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20/02/03, 14:291
PANTO
NE 202 CVC
Caderno Temtico daMedicina Tradicional Chinesa
Prefeitura do Municpio de So Paulo
Secretaria Municipal da Sade
Coordenao de Desenvolvimento daGesto Descentralizada | COGest
Apoio
Organizao Panamericana de Sade | OPAS
Ministrio da Sade
Secretaria de Polticas de Sade
Promoco da Sade
Colaboraram com os textos
Elisabeth Maria Domingues da Silva Jalbut
Emlio Telesi Jnior
Gerusha Chang
Joseli Suzin
Jou Eel Jia
Katia Maria Silva
Maria Lucia Gomes da Cruz
Maria Lucia Lee
Mario Sebastio Fiel Cabral
Ricardo Luiz Silva
Rosangela Lopes Gonalves
Rose Restiffe
Tatta Beltrin
Vera Scolamiglio
Organizadores
Emlio Telesi Jnior
Katia Maria Silva
Mario Sebastio Fiel Cabral
Sumrio
05 Apresentao
08 Introduo
12 Histria
14 Algumas teorias bsicas da MTC
18 Acupuntura
19 Sistema de correes alimentares e Fitoterapiachinesa Teoria geral
22 Meditao
24 Prticas corporais de origem chinesa
30 Projeto de Implantao da MTC
41 Perspectivas para 2003
5Apresentao
Este Caderno apresenta um pouco da histria do Projeto de Implantao da
Medicina Tradicional Chinesa (MTC) na rede municipal de sade de So Paulo.
Inclui textos de referncia de cada uma das modalidades que integram o
conjunto das prticas da MTC, que esto sendo gradativamente incorpora-
das pelo SUS So Paulo.
Esta publicao poder servir como instrumento de apoio para os gestores,
gerentes, servidores e usurios dos servios de sade e tambm a todos os
interessados pela sua implementao na rede pblica de sade.
A Secretaria Municipal da Sade de So Paulo, por meio do Ncleo de MTC
da COGest, espera que esta publicao contribua para que a rede municipal
de sade venha efetivamente incorporar essas prticas inovadoras de pro-
moo da sade e, desse modo, alcanar resultados efetivos na melhoria da
qualidade de vida.
7Nos ltimos anos, cada vez maior o nmero de pases a utilizarrecursos das medicinas tradicionais, em especial os da MedicinaTradicional Chinesa (MTC), como forma de ampliar o espectro dascondutas teraputicas e das prticas de promoo da sade coletiva, dando
uma contribuio extremamente significativa para a melhoria das condi-
es de vida da populao. com base nesse objetivo que se torna cada vez
mais comum e vem crescendo, gradativamente, o quadro de doenas trata-
das com Acupuntura, Fitoterapia e outras prticas fsicas e meditativas que,
alm de apresentarem resultados positivos na cura, acrescentam ao enfoque
teraputico um procedimento pedaggico, na medida em que se propem a
repensar o conceito e o ensino da sade.
Usando esses novos referenciais da educao em sade, a SMS/SUS-SP vem
implantando distintas modalidades da MTC em sua rede de servios. At o
momento cerca de 1000 servidores esto sendo treinados, mas a meta da
Secretaria treinar o total de dois mil funcionrios at o final de 2004, di-
fundindo a MTC em toda a rede municipal de sade.
Inmeros parceiros da SMS esto envolvidos nesse trabalho e gostaramos
de destacar e agradecer a participao do Ministrio da Sade; da Organiza-
o Panamericana de Sade (OPAS); da Universidade Federal de So Paulo
(UNIFESP); do Centro de Sade Escola da Faculdade de Sade Pblica (USP);
da Associao Mdica Brasileira de Acupuntura (AMBA); da Associao de
Medicina Tradicional Chinesa do Brasil (AMC), da Sociedade Brasileira de
Meditao Mdica,(SBRAMM); do Centro de Estudo Integrado em Medicina
Chinesa (CEIMEC); do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HC; da Via
5, Oriente/Ocidente, Arte e Cultura; da Associao Espao Luz - Escola de
Artes Taoistas Ltda.; da Totao Comunicaes, e da Sociedade Paulista de
Lian Gong e Filosofia Oriental. Por ltimo, agradecemos especialmente aos
funcionrios que se dispuseram ao treinamento, pois sem eles o trabalho
no seria possvel e no poderamos oferecer a eficcia dessas terapias tra-
dicionais populao de nossa cidade.
