o-Quadro_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas_sobre_a_Mudan%C3%A7a_do_Clima&oldid=21945520>. Acesso em: 20 nov. 2010.

7. Celso Monteiro."HowStuffWorks - Como funciona o IPCC - PainelIntergovernamental sobre Mudanças Climáticas". Publicado em 30 de novembro de2007 (atualizado em 04 de março de 2008)http://ambiente.hsw.uol.com.br/ipcc1.htm acesso em 20 de novembro de 2010.

8. ADGER, W. Neil; BROWN, Katrina. Land use and the causes of global warming.Chichester: John Wiley, c1994.

9. <http://www.ipcc.ch/>