Eduardo Jorge
Secretrio da Sade
8Introduo
Medicina Tradicional Chinesa: a descoberta deuma nova eficcia no campo da sade pblica
A idia da incorporao da Acupuntura/Medicina Tradicional Chinesa pela
rede municipal de sade surgiu no final do ano 2000, no interior do grupo
responsvel pelo Curso de Acupuntura do Hospital do Servidor Pblico Mu-
nicipal. Com base nessa idia inicial, ainda incipiente, comeamos a pensar
as relaes possveis entre a Medicina Tradicional Chinesa e o campo da
sade pblica. primeira vista, essa tentativa pode parecer inusitada. Afi-
nal, por que recorrer aos princpios da MTC, que se utiliza de tecnologias e
procedimentos simples, se temos nossa disposio todo o instrumental da
Medicina Ocidental Moderna (MOM), que vem incorporando o que h de
mais moderno, sofisticado e desenvolvido no campo da sade? Ser que a
MTC conseguiria suprir nossas deficincias e abrir novos caminhos no cam-
po das prticas da sade coletiva? Se a resposta a essa questo for afirma-
tiva, surgem novos problemas, ligados busca da melhor forma de integrar
a MTC s novas programaes que esto chegando, como o Programa de
Sade da Famlia, por exemplo.
Ser que ns, profissionais de sade, estamos preparados para incorporar
as novas, para nossa prtica, mas na verdade milenares tecnologias no-
materiais, que se processam numa linguagem to diferente da habitual,
levando em conta que essas novas prticas podem aumentar o exerccio
da cidadania e criar mecanismos eficazes de ruptura com as prticas domi-
nantes?
Para tentar responder a essas questes, temos de lanar outras perguntas.
A principal delas bastante simples: afinal, a quem servem os servios de
sade? A quais interesses esto voltados? Os servios de sade deveriam
servir, em princpio, aqueles para quem foram criados os cidados. Entre-
tanto, em que pese o aumento crescente de equipamentos, de profissionais,
de especialidades e de diferentes modalidades de assistncia, a situao de
sade de grande parcela da populao continua precria e, com toda razo,
a populao, de modo geral, vem ficando cada vez mais insatisfeita com os
resultados alcanados. Mas no s a populao. Tambm esto insatisfeitos
os profissionais, os trabalhadores e os responsveis pela organizao dos
9servios pblicos. Diante dessa situao de insatisfao geral, realmente
extremamente necessrio repensar as prticas e introduzir novos conceitos
e referenciais de ateno sade.
Em busca de respostas
Quando se volta ao tempo e se pergunta de onde vieram as primeiras idias
filosficas, as sementes do pensamento moderno ocidental, no vacilamos
em responder: da Grcia Antiga, em particular do perodo entre os sculos
IV a.C. e VI a.C. a que aparecem os filsofos pr-socrticos, os primeiros a
tentar responder a questes sobre a natureza usando a razo e no a mito-
logia ou a religio.
Esse interesse pelo saber racional, motivado pelo mesmo sentido de mist-
rio que sempre motivou o pensamento religioso, est na raiz de toda a cin-
cia. Segundo Aristteles, Tales foi o primeiro filsofo a postular, em uma
viso profundamente orgnica da natureza, que a substncia fundamental
do Cosmo seria a gua. Com Tales nasceu a idia, no mundo ocidental, de se
buscar uma estrutura material unificada do Universo, algo que at hoje
motiva o trabalho de cientistas de todas as partes do planeta, da fsica de
partculas elementares biologia molecular e gentica. Para Tales e seus
discpulos, a natureza uma entidade dinmica, em constante transforma-
o, que se renova indefinidamente em novas formas e criaes.
Essa viso foi criticada por outra escola pr-socrtica, a de Parmnides, que
acreditava exatamente no oposto do que acreditava Tales, defendendo a
idia de que o essencial no pode se transformar. O que simplesmente .
Podemos identificar aqui o germe da idia de uma entidade eterna, trans-
cendente, que est alm das transformaes, consideradas menos funda-
mentais.
Portanto, o debate entre o eterno e o novo, o Ser e o Vir-a-Ser, comeou no
Ocidente entre os gregos h cerca de 2.500 anos. Mas, como sabemos, essas
reflexes se iniciaram antes entre os pensadores e filsofos do mundo ori-
ental, ganhando consistncia com Lao Ts, Confcio e Sidarta Gautama,
entre outros, como Sun Tzu, Mncio e Mo Tzu. Enquanto o pensamento oci-
dental foi, para a rea da sade, a base da chamada medicina cientfica
moderna, a essncia da filosofia oriental foi o alicerce da Medicina Tradicio-
nal Chinesa.
Nas ltimas dcadas, observa-se uma tendncia da medicina ocidental de
incluir em seu arsenal teraputico tanto as bases conceituais quanto os
10
procedimentos tcnicos oriundos das medicinas orientais, em especial da
Medicina Tradicional Chinesa, tais como a acupuntura, o moxabusto, a
fitoterapia, a prtica da meditao, o Tai-Chi-Chuan o Lian Gong, o Lien
Chi, e as massagens teraputicas. Dentro dessa linha de abertura a novas
prticas, preciso reconhecer o enorme esforo dos pesquisadores ociden-
tais em comprovar c